inovação por completo_universia brasil

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http://www.universiabrasil.com.br/materia/materia.jsp?materia=8571 22/09/05 Inovação por completo Inovar significa mais do que ter "aquele" produto que ninguém tem. Processos avançados de gestão podem trazer também resultados positivos Por Renato Marques Em tempos de grandes avanços tecnológicos, falar em "inovação" tem se tornado cada vez mais natural entre as pequenas e médias empresas. Mas, qual é o real significado da expressão no dia a dia das empresas? Mais do que isso, até que ponto inovar pode significar alterações de conceitos e rotina dentro da companhia? Ao contrário do que muitos pensam, trabalhar com "inovação" vai muito além de ter um produto ou um serviço avançado. E, acredite, não é algo que cabe apenas a grandes organizações. A cada dia, tem crescido, nas empresas e também nas instituições de Ensino Superior, a concepção de que a inovação precisa ser uma ferramenta constante na rotina de companhias que desejam obter sucesso no mercado. Pensar apenas no imediatismo de um "super-produto" pode se tornar uma algema para o empreendedor. Além de não proporcionar avanços reais nos processos internos, pode queimar fichas, desperdiçando algo que poderia, efetivamente, ser promissor, mas que se perdeu na falta de planejamento. "O empreendedor precisa entender que a inovação é um instrumento de gestão para ele. A inovação deve estar ao seu lado, assim como a Bíblia está para os cristãos. Não basta apenas acordar com `vontade de inovar´ na segunda-feira, tem que ser algo constante", explica o coordenador Executivo do Fórum de Inovação da EAESP-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas), Moyses Simantob. Na prática, isso significa buscar inovar em cada processo dentro da empresa - sejam pequenos ou grandes. "A inovação pode ser aplicada nos produtos, nos processos, na própria tecnologia, na gestão, nos negócios, nos investimentos. Em todos os setores de uma empresa é passível de se aplicar inovação", descreve a gerente da Inova Incubadora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ana Maria Serrão. "As empresas hoje, até por uma questão de necessidade, seguem a tendência de se preocupar com a inovação em todo o contexto." Traduzindo: desenvolvimento de novos produtos, uma nova gestão, marketing inovador, iniciativas avançadas de RH, novo controle de finanças... e assim segue, indefinidamente. Mais do que isso. Em uma empresa que busca alcançar uma posição de liderança no mercado, esses processos, além de inovadores, precisam viver em um ciclo de constante evolução. Não basta apenas criar algo que se destaque no mercado e fazer uso até que se torne obsoleto. É preciso estar à frente. "Não adianta inventar o DVD. Tem que lançar o DVD já pensando na possibilidade do DVD-Okê, para depois ligá-lo à TV de plasma, e conectá-los todos à Internet sem fio. A

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Inovar significa mais do que ter "aquele" produto que ninguém tem. Processos avançados de gestão podem trazer também resultados positivos "Não adianta inventar o DVD. Tem que lançar o DVD já pensando na possibilidade do DVD-Okê, para depois ligá-lo à TV de plasma, e conectá-los todos à Internet sem fio. A Por Renato Marques

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http://www.universiabrasil.com.br/materia/materia.jsp?materia=8571 22/09/05

Inovação por completo Inovar significa mais do que ter "aquele" produto que ninguém tem. Processos avançados de gestão podem trazer também resultados positivos Por Renato Marques Em tempos de grandes avanços tecnológicos, falar em "inovação" tem se tornado cada vez mais natural entre as pequenas e médias empresas. Mas, qual é o real significado da expressão no dia a dia das empresas? Mais do que isso, até que ponto inovar pode significar alterações de conceitos e rotina dentro da companhia? Ao contrário do que muitos pensam, trabalhar com "inovação" vai muito além de ter um produto ou um serviço avançado. E, acredite, não é algo que cabe apenas a grandes organizações. A cada dia, tem crescido, nas empresas e também nas instituições de Ensino Superior, a concepção de que a inovação precisa ser uma ferramenta constante na rotina de companhias que desejam obter sucesso no mercado. Pensar apenas no imediatismo de um "super-produto" pode se tornar uma algema para o empreendedor. Além de não proporcionar avanços reais nos processos internos, pode queimar fichas, desperdiçando algo que poderia, efetivamente, ser promissor, mas que se perdeu na falta de planejamento. "O empreendedor precisa entender que a inovação é um instrumento de gestão para ele. A inovação deve estar ao seu lado, assim como a Bíblia está para os cristãos. Não basta apenas acordar com `vontade de inovar´ na segunda-feira, tem que ser algo constante", explica o coordenador Executivo do Fórum de Inovação da EAESP-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas), Moyses Simantob. Na prática, isso significa buscar inovar em cada processo dentro da empresa - sejam pequenos ou grandes. "A inovação pode ser aplicada nos produtos, nos processos, na própria tecnologia, na gestão, nos negócios, nos investimentos. Em todos os setores de uma empresa é passível de se aplicar inovação", descreve a gerente da Inova Incubadora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ana Maria Serrão. "As empresas hoje, até por uma questão de necessidade, seguem a tendência de se preocupar com a inovação em todo o contexto." Traduzindo: desenvolvimento de novos produtos, uma nova gestão, marketing inovador, iniciativas avançadas de RH, novo controle de finanças... e assim segue, indefinidamente. Mais do que isso. Em uma empresa que busca alcançar uma posição de liderança no mercado, esses processos, além de inovadores, precisam viver em um ciclo de constante evolução. Não basta apenas criar algo que se destaque no mercado e fazer uso até que se torne obsoleto. É preciso estar à frente. "Não adianta inventar o DVD. Tem que lançar o DVD já pensando na possibilidade do DVD-Okê, para depois ligá-lo à TV de plasma, e conectá-los todos à Internet sem fio. A

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evolução necessária para adicionar valor à família de produtos não termina nunca. Esse é o grande desafio: entender que a inovação é um processo, não um projeto", alerta Simantob. Mudança de postura Se você está pensando nos processos da sua empresa, ou então em como inová-los, saiba que o problema pode estar onde menos se imagina: em você. Não há dúvidas que, em linhas gerais, criar um empreendimento não é algo fácil. Depende da disponibilidade de recursos, acesso a mercados, a financiamento. Mas também da disposição do empreendedor em criar algo que se destaque em meio à concorrência. "A partir do momento em que a pessoa está aberta para inovar sempre, ela vai encontrar soluções. É um processo muito natural", afirma Ana Maria, da UFMG. Naturalmente, não é uma situação das mais fáceis admitir que o problema pode estar em você. No entanto, para que a inovação seja uma realidade na rotina da empresa, é preciso que exista um ambiente favorável. Assim, os funcionários precisam estar envolvidos em práticas que possibilitem o surgimento natural de iniciativas inovadoras. Isso porque a responsabilidade pela criação dessa condição positiva é do empreendedor, mas o desenvolvimento das idéias não. "Se a idéia do funcionário é barrada pelo diretor, cria uma inibição. E esse processo gera um desestímulo. É tanta burocracia, tanta rigidez, tanto bloqueio para aprovar algo, que os funcionários acham que não vale a pena desenvolver idéias. É um enorme erro", diz Simantob. "O empreendedor precisa tirar a capa do superman. As pequenas empresas não vivem só das suas idéias. Isso é um mito, já está comprovado em vários estudos. E, para sair desse beco, é preciso trabalhar em time." Riscos Ousar, no entanto, reserva uma série de riscos para os empreendedores. Inovar, pesquisar, avançar, são ações que exigem investimentos, de tempo e recursos. "A primeira coisa que se precisa ter em mente quando se fala de empresa inovadora de pequeno porte é que ela vive uma escassez de recursos. Uma grande organização pode fazer um investimento de alguns milhões de dólares e saber que esse investimento foi perdido e transformado em aprendizado A pequena não tem essa chance", compara Simantob. Por esta razão, cada vez mais os pequenos empreendedores têm procurado se agrupar em clusters, ou arranjos produtivos. Essas entidades servem para agrupar e dar força a um determinado setor. Dentro desses ambientes, como incubadoras, as empresas têm liberdade para desenvolver seus projetos e, ainda, ganham em representatividade. "Essa é uma saída de fundamental importância. Quando se une com outras empresas, você pode se tornar mais representativo e relevante para o acesso ao financiamento em órgãos do governo", finaliza Simantob.