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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE EGAS MONIZ MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA CASO CLÍNICO- REABILITAÇÃO ORAL NUM PACIENTE GERIÁTRICO Trabalho submetido por Yuliya Solovyova para a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária Junho de 2016

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  • INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS DA SADE

    EGAS MONIZ

    MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTRIA

    CASO CLNICO- REABILITAO ORAL NUM PACIENTE

    GERITRICO

    Trabalho submetido por

    Yuliya Solovyova

    para a obteno do grau de Mestre em Medicina Dentria

    Junho de 2016

  • INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS DA SADE

    EGAS MONIZ

    MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTRIA

    CASO CLNICO- REABILITAO ORAL EM PACIENTE

    GERITRICO

    Trabalho submetido por

    Yuliya Solovyova

    para a obteno do grau de Mestre em Medicina Dentria

    Trabalho orientado por

    Prof. Doutora Eduarda Carvalho Marques da Silva

    Junho de 2016

  • Agradecimentos

    A concretizao deste mestrado integrado significa a finalizao de uma etapa da minha

    vida e a realizao de um grande sonho e s foi possvel devido a um grande apoio das

    pessoas a minha volta s quais eu gostava de agradecer.

    Em primeiro lugar quero agradecer a minha orientadora Prof. Doutora Maria Eduarda

    Silva e ao meu coorientador Prof. Doutor Vtor Tavares pelo seu envolvimento,

    orientao, acessibilidade e tempo disponibilizado.

    Ao Prof. Doutor Paulo Maurcio que sempre esteve disponvel para me auxiliar nas

    questes da minha tese.

    minha me pela confiana e fora que depositou em mim desde sempre e

    principalmente durante esses 5 anos. Aos meus amigos que so os grandes pilares da

    minha vida: Jorge Rocha, Maria Afonso e Marta Amorim que sempre estiveram ao meu

    lado. Sinto uma enorme gratido por vos ter na minha vida, obrigada do fundo do meu

    corao.

  • 5

    Resumo

    O tratamento em pacientes geritricos mais desafiador e complexo que em

    pacientes mais jovens devido a vrias alteraes orais associadas com a idade, como a

    diminuio de saliva, aspetos relacionados com a falta de dentes, incapacidade motora,

    reduo mastigatria entre outros.

    Este caso clnico sobre um paciente geritrico tendo como objetivo final a sua

    reabilitao oral. O tratamento abrange vrias reas da Medicina Dentria sendo estas

    reas a Periodontologia, Dentisteria Restauradora, Cirurgia, Reabilitao Oral e claro a

    Geriatria.

    Todas as consultas foram descritas nesse trabalho bem como o registo

    fotogrfico de cada etapa, desde a primeira que foi a Triagem at a consulta final.

    Este trabalho divide-se em trs partes, comeando pela Introduo Terica,

    prosseguindo com a Apresentao do Caso Clnico e finalizando com o Relatrio Final.

    Palavras-chave: paciente geritrico, odontogeriatria, reabilitao oral, periodontologia

  • 7

    Abstract

    Geriatric Patients Treatment is more challenging and complex than the same

    treatment in younger patients due to oral modifications occurred with age like the

    decrease in the amount of saliva, missing teeth, motor disability, masticatory reduction,

    etc.

    The main purpose of this case report is to discuss the oral rehabilitation of a

    geriatric patient. This treatment covers Dentistry areas such as Periodontology,

    Restorative Dentistry, Surgery, Oral Rehabilitation and Geriatrics.

    All the consultations and photographic records of each stage were included in

    this report, starting with the screening until the last consultation.

    This thesis is divided in three parts: the theoretical introduction, the case report

    presentation and the final report.

    Keywords: Geriatric Patient, Geriatrics, Oral Rehabilitation, Periodontology

  • 8

    ndice Geral

    I - Introduo .......................................................................................................................... 11

    1. Envelhecimento - Alteraes fisiolgica e patolgicas ................................................ 111

    2. Geriatria e Odontegeriatria ......................................................................................... 12

    2.1. Polimedicao .......................................................................................................... 12

    2.2. Xerostomia ............................................................................................................... 13

    3. Doenas orais mais comuns num paciente Geritrico .................................................. 13

    3.1. Cries ....................................................................................................................... 13

    3.2. Doena periodontal .................................................................................................. 14

    3.3. Leses orais .............................................................................................................. 15

    3.4. Desgaste dentrio...................................................................................................... 16

    II- Apresentao do caso clinico .............................................................................................. 17

    1. 1 e 2 Consultas de Periodontologia Diagnstico e Status Radiogrfico ........................ 23

    2. 1 Consulta de Cirurgia Exodontia do 36 e 37................................................................ 25

    3. 3 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento radicular do 1 e 2 quadrante

    ........................................................................................................................................... 27

    4. 1 Consulta de Dentisteria Restauradora Plano de tratamento ..................................... 27

    5. 1 Consulta de Reabilitao Oral Histria Clnica e Impresses Preliminares ................ 28

    6. 4 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento Radicular de 3 e 4 quadrante

    ........................................................................................................................................... 30

    7. 2 Consulta de Reabilitao Oral Impresses Definitivas ............................................... 30

    8. 3 Consulta de Reabilitao Oral Registo Intermaxilar ................................................... 31

    9. 4 Consulta de Reabilitao Oral Prova de Dentes ........................................................ 33

    10. 5 Consulta de Periodontologia - Reavaliao ................................................................ 35

    11. 5 Consulta de Reabilitao Oral Entrega da Prtese .................................................. 37

    12. Resultado final .............................................................................................................. 40

    13. Consultas Agendadas..................................................................................................... 44

    III - Relatrio do caso clinico .................................................................................................... 46

    1. Triagem ....................................................................................................................... 46

    2. Periodontologia ........................................................................................................... 46

    3. Cirurgia ....................................................................................................................... 52

    4. Dentisteria Operatria.................................................................................................. 53

    5. Reabilitio oral .......................................................................................................... 54

    6. Consideraes finais59

    IV Referncias Bibliograficas ................................................................................................ 62

  • 9

    ndice de Figuras

    Figura 1- Fotografia extra-oral frontal normal ......................................................................... 17

    Figura 2 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir ........................................................................ 18

    Figura 3 - Fotografia extra-oral de perfil direito ....................................................................... 18

    Figura 4 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo .................................................................. 19

    Figura 5 - Ortopantomografia de dia 15/11/2015 .................................................................... 19

    Figura 6 - Fotografia intra-oral vista frontal ............................................................................. 20

    Figura 7 - Fotografia intra-oral vista frontal direita .................................................................. 20

    Figura 8 - Fotografia intra-oral vista frontal esquerda .............................................................. 21

    Figura 9 - Fotografia intra-oral vista oclusal superior ............................................................... 21

    Figura 10 - Fotografia intra-oral vista oclusal inferior .............................................................. 22

    Figura 11 - Ficha Dentria Internacional .................................................................................. 22

    Figura 12 - Destartarizao...................................................................................................... 23

    Figura 13 - Periodontograma inicial da arcada superior ........................................................... 24

    Figura 14 - Periodontograma inicial da arcada inferior ............................................................ 24

    Figura 15 - Status Radiogrfico ................................................................................................ 25

    Figura 16 - Antes da exodontia do 36 e 37. .............................................................................. 26

    Figura 17 - Dente 36 aps exodontia ....................................................................................... 26

    Figura 18 - Dente 37 aps exodontia ....................................................................................... 27

    Figura 19 - Restaurao a resina composta da Classe V do 41 .................................................. 28

    Figura 20 - Impresses preliminares ........................................................................................ 29

    Figura 21 - Impresses preliminares vazados a gesso tipo III.................................................... 29

    Figura 22 - Alisamento Radicular do 3 Quadrante ................................................................... 30

    Figura 23 Moldeiras individuais perfuradas .......................................................................... 31

    Figura 24 - Bloco de mordida para o Registo Intermaxilar ..................................................... 31

    Figura 25 - Registo Intermaxilar vista frontal ........................................................................... 32

    Figura 26 - Registo Intermaxilar vista lateral direita ................................................................. 32

    Figura 27 - Registo Intermaxilar vista lateral esquerda ............................................................ 33

    Figura 28 - Prova de Dentes vista frontal (a direita) e oclusal (a esquerda) .............................. 33

    Figura 29 - Prova de Dentes vista lateral direita....................................................................... 34

    Figura 30 - Prova de Dentes vista lateral esquerda .................................................................. 34

    Figura 31 - Periodontograma de Reavaliao das arcadas superior e inferior ........................... 36

    Figura 32 - Prtese superior e inferior vista frontal.................................................................. 37

    Figura 33 - Prtese superior vista lateral direita ...................................................................... 38

    Figura 34 - Prtese superior vista lateral esquerda .................................................................. 38

    Figura 35 - Prtese inferior vista lateral direita ........................................................................ 38

    Figura 36 - Prtese inferior vista lateral esquerda ................................................................... 39

    Figura 37 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal .................................................... 39

    Figura 38 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal .................................................... 40

    Figura 39 - Prteses superior e inferior em boca (vista frontal) ................................................ 40

    Figura 40 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral direita) ..................................... 41

    Figura 41 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral esquerda) ................................... 41

    Figura 42 - Fotografia extra-oral frontal normal final ............................................................... 42

    file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563220file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563226file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563229file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563231file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563232file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563235file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563236file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563237file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563238file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563239file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563240file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563241file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563242file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563243file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563244file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563245file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563246file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563247file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563248file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563249file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563250file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563251file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563252file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563253file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563254file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563255file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563256file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563257file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563258file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563259file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563260file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563261

  • 10

    Figura 43 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir final ............................................................... 42

    Figura 44 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo a sorrir final ............................................. 43

    Figura 45 - Fotografia extra-oral de perfil direito a sorrir final ................................................. 44

    Figura 46 - Fotopolimerizao da restaurao classe V do dente 32 ........................................ 54

    ndice de Tabelas

    Tabela 1 - Guidelines para a determinao da Severidade de Periodontite. ............................. 47

    file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563262file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563263file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563264file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563265

  • 11

  • Introduo

    11

    I - Introduo

    Neste trabalho apresento um caso clinico multidisciplinar de um paciente

    geritrico que apareceu na minha consulta e achei o caso bastante completo e

    interessante. Vou comear por abordar vrias reas de medicina dentria que se

    relacionam entre si e complementam o tratamento no mbito de geriatria.

    A Organizao Mundial de Sade (1999) estabeleceu o incio da terceira idade

    aos sessenta anos nos pases em desenvolvimento e 65 nos pases desenvolvidos. Apesar

    do nosso paciente ter 61, sendo reformado e devido ao seu nvel socioeconmico neste

    contexto pode ser inserido e caracterizado como paciente geritrico.

    1. Envelhecimento - Alteraes fisiolgica e patolgicas

    O corpo envelhece e sofre vrias transformaes reproduzindo assim as

    condies de vida e de trabalho que as pessoas perpassaram durante toda a sua vida. A

    cavidade oral no a exceo, mas sim o espelho que reflete, na velhice, as condies

    em que as pessoas viveram, trabalharam e foram cuidadas. O processo de

    envelhecimento de uma pessoa no um processo homogneo, mas sim uma interao

    entre os fatores fsicos, psicolgicos, sociais, econmicos e culturais. Envelhecer por

    um lado um processo individual e por outro marcado pelos padres socioculturais de

    uma poca. (Dias, 2006)

    A pele dos idosos torna-se enrugada devido a perda de elasticidade, h

    diminuio do tnus muscular. A avulso dos elementos dentrios e a abraso dos

    dentes remanescentes alteram a dimenso vertical podendo proporcionar a queilite

    angular e a aproximao do pice nasal ao mento. A diminuio do volume salivar est

    associada com a atrofia glandular que se estabelece com a idade, para alm de que a

    toma de certos medicamentos pode afetar a funo de glndulas salivares

    proporcionando o aparecimento de xerostomia. A ausncia de saliva ou a sua

    diminuio pode provocar o aparecimento de cries de rampante, candidase, disfagia e

    desconforto em mastigar e em usar a prtese. (Dias, 2006)

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    12

    2. Geriatria e Odontegeriatria

    Ahmed et al (2014) verificou o aumento de percentagem de idosos. Neste

    momento mais de 60% de populao mundial constituda por idosos. Estima-se que

    existem 841 milhes de pessoas idosas no mundo. Com as melhorias de cuidados de

    sade aumentou-se a esperana mdia de vida, o que por sua vez aumentou o nmero de

    doenas cronicas. Por isso muitas vezes estes pacientes geritricos so polimedicados.

    Lamster et al (2008) afirma que cuidados de sade orais em pacientes geritricos

    so mais complexos que em pessoas mais novas. Isso deve-se ao facto das alteraes

    orais associadas com a idade, como a diminuio de saliva ou incapacidade de fornecer

    cuidados adequados a si prprios, incapacidade motora, aspetos relacionados com falta

    de dentes, doena periodontal, reduo de capacidade mastigatria entre outras. Pelo

    que a promoo de sade oral nesses pacientes seja um desafio maior.

    2.1. Polimedicao

    O aumento da esperana mdia de vida levou ao aparecimento de diversas

    patologias relacionadas com a idade e uma maior prevalncia das patologias crnicas.

    Assim sendo surge o conceito de polimedicao. (Sousa e Pires, 2011)

    Mdicos Dentistas devem informar-se constantemente sobre os medicamentos

    recm-comercializados e os que so usados com frequncia nos pacientes geritricos

    bem como as implicaes dentrias desses medicamentos. fundamental a formao

    especializada em odontogeriatria e consultas literatura cientfica para a correta

    prescrio e gesto de todos os medicamentos usados pelo paciente geritrico (Aubertin,

    2010). Polimedicao uma grande preocupao no cuidado dos pacientes geritricos.

    Existem vrios fatores que contribuem para este problema sendo que a identificao

    destes mesmos fatores constituem o primeiro passo para a abordagem do problema. A

    identificao dos indivduos em risco de medicao, bem como a implementao de

    estratgias especficas para reduzir o problema vai possibilitar que a Indstria

    Farmacutica desenvolva medicamentos seguros e baseados em evidncia cientfica,

    minimizando assim o risco de reaes adversas. O sucesso de tratamento em pacientes

    geritricos no necessariamente encontrar um determinado nmero de medicamentos e

    tentar ficar abaixo dele, mas sim encontrar o medicamento certo, na dosagem certa e

  • Introduo

    13

    durante o perodo mais curto possvel, observando sempre cada caso. O tratamento

    atravs desta abordagem individualizada ira proporcionar uma maior segurana e

    eficcia na prtica dentria, melhorando significativamente a qualidade de vida destes

    pacientes conforme afirmam os autores Planton e Edlund (2010).

    2.2. Xerostomia

    A Xerostomia ou a sensao de boca seca frequentemente descrita como

    sintoma na populao idosa no entanto no uma consequncia direta do processo de

    envelhecimento. (National Institute of Dental and Craniofacial Research, 2014)

    No caso da polifarmcia os medicamentos que mais causam a xerostomia

    pertencem ao grupo farmacolgico dos antidepressivos, ansiolticos, sedativos,

    hipnticos, anti psicticos, neurolpticos, anti parkinsonianos, anti-hipertensivos,

    diurticos e antiemticos. (Brunetti-Montenegro, 2013)

    3. Doenas orais mais comuns num paciente Geritrico

    Num paciente geritrico a sade geral est mais comprometida e associada a

    hbitos pouco saudveis tais como o tabagismo, consumo de bebidas alcolicas,

    consumo de acar e higiene oral inadequada e a diversos fatores ambientais como

    baixo nvel educacional, incapacidade financeira e acesso inadequado aos cuidados de

    sade predispem ao aumento da prevalncia das doenas orais em idade avanada.

    (Brunetti-Montenegro, 2013) A perda dentria pode ser o resultado de crie, de doena

    periodontal, trauma, extraes para tratamentos ortodnticos ou protsicos. (Lamster,

    2008).

    3.1. Cries

    Lamster et al. 2008 afirma que a crie dentria uma doena infeciosa que

    requer a presena de bactrias (Streptococcus mutans, Lactobacillus) o substrato e a

    suscetibilidade do hospedeiro. Os produtos resultantes de metabolismo bacteriano

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    14

    podem provocar desmineralizao do esmalte e da dentina e se o processo de

    desmineralizao for superior ao processo de remineralizao resulta a crie dentria.

    Idosos com mais de 65 anos continuam a ter dentes com cavitaes tanto nas

    coroas como nas razes por tratar. A crie dentria continua a ser a causa maioritria de

    perda de dentes nos idosos. No entanto a prevalncia desta doena infeciosa diminuiu

    em pases industrializados, mas no em idosos economicamente desfavorecidos. (Tirth e

    Kumar, 2012)

    Segundo Thomson (2013) as pessoas idosas com a crie ativa aumentam em

    mdia uma superfcie cariada por ano, no havendo diferena significativa nesse

    aumento entre a crie da coroa e a crie da raiz.

    Snchez-Garca (2010) no estudo realizado para identificar os fatores

    associados com o desenvolvimento da crie radicular na populao idosa num perodo

    de 12 meses concluram que existe um aumento de prevalncia da doena periodontal e

    isso implica um aumento da exposio da superfcie radicular a nveis elevados de

    micro-organismos associados crie radicular (Streptococcus Mutans e Lactobacilos).

    Os indivduos que tm limitaes nas tarefas bsicas dirias, os que fumam e os que no

    fazem bochechos com colutrios desinfetantes tiveram uma maior ocorrncia de crie

    radicular. Verificou-se uma associao positiva entre a experiencia da crie no passado

    com a atividade cariognica na idade avanada. A concluso desse estudo realizado na

    populao idosa Mexicana foi que quanto maior numero de superfcies expostas maior a

    probabilidade de desenvolver crie radicular.

    3.2. Doena periodontal

    Segundo o Christoph e Ramseier (2009) a doena periodontal a causa principal

    de perda de dentes em adultos. Esta doena iniciada pelas bactrias residentes no

    biofilm gengival provocando uma resposta do hospedeiro, ocorrendo assim a

    inflamao dos tecidos moles e perda de osso de suporte.

    O Biofilm bacteriano constitudo por vrias espcies no entanto apenas um

    nmero limitado de agentes patognicos foi associado a etiologia da periodontite,

    podendo estas bactrias atuar isoladamente ou em combinao. Tais espcies incluem:

    Actinobacillus actinomycetemcomitans, Bacteroides forsythus, Campilobacter rectus,

    Eubacterium nodatum, Fusobacterium nucleatum, Peptostreptococcus micros,

  • Introduo

    15

    Porphyromonas gingivalis, Provotella intermedia, Prevotella nigrescens, Streptococcus

    intermedius e Treponema sp. (Dias, 2006)

    A Gengivite e a Doena Periodontal esto associadas a uma pobre higiene oral

    embora algumas doenas sistmicas, comuns na populao idosa, como a Diabetes

    podem aumentar o risco de desenvolver a Doena Periodontal. Na deficiente eliminao

    da placa bacteriana desenvolve-se a gengivite, tendo esta como sinais clnicos a

    inflamao e o sangramento, provoca tambm desconforto e mau hlito. A correta

    tcnica de escovagem, a limpeza interdentria com ajuda do fio dentrio e escovilhes

    pode inverter a gengivite, promovendo assim as gengivas saudveis. Quando esta no

    tratada pode progredir para a periodontite onde ocorre a destruio dos tecidos de

    suporte. Ocorre a receo gengival com exposio da raiz dentria, mobilidade e numa

    fase mais avanada pode ocorrer a perda das peas dentrias afetadas. A gengivite e

    periodontite no so consequncias inevitveis do envelhecimento e podem ser

    prevenidas atravs de boa higiene oral. (Daly e Smith, 2015)

    3.3. Leses orais

    Na idade avanada a mucosa torna-se mais frivel, as prteses mal adaptadas e

    os dentes partidos podem facilmente provocar lceras. O paciente pode no se queixar

    da lcera, no entanto o dentista pode suspeitar o seu aparecimento pelo facto do doente

    se recusar a comer, de tirar as prteses para comer ou mastigar apenas de um lado. A

    candidase tambm comum nos pacientes idosos que usam uma ou duas prteses

    dentrias associada a inadequada higiene oral. Apresenta-se como pequenas manchas

    brancas na mucosa junta das prteses e na lngua. (Daly e Smith, 2015)

    Cancro oral o sexto cancro mais comum, com uma taxa anual de incidncia

    300 mil casos dos quais 62 por cento surge nos pases em desenvolvimento. Cancro oral

    pode aparecer na lngua, na mucosa jugal, no lbio e na faringe. A maior preocupao

    abrange os idosos com 65 anos ou mais, uma vez que estes tm 7 vezes maior

    probabilidade de apresentar cancro oral do que os idosos at 65 anos de idade. H uma

    significativa diferena na incidncia do cancro oral em diferentes regies do mundo. As

    taxas de cancro oral podem variar de 20% na ndia, a 10% no Reino Unido e menos de

    2% no Mdio Oriente. Em comparao com a populao do Reino Unido onde o cancro

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    16

    oral manifesta a forma maligna em 3%, na ndia esse valor sobe para os 30% de todos

    os cancros. (Tirth e Kumar, 2012)

    3.4. Desgaste dentrio

    comum na populao idosa como um efeito cumulativo de vrios fatores

    relacionados com a idade, tais como a perda de vrias peas dentrias a qual leva a um

    aumento da carga funcional sobre os dentes remanescentes, hbitos de morder objetos,

    refluxo gstrico, incorreto hbito de escovagem e dieta rica em componentes cidos.

    Num estudo realizado pelo National Survey of Adult Oral Health na Austrlia o

    desgaste dentrio foi comum nos pacientes idosos: 44,1% nas idades compreendias

    entre 55 e 74 anos, e 50,5% para os que possuam 75 anos ou mais. Os valores para o

    desgaste severo deram 7,8% e 12% respetivamente. Na pesquisa dada a cabo por Adult

    Dental Health Survey de 2009, no Reino Unido foi observado o desgaste dentrio nas

    trs superfcies nos seis dentes anteriores (vestibular, palatina e inscisal) e o resultado

    obtido dos seis dentes anteriores inferiores foi: algum desgaste, desgaste moderado e

    desgaste severo com exposio de dentina secundria ou polpa, respetivamente.

    Noventa e dois por cento dos dentados com idades compreendidas entre 65 e 74 tinham

    algum desgaste, 44% tinham desgaste moderado e 6% apresentavam desgaste severo.

    (Brunetti-Montenegro, 2013)

  • Apresentao do caso clnico

    17

    II- Apresentao do caso clinico

    O nosso paciente C.R de 61 anos de idade, do sexo masculino reformado e

    com um bom estado geral de sade, porm 5 anos atrs foi-lhe efetuada uma

    lobectomia, e desde a tem feito visitas peridicas ao IPO. O motivo da primeira

    consulta foi para ver o estado dos meus dentes (sic). No toma nenhum medicamento

    de momento, um paciente motivado e assduo s consultas. Escova os dentes duas

    vezes por dia. Tem uma configurao craniofacial dolicofacial, sem assimetrias faciais e

    com a dimenso vertical diminuda e nunca usou qualquer tipo de prtese dentria. Na

    primeira consulta de triagem foi elaborada a histria clinica e o plano de tratamento,

    ortopantomografia (figura 5) e as fotografias extra-orais (figuras 1, 2, 3 e 4) e

    fotografias intra-orais (figuras 6, 7, 8, 9 e 10). Foi feita a palpao da articulao

    temporomandibular e a palpao dos msculos no referindo o paciente qualquer tipo de

    sintomatologia dolorosa.

    Figura 1- Fotografia extra-oral frontal normal

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    18

    Figura 2 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir

    Figura 3 - Fotografia extra-oral de perfil direito

  • Apresentao do caso clnico

    19

    Figura 4 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo

    Figura 5 - Ortopantomografia de dia 15/11/2015

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    20

    Figura 6 - Fotografia intra-oral vista frontal

    Figura 7 - Fotografia intra-oral vista frontal direita

  • Apresentao do caso clnico

    21

    Figura 8 - Fotografia intra-oral vista frontal esquerda

    Figura 9 - Fotografia intra-oral vista oclusal superior

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    22

    Figura 11 - Ficha Dentria Internacional

    Como se pode ver na FDI (figura 11) o paciente desdentado parcial superior e

    inferior. Apresenta hemorragia gengival, mobilidade dentria de Grau I e II. Sem

    alteraes de tecidos moles e as seguintes alteraes das estruturas dentrias: abraso,

    eroso e leses de abfrao. Verificou-se a existncia de algumas leses de cries e

    mltiplas leses de abfrao (classe V) e portador de doena periodontal. O plano de

    tratamento proposto foi: consulta em Medicina Dentria Preventiva, em cirurgia onde

    efetuou-se exodontia do 36 e 37, em periodontologia, em dentisterias, em reabilitao

    oral e em implantologia. Na consulta de triagem para alm do plano de tratamento

    optou-se por fazer logo a destartarizao (figura12).

    Figura 10 - Fotografia intra-oral vista oclusal inferior

  • Apresentao do caso clnico

    23

    1. 1 e 2 Consultas de Periodontologia Diagnstico e Status Radiogrfico

    Nesta consulta efetuou-se o diagnstico periodontal, sondagem com sonda

    periodontal, clculo de ndice de placa que deu igual a 30% e ndice hemorragia

    gengival igual a 15% e posterior elaborao do periodontograma (figura 13 e 14). Foi

    instrudo ao paciente a correta tcnica de escovagem, uso de fio dentrio e de

    escovilho.

    Figura 12 - Destartarizao

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    24

    Figura 14 - Periodontograma inicial da arcada inferior

    Figura 13 - Periodontograma inicial da arcada superior

  • Apresentao do caso clnico

    25

    Na consulta de status radiogrfico o paciente apresentava IP de 15,78% e IG de

    5,26%, valores significativamente menores em relao a primeira consulta. Foram

    realizadas nove radiografias periapicais como podemos ver na figura 15.

    Figura 15 - Status Radiogrfico

    Diagnstico dado foi Periodontite Crnica Severa Generalizada. Remarcou-se o

    paciente para a prxima consulta de periodontologia para avanar com os alisamentos

    radiculares.

    2. 1 Consulta de Cirurgia Exodontia do 36 e 37

    O paciente compareceu na consulta no dia seguinte consulta de periodontologia,

    para efetuar exodontia dos dentes 36 e 37.

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    26

    Exodontia do 36 e 37 (figuras 17 e 18) com administrao de 1 anestubo

    (1,8mL) de lidocana a 2% com vasoconstrictor (epinefrina 1:80.000), e sutura com fio

    de seda 3/0 com ponto cruzado no alvolo do 36 e 37. Ficou combinado com o paciente

    para vir passado uma semana para remover os pontos e ver a cicatrizao.

    Figura 16 - Antes da exodontia do 36 e 37.

    Figura 17 - Dente 36 aps exodontia

  • Apresentao do caso clnico

    27

    3. 3 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento radicular do 1 e 2

    quadrante

    O paciente compareceu na consulta de alisamento radicular e apresentava ndice

    de Placa de 13,8% e ndice Gengival de 0,5%. De seguida foram realizados alisamentos

    radiculares do 1 e 2 quadrantes.

    4. 1 Consulta de Dentisteria Restauradora Plano de tratamento

    Nesta consulta foi elaborado o plano de tratamento em Dentisteria Restauradora

    de acordo com as prioridades dos dentes a tratar e com a ajuda de Bitewings. Foram

    propostas 13 restauraes que incluem classe II, III e V, sendo estas ltimas, leses de

    abrao, presentes em maioria (figura 19).

    Foram marcadas vrias consultas de Dentisteria Restauradora intercaladas com

    as consultas de outras especialidades.

    A cor escolhida foi A4, a resina usada foi Filtek z250 e o sistema adesivo

    Scotchbond Universal.

    Figura 18 - Dente 37 aps exodontia

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    28

    5. 1 Consulta de Reabilitao Oral Histria Clnica e Impresses Preliminares

    Na primeira consulta preencheu-se a histria clnica de reabilitao oral e fez-se

    impresses preliminares das arcadas superior e inferior em alginato com moldeiras

    universais (figura 20). De seguida efetuou-se vazamento a gesso tipo III (figura 21) para

    confeo de modelos de estudo e moldeiras individuais. O paciente apresentava classe II

    superior (modificao 1) e classe I inferior (sem modificao) de Kennedy. Em relao a

    classificao de Angle apresentava classe I direita e esquerda. Na avaliao das partes

    duras o maxilar superior apresentava a reabsoro do rebordo no sentido mesio-distal

    plano, no sentido cervico-oclusal mdio, com forma arredondada, regular e tamanho da

    arcada grande e forma arredondada, sem presena de tors. Na avaliao de partes moles

    o maxilar superior apresentava-se firme com freios de tamanho e insero normais e sem

    alteraes da mucosa. Na avaliao de partes duras e moles da mandibula estas tinham

    caractersticas semelhantes com a exceo da forma do rebordo em que este triangular e

    na avaliao de partes moles a mucosa resiliente. Na avaliao de parmetros oclusais

    observou-se a extruso do dente 26, facetas de desgaste no 5 sextante, sem disfuno

    TemporoMandibular, guias incisiva e canina presentes.

    Na fase pr-prottica ficou definido fazer dentisterias restauradoras aos dentes

    propostos na consulta de plano de tratamento a dentisteria. Na fase prottica optou-se por

    fazer prtese parcial acrlica superior de cinco elementos com gancho no dente 26 e

    Figura 19 - Restaurao a resina composta da Classe V do 41

  • Apresentao do caso clnico

    29

    Figura 21 - Impresses preliminares vazados a gesso tipo III

    prtese parcial acrlica inferior de cinco elementos com ganchos nos dentes 34 e 44. A

    sequncia das consultas: 1 Historia Clinica e impresses preliminares, 2impresses

    definitivas, 3registo de mordida, 4 prova de dentes e 5 entrega das prteses.

    Figura 20 - Impresses preliminares

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    30

    6. 4 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento Radicular de 3 e 4

    quadrante

    O paciente compareceu na consulta de alisamento radicular e apresentava ndice

    de Placa de 15% e ndice Gengival de 0%. De seguida foram realizados alisamentos

    radiculares do 3 e 4 quadrante como podemos observar na figura 22.

    7. 2 Consulta de Reabilitao Oral Impresses Definitivas

    O paciente compareceu nesta consulta para efetuar as impresses definitivas

    superior e inferior com alginato, desta vez com moldeiras individuais perfuradas (figura

    23). Os modelos foram vazados com gesso tipo III e confeccionados os modelos de

    trabalho, foi pedido ao laboratrio a elaborao dos blocos de mordida em cera para

    posterior registo de mordida.

    Figura 22 - Alisamento Radicular do 3 Quadrante

  • Apresentao do caso clnico

    31

    8. 3 Consulta de Reabilitao Oral Registo Intermaxilar

    Aps uma semana da ltima consulta de reabilitao oral, foi efetuado o registo

    intermaxilar com blocos de mordida em cera elaborados no laboratrio interno da

    faculdade (figuras 24, 25, 26 e 27). A cor escolhida foi A4 com o consentimento do

    paciente, e pediu-se ao laboratrio a prova de dentes para a prxima consulta.

    Figura 23 Moldeiras individuais perfuradas

    Figura 24 - Bloco de mordida para o Registo Intermaxilar

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    32

    Figura 25 - Registo Intermaxilar vista frontal

    Figura 26 - Registo Intermaxilar vista lateral direita

  • Apresentao do caso clnico

    33

    9. 4 Consulta de Reabilitao Oral Prova de Dentes

    Na consulta anterior de reabilitao oral pediu-se ao laboratrio a prova de

    dentes sendo a cor escolhida A4 (figuras 28, 29 e 30)

    Figura 27 - Registo Intermaxilar vista lateral esquerda

    Figura 28 - Prova de Dentes vista frontal (a direita) e oclusal (a esquerda)

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    34

    Figura 29 - Prova de Dentes vista lateral direita

    Figura 30 - Prova de Dentes vista lateral esquerda

  • Apresentao do caso clnico

    35

    Nesta consulta verificar a cor, a forma e o posicionamento dos dentes artificiais

    sendo o ponto de referncia os dentes remanescentes. Teve-se em conta a relao

    intermaxilar determinada anteriormente. Verificou-se a inexistncia de interferncias

    dos dentes artificiais com os remanescentes. Pediu-se ao laboratrio a acrilizao das

    prteses.

    10. 5 Consulta de Periodontologia - Reavaliao

    Passadas 8 semanas aps ltima consulta de periodontologia o paciente

    compareceu na consulta e foi observada a resposta dos tecidos ao alisamento radicular.

    Como em todas as consultas de periodontologia foi mais uma vez calculado ndice de

    Placa (16%) e ndice Gengival (7%). de salientar que tanto o ndice de Placa bem

    como o ndice Gengival melhorou bastante desde a primeira consulta de

    Periodontologia, passando os valores para metade. Foi realizada a sondagem de todos os

    dentes e os resultados encontram-se na figura 31.

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    36

    Figura 31 - Periodontograma de Reavaliao das arcadas superior e inferior

  • Apresentao do caso clnico

    37

    Verificou-se que alguns dentes superiores e inferiores continuam a apresentar

    um certo grau de mobilidade, no entanto os dentes que apresentavam grau II na consulta

    inicial passaram a apresentar grau I. Praticamente todas as bolsas diminuram a

    profundidade de sondagem, assim sendo o paciente foi remarcado daqui a 8 semanas

    para a consulta de Suporte Periodontal.

    11. 5 Consulta de Reabilitao Oral Entrega da Prtese

    Para esta consulta o laboratrio enviou-nos as prteses acrilizadas (figuras 32,

    33, 34, 35 e 36), foram feitos os ajustes necessrios, verificao da ocluso em boca e a

    sua colocao. Foram tiradas fotografias intra-orais com as prteses em boca como

    podemos ver nas figuras 37 e 38.

    Figura 32 - Prtese superior e inferior vista frontal

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    38

    Figura 33 - Prtese superior vista lateral direita

    Figura 34 - Prtese superior vista lateral esquerda

    Figura 35 - Prtese inferior vista lateral direita

  • Apresentao do caso clnico

    39

    Figura 36 - Prtese inferior vista lateral esquerda

    Figura 37 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    40

    12. Resultado final

    Para vermos a evoluo dos tratamentos e comparar o resultado final aps todas

    as consultas realizadas com o inicial, foram tiradas fotografias finais intra-orais (figuras

    39,40 e 41) e extra-orais (figuras 42,43,44 e 45).

    O paciente ficou muito satisfeito com o resultado final obtido, tanto a nvel de

    esttica como a nvel da funo mastigatria.

    Figura 38 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal

    Figura 39 - Prteses superior e inferior em boca (vista frontal)

  • Apresentao do caso clnico

    41

    Figura 40 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral direita)

    Figura 41 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral esquerda)

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    42

    Figura 42 - Fotografia extra-oral frontal normal final

    Figura 43 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir final

  • Apresentao do caso clnico

    43

    Figura 44 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo a sorrir final

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    44

    13. Consultas Agendadas

    Ficou agendada a consulta de periodontologia para fazer Terapia Periodontal de

    Suporte passado 8 semanas aps a reavaliao. Aps uma semana a consulta da entrega

    da prtese o paciente ficou de vir para efetuar uma consulta de controlo e avaliar se h a

    necessidade de fazer algum ajuste a prtese.

    Figura 45 - Fotografia extra-oral de perfil direito a sorrir final

  • Apresentao do caso clnico

    45

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    46

    III - Relatrio do caso clinico

    1. Triagem

    Na primeira consulta foi feita uma triagem em que se executou minuciosamente

    o exame extra-oral e intra-oral com auxilio de exames complementares de diagnstico

    (ortopantomografia), histria clinica e fez-se o diagnostico do paciente. O paciente

    apresentava a dimenso vertical diminuda devido as regies edntulas posteriores,

    leses de abfraao, eroso e abraso nas estruturas dentarias, mltiplas leses de cries,

    dois dentes com mobilidade indicados para a extrao e doena periodontal.

    2. Periodontologia

    A gengivite e a periodontite so condies inflamatrias cronicas que afetam

    cerca de 80% da populao adulta sendo considerada uma das doenas com maior

    prevalncia no mundo (Kim e Kim, 2013), doena periodontal quando no tratada

    passa para uma situao inflamatria crnica da a necessidade de ser diagnostica e

    tratada o mais rpido possvel.

    Segundo o autor Highfield et al. (2009) a doena periodontal tem sido

    reconhecida e tratada durante pelo menos cinco mil anos. Assim que o paciente foi

    diagnosticado na consulta de Triagem com a doena periodontal foi logo

    reencaminhado para o departamento de Periodontologia, para realizar o diagnstico

    preciso dessa doena e comear o respetivo tratamento com base na evidncia cientfica.

    A Periodontite uma doena inflamatria e infeciosa que afeta o tecido

    conjuntivo, o epitlio sulcular e o tecido de suporte que envolve os dentes, o ligamento

    periodontal e o osso alveolar e que dependendo do grau de comprometimento pode

    levar a perda total dos tecidos de suporte dos dentes. A sua etiologia principalmente

    infeciosa e a persistncia do biofilme formado sobre a superfcie dentria sobregengival

    e subgengival, induz assim uma resposta imunitria do hospedeiro para controlar os

    micro-organismos. No incio os sinais clnicos da inflamao no so visveis ao olho

    nu, mas medida que o processo inflamatrio progride ocorre a degradao dos tecidos

    de suporte, resultando na formao de bolsa periodontal que so caractersticas da

    periodontite. A periodontite tambm caracterizada pelo aprofundamento do sulco

  • Relatrio do caso clnico

    47

    gengival sendo na prtica clinica considerado a partir de 4 mm e deve apresentar

    hemorragia a sondagem, perda de insero e perda ssea radiogrfica. O tratamento

    concentra-se principalmente em controlar a infeo e reduo da inflamao. (Botero e

    Bedoya, 2010; Moreno e Contreras, 2013)

    Segundo a American Academy of Periodontology a periodontite pode ser

    classificada com base na perda de insero clinica como ligeira, moderada e severa

    como podemos ver resumido na Tabela 1 retirada do Journal of Periodontology, 2015

    Ligeira Moderada Severa

    Profundidade de

    sondagem

    >3 e 30% ou >5 mm

    Perda de insero 1 a 2 mm 3 a 4 mm 5 mm

    Tabela 1 - Guidelines para a determinao da Severidade de Periodontite

    Os sistemas de classificao de doena periodontal surgiram para permitir que os

    Mdicos Dentistas consigam identificar a doena em relao sua etiologia, patognese

    e o respetivo tratamento, sendo isso apenas possvel com uma sistemtica classificao

    corretamente aplicada. Estes sistemas de classificao permitem tambm que os clnicos

    e os investigadores de todo o mundo consigam comunicar com uma linguagem

    universal. O sistema de classificao mais aceite o da American Academy of

    Periodontology. Aps o seu diagnstico e identificao da etiologia possvel definir

    um plano de tratamento adequado para cada doente. O diagnstico clnico da doena

    periodontal feito pelo reconhecimento de vrios sinais e sintomas dos tecidos

    periodontais e exige um bom conhecimento por parte do mdico dentista da sade

    periodontal. Como tal numa situao de sade periodontal esta caracterizada pela

    gengiva rosa plida, podendo ter o efeito de casca da laranja stippling, firme e com

    margem gengival bem definida, presena de sulco gengival entre 1 a 3 mm de

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    48

    profundidade e ausncia de hemorragia. (Highfield, 2009)

    American Academy of Periodontology classificou a Periodontite Cronica como

    sendo prevalente nos adultos, podendo ocorrer tambm em crianas e adolescentes, com

    grau de destruio consistente com os fatores locais, associada a diversos padres

    bacterianos, com uma taxa de progresso de doena lenta a moderada podendo registar

    perodos de progresso rpida, com clculo subgengival frequentemente presente,

    podendo ser classificada com base de extenso e severidade, associada com fatores

    predisponentes (fatores iatrognicos), podendo ser modificada por ou associada a

    doenas sistmicas (HIV, Diabetes, infees) e podendo ser modificada por fatores

    como stress ou tabaco. (Journal of Periodontology, 2015)

    Segundo o Highfield et al. (2009) a periodontite cronica resulta da inflamao

    das estruturas de suporte dos dentes, progressiva perda de osso alveolar e ligamento

    periodontal. caracterizada com a formao de bolsa e/ou receo gengival. Esta

    reconhecida como a forma mais frequente da periodontite. Ainda de acordo com este

    autor a Periodontite Crnica pode ser localizada ou generalizada, dependendo do

    nmero de locais afetados. Assim, classifica-se como Periodontite localizada quando

    verifica-se menos de 30 por cento de locais afetados e generalizada quando so mais de

    30 por cento de locais afetados.

    As caractersticas da Periodontite Agressiva so a rpida perda de aderncia,

    destruio ssea e tendncia familiar. As caractersticas secundrias que esto

    geralmente presentes mas no universais so a quantidade de depsitos bacterianos que

    so inconsistentes com a gravidade da destruio dos tecidos periodontais, elevadas

    quantidades de Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Porphyromonas gingivalis,

    alteraes funcionais dos neutrfilos e resposta deficiente dos anticorpos aos agentes

    agressores. (Journal of Periodontology, 2015)

    A periodontite Agressiva ainda pode ser localizada ou generalizada. Tendo como

    a designao localizada quando afeta primeiros molares e incisivos, e generalizada

    quando afeta primeiros molares, incisivos e pelo menos mais trs dentes permanentes

    afirma Highfield et al. (2009).

    A hemorragia sondagem pode ser considerada um preditor da Doena

    Periodontal e juntamente com os sinais da inflamao clnica como indicador de

    inflamao periodontal. Em relao a mobilidade dentria, como os dentes no esto em

    contacto direto com o osso alveolar estes tm mobilidade fisiolgica devido a presena

    do ligamento periodontal. A mobilidade dentria patolgica pode ser o resultado da

  • Relatrio do caso clnico

    49

    doena periodontal, porm existem outras causas como o trauma oclusal e os

    movimentos ortodnticos que devem ser tidos em conta uma vez que provocam o

    aumento da mobilidade dentria. Ao contrrio das duas causas anteriormente referidas a

    mobilidade causada pela periodontite aumenta com o tempo e no reversvel para uma

    mobilidade fisiolgica. A mobilidade dentria mede-se com 2 cabos de instrumentos

    metlicos e aplicando uma presso no sentido vestbulo-lingual sendo que Grau 0:

    mobilidade fisiolgica 0,1-0,2 mm horizontalmente; Grau 1: 1mm horizontalmente;

    Grau 2: > 1 mm horizontalmente; Grau 3: movimento horizontal e vertical. (Botero e

    Bedoya, 2010)

    O nvel de insero mede-se com recurso de uma sonda graduada desde a juno

    amelo-cementria at ao fundo do sulco gengival ou bolsa, conseguindo assim avaliar a

    perda de insero.(Lindhe, 2005)

    As radiografias peri-apicais permitem ver a altura do osso alveolar, perda de

    continuidade (radiopacidade), defeitos sseos, aumento do espao do ligamento

    periodontal, o contorno da crista ssea, possibilitando assim ao clinico avaliar a

    extenso da perda ssea. Do-nos tambm a informao da altura e da configurao do

    osso alveolar inter-proximal. Na cavidade oral os dentes e os tecidos sseos muitas

    vezes dificultam a visualizao do contorno da crista ssea. Sendo as radiografias peri-

    apicais uma ferramenta secundria no diagnstico da periodontite, foi realizado ao

    paciente o status radiogrfico para confirmar o diagnstico. (Lindhe, 2005; Botero e

    Bedoya, 2010)

    O paciente foi diagnosticado com a Periodontite Crnica Severa Generalizada. O

    tratamento dessa doena passa pela eliminao da placa subgengival e sobregengival. O

    resultado vai depender muito da habilidade do clinico na execuo dos alisamentos

    radiculares e na capacidade da motivao do paciente para a higiene oral diria. A

    suscetibilidade do paciente pode influenciar o resultado do tratamento bem como os

    fatores de risco locais e sistmicos que podem influenciar a microbiologia que por sua

    vez tambm pode desafiar a resposta do hospedeiro a estes microrganismos. (Lindhe,

    2005)

    Assim que foi feito o diagnstico ao paciente, o tratamento vai processar-se em

    3 fases, sendo a primeira fase designada pela terapia inicial (associada causa) em que

    vai ocorrer o controlo e a eliminao da placa bacteriana e trtaro atravs de alisamentos

    radiculares efetuados com as curetas. Foi administrada anestesia ao paciente para este

    procedimento tal como recomendado na bibliografia do autor a baixo referenciado.

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    50

    Nesta fase tambm so eliminados os fatores retentivos da placa bacteriana, como as

    restauraes debordantes, coroas mal adaptadas e remoo de leses de cries ativas.

    Para controlar eficazmente a placa bacteriana nesta consulta o clinico tem que motivar o

    paciente para a higiene oral e exemplificar a correta tcnica de escovagem, uso de fio

    dentrio e de escovilhes caso seja necessrio. A fase seguinte que toma o nome de fase

    corretiva vai depender muito do resultado obtido da primeira fase, esta engloba a

    reabilitao oral, endodontia, exodontia e implantologia. Caso esta fase falhe pode haver

    a necessidade de se fazer a cirurgia periodontal. E por ultimo a terceira fase que se

    designa terapia periodontal de manuteno que tem como objetivo a preveno da

    recorrncia da doena e uma apertada vigilncia no controlo da placa e manuteno de

    sade oral. (Lindhe, 2005)

    Ainda de acordo com este autor foram efetuados vrios estudos acerca do

    resultado da primeira fase de tratamento em pacientes que adotaram adequada higiene

    oral e os resultados foram coesos em que houve uma resposta positiva aps tratamento

    no cirrgico passados cerca de 3-6 meses, com diminuio significativa da hemorragia

    sondagem, aumento de tecido de suporte e diminuio de profundidade de sondagem.

    Passado 8 semanas aps a realizao de alisamentos radiculares o paciente veio

    consulta para fazer a reavaliao. Foi medido com ajuda de sonda periodontal a

    profundidade de sondagem, as mobilidades dos dentes, calculou-se o ndice de Placa e

    ndice Gengival registando-se tudo no periodontograma.

    O intervalo de tempo entre as consultas de tratamento periodontal de suporte

    devem ser adequadas para cada paciente de acordo com as suas necessidades, pelo que o

    intervalo de 6 meses possa no ser suficiente em determinados casos. Nestas consultas o

    clinico deve executar um minucioso exame a cavidade oral dando especial ateno aos

    sinais da inflamao gengival, verificar se o intervalo das consultas adequado atravs

    de monitorizao do nvel clinico de insero, avaliar a higiene oral e remoo completa

    de placa subgengival e sobregengival. Como o paciente tem uma razovel higiene oral

    marcou-se para fazer a consulta de tratamento periodontal de suporte passado 8 semanas

    aps a reavaliao. (Armitage e Xenoudi, 2016)

    Botero e Bedoya, (2010) afirmam que aps o tratamento periodontal a

    mobilidade dentria reduzida, mas continua a haver uma mobilidade residual a qual

    pode ser controlada pelo meio de aplicao de frulas.

    Como tem sido referido anteriormente e com elevada evidencia cientifica acerca

    da persistncia do biofilm sobre a superfcie dentria com a doena periodontal de

  • Relatrio do caso clnico

    51

    extrema importncia a remoo eficaz da mesma. Assim o paciente recebeu adequada

    motivao para higiene oral em todas as consultas de periodontologia, foi explicado a

    correta tcnica de escovagem e higienizao interdentria. Os mtodos fisiolgicos e

    naturais (ao da lngua, das bochechas e do fluxo salivar) no so suficientes para a sua

    eficaz remoo porem os mtodos de remoo de placa mecnicos interrompem

    eficazmente o desenvolvimento do biofilm. Existem vrios tipos de escovas no

    mercado, mas as mais aceitas so as flexveis, com as pontas arredondadas e cerdas

    macias. de salientar que a escovagem apenas elimina a placa dentria das superfcies

    livres, sendo que o fio dentrio usado para efetuar a limpeza interdentria. Os

    escovilhes dentrios devem ser usados nos diastemas, uma vez que o paciente

    apresentava alguns diastemas foi tambm recomendado o seu uso. Os utenslios de

    remoo mecnica de placa bacteriana devem ser personalizados de acordo com a

    destreza do operador e capacidades de cada paciente. Este autor ainda afirma que aps a

    higienizao com os dispositivos mecnicos acima referidos 67% das superfcies

    intraorais no so alcanadas e podem ser colonizadas por microrganismos. (Botero e

    Bedoya, 2010)

    Embora evidencia clinica demostra que o controlo da placa bacteriana atravs da

    remoo mecnica fundamental para prevenir e controlar a doena periodontal, de

    salientar que o controlo ideal no alcanado pela maioria dos pacientes. Este facto

    pode dever-se a falta da motivao ou destreza manual. O nvel socioeconmico, a

    compreenso de todo o processo da doena periodontal e das suas consequncias pode

    igualmente afetar a qualidade da higiene oral. A utilizao adjuvante de agentes

    qumicos tem sido investigada como forma de ultrapassar a inadequada remoo

    mecnica da placa bacteriana, uma vez que reduzem a formao da placa e inflamao,

    influenciando positivamente a sade periodontal. Assim o clinico deve avaliar os

    critrios para selecionar os agentes teraputicos em relao a sua eficcia, em relao s

    preferncias individuais e caractersticas dos pacientes. Os bochechos recomendados

    so aqueles que tm evidncia cientfica em relao a sua de eficcia, segurana e efeito

    significativo tanto a curto como a longo prazo contra o biofilm e gengivite. Deve

    tambm demostrar eficcia contra uma ampla variedade de bactrias Gram + e Gram -.

    Ainda de acordo com este autor as limitaes na populao idosa devido a vrias

    doenas (Parkinson, limitaes fsicas, artrite) e a sua aceitao e adeso aos diferentes

    procedimentos de higiene oral sugere a implementao de anti-spticos orais para

    melhorar as medidas de controlo mecnico de biofilm. (Botero e Bedoya, 2010)

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    52

    Ainda de acordo com os mesmos autores os objetivos do tratamento periodontal

    incluem a reduo ou a sesso da gengivite, reduo da profundidade das bolsas,

    eliminao da exposio de furcas em dentes multirradiculares e satisfao individual

    com o restabelecimento da funo e esttica.

    3. Cirurgia

    As cirurgias que foram efetuadas foram a extrao do dente 36 e 37. Os

    materiais utilizados foram o sindesmtomo para desinserir as fibras gengivais que

    circundam o dente, a alavanca para efetuar a luxao do dente dentro do alvolo e por

    fim o botico apropriado para cada dente, neste caso o botico para molares inferiores.

    Aps a extrao foi usada uma cureta para limpar os alvolos. (Boyce e Kirpalani,

    2016)

    Perante a ansiedade do paciente antes da anestesia local na literatura aconselha-

    se a aplicao de anestesia tpica, esta diminui o medo do paciente, eliminando e

    controlando a dor deixando o paciente menos ansioso. (Boyce e Kirpalani, 2016)

    Peterson et al. 2005 afirma que existem limites da quantidade de anestsico local

    que podem ser usados em cada paciente. Para fornecer uma anestesia adequada para

    extrao de mltiplos dentes pode ser necessria administrao de vrios anestubos.

    Administrou-se anestsico local (1 anestubo) com vasoconstrictor (Lidocana a 2% com

    epinefrina a 1:80.000, em anestubos de 1,8 mL) por meio de anestesia troncular, uma

    vez que se tratava de molares inferiores.

    Ainda de acordo com o mesmo autor, na literatura aconselha-se uma avaliao

    clnica dos dentes a serem extrados, fatores como acesso ao dente, mobilidade,

    condio da coroa foram tidos em conta. A presena de grandes restauraes a

    amlgama provoca fragilidade na coroa e as restauraes tendem fraturar durante a

    extrao, como aconteceu com o dente 37.

    Tanto o dente 36 como o 37 apresentavam acumulao de clculos, por isso

    antes da cirurgia foi efetuada destartarizao a fim de evitar a possibilidade de

    contaminao dos alevolos pelos clculos. (Peterson, 2005)

    No final da cirurgia e aps terem sido verificados os alvolos a fim de no deixar

    nenhum resto radicular efetuou-se a sutura com dois pontos simples e instruiu-se o

    paciente para os cuidados ps-operatrios. Ficou combinado o paciente vir retirar os

    pontos e observar a cicatrizao passado uma semana.

  • Relatrio do caso clnico

    53

    4. Dentisteria Operatria

    Roberson et al. (2006) caracteriza a dentisteria operatria como um ramo de

    medicina dentria que abrange o diagnstico, o tratamento e o prognstico dos defeitos

    dos dentes mas que no abrange a total cobertura do dente pela restaurao. O

    tratamento passa pela execuo de uma restaurao com forma, funo e esttica

    apropriadas mantendo assim uma relao harmoniosa com os tecidos a sua volta.

    Feito o plano de tratamento dentisteria verificou-se que o paciente tinha vrias

    leses de abfrao na cavidade oral, um tipo de leso cervical no cariosa

    caracterizada pela perda de tecidos dentrios com diferentes aparncias clinicas e de

    etiologia multifatorial. So mais prevalentes na populao adulta, com a crescente

    incidncia de 3% a 17% entre 20 e 70 anos de idade. As leses de abrao podem

    ocorrer como um resultado da funo normal e anormal dos dentes e pode ser

    acompanhada por desgastes patolgicos como o caso da abraso e da eroso. Esse tipo

    de leses ainda comprometem a integridade estrutural, promove a reteno de placa

    bacteriana, sensibilidade dentria, vitalidade pulpar e esttica. Estas leses podem

    observar-se nas faces vestibulares dos dentes, so leses em cunha ou em forma de V

    com ngulos externos e internos bem definidos afirma Nascimento e Dilbone et al. 2015

    Ainda de acordo com os mesmos autores com a idade o grau de desgaste

    oclusais e cervicais aumenta e, por isso, devem ser considerados como processos

    fisiolgicos naturais. As facetas de desgaste fisiolgico podem ser encontradas no

    esmalte, na dentina primria, na dentina secundria e na dentina reparadora

    (esclertica). Como mecanismos de defesa do dente perante o desgaste, ocorre a

    formao de dentina reacional e reparadora e tambm a obstruo dos tbulos

    dentinrios pelos depsitos minerais.

    Como intervenes preventivas temos o aconselhamento na mudana dos

    hbitos do paciente tais como a dieta, tcnica de escovagem, uso de goteiras de

    relaxamento em casos de bruxismo e uso de pastilhas para estimular o fluxo salivar.

    Outras opes de tratamento so a monitorizao da progresso da leso, ajustes

    oclusais, alvio de sensibilidade, colocao de restauraes e a cobertura da exposio

    radicular atravs de procedimentos cirrgicos combinada com as restauraes. A

    deciso clnica para restaurar as leses de abfrao pode basear-se na necessidade de se

    substituir a forma e a funo ou para aliviar a hipersensibilidade dos dentes

    comprometidos ou ainda por razes estticas. Todas as classes V foram devidamente

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    54

    restauradas, nas leses de abfraao justa gengivais ou infra gengivais foi usado fio de

    retrao, a resina usada foi Filtek Z250 e sistema adesivo Scotchbond Universal.

    (Nascimento e Dilbone, 2015)

    Figura 46 - Fotopolimerizao da restaurao classe V do dente 32

    5. Reabilitio oral

    Moreira Carneiro et al. 2013 define a desdentao parcial como ausncia de

    algumas peas dentrias nas arcadas dentrias e est associada crie dentria e

    periodontite. Outros fatores podem estar associados como o nvel socioeconmico,

    assiduidade s consultas de medicina dentria, a atitude do paciente e a atitude do

    mdico dentista. Com as melhorias nos cuidados de sade e melhor acessibilidade as

    mesmas notrio um decrscimo na prevalncia da desdentao em todos os grupos

    etrios nos pases industrializados. Com objetivo de facilitar a troca de informaes e

    dados clnicos entre clnicos e investigadores a desdentao parcial na cavidade oral tem

    sido alvo de diversas classificaes. Tendo um destaque maior a classificao de

    Kennedy que se baseia na distribuio topogrfica dos dentes perdidos e remanescentes,

    dividindo-se em quatro classes: Classe I desdentado posterior bilateral, Classe II

    desdentado posterior unilateral, Classe III desdentado intercalar e Classe IV

    desdentado anterior.

  • Relatrio do caso clnico

    55

    Num estudo conduzido pela Clnica Universitria da Faculdade de Medicina

    Dentria da Universidade do Porto quanto ao tipo de reabilitao com prtese parcial

    removvel a mais confecionada foi PPR acrlica tanto na maxila (32,6%) como na

    mandibula (23,2%) em relao a prtese parcial removvel esqueltica na maxila

    (15,2%) e na mandbula (17,7%). Ainda de acordo com o mesmo estudo verificou-se

    que a percentagem maior dos dentes ausentes dos molares inferiores seguidos de

    molares superiores, pr-molares superiores, incisivos superiores, pr-molares inferiores,

    incisivos inferiores, caninos superiores e caninos inferiores. Relativamente Classe de

    Kennedy a classe III mais frequente na maxila e classe I mais frequente na

    mandibula, que vai de acordo com a situao do nosso paciente. (Moreira Carneiro,

    2013)

    A reabilitao oral de arcos parcialmente edntulos umas das situaes mais

    desafiantes que o Mdico Dentista pode ter que lidar (Prasad e Hegde 2012)

    A reabilitao oral em pacientes desdentados parciais envolve diversas tcnicas

    para cada paciente. importante ter em conta as espectativas do paciente, o estado dos

    dentes remanescentes e a relao destes com a anatomia dos tecidos orais. Seja qual for

    o tratamento proposto o resultado final deve ser a melhor soluo possvel para o

    paciente em questo afirma Patel (2014).

    Foram apresentadas vrias opes de tratamento ao paciente incluindo a

    reabilitao oral com Implantes, com Prtese Combinada, com Prtese Esqueltica, com

    Prtese Flexvel e com Prtese acrlica.

    Cooper et al. 2008 afirma que a colocao de implante pode prevenir a

    reabsoro contnua do osso. E a prtese retida por implantes oferece muitas vantagens

    em comparao com a prtese convencional.

    No entanto o paciente preferiu a reabilitao oral com a prtese parcial

    removvel acrlica. Este tipo de prtese distingue-se das outras prteses parciais

    removveis pelo facto de possuir uma base em acrlico que suportada pelas regies

    desdentadas das arcadas dentrias e ainda no maxilar superior pelo palato duro. Este

    tipo de prtese quando comparado com as outras prteses parciais removveis tem a

    vantagem de ser mais econmica, mais esttica, facilidade de acrescentar os dentes caso

    seja necessrio e de fcil ajuste. Porm tem como desvantagens elevado risco de

    ocorrncia de crie dentria, gengivite, doena periodontal, estomatite dentria,

    reabsoro do osso alveolar, migrao dentria, pode desencadear o reflexo de vmito e

    facilmente pode ser danificada. Hoje em dia so indicadas para carter temporrio ou

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    56

    paliativo ou pelos fatores econmicos, como o caso do nosso paciente que devido aos

    fatores socioeconmicos optou por este tipo de prtese. A resina acrlica deste tipo de

    prteses pode ser reforada por fios ou fibras de metal. (Baat e Witter 2011)

    Uma prtese parcial removvel quando bem confecionada tem uma integrao

    perfeita ao rgo mastigatrio e por isso o portador a maior parte das vezes esquece que

    a tem na boca. Isso apenas ocorre nas prteses bem planeadas, baseadas em princpios

    mecnicos e biomecnicos rigorosos. (Kliemann e Oliveira, 2006)

    Os objetivos da colocao de uma prtese parcial removvel so o

    restabelecimento da funo mastigatria e fontica. No entanto como um trabalho

    removvel o seu controle fundamental, e a preservao dos tecidos remanescentes s

    ocorre se a prtese apresentar um comportamento satisfatrio em funo. Outro objetivo

    devolver a esttica ao paciente atravs da reposio de dentes ausentes, permitindo

    assim melhorar o autoestima, uma vez que a sociedade moderna d cada vez mais

    importncia a uma boa aparncia fsica. E por fim tem que proporcionar conforto ao

    paciente porque se esta for incmoda o paciente no vai us-la. Na literatura ainda de

    acordo com os mesmos autores estabelecido que cerca de 50% das prteses parciais

    removveis realizadas no so utilizadas porque o paciente no se habitua as mesmas.

    Na primeira consulta de Reabilitao Oral foi efetuada uma histria clinica

    pormenorizada, e segundo a classificao de Kennedy o paciente apresentava Classe II

    (desdentados posterior unilateral) modificao 1 superior e Classe I (desdentado

    posterior bilateral) inferior, sem modificao. (Volpato e Garbelotto, 2012; Kliemann e

    Oliveira, 2006). Os dentes 36 e 37 estavam em mau estado e devido a mobilidade que

    apresentavam tinham mau prognostico para serem dentes pilares da prtese, assim

    sendo optou-se pela extrao de ambas peas dentrias. Optou-se por fazer prtese

    parcial superior e inferior acrlica de acordo com as preferncias do paciente. Passado

    mais de um ms aps as exodontias dos dentes 36 e 37, em que ocorreu a reabsoro

    ssea e a cicatrizao adequada dessa zona efetuaram-se os modelos de estudo pois

    servem de um meio de anlise e so importantes no planeamento de uma prtese. As

    impresses foram feitas em alginato e vazados de imediato, com gesso tipo III. De

    seguida foram pedidas ao laboratrio as moldeiras individuais para uma impresso mais

    fidedigna da rea que ir ser reabilitada, na consulta seguinte foi efetuado registo

    intermaxilar com os blocos de mordida provenientes do laboratrio, nesta consulta

    tambm escolheu-se a cor dos dentes a colocar na prtese. A seleo da cor foi realizada

    por comparao, ou seja, com ajuda de uma escala observou-se a boca do paciente e a

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=de%20Baat%20C%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21319416http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Witter%20DJ%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21319416

  • Relatrio do caso clnico

    57

    cor que mais se aproximou foi escolhida, neste caso A4 da escala Vita. Pediu-se a prova

    de dentes e por fim a acrilizao da prtese. (Kliemann e Oliveira, 2006).

    Nas impresses definitivas foram usadas moldeiras individuais provenientes do

    laboratrio, com alginato, sendo um dos materiais mais utilizados em prtese parcial

    removvel. O vazamento dos moldes foi feito de imediato uma vez que o hidroclide

    irreversvel pode sofrer alteraes dimensionais, alterando a impresso afirma Kliemann

    e Oliveira et al. 2006.

    Ainda de acordo com o mesmo autor o registo correto das relaes

    intermaxilares um passo de extrema importncia para a montagem correta dos dentes,

    exigindo pacincia e tempo.

    Na prova de dentes deve-se verificar a cor, forma e o posicionamento dos dentes

    artificiais sendo o ponto de referncia os dentes remanescentes, deve-se ter em ateno a

    relao intermaxilar anteriormente determinada. No deve haver interferncia dos

    dentes artificiais com os remanescentes, a forma e a posio dos dentes artificiais vai

    influenciar a fontica uma vez que vo ser nessas superfcies que as palavras so

    pronunciadas. A opinio do paciente um fator a ter em conta, o conceito esttico

    muito subjetivo, o que para o clnico esttico pode no ser para o paciente. Assim

    sendo tanto a cor como a prova dos dentes foram realizadas com o consentimento do

    paciente. (Kliemann e Oliveira, 2006)

    Aps a entrega da prtese foram dadas as instrues especficas ao paciente para

    garantir uma boa manuteno e harmonia na cavidade oral. Kliemann e Oliveira, (2006)

    afirmam que estes pacientes precisam de ter uma atitude positiva uma vez que vo

    passar por um perodo de adaptao emocional e fsica. Cada paciente um caso, e as

    suas condies fsicas e mentais e da cavidade oral so individuais, por isso no devem

    estar a comparar o seu progresso na adaptao nova prtese com a espectativas de

    outras pessoas. O que pode ser doloroso para um paciente no quer dizer que seja para

    outro. O paciente tem que ser informado que se usar a prtese corretamente os dentes

    sero preservados e que uma das funes da prtese sustentar os tecidos orais (lbios,

    bochechas) permitindo assim um perfil facial mais equilibrado, atua tambm como

    mantedor de espao e mantm os dentes em posio. Com a prtese posta o paciente vai

    sentir conforto e facilidade no ato de mastigao. importante que os alimentos sejam

    bem mastigados para facilitar a digesto e promover a sade do sistema digestivo.

    Existem vrias letras do alfabeto que necessitam o auxlio dos dentes para formarem os

    seus sons. Uma vez colocada a prtese os problemas da fala podem ser recuperados.

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    58

    Assim, na consulta da colocao da prtese o paciente foi corretamente instrudo para o

    uso das mesmas e alertado para os fatores a cima referidos. Foi informado tambm que

    a prtese deveria ser retirada durante a noite, para os tecidos remanescentes

    descansarem e serem humedecidos pela saliva. As Guidelines baseadas na evidncia

    cientfica no que toca a manuteno das prteses afirmam que estas no devem ser

    usadas 24 horas por dia na tentativa de reduzir ou minimizar a estomatite prottica,

    nunca devem ser colocadas em gua a ferver, as prteses devem ser higienizadas

    diariamente com pastas especificas no abrasivas e fora da cavidade oral, no devem ser

    imersas por perodos mais de 10 minutos em solues que contenham hipoclorito de

    sdio, no sentido de no provocar danos a prtese e devem ser imersas em gua aps a

    sua limpeza nos perodos em que o paciente no vai usar para no se entortarem, e ainda

    a baixa evidncia sugere que as prteses devem ser higienizadas anualmente pelo

    clinico usando como produto de limpeza ultra-sons no sentido de minimizar a

    acumulao de biofilm ao longo do tempo. A maioria dos pacientes que usam as

    prteses parciais removveis perdem os seus dentes devido a falta destes

    esclarecimentos e/ou falta de motivao. Por isso temos que redobrar o nosso esforo no

    sentido de conseguir por parte do paciente uma correta e adequada higienizao tanto

    das prteses como da cavidade oral e consultas de controlo peridicas, promovendo

    assim uma longevidade da prtese. (Kliemann e Oliveira, 2006; Felton, 2011)

    Volpato e Garbelotto (2012) afirmam que a relao sade/doena de extrema

    importncia, e que muitas vezes os mdicos dentistas esquecem e indicam trabalhos

    protticos em condies de doena. As consequncias so graves e resultam em

    agravamento da doena j existente. Por isso nas nossas consultas o paciente primeiro

    foi seguido em periodontologia e s depois de a doena periodontal estar bem

    controlada e vigiada iniciou-se o processo de confeo de prtese.

    Noutro estudo conduzido pelo Vaccarezza et al (2010) confirmou-se a

    associao entre as leses orais recorrentes causados por prteses mal ajustadas com

    leses pr-cancergenas (carcinoma de clulas escamosas). Esta observao est de

    acordo com a hiptese de que a irritao fsica crnica da mucosa contribui para o efeito

    cancergeno tpico de tabaco na cavidade oral. Este autor ainda sugere que os

    indivduos afetados de forma recorrente por lceras orais podem ter um risco maior de

    infeo por Cndida albicans, e que as enzimas desenvolvidas por estas leveduras so

    capazes de produzir carcinogneos qumicos. O planeamento de consultas regulares de

    controlo de prtese dentria representam uma atitude no negligencivel para a

  • Relatrio do caso clnico

    59

    preveno do cancro oral.

    Num estudo realizado no Brasil, no estado do Rio Grande do Norte, que teve

    como objetivo mostrar a relao da prtese dentria com a incidncia e o tipo de leses

    bucais, bem como o tipo de prtese que est mais relacionado verificou-se que 70,9%

    dos pacientes com alguma leso existente relacionavam-se com a necessidade de

    confeo de uma nova prtese. Da mesma amostra 54,5% relacionava-se com o tempo

    de uso das prteses superior a 5 anos. As leses mais prevalentes relacionadas com o

    uso da prtese dentria foram a candidase e hiperplasia fibrosa inflamatria. Conclui-se

    com este estudo que as prteses dentrias que apresentaram a relao direta com as

    leses orais possua mais de 5 anos de uso e tinham a indicao de troca, este facto

    indica a importncia de conscientizarmos os nossos pacientes de que as prteses

    dentrias no so definitivas e que os pacientes tm que comparecer nas consultas de

    rotina. (Conceio Dantas de Medeiros, 2015)

    Estomatite prottica uma condio patolgica, caracterizada por um processo

    inflamatrio que agride a mucosa oral, de etiologia multifatorial e comum em

    pacientes portadores de prtese dentria. So observadas alteraes teciduais, sendo

    visvel uma rea de eritema por baixo da prtese, principalmente nas prteses

    superiores. Os pacientes normalmente referem os seguintes sintomas: dor, inchao,

    xerostomia, halitose e hemorragia, sendo esses sintomas na maioria dos casos

    impossibilitam o uso da prtese. A remoo diria e eficiente do biofilm presente tanto

    na cavidade oral como na prtese essencial para minimizar a estomatite prottica e

    promovendo assim uma boa sade oral. Em cerca de 67% de pacientes portadores de

    prtese dentria com estomatite prottica pensa-se existir associao com Cndida

    albicans. Vrios estudos foram realizados para ver o papel dessa bactria na patognese

    na estomatite prottica e verificou-se mltiplas estirpes de Cndida presentes nos

    tecidos orais e na base da prtese. A erradicao desta doena requer o tratamento tanto

    dos tecidos orais como a sua eliminao das prteses. (Felton, 2011; Melo e Guerra,

    2014)

    O Kliemann e Oliveira, 2006 afirmam que o insucesso no da prtese mas sim

    do dentista, uma vez que a prtese vai depender dos bons resultados obtidos dos

    tratamentos. Os insucessos ocorrem quando a prtese altera o funcionamento do sistema

    mastigatrio, quando lesa os tecidos remanescentes, quando destri os dentes pilares

    (mobilidade, trauma) ou ainda se provocar alguma reao indesejada como o caso da

    disfuno temperomandibular.

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    60

    O tratamento periodontal de suporte nos pacientes que passaram a ser portadores

    de prtese parcial removvel tem um efeito benfico na preservao dos dentes pilares.

    recomendado o tratamento periodontal de suporte a cada 3 a 6 meses. (Tada e Allen,

    2015)

    Consideraes finais

    Depois de todos tratamentos efetuados tiramos as seguintes consideraes:

    O doente geritrico necessita de um planeamento diferenciado das outras faixas etrias

    para um tratamento eficaz.

    importante haver dissertaes no mbito de casos clnicos atualizados sobre o estado

    da arte em cada uma das especialidades de medicina dentria, dando a oportunidade aos

    outros mdicos dentistas informarem-se acerca dos melhores tratamentos para os seus

    pacientes baseados na evidncia cientfica.

    O nosso paciente apesar de ter 61 anos foi inserido e descrito como paciente geritrico

    devido ao facto de ser reformado e da sua condio socioeconmica. A falta de dentes

    nos segmentos posteriores das arcadas dentrias e a consecutiva perda de dimenso

    vertical influenciava a capacidade mastigatria do paciente, refletindo-se negativamente

    no estado geral de sade.

    Os resultados foram bastante positivos e superaram as espectativas do paciente.

    Verificou-se uma grande melhoria e a crescente preocupao no que toca a higiene oral

    por parte do paciente, sempre ciente do facto que as consultas de rotina tm que ser

    realizadas. A compreenso da doena periodontal e as suas consequncias ajudaram

    positivamente na preservao da sade oral. O objetivo principal era a reabilitao oral

    do paciente, aps a doena periodontal estar estabilizada e controlada, atravs de prtese

    parcial acrlica superior e inferior, restabelecendo assim a funo mastigatria e

    devolvendo a esttica ao paciente. Os hbitos alimentares estavam comprometidos

    devido a ausncia de vrias peas dentrias, tendo-se o problema resolvido com a

    colocao das prteses dentrias que devolveram ao paciente a capacidade mastigatria

    at a perdida. O paciente sentiu a melhoria de sade tanto ao nvel oral como ao nvel

    geral.

    Outros casos clnicos sobre doentes geritricos com outras temticas podem ser

    ralizados.

  • Relatrio do caso clnico

    61

  • Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico

    62

    IV Referncias Bibliograficas

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