instituto de desenvolvimento educacional do … · mostra de iniciação científica e mostra de...

15
__________________________________________________________________________________________ Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação ISSN: 2316-1566 Getúlio Vargas RS Brasil 1 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU FERTILIDADE DO SOLO, PRAGAS E INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE DOENÇAS EM CITROS JUNIOR, Edson Luiz Tonello¹ [email protected] ZELIK, Égnen Maiara¹ [email protected] DALLA SANTA, Fernando¹ [email protected] GASPARETTO, Gustavo¹ [email protected] AGOSTINI, Rangelle¹ [email protected] SEXTO, Paloma Alves da Silva² [email protected] MEIRELLES, Ronaldo Bernardon² [email protected] MATTEI, Greice² [email protected] CAMILO, Maristela Fiess² [email protected] [email protected] ¹ Discentes do Curso de Agronomia, Nível 5 2016/1- Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. ² Docentes do Curso de Agronomia, Nível 5 2016/1 - Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. RESUMO: Os citros são pouco exigentes quanto a adaptação a diferentes solos e em relação a fertilidade, possuem porte médio. O Brasil é o segundo país com maior produtividade sendo de grande importância para a economia brasileira ocupando mais de 42 mil hectares no Rio Grande do Sul, sendo 65% dedicados à laranja, 31% à bergamota ou tangerina e 4% ao limão. O cancro cítrico é uma das doenças mais comum nos citros sendo o agente patogênico a bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, o controle baseia-se principalmente em medidas de erradicação e exclusão da aréa quando infectada pela doença. O experimento foi realizado na aréa externa do hospital São Roque de Getúlio Vargas onde realizou-se a coleta de folhas das partes superiores, medianas e inferior para a análise em tecido verde, com o objetivo de identificar as doenças. Objetivou-se o aprofundamento dos danos causados pelo patógeno causador do cancro cítrico para fins de uso profissional. Conclui-se que para se ter um plantio de citros com qualidade é necessário um manejo eficiente, livre de doenças e pragas, apresentar um pH próximo a neutralização, possuir macronutrientes e micronutrientes em concentrações adequadas e suficientes para a nutrição das plantas. Palavras-chave: Citrus, Xanthomonas axonopodis pv. citri, patógeno ABSTRACT: The citros are undemanding as to adapt to different soils and in relation to fertility, have an average size. Brazil is the second country with higher productivity is of great importance for the Brazilian

Upload: lycong

Post on 27-Jan-2019

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

FERTILIDADE DO SOLO, PRAGAS E INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE

DOENÇAS EM CITROS

JUNIOR, Edson Luiz Tonello¹

[email protected]

ZELIK, Égnen Maiara¹

[email protected]

DALLA SANTA, Fernando¹

[email protected]

GASPARETTO, Gustavo¹

[email protected]

AGOSTINI, Rangelle¹

[email protected]

SEXTO, Paloma Alves da Silva²

[email protected]

MEIRELLES, Ronaldo Bernardon²

[email protected]

MATTEI, Greice²

[email protected]

CAMILO, Maristela Fiess²

[email protected]

[email protected]

¹ Discentes do Curso de Agronomia, Nível 5 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

² Docentes do Curso de Agronomia, Nível 5 2016/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

RESUMO: Os citros são pouco exigentes quanto a adaptação a diferentes solos e em relação a fertilidade,

possuem porte médio. O Brasil é o segundo país com maior produtividade sendo de grande importância para a

economia brasileira ocupando mais de 42 mil hectares no Rio Grande do Sul, sendo 65% dedicados à laranja,

31% à bergamota ou tangerina e 4% ao limão. O cancro cítrico é uma das doenças mais comum nos citros sendo

o agente patogênico a bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, o controle baseia-se principalmente em

medidas de erradicação e exclusão da aréa quando infectada pela doença. O experimento foi realizado na aréa

externa do hospital São Roque de Getúlio Vargas onde realizou-se a coleta de folhas das partes superiores,

medianas e inferior para a análise em tecido verde, com o objetivo de identificar as doenças. Objetivou-se o

aprofundamento dos danos causados pelo patógeno causador do cancro cítrico para fins de uso profissional.

Conclui-se que para se ter um plantio de citros com qualidade é necessário um manejo eficiente, livre de doenças

e pragas, apresentar um pH próximo a neutralização, possuir macronutrientes e micronutrientes em

concentrações adequadas e suficientes para a nutrição das plantas.

Palavras-chave: Citrus, Xanthomonas axonopodis pv. citri, patógeno

ABSTRACT: The citros are undemanding as to adapt to different soils and in relation to fertility, have an

average size. Brazil is the second country with higher productivity is of great importance for the Brazilian

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 2

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

economy occupying more than 42,000 hectares in Rio Grande do Sul, with 65% dedicated to orange, 31% of

bergamot and tangerine and lemon to 4%. The citros canker is one of the most common diseases in citros and the

pathogen Xanthomonas axonopodis pv. citri, control is mainly based on eradication measures and exclusion of

aréa when infected by the disease. The experiment was conducted in the hospital outside aréa São Roque de

Vargas where was held the collection of leaves tops, middle and bottom for analysis in green cloth, in order to

identify diseases. It aimed to deepen the damage caused by the underlying pathogen of citros canker for purposes

of professional use. We conclude that to have a citros plantation with an efficient quality management is needed,

free of diseases and pests, have a pH close to burnout, have macronutrients and micronutrients in adequate and

sufficient concentrations for plant nutrition.

Keywords: Citrus, Xanthomonas axonopodis pv. citri, pathogen

1 Introdução

Introduzidos no Brasil pelos portugueses, os citros estão presentes em quase todos os

municípios brasileiros, seja em grande ou pequena escala. Suportam a altas e baixas

temperaturas. Apresentam excelente adaptação a diferentes tipos de solos sendo pouco

exigentes quanto à sua fertilidade. Os citros possuem crescimento radicial bem desenvolvido,

explorando uma grande porção de terra, retirando os nutrientes e a umidade que necessitam.

Possui porte médio, atingindo até quatro metros de altura, apresentando copa densa e de

formato geralmente arredondado com folhas e flores aromáticas (NEGRI & PIZA, 1988).

Aproximadamente são produzidos cerca de 102 milhões de toneladas por ano no mundo

inteiro, superando outras frutas tropicais como a maçã, pêssego, manga, pêra e banana. Os

países com maior produção de laranjas que representam juntos cerca de 45% da produção

mundial são os Estados Unidos e o Brasil, sendo que o estado de São Paulo, destaca-se em

primeiro lugar, seguido por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (KOLER,

1994).

As frutas cítricas constituem uma cultura de grande importância para a economia brasileira,

representando uma garantia de renda para pequenas e médias propriedades, podendo elevar a

renda e manter empregos no meio rural. Para o desenvolvimento da citricultura as mudas são

um dos fatores fundamentais, pois constituem a base da formação de pomares tendo reflexo

durante toda sua vida útil (KOLLER, 1985).

Para a implantação de pomares para fins comerciais deve-se levar em conta a avaliação de

capacidade de uso da terra para manutenção da sustentabilidade da produtividade, bem como

a sistematização do terreno, o uso da irrigação e o manejo da fertilidade do solo (calagem e

adubação) compondo estratégias para otimização da citricultura. Em pomares caseiros, o

plantio é mais simples (PORTO, 1995).

No Brasil, os citros representam a principal espécie cultivada, isso se deve a grande potência a

exportação mundial de suco. A procura pelo suco cítrico tem crescido gradativamente, isso se

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 3

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

dá pela crescente necessidade com a melhoria na qualidade dos frutos podendo ser

comercializada também in natura (FIGUEIREDO, 2005).

No Rio Grande do Sul, em todas as regiões há o cultivo de citros, sendo os maiores produtores

os Vales dos rios Caí e Taquari, por apresentarem condições de clima e solo excelente para os

citros. A produção de citros além de ser consumida in natura é também absorvida por

algumas indústrias na extração de óleos essenciais (PERIS, 1998).

Este presente artigo, tem como finalidade avaliar a incidência e severidade de doenças

na cultura dos citros, além da avaliação da fertilidade do solo.

2 Referencial Teórico

As laranjeiras são plantas de folhas perenes pertencentes à divisão das Espermatófitos,

subdivisão Angiospermas, classe das Magnoliopsida, ordem Geraniales, família das Rutaceae

e de gênero Citros sp. (SWINGLE, 1967).

A produção brasileira de citros se destaca pela geração de empregos diretos ou

indiretos, cerca de 400 mil colocações de trabalho. Seus pomares apresentam cerca de 270

milhões de plantas distribuídas por todo o Brasil, com uma área de 900 mil hectares (Anuário

Brasileiro da Agricultura Familiar, 2013).

Segundo o IBGE, a citricultura ocupa mais de 42 mil hectares no Rio Grande do Sul,

sendo 65% dedicados à laranja, 31% à bergamota ou tangerina e 4% de limão, mais de 90%

estão enquadradas na agricultura familiar. A produção no Estado do Rio Grande do Sul por

hectare chega a 12 mil Kg. O Alto Uruguai Gaúcho tem uma produção de 18 mil Kg por

hectare sendo o maior produtor de laranja, e o segundo na produção de bergamota, a produção

está concentrada nos municípios que fazem divisa com o Estado de Santa Catarina,

localizados a beira do Rio Uruguai.

A região tem a possibilidade de produzir a melhor fruta do Brasil, tanto pela sua

coloração que é mais viva, chamando a atenção do consumidor, tanto pela sua acidez que é

importante para atuar no processo natural de durabilidade do produto (Anuário Brasileiro da

Agricultura Familiar, 2013).

Nos últimos 10 anos a área com citros no Norte do Rio Grande do Sul cresceu de 1,5

mil para 9,3 mil hectares. De modo que a produção média por região é determinada deste

modo. Regiãoo centro-oeste tendem uma produção em torno de 0,85%, região norte 14,2%,

região nordeste 10,37% região sudeste sendo essa a qual obteve a maior porcentagem de

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 4

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

produção em 2010 segundo dados do IBGE, totalizando um percentual de 81,53% e a região

sul por sua vez cerca de 5,83% de procução de laranja.

O clima exerce grande influência quanto ao vigor, longevidade das plantas, além de

influenciar na qualidade e quantidade de frutos cítricos, desenvolvendo-se melhor em regiões

de clima mais ameno, solos adequados e com regime pluvial bem distribuído com cerca de

1200 mm anuais. Os frutos produzidos nas regiões mais frias apresentam uma melhor

coloração de casca e polpa, além de ter um elevado teor de açúcar.

2.1 Cancro cítrico

É uma das mais graves doenças da cultura dos citros, sendo seu agente patogênico, a

bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, pertencente à classe gamma de Proteobactérias.

Sendo por sua vez uma bactéria aeróbica, Gran negativa, de modo que não forma esporos.

De acordo com sua taxonomia o cancro cítrico pode ser dividido em três “tipos” ou

patovares diferentes: cancro tipo A, B e C. O cancro tipo A é o cancro mais severo presentes

nos pomares causados pela X. axonopodis pv. citri. O cancro tipo B ou denominado “falso

cancro”, tem como principal hospedeiro o limão Galego podendo ocorrer em laranja azeda

entre outros, restrito à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai. O cancro de tipo C ou

denominado “cancro do limão Galego”, infecta somente o limoeiro Galego e está restrita ao

Brasil. Os patovares que causamos tipos B e C são denominadas Xanthomonas axonopodis

pv. aurantifolii (GOTO, 1992).

O controle do cancro cítrico baseia-se principalmente em medidas de erradicação e

exclusão da aréa quando infectada pela doença. Os sintomas constituem-se em lesões

circulares corticosas, salientes de coloração amarronzada e aspecto eruptivo, ocorrendo em

folhas, ramos e frutos. Quando há uma alta severidade da doença pode ocorrer a desfolha,

queda de frutos e seca de ramos. (BITANCORT, 1957; ROSSATTI, 2001).

2.1.1 Sintomas do cancro citríco

Os principais sintomas da doença observados nos pomares de citros ocorrem nas

folhas podendo também ocorrer em todos os órgãos da planta. Tendo uma ocorrência

principalmente em quais quer abertura no tecido vegetal ou causadas por danos físicos,

rasgamento das folhas ou perfurações por espinhos da própria planta.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 5

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

Nas folhas os sintomas iniciais ocorrem na formação de pequenas pústulas na

superfície abaxial (Figura 1). Com o tempo a lesão aumenta formando pústulas na forma de

erupções com relevo áspero e de coloração marrom no seu interior e um alo circundante de

cor amarela podendo desaparecer. A doença se manifesta pela excessiva hiperplasia no

mesófilo foliar causando rompimento da epiderme.

Nos frutos (Figura 2) as lesões assemelham-se a aquelas ocorrentes nas folhas. Nos

ramos (Figura 3), apresentam coalescência além de não apresentarem nítida formação do alo

amarelo.

Figura 1, 2 e 3. Cancro cítrico em folhas, fruto e ramos. FONTE: FUNDECITROS, 2008

2.1.2 Bactéria do cancro cítrico

O completo sequenciamento do genoma da bactéria permitiu evidenciar a considerável

versatilidade bioquímica, a uma serie de mecanismos utilizaria para sua sobrevivência (DA

SILVA et al., 2002). Dentre todos estes aspectos, encontrando – se a produção de compostos

sendo potencialmente capazes de aumentar a bactéria em causar danos a planta.

Figura 4 e 5. Forma de contaminação pelo vento. FONTE: FUNDECITROS, 2008

2.1.3 Doença no pomar

A bactéria dissemina-se pela ação das chuvas, ventos, insetos, animais e do próprio

homem (ROSSETTI et al., 1993). A principal fonte de inoculo resulta da erupção de pústulas

foliares (DAVIES & ALBRIGO, 1994).

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 6

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

Os principais agentes responsáveis pela dispersão do cancro cítrico a curtas distâncias

dentro dos talhões (Figura 6), são a chuva e o vento. De modo que ainda não existe registros

de disseminação do agente causal do cancro cítrico por meio de sementes (KIMATI &

GALLI, 1980) ou pela mariposa do minador-dos-citros (FUNDECITRUS, sem data).

Figura 6. Contaminação da doença dentro dos talhões. FONTE: FUNDECITROS, 2008

2.1.4 Minador do citros

Comumente chamada de Minador-das-Folhas-de-Citros (MFC) (Gravena, 1994),

Phyllocnistis citrella Stainton é considerada uma das pragas mais severas dos citros.

Originária da Ásia, está disseminada pelo Oriente Médio, África, Austrália e recentemente foi

introduzida na América do Norte (Estados Unidos) e América do Sul (Colômbia) (Knapp et

al., 1995).

O adulto é uma mariposa de 4 mm de envergadura de asa, cor branco-prateada, asas

com listras marrons no lado superior, pelos nas bordas e mancha preta arredondada em cada

extremidade (Figura 7) (KNAPP et al., 1995).

A lagarta ao se alimentar constrói uma galeria em forma de serpentina, frequentemente

na superfície abaxial das folhas (CHAGAS & PARRA, 2000), podendo ocasionar

enrolamento destas (HEPPNER, 1993) .

Os danos diretos de Phyllocnistis citrella nos citros estão relacionados à infestação da

planta, cujos prejuízos são: redução da taxa de fotossíntese, queda prematura das folhas,

redução no crescimento e desenvolvimento de brotações e produtividade (CÔNSOLI et al.,

1996). O ataque da praga pode também causar danos indiretos, favorecendo a penetração e

desenvolvimento de patógenos através do tecido lesionado, principalmente da bactéria do

cancro cítrico, Xanthomonas axonopodis pv citri (CHAGAS et al., 2001).

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 7

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

Figura 7. Mariposa Phyllocnistis citrela. Fonte: Fundecitros 2008

3 Material e métodos

Foram realizados dois experimentos nas dependências da Faculdade IDEAU, Getúlio

Vargas, RS. O município apresenta uma altitude 27º53’’55’ e longitude 52º13’’39’ a uma

latitude de 637 metros, localizada ao norte do Estado do Rio Grande do Sul. O clima da região

é classificado como subtropical, sem estação seca e temperatura do mês mais quente maior

que 22ºC (Cfa), segundo Köppen (1936). A precipitação média anual 1773 mm, e temperatura

média de 18,2°C. O solo é classificado como Latossolo vermelho distrófico típico

(EMBRAPA, 2013).

3.1 Amostragem do solo

Em março de 2016 na área experimental do campus do Hospital São Roque – Getúlio

Vargas, foi realizada a coleta de solo para análise de características biológicas do solo em

relação a cultura dos citros no Rio Grande do Sul. Foram utilizados diferentes materiais como

pá de corte, enxada, facão e régua para obter melhores resultados levando em consideração,

argila, pH em água, M.O, CTC, k, Ca, Mg, S, Zn, Fe, Mn, Cu, e B.

As amostras foram retiradas em forma de “X”. Com o auxílio de uma enxada foi retirada a

palhada que se encontrava no local da coleta, com espaçamentos entre linhas de 5cm foram

feitos buracos de 0-10 cm,10-20 cm e de 20-40 cm e coletadas amostras das respectivas

profundidades. Para a retirada do solo foi utilizada a pá de corte, com a régua foi feita a

medição dos centímetros, e com o facão foi feito a retirada dos excessos de solos para deixar

nas medidas corretas.

Após coletadas todas as amostras, foram colocadas em sacos plásticos transparentes e

identificadas, em seguida encaminhadas para análise no laboratório de solos São Francisco

Faculdade Ideau, Getúlio – Vargas.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 8

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

3.2 Incidência de doenças em sementes de trigo

O experimento foi implantado com delineamento inteiramente casualizados (DIC)

com seis repetições. Os tratamentos foram realizados todos em diferentes locais de

semeaduras.

Em março de 2016, realizou-se a implantação das sementes em caixas gerbox, sendo

as mesmas esterealizadas para inserir o meio de cultura. Foi realizado o despejo do meio de

cultura nas seis caixas com auxílio de uma lâmina para esterilização.

Deixado parado até ganhar um pouco de consistência, logo após distribuídas as

sementes e deixado em repouso para emergência em um período de uma semana.

3.3 Severidade de doenças em folhas de citros

O experimento foi implantado com delineamento inteiramente casualizados (DIC),

com nove repetições. Os tratamentos foram realizados todos em diferentes plantas infectadas.

Em março de 2016, realizou-se a coleta das amostragens de folhas referente a cultura

dos citros. Para cada amostragem foram coletadas folhas infectadas (Figura 8 e 9), de modo

que, pudessem ser avaliadas e realizados os devidos testes, para identificação de doenças.

Figura 8 e 9 – Análise de severidade em folhas de citros. Fonte: ZELIK, E. M., 2016.

Getúlio Vargas/RS.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 9

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

4 Resultados e discução

4.1 Resultado fertilidade do solo

As plantas cítricas tem maior adaptabilidade em solos arenoso-argiloso, onde ocorre

uma pequena necessidade de se adequar quando em condições de solos com textura arenosas

ou argilosas. É recomendado que as plantas possuam profundidades mínimas de 1,0 a 1,2

metros, para proporcionar melhor desenvolvimento do sistema radicular. As plantas exigem

valores ideais, como na descrição abaixo: pH ideal: 5,8 a 6,2; Fósforo disponível ideal:

>30 mg/dm3; Potássio disponível ideal: >3,0 mmolc/dm3; Calcio disponível ideal:

>7 mmolc/dm3; Magnésio disponível ideal: >8 mmolc/dm3; Saturação por bases ideal: >70%

São nutrientes N, P, K, Ca, Mg, B, Mn e Zn (Tabela 10 e 11), que devem ser

fornecidos na adubação. Estádios de desenvolvimento da planta, combinação copa/porta-

enxerto, expectativa de produção, estado nutricional do pomar e da fertilidade do solo são

fatores determinantes para determinar as quantidades necessárias de elementos importantes

para a planta.

Tabela10. Acidez e micronutrientes compostos na análise de solo

Fonte: JUNIOR, E. L. T., 2016. Getúlio Vargas/RS.

Tabela 11. Micronutrientes compostos na análise de solo

Fonte: Junior, E. L. T., 2016. Getúlio Vargas/RS.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 10

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

As quantidades necessárias (Tabela 12), desses elementos são dependentes do estádio

de desenvolvimento da planta (formação ou produção), da combinação copa/porta-enxerto, da

expectativa de produção, do estado nutricional do pomar e da fertilidade do solo. Assim,

plantas em formação devem receber maior atenção quanto ao fornecimento de P, Ca e N,

enquanto que pomares em produção, de N e K.

Tabela 12. Necessidade de calagem representativa na análise de solo.

Fonte: JUNIOR, E. L. T., 2016. Getúlio Vargas/RS.

Dentre as variáveis que interferem na fertilidade do solo, destaca-se a capacidade de

troca catiônica, a qual é função da mineralogia do solo e dos níveis de matéria orgânica

presentes, tendo em vista que essas partículas apresentam cargas elétricas superficiais que

variam em função do pH, mas de qualquer forma contribuem para a CTC do solo,

especialmente de solos tropicais, tipicamente intemperados. A capacidade de troca catiônica

no solo apresenta maiores valores na camada superficial, diminuindo com o aumento da

profundidade (MIELNICZUC, 2008).

A matéria orgânica no solo oferece maior disponibilidade de macro e micronutrientes

às plantas. Além da contribuição decorrente da sua decomposição, também, pode-se destacar

o fato de que uma maior quantidade de matéria orgânica (MO), no solo pode proporcionar

uma maior quantidade de macro poros, garantindo boa aeração, movimentação e drenagem,

resultando em maior facilidade à penetração das raízes, contribuindo para o seu

desenvolvimento. (MIELNICZUC, 2008).

O sintoma de deficiência dos macro nutrientes é a redução do crescimento, entretanto

ocorrem outros sintomas como a mudanças de coloração que apresentam padrões específicos,

partindo da ponta da folha passando pela nervura central até a base, ou da margem para a

nervura central, ou entre as nervuras (AGROLINK, sem data)

Os sintomas de deficiência mineral podem aparecer nas folhas novas ou nas folhas

mais velhas, indicando a mobilidade dos micronutrientes na planta e a habilidade da planta em

translocar estoques existentes deste nutriente. Os íons variam em sua mobilidade tanto no solo

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 11

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

como na planta. Os íons N, P, K, Mg, Cl apresentam maior mobilidade; S, Cu, Fe, Mn, Zn,

Mo, são íons de pouca mobilidade e Ca e B são imóveis ( AGROLINK, sem data)

4.2 RESULTADO ANÁLISE EM SEMENTES

Após a implantação do experimento foram coletados os resultados (Figura 13 e 14),

sendo comparados ao teste de Tukey, com probabilidade de erro a 5%.

80% a¹

20% b

70% bc

0% c

Alternária sp. Bipolaris sp. Dreschlera sp. Fusarium sp.

Inci

dên

cia

de

do

ença

s o

corr

ida

s

(%)

Análise de doenças em sementes de trigo (Triticum aestivun.)

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Figura 13: Análise de doenças em sementes de trigo (Triticum ssp.). FONTE: JUNIOR,

E.L.T. 2016. Getúlio Vargas/RS

Coeficiente de variação: 29,34%

¹as médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o

Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 12

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

40% a¹

0% b

70% a65% a

Alternária sp. Fusarium sp. Penicilium sp. Bactéria sp.

Inci

dên

cia

de

do

ença

s o

corr

ida

s (%

)

Fungos causadores de doenças em tecidos do citros

R1

R2

R3

R4

R5

R6

R7

R8

R9

Figura 14: análise em tecido verde. FONTE: JUNIOR, E. L. T. 2016. Getúlio Vargas/RS

Coeficiente de variação: 61.10%

¹as médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o

Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

Os fungos encontrados pertencem a seis gêneros, sendo eles: Alternaria spp.,

Bipolaris sp., Drechslera sp., Fusarium sp., Penicillium sp. Detectou-se a presença do gênero

de bactérias Pectobacterium spp., com incidência de 100% em todos os tratamentos, já entre

os fungos verificou-se a maior presença do fungo de armazenamento Penicillium sp., com

70% de incidência nas sementes.

Observou-se que a assepsia é significante na eliminação de fungos de armazenamento,

presentes na parte externa da semente, sendo que a concentração e o tempo não tiveram

influência em relação à quantidade de fungos eliminados.

Da mesma forma Tambosi & Renner (2010), ressaltam que o hipoclorito de sódio tem

grande potencial antimicrobiano, no qual penetra na parece celular dos microrganismos,

desativando uma enzima essencial a sobrevivência. Nesse sentido, Muniz et al. (2007), em

seus trabalhos verificaram que a ação do NaClO foi acentuada na redução da incidência de

fungos, indicando que os mesmos se encontravam localizados na parte externa da semente.

Coutinho et al. (2000), ressalta que uma das principais formas de associação em

sementes é devido ao fato desses patógenos se localizarem nos tecidos externos, e o

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 13

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

tratamento de sementes com hipoclorito de sódio apresenta eficiência na redução dos

microrganismos associados superficialmente às mesmas.

Conclusão

Conclui-se que para se ter um plantio de citros com qualidade é necessário um manejo

eficiente, livre de doenças e pragas, apresentar um pH próximo a neutralização, possuir

macronutrientes e micronutrientes em concentrações adequadas e suficientes para a nutrição

das plantas. O cancro cítrico, considerado uma das principais doenças que afetam a

fruticultura em geral, pode apresentar uma redução significativa utilizando um manejo

adequado com aplicações de controles biológicos e químicos.

Referências

BITANCOURT, A. A. O cancro cítrico. Biológico, v.23, p.101-111, 2008

COUTINHO,W. M.; PEREIRA, L. A. A.; MACHADO, J. C.; FREITAS-SILVA, O. ; PENA,

R. C. M.; MAGALHÃES, F.H.L. Efeitos de hipoclorito de sódio na germinação de

conídios de alguns fungos transmitidos por sementes. Fitopatologia Brasileira,

Brasília, v.25, n.3, 2000, p.552-555

CÔNSOLI, F.L.; Zucchi, R.A.; Lopes, J.R.S. Plyllocnistis citrella Stainton, 1856

(Lepidoptera: Gracillariidae): Phyllocnistinae) a lagarta minadora dos citros. FEALQ,

Piracicaba. 39 p. 1996.

CHAGAS, M.C.M.; PARRA, J.R.P.. Phyllocnistis citrella Stainton (Lepidoptera:

Gracillariidae): técnica de criação e biologia em diferentes temperaturas. An. Soc. Entomol.

Brasil. 29(2): 227-235. 2000.

CHAGAS, M.C.M.; PARRA, J.R.P.; NAMEKATA, T.; HARTUNG, J.S.; YAMAMOTOoto,

P. Phyllocnistis citrella Stainon (Lepidoptera: Gracillariidae): and Its relationhip with the

citros Canker Bacterium Xanthomonas axonopodis pv citri in Brazil. Neotropical Entomol.

30(1): 55-63. 2001.

DAVIES, F.S.; ALBRIGO, L.G. Citrus. Wallingford: CAB International, 1994. 254 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa Agropecuária de Solos. Sistema brasileiro de

classificação de solos. Brasília-DF: Embrapa Produção de Informação, Rio de Janeiro:

Embrapa Solos, 2013. 353 p.

FUNDECITRUS. Fundo de Defesa da Citricultura. Manual do citricultor: ou você

enfrenta o cancro cítrico ou paga o preço do prejuízo. Araraquara: Fundecitrus, s.d. 16 p.

GRAVENA, S.. “Minador das folhas dos citros”: a mais nova ameaça da citricultura

brasileira. Laranja. 15:397-404 1994

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 14

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

GOTO, M. Citrus canker. In: Plant diseases of international importance. KUMAR, J.;

CHAUBE, H.S.; SINGH, U. S.; and MUKHOPADHYAY, A. N. (Eds.). Englewood:

Prentice-Hall. p.250-269. 1992.

HEPPNER, J.B.. Citrus leafminer, Phyllocnistis citrella Stainton (Lepidoptera: Gracillariidae:

Phyllocnistinae). Florida Departament of Agricultural & Consumer Services, Florida, USA.

Entomology Circular. May- June, 359, 1993.

KNAPP, C.J.L.; Albrigo, L.G.; Browning, H.W.; Bullock, R.C.; Heppener, J.B.; Hall, D.G.;

Hoy, M.A.; Nguyen, R.; Pena, J. E.; Stansly, P.A.. Citrus leafminer, Phyllocnistis citrella

Stainton: current status in Florida. Florida Cooperative Extension Service, Institute of

Food and Agricultural Sciences, University of Florida. Florida, 35 p. 1995

KOLLER,O.C. Citricultura: laranja, limão e tangerina. Porto Alegre: Rigel, 1994. Pag.

446

KOLLER, O. L. et al. Instruções para a produção de mudas cítricas em Santa Catarina.

Florianópolis: EMPASC, 1985. Pag. 50 (Boletim Técnico, 34)

MIELNICZUK, J. Matéria Orgânica e Sustentabilidade de Sistemas Agrícolas. In:

ANTOS, G.A.; SILVA, L.S.; CANELLAS, L.P.; CAMARGO, F. A. O. fundamentos da

matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. 2. ed. Porto Alegre:

Metrópole, 2008. p. 1-18.

MUNIZ, M. F. B.; MELO E SILVA, L.; BLUME, E. Influência da assepsia e do substrato

na qualidade de sementes e mudas de espécies florestais.Revista Brasileira de

Sementes. Brasília, vol 29, nº 1, 2007, p. 140 -146.

NEGRI, J. D. D.; PIZA JUNIOR, C. D. T. Manual Shel sobre citricultura. Campinas:

CATI,1988. Pag. 102

PORTO. O. de M., et al. Recomendações técnicas para a cultura de cítros no Rio Grande

do Sul. Porto Alegre: FEPAGRO/CPF, 1995. Pag. 78 (Boletim Técnico, nº3)

PERIS, E. M. Cancro cítrico ou Citricultura. Citricultura Atual, Cordeiropolis, nº5, pag. 8-

10, 1998

ROSSETTI, V.; MULLER, G.W.; COSTA, A.S. Doenças dos citros causadas por algas,

fungos, bactérias e vírus. Fundação Cargill, Campinas, 1993. 84 p.

TAMBOSI, G.; RENNER, G. D. D. Avaliação de métodos de esterilização,

concentração de ágar e composição de meio de cultura para propagação in vitrode

Pimpinella anisum (Linn.) –Apiaceae. Semina: Ciências biológicas e da saúde.

Londrina, v. 31, n.2, 2010, p. 189-194.

__________________________________________________________________________________________

Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 15

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

KIMATI, H.; GALLI, F. Doenças dos citros (Citrus spp.). In: GALLI, F.; CARVALHO,

P.C.T.; TOKESHI, H. (Ed.). Manual de fitopatologia. São Paulo: Agronômica Ceres, 1980. v.

2, p. 213-250.