iniciativas de sucesso - reciclagem

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Introdução A coleta seletiva, muito mais do que uma questão ambiental Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará • Promovendo o relacionamento entre a comunidade e a Asmare • Uma aposentadoria criativa e sustentável • A Ecotec, uma recicladora de plásticos local • Perspectivas para Sabará • Experiência de Sabará/MG: principais aprendizados para o desenvolvimento de Projetos de Coleta Seletiva em municípios de pequeno porte Caso 2. A parceria entre as empresas Porto Seguro e Gerdau e o Projeto Vira Lata em São Paulo • Projeto Vira Lata: promovendo a articulação para a reciclagem • Assegurando a destinação: a parceria entre Vira Lata e Gerdau • O parceiro produtor de sucata: o relacionamento entre Porto Seguro e Vira Lata • Fechando o ciclo da reciclagem: a parceria entre Porto Seguro, Vira Lata e Gerdau • Experiência de São Paulo/SP: principais aprendizados para o desenvolvimento de um ciclo de reciclagem envolvendo empresas privadas e cooperativas de catadores Glossário Práticas sustentáveis: experiências na cadeia da reciclagem

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Page 1: Iniciativas de Sucesso - Reciclagem

Introdução

A coleta seletiva, muito mais do que uma

questão ambiental

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real

em Sabará

• Promovendo o relacionamento entre

a comunidade e a Asmare

• Uma aposentadoria criativa e sustentável

• A Ecotec, uma recicladora de plásticos local

• Perspectivas para Sabará

• Experiência de Sabará/MG: principais aprendizados

para o desenvolvimento de Projetos de Coleta Seletiva

em municípios de pequeno porte

Caso 2. A parceria entre as empresas Porto Seguro

e Gerdau e o Projeto Vira Lata em São Paulo

• Projeto Vira Lata: promovendo a articulação

para a reciclagem

• Assegurando a destinação: a parceria entre

Vira Lata e Gerdau

• O parceiro produtor de sucata: o relacionamento

entre Porto Seguro e Vira Lata

• Fechando o ciclo da reciclagem: a parceria entre

Porto Seguro, Vira Lata e Gerdau

• Experiência de São Paulo/SP: principais aprendizados

para o desenvolvimento de um ciclo de reciclagem

envolvendo empresas privadas e cooperativas

de catadores

Glossário

Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Um dos mais importantes desafios da administração pública é o gerenciamento da coleta de resíduos urbanos, originados das mais diversas atividades

de produção e consumo. Um dos protagonistas desse processo são os catadores de recicláveis, que se dedicam à coleta de materiais que seriam destinados aos aterros municipais e lixões.

Estes catadores transformam materiais descartados em sustento, além de contribuírem com o serviço de coleta municipal, a redução do volume disposto nas ruas e o aumento da vida útil de aterros. Atualmente, estima-se que existam mais de 800 mil catadores, responsáveis por 60% dos resíduos reciclados no País - dados do CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem.

O Brasil perde R$ 10 bilhões por ano, com o lixo que não é reciclado. Isso mostra um grande potencial de inclusão econômica e social do trabalho dos catadores, além da evidente contribuição ambiental. Neste contexto, existem oportunidades relevantes para a criação de negóciosem empreendimentos coletivos, geração de trabalho e renda.

Diante desse cenário, o Grupo Santander Brasil estimula a adoção de práticas sustentáveis, incentivando a coleta seletiva, a destinação de resíduos e a compra de materiais de cooperativas. Oferecemos o Práticas Sustentáveis: Experiências na Cadeia da Reciclagem Material, fruto da sistematização de iniciativas realizadas

por empresas, cooperativas e órgãos do poder público, cujo objetivo é disseminar informações sobre a cadeia da reciclagem por meio de processos que ajudem a encurtar o caminho daqueles que desejam estruturar, reestruturar ou fortalecer as ações que promovem neste tema.

De acordo com a lógica do resíduo e sua reinserção na cadeia produtiva, sistematizamos processos em São Paulo e Minas Gerais. A partir dessas experiências disponibilizamos um filme e material técnico com o passo a passo para inspirar outras iniciativas na cadeia da reciclagem.

Introdução

O Brasil perde R$ 10 bilhões por ano com

o lixo que não é reciclado.

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

A coleta seletiva, muito mais do que uma questão ambiental

Apresentação

O que fazer com a quantidade cada vez maior de lixo produzido nos municípios brasileiros? Diariamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE de 2007, cerca de 167 mil toneladas são geradas e demandam algum tipo de destinação.

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Apesar dos investimentos realizados nos últimos anos para a construção de aterros sanitários, dados da última pesquisa nacional em saneamento básico do IBGE, mostram que, cerca de 30% do total de resíduos coletados, ainda são despejados em lixões desprovidos de qualquer infraestrutura para minimizar impactos socioambientais. As grandes cidades possuem uma melhor estrutura; nelas, grande parte dos resíduos produzidos já são encaminhados para aterros sanitários. Na maioria dos municípios, contudo, a situação é dramática: mais de 60% das cidades brasileiras encaminham os seus resíduos para lixões.

O Compromisso Empresarial para a Reciclagem - CEMPRE (2008), revela que o número de municípios que opera programas de coleta seletiva, aumentou de 81 para 405 no período de 1994 a 2008. Apesar da importância destas iniciativas, o número continua bastante reduzido em um universo de 5.561 municípios brasileiros.

Nesse cenário, uma série de desafios se coloca para a sociedade. É preciso entender como os vários atores sociais, tais como, o setor público, empresas privadas, ONGs e comunidade, podem trabalhar de forma integrada, para implementar iniciativas de coleta seletiva nos municípios ou fortalecer e ampliar programas já existentes.

Nos municípios onde a coleta seletiva e a reciclagem vêm avançando com maior rapidez, se consolida um sistema de gestão compartilhada, envolvendo o poder público, a comunidade e catadores organizados. Nesse sistema de corresponsabilização, as cooperativas ou associações de catadores, são atores fundamentais para ampliar a coleta, promover a inclusão social e oferecer condições de trabalho digno.

Mesmo nestas localidades, as cooperativas enfrentam uma série de desafios para a sua sustentabilidade. Elas dependem, exclusivamente, da venda dos materiais para o seu sustento, já que, o serviço de coleta e triagem que realizam, não é remunerado. Muitas não conseguem armazenar quantidade suficiente de resíduos que possibilite a venda direta para as indústrias recicladoras e precisam vender para intermediários que, por apresentarem melhores condições de negociação de preços, armazenamento e transporte, acabam recebendo a maior parcela dos recursos gerados na atividade.

Nesse contexto, cabe ao setor público reconhecer o papel do catador organizado como um dos atores centrais da cadeia de reciclagem, e criar condições que contribuam para a profissionalização do seu trabalho, potencializando sua capacidade de coleta e o beneficiamento primário dos materiais recicláveis.

O setor empresarial também pode contribuir como um grande gerador de materiais recicláveis de alta qualidade. Quando as cooperativas são incorporadas no fluxo de resíduos das empresas, isto gera um substancial aumento na quantidade de resíduos que elas podem processar, com impacto direto sobre a geração de renda. As empresas, ainda, podem ser compradoras do material, garantindo o fluxo de vendas.

Por fim, a comunidade constitui um elemento fundamental para o fortalecimento das cooperativas, separando seus materiais e participando dos programas de coleta seletiva em seu município.No caso da maior parte dos municípios brasileiros, que não contam com programas de coleta seletiva, faz-se necessário promover a sensibilização dos diversos atores, para criar e consolidar tais iniciativas. Interessante ressaltar que, em muitos

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Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

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municípios, mesmo sem programas formais implantados, é possível reconhecer os principais atores da cadeia de reciclagem. Mas, a ausência do poder público e a falta de envolvimento da comunidade e das empresas, limitam os resultados do trabalho, no ponto de vista ambiental e social.

A seguir, serão apresentadas duas experiências que estão sendo realizadas em dois municípios com realidades bastante distintas. A primeira, descreve a iniciativa de uma agência bancária na cidade de Sabará, Minas Gerais. O município não tem um programa de coleta seletiva implantado nem uma cooperativa de catadores. Ainda assim, existem vários atores que compõem a cadeia de reciclagem, como os catadores independentes e organizações recicladoras.

Com o objetivo de fortalecer o trabalho realizado pelas organizações do município, nas áreas de coleta e reciclagem, e estimular a sua conscientização, a agência do Banco Real de Sabará desenvolve uma série de ações engajando seus funcionários, clientes e comunidade. Essa iniciativa mostra como uma ação comprometida com a sustentabilidade, contribui para o fortalecimento dos atores presentes no município, e chama a atenção da sociedade, para a necessidade da sua maior integração, maximizando os benefícios socioambientais de cada iniciativas. A segunda experiência acontece no município de São Paulo, que apresenta um programa de coleta seletiva já em estágio mais avançado, e descreve uma parceria envolvendo as empresas Porto Seguro e Gerdau e a cooperativa de catadores Vira Lata. Trata-se de uma experiência inovadora unindo gerador e comprador de material reciclável por meio de uma cooperativa de catadores. Neste caso, configurou-se um ciclo de gestão de resíduos onde, a sucata ferrosa gerada nas oficinas da Porto Seguro, é retirada pela cooperativa Vira Lata, encaminhada à Gerdau, que a transformará em novos materiais para o setor de construção.

Os casos relatados mostram que, parcerias inovadoras entre cooperativas e empresas, aliadas à ações de conscientização ambiental, constroem uma cadeia de reciclagem mais justa, aumentando os benefícios socioambientais para a comunidade.

costuma-se falar que, para ser sustentável, você não deve fazer isso ou não deve consumir aquilo, mas sustentabilidade é na realidade um fator fortíssimo de inovação.Maria Luisa P. Paiva, Diretora de Sustentabilidade do Grupo Santander Brasil.

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Sabará, situada a 35 km de Belo Horizonte é uma das cidades históricas de Minas Gerais. Com 120 mil habitantes, suas principais atividades são: o turismo, a siderurgia e o extrativismo mineral, destacando-se o minério de ferro e ouro. O município não conta com um programa estruturado de coleta seletiva municipal. Ainda assim, parte dos materiais recicláveis gerados na cidade é reaproveitada por empresas, ONGs e sucateiros que, embora trabalhem de forma independente, prestam um serviço importante no campo socioambiental.

A Associação de Aposentados dos Trabalhadores da Belgo-Mineira, reaproveita as embalagens PET coletadas na cidade para fabricar vassouras. A empresa Ecotec transforma embalagens plásticas usadas, em matéria-prima para produção de novas embalagens. O trabalho destas organizações poderia se beneficiar da implementação de um programa de coleta seletiva na cidade. Hoje, uma parte significativa dos materiais recicláveis gerados no município, tem como destino, o aterro sanitário.

Com o objetivo de contribuir para a mudança deste quadro, a agência do Banco Real de Sabará iniciou uma série de ações, visando promover a coleta seletiva, e realizou algumas iniciativas para fortalecer os atores envolvidos.

Em 2006, a primeira ação da agência foi estimular o envolvimento de seus funcionários e dos munícipes, com a coleta seletiva. Os desafios eram muitos, pois, era preciso criar uma cultura de entrega voluntária de materiais recicláveis, por parte de funcionários, clientes e munícipes, assegurando sua destinação adequada.

Na fase inicial, foram instalados contêineres dentro da agência, para a separação dos materiais recicláveis gerados internamente. Disponibilizar contêineres para a comunidade, foi mais difícil. A agência queria colocá-los na Praça Central da

cidade, porém, representantes da Prefeitura, especialmente da Secretaria do Meio Ambiente, não autorizaram a instalação, argumentando que os contêineres coloridos poderiam causar impacto visual negativo para a cidade. Após negociação, foi liberada a calçada em frente ao Banco, para a instalação de um coletor de materiais recicláveis.

Antes de instalar os contêineres era preciso garantir a destinação adequada dos materiais coletados. Como não havia uma organização de catadores no município, a agência estabeleceu uma parceria com a Associação dos Catadores de Material Reciclável de BH – Asmare, com sede em Belo Horizonte.

Foto de Sabará

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Fachada da agênciado Banco Real de Sabará

Promovendo o relacionamento entre a comunidade e a Asmare

Criada em 1990, a Asmare tem cerca de 290 associados, dos quais, 60% são ex-moradores de rua.

A Associação coleta 500 toneladas de resíduos por mês, sendo que, 51% são recolhidos pelos catadores com carrinhos, 9% pela coleta seletiva municipal, 3% é entregue na própria Associação e 37% é material proveniente de empresas e comércio, recolhido com caminhão próprio.

Apesar do volume expressivo de resíduos processados pela Associação, esta quantidade não é suficiente para a venda direta às indústrias de reciclagem – os cooperados ainda dependem dos compradores intermediários. Papel e papelão, por exemplo, são vendidos às empresas intermediárias da cidade.

Para a venda direta ao reciclador, seria necessário que a Asmare processasse aproximadamente 1.500 toneladas mensais.

Uma empresa recicladora não compra todo tipo de material. Ela compra uma grande quantidade de um único insumo: seria necessária a entrega de 500 toneladas mensais apenas de papel branco. Para chegar a esta quantidade, os representantes da Asmare argumentam que seria necessária uma maior participação da população e dos estabelecimentos comerciais.

A gente precisa de mais material, mais espaço e mais parceiros para negociar direto com as indústrias. Alfredo de Souza Matos, o Índio, associado da Asmare e Diretor de Comunicação da Organização. Uma parceria como a estabelecida com as agências do Banco Real em Belo Horizonte, para a Asmare, é exemplar, pois assegura o fornecimento de um volume importante e permanente de material reciclável de boa qualidade. Na Agência Central do Banco Real de Belo Horizonte, todo o material reciclável recolhido é armazenado em um depósito e retirado por um catador associado. Desde 2002, quando o relacionamento foi iniciado, o material é retirado duas vezes por semana por um catador da Asmare, que o leva para a Associação. Este catador leva cerca de 2 toneladas de materiais recicláveis todo o mês para a Asmare, conforme a tabela que apresenta o total da coleta do ano de 2008.

Segundo Amarildo Santiago Palmieri, ex-morador de rua e catador associado da Asmare que realiza a atividade dentro do Banco Real, a grande vantagem desta parceria é coletar material de boa qualidade com a certeza de sua disponibilidade. Hoje, a vida de Palmieri e de sua família é muito diferente daquela que viviam antes de integrarem a cooperativa: saíram debaixo dos viadutos de Belo Horizonte, não caminham mais longas distâncias para coletar materiais de baixa qualidade e realizam um trabalho digno que começa a ser reconhecido pela sociedade. Além da necessidade do aumento da quantidade recolhida, os representantes da Asmare querem aprimorar a relação com a Prefeitura de Belo Horizonte. Hoje, a cooperativa recebe da Prefeitura, uma verba de R$ 60 mil para os gastos com vale-transporte, caminhões terceirizados e funcionários, além das despesas com água e luz pagas por ela.

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Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

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Quantidade de materiais recicláveis coletados pela Asmare nas agências do Banco Real de Belo Horizonte

Material Quantidade Kg

Papel Branco 9050

Papel Misto 6496

Papelão 2028

Plástico 1805

Total 18834

Fonte: Banco Real, 2008

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

Ainda que este apoio seja fundamental, como reconhecem os cooperados, o objetivo é conseguir que o poder público reconheça o serviço de coleta prestado pelos catadores, remunerando esta atividade. O cálculo é simples: a Prefeitura de Belo Horizonte paga R$ 49,50 por tonelada, para disposição dos resíduos urbanos em um aterro no município de Sabará. Se a Prefeitura tivesse de pagar para dispor as 500 toneladas mensais coletadas pela Asmare, teria um desembolso adicional mensal de cerca de R$ 25 mil. Sendo assim, parte deste recurso economizado poderia ser repassado aos catadores, garantindo um incremento de renda. Esta remuneração atenuaria os efeitos da sazonalidade, característica do mercado da reciclagem, quando, nos meses de novembro, dezembro e janeiro, o aumento da oferta de materiais recicláveis em função do aumento do consumo, gera uma queda generalizada dos preços.

O que a gente luta é para que os catadores recebam por este trabalho. [...] Se o catador puxa 51% de 500 toneladas e a Prefeitura só nos dá 9%, o que seria da cidade se não fosse o catador de papel.Alfredo de Souza Matos, o Índio, associado da Asmare e Diretor de Comunicação da Organização.

Neste cenário, o aumento de quantidade coletada é fundamental para o crescimento da Associação, tornando vitais as parcerias com as empresas. Quando os resíduos são retirados pela cooperativa, os rejeitos não chegam a 5%, enquanto que, no material vindo dos caminhões da Prefeitura, o rejeito pode chegar a 40%. Uma experiência como a da parceria com o Banco Real é muito valorizada pela Asmare. Ao firmar a parceria com a agência de Sabará, a Associação certificou-se de que não existia uma cooperativa de catadores no município. Caso houvesse, a própria Asmare

recomendaria que fosse dada preferência à Organização local. Hoje, ela retira cerca de 50 sacos ou 100 quilos de papel da agência, a cada 15 dias, além dos copos plásticos. Trata-se de uma parceria de sucesso que tem se desdobrado em outras formas de cooperação: no final de 2008, a decoração da agência para o Natal, foi feita com o material adquirido na oficina de artesanato de PET, da Asmare.

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Campanha Banco Real

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Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

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Uma aposentadoria criativa e sustentável

Além da parceria com a Asmare, na reciclagem do papel, a agência do Banco Real de Sabará promove a conscientização ambiental. Em dezembro de 2008, os funcionários organizaram uma exposição cujo tema era os 4 R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reinventar. A iniciativa dos funcionários ofereceu à população da cidade quadros educativos sobre reciclagem, uma cartilha sobre reaproveitamento de alimentos e até uma degustação de receitas na própria agência.

Preocupada em encontrar alternativas para a destinação de outros resíduos, fora o papel, Luciana Dias, funcionária da agência de Sabará, identificou a Cooperativa de Reciclagem e Produção Artesanal dos Aposentados e Empreendedores de Sabará e Cidades de Minas Gerais, entre seus clientes. A Organização trabalhava com a reciclagem de PET e a agência organizou uma campanha de recolhimento desse material para ser doado à cooperativa.

Fundada em 1997 por um grupo de antigos empregados da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, a cooperativa iniciou com 25 aposentados que decidiram trabalhar com artesanato. Como todos tinham experiência no setor industrial, o grupo resolveu capacitar-se realizando cursos de reciclagem de jornal e lata, bordados e pinturas no tapete. Naquele primeiro momento, foi preciso quebrar a resistência da maioria dos homens em trabalhar com artesanato; muito diferente do seu cotidiano na indústria. Rapidamente o preconceito foi vencido: não se tratava de requalificação profissional, e sim, de uma nova postura diante da realidade da aposentadoria.

A escolha em trabalhar com PET para produzir as vassouras ecológicas, principal atividade da cooperativa, foi quase acidental. Andando pelas margens do Rio das Velhas durante uma cheia do rio, Araken Gomes de Paiva, primeiro presidente da cooperativa, observou o grande número de embalagens PET boiando e ocupando as margens. Chegou à cooperativa com um desafio: “O que podemos fazer com isso?”, perguntou, mostrando uma garrafa. Nascia então a ideia de usar esse material para produzir vassouras e, assim, alcançar os objetivos da Organização: trazer qualidade de vida para os aposentados.

Não foi fácil chegar na produção de cerdas para a fabricação de vassouras ecológicas. As primeiras foram feitas de cerdas cortadas com tesoura. Além da baixa eficácia deste método de produção, as vassouras não apresentavam a durabilidade necessária para serem um produto viável no mercado e, a população, ainda não estava convencida das vantagens de substituir as vassouras tradicionais por aquelas feitas em PET.

Aproveitando a experiência profissional do grupo, foram introduzidas melhorias no processo de produção. Foi criada uma máquina que retira o fundo da garrafa e outra que desfia o PET, posteriormente adaptada com um motor. Com criatividade, o grupo

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Aposentados trabalhando com PET para fazer vassouras

conseguiu resolver o desafio da durabilidade. Adaptando um processo industrial, desenvolvido por alguns de seus associados na siderúrgica Belgo-Mineira, o grupo gerou um processo de estiramento do plástico, seguido de aquecimento e resfriamento brusco com velocidades e temperaturas controladas, garantindo a qualidade do produto final, com

fibras produzidas com o uso exclusivo de embalagens PET, resistentes ao trabalho de varrição. Através deste processo, os membros da cooperativa afirmam que, a vassoura pode durar até dois anos mais, do que as vassouras tradicionais.

Hoje, a cooperativa tem capacidade para produzir cerca de 6 mil vassouras por mês, a um custo unitário de R$ 7,00. Em função da demanda, a produção atual é de 1.440 unidades. Além da geração de renda, para os aposentados e sua reinserção social, a iniciativa traz ganhos ambientais. Para produzir as vassouras são necessárias 35 mil garrafas PET por mês, ou seja, a cooperativa chega a reaproveitar 420 mil garrafas por ano, evitando seu despejo irregular ou envio para o aterro sanitário. A maior parte da matéria-prima para as vassouras é comprada no próprio município. Isto gera renda para os catadores locais ou permuta para os interessados em adquirir as vassouras, incentivando a economia solidária.

Em 2002, a iniciativa foi contemplada com o Concurso Talentos da Maturidade do Banco Real, que reconhece e valoriza o talento da pessoa idosa, mas restavam outros desafios. Um deles, superado recentemente, foi a quitação de um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, feito para adquirir o galpão de 400m2 onde a cooperativa funciona atualmente. O galpão ainda precisa de reformas e investimento para readequação das máquinas, pois o local foi vítima de vandalismo. E, a Prefeitura que era cliente, não compra mais o produto para a varrição da cidade.

A cooperativa não conta com qualquer subsídio tributário. Segundo seus representantes, ela paga 22% de impostos como ICMS (18%) e Cofins (4,75%), o que a coloca em desvantagem em relação às empresas que atuam na informalidade. Oportunidades interessantes se apresentam mas dependem da capacidade de produção da cooperativa. Existe, por exemplo, o interesse de grandes cadeias de supermercado em adquirir o produto. Para isso, os cooperados precisariam de apoio, no próprio município, para arrecadar mais material. A entrada em uma cadeia de grande porte, depende de um aumento significativo da produção, sendo necessário aumentar a capacidade dos equipamentos disponíveis, bem como, a oferta de PET.

Hoje, a cooperativa compra praticamente toda a garrafa PET que consome, a R$ 0,02 a garrafa. Recebe apenas, doações de materiais recicláveis do Banco Real de Sabará e de uma escola de Belo Horizonte. Apesar dos inúmeros desafios, o grupo de aposentados não desanima. Ao contrário, tem diversificado as atividades e já fabrica sacolas de supermercado e de lixo.

O maior aprendizado foi que nós não ficamos parados no tempo. com novos desafios, estamos sempre aprendendo...Antonio Marcelino de Souza, atual Presidente da Cooperativa.

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

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Cerdas PET

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Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

A Ecotec, uma recicladora de plásticos local

Embora não tenha um programa de coleta seletiva, a cidade de Sabará possui uma empresa de reciclagem de plásticos, a Ecotec, que atua há cerca de 10 anos e é cliente da agência do Banco Real. Assim como no caso da cooperativa dos aposentados, a agência organizou uma campanha de coleta de materiais plásticos que foram encaminhados à empresa.

O fundador da Ecotec, Raimundo Antonio Reis, engenheiro mecânico com experiência na produção de máquinas, criou a empresa após assistir uma reportagem de Washington Novaes sobre uma iniciativa de coleta seletiva em parceria com uma cooperativa. Combinando seus conhecimentos com o desejo de realizar uma atividade empresarial

ligada à área socioambiental, fundou a Ecotec, onde 90% das máquinas utilizadas foram idealizadas, projetadas e construídas na própria empresa.

No primeiro semestre de 2000, com a moagem de garrafas PET, a empresa produziu o primeiro lote de 3 toneladas de material. As garrafas eram compradas de sucateiros que continuam seus fornecedores. No mesmo ano, em parceria com a Prefeitura, foram instalados 100 cestos de coleta de resíduos plásticos em diversos pontos do município. A Prefeitura cedia o transporte e a Ecotec se responsabilizava pela mão de obra para a coleta nos fins de semana.

Apesar do envolvimento da comunidade, o Projeto não progrediu. O empresário concluiu que uma recicladora não deveria se envolver com a coleta. O esforço por parte da empresa na atividade de coleta rendia apenas 1 tonelada ao mês, o que representava apenas 10% das necessidades do material processado. Em sua opinião, há uma lógica da coleta que demanda que, cada ator, se ocupe de uma determinada tarefa na cadeia. Para ele é importante a ampliação do número de atores participantes da cadeia da reciclagem, não só porque há espaço para isso – o que geraria mais empregos, mas porque melhoraria a eficiência do sistema.

Ao longo dos anos, a empresa se especializou na reciclagem de polietileno de baixa densidade (plástico mole, como os de saquinhos de supermercado), em função das dificuldades decorrentes do trabalho com materiais plásticos muito diversos. Materiais plásticos diferentes, misturados no processo de reciclagem, geram um produto reciclado de baixa qualidade. Uma única garrafa plástica de vinagre, processada com um milhão de garrafas PET, gera um lote de material reciclado de qualidade inferior. Isso deixa evidente a necessidade de uma triagem cuidadosa do material coletado.

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Tempo de Decomposição de Material

Material Tempo de DegradaçãoAço Mais de 100 anos

Alumínio 200 a 500 anos

Embalagem Longa Vida Até 100 anos

Embalagem PET Mais de 100 anos

Isopor Indeterminado

Luvas de Borracha Indeterminado

Papel e Papelão Cerca de 6 meses

Plásticos (embalagens, equipamentos)

Até 450 anos

Pneus Indeterminado

Sacos e Sacolas Plásticas Mais de 100 anos

Vidros Indeterminado

Fonte: Ambientebrasil, 2009

Vassouras produzidas

Esta pequena fábrica é a materialização de um ideal: de um lado chegam sacolas sujas como sucata e, ao final do processo temos, novamente, sacolas para disponibilizar no mercado. A única coisa que não tínhamos imaginado é que poderíamos chegar onde chegamos.Raimundo Reis, Diretor e Proprietário da Ecotec.

Desde 2008, a Ecotec utiliza parte de sua produção de grânulos, para produzir embalagens plásticas recicladas, como sacos de lixo ou de supermercado. Para isso, precisou adquirir novo maquinário automatizado e eletrônico. O preço final do produto compensa o investimento, pois, na venda, as embalagens têm um preço 50% superior aos grânulos vendidos a outras indústrias recicladoras.

Hoje a Ecotec produz 30 toneladas de embalagens por mês e vende cerca de 20 toneladas de grânulos. A empresa trabalha com 22 funcionários na produção de grânulos, e 3, para a produção de embalagens. Segundo Reis, se a empresa pudesse aumentar a produção de embalagens para 50 ou 60 toneladas, usando toda a capacidade da produção de grânulos, ainda haveria mercado para a venda. O engenheiro também acredita que o próprio município poderia contribuir com uma parcela significativa da matéria-prima, caso tivesse um programa de coleta seletiva estruturado. Segundo suas estimativas, a produção atual de plástico na cidade é de cerca de 30 toneladas por mês, o que poderia representar

50% da matéria-prima consumida pela empresa. Sem a coleta, ele necessita buscá-la com outros fornecedores fora do município, como é o caso da Asmare, que traz o plástico de Belo Horizonte.

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

InícIO

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Separação de plásticos na Ecotec

Perspectivas para Sabará

Sabará é um autêntico exemplo da realidade de municípios de pequeno porte no país, pois, mesmo sem ter um programa estruturado, envolvendo Prefeitura e comunidade, encontram-se no município alguns dos atores principais da cadeia de reciclagem, com potencial para viabilizar um programa amplo de coleta seletiva e reciclagem de materiais. Atuam ali, catadores independentes, sucateiros que recolhem resíduos no comércio, uma ONG que promove geração de renda a partir do PET e uma empresa de reciclagem de plásticos que, com suas atividades isoladas, geram benefícios significativos.

O município poderia ir mais longe ao integrar os atores e incentivar novas iniciativas que completem a cadeia de reciclagem, sendo fundamental a presença do setor público promovendo a articulação dos diferentes atores locais e fomentando a formação de cooperativas. O volume de resíduos gerados por moradores, comércio e indústria, poderia sustentar a operação de uma associação local de catadores, substituindo o trabalho hoje realizado pela Asmare, facilitando a obtenção de matéria-prima plástica para as organizações recicladoras no próprio município. Assim, o ciclo da reciclagem seria fechado, potencializando os ganhos econômicos, sociais e ambientais.

A agência do Banco Real de Sabará tem dado passos acertados nessa direção, ao exercer um papel de fomento, divulgação e promoção da cultura da reciclagem. Mesmo na ausência de uma associação de catadores no município, ela promoveu

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

Embalagens Ecopet

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Page 13: Iniciativas de Sucesso - Reciclagem

Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

uma iniciativa de coleta seletiva envolvendo funcionários, clientes e munícipes, garantindo a destinação por meio da Asmare. Com as campanhas realizadas na agência, contribuiu-se com os atores da cadeia de reciclagem que atuam na cidade. Ainda restam desafios, mas já foram feitos avanços no caminho da consolidação de um programa de coleta seletiva.

Sabará é um município pequeno que ainda não conta com um programa de coleta seletiva. Mas existe a indústria de reciclagem de plásticos e uma Associação de Aposentados que trabalha com garrafas PET. E o que nós esperamos é que, trabalhando com estes e outros atores sociais, possamos alcançar a implementação da coleta seletiva da cidade. Luciana Dias, funcionária da agência do Banco Real de Sabará.

Experiência de Sabará/MG: Principais aprendizados para o desenvolvimento de Projetos de Coleta Seletiva em municípios de pequeno porte

Identificar os ativosMesmo sem programas de coleta seletiva estruturados, muitos municípios contam com organizações que atuam na reciclagem de materiais, tais como: cooperativas de catadores (formais ou informais), organizações sociais, sucateiros e pequenas empresas. Antes de iniciar qualquer Projeto, identifique no seu município que organizações e quais materiais são coletados.

Buscar parceiros em municípios vizinhosCooperativas de catadores ou outras organizações de municípios vizinhos ao seu, podem se interessar em retirar materiais recicláveis, desde que a distância, a qualidade e quantidade dos resíduos compensem os custos do transporte.

Assegurar quantidade e qualidade dos materiaisA parceria com a iniciativa privada é um elemento fundamental para a sustentabilidade de cooperativas de catadores, pois, assegura a coleta de resíduos de boa qualidade e em quantidade, possibilitando a venda direta do material para indústrias recicladoras.

Fortalecer as iniciativas locaisO conhecimento técnico e experiência de organizações sociais e pequenos empreendedores do município, devem ser aproveitados, gerando soluções criativas e processos inovadores para a contribuição com a preservação ambiental,a reinserção social e o desenvolvimento local.

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Promover a diversificação dos atores na cadeia de reciclagemNa cadeia de reciclagem há espaço para a incorporação de diversos atores, o que gera renda e emprego para um número maior de pessoas. A divisão entre atividades de coleta e reciclagem traz mais benefícios para a cadeia, do que sua concentração em um único ator. Promover a articulação com o poder públicoA participação do poder público é essencial para a articulação dos diferentes atores da cadeia de reciclagem e para assegurar a continuidade do processo. Algumas ações, como a conscientização e a participação dos munícipes, só podem acontecer com o envolvimento de diversos setores da administração do município.

Criar uma cultura de reciclagemEmbora iniciativas em pequena escala não solucionem os problemas dos resíduos - mesmo em municípios de pequeno porte, elas contribuem para fomentar o debate local e promover uma cultura de reciclagem.

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Caso 2. A parceria entre as empresas Porto Seguro e Gerdau e o Projeto Vira Lata em São Paulo

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Assim como em diversas cidades brasileiras, observa-se no município de São Paulo iniciativas para a consolidação de cooperativas de materiais recicláveis. Algumas das mais interessantes nascem de ações comunitárias que visualizam, no trabalho de coleta, uma oportunidade para gerar emprego e renda. A cooperativa do Projeto Vira Lata ilustra bem esse processo.

Projeto Vira Lata: promovendo a articulação para a reciclagem

O Projeto começou em 1998, com uma iniciativa da comunidade do bairro Jardim Boavista, onde, a coleta seletiva, surgiu como instrumento de inclusão social e geração de renda. No princípio atuavam três pessoas em um corredor cedido pela Igreja do bairro, de 1,5m de largura por 10m de comprimento, como espaço para armazenamento e separação de materiais.

Desde o início do Projeto Vira Lata, muita coisa mudou e os resultados alcançados pela Organização, impressionam: em 1999, 20 cooperados coletaram 57 toneladas de materiais que renderam cerca de R$ 8 mil; em 2008, 120 cooperados venderam mais de 2 mil toneladas, gerando uma receita bruta de mais de R$ 739 mil.

O Projeto que começou sem equipamento conta hoje com uma cooperativa formalizada, quatro caminhões, equipamentos de prensagem e de proteção individual,

um software desenvolvido especialmente para as tarefas de reciclagem, além das parcerias com o poder público e empresas.

No começo, o Projeto Vira Lata funcionava com base na boa vontade e na improvisação dos indivíduos. Wilson Santos Pereira, um dos fundadores, relata que eram utilizados para a coleta, os veículos de seus idealizadores, um Monza e um Fiat 147, para levar o material reciclável para a Igreja.

Mesmo atuando precariamente, o volume de materiais aumentou, permitindo a compra de um veículo maior, uma perua Topic usada, que possibilitava o transporte de maiores volumes.

A história do Projeto muda no ano 2000, quando uma série de reportagens na televisão trouxe maior visibilidade para a iniciativa, na cidade de São Paulo. O Repórter Eco, da TV Cultura, foi o primeiro programa a usar o exemplo do Vira Lata, para apresentar associações de coleta de materiais recicláveis em bairros da cidade.

Logo após o programa ir ao ar, condomínios de vários lugares da cidade, entraram em contato para doar materiais ao Vira Lata. O grupo, no entanto, não tinha condições de atender todos os pedidos, por não ter o equipamento necessário para a coleta, local para armazenagem e processamento do material. Apesar disso, a entrada dos condomínios foi fundamental na história da iniciativa pois, permitiu aumentar a escala de coleta de materiais. O Vira Lata optou então, por iniciar a coleta em condomínios de

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um único bairro, Perdizes, contando com um caminhão adquirido com recursos do Governo do Estado.

Até 2001, o Projeto não tinha personalidade jurídica: o dinheiro arrecadado era depositado na conta de um dos fundadores ou da Igreja. A única opção era vender os materiais coletados para sucateiros ou intermediários, que não exigiam nota fiscal. O caminho da profissionalização trouxe outros desafios: continuava difícil vender para a indústria pois a Organização ainda não coletava materiais em escala suficiente. Uma indústria recicladora compradora de papelão, por exemplo, só idealiza a compra se carregar material suficiente para encher um caminhão, ou seja, 14 toneladas.

Em 2002, novas mudanças alavancaram ainda mais o Projeto: é fundada a Associação Vira Lata. Com o estabelecimento da personalidade jurídica, o Projeto tem acesso à venda direta para a indústria, o que poderia melhorar o rendimento das vendas e eliminar a intermediação.

No mesmo ano, a TV PUC fez uma reportagem especial sobre o Rio Tietê, que contemplava o tema da destinação dos resíduos sólidos, e citou o Vira Lata. A repercussão da reportagem possibilitou a construção de outras parcerias com condomínios, aumentando novamente a quantidade de materiais coletados. Organizações como a Editora Globo e a Associação Comercial de São Paulo, passaram a doar material de qualidade, especialmente papel limpo separado.

Também em 2002, um Projeto de Pesquisa resultou no desenvolvimento de um software de gerenciamento dos processos de coleta, triagem e comercialização, trazendo grandes benefícios para a profissionalização do Vira Lata.

Uma aluna da Universidade de São Paulo precisava encontrar associações, ou cooperativas de materiais recicláveis, que disponibilizassem informações para o desenvolvimento do software tema de seu mestrado. A única Organização que concordou foi a Associação Vira Lata. Para Pereira, não havia nenhum problema em fornecer as informações. A prestação de contas para a comunidade era feita desde o início do Projeto e os informes sempre estiveram disponíveis no site. A única exigência era que, depois de finalizada a pesquisa, o software continuasse disponível para uso da Associação.

não sei se ela inventou a roda ou se alguém já sabia, só sei que ela é uma baita companheira. Ela é o máximo, fez isto para nós e nós estamos agradecidos para o resto da vida. E ela também, pois, serviu como tese.Wilson Santos Pereira, fundador do Projeto Vira Lata.

Informações sobre quantidade coletada, vendida, produtividade dos associados, receita com cada tipo de material, custos de coleta, entre outros, passaram a alimentar este software, possibilitando construir séries históricas desde 1999. A análise dos dados sinalizou para os associados, a necessidade de aperfeiçoamento do trabalho e da busca de novas estratégias para assegurar o crescimento do Projeto. O primeiro desafio era ampliar a quantidade de materiais coletados. Com os dois veículos trabalhando na coleta, aumentavam também os custos de operação: era preciso elevar as vendas para arcar com as novas despesas e para pagamento de pessoal. Tornou-se fundamental conseguir um espaço apropriado e equipamentos melhores, para elevar a capacidade de coleta e processamento. O problema do espaço foi resolvido em 2003, com a cessão, por parte da Prefeitura de São Paulo, de um galpão no bairro de Pinheiros.

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A aquisição dos equipamentos foi assegurada por parcerias feitas com a Petrobrás e Fundação Banco do Brasil. A Petrobrás contribuiu com R$ 640 mil, que possibilitaram a compra de mais um caminhão, equipamentos de proteção individual e uma balança. Além disso, 5% destes recursos, foram utilizados para a contratação de cursos para os associados, sobre concepção de cooperativismo e seus desdobramentos na rede de economia solidária. A Fundação Banco do Brasil contribuiu com a compra de uma empilhadeira que foi doada ao Vira Lata.

O ano de 2004 se inicia com perspectivas muito diferentes dos anos anteriores. A Associação Vira Lata reunia mais de 40 associados. Com a nova infraestrutura, os números de coleta, processamento e comercialização, começam a ampliar significativamente. Ao mesmo tempo, novos problemas, decorrentes dos desafios de gerenciar uma estrutura maior, surgiam. Foi preciso encontrar, uma nova forma de remunerar o trabalho dos associados que representasse efetivamente o esforço de cada um para o ganho do grupo.

Em cada etapa do Projeto novos desafios vão surgindo. Quando começamos, as pessoas ganhavam por hora. Através dos parceiros e das capacitações, nós implantamos o sistema de remuneração por produtividade, que mede a produção das pessoas. É a forma mais justa que encontramos e é uma tecnologia social que aprendemos na prática.Wilson Santos Pereira, fundador do Vira Lata.

Quando a Associação trabalhava com poucas pessoas, o sistema de remuneração era por dia de trabalho. Com o aumento do número de integrantes, este sistema começou

a gerar críticas: os associados percebiam que todos ganhavam de forma igual, embora alguns trabalhassem mais do que outros. Com a ajuda de um consultor remunerado, através de recursos vindos da Petrobrás, a Associação optou por um modelo baseado na produtividade, que representasse o esforço efetivo de cada associado. Este sistema foi adotado em fase experimental a partir de 2004 e, depois de seis meses, foi aprovado em assembleia pelos associados.

Outra iniciativa importante no processo de profissionalização e consolidação do Projeto Vira Lata, foi a criação de uma cooperativa responsável, exclusivamente,

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Caminhão da Cooperativa Vira Lata

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pelas atividades de coleta, separação e comercialização dos materiais recicláveis. Os representantes da cooperativa consideram importante manter as duas personalidades jurídicas: associação e cooperativa. Como cooperativa, é mais fácil a relação com parceiros, como a Prefeitura e empresas. Em São Paulo, por exemplo, o convênio da Prefeitura que gerencia as parcerias para a coleta seletiva, prioriza as cooperativas. No início de 2009, foi formalizada a parceria com o município, que possibilitará à cooperativa, obter um novo espaço para a realização das atividades de triagem e comercialização de material. Da mesma forma, algumas empresas como Pão de Açúcar, Honda e Gerdau, preferem estabelecer parcerias com cooperativas, alguns projetos de financiamento, preferem relacionar-se com uma associação, segundo Wilson Santos Pereira.

Com todos os desafios vividos e mudanças decorrentes do processo de aprendizado dos cooperados, o sucesso da iniciativa é visível no expressivo aumento do volume de materiais coletados desde seu início. No período de 1999 a 2008, mais de 6 mil toneladas de materiais recicláveis foram desviados de aterros sanitários, somando uma receita acumulada de R$ 2 milhões.

Os benefícios para a sociedade, vão além desses números: as atividades da cooperativa se traduzem em seu balanço ecológico, que representa os ganhos ambientais e redução da poluição com a atividade de reciclagem. Com base em cálculos feitos pelo Centro de Estudos de Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania – CEADEC de Sorocaba, a reciclagem de 1.000 kg de papel e papelão representa a economia de 17 árvores e uma redução de 20% do uso de energia elétrica, em comparação com o processo produtivo tradicional. A reciclagem de 1.000 kg de vidro, pode contribuir com a economia de 1.200 kg de matéria-prima, incluindo areia, barrilha e calcário, 50 litros de óleo diesel e 60 litros de água. Dessa forma, foi possível calcular o balanço ecológico, associado ao trabalho do Vira Lata, desde o início de suas atividades.

Evolução do volume de resíduos coletados pelo Projeto Vira Lata

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

0

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: Projeto Vira Lata, 2009

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Balanço Ecológico das atividades do Projeto Vira Lata de 1999 a 2008

Material Quantidade de Material(em kg) Economia na Natureza

Papel, papelão e jornal 3.759.105 63.905 árvores

Papel, papelão e jornal 3.759.105 18.795.523 litros de água

PET 216.121 28.096 litros de petróleo

Plásticos diversos 479.890 62.386 litros de petróleo

Sucata de alumínio 31.610 158.050 kg de bauxita

Sucata de vidro 1.143.223 57.161 litros de óleo diesel

Sucata de vidro 1.143.223 68.593 litros de água

Sucata de vidro 1.143.223 1.371.868 kg de matéria-prima

Fonte: Projeto Vira Lata, 2009

Redução da Poluição com a reciclagem de materiais (por mil toneladas)

Material Poluição do ar Poluição da água

Papel/Papelão 74% 35%

Alumínio 95% 97%

Vidro 20% 50%

Fonte: Projeto Vira Lata, 2009

Além de poupar recursos naturais, a reciclagem também contribui

para a redução da poluição. Dados do CEADEC informam que,

para mil toneladas de papel e papelão reciclados, há uma redução

de 74% da poluição do ar e 35% da poluição da água, quando

comparados à poluição gerada na produção de papel a partir

de matéria-prima virgem. Benefícios semelhantes também podem

ser observados na produção de alumínio e vidro a partir de

matéria-prima reciclada.

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Apesar das conquistas, permanecem desafios a serem superados e novos problemas vem surgindo. Para Pereira, os cooperados precisam trabalhar de forma planejada. A cooperativa Vira Lata, ainda não consegue pagar o INSS dos cooperados ou vale-transporte. Também não conseguiu constituir um fundo

de reserva, essencial para os meses de queda do preço dos materiais.

O final de 2008 foi particularmente penoso para a Vira Lata e todas as cooperativas. Segundo Pereira, a crise econômica fez cair drasticamente os preços: as revistas passaram de R$ 0,20 para R$ 0,05 por kg. O PET, que chegou a registrar um preço de R$ 1,20 por kg foi para R$ 0,90 no início de 2009. Se a cooperativa tivesse seguido o caminho de outras organizações e apostado em um único produto, como o PET, hoje estaria fechada.

Este cenário reforça a importância das parcerias com o setor privado para a sustentabilidade das cooperativas, uma vez que garante quantidade, qualidade e diversidade de materiais. O que vem fortalecendo o Projeto Vira Lata são os acordos com os grandes geradores de materiais recicláveis (como as empresas Porto Seguro, Pão de Açúcar e Editora Globo) e com compradores (como a Gerdau). Embora a coleta em condomínios faça parte da história do Vira Lata e não possa ser abandonada, são estas novas parcerias que contribuirão para a expansão do trabalho. Nas empresas, a cooperativa coleta material limpo, praticamente livre de rejeito, ganhando tempo, qualidade e gerando mais receita. Além disso, há um ganho de escala: uma única

viagem de caminhão coleta, em uma empresa, o mesmo que seria recolhido em 4 a 5 condomínios. Dentre estas parcerias, construídas pelo Projeto Vira Lata, as iniciativas com a Gerdau e Porto Seguro sinalizam um caso exemplar. Pensadas originalmente como iniciativas individuais, acabaram construindo um ciclo de reciclagem entre elas, cujo elo de comunicação é a cooperativa. De um lado, há sucata de grande qualidade e alto valor agregado. Do outro, uma empresa que transforma esse material em novos produtos para o mercado. No meio, viabilizando esse processo, uma cooperativa que coleta e realiza o beneficiamento primário deste material.

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Sucata Ferrosa Gerdau

Assegurando a destinação: a parceria entre Vira Lata e Gerdau

A Gerdau é uma das empresas líderes na produção de aço no mundo. Iniciando suas atividades em 1901, como uma fábrica de pregos em Porto Alegre, o negócio se expandiu no campo siderúrgico e, desde 1948, tornou-se uma das empresas mais internacionalizadas da economia brasileira. Cerca de 37 mil colaboradores espalhados por 13 países, foram responsáveis pela geração de mais de R$ 30 bilhões em receita no ano de 2007.

O aço produzido pela empresa é transformado em insumos essenciais para os setores da construção civil, automobilístico, eletrodoméstico, máquinas, entre outros. Uma característica do processo produtivo da Gerdau, que a torna uma das maiores recicladoras mundiais, e a maior das Américas, é o fato de ter adotado o conceito de mini-mill (comprar matérias-primas na mesma região que vendem seus produtos). Este modelo tem como base, o uso da sucata ferrosa como principal matéria-prima para a produção de aço.

Em 2008, foram recicladas 16 milhões de toneladas de sucata pelo grupo Gerdau, o que representa aproximadamente 70% da matéria-prima empregada pela empresa. Os outros 30% são compostos de ferro gusa sólido. O aço produzido se transforma em novos produtos empregados na construção civil, como vigas, ou chapas de aço usadas na fabricação de automóveis.

As atividades da empresa envolvem três principais processos: a fabricação do aço, a comercialização dos produtos derivados e, por fim, o processo que garante os outros

dois: a compra da sucata. O fato de sempre ter utilizado sucata ferrosa como matéria-prima para fabricação do aço, levou a Gerdau, a construir relações sólidas com os sucateiros, principais fornecedores. Na empresa, a Gerdau Metálicos é a área responsável por garantir este processo, identificando e negociando a compra da sucata.

Até 2003, a Gerdau Metálicos garantia o fornecimento dessa matéria-prima comprando diretamente de empresas geradoras de sucata ferrosa, sucateiros e algumas cooperativas espalhadas pelo país. Embora já houvesse um relacionamento da Gerdau com cooperativas de catadores, não havia um trabalho diferenciado com essas entidades. A partir deste ano, por iniciativa da área de metálicos da Gerdau, nasceu a ideia de se fazer este Projeto. A participação da Gerdau no Compromisso Empresarial para a Reciclagem – CEMPRE, a aproximou de outras empresas que já atuavam em parceria com cooperativas, como a Tetrapak, que compra embalagens Longa Vida.

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Na Gerdau, o Projeto teve como objetivo inicial, apoiar cooperativas que já existiam, ou contribuir para a implementação de uma nova organização em cada um dos 11 municípios que a empresa operava. Com isso, ela pretendia estimular o desenvolvimento da reciclagem nas localidades e aumentar a quantidade de sucata comprada pelas cooperativas. Embora a estratégia esteja alinhada ao negócio da Gerdau, seu fator motivador foi favorecer a inclusão social, como afirma Carlos Eduardo Vieira da Silva, gerente da Gerdau Metálicos. A iniciativa se adequa perfeitamente ao tripé da sustentabilidade adotado pela empresa, uma vez que busca a inclusão de catadores (dimensão social), estimula a reciclagem (dimensão ambiental) e atende às necessidades da empresa em assegurar matéria-prima (dimensão econômica).

Quando a Gerdau inicia um projeto com cooperativas, o primeiro passo é definir uma equipe interna que inclui um representante da Gerdau Metálicos e outro da área de meio ambiente e segurança da unidade. O trabalho da equipe formada conta com o apoio do Instituto Gerdau que tem, entre suas prioridades, a promoção do desenvolvimento comunitário, da atividade empreendedora e da responsabilidade do negócio. Para Vivian Iuka Okuda, do Instituto Gerdau, uma iniciativa como esta, que nasceu na Gerdau Metálicos, está perfeitamente alinhada aos objetivos do Instituto.

O maior desafio é reunir diferentes atores - poder público, cooperativas e iniciativa privada - em torno de um objetivo comum, que é o desenvolvimento destas cooperativas. Carlos Eduardo Vieira da Silva, Gerente da Gerdau Metálicos. Quando o município não possui uma cooperativa organizada e atuante, a empresa apoia a implantação da coleta seletiva e a criação de uma organização de catadores

em parceria com os atores locais interessados. Até 2008, a Gerdau incentivou a criação de sistemas de coleta seletiva em 13 municípios, envolvendo 580 cooperados, gerando uma média de 1300 toneladas de sucata coletada e comprada por ano.

No caso de municípios que já possuem uma cooperativa em operação, a Gerdau contribuiu para o aprimoramento do trabalho realizado, capacitando cooperados e doando equipamentos.

Foi o que aconteceu em São Paulo na parceria com o Projeto Vira Lata. As duas organizações se aproximaram após uma série de visitas, realizadas em 2005 pela Gerdau à cooperativas, estimulada por sua participação no CEMPRE. Na oportunidade, o Projeto Vira Lata dividia espaço com outras cooperativas na antiga usina de compostagem da cidade. O Vira Lata foi selecionado para participar do programa de apoio às cooperativas, desenvolvido pela Gerdau.

Para a Gerdau, o Vira Lata é uma iniciativa bastante avançada devido ao seu: modelo de gestão, à amplitude da coleta e à conscientização dos cooperados. A ação da empresa começou com a cessão em comodato, de equipamentos, como um triturador e uma caçamba para armazenamento da sucata ferrosa. A empresa também ofereceu uma capacitação sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs.

Hoje, a Gerdau compra toda sucata ferrosa coletada pela cooperativa. Isso inclui tanto as latinhas coletadas nos condomínios e postos de coleta seletiva dos supermercados Pão de Açúcar, quanto o material de maior valor agregado como a sucata doada pela Porto Seguro.

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Catadora associada ao Vira Lata separando a sucata

O parceiro produtor de sucata: o relacionamento entre Porto Seguro e Vira Lata.

A Porto Seguro, terceiro elo deste ciclo da reciclagem, iniciou suas atividades em 1945 como Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais, com foco em seguros de automóveis. Hoje é uma empresa que atua oferecendo modalidades de seguro de automóvel, saúde, patrimônio, vida e transportes, por meio de suas subsidiárias. Líder no segmento de seguro de automóveis, suas 115 sucursais e regionais, espalhadas pelo território nacional, empregam diretamente cerca de

7.600 funcionários e mais de 8 mil prestadores de serviço.

Em 2001 a empresa iniciou uma atuação social, estruturada com a criação da Área Social, ligada à gerência de Recursos Humanos. O trabalho se dava na região central de São Paulo, onde o escritório da empresa está localizado, pois o foco era o desenvolvimento das comunidades do entorno da empresa. O primeiro passo da equipe responsável foi mapear as organizações sociais do bairro e suas necessidades.

Em 2005, a Porto Seguro reformou e adaptou uma antiga oficina, que se tornou a Casa Campos Elísios Melhor, onde são realizadas atividades voltadas à educação, geração de renda e capacitação profissional da população da região. No princípio, os Projetos ofereciam reforço escolar e práticas esportivas para jovens. Hoje, incluem diferentes públicos com diversos focos de atuação. Nas variadas modalidades de cursos oferecidos, trabalham tanto profissionais contratados, como voluntários da própria empresa. Dentre as organizações mapeadas, havia o Abrigo Dom Bosco, que acolhia catadores de papelão com seus carrinhos. O contato com o Abrigo mostrou uma oportunidade de introduzir em seu escritório, a coleta seletiva: até aquele momento, todos os resíduos sólidos eram retirados por uma empresa privada e não se separava o material reciclável do lixo comum.

Com a intenção de implantar um programa de coleta seletiva, a equipe da Porto Seguro procurou exemplos de cooperativas com experiência em parcerias com empresas. Ao conhecer o Projeto Vira Lata e sua Organização, a empresa encontrou um caminho para a viabilização de seu projeto.

Nascia também a ideia de aproximar o Abrigo Dom Bosco com a Cooperativa Vira Lata. O primeiro desafio foi convencer os catadores do Abrigo a se adequarem às

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propostas da cooperativa: eles estavam acostumados a trabalhar individualmente, recebendo por dia e vendendo o material coletado aos sucateiros, sem nenhum poder de barganha. Além disso, o Abrigo não possuía local adequado para armazenamento, nem equipamentos mínimos, como prensa e balança.

A Vira Lata concordou em coletar os materiais armazenados no Abrigo e comercializá-los junto aos coletados por seus cooperados. Mesmo com perspectivas de ganho melhores, já que o preço conseguido pela cooperativa na venda de papel era cerca de 10 vezes maior do que na venda individual para o sucateiro, em um primeiro momento somente 50% dos catadores abrigados aderiram à proposta. Mesmo sabendo da resistência dos catadores em trabalhar recebendo pagamento mensal, a Porto Seguro prosseguiu. A consolidação da relação entre o Projeto Vira Lata e o Abrigo Dom Bosco ajudou a diminuir a resistência dos catadores, e hoje, cerca de 80% deles comercializam seus materiais com a cooperativa.

A experiência positiva da Porto Seguro, na implantação do projeto de coleta seletiva em seu escritório central, levou-a a perceber outra oportunidade: o que poderia ser feito com a sucata gerada pelos centros automotivos? A empresa enfrentava um desafio com o grande crescimento das oficinas parceiras atuando em São Paulo. Com um total de 180 oficinas conveniadas e mais 35 operadas diretamente pela empresa, era preciso encontrar uma forma de destinação da sucata, condizente com sua política de responsabilidade socioambiental, e que, não se limitasse à venda das peças, como era feito até aquele momento. O mercado de reaproveitamento de sucata era uma área nova, em que a Porto Seguro tinha pouco conhecimento. Havia também, o receio de que amortecedores, pára-lamas e outras peças recebidas nas oficinas, pudessem ser desviadas para o mercado paralelo.

Hoje nós trabalhamos com um Projeto que traz sentido para a vida das pessoas envolvidas. A geração de emprego e a inclusão social são os resultados que esperamos. não procuramos retorno financeiro com tudo isso. O retorno é com a mudança na vida das pessoas.Mirian Mesquita, Gerente da área de Responsabilidade Social e Ambiental da Porto Seguro.

Sucata da Porto Seguro carregada para o caminhão da Vira Lata

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

0

10.000,00

20.000,00

30.000,00

40.000,00

50.000,00

60.000,00

70.000,00

80.000,00

90.000,00

Evolução da Receita da Vira Lata com Sucata de Ferro

Fonte: Projeto Vira Lata, 2009

Fechando o ciclo da reciclagem: a parceria entre Porto Seguro, Vira Lata e Gerdau

Neste cenário, a Cooperativa Vira Lata desempenhou um papel fundamental. Como já tinha uma parceria consolidada com ela, a Cooperativa colocou as duas empresas em contato, unindo dois grandes interesses. Para a Gerdau, a sucata de ferro gerada nas oficinas da Porto Seguro tinha alto valor agregado devido a sua qualidade, porém, a empresa não possuía estrutura para realizar a coleta. Para a Seguradora, a Gerdau era a certeza de que o material seria destinado de forma apropriada e utilizado para a produção de aço.

À Vira Lata coube aliar os interesses das duas empresas, pois ela tinha a estrutura para garantir a coleta de materiais da Porto Seguro e o espaço para armazenar o material que seria repassado para a Gerdau. O papel da cooperativa foi fundamental: além de viabilizar a parceria entre as duas empresas, possibilitou a ampliação do seu trabalho de inserção social e geração de renda. Desta articulação, nasce uma iniciativa que tem contribuído, de forma significativa, para a sustentabilidade da cooperativa.

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080

350.000,00

300.000,00

250.000,00

200.000,00

150.000,00

100.000,00

50.000,00

Evolução comparativa da receita de todos os materiais para a Vira Lata

Fonte: Projeto Vira Lata, 2009

vidros

papel

plástico

papelão

óleo vegetal

tetra pak

suc. ferro

outros

pet

alumínio

outros metais

É importante destacar os benefícios socioambientais e econômicos evidentes para os parceiros e a comunidade. Considerando apenas o período de 2006 a 2008, o volume de sucata ferrosa coletado, passou de 3,5 toneladas para 221 toneladas. Para a Vira Lata, este incremento nas vendas fez com que a receita gerada com este material, se elevasse de 3% a 11% do total da receita de 2008.

Esses resultados positivos ainda podem ser potencializados. O sucesso da parceria com a Vira Lata tem estimulado a Porto Seguro a ampliar o projeto envolvendo mais cooperativas. Hoje, a Vira Lata retira os resíduos da maior parte dos 35 Centros Automotivos Porto Seguro da cidade de São Paulo. É preciso ampliar este modelo de coleta para as 180 oficinas terceirizadas, que geram uma quantidade enorme de materiais recicláveis de grande valor agregado. Atualmente, o grupo tem dois desafios: encontrar cooperativas que possam assegurar a destinação correta dos resíduos coletados e estimular as oficinas terceirizadas a aderir ao Projeto.

Não há dúvida quanto aos benefícios para todos. Para a Porto Seguro, garantiu-se a destinação correta dos materiais gerados em seus escritórios e parte de suas oficinas, sem o custo de contratação de uma empresa para isso e sem o risco das peças automotivas voltarem ao comércio pelo mercado paralelo. A Gerdau beneficiou-se ao assegurar o recebimento de matéria-prima de excelente qualidade para o seu processo de produção. Todavia, tão importante como os benefícios econômicos e ambientais registrados por esta experiência é a percepção de que estas iniciativas podem contribuir efetivamente para a transformação social. O compromisso das empresas não está em escolher as cooperativas em detrimento de outros fornecedores, e sim, em incorporá-las no processo, reconhecendo-as como atores importantes no ciclo de reciclagem. Deste fornecedor (as cooperativas), exige-se que

seu trabalho atenda aos padrões de qualidade determinados pelas empresas. Mas, além da prestação de serviços de qualidade, a geração de renda e a inclusão social emergem como um dos mais importantes resultados desta experiência.

O Projeto Vira Lata é um exemplo claro deste processo. Aqueles que antes eram catadores de lixão, catadores autônomos que trabalhavam nas ruas de São Paulo, pessoas excluídas do mercado de trabalho; sentem-se hoje, valorizados e começam a ver seu trabalho reconhecido, não só como parte de um sistema de coleta seletiva, mas principalmente como agentes da preservação ambiental.

A aproximação entre cooperativas e empresas amplia a possibilidade de incluir cada vez mais pessoas em um sistema que oferece condições de trabalho digno, como mostra a trajetória de Cleusa Messias da Silva, vice-tesoureira da Cooperativa Vira Lata.

Introdução

Caso 1. A experiência da agência do Banco Real em Sabará

Caso 2. A parceria entre as empresas

Glossário

InícIO

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Catadora do Projeto Vira Lata

Dona Cleusa, como é mais conhecida, trabalhou no lixão de Carapicuíba muitas vezes acompanhada de sua filha pequena por não ter com quem deixá-la. Cooperada há cinco anos, participou de um treinamento na Gerdau sobre o manejo da sucata ferrosa, em particular do material proveniente da Porto Seguro, como é o caso de amortecedores, que demandam cuidado especial no seu manuseio para evitar qualquer tipo de impacto socioambiental. Na Vira Lata, ela é responsável pela triagem de toda a sucata ferrosa coletada. Suas palavras sintetizam todo o potencial de transformação de iniciativas como as aqui apresentadas:

Eu trabalhava no lixão de carapicuíba. A situação era muito precária: trabalhávamos em muitas pessoas, era muito lixo orgânico, muitos animais mortos. E a gente tinha que conviver com aquilo tudo. Quando o lixão fechou, eu procurei o Sr. Wilson. Já faz cinco anos que estou aqui e ganhei muita coisa. A gente sente que está crescendo aqui dentro. A gente faz um trabalho maravilhoso. Aqui eu aprendi muito. Eu comecei com a triagem e hoje trabalho com a sucata ferrosa; os materiais que vêm da Porto Seguro. É uma responsabilidade muito grande porque o material sai daqui direto para a fábrica da Gerdau. Eu me sinto realizada porque aprendi muito convivendo com várias pessoas diferentes.Cleuza Messias da Silva, vice-tesoureira da Cooperativa Vira Lata.

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Experiência de São Paulo/SP: Principais aprendizados para o desenvolvimento de um ciclo de reciclagem envolvendo empresas privadas e cooperativas de catadores

Contribuir para a profissionalização das cooperativas de catadoresO caminho da profissionalização do trabalho das cooperativas, não é uma tarefa simples que pode ser resolvida exclusivamente pelos próprios catadores. Trata-se de um desafio compartilhado em que, as ações do poder público e das empresas privadas, podem contribuir, significativamente, integrando as cooperativas a um sistema de coleta seletiva, capacitando os cooperados para a gestão. Promover o trabalho dignoA aproximação de empresas e cooperativas contribui, efetivamente, para a inclusão social dos catadores e o desenvolvimento de trabalho digno. Abrir oportunidades para aprendizado mútuoA aproximação de empresas e cooperativas promove um aprendizado mútuo. A empresa que conhece as atividades desenvolvidas pelas cooperativas, compreende o trabalho destas organizações e passa a vê-las como unidades de negócios, com funções de fornecedores na cadeia produtiva em que a empresa está inserida. Por sua vez, a demanda de qualidade e regularidade nos serviços oferecidos é um importante indutor de melhoria dos processos das cooperativas, pois favorece sua profissionalização.

Investir na qualidade dos serviçosAs parcerias entre cooperativas e empresas podem acontecer de formas variadas, envolvendo doação ou compra de materiais. Estas ações podem ser potencializadas quando são acompanhadas por iniciativas de apoio das empresas; na forma de capacitação, qualificação ou doação de equipamentos. Assim, as cooperativas atendem aos mesmos padrões de qualidade que as empresas exigem de seus outros fornecedores. Criar uma estratégia “ganha-ganha”Fechar o ciclo de reciclagem de resíduos envolvendo empresas geradoras e empresas compradoras, por meio de cooperativas de catadores, é uma estratégia ganha-ganha. Neste fluxo, assegura-se a redução de impacto ambiental dos resíduos, garante-se uma destinação apropriada e segura, cria-se condições de comercialização com qualidade e quantidade, além de gerar trabalho e renda promovendo a inclusão social.

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Aterro sanitário: Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos à menor

área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos

menores, se necessário (IPT, 1995).

http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/residuos/res13.html

Balanço ecológico: Método científico de calcular o gasto total de energia e as emissões geradas para obtenção de matérias-primas e produtos,

possibilitando fazer comparação de impactos e benefícios ambientais de diferentes processos produtivos.

http://www.solvayindupa.com/static/wma/pdf/2/4/5/9/langid10/folderconstrucivil.pdf

Beneficiamento primário: Início do processo de reciclagem, fase de classificação do material e, depois,

de enfardamento (prensar em fardos). GONÇALVES, Pólita. A Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e Econômicos.

Rio de Janeiro: DP&A / FASE, 2003.p.33.

Catador independente: Catador que coleta materiais recicláveis nas ruas das cidades conduzindo muitas vezes seu carrinho.

Comercializa sua produção com sucateiros. Vínculos de Negócios Sustentáveis em Resíduos Sólidos. Instituto Ethos, 2007.

Coleta seletiva: É um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente

separados na fonte geradora. VILLHENA, André. Guia da coleta seletiva de lixo. CEMPRE, 1999.

Comodato: Empréstimo de bens móveis ou imóveis de forma gratuita. Trata-se de uma cessão do uso de equipamentos, por exemplo,

sem que a Organização ou pessoa que receba o bem se obrigue a qualquer contrapartida ao doador.

http://www.nelpa.com.br/Editoras/Nelpa/Arquivos_PDF/CMDC_Contratos/Capitulo%2019%20-%20CMDC3.pdf

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Práticas sustentáveis:experiências na cadeia da reciclagem

Cooperativa de catadores: As cooperativas e associações estabelecem parcerias no contexto de programas municipais de coleta seletiva,

mas também atuam de forma independente do poder público. Elas não são remuneradas pelos serviços de coleta e triagem sendo que sua renda

é obtida, exclusivamente, com a venda dos materiais recicláveis coletados. Algumas destas organizações estão se estruturando para realizar,

além da coleta, triagem e beneficiamento primário às atividades de reciclagem. Vendem para intermediários, e em alguns casos, para indústrias

recicladoras. Vínculos de Negócios Sustentáveis em Resíduos Sólidos. Instituto Ethos, 2007.

Destinação: A destinação de resíduos sólidos envolve as atividades de coleta, transporte e disposição final de resíduos em unidades como

aterros sanitários e incineradores, de forma a produzir menores impactos socioambientais. Hoje, o termo também inclui, a alternativa de

transportar os resíduos para cooperativas ou empresas que trabalhem na cadeia de reciclagem, promovendo o reaproveitamento destes

materiais nos processos produtivos.

Economia solidária: Conjunto de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito – organizadas e realizadas

solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras sob a forma coletiva e autogestionária. Nesse conjunto de atividades e formas de Organização

destacam-se quatro importantes características: cooperação, autogestão, viabilidade econômica e solidariedade.

Atlas de Economia Solidária no Brasil, 2005. Brasília: MTE, SENAES. 2006.p.11.

Equipamentos de Proteção Individual - EPI: Todo meio ou dispositivo de uso pessoal destinado a proteger a incolumidade física do trabalhador

durante a atividade laboral.

http://www.dgrh.unicamp.br/noticia.shtml?idNoticia=446

Gestão compartilhada: Programas que têm como premissa a Organização, capacitação e consolidação do trabalho dos catadores como

elementos prioritários da gestão. A logística de implantação dos programas consiste na cessão de áreas municipais nas quais são instalados

galpões equipados com todo o material necessário para o processo de coleta seletiva: containeres para armazenamento dos recicláveis,

esteiras para o processo de separação e prensas para o enfardamento do material que será comercializado. DEMAJOROVIC, J., BESEN, G. R.,

RATHSAM, A.A. Os desafios da Gestão Compartilhada de resíduos sólidos face à lógica de mercado. In: Diálogos em ambiente e sociedade.

São Paulo: Annablume, v.1, 2006: p.389-411.

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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Intermediários: Empresas que compram o material reciclável das organizações de catadores. Possuem capacidade de estocagem

e de beneficiamento de alguns tipos de materiais agregando valor à cadeia produtiva da reciclagem. Os trabalhadores são cooperados

ou registrados e as condições de trabalho, adequadas em termos ambientais e de segurança do trabalho. Vínculos de Negócios Sustentáveis

em Resíduos Sólidos. Instituto Ethos, 2007.

Lixão: Forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos que se caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas

de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. É conhecida também como disposição de resíduos a céu aberto, (IPT, 1995).

http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/residuos/res13.html

Minimill: Comumente identificadas como usinas siderúrgicas que operam aciarias elétricas e têm a sucata como principal matéria-prima,

caracterizando uma rota tecnológica semi-integrada. As minimills diferenciam-se das usinas integradas, não só pelas fases iniciais de

elaboração do aço, mas principalmente pela mínima escala eficiente de produção, pelo baixo capital investido, pela maior adaptabilidade

ao mercado e pelo estilo gerencial próprio.

http://www.bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set1203.pdf

Rejeitos: Diferentes tipos de lixo vindos da produção.

Saneamento básico: Saneamento é o conjunto de medidas, visando preservar ou modificar as condições do ambiente com a finalidade

de prevenir doenças e promover a saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem

inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades de saneamento são: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas,

locais de trabalho e de lazer e habitações.

http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/urbana/index.html&conteudo=./agua/urbana/saneamento.html

Sucata ferrosa: É composta pelos mais diferentes tipos de materiais: latinhas de alimentos ou bebidas, dos supermercados e residências,

resíduos gerados nas montadoras de automóveis, aço dos eletrodomésticos ou ainda pode vir de materiais de demolição.

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Trabalho digno: O conceito de trabalho digno resume as aspirações do ser humano no domínio profissional e abrange vários elementos:

oportunidades para realizar um trabalho produtivo com uma remuneração equitativa; segurança no local de trabalho e proteção social

para as famílias; melhores perspectivas de desenvolvimento pessoal e integração social; liberdade para expressar as suas preocupações;

Organização e participação nas decisões que afetam as suas vidas; igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as mulheres

e homens.

http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_visita_guiada_02_pt.htm

Triagem: Atividade de separação em categorias de resíduos que posteriormente poderão ser enfardados e armazenados para a venda

à empresas recicladoras.

http://www.instituto-camoes.pt/lextec/por/domain_1/definition/20229.html

Tripé da sustentabilidade: Tradução do termo inglês Triple Bottom Line, muito utilizado para se referir à questão da sustentabilidade

nas organizações empresariais. Nesta visão, o equilíbrio entre o desempenho econômico, social e ambiental das empresas é fundamental

para que elas sejam bem sucedidas.

http://www.unibanco.com.br/vste/_sus/por/oqu/coc/sus/index.asp

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Caso 2. A parceria entre as empresas

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