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Unidade Paraíso - Rua Tomás Carvalhal, 92 - Paraíso, Vila Mariana - SP

Informativo 08/2016

DIREITO CONSTITUCIONAL

1)STF – Plenário do STF inicia

julgamento de ADIs sobre minirreforma

eleitoral

O Plenário do Supremo

Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta

quarta-feira (24), o julgamento de cinco

Ações Diretas de Inconstitucionalidade

(ADIs) questionando dispositivos da Lei

Eleitoral (Lei 9.504/1997), alterados pela

Lei 13.165/2015, que tratam da distribuição

de tempo para a propaganda eleitoral

gratuita no rádio e na televisão e da

realização de debates entre candidatos.

Em quatro ADIs (5423, 5487,

5491 e 5557) os questionamentos foram

apresentados por partidos políticos que se

sentiram prejudicados com as regras que

restringem a participação das agremiações

com menos de 10 parlamentares. Na ADI

5488, a Associação Brasileira de Emissoras

de Rádio e TV (Abert) pede que seja dada

interpretação conforme a Constituição para

que os partidos aptos a deliberar possam

definir o número de participantes dos

debates.

O relator das ADIs 5423, 5488

e 5491, ministro Dias Toffoli, votou pela

improcedência de todos os pedidos (leia

abaixo a íntegra dos votos). Ele salientou

que a modificação das regras eleitorais é

constitucionalmente facultada ao legislador.

Para o ministro, a interferência do

Judiciário só seria justificada caso houvesse

a violação de algum preceito constitucional,

o que não se verificou em nenhum dos

casos.

O ministro observou que todos

os pontos questionados representam uma

opção do legislador e foram objeto de

amplo debate no âmbito do Legislativo.

Salientou que, durante a tramitação dos

projetos de lei que os originaram, foram

realizadas audiências públicas com a

participação dos diversos setores da

sociedade envolvidos no processo eleitoral.

Em seu entendimento, a lei promulgada

pelo Congresso respeitou a vontade da

maioria e também os princípios

constitucionais da proporcionalidade e da

razoabilidade.

O ministro Toffoli ressaltou que

a lei, ao distinguir entre os partidos que têm

representatividade na Câmara e os que não

têm, produziu um padrão equitativo de

isonomia que está dentro dos princípios

constitucionais. Ele lembrou que em

diversos pontos, a Constituição Federal

estabelece a representação no Congresso

Nacional como fator de corte para o

exercício de determinados direitos, a

propositura de ADIs, por exemplo.

Nesse sentido, não verifica

abuso na regra que estabelece a divisão

proporcional do tempo de propaganda

eleitoral assegurando 90% proporcional à

representação na Câmara e 10%

igualitariamente. Em relação à participação

nos debates, o ministro entende que não há

direito subjetivo dos partidos pois, como

são facultativos, devem ser tratados por

regras infraconstitucionais.

Rosa Weber

A ministra Rosa Weber, relatora

das ADIs 5487 e 5577, também votou pela

improcedência das ações, pois também

considera que o tema foi devidamente

tratado pelos interessados, no Congresso

Nacional. Ela salientou a permissão

constitucional para que o Legislativo altere

o sistema eleitoral, desde que observado o

princípio da anterioridade, ou seja, de que

para entrar em vigor, as regras devem ser

aprovadas pelo menos um ano antes do

pleito, o que ocorreu com os dispositivos

impugnados.

Segundo a ministra, mais da

metade das legendas supera o patamar

mínimo para assegurar de modo automático

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a participação em debates no rádio e na

televisão. Segundo ela, as regras eleitorais

brasileiras, embora imponham algumas

restrições, não impedem a livre criação de

partidos políticos. Nesse sentido, entende

que a imposição de determinados controles

pela maioria não é inconstitucional, desde

que assegurados os direitos da minoria.

Para a ministra Rosa Weber,

não procedem as alegações dos partidos de

que as mudanças na lei seriam

inconstitucionais por serem arbitrárias, sem

boa fé e por romperem estabilidade e

segurança jurídicas. Segundo ela, o mero

tratamento desigual não viola expectativa

de direito, pois a lei foi sancionada dentro

do prazo constitucional estabelecido

justamente para evitar alterações abruptas

que firam o direito das minorias.

Votos

O ministro Luís Roberto

Barroso acompanhou os votos dos relatores

pela improcedência das ADIs 5423 e 5488,

e divergiu em parte na ADI 5487, na qual

deu parcial procedência. Quanto à

participação de candidatos em debate,

propôs interpretação conforme a

Constituição ao parágrafo 5º, artigo 46, da

Lei 9.504/1997, no sentido de que os dois

terços dos candidatos aptos podem deliberar

incluir um candidato não apto no debate,

mas não poderiam excluir candidato – não

apto – convidado pela emissora. Para o

ministro, permitir que os adversários

decidam quem pode participar, quando este

tenha sido convidado pela emissora,

vulnera o pluralismo político.

O presidente do STF, ministro

Ricardo Lewandowski, também

acompanhou os votos dos relatores e

afirmou que, diante do quadro de

hiperpartidarismo no país, o critério

restritivo escolhido pelo legislador é

razoável. “O intérprete constitucional deve

aproveitar o máximo possível a lei

aprovada pelo Parlamento na medida em

que não é flagrantemente incompatível com

a Constituição”, disse. Contudo, o

presidente divergiu da intepretação

proposta pelo ministro Barroso. “Entendo

que empresas de comunicação têm

interesses de natureza comercial e, ao

escolherem determinado candidato para

participar de um debate podem dar-lhe um

impulso que normalmente não teriam, e, ao

excluir outro, poderiam dificultar a vida

política daquele”, explicou. Após o voto do

presidente, o julgamento foi suspenso e

prossegue na sessão desta quinta-feira (25).

1) STF – Liminar em ADI

sobre participação de candidatos em

debates é levada a referendo

Foi levada a referendo na sessão

plenária desta quarta-feira (24), do

Supremo Tribunal Federal (STF), decisão

da ministra Rosa Weber que negou liminar

na Ação Direta de Inconstitucionalidade

(ADI) 5577, ajuizada no último dia 19 pelo

Partido Renovador Trabalhista Brasileiro

(PRTB) para questionar dispositivos da Lei

Eleitoral sobre a participação em debates de

TV e rádio. O julgamento foi suspenso após

os votos dos ministros Dias Toffoli, Rosa

Weber, Luís Roberto Barroso e Ricardo

Lewandowski, e será retomado nesta

quinta-feira (25), em conjunto com outras

ADIs sobre o mesmo tema.

Segundo a decisão proferida

pela ministra Rosa Weber ao negar a

liminar na ADI 5577, o critério de

representação na Câmara dos Deputados

(mais de nove deputados) para a

participação em debates, definido pela

legislação questionada, tem amparo na

Constituição Federal. Também observa que

a norma garante a participação dos partidos

com maior expressão e não exclui de modo

peremptório a participação das legendas

com menor representação.

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“Na esteira da jurisprudência

desta Suprema Corte, reputo encontrar

amparo no texto da Constituição norma

jurídica que contenha desigualação não

odiosa, como na espécie, em que o fator de

discrímen – a observância da

proporcionalidade à representação –

justifica elevar o patamar mínimo de

representação na Câmara dos Deputados,

para fins de assegurar a participação nos

debates”, afirmou.

Pedido

A ADI questiona o artigo 46 da

Lei 9.504/1997, com a redação dada pela

Lei 13.165/2015, o qual prevê que TVs e

rádios podem transmitir debates para

eleições majoritárias ou proporcionais,

assegurando a participação de candidatos de

legendas com representação superior a nove

deputados, sendo facultada a presença dos

demais concorrentes.

De acordo com o PRTB, o

trecho que define a representação mínima

para participação em debates traz distorção

à igualdade de chances e à liberdade de

expressão da propaganda eleitoral. Além

disso, restringe direitos constitucionalmente

adquiridos, em especial dos eleitores, que é

o da ampla publicidade da propaganda

eleitoral, dos candidatos e de seus projetos,

além de trazer uma distinção maléfica e

anti-isônomica, privilegiando partidos

maiores em detrimentos dos menores.

Redação anterior

O autor da ação diz que a

redação anterior do artigo assegurava a

participação de candidatos de partidos que

possuíssem pelo menos um representante na

Câmara. Esse formato, embora também

fizesse uma distinção entre legendas, tinha

uma certa razoabilidade, diferente da

limitação ao número mínimo de 10

deputados, sem qualquer justificativa

plausível para tal, restringindo direitos de

cerca de 13 partidos que possuem pelo

menos um deputado federal.

O artigo 220 da Constituição

Federal, que trata da liberdade nos meios de

comunicação, traz expressamente a vedação

a qualquer tipo de restrição à manifestação

do pensamento, a expressão e à informação,

sendo vedada toda e qualquer censura, onde

se insere perfeitamente a propaganda

eleitoral por meio das emissoras de rádio e

TV, incluindo aí o debate eleitoral, sustenta

o PRTB.

Por considerar que o dispositivo

questionado afronta os princípios da

isonomia, da proporcionalidade, da

soberania popular, o pluripartidarismo e o

regime democrático, o partido pediu a

concessão de medida cautelar para

suspender imediatamente a eficácia da

expressão “superior a nove deputados”,

constante do artigo 46 da Lei das Eleições

e, por arrastamento, do artigo 32 (parágrafo

2º) da Resolução 23457/2015 do TSE, que

reproduz o dispositivo questionado.

1) STF – Lei paranaense

sobre cobrança em estacionamentos é

inconstitucional, decide STF

O Supremo Tribunal Federal

(STF) declarou a inconstitucionalidade de

lei paranaense que estabelecia regras para a

cobrança em estacionamentos. A decisão

foi tomada nessa quinta-feira (18) no

julgamento da Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) 4862, ajuizada

pela Confederação Nacional do Comércio

de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A entidade sustentou na ação

que a Lei 16.785/2011, do Estado do

Paraná, ofende o artigo 1º Constituição

Federal, que explicita a livre iniciativa

como um dos fundamentos da República

brasileira; o artigo 5º, inciso XXII, que

garante o direito fundamental à

propriedade; e o artigo 170, que assegura a

ordem econômica, observando o princípio

da propriedade privada. Para a

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confederação, a lei questionada pretende

ainda legislar sobre matéria de direito civil

que, nos termos do artigo 22, inciso I, da

Constituição Federal, é de competência

privativa da União.

O relator, ministro Gilmar

Mendes, votou pela procedência da ação ao

entender que a lei estadual viola a

competência da União para legislar sobre

direito civil, citando vários precedentes do

STF a respeito de leis sobre

estacionamentos de veículos. De acordo

com o ministro, a oferta deve ser regulada

pela concorrência entre os prestadores de

serviço. “Como que se controla o preço?

Via concorrência. É isso que se faz. Um

empreendedor oferece mais vantagem que

outro”, afirmou.

O ministro Edson Fachin abriu

divergência com o entendimento de que a

lei estadual é uma norma de direito do

consumidor, portanto inserida entre as

hipóteses de competência legislativa

concorrente entre União e poder local.

“Essas regras me parecem necessárias

porque atendem de forma proporcional ao

pagamento pelo serviço efetivamente

utilizado, e se apresentam razoáveis ao dar

concretude à proteção ao consumidor”,

afirmou, julgando improcedente a ADI.

Para o ministro Luís Roberto

Barroso, a lei é inconstitucional, mas não

por motivo formal (usurpar competência

legislativa da União), e sim, material. Para

ele, o tema pode ser considerado uma

questão de consumo, mas a lei interfere na

fixação dos preços. “Ela estabelece um

controle de preços que claramente viola o

princípio constitucional da livre iniciativa”,

afirma.

A maioria dos ministros votou

pela procedência da ação seguindo os

fundamentos do voto do ministro Luís

Roberto Barroso. O ministro Dias Toffoli,

por sua vez, julgou a ADI procedente,

acompanhando integralmente os

fundamentos do relator. Já o ministro

Marco Aurélio acolhia a

inconstitucionalidade da norma tanto por

vício formal quanto material.

Ficaram vencidos os ministros

Edson Fachin, que votou pela

improcedência, e os ministros Ricardo

Lewandowski, presidente da Corte, e Luiz

Fux, que julgaram a ADI parcialmente

procedente, pois, segundo eles, apenas os

dispositivos que estabelecem os parâmetros

de preço seriam inconstitucionais.

1) STJ – Anulada declaração

incidental de inconstitucionalidade sem

respeitar reserva de plenário

A Segunda Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) anulou acórdão

do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

(TJES) que havia declarado

incidentalmente a inconstitucionalidade de

uma lei municipal.

No caso em questão, uma ação

popular questionava a prefeitura de Vitória

que, através de lei municipal, contratava

empresas de transporte público sem

licitação. Isso ocorria mesmo após a

Constituição Federal de 1988, que exige

licitação para concessões de serviço

público.

A ação, julgada procedente

tanto em primeira quanto em segunda

instância, buscava anular os atos do Poder

Público, feitos com base na lei. Segundo os

autores da ação, os efeitos eram prejudiciais

para todos os moradores da capital

capixaba, já que determinadas concessões

foram feitas com o prazo de 25 anos,

prorrogáveis por igual período.

Reserva

Para o relator do recurso no

STJ, ministro Herman Benjamin, o

problema da causa não é o mérito, mas sim

a forma como a decisão foi tomada. O

magistrado destacou que a declaração

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incidental de inconstitucionalidade, embora

seja cabível em ação civil pública, não

poderia ter sido reconhecida sem observar a

reserva de plenário.

Segundo a Constituição Federal

(artigo 97), somente pela maioria absoluta

dos membros de um tribunal, a declaração

de inconstitucionalidade pode ser feita. Ou

seja, não se admite o procedimento feito

por órgãos fracionários, como câmaras e

turmas.

No caso analisado, a declaração

foi feita com a justificativa de que o

Supremo Tribunal Federal (STF) já tem

posição “sólida” sobre o assunto, sendo

desnecessário remeter a questão a plenário.

Na tese que foi aceita pelos ministros, as

empresas de transporte alegaram que a

declaração não poderia ter sido feita com

base em decisões “avulsas” do STF.

Para Herman Benjamin, os

argumentos são válidos, já que a dispensa

da reserva de plenário não foi feita com

base em súmula vinculante ou julgamentos,

com repercussão geral, proferidos pelo

STF. A decisão da Segunda Turma foi

contrária ao parecer do Ministério Público

Federal (MPF), que havia opinado pela

rejeição dos recursos.

“A regra exceptiva exige o

prévio pronunciamento sobre a questão pelo

plenário (ou órgão especial) do respectivo

tribunal ou pelo plenário do Supremo

Tribunal Federal, de modo que a existência

de precedentes em casos similares que

levaram em consideração a legislação de

outros entes federativos, por si só, não é

suficiente para afastar a cláusula de reserva

de plenário”, explicou Benjamin.

Mérito

Nos demais pontos dos

recursos, a posição dos ministros foi de

referendar as decisões de primeira e

segunda instância. Por unanimidade, os

ministros reconheceram que a ação popular

pode ensejar a declaração incidental de

inconstitucionalidade e não há necessidade

de provas adicionais para demonstrar o

dano à coletividade, já que, no caso, há

presunção de lesividade ao patrimônio

público.

Com a decisão, o processo

retorna ao TJES para que seja observado o

procedimento necessário para a declaração

incidental de inconstitucionalidade, de

acordo com a instrução prevista no Código

de Processo Civil (CPC).

REsp 1559292

1) STF – Somente a União

pode legislar sobre bloqueadores de sinal

de celular em presídios, decide STF

O Plenário do Supremo

Tribunal Federal (STF) declarou a

inconstitucionalidade de normas estaduais

que obrigam empresas de telefonia móvel a

instalarem equipamentos para o bloqueio do

serviço de celular em presídios. Por maioria

de votos, os ministros julgaram procedentes

cinco Ações Diretas de

Inconstitucionalidade (ADIs) ajuizadas

sobre o tema, por entenderem que os

serviços de telecomunicações são matéria

de competência privativa da União e não

dos estados federados.

A Associação Nacional das

Operadoras Celulares (Acel) é autora das

ADIs 5356, 5327, 5253, 4861 e 3835,

respectivamente referentes aos estados de

Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Santa

Catarina e Mato Grosso. Para a entidade, as

normas questionadas usurpam competência

legislativa privativa da União, prevista nos

artigos 21 (inciso XI) e 22 (inciso IV) da

Constituição Federal.

As ADIs ressaltam que as leis

questionadas criam obrigações não

previstas nos respectivos contratos de

concessão de serviço para as

concessionárias de serviços de

telecomunicações, em desacordo os

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princípios constitucionais. A Acel

argumenta, ainda, que as normas seriam

materialmente inconstitucionais, uma vez

que transferem a particulares o dever

atribuído ao Estado de promover a

segurança pública, “incluindo, por evidente,

a segurança de seus presídios”, nos termos

do artigo 144 da Constituição.

Relator da ADI 3835, o

ministro Marco Aurélio votou pela

declaração de inconstitucionalidade das leis

atacadas. Ele observou que já existe uma

norma federal sobre o assunto, a Lei

10.792/2003, que impõe ônus aos presídios.

Segundo ele, o artigo 4º dessa norma prevê

que os estabelecimentos penitenciários,

especialmente os destinados ao regime

disciplinar diferenciado, disporão, dentre

outros equipamentos de segurança, de

bloqueadores de telecomunicação para

telefones celulares, rádio-transmissores e

outros meios previstos em lei. “O ônus foi

imposto não à concessionária, mas sim ao

estabelecimento penitenciário”, disse.

Ele ressaltou que o artigo 50,

inciso VII, da Lei de Execução Penal

(7.210/1984) define como falta grave do

condenado a pena privativa de liberdade, ter

na posse, utilizar ou fornecer aparelho

telefônico de rádio ou celular que permita

comunicação com outros presos ou com o

ambiente externo. “Se fosse possível o

bloqueio, haveria não a citada proibição,

mas a determinação em tal sentido e a

determinação federal diz respeito ao ônus

dos estabelecimentos prisionais”, frisou.

Do mesmo modo votou o

ministro Gilmar Mendes, relator da ADI

4861. De acordo com ele, a utilização de

telefones no interior de estabelecimentos

prisionais como meio para a prática de

crimes é uma questão nacional. “Neste

campo, tratamentos diferentes pelas

diversas unidades da federação não se

justificam como uma resposta customizada

a realidades não semelhantes”, considerou.

O ministro entendeu que a

matéria apresenta conexão com segurança

pública, mas mesmo assim a questão não

deve ser passível de tratamento local. De

acordo com ele, o Supremo tem firme

entendimento no sentido da impossibilidade

de interferência do estado-membro nas

relações jurídicas entre a União e as

prestadoras dos serviços de

telecomunicações, dessa forma, a

jurisprudência vem reconhecendo a

inconstitucionalidade de normas estaduais

que tratam dos direitos usuários. É o caso

das ADIs 3533, 2337 e 4083, entre outras

ações.

Em igual sentido, manifestou-se

o ministro Dias Toffoli, relator das ADIs

5253 e 5327. Já no início de seu voto,

destacou que a discussão também está em

saber como os celulares entram nos

presídios. “Essas instituições todas – sejam

executivas, nacionais ou estaduais, órgãos

de regulação, de fiscalização e de segurança

– já tem os instrumentos necessários para

atuar e evitar que ocorra a comunicação de

presos como o mundo exterior”, observou.

Também votaram pela procedência das

ações os ministros Teori Zavascki, Luiz

Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e o

presidente do STF, ministro Ricardo

Lewandowski.

Divergência

O ministro Edson Fachin,

relator da ADI 5356, votou em sentido

contrário, portanto pela improcedência da

ação. Ele entendeu que deve haver

distribuição de competência entre os entes

federativos para legislarem sobre as

matérias especificadas pela Constituição,

como é o caso das presentes ações. “A

repartição de competências é característica

fundamental em um estado federado para

que seja protegida a autonomia de cada um

de seus membros e, por conseguinte, a

convivência harmônica em todas as esferas

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com a finalidade de evitar a secessão”,

ressaltou.

O ministro considerou que o

tema deve ser analisado quanto à

competência para legislar sobre direito

penitenciário, segurança pública e

consumo, levando em conta a segurança do

serviço fornecido no âmbito de proteção do

direito do consumidor. Para ele, o ente da

federação não está invadindo competência

privativa da União ao regulamentar

abstratamente como se deve dar, no estado,

limitações ao serviço de telecomunicação

nos presídios.

Acompanharam a divergência

os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa

Weber.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1)TJSC – Estado é responsável

por dano moral a mãe de preso

assassinado em penitenciária

O Estado tem o dever de

custódia e preservação da integridade física

de todos aqueles que estão sob sua guarda.

Sob esta premissa, a 1ª Câmara de Direito

Público condenou o ente público a

indenizar por danos morais - no valor de R$

50 mil - mãe de detento morto nas

dependências de unidade prisional. Os

companheiros de cela afirmaram que ele

sofreu um mal súbito e a investigação só foi

iniciada três dias após a morte, quando a

genitora do preso teve ciência do fato.

Após a apuração, ficou

comprovado que o recluso foi assassinado

por outros presos, em crime planejado

depois de saberem que a vítima os delatara

a autoridades policiais durante

interrogatório. Em apelação, o Estado

defendeu que a morte aconteceu sem

despertar a atenção dos vigias, portanto não

pode ser responsabilizado pela ação velada

de terceiros. O relator, desembargador Luiz

Fernando Boller, porém, ressaltou que os

infratores são tratados com desdém e

conseguem até mesmo planejar um

assassinato dentro da própria unidade

prisional, por falha do Estado na

preservação da integridade física dos

detentos.

"Como visto, a situação retrata

o descaso com que o sistema carcerário é

tratado, na medida em que, de dentro dos

próprios estabelecimentos de privação de

liberdade, os criminosos lograram êxito em

organizar-se de forma a manter vivo o

intento malicioso que os une para a prática

de atos ilícitos, contrários às boas normas,

descortinando, pois, a induvidosa falha na

prestação da assistência e segurança pública

pelo Estado de Santa Catarina", concluiu o

magistrado. A decisão foi unânime

(Apelação Cível/Reexame Necessário n.

0501972-95.2011.8.24.0008).

1) STF – Proibição de

tatuagem a candidato de concurso

público é inconstitucional, decide STF

Por maioria, o Plenário do

Supremo Tribunal Federal (STF), em

sessão desta quarta-feira (17), julgou

inconstitucional a proibição de tatuagens a

candidatos a cargo público estabelecida em

leis e editais de concurso público. Foi dado

provimento ao Recurso Extraordinário (RE)

898450, com repercussão geral

reconhecida, em que um candidato a

soldado da Polícia Militar de São Paulo foi

eliminado por ter tatuagem na perna.

“Editais de concurso público não podem

estabelecer restrição a pessoas com

tatuagem, salvo situações excepcionais, em

razão de conteúdo que viole valores

constitucionais”, foi a tese de repercussão

geral fixada.

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O relator do RE, ministro Luiz

Fux, observou que a criação de barreiras

arbitrárias para impedir o acesso de

candidatos a cargos públicos fere os

princípios constitucionais da isonomia e da

razoabilidade. Em seu entendimento,

qualquer obstáculo a acesso a cargo público

deve estar relacionado unicamente ao

exercício das funções como, por exemplo,

idade ou altura que impossibilitem o

exercício de funções específicas. Salientou

que a jurisprudência do STF prevê que o

limite de idade previsto em lei é

constitucional, desde que justificável em

relação à natureza das atribuições do cargo

a ser exercido.

O ministro destacou que a

tatuagem, por si só, não pode ser

confundida como uma transgressão ou

conduta atentatória aos bons costumes.

Segundo ele, a tatuagem passou a

representar uma autêntica forma de

liberdade de manifestação do indivíduo,

pela qual não pode ser punido, sob pena de

flagrante violação dos princípios

constitucionais. Para o ministro Fux, o

respeito à democracia não se dá apenas na

realização de eleições livres, mas também

quando se permite aos cidadãos se

manifestarem da forma que quiserem, desde

que isso não represente ofensa direta a

grupos ou princípios e valores éticos.

Em seu entendimento, o desejo

de se expressar por meio de pigmentação

definitiva não pode ser obstáculo a que um

cidadão exerça cargo público. “Um policial

não se torna melhor ou pior em suas

funções apenas por ter tatuagem”, afirmou.

O relator destacou que o Estado

não pode querer representar o papel de

adversário da liberdade de expressão,

impedindo que candidatos em concurso

ostentem tatuagens ou marcas corporais que

demonstrem simpatia por ideais que não

sejam ofensivos aos preceitos e valores

protegidos pela Constituição Federal. “A

máxima de que cada um é feliz à sua

maneira deve ser preservada pelo Estado”,

ressaltou o ministro.

Em seu voto (leia a íntegra), o

ministro Fux assinalou que tatuagens que

prejudiquem a disciplina e a boa ordem,

sejam extremistas, racistas, preconceituosas

ou que atentem contra a instituição devem

ser coibidas. Observou, por exemplo, que

um policial não pode ostentar sinais

corporais que signifiquem apologias ao

crime ou exaltem organizações criminosas.

Entretanto, não pode ter seu ingresso na

corporação impedido apenas porque optou

por manifestar-se por meio de pigmentação

definitiva no corpo.

O relator explicou que as Forças

Armadas vedam o ingresso de pessoas com

tatuagens que transmitam mensagens

relacionadas à violação da lei e da ordem,

tais como as que discriminem grupos por

sua cor, origem, credo, sexo, orientação

sexual ou que incitem o consumo de drogas

ou a prática de crimes, por entender que são

incompatíveis com a função militar.

Caso

No caso dos autos, o candidato

obteve, em primeira instância, decisão

favorável em mandado de segurança

impetrado contra sua exclusão do concurso

público para o preenchimento de vagas de

soldado de 2ª classe depois que, em exame

médico, foi constatado que possui uma

tatuagem em sua perna direita que estaria

em desacordo com as normas do edital. O

Estado de São Paulo recorreu alegando que

o edital estabeleceu, de forma objetiva,

parâmetros para admissão de tatuagens,

mas que o candidato não se enquadrava

nessas normas.

Em acórdão, o Tribunal de

Justiça de São Paulo (TJ-SP) destacou que

o edital é a lei do concurso e a restrição em

relação à tatuagem encontra-se

expressamente prevista. Assim, ao se

inscreverem no processo seletivo, os

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candidatos teriam aceitado as regras. O

acórdão salienta que quem faz tatuagem

tem ciência de que estará sujeito a esse tipo

de limitação. Acrescenta que a disciplina

militar engloba também o respeito às regras

e o descumprimento da proibição a

tatuagens não seria um bom início na

carreira.

Por maioria de votos, o Plenário

deu provimento ao RE 898450 para impedir

que o candidato seja eliminado do certame

por ter tatuagem. Ficou vencido o ministro

Marco Aurélio, que entendeu não haver

inconstitucionalidade no acórdão do TJ-SP.

1) STJ – Valor recebido de

boa-fé por erro da administração não

deve ser devolvido

É incabível a devolução de

valores percebidos por segurada de boa-fé

por força de interpretação errônea, má

aplicação da lei ou erro da administração.

Com esse entendimento, a Segunda Turma

do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

acolheu pedido de beneficiária do Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS) para

afastar a devolução dos valores recebidos

por ela a título de auxílio-doença.

No caso, a segurada teve

deferido o benefício de auxílio-doença no

ano de 2002, devendo perdurar até

30/9/2002. Ocorre que, por erro

administrativo, o benefício não foi cessado

na data prevista, tampouco foi feita nova

perícia. Verificando sua falha, o INSS

determinou que a segurada fizesse nova

inspeção médica, em que ficou constatada a

cessação definitiva da incapacidade.

O INSS enviou correspondência

comunicando o fim do benefício e informou

que a segurada tinha um débito de

aproximadamente R$ 50 mil, gerado pelo

recebimento indevido do auxílio no período

de 1/10/2002 a 30/4/2009.

A segurada, então, ajuizou ação

contra a autarquia pedindo a suspensão da

cobrança e a anulação do débito, além da

condenação do INSS a indenizá-la por

danos morais.

Sem isenção

Em primeiro grau, o pedido foi

acolhido para determinar que o INSS se

abstivesse de efetuar a cobrança. Além

disso, a sentença condenou a autarquia ao

pagamento de R$ 2 mil a título de

indenização.

O Tribunal Regional Federal da

2ª Região (TRF2), em apelação, entendeu

que o artigo 115 da Lei n. 8.213/1991 não

isenta o segurado de boa-fé da devolução

dos valores recebidos além do devido,

resguardando a possibilidade de

parcelamento.

“De fato, o artigo 115 da Lei n.

8.213/1991 autoriza o desconto dos

benefícios de parcelas pagas além do

devido, sem fazer qualquer distinção entre

os valores recebidos de boa ou má-fé.

Legítimo, pois, o desconto dos valores

devidos”, decidiu o TRF2.

Natureza alimentar

No STJ, a beneficiária sustentou

que o débito previdenciário é inexigível do

segurado de boa-fé, especialmente em se

tratando de verbas de natureza alimentar.

Defendeu também que não poderia ser

responsabilizada por erro administrativo.

A relatora do recurso,

desembargadora convocada Diva Malerbi,

citou jurisprudência pacífica do STJ no

sentido de ser incabível a devolução de

valores percebidos de boa-fé por servidor

ou pensionista em decorrência de erro

operacional da administração.

A decisão foi unânime.

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2) STJ – Avô não tem

interesse jurídico para pedir DNA

visando a desconstituir parentesco com

neto

A Quarta Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por

maioria, que um avô não tem interesse

jurídico para pleitear a realização de exame

de DNA visando a desconstituir, com base

em eventual resultado negativo de vínculo

genético, a relação de parentesco que

resulta dos efeitos de sentença proferida em

ação de reconhecimento de paternidade

anteriormente ajuizada contra seu filho,

transitada em julgado.

No caso analisado, “A”

promoveu ação de reconhecimento de

paternidade contra “B”, declarado pai por

presunção ante a negativa de realizar o

exame genético. Falecido “B”, o filho

promoveu então ação de alimentos contra o

avô, "C", que por sua vez propôs ação

declaratória incidental para discutir a

relação de parentesco. Argumentava “C”

que a coisa julgada formada no processo

antecedente não poderia atingi-lo por força

do que previa o art. 472 do CPC/1973.

A demanda incidental foi

extinta em primeira instância, ao

fundamento de que o avô não teria interesse

de agir e que o pedido violava a coisa

julgada. O TJSC manteve a decisão

extintiva.

O Ministério Público Federal

(MPF) opinou pelo desprovimento do

recurso.

Para os ministros da Quarta

Turma, o avô não está sendo atingido pela

coisa julgada formada na ação de

reconhecimento, mas suporta os efeitos da

sentença, que se projetam para além dos

limites subjetivos da demanda.

De outro lado, a maioria dos

magistrados entendeu que o avô não teria

interesse jurídico para requerer a realização

de exame de DNA, pois, ainda que

comprovada a inexistência de vínculo

genético entre o avô e o neto, essa

circunstância não desconstituiria a relação

de parentesco civil, de natureza jurídica,

estabelecida na forma dos arts. 1.591, 1.593

e 1.696 do Código Civil, como

consequência da paternidade assentada por

decisão judicial passada em julgado,

portanto imutável e indiscutível.

Efeitos da Sentença

Para o ministro relator do

recurso, Antonio Carlos Ferreira, “os

efeitos da sentença, que não se confundem

com a coisa julgada e seus limites

subjetivos, irradiam-se com eficácia erga

omnes, atingindo mesmo aqueles que não

figuraram como parte na relação jurídica

processual”.

Ressaltou que “se o recorrido é

filho do filho do recorrente, é neto deste.

Não encontra amparo na lógica ou no

ordenamento jurídico a conclusão de que

‘A’ é filho de ‘B’, ‘B’ é filho de ‘C’, mas

‘A’ não é neto de ‘C’. Essa conclusão seria,

sobretudo, discriminatória e, por isso,

contrária ao comando do art. 227, § 6º, da

Constituição Federal e do art. 1.596 da lei

substantiva civil.”

Ainda segundo o relator, os

pedidos revelavam pretensão que só poderia

ser deduzida por meio de ação rescisória,

sendo para tanto inadequada a ação

declaratória incidental.

O número desse processo não é

divulgado por estar sob segredo de justiça.

2) STJ – Empregado público

também tem direito à remoção para

acompanhar o cônjuge

A Primeira Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por

unanimidade, que o direito do servidor

público à remoção para acompanhamento

de cônjuge, previsto na Lei 8.112/90,

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alcança também os empregados públicos

federais, regidos pela Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).

O caso relatado pelo ministro

Benedito Gonçalves envolveu um auditor

fiscal da Receita Federal que buscava

acompanhar sua esposa transferida por

necessidade do serviço. A mulher do

servidor é empregada pública federal da

Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos.

A discussão ficou em torno da

interpretação da regra contida no artigo 36,

III, a, da Lei 8.112/90. Segundo Benedito

Gonçalves, a jurisprudência do STJ entende

ser possível a interpretação ampliativa do

conceito de servidor público previsto na lei,

para “alcançar não apenas os que se

vinculam à administração direta como

também os que exercem suas atividades nas

entidades da administração indireta”.

Tema pacificado

O relator citou ainda que o

Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF)

já pacificou o tema no sentido de que a lei

“não exige que o cônjuge do servidor

público seja também regido pelo Estatuto

dos Servidores Públicos Federais”.

Disse o ministro que, segundo o

STF, a “expressão legal ‘servidor público

civil ou militar, de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios’ não é outra senão a que se

lê na cabeça do art. 37 da Constituição

Federal para alcançar, justamente, todo e

qualquer servidor da administração pública,

tanto a administração direta quanto a

indireta”.

A decisão foi publicada no

Diário da Justiça Eletrônico do dia 14 de

novembro de 2008, no Mandado de

Segurança 23.058, da relatoria do ministro

Carlos Ayres Britto, recurso julgado pelo

Pleno do STF.

Restituição

Na Segunda Turma, pedido de

vista suspendeu o julgamento de recurso no

qual o Banco Santander pretende que a

União restitua à instituição

aproximadamente R$ 648 milhões devido

ao recolhimento indevido de valores

relativos ao Imposto de Renda Pessoa

Jurídica (IRPJ) e à Contribuição Social

Sobre o Lucro Líquido (CSLL).

De acordo com a Fazenda

Pública, o valor atualizado da causa

ultrapassa R$ 1 bilhão.

Na ação original, o Santander

narrou que precisou recolher, em 2002,

valores a título de IRPJ e CSLL em

decorrência de suposta omissão de receita

no processo de recuperação de crédito

contra a extinta Superintendência Nacional

da Marinha Mercante (Sunamam), em

1995.

Todavia, entre os seus

argumentos, a instituição financeira

apontou que o lançamento a título de

omissão de receitas recaiu sobre o valor

total do crédito, e não sobre a parcela dos

juros remuneratórios.

Decadência

Devido ao intervalo temporal

entre o pagamento questionado e o início do

processo, o juiz de primeira instância julgou

improcedente o pedido de restituição pela

decadência do direito do banco.

Em segunda instância, o

Tribunal Regional Federal da 1ª Região

(TRF1) afastou a tese de decadência, mas

modificou a sentença para julgar

improcedente o pedido do banco, reduzindo

o percentual de honorários advocatícios e

aplicar multa ao banco por litigância de má-

fé.

No voto, proferido durante a

sessão de julgamento desta quinta-feira (4),

o relator do recurso da instituição bancária,

ministro Humberto Martins, votou pela

devolução dos autos ao TRF1 para análise

de pontos omissos no acórdão (decisão

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colegiada). Todavia, divergiram do

posicionamento do relator os ministros

Herman Benjamin e Mauro Campbell.

O pedido de vista foi realizado

pela ministra Assusete Magalhães.

REsp 1597093 REsp 1541538

3) TJSC – Estado indenizará

cidadão que teve casa invadida por PMs

sem autorização judicial

A 3ª Câmara de Direito Público

do TJ condenou o Estado de Santa Catarina

ao pagamento de indenização moral, no

importe de R$ 20 mil, em favor de homem

surpreendido pela atuação de policiais

militares que supostamente procuravam em

sua residência objeto furtado. Conforme os

autos, os policiais justificaram a ação pelo

hipotético furto de um aparelho de DVD

cometido pelo sobrinho do proprietário da

casa.

Após a violação, o

desentendimento tornou-se acalorado e

ambas as partes passaram a trocar ofensas.

Os policiais imobilizaram o sobrinho,

acusado de ser usuário de drogas, por meio

do uso da força: um deles pisou-lhe as

costas com o coturno enquanto o outro o

algemava. Já na delegacia, constatou-se que

a informação de furto do aparelho não

procedia. O ente público argumentou que o

ingresso na residência do autor foi lícito em

decorrência de flagrante delito, de forma

que agiu no exercício regular do direito.

Para o desembargador Cesar

Abreu, relator da matéria, é inequívoca a

existência de violação do domicílio.

"Assim, evidenciado o ato ilícito por parte

do Estado de Santa Catarina, e ausentes

causas excludentes de ilicitude, emerge o

dever de indenizar", julgou. A câmara

somente promoveu alteração na sentença

para que os juros de mora e a correção

monetária observem os índices aplicados à

caderneta de poupança. A decisão foi

unânime

(Apelação n. 0002247-

12.2009.8.24.0125).

DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL

1) STJ – Locatária e locador

respondem por acidente com danos a

ciclista

Nos casos de acidente

automobilístico, proprietário e condutor

respondem solidariamente pelo evento,

impondo-se ao primeiro, quando

reconhecida a culpa do segundo,

responsabilidade por ter permitido que o

veículo, registrado em seu nome, fosse

conduzido pelo causador do acidente.

A Quarta Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) aplicou esse

entendimento, de forma analógica, para

responsabilizar duas pessoas jurídicas,

locadora e locatária de veículo, por acidente

que provocou graves danos a uma ciclista.

Após ter sido atingida pela

porta de um carro, que foi aberta de forma

inesperada e abrupta pelo motorista, a

vítima ajuizou ação de reparação de danos

materiais, estéticos e morais contra a

empresa Ouro Verde Transporte e Locação.

O automóvel pertencia à empresa de

transporte, contudo, no momento do

acidente, estava locado para Concremat

Engenharia.

Em consequência da colisão, ela

caiu no chão e fraturou, de forma complexa,

o joelho esquerdo. A vítima precisou ser

submetida a cirurgia para implante de pinos

e parafusos. Ainda assim, perdeu os

movimentos normais da perna e ficou

impedida de trabalhar.

Assistência

Segundo a ciclista, após a

cirurgia, não teve nenhuma assistência

financeira para pagamento das despesas

para sua reabilitação, referentes a muletas,

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cadeira de rodas, cadeira de banho e sessões

de fisioterapia.

Na sentença, a Ouro Verde

Transporte e Locação foi condenada ao

pagamento de pensão mensal,

correspondente a 50% do salário mínimo

vigente à época, tendo como termo inicial o

momento do acidente e final, até a data em

que a autora complete 65 anos de idade, ou

enquanto durar a incapacidade para

trabalhar.

A empresa também foi

condenada a ressarcir a mulher pelos gastos

com despesas comprovadas, bem como a

pagar o valor de 50 salários mínimos pelos

danos morais e estéticos suportados. Em

tudo incidindo juros e correção monetária.

Contudo, o magistrado também

julgou procedente a denunciação da lide

requerida pela Ouro Verde Transporte em

relação à empresa Concremat Engenharia e

Tecnologia, cujo funcionário dirigia o

veículo. A denunciada foi condenada a

ressarcir os prejuízos suportados pela Ouro

Verde.

Conversão

Ambas as condenadas

recorreram ao Tribunal de Justiça de São

Paulo (TJSP). A corte paulista deu parcial

provimento aos recursos, apenas para

determinar que a conversão do valor da

indenização fosse feita com base na data da

publicação da sentença.

Inconformadas, as empresas

interpuseram recurso especial no STJ. Os

ministros discutiram acerca da

responsabilidade pelos danos causados a

terceiros decorrentes do uso de veículo de

empresa locadora, mas sob condução do

locatário ou por terceiro sob seu comando.

De acordo com o ministro Luis

Felipe Salomão, relator, “a

responsabilidade civil do proprietário pelos

danos causados pelo veículo há muito fora

reconhecida pela jurisprudência e doutrina

pátrios, não importando, inclusive, se o

condutor é o proprietário ou terceiro

autorizado por ele”.

Com base em mais de uma

teoria acerca da responsabilidade civil, o

relator afirmou que o proprietário do

veículo responde pelos danos causados por

terceiros, de modo culposo, no uso do

carro. Para ele, o caso específico se

enquadra na responsabilidade do

proprietário de veículo automotor por danos

gerados por quem o tomou de forma

consentida.

Culpa exclusiva

Por outro lado, o ministro

defendeu que o guardião do bem somente

fica isento da responsabilidade se a culpa

for exclusiva da vítima – o que não se

aplica ao caso analisado, “pois o motorista

do veículo locado agiu de forma negligente

e imprudente, causando os danos à ciclista”.

Ele ressaltou ainda a

responsabilidade do proprietário do veículo

como empresa de locação – visto que, por

essa qualidade, a empresa também responde

quanto aos danos que o veículo locado

causa a terceiros.

“Afirmando-se a

responsabilidade da locadora,

precedentemente está-se reconhecendo a

responsabilidade do locatário. A primeira

decorre, na maioria dos casos, da

confirmação da segunda”, explicou

Salomão.

Ele ainda ressaltou que a

existência de cláusula prevendo como

obrigação da locadora a contratação de

seguro contra eventos danosos e a

desobediência à obrigação não isentam a

locatária da responsabilidade. Isso porque

“ainda que cumprida a obrigação de

contratar o seguro, este não socorreria a

locatária em eventos como o do caso

concreto”, concluiu.

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2) STJ – Viúva não tem

direito de habitar imóvel que ex-marido

doou aos filhos

Decisão dos ministros da

Quarta Turma do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) negou direito a uma viúva de

habitar o imóvel onde vivia com seu

falecido esposo. Antes de seu segundo

casamento, o homem doou o bem aos filhos

do primeiro casamento, mas devido à

cláusula de usufruto, permaneceu morando

no local até sua morte.

A decisão do tribunal encerra

uma discussão de 63 anos sobre a posse do

imóvel. A viúva recorreu ao STJ para

permanecer na propriedade, alegando que o

bem integrava o patrimônio do falecido,

portanto estaria justificado seu direito e dos

filhos do segundo casamento.

Na turma, a discussão foi sobre

a possibilidade de reconhecer direito real de

habitação ao cônjuge sobrevivente em

imóvel que fora doado pelo falecido aos

filhos, em antecipação de herança, com

reserva de usufruto.

Peculiaridades

Para o ministro relator do

recurso no STJ, Luis Felipe Salomão, o

caso tem peculiaridades que impedem o

exercício do direito de habitação do

cônjuge sobrevivente. O magistrado

destacou trechos do acórdão do Tribunal de

Justiça de São Paulo (TJSP), que havia que

rejeitado o pleito da viúva.

A decisão do tribunal paulista

destacou que ela ficou viúva de um

usufrutuário do bem, e não do real

proprietário, já que a doação havia sido

concluída antes do segundo casamento.

Para o ministro Salomão, é possível

contestar o entendimento do TJSP, já que

no caso analisado, a doação fora feita como

antecipação de herança e, portanto, passível

de revisão futura.

“Aquela simples doação de

outrora, com cláusula de usufruto, não

afastou, por si só, o direito real de

habitação, uma vez que existem diversas

situações em que o bem poderá ser

devolvido ao acervo, retornando ao

patrimônio do cônjuge falecido para fins de

partilha e permitindo, em tese, eventual

arguição de direito real de habitação ao

cônjuge”, argumentou Salomão.

Incontestável

Mesmo com a ressalva, o

ministro afirmou chegar à mesma conclusão

(pela improcedência do pedido da viúva)

com argumentos jurídicos distintos. Ele

lembrou que a doação não foi ilegal.

O relator esclareceu que “a

doação feita pelo ascendente ao herdeiro

necessário que, sem exceder, saia de sua

metade disponível, não pode ser tida como

adiantamento da legítima.”

“Na hipótese peculiar em

julgamento, não havendo nulidade da

partilha ou resolução da doação, não há

falar em retorno do imóvel ao patrimônio

do falecido e, por conseguinte, sem

respaldo qualquer alegação de eventual

direito de habitação”.

Ele ressaltou que os filhos do

segundo casamento e a viúva receberam

outros bens na partilha, inclusive imóveis,

tornando inválida a tese de que havia

apenas uma moradia para a família ou que

foram prejudicados na divisão de bens.

2) STJ – Morte de autor não

extingue mérito em ação de prestação de

contas

Uma decisão da Terceira Turma

do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

confirmou acórdão que legitimou a

substituição processual feita em uma ação

de prestação de contas, após a morte do

autor da demanda.

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Incapacitado, um homem

assinou uma procuração de plenos poderes

a sua esposa, que passou a movimentar a

conta-corrente do seu marido.

Posteriormente, o homem ajuizou ação de

prestação de contas referente à

movimentação feita pela esposa em sua

conta. No curso da causa, ele faleceu. Seus

herdeiros ingressaram como substitutos na

ação.

A mulher contestou o fato e

disse que a substituição era ilegal, devido

ao caráter personalíssimo da ação de

prestação de contas. Ela argumentou que a

morte do autor da ação implica a extinção

do feito, sem julgamento do mérito. A

viúva disse também que havia uma ação

paralela para apurar a incapacidade do

marido, processo que foi extinto antes que

fosse possível realizar perícia no falecido.

Improcedência

Para o relator do recurso,

ministro João Otávio de Noronha, as

alegações feitas pela mulher para extinguir

a ação de prestação de contas não

procedem.

“Embora a morte do

interditando acarrete a extinção da ação de

interdição sem julgamento de mérito, dada

sua natureza personalíssima, com a

cassação da liminar que nomeara curador

provisório, isso não implica igual extinção

da ação de prestação de contas, pois o

direito nesta tutelado e titularizado pelo

interditando passa, com sua morte, a ser

titularizado pelo espólio”, explicou o

ministro.

Noronha sublinhou que apesar

de a ação de prestação de contas também

ter caráter personalíssimo, isso somente se

aplica à parte de quem se pretende o

esclarecimento das contas. Como no caso

analisado foram os herdeiros que efetuaram

a substituição processual, não há nenhuma

ilegalidade no processo. A tese defendida

foi acompanhada pelos demais ministros da

Terceira Turma.

O ministro também explicou

que uma ação é consequência da outra, ou

seja, não se trata de processos vinculados,

em que a exclusão de um acarretaria na

extinção automática do outro.

“Na ação de prestação de

contas, não se discute a validade da

procuração outorgada pelo mandante. Ao

contrário, justamente por se reconhecer a

validade daquele instrumento é que se

pretende a respectiva prestação de contas

dos atos praticados pela mandatária. Daí

por que a extinção da ação de interdição em

nada prejudica o curso da ação de prestação

de contas, pois o direito nesta última

tutelado e titularizado pelo interditando

passa, com sua morte, a ser titularizado pelo

espólio”, concluiu.

REsp 1444677

3) TJSP – Aluno

desrespeitado por professora será

indenizado

A 7ª Câmara de Direito Público

do Tribunal de Justiça de São Paulo

condenou a Fazenda do Estado ao

pagamento de indenização de R$ 20 mil por

danos morais em razão de comentário

desrespeitoso proferido por professora de

escola pública a aluno.

Sob o pretexto de coibir

conversas na sala de aula do 6º ano do

ensino fundamental, a professora dirigiu-se

ao estudante e disse que ele parecia com

ator famoso que, à época dos fatos,

interpretava um personagem homossexual –

do tipo caricato – em novela de grande

audiência. Tal comentário provocou

imediata reação por parte dos outros alunos,

que replicaram a brincadeira nos dias

subsequentes, resultando na recusa do

menino em voltar às aulas e na sua

transferência para outra escola.

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Para o desembargador

Magalhães Coelho, relator do recurso, é

inegável que o fato causou lesão moral ao

aluno e decorreu de ação de agente do

Estado em escola pública, cuja guarda lhe

cumpria garantir integridade física e

psíquica às crianças. “A afirmação no

sentido de que a referência à opção sexual

pela homossexualidade não poderia ser

considerada uma qualidade pessoal

negativa apta a gerar um dano psicológico

soa bem no plano da discursividade

abstrata, mas, no plano das relações

humanas e sociais concretas, essa referência

é usada como forma de agressão, de

preconceito, de violência simbólica que

deixa marcas profundas em suas vítimas”,

afirmou.

Os desembargadores Eduardo

Gouvêa e Luiz Sergio Fernandes de Souza

acompanharam a decisão do relator.

Apelação nº 3008521-

34.2013.8.26.0451

4) STF – Reformada decisão

sobre investigação de paternidade sem

exame de DNA

O ministro Edson Fachin, do

Supremo Tribunal Federal (STF), deu

provimento ao Recurso Extraordinário com

Agravo 900521 para restabelecer sentença

que reconheceu a paternidade de um

cidadão de Iturama (MG) após o trânsito

em julgado de ação anterior julgada

improcedente pela ausência do exame de

DNA. Segundo o ministro, o entendimento

do primeiro grau, reformado pelo Tribunal

de Justiça do Estado de Minas Gerais

(TJMG), está de acordo com a

jurisprudência do STF, no sentido de que

não devem ser impostos obstáculos de

natureza processual ao exercício do direito

fundamental à busca da identidade genética.

Na primeira ação, o pedido de

reconhecimento da paternidade foi julgado

improcedente por ausência de provas.

Numa segunda ação, ajuizada após o

trânsito em julgado da primeira, o juízo de

primeiro grau entendeu que, como regra, a

coisa julgada impede nova apreciação de

uma questão já discutida.

Porém, nos casos de

investigação de paternidade em que no

primeiro processo não houver sido

realizado o exame pericial de comparação

de DNA, é possível relativizar a coisa

julgada diante da ponderação de valores: o

direito à descoberta da ascendência genética

é personalíssimo, imprescritível e

decorrente da dignidade da pessoa humana,

e deve permitir a propositura de nova ação

a fim de que se elucide a questão por meio

do exame genético.

O TJMG, no entanto, ao julgar

recurso da parte contrária, afastou a

relativização da coisa julgada. “O abandono

do instituto pode impor verdadeiro

desequilíbrio às relações constituídas, em

razão da própria eternização das situações

conflitantes”, afirmou o acórdão.

No recurso ao STF, o recorrente

sustentou violação à dignidade da pessoa

humana, desrespeito ao princípio da

igualdade, direito fundamental à

informação e à identidade genética e ofensa

ao princípio da paternidade responsável.

Como o recurso teve seguimento negado

pelo TJMG, a parte interpôs o agravo,

provido pelo ministro Fachin.

De acordo com o relator, o

entendimento da sentença, reformado pela

corte estadual, está de acordo com a

jurisprudência pacífica do STF a respeito da

relativização da coisa julgada em ações de

investigação de paternidade em que não

foram realizados exames de DNA. Entre

outros precedentes, Fachin citou o RE

363889, com repercussão geral

reconhecida, no qual o STF entendeu que

não devem ser impostos obstáculos de

natureza processual ao exercício do direito

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fundamental à busca da identidade genética,

“como natural emanação do direito de

personalidade de um ser, de forma a tornar-

se igualmente efetivo direito à igualdade

entre os filhos, inclusive de qualificações,

bem assim o princípio da paternidade

responsável”.

2) STJ – Mesmo não expresso

na peça, pedido deve ser considerado por

magistrado

O pedido em processo judicial

deve ser interpretado pelo magistrado com

uma análise integral da petição,

considerando todos os requerimentos feitos

ao longo da peça, mesmo que não de

maneira expressa. A análise não pode ficar

restrita ao capítulo referente aos pedidos. A

decisão é da Terceira Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ).

Em fevereiro de 2014, o Clube

da Laje Preta, representado por seu antigo

proprietário, e o Centro de Endocrinologia

de Sorocaba firmaram um acordo entre eles

para quitação de dívida contraída pelo

segundo em contrato de locação de imóvel.

O documento foi homologado em juízo no

mesmo mês, com a suspensão do processo

até que todas as parcelas fossem pagas.

Dias depois, o clube procurou a

Justiça alegando que o acordo havia sido

firmado por seu ex-sócio-proprietário.

Segundo informações, o assinante, em

assembleia extraordinária anterior, havia

vendido 60% dos títulos do clube e

transmitido toda posse e direito de ação.

Como o ex-sócio-proprietário não tinha

mais poderes para atuar em nome do clube,

o juiz anulou o acordo homologado.

Recurso

O centro médico recorreu da

decisão. Alegou que, conforme certidão do

cartório competente, não havia registro de

nenhum ato constitutivo ou alteração

contratual do clube, bem como alteração

estatutária. Entretanto, o Tribunal de Justiça

de São Paulo (TJSP) considerou que os

documentos incluídos nos autos

comprovavam a cessão dos títulos e a

alteração do representante legal do clube,

razão por que manteve a decisão do juiz de

primeiro grau.

O Centro de Endocrinologia

recorreu então ao STJ. Em seu pedido,

alegou que o conteúdo de um instrumento

particular, como a ata da assembleia geral

extraordinária, não poderia prevalecer ante

o documento público. Defendeu, também,

que a sentença não poderia ser anulada sem

um pedido expresso da parte.

Quanto à valoração dos

documentos, o relator do processo, ministro

Villas Bôas Cueva, informa que o sistema

processual civil brasileiro é orientado pelo

princípio do convencimento motivado. “O

magistrado é livre para apreciar a prova

produzida, desde que indique na decisão as

razões da formação de seu convencimento”,

explica.

Quanto à ausência de pedido,

Villas Bôas Cueva não acolheu os

argumentos do estabelecimento. O ministro

afirma que “o fato de não ter constado, do

capítulo próprio relativo aos pedidos,

requerimento de reconsideração da decisão

ou equivalente não impedia o magistrado de

decidir nesse sentido, haja vista, ainda, a

orientação, consagrada na jurisprudência

desta Corte, no sentido de que o pedido

deve ser extraído a partir de uma

interpretação lógico-sistemática de toda a

petição”.

Para o relator, uma petição que

noticia uma suposta existência de fraude

processual e faz acusações de um possível

estelionato já deixa clara sua vontade de

impedir a homologação do acordo ou de

solicitar a sua destituição, caso já

homologado.

REsp 1562641

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1) STJ – Neto não pode

propor ação de paternidade contra

suposto avô em nome da mãe falecida

A Terceira Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que netos

não têm legitimidade para propor ação

declaratória de paternidade em nome da

mãe falecida, objetivando o reconhecimento

de vínculo socioafetivo entre ela e seus

supostos avós, quando em vida a genitora

tinha plena capacidade civil, mas não

solicitou a filiação. A decisão unânime teve

como relator o ministro Marco Aurélio

Bellizze.

O caso teve início quando três

irmãos ingressaram com ação para o

reconhecimento de paternidade socioafetiva

em nome da mãe falecida aos 57 anos de

idade. Segundo os autos, ela teria sido

criada como filha por um casal.

O Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul (TJRS) confirmou a

sentença que havia determinado a extinção

da ação. O tribunal gaúcho considerou que

os filhos não têm legitimidade para

“pleitear o reconhecimento de filiação

socioafetiva em beneficio de sua genitora,

quando esta, em vida, não quis afirmar a

sua perfilhação socioafetiva”.

Requisitos

De acordo com Bellizze, o tema

da socioafetividade é tratado pelo Código

Civil (CC) em seu artigo 1.593. O ministro

esclareceu ainda que, para reconhecimento

da posse do estado de filho, devem ser

observados três requisitos: “a) tractatus:

quando o filho é tratado como tal, criado,

educado e apresentado como filho pelo pai

e pela mãe; b) nominatio: usa o nome da

família e assim se apresenta; e c) reputatio:

é conhecido pela opinião pública como

pertencente à família de seus pais”.

No STJ, além de ofensa aos

artigos 1.593, 1.596 e 1.606 do CC, os

irmãos (filhos da genitora falecida e netos

da parte recorrida) alegaram divergência

jurisprudencial com o Recurso Especial

807.849, da relatoria da ministra Nancy

Andrighi; e com o Recurso Especial

604.154, da relatoria do ministro Humberto

Gomes de Barros.

Nesses precedentes, foi

reconhecida a legitimidade dos netos para

ajuizar, em nome próprio, ação contra o

suposto avô, quando já falecido o pai, que

em vida não pleiteara a investigação de sua

origem paterna.

Peculiaridade do caso

O ministro Bellizze constatou

que o caso em questão é diferente dos

precedentes citados, pois os irmãos pedem

exclusivamente o reconhecimento do

vínculo socioafetivo da mãe com o casal,

“sem formular pretensão de igual sentido a

seu favor”. O relator entendeu que eles

teriam direito de ajuizar a ação, desde que

presentes alguns requisitos.

Poderiam os filhos demandar o

pleito em juízo apenas se, “ao tempo do

óbito, a genitora se encontrasse incapaz, o

que não é o caso, pois, conforme noticiado

nos autos, a investigante veio a óbito em

2008, com 57 anos de idade, sem apresentar

nenhum indício de incapacidade civil ou de

que estaria sem condições de expressar

livremente sua vontade, resguardada, ainda,

a possibilidade de prosseguimento da ação

caso ela tivesse iniciado a demanda, o que

também não ocorreu”.

Nesse sentido, a turma

reconheceu que os autores não têm

legitimidade processual para ingressar com

a demanda. Porém, esclareceu que o

resultado do julgamento possibilita, se

assim desejarem, o direito de ingressar com

outra ação, agora em nome próprio.

O número desse processo não é

divulgado em razão de segredo de justiça.

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1) STJ – STJ nega

indenização de dano moral por mero

atraso de entrega de imóvel

O Superior Tribunal de Justiça

(STJ) parece estar firmando convicção no

sentido de que não cabe indenização por

dano moral para o comprador de imóvel

com entrega atrasada em mais de 180 dias.

Em caso recente, o ministro

Ricardo Villas Bôas Cueva decidiu que a

demora não gera, por si só, direito à

indenização por dano moral. Para ele, o

comprador precisa provar que o atraso

gerou consequências que repercutiram "na

esfera da dignidade".

No processo em questão, o

ministro verificou que os magistrados que

julgaram o caso anteriormente não

visualizaram nenhuma excepcionalidade

que justificasse a condenação por danos

morais.

O voto de Cueva, que foi

acompanhado de forma unânime pela

terceira turma do STJ, é importante para as

incorporadoras e construtoras porque no

Judiciário têm prevalecido o entendimento

de que o simples atraso após os 180 dias de

tolerância já é suficiente para caracterizar a

ocorrência do dano moral.

O Tribunal de Justiça de São

Paulo (TJSP) é um dos que tem julgados

nesse sentido, conta o advogado da área de

contencioso do L.O. Baptista-SVMFA,

Marco Lorencini. Segundo ele, a percepção

de que o dano moral é presumido fica

bastante evidente na análise das decisões.

Apesar de em seu voto Cueva

fazer referências a uma jurisprudência

pacificada sobre a questão, os advogados

apontam que mesmo no STJ até hoje

coexistem linhas de pensamento

conflitantes.

O ministro Paulo Dias de

Moura Ribeiro - que foi desembargador no

TJSP - seria um dos que possuem decisões

a favor do dano moral sempre que a entrega

atrasa.

O sócio do Bicalho e Mollica

Advogados, Rodrigo Bicalho entende que a

decisão de Cueva é importante porque não

havia tantas decisões específicas no STJ

sobre as indenizações devidas para os casos

de atraso de obra. "É uma decisão

específica, é recente, e deve contribuir para

direcionar melhor os julgados de modo

favorável às empresas", afirma.

Segundo o especialista, apesar

de hoje o ramo de construção ter outras

preocupações jurídicas importantes, como

as discussões sobre distratos e as de taxa de

corretagem, por exemplo, ainda há uma

carteira de processos considerável

envolvendo imóveis atrasados.

"Houve um período em que

muitas obras atrasaram em todo o País. São

as obras do boom imobiliário, até 2010.

Esses processos ainda estão nos tribunais e

são muitos. Se houver uma condenação por

dano moral na maior parte desses casos,

isso vai ser sim um fator importante para as

empresas", acrescenta o advogado.

Uma das razões do Judiciário

para negar os pedidos e combater a

banalização do dano moral é que os

compradores, sempre que há atraso, já

recebem as indenizações por danos

materiais. Segundo Bicalho, o objetivo,

nesse caso, é proporcionar a reparação de

forma proporcional ao valor de aluguel do

imóvel que não foi entregue dentro do

prazo.

Para tanto, os magistrados às

vezes concedem uma multa fixa, de 1% ou

2% do valor do contrato, por exemplo, ou

ainda uma fração desses percentuais por

mês de atraso. "A forma de pagamento

depende de cada juiz ou desembargador,

mas de fato há um posicionamento do

Judiciário no sentido de proporcionar essa

indenização", explica Bicalho.

Casos

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Nessa linha de raciocínio, para

que além da indenização por danos

materiais a Justiça reconheça que é preciso

pagar danos morais, é necessário que exista

algum fato adicional que explique o

aborrecimento psicológico causado. Esse

fato pode ser, por exemplo, a

impossibilidade de um casal residir no

imóvel comprado logo após o casamento,

conta Lorencini.

O exemplo oposto - caso em

que não haveria dano moral - seria a

situação de um investidor do ramo

imobiliário que comprou um apartamento

para alugar a um terceiro, mas não sofreu

qualquer interferência em sua vida

cotidiana, explica o advogado L.O.

Baptista-SVMFA. "Nesse caso, existe

apenas a ocorrência dos lucros cessantes.

Faz parte do negócio. Não há dano moral."

Na avaliação de Lorencini, a

tendência é que no futuro o STJ uniformize

seu entendimento sobre a questão. Ele

destaca que o mesmo debate também afeta

outros segmentos, como por exemplo

planos de saúde. Se ocorre uma negativa de

cobertura por parte da operadora, a

avaliação seria que além de pagar o

procedimento a empresa também precisa

indenizar danos morais.

5) STJ – É impenhorável o

imóvel residencial, mesmo não sendo o

único bem da família

A Terceira Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou ser

impenhorável o imóvel que não é o único

de propriedade da família, mas serve de

efetiva residência ao núcleo familiar.

Em decisão unânime, o

colegiado deu provimento ao recurso

especial de uma mãe, que não se conformou

com o acórdão do Tribunal de Justiça de

São Paulo (TJSP). O tribunal paulista havia

mantido a penhora do imóvel efetivamente

utilizado como residência pela família, por

ter reconhecido a existência de outro bem

de sua propriedade, porém de menor valor.

O ministro Villas Bôas Cueva,

relator do recurso no STJ, afirmou que a

jurisprudência da corte entende que a Lei

8.009/90 não retira o benefício do bem de

família daqueles que possuem mais de um

imóvel.

Efetiva residência

A discussão ficou em torno da

regra contida no parágrafo único do artigo

5º da Lei 8.009/90. O dispositivo dispõe

expressamente que a impenhorabilidade

recairá sobre o bem de menor valor, na

hipótese de a parte possuir vários imóveis

que sejam utilizados como residência.

De acordo com Villas Bôas

Cueva, mesmo a mulher possuindo outros

imóveis, “a instância ordinária levou em

conta apenas o valor dos bens para decidir

sobre a penhora, sem observar se

efetivamente todos eram utilizados como

residência”.

O relator explicou que o imóvel

utilizado como residência é aquele onde “se

estabelece uma família, centralizando suas

atividades com ânimo de permanecer em

caráter definitivo”.

Com base na jurisprudência do

STJ e no artigo 1º da lei que rege a

impenhorabilidade, a turma afastou a

penhora do imóvel utilizado como

residência pela autora do recurso e seus

filhos, por ser considerado bem de família.

REsp 1608415

2) STJ – É abusiva cláusula

de plano que restringe exame pedido por

médico conveniado

É abusiva a cláusula contratual

que restringe autorização para realização de

exames, diagnósticos e internações a pedido

de médicos conveniados a plano de saúde.

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O entendimento é da Quarta Turma do

Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A controvérsia surgiu depois

que um médico de Mato Grosso procurou o

Ministério Público (MP) estadual. O

profissional alegou que seu paciente,

beneficiário da Unimed Cuiabá, era

portador de tumor cerebral e necessitava

realizar ressonância nuclear magnética e

diversos exames hormonais. Todavia,

estava tendo dificuldade em conseguir as

autorizações para a realização dos exames

solicitados.

O inquérito do MP verificou

que vários outros usuários tiveram a mesma

dificuldade na realização de exames

prescritos por médicos de sua confiança,

mas que não constavam na lista da

cooperativa. Em muitos casos, segundo os

testemunhos, os pacientes precisavam pagar

o exame ou procurar um médico

credenciado somente para prescrever a

solicitação.

Relações de consumo

Em ação pública, o órgão

ministerial alegou que a prática é abusiva e

ofensiva aos princípios básicos das relações

de consumo. Afirmou também que as

cláusulas contratuais que não autorizam a

realização de exames, diagnósticos ou

internações hospitalares, quando as guias de

requisição são assinadas por médico não

cooperado, constrangem o usuário,

causando-lhe transtornos e prejuízos

desnecessários.

No pedido, além de destacar a

propaganda enganosa, pois a cooperativa

afirmava estar cumprindo a legislação,

solicitou a reparação dos danos causados

aos usuários, tanto materiais quanto morais.

A sentença declarou nulas as

cláusulas 6.3.1, 6.4.1 e 6.4.2 do contrato e

determinou a veiculação da decisão nos

meios de comunicação. A título de dano

material, condenou a Unimed Cuiabá a

reembolsar os usuários dos valores pagos a

terceiros, dentro do prazo decadencial, com

atualização monetária a partir da data do

pagamento. Para sanar o dano moral

coletivo, foi determinado depósito de R$

200 mil no Fundo Municipal de Saúde.

A cooperativa recorreu da

sentença ao Tribunal de Justiça de Mato

Grosso (TJMT), que reconheceu como

abusiva a cláusula que condiciona as

autorizações a pedidos de médicos

credenciados e a necessidade de reparação

de dano material.

O TJMT, porém, afastou o dano

moral genérico, alegando que o caso se

refere a dano moral individual. O tribunal

também entendeu não ser necessária

veiculação da sentença em emissoras locais,

mantendo somente a publicidade nos meios

de comunicação escrita.

Recurso especial

Tentando reverter a invalidação

da cláusula contratual, a cooperativa

recorreu ao STJ. O ministro Luis Felipe

Salomão, relator do recurso especial,

destacou o fato de a cobertura não se

estender aos honorários dos não

cooperados, sendo restrita somente aos

exames e internações, que deveriam poder

ser solicitados por qualquer profissional.

De acordo com Salomão,

“internações e demais procedimentos

hospitalares não podem ser obstados aos

usuários cooperados, exclusivamente pelo

fato de terem sido solicitados por médico

diverso daqueles que compõem o quadro da

operadora, pois isso configura não apenas

discriminação do galeno, mas também tolhe

tanto o direito de usufruir do plano

contratado com a liberdade de escolher o

profissional que lhe aprouver”.

O entendimento foi acolhido

unanimemente pela Quarta Turma do STJ e,

com isso, fica mantida a abusividade da

cláusula contratual estabelecida pela

cooperativa médica Unimed Cuiabá.

REsp 1330919

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3) STJ – É de dez anos prazo

para ajuizar ação contra atraso na

entrega de imóvel

A Terceira Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) considerou que é

de dez anos o prazo prescricional para

ajuizar ação contra construtora por atraso

na entrega de imóvel, já que se trata de

inadimplemento contratual. Portanto,

aplicável o artigo 205 do Código Civil.

Em 2007, uma consumidora

ajuizou ação de rescisão contratual e de

indenização por danos morais e materiais

contra a Construtora Paranoá, que deixou

de entregar o imóvel adquirido por ela no

prazo contratado, junho de 1997.

Em fevereiro de 2000, os

condôminos ajuizaram demanda em juizado

especial objetivando desconstituir a

construtora e se responsabilizarem pelo

término da obra. A Construtora Cini foi

nomeada para assumir o restante da

construção.

Indenização

O juízo de primeiro grau

condenou a Construtora Paranoá a rescindir

o contrato e a restituir as parcelas pagas

pela autora, com correção monetária, além

de pagar indenização por danos morais, no

valor de R$ 20 mil. A empresa recorreu ao

Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), que

apenas reformou a sentença para reduzir o

valor da indenização por danos morais.

No recurso especial dirigido ao

STJ, a Paranoá alegou que, depois de ter

sido destituída pelos condôminos, deixou

de ser responsável pela restituição dos

valores pagos pela autora, porque teriam

sido aplicados na construção, cujo término

foi assumido por outra empresa.

Em suas razões, a empresa

pediu que o Código de Defesa do

Consumidor (CDC) fosse aplicado na

íntegra, inclusive no que diz respeito ao

prazo prescricional de cinco anos previsto

no artigo 27.

Inadimplemento

“A despeito de se tratar de

relação de consumo, o artigo 27 do CDC é

expresso ao dispor que o prazo de cinco

anos se refere à reparação de danos

decorrentes do fato do produto ou do

serviço, o que não ocorreu no caso

concreto, pois o dano alegado se limitou ao

âmbito do inadimplemento contratual”,

afirmou o relator, ministro João Otávio de

Noronha.

Dessa forma, o ministro

considerou que o acórdão do TJPR está de

acordo com a jurisprudência do STJ quanto

à aplicação do prazo prescricional de dez

anos, previsto no artigo 205 do Código

Civil de 2002, “porquanto a referida

pretensão decorre de inadimplemento

contratual”.

Noronha observou que o

descumprimento do contrato ocorreu em

junho de 1997 e que a ação foi ajuizada

dentro do prazo de prescrição, em abril de

2007. “Observada a regra de transição

disposta no artigo 2.028 do Código Civil,

aplica-se, portanto, o prazo prescricional de

10 anos, porquanto, quando da entrada em

vigor do novo código, não havia decorrido

mais da metade do prazo previsto no código

anterior”, concluiu.

REsp 1591223

6) STJ – Avô não tem

interesse jurídico para pedir DNA

visando a desconstituir parentesco com

neto

A Quarta Turma do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por

maioria, que um avô não tem interesse

jurídico para pleitear a realização de exame

de DNA visando a desconstituir, com base

em eventual resultado negativo de vínculo

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genético, a relação de parentesco que

resulta dos efeitos de sentença proferida em

ação de reconhecimento de paternidade

anteriormente ajuizada contra seu filho,

transitada em julgado.

No caso analisado, “A”

promoveu ação de reconhecimento de

paternidade contra “B”, declarado pai por

presunção ante a negativa de realizar o

exame genético. Falecido “B”, o filho

promoveu então ação de alimentos contra o

avô, "C", que por sua vez propôs ação

declaratória incidental para discutir a

relação de parentesco. Argumentava “C”

que a coisa julgada formada no processo

antecedente não poderia atingi-lo por força

do que previa o art. 472 do CPC/1973.

A demanda incidental foi

extinta em primeira instância, ao

fundamento de que o avô não teria interesse

de agir e que o pedido violava a coisa

julgada. O TJSC manteve a decisão

extintiva.

O Ministério Público Federal

(MPF) opinou pelo desprovimento do

recurso.

Para os ministros da Quarta

Turma, o avô não está sendo atingido pela

coisa julgada formada na ação de

reconhecimento, mas suporta os efeitos da

sentença, que se projetam para além dos

limites subjetivos da demanda.

De outro lado, a maioria dos

magistrados entendeu que o avô não teria

interesse jurídico para requerer a realização

de exame de DNA, pois, ainda que

comprovada a inexistência de vínculo

genético entre o avô e o neto, essa

circunstância não desconstituiria a relação

de parentesco civil, de natureza jurídica,

estabelecida na forma dos arts. 1.591, 1.593

e 1.696 do Código Civil, como

consequência da paternidade assentada por

decisão judicial passada em julgado,

portanto imutável e indiscutível.

Efeitos da Sentença

Para o ministro relator do

recurso, Antonio Carlos Ferreira, “os

efeitos da sentença, que não se confundem

com a coisa julgada e seus limites

subjetivos, irradiam-se com eficácia erga

omnes, atingindo mesmo aqueles que não

figuraram como parte na relação jurídica

processual”.

Ressaltou que “se o recorrido é

filho do filho do recorrente, é neto deste.

Não encontra amparo na lógica ou no

ordenamento jurídico a conclusão de que

‘A’ é filho de ‘B’, ‘B’ é filho de ‘C’, mas

‘A’ não é neto de ‘C’. Essa conclusão seria,

sobretudo, discriminatória e, por isso,

contrária ao comando do art. 227, § 6º, da

Constituição Federal e do art. 1.596 da lei

substantiva civil.”

Ainda segundo o relator, os

pedidos revelavam pretensão que só poderia

ser deduzida por meio de ação rescisória,

sendo para tanto inadequada a ação

declaratória incidental.

O número desse processo não é

divulgado por estar sob segredo de justiça.

1) STJ – Protesto de CDA é

possível em situações anteriores à

alteração da legislação

Em 2012, alteração legislativa

incluiu entre títulos passíveis de protesto as

Certidões de Dívida Ativa (CDA) da União,

dos estados, do Distrito Federal, dos

municípios e das respectivas autarquias e

fundações públicas. Para a Segunda Turma

do Superior Tribunal de Justiça (STJ), até

mesmo os créditos incluídos antes da

mudança na lei estão sujeitos a protesto,

uma vez que a inclusão foi meramente

interpretativa.

A alteração, que ocorreu com a

promulgação da Lei 12.767/12, incluiu o

parágrafo único descrevendo os títulos que

também poderiam ser protestados na Lei

9.492/97, que define competência e

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regulamenta os serviços relacionados ao

protesto de títulos e outros documentos de

dívida.

Porém, há casos em que os

créditos foram inscritos na Dívida Ativa

antes da modificação. A questão foi

debatida no STJ em recurso do município

de Londrina (PR) contra decisão favorável

ao Banco Itaú.

Intimação

Segundo os autos, em dezembro

de 2004, o banco recebeu uma intimação de

protesto caso não pagasse débitos

tributários municipais. Além de contestar a

dívida tributária em uma ação principal, o

banco entrou com ação cautelar alegando

não haver disposição legal que desse

suporte a um ato coercitivo com fins de

recolhimento de imposto. No pedido,

solicitava a concessão de liminar para

suspensão da exigibilidade do crédito

inscrito.

Embora tenha conseguido a

liminar, a medida foi revogada, e a ação

cautelar julgada improcedente no primeiro

grau. Em 2009, o banco recorreu então ao

Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR)

alegando não ser cabível o protesto de

CDA, o que foi acatado pelo colegiado.

A decisão foi confirmada pelo

TJPR em novo acórdão, este de 2014, após

nova apelação. Segundo o julgado do

tribunal paranaense, a inclusão de CDA

somente é possível após a entrada em vigor

da Lei 12.767/12.

O caso chegou então ao STJ em

novo recurso do município de Londrina.

Em seu voto, a desembargadora convocada,

Diva Malerbi, afirmou que a alteração legal

tem caráter meramente interpretativo e sua

aplicação é admitida em situações

anteriores à modificação legislativa.

Com sua decisão, a relatora

consolida posição estabelecida pela

Segunda Turma em julgamento anterior.

Segundo o entendimento, “a Lei 9.492/1997

não disciplina apenas o protesto de títulos

cambiais, tampouco versa apenas sobre

relações de Direito Privado”.

O julgado vai além, afirmando

que “constituiu a reinserção da disciplina

jurídica do protesto ao novo contexto das

relações sociais, mediante ampliação de sua

área de abrangência para qualquer tipo de

título ou documento de dívida”.

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

1) STF – Liminar afasta

cumprimento de pena em regime mais

gravoso

O ministro Luís Roberto

Barroso, do Supremo Tribunal Federal

(STF), deferiu liminar na Reclamação

(RCL) 24840 para garantir prisão

domiciliar a um apenado que, embora

tivesse direito à progressão de regime para

o semiaberto, foi mantido em regime

fechado, podendo sair para estudar e

trabalhar. O ministro verificou, no caso,

indícios de violação à Súmula Vinculante

(SV) 56 do STF, segundo a qual falta de

estabelecimento penal adequado não

autoriza a manutenção do condenado em

regime prisional mais gravoso.

No caso dos autos, um

professor de Joinville (SC) obteve o direito

de cumprir pena no regime semiaberto, mas

não pôde fazê-lo porque a cidade não

dispõe de colônia agrícola, industrial ou

estabelecimento similar, nem de casa de

albergado para cumprir a reprimenda em

regime aberto. A circunstância levou o

juízo da 3ª Vara Criminal de Joinville a

permitir o cumprimento do restante da pena

em prisão domiciliar, com trabalho externo

e frequência a curso de graduação.

O Ministério Público estadual

apelou da decisão, e o Tribunal de Justiça

de Santa Catariana (TJ-SC) determinou que

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o condenado voltasse ao regime fechado,

por entender que não havia ilegalidade no

cumprimento da prisão em regime mais

gravoso quando mantidos os benefícios do

trabalho externo e estudo.

Em sua decisão, o ministro

Barroso afirmou que a SV 56 do STF teve

por objetivo evitar que o condenado

cumprisse pena em regime mais gravoso do

que o determinado na sentença ou do que o

autorizado por lei. Por isso, a prisão

domiciliar é a medida adequada a ser

adotada pelo juízo diante da constatação de

que o condenado preenche os requisitos

para a progressão de regime, mas está

impossibilitado de fazê-lo apenas pela falta

de estabelecimento adequado.

“Entendo que existe

plausibilidade no direito do reclamante,

uma vez que a determinação para que

retornasse ao regime fechado representa, de

fato, a sua manutenção em regime prisional

mais gravoso”, afirmou. O ministro

observou que o RE 641320, que serviu de

parâmetro para a SV 56, aprovada em junho

deste ano, prevê expressamente a

possibilidade de o juiz da execução penal,

na falta de estabelecimento adequado,

determinar a colocação do condenado em

prisão domiciliar. “A meu ver, trata-se de

medida adequada à situação concreta destes

autos, sobretudo em razão de o condenado

possuir endereço fixo e estar exercendo

emprego com anotação em carteira de

trabalho”, concluiu.

3) TRF1 – Desconhecimento

da proibição de ser crime o fato

praticado leva o réu à absolvição

A 3ª turma negou provimento

ao recurso do Ministério Público e manteve

a sentença da 4ª Vara da Seção Judiciária

de Minas Gerais e a absolvição dos réus,

que acreditavam agir dentro da legalidade

ao explorar máquinas caça-níqueis dentro

da Central de Abastecimento – Ceasa/MG.

O ato foi por eles assumido, embora tenha

ficado provado que desconheciam serem as

máquinas estrangeiras e a importação

proibida no Brasil. Os equipamentos foram

encontrados durante o cumprimento de 24

mandados de busca e apreensão em lojas da

Ceasa/MG.

Apesar de os acusados terem

assumido o uso das máquinas, para a

defesa, eles não cometeram crime, pois

aqueles jogos eram autorizados na Central

de Abastecimento. Portanto, acreditavam

estar agindo dentro da legalidade, conforme

relatado no processo: “Contexto probatório

indica que os réus agiram sob a falsa

consciência da licitude da exploração

comercial das máquinas caça-níqueis,

sobretudo porque a Loteria do Estado de

Minas Gerais, por meio de diversas

Resoluções, autorizava a exploração de tal

atividade no âmbito da Central de

Abastecimento – CEASA/MG”.

O juízo da 4ª Vara da Seção

Judiciária de Minas Gerais grau inocentou

os réus entendendo que “embora

comprovadas a materialidade e a autoria

delitivas, é razoável considerar que os

acusados realmente desconheciam o caráter

ilícito de suas ações, sendo inevitável a

ignorância, razão pela qual ficam isentos da

sanção abstratamente cominada ao crime

descrito no art. 334, 1º, c, do Código Penal,

a teor do disposto no art. 21 do mesmo

diploma legal.”

O Ministério Público não

concordou com a sentença e recorreu ao

Tribunal Regional Federal da Primeira

Região. Nas razões da apelação, o MP

argumenta “que os réus tinham plena

consciência da ilicitude de seus atos, por

possuírem em seus estabelecimentos as

máquinas ‘caça-níqueis’, cuja importação e

exploração sempre foi vedada no Brasil.

Afirma que, ainda que não tivessem ciência

do tipo penal incriminador, não se poderia

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escusar tal desconhecimento, pois tinham

possibilidade de alcançar essa informação

pela própria atividade que exerciam.”.

Para o relator do processo no

TRF1, juiz federal convocado Iran

Esmeraldo Leite “o cenário fático contido

nos autos demonstra que não possuíam

consciência do caráter ilícito da conduta e

não agiram com o dolo do tipo, o que atraí a

incidência do instituto de erro de proibição,

conforme compreendeu o magistrado de

primeiro grau.” A terceira turma negou, por

unanimidade, o recurso do MP e manteve a

absolvição de réus.

Processo: 0018477-

40.2009.4.01.3800/MG

2) STF – Supremo considera

constitucional a citação por hora certa

prevista no CPP

O Plenário do Supremo

Tribunal Federal (STF), na sessão desta

segunda-feira (1º/8), considerou

constitucional a citação por hora certa,

prevista no artigo 362 do Código de

Processo Penal (CPP), nos casos em que se

verifique que um réu se oculta para não ser

citado. Ao julgar o Recurso Extraordinário

(RE) 635145, com repercussão geral

reconhecida, os ministros entenderam que

essa modalidade de citação não

compromete o direito de ampla defesa,

constitucionalmente assegurado a todos os

acusados em processo criminal.

O recurso foi interposto contra

decisão da Turma Recursal Criminal dos

Juizados Especiais Criminais do Estado do

Rio Grande do Sul que afastou a alegação

de inconstitucionalidade do artigo 362 do

CPP e manteve a condenação do réu em um

crime de trânsito. No caso dos autos, o

oficial de justiça foi a sua casa por três dias

consecutivos e foi atendido por sua esposa,

que disse que ele estava no trabalho, mas

não sabia em qual endereço, nem o nome da

empresa.

O recorrente alegava

cerceamento à própria defesa, pois não teria

sido pessoalmente informado da acusação

que lhe foi imputada, a fim de poder

exercer plenamente sua defesa. Mas o

relator do RE, ministro Marco Aurélio,

observou que, embora o réu tenha o direito

de ser informado da imputação, a suspensão

do processo só pode ocorrer nos casos em

que ele não pode ser encontrado. Segundo

ele, deixar de reconhecer a

constitucionalidade da norma do CPP, que

tem como objetivo exatamente assegurar a

continuidade do processo nas situações em

que o réu deliberadamente se esconde para

evitar a citação, representaria um prêmio a

sua atuação ilícita.

O relator salientou que a ampla

defesa é a combinação entre a defesa

técnica e a autodefesa. A primeira é

indeclinável – o réu possui o direito

inalienável de ser assistido por defensor do

estado, caso não o faça ou deixe de nomear

advogado no prazo estabelecido em lei, sob

pena de nulidade total do processo. A

autodefesa, explicou o ministro, é a garantia

de o acusado estar presente ao julgamento.

Em seu entendimento, caso opte por não

comparecer, estará também exercendo um

direito, o de não se incriminar ou produzir

provas contra si, mas essa escolha não pode

interromper o processo.

O ministro destacou que a

citação por hora certa é cercada de

cuidados, entre os quais a certidão

pormenorizada elaborada pelo oficial de

justiça e o aval pelo juiz. Caso não existam

elementos concretos de ocultação, o juiz

pode determinar a suspensão do processo,

preservando a autodefesa. Entretanto, nos

casos em que constatada a intenção de

interromper o processo, o magistrado

dispõe de instrumentos para dar

prosseguimento à ação penal.

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O relator votou pelo provimento

parcial ao recurso, entendendo que a citação

por hora certa é inaplicável no âmbito dos

juizados criminais especiais. Para o

ministro Marco Aurélio, o processo deveria

ter sido enviado a uma vara da Justiça

comum. No caso dos autos, porém, ele

reconheceu a prescrição da pretensão

punitiva.

A maioria do Plenário, contudo,

seguiu o voto do ministro Luiz Fux, que

desproveu totalmente o recurso. O

colegiado limitou a análise do RE ao tema

da constitucionalidade da norma do CPP,

por entender que a sua aplicação ou não no

âmbito dos juizados especiais não era

objeto do recurso. Segundo explicou o

ministro Celso de Mello, esse tema

ultrapassa os limites do processo e pode ser

enfrentado pelo STF em outros casos que

chegarem à Corte.

No caso concreto, os ministros

concederam habeas corpus de ofício para

extinguir a punibilidade do réu em

decorrência da prescrição. Vencido quanto

ao provimento parcial do recurso, o relator

também votou pela implementação da

ordem de ofício.

DIREITO TRABALHO /

PREVIDENCIÁRIO

2)TRT15 – TRT da 15ª Região,

sintonizado com a Lei 13.015/2014, edita

17 novas Súmulas e uma Tese

Prevalecente para sua jurisprudência

Entre março e julho do corrente

ano, o TRT da 15ª Região aprovou e

publicou 17 novas Súmulas e uma Tese

Prevalecente, resultado das modificações

trazidas pela Lei 13.015/2014, que alterou

artigos da CLT para dispor sobre o

processamento de recursos no âmbito da

Justiça do Trabalho. A lei reforça o que

juristas têm observado quanto à importância

da jurisprudência no sistema jurídico

brasileiro. O diploma legal exige que os

TRTs passem a uniformizar sua própria

jurisprudência e traz novidades nos critérios

de admissibilidade dos recursos de revista.

São diversos os assuntos que o

TRT-15 tratou para reunir nesse novo

conjunto de decisões que interpretam, nesta

jurisdição regional, o Direito do Trabalho.

As novas Súmulas e a Tese

Prevalecente decorrem de Incidentes de

Uniformização de Jurisprudência. Seus

temas e datas de aprovação e publicação

estão assinalados abaixo:

Súmula 50:

"INTERVALO

INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA.

São devidas, como extraordinárias, as horas

laboradas em prejuízo ao intervalo entre

duas jornadas de trabalho previsto no art.

66 da CLT. Aplicação analógica do § 4º, do

art. 71 da CLT." (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 003/2016, de 17

de março de 2016 - Divulgada no D.E.J.T

de 18/3/2016, págs. 02 e 03; D.E.J.T de

21/3/2016, pág. 02; D.E.J.T de 22/3/2016,

pág. 02)

Súmula 51:

"TRABALHO RURAL.

PAUSAS PREVISTAS NA NR-31 DO

MINISTÉRIO DO TRABALHO E

EMPREGO. APLICAÇÃO ANALÓGICA

DO ART. 72 DA CLT. Face à ausência de

previsão expressa na NR 31 do MTE acerca

da duração das pausas previstas para os

trabalhadores rurais, em atividades

realizadas em pé ou que exijam sobrecarga

muscular estática ou dinâmica, aplicam-se,

por analogia, no que tange ao tempo a ser

observado e à regularidade do descanso, as

disposições contidas no art. 72 da CLT".

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

003/2016, de 17 de março de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 18/3/2016, págs.

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02 e 03; D.E.J.T de 21/3/2016, pág. 02;

D.E.J.T de 22/3/2016, pág. 02)

Súmula 52:

"FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA

PRÓPRIA. REMUNERAÇÃO FORA DO

PRAZO PREVISTO NO ART. 145 DA

CLT. DOBRA DEVIDA. ART. 137 DA

CLT E SÚMULA 450 DO C. TST. É

devido o pagamento da dobra da

remuneração de férias, incluído o terço

constitucional, com base no art. 137 da

CLT e Súmula 450 do C. TST, quando,

ainda que gozadas na época própria, o

empregador tenha descumprido o prazo

previsto no art. 145 do mesmo diploma

legal. (RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA

Nº 003/2016, de 17 de março de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 18/3/2016, págs.

02 e 03; D.E.J.T de 21/3/2016, pág. 02;

D.E.J.T de 22/3/2016, pág. 02)

Súmula 53:

"TRANSPORTE DE

VALORES EM BENEFÍCIO DO

EMPREGADOR, INDENIZAÇÃO POR

DANO MORAL DEVIDA. A conduta do

empregador de exigir do empregado

atividade de transporte de valores, com

exposição indevida a situação de risco,

enseja o pagamento de indenização por

dano moral, nos termos do art. 5º, X, da

Constituição Federal". (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 003/2016, de 17

de março de 2016 - Divulgada no D.E.J.T

de 18/3/2016, págs. 02 e 03; D.E.J.T de

21/3/2016, pág. 02; D.E.J.T de 22/3/2016,

pág. 02)

Súmula 55:

"FUNDAÇÃO CASA.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

CONTATO HABITUAL COM DOENTES

E MATERIAIS

INFECTOCONTAGIOSOS. Comprovado

que o trabalhador mantém contato habitual

com doentes e materiais infectocontagiosos,

o adicional de insalubridade é devido".

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

005/2016, de 30 de março de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 01/04/2016, págs.

01 e 02; D.E.J.T de 04/04/2016, págs. 01 e

02; D.E.J.T de 05/04/2016, pág. 01)

Súmula 56:

"DEPÓSITOS DE FGTS.

ÔNUS DA PROVA. Em decorrência do

princípio da aptidão da prova, cabe ao

empregador o ônus de comprovar a

regularidade dos depósitos de FGTS,

incumbindo ao empregado apontar

eventuais diferenças, ainda que por

amostragem". (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 005/2016, de 30

de março de 2016 - Divulgada no D.E.J.T

de 01/04/2016, págs. 01 e 02; D.E.J.T de

04/04/2016, págs. 01 e 02; D.E.J.T de

05/04/2016, pág. 01)

Súmula 57:

"CONTROLES DE PONTO

SEM ASSINATURA. EFICÁCIA

PROBANTE. A ausência de assinatura do

trabalhador no controle de ponto, por si só,

não o invalida como meio de prova,

tampouco transfere ao empregador o ônus

da prova da jornada de trabalho".

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

007/2016, de 20 de maio de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 23/05/2016, págs.

02-04; D.E.J.T de 24/05/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 58:

"CONTROLE DE PONTO.

REGISTRO. HORAS EXTRAS.

MINUTOS QUE ANTECEDEM E

SUCEDEM A JORNADA DE

TRABALHO. Não serão descontadas nem

computadas como jornada extraordinária as

variações de horário do registro de ponto

não excedentes de cinco minutos,

observado o limite máximo de dez minutos

diários. Se ultrapassado esse limite, será

considerada como extra a totalidade do

tempo que exceder a jornada normal, pois

configurado tempo à disposição do

empregador, não importando as atividades

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desenvolvidas pelo empregado ao longo do

tempo residual." (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 007/2016, de 20

de maio de 2016 - Divulgada no D.E.J.T de

23/05/2016, págs. 02-04; D.E.J.T de

24/05/2016, págs. 01-02; D.E.J.T de

25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 59:

"EMPRESA BRASILEIRA DE

CORREIOS E TELÉGRAFOS.

PROGRESSÕES HORIZONTAIS POR

ANTIGUIDADE. O direito do empregado

da ECT à progressão horizontal por

antiguidade não depende da deliberação da

diretoria da empresa, quando demonstrado

o preenchimento dos requisitos objetivos

previstos no plano de cargos e salários.

Inteligência da Orientação Jurisprudencial

Transitória nº 71 da SBDI-1, TST."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

007/2016, de 20 de maio de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 23/05/2016, págs.

02-04; D.E.J.T de 24/05/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 60:

60 - "MUNICÍPIO DE SANTA

BÁRBARA D'OESTE. TRIÊNIO. O art. 36

da Lei Complementar Municipal 66/2009

não suprimiu o adicional por tempo de

serviço, pago anteriormente na modalidade

de triênios, mas apenas o incorporou à

remuneração, em rubrica específica, não

constituindo alteração contratual lesiva.

Ausência de violação ao art. 468 CLT."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

007/2016, de 20 de maio de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 23/05/2016, págs.

02-04; D.E.J.T de 24/05/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 61:

"COMISSIONISTA PURO.

INTERVALO INTRAJORNADA. NÃO

CONCESSÃO OU REDUÇÃO. A não

concessão ou concessão parcial do intervalo

intrajornada mínimo para repouso e

alimentação a empregado comissionista

puro, sujeito a controle de horário, implica

o pagamento total do período

correspondente com acréscimo de, no

mínimo, 50% sobre o valor da remuneração

da hora normal de trabalho, na esteira do

item I da Súmula 437 do TST."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

007/2016, de 20 de maio de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 23/05/2016, págs.

02-04; D.E.J.T de 24/05/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 62:

"MUNICÍPIO DE CAPÃO

BONITO. DIFERENÇAS SALARIAIS.

PROMOÇÃO VERTICAL POR

MERECIMENTO. CRITÉRIOS

OBJETIVOS. AUTOAPLICABILIDADE

DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL

Nº 45/2005. A legislação municipal nº

45/2005 prevê critérios puramente objetivos

para a concessão das promoções por

merecimento. Uma vez preenchidos os

requisitos, os motivos técnicos que deram

causa às irregularidades no processo de

avaliação de desempenho não podem

acarretar prejuízos ao servidor. A

municipalidade deve arcar com as

consequências de sua omissão e conceder a

promoção, em obediência à norma legal que

a estatuiu, sob pena de afrontar o princípio

da legalidade, previsto no art. 37 da CF/88."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

007/2016, de 20 de maio de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 23/05/2016, págs.

02-04; D.E.J.T de 24/05/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 25/05/2016, págs. 01-02)

Súmula 64

"INTERVALO

INTRAJORNADA. REDUÇÃO

MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA.

IMPOSSIBILIDADE. A despeito do

reconhecimento constitucional dos ajustes

coletivos de trabalho (art. 7º, XXVI), é

inválida a cláusula de acordo ou convenção

coletiva de trabalho contemplando a

supressão ou redução do período intervalar

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assegurado no artigo 71, da CLT, destinado

à refeição e descanso do empregado, por

constituir norma de ordem pública, medida

de higiene, saúde e segurança do trabalho."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

008/2016, de 7 de julho de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 08/07/2016, págs.

01-02; D.E.J.T de 11/07/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 12/07/2016, págs. 01-02)

Súmula 65

"AVISO PRÉVIO

INDENIZADO. NATUREZA JURÍDICA.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

NÃO INCIDÊNCIA. O aviso prévio

indenizado não se destina a remunerar o

trabalho prestado, tampouco retribuir tempo

à disposição do empregador. Diante da

natureza indenizatória da parcela, não há

incidência de contribuição previdenciária."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

008/2016, de 7 de julho de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 08/07/2016, págs.

01-02; D.E.J.T de 11/07/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 12/07/2016, págs. 01-02)

Súmula 66

"JORNADA DE TRABALHO.

ADVOGADO EMPREGADO.

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.

EXIGÊNCIA DE PREVISÃO

CONTRATUAL. LEI 8.906/94. HORAS

EXTRAS. O regime de dedicação exclusiva

no labor do advogado deve ser

expressamente previsto no contrato de

trabalho para que a jornada laboral possa

ser elastecida além da quarta diária, nos

termos do artigo 20 da Lei 8.906/94, a teor

da atual redação do artigo 12 do

Regulamento Geral do Estatuto da

Advocacia e da OAB, modificado em

12/12/2000. A inobservância desse

requisito para os ajustes celebrados após a

alteração do Regulamento Geral acarreta o

direito ao pagamento de horas extras, assim

consideradas as excedentes da 4ª diária,

salvo prova em sentido contrário."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

008/2016, de 7 de julho de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 08/07/2016, págs.

01-02; D.E.J.T de 11/07/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 12/07/2016, págs. 01-02)

Súmula 67

"DANO MORAL. AUSÊNCIA

DO REGISTRO DO CONTRATO DE

TRABALHO NA CTPS DO

EMPREGADO. A falta de anotação da

CTPS, por si só, não configura dano moral

ensejador de reparação pecuniária."

(RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº

008/2016, de 7 de julho de 2016 -

Divulgada no D.E.J.T de 08/07/2016, págs.

01-02; D.E.J.T de 11/07/2016, págs. 01-02;

D.E.J.T de 12/07/2016, págs. 01-02)

Súmula 68

"LEI MUNICIPAL. REVISÃO

SALARIAL EM VALOR FIXO.

ABONOS. INCORPORAÇÃO.

REAJUSTE EM PERCENTUAIS

DIFERENCIADOS. O artigo 37, inciso X,

da Constituição Federal prevê a revisão

geral anual da remuneração dos servidores

públicos na mesma data e sem distinção de

índices. A concessão de reajuste em valor

fixo e idêntico para todos os servidores

viola o referido dispositivo constitucional,

pois acarreta majoração salarial

diferenciada, o que acaba por gerar direito a

diferenças como forma de corrigir a

distorção provocada." (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 009/2016, de 25

de julho de 2016 - Divulgada no D.E.J.T de

27/07/2016, pág. 01; D.E.J.T de

28/07/2016, págs. 01-02; D.E.J.T de

29/07/2016, pág. 01)

Tese Prevalecente 01:

"HORAS IN ITINERE.

PREFIXAÇÃO DO TEMPO. NORMA

COLETIVA. É válida a cláusula de

convenção ou acordo coletivo de trabalho

que fixa a quantidade de horas in itinere,

desde que o tempo prefixado não seja

inferior a 50% do tempo real de percurso,

observados os princípios da razoabilidade e

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proporcionalidade." (RESOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA Nº 010/2016, de 25

de julho de 2016 - Divulgada no D.E.J.T de

27/07/2016, pág. 02; D.E.J.T de

28/07/2016, pág. 01; D.E.J.T de

29/07/2016, págs. 02)

7) Segurada demitida que

recolheu ao INSS por precaução

receberá seguro-desemprego

A desembargadora federal

Marisa Santos, da Nona Turma do Tribunal

Regional Federal da 3ª Região (TRF3),

determinou o pagamento de seguro-

desemprego a uma segurada que, após ser

demitida, passou a recolher

preventivamente ao Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS) como segurada

facultativa. A União entendia que, por

recolher contribuições ao INSS, a autora

possuía renda e não se enquadrava nas

hipóteses de recebimento do benefício.

A magistrada lembra que estar

desempregado é condição fundamental para

o recebimento do benefício, e que a

admissão em um novo emprego é causa de

suspensão do seguro.

Contudo, no caso, decisão

destacou que a segurada ignorava a

incompatibilidade entre o recebimento do

seguro-desemprego e o recolhimento de

contribuições previdenciárias, o que só

efetuou, por conta própria, na forma de

contribuinte facultativa, para que não

ficasse desamparada frente à Previdência.

A desembargadora federal

explicou que o segurado facultativo é

“aquele que está ao largo da atividade

econômica, mas, por ser previdente, deseja

ter proteção previdenciária. Por isso, a

legislação previdenciária faculta o seu

ingresso no sistema via inscrição”. São

exemplos de segurados facultativos a dona

de casa, o síndico de condomínio não

remunerado, o estudante a partir dos 16

anos de idade, o bolsista e o estagiário.

A magistrada conclui: “Tal

equívoco em nada altera a situação da

impetrante, qual seja, trabalhador

dispensado sem justa causa. Em suma, não

há nos autos qualquer indicativo de que a

impetrada passou a exercer atividade

profissional que lhe garantisse a percepção

de ‘renda própria’. Logo, entendo que a

impetrante faz jus à percepção das demais

parcelas do seguro desemprego”.

Processo Nº 0009526-

77.2015.4.03.6100/SP.

SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL

DE JUSTIÇA

SÚMULA 579

Ementa

Não é necessário ratificar o recurso especial

interposto na pendência do julgamento dos

embargos de declaração, quando inalterado

o resultado anterior.

NOVAS LEIS

Lei nº 13.330 de 2.8.2016

“Receptação de animal

Art. 180-A. Adquirir, receber,

transportar, conduzir, ocultar, ter em

depósito ou vender, com a finalidade de

produção ou de comercialização, semovente

domesticável de produção, ainda que

abatido ou dividido em partes, que deve

saber ser produto de crime:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5

(cinco) anos, e multa.”

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Lei nº 13.306 de 4.7.2016

Art. 1o O inciso IV do caput do art.

54 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 -

Estatuto da Criança e do Adolescente, passa

a vigorar com a seguinte redação:

“Art.

54..................................................................

.......

.............................................................

...............................

IV – atendimento em creche e pré-

escola às crianças de zero a cinco anos de

idade;

.............................................................

...................” (NR)

Art. 2º O inciso III do caput do art.

208 da Lei n º 8.069, 13 de julho de 1990,

passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art.

208................................................................

......

.............................................................

..............................

III – de atendimento em creche e pré-

escola às crianças de zero a cinco anos de

idade;

.............................................................

..................” (NR)

Lei nº 13.303 de 30.6.2016

DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS

EMPRESAS PÚBLICAS E ÀS

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o

estatuto jurídico da empresa pública, da

sociedade de economia mista e de suas

subsidiárias, abrangendo toda e qualquer

empresa pública e sociedade de economia

mista da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios que explore

atividade econômica de produção ou

comercialização de bens ou de prestação de

serviços, ainda que a atividade econômica

esteja sujeita ao regime de monopólio da

União ou seja de prestação de serviços

públicos.

§ 1o O Título I desta Lei, exceto o

disposto nos arts. 2o, 3

o, 4

o, 5

o, 6

o, 7

o, 8

o,

11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública

e à sociedade de economia mista que tiver,

em conjunto com suas respectivas

subsidiárias, no exercício social anterior,

receita operacional bruta inferior a R$

90.000.000,00 (noventa milhões de reais).

§ 2o O disposto nos Capítulos I e II

do Título II desta Lei aplica-se inclusive à

empresa pública dependente, definida nos

termos do inciso III do art. 2o da Lei

Complementar no 101, de 4 de maio de

2000, que explore atividade econômica,

ainda que a atividade econômica esteja

sujeita ao regime de monopólio da União

ou seja de prestação de serviços públicos.

§ 3o Os Poderes Executivos poderão

editar atos que estabeleçam regras de

governança destinadas às suas respectivas

empresas públicas e sociedades de

economia mista que se enquadrem na

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hipótese do § 1o, observadas as diretrizes

gerais desta Lei.

§ 4o A não edição dos atos de que

trata o § 3o no prazo de 180 (cento e

oitenta) dias a partir da publicação desta Lei

submete as respectivas empresas públicas e

sociedades de economia mista às regras de

governança previstas no Título I desta Lei.

§ 5o Submetem-se ao regime previsto

nesta Lei a empresa pública e a sociedade

de economia mista que participem de

consórcio, conforme disposto no art. 279

da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de

1976, na condição de operadora.

§ 6o Submete-se ao regime previsto

nesta Lei a sociedade, inclusive a de

propósito específico, que seja controlada

por empresa pública ou sociedade de

economia mista abrangidas no caput.

§ 7o Na participação em sociedade

empresarial em que a empresa pública, a

sociedade de economia mista e suas

subsidiárias não detenham o controle

acionário, essas deverão adotar, no dever de

fiscalizar, práticas de governança e controle

proporcionais à relevância, à materialidade

e aos riscos do negócio do qual são

partícipes, considerando, para esse fim:

I - documentos e informações

estratégicos do negócio e demais relatórios

e informações produzidos por força de

acordo de acionistas e de Lei considerados

essenciais para a defesa de seus interesses

na sociedade empresarial investida;

II - relatório de execução do

orçamento e de realização de investimentos

programados pela sociedade, inclusive

quanto ao alinhamento dos custos orçados e

dos realizados com os custos de mercado;

III - informe sobre execução da

política de transações com partes

relacionadas;

IV - análise das condições de

alavancagem financeira da sociedade;

V - avaliação de inversões financeiras

e de processos relevantes de alienação de

bens móveis e imóveis da sociedade;

VI - relatório de risco das contratações

para execução de obras, fornecimento de

bens e prestação de serviços relevantes para

os interesses da investidora;

VII - informe sobre execução de

projetos relevantes para os interesses da

investidora;

VIII - relatório de cumprimento, nos

negócios da sociedade, de condicionantes

socioambientais estabelecidas pelos órgãos

ambientais;

IX - avaliação das necessidades de

novos aportes na sociedade e dos possíveis

riscos de redução da rentabilidade esperada

do negócio;

X - qualquer outro relatório,

documento ou informação produzido pela

sociedade empresarial investida

considerado relevante para o cumprimento

do comando constante do caput.

Art. 2o A exploração de atividade

econômica pelo Estado será exercida por

meio de empresa pública, de sociedade de

economia mista e de suas subsidiárias.

§ 1o A constituição de empresa

pública ou de sociedade de economia mista

dependerá de prévia autorização legal que

indique, de forma clara, relevante interesse

coletivo ou imperativo de segurança

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nacional, nos termos do caput do art. 173 da

Constituição Federal.

§ 2o Depende de autorização

legislativa a criação de subsidiárias de

empresa pública e de sociedade de

economia mista, assim como a participação

de qualquer delas em empresa privada, cujo

objeto social deve estar relacionado ao da

investidora, nos termos do inciso XX do art.

37 da Constituição Federal.

§ 3o A autorização para participação

em empresa privada prevista no § 2o não se

aplica a operações de tesouraria,

adjudicação de ações em garantia e

participações autorizadas pelo Conselho de

Administração em linha com o plano de

negócios da empresa pública, da sociedade

de economia mista e de suas respectivas

subsidiárias.

Art. 3o Empresa pública é a entidade

dotada de personalidade jurídica de direito

privado, com criação autorizada por lei e

com patrimônio próprio, cujo capital social

é integralmente detido pela União, pelos

Estados, pelo Distrito Federal ou pelos

Municípios.

Parágrafo único. Desde que a maioria

do capital votante permaneça em

propriedade da União, do Estado, do

Distrito Federal ou do Município, será

admitida, no capital da empresa pública, a

participação de outras pessoas jurídicas de

direito público interno, bem como de

entidades da administração indireta da

União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios.

Art. 4o Sociedade de economia mista é

a entidade dotada de personalidade jurídica

de direito privado, com criação autorizada

por lei, sob a forma de sociedade anônima,

cujas ações com direito a voto pertençam

em sua maioria à União, aos Estados, ao

Distrito Federal, aos Municípios ou a

entidade da administração indireta.

§ 1o A pessoa jurídica que controla a

sociedade de economia mista tem os

deveres e as responsabilidades do acionista

controlador, estabelecidos na Lei nº 6.404,

de 15 de dezembro de 1976, e deverá

exercer o poder de controle no interesse da

companhia, respeitado o interesse público

que justificou sua criação.

§ 2o Além das normas previstas nesta

Lei, a sociedade de economia mista com

registro na Comissão de Valores

Mobiliários sujeita-se às disposições da Lei

no 6.385, de 7 de dezembro de 1976.

CAPÍTULO II

DO REGIME SOCIETÁRIO DA

EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE

DE ECONOMIA MISTA

Seção I

Das Normas Gerais

Art. 5o A sociedade de economia

mista será constituída sob a forma de

sociedade anônima e, ressalvado o disposto

nesta Lei, estará sujeita ao regime previsto

na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de

1976.

Art. 6o O estatuto da empresa pública,

da sociedade de economia mista e de suas

subsidiárias deverá observar regras de

governança corporativa, de transparência e

de estruturas, práticas de gestão de riscos e

de controle interno, composição da

administração e, havendo acionistas,

mecanismos para sua proteção, todos

constantes desta Lei.

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Art. 7o Aplicam-se a todas as

empresas públicas, as sociedades de

economia mista de capital fechado e as suas

subsidiárias as disposições da Lei no 6.404,

de 15 de dezembro de 1976, e as normas da

Comissão de Valores Mobiliários sobre

escrituração e elaboração de demonstrações

financeiras, inclusive a obrigatoriedade de

auditoria independente por auditor

registrado nesse órgão.

Art. 8o As empresas públicas e as

sociedades de economia mista deverão

observar, no mínimo, os seguintes

requisitos de transparência:

I - elaboração de carta anual, subscrita

pelos membros do Conselho de

Administração, com a explicitação dos

compromissos de consecução de objetivos

de políticas públicas pela empresa pública,

pela sociedade de economia mista e por

suas subsidiárias, em atendimento ao

interesse coletivo ou ao imperativo de

segurança nacional que justificou a

autorização para suas respectivas criações,

com definição clara dos recursos a serem

empregados para esse fim, bem como dos

impactos econômico-financeiros da

consecução desses objetivos, mensuráveis

por meio de indicadores objetivos;

II - adequação de seu estatuto social à

autorização legislativa de sua criação;

III - divulgação tempestiva e

atualizada de informações relevantes, em

especial as relativas a atividades

desenvolvidas, estrutura de controle, fatores

de risco, dados econômico-financeiros,

comentários dos administradores sobre o

desempenho, políticas e práticas de

governança corporativa e descrição da

composição e da remuneração da

administração;

IV - elaboração e divulgação de

política de divulgação de informações, em

conformidade com a legislação em vigor e

com as melhores práticas;

V - elaboração de política de

distribuição de dividendos, à luz do

interesse público que justificou a criação da

empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

VI - divulgação, em nota explicativa

às demonstrações financeiras, dos dados

operacionais e financeiros das atividades

relacionadas à consecução dos fins de

interesse coletivo ou de segurança

nacional;

VII - elaboração e divulgação da

política de transações com partes

relacionadas, em conformidade com os

requisitos de competitividade,

conformidade, transparência, equidade e

comutatividade, que deverá ser revista, no

mínimo, anualmente e aprovada pelo

Conselho de Administração;

VIII - ampla divulgação, ao público

em geral, de carta anual de governança

corporativa, que consolide em um único

documento escrito, em linguagem clara e

direta, as informações de que trata o inciso

III;

IX - divulgação anual de relatório

integrado ou de sustentabilidade.

§ 1o O interesse público da empresa

pública e da sociedade de economia mista,

respeitadas as razões que motivaram a

autorização legislativa, manifesta-se por

meio do alinhamento entre seus objetivos e

aqueles de políticas públicas, na forma

explicitada na carta anual a que se refere o

inciso I do caput.

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§ 2o Quaisquer obrigações e

responsabilidades que a empresa pública e a

sociedade de economia mista que explorem

atividade econômica assumam em

condições distintas às de qualquer outra

empresa do setor privado em que atuam

deverão:

I - estar claramente definidas em lei

ou regulamento, bem como previstas em

contrato, convênio ou ajuste celebrado com

o ente público competente para estabelecê-

las, observada a ampla publicidade desses

instrumentos;

II - ter seu custo e suas receitas

discriminados e divulgados de forma

transparente, inclusive no plano contábil.

§ 3o Além das obrigações contidas

neste artigo, as sociedades de economia

mista com registro na Comissão de Valores

Mobiliários sujeitam-se ao regime

informacional estabelecido por essa

autarquia e devem divulgar as informações

previstas neste artigo na forma fixada em

suas normas.

§ 4o Os documentos resultantes do

cumprimento dos requisitos de

transparência constantes dos incisos I a IX

do caput deverão ser publicamente

divulgados na internet de forma permanente

e cumulativa.

Art. 9o A empresa pública e a

sociedade de economia mista adotarão

regras de estruturas e práticas de gestão de

riscos e controle interno que abranjam:

I - ação dos administradores e

empregados, por meio da implementação

cotidiana de práticas de controle interno;

II - área responsável pela verificação

de cumprimento de obrigações e de gestão

de riscos;

III - auditoria interna e Comitê de

Auditoria Estatutário.

§ 1o Deverá ser elaborado e

divulgado Código de Conduta e

Integridade, que disponha sobre:

I - princípios, valores e missão da

empresa pública e da sociedade de

economia mista, bem como orientações

sobre a prevenção de conflito de interesses

e vedação de atos de corrupção e fraude;

II - instâncias internas responsáveis

pela atualização e aplicação do Código de

Conduta e Integridade;

III - canal de denúncias que possibilite

o recebimento de denúncias internas e

externas relativas ao descumprimento do

Código de Conduta e Integridade e das

demais normas internas de ética e

obrigacionais;

IV - mecanismos de proteção que

impeçam qualquer espécie de retaliação a

pessoa que utilize o canal de denúncias;

V - sanções aplicáveis em caso de

violação às regras do Código de Conduta e

Integridade;

VI - previsão de treinamento

periódico, no mínimo anual, sobre Código

de Conduta e Integridade, a empregados e

administradores, e sobre a política de gestão

de riscos, a administradores.

§ 2o A área responsável pela

verificação de cumprimento de obrigações e

de gestão de riscos deverá ser vinculada ao

diretor-presidente e liderada por diretor

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estatutário, devendo o estatuto social prever

as atribuições da área, bem como

estabelecer mecanismos que assegurem

atuação independente.

§ 3o A auditoria interna deverá:

I - ser vinculada ao Conselho de

Administração, diretamente ou por meio do

Comitê de Auditoria Estatutário;

II - ser responsável por aferir a

adequação do controle interno, a

efetividade do gerenciamento dos riscos e

dos processos de governança e a

confiabilidade do processo de coleta,

mensuração, classificação, acumulação,

registro e divulgação de eventos e

transações, visando ao preparo de

demonstrações financeiras.

§ 4o O estatuto social deverá prever,

ainda, a possibilidade de que a área de

compliance se reporte diretamente ao

Conselho de Administração em situações

em que se suspeite do envolvimento do

diretor-presidente em irregularidades ou

quando este se furtar à obrigação de adotar

medidas necessárias em relação à situação a

ele relatada.

Art. 10. A empresa pública e a

sociedade de economia mista deverão criar

comitê estatutário para verificar a

conformidade do processo de indicação e

de avaliação de membros para o Conselho

de Administração e para o Conselho Fiscal,

com competência para auxiliar o acionista

controlador na indicação desses membros.

Parágrafo único. Devem ser

divulgadas as atas das reuniões do comitê

estatutário referido no caput realizadas com

o fim de verificar o cumprimento, pelos

membros indicados, dos requisitos

definidos na política de indicação, devendo

ser registradas as eventuais manifestações

divergentes de conselheiros.

Art. 11. A empresa pública não

poderá:

I - lançar debêntures ou outros títulos

ou valores mobiliários, conversíveis em

ações;

II - emitir partes beneficiárias.

Art. 12. A empresa pública e a

sociedade de economia mista deverão:

I - divulgar toda e qualquer forma de

remuneração dos administradores;

II - adequar constantemente suas

práticas ao Código de Conduta e

Integridade e a outras regras de boa prática

de governança corporativa, na forma

estabelecida na regulamentação desta Lei.

Parágrafo único. A sociedade de

economia mista poderá solucionar,

mediante arbitragem, as divergências entre

acionistas e a sociedade, ou entre acionistas

controladores e acionistas minoritários, nos

termos previstos em seu estatuto social.

Art. 13. A lei que autorizar a criação

da empresa pública e da sociedade de

economia mista deverá dispor sobre as

diretrizes e restrições a serem consideradas

na elaboração do estatuto da companhia, em

especial sobre:

I - constituição e funcionamento do

Conselho de Administração, observados o

número mínimo de 7 (sete) e o número

máximo de 11 (onze) membros;

II - requisitos específicos para o

exercício do cargo de diretor, observado o

número mínimo de 3 (três) diretores;

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III - avaliação de desempenho,

individual e coletiva, de periodicidade

anual, dos administradores e dos membros

de comitês, observados os seguintes

quesitos mínimos:

a) exposição dos atos de gestão

praticados, quanto à licitude e à eficácia da

ação administrativa;

b) contribuição para o resultado do

exercício;

c) consecução dos objetivos

estabelecidos no plano de negócios e

atendimento à estratégia de longo prazo;

IV - constituição e funcionamento do

Conselho Fiscal, que exercerá suas

atribuições de modo permanente;

V - constituição e funcionamento do

Comitê de Auditoria Estatutário;

VI - prazo de gestão dos membros do

Conselho de Administração e dos indicados

para o cargo de diretor, que será unificado e

não superior a 2 (dois) anos, sendo

permitidas, no máximo, 3 (três)

reconduções consecutivas;

VII – (VETADO);

VIII - prazo de gestão dos membros

do Conselho Fiscal não superior a 2 (dois)

anos, permitidas 2 (duas) reconduções

consecutivas.

Seção II

Do Acionista Controlador

Art. 14. O acionista controlador da

empresa pública e da sociedade de

economia mista deverá:

I - fazer constar do Código de

Conduta e Integridade, aplicável à alta

administração, a vedação à divulgação, sem

autorização do órgão competente da

empresa pública ou da sociedade de

economia mista, de informação que possa

causar impacto na cotação dos títulos da

empresa pública ou da sociedade de

economia mista e em suas relações com o

mercado ou com consumidores e

fornecedores;

II - preservar a independência do

Conselho de Administração no exercício de

suas funções;

III - observar a política de indicação

na escolha dos administradores e membros

do Conselho Fiscal.

Art. 15. O acionista controlador da

empresa pública e da sociedade de

economia mista responderá pelos atos

praticados com abuso de poder, nos termos

da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de

1976.

§ 1o A ação de reparação poderá ser

proposta pela sociedade, nos termos do art.

246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de

1976, pelo terceiro prejudicado ou pelos

demais sócios, independentemente de

autorização da assembleia-geral de

acionistas.

§ 2o Prescreve em 6 (seis) anos,

contados da data da prática do ato abusivo,

a ação a que se refere o § 1o.

Seção III

Do Administrador

Art. 16. Sem prejuízo do disposto

nesta Lei, o administrador de empresa

pública e de sociedade de economia mista é

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submetido às normas previstas na Lei nº

6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Parágrafo único. Consideram-se

administradores da empresa pública e da

sociedade de economia mista os membros

do Conselho de Administração e da

diretoria.

Art. 17. Os membros do Conselho de

Administração e os indicados para os

cargos de diretor, inclusive presidente,

diretor-geral e diretor-presidente, serão

escolhidos entre cidadãos de reputação

ilibada e de notório conhecimento, devendo

ser atendidos, alternativamente, um dos

requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do

inciso I e, cumulativamente, os requisitos

dos incisos II e III:

I - ter experiência profissional de, no

mínimo:

a) 10 (dez) anos, no setor público ou

privado, na área de atuação da empresa

pública ou da sociedade de economia mista

ou em área conexa àquela para a qual forem

indicados em função de direção superior;

ou

b) 4 (quatro) anos ocupando pelo

menos um dos seguintes cargos:

1. cargo de direção ou de chefia

superior em empresa de porte ou objeto

social semelhante ao da empresa pública ou

da sociedade de economia mista,

entendendo-se como cargo de chefia

superior aquele situado nos 2 (dois) níveis

hierárquicos não estatutários mais altos da

empresa;

2. cargo em comissão ou função de

confiança equivalente a DAS-4 ou superior,

no setor público;

3. cargo de docente ou de pesquisador

em áreas de atuação da empresa pública ou

da sociedade de economia mista;

c) 4 (quatro) anos de experiência

como profissional liberal em atividade

direta ou indiretamente vinculada à área de

atuação da empresa pública ou sociedade de

economia mista;

II - ter formação acadêmica

compatível com o cargo para o qual foi

indicado; e

III - não se enquadrar nas hipóteses de

inelegibilidade previstas nas alíneas do

inciso I do caput do art. 1o da Lei

Complementar no 64, de 18 de maio de

1990, com as alterações introduzidas pela

Lei Complementar no 135, de 4 de junho de

2010.

§ 1o O estatuto da empresa pública,

da sociedade de economia mista e de suas

subsidiárias poderá dispor sobre a

contratação de seguro de responsabilidade

civil pelos administradores.

§ 2o É vedada a indicação, para o

Conselho de Administração e para a

diretoria:

I - de representante do órgão

regulador ao qual a empresa pública ou a

sociedade de economia mista está sujeita,

de Ministro de Estado, de Secretário de

Estado, de Secretário Municipal, de titular

de cargo, sem vínculo permanente com o

serviço público, de natureza especial ou de

direção e assessoramento superior na

administração pública, de dirigente

estatutário de partido político e de titular de

mandato no Poder Legislativo de qualquer

ente da federação, ainda que licenciados do

cargo;

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II - de pessoa que atuou, nos últimos

36 (trinta e seis) meses, como participante

de estrutura decisória de partido político ou

em trabalho vinculado a organização,

estruturação e realização de campanha

eleitoral;

III - de pessoa que exerça cargo em

organização sindical;

IV - de pessoa que tenha firmado

contrato ou parceria, como fornecedor ou

comprador, demandante ou ofertante, de

bens ou serviços de qualquer natureza, com

a pessoa político-administrativa

controladora da empresa pública ou da

sociedade de economia mista ou com a

própria empresa ou sociedade em período

inferior a 3 (três) anos antes da data de

nomeação;

V - de pessoa que tenha ou possa ter

qualquer forma de conflito de interesse com

a pessoa político-administrativa

controladora da empresa pública ou da

sociedade de economia mista ou com a

própria empresa ou sociedade.

§ 3o A vedação prevista no inciso I do

§ 2o estende-se também aos parentes

consanguíneos ou afins até o terceiro grau

das pessoas nele mencionadas.

§ 4o Os administradores eleitos

devem participar, na posse e anualmente, de

treinamentos específicos sobre legislação

societária e de mercado de capitais,

divulgação de informações, controle

interno, código de conduta, a Lei no 12.846,

de 1o de agosto de 2013 (Lei

Anticorrupção), e demais temas

relacionados às atividades da empresa

pública ou da sociedade de economia

mista.

§ 5o Os requisitos previstos no inciso

I do caput poderão ser dispensados no caso

de indicação de empregado da empresa

pública ou da sociedade de economia mista

para cargo de administrador ou como

membro de comitê, desde que atendidos os

seguintes quesitos mínimos:

I - o empregado tenha ingressado na

empresa pública ou na sociedade de

economia mista por meio de concurso

público de provas ou de provas e títulos;

II - o empregado tenha mais de 10

(dez) anos de trabalho efetivo na empresa

pública ou na sociedade de economia

mista;

III - o empregado tenha ocupado

cargo na gestão superior da empresa

pública ou da sociedade de economia mista,

comprovando sua capacidade para assumir

as responsabilidades dos cargos de que trata

o caput.

Seção IV

Do Conselho de Administração

Art. 18. Sem prejuízo das

competências previstas no art. 142 da Lei nº

6.404, de 15 de dezembro de 1976, e das

demais atribuições previstas nesta Lei,

compete ao Conselho de Administração:

I - discutir, aprovar e monitorar

decisões envolvendo práticas de

governança corporativa, relacionamento

com partes interessadas, política de gestão

de pessoas e código de conduta dos

agentes;

II - implementar e supervisionar os

sistemas de gestão de riscos e de controle

interno estabelecidos para a prevenção e

mitigação dos principais riscos a que está

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exposta a empresa pública ou a sociedade

de economia mista, inclusive os riscos

relacionados à integridade das informações

contábeis e financeiras e os relacionados à

ocorrência de corrupção e fraude;

III - estabelecer política de porta-

vozes visando a eliminar risco de

contradição entre informações de diversas

áreas e as dos executivos da empresa

pública ou da sociedade de economia

mista;

IV - avaliar os diretores da empresa

pública ou da sociedade de economia mista,

nos termos do inciso III do art. 13, podendo

contar com apoio metodológico e

procedimental do comitê estatutário

referido no art. 10.

Art. 19. É garantida a participação, no

Conselho de Administração, de

representante dos empregados e dos

acionistas minoritários.

§ 1o As normas previstas na Lei n

o

12.353, de 28 de dezembro de 2010,

aplicam-se à participação de empregados no

Conselho de Administração da empresa

pública, da sociedade de economia mista e

de suas subsidiárias e controladas e das

demais empresas em que a União, direta ou

indiretamente, detenha a maioria do capital

social com direito a voto.

§ 2o É assegurado aos acionistas

minoritários o direito de eleger 1 (um)

conselheiro, se maior número não lhes

couber pelo processo de voto múltiplo

previsto na Lei no 6.404, de 15 de dezembro

de 1976.

Art. 20. É vedada a participação

remunerada de membros da administração

pública, direta ou indireta, em mais de 2

(dois) conselhos, de administração ou

fiscal, de empresa pública, de sociedade de

economia mista ou de suas subsidiárias.

Art. 21. (VETADO).

Parágrafo único. (VETADO).

Seção V

Do Membro Independente do

Conselho de Administração

Art. 22. O Conselho de

Administração deve ser composto, no

mínimo, por 25% (vinte e cinco por cento)

de membros independentes ou por pelo

menos 1 (um), caso haja decisão pelo

exercício da faculdade do voto múltiplo

pelos acionistas minoritários, nos termos do

art. 141 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro

de 1976.

§ 1o O conselheiro independente

caracteriza-se por:

I - não ter qualquer vínculo com a

empresa pública ou a sociedade de

economia mista, exceto participação de

capital;

II - não ser cônjuge ou parente

consanguíneo ou afim, até o terceiro grau

ou por adoção, de chefe do Poder

Executivo, de Ministro de Estado, de

Secretário de Estado ou Município ou de

administrador da empresa pública ou da

sociedade de economia mista;

III - não ter mantido, nos últimos 3

(três) anos, vínculo de qualquer natureza

com a empresa pública, a sociedade de

economia mista ou seus controladores, que

possa vir a comprometer sua

independência;

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IV - não ser ou não ter sido, nos

últimos 3 (três) anos, empregado ou diretor

da empresa pública, da sociedade de

economia mista ou de sociedade controlada,

coligada ou subsidiária da empresa pública

ou da sociedade de economia mista, exceto

se o vínculo for exclusivamente com

instituições públicas de ensino ou pesquisa;

V - não ser fornecedor ou comprador,

direto ou indireto, de serviços ou produtos

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista, de modo a implicar perda

de independência;

VI - não ser funcionário ou

administrador de sociedade ou entidade que

esteja oferecendo ou demandando serviços

ou produtos à empresa pública ou à

sociedade de economia mista, de modo a

implicar perda de independência;

VII - não receber outra remuneração

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista além daquela relativa ao

cargo de conselheiro, à exceção de

proventos em dinheiro oriundos de

participação no capital.

§ 2o Quando, em decorrência da

observância do percentual mencionado no

caput, resultar número fracionário de

conselheiros, proceder-se-á ao

arredondamento para o número inteiro:

I - imediatamente superior, quando a

fração for igual ou superior a 0,5 (cinco

décimos);

II - imediatamente inferior, quando a

fração for inferior a 0,5 (cinco décimos).

§ 3o Não serão consideradas, para o

cômputo das vagas destinadas a membros

independentes, aquelas ocupadas pelos

conselheiros eleitos por empregados, nos

termos do § 1o do art. 19.

§ 4o Serão consideradas, para o

cômputo das vagas destinadas a membros

independentes, aquelas ocupadas pelos

conselheiros eleitos por acionistas

minoritários, nos termos do § 2o do art. 19.

§ 5o (VETADO).

Seção VI

Da Diretoria

Art. 23. É condição para investidura

em cargo de diretoria da empresa pública e

da sociedade de economia mista a assunção

de compromisso com metas e resultados

específicos a serem alcançados, que deverá

ser aprovado pelo Conselho de

Administração, a quem incumbe fiscalizar

seu cumprimento.

§ 1o Sem prejuízo do disposto no

caput, a diretoria deverá apresentar, até a

última reunião ordinária do Conselho de

Administração do ano anterior, a quem

compete sua aprovação:

I - plano de negócios para o exercício

anual seguinte;

II - estratégia de longo prazo

atualizada com análise de riscos e

oportunidades para, no mínimo, os

próximos 5 (cinco) anos.

§ 2o Compete ao Conselho de

Administração, sob pena de seus

integrantes responderem por omissão,

promover anualmente análise de

atendimento das metas e resultados na

execução do plano de negócios e da

estratégia de longo prazo, devendo publicar

suas conclusões e informá-las ao Congresso

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Nacional, às Assembleias Legislativas, à

Câmara Legislativa do Distrito Federal ou

às Câmaras Municipais e aos respectivos

tribunais de contas, quando houver.

§ 3o Excluem-se da obrigação de

publicação a que se refere o § 2o as

informações de natureza estratégica cuja

divulgação possa ser comprovadamente

prejudicial ao interesse da empresa pública

ou da sociedade de economia mista.

Seção VII

Do Comitê de Auditoria

Estatutário

Art. 24. A empresa pública e a

sociedade de economia mista deverão

possuir em sua estrutura societária Comitê

de Auditoria Estatutário como órgão

auxiliar do Conselho de Administração, ao

qual se reportará diretamente.

§ 1o Competirá ao Comitê de

Auditoria Estatutário, sem prejuízo de

outras competências previstas no estatuto

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista:

I - opinar sobre a contratação e

destituição de auditor independente;

II - supervisionar as atividades dos

auditores independentes, avaliando sua

independência, a qualidade dos serviços

prestados e a adequação de tais serviços às

necessidades da empresa pública ou da

sociedade de economia mista;

III - supervisionar as atividades

desenvolvidas nas áreas de controle interno,

de auditoria interna e de elaboração das

demonstrações financeiras da empresa

pública ou da sociedade de economia

mista;

IV - monitorar a qualidade e a

integridade dos mecanismos de controle

interno, das demonstrações financeiras e

das informações e medições divulgadas

pela empresa pública ou pela sociedade de

economia mista;

V - avaliar e monitorar exposições de

risco da empresa pública ou da sociedade

de economia mista, podendo requerer, entre

outras, informações detalhadas sobre

políticas e procedimentos referentes a:

a) remuneração da administração;

b) utilização de ativos da empresa

pública ou da sociedade de economia

mista;

c) gastos incorridos em nome da

empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

VI - avaliar e monitorar, em conjunto

com a administração e a área de auditoria

interna, a adequação das transações com

partes relacionadas;

VII - elaborar relatório anual com

informações sobre as atividades, os

resultados, as conclusões e as

recomendações do Comitê de Auditoria

Estatutário, registrando, se houver, as

divergências significativas entre

administração, auditoria independente e

Comitê de Auditoria Estatutário em relação

às demonstrações financeiras;

VIII - avaliar a razoabilidade dos

parâmetros em que se fundamentam os

cálculos atuariais, bem como o resultado

atuarial dos planos de benefícios mantidos

pelo fundo de pensão, quando a empresa

pública ou a sociedade de economia mista

for patrocinadora de entidade fechada de

previdência complementar.

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§ 2o O Comitê de Auditoria

Estatutário deverá possuir meios para

receber denúncias, inclusive sigilosas,

internas e externas à empresa pública ou à

sociedade de economia mista, em matérias

relacionadas ao escopo de suas atividades.

§ 3o O Comitê de Auditoria

Estatutário deverá se reunir quando

necessário, no mínimo bimestralmente, de

modo que as informações contábeis sejam

sempre apreciadas antes de sua divulgação.

§ 4o A empresa pública e a sociedade

de economia mista deverão divulgar as atas

das reuniões do Comitê de Auditoria

Estatutário.

§ 5o Caso o Conselho de

Administração considere que a divulgação

da ata possa pôr em risco interesse legítimo

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista, a empresa pública ou a

sociedade de economia mista divulgará

apenas o extrato das atas.

§ 6o A restrição prevista no § 5

o não

será oponível aos órgãos de controle, que

terão total e irrestrito acesso ao conteúdo

das atas do Comitê de Auditoria Estatutário,

observada a transferência de sigilo.

§ 7o O Comitê de Auditoria

Estatutário deverá possuir autonomia

operacional e dotação orçamentária, anual

ou por projeto, dentro de limites aprovados

pelo Conselho de Administração, para

conduzir ou determinar a realização de

consultas, avaliações e investigações dentro

do escopo de suas atividades, inclusive com

a contratação e utilização de especialistas

externos independentes.

Art. 25. O Comitê de Auditoria

Estatutário será integrado por, no mínimo, 3

(três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, em

sua maioria independentes.

§ 1o São condições mínimas para

integrar o Comitê de Auditoria Estatutário:

I - não ser ou ter sido, nos 12 (doze)

meses anteriores à nomeação para o

Comitê:

a) diretor, empregado ou membro do

conselho fiscal da empresa pública ou

sociedade de economia mista ou de sua

controladora, controlada, coligada ou

sociedade em controle comum, direta ou

indireta;

b) responsável técnico, diretor,

gerente, supervisor ou qualquer outro

integrante com função de gerência de

equipe envolvida nos trabalhos de auditoria

na empresa pública ou sociedade de

economia mista;

II - não ser cônjuge ou parente

consanguíneo ou afim, até o segundo grau

ou por adoção, das pessoas referidas no

inciso I;

III - não receber qualquer outro tipo

de remuneração da empresa pública ou

sociedade de economia mista ou de sua

controladora, controlada, coligada ou

sociedade em controle comum, direta ou

indireta, que não seja aquela relativa à

função de integrante do Comitê de

Auditoria Estatutário;

IV - não ser ou ter sido ocupante de

cargo público efetivo, ainda que licenciado,

ou de cargo em comissão da pessoa jurídica

de direito público que exerça o controle

acionário da empresa pública ou sociedade

de economia mista, nos 12 (doze) meses

anteriores à nomeação para o Comitê de

Auditoria Estatutário.

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§ 2o Ao menos 1 (um) dos membros

do Comitê de Auditoria Estatutário deve ter

reconhecida experiência em assuntos de

contabilidade societária.

§ 3o O atendimento às previsões deste

artigo deve ser comprovado por meio de

documentação mantida na sede da empresa

pública ou sociedade de economia mista

pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos,

contado a partir do último dia de mandato

do membro do Comitê de Auditoria

Estatutário.

Seção VIII

Do Conselho Fiscal

Art. 26. Além das normas previstas

nesta Lei, aplicam-se aos membros do

Conselho Fiscal da empresa pública e da

sociedade de economia mista as disposições

previstas na Lei no 6.404, de 15 de

dezembro de 1976, relativas a seus poderes,

deveres e responsabilidades, a requisitos e

impedimentos para investidura e a

remuneração, além de outras disposições

estabelecidas na referida Lei.

§ 1o Podem ser membros do

Conselho Fiscal pessoas naturais, residentes

no País, com formação acadêmica

compatível com o exercício da função e que

tenham exercido, por prazo mínimo de 3

(três) anos, cargo de direção ou

assessoramento na administração pública

ou cargo de conselheiro fiscal ou

administrador em empresa.

§ 2o O Conselho Fiscal contará com

pelo menos 1 (um) membro indicado pelo

ente controlador, que deverá ser servidor

público com vínculo permanente com a

administração pública.

CAPÍTULO III

DA FUNÇÃO SOCIAL DA

EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE

DE ECONOMIA MISTA

Art. 27. A empresa pública e a

sociedade de economia mista terão a função

social de realização do interesse coletivo ou

de atendimento a imperativo da segurança

nacional expressa no instrumento de

autorização legal para a sua criação.

§ 1o A realização do interesse

coletivo de que trata este artigo deverá ser

orientada para o alcance do bem-estar

econômico e para a alocação socialmente

eficiente dos recursos geridos pela empresa

pública e pela sociedade de economia

mista, bem como para o seguinte:

I - ampliação economicamente

sustentada do acesso de consumidores aos

produtos e serviços da empresa pública ou

da sociedade de economia mista;

II - desenvolvimento ou emprego de

tecnologia brasileira para produção e oferta

de produtos e serviços da empresa pública

ou da sociedade de economia mista, sempre

de maneira economicamente justificada.

§ 2o A empresa pública e a sociedade

de economia mista deverão, nos termos da

lei, adotar práticas de sustentabilidade

ambiental e de responsabilidade social

corporativa compatíveis com o mercado em

que atuam.

§ 3o A empresa pública e a sociedade

de economia mista poderão celebrar

convênio ou contrato de patrocínio com

pessoa física ou com pessoa jurídica para

promoção de atividades culturais, sociais,

esportivas, educacionais e de inovação

tecnológica, desde que comprovadamente

vinculadas ao fortalecimento de sua marca,

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observando-se, no que couber, as normas de

licitação e contratos desta Lei.

TÍTULO II

DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS

EMPRESAS PúBLICAS, ÀS

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E

ÀS SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE

EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA

DE PRODUÇÃO OU

COMERCIALIZAÇÃO DE BENS OU DE

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, AINDA

QUE A ATIVIDADE ECONÔMICA

ESTEJA SUJEITA AO REGIME DE

MONOPÓLIO DA UNIÃO OU SEJA DE

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

PÚBLICOS.

CAPÍTULO I

DAS LICITAÇÕES

Seção I

Da Exigência de Licitação e dos

Casos de Dispensa e de Inexigibilidade

Art. 28. Os contratos com terceiros

destinados à prestação de serviços às

empresas públicas e às sociedades de

economia mista, inclusive de engenharia e

de publicidade, à aquisição e à locação de

bens, à alienação de bens e ativos

integrantes do respectivo patrimônio ou à

execução de obras a serem integradas a esse

patrimônio, bem como à implementação de

ônus real sobre tais bens, serão precedidos

de licitação nos termos desta Lei,

ressalvadas as hipóteses previstas nos arts.

29 e 30.

§ 1o Aplicam-se às licitações das

empresas públicas e das sociedades de

economia mista as disposições constantes

dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar no

123, de 14 de dezembro de 2006.

§ 2o O convênio ou contrato de

patrocínio celebrado com pessoas físicas ou

jurídicas de que trata o § 3o do art. 27

observará, no que couber, as normas de

licitação e contratos desta Lei.

§ 3o São as empresas públicas e as

sociedades de economia mista dispensadas

da observância dos dispositivos deste

Capítulo nas seguintes situações:

I - comercialização, prestação ou

execução, de forma direta, pelas empresas

mencionadas no caput, de produtos,

serviços ou obras especificamente

relacionados com seus respectivos objetos

sociais;

II - nos casos em que a escolha do

parceiro esteja associada a suas

características particulares, vinculada a

oportunidades de negócio definidas e

específicas, justificada a inviabilidade de

procedimento competitivo.

§ 4o Consideram-se oportunidades de

negócio a que se refere o inciso II do § 3o a

formação e a extinção de parcerias e outras

formas associativas, societárias ou

contratuais, a aquisição e a alienação de

participação em sociedades e outras formas

associativas, societárias ou contratuais e as

operações realizadas no âmbito do mercado

de capitais, respeitada a regulação pelo

respectivo órgão competente.

Art. 29. É dispensável a realização de

licitação por empresas públicas e

sociedades de economia mista:

I - para obras e serviços de engenharia

de valor até R$ 100.000,00 (cem mil reais),

desde que não se refiram a parcelas de uma

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mesma obra ou serviço ou ainda a obras e

serviços de mesma natureza e no mesmo

local que possam ser realizadas conjunta e

concomitantemente;

II - para outros serviços e compras de

valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)

e para alienações, nos casos previstos nesta

Lei, desde que não se refiram a parcelas de

um mesmo serviço, compra ou alienação de

maior vulto que possa ser realizado de uma

só vez;

III - quando não acudirem

interessados à licitação anterior e essa,

justificadamente, não puder ser repetida

sem prejuízo para a empresa pública ou a

sociedade de economia mista, bem como

para suas respectivas subsidiárias, desde

que mantidas as condições

preestabelecidas;

IV - quando as propostas apresentadas

consignarem preços manifestamente

superiores aos praticados no mercado

nacional ou incompatíveis com os fixados

pelos órgãos oficiais competentes;

V - para a compra ou locação de

imóvel destinado ao atendimento de suas

finalidades precípuas, quando as

necessidades de instalação e localização

condicionarem a escolha do imóvel, desde

que o preço seja compatível com o valor de

mercado, segundo avaliação prévia;

VI - na contratação de remanescente

de obra, de serviço ou de fornecimento, em

consequência de rescisão contratual, desde

que atendida a ordem de classificação da

licitação anterior e aceitas as mesmas

condições do contrato encerrado por

rescisão ou distrato, inclusive quanto ao

preço, devidamente corrigido;

VII - na contratação de instituição

brasileira incumbida regimental ou

estatutariamente da pesquisa, do ensino ou

do desenvolvimento institucional ou de

instituição dedicada à recuperação social do

preso, desde que a contratada detenha

inquestionável reputação ético-profissional

e não tenha fins lucrativos;

VIII - para a aquisição de

componentes ou peças de origem nacional

ou estrangeira necessários à manutenção de

equipamentos durante o período de garantia

técnica, junto ao fornecedor original desses

equipamentos, quando tal condição de

exclusividade for indispensável para a

vigência da garantia;

IX - na contratação de associação de

pessoas com deficiência física, sem fins

lucrativos e de comprovada idoneidade,

para a prestação de serviços ou

fornecimento de mão de obra, desde que o

preço contratado seja compatível com o

praticado no mercado;

X - na contratação de concessionário,

permissionário ou autorizado para

fornecimento ou suprimento de energia

elétrica ou gás natural e de outras

prestadoras de serviço público, segundo as

normas da legislação específica, desde que

o objeto do contrato tenha pertinência com

o serviço público.

XI - nas contratações entre empresas

públicas ou sociedades de economia mista e

suas respectivas subsidiárias, para aquisição

ou alienação de bens e prestação ou

obtenção de serviços, desde que os preços

sejam compatíveis com os praticados no

mercado e que o objeto do contrato tenha

relação com a atividade da contratada

prevista em seu estatuto social;

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XII - na contratação de coleta,

processamento e comercialização de

resíduos sólidos urbanos recicláveis ou

reutilizáveis, em áreas com sistema de

coleta seletiva de lixo, efetuados por

associações ou cooperativas formadas

exclusivamente por pessoas físicas de baixa

renda que tenham como ocupação

econômica a coleta de materiais recicláveis,

com o uso de equipamentos compatíveis

com as normas técnicas, ambientais e de

saúde pública;

XIII - para o fornecimento de bens e

serviços, produzidos ou prestados no País,

que envolvam, cumulativamente, alta

complexidade tecnológica e defesa

nacional, mediante parecer de comissão

especialmente designada pelo dirigente

máximo da empresa pública ou da

sociedade de economia mista;

XIV - nas contratações visando ao

cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º

e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de

2004, observados os princípios gerais de

contratação dela constantes;

XV - em situações de emergência,

quando caracterizada urgência de

atendimento de situação que possa

ocasionar prejuízo ou comprometer a

segurança de pessoas, obras, serviços,

equipamentos e outros bens, públicos ou

particulares, e somente para os bens

necessários ao atendimento da situação

emergencial e para as parcelas de obras e

serviços que possam ser concluídas no

prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias

consecutivos e ininterruptos, contado da

ocorrência da emergência, vedada a

prorrogação dos respectivos contratos,

observado o disposto no § 2o;

XVI - na transferência de bens a

órgãos e entidades da administração

pública, inclusive quando efetivada

mediante permuta;

XVII - na doação de bens móveis para

fins e usos de interesse social, após

avaliação de sua oportunidade e

conveniência socioeconômica relativamente

à escolha de outra forma de alienação;

XVIII - na compra e venda de ações,

de títulos de crédito e de dívida e de bens

que produzam ou comercializem.

§ 1o Na hipótese de nenhum dos

licitantes aceitar a contratação nos termos

do inciso VI do caput, a empresa pública e

a sociedade de economia mista poderão

convocar os licitantes remanescentes, na

ordem de classificação, para a celebração

do contrato nas condições ofertadas por

estes, desde que o respectivo valor seja

igual ou inferior ao orçamento estimado

para a contratação, inclusive quanto aos

preços atualizados nos termos do

instrumento convocatório.

§ 2o A contratação direta com base no

inciso XV do caput não dispensará a

responsabilização de quem, por ação ou

omissão, tenha dado causa ao motivo ali

descrito, inclusive no tocante ao disposto na

Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.

§ 3o Os valores estabelecidos nos

incisos I e II do caput podem ser alterados,

para refletir a variação de custos, por

deliberação do Conselho de Administração

da empresa pública ou sociedade de

economia mista, admitindo-se valores

diferenciados para cada sociedade.

Art. 30. A contratação direta será

feita quando houver inviabilidade de

competição, em especial na hipótese de:

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I - aquisição de materiais,

equipamentos ou gêneros que só possam ser

fornecidos por produtor, empresa ou

representante comercial exclusivo;

II - contratação dos seguintes serviços

técnicos especializados, com profissionais

ou empresas de notória especialização,

vedada a inexigibilidade para serviços de

publicidade e divulgação:

a) estudos técnicos, planejamentos e

projetos básicos ou executivos;

b) pareceres, perícias e avaliações em

geral;

c) assessorias ou consultorias técnicas

e auditorias financeiras ou tributárias;

d) fiscalização, supervisão ou

gerenciamento de obras ou serviços;

e) patrocínio ou defesa de causas

judiciais ou administrativas;

f) treinamento e aperfeiçoamento de

pessoal;

g) restauração de obras de arte e bens

de valor histórico.

§ 1o Considera-se de notória

especialização o profissional ou a empresa

cujo conceito no campo de sua

especialidade, decorrente de desempenho

anterior, estudos, experiência, publicações,

organização, aparelhamento, equipe técnica

ou outros requisitos relacionados com suas

atividades, permita inferir que o seu

trabalho é essencial e indiscutivelmente o

mais adequado à plena satisfação do objeto

do contrato.

§ 2o Na hipótese do caput e em

qualquer dos casos de dispensa, se

comprovado, pelo órgão de controle

externo, sobrepreço ou superfaturamento,

respondem solidariamente pelo dano

causado quem houver decidido pela

contratação direta e o fornecedor ou o

prestador de serviços.

§ 3o O processo de contratação direta

será instruído, no que couber, com os

seguintes elementos:

I - caracterização da situação

emergencial ou calamitosa que justifique a

dispensa, quando for o caso;

II - razão da escolha do fornecedor ou

do executante;

III - justificativa do preço.

Seção II

Disposições de Caráter Geral sobre

Licitações e Contratos

Art. 31. As licitações realizadas e os

contratos celebrados por empresas públicas

e sociedades de economia mista destinam-

se a assegurar a seleção da proposta mais

vantajosa, inclusive no que se refere ao

ciclo de vida do objeto, e a evitar operações

em que se caracterize sobrepreço ou

superfaturamento, devendo observar os

princípios da impessoalidade, da

moralidade, da igualdade, da publicidade,

da eficiência, da probidade administrativa,

da economicidade, do desenvolvimento

nacional sustentável, da vinculação ao

instrumento convocatório, da obtenção de

competitividade e do julgamento objetivo.

§ 1o Para os fins do disposto no caput,

considera-se que há:

I - sobrepreço quando os preços

orçados para a licitação ou os preços

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contratados são expressivamente superiores

aos preços referenciais de mercado,

podendo referir-se ao valor unitário de um

item, se a licitação ou a contratação for por

preços unitários de serviço, ou ao valor

global do objeto, se a licitação ou a

contratação for por preço global ou por

empreitada;

II - superfaturamento quando houver

dano ao patrimônio da empresa pública ou

da sociedade de economia mista

caracterizado, por exemplo:

a) pela medição de quantidades

superiores às efetivamente executadas ou

fornecidas;

b) pela deficiência na execução de

obras e serviços de engenharia que resulte

em diminuição da qualidade, da vida útil ou

da segurança;

c) por alterações no orçamento de

obras e de serviços de engenharia que

causem o desequilíbrio econômico-

financeiro do contrato em favor do

contratado;

d) por outras alterações de cláusulas

financeiras que gerem recebimentos

contratuais antecipados, distorção do

cronograma físico-financeiro, prorrogação

injustificada do prazo contratual com custos

adicionais para a empresa pública ou a

sociedade de economia mista ou reajuste

irregular de preços.

§ 2o O orçamento de referência do

custo global de obras e serviços de

engenharia deverá ser obtido a partir de

custos unitários de insumos ou serviços

menores ou iguais à mediana de seus

correspondentes no Sistema Nacional de

Pesquisa de Custos e Índices da Construção

Civil (Sinapi), no caso de construção civil

em geral, ou no Sistema de Custos

Referenciais de Obras (Sicro), no caso de

obras e serviços rodoviários, devendo ser

observadas as peculiaridades geográficas.

§ 3o No caso de inviabilidade da

definição dos custos consoante o disposto

no § 2o, a estimativa de custo global poderá

ser apurada por meio da utilização de dados

contidos em tabela de referência

formalmente aprovada por órgãos ou

entidades da administração pública federal,

em publicações técnicas especializadas, em

banco de dados e sistema específico

instituído para o setor ou em pesquisa de

mercado.

§ 4o A empresa pública e a sociedade

de economia mista poderão adotar

procedimento de manifestação de interesse

privado para o recebimento de propostas e

projetos de empreendimentos com vistas a

atender necessidades previamente

identificadas, cabendo a regulamento a

definição de suas regras específicas.

§ 5o Na hipótese a que se refere o §

4o, o autor ou financiador do projeto poderá

participar da licitação para a execução do

empreendimento, podendo ser ressarcido

pelos custos aprovados pela empresa

pública ou sociedade de economia mista

caso não vença o certame, desde que seja

promovida a cessão de direitos de que trata

o art. 80.

Art. 32. Nas licitações e contratos de

que trata esta Lei serão observadas as

seguintes diretrizes:

I - padronização do objeto da

contratação, dos instrumentos

convocatórios e das minutas de contratos,

de acordo com normas internas específicas;

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II - busca da maior vantagem

competitiva para a empresa pública ou

sociedade de economia mista, considerando

custos e benefícios, diretos e indiretos, de

natureza econômica, social ou ambiental,

inclusive os relativos à manutenção, ao

desfazimento de bens e resíduos, ao índice

de depreciação econômica e a outros fatores

de igual relevância;

III - parcelamento do objeto, visando

a ampliar a participação de licitantes, sem

perda de economia de escala, e desde que

não atinja valores inferiores aos limites

estabelecidos no art. 29, incisos I e II;

IV - adoção preferencial da

modalidade de licitação denominada

pregão, instituída pela Lei no 10.520, de 17

de julho de 2002, para a aquisição de bens e

serviços comuns, assim considerados

aqueles cujos padrões de desempenho e

qualidade possam ser objetivamente

definidos pelo edital, por meio de

especificações usuais no mercado;

V - observação da política de

integridade nas transações com partes

interessadas.

§ 1o As licitações e os contratos

disciplinados por esta Lei devem respeitar,

especialmente, as normas relativas à:

I - disposição final ambientalmente

adequada dos resíduos sólidos gerados

pelas obras contratadas;

II - mitigação dos danos ambientais

por meio de medidas condicionantes e de

compensação ambiental, que serão

definidas no procedimento de

licenciamento ambiental;

III - utilização de produtos,

equipamentos e serviços que,

comprovadamente, reduzam o consumo de

energia e de recursos naturais;

IV - avaliação de impactos de

vizinhança, na forma da legislação

urbanística;

V - proteção do patrimônio cultural,

histórico, arqueológico e imaterial,

inclusive por meio da avaliação do impacto

direto ou indireto causado por

investimentos realizados por empresas

públicas e sociedades de economia mista;

VI - acessibilidade para pessoas com

deficiência ou com mobilidade reduzida.

§ 2o A contratação a ser celebrada por

empresa pública ou sociedade de economia

mista da qual decorra impacto negativo

sobre bens do patrimônio cultural, histórico,

arqueológico e imaterial tombados

dependerá de autorização da esfera de

governo encarregada da proteção do

respectivo patrimônio, devendo o impacto

ser compensado por meio de medidas

determinadas pelo dirigente máximo da

empresa pública ou sociedade de economia

mista, na forma da legislação aplicável.

§ 3o As licitações na modalidade de

pregão, na forma eletrônica, deverão ser

realizadas exclusivamente em portais de

compras de acesso público na internet.

§ 4o Nas licitações com etapa de

lances, a empresa pública ou sociedade de

economia mista disponibilizará ferramentas

eletrônicas para envio de lances pelos

licitantes.

Art. 33. O objeto da licitação e do

contrato dela decorrente será definido de

forma sucinta e clara no instrumento

convocatório.

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Art. 34. O valor estimado do contrato

a ser celebrado pela empresa pública ou

pela sociedade de economia mista será

sigiloso, facultando-se à contratante,

mediante justificação na fase de preparação

prevista no inciso I do art. 51 desta Lei,

conferir publicidade ao valor estimado do

objeto da licitação, sem prejuízo da

divulgação do detalhamento dos

quantitativos e das demais informações

necessárias para a elaboração das

propostas.

§ 1o Na hipótese em que for adotado

o critério de julgamento por maior

desconto, a informação de que trata o caput

deste artigo constará do instrumento

convocatório.

§ 2o No caso de julgamento por

melhor técnica, o valor do prêmio ou da

remuneração será incluído no instrumento

convocatório.

§ 3o A informação relativa ao valor

estimado do objeto da licitação, ainda que

tenha caráter sigiloso, será disponibilizada a

órgãos de controle externo e interno,

devendo a empresa pública ou a sociedade

de economia mista registrar em documento

formal sua disponibilização aos órgãos de

controle, sempre que solicitado.

§ 4o (VETADO).

Art. 35. Observado o disposto no art.

34, o conteúdo da proposta, quando adotado

o modo de disputa fechado e até sua

abertura, os atos e os procedimentos

praticados em decorrência desta Lei

submetem-se à legislação que regula o

acesso dos cidadãos às informações detidas

pela

administração pública, particularmente aos

termos da Lei no 12.527, de 18 de

novembro de 2011.

Art. 36. A empresa pública e a

sociedade de economia mista poderão

promover a pré-qualificação de seus

fornecedores ou produtos, nos termos do

art. 64.

Art. 37. A empresa pública e a

sociedade de economia mista deverão

informar os dados relativos às sanções por

elas aplicadas aos contratados, nos termos

definidos no art. 83, de forma a manter

atualizado o cadastro de empresas inidôneas

de que trata o art. 23 da Lei no 12.846, de 1

o

de agosto de 2013.

§ 1o O fornecedor incluído no

cadastro referido no caput não poderá

disputar licitação ou participar, direta ou

indiretamente, da execução de contrato.

§ 2o Serão excluídos do cadastro

referido no caput, a qualquer tempo,

fornecedores que demonstrarem a

superação dos motivos que deram causa à

restrição contra eles promovida.

Art. 38. Estará impedida de participar

de licitações e de ser contratada pela

empresa pública ou sociedade de economia

mista a empresa:

I - cujo administrador ou sócio

detentor de mais de 5% (cinco por cento)

do capital social seja diretor ou empregado

da empresa pública ou sociedade de

economia mista contratante;

II - suspensa pela empresa pública ou

sociedade de economia mista;

III - declarada inidônea pela União,

por Estado, pelo Distrito Federal ou pela

unidade federativa a que está vinculada a

empresa pública ou sociedade de economia

mista, enquanto perdurarem os efeitos da

sanção;

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IV - constituída por sócio de empresa

que estiver suspensa, impedida ou

declarada inidônea;

V - cujo administrador seja sócio de

empresa suspensa, impedida ou declarada

inidônea;

VI - constituída por sócio que tenha

sido sócio ou administrador de empresa

suspensa, impedida ou declarada inidônea,

no período dos fatos que deram ensejo à

sanção;

VII - cujo administrador tenha sido

sócio ou administrador de empresa

suspensa, impedida ou declarada inidônea,

no período dos fatos que deram ensejo à

sanção;

VIII - que tiver, nos seus quadros de

diretoria, pessoa que participou, em razão

de vínculo de mesma natureza, de empresa

declarada inidônea.

Parágrafo único. Aplica-se a vedação

prevista no caput:

I - à contratação do próprio

empregado ou dirigente, como pessoa

física, bem como à participação dele em

procedimentos licitatórios, na condição de

licitante;

II - a quem tenha relação de

parentesco, até o terceiro grau civil, com:

a) dirigente de empresa pública ou

sociedade de economia mista;

b) empregado de empresa pública ou

sociedade de economia mista cujas

atribuições envolvam a atuação na área

responsável pela licitação ou contratação;

c) autoridade do ente público a que a

empresa pública ou sociedade de economia

mista esteja vinculada.

III - cujo proprietário, mesmo na

condição de sócio, tenha terminado seu

prazo de gestão ou rompido seu vínculo

com a respectiva empresa pública ou

sociedade de economia mista promotora da

licitação ou contratante há menos de 6

(seis) meses.

Art. 39. Os procedimentos

licitatórios, a pré-qualificação e os

contratos disciplinados por esta Lei serão

divulgados em portal específico mantido

pela empresa pública ou sociedade de

economia mista na internet, devendo ser

adotados os seguintes prazos mínimos para

apresentação de propostas ou lances,

contados a partir da divulgação do

instrumento convocatório:

I - para aquisição de bens:

a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotado

como critério de julgamento o menor preço

ou o maior desconto;

b) 10 (dez) dias úteis, nas demais

hipóteses;

II - para contratação de obras e

serviços:

a) 15 (quinze) dias úteis, quando

adotado como critério de julgamento o

menor preço ou o maior desconto;

b) 30 (trinta) dias úteis, nas demais

hipóteses;

III - no mínimo 45 (quarenta e cinco)

dias úteis para licitação em que se adote

como critério de julgamento a melhor

técnica ou a melhor combinação de técnica

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e preço, bem como para licitação em que

haja contratação semi-integrada ou

integrada.

Parágrafo único. As modificações

promovidas no instrumento convocatório

serão objeto de divulgação nos mesmos

termos e prazos dos atos e procedimentos

originais, exceto quando a alteração não

afetar a preparação das propostas.

Art. 40. As empresas públicas e as

sociedades de economia mista deverão

publicar e manter atualizado regulamento

interno de licitações e contratos, compatível

com o disposto nesta Lei, especialmente

quanto a:

I - glossário de expressões técnicas;

II - cadastro de fornecedores;

III - minutas-padrão de editais e

contratos;

IV - procedimentos de licitação e

contratação direta;

V - tramitação de recursos;

VI - formalização de contratos;

VII - gestão e fiscalização de

contratos;

VIII - aplicação de penalidades;

IX - recebimento do objeto do

contrato.

Art. 41. Aplicam-se às licitações e

contratos regidos por esta Lei as normas de

direito penal contidas nos arts. 89 a 99 da

Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

Seção III

Das Normas Específicas para

Obras e Serviços

Art. 42. Na licitação e na contratação

de obras e serviços por empresas públicas e

sociedades de economia mista, serão

observadas as seguintes definições:

I - empreitada por preço unitário:

contratação por preço certo de unidades

determinadas;

II - empreitada por preço global:

contratação por preço certo e total;

III - tarefa: contratação de mão de

obra para pequenos trabalhos por preço

certo, com ou sem fornecimento de

material;

IV - empreitada integral: contratação

de empreendimento em sua integralidade,

com todas as etapas de obras, serviços e

instalações necessárias, sob inteira

responsabilidade da contratada até a sua

entrega ao contratante em condições de

entrada em operação, atendidos os

requisitos técnicos e legais para sua

utilização em condições de segurança

estrutural e operacional e com as

características adequadas às finalidades

para as quais foi contratada;

V - contratação semi-integrada:

contratação que envolve a elaboração e o

desenvolvimento do projeto executivo, a

execução de obras e serviços de engenharia,

a montagem, a realização de testes, a pré-

operação e as demais operações necessárias

e suficientes para a entrega final do objeto,

de acordo com o estabelecido nos §§ 1o e 3

o

deste artigo;

VI - contratação integrada:

contratação que envolve a elaboração e o

desenvolvimento dos projetos básico e

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executivo, a execução de obras e serviços

de engenharia, a montagem, a realização de

testes, a pré-operação e as demais

operações necessárias e suficientes para a

entrega final do objeto, de acordo com o

estabelecido nos §§ 1o, 2

o e 3

o deste artigo;

VII - anteprojeto de engenharia: peça

técnica com todos os elementos de

contornos necessários e fundamentais à

elaboração do projeto básico, devendo

conter minimamente os seguintes

elementos:

a) demonstração e justificativa do

programa de necessidades, visão global dos

investimentos e definições relacionadas ao

nível de serviço desejado;

b) condições de solidez, segurança e

durabilidade e prazo de entrega;

c) estética do projeto arquitetônico;

d) parâmetros de adequação ao

interesse público, à economia na utilização,

à facilidade na execução, aos impactos

ambientais e à acessibilidade;

e) concepção da obra ou do serviço de

engenharia;

f) projetos anteriores ou estudos

preliminares que embasaram a concepção

adotada;

g) levantamento topográfico e

cadastral;

h) pareceres de sondagem;

i) memorial descritivo dos elementos

da edificação, dos componentes

construtivos e dos materiais de construção,

de forma a estabelecer padrões mínimos

para a contratação;

VIII - projeto básico: conjunto de

elementos necessários e suficientes, com

nível de precisão adequado, para, observado

o disposto no § 3o, caracterizar a obra ou o

serviço, ou o complexo de obras ou de

serviços objeto da licitação, elaborado com

base nas indicações dos estudos técnicos

preliminares, que assegure a viabilidade

técnica e o adequado tratamento do impacto

ambiental do empreendimento e que

possibilite a avaliação do custo da obra e a

definição dos métodos e do prazo de

execução, devendo conter os seguintes

elementos:

a) desenvolvimento da solução

escolhida, de forma a fornecer visão global

da obra e a identificar todos os seus

elementos constitutivos com clareza;

b) soluções técnicas globais e

localizadas, suficientemente detalhadas, de

forma a minimizar a necessidade de

reformulação ou de variantes durante as

fases de elaboração do projeto executivo e

de realização das obras e montagem;

c) identificação dos tipos de serviços a

executar e de materiais e equipamentos a

incorporar à obra, bem como suas

especificações, de modo a assegurar os

melhores resultados para o

empreendimento, sem frustrar o caráter

competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o

estudo e a dedução de métodos

construtivos, instalações provisórias e

condições organizacionais para a obra, sem

frustrar o caráter competitivo para a sua

execução;

e) subsídios para montagem do plano

de licitação e gestão da obra,

compreendendo a sua programação, a

estratégia de suprimentos, as normas de

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fiscalização e outros dados necessários em

cada caso;

f) (VETADO);

IX - projeto executivo: conjunto dos

elementos necessários e suficientes à

execução completa da obra, de acordo com

as normas técnicas pertinentes;

X - matriz de riscos: cláusula

contratual definidora de riscos e

responsabilidades entre as partes e

caracterizadora do equilíbrio econômico-

financeiro inicial do contrato, em termos de

ônus financeiro decorrente de eventos

supervenientes à contratação, contendo, no

mínimo, as seguintes informações:

a) listagem de possíveis eventos

supervenientes à assinatura do contrato,

impactantes no equilíbrio econômico-

financeiro da avença, e previsão de eventual

necessidade de prolação de termo aditivo

quando de sua ocorrência;

b) estabelecimento preciso das frações

do objeto em que haverá liberdade das

contratadas para inovar em soluções

metodológicas ou tecnológicas, em

obrigações de resultado, em termos de

modificação das soluções previamente

delineadas no anteprojeto ou no projeto

básico da licitação;

c) estabelecimento preciso das frações

do objeto em que não haverá liberdade das

contratadas para inovar em soluções

metodológicas ou tecnológicas, em

obrigações de meio, devendo haver

obrigação de identidade entre a execução e

a solução pré-definida no anteprojeto ou no

projeto básico da licitação.

§ 1o As contratações semi-integradas

e integradas referidas, respectivamente, nos

incisos V e VI do caput deste artigo

restringir-se-ão a obras e serviços de

engenharia e observarão os seguintes

requisitos:

I - o instrumento convocatório deverá

conter:

a) anteprojeto de engenharia, no caso

de contratação integrada, com elementos

técnicos que permitam a caracterização da

obra ou do serviço e a elaboração e

comparação, de forma isonômica, das

propostas a serem ofertadas pelos

particulares;

b) projeto básico, nos casos de

empreitada por preço unitário, de

empreitada por preço global, de empreitada

integral e de contratação semi-integrada,

nos termos definidos neste artigo;

c) documento técnico, com definição

precisa das frações do empreendimento em

que haverá liberdade de as contratadas

inovarem em soluções metodológicas ou

tecnológicas, seja em termos de

modificação das soluções previamente

delineadas no anteprojeto ou no projeto

básico da licitação, seja em termos de

detalhamento dos sistemas e procedimentos

construtivos previstos nessas peças

técnicas;

d) matriz de riscos;

II - o valor estimado do objeto a ser

licitado será calculado com base em valores

de mercado, em valores pagos pela

administração pública em serviços e obras

similares ou em avaliação do custo global

da obra, aferido mediante orçamento

sintético ou metodologia expedita ou

paramétrica;

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III - o critério de julgamento a ser

adotado será o de menor preço ou de

melhor combinação de técnica e preço,

pontuando-se na avaliação técnica as

vantagens e os benefícios que

eventualmente forem oferecidos para cada

produto ou solução;

IV - na contratação semi-integrada, o

projeto básico poderá ser alterado, desde

que demonstrada a superioridade das

inovações em termos de redução de custos,

de aumento da qualidade, de redução do

prazo de execução e de facilidade de

manutenção ou operação.

§ 2o No caso dos orçamentos das

contratações integradas:

I - sempre que o anteprojeto da

licitação, por seus elementos mínimos,

assim o permitir, as estimativas de preço

devem se basear em orçamento tão

detalhado quanto possível, devendo a

utilização de estimativas paramétricas e a

avaliação aproximada baseada em outras

obras similares ser realizadas somente nas

frações do empreendimento não

suficientemente detalhadas no anteprojeto

da licitação, exigindo-se das contratadas, no

mínimo, o mesmo nível de detalhamento

em seus demonstrativos de formação de

preços;

II - quando utilizada metodologia

expedita ou paramétrica para abalizar o

valor do empreendimento ou de fração dele,

consideradas as disposições do inciso I,

entre 2 (duas) ou mais técnicas estimativas

possíveis, deve ser utilizada nas estimativas

de preço-base a que viabilize a maior

precisão orçamentária, exigindo-se das

licitantes, no mínimo, o mesmo nível de

detalhamento na motivação dos respectivos

preços ofertados.

§ 3o Nas contratações integradas ou

semi-integradas, os riscos decorrentes de

fatos supervenientes à contratação

associados à escolha da solução de projeto

básico pela contratante deverão ser

alocados como de sua responsabilidade na

matriz de riscos.

§ 4o No caso de licitação de obras e

serviços de engenharia, as empresas

públicas e as sociedades de economia mista

abrangidas por esta Lei deverão utilizar a

contratação semi-integrada, prevista no

inciso V do caput, cabendo a elas a

elaboração ou a contratação do projeto

básico antes da licitação de que trata este

parágrafo, podendo ser utilizadas outras

modalidades previstas nos incisos do caput

deste artigo, desde que essa opção seja

devidamente justificada.

§ 5o Para fins do previsto na parte

final do § 4o, não será admitida, por parte

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista, como justificativa para a

adoção da modalidade de contratação

integrada, a ausência de projeto básico.

Art. 43. Os contratos destinados à

execução de obras e serviços de engenharia

admitirão os seguintes regimes:

I - empreitada por preço unitário, nos

casos em que os objetos, por sua natureza,

possuam imprecisão inerente de

quantitativos em seus itens orçamentários;

II - empreitada por preço global,

quando for possível definir previamente no

projeto básico, com boa margem de

precisão, as quantidades dos serviços a

serem posteriormente executados na fase

contratual;

III - contratação por tarefa, em

contratações de profissionais autônomos ou

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de pequenas empresas para realização de

serviços técnicos comuns e de curta

duração;

IV - empreitada integral, nos casos em

que o contratante necessite receber o

empreendimento, normalmente de alta

complexidade, em condição de operação

imediata;

V - contratação semi-integrada,

quando for possível definir previamente no

projeto básico as quantidades dos serviços a

serem posteriormente executados na fase

contratual, em obra ou serviço de

engenharia que possa ser executado com

diferentes metodologias ou tecnologias;

VI - contratação integrada, quando a

obra ou o serviço de engenharia for de

natureza predominantemente intelectual e

de inovação tecnológica do objeto licitado

ou puder ser executado com diferentes

metodologias ou tecnologias de domínio

restrito no mercado.

§ 1o Serão obrigatoriamente

precedidas pela elaboração de projeto

básico, disponível para exame de qualquer

interessado, as licitações para a contratação

de obras e serviços, com exceção daquelas

em que for adotado o regime previsto no

inciso VI do caput deste artigo.

§ 2o É vedada a execução, sem

projeto executivo, de obras e serviços de

engenharia.

Art. 44. É vedada a participação direta

ou indireta nas licitações para obras e

serviços de engenharia de que trata esta

Lei:

I - de pessoa física ou jurídica que

tenha elaborado o anteprojeto ou o projeto

básico da licitação;

II - de pessoa jurídica que participar

de consórcio responsável pela elaboração

do anteprojeto ou do projeto básico da

licitação;

III - de pessoa jurídica da qual o autor

do anteprojeto ou do projeto básico da

licitação seja administrador, controlador,

gerente, responsável técnico, subcontratado

ou sócio, neste último caso quando a

participação superar 5% (cinco por cento)

do capital votante.

§ 1o A elaboração do projeto

executivo constituirá encargo do

contratado, consoante preço previamente

fixado pela empresa pública ou pela

sociedade de economia mista.

§ 2o É permitida a participação das

pessoas jurídicas e da pessoa física de que

tratam os incisos II e III do caput deste

artigo em licitação ou em execução de

contrato, como consultor ou técnico, nas

funções de fiscalização, supervisão ou

gerenciamento, exclusivamente a serviço da

empresa pública e da sociedade de

economia mista interessadas.

§ 3o Para fins do disposto no caput,

considera-se participação indireta a

existência de vínculos de natureza técnica,

comercial, econômica, financeira ou

trabalhista entre o autor do projeto básico,

pessoa física ou jurídica, e o licitante ou

responsável pelos serviços, fornecimentos e

obras, incluindo-se os fornecimentos de

bens e serviços a estes necessários.

§ 4o O disposto no § 3

o deste artigo

aplica-se a empregados incumbidos de levar

a efeito atos e procedimentos realizados

pela empresa pública e pela sociedade de

economia mista no curso da licitação.

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Art. 45. Na contratação de obras e

serviços, inclusive de engenharia, poderá

ser estabelecida remuneração variável

vinculada ao desempenho do contratado,

com base em metas, padrões de qualidade,

critérios de sustentabilidade ambiental e

prazos de entrega definidos no instrumento

convocatório e no contrato.

Parágrafo único. A utilização da

remuneração variável respeitará o limite

orçamentário fixado pela empresa pública

ou pela sociedade de economia mista para a

respectiva contratação.

Art. 46. Mediante justificativa

expressa e desde que não implique perda de

economia de escala, poderá ser celebrado

mais de um contrato para executar serviço

de mesma natureza quando o objeto da

contratação puder ser executado de forma

concorrente e simultânea por mais de um

contratado.

§ 1o Na hipótese prevista no caput

deste artigo, será mantido controle

individualizado da execução do objeto

contratual relativamente a cada um dos

contratados.

§ 2o (VETADO).

Seção IV

Das Normas Específicas para

Aquisição de Bens

Art. 47. A empresa pública e a

sociedade de economia mista, na licitação

para aquisição de bens, poderão:

I - indicar marca ou modelo, nas

seguintes hipóteses:

a) em decorrência da necessidade de

padronização do objeto;

b) quando determinada marca ou

modelo comercializado por mais de um

fornecedor constituir o único capaz de

atender o objeto do contrato;

c) quando for necessária, para

compreensão do objeto, a identificação de

determinada marca ou modelo apto a servir

como referência, situação em que será

obrigatório o acréscimo da expressão “ou

similar ou de melhor qualidade”;

II - exigir amostra do bem no

procedimento de pré-qualificação e na fase

de julgamento das propostas ou de lances,

desde que justificada a necessidade de sua

apresentação;

III - solicitar a certificação da

qualidade do produto ou do processo de

fabricação, inclusive sob o aspecto

ambiental, por instituição previamente

credenciada.

Parágrafo único. O edital poderá

exigir, como condição de aceitabilidade da

proposta, a adequação às normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) ou a certificação da qualidade do

produto por instituição credenciada pelo

Sistema Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial

(Sinmetro).

Art. 48. Será dada publicidade, com

periodicidade mínima semestral, em sítio

eletrônico oficial na internet de acesso

irrestrito, à relação das aquisições de bens

efetivadas pelas empresas públicas e pelas

sociedades de economia mista,

compreendidas as seguintes informações:

I - identificação do bem comprado, de

seu preço unitário e da quantidade

adquirida;

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II - nome do fornecedor;

III - valor total de cada aquisição.

Seção V

Das Normas Específicas para

Alienação de Bens

Art. 49. A alienação de bens por

empresas públicas e por sociedades de

economia mista será precedida de:

I - avaliação formal do bem

contemplado, ressalvadas as hipóteses

previstas nos incisos XVI a XVIII do art.

29;

II - licitação, ressalvado o previsto no

§ 3o do art. 28.

Art. 50. Estendem-se à atribuição de

ônus real a bens integrantes do acervo

patrimonial de empresas públicas e de

sociedades de economia mista as normas

desta Lei aplicáveis à sua alienação,

inclusive em relação às hipóteses de

dispensa e de inexigibilidade de licitação.

Seção VI

Do Procedimento de Licitação

Art. 51. As licitações de que trata esta

Lei observarão a seguinte sequência de

fases:

I - preparação;

II - divulgação;

III - apresentação de lances ou

propostas, conforme o modo de disputa

adotado;

IV - julgamento;

V - verificação de efetividade dos

lances ou propostas;

VI - negociação;

VII - habilitação;

VIII - interposição de recursos;

IX - adjudicação do objeto;

X - homologação do resultado ou

revogação do procedimento.

§ 1o A fase de que trata o inciso VII

do caput poderá, excepcionalmente,

anteceder as referidas nos incisos III a VI

do caput, desde que expressamente previsto

no instrumento convocatório.

§ 2o Os atos e procedimentos

decorrentes das fases enumeradas no caput

praticados por empresas públicas, por

sociedades de economia mista e por

licitantes serão efetivados

preferencialmente por meio eletrônico, nos

termos definidos pelo instrumento

convocatório, devendo os avisos contendo

os resumos dos editais das licitações e

contratos abrangidos por esta Lei ser

previamente publicados no Diário Oficial

da União, do Estado ou do Município e na

internet.

Art. 52. Poderão ser adotados os

modos de disputa aberto ou fechado, ou,

quando o objeto da licitação puder ser

parcelado, a combinação de ambos,

observado o disposto no inciso III do art. 32

desta Lei.

§ 1o No modo de disputa aberto, os

licitantes apresentarão lances públicos e

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sucessivos, crescentes ou decrescentes,

conforme o critério de julgamento adotado.

§ 2o No modo de disputa fechado, as

propostas apresentadas pelos licitantes

serão sigilosas até a data e a hora

designadas para que sejam divulgadas.

Art. 53. Quando for adotado o modo

de disputa aberto, poderão ser admitidos:

I - a apresentação de lances

intermediários;

II - o reinício da disputa aberta, após a

definição do melhor lance, para definição

das demais colocações, quando existir

diferença de pelo menos 10% (dez por

cento) entre o melhor lance e o

subsequente.

Parágrafo único. Consideram-se

intermediários os lances:

I - iguais ou inferiores ao maior já

ofertado, quando adotado o julgamento pelo

critério da maior oferta;

II - iguais ou superiores ao menor já

ofertado, quando adotados os demais

critérios de julgamento.

Art. 54. Poderão ser utilizados os

seguintes critérios de julgamento:

I - menor preço;

II - maior desconto;

III - melhor combinação de técnica e

preço;

IV - melhor técnica;

V - melhor conteúdo artístico;

VI - maior oferta de preço;

VII - maior retorno econômico;

VIII - melhor destinação de bens

alienados.

§ 1o Os critérios de julgamento serão

expressamente identificados no instrumento

convocatório e poderão ser combinados na

hipótese de parcelamento do objeto,

observado o disposto no inciso III do art.

32.

§ 2o Na hipótese de adoção dos

critérios referidos nos incisos III, IV, V e

VII do caput deste artigo, o julgamento das

propostas será efetivado mediante o

emprego de parâmetros específicos,

definidos no instrumento convocatório,

destinados a limitar a subjetividade do

julgamento.

§ 3o Para efeito de julgamento, não

serão consideradas vantagens não previstas

no instrumento convocatório.

§ 4o O critério previsto no inciso II do

caput:

I - terá como referência o preço global

fixado no instrumento convocatório,

estendendo-se o desconto oferecido nas

propostas ou lances vencedores a eventuais

termos aditivos;

II - no caso de obras e serviços de

engenharia, o desconto incidirá de forma

linear sobre a totalidade dos itens

constantes do orçamento estimado, que

deverá obrigatoriamente integrar o

instrumento convocatório.

§ 5o Quando for utilizado o critério

referido no inciso III do caput, a avaliação

das propostas técnicas e de preço

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considerará o percentual de ponderação

mais relevante, limitado a 70% (setenta por

cento).

§ 6o Quando for utilizado o critério

referido no inciso VII do caput, os lances

ou propostas terão o objetivo de

proporcionar economia à empresa pública

ou à sociedade de economia mista, por

meio da redução de suas despesas correntes,

remunerando-se o licitante vencedor com

base em percentual da economia de

recursos gerada.

§ 7o Na implementação do critério

previsto no inciso VIII do caput deste

artigo, será obrigatoriamente considerada,

nos termos do respectivo instrumento

convocatório, a repercussão, no meio

social, da finalidade para cujo atendimento

o bem será utilizado pelo adquirente.

§ 8o O descumprimento da finalidade

a que se refere o § 7o deste artigo resultará

na imediata restituição do bem alcançado

ao acervo patrimonial da empresa pública

ou da sociedade de economia mista,

vedado, nessa hipótese, o pagamento de

indenização em favor do adquirente.

Art. 55. Em caso de empate entre 2

(duas) propostas, serão utilizados, na ordem

em que se encontram enumerados, os

seguintes critérios de desempate:

I - disputa final, em que os licitantes

empatados poderão apresentar nova

proposta fechada, em ato contínuo ao

encerramento da etapa de julgamento;

II - avaliação do desempenho

contratual prévio dos licitantes, desde que

exista sistema objetivo de avaliação

instituído;

III - os critérios estabelecidos no art.

3o da Lei n

o 8.248, de 23 de outubro de

1991, e no § 2o do art. 3

o da Lei n

o 8.666,

de 21 de junho de 1993;

IV - sorteio.

Art. 56. Efetuado o julgamento dos

lances ou propostas, será promovida a

verificação de sua efetividade,

promovendo-se a desclassificação daqueles

que:

I - contenham vícios insanáveis;

II - descumpram especificações

técnicas constantes do instrumento

convocatório;

III - apresentem preços

manifestamente inexequíveis;

IV - se encontrem acima do

orçamento estimado para a contratação de

que trata o § 1o do art. 57, ressalvada a

hipótese prevista no caput do art. 34 desta

Lei;

V - não tenham sua exequibilidade

demonstrada, quando exigido pela empresa

pública ou pela sociedade de economia

mista;

VI - apresentem desconformidade

com outras exigências do instrumento

convocatório, salvo se for possível a

acomodação a seus termos antes da

adjudicação do objeto e sem que se

prejudique a atribuição de tratamento

isonômico entre os licitantes.

§ 1o A verificação da efetividade dos

lances ou propostas poderá ser feita

exclusivamente em relação aos lances e

propostas mais bem classificados.

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§ 2o A empresa pública e a sociedade

de economia mista poderão realizar

diligências para aferir a exequibilidade das

propostas ou exigir dos licitantes que ela

seja demonstrada, na forma do inciso V do

caput.

§ 3o Nas licitações de obras e serviços

de engenharia, consideram-se inexequíveis

as propostas com valores globais inferiores

a 70% (setenta por cento) do menor dos

seguintes valores:

I - média aritmética dos valores das

propostas superiores a 50% (cinquenta por

cento) do valor do orçamento estimado pela

empresa pública ou sociedade de economia

mista; ou

II - valor do orçamento estimado pela

empresa pública ou sociedade de economia

mista.

§ 4o Para os demais objetos, para

efeito de avaliação da exequibilidade ou de

sobrepreço, deverão ser estabelecidos

critérios de aceitabilidade de preços que

considerem o preço global, os quantitativos

e os preços unitários, assim definidos no

instrumento convocatório.

Art. 57. Confirmada a efetividade do

lance ou proposta que obteve a primeira

colocação na etapa de julgamento, ou que

passe a ocupar essa posição em decorrência

da desclassificação de outra que tenha

obtido colocação superior, a empresa

pública e a sociedade de economia mista

deverão negociar condições mais vantajosas

com quem o apresentou.

§ 1o A negociação deverá ser feita

com os demais licitantes, segundo a ordem

inicialmente estabelecida, quando o preço

do primeiro colocado, mesmo após a

negociação, permanecer acima do

orçamento estimado.

§ 2o (VETADO).

§ 3o Se depois de adotada a

providência referida no § 1o deste artigo

não for obtido valor igual ou inferior ao

orçamento estimado para a contratação,

será revogada a licitação.

Art. 58. A habilitação será apreciada

exclusivamente a partir dos seguintes

parâmetros:

I - exigência da apresentação de

documentos aptos a comprovar a

possibilidade da aquisição de direitos e da

contração de obrigações por parte do

licitante;

II - qualificação técnica, restrita a

parcelas do objeto técnica ou

economicamente relevantes, de acordo com

parâmetros estabelecidos de forma expressa

no instrumento convocatório;

III - capacidade econômica e

financeira;

IV - recolhimento de quantia a título

de adiantamento, tratando-se de licitações

em que se utilize como critério de

julgamento a maior oferta de preço.

§ 1o Quando o critério de julgamento

utilizado for a maior oferta de preço, os

requisitos de qualificação técnica e de

capacidade econômica e financeira poderão

ser dispensados.

§ 2o Na hipótese do § 1

o, reverterá a

favor da empresa pública ou da sociedade

de economia mista o valor de quantia

eventualmente exigida no instrumento

convocatório a título de adiantamento, caso

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o licitante não efetue o restante do

pagamento devido no prazo para tanto

estipulado.

Art. 59. Salvo no caso de inversão de

fases, o procedimento licitatório terá fase

recursal única.

§ 1o Os recursos serão apresentados

no prazo de 5 (cinco) dias úteis após a

habilitação e contemplarão, além dos atos

praticados nessa fase, aqueles praticados

em decorrência do disposto nos incisos IV e

V do caput do art. 51 desta Lei.

§ 2o Na hipótese de inversão de fases,

o prazo referido no § 1o será aberto após a

habilitação e após o encerramento da fase

prevista no inciso V do caput do art. 51,

abrangendo o segundo prazo também atos

decorrentes da fase referida no inciso IV do

caput do art. 51 desta Lei.

Art. 60. A homologação do resultado

implica a constituição de direito relativo à

celebração do contrato em favor do licitante

vencedor.

Art. 61. A empresa pública e a

sociedade de economia mista não poderão

celebrar contrato com preterição da ordem

de classificação das propostas ou com

terceiros estranhos à licitação.

Art. 62. Além das hipóteses previstas

no § 3o do art. 57 desta Lei e no inciso II do

§ 2o do art. 75 desta Lei, quem dispuser de

competência para homologação do

resultado poderá revogar a licitação por

razões de interesse público decorrentes de

fato superveniente que constitua óbice

manifesto e incontornável, ou anulá-la por

ilegalidade, de ofício ou por provocação de

terceiros, salvo quando for viável a

convalidação do ato ou do procedimento

viciado.

§ 1o A anulação da licitação por

motivo de ilegalidade não gera obrigação

de indenizar, observado o disposto no § 2o

deste artigo.

§ 2o A nulidade da licitação induz à

do contrato.

§ 3o Depois de iniciada a fase de

apresentação de lances ou propostas,

referida no inciso III do caput do art. 51

desta Lei, a revogação ou a anulação da

licitação somente será efetivada depois de

se conceder aos licitantes que manifestem

interesse em contestar o respectivo ato

prazo apto a lhes assegurar o exercício do

direito ao contraditório e à ampla defesa.

§ 4o O disposto no caput e nos §§ 1

o e

2o deste artigo aplica-se, no que couber, aos

atos por meio dos quais se determine a

contratação direta.

Seção VII

Dos Procedimentos Auxiliares das

Licitações

Art. 63. São procedimentos auxiliares

das licitações regidas por esta Lei:

I - pré-qualificação permanente;

II - cadastramento;

III - sistema de registro de preços;

IV - catálogo eletrônico de

padronização.

Parágrafo único. Os procedimentos de

que trata o caput deste artigo obedecerão a

critérios claros e objetivos definidos em

regulamento.

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Art. 64. Considera-se pré-

qualificação permanente o procedimento

anterior à licitação destinado a identificar:

I - fornecedores que reúnam

condições de habilitação exigidas para o

fornecimento de bem ou a execução de

serviço ou obra nos prazos, locais e

condições previamente estabelecidos;

II - bens que atendam às exigências

técnicas e de qualidade da administração

pública.

§ 1o O procedimento de pré-

qualificação será público e

permanentemente aberto à inscrição de

qualquer interessado.

§ 2o A empresa pública e a sociedade

de economia mista poderão restringir a

participação em suas licitações a

fornecedores ou produtos pré-qualificados,

nas condições estabelecidas em

regulamento.

§ 3o A pré-qualificação poderá ser

efetuada nos grupos ou segmentos, segundo

as especialidades dos fornecedores.

§ 4o A pré-qualificação poderá ser

parcial ou total, contendo alguns ou todos

os requisitos de habilitação ou técnicos

necessários à contratação, assegurada, em

qualquer hipótese, a igualdade de condições

entre os concorrentes.

§ 5o A pré-qualificação terá validade

de 1 (um) ano, no máximo, podendo ser

atualizada a qualquer tempo.

§ 6o Na pré-qualificação aberta de

produtos, poderá ser exigida a comprovação

de qualidade.

§ 7o É obrigatória a divulgação dos

produtos e dos interessados que forem pré-

qualificados.

Art. 65. Os registros cadastrais

poderão ser mantidos para efeito de

habilitação dos inscritos em procedimentos

licitatórios e serão válidos por 1 (um) ano,

no máximo, podendo ser atualizados a

qualquer tempo.

§ 1o Os registros cadastrais serão

amplamente divulgados e ficarão

permanentemente abertos para a inscrição

de interessados.

§ 2o Os inscritos serão admitidos

segundo requisitos previstos em

regulamento.

§ 3o A atuação do licitante no

cumprimento de obrigações assumidas será

anotada no respectivo registro cadastral.

§ 4o A qualquer tempo poderá ser

alterado, suspenso ou cancelado o registro

do inscrito que deixar de satisfazer as

exigências estabelecidas para habilitação ou

para admissão cadastral.

Art. 66. O Sistema de Registro de

Preços especificamente destinado às

licitações de que trata esta Lei reger-se-á

pelo disposto em decreto do Poder

Executivo e pelas seguintes disposições:

§ 1o Poderá aderir ao sistema referido

no caput qualquer órgão ou entidade

responsável pela execução das atividades

contempladas no art. 1o desta Lei.

§ 2o O registro de preços observará,

entre outras, as seguintes condições:

I - efetivação prévia de ampla

pesquisa de mercado;

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II - seleção de acordo com os

procedimentos previstos em regulamento;

III - desenvolvimento obrigatório de

rotina de controle e atualização periódicos

dos preços registrados;

IV - definição da validade do registro;

V - inclusão, na respectiva ata, do

registro dos licitantes que aceitarem cotar

os bens ou serviços com preços iguais ao do

licitante vencedor na sequência da

classificação do certame, assim como dos

licitantes que mantiverem suas propostas

originais.

§ 3o A existência de preços

registrados não obriga a administração

pública a firmar os contratos que deles

poderão advir, sendo facultada a realização

de licitação específica, assegurada ao

licitante registrado preferência em

igualdade de condições.

Art. 67. O catálogo eletrônico de

padronização de compras, serviços e obras

consiste em sistema informatizado, de

gerenciamento centralizado, destinado a

permitir a padronização dos itens a serem

adquiridos pela empresa pública ou

sociedade de economia mista que estarão

disponíveis para a realização de licitação.

Parágrafo único. O catálogo referido

no caput poderá ser utilizado em licitações

cujo critério de julgamento seja o menor

preço ou o maior desconto e conterá toda a

documentação e todos os procedimentos da

fase interna da licitação, assim como as

especificações dos respectivos objetos,

conforme disposto em regulamento.

CAPÍTULO II

DOS CONTRATOS

Seção I

Da Formalização dos Contratos

Art. 68. Os contratos de que trata esta

Lei regulam-se pelas suas cláusulas, pelo

disposto nesta Lei e pelos preceitos de

direito privado.

Art. 69. São cláusulas necessárias nos

contratos disciplinados por esta Lei:

I - o objeto e seus elementos

característicos;

II - o regime de execução ou a forma

de fornecimento;

III - o preço e as condições de

pagamento, os critérios, a data-base e a

periodicidade do reajustamento de preços e

os critérios de atualização monetária entre a

data do adimplemento das obrigações e a do

efetivo pagamento;

IV - os prazos de início de cada etapa

de execução, de conclusão, de entrega, de

observação, quando for o caso, e de

recebimento;

V - as garantias oferecidas para

assegurar a plena execução do objeto

contratual, quando exigidas, observado o

disposto no art. 68;

VI - os direitos e as responsabilidades

das partes, as tipificações das infrações e as

respectivas penalidades e valores das

multas;

VII - os casos de rescisão do contrato

e os mecanismos para alteração de seus

termos;

VIII - a vinculação ao instrumento

convocatório da respectiva licitação ou ao

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termo que a dispensou ou a inexigiu, bem

como ao lance ou proposta do licitante

vencedor;

IX - a obrigação do contratado de

manter, durante a execução do contrato, em

compatibilidade com as obrigações por ele

assumidas, as condições de habilitação e

qualificação exigidas no curso do

procedimento licitatório;

X - matriz de riscos.

§ 1o (VETADO).

§ 2o Nos contratos decorrentes de

licitações de obras ou serviços de

engenharia em que tenha sido adotado o

modo de disputa aberto, o contratado

deverá reelaborar e apresentar à empresa

pública ou à sociedade de economia mista e

às suas respectivas subsidiárias, por meio

eletrônico, as planilhas com indicação dos

quantitativos e dos custos unitários, bem

como do detalhamento das Bonificações e

Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos

Sociais (ES), com os respectivos valores

adequados ao lance vencedor, para fins do

disposto no inciso III do caput deste artigo.

Art. 70. Poderá ser exigida prestação

de garantia nas contratações de obras,

serviços e compras.

§ 1o Caberá ao contratado optar por

uma das seguintes modalidades de garantia:

I - caução em dinheiro;

II - seguro-garantia;

III - fiança bancária.

§ 2o A garantia a que se refere o caput

não excederá a 5% (cinco por cento) do

valor do contrato e terá seu valor atualizado

nas mesmas condições nele estabelecidas,

ressalvado o previsto no § 3o deste artigo.

§ 3o Para obras, serviços e

fornecimentos de grande vulto envolvendo

complexidade técnica e riscos financeiros

elevados, o limite de garantia previsto no §

2o poderá ser elevado para até 10% (dez por

cento) do valor do contrato.

§ 4o A garantia prestada pelo

contratado será liberada ou restituída após a

execução do contrato, devendo ser

atualizada monetariamente na hipótese do

inciso I do § 1o deste artigo.

Art. 71. A duração dos contratos

regidos por esta Lei não excederá a 5

(cinco) anos, contados a partir de sua

celebração, exceto:

I - para projetos contemplados no

plano de negócios e investimentos da

empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

II - nos casos em que a pactuação por

prazo superior a 5 (cinco) anos seja prática

rotineira de mercado e a imposição desse

prazo inviabilize ou onere excessivamente a

realização do negócio.

Parágrafo único. É vedado o contrato

por prazo indeterminado.

Art. 72. Os contratos regidos por esta

Lei somente poderão ser alterados por

acordo entre as partes, vedando-se ajuste

que resulte em violação da obrigação de

licitar.

Art. 73. A redução a termo do

contrato poderá ser dispensada no caso de

pequenas despesas de pronta entrega e

pagamento das quais não resultem

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obrigações futuras por parte da empresa

pública ou da sociedade de economia mista.

Parágrafo único. O disposto no caput

não prejudicará o registro contábil

exaustivo dos valores despendidos e a

exigência de recibo por parte dos

respectivos destinatários.

Art. 74. É permitido a qualquer

interessado o conhecimento dos termos do

contrato e a obtenção de cópia autenticada

de seu inteiro teor ou de qualquer de suas

partes, admitida a exigência de

ressarcimento dos custos, nos termos

previstos na Lei no 12.527, de 18 de

novembro de 2011.

Art. 75. A empresa pública e a

sociedade de economia mista convocarão o

licitante vencedor ou o destinatário de

contratação com dispensa ou

inexigibilidade de licitação para assinar o

termo de contrato, observados o prazo e as

condições estabelecidos, sob pena de

decadência do direito à contratação.

§ 1o O prazo de convocação poderá

ser prorrogado 1 (uma) vez, por igual

período.

§ 2o É facultado à empresa pública ou

à sociedade de economia mista, quando o

convocado não assinar o termo de contrato

no prazo e nas condições estabelecidos:

I - convocar os licitantes

remanescentes, na ordem de classificação,

para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas

condições propostas pelo primeiro

classificado, inclusive quanto aos preços

atualizados em conformidade com o

instrumento convocatório;

II - revogar a licitação.

Art. 76. O contratado é obrigado a

reparar, corrigir, remover, reconstruir ou

substituir, às suas expensas, no total ou em

parte, o objeto do contrato em que se

verificarem vícios, defeitos ou incorreções

resultantes da execução ou de materiais

empregados, e responderá por danos

causados diretamente a terceiros ou à

empresa pública ou sociedade de economia

mista, independentemente da comprovação

de sua culpa ou dolo na execução do

contrato.

Art. 77. O contratado é responsável

pelos encargos trabalhistas, fiscais e

comerciais resultantes da execução do

contrato.

§ 1o A inadimplência do contratado

quanto aos encargos trabalhistas, fiscais e

comerciais não transfere à empresa pública

ou à sociedade de economia mista a

responsabilidade por seu pagamento, nem

poderá onerar o objeto do contrato ou

restringir a regularização e o uso das obras

e edificações, inclusive perante o Registro

de Imóveis.

§ 2o (VETADO).

Art. 78. O contratado, na execução do

contrato, sem prejuízo das

responsabilidades contratuais e legais,

poderá subcontratar partes da obra, serviço

ou fornecimento, até o limite admitido, em

cada caso, pela empresa pública ou pela

sociedade de economia mista, conforme

previsto no edital do certame.

§ 1o A empresa subcontratada deverá

atender, em relação ao objeto da

subcontratação, as exigências de

qualificação técnica impostas ao licitante

vencedor.

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§ 2o É vedada a subcontratação de

empresa ou consórcio que tenha

participado:

I - do procedimento licitatório do qual

se originou a contratação;

II - direta ou indiretamente, da

elaboração de projeto básico ou executivo.

§ 3o As empresas de prestação de

serviços técnicos especializados deverão

garantir que os integrantes de seu corpo

técnico executem pessoal e diretamente as

obrigações a eles imputadas, quando a

respectiva relação for apresentada em

procedimento licitatório ou em contratação

direta.

Art. 79. Na hipótese do § 6o do art.

54, quando não for gerada a economia

prevista no lance ou proposta, a diferença

entre a economia contratada e a

efetivamente obtida será descontada da

remuneração do contratado.

Parágrafo único. Se a diferença entre

a economia contratada e a efetivamente

obtida for superior à remuneração do

contratado, será aplicada a sanção prevista

no contrato, nos termos do inciso VI do

caput do art. 69 desta Lei.

Art. 80. Os direitos patrimoniais e

autorais de projetos ou serviços técnicos

especializados desenvolvidos por

profissionais autônomos ou por empresas

contratadas passam a ser propriedade da

empresa pública ou sociedade de economia

mista que os tenha contratado, sem prejuízo

da preservação da identificação dos

respectivos autores e da responsabilidade

técnica a eles atribuída.

Seção II

Da Alteração dos Contratos

Art. 81. Os contratos

celebrados nos regimes previstos nos inc

isos I a V do art. 43 contarão com cláusula

que estabeleça a possibilidade de alteração,

por acordo entre as partes, nos seguintes

casos:

I - quando houver modificação do

projeto ou das especificações, para melhor

adequação técnica aos seus objetivos;

II - quando necessária a modificação

do valor contratual em decorrência de

acréscimo ou diminuição quantitativa de

seu objeto, nos limites permitidos por esta

Lei;

III - quando conveniente a

substituição da garantia de execução;

IV - quando necessária a modificação

do regime de execução da obra ou serviço,

bem como do modo de fornecimento, em

face de verificação técnica da

inaplicabilidade dos termos contratuais

originários;

V - quando necessária a modificação

da forma de pagamento, por imposição de

circunstâncias supervenientes, mantido o

valor inicial atualizado, vedada a

antecipação do pagamento, com relação ao

cronograma financeiro fixado, sem a

correspondente contraprestação de

fornecimento de bens ou execução de obra

ou serviço;

VI - para restabelecer a relação que as

partes pactuaram inicialmente entre os

encargos do contratado e a retribuição da

administração para a justa remuneração da

obra, serviço ou fornecimento, objetivando

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a manutenção do equilíbrio econômico-

financeiro inicial do contrato, na hipótese

de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou

previsíveis porém de consequências

incalculáveis, retardadores ou impeditivos

da execução do ajustado, ou, ainda, em caso

de força maior, caso fortuito ou fato do

príncipe, configurando álea econômica

extraordinária e extracontratual.

§ 1o O contratado poderá aceitar, nas

mesmas condições contratuais, os

acréscimos ou supressões que se fizerem

nas obras, serviços ou compras, até 25%

(vinte e cinco por cento) do valor inicial

atualizado do contrato, e, no caso particular

de reforma de edifício ou de equipamento,

até o limite de 50% (cinquenta por cento)

para os seus acréscimos.

§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão

poderá exceder os limites estabelecidos no

§ 1o, salvo as supressões resultantes de

acordo celebrado entre os contratantes.

§ 3o Se no contrato não houverem

sido contemplados preços unitários para

obras ou serviços, esses serão fixados

mediante acordo entre as partes, respeitados

os limites estabelecidos no § 1o.

§ 4o No caso de supressão de obras,

bens ou serviços, se o contratado já houver

adquirido os materiais e posto no local dos

trabalhos, esses materiais deverão ser pagos

pela empresa pública ou sociedade de

economia mista pelos custos de aquisição

regularmente comprovados e

monetariamente corrigidos, podendo caber

indenização por outros danos

eventualmente decorrentes da supressão,

desde que regularmente comprovados.

§ 5o A criação, a alteração ou a

extinção de quaisquer tributos ou encargos

legais, bem como a superveniência de

disposições legais, quando ocorridas após a

data da apresentação da proposta, com

comprovada repercussão nos preços

contratados, implicarão a revisão destes

para mais ou para menos, conforme o caso.

§ 6o Em havendo alteração do

contrato que aumente os encargos do

contratado, a empresa pública ou a

sociedade de economia mista deverá

restabelecer, por aditamento, o equilíbrio

econômico-financeiro inicial.

§ 7o A variação do valor contratual

para fazer face ao reajuste de preços

previsto no próprio contrato e as

atualizações, compensações ou

penalizações financeiras decorrentes das

condições de pagamento nele previstas,

bem como o empenho de dotações

orçamentárias suplementares até o limite do

seu valor corrigido, não caracterizam

alteração do contrato e podem ser

registrados por simples apostila, dispensada

a celebração de aditamento.

§ 8o É vedada a celebração de

aditivos decorrentes de eventos

supervenientes alocados, na matriz de

riscos, como de responsabilidade da

contratada.

Seção III

Das Sanções Administrativas

Art. 82. Os contratos devem conter

cláusulas com sanções administrativas a

serem aplicadas em decorrência de atraso

injustificado na execução do contrato,

sujeitando o contratado a multa de mora, na

forma prevista no instrumento convocatório

ou no contrato.

§ 1o A multa a que alude este artigo

não impede que a empresa pública ou a

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sociedade de economia mista rescinda o

contrato e aplique as outras sanções

previstas nesta Lei.

§ 2o A multa, aplicada após regular

processo administrativo, será descontada da

garantia do respectivo contratado.

§ 3o Se a multa for de valor superior

ao valor da garantia prestada, além da perda

desta, responderá o contratado pela sua

diferença, a qual será descontada dos

pagamentos eventualmente devidos pela

empresa pública ou pela sociedade de

economia mista ou, ainda, quando for o

caso, cobrada judicialmente.

Art. 83. Pela inexecução total ou

parcial do contrato a empresa pública ou a

sociedade de economia mista poderá,

garantida a prévia defesa, aplicar ao

contratado as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa, na forma prevista no

instrumento convocatório ou no contrato;

III - suspensão temporária de

participação em licitação e impedimento de

contratar com a entidade sancionadora, por

prazo não superior a 2 (dois) anos.

§ 1o Se a multa aplicada for superior

ao valor da garantia prestada, além da perda

desta, responderá o contratado pela sua

diferença, que será descontada dos

pagamentos eventualmente devidos pela

empresa pública ou pela sociedade de

economia mista ou cobrada judicialmente.

§ 2o As sanções previstas nos incisos

I e III do caput poderão ser aplicadas

juntamente com a do inciso II, devendo a

defesa prévia do interessado, no respectivo

processo, ser apresentada no prazo de 10

(dez) dias úteis.

Art. 84. As sanções previstas no

inciso III do art. 83 poderão também ser

aplicadas às empresas ou aos profissionais

que, em razão dos contratos regidos por

esta Lei:

I - tenham sofrido condenação

definitiva por praticarem, por meios

dolosos, fraude fiscal no recolhimento de

quaisquer tributos;

II - tenham praticado atos ilícitos

visando a frustrar os objetivos da licitação;

III - demonstrem não possuir

idoneidade para contratar com a empresa

pública ou a sociedade de economia mista

em virtude de atos ilícitos praticados.

CAPÍTULO III

DA FISCALIZAÇÃO PELO

ESTADO E PELA SOCIEDADE

Art. 85. Os órgãos de controle

externo e interno das 3 (três) esferas de

governo fiscalizarão as empresas públicas e

as sociedades de economia mista a elas

relacionadas, inclusive aquelas

domiciliadas no exterior, quanto à

legitimidade, à economicidade e à eficácia

da aplicação de seus recursos, sob o ponto

de vista contábil, financeiro, operacional e

patrimonial.

§ 1o Para a realização da atividade

fiscalizatória de que trata o caput, os órgãos

de controle deverão ter acesso irrestrito aos

documentos e às informações necessários à

realização dos trabalhos, inclusive aqueles

classificados como sigilosos pela empresa

pública ou pela sociedade de economia

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mista, nos termos da Lei no 12.527, de 18

de novembro de 2011.

§ 2o O grau de confidencialidade será

atribuído pelas empresas públicas e

sociedades de economia mista no ato de

entrega dos documentos e informações

solicitados, tornando-se o órgão de controle

com o qual foi compartilhada a informação

sigilosa corresponsável pela manutenção do

seu sigilo.

§ 3o Os atos de fiscalização e controle

dispostos neste Capítulo aplicar-se-ão,

também, às empresas públicas e às

sociedades de economia mista de caráter e

constituição transnacional no que se refere

aos atos de gestão e aplicação do capital

nacional, independentemente de estarem

incluídos ou não em seus respectivos atos e

acordos constitutivos.

Art. 86. As informações das empresas

públicas e das sociedades de economia

mista relativas a licitações e contratos,

inclusive aqueles referentes a bases de

preços, constarão de bancos de dados

eletrônicos atualizados e com acesso em

tempo real aos órgãos de controle

competentes.

§ 1o As demonstrações contábeis

auditadas da empresa pública e da

sociedade de economia mista serão

disponibilizadas no sítio eletrônico da

empresa ou da sociedade na internet,

inclusive em formato eletrônico editável.

§ 2o As atas e demais expedientes

oriundos de reuniões, ordinárias ou

extraordinárias, dos conselhos de

administração ou fiscal das empresas

públicas e das sociedades de economia

mista, inclusive gravações e filmagens,

quando houver, deverão ser

disponibilizados para os órgãos de controle

sempre que solicitados, no âmbito dos

trabalhos de auditoria.

§ 3o O acesso dos órgãos de controle

às informações referidas no caput e no § 2o

será restrito e individualizado.

§ 4o As informações que sejam

revestidas de sigilo bancário, estratégico,

comercial ou industrial serão assim

identificadas, respondendo o servidor

administrativa, civil e penalmente pelos

danos causados à empresa pública ou à

sociedade de economia mista e a seus

acionistas em razão de eventual divulgação

indevida.

§ 5o Os critérios para a definição do

que deve ser considerado sigilo estratégico,

comercial ou industrial serão estabelecidos

em regulamento.

Art. 87. O controle das despesas

decorrentes dos contratos e demais

instrumentos regidos por esta Lei será feito

pelos órgãos do sistema de controle interno

e pelo tribunal de contas competente, na

forma da legislação pertinente, ficando as

empresas públicas e as sociedades de

economia mista responsáveis pela

demonstração da legalidade e da

regularidade da despesa e da execução, nos

termos da Constituição.

§ 1o Qualquer cidadão é parte

legítima para impugnar edital de licitação

por irregularidade na aplicação desta Lei,

devendo protocolar o pedido até 5 (cinco)

dias úteis antes da data fixada para a

ocorrência do certame, devendo a entidade

julgar e responder à impugnação em até 3

(três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade

prevista no § 2o.

§ 2o Qualquer licitante, contratado ou

pessoa física ou jurídica poderá representar

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ao tribunal de contas ou aos órgãos

integrantes do sistema de controle interno

contra irregularidades na aplicação desta

Lei, para os fins do disposto neste artigo.

§ 3o Os tribunais de contas e os órgãos

integrantes do sistema de controle interno

poderão solicitar para exame, a qualquer

tempo, documentos de natureza contábil,

financeira, orçamentária, patrimonial e

operacional das empresas públicas, das

sociedades de economia mista e de suas

subsidiárias no Brasil e no exterior,

obrigando-se, os jurisdicionados, à adoção

das medidas corretivas pertinentes que, em

função desse exame, lhes forem

determinadas.

Art. 88. As empresas públicas e as

sociedades de economia mista deverão

disponibilizar para conhecimento público,

por meio eletrônico, informação completa

mensalmente atualizada sobre a execução

de seus contratos e de seu orçamento,

admitindo-se retardo de até 2 (dois) meses

na divulgação das informações.

§ 1o A disponibilização de

informações contratuais referentes a

operações de perfil estratégico ou que

tenham por objeto segredo industrial

receberá proteção mínima necessária para

lhes garantir confidencialidade.

§ 2o O disposto no § 1

o não será

oponível à fiscalização dos órgãos de

controle interno e do tribunal de contas,

sem prejuízo da responsabilização

administrativa, civil e penal do servidor que

der causa à eventual divulgação dessas

informações.

Art. 89. O exercício da supervisão

por vinculação da empresa pública ou da

sociedade de economia mista, pelo órgão a

que se vincula, não pode ensejar a redução

ou a supressão da autonomia conferida pela

lei específica que autorizou a criação da

entidade supervisionada ou da autonomia

inerente a sua natureza, nem autoriza a

ingerência do supervisor em sua

administração e funcionamento, devendo a

supervisão ser exercida nos limites da

legislação aplicável.

Art. 90. As ações e deliberações do

órgão ou ente de controle não podem

implicar interferência na gestão das

empresas públicas e das sociedades de

economia mista a ele submetidas nem

ingerência no exercício de suas

competências ou na definição de políticas

públicas.

TÍTULO III

DISPOSIÇÕES FINAIS E

TRANSITÓRIAS

Art. 91. A empresa pública e a

sociedade de economia mista constituídas

anteriormente à vigência desta Lei deverão,

no prazo de 24 (vinte e quatro) meses,

promover as adaptações necessárias à

adequação ao disposto nesta Lei.

§ 1o A sociedade de economia mista

que tiver capital fechado na data de entrada

em vigor desta Lei poderá, observado o

prazo estabelecido no caput, ser

transformada em empresa pública, mediante

resgate, pela empresa, da totalidade das

ações de titularidade de acionistas privados,

com base no valor de patrimônio líquido

constante do último balanço aprovado pela

assembleia-geral.

§ 2o (VETADO).

§ 3o Permanecem regidos pela

legislação anterior procedimentos

licitatórios e contratos iniciados ou

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celebrados até o final do prazo previsto no

caput.

Art. 92. O Registro Público de

Empresas Mercantis e Atividades Afins

manterá banco de dados público e gratuito,

disponível na internet, contendo a relação

de todas as empresas públicas e as

sociedades de economia mista.

Parágrafo único. É a União proibida

de realizar transferência voluntária de

recursos a Estados, ao Distrito Federal e a

Municípios que não fornecerem ao Registro

Público de Empresas Mercantis e

Atividades Afins as informações relativas

às empresas públicas e às sociedades de

economia mista a eles vinculadas.

Art. 93. As despesas com publicidade

e patrocínio da empresa pública e da

sociedade de economia mista não

ultrapassarão, em cada exercício, o limite

de 0,5% (cinco décimos por cento) da

receita operacional bruta do exercício

anterior.

§ 1o O limite disposto no caput

poderá ser ampliado, até o limite de 2%

(dois por cento) da receita bruta do

exercício anterior, por proposta da diretoria

da empresa pública ou da sociedade de

economia mista justificada com base em

parâmetros de mercado do setor específico

de atuação da empresa ou da sociedade e

aprovada pelo respectivo Conselho de

Administração.

§ 2o É vedado à empresa pública e à

sociedade de economia mista realizar, em

ano de eleição para cargos do ente

federativo a que sejam vinculadas, despesas

com publicidade e patrocínio que excedam

a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos

que antecedem o pleito ou no último ano

imediatamente anterior à eleição.

Art. 94. Aplicam-se à empresa

pública, à sociedade de economia mista e às

suas subsidiárias as sanções previstas na

Lei no 12.846, de 1

o de agosto de 2013,

salvo as previstas nos incisos II, III e IV do

caput do art. 19 da referida Lei.

Art. 95. A estratégia de longo prazo

prevista no art. 23 deverá ser aprovada em

até 180 (cento e oitenta) dias da data de

publicação da presente Lei.

Art. 96. Revogam-se:

I - o § 2o do art. 15 da Lei n

o 3.890-A,

de 25 de abril de 1961, com a redação dada

pelo art. 19 da Lei no 11.943, de 28 de maio

de 2009;

II - os arts. 67 e 68 da Lei no 9.478, de

6 de agosto de 1997.

Art. 97. Esta Lei entra em vigor na

data de sua publicação.

Brasília, 30 de junho de 2016; 195o

da Independência e 128o da República.

Lei nº 13.300, de 23.6.2016

LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE

2016.

Disciplina o processo

e o julgamento dos

mandados de

injunção individual e

coletivo e dá outras

providências.

O VICE -

PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

no exercício do cargo de PRESIDENT

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E DA REPÚBLICA Faço saber que o

Congresso Nacional decreta e eu sanciono a

seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei disciplina o processo

e o julgamento dos mandados de injunção

individual e coletivo, nos termos do inciso

LXXI do art. 5o da Constituição Federal.

Art. 2o Conceder-se-á mandado de

injunção sempre que a falta total ou parcial

de norma regulamentadora torne inviável o

exercício dos direitos e liberdades

constitucionais e das prerrogativas inerentes

à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Parágrafo único. Considera-se parcial

a regulamentação quando forem

insuficientes as normas editadas pelo órgão

legislador competente.

Art. 3o São legitimados para o

mandado de injunção, como impetrantes, as

pessoas naturais ou jurídicas que se

afirmam titulares dos direitos, das

liberdades ou das prerrogativas referidos no

art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão

ou a autoridade com atribuição para editar a

norma regulamentadora.

Art. 4o A petição inicial deverá

preencher os requisitos estabelecidos pela

lei processual e indicará, além do órgão

impetrado, a pessoa jurídica que ele integra

ou aquela a que está vinculado.

§ 1o Quando não for transmitida por

meio eletrônico, a petição inicial e os

documentos que a instruem serão

acompanhados de tantas vias quantos forem

os impetrados.

§ 2o Quando o documento necessário

à prova do alegado encontrar-se em

repartição ou estabelecimento público, em

poder de autoridade ou de terceiro, havendo

recusa em fornecê-lo por certidão, no

original, ou em cópia autêntica, será

ordenada, a pedido do impetrante, a

exibição do documento no prazo de 10

(dez) dias, devendo, nesse caso, ser juntada

cópia à segunda via da petição.

§ 3o Se a recusa em fornecer o

documento for do impetrado, a ordem será

feita no próprio instrumento da notificação.

Art. 5o Recebida a petição inicial,

será ordenada:

I - a notificação do impetrado sobre o

conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser

enviada a segunda via apresentada com as

cópias dos documentos, a fim de que, no

prazo de 10 (dez) dias, preste informações;

II - a ciência do ajuizamento da ação

ao órgão de representação judicial da

pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser

enviada cópia da petição inicial, para que,

querendo, ingresse no feito.

Art. 6o A petição inicial será desde

logo indeferida quando a impetração for

manifestamente incabível ou

manifestamente improcedente.

Parágrafo único. Da decisão de relator

que indeferir a petição inicial, caberá

agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão

colegiado competente para o julgamento da

impetração.

Art. 7o Findo o prazo para

apresentação das informações, será ouvido

o Ministério Público, que opinará em 10

(dez) dias, após o que, com ou sem parecer,

os autos serão conclusos para decisão.

Art. 8o Reconhecido o estado de mora

legislativa, será deferida a injunção para:

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I - determinar prazo razoável para que

o impetrado promova a edição da norma

regulamentadora;

II - estabelecer as condições em que

se dará o exercício dos direitos, das

liberdades ou das prerrogativas reclamados

ou, se for o caso, as condições em que

poderá o interessado promover ação própria

visando a exercê-los, caso não seja suprida

a mora legislativa no prazo determinado.

Parágrafo único. Será dispensada a

determinação a que se refere o inciso I do

caput quando comprovado que o impetrado

deixou de atender, em mandado de injunção

anterior, ao prazo estabelecido para a

edição da norma.

Art. 9o A decisão terá eficácia

subjetiva limitada às partes e produzirá

efeitos até o advento da norma

regulamentadora.

§ 1o Poderá ser conferida eficácia

ultra partes ou erga omnes à decisão,

quando isso for inerente ou indispensável

ao exercício do direito, da liberdade ou da

prerrogativa objeto da impetração.

§ 2o Transitada em julgado a decisão,

seus efeitos poderão ser estendidos aos

casos análogos por decisão monocrática do

relator.

§ 3o O indeferimento do pedido por

insuficiência de prova não impede a

renovação da impetração fundada em outros

elementos probatórios.

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já

produzidos, a decisão poderá ser revista, a

pedido de qualquer interessado, quando

sobrevierem relevantes modificações das

circunstâncias de fato ou de direito.

Parágrafo único. A ação de revisão

observará, no que couber, o procedimento

estabelecido nesta Lei.

Art. 11. A norma regulamentadora

superveniente produzirá efeitos ex nunc em

relação aos beneficiados por decisão

transitada em julgado, salvo se a aplicação

da norma editada lhes for mais favorável.

Parágrafo único. Estará prejudicada a

impetração se a norma regulamentadora for

editada antes da decisão, caso em que o

processo será extinto sem resolução de

mérito.

Art. 12. O mandado de injunção

coletivo pode ser promovido:

I - pelo Ministério Público, quando a

tutela requerida for especialmente relevante

para a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático ou dos interesses sociais ou

individuais indisponíveis;

II - por partido político com

representação no Congresso Nacional, para

assegurar o exercício de direitos, liberdades

e prerrogativas de seus integrantes ou

relacionados com a finalidade partidária;

III - por organização sindical, entidade

de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há pelo

menos 1 (um) ano, para assegurar o

exercício de direitos, liberdades e

prerrogativas em favor da totalidade ou de

parte de seus membros ou associados, na

forma de seus estatutos e desde que

pertinentes a suas finalidades, dispensada,

para tanto, autorização especial;

IV - pela Defensoria Pública, quando

a tutela requerida for especialmente

relevante para a promoção dos direitos

humanos e a defesa dos direitos individuais

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e coletivos dos necessitados, na forma do

inciso LXXIV do art. 5o da Constituição

Federal.

Parágrafo único. Os direitos, as

liberdades e as prerrogativas protegidos por

mandado de injunção coletivo são os

pertencentes, indistintamente, a uma

coletividade indeterminada de pessoas ou

determinada por grupo, classe ou categoria.

Art. 13. No mandado de injunção

coletivo, a sentença fará coisa julgada

limitadamente às pessoas integrantes da

coletividade, do grupo, da classe ou da

categoria substituídos pelo impetrante, sem

prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2

o do art.

9o.

Parágrafo único. O mandado de

injunção coletivo não induz litispendência

em relação aos individuais, mas os efeitos

da coisa julgada não beneficiarão o

impetrante que não requerer a desistência

da demanda individual no prazo de 30

(trinta) dias a contar da ciência comprovada

da impetração coletiva.

Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente

ao mandado de injunção as normas do

mandado de segurança, disciplinado pela

Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do

Código de Processo Civil, instituído pela

Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e

pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015,

observado o disposto em seus arts. 1.045 e

1.046.

Art. 15. Esta Lei entra em vigor na

data de sua publicação.

Brasília, 23 de junho de 2016; 195o da

Independência e 128o da República.

MICHEL TEMER

Alexandre de Moraes

Fábio Medina Osório

Este texto não substitui o publicado no

DOU de 24.6.2016

ARTIGOS/ COMENTÁRIOS

FURTO DE SEMOVENTE

DOMESTICÁVEL DE PRODUÇÃO

Dispõe o §6º do art. 155 do CP, introduzido

pela lei 13.330/2.016:

"A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5

(cinco) anos se a subtração for de

semovente domesticável de produção, ainda

que abatido ou dividido em partes no local

da subtração".

Conquanto o delito em apreço tenha sido

instituído com o propósito de inibir o

abigeato, que é o furto de gado, não resta

dúvida que se aplica a inúmeras outras

situações.

Na prática, contudo, dificilmente esta

qualificadora será aplicada, pois este tipo de

delito geralmente é praticado por mais de

uma pessoa e, diante disso, incidirá a

qualificadora do §4º, IV, que é mais grave.

Com efeito, presentes uma das

qualificadoras do §4º, exclui-se a incidência

da qualificadora em apreço, pois sua pena é

mais branda, podendo funcionar, nesse

caso, como circunstância judicial do art. 59

do CP, servindo de parâmetro apenas para

dosagem da pena-base. Cumpre registrar,

entretanto, outra corrente mais favorável ao

réu que, com base no princípio da

especialidade, afasta a qualificadora do §4º

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quando se tratar de semovente domesticável

de produção, impondo-se, nesse caso, a

qualificadora específica do §6º,

considerando-a “novatio legis in melius”.

Note-se que o legislador não prevê multa

para esta qualificadora do §6º, sendo nítida

a falta de coerência, tendo em vista que até

ao furto simples do caput do art. 155 é

cominada a pena de multa.

O objeto material é o animal domesticável

de produção, ainda que abatido ou dividido

em partes no local da subtração.

Trata-se de um tipo penal aberto,

porquanto a definição deste elemento

normativo é complementada pelo juiz.

Certamente haverá divergência sobre a

extensão do objeto material, com duas

possíveis exegeses:

1ª corrente: abrange apenas o semovente

(animal vivo), pois a expressão “ainda que

abatido ou dividido em partes” refere-se ao

abatimento ou divisão do animal pelo

próprio agente. Por consequência, animais

já abatidos ou divididos em partes pelo

produtor, mas que se encontravam no local

e foram subtraídos, não ensejariam a

incidência da qualificadora.

2ª corrente: abrange o semovente (animal

vivo) e também o animal que, no local da

subtração, já estava abatido (morto) ou

dividido em partes pelo produtor. Seria

incoerente qualificar o delito quando se

furta o semovente vivo e afastar a

qualificadora em relação ao larápio que

astuciosamente aguardou o abate e a

divisão em partes do animal pelo próprio

produtor para só depois realizar a subtração.

De fato, não haveria lógica em se qualificar

a subtração de um animal vivo e excluir a

qualificadora quando o animal já estivesse

abatido ou dividido em partes, posto que o

segundo fato se revela ainda mais grave que

o primeiro.

Ademais, a expressão “dividido em partes”

seria inócua se o tipo penal abarcasse

apenas o animal vivo, porquanto antes desta

divisão o animal necessariamente precisa

ser abatido. Bastaria a lei ter dito “ainda

que abatido no local”, caso o intuito fosse

compreender apenas o abatimento

executado pelo próprio agente. Portanto, a

expressão “ainda que abatido ou dividido

em partes” refere-se tanto ao abatimento ou

divisão em partes feita pelo próprio agente

ou executada anteriormente pelo produtor.

De qualquer maneira, para a incidência da

qualificadora, é mister que o agente subtraia

o animal por inteiro ou na sua essência. De

fato, o tipo penal refere-se à subtração de

semovente, e não de partes dele, de modo

que quando o animal já estava abatido ou

dividido em partes a incidência da

qualificadora estará condicionada à

subtração do todo ou das partes

substanciais. É claro que se o agente deixa

no local apenas as patas do boi e subtrai o

restante, persiste a qualificadora.

Entretanto, não teria cabimento, por

exemplo, qualificar o delito pelo furto de

uma picanha extraída de um animal já

abatido. Frise-se que a qualificadora se

refere ao furto de semovente e não de parte

dele. Da mesma forma, não incide a

qualificadora quando o próprio agente abate

o animal, subtraindo-lhe apenas uma de

suas partes.

É mister, entretanto, que o animal ainda

pertença ao produtor, posto que o intuito da

lei foi protegê-lo. A subtração, por

exemplo, de um porco que se encontra no

açougue ou de um cachorro exposto à

venda em alguma loja não qualifica o

delito.

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Não há falar-se também no delito em estudo

quando se subtrai o leite da vaca ou outro

bem produzido pelo animal, porquanto o

tipo penal refere-se à subtração do

semovente e não dos bens que ele produz.

Nesta hipótese, o furto será simples.

Por outro lado, animal de produção é aquele

criado de forma padronizada, em conjunto

com outros da mesma espécie, para

satisfazer as necessidades do homem. Não é

preciso que o fim da produção seja o abate

para alimentação humana. Admite-se

qualquer outro fim lícito como transporte,

vestuário, desportivo, lazer, reprodução,

etc., pois onde a lei não distingue ao

intérprete não é lícito distinguir.

Desnecessário que se trate de uma atividade

de produção econômica, isto é, lucrativa.

É claro que haverá celeuma sobre a

necessidade ou não do fim econômico da

produção. Mais uma vez a doutrina se

dividirá em duas interpretações:

1ª corrente: só incide a qualificadora se o

fim da produção for econômico, isto é,

lucrativo.

2ª corrente: incide a qualificadora seja a

finalidade da produção econômica ou não.

Imagine, por exemplo, um empreendimento

mantido por uma fundação que cria gados

para distribuir a carne gratuitamente às

pessoas carentes. Parece-me que seria

ilógico excluir a qualificadora

simplesmente pelo fato de ser uma

produção que não visa lucro. Quisesse a lei

exigir o fim econômico teria dito

expressamente.

Acrescente-se, contudo, que a produção

deve visar a satisfação das necessidades

alheias e não do próprio produtor, caso

contrário a qualificadora incidiria quando se

furtasse galinhas criadas para consumo

próprio. Não é este o espírito da lei, que

visa proteger os produtores que fornecem

bens de consumo a terceiros.

Não se pode olvidar que o tipo penal ainda

exige que se trate de animal domesticável

de produção. Não basta, portanto, que seja

um animal de produção.

O assunto está relacionado ao chamado

esclavagismo, relação ecológica onde um

ser vivo se aproveita das atividades, do

trabalho ou de produtos produzidos por

outros seres vivos.

A atividade de domesticação feita pelo

homem é de esclavagismo. A apicultura,

por exemplo, visa extrair das abelhas o mel,

a cera, o pólen, o própolis e geleia real.

Outro exemplo é a ranicultura, atividade em

que o homem cuida e protege as rãs para

extrair-lhe carne e o couro. Mais um

exemplo: a bovinocultura, atividade

humana que protege os bovinos para obter a

carne, o leite, o couro etc.

Vê-se assim que animal domesticável é

todo aquele que for passível de ser criado

licitamente pelo homem fora de seu

ambiente natural. Não creio que sejam

apenas os que gostam de ter a companhia e

o carinho do homem, como é o caso dos

cães, gatos, cavalos, bois, etc. A cobra, por

exemplo, criada em cativeiro para extração

do soro antiofídico enquadra-se no conceito

de animal domesticável. Igualmente , a

psicultura, que é o cultivo de peixes.

Por consequência, o tipo penal exige a

presença de dois requisitos cumulativos:

a) que se trate de animal de produção: é o

criado, de forma padronizada e em conjunto

com outros da mesma espécie, para

satisfazer as necessidades do homem.

Exemplo: animais que se destinam à

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alimentação do homem; animais que visam

satisfazer o vestuário humano; animais

criados para satisfazer o lazer do homem,

como é o caso dos cães de caninos; animais

destinados ao transporte do homem ou de

coisas, como é o caso da criação de cavalos;

animais criados para fins desportivos ou de

reprodução, como é o caso dos cavalos de

haras, etc.

b) que se trate de animal domesticável: é

aquele que o homem pode criar licitamente

fora do seu habitat natural. Não são, por

exemplo, domesticáveis a raposa, a onça, o

elefante, etc.

O bem jurídico protegido é o patrimônio.

Portanto, não se configura o delito em

apreço quando se tratar de animais

silvestres ou abandonados, pois estes bichos

não pertencem a ninguém.

Acrescente-se ainda a divergência sobre a

incidência a esta qualificadora da majorante

do furto praticado durante o repouso

noturno, prevista no §1º art. 155 do CP.

Uma primeira corrente acena

positivamente; outra responde

negativamente com base na argumentação

topográfica, isto é, parágrafo anterior não se

aplica ao posterior.

Ao delito em apreço é também

perfeitamente aplicável o princípio da

insignificância, desde que presentes os seus

requisitos.

Por fim, sendo o réu primário e o animal de

pequeno valor, impõe-se o reconhecimento

do privilégio insculpido no §2º art. 155 do

CP, conforme súmula 511 do STJ.

RECEPTAÇÃO DE SEMOVENTE

DOMESTICÁVEL DE PRODUÇÃO

Dispõe o art. 180-A, do CP

introduzido pela lei 13.330/2016:

“Adquirir, receber, transportar,

conduzir, ocultar, ter em depósito ou

vender, com a finalidade de produção ou de

comercialização, semovente domesticável

de produção, ainda que abatido ou dividido

em partes, que deve saber ser produto de

crime:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5

(cinco) anos, e multa”.

Trata-se de um tipo especial autônomo de

receptação, e não de uma qualificadora,

cujo objeto material é o semovente

domesticável de produção, ainda que

abatido ou dividido em partes. Sobre este

conceito, reporto o leitor ao estudo do furto

de semovente domesticável de produção.

Antes da aludida lei 13.330/2016, caso o

agente adquirisse o animal no exercício de

atividade comercial ou industrial, ainda que

se tratasse de uma atividade comercial

irregular, clandestina ou residencial, ele

responderia pela receptação qualificada do

§ 1º do art. 180 do CP, cuja pena é mais

severa. Com o advento da “novatio legis in

melius”, impõe o enquadramento no art.

180-A, que tem pena mais branda. Noutras

palavras, o legislador amenizou a situação

jurídica de empresários que atuam como

receptadores de animais domesticáveis de

produção.

Os núcleos do tipo, que são adquirir,

receber, transportar, conduzir, ocultar, ter

em depósito ou vender, já foram analisados

anteriormente.

Trata-se de crime de ação múltipla. A

reiteração de condutas, envolvendo o

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mesmo semovente, caracteriza um único

delito.

O elemento subjetivo do tipo é polêmico,

pois a lei utiliza a expressão “que deve

saber ser produto de crime”.

Uma primeira interpretação sustenta que a

expressão exclui o dolo direto, abrangendo

apenas o dolo eventual, concluindo pela

inconstitucionalidade do preceito

secundário, diante da impossibilidade de se

punir o dolo eventual de maneira mais

severa que o dolo direto. Os adeptos dessa

orientação asseveram que, para que seja

preservado o princípio da

proporcionalidade da pena, o art. 180-A do

CP deve conter a mesma pena do caput do

art. 180 pois se para o dolo direto é

aplicável esta pena menor, com maior razão

deve ser aplicado quando se tratar do dolo

eventual.

Uma segunda corrente preconiza que na

expressão deve saber também está

embutido o dolo direto. Para tanto, invoca-

se a interpretação extensiva, ampliando o

texto da lei, adaptando-a a sua vontade real,

pois ela disse menos do que quis. Trata-se

do argumento a fortiori - se a lei prevê um

caso deve estendê-la a outro caso em que a

razão da lei se manifeste com maior rigor.

Com efeito, se a expressão “deve saber”

abrange o dolo eventual, consistente na

dúvida sobre a origem criminosa da coisa,

com maior razão deve abranger o dolo

direto, em que há a certeza da origem

ilícita. Filiamo-nos a essa última corrente.

Não se trata de suprir lacunas da lei, mas de

revelar o seu real significado. Na realidade,

o dolo direto encontra-se implicitamente

previsto no texto legal.

Outra discussão é se a expressão “deve

saber” compreende ou não a culpa. De um

lado, argumenta-se que o crime culposo tem

caráter excepcional, só sendo punível nos

casos expressos em lei, razão pela qual a

dita expressão não compreende a culpa. De

outro lado, sustenta-se que a expressão

“deve saber” é indicativa de negligência,

sendo uma das formas de expressão da

culpa. Em termos de conteúdo desta

expressão, cremos que abrange a culpa,

caso contrário seria uma expressão inútil,

pois para referir-se ao dolo direto e eventual

não há necessidade de utilizar-se de

expressão alguma. Todavia, a pena abstrata,

reclusão de dois a cinco anos, e multa,

revela-se desproporcional para a

modalidade culposa, sendo mais severa do

que o homicídio culposo, violando o

princípio da proporcionalidade da pena. Em

razão disso, força convir que a finalidade da

lei foi abranger apenas o dolo direto e

eventual, excluindo-se a culpa.

Por fim, além do dolo, há ainda outro

elemento subjetivo do tipo que é a

finalidade de produção ou comercialização,

que alguns penalistas chamam de dolo

específico. É assim necessário que o

receptador realize uma das condutas

criminosas com o propósito de valer-se do

animal para o fim de produção ou

comercialização.