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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL IMPACTO NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE PELA COMBINAÇÃO OU NÃO DE VOLUMOSOS EM DIETAS DE VACAS HOLANDESAS Guadalupe Aparecida Espicaski Parren Nova Odessa Fevereiro, 2014

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

IMPACTO NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE PELA

COMBINAÇÃO OU NÃO DE VOLUMOSOS EM DIETAS DE

VACAS HOLANDESAS

Guadalupe Aparecida Espicaski Parren

Nova Odessa

Fevereiro, 2014

Page 2: INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS ...alimentar, em função dos efeitos de densidade energética da dieta, ambiente e de tipo de volumoso, e suas respectivas significâncias

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

IMPACTO NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE PELA COMBINAÇÃO

OU NÃO DE VOLUMOSOS EM DIETAS DE VACAS HOLANDESAS

Guadalupe Aparecida Espicaski Parren

Orientador: Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Co –orientador: Ricardo Lopes Dias da Costa

Nova Odessa

Fevereiro - 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação do Instituto de Zootecnia,

APTA/SAA, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Produção

Animal Sustentável.

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Ficha catalográfica elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles CRB 8/8946

P258i Parren, Guadalupe Aparecida Espicaski

Impacto na produção e qualidade do leite pela combinação ou não de

volumosos em dietas de vacas holandesas / Guadalupe Aparecida Espicaski

Parren.

Nova Odessa, SP: [s.n.], 2014.

62 f.: il.

Dissertação (Mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA, Nova

Odessa.

Orientador: Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Co-orientador: Dr. Ricardo Lopes Dias da Costa

1. Cana-de-açucar. 2. Silagem de milho. 3. Produção de leite. 4. Eficiência

alimentar. I. Campos, Fábio Prudêncio II. Costa, Ricardo Lopes Dias da III.

Titulo.

CDD 636.211

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: IMPACTO NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE PELA

COMBINAÇÃO OU NÃO DE VOLUMOSOS EM DIETAS DE VACAS

HOLANDESAS

AUTOR:GUADALUPE APARECIDA ESPICASKI PARREN

Orientador: Fábio Prudêncio de Campos

Co-orientador: Ricardo Lopes Dias da Costa

Aprovado como parte das exigências para obtenção do título de MESTRE em produção

animal sustentável, pela Comissão Examinadora:

Dr. Fábio Prudêncio de Campos

(IZ/APTA/SAA)

Dr. Marcos Veiga dos Santos

(FMVZ/USP – Pirassununga)

Dr. Laerte Dagher Cassoli

(ESALQ/USP)

Data da realização: 03 de Fevereiro de 2014

Presidente da comissão examidora

Dr. Fábio Prudêncio de Campos

(IZ/APTA/SAA)

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Mãe,

Você é responsável por grande parte desta conquista, e aproveito este momento para agradecer

todo o amor incondicional, carinho, palavras, conselhos e amizade.

Por toda batalha e dedicação fazendo o possível e o impossível para que nada me faltasse.

A você dedico a nossa vitória

TE AMO.

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AGRADECIMENTOS

Deus por conceder o dom da vida e por todas as oportunidades e desafios para

realizar mais esta etapa da vida.

Aos meus pais Rene Parren e Maria Lucia Espicaski pelo amor incondicional e

apoio.

Aos meus irmãos Selma, Solange, Helder, Pedro, aos sobrinhos Guilherme,

Renan, Vinicius, Letícia, Eduardo, Laís e Júlia e as minhas cunhadas Michele e Cirlene,

por acreditarem em mim e por tolerar a minha ausência.

As madrinhas Conceição, Tia Jussara e aos primos que mesmo distantes sempre

estiveram presentes em pensamento.

Ao Leonardo Simões e família pelo amor, paciência e incentivo constante.

As amigas constantes Carol, Damares, Gislaine e Ellen, vocês foram

fundamentais para esta conquista, foram mais que amigas e sim irmãs, afinal amigo é a

família que a gente escolhe. Agradeço a Deus por terem colocado vocês em minha vida

e peço para que ele continue abençoando nossa amizade.

As companheiras de república Ana e Thayná pelos ouvidos, lágrimas, sorrisos e

conquistas compartilhadas.

Ao Sr. Mauro pelas conversas e atenção dispensada em nosso convívio no

laboratório.

Ao meu coorientador Ricardo Lopes pelos ensinamentos constantes, apoio,

dedicação, paciência, oportunidade de realizar o mestrado e amizade. Serei eternamente

grata.

Agradeço o Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos pela orientação e apoio.

A todos que não citei, mas que de alguma forma são parte integrante de minha

vida.

E por fim, agradeço a CAPES pela bolsa concedida.

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“Teremos coisas bonitas pra contar

E até lá, vamos viver

Temos muito ainda por fazer

Não olhe pra trás, apenas começamos

O mundo começa agora, apenas começamos”

(Renato Russo)

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas viii

Lista de abreviaturas ix

Impacto na produção e qualidade do leite pela combinação ou não de volumosos

em dietas de vacas Holandesas

x

Resumo x

Impact on production and milk quality by mixture or not roughages diets of

Holstein cows

xi

Abstract xi

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS 12

1. INTRODUÇÃO 12

2. REVISÃO DE LITERATURA 15

2.1 Cana-de-açúcar 18

2.2 Silagem de milho 20

2.3 Ambiente 21

2.4 Qualidade do leite 24

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

CAPÍTULO 2 – Impacto na produção e qualidade do leite pela combinação ou

não de volumosos em dietas de vacas Holandesas

37

Resumo 37

Impact on production and milk quality by mixture or not roughages diets of

Holstein cows

38

Abstract 38

1. INTRODUÇÃO 40

2. MATERIAL E MÉTODOS 42

2.1 Animais 42

2.2 Instalações 42

2.3 Tratamentos 43

3. ANÁLISE ESTATÍSTICA 47

4. RESULTADOS 48

5. DISCUSSÃO 53

6. CONCLUSÃO 59

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60

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viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Relação proporcional dos ingredientes na dieta, em % e kg na

matéria seca, do concentrado total, da relação volumoso:concentrado e

composição químico-bromatológica das dietas experimentais

46

TABELA 2. Composição químico-bromatológica dos volumosos e

ingredientes concentrados utilizados para formulação inicial da dieta

experimental

46

TABELA 3. Ingestão de matéria seca da dieta, eficiência e conversão

alimentar, em função dos efeitos de densidade energética da dieta, ambiente e

de tipo de volumoso, e suas respectivas significâncias

49

TABELA 4. Valores médios da ingestão de mistura concentrada, forragem e

ureia em função dos efeitos de densidade energética da dieta, ambiente e de

tipo de volumoso, e suas respectivas significâncias

50

TABELA 5. Valores médios da qualidade do leite em função dos efeitos de

densidade energética da dieta, ambiente e de tipo de volumoso, e suas

respectivas significância

51

TABELA 6. Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período

da manhã e da tarde e média do período durante as fases de coletas 52

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ix

LISTA DE ABREVIATURAS

AGV – Ácidos graxos voláteis

CA – Conversão alimentar

CCS – Contagem de células somáticas

CMS – Consumo de matéria seca

CSM – Cana-de-açúcar + silagem de milho

CNF – Carboidratos não fibrosos

CVN – Com ventilador e nebulizadores

EA – Eficiência alimentar

EE – Extrato etéreo

FDA – Fibra em detergente ácido

FDN – Fibra em detergente neutro

GN – Globo negro

H – Entalpia

IMS – Ingestão de matéria seca

ITU – Índice de temperatura e umidade

MS – Matéria seca

NDT – Nutrientes digestíveis totais

NUL – Nitrogênio uréico no leite

PB – Proteína bruta

PC – Peso corporal

PDR – Proteína degradável no rúmen

SVN – Sem ventilador e nebulizadores

SM – Silagem de milho

TPO – Temperatura de ponto de orvalho

TBS – Temperatura do bulbo seco

UR – Umidade relativa

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x

RESUMO

Impacto na produção e qualidade do leite pela combinação ou não de volumosos

em dietas de vacas Holandesas

Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo de vacas em lactação submetidas à dieta,

composta por volumosos suplementares e concentrados com densidades energéticas

distintas, em condição ambiente diferenciado, a fim de detectar os principais fatores que

mais interferem na produção e qualidade do leite. Foram utilizados 8 vacas Holandesas,

em quadrado latino 8 x 8, em esquema fatorial 2x2x2, com os seguintes fatores: dieta

para níveis de exigência de produção de 20 e de 40 kg de leite/dia, duas fontes de

volumosos (silagem de milho: SM, combinação de cana-de-açúcar com silagem de

milho 1:1 na MS: CSM) e duas condições ambientais (com e sem ventiladores e

nebulizadores: CVN e SVN, respectivamente), com períodos de 20 dias, sendo 11 dias

de adaptação e 9 dias de coleta, com duração de 160 dias. Analisando os resultados,

constatou-se que houve maior ingestão de matéria seca (IMS) em percentagem do peso

corporal (4,14% x 3,79% PC) para dieta programada para produção 40 L leite/dia

(P≤0,05), entretanto, a conversão e eficiência alimentar foram melhores para dieta de 20

(0,91 x 1,01; 112,6% x 103,9%, respectivamente) (P≤0,05). Avaliando a IMS, de

maneira fracionada, constatou-se que a dieta 40 propiciou as maiores ingestões de

concentrado (10,8 x 9,3 kg/dia), forragens (11,3 x 10,4 kg/dia) e ureia (0,303 x 0,280

kg/dia); enquanto que para o efeito volumoso, a CSM propiciou maior ingestão de

concentrado (10,9 x 9,1 kg/dia) e ureia (0,333 x 0,278 kg/dia) e menor ingestão da

forragem (10,1 x 11,6 kg/dia) (P≤0,05). Para efeito de produção e qualidade do leite a

dieta de 40 propiciou, maior concentração de nitrogênio uréico no leite (NU) (22,03 x

20,24 mg/dL) em relação a dieta de 20. No efeito de ventilador + nebulizadores, a

condição SVN propiciou maior concentração de gordura e NU no leite (3,94 x 3,88%;

21,75 x 20,52 mg/dL, respectivamente) em relação a CVN. Para efeito de tipo de

volumoso, a CSM propiciou menor concentração de lactose, porém maior concentração

de NU no leite 4,56 x 4,51%, 19,95 x 22,33 mg/dL). A mistura de cana-de-açúcar com

silagem de milho, 1:1 na MS, aumenta a concentração nitrogênio uréico no leite e

diminui o teor de gordura, por conta do aumento de concentrado na dieta, sem alterar a

produção leite de vacas holandesas. A dieta formulada para exigência de produção de 20

kg/dia de leite para os animais avaliados apresentaram melhor eficiência produtiva. O

uso dos ventilador e nebulizadores provocam aumento no índice de temperatura e

umidade deixando os animais acima do nível crítico de estresse térmico (76,6 de ITU)

na região avaliada.

Palavras-chave: cana-de-açúcar, concentrados, silagem de milho, nebulizadores,

ventiladores

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xi

Capítulo 2 - Impact on production and milk quality by mixture or not roughages

diets of Holstein cows

Abstract

This study aimed to evaluate the performance of lactating cows subjected to diet,

consisting of additional bulky and concentrates with different energy densities in

different environment conditions in order to detect the main factors that influence the

production and quality of milk . 8 Holstein cows were used in a latin square 8 x 8 in a

2x2x2 factorial with the following factors: diet for levels of production requirement of

20 and 40 kg milk/day, two sources of roughage (corn silage: SM, combination of cane

sugar with corn silage 1:1 in MS:CSM ) and two environmental conditions (with and

without ventilators and nebulizers: CVN and SVN, respectively), with periods of 20

days and 11 days of adaptation and 9 days of collection, lasting 160 days. Analyzing the

results, it was found that there was a higher dry matter intake (DMI) as a percentage of

body weight (4,14 % vs. 3,79 % BW ) for diet programmed to produce 40L milk/day

(P≤ 0.05), however, the conversion and feed efficiency were better diet for 20 (0,91 x

1,01; % 112,6 x 103,9 %, respectively) (P ≤ 0,05). Evaluating IMS, fractional way, it

was found that the diet of 40 provided the greatest intakes of concentrate (10,8 x 9,3

kg/day), forage (11,3 x 10,4 kg/day) and urea (0,303 x 0,280 kg/day), while for the

massive effect, CSM provided greater intake of concentrate (10,9 x 9,1 kg/day) and urea

(0,333 x 0,278 kg/day) and lower intake of forage (10,1 x 11,6 kg/day) (P≤0,05). For

the purpose of production and quality of milk from the diet led to 40, higher

concentration of milk urea nitrogen (UN) ( 22,03 x 20,24 mg/dL) compared the diet of

20. In effect fan + nebulizers, the SVN condition produced the largest concentration of

fat in milk and NU (3,94 x 3,88 %; 21,75 x 20,52 mg/dL, respectively) compared to

CVN. For purposes of roughage type, CSM showed lower lactose concentration, but

higher concentration of the milk NU 4,56 x 4,51%, 19,95 x 22,33 mg/dL). The mixture

of cane sugar with corn silage, 1:1 in MS, increases in milk urea nitrogen concentration

and decreases the fat content, due to the increase of concentrate in the diet without

changing the milk production of Holstein cows. The diet formulated for the demands of

producing 20 kg/day of milk for animals evaluated had better production efficiency. The

use of nebulizers fan and cause an increase in the rate of temperature and humidity

leaving the animals above the critical level of heat stress (76,6 ITU) in the evaluated

region.

Keywords : cane sugar, concentrates , corn silage , nebulizers , ventilators

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CAPITULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. INTRODUÇÃO

A cadeia produtiva do leite possui grande destaque no complexo agroindustrial

brasileiro. Nos últimos anos, o número de vacas em lactação aumentou 1,4%, com taxa

de crescimento anual média de 0,1% ao ano. Além disso, a bovinocultura de leite é a

atividade de maior expressividade na composição da renda familiar e regional

(BRASIL, 2011).

Este sistema é composto por importantes segmentos para a economia brasileira,

pois são responsáveis pela geração de empregos, riquezas, impostos, além de

representar um dos maiores sistemas agroindustriais do mundo, devido ao incremento

de novas tecnologias, que visam melhorar as condições de manejo alimentar,

reprodutivo e sanitário dos animais (CAMPOS, 2007; VERNEQUE et al., 2008).

As inovações observadas, no que se refere ao manejo alimentar da vaca leiteira,

visam atender as exigências nutricionais e energéticas dos diferentes estádios de

produção, prevenindo a escassez ou excesso de nutrientes, e evitando perdas

econômicas de produção (NETO et al., 2011).

O suprimento adequado de energia e proteína para os animais através da dieta

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traz como consequência a melhor utilização de nutrientes (FREITAS et al., 2002). Os

concentrados, em relação aos volumosos, apresentam maior concentração energética e

podem apresentar baixo incremento calórico, quando estrategicamente usados (ALVIM

et al., 1999). Além disso, ao se manusear a relação concentrado:volumoso, pode

influenciar o consumo do alimento, o desempenho e a viabilidade econômica

(BURGER et al., 2000).

Os volumosos têm importante participação na composição da dieta, pois podem

representar até 80% da matéria seca de rações das diversas categorias que compõe o

rebanho leiteiro. Assim, a qualidade do volumoso pode influenciar na quantidade e na

qualidade da ração concentrada (COSTA et al., 2005).

A utilização de fontes forrageiras misturadas na dieta de vacas leiteiras induz à

maior uniformização no consumo de nutrientes, retirando os riscos decorrentes da falta

de algum nutriente (DHIMAN e SATTER, 1997). Entretanto, isso dependerá do teor de

matéria seca, matéria orgânica e arranjamento das fibras, tamanho de partículas e

aceitabilidade dos animais (VIEIRA, 2010).

A silagem de milho (Zea mays) e a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.)

representam duas das principais fontes de forragem para a alimentação de bovinos

leiteiros durante o período de entressafra no Brasil. Sendo que a cana-de-açúcar possui

elevada produtividade, o baixo custo por unidade de MS e a manutenção do valor

nutritivo por períodos prolongados (WILSON et al., 2012).

Dietas ricas em volumoso, principalmente de baixa qualidade, tendem a

promover o maior incremento calórico no processo digestivo e que por sua vez, em

condições de temperaturas ambientais estressantes tendem a diminuírem o consumo de

matéria seca. Bacari Junior (2001), afirma que às respostas de vacas em lactação ao

estresse calórico incluem redução no consumo de forragem como porcentagem do total

de alimento, quando oferecida separadamente.

Vacas leiteiras de alta produção são mais sensíveis aos efeitos do estresse

térmico do que aquelas de menor produção láctea, pois em condições ambientais

estressantes, vacas de produção elevada têm o seu consumo alimentar reduzido e,

portanto, os animais não têm as suas necessidades nutricionais atendidas, implicando

em queda na produção leiteira (SILVA, 2000).

A magnitude do estresse térmico é causada pelo efeito combinado de alta

temperatura e umidade relativa do ar, elevada incidência de radiação solar e baixa

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velocidade do vento, o que reduz a eficiência da perda de calor (DIKMEN e HANSEN,

2009).

Para redução dos efeitos causados pelo estresse térmico, em particular sobre a

produção de leite, podem-se adotar tecnologias que possibilitem o manejo estratégico do

rebanho atendendo as exigências nutricionais de raças adaptadas ao ambiente (SOUZA

et al., 2003).

O presente trabalho teve o objetivo avaliar o desempenho produtivo de vacas em

lactação submetidas à dieta, a base de volumosos suplementares e concentrados com

densidades energéticas distintas, em condição ambiente diferenciado, a fim de detectar

os principais fatores que mais interferem na produção e qualidade do leite de vacas

Holandesas confinadas.

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15

2. REVISÃO DE LITERATURA

A produção animal, baseada no uso de pastagens e de forragens conservadas,

consiste em uma das alternativas mais competitivas e rentáveis de exploração do fator

produtivo da terra. Entretanto, para categorias de animais que apresentam requerimentos

nutricionais mais elevados, o fornecimento de apenas pastagens ou forragens

conservadas pode ser incapaz de obter altos desempenhos (REIS e SILVA, 2006).

Os alimentos consumidos pelos ruminantes são inicialmente expostos à ação dos

microrganismos ruminais antes de sofrerem as digestões no abomaso e no intestino.

Bactérias e protozoários agem sobre substratos na dieta, promovendo a fermentação e

determinando o desempenho produtivo do ruminante (MACKIE; WHITE, 1990).

O consumo de matéria seca (MS) é uma das variáveis mais importantes que

afetam o desempenho, sendo influenciado por características do animal, do alimento, e

das condições de manejo alimentar. O consumo é inversamente correlacionado ao teor

de fibra em detergente neutro (FDN), quando este se situa acima de 55 a 65%. Tem-se

também que, quando a densidade energética é alta, em relação às exigências do animal,

e quando a dieta apresenta baixa densidade energética, o consumo será limitado pelo

enchimento físico (MERTENS, 1992).

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16

O consumo de MS irá depender, de forma direta, da eficiência do ruminante em

processar e utilizar o alimento no ambiente ruminal para a produção de energia, sendo o

consumo dependente da digestibilidade do alimento (NRC, 2001).

A estimativa da digestibilidade é reconhecida como um parâmetro do valor

nutritivo do alimento, sendo definida como a fração do alimento ingerido que pode ser

absorvida no trato digestivo e não recuperada na excreção fecal (CABRAL et al., 2008).

O consumo e digestibilidade de nutrientes podem estar correlacionados entre si, em

função da qualidade da ração. Forragens de melhor qualidade atingem rapidamente o

ponto final de digestão, minimizando a limitação de consumo pelo “enchimento”

ruminal (PATERSON et al., 1994).

A digestibilidade dos nutrientes é um dos componentes básicos na determinação

da energia dos alimentos para a produção de leite. Entretanto, existe uma complexa

relação entre proteína dietética e energia e a quantidade de proteína que será utilizada

pelo animal (BRODERICK, 2003).

A qualidade da forragem está diretamente relacionada com o consumo

voluntário do alimento, sua digestibilidade e eficiência com o qual os nutrientes

digeridos são utilizados pelo animal (VALENTE, 1977). O consumo pelo animal é

importante para avaliar o valor nutritivo dos alimentos, tendo em vista que o volume de

nutrientes ingeridos e o desempenho animal dependem da quantidade e qualidade dos

alimentos consumidos.

O consumo é influenciado por uma série de fatores que afetam o desempenho,

como: o animal (nível de produção, estado fisiológico, peso, tamanho, variação de peso

vivo), o alimento (FDN efetiva, densidade energética, volume), as condições de

alimentação (disponibilidade e frequência de alimentação, tempo de acesso ao alimento

e espaço no cocho), e fatores do ambiente (MERTENS, 1994).

A fibra pode ser definida nutricionalmente como a fração do alimento que ocupa

espaço no trato gastrointestinal dos animais que é lentamente digestível ou indigestível,

sendo indispensável na dieta de ruminantes (MERTENS, 1997).

A concentração elevada da fração fibrosa do alimento também irá reduzir o

consumo voluntário e, consequentemente, a disponibilidade de energia no rúmen. Isto

ocorre pelo efeito de enchimento do rúmen antes que todos os nutrientes necessários aos

animais sejam ingeridos, como também a saturação da capacidade de ruminação, o que

refletirá na limitação da produção do leite. Entretanto, a quantidade mínima de fibra é

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essencial para manter o balanço adequado da fermentação ruminal, prevenir a depressão

de gordura no leite e queda do pH ruminal. É por isso que a qualidade da fibra torna-se

um fator muito importante na dieta de ruminantes, particularmente vacas em lactação

(MERTENS, 1992; DIAS, 1997).

Alimentos ricos em fibra promovem maior incremento calórico no organismo de

animais ruminantes, devido à fermentação que sofrem no processo digestivo (NOBRE

et al., 2013). Com o objetivo de reduzir a produção ou promover a perda de calor,

evitando assim o estoque adicional de calor corporal, os animais realizam alterações no

seu comportamento como redução do consumo de forragem em relação ao concentrado

(SOUZA et al. 2011).

A principal fonte de produção de calor pela vaca é através do metabolismo

digestivo dos alimentos. As bactérias que fermentam os grãos e forragens produzem

calor quando convertem o amido e as fibras em ácidos graxos voláteis (AGV´s: acetato,

propionato e butirato). As reações químicas destas conversões não são 100% eficazes,

sendo que a energia perdida é liberada em forma de calor. Assim, entender como o calor

é produzido permite compreender como as alterações na dieta podem mudar a

quantidade de calor produzido pela vaca (SANCHEZ, 2003).

A FDN é um nutriente primário nas rações de vacas leiteiras, e representa a

fração de carboidratos estruturais dos alimentos (parede celular: celulose, hemicelulose

e lignina) que exerce influência no desempenho e no teor de gordura no leite, e estimula

as atividades de mastigação e secreção da saliva. Assim, dietas para vacas em lactação

devem conter uma concentração mínima de FDN (25%) para manter a função ruminal

normal e evitar a ocorrência de distúrbios metabólicos (NRC, 2001).

A baixa ingestão de fibra ocasiona mudança na população microbiana, com

aumento na produção de lactato ruminal, diminuindo o pH e reduzindo a atividade das

bactérias celulolíticas (SANTINI et al., 1992). Como o pH ruminal está diretamente

relacionado aos produtos finais da fermentação e a taxa de crescimento dos

microrganismos ruminais, a sua estabilidade é atribuída em parte, à saliva, que possui

alto poder tamponante, e a capacidade da mucosa ruminal em absorver os ácidos graxos

voláteis produzidos na fermentação ruminal (VAN SOEST, 1994).

Animais, cujo pH ruminal se encontra abaixo de 6,0, a degradação da fibra é

bastante prejudicada, diminuindo a produção de ácido acético, em contraposição ao

ácido propriônico que irá aumentar. Sendo o ácido acético o principal precursor da

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gordura do leite, a sua redução está diretamente relacionada à queda na produção de

gordura (NOCEK, 1997).

A diminuição do pH reduz a degradabilidade da proteína, celulose, hemicelulose

e pectina, embora seus efeitos sejam memores sobre a digestão do amido (HOOVER e

STOKES, 1991). Caso ocorra redução moderada no pH ruminal, até aproximadamente

6,0, a digestão da fibra decresce moderadamente, embora o número de microrganismos

fibrolíticos não seja normalmente influenciado.

Quando o pH atinge 5,5 a 5,0, ocorre a redução no número de microrganismos

fibrolíticos, bem como suas taxas de crescimento, podendo causar inibição na digestão

da fibra (HOOVER, 1986).

Sendo assim, conhecer o metabolismo ruminal é fundamental para entender

quais são os pontos críticos na nutrição e manejo alimentar da vaca leiteira que

influenciam de forma direta na produção e composição do leite. Em nutrição de gado

leiteiro os principais objetivos são promover o consumo dos alimentos, maximizar a

fermentação ruminal elevando a produtividade (CLARK, 1992; STOKES et al., 1991).

2.1 Cana-de-açúcar

O uso de cana-de-açúcar fornecida fresca na alimentação de ruminantes tem

importância cada vez maior no Brasil, tendo em vista a redução do custo de alimentação

sem perdas expressivas no desempenho animal. Em sistemas de produção bovina de

leite, tem se utilizado a cana-de-açúcar em substituição às silagens de milho e sorgo,

fontes de alimentos volumosos mais utilizados. Entretanto, as limitações nutricionais

desta forrageira, com baixo teor de proteína, fibra de baixa degradação ruminal,

aumento na quantidade de protozoários no rúmen e desbalanço de minerais, têm

limitado seu uso em sistemas de produção de leite de maior nível de manejo e

alimentação. Assim, sua utilização em sistemas de menor manejo e alimentação tem

sido prática de suplementação comum no período da seca (PRESTON, 1982;

BALSALOBRE et al., 1999).

As principais justificativas para sua utilização é a facilidade de cultivo, execução

da colheita nos períodos de estiagem e o alto potencial de produção de MS e energia por

unidade de área, simplicidade operacional para manutenção, condução da cultura e

facilidade em aquisição de mudas, manutenção do valor nutritivo por longo espaço de

tempo após atingir sua maturidade (até seis meses), desenvolvimento de tecnologia para

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o seu cultivo (FREITAS et al., 2006; SIQUEIRA et al., 2008; OLIVEIRA, 2007).

Entretanto, vários aspectos relacionados a manejo agronômico, colheita,

picagem são negligenciados pelos produtores, o que leva o insucesso do uso desta

forrageira. Outra questão são as formas de uso, pois, normalmente, é colhida todos os

dias, o que muitas vezes inviabiliza sua utilização (SIQUEIRA et al., 2012).

O valor nutricional da cana-de-açúcar está diretamente correlacionado com o seu

alto teor de açúcar, variável entre 40 a 50% na MS. Em função do seu alto teor de

carboidratos solúveis, a cana é classificada como um volumoso de média qualidade,

contendo um valor médio de 58,9% de nutrientes digestíveis totais (NDT), mas com

baixos teores de proteína bruta (PB - valor médio de 3,8%), e fósforo, com valor médio

de 0,06%. Por isso a cana-de-açúcar é um alimento desbalanceado, não sendo

recomendado o seu uso como alimento exclusivo (THIAGO e VIEIRA, 2002).

Com relação à FDN, a cana-de-açúcar apresenta 40 a 50%, quando colhida no

momento adequado, porém esta fibra é de baixa qualidade, o que resulta em efeito

marcante no consumo voluntário dos animais (BONOMO et al., 2009). Enquanto, em

silagens de milho a porção indigestível da fibra é de 28% (PIRES et al., 2010).

Essa maior porção da fração indegradável, é o principal entrave da utilização

desta forrageira, pois proporciona baixa digestibilidade da fração fibrosa o que afeta a

repleção ruminal, de modo a impactar negativamente no consumo dessa forrageira

(SIQUEIRA et al., 2012). A repleção ruminal expressa o tempo que o alimento

permanece no rúmen, sofrendo os efeitos físicos de passagem, decorrentes da

mastigação durante a ruminação e da digestão pelos microrganismos do rúmen

(WALDO et al., 1972).

No caso da cana-de-açúcar, outra saída para a sua utilização pode ser a redução

de seu uso na dieta de acordo com o aumento na participação do concentrado. Estas

mudanças podem proporcionar maior aporte de matéria orgânica digestível, o que

levaria a um aumento da concentração de energia, diminuição da concentração de fibra

de baixa digestibilidade e, consequentemente, ao maior consumo de matéria seca para

atender às exigências energéticas do animal (COSTA et al., 2005).

Por outro lado, excesso de concentrado na dieta pode provocar diversos

distúrbios metabólicos, como consequência do rápido abaixamento do pH ruminal,

principalmente porque a cana-de-açúcar apresenta alto teor de carboidratos prontamente

fermentáveis. Além de que, como o custo do concentrado geralmente é elevado,

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20

aumentar as proporções na dieta podem não ser economicamente viáveis (COSTA et al.,

2005).

O uso de diferentes proporções de volumoso:concentrado pode influenciar

indiretamente, a produção de leite em função do consumo voluntário, e diretamente o

teor de gordura no leite. Assim a, maior participação da ração concentrada na dieta pode

influenciar os valores de pH ruminal e, sobretudo, afetar a relação acetato:propionato,

que por consequência pode reduzir o teor de gordura do leite pela diminuição desta

relação (COSTA et al., 2005).

Segundo Dhiman e Satter (1997), a utilização de duas forrageiras misturadas em

dietas de vacas lactantes é uma prática de manejo nutricional que induz maior

uniformização no consumo de nutrientes, retirando, dessa forma, os riscos decorrentes

da falta de algum nutriente.

2.2 Silagem de milho

A silagem é o principal volumoso conservado utilizado nos diferentes sistemas

de produção animal no Brasil, sendo que a silagem de milho ocupa lugar de destaque

em relação à de sorgo ou de gramíneas perenes. Por suas características qualitativas e

quantitativas, o milho (Zea mays L.) é a cultura de maior utilização para ensilagem, pois

permite o armazenamento e conservação do volumoso em maior quantidade nos

períodos de sazonalidade, além de ter boa aceitação pelos animais (ARAÚJO, 2011).

Este volumoso tem sido bastante utilizada devido ao fato de se adaptar a uma

grande diversidade de ambientes, sua composição bromatológica que atende as

exigências para a confecção de uma boa silagem, elevada produtividade, baixo poder

tampão e níveis adequados de carboidratos solúveis para a fermentação (NUSSIO et al.,

2001).

A qualidade e o valor nutricional de uma silagem irão depender

fundamentalmente do cultivar utilizado, do estádio de maturação no momento do corte e

da natureza do processo fermentativo, o que refletirá diretamente na composição

química e consequentemente no desempenho animal (RODRIGUES et al., 1996).

Estudos realizados por Lavezzo e Siqueira (1997), sendo o milho ensilado

quando os grãos apresentavam nos estádios de leitoso, pamonha, farináceo e semi-duro,

registraram valores médios de proteína bruta nas silagens variando de 6,75% a 7,66%,

FDN variando de 56,45% a 61,57%, FDA de 30,05% a 37,74%, lignina de 6,82% a

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8,01% e cinzas variando de 4,87% a 5,58%.

Entretanto, a utilização de silagens de milho requer investimento financeiro

anual em mão de obra, cultivo, corte e ensilagem, resultando em uma silagem mais

onerosa em relação à utilização de capineiras. Logo, a implementação de uma

tecnologia que possibilite o aproveitamento da cana-de-açúcar, permite a redução dos

custos de produção na cadeia produtiva do leite (SILVA, 2012).

2.3 Ambiente

O ambiente exerce forte influência sobre o desempenho animal, por afetar

mecanismos de transferência de calor e, assim, a regulação do balanço térmico animal e

o meio. O animal dentro de um ambiente considerado adequado produziria de acordo

com seu potencial genético, no qual os limites térmicos do ambiente são estabelecidos

como confortantes ou estressantes (PERISSINOTTO, 2009).

O ambiente é considerado confortável quando o animal se encontra em

equilíbrio térmico, ou seja, o calor produzido pelo metabolismo é perdido para o

ambiente sem prejuízo na homeostase animal (SILVA et al., 2010).

Em ambientes tropicais, a magnitude do estresse térmico é causada pelo efeito

combinado de alta temperatura e umidade relativa do ar, elevada incidência da radiação

solar e baixa velocidade do vento, o que reduz a eficiência da perda de calor (DIKMEN

e HANSEN, 2009).

A temperatura ótima para exploração leiteira depende da espécie, raça, idade,

consumo alimentar, nível de produção, pelame e grau de tolerância do animal ao calor e

frio. A raça Holandesa, especializada em produção leiteira, possui zona de

termoneutralidade situada entre 4 a 26ºC (HUBER, 1990), em que a homeotermia é

mantida indiretamente pelos processos de transferência de calor por radiação,

convenção, condução e evaporação que ocorrem na superfície do animal (AZEVEDO et

al., 2005).

Animais que são submetidos à temperatura fria conservam a energia por

isolamento, isolamento do tecido (vasoconstrição periférica) e produção de calor

induzida pelo frio (calafrios). Em temperatura elevada a produção de calor é mínima, e

as respostas termorreguladoras estão limitadas em diminuir o isolamento de tecido por

vasodilatação e aumento da área de superfície efetiva, alterando a postura (CURTIS,

1983; YOUSEF, 1985).

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A temperatura crítica superior depende do grau de aclimatação, nível de

produção, estádio gestacional, circulação de ar em torno de animais e umidade relativa

(FUNQUAY, 1981; SHEARER E BEED, 1990; YOUNG, 1981).

O animal perde calor através de duas formas: sensível e insensível. A forma

sensível de perda de calor ocorre por meio de radiação, condução e convenção e,

acarreta alterações na temperatura ambiente. O aumento gradativo da temperatura do

meio dificulta a dissipação do calor da forma sensível, sendo necessária então a ativação

de outros mecanismos como a sudorese e aumento da frequência respiratória, sendo esta

de forma insensível, que é influenciada pela umidade, ou seja, quanto maior a umidade

relativa do ar aliada a altas temperaturas, menos eficiente é a dissipação do calor.

(SOUZA e BATISTA, 2012).

Segundo Silva et al. (2002), ao se utilizar artifícios geradores de melhorias das

condições ambientais das instalações (ventiladores, nebulizadoreses e nebulizadores), a

resposta dos animais é sempre positiva, pois favorece a criação de um microclima capaz

de promover o bem-estar animal, a partir de uma determinada zona de neutralidade.

Existe uma grande variedade de sistemas de resfriamento ambiental disponível

para vacas leiteiras. O sistema comumente utilizado é o de aspersão, onde se borrifa

água nos animais, permitindo a perda de calor devido à evaporação da água retida na

superfície da pele e pêlos e elevando a umidade do ambiente (PERISSONOTTO et al.,

2007). Assim, o principal benefício deste sistema está baseado no consumo de alimento

e consequente aumento de produção (BUCKLIN e BRAY, 1998).

Bacari Junior (2001) relata que além das altas temperaturas, que expõe os

animais ao estresse térmico, a ingestão de alimentos também influencia a produção de

calor nos ruminantes e ainda, tanto a quantidade quanto a qualidade do alimento

interferem na produção do calor endógeno, com consequente aumento das variáveis

fisiológicas. Como consequência desse estresse calórico, ocorre uma redução na

ingestão de matéria seca e um balanço energético negativo, que resulta em falta de

nutrientes para o crescimento, produção e reprodução.

À medida que a temperatura aumenta a quantidade de energia consumida para a

manutenção da homeotermia também se eleva, para isso, a ingestão de matéria seca

precisaria aumentar, porém, quando o estresse térmico é intenso a ingestão de matéria

seca diminui, os níveis de energia da vaca são duplamente afetados: maior necessidade

de energia para manter a homeotermia e menor consumo de energia; em consequência a

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produção de leite também diminui (STAPLES, 2009).

A redução da disponibilidade de nutrientes para a produção de leite é o grande

fator responsável pela queda de produção de vacas em estresse térmico pelo calor. O

processo de ingestão e digestão dos alimentos gera em torno de 25 a 30% do calor

corporal da vaca leiteira a ser dissipado para o ambiente. Além do calor produzido pela

alimentação, soma-se ainda o calor produzido pela produção de leite, que envolve

grande produção e liberação de calor. Assim as vacas leiteiras diminuem a produção de

leite para reduzir essa produção e liberação de calor (FERREIRA, 2005).

Animais submetidos a estresse térmico reduzem o número de refeições diárias,

duração das refeições e o consumo de MS por refeição. Altas temperaturas reduzem a

frequência de alimentação durante as horas mais quentes do dia, aumentando a

frequência nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. O consumo de água

também é influenciado pelo estresse térmico, sendo maior nas horas mais quentes do

dia, nas primeiras horas da manhã, final da tarde e noite (DAMASCENO et al., 1999).

Ominski et al., (2002) observaram uma diminuição de 6,5% do consumo de

ração após o estresse térmico a curto prazo, e quando o animal foi submetido a fase de

recuperação do consumo de MS permaneceu deprimido, o que indica que a recuperação

do estresse térmico não é imediata.

Chen (1993) avaliou o efeito da qualidade suplementar em vacas leiteiras

expostas a estresse térmico. A produção de calor foi maior que 11% para vacas

alimentadas com proteína de alta qualidade, do que as alimentadas com proteína de

qualidade inferior.

Passini et al. (2009), relataram que vacas leiteiras, mesmo quando não lactantes,

submetidas a estresse térmico, reduzem consideravelmente a ingestão alimentar e, como

consequência, ocorre um comprometimento do aproveitamento dos nutrientes da dieta

por parte dos mesmos, uma vez que foi verificado uma redução (P<0,05) de 49 e 55 %

na digestibilidade de matéria seca e proteína bruta, respectivamente, dos animais

estressados, comparado aos animais mantidos em conforto térmico. Nesse trabalho o

grupo submetido ao estresse térmico permaneceu em ambiente com temperatura em

torno de 21ºC, e os animais submetidos a condições de estresse, a temperatura média foi

de 38ºC.

Em razão da redução do consumo de alimento, se faz necessário oferecer aos

animais uma dieta com maior densidade de nutrientes para evitar a queda na produção

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de leite. Dietas com baixo teor calórico reduzem a quantidade de calor e o decréscimo

na relação de forragem com concentrado pode ser considerada uma alternativa,

principalmente se a dieta contiver uma maior concentração de lipídeos (PIMENTEL,

2007).

As condições ambientais também são determinantes para que os animais possam

expressar o seu potencial genético. Diferente dos transtornos metabólitos que possam

causar dificuldade do organismo animal em superar o desafio da alta produção de leite,

o estresse causado pelo calor abrange animais em qualquer nível de produção de leite.

Altas temperaturas, dias longos e sombreamento insuficiente no verão não são as

melhores condições para vacas em lactação. Segundo West (2003), em tais condições as

vacas leiteiras têm dificuldades de dissipar o excesso de calor corpóreo e,

consequentemente, apresentam redução na produção de leite e alteração na composição

do leite.

2.4 Qualidade do leite

O leite contém aproximadamente 87,4% de água e 12,6 % de sólidos totais.

Dentre os sólidos totais 3,9% corresponde a proteína bruta, 4,6% à lactose e 0,9% aos

minerais e vitaminas (HARDING, 1995).

A produção e a qualidade do leite de vaca são influenciadas por fatores

ambientais como nutrição, clima, estação do ano, número e intervalo entre ordenhas,

fatores genéticos como raça, e fatores fisiológicos como idade ao primeiro parto,

período de lactação e ordem do parto. As variações que ocorrem com o avanço da idade

da vaca são, principalmente, causadas por fatores fisiológicos e proporcionam

desempenhos máximos com a maturidade do animal (RIBEIRO et al., 2008).

Entretanto, a manipulação da dieta é uma importante ferramenta e tem sido

utilizada com intuito de alterar a produção e composição do leite, buscando produzir um

alimento de melhor qualidade e, concomitantemente, elevar a taxa de seus componentes,

aumentando o retorno econômico para o produtor (OLIVEIRA e CÁCERES, 2005).

Segundo Fredeen (1996), dentre os componentes do leite capazes de sofrer

variações pela nutrição, 50% são no teor de gordura e proteína do leite; enquanto a

lactose apresenta pouca capacidade de se alterar.

A faixa de alteração no teor de proteína no leite varia entre 0,1% e 0,2%. A

tentativa de se aumentar o teor de proteína no leite pela nutrição, é, geralmente,

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acompanhado pelo volume de produção (SANTOS e FONSECA, 2007).

A excreção de proteína no leite é dependente do fluxo de proteína no intestino

delgado, sendo que a principal fonte para esse segmento é a proteína microbiana,

majoritariamente das bactérias ruminais. Assim, quanto mais aminoácidos forem

absorvidos, mais substrato haverá para a síntese de caseínas e proteína do leite

(MATTOS, 2005).

A síntese de proteína microbiana é dependente da disponibilidade de energia e

esqueletos de carbono durante o metabolismo ruminal de carboidratos (HALL e

HEREJK, 2001). Carboidratos rapidamente fermentescíveis, como o amido, têm sido

associados ao maior conteúdo de proteína no leite devido à maior energia disponível e à

maior quantidade de propionato e proteína microbiana produzida (JENKINS e

MCGUIRE, 2005).

O aumento no teor de proteína do leite está relacionado ao consumo de matéria

seca, otimização da proteína microbiana, uso de gordura na dieta e a relação

volumoso:concentrado. Maior disponibilidade de ácido propriônico no rúmen, que

estimula a concentração de insulina e uma fermentação ruminal mais ativa com maior

produção de proteína microbiana, que contribui para este aumento (LIMA, 2005).

O estágio da lactação também possui influência sobre o teor de proteína. Santos

e Fonseca (2007) citam que uma vaca Holandesa na primeira semana de lactação com

nível de proteína de cerca de 4%, sofre declínio para 3% próxima a sexta semana e volta

a aumentar no fim da lactação.

O teor de nitrogênio ureíco no leite (NUL) é influenciado pela ingestão de PB da

dieta, que pode ser pela fração de proteína degradável no rúmen e/ou da proteína não

degradável no rúmen, além disso, pela relação destas com a ingestão de energia

(BRODERICK e CLAYTON, 1997). Diante disso, o NUL tem sido utilizado como

indicador da fração proteica (KOHN, 2000), principalmente pela adequação da relação

proteína e energia da dieta de vacas em lactação (BRODERICK e CLAYTON, 1997).

A concentração de ureia no sangue está altamente relacionada com a

concentração de NUL (BUCHOLTZ e JONHSON, 2007). O valor médio de NUL em

um rebanho leiteiro deve estar entre 12-16mg/dL, respectivamente. Valores médios

acima de 16mg/dL indicariam deficiência na fermentação de carboidratos não fibrosos,

excesso de proteína na dieta e/ou desequilíbrio entre as disponibilidades de energia e

nitrogênio dentro do rúmen (GRANT, 2005).

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A gordura é o maior componente energético do leite e responsável por algumas

propriedades físicas, qualidades industriais e sensoriais dos produtos lácteos. E vem

despertando o interesse dos produtores devido seu valor econômico e pelo fato de

representar o menor custo energético para as vacas na produção dos componentes do

leite (BAUMAN e GRIINARI, 2001).

A gordura do leite é composta principalmente por triglicerídeos, sendo que 50%

deles são sintetizados nos alvéolos da glândula mamária, formada a partir de ácidos

graxos de cadeia curta, acetato e betahidroxibutirato, produzidos pela fermentação no

rúmen. Os outros 50% sintetizados a partir de ácidos graxos de cadeia longa obtidos

diretamente da dieta e sofrem alterações no trato digestório ou mobilizados da gordura

corporal (FONSECA e SANTOS, 2000).

Este é o componente do leite mais passível de oscilações, que podem ocorrer por

fatores fisiológicos e ambientais. Os fatores fisiológicos têm relação com o balanço

energético e oferecem um pequeno potencial prático de manipulação. Quanto aos

fatores ambientais, a nutrição se destaca como uma ferramenta prática para alterar a

produção e composição de gordura no leite (BAUNAN e GRIINARI, 2001).

Os principais fatores que modificam a composição da gordura são: a natureza da

fonte lipídica e a fonte de fibras das dietas (MORAND-FEHR et al., 2000).

As vacas alimentadas com menor quantidade de fibra pode ter seu desempenho

reduzido, e pode ser descrita por uma série de eventos que se inicia pela redução da

atividade mastigatória, menor secreção de saliva, favorecendo redução do pH ruminal,

alteração do padrão de fermentação, redução da relação acetato:propionato que altera o

metabolismo animal, reduzindo o teor de gordura no leite (CARVALHO et al., 2001).

As principais dietas que causam redução no teor de gordura no leite se dividem

em dois grupos: o primeiro é formado por rações que fornecem grandes quantidades de

carboidratos fermentáveis e reduzidas quantidades de componentes fibrosos, enquanto

que o segundo grupo abrange rações com conteúdos de fibra adequada, porém, com

reduzido tamanho da partícula que dificulta a atividade normal do rúmen (GRIINARI et

al., 2004).

A lactose é o principal componente osmoticamente ativo do leite e o menos

afetado pela dieta. A lactose é considerada um “marca-passo” da produção de leite, ou

seja, quanto mais ácido propiônico estiver disponível para a síntese de lactose no úbere,

maior será a secreção de leite. À medida que se aumenta o fornecimento de concentrado

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na dieta, aumenta a produção de ácido propiônico no rúmen, consequentemente, a

síntese de lactose na glândula mamária e a produção de leite (SANTOS; FONSECA,

2000).

A contagem de células somáticas (CCS) é o principal indicador da qualidade do

leite e são todas células no leite que tem origem do sangue (leucócitos) e células de

descamação do epitélio glandular secretor (NATZKE, 1981). A CCS é um critério de

qualidade do leite cru, já que a glândula mamária doente produz leite com composição

alterada, o que resulta em leite fluido e produtos lácteos de qualidade reduzida

(GIGANTE, 2008).

Essa redução ocorre devido à alteração nas células epiteliais secretoras e na

permeabilidade vascular no alvéolo secretor durante a infecção. A extensão da perda é

influenciada por diversos fatores como gravidade da infecção, tipo de microrganismo

causador, duração, idade do animal, época do ano, estado nutricional e potencial

genético. À medida que a ordem e o estádio de lactação avançam, são observados

aumentos na CCS em razão da maior resposta celular de vacas adultas à ocorrência de

mastite subclínica, aumento da prevalência de infecções e lesões residuais de infecções

anteriores (SCHULTZ, 1977).

As alterações da composição do leite provocadas pela elevada CCS são:

diminuição da concentração da caseína, gordura, lactose e potássio, bem como aumento

da concentração de sódio, cloro e proteínas do soro (RIBAS, 1999).

Segundo Fuquay (2011), vacas submetidas ao estresse térmico apresentam a

CCS elevadas no leite. Esses autores constataram que a vacas expostas a esta condição

apresentaram redução de 16% do número de leucócitos no sangue. Nesse sentido,

afirma que o sistema imune das vacas fica deprimido e assim fica menos apto a lidar

com as infecções da glândula mamária.

O ambiente aliado ao grau nutricional dos animais pode ocasionar distúrbios

fisiológicos. Dessa maneira, uma vaca em lactação em condições de frio intenso poderá

utilizar parte do incremento calórico, que é o calor excedente do metabolismo gerado

por ineficiência bioquímica na célula, para manter a temperatura corporal. Contudo em

condições de ambiente com calor intenso e baixa qualidade das fibras dos volumosos

nas dietas, o incremento calórico torna-se um problema para o animal, em decorrência

do gasto energético para manter a homeotermia, levando assim a menores produções de

leite, provavelmente pelo estresse e desconforto térmico (CONCEIÇÃO, 2010).

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Nessas condições, dietas mais equilibradas e de alta qualidade, aliada aos fatores

de melhorias de conforto térmico, como ventiladores e nebulizadores, seriam uma

ferramenta importante para minimizar os gastos energéticos para a manutenção da

homeotermia, diminuir o incremento calórico e melhorar a eficiência produtiva e a

qualidade do leite de vacas Holandesas confinadas.

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Capítulo 2 – Impacto na produção e qualidade do leite pela combinação ou não de

volumosos em dietas de vacas Holandesas

Resumo

Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo de vacas em lactação submetidas à dieta,

composta por volumosos suplementares e concentrados com densidades energéticas

distintas, em condição ambiente diferenciado, a fim de detectar os principais fatores que

mais interferem na produção e qualidade do leite. Foram utilizados 8 vacas Holandesas,

em quadrado latino 8 x 8, em esquema fatorial 2x2x2, com os seguintes fatores: dieta

para níveis de exigência de produção de 20 e de 40 kg de leite/dia, duas fontes de

volumosos (silagem de milho: SM, combinação de cana-de-açúcar com silagem de

milho 1:1 na MS: CSM) e duas condições ambientais (com e sem ventiladores e

nebulizadores: CVN e SVN, respectivamente), com períodos de 20 dias, sendo 11 dias

de adaptação e 9 dias de coleta, com duração de 160 dias. Analisando os resultados,

constatou-se que houve maior ingestão de matéria seca (IMS) em percentagem do peso

corporal (4,14% x 3,79% PC) para dieta programada para produção 40 L leite/dia

(P≤0,05), entretanto, a conversão e eficiência alimentar foram melhores para dieta de 20

(0,91 x 1,01; 112,6% x 103,9%, respectivamente) (P≤0,05). Avaliando a IMS, de

maneira fracionada, constatou-se que a dieta 40 propiciou as maiores ingestões de

concentrado (10,8 x 9,3 kg/dia), forragens (11,3 x 10,4 kg/dia) e ureia (0,303 x 0,280

kg/dia); enquanto que para o efeito volumoso, a CSM propiciou maior ingestão de

concentrado (10,9 x 9,1 kg/dia) e ureia (0,333 x 0,278 kg/dia) e menor ingestão da

forragem (10,1 x 11,6 kg/dia) (P≤0,05). Para efeito de produção e qualidade do leite a

dieta de 40 propiciou, maior concentração de nitrogênio uréico no leite (NU) (22,03 x

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20,24 mg/dL) em relação a dieta de 20. No efeito de ventilador + nebulizadores, a

condição SVN propiciou maior concentração de gordura e NU no leite (3,94 x 3,88%;

21,75 x 20,52 mg/dL, respectivamente) em relação a CVN. Para efeito de tipo de

volumoso, a CSM propiciou menor concentração de lactose, porém maior concentração

de NU no leite 4,56 x 4,51%, 19,95 x 22,33 mg/dL). A mistura de cana-de-açúcar com

silagem de milho, 1:1 na MS, aumenta a concentração nitrogênio uréico no leite e

diminui o teor de gordura, por conta do aumento de concentrado na dieta, sem alterar a

produção leite de vacas holandesas. A dieta formulada para exigência de produção de 20

kg/dia de leite para os animais avaliados apresentaram melhor eficiência produtiva. O

uso dos ventilador e nebulizadores provocam aumento no índice de temperatura e

umidade deixando os animais acima do nível crítico de estresse térmico (76,6 de ITU)

na região avaliada.

Palavras-chave: cana-de-açúcar, concentrados, silagem de milho, nebulizadores,

ventiladores

Capítulo 2 - Impact on production and milk quality by mixture or not roughages

diets of Holstein cows

Abstract

This study aimed to evaluate the performance of lactating cows subjected to diet,

consisting of additional bulky and concentrates with different energy densities in

different environment conditions in order to detect the main factors that influence the

production and quality of milk . 8 Holstein cows were used in a latin square 8 x 8 in a

2x2x2 factorial with the following factors: diet for levels of production requirement of

20 and 40 kg milk/day, two sources of roughage (corn silage: SM, combination of cane

sugar with corn silage 1:1 in MS:CSM ) and two environmental conditions (with and

without ventilators and nebulizers: CVN and SVN, respectively), with periods of 20

days and 11 days of adaptation and 9 days of collection, lasting 160 days. Analyzing the

results, it was found that there was a higher dry matter intake (DMI) as a percentage of

body weight (4,14 % vs. 3,79 % BW ) for diet programmed to produce 40L milk/day

(P≤ 0.05), however, the conversion and feed efficiency were better diet for 20 (0,91 x

1,01; % 112,6 x 103,9 %, respectively) (P ≤ 0,05). Evaluating IMS, fractional way, it

was found that the diet of 40 provided the greatest intakes of concentrate (10,8 x 9,3

kg/day), forage (11,3 x 10,4 kg/day) and urea (0,303 x 0,280 kg/day), while for the

massive effect, CSM provided greater intake of concentrate (10,9 x 9,1 kg/day) and urea

(0,333 x 0,278 kg/day) and lower intake of forage (10,1 x 11,6 kg/day) (P≤0,05). For

the purpose of production and quality of milk from the diet led to 40, higher

concentration of milk urea nitrogen (UN) ( 22,03 x 20,24 mg/dL) compared the diet of

20. In effect fan + nebulizers, the SVN condition produced the largest concentration of

fat in milk and NU (3,94 x 3,88 %; 21,75 x 20,52 mg/dL, respectively) compared to

CVN. For purposes of roughage type, CSM showed lower lactose concentration, but

higher concentration of the milk NU 4,56 x 4,51%, 19,95 x 22,33 mg/dL). The mixture

of cane sugar with corn silage, 1:1 in MS, increases in milk urea nitrogen concentration

and decreases the fat content, due to the increase of concentrate in the diet without

changing the milk production of Holstein cows. The diet formulated for the demands of

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producing 20 kg/day of milk for animals evaluated had better production efficiency. The

use of nebulizers fan and cause an increase in the rate of temperature and humidity

leaving the animals above the critical level of heat stress (76,6 ITU) in the evaluated

region.

Keywords : cane sugar, concentrates , corn silage , nebulizers , ventilators

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1. INTRODUÇÃO

O aumento da produtividade leiteira tem sido um dos principais objetivos de

produtores especializados, pois depende de fatores genéticos, sanitários, ambientais e

nutricionais. Nesse sentido, o manejo nutricional é importante para que as vacas

expressem seu potencial, aumentando a resposta produtiva por unidade de uso de

nutrientes (LANA, 2007).

Dessa forma, as dietas, destinadas à produção leiteira, necessitam de forragens

com alta qualidade de modo a obter redução nos custos provenientes da utilização de

concentrados, visando o fornecimento de energia e, ou, proteína para o animal, sem,

contudo, comprometer seu desempenho (MOREIRA et al., 2001).

A utilização de duas forrageiras misturadas em dietas de vacas lactantes é uma

prática de manejo nutricional que induz maior uniformização no consumo de nutrientes,

e diminuí os riscos decorrentes da falta de algum nutriente, que por ventura, possa

ocorrer, por intermédio de diversos fatores ambientais (DHIMAN e SATTER, 1997).

Entre as opções de forrageiras para suplementação no período de estiagem a

cana-de-açúcar tem-se destacado pelo alto potencial de produção e baixo custo, quando

comparada aos alimentos tradicionais como as silagens de milho e sorgo (MENDONÇA

et al., 2004).

Segundo Oliveira et al. (1999) e Soares et al. (2001), a redução do desempenho

animal em consequência à menor quantidade de fibra na dieta é descrita através de uma

série de eventos que se iniciam pela redução da atividade mastigatória, o que eleva à

menor secreção de saliva, e favorece a redução do pH ruminal, alteração do padrão de

fermentação, redução da relação acetato:propianato, que em última análise, altera o

metabolismo animal, com redução no teor de gordura no leite.

Devido à grande ingestão de alimento necessária à produção leiteira, as vacas em

lactação são a categoria que mais sofre os efeitos do estresse térmico. Vacas em

lactação expostas a altas temperaturas ambientais associados à alta umidade relativa e

radiação solar, usualmente respondem com redução na produção leiteira, menor

ingestão de alimento e diminuição no desempenho reprodutivo (WHEELOCK et al.,

2010).

Segundo West (2003), em tais condições as vacas leiteiras têm dificuldades de

dissipar o excesso de calor corpóreo e, consequentemente, apresentam redução na

produção de leite e alteração na composição do leite.

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Segundo Silva et al. (2002), ao se utilizar artifícios geradores de melhorias das

condições ambientais das instalações (ventiladores, aspersores e nebulizadores), a

resposta dos animais é sempre positiva, pois favorece a criação de um microclima capaz

de promover o bem-estar animal, a partir de uma determinada zona de neutralidade.

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho produtivo de vacas

em lactação submetidas à dieta, composta de dois tipos de volumosos e concentrados

com densidades energéticas distintas, em condição diferenciada de ambiente, a fim de

detectar os principais fatores que mais interferem na produção e qualidade do leite de

vacas Holandesas confinadas.

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42

2. MATERIAL e MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Instituto de Zootecnia, localizado no município

de Nova Odessa, SP, a altitude de 550 m, coordenadas 22º 33’ 02” de latitude Sul e 47º

38' 05" de longitude Oeste. O clima da região é do tipo Cwa da classificação Köppen,

tropical, quente e úmido com estação chuvosa no verão e seco no inverno. A

temperatura média anual é de 22ºC, a pluviosidade média anual está próxima de 1200

mm e os ventos são predominantes do sudeste.

O período experimental consistiu de 160 dias, entre os meses de maio a

novembro, sendo 72 dias de coleta de dados, de acordo com o nível de produção de leite

ou persistência da lactação.

2.1 Animais

Foram utilizadas oito vacas Holandesas, multíparas, em lactação, com peso

médio de 600 kg e produção média de 20 kg de leite por dia, distribuídas de acordo com

idade, peso corporal, número de lactação e produção na lactação anterior.

2.2 Instalações

A instalação utilizada com as seguintes características construtivas: 36 m de

comprimento e 12 m de largura, laterais abertas, orientação leste-oeste, corredor de

circulação de 2,9 m, pé-direito lateral de 3,80 m, telhado de duas águas com cobertura

de telha de bar. O piso é de concreto rústico, com linha de alimentação em toda a

extensão de todo galpão, compostos de 6 bebedouros automáticos, localizada

estrategicamente junto ao cocho de alimentação.

O sistema de aspersão possuía 2,5 m acima da linha da cama e constituído por

tubo PVC, com espaçamento entre bicos de 2,8 m. A vazão de água na linha de aspersão

foi de 30 L hora-1

em todos os tratamentos. Foram utilizados 3 ventiladores com

diâmetro de 0,9 m, espaçados a cada 12 m, equipados com motor de 1/4 CV, vazão de

300 m3 hora

-1 495 RPM, com capacidade de produzir movimentação de ar de até 2,5 m

s-1

na altura do dorso do animal.

As instalações do tipo Freestall foram divididas em duas unidades, com

isolamento das condições de umidade e temperatura para a condução do experimento.

Inicialmente, antes de montar o experimento, realizou-se um monitoramento ambiental

(temperatura de bulbo seco e umidade relativa) nas duas unidades para verificar

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possíveis diferenças no microclima interno. Essa avaliação teve duração de 30 dias, nos

quais os equipamentos de climatização não foram acionados.

Durante o período experimental foram registrados dados de temperatura do

bulbo seco (TBS), umidade relativa do ar (UR) e temperatura de globo negro (TGN),

precipitação pluvial, radiação solar e horas de brilhos de sol. Posteriormente,

determinou o índice de temperatura e umidade (ITU) segundo Kelly et al. (1971): ITU =

ts – 0,55 (1-UR) (ts-58), em que ts: temperatura de bulbo seco, TºC; e UR: umidade

relativa do ar expressa como valor decimal. A temperatura e a umidade do ar foram

registradas por intermédio de termoigrógrafo instalado na extremidade leste de frente

dos currais. A partir dos dados foram consideradas as seguintes variáveis: umidade

relativa média do ar, temperatura mínima, máxima e média e número de horas do dia,

definindo temperaturas inferiores a 21oC (frio), entre 21 e 27

oC (conforto) e superior a

27oC (quente) de acordo com Igono et al. (1992).

Adotou-se o sistema de classificação do ITU proposto por Du Preez et al.(1990)

em que ITU inferior a 70 (ausência de estresse), entre 70 e 72 (alerta, alcançando o

nível crítico de estresse), entre 72 e 78 (alerta, acima do ponto crítico), 78 a 82 (perigo)

e superior a 82 (emergência). Os termômetros de globo negro foram instalados a 1,70 m

na lateral do Freestall. As leituras foram efetuadas diariamente em intervalos de uma

hora das 7 as 18 h no período inicial do experimento para estabelecer as faixas padrões

de temperatura.

Para a avaliação do conforto térmico de vacas leiteiras, realizou-se a seleção dos

dias críticos, baseados no conceito de entalpia, a qual representa a quantidade total de

calor presente em uma massa de ar seco, sendo expressa em kJ kg ar seco-1

. De acordo

com a zona de termoneutralidade proposta por Johnson et al. (1976), a entalpia crítica

ocorre quando a TBS é igual ou superior a 24ºC e a UR igual a 76%.

2.3 Tratamentos

O delineamento estatístico utilizado foi quadrado latino (8 x 8), esquema fatorial

2x2x2, com os seguintes fatores: dois níveis de exigência para produção de 20 ou 40 kg

de leite/dia, com o objetivo de explorar o potencial produtivo (efeito de densidade da

dieta); duas fontes de volumosos (tipo de volumoso); e duas condições ambientais

(ventilador + nebulizadores). Dessa maneira, os tratamentos foram compostos por: T1=

20 + SM + C; T2 = 20 + SM + S; T3= 40 + SM + C; T4 = 40 + SM + S; T5 =20 + CSM

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+ C; T6 = 20 + CSM + S; T7 = 40 + CSM + C; T8 = 20 + CSM + S; em que SM =

silagem de milho; CSM = combinação de cana-de-açúcar e silagem de milho, na

proporção de 1:1, com base na % MS, C = com ventilador e nebulizadores; S = sem

ventilador e nebulizadores. Foram adotados períodos de 20 dias, dos quais 11 dias

foram para adaptação aos tratamentos e 9 dias de coleta de dados. Avaliou-se as

variáveis produtivas como ingestão voluntária de matéria seca (IMS em % peso corporal

– PC e em kg/dia), produção de leite, eficiência produtiva e parâmetros físico-químicos

do leite.

O manejo agronômico das glebas destinadas à produção dos volumosos em

teste foi monitorado para que essas plantas apresentassem elevada produtividade

agrícola. O manejo de colheita das plantas foi definido para a maximização do valor

nutritivo das mesmas, cana-de-açúcar com maturidade entre maio-outubro e com

período de crescimento superior a 10 meses e planta de milho para confecção de

silagem foram colhidas aos 100 – 120 dias (maturidade) após emergência de panícula,

com ½ linha leite no grão.

O arraçoamento dos animais durante o período experimental consistiu em dois

horários de alimentação (8 e 16 h), a qual foi fornecida na forma de dieta completa

conforme a tabela 1, composta de silagem de milho ou silagem de milho+cana-de-

açúcar, milho moído, caroço de algodão e/ou farelo de soja e/ou soja grão, premix, sal

mineral e uma mistura de ureia/sulfato de amônio (9:1) a fim de atender as exigências

de produção. A dieta foi formulada de maneira a atender as exigências nutricionais para

a manutenção, produção de leite e gestação, de acordo com o NRC (2001).

Os animais foram ordenhados diariamente, duas vezes ao dia (7:00 e 15:00

horas) em ordenhadeira mecânica, com estrutura de ordenha tipo Tanden, com registro

da produção de leite individual em balão escalonado. A produção de leite foi corrigida

para 3,5% de gordura no leite (SKLAN et al., 1992). Durante as duas ordenhas diárias

foram colhidas amostras de leite individual, dentro de cada período de avaliação e por

cinco dias consecutivos. Essas amostras de leite foram acondicionadas em um frasco

plástico de 50 mL, com a adição de uma pastilha de Bronopol (2-bromo-2-nitropropano-

1,3-diol) e encaminhadas para Clínica do Leite– ESALQ/USP para estimativas dos

parâmetros físico-químicos. As determinações das concentrações de gordura, proteína

bruta, lactose e sólidos totais do leite (leite cru) foram realizadas por equipamento de

absorção infravermelha (BENTLEY INSTRUMENTS, 1995a). A concentração de

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nitrogênio uréico no leite (mg/dL) foi avaliada por método enzimático e

espectrofotométrico de trans-reflectância (BENTLEY INSTRUMENTS, 1998). A

contagem de células somáticas (CCS x 103 células/mL) foi determinada por citometria

de fluxo (BENTLEY INSTRUMENTS, 1995b). O escore linear da CCS do leite (EL)

foi emitido por Lauda do Laboratório Clínica do Leite – ESALQ/USP, obtido pela

transformação da CCS (EL = [Log2 (CCS/100.000)] + 3) (SILVA et al., 2000).

O consumo voluntário de matéria seca (MS) foi mensurado diariamente, no

período de coleta de dados, a partir da diferença entre a quantidade fornecida e a

quantidade de sobras de MS. Ao final de cada 9 dias foi efetuados a pesagem dos

animais com intuito de avaliação da condição corporal por período e obtenção posterior

do consumo de matéria seca (IMS) com base na percentual do peso corporal e em

kg/dia. A determinação da eficiência (EA) de produção de leite foi obtida pela razão

entre leite produzido pelo consumo de matéria seca e a conversão alimentar (CA) que é

o inverso da EA.

O experimento teve inicio com 160 dias pós-parição e constou do ajustamento

de energia em função das fases de estágio de lactação dos animais. Os animais foram

mantidos em confinamento do tipo Freestall adaptado, com e sem ventilador e

nebulizadores, os quais receberão os tratamentos.

Foram realizadas coletas diárias de amostras dos alimentos, tanto dos cochos,

quanto dos silos para análises químico-bromatológicas convencionais. Os volumosos

colhidos foram picados e secos a 60ºC, em estufa de circulação de ar forçada por 72

horas. As amostras foram moídas a tamanhos de partículas de 1 mm e posteriormente

analisadas a composição químico-bromatológica. As amostras foram analisadas para

matéria seca (MS) a 105ºC, cinzas e extrato etéreo (EE) (AOAC, 1990), proteína bruta

(PB) (Wiles et al., 1998), fibra em detergente neutro (FDN; sem sulfito de sódio e de

alfa-amilase, expressa, inclusive da cinza residual), e sequencialmente fibra em

detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al., (1991), lignina (Robertson e

Van Soest, 1981). A matéria orgânica (MO) foi calculada como a perda de peso da

amostra após incineração. Carboidratos não fibrosos foi computada MO – CP – FDN –

extrato etéreo.

As proporções e composição químico-bromatológica das forragens utilizadas nas

dietas, bem como a relação volumoso:concentrado estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

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Tabela 1 -Relação proporcional dos ingredientes na dieta, em % e kg na matéria seca, do concentrado

total, da relação volumoso:concentrado e composição químico-bromatológica das dietas experimentais

Dieta SM Dieta CSM

20 40 20 40

Ingredientes % kg % kg % kg % kg

Silagem de Milho 60,6 10,6 56,1 13,5 25,5 4,8 24,5 5,9

Cana-de-açúcar - - - - 25,2 4,7 24,2 5,8

Mistura Concentrada1 31,4 5,5 30,1 7,2 35,5 6,6 38,4 9,2

Caroço de algodão 8,0 1,4 13,9 3,3 13,8 2,6 12,8 3,1

Concentrado total oferecido 39,4 6,9 43,9 10,5 49,3 9,2 51,2 12,3

Ingestão MS Estimada - 17,5 - 24,0 - 18,7 - 24,0

Rel. volumoso:concentrado 61:39 - 56:43 - 51:49 - 49:51 -

Nutrientes

Proteína bruta 17,4 - 17,6 - 18,7 - 17,5 -

Extrato etéreo 3,8 - 4,8 - 4,6 - 4,5 -

Fibra em detergente neutro 47,3 - 47,3 - 43,4 - 42,6 -

Fibra em detergente ácido 27,4 - 28,4 - 26,4 - 25,5 -

Carboidratos não fibrosos 27,5 - 26,1 - 31,6 - 31,8 -

Nutrientes digestíveis totais 66,5 - 67,0 - 68,5 - 69,0 -

Energia líquida, Mcal/kg MS 1,6 - 1,6 - 1,6 - 1,6 -

Cálcio, g 0,52 - 0,48 - 0,61 - 0,60 -

Fósforo, g 0,29 - 0,32 - 0,31 - 0,32 -

Potássio, g 1,15 - 1,17 - 1,14 - 1,14 -

1Composição da mistura concentrada: milho triturado, 45%; farelo de soja, 26,5%; farelo de trigo,

19,5%; calcário dolomítico, 2,5%; Bicarbonato de sódio, 1,0%; ureia, 2,6%; sulfato de amônio 0,4%;

sal mineral, 1,5%, sal comum (cloreto de sódio), 1,0%.

Tabela 2 -Composição químico-bromatológica dos volumosos e ingredientes concentrados utilizados para

formulação inicial da dieta experimental

Nutrientes Silagem de

milho

Cana-de-

açúcar

Milho

triturado

Farelo

de trigo

Caroço de

algodão

Farelo

de soja

MS, % 30,10 34,50 87,11 88,31 66,13 87,69

MM, % MS 3,95 1,64 1,24 5,48 3,87 6,57

PB, % MS 8,77 1,63 11,39 16,41 24,35 54,18

EE, % MS 1,99 0,89 4,36 4,02 20,13 2,89

FDN, % MS 58,61 50,55 22,32 46,79 50,66 14,82

FDA, % MS 35,18 32,90 15,99 14,77 46,99 10,58

LIG, % MS 4,60 6,18 1,54 4,64 15,72 1,01 MS = matéria seca; MM = matéria mineral; PB = proteína bruta, EE = extrato etéreo; FDN = fibra em

detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; LIG = lignina

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3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Inicialmente, os dados foram analisados quanto à homogeneidade de variâncias e

normalidade dos resíduos, para atendimento das pressuposições da análise de variância.

Quando necessário foram realizadas transformações dos dados de cada variável testada

e os modelos foram adicionados em nota de rodapés de tabelas.

As variáveis respostas ou dependentes analisadas foram: ingestão de matéria

seca (kg/dia e % de peso corporal), produção de leite e leite corrigido para 3,5% de

gordura, composição do leite (proténa bruta, gordura, lactose, sólidos totais, nitrogênio

uréico, escore linear do leite, contagem de células somáticas) analisadas pelo PROC

Mixed do SAS (SAS, 2005), segundo o delineamento em Quadrado Latino 8x8, em

esquema fatorial 2x2x2, com os seguintes fatores: dois níveis de exigência para

produção de 20 ou 40 kg de leite/dia, com o objetivo de explorar o potencial produtivo

(efeito de densidade da dieta), duas fontes de volumosos (efeito de tipo de volumoso) e

duas condições ambientais (com ou sem efeito de ventilador + nebulizadores).

As médias dos tratamentos foram comparadas usando o comando LSMEANS e

testes T e F. O nível de significância considerado foi de 5% de probabilidade.

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4. RESULTADOS

Constata-se na Tabela 3, que não houve efeito de interação entre os fatores

avaliados, mas houve efeito somente dos fatores isolados para as variáveis IMS (% PC e

kg/dia), CA e EA. Houve maior ingestão de matéria seca (IMS, %PC e kg/dia), em

percentagem do peso corporal, (4,14 x 3,79% PC, 22,07 x 19,91 kg/dia) para dieta

programada para produção 40 L leite/dia (P≤0,05), entretanto, a conversão e eficiência

alimentar foram melhores para dieta de 20 (0,91 x 1,01; 112,6% x 103,9%,

respectivamente) (P≤0,05) (Tabela 3).

Quanto aos efeitos de com ventilador+nebulizadores e de tipo de forragem não

foram observadas diferenças significativas quanto as variáveis avaliadas.

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Tabela 3 - Ingestão de matéria seca da dieta, eficiência e conversão alimentar, em função da densidade da

dieta, ambiente, e de tipo de volumoso, e suas respectivas significâncias

Densidade energética da dieta P

Variáveis 20 40 Média Conc. Forr. Inter EP

IMS, %PC 3,79b 4,14a 3,97 <0,0001 0,0734 0,5396 0,0418

IMS, kg/dia 19,91 22,07 20,99 <0,0001 0,2191 0,9609 0,2708

Leite, kg/dia 21,03 21,52 21,28 0,3489 0,9253 0,8330 0,3668

Leite-G, kg/dia 22,28 22,87 22,58 0,2744 0,7490 0,9838 0,3747

CA 0,91a 1,01b 0,96 0,0008 0,3168 0,9359 0,0172

EA, % 112,64a 103,86b 108,25 0,0008 0,3168 0,9357 1,7191

Ambiente P

CVN SVN Média Amb. Forr. Inter EP

IMS, %PC 3,98 3,95 3,97 0,5349 0,0734 0,7314 0,0418

IMS, kg/dia 21,17 20,81 20,99 0,3555 0,2191 0,9606 0,2708

Leite, kg/dia* 21,27 21,28 21,28 0,9835 0,9253 0,8580 0,3668

Leite-G, kg/dia* 22,42 22,73 22,58 0,5576 0,7490 0,8444 0,3747

CA 0,97 0,95 0,96 0,1079 0,3168 0,5961 0,0172

EA, % 106,25 110,25 108,25 0,1080 0,3168 0,5961 1,7191

Tipo de volumoso P

SM CSM Média Forr. Conc. Inter EP

IMS, %PC 3,91 4,02 3,97 0,0734 0,0734 0,5396 0,0418

IMS, kg/dia 20,75 21,23 20,99 0,2191 0,2191 0,9609 0,2708

Leite, kg/dia* 21,25 21,29 21,27 0,9253 0,9253 0,8330 0,3668

Leite-G, kg/dia* 22,49 22,66 22,56 0,7490 0,7490 0,9838 0,3747

CA 0,96 0,96 0,96 0,3168 0,3168 0,9359 0,0172

EA, % 109,48 107,02 108,25 0,3168 0,3168 0,9357 1,7191 Letras diferentes, dentro de cada fator e variável, se diferem pelo teste F (P≤0,05). Efeito de dieta: 20 = dieta formulada para produção

de 20 kg de leite/dia; 40 = dieta formulada para produção de 40 kg de leite/dia); Efeito de ambiência: Cvn = com ventilador e

nebulizadores, Svn= sem ventilador e nebulizadores); Efeito de forragem: SM = silagem de milho, CSM = cana-de-açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS. I Conc.= Ingestão de mistura concentrada; IMS, %PC – ingestão de matéria seca em % de peso corporal, Leite-

G = Leite corrigido para 3,5% de gordura, EA = eficiência alimentar e CA= conversão alimentar. Valores médios originais e dados

transformados para efeito de análise estatística: 1/conversão alimentar

*Produção correspondente aos 9 dias de coleta para avaliação da conversão e eficiência alimentar.

Avaliando a IMS, pelo fracionamento das dietas isoladamente (Tabela 4),

constatou-se que houve efeito tanto da densidade energética da dieta (20 e 40) como

para o efeito do tipo de volumosos (SM e CSM) para as variáveis ingestão de forragem,

concentrados e uréia (P≤0,05), não havendo efeito de ventilador + nebulizadores nas

variáveis avaliadas. Nesse sentido, constatou-se que a dieta 40 propiciou as maiores

ingestões de concentrado (10,8 x 9,3 kg/dia), forragens (11,3 x 10,4 kg/dia) e ureia

(0,303 x 0,280 kg/dia) (P≤0,05) em relação à dieta 20, respectivamente. O mesmo

ocorrendo para o efeito de tipo de volumoso, em que houve maior ingestão de

concentrado (10,9 x 9,1 kg/dia) e ureia (0,333 x 0,278 kg/dia) para a dieta CSM em

relação à dieta SM (P≤0,05). No entanto, para efeito de tipo de volumoso, a dieta CSM

apresentou menor ingestão de volumoso (10,1 x 11,6 kg/dia) em relação a SM (P≤0,05).

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Tabela 4 - Valores médios da ingestão de mistura concentrada, forragem e ureia em função dos efeitos de

densidade energética da dieta, de ambiente e de tipo de volumoso, e suas respectivas

significâncias Densidade energética da dieta P

Variáveis 20 40 Média Conc. Forr. Inter EP

I Conc., kg/dia 9,25b 10,76a 10,01 <0,0001 <0,0001 0,5604 0,1322

I Forr., kg/dia 10,42b 11,29a 10,86 <0,0001 <0,0001 0,3901 0,0060

I Ureia, kg/dia 0,280b 0,303a 0,292 <0,0001 <0,0001 0,6490 0,0040

Ambiente P

CVN SVN Média Amb. Forr. Inter EP

I Conc. kg/dia 10,09 9,92 9,97 0,3157 <0,0001 0,9222 0,1359

I Forr., kg/dia 10,95 10,76 10,86 0,3256 <0,0001 0,9282 0,0060

I Ureia, kg/dia 0,307 0,303 0,305 0,3638 <0,0001 0,9616 0,0040

Tipo de volumoso P

SM CSM Média Forr. Conc. Inter EP

I Conc. kg/dia 9,09b 10,92a 10,01 <0,0001 <0,0001 0,5604 0,1322

I Forr., kg/dia 11,64a 10,07b 10,86 <0,0001 <0,0001 0,3901 0,0060

I Ureia, kg/dia 0,278b 0,333a 0,306 <0,0001 <0,0001 0,6490 0,0040 Letras diferentes, dentro de cada fator e variável, se diferem pelo teste F (P≤0,05). Efeito de dieta: 20 = dieta formulada para

produção de 20 kg de leite/dia; 40 = dieta formulada para produção de 40 kg de leite/dia) Efeito de ambiência: Cvn = com ventilador e nebulizadores, Svn= sem ventilador e nebulizadores. Efeito de forragem: SM = silagem de milho, CSM = cana-de-

açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS. I Conc.= Ingestão de mistura concentrada; I Forr.= ingestão de forragem, I Ureia = ingestão

de ureia na dieta. Valores médios originais e dados transformados para efeito de análise estatística: Log10 (I Forr.)

Na Tabela 5 estão apresentados os valores médios de produção de leite e os

parâmetros qualitativos do leite. Houve respostas significativas para efeito de densidade

energética das dietas, de ventilador + nebulizadores e de tipo de volumoso em função

das variáveis e fatores testados.

A dieta 40 foi superior em concentração de NU no leite (22,03 x 20,24 mg/dL,

respectivamente) comparada a dieta de 20. No entanto, para efeito de ventilador +

nebulizadores, houve menor (P≤0,05) produção de gordura no leite na condição de

SVN e maior concentração de NU no leite (3,94 x 3,88%; 21,75 x 20,52 mg/dL,

respectivamente) em relação a CVN. Na condição de CVN as respostas foram inversas,

ou seja, melhor produção de gordura no leite e menor NU (3,88% x 3,94%; 20,52 x

21,75 mg/dL, respectivamente) em relação a SVN (P≤0,05).

No efeito do tipo de volumoso (Tabela 5), a CSM propiciou menor concentração

de lactose, porém maior concentração de NU no leite (4,51 x 4,56%, 22,33 x 19,95

mg/dL) em relação a SM (P≤0,05). Para SM houve maior teor de lactose e menor

concentração de NU no leite (4,56 x 4,51 %, 19,95 x 22,33 mg/dL, respectivamente) em

relação a CSM (P≤0,05).

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51

Tabela 5 - Valores médios da qualidade do leite em função dos efeitos da densidade energética da dieta,

ambiente distinto e tipo de volumosos, e suas respectivas significância

Densidade energética da dieta P

Variáveis 20 40 Média Conc. Forr. Inter EP

PB, % 3,27 3,28 3,28 0,4321 0,1109 0,8164 0,0111

Gord., % 3,88 3,93 3,91 0,0844 0,7744 0,1102 0,0020

ST, % 12,65 12,71 12,68 0,1784 0,6190 0,2447 0,0330

Lact., % 4,54 4,54 4,54 0,9809 0,0216 0,0626 0,1316

NU, mg/dL 20,24b 22,03a 21,14 <0,0001 <0,0001 0,8467 0,3049

EL 4,61 4,41 4,51 0,3686 0,4480 0,3092 0,1684

CCS 90,49 97,91 94,20 0,2937 0,3238 0,4794 0,0524

Ambiente P

CVN SVN Média Amb. Forr. Inter EP

PB, % 3,29 3,27 3,28 0,1752 0,1109 0,4846 0,0108

Gord., % 3,88a 3,94b 3,91 0,0374 0,7744 0,1737 0,0002

ST, % 12,66 12,70 12,68 0,2491 0,6190 0,3135 0,0324

Lact., % 4,53 4,54 4,53 0,5346 0,0216 0,6211 0,1290

NU, mg/dL 20,52b 21,75a 21,00 0,0026 <0,0001 0,9063 0,2988

EL 4,49 4,52 4,51 0,8752 0,4480 0,8497 0,1651

CCS 85,76 96,42 91,09 0,8290 0,3238 0,9779 0,0513

Tipo de volumoso P

SM CSM Média Forr. Conc. Inter EP

PB, % 3,27 3,29 3,28 0,1109 0,4321 0,8164 0,0111

Gord., % 3,91 3,91 3,91 0,7744 0,0844 0,1102 0,0020

ST, % 12,69 12,67 12,68 0,6190 0,1784 0,2447 0,0330

Lact., % 4,56a 4,51b 4,54 0,0216 0,9809 0,0626 0,1316

NU, mg/dL 19,95b 22,33a 21,14 <0,0001 <0,0001 0,8467 0,3049

EL 4,42 4,59 4,54 0,4480 0,3686 0,3092 0,1684

CCS 97,31 91,09 94,45 0,3238 0,2937 0,4794 0,0524 Letras diferentes, dentro de cada fator e variável, se diferem pelo teste F (P≤0,05). Efeito de dieta: 20 = dieta formulada para

produção de 20 kg de leite/dia; 40 = dieta formulada para produção de 40 kg de leite/dia) Efeito de ambiência: Cvn = com

ventilador e nebulizadores, Svn= sem ventilador e nebulizadores). PB = proteína bruta, Gord. = gordura, ST = sólidos totais, Lact.=

lactose, NU = nitrogênio uréico, EL = escore linear do leite, CCS= contagem de células somáticas. Valores médios originais e

dados transformados para efeito de análise estatística: 1/gordura, Log10(CCS), kg leite**1,5 e lactose**2

Observando os parâmetros ambientais isoladamente, no período da manhã,

durante as fases de coletas constatou-se que houve diferenças significativas (P≤0,05) em

todas as variáveis ambientais que refletiam o efeito ambiência quanto ao uso ou não de

ventilador e nebulizadores (VN).

As variáveis ambientais, como UR, TA, TPO e H, diminuíram

significativamente com o uso do VN em comparação a condição SVN. Houve redução

da UR do ar de 70,6 para 67,9 com a presença do VN, o que provavelmente tenha

aumentado o ITU de 72,3 para 72,8 no período da manhã.

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Tabela 6 – Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período da manhã e da tarde e média do

período durante as fases de coletas

Variáveis UR

(%)

TA

(oC)

TPO

(oC)

H

(kJ)

ITU

P. Manhã

Sem VN 70,6 24,1 19,5 18,02 72,3

Com VN 67,9 23,9 18,8 17,5 72,8

Valor t 3,49 10,84 3,56 5,18 6,77

95% IC 1,2, 4,4 0,2, 0,3 0,3, 1,1 1,1, 2,6 0,4, 0,7

Prob. 0,001 0,000 0,001 0,000 0,000

P.Tarde

Sem VN 46,3 28,9 15,7 17,8 75,7

Com VN 53,1 28,6 19,0 18,8 76,6

Valor t -6,90 15,76 -7,13 -6,20 -5,16

95% IC dm -8,7, -4,8 0,3; 0,4 -4,3;-2,4 -5,2;-2,7 -1,2;-0,6

Prob. 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Média do dia

Sem VN 58,5 26,5 17,6 17,9 74,0

Com VN 60,5 26,2 18,9 18,2 74,2

Valor t -2,68 18,29 -4,34 -2,39 -1,73

95% IC dm -3,5; -0,5 0,3-0,3 -1,9;-0,7 -1,9;-0,2 -0,4; 0,03

Prob. 0,008 0,000 0,000 0,018 0,085

N= 144 medições; Teste T pareado para diferença mínima = 0 (significativo quando diferente de 0);

Prob.= probabilidade > F, 95% IC DM = 95% de intervalo de confiança para diferença mínima (UR =

Umidade relativa do ar; TA = temperatura ambiente; TPO= temperatura em ponto de orvalho; H =

entalpia, energia contida no ambiente; ITU = índice de temperatura e umidade; VN = ventilador +

nebulizadores)

No período da tarde (Tabela 6), observa-se que a temperatura ambiente

permaneceu ao redor dos 29ºC para ambos ambientes (com ou sem VN), porém, na

condição de CVN apresentou maiores valores de UR (53,1 x 46,3%), TPO (19,0 x

15,7oC), H (18,8 x 17,8

oC) que refletiram no aumento do ITU de 76,6 x 75,7.

No valor médio do dia as condições de ITU se mantiveram em condições de

ambiente em estado de alerta de estresse térmico aos animais (74,0 x 74,2).

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53

5. DISCUSSÃO

A maior IMS das vacas da dieta 40, na Tabela 3, ocorreu provavelmente pela

proporção de concentrado consumido pelos animais, pela menor relação

volumoso:concentrado e pela composição bromatológica dieta a base de CSM

formulada para a exigência de 40 kg de leite/dia, em que apresentou maior concentração

de CNF (31,2%) e menor teor de FDN (40,5%) em relação a dieta a base de SM

(Tabela 1). No entanto, essa maior IMS não resultaram em maior produção de leite, o

que foi refletido pela baixa eficiência alimentar e pior conversão alimentar. De acordo

com Mertens (1994), quando a densidade energética da dieta é elevada (baixa

concentração de FDN), em relação às exigências do animal, o consumo é limitado pela

demanda energética, não ocorrendo repleção ruminal, que é o tempo que o alimento

permanece no rúmen, sofrendo os efeitos físicos de passagem.

Provavelmente tenha ocorrido no ambiente ruminal o que Santini et al (1992)

mencionaram que quando a baixa ingestão de fibra ocasiona mudança na população

microbiana, com aumento na produção de lactato ruminal, que reduz o pH no rúmen e

por consequência diminui a atividade das bactérias celulolíticas.

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54

Outra provável resposta pode estar ligada ao potencial genético dos animais

avaliados em que não apresentavam condições suficiente de aumentar expressivamente

o consumo e esse refletir em aumento de produção de leite, fato comprovado pelos

resultados de conversão e eficiência alimentar (Tabela 3) na dieta 40.

No entanto, a produção de leite foi similar para o efeito de densidade da dieta, de

ventilador + nebulizadores e de tipo de volumoso, comprovando que a mistura supriu as

exigências dos animais, produzindo em média 21 kg/leite por dia. Esse fato corrobora

com Biondi et al., (1978) que avaliaram substituição parcial e total da silagem de milho

por cana-de-açúcar (0, 25, 50, 75 e 100%) da MS do volumoso, com aumentos da

quantidade de concentrado, à medida que se elevaram os níveis de substituição, e

encontraram redução linear na produção de leite com a inclusão da cana na ração.

Entretanto, concluíram que, se corretamente suplementada, a cana-de-açúcar poderia

substituir até 50% a silagem de milho.

Assim, Campos et al. (2001, 2002, 2004) constataram que a mistura de cana-de-

açúcar/silagem de milho (50:50MS) promovia melhoria no padrão fermentativo no

líquido ruminal e digestibilidade in vitro da MS, de acordo com as concentrações dos

carboidratos solúveis e amido em níveis que não prejudicasse o ambiente in vitro.

O aumento do uso de ração concentrada em dietas à base de cana-de-açúcar por

meio da mudança da relação volumoso:concentrado pode proporcionar maior aporte de

matéria orgânica digestível, aumentando a concentração de energia e diminuindo a

concentração de fibra, consequentemente, há maior consumo de matéria seca para

atender seus requerimentos energéticos (RODRIGUES, 1999). Segundo Lucci et al.

(1999), a utilização de concentrados na dieta favorece a ingestão de matéria seca,

incremento na produção de leite e da produção de proteína láctea, mas contribui para o

decréscimo da produção de gordura.

Ao promover o fracionamento da IMS das dietas (Tabela 3), para se detectar em

que momento houve os maiores efeitos nos parâmetros produtivos e qualitativos do

leite, constatou-se que os fatores definidos como efeitos de densidade de dietas (20 e

40) e efeitos de tipo de volumoso são os que mais interferiram nos resultados

apresentados. A dieta 40 propiciou as maiores ingestões de mistura concentrada

(14,0%), de volumoso (7,71%) e de ureia (7,6%) em relação à dieta 20. No efeito de

tipo de volumoso, constata-se que a dieta a base de CSM foi a que proporcionou as

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maiores ingestões de mistura concentrada (16,8%), de ureia (16,5%) e menor ingestão

desse volumoso (13,5%) e em relação à dieta SM.

Provavelmente, estas ingestões fracionadas dos ingredientes das dietas é que

forneceram maiores bases para explicações dos nutrientes presentes no leite. Fato

constatado para dieta 40, em que houve maior produção de leite e, como consequência,

maior concentração de NU no leite (Tabela 5), provavelmente esteja ligado diretamente

ao excesso de nitrogênio presente na dieta, sendo diretamente relacionado aos

diferenciais de 14% e 7,6% de ingestão de mistura concentrada e de ureia,

respectivamente, em relação à dieta 20 (Tabela 4).

O teor de N-ureico é influenciado pela ingestão de PB da dieta, pela fração da

proteína degradável no rúmen e da proteína não degradável no rúmen, além destas com

relação destas com a ingestão de energia (BRODERICK e CLAYTON, 1997). Diante

disso, esta variável tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da

nutrição proteica (KOHN, 2000), principalmente pela adequação da relação entre

proteína e energia da dieta de vacas em lactação (BRODERICK e CLAYTON, 1997).

Os resultados de encontrados neste trabalho foram superior ao estabelecido por

Jonker et al. (1999), que relataram que a concentração de nitrogênio ureico no leite

deve variar de 10 a 16 mg/dL a depender do nível de produção. Nesse caso, valores

acima desse limite podem indicar elevado consumo de nitrogênio ou excesso de

proteína degradável no rúmen.

Entretanto, o efeito de ventilador + nebulizadores, apesar de não ter tido efeito

na IMS e nem na ingestão fracionada das dietas, interferiu nas respostas qualitativas do

leite, evidenciado pelo aumento dos teores de gordura e NU do leite na condição de

SVN (Tabela 5). Provavelmente, esse resultado foi reflexo do excesso de concentrado

utilizado e consequentemente, perda de eficiência de aproveitamento da proteína bruta.

Esse fato pode estar ligado ao processo metabólico dos animais, que necessitam de

maior gasto energético para digerir e metabolizar a proteína bruta da dieta, ou eliminar

o excesso de nitrogênio por vias diretas no leite, pela veia mamária.

Já na condição CVN houve menor produção de gordura e concentração de NU

no leite. Provavelmente os fatores ambientais interferiram nas respostas fisiológicas dos

animais, principalmente no metabolismo das gorduras e proteínas, tanto no processo de

digestão e absorção de proteínas e energia. Fato que pode ser evidenciado pelo fator

ambiental apresentado na Tabela 6. Em que, tanto na condição SVN e CVN no período

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da manhã o ITU já se encontravam em fase estressante para os animais (72,3 e 72,8,

respectivamente) segundo Armstrong (1994). Fato que se alterou drasticamente no

período da tarde, onde o ITU atingiu os níveis de 75,7 para condição de SVN e 76,6

para condição CVN, sendo considerados críticos para os animais em produção.

Como o ambiente pode ser um elemento estressor ao organismo animal,

provavelmente ele se utiliza de seus mecanismos fisiológicos de homeotasia para

eliminar o mais rápido possível o excesso de nitrogênio da dieta, sendo o leite uma via

de excreção, para não ocasionar o desconforto térmico, pois o processo digestivo pode

aumentar o incremento calórico, com gasto de energia e aumento de calor

(CONCEIÇÃO, 2010).

Para Harris e Bachamn (1988) o fator que mais interfere no teor de gordura no

leite é o teor de fibra na dieta, ou relação de volumoso:concentrado. Essa relação

determina a proporção de ácidos graxos produzidos no rúmen, sendo que quanto maior

a ingestão de fibra maior será a produção de ácido acético e butírico (principais

precursores da gordura no leite), em detrimento da produção de ácido propiônico.

De acordo com Soares et al. (2001) a relação volumoso:concentrado são os

fatores que produzem maior interferência no percentual de gordura no leite. A grande

variabilidade no teor de gordura no leite se refere à qualidade e quantidade de fibra

ingerida na alimentação. Forragens que ocupam menor volume e que retêm menos água,

pela velocidade de digestibilidade da matéria seca, são consumidas em maior

quantidade. O tamanho e a forma da partícula ingerida afetam o consumo, a taxa de

degradação e o tempo de retenção da digesta no rúmen.

Neste trabalho, o efeito de tipo de volumoso proporcionou maior produção de

leite e lactose para dieta a base de SM, isso reflete no processo de digestão e

metabolização dos nutrientes. Visto que as dietas que proporcionam maiores formação

de ácido propiônico irão originar 45 a 60% da glicose sanguínea que será 70%

destinada à síntese da lactose no leite (NORO, 2001). Além disso, este componente do

leite apresenta menor amplitude, devido ao fato de estar relacionada à pressão osmótica

da glândula mamária. Dessa forma, a maior produção de lactose determina a maior

produção de leite (QUERIOGA, 2007). Esse fato foi observado na no efeito da dieta

SM, em que confere maior produção de leite e maior teor de lactose no leite (Tabela 5).

O ITU representa os efeitos combinados da temperatura e umidade relativa do ar

associados com nível de estresse térmico, e consequentemente, poderá afetar o

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desempenho animal. O valor de ITU abaixo 72 caracteriza um ambiente normal, sem

ocorrência de estresse. Acima ou igual a esse valor significa que o ambiente já se

classifica como estressante, variando entre ameno ou brando (72 a 78), moderado (79 a

88) e severo (89 a 98) (ARMSTRONG, 1994). Portanto, os animais no presente

experimento, tanto na condição de CVN como SVN, realmente se encontravam dentro

da faixa de alerta (ameno ou brando) e sendo mais pronunciado pelo uso de VN (72,8)

(Tabele 6) no período da manhã e estressante no período da tarde.

Johnson (1980) observou que a partir do valor de ITU de 72, e na medida em

que este índice se elevou, a produção de leite foi diminuindo, sendo este declínio mais

acentuado nas vacas mais produtivas. Quanto mais produtiva uma vaca, maior sua taxa

metabólica (produção de calor interno no organismo) e maior, será sua sensibilidade ao

estresse causado pelo calor. O declínio da produção de leite se acentuou partir de ITU

de 76 a 78. Ainda nesse estudo, as vacas de baixa produção (13 kg/dia) foram menos

afetadas com ITU de 76 que as de alta produção (22 kg/dia).

Quando a temperatura ambiente ultrapassa os valores máximos de conforto para

o animal, a umidade relativa assume fundamental importância na eliminação do calor.

Isso ocorre porque em condições de umidade elevada, o ar saturado inibe a evaporação

de água pela pele e sistema respiratório, proporcionando um ambiente ainda mais

estressante para o animal (BROUK, 2001). Esse fato é evidenciado na condição CVN

(Tabela 6) em que houve aumento da UR, TPO e entalpia (H), proporcionando um

índice de ITU de 76,6 caracterizado como ambiente estressante aos animais. E,

provavelmente a umidade tenha provocado esse desconforto aos animais, tendo em

vista que a TA ficou ao redor de 29oC, para ambas condições ambientais.

Provavelmente, as mudanças ambientais tenham ocasionado alterações nos

metabolismos das proteínas, que por sua vez ocasionou na eliminação do excesso de N

no leite, aumentando assim o NU do leite na condição CVN. Fato que também pode ser

constatado para condição SVN, que houve maior concentração de NU no leite, mesmo

com menor UR e ITU.

Apesar dos efeitos ambientais não terem ocasionados diferenças significativas

na IMS e produção de leite no presente experimento (Tabelas 3 e 5). Collier et al,

(1982) mencionaram que o estresse térmico em vacas de alta produção resulta em

redução na ingestão de volumoso, que contribui para o decréscimo na produção de

ácidos graxos voláteis e pode proporcionar alterações na taxa acetato:proprionato.

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Havendo desta forma, necessidade de aumentar a densidade energética da ração. Por

outro lado, os ruminantes adaptados às condições quentes são capazes de manter sua

ingestão próxima a exigência em manutenção ou em períodos de crescimento moderado

(BROSH, et al., 1988).

Kadzere et al. (2002) relatam que as vacas em estresse térmico têm menor taxa

de passagem, o que reflete uma redução da ingestão de MS, na ruminação e na

motilidade reticular. Fato que não foi observado no presente experimento, tendo em

vista que os fatores ambientais, como temperatura máxima não ultrapassou os 29oC e o

ITU se mantiveram na faixa dos 76 e 77 nas condições de SVN e CVN (faixa de alerta),

respectivamente no período mais quente do dia (vespertino).

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6. CONCLUSÃO

A dieta formulada para exigência de produção de 20 kg/dia de leite para os

animais avaliados apresentaram melhor eficiência produtiva.

A mistura de cana-de-açúcar com silagem de milho, 1:1 na MS, aumenta a

concentração nitrogênio uréico no leite e diminui o teor de gordura, por conta do

aumento de concentrado na dieta, sem alterar a produção leite de vacas holandesas.

O uso dos ventiladores e nebulizadores provocam aumento do índice de

temperatura e umidade deixando os animais acima do nível crítico de estresse térmico

(76,6 de ITU) na região avaliada.

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60

7. REFERÊNCIAS

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