ingleses no espírito santo

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Ingleses no Espírito Santo - Piúma publicada em 27/11/2013 por Morro do Moreno Share on gmail Share on twitter Share on facebook More Sharing Services Foto Site !rasil "urismo #m ensaio $ue estamos elaborando sobre a Formação Histórica do Espírito Santo h% cap&tulo dedicado ao estudo sobre a coloni'a()o do branco europeu* em nossa do s+culo ,-,. # aminaremos a d&vida $ue contra&mos com imigrantes italianos holandeses* poloneses* bem como de outras nacionalidades* inclusive n)o de leitores ingleses. Segundo informa( es $ue nos foram prestadas em 1 4 * pelo Sr. 5o)o "a6lor* do 8epartamento do Servi(o 9:blico* houve florescente col;nia de ingleses em munic&pio de -conha. 9es$uisa posteriores esclareceram $ue "homa' 8utton 5:n s+culo passado fi'era com o !ar)o da <agoa 8ourada* em =ampos* >io de 5aneir sobre o >io 9ara&ba do Sul. 9osteriormente* sedu'ido pelas matas ent)o e istentes no sul do #sp pr?spero neg?cio de e tra()o de madeira no 9orto de 9i:ma* par?$uia desde 4 1@@3. -nstalou a& grande serraria e com au &lio dos &ndios puri tra'ia as toras >io -conha abai o* em balsas* desde a primeira $ueda dA%gua. =hamou diversas fam&lias d as $uais anotamos a de Benri$ue "hompson* a de 5a6me Cacks* a de Francisco 9 "homa' Denes* a de 5ohn Dmbre* e mais os solteiros Benri$ue 5ohnson* #rnesto 9ercival !urck. #m 1E de novembro de 1@ 2* atrav+s da <ei n 1G* o ent)o 9residente 5os+ de Moni' Freire* sancionava a concess)o a "homa' 8utton 5:nior* em sociedade co Hon(alves* ou empresa $ue organi'arem* de uma Igarantia de Juros de GK sobre @00 contos de reis para constru()o* uso e go'o de uma #strada de Ferro de bi tendo apenas E0cm* $ue partindo da Lila de 9i:ma vai terminar nos limites do deste nome com os de =achoeiro de -tapemirim* para transporte e clusivo dos empresa* $ue se prop e organi'ar para a e plora()o* no referido munic&pio de podendo transpor o mesmo* de turfa* m%rmore e pedra calc%ria* bem diversas $ualidades . #sta estrada de ferro nunca chegou a ser constr&da* pois a progressista vila $ue contoucom ilumina()o a g%s* $ue servia de veraneio para os ingleses* $ue a consideravam* segundo informantes I<ondres em miniatura * entrou em virtude de epidemia de impaludismo e $uest)o Judici%ria famosa do velho 8utt

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InglesesEspírito santo

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Ingleses no Esprito Santo - Pima

publicada em 27/11/2013 por Morro do Moreno

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Foto: Site Brasil Turismo

Em ensaio que estamos elaborando sobre a Formao Histrica do Esprito Santo, h captulo dedicado ao estudo sobre a colonizao do branco europeu, em nossa Terra, a partir do sculo XIX. Examinaremos a dvida que contramos com imigrantes italianos, alemes, holandeses, poloneses, bem como de outras nacionalidades, inclusive (no de espantem os leitores) ingleses.

Segundo informaes que nos foram prestadas em 1949, pelo Sr. Joo Taylor, Almoxarifado do Departamento do Servio Pblico, houve florescente colnia de ingleses em Pima, atual municpio de Iconha. Pesquisa posteriores esclareceram que Thomaz Dutton Jnior em fins do sculo passado fizera com o Baro da Lagoa Dourada, em Campos, Rio de Janeiro, a ponte sobre o Rio Paraba do Sul.

Posteriormente, seduzido pelas matas ento existentes no sul do Esprito Santo, iniciou prspero negcio de extrao de madeira no Porto de Pima, parquia desde 4 de marca de 1883. Instalou a grande serraria e com auxlio dos ndios puri trazia as toras Rio Iconha abaixo, em balsas, desde a primeira queda dgua. Chamou diversas famlias de origem, entre as quais anotamos a de Henrique Thompson, a de Jayme Wacks, a de Francisco Pacca, a de Thomaz Oenes, a de John Ombre, e mais os solteiros Henrique Johnson, Ernesto Oza, e Jorge Percival Burck.

Em 16 de novembro de 1892, atravs da Lei n 15, o ento Presidente Jos de Mello Carvalho Moniz Freire, sancionava a concesso a Thomaz Dutton Jnior, em sociedade com Domingos Gonalves, ou empresa que organizarem, de uma garantia de juros de 5% sobre o capital de 800 contos de reis para construo, uso e gozo de uma Estrada de Ferro de bitola estreita, tendo apenas 60cm, que partindo da Vila de Pima vai terminar nos limites do municpio deste nome com os de Cachoeiro de Itapemirim, para transporte exclusivo dos produtos da empresa, que se prope organizar para a explorao, no referido municpio de Pima, e no podendo transpor o mesmo, de turfa, mrmore e pedra calcria, bem como madeiras de diversas qualidades.

Esta estrada de ferro nunca chegou a ser constrda, pois a progressista vila, segunda no Estado que contou com iluminao a gs, que servia de veraneio para os ingleses, que a consideravam, segundo informantes Londres em miniatura, entrou em decadncia em virtude de epidemia de impaludismo e questo judiciria famosa do velho Dutton com a famlia Beiriz, conhecida como a questo do Monte Belo. Tambm no se aclimataram portugueses que vieram das ilhas de Pico e So Miguel.

No pudemos localizar as filhas do velho Dutra Teclina, Ceclia e Alice ou seus descendentes, que, segundo consta, moram no Estado da Guanabara.

Os descendentes dos antigos colonos que conhecemos sofreram o processo a que Emlio Willems d o nome de acaboclamento.

Fonte: Torta Capixaba - Editora ncora, Vitria, 1962Autor: Renato Jos Costa PachecoCompilao: Walter de Aguiar Filho, setembro/2011Os primeiros anos Conflito nas colnias agrcolas esprito-santenses, 1827-1882

O processo migratrio europeu, em linhas gerais, faz parte de um movimento de expanso que se iniciou, naquela parte do mundo, com as Cruzadas, ganhou fora e impulso a partir do final sculo XV, e atingiu seu apogeu no sculo passado.

A populao da Europa cresceu de 187 milhes de habitantes, em 1800, a 401 milhes, cem anos depois, e a presso populacional diferencial,[2]alm do desejo de libertao de servides e ou laos sociais, econmicos e polticos, acrescida tambm de cicios de depresso, fizeram com que, entrementes, 58 milhes de europeus, em sua maioria adultos, emigrassem, dos quais 38 milhes s para os Estados Unidos da Amrica do Norte.[3]Os contatos do ocidente europeu com a Amrica puseram, frente a frente, culturas diversas, em situaes econmicas, sociais, polticas e ecolgicas bem diferentes. O europeu que migrava teve problemas de adaptao situao nova, os quais tomaram vrias formas, inclusive de conflito, a que se seguiu poltica restricionista por parte dos governos europeus.[4]Nosso espao, neste trabalho, examinar os primeiros anos da presena do imigrante europeu numa limitada parte do territrio brasileiro a ento Provncia do Esprito Santo durante o Segundo Reinado, centrando-se nosso interesse nos conflitos gerados pela interao entre os brasileiros (em geral em funo de governantes) e os recm-vindos. Justifica-se tal abordagem como anlise histrica de uma sociedade de agricultores, dentro do ponto de vista da histria regional, isento, todavia, de qualquer piedade filial to comum em alguns estudos capixabas sobre o assunto.[5]Relembre-se, antes, que o incentivo colonizao do branco no portugus, no Brasil, iniciou-se logo depois da vinda da famlia real para o pas. Como se v em Browne, os gastos oficiais com imigrao s so computados em oramento a partir de 1841-1842, e atingiram seu ponto mximo em 1856, quando um crdito especial de 6 mil contos de ris foi votado (Decreto de 4 de outubro de 1856) para ser aplicado em um plano trienal.[6]No que tange aos pressupostos legais que seriam aplicados aos estrangeiros (e muita vez no o foram, ficando no campo do ideal), a Lei de 13 de setembro de 1830 foi a primeira a regulamentar o contrato, por escrito, de prestao de servios por estrangeiro. Esta lei foi modificada pela de 11 de outubro de 1837, usando-se nela pela primeira vez a expresso colono, por extenso aos que viessem a trabalhar em fazendas, geralmente como parceiros.[7]A Lei de 18 de setembro de 1850 (regulamentada, mais de trs anos depois, pelo Decreto n. 1.138, de 1854) dispunha sobre as terras devolutas do Imprio, e autorizava o Governo a mandar vir, anualmente, custa do Tesouro, certo nmero de colonos livres.

Era patente a preocupao com o ingresso, no pas, de mo-de-obra livre, face ao fim do trfico de escravos, pois enquanto houve suprimento do brao africano a aristocracia rural dominante no se interessou, salvo esporadicamente, por fomentar a vinda de imigrantes europeus. J se observou, outrossim, que os prprios emigrantes preferiam ir para pases onde no mais houvesse a escravido, para no terem que trabalhar, lado a lado, com escravos.

No caso que vamos examinar, como a aristocracia rural do caf era diminuta e circunscrita ao vale do ltapemirim, no sul da Provncia, a criao de colnias em suas montanhas centrais visava a ocupar espaos virgens, com recursos naturais que, embora poca super-avaliados, deram aos imigrantes nveis de vida superiores aos que usufruam nos pases de origem, desde o momento em que, como pequenos proprietrios que eram, se voltaram, exclusivamente, para o cultivo do caf.

o crescimento do pas levou o Governo a criar, pelo Decreto de 28 de julho de 1860, uma Secretaria de Estado dos Negcios da Agricultura, Comrcio e Obras Pblicas. Porm, somente em 1867 esse Ministrio aprovou o Regulamento 3.787, que disciplinava o funcionamento das colnias ento existentes, ou que viessem a ser criadas, dentro de um rgido centralismo, comum administrao imperial. Por tal decreto, os colonos perdiam seus direitos civis, pois estavam sujeitos a disciplina prpria como estudantes em um internato, com penalidades que iam desde a simples admoestao excluso da colnia, nos casos previstos nos Artigos 36 e 37, se deixassem de se ocupar assiduamente em sua lavoura ou indstria ou se revelassem ociosidade habitual e maus costumes; se julgados incorrigveis, seriam excludos do distrito colonial.

Sabe-se que a maior parte dessas colnias no se constituiu no xito esperado pelo governo, e Celso Furtado explica isto porque a gesto fundamental era aumentar a oferta de fora de trabalho disponvel para a grande lavoura cujos proprietrios, constituindo-se na classe alta da poca, no viam com bons olhos uma eventual concorrncia das colnias, desde que estas se integrassem numa linha de produo de um artigo de exportao.[8]No caso particular do Esprito Santo, que nos interessa neste ensaio, repetimos, o Governo procurava incorporar, atravs da agricultura, espaos virgens, que logo se dirigiram economia de exportao do caf, sem, contudo, oferecer perigo aos produtores primitivos estabelecidos em sua maioria no vale do ltapemirim,[9]ao sul da Provncia, enquanto que as colnias se localizavam nas suas montanhas centrais. Por outro lado, para o caso especfico em exame, o ingresso de imigrantes foi decisivo, na segunda metade do sculo passado, para o aumento populacional da provncia, como demonstra aTabela 1.

A primeira proposta conhecida sobre a necessidade de colonizar-se o Esprito Santo foi feita em 3 de maio de 1825 pelo Padre Marcelino Pinto Ribeiro Duarte.[10]Em sua Memria considera a Provncia a menor do Imprio em populao, agricultura e comrcio, sendo a que oferecia as melhores condies para o estabelecimento de muitas colnias margem de 14 rios. Sugere como culturas possveis o caf, a cana doce, a mandioca, legumes, algodo, tabaco e anil, alm do extrativismo de pau-brasil, tatagiba, blsamo, cedro, jacarand. Demonstrava seu preconceito etnocntrico contra o gentio que s no litoral est (assim como as formigas) mas que quatro armas carregadas so bastantes para fazer fugir a 400. E, mais adiante: A experincia de 300 anos tem mostrado que os ndios, ociosos por natureza, e de sentimentos abatidos e humildes, apenas servem para encherem nmero na Marinha: sua indstria se limita a poucos tecidos de palha, no custosos, como esteiras, cestinhas, chapus, etc. Reclamava dos gastos com a catequese, reiterando a no valia dos ndios para o comrcio e agricultura, pois no so proprietrios, situando-se pouco acima de selvagens, possuidores apenas de palhoa desprezvel, sambur, bodoque, marimbo (para gua), linha de pescar, cala e camisa de algodo, s se justificando sua proteo por humanidade. E, por ser toda a provncia devoluta, sugeria o padre e poltico, ao Inspetor da Colonizao de Estrangeiros, a vinda de at 1.000 casais de imigrantes s para as margens do Rio Doce, que chamava de paraso do Brasil,[11]alm de 200 a 300 casais para o rio Itapemirim, nas proximidades das extintas minas do Castelo, 200 casais no Piraqu Au, 100 a 200 casais nos rios Santa Maria e Araatiba, o que, tambm, facilitaria muito o comrcio com Minas Gerais, sonho dos capixabas desde o perodo colonial.[12]Tabela 1: Populao do Esprito Santo, 1749-1900.

AnoFontePopulao

174918101817181718341840185618611862187018721900SoutheyMillietSaint HilaireRubimMillietPizarroItapemirimSouza BrasilCosta PereiraRodriguesCensoCenso2.48024.00040.92024.58540.00072.14540.08270.00060.70252.93182.137209.783

Fonte geral: Montenegro, Tulo Hostlio. Notas avulsas sobre a populao do Esprito Santo,O Jornal, Rio, 7/9/1951.

Dentro do plano do Padre Marcelino, e de acordo com a poltica imigratria do Primeiro Reinado, registra-se que diversas providncias, sem xito, foram logo depois de sua sugesto tomadas para localizao de estrangeiros na Provncia do Esprito Santo. Assim que em 12 de outubro de 1827 o Sargento-mor Jos Marcelino de Vasconcelos diz-se impossibilitado, por falta de meios, de levantar o mapa topogrfico dos terrenos devolutos e apropriados para a colonizao de estrangeiros.

Em 1829, S.M. o lmperador autorizou a Mr. Henrici a transportar de Bremen para Vitria 400 colonos agricultores, distribuir-lhes terras e subsdio reembolsvel, por seis meses. Em 26 de abril do ano seguinte, o marqus de Caravelas autorizava a colocao de estrangeiros no lugar Borba, a 2 lguas de Viana, na Estrada do Rubim. Estes colonos nunca chegaram ao Esprito Santo, devendo ter sido encaminhados a uma das colnias do sul, criadas ento,[13]de Santo Amaro, em So Paulo, Rio Negro, no Paran, ou ltaja, em Santa Catarina.

Somente em 1846 os planos foram retomados. Pretendia o presidente Herculano Ferreira Pena regular a distribuio das terras por onde passa a estrada [do Rubim] sob condies tais que animem a pronta entrada de Colonos, nacionais ou estrangeiros, para efetivamente povo-la e cultiv-la mas propunha, como medida preliminar, a criao de quartis em distncias correspondentes marcha das tropas carregadas.[14]Finalmente, neste mesmo ano, o presidente Luiz Couto Ferraz fundou, na referida estrada, com 163 alemes, a colnia Santa Isabel, doando a cada famlia um prazo com 200 braas de testada e 600 de fundo. Em seuRelatriode 1847 diz, em sntese, o grande defensor da poltica colonial: Fundei Santa Isabel em princpios do ano passado. Passada a crise das enfermidades que atacaram os colonos logo aps sua chegada a esta provncia, esto animados e contentes, e entregam-se, com fervor, cultura dos prazos que lhes foram designados. Com auxlio do governo provincial, j estavam construdas casas, e produzia-se trabalho regrado, mas ativo. Havia mestres de ofcios fabris, pretendendo estabelecer na colnia as respectivas oficinas. Reinava harmonia, inclusive com os vizinhos, de quem receberam no equvocas provas de estima. H cinco meses estavam na Provncia sem uma desinteligncia mais grave. Sei de muitos, informa o Presidente textualmente, que ho escrito para Alemanha convidando seus parentes e amigos a virem estabelecer-se na provncia, fazendo-lhes sentir o agasalho e hospitalidade que recebero e todas as vantagens que ho encontrado a par dos lucros que esperam tirar da cultura das terras, em que se acham estabelecidos. E conclua ressaltando sua confiana no estabelecimento da colnia, que pode ser montada em tanta proximidade da capital, em terras de tamanha fertilidade, sem ferir-se a propriedade, nem mesmo a posse de pessoa alguma.

Em 1849 o baro de ltapemirim, em seuRelatrio, dava conta que a referida colnia prosperara, embora alguns indivduos que tm por moda e costume tudo desacreditar o contrrio digam. Com poucas excees, todos os colonos estavam bem situados, os terrenos eram pingues e azados para a cultura de mandioca, do milho, feijo e caf, e dentro de menos de dois anos, o mercado de Vitria seria abastecido de farinha excelentemente fabricada pelos colonos.[15]Em 1854 a colnia j contava com 194 colonos, dos quais 105 homens e 89 mulheres; 106 solteiros, 78 casados e 10 vivos; 114 catlicos e 80 dissidentes; e em 1857 a populao subira a 286 moradores, com produo de 1.200 alqueires de farinha e 10.000 arrobas de caf, alm de milho, feijo e 200 cabeas de gado.[16]A colnia foi emancipada em 1866.[17]A segunda colnia oficial foi Santa Leopoldina (inicialmente Santa Maria), criada em 1856. Em maro de 1857 chegaram 140 colonos suos, removidos de Ubatuba, So Paulo, e, em meados do ano, 222 colonos alemes. A medio foi feita pelo tenente Joo Jos Seplveda de Vasconcelos, de 4 lguas quadradas, no Rio Santa Maria, entre a Cachoeira Grande e a de Jos Cludio, em lotes de 62.500 braas quadradas cada, reservando-se 500.000 braas quadradas para a povoao, com praas, igrejas, casas para escola e lotes urbanos de 10 braas de frente e 25 de fundo, com o cemitrio locado fora da povoao. Determinava oAvisode criao da colnia a construo de barraco para acomodar 50 famlias, de casa espaosa para o diretor da colnia, de armazns de mantimentos. Deveriam ser, outrossim, abertas picadas que servissem aos moradores dos lotes rsticos, com nunca menos de 10 palmos de largura e entrada, que permitem cmodo trnsito a carros at o porto mais prximo, no rio Santa Maria, local para onde, por melhor localizado, se transferiu depois a sede da colnia, abrindo-se para as despesas iniciais o crdito de 2 contos de ris.[18]Em 1874 contava a colnia com 5.000 habitantes e produzia 30.000 arrobas de caf. Em 1879 sua populao era de 6.389 habitantes, com a produo de 100.000 arrobas de caf.[19]A colnia, subdividida depois nos ncleos de Santa Leopoldina, Timbu e Santa Cruz, s seria emancipada pelo Decreto n. 8.508, de 6 de maio de 1882.

A Colnia do Rio Novo foi fundada pelo major Caetano Dias da Silva consoante autorizao do Decreto 1.566 de 24 de fevereiro de 1854; em 7 de outubro de 1861 foi encampada pela Associao Colonial Rio Novo, e j a 12 de novembro seguinte foi nomeado o engenheiro Adalberto Jahn, comissrio rbitro, na liquidao da colnia, em virtude de contrato firmado pelo governo imperial com Caetano Dias da Silva. Ao Diretor nomeado Carlos Kraus, foram expedidas, no mesmo dia, minuciosssimas instrues pelo Ministrio da Agricultura para receber a referida colnia, que seria emancipada pelo Decreto n. 7.683 de 6 de maro de 1880.[20]Nesta colnia, em 1862, foi medido pelo engenheiro Lassance Cunha um segundo territrio a 54 quilmetros do primeiro, e que em 1869 foi dividido em lotes pelo engenheiro Jos Cupertino Coelho Cintra. Os primeiros colonizadores italianos, a ele destinados, s chegariam ao porto de Benevente em 16 de julho de 1875. A este segundo ncleo, entendemos, que sem nenhum ato formal se deu o nome de Colnia do Castelo. Apoiamo-nos em Dom Cavati quando diz: Em Matilde informaram-me que o ncleo de Castelo fazia parte da Colnia Rio Novo. Archimino Matos o apresenta como colnia distinta, criada em 1880 pelo Inspetor de Terras Alfredo Chaves, e localizada s margens do Alto Benevente. Foi emancipada em 18 de maio de 1881 pelo Decreto n. 8.122.[21]Trs colnias particulares foram fundadas, na Provncia, no perodo que estamos estudando: Fransilvnia, Juparan e Pima, mas no prosperaram.[22]ATabela 2 uma tentativa de relacionar todas as colnias criadas na Capitania, Provncia e depois Estado do Esprito Santo, devendo entender-se todavia que nosso estudo se prende ao perodo que vai da criao da Colnia Santa Isabel, em 1847, emancipao da Colnia Santa Leopoldina, em 1882, pois objetivamos examinar neste tpico a situao dos colonos apenas dentro do contexto administrativo fortemente centralizado de uma colnia imperial.[23]Tabela 2: Colnias do Esprito Santo Brasil (sculos XIX e XX)

ColniaLocalizaoFundaoEmanci-paoPredomi-nnciaNatureza

I-Sob D.Joo

VianaMargem rio Santo Agostinho1813AorianosOficial

II-No 2 Reinado

Santa IsabelMargem rio Jucu (Estrada do Rubim)184719/6/1866AlemesOficial

FransilvniaMargens rio Doce/Guanducirca 1855projeto no executadoParticular

Rio NovoMargem rio Novo24/2/18546/3/1880ItalianosPart.(no of.)

Santa Leopoldina1 nlceo: margem Santa Maria2 ncleo: margem Timbu3 ncleo: margem Piraqu-au27/2/18566/5/1882AlemesItalianosItalianosOficial

PimaMargem Iconhacirca 1865InglesesParticular

JuparanMargens lagoa Juparan/rio Doce20/9/1867Norte-americanosParticular

CasteloMargem rio Castelo28/5/1881ItalianosOficial

Santa LeocdiaMargem rio So Mateus1887ItalianosParticular

III-Na Repblica

Muniz FreireMargem Santa Maria do Rio Doce1895ItalianosOficial

Afonso PenaMargens rios Guandu, Santa Joana e Capim11/12/1907Brasileiros e alemesOficial

Antonio PradoMargem rio Doce1918ItalianosOficial

AcioliMargem rio Doce1918ItalianosOficial

Demtrio RibeiroMargem rio Doce1918ItalianosOficial

guia BrancaMargem rio So Jos1928PolonesesParticular

SerraSop do Mestre lvaro1964Sul-coreanosParticular

Fontes: Silva Rocha, Arajo Aguirre (1934), Valverde (1959), Basto (1970), Cavati (1973), Teixeira de Oliveira (1977), Browne (1977) e Arquivo Pblico Estadual do Esprito Santo. Elaborao final de Renato Jos Costa Pacheco.

O que se dava aos colonos fixados na Provncia do Esprito Santo, nos seus primeiros anos, os clebres primeiros anos a que se refere Emilio Willems?[24]O governo concedia transporte gratuito, arranchamento provisrio na capital da Provncia e nas colnias, um lote de terras de 120.000 braas quadradas (cerca de 30 Ha), a ttulo de venda, na razo de 1/2 real a braa quadrada, a ser pago no prazo de 5 anos, em trs prestaes iguais, a contar do fim do segundo ano: meios de subsistncia pelo espao de seis meses e alguns instrumentos mais indispensveis lavoura, como enxadas, foices e machados; algum gado, sendo os suprimentos feitos por adiantamento, a serem pagos no prazo e forma de quitao dos lotes,[25]uma situao que permitia, em pouco tempo, que o colono estivesse produzindo para seu sustento e para o desenvolvimento agrcola do pas que o acolhera.

Nada obstante isto, na prtica inmeros bices se fizeram sentir. Apenas para fins de anlise, vamos agrup-los em cinco categorias:1a m seleo do migrante.2a dificuldades de adaptao.3a terrenos ruins, medies erradas.4a conflitos com a administrao e com a lei e busca de servios inexistentes.5a quebras contratuais, inclusive e principalmente no que concerne a salrios.

J em 1846, emMemriaeditada em Berlim, o visconde de Abrantes se reportava aos empresrios vidos dos portos de embarque[26]e Tschudi, em seu famosoRelatriode 1860, recolheu muitas queixas contra os agentes de imigrao, principalmente contra um tal Textor, em Frankfurt sobre o Meno e invectiva a Caetano Dias da Silva por ter criado falsas expectativas, e obviamente excitado a cobia de migrantes no aptos, por ter publicado naHansa, gazeta de Hamburgo para a emigrao, em 23 de agosto de 1856, propaganda exagerada, em que prometeu o lucro anual de 2:000$000, cerca de 6.000 francos, na poca, com o plantio do caf. Assim os que vieram foram, na expresso de inspetor helvtico cruelmente enganados com as promessas no cumpridas.[27]Ao baro respondeu o presidente Costa Pereira considerando seu relatrio injusta condenao, tendo em vista o pouco tempo para suas observaes (22 dias), e contra-atacando dizia que os colonos suos, em sua maioria j conhecidos em Ubatuba como indolentes e de procedimento irregular, no ganharam com a mudana, para Santa Leopoldina, hbitos de trabalho, atividade, energia e a pacincia indispensvel ao lavrador. E concluiu dizendo que os contratadores aceitam velhos invlidos; a maior parte dos colonos contratados no pertencem s classes agrcolas Os pomeranos prosperam pois j eram agricultores.[28]A adaptao ao meio tropical, em floresta recm-derrubada, tambm no se fez sem percalos. Animais estranhos, doenas desconhecidas, novos alimentos, e at os ndios existentes na Provncia foram elementos que mataram ou levaram de volta muitos colonos de menor nimo.[29]A morte de crianas freqentemente registrada, como noRelatriodo baro de ltapemirim.[30]No que concerne qualidade do solo temos de nos render evidncia: as terras eram frteis somente enquanto novas.[31]Ao relatar as providncias para a fundao de Santa Leopoldina dissera o presidente Pereira Barros, com otimismo: Mandei fazer grandes derrubadas e queimadas no ponto escolhido. Houve dificuldades pela falta de trabalhadores, tendo sido usados ndios de Santa Cruz, e ocorreu uma epidemia de bexigas. Todavia as guas so excelentes, abundantes, o clima saudvel o que verdade e as terras fertilssimas: semelhana do Nilo, as margens se inundam nas grandes cheias para se tornarem mais produtivas. As montanhas algum tanto elevadas, mas facilmente acessveis e mui azadas para a plantao do caf e talvez do ch.[32]Tschudi critica o relatrio e desabafa: Les tristes experiences des colones rendent assez hautement temoignage de cette sterilit. Pois a simples observao da fraqueza da floresta convence o observador do solo ruim, o que confirmado por Costa Pereira, na defesa j citada que faz da colnia, pois ao reportar-se qualidade vria do terreno fala de m qualidade de alguns prazos, o mesmo ocorrendo em Santa Teresa.[33]A medio de lotes, ou prazos, como eram chamados os terrenos de 25/30 hectares, tambm foi uma constante causa de conflitos: no incio as medies eram feitas precariamente com correntes de ferro, de 10 a 30 metros, o que causava grandes diferenas ao ultrapassar obstculos. Tschudi chegou a dizer que os agrimensores fixavam as parcelas a olho nu,[34]informando que alguns colonos, de suas 62.500 braas quadradas s receberam 6.000 a 8.000 braas quadradas. ORelatriode 1867 do Ministrio da Agricultura d notcia de que havia contnuas queixas porque os prazos no foram medidos igualmente, nem continham as reas prometidas.[35]A sofisticao no instrumental de medies s viria mais tarde, embora continuassem as reclamaes contra os homens que os empunhavam[36]para realizao da braagem, quantidade de braas medidas durante o ms.

Lista de AbreviaturasCLIB Coleo de Leis do Imprio do Brasil, Rio de Janeiro, Tipografia Nacional, seguindo-se o ano referido.CPPES Correspondncia dos Presidentes da Provncia do Esprito Santo, vol. 4 e 7 a 20, Arquivo Nacional.CDCSL Correspondncia do Diretor da Colnia de Santa Leopoldina, diversos volumes, Arquivo Pblico Estadual, ES.O ES O Esprito Santense, diversos anos de 1874 a 1889.OS O Seminrio, 1858.PCSL Processos diversos da Comarca de Santa Leopoldina.RPPES Relatrios de Presidentes da Provncia do Esprito Santo, diversos volumes, Arquivo Pblico Estadual, ES.RT Tschudi, J.J.Rapports de lenvoy extraordinaire de Ia Confederation Suisse au Brsil, s/local, 20.12.1860 (Coleo Varnhagen do ltamarati).

[[1]]Publicado, primeiramente, em Estudos em homenagem a Ceciliano Abel de Almeida, Vitria: FCAA, 1978, p. 123-1,48, e posteriormente em Estudos Esprito-santenses, Vitria: IHGES e PMV, 1994, p.11-52.[[1]]

Notas ( volta nota) 1. [ 2 ] Entende-se por presso populacional diferencial a relao entre o nmero de habitantes de uma dada rea e os recursos disponveis. Cf. Citroen, H.A., European emigration overseas past and future, Haia, Martinus Nyhoff, 1951, p.1 e 3 e Gonnard R., Lemigration europenne au XIX sicle, Paris, Armand Colin, 1906, p. 1, 2, 99, 102, 105 e 183.2. [ 3 ] Paterson, J.H., Terra, trabalho e recursos, Rio, Zahar, 1975, p.206.3. [ 4 ] Por semelhantes razes, lutava a Inglaterra contra o trfico de africanos, conforme Bethel, Leslie, A abolio do trfico de escravos no Brasil, S. Paulo, Expresso e Cultura EDUSP, 1976, p.8.4. [ 5 ] Para um exame mais aprofundado do que se pretende fazer, veja-se Hobsbawn, E.J., From social histary to the history of society e Joubert, Pierre, Local history, ambos em Gilbert Felix et alii, Historical studies today, Nova lorque, Norton, 1972, p.1-27 e 300-314, respectivamente.5. [ 6 ] George P. Brown, Government imigration policy in Brazil, 1808- 1870, Washington, 1972 e Tabela V.4, p. 163.6. [ 7 ] Cf. Dean, Warren. Rio Claro, um sistema brasileiro de grande lavoura, 1820-1920, Rio, Paz e Terra, 1977, Cap. 4, e Furtado, Celso, Formao econmica do Brasil, Rio, Fundo de Cultura, 4. ed., julho, 1963, Cap. XXI.7. [ 8 ] Veja-se para exposio mais pormenorizada da questo Furtado, Celso, Formao Econmica do Brasil, Rio, Fundo de Cultura, 4. ed., Julho, 1963, p.147/151, e Viotfi da Costa, Emilia, Da senzala colnia, Difel, So Paulo, 1966, p.65 e 71. Viotti defende a tese de que a obteno de terras era extremamente difcil para o povo em geral e mais ainda para os estrangeiros, pois se achava monopolizada por um pequeno grupo de proprietrios, situao diferente da capixaba, onde a ltima frente de abertura de matas, ao noroeste, s ocorreria na dcada de 1940. Igualmente diversa da situao esprito-santense aquela descrita por Fernando Carneiro de que as colnias no prosperaram nas reas prximas s grandes lavouras latifundirias, in Imigrao e colonizao no Brasil, Rio, FNF, 1950, p.9.8. [ 9 ] Em 1870 a Provncia produziu 500.000 arrobas de caf, enquanto a regio colonial no atingira 30.000 arrobas, chegando, em 1879, a 130.000 arrobas. Cf. Taunay, Afonso de, Histria do caf no Brasil, vol. III, Rio, 1939 e Daemon, Baslio de Carvalho, Provncia do Esprito Santo, sua descoberta, histria cronolgica, si- nopse e estatstica, Vitria, 1879.9. [ 10 ] Memria sobre as vantagens do estabelecimento dos novos colonos estrangeiros na Provncia do Esprito Santo, oferecida a Monsenhor Miranda, Desembargador do Pao e Mesa de Conscincia e Ordens, por seu autor o Padre Marcelino Pinto Ribeiro Duarte, RJ, 3.5.1825, in Coleo Marqus de Olinda, no IHGB, lata 212, doc.4.10. [ 11 ] Todavia, as inmeras tentativas de colonizao do Rio Doce iriam fracassar, at incio do sculo XX. No relatrio do presidente Costa Pereira de 1862, ao reportar-se Colnia do Guandu informa-se que a medio e preparo dos terrenos, iniciada em dezembro de 1857 frustrou-se completamente e atribui-se ao Padre Anchieta o dito de que o Rio Doce ser muito cobiado, mas nunca possudo (RPES, 1862, p.85).11. [ 12 ] O governador geral D. Loureno de Almada proibira a ligao Minas-Esprito Santo por alvar de 1710, sob pena de degredo em Angola e confisco de bens. Rubim, de 1817 a 1821, abriria uma estrada com 32 lguas que, por falta de uso, ficaria intransitvel poucos anos depois. CPPES, 25.04.1846.12. [ 13 ] Basto, Fernando, op. cit., p. 12, OS, n. 27 de 17.7.1857, p.210; CPPES, 12.10.1827, Rocha, Joaquim da Silva, op. cit., 3o volume, p.326. H um expediente do presidente lncio Acili de Vasconcelos em 30.03.1828 informando da dificuldade de pagar o frete dos colonos alemes que vm embarcados pela sumaca Rodrigues. Nenhuma referncia posterior encontramos a respeito de tal embarque.13. [ 14 ] CPPES, 24.04.1846.14. [ 15 ] RPPES, Rio, 1848, p. 26-29; RPPES, Vitria, 1849. Jos Marcelino, op. cit., p.132.15. [ 16 ] CPPES Estatstica oferecida por Jos Martins Vieira, Secretrio do Governo, em 25.03.1854 e Jos Marcelino, op. cit., p. 132.16. [ 17 ] Pelo Aviso de 19.06.1866, ficando seus habitantes sujeitos ligao comum, e exonerados os respectivos empregados, in Rocha, Joaquim da Silva, op. cit., p. 185.17. [ 18 ] CLIB, 1856; Relatrio do M.Ag. 1866, Rocha, op. cit., p. 319, 3o volume. Daemon, ano respectivo.18. [ 19 ] Relatrio do presidente Horta Barbosa, in OES, n. 377 de 1874 e Daemon, op. cit., ano respectivo.19. [ 20 ] Arquivo Nacional Correspondncia do Ministrio da Agricultura, 1861-1865 CLIB, 1880.20. [ 21 ] Daemon, op. cit., anos respectivos, Cavati, op. cit., p. 48, Matos, Arquimimo, op. cit., p. 98. CLIB, 1881, e instrues para o Engenheiro Jos de Cupertino Coelho Cintra, in IHGB, lata 632, pasta 8.21. [ 22 ] Nicolau Rodrigues dos Santos Frana Leite, em 1857, firmou contrato para introduzir 2.000 colonos, no prazo de 2 anos, tendo subido o Rio Doce conduzindo 40 colonos alemes, franceses e portugueses; seu contrato obrigava-o a estabelecer os colonos como proprietrios independentes ou como ferreiros, e a vender-lhes terras por preos mdicos e fazer-lhes alguns avanos, para serem pagos a prazo; o julgamento seria por dois rbitros, para quaisquer questes que se suscitarem, devendo servir de terceiro o Juiz de Paz, com recurso para o governo e Conselho de Estado. Em 1858 declarou no poder cumprir o contrato por absoluta ausncia de recursos e trinta famlias alemes a ele destinadas foram, pelo Aviso de 12.04.1859, autorizadas a se fixarem na colnia do Guandu que nunca se instalou. Jos Marcelino, op. cit., p. 156 e Rocha, Joaquim da Silva, op. cit., p. 279. Em 1856 o Coronel Charles Gunther, de Montgomery, Alabama, foi autorizado a medir 20 lguas de comprimento por 10 de largura, em cada uma das margens do Rio Doce, prximo Lagoa Juparan, a meio real a braa quadrada, inclusive a medio, e o Aviso de 19.02.1869 mandou o engenheiro Virginio Gama Lobo verificar essa medio. Os 400 norte-amerianos que estavam na Provncia, em 1868, deixaram-na em virtude de grande seca. Rocha, Joaquim da Silva, op. cit., p. 402, 2o volume e Artur Rios, Jos. op. cit., p. 8 e Instrues para o Engenheiro Leonardo Augusto Deocleciano de Mello e Cunha, in IHGB, lata 632, pasta 9. Sobre os ingleses de Pima, veja-se Pacheco, Renato Jos Costa. Ingleses no Esprito Santo in Torta Capixaba, Vitria, ncora, 1962, p. 223-225.22. [ 23 ] Conflito aqui entendido em sua acepo tcnica, consoante Park e Burgess, op. cit., captulo IX e Pierson, Donald, captulo IX de competio consciente; pessoal, emocional, intermitente; produz status e ordem poltica; o indivduo luta por uma posio no grupo, o grupo luta por uma posio numa srie de grupos, com forte descarga de tenses. Da o esforo analtico para estabelecer a diacronia dentro da sincronia pois toda vez que, no caso do imigrante, um novo indivduo ou grupo inserido num contexto colonial previamente existente, um novo processo conflituoso dever ocorrer. A curta ou longa durao tem assim menor importncia, de vez que haver diferentes taxas de acomodao e assimilao no processo final (chamado pelos antroplogos de aculturao) cuja dinmica especial escapa ao escopo deste trabalho, e que se caracterizar, como acentua Borges Pereira, op. cit., p. 8:

a como adaptao seletiva a sistema de valores; b como processos de integrao e diferenciao; c como gerao de seqncias de desenvolvimento; d como resultantes de atuao de determinantes ligadas a papis e a fatores de personalidade.

De um modo amplo poderemos aceitar a afirmao de Taft, Donald R. et allii de que it is perhaps a truism that men on the move ate usually of more immediate import than quiescent men, op. cit., p.3. E, para um exame da sociedade atual das colnias no Esprito Santo, veja-se a bibliografia final e principalmente Emlio Willemns, Jean Roche, Luiz Serafim Derenzi, Joo Cavati e Celso Bonfim.23. [ 24 ] Os clebres primeiros anos na mata virgem, tantas vezes descritos, analisados e romanceados pela literatura teuto-brasileira, representam uma fase de desajustarnento agudo, de desequilbrio completo entre a personalidade do imigrante, seu equipamento civilizador e o meio ambiente, in Willems, Emlio, O desnivelamento econmico como fator de aculturao, in Revista de lmigrao e Colonizao, ano Il, n. 2 e 3, Rio, 1941, p. 800. E com este desequilbrio as dvidas, a falta de recursos anteriores disponveis, as doenas de aclimatao, o nomadismo do colono teuto-capixaba a que se refere Wagemann.24. [ 25 ] Arquivo do IHGB, lata 213, doc. 3, firmado possivelmente Suzano, de autoria e data no identificados. No livro Conta-correntes do Timbu para o ano de 1873, R. Terras, 131, Arquivo Pblico Estadual, verifica-se que o preo havia chegado a 2 ris a braa quadrada e o dbito tpico de um colono era de:

Cada prazo de 62.500 braas a

2 ris .. 125$000

Derrubada .. 20$000

20% sobre o lote .. 25$000

Total 170$000

Alm disso, vendiam-se machados a 3$000 cada, foices a 2$000 cada, e debitava-se a casa provisria a 20$000 por cabea e idntico auxlio gratuito de 20$000, por cabea. Tais vantagens fariam com que o velho cafuso, do Cana de Graa Aranha, dissesse ao imigrante alemo:

Hoje em dia tudo aqui de estrangeiro. Governono faz nada por brasileiro, s pune por alemo..Vosmec vai ficar aqui? Daqui a um ano est podrede rico. Todos seus patrcios eu vi chegar sem nada,com as mos abanando E agora? Todos tm uma casa, tm cafezal,burrada De brasileiro Governo tirou tudo,fazenda, cavalo e negro No me tirandoa graa de Deus (p.34)25. [ 26 ] Visconde de Abrantes, Memria sobre os meios de promover a colonizao in Revista de Imigrao e Colonizao, Ano II, p. 2 e 3, Rio, 1941, p. 832-891.26. [ 27 ] RT, p. 4 e 16.27. [ 28 ] RPPES, 1862, pg. 37 e 41.28. [ 29 ] Encontramos a notcia de que um menino de 7 para 8 anos, filho de colono alemo, foi apanhar cars, pouco distante de casa, e ao extrair esses inhames, saltou-lhe s costas uma ona pintada que o fez cair de bruos. Felizmente o pai salvou a criana, mas o susto por certo o marcou, profundamente, pela vida em fora. O ES, n. 81 de 08.07.1875. Sobre doenas leia-se Contribuio para o estudo da colonizao no Esprito Santo: Estado Sanitrio da Colnia de Santa Leopoldina, no primeiro lustro de sua existncia de Angela De Biase Ferrad, in Revista do IHGES 1964-1966, n. 25-27, p. 27-39, e sobre o curandeirismo no tratamento de picadas de cobras, veja-se Cavati, op. cit., pg. 86. 30 ndios colocaram em polvorosa os italianos, no Timbu, O ES, 29.06.1876. Daemon confirma, informando que os 276 italianos chegados em 24.02.1876, no brigue Mohely, para o ncleo Timbu, da Colnia de Santa Leopoldina, foram tomados de pavor, em junho, quando 30 ndios e seu chefe chegaram colnia Das epidemias registradas, ressaltamos febre amarela, Santa Isabel, 1851 (CPPES, 18.12.1851); febre de mau carter, Santa Isabel, 1854, de que faleceram 9 colonos, (CPPES, 27.02.1854); Colera morbus, Santa Isabel, de setembro de 1855 a abril de 1856; Escarlatina anginosa, em Santa Isabel, 18.02.1870; varola em Santa Leopoldina e Santa Isabel em 1875 (O ES n. 61, 22.05.1875, CPPES, 13.11.1874 e 05.06.1875 e O ES n. 134, de 09.11.1875), surto que fez 30 vtimas apenas na pequena povoao denominada Campinho (CPPES 03.12.1875); varola na povoao de Santa Teresa, em 1886 (CPPES, 04.03.1886), todas com seu cortejo de mortes e sofrimentos.29. [ 30 ] RPPES, 1875, p. 17.30. [ 31 ] Ao falar dos solos de nossa regio montanhosa na atualidade diz o agrnomo Aldo Franklin dos Santos: Os solos amarelos das regies altas so mais cidos e bastante pobres; quando em desuso so invadidos pelo samambaial. ln Nota preliminar sobre os solos do Esprito Santo, Revista do IHGES, anos 1964-1966, n. 25-27, p. 39-54.31. [ 32 ] Correio da Vitria, n. 14, 24.02.1857.32. [ 33 ] RT, p.8, RPPES, 1872, p.37, CDCSL, of. 364 de 29.04.1879.33. [ 34 ] RT, p.9.34. [ 35 ] Apud Rocha, Joaquim da Silva, op. cit., 311 vol., p. 319. Questes envolvendo os prazos tambm no eram infreqentes faltava indicao sobre se a concesso fora gratuita ou onerosa; os filhos de colonos que no cumpriram condies contratuais herdam? Joseph Ludvvig e Nicolau Effgen, parentes longnquos, podem herdar? CPPES, 10.10.1 859.35. [ 36 ] CDCSL, 15.12.1872, solicita os seguintes instrumentos: teodolito, sextante, 4 bssolas, 1 cronmetro, 16 balizas, 4 correntes de ferro de 20 metros, 4 trenas de fio metlico, 50 fichas de ferro, 1 talo mtrico, 1 nvel de bolha dar, 1 horizonte artificial, 1 m, alm de objetos de escritrio. Pedido semelhante feito quase 8 anos mais tarde, no of. 32, CDCSL de 02.09.1880: trs bssolas inglesas, 1 nvel, uma rgua de mira, 3 correntes de ao (1 de 30ms, 2 de 10ms), uma trena, 1 teodolito americano, 12 balizas, etc. O diretor SantAnna Lopes reclamou em 1876 da falta de prazos medidos, por parte da Comisso de Engenheiros, no subordinada a ele. Os 7 depois 6 agrimensores se queixam da irregularidade dos servios; alguns estavam h quatro meses sem entrar no mato. O chefe dos engenheiros Tersio Porto Neto preferiu ir para a capital da banca de exames gerais e foi substitudo pelo engenheiro Castro Menezes. O ES, n. 26, 29.02.1876. O Diretor Aristides Guaran diz, enfaticamente: Pois bem: sem me referir ainda a individualidades, nem querer ir mais longe do que nesta Colnia, posso afirmar a V.Exa. que no tenho conseguido at hoje um agrimensor que saiba risca cumprir com seus deveres. H quatro meses que solicito tal favor, e dos poucos que tm vindo, tenho sido bastante feliz por v-los voltar (Grifei). CDCSL, of. 196, 15.05.1878.Renato PachecoRenato Pacheco pesquisador da histria e folclore capixabas com vrios livros publicados. Para outras informaes, consulte a listagem de pesquisadores.

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Os primeiros anos Conflito nas colnias agrcolas esprito-santenses, 1827-1882

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1. Estao Capixaba Blog Archive Renato Pacheco Estao Capixaba disse:

12 de dezembro de 2011 s 19:01

[] Os primeiros anos Conflito nas colnias agrcolas esprito-santenses, 1827-1882 []

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