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ISSN: 1982-517X Editorial Nessa edição:

Ano XI – N° 101

Segundo e terceiro trimestres de 2017

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL PETGeo

INFORMATIVO

PET Geo FAED/UDESC Expediente: Março de 2017 à Agosto de 2017 PETianos: Ana Flávia Pereira, Bárbara Isadora Grando, Bernardo Simon Provedan, Bruno Martins Vieira, Ciro Palo Borges, Gleidso Ribeiro Ferrugem, Ian Monteiro de Assis, Ianaê Tadei Martins, Isabella de Carvalho Souza, Larícia Paula Lorenzini, Marcelo de Araújo, Marco Antônio Catuti, Mário André Corrêa de Faria, Stefany Frois do Nascimento, Thalita Reis Magalhães. Tutora: Prof.ª Vera Lucia Nehls Dias. Edição: Marcelo de Araújo, Stefany Frois, Ianaê Tadei, Bruno Martins, Ian Monteiro, Isabella Carvalho, Thalita Magalhães e Ciro Palo. Revisão: Grupo PET-Geografia Impresso pelo Grupo PET-Geografia FAED/UDESC, em tamanho A4, fonte Times New Roman.

Sugestões, reclamações, convites, opiniões: [email protected]

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Editorial Caro leitor! O informativo do PETGeo UDESC apresenta para você a edição especial de 101 anos. Desta vez, faremos um apanhado de eventos e projetos aplicados para a universidade e a comunidade nos últimos seis meses. Começando de Abril, foi realizado o InterPET no Campus I da Universidade FURB em Blumenau - SC. O evento contou com Grupos de Discussão de Trabalho e finalizado com uma Assembleia Geral. Nesta conferência, estiveram-se presentes os PETs da UDESC, UFSC e FURB. Realizamos no mesmo mês o XX SulPET. O evento que teve este ano o tema “Responsabilidade Política e Unificação Nacional”, ocorreu no Centro de Eventos da UFSC e contou com a participação de mais de 800 PETianos. Os esforços da Comissão Organizadora resultou em um congresso bem estruturado onde foram geradas propostas e sugestões para serem encaminhadas para o Encontro Nacional dos Grupos PET em Brasília. Nos dois meses seguintes, houveram mais reuniões entre os Petianos e Petianas responsáveis pela Comissão Organizadora do XX SulPET para a finalização dos documentos do evento tais como anais, atas e certificados de participação. Em maio, seis membros do grupo PET Geografia UDESC participaram do XVII ENAMPUR que este ano teve como cidade sede São Paulo – SP. Com o foco em Planejamento Urbano e Regional, os petianos e petianas presentes puderam ter acesso ao que anda sendo pesquisado e trabalhado por profissionais da área no âmbito acadêmico e assim, agregar maiores conhecimentos aos projetos e pesquisas do PET. Para o XXII ENAPET que se aproximava, os integrantes do PET escreveram quatro trabalhos para serem submetidos à comissão

científica do evento. Estes escritos tinham como tema os projetos aplicados pelo grupo no decorrer dos anos. O projeto de extensão “Geografia como Profissão” foi aplicado em quatro turmas do Colégio Aplicação da UFSC a fim de tirar dúvidas sobre a Graduação em Geografia. Além disso, o grupo recebeu algumas turmas de um colégio particular da cidade de Sombrio – SC para um tour pela Universidade e um bate-papo sobre a vida acadêmica. Maio também foi o Dia do Geógrafo. Com isso, o PET participou do ciclo de atividades propostas pelo Centro Acadêmico apresentando um banner no hall de suas atividades. No mês de junho, foram aplicados três projetos de ensino. O primeiro, foi a oficina de Cartografia para Crianças administrada para os novos petianos com a finalidade de capacitá-los para a aplicação do projeto. O segundo foi o Formando Ideias que em formato de roda de conversa com egressos formados do PET Geografia UDESC, dúvidas fora supridas sobre o processo de construção dos TCCs por meio das experiências pessoais dos participantes. Para o terceiro e último projeto de ensino do mês de junho, grupo ofereceu a graduação um Minicurso sobre O Planejamento Estratégico e Geopolítico na China, ministrado pelo professor e pesquisador na área Vladimir Milton Pomar. O Minicurso que foi aplicado em dois dias, teve uma ascensão positiva entre os alunos da graduação. Os projetos de extensão Geografia como Profissão e Educação Ambiental também tiveram suas execuções neste mês de junho. A Geografia como Profissão foi trabalhada com as turmas de terceiro ano das escolas: EEM Vereador Oscar Manoel da Conceição, EEB Professor Aníbal Nunes Pires, Escola Jacó Anderle e Escola Aderbal

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Ramos da Silva (todas localizadas e Florianópolis). Em todas as apresentações os alunos tiraram dúvidas sobre a diferença de um geógrafo bacharel e um geógrafo licenciado no mercado de trabalho. Já na administração do projeto Educação Ambiental, a trilha da Lagoa do Peri localizada no Parque da Lagoa do Peri em Florianópolis foi a escolhida da vez. Durante o percurso, fizemos o mapeamento da vegetação e aproximamos a comunidade um pouco mais para as questões ambientais ali presentes. Ainda sobre Educação Ambiental, no mês de Julho foi feita a Trilha do Gravatá. Comparecendo 42 pessoas (número recorde neste projeto), o evento foi muito bem organizado e possibilitou a disseminação do conhecimento geográfico e ambiental entre os diversos grupos de esferas sociais. A Geografia como Profissão foi aplicada na escola Escola de Ensino Básico Professor Aníbal Nunes Pires. Totalizando assim, um recorde na aplicação do projeto em um semestre. Recebemos a turma de ensino médio do Colégio Oscar Manoel da Conceição na UDESC, apresentamos a eles além do prédio, o departamento de Geografia bem como a sala do PET e tivemos um diálogo sobre a vida acadêmica, Educação Ambiental e Sustentabilidade. Este foi um mês de bastante saídas de campo por Florianópolis para observações in loco a fim de colhermos informações para futuras pesquisas e artigos. A primeira visita técnica foi ao Instituto Çarakura no bairro de Ratones onde aprendemos mais sobre a forma que esta instituição trabalha a educação Ambiental com os jovens. Na segunda saída de campo, fomos até o bairro Jurerê localizado na zona norte da ilha onde encontra-se a empresa HabitaSul. Esta empresa é responsável pelo descarte de resíduos sólidos no bairro onde se situa. Com essa visita, conhecemos a dinâmica e os impactos da empresa para o bairro.

Para aprenderem mais sobre leis ambientais, os petianos e petianas foram no período da manhã até ao Costão do Santinho Resort no bairro Costão do Santinho entender como é feito o tratamento na Estação de Efluentes e na Estação de transbordo do Resort, além da separação de resíduos sólidos que também acontece lá. A tarde, o grupo fez as duas trilhas ecológicas privadas do Resort. Em agosto, a Geografia como Profissão foi aplicada para os calouros do curso de Geografia Bacharelado da UDESC com o objetivo de elucidar as possibilidades que o profissional geógrafo dispõe enquanto campo de trabalho e assim diminuir a evasão dos estudantes no curso de geografia. Além disso, apresentamos o PET Geografia e todos os seus projetos. O projeto foi aplicado neste mês também para alunos do terceiro ano da Escola de Educação Básica João Colodel na cidade de Turvo - SC. A atividade visa aproximar o ambiente universitário e o curso de geografia de lugares onde a população por vezes, não têm acesso à instituições de ensino por diversas razões. Convidamos o público acadêmico para a doação de sangue com o propósito de contribuir para o banco de sangue do Hemosc. Petianos e voluntários foram levados com uma van concedida pelo Hemosc até o centro de coleta. Voltamos este ano à Escola de Educação Basica Idelfonso Linhares para aplicarmos com os novos alunos do quinto ano o projeto Cartografia para Crianças. Diferentemente do ano passado, fizemos dois encontros com a turma de quinto ano matutino e mais dois encontros com o quinto ano vespertino. Os petianos e petianas apresentaram de maneira didática e interativa os conteúdos de cartografia na educação básica. Mais uma edição do projeto Barfraseando foi realizado também em agosto pelo PET geografia. Desta vez, o projeto de ensino teve como lugar escolhido o Bar “Meu escritório 2” no mesmo bairro onde localiza-se o

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Campus 1 da UDESC. A professora Maria Carolina Villaça foi convidada para compartilhar suas experiências acadêmicas no mestrado e o doutorado e assim, tirar dúvidas dos graduandos a respeito da pós-graduação. A atividade teve uma grande procura pelos estudantes de diversas fases da Geografia e no geral ficaram bastante satisfeitos com o espaço onde foi realizado o evento, uma vez que no ano anterior foi realizado em um bar com preço não acessível para estudantes. O PET também participou da Aula Inaugural do curso de Geografia em parceria com o Núcleo de Estudos Ambientais e o Laboratório de Pesquisas e Educação em Geografia. O palestrante da vez foi o professor e pesquisador Rodrigo Valverde da USP, com o tema: “A variação da cultura no pensamento geográfico”. No mês de setembro, o PET Geografia fez o lançamento da segunda edição do livro “O Golpe da Reforma Agrária: Fraude bilionária na entrega de terras em Santa Catarina” do pesquisador Gert Schinke. Agora com duzentas páginas a mais, o livro vai tratar mais aprofundado sobre as fraudes nas concessões das terras feitas durante o regime civil militar em Santa Catarina.

Foi realizado também o projeto anual Trilhas e Trilhas. Este ano a saída de campo para o pessoal da graduação foi para o Parque Nacional de Itatiaia no Rio de Janeiro, onde os alunos ficaram alojados nas dependências do parque. Durante a Semana da Pedagogia que aconteceu esse mês, alguns petianos e petianas aplicaram a oficina do projeto de extensão “Cartografia para Crianças” para os pedagogos e pedagogas capacitando assim, os discentes e docentes do curso de Pedagogia para ministrar aulas de Cartografia para crianças do 5º ano. O InterPET do segundo semestre aconteceu no dia 23 de setembro no Campus I da UFSC. Este encontro teve como intuito de gerar melhorias para os grupos PET UDESC E UFSC a fim de fortalecê-los. Na assembleia geral, foram gerados encaminhamentos e sugestões para o SulPET 2018. Como setembro é o mês mundial contra o suicídio, o projeto de ensino Desconstruindo Situações Problema contou com a palestra dos psicólogos Felipe Faria e Lívia Maria que trataram a respeito de saúde mental dentro da universidade (tema muito importante que é pouco discutido no âmbito acadêmico).

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De Olho no Programa

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Políticas Locais

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VEÍCULOS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO EM SANTA CATARINA

Bruna Salete Antunes1

Lucas dos Santos Ferreira 2 RESUMO

O cenário da comunicação brasileira é caracterizado por forte concentração de propriedade

da mídia, o que acaba favorecendo a supremacia da ideologia disseminada pelas poucas famílias que assumem o controle desse oligopólio e influenciando a unificação da opinião pública. Contudo, qualquer país que se diz “de todos”, isto é, em exercício democrático, fere seu objetivo quando possui a disseminação da informação que tanto influência na formação do individuo social sob controle de poucos grupos, que decidem inclusive, mediante seu poder de persuasão, quem e o que deve favorecer. Nesse contexto, as mídias alternativas surgem como resistência, frente a esse império mercadológico, assumindo a contra narrativa disseminada como incontestável pelos grandes conglomerados de comunicação e atuando, portanto, como iniciativas que colaboram na construção de uma comunicação mais democrática. O presente trabalho busca estabelecer como resultado os fatores que contribuem para essa respectiva concentração no setor da comunicação, seguido da importância de se estabelecer um novo regulamento para o mesmo, que sirva não só para inibir o monopólio privado como também para fortalecer a mídia pública, comunitária e livre no país, com ênfase especial no estado de Santa Catarina, que conta hoje com grupos bem desenvolvidos de comunicação alternativa aos grandes meios.

Palavras- chave: Oligopólio midiático; mídias alternativas; regulamentação da comunicação.

Introdução

O conceito de geografia comumente disseminado na sociedade remete a um estudo amplo de interpretação do mundo. Mamigonian(1999), por sua vez, afirma que o objeto da geografia corresponde justamente a essa necessidade de entender o mundo, “da natureza que nos envolve e cujas leis de funcionamento nos interessam, bem como da sociedade, cujas leis, mais complexas e mutáveis, igualmente fazem parte do interesse dos homens” (pg. 167).

Nesse contexto, atribui-se ao objeto de estudo da geografia uma visão holística, que abarque meio físico e social, assimilados a descrições e explicações da realidade do homem no espaço. Nesse caso, o advento da comunicação de massa e sua influência cotidiana nas relações socioespaciais, na cultura, na estrutura econômica e ideológica de uma sociedade, aponta a necessidade de compreensão das interferências sociais derivadas dos meios massivos de

1Graduada em Geografia Licenciatura, graduanda de Geografia Bacharelado pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. 2 Professor do Departamento de Geografia da UDESC.

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comunicação e da intenção verificada indiretamente na informação disseminada no âmbito social, tendo em vista sua influência na construção do indivíduo.

Quando levada em consideração a obra de Althusser (1985), a manutenção ideológica exercida na sociedade através dos meios de comunicação de massa é caracterizada como Aparelho Ideológico do Estado. Segundo o autor, “o Estado é uma máquina de repressão que permite às classes dominantes assegurar a sua dominação sobre a classe operária, “(pg. 62). A imprensa, o rádio, a televisão, compõe os Aparelhos Ideológicos do Estado, despejam ideais diariamente na sociedade que visam submeter o público à ideologia política do Estado, para assegurar sua respectiva hegemonia, nesse caso indispensável à reprodução das relações de produção capitalista, evidente quando a ideologia na qual esses Aparelhos Ideológicos do Estado funcionam, “está sempre unificada, apesar de sua diversidade e contradições, sob a ideologia dominante, que é a ideologia da classe dominante” (ALTHUSSER, 1985, pg.71).

Além disso, os Aparelhos Ideológicos do Estado e sua função de propagar a ideologia hegemônica reiteram a passagem de Orwell (1984, pg.192) onde o autor afirma que “a invenção da imprensa, contudo, tornou mais fácil manipular a opinião pública (...) a possibilidade de impor não apenas completa obediência à vontade do Estado como também completa uniformidade de opinião em todos os súditos”.

Sendo assim, além de assegurar a hegemonia da ideologia política do Estado, os conglomerados de mídia, enquanto comunicadores de massa e aparelhos ideológicos do Estado, transformam a notícia, a informação prevista como direito fundamental do cidadão para exercício da cidadania, em mercado. Os conglomerados de mídia seguem uma lógica corporativa, se tornou um campo empresarial, isto é, é muito além de um canal de comunicação para a sociedade. A notícia se torna um produto do mercado, associado aos demais programas de entretenimento, novelas e etc. que fazem parte das mercadorias disseminadas por esses grandes veículos de mídia. Contudo, a sociedade acaba por assumir a manutenção desse mercado da comunicação, quando a audiência em busca da informação, transforma-se em manutenção do capital privado e da reprodução das relações de produção capitalista. A partir do momento que os meios de comunicação estão no cotidiano do cidadão eles exercem função primordial para com a formação do mesmo, isto é, do indivíduo social. Conforme aponta Netto (1972) cabe aos meios de comunicação de massa ensinar, ampliando os conhecimentos do público, informar, difundido notícias sobre a realidade, divertir, atendendo a distração e divertimento do indivíduo, e persuadir, isto é, induzir, convencer o mesmo a se comportar de acordo com os desejos do anunciante. As notícias divulgadas pela grande mídia para uma sociedade onde os veículos de comunicação são a maneira mais convencional de se informar, divertir e aprender, na falta de outras fontes informativas, passam a ser adotadas como verdade absoluta. Conforme aponta Filho (2017) a mídia é responsável por determinar os assuntos que serão debatidos pela sociedade, os assuntos comumente discutidos entre os espectadores da mídia, são justamente aqueles sugeridos por ela, o que pode influenciar diretamente na formação da opinião pública. Contudo, as notícias e mensagens derivadas dos meios de comunicação em massa tendem a ser divulgadas de forma consciente, isto é, onde se atende interesses políticos e econômicos do comunicador, e atribuindo conotações negativas para ideologias contrárias, legitimando respectivamente, a dominação de uma classe sobre outras, bem como afirma Althusser quando os associa a Aparelhos Ideológicos do Estado (1985).

Frente a esse falso cenário democrático, surgem as mídias independentes ou alternativas, apontadas também como forças contra-hegemônicas. O conceito que norteia o presente estudo faz referência, dentre outros autores, a síntese conceitual crítica de Haubrich (2015, p.11)

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(...) entendemos como características centrais da mídia alternativa, das quais decorrem ou às quais tangenciam outros tantos aspectos e às quais devem estar subordinadas especificidades conjunturais: a) A constituição organizacional democrática, participativa e assentada em bases populares: ao mesmo tempo em que deve haver participação, a participação deve ser democrática. Ela pode se dar de forma direta – como no caso de veículos geridos por uma comunidade – ou indireta – no caso de veículos com forte relação com comunidades e/ou movimentos populares. Independentemente da forma de propriedade, o importante é que haja um enraizamento nos interesses da maioria oprimida da população e uma prática democrática, na qual o diálogo seja constante e a participação estimulada; b) Diferenciação em relação à mídia dominante: deve diferenciar-se da mídia hegemônica tanto em relação à organização – ser democrática e não autoritária, horizontal e não vertical, ter o lucro como um aspecto secundário e o estímulo à conscientização como central – quanto em relação ao conteúdo – tratar das mesmas pautas com enfoque diferenciado, tratar de pautas omitidas pela mídia dominante, buscar prioridades e hierarquizações editoriais diferenciadas; c) Independência em relação ao Estado e ao poder econômico: como espaço essencialmente contestador, não deve estar atrelada ao poder constituído, o que não significa a necessidade de realizar oposição sistemática aos governos, mas sim a incumbência de manter-se como um instrumento dos movimentos populares e dos setores explorados; d) A veiculação de conteúdos de caráter crítico-emancipador, transformador: o conteúdo deve refletir as necessidades do povo, entendido como antagônico às classes dominantes. Deve ser essencialmente crítico, problematizador, questionador e transformador. Não pode estar atrelado ao estado das coisas e/ou à sua naturalização, devendo contribuir para a reflexão, a conscientização e a emancipação das classes subalternas; e) Um sentido de busca de transformações sociais: a mídia alternativa deve ser alternativa não apenas em relação ao aparato midiático dominante, mas também deve construir alternativas ao sistema social vigente. Assim, deve unir os elementos anteriormente citados em proveito dos setores sociais historicamente oprimidos, tendo como norte sua emancipação através da transformação social, e como caminho a esse destino a informação, a formação, a integração e a expressão populares através da própria mídia alternativa.

Além disso, parte de um princípio em que o leitor tem a possibilidade de ver o outro lado da notícia, a outra face da verdade, o que não é documentado nos canais de comunicação de maior alcance na sociedade e que por sua vez, não recebem a atenção que deveria. O intuito das mídias alternativas concentra-se na intenção de estabelecer uma comunicação democrática e pluralizada, onde o leitor, por exemplo, tenha a opção de escolher seu posicionamento final sem ser manipulado pelas tendências explícitas nos canais de comunicação de maior audiência. A imprensa independente, a mídia alternativa como um todo, surge como resistência frente a esse império da mídia, concentrado na mão de poucas famílias. Assumem a contra narrativa, disseminada como incontestável pelos grandes conglomerados de comunicação. Panorama geral da comunicação brasileira

O atual cenário nacional é moldado pela formação de conglomerados no controle do

sistema de comunicação, isto é, a concentração de mídia em modelo oligopolizado, onde poucos

grupos respondem pela distribuição de notícias, em escala nacional e regional (Carvalho, 2015).

Nesse caso, a atual concentração de mídia no Brasil coloca em destaque alguns grupos de

comunicação, responsáveis pela disseminação de notícias no país:

na área de TV, salta aos olhos a família Marinho (dona da Rede Globo, que tem 38,7% do mercado), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo (maior acionista da

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Rede Record, que detém 16,2% do mercado) e Sílvio Santos (dono do SBT, 13,4% do mercado). Os Marinho concorrem com Roberto Civita, controlador do Grupo Abril (ambos, [juntos], detêm cerca de 60% do mercado editorial). Já com relação a [jornais] impressos, surgem de imediato nomes como os das famílias Frias (Folha de S.Paulo) e os Mesquita (O Estado de S. Paulo) (...) Outras famílias também ligadas a famílias de políticos tradicionais comandam parte da grande mídia: os Magalhães, na Bahia; os Sarney, no Maranhão; e os Collor de Mello, em Alagoas (LINCOLN, 2015)

A propriedade de mídia em Santa Catarina segue os moldes nacionais, onde poucas

famílias controlam os meios de comunicação no estado. A informação disseminada pelos meios

de comunicação do estado é moldada pela visão das famílias Amaral, que retransmite o SBT em

Santa Catarina; os Petrelli, proprietários da Rede Independência de Comunicação – RIC, afiliada à

Rede Record; a família Brandalise, donos da Central Barriga Verde de comunicação,

retransmissora da Bandeirantes; e os Sirotsky, proprietários da Rede Brasil Sul – RBS3 , afiliada

da Rede Globo. Essas famílias detêm controle dos veículos de comunicação que estão no

cotidiano do cidadão catarinense, tudo aquilo que esses veículos disseminam na sociedade são

encarados como fatos absolutos, verdades incontestáveis, principalmente por aqueles que não

têm outra alternativa de informação.

Nesse contexto, Medeiros (2015) chama a atenção para a construção desse mundo de

poucas vozes e pontos de vistas.

Depois de um exaustivo dia de trabalho, o trabalhador chega em casa, senta no sofá liga a televisão e assiste ao telejornal local, “coincidentemente” a fala do repórter é a mesma que ele leu no jornal comprado na saída do terminal urbano e os comentários são os mesmos que ele ouviu no rádio do carro do serviço. É tudo igual! Essa é a comunicação em Santa Catarina, tudo o que se lê, ouve e fala é por um único ponto de vista, pela visão do Grupo Rede Brasil Sul, a RBS dos Sirotski. Atualmente o maior grupo de comunicação do estado é controlado por uma família gaúcha, que monopoliza quase 100% dos principais meios de comunicação dos catarinenses, eles são donos de seis emissoras de televisão, cinco jornais de circulação estadual e três emissoras de rádios, sem falar de um canal na Tv a cabo e mais os portais de internet. Isso é inconstitucional, pois, de acordo com o parágrafo 5º, artigo 220 da Constituição Federal de 1988, os meios de comunicação social não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio. Os custos da des-informação – Porém, essa ilegalidade traz muito lucro para a família Sirostki, que além de controlar a informação do povo catarinense, acumula grandes cifras de faturamento, como foi em 2014 que o Grupo RBS teve um lucro líquido de 102,4 milhões de reais. Mas a vantagem desse monopólio não está em planilhas de entradas e saídas, custos e investimentos, a vantagem está no controle da população através dos meios de comunicação.

Concentrar a maior parte da audiência a seu favor é benéfico quando a intenção é o controle da população, o controle da opinião publica o controle do que vai ser discutido na sociedade e dos ideais que a mesma deve acreditar. As famílias Amaral, Brandalise, Sirotsky,

3 Atual NSC, a propriedade do Grupo RBS em Santa Catarina, deixou de ser da família Sirotsky para pertencer ao Grupo NC, formado pelos empresários Carlos Sanchez e Lírio Parisotto. Disponivel em: < http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2016/03/quem-sao-e-o-que-pensam-os-novos-donos-4992025.html> Acesso em setembro de 2017.

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Petrelli detém controle dos veículos de comunicação que estão no cotidiano do cidadão catarinense, que são lazer e por muitas vezes a maior fonte de informação do mesmo, o que esses veículos disseminam na sociedade são encarados como verdade absoluta, principalmente por quem não tem outra alternativa de informação.

Contudo, Brito (2016) destaca os quatro grupos de comunicação considerados por ele os mais importantes para a formação de opinião no Brasil: as Organizações Globo, da família Marinho; o Grupo Abril, da família Civita, que inclui as revistas Veja e Exame; o Estado, da família Mesquita; e a Folha, da família Frias. Segundo o autor,

Pela biografia das famílias desses oligopólios, é possível concluir que a orientação política deles pende para a direita (...) pelo menos em algum momento, apoiaram o regime militar. Os editoriais dos jornais destes grupos explicitam seu posicionamento político (...). Não apenas a parte de opinião, mas a hierarquização das notícias mostra o partidarismo da mídia dos Marinho/Civita/Mesquita/Frias (...). As reportagens produzidas pelas empresas contam com as aspas dos especialistas de sempre. Os especialistas de sempre são aquelas figuras bem conhecidas de quem lê jornais, revistas e sites, são do meio acadêmico, têm opiniões semelhantes às dos donos das empresas de mídia, e essas empresas sempre recorre a estes especialistas para mostrar respaldo de suas opiniões no meio acadêmico.

Esse cenário, em que a comunicação brasileira se encontra marcada por manipulação

midiática e posicionamentos tendenciosos, foi destacado na trajetória do documentario Muito

além do cidadão Kane4. Na obra, momentos simbólicos de interferência da Rede Globo na vida

política brasileira ganham ênfase, dentre eles destacam-se o direito de resposta de Brizola5; a

edição do debate final, da eleição presidencial, entre Lula e Collor em 19896 e a distorção na

cobertura do movimento “Diretas Já”7.

A distorção e manipulação das notícias, frente sua interferência na opinião pública das

camadas mais populares, é frequente nos maiores grupos de comunicação do país. A Globo, por

ser líder de audiência ganha destaque, entretanto, grupos como SBT, por exemplo, não fogem a

essa realidade. A Reforma da Previdencia8 ganhou destaque alarmista na programação do SBT,

4 “Esse documentário denuncia o monopólio da informação e do uso político deste, exercido no Brasil pela mídia em geral e pela Rede Globo em particular.” Sinopse disponível em: <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=577> Acesso em11 de maio de 2017. 5Em cumprimento ao direito de resposta obtido na justiça pelo então governador do Rio de Janeiro (1994), Cid Moreira, apresentador do Jornal Nacional, lê o texto na integra. 6 Debate final da eleição de 1989, que elegeu Fernando Collor, foi totalmente editado e distorcido pela emissora e exibido posteriormente no Jornal Nacional. 7 Em 1984 cerca de 300 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente. Considerado o maior ato político ocorrido nos primeiros 20 anos da ditadura brasileira, entretanto o foco da reportagem do Jornal Nacional, o maior telejornal do país, da TV Globo, destacou naquela noite a comemoração pelos 430 anos de São Paulo. Disponível em: <https://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/01/24/diretas-ja-manipulacao-da-globo-vem-de-longe> Acesso em 11 de maio de 2017. 8 A reforma trata da aprovação de mudanças nas regras da aposentadoria. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/blogs/midiatico/apos-pedido-de-temer-sbt-faz-propaganda-pela-reforma-da-previdencia> Acesso em setembro de 2017.

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frases como “Você sabe que se não for feita a reforma da Previdência você pode deixar de

receber o seu salário?” tendem a popularizar a reformar.

Frente a esses exemplos, verifica-se a interferência política na programação tendenciosa

editada pelas emissoras de grande audiência. Nesse contexto, Yoda (2014) faz um alerta

referente ao Coronelismo Eletronico9, sobre o quanto a a apropriação de empresas veiculadoras

de comunicação por políticos fere a democracia, visto que seus cargos em empresas de

comunicação podem agir em causa própria.

Num quadro em que um meio de comunicação de massa, que deveria cumprir uma função pública, é controlado por um político, que pode influenciar sua linha editorial, a autonomia e independência deste veículo para exercer o controle sobre o poder público estão totalmente comprometidas. Ao mesmo tempo, o proprietário do veículo passa a ter o poder de filtrar e restringir informações e conteúdos a serem divulgados, na medida de seus interesses e de seus correligionários, numa prática de autopromoção (...). Compreendendo o risco para a democracia brasileira do controle de serviços públicos, como a radiodifusão, por políticos, a Constituição Federal, em seu artigo 5410, proíbe que deputados e senadores sejam proprietários ou diretores de empresas concessionárias de serviço público ou exerçam cargo ou emprego remunerado nesses espaços privados. A medida vem sendo respeitada para diversos serviços, mas segue ignorada no caso do rádio e da televisão. (YODA, 2014)

Além da forte tendência ideológica presente na notícia disseminada por esses grande

conglomerados de comunicação, para favorecer ainda mais a concentração, é importante fazer

referência as verbas federais direcionadas a veiculação publicitária nos meios de comunicação. O

governo federal é o maior anunciante do Brasil. Em 2012, os recursos destinados à publicidade de

ministérios, órgãos e empresas estatais somaram R$ 1.797.848.405,13 (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Verbas federais direcionadas a veiculação publicitária por meio de comunicação

Fonte 1- LEMES, 2013. Disponível em <http://www.viomundo.com.br/denuncias/gastosdasecom.html> Acesso em maio de 2017.

Nessa caso, Lima (2015) afirma que:

9“uso de canais de comunicação de radiodifusão para atender a interesses políticos. Suas origens estão no autoritarismo coronelista de décadas passadas e a prática política traz inúmeras semelhanças com seus modelos de concentração de propriedade. Só que, em vez do poder sobre as terras, o controle agora também alcança as ondas do rádio e da TV.” YODA, Carlos Gustavo. (2014) Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/coronelismo-antena-e-voto-a-apropriacao-politica-das-emissoras-de-radio-e-tv-5044.html> Acesso em 11 de maio de 2017. 10 Título IV - Da Organização dos Poderes. Capítulo I Do Poder Legislativo. Seção V - Dos Deputados e dos Senadores. Art. 54. <http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_08.09.2016/art_54_.asp> Acesso em 11 de maio de 2017.

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entre 2000 a 2012, o governo federal despejou R$ 10,7 bilhões só nas emissoras de TV (abertas e fechadas). Só o grupo Globo faturou R$ 5,8 bi equivalente a 54,71% do total de recursos investidos. Os dados demonstram a estranha e paradoxal ligação entre Estado e empresas privadas que controlam as comunicações no país. Na ponta do lápis, dez veículos de comunicação concentram 70% do dinheiro.

Gráfico 1 - Propaganda estatal federal – Por emissora de TV

Fonte- Lima, 2015. Disponível em: <http://blogmanueldutra.blogspot.com.br/2015/03/governo-federal-financia-o-monopolio-da.html> Acesso em maio de 2017.

De todo o montante direcionado a publicidade pelo governo federal (gráfico 2), 62,63% foram investidos em televisão, a Globo, por sua vez, obteve 43,98% das verbas para esse meio, um total de R$ 495.270.915,28 como mostra o gráfico 22, que além disso aponta que somente a globo, recebeu de 2000 a 2012 um total de R$ 5.863.488.865,00 bilhões de reais de verba pública para veiculação de propaganda. Nesse caso, as emissoras que embolsam esse repasse acabam por se privilegiar ainda mais, a partir do momento que recebem dos cofres públicos verba federal para a propaganda.

A concentração de propriedade da mídia nas mãos de poucas famílias favorece a manutenção do poder de suas ideologias, pois contribui para a monopolização da opinião. Entretanto, qualquer país civilizado, qualquer nação democrática, se contradiz quando coloca a disseminação da informação na mão de poucos grupos, isso porque não existe democracia quando esses poucos grupos de mídia decide quem e o que deve favorecer. Isso se agrava quando se tem em mente que tendenciosa ou não, a informação derivada dos meios de comunicação tradicionais são interpretadas como verdade absoluta e fundamental para a formação da opinião do indivíduo. Veículos alternativos de Comunicação – Mídias Alternativas

O cenário político brasileiro está abalado, isso não é surpresa para uma sociedade acostumada a espectar o drama político em que se vive da sala de casa, cotidianamente. Não é comum se ver como parte desse cenário, ser manipulado, por exemplo, para acreditar que teve crime, que não foi golpe. Conforme aponta Lowy (2016) “o que aconteceu no Brasil, com a destituição da presidente eleita Dilma Rousseff, foi um golpe de Estado”, além disso, o autor ainda reforça que essa prática do golpe de Estado legal, por sinal, vem a ser uma nova estratégia das oligarquias latino-americanas, que se mostra eficaz e lucrativa para eliminar presidentes de esquerda, como foi o caso de Dilma Rousseff.

O tema pode ser rapidamente associado ao livro “Por que gritamos Golpe”, onde inúmeras analises discutem o processo de impeachment da então presidenta, que foi destituída do cargo em

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2016. Dentre os inúmeros artigos da obra, Mauro Lopes, aponta o papel da imprensa como influência desse processo, através do artigo “As quatro famílias que decidiram derrubar um governo democrático”, onde o autor aponta que a atmosfera exercida pela imprensa de maior audiência na sociedade, assumiu o posto de desenvolver e articular cuidadosamente notícias com tendências explicitas ao golpe.

Quatro famílias decidiram: Basta! Fora! Os Marinho (Organizações Globo), os Civita (Grupo Abril/Veja), os Frias (Grupo Folha) e os Mesquita (Grupo Estado). A essas famílias somaram-se outras com mídias de segunda linha, como os Alzugaray (Três/Istoé) e os Saad (Rede Bandeirantes), ou regionais, como os Sirotsky (RBS, influente no sul do país). Colocaram em movimento uma máquina de propaganda incontrastável, sob o nome de “imprensa”, para criar opinião e atmosfera para o golpe de Estado contra o governo de Dilma Rousseff, eleito por 54 milhões de pessoas em 26 de outubro de 2014. (LOPES, 2016, pg. 120)

Como legitimo aparelho ideológico do Estado (Althusser, 1985) a imprensa assumiu sua função de propagar a ideologia e posição da classe hegemônica com discursos e articulações favoráveis ao golpe, tornou-se “uma máquina de propaganda partidária”, além disso, Lopes ainda afirma que (2016, pg. 120)

Como na campanha do inicio dos anos 1960, as famílias que controlam as grandes mídias nacionais assumiram um protagonismo político decidido, sob a liderança dos Marinho. Na televisão foram sucessivas edições do Jornal Nacional voltadas a destruir Lula – com o objetivo de criminalizá-lo a ponto de impedir sua candidatura nas eleições em 2018, o PT (Partido dos Trabalhadores) e, finalmente, Dilma. (...) o Jornal Nacional foi o principal instrumento da campanha, em articulação contra a tropa de curadores e delegados sob a liderança do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Na véspera do verdadeiro seqüestro de Lula, travestido de “condução coercitiva” pela Policia Federal em 5 de março de 2016, houve uma edição histórica do JN: Quarenta minutos de massacre sistemático ao príncipe líder popular do país desde Getulio Vargas. Assim foi meses a fio. Manchetes convocando manifestações contra o governo; vazamentos de investigações em articulação com a operação Lava Jato; editoriais, artigos, entrevistas, pesquisas. As quatro famílias, seguidas pelas demais, operaram como numa rede nacional oficial do golpe, numa articulação inédita na história do jornalismo no país – a competição, ícone maior do capitalismo e do discurso de todos esses meios, foi deixada de lado em prol de uma colaboração aberta para derrubar o governo. (LOPES, 2016, pg. 120)

Definitivamente é grave de mais para um país democrático como o Brasil, ver sua mídia

comercial se reunir para derrubar o governo. Os grandes conglomerados de mídia do país fazem uso de manobras e editoriais bem articulados para impressionar o espectador, principalmente aqueles que têm acesso principal aos meios de comunicação derivados desses conglomerados de mídia, responsáveis por disseminar manipulações e apoio ao golpe. Essa é apenas uma das situações em que a mídia faz do jornalismo um instrumento de manipulação e apoio a política dominante. Essas famílias, responsáveis pela disseminação de informações no país dão voz apenas ao que é pertinente a sua ideologia, fora isso, não existe espaço para defesa de outros posicionamentos. Nesse caso, reitera-se o histórico direito de resposta de Leonel Brizola no Jornal Nacional (Globo), somente amparado pelo direito de resposta obtido em justiça, Brizola, o então governador do Rio de Janeiro (1994), consegue espaço no horário nobre do canal de televisão de maior audiência do país, onde o apresentador do jornal, Cid Moreira, lê a resposta de Brizola aos ataques sofridos constatemente pelo canal na integra, em cumprimento ao direito obtido na justiça:

Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado perante

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o povo brasileiro. Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que o use para si. Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país. Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios. É apenas o temor de perder o negócio bilionário, que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo. Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca. Também aí não tem autoridade moral para questionar. E mais, reagi contra a Globo em defesa do Estado do Rio de Janeiro que por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior. E isso é que não perdoarão nunca. Até mesmo a pesquisa mostrada na quinta-feira revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado. Ninguém questiona o direito da Globomostrar os problemas da cidade. Seria antes um dever para qualquer órgão de imprensa, dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção. Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder. Se eu tivesse as pretensões eleitoreiras, de que tentam me acusar, não estaria aqui lutando contra um gigante como a Rede Globo. Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado. Quando me insulta por nossas relações de cooperação administrativa com o governo federal, a Globo remorde-se de inveja e rancor e só vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesma. Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros. (BRIZOLA, 1994)

Vive-se em um falso cenário democrático, os acusados pela imprensa de maior alcance do país, para ganhar voz e espaço na mesma, precisam de direitos de respostas emitidos pela justiça. Contudo, essas interferências constantes na visão de mundo da sociedade comprovam a condição atribuída aos meios de comunicação tradicionais de tratar a informação como um produto, fonte de lucro e dinheiro dentro da lógica do capitalismo, o que influência diretamente as leituras de mundo, o comportamento, as crenças e as práticas políticas das sociedades, ferindo consequentemente o direito a informação atribuída ao cidadão. Entretanto, conforme aponta Haubrich (2016, p. 9):

Nos recentes protestos que, em junho e julho de 2013, levaram milhões de pessoas às ruas do Brasil, a estrutura midiática foi uma das temáticas abordadas, com movimentos populares e manifestantes que pediam a democratização da mídia. Essa estrutura tem, por um lado, os conglomerados de comunicação, pertencentes a algumas poucas famílias, e que produzem a maior parte da informação que circula no país. Por outro lado, com uma formação discursiva, organizacional e teórica distinta, está uma grande quantidade de pequenos meios, que constituem o campo da mídia alternativa, vinculada em maior ou menor medida aos movimentos populares, com discurso à esquerda e buscando transformações sociais nos mais variados campos.

A trajetória das mídias alternativas no país recebeu destaque no cenário político do Brasil na década de 1970. A sociedade brasileira a pouco (1964) havia passado por um golpe de Estado e vivenciava a censura desencadeada com o regime militar, com reflexo evidente nos meios de comunicação, onde a maioria dos grandes jornais se equiparavam à visão oficial do governo, por opção político-ideológica ou coerção, em virtude da censura característica atribuída ao governo.

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Em contraponto a esse cenário a mídia alternativa ganhou forte impulso momentaneamente, inúmeros meios de comunicação atribuídos a iniciativa cresceram e adquiriram muita influência. O reflexo da censura atribuída ao regime militar contribuiu para os impulsos e criação de periódicos que abordavam contra narrativas a grande mídia, disseminada sob perspectivas de apoio a ditadura, além de permitir maior liberdade de expressão aos jornalistas. O objetivo principal era lutar contra a intolerância política, se desviar da ideologia manipuladora difundida pela mídia tradicional, opinar com honestidade a cerca do modelo sócio-econômico e político vigente, além de lutar por mudanças sociais reais no país, conforme aponta Lencastre (2007) “não se deixavam manipular pela estrutura de poder; eram autênticos, irreverentes e contestadores”,e ainda, conforme afirma Veras (1991) “uma alternativa, portanto, à imprensa tradicional bem como ao padrão da indústria cultural que justamente nos anos 60 implantava a integração nacional, ou seja, a massificação da cultura através dos meios de comunicação, especialmente a televisão”.

Contudo, as iniciativas de jornais alternativos surgidos nos anos da ditadura militar, de 1964 a 1980, tinham como traço comum a oposição ao regime militar, associadas também a uma resistência do poder exercido pelos grandes meios de comunicação de massa. Nesse caso,

Em contraste com a complacência da grande imprensa para com a ditadura militar, os jornais alternativos cobravam com veemência a restauração da democracia e do respeito aos direitos humanos e faziam a crítica do modelo econômico. Inclusive nos anos de seu aparente sucesso, durante o chamado “milagre econômico”, de 1968 a 1973. Destoavam, assim, do discurso triunfalista do governo ecoado pela grande imprensa, gerando todo um discurso alternativo. Opunham-se por princípio ao discurso oficial. O aparelho militar distinguia os jornais alternativos dos demais, perseguindo-os e submetendo os que julgava mais importantes a um regime especial, draconiano, de censura prévia. Em conformidade com a Doutrina de Segurança Nacional, instituída pela ideologia da guerra fria, eram considerados pelos serviços de segurança como inimigos: “Organizações de Frente” do comunismo internacional, que tinham por tarefas “isolar o governo” e “difundir o marxismo”2 . (KUCINSKI, 1991, pg.5)

Nesse contexto, conforme aponta Haubrich (2016, p. 10)“(..) após a “reabertura democrática” , os meios alternativos se reinventaram, migrando em grande quantidade para outros espaços além dos jornais impressos. Rádios comunitárias, jornais de bairro, veículos impressos de diferentes formatos, passaram a existir em maior número”.

Nesse contexto, o termo alternativo é atribuído a comunicação entendida como um instrumento de transformação, de resistência, de luta pela democracia. Seu principal objetivo é possibilitar que a sociedade tenha acesso a diferentes pontos de vistas e promover análises críticas a cerca da realidade social, além de afrontar o discurso hegemônico e propor novos modelos de gestão e produção. A mídia, a imprensa, o jornalismo como um todo denominado alternativo, conforme aponta Possebon (2011, pg. 2) “acompanhou a história do jornalismo nacional sempre contrapondo conteúdos da grande mídia, concedendo voz aos que comumente não são considerados fontes oficiais e experimentando formas de gestão não voltadas para o lucro”.

A imprensa alternativa atual, conforme aponta Possebon (2011, pg. 13)

é um contraponto ao jornalismo da grande imprensa e tem como concepção primordial discutir outras pautas ou rever os assuntos discutidos pela grande mídia através de perspectivas diversificadas, não como um espelho às avessas, mas inseridos em outros projetos de sociedade, críticos ao sistema político e econômico atual. É um jornalismo que está vinculado na maioria das vezes às instituições, organizações, movimentos sociais, populares e comunitários, ocupando também a função de divulgador das ações destes

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grupos e das discussões e ideais dos mesmos. Percebe-se que este jornalismo tem como um de seus objetivos o despertar de consciências, no sentido de trabalharem seus textos como instrumento de luta social, pelo fortalecimento de iniciativas populares.

O advento da internet favoreceu o campo das mídias alternativas, tendo em vista que as plataformas digitais se tornaram o principal meio utilizado para divulgar e disseminar seus trabalhos. Haubrich (2016, p. 10) reforça “além das plataformas de redes sociais, sites e blogs se credenciaram como um novo espaço para a mídia alternativa, e , ao lado do nascimento cada vez mais constante de rádios e TVs web, ajudaram a compor um quadro complexo, no qual há grande diversidade de mídias alternativas”. O cenário alternativo da mídia de Santa Catarina, por exemplo, conta hoje com iniciativas bem fundamentadas, e com uso intenso dos recursos oferecidos pela internet, como é o caso, por exemplo, da Rádio Comunitária Campeche, Portal de noticias Catarinas, Portal Desacato e Rádio Educativa UDESC, seja no processo de divulgação, produção de conteúdos e a própria veiculação daquilo que é produzido. Nesse contexto, Catarinas (2016) destaca:

Santa Catarina, estado com escasso incentivo à diversidade cultural e que tem a mídia impressa e eletrônica sob o controle de, basicamente, dois grandes grupos. Construir uma mídia independente é confrontar a hegemonia comunicacional que se caracteriza pela concentração de veículos nas mãos dos mesmos grupos, o que impede a diversidade informativa e cultural e se constitui como uma barreira para o exercício da democracia.

A capital de Santa Catarina, Florianópolis, conta hoje com grupos bem desenvolvidos de mídias alternativas. O advento de novas tecnologias favorece bastante a produção de informação, visto que os custos são baixos e o alcance virtual é grande, nesse caso proporcionam a possibilidade do crescimento desses novos veículos, dispostos a oferecer espaço para aqueles geralmente silenciados pela grande mídia.

Nesse contexto, sob demanda de representantes de mídias comunitárias e independentes a deputada Angela Albino apresentou em 2014 o projeto de lei que institui a Política Estadual de Incentivo às Mídias Regionais, Livres e Comunitárias no Estado de Santa Catarina11 e objetiva destinar um percentual de 20% da receita anual de publicidade do Estado às mídias alternativas para a divulgação de obras, anúncios, editais, programas, serviços e campanhas em geral. O objetivo do projeto de lei visa “democratizar o acesso da população a informações de interesse público (...) bem como viabilizar e fortalecer os pequenos veículos de comunicação como forma de democratizar o fluxo das informações direcionadas a população” (ALBINO, 2014) 12. Entretanto, sem sucesso o projeto de lei foi arquivado em janeiro de 2015, desde então não foi encontrado nenhuma manifestação a seu respeito.

Com o mesmo objetivo do Projeto de Lei arquivado, realizou-se uma audiência pública em novembro de 2016 que verificou as possibilidades de fomento e manutenção da comunicação alternativa e comunitária em Florianópolis. Conforme aponta Sintespe (2016)

Foi consenso entre as falas na audiência pública que os monopólios e oligopólios midiáticos em Santa Catarina criam uma versão do que está acontecendo no mundo apenas para atender aos gostos da classe dominante. As opiniões veiculadas são difíceis de serem transpostas, mas a mídia alternativa tem desempenhado bem esse papel na cidade, daí a necessidade de investir e impulsionar outros meios que não os comerciais. (...) Em todas as falas tornou-se nítida a indignação com os altos investimentos da prefeitura nos grandes veículos de comunicação em Florianópolis. Estima-se que cerca de 90% das verbas

11 Informações completas sobre a tramitação da proposição. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/proclegis/individual.php?id=PL./0285.6/2014> Acesso em junho de 2017. 12 ALBINO, Ângela. Projeto de Lei PL./0285.6/2014. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/expediente/2014/PL__0285_6_2014_Original.pdf> Acesso em junho de 2017.

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municipais destinadas à publicidade foram repassadas para dois grandes grupos de mídia, comportamento esse que deve ser revisado, já que a mídia comercial utiliza-se de fundos públicos para difundir suas ideologias.

Como resultado da audiência verificou-se uma série de encaminhamentos deliberados na audiência, dentre esses se encontra a formação de um grupo responsável por formular um projeto de lei do tema referido, com a participação dos integrantes da audiência, proposta pelo então vereador Lino Peres. Contudo, também não foram encontradas mais informações a respeito do andamento, sendo assim, não foi possível tomar conhecimento do andamento do processo.

Nesse contexto, no que diz respeito ao fomento as iniciativas de veículos alternativos de comunicação, pode-se dizer que,

a mídia alternativa não pode negar as questões econômicas. Pelo contrário, elas são vitais para a sua existência. O grande desafio, portanto, é o de viabilizar projetos administrativos que não dependam exclusivamente de verbas oficiais ou do poderio político e econômico. Talvez o grande desafio desta importante fatia da mídia não seja o de estabelecer estratégias para assegurar uma fatia da publicidade oficial, mas o de dar voz ao sonho de justiça social sem esquecer o empreendedorismo e as soluções criativas e talentosas que podem garantir a estes veículos um público leitor que o sustente. (BARONE, 2009)

É natural que as mídias alternativas demandem edições de vídeo, textos, manutenção de computadores, utilização de programas com licenças de valores bem altos, profissionais, dentre outras situações que exigem um valor em dinheiro para suprir essa necessidade de exercer um jornalismo com dedicação e comprometimento expressivo. Contudo, é importante ressaltar que mesmo estando em um sistema capitalista não deve se confundir investimentos e demandas naturais de um negócio como apologia ao sistema. É preciso entender que o financiamento dos veículos alternativos de comunicação não o transforma em produto, e nem mesmo desconstroem suas verdadeiras intenções enquanto mediadores de contra narrativas, apenas evidenciam o modo de produção em que estão inseridos, o qual exige um capital para suprir inúmeras demandas que surgem para o exercício da iniciativa.

Considerações Finais

O cenário da comunicação brasileira, moldado por oligopólios de mídia e sua necessidade

de uma regulamentação democrática, traz a tona a denominada Lei de Serviços e Comunicação

Audiovisual da Argentina, por iniciativa da sociedade civil e de um anúncio da ex-presidente

argentina Cristina Kirchner, o Congresso argentino aprovou a nova legislação que “pregava o fim

do monopólio de grandes grupos de comunicação ao restringir a porcentagem de mercado que

poderiam dominar e quantos canais poderiam deter, além de incentivar veículos independentes”

SCHIMIDT (2016).

Nesse caso, a regulamentação da comunicação no Brasil tende a democratizá-la, permitindo que todos os debates corram livremente. A regulamentação não se trata apenas do

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fomento a comunicação alternativa, mas também dos malefícios derivados da formação de oligopólios e monopólios, além da pluralização de discursos, em virtude da sua tendência em unificar a opinião pública quando as concepções predominantes na sociedade partem da ideologia dos mesmos comunicadores. O discurso predominante na sociedade hoje é aquele que beneficia a classe dominante, e isso vai contra todos os princípios de um Estado democrático, que se refere à melhor forma de organização da sociedade para o atendimento do interesse comum. No momento o interesse comum da sociedade é filtrado através dos canais de comunicação dos maiores oligopólios de mídia no país, das retóricas manchetes estampadas nas capas de jornais e revistas impressos, além das reportagens sensacionalistas que circulam nas mídias sociais.

Se levarmos em consideração a conclusão de Marx (2006, pg.106) o cenário atual da comunicação brasileira em favor da democracia está muito desonesto. O autor afirma que “é o dever da imprensa tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta”, a realidade contemporânea mostra o contrário, quando justo a imprensa de maior audiência do país contribui para a reprodução capitalista e o domínio manipulativo da opinião popular. Em conclusão, a posição contra hegemônica das mídias alternativas, por sua vez, precisa de incentivo para prosperar e alcançar o objetivo de atingir e prestar serviço para o seu público, nesse caso, à população oprimida que Marx se refere.

Em conclusão, o estudo das mídias alternativas sob influência direta da concentração dos meios massivos de comunicação tem muito há ser explorado, entretanto verifica-se desde já a necessidade de fomento a iniciativa que visa as lutas do indivíduo social, a dar espaço, conforme aponta Haubrich (2016, p. 192), para " à ampliação das vozes dos que ousam negar o silêncio". Referências Bibliográficas ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos do Estado. 2º Ed. Rio de Janeiro, Edições Graal. 1985. BARONE, Victor. Verbas oficiais e a mídia alternativa. FNDC: Fórum nacional pela democratização da comunicação, 11 de fevereiro de 2009. Disponível em: <http://www.fndc.org.br/clipping/verbas-oficiais-e-a-midia-alternativa-342900/> Acesso em junho de 2017. BRITO , Marcelo Fantaccini. Sobre os quatro grandes oligopólios de mídia no Brasil. Trincheiras, 5 de novembro de 2016. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Alem-de-inconstitucional-lei-da-publicidade-favorece-oligopolio-da-midia/4/25901> Acesso em 11 de maio de 2017. BRIZOLA, Leonel. Direito de Resposta. 1994. In: BRITO, Fernando. 20 anos do dia em que Brizola venceu a Globo. O milagre em que nem a gente acreditava. Tijolaço, 15 de março de 2014. Disponível em: <http://www.tijolaco.com.br/blog/20-anos-do-dia-em-que-brizola-venceu-a-globo-o-milagre-em-que-nem-a-gente-acrediitava/> Acesso em junho de 2016. CATARINAS. Comunidade Catarinas. Catarinas: Jornalismo com perspectiva de gênero, 16 de agosto de 2016. Disponível em: <catarinas.info/apoie/comunidade-catarinas/> Acesso em junho de 2017.

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Artigo Estudante

Aspectos Históricos e Culturais e Uso e Ocupação do Solo da Ponta do

Lessa, Florianópolis, Santa Catarina(1)

Joana de Souza Pedro(2), Milene Chagas de Souza(3), Poliana Carla Miranda(4), Sarah

Silvestre(5), Anicoli Romanini(6).

(1) Trabalho apresentado como requisito para a conclusão do curso técnico em Meio Ambiente. (2) Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente; Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis;

Florianópolis, Santa Catarina; ([email protected]); (3) Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente;

Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis; ([email protected]); (4 ) Estudante do

curso Técnico em Meio Ambiente; Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis;

([email protected]); (5) Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente; Instituto Federal de Santa Catarina -

Câmpus Florianópolis; Florianópolis, Santa Catarina; ([email protected]); (6)Professora mestra do Curso Técnico

em Meio Ambiente; Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis; Florianópolis, Santa Catarina;

([email protected]).

Resumo Expandido

Ao longo da segunda metade do século XX, a Beira-Mar Norte de Florianópolis, hoje um dos principais cartões

postais da Ilha de Santa Catarina, sofreu profundas transformações no âmbito da construção civil, a partir da

inserção de aterros e prédios edificados alterando, assim, a paisagem natural urbana. A relevância de se

estudar o uso e a ocupação do solo é identificar a distribuição das moradias e definir, segundo o zoneamento

do plano diretor vigente, quais os tipos de edificações são permitidos no local. Assim, este trabalho objetiva

detectar potenciais aspectos históricos na área estudada e apresentar o zoneamento da área no que tange ao

uso e ocupação do solo. Para a realização do estudo histórico, utilizaram-se as técnicas próprias da

arqueologia, levantamento bibliográfico sobre a temática e entrevista oral com os moradores locais. Para o

estudo de uso e ocupação do solo, fez-se pesquisa em mapas georeferenciados. Já em relação à questão

histórica, foi possível identificar que grande parte do patrimônio material dos chamados sambaquis perdeu-se

em decorrência do crescimento urbano sem planejamento, por isso,faz-se necessário projetar soluções a fim

de salvaguardar resquícios importantes da história florianopolitana. No que diz respeito ao uso e ocupação do

solo, avaliou-se o zoneamento da área e propôs-se um projeto integrador de revitalização e valorização do

local.

Palavras-Chave: Sambaquis. Planejamento Urbano. Revitalização.

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa objetiva identificar

potenciais aspectos históricos e culturais, assim

como detectar o zoneamento que permeia o uso e

a ocupação do solo da Ponta do Lessa, na cidade

de Florianópolis - Santa Catarina.

A relevância deste estudo está na

identificação da distribuição dos locais de moradias

e das potenciais atividades econômicas da área,

segundo zoneamento do plano diretor que define

os tipos de edificações que são permitidas no

local, bem como a proposição de áreas onde

podem ser implantados equipamentos públicos

que atendam à comunidade de forma sustentável e

garantam o bem-estar e a qualidade de vida para

os moradores.

O uso do solo trata basicamente de seus

tipos de funções e intensidade de utilização e das

edificações, com o intuito de gerar uma área

urbana com a maior vitalidade possível (DEL RIO

apud BORTOLUZZI, 2004).

É por meio do zoneamento que se define,

na cidade, a distribuição espacial das atividades

socioeconômicas e população. Ainda, o

disciplinamento do uso e ocupação do solo é um

instrumento essencial para ordenar o

desenvolvimento da cidade e obter proteção de

áreas de valor ambiental (MOTA apud

BORTOLUZZI, 2004).

Um conceito mais moderno de

zoneamento considera-o um instrumento de

previsão e controle dos meios urbanos; dessa

forma, o zoneamento teria a função de

compatibilizar usos, misturar atividades e estimular

sua complementaridade em determinada fração de

território (CARVALHO apud BORTOLUZZI, 2004).

Já referente ao estudo histórico e cultural,

percebe-se que a história é, por essência a

experiência dos seres humanos ao longo do

tempo. Desse modo, esta experiência histórica dos

moradores da Ponta do Lessa é um importante

constitutivo para as análises históricas em

Florianópolis. O registro do processo histórico

deste lugar destaca, dentre outros, a importância

da cultura litorânea no âmbito das relações dos

grupos humanos e a forma como a cultura da

população atual se desenvolveu ao longo do

tempo nesse espaço delimitado.

METODOLOGIA

De início, houve o reconhecimento da área

a partir de uma breve visita ao local. A ida à Ponta

do Lessa elucidou os aspectos de potencial

pesquisa na área.

Para um estudo mais aprofundado dos

aspectos históricos e culturais, foram utilizadas

pesquisas bibliográficas, tendo como fontes a

Universidade Federal Santa Catarina (UFSC),

Universidade do Estado de Santa Catarina

(UDESC) e Instituto Federal de Santa Catarina

(IFSC).

Realizou-se uma abordagem histórica no

local, a partir do estudo de história oral com

moradores e pescadores da região, conhecendo a

população local e identificando seus anseios.

Segundo Alberti (2004, p. 19), a história oral

“procura compreender a sociedade através do

indivíduo que nela viveu; de estabelecer relações

entre o geral e o particular através da análise

comparativa de diferentes testemunhos.

E, para o melhor conhecimento do uso e

ocupação do solo da Ponta do Lessa, utilizaram-se

meios como Mapas georreferenciados, fotografias

e estudos da Lei Complementar 482/2014, que

rege o Plano Diretor de Florianópolis, a fim de

identificar os vetores de crescimento passado,

comparando-os com a situação atual da ocupação

urbana e delimitando áreas de potencial ocupação

futura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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1

Florianópolis, capital de Santa Catarina,

está localizada na região sul do Brasil (Figura 1).

Segundo dados do IBGE (2016), possui área

675,409 km2 e população de 421.240 habitantes.

A cidade é constituída por 11 distritos: Barra da

Lagoa, Cachoeira de Bom Jesus, Campeche,

Canasvieiras, Ingleses do Rio Vermelho, Lagoa,

Pântano do Sul, Ratones, Ribeirão da Ilha, Santo

Antônio de Lisboa, São João do Rio Vermelho.

Figura 1 - Florianópolis

Fonte: FERREIRA, 2016.

Os bairros Itacorubi e Agronômica,

localizados na parte insular de Florianópolis,

comportam as seguintes pontas, respectivamente,

Ponta do Goulart, Ponta do Lessa e Ponta do

Coral (Figura 2), nas quais desenvolveu-se o

projeto do Parque Cultural das 3 Pontas que

propõe usos públicos e espaços de convivência

nestes locais. O projeto ganhou força com iniciativa

privada em edificar uma Marina, fato que

repercutiu em uma moção de autoria do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a qual

destaca as justificativas sociais, ambientais e

urbanísticas em oposição a tal edificação.

1 CONAMA. Moção de Apoio à Criação do Parque

Cultural das 3 Pontas e à Proteção da Manguezal

do Itacorubi - SC, 2014.

Figura 2 - Três Pontas

Fonte: Parque Cultural 3 Pontas, 2016

O local escolhido para este estudo foi a

Ponta do Lessa, que está inserida em um espaço

de mudanças e permanências históricas

constantes. Localiza-se às margens da avenida

mais conhecida da cidade, a Avenida Beira-Mar

Norte (Figura 3).

Figura 3- Ponta do Lessa

Fonte: Google Earth, 2016

A avenida Beira-Mar Norte foi efetivada de

acordo com o Plano Diretor e construída na

década de 1960, com o objetivo de promover

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união da porção norte da península com a ponte

Hercílio Luz. Somente na década de 1970, quando

a via foi finalizada e pavimentada, começaram a

surgir os primeiros edifícios residenciais em sua

extensão. Essa pavimentação e duplicação da via

contorno norte aconteceu a partir de investimentos

da empresa PROGRESS, que havia destinado 19

milhões de dólares para via expressa sul, mas o

investimento aconteceu na avenida Beira-Mar

Norte.

Assim, a partir deste investimento, a

paisagem urbanística da cidade modificou-se

(LEFEBVRE, 1991), principalmente a área da

Ponta do Lessa. Atualmente o local é composto

por uma área residencial que contém oito casas de

aparentemente três famílias, estas que, em

diferentes gerações, habitam o local há mais de 50

anos. As casas já existiam e formavam o final da

extensão da rua Antônio Carlos Ferreira, que foi

interrompida em sua transversal pela atual Avenida

Beira-Mar Norte. A Ponta do Lessa hoje é um

reduto de uma comunidade a qual observou as

mudanças que ocorreram sem interação com o

local; exemplo disso são as inúmeras reclamações

dos moradores e pescadores da área. Um desses

moradores, em entrevista a esta pesquisa, afirmou

que se sente muito incomodado com a falta de

recursos do local, e citou como exemplo a falta de

segurança, já que é uma área com o frequente

acesso de usuários de drogas, e a falta de uma

passarela para a passagem dos moradores. O

local abrigou um forte denominado Fortim

Marechal Lessa, também conhecido como

“Entrincheiramento da Agronômica” (BOITEUX,

1912), por não se tornar propriamente um forte

com capacidade real de defesa, mas sim, de

auxílio às demais fortificações da baía da Ilha de

Santa Catarina. Tais defesas foram erguidas em

1775, por determinação do Marechal Antônio

Carlos Furtado de Mendonça (1775-1777), no

contexto da iminência de uma invasão espanhola,

no ano de 1977. No entanto, não há resquícios da

referida construção na Ponta do Lessa, porém,

mapas históricos - de procedência, principalmente,

espanholas - além de outros documentos

históricos, apontam a existência do forte no local

(TONERA, 2005).

A Ponta do Lessa apresenta materiais

arqueológicos de origem dos povos sambaquis

que remontam a vestígios entre 8 e 2 mil anos

antes do presente. Ressalta-se que sambaquis

são amontoados de conchas produzidos por

populações pré-colombianas em diferentes locais

litorâneos e podem apresentar, “misturados com

outros restos de cozinha (como ossos de animais

associados a vestígios de fogueira), artefatos

líticos e ósseos, sendo que em muitos deles, há

registro de sepultamentos humanos” (FOSSARI, 2004, 83).

Segundo os estudos realizados pela

geógrafa Teresa Fossari, na Ponta do Lessa,

encontra-se um importante sítio arqueológico de

materiais remanescentes ligados aos povos Carijós

e que já se encontra parcialmente catalogado por

trabalhos anteriores, principalmente de autoria do

Padre João Alfredo Rohr. Esse material foi

levantado justamente por ser um trabalho

autônomo de Rohr durante as décadas de 1960 e

1970. Hoje, o sítio encontra-se sem quaisquer

outros cuidados.

Sobre a questão, elaboraram-se alguns

abaixo-assinados com a participação não só dos

moradores, mas também de trabalhadores do

entorno do local e empreendimentos para que

pudesse ser implantada uma passarela naquela

região da beira-mar, a fim de que se evitassem

atropelamentos, porém nada foi feito (Figura 4).

Figura 4 - Falta de segurança na travessia da

Beira Mar

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Fonte: Autoras, 2016.

Outro recurso que poderia ser implantado

para a melhoria na travessia dos, moradores e

trabalhadores do local seria uma travessia elevada

para pedestres com semáforo. Segundo o art. 12,

da Lei n° 9.503 de 23 de setembro de 1.997, a

implantação de faixa elevada para travessia de

pedestres nas vias públicas depende de

autorização expressa do órgão ou entidade de

trânsito e deverá atender as especificações

técnicas conforme a Figura 5.

Figura 5 - Indicação de faixa elevada

Fonte: CAMPOS, 2016.

Aliado ao potencial de defesa estratégico

histórico e ao potencial arqueológico já

mencionados, a Ponta do Lessa ainda apresenta

uma historicidade relacionada às atividades

pesqueiras, onde estão implantados doze ranchos

de pescadores. Segundo um pescador, conhecido

como Fontão, tais ranchos são de passagem

hereditária, ou seja, de pai para filho. A

implantação de um trapiche no local foi um dos

pedidos dos pescadores para os órgãos públicos,

pois este facilitaria o trabalho de embarque de

desembarque dos mesmos e seus pescados. De

acordo com Fontão, já foram realizados estudos e

projetos por universidades para que esse recurso

seja adquirido, porém, não foi aceito pela

Prefeitura, que alegou ser um terreno de marinha e

esta fica sob a responsabilidade deste órgão.

A Ponta do Lessa é um terreno de

marinha, segundo o decreto da Lei nº 9.760, de 5

de setembro de 1946, que dispõe sobre os bens

imóveis da União (Figura 6), e uma parte da área

configura-se como praia arenosa. De acordo com

a Lei nº 7.661 de 1988, § 3º “Entende-se por praia

a área coberta e descoberta periodicamente

pelas águas (...) até o limite onde se inicie a

vegetação natural (...).” O Art. 10 estabelece que

“As praias são bens públicos de uso comum do

povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco

acesso a ela ao mar.” (PLANALTO, 2016).

Figura 6 - Terreno de Marinha

Fonte: Geoprocessamento, 2016.

Conforme o Plano Diretor vigente de

Florianópolis nº 482/2014, a área configura-se nos

zoneamentos ALA-2, APL-E e APP (Figura 7)

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Figura 7 – Zoneamento

Fonte: Geoprocessamento, 2016.

A ALA-2 (Área de Limitação Ambiental),

não permite edificações, pois é uma área passível

de inundação, conforme Figura 8 (PREFEITURA

DE FLORIANÓPOLIS, 2016).

Figura 8 - Condicionantes ambientais

Fonte: Geoprocessamento, 2016

A APL-E (Área de Preservação com Uso

Limitado de Encosta), segundo a Tabela de Usos e

Adequações do Plano Diretor, permite edificações

unifamiliares, condomínios unifamiliares, creches,

atividades de atenção à saúde humana,

restaurantes - somente com Estudo Simplificado

de Impacto (ESI) e devidas adequações, serviços

ambulantes de alimentação, comércio varejista de

produtos alimentares, bebidas e fumo, pesca e

aquicultura, e criação artística. O zoneamento APP

(Área de Preservação Permanente) é

non-aedificandi, sendo nela vedada a supressão

da floresta e das demais formas de vegetação

nativa, parcelamento do solo ou outras

intervenções, ressalvados casos excepcionais, de

utilidade pública, interesse social ou baixo impacto

ambiental e implantação de parques urbanos,

inclusive seus equipamentos, respeitando a

legislação específica.

De acordo com a visita in loco, percebeu-se que as edificações presentes na

Ponta do Lessa no zoneamento APL-E

configuram-se em residências unifamiliares (Figura

9). Além dessas residências identificou-se um

comércio de alimentos e bebidas medindo menos

de 5m2.

Figura 9 - Residências unifamiliares

Fonte: Autoras, 2016.

A visita identificou ranchos de pescadores

edificados na ALA-2 (Figura 10), e a parte zoneada

como APP encontra-se livre de edificações, exceto

que há uma estação de rádio que encontra-se fora

de uso .

Figura 10 - Rancho

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Fonte: Autoras, 2016.

Praça do Lessa

A praça é, também, um espaço dotado de

símbolos, que carrega o imaginário e o

real, marco arquitetônico e local de ação,

palco de transformações históricas e

sócio-culturais, sendo fundamental para a

cidade e seus cidadãos. Constitui-se em

local de convívio social por excelência

(DIZERÓ, 2006).

Avaliando a região da Ponta do Lessa e os

anseios da comunidade de moradores e

pescadores do local, juntamente com a ausência

de equipamentos públicos voltados para área de

lazer, e buscando promover a valorização do local,

o bem-estar, a segurança dos usuários e o resgate

da cultura do espaço, o grupo propôs à

comunidade a implantação da Praça do Lessa.

A Praça do Lessa será um local de resgate da

história do lugar, mas, principalmente, do resgate

de um espaço público, que hoje, de forma restrita,

é utilizada somente pelos pescadores e moradores

da área (Figura 11).

Para integrá-la ao local, optou-se por

trabalhar com formas orgânicas, que se

adaptassem às características da área. A

arborização desempenha funções importantes aos

cidadãos e ao meio ambiente. Assim, locais

arborizados funcionam como corredores

ecológicos, agem como barreiras contra ventos,

ruídos e alta luminosidade, promovendo o

bem-estar psicológico por meio da paisagem e

beleza cênica, levando a um aumento da

qualidade de vida da população.

A praça irá conter o plantio de árvores

nativas da ilha de Santa Catarina, para criar um

envelope arbóreo de forma a garantir uma

uniformidade espacial ao seu entorno. São elas: a

árvore Guarapuvu (Schizolobium parahyba)

tornou-se árvore símbolo de Florianópolis, em

1992, pela lei municipal 3.771, por ser utilizada na

confecção de canoas; a árvore Guabiroba

(Campomanesia littoralis), que floresce

intensamente todos os anos, e seus frutos, além

de alimentar o homem, poderiam servir para a

avifauna – essa árvore possui, ainda, beleza

ornamental; e, finalmente, plantas medicinais,

como Macela (Achyrocline satureioides), que são

herbáceas e semiarbustivas, as quais possuem

flores em capítulos amarelos reunidas em

racemos, de altura em torno de 1,0 metro e contêm

propriedades antiinflamatórias e diuréticas.

Pelo fato de existir áreas alagáveis, todos

os equipamentos da praça foram pensados para

uma execução simples e que minimize

manutenção, tais como: bancos, academia,

iluminação, parque, dentre outros.

Figura 11 - Praça do Lessa

Fonte: Autoras, 2016.

CONCLUSÕES

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Quanto ao uso e ocupação do solo,

percebe-se que as edificações unifamiliares e o

comércio de alimentos e bebidas presentes no

zoneamento APL-E estão de acordo com o Plano

Diretor vigente. O zoneamento APP está livre de

edificações, portanto, não fere à lei, exceto a

estação de rádio. Por outro lado, os ranchos de

pescadores edificados na ALA-2 vão de encontro

à lei, uma vez que essa área é classificada como

alagável, e dessa forma, não permite construção

de ranchos. Ainda, a parte na qual os ranchos

estão edificados é considerada praia arenosa;

assim, é um local de uso público cujo acesso é

restrito às pessoas que não são moradoras da

Ponta do Lessa.

A partir de pesquisas, verificou-se que a

área estudada se apresenta como potencial

turístico importante, dada sua a relevância

histórica, paisagística e natural. Os aspectos

apresentados aqui como a cultura sambaquieira e

de histórico local de defesa militar, as

particularidades históricas da atual organização de

pescadores, bem como os moradores presentes no

local revelam dados de inestimável valor à

população e história catarinenses. Portanto, cabe

ao poder público reconhecimento da área como

bem público e de interesse público, tendo em vista

propiciar seu uso em consoante respeito com as

características de ocupação ali já consolidadas e,

não somente preconizar seu uso em uma cotidiana

especulação imobiliária.

Para a cidade cumprir seu papel social, é

de fundamental importância a disponibilidade de

espaços livres públicos propícios à oportunidade

de encontros, convívio dos moradores e grupos

sociais diferentes, isto é, da construção da

cidadania e interação dos indivíduos no meio. Tais

ações possuem o intuito reforçar e mesmo criar

laços de pertencimento entre a comunidade e a

praça, de forma a estimular o uso adequado e

consciente dos equipamentos públicos e promover

a harmonia com a natureza. Portanto, a Praça do

Lessa foi projetada como um equipamento público

institucional e paisagístico, de forma a atender aos

interesses dos moradores da localidade e

promover um espaço de lazer para toda a cidade.

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PET Indica

Livro: Cem Anos de Solidão

Autor: Gabriel García Márquez

Descrição: Um comboio carregado de cadáveres.

Uma população inteira que perde a memória.

Mulheres que se trancam por décadas numa casa

escura. Homens que arrastam atrás de si um

cortejo de borboletas amarelas.

São esses alguns dos elementos que compõem o

exuberante universo deste romance, no qual se

narra a mítica história da cidade de Macondo e de

seus inesquecíveis habitantes.

Lançado em 1967, Cem Anos de Solidão é tido, por

consenso, como uma das obras-primas da literatura

latino-americana moderna. O livro logo tornou o

colombiano Gabriel García Márquez (1928) uma

celebridade mundial; quinze anos depois, em 1982,

ele receberia o Prêmio Nobel de Literatura.

Aqui o leitor acompanhará as vicissitudes da

numerosa descendência da família Buendía ao

longo de várias gerações. Todos em luta contra

uma realidade truculenta, excessiva, sempre à

beira da destruição total.

Todos com as paixões à flor da pele. E o "realismo

mágico" de García Márquez não dilui a matéria de

que trata --no caso, a história brutal e às vezes

inacreditável dos países latino-americanos. Pelo

contrário: só a torna mais viva.

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Filme: Espaço Alem

Descrição: A artista de performance Marina Abramovic viaja por lugares místicos do Brasil, pesquisando comunidades espirituais, pessoas e lugares de poder. O filme faz um registro etnográfico enquanto observa os processos de apropriação artística e humana de Marina. Ela entra em contato com os rituais do Vale do Amanhecer, o xamanismo na Chapada Diamantina, o candomblé na Bahia, as curas do médium João de Deus e os cristais de Minas Gerais. Fonte:http://www.adorocinema.com/filmes/filme-229155/

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Eventos

IV Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico e II Encontro Luso-Brasileiro de

Patrimônio Geomorfológico e Geoconservação - 09 a 14 de Outubro - Ponta Grossa - PR

XII ENANPEGE (Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação

em Geografia) - 12 a 15 de Outubro - Porto Alegre - RS

16ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC - 19 a 21 de Outubro - Florianópolis - SC

XXXI - Congresso de Ensino e Pesquisa em Transporte da ANPET- Associação

Nacional de Pesquisas e Ensino em Transportes - 29 de Outubro a 02 de Novembro - Recife - PE

XIX - Encontro Nacional da ABRAPSO - Associação Brasileira de Psicologia Nacional - 01 a 04 de Novembro - Uberlândia - MG

VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária e IX Simpósio Nacional de

Geografia Agrária - SINGA 2017 - 01 a 05 de Novembro - Curitiba - PR

XVII Semana de Geografia, II Seminário de Práticas de Ensino e III Seminário da Pós-Graduação em Geografia - 06 a 11 de Novembro - Cáceres - MT

XVII SIMGEO Simpósio de Geografia e V colóquio Internacional - 06 a 08 de Novembro - Florianópolis - SC

XV - Simpósio Nacional de Geografia Urbana - 20 a 23 de Novembro - Salvador - BA

II Seminário Internacional da América Latina: Políticas e Conflitos

Contemporâneos: SIALAT 2017 - 27 a 30 de Novembro - Belém - PA

I Conferência Internacional de Pesquisa sobre Economia Social e Solidária - 29 de Novembro a 02 de Dezembro - Manaus - AM

XII Simpósio Nacional de Geomorfologia - 24 a 30 de Maio de 2018 - Crato - CE