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Revista tRimestRal infoRmação GeRal DistRibuição GRatuita outubRo 2010 22 DESTAQUE INSTITUTO NACIONAL DE PETRÓLEOS a investir na excelência INTERNACIONAL OPEP 50º aniversário NACIONAL NOVAS CENTRALIDADES sob a tutela da Sonangol COMEMORAÇÃO 100 ANOS DE EXPLORAÇÃO petrolífera em Angola

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Page 1: INSTITUTO NACIONAL DE PETRÓLEOSªs/Documents/Oct2010.pdf · 04 • Outubro 2010 - Nº22 AGOLAN COm PAPEL ImPORTANTE NA SEGURANçA ENERGéTICA O ministro angolano dos Petróleos,

Revista tRimestRal • infoRmação GeRal • DistRibuição GRatuita • outubRo 2010 • nº22

Destaque

INSTITUTO NACIONAL DE PETRÓLEOS

a investir na excelência

INTERNACIONAL Opep

50º aniversário

NACIONALNOvas CeNtralidades

sob a tutela da Sonangol

COmEmORAçãO 100 aNOs de explOraçãO

petrolífera em Angola

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O FUTUROÉ O NOSSO DESAFIO.

A nossa missão é promover a sustentabilidade e o crescimento da indústria Petrolífera nacional, de forma a garantir maior retorno para o estado angolano,assegurando a participação das empresas e dos quadros nacionais nas actividades da indústria e o benefício da sociedade nos resultados gerados.

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Revista Disponivel nos voos Da:

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CuLtuRa 56AS CORES DAS EmOçõES

NA TRIENAL DE LUANDAao longo de 14 semanas Luanda será o palco

de um grande evento cultural

DestaqueINSTITUTO NACIONAL DE PETRÓLEOSreforça angolanização do sector petrolífero

paLavRa DO DIReCtORJoão Rosa Santos

COmPETÊNCIA

É verdade. A Sonangol tem sabido estar à altura das su-as responsabilidades para com o Estado e a sociedade. A sua capacidade de realização, a autoridade negocial, a atitude e mentalidade, os resultados positivos alcançados, constituem prova inequívoca da sua elevada competência.O recente anúncio do chefe do executivo angolano, José Eduardo dos Santos, de transferir para a Sonangol, a gestão de estratégicos projectos imobiliários e industriais do estado, é sinonimo, de uma empresa forte, versátil, moderna e suficientemente capaz de unir o saber ao fazer.Entre o Petróleo e os novos negócios, a empresa liderada por Manuel Vicente, recorre de forma contínua e perma-nente às boas e modernas práticas de gestão.Uma liderança afirmativa e consequente, que não se limita a transmitir, como também sabe ouvir, reflectir e condensar ideias da base ao topo.Os novos desafios da Petrolífera estatal angolana cor-porizam a velha máxima de que no inovar está o ganho. Depois de uma bem sucedida e consolidada presença na banca, é chegada a hora de se diversificar ainda mais a car-teira de negócios sinergizar novos projectos que, em abono da verdade, merecem uma cuidada e refinada atenção.A história não se faz apenas com palavras mas também com actos. As diferentes frentes onde a Sonangol está engaja-da reflectem a dimensão e profissionalismo da empresa, claro está, sem desprimor a outras franjas da sociedade. Para já, o seu desempenho positivo serve de rampa de lançamento e permite olhar o futuro com maior confiança.Os tempos do acaso já eram. A realidade actual exige conhecimento, criatividade, eficácia e eficiência nos pro-cessos de gestão. É aqui onde, de facto, reside a chave para alicerçar o desenvolvimento sustentável.

NOtíCIas 05BREvES DA ACTUALIDADE

saiba as últimas novidades sobreo petróleo e o Universo Sonangol

eDIçãO• gabinete de Comunicação e imagem – [email protected] • director João Rosa Santos • Conselho editorial – João Rosa Santos, José Mota, Beatriz Silva, Carlos Guerreiro, Sandra Teixeira, Nadiejda Santos, Marta Sousa, Lúcio Santos, José Neto, José Oliveira, Lucas Santos, Lúcia Anapaz, Patrícia Rogério, Sónia Santos • redacção – Hélder Sirgado, Paula Almeida, José Augusto, Raimundo Vilares, Kimesso Kissoca, Edvaldo Nelumba • Fotografia – José Quarenta, Henrique Artur • secretariado – Helena Tavares, Yolanda Carvalho, • distribuição – Mateus Tavares, Carvalho Neto, Diogo Lino • impressão – Damer Gráficas, S. A. • tiragem – 5000 exemplares • design gráfico, apoio editorial e produção –

CONseLhO De aDmINIstRaçãO • presidente – Manuel Vicente • administradores – Anabela Fonseca, Fernando Roberto, Francisco de Lemos,Mateus de Brito, Baptista Muhongo Sumbe, Sebastião Gaspar Martins, Albina Assis Africano, José Guime, André Lelo

pROpRIeDaDe Sonangol, E. P

• sede Rua Rainha Ginga, 29/31 Caixa Postal 1316 LuandaTel.: 226 643 342 / 226 643 343Fax: 226 643 996www.sonangol.co.ao

CuLtuRa 58GRANDE PRémIO SONANGOL

DE LITERATURA 2011 já TEm vENCEDORcom a obra “Percursos & Destinos”, o escritor cabo-verdiano João Lopes Filho é o vencedor

da edição deste ano

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COmemORaçãO 100 ANOS DE ExPLORAçãO PETROLífERAcomo Angola se tornou no maior produtor de petróleo da África subsaariana em menos de um século

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04 • Outubro 2010 - Nº22

ANGOLA COm PAPEL ImPORTANTE NA SEGURANçA ENERGéTICA

O ministro angolano dos Petróleos, José Maria Botelho de Vascon-celos, lembrou recentemente, em Washington, que Angola joga um papel importante no abastecimento do mercado petrolífero mun-dial e, consequentemente, no âmbito da segurança energética. O ministro chamou a Angola este papel quando intervinha, como orador principal, no painel sobre "O papel crescente de África na segurança energética global", durante a Cimeira 2010 de Washing-ton sobre Energia. A República de Angola, disse, com uma produ-ção de um milhão e novecentos mil barris de petróleo por dia, é o segundo maior produtor na região do Golfo da Guiné e, por isso, joga um importante papel no abastecimento do mercado petro-lífero internacional e no âmbito da segurança energética que será reforçada com as exportações de derivados de petróleo a médio prazo e de gás LNG a partir do primeiro trimestre de 2012.

SEmINáRIO SOBRE PRODUTOS PETROLífEROS Em CABINDA

A cidade de Cabinda acolheu, no mês de Setembro último, um seminário sobre produtos petrolíferos promovido pelo Programa Integrado de Cooperação e Assistência Técnica (PICAT III) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O objectivo do evento foi a criação de um ambiente propício de interacção entre as administrações aduaneiras da CPLP para a partilha de experiências. Além disso, o seminário permitiu aos participantes conhecerem as políticas e procedimen-tos das administrações aduaneiras da CPLP, em matéria de controlo aduaneiro sobre os produtos petrolíferos, e identificar riscos e eventuais constrangimentos que enfrentam, a nível da Comunidade. Os temas apresentados pelo Serviço Nacional das Alfândegas de Angola estiveram relacionados com procedimentos de controlo aduaneiro dos produtos petrolíferos e do material petrolífero importado. No âmbito da cooperação institucional, as administrações aduaneiras da CPLP criaram o PICAT, que vai já no terceiro ano de implementação, para colmatar as neces-sidades de assistência técnica que cada administração apresenta. No qua-dro das Alfândegas, a cooperação tem sido um sustentáculo de referência para o relacionamento sólido entre as várias instituições internacionais e regionais, o que tem permitido um substancial aumento de conhecimentos, de técnicas de trabalho, tendências e iniciativas e, também, das boas práti-cas recomendadas ao sector. A nível das Alfândegas da CPLP, esta coope-ração tem-se pautado por um intercâmbio a todos os níveis, desde a troca de informações, trabalhando-se em áreas comuns para se construir, melho-rar e harmonizar políticas e procedimentos. Dividido em períodos de três anos, o Programa Integrado de Cooperação e Assistência Técnica abrange as áreas de harmonização normativa, modernização das Alfândegas e for-mação e preparação. O PICAT de 2004/2006 foi aprovado na XIX Conferên-cia de Directores-Gerais das Alfândegas dos Países da CPLP, realizada em Maputo, de 18 a 20 de Fevereiro de 2004. No PICAT II intervieram diversas Administrações Aduaneiras, tendo por base as respectivas necessidades de assistência técnica e cooperação, que analisaram as matérias, tendo o Pro-grama sido elaborado na 1ª Reunião do Grupo de Trabalho de Alto Nível para Preparação do Programa PICAT II que decorreu em Lisboa, de 5 a 7 de Abril de 2006. O PICAT II foi aprovado pelos Directores-Gerais das Alfândegas da CPLP na XXI Conferência realizada de 9 a 12 de Outubro de 2006, no Lobito.

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CAPITALIZAçãO DA PETROBRAS

Com os cerca de 70 bilhões de dóla-res que a Petrobras conseguiu com o processo de capitalização, a petro-lífera brasileira tornou-se a quarta maior empresa do mundo em valor de mercado, considerando os últi-mos resultados das bolsas de valores. A Petrobras passou a valer cerca de 217 bilhões de dólares, mais do que com-panhias como a Microsoft, o Wal-Mart e a General Electric. À frente da Petro-bras estão a Exxon Mobil, com valor de mercado de 311 bilhões, a Petro-China, com 265 bilhões, e a Apple, com 264 bilhões.

vENEZUELA TEm A SEGUNDA mAIOR RESERvA DO mUNDO

A reserva de petróleo da Venezuela tem, actualmente, 251 bilhões de bar-ris, o que a torna o segundo maior reservatório do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, destacou recentemente um comunicado oficial. O ministro de Energia e Petróleo venezuelano, Rafael Ramírez, disse que, em 1999, o país contava com "reservas de 87 bilhões de barris" e agora estão "certi-ficadas" nos "livros" da estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) "251 bilhões de barris". "Estes números dão-nos um estímulo no que diz res-peito ao desenvolvimento da nossa política petrolífera", acrescentou Ramí-rez em comunicado.A Venezuela iniciou, em 2005, um processo de certificação de reservas na rica faixa petrolífera do Orinoco, localizada no leste do país, onde partici-pam cerca de dez empresas estatais de vários países. De acordo com os cálculos, existem, pelo menos, 236 bilhões de barris de petróleos pesados e extra-pesados na faixa, onde, actualmente, operam várias transnacio-nais associadas com a PDVSA e extraem entre 600 mil e 900 mil barris diá-rios, segundo dados oficiais. A Venezuela planeja aumentar a sua produção para 4,15 milhões de barris diários, em 2015, e para 6,85 milhões, em 2021.

PRESIDENTE DA REPúBLICA PROCEDE à REmODELAçãO PARCIAL DO ExECUTIvO

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, usando da faculdade que lhe confere a Constituição, exarou um conjunto de Diplomas referentes à remodelação parcial do Executivo e ao ajustamento da estrutura dos Órgãos Colegiais de Apoio ao titular do Poder Executivo. Segundo um comunicado de imprensa dos Serviços de Apoio ao Presidente da República, José

Eduardo dos Santos ajustou as estruturas no que diz respeito ao Regimento da Comissão Permanente do Conselho de Ministros e a composição e direcção da Comissão Económica. Neste sentido, um Decreto Presidencial extingue o Minis-tério do Estado e da Coordenação Económica, criando em seu lugar o Ministé-rio da Economia. A Comissão Económica da Comissão Permanente do Conselho de Ministros passa, por delegação de poderes, a ser presidida pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil. Por outro lado, foram nomeados, Sebastião José António Martins, para o cargo de ministro do Interior; Abraão Pio dos Santos Gourgel, para o cargo de ministro da Economia; Job Graça, para o cargo de vice-ministro do Planeamento para a Área Macroeconómica; José de Lima Massano, para o cargo de governador do BNA; General Geraldo Sachipengo Nunda, para o cargo de Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas; Gene-ral Jorge Barros Nguto, para o cargo de Adjunto do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas Angolanas.

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• Setembro 2010 - Nº2206

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O fACTOR mOTIvAçãO NA SONANGOL

nos anos 40, quando A. Maslow publicou a sua teoria sobre a pirâmide das necessidades

humanas e Frederick Herzberg sobre os factores higiénicos, tais obras já

indiciavam algo interessante que tinha absolutamente a ver com

o comportamento versus moti-vação humana.Como se pode depreender, tais teorias sustentavam que a superação das necessida-des dos trabalhadores pela entidade patronal estava a constituir-se no “motor” da sua motivação. A motivação no trabalho é um fenómeno complexo, onde coexistem diferentes perspectivas e dimensões. No âmbito da Psicologia ou Sociologia, compete aos gestores estudar o

que se deve ter em conta, para se conhecerem as dife-

rentes formas de conflitos e seguir-se um estilo de direcção de

acordo com as metas modernas igua-litárias nas organizações.Melhorar a qualidade e a quantidade de trabalho, ou seja, a produtividade pro-priamente dita, requer conhecimento e tomada de consciência das necessida-des e dos desequilíbrios a corrigir den-

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OO fACTOR mOTIvAçãO NA SONANGOL

nos anos 40, quando a. maslow publicou a sua teoria sobre a pirâmide das necessidades humanas e frederick Herzberg sobre os factores higiénicos, tais obras já indiciavam algo

interessante que tinha absolutamente a ver com o comportamento versus motivação humana. Como se pode depreender, tais teorias sustentavam que a superação das necessidades dos

trabalhadores pela entidade patronal estava a constituir-se no “motor” da sua motivação

tro da organização, desenvolvendo-se o potencial de todos os colaboradores. As boas referências são eternas e bem-vindas. E a este propósito recorde-se a célebre teoria de Frederick Herzberg que ficou conhecida como a teoria dos dois factores: a satisfação e a insatisfação.Os factores higiénicos, para Herzberg, passam por políticas adequadas de benefícios em prol dos colaboradores, pelas relações de companheirismo, pela qualidade das condições de segurança, de saúde no local de trabalho, etc. Em geral, a insatisfação é o protótipo de políticas inadequadas e mal concebi-das, direccionadas para os colabora-dores. Se estas não forem reajustadas, os trabalhadores sentir-se-ão desinte-grados e infelizes.Em 2004, o então Senador e actual pre-sidente do EUA, Barack Obama, pela capacidade de crescimento e adap-tação rápida da economia global, visi-tou a Google. Nessa altura, a missão da Google era a de organizar toda a infor-mação do mundo de uma forma uni-versalmente acessível, não filtrada e utilizável. No decurso da referida visita, Obama deparou-se com um reluzente outdoor que chamou a sua atenção. O outdoor dizia o seguinte: “Toda a gente passa aqui muito tempo, por isso queremos que andem felizes”. E este outdoor estava colocado numa sala

enorme na qual eram servidas refei-ções Gourmet para toda a equipa e onde existiam igualmente salas aces-sórias para descanso, jogos e leitura.

O ExEmPLO SONANGOL

O novo e moderno Edifício Sede da Sonangol EP sugere, aos olhos dos colaboradores, quiçá de todos os angolanos, uma imagem desejável de uma empresa em franco crescimento, cujo lema é, recordamos, “Produzir para Transformar”. A disposição de condições necessárias para os colaboradores, à semelhança de muitas empresas espalhadas pelo mundo, melhorou substancialmente o capital psicológico positivo e apesar da escassez de dados estatísticos equilibrou os índices de produtividade. Melhorou também as redes sociais de relacionamentos, a confiança, o espírito de cooperação e de entreajuda, assim como o empenho na organização.Este estilo novo de organização imple-mentado pela Administração da Sonan-gol fomenta a comunicação aberta e franca, promove equipas transfuncio-nais e incentiva a produtividade. Um excelente exemplo de actuação psi-cológica é o facto de os colaboradores terem a oportunidade, em algumas oca-siões, de apreciarem o pequeno-almoço

ou mesmo o almoço com proeminen-tes figuras da Administração e com os seus respectivos chefes imediatos, o que transmite um grande sentimento de confiança às pessoas.Não restam dúvidas de que a parte psi-cológica joga um papel determinante no ego dos colaboradores da Sonan-gol. As condições que o novo Edifício oferece aos trabalhadores, como por exemplo o refeitório, o ginásio, a biblio-teca, entre outras, permitiram também alterar positivamente os índices de con-fiança dos colaboradores, fazendo-os sentir-se identificados com a empresa e como se estivessem em sua própria casa. É pois, por demais sabido, que o capital psicológico promove a auto-eficácia, a esperança no futuro, o opti-mismo e a resiliência.A estratégia da Administração do Grupo Sonangol em investir no capital psicoló-gico dos colaboradores como principal activo é, inquestionavelmente, a fonte, por excelência, da vantagem competitiva em relação a muitas empresas do país.Pessoalmente considero que o modelo open space e as condições existentes para refeições em conjunto melhora-ram, evidentemente, as relações com muitos colegas, em especial os afec-tos à Direcção de Tecnologias de Infor-mação aos quais já apelidei de “Bons Vizinhos”.

texto: Joaquim VicenteFotografia: Direitos Reservados

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• Outubro 2010 - Nº2208

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PRESIDENTE PROjECTOU Um PAíS fORTE NA REGIãO AUSTRAL

ENG.º jOSé EDUARDO DOS SANTOS

N o dia 28 de Agosto, às 18 horas, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos recebeu,

numa cerimónia restrita, os cumpri-mentos de felicitações pela passagem do seu 68º aniversário.Na cerimónia, que se realizou no Salão Nobre do Palácio Presidencial, em Luanda, o vice-presidente da Repú-blica, Fernando da Piedade Dias dos Santos, fez a leitura de uma mensa-gem dirigida ao aniversariante.Ao responder às mensagens de feli-citações, exaltando as suas qualida-des e desempenho, José Eduardo dos Santos afirmou que tem sentido sem-pre apoio, afecto e carinho de todos e, sobretudo, muita solidariedade no desempenho das suas funções.

AS CONqUISTAS ECONÓmICAS E SOCIAIS

Desde a primeira metade dos anos 80, José Eduardo dos Santos, então suces-sor de Agostinho Neto, já empreendia esforços para a criação de condições objectivas e subjectivas para o lança-mento de profundas reformas econó-micas e políticas. O Presidente da República conduziu ainda a política de reabilitação e moder-nização aceleradas das infra-estrutu-ras produtivas e sociais do país, que levaram a uma maior circulação de mercadorias e pessoas, tendo esti-mulado decisivamente o investimento

privado nacional e estrangeiro. Passa-dos alguns anos, e com ambiente de paz e de estabilidade, estas mudan-ças empreendidas ao longo das últi-mas décadas, permitiram ao Governo a consolidação da estabilidade macro-económica e o estabelecimento das bases para um crescimento e desen-volvimento económico robusto. Devido às suas mudanças, entre 1989 e 2008, num período de 19 anos, a economia angolana apresentou uma taxa média de crescimento tendencial de 9 % ao ano. Só nos últimos 5 anos deste perí-odo, isto é, de 2004 a 2008, a taxa de crescimento médio anual foi de apro-ximadamente 17,4%, o que significa um crescimento acumulado de 102,2% em termos reais. Ou seja, em apenas 5 anos o Produto Interno Bruto foi mais do que duplicado. Em 2006, a taxa de crescimento do sec-tor não petrolífero foi de 25,9%, contra 13,1% do sector petrolífero, enquanto em 2007 este crescimento foi de 25,7% para o sector não petrolífero contra 20,4% para o sector petrolífero. Em 2008, as taxas foram de 15% para o sector não petrolífero contra 12,3% para o sector petrolífero.

PROjECçãO DO PAíS NO mUNDO

José Eduardo dos Santos, promovendo a imagem do seu país em África e no mundo inteiro, teve o mérito de pro-

jectar a economia angolana entre as que mais crescem no mundo, conside-rada como um grande mercado emer-gente de África.Entretanto, o Presidente da Repú-blica continua a defender a necessi-dade de se desenvolver a economia de forma sustentada, pois só através do aumento contínuo do rendimento, associado à equidade da sua distri-buição, se alcança uma melhoria sig-nificativa do nível de vida das famílias angolanas.“O objectivo fundamental de todas as políticas económicas e sociais é, de facto, a elevação do bem-estar do homem angolano”, defendeu José Eduardo dos Santos, em Luanda. Para o estadista, as políticas públi-cas e os instrumentos a adoptar para a sua viabilização devem proporcionar a toda a sociedade estabilidade polí-tica, macroeconómica, infra-estrutu-ras básicas de apoio, conhecimentos, tecnologia e disponibilidade de maté-rias-primas.De acordo com o Chefe de Estado, as políticas públicas devem também combater a pobreza e pro-mover a assistência e a previdência social, garantindo apoio à protecção aos deficientes, aos idosos e aos anti-gos combatentes, através da integra-ção social e da protecção integral dos direitos da criança, erradicando o fenó-meno social dos meninos de rua e com-batendo o trabalho infantil.

texto: Adão JoãoFotografia: Arquivo

falar de José eduardo dos santos é atravessar as páginas mais gloriosas da história de angola. o actual presidente continua a merecer reconhecimento pelo seu empenho na projecção do país ao nível internacional.

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"NINGUém PODE TUDO NA vIDA. E TAmBém

NINGUém SABE TUDO, mAS PODEmOS fAZER

mUITO qUANDO há SOLIDARIEDADE,

INTERACçãO E ENTREAjUDA E, SOBRETUDO, qUANDO

A PESSOA Em qUESTãO SE SENTE ENTRE OS SEUS"

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ImOBILIáRIA DA SONANGOL GERE NOvAS CENTRALIDADES

Projecto em 3D do Kilamba Kiaxi

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além da Zona económica especial (Zee), a petrolífera nacional vai garantir também o bom andamento das obras

das novas cidades do Kilamba Kiaxi, Zango e Cacuaco

A s novas centralidades que vão nascer em todo o país passam agora a ser geridas

pela Sociedade Nacional de Com-bustíveis de Angola (Sonangol). O anúncio da transferência das novas cidades do Kilamba Kiaxi, Zango e Cacu-aco, do Gabinete de Reconstrução Nacio-nal (GRN) para a empresa Sonangol Imobiliária, foi feito recentemente, em Luanda, pelo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.Durante uma visita à nova centralidade do Kilamba Kiaxi, o chefe do Executivo, informou que a Imobiliária da multina-cional angolana vai cuidar de todas as matérias relacionadas com o desen-volvimento do projecto e com a venda dos espaços e edifícios das centralida-des projectadas para Cabinda, Kuando-Kubango e Dundo.Com efeito, esta decisão, segundo expli-cou José Eduardo dos Santos, insere-se num conjunto de medidas que tem a ver com a transferência de todas as res-ponsabilidades que cabiam ao Gabinete de Reconstrução Nacional, no quadro da execução de vários projectos do Estado referentes à reabilitação de infra-estruturas e edificação de novas centralidades.Além disso, foi igualmente anunciado a transferência do Gabinete de Recons-trução Nacional para outras entidades

texto: Germano GomesFotografia: Direitos Reservados

que vão desenvolver projectos de cons-trução de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e de reabilitação de infra-estruturas sociais. O Chefe de Estado reconheceu que o Gabinete de Recons-trução Nacional (GRN) desempenhou um papel central e fundamental no qua-dro da reconstrução nacional.A petrolífera estatal fica igualmente com a responsabilidade da Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda-Bengo. Para este projecto, o Presidente da Repú-blica defendeu uma "articulação com a centralidade do Kilamba Kiaxi" e disse

esperar que, das cerca de 70 unidades fabris instaladas na ZEE, pelo menos 14 mil pessoas venham a conseguir pos-tos de trabalho.O desejo do Chefe do Executivo é que a nova centralidade do Kilamba Kiaxi seja "um modelo", com os servi-ços necessários para que seja útil ao desenvolvimento do país, com espa-ços administrativos e sociais condignos. Entretanto, José Eduardo dos Santos esclareceu que o Estado vai recorrer a especialistas estrangeiros para asses-sorar quadros angolanos na "concepção

Projecto habitacional do Zango

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de um modelo de gestão e organização" daquela centralidade, para evitar os pro-blemas que Luanda vive actualmente.

OUTROS PROjECTOS PARA A ImOBILIáRIA

O projecto, que era da responsabilidade do Gabinete de Reconstrução Nacional (GNR) e executado pela multinacional chinesa (CITIC), prevê a construção de 710 edifícios para acolher 160 mil pessoas, numa área de oito quilómetros quadrados.Na ocasião, José Eduardo dos Santos afirmou que além de a Sonangol Imo-biliária ser a promotora deste projecto, também cuidará de todas as matérias relacionadas com a sua implementa-ção e da venda dos espaços e edifícios.“Não é apenas esta centralidade que passa para a responsabilidade da Sonan-gol na condução dos trabalhos subse-quentes, mas também as centralidades do Dundo, Malanje, Cabinda, Kuando

Kubango, Zango e Cacuaco", asseverou.Está em curso igualmente a transfe-rência de outras infra-estruturas que estavam a cargo do GRN, disse José Eduardo dos Santos.Reconheceu que este gabinete desem-penhou um papel central e fundamen-tal no quadro da reconstrução nacional, relançou projectos de reabilitação dos caminhos-de-ferro, em fase bastante adiantada, cuidou da reabilitação e cons-trução de vias rodoviárias estratégicas, entre outras actividades.

NOvA CIDADE DO KILAmBA KIAxI

O referido projecto habitacional “Nova Cidade do Kilamba Kiaxi", numa pri-meira fase está a ser implementado num espaço de 900 hectares, privilegiando as habitações e infra-estruturas escolares. Em construção desde meados de 2008, este projecto surge de uma parceria

público-privada e abrange, nessa pri-meira fase, que vai até 2012, a edificação de vinte mil apartamentos dos tipos T2, T3 e T4, distribuídos em 409 edifícios, 24 creches e jardins infantis, nove esco-las primárias e oito secundárias.O projecto contempla igualmente, ainda nessa etapa inicial, a construção de vários arruamentos com o sistema de esgoto e drenagem pluvial/residual, redes de água e telecomunicações e uma Esta-ção para Tratamento das Águas Resi-duais (ETAR) com capacidade para 35 mil metros cúbicos/dia.Estão também inclusos no projecto uma Estação para Tratamento de Água (ETA) normal para cerca de 400 metros cúbi-cos, subestações de rede de distribui-ção de energia eléctrica para alimentar toda a vila, parques de estacionamento e lojas. Contempla igualmente a reserva de espaços para a instalação de distin-tos edifícios sociais.

Nova cidade do Kilamba Kiaxi

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PROjECTO hABITACIONAL DE CACUACO

Por seu turno, no projecto da nova cidade de Cacuaco serão construídos 419 edi-fícios T3 e 329 T4, todos de cinco anda-res, assim como 45 T3 e 67 T4 de nove andares e 23 T4 com 11 andares.Na nova centralidade de Cacuaco estão previstas a construção de jardins-de-infância, supermercado, mercado, hos-pital, escolas primária e secundária, centro de apoio a criança e zonas reser-vadas para os serviços públicos.A ser construída numa área total de 3.366,80 hectares e num espaço de 206,86 hectares, a nova centralidade, sem descurar o aspecto ambiental, vai possuir ainda os serviços de comércio, restauração, equipamentos colectivos turísticos, armazéns, lazer/estadia, rede viária urbana e estacionamento. Visitado recentemente pelo Presidente da República, este projecto vai benefi-

ciar 60 mil habitantes.No local, José Eduardo dos Santos recebeu explicações sobre o número de edifícios em construção, as infra-estruturas sociais e zonas de lazer que deverão fazer parte do projecto, e visi-tou um dos apartamentos modelo.

PROjECTO hABITACIONAL DO ZANGO

O Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, visitou ainda, recen-temente, o projecto habitacional do Zango, no município de Viana, que con-templa 315 edifícios de 14 andares cada, num total de 35.280 apartamentos. Dos 51 edifícios previstos para esta primeira fase, seis foram já concluí-dos. Refira-se que cada edifício tem 112 apartamentos.Segundo o coordenador do projecto, Nelson Pereira de Sousa, o plano encon-tra-se na sua primeira fase de execu-

ção, salientando que até finais de 2011 serão concluídos 6.272 apartamentos de modelos T3 e T4, devendo albergar 37.632 habitantes na base de seis pes-soas por agregado familiar.Quanto aos valores e as modalidades de aquisição dos imóveis, referiu que serão estabelecidos posteriormente por uma comissão que a seu tempo o governo irá criar. O traçado inclui escolas, creches, clubes, mercados públicos, esquadras policiais, centros comerciais e cultural, postos de saúde, hotéis, entre outros serviços de inte-resse particular e público. De realçar que o Presidente da República apre-sentou, recentemente, no anfiteatro da Casa da Juventude, em Viana, o Plano Geral de Urbanismo de Luanda, cerimónia na qual estiveram presen-tes distintos membros do Governo, entre os quais, o Vice-Presidente da República.

Visão geral em vista área do projecto habitacional do Kilamba Kiaxi Primeira fase da cidade do Kilamba Kiaxi em acabamento

Projecto habitacional do Cacuaco

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A liberalização do sector dos combustíveis, que facilita a entrada de novos operadores na área da distribuição, vai aumentar a oferta de postos de combustíveis em todo o território nacional

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O Executivo angolano reduziu em cerca de 20 por cento os subsídios aos combustíveis,

esclarecendo que para o consumidor vai implicar um aumento do preço da gasolina e gasóleo na ordem de oito por cento. Esta medida faz parte do processo de liberalização dos com-bustíveis, cujas condições estão a ser criadas, segundo garantia do Minis-tério dos Petróleos.O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, anunciou que a estratégia definida no plano de liberalização do mercado dos combustíveis começa a ser executada este ano e vai aumen-tar a cobertura no país.Botelho de Vasconcelos explicou que se vai estabelecer um preço máximo para todo o território nacional, recor-dando ainda que a eliminação dos subsídios vai aproximar os preços dos produtos ao seu valor mercantil. Com isto, novos parques de armaze-nagem e postos de combustíveis vão ser construídos em todo o país, num esforço para melhorar a rede de dis-tribuição de combustíveis.Botelho de Vasconcelos diz ainda que a liberalização do preço dos combustíveis, que hoje têm preços fixos e subsidiados pelo Estado, é um dos passos previstos no programa de liberalização do sector, que começará com a distribuição.

Texto: Adão JoãoFotografia: GCI

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GOvERNO Dá PASSOS PARA A LIBERALIZAçãO DOS COmBUSTívEIS

A liberalização do sector, que facilita a entrada de novos operadores na área da distribuição, vai aumentar a oferta de postos de combustíveis em todo o território nacional. De acordo com o Conselho de Minis-tros, que aprovou a liberalização do mercado petrolífero em todo o territó-rio nacional, o modelo de liberalização aprovado tem como objectivo o desen-volvimento do sector da refinação do petróleo, do armazenamento, do trans-porte e da distribuição, áreas ante-riormente controladas pela Sonangol.Segundo alguns analistas, um dos efeitos positivos da liberalização do sector é a diminuição das enormes filas de automóveis nos postos de abastecimento, situação provocada pela falta constante de combustíveis. O diploma do Governo, aprovado pelo Conselho de Ministros no ano pas-sado, tem como objectivo garantir a cobertura nacional da distribuição de combustíveis e estabelecer um sis-tema de tarifas mais transparente. Nova refiNaria vai aumeNtar oferta Dados actuais indicam que a Refina-ria de Luanda está a operar a 50% da sua capacidade e o país precisa de importar o equivalente a 120 mil barris de petróleo diariamente para

cobrir o défice das suas necessida-des em combustíveis.Segundo o Ministério dos Petróleos, o projecto da nova Refinaria do Lobito prossegue para que em 2014 a primeira fase esteja totalmente concluída.A existência de regras de transparên-cia e equidade no acesso aos merca-dos e a ocorrência da liberalização em toda a cadeia de distribuição iriam aju-dar a maximização dos recursos e a emergência de novos actores privados. SubSídio aoS combuStíveiS ajuStado

A verba do programa de fornecimento de combustíveis pela Sonangol foi ajustada em cerca 743 milhões de dólares, em função da revisão do Orçamento Geral do Estado deste ano. Esta informação foi avançada recen-temente, em Luanda, pelo ministro das Finanças, Carlos Alberto Lopes, quando apresentava no parlamento o OGE revisto.Neste âmbito, realçou que o mon-tante dos subsídios aos combustí-veis foi elevado em comparação com o OGE inicial pelo impacto do preço médio do petróleo bruto mais ele-vado e pela avaliação da redução da proporção do subsídio calculado em cerca de oito por cento, que será pos-sível reduzir este ano.

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A 27.ª Edição da Feira Internacional de Luanda, que decorreu de 20 a 25 de Julho, sob o lema “Indús-

tria transformadora, aposta imprescin-dível para o equilíbrio macroeconómico de Angola”, contou com 754 empresas, entre nacionais e estrangeiras, e a par-ticipação de 33 países. Com um indica-dor de satisfação de 95 por cento, esta última edição não revelou os dados sobre o volume de negócios, mas o presidente do Conselho de Administração da FIL, Matos Cardoso, assegurou que foram muitos os ganhos conseguidos com o certame.“O maior ganho foi, com certeza, a abor-dagem generalizada que se fez acerca do lema escolhido”, disse, acrescen-tando que a consolidação da FIL no rol das grandes feiras do continente foi outro dos ganhos do certame. Para Matos Car-doso, as entidades que se fizeram presen-tes foram categóricas em afirmar que o processo do nosso desenvolvimento eco-nómico passa pela afirmação do sector industrial, pois, a industrialização é um factor decisivo para a modernidade e para a sustentabilidade da economia. Durante a gala, que se realizou no último dia do evento, foram distinguidas as empresas Unitel, Banco de Comércio e Indústria, ZAP, TAAG, TV Zimbo, Rádio Nacional de Angola e o Jornal de Angola. Além des-tas, foram igualmente galardoadas a FIL Tubos, a ESSO, bem como os exposito-res estrangeiros, nomeadamente, a Ale-

manha e Portugal. Outro distinguido na cerimónia oficial de encerramento foi o ministro da Geologia, Minas e Indústria, Joaquim David, com o prémio de “Per-sonalidade do ano Filda 2010”.

SONANGOL REvELOU PROjECTOS NA fILDA

O quarto dia da Feira Internacional de Luanda foi dedicado aos sectores da energia, gás e petróleos, destacando-se a realização de uma palestra sobre "A refinação em Angola”, no espaço Espe-lho d'Água, promovido pela Sonangol. Na FILDA, a recepção de individualidades ligadas ao sector que visitaram o pavi-lhão 5, onde se encontravam os exposi-tores do ramo petrolífero, foi igualmente outra actividade de destaque naquele dia.Durante a palestra, alguns dos principais responsáveis da petrolífera nacional fala-ram sobre os investimentos da empresa no ramo da refinação e do envolvimento dos recursos humanos angolanos neste desafio. Além da presença do então minis-tro dos Petróleos, Desidério Costa, e de outras individualidades do sector, esti-veram no evento vários estudantes aos quais foi esclarecido o seu papel nos pro-jectos da petrolífera angolana.O salão de exposição das empresas do sector de energia, gás e petróleos esteve representado por cerca de 54 empresas, entre operadoras, de prestação de servi-ços e de equipamentos e fabricantes de geradores de energia eléctrica.

INfORmAçõES fORAm PRESTADAS AOS vISITANTES

Durante a FIL, a petrolífera angolana revelou ainda que cerca de duzentos mil barris de petróleo vão ser proces-sados, pela Refinaria do Lobito, em construção na província de Benguela. Na primeira fase vai processar 100 mil barris/dia e na segunda fase o projecto terá capacidade para processar 200 mil barris/dia.De acordo com a Sonangol, com as Refi-narias do Lobito e de Luanda haverá melhorias na rede de distribuição e comercialização de produtos deriva-dos do petróleo e deste modo poderá perspectivar-se a exportação dos derivados do petróleo. A Refinaria de Luanda está inserida num processo de modernização e expansão com vista a atender as necessidades do mercado e a mesma produzirá diariamente 100 mil barris de derivados por dia.

SONANGOL ASSINOU ACORDO NA fILDA

Ainda na FILDA, no pavilhão do Millen-nium Angola, a Sonangol e a EDP assi-naram um contrato para a construção de uma central de ciclo combinado no Soyo, com uma capacidade de 400 MW, envolvendo um investimento estimado em cerca de USD 500 milhões. O con-trato envolve ainda um projecto de elec-trificação de zonas rurais e remotas de

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fEIRA INTERNACIONAL DE LUANDA CONSOLIDOU PRESTíGIO

fILDA 2010

texto: Germano Gomes Fotografia: GCI

as empresas angolanas revelaram-se superiores, em produtos e serviços apresentados na 27.ª edição da filDa, ao conquistarem nove prémios

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Angola com energias renováveis. A cen-tral de ciclo combinado, que vai produzir energia eléctrica a partir de gás natural, conta ainda com a assessoria financeira do Millennium BCP e do Banco Privado Atlântico (BPA).O contrato entre os dois bancos, o Millen-nium de capital maioritariamente portu-guês e o BPA, de capital maioritariamente angolano, abrange assessoria e financia-mento da central e da rede de transmis-são entre o Soyo e Luanda. A Sonangol está a construir na região um projecto de gás natural liquefeito (LNG), pelo que a central deverá ser alimentada com gás natural angolano. Na cerimónia de assinatura do contrato, que contou com a presença do primeiro ministro português José Sócrates, foi anun-ciado que a construção da central deverá arrancar no primeiro trimestre de 2011.

ExPOSITORES NACIONAIS E ESTRANGEIROS COm BALANçO POSITIvO

Vários expositores nacionais e estran-geiros que estiveram na feira revela-ram-se satisfeitos com os seis dias de intensa actividade. O presidente da Agência para o Investimento e Comér-cio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta, por exemplo, disse que, apesar da crise económica, o volume de negó-cios feito pelas empresas portuguesas no evento ultrapassou o balanço do ano passado.Com cerca de 750 stands, repartidos pelos seis pavilhões de exposição, estima-se que mais de 200 mil pes-soas visitaram o certame durante os seis dias, sendo que só no último dia, domingo, foram 50 mil.À semelhança de edições anteriores,

Portugal, com mais de 100 empresas, foi o país com maior representatividade. Por este facto, Basílio Horta considerou prioritário o investimento do seu país na indústria transformadora angolana, através de parcerias.Na maior bolsa de negócios de Angola, as empresas portuguesas expuseram no pavilhão três e os sectores em des-taque foram o agro-alimentar, material de construção, mobiliário, tecnologias de informação e software, construção civil e obras públicas, agricultura, banca, arquitectura e urbanismo.Por outro lado, o Brasil, com 40 empre-sas, também teve um balanço positivo. O volume de negócios gerado foi esti-mado em 50 milhões de dólares norte-americanos, contra os USD 30 milhões de 2009.A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) revelou, depois do evento, que o pavilhão daquele país da América do Sul recebeu pelo menos 20 mil visitan-tes e foi o segundo maior da FILDA 2010, a seguir a Portugal.Igualmente com um sentimento de satis-fação, os expositores nacionais assegu-raram que os objectivos preconizados foram concretizados. Patrícia Patrício, directora de Marketing da Movicel, disse que “o evento tem vindo a demonstrar uma evolução significativa, no que toca à capacidade de resposta da instituição face ao quadro de exigência dos expo-sitores”, acrescentando que “o balanço da participação da empresa é positivo”. Segundo ela, a organização da feira conseguiu dar respostas às questões básicas como a electricidade, a água, segurança, tendo-a considerado pre-sente e cooperativa. Já o vice-presidente

da BP, Paulo Pizarro, considerou que o resultado da boa organização da feira é também um reflexo do momento que Angola vive, tornando possível ver uma feira a ocupar os seus seis pavilhões e até parte considerável do exterior.A responsável da Chaimassage Angola, Daniele Silva, disse ter conseguido satis-fazer os seus objectivos. Divulgar os seus serviços e dar a conhecer a importân-cia da massagem e até contactos com empresas, foram aspectos bem concre-tizados, daí a sua satisfação.Além de Angola, participaram empre-sas da Áustria, Argentina, Brasil, China, Cuba, República Checa, EUA, Espa-nha, Emirados Árabes Unidos (Dubai), França, Inglaterra, Israel, Japão, Malá-sia, Noruega, Paquistão, Polónia, Por-tugal, Suécia, Tailândia, Turquia, África do Sul, Ghana e Uruguai.Os ramos de actividade económica expostos nesta última edição foram agricultura, alimentos, máquinas, equi-pamentos, tecnologia, construção civil, metalomecânica, máquinas agrícolas e motores, veículos, educação, electrodo-mésticos, utilidades domésticas, sector têxtil, energia, infra-estruturas, teleco-municações, máquinas e automação, engenharia civil e construção de siste-mas e comércio.A FILDA é uma feira de negócios que junta anualmente, desde 1983, empreendedo-res nacionais e estrangeiros para expor produtos e serviços, assim como estabe-lecer contactos para negócios. O parque de feiras está implantado numa área de 3,4 hectares de terreno. A área de expo-sição tem seis pavilhões com dimensões entre os mil e os cinco mil metros qua-drados, adequando-se às necessidades dos diferentes certames e eventos.

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REfORçA ANGOLANIZAçãO DO SECTOR PETROLífERO

C riado para atender à política de angolanização do sector petro-lífero, o Instituto Nacional de

Petróleos (INP) vai lançar no mercado de trabalho, este ano, cerca de 150 téc-nicos médios, segundo garantia do director daquela instituição.De acordo com Domingos Francisco, o INP já garante cerca de 60 a 70 por cento de quadros para o sector petrolífero, cuja qualidade tem sido reconhecida pelas empresas do sector. “Temos estado a melhorar e a responder às expectati-vas, mas no geral as empresas estão muito satisfeitas com os formados”, justificou o director, adiantando que os quadros recém-formados integram-se rapidamente nas equipas e continuam os seus estudos de acordo com as pre-tensões das empresas.Com um número de vagas a variar entre os 100 a 150 alunos, o Instituto forma geralmente três a cinco turmas da 10ª classe para os cursos de mecânica, manutenção industrial, perfuração e produção, para os cursos de Geologia e Minas e, muito recentemente, está a evoluir para os cursos de refinação, gás e de instrumentação. O director do INP sublinhou que a polí-tica da reforma educativa que decorre no país tem permitido à instituição uma taxa de sucesso acima dos 70 por cento, cifra considerada razoável por Domingos

Francisco. Ainda assim, adianta, o objec-tivo é chegar a uma taxa de sucesso de 100 por cento, nível de qualidade que poderá igualmente justificar o volume de investimento que o Estado ango-lano tem aplicado à instituição. Para aumentar a sua qualidade de serviço têm sido feitos investimentos na forma-ção de professores e infra-estruturas pedagógicas, nomeadamente, labora-tórios e bibliografia técnica adequada.

ACESSO AO INSTITUTO

A conclusão da 9ª classe, com uma média que varia entre os 14 e 15 valo-res nas disciplinas nucleares, nomea-damente, matemática, física e química, constitui um dos principais requisi-tos para ingressar no INP. Além disso, possuir a situação militar regularizada é outra das condições para quem está em idade avançada. Até a esta altura, revelou, a prova documental não tem sido o suficiente para aferir a quali-dade dos candidatos. Para solucionar esta questão, o INP tem estado a tra-balhar com o Ministério da Educação para que, nos próximos tempos, pos-sam ser realizados exames de aptidão.Enquanto isto, actualmente a idade mínima para ingresso varia entre os 14 e 15 anos. Depois de realizar as inscri-ções, que são feitas directamente no

Instituto no período de Janeiro de acordo com o calendário do Ministério da Edu-cação, o INP forma uma comissão de selecção dos melhores candidatos, cuja incidência recai para os que possuem boas notas em disciplinas como Mate-mática, Física e Química. Além dos alu-nos que saem directamente do ensino geral, Domingos Francisco esclareceu que um número considerável de for-mandos é proveniente das empresas. “Estes formandos têm acima de 18 anos porque já vêm do mercado de trabalho e estão aqui para fazer uma especiali-zação muito virada para a reciclagem”, disse. O director do INP deu a conhecer que esses alunos frequentam os cur-sos de Instrumentação, Operadores, Electricidade, Informática e Inglês de acordo com as necessidades próprias das empresas.

INSTITUTO NACIONAL DE PETRÓLEOS

texto: Adão João, Duarte MexiaFotografia: SpeedLight

o instituto nacional de petróleos é sinónimo de futuro e qualidade no sectorpetrolífero. forma e ensina mais de uma centena de alunos todos os anos. ministra Cursos de formação profissional para as empresas do sector. Com a consolidação, cada vez mais, da cooperação internacional, o inp tem tudo para ser uma escola de petróleo de referência no Continente africano

COm Um NúmERO DE vAGAS A vARIAR ENTRE OS 100 A 150

ALUNOS, O INSTITUTO fORmA TRÊS A CINCO TURmAS DA 10ª CLASSE PARA OS CURSOS DE mECâNICA,

mANUTENçãO INDUSTRIAL, PERfURAçãO E PRODUçãO, PARA

OS CURSOS DE GEOLOGIA E mINAS

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“Temos esTadoa recruTar os melhores

alunos para formação forado país aTravés das bolsas

do minisTério dos peTróleose mandamo-los para

as melhores universidadesdo mundo”

reTraTo da insTiTuição

Com um total de 230 funcionários, 60 dos quais professores, neste momento, de acordo com o seu director, o INP recebe do Orçamento Geral do Estado uma parte que apenas cobre os salários dos docen-tes, uma vez que estes pertencem à fun-ção pública. Tem dupla subordinação, isto é, do Ministério da Educação, – que se ocupa pela parte pedagógica meto-dológica, – e do Ministério dos Petróleos, – que se ocupa da parte administrativa e financeira. Este último cobre a maior parte das despesas constituídas por ali-mentação, alimentação e água.

“Nós produzimos a água desde a cap-tação, tratamento e distribuição, temos que produzir energia aqui, pois há mais de 25 anos que vivemos com os grupos geradores e estamos com um consumo de combustível na ordem dos 3.000 litros de gasóleo por dia e isso requer um esforço financeiro muito grande”, referiu, esclarecendo que ainda exis-tem os custos com os transportes, a clínica da instituição, serviços de lim-peza, higiene, lavandaria e a gestão dos próprios espaços pedagógicos.Domingos Francisco frisou que o facto

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de o Instituto estar localizado numa zona isolada, a cerca de 300km de Luanda e 13 km do Sumbe, torna difícil manter bons professores. Porém, para fazer face a este constragimento, o Minis-tério dos Petróleos desenvolveu uma política que consiste na atribuição de prémios de ensino aos docentes, inicia-tiva que já dura alguns anos. “O professor aqui já não faz nada senão formar os jovens, porque se estivesse no centro urbano, para além da escola, poderia ter uma outra actividade para aumentar o seu rendimento”, sublinhou Domingos Francisco, para quem o pré-mio de ensino constitui solução para este problema. Embora com o fim do conflito armado, o Instituto esteja a con-seguir melhorar os incentivos e captar os melhores quadros para a instituição, o director reconhece que as empresas acabam sempre por ficar com um bom número. Por isso, reafirma que o INP tem investido na formação dos seus próprios quadros no exterior do país. “Temos estado a recrutar os melhores alunos para formação fora do país atra-vés das bolsas do Ministério dos Petró-leos e mandamo-los para as melhores universidades do mundo”, revelou. Neste momento há três estudantes na África do Sul e, nos próximos tempos, mais dois seguirão para os Estados Unidos da América. Além destes, alguns estu-dantes encontram-se actualmente na África do Sul e na Namíbia a aperfeiçoar a língua inglesa para posteriormente seguirem uma formação superior em paí-ses, como por exemplo, Noruega, Esta-dos Unidos da América ou Reino Unido. Além da cooperação com a Noruega, o Instituto tem estado a estabelecer con-tactos encontrar parceiros adequados com os quais poderá desenvolver pro-jectos em conjunto. “Neste campo, por exemplo, visitámos o Instituto Francês

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CURSOS TÉCNICO PROFISSIONAIS PARA PETROLÍFERAS

Além dos técnicos médios, o Instituto Nacional dos Petróleos tem estado a formar também técnicos profissionais vindo de várias empresas em diversos cursos técnicos ligados ao sector.Neste ano lectivo por exemplo, o INP pretende estabelecer uma parceria com a petrolífera Esso para minis-trar cursos técnicos a mais de 500 profissionais, que poderão servir o projecto da nova Refinaria. “Temos estado a trabalhar para o Angola LNG, mas ainda não como gostaríamos. A Refinaria de Luanda tem enviado para cá os seus formandos”, realçou o director do INP. HOCHAN KING, uma empresa de prestação de serviços para o sector petrolífero, também tem estado a mandar os seus qua-dros para a especialização em vários cursos técnicos. Muito recentemen-te, aquando da instalação de várias empresas norueguesas prestadoras de serviços, o INP formou, em qua-tro meses, 100 jovens para trabalhar em tecnologia submarina. A forma-ção foi dada por quatro professores que, tendo aprendido a tecnologia na Noruega em quatro meses, regressa-ram a Angola para transmitir os seus conhecimentos.

do Petróleo e, muito recentemente, estivemos no Brasil, na Universidade de Campinas, onde mantivemos con-tacto com o professor Trevisan, que participou na elaboração do dicioná-rio do petróleo", afirmou.

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«ESTAmOS A INvESTIRNA ExCELÊNCIA»

DOmINGOS fRANCISCO

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a direcção liderada pelo eng. Domingos francisco, advoga que o inp forma profissionais para a indústria, sendo por

isso necessário que, as petrolíferas contribuam no esforço para incrementar um instituto cada vez mais mais forte

texto: Adão João e Duarte MexiaFotografia: SpeedLight

empresas que operam no sector pe-trolífero angolano contribuam e vejam o Instituto como uma boa escola, até porque fica barato.Actualmente a es-cola está a apetrechar-se no sentido de ir ao encontro das necessidades das empresas. E é com tudo isto que queremos tornar o INP uma institui-ção de ensino de referência ao nível nacional e regional, pois queremos atingir o que conseguiu a Argélia, cuja escola dos petróleos actualmente tem um celeiro de bons formadores que não só dão aulas mas também fazem pesquisas e publicações. Te-mos que caminhar rapidamente para aí, por isso é que estamos a investir no homem.

e cursos superiores técnicos ou cursos no verdadeiro sentido académico?

Estamos a criar condições para ter outros cursos superiores técnicos com a duração de 3 anos e com isto formar técnicos que vão dar continui-dade ao nosso trabalho, embora não seja praticamente uma universidade. Tudo porque, actualmente, temos o nível médio e o de especialização, mas precisamos de cursos superiores técnicos. O Governo criou o Instituto Superior de Petróleos precisamente no Kwanza-Sul, oportunidade que nós

Que passos têm sido dados para fa-zer do inp um centro de excelência de formação de quadros para o sector?

Desde que assumimos a direcção do INP, comprometemo-nos a levar isso a bom porto, por isso, temos um programa, um plano de acções e um plano directório que, embora exija um esforço financeiro muito grande para nós, contemplam os nossos objecti-vos, designadamente, a construção de infra-estruturas, formação de pro-fessores e aquisição de laboratórios.Com efeito, a escola estabeleceu ain-da parcerias muito fortes com enti-dades formadoras mundiais, o que poderá abrir novas oportunidades. Por isso, penso que é fundamental que as

queremos para ver como fazer isso, como implantar um projecto seme-lhante, dado que nós já temos aqui sinergias internas para podermos aproveitar os equipamentos, os ho-mens e os espaços e depois agregar ao INP cursos de nível superior técnico.

Qual tem sido o “feedback” dessas parcerias com as empresas do sector?

A parceria ainda não é a mais deseja-da. Nós precisamos que as empresas sejam mais acutilantes, pois umas aparecem e fazem as suas formações e saem daqui satisfeitas mas depois o fio da comunicação não passa e é por isso que temos estado a sensibilizar as empresas a visitarem e verem o nosso trabalho.

parece um paradoxo o facto de as empresas do ramo fazerem doações para outros sectores, enquanto seria uma prioridade apoiar o instituto pa-ra se criar uma base de formação de quadros não para as empresas mas para a indústria…

Concordo. É preciso primeiro tornar este Instituto muito forte, é preciso concentrar recursos, mandarmos para cá os melhores docentes e fazermos desta instituição uma boa escola, e só depois pensarmos noutras coisas.

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O INP forma para a indústria e não para o Ministério por isso é preciso que a indústria venha contribuir com o seu esforço.A escola tem um forte potencial pa-ra o país e para a região. Até então já formou na África Austral cerca de 119 profissionais. E neste momento, Moçambique tem-nos como opor-tunidade para os seus quadros, pois pensam enviar para cá cinco estu-dantes. Moçambique está a produzir gás e, provavelmente, depois possa produzir petróleo. A nossa escola não é só oportunidade para o mercado pe-trolífero mas também para a própria indústria metalúrgica e mecânica.

e como é que se atraem as empresas do sector a virem fazer a formação dos seus quadros aqui?

Com um grande esforço de marketing, temos estado a desenhar e a vender uma boa imagem às empresas. De-terminados cursos, por exemplo o de soldadura, os seus conteúdos são propostos e analisados pelas em-presas. Desta forma, consegue-se vender pacotes de formação de acor-do com as necessidades das compa-nhias. Uma outra vantagem para os formandos que aqui são enviados, é o valor que é cobrado de apenas 100 dólares por dia. Isto inclui todos os

serviços prestados por nós que vão desde a alimentação, acomodação, lavandaria, meios de transportes à própria formação. Apesar deste va-lor, nós ainda temos um deficit que é coberto por nós, pois ninguém faz negócio para perder. Neste momento temos estado a trabalhar para ver se conseguimos a nossa sustentabilida-de. Mas a escola também tem noção que não pode pedir muito mais do que aquilo que pede. Temos estado a negociar com humildade, no sentido de vender aquilo que realmente temos e podemos. Só quando conseguirmos exibir os padrões é que vamos subir um pouco a fasquia, mas nesta altu-ra estamos a trabalhar para a nossa própria certificação e quando a escola for certificada, tenho a certeza que aí já vamos tentar mudar um pouco mais as coisas.

Qual o montante de investimento que é feito durante todo processo educativo do aluno até sair da escola?

Para um aluno que fica pelo menos aqui durante três anos, o custo anda a volta dos 20 a 25 mil dólares americanos. Mas sabemos que gasta muito mais do que isso, pelo que estamos agora a realizar um estudo para ver quanto custa ao Es-tado manter a pessoa aqui praticamente fechada com todos serviços aqui dentro.

Para a empresa, esses custos são mi-nimizados uma vez que comparticipa com determinado valor para o ensino regular e, neste momento, os alunos já têm estado a comparticipar com um valor mínimo que não ultrapassa o cor-respondente a 10 dias.

Como é o diálogo com as empresas sobre as necessidades que cada uma apresenta?

O diálogo com as empresas, por exemplo, dá-se na flexibilidade dos conteúdos, pois a escola pode mu-dar a sua matriz para agregar um ou outro capítulo que seja necessário. Além disso, nós pretendemos que os cursos sejam essencialmente 40 por cento de parte teórica e 60 por cento

A ESCOLA E A EmPRESA ESTãO DE mãOS DADAS E, POR ISSO,

DEPOIS DAS AULAS fAZ-SE O ON-jOB TRAINING NA PRÓPRIA

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ALUNO CONhECE BEm A EmPRESA E CONhECE BEm O qUE LhE

ESPERA DEPOIS DA fORmAçãO

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de prática. Fazemos isto porque se o formando vier da companhia tem mais ou menos a lição bem estudada.A escola e a empresa estão de mãos dadas e, por isso, depois das aulas faz-se o on-job training na própria compa-nhia de onde ele vem, o que significa que ao terminar o curso, ele conhece tão bem a empresa e conhece bem o que lhe espera depois da formação, portanto não há problemas nenhuns nesse particular.

Qual é a taxa de efectivação para tra-balhar dos alunos que saem da escola? há algum aluno dessa escola que tenha ficado sem emprego?

Já sim. Mas eles não ficam sem empre-go porque não o têm, mas sim porque vão para as universidades. Aqueles que têm bom aproveitamentona es-cola acabam por ser aliciados pela empresa. Há muitas empresas que, depois do recrutamento, continuam

peRFIL

O Eng. Domingos Francisco é for-mado em Engenharia Civil e tem 46 anos de idade. Trabalha há 25 anos no ensino técnico pro-fissional. Iniciou a sua formação no Instituto Médio Industrial de Luanda, antigo Makarenko.Tendo estudado na Universida-de António Agostinho Neto, Do-mingos Francisco já foi director técnico da Elisal, actividade que sempre conciliou com a docência. Convidado para laborar no INP pe-la antiga ministra dos Petróleos, Albina Assis, Domingos Francisco foi inicialmente director pedagó-gico do INP durante 12 anos, e as-sume a direcção geral apenas há um ano e meio.

com o seu programa de formação on-job (no trabalho) e passado al-guns anos o formando atinge o grau de engenheiro sem problemas. Porém, há algumas empresas que optam pela formação contínua, situação que não facilita o recém-formado a chegar à universidade.

Como é que vê o futuro desta escola e desta pequena cidade daqui há dez anos?

O futuro depende dos nossos políti-cos e das empresas. Ora, as empresas devem acreditar na escola. O Minis-tério dos Petróleos está fortemente engajado na reestruturação do INP e as pessoas estão compenetradas nessa política de reestruturação. Acho que se as empresas acreditarem na escola e nas pessoas que aqui trabalham, daqui a cinco ou mais anos, teremos uma escola respeitada e de referência não só para o país mas para a região.

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24 • Outubro 2010 - Nº22

No final de 2009, as reservas petrolíferas angolanas atingiam os 13,5 mil milhões de barris.

É um número gigante, mas que, descon-textualizado, pouco diz sobre a impor-tância de Angola no mapa africano, e mundial, da produção e extracção petrolíferas. Aquele total corresponde a 1,01% das reservas mundiais, de acordo com o Statistical Review de 2010 da petrolífera BP, e confere a Angola a terceira posição na lista das maiores reservas africanas, a seguir à Líbia e à Nigéria. Este é o corolário de uma década dourada para Angola, ao nível da exploração petrolífera. De acordo com os registos da BP, em 1999 a extrac-ção ficava-se pelos 745 mil barris de petróleo/dia. No final de 2009, aquela petrolífera apontava para uma produ-ção de 1,78 milhões de barris de crude diariamente no país (a Organização dos Países Exportadores de Petróleo aponta para 1,82 milhões). As receitas provenientes desta actividade repre-sentam mais de metade do encaixe fiscal angolano e é uma das principais fontes de receita do Estado.Mas a exploração de petróleo em Angola não é uma história recente. Tem preci-samente 100 anos, um marco histórico que se comemora em 2010. É verdade que existem registos históricos do envio de barris de crude para Lisboa desde o século XVIII, mas a indústria, digna desse nome, só arrancou em 1910, ano em que foi atribuída a licença de pros-peção de hidrocarbonetos à Canha & Formigal. A empresa teve autoriza-ção para explorar uma área com mais

texto: Rogério OliveiraFotografia: GCI

de 100 mil quilómetros quadrados no offshore da Bacia do Congo e na Bacia do Kwanza.A Companhia de Pesquisas Mineiras de Angola (PEMA) e a norte-americana Sinclair cedo se aperceberam do poten-cial geológico angolano e dedicaram-se à pesquisa de petróleo na década de 50. É a partir deste período, e durante a década seguinte do século passado, que foram descobertas as reservas do Kwanza e de Cabinda. Em 1968, com a entrada em funcionamento do campo de Malongo, Cabinda, a produção de

CO

mem

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100 ANOS DE ExPLORAçãOPETRÓLEO

Como Angola se tornou no maior produtor de petróleo da África subsaariana em menos de um século

crude angolana permite ao país assu-mir-se como um player mundial neste domínio. Em 1973, à beira da indepen-dência, o petróleo ultrapassa o café e torna-se a principal exportação ango-lana. Entre 1952 e 1976 foram realiza-dos levantamentos sísmicos numa área superior a 30 quilómetros, foram perfurados 368 poços de prospecçao e pesquisa e 302 poços de desenvol-vimento. Descobriam-se, neste perí-odo, 23 campos de petróleo.A produção petrolífera de Angola era pouco significativa, antes da inde-

Breve cronologia

1910Primeira licença de exploração

de hidrocarbonetos, atribuída à

empresa Canha & Formigal

1915Perfuração do primeiro

poço de petróleo.

1950-1960Descoberta de reservas no Kwanza

e em Cabinda. É nestas décadas que

se inicia a exploração comercial de

petróleo em Angola

1955Petrofina realiza a primeira

descoberta comercial de petróleo,

no vale do Kwanza.

1958Início da actividade de refinação de

petróleo, com a criação da refinaria

de Luanda, propriedade da Fina

Petróleos de Angola

1962É realizado o primeiro levantamento

sísmico do offshore de Cabinda

pela Cabinda Gulf Oil Company.

Em Setembro acontece a primeira

grande descoberta

1966-1974Este é o período, da era colonial,

com o maior número de descobertas

realizadas. Inicia-se uma nova

fase com a atribuição de diversas

concessões e a criação de blocos de

exploração em terra (onshore)

e marítimos (offshore)

13,5 mIL mILhõES DE BARRISTOTAL DAS RESERvAS DE PETRÓLEO Em ANGOLA, NO fINAL DE 2009. Em áfRICA, APENAS LíBIA E NIGéRIA SUPERAm ESTE vOLUmE

PETRÓLEO Em ANGOLA

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25

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26 • Outubro 2010 - Nº22

em 1978, o exclusivo da produção e exploração de petróleo e gás ango-lanos. A actividade petrolífera atinge um novo patamar. A Sonangol passou a colaborar com entidades estrangei-ras, por via de joint-ventures e acordos de produção, ao mesmo tempo que avançava na produção própria, utili-zando o petróleo do país como garan-tia para o financiamento da actividade. Os gigantes da produção petrolífera não quiseram deixar Angola de fora do seu mapa. Estão cá a BP, Total, Che-vron, Eni, Texaco, Petrobras e Exxon-Mobil. Mais recentemente, a chinesa Sinopec também se juntou ao clube.Hoje, Angola mantém-se como um dos maiores produtores de petróleo na região subsaariana de África, tendo inclusive ultrapassado o primeiro pro-dutor africano, a Nigéria, em 2009. É um exportador de referência, algo que a frieza dos números deixa bem evidente. De acordo com os dados da Energy Information Administration (a Agên-cia Nacional de Energia dos Estados Unidos da América) dos 1,82 milhões de barris/dia produzidos no país, ape-nas 65 mil são utilizados diariamente. O saldo positivo é gigante, o que sig-nifica um superávit muitíssimo gene-roso para vender ao exterior.

pendência, com uma média pouco superior a 170 mil barris diários, tendo superado a barreira do milhão/dia em 2004 – dois anos após o fim da guerra civil que se mantinha desde a independência, conquistada em 1975 –, estando actualmente próxima dos dois milhões.Mas só com o fim da era colonial Angola dá o salto definitivo. Em 1975, ano da

independência, o monopólio do petróleo angolano estava concentrado em três companhias: Cabinda Gulf Oil, Texaco e Petrangol. Um ano após o fim do colo-nialismo, em 1976, o Governo angolano cria a Sociedade Nacional de Combus-tíveis de Angola (Sonangol) e concen-tra naquela sociedade para-estatal,

1968Grande crescimento da produção, com

a entrada em funcionamento do campo

de Malongo, em Cabinda.

É o primeiro grande salto na produção

petrolífera angolana

1973É neste ano que o petróleo se torna

na principal exportação de Angola,

superando o café

1974A produção atinge os 174 mil barris

de crude diários, o máximo registado

durante o período colonial

1976Criação da Sociedade Nacional de

Combustíveis de Angola – Sonangol.

A produção rondava os 100 mil barris/

dia provenientes de três áreas de

exploração: ofshore de Cabinda, onshore

do Congo e onshore do Kwanza

1978Sonangol torna-se na única entidade

concessionária da exploração e

produção de petróleo e gás em Angola

1982Novo salto na produção angolana, com

a entrada em funcionamento do campo

de Takula

1983Criação da primeira unidade

internacional da Sonangol, em Londres

1991Atribuição da primeira licença de

exploração em águas profundas, com a

adjudicação do bloco 16

1999Entra em produção a primeira

plataforma flutuante de produção

e armazenagem de crude no offshore

angolano (bloco 14)

2007Angola torna-se membro da

OPEP – Organização dos Países

Exportadores de Petróleo

2009Angola assume a presidência da

OPEP. Nesse ano produziu, em média,

1,8 milhões de barris de petróleo/dia,

tornando-se o maior produtor

de crude africano

2012Inauguração prevista da primeira fábrica

de liquefação de gás. Angola passará a

contornar a queima de gás resultante da

exploração petrolífera

1 784 mILhARES DE BARRIS/DIAPRODUçãO PETROLífERA ANGOLANA NO fINAL DE 2009, TERCEIRA mAIOR DO CONTINENTE AfRICANO, A SEGUIR à LIBéRIA E à ARGéLIA.

6% –

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27

DéCADA DE OURO

Os últimos dez anos foram verdadeira-mente dourados e permitiram a Angola colocar-se entre os maiores produtores da região do Atlântico Sul. É o resultado da consolidação de uma estratégia de exploração offshore (no mar, em águas profundas e muito profundas, onde estão as principais reservas angolanas) conse-guida a partir da descoberta de quatro blocos de exploração particularmente rentáveis: 17, 16, 15 e 14, na década de 90 do século passado.Com tanta quantidade de ouro negro extraído, a aposta mais consistente na actividade de refinação surge como um passo natural. Actualmente a Fina Petro-leos de Angola, uma joint-venture entre a Sonangol, a Total e investidores priva-dos, tem capacidade para processar 39 mil barris diários. Mas o objectivo é quintu-plicar este valor com a Sonaref, uma nova refinaria com capacidade para processar 200 mil barris/dia, que deverá estar con-cluída en 2015.A era do petróleo está numa fase tal de maturação que Angola começa a diver-sificar a sua estratégia neste sector. Den-tro de dois anos, Angola prepara-se para iniciar uma nova era de expansão na área dos combustíveis fósseis e passará a tirar maiores proveitos de uma exploração nor-malmente associada à exploração petrolí-fera: o gás natural. Em 2012 será inaugurada a primeira fábrica de liquefação.Outro sintoma da maturidade do sec-tor é a perda de protagonismo do petró-leo. Não porque a produção vá diminuir – os especialistas do Fundo Monetá-rio Internacional (FMI) acreditam que irá estabilizar nos próximos anos -, mas porque outros produtos não-petrolífe-

ros começam a viver uma fase pela qual já passou o petróleo – a expansão, com crescimentos acima do PIB angolano. De acordo com as mais recentes previsões do FMI, Angola deverá fechar 2010 com um crescimento de 6,7% do PIB, uma percentagem superior aos 5% de cresci-mento projectados para o sector petro-lífero. Já o sector não-petrolífero deverá registar um crescimento de 7,8%, clara-mente acima do esperado para a econo-mia. Os técnicos do FMI antecipam um futuro risonho para Angola, com um PIB a crescer a 8,3% em 2011 e entre 4,4% e 6,3% para o período 2012-2015. E este crescimento já não terá o petróleo como principal motor da economia. A lebre do desenvolvimento de Angola começa a tornar-se numa espécie de porto seguro

para a economia do país, menos exube-rante que na década passada, mais dis-creto, mas igualmente importante para as contas do país. Passados 100 anos do início da exploração do ouro negro, é tempo do sector não petrolífero – o crescimento esperado para o período 2011-2015 é de entre 8,4% e 10,1% ao ano – puxar pela economia angolana.

200 mIL BARRIS/DIACAPACIDADE DE PROCESSAmENTO DA NOvA REfINARIA, SONAREf, qUE DEvERá ESTAR CONCLUíDA Em 2015

EUA  

França  

Europa  (outros)  

América  (outros)  

China  

África  do  Sul  

India  

Taiwan  

*Reino Unido, Portugal, Itália, Alemanha, Suécia, Holanda e Espanha** Canadá, Peru, Uruguai, Brasil e Chile

Fonte: EIA – Energy Information Administration

31% – EUA

China – 29%

França – 10%

– 12%

6% –

Taiwan – 3%

4% – África do Sul

6% – India

Europa(outros)

América(outros)

*

**

PRODUçãO DE PETRÓLEO NOS PAíSES DA OPEP, Em 2009Entre os maiores Angola tem um lugar de destaque entre os campeões mundias da produção de crude

qUEm COmPRA mAISEUA e China receberam, em 2009, 60% das exportações angolanas de petróleo

Arábia Saudita

Irão

Iraque

EUA

Kuwait

Venezuela

angola

Nigéria

Líbia

Algéria

Quatar

Equador

1.000Barris por dia – 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000

8.220

3.790

2.370

2.300

2.300

2.200

1.820

1.800

1.650

1.330

830

490

9.000

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• Outubro 2010 - Nº2228

ASociedade Nacional de Com-bustíveis de Angola (Sonan-gol) participou de 13 a 16 de

Setembro, na Republica Federativa do Brasil, na Conferência e Exposição Rio Oil & Gás, o maior evento do género na América Latina.Exibindo o seu potencial num Stand de 70m2, a Sonangol evidenciou na exposi-ção a sua presença no Brasil, país onde desenvolve actividade operacional nas bacias de Campos e Santos.Mais de dez mil visitantes tomaram contacto com a realidade da petrolí-fera estatal angolana durante os três dias de exposição. Entretanto, a par desta actividade, representantes da Sonangol EP, da Sonangol Logística e da Sonangol Refinaria de Luanda, par-ticiparam em várias sessões do Con-ferência Rio Oil & Gás 2010, durante as quais foram abordadas temáticas actuais e actuantes da indústria petro-lífera mundial.

PROjECTOS DA SONANGOL NO BRASIL

Por meio de parcerias com a Sonan-gol, a Petrobras explora três blocos na costa brasileira - dois na Bacia de Campos e um na Bacia de Santos. O presidente da petrolífera angolana naquele país, Cândido Cardoso, consi-dera o Brasil uma grande aposta para o processo de internacionalização da companhia.

"O Brasil é um país que é uma grande aposta para a Sonangol e é importante porque os laços que existem com o Brasil e a Petrobras são laços que já datam desde o início da Sonangol", afirmou Cândido Cardoso, destacando que o Brasil oferece perspectivas inte-ressantes".O responsável, que falava à margem do Rio Oil & Gas 2010, o maior evento de petróleo e gás da América Latina, ressaltou a decisão de internaciona-lizar a companhia após o processo de consolidação da petrolífera, pois, há similaridades geológicas entre o Brasil e Angola. "A própria Sonangol já tinha uma participação como accionista na Starfish e depois decidiu entrar na exploração e produção, que faz todo o sentido", explicou.Em Agosto de 2009, a Sonangol assu-miu oficialmente o controlo da petro-lífera brasileira Starfish. "Tanto o Brasil como Angola, do ponto de vista técnico, têm coisas a ganhar e a tra-zer experiências que atravessam o Atlântico", garantiu Cândido Cardoso ao ser questionado sobre futuras par-cerias e cooperações com a Petrobras, companhia líder mundial em explora-ção e produção em águas profundas e ultra profundas.No Brasil, assegurou, a grande aposta é o offshore. A Sonangol actua no Brasil associada à petrolífera brasileira em três blocos offshore,

sendo dois na Bacia de Campos e um na Bacia de Santos."A Petrobras é nossa parceira e nós somos o operador. Pretendemos iniciar as operações e a perfuração dos poços ainda este ano em Cam-pos", adiantou Cândido Cardoso.

EvENTO fOI O mAIOR DE TODOS OS ANTERIORES

Após quatro dias de evento, a 15ª edi-ção da Rio Oil & Gas foi a maior de todas, tendo registado mais de 46 mil visitantes de 51 países, número 18% maior em relação à edição passada, que registou 39 mil visitantes.A feira registrou ainda a participação de 26 representações estrangeiras. A Con-ferência também bateu recorde, com um número de sessões técnicas 50% maior em relação à edição de 2008.

texto: Adão JoãoFotografia: GCI

mais de dez mil visitantes inteiraram-se da realidade da petrolífera estatal angolana e dos seus projectos no brasil

SONANGOL DESTACA-SE NA mAIOR ExPOSIçãO DA AméRICA LATINA

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ExPO RIO OIL & GAS

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Ao todo foram 22 painéis, com a par-ticipação de conferencistas de 28 países e 770 trabalhos técnicos apre-sentados.Este ano a feira ocupou todos os cinco pavilhões do Riocentro e duas tendas anexas aos pavilhões, num espaço total de 37 mil m² de stands. Para a próxima edição, que ocorrerá em 2012, 18 mil m2 – ou seja, metade do espaço da edição actual – já foram reservados.Durante a palestra de encerramento, o presidente do IBP, João Carlos de Luca, ressaltou dois anúncios que foram feitos durante o evento: a reto-mada das rodadas de licitação da ANP, com a realização da 11ª rodada de concessão, e a primeira rodada da partilha, a ser realizada no próximo

ano, bem como a notícia de que o Governo está a preparar uma política para pequenos produtores de petró-leo. “Os anúncios são um factor de regularização do processo para que a indústria possa operar normalmente. Entendemos o porquê da paralisa-ção do processo e agora celebramos a sua retomada”, assinalou De Luca. A 15ª edição da Rio Oil & Gas 2010, que este ano apresentou o tema “Do Petróleo ao Biocombustível: Inte-grando Conhecimento e Ampliando os Limites”, decorreu de 13 a 16 de Setembro de 2010 no Centro de Con-venções Rio Centro, no Rio de Janeiro.Atraídas pelas descobertas no pré-sal e pelos investimentos previs-

tos para os próximos anos no Brasil, as representações internacionais foram destaque. Países como o Canadá triplicaram o número de empresas participantes: de 11 em 2008, foram 36 este ano. Noruega e Reino Unido também contaram com um número maior de instituições.Marcaram a feira a diversidade e sofis-ticação dos equipamentos apresenta-dos, bem como tecnologias inéditas no Brasil para o sector. Outros des-taques da Rio Oil & Gás foram a forte presença de estudantes, que parti-ciparam do Programa Profissionais do Futuro, e a rodada de negócios organizada pelo Sebrae e pela Organi-zação Nacional da Indústria do Petró-leo e Gás (Onip).

29

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CERTEZAS DE Um TEmPO mARCADO PELA INCERTEZA

30 • Outubro 2010 - Nº22

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texto: José Massinga Fotografia: Direitos Reservados

o preço do barril recuperou mas permanece instável, as estimativas para a procura global são revistas em alta mas a oferta global também aumentou.

África impõe-se, cada vez mais, como um continente produtor e o potencial nacional é forte. tudo isto acontece num tempo marcado pela incerteza

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CERTEZAS DE Um TEmPO mARCADO PELA INCERTEZA

A indústria petrolífera vai recu-perando do “ano horribilis” de 2009, marcado pela crise

internacional e o único em que o preço do barril de petróleo regis-tou uma quebra em relação ao ano precedente. O preço do crude situa-se já, em termos médios, em 2010, nos valores mais elevados de sem-pre, com excepção do ano de 2008, que pode ser considerado um “caso à parte”. Mesmo assim a situação nada tem de estável, continuando a grassar um elevado grau de incer-teza. Após ter superado os 80 dóla-res no mês de Abril, o preço do barril de referência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – que combina 12 diferentes tipos de petróleo produzido pelos países membros - desceu nova-mente abaixo dos 70 dólares a 24 de Agosto, poucos dias após a Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os países mais indus-trializados e a própria OPEP terem revisto em alta as suas expectati-vas quanto à procura mundial da matéria-prima energética. A estabilidade daquela que é a maior indústria mundial depende de dois factores, que devem ser encarados em conjunto. O primeiro prende-se com a consolidação, ou não, da recuperação da economia interna-cional. O segundo tem a ver com o aumento da oferta global, sobre-

tudo por parte dos países que não pertencem à OPEP.A recuperação internacional está longe de ser um dado adquirido, sobretudo devido à fragilidade da economia europeia, a braços com um problema de sobre-endividamento . Mesmo os dados mais recentes rela-tivos ao aumento das exportações alemãs não dissipam os receios que se acastelam no horizonte do “Velho Continente”. Ao contrário dos Esta-dos Unidos, que mantém uma polí-tica de estímulos à economia, a União Europeia procura agora inverter o processo de endividamento público que teve de encetar para apoiar a economia dos Estados-membros. O problema é que, a par da retirada dos estímulos ao sector privado, os governos europeus estão a adop-tar medidas orçamentais restritivas que tendem, naturalmente, a refrear o crescimento económico. Daí resulta que à fragilidade paten-teada pelas principais economias europeias se irão associar os efeitos dos apertos orçamentais destina-dos a reequilibrar os défices públi-cos e o aumento do preço do crédito, já que as autoridades monetárias não irão manter, durante muito mais tempo, as taxas de juro no patamar muito baixo em que permaneceram no último ano. Há que contar ainda com o regresso da inflação. Por outro lado, a recuperação da economia da

Alemanha, a tradicional “locomo-tiva” europeia, não irá reflectir-se grandemente nas restantes eco-nomias continentais, uma vez que a os alemães estão a privilegiar, no seu relacionamento comercial, os chamados mercados emergentes.

mAIS PETRÓLEO NO mERCADO

A oferta petrolífera tenderá a aumen-tar, facto que, conjugado com a hipótese de uma retracção no con-sumo das economias desenvolvi-das, poderá colocar, a prazo e num cenário mais pessimista, dificul-dades de monta à manutenção do preço do barril no intervalo compre-endido entre os 70 e os 80 dólares, entendido como aceitável tanto por produtores como por consumido-res. Tudo depende da capacidade de absorção da produção petrolí-fera mundial pelas novas potên-cias emergentes, à cabeça das quais surge a China, que registou, no pas-sado mês de Abril, um recorde no que toca às importações de petró-leo. Por isso, o facto de a economia chinesa ter dado, no último mês, sinais de arrefecimento, evoluindo abaixo dos 10% de crescimento que vem registando, constitui um motivo adicional de preocupação. Assim, mesmo que não se dê um revés na recuperação económica, a pergunta que se coloca é se ela

31

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32 • Outubro 2010 - Nº22

será suficiente para absorver uma oferta petrolífera que a OPEP con-tinua a considerar excessiva.Em todo o caso, e após várias revisões em baixa ao longo de 2009 (recorde-se que, em Maio de 2009, a AIE revia em baixa, pelo nono mês consecu-tivo, as suas previsões para a pro-cura mundial de petróleo, apontando para a maior quebra no consumo da matéria-prima em 28 anos), o certo é que as projecções dos principais organismos internacionais ligados ao sector petrolífero vêm, no cor-rente ano, efectuando sucessivas correcções das suas estimativas “em alta”. A AIE, em Agosto deste ano, estimava que a procura de petró-leo se situaria nos 86,6 milhões de barris por dia em 2010, mais 2,2% do que no ano passado. No que toca a 2011, as estimativas da agência, dependente da OCDE apontavam para uma subida de 1,5% em rela-ção a 2010. Passados poucos dias foi a vez de a OPEP rever em alta a sua estimativa para o crescimento da procura global de petróleo em 2010, situando-a em um milhão de barris diários, ou seja, mais 100 mil barris por dia. Todavia, a organiza-ção que reúne os principais países produtores e é responsável por cerca de 40% da produção petrolífera glo-bal ia alertando para o facto de que uma parte substancial da oferta adi-cional de crude prevista para 2010 dever vir a ser absorvida por países que não integram a OPEP, os quais poderão vir a colocar no mercado cerca de 800 mil barris adicionais diariamente. Todos os dias são reveladas novas descobertas petrolíferas. De acordo com a AIE a extracção de crude poderá aumentar em 5,5 milhões de barris diários entre 2010 e 2015. Este pre-visível aumento da produção tem a ver, em larga medida, com o facto de o actual nível de preços favorecer o investimento em novos poços. Além disso, é possível estimar o aumento da produção nos países externos à OPEP (de 51,5 para 52,5 milhões de barris diários daqui a cinco anos), crescimento produtivo que deverá

ter maior impacto na América Latina, Canadá e Mar Cáspio.

áfRICA NO mAPA DA PRODUçãO

Também África passou para o pri-meiro plano da oferta petrolífera, o que está na base de permanentes e intensos jogos de interesses pelo acesso à produção no continente. Hoje, países como a Guiné-Equa-torial, o Gana, o Uganda integram a lista dos fornecedores mundiais de petróleo, a par dos tradicionais grandes produtores, como a Líbia e a Argélia no Norte de África e de Angola e Nigéria na África subsariana. A produção africana já ultrapassa os quatro milhões de barris por dia, tendo a extracção de “ouro negro” no continente aumentado em 36% nos dez últimos anos. Entre os princi-pais mercados de destino do petró-leo africano figuram não só as novas potências globais, como a China e a Índia, como os Estados Unidos, que também têm vindo a aumentar as suas importações de petróleo pro-veniente do continente: cerca de 17% do petróleo importado pelos Estados Unidos provém de África, percentagem que poderá atingir os 25% no prazo de uma década. Tam-bém Moçambique parece preparar-se para se juntar ao clube dos países produtores africanos, após ter sido detectada, há poucos dias, na Bacia do Rovuma, a presença de petró-leo a uma profundidade de 5.100 metros. A revelação foi feita pela ANADARKO Petroleum, uma com-panhia norte-americana com sede no Texas, havendo que abrir agora mais três furos para se confirmar se a descoberta tem ou não significado comercial. Caso a conclusão seja positiva tratar-se-á da primeira vez que é descoberto petróleo comercia-lizável no offshore do Índico.

ANGOLA, Um PRODUTOR Em CRESCImENTO

Angola, cujas reservas provadas atin-gem os 13,5 mil milhões de barris diá-rios (o terceiro, no plano africano, a

seguir à Líbia e à Nigéria), que ultra-passou a Nigéria no papel de maior produtor petrolífero da África sub-sariana e já é o principal fornecedor de petróleo da China, tendo desa-lojado, em Janeiro deste ano, a Ará-bia Saudita, o principal potentado petrolífero mundial, na primeira posi-ção entre os fornecedores chineses, pode olhar para o futuro com opti-mismo. Têm sido anunciadas, nos últimos meses, novas descober-tas, em resultado dos investimen-tos efectuados na prospecção e que serão viabilizados caso não ocorra nenhum sobressalto na economia mundial que conduza a uma nova quebra do preço da matéria-prima. Em Novembro de 2009 era anunciada a descoberta de um novo poço de petróleo, o Manganês-01, no Bloco 18/06, em águas profundas, locali-zado a 200 quilómetros a norte da cidade de Luanda, pela Sonangol e pela Petrobras. Em Fevereiro deste ano a Eni anunciou a descoberta de dois novos poços (Nzana-1 e Cin-vugu-1) no Bloco 15/06 onde detém o estatuto de operadora. Em Abril, a Sonangol e a Tepa divulgaram ter comprovado a existência de hidro-carbonetos no poço Begónia-01, o segundo sondado com êxito no Bloco 17/06. Em Maio, a Sonangol e a Bri-tish Petroleum (BP), comunicavam nova descoberta num novo poço, denominado Oberon-1, situado na parte Sul do Bloco 31.De acordo com o relatório do Eco-nomist Intelligence Unit, do grupo The Economist, a produção nacio-nal deverá aumentar em contínuo até 2011, devendo ascender a 1,95 milhões de barris no corrente ano e a dois milhões de barris em 2010. A produção petrolífera nacional poderá mesmo atingir os 2,15 milhões de barris diários em 2015 e só o facto de alguns campos se encontrarem próximos da exaustão poderá fazer com que não se supere este valor. Registe-se que a combinação do projecto Paz Flor, que a Total está a implementar no bloco 17 e começará a produzir, a partir de 2011, 200 mil barris diários, com os projectos de quatro grandes campos

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no bloco 31 (Plutão, Saturno, Vénus, Marte), podem fazer aumentar a produção em cerca de 330 mil bar-ris diários. No offshore haverá ainda que contar com o potencial da Bacia do Namibe e, no onshore, com o das três grandes bacias terrestres que ainda não foram exploradas. E isto para não falar da exploração futura do pré-sal no offshore angolano, que ainda não foi perfurado e se admite possa dar continuidade ao recém-descoberto pré-sal brasileiro. Mas há que contrapesar este riquíssimo potencial com o declínio de alguns campos, como é o caso do Bloco 15, compreendendo cinco grandes cam-pos, operado pela Exxon e ainda de um outro campo no Bloco 18.O impacto que terá o aumento da oferta sobre o mercado petrolífero global e, em especial, o aumento da produção petrolífera angolana sobre a economia nacional, depende do rumo que irá tomar a recupera-ção da economia internacional. Em breve saberemos se a mutação do mapa do poder económico e polí-tico mundial dispensará o recrudes-cimento da crise internacional ou se, pelo contrário, implicará novos tumultos. Vivemos precisamente no limbo deste capítulo da Histó-ria do petróleo e da Humanidade.

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QUEDA DO PREÇO DO BARRIL OPEP EM AGOSTODLS

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Fonte: OPEP

SÓ 2009 SUPERA 2010 QUANTO AO PREÇO DO BARRIL

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N o dia 10 de Setembro de 1960 começava em Bagdad a con-ferência de fundação da Orga-

nização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Quatro dias depois, em 14 de Setembro, a sua criação seria rati-ficada na capital iraquiana pelos repre-sentantes da Arábia Saudita, do Irão, do Iraque, do Kuwait e da Venezuela.Naquela altura, num contexto mun-dial de queda do preço do petróleo, o objectivo dos países fundadores era controlar a exploração das reservas e garantir os lucros determinando cotas de extracção. Os então signatários que-riam impor-se diante do poder das com-panhias petrolíferas ocidentais e fazer frente ao que consideravam ser uma política injusta de preços.Actualmente o único cartel de países exportadores de petróleo tem 12 mem-bros, que, segundo a própria OPEP, extraem um terço do petróleo produ-zido no mundo e detêm 80% das reser-vas do planeta.Desde 1965 que a sede da organiza-ção está localizada em Viena. Na capi-tal austríaca, a organização promove várias conferências anuais, nas quais os países-membros definem cotas de extracção a fim de estabilizar o mercado. Embora nem sempre todos cumpram o estipulado, nunca houve sanções con-tra algum membro.

Na época da sua criação, a OPEP ainda não tinha muito peso no mundo ociden-tal. Só em 1973 é que o poder da orga-nização se fez sentir pela primeira vez. E não apenas o poder económico, mas também o político. Nesta altura, o cartel usou a sua força para interferir no con-flito do Oriente Médio. Em 17 de Outubro de 1973, os países produtores de petró-leo anunciaram que passariam a pro-duzir menos, mas a preços bem mais altos. Com isso, pretendiam forçar os países importadores a ficarem do lado árabe na guerra do Yom Kipur, que opu-nha Egipto e Síria a Israel.Era o início da grande crise do petró-leo de 1973. E, actuando, os países ocidentais determinaram drásticas medidas de economia de combustível. Entre elas estavam a proibição, imposta por vários países europeus, à circulação de veículos em um dos dias da semana e a introdução do horário de verão. Em todo o mundo foi iniciada uma busca por novas jazidas de petróleo e por fon-tes alternativas de energia, para dimi-nuir a dependência em relação à OPEP. Além disso, a crise de 1973 fez com que as companhias petrolíferas fossem prospectar petróleo em outras regiões do planeta, o que levou a uma diversi-ficação do mercado. No Brasil, deu ori-gem ao Proálcool, programa estatal de incentivo ao etanol.

OS ACTUAIS DESAfIOS DA OPEP

A capacidade de pressão da OPEP, no entanto, viu-se muito diminuída nos anos 80, uma vez que se atenuou a dependência do Ocidente face à sua produção petrolífera – fosse porque se impulsionou a exploração de fon-tes alternativas de energia, fosse por-que passou a haver oportunidade de recorrer a outros fornecedores, como era o caso da União Soviética.Para o actual secretário-geral da OPEP, Abdalla Salem El-Badri, num futuro previsível, os combustíveis fósseis, tendo petróleo como representante, continuarão a ocupar a posição prin-cipal no consumo energético mun-dial, e a reserva petrolífera dos países membros da OPEP e de outros países poderá satisfazer a demanda mundial nos próximos 50 anos.Nas comemorações dos 50 anos da fundação da OPEP, Badri confirmou que a organização encontrará vários desafios no futuro. Para vencê-los, deve-se realizar esforços nas áreas de uso de tecnologia avançada, perfura-ção de petróleo no alto mar, formação de quadros profissionais, etc. Ele tam-bém sublinhou que a OPEP estimula os países a desenvolverem energias alternativas.

OPEP COmPLETA mEIOSéCULO COm SUCESSO

50º ANIvERSáRIO

texto: Germano GomesFotografia: GCI

a defesa do preço do barril, a criação de petrolíferas nacionais e a ampliação do seu poderio são algumas das conquistas celebradas pela organização dos países exportadores de petróleo, que completou 50 anos a 14 de setembro

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ANGOLA DIRIGIU COm ZELO

Depois de Angola ter presidido à Orga-nização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), ao Equador foi pas-sada a presidência rotativa daquela organização, cuja cerimónia ocorreu em Luanda, na presença dos ministros dos Petróleos dos países membros.Membro desde 2007, Angola terminou a sua primeira presidência rotativa da OPEP, deixando como notas de registo destes 12 meses a passagem a maior produtor da África sub-saariana e ainda a quase confirmação do desejo mani-festado no início do ano por Vasconce-los, que apontava como preço desejável do barril os 75 dólares.Quando Angola assumiu a presidência rotativa da OPEP, a 17 de Janeiro de 2008, fê-lo num momento muito adverso do mercado mundial, com o preço do crude a bater nos 45 dólares o barril, deixando

poiar a estabilidade

gerando prosperidade

em "estado de choque" os países pro-dutores do "ouro negro".Foi "um bom mandato da presidência da OPEP" por parte de Angola, conside-raram em Luanda membros do Execu-tivo angolano, comentando a evolução dos 45 para os 75 dólares.Fazem parte da OPEP a Arábia Saudita, a Venezuela e o Irão, as três maiores reser-vas, ainda o Iraque, o Kuwait e os Emi-rados Árabes Unidos, que seguem em matéria de reservas actuais, e ainda a Líbia, a Nigéria e o Qatar, Argélia, Angola e Equador.

OPEP mANTém PRODUçãO DIáRIA

O ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos, participou recentemente na 157ª reunião ordiná-ria da Organização dos Países Expor-tadores de Petróleo (OPEP), realizada em Viena (Áustria), que decidiu man-ter a produção diária em 24,8 milhões de barris.Botelho de Vasconcelos chefiou uma delegação composta por quadros senio-res do seu Ministério e pelo governa-dor de Angola na OPEP, Félix Ferreira. A reunião, presidida por Wilson Morris, ministro dos Recursos Naturais e Não Renováveis do Equador, tem já agen-dado o próximo encontro da OPEP para o dia 11 de Dezembro, em Quito, altura em que o Equador termina o seu man-dado na organização, passando a presi-dência rotativa por um ano ao Irão, que esteve representado pelo seu minis-tro dos Petróleos, Massou Mir-Kazeni.A OPEP analisou igualmente as condi-ções actuais do mercado dos petróleos e as perspectivas futuras e observou a recuperação económica dos países.A organização sublinhou, em comuni-cado, que, embora haja uma certa redu-ção de excessos de stocks de petróleo, os fundamentos do mercado conti-nuam débeis, as taxas de utilização das refinarias são baixas e os stocks de produtos têm aumentado conside-ravelmente.A organização integra actualmente 13 membros: Arábia Saudita, Irão, Koweit, Iraque, Qatar, Emirados Árabes Unidos (Médio Oriente), Angola, Argélia, Líbia e Nigéria (África), Venezuela, Equador (América Latina) e Indonésia (Sudo-este Asiático).

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O Dia Nacional de Angola na Expo Xangai 2010 foi marcado pela presença do Vice-Presidente da

República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, durante um acto cultural que atraiu centenas de pessoas, entre angolanos e estrangeiros.Nanutu, Sónia Cunha, As Gingas do Maculusso, Ballet Kilandukilu, Euclides, Dodó Miranda e Margareth do Rosário puseram todos os presentes a vibrar no hall Room 102, nas instalações da Expo.O acto foi dividido em cinco partes dis-tintas. O saxofonista Nanutu abriu o espectáculo interpretando um instru-mental do seu repertório. Posteriormente, deu lugar a Sónia Cunha que, acompanhada pelo pianista Mário Garnacho, dois percussionistas do grupo “Os Ngoma” e quatro bailarinas do grupo Welwitchias, interpretou o tema “Minha Terra”, do conceituado artista Rui Min-gas, muito aplaudido pela plateia. As Gingas do Maculusso gingaram com a interpretação de uma música em lín-gua nacional kimbundu, “Malembe”, do seu último trabalho discográfico, e mos-traram que continuam a seguir as pega-das dos mais velhos.A dança e a música tradicionais também estiveram presentes com o grupo folcló-rico Os Kilandukilu, que mostrou a core-ografia de Xinguilamento, uma tradição dos ilhéus, tendo emocionado muitos dos presentes, sobretudo os estrangeiros.

O momento mais alto do acto foi quando todos os intervenientes no espectáculo voltaram ao palco para “ajudar” os músi-cos Euclides, Dodó Miranda e Margareth do Rosário a interpretarem uma rapsó-dia de três temas do cancioneiro ango-lano, com destaque para “Colonial” e “Monangambé”.Durante o quinto momento do espectá-culo, fotógrafos profissionais e amado-res, angolanos e estrangeiros, disputaram um bom ângulo para captar a melhor imagem. Terminado o espectáculo, os artistas foram “rusgados” para assinar autógrafos.

ExPOSIçãO é Um SUCESSO

A Exposição Universal de Xangai, Expo’2010, foi considerada um sucesso pelo Vice-Presidente, Fernando da Pie-dade Dias dos Santos, durante o seu dis-curso na cerimónia do Dia Nacional de Angola, naquela mostra. O Vice-Pre-sidente de Angola fez um discurso de cerca de 20 minutos, no qual reconhe-ceu a cooperação bilateral em todos os domínios, entre Angola e a China.Sobre o tema central da Expo’2010 “Melhor Cidade, Vida Melhor”, Fernando da Piedade Dias dos Santos referiu que “é um acontecimento que junta várias experiências para se alcançar um mundo cada vez melhor para todos”. Além de visitar o pavilhão de Angola, apesar da

chuva miúda que começou no período da manhã e continuou noite adentro, o Vice-Presidente visitou igualmente outros stands da Expo’2010.O Vice-Ministro da Administração e Avia-ção Civil da China, Wang Chanshow, que desejou boas vindas ao Vice-Presidente e aos angolanos presentes, disse que Angola foi o primeiro país a confirmar a sua presença neste grande evento mundial, cujo objectivo é unir os povos.

PAvILhãO ANGOLANO

Localizada na zona Leste do recinto da Expo Xangai, a representação angolana está dentro do pavilhão que alberga vários países africanos. Inspirado na Welwitchia Mirabilis, o stand mostra uma imagem de uma Angola do passado, com uma réplica do Kulum-bimbi, a primeira igreja católica erguida no país, em Mbanza Congo, e que é can-didata a património da humanidade. Logo à entrada, estão expostas duas estátuas da rainha Njinga Mbande, figura histórica da resistência do povo ango-lano, e Nsingui III, um dos primeiros reis do Congo.No interior do pavilhão, dividido em duas áreas, antiga e moderna, des-tacam-se o stand da Sonangol, o sector agrícola e das artes plásticas, esta última na galeria de Artes Welwi-tchia. Existe também uma réplica do

texto: Germano GomesFotografia: GCI

músicos angolanos levaram visitantes angolanos e estrangeiros ao rubro. o espectáculo teve vários momentos altos, num dia em que o stand de angola recebeu o vice-presidente do país.

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ExPO xANGAI 2010

CULTURA ANGOLANA Em DESTAqUE NA ExPO xANGAI

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edifício do Banco Nacional de Angola e um restaurante onde está patente a culinária angolana. No interior do pavilhão são exibidos vários vídeos que retratam os traba-lhos de reconstrução nacional e todos os sectores da vida nacional, depois do alcance da paz há oito anos, para além de um espaço onde é projectada em formato 4D imagens das belezas e riquezas do país.

mAIOR EvENTO DE TODOS OS TEmPOS

Além do acto político-cultural, houve ainda uma dissertação relativa ao

tema da presente exposição, "Bet-ter City, Better Life", que também foi outro motivo da intervenção do dig-nitário angolano, além de um jantar oficial oferecido pelas autoridades chi-nesas à delegação angolana e visitas desta aos pavilhões do país anfitrião e de outros com quem Angola man-tém relações.Além disso, realizaram-se também jor-nadas empresariais entre os dois países, momento que serviu para mostrar aos potenciais investidores do país asiático as potencialidades e oportunidades de negócios no mercado angolano. A exposição universal deste ano foi con-

siderada a maior de todas já realizadas porque, para além da inovação, uma das suas principais missões é promo-ver a integração cultural, sendo uma oportunidade única para o diálogo inter-nações. Por isso, antes da conclusão da Expo emite-se agora a "Declaração de Xangai" que tem por objectivo reu-nir as ideias fornecidas pelos partici-pantes, bem como as suas aspirações comuns, incitando maior cooperação e desenvolvimento no futuro. Aberta a um de Maio, a Expo Xangai 2010, em que participam perto de 270 territórios e organizações internacionais, termina a 31 de Outubro.

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À s cinco horas do dia 17 de Setem-bro, na aldeia de Kaxicane, região de Icolo e Bengo, a cerca de 60

km de Luanda, nascia António Agosti-nho Neto. Era filho de uma professora, Maria da Silva Neto e de Agostinho Neto, um catequista de Missão ame-ricana e mais tarde pastor e professor nos Dembos.Em 1934, a dez de Junho, obtém o cer-tificado da escola primária. Três anos depois, os seus pais mudam-se para Luanda, onde Agostinho Neto pros-segue os seus estudos secundários no Liceu Salvador Correia.Já em 1944, completa o sétimo ano dos Liceus, obtido no Liceu Salvador Cor-reia, de Luanda, onde viria a ser fun-

cionário dos serviços de saúde. Porém, deixa Angola mais tarde e embarca para Portugal.Decidido a formar-se em Medicina, Neto pôs de parte os seus magros recursos durante vários anos e foi com essas economias que embarcou para Por-tugal, em 1947, para se matricular na Faculdade de Medicina de Coimbra. Não havia naquela época uma única ins-tituição de ensino superior em Angola. O estudante que pretendesse continuar os seus estudos via-se forçado a fazê-lo à custa de grande sacrifício e tinha de alcançar um notável status acadé-mico em condições de pobreza e descri-minação racial extremamente difíceis.Devido às suas actividades políticas,

experimentou a prisão pela primeira vez em 1951, ao ser preso quando reu-nia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo. Reto-mando as actividades políticas após a sua libertação, Neto tornou-se repre-sentante da Juventude das colónias portuguesas junto de um movimento da juventude portuguesa, o MUD juve-nil. E foi no decurso de um comício de estudantes a que assistiam operários e camponeses que a PIDE o prendeu pela segunda vez. Preso a Fevereiro de 1955, só veio a ser posto em liberdade em Junho de 1957.Por altura da sua prisão veio a lume um opúsculo com os seus poemas, alguns dos quais descreviam as amargas con-

texto: Adão JoãoFotografia: Fundação Agostinho Neto

o primeiro presidente da então República popular de angola, agostinho neto, foi um reconhecido poeta, militante total, corajoso revolucionário e estadista eminente, cujas actividades não se limitaram às fronteiras do nosso país

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e DIA DO hERÓI NACIONAL

REvER AS PáGINAS ESCRITAS PELA vIDA E OBRA DE AGOSTINhO NETO

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dições de vida do povo angolano e a fervente crença do poeta no futuro, que haviam já atravessado o muro de silêncio que o regime ditatorial portu-guês erguera em torno da repressão sobre os democratas e dos crimes bru-tais que se perpetravam nas colónias.O caso da prisão do poeta angolano desencadeou uma vaga de protes-tos em grande escala: realizaram-se encontros, escreveram-se cartas, envia-ram-se petições assinadas por inte-lectuais franceses de primeiro plano, como Jean-Paul Sarte, André Mauriac, Aragon e Simone de Beauvoir, o poeta cubano Nicolás Gullén e o pintor mexi-cano Diego Rivera. Agostinho Neto foi designado Prisioneiro Político do Ano, em 1957, pela Amnistia Internacional.Em 10 de Dezembro de 1956 funda-ram-se vários movimentos patrióticos para formar o MPLA, Movimento Popu-lar para Libertação de Angola, o movi-mento que lançaria a luta armada do povo angolano contra o regime fascista de Salazar. Começando por se organi-zar nas áreas urbanas, entre os ope-rários e intelectuais progressistas, o MPLA viria a mostrar em breve as suas notáveis flexibilidades e capacidade de adaptação às exigências do momento quando passou à luta armada, criando um exército do povo para conduzir uma guerra que o poeta viria a chefiar.Agostinho Neto casou no próprio dia em que concluiu o curso em Medicina, em 1958. Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino Movi-mento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas coló-nias portuguesas. Neto voltou ao seu país, com a mulher, Maria Eugénia e o filho de tenra idade, em 30 de Dezembro de 1959. Ocupou a

chefia do MPLA em território angolano e passou a exercer a Medicina entre os seus compatriotas. Muitos membros do Movimento tinham sido forçados ao exílio nos anos que antecederam o seu regresso à Angola, tendo estabe-lecido um quartel-general próprio em Conacry, na independente República da Guiné, donde podiam informar um mundo ainda em larga medida igno-rante da situação em Angola.Em 8 de Junho de 1960, o director da PIDE veio pessoalmente dar voz de pri-são Neto no seu Consultório em Luanda. O que se seguiu foi um exemplo típico da brutalidade praticada por aquela polí-cia política. Uma manifestação pací-fica realizada na aldeia natal de Neto contra a sua prisão foi recebida com-balas. Trinta mortos e duzentos feridos foi o balanço desta página dramática da nossa História, daí em diante bap-tizada de Massacre de Icolo e Bengo. Sob esta forte pressão em 1962, as autoridades viram-se obrigadas a liber-tar Neto, fixando residência em Portu-gal. Todavia, pouco tempo depois da saída da prisão, a eficaz organização do MPLA pôs em prática um plano de evasão e Neto saiu clandestinamente de Portugal com a mulher e os filhos pequenos, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha então a sua sede exterior, em Julho de 1962. Em Dezembro desse ano, foi eleito pre-sidente do MPLA durante a Conferên-cia Nacional do Movimento.A derrocada do regime fascista de Sala-zar e Marcelo Caetano deu-se com o 25 de Abril de 1974 e a Revolução dos Cravos. Só nessa altura o MPLA consi-derou reunidas as condições mínimas indispensáveis, quer a nível interno, quer a nível externo, para assinar um

acordo de cessar-fogo com o Governo Português, o que veio a acontecer em Outubro do mesmo ano. O povo Ango-lano proclamou, pela voz do Presidente Neto, a independência nacional, a 11 de Novembro de 1975, objectivo pelo qual deram a vida tantos e tão dignos filhos da pátria angolana após 14 anos de dura luta contra o colonialismo e o imperialismo. Agostinho Neto foi inves-tido no cargo de Presidente da Repú-blica Popular de Angola. A figura de Neto, como militante total, corajoso revolucionário e estadista eminente não se limita às fronteiras de Angola. Ela projecta-se no contexto afri-cano e mundial, onde a sua prática e o seu exemplo servem de impulso à luta dos povos que, no mundo, estão ainda submetidos à humilhação, ao obscu-rantismo e à exploração. Proclamada a independência de Angola, continuou como Comandante-em-Chefe das For-ças Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA. Foi primeiro Reitor da Universidade Agos-tinho Neto, membro fundador da União dos Escritores Angolanos, criada em 10 de Dezembro de 1975 e presidente da Assembleia Geral da União dos Escri-tores Angolanos, cargo que desempe-nhou até a data do seu falecimento.A 10 de Setembro de 1979, Agostinho Neto estava de visita à Rússia. Faleceu em Moscovo. Perdemos o homem mas ficou a obra deste importante vulto da nossa História. Um importante intelec-tual que deixou a sua marca para além da sua intervenção política e cívica em numerosos artigos em revistas, jornais e publicações culturais e nos seus livros Náusea (1952), Quatro Poemas de Agos-tinho Neto (1957), Com os Olhos Secos (1963) e Sagrada Esperança (1974).

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C om o objectivo de garantir maior segurança na distribuição do gás, o Ministério dos Petróleos

está a licenciar os distribuidores deste produto que passará a ser canalizado através de gasoduto dentro de pelo menos dois anos. Empresários liga-dos à distribuição do gás mostram-se já interessados em aderir ao novo sistema de canalização e, para escla-recer estes potenciais distribuidores, vários seminários têm sido realiza-dos em todo o país. Visando detalhar a complexidade que a cadeia do gás envolve, os debates abordam assuntos como o armazenamento, a transpor-tação e a comercialização do produto.Por isso, a necessidade de tornar a ins-talação da canalização e o uso do gás uma actividade mais segura, continua a ser uma prioridade do Ministério dos Petróleos, segundo fez saber o titular da pasta, José Botelho de Vasconce-los, em Luanda. O Ministro falava na abertura de um ciclo de três seminá-rios regionais sobre regulamentação da actividade relacionada com o con-sumo de gás e que foram igualmente realizados no Sumbe e no Lubango.Para o ministro dos Petróleos, o objec-tivo é sensibilizar o público e os dife-rentes operadores da cadeia de gás, através da divulgação pormenorizada da legislação existente nesta matéria e publicada em finais de 2008.Segundo disse, depois de ter sido publicada, o Ministério dos Petróleos, enquanto órgão reitor da política de dis-

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GáS & SEGURANçA

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tribuição e comercialização de deriva-dos de petróleo no país, remeteu aos governos provinciais todos os decretos executivos que regulamentam a acti-vidade de gás. Nesta altura, advertiu o responsável, é preciso que as exi-gências contidas na regulamentação sejam integralmente cumpridas em todo território nacional, por parte de quem exerce a actividade. Enquanto isto, o Vice-Ministro dos Petróleos, Aníbal Silva, referiu que com a adopção do sistema de fornecimento de gás ao domicílio, através da sua canalização, o seu o Ministério pretende proporcio-nar maior segurança e comodidade aos consumidores de gás. O Vice-Ministro que falava à imprensa no final do semi-nário regional sobre regulamentação da actividade de gás, decorrido no Ins-tituto Nacional de Petróleos, no muni-cípio do Sumbe, província do Kwanza Sul, acrescentou ainda que “é preciso educar a população sobre o seu manu-seamento não só na canalização aos edifícios, mas também no manusea-mento das botijas na sua transporta-ção e conservação”. Segundo Aníbal Silva, o sistema de canalização deve ser feito por pessoas capacitadas e que tenham aprendido as técnicas para o efeito, para se evitar acidentes. Neste contexto, será feita uma forte aposta na formação de técnicos espe-cialistas angolanos, de modo a não depender da mão-de-obra estrangeira, promovendo-se assim a angolanização do sector.

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texto: Adão JoãoFotografia: Direitos Reservados

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GáS & SEGURANçA

Este encontro foi o segundo do género, num total de três destinados a divul-gar os moldes da actividade de trans-portação, armazenagem, distribuição e comercialização de produtos petrolí-feros, à luz dos 18 decretos executivos de lei aprovados em Setembro de 2008.

fORmAçãO DE qUADROS

Os participantes do seminário regio-nal sobre a regulamentação da activi-dade de gás, realizado no Kwanza Sul, recomendaram às autoridades a adop-ção de medidas que permitam come-çar com o processo de formação de técnicos angolanos especialistas em gás, a vários níveis. Tendo em vista a pretensão de se implementar no país o projecto de canalização de gás em edifícios, os participantes entendem que o Instituto Nacional de Petróleos (INP) deverá jogar um papel importante na realização de cursos específicos para os angolanos que irão trabalhar em projectos afins. Os participantes concluíram haver uma grande falta de quadros neste sector. Aos órgãos licen-ciadores de obras de edifícios, tanto a nível central como provincial, foi reco-mendado exigir que os projectos con-templem a instalação de sistemas de gás canalizado.

AUTO-SUfICIÊNCIA Em GáS

Angola é um país auto-suficiente na produção de gás butano e apresenta

uma quota total na ordem de 600 mil toneladas/dia, segundo revelou, em Luanda, o director Nacional de Comer-cialização do Ministério dos Petróleos, Albino Ferreira.Em declarações à imprensa, no final do seminário sobre regulamentação da actividade de gás, Albino Ferreira afirmou que do total da produção de gás dois terços são consumidos no país e o restante é exportado.O responsável sublinhou que, ape-sar destes bons resultados, estão em curso projectos que visam melhorar a rede de armazenagem e distribui-ção que já começaram a dar resulta-dos positivos com o abastecimento ininterrupto de gás e de outros deri-vados do petróleo como o gasóleo e gasolina.A nível do sector, revelou Albino Fer-reira, existe um plano director para expansão da rede de armazenagem e distribuição de gás butano, para acabar com o deficiente abastecimento deste produto aos consumidores. Quanto ao gás a ser produzido no Soyo (Zaire), no âmbito do projecto de gás lique-feito (Angola LNG), vai servir, essen-cialmente, para a exportação.

CANALIZAçãO DE GáS Em EDIfíCIOS

O processo de canalização de gás em edifícios, uma realidade em curso no país ainda que pouco divulgada, consta também da regulamentação. A pro-pósito, José Botelho de Vasconcelos

admite ser necessária a participação de entidades que, tanto a nível central como provincial, lidam com o licencia-mento de obras de edifícios, para que, perante um determinado projecto, seja possível equacionar a problemática da canalização de gás. Para o titular dos Petróleos, as constru-toras são outra parte a ter em conta no processo de canalização, por ser uma actividade que a instituição reserva a entidades com idoneidade comprovada, habilidade e autorização específica. Com efeito, uma maior divulgação do assunto vai permitir que mais pessoas sejam autorizadas pelo Ministério a desenvolver esse tipo de actividade, disse o director Nacional de Comer-cialização do Ministério dos Petróleos, Albino Ferreira.“Há gente que pensa que por saber canalizar água, também sabe canali-zar gás. Como não é a mesma coisa, vamos agora credenciar quem quer exercer essa actividade, em função da idoneidade técnica e profissional que mostrar”, garantiu. Segundo revelou Albino Ferreira, há dificuldades em relação ao armaze-namento de gás. Porém, referiu que a Sonangol desenvolve esforços no sen-tido de aumentar os níveis de arma-zenamento e de transportação desse produto. Participaram dos três seminá-rios representantes das províncias do Kwanza Sul, Huambo, Bié e Benguela, do INP, Sonangalp e Sonangol Logís-tica e Distribuidora.

o ministério dos petróleos está a licenciar distribuidores de gás canalizado em todo país e, ao mesmo tempo, está a realizar seminários para formar os

operadores a exercerem a sua actividade de modo seguro

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A Sociedade Nacional de Com-bustíveis de Angola, empresa pública (Sonangol), conces-

sionária para a exploração, produção e distribuição de hidrocarbonetos em Angola, propõe a construção de uma refinaria de alta conversão capaz de processar 200.000 barris por dia. A referida refinaria a ser construída na província de Benguela, município do Lobito, terá um modelo de construção faseado, e espera-se que, quando con-cluída, esta venha, numa primeira fase, arrancar com unidades de baixa con-versã, ou seja, refinaria simples, eliminar a importação de produtos refinados e, numa segunda fase, instalar as unidades

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de alta conversão (refinaria complexa). As instalações serão construídas numa área virgem e neste contexto são ne-cessárias infra-estruturas novas para permitir o acesso ao local de constru-ção da refinaria e para apoio às activi-dades de construção. As actividades de desenvolvimento das infra-estruturas de apoio ao projecto consistirão de actividades tais como desmatação, construção de instalações de descar-gas marítimas, estradas de acesso e alojamento para os trabalhadores. Deste modo, a Sonangol e o Ministério do Ambiente realizaram no passado mês de Junho de 2010, na cidade do Lobito, província de Benguela, uma

sessão de consulta pública sobre o estudo de impacto ambiental para a construção das infraestruturas de apoio à Refinaria do Lobito. O evento revestiu-se de grande impor-tância para a sociedade civil lobitanga. A delegação da Sonangol foi chefiada pela Admnistradora Anabela Fonseca, que lançou um repto aos jovens es-tudantes de Benguela, de que devem capacitar-se cada vez mais para respon-der aos novos desafios que se avizinham com a construção da Refinaria do Lobito. Por outro lado, Cristovão Silva, respon-sável pela engenharia de construção civil e avaliações técnicas do projecto Sona-ref apresentou as actividades em curso

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Texto: Carlos GuerreiroFotografia: Direitos Reservados

Impacto ambIental do projecto sonaref em consulta públIca

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tância da opinião dos municípes, em relação ao estudo que foi realizado e que permitirá às populações convive-rem de forma sustentável e em par-ceria com o crescimento do projecto nas suas várias etapas.Ainda durante o encontro foi apre-sentado um resumo não técnico do estudo do impacto ambiental e social pela empresa consultora, que focalizou o seu relatório na fase de construção das infra-estruturas de apoio a refina-ria. O resumo foi conduzido pelos se-guintes objectivos: avaliar os impactes directos e potenciais das actividades relacionadas com a construção das infra-estruturas de apoio à Refinaria

nos ambientes biofisicos e socio-eco-nómicos, e recomendar medidas para reduzir os impactes negativos destas actividades sempre que possível e me-lhorar os aspectos negativos.A construção da Refinaria do Lobito, tem como objectivo principal acres-centar valor às ramas ácidas e pesadas produzidas em Angola, refinando-as de maneira a produzir combustíveis de alta qualidade para o mercado nacional e promover a exportação dos excedentes. A Sonangol prevê ter a Refinaria operacional em 2015, com cerca de 3 mil postos de trabalho, sendo 1500 directos e cerca de 1500 indirectos.

bem como fez referencia as perspectivas de implementação desta grande obra. Participaram igualmente, nesta sessão de esclarecimento, a responsável dos Recursos Humanos do projecto Sonaref, Ema Bragança e técnicos da Sonangol.O administrador da cidade do Lobito, Amaro Segunda Ricardo, debruçou-se sobre a importância do projecto para a cidade do Lobito em particular e o país em geral. Aquele responsável enalteceu o objectivo do encontro com a sociedade civil sobre o estudo de impacto ambien-tal que foi realizado durante 12 meses. O Ministério do Ambiente esteve repre-sentado por Joana Bernardo, que fez breves considerações sobre a impor-

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RECURSOS hUmANOS: CIÊNCIA E PROfISSãOeste artigo tem por objectivo reflectir sobre a necessidade que as organizações têm de formar técnicos especializados em Recursos Humanos. nesta perspectiva, espera-se que haja uma provocação para reflectirmos sobre as questões relacionadas com as teorias e práticas sobre a formação profissional em gestão de Recursos Humanos

De certo modo, deve-se a Taylor (Fre-derick W. Taylor) a apresentação do primeiro livro que, de forma científica, aborda os princípios e a prática de ges-tão. No seu livro, precisamente cha-mado «Princípios da Gestão Científica», publicado em 1911, pretendendo aplicar o método científico. Taylor fornece uma base de análise dos problemas de ges-tão com vista a alcançar uma eficiência industrial, (Teixeira, Sebastião: Gestão Das Organizações. 2ª Edição McGraw-Hill de Portugal; 2005:11-12) Podemos possivelmente entender aqui a utilização dos profissionais de Recursos Huma-nos de argumentos cujos fundamentos se baseiam em teorias aplicáveis no contexto laboral. Aqui, chamo atenção para se ter em conta todo processo da evolução histórica que a gestão sofreu até hoje, pois, devido às limitações do espaço da publicação do artigo, não nos é possível esgotar a abrangência que o tema merece.A relação que pode ser estabelecida entre o conhecimento científico ver-sus a função Recursos Humanos numa organização, no ramo da sociologia da gestão, sugere que a natureza da estrutura de gestão se caracteriza por uma ordem social altamente estrati-ficada. Pois, a estrutura formal exige a rígida divisão do trabalho e requer ter princípios e processos padroniza-dos, aptidões técnicas, ter a capaci-dade para aplicar conhecimentos, utilizar métodos ou técnicas relacio-nadas com as pessoas, objectivos,

texto: Mateus João Pedro, PhD.Fotografia: Direitos Reservados

processos, resultados. Por outro lado, pode-se compreender porquê que as empresas estão sempre ancoradas com consultores especialistas em gestão de Recursos Humanos.Voltando à questão inicial, a reflexão chama-nos a atenção, extrapolando a dimensão científica, recordando-nos que as pessoas têm recursos emocionais, motivacionais, capaci-dades, características de personali-dade, conhecimentos, experiências de vida e competências que volun-tariamente disponibilizam às organi-zações. A percepção que as pessoas têm sobre as teorias e práticas asso-ciadas às ciências, técnicas, sistemas, metodologias, não ressaltam a ideia de que os recursos possuídos pelas pessoas necessitam de ser geridos, desenvolvidos e que as pessoas não devem ser relegadas para o último lugar como se fossem meros recursos.A ciência aplicada à actividade humana no contexto laboral requer conciliar a interdisciplinaridade dos ramos cien-tíficos, considerando a diversidade e abrangência das funções dos Recur-sos Humanos.Os planos curriculares dos cursos vocacionados para a gestão de Recur-sos Humanos também incluem nor-malmente matérias gerais tais como, Sociologia, Psicologia, Economia, Matemática, Estatística ou Direito e matérias específicas da área, tais como técnicas de selecção de pes-soal, desenvolvimento organizacional,

A evolução das tecnologias.do século xxi está a exigir às pes-soas um esforço para se ultra-

passarem a elas mesmas. Na base disto está o desafio que subsiste na função Recursos Humanos: ciência e profissão pela transversalidade mul-tidisciplinar em quase todos os estu-dos universitários.Neste sentido podemos questionar sobre a legitimidade da inclusão dos Recursos Humanos nos currículos uni-versitários. Isto implica contextualizar a gestão de Recursos Humanos numa dimensão organizacional. Quanto à formação profissional, podemos entendê-la como sendo o meio que permite adquirir, actualizar ou transferir competências com vista à adaptação a situações particulares do mercado de trabalho. Gostaria de fazer minhas as palavras de Drucker, quando disse: “O management não é uma criação académica. É uma prática, tal como a Medicina ou o Direito. Sim à prática da gestão, e não à teoria da gestão ou à doutrina da gestão. E como tal, só é possível “escrever” sobre ela se a inspiração vier do terreno, isto é, do mundo empresarial.” (Peter Drucker: vide no livro sobre O essencial sobre a vida e obra do homem que inventou a gestão. Centro Atlântico, Lda; Por-tugal, 2006:84-85). Pois, há também que se distinguir formação profissio-nal de formação académica, embora a fronteira entre ambas nem sempre seja fácil de definir.

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RECURSOS hUmANOS: CIÊNCIA E PROfISSãO

gestão de sistemas de remuneração, direito do trabalho, negociação colec-tiva ou programas relacionadas com as políticas de formação e desenvol-vimento.Importa finalmente ressaltar que os cursos curriculares das universidades devem administrar disciplinas práticas, com o objectivo de integrar a teoria aprendida no ensino formal à prática no contexto organizacional, minimi-zando assim o distanciamento entre o mundo académico, integrando várias disciplinas do ramo social e não só para resolução de problemas orga-nizacionais. Seguindo este raciocínio, as empresas devem manter um con-tacto mais estreito com as universi-dades e com a pesquisa.Devemos compreender, desta feita, que as técnicas, métodos, ferramen-tas e vários outros processos e mode-los que visam aprimorar o trabalho à luz dos princípios científicos e tecno-lógicos perfilando os conhecimentos do mundo globalizado, estarão sem-pre voltados ao incentivo do trabalho de pesquisa e investigação cientí-fica. Por conseguinte, a determina-ção de estabelecermos bases entre a formação profissional técnica e a formação universitária representam a única via que dá credibilidade aos seus profissionais. A argumentação que apresento, embora não esgote a profundidade que o tema merece, abre as portas para novos questiona-mentos, de modo desapaixonado.

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áfRICA DO SUL

BENEfíCIOS DO mUNDIAL A LONGO PRAZO

o mundial 2010 consolidou o estatuto de maior economia do continente africano e agora mais da metade da população diz sentir directamente os investimentos feitos em infra-estruturas. e, para coleccionar mais êxitos, o país quer candidatar a Cidade do Cabo ou Durban para os Jogos olímpicos de 2020 ou 2024

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Com um investimento de mais de 5 bi-liões de dólares em infra-estruturas, a África do Sul acolheu o Campeonato Mundial de Futebol 2010. Depois do evento, a maior economia de África re-conhece que o maior benefício daquele evento desportivo foi a sua projecção como uma potência de nível mundial, além de colher os dividendos dos recur-sos aplicados em em seis novos estádios prontos, hotéis, aeroportos.

Segundo estudos recentes, o Campeo-nato do Mundo estimulou a economia da África do Sul durante a recessão global. E, devido ao êxito que foi o evento, as autoridades projectam a candidatura da Cidade do Cabo ou Durban para os Jogos Olímpicos de 2020 ou 2024. Fora dos relvados, muitos sul-africanos reconhecem que o verdadeiro Campeão do Mundial de Futebol 2010 foi o país anfitrião. Por exemplo, Kgalema Motlan-

the, antigo Presidente interino daquela nação, afirmou que o Mundial trouxe benefícios económicos importantes à África do Sul. "Investimos bilhões em infra-estruturas antes da recessão mun-dial e esses benefícios já foram sentidos por todos os sul-africanos. Albergar a prova tem agora um impacto importante sobre o turismo. O país está numa po-sição que lhe permite beneficiar imen-samente com isso", disse ele.

Texto: Germano GomesFotografia: Direitos Reservados

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ANGOLA TAmBém GANhOU COm O CAN

O Campeonato Africano das Nações em futebol, realizado em Janeiro de 2010 em Angola, trouxe igualmente benefícios para o país, em particular, e para África, em ge-ral. As autoridades angolanas acreditam, por exemplo, que as múltiplas vantagens vão desde o campo económico ao diplo-mático. Do ponto de vista económico o país ganhou várias estruturas que vão acelerar o desenvolvimento económico, cujo destaque vai para as novas estra-das, hotéis, zonas turísticas e outras que mesmo depois do CAN servem agora os interesses angolanos.Já no campo diplomático, a realização do CAN vai tornar Angola mais conhecida do ponto de vista prático no contexto das na-ções, não só africanas que participaram na prova, como do resto do mundo que acompanhou o evento. As autoridades angolanas, por terem mobilizado recursos financeiros para organizar o Campeonato Africano das Nações, foram sucessiva-mente elogiadas.

Assim como Motlanthe, Nelson Mandela também é um dos muitos sul-africanos que reconhece ter havido inúmeros be-nefícios com a realização do Campeona-to Mundial de Futebol. O ex-Presidente sul-africano disse, por exemplo, que foi um privilégio para o país sediar o Mun-dial de 2010, a primeira no continente, acrescentando que a África do Sul pre-cisa garantir que o Mundial gere benefí-cios à população. Mandela, de 91 anos, primeiro Presidente negro da África do Sul, e Prêmio Novel da Paz, foi uma das pessoas que mais influenciou para que o país sediasse o torneio.François Pienaar, ex-capitão da selecção daquele país, referiu que a África do Sul teve uma oportunidade de mostrar que o povo está a conseguir superar as diferen-ças impostas no período de segregação racial do apartheid. “Esse talvez seja o grande legado das duas competições mundiais que ocorreram no país nestas últimas décadas”, refere o ex-atleta que actualmente tem uma empresa de gestão desportiva e de negócios em entreteni-mento e mídia."A África do Sul ganhou os corações e as mentes de pessoas em todo o mundo pe-la hospitalidade e vai colher os benefícios nos próximos anos’’, declarou Pienaar.

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NELSON mANDELA TAmBém é Um DOS mUITOS SUL-AfRICANOS

qUE RECONhECE TER hAvIDO INúmEROS BENEfíCIOS COm A

REALIZAçãO DO CAmPEONATO mUNDIAL DE fUTEBOL.

áfRICA GANhA COm O mUNDIAL Moçambique, que se apresenta como uma potência emergente, em vários sectores mas, sobretudo, no sector do Turismo, é um dos países africanos que acabou por ganhar com o Mundial de Futebol. Inicialmente, a proximidade da capital moçambicana e das províncias sulistas com algumas das capitais do evento futebolístico (Nelspruit, Joanes-burgo ou Pretória) foram uma clara opor-tunidade para os operadores turísticos moçambicanos.Neste sentido, o Governo Moçambica-no levou a cabo algumas iniciativas de preparação para o Mundial, tanto de ca-rácter infra-estrutural e logístico, como de sensibilização da população (que por natureza é simpática e acolhedora). Além de Moçambique, outros países africanos beneficiaram do maior evento desportivo, entre eles, os vizinhos Zimbabué, Namí-bia, Zâmbia e Lesoto.

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texto: Germano GomesFotografia: Direitos Reservados

os decacampões africanos destacaram-se entre os melhores basquetebolistas do mundo, tendo alcançado a 15ª posição

mUNDIAL DE BASqUETEBOL

ANGOLA CONqUISTA mELhOR POSIçãO ENTRE OS PAíSES AfRICANOS

A selecção angolana de basquete-bol, campeã africana em título, classificou-se na 15ª posição no

mundial da turquia-2010, ficando assim aquém do nono lugar conquistado na prova anterior no Japão em 2006.neste mundial, angola foi eliminada nos oitavos-de-final pelos estados uni-dos, tendo convertido 406 pontos em seis partidas, uma média de 67,7 pon-tos por jogo.os angolanos, 10 vezes campeões afri-canos, registaram 46,5 porcento nos lan-çamentos de campo, 62,9 porcento nos lances livres e 29,6 porcento nos lances de três pontos, tendo sofrido 535 pontos.no entanto, angola foi o país africano melhor posicionado no quadro geral, à frente da Costa do marfim (21ª) e da tunísia, última classificada entre 24 participantes.

Com efeito, os basquetebolistas ango-lanos olímpio Cipriano, Joaquim Gomes “Kikas” e miguel lutonda destacam-se entre os jogadores de basquetebol do mundo inteiro, tendo deixado a sua marca em lugares cimeiros, durante a competição, de acordo com as esta-tísticas da federação internacional de basquetebol (fiba).o angolano olímpio Cipriano é o segundo melhor jogador do mundial da turquia no concernente à eficiência nos lan-çamentos de campo e de dois pontos, terminando a prova com 70,8 de efici-ência, apenas superado pelo jordano Zaid abbas, com 71,9. miguel lutonda, por sua vez, está em quinto a nível dos lançamentos livres.

o craque Joaquim Gomes “Kikas” é o sétimo classificado e o angolano melhor posicionado no top 10 nos lançamen-tos triplos. Kikas converteu nove em 17 tentativas. nos lançamentos livres, miguel lutonda, o “general”, conquis-tou a quinta posição com 19 converti-dos em 22 tentados.Kikas é o único angolano no top 50 dos melhores cestinhas, com 79 pontos em seis partidas. angola apareceu pela primeira vez no mapa internacional de basquetebol nos Jogos olímpicos de barcelona em 1992, onde defrontou a selecção norte-americana.passado mais de uma década, a selec-ção angolana de basquetebol tem coleccionado êxitos quer ao nivel do

continente africano como do mundo inteiro.

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RECONhECIDO NO PAíS E NO ESTRANGEIRO

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texto: adão JoãoFotografia: direitos reservados

RUy mINGAS

as distinções e homenagens que Ruy mingas mereceu, conferiram maior visibilidade internacional à música angolana além de, para o país, servir de exemplo para as novas gerações de artistas angolanos

o cantor e compositor angolano Ruy Mingas, foi homenageado no passado mês de Junho em

França, com a outorga da Medalha de Ouro da Sociedade Académica de Artes, Ciências e Letras de Paris.Uma das figuras mais emblemáticas da cultura angolana, Ruy Mingas, que já fez parte do executivo angolano na área cul-tural, mereceu o reconhecimento daquela instituição francesa devido ao grande contributo na massificação da cultura angolana.Antigo embaixador de Angola em Portu-gal no final da década de 80, este ilus-tre compositor já musicalizou poemas de vários poetas nacionais, incluindo alguns do primeiro Presidente angolano, Antó-nio Agostinho Neto, cuja notoriedade lhe valem reconhecimento internacional.A mais alta distinção da Academia Fran-cesa de Artes, Ciências e Letras foi entre-gue a Ruy Mingas numa cerimónia que decorreu no Salão Ópera do Hotel Inter-continental de Paris.

RECONhECImENTO NO SEU PAíS

A propósito desta distinção, a União Nacio-nal dos Artistas e Compositores (UNAC) considerou que a distinção ao compo-sitor e intérprete angolano Ruy Mingas, pela Academia Francesa de Artes, Ciên-cias e Letras, constitui um atestado de excelência ao trabalho desenvolvido pelos homens das artes angolanas. A distinção, refere uma nota de imprensa da agremiação cultural angolana, confere grande reputação ao também membro

da UNAC, o que, por essa via, confere também maior visibilidade internacional à nossa música e ao nosso país. O documento da UNAC acrescenta que Ruy Mingas é um artista que deve servir de exemplo para todos, particularmente para as novas gerações de artistas ango-lanos que no afã da fama esquecem que “a modéstia, o saber, a procura da exce-lência e o patriotismo são valores incon-tornáveis para o sucesso”. Membro fundador da UNAC, Ruy Min-gas mereceu ainda o reconhecimento da ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, para quem o seu papel artístico desem-penhado nas décadas de 1960/70 des-pertou a consciência revolucionária da juventude da época. A governante fez essa afirmação, quando presidia à cerimónia de homenagem a Ruy Mingas, promovida pela Universidade Lusíada de Angola (ULA), instituição de que é docente e administrador, devido à sua distinção pela Academia Francesa. A ministra recordou ainda que a merecida distinção a Ruy Alberto Vieira Dias Mingas deveu-se ao grande contributo na massi-ficação da cultura angolana. Rosa Cruz e Silva destacou entre os feitos do artista, cujas canções foram relembradas na ceri-mónia, o Hino Nacional – o qual musicou –, acrescentando que Angola continuará a homenagear o artista. A cerimónia foi marcada pelo testemu-nho de diversas personalidades, entre ex-colegas da época de estudante, ami-gos, professores, familiares e estudantes da Universidade Lusíada que conver-giram sobre aquilo que consideram ser

qualidades humanas raras na pessoa de Ruy Mingas. No evento, Albina Assis disse ter sido mar-cante o facto de em plena época colonial, em Lisboa, Ruy Mingas os ter convidado para o seu pequeno quarto no lar estu-dantil, onde mostrou vários poemas inter-ventivos que havia musicado.A Associação Recreativa e Cultural Chá de Caxinde homenageou igualmente o músico em Luanda. Considerado, e jun-tamente com o escritor Pepetela, como figura de relevo daquela agremiação cul-tural desde o dia 28 de Janeiro de 1989, Ruy Mingas notabilizou-se pela divulga-ção da cultura angolana a nível nacional e além fronteiras.Além de enaltecer os feitos dos home-nageados em prol da cultura e defesa dos valores da democracia, sociedade e cidadania no domínio cultural, o presi-dente da associação, Jacques dos San-tos, elogiou de igual modo o contributo para o engrandecimento da associação desde 1989, data em que a mesma pro-clamou a sua constituição."Podemos dizer que temos Ruy Mingas e Pepetela como figuras de relevo na nossa agremiação desde o dia 28 de Janeiro de 1989, data em que proclamamos a cons-tituição da nossa associação, assumindo a responsabilidade de defender os valo-res culturais e universais", sublinhou.Durante o evento que se realizou em Luanda, o músico relembrou com nos-talgia a época em que musicou os poe-mas interventivos de Agostinho Neto, Mário António de Oliveira, António Jacinto e outros que tocavam a sua sensibilidade.

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RECONhECIDO NO PAíS E NO ESTRANGEIRO

O evento foi ainda marcado pela actu-ação do seu irmão André Mingas e pela declamação de poesias. Ruy Alberto Vieira Dias Mingas nasceu em 12 de Maio de 1939 e, além de can-tor, consta do seu currículo uma pas-sagem pelo Ministério dos Desporto e pela embaixada de Angola em Portugal.Ruy Mingas foi saltador em altura e bar-reirista dos 110 metros, no Sport Lis-boa e Benfica. Participou no programa Zip-Zip. Aparece no primeiro disco do programa com a canção "Ixi Ami (Minha Terra)". Gravou vários discos para a edi-tora Zip-Zip.É autor do Hino Nacional, Angola Avante, juntamente com o escritor Manuel Rui. É ainda um dos autores da canção "Meni-nos do Huambo", celebrizada em Portu-gal por Paulo de Carvalho.Em 2006, colocou no mercado o disco "Memória", gravado em Angola, Brasil e Portugal. Neste disco, o autor musicou poemas de escritores angolanos, como "Meu Amor" e "Meninos do Huambo", de Manuel Rui Monteiro, "Makezu" e "Namoro", de Viriato da Cruz, "Adeus à Hora da Largada" e "A Kitandeira", de Agostinho Neto, "Benguela" e "Pé de Maracuja", de Ernesto Lara Filho. Incluiu ainda novas versões das músi-cas "Muxima" e "Birin Birin", ambas de Carlos "Liceu" Vieira Dias, e "Meninos de Rua", de Filipe Zau.A Academia Francesa de Artes, Ciên-cias e Letras foi fundada em 1915, com o objectivo de promover e premiar o traba-lho de criadores, promotores e produto-res de artes, ciências e letras.

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Nick Cave – Soundsuit – 2007

Marita Silva, Arquitecta, Urbanista e Directora-Geral da Fundação Sindika Dokolo

Sindika Doloko e Simon Njami –1º Pavilhão Africano na 52ª Bienal de Veneza Fotografia: Fernando Alvim

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A sinalética da segunda Trienal, que se realiza de Setembro a Dezembro de 2010, está a mexer

com as emoções. Enquanto na primeira apostou-se no vermelho e branco, na segunda opta-se por tons africanos mais quentes que vão desde o verde-claro ao laranja, castanho, cinzento, branco e preto. Esta edição da Trienal está aberta a todos os artistas consa-grados ou não, sem distinção de estilos, proporcionando a troca de experiên-cia entre as gerações. Ao longo de 14 semanas, são apresentados 196 pro-jectos de artes cénicas, 28 conferên-cias sobre o Angola e o mundo, igual número de eventos de moda, perfor-mance, teatro, cinema, dança e música tradicional e contemporânea angolana. Com o objectivo de valorizar a cultura angolana e africana, bem como des-pertar nos cidadãos o interesse pela arte e a criatividade dos artistas nacio-nais, o evento promovido pela Funda-ção Sindika Doloko, inspira-se em dois eixos: a história de Luanda e a do país. O espaço Chá de Caxinde é o local esco-lhido para albergar a Trienal que este ano conta com o apoio do Governo da província de Luanda e com a divulgação

integral pelo Grupo Media Nova, como resultado de acordos firmados entre a Fundação e esta instituição.

A "EmENTA" DA TRIENAL

De inovações não é tudo. Nesta edição, a Trienal está dividida em dois eixos: Geografias Emocionais e Arte e Afec-tos. E estes dois títulos vão ser mul-tiplicados por quatro núcleos: Artes visuais, Artes Cénicas, Projectos cultu-rais e Edições Culturais. Cada um des-tes núcleos são divididos em mais sete matérias ou temas. Por exemplo, nas Artes Visuais, há sete exposições, nas Artes Cénicas sete disciplinas, entre as quais, conferências, moda, perfor-mance, teatro, dança, música e cinema.“São sete porque é uma para cada dia da semana. Às segundas-feiras, a partir da data de inauguração da Trie-nal, durante as 14 semanas, vamos ter conferências, as terças-feiras estão destinadas à disciplina da moda, às quartas-feiras são as performances, às quintas-feiras teatro, às sextas-feiras a dança, aos sábados música e aos domingos, o cinema”, refere Marita Silva, directora geral da Fundação Sin-

dika Dokolo.fOTOGRAfIA AfRICANA Em DESTAqUE

Um terceiro eixo da Trienal consiste na realização de uma grande exposição sobre a história da fotografia africana, desde 1928 até hoje. O curador deste evento é Simon Djamin, que pertence ao Conselho Científico da Fundação Sindika Dokolo. Para tal estão convidados cem talentosos fotógrafos africanos, cujas cem melhores fotografias são expos-tas em outdoors gigantes espalhados por Luanda. Tais trabalhos também são objecto de apresentações multi-média em locais de grande visibilidade.Embora a fotografia tenha um desta-que especial, as exposições e os espec-táculos de dança e teatro garantem animar os principais espaços culturais da cidade durante os três meses da Trienal. “À semelhança do que fize-mos na primeira Trienal onde restau-rámos sete espaços para actividades culturais, queremos fazer novamente uma movida cultural em Luanda”, sublinha Fernando Alvim, o artista que concebeu a II Trienal.Como a Fundação não tinha locais con-dignos para as exposições resolveu

texto: Adão JoãoFotografia: Arquivo da Trienal de Luanda

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AS CORES DAS EmOçõES NA TRIENAL DE LUANDA

ao longo de 14 semanas luanda será o palco de um grande evento cultural.

não precisará de ir a um museu de nova iorque para ver obras de renomados artistas

angolanos, africanos e internacionais. a nossa cidade será o museu…

fUNDAçãO SINDIKA DOLOKO

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“entrar à socapa” em espaços abando-nados e fotografá-los. Depois bastou mostrar os projectos de requalificação aos donos. “Para eles foi um bom negó-cio. Ficaram com um espaço renovado sem gastar um tostão. Para nós também foi óptimo pois durante os três meses da Trienal não pagámos o aluguer das salas”, recorda Fernando Alvim.

EDUCAçãO E mEDIA

À semelhança do que sucedeu na pri-meira Trienal, onde 30 mil alunos, de mais de cem escolas, puderam assis-tir a alguns eventos ao vivo, a educa-ção e os media são outro eixo central do evento.Dado o êxito da iniciativa em 2007 que envolveu o apoio de empresas priva-das nas refeições e no transporte das crianças, haverá certamente nume-rosas visitas de estudo aos locais da exposição.Para além disso, a Fundação está a tentar equipar todas as escolas de Luanda com um projector de vídeo para que seja a Trienal a visitar a escola e não apenas o contrário.Em cada uma das 100 escolas, a Trie-nal entrega 100 projectores e 100 DVDs para que possam ver os traba-lhos artísticos e, depois do evento, os projectores são doados a cada escola. “O nosso objectivo é levar a Trienal da Cultura de Luanda a um maior número de pessoas”, lembra a arquitecta Marita Silva.Para este fim, diz Fernando Alvim, a Trie-nal vai gastar cerca de 80 mil dólares. “Contamos com os nossos patrocina-dores”, diz. Outro projecto de grande impacto é a disponibilização de ecrãs multimédia nas estações de correio nos quais os utentes poderão visionar apresentações da Trienal. No que se refere aos media, para além da campa-nha de marketing da Trienal e dos refe-ridos outdoors espalhados pela cidade, a Fundação projecta um espaço regu-lar de divulgação das suas iniciativas na televisão, na imprensa e na rádio. Recorde-se que a Fundação já possui o programa Rádio Zwela, na LAC, que visa promover o debate e o diálogo sobre a cultura e a arte contemporânea.Ainda este ano vai nascer também a revista mensal Zwá e um programa de televisão semanal. Estes são os “órgãos oficiais” de promoção da Trie-

nal. De referir, por fim, que a Funda-ção já possui a sua própria revista de divulgação “Uanga”, que prima pela excelência das imagens e dos conte-údos e cuja periodicidade “é proposi-tadamente irregular”.Dono de um dos maiores acervos de arte africana do mundo, com mais de 3 mil obras, o presidente da fundação, Sindika Dokolo, refere que o evento é um património de todos os ango-lanos que além de despertar o inte-resse pelas artes pretende igualmente promover e valorizar o talento artís-tico dos africanos, bem como incen-tivar as empresas públicas e privadas a apoiar o sector das artes.E, pela concepção desta edição da Trie-nal, quem a visita fica com a seguinte impressão da pessoa que a concebeu: Fernando Alvim é um artista que dá valor aos detalhes. “Eu prefiro criar as minhas próprias cores com base no que observo à minha volta. A natureza em Angola tem cores lindas que eu reproduzo fielmente na minha palete de cores. Isso faz com que as obras saiam com um estilo original e per-feitamente enquadradas com o local onde foram concebidas”, afirma.As cores fortes da segunda Trienal, marcadamente africanas, são um bom exemplo. À semelhança do que suce-deu na primeira Trienal, todas as expo-sições e espectáculos são gratuitos.Devido ao tema da exposição da II Trienal, cerca de 100 outdoors podem estar espalhados na cidade em 20 bairros de Luanda com imagens da história da fotografia Africana, desde fotografia de 1928/ 1930 até 2010, de vários países africanos.“Isto faz parte da colecção Reveu Noire, uma revista criada por artistas africanos que foi extinta, uma compi-lação sobre a história da fotografia, um acervo rico e histórico com mais de 12 anos que o Sindika Dokolo com-prou e vamos expor toda essa colec-ção nos outdoors”, diz Marita Silva.A directora da Fundação Sindika Docolo conclui dizendo que normal-mente as pessoas para terem acesso a obras internacionais teriam que ir a um museu internacional em Nova Iorque, mas poderá não acontecer. “Nós então vamos ter essas obras aqui. Nós temos artistas angolanos,, africanos e internacionais”, assinala a arquitecta. Kiluanji

Samuel Fosso – Spirits

Ihosvanny – 1 Campus 2 Faces

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Às 23 horas do dia 11 de novem bro de 1975, agostinho neto pro-clamava diante de África e do

mundo a independência de angola, e poucos imaginavam o lugar que era conservado ao país no concerto das nações independentes. um ano depois, a economia angolana apresentava-se em franco crescimento, tendo o Governo tentado restaurar a produ-ção, a partir de 1976. o sector do petróleo reagiu ao esforço de recuperação, expandindo-se rapi-damente desde o início dos anos 80, tornando-se a 2ª maior indústria da África subsariana. De uma forma geral, a economia angolana registou um lento crescimento 15 anos depois, evolução-gerada em grande parte pelo petróleo.apesar disso, angola ainda vivia um conflito armado, que viria a terminar a 4 de abril de 2002; com isto, o memo-rando de luena marcava o fim de qua-tro décadas de conflito. Depois disto, as elevadas taxas de crescimento regis-tadas a partir daquele ano coloca-ram angola nos radares económicos internacionais. no triénio 2005-2007, o país cresceu em média 20,1% ao ano, a segunda taxa mais elevada entre os

172 que integram a lista do relatório de primavera de 2008 do fundo monetá-rio internacional (fmi).Dada à sua importância na economia angolana, o petróleo sempre foi um dos sectores que mais ganhos deu ao país. por exemplo, em Janeiro de 2007, angola passou a fazer parte da orga-nização dos países exportadores de petróleo (opep), organismo que viria a presidir mais tarde.ainda como ganho pós-independên-cia, foi o facto de o fundo monetário internacional (fmi) apoiar angola com um crédito de 1,3 bilhão de dólares.Considerado como um dos maiores empréstimos já concedidos a um país africano ao abrigo de um programa do género, terá uma duração de 27 meses e deverá permitir regularizar as opera-ções no mercado monetário.entretanto, ainda no âmbito da aber-tura progressiva da economia ango-lana aos mercados internacionais, o executivo angolano mandatou as três maiores agências mundiais de avalia-ção de risco (‘rating’), nomeadamente a ficht, a moody’s e a standard & poor’s (s&p), para efectuarem a avaliação de risco soberano de angola.

o exercício de classificação de risco soberano, que foi positivo, marcou o aprofundamento da integração da eco-nomia do país nos mercados interna-cionais, uma vez que melhorou o seu estatuto no mercado financeiro glo-bal e na economia mundial.a classificação inicial é igual a obtidas por países emergentes como a Rússia e o brasil, antes de crescerem rapida-mente. Contudo, vários factores concor-reram para o desempenho recente da economia angolana, nomeadamente, o fim da guerra civil, em 2002, após 25 anos, e o início, no mesmo ano, da subida do preço do petróleo. em 2011, angola prevê registar uma inflação de apenas um digito e uma taxa de cresci-mento económico bastante optimista. apesar disso, muito dependente do petróleo, que representa mais de 50% do pib e 80% das exportações, a eco-nomia angolana, que já se destacou no rol dos países africanos, precisa de se alargar a outras províncias e camadas mais vastas da população.entretanto, angola espera que, com a diversificação da sua economia, o actual ciclo de crescimento seja sus-tentável.

texto: Germano GomesFotografia: Direitos Reservados

11 DE NOvEmBRO 1975

ANGOLA, UmA NAçãO Em EvOLUçãO

em 2011, angola prevê registar uma inflação de apenas um digito e uma taxa de crescimento económico bastante optimista

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ESTAS ENORmES PEDRAS CAíDAS SOBRE A PLANíCIE

OfERECEm-NOS UmA mISTURA DE BELEZA E mISTéRIO.

tando perceber onde estas vão dar. Estas enormes pedras caídas sobre a planície oferecem-nos uma mistura de beleza e mistério. Como foram ali parar? Ndongo «é apenas um local de revelações geológicas», dizem os cientistas, «apenas de um conjunto de blocos rochosos de grandes dimen-sões exposto pela erosão dos sécu-los». Mas para todos nós, é sobretudo um local turístico de rara beleza, onde podemos encontrar bons momentos num passado cheio de tradições, his-tória e o encontro com todo o esplen-dor da natureza. No cimo, olhamos para estes milha-res de pedregulhos gigantes e conge-minámos contornos de animais, caras, árvores e tudo aquilo que a nossa ima-ginação consegue abarcar.As Pedras Negras são uma das glórias do município de Cacuso, a 116 quilóme-tros da capital da província de Malange. Mais quilómetro menos quilómetro, o que interessa mesmo é ir.

AS fANTáSTICAS PEDRAS NEGRAS DE PUNGU-A-NDONGO

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CONhEçA ANGOLA

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texto & Fotografia: Duarte Mexia

N ão há nada como passear pelo interior da nossa Angola, ver as tonalidades do vermelho

ao castanho da terra, os infinitos tons de verde da vegetação na paisagem que nos revelaram chuva. E, porque não, o cinzento das pedras. Lamento, vou recapitular, o negro das pedras! Estamos a falar das Pedras Negras de Pungu-a-Ndongo que, apesar de mais parecerem cinzentas, foram baptiza-das de negras. São colossais, mons-truosos e gigantescos calhaus, caídos do céu no meio de uma planície plana fazendo-nos evocar o filme "Encontros Imediatos de Terceiro Grau" de Steven Spielberg. Aquele em que um dia uma nave espacial oriunda de outra galá-xia escolhe uma pedra gigante para seu poiso.A beleza do local, mas também a sua imprevista localização, deram origem ao longo dos tempos a numerosas his-tórias e lendas como aquela que relata um passado bem longínquo, em que o Ndongo terá sido fortaleza dos Reis Ngola. E há quem jure que, foi mesmo ali que a Rainha N’Ginga M’Bandi e o Rei N’Gola Kiluange praticaram as suas sessões de tortura contra os seus ini-migos… mas também esplendorosas orgias como prova do seu amor. Já se sabe, figuras históricas dão sem-pre origem a um enorme imaginário à sua volta. Ainda hoje há quem con-siga ver as suas pegadas assinaladas nas pedras e ande quilómetros ten-

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texto & Fotografia: Joana simões piedade

Com a obra “percursos & Destinos”, o escritor cabo-verdiano João lopes filho é o vencedor do Grande prémio sonangol de literatura 2011, iniciativa realizada pela sonangol em nome do desenvolvimento da arte, da literatura, da ciência e do intercâmbio cultural

GRANDE PRémIO SONANGOL DE LITERATURA 2011 já TEm vENCEDOR

A sonangol continua apostada em concretizar a sua missão de apoio às artes e à literatura.

o Grande prémio sonangol é prova desse mesmo incentivo ao gosto pela criação estética e produção científica. o vencedor da edição deste ano foi anunciado no dia 14 de outubro pela voz do escritor Corsino antónio fortes, de Cabo verde, um dos sete jurados. assim, e por unanimidade, o júri deci-diu premiar a obra “percursos & Des-tinos” da autoria de João lopes filho, com o pseudónimo osagyeto moisés. Como observou o corpo de jurados, “a audácia, o pormenor descritivo e qua-lidade formal com que retrata o percurso da insularidade, os processos políticos, sociais, culturais de um determinado período histórico da vida do povo cabo-verdiano” foram os pontos fortes ava-liados neste trabalho, tendo por esses

motivos, merecido a maior consagra-ção. Recorde-se ainda que o historia-dor e antropólogo lopes filho é autor de um conjunto de trabalhos que em muito tem enriquecido a bibliografia sobre a nação cabo-verdiana.este ano concorreram ao Grande pré-mio sonangol de literatura, um total de 51 obras, registando-se assim um aumento de 100% relativamente à edi-ção anterior.o júri decidiu ainda atribuir menções honrosas às obras “laço de aço lasso”, de Jordão augusto trajano, de angola, por este trabalho constituir “uma exce-lente partitura literária plasmada em sonetos” e, ainda, “filho do planalto”, do autor marcelo panguana, de pseu-dónimo Zé Chibadura, de moçambique, pela “coerência interna do seu conte-údo, pertinência, cristalização de formas, estilo e por permitir uma leitura lúdica”.

o Grande prémio sonangol de litera-tura, anteriormente restringido apenas a angola, foi se estendendo a outros países como Cabo-verde e são tomé e príncipe e, nesta edição, ainda à Guiné- -bissau e moçambique. Durante o anún-cio dos premiados foi ainda referida uma novidade: o alargamento nas pró-ximas edições ao país irmão de timor leste. Durante a cerimónia, o admi-nistrador da sonangol ep, fernando Roberto, fez a entrega simbólica de um computador, de um total de cinco, ao representante da Guiné bissau pre-sente no corpo de jurados.Como acontece todos os anos, o Grande prémio sonangol de literatura, este ano avaliado em 50 mil dólares norte americanos, será entregue no próximo dia 25 de fevereiro, data de aniversá-rio da sonangol.

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Administrador da Sonangol EP, Fernando Roberto (ao centro), ladeado de membros do corpo de jurados e de personalidades angolanas ligadas à cultura

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