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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA -IEP Curso de Pós-graduação Stricto sensu Mestrado Profissional em Educação em Diabetes Paula Louisy Portella Werneck IMPACTO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NO CONSUMO ALIMENTAR E NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DIABETES TIPO 2 Belo Horizonte 2015

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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA -IEP

Curso de Pós-graduação Stricto sensu

Mestrado Profissional em Educação em Diabetes

Paula Louisy Portella Werneck

IMPACTO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NO CONSUMO

ALIMENTAR E NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DIABETES

TIPO 2

Belo Horizonte

2015

1

PAULA LOUISY PORTELLA WERNECK

IMPACTO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NO CONSUMO

ALIMENTAR E NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DIABETES

TIPO 2

Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do

Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de

Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título

de Mestre em Educação em Diabetes.

Orientação: Profa. Dra. Marcella Lobato Dias Consoli

Belo Horizonte

2015

2

―Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.‖

Werneck, Paula Louisy Portella.

W491i Impacto de um programa de educação nutricional no consumo alimentar e na

qualidade de vida de pacientes com Diabetes Tipo 2./ Paula Louisy Portella

Werneck – Belo Horizonte/MG, 2015.

85f.; il. enc.

Orientadora: Profa. Dra. Marcella Lobato Dias Consoli.

Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Mestrado Profissional

em Educação em Diabetes).

1. Diabetes Mellitus. 2. Consumo de alimentos. 3. Qualidade de vida. 4.

Educação alimentar e nutricional. I. Paula Louisy Portella Werneck. II. Título.

III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP.

CDD: 616.462

3

4

Dedico este trabalho aos meus pais que sempre me incentivaram, me apoiaram e me

ofereceram suporte para busca e concretização dos meus sonhos! Paulo e Suely, preciosos da

minha vida!

5

AGRADECIMENTOS

Os meus sinceros agradecimentos aos meus pais pelo apoio, incentivo e amor incondicional.

A vocês, minha eterna gratidão!

À minha orientadora profa. Dra Marcella Lobato Dias Consoli, pela oportunidade, pelos

valorosos ensinamentos e exemplo profissional.

À profa. Dra Janice Sepúlveda pelo exemplo de competência profissional e inspiração para o

cuidado do paciente com diabetes.

À Casa Unimed pela oportunidade, atenção e colaboração, em especial ao Dr. Ubirajara Filho

e à Luciane Bretas pela confiança no meu trabalho.

Às estagiárias Thaysa Rios e Monalisa Oliveira. Em especial à Franciele de Queiroz por estar

sempre presente com muito carinho e disposição em todas as fases cruciais da execução do

projeto.

Aos meus queridos pacientes que fizeram parte deste trabalho, sem os quais este trabalho não

seria possível!

Ao meu amor Gustavo que vivenciou comigo toda a trajetória desde o início, com paciência,

compreensão, respeito e admiração. O meu profundo agradecimento com muito carinho!

Aos meus familiares, tios Zé e Irani, minha avó Diva e minha irmã Walleska. Vocês são

essenciais na minha vida!

À minha querida tia Olga pelo incentivo e acolhimento!

À minha querida professora Sames Madureira pela valiosa contribuição com os

conhecimentos da nossa língua.

À minha professora de inglês Gean Pereira pela disponibilidade, amizade e ensinamentos.

À minha amiga Bárbara Nery pela solicitude e presteza.

Aos meus colegas do mestrado Laura, André, Daniela, Vanessa, Sheila, Carol e Fernanda pela

amizade e troca de saberes em nossas aulas.

À Deus e à Nossa Senhora por estarem sempre ao meu lado!

6

“Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada

instante”

Paulo Freire

“A capacidade de sonhar sempre foi o grande segredo

daqueles que mudaram o mundo. Os sonhos alimentam a

alma e dão asas a inteligência. É no solo fértil da

memória onde semeamos os sonhos que farão grande

diferença em nossa existência”.

Augusto Cury

7

RESUMO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica complexa que requer cuidados médicos

contínuos e estratégias de redução de risco multifatoriais. O objetivo deste trabalho foi avaliar

o impacto de ações de educação nutricional em grupo no consumo alimentar e na qualidade de

vida de indivíduos com diabetes tipo 2 (DM2). Trata-se de um ensaio clínico prospectivo

realizado com 43 pacientes com diagnóstico de DM2 há pelo menos um mês, de ambos os

sexos e idade acima de 18 anos clientes de uma operadora de saúde privada, no período de

janeiro a maio de 2014. Os pacientes foram avaliados antes e após participação em programa

de educação nutricional no diabetes, em grupo, composto por cinco encontros (um encontro

por semana), com duração média de uma hora e 30 minutos cada. Foram coletados dados

sociodemográficos e clínicos, peso, índice de massa corporal (IMC), perímetro da cintura

(PC), dados de consumo alimentar (recordatório alimentar de 24 horas - R24h, questionário de

freqüência alimentar - QFA) e qualidade de vida (questionário BPAID- Versão Brasileira da

escala PAID). Foi utilizado o teste de Shapiro Wilk para avaliar a normalidade e em seguida

os testes de T Student, Wilcoxon, Mann Whitney (dois grupos) e Kruskal Wallis (3 ou mais

grupos). Ao final da intervenção educacional houve diminuição significativa do IMC e do PC

nos homens e nas mulheres (p<0,001). O R24h revelou aumento do número de refeições

(p=0,006), além da redução na ingestão de energia, carboidratos, proteínas, lipídeos e

gorduras saturadas (p<0,05). O QFA revelou aumento significativo da freqüência semanal de

ingestão de salada crua, legumes cozidos, frutas (p<0,05) e diminuição significativa de

frituras hambúrgueres e embutidos, bolachas e biscoitos salgados, doces e refrigerantes

(p<0,05). Finalmente, pelo escore geral da escala PAID e suas subdimensões observou-se

melhora significativa da qualidade de vida (p<0,001). A participação em programa de

educação nutricional em grupo foi eficaz para melhorar as condições físicas, o padrão de

consumo alimentar e a qualidade de vida relacionada ao diabetes. Este modelo de intervenção

pode ser uma opção exequível e de baixo custo que pode contribuir para promoção de saúde

desta população.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus, consumo de alimentos, qualidade de vida, educação

alimentar e nutricional.

8

ABSTRACT

Diabetes mellitus (DM) is a complex chronic disease that requires continuous medical care

and multifactorial risk reduction strategies. The aim of this study was to evaluate the impact

of nutrition education in groups regarding food consumption and quality of life of individuals

with type 2 diabetes(T2DM).This is a prospective clinical trial with 43patients diagnosed with

DM2 at least one month prior to this study. These patients were of both sexes and age 18

years or over, users of private health care insurance. The study took place from January to

May 2014. The subjects were evaluated before and after participation in a group nutrition

education program, which had five weekly meetings, lasting an hour and 30 minutes each.

Data collected were socio-demographic and clinical, along with weight, body mass index

(BMI), waist circumference (PC), food consumption data (24 hour food reminder – 24 hour

frequency questionnaire on food consumption – FFQ) and quality of life (BPAID

questionnaire – Brazilian version of PAID scale).The Shapiro Wilk test was used to evaluate

normality and afterwards the T Student, Wilcoxon, Mann Whitney tests (two groups) and

Kruskal Wallis (3 or more groups) were used as well. At the end of the educational

intervention subjects of both sexes showed a significant decrease in BMI and PC (p <0,001).

Nutritional assessment revealed an increase in the number of meals (p= 0,006) as well as the

reduction in energy intake, carbohydrates, proteins, lipids and saturated fat (p<0,05). The

frequency questionnaire on food consumption (FFQ) showed a significant increase on the

frequency of weekly intake ofraw salad, cooked vegetables, and fruit (p<0,05). It showed a

significant decrease in burgers and sausages, fried foods, cookies and crackers, sweets and

soft drinks (p<0,05). Finally, the general score of PAID scale and its sub-dimensions showed

a significant improvement in quality of life (p<0,001). This study demonstrates that diabetes

education delivered in a group setting was effective in improving participants’ physical

conditions, pattern of food consumption and the quality of life in relation to diabetes. This

intervention model may allow for more efficient and cost- effective methods in the delivery of

diabetes education programs.

Keywords: Diabetes Mellitus, food consumption, quality of life; food and nutrition

education.

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de recrutamento dos pacientes. ......................................................... 33

Figura 2 - Comorbidades associadas ao DM2 mais frequentemente encontradas nos pacientes

que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. ........................ 35

Figura 3 - Consumo energético em Kcal avaliado pelo R24h antes e após intervenção

nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional,

Belo Horizonte, 2015. .......................................................................................................... 37

Figura 4 - Consumo alimentar em gramas de carboidrato, proteína e lipídeo avaliado pelo

R24h antes e após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o

programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. .................................................... 37

Figura 5 - Consumo alimentar em gramas de gordura saturada avaliado pelo R24h antes e

após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de

educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. ........................................................................ 38

Figura 6 - Consumo alimentar em gramas de ácido α linolênico (n-3) avaliado pelo R24h

antes e após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de

educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. ........................................................................ 38

Figura 7 - Consumo alimentar em miligramas de ferro avaliado pelo R24h antes e após

intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação

nutricional, Belo Horizonte, 2015......................................................................................... 39

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação do estado nutricional de adultos de acordo com o IMC. .................. 26

Tabela 2 - Classificação do estado nutricional de idosos de acordo com o IMC. ................... 26

Tabela 3 - Classificação do perímetro da cintura (cm) de acordo com o gênero. ................... 26

Tabela 4 - Valores de referência para ingestão diária dos nutrientes. .................................... 27

Tabela 5 - Características sócio-demográficas e clínicas dos 43 pacientes que completaram o

programa de educação nutricional em diabetes, Belo Horizonte, 2015. ................................. 34

Tabela 6 - Características clínicas dos 43 pacientes que completaram o programa de educação

nutricional em diabetes, Belo Horizonte, 2015. .................................................................... 35

Tabela 7 - Dados antropométricos antes e após intervenção dos 43 pacientes que concluíram o

programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. .................................................... 36

Tabela 8 - Consumo alimentar avaliado pelo R24h antes da intervenção nutricional em grupo

dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte,

2015.....................................................................................................................................39

Tabela 9 - Consumo alimentar avaliado pelo R24h após intervenção nutricional em grupo dos

43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015. .... 40

Tabela 10 - Questionário de frequência alimentar semanal antes e após intervenção nutricional

em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo

Horizonte, 2015. .................................................................................................................. 40

Tabela 11 - Escore da escala BPAID e suas subdimensões antes e após intervenção nutricional

em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo

Horizonte, 2015. .................................................................................................................. 41

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AADE- American Associationof Diabetes Educators

AACE- American Association of Clinical Endocrinologists

ACE- American College of Endocrinology

ADA- American Diabetes Association

ADO- Antidiabético oral

AF- Atividade física

AVC- Acidente vascular cerebral

BPAID- Problems Areas in Diabetes Scale.

DM- Diabetes mellitus

DM1- Diabetes mellitus tipo1

DM2- Diabetes mellitus tipo 2

DRI- Dietary Reference Intakes

ESC- European Society of Cardiology

HAS- Hipertensão arterial sistêmica

HDL- Fração de colesterol – High DensityLipoprotein

HbA1c- Hemoglobina glicada

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDF- International Diabetes Federation

IMC- Índice de massa corporal

LDL-Fração de colesterol – LowDensityLipoprotein

OMS- Organização Mundial da Saúde

BPAID- Versão Brasileira da Escala PAID

PAID- ProblemsAreas in Diabetes Scale.

PC- Perímetro da cintura

PNAD- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

POF- Pesquisa de Orçamento Familiar

QFA- Questionário de freqüência alimentar

R24h- Recordatório alimentar de 24 horas

SBD- Sociedade Brasileira de Diabetes

SF36- Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health Survey

TACO- Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 15

2.1 Diabetes tipo 2....................................................................................................................15

2.2 Terapia nutricional ......................................................................................................... 16

2.3 Consumo alimentar ........................................................................................................ 19

2.4 Educação em diabetes .................................................................................................... 20

2.5 Qualidade de vida........................................................................................................... 21

3 OBJETIVO...................................................................................................................... 23

4 MÉTODOS ...................................................................................................................... 24

4.1 Avaliação antropométrica ............................................................................................... 25

4.2 Avaliação do consumo alimentar .................................................................................... 26

4.3 Avaliação da qualidade de vida ...................................................................................... 27

4.4 Intervenção da educação nutricional em grupo ............................................................... 28

4.5 Análise estatística ........................................................................................................... 31

5 RESULTADOS ............................................................................................................... 32

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 42

7 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 48

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 49

ANEXOS ............................................................................................................................ 55

ANEXO A: APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DO INSTITUTO

DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE .......................... 55

ANEXO B: FORMULÁRIO DE MARCADORES DO CONSUMO ALIMENTAR–

INDIVÍDUOS COM 5 ANOS DE IDADE OU MAIS/ MINISTÉRIO DA

SAÚDE/ SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ......................... 57

ANEXO C- B-PAID -VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA PAID

(Problems Areas in Diabetes Scale) ..................................................................................... 58

APÊNDICES ...................................................................................................................... 60

APÊNDICE A:TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................... 60

APÊNDICE B:RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24 HORAS ....................................... 61

APÊNDICE C: ARTIGO CIENTÍFICO.........................................................................................62

14

1 INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica complexa que requer cuidados médicos

contínuos e estratégias de redução de risco multifatoriais, além do controle glicêmico.

Educação em autogestão e suporte para o paciente são essenciais para evitar complicações

agudas e reduzir o risco de complicações em longo prazo (ADA, 2015a; SBD, 2014-2015a).

A literatura científica atual mostra que intervenções educacionais, especialmente as

estratégias baseadas em grupos, são eficazes na melhora dos resultados do tratamento desta

doença. A educação nutricional é uma das ferramentas utilizadas no tratamento do diabetes

(WEINSTEIN, 2014).

Para o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), programas de mudanças de estilo de vida, incluindo

técnicas comportamentais, auto-supervisão da ingestão alimentar e/ou atividade física,

educação em grupo e mecanismos para reforçar a motivação são mais eficazes do que a

abordagem individual tradicional, à médio e longo prazo (VICO et al, 2013).

A educação nutricional é um método educacional que respeita as necessidades fisiológicas,

sociais e psicológicas do paciente e visa tornar o indivíduo seguro e independente para a

prática de hábitos alimentares saudáveis. Os princípios de uma alimentação saudável são

respeitados e os saberes são construídos em conjunto, educando e educador (CAMOSSA et al,

2005). Diante do exposto, torna-se necessário direcionar ações de educação nutricional a fim

de promover práticas de alimentação saudável.

15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Diabetes tipo 2

A prevalência de DM vem aumentando exponencialmente em todo o mundo. Hoje, estima-se

que 382 milhões de pessoas no mundo têm DM (IDF, 2013). O que equivale a 8,3% dos

adultos. Se estas tendências continuarem, em 2035, aproximadamente 592 milhões de

pessoas, ou um adulto para cada dez pessoas terá DM. A faixa etária prevista para acontecer o

maior aumento proporcional do número de pessoas com DM está entre 60 e 79 anos de idade.

Os dados mais atuais colocam o Brasil no quarto lugar em número de pessoas com DM, com

um total de 11,9 milhões de pessoas. A perspectiva para 2035 é de 19,2 milhões de pessoas

acometidas pela doença no Brasil (IDF, 2013; GUARIGUATA et al, 2014).

Gastos em saúde para tratar o DM e gerenciar suas complicações totalizaram pelo menos 548

bilhões de dólares americanos em 2013, conforme dados do IDF. Segundo Meyers et al

(2014), estimativa recente sugeriu que o peso econômico total de todos os tipos de DM nos

Estados Unidos superava 174 bilhões de dólares/ano, incluindo 116 bilhões de dólares em

excesso de despesas médicas e 58 bilhões de dólares em redução da produtividade nacional.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2014-2015c) estima que os custos

diretos oscilem por volta de 3,9 bilhões de dólares americanos. Além disso, acredita-se que as

despesas que resultam da perda de produção em função da doença possam ser cinco vezes

maiores que os custos diretos. De acordo com a IDF (2013), o DM e suas complicações são as

maiores causas de morte precoce na maioria dos países. Doença cardiovascular, por exemplo,

é uma das principais causas de morte entre pessoas com DM podendo ser responsável por

50% ou mais das mortes devido ao DM em algumas populações. Aproximadamente 5,1

milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos morreram com DM em 2013, representando

8,4% da mortalidade por todas as causas em pessoas nessa faixa etária (IDF, 2013).

Dentre os tipos de DM existentes, o DM2 é uma epidemia global que prejudica a saúde e a

economia das nações. As causas desta epidemia fazem parte de uma combinação complexa de

predisposição genética e epigenética que interagem em uma combinação de fatores sociais

que determinam o comportamento e os riscos ambientais (HU, 2011; CHEN et al, 2012).

16

O DM2 é caracterizado pela combinação de resistência insulínica e falência das células beta,

associado à obesidade (tipicamente de distribuição abdominal) e ao estilo de vida sedentário.

Desenvolve-se normalmente após a meia idade e compreende 90% dos adultos com DM. No

entanto, devido à crescente obesidade em jovens, tem-se observado a diminuição da idade de

início (ESC, 2013).

O objetivo atual do tratamento no DM2 é reduzir a HbA1c (hemoglobina glicada) para 7% ou

6,5% de acordo com as diretrizes estabelecidas pela American Diabetes Association (ADA,

2015) e American Association of Clinical Endocrinologists (AACE)/American College of

Endocrinology (ACE), respectivamente. É importante salientar que as diretrizes para o

controle não constituem a normalização do risco metabólico, mas sim um alvo consensual

para adequação da gestão de risco de complicações relacionadas com a glicemia (STOLAR,

2010).

O mau controle do DM pode levar a complicações micro e macrovasculares e neuropatias,

acarretando em longo prazo, mau funcionamento e falência de órgãos como rins, nervos,

coração e vasos sanguíneos. Deste modo, o DM pode ocasionar insuficiência renal,

amputações de membros e cegueira levando ao aumento dos custos de saúde e provocando

diminuição significativa da expectativa de vida e da capacidade de trabalho (BRASIL, 2013).

Estudo de Mendes et al (2010), realizado em centros de saúde localizados em dez grandes

cidades do Brasil com 6.671 indivíduos com DM, com idade entre 18 a 98 anos revelou

prevalência de 76% de controle glicêmico inadequado. As características associadas ao

melhor controle glicêmico foram: menor tempo de duração do DM, cuidado multiprofissional,

participação em programa de educação em saúde no DM e satisfação com o tratamento. A

grande proporção de pacientes com DM mal controlado poderia contribuir para o aumento das

complicações da doença e impacto nos custos de cuidados de saúde.

2.2 Terapia nutricional

A Associação Americana de Diabetes (2015) reconhece o papel fundamental da terapia

nutricional no tratamento do diabetes como um todo. Intervenções de terapia nutricional

eficazes devem fazer parte de qualquer programa de educação em DM, seja pela abordagem

em grupo ou consulta individualizada (ADA, 2015b). Há evidências de que intervenções de

17

terapia nutricional são capazes de melhorar o controle glicêmico com impacto significativo na

redução da HbA1c em 1% a 2 %(ADA, 2015b). Considera-se também que quando aplicada

em conjunto com outros componentes do tratamento do DM pode melhorar ainda mais os

resultados clínicos e metabólicos (CDA, 2013).

O objetivo principal da terapia nutricional é promover e apoiar padrões alimentares saudáveis,

enfatizando a variedade de alimentos ricos em nutrientes e em porções adequadas. Além

disso, busca-se: 1) atingir e manter nível glicêmico adequado; 2) níveis adequados de lipídeos

séricos e perfil de lipoproteínas que reduza o risco de doença macrovascular; 3) nível de

pressão arterial que reduza o risco de doença cardiovascular; 4) alcançar e manter metas de

peso corporal; 5) atrasar ou prevenir complicações do DM; 6) atender às necessidades

nutricionais individuais, considerando as preferências pessoais e culturais, literatura científica

e habilidade para realizar mudanças comportamentais (SBD, 2014-2015b; ADA, 2015b). A

ADA (2015) reforça ainda que a terapia nutricional deve manter o prazer da alimentação,

limitando escolhas alimentares apenas quando indicados por evidência científica

(WHEELER, 2012; SBD, 2014-2015b, ADA, 2015b).

A educação nutricional tem função fundamental no que diz respeito à recuperação e à

promoção de hábitos alimentares saudáveis, que resultam de conhecimentos essenciais para

que os indivíduos tenham autonomia para decidir acerca de suas atitudes em relação aos

hábitos alimentares (TEIXEIRA et al, 2013).

Preconiza-se que a ingestão de carboidratos esteja entre 45% e 60% (mínimo de 130g/dia) do

requerimento energético. Além disso, a monitorização dos carboidratos deve ser incentivada

através da sua contagem ou substituição, levando em consideração os grupos de alimentos.

Em relação às fibras, recomenda-se 14g/1000 Kcal. Preconiza-se que a prescrição protéica

seja realizada de forma individualizada. Em relação aos lipídeos, recomenda-se que a ingestão

seja de até 30% do valor calórico total do plano alimentar e que o consumo de gordura trans,

saturada e colesterol sejam controlados. O plano alimentar deve ser dividido em seis

refeições, sendo três principais e três lanches. Finalmente, o valor energético deve ser

estabelecido de forma individualizada (SBD, 2014-2015b).

De acordo com Ley et al (2014), os indivíduos podem ter flexibilidade na suas escolhas

alimentares sem comprometer a qualidade da dieta com a finalidade de alcançar aderência ao

18

plano alimentar em longo prazo. De acordo com Damon et al (2011), a sacarose pode ser

consumida por indivíduos com DM. No entanto, o alto consumo de sacarose ocasiona

aumento da ingestão energética, do peso corporal e dos lipídeos plasmáticos. Sendo assim, o

consumo de açúcar não deve exceder 10 % do valor energético total da dieta (ADA, 2015b;

SBD 2014-2015b). O guia alimentar para população brasileira do Ministério da Saúde (2014)

propõe o hábito de refeições regulares consumidas com atenção e sem pressa para melhor

digestão dos alimentos e prevenção do consumo alimentar excessivo.

Em relação ao peso, recomenda-se a redução ponderal como estratégia essencial na gestão do

controle glicêmico em indivíduos com DM que possuem sobrepeso e obesidade. Nesse caso, a

meta é índice da massa corporal (IMC) abaixo de 24,9 kg/m²(BRASIL, 2013). Porém,

diminuição de 7% do peso corporal já seria capaz de diminuir a resistência insulínica. A

rápida redução do peso é contra indicada, pois promove perda de massa magra e de líquidos,

que pode prejudicar o emagrecimento e agir de forma negativa no metabolismo (BRASIL,

2013; DYSON et al, 2011).

Os alimentos funcionais e seus compostos bioativos podem ser utilizados de forma

complementar associados às recomendações nutricionais e a prática de atividade física

oferecendo benefícios adicionais ao tratamento do DM (SBD, 2014-2015b; MIRMIRAN et al,

2014). De acordo com Mirmiran et al (2014), os estudos sugerem que estes alimentos podem

influenciar o metabolismo dos carboidratos e reduzir a hiperglicemia, além de melhorar a

resistência insulínica, o controle do peso, modular o metabolismo do tecido adiposo e o

processo inflamatório. Define-se alimento funcional como aquele alimento que repercute de

forma positiva no metabolismo e/ou fisiologia, oferecendo benefícios à saúde além do seu

papel nutricional essencial, quando utilizados como elementos de um plano alimentar habitual

(ZAPAROLLI et al, 2013).

A quantidade de carboidratos pode ser responsável pelo efeito glicêmico produzido por um

alimento ou uma refeição. Porém, os carboidratos em determinados alimentos exercem muito

mais efeitos sobre a glicemia pós-prandial do que outros, mesmo em quantidades iguais.

Nesse contexto, o conceito de índice glicêmico surgiu como método para classificação dos

carboidratos dos alimentos de acordo com o efeito que provocam na glicemia pós-prandial

(MARSH et al, 2011). Este índice possui algumas limitações, entre elas elementos que

possivelmente afetam a variabilidade glicêmica dos alimentos, tais como: origem, clima, solo,

19

acidez, temperatura, tipo de açúcar (exemplo: frutose, glicose), o tipo de amido (amilose,

amilopectina), tipo de fibra (solúvel, insolúvel), a presença de gordura ou proteína em uma

refeição mista e o processamento de um alimento (SBD, 2014-2015b, MARSH et al, 2011).

Além disso, destaca-se a variabilidade das respostas glicêmicas entre os indivíduos (FRANZ,

2012). Logo, seu uso na prática clínica como terapia nutricional é questionável. Ainda assim,

as diretrizes atuais apontam vantagens extras quando a contagem de carboidratos é realizada

levando-se em consideração o índice glicêmico (SBD, 2014-2015b; MARSH et al, 2011).

2.3 Consumo alimentar

Os inquéritos dietéticos são utilizados para avaliar o consumo alimentar de indivíduos e/ou

populações. A partir deles é possível detectar inadequações alimentares relacionadas à

quantidade e qualidade de alimentos (MIRANDA et al, 2012). Sua importância se deve ao

fato de que existe correlação positiva entre alimentação e o risco de morbimortalidade. É

necessário que as informações em relação ao consumo alimentar habitual e ao conteúdo dos

nutrientes nos alimentos sejam determinadas o mais próximo da realidade para que seja

possível identificar fatores de risco dietéticos em grupos específicos da população

(BENNETI; CENI, 2010).

Dentre os métodos de avaliação do consumo alimentar mais utilizados estão o recordatório

alimentar de 24 horas (R24h) e o questionário de freqüência alimentar (QFA). O R24h

fundamenta-se em determinar e quantificar todos os alimentos e bebidas consumidas no

período anterior à entrevista, que podem ser às 24 horas antecedentes à entrevista ou

geralmente o dia anterior (MIRANDA et al, 2012). Indagar a respeito do dia anterior auxilia a

recordação porque o indivíduo pode utilizar vários referenciais no período da entrevista tais

como: horário de despertar, horário do desjejum e adormecer e sua rotina laboral. No entanto,

uma das desvantagens é ficar sujeito à capacidade de memória do entrevistado. Além disso, o

não estabelecimento de uma comunicação direta e objetiva por parte do entrevistador pode

acarretar respostas induzidas e apenas um dia de recordatório alimentar pode não ser

suficiente para determinar a ingestão habitual do entrevistado (FISBERG et al, 2009). O QFA

é uma ferramenta instrumental que consiste em uma lista de alimentos mais habitualmente

consumidos ou um modelo alimentar de uma população específica. Com este instrumento é

possível identificar o hábito de consumo em um período pré-estabelecido (FERREIRA et al,

2010).O QFA tem como vantagens o custo reduzido, a agilidade em sua aplicação, a

20

capacidade de retratar a ingestão habitual, além de ser prático e modificável de acordo com a

população pesquisada (MIRANDA et al, 2012). Essa ferramenta de avaliação possui

limitações como: a sujeição da memória do entrevistado, a menor precisão na mensuração do

consumo de alimentos pela adoção de medidas padronizadas e a perda de singularidades da

ingestão alimentar, como resultado de uma listagem pré-definida. Além disso, a validade das

informações recolhidas pode sofrer interferência pelos seguintes fatores: faixa etária,

escolaridade e origem étnica (FERREIRA et al, 2010). Apesar das limitações citadas

anteriormente, quando usado em conjunto com R24h contribui para que os dados coletados

sejam mais fidedignos (MIRANDA et al, 2012).

No Brasil, a análise do consumo alimentar populacional mais recente, registrada pela Pesquisa

de Orçamento Familiar (POF 2008-2009) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) revelou resultados que mostraram que o consumo alimentar combinava dieta

tradicional brasileira à base de arroz e feijão - itens mais referidos na pesquisa e combinação

de boa qualidade nutricional - com alimentos de teor reduzido de nutrientes e de alto valor

calórico. Observou-se consumo muito aquém do recomendado para frutas e hortaliças e

consumo elevado de bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes e refrescos.

Consumo excessivo de açúcar foi referido por 61% da população, e de gordura saturada

(maior do que 7% do consumo de energia) foi de 82% na população. O percentual da

população com consumo de fibras abaixo do recomendado foi de 68% e mais que 70% da

população consumia quantidades superiores ao valor máximo recomendado de ingestão de

sódio (POF, 2008-2009).

2.4 Educação em diabetes

A Associação Americana de Educadores em Diabetes (American Association of Diabetes

Educators) (AADE) define treinamento ou educação para autogestão em DM como um

processo interativo contínuo que envolve a pessoa (ou o cuidador da família) e o educador.

Trata-se de processo participativo através do qual a pessoa com DM ou em risco de

desenvolvê-lo obtém conhecimentos e habilidades necessárias para modificar seus

comportamentos e administrar a própria doença e suas condições relacionadas com sucesso

(DUNCAN et al, 2011).

21

Este processo é um passo essencial na melhoria dos resultados de saúde e qualidade de vida

dos indivíduos com DM. Educação para autogestão em DM é composto de sete

comportamentos essenciais: 1) ter alimentação saudável; 2) ser ativo fisicamente; 3) realizar

monitoramento glicêmico; 4) tomar medicação; 5) saber resolver problemas; 6) saber

enfrentá-los de forma saudável e 7) reduzir os riscos. Há evidências de que a educação para

autogestão do DM melhora medidas clínicas, reduz complicações e melhora a qualidade de

vida do paciente. Análises econômicas mostram que educação para autogestão do DM reduz a

utilização do sistema de saúde e os custos, diminuindo o número de hospitalizações e de

custos médicos diretos (MARTIN; LIPMAN, 2013). A educação do paciente com DM deve

ser gradual e contínua, com o objetivo de alcançar a assimilação efetiva referente ao seu

tratamento (ESPIN et al, 2012).

2.5 Qualidade de vida

A qualidade de vida é um indicador de saúde pública relevante e pode ser utilizada para o

controle do impacto de uma enfermidade em uma população (OLIVEIRA-CAMPOS et al,

2013). Sua importância não está apenas na pesquisa científica, mas também na prática clínica.

Ademais, possibilita uma avaliação mais adequada das estimativas e resultados de

intervenções, além de influenciar o bem-estar físico e os aspectos psicológicos e sociais dos

indivíduos (RIBEIRO et al, 2010).

A definição de qualidade de vida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é descrita

como: ―percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto cultural e sistema de

valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações‖ (OMS, 1998). Este conceito é subjetivo, uma vez que pode ser influenciado

por vários fatores. Entre esses, podem-se destacar: estado emocional, espiritual e satisfação do

indivíduo sobre sua condição física (FARIA et al, 2013).

No indivíduo com DM, os esforços para mudança de estilo de vida podem levar a

repercussões biopsicossociais que se expressam no seu cotidiano (ZULIAN et al, 2013;

AHLGREN et al, 2004). Como por exemplo, a auto-administração diária de medicamentos

orais ou insulina e o seguimento de plano alimentar. Somam-se a isso as complicações do DM

em longo prazo assim como os consideráveis impactos na saúde (ZULIAN et al, 2013;

REDEKOP et al, 2002).

22

A qualidade de vida pode ser avaliada por meio de escalas. Essas escalas podem ser genéricas

e específicas. Com a finalidade de dimensionar o impacto provocado por uma doença,

desenvolveram-se as escalas genéricas que são multidimensionais (AGUIAR et al, 2008).

Além disso, apesar de destacarem os sintomas, limitações e incapacidades referentes à

doença, elas também avaliam a percepção geral da qualidade de vida. Estas escalas possuem a

vantagem de avaliar minuciosamente as modificações na qualidade de vida em determinadas

doenças. Além de averiguarem de forma específica e detalhada variáveis de qualidade de vida

como: estado emocional, dor e capacidade funcional (AGUIAR et al, 2008).

Dentre os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida relacionada ao DM destaca-

se o PAID (Problems Areas in Diabetes Scale) (POLONSKY et al, 1995). No Brasil, Gross et

al (2007) validaram, a versão em português deste questionário intitulando-o BPAID ou

Versão Brasileira da Escala PAID.

23

3 OBJETIVO

Avaliar o impacto das ações de educação nutricional em grupo por meio de um programa

educativo, no consumo alimentar e na qualidade de vida dos indivíduos com diabetes tipo 2.

24

4 MÉTODOS

Trata-se de um ensaio clínico prospectivo, realizado na ―Casa Unimed Promoção de Saúde‖

pertencente à operadora de saúde privada Unimed Cooperativa de Trabalho Médico, de

Governador Valadares, MG, no período de janeiro a maio de 2014. Os participantes foram

selecionados por meio de busca ativa de cadastro em prontuário físico e no software de gestão

usado pela instituição nos últimos cinco anos.

Foram incluídos pacientes com diagnóstico de DM2 há pelo menos um mês, de ambos os

sexos, com idade acima de 18 anos, clientes da operadora de saúde cadastrados na Casa

Unimed que aceitaram participar da pesquisa. Foram excluídos pacientes com complicações

renais, deficiência visual, neoplasias, transtorno mental grave ou submetidos à cirurgia

bariátrica, aqueles que faltaram a pelo menos um encontro da intervenção educacional e/ou à

reavaliação após participação no programa e os que não consentiram a utilização de seus

dados na pesquisa. O projeto do estudo e o termo de consentimento foram aprovados pelo

Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Santa Casa de Belo Horizonte (16/12/13)

(ANEXO A), atendendo à Resolução n°196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os

participantes foram orientados previamente e assinaram termo de consentimento livre e

esclarecido (APÊNDICE A).

Os pacientes foram avaliados individualmente em salas privativas um mês antes da

intervenção e dois dias após a intervenção em grupo. As avaliações foram realizadas pela

pesquisadora principal e por três estagiárias do curso de Nutrição da Universidade Vale do

Rio Doce, sendo que apenas uma das estagiárias realizou a avaliação antropométrica. As

variáveis coletadas antes da intervenção foram sociodemográficas, clínicas, hábitos de vida,

variáveis antropométricas, de consumo alimentar e de qualidade de vida, sendo que as três

últimas foram repetidas ao final do programa educacional:

Sociodemográficas: idade, estado civil, renda, cor, escolaridade, ocupação.

Clínicas: insulinoterapia, número de medicamentos antidiabéticos orais, tempo de DM,

número total de fármacos por dia, tabagismo, etilismo e comorbidades associadas ao DM.

Hábitos de vida: prática de atividade física, local da prática de atividade física, tempo de

atividade física em minutos por semana, tabagismo, etilismo.

25

Antropométricas: peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e perímetro da cintura

(PC).

Consumo alimentar: recordatório alimentar de 24 horas (R24h) e questionário de

freqüência alimentar (QFA).

Qualidade de vida: questionário de avaliação de qualidade de vida relacionada ao diabetes

(BPAID).

4.1 Avaliação antropométrica

A avaliação antropométrica constituiu-se de: peso (em quilogramas), altura (em centímetros),

IMC e PC (em centímetros).

Peso corporal: foi avaliado com balança do tipo plataforma (calibrada antes da pesagem e

afastada da parede), da marca Welmy, com capacidade máxima de 150 Kg e divisão de

100g. Posicionou-se o indivíduo descalço, com roupas leves, de costas para a balança, no

centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo.

Moveu-se o cilindro maior para encaixar na dezena correspondente aos quilos, em seguida

destravou-se a balança e moveu-se o cursor menor correspondente às gramas,

movimentando-o até ocorrer o nivelamento dos ponteiros guia. Finalmente, travou-se a

balança e foi realizada a leitura de frente ao equipamento (BRASIL, 2004).

Altura: a altura foi avaliada por meio de estadiômetro acoplado à balança. Para aferir a

altura o paciente ficou em pé, sem sapatos, em posição ereta, braços estendidos ao longo

do corpo, pés unidos, cabeça isenta de adereços e olhando em um ponto fixo ao horizonte.

As superfícies posteriores das regiões pélvica, escapular e occipital permaneceram em

contato com o instrumento de medida. Adiante, baixou-se a parte móvel do dispositivo

com pressão para fixá-lo contra a cabeça de forma que comprimisse o cabelo. Efetuou-se a

leitura segurando a parte móvel do equipamento (BRASIL, 2004).

IMC=peso (Kg) / altura (m)². Para análise do IMC foram utilizados os parâmetros de

referência de acordo com a idade propostos pela OMS (1995) e LIPSCHITZ (1994)

conforme a TAB.1 e a TAB.2.

26

Tabela 1 - Classificação do estado nutricional de adultos de acordo com o IMC.

IMC- Kg/m² Classificação

<18,5 Baixo Peso

17,0-18,4 Magreza grau I

16,0-16,9 Magreza grau II

<16 Magreza grau III

18,5-24,9 Eutrofia

25,0-29,9 Sobrepeso

30,0-34,9 Obesidade grauI

35,0-39,9 Obesidade grauII

≥40 Obesidade grau III

Fonte: OMS, 1995.

Tabela 2 - Classificação do estado nutricional de idosos de acordo com o IMC.

IMC- Kg/m² Classificação

<22,0 Baixo Peso

22,0- 27,0 Eutrofia

>27,0 Obesidade

Fonte: LIPSCHITZ, 1994.

PC: A medida foi efetuada no ponto médio entre a margem inferior da costela menos

palpável e o topo da crista ilíaca, usando fita inextensiva e milimetrada (OMS, 2008). Os

pacientes permaneceram com os pés juntos, braços estendidos, peso uniformemente

distribuído e usando roupas leves. Além disso, mantiveram-se relaxados e as medidas

foram tomadas no final de uma expiração normal. Para classificação do PC foi utilizada a

referência da OMS de acordo com a TAB.3.

Tabela 3 - Classificação do perímetro da cintura (cm) de acordo com o gênero.

Sexo Normal Risco moderado Alto risco cardiovascular

Masculino <94 94 a 102 >102

Feminino <80 80 a 88 >88

Fonte: OMS, 2008.

4.2 Avaliação do consumo alimentar

Os instrumentos utilizados para a avaliação do consumo alimentar foram o R24h

(APÊNDICE B) e o QFA (ANEXO B). Foram utilizadas imagens do álbum fotográfico de

porções alimentares com a finalidade de diminuir o viés de memória (LOPEZ; BOTELHO,

2013).

R24h: Os cálculos do R24h foram realizados no software de Nutrição DietPro 5i®,

segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) e a Tabela do

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Os dias da semana eleitos para

27

fazerem as entrevista do R24h foram quarta e quinta-feira, para evitar o final de semana.

Os nutrientes avaliados por meio do R24h foram: energia, carboidrato, proteína, lipídeo,

gordura monoinsaturada, gordura poliinsaturada, gordura saturada, fibra alimentar, ácido α

linolênico (n-3), ácido linoléico (n-6), cálcio, ferro e fibra. A análise foi realizada com

base nas referências da SBD (2014-2015b) e Dietary Reference Intake/ Ingestão Dietética

Recomenda (DRI) de acordo com a TAB.4. A avaliação dietética incluiu também o

número de refeições realizadas.

Tabela 4 -Valores de referência para ingestão diária dos nutrientes.

Nutriente Recomendação Referência

Energia Individualizado SBD

Carboidrato 45%-60% Não inferiores a 130g/dia SBD

Proteína Prescrição individualizada SBD

Lipídeo Até 30% do VET SBD

Gordura Monoinsaturada Completar de forma individualizada SBD

Gordura Poliinsaturada Até 10% do VET SBD

Gordura Saturada <7% do VET SBD

Fibra Alimentar Mínimo de 20g/dia SBD

Ácido α linolênico (n-3) Homens ≥ 14 anos=1,6 g/d

Mulheres ≥ 14 anos= 1,1 g/d

DRI

Ácido linoléico (n-6) Homens- 19 a 50 anos= 17 g/d

Homens ≥ 51 anos= 14 g/d

Mulheres- 19 a 50 anos= 12 g/d

Mulheres ≥ 51 anos= 11g/d

DRI

Cálcio 19 a50 anos= 1000mg/d-

≥ 51 anos=1200mg/d

DRI

Ferro Homens ≥ 19 anos= 8mg/d

Mulheres 19 a 50 anos= 18mg/d

Mulheres ≥ 51 anos= 8mg/d

DRI

Fonte: SBD, 2014-2015b; IOM, 2001; IOM, 2005; IOM, 2011.

QFA: O QFA utilizado no estudo foi o Formulário de Marcadores do Consumo Alimentar

– Indivíduos com 5 anos de idade ou mais do Ministério da Saúde/ Sistema de Vigilância

Alimentar e Nutricional. Este questionário apresenta 10 grupos alimentares com opção de

nenhuma vez por semana (zero) até sete vezes por semana. Para cada grupo alimentar, os

participantes manifestaram a freqüência de consumo nos últimos sete dias.

4.3 Avaliação da qualidade de vida

A qualidade de vida relacionada ao DM foi avaliada pelo questionário BPAID- Versão

Brasileira da escala PAID (ANEXO C). Essa ferramenta é um questionário que consiste de 20

questões identificadas como emoções negativas comuns relacionadas ao viver com DM. O

questionário avalia quatro subdimensões do DM relacionados à qualidade de vida: sofrimento

28

emocional, barreiras no tratamento, problemas relacionados à alimentação e falta de suporte

social. Cada item é classificado em uma escala Likert de cinco pontos, variando de zero (não

é problema) até quatro (um sério problema). A aplicação desse questionário geralmente

demora de cinco a dez minutos. Para auxiliar a interpretação do PAID os pontos são

convertidos para uma escala de 0-100, com pontuação mais elevada indicando maior

sofrimento emocional (GROSS et al, 2007)

4.4 Intervenção de educação nutricional em grupo

O programa de educação nutricional em grupo foi constituído de cinco encontros (um

encontro por semana) com duração média de uma hora e 30 minutos cada. Os pacientes foram

confirmados, por telefone, pela pesquisadora principal no dia anterior à intervenção. Os

encontros foram conduzidos conforme seqüência abaixo:

Encontro1: Tema: Conhecendo o DM. Afinal, o que é DM?

Seqüência de atividades:

1. Recepção e boas vindas.

2. Apresentação dos temas abordados no primeiro encontro.

3. Aula expositiva com os seguintes temas: Educação em DM. Conceito. Relevância.

Conceito de DM. Sintomas. Como é feito o diagnóstico do DM. O que é DM1. O que

é DM2. Por que o DM2 aparece. Quais são os fatores de risco para desenvolver o

DM2. Como deve ser tratado o DM. Esquemas de tratamento no DM2. Por que

devemos tratar o DM? Metas glicêmicas. Monitorização glicêmica. O que preciso

saber sobre as complicações. Como tratar estas condições? Por que é importante

cuidar do coração? Por que é importante cuidar dos olhos? Por que é importante cuidar

dos rins? Controle de outros fatores de risco. Por que a Nutrição é importante no

controle da doença?

4. Material didático: Folheto com as principais orientações sobre os temas abordados.

Encontro2: Tema: Princípios básicos da alimentação saudável no DM. Pirâmide alimentar.

Lista de substituição. Medidas caseiras.

Seqüência de atividades:

29

1. Aula expositiva sobre: Conceitos de macronutrientes e micronutrientes.

Recomendações nutricionais de acordo com a ADA e SBD. Princípios da pirâmide dos

alimentos. Medidas caseiras. Lista de substituição.

2. Exposição de utensílios de medidas caseiras mais comumente usados na prática diária.

Foram pesados: aveia, trigo e linhaça com diferentes utensílios para demonstrar a

importância das medidas caseiras. Foi realizada explanação sobre como as diferentes

quantidades poderiam interferir no sucesso do plano alimentar.

3. Dinâmica da pirâmide dos alimentos: Dois participantes foram sorteados para montar

a pirâmide alimentar de acordo com os grupos dos alimentos, usando fotos

embaralhadas representativas, sem ajuda dos colegas do grupo. No final da dinâmica

questionou-se sobre o resultado da dupla e sobre o local adequado para se inserir

alguns alimentos específicos como pizza e batata frita. Concluiu-se com os conceitos

primordiais da pirâmide no cuidado do diabetes.

4. Materiais didáticos: Folheto explicativo sobre a pirâmide alimentar e lista de

substituição para diabetes, balança digital, utensílios domésticos (pratos, copos,

xícaras, colheres, escumadeiras), alimentos variados (aveia, trigo, linhaça), pirâmide

de isopor e fotos de imagens de alimentos.

Encontro3: Tema: Alimentos Diet x Light. Adoçantes. Rótulos dos Alimentos.

Seqüência de atividades:

1. Aula expositiva sobre: conceito de diet e light, adoçantes, definição de rótulos e

importância da leitura correta dos rótulos.

2. Dinâmica dos adoçantes: foram apresentados quatro tipos de adoçantes com suas

respectivas composições químicas. Cinco participantes foram convidados para

degustar os cafés adoçados com os quatro tipos de adoçantes diferentes e em seguida a

tentar descobrir qual adoçante correspondia a cada café. Concluiu-se a dinâmica

reforçando as características de cada substância adoçante.

3. Oficina de rótulos: foram utilizados rótulos trazidos pelos participantes. Atividades:

explanação sobre a leitura correta dos rótulos.

Encontro4: Tema: Efeito dos nutrientes na glicemia. Contagem de Carboidratos. Alimentos

funcionais relacionados ao DM.

Seqüência de atividades:

30

1. Aula expositiva sobre: influência dos nutrientes na glicemia, noções sobre contagem

de carboidratos e alimentos funcionais relacionados ao DM.

2. Dinâmica da contagem de carboidratos:

Foram colocados em uma mesa dois exemplos de opções de lanche com a quantidade

em gramas de carboidratos expostos em uma placa de cartolina; em seguida foi

discutido que estas opções seriam possíveis as trocas de equivalentes de carboidrato,

desde que o paciente mantivesse sua meta de acordo com o plano alimentar. Concluiu-

se a dinâmica com o esclarecimento de que a glicemia pós-prandial seria influenciada,

principalmente, pela quantidade de carboidrato ingerida, conforme os exemplos:

Lanche A:

Grupo do biscoito salgado Cream cracker 5 unidades 25g de Carboidrato

Fruta A Laranja 1 unidade 12 g de Carboidrato

Suco ADES laranja

zero

1 unidade de 200ml 7g de Carboidrato

Total 44g Carboidrato

Lanche B:

Grupo do bolo dietético Bolo de chocolate diet 1 fatia média 26g de Carboidrato

Fruta A Goiaba 1 unidade 12 g de Carboidrato

Suco Mais light 1 unidade 8g de Carboidrato

Total 46g Carboidrato

3. Material didático: folheto explicativo sobre noções de contagem de carboidratos e

trocas equivalentes. Alimentos variados (biscoito, suco, frutas e bolo).

Encontro5: Tema: Oficina de Culinária e conclusão dos encontros em grupo

Seqüência de atividades:

1. Aula expositiva sobre o preparo de uma receita com ingredientes funcionais na

cozinha experimental da instituição. Receita: bolo funcional de banana. Dentre os

ingredientes de preparo do bolo destacaram-se: linhaça, aveia, nozes, farinha de trigo

integral e adoçante culinário. A preparação culinária foi executada no mesmo

momento da aula, em seguida foi servido o bolo funcional como lanche.

2. Dinâmica de encerramento do grupo: ―Bola do aprendizado‖. Foi feita uma roda e

ligada uma música. Em seguida os participantes jogavam a bola um para o outro.

31

Quando a música era desligada o participante que estivesse com a bola tinha que se

expressar sobre o que aprendeu com os encontros.

3. Material didático: receita do bolo funcional.

4.5 Análise estatística

Para análise estatística foi utilizado o Software STATA (Stata Corporation, CollegeStation,

Texas) versão 12.0. Foi realizada análise descritiva dos dados, apresentando para as variáveis

categóricas, as freqüências e proporções e para as variáveis contínuas a média, desvio padrão,

quartis, mínimo, máximo e mediana. Com o objetivo de comparar os grupos antes e após a

intervenção para os casos das variáveis numéricas utilizou-se o teste T de Student quando

havia evidência de normalidade. O teste não paramétrico de Wilcoxon foi usado quando a

variável se apresentou assimétrica. O teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliar a

normalidade. Na comparação independente (não pareada) foi utilizado o teste de Mann

Whitney (dois grupos) e Kruskal Wallis (3 ou mais grupos).Todos os resultados foram

considerados significativos ao nível de significância de 5% (p<0,05). Foi realizado cálculo

amostral que definiu um mínimo de 33 indivíduos, considerando poder de 80% e nível de

significância de 5%.

32

5 RESULTADOS

O total de pacientes cadastrados com diagnóstico de DM (sem discriminação do tipo de DM)

em prontuário eletrônico e físico da instituição em estudo foi de 481 indivíduos. Desses, 260

não puderam ser contatados (número telefônico inexistente, plano de saúde cancelado,

mudança de residência, paciente ausente/viagem, ligação telefônica incompleta). Os demais

(n=221) foram convidados, por contato telefônico, a participar do estudo cuja primeira parte

era composta por avaliação individual pré-intervenção de educação nutricional. Desses,

apenas 106 confirmaram a presença, ou seja, 115 desistiram. Dos 106 confirmados, 101

compareceram à avaliação inicial pré-intervenção. O procedimento de recrutamento desses

101 pacientes cumpriu-se de acordo com a FIG.1.

33

Figura 1 -Fluxograma de recrutamento dos pacientes.

Fonte: Dados da pesquisa.

A amostra foi composta por 43 pacientes DM2 de ambos os sexos, sendo que 34,9% (n=15)

eram homens e 65,1% (n=28) eram mulheres. As características clínicas e sociodemográficas

dos pacientes incluídos no estudo estão apresentadas na TAB.5 e TAB.6.

Pacientes confirmados para

intervenção nutricional em grupo

n = 69

Pacientes excluídos: n= 11

- DM1 (n = 5)

- Submetido à cirurgia

bariátrica (n = 1)

- Transtorno mental grave

(n = 3)

- Insuficiência renal (n = 2)

Pacientes que desistiram

antes da intervenção

nutricional em grupo

n = 21

Pacientes que compareceram na

pré-intervenção

n = 101

Pacientes

reavaliados após a

intervenção

n = 43

Faltaram

n = 25 Pacientes que

finalizaram a

intervenção nutricional

em grupo

n = 44

44

Não reavaliado pós-

intervenção

n = 1

34

Tabela 5 -Características sociodemográficas, e clínicas dos 43 pacientes que completaram o programa de

educação nutricional em diabetes, Belo Horizonte, 2015.

Características Homens Mulheres Total

n % n % n %

Idade (anos) 40-49 3 20 2 7,1 5 11,6

50-59 3 20 7 25,0 10 23,2

60-69 4 26,7 15 53,6 19 44,2

70-79 5 33,3 4 14,3 9 20,9

Estado civil solteiro 1 6,7 4 14,3 5 11,6

casado 13 86,7 14 50,0 27 62,8

viúvo 1 6,7 6 21,4 7 16,3

divorciado 0 0,0 4 14,3 4 9,3

Renda 1 a 3 s.m 11 73,3 17 60,7 28 65,1

4 a 6s.m 2 13,3 9 32,1 11 25,6

7 a 11 s.m 1 6,7 2 7,1 3 7,0

> 11 s.m 1 6,7 0 0 1 2,3

Atividade física sim 10 66,7 23 82,1 33 76,7

(A.F) não 5 33,3 5 17,9 10 23,3

Local A.F Casa Unimed 3 20,0 13 56,5 16 48,5

academia 4 26,7 6 26,1 10 30,3

ambos 3 20,0 4 17,4 7 21,2

Insulinoterapia sim 5 33,3 2 7,1 7 16,3

não 10 66,7 26 92,9 36 83,7

Número de A.D.O 1 7 46,7 9 32,1 16 37,2

2 4 26,7 16 57,1 20 46,5

3 4 26,7

3 10,7

7 16,3

n: quantidade de participantes; s.m: salário mínimo; Local A.F; local de atividade física; A.D.O: anti-diabético

oral.

35

Tabela 6 -Características clínicas dos 43 pacientes que completaram o programa de educação nutricional

em diabetes, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Masculino Feminino Total

Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Tempo de DM (anos) 7,9 ± 5,6 6,9 ± 6,8 7,2 ± 6,3

Exercício físico (minutos/semana) 95,3 ± 81,2 142,9 ± 85,9 126,3 ± 86,3

Fármacos (n° total)/dia 3,3 ± 2,1

2,9 ± 1,8

3,2 ± 1,9

DP: desvio padrão; Tempo de DM (anos): tempo de diabetes em anos; Fármacos (n° total)/dia: número total de fármacos usados por dia.

Em relação à cor, a maioria 55,8% (n=24) era de cor parda. Quanto ao grau de escolaridade,

18,6% (n=8) possuíam nível primário, 6,9% (n=3) fundamental incompleto, 6,9% (n=3)

fundamental completo, 44,2% (n=19) ensino médio completo, 18,6% (n=8) superior

completo, 4,6% (n=2) pós-graduação. Sobre a ocupação exercida pelos participantes 11,6%

(n=5) eram trabalhadores de carteira assinada, 4,7% (n=2) profissional liberal, 9,3% (n=4)

autônomo, 18,6% (=8) do lar, 2,3% (n=1) empregador, 51,2 % (n=22) aposentado, 2,3 %

(n=1) desempregado. Sobre o hábito de fumar, 86,1% (n=37) dos pacientes negaram

tabagismo. Sobre o hábito de beber, 76,7% (n=33) dos pacientes declararam não consumir

bebida alcoólica, 18,6% (n=8) declararam consumir mensalmente e 4,7% (n=2) declararam

consumir entre duas e três vezes por semana.

As comorbidades associadas ao DM2 estão representadas na FIG.2. Observou-se que a

hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi a doença associada ao DM mais frequentemente

encontrada.

Figura 2 -Comorbidades associadas ao DM2 mais frequentemente encontradas nos 43 pacientes que

concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Fonte: Dados da pesquisa.

16,3 %

60,5 %

16,3 %

2,3% 4,7%

Sem Comorbidades

HAS

HAS e Cardiopatia

HAS e Hipotireoidismo

HAS e Gota

36

A avaliação nutricional evidenciou que os pacientes eram obesos e apresentavam risco

cardiovascular aumentado. Embora após intervenção estas classificações tenham

permanecido, houve diminuição estatisticamente significativa do IMC dos participantes e do

PC nos homens e nas mulheres (p<0,001) como mostra a TAB.7.

Tabela 7 - Dados antropométricos antes e após intervenção dos 43 pacientes que concluíram o programa

de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Antropometria Antes Depois

Média ± DP Média ± DP p valor

Peso (kg) 79,4 ± 15,3 78,5 ± 15,3 <0,001*

IMC (Kg/m²) 31,5 ± 5,4 31,1 ± 5,4 <0,001*

PC masculino (cm) 106,2 ± 8,7 104,8 ± 8,9 <0,001*

PC feminino (cm)

100,3 ± 11,9

98,2 ± 12,3

<0,001*

* Teste T de Student pareado significativo a 5%.DP: desvio padrão; PC: perímetro da cintura; IMC: índice de massa corporal.

Foi avaliada a correlação entre o uso de insulina, peso e IMC, porém não houve correlação

significativa.

Sobre a avaliação do consumo alimentar através do R24h, houve aumento da mediana (teste

de Wilcoxon significativo a 5%) do número de refeições de cinco para seis refeições

diárias(p=0,006). Além disso, observou-se que a ingestão de energia, carboidratos, proteínas,

lipídeos, gorduras saturadas e ferro diminuíram significativamente após intervenção

nutricional (p<0,05). Apenas o consumo de ácido α linolênico (n-3) aumentou de forma

significativa (p<0,05) conforme mostram as figuras a seguir:

37

Figura 3–Média do consumo energético em Kcal avaliado pelo R24h antes e após intervenção nutricional

em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Kcal: Kilocalorias; Teste T de Student pareado significativo a 5%, p<0,001.

Figura 4 - Consumo alimentar em gramas de carboidrato, proteína e lipídeo avaliado pelo R24h antes e

após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação

nutricional, Belo Horizonte, 2015.

*Teste T de Student pareado significativo a 5% (valores em média). ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%

(valores em mediana). Carboidrato: p<0,001, Proteína: p=0,004, Lipídeo: p<0,001.

1962,5

1600,4

0

500

1000

1500

2000

2500

Antes Depois

248,8

100,5

57,9

213,9

82,2

45,5

0

50

100

150

200

250

300

350

Carboidrato** Proteina* Lipídeo*

38

Figura 5–Média do consumo alimentar em gramas de gordura saturada avaliado pelo R24h antes e após

intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional,

Belo Horizonte, 2015.

Teste T de Student pareado significativo a 5%, p<0,001.

Figura 6 - Consumo alimentar em gramas de ácido α linolênico (n-3) avaliado pelo R24h antes e após

intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional,

Belo Horizonte, 2015.

Teste de Wilcoxon significativo a 5% (valores em mediana), p= 0,021.

21,8

14,1

0

5

10

15

20

25

30

35

Antes Depois

*

39

Figura 7 - Consumo alimentar em miligramas de ferro avaliado pelo R24h antes e após intervenção

nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo

Horizonte, 2015.

Teste de Wilcoxon significativo a 5% (valores em mediana), p= 0,013.

As TAB.8 e TAB.9 exibem as variáveis de consumo alimentar avaliadas pelo R24h que não

obtiveram mudança significativa antes e após intervenção nutricional em grupo (p>0,05).

Tabela 8 - Consumo alimentar avaliado pelo R24h antes da intervenção nutricional em grupo dos 43

pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes

Média ± Desvio 1Q Mediana 3Q p valor

Gordura monoinsaturada (g) 18,4 ± 8,7 11,6 18,0 22,5 0,3

Gordura poliinsaturada (g) 8,3 ± 5,4 3,6 7,7 11,9 0,6

Fibra alimentar (g) 31,0 ± 13,4 23,0 28,6 36,7 0,2

Ácido linoléico (n-6) (g) 6,6 ± 4,8 2,3 5,2 10,5 0,1

Cálcio (mg) 727,5 ± 577,8 311,3 487,1 891,5 0,1

* Teste T de Student pareado significativo a 5%. ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%. DP: desvio padrão;

1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil.

*

40

Tabela 9 - Consumo alimentar avaliado pelo R24h após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes

que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Depois

Média ± Desvio 1Q Mediana 3Q p valor

Gordura monoinsaturada (g) 16,5 ± 6,3 11,1 15,9 21,7 0,3

Gordura poliinsaturada (g) 7,7 ± 4,2 4,4 6,7 10,2 0,6

Fibra alimentar (g) 34,1 ± 10,7 26,4 32,0 41,8 0,2

Ácido linoléico (n-6) (g) 4,9 ± 2,2 3,1 4,9 6,4 0,1

Cálcio (mg) 830,7 ± 436,9 449,4 863,0 1091,0 0,1

* Teste T de Student pareado significativo a 5%. ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%.DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil.

A TAB.10 evidencia a frequência de consumo alimentar por grupos de alimentos antes e após

intervenção em grupo. Em média, houve aumento da freqüência semanal de ingestão dos

grupos de alimentos: salada crua (22%), legumes cozidos (72%), frutas (21%). Além disso,

houve diminuição significativa de frituras (76%), hambúrgueres e embutidos (45%), bolachas

e biscoitos salgados (18%), doces (90%) e refrigerantes (84%).

Tabela 10 - Questionário de frequência alimentar semanal antes e após intervenção nutricional em grupo

dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes Depois

Média ± DP 1Q Mediana 3Q Média ± DP 1Q Mediana 3Q p valor

Salada crua 4,4 ± 2,3 3 4 7 5,4 ± 2,2 3 7 7 0,027*

Legumes cozidos 3,1 ± 2,2 2 3 4 5,4 ± 2,3 3 7 7 <0,001*

Frutas 5,5 ± 2,4 4 7 7 6,7 ± 1,0 7 7 7 0,004*

Feijão 6,2 ± 1,9 7 7 7 6,4 ± 1,6 7 7 7 0,7

Leite ou iogurte 5,3 ± 2,6 4 7 7 5,7 ± 2,2 4 7 7 0,2

Frituras 1,7 ± 1,8 1 1 3 0,4 ± 0,7 0 0 1 <0,001*

Hamb. e embut. 1,6 ± 2,1 0 1 2 0,9 ± 1,4 0 0 1 0,024*

Bolachas 5,8 ± 2,3 7 7 7 4,7 ± 2,8 2 7 7 0,045*

Doces 2,3 ± 2,4 1 1 2 0,2 ± 0,5 0 0 0 <0,001*

Refrigerante 0,9 ± 1,7 0 0 1 0,1 ± 0,5 0 0 0 0,006*

* Teste de Wilcoxon significativo a 5%; DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil; Hamb. e

embut.: hambúrguer e embutidos.

A avaliação da qualidade de vida através do questionário BPAID pode ser vista na TAB.11.

Este questionário foi dividido em subdimensões conforme as áreas relacionadas aos

problemas vivenciados (GROSS et al, 2007). Neste trabalho optou-se pelo resultado total da

escala e suas subdimensões. Em média após intervenção, houve redução geral de 80% do

41

BPAID. A subdimensão 1 (problemas emocionais) teve em média redução de 76,4%,

asubdimensão 2 (problemas/ tratamento) apresentou em média redução de 86,1%, a

subdimensão 3 (problemas/alimentação) demonstrou redução média de 78,9% e a

subdimensão 4 (problemas/apoio social) apresentou redução de 90%.

Tabela 11 - Escore da escala BPAID e suas subdimensões antes e após intervenção nutricional em grupo

dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes Depois

Média ± DP 1Q Mediana 3Q Média ± DP 1Q Mediana 3Q p valor

BPAID 41,7 ± 22,2 28,8 43,8 58,8

8,8 ± 9,3 3,8 6,3 10 <0,001*

Emocional 25,8 ± 14,0 16,3 27,5 33,8

6,1 ± 7,2 2,5 5 7,5 <0,001*

Tratamento 6,7 ± 3,8 5 7,5 8,8

0,93 ± 1,52 0 0 1,25 <0,001*

Alimentação 7,1 ± 4,4 3,8 7,5 10

1,5 ± 1,6 0 1,3 2,5 <0,001*

Social 2,0 ± 2,3 0 1,3 2,5

0,2 ± 0,9 0 0 0 <0,001*

* Teste de Wilcoxon significativo a 5%; DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil; BPAID:

Versão brasileira PAID – Problems areas in diabetes.

Não foi observada correlação significativa entre a escala BPAID e as variáveis; faixa etária,

escolaridade, gênero e prática de atividade física antes e após intervenção nutricional em

grupo (p>0,05).

42

6 DISCUSSÃO

O presente trabalho demonstrou que a partir de uma intervenção de educação nutricional em

grupo é possível melhorar a, o padrão de consumo alimentar e a qualidade de vida relacionada

ao DM, podendo auxiliar na melhora do controle metabólico de indivíduos com DM2. Esses

achados corroboram a afirmação da SBD (2014-2015b) de que a educação nutricional para

pacientes com DM pode proporcionar melhorias na qualidade de vida. Além disso, estudos

recentes mostram que intervenções de autogestão contempladas por vários elementos são

eficazes na mudança de comportamento alimentar, redução de medidas antropométricas e na

qualidade de vida relacionada DM2 (HEINRICH et al, 2010; NATALI et al, 2012).

Sobre a seleção dos pacientes para a pesquisa, é notória a perda amostral durante a

amostragem inicial. Dos 221 pacientes convidados, apenas 106 confirmaram sua participação

na avaliação pré-intervenção. Os principais motivos para não adesão alegados pelos 115

desistentes foram indisponibilidade de horário e alto custo de deslocamento até a instituição

onde foi realizada a pesquisa. De fato, a instituição se localiza em um bairro distante da região

central da cidade e não foi possível disponibilizar transporte para os participantes. Ainda em

relação à seleção, pode-se considerar que pode haver um viés, uma vez que o convite feito de

forma voluntária pode ter recrutado principalmente aqueles pacientes que possuíam interesse

em participar e estavam dispostos a realizar algum tipo de mudança.

Sobre os métodos utilizados para avaliação do consumo alimentar, não existe na literatura

padrão ouro para essa investigação. A escolha do método depende do objetivo da avaliação e

das características dos indivíduos estudados (BARBOSA et al, 2012). A associação de

métodos de inquérito alimentar já é descrita na literatura e visa redução dos equívocos e

desvantagens que podem surgir quando são usados separadamente (MENEZES et al, 2011).

Assim, optou-se pela associação dos métodos QFA e R24h com o objetivo de enriquecer as

informações coletadas. O item fundamental do QFA é justamente aquele em que o R24h é

inconsistente: estimar o plano alimentar habitual. Por outro lado, o R24h possibilita a

avaliação de adequação dos nutrientes ingeridos, pois permite respostas abertas, fornecendo

dados mais específicos sobre o consumo alimentar.

43

O presente estudo identificou que 83,7% dos pacientes, além do DM2 apresentavam HAS. No

Brasil, a análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelou

que o coeficiente de prevalência padronizado de HAS associado ao DM aumentou de 1,7%

em 1998 para 2,8% em 2008 (FREITAS; GARCIA, 2012).

Sobre a avaliação antropométrica, apesar das classificações de IMC e PC não terem mudado

de obesidade e alto risco cardiovascular, respectivamente, observou-se redução significativa

dos valores absolutos. Não obstante, essa redução por si só já é um excelente resultado. É

importante ressaltar que não houve nenhuma intervenção direcionada para redução ponderal e

nenhum paciente recebeu qualquer planejamento alimentar específico para tal. Ou seja, os

pacientes obtiveram esses resultados apenas com base na intervenção educacional. Acredita-

se que houve um fator motivacional envolvido, gerado pelas reuniões em grupo, no entanto a

influência do tratamento medicamentoso foi descartada uma vez que não houve correlação

entre o uso de insulina, o peso e o IMC.

A avaliação da ingestão alimentar permite inferir que a perda de peso observada pode estar

relacionada com a redução significativa da ingestão energética que esses pacientes

apresentaram. Além disso, acredita-se que o curto intervalo de tempo do presente estudo

possa ter contribuído para que a perda de peso e diminuição do PC não tenham sido

suficientes para atingir as classificações adequadas.

Beyazit e Mollaoglu (2011) investigaram os efeitos de um programa intensivo de educação

em DM com duração de oito semanas na HbA1c, IMC e pressão arterial. Os pacientes foram

recrutados em um hospital universitário e foram divididos em dois grupos. O grupo que

recebeu intervenção educacional apresentou melhora significativa da HbA1c e pressão

arterial, porém o IMC não demonstrou resultado significativo. Segundo os autores, a perda de

peso insatisfatória poderia ser atribuída em parte à prática de atividade física insuficiente e

inadequada. Outro estudo que também avaliou IMC foi o de Ryan et al (2013). Os autores

examinaram os resultados em curto e longo prazo após exposição a um programa de educação

para autogestão em diabetes para pacientes de baixa renda. Os resultados em curto prazo

revelaram melhora do conhecimento sobre a doença em relação aos quatro conteúdos

trabalhados (alimentação, gestão do DM, monitoramento glicêmico e prevenção de

complicações). Porém, após seis meses os autores não observaram mudança significativa no

44

IMC apesar dos resultados positivos em relação à disposição para mudança de

comportamento alimentar.

Estudo realizado por Torres et al (2009), comparou a efetividade das estratégias de educação

em grupo em relação à estratégia individual em pacientes com DM2. A educação em grupo

constituiu-se de três encontros mensais. Concomitantemente outro grupo foi acompanhado de

forma individualizada. Em relação ao controle glicêmico, apenas a intervenção educacional

em grupo apresentou os resultados significativos de diminuição da HbA1c (p= 0,012). O IMC

não diminuiu após três e seis meses de acompanhamento em ambos os grupos. Os autores

alegaram que o IMC apenas demonstra melhoria após período de tempo mais duradouro.

A redução na ingestão energética verificada por meio do R24h pode ser justificada pela

redução no consumo de grupos de alimentos de alta densidade energética, verificados pelo

QFA. Tais mudanças podem também ter contribuído para a melhora do perfil lipídico com

redução da ingestão de gordura saturada e aumento de ácido α linolênico (n-3). De acordo

com a ADA (2014-2015b), recomenda-se a ingestão de alimentos que contenham ácido α

linolênico (n-3) devido aos efeitos benéficos desse nutriente sobre as lipoproteínas, prevenção

de doenças cardíacas e associações com resultados de saúde positivos em estudos

observacionais. A redução da ingestão de gordura saturada é benéfica para diminuição de

risco de doença cardiovascular (SBD 2014-2015b).

Estudo realizado nos Estados Unidos por Archuleta et al(2012) sobre consumo alimentar de

indivíduos com DM2 avaliou o padrão alimentar dos pacientes por meio de registro alimentar

de três dias antes e após participação em grupo de aulas de culinária e educação nutricional.

Os autores encontraram melhoras significativas no padrão alimentar tais como: diminuição da

média do consumo de energia, de gordura total e saturada e carboidratos, corroborando os

resultados encontrados neste trabalho. England et al (2014) ao avaliarem o consumo alimentar

de DM2 após intervenção nutricional de abordagem não prescritiva e individualizada,

encontraram assim como no presente trabalho, diminuição da ingestão energética e

manutenção de consumo de fibras.

Outro estudo que também avaliou os hábitos alimentares dos indivíduos com DM foi o de

Szczepanska et al (2014), realizado na Polônia. A pesquisa analisou os hábitos alimentares de

pacientes DM2 antes e após intervenção de educação nutricional individualizada. Os

45

resultados mostraram que antes da educação nutricional havia ocorrência elevada de hábitos

nutricionais inadequados, porém após o período de educação nutricional o número de

indivíduos com nível elevado de boas práticas alimentares aumentou de forma significativa.

O presente trabalho observou que a média da quantidade em gramas de consumo protéico

após a intervenção educacional diminuiu de forma significativa. Porém, o percentual em

relação à média de consumo energético aumentou, antes da intervenção era de 20,4 % e

passou para 21%. A literatura já demonstrou o consumo elevado desse macronutriente pelos

indivíduos com DM, inferindo a tentativa de substituição do carboidrato pela proteína

(BARBIERI et al, 2012).

Em relação ao consumo de fibras, um dos objetivos da terapia nutricional é aumentar sua

ingestão uma vez que a literatura demonstrou que há melhora significativa na glicemia de

jejum e na HbA1c quando um acréscimo de fibra dietética foi usado como intervenção em

DM2 (POST et al, 2012). O presente trabalho não encontrou mudança significativa na

ingestão de fibra após intervenção de educação nutricional em grupo, porém inicialmente o

consumo de fibras já atendia à recomendação nutricional da SBD (2014-2015b). Isso poderia

ser explicado pela presença do grupo do feijão na alimentação desses pacientes, o que pode

ser verificado no QFA. Apesar de não ser comum na literatura, como verificado no estudo

sobre consumo alimentar no Japão com pacientes DM2 (HORIKAWA et al, 2014).

De acordo com a SBD (2014-2015b), a dieta deve ser dividida em seis refeições diárias. O

presente trabalho revelou aumento significativo da mediana do número de refeições após

intervenção. A literatura já mostrou melhora no número de refeições na população com DM

após intervenção educacional (SZCZEPANSKA et al, 2014). Estudo realizado no Brasil por

Barbieri et al (2012), sobre avaliação de consumo alimentar de pacientes DM2, constatou que

a maioria dos indivíduos realizava no mínimo cinco refeições diariamente.

Ainda no tocante ao consumo alimentar, o consumo do grupo do feijão verificado por meio do

QFA não apresentou diferença significativa após intervenção. Isso poderia ser esclarecido

pelo fato do feijão ser um alimento comumente presente na cultura brasileira. Estudo

realizado por Souza A. M et al (2013), que utilizou dados da POF-2008-2009 para

caracterizar o consumo alimentar mais frequente dos brasileiros, destacou que o feijão estava

46

entre os cinco alimentos de maior freqüência de consumo no país, em todas as faixas etárias e

estratos de renda.

Sabe-se que as principais fontes de cálcio são leite e derivados. Apesar da presença do grupo

do leite verificado no QFA, o R24h revelou valores médios e medianos de consumo de cálcio

tanto antes quanto após intervenção, aquém das necessidades preconizadas pela DRI. Isso já

era esperado, uma vez que a literatura já mostrou resultado semelhante no estudo realizado no

Japão por Kobayashi et al (2013), no qual os autores verificaram o consumo alimentar de

pacientes com DM2. Os resultados mais notáveis encontrados foram inadequação de

vitaminas e minerais, entre eles podem-se citar o cálcio e o ferro, abaixo das recomendações

da DRI.

Sobre a qualidade de vida, de maneira geral, os pacientes com DM2 podem ser prejudicados

devido ao caráter crônico da doença, a possível associação com outras comorbidades e a

necessidade de adaptação às exigências do tratamento (SCHUNK et al, 2011; CHIBANTE et

al, 2014). Outros estudos de intervenção em educação em DM para autogestão já avaliaram a

qualidade de vida e encontraram resultados positivos (SOUZA et al, 2012; JAHROMI et al,

2015).

O resultado positivo no escore do BPAID após intervenção pode ser explicado pela

modalidade de intervenção de educação adotada, a intervenção em grupo. A educação em

grupo é uma forma de intervenção que oferece a oportunidade de experimentar as limitações,

cumplicidades e singularidades que surgem em cada encontro, além disso, é um ambiente de

desenvolvimento coletivo e específico sobre o cuidado (ABRAHÃO; FREITAS, 2009;

ANTÔNIO, 2010). A intervenção através do grupo proporcionou aos participantes um

ambiente acolhedor e o contato com indivíduos que apresentavam problemas semelhantes,

possibilitando a formação de vínculos, quebra de obstáculos e paradigmas no que tange ao

convívio com a doença. Dessa forma, o grupo pode ter contribuído para conscientização,

melhora de percepção e aceitação sobre viver com DM, colaborando de forma substancial na

melhoria dos resultados de qualidade de vida (FRANCIONI; SILVA, 2007).

Além da melhora no escore geral, os desfechos positivos em suas subdimensões merecem

destaque. A subdimensão 1 que é referente aos problemas emocionais relacionados ao DM e a

subdimensão 4 referente aos problemas relacionados ao apoio social, provavelmente

47

obtiveram melhora significativa após o programa de educação nutricional em virtude da

influência bem sucedida do tipo de modalidade de intervenção, como já mencionado no

parágrafo anterior. Em relação a subdimensão 3 que são os problemas relacionados à

alimentação pode-se dizer que já era esperado algum tipo de mudança, pois os pacientes

alcançaram resultados positivos nos hábitos alimentares. Outra subdimensão que resultou em

mudança benéfica foi a de número 2, relacionada ao tratamento. Acredita-se que esta

subdimensão tenha sido influenciada pelos conceitos trabalhados no primeiro encontro do

programa de educação.

Souza, E.C.S et al (2012) avaliaram a qualidade de vida de indivíduos com DM2 usando o

mesmo questionário deste trabalho e o Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health

Survey (SF-36). Os autores observaram que 37,6% dos pacientes tiveram escore do B-PAID

total igual ou maior a 40. Os menores valores encontrados foram entre os praticantes de

atividade física, sugerindo menor probabilidade de manifestarem problemas relacionados ao

DM nesta população. Ressalta-se que a prática de atividade física pode proporcionar inúmeras

vantagens ao paciente com DM, tais como; redução da glicemia, redução ponderal e melhora

das funções cardiorespiratórias (CARAN; SANTOS, 2011). A falta de correlação do BPAID

com a prática de atividade física neste estudo pode ser explicada devido ao fato da grande

maioria dos pacientes deste estudo já ser ativa antes do programa de educação nutricional

(76% praticava atividade física regularmente). Esse dado pode ter sido influenciado pelo fato

de a própria instituição onde foi realizada a pesquisa disponibilizar atividade física para os

pacientes crônicos.

Visto que o presente trabalho avaliou o consumo alimentar e a qualidade de vida ao longo de

um período relativamente curto de tempo, mais pesquisas são necessárias para analisar se

intervenções com maior intervalo de tempo e se as melhorias no consumo alimentar e na

qualidade de vida são sustentadas após finalização da intervenção em grupo em longo prazo.

48

7 CONCLUSÃO

A intervenção de educação nutricional em grupo impactou de forma positiva no consumo

alimentar e na qualidade de vida de pacientes com DM2.

Esses resultados sugerem que este modelo de intervenção pode ser uma opção exequível e de

custo reduzido para ser praticada em serviços de saúde que podem contribuir para promoção

de saúde desta população.

49

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55

ANEXOS

ANEXO A: APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DO INSTITUTO DE

ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE

56

57

ANEXO B: FORMULÁRIO DE MARCADORES DO CONSUMO ALIMENTAR–

INDIVÍDUOS COM 5 ANOS DE IDADE OU MAIS/ MINISTÉRIO DA SAÚDE /

SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Nos últimos 7 dias, em quantos dias você comeu os seguintes alimentos ou bebidas?

ALIMENTO/BEBIDA Não

comi

nos

últimos

sete

dias

1 dia

nos

últimos

sete

dias

2 dias

nos

últimos

sete

dias

3 dias

nos

últimos

sete

dias

4 dias

nos

últimos

sete

dias

5 dias

nos

últimos

sete

dias

6 dias

nos

últimos

sete

dias

Todos

os 7

úl-

timos

dias

1. Salada crua (alface, tomate,

cenoura, pepino, repolho, etc)

2. Legumes e verduras

cozidos (couve, abóbora,

brócolis, espinafre, etc) (não

considerar batata e mandioca)

3. Frutas frescas ou salada de

frutas

4. Feijão

5. Leite ou iogurte

6. Batata frita, batata de

pacote e salgados fritos

(coxinha, quibe, pastel, etc)

7. Hambúrguer e embutidos

(salsicha, mortadela, salame,

presunto, lingüiça, etc)

8. Bolachas/ biscoitos

salgados ou salgadinhos de

pacote

9. Bolachas/ biscoitos doces

ou recheados, doces, balas e

chocolates (em barra ou

bombom)

10. Refrigerante (não

considerar os diet ou light)

58

ANEXO C: B-PAID -VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA PAID(ProblemsAreas in

DiabetesScale)

Instruções: A partir de sua própria perspectiva, em que grau as seguintes questões

relacionadas ao diabetes são um problema comum para você?

Observe o quadro ao lado

para classificar sua

resposta !

Não é um

problema

É um pequeno

problema

É um

problema

moderado

É quase um

problema

sério

É um

problema

sério

1)A falta de metas claras e

concretas no cuidado do seu

diabetes:

2)Sentir-se desencorajado

com seu tratamento do

diabetes:

3)Sentir medo quando pensa

em viver com diabetes:

4)Enfrentar situações sociais

desconfortáveis

relacionadas aos cuidados

com seu diabetes (por

exemplo, pessoas falando

para você o que você deve

comer):

5)Ter sentimentos de

privação a respeito da

comida e refeição:

6)Ficar deprimido quando

pensa em ter que viver com

diabetes:

7)Não saber se seu humor

ou sentimentos estão

relacionados com seu

diabetes:

8)Sentir que seu diabetes é

um peso para você:

9)Preocupar-se com

episódios de glicose baixa:

10)Ficarbravo/irritado

quando pensa em viver com

diabetes:

59

11)Preocupar-se com a

comida e o que comer:

12)Preocupar-se com o

futuro e com a possibilidade

de sérias complicações:

13)Sentir-se culpado(a) ou

ansioso(a) quando você

deixa de cuidar do seu

diabetes:

14)Não aceitar seu diabetes:

15)Sentir-se insatisfeito com

o médico que cuida do seu

diabetes:

16)Sentir que o diabetes está

tomando muito de sua

energia mental e física

diariamente:

17)Sentir-se sozinho com

seu diabetes:

18)Sentir que seus amigos e

familiares não apóiam seus

esforços em lidar com o seu

diabetes:

19)Lidar com as

complicações do diabetes:

20)Sentir-se esgotado com o

esforço constante que é

necessário para cuidar do

seu diabetes:

60

APÊNDICES

APÊNDICE A:TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Senhor (a),

Convidamos o Sr (a) para participar da Pesquisa (Impacto de um programa de educação

nutricional no consumo alimentar e na qualidade de vida de pacientes com diabetes tipo 2), sob a

responsabilidade da pesquisadora Paula Louisy Portella Werneck orientada pela professora

DraMarcella Lobato Dias Consoli.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de consulta individual e encontros em grupo.

Em consulta individual será aplicado um questionário com questões fechadas de múltipla escolha que

tem como objetivo analisar seu consumo alimentar e a qualidade de vida relacionada à saúde. Em

seguida à consulta, o senhor (a) participará de cinco encontros em grupo semanais, de promoção de

hábitos alimentares saudáveis no diabetes. Após finalização dos encontros em grupo, os questionários

serão reaplicados. Estes procedimentos não lhe proporcionarão qualquer risco e não terão custo.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será

divulgada, sendo guardada em sigilo. Para qualquer outra informação, o Sr (a) poderá entrar em

contato com as pesquisadoras pelos emails ([email protected]), ([email protected])

ou através do telefones: Paula- (33) 91263819, (33) 32752881, Marcella- (31) 86240403 e/ou com o

Comitê de Ética em Pesquisa- (31) 3238-8933.

Direito de recusa: o Sr(a) tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer

fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta de dados independente do motivo e sem nenhum

prejuízo a sua pessoa.

Nós, responsáveis pelo estudo, nos comprometemos ao cumprimento às normas da resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e declaramos a veracidade das informações a serem enviadas

ao C.E.P, garantindo a conduta ética e suporte clínico aos pacientes envolvidos na pesquisa.

Consentimento: Concordo em participar deste estudo. Recebi uma cópia presente do termo de

consentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as dúvidas.

Paciente:_________________________________________________ Data:___________________

________________________________ ______________________________

Paula Louisy Portella Werneck Profa. Dra. Marcella Lobato Dias Consoli

61

APÊNDICE B:RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24 HORAS

Refeição/horário Preparação Quantidade

(medida caseira)

Quantidade (g)

Desjejum

Hora:

Colação

Hora:

Almoço

Hora:

Lanche da tarde

Hora:

Jantar

Hora:

Ceia

Hora:

Outros

Hora:

62

APÊNDICE C: ARTIGO CIENTÍFICO

Impacto de um Programa de Educação Nutricional no Consumo Alimentar e na

Qualidade de Vida de Pacientes com Diabetes Tipo 2

Paula Louisy Portella Werneck1; Franciele de Queiroz Santos², Dra Marcella Lobato

Dias Consoli3

Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, MG., Brasil.

¹ Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte

² Graduada em Nutrição, Universidade do Vale do Rio Doce

³ Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte

Endereço para correspondência:

Profa. Dra Marcella Lobato Dias Consoli

Instituto de Ensino e Pesquisa – Santa Casa de Belo Horizonte

Rua Domingos Vieira, 590. Santa Efigênia. Minas Gerais, 30150-240 – Brasil

Telefone: 55(31)32328838

Fax: 55(31)32388838

E-mail: [email protected]

63

RESUMO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica complexa que requer cuidados médicos contínuos e estratégias

de redução de risco multifatoriais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto de ações de educação

nutricional em grupo no consumo alimentar e na qualidade de vida de indivíduos com diabetes tipo 2 (DM2).

Trata-se de um ensaio clínico prospectivo realizado com 43 pacientes com diagnóstico de DM2 há pelo menos

um mês, de ambos os sexos e idade acima de 18 anos clientes de uma operadora de saúde privada, no período de janeiro a maio de 2014. Os pacientes foram avaliados antes e após participação em programa de educação

nutricional no diabetes, em grupo, composto por cinco encontros (um encontro por semana), com duração média

de uma hora e 30 minutos cada. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos, peso, índice de massa

corporal (IMC), perímetro da cintura (PC), dados de consumo alimentar (recordatório alimentar de 24 horas -

R24h, questionário de freqüência alimentar - QFA) e qualidade de vida (questionário BPAID- Versão Brasileira

da escala PAID). Foi utilizado o teste de Shapiro Wilk para avaliar a normalidade e em seguida os testes de T

Student, Wilcoxon, Mann Whitney (dois grupos) e Kruskal Wallis (3 ou mais grupos). Ao final da intervenção educacional houve diminuição significativa do IMC e do PC nos homens e nas mulheres (p<0,001). O R24h

revelou aumento do número de refeições (p=0,006), além da redução na ingestão de energia, carboidratos,

proteínas, lipídeos e gorduras saturadas (p<0,05). O QFA revelou aumento significativo da freqüência semanal

de ingestão de salada crua, legumes cozidos, frutas (p<0,05) e diminuição significativa de frituras hambúrgueres

e embutidos, bolachas e biscoitos salgados, doces e refrigerantes (p<0,05). Finalmente, pelo escore geral da

escala PAID e suas subdimensões observou-se melhora significativa da qualidade de vida (p<0,001). A

participação em programa de educação nutricional em grupo foi eficaz para melhorar as condições físicas, o

padrão de consumo alimentar e a qualidade de vida relacionada ao diabetes. Este modelo de intervenção pode ser

uma opção exequível e de baixo custo que pode contribuir para promoção de saúde desta população.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus, consumo de alimentos, qualidade de vida, educação alimentar e

nutricional.

ABSTRACT

Diabetes mellitus (DM) is a complex chronic disease that requires continuous medical care and multifactorial

risk reduction strategies. The aim of this study was to evaluate the impact of nutrition education in groups

regarding food consumption and quality of life of individuals with type 2 diabetes(T2DM).This is a prospective

clinical trial with 43patients diagnosed with DM2 at least one month prior to this study. These patients were of

both sexes and age 18 years or over, users of private health care insurance. The study took place from January to

May 2014. The subjects were evaluated before and after participation in a group nutrition education program,

which had five weekly meetings, lasting an hour and 30 minutes each. Data collected were socio-demographic

and clinical, along with weight, body mass index (BMI), waist circumference (PC), food consumption data (24

hour food reminder – 24 hour frequency questionnaire on food consumption – FFQ) and quality of life (BPAID questionnaire – Brazilian version of PAID scale).The Shapiro Wilk test was used to evaluate normality and

afterwards the T Student, Wilcoxon, Mann Whitney tests (two groups) and Kruskal Wallis (3 or more groups)

were used as well. At the end of the educational intervention subjects of both sexes showed a significant

decrease in BMI and PC (p <0,001). Nutritional assessment revealed an increase in the number of meals (p=

0,006) as well as the reduction in energy intake, carbohydrates, proteins, lipids and saturated fat(p<0,05). The

frequency questionnaire on food consumption (FFQ) showed a significant increase on the frequency of weekly

intake ofraw salad, cooked vegetables, and fruit (p<0,05). It showed a significant decrease in burgers and

sausages, fried foods, cookies and crackers, sweets and soft drinks (p<0,05). Finally, the general score of PAID

scale and its sub-dimensions showed a significant improvement in quality of life (p<0,001). This study

demonstrates that diabetes education delivered in a group setting was effective in improving participants’

physical conditions, pattern of food consumption and the quality of life in relation to diabetes. This intervention model may allow for more efficient and cost- effective methods in the delivery of diabetes education programs

Keywords: Diabetes Mellitus, food consumption, quality of life; food and nutrition education.

64

INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica complexa que requer cuidados médicos

contínuos e estratégias de redução de risco multifatoriais, além do controle glicêmico.

Educação em autogestão e suporte para o paciente são essenciais para evitar complicações

agudas e reduzir o risco de complicações em longo prazo (ADA, 2015a; SBD, 2014-2015a).

A literatura científica atual mostra que intervenções educacionais, especialmente as

estratégias baseadas em grupos, são eficazes na melhora dos resultados do tratamento desta

doença. A educação nutricional é uma das ferramentas utilizadas no tratamento do diabetes

(WEINSTEIN, 2014).

A prevalência de DM vem aumentando exponencialmente em todo o mundo. Hoje, estima-se

que 382 milhões de pessoas no mundo têm DM. Isso equivale a 8,3% dos adultos. Se estas

tendências continuarem, em 2035, em torno de 592 milhões de pessoas, ou um adulto para

cada dez pessoas terá diabetes (IDF, 2013).

O DM2 é uma epidemia global que prejudica a saúde e a economia das nações. As causas

desta epidemia fazem parte de uma combinação complexa de predisposição genética e

epigenética que interagem em uma combinação igualmente complexa de fatores sociais que

determinam o comportamento e os riscos ambientais (HU, 2011; CHEN et al, 2012).

O objetivo principal da terapia nutricional é promover e apoiar padrões alimentares saudáveis,

enfatizando a variedade de alimentos ricos em nutrientes e em porções adequadas. Além

disso, busca-se: 1) atingir e manter bom nível glicêmico; 2) níveis adequados de lipídeos

séricos e perfil de lipoproteínas que reduza o risco de doença macrovascular; 3) nível de

pressão arterial que reduza o risco de doença cardiovascular; 4) alcançar e manter metas de

peso corporal; 5) atrasar ou prevenir complicações do DM; 6) atender às necessidades

nutricionais individuais, considerando as preferências pessoais e culturais, literatura científica

e habilidade para realizar mudanças comportamentais (SBD, 2014-2015b; ADA, 2015b). A

ADA (2015) reforça ainda que a terapia nutricional deve manter o prazer da alimentação,

limitando escolhas alimentares apenas quando indicado por evidência científica (WHEELER,

2012; SBD, 2014-2015b, ADA, 2015b).

65

Para o diabetes tipo 2 (DM2), programas de mudanças de estilo de vida, incluindo técnicas

comportamentais, auto-supervisão da ingestão alimentar e/ou atividade física, educação em

grupo e mecanismos para reforçar a motivação são mais eficazes do que a abordagem

individual tradicional, à médio e longo prazo (VICO et al, 2013). Diante do exposto, torna-se

necessário direcionar ações de educação nutricional a fim de promover práticas de

alimentação saudável. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto das ações

de educação nutricional em grupo por meio de um programa educativo, no consumo alimentar

e na qualidade de vida dos indivíduos com diabetes tipo 2.

MÉTODOS

Trata-se de um ensaio clínico prospectivo, realizado em uma operadora de saúde privada em

Governador Valadares, MG, no período de janeiro a maio de 2014. Os participantes foram

selecionados por meio de busca ativa de cadastro em prontuário físico e no software de gestão

usado pela instituição nos últimos cinco anos.

Foram incluídos pacientes com diagnóstico de DM2 há pelo menos um mês, de ambos os

sexos, com idade acima de 18 anos, clientes da operadora de saúde, cadastrados na instituição

que aceitaram participar da pesquisa. Foram excluídos pacientes com complicações renais,

deficiência visual, neoplasias, transtorno mental grave ou submetidos à cirurgia bariátrica,

aqueles que faltaram a pelo menos um encontro da intervenção educacional e/ou à reavaliação

após participação no programa e os que não consentiram a utilização de seus dados na

pesquisa.

O projeto do estudo e o termo de consentimento foram aprovados pelo Comitê de Ética em

Pesquisa com seres humanos da Santa Casa de Belo Horizonte, atendendo à Resolução

n°196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os participantes foram orientados previamente e

assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

Os pacientes foram avaliados individualmente em salas privativas um mês antes da

intervenção e dois dias após a intervenção em grupo. As avaliações foram realizadas pela

pesquisadora principal e por três estagiárias do curso de Nutrição da Universidade Vale do

Rio Doce, sendo que apenas uma das estagiárias realizou a avaliação antropométrica. As

variáveis coletadas antes da intervenção foram sociodemográficas, clínicas, hábitos de vida,

66

variáveis antropométricas, de consumo alimentar e de qualidade de vida, sendo que as três

últimas foram repetidas ao final do programa educacional. Sociodemográficas: idade, estado

civil, renda, cor, escolaridade, ocupação.

Clínicas: insulinoterapia, número de medicamentos antidiabéticos orais, tempo de DM,

número total de fármacos por dia, tabagismo, etilismo e comorbidades associadas ao DM.

Hábitos de vida: prática de atividade física, local da prática de atividade física, tempo de

atividade física em minutos por semana, tabagismo, etilismo.

Antropométricas: peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e perímetro da cintura

(PC).

Consumo alimentar: recordatório alimentar de 24 horas (R24h) e questionário de

freqüência alimentar (QFA).

Qualidade de vida: questionário de avaliação de qualidade de vida relacionada ao diabetes

(BPAID).

O peso foi avaliado com balança do tipo plataforma (calibrada antes da pesagem e afastada da

parede), da marca Welmy, com capacidade máxima de 150 Kg e divisão de 100g. A altura

foi avaliada por meio de estadiômetro acoplado à balança, ambos de acordo com os critérios

do Ministério da Saúde (2004). Para análise do IMC foram utilizados os parâmetros de

referência de acordo com a idade propostos pela OMS (1995) e LIPSCHITZ, D. A, 1994. A

medida do perímetro da cintura foi efetuada no ponto médio entre a margem inferior da

costela menos palpável e o topo da crista ilíaca, usando fita inextensiva e milimetrada de

acordo com os critérios e classificações da Organização Mundial de Saúde, (2008).

Os instrumentos utilizados para a avaliação do consumo alimentar foram o R24h e o QFA.

Foram utilizadas imagens do álbum fotográfico de porções alimentares com a finalidade de

diminuir o viés de memória (LOPEZ; BOTELHO, 2013). R24h: Os cálculos do R24h foram

realizados no software de Nutrição DietPro 5i®, segundo a Tabela Brasileira de Composição

de Alimentos (TACO) e a Tabela do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA). Os nutrientes avaliados através do R24h foram: energia, carboidrato, proteína,

lipídeo, gordura monoinsaturada, gordura poliinsaturada, gordura saturada, fibra alimentar,

ácido α linolênico (n-3), ácido linoléico (n-6) cálcio, ferro e fibra. A análise foi realizada com

base nas referências da SBD (2014-2015) e ingestão dietética recomenda (DRI). A avaliação

dietética incluiu também o número de refeições realizadas. O QFA utilizado no estudo foi o

Formulário de Marcadores do Consumo Alimentar – Indivíduos com 5 anos de idade ou mais

do Ministério da Saúde/ Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Este questionário

67

apresenta 10 grupos alimentares. Para cada grupo alimentar, os participantes manifestaram a

freqüência de consumo nos últimos sete dias.

A qualidade de vida relacionada ao diabetes foi avaliada pelo questionário BPAID- Versão

Brasileira da escala PAID.

O programa de educação nutricional em grupo foi constituído de cinco encontros (um

encontro por semana) com duração média de uma hora e 30 minutos cada. Os pacientes foram

confirmados, por telefone, pela pesquisadora principal no dia anterior à intervenção. Os temas

dos encontros foram conduzidos conforme figura 1.

Figura 1. Temas apresentados no Programa de educação nutricional em diabetes.

Encontro 1: Tema: Conhecendo o Diabetes. Afinal, o que é Diabetes?

Encontro 2: Tema: Princípios básicos da alimentação saudável no diabetes. Pirâmide alimentar. Lista de

substituição. Medidas caseiras.

Encontro 3: Tema: Alimentos Diet x Light. Adoçantes. Rótulos dos Alimentos.

Encontro 4: Tema: Efeito dos nutrientes na glicemia. Contagem de Carboidratos. Alimentos funcionais

relacionados ao diabetes.

Encontro 5: Tema: Oficina de Culinária e conclusão dos encontros em grupo

Para análise estatística foi utilizado o Software STATA (Stata Corporation, College Station,

Texas) versão 12.0. Foi realizada análise descritiva dos dados, apresentando para as variáveis

categóricas, as freqüências e proporções e para as variáveis contínuas a média, desvio padrão,

quartis, mínimo, máximo e mediana. Com o objetivo de comparar os grupos antes e após a

intervenção para os casos das variáveis numéricas utilizou-se o teste T de Student quando

havia evidência de normalidade. O teste não paramétrico de Wilcoxon foi usado quando a

variável se apresentou Shapiro-Wilk foi usado para avaliar a normalidade. Na comparação

independente (não pareada) foi utilizado o teste de Mann Whitney (dois grupos) e Kruskal

Wallis (3 ou mais grupos). Todos os resultados foram considerados significativos ao nível de

significância de 5% (p<0,05). Foi realizado cálculo amostral que definiu um mínimo de 33

indivíduos, considerando poder de 80% e nível de significância de 5%.

68

RESULTADOS

O total de pacientes cadastrados com diagnóstico de diabetes (sem discriminação do tipo de

diabetes) em prontuário eletrônico e físico da instituição em estudo foi de 481 indivíduos.

Desses, 260 não puderam ser contatados (número telefônico inexistente, plano de saúde

cancelado, mudança de residência, paciente ausente/viagem, ligação telefônica incompleta).

Os demais (n=221) foram convidados, por contato telefônico, a participar do estudo cuja

primeira parte era uma avaliação individual pré-intervenção de educação nutricional. Desses,

apenas 106 confirmaram a presença, ou seja, 115 desistiram. Dos 106 confirmados, 101

compareceram à avaliação inicial pré-intervenção.

O procedimento de recrutamento desses 101 pacientes cumpriu-se de acordo com a figura 2.

A amostra foi composta por 43 pacientes DM2 de ambos os sexos, sendo que 34,9% (n=15)

eram homens e 65,1% (n=28) eram mulheres. As características clínicas e sócio-demográficas

dos pacientes incluídos no estudo estão apresentadas nas tabelas 1 e 2.

Em relação à cor, a maioria 55,8% (n=24) era de cor parda. Quanto ao grau de escolaridade,

18,6% (n=8) possuíam nível primário, 6,9% (n=3) fundamental incompleto, 6,9% (n=3)

fundamental completo, 44,2% (n=19) ensino médio completo, 18,6% (n=8) superior

completo, 4,6% (n=2) pós-graduação. Sobre a ocupação exercida pelos participantes 11,6%

(n=5) eram trabalhadores de carteira assinada, 4,7% (n=2) profissional liberal, 9,3% (n=4)

autônomo, 18,6% (=8) do lar, 2,3% (n=1) empregador, 51,2 % (n=22) aposentado, 2,3 %

(n=1) desempregado. Sobre o hábito de fumar, 86,1% (n=37) dos pacientes negaram

tabagismo. Sobre o hábito de beber, 76,7% (n=33) dos pacientes declararam não consumir

bebida alcoólica, 18,6% (n=8) declararam consumir mensalmente e 4,7% (n=2) declararam

consumir entre duas e três vezes por semana.

As comorbidades associadas ao DM2 estão representadas na figura 3. Observou-se que a

hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi a doença associada ao diabetes mais frequentemente

encontrada.

A avaliação nutricional evidenciou que os pacientes eram obesos e apresentavam risco

cardiovascular aumentado. Embora após intervenção estas classificações tenham

69

permanecido, houve diminuição estatisticamente significativa do IMC dos participantes e do

PC nos homens e nas mulheres (p<0.001) como mostra a tabela 3.

Foi avaliada a correlação entre o uso de insulina, peso e IMC, porém não houve correlação

positiva.

Sobre a avaliação do consumo alimentar através do R24h houve aumento da mediana (teste de

Wilcoxon significativo a 5%) do número de refeições de 5 para 6 refeições diárias (p=0.006).

Além disso, observou-se que a ingestão de energia, carboidratos, proteínas, lipídeos, gorduras

saturadas e ferro diminuíram significativamente após intervenção nutricional (p<0.05).

Apenas o consumo de ácido α linolênico (n-3) aumentou de forma significativa (p<0.05)

conforme mostram as figuras 4, 5, 6, 7 e 8.

As tabelas 4 e 5 exibem as variáveis de consumo alimentar avaliadas pelo R24h que não

obtiveram mudança significativa antes e após intervenção nutricional em grupo (p>0.05).

A tabela 6 evidencia a frequência de consumo alimentar por grupos de alimentos antes e após

intervenção em grupo. Os pacientes responderam o QFA semanal, com opção de nenhuma

vez por semana (zero) até sete vezes por semana. Em média, houve aumento da freqüência

semanal de ingestão dos grupos de alimentos: salada crua (22%), legumes cozidos (72%),

frutas (21%). Além disso, houve diminuição significativa de frituras (76%), hambúrgueres e

embutidos (45%), bolachas e biscoitos salgados (18%), doces (90%) e refrigerantes (84%).

A avaliação da qualidade de vida através do questionário BPAID pode ser vista na tabela 7.

Este questionário foi dividido em subdimensões conforme as áreas relacionadas aos

problemas vivenciados (GROSS, et al, 2007). Neste trabalho optou-se pelo resultado total da

escala e suas subdimensões. Em média após intervenção, houve redução geral de 80% do

BPAID. A subdimensão 1 (problemas emocionais) teve em média redução de 76,4%,

asubdimensão 2 (problemas/ tratamento) apresentou em média redução de 86,1%, a

subdimensão 3 (problemas/alimentação) demonstrou redução média de 78,9% e a

subdimensão 4 (problemas/apoio social) apresentou redução de 90%.

Não foi observada correlação entre a escala BPAID e as variáveis; faixa etária, escolaridade,

gênero e prática de atividade física antes e após intervenção nutricional em grupo (p>0.05).

70

DISCUSSÃO

O presente trabalho demonstrou que a partir de uma intervenção de educação nutricional em

grupo é possível melhorar a, o padrão de consumo alimentar e a qualidade de vida relacionada

ao DM, podendo auxiliar na melhora do controle metabólico de indivíduos com DM2. . Esses

achados corroboram a afirmação da SBD (2014-2015b) de que a educação nutricional para

pacientes com DM pode proporcionar melhorias na qualidade de vida. Além disso, estudos

recentes mostram que intervenções de autogestão contempladas por vários elementos são

eficazes na mudança de comportamento alimentar, redução de medidas antropométricas e na

qualidade de vida relacionada DM2 (HEINRICH et al, 2010; NATALI et al, 2012).

Sobre os métodos utilizados para avaliação do consumo alimentar, não existe na literatura

padrão ouro para essa investigação. A escolha do método depende do objetivo da avaliação e

das características dos indivíduos estudados (BARBOSA et al, 2012). A associação de

métodos de inquérito alimentar já é descrita na literatura e visa redução dos equívocos e

desvantagens que podem surgir quando são usados separadamente (MENEZES et al, 2011).

Assim, optou-se pela associação dos métodos QFA e R24h com o objetivo de enriquecer as

informações coletadas. O item fundamental do QFA é justamente aquele em que o R24h é

inconsistente: estimar o plano alimentar habitual. Por outro lado, o R24h possibilita a

avaliação de adequação dos nutrientes ingeridos, pois permite respostas abertas, fornecendo

dados mais específicos sobre o consumo alimentar.

A avaliação da ingestão alimentar permite inferir que a perda de peso observada pode estar

relacionada com a redução significativa da ingestão energética que esses pacientes

apresentaram. Além disso, acredita-se que o curto intervalo de tempo do presente estudo

possa ter contribuído para que a perda de peso e diminuição do PC não tenham sido

suficientes para atingir as classificações adequadas.

Beyazit e Mukadder (2011) investigaram os efeitos de um programa intensivo de educação

em DM com duração de oito semanas na HbA1c, IMC e pressão arterial. Os pacientes foram

recrutados em um hospital universitário e foram divididos em dois grupos. O grupo que

recebeu intervenção educacional apresentou melhora significativa da HbA1c e pressão

arterial, porém o IMC não demonstrou resultado significativo. Segundo os autores, a perda de

71

peso insatisfatória poderia ser atribuída em parte à prática de atividade física insuficiente e

inadequada.

Estudo realizado por Torres et al (2009), comparou a efetividade das estratégias de educação

em grupo em relação à individual em pacientes com DM2. Em relação ao controle glicêmico,

apenas a intervenção educacional em grupo apresentou os resultados significativos de

diminuição da HbA1c (p= 0,012). O IMC não diminuiu após três e seis meses de

acompanhamento em ambos os grupos. Os autores alegaram que o IMC apenas demonstra

melhoria após período de tempo mais duradouro.

A redução na ingestão energética verificada por meio do R24h pode ser justificada pela

redução no consumo de grupos de alimentos de alta densidade energética, verificados pelo

QFA. Tais mudanças podem também ter contribuído para a melhora do perfil lipídico com

redução da ingestão de gordura saturada e aumento de ácido α linolênico (n-3). De acordo

com a ADA (2014-2015b), recomenda-se a ingestão de alimentos que contenham ácido α

linolênico (n-3) devido aos efeitos benéficos deste nutriente sobre as lipoproteínas, prevenção

de doenças cardíacas e associações com resultados de saúde positivos em estudos

observacionais.

Estudo realizado nos Estados Unidos por Archuleta et al (2012) sobre consumo alimentar de

indivíduos com DM2 avaliou o padrão alimentar dos pacientes por meio de registro alimentar

de três dias antes e após participação em grupo de aulas de culinária e educação nutricional.

Os autores encontraram melhoras significativas no padrão alimentar tais como: diminuição da

média do consumo de energia, de gordura total e saturada e carboidratos, corroborando os

resultados encontrados neste trabalho. England et al (2014) ao avaliarem o consumo alimentar

de DM2 após intervenção nutricional de abordagem não prescritiva e individualizada,

encontraram assim como no presente trabalho, diminuição da ingestão energética e

manutenção de consumo de fibras.

Outro estudo que também avaliou os hábitos alimentares dos diabéticos foi o de Szczepanska

et al (2014), realizado na Polônia. A pesquisa analisou os hábitos alimentares de pacientes

DM2 antes e após intervenção de educação nutricional individualizada. Os resultados

mostraram que antes da educação nutricional havia ocorrência elevada de hábitos nutricionais

72

inadequados, porém após o período de educação nutricional o número de indivíduos com

nível elevado de boas práticas alimentares aumentou de forma significativa.

O presente trabalho observou que a média da quantidade em gramas de consumo protéico

após a intervenção educacional diminuiu de forma significativa. Porém, o percentual em

relação à média de consumo energético aumentou, antes da intervenção era de 20,4 % e

passou para 21%. A literatura já demonstrou o consumo elevado desse macronutriente pela

população diabética, inferindo a tentativa de substituição do carboidrato pela proteína

(BARBIERI et al, 2012).

Em relação ao consumo de fibras, um dos objetivos da terapia nutricional é aumentar sua

ingestão uma vez que a literatura já mostrou que há melhora significativa na glicemia de

jejum e na HbA1c quando um aumento de fibra dietética foi usado como intervenção em

DM2 (POST et al, 2012). O presente trabalho não encontrou mudança significativa na

ingestão de fibra após intervenção de educação nutricional em grupo, porém inicialmente o

consumo de fibras já atendia à recomendação nutricional da SBD (2014-2015b). Isso poderia

ser explicado pela presença do grupo do feijão na alimentação desses pacientes, o que pode

ser verificado no QFA. Apesar de não ser comum na literatura, como verificado no estudo

sobre consumo alimentar no Japão com pacientes DM2 (HORIKAWA et al, 2014).

De acordo com a SBD (2014-2015b), a dieta deve ser dividida em seis refeições diárias. O

presente trabalho revelou aumento significativo da mediana do número de refeições após

intervenção. A literatura já mostrou melhora no número de refeição na população diabética

após intervenção (SZCZEPANSKA et al, 2014).

Ainda no tocante ao consumo alimentar, o consumo do grupo do feijão verificado por meio do

QFA não apresentou diferença significativa após intervenção. Isso poderia ser esclarecido

pelo fato do feijão ser um alimento comumente presente na cultura brasileira. Estudo

realizado por Souza A. M et al (2013), que utilizou dados da POF-2008-2009 para

caracterizar o consumo alimentar mais freqüente dos brasileiros, destacou que o feijão estava

entre os cinco alimentos de maior freqüência de consumo no país, em todas as faixas etárias e

estratos de renda.

73

Sabe-se que as principais fontes de cálcio são leite e derivados. Apesar da presença do grupo

do leite verificado no QFA, o R24h revelou valores médios e medianos de consumo de cálcio

tanto antes quanto após intervenção, aquém das necessidades preconizadas pela DRI. Isso já

era esperado, uma vez que a literatura já mostrou resultado semelhante no estudo realizado no

Japão por Kobayashi et al (2013), no qual os autores verificaram o consumo alimentar de

pacientes com DM2.

Sobre a qualidade de vida, de maneira geral, os pacientes com DM2 podem ser prejudicados

devido ao caráter crônico da doença, a possível associação com outras comorbidades e a

necessidade de adaptação às exigências do tratamento (SCHUNK et al, 2011; CHIBANTE et

al, 2014). Outros estudos de intervenção com educação em DM para autogestão já avaliaram a

qualidade de vida e encontraram resultados positivos (SOUZA et al, 2012; JAHROMI et al,

2014).

O resultado positivo no escore do BPAID após intervenção pode ser explicado pela

modalidade de intervenção de educação adotada, a intervenção em grupo. A educação em

grupo é uma forma de intervenção que oferece a oportunidade de experimentar as limitações,

cumplicidades e singularidades que surgem em cada encontro, além disso, é um ambiente de

desenvolvimento coletivo e específico sobre o cuidado (ABRAHÃO; FREITAS, 2009;

ANTÔNIO, 2010). A intervenção através do grupo proporcionou aos participantes um

ambiente acolhedor e o contato com indivíduos que apresentavam problemas semelhantes,

possibilitando a formação de vínculos, quebra de obstáculos e paradigmas no que tange ao

convívio com a doença. Dessa forma, o grupo pode ter contribuído para conscientização,

melhora de percepção e aceitação sobre viver com diabetes, colaborando de forma substancial

na melhoria dos resultados de qualidade de vida (FRANCIONI; SILVA, 2007).

Além da melhora no escore geral, os desfechos positivos em suas subdimensões merecem

destaque. A subdimensão 1 que é referente aos problemas emocionais relacionados ao

diabetes e a subdimensão 4 referente aos problemas relacionados ao apoio social,

provavelmente obtiveram melhora significativa após o programa de educação nutricional em

virtude da influência bem sucedida do tipo de modalidade de intervenção, como já

mencionado no parágrafo anterior. Em relação a subdimensão 3 que são os problemas

relacionados à alimentação pode-se dizer que já era esperado algum tipo de mudança, pois os

pacientes alcançaram resultados positivos nos hábitos alimentares. Outra subdimensão que

74

resultou em mudança benéfica foi a de número 2, relacionada ao tratamento. Acredita-se que

esta subdimensão tenha sido influenciada pelos conceitos trabalhados no primeiro encontro do

programa de educação.

Souza, E. C. S et al (2012) avaliaram a qualidade de vida de portadores de DM2 usando o

mesmo questionário deste trabalho e o Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health

Survey (SF-36). Os autores observaram que 37,6% dos pacientes tiveram escore do B-PAID

total igual ou maior a 40. Os menores valores encontrados foram entre os praticantes de

atividade física, sugerindo menor probabilidade de manifestarem problemas relacionados ao

DM nesta população. Ressalta-se que a prática de atividade física pode proporcionar inúmeras

vantagens ao paciente diabético, tais como; redução da glicemia, redução ponderal e melhora

das funções cardiorespiratórias (CARAN; SANTOS, 2011). A falta de correlação do BPAID

com a prática de atividade física neste estudo pode ser explicada devido ao fato da grande

maioria dos pacientes deste estudo já ser ativa antes do programa de educação nutricional

(76% praticava atividade física regularmente). Esse dado pode ter sido influenciado pelo fato

de a própria instituição onde foi realizada a pesquisa disponibilizar exercício físico para os

pacientes crônicos.

Visto que o presente trabalho avaliou o consumo alimentar e a qualidade de vida ao longo de

um período relativamente curto de tempo, mais pesquisas são necessárias para analisar se

intervenções com maior intervalo de tempo e se as melhorias no consumo alimentar e na

qualidade de vida são sustentadas após finalização da intervenção em grupo em longo prazo.

IMPLICAÇÕES PARA PRÁTICA E PESQUISA

A intervenção de educação nutricional em grupo impactou de forma positiva no consumo

alimentar e na qualidade de vida de pacientes com DM2.

Esses resultados sugerem que este modelo de intervenção pode ser uma opção exequível e de

custo reduzido para ser praticada em serviços de saúde que podem contribuir para promoção

de saúde desta população.

75

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79

Figura 2. Fluxograma de recrutamento dos pacientes.

Pacientes confirmados para

intervenção nutricional em grupo

n = 69

Pacientes excluídos:

- DM1 (n = 5)

- Submetido à cirurgia

bariátrica (n = 1)

- Transtorno mental grave

(n = 3)

- Insuficiência renal (n = 2)

Pacientes que desistiram

antes da intervenção

nutricional em grupo

n = 21

Pacientes que compareceram na

pré-intervenção

n = 101

Pacientes

reavaliados após a

intervenção

n = 43

Faltaram

n = 25 Pacientes que

finalizaram a

intervenção nutricional

em grupo

n = 44

44

Não reavaliado pós-

intervenção

n = 1

80

Tabela1. Características sociodemográficas e clínicas dos 43 pacientes que completaram o programa de

educação nutricional em diabetes, Belo Horizonte, 2015.

Características Homens Mulheres Total

n % n % n %

Idade (anos) 40-49 3 20 2 7.1 5 11.6

50-59 3 20 7 25.0 10 23.2

60-69 4 26.7 15 53.6 19 44.2

70-79 5 33.3 4 14.3 9 20.9

Estado civil solteiro 1 6.7 4 14.3 5 11.6

casado 13 86.7 14 50.0 27 62.8

viúvo 1 6.7 6 21.4 7 16.3

divorciado 0 0 4 14.3 4 9.3

Renda 1 a 3 s.m 11 73.3 17 60.7 28 65.1

4 a 6 s.m 2 13.3 9 32.1 11 25.6

7 a 11 s.m 1 6.7 2 7.1 3 7.0

> 11 s.m 1 6.7 0 0 1 2.3

Atividade física sim 10 66.7 23 82.1 33 76.7

(A.F) não 5 33.3 5 17.9 10 23.3

Local A.F Casa Unimed 3 20.0 13 56.5 16 48.5

academia 4 26.7 6 26.1 10 30.3

ambos 3 20.0 4 17.4 7 21.2

Insulinoterapia sim 5 33.3 2 7.1 7 16.3

não 10 66.7 26 92.9 36 83.7

Número de A.D.O 1 7 46.7 9 32.1 16 37.2

2 4 26.7 16 57.1 20 46.5

3 4 26.7

3 10.7

7 16.3

n: quantidade de participantes; s.m: salário mínimo; A.F: atividade física; Local A.F; local de atividade física;

A.D.O: anti-diabético oral.

81

Tabela 2. Características clínicas dos 43 pacientes que completaram o programa de educação nutricional

em diabetes, Belo Horizonte, 2015

Variáveis Masculino Feminino Total

Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Tempo de DM (anos) 7.9 ± 5.6 6.9 ± 6.8 7.2 ± 6.3

Atividade Física (minutos/semana) 95.3 ± 81.2 142.9 ± 85.9 126.3 ± 86.3

Fármacos (n° total)/dia 3.3 ± 2.1

2.9 ± 1.8

3.2 ± 1.9

DP: desvio padrão; Tempo de DM (anos): tempo de diabetes em anos; Fármacos (n° total)/dia: número total

de fármacos usados por dia.

Figura 3. Comorbidades associadas ao DM2 mais frequentemente encontradas nos 43 pacientes que

concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015

Tabela 3. Dados antropométricos antes e após intervenção dos 43 pacientes que concluíram o programa de

educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Antropometria Antes Depois

Média ± DP Média ± DP p valor

Peso (kg) 79.4 ± 15.3 78.5 ± 15.3 <0.001*

IMC (Kg/m²) 31.5 ± 5.4 31.1 ± 5.4 <0.001*

PC masculino (cm) 106.2 ± 8.7 104.8 ± 8.9 <0.001*

PC feminino (cm)

100.3 ± 11.9

98.2 ± 12.3

<0.001*

* Teste T de Student pareado significativo a 5%.DP: desvio padrão; PC: perímetro da cintura; IMC: índice de

massa corporal.

16.3 %

60.5 %

16.3 %

2.3% 4.7%

Sem Comorbidades

HAS

HAS e Cardiopatia

HAS e Hipotireoidismo

HAS e Gota

82

Figura 4 - Consumo energético em Kcal avaliado pelo R24h antes e após intervenção nutricional em grupo

dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

.

Kcal: Kilocalorias; Teste T de Student pareado significativo a 5%. Valores em média, p<0.001.

Figura 5 - Consumo alimentar em gramas de carboidrato, proteína e lipídeo avaliado pelo R24h antes e

após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação

nutricional, Belo Horizonte, 2015.

*Teste T de Student pareado significativo a 5% (valores em média). ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%

(valores em mediana). Carboidrato: p<0.001, Proteína: p=0.004, Lipídeo: p<0.001.

Figura 6 - Consumo alimentar em gramas de gordura saturada avaliado pelo R24h antes e após

intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional,

Belo Horizonte, 2015.

Teste T de Student pareado significativo a 5% (valores em média), p<0.001.

1962,5

1600,4

0

500

1000

1500

2000

2500

Antes Depois

21,8

14,1

0

5

10

15

20

25

30

35

Antes Depois

248,8

100,5

57,9

213,9

82,2

45,5

0

50

100

150

200

250

300

350

Carboidrato** Proteina* Lipídeo*

83

Figura 7 - Consumo alimentar em gramas de ácido α linolênico (n-3) avaliado pelo R24h antes e após

intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional,

Belo Horizonte, 2015.

Teste de Wilcoxon significativo a 5% (valores em mediana), p= 0.021.

Figura 8 - Consumo alimentar em miligramas de ferro avaliado pelo R24h antes e após intervenção

nutricional em grupo dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo

Horizonte, 2015.

Teste de Wilcoxon significativo a 5% (valores em mediana), p= 0.013.

Tabela4. Consumo alimentar avaliado pelo R24h antes da intervenção nutricional em grupo dos 43

pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes

Média ± Desvio 1Q Mediana 3Q p valor

Gordura monoinsaturada (g) 18.4 ± 8.7 11.6 18.0 22.5 0.288

Gordura poliinsaturada (g) 8.3 ± 5.4 3.6 7.7 11.9 0.562

Fibra alimentar (g) 31.0 ± 13.4 23.0 28.6 36.7 0.170

Ácido linoléico (n-6) (g) 6.6 ± 4.8 2.3 5.2 10.5 0.080

Cálcio (mg) 727.5 ± 577.8 311.3 487.1 891.5 0.119

* Teste T de Student pareado significativo a 5%. ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%. DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil.

*

*

84

Tabela 5. Consumo alimentar avaliado pelo R24h após intervenção nutricional em grupo dos 43 pacientes

que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Depois

Média ± Desvio 1Q Mediana 3Q p valor

Gordura monoinsaturada (g) 16.5 ± 6.3 11.1 15.9 21.7 0.3

Gordura poliinsaturada (g) 7.7 ± 4.2 4.4 6.7 10.2 0.6

Fibra alimentar (g) 34.1 ± 10.7 26.4 32.0 41.8 0.2

Ácido linoléico (n-6) (g) 4.9 ± 2.2 3.1 4.9 6.4 0.1

Cálcio (mg) 830.7 ± 436.9 449.4 863.0 1091.0 0.1

* Teste T de Student pareado significativo a 5%. ** Teste de Wilcoxon significativo a 5%.DP: desvio padrão;

1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil

Tabela 6. Questionário de frequência alimentar semanal antes e após intervenção nutricional em grupo

dos 43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes Depois

Média ± DP 1Q Mediana 3Q Média ± DP 1Q Mediana 3Q p valor

Salada crua 4.4 ± 2.3 3 4 7 5.4 ± 2.2 3 7 7 0.027*

Legumes cozidos 3.1 ± 2.2 2 3 4 5.4 ± 2.3 3 7 7 <0.001*

Frutas 5.5 ± 2.4 4 7 7 6.7 ± 1.0 7 7 7 0.004*

Feijão 6.2 ± 1.9 7 7 7 6.4 ± 1.6 7 7 7 0.676

Leite ou iogurte 5.3 ± 2.6 4 7 7 5.7 ± 2.2 4 7 7 0.1898

Frituras 1.7 ± 1.8 1 1 3 0.4 ± 0.7 0 0 1 <0.001*

Hamb. eembut. 1.6 ± 2.1 0 1 2 0.9 ± 1.4 0 0 1 0.024*

Bolachas 5.8 ± 2.3 7 7 7 4.7 ± 2.8 2 7 7 0.045*

Doces 2.3 ± 2.4 1 1 2 0.2 ± 0.5 0 0 0 <0.001*

Refrigerante 0.9 ± 1.7 0 0 1 0.1 ± 0.5 0 0 0 0.006*

* Teste de Wilcoxon significativo a 5%; DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil; Hamb. e

embut.: hambúrguer e embutidos.

Tabela 7. Escore da escala BPAID e suas subdimensões antes e após intervenção nutricional em grupo dos

43 pacientes que concluíram o programa de educação nutricional, Belo Horizonte, 2015.

Variáveis Antes Depois

Média ± DP 1Q Mediana 3Q Média ± DP 1Q Mediana 3Q p valor

BPAID 41.7 ± 22.2 28.8 43.8 58.8

8.8 ± 9.3 3.8 6.3 10 <0.001*

Sub1 25.8 ± 14.0 16.3 27.5 33.8

6.1 ± 7.2 2.5 5 7.5 <0.001*

Sub2 6.7 ± 3.8 5 7.5 8.8

0.93 ± 1.52 0 0 1.25 <0.001*

Sub3 7.1 ± 4.4 3.8 7.5 10

1.5 ± 1.6 0 1.3 2.5 <0.001*

Sub4 2.0 ± 2.3 0 1.3 2.5

0.2 ± 0.9 0 0 0 <0.001*

* Teste de Wilcoxon significativo a 5%; DP: desvio padrão; 1Q: primeiro quartil; 3Q: terceiro quartil; BPAID:

Versão brasileira PAID – Problems areas in diabetes.