instituições de caridade recebem 137 cestas básicas · 2020. 6. 26. · das inéditas do disco....

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*Sylvia Cesco Se Foucault considera o ato de escrever uma “uni- dade sólida que demarca territórios específicos no campo das ideias”, consti- tuindo-se num dos meca- nismos de ordenação dos discursos, o ato de ler é, segundo a filósofa e doutora em Letras, Eliane Yunes, um ato de sensibilidade da inte- ligência, de compreensão e de comunhão com o mundo; pela leitura, expande-se a consciência, alcançam-se es- feras do conhecimento antes não experimentadas e, no dizer de Aristóteles, amplia- -a se a condição humana. Sob tal viés é que me detenho hoje a escrever sobre duas obras publicadas por escri- tores que, embora tenham nascido em outras terras, já são campo-grandenses de coração, mantendo uma produtiva vida de atividades sociais e profissionais. A primeira delas é “Não Era o Momento Certo”, de Ro- semary Gindri, gaúcha de Santiago, mas que reside há longos anos nesta Ca- pital. Psicóloga, Rose possuí diversas obras publicadas, entre infantis, romances, contos e também na área da Psicologia, como é o caso de: “Não Era o Momento Certo”, editado pela Life Editora, em 2018. Nela, a autora trata de assuntos corriqueiros, como a educação de adoles- centes sem a presença da figura masculina; o aban- dono dos filhos do primeiro casamento pelo pai quando se casa em novas núpcias; a vida num condomínio de apartamentos; os precon- ceitos sofridos por moças jovens que já alcançaram sua independência; o com- portamento de mães para tentar suprir as carências afetivas e materiais de seus filhos. Já no início do seu livro, o leitor vai encontrar a personagem Mariana, uma jovem prestes a completar seus 15 anos, deitada em sua cama, no quarto. Para o leitor mais atento, o cenário introdutório não poderia ser o mais acertado, por ser esse espaço, dentro de uma casa, o lugar sagrado, indi- vidual e privativo, de todo e qualquer adolescente. É ali que ele pode vivenciar todas suas ambiguidades, seus dilemas, sonhar seus sonhos, chorar seu choro, se ancorar nas suas raízes identitárias, construindo pontes entre o passado e o presente e projetando seu fu- turo. O núcleo dos persona- gens é pontuado por outras figuras femininas: Adriana, a mãe, uma mulher forte e decidida, que exerce uma zelosa maternagem com os filhos, principalmente com a caçula Mariana. Esse zelo é revelado não apenas pelas suas atitudes acertadas na condução da solução de pro- blemas, como também pela forma amorosa com que se dirige à filha, em que a ex- pressão “Meu amor” é a tô- nica do seu diálogo com sua caçula. No entanto, Adriana, para “proteger seus filhos”, é aquela mãe que não está livre de habituais precon- ceitos contra o que pensa ser as más influências para eles. A jovem Fernanda, vi- zinha de apartamento, é uma dos alvos do precon- ceito materno. Janaína, amiga de Adriana, surge eventual- mente no livro, mais como um ponto de apoio às angús- tias de Adriana. E finalmente, a médica, uma figura profissional que repassa a idéia de firme, mas fria competência, faltando-lhe talvez ainda certa dose de postura humanizada. Também são citadas a mãe e a avó de Fernanda, que completam a sua his- tória de vida. Os personagens mascu- linos – Paulo, pai de Ma- riana, João, namorado de Fernanda, Rafael, o adoles- cente que se tornou pai pre- coce, e o irmão de Mariana limitam-se a ser secundá- rios, entrando e saindo da história sem grande repre- sentatividade, porém com seus constructos ideali- zados com coerência. Em “Não Era o Momento Certo”, a autora optou pelo enredo linear, caracteri- zado pelo fato de que toda sua narrativa faz sentido dentro do encadeamento de razões e de uma natural ordem cronológica. Essa li- nearidade, a brevidade e o dinamismo pontuado pelos diálogos nos 19 capítulos desta obra, de 80 páginas, aliados ao seu tema prin- cipal – a necessidade de compreensão e acolhimento, por parte de uma mãe, aos seus filhos adolescentes em todos os momentos de suas vidas- conferem-lhe um ca- ráter pedagógico ideal para ser refletido também em nossas escolas, onde es- tudam outras “marianas” e também “marianos” que desenvolveram sentimentos de rejeição após o abandono do pai, tornando-se crianças e adolescentes depressivos, tímidos, desmotivados, in- transigentes e solitários como Mariana. Duas grandes lições se tiram desta obra: a primeira é de que não importa a idade, os filhos nunca estão prepa- rados para ficarem órfãos da presença dos pais; e a segunda: a de que o diálogo acolhedor sempre ainda é a melhor receita para tornar pequenos os problemas que nos parecem tão gigantes. Um outro livro que segue na mesma linha de Litera- tura didático-pedagógica é de autoria do Dr. Marcos Estêvão dos Santos Moura, médico-psiquiatra, nascido em Belém do Pará, mas há anos aqui residente. Marcos também é escritor, poeta, autor de várias obras. Uma delas, “Meu Nome é Ro- mualdo”, publicada pela Life Editora, em 2016, trata da história de um me- nino, que, na fase de sua pré- adolescência, cai no mundo das drogas, e que, tal como tantos outros ro- mualdos, é submetido às várias perdas geradas pelo vício: autoestima abalada, sequelas físicas, psíquicas e sociais irreparáveis, quando não se chega ao desfecho letal, como bem alerta o próprio autor. Sem dúvida, é uma obra de narrativa igualmente linear, coesa, de fácil leitura, sem adereços metafóricos. Com 120 pá- ginas e 30 capítulos, este também é um livro que deve ser lido por todos que são compromissados com uma sociedade saudável, com a formação de adolescentes com melhor qualidade de vida, aqueles pais e pro- fessores que desejam ver seus filhos, netos, sobrinhos, alunos, longe de uma reali- dade perversa, destrutiva, cheia de sofrimento, domi- nada pelas drogas. Ambas as obras: “Não Era o Momento Certo”, de Rosemari Gindri, e “Meu Nome é Romualdo”, de Marcos Estêvão Moura, levam seus leitores a uma reflexão séria e fundamen- tada acerca de um mundo em que nossos jovens arti- culam parcerias, vivenciam experiências, se tornando produtores de suas próprias histórias que poderão ter um final feliz se acompanhadas, por nós adultos, com cau- tela, respeito e o necessário amor que acolhe. C3 Campo Grande-MS | Sexta-feira, 26 de junho de 2020 ARTES&LAZER Doações resultam de ações solidárias desenvolvidas por shopping da Capital e serão entregues hoje à tarde Instituições de caridade recebem 137 cestas básicas Solidariedade Música Resenha literária Espelhos da vida A autora trata de assuntos corriqueiros, como a educação de adolescentes sem a presença da figura masculina e o abandono dos filhos do primeiro casamento pelo pai, quando se casa em novas núpcias Fotos: Arquivo pessoal Divulgação Assessoria Foto: Reprodução Internet Da Redaçãoo Por conta da crise gerada com o coronavírus, muitas famílias que já estavam em situação precária tiveram di- minuição de sua renda e têm passado dificuldades em seu dia a dia. Pensando nisso, o Shopping Bosque dos Ipês re- alizou a campanha Bosque do Bem, com uma série de ações solidárias em prol dessas fa- mílias que se encontram em situação de vulnerabilidade. Uma dessas ações foi reali- zada por meio da Vaquinha So- cial, cujas doações recebidas em dinheiro foram revertidas em cestas básicas. As doações serão entregues hoje à tarde. As instituições beneficiadas são a Sirpha – Lar do Idoso e a Sociedade Constantino Lopes Rodrigues, que atende crianças e adolescentes de 6 a 15 anos da região norte da ci- dade. Ambas são próximas do Shopping Bosque dos Ipês, re- forçando o compromisso social de beneficiar as comunidades do entorno. Serão entregues 30 cestas básicas para cada instituição. Além dessas ações, no mesmo dia, no período da manhã, acontece a entrega de mais 77 cestas básicas, o que corresponde a 1 tonelada de alimentos, para a Associação Redentorista Filhos de Maria. Eles foram arrecadados du- rante a live de Dia das Mães com o padre Reginaldo Man- zotti, promovida pelo grupo JCC no dia 10 de maio. A live foi transmitida nas redes so- ciais do Shopping Bosque dos Ipês e em outras duas opera- ções do grupo. Solidariedade Segundo a superintendente Adriana Flores, o momento pede que as pessoas se unam pelo bem dos mais vulneráveis. “É hora de ser solidário e, para isso, o Shopping Bosque dos Ipês entende que deve usar da melhor forma possível seu papel como agente de desenvolvimento e transfor- mação na sociedade”, pontua. Para acompanhar as ações do Bosque do Bem, basta acom- panhar as redes sociais do shopping, como o instagram @bosquedosipes e a página oficial no Facebook. Folhapress João Bosco não pôde mos- trar a nova versão de “Profis- sionalismo É Isso Aí” a Aldir Blanc. “Ele já tinha aprovado essa ideia de ver o ‘Profissiona- lismo’ em blues”, diz o cantor e compositor. “Mas não pôde ouvir essa gravação. Assim como não ouviu a [versão de] “Cordeiro de Nanã”. Ele tinha se mostrado muito curioso.” Bosco lembra seu par- ceiro musical ao longo de cinco décadas, com quem sua obra se confunde de muitas formas, que morreu vítima da COVID-19 em maio. O músico chegou a adiar o novo disco, “Abricó-de-Macaco”, em que estão as faixas que ele queria mostrar a Blanc, mas lançou o álbum – acompanhado por re- gistro audiovisual – no dia 15. “Foi muito difícil de aceitar”, ele diz, sobre a morte de Blanc. “Profissionalismo É Isso Aí”, lançada em 1980 pela banda Black Rio, é uma das composi- ções de Bosco e Blanc recriadas em “Abricó-de-Macaco”. Mas o disco, feito em sua maioria no ano passado, é amplo e tem “cara de nação”, diz Bosco. Com 14 regravações e duas inéditas, “Abricó-de-Macaco” traz versões renovadas de faixas de Bosco, como “Mano que Zuera” e “Cabeça de Nêgo”. E passa por outros compositores, da recriação do afro-samba “Água de Beber” à versão elé- trica de “Forró em Limoeiro”. “Nunca acreditei em arte nostálgica. Acredito em me- mória, mas sempre olhando para a frente, com suas ob- servações intuitivas de hoje. E tudo acontece de forma in- tuitiva. É como se o violão me conduzisse”, ele afirma. Entre as lembranças es- tavam o samba-enredo “Chora, Chorões”, home- nagem ao choro desfilada pela Estácio de Sá em 1985, e um show de Miles Davis ao qual ele assistiu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em maio de 1974. A obra de Davis e a de Hermeto Pascoal influenciaram “Horda”, uma das inéditas do disco. Mais agressiva, foi feita a partir do documentário “O Mês que Não Terminou”, que tem trilha assinada por Bosco. “É uma música mais guer- reira, um distúrbio dentro da ordem oficial”, diz, lembrando junho de 2013, tema do filme dirigido por Raul Mourão e Francisco, filho de Bosco. No fluxo do violão e das memórias de Bosco, há ainda a mescla de composições pró- prias antigas com algumas faixas de outros autores. Com letra de Francisco Bosco, “Abricó-de-Macaco” descreve a paisagem urbana do Rio, do futebol na areia aos passinhos do funk. É a vida que existe “do firmamento ao chão”, uma ideia de abran- gência que acompanha o disco. O título vem de um fruto, que nasce na Amazônia e corre risco de extinção. Bosco vê a árvore em praças do Rio. “Existe uma lenda de que seremos uma nação mais hu- mana, de que a divisão de renda vai ser melhor. Você fica esperando, do tipo ‘agora vai’. E esse fruto nasce também assim -- bloqueado, fechado, obscuro. Só que ele se abre e fica bonito de ver. É uma re- flexão que serve como nação”, finaliza João Bosco. A literatura didático-pedagógica João Bosco é guiado por violão em novo disco de memórias *Professora, escritora e poeta, membro da UBE-MS.

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*Sylvia Cesco

Se Foucault considera o ato de escrever uma “uni-dade sólida que demarca territórios específicos no campo das ideias”, consti-tuindo-se num dos meca-nismos de ordenação dos discursos, o ato de ler é, segundo a filósofa e doutora em Letras, Eliane Yunes, um ato de sensibilidade da inte-ligência, de compreensão e de comunhão com o mundo; pela leitura, expande-se a consciência, alcançam-se es-feras do conhecimento antes não experimentadas e, no dizer de Aristóteles, amplia--a se a condição humana. Sob tal viés é que me detenho hoje a escrever sobre duas obras publicadas por escri-tores que, embora tenham nascido em outras terras, já são campo-grandenses de coração, mantendo uma produtiva vida de atividades sociais e profissionais. A primeira delas é “Não Era o Momento Certo”, de Ro-semary Gindri, gaúcha de Santiago, mas que reside há longos anos nesta Ca-pital. Psicóloga, Rose possuí diversas obras publicadas, entre infantis, romances, contos e também na área da Psicologia, como é o caso de: “Não Era o Momento Certo”, editado pela Life Editora, em 2018. Nela, a autora trata de assuntos corriqueiros, como a educação de adoles-centes sem a presença da figura masculina; o aban-dono dos filhos do primeiro casamento pelo pai quando se casa em novas núpcias; a vida num condomínio de apartamentos; os precon-ceitos sofridos por moças jovens que já alcançaram sua independência; o com-portamento de mães para tentar suprir as carências afetivas e materiais de seus filhos. Já no início do seu livro, o leitor vai encontrar a personagem Mariana, uma jovem prestes a completar seus 15 anos, deitada em sua cama, no quarto. Para o leitor mais atento, o cenário introdutório não poderia ser o mais acertado, por ser esse espaço, dentro de uma casa, o lugar sagrado, indi-vidual e privativo, de todo e qualquer adolescente. É ali que ele pode vivenciar todas suas ambiguidades, seus dilemas, sonhar seus sonhos, chorar seu choro, se ancorar nas suas raízes identitárias, construindo pontes entre o passado e o presente e projetando seu fu-turo. O núcleo dos persona-gens é pontuado por outras figuras femininas: Adriana, a mãe, uma mulher forte e decidida, que exerce uma zelosa maternagem com os filhos, principalmente com a caçula Mariana. Esse zelo é revelado não apenas pelas suas atitudes acertadas na condução da solução de pro-blemas, como também pela forma amorosa com que se dirige à filha, em que a ex-pressão “Meu amor” é a tô-nica do seu diálogo com sua caçula. No entanto, Adriana, para “proteger seus filhos”, é aquela mãe que não está livre de habituais precon-ceitos contra o que pensa ser as más influências para eles.

A jovem Fernanda, vi-zinha de apartamento, é uma dos alvos do precon-ceito materno.

Janaína, amiga de Adriana, surge eventual-mente no livro, mais como um ponto de apoio às angús-tias de Adriana.

E finalmente, a médica, uma figura profissional que

repassa a idéia de firme, mas fria competência, faltando-lhe talvez ainda certa dose de postura humanizada.

Também são citadas a mãe e a avó de Fernanda, que completam a sua his-tória de vida.

Os personagens mascu-linos – Paulo, pai de Ma-riana, João, namorado de Fernanda, Rafael, o adoles-cente que se tornou pai pre-coce, e o irmão de Mariana limitam-se a ser secundá-rios, entrando e saindo da história sem grande repre-sentatividade, porém com seus constructos ideali-zados com coerência.

Em “Não Era o Momento Certo”, a autora optou pelo enredo linear, caracteri-zado pelo fato de que toda sua narrativa faz sentido dentro do encadeamento de razões e de uma natural ordem cronológica. Essa li-nearidade, a brevidade e o dinamismo pontuado pelos diálogos nos 19 capítulos desta obra, de 80 páginas, aliados ao seu tema prin-cipal – a necessidade de compreensão e acolhimento, por parte de uma mãe, aos seus filhos adolescentes em todos os momentos de suas vidas- conferem-lhe um ca-ráter pedagógico ideal para ser refletido também em nossas escolas, onde es-tudam outras “marianas” e também “marianos” que desenvolveram sentimentos de rejeição após o abandono do pai, tornando-se crianças e adolescentes depressivos, tímidos, desmotivados, in-transigentes e solitários como Mariana.

Duas grandes lições se tiram desta obra: a primeira é de que não importa a idade, os filhos nunca estão prepa-rados para ficarem órfãos da presença dos pais; e a segunda: a de que o diálogo acolhedor sempre ainda é a melhor receita para tornar pequenos os problemas que nos parecem tão gigantes.

Um outro livro que segue na mesma linha de Litera-tura didático-pedagógica é de autoria do Dr. Marcos

Estêvão dos Santos Moura, médico-psiquiatra, nascido em Belém do Pará, mas há anos aqui residente. Marcos também é escritor, poeta, autor de várias obras. Uma delas, “Meu Nome é Ro-mualdo”, publicada pela Life Editora, em 2016, trata da história de um me-nino, que, na fase de sua pré- adolescência, cai no mundo das drogas, e que, tal como tantos outros ro-mualdos, é submetido às várias perdas geradas pelo vício: autoestima abalada, sequelas físicas, psíquicas e sociais irreparáveis, quando não se chega ao desfecho letal, como bem alerta o próprio autor. Sem dúvida, é uma obra de narrativa igualmente linear, coesa, de fácil leitura, sem adereços metafóricos. Com 120 pá-ginas e 30 capítulos, este também é um livro que deve ser lido por todos que são compromissados com uma sociedade saudável, com a formação de adolescentes com melhor qualidade de vida, aqueles pais e pro-fessores que desejam ver seus filhos, netos, sobrinhos, alunos, longe de uma reali-dade perversa, destrutiva, cheia de sofrimento, domi-nada pelas drogas. Ambas as obras: “Não Era o Momento Certo”, de Rosemari Gindri, e “Meu Nome é Romualdo”, de Marcos Estêvão Moura, levam seus leitores a uma reflexão séria e fundamen-tada acerca de um mundo em que nossos jovens arti-culam parcerias, vivenciam experiências, se tornando produtores de suas próprias histórias que poderão ter um final feliz se acompanhadas, por nós adultos, com cau-tela, respeito e o necessário amor que acolhe.

C3Campo Grande-MS | Sexta-feira, 26 de junho de 2020Artes&LAzer

Doações resultam de ações solidárias desenvolvidas por shopping da Capital e serão entregues hoje à tarde

Instituições de caridade recebem 137 cestas básicas

Solidariedade

Música

Resenha literária

Espelhos da vida A autora trata de assuntos corriqueiros, como a educação de adolescentes sem a presença da figura masculina e o abandono dos filhos do primeiro casamento pelo pai, quando se casa em novas núpcias

Fotos: Arquivo pessoal

Divulgação Assessoria

Foto: Reprodução Internet

Da Redaçãoo Por conta da crise gerada

com o coronavírus, muitas famílias que já estavam em situação precária tiveram di-minuição de sua renda e têm passado dificuldades em seu dia a dia. Pensando nisso, o Shopping Bosque dos Ipês re-alizou a campanha Bosque do Bem, com uma série de ações solidárias em prol dessas fa-mílias que se encontram em situação de vulnerabilidade.

Uma dessas ações foi reali-zada por meio da Vaquinha So-cial, cujas doações recebidas em dinheiro foram revertidas em cestas básicas. As doações serão entregues hoje à tarde. As instituições beneficiadas são a Sirpha – Lar do Idoso

e a Sociedade Constantino Lopes Rodrigues, que atende crianças e adolescentes de 6 a 15 anos da região norte da ci-dade. Ambas são próximas do Shopping Bosque dos Ipês, re-forçando o compromisso social de beneficiar as comunidades do entorno. Serão entregues 30 cestas básicas para cada instituição.

Além dessas ações, no mesmo dia, no período da manhã, acontece a entrega de mais 77 cestas básicas, o que corresponde a 1 tonelada de alimentos, para a Associação Redentorista Filhos de Maria. Eles foram arrecadados du-rante a live de Dia das Mães com o padre Reginaldo Man-zotti, promovida pelo grupo JCC no dia 10 de maio. A live

foi transmitida nas redes so-ciais do Shopping Bosque dos Ipês e em outras duas opera-ções do grupo.

SolidariedadeSegundo a superintendente

Adriana Flores, o momento pede que as pessoas se unam pelo bem dos mais vulneráveis. “É hora de ser solidário e, para isso, o Shopping Bosque dos Ipês entende que deve usar da melhor forma possível seu papel como agente de desenvolvimento e transfor-mação na sociedade”, pontua. Para acompanhar as ações do Bosque do Bem, basta acom-panhar as redes sociais do shopping, como o instagram @bosquedosipes e a página oficial no Facebook.

Folhapress

João Bosco não pôde mos-trar a nova versão de “Profis-sionalismo É Isso Aí” a Aldir Blanc. “Ele já tinha aprovado essa ideia de ver o ‘Profissiona-lismo’ em blues”, diz o cantor e compositor. “Mas não pôde ouvir essa gravação. Assim como não ouviu a [versão de] “Cordeiro de Nanã”. Ele tinha se mostrado muito curioso.”

Bosco lembra seu par-ceiro musical ao longo de cinco décadas, com quem sua obra se confunde de muitas formas, que morreu vítima da COVID-19 em maio. O músico chegou a adiar o novo disco, “Abricó-de-Macaco”, em que estão as faixas que ele queria mostrar a Blanc, mas lançou o álbum – acompanhado por re-gistro audiovisual – no dia 15.

“Foi muito difícil de aceitar”, ele diz, sobre a morte de Blanc.

“Profissionalismo É Isso Aí”, lançada em 1980 pela banda Black Rio, é uma das composi-ções de Bosco e Blanc recriadas em “Abricó-de-Macaco”. Mas o disco, feito em sua maioria no ano passado, é amplo e tem “cara de nação”, diz Bosco.

Com 14 regravações e duas inéditas, “Abricó-de-Macaco” traz versões renovadas de faixas de Bosco, como “Mano que Zuera” e “Cabeça de Nêgo”. E passa por outros compositores, da recriação do afro-samba “Água de Beber” à versão elé-trica de “Forró em Limoeiro”.

“Nunca acreditei em arte nostálgica. Acredito em me-mória, mas sempre olhando para a frente, com suas ob-servações intuitivas de hoje. E tudo acontece de forma in-tuitiva. É como se o violão me conduzisse”, ele afirma.

Entre as lembranças es-tavam o samba-enredo “Chora, Chorões”, home-nagem ao choro desfilada pela Estácio de Sá em 1985, e um show de Miles Davis ao qual ele assistiu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em maio de 1974. A obra de Davis e a de Hermeto Pascoal influenciaram “Horda”, uma das inéditas do disco. Mais agressiva, foi feita a partir do documentário “O Mês que Não Terminou”, que tem trilha assinada por Bosco.

“É uma música mais guer-reira, um distúrbio dentro da ordem oficial”, diz, lembrando junho de 2013, tema do filme dirigido por Raul Mourão e

Francisco, filho de Bosco.No fluxo do violão e das

memórias de Bosco, há ainda a mescla de composições pró-prias antigas com algumas faixas de outros autores.

Com letra de Francisco Bosco, “Abricó-de-Macaco” descreve a paisagem urbana do Rio, do futebol na areia aos passinhos do funk. É a vida que existe “do firmamento ao chão”, uma ideia de abran-gência que acompanha o disco.

O título vem de um fruto, que nasce na Amazônia e corre risco de extinção. Bosco vê a árvore em praças do Rio.

“Existe uma lenda de que seremos uma nação mais hu-mana, de que a divisão de renda vai ser melhor. Você fica esperando, do tipo ‘agora vai’. E esse fruto nasce também assim -- bloqueado, fechado, obscuro. Só que ele se abre e fica bonito de ver. É uma re-flexão que serve como nação”, finaliza João Bosco.

A literatura didático-pedagógica

João Bosco é guiado por violão em novo disco de memórias

*Professora, escritora e poeta, membro da UBE-MS.