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Iniciativas de Conservação Regional e Transfronteiriça da Região Amazônica

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Iniciativas de Conservação Regional e Transfronteiriça da Região Amazônica

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INICIATIVAS DE CONSERVAÇÃO REGIONAL E TRANSFRONTEIRIÇA

DA REGIÃO AMAZÔNICA

Parque Nacional Natural La Paya (Colômbia).Foto: Rodrigo Durán Bahamón

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SECRETARIA PERMANENTE ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DE COOPERAÇÃO AMAZÔNICA (SP/OTCA)

Secretária‑Geral

María Jacqueline Mendoza Ortega

Diretor Executivo

César Augusto De Las Casas Díaz

Diretor Administrativo

Antonio Matamoros

Coordenadora de Meio Ambiente

Theresa Castillion – Elder

Coordenador de Mudanças do Clima e Desenvolvimento Sustentável

Carlos Aragón

Coordenadora de Assuntos Indígenas

Sharon Austin

Coordenador de Ciência, Tecnologia e Educação

Roberto Sánchez Saravia

Coordenador de Saúde

Francisco Sánchez Otero

Endereço

SHIS QI 05, Conjunto 16, Casa 21, Lago SulCEP: 71615‑160 Brasilia – DF, Brasil

T: +(55 61) 3248‑4119 | F: +(55 61) 3248‑4238www.otca.info

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© OTCA 2017A reprodução desta obra é permitida desde que seja citada a sua fonte.

Coordenação Editorial

Sandra Yolima Sguerra‑Castañeda

Colaboradoras

Larissa SouzaFrida Montalvan

Adriana Rivera‑Brusatin

Fotografias

Arquivo do “Parques Nacionales de Colombia”Álvaro GaviriaEnrique Trujillo

Enrique HernándezInstituto de Turismo del Meta de Colombia

Julia Miranda LondoñoRodrigo Durán Bahamón

Projeto Gráfico, Desenho e Diagramação

Semear Editora

Publicado com o apoio do

I56 Iniciativas de conservação regional e transfronteiriça da região amazónica / coordenação e colaboração Sandra Yolima Sguerra Castañeda, Larissa Souza, Frida Montalvan, Adriana Rivera Brusatin. — Brasília, DF :

OCTA, 2017. 48 p. : il. ; color.

Inclui bibliografia. Apoio Banco de Desenvolvimento da América Latina. ISBN 978‑85‑61873‑08‑0

1. Ecossistemas – Região Amazônica. 2. Desenvolvimento sustentável – Programa trinacional. 3. Conservação da biodiversidade. I. Sguerra Castañeda, Sandra Yolima (Coord.). II Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.

CDU 574.5(811)

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PREFÁCIO ..............................................................................................7

APRESENTAÇÃO ....................................................................................9

1 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira, executada com o Apoio da OTCA .......................13

1.1 Breve Histórico da Iniciativa ............................................................................... 13 1.2 Contexto Geográfico .......................................................................................... 14 1.3 Objetivo Principal .............................................................................................. 15 1.4 Socioeconomia da Área de Execução ................................................................. 15 1.5 Resultados e Impactos de Destaque .................................................................. 16 1.6 Fatores Cruciais para o Sucesso ........................................................................ 18 1.7 Necessidades e Desafios Rumo ao Futuro .......................................................... 19

2 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS ............................................23 2.1 Iniciativa do Escudo Guianense – GSI ................................................................ 23 2.1.1 Breve Histórico da Iniciativa .................................................................... 23 2.1.2 Contexto Geográfico ............................................................................... 24 2.1.3 Resultados e Impactos de Destaque ........................................................ 25 2.1.4 Fatores Cruciais para o Sucesso ............................................................. 26 2.2 Iniciativa Madre de Dios, Acre e Pando – Iniciativa MAP ..................................... 28 2.2.1 Breve Histórico da Iniciativa .................................................................... 28 2.2.2 Contexto Geográfico ............................................................................... 30 2.2.3 Resultados e Impactos de Destaque ........................................................ 31 2.2.4 Fatores Cruciais para o Sucesso ............................................................. 32 2.3 Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA .......................................... 33 2.3.1 Breve Histórico da Iniciativa .................................................................... 33 2.3.2 Contexto Geográfico ............................................................................... 35 2.3.3 Resultados e Impactos de Destaque ........................................................ 36 2.3.4 Fatores Cruciais para o Sucesso ............................................................. 37

3 LISTA DE ACRÔNIMOS ............................................................................41

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................45

CONTEÚDO

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PREFÁCIO

Muitos desafios são enfrentados, atualmente, por comunidades e regiões para alcançar, manter e garantir um equilíbrio efetivo do desenvolvimento social, econômico, ambiental e sustentável dos nossos países e do nosso mundo. Mais além das fronteiras, as matas e águas amazônicas interconectam diversos ecossistemas, que são o lar de povos indígenas, comunidades tradicionais e inúmeras espécies silvestres, proporcionando serviços e funções ecossistêmicas fundamentais para a vida, como a regulação da água e o controle do clima planetário. Esses ecossistemas têm enorme potencial de permitir o desenvolvimento sustentável com base na natureza.

Em um esforço para fazer frente a esses desafios, os países da Região Amazônica uniram forças e criaram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) com a missão de ser um fórum permanente para o desenvolvimento sustentável da Região.

Ao longo dos anos, os Países Membros da OTCA vêm trabalhando para fortalecer a gestão dos ecossistemas nacionais de áreas protegidas, através de um enfoque ecossistêmico e visando contribuir para a conservação da biodiversidade em um contexto regional, em conformidade com a Agenda Estratégica de Cooperação Amazônica (AECA).

A esse respeito, gostaríamos de compartilhar a experiência de um projeto executado no âmbito da OTCA: o Programa Trinacional La Paya, Cuyabeno e Güeppí na Colômbia, Equador e no Peru. Além dessa experiência realizada no marco da OTCA, gostaríamos de fazer menção outras iniciativas bem‑sucedidas executadas na Região Amazônica. São elas: (i) a Iniciativa Escudo Guianense, nos territórios da Guiana e do Suriname e áreas específicas da Colômbia e do Brasil; (ii) o Programa MAP (Madre de Dios, Acre e Pando) executado no Peru, Brasil e Bolívia e (iii) o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) do Brasil.

Esta publicação, produzida com o gentil apoio do Banco Desenvolvimento da América Latina (CAF), tem o objetivo de visibilizar essas iniciativas a atores interessados, servindo como uma ferramenta introdutória útil a outros países e regiões que enfrentam os mesmos desafios na gestão de Áreas Protegidas da Região Amazônica.

Maria Jacqueline MendozaSecretária GeralOrganização do Tratado de Cooperação Amazônica

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APRESENTACÃO

Com uma superfície aproximada de 7,8 milhões de km2, a Amazônia possui valores naturais que se destacam em nível mundial e regional, e que merecem contar com todos os esforços para a sua conservação efetiva em longo prazo, principalmente por parte dos oito países que a compartilham: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

A Amazônia abriga a maior floresta tropical existente no mundo, representando a terça parte de todas as florestas tropicais úmidas. Seus diversos ecossistemas e habitats são o lar de 10% de todas as espécies silvestres conhecidas no mundo. Ademais, possui um grande potencial hídrico: é a bacia mais extensa no planeta, cujo rio mais caudaloso percorre aproximadamente 6.925 km e abriga cerca de 20% do suprimento global de água doce. Em virtude de seu tamanho, estado dos seus ecossistemas e localização, a Amazônia é uma provedora natural de serviços ecossistêmicos como a ciclagem de nutrientes, a regulação hídrica e o controle do clima planetário. Estima‑se que a Amazônia contenha quase 10% das reservas mundiais de carbono armazenadas na biomassa terrestre, cujo lançamento na atmosfera poderia acelerar de forma significativa o aquecimento global. Nesse território vivem cerca de 33 milhões de pessoas e, em quase a metade das suas terras, se encontram 385 povos indígenas, muitos dos quais vivem em isolamento voluntário, falam dialetos próprios e dependem quase em sua totalidade dos recursos naturais que a natureza lhes proporciona.

Apesar do seu altíssimo valor, grandes pressões ameaçam a integridade desse território, dentre eles o desenvolvimento de infraestrutura, a extração petrolífera, a mineração, agroindústria, tendo como resultado a contaminação das águas por altos níveis de mercúrio, o desmatamento, o deslocamento de comunidades indígenas a outros territórios, incêndios florestais e a pobreza. Apesar das diversas iniciativas que buscam fazer frente a tais pressões, os atuais esforços ainda são insuficientes e, por isso, é importante que, a partir dos resultados das iniciativas bem‑sucedidas de conservação, que serão apresentadas a seguir, além de outras que não serão citadas neste documento, os países da Bacia Amazônica sejam encorajados a promover acordos regionais e, em especial, setoriais, para que o planejamento do desenvolvimento econômico seja baseado em princípios que garantam a proteção da

9Tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa).Foto: Enrique Trujillo

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Amazônia como a grande reserva de vida que ela é, tanto para os que nela vivem e dela dependem diretamente, quanto para o planeta.

A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em cumprimento à instrução recebida na Reunião Regional de Diretores e Autoridades de Áreas Protegidas dos países membros da OTCA, realizada em Bogotá, Colômbia em 2015, com o apoio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), de visibilizar e posicionar experiências regionais exitosas na gestão, manejo e conservação de Áreas Protegidas, especialmente esforços em conservação fronteiriça, preparou a publicação “Iniciativas de Conservação Regional e Transfronteiriça da Região Amazônica”, disponibilizada a todos os países da região, aos doadores, organizações não‑governamentais, organizações comunitárias e demais setores interessados.

Este documento tem o propósito de dar a conhecer os principais resultados, aprendizados e desafios de quatro iniciativas de conservação que vêm contribuindo à proteção do bioma amazônico e ao aprimoramento da qualidade de vida das comunidades locais. As quatro iniciativas contribuem ao cumprimento do Convenção sobre Diversidade Biológica, em particular, o Plano Estratégico para a Diversidade Biológica 2011‑2020 e as Metas de Aichi, no que diz respeito principalmente à declaração e gestão de áreas protegidas e redução da pobreza. Do mesmo modo, elas contribuem ao cumprimento dos compromissos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em particular, ao recente Acordo de Paris, no tocante à redução dos níveis de desmatamento e degradação e à manutenção das florestas como reservas de carbono.

No âmbito da OTCA, foi executado o Programa Trinacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Corredor de Áreas Protegidas La Paya – Cuyabeno – Güeppí, em que são observados os resultados de um esforço intergovernamental de articulação e fortalecimento de um corredor de áreas protegidas e suas zonas de influência na fronteira entre Colômbia, Equador e Peru, que transcendeu a coordenação de ações rumo a um território mais amplo e fortaleceu o manejo sustentável de recursos naturais e a governança das comunidades locais.

Outras experiências realizadas na região amazônica também serão brevemente exploradas nesta publicação, uma vez que, embora não tenham a participação direta da OTCA, foram executadas na Região Amazônica. São elas: a) Iniciativa, MAP – Madre de Dios, Acre e Pando, b) Iniciativa do Escudo Guianense e, c) Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA.

Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram com seus conhecimentos e informações na preparação deste documento, em especial a: Juan Eduardo Hernández – Secretário Técnico do Programa Trinacional La Paya‑Güeppí – Cuyabeno, Sandra Valenzuela Diretora de Planejamento do WWF Colômbia, Julia Gorricho – Coordenadora do Programa SNACC de Redparques (Áreas Protegidas – Soluções Naturais às Mudanças do Clima), Claudio Maretti – Diretor de Ações Socioambientais e consolidação Territorial em Unidades de Conservação – ICMBio Brasil, Patrick Chesney – Coordenador do Escudo Guianense – GSF PNUD Suriname e Paulo Russo – Coordenador Geral de Gestão Ambiental do Acre – ICMBio Brasil.

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PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF

CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: EXPERIÊNCIA REGIONAL DE CONSERVAÇÃO EM ZONAS DE FRONTEIRA, EXECUTADA COM O APOIO DA OTCA

Parque Nacional Natural La Paya (Colômbia).Foto: Rodrigo Durán Bahamón

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13PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

1 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVI‑MENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira, Executada com o Apoio da OTCA

O Programa Trinacional é desenvolvido em um território de fronteira localizado na margem oriental da Bacia Amazônica, em uma área de mais de quatro milhões de hectares. O objetivo inicial do Programa é “Gerar um modelo de gestão regional coordenada para a conservação e desenvolvimento sustentável, no âmbito da gestão do Programa, e impactar as políticas ambientais, públicas e setoriais de escopo nacional e regional, mediante o desenvolvimento de ferramentas e mecanismos operativos, técnicos e financeiros.”

1.1 Breve Histórico da Iniciativa

O Programa Trinacional nasceu da vontade dos representantes dos sistemas de áreas protegidas da Colômbia, do Equador e do Peru que, no Primeiro Seminário Internacional da Sub‑Rede de Informações de Áreas Naturais Protegidas Amazônicas, realizado em Gamboa (Panamá) em 2005, externaram à Comissão de Vizinhança e Integração colombiano‑equatoriana o interesse de articular esforços para a conservação transfronteiriça. Essa aspiração foi incluída na Agenda Binacional de Bacias, realizada em junho de 2006.

Entre 2007 e 2008, ocorreram diversos eventos e encontros que permitiram consolidar a iniciativa e delinear ações prioritárias. O Programa Trinacional entre a Colômbia, Peru e Equador iniciou atividades em 2009 e adquiriu caráter vinculante em julho de 2011, através da assinatura de um Memorando de Entendimento entre os Ministros do Meio Ambiente dos três países, integrando, por sua vez, as Chancelarias respectivas. Ações conjuntas durante os primeiros anos de atividade foram financiadas através de Projetos de Cooperação como por exemplo,“Apoio ao Programa Trinacional” e “Putumayo Três Fronteiras”.

Para a execução do Programa, os Diretores dos Sistemas Nacionais de Áreas Protegidas estabeleceram o Regulamento do Comitê Técnico, tormando‑se a ferramenta que definiu as funções e responsabilidades de cada um dos membros, como as instâncias de gestão para a efetiva coordenação. As principais instâncias de gestão são: a) o Comitê Coordenador, constituído pelas três autoridades nacionais encarregadas pela administração dos Sistemas Nacionais de Áreas Protegidas participantes e de um representante das chancelarias de cada país; b) o Comitê Técnico constituído pelos três chefes das áreas protegidas e um funcionário nacional / regional de cada uma das autoridades nacionais; e c) a Secretaria Técnica, como órgão de facilitação e coordenação permanente do Programa Trinacional, renovada a cada dois anos entre as autoridades ambientais dos três países.

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14 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

As atividades do Programa se orientam por quatro grandes linhas de gestão: gestão das áreas protegidas e zonas de influência, participação social, fortalecimento do corredor de conservação e fortalecimento das capacidades institucionais. Para seu funcionamento, o Programa recebeu apoio financeiro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), da Agência de Cooperação Técnica Internacional da Alemanha (GIZ, antes GTZ), da Comunidade Andina de Nações (CAN) e do Órgão Autônomo de Parques Nacionais da Espanha (OAPN), bem como do Fundo Mundial para a Natureza (WWF Alemanha), da União Europeia (UE) e da Fundação Sarastro e o Programa Sociobosque do Equador. Além disso, foram executados novos projetos de investimentos, que permitiram continuar o desenvolvimento de atividades em conformidade com as linhas estratégicas do memorando de entendimento. Novos projetos de investimentos encontram‑se atualmente em fase de formulação.

1.2 Contexto Geográfico

O corredor trinacional tem uma área aproximada de 40.817,25 km2, localizada na região de fronteira entre Colômbia, Equador e Peru. Esse corredor contém um grande número de ecossistemas altamente biodiversos, localizados no refúgio pleistocênico de Napo Putumayo, caracterizado por vegetação de floresta tropical muito úmida, com matas altas

Mapa Nº 1 Área de implementação do Programa Trinacional ´La Paya – Cuyabeno‑Güeppí Sekime

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15PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

bem desenvolvidas e por uma combinação de matas rasteiras com sub‑bosque denso, matas inundáveis e matas altas com pouca presença de palmeiras.

A área do corredor se sobrepõe a territórios indígenas ancestrais dos povos Airo Pai (Siona e Secoya), Cofán, Coreguaje, Kichwa, Murui (Huitoto), Shuar, Nasa e Muinane, representados em 131 comunidades. A esses povos, somam‑se populações ribeirinhas e recentes imigrantes indígenas e mestiços, provenientes das regiões andinas e de montanha dos três países.

1.3 Objetivo Principal

O programa visa gerar um modelo de gestão regional coordenada para a conservação e desenvolvimento sustentável e impactar políticas ambientais, públicas e setoriais de nível nacional e regional por meio do desenvolvimento de ferramentas e mecanismos operacionais, técnicos e financeiros.

No âmbito do Programa, a gestão das áreas protegidas e suas zonas de influência é feita por meio de quatro linhas de gestão, que se desenvolvem no quadro regulamentar de cada país e são adaptadas conforme as necessidades do programa:

1) Gestão das áreas protegidas e suas zonas de influência: Controle e fiscalização; pesquisa e monitoramento; promoção do ecoturismo e dos bens e serviços ambientais; zoneamento e regulamentação dos usos de áreas protegidas; capacitação e fortalecimento das equipes locais e nacionais;

2) Participação Social: Coordenação com a população local para a utilização e gestão sustentável dos recursos naturais; fortalecimento organizacional e de capacidades locais; apoio para a proteção do patrimônio cultural, material e imaterial dos povos indígenas;

3) Fortalecimento do corredor de conservação: Articulação entre as ferramentas de gestão e planejamento; promoção da gestão ambiental do corredor; promoção de instâncias e mecanismos de acordos interinstitucional e intersetoriais;

4) Fortalecimento das capacidades institucionais: Cooperação horizontal, posicionamento, replicabilidade e articulação com processos e instituições regionais.

1.4 Socioeconomia da Área de Execução

Em termos de origem étnica, a área se sobrepõe as terras ancestrais dos povos Airo pai (Siona e Secoya), Cofan, Coreguaje, Kichwa, Murui (Huitoto), Shuar, Nasa e Muinane. Além disso, também se encontram ribeirinhos mestiços (mestiços amazônicos) de origem (ou longa permanência) na região, e migrantes indígenas e mestiços recentes das regiões andinas e de transição entre floresta e montanha (piedemonte) dos três países.

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16 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

A população da área núcleo do Programa Trinacional, estimada em mais de 3.500 pessoas, está dividida em 38 assentamentos, sob diversas condições de direitos formais de uso e acesso da terra e seus recursos. Trata‑se de povoados, centros, municípios e comunidades nativas, estabelecidos principalmente próximos dos rios da região (Aguarico, Angusilla, Caquetá, Caucaya, Cuyabeno, Mecaya, Napo, Peneya, Putumayo, Santa María, Tarapuy, Yaricaya e Yubineto).

Há territórios indígenas que se sobrepõem às áreas protegidas, os quais têm formas de gestão independente, com autoridades e autonomia próprias, sendo protegidos pela legislação específica de cada país, como é a de reservas indígenas na Colômbia, em que a posse da terra e de gestão autônoma é reconhecida por esses grupos ou a legislação de Reservas Comunais utilizada no Peru.

Foram declaradas formas de manejo diferentes que orientam a gestão e utilização do território, começando com as áreas protegidas de uso indireto, ou seja, com o mais elevado grau de proteção, tais como os Parques Nacionais La Paya e Güeppí Sekime na Colômbia e Peru, respectivamente, e outras que permitem alguns usos de recursos naturais, como a Reserva de Produção de Fauna de Cuyabeno no Equador e as Reservas Comunais Huimeki e Airo Pai no Peru. Outras formas de gestão que podem ser complementares para a conservação são Zonas de Reserva Florestal e as Unidades de Manejo Florestal da Colômbia, as florestas de proteção e as reservas nacionais do Peru e as áreas que possuem convênio com o programa projeto SocioBosque 1 no Equador.

Tradicionalmente, as comunidades indígenas dependem da floresta para sua subsistência, onde a pesca, caça e manejo das chagras como modelo de agricultura na floresta tem desempenhado um papel significativo. No entanto, o vínculo com as economias de mercado, os interesses de conectividade e desenvolvimento nacionais e a chegada dos colonos, têm promovido outra série de atividades econômicas que estão gerando transformações importantes no território, como o desmatamento e a poluição da água, de modo que hoje constituem ameaças, tais como: a extração ilegal de madeira, os cultivos ilícitos, os projetos de infraestrutura, o avanço da fronteira agrícola, a exploração de hidrocarbonetos e a mineração do ouro. O turismo de natureza constitui uma alternativa importante que pode favorecer as economias locais, ao mesmo tempo que pode gerar uma maior apropriação sobre o território e promover a conservação da biodiversidade e das culturas locais.

1.5 Resultados e Impactos de Destaque

O Programa Trinacional alcançou importantes resultados na conservação do bioma amazônico, além do fortalecimento da institucionalidade e da governança local. Dentre esses resultados, destacam‑se os seguintes:

1 Projeto SocioBosque: para mais informações visite o site http://sociobosque.ambiente.gob.ec/

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17PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

1) Novas áreas protegidas: Com o desenvolvimento da inciativa, em 2012 conseguiu‑se promover a declaração de áreas protegidas em cerca de 600.000 ha, representadas na recategorização da Zona Reservada de Güeppí, como o novo Parque Nacional Güeppí Sekime (203.882,31 ha) e a declaração das Reservas Comunais de Huimeki (142.832,76 ha) e Airo Pai (248.095,42 ha) no Peru o qual favorece a conectividade ecológica e evita a mudança no uso do solo a longo‑prazo.

2) Geração de insumos técnicos para novas áreas de conservação: Estruturaram‑se documentos técnicos voltados a efetivar o reconhecimento do Complexo de Lagos de Lagartococha na fronteira entre Peru e Equador, como um novo sítio RAMSAR e a declaração de uma nova área protegida no Rio Cocaya, localizada na zona de amortecimento sul‑oriental da Reserva de Produção Faunística Cuyabeno.

3) Melhoramento do habitat de espécies: Nas três áreas protegidas e suas zonas de influência, se estruturaram e fortaleceram estratégias de desenvolvimento sustentável da bacia média do Rio Putumayo com três ações principais: a) o manejo sustentável da pesca do pirarucu ou paiche (Arapaima gigas) e da arawana (osteoglosum bicirrhosum), no Parque Nacional Güeppí; b) o desenvolvimento de alternativas produtivas comunitárias em zonas de influência do Parque Nacional Natural (PNN) La Paya e da Reserva de Produção Faunística (RPF) Cuyabeno e; c) o manejo das tartarugas charapas (Podocnemis unifilis e Podocnemis expansa) na RPF Cuyabeno.

4) Fortalecimento da institucionalidade: As instituições vinculadas tiveram fortalecidas suas capacidades operacionais e técnicas de gestão no território, bem como os mecanismos de articulação melhorando, com isso o seu relacionamento institucional e a interação com as comunidades e com outros atores locais. Destaca‑se o desenvolvimento de instrumentos de gestão para apoiar o planejamento, acompanhamento, avaliação e ação conjunta trinacional: o Plano Estratégico, o instrumento de medição de Efetividade de Manejo do Corredor, o Plano de Formação e Capacitação, o sistema de informação geográfico e a estratégia de comunicações. Fortaleceram‑se as condições de controle, com a compra de equipamentos, implementos e itens de infraestrutura para a administração, o ecoturismo comunitário, o controle e a vigilância. Também foram geradas instrumentos para facilitar as ações de controle em nível regional e local, destacando‑se: a constituição do Comitê Regional de Prevenção, Controle e Vigilância de Recursos Naturais de Putumayo; a construção do Sistema de Controle e Vigilância da RPF Cuyabeno e a elaboração do Plano de Controle e Vigilância 2012‑2014 da Zona Reservada Güeppí. A partir das ações já realizadas houve no PNN Güeppí Sekime uma diminuição de 90% na derrubada ilegal de madeira em toda a área protegida, e de 100% no setor crítico do Rio Peneya (64,158 ha); também foi reduzida a pesca ilegal do pirarucu na bacia do Napo (Lagartococha) e de arawana no setor de Peneya.

5) Fortalecimento comunitário local: manter: 1) Foram consolidados territórios com o apoio à titulação de 50.000 ha de terras a colonos da zona de influência da RFP Cuyabeno, e de 35.085,3 ha a seis comunidades indígenas da zona de amortecimento do PN Güeppí Sekime;

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18 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

2) Foram renovados e estabelecidos acordos com comunidades indígenas e camponesas para a gestão de recursos naturais em áreas protegidas e em zonas de influência PNN La Paya e na RFP Cuyabeno; 3) Apoiou‑se a formulação de planos de vida indígenas no PNN La Paya e no PN Güeppí Sekime; e 4) Avançou‑se no ordenamento do turismo comunitário na RFP Cuyabeno.

1.6 Fatores Cruciais para o Sucesso

1) O respaldo político desde o mais alto nível em cada país favoreceu a integração transfronteiriça: Para consolidar a iniciativa foi fundamental passar do interesse dos Chefes das Áreas Protegidas para o compromisso das autoridades responsáveis dos Sistemas Nacionais de Áreas Protegidas e dos respectivos Ministérios do Meio Ambiente, graças ao acompanhamento, desde 2006, pela OTCA, como organização formal de articulação entre os países da Bacia Amazônica, que apoiou a gestão junto às chancelarias e a concretização da ideia do Programa. O respaldo oficial da iniciativa em seu mais alto nível gerou um cenário político favorável para a cooperação e articulação de ações, bem como para a captação dos recursos.

2) A construção de cenários legítimos de participação viabilizou o ordenamento territorial e a conservação da natureza: A declaração da criação de novas áreas protegidas foi possível na região principalmente a partir do reconhecimento dos atores sociais, de suas dinâmicas no território e dos seus conflitos e oportunidades existentes, e também por ter propiciado espaços legítimos de participação entre as comunidades locais e as autoridades públicas nos diferentes níveis, com a construção de linguagens comuns, com o permanente apoio técnico e jurídico e com a implementação de uma estratégia de comunicações orientada a melhorar a compreensão do processo e de seus benefícios.

3) O manejo participativo dos recursos naturais possibilitou a recuperação de espécies e o controle de atividades ilegais locais: Para o manejo de recursos naturais hidrobiológicos, se demonstrou efetiva a assinatura de acordos e compromissos entre as comunidades e as autoridades encarregadas pela administração das áreas protegidas, a fim de trabalhar de mãos dadas na conservação da vida silvestre, bem como no controle e na vigilância dos recursos naturais.

4) As alternativas produtivas em zonas de influência favoreceram a proteção das zonas‑núcleo: A busca e fomento de alternativas produtivas sustentáveis pelas populações camponesas e indígenas que vivem nas zonas de influência das áreas protegidas e também em áreas protegidas que permitem uso, foi uma oportunidade para diminuir pressões e promover maior conhecimento sobre o uso sustentável da biodiversidade, evidenciando os benefícios sociais, ambientais e econômicos derivados da presença de áreas protegidas.

5) A titulação e o saneamento físico e legal da terra empoderou as comunidades para a conservação: A conservação da biodiversidade foi favorecida na medida em que os territórios foram formalizados a favor das pessoas que os ocupam. Assim ocorre nos processos

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19PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

de titulação e de saneamento físico e legal, não apenas de territórios indígenas, mas também de territórios de colonos, que por décadas aspiraram contar com um terreno próprio para desenvolver sua economia e sua vida, gerando um cenário de maior estabilidade para o controle e o manejo adequado dos recursos naturais.

6) O fortalecimento operacional e técnico da gestão permitiu aumentar a efetividade do manejo: O fortalecimento das capacidades para a resolução de conflitos e das condições operacionais favoreceu a presença institucional nos diferentes setores das áreas protegidas. Com isso, a governança institucional dos órgãos responsáveis pelo manejo das áreas protegidas foi robustecida, propiciando o diálogo com os atores locais e o fortalecimento das atividades de prevenção, controle e vigilância.

1.7 Necessidades e Desafios Rumo ao Futuro

1) Sustentabilidade econômica: Para garantir a sustentabilidade econômica do Programa, é necessário desenhar e implementar mecanismos e projetos de apoio que permitam um fluxo constante de recursos para a execução do seu Plano Estratégico e Plano de Ação Vigente. O desenvolvimento de projetos baseados na valorização de serviços ambientais pode beneficiar os processos locais e brindar alternativas econômicas viáveis para a comunidade. Do mesmo modo, é importante fortalecer a cadeia de produtos gerados sustentavelmente no corredor Trinacional, para que representem uma verdadeira opção de vida para os habitantes locais.

2) Ordenamento territorial: É necessário avançar nos processos de articulação com os governos municipais para incidir na estruturação e ajuste dos instrumentos de planificação do uso do solo, que regulamentam as atividades por fora das áreas protegidas de maneira que incorporem determinantes ambientais e culturais e assegurem que as atividades produtivas e de expansão rural e urbana correspondam a um modelo sustentável no tempo. Igualmente, é necessário continuar com o fortalecimento das comunidades indígenas e camponesas para avançar em acordos locais e nos processos de titulação e saneamento predial físico e legal a fim de diminuir os conflitos associados ao uso do solo e facilitar o uso sustentável dos recursos naturais. Por último, deve‑se continuar com a harmonização da zonificação das áreas protegidas para aumentar o impacto das ações de conservação ao longo da paisagem.

3) Consolidação do mosaico das áreas de conservação: É fundamental consolidar estratégias de conservação complementárias a de áreas protegidas, a exemplo dos sistemas agroflorestais, proteção a propriedades privadas, restauração de áreas degradadas, como meios de formar mosaicos de conservação. Para tal, é necessário articular visões e prospectivas territoriais dos atores presentes, dentre os quais se ressaltam mais de 107 instituições com competência e interesse no território, 131 comunidades indígenas e 144 assentamentos camponeses e mestiços. Ademais, deve‑se avançar no desenho e implementação do plano de

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20 PROGRAMA TRINACIONAL DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO CORREDOR DE ÁREAS PROTEGIDAS PNN LA PAYA – RPF CUYABENO E PN GÜEPPÍ SEKIME: Experiência Regional de Conservação em Zonas de Fronteira Executada com o Apoio da OTCA

gestão de áreas pantanosas de Largatococha no Equador como área RAMSAR, coordenar o desenvolvimento de Estratégias Especiais de Gestão com comunidades indígenas e aumentar a efetividade da gestão de áreas protegidas já declaradas, evidenciando o melhoramento da qualidade do hábitat para espécies silvestres, bem como a prevenção, mitigação e controle de pressões.

4) Articulação local efetiva para a prevenção, o controle e a vigilância: É necessário fortalecer o relacionamento entre as autoridades públicas, setores produtivos e comunidades locais para garantir o cumprimento da normativa vigente e dos acordos de manejo sustentável de recursos naturais e, em especial, para apoiar o controle e a vigilância, o qual facilita o desenvolvimento socioambiental diferenciado e a governança.

5) Gerar redes de apoio social e institucional para a conservação mais além do corredor: Para fortalecer a governança local, é importante implementar estratégias de comunicação, educação e capacitação para promover a apropriação de conhecimento e manejo responsável e sustentável da floresta e dos recursos hidrobiológicos, e avançar em direção a um acordo de desenvolvimento regional sustentável. Ademais, é necessário alertar quanto aos graves impactos do desmatamento, da mineração ilegal, da contaminação das águas e dos cultivos ilícitos.

6) Produção de conhecimentos: É importante continuar com a formação de redes de pesquisadores comunitários, para gerar o empoderamento local do conhecimento e maior efetividade nas ações de conservação. Igualmente, é necessário fortalecer sistemas de monitoramento de coberturas vegetais, de biodiversidade e de pressões, como base para ampliar o conhecimento em relação à riqueza do corredor e para avaliar a eficácia das estratégias, dos programas e dos projetos executados, no que se refere à conservação dos ecossistemas, no provimento de serviços ecossistêmicos e na melhoria da qualidade de vida das populações locais.

7) Articulação setorial: Para a sustentabilidade do território, é necessário estabelecer acordos setoriais e participar nas instâncias de tomada de decisões, a fim de alcançar um planejamento do desenvolvimento regional que reconheça a importância, a vulnerabilidade socioambiental da região propicie o controle de atividades ilegais e permita a prevenção, mitigação e controle de impactos ambientais e alcançar padrões de gestão capazes de minimizar os danos por contaminação do solo e da água, desmatamento, mudança de uso do solo e enfraquecimento da governança local.

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OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

Tepuis do Escudo Guianense.Parque Nacional Chiribiquete (Colômbia).

Foto: Julia Miranda Londoño

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23OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

2 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

2.1 Iniciativa do Escudo Guianense – GSI

A Iniciativa Escudo Guianense (GSI), conhecida hoje como Fundo do Escudo Guianense (GSF), é uma iniciativa implementada pelo Brasil, Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa – o território ultramarino da França – na ecorregião do mesmo nome, com vista a promover o desenvolvimento sustentável da Região através de um marco integrado (político, institucional e financeiro) de gestão ecorregional.

2.1.1 BREVE HISTÓRICO DA INICIATIVA

Na década de 1990, as ações propostas por empresas madeireiras asiáticas, companhias de mineração canadenses, dentre outras com interesse e recursos naturais, ameaçavam o Escudo Guianense e afetavam as comunidades locais que dependem das florestas. Tal situação motivou a criação da Iniciativa do Escudo Guianense com o objetivo de estabelecer uma cooperação ampla para o manejo sustentável e a conservação dessa região.

O propósito inicial da GSI foi organizar a cooperação regional por meio de um tratado ou convenção e pela criação de uma agência regional e um fundo para financiar os custos de oportunidade dos serviços ecossistêmicos, necessários para manter intactos os ecossistemas locais.

A Iniciativa foi concebida em 1993 na Conferência de Cooperação entre a Europa e a Amazônia, celebrada no Parlamento Europeu em Bruxelas, e foi anunciada oficialmente em 1996 pelo Comitê Nacional da União Internacional para a Conservação da Natureza na Holanda (UICN‑NL). Entre 1996 e 2001, houve uma série de missões aos países membros da iniciativa do Escudo Guianense, com o objetivo de avaliar a disposição dos principais atores na região, desde os políticos nacionais até as comunidades indígenas locais, para participar na cooperação. A resposta encorajadora das partes interessadas e o subsequente interesse de outros atores, entre eles o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e instituições multilaterais de desenvolvimento, com o apoio ativo de diversas organizações não governamentais, culminou no financiamento do projeto inicial por parte do governo holandês, o que permitiu fomentar a apropriação local e nacional da Iniciativa nesta ecorregião do Escudo Guianense.

No ano 2000, iniciou‑se a execução da primeira fase da Iniciativa, que se estendeu até 2004. A segunda fase da iniciativa (GSI II) aconteceu entre 2007 e 2010, financiada pela União Europeia e administrada pelo PNUD. A pedido da União Europeia, criou‑se o Fundo para o Escudo Guianense (GSF) como sucessor da GSI em 2010, visando o financiamento de longo‑prazos, através de um mecanismo de múltiplos doadores. O GSF teve sua primeira

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24 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

fase de desenvolvimento entre 2010 e 2015 e, atualmente, a busca por novos recursos para continuar a fase seguinte de cinco anos, que já conta com um plano de ação estruturado.

Em cada uma de suas etapas, a Iniciativa foi formalizada e ratificada pela assinatura de acordos de Cooperação entre seus países membros e o PNUD, que, como agência de desenvolvimento multilateral, atua como implementador técnico dando garantia e aconselhamento à execução do projeto. Ela também conta com um Conselho Assessor Regional e Pontos Focais por país, juntamente com Comitês Diretivos Nacionais de Múltiplos Atores nos países participantes. Para viabilizar o desenvolvimento e a implementação dos projetos piloto, criaram‑se acordos com organizações comunitárias e ONGs, estabelecendo compromissos claros aceitos por cada uma das partes.

2.1.2 CONTEXTO GEOGRÁFICO

A ecorregião do Escudo Guianense ocupa uma área de 270 milhões de hectares e é uma das mais importantes áreas para a conservação da biodiversidade no mundo, uma vez que mais de 90% dos seus ecossistemas permanecem intactos. A combinação do clima equatorial com altas temperaturas e precipitações e suas antigas formações geológicas, fazem com que a região seja ecologicamente única, contendo os mais diversificados ecossistemas do planeta. Esta ecorregião tem mais de 25% das florestas tropicais úmidas intactas da Terra e é um dos reservatórios hídricos mais importantes da região, contendo 20% da água doce do mundo. Quase todos os afluentes da margem esquerda do Rio Amazonas estão no Escudo Guianense, e por isso ele é extremamente importante para o ciclo hidrológico da Amazônia. Além disso, as estimativas do carbono armazenado chegam a 27 bilhões de toneladas. o que evidencia seu valor na regulação do clima.

Na região do Escudo Guianense habitam aproximadamente 8 milhões de pessoas com uma grande variedade de culturas e etnias. A maior parte desta ecorregião é habitada por comunidades indígenas, e nem todas elas têm um território formalmente designado. Nela também vivem as comunidades Maroon, formadas por afrodescendentes e mestiços locais. A grande maioria das comunidades locais depende diretamente dos ecossistemas naturais para viver, dedicando‑se à pesca como a sua principal fonte de renda e, também, à caça, à coleta de frutos e à agricultura de subsistência. A pressão mais grave ao ecossistema e as comunidades locais é exercida principalmente pela mineração do ouro, mas também são explorados a bauxita, o petróleo e o gás. O desmatamento resultante da extração do ouro dobrou em oito anos e o aumento dos rios prejudicados segue um padrão semelhante. Os principais impactos são observados na contaminação química e física dos rios e córregos, como resultado do uso do mercúrio na mineração de ouro de pequena escala, ocasionando graves riscos para a saúde dos mineiros e das populações locais, e podendo afetar até mesmo às populações mais distantes. A infraestrutura para a conectividade e o desenvolvimento, como rodovias e represas hidrelétricas, foi repetidamente planejada em

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25OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

áreas virgens e remotas desta ecorregião e nas proximidades das comunidades indígenas e Maroon, sem uma avaliação cuidadosa de impactos de médio e longo prazo, gerando danos ambientais e sociais.

2.1.3 RESULTADOS E IMPACTOS DE DESTAQUE

A Iniciativa do Escudo Guianense (GSI), hoje Fundo do Escudo Guianense (GSF) contribuiu para criar as condições para a proteção conjunta da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos da ecorregião, com diversos resultados de destaque, que serão descritos a seguir:

1) Estabelecimento de prioridades de conservação na ecorregião: Em 2002, sob a liderança da Conservação Internacional – Brasil e com o apoio de diversos especialistas, estabeleceram‑se prioridades de conservação atualizadas em 2011. Identificou‑se que 72,5% do território do Escudo Guianense, equivalendo a uma área de 1.957.654 km2, tem prioridade alta e muito alta para a conservação da biodiversidade.

2) Novas áreas protegidas: Desde 2002 foram declaradas 89 novas áreas protegidas na ecorregião, algumas delas com superfície entre um e quatro milhões de hectares, que garantem importantes áreas de floresta tropical para a conservação, como o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (Brasil), que cobre 38.821 km2, a Reserva Ecológica de Grão‑Pará (Brasil), com 42.458 km2; o Parque Nacional de Yaigojé‑Apaporis (Colômbia), com 10.560 km2; a ampliação do Parque Nacional Natural Chiribiquete (Colômbia), que passou de 12.800 km2 para 27.823 km2; o Parque Amazônico da Guiana Francesa (Parc Amazonien), com mais de 20.000 km2 em sua área central; e quatro novas áreas de conservação na Guiana, cobrindo um total de 14.500 km2: a Concessão de Conservação em Upper Essequibo; a Área Konashen de Conservação Comunitária; a Área Protegida da Montanha de Kanuku; e a Área Protegida de Shell Beach.

3) Gestão de corredores de conservação: A Iniciativa do Escudo Guianense considerou a criação de corredores de biodiversidade como uma estratégia para evitar a fragmentação da paisagem e a perda das espécies e dos habitats. As iniciativas mais relevantes nesse sentido são o Corredor de Biodiversidade do Amapá (Brasil); e o Corredor de Conservação do Sul do Suriname. Em 2014, foi formulado o Plano de Ação para Corredores no Escudo Guianense, que contribuirá à realização das metas de Aichi ligadas aos corredores biológicos, à conservação da conectividade e à conservação transfronteiriça.

4) Estudos a respeito de serviços ecossistêmicos: Realizou‑se uma análise preliminar dos serviços ecossistêmicos que demonstrou a importância mundial dessa ecorregião do Escudo Guianense para a regulação climática, o provimento de água doce, a manutenção das reservas de carbono, o provimento de paisagens singulares para o ecoturismo e a proteção da diversidade linguística e do conhecimento tradicional.

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26 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

5) Projetos piloto de pagamento por serviços ecossistêmicos – PSE: Implemen‑taram‑se três projetos piloto de PSE para ganhar experiência operacional com estes tipos de estratégias em diferentes contextos culturais e econômicos. A partir de um modelo de contratos estabelecidos entre o PNUD e instituições locais que dirigem ações nos ecossistemas de cada sítio piloto, selecionaram‑se os projetos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapurú (Brasil), em La Selva de Matavén (Colômbia), e na Floresta de Iwokrama (Guiana), gerando um fortalecimento da governança local para melhorar o manejo dos recursos naturais e proteger os territórios.

6) Geração de instrumentos técnicos: O GSF deu início à Plataforma de Estabelecimento de Prioridades nessa ecorregião do Escudo Guianense (GSPSP) e à Rede de Intercâmbio de Florestas e Teledetecção (FORESEEN), como ferramentas para o intercâmbio de conhecimentos, a comunicação e a cooperação dentro do Escudo Guianense a partir de análises de teledetecção. Adicionalmente, criou‑se um marco de monitoramento integrado de múltipla escala para detectar com precisão padrões de desmatamento ou degradação florestal causados por atividades de extração ilegal de madeira ou mineração, com o qual se pôde determinar que, entre 2003 e 2007, fatores antropogênicos contribuíram para o desmatamento de 5.652.947 ha em todo o Escudo Guianense, equivalentes a 2,5% da cobertura florestal no ano de referência.

7) Geração de projetos para reduzir o desmatamento e a degradação florestal: Para reduzir o desmatamento e a degradação florestal, o Suriname preparou uma Proposta de Preparação de Prontidão (PPP – Readiness Preparation Proposal) de REDD+, e a apresentou ao Fundo Cooperativo do Carbono Florestal (FCPF) e à Guiana. Também realizou estudos relativos à identificação de serviços ecossistêmicos que não são de carbono, para sua integração no Sistema Nacional de Medição, Reportamento e Verificação (MRVS), incorporando a Qualidade da Água como um cobenefício para o Marco do Projeto REDD+.

2.1.4 FATORES CRUCIAIS PARA O SUCESSO

1) A gestão colegiada coordenada pelo PNUD facilitou a implementação da iniciativa: A coordenação multissetorial da Iniciativa foi favorecida por diversos fatores: o apoio do PNUD como agência implementadora em um ambiente fiduciário multilateral; o apoio técnico permanente do Comitê Nacional da UICN da Holanda; a articulação da iniciativa com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica e o trabalho com os governos, como desenhadores e parceiros na execução das ações, e no trabalho de alinhar a Iniciativa às políticas nacionais e aos compromissos internacionais, como a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.

2) A Declaração de Paramaribo e a geração de instrumentos técnicos têm sido referências consistentes para a gestão: Com o estabelecimento das prioridades de conservação do Escudo Guianense e a Declaração de Paramaribo de 2002, apoiada por

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27OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

diversos governos e instituições, estabeleceu‑se o enfoque ecológico regional da Iniciativa. A Declaração de Paramaribo assentou as bases da gestão e garante o fio condutor de cada uma das fases. Instrumentos técnicos como o sistema de monitoramento integrado de coberturas florestais, o estudo de serviços ecossistêmicos e os projetos de REDD+ proporcionam uma plataforma sólida que facilita a definição de metas, a avaliação do progresso e as avaliações de impacto.

3) O desenvolvimento de projetos piloto com participação de organizações locais propiciou condições de sustentabilidade no campo: A vinculação de organizações locais aos projetos piloto foi um fator central para o sucesso da iniciativa, pois valorizou o conhecimento e a experiência que esses atores têm das dinâmicas territoriais e potencializou o fortalecimento de capacidades e a adoção conjunta de decisões. Os projetos piloto vêm demonstrando a importância de fortalecer os sistemas de governança local, especialmente de comunidades indígenas, e de reafirmar a identidade cultural para garantir a defesa do território e o bom manejo dos recursos naturais.

4) O fortalecimento de capacidades melhorou as condições de articulação: Os vários programas de capacitação implementados ajudaram a fortalecer as capacidades de um grande número de pessoas nos países do Escudo Guianense.

Os diversos treinamentos ministrados através de projetos financiados com recursos do GSF ajudaram a fortalecer as capacidades operacionais e técnicas e na toma decisões políticas das organizações beneficiárias. Ademais, a assistência técnica e a formação concedidas às organizações, auxiliaram no desenvolvimento de estratégias e políticas adotadas em

documentos e planos nacionais.

5) O reconhecimento internacional impulsiona a iniciativa regional: A gestão da iniciativa conta hoje com o respaldo e o reconhecimento internacional, por parte da Convenção sobre Diversidade Biológica e do Parlamento Europeu no que diz respeito ao seu importante papel para a proteção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, bem como para proteger o carbono reservado nas florestas e reduzir o desmatamento, contribuindo assim à regulação do clima global. Na atualidade, o GSF faz parte da Rede para a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos (BES‑Net) do PNUD, o que favorece o cenário internacional de articulação e apoio.

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28 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

2.2 Iniciativa Madre de Dios, Acre e Pando – Iniciativa MAP

A Iniciativa MAP está em execução em uma área de fronteira onde se encontram três unidades territoriais: o departamento de Madre de Dios (no Peru), o estado do Acre (no Brasil) e o departamento de Pando (na Bolívia), que somam uma área total aproximada de 402,003 km². O objetivo geral da Iniciativa MAP é “iniciar processos de integração econômica, social e ambiental no marco dos requerimentos da modernidade globalizante”.

2.2.1 BREVE HISTÓRICO DA INICIATIVA

A Iniciativa MAP surgiu das primeiras pesquisas científicas realizadas no âmbito do projeto denominado “Experimento em Grande Escala da Biosfera‑Atmosfera da Amazônia (LBA)”, financiado pelos Estados Unidos e a União Europeia. O objetivo do projeto LBA foi produzir conhecimentos para entender a climatologia, ecologia, bioquímica e biologia na Amazônia, em função dos impactos observados na região. A sede do projeto se estabeleceu na cidade de Manaus, no estado do Amazonas no Brasil, mas suas ações se ampliaram a outros estados como Rondônia, Acre e Pará.

Em 1999, ocorreu um encontro na cidade de Rio Branco, no Acre, no qual participaram 17 instituições acadêmicas de pesquisa e fomento da Bolívia, do Brasil e do Peru. Como resultado, produziu‑se a “Declaração de Rio Branco sobre Mudanças Globais”, que estabeleceu, em um dos seus 15 itens, o fortalecimento das relações acadêmicas e institucionais entre

Indígenas Siona – Puerto Libertador.Foto: Enrique Hernández

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29OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

os países amazônicos, considerando os aspectos biofísicos e socioculturais de cada país: “Integração na Região MAP”.

No ano 2000, para consolidar a articulação entre os países da Amazônia Sul‑Ocidental, ocorreu o encontro de “Indicadores de Mudanças da Cobertura e Uso da Terra na Região Acreana”, no qual participaram universidades dos três países e representantes de ONGs, foi decidido denominar a região de fronteira e de integração como Região MAP. Por esse motivo, o evento foi denominado de MAP I, e logo foi seguido por outros fóruns anuais MAP.

A Iniciativa MAP surgiu como uma resposta social frente à construção da “Rodovia Interoceânica”, que articula os portos do Brasil, no Atlântico, e o Peru, no Pacífico, no âmbito da Iniciativa de Integração da Infraestrutura Sul‑Americana (IIRSA). O propósito da rodovia é promover a integração e o desenvolvimento da região da Amazônia Sul‑Ocidental, articulando Bolívia, Brasil e Peru com os mercados da Ásia e do Japão.

A MAP representa um conjunto de atores interessados em proteger o meio ambiente e evitar e mitigar problemas sociais existentes na região, que as levaram a estabelecer alianças transfronteiriças entre diversos atores, incluindo instituições públicas e privadas, organizações de base comunitária, organizações não governamentais e associações econômicas, de estudantes, pesquisadores, indígenas e camponeses, entre outros.

A iniciativa baseou‑se nos princípios de desenvolvimento sustentável e direitos humanos. Em termos operacionais, ela está sendo implementada por meio de quatro Mesas Temáticas (conservação ambiental, desenvolvimento econômico, equidade social, e políticas públicas).

Mapa Nº 2Região da Iniciativa MAP – Madre de Dios, Acre e Pando – e a Área de Influência da Rodovia Interoceânica

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30 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

Cada mesa temática se divide em submesas, ou Mini‑MAPs, com um(a) coordenador(a) e um(a) vice‑coordenador(a) em cada um dos países. A Iniciativa realiza anualmente os “Fóruns MAP”, que são eventos de dois ou três dias realizados em diferentes países com mesas de trabalho para cada uma das linhas temáticas, elaborando, ao final, uma carta de recomendações. O primeiro Fórum MAP foi realizado no ano 2000 e marcou o surgimento formal da Iniciativa.

A iniciativa MAP conta com diversos parceiros, como são na Bolívia: o Centro de Operações de Emergência Departamental de Pando (COED‑PANDO); o Município de Cobija; a Secretaria de Meio Ambiente do Governo Autônomo Departamental de Pando; e o Ministério de Relações Exteriores; no Brasil: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Acre (SEMA‑AC) e; no Peru: a Autoridade Nacional da Água (ANA); a Administração Local de Água Maldonado (ALA‑Maldonado); o Governo Regional de Madre de Dios (GOREMAD); a Gerência Regional de Recursos Naturais do Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia (SENAMHI); a localidade de Iñapari e os governos locais. Recentemente, o Projeto de Integração das Áreas Protegidas do Bioma Amazônico (IAPA) da Rede Latino‑Americana de Cooperação Técnica em Parques Nacionais, outras Áreas Protegidas, Flora e Fauna Silvestres (REDPARQUES) passou a apoiar a implementação de um projeto de fortalecimento de áreas protegidas.

2.2.2 CONTEXTO GEOGRÁFICO

O departamento de Madre de Dios (Peru), o estado do Acre (Brasil) e o departamento de Pando (Bolívia) encontram‑se totalmente dentro do bioma amazônico, com um território conjunto de 402.003 km2. A região se caracteriza como um grande contínuo de planície amazônica com florestas baixas, que se eleva em uma área de montanha até os 3500 metros acima do nivel do mar em Madre de Dios. Por estar localizada em uma área de transição entre a cordilheira dos Andes e as terras baixas amazônicas, a região tem uma elevada riqueza hídrica e de biodiversidade, sendo Madre de Dios reconhecida como uma das zonas de maior biodiversidade do mundo.

Boa parte dos habitantes da região MAP é composta por comunidades indígenas de diversas etnias e povos indígenas em isolamento voluntário. Em geral, as comunidades enfrentam fluxos de exploração ambiental acelerado e expansão de fronteiras agrícolas que, por sua vez, promovem a abertura de novas vias. A economia é dinamizada por atividades extrativas, destacando‑se a exploração do ouro, pedras preciosas, madeira e petróleo e empreendimentos de grande envergadura, como as hidroelétricas. Há também atividades agropecuárias como o cultivo de milho, cacau, café, mandioca, arroz, frutas tropicais, legumes e hortaliças e cultivos para a agroindústria e a geração de biocombustíveis, bem como a criação de gado e a pesca. A coleta da castanha‑do‑pará se destaca por suprir mercados internacionais, enquanto a extração da borracha é uma atividade realizada por habitantes com recursos escassos. O ecoturismo ocupa um papel importante na economia local, mas está ainda limitado pelos altos custos de deslocamento até esta região e pela pouca divulgação.

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31OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

A abertura da Rodovia Interoceânica e de outras obras de intercomunicação conexas, como pontes, aceleraram o processo de desmatamento, a ampliação da fronteira agrícola e o aumento da exploração do ouro, que se tornou uma preocupação nessa região. Outra grande preocupação está ligada aos efeitos da mudança climática, incluindo períodos de seca como a que ocorreu no ano de 2005, gerando condições para uma série de incêndios florestais, os quais aumentaram em 10 vezes nos 10 anos recentes e causaram grandes danos sociais e ambientais.

2.2.3 RESULTADOS E IMPACTOS DE DESTAQUE

De forma geral, a Iniciativa MAP tem sido capaz de articular políticas e ações entre Peru, Brasil e Bolívia para a gestão da Região MAP. Destacam‑se as seguintes realizações:

1) Gestão da bacia transfronteiriça do Rio Acre: A bacia do Rio Acre sofre grandes pressões geradas pela variação do clima, com inundações e secas extremas, e da alta pressão humana, representada principalmente pela construção de rodovias, crescimento populacional, queimadas, incêndios, desmatamento e agricultura. Com a articulação trinacional, foi criado o Grupo de Trabalho para Gestão Integrada da Bacia Transfronteiriça do rio Acre, como um espaço formal de coordenação para construir o modelo de gestão da Bacia. Produziu‑se também um diagnóstico das zonas de vulnerabilidade hidrológica mais críticas e foi desenhado e executado um sistema trinacional de alertas precoces.

2) Articulação de ações para o manejo de áreas protegidas transfronteiriças: Com o projeto “Integração das Áreas Protegidas do Bioma Amazônico (IAPA)”, formulado pela REDPARQUES, consolidou‑se um plano de trabalho para a gestão de cinco áreas protegidas da Região MAP (128.425 km2): a) a Reserva Nacional de Vida Silvestre Amazônica Manuripi na Bolívia, b) o Parque Estadual de Chandless e a Reserva Extrativista Cazumbá‑Iracema no Brasil, e c) o Parque Nacional Alto Purus e a Reserva Comunal de Purus, no Peru. Através do projeto espera‑se implementar o plano de ação para fortalecer a efetividade do manejo, bem como a governança e a sustentabilidade financeira.

3) Gestão transfronteiriça para o desenvolvimento sustentável da região MAP: Com o desenvolvimento das mesas temáticas do MAP em diferentes esferas de gestão, ainda que não tenha sido adotada através de instrumento vinculante entre os três países, conseguiu‑se, entre outros, a institucionalização do projeto educativo Bosque de los Niños, o desenvolvimento da Iniciativa e o intercâmbio de conhecimentos como uma estratégia de educação ambiental e capacitação, o acordo entre oito universidades para a integração científica e tecnológica da Amazônia ocidental, a avaliação de impactos da abertura e operação da rodovia interoceânica, e o desenvolvimento de ações de comunicação para facilitar a difusão da informação.

4) Governança local amplamente representativa: Como movimento social, a Iniciativa MAP é uma relevante experiência de gestão territorial, que integra uma série de atores que contribuem à construção de um espaço político que discuta e apoie o desenvolvimento

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32 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

sustentável da região, ligando as perspectivas sociais, econômicas, ambientais e culturais. O modelo de gestão participativa, não hierarquizada e integrativa de diferentes atores interessados demonstra que a sociedade civil organizada é capaz de contribuir na condução de políticas públicas. A Iniciativa gerou um processo de identificação e apropriação do território em que os atores são identificados, além de suas nacionalidades, com a “Região MAP”.

5) Realização de fóruns MAP como amplos espaços de diálogo e acordo: Os Fóruns MAP realizados anualmente têm tido uma crescente participação social e institucional, o que demonstra o amplo efeito convocatório e o posicionamento desse movimento no território. As comunidades indígenas no âmbito da Iniciativa MAP fizeram‑se presentes em todos os Mini‑MAPs como uma forma de participação ativa nas discussões. Com essa participação, tornou‑se possível criar o Fórum Trinacional Permanente de Indígenas, interligando povos da região MAP e de outras regiões como Rondônia (Brasil), Beni (Bolívia) e Ucayali (Peru).

2.2.4 FATORES CRUCIAIS PARA O SUCESSO

1) A Iniciativa MAP se sustenta em um modelo participativo, não hierarquizado e integrador de diversos atores: A Iniciativa MAP se fundamentou no exercício de direitos, que se converteram nos pilares do seu processo: a) o direito de acesso à informação relativa ao desenvolvimento sustentável e, b) o direito de participar de decisões coletivas. Os encontros MAP são o resultado da ação voluntária de indivíduos e instituições que querem desenvolver a colaboração trinacional em busca de soluções para os problemas regionais. É de se destacar que as comunidades indígenas quase sempre deixadas à margem das decisões tradicionais, encontraram na Iniciativa um marco que lhes permite dialogar, expressar, propor e atuar, e que, por isso, conta com potencial de fortalecer a governança local dos seus territórios.

2) A iniciativa MAP influenciou as políticas públicas nos três países: Apesar da região MAP localizar‑se em territórios relativamente periféricos dos três países, que compartilham as suas fronteiras. A Iniciativa tem sido capaz de preencher hiatos de governança transfronteiriça, gerando uma dinâmica de cooperação, colaboração e integração que permite mobilizar as políticas públicas e o aparato institucional em favor das necessidades e problemas territoriais que ela busca resolver.

3) Os problemas foram entendidos como oportunidades: No desenvolvimento da Iniciativa, observa‑se que apesar de ela ter surgido como uma reação social a ameaças externas como a construção da rodovia interoceânica e aos impactos dela derivados, a forma de atuar das suas quatro Mesas Temáticas transformou a visão dos problemas existentes, que passaram a ser vistos como oportunidades para a construção de um território transfronteiriço sustentável em todos os níveis. Essa visão tem permeado os diferentes setores da sociedade e mobilizado as diferentes instâncias institucionais.

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33OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

2.3 Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA

O Programa ARPA é a estratégia de maior importância para a conservação da Amazônia brasileira. Seu objetivo central é “assegurar a conservação de uma amostra ecologicamente representativa da biodiversidade e a manutenção dos processos e serviços ecológicos da região amazônica, apoiando a criação, a consolidação e a manutenção em longo prazo das unidades de conservação; e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável, de forma descentralizada e participativa”. Para alcançar esse objetivo, o Programa estabeleceu metas de criação e consolidação de áreas protegidas em uma superfície de 60 milhões de hectares, equivalentes a 15% do território da Amazônia brasileira.

2.3.1 BREVE HISTÓRICO DA INICIATIVA

O programa ARPA foi criado como resposta à preocupação a conservação e desenvolvimento sustentável da Região Amazônica, o que resultou na planificação de políticas públicas bem como o reconhecimento internacional do papel da Amazônia e seus Bosques tropicais no meio ambiente global.

Em 1998, o Governo Brasileiro incorporou ao seu Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) – criado em 1992 –, a iniciativa “Aliança pelas Florestas”, assinado entre Banco Mundial e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), tendo como aliados e doadores

Floresta tropical úmida na Amazônia.Foto: Álvaro Gaviria

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34 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e o governo da Alemanha, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW).

Em 2002 o Governo Federal, o Banco Mundial e o GEF assinaram um Memorando de Intenções que culminou na criação do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA). O Programa foi anunciado na reunião ambiental Rio+10 em Johanesburgo, na África do Sul, e foi adotado oficialmente em agosto de 2002, por meio do Decreto Federal N° 4.326. O ARPA se estruturou para ser executado em três fases, com uma duração inicial de 15 anos. Como resultado do sucesso alcançado na sua primeira fase, o programa foi redesenhado, sendo restabelecida a vigência das três fases da seguinte forma: Fase I: 2003‑2010; Fase II: 2010‑2017; e Fase III: 2014‑2039.

O Programa ARPA é coordenado pelo Governo Brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente. Seus recursos são administrados e executados por uma instituição não governamental, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), que garante a agilidade e transparência da sua gestão financeira e operacional. Os executores do programa são os órgãos gestores das Áreas Protegidas (APs) do Brasil, que no âmbito federal são o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e, no âmbito estadual, os órgãos ambientais dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.

Mapa Nº 3 Áreas Protegidas apoiadas pelo ARPA

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35OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

A partir de sua fase III o ARPA contar com duas instâncias de participação nas decisões e monitoramento do desempenho da implementação e alcance das metas planificadas: a) O Comitê do Programa, formado pelo poder público e a sociedade civil e; b) o Comitê do Fundo de Transição, formado doadores e poder público. Adicionalmente, conta‑se também com o Painel Científico Assessor, que é a instância de assessoria técnica formada por especialistas nos temas operados pelo programa e pelo Fórum Técnico (FT), que conta com um representante de cada órgão executor (pontos focais), com a Unidade de Coordenação do Programa (UCP) e com o Funbio, que tem como propósito monitorar os avanços do Programa, propor ajustes de procedimentos e redefinir as metodologias técnicas utilizadas para alcançar objetivos.

2.3.2 CONTEXTO GEOGRÁFICO

A Amazônia brasileira ocupa uma área de aproximadamente 4,2 milhões de km2, que corresponde praticamente à metade do território brasileiro e a cerca de 64% do total da Pan‑Amazônia. No Brasil, ela está presente na totalidade dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e em parte do território dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Devido a seu tamanho, o bioma amazônico desempenha um papel preponderante na regulação do clima global, em virtude de ser uma grande reserva natural de carbono e de água doce. A Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente, contendo aproximadamente a terça parte das reservas de florestas tropicais úmidas, além de incluir outros ecossistemas de savanas, florestas de montanha, florestas abertas, florestas de várzea, igapós, pântanos, florestas de bambu e palmeiras. Sua grande diversidade de habitats se traduz em uma enorme diversidade de flora e fauna, que corresponde a 10% do total das espécies silvestres do mundo.

A população amazônica é uma mistura descendentes de africanos e comunidades indígenas. Cerca de 80% dessa população vive em centros urbanos em rápida expansão, como Manaus e Belém, e os 20% restantes vivem em zonas florestais e rurais. As terras indígenas da Amazônia permitem a proteção de aproximadamente 312 territórios indígenas, incluindo cerca de 80 grupos étnicos que vivem em isolamento voluntário. Desde meados do século 20, na região amazônica de ocupação humana e uso dos recursos naturais, incluindo a terra, minerais e água como fonte de energia têm gerado um aumento na criação de estradas e assentamentos. Além de seus efeitos diretos, as estradas abriram o caminho para aumentar os assentamentos, aumentar a exploração e aproveitamento de recursos como madeira, minerais, petróleo, gás e hidrelétricas. Recentemente, se observa o aumento plantações de soja e pastagens para o gado, especialmente no chamado “arco do desmatamento”, que abriga a maior fronteira agrícola em expansão do mundo.

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36 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

2.3.3 RESULTADOS E IMPACTOS DE DESTAQUE

O desenvolvimento do programa ARPA permitiu avançar efetivamente na criação e consolidação de áreas protegidas de uso indireto e de uso sustentável, com resultados que se tornaram uma referência em nível mundial. Em menos de 10 anos, aumentou de modo significativo o número de ecossistemas cobertos por um regime de proteção na Amazônia brasileira, e fortaleceram‑se os seus modelos de gestão, com os seguintes resultados:

1) Novas áreas protegidas: Foram declaradas mais de 50 novas AP no Brasil, que cobrem uma área de aproximadamente 26,2 milhões de hectares. Atualmente, são apoiadas a declaração de outras 22 áreas com 5,2 milhões de hectares.

2) Consolidação de áreas protegidas: Avançou‑se na consolidação de 114 Áreas Protegidas, cobrindo uma área total de 59,2 milhões de hectares, com a compra de equipamentos, o desenvolvimento de instrumentos de gestão, a execução de projetos para o aprimoramento de operações, o planejamento, a pesquisa, o monitoramento, o controle, a educação ambiental e a integração das áreas com as comunidades do entorno. Foram financiados 25 projetos voltados às ações de fortalecimento das comunidades e 5 planos de ação estabelecidos junto a comunidades indígenas.

3) Redução do desmatamento: Estima‑se que a declaração de novas áreas protegidas tenha contribuído para entre 2004 e 2009 para reduzir o desmatamento em aproximadamente 41%, chegando a 11200 Km2, sendo esta a segunda menor taxa média histórica medida no Brasil. A partir das modelagens geográficas realizadas, se espera que as áreas protegidas estabelecidas e apoiadas pelo ARPA entre 2003 e 2007 tenham reduzido o desmatamento em uma área estimada de 272 mil km2 de floresta tropical húmida, até 2050, evitando a emissão de 3,3±1,1 giga toneladas de emissões de carbono, ou seja, das emissões mundiais de CO2. Ao incluir‑se neste cenário os 127 mil km2 de novas áreas protegidas em processo de criação com o apoio do ARPA, a redução das emissões seria aumentada em 1,4±0,2 Pg de Carbono, sendo 1 Pg = 1015 g.

4) Fortalecimento institucional: O ARPA fortaleceu as capacidades institucionais para o planejamento e a gestão das áreas protegidas da Amazônia, irradiando‑se para outras regiões do país. Destacam‑se os seguintes resultados: a) a atualização do Mapa de Prioridades de Conservação e Áreas Protegidas do Brasil; b) o estabelecimento de marcos de referência para determinar os níveis de consolidação das áreas protegidas e; c) o desenho de ferramentas específicas de planejamento, administração, monitoramento e avaliação de resultados. Além disso, o ARPA gerou um importante aporte de bens, serviços e recursos para operacionalizar as AP em campo, incluindo a consolidação de infraestrutura e equipamentos mínimos, a clarificação e demarcação de limites, os estudos e a regularização de propriedades, a execução de planos básicos de proteção ambiental, a designação de funcionários do governo para cada AP, a elaboração e execução de planos de manejo e planos operacionais, a formação e operação de Conselhos Consultivos, o registro no Cadastro Nacional de Áreas Protegidas, a

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37OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

geração de propostas de sustentabilidade financeira, as alocações orçamentárias anuais pelos governos, e o desenvolvimento de atividades de capacitação.

2.3.4 FATORES CRUCIAIS PARA O SUCESSO

O Programa ARPA é reconhecido como o maior programa de conservação de florestas tropicais do mundo, sendo um importante mecanismo para a ampliação e consolidação do Sistema Nacional de Áreas Protegidas do Brasil, na Amazônia, apesar da grande complexidade e dos enormes desafios que a sua magnitude e escala de trabalho implicam. Os principais aspectos que determinaram o sucesso do ARPA serão apresentados a seguir:

1) O modelo de gestão permitiu uma efetiva articulação e apropriação do programa: O ARPA gerou um arranjo institucional inovador, que permitiu a articulação entre o governo e ONGs, a sociedade civil e doadores. Esse arranjo institucional conectou uma ampla gama de instituições, como os órgãos gestores das APs federais (IBAMA/ICMBio), 7 órgãos gestores de APs estaduais da Amazônia Legal, o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Unidade de Coordenação de Programas (UCP), a Funbio e representantes dos doadores. A vinculação entre tantas e tão diversas instituições fez da sua gestão uma tarefa de grande complexidade, na qual três fatores têm sido cruciais para a existência de um modelo eficiente de operações: (1) Com base na promessa do ARPA, diversos parceiros deram o seu apoio permanente, em especial na fase de estruturação operacional do programa, que não contava com recursos financeiros; (2) Foram gerados e ajustados marcos operacionais e de gestão estratégica, para orientar os investimentos e facilitar a execução dos recursos; e (3) Foram estruturados marcos de referência que estabeleceram os graus de consolidação de uma área protegida, facilitando assim a definição de metas e gastos elegíveis, a definição das áreas a ser apoiadas, o planejamento de ações, o direcionamento de recursos e a avaliação dos investimentos.

2) A estruturação de um mecanismo e estratégia financeira garantiu a susten‑tabilidade: Estabeleceu‑se o Fundo de Áreas Protegidas (FAP) como um fundo fiduciário de capitalização permanente (endowment fund), que contou com uma capitalização de USD$65 milhões no final da segunda fase. Para a terceira fase, acordou‑se a transferência dos recursos do FAP para um Fundo de Transição (sinking fund), também gerenciado pela Funbio, como uma solução de longo prazo, mediante a qual, de modo gradual em um período de 25 anos, os recursos de doação serão substituídos por recursos governamentais, com enfoque na manutenção das áreas protegidas já consolidadas pelo programa, permitindo assim a sustentabilidade dos investimentos realizados. Três grandes fatores contribuíram positivamente para a eficácia do mecanismo: (1) ele contou com uma instituição privada, que permitiu executar agilmente um grande volume de recursos aportados pelos doadores internacionais (aproximadamente USD$246,6 milhões); (2) permitiu‑se que recursos de doação fossem integralmente internalizados no Brasil, por meio de uma Organização da Sociedade Civil de

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38 OUTRAS EXPERIÊNCIAS BEM‑SUCEDIDAS

Interesse Público (OSCIP): a Funbio; e (3) estabeleceu‑se uma estratégia de captação de recursos para conseguir os volumes necessários para a operação.

3) A seleção de novas áreas protegidas em zonas com grandes pressões contribuiu à redução do desmatamento: A declaração de novas áreas protegidas era tradicionalmente realizada privilegiando zonas de alto valor ecológico, que não possuíam maiores limitações para tal, de modo que tal criação se concretizava facilmente no curto prazo. No caso do ARPA, a lógica de intervenção passou a atuar no sentido inverso, isto é, focalizando áreas de valor ecológico muito alto, localizadas, em grande parte, em frentes de desmatamento, e por isso nas frentes das maiores pressões, servindo assim como uma barreira ao seu avanço. Justamente por isso, o ARPA se tornou eficaz na redução do ritmo dos processos de desmatamento, que naquela época, estavam muito acelerados.

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LISTA DE ACRÔNIMOS

Parque Nacional Natural La Macarena (Colômbia).Foto: Instituto de Turismo del Meta

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41LISTA DE ACRÔNIMOS

3 LISTA DE ACRÔNIMOS

ALA Maldonado – Administração Local de Água de Maldonado

ANA Agência Nacional de Águas

AP Área Protegida

ARPA Programa de Áreas Protegidas da Amazônia

BES‑Net Rede de Trabalho para a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos

BMU Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha

CAF Banco de Desenvolvimento da América Latina

CAN Comunidade Andina de Nações

COED Pando – Centro de Operações de Emergência Departamental de Pando

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

FAP Fundo de Áreas Protegidas

FCPF Fundo Cooperativo do Carbono Florestal

FORESEEN Rede de Intercâmbio de Florestas e Teledetecção

FT Fórum Técnico

GEF Fundo Mundial para o Meio Ambiente

GIZ Agência de Cooperação Técnica Alemã

GOREMAD Governo Regional de Madre de Dios

GS Escudo Guianense

GSF Fundo do Escudo Guianense

GSI Iniciativa do Escudo Guianense

GSPSP Plataforma de Prioridades do Escudo Guianense

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

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42 LISTA DE ACRÔNIMOS

IIRSA Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul‑Americana

INPE Instituto de Pesquisas Espaciais

KfW Banco de Desenvolvimento Alemão

LAB Experimento de Grande Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia

MAP Madre de Dios, Acre e Pando

OAPN Organismo Autônomo de Parques Nacionais da Espanha

ONG Organização Não Governamental

OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

OTCA Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPG7 Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil

PROFONANPE Fundo de Promoção das Áreas Naturais Protegidas do Peru

PSA Projetos Piloto de Pagamento por Serviços Ambientais

RAMSAR Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional

REDD+ Redução de emissões decorrentes do desmatamento e da Degradação de Florestas

RPP Proposta de Preparação de Prontidão para o REDD+

SENAMH Gerência Regional de Recursos Naturais Nacional de Meteorologia e Hidrologia

SNACC Soluções Naturais para a Mudança Climática

UCP Unidade de Coordenação de Programa

UE União Europeia

UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

WWF Fundo Mundial para a Natureza

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Boto‑cor‑de‑rosaFoto: Fernando Trujillo

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45REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Programa Trinacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Corredor de Áreas Protegidas PNN la Paya – RPF Cuyabeno e PN Güeppí Sekime: Experiência regional de conservação em zonas de fronteira executada com o apoio da OTCA

OTCA‑GIZ. “INFORME TÉCNICO FINAL. Proyecto: Apoyo al Programa Trinacional Conservación y Desarrollo Sostenible del Corredor de las Áreas Naturales Protegidas La Paya (Colombia), Guëppí (Perú) y Cuyabeno (Ecuador)”.

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http://www.parquesnacionales.gov.co/portal/es/parques‑nacionales/parque‑nacional‑natural‑la‑paya/

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Iniciativa do Escudo Guianense – GSI

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46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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47REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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