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IDE 3 (Nº28) 2005 1 Informações Dehonianas Boletim Informativo da Província SCJ de Moçambique EDIÇÃO REDUZIDA, Nº 28 CARTA DO PROVINCIAL Queridos confrades, cumprimentos amigos para todos vós, nas diferentes tarefas e preocupações da nossa Província. Estamos, de facto, a trabalhar muito e – parece-me – bem. Penso aos confrades da formação, do CPLD e Milevane e das missões confiadas ao nosso cuidado. Grandes trabalhos para o Reino do Coração de Cristo nesta sociedade. Assembleia de Junho. O nosso agradecimento sincero e fraterno ao padre Giuseppe Meloni pela sua disponibilidade e clareza nas propostas que nos ofereceu. Voltámos com um desejo de aprofundar a figura do nosso Fundador e aproximarmo-nos mais às fontes da sua espiritualidade. Os seus escritos deverão estar sempre mais nas nossas mãos. A assembleia foi vivida por todos nós num clima positivo de assunção de responsabilidade e procura sincera de soluções acerca da formação (tarefa misteriosa e difícil!), da colaboração com a IS e a nova presença no Centro Juvenil de Alto Molócuè, dos trabalhos de reestruturação do Noviciado e Postulantado no Gurue, da partilha das preocupações acerca do futuro da nossa amada província. Falecimento do padre Nunzio Leali. O padre Nunzio deixa um grande ensinamento. Uma morte repentina que nos faz apreciar a vida que recebemos e ao mesmo tempo, nos faz atentos ao Pai que nos chama a viver mais intensamente e como filhos amados e discípulos operosos. Uma vida de oblação e de fidelidade à sua vocação, ao serviço fraterno e de dedicação ao povo. Uma vida embebida de presença de Deus, de atenção aos irmãos nas suas necessidades, de amor para o crescimento das comunidades cristãs. Mt 28,19 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com

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Informações Dehonianas

Bo let im In f ormat ivo da P rov ín c i a SCJ de Moçamb ique

EDIÇÃO REDUZIDA, Nº 28

CARTA DO PROVINCIAL

Queridos confrades,

cumprimentos amigos para todos vós, nas diferentes tarefas e preocupações da nossa Província. Estamos, de facto, a trabalhar muito e – parece-me – bem. Penso aos confrades da formação, do CPLD e Milevane e das missões confiadas ao nosso cuidado. Grandes trabalhos para o Reino do Coração de Cristo nesta sociedade. Assembleia de Junho.

O nosso agradecimento sincero e fraterno ao padre Giuseppe Meloni pela sua disponibilidade e clareza nas propostas que nos ofereceu. Voltámos com um desejo de aprofundar a figura do nosso Fundador e aproximarmo-nos mais às fontes da sua espiritualidade. Os seus escritos deverão estar sempre mais nas nossas mãos. A assembleia foi vivida por todos nós num clima positivo de assunção de responsabilidade e procura sincera de soluções acerca da formação (tarefa misteriosa e difícil!), da colaboração com a IS e a nova presença no Centro Juvenil de Alto Molócuè, dos trabalhos de reestruturação do Noviciado e Postulantado no Gurue, da partilha das preocupações acerca do futuro da nossa amada província.

Falecimento do padre Nunzio Leali.

O padre Nunzio deixa um grande ensinamento. Uma morte repentina que nos faz apreciar a vida que recebemos e ao mesmo tempo, nos faz atentos ao Pai que nos chama a viver mais intensamente e como filhos amados e discípulos operosos. Uma vida de oblação e de fidelidade à sua vocação, ao serviço fraterno e de dedicação ao povo. Uma vida embebida de presença de Deus, de atenção aos irmãos nas suas necessidades, de amor para o crescimento das comunidades cristãs.

Mt 28,19

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Um exemplo de humildade, pobreza, simplicidade e participação ao crescimento da nossa província. Convenção MZ e IS.

Um passo para frente: colaboração e inter ajuda entre as duas províncias. Saudámos isto como GRAÇA e como ulterior empenho para frente. A relação entre as duas Províncias é clara, sincera e aberta a projectos futuros. A vinda destes nossos confrades será uma bênção. A nós todos cabe a tarefa de ajudar estes confrades na sua inserção na pastoral da Missão, na pastoral juvenil e vocacional e nos serviços específicos que cada um deles poderá oferecer à província. A Convenção é já um facto positivo e caberá a todos nós a tarefa de implementar empenhos futuros. Ano da COMUNIDADE.

O Directivo Provincial, como escrito na Carta programática do triénio, para o ano 2005/2006 escolheu o tema da COMUNIDADE E VIDA FRATERNA, colocando as nossas pegadas no caminho da Congregação. A seu tempo serão enviadas algumas perguntas às comunidades para favorecer a reflexão e enriquecer o tema. Estamos sempre num caminho de conversão. Confrades… Os nossos confrades que vivem na Itália por motivo de saúde, continuam a ser nossos anjos de guarda na oblação da sua vida e na intercessão pelo povo. Obrigado queridos padres Ottorino, Giovannino, Giovanni, Giuseppe,Luigi,Francesco. O Pe. Vittorino Biasiolli, depois de um tempo de serviço pastoral na paróquia de Castiglione de Pépoli , voltará para Moçambique. O Pe. Marco Lázaro acabou com sucesso o primeiro ano de especialização em sociologia, em Roma e actualmente encontra-se em Salamanca, para participar no Curso dos ecónomos. O Pe. Claudino, em Roma, na comunidade de Cristo Rei, continua o seu caminho de preparação para futuros empenhos na nossa Província. O Pe. José Roubo está em Roma, está a frequentar um Curso de língua italiana e passou bastante tempo em Milão, no SAM, dando colaboração e trabalho. O Ir. Carlitos (AM), foi operado de hérnia discal e encontra-se novamente na comunidade de teologia juntamente com o Ir. Basílio que antes de iniciar o primeiro ano de teologia, frequenta um duro curso de língua inglesa. O Ir. Artur (BM) está a frequentar o segundo ano de teologia em Taubaté, recebeu o acolitado, renovou os seus votos religiosos, e está bem encaminhado. Acompanhamos o padre Manuel De Gouveia, na sua doença. Irá quanto antes para Lisboa onde receberá todos os cuidados do caso. O acompanhamos com a nossa oração e fraterna amizade. Confio ao padre Fundador o nosso futuro, as preocupações e as alegrias do tempo que vivemos. Maria e José estejam sempre ao nosso lado e inspirem o nosso caminho dehoniano. Quelimane , 8 de Julho de 2005

P. Elio Greselin, scj Sup. Prov.

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DA CÚRIA GERAL

Prot. Nº 220/2005

Roma, 11 de Maio de 2005

Eucaristia: Dom do Coração de Cristo

Carta à Congregação por ocasião da Festa do Sagrado Coração de Jesus

Caros confrades Em preparação para a festa do Sagrado Coração de Jesus, neste ano dedicado à Eucaristia e no qual

esperamos poder celebrar a beatificação do P. Dehon, propomo-vos reflectir e tornar eficaz, nas nossas almas e nas nossas comunidades, o dom especial do amor de Deus, na presença eucarística do Senhor Jesus no meio da sua Igreja.

Passaram dois anos desde que celebrámos o XXI Capítulo, que nos convidou a reviver a experiência espiritual em nós suscitada, como parte de um caminho de refundação para responder ao hoje de Deus, com ouvido atento à voz do Espírito e olhos abertos aos sinais dos tempos.

Neste processo de regresso às origens, é indispensável apegar-se aos elementos fundamentais da nossa existência como consagrados, enriquecidos com a herança espiritual do P. Dehon. Não há dúvida que, para o nosso Fundador, a Eucaristia constitui o centro da sua vida espiritual, revelação do amor de Deus, escola e meio de união e transformação em Cristo, força e apoio nas dificuldades da vida, vínculo de comunhão fraterna e impulso de solidariedade para a sua missão.

Se queremos, pois, na linha do Capítulo, escutar a voz de Deus que nos chama a renovarmo-nos individualmente, como comunidade e como Congregação, devemos partir deste fundamento, tomando a sério o convite de Jesus, “tomai, comei... bebei”, como fonte de vida e transformação, de comunhão e de aNunzio.

1. Eis o meu Corpo... o meu Sangue... por vós

1.1. Com toda a propriedade se afirma que a Eucaristia é o centro e o compêndio da vida da Igreja, que se abre à totalidade do mistério de Deus e da salvação. De facto, inseridos no memorial da Ceia, o pão e o vinho, Corpo e Sangue, oferecidos aos discípulos, exprimem toda a vida de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição.

Toda a sua existência no meio dos homens, desde o momento da incarnação, foi uma vida de obediência à vontade do Pai e um serviço aos homens. O “Ecce Venio” da entrada no mundo apresenta-nos Jesus completamente consagrado a fazer a vontade do Pai (Heb 10,9). O “tomai e comei... bebei” (Mc 14,22-24 par.), no fim da sua existência “na carne”, exprime qual era esta vontade-projecto do Pai: o dom da vida aos homens, através de um serviço levado até à última gota de sangue, “feito obediente até à morte e morte de cruz” (Fil 2,8). Como nos recorda o P. Dehon, “o Coração eucarístico de Jesus continua no santo

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sacramento a sua vida de amor e de imolação como nos mistérios da sua vida mortal, da sua vida gloriosa. O Senhor reassumiu todos os mistérios do seu amor no augusto e amável sacramento da Eucaristia” (OSP II/411-412).

Este é o dom que gera a vida. Os dons que nós podemos fazer uns aos outros podem ajudar-nos a viver e a superar dificuldades, mas permanecem a nível humano, pois ninguém pode dar aquilo que não tem. O dom de Jesus é de outra natureza, porque Ele é o Filho de Deus. O dom da sua vida é “o verdadeiro pão do Céu” (Jo 6,32) e “quem come deste pão, viverá eternamente” (Jo 6,51.58). A Eucaristia reassume assim o dom total da vida de Cristo, que gera vida na sua comunidade; uma comunidade que dá fruto neste mundo e que se abre à eternidade de Deus.

Este corpo/vida, feito dom total aos homens, este sangue tragicamente derramado, tornam-se “remissão dos pecados” (Mt 26,28) da humanidade e revelam o prodigioso amor de Deus, que não destrói o pecador, mas faz abundar a graça e a vida onde o pecado levava à degradação e à morte. Na sua morte, provocada por nós, Ele ofereceu-nos misericordiosamente a vida. Por isso, na Eucaristia, contemplamos aquele que nós mesmos trespassámos e descobrimo-lo como fonte de vida e de reconciliação e como caminho para reparar o pecado do mundo através do dom do amor.

1.2. Assim como as palavras e gestos de Jesus aos discípulos não são simples discurso de circunstância, mas compreendem toda a sua vida, morte e ressurreição, também a celebração eucarística não se reduz a um rito pontual, mas abre-se a toda a vida do crente e da comunidade. Um pão para comer e um vinho para beber: através deste dom, podemos ter em nós a vida de Deus. Fazendo-se nosso alimento, Ele dá-nos a vida, levanta-nos da nossa caducidade e do nosso pecado, através da comunhão com o Pai, no Espírito.

O facto de comer e de beber mostra, por outro lado, o carácter dialogal e activo da Eucaristia. Este é dom de Deus, que deve ser interiorizado, feito nosso modo e estilo de vida. Comer e beber: isso significa aceitar o desafio de dar também nós a vida, de fazer da existência um serviço aos irmãos, até ao fim. O pão multiplicado e oferecido por Jesus deve ser recebido, comido e interiorizado, mas deve ser, de seguida, de novo, multiplicado e oferecido. Os pés, lavados por Jesus, não se cansam de caminhar e de se ajoelhar diante dos pés de outros irmãos, para lavá-los, em gesto de fraternidade, de solidariedade e de amor: “Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós vos deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13,14).

2. Aceitando e multiplicando o pão da vida

2.1. À luz da Eucaristia, a nossa vocação ganha o seu verdadeiro sentido. Em comunhão com Cristo, dom eucarístico, compreendemos o nosso “Ecce Venio”: Como Ele e com Ele, que se faz nosso alimento, podemos dizer, também nós: “Venho para fazer a tua vontade”. É na Eucaristia que alimentamos a nossa disponibilidade para escutar e seguir os desígnios de Deus para cada um de nós, para as nossas comunidades, a Congregação e a Igreja.

Comendo e fazendo nossos o Corpo e o Sangue de Jesus, torna-se também possível a nossa oblação ao Pai, que a transforma em serviço e dom de vida para os homens. Será sempre Cristo a multiplicar o pão pela multidão, mas Ele precisa dos nossos poucos pães, postos à sua disposição pelas nossas mãos para os distribuir à multidão. Será sempre a prodigiosa energia do Espírito do Pai a tornar Jesus presente no seu Corpo e no seu Sangue, mas quis ter necessidade do pão e do vinho que nós levamos ao altar.

É no contexto eucarístico que compreendemos também a nossa reparação. A partir do mistério da redenção sacramentalmente actualizado, sentimo-nos envolvidos no projecto de Deus que responde ao pecado do homem com a imensidade do seu amor. Participantes dos sofrimentos de Cristo (Col 1,24), a partir da sua presença eucarística, continuamos a ser no mundo presença do Deus que responde à guerra com o dom da paz, à ofensa e à divisão com o perdão, ao ódio com o amor, à injustiça e à morte com a esperança e a vida.

Com humildade e alegria sintamo-nos activamente participantes deste mistério que vivifica, alimenta e dá esperança à Igreja. Fiéis à tradição recebida do P. Dehon, façamos com que a quotidianidade da nossa existência seja alimentada pela presença viva e vivificante do Senhor na Eucaristia: “A mesa é o acto

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culminante do dia, o acto divino; é o acto que nos caracteriza e parece-me que seja a razão de ser dos Oblatos...” (Cahiers Falleurs, III,62).

2.2. A celebração eucarística tem a sua continuação muito frutuosa na adoração, um ponto fundamental da nossa espiritualidade dehoniana. Esta não substitui a celebração da missa, mas permite ao nosso espírito deixar-se transformar pela presença de Jesus. A gratuidade do tempo que dedicamos à adoração faz-nos sentir como verdadeiros discípulos, sentados diante do Mestre, para escutar, louvar, entrar em comunhão com Aquele que é a fonte da nossa vida, da nossa alegria, força e missão. Não é Jesus que tem necessidade deste tempo, mas nós. A nossa mente e o nosso coração têm necessidade de tempo e de silêncio para serem transformados pelo Senhor. Esta contemplação continua e interioriza o verdadeiro sentido do comer e do beber da celebração eucarística.

2.3. Sem este alimento vivificante de celebração e contemplação, como poderemos viver em comunhão com Cristo e com o Pai? E sem esta comunhão, que sentido tem a nossa consagração religiosa, e que Reino de Deus construiremos? A origem da maior parte das nossas crises não estará talvez no abandono da comunhão pessoal com o Senhor, na Eucaristia? Não fazemos, ao contrário, como os discípulos de Emaús (cf. Lc 24), a experiência do regresso à alegria, à coragem e à esperança, quando o Senhor abre as Escrituras e parte o pão para nós?

3. À volta da mesa do Senhor, mesmo sendo muitos, formamos um só Corpo

3.1. A Eucaristia é essencialmente mistério de comunhão. Antes de mais, é comunhão oferecida por Deus, que convida a comer e a beber na sua presença (Is 24,9-11), qual banquete de aliança, de alegria e de paz. Mas, neste banquete, o próprio Jesus faz-se alimento e comida, para nos fazer participar da sua própria vida e da sua família (seu corpo e seu sangue).

À volta da mesa, convidados a participar juntos no banquete que nos faz viver, encontramos o fundamento da unidade e da vida fraterna. Comendo do mesmo pão e bebendo do mesmo cálice, tornamo-nos irmãos e irmãs (cf. 1Cor 10,16s), porque em cada um de nós está presente o mesmo Espírito de vida do Pai comum. Esta é a razão fundamental da nossa unidade e comunhão. Todas as outras motivações, como a simpatia espontânea, o bem comum, os projectos colectivos, concorrem para construir a unidade, mas não resistem ao tempo e às dificuldades. Por isso, as nossas comunidades encontram na Eucaristia “a fonte e o ponto culminante da sua vida” (Cst 80).

3.2. A comunhão fraterna é, de facto, o fruto e o desafio fundamental da Eucaristia. Na variedade das nossas origens, culturas e histórias, no isolamento do nosso egoísmo e do nosso pecado, somos chamados juntos, pelo nosso comum Senhor, a receber e oferecer o perdão, para reparar as rupturas, para refazer a amizade e a comunhão. É Ele mesmo que nos convoca à volta da sua mesa e continua e rezar, para que sejamos unidos – sint unum – à imagem da sua comunhão com o Pai (Jo 17,21).

Celebrar a Eucaristia não é mais uma devoção privada, mesmo quando, excepcionalmente, a celebramos sós. Nas nossas comunidades, procure-se dar espaço e tempo adequados, a fim de que a celebração eucarística possa exprimir e alimentar a comunhão fraterna. Não nos limitemos a cumprir o “dever religioso” da santa missa, mas procuremos que este acolhimento do nosso Senhor seja momento alegre de escuta comunitária e de partilha da Palavra, de reconciliação e de procura comum da vontade de Deus a nosso respeito.

3.3. A adoração quotidiana, segundo a nossa tradição, representa um momento importante e dá qualidade à nossa vida fraterna. Estar juntos, diante de nosso Senhor, em silêncio de contemplação e de louvor, não é um regresso ao devocionismo individualista. A nossa comunhão tem necessidade de momentos nos quais nos olhamos reciprocamente, partilhamos, discutimos e programamos a nossa vida e o nosso ministério. Mas tem igualmente necessidade de momentos nos quais olhamos juntos na direcção do nosso Senhor e, em silêncio, sentamo-nos, com alegria e atenção, diante do Mestre e deixamos que Ele fale a todos e a cada um, no íntimo do coração. As nossas relações e a nossa unidade ganham então uma qualidade e uma consistência novas: não repousam apenas na importância da palavra que dizemos ou do gesto que fazemos, mas na solidez da nossa relação individual e comum com o único Senhor que escutamos e nos esforçamos em seguir e de cujo corpo nos alimentamos.

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3.4. Desta relação regeneradora com o Senhor, na Eucaristia, brota e ganha sentido a nossa vida fraterna, assim como a nossa consagração e a nossa missão. É o que se lê no livro dos Actos sobre a primeira comunidade de Jerusalém, fiel ao ensino dos apóstolos, à oração e à fracção do pão, na comunhão dos bens, segundo a necessidade de cada um (cf. Act 2,42-46).

Dado que o Senhor multiplica para nós o pão da vida, nós não chamamos a nada “nosso”, mas pomos tudo à disposição da comunidade, para estar ao serviço de todos os irmãos, para tornar possível a nossa missão e para ir ao encontro dos mais necessitados. Dado que fizemos a experiência do amor de Deus por nós e acolhemos o seu chamamento, partimos da nossa família e renunciámos a formar cada um a sua família. Por isso, aceitamos como irmãos, independentemente da sua origem, aqueles que o Senhor chamou juntamente connosco, na estima, no serviço mútuo e num testemunho do amor gratuito de Deus que não conhece fronteiras. Dado que estamos em comunhão com Aquele que tinha como alimento fazer a vontade do Pai, renunciamos à pretensão de um projecto individual e autónomo de vida, para nos colocarmos pessoal e comunitariamente à procura da vontade de Deus, colaborando, em espírito de obediência e fraternidade, no projecto de vida e na missão da nossa comunidade.

4. Fazei isto em memória de mim

4.1. Da Eucaristia parte a missão da comunidade e da Igreja. Nela se cumpre, de modo especial, a promessa do Senhor, antes da paixão, de voltar ao meio dos discípulos e de acompanhar a sua missão, até ao fim dos tempos (Mt 28,16-20). Para o apóstolo, a Eucaristia evoca e actualiza o encontro do ressuscitado com os seus discípulos, às vezes incrédulos sobre a sua presença, como Tomé (Jo 20,24-29); outras vezes desiludidos, como aqueles de Emaús (Lc 24); ou cansados e desencorajados, como Pedro e os companheiros, depois da noite de infrutífero trabalho de pesca (Jo 21). De todos estes encontros brotam uma reinterpretação da situação presente, a infusão de nova alegria e energia no coração dos discípulos e uma mudança de atitude em relação à missão.

Na quotidianidade do nosso serviço apostólico, a Eucaristia convida-nos a tomar a sério a presença de Jesus vivo e vivificador no meio de nós: “Não vos deixarei órfãos, mas voltarei a vós” (Jo 14,18). É a partir deste encontro que somos convidados a ver o conteúdo e o estilo da nossa missão.

4.2. O primeiro aspecto que a Eucaristia põe em relevo, em relação à missão, é o mistério da solidariedade de Deus, revelado em Jesus. Ele, o Filho de Deus, fez-se um de nós (Fil 2,6s), veio habitar no meio de nós (Jo 1,14), partilhando em tudo a nossa natureza, excepto no pecado (Heb 4,15). Como costumava recordar o P. Dehon, o mistério da incarnação é a revelação do grande amor de Deus para com a humanidade. Ele não se limita a salvar o homem a partir da sua morada divina, mas, em Jesus, desce para caminhar connosco, partilhando a nossa natureza, para nela inserir a sua vida. Mas esta solidariedade não se limita ao tempo e ao espaço da vida de Jesus na Palestina. Hoje, como ressuscitado, continua a sua presença, em cada uma das nossas comunidades, em particular na Eucaristia. Na nossa relação com Ele, aprendemos a primeira atitude missionária: a solidariedade que nos faz caminhar com os homens e mulheres do nosso tempo, aprendendo a viver com eles e partilhando os dons que temos recebido.

Como mistério do pão da vida, a Eucaristia convida-nos a assumir o papel do verdadeiro discípulo, que põe à disposição de Deus os poucos (mas todos os) pães e os peixes que possui, a fim de serem abençoados e multiplicados, tomando-os de novo, das suas mãos, para os levar à sua comunidade. Como nos recorda o P. Dehon: “Toda a obra que não fundamente as próprias raízes na solidão do tabernáculo, apesar do mais brilhante sucesso, assemelha-se ao arbusto de Jonas, nasce morta e não produz nenhum fruto sobrenatural” (OSP 2, 438).

Deste modo, sentimos a alegria e a responsabilidade de fazer parte deste dinamismo de solidariedade de Deus, mas, ao mesmo tempo, sentimo-nos livres, no reconhecimento humilde de que é Ele que multiplica o pão. Com Ele, sentiremos compaixão da multidão que tem fome de pão, de saúde, de justiça, de esperança e de vida e pôr-nos-emos ao seu serviço, para multiplicar o pão da sua palavra, da sua alegria e da sua paz.

Tendo feito a experiência d’Aquele que nos fez sentar à mesa e se ajoelhou diante de nós para nos lavar os pés, cingido com a veste do serviço, até aceitar a morte, não consideramos nenhum serviço insignificante,

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nenhuma dificuldade insuperável, mas vestimos, também nós, a veste do serviço e do amor fraterno, a única que distingue o discípulo e o apóstolo de Cristo, para pormos a nossa vida ao serviço do seu Reino.

Habituados a encontrar paz, alegria, força e esperança no contacto com o Senhor na Eucaristia, seremos capazes de ajudar as comunidades e grupos cristãos que servimos no nosso ministério, a fazer esta mesma experiência de comunhão e de vida. Assim, a espiritualidade eucarística tornar-se-á uma nota característica da nossa missão como dehonianos.

4.3. Para o apóstolo, a adoração eucarística caracteriza ulteriormente o seu ministério. No meio de uma actividade que, às vezes, “nem sequer permite comer”, ele sente-se chamado como bom pastor, que cuida daqueles que colaboram com ele no serviço da multidão: “Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31). Neste sentido, a adoração torna-se um verdadeiro processo que impede a nossa “alienação apostólica” no trabalho e no eficientismo e nos coloca na verdadeira atitude do discípulo, para redescobrir, cada dia, quem é o Senhor da messe na qual trabalhamos e qual é o conteúdo e o estilo da missão que nos confia. Só assim podemos partilhar com a comunidade a palavra e a vida que escutamos e recebemos do Senhor. De outro modo, não anunciaremos outra coisa que nós mesmos.

4.4. Assim fundamentados na Eucaristia, vivemos a nossa missão apostólica também quando sentimos que nos faltam as forças, quando experimentamos os limites da doença e da fraqueza e quando sentimos o término da nossa peregrinação ao serviço do Evangelho nesta terra. O ponto culminante da missão de salvação d’Aquele que encontramos na Eucaristia não se verifica quando Ele se encontra rodeado pela multidão, na pregação, nos milagres, nas curas. O ponto mais alto do poder salvador de Deus revelou-se na aparente derrota e inutilidade de um homem condenado, desprezado e posto na cruz. Com Ele compreendemos o segredo do grão que cai na terra (Jo 12,24), mas que Deus não esquece, fazendo-o germinar, crescer e dar tanto fruto, para se tornar pão para a vida do mundo.

Conclusão

A Eucaristia faz-nos entrar no coração e centro do mistério de Deus, da Igreja e da nossa vocação. Como

diz o P. Dehon, Ele “renova todos os seus mistérios e torna-se o coração místico do seu corpo místico” (OSP II, 412). Preparando-nos para celebrar a festa do Sagrado Coração, voltamos o nosso olhar para Aquele que foi trespassado, pela sua fidelidade a Deus e aos homens e que, ressuscitado e presente na Eucaristia, continua a ser fonte de vida para os seus.

No ano em que esperamos poder celebrar a beatificação do nosso Fundador, queremos partir deste Coração eucarístico de Cristo, para a refundação da nossa consagração, da nossa vida fraterna e da nossa missão.

Exortamo-vos, pois, a empreender, com alegria e seriedade, este caminho de renovamento, numa forma que envolva as pessoas e as comunidades: revisitando os textos fundamentais do P. Dehon e da nossa Regra de Vida sobre a Eucaristia (cf. Cst 80-84); revendo a nossa fidelidade quotidiana à celebração eucarística e à adoração; revitalizando a qualidade das nossas celebrações; promovendo a reflexão e a partilha sobre a Eucaristia; fazendo-nos promotores da espiritualidade eucarística nas comunidades a nós confiadas e no meio do povo de Deus.

Se nos mantivermos em comunhão com o Senhor, na Eucaristia, como o ramo unido à videira (cf. Jo 15,1-8), Ele torna-se para nós dom da alegria, da fortaleza e da esperança. Dele teremos um coração manso e humilde, aberto ao amor de Deus e disposto a empenhar-se com generosidade na construção do seu Reino de justiça e de paz.

Desejamo-vos uma celebração alegre e fraterna da festa do Coração do Senhor.

P. José Ornelas Carvalho Superior Geral e seu Conselho

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COMUNICADO DE IMPRENSA

A beatificação do Padre Leão DEHON foi recentemente posta em questão pela imprensa e por

algumas agências, sob o pretexto das suas posições anti-semitas. A maior parte destas intervenções, muitas vezes de carácter polémico, baseiam-se num conhecimento superficial e parcial da obra e da personalidade de Leão Dehon. Por esta razão, com a intenção de repor as coisas na sua verdade, a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus quer precisar o seguinte.

1. Todas as obras do Padre Dehon, incluindo os textos incriminados, foram integralmente publicadas. Todas elas foram submetidas ao exame dos censores da Congregação para a Causa dos Santos. Nunca houve o menor “encobrimento” (“camouflage” – cf. Le Monde, 10.06.2005).

2. O processo de beatificação não foi interrompido em 1952, contrariamente a certas afirmações, pela simples razão que a causa só foi introduzida a partir de 1952.

3. Na obra publicada de Leão Dehon, não se encontra qualquer menção a Karl LUEGER fazendo a apologia do anti-semitismo, particularmente quando o P. Dehon refere a situação da Áustria. Ligar a sua obra à de Lueger, da qual Hitler faz o elogio em “Mein Kampf”, é, portanto, uma grave difamação. Não se pode, pois, pretender que o Padre Dehon tenha sido um precursor na elaboração dos estatutos posteriores do povo judeu, particularmente aquando da administração de Vichy.

4. Contrariamente àquilo que foi afirmado (cf. “Le Monde”), não somente LEÃO XIII não se afastou de Leão Dehon, mas em 1897 nomeia-o Consultor da Congregação do Index, precisando: “Saber-se-á que eu aprovo as suas tendências, pois lhe confio a função em que se deve julgar a doutrina dos outros”.

5. É preciso sublinhar, por outro motivo, que a atitude de Leão Dehon em relação ao povo judeu está longe de ser anti-judaica. Ele põe particularmente em realce a dimensão providencial deste povo na história da salvação, desejando mesmo que as grandes figuras do Antigo Testamento sejam inscritas no calendário litúrgico da Igreja católica. E para citar apenas um texto a este propósito: “Ele (o povo judeu) não é menos um povo providencial. Deus não o abandonou definitivamente. Conserva-o como testemunha da história e das Sagradas Escrituras. Reserva-lhe ainda uma grande missão nos últimos tempos do mundo...” No mesmo sentido, Leão Dehon demarca-se da posição de Pio IX, afirmando que, em nome do direito natural, não se pode baptizar uma criança judia sem o consentimento dos seus pais (cf. affaire Mortara em 1858).

6. Como Consultor da Congregação do Index, ele milita vigorosamente para que esta instrua o processo da Acção Francesa. Encarregado de redigir o relatório sobre este tema, ele cita expressamente o anti-semitismo da Acção Francesa como um dos motivos para a sua eventual condenação.

7. Enfim, devemos denunciar o procedimento que consiste em difamar uma personalidade utilizando textos isolados de qualquer contexto e citados de maneira truncada, que fazem ressaltar apenas a sua dimensão negativa.

Queremos precisar que o que motiva o P. Dehon em todas as suas posições é o empenho militante em contestar as injustiças sociais do seu tempo, em particular a usura excessiva, em denunciar as suas causas, sobretudo o liberalismo e o capitalismo, para promover o advento de uma outra sociedade, “a renovação social cristã”.

P. José Ornelas Carvalho, scj Superior Geral

Roma, 24 de Junho de 2005

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DECLARAÇÃO DA COMISSÃO TEOLÓGICA SCJ

Roma – Junho 2005 Ultimamente vários jornais de ampla difusão na França e também fora, publicaram artigos a respeito de Padre Leão DEHON, fundador da Congregação dos padres do Sagrado Coração, concernentes as dificuldades levantadas em torno de sua beatificação, que foi anunciada.

Essas dificuldades se baseiam em passagens anti-judaicas que se encontram em alguns dos seus escritos (cf. 3ª Conferência romana, em “A Renovação Social Cristã”, e no “Catecismo Social” – N.do T.).

A leitura desses artigos nos convida a dar alguns esclarecimentos que nos parecem necessários.

Quando se encaminhou o processo da beatificação de Padre DEHON, sua Congregação apresentou toda a sua obra, em edição completa e que sempre esteve ao alcance de todos. Notadamente seus escritos de carácter social, donde são extraídas as passagens questionadas.

Todos estes escritos foram submetidos ao exame no decorrer do processo: sem qualquer restrição e subtracção da parte da Congregação de Padre Dehon. Eles foram cuidadosamente examinados pelo censor nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, um teólogo perito na questão social. Eles foram avaliados positivamente como obra de um apóstolo particularmente atento às questões da sociedade de seu tempo.

Conforme nosso conhecimento, não foi emitida nenhuma reserva sobre o fundo de suas posições.

Por outro lado, agora e para o futuro, a Congregação dehoniana se entrega ao prudente julgamento da Igreja.

O carácter anti-judaico das passagens incriminadas é incontestável. Contudo, a verdade obriga a reconhecer que estas passagens desenvolvem apenas um aspecto, relativamente restrito, na imensa obra social de Padre Dehon. Elas datam de um determinado período do empenho social de seu autor, e conforme o parecer de muitos historiadores, no clima ambiental elas são apenas uma voz entre muitas outras, especialmente entre as dos católicos sociais.

Temos de recordar, sobretudo, que elas são inseparáveis da análise social e política que as motiva: o compromisso de promover efectivamente o advento da justiça social no contexto da sociedade daquele tempo, com a preocupação de denunciar as causas do mal social, de modo particular a especulação, a usura excessiva...

É isto que levava Padre Dehon, servindo-se muito facilmente, sem dúvida, e de maneira não crítica da informação difundida nessa época, em denunciar a influência judaica em postos-chaves, particularmente no campo financeiro. Isto foi para ele apenas um dos elementos duma análise muito mais completa. E nisso, aliás, ele não é nem original nem particularmente agressivo, e ele não manifesta nenhum ódio pessoal. Ele não deixa de fazer o elogio do povo judeu, povo providencial na história da salvação.

Foi esta moderação que, no tempo de Padre Dehon e também depois, foi constantemente acentuada. O carácter anti-judaico, jamais ignorado, menos ainda ocultado, não foi considerado por ninguém como uma característica da personalidade de Padre Dehon, reconhecido por todos como um homem respeitoso e pacífico. Esse carácter em nada influenciou ou limitou a Congregação de Padre Dehon no serviço de sua missão.

Estes esclarecimentos não têm a pretensão de escusar nem de justificar. Os textos questionados são lamentáveis, insuportáveis para nós hoje. Contudo é preciso saber situá-los em seu contexto. Seria objectivamente injusto reduzir seu autor a esse aspecto lamentável de sua obra. E seria um anacronismo julgá-los conforme a sensibilidade de nosso tempo.

Se é verdade que o anti-judaismo não encontrou na história da Congregação de Padre Dehon toda a atenção desejável, é também verdade que a história religiosa, em geral, não desenvolveu tal

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sensibilidade a não ser numa época em que o processo de beatificação já entrara na sua fase decisiva.

Comunicado n. 11

Sobre as actividades do governo geral

Prot. N. 284/2005

Roma, 1 de Junho de 2005

Através desta carta damos a conhecer as atividades do governo geral durante o mês de maio,

antes de os membros do Governo partirem em visita às Províncias. 1. Nomeação do Governo provincial da Espanha

O Superior geral, com a aprovação de seu Conselho, em reunião de 6 de maio de 2005, nomeou

o Governo provincial da Província Espanhola, assim constituído:

Superior Provincial: P. Julián ARROYO DE LA ROSA (2° tr.) 1° Conselheiro: P. Francisco Xavier LARREA PASCAL 2° Conselheiro: P. Valeriano GÓMEZ REOLID 3° Conselheiro: P. José Joaquín IZURZU SATRÚSTEGUI 4° Conselheiro: P. Jesús VALDEZATE SOTO

O triênio terá início dia 6 de julho de 2005.

2. Nomeação do Governo Regional do Canadá

Dia 2 de maio o P. John van den Hengel foi nomeado Superior da Região do Canadá. Dia 19, o

Superior geral, com a aprovação de seu Conselho, nomeou o Conselho regional, assim constituído:

1° Conselheiro: P. Richard Dominique WOODBURY 2° Conselheiro: P. James CASPER

O triénio começa dia 7 de Junho de 2005. Com a nomeação do P. van den Hengel, muda a sede do Governo Regional:

Dehon House 192 Daly Avenue Ottawa, Ontário K1N 6E9 Canada Tel: 613-565-6489 Fax: 613-565-6969 e-mail: [email protected]

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3. Mudanças na Cúria Geral

P. Odilo Antonio Leviski, encerrou dia 01.06.2005 seus serviços como vice-secretário geral. O Governo geral agradece, em nome de toda a Congregação, ao P. Odilo pelos serviços prestados, desejando-lhe bom retorno à sua Província.

Na sessão de 23 de Maio, o Superior geral, nomeou o P. Anísio Schwirkowski, membro da Província Brasileira Meridional, vice-secretário geral. Seu mandato, com início dia 1º de Junho de 2005, tem a duração de três anos, renováveis ao seu término.

4. Mudança da condição jurídica das Regiões FIN e MAR

O Superior geral, com a aprovação de seu Conselho, em sessão de 4 de maio de 2005, segundo a moção 2 do XXI Capítulo Gral, sob pedido das Regiões interessadas, mudou sua condição jurídica, transformando-as em Distritos. A Região FIN, a partir de 1º de outubro de 2005 passa a ser um Distrito dependente da Província PO, enquanto a Região MAR, na mesma data. Passa a ser Distrito da Província BC.

A Região ACR deverá mudar de condição em breve.

5. Aprovação dos Directórios e das Ratio Formationis Provinciais

Estes os documentos aprovados nas reuniões de maio: a. alterações no Diretório Provincial da Província do Congo; b. o Diretório Provincial “ad experi-mentum” da Província Argentina; c. a Ratio Formationis Provincialis da Província alemã; d. a Ratio Formationis Provincialis “ad experimentum” da Província dos Estados Unidos

6. Supressão canónica de comunidades

A pedido da Província IS, o Superior geral, com aprovação de seu Conselho, em data de 3 de maio de 2005, suprimiu canonicamente a comunidade religiosa de Bologna V (Villaggio del Fanciullo).

7. Mudança de província

Em data de 31 de Maio de 2005, o Superior geral autorizou a mudança de Província dos seguintes religiosos: P. Xavier ZEMB da CM à EF; P. Salvador ELCANO ESAIN a CO à HI; P. Pedro GARCÍA VERDÚ da HI à EF; P. Donizeti QUEIRÓZ da BC à BM

8. Hospedagem na Casa geral durante o ano académico europeu de 2005-2006

Pede-se informar a todos os membros da Congregação que durante o ano académico europeu de 2005-2006, será impossível hospedar religiosos na casa por causa do Curso para Formadores que lotarão a casa.

Para eventuais romeiros recomenda-se a Villa Aurelia, cujo endereço é: “Villa Aurelia” Via Leone XIII, 459 00165 – Roma Tel: 06-660-17-458 Fax: 06-660-49-467 e-mail: [email protected] sito:web: ww.villaaurelia.net

Saudações in Corde Jesu,

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P. Marek Stoklosa Secretário geral

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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA___________

ASSEMBLEIA SCJ MILEVANE

22 – 24 JUNHO de 2005

ACTAS

O primeiro dia do nosso encontro foi

dedicado à oração e à reflexão. O retiro foi orientado pelo padre José Meloni. Na parte da manhã o padre apresentou o tema a partir da frase do próprio Padre Dehon contida no seu Testamento Espiritual: “Deixo-vos o mais maravilhoso dos tesouros: o Coração de Jesus”.

Na parte da tarde a palestra teve como título “Como duas gotas de água: o Pe. Dehon e a Eucaristia”. Reflectimos sobre a maneira como Padre Dehon viveu a sua vocação de amor e reparação a partir da Eucaristia como centro de todos os mistérios da vida de Jesus e como lugar do encontro, da presença e da união com Cristo na sua oblação ao Pai em favor dos homens. Algumas perguntas que o padre nos deixou, animaram o trabalho em grupos e o plenário final.

A metade da tarde fomos visitar o nosso cemitério, rezando o terço e pedindo aos nosso defuntos a sua intercessão para a nossa província e a nossa Assembleia. Uma lembrança particular tivemos para o Padre Nunzio Leali que nos deixou no passado dia 14 de Junho.

No segundo dia a nossa Assembleia, constituída por 21 participantes, retomou os

trabalhos às 8.00 horas com a oração e a invocação do Espírito Santo. O Padre Domingos comunicou os nomes dos moderadores nas pessoas dos Padres Azevedo Saraiva e Emílio Giorgi e dos secretários: os padres Abel Sicanso e Renato Comastri.

Logo depois, o Padre Elio, em qualidade do Superior Provincial deu início aos trabalhos apresentando a fisionomia da Província com as suas luzes e sombras. Dividiu a sua exposição nestes pontos: 1) As preocupações: • Fragilidade das comunidades, devido à

falta de pessoal: várias comunidades ainda estão formadas somente de dois padres.

• Fragilidade da Província pelo envelhecimento, pelas doenças e pelas mortes: isto diminui a nossa capacidade de trabalho.

• Fragilidade nas decisões: dificuldade em discernir. Não chegamos a tudo, mas é o que deve ser guardado a todo o custo

• Fragilidade por falta de perseverança de jovens religiosos e as perspectivas numéricas, olhando para os últimos anos de formação, não são encorajadoras.

• Fragilidade do próprio Conselho Provincial: não há maneira de se poder encontrar com a presença de todos os seus membros.

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• Fragilidade não tanto da economia, mas das dificuldades que surgem pelo facto que o Ecónomo Provincial está em Maputo.

2) As esperanças: • No seminário médio da Casa Coração de

Jesus estão 38 jovens. Olhando para eles, com a ajuda do Senhor, podemos esperar algo de bom.

• No noviciado temos cinco noviços e cinco no Postulantado.

• Três confrades estão a ser formados em Roma (Pe. Claudino, Pe. Marcos e Pe. José Roubo), e outros fazem o curso de teologia no Brasil e na África do Sul: Artur, Carlos e Basílio. “O nosso futuro - afirmou com convicção o Pe. Elio - está nestes jovens. Não sonhamos um futuro sem dificuldades, mas temos de gastar todas as nossas energias para que isso se realize”.

3) Os intercessores: Na nossa caminhada de Província contamos com os nossos intercessores:

• Os nossos defuntos, sepultados aqui em Milevane e fora.

• Os padres anciãos ou doentes que se encontram na Itália. Eles rezam e oferecem o seu sofrimento e as suas limitações para a nossa Província e a nossa Igreja.

• Os nossos amigos e benfeitores.

4) As novidades Na vida da nossa Província estamos a viver realidades novas e positivas:

• Os novos projectos e colaboração com a IS.

• Colaboração com outras Províncias SCJ: Brasil, Portugal…

• O projecto PMO e a colaboração com os leigos no CPLD

5) Serviços do Padre Provincial

A primeira tarefa do Padre Provincial é a da animação em geral e da espiritual em particular nos vários níveis: provincial, comunitária e pessoal. Algo se fez: o retiro em Janeiro e o próprio retiro no primeiro dia deste

nosso encontro. Fomos também ajudados para uma reflexão pessoal e comunitária pela carta do Padre Geral e pela carta apostólica do Papa João Pulo II “Mane nobiscum Domine”. Concluindo este ponto o Padre reconhece que podia-se ter feito algo a mais. 6) Como viver a espiritualidade

No vida concreta de todos os dias, somos solicitados por tantas actividades e trabalhos de todo o género. Porém, corremos o risco de esquecer, ou, ao menos, deixar um pouco de lado, o que é essencial: viver a união com Cristo. O nosso futuro é dado pela espiritualidade… viver o espírito de amor e de oblação como Cristo, ao Pai, em favor dos homens. Esta espiritualidade exprime-se nestes pontos vitais: • Adesão a Cristo e à sua oblação. O seu

caminho é o nosso caminho. • Colaborar activamente com a Igreja Local,

para diminuir as suas insuficiências pastorais.

• Sermos profetas do amor e servidores da reconciliação.

• Disponibilidade em tudo. • Solidariedade com os que mais precisam. • A vida fraterna em comunidade. As muitas actividades não podem eliminar os empenhos da vida fraterna: vida em comum, oração, vivência dos votos, partilha e diálogo, acolhimento… • Inseridos na Igreja. De facto estamos inseridos na Igreja, mas como? Com os Bispo há uma boa comunicação, e com os Padres Diocesanos a nossa relação está a crescer. O nosso estar nesta Igreja deve ser activado pela espiritualidade oblativa em união com Cristo. Esta é a nossa intenção específica e originária, a índole própria do Instituto, o serviço que somos chamados a prestar à Igreja. Disto depende a nossa fecundidade apostólica. Como nos indicam as nossa Constituições no N. 34, realizamos a nossa inserção na Igreja por meio de: • Adoração eucarística quotidiana autêntico

serviço à Igreja;

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• A evangelização dos pequenos, para anunciar as insondáveis riquezas de Cristo;

• A formação dos sacerdotes e religiosos; • A actividade missionária: estar no meio

dos homens anunciando a Boa Nova.

Novidades das comunidades

1. Fomento

O Padre Carlos informou-nos que a comunidade de Fomento é formada por seis estudantes e três padres. Neste momento o Pe. José está na Madeira por motivos de saúde. Ficou na comunidade o Padre Lázaro com os jovens religiosos. No mês passado tivemos a visita do Pe. Provincial que nos ajudou a esclarecer o problema da economia pessoal e comunitária, ligado à vivência do voto de pobreza e às necessidades pessoais. No nosso trabalho formativo realçamos os factos-chaves da formação: diálogo, oração, trabalho e estudo. Os resultados académicos saíram e, mesmo se em geral são satisfatórios, há casos, porém, que deixam a desejar. Ligado a isto, o Pe. Saraiva disse que na reunião dos formadores SCJ, tida em Maio em Quelimane, ficou também concordado que todo o religioso que for encontrado em flagrante fraude académica, infelizmente será aconselhado a deixar a nossa Congregação, assim como é feito aos seminaristas nos seminários diocesanos, onde também nós nos inserimos.

2. Salvador Allende

O Padre Meloni diz que a comunidade é formada por três confrades. A comunidade está bem animada, viva e bem empenhada na sua vivência oblativa, de oração e de serviço. Problema que existe é de relacionamento com os trabalhadores, que muitas vezes não correspondem àquilo que lhe é pedido.

3. Centro Dehoniano

O Padre Domingos diz que a comunidade é formada por quatro confrades. A saúde de todos é boa e todos procuram ser fiéis à vida de oração e de trabalho. Lamentou, porém, o facto da mudança contínua do Pároco na Sagrada Família que contribui para um

certo enfraquecimento no apostolado. A comunidade empenha-se na animação da Família do Coração de Jesus” com retiros; procura responder ao problema dos pobres, anima a CIRM-CONFEREMO com um encontro mensal na sua casa.

4. Sococo: Casa Coração de Jesus

A vida corre normalmente com os três confrades: padre Manuel, Mário e Messias. A vida de oração vai bem, assim como a recreação nas refeições, disse o Pe. Messias. Temos 38 estudantes e nós insistimos sobre a oração o trabalho e o estudo. Tivemos resultados académicos não muito bons, mas também não péssimos, no geral. Estamos convictos que o sucesso das etapas sucessivas da formação dependem muito de Sococo, e, por isso, nós procuramos inculcar neles os verdadeiros valores humanos e espirituais. 5. Nampula

A comunidade possui dois confrades. Ambos estão bem empenhados na oração (Laudes, adoração, Missa). Procuramos viver realmente os nossos compromissos religiosos e apostólicos. O Pe. Emílio é pároco e secretário de Dom Tomé e é muito solicitado para pregar retiros nas comunidades religiosas e paróquias. A comunidade apoia o centro infantil, a escola de alfabetização (ambos confiados às Irmãs); colabora muito com as Irmãs; trabalha na animação da Justiça e Paz e na animação da juventude. O Pe. Augusto dá aulas de francês no Seminário Diocesano e está também empenhado na animação vocacional. O clero de Nampula está crescendo: neste anos serão ordenados mais seis padres. 6. Gilé

O Pe Renato disse que a comunidade é composta por três confrades e que o Pe Vitorino está neste momento na Itália por motivos de saúde. A novidade é a chegada das Irmãs de S. João Baptista. Sã três: uma na educação, outra na saúde e a terceira na pastoral e em casa. A casa das Irmãs está bem concluída. A equipa única Molócuè-Gilé só funcionou no aspecto da formação dos ministérios. Actualmente, estamos a restaurar

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a nossa casa para torná-la mais eficiente. No Gilé, há muito negócio de ouro e pedras preciosas, mas o povo em si não cresce.

Temos muito empenho na pastoral, na saúde (transportando ou socorrendo os doentes, levando-os seja ao Centro de Saúde de Gilé, como também a Molócuè ou Nampula). Procuramos hospedar os funcionários do Estado, mesmo cedendo o nosso espaço físico, para a formação e reuniões.

7. A. Molócuè

O Pe. Onorino disse que a missão é grande seja como território como em número de cristãos. Os padres Renato e Abel são bons colaboradores da Missão na formação dos ministérios. Porém, o ideal seria que a missão tivesse, ao menos, três padres. O Pe. Leali era o superior e o ecónomo da casa, enquanto que o Padre Onorino se ocupava das confissões. Agora, depois da morte do Padre Leali, está a espera do outro confrade que o ajude.

8. Centro Polivalente

A comunidade é formada por quatro confrades, disse o Pe. Onório. É uma comunidade, de facto, polivalente e mista em todos os sentidos. Há também a presença de dois voluntários: Andrea e Maria Grazia. Temos também o Pe. Paulo, da Diocese de Nacala que é professor na escola e o faz bem. Temos sempre companhia de leigos e o lema da comunidade é aquele de S. Paulo: “Quem não trabalha não come”. A vida espiritual e apostólica corre bem e procuramos ser fiéis aos nossos compromissos. As casas em volta estão a ser alugadas e a escola é a actividade central da comunidade e corre normalmente.

9. Noviciado

O Pe. Damião disse que a comunidade é composta por dois padres, cinco noviços e cinco postulantes. A vida comunitária corre bem e segue o seu ritmo. Temos retiros mensais e reuniões comunitárias. A saúde de

todos vai bem excepto a dos postulantes, mas que, por enquanto, parece estar controlada. A vida apostólica vai bem na assistência às comunidades. Temos uma boa equipa de footebol. Não é bom que postulantes e noviços vivam juntos no mesmo casa de formação, pois há o perigo do noviço viver como postulante ou vice-versa. 10. Milevane

Pe. Ricardo diz que a comunidade tem cinco confrades: três padres e dois irmãos que são professores na escola das Irmãs. Os padres trabalham no apostolado e na assistência à missão. Praticamos a hospitalidade e a vida está a correr normalmente; acolhemos e fazemos cursos da Diocese do Guruè e de Quelimane. O Ir. Rafael trabalha com Pe. Ciscato na compilação dos dados antropológicos e Claudinei se ocupa dos trabalhos e da machamba. 11. África do Sul

O Pe. Sandro diz que a comunidade, que se encontra em Pietermaritzburg, tem dois padres e dez estudantes. O problema do dinheiro já foi resolvido conforme o combinado no encontro dos formadores realizado em Yaoundé. A comunidade vai bem e todos os estudantes portam-se bem nos estudos. O nosso Carlitos foi operado à coluna. A operação correu bem e já se encontra na comunidade. Basílio está bom e começa já o curso intensivo de inglês na universidade. O Ir. Carlitos escreveu à Província saudando-a e agradecendo pelas orações, para que a sua operação fosse um sucesso e de facto foi. 12. Situação das obras • Alto Molócuè: de acordo com o Pe.

Onório, a obra está bem avançada e os trabalhos estão seguindo um bom ritmo. E para confirmar isto o melhor é ir visitá-la.

• Noviciado: os trabalhos estão a correr bem. Neste momento, o Sr. Márcio e seu sobrinho estão levando a frente o trabalho hidráulico. Está sendo feito também o tanque de água por cima da garagem, que foi completamente renovada. Porém, falta ainda o pavimento, os acabamentos e a

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pintura. Contudo, acha que até ao dia 31 de Dezembro a obra ficará terminada.

Terminadas as novidades das comunidades, às 11.30 e padre Renato pediu à Assembleia para que esta reflectisse e se debruçasse sobre o trabalho de preparação da Conferência Geral. Coisa aceite por todos, embora esta proposta fosse provocatória. A conversa foi quente, mas fraterna e, graças a Deus, houve uma boa impressão nas reflexões feita sobre a “missio ad gentes”. Ficou claro que todos somos missionários, que o empenho é necessário e que deve ser feito sobretudo com o testemunho da nossa vida quotidiana, como fez Pe. Dehon, e sem limites geográficos. Às 12.05 terminaram os trabalhos da manhã, tendo seguido o almoço e o descanso.

Às 14.30 reiniciaram os trabalhos com a reflexão da dimensão missionária da formação, da animação missionária e da colaboração com os leigos. A este propósito várias foram as contribuições; entre elas salientamos: • Que os confrades que trabalham nas

missões directas testemunhem nos nossos seminários o seu apostolado.

• O missionário é todo aquele que é sensível à problemática da Igreja; devemos amar a Igreja e sobretudo esta Igreja onde nos encontramos inseridos.

• Deve-se inculcar na formação o aspecto missionário da Igreja universal.

• É preciso que a nossa província comece também a enviar os jovens religiosos em estágio em outras Províncias.

Às 16.00 horas tivemos o intervalo e, pelas 16.30 retomamos os trabalhos. A esta altura, tomou a palavra o Pe. Provincial, Elio Greselin, que se debruçou sobre a Convenção de colaboração entre as províncias IS e MZ no referente aos projectos do hospital de Marrere (Ir. José Meoni) e de Alto Molócuè (Pe. Gaiola, Marino e Enzo). (Cfr documento “Convenzione”). Desta, saíram várias opiniões que indicam claramente que a Província Moçambicana precisa de colaboração da Itália Setentrional, porém segundo os critérios ou

princípios por nós aceites e, por isso, foi criada uma comissão, composta pelos padres Aldo, Sandro, Onorio e Messias, para rever a convenção, a fim de ser de novo estudada pela Assembleia.

DIA 24 / 06 / 2005

As 8.05 h., iniciámos os trabalhos com

a invocação do Espírito Santo. Posto isto, o moderador, Pe. Azevedo Saraiva, pediu ao Pe. Alexandre Capoferri para que em nome da Comissão, ontem criada para rever e redigir a Convenção de colaboração entre as Províncias da IS e MZ nos projectos de Marere e Alto Molocué (cfr. Anexo). Terminada a apresentação, seguiu-se a leitura das actas dos trabalhos realizados ontem durante a Assembleia. A leitura foi feita pelo Ir. Abel Sicanso, um dos secretários. Em seguida, fez-se a apreciação e a correcção da mesma que culminou com a sua aprovação. Feita a aprovação das Actas, o Pe. Azevedo Saraiva, deu um informe à Assembleia sobre o encontro dos formadores scj, realizado em Maio, em Quelimane (cfr. Anexo).

As 9.45 h., tivemos um intervalo e as 10.15h retomámos os nossos trabalhos, reflectindo sobre os requisitos a ter em conta nos candidatos que pretendem entrar no nosso seminário médio. Disto, ficou claro que devemos insistir para com os candidatos sobre a necessidade dum forte empenho nos estudos, seja antes como depois de ingressarem na nossa casa; que a idade máxima para poderem entrar é de 23 anos, tal como no seminário diocesano.

Depois, o moderador propôs a Assembleia uma reflexão séria sobre o Postulantado, perguntando se devia-se ainda manter na mesma casa do Noviciado e com a mesma duração de 8 meses. A este propósito, varias foram as opiniões partilhadas, porém ficou no fim concordado, com a ajuda do Directório Provincial, que a sua duração deve ser no mínimo de 8 meses, com um mestre

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próprio que se encarrega de ocupá-los bem com palestras, trabalho, oração, cursos e experiências apostólicas prolongadas numa comunidade conveniente. Neste momento continuará na mesma casa do Noviciado.

Após esta reflexão, o Pe. Provincial, Elio Greselin, deu à Assembleia algumas notícias sobre Angola: - Tudo corre normalmente. O Pe.Madella está em Luanda com um confrade português e já estão a construir a casa no km 9 de Luanda. A mesma ficara pronta em Fevereiro de 2006 e será inaugurada em Março de 2006 pelo Pe. Geral; - A comunidade de Luena é formada por 2 confrades da Província Portuguesa. Agora estão a tentar fazer uma vedação com material seguro e pede-se à nossa Província uma comparticipação económica. A Assembleia decidiu de contribuir com 5 mil dólares, pois a despesa total é de 15 mil dólares. Liturgia:

As 11.20 h., o Pe.Emilio Giorgi, apresentou e lembrou brevemente as normas litúrgicas concordadas pala CEM e que devem ser revistas e assimiladas nas nossas comunidades. As 11.55 h., terminaram os trabalhos da manha, seguindo-se o almoço e o descanso.

Na parte da tarde, pelas 14.35h., retomamos os trabalhos tendo como agenda a nossa economia e diversos… Sendo moderador Pe. Emílio, este pediu ao Pe. Mário Gritti para que em nome do ecónomo provincial Pe. Francisco Bellini ausente, para dar o informe da nossa economia. O Pe. Mário, começou por apresentar os projectos a saber: - Escola para todos; - SIDA; - Bolsas de estudo; - Poços; - Solidariedade; - Casas; - Bíblia;

- Obras do Noviciado e de Alto-Molocué; - Solidariedade para Alto-Molocué.

Em seguida, o Pe. Mário apresentou detalhadamente as despesas da nossa Província nestes primeiros 5 meses de 2005. A província MZ ofereceu um carro Toyota Hilux 2.8D de dupla cabina, que estava no Noviciado, ao Seminário Médio de Santo Agostinho, a pedido de Dom Manuel Chuanguira, disse ainda o Pe. Mário. No termo da sua alocução, o Pe. Mário recordou-nos que desde o dia 1 de Abril do ano em curso, os salários dos trabalhadores foram acrescentados em 14%. Diversos:

Após o informe económico da nossa província, partilhamos os seguintes aspectos: - Terreno da Sagrada Família em Quelimane, no qual vão-se construir uma parte do Hospital Dia e a casa para os médicos que trabalham no projecto PMO; - A Bíblia já se encontra no Gurúè e é preciso que a diocese a apresente oficialmente ao Povo e a mesma deve ser vendida a 50 mil meticais, ao passo que o Novo Testamento irá ser vendido a 20 mil meticais, para permitir que todos possam ter acesso a estes livros sagrados; - Terreno de Nampula: são 6 hectares e situa-se na estrada que sai de Nampula em frente do Seminário Médio, há uns 500 m da estrada. Está sendo vedado com plantas pelo Pe. Augusto João e Ir. Pedro, mas é preciso ainda fazer alguma despesa para terminá-la, bem como para podermos ter o título de propriedade.

As 17.20 h., o Pe. Provincial, Elio Greselin, deu algumas informações sobre os confrades que estão a estudar no estrangeiro: em Roma e no Brasil. Todos estão bem de saúde e os seus estudos correm bem, graças a Deus, frisou o Provincial. No termo destas notícias, o Pe. Elio, disse-nos que o tema de reflexão e meditação neste 2º ano do Novo Directivo Provincial é a COMUNIDADE, lembrando assim os três pilares da vida na

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nossa Província: A vida comunitária, a Assembleia e a Caixa comum.

Foi neste teor que o Pe. Provincial encerrou a Assembleia; seguiu a Celebração Eucarística. Lavrou-se a presente acta, que

depois de lida e aprovada foi assinada por nós que a secretariamos.

Os secretários: Pe. Renato Comastri e Ir. Abel Sicanso

Anexo N. 1 CONVENÇÃO

entre o Superior Provincial de Moçambique e o Superior Provincial da Itália Setentrional

Entre o Superior Provincial de Moçambique (MZ), Padre Elio Greselin, e o Superior Provincial da Itália Setentrional (IS), Padre Giampietro Brunet, estabelece-se o seguinte:

1. As duas Províncias, nesta convenção querem reconhecer a autonomia recíproca e ao mesmo tempo, o dever de continuar numa colaboração solidária ao serviço do Reino de Deus. Desde o IX Capítulo Provincial IS, houve encontros e diálogos que concentraram a atenção sobre “o projecto Alto Molócue”.

2. A Província IS acolhe o pedido de colaboração da Província MZ quanto à inserção dum religioso na

comunidade de Napipine – Nampula (MZ), para colaborar com a comunidade paroquial scj, garantir um ponto de referência para os médicos e pessoal da saúde italiano ou de outros países, empenhado no “projecto Marrere” e para trabalhar no hospital de Marrere, se for necessário. Para esta finalidade envia o Ir. José Meoni, o qual dependerá da Província MZ e trabalhará em ligação com a Itália

3. A Província IS acolhe um segundo pedido de colaboração da Província MZ, relativo ao “Projecto

Alto Molócue”, que precisa seja de ajudas, seja de pessoal (religiosos e leigos). Depois duma longa reflexão, a Província IS envia alguns confrades à Província MZ, em ajuda e para a realização de tal projecto, especificado na moção nº 7 do Iº Capítulo Provincial MZ, isto é dos jovens em discernimento vocacional e apoio à pastoral juvenil; e para reforçar o serviço pastoral na missão de Alto Molócue. Para esta finalidade envia nomeadamente para este projecto e por um determinado tempo de início e de consolidação o Pe. Marino Bano, o Pe. Daniele Gaiola e o Pe. Enzo Brena.

4. Acerca da vida religiosa e apostólica, das avaliações e orientações práticas, eles dependem do

directivo MZ, como é praxe habitual na Congregação, também nos relacionamentos com outras missões e distritos. Portanto, estes religiosos, embora ficando a pertencer à Província IS, dependem da Província MZ, que é titular do projecto e garante a estabilidade e continuidade, também inserindo outros confrades (MZ, IS, ou de outras entidades).

5. Esta comunidade opera em ligação com a Itália, mas coordena com a Província MZ. Ajudas

provenientes da IS e de outras entidades para esta finalidade, irão para Caixa Comum da Província MZ, com a indicação específica “Projecto Alto Molócue” e para isso serão destinadas.

6. A Província IS envia os religiosos acima mencionados e empenha-se a sustentá-los na sua

actividade; a Província MZ empenha-se a sustentar a sua vida ordinária e a avaliar a realização do “Projecto Alto Molócue”, o qual tem entre os seus objectivos característicos o de abrir-se a pessoas (IS, MZ, leigos, etc.) que desejam dedicar tempo, energias e recursos, também para experiências,

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estágios em missão, tudo vivido numa vida fraterna em comunidade, no espírito de “colaboração entre Igrejas” e reciprocidade.

7. IS e MZ asseguram continuidade e estabilidade ao projecto, até quando continuar nas suas linhas. Na

hipótese que uma das duas partes achasse por próprias escolhas não mais oportuno tal projecto, avaliar-se-á a situação e os contraentes ficarão livres de proceder na maneira que acharem mais justa.

Pela Província MZ Pela Província IS Pe. Elio Greselin Pe. Giampietro Brunet

Anexo N. 2 ENCONTRO DE FORMADORES DA PROVINCIA MZ-

Maio 2005

No dia 10 e 11 do mês de Maio, os formadores da Província Moçambicana reuniram-se na casa provincial em Quelimane para reflectir sobre o andamento da formação na Província. Participaram neste encontro todos aqueles que trabalham na formação começando da pastoral vocacional até ao Escolasticado. O encontro foi orientado pelo Pe. Azevedo Saraiva, o então responsável da comissão formativa. Ele abriu a secção com uma breve reflexão sobre a formação, e eis aqui as linhas mestras dessa reflexão: A província moçambicana é muito jovem, com poucos membros e poucas forcas jovens. Apesar desta insuficiência numérica, ela é convidada a fazer uma profunda implantação da Congregação na realidade moçambicana. Segundo ele, o meio que pode ajudar a dissipar a preocupação da falta de pessoal na Província é a formação, pois a partir dela podemos ter novos cristãos, religiosos e sacerdotes capazes de responder às necessidades da Província e da Igreja. A formação é a força que determina o que somos e o que seremos. Dela depende o futuro da província. Alias, o Pe. Provincial, Elio Greselin, na sua homilia aos noviços, sublinhou a necessidade da formação para responder às necessidades do amanha: “aqui no noviciado queremos preparar religiosos para o amanha e para que desta preparação saiam pessoas empenhadas enquanto cristãos e religiosos num continuo desejo de permanecer unidos ao Senhor”. Na moleza não se forma nada. Por isso, a formação para nós, para além de ser um grande desafio é uma dimensão que merece muita atenção.

Depois desta pequena introdução partilharam-se as novidades da formação seguindo a ordem geográfica da comunidade, partindo do norte ao sul. Concluída a ronda das novidades, a atenção centralizou-se nos pontos abaixo citados tendo sido discutidos um por um. Eis aí o resumo do debate de cada um.

1. Pastoral vocacional e Aspirantado

Depois de uma discussão sobre estes dois aspectos concluiu-se que devem vigorar critérios de selecção muito cuidadosos para os novos candidatos. *Acompanhamento Para entrar no nosso seminário, o jovem deve ser acompanhado espiritualmente pelo animador da pastoral vocacional (dehoniana) ou por um dos nossos padres. Na falta destes duas figuras ele pode ser confiado a uma pessoa que seja idóneo a desempenhar esse papel.(o pároco ou religioso/a). O animador da pastoral vocacional procurará conhecer bem o jovem, a sua família e a sua comunidade crista. No momento, da entrada estes dois últimos deverão dar o seu parecer sobre a escolha do jovem. *A idade Quanto a idade, adoptou-se como norma selectiva os critérios propostos pelos seminários propedêuticos de Moçambique: idade máxima 23anos.

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A adopção de normas do seminário ajuda a ter critérios uniformes favorecendo desta maneira a liberdade e consciência do jovem no seu acto de escolha. *Nível académico A este respeito concluiu-se o seguinte: *a média mínima para ser aceite deve ser de 12 valores. Esta média deve ser mantida até ao fim do seminário propedêutico. Se no fim do seminário propedêutico o jovem tem uma média inferior a 12 será aconselhado a deixar o seminário. *não se aceita repetir a classe. Quem reprova será obrigado a deixar o seminário. *quem for encontrado a copiar nas provas será imediatamente aconselhado a deixar o seminário e a casa de formação, como se faz no Seminário Diocesano.

2. Postulantado

O debate feito em volta deste assunto deu a seguinte conclusão: A coabitação entre Postulantado e noviciado não é boa nem frutífera por estes motivos: 1. Porque não permite um bom crescimento dos noviços. Por isso propôs-se que haja uma separação logo que isso for possível. 2. Verifica-se grande dificuldade em fazer um programa que ocupe os postulantes durante um ano sem interferir com o programa do noviciado Por fim, tendo em conta a novidade que diz que a partir do próximo ano o terceiro ano Propedêutico passa a ser ano de espiritualidade, então ter um Postulantado depois do terceiro ano, seria fazer uma repetição. Por isso foram dadas as seguinte propostas: *Que o Postulantado seja feito na Casa do Coração de Jesus no terceiro ano

*Que o Postulantado seja feito numa outra casa diferente do noviciado. Este ponto sobre o Postulantado merecerá atenção particular na próxima assembleia.

3. Noviciado

Tendo em conta certos comportamentos e acontecimentos verificados nestes últimos anos concluiu-se que houve uma fraca animação vocacional e um carente acompanhamento nos primeiros anos de formação. Esta lacuna criou um grande susto em certos jovens quando entraram em contacto com a realidade. As motivações iniciais não conseguiam responder às exigências da caminhada. Então a desilusão ia tomando força, ou mesmo resistindo até onde o jovem era capaz viver na duplicidade. Por isso propomos que haja uma clareza para os jovens, já desde o início, das exigências da formação e da vida religiosa. Este esclarecimento deve começar na pastoral vocacional, insistido na Casa Coração de Jesus, afim de que o jovem chegue ao noviciado bem esclarecido e decidido. Meios para a formação Os meios propostos para ajudar o jovem nesta etapa a esclarecer mais a sua caminhada são: o colóquio com o mestre, a direcção espiritual (15 em 15 dias) e a confissão frequente. Estes meios podem também dispor as faculdades do jovem para uma boa introdução e crescimento na vida religiosa. A falta de interesse nos mesmos, é sinal de ausência de idoneidade e recusa explícita da formação. Por essa razão a caminhada pode ser interrompida.

4. O Juniorado Sabemos que é um período da vivência e consolidação dos valores assumidos e professados no noviciado, vivendo-os em regime de formação inicial, preparando-se para a formação permanente, pela profissão perpétua e sacerdócio. A dificuldade neste período pode vir da má compreensão do que se é, a concepção de uma formação já concluída com a primeira profissão; é errado pensar ou pretender que a

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primeira profissão confira um estatuto de direitos sem deveres. Esta ideia pode de certo criar um ambiente de contraste e de “luta de classes” em uns são tidos como detentores de poder e outros subjugados sem poder de mudar a situação, cultivando a acomodação, insatisfação e por isso defendendo e difundindo ideias e comportamentos nocivos ao ambiente que se pretende instaurar. Por isso, o jovem saiba e aceite já desde dos primeiros anos de seminário que a formação inicial começa na Casa Coração de Jesus, é aprofundada no noviciado sem porém terminar com a primeira profissão, nem com a profissão perpétua. De facto, depois da profissão perpétua, a formação continua com o nome de formação permanente por toda vida. Esta última formação ajuda o discernimento e a fidelidade da vocação abraçada. *Valorização dos meios aprendidos O Juniorado é uma etapa que marca a continuidade da vivência dos valores aprendidos no noviciado. Os meios aí usados (oração, direcção espiritual, encontro com o mestre e a confissão frequente) continuam válidos nesta etapa e fazem parte das exigências formativas. Reagir contrariamente a estes meios julgando-se auto-suficiente ou ainda, acomodar-se à formação por falta de poder para mudá-la, denota já uma rejeição não menos importante. *O estudo O estudo é uma das actividades primordiais desta etapa. Porém ele não deve subjugar as outras dimensões da formação. Por isso, é dever de cada um procurar criar o equilíbrio entre todas as dimensões (intelectual com a humana e espiritual) através da dimensão espiritual. Mesmo o estudo da filosofia no seminário, está em função da teologia.

5. Economia

Este foi um dos pontos mais críticos e difíceis. Tomando como ponto de partida a realidade da nossa Província e escutando as orientações que saíram do encontro dos formadores a nível africano, concluiu se o seguinte: O jovem deve ser educado a usar os bens materiais e o dinheiro de uma forma racional e equilibrada. Ele deve compreender que o dinheiro que recebe não é vencimento nem algo adquirido por direito ou merecimento, mas é um bem da comunidade e do qual se deve prestar contas. E ainda: ele deve educar-se à dependência. A atitude de se servir dos bens materiais e de ser dependente ajudam a ver até que ponto a pessoa aceita, assimila e vive os votos professados.

6. O candidato

Analisando a perca de candidatos e confrades que tivemos nestes últimos anos, encontramos estas causas: - falta de transparência e uma certa duplicidade nos ideais; - falta de convicção e não aceitação da formação; - falta de uma boa base de formação humana. Estes elementos criam reacções infundadas que levam o jovem a decidir o abandono por razões não muito bem claras. Como pista para melhorar esta situação voltou-se a sublinhar a importância da direcção espiritual. Segundo os formadores, a direcção espiritual é a forca que dinamiza e unifica a vontade ao ideal de união com Deus. Ela coloca a pessoa na procura contínua de Deus e confere consciência e liberdade nas decisões; a vida mesma pode ser assumida na sua realidade concreta (com o positivo e negativo).

7. O formador

Têm-se dito que um formador autóctone tem mais capacidade de comunicar melhor os conteúdos da formação porque ele conhece e compreende a realidade e a linguagem dos seus interlocutores. Estes podem-se colocar mais benévolos, sem porém excluir a pista de rejeição, tal como Jesus em relação aos Nazarenos seus conterrâneos, pois o conheciam donde vinha. Como se pode ver a questão pode assumir duas perspectivas.

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*o risco de camaradagem É sempre bom e bonito viver como irmãos e amigos nas relações de qualquer comunidade, também naquela de formação. Porém há que não confundir amizade e fraternidade com camaradagem. A camaradagem torna-se um compromisso que atenua ou dilui as exigências e a natureza da formação, umas vezes para garantir uma boa paz, outras vezes para tornar-se simpático e aceitável, ou mesmo por falta de atenção ao ambiente que forma. Desta forma pode-se condicionar a caminhada do jovem, iludindo-o de ser bom e chamado para uma vida que não é real. A missão do formador vem da Igreja através da congregação para fazer chegar ao jovem chamado o desejo de conhecer e seguir a vontade do Senhor, segundo o Senhor o concede que se exprima, livre e conscientemente. O formador não deve ser permissivo, mas sim compassivo e exigente. Por fim, ele deve saber deixar o jovem fazer o caminho com os seus próprios pés, pois é fazendo caminho que ele se forma, livre de condicionamentos paternalistas e de exagerada protecção, que no interior dos grupos vem somente minar as relações, promover o ciúme ou repugnância para quem reprova tais acções. Ao jovem que não quer caminhar que se deixe abandonar o seminário. Seguir a Cristo deve ser radical, aceita e adere, ou recusa e se vai... Jesus disse aos que queriam segui-Lo “quem quiser vir a mim pegue na sua cruz e siga-me”. ainda “esta a minha carne tomai e comei este é o meu sangue: tomai e bebe”…… e perguntou aos discípulos: “Vós também quereis ir embora?” * A coesão da equipa Um outro elemento que é muito importante na formação é a coesão da equipa. Ela dá uma linha formativa clara que permite um bom andamento e assimilação da formação. Se não há coesão entre os formadores pode se criar divisões, enganos, intrigas e anarquia na casa de formação. Por isso cada formador deve propor com firmeza os princípios formativos indicados pela província.

Diversos

a) Aconselhar o jovem a deixar o seminário Surgiu a seguinte pergunta: que matéria pode levar o formador a aconselhar um jovem a deixar o caminho e quando? * Segundo a assembleia, não há uma resposta linear; tudo varia de caso para caso e de ambiente para ambiente. * Por outra, há casos pontuais que não precisam de muita reflexão para aconselhar o jovem a mudar de caminho. Por exemplo doenças psíquicas, gravidez, escândalos sexuais e outros atropelos da castidade. * As opiniões da segunda parte da questão sintetizaram-se da seguinte maneira: Evitar arrastar problemas pois tornam pesada a formação, condiciona, para além de se perder tempo, ao invés de se resolver o problema. b)Comportamento externo O comportamento externo contribui muito para marcar uma certa postura e personalidade e identidade da pessoa. Tendo em conta isso, os formadores decidiram que os seminaristas dehonianos devem cortar o cabelo de uma maneira normal. Não é permitido rapar os cabelos a zero nem fazer escovinha. São modelos estranhos à nossa realidade e intenção. A experiência o confirma: para além de ser moda, em alguns ambientes, tais cortes já causaram não só admiração mas também desconcerto ou mesmo desorientação, uma vez que cabeça rapada significa luto.

Propostas

*Vendo a importância e exigências da direcção espiritual sentimos é necessário que o director espiritual esteja sempre atento e munido de instrumentos para conhecer a acção do Espírito no jovem e ajude-o a discernir com liberdade o seu caminho e resposta a Deus. *Algumas propostas saídas desta reunião, achamos por bem serem inseridas nos projectos das comunidades formativas. *Cada comunidade formativa deverá ter e conhecer os projectos das outras comunidades, para ter uma visão geral e assim construir uma comunhão e interacção formativa; deste modo o jovem sabe qual é o itinerário e evitam-se surpresas ou desilusões.

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* Propõe-se que uma vez por ano um formador do noviciado visite os alunos dos três primeiros anos da Filosofia e os da Filosofia visitem o noviciado para criar reciprocidade, unidade e continuidade, esperando-se que isso traga muitas vantagens para todos. *O próximo encontro será no mês de Outubro (lugar e tema ainda por definir).

MISSÃO DE ANGOLA

Notícias e orçamentos para Luau

Caríssimos Superiores Provinciais da Itália do Norte e de Moçambique

Antes de mais, em meu nome pessoal e da Província Portuguesa, renovo a minha profunda solidariedade pela morte dos quatro confrades na Itália e pela morte do P. Nunzio Leali ocorrida esta manhã em Moçambique. 1. Algumas notícias recentes da nossa jovem missão em Angola. O P. Manuel Domingos

Pestana encontra-se na Madeira para alguns dias de férias, antes de partir para o Curso de Ecónomos em Salamanca. O P. José Jorge Alves, cuja documentação de residência ainda não está terminada, está em Luanda a participar no curso para novos missionários durante o mês de Junho. Portanto, neste momento, estão em Luanda o P. Maggiorino Madella e o P. Jorge Alves; o P. Vincenzo Rizzardi está no Luau com o P. Joaquim Freitas. A missão dehoniana em Angola (Km 9 e Luau) está em franco crescimento espiritual e pastoral, o que exige um maior investimento em pessoas e meios.

2. A construção da residência SCJ no Km 9 vai em bom ritmo. Neste momento, está-se na

fase de colocação do telhado, o que significa que se aproxima a altura de pagar a segunda prestação. A terceira e última prestação será efectuada após o término da obra. Como previsto, estes pagamentos são assumidos pelo Fundo Comum da Congregação para Angola. Na semana passada, fui tratar com o P. Domingos do equipamento-mobília para a nova casa. Pedi um orçamento e estou à espera que o enviem. Se tudo correr bem, a casa estará pronta em Fevereiro de 2006. Poderá ser inaugurada pelo Superior Geral, se se confirmar a visita prevista a Angola em Março de 2006.

3. Falando da Missão do Luau, algumas decisões económicas têm de ser tomadas nestes

dias. Trata-se apenas de projectos de vedações. Gostaria de saber a vossa opinião e o modo de financiamento. Além do mais, temos a hipótese de transportar gratuitamente o material de Luanda para Luau nos próximos dias. Nestes projectos, a comunidade local oferece a mão-de-obra.

a) O primeiro projecto diz respeito à vedação do terreno da casa onde vivem

actualmente os missionários. É uma pequena casa oferecida à diocese, a qual não

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tem possibilidades económicas de a reparar. Não será a residência definitiva, mas os nossos missionários vão viver nesta casa durante largos meses, enquanto não se começar a reconstruir a casa da missão. Falta vedar uma extensão de 100 metros de comprimento, com material relativamente económico mas seguro. Custo total: 2.901 Dólares.

b) Outra urgência é a vedação do edifício da missão com rede plástica verde com 2

metros de altura e 200 metros de comprimento. Custo total: 2.026 dólares.

c) O terceiro projecto urgente é a vedação total do terreno da missão: rede plástica verde numa extensão de 1.175 metros com 2 metros de altura (11.891 dólares) e 67 alicerces dos ferros a colocar nos ângulos e de 20 em 20 metros de suporte da vedação, que inclui cimento, pedra e transporte (965 dólares). Custo total: 12.856 dólares.

Gostaria de saber como é que as vossas Províncias (ou outras entidades que conheçais)

podem contribuir para financiar estes projectos. Por minha parte, vou falar destes projectos no próximo Conselho Provincial ainda nesta semana, tentando disponibilizar algum dinheiro para estas obras que precisam de ser realizadas com urgência, pois significam o mínimo de segurança antes de se começar a pensar na reconstrução da casa da missão.

Fico à espera da vossa resposta.

Unido no Coração de Jesus e com as mais cordiais saudações fraternas,

Pe. Manuel Joaquim Gomes Barbosa, scj Superior Provincial LU

Superior Maior delegado do Superior Geral

para a Comunidade SCJ em Angola

PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Dedicação e inauguração da nova igreja

(Angola, Km 9, 15 de Maio de 2005)

Caríssimos confrades e amigos, Encontro-me nos Açores em visita à nossa comunidade religiosa de Ponta Delgada.

Acabámos de celebrar a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima na Paróquia do Livramento, unidos a toda a Igreja, à multidão de peregrinos que em Fátima rezaram a sua fé em Deus por intercessão de Maria e, em particular, aos nossos missionários em Angola.

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Faz hoje um ano que D. Damião António Franclin, Arcebispo de Luanda, por decreto 01/2004 com data de 13 de Maio, constituiu e nos entregou a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no Km 9 em Angola.

Um ano depois, no próximo domingo, dia 15 de Maio de 2005, Solenidade do Pentecostes, D. Anastácio Kahango, Bispo Auxiliar de Luanda, vai presidir à celebração solene da Dedicação da nova igreja matriz da nossa paróquia no Km 9, dedicada a Nossa Senhora do Rosário.

É com todo o gosto que, em nome pessoal, da Congregação e das Províncias

directamente envolvidas na Missão em Angola, manifesto a mais viva alegria por este momento de festa e de acção de graças, em mais um passo na realização do projecto de missão em terras angolanas. Estamos particularmente unidos na oração com o Pároco P. Madella Maggiorino e os Vigários Paroquiais P. Manuel Domingos Pestana e P. Vincenzo Rizzardi. O P. Joaquim Freitas, actualmente pároco da Paróquia de Santa Teresa do Menino Jesus, na Missão de Luau (Diocese de Lwena), participará no acontecimento; o P. Jorge Alves ficou em Luau a assegurar a animação das comunidades cristãs.

Estendemos a nossa oração solidária a todos os fiéis que são Igreja nesta Paróquia

dedicada a Nossa Senhora do Rosário, assim como às Irmãs que abnegadamente se entregam ao serviço dos irmãos.

Acompanhemos este momento significativo com a oração e a amizade. Que o novo

templo seja um autêntico espaço de oração e de paz, com a intercessão de Nossa Senhora do Rosário, Rainha da Paz.

Que o Coração de Jesus continue a abençoar a nossa missão e os confrades que em

Angola se entregam totalmente a servir tanta gente que tem fome do Pão da Palavra e da Eucaristia.

Unido no Coração de Jesus e com as mais cordiais saudações fraternas,

Pe. Manuel Joaquim Gomes Barbosa, scj Superior Provincial LU

Superior Maior delegado do Superior Geral para a Comunidade SCJ em Angola

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FORMAÇÃO PERMANENTE_________ Publicamos aqui a 2ª parte do estudo do Pe. Sandro Capoferri sobre a missionariedade em Pe. Dehon, apresentado pelo Pe. Riccardo Regonesi na Assembleia de Janeiro 2005

A MISSIONARIEDADE EM PADRE DEHON

Podemos adiantar uma ideia, uma intuição: para o Pe. Dehon a espiritualidade do amor, a reparação ao Coração de Cristo, o espírito de imolação desembocam quase espontaneamente na dimensão missionária. Uma dimensão privilegiada e abençoada. “Vos abençoo a todos, especialmente os meus missionários, que são um grupo de honra para a família do S. Coração” (Aos meus missionários, AD: B38/6; Inv. 668.03).

Do Coração de Cristo nasce a necessidade da missão: é a oferta total e radical da vida ao serviço do Reino do Coração de Jesus. Nesta maneira de olhar compreende-se o porque Pe. Dehon junto à ideia da missão em terras longínquas também a do martírio. Assim exprimia-se, conforme o que nos transmitiu o Pe. Falleur numa palestra aos noviços do dia 1 de Abril de 1881: “…tudo o que usa a vida é uma efusão de sangue de qualquer das formas, um perder, um derramamento de sangue. Há duas coisas que usam mais que todas as outras: o Amor ao sofrimento. È por ai que nós é possível dar o nosso sangue .Alguns terão talvez a graça de o derramamento duma maneira deslumbrante pelo martírio, pois teremos as missões.

Então, existe em Pe. Dehon uma dimensão profundamente espiritual do empenho missionário. Mais ainda: visto desta forma, o empenho missionário em favor dos que estão longe (mesmo fisicamente) é parte essencial da realização da vocação da Congregação. Até, para o Pe. Dehon é a parte mais bela e gloriosa, a ponta mais alta do empenho para o serviço do Reino do Coração de Jesus.

Em ocasião da morte do Pe. Keiser em Congo, o Pe. Dehon escreve: “É no dia 14 de Março, dia do meu aniversário natalício em que ele piedosamente foi para o céu... Tenho confiança que estes missionários que partem para longe com a certeza moral de dar a vida em pouco tempo, terão a palma do martírio no céu. Eles são mártires do seu zelo apostólico” (NQT XVII/1902,143).

Nos escritos do Pe. Dehon aparece frequentemente uma preocupação que existe em muita literatura do seu tempo. Fala-se (e Pe. Dehon fala) de serviço às almas “perdidas”, ao povo ainda imergido no “paganismo”. Com certeza, a linguagem que utiliza é herança do vocabulário então utilizado para falar dos países e das regiões nas quais o cristianismo era ainda inexistente ou que ainda não tinha penetrado em profundidade. O que aqui nos interessa é notar como e quanto Pe Dehon sentisse o grito dos povos e a urgência de enviar missionários. Assim escreve em 1911: “Pe. Gaborit pergunta do mundo. Desenvolver-nos-emos lá quando se quererá. Vêem alguém a dar-lhe? Dom Grison precisa de pessoal.. Milhares de africanos pedem padres. Parvuli petierunt panem... (Lm 4,4), (cfr carta do 23.03.1911, dest.: Pe. Guillaume; AD: B44/7; Inv.: 751.03).

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Para o Pe. Dehon este é o desfecho natural de toda a atenção para o Reino, que caracterizou a

sua vida desde o início do seu ministério em S. Quintino. Em relação às missões, Pe. Dehon sente urgente o apelo dos povos longínquos. Mesmo se a sua Congregação fosse já espalhada em vários países e já tivesse um bom número de religiosos que tinham partido para as missões (e também um bom número de mortos nesta actividade apostólica), em 1920 Pe. Dehon escreve: “A tristeza deste momento é que nos faltam padres disponíveis para as missões. Seria necessário mandar para o Congo e os Camarões pedem. Existem milhares e milhares de almas que pedem o padres em Congo e nós somos insuficientes... Messis multa, operarii autem pauci (Mt. 9,37). Parvuli petientur panem et non erat qui frangeret eis (Lm. 4,4) Trabalhei no recrutamento e peço padres » (QT XLIII/1920,117). A preocupação para o número de apóstolos para serem enviados, de confrades disponíveis para a missão foi um ponto bastante frequente nas suas cartas.

Em Pe. Dehon aparece também uma outra dimensão. Conhecemos o amor que Pe. Dehon tinha para o seu país, a França. Mas sabemos também que, por causa das suas muitas e longas viagens, ele fosse um “cidadão do mundo”. O conhecimento dos países longínquos da terra que ele conheceu não se esgotou num estéril gosto do novo e do bonito. Nele transformou-se numa força que o levou a fazer algo, para que em todo o lugar se instaurasse o Reino do Coração de Jesus. Eis então, que a ideia do Reino do Coração de Jesus se torna o centro da missão da Congregação. E Pe. Dehon sabe-o: o Reino vai além dos limites de um país e de uma pátria. “Abrimos a missão dos Camarões. Fundamos a nossa obra na Espanha. É necessário dilatar em todo o lado o Reino do S. Coração!” (NQT XLIII/1920,130). Assim ele escrevia nos últimos anos da sua vida. É mesmo para a dilatação do Reino que os missionários do Pe. Dehon partem. O facto de partir e de andar é considerado pelo Pe. Dehon uma vida de imolação. Tudo é compreendido a partir do Reino que se alarga. “Quero deixar um encorajamento particular aos meus queridos missionários. Eles vão trabalhar longe para o Reino do S. Coração, a custo de grandes sacrifícios e de grandes fadigas. A sua vida é uma vida de reparação e de imolação como o pede a nossa vocação” (Aos meus missionários, AD: B38/6;Inv.: 668.01).

E quando, quase no fim da sua vida, inicia o último caderno das suas Notas Quotidianas, escrevia: “Sinto a necessidade de me unir a todos os fundadores... Ganhar o mundo, conquistar o mundo a Jesus Cristo...Queria elevar o meu ideal ao Seu… Eu amo ardentemente Jesus Cristo e queria procurar o Reino do S. Coração” (NQT XLV/1925,2-3).

Mas em Pe. Dehon aparece também outro aspecto muito interessante. Em vários escritos e em pequenas anotações o Fundador mostra um seu pressentimento: sente que com a actividade missionária a Obra por ele fundada recebe um dom precioso que favorecerá o seu desenvolvimento e a tornará mais forte. Até há-de salva-la de outras crises possíveis. Por isso convida os seus missionários a oferecer os seus sacrifícios pela Obra: “Ofereceis a vossa cruz em favor da Obra. Sofrer é melhor que alegrar-se. Rezai e meditai o pequeno ofício da Virgem Maria. A vossa devoção à Maria vos ajudará sempre. Tem-se tudo quando se tem uma mãe.” (Carta de 14.12.1990 Dest.: Pe. Grison, AD: B24/8, Inv.: 500.04).

Manda o mesmo pensamento às Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, colaboradoras na missão do Congo. “Reverenda Madre, recebi as boas festas de Natal e lhe fico agradecido. Rezo pela alma da vossa Madre Fundadora, que será uma protectora para vós nos céus. Ao mesmo tempo cumprimento a nova superiora geral. Exprimo o desejo que se possam tornar para as duas comunidades do Congo fonte de graças!” (carta do 13.01.1905, Dest. Franciscanas Missionárias de Maria).

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Pe. Dehon tinha intuído que a missão do Congo teria sido para toda a obra por ele iniciada uma

fonte de bênçãos. E, de facto, numerosas vocações foram atraídas mesmo por este empenho missionário, que favoreceu também a internacionalidade da Congregação. Pe. Dehon tinha julgado bem quando se tratou de escolher a missão do Congo e de empenhar nela tudo com coragem. A tal ponto que chegou a afirmar que a missão do Congo tinha salvado a Congregação. “Entre nós existem fraqueza e mediocridade; então penso aos sacrifícios dos nossos missionários no Congo. Isto dá-me tranquilidade” (Philippe, scj, Souvenirs, pag. 111).

E assim serão as outras missões. Escrevia: “No dia 6 de Fevereiro, quatro dos nossos missionários partes de Anversa para o Congo... Eu não poderei estar presente na sua despedida... Para a Obra é uma bênção para oferecer ao Coração de Jesus um generoso sacrifício como o do apostolado em África” (NQT XII/1898,126).

Poder abrir novas obras, e por isso também as missões, é visto por Pe. Dehon como um dom recebido. Antes de ser um dom que a Congregação faz ao Coração de Jesus, poder partir para as missões é um dom que a Providência de Deus faz à Congregação: “Este ano, embora as nossas faltas, nos trouxe muitas graças: a provação, as missões, a fundação de Fourdrain, entre outras. Estes são grandes dons da Providência” (NQT IV/1888,75v-76r). Poder evangelizar não é uma honra! É um dos dons que Deus concede aos seus servos atentos à sua voz, à sua vontade. S. Paulo afirmava a mesma coisa em dizer: “Ai de mim se não evangelizar!”. Visita à missão de Luena (Angola) com o Bispo

Na leitura dos textos dehonianos merece uma atenção particular de Pe. Dehon, que, a meu ver, tem um interesse especial. É o texto arquivado com o título (autógrafo e Pe. Dehon): “Aos meus missionários” (AD: B38/6;668.01/02/03). Trata-se de três cartas aos missionários do Brasil, do Canada e da Suécia. Não se sabe se estas cartas foram enviadas e recebidas. Nas três carta Pe. Dehon, além de dar conselhos, alonga-se para ajudar os seus missionários na compreensão da realidade em que vivem, visto o seu conhecimento de lugares e situações, devido às frequentes e longas viagens e às muitas leituras e estudos. Assim descreve o Protestantismo, a Massoneria, o Positivismo. Em poucas linhas traça a história da Igreja naqueles países. Nesta descrição aparece evidente uma linguagem apologética. Convida os seus missionários a abrir-se à confrontação com estes povos e com estas realidades, com a prudência necessária, mas sem medo.

Convida os seus missionários a procurar bons colaboradores leigos, fundando também associações do Coração de Jesus (cfr. AD: B38/6, Inv.: 668.01,pag. 10-11). Esta era uma sua orientação para que o trabalho de evangelização fosse mais eficaz. Vai na mesma linha a indicação que encontramos na carta enviada a Propaganda Fide depois de ter dado “a volta ao mundo” em 1991 em que falava da necessidade da formação do clero local. Desta forma lembra o grande valor que a evangelização não é trabalho exclusivo do clero vindo de fora (missionários), mas deve encontrar os protagonistas nos próprios povos evangelizados, leigos e clero local. É o caminho de inculturação da mensagem do Evangelho.

Além disso os anima a viver uma alta “espiritualidade” missionária. De facto, nestes textos afirma com muita clareza que o sucesso da missão vem da profundidade espiritual do missionário. “Antes de tudo, queridos missionários, lembrai-vos que a primeira condição do sucesso nas missões é a santidade” (AD: B38/6, Inv.: 668.01,pag. 9). E noutro texto: “A vossa atitude edificará somente se sereis homens verdadeiramente interiores, homens de oração” (AD. B38/6, Inv.: 668, pag. 7-8).

A este ponto Pe. Dehon lembra que a Congregação em qualquer parte do mundo se encontre, deve manter fidelidade à prática que lhe é própria: a adoração.

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“Nas nossas casas a adoração reparadora é um exercício fundamental, é a prática característica da nossa Congregação... É este acto de fé e de piedade que ganhará as populações” (cfr. AD:B38/6, Inv.: 668.01 pag. 10; cfr. Inv.: 668.02, pag. 11 e Inv.: 668.03 pag. 8).

Nas palavras do Pe. Dehon descobrimos como a adoração não é somente uma prática pessoal, nem fechada em si mesmo no círculo da relação entre o homem que adora e o Senhor adorado: torna-se um potente meio apostólico que “ganhará os povos” ao Reino do Coração de Cristo. Não se trata de praticar a adoração unicamente para uma santidade pessoal fim a si mesmo. O Pe. Dehon está plenamente convencido que a santidade é o caminho para a edificação do Reino, necessária para um testemunho autêntico.

Outro ponto sobre o qual Pe. Dehon insiste diz respeito à necessidade de viver a comunhão fraterna nas comunidades: não vê e custa-lhe aceitar o facto que os seus missionários devem viver sozinhos, isolados: “Estou a sofrer pelo facto que vejo isolado. Eu gostaria que fossem ao menos três em cada paróquia. As nossas Constituições o exigem. A vida comunitária é a nossa força e a nossa defesa” (cfr. AD: B38/6,Inv.: 668.03, pag.7.

A partir destas notas, parece-me de poder afirmar que a missão, (entendida como missio ad gentes) não é somente um dos campos nos quais a Congregação guarda fidelidade às suas origens dehonianas. Parece mesmo que seja um “estilo” e uma “tarefa”, que o Fundador lhe entregou como uma característica. Parece que não seja possível pôr a missão, e neste caso a missio ad gentes, simplesmente como uma das opções apostólicas preferenciais. É algo de mais profundo. É um “proprium” que brota da experiência espiritual de Pe. Dehon.

É verdade que é difícil encontrar em Pe. Dehon uma sistematização sobre este como sobre outros pontos. Porém, nos seus escritos, especialmente naqueles mais pessoais, sobressai a sua capacidade intuitiva e de ter “luzes”, que alumiam também as nossas escolhas. Então, desta forma, olhando para o caminho da Congregação, Pe. Dehon exprime a intuição em força da qual existe a Obra. E o identifica em dois aspectos: a adoração e a missão. “O fim da nossa Obra... é duplo: o apostolado da adoração reparadora e o apostolado das missões. Para satisfazer a segunda finalidade somos missionários na Europa, mas também vamos com todo o gosto nas missões longínquas, mesmo se difíceis e perigosas” (NQT XXV/1909,5).

A missão é colocada ao lado da adoração: é a dupla face da mesma tenção espiritual, é a dupla expressão do mesmo empenho de adoração e de oferta.. A paixão por Deus, transforma-se em paixão pelo homem. Acho que se pode afirmar que esta atitude é profundamente dehoniana. É uma componente característica para entender a Congregação em Pe. Dehon.

Mesmo se estas “intuições” não encontraram sempre uma sistematização nos documentos da Congregação, creio seja importante tê-los presentes. Nos dão uma chave para ler as vicissitudes que acompanharam a história da missão e das missões na Congregação. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

Poderíamos pôr o acento sobre diferentes aspectos. Limito-me a duas observações nas quais inserir outras reflexões mais amplas. Valorizar de novo a “missio ad gentes”

Vimos como a “missio ad gentes” tenha sido, para o Pe. Dehon, uma dimensão essencial para a vida da Congregação. Pe. Dehon não esgotou a sua acção missionária com as missões ao povo na

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França. Também não aceitou que a Congregação se fechasse em si mesmo. Lançou-a no mundo com coragem. Sonhou e realizou presenças em territórios “pagãos”. Além da linguagem, que é conforme a do seu tempo, descobrimos nele a ânsia missionária, a tenção que o leva a “sair” da sacristia e a deixar a sua terra.

O amor torna inquieto o coração. Pe. Dehon aceitou de ser inquieto por amor. Hoje, em frente do risco de fechar-nos em nós mesmos, é forte a necessidade de tornar viva a grande paixão universal e evangélica das nossas comunidades. O nosso é um mundo que está vivendo o processo da globalização, que experimenta maneiras novas para comunicar, o domínio de uma só potência, a prevalência da economia liberista. Ao mesmo tempo se vive a fragmentação, o aparecimento de fundamentalismos, barreira e provincialismos egoístas e o individualismo. Então, ir ad gentes, revela-se como precioso “serviço à unidade e à paz entre os povo, as culturas religiosas, as civilizações e entre as mesmas religiões”.

Então, isto nos levará a dar o justo valor e importância à escolha do “partir” para a missão ad extra. E a sentir uma forte solidariedade dentro da Congregação com aqueles que deste “partir” fizeram a escolha fundamental da sua vida. Fundamentalmente a história da nossa Congregação é história de uma comunidade que se sentiu missionária, a aventura de pessoas que escolheram, com a sua vida, de percorrer os caminhos da missão, como Pe. Dehon dizia de si mesmo: “O ideal da minha vida, que eu formulei entre lágrimas na minha juventude, é aquele de ser missionário e mártir. Parece que este voto se cumpriu. Missionário: o fui pelos cem e mais missionários espalhados em todas as partes do mundo” (NQT XLV/1925,1-2).

Um novo estilo para compreender a missão de um ponto de vista dehoniano

Na linha dehoniana a missão não é tanto uma actividade. Ela é um estilo: abrir-se ao “outro”, confrontar-se com o “diferente”, viver a solidariedade. E isto compreendido à luz da espiritualidade do Coração de Cristo, um coração aberto sobre a humanidade e sobre o mundo. Nisto se recupera o valor espiritual das escolhas missionárias. Hoje também pode-se afirmar o que Pe. Dehon dizia em relação ao valor da oferta e da imolação que a escolha missionária requer e comporta. É carregar a cruz de Cristo para a salvação do mundo, e caminhando nas estradas do mundo. “A caridade na acção, na compaixão, no culto eucarístico e a oração é esta a nossa finalidade... Na acção: missões no campo, missões na América e na África... Jesus nos permitiu de levar a cruz com ele, quer para a nossa purificação, quer para a salvação das almas” (NQT XVIII/1903,105-106).

Neste contexto diria que é uma atitude profundamente dehoniana ter o gosto para o diálogo com as culturas e os povos do mundo. A aventura terrena do nosso Fundador nos deu um modelo. Não somos chamados a fazer as suas escolhas materiais, nem a copiar as suas iniciativas, mas a interiorizar o que o animou e as características que guiaram as suas escolhas: o seu gosto de conhecer, a atenção aos problemas da sociedade e do mundo inteiro, a capacidade de se relacionar com todos, a preocupação de não parar à superfície dos problemas e das situações.

Hoje a missão chegou a estar em contacto com mundos, povos, religiões e culturas que nunca foram tocados, mesmo se a evangelização tem uma longa história. A expansão actual da nossa Congregação não era possível prevê-la algumas décadas atrás. Se mudou a “geografia” da Igreja, mudou também a “geografia” da nossa Congregação. Tudo isto nos lembra que somos chamados a pensar e a viver no vasto horizonte do mundo inteiro: a nossa Congregação não se pode fechar vivendo a nível de “comunidade provincial”.

Acho que das atitudes interiores de Pe. Dehon hoje somos mais uma vez enviados, como Congregação, nas estradas do mundo.

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E então o lema do XXI Capítulo Geral enche-se de sentido. Como filhos do Pe. Dehon somos chamados a percorrer as estradas do mundo com um coração aberto e solidário, com um coração que não tem medo e não se feche no passivismo; com um coração que sabe pôr-se ao serviço dos homens do nosso tempo e partilhar com eles dores e alegrias, cansaços e esperanças. “Longe de nós alhear dos homens, a nossa profissão dos conselhos evangélicos, torna-nos mais solidários com a sua vida”. (Const. 38a).

Na linha dehoniana a missão não é tanto uma actividade. Ela é um estilo: abrir-se ao “outro”, confrontar-se com o “diferente”, viver a solidariedade. E isto compreendido à luz da espiritualidade do Coração de Cristo, um coração aberto sobre a humanidade e sobre o mundo. Nisto se recupera o valor espiritual das escolhas missionárias. Hoje também pode-se afirmar o que Pe. Dehon dizia em relação ao valor da oferta e da imolação que a escolha missionária requer e comporta. É carregar a cruz de Cristo para a salvação do mundo, e caminhando nas estradas do mundo.

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LEMBRANDO O PE. NUNZIO LEALI Nasceu no dia 6 de Julho de 1930 em Prevalle Sotto (Brescia). No ano 1943 entra na Escola Apostólica de Albino. Fez a 1ª Profissão no dia 29 Setembro 1949. Foi ordenado sacerdote no dia 22 Junho 1958. Chega em Quelimane no dia 30 de Abril de 1961. O seu serviço missionário: 1961 – 1971: Alto Molócue 1971 – 1974: Superior Regional 1974 – 1983: Molumbo, como superior e 3º Cons. Reg. 1983 – 1985: Gilé, superior da comunidade 1985 – 1991: Gurue – Invinha, superior da comunidade 1991 – 1996: Alto Molócue (92 – 96: superior) 1996 – 2000: Ile (alguns meses do ano 2000, em Milevane) 2001 – 2002: Pebane, superior da comunidade 2002 – 2005: Alto Molócue, superior da comunidade Faleceu em Alto Molócue, no dia 14 de Junho de 2005

OMELIA DO PE. GIAMPIETRO BRUNET SUPERIOR PROVINCIAL (IS)

Paróquia S. Zenone/Prevalle(BS) – 16 de Junho 2005

Eu sou a ressurreição e a vida Quem acredita em mim, apesar de morto, viverá.

Caros irmãos e irmãs, familiares, paroquianos e amigos de Pe. Nunzio, o Senhor nos reúne aqui hoje para fazer memória dum nosso confrade, o Pe. Nunzio Leali, que o Senhor chamou para si numa maneira improvisa no dia 14 de Junho, na “sua” missão de Alto Molócuè, a primeira das nossas missões em Moçambique e que, há alguns anos, era o seu lugar de apostolado, depois de desenvolver – sempre com zelo, com paixão, com grande dedicação humana e espiritual – muitos ministérios e serviços seja dentro da igreja missionária, como nas nossas comunidades religiosas.

Quando o superior provincial de Moçambique, Pe. Elio, chamou ao telefone, não tinha passado meia hora da morte, por paragem cardíaca ,do padre Nunzio, que nos próximos meses devia voltar para aqui à sua aldeia, entre familiares e amigos, para um período de descanso e para algumas visitas de controlo da sua saúde.

Mas os caminhos do Senhor, muitas vezes, não são os nossos; deixa-nos sempre um pouco surpreendidos pelas suas escolhas das quais fadigamos em dar-nos uma razão lógica e

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compreensível. Porém é a fé na ressurreição e a certeza que cada vida é única e preciosa aos olhos do Deus da vida a nos acompanhar.

As leituras que escutámos estão marcadas pela esperança e estou certo que também em Moçambique uma procissão em festa acompanhou o padre Nunzio ao cemitério de Milevane, onde agora o padre descansa junto dos outros confrades que com ele partilharam fadigas e alegrias do ministério missionário. E já são numerosos: lembramo-los todos com afecto e gratidão, do padre Pedro Comi, aos padres Zanetti Giuseppe, Pezzotta Luigi, De Ruschi Agostino,Fortuna Aldo, Ielli Afro, Martelli, De Franceschi Pietro, Finazzi Tarcisio, Fr.Ossana Giuseppe e agora o Leali Nunzio.

“ As almas dos justos estão nas mãos de Deus, nenhum sofrimento os atingirá. Aos olhos dos insensatos pareceu tivessem morrido e a sua saída, uma ruína, mas eles estão na paz”, nos lembrou a primeira leitura. E ainda:”Deus os experimentou e encontrou-os dignos de si; purificou-os como se purifica o ouro no crisol e agradaram aos seus olhos como um holocausto. No dia do juízo resplandecerão, como centelhas no restolho; correrão por todos os lados. Terão poder sobre as nações, governarão sobre os povos e o Senhor reinará para sempre sobre eles. Quantos confiam nele, compreenderão a verdade; aqueles que lhe foram fiéis viverão perto dele no amor, porque graça e misericórdia são reservadas para os seus eleitos”.

E depois, o Evangelho com aquelas expressões tão queridas à espiritualidade de nós

Dehonianos, mas certamente património de todo o povo de Deus em qualquer parte da terra:”Venha o teu Reino”. Foi certamente esta – e o é como proposta para todos – a linha mestra de quem sonha preparar-se para ser e depois viver como missionário por uma vida inteira como fez, com dedicação e humorismo, com sabedoria e paciência incansável, e mesmo até ao último respiro, o nosso querido padre Nunzio.

E por fim, o canto do Evangelho:”Bendito és Tu, Senhor do céu e da terra, porque aos pequeninos revelastes os mistérios do reino dos céus”. Um grande mistério de amor e de vida, de alegria e de paz que cada missionário leva com a palavra e apaixonada dedicação em cada comunidade humana. Os anos de um pioneiro.

Quando ainda jovem o padre Nunzio se interrogava sobre o sentido da sua vida e sobre qual caminho lançar-se, foi aconselhar-se com o inesquecível padre Tullio Goffi; a sua primeira hipótese era de orientar-se para o seminário de Brescia; mas foi aquele seu conselheiro espiritual a orientá-lo para os padres do Coração de Jesus da Escola Apostólica de Albino, onde entrou em 1943. Depois dos estudos foi ordenado sacerdote e partiu logo para a missão: a 30 de Abril 1961 chega a Quelimane, naquele Moçambique que será a sua segunda pátria, tanto nos anos terríveis das violências, quanto no sucessivo período e até hoje.

A primeira missão criada pelos padres Sacerdotes do Coração de Jesus – Alto Molócuè – é

também o seu primeiro apostolado missionário, durante uns dez anos; depois, diferentes tarefas entre as quais a de Superior Regional até o ano 1974… e ainda várias comunidades e missões: Molumbo, Gilé, Gurué, Ile, Pebane, Alto Molócuè onde morreu há dois dias enquanto, por um repentino mal-estar, o coração parava. Um grande coração de missionário parou, mas agora aquela mesma primeira missão dos Dehonianos, que, no dia seguinte da nossa Assembleia IS de metade de Maio, decidimos sustentar com alguns nossos jovens sacerdotes, estamos convencidos, terá um padroeiro do céu.

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Uma vida dada.

O superior provincial de Moçambique escreveu, recordando o padre Nunzio: “de manhã cedo o encontravas sempre em oração, amava “estar com o Senhor”; amava as coisas simples e gostava de participar na vida da Província em todas as iniciativas (assembleias, reuniões, cursos …), sempre bem disposto e sereno.

Dedicado até ao fim ao seu ministério de sacerdote, aos sacramentos e à evangelização, mas aberto também às novidades (foi o primeiro a introduzir um compiuter com os endereços dos velhos e novos cristãos). Nos queríamos bem – lembra o padre Elio, que viveu com ele os primeiros anos de missão (I965-69) – ele era o superior no Alto Molócuè e eu o seu discípulo: um verdadeiro amigo, do qual podia confiar totalmente. Eu era fogo, e ele era fogo e água… sempre juntos em tantas bonitas batalhas para defender os direitos dos africanos…”.

Eram os anos de transição, da época colonial ao sucessivo doloroso período revolucionário,

com todos os riscos e perigos que afectavam todos os cristãos, mas em primeira linha também os missionários. O dia 13 de Junho de 1971 estávamos todos reunidos em Milevane; discutia-se se era oportuno fugir ou ficar; foi naquela ocasião que os nossos missionários também decidiram ficar e partilhar a vida do povo. Foi mesmo naquele encontro que chegou a notícia que o padre Nunzio tinha sido escolhido como Superior Regional. Estava presente também o Superior Geral – padre Bourgeois – e a declaração final de ficar foi acolhida por todos com fortes palmas e uma sucessiva celebração solene da festa de Santo António. Vem servo bom a leal

E agora, querido padre Nunzio, tu merecerias umas palmas, tu generoso filho de Prevalle emprestado durante longos anos à África; porque, nos anos difíceis, muitos se foram embora, tu e tantos outros ficastes a gritar “Venha o teu Reino”…de justiça, de amor, de paz. Um provérbio africano diz que quando dois elefantes lutam é sempre a erva que fica esmagada; aquele povo pisado e em busca de razões de vida e de esperança que tu e vós todos servistes com grande generosidade e lealdade.

Obrigado padre Nunzio, fiel discípulo do Senhor e leal servidor da Igreja e de um povo que sempre trouxeste no coração.

Obrigado padre Nunzio, anunciador do Evangelho até às últimas e perdidas comunidades e aldeias da Zambézia. És sempre um grande missionário, cujo coração agora pulsa em uníssono com o Coração de Deus.

Obrigado padre Nunzio pela tua vida dada com gratuidade e generosidade. Do pequeno cemitério de Milevane reza também por nós, pela tua missão de Alto Molócuè à qual estamos enviando colaboradores. Ajuda e sustenta nós e os teus familiares neste momento de separação e de provação, mas também de serena confiança porque acreditamos que estás seguro perto de Deus. Ele agora te diz:” Vem servo bom e fiel; toma parte para sempre na alegria do teu Senhor” – Ámen.

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ZAMBEZIANDO____________

NIKOTXWA1

Conta-se que o Nikotxwa estava casado. Quando a sua mulher foi à maternidade para dar à

luz, a criança morreu. Voltando para casa avisou o marido da pouca sorte que tiveram com o primeiro filho. O Senhor Nikotxwa exclamou: “Eu já sabia que teria acabado assim!”. E isso foi-se repetindo por mais duas vezes. A reacção do marido era sempre a mesma: “Eu já sabia que teria acabado assim!”.

Por fim, na quarta vez, a sorte foi favorável e nasceu uma menina forte e bonita. Mas a

mulher entrego-a a uma parente por que a criasse, e depois foi para casa dizer ao marido que, mais uma vez ela voltava sem nada. «Já sabia (“kòsuwela”)», comentou o Nikotxwa. Entretanto a criança crescia e chegou à idade de 13 ou 14 anos. A mãe pediu licença ao marido para ir buscar-lhe entre os seus próprios familiares uma “ekuxo”2.

O Senhor Nikotxwa ficou muito contente, mas não sabia que a menina que a esposa tinha ido buscar era a sua própria filha. Só mais tarde a esposa revelou-lhe a verdade e disse-lhe de ter feito isso para ver se o marido, que sabia sempre tudo, teria sido capaz de descobrir que aquela menina era a sua filha.

O Nikotxwa ficou cheio de vergonha, uma vergonha que chegou até nós. De facto, quando é visto por alguém, este animal fica parado e não foge, porque tem bem presente… o seu passado3.

1 Grande lagarto, comestível, chamado também Enyotxo 2 Uma jovem substituta que a mulher, por motivos de velhice, procurava para o seu próprio marido para não perdê-lo. Geralmente a “ekuxo” era a primeira neta (a filha da filha) do tal homem. É preciso ter presente que o avô materno e a neta consideram-se entre si cunhados porque a neta e a esposa do avô (“omuuna”) consideram-se da mesma geração. 3 O ditado reza: “Kosuwela amuthela mwanawe” (O senhor “Já sei” casou a sua própria filha). Esta pequena história quer mesmo dar uma lição aos sabichões e ao mesmo tempo oferecer a razão inicial do comportamento actual do “nikotxwa”. Porém estamos em frente de um caso típico de um dos tantos mitos que, com o andar dos tempos, foi transformando-se em historieta para enunciar o modelo de uma forma ou maneira de ser no mundo de hoje. De facto o mito do Muneneya (de onèna = sentir comichão) é transmitido na iniciação feminina. Neste caso a mulher do Muneneya entrega a filha ao seu próprio marido para vingar-se do facto deste ter-lhe ocultado a morte do filho ocorrida no acampamento iniciático. Por causa do incesto o Muneneya tornou-se leproso, e assim a lepra entrou no mundo. O tema verdadeiro é o do incesto.

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