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Raphael Miziara l Roberto Wanderley Braga Informativo TST n. 111 Período: 16 a 22 de junho de 2015. Informativo TST n. 111 Comentado Por Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz do Trabalho do TRT 22ª Região) ÍNDICE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PRESSUPOSTOS RECURSAIS Deserção: Conselhos de fiscalização profissional. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Transposição automática de regime de empregado admitido antes da Constituição. DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ADVOGADO BANCÁRIO Admissão anterior à Lei nº 8.906/94 (EOAB) e jornada de trabalho. Divisor de horas extras do empregado bancário. RESPONSABILIDADE CIVIL Danos morais: anotação na CTPS de informação de que se trata de cumprimento de decisão judicial.

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Raphael Miziara l Roberto Wanderley Braga Informativo TST n. 111

Período: 16 a 22 de junho de 2015.

Informativo TST n. 111 Comentado

Por Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz do Trabalho do TRT 22ª Região)

ÍNDICE

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

PRESSUPOSTOS RECURSAIS

Deserção: Conselhos de fiscalização profissional.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Transposição automática de regime de empregado admitido

antes da Constituição.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

ADVOGADO BANCÁRIO

Admissão anterior à Lei nº 8.906/94 (EOAB) e jornada de trabalho.

Divisor de horas extras do empregado bancário.

RESPONSABILIDADE CIVIL

Danos morais: anotação na CTPS de informação de que se trata

de cumprimento de decisão judicial.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Conselho de fiscalização profissional goza dos privilégios da Fazenda Pública

previstos no Decreto-Lei nº 779/69

COMENTÁRIOS

Autarquias profissionais

A Lei nº 9.649/88 dispõe que os serviços de fiscalização de profissões

regulamentadas serão exercidos em caráter privado, por delegação do poder

público, mediante autorização legislativa (art. 58, caput).

Essa mesma lei estabelece que os conselhos de fiscalização profissional

são dotados de personalidade jurídica de direito privado e não manterão

com os órgãos da administração direta qualquer vínculo funcional ou

hierárquico (art. 58,§ 2º).

Ainda, dentre outras disposições, reza que os empregados dos

conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela

legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição,

transferência ou deslocamento para o quadro da Administração Pública direta

ou indireta (art. 58, § 3º).

Por fim, a lei diz que os conselhos de fiscalização de profissões

regulamentadas, por constituírem serviço público, gozam de imunidade

tributária total em relação aos seus bens, rendas e serviços (art. 58, § 6º).

ADI nº 1.717-6

A fiscalização de profissões é típica atividade de polícia (poder de

polícia), a qual não admite delegação a particulares, por ter natureza de

atividade típica de Estado. Em razão disso, a matéria foi objeto de análise pelo

STF, que julgou inconstitucional o art. 58 e seus parágrafos, ao declarar que os

conselhos regulares de profissão têm natureza jurídica de autarquia, uma

vez que atuam no exercício do poder de polícia, ao estabelecer restrições

ao exercício da liberdade profissional e que tal poder é indelegável a

particulares.

Nesse sentido:

Os conselhos de fiscalização profissional são autarquias em regime especial, sendo-lhes aplicáveis os privilégios da Fazenda Pública, previstos no Decreto Lei nº 779/69. Assim, estão dispensados do

recolhimento de custas processuais e de depósito recursal.

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DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO

DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS

PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE

TRATAM DOS SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES

REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada a Ação, quanto ao §

3º do art. 58 da Lei nº 9.649, de 27.05.1998, como já decidiu o

Plenário, quando apreciou o pedido de medida cautelar, a Ação

Direta é julgada procedente, quanto ao mais, declarando-se a

inconstitucionalidade do "caput" e dos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º do

mesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretação conjugada dos

artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175

da Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da

indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de

Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no

que concerne ao exercício de atividades profissionais

regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3.

Decisão unânime. (ADI 1.717/DF; Relator(a): Min. Sydney

Sanches; julgamento: 07/11/2002; Órgão Julgador: Tribunal Pleno).

Logo, a partir desse entendimento do STF, os Conselhos Profissionais

passa a ostentar natureza jurídica de autarquias, gozando de todos os

privilégios e se submetendo a todas as restrições impostas a estas

entidades, tendo, inclusive o poder de deslocar a competência das ações em

que seja parte para a Justiça Federal (súmula 66 do STJ).

Dispensa de custas e depósito recursal na Justiça do Trabalho

Dispõe o art. 790-A da CLT:

Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos

beneficiários de justiça gratuita: (Incluído pela Lei nº 10.537, de

27.8.2002)

I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e

respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou

municipais que não explorem atividade econômica; (Incluído pela

Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

II – o Ministério Público do Trabalho. (Incluído pela Lei nº

10.537, de 27.8.2002)

Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não

alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional,

nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação

de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte

vencedora. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) (gn)

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A doutrina é praticamente unânime ao afirmar a inconstitucionalidade do

parágrafo único do art. 790-A da CLT, pois, como dito, os conselhos de

fiscalização profissional possuem natureza jurídica de autarquias, razão pela

qual não poderia o legislador discriminá-las para excluí-las da isenção de

despesas processuais (MOURA, 2015, p. 850).

Desse modo, aos conselhos de fiscalização profissional é aplicável o

Decreto-Lei nº 779/69, nos termos da decisão prolatada pelo Eg. STF, no

sentido de que os conselhos de fiscalização profissional são autarquias

especiais, logo, estão dispensados do recolhimento de custas processuais e do

depósito prévio.

O TST, na esteira do entendimento fixado pelo Supremo Tribunal

Federal, firmou jurisprudência no sentido de que os conselhos de fiscalização

profissional são autarquias em regime especial, sendo-lhes aplicáveis os

privilégios previstos no Decreto Lei nº 779/69. Assim, estão dispensados do

recolhimento de custas processuais e de depósito recursal.

Sob esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do

agravo de instrumento e, no mérito, deu-lhe provimento para, afastada a

deserção do apelo, submeter o recurso ordinário do autor a julgamento do

colegiado na primeira sessão subsequente à publicação da certidão de

provimento do agravo. TST-AIRO-11086-96.2012.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min.

Emmanoel Pereira, 23.6.2015.

EMENTA DA DECISÃO

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA. Consolidado no âmbito desta Corte o entendimento de que os conselhos de fiscalização profissional possuem natureza jurídica autárquica em regime especial, motivo pelo qual devem ser aplicados os privilégios previstos no Decreto-Lei nº 779/69, ficando dispensados do recolhimento de custas e depósito recursal. Diante de tais fundamentos, impõe-se afastar o óbice da deserção. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. CONCESSÃO DE PRAZO PARA CORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA INDICADO NA PETIÇÃO INICIAL. NÃO CUMPRIMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO. O não cumprimento da determinação para o autor atribuir valor da causa em consonância com a Instrução Normativa nº 31 do TST, com a cominação prevista no parágrafo único do artigo 284 do Código de Processo Civil, acarreta na extinção do processo, sem a resolução do mérito, ante a incidência da norma contida no referido preceito de lei. Precedentes da Subseção. Recurso ordinário não provido.

PROCESSO

TST–RO-11086-96.2012.5.01.0000, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento: 30/06/2015, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 02/07/2015.

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SÚMULAS

Não há súmulas relacionadas ao caso julgado.

ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

Não há OJs relacionadas ao caso julgado.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) II – o Ministério Público do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte

vencedora. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

BIBLIOGRAFIA RELACIONADA

MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para concursos. 5. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Competência da Justiça do Trabalho

COMENTÁRIOS

Alteração de regime celetista para estatutário

Inicialmente, importa destacar que a Justiça do Trabalho é competente

para processar e julgar casos envolvendo empregados públicos, os chamados

de celetistas, nos termos do art. 114, da CR/88. Entretanto, a Justiça do

Trabalho não tem competência, segundo a jurisprudência do STF e do TST,

para julgar servidores estatutários, temporários e comissionados, pois essa

competência é da Justiça Comum, federal ou estadual (CORREIA, 2015, p.

588).

É cediço que a transferência/alteração do regime jurídico de celetista

para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da

prescrição bienal a partir da mudança de regime. Esse é o entendimento

consubstanciado na súmula 382 do c. TST.

Outrossim, sabe-se que compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de

direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período

anterior à transferência para o regime estatutário, mesmo que a ação tenha

sido ajuizada após citada transferência, nos termos da OJ nº 138 da SDI-1, do

TST).

Portanto, em princípio, depois da alteração do regime jurídico a

competência passará a ser da Justiça Comum, mas somente para o período

posterior à alteração do regime.

Caso concreto

O ponto fulcral no presente caso é a contratação de empregado público

antes da promulgação da Constituição de 1988, sob o regime celetista, e sem

concurso público.

Posteriormente, o Estado do Piauí instituiu regime jurídico único por meio

da Lei Complementar Estadual nº 13, de 3.1.1994.

A Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido de empregado público admitido antes da promulgação da Constituição de 1988, sob regime celetista, e sem concurso público, não obstante a

superveniência de legislação estadual que institui regime jurídico único.

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Contudo, o fato de o reclamado instituir regime jurídico único não

convola em vínculo estatutário, de forma automática, o contrato

trabalhista anterior, sobretudo em decorrência da ausência de concurso

público, na forma do art. 37, II, § 2º, da Constituição.

Dessa forma, o TST entendeu que a Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido de empregado público admitido antes da promulgação da Constituição de 1988, sob regime celetista, e sem concurso público, não obstante a superveniência de legislação estadual que institui regime jurídico único, inclusive para pedidos relacionados ao período posterior à alteração do regime. Isso porque há entendimento já consagrado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.150-2, no qual se entendeu que o fato de o Estado instituir regime jurídico único, por meio da Lei Complementar Estadual, não convola em vínculo estatutário, de forma automática, o contrato trabalhista anterior, sobretudo em decorrência da ausência de concurso público, na forma do art. 37, II, § 2º, da Constituição. Desse modo, o TST entendeu que a reclamante permaneceu na condição de empregada, mesmo após a edição da norma estadual, porque embora estável, nos termos do art. 19 do ADCT, não se submeteu a concurso público. Sob esse fundamento, a SBDI-I, à unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pelo reclamado, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento, vencido os Ministros Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Walmir Oliveira da Costa, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann.

EMENTA DA DECISÃO

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ESTADO DO PIAUÍ. TRANSPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DO REGIME CELETISTA PARA O ESTATUTÁRIO. CONTRATAÇÃO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DE 1988. REGIME CELETISTA. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. Da análise dos autos verifica-se que o mote do presente caso é a contratação de empregado público antes da promulgação da Constituição de 1988, sob o regime celetista, e sem concurso público. Posteriormente, o Estado do Piauí institui regime jurídico único por meio da Lei Complementar Estadual nº 13, de 3.1.1994. Contudo, o fato de o reclamado instituir regime jurídico único não convola em vínculo estatutário, de forma automática, o contrato trabalhista anterior, sobretudo em decorrência da ausência de concurso público, na forma do art. 37, II, § 2º, da Constituição. Conforme entendimento firmado na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.150-2, na qual apreciada a Lei Estadual 10.098/94-RS, que instituiu no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul as regras para a transposição do regime jurídico de celetista para estatutário. No particular, a Suprema Corte declarou inconstitucional a expressão "operando-se automaticamente a transposição dos seus ocupantes", prevista no § 2º do art. 276 da citada lei. Em razão dessa decisão, tem-se que os trabalhadores permaneceram na condição de empregados celetistas, mesmo

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após a edição da norma estadual, porque embora estáveis, na forma do art. 19 do ADCT, não se submeteram a concurso público. Trata-se de relação jurídica contínua, e regida pela CLT; portanto, mesmo quanto ao período posterior à edição do estatuto dos servidores, resta competente esta Justiça Especializada para a análise da causa. Recurso de embargos conhecido e não provido.

PROCESSO

E-RR-846-13.2010.5.22.0104, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 18/06/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 30/06/2015.

SÚMULAS

SÚMULA 382 do TST – MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL. A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

OJ nº 138 da SDI-1, do TST – COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO. Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Art. 37, II, § 2º, da CR/88 – A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a

nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.

BIBLIOGRAFIA RELACIONADA

MIESSA, Élisson; CORREIA, Henrique. Súmulas e orientações jurisprudenciais do TST comentadas e organizadas por assunto. 5. ed. Salvador: JusPodivm.

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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

Jornada de trabalho do Advogado admitido anteriormente à Lei nº 8.906/94

COMENTÁRIOS

Advogados

Categoria diferenciada

Lembra Alice Monteiro de Barros (2012, p. 47) que até a Constituição de

1988, o enquadramento dos empregados era realizado pela Comissão de

Enquadramento Sindical do Ministério do Trabalho e divulgado por meio de um

quadro (art. 577 da CLT).

Os advogados não foram enquadrados como categoria diferenciada no

quadro a que se refere o art. 577 da CLT. Assim, durante muito tempo, o TST

entendeu que o advogado não pertencia à categoria diferenciada, pois não

foram enquadrados como tal no quadro a que se refere o art. 577 da CLT.

Nesse sentido:

RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. ADVOGADO

EMPREGADO. JORNADA DO ART. 224, CAPUT, DA CLT. A

jurisprudência desta Corte entende que a profissão de

advogado, por não se encontrar listada no Quadro Anexo a

que se refere o art. 577 da CLT, não integra, nos termos do §

3.º do art. 511 da CLT, o conceito de categoria profissional

diferenciada. Na hipótese, o Reclamante insere-se na

atividade preponderante da Reclamada, sendo, portanto,

empregado bancário, razão pela qual está submetido à

jornada de 6 horas diárias, no total de 30 horas semanais.

(RR - 2690740-31.2000.5.09.0652 Data de Julgamento:

15/12/2010, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 6ª

Turma, Data de Publicação: DEJT 11/02/2011).

A profissão de advogado por não se encontrar listada no

Quadro Anexo a que alude o art. 577 da CLT, não integra

categoria profissional diferenciada, nos termos do § 3º do art.

511 da CLT (ED-RR n. 129.385-22-1999-5-10-0005, 6ª

Turma, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT 19.06.2009)

É inaplicável ao advogado empregado de instituição bancária a jornada reduzida de seis horas diárias, prevista no art. 224, caput, da CLT, pois este dispositivo é específico para a categoria dos bancários e o advogado pertence à categoria profissional diferenciada, por ter normatização própria (Lei nº 8.906/94 – EOAB).

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No entanto, a partir da CR/88, referida Comissão foi extinta, pois

representava indesejável interferência do Poder Público na organização

sindical, o que é vedado pelo art. 8º da Constituição.

Logo, atualmente, entende-se que os advogados são pertencentes a

categorias profissionais diferenciadas, apesar de não enquadrados como tais

no quadro a que se refere o art. 577 da CLT.

Isso porque não há dúvidas de que a profissão encontra-se

regulamentada em estatuto próprio.

Ademais, as funções atribuídas ao advogado-empregado não encontram

similar entre as atribuições dos demais empregados, restando evidente a

distinção das condições de trabalho a que se submete.

Constata-se, por isso, que o enquadramento do advogado como

categoria diferenciada ainda decorre da segunda hipótese prevista no art. 511,

§ 3º, da CLT, ou seja, suas condições de vida são também singulares.

Esses dois aspectos não deixam alternativa senão reconhecê-los como

integrantes de categoria diferenciada e de que são representados pelo

sindicato de profissionais liberais, na forma da Lei nº 7.316/85 (BARROS, 2012,

p. 47).

Advogado empregado de banco – Jornada de trabalho

Por pertencer à categoria diferenciada é inaplicável ao advogado

empregado de instituição bancária a jornada reduzida de seis horas diárias,

prevista no art. 224, caput, da CLT, pois este dispositivo é específico para a

categoria dos bancários.

Atual posicionamento do TST

A jurisprudência da SDI-1 do TST se firmou no sentido de que “o

advogado empregado de banco, ainda que seja considerado profissional

liberal, equipara-se aos membros de categoria diferenciada, por ter

normatização própria, a Lei nº 8.906/94.”

Assim, o TST diz que o advogado é categoria profissional por

equiparação.

Quadro resumo

Como se trata de categoria diferenciada segue um quadro resumo para

auxiliar os estudos:

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Jornada (divisor 120) Horas extras

- Não poderá exceder:

a) duração diária de 4 (quatro) horas contínuas;

b) semanal de 20 (vinte) horas.

Esses limites podem ser alterados por

acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas.

As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a 100% (cem por cento) sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.

Horário noturno Disposições Especiais As horas trabalhadas no período das 20:00 (vinte) horas de um dia até as 05:00 (cinco) horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de 25% (vinte e cinco por cento).

OJ-SDI1-222. Bancário. Advogado. Cargo de confiança. O advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT. OJ-SDI1-403. Advogado empregado. Contratação anterior à Lei nº 8.906, de 04.07.1994. Jornada de trabalho mantida com o advento da lei. Dedicação exclusiva. Caracterização. O advogado empregado contratado para jornada de 40 horas semanais, antes da edição da Lei nº 8.906, de 04.07.1994, está sujeito ao regime de dedicação exclusiva disposto no art. 20 da referida lei, pelo que não tem direito à jornada de 20 horas semanais ou 4 diárias.

E qual é a jornada se o advogado empregado de instituição bancária foi

contratado anteriormente à edição Lei nº 8.906/94?

A situação permanece a mesma. O EOAB, no caput de seu art. 20,

estabelece que a jornada máxima do advogado empregado seja de quatro

horas diárias e vinte horas semanais, salvo no caso de acordo ou convenção

coletiva, que preveja horário de trabalho diverso, ou, ainda, de prestação de

serviços em caráter de dedicação exclusiva.

Portanto, a jornada regular só poderá ser excepcionada em duas

situações:

a) Previsão em acordo ou convenção coletiva, que preveja horário de

trabalho diverso;

b) Prestação de serviços em caráter de dedicação exclusiva.

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A OJ 403 da SDI-1 do TST cuida da situação excetiva constante do item

“b” acima:

OJ nº 403 da SDI-1 do TST – ADVOGADO EMPREGADO.

CONTRATAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 8.906/94. JORNADA DE

TRABALHO MANTIDA COM O ADVENTO DA LEI.

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. CARACTERIZAÇÃO.

O advogado empregado contratado para jornada de 40 horas

semanais, antes da edição da Lei nº 8.906, de 04.07.1994, está

sujeito ao regime de dedicação exclusiva disposto no art. 20 da

referida lei, pelo que não tem direito à jornada de 20 horas

semanais ou 4 diárias.

Portanto, caso o contrato de trabalho tenha sido firmado antes da Lei nº

8.906/94, com duração de 40 horas semanais, ficará configurada a situação de

dedicação exclusiva, razão pela qual o advogado empregado não terá direito à

jornada reduzida de 4 horas.

Como essas duas situações excetivas se constituem em fatos obstativos

do direito do empregado, o ônus da prova quanto a elas pertence ao

empregador, que deverá apresentar os instrumentos normativos ou provar a

prestação de serviços em caráter de dedicação exclusiva.

Caso concreto

No caso, restou consignado na decisão do Tribunal Regional do Trabalho

da 9ª Região que o reclamante foi contratado antes da Lei nº 8.906/94 e que

não houve prova da sujeição ao regime de dedicação exclusiva, razão porque

não incide o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº

403 da SBDI-I do TST.

Sob esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos

embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhes

provimento para restabelecer a decisão do Regional, em que se manteve a

sentença que deferiu horas extras além da 4ª diária e 20ª semanal, exceto em

períodos contemplados por norma coletiva que estenderam a jornada normal,

inclusive quanto ao valor da condenação e das custas.

EMENTA DA DECISÃO

Ementa ainda não disponível até a presente data (05.09.2015)

PROCESSO

TST-ERR-2690740-31.2000.5.09.0652, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Pimenta, 18.6.2015.

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SÚMULAS

Não há súmulas relacionadas ao caso julgado.

ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

OJ nº 403 da SDI-1 do TST – ADVOGADO EMPREGADO. CONTRATAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 8.906/94. JORNADA DE TRABALHO MANTIDA COM O ADVENTO DA LEI. DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. CARACTERIZAÇÃO.

O advogado empregado contratado para jornada de 40 horas semanais, antes da edição da Lei nº 8.906, de 04.07.1994, está sujeito ao regime de dedicação exclusiva disposto no art. 20 da referida lei, pelo que não tem direito à jornada de 20 horas semanais ou 4 diárias.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Art. 20 do EOAB – A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. § 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação. § 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. § 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento.

BIBLIOGRAFIA RELACIONADA

BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentações especiais de trabalho: peculiaridades, aspectos controvertidos e tendências. 5. ed. São Paulo: LTr, 2012.

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DIREITO INDIVIDUL DO TRABALHO

Divisor de horas extras do empregado bancário

COMENTÁRIOS

Incidente de Recursos de Revista Repetitivos A novidade introduzida pela Lei 13.015/2014 trouxe para o processo do trabalho a realidade já vivenciada no STF, com a repercussão geral para o recurso extraordinário e, no STJ, nos recursos especiais repetitivos. Segundo o Ministro Cláudio Brandão (2015, p. 148)

trata-se de novidade sem igual, na medida em que introduz a força obrigatória do precedente judicial e modifica, substancialmente, o procedimento de julgamento dos recursos nos quais vier a ser suscitado o incidente, que passarão a fixar a tese jurídica ou o precedente judicial que, doravante, servirá de

paradigma obrigatório no âmbito da respectiva jurisdição. (grifos no original)

Até o momento, são esses os temas afetados para julgamento na sistemática de recursos repetitivos, todos ainda pendentes de julgamento:

“Dano Moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes Criminais. Operador de Telamarketing”;

“Dano Moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes

Criminais”;

“Bancário. Horas Extras. Divisor. Bancos Privados”; apreciação em conjunto com “Norma coletiva que assegura a repercussão das horas extras na remuneração do sábado”;

“Bancário. Horas Extras. Divisor. Bancos Públicos. CEF”

Acolhendo a proposta de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo, aprovado pela 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, a SBDI-1 decidiu, por maioria, afetar a matéria “Bancário. Horas extras. Divisor. Bancos Privados” à SBDI-1 Plena. Também por unanimidade, determinou-se que no processo nº RR 144700-24.2013.5.13.3, cujo tema afetado é “Bancário. Horas extras. Divisor. Bancos Públicos”, seja registrada esta mesma deliberação, com a finalidade de que as matérias de ambos os recursos sejam apreciadas em conjunto.

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Para acessar os processos em que foi acolhida a proposta de incidente de recurso de revista repetitivo utilize o link a seguir: http://www.tst.jus.br/documents/10157/7268cd5b-100a-4aed-899f-8d4c973a90e8

EMENTA DA DECISÃO

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PROCESSO

TST-RR-849-83.2013.5.03.0138 e TST-RR-144700-24.2013.5.13.0003, SBDI-I, em 18.6.2015.

SÚMULAS

Não há súmulas relacionadas ao caso julgado.

ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

Não há OJs relacionadas ao caso julgado.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

-

BIBLIOGRAFIA RELACIONADA

BRANDÃO, Cláudio. Reforma do sistema recursal trabalhista: comentários à Lei nº 13.015/2014. São Paulo: LTr, 2015.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Danos morais em razão de anotações indevidas na CTPS

COMENTÁRIOS

A CTPS não pode conter anotações que prejudiquem ou impeçam o acesso ao emprego. Práticas como anotar o motivo da justa causa ou uma repreensão escrita à atitude do empregado são ilegais. Igualmente, o empregador não pode registrar que determinada anotação se deu por ordem judicial. Configura lesão moral a referência, na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado, de que algum registro ali constante decorreu de determinação judicial, constituindo anotação desnecessária e desabonadora, nos termos do art. 29, § 4º, da CLT. Como bem entende o TST, tal registro dificulta a obtenção de novo emprego e acarreta ofensa a direito da personalidade do trabalhador, sendo passível de reparação por danos morais. Esse entendimento é pacífico no TST:

RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. ANOTAÇÃO CTPS POR MOTIVO DE DECISÃO JUDICIAL. O registro realizado pelo Reclamado na CTPS do Autor, deliberado e desnecessário, de que houve determinação judicial para tanto, caracteriza conduta desrespeitosa e ofensiva da imagem profissional da Reclamante. Constitui atuação abusiva que ultrapassa os limites do artigo 29 da CLT, ensejando violação de direito subjetivo individual à imagem. Encontra-se, assim, caracterizado o ilícito patronal e, por consequência, materializado o dano moral, em razão do qual é inquestionável o direito à indenização compensatória. (TST-RR-148100-34.2009.5.03.0110, Redatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 28/09/2011, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/10/2011).

Sob esse fundamento, a SBDI-1, à unanimidade, não conheceu do recurso de embargos da reclamada, com ressalva de entendimento dos Ministros Antonio José de Barros Levenhagen, João Oreste Dalazen, Ives Gandra Martins Filho, Renato de Lacerda Paiva e Guilherme Augusto Caputo Bastos.

Configura lesão moral a referência, na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado, de que algum registro ali constante decorreu de determinação judicial, constituindo anotação desnecessária e desabonadora, nos termos do art. 29, § 4º, da CLT. Tal registro dificulta a obtenção de novo emprego e acarreta ofensa a direito da

personalidade do trabalhador.

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EMENTA DA DECISÃO

RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. ANOTAÇÃO NA CTPS DO EMPREGADO DE QUE A RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CONCERNENTE AO CARGO OCUPADO DECORREU DE DECISÃO JUDICIAL. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. No tema, o Colegiado Turmário negou provimento ao recurso de revista da reclamada, por entender que "o registro realizado na CTPS do autor, deliberado e desnecessário, de que houve determinação judicial para tanto, caracteriza conduta desrespeitosa e ofensiva da imagem profissional da reclamante", constituindo "atuação abusiva que ultrapassa os limites do artigo 29 da CLT, ensejando violação de direito subjetivo individual à imagem" e ensejando o pagamento de indenização por danos morais. 2. Decisão recorrida em harmonia com a jurisprudência desta Corte, firme no sentido de que a referência, na CTPS do empregado, de que algum registro ali constante decorreu de determinação judicial, constitui anotação desnecessária, discriminatória e desabonadora, nos termos do art. 29, § 4º, da CLT, que dificulta a obtenção de novo emprego e acarreta ofensa a direito da personalidade do trabalhador, sendo suficiente, portanto, a ensejar o pagamento de indenização por danos morais. Precedentes desta Subseção. Recurso de

embargos não conhecido.

PROCESSO

E-ED-RR-148100-34.2009.5.03.0110, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 18/06/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 30/06/2015.

SÚMULAS

Não há súmulas relacionadas ao caso julgado.

ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

Não há OJs relacionadas ao caso julgado.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Art. 29 da CLT – A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. [...]

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§ 4º É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 10.270, de 29.8.2001) § 5º O descumprimento do disposto no § 4º deste artigo submeterá o

empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo.

BIBLIOGRAFIA RELACIONADA

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