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INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU RENATA LUIZE GIL THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL. BAURU 2009

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INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU

RENATA LUIZE GIL

THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI

TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.

BAURU

2009

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU

RENATA LUIZE GIL

THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI

TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Serviço Social, da Instituição Toledo de Ensino de Bauru, para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social, sob a orientação da Profª. Ms. Gerceley Paccola Minetto.

BAURU

2009

R833t Rossi, Thais Elizabete de Aquino.

Trabalhando com a tríade: educação, família e serviço social

/ Thais Elizabete de Aquino e Renata Luize Gil.

-- 2009.

114f.

Orientadora: Profa. Ms. Gerceley Paccola Minetto.

Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) –

Instituição Toledo de Ensino – Bauru, SP.

1. Educação. 2. Família. 3. Serviço Social. I. Gil, Renata

Luize. II. Minetto, Gerceley Paccola. III. Título.

CDD -360

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE

As alunas Renata Luize Gil e Thais Elizabete de Aquino Rossi, abaixo assinada,

do curso de Serviço Social de Bauru, mantida pela Instituição Toledo de Ensino,

declaram que o conteúdo do trabalho de conclusão de curso, realizado no período de

fevereiro à outubro de 2009, com tema: Trabalhando com a Tríade: Educação, Família

e Serviço Social é autenticado original e de autoria exclusiva.

Por expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

Bauru, 30 de outubro de 2009.

___________________________ ____________________________

Renata Luize Gil Thais Elizabete de Aquino Rossi

RG: 34.713.948-6 RG: 41.463.656-9

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU

RENATA LUIZE GIL

THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI

TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Serviço Social, da Instituição Toledo de Ensino de Bauru, para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social, sob a orientação da Profª. Ms. Gerceley Paccola Minetto. Banca examinadora _____________________________________ Orientadora Profª. Ms. Gerceley Paccola Minetto. _____________________________________ Profª. Banca _____________________________________ Supervisora Simone Zago _____________________________________

Supervisora Tatiane Rosa Rodrigues

Data da aprovação

__/__/__

DEDICATÓRIA

(Renata e Thais)

A DEUS

Dedicamos este trabalho à Deus pela luz, saúde, força, sabedoria, paciência,

compreensão e amor familiar, os quais foram ferramentas essenciais para lutar

pelos nossos objetivos e para a realização desse estudo.

Agradecemos por colocar em nossos caminhos pessoas especiais como: famílias,

amigos e mestres que contribuíram significativamente para hoje chegarmos onde

estamos.

Agradecemos, maiormente por estar do nosso lado em todos os momentos da nossa

vida e por ter nos carregado no colo, quando não agüentávamos mais caminhar.

Nós te amamos Senhor e de todo coração oferecemos primeiramente à ti, esse

sonho realizado.

ÀS NOSSAS FAMÍLIAS

Aos nossos pais e irmãos, por todo o amor e dedicação para conosco, por terem sido

a peça fundamental para que tenhamos nos tornado as pessoas que hoje somos.

HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (RENATA E THAIS)

À orientadora Gerceley Paccola Minetto

Como ninguém, você exerce com maestria essa função. Você professora, já foi

criança e ontem você não entendia muitas coisas, hoje precisa fazer-se entender e

criar soluções.

No seu dia-a-dia a sua capacidade de amar é colocada à disposição de todos.

Quando você volta para casa, a tarefa ainda não está terminada, mas a sua

consciência está em paz.

Você corre em paralelo com o tempo para não ficar ultrapassado. Aceita-se todo por

dentro para mostrar a seriedade que é exigida e ainda sorrir para aqueles que

precisam de afeto.

Na sua angústia existencial ainda se propõe a ajudar a quem procura.

Você avalia. Que coisa difícil é avaliar.

Aprova, reprova e finalmente recupera.

Pelos caminhos da sua vida você vai encontrando tantas portas, umas quase se

fecham, quando deveriam se abrir.

Tantas que se abrem, quando deveriam fechar-se, Portas sombrias, enferrujadas, à

espera de alguém ansioso por um toque, outras escancaradas pela falta de

responsabilidade e amor.

E você, passo a passo, vai contribuindo para cada uma delas.

Você transforma, ilumina, esclarece, compreende e vence o desafio.

É o suave mistério da sua vocação.

Como você é importante!

A Todos os Professores e Funcionários do Curso de Serviço Social

A todos os professores do curso de Serviço Social, pela paciência, dedicação e

ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial contribuiu para

a conclusão desse trabalho e consequentemente para nossa formação profissional e

pessoal.

Às Supervisoras Simone Zago e Tatiane Rosa Rodrigues

Agradecemos pela dedicação, paciência e compreensão que teve conosco nesse

período de estágio, agradecemos pelo profissionalismo, ética e respeito que tem em

suas ações profissionais e pessoais. Agradecemos por tudo que nos ensinou, pois,

temos a certeza que muito contribuíram e contribuirão para a nossa formação

pessoal e profissional.

Ficará a saudade dos tempos bons que não voltarão mais, porém, fica a certeza que

seremos ótimas profissionais e companheiras de trabalho.

À equipe do Centro de Educação Infantil Santo Antônio - CEISA

Ao concluir nosso estágio nesta conceituada instituição, este que muito contribuiu

para o nosso aperfeiçoamento profissional, agradecemos a oportunidade que nos foi

dada.

Agradecemos toda equipe do CEISA, que contribuíram com a nossa formação

profissional.

Que fizeram a diferença durante nosso período de estágio, pois pudemos aprender

muito de cada uma dessas profissões e ver o quanto uma equipe unida faz a

diferença!

HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (RENATA)

À minha Mãe Lúcia Regina Luize

Por todo amor e dedicação que sempre teve comigo, mulher pela qual tenho maior orgulho de

chamar de mãe, meu eterno agradecimento por todos os momentos da minha vida, pois,

sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível,

pessoa que sigo como exemplo, mãe dedicada, amiga, batalhadora, por estar sempre

torcendo e rezando para que meus objetivos sejam alcançados.

À minha irmã Fernanda Luize Gil

A minha irmã Fernanda, pelo carinho e atenção que sempre teve comigo, sempre me

apoiando em todos os momentos, obrigada pelos conselhos e pela confiança em mim

depositada, meu imenso agradecimento.

Que amor é esse tão grande assim. Amor de anjos que existe em nós (...)

Que amor é esse que a gente sente.Não tem maior, não, é diferente

Dias e noites, mesma paixão. Só sei te amar, sou TUA IRMÃ

(Música Dias e Noites, Sandy e Junior)

À meu marido Ailton Soares Junior

Meu amado marido, pelo amor, carinho, amizade e compreensão que sempre teve comigo

nesses 7 (sete) anos de união.

Agradeço amor, pela ternura, por sempre estar comigo me apoiando e me incentivando,

obrigada por tudo que você me dedicou.

Vida obrigada por fazer parte e ser parte deste sonho, que hoje é realidade!

Deus uniu as nossas vidas de uma vez. E cada dia é o primeiro outra vez

Como um primeiro olhar nada nunca vai mudar.Não vai mudar, não vai mudar...

(Música Amar você, Fernanda Brum)

À minha amiga Thais Elizabete de Aquino Rossi

Agradeço a Deus, pela amizade que ele nos permitiu. Colocando no meu caminho você, Amiga

e Madrinha, que admiro muito e que considero ser uma pessoa muito especial. Thata,

obrigada pelo carinho, atenção, amizade que me proporcionou nesses 4 (quatro) anos.

A Palavra do Senhor nos diz que: “quem encontrou um amigo encontrou um tesouro”. Então,

posso dizer que eu tenho “Uma amiga..., um tesouro!”

Desejo para você, tudo o que há de melhor nesse mundo, pois, você merece muito !!!

Aos meus amigos

Aos amigos que Deus permitiu durante o curso de Serviço Social, agradeço pela verdadeira

amizade que construímos, em particular (Gisele, Elisângela, Thais, Regiane, Roseli, Lúcia,

Jainei e Vanessa), amigos que estavam sempre ao meu lado, obrigada, por todos os

momentos que passamos durante esses 4 (quatro) anos, meu especial agradecimento. Sem

vocês essa trajetória não seria tão prazerosa!

A Professora Giselli Tamarozzi

Agradeço pela simplicidade, pelo companheirismo e pelo amor que nos dedicou nesses 4

(quatro) anos de faculdade. Você, não é SOMENTE nossa professora e sim uma grande

AMIGA, que guardaremos sempre em nossos corações!!!!

Agradeço por tudo o que deixou em mim, principalmente a “MARCA”, de que ser professora

é...

Se alimentar do conhecimento e fazer de si

mesma, janela aberta para o outro.

Ser professa é formar gerações, propiciar o

questionamento e abrir as portas do saber.

Ser professa é lutar pela transformação...

É formar e transformar. (Autor desconhecido)

HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (THAIS)

À minha família: Pai Luiz, Mãe Elisa, irmãos (Jean, Junior, Ana e Isaac), cunhadas,

sogra, avôs, avós, tios e primos.

“Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas

permanecem para sempre”.

Agradeço a cada um de vocês que fazem parte da minha história, agradeço à Deus mais uma

vez por ter me dado uma família maravilhosa, que é a minha vida, meu porto seguro, o meu

lugar forte.

Agradeço á cada um de vocês por existir e aos que não estão mais entre nós, a minha

saudade e o meu muito obrigado, pois também contribuíram pra hoje eu ser quem sou.

À vocês família querida dedico o meu trabalho de conclusão de curso que é fruto de muita

luta, amor e dedicação.

Ao meu noivo Fabrício Gerhart Dittrich

Uma vez eu ouvi que na terra tem anjos fantasiados de gente e você meu amor eu acredito

que é um desses. Agradeço á ti pela paciência que teve comigo nesses últimos anos, pela

compreensão, pelos momentos difíceis que passamos juntos e você esteve sempre ao meu

lado. Agradeço pelo carinho e amor que tem me dispensado em todos os momentos, fazendo

com que eu me sentisse a mulher mais amada e feliz do mundo; Te amo.

À minha amiga Renata Luize Gil

Tudo na vida passa mais você amiga, posso viver mil anos que não passará. Pois é impossível

passar uma amizade como a nossa. Amizade feita de amor, carinho e compreensão.

Momentos bons e ruins, fáceis e difíceis, porém, conseguimos superar a todos com muita

dedicação e respeito. Não tenho palavras para expressar o quanto te admiro e agradeço à

Deus por ter colocado você no meu caminho como minha companheira nessa jornada. A você,

meus agradecimentos sinceros com muito amor.

Aos meus amigos

Agradeço a Deus as amizades que conquistei durante esses quatro anos de curso, amizade

essa que levarei por toda a minha vida. Em especial: Andréa, Elisângela, Gisele, Jainei,

Karoline, Liliane, Maria Lucia e Roseli.

Sem vocês eu não teria conseguido; sem vocês esses quatro anos não teriam tido a mesma

graça; sem vocês eu não seria a pessoa que sou hoje, pois com vocês, eu descobri o

verdadeiro valor de uma amizade. Amo cada um de vocês de um jeito especial, obrigada por

vocês existirem.

RESUMO

O presente trabalho consiste em uma reflexão sobre a participação dos pais no

cotidiano escolar dos filhos e a importância do Serviço Social na relação escola e

família. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, cujo instrumento de coleta de

dados é a observação e a entrevista realizadas no período de fevereiro a novembro de

2009, que ratificam a relevância do profissional de Serviço Social nesta relação. O

universo do estudo é composto pelas 75 famílias e 24 profissionais do CEISA – Centro

de Educação Infantil Santo Antonio - e por 195 profissionais das redes de ensino

municipal, estadual, particular e de responsabilidade social de Bauru. A amostragem

corresponde a 20% do total dos sujeitos do CEISA, dentre os quais 15 famílias e 5

profissionais. Já na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22 sujeitos entre

coordenadores e diretores de 5 escolas estaduais, 3 particulares, 2 municipais e 1 de

responsabilidade social. Os resultados apontam que os pais responsáveis, diante de

suas convicções e cultura, participam quando convocados das atividades e

responsabilidades da escola, enquanto que os profissionais de ensino qualificam tal

participação como restrita. As estratégias de acompanhamento do processo escolar do

filho, utilizadas pelos pais responsáveis, são a participação em reuniões, a presença

diante das convocações e eventos da escola. Em contrapartida, os profissionais

buscam nessa presença o momento de aproximação para que possam trocar

informações sobre a criança e o respectivo processo de aprendizagem. Quanto à

inserção do Assistente Social no processo educacional, os gestores da educação

reconhecem tal importância e enfatizam a necessidade de tornar conhecido o trabalho,

uma vez que possibilita o fortalecimento dos vínculos entre família e escola, além de ser

relevante para a categoria. Conclui-se que a participação da família na vida escolar dos

filhos é primordial para o bom desempenho e resultados da prática pedagógica, pois

compete ao Assistente Social fazer a mediação entre a família e a escola e efetivar os

direitos de ambas.

Palavras chave: Participação. Aprendizagem. Parceria.

ABSTRACT

This work is a reflection on the participation of parents in daily school life of children and

the importance of social work in the school and family. This is a qualitative study, whose

instrument of data collection is the observation and interviews carried out from February

to November 2009, ratifying the importance of social worker in this relationship. The total

study population consists of 75 families and 24 CEISA - Centro de Educacao Infantil

Santo Antonio - professionals and 195 professionals of the educational city, state,

private and social responsibility of Bauru. The sample represents 20% of CEISA

persons, among which 15 families and 5 professionals. Already in Bauru educational

system, the sample covers 22 persons between coordinators and directors from 5 state

schools, 3 private, 2 city and 1 from social responsibility. The results show that

responsible parents in front of their beliefs and culture, participate when called upon

activities and responsibilities of school, while teaching professionals qualify as restricted

such participation. Strategies to monitor the process of child at school, used by

responsible parents are: participating in meetings, the presence at the school events

and convocations. In contrast, the professionals seek on this presence the approach

moment so they can share information about the child and their learning process. About

the inclusion of the social worker in the educational process, education managers

recognize this importance and emphasize the need to make the work to be known, since

it enables the strengthening of bonds between family and school as well as being

relevant to the category. We conclude that family participation in children school life is

primary to good performance and results of teaching practice, as it is for the social

worker to mediate between families and schools and assure the rights of both.

Keywords: Participation. Learning. Partnership.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

CEISA – Centro de Educação Infantil Santo Antônio

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MEC – Ministério da Educação

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação

PL - Projeto de Lei

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................16

2 REVISITANDO A EDUCAÇÃO NO BRASIL............................................21

2.1 Rumos atuais da Educação Brasileira e a Educação Escolar.............21

3 AS INTERFACES DA INSTITUIÇÃO FAMÍLIA E SUA

RESPONSABILIDADE NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS..........................30

3.1 As interfaces da instituição família.......................................................30

3.2 A Participação dos pais/responsáveis na educação

dos filhos.................................................................................................35

4 A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA E O SERVIÇO SOCIAL COMO

EFETIVADOR DO DIREITO À EDUCAÇÃO...........................................43

4.1 A relação Família x Escola no processo de desenvolvimento

integral da criança..................................................................................43

4.2 Escola, Serviço Social e Família: tripé do sucesso............................46

5 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.................52

5.1 Análise dos dados da pesquisa............................................................59

5.1.1 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos...............59

5.1.2 Acompanhamento da família na vida escolar de seus

filhos.........................................................................................................64

5.1.3 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos na visão

dos profissionais.......................................................................................81

5.1.4 As estratégias utilizadas pelas famílias no processo de participação e

vida dos seus filhos..................................................................................87

5. 1.5 Inserção do Assistente Social junto às escolas.......................................91 6 CONCLUSÃO E SUGESTÃO.................................................................102

REFERÊNCIAS.......................................................................................105

APÊNDICE..............................................................................................112

16

1 INTRODUÇÃO

O tema desse trabalho é a participação da família na vida escolar dos filhos e a

importância do profissional de Serviço Social nas unidades escolares, responsável pela

aproximação entre a escola e a família, e foi realizado juntamente com a população

usuária e equipe de apoio interdisciplinar do Centro de Educação Infantil Santo Antônio

(CEISA) e coordenadores e diretores das escolas estaduais, municipais, particulares e

de responsabilidade social de Bauru.

O Centro de Educação Infantil Santo Antônio – CEISA, localizado na Rua José

de Pinheiro Góes, 4-38, Distrito Industrial, é uma instituição civil sem fins lucrativos, de

natureza privada, caracterizado como Projeto de Responsabilidade Social Empresarial

da Indústria e Comércio de Plásticos, Plasútil - LTDA.

Rodrigues (2009, p 47) complementa que:

Constituída nos molde inicial de “um sonho” do presidente da Plasútil, e consequentemente com o apoio de outros colaboradores da Plasútil, que se apropriaram também deste “sonho”, o CEISA possui um toque muito especial de carinho, determinado tanto pelos profissionais como pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos.

A unidade desenvolve seu trabalho na área da educação e tem como finalidade o

atendimento de crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, sendo 85% oferecido às crianças

residentes nos bairros próximos à região do Distrito Industrial I ( prioridade ao Ferradura

Mirim) e, 15% viabilizado aos colaboradores da Plasútil, visando o atendimento integral

em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da

família e da comunidade.

O CEISA atende atualmente 75 crianças, porém este número cresce

gradativamente até completar a sua capacidade de 90 crianças.

A instituição tem atendimento diferenciado aos usuários, já que atende no horário

das 05h30min às 18h30min, trabalha em período integral, busca sempre a aproximação

17

e participação da família na rotina do CEISA, já que a relação família X escola é de vital

importância para o desenvolvimento social da criança. O contato contínuo dos pais ou

responsável garante uma melhor condição de vida para a criança, pois é somente

dando visibilidade nas ações que se poderá ocorrer a transformação social.

O CEISA, como instituição, realiza serviços na educação infantil organizada de

modo que as crianças desenvolvam suas capacidades. As salas são divididas por faixa

etária: Berçário I (0 a 1 ano), Berçário II (1 a 2), Maternal I (2 a 3), Maternal II (3 a 4) e

Infantil I ( 4 a 5 anos).

As demais escolas que compõem o cenário desse estudo são 5 escolas

estaduais, 3 particulares, 2 municipais e 1 de responsabilidade social, da rede de

ensino de Bauru. A pesquisa foi direcionada também aos coordenadores e diretores

das mesmas. Vale ressaltar que as escolas estaduais são do primeiro ano do Ensino

Fundamental ao Ensino Médio, as particulares são do infantil ao Ensino Médio, as

municipais do primeiro ao quarto ano do Ensino Fundamental e a de responsabilidade

social é apenas de educação infantil.

Considerando essa realidade acima exposta, é que propomos, nesse estudo,

evidenciar a importância da participação da família na vida escolar dos seus filhos, bem

como o papel do Assistente Social na instituição escolar, apontando para identificar o

papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos; desvendar as estratégias

utilizadas pelas famílias no processo de participação da vida escolar de seus filhos;

investigar a inserção do assistente social junto às escolas e desvelar o papel do

Assistente Social frente a essa realidade.

O interesse pelo tema estudado surgiu pela identificação das pesquisadoras

Renata Luize Gil e Thais Elizabete de Aquino Rossi pelo mesmo, uma vez que o

estágio no CEISA, desde o ano de 2008, nos fez experienciar o quão é importante a

participação da família no contexto escolar e a extrema relevância do trabalho do

Assistente Social na instituição e, ainda, a pesquisadora Thais, na sua vida profissional,

trabalhou em uma escola particular de Bauru e vivenciou outra realidade acerca da

importância do Assistente Social nas unidades escolares, uma vez que essa escola não

possui esse profissional.

18

Assim, as alunas optaram por pesquisar um tema que relaciona-se com a

realidade atual e a necessidade do campo. Procuramos unir, em um só trabalho, duas

ideias relevantes para a instituição na qual estagiamos e à categoria de uma forma

geral.

Partindo dos questionamentos Qual a importância da participação das famílias

na educação dos filhos e qual o papel do Serviço Social nessa relação? Tomamos

como hipótese que a participação das famílias na educação de seus filhos é

imprescindível para a formação da personalidade dos mesmos, pois diversos estudos

apontam que a criança, cuja família participa de forma mais direta no cotidiano escolar,

apresenta um desempenho superior em relação àquelas cujos pais estão ausentes,

evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos sociais. E o

Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno, a escola e a

família.

Brandão (2007, p. 07) expõe que:

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser, ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação.

Dessa forma, a educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um

fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas,

responsável pela sua manutenção e perpetuação, às gerações que se seguem, dos

modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência, ao ajustamento e

participação de um membro no seu grupo ou sociedade.

Partindo deste pressuposto, vemos que a educação é peça importante na vida

do indivíduo e o apoio que este recebe do meio em que vive é fundamental para a sua

formação.

A tipologia da pesquisa é qualitativa, pois há levantamento de dados que

realmente expressam e comprovam a importância da participação da família na

educação dos filhos e do Serviço Social no âmbito escolar. O estudo qualitativo propicia

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um contato direto com os sujeitos participantes, possibilitando maior entrosamento e

aproximação entre o pesquisador e pesquisado, além de maiores informações que

interessem à investigação, revelando como pensam e agem os sujeitos. Os

instrumentais utilizados na elaboração da coleta de dados são a observação, a

entrevista focalizada no formulário e questionário, com perguntas subjetivas, podendo

certificar as colocações dos sujeitos.

O Universo do estudo é composto pelas 75 famílias e 24 profissionais do CEISA

- Centro de Educação Infantil Santo Antônio e, por 195 profissionais da educação das

instituições da rede de ensino municipal, público, particular e de responsabilidade social

de Bauru. A amostragem constitui-se com 20% do total dos sujeitos do CEISA sendo 15

famílias e 5 profissionais, e na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22

sujeitos, sendo 5 coordenadores e diretores de escolas estaduais, 3 de escolas

particulares, 2 de escolas municipais e 1 de responsabilidade social.

Esse trabalho apresenta como fundamentação, primeiramente, a história da

educação no Brasil, desde o descobrimento até os dias atuais; a análise do contexto

educacional no Brasil a partir da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA), Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Constituição Federal

de 1988, além de teorias sobre família, participação e Serviço Social escolar e tem

como referências diferentes autores que abordam teorias sociais sobre o tema do

estudo.

Apresentamos o trabalho da instituição Ceisa que foi a peça chave para a

realização desse estudo, pois é uma instituição que trabalha com a efetivação do direito

à educação, perpassando também pela política educacional, que é de grande

relevância para o desenvolvimento de um trabalho com qualidade.

Enfatizamos a importância do trabalho do assistente social nas unidades

escolares, uma vez que este profissional trabalha com as expressões da questão social

configuradas nesse ambiente, tais como baixa escolaridade, evasão escolar,

desinteresse no aprendizado e outras, que configuram dentro dos lares dos alunos e

que refletem nos estudos, tais como desemprego, fome, miséria, violência doméstica,

destituição familiar, entre outros, é o assistente social o profissional preparado para

intervir nessa realidade.

20

Iamamoto (2005, p. 67) ainda reafirma que:

O Serviço Social interfere na reprodução da força de trabalho por meio dos serviços sociais previstos em programas, a partir dos quais se trabalha nas áreas de saúde, educação, condições habitacionais e outras. Assim, o Serviço Social é socialmente necessário porque ele atua sobre questões que dizem respeito a sobrevivência social e material dos setores majoritários da população trabalhadora. Viabiliza o acesso não só a recursos materiais, mais as ações implementadas incidem sobre as condições de sobrevivência social dessa população.

Portanto, o estudo aponta a importância da inserção do profissional de Serviço

Social nas unidades educacionais como mais um saber para somar aos saberes já

existentes no campo educacional.

Finalmente, apresentamos as conclusões e sugestões que a realidade evidencia.

21

2 REVISITANDO A EDUCAÇÃO NO BRASIL

A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial quando os

exploradores portugueses descobriram o Brasil, no século XV, e começaram a colonizar

sua nova terra no Novo Mundo. Encontraram um território que era habitado por diversas

tribos indígenas, as quais não tinham desenvolvido um sistema de escrita e nem a

educação escolar, o que foi feito através dos jesuítas que chegaram em 1549,

chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega. Iniciaram-se, assim, as primeiras relações

entre Estado e Educação.

Em um período da história, a partir de 1900, quando o mundo tinha grande parte

da população analfabeta, o Império Português abrigou uma das primeiras universidades

fundadas na Europa - a Universidade de Coimbra, a qual atualmente é uma das mais

antigas universidades em funcionamento contínuo. Durante a dominação portuguesa,

os estudantes brasileiros, principalmente os graduados em missões jesuítas e em

seminários, foram permitidos e até incentivados a ingressarem no ensino superior em

Portugal.

Em 1759 houve a expulsão dos jesuítas e instituído o ensino laico e público,

cujos conteúdos baseavam-se nas Cartas Régias. Muitas mudanças ocorreram até que

se chegasse à pedagogia dos dias de hoje. É a partir de 1930, início da Era Vargas,

que surgem as reformas educacionais mais importantes. A primeira LDB é promulgada

em 1946 (Lei nº 4.024/61) e promove vários debates acerca do tema, conforme se

apresenta neste item.

2.1 Rumos atuais da Educação Brasileira e a Educação Escolar

A educação no Brasil (segundo o que determina a Constituição Federal de 1988

e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional) deve ser dirigida e organizada separadamente

por cada nível de governo. O Governo Federal, os Estados, o Distrito Federal e os

22

Municípios devem dirigir e organizar seus respectivos sistemas de ensino. Cada um

desses sistemas educacionais públicos é responsável por sua própria manutenção,

devendo gerar fundos, bem como os mecanismos e fontes de recursos financeiros. A

nova Constituição reserva 25% do orçamento do Estado e 18% de impostos federais e

taxas municipais para a educação.

A educação brasileira é regulamentada pelo Governo Federal através do

Ministério da Educação, o qual define os princípios orientadores da organização de

programas educacionais. Os governos locais são responsáveis por estabelecer

programas educacionais estaduais e por utilizar os financiamentos oferecidos pelo

Governo Federal. As crianças brasileiras atualmente têm que frequentar a escola, no

mínimo, por 9 anos.

A Constituição Brasileira (1988) em seu artigo 205 estabelece que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Logo, a educação é um direito garantido a todos os cidadãos e, hoje,

percebemos que o Brasil se esforça para melhorar a educação básica e manter os altos

padrões que a população espera das universidades públicas, mas ainda mantem-se

distante dos níveis educacionais dos países de primeiro mundo.

Segundo o dicionário Aurélio, Educação é: “o desenvolvimento da capacidade

física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor

integração individual e social” e Educação escolar é: “o processo de educação realizado

em um sistema escolar de ensino, podendo ser desenvolvido em institutos e demais

instituições legitimadas para exercê-la”.

O surgimento da educação escolar relaciona-se ao surgimento das Escolas e

das políticas educacionais exercidas pelos estados e pelo país. O conceito de

educação escolar surge para distinguí- la do processo de educação, uma vez que este

não ocorre, necessariamente, institucionalizado. A distinção entre os termos surge da

23

percepção de que a Escola é o espaço de transmissão de uma cultura específica,

chamada de cultura escolar, e possui arquitetura, mobiliário, sequência temporal,

ritmos e práticas peculiares.

No sentido mais amplo, educação é um processo de atuação de uma

comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa atuar em

uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objetivos coletivos.

Para tal educação, devemos considerar o homem no plano físico e intelectual,

consciente das possibilidades e limitações, capaz de compreender e refletir sobre a

realidade do mundo que o cerca, seu papel de transformação social como uma

sociedade que supere nos dias atuais a economia e a política na busca pela

solidariedade entre as pessoas e pelo respeito as diferenças individuais de cada um.

Freire (1995, p.67) pontua que:

Educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados, estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos.

Essa afirmação nos faz refletir sobre o processo educativo contínuo que visa

constante busca pela melhoria da qualidade da formação docente e discente. A ação

educativa implica em conceito de homem e de mundo concomitantes. Nela é preciso

não apenas estar no mundo, e sim estar aberto ao mundo. Captar e compreender as

finalidades deste a fim de transformá-lo, responder não só aos estímulos, e sim aos

desafios que este nos propõe. Não podemos transmitir conhecimento, pois este já

existe, podemos sensibilizar o indivíduo a buscar esse conhecimento existente e

estimulá-lo a descobrir suas afinidades em determinadas áreas.

A educação não tem uma fórmula pronta a seguir, pois é criada e desvendada a

cada passo em que estimulamos os nossos conhecimentos, trazendo assim, motivação

necessária ao processo de ensino-aprendizagem.

24

Aranha (1998, p. 52) considera que:

Educação é um processo contínuo que orienta e conduz o indivíduo a novas descobertas a fim de tomar suas próprias decisões, dentro de suas capacidades.

Sendo assim, podemos afirmar que esse processo acontece durante toda a vida

do ser humano, basta que ele seja incentivado e motive-se a aprender.

Uma sociedade para evoluir necessita de educação de qualidade como um dos

principais pontos de partida, fato este considerado parcialmente distante da realidade

brasileira. Apesar disso, o Governo Federal, com o objetivo de melhorar a educação no

Brasil, criou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A principal finalidade do

PDE é oferecer educação básica de qualidade a todos os indivíduos, realizar

investimentos na educação profissional e superior, com vistas a apresentar uma relação

íntima que envolva um trabalho em conjunto, no qual pais, alunos, professores e

gestores visem o sucesso e a permanência do aluno na escola.

A própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB, 9394/96) foi embasada no princípio do

direito universal que rege a educação para todos, bem como na série de mudanças

necessárias para a garantia da educação básica.

Um país não progride com educação precária. Todas as pessoas necessitam e

devem ter acesso à educação básica. A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB) propiciou grande avanço no sistema de educação de nosso país, já

que visa tornar a escola um espaço de participação social, valorização da democracia,

do respeito, da pluralidade cultural e da formação do cidadão, fato que verifica o papel

dos estudantes.

O PDE surgiu com várias intenções, uma delas é a inclusão das metas de

qualidade para a educação básica, fazendo parte destas, no sentido de contribuir para

que escolas e secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos e,

consequentemente, no estímulo às famílias para que exijam educação de maior

qualidade. O plano ainda prevê acompanhamento e assessoria aos municípios com

baixos indicadores de ensino, com vistas a melhorias da educação no país. Vale

25

ressaltar que o desenvolvimento da educação no país requer a participação intensiva

da sociedade e esta deve exigir não apenas um projeto voltado ao governo federal, e

sim de toda nação.

Um país precisa do seu povo como companheiro fiel na luta por melhores

oportunidades e condições de vida principalmente em busca da redução da taxa de

analfabetismo que, segundo pesquisas realizadas pelo MEC, têm apresentado uma

queda constante, porém ainda não suficiente, pois está presente em grande percentual

e em diversas regiões do país, principalmente nas menos desenvolvidas.

Entendemos que a história da Educação Brasileira sofreu rupturas marcantes,

fáceis de serem observadas. A primeira grande ruptura ocorreu com a chegada dos

portugueses ao território do Novo Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os

portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer

dizer que a população que por aqui vivia já não possuísse características próprias de se

fazer educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava entre as

populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional

europeu.

Quando os jesuítas chegaram por aqui, não trouxeram somente a moral, os

costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Este

método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova

ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês

de Pombal. Se existia alguma estrutura educacional, o que se comprovou a seguir foi o

mais absoluto caos. Tentaram-se as aulas régias, o subsídio literário, mas o caos

continuou até que a Família Real, fugida de Napoleão na Europa, resolveu transferir o

Reino para o Novo Mundo. Na verdade não se conseguiu implantar um sistema

educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova

ruptura com a situação anterior.

Segundo alguns autores, Sylvia Vidigal Moraes, Sérgio Haddad e José Luiz de

Paiva Bello, o Brasil foi finalmente “descoberto” e a nossa história passou a ter uma

complexidade maior.

26

A educação, no entanto, continuou a ter importância secundária, visto que

enquanto nas colônias espanholas em 1538 já existiam muitas universidades, a nossa

primeira Universidade surgiu em 1934 em São Paulo.

Por todo o Império, nas regências de D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco

se fez pela educação brasileira que era de má qualidade. Com a Proclamação da

República, tentaram-se várias reformas, mas se observarmos, a educação brasileira

não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou

significativo em termos de modelo.

Até os dias de hoje, muito se altera o planejamento educacional, porém a

educação apresenta as mesmas características impostas em todos os países do

mundo, que é a de manter o “status quo” (manter como no início) para aqueles que

frequentam os bancos escolares.

Como a educação sistemática acontece dentro das instituições, há que entendê-

la como tal. Existem, basicamente, dois tipos de educação: assistemática e sistemática.

A educação assistemática é aquela que ocorre através da observação ou do

ensinamento de fatos que acontecem ao acaso. Por acaso, quando o menino vê, pela

primeira vez, o pai se barbeando, por exemplo, pergunta o que é aquilo e para que

serve. Este é um caso que ilustra a educação assistemática, na qual, acontece o

aprendizado sem que antes ele tivesse sido premeditado.

A educação sistemática é a que acontece normalmente na escola. É a forma de

ensinamento de algo que foi anteriormente pré-estabelecido nos seguintes elementos:

local, data, forma. Quando uma criança vai à escola, já está indo com o intuito de

aprender algo naquele local, naquele dia e de determinado método de ensino. Portanto,

educação assistemática ocorre sem local e data determinada – ocorre ao acaso – e

a sistemática acontece porque antes já fora pensado o local, a data e a forma.

Segundo o dicionário, escola é: “estabelecimento de ensino, colégio, ginásio,

educandário, instituto, corrente literária, científica, filosófica, artística”.

Freire (2001) afirma que:

27

Escola é o lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos. Escola é, sobretudo, feita de gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ilha cercada de gente por todos os lados. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizades de ninguém, nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se amarrar nela. Ora, é lógico numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, e ser feliz.

A escola ainda pode referir-se a uma instituição de ensino ou a uma corrente de

pensamento com características padronizadas que compõem certas áreas do

conhecimento e da produção humana.

A palavra escola vem do grego scholé, que significa lugar do ócio. Na Grécia

Antiga, as pessoas que dispunham de condições sócio-econômicas e tempo livre, se

reuniam na escola para pensar e refletir.

A escola é um local de ensino onde se aprende várias disciplinas ou

componentes curriculares, entre elas: Matemática, Português, Ciências, História,

Geografia, Educação Artística, Educação Física, entre outras.

Os agentes educacionais da escola são: o professor, o aluno, o coordenador, o

diretor, a comunidade e demais funcionários administrativos.

Porém, Freire ( 1994, p.83) questiona:

Como, porém, aprender a discutir e a debater numa escola que não nos habitua a discutir? Por que impõe? Ditamos ideias. Não trocamos ideias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não se ajusta concordante ou discordante, mas se acomoda. Não lhe ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe damos, simplesmente as “guarda”. Não as incorpora, porque a incorporação é o resultado da busca de algo, que exige, de quem o tenta, o esforço de realização e de procura. Exige reinvenção.

28

Logo, reinventar a escola é justamente propor um modelo de ensino, cujo aluno

seja sujeito de seu próprio processo de aprendizagem, pois só assim teremos uma

sociedade não mais passiva diante de fatos nem acostumada a deixar para um “líder” a

solução de todos os problemas. O que falta na instituição denominada escola são

pessoas que abracem a ideia de um mundo melhor, que acreditem no ser humano em

sua totalidade e permitam que seus sujeitos sejam construtores das próprias histórias.

É um equívoco pensar que o desempenho da escola se expressa apenas nos

resultados da aprendizagem obtidos nas disciplinas e que é fruto exclusivo do trabalho

isolado dos professores. Tradicionalmente, as escolas eram vistas como organismos

sociais legalmente definidos, cuja estrutura se impunha por meio de uma definição

rígida de papéis e funções que delimitava os territórios de cada ator, de forma a

dificultar ou até mesmo impedir a atuação conjunta e mais harmoniosa.

Não é possível pensarmos a escola como uma instituição social com funções

bem definidas e inalteradas ao longo do tempo, cuja preocupação principal é a

preservação do patrimônio cultural, cabendo-lhe a tarefa de transmissão e preservação

da cultura. Essa concepção expressa uma posição funcionalista de organização

coerente com os princípios da burocracia, porém é incompatível com as características

da sociedade atual.

A visão da escola como um sistema fechado, incapaz de refletir as mudanças

que ocorrem na sociedade, é totalmente distante das exigências de uma sociedade que

caracteriza-se por um movimento de mudança acelerada e desconcertante. A grande

contradição, entretanto, é que o motor que impulsiona essa sociedade é o

conhecimento, em outras palavras, esta é uma sociedade do conhecimento e “as

economias do conhecimento são estimuladas e movidas pela criatividade e pela

inventividade” (HARGREAVES, 2004, p.17), aspectos pouco explorados pela escola

atual.

Desta forma, faz-se urgente repensar a escola e suas funções se pretendemos

resgatar o seu valor para a formação das próximas gerações.

É possível afirmar que tanto o ambiente como a cultura da escola são fatores

importantes que condicionam a ação docente e influenciam os resultados das práticas

que se desenvolvem em sala de aula e na aprendizagem do aluno. Não restam dúvidas

29

de que a melhor forma dos gestores favorecerem a construção de um ambiente

saudável e estimulante para os professores, é através do trabalho colaborativo e da

formação de equipes de trabalho. Situações como essas reduzem as distâncias entre

gestores, professores, alunos, funcionários e comunidade e propiciam que todos

possam atuar como sujeitos da educação sem as barreiras criadas pela hierarquia. Isto

é importante porque o trabalho educativo é produto da interação na qual todos os

envolvidos participam e são influenciados de alguma forma. Na condição de educando

ou de educador ambos se modificam. Portanto, o ato educativo é uma ação de via

dupla e é com essa finalidade que professores e alunos devem se envolver nesse

processo.

Quantos de nós, ao longo da vida, ouvimos a frase “a escola é uma instituição

falida”. Tal afirmativa é equivocada pois a escola é feita por cada um que está dentro

dela, cabem aos profissionais e à sociedade cobrar da escola o que lhes é proposto, já

que esta tem a missão de formar indivíduos não alienados e uma sociedade mais justa.

Não é correto pensarmos que a educação se restringe unicamente à instituição

chamada escola. Uma criança com pouco mais de um ano de idade já começa a falar a

língua que seus pais e familiares falam e isso nada mais é do que educação. Essa

criança aprendeu com os pais (geração mais antiga) a língua da comunicação. O ato de

escovar os dentes, de vestir-se, de andar, de como portar-se, todos foram aprendidos

pela observação ou ensino dos mais velhos, portanto a educação assistemática

acontece de maneira espontânea, sem obrigações, regras e imposições, enquanto que

a educação sistemática ele aprende nas diversas instituições de ensino que frequenta

ao longo de sua vida.

É notório e vital o papel da família na educação dos filhos, quer seja na

educação sistemática bem como na educação assistemática, pois é preciso buscar

novos caminhos se quisermos avançar na direção de uma escola mais eficiente e

democrática, aberta à diversidade de pensamentos e culturas, bem como ao diálogo e

às distintas formas de expressão de ideias, assunto que abordaremos no próximo item.

30

3 AS INTERFACES DA INSTITUIÇÃO FAMÍLIA E SUA RESPONSABILIDADE NA

EDUCAÇÃO DOS FILHOS

O termo família é derivado do latim “farmulus” que significa “escravo doméstico”.

Foi criado na Roma Antiga para designar um grupo social que surgiu entre as tribos

latinas, ao ser introduzido à agricultura e também à escravidão.

Partiremos do princípio histórico de que a família é uma construção histórica e

sócio cultural, cuja configuração como lócus é afeto e convivência entre pais e filhos.

A família é o fundamento básico e universal de todas as sociedades bem como a

primeira instituição social na qual somos inseridos desde o nascimento.

Segundo Lakatos (1990, p.169) a família: “é encontrada em todos os

agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento”.

A família se estabelece a partir da decisão de algumas pessoas conviverem

juntas e assumem o compromisso de ligação duradoura entre si, incluindo uma relação

de cuidados afetivos e econômicos entre os adultos e deles para com as crianças. Daí

a importância de a compreendermos na sua totalidade.

3.1 As interfaces da instituição família.

Considerada um sistema, a família carrega em seus ombros a função e o dever

de proteger os seus membros e favorecê-los no conhecimento da cultura à qual

pertencem.

Para Kaloustian (2002) a família é: “o lugar indispensável para a garantia da

sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros”. Portanto, tem o

papel decisivo na educação dos filhos e é a responsável em transmitir valores

humanitários, culturais, morais, sentimento de solidariedade, etc. Outra função é a de

oferecer suporte emocional ao propiciar à criança um ambiente equilibrado de amor,

compreensão, afeto, valores. Esta função será o passaporte para o sucesso dessa

criança na vida adulta.

31

Segundo Stanhope (1999) a família é um sistema social uno, composto por um

grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciado,

consubstancia o funcionamento do sistema como um todo. O tema família, ao ser

abordado, evoca, obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções em todas as

famílias, independentemente da sociedade, pois cada membro ocupa determinada

posição ou tem determinado estatuto como, por exemplo, marido, mulher, filho, irmão

que são orientados por papéis. Papéis estes que não são mais do que “as expectativas

de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada

posição na família ou no grupo social” (STANHOPE, 1999).

Knobel (1992, p. 19) afirma que: “a família é um dos grupos primários e naturais

da sociedade, nos quais o ser humano vive e consegue se desenvolver”. Por isso,

muitos fenômenos sociais podem ser compreendidos quando analisandas as

características familiares do sujeito e da sociedade da qual faz parte.

Segundo Áries (1975, p. 231) a família é uma realidade moral e social, mais do

que sentimentos.

No século XX, com a sociedade capitalista avançada, que é marcada pelo

avanço do mercado de trabalho, as famílias deixam o campo e vão para a cidade

trabalhar em indústrias. Com isso surge o modelo de família nuclear burguesa. Nesse

modelo, a figura do pai é a de provedor, o que influencia em um determinado padrão de

educação para os filhos. A mulher passa a ter um papel fundamental na família e rompe

com os pressupostos de que mulher é aquela que é boa mãe e que deve servir seu

marido. Ao inserir-se no mercado de trabalho, desencadeia novos acontecimentos

como: criação de creches; revolução sexual; liberando a expressividade das diferentes

formas de relacionarem-se como gays; lésbicas e simpatizantes; o divórcio, dentre

outras.

Aranha (1996, p.95) ressalta que:

A partir do capitalismo, a instalação das fábricas separa o local de trabalho do local de moradia, obrigando a mulher que precisa complementar o orçamento doméstico a se ausentar de casa.

32

Este modelo de família (burguesa) já não se pauta mais na manutenção das

tradições e continuação da linhagem, mas sim na acumulação de capital e no valor da

escolha individual.

Sarti (2003, apud TAMAROZZI, 2009) considera que:

A partir da década de 60, não apenas no Brasil, mas em escala mundial, difundiu-se a pílula anticoncepcional, que separou a sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na sexualidade feminina. Esse fato criou as condições materiais para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade atadas à maternidade como um “destino”, recriou o mundo subjetivo feminino e, aliado à expansão do feminismo, ampliou as possibilidades de atuação da mulher no mundo social. A pílula, associada a outro fenômeno social, a saber, o trabalho remunerado da mulher, abalou os alicerces familiares, e ambos inauguraram um processo de mudanças substantivas na família.

Até meados de 70, a família era considerada uma instituição social e seu modelo

ideológico era família nuclear tradicional constituída pelo casamento (pai, mãe e filhos),

como bem salientada a Constituição Federal de 1934 ao declarar que “a família, base

da sociedade, está sob proteção do Estado (art 144).

Nos anos 80, surgiram novos arranjos nos grupos familiares que romperam com

os pressupostos de que família é pai, mãe e filho. Surgem então os modelos de família

como: monoparental, que são chefiadas por um ou dos pais; a matrifocal, chefiadas por

mulheres; patrifocal, chefiadas por homens; e a família vivida, “que inclui separação,

adoção, relacionamento extraconjugal e outras situações” [...] (LIMA, 2005. p.31).

De acordo com as novas realidades, a Constituição Federal (1988) altera o

conceito de família como um traço dominante da sua evolução, é a sua tendência a se

tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e que, cada vez mais

fundado na afeição mútua, estabelece formas de proteção aos grupos familiares, sem

qualquer distinção ou forma de preconceito, visando as necessidades dos casais,

crianças e adolescentes, que necessitam constituir um grupo familiar de acordo com

seu quadro pessoal e social e que têm acesso ao direito da convivência familiar.

33

Percebemos na historicidade da família, que esta era definida como um

“agregado doméstico (...) composto por pessoas unidas por vínculo de aliança,

consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada”, como

afirma Stanhope (2001, p. 22).

É mais do que notório que a família, com todas as suas transformações, passe a

ter novos arranjos, o que chamamos de nova família, tida como contemporânea,

composta por pai; avô e filhos; pai, madrasta e filhos; mãe e filhos; filhos e avós e vice-

versa.

Percebemos que a família passou por três fases evolutivas: a primeira dita

“tradicional”; a segunda, fase “moderna”, a qual é regida por uma lógica afetiva,

romântica, na qual o casal se escolhe sem a interferência dos pais, procurando uma

satisfação amorosa e sentimental, sendo que o poder e o direito sobre os filhos são

divididos entre os pais e o Estado e/ ou entre pais e mães. Finalmente, a terceira, dita

“contemporânea” também denominada de nova família.

Diante das modificações e estruturações familiares, torna-se inviável analisá-la

como um modelo único e ideal, pois opostamente manifesta-se como um conjunto de

trajetórias modificadas e estruturadas nos últimos tempos, fato que nos impossibilita

identificá-la sob uma perspectiva única ou ideal.

Tamarozzi (2009, p. 228) pontua que:

A constituição da identidade familiar carrega todo o contexto da experiência de vida, dos valores herdados por cada núcleo familiar, contribuindo para a construção de uma nova identidade. Alguns valores são mudados, alterados, superados, transformados, extintos e outros são mantidos e valorizados.

A família vem, através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas,

econômicas e sócioculturais. Deste modo, a família deve ser encarada como um todo

que integra contextos mais vastos do que a sociedade determina.

34

Roudinesco (2003) afirma que a família humana reinventa-se permanentemente,

desde os inícios dos tempos, como uma instituição insubstituível para nossa própria

constituição como sujeitos humanos.

O modo de vida na família contemporânea transforma-se num tempo histórico e

social, cria novas articulações de gênero e gerações, elabora novo código e, ao mesmo

tempo, mantém as qualidades essenciais básicas das gerações anteriores, afirma Motta

(1998).

E, como lembra Tamarozzi (2009), na contemporaneidade a família não é mais

vista como organizada “dadas” (pai, mãe e filho) o que seria o modelo tradicional, pois

hoje o principal elemento para se falar em família é a afetividade.

Sabemos que a família é a base na formação do ser humano, local onde da-se

inicio ao desenvolvimento do ser humano, considerado um aspecto primordial na

formação e no desenvolvimento físico, psicológico e social, já que cabe a ela educação

dos filhos.

A família é a principal responsável pela alimentação e proteção da criança, pela

infância e adolescência, por transmitir afeto, amor, respeito, valores morais e éticos,

religião, enfim, pela iniciação das crianças na cultura, nos valores e nas normas de sua

sociedade.

Souza (2008) ressalta que é na família que a personalidade da criança se

delineia. Portanto, seu desenvolvimento emocional será construído através do reflexo

das pessoas que convivem com ela e um ambiente acolhedor é o mais indicado para se

educar uma criança.

Logo, salientamos o quanto é importante perceber e compreender as

perspectivas da família, pois não podemos conceber a construção individual sem

refletirmos sobre o papel da família.

Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança

deve crescer em um ambiente familiar, numa atmosfera de felicidade, amor e

compreensão. Portanto, todas as instituições da sociedade devem respeitar e apoiar os

esforços dos pais e de todos os demais responsáveis para alimentar e cuidar da criança

em um ambiente familiar, independentemente de sua constituição, uma vez que as

funções das famílias são tidas por dois objetivos, um de nível interno, como a proteção

35

psicossocial e outro de nível externo, como acomodação a uma cultura e a sua

transmissão.

Assim, as relações entre pais ou responsáveis e filhos têm o poder de

estabelecer vínculos fortes de afetividade.

Portanto, cabe à família respeitar, proteger, dialogar, participar da vida cotidiana

dos seus filhos, pois, essa relação é a base que fará a transmissão cultural e a sua

inserção na sociedade. Desta maneira, se tornarão adultos mais felizes e construtores

de uma sociedade mais justa e, provavelmente, não sofrerão com os problemas

educacionais, emocionais e éticos.

3.2 A Participação dos pais/responsáveis na educação dos filhos.

A participação é uma questão bem antiga, quando a sociedade brasileira viveu

seus tempos de repressão (1964 a 1979), época na qual o que se ditava era imposto e

as pessoas deveriam acatar e cumprir. Dessa maneira, a passividade foi transmitida por

gerações.

Na cultura brasileira, a participação é percebida de forma limitada e limitante:

"seja um bom pai de família e o resto virá por acréscimo"; "seja um bom trabalhador

que os outros cuidarão de sua vida"; "seja um cidadão que vota a cada quatro ou cinco

anos e o Estado fará o resto"; "não participe de tudo nem busque ampliar seus

compromissos; isso só lhe trará dor de cabeça!". No fundo, a mensagem conformista e

excludente é essa: cuide de sua vida e esqueça-se do resto!

A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que

perpassa pela nossa história, instalou-se na nossa cultura e, portanto, nos nossos

próprios hábitos. Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos,

então, o cidadão limitado, fechado, sem iniciativa, dependente e temeroso.

A participação é uma conquista que os seres humanos vêm tentando fazer ao

longo dos séculos. Acontece quando há a oportunidade de expressão ligada ao

pensamento, reflexão, valorização e lutas, pois as grandes conquistas vieram por lutas

36

como: luta das mulheres pela igualdade de direitos, luta contra o racismo (presente nos

dias atuais).

Em síntese, a participação é inerente à natureza social do homem, tendo

acompanhado sua evolução desde a tribo e o clã dos tempos primitivos até as

associações, empresas e partidos políticos de hoje.

A participação é fundamental ao ser humano, assim como o alimento e a saúde.

A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de

realizar, fazer, afirmar-se a si mesmo, dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua

prática envolve a satisfação de outras necessidades, não menos básicas, tais como a

integração com os demais homens, a auto-expressão, o desenvolvimento do

pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si

mesmo pelos outros.

Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce

sabendo participar. Ela é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa.

Participação é um dos cinco princípios da democracia. Sem ela não é possível

transformar em realidade, em parte da história humana, nenhum dos outros princípios:

igualdade, liberdade, diversidade e solidariedade. Falamos aqui de participação em

todos os níveis, sem exclusão prévia de nenhum grupo social, sem limitações que

restrinjam o direito e o dever de cada pessoa tomar parte e responsabilizar-se pelo que

acontece no planeta. Em suma, cada um de nós é responsável pelo que acontece nas

questões locais, nacionais e internacionais. Somos cidadãos do mundo e, portanto, co-

responsáveis por tudo o que ocorre. A única forma de transformar este direito em

realidade é através da participação.

Dewey (1979, apud NEUTZLING, 1984, p.87) pontua que:

Democracia não é apenas uma ideia e um ideal a atingir, mas é um modo concreto de vida, um processo de experiência que vai enriquecendo o próprio processo, o qual, desta forma, avança.

37

A democracia defende o direito de participação de todos, em todas as decisões

que favoreçam a qualidade de vida em sociedade. Para que haja essa verdadeira

participação, todos os indivíduos necessitam conhecer e viver desde sua infância os

princípios democráticos para desenvolverem assim sua “autonomia democrática”.

Nesse sentido, a participação não pode ser uma possibilidade aberta apenas a

alguns privilegiados. Ela deve ser uma oportunidade efetiva, acessível a todas as

pessoas. Além disto, é preciso que ela assuma formas diversas: participação na vida da

família, da rua, do bairro, da cidade, do país. Também da empresa, da escola e da

universidade. Das associações civis, culturais, políticas e econômicas. Participação é,

ainda, um direito que não pode ser restrito por critérios de gênero, idade, cor, credo ou

condição social. É universal.

Participação pode ser primária, representada pela família, grupos e vizinhança.

Pode ser secundária, representada por associações, sindicatos e empresas, ou ainda,

terciária, representada por partidos políticos e movimentos de classe, ou seja, a

participação pode assumir a forma de uma simples ação pessoal, ou pode organizar e

motivar a formação de grupos e instituições, todas são válidas e ocorrem na vida real.

Somente com ampla participação poderemos lutar pelos princípios da

democracia e neutralizar as formas de autoritarismo frequentes em nossa sociedade. É

através dela que elimina-se a desordem de um status quo injusto (estado injusto) que

produz a marginalização. E é também através dela que superamos a resignação e o

medo. Só assim são geradas as condições para o exercício pleno da liberdade e da

cidadania, apenas possíveis em uma sociedade democrática.

As sociedades autoritárias agem para limitar, restringir e desestimular a

participação. Samuel Huntington, um ideólogo conservador americano (1993), dizia que

o excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele,

quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade

democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir

e consolidar a democracia.

Grandes lutas acontecem para que as diversas categorias de seres humanos

possam participar das grandes decisões tomadas por aqueles que detêm o poder.

38

Participar é a grande batalha da humanidade para poder traçar o caminho de seu

próprio destino. Participar é um desafio. É um processo.

Neto (1989, p. 8) complementa que: “participar é tomar parte em alguma coisa, é

ter parte em alguma coisa, é fazer parte de algo. É ser parte de algo, é parte de uma

coisa”.

Assim consideramos que a partir do ato da participação é que os seres humanos

tomam parte, tem parte, são partes da humanidade, enfim têm acesso ao sentimento de

pertencimento.

Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos, pois é

através da educação, que os mesmos adquirem e repassam o conceito de valores que

levarão pelo resto da vida.

Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da

sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros. Portanto, tem o

papel decisivo na educação dos filhos e é a responsável em transmitir valores

humanitários, culturais, morais, sentimento de solidariedade, entre outros.

Notamos que a família está delegando o seu papel de educar os filhos para a

escola. A educação escolar não os exime dessa responsabilidade, visto que a

participação dos pais é flagrantemente necessária para que continuem a exercer seu

papel de principais educadores dos filhos.

A família precisa valorizar as oportunidades educativas dentro do âmbito do

cotidiano de cada uma e compreender a escola como formadora de pessoas, assim

como ela.

Infelizmente, diante da complexidade da vida atual, os pais estão sentindo-se

incapazes de promover e facilitar a aprendizagem dos filhos.

Contudo, a responsabilidade de educar os filhos é da família, não há como

transferir para a escola a responsabilidade de quem os gerou; ela pode e deve ser

compartilhada, mas não transferida.

O aluno, quando percebe que seus pais têm interesse em participar do seu

cotidiano, por sua vez terá um bom desenvolvimento. O diálogo é extremamente

necessário entre ambas as partes, escola, filho e pais.

39

Cada contato que os pais fizerem com a instituição escolar, para saber sobre o

rendimento de seus filhos, seja por telefone ou pessoalmente, para fazer cobranças ou

para elogiar, criará um vínculo e estabelecerá uma parceria que tem como objetivo o

pleno desenvolvimento dos filhos.

Esta parceira é um objetivo que as escolas vêm almejando há muito tempo, pois

não se constrói uma escola de qualidade e alunos bem formados sem a contribuição

dos pais. Faz-se necessária a relação de ajuda mútua na formação do ser humano.

Acurcio (2004) diz que é papel da instituição familiar proporcionar a educação

informal, também conhecida como educação de berço.

As escolas tiveram que se adaptar ao novo modelo de instituição familiar, e as

histórias de mães, pais, avós, tias e irmãos, hoje, são surpreendentes. Prado (1982, p.

8) diz que: “apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, as famílias

manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e também de

adaptação”; logo, a escola obrigatoriamente, também tem que acompanhar todo esse

movimento.

Essa adaptação vem sendo presenciada por toda a sociedade e, principalmente,

pela escola, já que é ela que recebe os filhos dessa “nova família” e o professor, por

sua vez, terá que prepará-los da melhor maneira possível.

A escola tem um grande papel e potencial para reunir pessoas. Tal papel pode

fazer a diferença e transformar de fato o aluno na prioridade da escola.

De acordo com Mantoan (2003), no Brasil só começou ser possível escolas

democráticas, a partir de 1996, com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a

qual possibilitou mudanças, pois cada escola ganhou autonomia para escolher sua

maneira de trabalhar. Agora com o paradigma da inclusão, essas escolas passam a ser

não só uma utopia, mas a possibilidade de uma escola de qualidade que contemple a

diversidade humana.

Ação democratizante no interior da escola ocorre pela transformação das

práticas sociais reais que se desenvolvem tendo em vista a necessidade de se ampliar

os espaços de participação, os debates, respeitando-se as diferenças e criando

condições para uma participação autônoma.

40

Uma das características marcantes desse tipo de escola é o diálogo entre todos

os envolvidos no processo como pais, educadores e estudantes ao reunirem em

Assembleia para conversarem sobre o que é necessário para a escola, desde os

conteúdos trabalhados em sala de aula até se a escola precisa de pintura ou não.

A família deve participar e interferir quando necessário, pois tem o papel de

apoio e de responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças em atividades

propostas pela escola. Tal trabalho conjunto facilita o entendimento do papel de cada

um.

Sabemos que a instituição familiar é primordial na formação do indivíduo, sendo

assim, tem um papel fundamental no desenvolvimento deste, estimulando-o em todos

os aspectos de sua vida escolar, social e cidadã.

A escola faz parte da vida cotidiana de cada família com filhos em idade escolar.

Os filhos passam a maior parte do tempo dentro da escola e ambas têm objetivos

semelhantes: formar cidadãos para viverem com dignidade em uma sociedade que está

sempre mudando.

A importância da família na vida do indivíduo se estende e continua na escola,

pois ao participar das atividades desenvolvidas por ela pode-se obter sucesso devido a

integração. Esta parceria entre família e escola no processo de aprendizagem dos filhos

é muito importante, pois é um estímulo significativo.

A escola, além de ser um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, é um

espaço aberto à comunidade e tem como objetivo formar para o exercício da cidadania,

ensinar valores morais e éticos, assim como a família.

De acordo com Freire (1994, apud LUDWIG, 1998), uma educação voltada para

a democracia deve possibilitar ao homem a discussão valente de sua problemática, que

o advirta para perigos de seu tempo, a fim de que, consciente deles, ganhe força e o

valor para lutar, em lugar de ser arrastado à perdição de seu próprio eu, submetido às

prescrições alheias.

A participação dos pais no sistema educacional, como toda participação social

equivalente, tem dupla perspectiva: de colaboração e de controle. Com a primeira,

potencializam-se os recursos e as ações da escola, enquanto que com o controle

estimula-se a melhora de qualidade da educação escolar.

41

Segundo Schmidt (1964. p 209), a escola: ”há de ser um apoio forte para as

primeiras rupturas com o meio familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe

aos pais na escola e no conjunto do sistema educacional”, isto porque não é fácil

distinguir os temas que lhes são próprios, daqueles em que seu papel deveria ser

complementar.

Participar tem sentido mais específico, significa uma conquista que os seres

humanos vêm fazendo no decorrer dos séculos para responsabilizarem-se pela solução

para todo e qualquer problema que exista. Participar vai se tornando uma necessidade

de autoexpressão, de valorização de si mesmo, de valorização da sociedade e

acontece quando o ser humano descobre que nas suas relações com outras pessoas

existe um espaço para que ele expresse seus valores: o que ele é, o que pensa, e o

que faz. Nessa expressão, pensamento, reflexão, valorização, ele se realiza, se sente

útil, responsável e participante.

Quando falamos de participação é necessário um longo período de

aprendizagem, pois para um grupo, um povo, uma nação começar a participar, tem que

aprender a influir sobre os que detêm o poder.

López (1999. p 58) pontua que:

Escola e família são faces da mesma moeda e se tomadas isoladamente fornecem uma visão distorcida da realidade. A Escola precisa melhorar. E a família precisa ser assistida de fato. O Estatuto da Criança e do Adolescente entende que ela é o melhor lugar para se criar uma criança e adolescente.

A participação ativa dos pais é necessária e de grande valor porque desde

pequena a criança desenvolve-se inteiramente ao redor deles e são eles (família) que

servirão de apoio a sua criatividade e ao seu comportamento produtivo na escola, na

vida em sociedade e quando forem adultos; pois a família é, e sempre será, uma

poderosa influência para o desenvolvimento do caráter dos filhos.

Aranha (1996, p. 61) afirma que a educação dada pela família fornece a base

para sua formação, a partir da qual o homem pode agir até quando achar por bem e,

42

em última instância, rebelar-se contra os valores recebidos. Portanto a família é o local

privilegiado para o desenvolvimento humano.

Logo, a qualidade da participação eleva-se quando as pessoas aprendem a

conhecer sua realidade, a refletir, superar contradições reais ou aparentes, identificar

primeiras subjacentes, a antecipar consequências, a entender novos significados das

palavras e a distinguir efeitos de causa.

A qualidade aumenta quando as pessoas aprendem a manejar conflitos, clarificar

sentimentos e comportamentos, tolerar divergências, pois respeitar opiniões é uma

vivência coletiva que se pode aprender na práxis grupal e o Serviço Social possui

capacidade para desenvolver tal prática.

43

4 A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA E O SERVIÇO SOCIAL COMO EFETIVADOR

DO DIREITO À EDUCAÇÃO.

Podemos afirmar que em nossos dias, a escola não funciona sem a família e a

mesma não completa-se sem a escola. Este trabalho em conjunto tem como objetivo o

desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem.

Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato

com os pais para transmitir-lhes informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,

problemas e também questões pedagógicas.

A escola também deve ser participativa para despertar nos pais o interesse pelo

desenvolvimento educacional dos filhos; promover eventos, reuniões (não

necessariamente para falar de notas ou comportamentos, mas para promover a

interação) nas quais serão trocadas informações que podem ser úteis para o dia-a-dia

escolar.

Silva (2008) diz que atualmente existe a necessidade da escola sintonizar-se

com a família, pois é uma instituição que complementa a ação daquela e juntas tornam-

se lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos. Uma depende da outra na

tentativa de alcançar o maior objetivo, o melhor futuro para o filho e educando e,

automaticamente, para a criança em sua integralidade e para toda a sociedade.

O Serviço Social é uma profissão interventiva que possibilita a articulação entre a

família e a escola de uma forma mais ampla, cuja participação contribuirá para a melhor

convivência nas relações familiares e no processo de ensino-aprendizagem do aluno.

4.1 A relação Família x Escola no processo de desenvolvimento integral da

criança.

O Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente,

Artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) realça que “é direito dos pais ou responsáveis ter

ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas

44

educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente como é

importante a convivência e responsabilidade da família no contexto escolar.

Compor uma parceria entre escola e família exige de ambas as partes a

compreensão de que a relação família-escola deve manifestar-se de forma que os pais

não responsabilizem somente à escola a educação de seus filhos e, por outro lado, a

escola não pode eximir-se de ser co-responsável no processo formativo do aluno.

Na escola a criança encontra alicerce para a sua formação, para tanto é

importante essa união entre escola e família para a formação do aluno em um cidadão

social.

Podemos dizer que a escola, em todos os seus graus e em função da

maturidade dos educandos, tem de informar e formar. Em outras palavras: tem que

informar formando.

Nérici (1977, p.127) pontua que:

O homem não sobrevive sem informações e muito menos, sem formação. Não se aprende Democracia sem praticá-la. E a escola só pode ensinar praticando-a.

A família desempenha um papel importante na formação do indivíduo, pois

permite e possibilita a constituição de sua essencialidade. É nela que o homem

concebe suas raízes e torna-se um ser capaz de elaborar competências próprias.

Cunha (1995, p.447) afirma que:

Lidamos com duas instituições de caráter educacional embutidas na missão de conduzir pessoas, levando-as do lugar e do estado em que se encontram no presente para um espaço futuro, supostamente melhor, mais desejável, superior.

Portanto, a educação deve ser centralizada na formação do caráter moral,

emocional e educacional dos indivíduos e é evidente que a família desempenha um

papel muito importante, pois os pais são os principais responsáveis pela educação dos

45

filhos tanto em casa, como na escola e, à escola, por sua vez, cabe formar cidadãos

capacitados para transformar a realidade.

A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel pedagógico,

formador e de socialização, ela é depositária dos conflitos, limites, esperanças e

possibilidades sociais. A escola recebe e expressa as contradições da sociedade.

Nesse contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à política pública da

Educação e aos desafios que se apresentam para a elevação do rendimento escolar, a

efetivação da escola como espaço de inclusão social e a formação cidadã de nossas

crianças e jovens.

Terra (2001, p.12) coloca que apesar da escola ser um dos principais

equipamentos sociais, identificamos um número pequeno de profissionais do Serviço

Social atuando junto dela. No entanto, percebemos que a área da educação tem

constituído-se em um importante espaço de atuação do Assistente Social, já que o

Serviço Social no âmbito educacional tem a possibilidade de contribuir com a realização

de diagnósticos sociais, identificação de possíveis alternativas à problemática social

vivida por muitas crianças e adolescentes, o que refletirá na melhoria das suas

condições de enfrentamento da vida escolar.

O baixo rendimento, desinteresse pelo aprendizado e evasão escolar, dentre

outros, têm sido citados como a grande dificuldade de avanços de determinados

alunos. Porém, constitui-se num grande desafio para o Serviço Social, pois é

responsabilidade e dever do Estado promover a educação, além de garantir o acesso e

a permanência do aluno na escola, e o assistente social, com sua competência social,

política, técnica e ética, poderá contribuir.

Dado a complexidade da realidade social e a crescente percepção de que a

escola está inserida neste processo, é necessário aprofundar essa relação através de

discussões que coloquem a função social da escola e que aproxime a família do

contexto escolar. O alto nível de pobreza e miséria que atingem a população brasileira

afeta de perto a atuação da escola, pois muitas crianças e jovens que deveriam estar

estudando, estão trabalhando para o sustento de suas famílias. O processo

educacional não está alheio a isso, ou seja, o sistema de ensino constitui em um

espaço de concretização dos problemas sociais.

46

4.2 Escola, Serviço Social e Família: tripé do sucesso

Na contemporaneidade, o Serviço Social é uma profissão que tem destacado-se

pelo seu trabalho interdisciplinar e por sua atuação em áreas jamais exploradas por

esse profissional, tais como Organizacional, Funerário, Educacional, porém, nem

sempre foi assim, pois, este passou por muitas dificuldades, as quais trouxeram

avanços no processo de reconceituação da profissão, fato que permitiu aos

profissionais empenho nas lutas de libertação das camadas oprimidas ao trazer em seu

seio muitas contradições a serem vencidas.

O profissional de Serviço Social, por possuir preparação teórico-metodológica

diante das situações da questão social, reforça a importância deste serviço dentro das

escolas atuando em uma equipe interdisciplinar, pois este trabalhará, não somente com

base na política educacional do binômio educação e família, como também no ramo

dos direitos sociais e na construção de um projeto político-pedagógico voltado para a

ampliação e garantia de direitos. Além de ser um elo na mediação entre os programas

de transferência de renda e complementares.

A presença dos assistentes sociais nas escolas expressa uma tendência de

compreensão da própria educação em uma dimensão mais integral, que envolvem os

processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias que

fundam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida social

como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos

direitos sociais é crucial.

Sabemos que o assistente social é um efetivador de direitos sociais e, assim,

nada mais justo de que esteja inserido no contexto educacional, uma vez que a

Educação é um direito garantido por lei na Constituição Federal de 1988, que declara,

em seu artigo 6º:

São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

47

O direito à educação, bem como o direito ao acesso e permanência na escola,

têm sido garantidos reiteradamente pelos instrumentos legais, tais como a Constituição

Federal (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90) e pela lei de

Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), dentre outras.

Tendo como finalidade a formação do sujeito para o exercício da cidadania,

preparação para o trabalho e sua participação na sociedade, um dos maiores desafios

que o assistente social vive no presente é o de desenvolver a sua capacidade de

decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos criativos e capazes de efetivar

direitos, de acordo com as demandas que surgem no cotidiano, constituindo-se um

profissional propositivo e não apenas executivo. (Iamamoto, 2005, p.08).

A educação é parte das condições para a existência digna de uma pessoa que

fará com que esta seja um cidadão crítico.

Os Projetos de Lei (PL) n.º 3.688 de 2000 e n.º 837, de 05 de julho de 2005,

dispõem sobre a introdução do assistente social no quadro de profissionais da

educação da escola pública e traçam pontos centrais da aproximação do Assistente

Social ao campo educacional.

Desta maneira, enfatizamos que há, verdadeiramente, a necessidade deste

profissional na educação, pois no cotidiano escolar enfrentam-se complexas questões

sociais que o conhecimento pedagógico não consegue enfrentar sozinho, visto a

necessidade de outros saberes como o do assistente social.

Dorothy e Haris (2003, p.173) pontuam que:

Peço que leve em conta que a maioria dos problemas do mundo começa em casa e, tornando-se um pai ou mãe melhor, você estará contribuindo da maneira mais sólida e concreta para a solução dos imensos e aparentes insolúveis dilemas que enfrentamos no mundo de hoje. Nunca subestime o seu poder de ajudar a criar um futuro melhor, não apenas para seus filhos, mas para todos.

É neste contexto que insere-se a compreensão da profissão enquanto prática

social. Prática esta que remete a atividades de grupos ou classes, que leva à

48

transformação, à organização e à direção da sociedade. É uma ação com vistas à

transformação, como se verifica a seguir.

Compreende-se que a prática profissional do Assistente Social não está firmada

sobre uma única necessidade. Sua especificidade está no fato de atuar sobre várias

necessidades. Assim, para que esta prática contribua no processo educacional, é

preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as dimensões

estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, alicerçada no conhecimento da

realidade em sua totalidade.

A inserção do Serviço Social na escola constitui uma decisão política de

fortalecimento das políticas sociais. Hoje, professores e diretores se desdobram na

tarefa de ouvir, compreender e mediar sozinhos as influências da dura realidade social

sobre a vida escolar.

São muitos os casos de exploração e violência sexual, por exemplo, identificados

a partir do comportamento das crianças na escola. Sabemos da presença das drogas.

Conhecemos a incidência do trabalho infantil e seus reflexos no rendimento do aluno e

os altos índices de evasão.

O assistente social tem um papel fundamental nesse país subdesenvolvido. O

Serviço Social Escolar tem um significado político e social muito forte, pois bem

sabemos que é na escola que se configuram muitas das expressões da questão social,

tais como violência, desemprego, miséria, abuso sexual, dependência de substâncias

psicoativas, entre outras. Um dos objetivos do Projeto Serviço Social Escolar é

assegurar que nas escolas sejam avaliadas, elaboradas e executadas ações

preventivas e de enfrentamento às situações emergentes que expressem violência,

dificuldades interpessoais entre alunos, familiares e funcionários, além das de ordem

sócio-econômica que afetem os estudantes na sua totalidade.

Quando falamos em família, devemos tratá-la no plural, famílias, tendo em vista

a multiplicidade étnico-cultural que embasa a composição demográfica brasileira. Desse

modo, pensar em família no plural pode significar uma construção democrática pautada

na tolerância e na diferença com o outro.

Roudinesco (2003) afirma que:

49

A família humana se reinventa permanentemente, mantendo-se desde os inícios dos tempos, como uma instituição insubstituível para nossa própria constituição de sujeitos humanos.

A família é imprescindível na formação dos filhos e como já fora citado

anteriormente, portanto, à inserção da mulher no mercado de trabalho trouxe muitas

modificações na estrutura familiar, pois os pais estão cada vez mais longe de seus

filhos, deixando de fazer a sua parte na educação dos mesmos, além das contradições

que advêm do mundo capitalista e globalizado em que vivemos cujos valores estão

cada vez mais distorcidos prevalecendo o ter e não o ser.

Pereira (1995) considera que:

Nos últimos vinte anos, várias mudanças ocorridas no plano sócio-político-econômico relacionadas ao processo de globalização da economia capitalista vêm interferindo na dinâmica e estrutura familiar e possibilitando mudanças em seu padrão tradicional de organização.

A prática do assistente social situa-se numa perspectiva crítica e se faz

participante da transformação social. De acordo com a prática, o Serviço Social deverá

desenvolver as seguintes atividades, como cita Terra (2001, p.13):

• Pesquisa de natureza sócio-econômica e familiar para a caracterização da população

escolar, com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da realidade sócio-familiar do

aluno, de forma a possibilitar assisti-lo e encaminhá-lo adequadamente;

• Elaboração e execução de programas de orientação sócio-familiar, que visam

prevenir a evasão escolar e melhor o desempenho e rendimento do aluno e sua

formação para o exercício da cidadania;

• Participação, em equipe multidisciplinar, da elaboração de programas de prevenção à

violência; o uso de drogas e o alcoolismo, bem como visem prestar esclarecimento e

informações sobre doenças infectocontagiosas e demais questões de saúde pública;

50

• Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e organizações

comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de pais e alunos para atendimento

de suas necessidades;

• Elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas onde existem

classes especiais;

• Empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço Social, previstas

pelos artigos 4º e 5º da Lei. 8662/93.

Verificamos que as atuações do Assistente Social nas escolas estão presentes

nas mais variadas expressões cotidianas, tanto nas relações externas como família,

sociedade, entre outros, quanto nas relações internas, que são os diferentes conjuntos

como diretores, docentes e alunos, entre outros, que compõem o campo educacional,

bem como nas diversas expressões da questão social que evidenciam dentro das

escolas. Para Almeida (2000, p.2), a prática do assistente social na escola significa:

[...] pensar sua inserção na área de educação não como uma especulação sobre a possibilidade de ampliação do mercado de trabalho, mas como uma reflexão de natureza política e profissional sobre a função social da profissão em relação às estratégias de luta pela conquista da cidadania através da defesa dos direitos sociais das políticas sociais.

Envolver a família na educação, abrir o espaço escolar à comunidade, realizar

trabalhos preventivos contra a evasão, a violência, as drogas e o alcoolismo, identificar

e buscar formas de atendimento às demandas socioeconômicas das crianças e seus

familiares, fortalecer a gestão democrática e participativa da escola, entre tantas outras,

são tarefas que não podem ser exclusivas do corpo técnico da Educação. Elas

remetem a pesquisa e diagnósticos sociais, a diretrizes e direitos estabelecidos no

Estatuto da Criança e do Adolescente e exigem estratégias integradas de

enfrentamento.

A inserção do assistente social na educação é uma necessidade sócio-

institucional cada vez mais reconhecida no âmbito do poder legislativo de diferentes

51

estados e municípios. A presença dos assistentes sociais, sobretudo, nas escolas, tem

sido tomada como a presença de um profissional que possa contribuir com a ampliação

do processo educacional em sentido amplo; contribuindo para o acesso e a

permanência das crianças e jovens na educação escolarizada, assim como para a

extensão dessa convivência para outros membros da família, que por razões sociais

diversas, não concluíram ou experimentaram plenamente esta oportunidade.

O trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais não se confunde ao dos

educadores devido a dimensão sócio-educativa de suas ações,pois sua inserção tem

se dado no sentido de fortalecer as redes de sociabilidade e de acesso aos serviços

sociais e dos processos sócio-institucionais voltados para o reconhecimento e

ampliação dos direitos dos sujeitos sociais.

Como cita Iamamoto (2005):

A apresentação do significado histórico da profissão no Serviço Social só é desvendada em sua inserção na sociedade, pois ela se afirma como instituição peculiar e parte da divisão social do trabalho.

Portanto, sua inscrição na organização do trabalho coletivo nas instituições

educacionais não tem se sobreposto a de nenhum outro profissional, com vistas no

estreitamento da interface entre a política educacional com outras políticas sociais

setoriais tem, historicamente, levado ao reconhecimento da necessidade de uma

atuação teórica e tecnicamente diferenciada daquelas desempenhadas pelos

professores e profissionais da educação de um modo geral.

Logo, a presença de assistentes sociais nas escolas expressa uma tendência de

compreensão da própria educação em uma dimensão mais integral que envolva os

processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias, que

fundam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida social

como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos

direitos sociais é crucial.

52

5 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

Este estudo tem como tema central a tríade Educação, Família, e Serviço Social,

e o intuito de verificar a importância dos pais no processo de ensino e aprendizagem

dos filhos, a importância do Serviço Social na relação família x escola. O período da

pesquisa é de fevereiro a outubro de 2009.

A pesquisa objetiva, fundamentalmente, contribuiu para a evolução do

conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e

executada, segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será

chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada,

desenvolvida e redigida, conforme normas metodológicas consagradas pela ciência,

como segundo Ruiz (1991) e Andrade (2001) apontam:

Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência.

Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos.

Antes de iniciar-se uma pesquisa científica é necessário refletir sobre a mesma.

Assim, o trabalho de pesquisa é desenvolvido por etapas, que constituem num método,

num caminho facilitador do processo que busca mapear o caminho, evitar muitos

imprevistos e esclarecer os rumos para o próprio pesquisador.

A escolha do tema deu-se por identificação com o mesmo, por parte das

pesquisadas e por visualizarmos o quão inovador e imprescindível é o papel do

assistente social no âmbito da educação.

53

Almeida (2005, p.06) argumenta que:

A presença dos assistentes sociais, sobretudo, nas escolas, tem sido tomada como a presença de um profissional que possa contribuir com a ampliação do processo educacional em sentido amplo, ou seja, contribuindo para o acesso e a permanência das crianças e jovens na educação escolarizada, assim como para a extensão dessa convivência para outros membros da família, que por razões sociais diversas não concluíram ou experimentaram plenamente esta oportunidade. A presença dos assistentes sociais nas escolas expressa uma tendência de compreensão da própria educação em uma dimensão mais integral, envolvendo os processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias que fundam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida social como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos direitos sociais é crucial.

A escola, além de ser um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, é um

espaço aberto à comunidade e tem como objetivo formar para o exercício da cidadania,

ensinar valores morais e éticos, assim como à família.

De acordo com Freire (1994, apud LUDWIG, 1998), uma educação voltada para

a democracia deve possibilitar ao homem a discussão valente de sua problemática,

adverti-lo para perigos de seu tempo, a fim de que, consciente deles, ganhe força e o

valor para lutar, em lugar de ser arrastado à perdição de seu próprio eu, submetido às

prescrições alheias.

A participação dos pais no sistema educacional, como toda participação social

equivalente, tem dupla perspectiva de co-responsabilidade, colaboração e controle.

Com a primeira, partilham responsabilidades, a segunda, potencializam os recursos e

as ações da escola e estimulam a melhora de qualidade da educação escolar.

Segundo Schmidt (1964. p 209) a escola: ”há de ser um apoio forte para as

primeiras rupturas com o meio familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe

aos pais na escola e no conjunto do sistema educacional”, isto porque não é fácil

distinguir os temas que lhes são próprios, daqueles em que seu papel deveria ser

complementar.

54

Diante deste contexto, surge o questionamento “qual a importância da

participação das famílias na educação dos filhos e qual o papel do Serviço Social nessa

relação”.

A hipótese sugerida é que a participação das famílias na educação de seus filhos

é imprescindível para a formação da personalidade dos mesmos, pois diversos estudos

apontam que a criança, cuja família participa de forma mais direta no cotidiano escolar

apresentam um desempenho superior em relação àquelas, cujos pais estão ausentes,

evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos sociais. E o

Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno, a escola e a

família, através de atendimentos individuais, coletivos, palestras, reuniões, programas e

projetos, que visam a qualidade de vida e efetivação dos direitos das mesmas.

O objetivo geral da pesquisa é evidenciar a importância da participação da

família na vida escolar dos seus filhos, bem como o papel do Assistente Social na

instituição escolar, sendo os específicos: Identificar o papel das famílias no processo de

aprendizagem dos filhos; Desvendar as vantagens pelas famílias no processo de

participação da vida escolar dos filhos; Investigar a inserção do assistente social junto

às escolas; Desvelar o papel do Assistente Social frente a essa realidade.

A educação está como condição da evolução do homem, não pode limitar- se à

escolaridade como escola, mas como prática cotidiana e democrática, ainda que

respeitando os componentes subjetivos de quem para ela está.

Almeida (2005, p. 02) evidencia que:

55

A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel pedagógico, formador e de socialização, ela é depositária dos conflitos, limites, esperanças e possibilidades sociais. A escola recebe e expressa as contradições da sociedade. Nesse contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à política pública da Educação e aos desafios que se apresentam para a elevação do rendimento escolar, a efetivação do rendimento escolar, a efetivação da escola como espaço de inclusão social e a formação cidadã de nossas crianças e jovens. Envolver a família na educação, abrir o espaço escolar à comunidade, realizar trabalhos preventivos contra a evasão, a violência, as drogas e o alcoolismo, identificar e buscar formas de atendimento às demandas socioeconômicas das crianças e seus familiares, fortalecer a gestão democrática e participativa da escola, entre tantas outras, são tarefas que não podem ser exclusivas do corpo técnico da Educação. Elas remetem a pesquisas e diagnósticos sociais, às diretrizes e direitos estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente e exigem estratégias integradas de enfrentamento.

A atuação do Assistente Social na área da educação vai ao encontro com as

necessidades sociais de um profissional que seja apto tanto para garantir a efetivação

dos direitos dos usuários, quanto para atuar na mediação dos conflitos entre as classes

que compõe a sociedade contemporânea.

Para investigação do referido problema, valeu-se de pesquisa bibliográfica, ou

seja, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros,

artigos de periódicos e, atualmente, com material disponibilizado na Internet, além da

pesquisa de campo que precede à observação de fatos e fenômenos exatamente como

ocorrem no real, a coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e

interpretação desses dados, com embasamento em fundamentação teórica consistente,

objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. A pesquisa de campo

parte do levantamento bibliográfico, para maior conhecimento de teorias que

fundamentam o tema, aqui iniciou-se pela elaboração de uma coletânea de livros,

hemeroteca de artigos e fichamento de livros de diferentes autores, os quais facilitaram

a construção de um embasamento teórico e do instrumental de coleta de dados.

A tipologia do estudo realizado é de nível exploratório, pois nos proporciona

maior familiaridade com o problema em questão, tornando-o explícito nas descobertas

de ideias e comprovações da importância do papel da família dentro da escola.

Utilizando a abordagem qualitativa, a qual considera que há uma relação dinâmica

56

entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e

a subjetividade do sujeito, os quais não podem ser traduzidos em números. Para um

levantamento de dados que realmente expressem a importância de haver uma criação

de reflexões, troca de experiências, entre todos os envolvidos no processo educativo

(pais, escola, aluno) e comprovem a importância da participação da família na

educação dos filhos e do Serviço Social no âmbito escolar.

O estudo qualitativo propicia, ainda, um contato direto com os sujeitos

participantes, possibilitando maior entrosamento e aproximação entre o pesquisador e

pesquisado, além de maiores informações que interessem à investigação, as quais

revelam como pensam e agem os sujeitos.

A pesquisa, na sua aplicabilidade, foi dividida entre as pesquisadoras Renata

Luize Gil (pesquisadora 1) que aborda a questão da participação da família no cotidiano

escolar dos filhos e Thais Elizabete de Aquino Rossi (pesquisadora 2) , que trata da

importância da educação e do profissional de Serviço Social no âmbito da educação.

O Universo do estudo é composto por 75 famílias e 24 profissionais do CEISA –

Centro de Educação infantil Santo Antônio de responsabilidade da aluna 1 e por 195

profissionais da educação das instituições da rede de ensino municipal, público,

particular e de responsabilidade social de Bauru, de responsabilidade da aluna 2.

A amostragem constitui-se com 20% do total dos sujeitos do CEISA sendo 15

famílias e 5 profissionais. E na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22

sujeitos, sendo coordenadores e diretores de 5 escolas estaduais, 3 particulares, 2

municipais e 1 de responsabilidade social.

A pesquisa tem uma amostragem probabilística casual simples, pois os

participantes foram escolhidos aleatoriamente ou por acaso e foi realizada com base

num processo que dá a cada membro do universo a mesma probabilidade de ser

incluído na amostra.

No mês de junho, aplicou-se o pré-teste com 10 sujeitos para verificação do

instrumental e não houve a necessidade de alteração do mesmo.

Para a operacionalização da pesquisa aplicou-se os seguintes instrumentais:

observação assistemática, “quando o pesquisador as faz de modo ocasional e informal,

sendo muito utilizada em estudos exploratórios” (FONTANA 2009 p 14), entrevista

57

focalizada, “que é uma interação de forma livre, que enfoca um tema bem específico e

o entrevistador permite ao pesquisado falar livremente sobre o assunto, tendo que

retomar, quando ocorre o desvio sobre a questão em foco (FONTANA 2009 p 14).

Subsidiada por um formulário (pesquisadora 1) que resume-se em uma coleção de

questões anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra

pessoa (o informante), enfim, com perguntas abertas (o pesquisado responde com suas

próprias palavras e, assim, devem ser registradas as respostas), duplas (que reúnem

uma pergunta fechada e outra aberta), ambas são realizadas pelo contato direto entre

pesquisadores e pesquisados, e ressalta-se que este foi construído a partir dos

objetivos específicos da pesquisa, visando o alcance dos mesmos. E, por questionários

(pesquisadora 2) foram entregues pessoalmente no início, todos foram recolhidos com

sucesso, já os que foram enviados por email, de 30, tivemos a devolutiva de apenas 4 e

do total estabelecido, tivemos um déficit de 2 sujeitos.

Sendo assim, dos questionários respondidos obtivemos rica qualidade nas

respostas de forma geral, enfatizando a importância dos objetivos da pesquisa.

A pesquisa de campo realizou-se nos meses de julho e agosto de 2009, após a

aplicação do pré-teste.

Na aplicação da pesquisa da aluna 1, cujo universo é o CEISA, ressaltamos que

não houve dificuldades por parte dos sujeitos em responder os formulários, pois foram

elaborados de forma clara e objetiva, o que facilitou o entendimento dos mesmos.

As entrevistas aconteceram no próprio CEISA, sem agendamento prévio, pois

os funcionários foram entrevistados no decorrer do seu expediente de trabalho,

acontecendo em horários mais tranquilos (no período de sono das crianças) e os pais

foram entrevistados enquanto aguardavam o término da aula de seus filhos. A duração

das entrevistas foi de aproximadamente trinta minutos cada.

Os sujeitos demonstraram satisfação em participar, porém, a dificuldade foi por

parte da pesquisadora, pela escassez de horário para realizar a coleta de dados, uma

vez que possui tempo restrito em função do trabalho. Para efetuar as pesquisas com os

pais, no horário de saída dos seus filhos, tornou-se necessário ir até o campo de

estágio por dez dias consecutivos, para a realização da mesma, embora a

58

pesquisadora 1 tenha tido dificuldades, ressaltamos que a amostra foi realizada no sua

totalidade de sujeitos.

Na aplicação da pesquisa da pesquisadora 2, não houve dificuldade de

entendimento dos questionários entregues, porém, houve dificuldades por parte de

alguns profissionais em responderem os questionários, por causa do adiamento das

aulas por conta da Gripe A e, outros, por puro desinteresse em participar.

Após a aplicação da pesquisa de campo, desenvolvemos o tratamento dos

dados qualitativos caracterizados em três eixos extraídos dos objetivos específicos

deste estudo, a saber: a importância da participação das famílias no processo de

ensino aprendizagem dos seus filhos; a relação família x escola e a importância do

Serviço Social na escola.

Como ressalta Santos (2006 p. 136) quando afirma que:

Em suma, o corpo discente, ao qual a escola atende e para o qual existe como instituição, influi e é influenciado por essas duas instituições das quais o aluno é a parte e à qual o aluno representa: escola e família. Daí não ser possível conceber a ideia de escola com a qual a família nada tenha a ver, até mesmo porque, em geral, em nossa sociedade a vida escolar começa na tenra idade, quando o aluno depende das relações com os adultos para se desenvolver, ter saúde, se locomover, por isso depende das instituições família e escola, que em nossa cultura são as responsáveis por garantir os direitos previstos na Constituição para todo aquele nascido nesse Estado-nação.

A escola não poderá alcançar seus objetivos se deixar a família à margem desse

processo ensino/aprendizagem, portanto, temos evidente que, a participação da família

no desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial.

Assim, consideramos que a partir do ato da participação é que os seres humanos

tomam parte, têm parte, são partes da humanidade, enfim, têm acesso ao sentimento

de pertencimento.

Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos, é

através da educação que os mesmos adquirem e repassam o conceito de valores que

levam pelo resto da vida.

59

5.1 Análise dos dados da pesquisa

5.1.1 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos

A importância da educação para a família está na passagem dos valores

culturais, morais e éticos para os seus descendestes, com vistas a possibilitar aos

mesmos um aprendizado.

Dessa forma, Bruner (1996, apud DEVAL, 2006, p. 11) pontua:

Diz-se que a educação é a maior invenção da humanidade, pois graças a ela podemos transmitir às novas gerações todo o conhecimento adquirido pelos que a precederam, sem que para tanto seja necessário que cada um descubra por si mesmo coisas que os outros já sabiam.

No entanto, no que se refere à educação transmitida pela família, segundo

Aranha (1996, p. 61) ela fornece a base para a formação, a partir da qual o homem

pode agir até quando achar por bem e, em última instância, se rebelar contra valores e

princípios recebidos. Portanto, a família é o local privilegiado para o desenvolvimento

humano.

Revelar a importância do estudo para a vida dos filhos foi objeto de investigação

nesta pesquisa e os mesmos expressaram que a escola é imprescindível à medida que

a educação permeia projetos de vida socialmente estabelecidos quando pais relatam:

Sim, o estudo é muito importante para meu filho, para ele crescer um adulto melhor. O estudo estimula para vida. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

O estudo é fundamental para o meu filho para ele se inserir no mundo que vivemos. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

60

Sim, o estudo é muito importante para a vida do meu filho, para a educação dele, para que ele possa aprender e se desenvolver. (Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)

Sim, o estudo é importante para a vida do meu filho, pois, com o estudo ele aprende várias coisas, e terá um futuro melhor. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)

Sim, o estudo é importante para o estudo do meu filho. Porque a formação é tudo, é onde a gente começa, sem estudo não conseguimos nada. (Pai/Responsável 16 – M. A. O. 25 anos, Auxiliar de produção)

Sim, o estudo é muito importante. Com uma boa formação educacional sei que meus filhos terão oportunidades de bons empregos, e mesmo assim não é fácil, sem estudo fica praticamente impossível ter sucesso profissional. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Sim, com certeza, pois são nossos filhos que transformarão nosso mundo em um mundo melhor de se viver, para isso o estudo é imprescindível. (Pai/Responsável 18– R. J. 34 anos, Inspetor de qualidade)

Os pais, portanto, reconhecem a importância do estudo como forma de garantir

um futuro melhor aos filhos.

Cunha (1995, p.447) afirma que:

Lidamos com duas instituições de caráter educacional embutidas na missão de conduzir pessoas, levando-as do lugar e do estado em que se encontram no presente para um espaço futuro, supostamente melhor, mais desejável, superior.

Verificamos que a escola é ambiente de significância para os filhos na

concepção dos pais / responsáveis, que compreendem que a mesma se faz necessária

para o bom desenvolvimento e pelo futuro profissional do próprio filho.

Quando questionados, sobre a atuação junto aos filhos no processo de

aprendizagem, os mesmos relatam que acompanham esse processo e acreditam que é

61

fundamental para o desenvolvimento das habilidades de seus filhos no cotidiano de

suas práticas escolares, bem como no preparo para a vida como verificamos:

Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho, gosto muito de estar presente, costumo me oferecer para ajudar, é a maneira que encontro para estar perto dele. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Acompanho o processo de aprendizagem do meu filho, fazendo pergunta a ele, observando se ele tem alguma dificuldade, se precisa de ajuda. Procuro olhar o caderno e quando tenho necessidade vou à escola dele. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos, Autônoma)

Sim, acompanho o processo de ensino do meu filho através da agenda, através das reuniões e dos projetos que a escola desenvolve e observando em casa, conversando com o filho. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)

Sim, acompanho o processo de ensino do meu filho, no dia a dia, procuro ensinar o certo, dar conselhos de bons modos de como falar, a cultura. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho. Pergunto o que ela aprendeu, peço para que ela me ensine o que aprendeu. Brinco com ela de escrever, de colorir, de com que letra começa as palavras, nomes, objetos (...). (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing).

Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho procuro acompanhar de perto o dia - a - dia deles, estar sempre presente na escola perguntando aos professores quais as dificuldades deles para que em casa possamos ajudá-los. Se não fizermos assim, ficamos totalmente desligados do que nossos filhos precisam. Ou seja, devemos dar continuidade em casa daquilo que eles aprendem na escola. (Pai/Responsável 18 – R. J. 34 anos, Inspetor de qualidade)

Notamos que o processo de ensino e aprendizagem é acompanhado pelas mães

através de demonstrações de interesse pelos estudos dos filhos. No entanto, uma

minoria de pais afirma que não acompanha o processo escolar dos filhos, porém como

justificativas apresentaram o papel da mãe como central nessa função. Verificamos que

62

a questão cultural de correlacionar a responsabilidade da educação dos filhos à figura

materna evidencia a presença marcante do tradicional machismo da cultura brasileira,

quando relatam:

Eu não acompanho muito, quem acompanha mais é a mãe, ela vem às reuniões, estuda com nosso filho e sempre tira as dúvidas na escola. (Pai/Responsável 12 – D. B, 36 anos, Ajudante geral)

As práticas diárias que mantêm certas posturas podem ser transformadas, pois

as relações sociais são construídas cotidianamente e, assim sendo, podem sofrer

mudanças. No entanto, tais mudanças só acontecem quando os atores sociais querem

alterar a realidade e não cultuá-la para que seja passada de geração para geração.

Portanto, podemos mudar conceitos e práticas tanto nas relações sociais, quanto

na própria escola. Os conceitos não são definidos.

Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato

com os pais para transmiti-los informações relevantes sobre os objetivos, recursos,

problemas e também questões pedagógicas. Essas práticas de estreitamento podem

auxiliar em muito o acompanhamento dos pais no processo de aprendizagem de seus

filhos, pois aqueles se sentirão parte dela e, consequentemente, também sujeitos da

aprendizagem do filho.

A importância da presença efetiva dos pais na vida escolar do filho é essencial

para que as crianças possam desenvolver-se de maneira a tornarem-se adultos

construtores de uma sociedade mais justa, cuja escola esteja de acordo com os

interesses e aspirações da maioria.

Quando questionados sobre os conhecimentos que possuem a respeito da

escola na qual seu filho estuda, todos respondem que têm conhecimento, porém não o

necessário para serem sujeitos ativos, parceiros e construtores da unidade de ensino,

como comprovam nos relatos:

63

Na escola do meu filho, conheço pouco o espaço físico, porém as profissionais, os recados que elas passam na agenda ou no mural, os medicamentos que são dados para meu filho e procuro observar tudo. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)

Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/responsável 6 – W. S / 18 anos / do lar)

Sim, conheço o espaço físico e as pessoas que trabalham. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, do lar)

Sim, conheço o espaço físico, mas os profissionais não conheço todos. (Pai/responsável 8 – D. A. R. R. / 26 anos / costureira)

Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/Responsável 14 – M. S. A., 38 anos, Do lar)

Sim, conheço a escola do meu filho, sei da qualidade do ensino. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

As escolas tiveram que adaptar-se ao novo modelo de instituição familiar e às

histórias de mães, pais, avós, tias e irmãos, que hoje, são surpreendentes. Prado

(1982, p. 8) diz que: “apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, as

famílias manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e também de

adaptação”; logo, a escola obrigatoriamente também tem que acompanhar todo esse

movimento.

A família pode e deve conhecer e se reconhecer no espaço da escola e em sua

identidade.

Quando pais declaram conhecer a escola, não podemos afirmar que a

desconhecem quanto a localização do equipamento, e quanto as informações das

ações desenvolvidas, porém como sujeitos ativos e participantes das decisões e ações

é pouco evidenciado.

Os pais são indivíduos fundamentais no desenvolvimento do processo de

aprendizagem dos filhos. A participação destes na vida escolar das crianças pode

oferecer impactos positivos mediante a intensidade de envolvimento na vida do aluno.

64

Acompanhar, participar e conhecer as habilidades e dificuldades dos filhos e da

escola é responsabilidade dos pais, pois, buscamos uma educação formal capaz de

atender os interesses de uma sociedade que almeja um mundo com menos contrastes

e muito mais justiça.

5.1.2 Acompanhamento da família na vida escolar de seus filhos

A participação é uma conquista que os seres humanos vêm tentando fazer ao

longo dos séculos e acontece quando há a oportunidade de expressão que é ligada ao

pensamento, reflexão, valorização e lutas, pois, as grandes conquistas vieram por lutas

como a das mulheres para terem os mesmo direitos dos homens e luta contra o racismo

(que acontece nos dias atuais).

A participação é fundamental ao ser humano, assim como o alimento e a saúde.

A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de

realizar, afirmar-se a si mesmo, dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática

envolve a satisfação de outras necessidades, não menos básicas, tais como a

integração com os demais homens, a auto-expressão, o desenvolvimento do

pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si

mesmo pelos outros.

A democracia defende o direito de participação de todos, em todas as decisões

que favoreçam a qualidade de vida em sociedade. Para que haja essa verdadeira

participação, todos os indivíduos necessitam conhecer e viver, desde sua infância, os

princípios democráticos para desenvolverem, assim, a “autonomia democrática”.

A Constituição Brasileira no artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) declara: “é direito dos

pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da

definição das propostas educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e

do Adolescente como é importante a convivência da família no contexto escolar. Família

e escola são pontos de apoio ao ser humano, quanto melhor e maior for a parceria

entre as duas, melhor serão os resultados na formação do educando.

65

Quando questionados sobre a importância da participação dos pais dentro das

escolas, pais responsáveis expressaram que a participação é muito importante, pois, é

através dela que o acompanhamento da vida do filho acontece, tem-se acesso às

informações e ações do filho e assim, boa educação.

O que significa participação na concepção dos pais é:

Participar é acompanhar de todas as formas, estar presente mesmo na ausência. É querer saber, se informar como foi o dia da criança, não é deixá-la pela manhã na escola e recolhê-la no fim do dia. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)

Participar é acompanhar o desenvolvimento, o dia-a-dia da vida do meu filho, é compartilhar com ele. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos, Autônoma)

Participar é estar sempre atenta a tudo. Saber da criança, sobre sua saúde, higiene, educação. A participação é muito importante. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Participar é conviver em grupo, saber da criança. (Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)

Participar é ver se o filho está caminhando. (Pai/Responsável 13 – M. R. O. D. S., 30 anos, Soldador)

Participar é acompanhar, perguntar, é me informar para poder contribuir com o que a escola ensina. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Participar é estar sempre presente, perguntar sempre se seu filho está indo bem, se tem alguma dificuldade, é obrigação dos pais a educação de seus filhos e a escola apenas nos ajuda. Aliás, nos ajuda e muito. (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos, Inspetor de qualidade)

A troca e compartilhamento de informações e responsabilidade são meios que

podem ser usados para a aproximação entre os pais e a equipe educadora,

oportunizando assim, a construção de laços de camaradagem e conhecimento mútuo.

Spodek e Saracho (1998, p.167) afirmam que:

66

O envolvimento dos pais na educação das crianças tem uma justificativa pedagógica e moral, legal. Quando os pais iniciam uma parceira com a escola, o trabalho com as crianças pode ir além da sala de aula, e a aprendizagem na escola e em casa pode se complementar mutuamente. A interação entre pais e educadores torna-se positiva ao desenvolvimento cognitivo, social, moral dessa criança.

Assim ratificamos que a participação dos pais na vida escolar dos filhos é

fundamental para o desenvolvimento das crianças e o bom desempenho das ações da

unidade de ensino.

Santos (2006, p. 132-133) explana que:

Ser parte, tomar parte, ter parte, fazer parte, pertencer, interagir para gerar certo movimento, ser social, abrigar diferenças e semelhanças, constituir um grupo e ter autonomia. Todos esses aspectos da participação podem ser considerados ao descrevermos como tem se dado à relação família-escola. Contudo, ao considerarmos a relação de pertencimento humano, devemos lembrar que prioritariamente ela acontece como relação de pertencimento a um grupo social. Nascemos em um núcleo humano social, que chamamos de família, localizado em um espaço político e geográfico, e que estabelece trocas sociais pelas quais nos educamos. Nesse caso, a escola é fruto dessas relações sociais e não o contrário.

A participação dos pais denota um processo através do qual eles são postos em

contato com a equipe responsável por atendê-los com o propósito de fazer intervenções

pedagógicas e promover atividades que envolvam as crianças e facilitem o

desenvolvimento do educando.

Quanto a importância da participação da família na escola, acham-na

imprescindível, uma vez que a família deve participar e interferir quando necessário na

educação sistemática e assistemática dos filhos, pois tem o papel de apoio e de

responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças, principalmente, em atividades

propostas pela escola. Esse trabalho em conjunto facilita o entendimento do papel de

cada um. Relatam que:

67

Sim, acho importante a participação da família na escola, a ligação que existe, a trocas nas conversas, tudo isso nos ajuda a lidar com as dificuldades. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Sim, acho importante a participação da família na escola, porque sei com quem estou deixando meu filho e como ele está sendo educado. (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)

Sim, acho muito importante a participação da família na escola, porque a escola sem a família não é nada e a família sem a escola também não, uma é o complemento da outra. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

Sim, acho muito importante a participação da família na escola, porque a família é a estrutura e o filho faz o que a mãe faz e essa participação é um estímulo. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)

Sim, acho muito importante a participação da família na escola, porque a mãe que trabalha em parceria com a escola melhora a relação de um todo. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, costureira)

Sim, acho muito importante a participação da família na escola Muito importante para acompanhar o desenvolvimento da criança. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Sim, acho muito importante a participação da família na escola. Quando a família participa da escola de seus filhos estão vendo as necessidades diárias facilitando assim a educação deles. (Pai/Responsável 18 – R. J. J., 34 anos, Inspetor de qualidade)

Os profissionais da educação reconhecem que necessitam da ajuda e

compreensão dos pais para a difícil tarefa de educar e muitos pais estão cada vez mais

tentando participar da melhor maneira possível.

Segundo Meneses (1999) antigamente a escola e professores recusavam

qualquer contato informal com os pais de seus alunos por acharem que essa presença

nada tinha a ver com o trabalho pedagógico. Hoje, essa atitude mudou e a escola está

cada vez mais certa de que necessita da cooperação dos pais na tarefa de educar.

68

Esse distanciamento está sendo superado, pois a escola percebeu que precisa da

família no que diz respeito à educação formal e sistemática.

Meneses (1999) ressalta que vários fatores contribuíram para essa mudança, o

principal deles é o reconhecimento de que os objetivos buscados pela escola e pela

família caminham e juntos incluem a sociedade como um todo. E no momento em que

as duas realmente se entrelaçarem, muito dos problemas enfrentados pela escola

serão superados.

Para isso é necessário que os pais participem do cotidiano escolar de seus filhos

e tenham comprometimento com a escola como um todo, gerando assim uma certeza

de que a escola e a família se complementam. Dessa maneira, o educando passa a

valorizar cada vez mais a escola e o seu professor, pois sabe que é importante para

seus pais seu sucesso educacional.

Investigar a maneira que dá essa participação também é muito importante nessa

realidade e respondem:

Participo quando é preciso, porque é importante. (Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)

Participo quando sinto necessidade. (Pai/Responsável 13 – M. R. O. D. S., 30 anos, Soldador)

Participo quando sou convocado e quando sinto necessidade, com o objetivo de estar sempre informada. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos,Vigilante)

Participo quando sou convocada e quando sinto necessidade. dou opiniões, sempre. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Participo quando sou convocada e quando sinto necessidade. (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos, Inspetor de qualidade)

Notamos que a maioria dos sujeitos participa quando são chamados ou

convocados, isso demonstra participação com pouco envolvimento, pois, ainda não

são, de fato, sujeitos do processo. No entanto, há aqueles sujeitos que sentem

69

necessidade de participar, logo possuem uma participação ativa a qual possibilita a

emancipação do sujeito, além de fazer parte do processo de ensino e aprendizagem do

próprio filho. O apoio emocional, social e pessoal poderá construir um sistema de

cooperação entre a família, equipe escolar, aluno e criará uma rede de apoio à qual os

pais podem recorrer quando necessitarem de estímulo, motivação, compreensão e,

principalmente, orientação.

Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participação dos pais na educação

dos filhos significa comparecimento às reuniões de pais e mestres, atenção à

comunicação escola–casa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres de casa e das

notas. Esse envolvimento pode ser espontâneo ou incentivado por políticas da escola

ou do sistema de ensino (CARVALHO, 2000).

Quando as instituições reconhecem que ambas são de suma importância para a

realização do trabalho pedagógico, a aprendizagem acontece sem traumas. Cabe à

direção criar meios para os pais e a equipe escolar trabalharem de mãos dadas em

direção às mesmas metas.

Para Spodek e Saracho (1998) o envolvimento dos pais na educação das

crianças tem uma justificativa pedagógica e moral, logo, é legal esse envolvimento

perante a sociedade.

Percebemos que existem pais/ responsáveis que possuem uma participação

ativa dentro da escola, sempre buscam soluções conjuntas para as dificuldades

apresentadas no cotidiano escolar.

A família deve mudar o paradigma que possui de escola, que não é apenas um

ambiente formal, onde deixam os filhos e voltam mais tarde para buscá-los. Assim

como a escola mudou, os pais necessitam mudar também, procurar conhecer melhor os

seus colaboradores, professores, os outros pais e também ajudar na tarefa de

melhorias nas condições para o ensino.

As reuniões de pais realizadas apenas para falar da nota e do comportamento

podem ser uma das grandes mudanças que a escola deve usar para solicitar a

colaboração dos pais na tarefa de ensinar.

A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que

perpassa pela história e se instalou em nossa cultura e, portanto, nos próprios hábitos.

70

Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos então, o cidadão

limitado, fechado, sem iniciativa, dependente e temeroso.

Quando perguntamos aos pais/responsáveis se comparecem às convocações da

escola, afirmam:

Sim, atendo as convocações da escola, porque é a mãe que zela pelo seu filho. Tem que participar e fazer com prazer e acho bom que a escola fale o lado ruim e o lado bom. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Sim, eu atendo todas as convocações da escola, porque é importante para a minha filha e para a família. Serve de aprendizagem, para aprender a lidar com a minha filha como na palestra que vocês fizeram de como dizer sim e não aos filhos. (Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)

Sim, atendo as convocações da escola porque é importante para saber do meu filho, como é o dia a dia dele na escola. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, do lar)

Sim, atendo as convocações da escola, porque é importante para saber da higiene, da alimentação, dos remédios e da saúde do meu filho. (Pai/Responsável 13 – M. R. O. D. S., 30 anos, soldador)

Sim, atendo as convocações da escola, porque tem que participar de tudo o que envolve meu filho. (Pai/Responsável 16 – M. A. O., 25 anos, auxiliar de produção)

Sim, atendo as convocações da escola. Acho que os mais interessados no bem-estar dos filhos devem ser os pais. Somente sabendo como está o desempenho , sabendo o que a escola espera dela e o que estão oferecendo, vou poder ajudar, poder cobrar. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C. 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Sim, atendo as convocações da escola, pois, é uma obrigação dos pais participarem das atividades da escola em que seu filho estuda ajuda ajudá-lo a compreender que você é um pai presente em todos os momentos de sua vida. (Pai/Responsável 18 – R. J. 34 anos, Inspetor de qualidade)

71

A escola tem o papel e potencial para reunir pessoas. Tal participação pode fazer

a diferença e transformar de fato o aluno na prioridade da escola. Quando os pais

apenas atendem convocações, ocorre uma participação imposta, porém, quando tal

atendimento se dá de forma prazerosa, como forma de se expressar o amor que sente

pelo filho, notamos sujeitos capazes de buscarem soluções conjuntas com as escolas e

de criarem projetos. Com o desenvolvimento desses projetos, estarão contribuindo não

somente com a formação e garantia da aprendizagem do educando, mas reforçando

grande parceria entre a família e a escola.

Neste processo é fundamental considerar as necessidades, desejos e vontades

dos educando. Cabe à escola elaborar um diagnóstico de sua realidade escolar, pois os

alunos são a escuta, razão do processo educativo, ou seja, devem também participar

de sua construção.

Quando questionados se participam dos eventos da escola, a maioria dos

pais/responsáveis respondem que:

Sim, já participei de vários eventos na escola do meu filho, como: Projeto Canguru, Projeto Trocando Sementes, Comissão Técnica de Apoio, reuniões de desenvolvimento. Quando não posso ir, fico muito triste, pois, eu gosto muito. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Sim, participo das reuniões da escola do meu filho. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho, tais como: dias das mães, “Projeto Empregabilidade”, “Canguru”, Comissão Técnica de Apoio e das reuniões. (Pai/Responsável 9 –L. F., 33 anos, Doméstica)

Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho dentre ela, dias dos pais, “Projeto Canguru” e das reuniões. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)

Sim, na escola do meu filho participo de vários Projetos, tais como: Empregabilidade, Canguru, Trocando Semente e participo das reuniões. (Pai/Responsável 14 – M. S. A., 38 anos, Do lar)

72

Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho, dentre elas, dias das mães, dos projetos e das reuniões. Só não participo quando o lado profissional não permite. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

Acreditamos que reunir pessoas dentro da escola, para conversar sobre a tarefa

educativa, é saudável e traz novas ideias para o grupo. Isto nem sempre é fácil se o

trabalho em equipe e a discussão conjunta não são habituais na escola, mas é preciso

fazê-los. Notamos que os pais/responsáveis participam dos eventos, reuniões e

projetos que exigem maior engajamento. Contudo, há aqueles pais responsáveis que

participam apenas em ações que atendam interesses particulares como cita o sujeito

12:

Na escola do meu filho, participo somente da atividade de final de ano, porque tem canto, presente e brincadeiras. (Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)

Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce

sabendo participar. Ela é uma habilidade que aprende-se e aperfeiçoa-se e enquanto o

sujeito não adquire uma consciência social, ou seja, não busca soluções para a maioria,

dificilmente teremos pais envolvidos com a melhora do ensino e aprendizagem como

um todo.

Quando perguntamos se foram convidados a participar do projeto político

pedagógico da escola do seu filho, a maioria dos pais/ responsáveis lembra que foram

convidados e participaram como relatam:

Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico da escola, o projeto fica à disposição para quem quiser ler. A escola passa cronograma mensal. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico da escola do meu filho. Quem participou foi meu marido. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)

73

Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico da escola do meu filho. (Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)

Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico da escola do meu filho. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

Sim, eu fui convidado a participar do projeto político pedagógico da escola do meu filho. A minha esposa que veio. (Pai/Responsável 16 – M. A. O. 25 anos, Auxiliar de produção)

Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico da escola do meu filho. (Pai/Responsável 17 -A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Sim, sempre somos convidados a participar do projeto político pedagógico da escola, procuro estar sempre presente, não costumo faltar. (Pai/Responsável 18 – R. J. 34 anos, Inspetor de qualidade)

Essa participação ativa dos pais é necessária, tem muito valor porque

desenvolve na criança o comportamento e a habilidade de envolvimentos e demonstra

que a família fornece o alicerce para a formação dos filhos.

Quanto ao conhecimento sobre método de ensino da escola, percebemos que

parte os pais tem clareza quanto ao conteúdo do projeto político pedagógico quando

afirmam:

Sim, eu sei qual é o método de ensino que a escola utiliza. A Tatiane da coordenação e a Simone do Serviço Social passaram para nós. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)

Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é um conjunto de brincadeiras, tais como danças, música e massinha para desenvolver a coordenação. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza são atividades desenvolvidas com livros, música e tarefas. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Operador de máquina)

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Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é desenvolvido com um conjunto de atividades, brincadeiras educativas, dança e teatro que estimulam o ensino e o aprendizado. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é desenvolvido com atividades, dança e teatro e cultura. (Pai/Responsável 16 – M. A. O., 25 anos, Auxiliar de produção)

A qualidade da participação eleva-se quando as pessoas aprendem a conhecer

sua realidade, a refletir, superar contradições reais ou aparentes, identificar primeiras

subjacentes, antecipar consequências, entender novos significados das palavras e

distinguir efeitos de causas.

Porém há aqueles que respondem:

Não sei qual é o método de ensino que a escola utiliza. (Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)

Na escola e em todo lugar, também há aqueles sujeitos que não envolvem-se e

não veem necessidade, pois, cabe à escola solucionar e dirimir as questões específicas

do universo de aprendizagem.

O método foi passado, mas não me lembro, acho que é utilizada apostila, exercícios, caderno de trabalho, enfim desenvolvem muitas atividades. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Operador de caixa)

Quanto ao conhecimento dos representantes da escola, percebemos que os

profissionais do CEISA, são conhecidos e reconhecidos pelos pais responsáveis. Neste

sentido, pontuamos o quão é importante para o aluno perceber que seus pais têm

interesse em participar do seu cotidiano, o que facilita o bom desenvolvimento da

criança. Ressaltamos que o diálogo é extremamente necessário entre ambas as partes,

75

escola, filho e pais, e no CEISA essa questão é cuidada com muito carinho pelos

profissionais como verificamos:

Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone é Assistente Social, Priscila é professora, a Flávia é ajudante. Acho que elas fazem um trabalho bem feito e que trabalham com o que gostam. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Operador de caixa)

Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone é Assistente Social, a Tatiane é coordenadora, a Jackeline é enfermeira, a Priscila é professora, entre outras. Acho que elas são profissionais excelentes, que nasceram para exercer a função. (Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)

Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone é Assistente Social, Jackeline é enfermeira, a tia Bá é professora, e acho que são profissionais que trabalham bem (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)

Sim, eu conheço quase todos representantes da escola, são pessoas que fazem o trabalho bem feito. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)

Sim, eu conheço os representantes da escola, as considero profissionais envolvidas. Todo mundo trabalha pela mesma causa, trabalha em união. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

Sim, eu conheço os representantes da escola,. Pessoas que fazem o que gostam de uma competência indiscutível. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)

Sim, eu conheço os representantes da escola, são pessoas abençoadas por Deus, minha filha adora a escola e seus professores, isso é muito importante, em uma escola ter pessoas capacitadas para a educação afinal, nossos filhos passam mais tempo na escola do que em casa. Agradeço aos professores todo tempo (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos, Inspetor de qualidade)

Notamos que a equipe profissional procura aprimorar e aproximar os pais

responsáveis. Cada contato que os pais fazem com a instituição escolar, seja por

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telefone ou pessoalmente, para fazer cobranças ou para elogiar, faz com que seja

criado um vínculo e aumente a parceria que tem como objetivo o pleno

desenvolvimento dos filhos.

Essa parceria dos pais com a escola e o trabalho com as crianças deve ir além

da sala de aula e da aprendizagem, pois, deve ser complementada.

Piaget (2000, p.50) pontua que:

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades.

Essa parceira é algo que as escolas vêm almejando há muito tempo e é muito

difícil construir uma escola de qualidade e alunos bem formados sem a contribuição dos

pais, numa relação de ajuda na formação do ser humano.

Os diretores, coordenadores, assistentes sociais e professores abrem espaços

para diversas opiniões sobre a situação da escola e permitem que a comunidade

analise criticamente as propostas. Neste processo, a escola ganha clareza para

estabelecer aonde quer chegar, confiança para escolher por onde começar e

consciência dos seus limites e possibilidades (CENPEC, 1999)

Perguntamos sobre o que pensam das reuniões que a escola marca, e afirmam:

Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são interessantes, importantes, são boas é melhoria pra todos. (Pai/Responsável 6 – W. S. / 18 anos / Do lar)

Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são muito boas para os pais saberem o que está acontecendo com seus filhos. A presença dos pais na reunião é muito importante para o desenvolvimento da criança. (Pai/Responsável 7 – G. F. F. / 38 anos / Do lar)

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Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são importantes, e aprendo muito. (Pai/Responsável 10 – M. A. F. / 34 anos / Técnico segurança do trabalho) Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são boas, o horário é bom e os assuntos interessantes. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B. / 26 anos / Operador de máquina)

Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são ótimas. (Pai/Responsável 12 – D. B. / 36 anos /Ajudante Geral)

Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são ótimas, os assuntos e os horários são acessíveis.(Pai/Responsável 13 – M. R. O. D. S. / 30 anos /Soldador)

Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são boas. São claras, bem legais os assuntos.(Pai/Responsável 16 – M. A. O. / 25 anos / Auxiliar de produção)

Segundo os entrevistados, as reuniões de pais são prazerosas, trazem proveito e

satisfação para os pais.

Tomam conhecimento das reuniões através das convocações e lembretes na

agenda do filho e pelas informações nos murais.

Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos, Autônoma) Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)

Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)

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Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 10 – M. A. F., 34 anos, Téc. segurança do trabalho)

Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das crianças e pelos informativos fixados nos murais. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op máquina)

Esse acompanhamento é parte da responsabilidade dos pais para com os filhos

e as crianças necessitam dessa atenção para que haja a garantia de um

desenvolvimento saudável.

A escola torna-se espaço de vivência da criança, em perfeita sintonia com a

família, pois, é uma instituição que complementa a ação da família e juntas tornam-se

lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos. Uma depende da outra já

que conjuntamente visam alcançar os objetivos e preparar os filhos e,

automaticamente, permitir que a criança alcance sua integridade.

Questionados sobre os pontos positivos e negativos existentes nas reuniões,

relatam:

Os pontos positivos nas reuniões da escola são os assuntos abordados, exemplo doenças sexualmente transmissíveis foi uma palestra muito boa. E o tema pode ser escolhido pelos pais. (Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)

Os pontos positivos nas reuniões da escola são vários, acho muito divertidas as reuniões. (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)

Os pontos positivos nas reuniões da escola são que as palestrantes têm paciência e explicam bem e se não entendemos elas explicam novamente. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)

Os pontos positivos nas reuniões da escola é que tudo o que elas fazem é para e pelo bem da criança. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Os pontos positivos nas reuniões da escola é que são sempre claras. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)

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Os pontos positivos nas reuniões da escola são as informações passadas aos pais, as palestras que servem para melhoria do filho. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op máquina)

Os pontos positivos nas reuniões da escola são os conhecimentos que adquiro e que tudo o que aprendo usufruo para a família toda. (Pai/Responsável 13 –M. R. O. D. S., 30 anos, Soldador)

Quanto os pontos negativos da reunião, alegam não existirem, porém para

aqueles que declararam haver pontos negativos, afirmam:

Não há pontos negativos nas reuniões da escola, sei da importância de tudo e hoje que faço parte da comissão entendo melhor as coisas. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)

Não tem pontos negativos nas reuniões da escola. (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)

Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me incomoda. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos Autônoma)

Os pontos negativos nas reuniões da escola são quando tem um único dia da semana, pois, trabalho um dia sim e um dia não. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)

Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me incomoda tudo é bom. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me incomoda. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)

Os pontos negativos das reuniões da escola são o horário que não é bom porque atrapalha o serviço e as perguntas desnecessárias dos pais, pois, torna cansativo. (Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)

Os pontos negativos nas reuniões é a presença das crianças, pois, elas são agitadas e gritam muito, tiram a concentração na reunião. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)

80

Consideram importantes as reuniões marcadas pela escola, embora haja alguns

pontos negativos. É sempre bom lembrar que a escola é aberta para receber sugestões

e aperfeiçoar o atendimento, pois os focos das reuniões são a apreensão dos pais /

responsáveis, no entanto, os horários ainda não conseguem agradar a todos.

Evidenciam que a escola atende a todas as expectativas indo além, pois,

oferecem projetos, palestras, reuniões dentre outras ações, voltadas à informação não

somente do cotidiano escolar dos filhos, contam com informações do cotidiano como,

higiene, saúde, desenvolvimento sadio e outros e também informações sobre vários

assuntos importantes para a vida da população como um todo, envolvendo diversos

assuntos como drogas, doenças sexualmente transmissíveis, informações sobre os

direitos, ECA, entre outros.

Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, porque já existe bastante. (Pai/Responsável 5 – J.G. P., 35 anos, Segurança)

Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)

Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, tudo o que tem já é o suficiente. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)

Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, a escola tem muitas opções. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)

No entanto há aqueles sujeitos que gostariam de ter mais informações da escola,

no que diz respeito à rotina da escola para poderem continuar a educação do filho em

casa, além de mais informações sobre a saúde, higiene dos filhos, como verificamos:

Sim, gostaria que chamasse uma mãe por mês para que pudéssemos passar o dia com a escola e dessa maneira, conhecer a rotina do filho, conhecer melhor a escola, a alimentação, os cuidados e a educação. (Pais/Responsável 3 – M. A. S. / 33 anos / Autônoma)

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Sim, eu gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, sobre higiene do meu filho porque é importante para educar. (Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)

Sim, gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, porque nunca é demais. (Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)

Quando a escola foi refletida como agente de apoio à família, ela foi esboçada

para a educação dos filhos, e como um complemento do trabalho da família.

Quando nos referimos ao acompanhamento dos pais no processo de

aprendizagem de seus filhos, nos remetemos à questão da participação dos pais na

vida de seus filhos, o carinho, a atenção com suas atividades e práticas diárias, as

formas que os pais utilizam para acompanhar a vida de seus filhos auxiliando-os em

seu cotidiano.

A participação diária na vida da criança acentua o fato de que a educação do

filho vale o tempo despendido. O apoio, a interação nas lições, o comparecimento às

reuniões de pais e mestres, as festas, entre outros, são necessários ao longo de todo o

período escolar.

5.1.3 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos na visão dos

profissionais

Silva (2008) considera que atualmente existe a necessidade da escola estar em

perfeita sintonia com a família, pois, é uma instituição que complementa a ação da

família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos.

Uma depende da outra na tentativa de alcançar o maior objetivo, o melhor futuro para o

filho educando e, automaticamente, para criança em sua integralidade e para toda a

sociedade.

Nesta perspectiva, questionamos os profissionais se a presença dos pais está

relacionada com o desempenho escolar do filho:

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A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho escolar do filho, essa presença forma um elo que faz com as “coisas” andem melhor. (Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)

A presença dos pais está relacionada com o desempenho escolar do filho e a presença dos pais é sempre importante. (Professora 7 – V. R. S., 31 anos)

A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho escolar do filho, porque é um incentivo, os pais observando a criança conseguem dar o andamento na educação e continuidade do trabalho que a escola desenvolve. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F., 23 anos)

A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho escolar do filho, ”Os pais são os primeiros professores dos filhos” A criança, cuja família participa de forma direta no cotidiano escolar, apresenta um desempenho superior em relação aquela cujos pais estão ausentes do seu processo educacional. Ao conversarem com o filho sobre o que acontece na escola, cobrarem dele e ajudarem-no a fazer o dever de casa, ter hábito de leitura, os pais estarão contribuindo para a obtenção de um adulto mais seguro e mais confiante sabendo sempre de seus limites e possibilidades. (Professora 10 – Q. P. J, 25 anos)

A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho escolar do filho, os pais podem se fazer presentes não somente estando o tempo todo dentro da escola, mas colaborando juntamente com ela, auxiliando assim o desempenho escolar do aluno.(Professora 11 - P. A. S. M., 25 anos)

Verificamos nas falas dos sujeitos que a participação dos pais no sistema

educacional, como toda participação, é importante. Assim como comenta Schmidt

(1964. p 209) a escola: ”há de ser um apoio forte para as primeiras rupturas com o meio

familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe aos pais na escola e no conjunto

do sistema educacional”, isto porque não é fácil distinguir os temas que lhes são

próprios, daqueles em que seu papel deveria ser complementar.

Quando questionado se os pais/responsáveis têm interesse pelo processo de

ensino e aprendizagem de seus filhos, e como é que se dá esse processo, afirmam:

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Sim, acredito que os pais têm interesse pelo processo de ensino e aprendizado de seus filhos, porém precisa da conscientização para que haja interesse. O interesse acontece na escola, através dos projetos que o Serviço Social desenvolve, para conseguir o interesse dos pais, alertando os direitos e deveres. (Orientadora Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31 anos)

Sim, acredito que alguns pais têm interesse pelo processo de ensino e aprendizado de seus filhos, eles mostram o interesse nas reuniões pelas perguntas que nos fazem sobre o comportamento dos seus filhos. (Professora 8 – M. S. S. B., 24 anos)

Sim, acredito que alguns pais têm interesse pelo processo de ensino e aprendizado de seus filhos, pois eles procuram saber o que estamos trabalhando em sala, auxiliam nas tarefas de casa. (Professora 11 - P. A. S. M., 25 anos)

A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para o

desenvolvimento dessas crianças.

Notamos que alguns profissionais conseguem visualizar o interesse dos

pais/responsáveis no processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos, porém os

que não acompanham, consideram como falta de participação que se resigna a cultura

desses pais em não participarem.

A escola não poderá alcançar seus objetivos deixando a família à margem desse

processo ensino/aprendizagem, portanto, concluímos que a participação da família no

desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial, como pontuam:

Acredito que o interesse pelo processo de ensino e aprendizagem dos pais pelos seus filhos tenha melhorado com o tempo, mas a falta de participação existe. É uma questão cultural na qual o CEISA trabalha com a reeducação. (Professora 7 – V. R. S., 31 anos)

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Atualmente, a maioria dos pais pouco tem participado e demonstrado interesse pelo desenvolvimento escolar do filho dentro das propostas pedagógicas, mas se envolvem em outros tipos de atividades da escola (confraternizações e projetos). Não demonstram interesse, acredito que até mesmo pela falta de cultura familiar de valorização aos estudos e à educação, sobrecarga de obrigações (ocupações remuneradas,) falta de apoio de outro integrante familiar, entre outros. A não participação tem base nas tarefas não entregues corretamente, muitas vezes feitas pelo adulto, não comparecimento às reuniões, agendas sem assinaturas, falta de higiene diária (...). (Professora 10 – A. P.J / 25 anos)

Na visão dos profissionais a participação ainda é passiva, não comprometida

nem facilitadora do avanço do processo de ensino e aprendizagem como exige a co-

responsabilização.

Portanto, a educação deve ser centralizada na formação do caráter moral,

emocional e educacional dos indivíduos e é evidente que a família desempenha um

papel muito importante, já que os pais são os principais responsáveis pela educação

dos filhos tanto em casa, como na escola e esta, por sua vez, compete formar cidadãos

capacitados para transformar a sua realidade.

A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel pedagógico,

formador e de socialização, é depositária dos conflitos, limites, esperanças e

possibilidades sociais. A escola recebe e expressa as contradições da sociedade.

Nesse contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à política pública da

Educação e aos desafios que apresentam-se para a elevação do rendimento escolar,

efetivação da escola como espaço de inclusão social e para a formação cidadã das

crianças e jovens.

Questionados se conhecem os pais de seus alunos relatam:

Sim, conheço os pais de meus alunos. Conheço pelo portão, quando pegamos as crianças. Ou quando temos que tratar de alguns assuntos. (Professora 1 - A. B. P. I. 27 anos)

Conheço parcialmente os pais dos meus alunos. Pela entrega no portão e em reuniões. (Professora 5 - F. S. S.,18 anos)

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Sim, conheço os pais dos meus alunos, conheço a realidade deles. (Auxiliar de enfermagem 9 - j. f / 23 anos)

Sim conheço os pais dos meus alunos. O primeiro contato se deu na reunião de pais e os que eu não conheço, não fiz nada até agora para conhecê-los. (Professora 10 – a. p. j. / 25 anos)

Notamos que alguns pais tornam-se conhecidos, procuram maior envolvimento,

enquanto que outros têm apenas breves contatos.

Os profissionais conhecem os pais de seus alunos e percebem a importância

dessa relação para o desenvolvimento da escola em um modo geral. Já aqueles que

não conhecem os pais dos seus alunos, procuram interagir para que essa aproximação

ocorra, pois percebem o quão é importante o contato com os pais como expressam:

Não conheço todos, porém acho importante esse relacionamento pra poder fazer trocas e cobranças quando necessário. Para conhecê-los, procuro me aproximar nas reuniões, pois, é quando falamos do comportamento das crianças, das regras, do respeito. É nesse momento que o entrosamento acontece. (Professora 3 - R. C. H. S., 49 anos)

Podemos afirmar que a escola não coexiste sem a família nem a mesma sem a

escola. Esse trabalho conjunto facilita o desenvolvimento do bem-estar e da

aprendizagem dos alunos e facilita uma escola de qualidade.

Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato

com os pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,

problemas e também sobre as questões pedagógicas.

Como salienta Santos (2006 p. 134) quando expressa:

86

O tema relação família-escola prevê que, a partir do momento em que um sujeito é potencialmente aluno de uma escola, a família desse aluno já integra de alguma forma o universo com o qual a escola deve atuar. Quer seja pelo fato de a família ser a instituição nuclear á qual pertence o nosso aluno, citado como exemplo agora, quer seja pelo fato de a família constituir um grande número de informações que compõem o universo do aluno e sua vida; informações ás quais a escola deve ter acesso, ainda que parcialmente, para conhecer e utilizar a organização do processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, sem considerar a condição familiar do aluno, a escola não poderia atingir a qualidade imaginada aqui como exercício.

Assim a escola não poderá alcançar seus objetivos se colocar a família à

margem desse processo ensino/aprendizagem. Portanto, é claro que a participação da

família no desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial.

Quando questionados se os pais/responsáveis frequentam normalmente a escola

ou só vêm quando são chamados, relatam:

Os pais normalmente vêm à escola quando são chamados ou quando eles precisam do Serviço Social, pois, eles sabem que podem encontrar no serviço social apoio para a família. (Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)

Os pais frequentam a escola quando são chamados para os projetos, reuniões, atendimentos, eles comparecem porque é do interesse deles. (Orientadora Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31 anos)

Os pais que estão no CEISA há alguns anos, participam, tiram dúvidas e procuram a escola para conversar. Os novos ,pais com menos tempos não participam, eu vejo como um processo de adaptação. (Professora 7 – V. R. S., 31 anos)

Parcialmente, os pais frequentam a escola. Os que têm interesse, são os que geralmente nos procuram para obter informações e os que não têm interesse só vêm quando são chamados ou cobrados pela escola. Acredito que a participação esteja ligada à cultura de cada um. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F, 23 anos)

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A frequência dos pais é restrita aos chamados da escola e do professor que muitas vezes se sente impotente na resolução de situações que deveriam ser resolvidas em parceria com a família e a escola (comportamentos e atitudes das crianças) Porque os pais atribuem à escola não só o saber formal, como a educação de seus filhos; deixando o que deveria ser um hábito saber como seu filho passou o dia na escola, uma obrigação da escola estar com aquela criança sem o apoio e auxílio dos pais que deixam sempre em segundo plano a formação e desenvolvimento dos filhos em busca sempre de atender as necessidades financeiras, e outros interesses.(Professora 10 – A. P. J., 25 anos)

É evidente que a participação dos pais/responsáveis restringe-se ao chamado da

escola e que é comum os pais afirmarem que a escola é responsável integralmente por

essas crianças, cabendo a instituição escolar não só o dever de educar formalmente,

mas também o de assumir o papel que caberia aos pais/responsáveis.

A partir do momento que o educador percebe que os pais têm interesse nas

atividades escolares dos filhos, buscarão recursos para melhorar tal interação entre

pais, filhos e escola.

5.1.4 As estratégias utilizadas pelas famílias no processo de participação e vida dos

seus filhos

Apenas com ampla participação poderemos lutar pelos princípios da democracia

e neutralizar as formas de autoritarismo frequentes na sociedade. É através dela que

findamos a desordem de um status quo injusto (estado injusto), que produz a

marginalização.

As sociedades autoritárias fazem tudo para limitar, restringir e desestimular a

participação. Samuel Huntington, um ideólogo conservador americano (1993) diz que o

excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele,

quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade

democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir

e consolidar a democracia.

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Quando questionados como veem a participação dos pais na escola, a maioria

dos profissionais responde:

Vejo a participação dos pais através da interação na comissão técnica de apoio, porém não considero uma participação espontânea. Para a participação vejo que o Serviço Social, a Pedagogia e os Professores, são fundamentais. (Professora 1 - A. B. P. I. / 27 anos)

Vejo que a participação dos pais acontece parcialmente sempre são pressionados a participar. (Professora 5 - F. S. S. / 18 anos)

Vejo que a participação dos pais acontece pela interação com a equipe e com todo o ambiente. A participação pode até começar por uma cobrança e com o tempo ela se torna prazerosa. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F., 23 anos)

Vejo que a participação dos pais é muitas vezes em busca de um interesse: “cumprir sua obrigação de estar presente naquele momento que a escola o impôs.”. Delimitam sua participação em torno de seus interesses, em reuniões propostas, eventos; nem sempre sendo espontânea essa participação. Acho que os pais, no geral, deveriam ter um olhar especial para a educação e formação de seus filhos, com mais amor e dedicação. (Professora 10 – A. P. J., 25 anos)

Vejo que não são todos pais / responsáveis que participam, mas participam através das reuniões da Equipe de apoio, quando discutem sobre os interesses e necessidades da escola em geral, transmitindo depois para os outros pais e alguns também como voluntários em projetos da escola. Mas poderiam ter mais participações. (Professora11 - P. A. S. M., 25 anos)

Quando a participação não é espontânea, mas se dá através dos projetos da

escola, da comissão técnica de apoio, e muitas vezes por interesses próprios, os

profissionais não consideram como uma participação ativa.

Quando questionados se nas reuniões ha ausência dos pais e a que atribuem

essa ausência, relatam:

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Sim, há ausência nas reuniões da escola, mas são poucas. Atribuo as ausências à necessidade de trabalho dos pais. (Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)

Sim, tem ausência nas reuniões da escola, mas são poucas. Atribuo as ausências à falta de interesse, pois, quando faltam não procuram a escola para se justificar. (Professora 5 - F. S. S., 18 anos)

Sim, tem ausência, mas são poucas. Atribuo as ausências à falta de interesse, pois alguns veem a escola como um local para as crianças dormirem, comerem, beberem e irem embora e, algumas, por motivo de trabalho. Não conseguem ver o lado pedagógico. (Professora 8 – M. S. S. B., 24 anos)

Sim no ano de 2009 estamos com problemas nas presenças, que eu atribuo à falta de interesse, porém nos outros anos as faltas eram pouquíssimas e quando ocorriam era por motivo de trabalho. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F , 23 anos)

Há muitas ausências nas reuniões. Atribuo à falta de interesse e envolvimento desse “pai” em relação ao filho, pois as problemáticas e os assuntos na escola são em relação somente sobre seu filho. Os pais deveriam ter a obrigação de acompanhar e estimular seus filhos, para esses se envolverem com mais prazer, e confiança na educação. (Professora 10 – A. P. J., 25 anos)

A efetiva participação da família deve ser vista não pela quantidade de famílias

presentes, mas sim pela qualidade dos momentos oferecidos aos participantes, porém

esta efetiva participação se dá pela qualificação deste espaço, com momentos em que

o educador deve contemplar e direcionar para a discussão do processo de

desenvolvimento da criança, o conhecimento da rotina escolar, o compartilhar do

processo cuidar de educar e o conhecimento de valores, costumes, sentimentos e

expectativas e isso muitas vezes leva ao desestímulo dos pais.

Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140) que diz: "O ambiente

escolar deve ser de uma instituição que complemente o ambiente familiar do educando,

os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter

princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno". Logo, numa reunião de pais

que ratifica o mau comportamento do filho e ou o desempenho, não é interessante para

os pais responsáveis

90

Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar, ao máximo, as

possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de

esforços para a educação das crianças e adolescentes devem redundar, sem dúvida

nenhuma, em elemento facilitador de aprendizagens e de formação do cidadão e não

de momentos desagradáveis.

Quando questionados se acham necessário que sejam desenvolvidas mais

atividades buscando mais participação da família na escola, os profissionais respondem

que não é necessário, pois, o CEISA possui muitos projetos e atividades que envolvem

as famílias e promove a informação possibilitando a conscientização como verificamos:

Hoje o que a escola possui, é o suficiente. É uma conquista para o Serviço Social e para a Pedagogia. Se fosse um trabalho isolado, ou seja, somente da pedagogia, não teríamos conseguido. (Orientadora Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31 anos)

Sim, acredito que seja necessário mais atividades dentro da escola, pois, ajuda na auto estima e estimula para a vida. (Professora 4 – C. C. M. S., 27 anos)

A escola oferece o necessário, possui reuniões mensais, trimestrais e os projetos que são desenvolvidos pelo Serviço Social: Canguru, Trocando Sementes. (Professora 7 – V. R. S., 31 anos)

A escola oferece o necessário, possui reuniões mensais, trimestrais e os projetos que são desenvolvidos pelo Serviço Social: Canguru, Trocando Sementes precisava somente da conscientização e valorização dos pais. (Auxiliar de enfermagem 9 -J. F., 23 anos)

Nossa escola oferece o necessário, conta com vários projetos e eventos que envolvem os pais, sem contar que a escola oferece rica abertura entre os pais, à direção, Serviço Social, e professores, sendo de grande valia para o envolvimento dos pais na escola. (Professora 10 – A. P.J., 25 anos)

Na concepção de Libãneo (2004, p. 102) “a participação é o principal meio de

assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de

profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da

organização escolar”.

91

A família vê a escola como lugar seguro e confiável para deixar a criança, pois

neste ponto configura-se sua maior necessidade: “local para deixar a criança em

segurança e bem cuidada”. E não se vê como não parceira, pois elege os momentos

importantes de sua participação e assegura que esta relação é muito boa.

Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a

base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem

sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu

comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é, e será a influência

mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.

5. 1. 5 Inserção do Assistente Social junto às escolas

A escola hoje não sobrevive sem a família e a mesma não afasta-se da escola.

Esse trabalho em conjunto tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da

aprendizagem da criança. A escola também deve ser democrática e participativa para

despertar nos pais o interesse pelo desenvolvimento educacional dos filhos,

promovendo diferentes ações que façam com que os pais percebam que fazem parte

dela, tornando-se corresponsáveis, não apenas em eventos, reuniões, trocas de

informações, como também em todo o processo de ensino e aprendizagem e cotidiano

escolar.

O Serviço Social constitui-se uma profissão interventiva que possibilita a ligação

entre a família e a escola de uma forma mais ampla, articula e mobiliza essa

participação que contribuirá para a melhor convivência nas relações familiares e,

consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem do aluno.

Nesse estudo, também podemos evidenciar o que pensam os coordenadores e

diretores da rede de ensino municipal, estadual, particular e de responsabilidade social

de Bauru sobre a importância do trabalho do Assistente Social nas escolas e afirmam:

92

Para mim é muito importante, pois o Assistente Social vem ajudar no trabalho pedagógico junto a família e aos direitos das crianças. O Serviço Social serve como um fortalecimento para professores e coordenadores, pois eles nos ajudam além de educar, compreender e intervir na realidade social de cada aluno. (Coordenadora 1 - A. R. D. V., 31 anos)

Desde que iniciei no magistério percebi que as escolas, além de professores e pessoal de apoio, necessitavam de outros profissionais, como psicólogos e assistentes sociais. Hoje, creio que podemos prescindir de psicólogos, a favor dos assistentes sociais, que certamente poderão contribuir com mais amplitude. (Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)

A grande importância do Serviço Social na escola é o trabalho com as famílias, por que as crianças são frutos do processo histórico – cultural e não podem ser vistas apenas dentro de um espaço educacional, mas sim, como um ser social. (Diretora 8 - K. F. F. M, 53 anos)

É de fundamental importância, pois o contato com a família do aluno (principal motivo da existência da escola) será realizado por um profissional e essas informações facilitarão o trabalho pedagógico dentro da sala de aula. (Coordenador 9 – P. P. C., 39 anos)

Ele é de grande importância. Em nosso Colégio seu auxílio é realizar um trabalho junto ao setor administrativo verificando as necessidades dos pais e funcionários e proporcionando um bom atendimento. (Coordenadora 14 – T. S., 26 anos)

O trabalho do Assistente Social dentro da escola seria um apoio ao trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, haja vista que o professor detecta a dificuldade de aprendizagem e essa pode estar relacionada a problemas sociais que terão a intervenção do Serviço Social. (Coordenadora 16 – M. L. S. P. T., 48 anos)

O Assistente Social é o profissional que trabalha com as relações sociais e suas problemáticas, portanto é profissional imprescindível na prática educativa, ainda mais nos tempos modernos em que as necessidades sociais são muitas e estão em constante mudança. (Diretora 20 – S. T. T. C., 40 anos)

Os entrevistados reconhecem a necessidade do assistente social junto à

educação, pois é um profissional com capacidade interventiva e articuladora. No

entanto, há aqueles que desconhecem seu trabalho quando afirmam:

93

Para ser sincera, não tive a oportunidade de trabalhar em parceria com nenhum assistente social nas escolas em que atuei, tanto na coordenação, quanto na prática de sala de aula. Dessa forma, fica difícil uma resposta objetiva sobre o assunto. Quando precisei de um aconselhamento, procurei orientação fora da escola, mas o trabalho aconteceu, efetivamente, com a família da criança e não dentro da escola. (Coordenadora 13 - G. G. D, 38 anos)

Notamos que alguns profissionais conseguem identificar o trabalho do Assistente

Social, porém não conhecem a profissão ou não tiveram oportunidades de contatos

profissionais com a mesma.

Quando questionamos coordenadores/diretores se acreditam que é importante o

trabalho do Assistente Social com as famílias dos educando, declaram:

Sim, as famílias têm se modificado nestes últimos tempos, o que vem ocasionando fragilidade nas estruturas sociais, uniões desfeitas, outras uniões familiares, que prejudicam o desenvolvimento das crianças. (Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)

Creio que sim, pois através de um trabalho frequente e preventivo junto às famílias e alunos, o assistente social ajudará a minimizar grandes problemas sociais que se evidenciam nos dias de hoje dentro das escolas públicas e particulares. (Diretora 5 - M. C. M. S., 43 anos)

Sim. Muitas famílias não sabem os lugares que poderiam procurar para tirar documentação, médicos e outros. Existem muitos projetos que o Assistente Social poderia desenvolver em uma escola. (Diretora 7 – M. M. C., 40 anos)

Sim, pois muitas vezes o problema apresentado pela criança dentro da escola está dentro de sua casa e de sua família. Algumas famílias muitas vezes não sabem lidar com determinadas situações por falta de conhecimento de como agir e não por falta de vontade. Uma vez que essas famílias são orientadas fica mais fácil resolverem os problemas. (Coordenadora 12 - C. M. F., 51 anos)

Sim, como disse anteriormente, seu trabalho neste colégio que é Instituição privada, está ligado ao desconto da mensalidade. Acredito que em escolas municipais e publicas o atendimento envolva outros setores. (Coordenadora 14 – T. S., 26 anos)

94

Sim, por que a família está deixando somente para a escola a responsabilidade de educar, mas é necessário o trabalho em conjunto, a parceria, que resultaria na melhoria da qualidade da aprendizagem do aluno. (Diretora 15 – M. R. M. S., 42 anos)

Com toda certeza. Por que é necessário um trabalho de resgate da família no que se refere à preocupação, compromisso e acompanhamento da vida escolar do filho. (Coordenadora 16 – M. I. S. P. T., 48 anos)

Sim, poderíamos conhecer com profundidade os lares, o que auxiliaria no acompanhamento dos alunos na escola. E quem sabe não teríamos mais as mentiras que somos obrigadas a ouvir, para justificar em pouco o cuidado com a vida escolar dos filhos. (Coordenadora 17 – A. M., 50 anos)

Os indivíduos questionados reconhecem a importância do trabalho do Serviço

Social na escola, pois, praticamente a totalidade aprova e salienta a importância desse

profissional na área educacional.

O Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente,

Artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) declara que: “é direito dos pais ou responsáveis ter

ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas

educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente como é

importante a convivência da família no contexto escolar.

Compor uma parceria entre escola e família pressupõe de ambas as partes a

compreensão de que a relação família-escola deve manifestar-se de forma que os pais

não responsabilizem somente a escola pela educação dos filhos e, por outro lado, esta

não pode eximir-se de ser corresponsável no processo formativo do aluno.

Na escola,a criança encontra alicerce para a sua formação, para tanto é

importante essa união entre escola e família para a formação do aluno não apenas

como aprendiz de uma educação sistematizada, mas como cidadão do mundo.

A educação deve ser centralizada na formação do caráter moral, emocional e

educacional dos indivíduos já apontado e é evidente que a família desempenha um

papel muito importante, pois os pais são os principais responsáveis pela educação do

filho tanto em casa, como na escola e, esta por sua vez, cabe formar cidadãos

capacitados para transformar a sua realidade.

95

A escola tem um papel pedagógico de formação e de socialização, ela recebe e

expressa às contradições da sociedade, por isso quando questionados sobre o maior

desafio que a escola e professores têm hoje para enfrentar, relatam:

Combater a realidade social que produz jovens sem “sonhos” e sem preocupação com o futuro. (Coordenador 2 - R. D. F., 62 anos)

A desestruturação familiar que acaba refletindo na vida escolar dos alunos. (Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)

Desenvolver nos alunos o hábito de estudar, da leitura, escrita e o gosto pela matemática, já que muitas vezes os alunos não recebem este estímulo em casa com suas famílias e a capacitação profissional dos professores. (Coordenadora 6 - A. C. F., 31 anos)

É impossível citar o maior desafio, mas posso citar como grandes desafios: a progressão continuada, a violência dentro e fora da escola, a crise de valores da sociedade, o consumismo e o individualismo, as complexas relações familiares. (Coordenador 9 – P. P. C., 39 anos)

Um dos problemas mais graves encontrados na escola refere–se à estrutura familiar diversificada, ou seja, diferentes formas de agrupamentos com necessidades específicas e a inserção da mulher no mercado de trabalho torna a escola muitas vezes o único local de referência para a criança. (Diretora 10 - S. A. R., 42 anos)

A falta de responsabilidade das famílias para com a vida escolar (conhecimento/ aprendizagem) dos filhos. (Coordenadora 17 – A. M., 50 anos)

Evasão escolar, problemas familiares e necessidades financeiras. (Coordenadora 18 – C. B. F., 44 anos)

A falta de valorização do professor e da instituição escolar. (Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)

A questão familiar é citada por todos os relatos e nesse contexto o Serviço Social

tem grande contribuição a dar junto à instituição família, à política pública da Educação

e aos desafios que se apresentam para a elevação do rendimento escolar, bem como à

96

efetivação da escola como espaço de inclusão social e de formação cidadã das

crianças e jovens.

Terra (2001, p.12) coloca que apesar da escola ser um dos principais

equipamentos sociais, identifica-se um número pequeno de profissionais do Serviço

Social atuando junto dela. No entanto, percebemos que a área da educação tem se

constituído em um importante espaço de atuação do Assistente Social, já que o Serviço

Social no âmbito educacional tem a possibilidade de contribuir com a realização de

diagnósticos sociais, indicando possíveis alternativas à problemática social vivida por

muitas crianças e adolescentes, o que refletirá na melhoria das suas condições de

enfrentamento da vida escolar.

O baixo rendimento, desinteresse pelo aprendizado e evasão escolar, dentre

outros, tem sido muito citados como a grande dificuldade de avanços de determinados

alunos. São grande desafio para o Serviço Social, pois é responsabilidade e dever do

Estado promover a Educação, além de garantir o acesso e a permanência do aluno na

escola e o Assistente Social, com sua competência social, política, técnica e ética

poderá contribuir para a melhoria dessa realidade.

Quanto à relevância do trabalho do Assistente Social para a educação, os

sujeitos afirmam:

Conhecer a realidade social dos seus alunos e encurtar a distância que a separa do universo familiar. O Serviço Social deve contribuir para com ações que tornem a educação como uma prática de inclusão social, de formação da cidadania e emancipação dos sujeitos sociais. (Coordenadora 1 - A. R. D. V., 31 anos)

Frente às novas necessidades sociais, o trabalho do Assistente Social para a educação, seria auxiliar na superação das desigualdades decorrentes dos processos de exclusão social.

(Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)

Realização de um trabalho preventivo, minimizando os conflitos sociais evidentes nos dias de hoje nas escolas. (Diretora 5 - M. C. C. M. S., 43 anos)

97

Como um parceiro importante para alunos, professores e a comunidade como um todo, elaborando diagnósticos, encaminhamentos e providências. (Diretora 11 - R. A. D. S., 49 anos)

Sua contribuição é auxiliar no cuidado com a garantia de uma boa qualidade de vida. Acompanhar e orientar as famílias, auxiliando-as a encontrar respostas para os seus problemas. Isso não significa resolver pela família. (Coordenadora 14 – T. S., 26 anos)

Seria no sentido de verificar o número excessivo de faltas e levantar as possíveis causas, que identificadas podem ser trabalhadas e assim a ação da escola seria mais efetiva. (Diretora 15 – M. R. M. S., 42 anos)

Um trabalho de parceria com o professor, orientando o aluno e integrando a família no ambiente escolar. (Coordenadora 16 – M. L. S. P. T., 48 anos)

A escola enquanto transmissora de conhecimento e cultura vem perdendo essa identidade, incumbindo – se de trabalhar as problemáticas sociais apresentadas pelas famílias. Assim, a presença do Assistente Social na escola contribuiria para o resgate da função escolar: o ato ensinar. (Diretora 20 – S. T. T. C., 40 anos)

Verificamos que para os gestores das escolas há clareza na importância do

Assistente Social na escola e é justamente nas expressões da questão social que esse

profissional deverá atuar.

E ainda, dado a complexidade da realidade social e a crescente percepção de

que a escola está inserida neste processo, é necessário aprofundar essa relação

através de discussões que coloquem a função social da escola aproximando a família

do contexto escolar. O alto nível de pobreza e miséria que atingem a população

brasileira afeta de perto a atuação da escola, pois muitas crianças e jovens que

deveriam estar estudando estão trabalhando para o sustento de suas famílias. O

processo educacional não está alheio a isso, ou seja, o sistema de ensino se constitui

em um espaço de concretização dos problemas sociais.

Contudo, os profissionais da educação veem claramente a importância do

profissional de Serviço Social junto à educação, para amenizar os conflitos e resgatar

junto às famílias a real importância de seu papel na sociedade. Quando solicitados para

98

que conceituassem, o que seria mudado na realidade escolar a partir da intervenção

desse profissional, afirmam:

A intervenção do profissional dessa área facilitaria o trabalho da direção, coordenação na análise e busca de soluções.

(Coordenador 2 - R. D. F., 62 anos)

Contribuiria mudando a realidade social de muitos de nossos educandos e suas famílias, pois estes, não sabem a quem recorrer quando necessitam de um atendimento e a intervenção do assistente social supriria essa deficiência que a escola, por maiores que sejam nossos esforços, não conseguiu atende. (Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)

Esclarecimento aos professores da realidade vivida pelos alunos auxiliando os professores na forma de trabalhar com estes alunos. Melhoria da aprendizagem. (Coordenadora 6 - A. C. F., 31 anos)

As ações pedagógicas poderiam ser mais efetivas e o contato com a família nas mais duras questões: aprendizagem, disciplina, socioeconômicos, falta de higiene pessoal, inclusão, poderiam ser mais eficientes e seguras. (Coordenador 9 – P. P. C., 39 anos)

Agilidade na busca de solução, maior eficiência nos diagnósticos, ênfase na valorização da família e do educando como atores e sujeitos construtores de sua história. (Diretora 10 - S. A. R., 42 anos)

Nossos alunos teriam um acompanhamento em concomitância com um trabalho com a família, aluno motivado, família compromissada e responsável = aprendizagem de qualidade. (Coordenadora 16 – M. L. S. P. T., 48 anos)

Como um elemento de ligação (visitação às famílias) em trabalho de campo, verificação e acompanhamento das dificuldades de relação entre escola e família. Poderíamos trabalhar na re-conscientização da importância da família em acompanhar a vida escolar dos filhos. (Coordenadora 17 – A. M., 50 anos)

Haveria um cuidado com os aspectos técnicos quanto ao trabalho de assistência que não tem espaço no cotidiano escolar por falta de pessoa. (Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)

99

Os profissionais entrevistados entendem que é de vital importância para o bom

funcionamento da escola a inserção do Assistente Social na educação, pois ele

trabalhará diretamente com a família e a equipe educacional melhorando o processo de

ensino-aprendizagem.

O direito à educação, bem como o direito ao acesso e permanência na escola,

tem sido garantido reiteradamente pelos instrumentos legais, tais como a Constituição

Federal (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90) e pela lei de

Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) dentre outras.

Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é o de

desenvolver a sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos

criativos e capazes de efetivar direitos de acordo com as demandas que surgem no

cotidiano bem como ser um profissional propositivo e não apenas executivo.

(Iamamotto, 2006).

A educação faz parte das condições para a existência digna de uma pessoa, que

fará com que esta seja um cidadão crítico.

Os Projetos de Lei (PL) n.º 3.688 de 2000 e n.º 837, de 05 de julho de 2005,

dispõem sobre a introdução do Assistente Social no quadro de profissionais da

educação da escola pública, levando pontos centrais da aproximação do Assistente

Social ao campo educacional, porém falta ainda maior compromisso político para que

tais projetos se efetivem.

Desta maneira, enfatizamos que há, verdadeiramente, a necessidade deste

profissional na educação, pois no cotidiano escolar enfrentamos complexas questões

sociais, cujo conhecimento pedagógico não consegue enfrentar sozinho, sendo

necessário outros saberes como o do Assistente Social.

Compreendemos que a prática profissional do Assistente Social não está firmada

sobre uma única necessidade. Sua especificidade está no fato de atuar sobre várias

necessidades. Assim, para que esta prática contribua no processo educacional é

preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as dimensões

estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, embasada no conhecimento da

realidade em sua totalidade.

100

A inserção do Serviço Social na escola constitui uma decisão política de

fortalecimento das políticas sociais. Hoje, professores e diretores desdobram-se na

tarefa de ouvir, compreender e mediar sozinhos as influências da dura realidade social

sobre a vida escolar.

Perguntamos aos profissionais da educação a opinião de cada um, sobre o que a

categoria dos Assistentes Sociais deveria fazer pra ser efetivada a sua inserção no

sistema educacional e obtivemos as seguintes respostas:

Demonstrar a importância do trabalho com projetos para a escola pública, iniciando com atuação de estagiários, para, aquisição de experiências na escola e pleitear inserção desses profissionais no sistema educacional. (Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)

Acredito que um primeiro passo, você está realizando, mostrar através de seu trabalho de conclusão de curso as necessidades que a educação vem enfrentando frente às novas necessidades sociais e como seria imprescindível a atuação do profissional nas escolas. (Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)

Trabalhar a política pública, na sua essência, através de ações junto aos órgãos competentes para definitivamente incluir assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais nas escolas como parceiros no processo educacional. (Diretora 8 - K. F. F. M., 53 anos)

Procurar uma maior união com os professores para juntos realizarem um movimento de conscientização da sociedade e forçar os legisladores a criar uma lei que obrigue as escolas a contratarem um ou mais assistentes sociais (a partir da quantidade de alunos) por escola. (Coordenador 9 – P. P. C., 39 anos)

Mobilizar os órgãos competentes para a criação do cargo. (Diretora 15 – M. R. M. S., 42 anos)

Movimentação CRESS, CFESS e outros órgãos no sentido de criar o cargo dentro das escolas públicas. (Coordenadora 16 – M. L. S. P. T., 48 anos)

De início, conseguir espaço para estagiários nas unidades escolares. (Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)

101

Necessidade de reconhecimento dessa emergência pela categoria que também deve reivindicar a sua atuação na área da educação. (Diretora 20 – S. T. T. C., 40 anos)

Por isso a grande maioria dos profissionais entende que para a inserção do

Assistente Social na escola, são necessárias maiores mobilização da categoria,

parcerias com professores, elaboração de projetos que demonstrem para todas as

escolas a importância desse profissional na educação e, inclusive, uma luta do

sindicato inserção de alunos estagiários em unidades escolares. Acreditam que tornar-

se conhecido é uma tarefa exclusiva do Assistente Social.

O Assistente Social tem um papel fundamental nesse país subdesenvolvido. O

Serviço Social Escolar tem um significado político e social muito forte, pois bem

sabemos que é na escola que se configuram muitas das expressões da questão social,

tais como violência, desemprego, miséria, abuso sexual, dependência de substâncias

psicoativas, entre outras. Um dos objetivos do projeto Serviço Social Escolar é

assegurar que nas escolas sejam avaliadas, elaboradas e executadas ações

preventivas e de enfrentamento às situações emergentes que expressem violência,

dificuldades interpessoais entre alunos, familiares e funcionários, além das ações de

ordem sócio-econômica que afetam os estudantes na sua totalidade. Logo, é fácil

tornar-se conhecido, basta conquistar e abrir espaços.

102

6 CONCLUSÃO E SUGESTÃO

Os objetivos gerais da pesquisa é evidenciar a importância da participação da

família na vida escolar dos seus filhos, bem como o papel do Assistente Social na

instituição escolar, sendo os específicos identificar o papel das famílias no processo de

aprendizagem dos filhos; desvendar as estratégias utilizadas pelas famílias no processo

de participação da vida escolar de seus filhos; investigar a inserção do assistente social

junto às escolas e desvelar o papel do Assistente Social frente a essa realidade.

O problema apresentado é a importância da participação das famílias na

educação dos filhos e o papel do Serviço Social nessa relação.

As análises realizadas evidenciam que pais/responsáveis têm um papel

significativo na vida dos seus filhos. O envolvimento, dos mesmos através do

companheirismo, do carinho, da atenção, da disponibilidade, ajuda-o a sentir motivado,

a buscar o êxito na escola. Sua participação diária na vida da criança acentua o fato de

que a educação do filho vale o tempo despendido. O apoio, a interação nas lições, nas

reuniões de pais e mestres, nas festas, entre outras, são necessárias ao longo de todo

o período escolar.

Assim, o papel da família no processo de aprendizagem dos filhos é de extrema

importância no qual se fazem presentes a participação e acompanhamento.

Os dados obtidos, como toda investigação que possui caráter científico, revelam

que no decorrer da pesquisa fica evidente que a questão cultural dos pais/responsáveis

é crucial no tocante à participação, pois na visão dos mesmos, a participação acontece,

com sua concepção, enquanto que para os profissionais, muito tem que ser melhorado

evidenciando que é restrita. As estratégias de acompanhamento do processo escolar

do filho, utilizadas pelos pais responsáveis, são a participação em reuniões, a presença

diante das convocações e eventos da escola.

Desta forma, concluímos que embora os dados coletados dos pais responsáveis

apontam para a participação da família no processo de ensino e aprendizagem do seu

filho, e os dados dos profissionais apontem para uma não participação desses pais,

afirma-se ainda que os mesmos não podem ser caracterizados como participantes e

103

não participante, uma vez que os aspectos culturais são de extrema influência para que

tal fato ocorra, porém a participação deve ser mais de co-responsabilidade do que de

atendimento a chamados ou a convites. Em contrapartida, os profissionais buscam

nessa presença o momento de aproximação para que possam trocar informações sobre

a criança e o respectivo processo de aprendizagem.

Quanto à inserção do assistente social junto às escolas, percebemos que há uma

aceitação muito grande por parte dos coordenadores e diretores das instituições em

geral e muitos veem nesse profissional a solução para os problemas de ordem social e

familiar encontrados na escola. Concebem o assistente social como um parceiro que

virá para somar saberes e facilitar a prática do trabalho pedagógico, porém enfatizam a

necessidade da categoria tornar conhecido o seu trabalho junto às escolas.

Quanto ao papel do assistente social frente à realidade escolar, podemos dizer

que são inúmeros, porém os que mais destacam-se, são os projetos voltados ao

trabalho com as famílias; estudo sócio econômico para conhecimento da realidade;

participação em equipe multidisciplinar e articulação com as demais políticas sociais.

Portanto, a hipótese sugerida e comprovada é que a participação das famílias na

educação de seus filhos é imprescindível para a formação da personalidade dos

mesmos, pois quando a família participa de forma mais direta no cotidiano escolar, os

filhos apresentam um desempenho superior em relação àquelas cujos pais estão

ausentes, evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos

sociais, e o Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno,

escola e família.

A instituição familiar e escolar tem seu papel na vida de qualquer criança, esse por

sua vez só pode ser constituído a partir dos conhecimentos passados pela família

juntamente com os conhecimentos acadêmicos que só a escola fornece.

Mediante tais resultados, apresenta-se a seguinte sugestão: a inserção do

Assistente Social nas unidades escolares de ensino público, municipal, particular e de

responsabilidade social da cidade de Bauru.

Através desse estudo, observamos que é de suma importância a inserção do

Assistente Social nas unidades escolares para aproximar a família da escola, criar um

elo que, infelizmente, não existe nos dias atuais. Com esse resgate, as famílias se

104

tornarão mais participativas, e consequentemente, o processo ensino aprendizagem

apresentará relevância qualitativa.

105

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112

APÊNDICE

FORMULÁRIO PARA APLICAR COM OS PAIS / RESPONSÁVEIS DO CEISA.

Nome:

Idade:

Profissão:

( ) Feminino ( ) Masculino

1. Você acha que o estudo é importante para seu filho? Porque? 2. Como você acompanha o processo de aprendizagem de seu filho? Justifique 3. Você conhece a Escola de seu filho? 4. Você sabe qual é o método de ensino que a escola utiliza? 5. Você foi convidado a participar do projeto político pedagógico da escola do seu filho? 6.Você participa ou já participou de algum evento na escola de seu filho? Como? 7. Você só participa quando é convocado ou quando sente necessidade? Porque? 8. Você atende as convocações da escola? Porque? 9. Você acha importante a participação da Família na escola? Porque? 10. Você conhece os representantes de sua escola? O que acha deles? 11. Você gostaria de ter mais retorno/informações da escola? Porque? 12. Qual a sua opinião sobre as reuniões marcadas pela escola? 13. Como vocês ficam sabendo das reuniões e atividades da escola? 14.Você vai a todas as convocações da escola? Por que? 15. Quais os pontos negativos das reuniões da escola que mais te incomoda? 16. Quais os pontos positivos das reuniões da escola que mais você mais gosta? 17. Para você, o que é participar?

113

FORMULÁRIO PARA APLICAR COM OS PROFESSORES, QUE OBSERVAM A

PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA (CEISA).

Nome:

Idade:

Profissão:

( ) Feminino ( ) Masculino

1. Você acredita que os pais têm interesse pelo processo de ensino e aprendizagem de seus filhos? Como? 2. Eles freqüentam normalmente a escola ou só vem quando chamado? Por que? 3. Como você vê a participação dos Pais na Escola? 4. Nas reuniões tem muita ausência? A que você atribui essa ausência dos pais? 5. A presença dos pais está relacionada com o desempenho escolar do filho? 6. Você acha necessário que sejam desenvolvidas atividades buscando mais participação da família na escola em que você atua? Por que? Quais? 7. Você conhece os pais de seus alunos? Se sim, como conhece? Se não, o que faz para conhecê-los?

114

QUESTIONÁRIO PARA APLICAR COM OS COORDENADORES E DIRETORES DAS

ESCOLAS DE BAURU

Nome:

Idade:

Profissão:

( ) Feminino ( ) Masculino

1. Qual é a importância para a sua profissão o trabalho do Assistente Social dentro da escola? 2. Você acredita que é importante o trabalho do Assistente Social com as famílias dos educando? Justifique o por que? 3. Qual maior desafio que a escola e professores tem hoje para enfrentar? 4. Qual a melhor forma do Assistente Social contemporâneo mostrar para o Estado a relevância do seu papel na área educacional? 5. Para você é fundamental a intervenção do Assistente Social na educação. Descreva com suas palavras, o que mudaria na realidade escolar essa nova intervenção? 6. O que a categoria deveria fazer pra ver efetivado mais rapidamente a sua inserção no sistema educacional?