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Direito Previdenciário – Aula 5 Prof. Fernando Aprato www. concursovirtual .com.br

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Direito Previdenciário – Aula 5

Prof. Fernando Aprato

INSS

www.concursovirtual.com.br

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Direito previdenciário

VIGÊNCIA DAS NORMAS

Vigência no Tempo ou Temporal

A vigência é uma qualidade temporal da norma: o prazo com que se delimita o seu período de validade.

Em sentido estrito, vigência designa a existência específica da norma em determinada época, podendo ser invocada para produzir, concretamente, efeitos, ou seja, para que tenha eficácia.

É requisito necessário para a eficácia da lei, sua produção de efeitos.

Desse conceito, pode-se extrair que a vigência está delimitada por um lapso temporal, isto é, por um “prazo de validade” da norma jurídica. Esse prazo inicia-se com a sua publicação (ou com o término do período da vacatio legis) e se encerra com a revogação da lei ou com o término do prazo/condição estipulado na legislação (leis temporárias/excepcionais). Vale dizer que toda lei (sentido lato) é criada, promulgada, publicada, entra em vigência até a sua extinção pela revogação.

Publicada a lei, é preciso identificar em que momento ela passa a ter vigência e até quando irá viger.

Se a lei expressamente determinar, sua vigência pode iniciar na data de sua publicação.

E se a lei for omissa em relação ao início de sua vigência? Nessa situação recorremos ao art. 1º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro – LINDB

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.

Portanto, se a lei for omissa em relação ao início de sua vigência, aplica-se o disposto no ao art. 1º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro, ou seja, a lei começará a viger após 45 dias da sua publicação.

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Nessa situação há um período de 45 dias entre a publicação da lei e o início da sua vigência, período esse denominado de vacatio legis.

Durante o vacatio legis a norma já é válida, ou seja, já faz parte do ordenamento jurídico, mas não é vigente.

Assim, nesse período ela convive com normas que lhe são contrárias, que continuam válidas e vigentes até que ela própria comece a viger, quando, então, as outras, estarão revogadas de forma tácita ou expressa. É expressa quando assim o declarar e tácita quando a nova lei é com ela incompatível ou quando regule inteiramente matéria por ela antes regulada (art. 2, § 1º, da LINDB).

A validade de uma norma significa, apenas, que ela está integrada ao ordenamento jurídico, ou seja, pertence ao conjunto das normas jurídicas.

Não podemos confundir validade com vigência.

Observamos que uma norma pode ser válida e não estar vigente, mas toda a norma vigente é válida.

Será que toda norma vigente tem eficácia?

Dizer que uma lei é vigente significa afirmar que ela já pode começar a produzir efeitos.

Já a eficácia está relacionada com a produção de efeitos.

Em regra, a norma vigente é eficaz (apta a produzir efeitos), mas nem sempre isso acontece.

Normalmente, as leis previdenciárias entram em vigor na data de sua publicação, com eficácia imediata, mas certos dispositivos, tanto do Plano de Custeio como do de Benefícios, necessitam ser complementados pelo regulamento, e só a partir da vigência desse é que terão eficácia plena.

Uma norma pode ser válida e vigente, mas não ter eficácia.

É possível uma lei retroagir para alcançar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada?

A regra adotada pelo ordenamento jurídico é de que a norma não poderá retroagir, ou seja, a lei nova não será aplicada às situações constituídas sobre a vigência da lei revogada ou modificada (princípio da irretroatividade).

No que diz respeito à legislação da Seguridade Social no Brasil, podemos destacar dois aspectos relevantes no que diz respeito a vigência temporal:

a) de acordo com o art. 195, § 6º as contribuições de sociais só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado.

b) em relação ao benefícios, admite-se a incidência da norma mais favorável, trazida pela lei nova. Trata-se de retroação benéfica, que só pode abranger, todavia, os fatos pendentes, ou seja, as situações ainda não resolvidas juridicamente.

Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus regit actum: aplica-se a lei vigente na data da ocorrência do fato, isto é, da contingência geradora da necessidade com cobertura pela seguridade social.

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Exemplo: a pensão é concedida de acordo com as normas vigentes na data do óbito do segurado, porque o óbito é a contingência geradora da necessidade com cobertura previdenciária. Pode ocorrer que as normas relativas à pensão por morte sejam modificados após o óbito, trazendo vantagens para os pensionistas. Eles, então, pedem a revisão do valor do benefício ao fundamento de que a lei nova é mais vantajosa, que lhes é negado, nesse caso, aplica-se a lei vigente na data do óbito.

Vigência no Espaço ou Espacial

A regra é a legislação previdenciária estar submetida ao denominado princípio da territorialidade. Diz esse princípio que a legislação tributária tem vigência, portanto é aplicável, no território da pessoa política que a editou. Como vivemos em uma Federação, as leis e atos normativos da União têm vigência e aplicação em todo o território nacional; as leis e atos normativos do Estado do Rio de Janeiro têm vigência e aplicação no território desse Estado; e assim por diante.

O princípio da territorialidade é regra geral, a extraterritorialidade é a exceção.

A legislação previdência estende-se pelo território brasileiro, não alcançando outros países. Mas pode, em certos, casos, extrapolar nossas fronteiras.

Exemplos de extraterritorialidade no Direito Previdenciário:

1) É segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de empregado, o brasileiro e o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior (art. 11, I,“c”, da Lei nº 8.213/91).

2) É segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de empregado, o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais do qual o Brasil seja membro efetivo, mesmo sendo domiciliado e contratado no estrangeiro, sendo excepcionada a hipótese de possuir o amparo por regime previdenciário do país em que labora (art. 11, I,“e”, da Lei nº 8.213/91).

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Questões

1. (Senado Federal – Consultor Legislativo – DT e DP – 2002 – CESPE)

Julgue os itens seguintes, relativos à legisla-ção previdenciária.

As leis que criam ou modificam contribui-ções sociais destinadas ao custeio da segu-ridade social entram em vigor apenas nos anos seguintes àqueles em que foram san-cionadas.

( ) Certo   ( ) Errado

2. As normas previdenciárias são aplicáveis em todo o território nacional, alcançando brasileiros e estrangeiros nele residentes, de acordo com as regras determinadas no denominado Plano de Custeio e Benefícios e outras normas atinentes à espécie.

( ) Certo   ( ) Errado

3. (DPE-CE – Defensor Público – CESPE – 2007)

Considerando a legislação previdenciária e a orientação dos tribunais superiores a ela relacionada, julgue os seguintes itens.

A legislação previdenciária, tanto em maté-ria de benefícios como de custeio, submete--se a uma das regras gerais presentes na Lei de Introdução ao Código Civil, passando a viger, portanto, 45 dias após a sua publica-ção, ressalvadas as estipulações em contrá-rio.

( ) Certo   ( ) Errado

4. (Câmara dos Deputados – Consultor Legis-lativo – Área XXI – CESPE – 2014)

Acerca da legislação previdenciária, espe-cialmente no que se refere às suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue os itens que se seguem.

A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de Intro-dução às Normas do Direito Brasileiro, de modo que, salvo disposição contrária, entra em vigor quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E 2. C 3. E 4. C

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INTERPRETAÇÃO

Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma. A ciência que interpreta o direito é a Hermenêutica Jurídica. Podemos considerar a interpretação das leis segundo critérios diversos. Os estudiosos enumeram, comumente, os seguintes métodos de interpretação: gramatical, sistemático, histórico e teleológico.

A interpretação distingue-se da integração na medida em que esta não tem por objetivo buscar o significado da norma.

Gramatical

A priori, para apreender o sentido da lei, a interpretação busca reconstruir o pensamento legislativo através das palavras da lei, na sua conexão linguística e estilística, procura o sentido literal.Consiste em exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico,analisando a pontuação, colocação das palavras na frase, a sua origem etimológica, etc. Consiste na pesquisa do significado das palavras utilizadas na norma jurídica.A interpretação gramatical também é chamada de interpretação filológica ou literal, uma vez que visa estabelecer o sentido jurídico (compreender) da norma com base nas próprias palavras que a expressam. Objetiva, portanto, estabelecer a coerência entre o sentido da lei e os usos linguísticos, que muitas vezes se modificam com o decurso do tempo.

Sistemático

O fundamento do método sistemático é a noção de que para compreender adequadamente uma norma é necessário ao interprete compará-la com outras relativas ao mesmo assunto, ou a assuntos correlatos, verificando suas relações e a compatibilidade com o sistema jurídico no qual ela se acha inserida.A interpretação sistemática considera que a norma não pode ser vista de forma isolada, pois o direito existe como sistema, de forma ordenada e com certa sincronia.

HistóricoConsiste na investigação dos antecedentes da norma para compreender o sentido atual da norma. Ou seja, trata-se da identificação de momentos e fatos históricos que interferiram na criação da norma jurídica.

Teleológico

O método teleológico tem como essência a ideia de que o interprete deve sempre procurar discernir os motivos da edição da norma e os fins a que ela se destina. Deve-se, segundo o método teleológico, sempre interpretar a norma considerando o seu fundamento e sua finalidade, o porquê e para quê da lei.

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INTEGRAÇÃO

A norma jurídica não pode regular todas as situações possíveis e imagináveis da convivência humana. Há situações em que basta ao aplicador do direito fazer o encaixe do fato (concreto) à lei (abstrata e genérica); a isso chamamos de subsunção. Podem ocorrer situações, porém, em que isso não seja possível. Isto é, nem sempre a subsunção aplica-se a todas as situações jurídicas. Nesses casos, então, há ocorrência de lacuna normativa, não havendo lei prévia tratando do tema. A lei, nessa hipótese, é omissa, existe lacuna. Desse modo, obviamente, não há como haver subsunção do fato à norma, situação que se resolve por meio da integração normativa.

Não se pode, certamente, declarar não haver direito a ser aplicado para certo conflito de interesses, deve socorrer-se o intérprete – via de regra, o juiz – de critérios de solução destas mesmas lacunas. São os critérios de integração da norma jurídica.

O aplicador da lei, face ao princípio da proibição da denegação da jurisdição, não pode deixar de proferir uma decisão alegando que a lei é omissa, isto é, a que a situação concreta e particular que constitui objeto do litígio não está regulada pela lei.

A denominada integração da legislação é usada quando não existe regra aplicável a determinada matéria, ou seja, quando se está diante daquilo que os juristas chamam de lacuna.

Integrar significa completar o sistema, colmatar a lacuna. O aplicador da legislação, vendo-se em face de um caso que efetivamente não foi previsto pelo legislador e que não pode ser alcançado por simples interpretação extensiva, deverá preencher a lacuna mediante a utilização de um dos métodos descritos no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Assim, em havendo incompletude do direito, isto é, em havendo omissão da lei, o aplicador da lei, para solucionar a questão utilizará a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Em síntese, quando o aplicador da legislação está diante de norma expressa que permita a solução de um caso concreto, realiza a interpretação; quando verifica a inexistência de norma expressa, efetua a integração.

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Analogia

Casos parecidos devem ser julgados de maneira semelhante. Esse é o conceito de analogia. Consiste em aplicar à hipótese não prevista especialmente em lei dispositivo relativo a caso semelhante. Nesse caso, o magistrado estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal, porém, semelhantes.A analogia pode ser legal (legis), quando o juiz pega uma única lei queregula o caso parecido e aplica-a por analogia; ou jurídica (iuris), quando o juiz pega um conjunto de normas e aplica por analogia diante da lacuna, não utilizando apenas uma única lei como paradigma.Exemplo: nas hipóteses de enquadramento de indivíduo na condição de segurado obrigatório, toda vez que, na falta de regra específica que o enquadre como tal, seja ele considerado filiado ao regime previdenciário.

Costumes

Trata-se da prática reiterada no tempo que se subtende obrigatória. A isso chamamos juridicamente de costumes, havendo a presença de dois elementos que o compõem: elemento objetivo (reiteração no tempo) e elemento subjetivo (obrigatoriedade social). Por isso é que os costumes não se confundem com a chamada praxe administrativa. O costume exige cumulativamente os requisitos objetivo (uso continuado) e subjetivo (convicção generalizada de sua obrigatoriedade), ao passo que na praxe administrativa ocorre apenas o requisito objetivo. O costume, portanto, é método de integração normativa, já a praxe administrativa não.

Princípios Gerais de Direito

Os princípios são as fontes basilares para qualquer ramo do direito, influindo tanto em sua formação como em sua aplicação. Entendemos que a melhor definição do conceito de princípios pode ser extraída dos ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello, em sua memorável lição: “Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo” (MELLO, 2006).A fonte mais importante desses princípios é a Constituição Federal. Exemplos: princípio da igualdade (CF, art. 5º,caput), irretroatividade das leis (CF, art. 5º, XXXVI), contraditório e ampla defesa (CF, art. 5º, LV), etc.

Ainda de acordo com os professores Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari temos como forma de integração a Doutrina e a Equidade.

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Doutrina

Trata-se de um conjunto de princípios, ideias e ensinamentos de autores e juristas que, no caso, servem de base para o Direito e que influenciam e fundamentam as decisões judiciais. É utilizada também para a interpretação das leis, fixando as diretrizes gerais das normas jurídicas.Nada mais é do que a produção acadêmica de estudiosos e pesquisadores da área. Isso quer dizer que a doutrina representa a visão de autores a respeito de determinada questão que envolve o direito.

Equidade

O art. 4º da LINDB não prevê a possibilidade do uso da equidade em casos de omissões legislativas, restringindo-se ao uso da analogia, costumes e princípios gerais de direito.No entanto, o art. 5º desse mesmo dispositivo legal diz que, “na aplicaçãoda lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Então, o legislador tacitamente, ao estabelecer tal norma, conduz o magistrado à busca de decisões equitativas com o escopo de se atingir o bem comum e aos fins sociais pretendidos pela ordem jurídica, viabilizando o uso da equidade como parâmetros de uma decisão razoável. É um meio de humanizar a aplicação da lei.O juiz somente poderá valer-se de tal critério quando autorizado por lei. Exemplo: as decisões judiciais que passaram a contemplar o direito da companheira à pensão por morte do segurado, antes mesmo da alteração legislativa que fixou esse direito.

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Questões

1. (Câmara dos Deputados – Consultor Legislativo – Área XXI – CESPE – 2014)

Acerca da legislação previdenciária, espe-cialmente no que se refere às suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.

Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibili-zar o texto legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordena-mento jurídico, visualizando a lei objeto de interpretação como parte de um todo.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E

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BENEFICIÁRIOS DO RGPS

São os titulares do direito subjetivo de gozar das prestações previdenciárias. Ou seja, é toda pessoa física que recebe ou que possa vir a receber alguma prestação previdenciária (benefício ou serviço). É gênero do qual são espécies os segurados e dependentes.

Os beneficiários da do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), classificam-se em:

Segurados: são as pessoas físicas que contribuem, obrigatória ou facultativamente, para a Previdência Social, tendo em contrapartida direito a gozar dos benefícios conferidos pelo sistema previdenciário, variáveis qualitativa e quantitativamente conforme a espécie de segurado a que corresponda a situação jurídica do contribuinte.

Em regra todos os trabalhadores são segurados do RGPS, não serão os vinculados a regimes próprios e os que prestam serviços a entidades estrangeiras, quando amparados por regimes de previdência dos países a que se situam as entidades.

Os segurados são espécie do gênero BENEFICIÁRIOS, o qual engloba tanto os segurados, que pagam contribuição e mantém com a Previdência vínculo próprio, como seus dependentes, que gozam dos benefícios em função do seu vínculo com o primeiro, sem precisarem contribuir pessoalmente. O empregado de uma empresa é segurado, pois faz jus às prestações e serviços da Previdência em virtude de seu trabalho e da contribuição que lhe é descontada; já seu filho de 15 anos é dependente, pois os direitos que possui originam-se da qualidade de segurado de seu pai, não havendo qualquer contribuição da sua parte.

O dependente está vinculado ao RGPS em razão do seu vínculo com o segurado. A partir do momento em que o segurado deixa de manter qualquer relação com o RGPS (por exemplo; perda da qualidade de segurado), o dependente deixa de estar sob o manto da proteção previdenciária.

Interessante notar que a mesma pessoa pode assumir, ao mesmo tempo, a posição de segurado e dependente da previdência social. Tomamos como exemplo o segurado empregado casado com segurada empregada da previdência social, será segurado em função do vínculo empregatício e dependente em função do vínculo conjugal com sua esposa.

!! SE LIGA !!

As empresas, as pessoas físicas e jurídicas a elas equiparadas jamais são beneficiárias, enquadrando-se sempre como contribuintes do sistema, pois não gozam de quaisquer direitos em virtude do cumprimento das suas obrigações previdenciárias.

Dependentes: são as pessoas físicas que apesar de não contribuírem para a Previdência Social, fazem jus a certos benefícios em função do vínculo mantido com o segurado da Previdência Social.

A partir disso, podemos apontar as seguintes diferenças:

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SEGURADO: é a pessoa física que contribui para a Previdência, gozando em contrapartida dos benefícios que ela oferece;

DEPENDENTE: é aquele que, apesar de não efetuar nenhuma contribuição, faz jus a determinados benefícios previdenciários em virtude do vínculo mantido com o primeiro e do encargo por este suportado;

CONTRIBUINTE: é a empresa, a pessoa física ou jurídica a ela equiparada ou o empregador doméstico que, apesar de recolherem as contribuições sociais, não gozam das prestações e serviços mantidos pelo sistema.

Requisitos e Distinção entre Segurados Obrigatórios e Facultativo

Ser pessoa física e possuir 16 ou mais anos de idade. Qualquer um nestas condições vincula-se ao sistema previdenciário.

• Obrigatoriamente: quando exercer atividade remunerada que acarrete filiação obrigatória; • Facultativamente: quando não exercê-la.

No primeiro caso temos o SEGURADO OBRIGATÓRIO, cujo vínculo se dá independente de sua vontade: a lei é que os obriga a se filiarem; no segundo, o SEGURADO FACULTATIVO, que se filia volitivamente ao sistema.

Embora esse conceito possa levar-nos a concluir que todo aquele que auferir renda, por qualquer que seja a forma, filia-se obrigatoriamente, na verdade não é isso que ocorre: não basta que a pessoa física tenha rendimentos, é indispensável que estes tenham sido obtidos por meio do exercício de alguma atividade laboral.

Por exemplo, o indivíduo que tenha como única fonte de ganhos o recebimento de aluguéis de imóveis de sua propriedade, sem exercer qualquer atividade laboral remunerada, não é segurado obrigatório, mas poderá se filiar como facultativo.

Há, ainda, algumas situações em que o exercício de atividade remunerada não acarreta a filiação na condição do segurado obrigatório. Como exemplo: o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa em conformidade com a legislação pertinente, os quais, apesar do exercício da atividade – serviço prestado à empresa – e da remuneração, são segurados facultativos da Previdência, de acordo com o disposto no art. 11, § 1º, VII, do Decreto nº 3.048/99 – Regulamento da Previdência Social. Podemos enunciar a seguinte regra: o exercício de atividade remunerada obriga à filiação obrigatória no sistema previdenciário, salvo nas situações em que a legislação expressamente os regular de forma distinta.

Mesmo aquele que já se encontra aposentado por qualquer previdenciário (RPPS ou RGPS), se voltar a realizar alguma atividade sujeita a este regime, será filiado obrigatório em relação a ela, estando obrigado ao cumprimento de todas as obrigações consectárias deste novo vínculo. Da mesma forma, aquele que concomitantemente exercer duas atividades abrangidas pelo RGPS será segurado obrigatório em relação a ambas (RPS, art. 9º, § 1º e § 13).

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Questões

1. (DPU – Defensor Público da União – CESPE – 2007)

Em relação ao direito previdenciário, julgue o item que se segue.

A idade mínima para filiação ao RGPS é de 16 anos, ressalvados os contratos especiais com idade limite inicial de 14 anos, ajusta-dos nos termos da legislação trabalhista, de forma escrita e por prazo determinado, assegurando ao menor e ao aprendiz um programa de aprendizagem e formação téc-nico-profissional metódica compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psico-lógico.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C

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EMPRESA, EQUIPARADO A EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO

EMPRESA

A lei nº 8.212/91, em seu art. 15, trouxe um conceito mais amplo do que o encontrado em outras legislações (civil, trabalhista, tributária, etc.) definindo empresa como: “a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional”.

Pelo conceito acima conclui-se que até as pessoas jurídicas de direito público (por exemplo: um Munícipio e uma autarquia) estão incluídas no conceito de empresa.

Na seara previdenciária, tem-se por empresa não só a entidade com objetivo de lucro, mas qualquer pessoa, inclusive a natural, que, no exercício de alguma atividade, venha a remunerar o labor de outrem, portanto, para o direito previdenciário o importante é a existência de vínculo de prestação de serviço, empregatício ou não , com os segurados obrigatórios e que essa prestação seja remunerada.

!! SE LIGA !!

Observe que a finalidade de lucro é irrelevante para a caracterização de uma empresa perante a previdência social.

A maioria das questões do CEBRASPE giram em torno dessa característica constante do conceito de empresa.

EQUIPARADO A EMPRESA

Equipara-se a empresa, para os efeitos desta lei, o contribuinte individual em relação ao segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras – (Lei º 8.212/91, art. 15, parágrafo único).

A legislação previdenciária englobou todos aqueles que remuneram terceiros em face da prestação de qualquer tipo de serviço. O objetivo do legislador foi o de evitar a elisão das contribuições previdenciárias motivadas por aspectos meramente formais. Por isso, para ser considerado ou equiparado a empresa basta utilizar-se de trabalho remunerado na realização de alguma atividade, ainda que não econômica.

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No art. 12 do Decreto nº 3.048/99, em seu parágrafo único, há um rol exaustivo de equiparação à empresa:

I – o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço;Exemplo: O médico (contribuinte individual) que possui consultório próprio e que contrata uma secretária. O médico para fins previdenciários é equiparado a empresa, portanto, deverá efetuar o recolhimento das contribuições previdenciárias de acordo com a legislação aplicada as empresas em geral e a secretaria é segurada obrigatória (empregado).

II – a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras;As cooperativas podem ser de trabalho ou de produção. Na cooperativa de trabalho existe a figura do tomador de mão de obra, que utiliza os serviços dos cooperados. Já nas cooperativas de produção, os associados contribuem com seus serviços laborativos ou profissionais para a produção em comum de bens, quando a cooperativa detenha de qualquer modo os meios de produção (§ 3º do art. 1º da Lei 10.666/2003).Exemplo: Um sindicato que contrata sem vínculo empregatício uma pessoa física para prestação de serviços de consultoria organizacional. O sindicato para fins previdenciários é equiparado a empresa, portanto, deverá efetuar o recolhimento das contribuições previdenciárias de acordo com a legislação aplicada as empresas em geral e o prestador de serviços é segurado obrigatório (contribuinte individual).

III – o operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra de que trata a Lei nº 8.630, de 1993; eOperador portuário: é a pessoa jurídica pré-qualificada na administração do porto, de acordo com as normas expedidas pelo Conselho de Autoridade Portuária, para a execução da movimentação e armazenagem de mercadorias na área do porto organizado.Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO): é a entidade civil de utilidade pública, sem fins lucrativos, constituída pelos operadores portuários, tendo dentre suas finalidades administrar o fornecimento de mão de obra do trabalhador avulso portuário.Essas duas figuras, acima qualificadas, são equiparadas a empresa para fins previdenciários.

IV – o proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado que lhe presta serviço.Proprietário: a pessoa física ou jurídica detentora da titularidade do imóvel.Dono da obra: a pessoa física ou jurídica, não proprietária do imóvel, investida na posse, na qualidade de promitente- comprador, cessionário, ou promitente -cessionário de direitos, locatário, comodatário, arrendatário, enfiteuta, usufrutuário, ou de outra forma definida em lei, no qual executa obra de construção civil diretamente por meio de terceiros.Exemplo: Para realizar a obra o proprietário ou dono da obra – pessoa física – contrata mestre de obra, pedreiro, carpinteiro, etc. Na situação descrita o proprietário ou dona da obra é equiparado a empresa, portanto, deverá efetuar o recolhimento das contribuições previdenciárias de acordo com a legislação aplicada as empresas em geral e as pessoas físicas por ele contratadas são segurados obrigatórios do RGPS.

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EMPREGADOR DOMÉSTICO

O art. 15, II, da Lei nº 8212/91, define o empregador doméstico nos seguintes termos: “Empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico”.

Como segurado empregado doméstico podemos ter: a empregada doméstica, a cozinheira, a copeira, o jardineiro, etc.

Pelo conceito acima podemos concluir que:

1) O empregador doméstico é necessariamente uma pessoa física, portanto, não é considerado empresa perante a previdência social;

2) Uma empresa jamais tomara serviço de um empregado doméstico;

2) Não pode haver, na atividade exercida pelo empregado doméstico, finalidade lucrativa, caso em que seria enquadrado como segurado empregado; e

4) O serviço tem que ser executado no âmbito residencial.

!! SE LIGA !!

E se uma pessoa física contratar uma cozinheira para fazer refeições que se destinem a venda para terceiros?

Nessa situação a contratante não será considerada empregador doméstico e sim empresa e a cozinheira não será enquadrada como empregado doméstico e sim empregado para fins previdenciários.

Observe que muda completamente a natureza jurídica da contratante, suas obrigações perante a previdência social e qualidade da segurada.

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Questões

1. (INSS – Técnico Previdenciário – CESPE – 2003 – Caderno Branco)

A Associação para Ajuda Juvenil (AAJ) — so-ciedade civil que presta serviços a seus só-cios, sem finalidade lucrativa — remunera, pelos serviços prestados como empregados, uma atendente, um digitador, um zelador e uma cozinheira e, eventualmente, utiliza-se dos serviços de uma faxineira.

Em face dessa situação hipotética, julgue o item abaixo, relativos à AAJ do ponto de vis-ta da previdência social.

Não é empresa, pois não possui fins lucra-tivos.

( ) Certo   ( ) Errado

2. (DPU – Defensor Público de 2ª Categoria – CESPE – 2010)

Com base no direito previdenciário, julgue o item abaixo.

Para fins previdenciários, a principal dife-rença entre empresa e empregador do-méstico é que a primeira se caracteriza por exercer atividade exclusivamente com fins lucrativos, e o segundo, não.

( ) Certo   ( ) Errado

3. (TRE – BA – Analista Contábil – CESPE – 2010) (adaptada)

Julgue os itens seguintes, acerca da IN RFB nº 971/2009, que dispõe sobre normas ge-rais de tributação previdenciária e de arre-cadação das contribuições sociais destina-das à previdência social.

Considera-se empregadora a entidade fami-liar que admite empregado doméstico a seu serviço, com ou sem finalidade lucrativa.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E 2. E 3. E