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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO strictu-sensu EM MEDICINA E BIOMEDICINA Patricia Aguiar Bellini Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de Mastologia de Belo HorizonteBelo Horizonte 2013

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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO strictu-sensu EM MEDICINA E

BIOMEDICINA

Patricia Aguiar Bellini

“Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de

Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de Mastologia de

Belo Horizonte”

Belo Horizonte

2013

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PATRICIA AGUIAR BELLINI

“Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de

Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de Mastologia de

Belo Horizonte”

Dissertação de mestrado apresentada ao programa de

pós-graduação strictu-sensu do Instituto de Ensino e

Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte para

obtenção de Título de Mestre em Ciências da Saúde –

Medicina/Biomedicina.

Orientadora: Profa. Dra. Renata Toscano Simões

Co-orientadores:

Prof. Dr. Clécio Enio Murta de Lucena

Profa. Dra. Valéria Cristina Sandrim

Belo Horizonte

2013

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a

fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Bellini, Patricia Aguiar

“Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de

Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de

Mastologia de Belo Horizonte”

84 paginas,

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de pós-graduação do

Instituto de Ensino e pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte. Área de

Concentração: Medicina e Biomedicina.

Orientadora: Simões, Renata Toscano

1. Câncer de Mama, 2. Tamoxifeno, 3. Polimorfismo, 4. CYP2D6

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BELLINI PA. Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de Mastologia de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado em Medicina e Biomedicina: Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, MG.

Aprovado em: ____/_____/_____

Banca Examinadora

Profa. Dra.: Instituição:

Julgamento:_____________Assinatura: ____________________________

Prof. Dr.: Instituição: inst. do prof.

Julgamento______________Assinatura: ____________________________

Prof. Dr.: Instituição: inst. do prof.

Julgamento:______________Assinatura: ____________________________

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Dedico este trabalho a todas as pacientes que, de uma forma o outra, fazem parte

da minha vida.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa Belo Horizonte, pela oportunidade

de crescimento e desenvolvimento profissional;

Ao Dr. José Augusto Nogueira Machado, Coordenador do Programa de Pós

Graduação, pela paciência e carinho com todos os seus alunos;

À minha orientadora querida, Dra. Renata Toscano Simões, que me ajudou ao longo

destes dois anos com muita paciência, carinho e competência, me passando

informações e ensinamentos fundamentais, que esteve ao meu lado no momento

que mais precisei, me apoiando e me dando suporte para conseguirmos chegar ao

fim desta caminhada;

Ao meu chefe e orientador, Dr. Clécio Ênio Murta de Lucena, pelos constantes

ensinamentos, não só em relação à Mastologia, mas também sobre metodologia e

oratória, e que, desde o início, acreditou em mim e me fez crer que tudo isso era

possível;

À Dra. Valéria Cristina Sandrim, por ter idealizado este projeto e acreditado em mim

para realizá-lo;

À Shirley e Zélia, sempre presentes nos meus momentos de necessidade e prontas

para ajudar;

Aos colegas da Clínica de Mastologia da Santa Casa e do Felício Rocho, por

dividirem comigo sua experiência e conhecimentos;

Aos colegas do Laboratório do IEP pela disposição, boa vontade e colaboração;

Às minhas queridas pacientes, por me tornarem além de sua médica, sua psicóloga

e sua amiga, sem vocês tudo isso seria em vão, obrigada;

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Ana Paulina, por sempre estar ao meu lado, me incentivando e me

ajudando em todos os momentos;

Ao meu pai, Augusto, por ter sempre acreditado em mim como pessoa e como

médica;

Aos meus irmãos, Augusto e Fabricio, por, apesar da distância, sempre estarem

presentes nos momentos mais importantes;

Ao meu avô, Victor, por ter me proporcionado a realização de um sonho de criança,

o de ser médica;

Ao meu companheiro, Alessandro, pela paciência, compreensão, força, estímulo e

segurança; amor, tudo vale a pena ao seu lado;

À minha filha, Isabela, que me acompanhou neste último ano da caminhada, e

nasceu, para dar um novo sentido a tudo;

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização deste

sonho, obrigada.

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“Dedique algo de sua vida aos outros. Sua dedicação não será um sacrifício. Será uma

experiência divertida porque é um intenso esforço aplicado para um fim significativo.”

Dr. Thomas Dooley

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RESUMO BELLINI PA. Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 em Pacientes Portadoras de Câncer de Mama e Usuárias de Tamoxifeno de Dois Serviços de Mastologia de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado em Medicina e Biomedicina: Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, MG. O câncer de mama (CM) é uma doença heterogênea e complexa, compreendendo

múltiplas formas de apresentação clínica e morfológica, com diferentes graus de

agressividade tumoral e potencial metastático. Ele é o câncer com maior incidência

entre as mulheres, ainda com elevados índices de mortalidade. Seu tratamento é

multidisciplinar, sendo o uso do tamoxifeno (TAM) uma consagrada e importante

modalidade terapêutica. Ele é metabolizado pela enzima CYP2D6 em seus

metabólitos ativos, 4-hidroxitamoxifeno (HTF) e endoxifeno (EDF). O EDF é até 100

vezes mais potente que o TAM em suprimir a proliferação das células tumorais

estrógeno-dependentes. A redução da atividade da CYP2D6, devido a polimorfismos

no gene codificador da enzima ou ao uso de fármacos inibidores, está relacionada à

redução dos níveis de EDF e ao pior prognóstico em mulheres tratadas com o TAM.

Este trabalho teve como objetivo a avaliação do polimorfismo do CYP2D6, variante

*4 e a associação deste polimorfismo com a evolução do CM. Foi realizada

entrevista com 138 pacientes portadoras de CM em tratamento com TAM. Foram

coletados além dos dados clínicos, amostras de sangue para genotipagem do

CYP2D6. Observamos que 14,5% das pacientes apresentaram recidiva e 30% das

pacientes na pré-menopausa apresentavam ciclos menstruais. O tempo médio de

sobrevida livre de doença (SVLD) em meses foi 43,6±45,7, e o tempo médio de

sobrevida global (SG) em meses foi 44,5±46,1. Em relação ao polimorfismo, 81,15%

eram metabolizadores extensos (*1/*1), 16,66% eram metabolizadores

intermediários (*1/*4) e 2,17% eram metabolizadores pobres (*4/*4). Estes dados

corroboram com a literatura em relação ao polimorfismo da CYP2D6. Considerando

a grande incidência do CM e a larga utilização do TAM no tratamento desta

neoplasia, a realização de pesquisas abordando a farmacogenética do TAM é de

grande relevância para avaliar o impacto dos polimorfismos da CYP2D6 no

tratamento adjuvante do CM.

Palavras Chave: Câncer de mama, Polimorfismo, CYP2D6, Tamoxifeno

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ABSTRACT

BELLINI PA. Evaluation of CYP2D6 Polymorphism in Patients with Breast Cancer and Tamoxifen Users of Two Breast Services of Belo Horizonte. Dissertation in Medicine and Biomedicine: Institute of Education and Research of Santa Casa de Belo Horizonte Hospital. Breast cancer (BC) is a heterogeneous and complex disease, comprising multiple forms of clinical presentation and morphology, with different levels of tumor aggressiveness and metastatic potential. It is the cancer with the highest incidence among women and with high mortality rates. Its treatment is multidisciplinary, and the use of tamoxifen (TAM) is an established and important therapeutic modality. It is metabolized by the CYP2D6 enzyme into its active metabolites, 4-hidroxitamoxifen (HTF) and endoxifen (EDF). The EDF is 100 times more powerful than the TAM in suppressing the proliferation of estrogen-dependent tumor cells. The reduction of the CYP2D6 activity due to polymorphisms of the gene that encodes the enzyme or the use of inhibitory drugs have been linked to reduced levels of EDF and worse prognosis in women treated with TAM. This study aimed to assess the CYP2D6 * 4 polymorphism and secondarily the association of this polymorphism with the evolution of BC. Interview was conducted with 138 patients with CM treated with TAM. We collected clinical data and blood samples for CYP2D6 genotyping. We observed that 14.5% of patients had recurrence and 30% of premenopausal patients had menstrual cycles. The average disease-free survival in months was 43.6 ± 45.7, and the average overall survival in months was 44.5 ± 46.1 Regarding the polymorphism, 81,15% were extensive metabolizers (*1/*1), 16,66% were intermediate metabolizers (*1/*4) and 2,17% were poor metabolizers (*4/*4). These data corroborate with the literature in relation to CYP2D6 polymorphism. Considering the high incidence of BC and the wide use of TAM in the treatment of this tumor, conducting research addressing the pharmacogenetics of TAM is of great importance to assess the impact of CYP2D6 polymorphisms in the adjuvant treatment of BC. Key words: Breast Cancer, Polymorphism, CYP2D6 gene, Tamoxifen

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01. ESTIMATIVAS PARA O ANO DE 2012 DAS TAXAS BRUTAS DE INCIDÊNCIA POR 100

MIL HABITANTES E DE NÚMERO DE CASOS NOVOS DE CÂNCER, SEGUNDO SEXO E

LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA. .......................................................................................... 2

FIGURA 02. DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DOS DEZ TIPOS DE CÂNCER MAIS INCIDENTES

ESTIMADOS PARA 2012 POR SEXO, EXCETO PELE NÃO MELANOMA. ............................. 2

FIGURA 03. METABOLISMO DO TAMOXIFENO. .................................................................. 12

FIGURA 04. GEL DE POLIACRILAMIDA MOSTRANDO PADRÃO DE RESTRIÇÃO ENZIMÁTICA DO

POLIMORFISMO DA VARIANTE *4 DO GENE CYP2D6. .............................................. 244

GRÁFICO 01. CURVA DE SOBREVIDA LIVRE DE DOENÇA, SEGUNDO CADA POLIMORFISMO, DAS

138 PACIENTES. ................................................................................................. 388

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS HISTOLÓGICOS DA CARCINOMA DE MAMA QUANTO AO

COMPORTAMENTO BIOLÓGICO. ................................................................................. 4

TABELA 02. PRIMERS E ENZIMA UTILIZADOS PARA GENOTIPAGEM CYP2D6*4. .................. 25

TABELA 03. PADRÃO RFLP E ATIVIDADE METABOLIZADORA DA ENZIMA CYP2D6*4. .......... 25

TABELA 04. DISTRIBUIÇÃO DAS PERCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS IDADE E

COR DAS PACIENTES. .......................................................................................... 266

TABELA 05. DISTRIBUIÇÃO DAS PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

COMORBIDADES E HÁBITOS DE VIDA DAS PACIENTES. ............................................. 277

TABELA 06. DISTRIBUIÇÃO DAS PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO CÂNCER DAS PACIENTES. .............................. 288

TABELA 07. DISTRIBUIÇÃO DAS PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

IMUNOHISTOQUÍMICAS RELACIONADAS AO CÂNCER DAS PACIENTES. .......................... 29

TABELA 08. DISTRIBUIÇÃO DAS PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

RELACIONADAS AO TRATAMENTO DO CÂNCER DAS PACIENTES. ................................ 300

TABELA 09. DISTRIBUIÇÃO DAS MÉDIAS E PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

RELACIONADAS À EVOLUÇÃO E POLIMORFISMO DAS PACIENTES. .............................. 311

TABELA 10. DISTRIBUIÇÃO DAS MÉDIAS E PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

RELACIONADAS AO POLIMORFISMO DAS PACIENTES. ............................................... 322

TABELA 11. DISTRIBUIÇÃO DAS MÉDIAS E PORCENTAGENS OBSERVADAS PARA AS VARIÁVEIS

RELACIONADAS À PRESENÇA DE RECIDIVA NAS PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA.... 366

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

A – adenina

AFBM – alteração funcional benigna da mama

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida

Base T – base timina

BLS – biópsia do linfonodo sentinela

BstNI – enzima de restrição (Bacillus stearothermophilus N)

Ca – câncer

CDIS – carcinoma ductal in situ

CM – Câncer de Mama

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CYP – Citocromo P450

CYP2D6 – Citocromo P450 família 2 subfamília D gene 6

CYP2D6*4 – alelo 4

Del – deleção

DNA – ácido desoxirribonucléico

EA – esvaziamento axilar

EBCTCG - Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group

EDF - endoxifeno

EDTA – etilenodiamino tetra-ácido

et al. – e colaboradores

EUA – Estados Unidos da América

FDA – food and drug administration

FISH - hibridização in situ por fluorescência

G – guanina

G1, 2 e 3 - grau histológico

GSTs - glutationa S-transferases

HER-2 – human epidermal growth factor receptor 2

HF – história familiar

HTF – hidroxitamoxifeno

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IA – inibidor de aromatase

IEP – Instituto de Ensino e Pesquisa

INCA – Instituto Nacional do Câncer

LHRH – hormônio luteinizante liberador humano

LN – linfonodo

M – metástase à distância

Máx – máximo

ME – metabolizador extensivo

mg – miligramas

MI – metabolizador intermediário

Mín – mínimo

min – minutos

MP – metabolizador pobre

MU – metabolizador ultra-rápido

N – status axilar

NATs - N-acetil-transferases

ng – nanograma

NSABP - National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Project

ºC – graus Celcius

p – nível de significância

pb – pares de base

PCR – reação em cadeia de polimerase

q – braço longo do cromossomo

q.s.p. – quantidade suficiente para

RE – receptor de estrogênio

RFLP - Restriction Fragment Length Polymorfism

RP – receptor de progesterona

SCBH – Santa Casa de Belo Horizonte

SERMs – modulador seletivo receptor de estrogênio

SG – sobrevida global

SNP – single nucleotide polymorphism

SUS – sistema único de saúde

SVLD – sobrevida livre de doença

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T – tamanho tumoral

TAM – tamoxifeno

TCLE – termo de consentimento livre e esclarecido

TNM -Tumour, Nodes, Metastasis

TRH – terapia de reposição hormonal

USA – United States of America

α – alfa

β – beta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Epidemiologia do câncer de mama .................................................................... 1

1.2 Fatores Clínicos, Prognósticos e Preditivos do Câncer de Mama ..................... 3

1.3. Tratamento do câncer de mama ....................................................................... 5

1.4 Endocrinologia Mamária .................................................................................... 7

1.5 Hormonioterapia no câncer de mama ................................................................ 8

1.6 Tamoxifeno ...................................................................................................... 10

1.6.1 Tamoxifeno e o câncer de mama............................................................... 10

1.6.2 Farmacocinética do tamoxifeno: Mecanismo de Ação e Metabolismo....... 11

1.7 CYP2D6 ........................................................................................................... 13

1.8 Tamoxifeno e CYP2D6 .................................................................................... 15

2 HIPÓTESE ............................................................................................................. 18

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 19

4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 20

4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 20

4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 20

5 PACIENTES E MÉTODOS .................................................................................... 21

5.1 Aspectos Éticos ................................................................................................ 21

5.2 Seleção de pacientes ....................................................................................... 21

5.2.1 Abordagem das pacientes e coleta das amostras ..................................... 21

5.2.2 Aplicação do questionário e Coleta das amostras. .................................... 22

5.2.3 Critérios de Inclusão .................................................................................. 22

5.2.4 Critérios de exclusão ................................................................................. 22

5.3 Questionário de dados sócio-demográficos, clínico e laboratorial ................. 222

5.3.1 Ficha de Coleta de Dados ......................................................................... 23

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5.4 Extração de DNA ............................................................................................. 23

5.5 Tipagem do CYP2D6*4 .................................................................................... 23

5.6 Análise Estatística .......................................................................................... 255

6 RESULTADOS ..................................................................................................... 266

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 39

7.1 Avaliação dos Parâmetros Clínicos .................................................................. 39

7.2 Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6 ......................................................... 433

7.2.1 Polimorfismo CYP2D6 e taxa de sobrevida ............................................. 455

7.2.2 Recidivas ................................................................................................. 466

8 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 488

9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 49

ANEXO 01 – Estadiamento ................................................................................... 588

ANEXO 02 - Escores para Interpretação da Imunohistoquímica ...................... 600

ANEXO 03 - Comitê de Ética ................................................................................. 611

ANEXO 04 – Extração de DNA Salting Out .......................................................... 622

APÊNDICE 01 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................ 633

APÊNDICE 02 – Ficha de Coleta Dados .............................................................. 644

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Epidemiologia do câncer de mama

O desenvolvimento do câncer é geralmente caracterizado por mutações

genéticas, expressão de características oncológicas e secreção anormal de

hormônios ou enzimas. Todos os cânceres têm potencial de invasão e/ou de

metastatização, mas cada tipo possui características clínicas e biológicas

específicas que devem ser estudadas para um adequado diagnóstico, tratamento e

acompanhamento. O tumor maligno é caracterizado pelo crescimento rápido e

desordenado de células que, devido ao acúmulo de mutações, tendem a adquirir um

caráter cada vez mais agressivo, podendo invadir tecidos e órgãos e espalhar-se

para outras regiões do corpo. De forma contrária, os tumores benignos apresentam

crescimento lento e não possuem capacidade de invasão e metástase

(MCPHERSON, STEEL et al., 2000; SAÚDE e CÂNCER, 2011).

As estatísticas mostram que algumas formas de câncer atingem mais de um

terço da população e contribuem com mais de 20% de todas as mortes, sendo a

doença responsável por mais de 10% do custo total com cuidados médicos nos

países desenvolvidos (NUSSBAUM, WILLARD et al., 2002). No Brasil segundo a

estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) do Ministério da Saúde,

aproximadamente 52.680 novos casos de câncer de mama (CM) foram

diagnosticados em 2012, sendo o risco estimado de 52 casos para cada 100 mil

mulheres (figura 01). Sabe-se que o câncer de mama é a neoplasia mais frequente

entre as mulheres, em países desenvolvidos e em desenvolvimento (figura 02)

(SAÚDE e CÂNCER, 2011).

O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer é a idade. Visto

que a estimativa de vida populacional no mundo aumentou, os números de casos de

câncer no Brasil e no mundo também vêm aumentando. O Brasil envelheceu em

cinco anos o que a Europa demorou 150 anos para fazê-lo e hoje tem expectativa de

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2

vida de 71 anos contra 37 anos do início do século XX (GIL, 2005). Quanto mais se

vive, mais tempo há para adquirir mutações gênicas que levam ao câncer.

Entretanto, acredita-se que o Brasil poderá acompanhar os países desenvolvidos no

sentido de reduzir a mortalidade por essa doença, apesar do envelhecimento

progressivo da nossa população (GIL, 2005).

Figura 01. Estimativas para o ano de 2012 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e de número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização primária.

Fonte: INCA, 2012.

Figura 02. Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo, exceto pele não melanoma.

Fonte: INCA, 2012.

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3

Embora o Brasil esteja bem próximo das estatísticas mundiais para o CM,

devido as diferentes características regionais do país a distribuição da prevalência e

incidência do CM é bastante diversa. As regiões Sul e Sudeste apresentam as

maiores taxas, seguida da região Centro-Oeste, Nordeste e Norte (SAÚDE e

CÂNCER, 2011).

A distribuição mundial das prevalências do CM na população mostra que é a

doença mais frequente em países ocidentais (EUA, Europa Ocidental) quando

comparado a países orientais (China e Japão). Estima-se que aproximadamente

10% das mulheres da população geral dos países ocidentais desenvolverão, em

alguma época da vida, o CM (LINHARES, DA SILVA et al., 2005). Além de fatores

genéticos transmitidos, existe grande influência dos hábitos das mulheres ocidentais

que propiciam o surgimento da doença (alimentação, reposição hormonal, vida

sedentária, obesidade) e isso explica porque mulheres japonesas que migram para

os EUA, após duas gerações, têm incidência de CM semelhante à de mulheres

americanas (GIL, 2005).

No último ano, foram registrados 130 mil óbitos de câncer no Brasil. Um

volume maior do que o número de casos de AIDS (síndrome da imunodeficiência

adquirida) acumulados em 24 anos. Entre 1979 e 2003, a taxa de mortalidade pela

doença cresceu 30% (SAÚDE e CÂNCER, 2011). Apesar de ser considerado um

câncer de bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de

mortalidade por CM no Brasil continuam altas, provavelmente devido a diagnósticos

tardios. Essa informação é reforçada pela análise do INCA que com base nas

informações disponíveis nos seus registros hospitalares, no período de 2000/2001,

50% dos tumores de mama foram diagnosticados nos estágios III e IV (DA SILVA e

AMADEI, 2006).

1.2 Fatores Clínicos, Prognósticos e Preditivos do Câncer de Mama

O CM é uma doença heterogênea, compreendendo inúmeras apresentações

clínicas, comportamentos biológicos distintos e respostas terapêuticas distintas.

Como fator prognóstico clássico, o status axilar é o mais importante, seguido do

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tamanho tumoral, do tipo histológico (tabela 1), do grau histológico e da presença de

invasão angio-linfática. Para o estadiamento do CM é utilizada a classificação

Tumor, Linfonodos e Metátase (TNM -Tumour, Nodes, Metastasis Classification),

onde são avaliados o tamanho tumoral (T), o grau de comprometimento axilar

(status axilar) (N) e a presença de metástases à distância (M) (Anexo 01). Quanto

maior o tamanho, o número de linfonodos axilares acometidos ou a presença de

metástases à distância, maior o estadiamento e mais desfavorável é o tumor. O

estadiamento é utilizado para estimativa de prognóstico, para ajudar a definição do

tipo de tratamento que será utilizado, para avaliação de resposta ao tratamento e

para uniformização dos dados clínicos. Na sua sexta edição, já foram incluídos os

termos carcinoma in situ, biópsia de linfonodo sentinela, micrometástases e células

tumorais isoladas (BRASIL, SAÚDE et al., 2004).

Tabela 01. Classificação dos tipos histológicos da carcinoma de mama quanto ao comportamento biológico.

Tumores com Prognóstico Excelente

Ca tubular

Ca mucinoso tipo colóide

Ca cribiformeinfiltrativo

Ca adenoide cístico

Ca túbulo-lobular

Ca secretor ou juvenil

Tumores com Prognóstico Bom Ca mistos, ductal com tipo favorável

Tumores com Prognóstico Intermediário

Ca medular

Ca lobular clássico

Ca papilíferoinfiltrativo

Tumores com Prognóstico Desfavorável Ca ductal invasivo

Ca lobular não clássico

Tumores com Prognóstico Muito

Desfavorável

Ca metaplásico

Ca micropapilar invasivo

Fonte: Câncer de Mama. Tratamento multidisciplinar. 2007. (BARROS e BUZAID, 2007)

Como fatores bioquímicos, os receptores hormonais e a superexpressão do

receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER-2 – Human

Epidermal Growth Factor Receptor 2) são os mais importantes (BARROS e BUZAID,

2007). Os receptores hormonais são subdivididos em dois tipos: o receptor de

estrogênio (RE) e o receptor de progesterona (RP). O RE é o principal regulador do

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crescimento, proliferação e diferenciação celular e é o mais importante preditor de

resposta terapêutica ao tratamento hormonal (terapia anti-estrogênica). Ele é

detectado por imunohistoquímica em bloco de parafina, o que trouxe praticidade ao

método. Os tumores que expressam receptores hormonais têm evolução favorável

em relação aos que não expressam (receptores negativos), sendo sua avaliação

fundamental ao tratamento e acompanhamento do CM. Em relação ao HER-2, sua

avaliação hoje é fundamental nas pacientes portadoras de CM, pois se encontra

super expresso em até 30% dos casos. Ele, além de predizer prognóstico (estes

tumores tem pior evolução), também é preditor de resposta à terapia biológica

específica, a chamada “terapia alvo” com o anticorpo monoclonal humanizado

trastuzumabe, que se liga ao HER-2 inibindo sua dimerização com outros

receptores, promovendo ausência da proliferação e do crescimento tumoral. Ele,

assim como os receptores hormonais, também é avaliado por imunohistoquímica em

tumores em bloco de parafina (LISBOA e JÄNICKE, 2004) (Anexo 02).

Atualmente, com o desenvolvimento das técnicas de microarrays,

classificamos o CM pela expressão genética e perfil imuno-histoquímico, em quatro

tipos principais: 1) basalóide, tumores indiferenciados que expressam principalmente

citoqueratinas basais, não expressando receptores hormonais ou HER-2,

normalmente com pior prognóstico; 2) tipo HER-2, que apresentam receptores

hormonais negativos e normalmente apresentam super expressão da proteína HER-

2, também com prognóstico desfavorável; e os tipos 3) luminal A e 4) luminal B, que

mostram perfil genético de células epiteliais diferenciadas e expressão de receptores

hormonais. Estes dois últimos normalmente apresentam prognóstico favorável,

sendo o luminal A o de melhor prognóstico (CANCER GENOME ATLAS, 2012).

1.3. Tratamento do câncer de mama

O tratamento do CM é multidisciplinar, incluindo o mastologista, o oncologista

e o radioterapeuta, além do cirurgião plástico no caso de reconstrução mamária, do

fisioterapeuta e do psicólogo quando necessário. Nos últimos anos, houve

importantes avanços na abordagem do CM, principalmente em relação às cirurgias

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menos mutilantes, assim como a busca da individualização do tratamento. O

tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características

biológicas e das condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e

preferências). Caso a doença seja diagnosticada no início, o tratamento tem maior

potencial curativo. Entretanto se há evidências de metástases, o tratamento tem por

objetivo prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida da paciente

(BARROS, BARBOSA et al., 2001).

O tratamento do CM é dividido em tratamento local (cirurgia e radioterapia) e

tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica). Quando a

paciente ainda se encontra no estágio I ou II, a conduta habitual consiste de cirurgia,

radioterapia em casos de tratamento conservador, quimioterapia dependendo do

grau do comprometimento axilar e hormonioterapia caso a paciente seja receptor

hormonal positivo. Pacientes com tumores maiores, porém ainda localizados,

enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das

vezes com quimioterapia) é a modalidade terapêutica inicial, chamado de

quimioterapia neoadjuvante. Após resposta adequada, segue-se com o tratamento

local (MASTOLOGIA, CANCEROLOGIA et al., 2011).

Já no estágio IV é fundamental que a decisão terapêutica busque o equilíbrio

entre a resposta tumoral e o possível prolongamento da sobrevida, levando-se em

consideração os potenciais efeitos colaterais decorrentes do tratamento. A

modalidade principal nesse estádio é a sistêmica, sendo o tratamento local

reservado para indicações restritas (MASTOLOGIA, CANCEROLOGIA et al., 2011)

Como tratamento cirúrgico do CM, a mastectomia total (retirada completa da

mama) ou a quadrantectomia (retirada parcial da mama,) associada à radioterapia,

podem ser realizadas, ambas com índices de sobrevida semelhantes. Para a

abordagem da axila, a biópsia do linfonodo sentinela (BLS) hoje é o tratamento de

eleição, sendo o esvaziamento axilar (EA) realizado somente em casos

selecionados, de acordo com a indicação. A avaliação dos linfonodos axilares tem

função prognóstica e terapêutica (LYMAN, GIULIANO et al., 2005).

Sobre a radioterapia, o consenso é que ela, independente da idade da

paciente, aumenta as taxas de sobrevida livre de doença, principalmente quando

associada à cirurgia conservadora da mama e ao tratamento hormonal quando

indicado. A radioterapia diminui a incidência de recidiva ipsilateral em pacientes

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submetidas à cirurgia conservadora e em parede torácica daquelas submetidas à

mastectomia. Estudos mostram que a omissão da radioterapia aumenta não só a

taxa de recidiva local, como também as metástases à distância e a diminuição da

sobrevida global (TRUONG, BERNSTEIN et al., 2006). Atualmente, também

podemos contar com a radioterapia intra-operatória, tratamento realizado no per-

operatório de cirurgias conservadoras. Essa técnica utiliza uma dose única de

radiação, evitando assim o desgaste diário provocado pela radioterapia convencional

e que, em casos bem selecionados, pode se tornar a opção ideal para as pacientes

idosas que possuem tumores iniciais de mama (ORECCHIA, CIOCCA et al., 2003).

O tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica) é

determinado pesando os riscos e benefícios de cada tratamento. Para indicação

desse tratamento três fatores são importantes: o prognóstico câncer específico

(tamanho tumoral, status axilar, grau tumoral, receptores hormonais e

superexpressão HER-2), o prognóstico paciente específico (expectativa de vida,

idade e comorbidades) e a toxicidade do tratamento proposto. O tratamento

sistêmico é subdividido em quimioterápico e hormonal, sendo que ambos podem ser

prescritos como adjuvantes (após a cirurgia) ou neoadjuvantes (antes da cirurgia).

As características tumorais é que irão determinar a terapia mais apropriada,

principalmente a caracterização dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e

progesterona) e também o perfil de expressão do HER-2, com possível indicação de

terapia biológica anti-HER-2 (trastuzumabe), naquelas pacientes que apresentam

sua super expressão (GOLDHIRSCH, GLICK et al., 2005).

1.4 Endocrinologia Mamária

A mama é um órgão que responde a variações hormonais, iniciando seu

desenvolvimento na puberdade, com o início da síntese ovariana de estrogênio. São

vários os hormônios que atuam na mama, entre eles o estrogênio, a progesterona, a

prolactina, a ocitocina, o hormônio do crescimento, a insulina e corticoides (BLAND e

COPELAND III, 2009).

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O estrogênio e a progesterona são os principais hormônios envolvidos no

desenvolvimento mamário. Eles são responsáveis pelo crescimento e diferenciação

epitelial e alveolar mamário, nas unidades lobulares e ductos terminais (GRUBER,

TSCHUGGUEL et al., 2002). Esses hormônios atuam por meio de receptores

nucleares (RE e RP), modulando a transcrição de genes alvo e estão

correlacionados a fatores preditivos e prognósticos do CM (BLAND e COPELAND III,

2009).

O estrogênio é sintetizado no ovário feminino na pré-menopausa e encerra a

produção após a menopausa. Entretanto, ele continua a ser sintetizado na pós-

menopausa em diferentes tecidos periféricos, por meio da aromatização de

androgênios, e nas supra-renais (BLAND e COPELAND III, 2009). Ele induz a

atividade mitótica ductal e estimula o desenvolvimento do tecido conectivo mamário.

Dessa forma, também estimula o crescimento de células tumorais mamárias

(GRUBER, TSCHUGGUEL et al., 2002).

A concentração de receptores de estrogênio aumenta na fase folicular do ciclo

menstrual e diminui na ovulação (GRUBER, TSCHUGGUEL et al., 2002). Eles são

membros de uma superfamília de receptores hormonais nucleares e são

subdivididos em dois subtipos, α e β, que variam em sua estrutura e localização

gênica (cromossomos 6 e 14, respectivamente). O subtipo α é encontrado

principalmente no endométrio, nas mamas e nos ovários, enquanto o β encontra-se

nos rins, no intestino, no pulmão, nos ossos, no cérebro, nas células endoteliais e na

próstata (GRUBER, TSCHUGGUEL et al., 2002).

1.5 Hormonioterapia no câncer de mama

Além das modalidades da quimioterapia e da terapia biológica, o tratamento

medicamentoso do CM faz uso de fármacos que modulam o efeito de hormônios

essenciais ao crescimento tumoral, a hormonioterapia. Sua indicação se dá em

cerca de 60% dos casos, quando os tumores são receptores de estrógeno (RE+)

e/ou de progesterona (RP+) positivos. Existem principalmente duas estratégias de

tratamento hormonal: aquela que bloqueia a função do receptor de estrogênio, os

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moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs) e aquela que suprime a

produção de estrogênios, os inibidores da aromatase (IA) (BARROS e BUZAID,

2007).

Os SERMs são bloqueadores do receptor de estrogênio (RE) representados

por drogas com atividade agonista e antagonista do estrogênio, como o tamoxifeno

(TAM), o raloxifeno e o toremifeno, ou por drogas antagonistas seletivos com

atividade antagonista total, como o fulvestrano. Podem ser utilizados tanto em

mulheres na pré-menopausa quanto na pós-menopausa. O raloxifeno é também

utilizado como quimioprevenção do CM (BOFF e WISINTAINER, 2006).

Os inibidores de aromatase (IA), como o exemestano, o anastrozol e o

letrozol, são usados nas pacientes na pós–menopausa. Ele atua impedindo a

conversão periférica da androstenediona em estrona pela enzima aromatase. Os IA

aumentam a sobrevida livre de doença em 3% a 5%, quando comparados com o

TAM. Também já se mostrou que o uso do letrozol, após uso do TAM por 5 anos,

aumentou a sobrevida global de pacientes com axila positiva (adjuvância estendida)

(CANCEROLOGIA., MASTOLOGIA. et al., 2011). Como efeito colateral dos IA,

destacam-se os eventos ósteo-articulares, com diminuição da densidade óssea e

aumento das fraturas, recomendando-se a realização da densitometria óssea

durante o tratamento. Portanto, os IA representam uma opção para o tratamento

hormonal.

Ainda sobre a hormonioterapia, devemos lembrar da ooforectomia cirúrgica

ou dos agonistas de liberação de hormônio luteinizante (agonista LHRH), indicado

em algumas pacientes na pré-menopausa; do tratamento hormonal isolado, indicado

naquelas pacientes sem condições cirúrgicas ou que se negam a submeter-se ao

tratamento cirúrgico; e do neoadjuvante (pré cirurgia), para possibilitar uma cirurgia

conservadora ou diminuir o tamanho tumoral em casos avançados. No geral, 63%

das pacientes tratadas com TAM tem regressão tumoral, com uma média de

resposta de 13 semanas e com efeito terapêutico podendo persistir por até 5 anos.

Também os IA podem ser usados como tratamento isolado e neoadjuvante, com

taxas de resposta clínica e de cirurgia conservadora semelhantes ou superiores ao

TAM (SALMON, ALRAN et al., 2006).

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1.6 Tamoxifeno

1.6.1 Tamoxifeno e o câncer de mama

O tamoxifeno (TAM) é um fármaco amplamente utilizado no tratamento do CM

em pacientes RE+ ou RP+. O seu uso foi aprovado em 1977 e há mais de 25 anos é

considerado a principal terapia endócrina adjuvante para o tratamento desse tipo de

câncer. Além disso, seu uso é indicado na prevenção do desenvolvimento do

carcinoma em pacientes saudáveis sob alto risco, a chamada quimio prevenção

(FISHER, COSTANTINO et al., 1998).

A terapia com o TAM impactou significativamente a sobrevida das pacientes

portadoras de CM, diminuindo a mortalidade em aproximadamente 31% e as

recorrências em 50%. Estudos como o NSABP B-14 (National Surgical Adjuvant

Breast and Bowel Project) e o EBCTCG (Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative

Group) mostraram que o uso do TAM diminuiu tanto a recidiva local quanto a

sistêmica em 54% e 34%, respectivamente, em 5 anos. Também aumentou a

sobrevida em mulheres acima de 70 anos, independente do status axilar, com efeito

protetor de até 10 anos após o término do tratamento. Os principais efeitos

colaterais da droga são os sintomas vaso-motores, a hiperplasia endometrial e os

eventos trombo-embólicos (FISHER, ANDERSON et al., 2001; EARLY BREAST

CANCER TRIALISTS' COLLABORATIVE, 2005).

Estima-se que a vida de meio milhão de mulheres já foi salva com o uso do

TAM. Mesmo com estudos que mostram que a terapia com IA tem um maior

percentual de sobrevida livre da doença em comparação ao tratamento com o TAM,

este continua sendo um fármaco de alto valor terapêutico, em virtude do seu custo

reduzido e de algumas indicações permanecerem exclusivas para ele, como no

câncer de mama em mulheres na pré-menopausa, no câncer em homens, assim

como na terapia profilática. A terapia combinada do TAM e IA não fornece vantagens

sobre o uso individual destas substâncias (HENDERSON, 2004; JANICKE, 2004;

SMITH, 2004; EARLY BREAST CANCER TRIALISTS' COLLABORATIVE, 2005).

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1.6.2 Farmacocinética do tamoxifeno: Mecanismo de Ação e Metabolismo

O TAM pertence à classe dos SERMs com atividade antagonista e agonista.

Ele liga-se ao RE bloqueando sua ligação com o estrogênio e impedindo a formação

do complexo estrogênio-receptor, promovendo bloqueio da ação hormonal no tecido

mamário. Na ausência do TAM, o estrogênio estimula o crescimento das células

RE+ do tecido mamário maligno, através da ligação com o sítio receptor de

estrogênio e da interação com o DNA da célula, promovendo dimerização, alterando

a atividade do gene e promovendo o crescimento celular. Apesar da ação

antiestrogênica, dependendo da orientação de sua cadeia lateral (alquilaminoetóxi),

o TAM também pode apresentar atividade agonista em alguns órgãos e tecidos,

promovendo proliferação endometrial, aumento da incidência de fenômenos

tromboembólicos e, de maneira desejável, atuando no metabolismo ósseo e lipídico

(BLAND, CALINGAERT et al., 2009; BLAND e COPELAND III, 2009).

Sua comercialização é feita na forma de comprimidos como citrato de

tamoxifeno, em dosagens de 10mg e 20mg de isômero trans puro. A dose diária

recomendada para as pacientes é de 20 mg em dose única ou fracionada (dois

comprimidos de 10 mg), por um período de 5 anos. Após a administração oral, a

concentração sérica máxima é em torno de 4 a 7 horas e meia-vida de sete dias.

Devido a longa meia-vida dos metabólitos, que pode chegar a 14 dias, com uma

dose típica de 20 mg de TAM, o equilíbrio dinâmico é alcançado no período de três a

quatro meses. A excreção ocorre predominantemente nas fezes, sendo a excreção

urinária mínima (HIDOCTOR, 2012).

O TAM é metabolizado por enzimas hepáticas do sistema citocromo P450

(CYP) em muitos metabólitos primários e secundários. Alguns metabólitos do

tamoxifeno formados in vivo são mais ativos que o próprio fármaco, motivo pelo qual

ele pode ser considerado um pró-fármaco. A principal via de metabolismo do TAM

consiste na N-demetilação do tamoxifeno em N-desmetiltamoxifeno, pela ação das

enzimas CYP3A4 e CYP3A5, que em seguida é hidroxilado pela CYP2D6 em

endoxifeno (EDF - 4-Hidroxi N-desmetiltamoxifeno). Uma outra via, que envolve

além do CYP2D6 outras CYPs, metaboliza o TAM em 4-hidroxitamoxifeno (HTF),

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que também é convertido em EDF pela ação das CYPs 3A4/5 (Figura 3).

Inicialmente achava-se que o HTF era o metabólito mais ativo do TAM (FURR e

JORDAN, 1984), mas hoje sabe-se que a as concentrações plasmáticas do EDF são

5 a 10 vezes maiores que o HTF (JACOLOT, SIMON et al., 1991; AHMAD,

SHAHABUDDIN et al., 2010) e cerca de 6 a 12 vezes maiores em pacientes em com

terapia a longo prazo (WU, HAWSE et al., 2009). Entretanto, esses dois compostos

são 30 a 100 vezes mais potentes que o próprio TAM na sua atividade

antiestrogênica (LIM, DESTA et al., 2005; DAMODARAN, PRADHAN et al., 2012;

HUBER-WECHSELBERGER, NIEDETZKY et al., 2012; WALKO e MCLEOD, 2012).

As concentrações plasmáticas do EDF são aproximadamente seis vezes

maiores do que as concentrações do HTF, que representam cerca de 2% a 5% das

concentrações de TAM, sendo, por isso, o principal responsável pelos efeitos

terapêuticos do tamoxifeno (BRAUCH, MURDTER et al., 2009; IRARRAZAVAL,

2011; MADLENSKY, NATARAJAN et al., 2011).

Figura 03. Metabolismo do tamoxifeno.

Fonte: Irrarázaval, et al. (2011) (IRARRAZAVAL, 2011)

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1.7 CYP2D6

As enzimas responsáveis pelas reações de biotransformação encontram-se

nos microssomas (retículo endoplasmático) e estão presentes em todo o organismo,

como pulmão, pele, cérebro, intestino, sangue, fígado e rins (LLAMA, DEL CAMPO

et al., 1993; HONKAKOSKI e NEGISHI, 1997b; a). Embora elas tenham uma

distribuição global, o fígado é sem dúvida o principal órgão biotransformador.

Essas enzimas constituem o sistema oxidase de função mista ou

monoxigenases ou sistema citocromo P450 (CYP). Este possui importantes funções

metabólicas, além de ser o sistema de sentinela que primeiro apreende e inativa

vários xenobióticos no organismo. Para uma droga ser metabolizada pelas enzimas

do sistema é necessário ser lipossolúvel, pois essa propriedade facilita a penetração

dela no retículo endoplasmático e a sua ligação ao CYP (HONKAKOSKI e NEGISHI,

1997b; a).

Muitas enzimas evoluíram para desintoxicação de compostos xenobióticos e a

expressão gênica das mesmas é induzida em resposta à presença de determinado

composto. O sistema de metabolização de xenobióticos humano compreende duas

classes de enzimas: as de metabolismo oxidativo mediado, ou de fase I (CYP), e as

enzimas conjugadas, ou de fase II (glutationa S-transferases - GSTs e N-acetil-

transferases - NATs) (DUNNING, HEALEY et al., 1999).

As atividades das enzimas de fase I e II tornam os compostos mais solúveis e

rapidamente excretados, o que pode diminuir o risco de câncer. Entretanto, os

produtos mais solúveis de alguns compostos podem ser mais carcinógenos do que a

forma original. Portanto, mutações ou polimorfismos que alterem a expressão gênica

ou atividade da proteína produzida, podem elevar a quantidade dos carcinógenos

reativos formados, aumentando assim o risco de câncer (DUNNING, HEALEY et al.,

1999).

Durante a biotransformação, o citocromo P450 mede as reações da fase I em

que os xenobióticos são desintoxicados ou ativados pelas reações das substâncias

intermediárias. No fígado, eles determinam a intensidade e a duração da ação da

droga e promovem a desintoxicação dos xenobióticos. A contribuição de cada

enzima P450 à inativação dos carcinógenos mostrou que a maioria dos

carcinogênicos ambientais são inativados por um número limitado delas, incluindo as

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codificadas pelos genes CYP1A1, CYP1A2, CYP2E1, CYP2D6, e CYP3A

(KAWAJIRI, NAKACHI et al., 1993). Muitos genes são polimórficos, indicando

atividades metabólicas diferentes, refletidas em efeitos tóxicos adversos, incluindo a

carcinogênese induzida por substâncias químicas endógenas (AUTRUP, 2000).

O gene CYP2D6 pertence à família CYP2, subfamília D, polipetídeo 6 e está

localizado no cromossomo humano 22 no locus 22q13.1 (GOUGH, SMITH et al.,

1993). Possui nove éxons e oito introns (TOPIC, STEFANOVIC et al., 2000) e sua

enzima (debrisoquina-4-hidroxilase) metaboliza a debrisoquina e pelo menos outras

80 drogas, dentre elas o tamoxifeno, antidepressivos, antiarrítmicos, antiepilépticos,

antipsicóticos, entre outras (KIMURA, UMENO et al., 1989; BERTILSSON, 1995;

AUTRUP, 2000). Os genes CYP1, 2 e 3 representam cerca de 70% dos CYPs

presentes no fígado e são responsáveis pela maior parte do metabolismo de drogas

(YAN e CALDWELL, 2001).

O gene CYP2D6 é altamente polimórfico e até fevereiro de 2013 105 alelos

foram identificados (http://www.cypalleles.ki.se/cyp2d6.htm). Esses polimorfismos

foram gerados por mutações de ponto (SNP – single nucleotide polymorphism),

pequenas inserções/deleções, conversões, duplicações ou perda total do gene

CYP2D6 (HUBER-WECHSELBERGER, NIEDETZKY et al., 2012). Cerca de 15

alelos foram descritos e associados com a baixa atividade (CYP2D6*2, * 9, * 10) ou

ausência de atividade (CYP2D6*3, *4, *5, *6, *7, *8, *11, *12, *13, *14, *15, *16),

sendo o polimorfismo do alelo *4 o mais comum em caucasianos (12% a 23%). A

combinação de todos estes alelos fornece um grande painel de possíveis fenótipos

em relação às atividades do CYP2D6 (HUBER-WECHSELBERGER, NIEDETZKY et

al., 2012).

Baseado nos fenótipos conferidos pelos genótipos do CYP2D6 os indivíduos

são divididos em quatro categorias de acordo com o grau de metabolização da

enzima: metabolizadores extensivos (ME), que são indivíduos que possuem dois

alelos selvagens (*1/*1) e apresentam atividade enzimática normal; metabolizadores

intermediários (MI), que possuem um alelo selvagem e um alelo mutado (*1/*4),

apresentando atividade enzimática baixa; metabolizadores pobres ou lentos (MP),

que possuem os dois alelos mutados (*4/*4), apresentando ausência de atividade

enzimática e finalmente os metabolizadores ultra rápidos (MU), que são aqueles que

possuem uma atividade enzimática alta devido a uma duplicação do gene (TOPIC,

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STEFANOVIC et al., 2000; SISTONEN, SAJANTILA et al., 2007; HUBER-

WECHSELBERGER, NIEDETZKY et al., 2012).

Dentre todos os polimorfismos relacionados à alteração da atividade

enzimática, o alelo *3, ou del2637A (rs35742686), e o alelo *4, ou G1934A

(rs3892097) estão entre os mais comuns do gene. Estes polimorfismos resultam em

uma diminuição ou inatividade da isoenzima de CYP2D6 levando a um fenótipo MP.

Os indivíduos homozigotos para esses alelos possuem um risco aumentado de

efeitos colaterais ou fracasso terapêutico após tratamento medicamentoso,

principalmente com o TAM (STUVEN, GRIESE et al., 1996).

1.8 Tamoxifeno e CYP2D6

O uso do TAM já é consagrado para o tratamento do CM receptor hormonal

positivo, diminuindo o risco de recidiva e aumentando a sobrevida em mulheres

tanto na pré como na pós-menopausa. Esta droga é conhecida por ter uma fraca

afinidade aos receptores de estrogênio e a sua metabolização pela enzima CYP2D6

é essencial para a formação dos metabolitos ativos, principalmente o 4-

hydroxytamoxifen e endoxifeno (EDF). Este tem pelo menos dez vezes mais

afinidade ao receptor de estrogênio que o tamoxifeno, incluindo a supressão do

crescimento tumoral estrogênio dependente, além de ter uma potência de 30 a 100

vezes maior. Sabe-se que a conversão metabólica de TAM em EDF pela CYP2D6 é

essencial para a paciente se beneficiar com a terapia endócrina (BARROS,

BARBOSA et al., 2001; CANCEROLOGIA., MASTOLOGIA. et al., 2011).

Drogas, como alguns antidepressivos, são inibidoras da CYP2D6, e

consequentemente, tem grande influencia no metabolismo do TAM. Como a

depressão é um diagnóstico bastante comum nas portadoras de CM, estudos

mostraram que o uso de paroxetina ou fluoxetina concomitante ao TAM levam a uma

redução do nível de EDF a MP independentemente do genótipo ME (HUBER-

WECHSELBERGER, NIEDETZKY et al., 2012), podendo levar a aumento de

recidiva e diminuição de sobrevida. Destacamos que não há estudos prospectivos

randomizados em relação a este assunto.

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Apesar do CM receptor hormonal positivo ter melhor prognóstico e melhor

sobrevida com o uso da terapia com o TAM, ainda assim vemos pacientes com

recidivas locais, tumores na mama oposta ou metástases à distância que muitas

vezes não são relacionadas as outras características tumorais.

Devido à importância da CYP2D6 na metabolização do TAM e da alta

prevalência do seu polimorfismo, várias pesquisas foram realizadas para avaliar a

importância clínica do polimorfismo na resposta ao tratamento do CM (HUBER-

WECHSELBERGER, NIEDETZKY et al., 2012). Um estudo alemão, envolvendo

1325 pacientes jovens com CM precoce RE+, avaliou a correlação entre os

polimorfismos do CYP2D6 e a eficácia do tratamento com TAM. Eles verificaram

que, após um acompanhamento médio de 6,3 anos, a taxa de recidiva foi de 14,9%

entre as ME, 20,9% nas MI e de 29% no grupo de MP. A mortalidade nesses grupos,

consideradas todas as causas, foi de 16,7%, 18,0% e 22,8%, respectivamente

(SCHROTH, GOETZ et al., 2009). A maior taxa de mortalidade entre pacientes MP

também foi observada em um estudo holandês (n=108) (BIJL, VAN SCHAIK et al.,

2009), enquanto que uma pesquisa indiana, com 141 pacientes, mostrou aumento

da recidiva em pacientes com atividade reduzida da CYP2D6 (DAMODARAN,

PRADHAN et al., 2012). Por outro lado, alguns estudos mostram que não há

associação entre o polimorfismo da CYP2D6 e a evolução da paciente (WEGMAN,

VAINIKKA et al., 2005; ABRAHAM, MARANIAN et al., 2010).

Considerando que não há estudos clínicos prospectivos padronizados em

relação à idade, status menopausal, raça, características tumorais, tratamento

sistêmico realizado e o tempo de uso do TAM envolvendo este assunto, a realização

de metanálises com alto nível de evidência é dificultada.

Segundo Catherine M. Kelly do departamento de Oncologia Médica do

Hospital Mater Misericordiae University em Dublin, surgiu nos últimos nove anos,

uma indústria de avaliação do CYP2D6. Além disso, o Clinical Pharmacology

Subcomite da FDA sugeriu que o rótulo do TAM inclua informações sobre o aumento

do risco de recorrência de CM em pacientes com baixa expressão da CYP2D6.

Por este motivo, testes de farmacogenética para realização de genotipagem

da CYP2D6 entre as pacientes portadoras do CM, avaliando seu polimorfismo e

identificando fenótipos de metabolismo reduzido ou ausentes, poderiam ser

recomendados. Estes testes teriam a intenção de tentar prever a melhor ou pior

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17

resposta à terapia com TAM e ajudar a escolher a melhor conduta de tratamento,

evitando efeitos colaterais indesejáveis e melhorando o prognóstico do CM.

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2 HIPÓTESE

Visto que o gene CYP2D6 apresenta polimorfismos que podem levar a

diferentes padrões de metabolização do tamoxifeno, nossa hipótese é que mulheres

tratadas com TAM que possuem variantes de baixa ou nenhuma atividade

metabolizadora enzimática estão mais propensas a sofrer recidiva.

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3 JUSTIFICATIVA

O câncer de mama é uma das doenças que mais acomete mulheres no

mundo e atinge todas as faixas etárias e níveis sociais. O diagnóstico precoce e o

tratamento adequado permite às pacientes altos índices de sobrevida livre da

doença e de sobrevida global, com baixas taxas de recidivas e mortalidade.

O tratamento do CM é multidisciplinar e envolve a cirurgia, a radioterapia, a

quimioterapia e a hormonioterapia.

A hormonioterapia com o tamoxifeno é o tratamento hormonal padrão do

câncer de mama, pois apresenta índices elevados de controle local e sobrevida nas

pacientes receptor hormonal positivo. Entretanto, existe uma parcela das pacientes

que não responde bem ao tratamento hormonal, apresentando altos índices de

recidiva local e à distância.

Esta discrepância na evolução das pacientes, que apresentam o mesmo perfil

tumoral e hormonal, pode estar relacionada a fatores genéticos. Para que o TAM

produza seu metabólito ativo, o endoxifeno, a enzima CYP2D6 precisa ser ativada e

determinados polimorfismos presentes no gene CYP2D6 levam à diminuição ou

perda da função enzimática e, consequentemente, à má resposta hormonal ao CM.

Baseado na importância prognóstica da análise desses polimorfismos, cujo

conhecimento pode direcionar a uma terapia hormonal individualizada, este estudo

visa conhecer a distribuição desses polimorfismos em uma amostra de pacientes de

Belo Horizonte, atendidos em dois Serviços de Mastologia da cidade.

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20

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Avaliar a prevalência da variante do gene CYP2D6*4 em pacientes receptor

hormonal positivo, submetidas ao tratamento do câncer de mama em dois Serviços

de Mastologia de Belo Horizonte.

4.2 Objetivos Específicos

Analisar os dados clínicos das pacientes portadoras de câncer de mama;

Analisar a prevalência do alelo *4 do gene CYP2D6 nessas pacientes, em

função dos parâmetros epidemiológicos;

Estudar o comportamento evolutivo das pacientes com CM com receptor

hormonal positivo e em uso de tamoxifeno, em função da presença ou não do

alelo *4.

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5 PACIENTES E MÉTODOS

5.1 Aspectos Éticos

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Santa

Casa de Belo Horizonte – CEP/SCBH (protocolo número 065/2009), como exigido

pela legislação brasileira, conforme as resoluções CNS nº 196/96 e 304/00 do

Conselho Nacional de Saúde, sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (Anexo 03).

Foi solicitada autorização prévia do Serviço de Mastologia do Grupo Santa

Casa de Belo Horizonte e do Serviço de Mastologia do Hospital Felício Rocho.

Aos participantes da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) solicitando sua participação voluntária. Aos que

aceitaram participar, foi garantido o anonimato e o direito de desistência em

qualquer fase da pesquisa (Apêndice 01).

5.2 Seleção de pacientes

5.2.1 Abordagem das pacientes e coleta das amostras

As pacientes foram selecionadas nos ambulatórios apoiados pelo Sistema

Único de Saúde (SUS) dos Serviços de Mastologia do Grupo Santa Casa de Belo

Horizonte e do Hospital Felício Rocho. As que preenchiam os critérios de inclusão

foram convidadas a participar do estudo e, após aceitar participar do estudo, foi

agendada uma data para que ela comparecesse ao Instituto de Ensino e Pesquisa

da Santa Casa de Belo Horizonte (IEP/SCBH) para aplicação do questionário e

coleta de sangue para a pesquisa.

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5.2.2 Aplicação do questionário e Coleta das amostras.

A aplicação do questionário e coleta das amostras foi realizada no período de

30/06/2011 a 29/06/2012 em uma sala apropriada no IEP/SCBH, onde está sediado

o Laboratório de Biologia Molecular e Biomarcadores, local de processamento das

amostras. De cada paciente que aceitou participar da pesquisa, foi coletado um tubo

de 4,5ml de sangue contendo ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA –

Ethylenediamine tetraaceticacid) para posterior extração de DNA. As coletas de

sangue foram realizadas por um técnico em enfermagem.

O questionário com os dados epidemiológicos foi aplicado pela própria aluna

de mestrado que, por ser mastologista, soube conduzir bem a entrevista e avaliar

cada caso.

5.2.3 Critérios de Inclusão

pacientes submetidos à biópsia histológica prévia e com diagnóstico de

câncer invasor da mama.

pacientes em uso ou que já tenham feito uso de tamoxifeno, independente do

tempo e início do uso.

5.2.4 Critérios de exclusão

falha no recrutamento das amostras e aplicação do questionário.

carcinoma in situ isolado.

5.3 Questionário de dados sócio-demográficos, clínico e laboratorial

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5.3.1 Ficha de Coleta de Dados

Variáveis avaliadas: idade ao diagnóstico do câncer, status menopausal, cor

da pele, história familiar de câncer, tipo e grau histológico do tumor, invasão angio-

linfática, tamanho tumoral, número de linfonodos axilares acometidos, presença de

metástases à distância, estadiamento cirúrgico, dosagem do receptor hormonal, uso

de quimioterapia, uso de radioterapia, uso de hormonioterapia e tipo de cirurgia

realizada (Apêndice 02).

5.4 Extração de DNA

O DNA das amostras sanguíneas foi extraído a partir de 500µL do sangue

total, utilizando o protocolo modificado de Salting-out (MILLER, DYKES et al., 1988)

(Anexo 04).

5.5 Tipagem do CYP2D6*4

A tipificação do polimorfismo CYP2D6*4 (1846G>A; rs3892097) foi realizada

pela reação em cadeia da polimerase (PCR) seguida de digestão enzimática, técnica

conhecida como PCR-RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfism). A enzima

utilizada para a RFLP foi a Mval (BstNI) (Thermo Scientific, USA) que reconhece o

sitio de restrição “5'...CC W GG...3'“ , onde W pode ser a base Adenina (A) ou

Timina (T).

A PCR foi realizada em um volume final de 24 μL contendo: 1x PCR Master

Mix (Promega, Madison, WI. USA), 0,4 μM de cada iniciador, 200ng DNA e água

q.s.p. 24 μL. Após a uma desnaturação inicial à 94°C por 5 minutos (min), foram

realizados 35 ciclos de desnaturação o DNA à 94°C por 1min, pareamento dos

iniciadores à 60°C por 1min e extensão à 72°C por 1min. Um ciclo final de extensão

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foi realizado à 72°C por 10min. O produto da PCR (355pb) foi submetido a digestão

com a enzima Mval, seguindo as recomendações do fabricante, e em seguida a

eletroforese em gel de poliacrilamida não-desnaturante 10% corado por nitrato de

prata (SANGUINETTI, DIAS NETO et al., 1994).

O polimorfismo aqui analisado, 1846G>A, é uma transição da base G (alelo

selvagem) para a base A (alelo mutante) no íntron 3. Essa transição leva a um

códon de parada prematuro levando a uma proteína não funcional. Na presença do

alelo selvagem G (metabolizadores rápidos), a enzima Mval cliva o fragmento

amplificado pela PCR em dois fragmentos menores de 250pb e 105 pb. Na presença

do alelo mutado A (metabolizadores pobres), a enzima não reconhece o sitio de

restrição e o fragmento permanece integro (355pb). Nos indivíduos heterozigotos

(metabolizadores intermediários) a enzima leva a formação de três fragmentos:

355pb, 250pb e 105pb (Figura 04). Os primers e enzima utilizados e as misturas de

reação para a PCR-RFLP estão descritas na tabela 02 e padrão de restrição

enzimática na tabela 03.

Figura 04. Gel de poliacrilamida mostrando padrão de restrição enzimática do polimorfismo da variante *4 do gene CYP2D6.

Legenda: M: marcador de peso molecular de 100pb; 1: amostra heterozigota *1/*4 (MI); 2: amostra

homozigota *4/*4 (MP); 3 e 4: amostras homozigotas *1/*1(ME); 5: amostra homozigota *4/*4.

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Tabela 02. Primers e enzima utilizados para genotipagem CYP2D6*4.

Iniciador Sequência (5’ – 3’)/Sitio de restrição Amplicons (pb) Referência

2D6*4F GCCTTCGCCAACCACTCCG 355pb

(SOBTI, AL-

BADRAN et al.,

2005)

2D6*4R AAATCCTGCTCTTCCGAGGC

Mval (BstNI) 5'...CC W GG...3' -

Tabela 03. Padrão RFLP e atividade metabolizadora da enzima CYP2D6*4.

GENE Enzima RFLP Nível de Atividade Padrões de bandas (pb)

CYP2D6*4 MvaI

Rápido (ME) Selvagem 250, 105

Intermediário (MI) Heterozigoto 355, 250, 105

Pobre (MP) Mutado 355

Legenda : ME=metabolizador rápido ou extensivo ; MI=metabolizador intermediáio;

MP=Metabolizador Pobre

5.6 Análise Estatística

A análise estatística foi realizada por meio pacote estatístico STATA

(VERSÃO 10.3). Inicialmente as variáveis foram recodificadas conforme a

necessidade para análise. Foi realizada a análise descritiva das variáveis

qualitativas utilizadas neste estudo classificando-as em nominais ou categóricas. A

partir da recodificação, foi utilizada a estatística descritiva como medidas de

tendência central (frequência simples, média, mediana, máximo e mínimo) e

medidas de dispersão (desvio-padrão).

Para todas as variáveis quantitativas foi realizado o histograma com curva de

densidade para distribuição dos dados. Nos dados com distribuição normal foram

utilizados testes não paramétricos e para àqueles com distribuição não normal foram

utilizados teste paramétricos. Para todos os testes estatísticos, considerou-se o nível

de significância de 5%, ou seja, os dados foram estatisticamente significativos para

p≤0,05.

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6 RESULTADOS

A tabela 04 mostra os resultados referentes às características

epidemiológicas das 138 pacientes que participaram do estudo. A média de idade foi

de 56 anos. Observa-se que 35,3% apresentavam idade entre 46 e 55 anos. Em

relação à cor das pacientes a maioria era leucodermico (61,3%), seguido de

feodermico (32,8%).

Tabela 04. Distribuição das percentagens observadas para as variáveis idade e cor das pacientes.

Variáveis

N %

Idade <45 anos 33 24,2

46 – 55 48 35,3

56 – 65 41 30,1

>65 14 10,4

Cor da pele Leucodermo 84 61,3

Feodermo 45 32,8

Melanodermo 8 5,8

As comorbidades e variáveis relacionadas aos aspectos comportamentais

estão descritas na tabela 05. Podemos observar que 50,4% da população era

hipertensa e 34,8% obesa. Houve uma prevalência de passado de nódulo benigno

em 5,1% das pacientes. O uso regular de álcool foi relatado por 2,9% e o seu uso

ocasional por 22,4% das pacientes. O habito tabagista foi identificado em 40,8% e a

prática regular de atividade física em 23,8% das pacientes.

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Tabela 05. Distribuição das porcentagens observadas para as variáveis comorbidades e hábitos de vida das pacientes.

Variáveis N %

Hipertensão Sim 69 50,4

Diabetes Mellitus Sim 22 15,9

Doença Tireoide Sim 11 7,9

Obesidade Sim 48 34,8

Depressão Sim 19 13,7

Etilismo Nega 99 71,7

Ocasional 31 22,4

Regular 4 2,9

Ex-etilista 4 2,9

Tabagismo Nega 81 59,2

Tabagista 55 40,8

Atividade Física Pratica 32 23,8

Doença Prévia Mama Nega 119 86,2

AFBM/Mastite 12 8,7

Nódulo benigno 7 5,1

Legenda: AFBM = alteração funcional benigna da mama

As características relacionadas ao câncer estão descritas na tabela 06. O tipo

histológico mais frequente foi o ductal (84,8%) e o grau histológico foi G2 (58,9%).

Quando analisamos o tamanho do tumor, observamos que 48,8% das pacientes

foram classificadas como T2, 56,2% tinham axila negativa e 31,4% apresentaram

invasão angiolinfática. A maioria das pacientes encontrava-se no estadiamento I e

IIa (31,7% e 30,8%, respectivamente).

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Tabela 06. Distribuição das porcentagens observadas para as variáveis características relacionadas ao câncer das pacientes.

Variáveis N %

Tipo histológico Ductal 106 84,8

Lobular 17 13,6

Especial 10 8,8

CDIS 62 49,6

Grau Histológico G1 13 11,6

G2 66 58,9

G3 32 28,6

Tamanho do Tumor T1 53 42,4

T2 61 48,8

T3 5 4

T4 4 3,2

TX 2 1,6

Status Axilar 0 LN 72 56,2

1 a 3 LN 34 26,6

4 a 9 LN 17 13,2

> de 10 LN 5 3,9

Invasão angio-linfática Sim 22 31,4

Estadiamento I 39 31,7

II a 38 30,8

II b 21 17,1

III a 17 13,8

III b 3 2,4

III c 4 3,2

IV 1 0,8

Legenda: G1 = bem diferenciado; G2= moderadamente diferenciado; G3= indiferenciado

Os resultados referentes à análise imunohistoquímica dos receptores estão

descritos na tabela 07. Observa-se que 98,2% das pacientes apresentaram perfil

positivo para receptor de estrogênio e 82,4% para receptor de progesterona. O

receptor tipo HER-2 mostrou-se negativo em 75,2% das pacientes e somente 6,7%

apresentaram forte expressão desse marcador.

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Tabela 07. Distribuição das porcentagens observadas para as variáveis imunohistoquímicas relacionadas ao câncer das pacientes.

Variáveis

N Média/%

Receptor de estrogênio Positivo 109 98,2

Receptor de progesterona Positivo 89 82,4

HER-2 Negativo 67 75,2

+ 13 14,6

++ 3 3,3

+++ 6 6,7

O tratamento para o câncer de mama está descrito na tabela 08. A

radioterapia foi realizada por 93,4% e a quimioterapia por 63% das pacientes, sendo

10,1% tipo neoadjuvante e 52,9% tipo adjuvante. Em relação ao procedimento

cirúrgico, o mais realizado foi a quadrantectomia mais esvaziamento axilar (37,5%),

seguido da quadrantectomia mais retirada do linfonodo sentinela (33,1%). Todas as

pacientes (100%) usaram tamoxifeno e o tempo médio de uso foi 25,9 meses.

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Tabela 08. Distribuição das porcentagens observadas para as variáveis relacionadas ao tratamento do câncer das pacientes.

Variáveis

N Média/% Min Máx

Uso de radioterapia Sim 129 93,4

Quimioterapia Não realizou 51 36,9

Neo 14 10,1

Adjuvante 73 52,9

Tamoxifeno Sim 138 100

Inibidor de aromatase Não 137 99,2

Sim 1 0,72

Tempo em meses de uso de tamoxifeno*

138 25,9±21,2 1 132

Uso de antidepressivos e tamoxifeno Nega 116 84,1

Fluoxetina 5 3,6

Paroxetina 6 0,7

Outros 16 11,6

Procedimento Mastectomia +EA 35 25,7

Mastectomia + BLS 4 2,9

Quadrantectomia + EA 51 37,5

Quadrantectomia + BLS 45 33,1

*Váriável apresentada como média ± desvio padrão.

Min: Valor mínimo observado

Máx: Valor máximo observado

Na tabela 09 podemos observar que 14,5% das pacientes apresentaram

recidiva e 11,1% informaram apresentar ciclos menstruais. O tempo médio de

sobrevida livre de doença (SVLD) em meses foi 43,6±45,7 e o tempo médio de

sobrevida com global (SG) em meses foi 44,5±46,1. Em relação ao polimorfismo

CYP2D6, 81,15% eram metabolizadores extensivos (*1/*1) e 2,17% eram

metabolizadores pobres (*4/*4). Como somente 3 pacientes eram homozigotas para

o alelo *4, elas foram excluídas das análises comparativas da tabela 10.

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Tabela 09. Distribuição das médias e porcentagens observadas para as variáveis relacionadas à evolução e polimorfismo das pacientes.

Variáveis N Média/% Min Máx

Recidiva Sim 20 14,5 - Local Sim 9 6,5 - à distância Sim 4 2,9 - Tumor Contralateral Sim 7 5,1

Ciclos menstruais Sim 15 11,1

Tempo (em meses) de SVLD*

138 43,6±45,7 6 288

Tempo de SG (em meses) **

138 44,5±46,1 6 276

Polimorfismo - homozigoto *1/*1

112 81,15 - heterozigoto *1/*4

23 16,66

- homozigoto *4/*4

3 2,17

*tempo de sobrevida livre de doença, dados apresentados como média±desvio padrão.

**tempo de sobrevida global, dados apresentados como média±desvio padrão.

Os dados comparativos entre os polimorfismos estão descritos na tabela 10.

Podemos observar que as variáveis cor da pele e tipo histológico ductal foram

estatisticamente diferentes entre as pacientes com e sem o alelo *4. O genótipo

heterozigoto, *1/*4, foi mais frequente nas pacientes leucodérmicas e nas pacientes

com história prévia de doença mamária. O tipo histológico ductal foi menos

frequente nas heterozigotas.

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Tabela 10. Distribuição das médias e porcentagens observadas para as variáveis relacionadas ao polimorfismo das pacientes.

Polimorfismo

Metabolização

Variáveis *1/*1: ME *1/*4: MI *4/*4: MP* P

% (N)

% (N)

% (N)

Idade

53,1±11,1 (112)

49,3±10,3 (23)

67,6±16,5 (3) 0,09

Cor da pele** Leucoderma 56,8 (63)

78,3 (18)

100 (3) 0,05

Feoderma 36,9 (41)

17,4 (4)

Melanoderma 6,3 (7)

4,3 (1)

Total

111

23

3

Status menopausal Pré 35,1 (39)

47,8 (11)

Pós 64,9 (72)

52,2 (12)

100 (3) 0,25

Total

111

23

3

TRH** Nega 52,2 (57)

34,8 (8)

100 (3) 0,29

<5anos 10,1 (11)

13 (3)

>5anos 4,6 (5)

4,3 (1)

Pré menopausa 33 (36)

47,8 (11)

Total

109

23

3

Gestações Nulipara 17,1 (19)

13 (3)

33,3 (1) 0,63

Gestou 82,9 (92)

87 (20)

66,7 (2)

Total

111

23

3

Doença prévia mama** Não 88,4 (99)

73,9 (17)

100 (3) 0,09

AFBM/Mastite 8,9 (10)

8,7 (2)

Nódulo benigno 2,7 (3)

17,4 (4)

Total

112

23

3

Hipertensão Sim 50,5 (56/111)

47,8 (11/23)

66,7 (2/3) 0,81

Diabetes Sim 15,2 (17/112)

17,4 (4/23)

33,3 (1/3) 0,79

Doença tireoide Sim 6,3 (7/112)

17,4 (4/23)

0,07

Obesidade Sim 34,8 (39/112)

39,1 (9/23)

0,69

Depressão Sim 13,4 (15/112)

17,4 (4/23)

0,61

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33

HF câncer Sim 67,9 (76)

69,6 (16)

66,7 (2) 0,87

Etilismo Nega 71,4 (80)

73,9 (17)

66,7 (2) 0,75

Ocasional 21,4 (24)

26,1 (6)

33,3 (1)

Regular 3,6 (4)

Ex- usuário 3,6 (4)

Total 112 23 3

Tabagismo** Nega 55,9 (62)

69,6 (16)

100 (3) 0,24

Tabagista 9 (10)

4,3 (1)

Ex-tabagista 34,2 (38)

26,1 (6)

Total 110 23 3

Atividade física Pratica 23,1 (25/112)

17,4 (4/23)

100 (3/3) 0,54

Procedimento**

Mastectomia + EA 25,5 (28)

26,1 (6)

33,3 (1) 0,93

Mastectomia + BLS 2,7 (3)

33,3 (1)

Quadrantectomia + EA 38,2 (42)

39,1 (9)

Quadrantectomia + BLS 33,6 (37)

30,4 (7)

33,3 (1)

Total 110 22 3

Tamanho do tumor** T1 44,2 (46)

33,3 (6)

33,3 (1) 0,68

T2 47,1 (49)

55,6 (10)

66,7 (2)

T3 3,8 (4)

5,6 (1)

T4 3,8 (4)

TX 1 (1)

5,6 (1)

Total 104 18 3

Estadiamento I 32 (33)

35,3 (6)

II a 30,1 (31)

23,5 (4)

100 (3) 0,83

II b 17,5 (18)

17,6 (3)

III a 12,6 (13)

23,5 (4)

III b 2,9 (3)

III c 3,9 (4)

IV 1 (1)

Total 103 17 3

Receptor de estrogênio Positivo 97,8 (91)

100 (16)

100 (2) 0,55

Receptor de Positivo 81,1 (73)

87,5 (14)

100 (2) 0,53

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34

progesterona

HER-2 Negativo 75,3 (58)

72,7 (8)

100 (1) 0,45

+ 13 (10)

27,3 (3)

++ 3,9 (3)

+++ 7,8 (6)

Total

77

11

1

Tipo histológico Ductal 82,1 (92/112)

52,1 (12/23)

0,00

Lobular 12,5 (14/112)

8,7 (2/23)

0,65

Especial 7,1 (8/112)

13 (3/23)

0,37

CDIS 47,3 (53/112)

34,7 (8/23)

0,28

Grau Histológico G1 9

3

0,13

G2 59

5

G3 26

6

Total 94 14

Tamanho do tumor T1 46

6

0,48

T2 49

10

T3 4

1

T4 4

0

TX 1

1

Total

104

18

Estadiamento I 33

6

0,83

II a 31

4

II b 18

3

III a 13

4

III b 3

0

III c 4

0

IV 1

0

Total

103

17

Status axilar 0 LN 58

11

0,78

1 a 3 LN 28

6

4 a 9 LN 14

3

> de 10 LN 5

0

Total

105

20

Metástase

2

0

0,51

Invasão angiolinfática

39

7

0,48

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35

Legenda: ME = metabolizador extensivo; MI = metabolizador intermediário; MP = pobre metabolizador. *retirados do cálculo estatístico; **agrupados para cálculo estatístico; Negrito intragrupo: agrupados para análise; (N) =número amostral

A comparação entre as características observadas e a presença ou não de

recidiva estão descritas na tabela 11. As variáveis história familiar de câncer de

mama, tempo de uso de tamoxifeno e sobrevida livre de doença foram

significativamente diferentes entre as pacientes com e sem recidiva. A história

familiar de câncer foi mais frequente no grupo de pacientes que não apresentaram

recidiva, e o tempo de uso de tamoxifeno entre as pacientes com recidiva foi

aproximadamente o dobro do tempo das pacientes sem recidiva. O tempo livre de

doença também foi maior no grupo de pacientes com recidiva.

Tamoxifeno

100 (112)

100 (23)

100 (3)

Inibidor de aromatase

0,9 (1/112)

Tempo de uso de tamoxifeno

26,3±21,1 (112)

25±22,9 (23)

19,3±15,6 (3) 0,78

Recidiva

10,6 (13)

13,1 (3)

0,31

Ciclos menstruais Sim 10 (11)

13 (3)

33,3 (1) 0,68

Não 28,2 (31)

34,8 (8)

pós menopausa 61,8 (68)

52,2 (12)

66,7 (2)

Total

110

23

3

Tempo de sobrevida livre da doença

59,2±62,1 (112)

41,1±41,8 (32)

22,6±15,2 (3) 0,19

Tempo de sobrevida global

59,6±61,1 (112)

42,1±42,5 (32)

22,6±15,2 (3) 0,19

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36

Tabela 11. Distribuição das médias e porcentagens observadas para as variáveis relacionadas à presença de recidiva nas pacientes com câncer de mama.

Recidiva

Variáveis Não Sim P

média±dp / % (n) média±dp / % (n)

Idade

52,8±11,5 (122) 52,6±10,4 (16) 0,93

Cor da pele Branca 60 (73) 69 (11) 0,77

Parda 34 (41) 25 (4)

Negra 6 (7) 6 (1)

Total 121 16

Status menopausal Pré 36 (44) 43 (6) 0,62

Pós 64 (78) 57 (8)

Total 122 14

TRH Nega 52 (62) 40 (6) 0,58

<5anos 10 (12) 14 (2)

>5anos 5 (6)

Pré menopausa 33 (40) 46 (7)

Total 120 15

Gestações Nulipara 16 (19) 25 (4) 0,37

Gestou 84 (102) 75 (12)

Total 121 16

Doença prévia mama Nega 85 (104) 94 (15) 0,55

AFBM/Mastite 9 (11) 6 (1)

Nódulo benigno 6 (7)

Total 122 16

Hipertensão Sim 49,5 (60) 50 (8) 0,97

Diabetes Sim 85 (103) 82 (13) 0,72

Doença tireoide Sim 92 (112) 94 (15) 0,87

Obesidade Sim 64 (81) 56 (9) 0,43

Depressão Sim 87 (106) 81 (13) 0,53

HF câncer Sim 35 (43/122) 6 (1/16) 0,01

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37

Etilismo Nega 70 (86) 81 (13) 0,70

Ocasional 24 (28) 19 (3)

Regular 3 (4)

Ex- usuário 3 (4)

Total 122 16

Tabagismo Nega 59 (72) 56 (9) 0,94

Tabagista 8 (10) 6 (1)

Ex-tabagista 32 (38) 38 (6)

Total 120 16

Atividade física Pratica 72 (88/122) 87 (14/16) 0,09

Procedimento Mastectomia + EA 26 (32) 18 (3) 0,29

Mastectomia + BLS 3 (4)

Quadrantectomia + EA 35 (43) 56 (9)

Quadrantectomia + BLS 34 (42) 18 (3)

Total 121 15

Tamanho do tumor T1 41 (49) 40 (4) 0,86

T2 47 (55) 60 (6)

T3 6 (5)

T4 4 (4)

TX 2 (2)

Total 115 10

Receptor de estrogênio Positivo 2 (2)

Receptor de progesterona Positivo 18 (18) 15 (1) 0,89

HER-2 Negativo 76 (64) 60 (3) 0,17

+ 14 (12) 20 (2)

++ 2 (2) 20 (2)

+++ 8 (6)

Total 84 7

Tempo em meses de uso de tamoxifeno 23,7±18,2 (122) 43,1±32,6 (16) 0,03

Ciclos menstruais Sim 84 (103) 81 (13) 0,91

Não 4 (4) 6 (1)

pós menopausa 1 (1)

11 (14) 13 (2) Total

122 16

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38

Tempo em meses de sobrevida livre da doença

34,8±27,1 (122) 111,2±87,5 (16) 0,00

Polimorfismo *1/*1 81 (99) 81 (13) 0,80

*1/*4 16 (20) 19 (3)

*4/*4 3 (3)

Total 122 16

Legenda: TRH = terapia de reposição hormonal; HF = história familiar; AFBM = alteração

funcional benigna da mama

O gráfico 01 mostra o tempo de sobrevida livre de doença das pacientes do

presente estudo segundo cada polimorfismo. Podemos observar que as pacientes

que apresentam o genótipo *1/*4 (linha vermelha), em que há uma metabolização

intermediária, tem menor sobrevida quando comparado às pacientes *1/*1 (linha

azul), com fenótipo ME, porém sem diferença significativa (p=0,78).

Gráfico 01. Curva de sobrevida livre de doença, segundo cada polimorfismo, das 138 pacientes.

Legenda: poli1 = *1/*1; poli2 = *1/*4; poli3 = *4/*4

Na vertical sobrevivência acumulada

Na horizontal, tempo em meses.

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39

7 DISCUSSÃO

7.1 Avaliação dos Parâmetros Clínicos

O CM, segundo o último relatório do INCA (2012) (SAÚDE e CÂNCER, 2011)

é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres e com maior incidência nas

regiões Sul e Sudeste. Embora seja uma neoplasia com relativamente bom

prognóstico, observa-se que as taxas de mortalidade ainda continuam elevadas no

Brasil e no mundo (BOYLE e LEVIN, 2008; SAÚDE e CÂNCER, 2011). Nas últimas

três décadas o uso do tamoxifeno tornou-se padrão ouro no tratamento endócrino do

CM, porém sabe-se que os resultados clínicos dessa terapia podem ser

influenciados por diversos fatores, dentre eles o genótipo metabolizador do CYP2D6,

a aderência ao tratamento, o uso concomitante de outras medicações que podem

inibir a conversão do TAM em metabólitos ativos, além de outros mecanismos de

resistência molecular (BRYANT, FISHER et al., 2001).

Dos 138 pacientes analisados neste estudo, 137 eram mulheres e 01 homem.

Em relação à idade, a maioria das pacientes encontrava-se na faixa de 46 a 55 anos

(35,3%), seguida de 56 a 65 anos (30,1%). Segundo Harris et al. (2009), vemos a

incidência de 1% de CM em homens, sendo a idade média de acometimento na

faixa dos 65 anos, diferente das mulheres, onde há uma distribuição bimodal, com

picos entre os 50 e 70 anos (HARRIS, LIPPMAN et al., 2009).

Em relação à cor da pele, a grande maioria das nossas pacientes era

leucodermica (61,3%), seguida de feodermica (32,8%) e melanodermica (5,8%). De

acordo com o INCA (2012), a incidência de CM é maior na raça branca, porém esta

maior incidência costuma estar associada ao nível de desenvolvimento social

(SAÚDE e CÂNCER, 2011).

Sobre uma das principais comorbidades relacionada ao aparecimento do CM,

a obesidade, 34,8% das pacientes eram obesas. Sabe-se que a obesidade é fator

de risco para o desenvolvimento do CM. Segundo Friedenreich (2001), o índice de

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40

massa corpórea é relacionado diretamente com o risco de CM, porém este risco é

mais elevado nas mulheres na pós menopausa (FRIEDENREICH, 2001).

Em nosso estudo, 71,7% das pacientes não faziam uso de bebida alcóolica,

apenas 2,9% faziam uso regular (diário) e apenas 23,8% pacientes praticavam

atividade física. Sabe-se que o etilismo e o sedentarismo são fatores de risco para o

aparecimento do CM. A Sociedade Brasileira de Mastologia (2002) relata que o

consumo de álcool confere um risco relativo de 1,41 para desenvolvimento do CM

quando o consumo é entre 30 a 60 gramas por dia e que o tipo de bebida consumida

não tem influencia no aumento do risco (MASTOLOGIA e OBSTETRÍCIA, 2002a).

Embora a depressão seja uma comorbidade bastante frequente na população

com CM, 84% das nossas pacientes não apresentaram esse sintoma. Quando

comparamos com o polimorfismo do CYP2D6, observamos uma frequência de

13,4% do genótipo ME (*1/*1) e 17,4% para o genótipo MP (*1/*4). Entretanto, um

estudo realizado por Merwe et al (2012) mostra uma prevalência maior, com 37% de

história de depressão entre as pacientes com CM e o genótipo ME (VAN DER

MERWE, BOUWENS et al., 2012). Alguns antidepressivos podem interferir no

metabolismo da enzima CYP2D6, então a associação desse tipo de droga com um

genótipo MP pode interferir na resposta da paciente ao tratamento.

A presença de doença prévia na mama pode levar a um aumento do risco de

desenvolver CM. Segundo alguns autores, as hiperplasias epiteliais atípicas, a

adenose esclerosante, os fibroadenomas complexos, a cicatriz radial, a

papilomatose e o carcinoma lobular in situ são lesões que podem aumentar em até

10 vezes o risco do aparecimento do carcinoma invasor (ELMORE e GIGERENZER,

2005; HARTMANN, SELLERS et al., 2005; SANTEN e MANSEL, 2005). Entretanto,

em nosso estudo, a maioria das pacientes (86,2%) não apresentavam doença prévia

na mama.

Em relação às características tumorais, o tipo histológico mais comum

observado em nossas pacientes foi o ductal (84,4%), seguido do lobular (13,6%).

Estes dados são similares à literatura, onde se vê que aproximadamente 75% dos

CM são do tipo histológico ductal e 10% são do tipo lobular (BLAND e COPELAND,

2009).

Devido ao grande incentivo ao rastreamento mamográfico realizado tanto pelo

sistema público quanto o privado, os diagnósticos de CM estão sendo realizados

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41

mais precocemente, levando a detecção de tumores menores e com menor

acometimento axilar. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (2002),

(MASTOLOGIA e OBSTETRÍCIA, 2002b) o rastreamento mamográfico deve ser

anual e iniciado aos 40 anos, a cada dois anos entre os 50 e os 69 anos e de acordo

com a expectativa de vida após os 70 anos. Isso ficou claro em nosso estudo, onde

pudemos detectar que 48,8% das pacientes eram T2 e 42,4% eram T1. Isso também

foi evidente para o acometimento axilar, pois 56,2% das nossas pacientes não

tinham nenhum linfonodo axilar acometido. Em relação ao estadiamento, 31,7% das

nossas pacientes era estádio I e 30,8% estádio II.

Quando se trata de receptores hormonais, sabe-se que aproximadamente 80

e 60% dos CM são RE e RP positivos, respectivamente, e que estes tumores

normalmente tem uma melhor evolução clínica. Page et al. (1998) mostraram que

esses tipos de tumor estão mais associados ao baixo grau histológico, baixo

pleomorfismo nuclear, baixa atividade mitótica e acometem principalmente mulheres

na pós menopausa (PAGE, JENSEN et al., 1998). Normalmente o tumor que

expressa o RE também expressa o RP, mas há casos em que há a expressão

somente de um deles. A taxa de resposta ao TAM também varia em relação à

positividade dos receptores. Sabe-se que a resposta clínica ao tratamento com o

TAM pode variar de paciente para paciente e aproximadamente 35% das pacientes

com CM RE positivo não respondem ao seu uso (OSBORNE, 1998). Tumores que

são RE e RP positivos têm uma taxa de resposta de até 77%, quando são RE

negativo e RP positivo esta taxa diminui para 46%, RE positivo e RP negativo chega

a 27% e quando ambos são negativos esta taxa reduz ainda mais, podendo chegar

a 11%. (EISENBERG e KOIFAMAN, 2001). Em nosso estudo, detectamos uma

positividade para o RE de 98,2% e para o RP de 82,4%. Lembramos que todas as

nossas pacientes faziam uso de TAM, o qual é indicado em tumores receptor

hormonal positivo. O fato de não obtermos uma positividade de 100% para os

receptores hormonais se deve a ausência de dados de algumas pacientes.

Em se tratando do HER-2, que hoje faz parte da avaliação básica

imunohistoquímica tumoral, até 30% dos tumores têm sua superexpressão (HER-2

+++), significando que seu gene codificador está amplificado. Estes tumores

costumam ter uma pior evolução clínica e resistência a certos tipos de

quimioterápicos, podendo conferir às células um fenótipo maligno e acelerar a

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tumorigênese. (BURSTEIN, 2005). Em nosso estudo, 75,2% das pacientes eram

HER-2 negativo e 14,6% expressavam fracamente (HER-2 +), o que clinicamente e

imunohistoquimicamente é considerado HER-2 negativo (YAZIJI, GOLDSTEIN et al.,

2004). Apenas 6,7% das pacientes apresentavam superexpressão (HER-2 positivo).

Para os casos duvidosos à imunohistoquímica (HER-2 ++), foi realizado teste de

amplificação gênica por hibridização in situ por fluorescência (FISH). A discrepância

observada em nosso estudo comparado à literatura em relação à positividade do

HER-2 pode ser devido à ausência de dados de algumas pacientes.

Sobre o tratamento cirúrgico realizado, 37,5% das nossas pacientes foram

submetidas à quadrantectomia e EA, 33,1% a quadrantectomia e BLS, 25,7% a

mastectomia e EA e 2,9% a mastectomia e BLS. Entretanto, tivemos uma baixa

porcentagem de BLS (36%). Apesar de esta ser uma técnica consagrada, segundo a

Sociedade Brasileira de Mastologia ela apresenta como contraindicação axilas

clinicamente positivas, e apenas recentemente foi incorporada ao SUS

(MASTOLOGIA, 2007). Em relação ao tratamento complementar, 93,4% das

pacientes realizaram radioterapia e 63% quimioterapia (adjuvante ou neoadjuvante).

Por ser um critério de inclusão do nosso estudo, 100% das pacientes fizeram

ou fazem uso do TAM. O tempo médio de uso foi de 25,9 meses, variando de 1 a

132 meses. A duração do tratamento com o TAM é de cinco anos, mas em casos de

metástases á distância este tempo pode ser aumentado (BLAND e COPELAND,

2009). Somente uma paciente de nossa amostragem havia suspendido o TAM e

estava em uso de inibidor de aromatase por ter apresentado trombose.

Das nossas 50 pacientes que se encontravam na pré-menopausa, somente

15 (30%) apresentavam ciclos menstruais com o uso do TAM. Este dado é

importante, pois a amenorreia (ausência de ciclos menstruais) é um dos efeitos

colaterais do TAM e da quimioterapia (MOURITS, DE VRIES et al., 2001; BUIJS,

WILLEMSE et al., 2004). Isto é um indício de que nestas pacientes o TAM possa

não estar agindo de forma correta, podendo levar a evoluções não favoráveis.

Contraditoriamente, quando analisamos o grupo que teve a recidiva, 81% das

pacientes apresentavam ciclos menstruais, enquanto somente 6% apresentavam

amenorreia. No mais, 13% das pacientes encontravam-se na pós menopausa.

Em relação às recidivas, ela aconteceu em 14,5% dos casos, sendo que

destas, 44,83% foram recidivas locais, 20% foram recidivas à distância e 35,17%

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43

foram tumores na mama oposta (contralateral). O tempo médio de uso do TAM nos

casos de recidiva foi de 47,5 meses, sendo o menor tempo de uso 24 meses e o

maior 60 meses. Isso nos indica que as recidivas nas pacientes receptor hormonal

positivo se iniciam principalmente após dois anos de sobrevida, podendo ocorrer

inclusive após o término do uso do TAM (5 anos). Estes dados corroboram com

Harris et al., que mostraram que tumores receptor positivo costumam recidivar mais

tardiamente que os negativos. A menor idade observada nas pacientes que

recidivaram foi de 30 anos, a maior de 76 anos e a maioria das pacientes (40%)

encontravam-se no estadiamento IIa (HARRIS, LIPPMAN et al., 2009).

7.2 Avaliação do Polimorfismo da CYP2D6

Nas últimas três décadas o uso do TAM tornou-se padrão ouro no tratamento

endócrino do CM, porém sabe-se que os resultados clínicos dessa terapia podem

ser influenciados por diversos fatores, dentre eles o genótipo metabolizador

CYP2D6, a aderência ao tratamento, o uso concomitante de outras medicações que

podem inibir a conversão do TAM em metabólitos ativos, além de outros

mecanismos de resistência molecular (BRYANT, FISHER et al., 2001).

No presente estudo o fenótipo metabolizador intermediário (*01/*04) foi

identificado em 16% (23/138) e o metabolizador pobre (*04/*04) em 3% (3/138). Os

demais pacientes, 81% (112/138) apresentaram genótipo homozigoto selvagem

(*01/*01), ou seja, metabolizadores extensivos do tamoxifeno. Nossos achados

corroboram com Sukasem et al. (2012) que ao analisarem 58 pacientes tailandesas

com CM encontraram uma prevalência de 70,8% para o grupo metabolizador

extensivo e 29,2% para o grupo metabolizador intermediário (SUKASEM,

SIRACHAINAN et al., 2012). Entretanto, em um estudo realizado no Brasil por

Antunes et al. (2012) ao analisarem o perfil metabolizador de TAM em 97 pacientes,

eles observaram uma frequência bem menor de metabolizadores extensivos (39,2%)

e um pouco maior dos metabolizadores intermediários (49,5%). Contudo a

frequência do genótipo metabolizador pobre foi semelhante (4,1%). Essas diferenças

podem ser devidas ao tamanho amostral e/ou perfil de miscigenação da população.

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44

Estes pesquisadores também dosaram EDF, e observaram que a concentração

sanguínea era menor nas pacientes com o genótipo metabolizador pobre, quando

comparadas com as pacientes com o genótipo metabolizador extensivo (ANTUNES,

LINDEN et al., 2012).

Duas características foram estatisticamente relacionadas com os

polimorfismos da enzima CYP2D6. As variáveis investigadas cor da pele e tipo

histológico foram diferentes entre os pacientes com e sem a presença do alelo *4.

Segundo Huber et al. (2011), aproximadamente 5 a 10% dos caucasianos são

portadores do perfil MP. Os alelos mais comuns nesse grupo são o *3, *4, *5 e *6,

responsáveis por 97% dos casos, sendo o *4 o mais frequente (12 a 23%). Em

relação aos afro-americanos, o perfil MP representa até 19% dos casos, sendo o

alelo *4 responsável por 1,2 a 7%. Quando analisamos o perfil MI, há uma

prevalência de 10 a 15% nos caucasianos e 10 a 30% nos afro-americanos, sendo o

alelo *17 o principal responsável nestes (HUBER-WECHSELBERGER, NIEDETZKY

et al., 2012).

Há importantes diferenças étnicas em relação às frequências dos alelos do

CYP2D6, sugerindo que diferentes grupos étnicos respondam de forma desigual à

terapia medicamentosa com substratos da CYP2D6 (BERNARD, NEVILLE et al.,

2006). No Brasil, há dois problemas que dificultam essa comparação por etnia. O

primeiro é o perfil de miscigenação da população, o segundo é que essas

frequências alélicas ainda não são conhecidas (SOUZA, MARTINS et al., 2011). No

presente estudo, observamos que a maior prevalência do genótipo MP foi entre

pacientes leucodérmicos (supostamente de origem caucasiana) com 78%. Como

dito anteriormente, a miscigenação no Brasil é muito grande, e por esse motivo para

associarmos os polimorfismos do gene CYP2D6 com etnia, seria necessário um

estudo que avaliasse marcadores de ancestralidade para maior confiança dos

resultados. Contudo, uma análise em um número amostral significante também

poderia ajudar a traçar o perfil de metabolização dos pacientes com CM brasileiros.

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45

7.2.1 Polimorfismo CYP2D6 e taxa de sobrevida

Há vários estudos na literatura que investigam a associação de polimorfismo

na enzima CYP2D6 e a evolução do CM (GOUGH, SMITH et al., 1993; DUNNING,

HEALEY et al., 1999; AUTRUP, 2000; TOPIC, STEFANOVIC et al., 2000; BIJL, VAN

SCHAIK et al., 2009; SCHROTH, GOETZ et al., 2009; ABRAHAM, MARANIAN et al.,

2010; SUKASEM, SIRACHAINAN et al., 2012; WALKO e MCLEOD, 2012). O tempo

médio de sobrevida livre de doença das nossas pacientes (tempo decorrido entre o

tumor inicial e a recidiva, no caso das pacientes que recidivaram, ou até o dia da

entrevista para aquelas que não recidivaram) foi de 43,6 meses. O de sobrevida

global (tempo decorrido entre o diagnóstico do CM até o dia da entrevista) foi de

44,5 meses, sendo 34,8 meses naquelas que não recidivaram e 111,2 meses

naquelas que recidivaram. Pacientes receptor hormonal positivo costumam recidivar

mais tardiamente (após 2 anos) e em nosso estudo foram incluídas tanto pacientes

em uso prolongado de TAM, como pacientes em uso recente dessa droga, isso

podendo explicar a discrepância nos resultados.

Em relação ao polimorfismo, a sobrevida livre de doença das pacientes

metabolizador extensivo, intermediário e pobre foi de 59,2, 41,1 e 22,6 meses

respectivamente, diferença esta que não foi significante estatisticamente. Estes

dados corroboram com Sirachainan et al. (2012), que ao avaliarem 20 pacientes

com CM em uso de TAM, observaram que indivíduos com fenótipo MP

apresentaram menores médias de sobrevida livre de doença quando comparados

com os pacientes com o fenótipo MI (SIRACHAINAN, JARUHATHAI et al., 2012).

Ao analisar 140 mulheres indianas, Kumar et al. (2010) observaram que os

polimorfismo de baixa metabolização da enzima estavam associados a estágios

mais avançados da doença e a uma pobre resposta terapêutica ao uso do TAM

(KUMAR, REDDY et al., 2010). Por outro lado, Toyama et al. (2008) ao avaliarem

154 pacientes com CM na população asiática recebendo TAM, não observaram

diferença significativa de sobrevida livre de doença entre os diferentes tipos de

genótipos para CYP2D6 analisados (TOYAMA, YAMASHITA et al., 2008). Esse

mesmo padrão foi observado por Sukasem et al (2012) em 58 pacientes tailandesas

(SUKASEM, SIRACHAINAN et al., 2012).

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46

Considerando a sobrevida, um grande estudo realizado por Abraham et al.

(2010), que investigou a associação de variantes do CYP2D6 com os resultados

clínicos de 3.155 pacientes recebendo terapia adjuvante com TAM e 3.485 pacientes

que não receberam tratamento por hormonioterapia, observaram a associação da

variante MP com menor sobrevida (ABRAHAM, MARANIAN et al., 2010).

7.2.2 Recidivas

Quando analisamos recidiva, observamos que a distribuição das pacientes

em relação ao tipo de polimorfismo é o mesmo para quem teve ou não recidiva. Não

houve diferença significativa entre a presença de recidiva e os polimorfismos do

gene CYP2D6*4. Este achado não corrobora com Damodaram et al. (2012)

(DAMODARAN, PRADHAN et al., 2012), que ao analisarem 141 pacientes, sob as

mesmas circunstancias que as do presente estudo, encontraram uma correlação

positiva entre a diminuição da função da enzima e as variantes CYP2D6*1, *2, *4, *5

e *10 e a recorrência da neoplasia.

Em nossa pesquisa, somente história familiar de CM, o tempo de uso de TAM

e a sobrevida livre de doença foram significativamente diferentes entre os grupos

com e sem recidiva. O maior tempo de uso do TAM (23,7 e 43,1 meses para não

recidiva e recidiva respectivamente) e a sobrevida livre de doença (34,8 e 111,2

meses para não recidiva e recidiva respectivamente) foram maiores naquelas

pacientes que recidivaram. Isto pode ser explicado por pacientes com pouco tempo

de uso do TAM e sobrevida (1 mês) terem sido incluídas no estudo e o fato do

menor tempo de uso do TAM nas pacientes que recidivaram ser de 24 meses.

Importante ressaltar que a maioria das nossas recidivas foi após o tempo padrão de

uso do TAM (5 anos) e que tivemos pacientes com recidiva com até 24 anos de

sobrevida livre de doença.

Liu et al. (2006) afirma que as características clinico-patológicas podem estar

associadas ao polimorfismo do CYP2D6, porém no presente estudo nenhuma outra

variável, além de cor da pele e tipo histológico ductal, mostrou-se associada ao

polimorfismo (GLENN e ROBINS, 2006). Segundo Dumitrescu e Cotarla (2005) os

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47

polimorfismos no gene CYP2D6 ainda são de baixa penetrância e podem estar

associados tanto ao aumento quanto ao decréscimo ao risco de CM (DUMITRESCU

e COTARLA, 2005), isso pode justificar os resultados controversos encontrados na

literatura.

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48

8 CONCLUSÃO

Concluímos que a prevalência dos polimorfismos do gene CYP2D6 em

pacientes submetidas a tratamento do câncer de mama e usuárias de tamoxifeno

em dois Serviços de Mastologia de Belo Horizonte é de 81,15% para metabolizador

normal, 16,66% para metabolizador intermediário e 2,17% para metabolizador

pobre.

Em relação aos parâmetros epidemiológicos associados ao polimorfismo do

gene CYP2D6*4 concluímos que para a presente amostra, apenas as variáveis cor

da pele e tipo histológico foram significativamente diferentes entre os pacientes com

e sem o polimorfismo.

Apesar da sobrevida livre da doença não ter mostrado diferença estatística

entre os pacientes com e sem variante *4, observamos que aqueles que possuíam o

fenótipo metabolizador extensivo, tinham uma maior sobrevida.

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v. 291, n. 16, p. 1972-7, Apr 28 2004.

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ANEXO 01 – Estadiamento

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ANEXO 02 - Escores para Interpretação da

Imunohistoquímica

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ANEXO 03 - Comitê de Ética

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ANEXO 04 – Extração de DNA Salting Out

Extração de DNA de sangue total ou do anel de células

1. Pipetar 500ul de amostra em um microtubo de 1,5ml ou 2ml; 2. Acrescentar 1ml de Lise I, homogeneizar bastante (não usar vortex), 3. Centrifugar por 5 minutos a 5.000 rpm; 4. Desprezar o sobrenadante IMP: Repetir a lavagem com Lise I ( passos 1 a 4) quantas vezes for necessário até o pellet de células ficar completamente limpo (livre de hemoglobina). 5. Acrescentar ao pellet de células:

250 μL de tampão de Lise II

5 μL de SDS 20% ou 10 μL de SDS 10% 6. Homogeneizar em vortex por 10 segundos, 7. Adicionar 100 μL de NaCl saturado. 8. Homogeneizar em vortex por 15 segundos e centrifugar por 3 minutos, 5.000 rpm. 9. Recuperar o sobrenadante resultante em um tubo limpo; 10. Adicionar 300 μL de isopropanol absoluto, homogeneizar e esperar por mais ou

menos 15 minutos até a total precipitação do DNA (pode deixar até dois dias); 11. Centrifugado por 5 minutos, 5.000 rpm, desprezar o sobrenadante; 12. Lavar o DNA precipitado duas vezes com solução de etanol 75%; 13. Centrifugar por 5 minutos, 5.000 rpm; 14. Desprezar o sobrenadante e deixar o DNA secar a temperatura ambiente por +/-

20min (pode ficar até 12h em repouso); 15. Hidratar o DNA com e água ultra pura autoclavada*.

* Quantidade de água ultra pura: Para 500 μL de sangue adicionar 250 μL Para 1000 μL de sangue adicionar 350 μL

SOLUÇÕES DE USO Tampão de Lise I 3 M de Sacarose (PM = 342,3) 10 mM Tris-HCl (pH = 7,5) 5 mM MgCl Triton x-100 1% Estocado em recipiente âmbar, sob refrigeração (4 ºC). Tampão de Lise II 0,075 M NaCl 0,024 M Na-EDTA pH = 8,0, ajustado com NaOH. Estocado à temperatura ambiente.

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APÊNDICE 01 – Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido

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APÊNDICE 02 – Ficha de Coleta Dados

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