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Infância e Juventude em Contextos de Vulnerabilidades e Resistências

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Infância e Juventudeem Contextos de Vulnerabilidades e Resistências

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z ZagodoniEditora

Infância e Juventudeem Contextos de Vulnerabilidades e Resistências

OrganizadOres

Ilana Lemos de PaivaMarlos Alves BezerraGeórgia Sibele Nogueira da SilvaPérisson Dantas do Nascimento

c a p e s ObservatóriO da pOpulaçãO infantOjuvenil em cOntextOs de viOlência

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PrefácioCopyright © by Organizadores/Autores

Todos os direitos desta edição reservados à Zagodoni Editora Ltda. Nenhu ma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida, seja

qual for o meio, sem a permissão prévia da Editora.

Organizadores:Ilana Lemos de Paiva / Marlos Alves Bezerra /

Geórgia Sibele Nogueira da Silva / Périsson Dantas do NascimentoRevisão:

Michelle R. FreitasDiagramação e capa:Givaldo Fernandes

Editor:Adriano Zago

CIP-Brasil. Catalogação-na-FonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

I36Infância e juventude em contextos de vulnerabilidades e resistências / orga-nizadores Ilana Lemos de Paiva ... [et al.]. - São Paulo : Zagodoni, 2013. 286p. : 23 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-64250-51-2

1. Serviço social 2. Assistência social 3. Psicologia do adolescente. I. Paiva, Ilana Lemos de.

12-9420. CDD: 305.23 CDU: 159.922.8

[2013]Zagodoni Editora Ltda.Rua Brigadeiro Jordão, 84804210-000 – São Paulo – SPTel.: (11) 2334-6327contato@zagodonieditora.com.brwww.zagodonieditora.com.br

A publicação do livro Infância e Juventude em Contextos de Vulnerabi-lidades e Resistências deve ser saudada por diversas razões. De iní-cio, pela atualidade e pela inquestionável importância do tema. A

violência urbana associada ao contexto infantojuvenil é, seguramente, uma das principais questões da agenda dos problemas sociais com os quais nos confrontamos no Brasil, hoje. Não faltam evidências da gravidade dessa situação, seja em estudos produzidos por organismos internacionais, como a UNESCO e a OEA, seja nos relatórios nacionais, como os diagnósticos produzidos pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE). Um quadro eloquente dessa situação nos é fornecido pelo Mapa da Violência de 2011. É inescapável a observação de que a condição socioeconômica, o sexo e a raça são vetores indispensáveis em qualquer análise da violência contra jovens; ou seja, tanto os estudos quanto o enfrentamento dessa situação exigem um conhecimento detido da situação.

Uma obra que se debruça sobre essa problemática é, pois, sempre bem-vinda. É indispensável que a questão seja debatida cotidianamente, que não seja banalizada e naturalizada. E reflexões como estas que ora são apresen-tadas ao público certamente vão ao encontro dessa preocupação.

A obra trata com muita propriedade da questão central, contemplan-do um tratamento mais amplo da problemática da violência e a população infantojuvenil sob perspectivas teórico-metodológicas diversas, e estudos e reflexões fundamentados em pesquisas conduzidas no âmbito da academia. Tomar política social como o enfrentamento (parcializado e fragmentado) por parte do Estado das refrações da “questão social”, entendida como o

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conjunto das desigualdades geradas pelo antagonismo entre a socialização da produção e a apropriação privada, conforme José Paulo Netto nos im-põe a tarefa de compreender e considerar os limites das ações possíveis nesse terreno. Tanto as reflexões de base sobre as políticas para a infância e juventude, quanto os trabalhos – conduzidos por equipes compostas por importantes pesquisadores brasileiros e seus estudantes – caminham exata-mente nessa direção e serão, certamente, de grande utilidade a todos os que se interessam pelo tema.

A segunda razão que confere importância a esta obra diz respeito ao fato de ela conter um conjunto de trabalhos resultantes da ação do Observa-tório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV), sediado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e coordenada pelos professores Ilana Lemos de Paiva, Marlos Alves Bezerra e Herculano Ricardo Campos, todos docentes do Programa de Pós-Graduação em Psico-logia da UFRN. Trata-se de uma iniciativa de grande valor que visa moni-torar as ações de enfrentamento da violência contra a população infantoju-venil no Estado do Rio Grande do Norte. Contudo, mais que simplesmente “observar” a realidade com o rigor indispensável a qualquer empreendi-mento científico, o OBIJUV constitui-se em um dos contraexemplos do pro-palado isolamento da academia com relação ao contexto no qual se insere. Os estudos realizados pelo grupo, a formação propiciada pelas suas ações e a qualidade de seus produtos o qualificam como uma referência obrigatória quando questões referentes à violência no contexto infantojuvenil são trata-das. Os estudos contidos na segunda parte deste livro nos dão uma amostra da qualidade do trabalho do OBIJUV.

Há ainda uma terceira e não menos importante razão: o fato de esta obra ter sido viabilizada, em grande medida, pela ação da CAPES, por meio do seu Programa de Apoio a Projetos Institucionais com a Participação de Recém-Doutores (PRODOC), que tive a honra de coordenar na UFRN. O programa foi concebido para dar suporte a Programas de Pós-Graduação recomenda-dos e apoiados pela agência e para, entre outros objetivos, complementar a formação de recém-doutores, diversificar a qualificação dos jovens pesqui-sadores pela convivência com outros ambientes acadêmicos, fortalecer os grupos de pesquisa vinculados aos Programas de Pós-Graduação e fortale-cer a articulação entre ensino, pesquisa e extensão.

Os resultados alcançados pelo PRODOC da UFRN são incontestáveis. Além da absorção dos bolsistas, por meio de concurso público na própria universidade, o desenvolvimento de atividades do OBIJUV e das linhas de orientação e pesquisa do grupo junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN (PPgPsi/UFRN), e a produção científica decorrente são evidências do sucesso do programa. Um dos testemunhos dos resultados do PRODOC da UFRN é este livro. Temos, além de uma amostra do que

o grupo produziu, uma demonstração da articulação nacional propiciada pelas ações desenvolvidas durante o período em que o programa esteve em vigor na UFRN. É impossível dissociar o envolvimento dos participantes do PRODOC no PPgPsi/UFRN, nos GTs da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) e nos trabalhos desenvolvidos no âmbito do OBIJUV com as condições propiciadas pelo PRODOC.

Por todas essas razões, a publicação desta obra deve ser saudada. E mais importante do que o reconhecimento das condições que conspiraram para a sua execução está o potencial de contribuir para o debate e a inter-venção qualificadas sobre a questão da violência e do contexto infantojuve-nil. Tenho a convicção de que vai se estabelecer um diálogo fecundo entre a obra e o leitor.

Natal, dezembro de 2012

Oswaldo H. YamamotoCoordenador do PRODOC/CAPES/UFRN

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As variadas formas de violência são, atualmente, umas das priorida-des das agendas de políticas públicas de muitos governos democrá-ticos e sociedade civil, além de diversas áreas de estudo, em que são

abordadas as suas várias expressões e consequências, tanto para o desen-volvimento dos indivíduos inseridos em um contexto de violência, quanto para a manutenção e equilíbrio dos contratos sociais vigentes. A violência pode ser definida (operacionalmente) como o uso da força (ou poder) obje-tivando alguma espécie de exclusão, abuso e aniquilamento do outro, seja um indivíduo, grupo, segmento social ou até mesmo uma nação. Uma vez encarada não como um fato isolado, mas sim como um fenômeno desenca-deador de relações, a violência passa a exigir respostas e ações efetivas do poder público e da sociedade civil organizada. No entanto, parece que as respostas têm sido insuficientes, tendo em vista os alarmantes índices de ex-pressão da violência que atingem as diversas camadas e segmentos sociais, especialmente o público infantojuvenil. Dessa forma, o desenvolvimento de políticas públicas e ações que promovam a cultura da convivência, privile-giando o respeito e o diálogo, bem como apontando perspectivas reais para a construção de projetos de vida, têm sido um grande desafio. Nesse senti-do, o Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV) foi implantado no ano de 2010, no âmbito da Universidade Fede-ral do Rio Grande do Norte (UFRN), com a finalidade de contribuir para a visibilidade e fundamentação de ações de enfrentamento à violência contra a população infantojuvenil do nosso estado, através do desenvolvimento de estudos, pesquisas e prestação de serviços direcionados à comunidade.

Apresentação

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O projeto tem atuado, nos dois últimos anos, na capacitação científica dos seus colaboradores, alunos e professores, fomentando a formação em uma área extremamente importante para a realidade social atual, ainda não con-templada totalmente pela formação graduada e pós-graduada da UFRN. Os textos presentes nesta publicação versam sobre as temáticas trabalhadas pelos pesquisadores do Observatório, nos projetos de pesquisa e extensão que vêm sendo desenvolvidos.

Na primeira parte do livro intitulada Juventudes, contextos de vulne-rabilização e políticas sociais: múltiplos olhares foram agrupados capítu-los de pesquisadores convidados, alguns dos quais figuram como colabora-dores pontuais ou efetivos do OBIJUV. O que muito nos alegra porquanto foi possível uma multiplicidade de olhares a partir de perspectivas teóricas, metodológicas e até epistemológicas debruçadas ora em torno de questões concernentes ao campo da juventude, ora a aspectos macrossociais que in-fletem sobre esse campo.

Périsson Dantas do Nascimento no capítulo “Marionetes, mamulengos, fantoches, papangus: compreendendo a constituição do lugar social de ‘tumulto’ para as juventudes” instiga inicialmente o leitor com algumas inquietudes: Como as sociedades criaram e lidaram com essa passagem transitória de seus membros? Por que a definição de um faixa etária denominada adoles-cência? Seria realmente a juventude uma fase de conflitos, traumas, con-testação, indisciplina, “tumulto”? Diante das questões propostas, o autor começa traçando um panorama sócio-histórico sobre as juventudes em di-ferentes momentos da história do Ocidente até os dias atuais. Em seguida apresenta a situação da juventude no Brasil, enfocando a constituição da ca-tegoria de “menor” na sociedade brasileira, condição essa que caracterizou a infância e juventude até a criação do ECA em 1990. Por fim, ao analisar o papel da Psicologia, promove uma discussão sobre algumas das principais teorias clássicas sobre o psiquismo adolescente, convidando o leitor para re-flexões contemporâneas dos desafios enfrentados pela família, pelos jovens e pela sociedade no mundo atual.

Já o capítulo de Marisa Ferffmann “Criminalizar a juventude: uma res-posta ao medo social” busca uma macroanálise da questão juvenil com base nos jovens de bairros e localidades pobres do país. A autora discute o medo a partir de sua produção social enquanto elemento de disciplina e controle das classes subalternizadas. Nessa perspectiva, a criminalização instala-se enquanto procedimento amparado por procedimentos jurídicos e discursos que se naturalizam legitimando a cultura da violência que grassa no país. Imputar ao indivíduo, sobretudo ao jovem, a responsabilização pela vio-lência societal não é apenas um equívoco teórico-metodológico, mas uma atitude de consequências nefastas na atualidade.

Seguindo um percurso que passa pela análise das políticas públicas nos deparamos com o capítulo de Candida de Souza, Ilana Lemos de Paiva, Isabel Fernandes de Oliveira: “Que política é essa? Um olhar sobre as políticas de juventude no Brasil”. Trata-se de uma discussão incontornável, pois argu-menta que o ingresso da juventude na pauta das políticas públicas não im-plica necessariamente uma transformação positiva na vida dos jovens. Dos anos 1980 aos dias atuais o texto põe em relevo a precarização, fragmenta-ção e parcialização das ações voltadas para o segmento juvenil; destacando na discussão o quanto é necessário o controle social das políticas públicas e sua adequação aos diversos contextos locais integrando-as ao conjunto das demais políticas. A reflexão aponta ainda para o caráter compensatório das políticas relacionadas aos jovens de baixa renda que não acessam uma educação de qualidade. O texto conclui concitando a busca de um projeto de futuro para a coletividade jovem do país que atrele políticas com/para/de juventudes em consonância com a garantia de direitos fundamentais.

O texto “Atenção psicológica à criança em acolhimento institucional: o cui-dado ao ser”, das autoras Symone Fernandes de Melo, Clara Maria Melo dos Santos, Laura Cristina Santos Damásio de Oliveira, Sayonara Olivei-ra Freitas, discute o atendimento psicológico diante das inúmeras deman-das apresentadas pelas crianças em situação de acolhimento institucional. Trata-se de um relato extremamente rico, baseado em uma experiência de atendimento psicólogico, que vem sendo realizado há três anos, no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abrangendo ensino, pes-quisa e extensão. O projeto é desenvolvido no Serviço de Psicologia Apli-cada, clínica-escola da UFRN, em articulação com a 2ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Natal, as Casas de Passagem I e II e as Aldeias Infantis SOS.

Um estudo de caso, cujas reflexões são generalizadas a fim de se pensar caminhos para as graves questões debatidas nesta obra, é apresentado por Blenda Carine Dantas de Medeiros, Cinthia Maia Pederneiras, Marlos Al-ves Bezerra, Norma Missae Takeuti no capítulo “Desenvolvimento comuni-tário e juventude: discutindo um programa de extensão na zona oeste de Natal”. Os autores apresentam a avaliação parcial de programa de extensão financia-do pelo MEC/SESU em dos mais bairros mais estigmatizados da cidade de Natal-RN. A tríade esporte-arte-cultura é a estratégia utilizada para alavan-car discussões sobre a vida no bairro, o reordenamento das subjetividades individuais e as possibilidades de organização comunitária. Embora apre-sente uma experiência rica e passível de reprodução em outros contextos, os autores chamam a atenção para a necessidade de atrelar a estratégia da arte/cutura/esporte a um conjunto amplo de ações que possam configurar respostas “fortes” aos dispositivos de poder.

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No capítulo “Jovens brasileiros expostos à violência doméstica e na comuni-dade: fatores de risco e contextos de vulnerabilidade”, apresentado por Luciana Dutra-Thomé e Silvia Helena Koller, discutem-se contextos de violência vivenciados por jovens brasileiros, mais especificamente sobre violência doméstica e comunitária, associadas à inserção laboral. O texto destaca o impacto da violência estrutural na vida dos jovens, bem como a importân-cia dos profissionais considerarem tal contexto na formulação de progra-mas e projetos voltados para esse público.

Geórgia Sibele Nogueira da Silva encerra a primeira parte do livro com o capítulo “Construção das vulnera(ha)bilidades masculinas: uma questão de saúde e violência”, no qual nos convida pensar a construção social do ser homem em nossa cultura e sua imbricada relação com o processo nomeado pela autora de vulnera(ha)bilidades; traduzido fortemente na/pela relação estabelecida pelos homens com os cuidados em saúde e com atos violentos. Inflexões estas amparadas ao longo do texto pelo diálogo com várias disci-plinas: Epidemiologia, Sociologia, Antropologia e Psicologia, e com as vo-zes dos homens que protagonizaram uma pesquisa sobre a construção do adolescer masculino e o uso do preservativo. Como se constrói um homem? Para onde esta pergunta pode nos levar? Quais os caminhos que ela pode apontar (se pode) em relação ao adoecimento? E em relação à prevenção do HIV/AIDS? Qual a relação entre a construção das masculinidades e a violência? São alguns dos desassossegos que os leitores são convidados a compartilhar.

A segunda parte do livro é dedicada a apresentar a produção interna do Observatório. Pesquisa e extensão desenvolvidas pelo OBIJUV: percursos com público infantojuvenil no RN é o resultado de pesquisas acolhidas e potencia-lizadas através dos grupos temáticos, disciplinas optativas, reuniões de dis-cussão, projetos de extensão e pesquisa (em âmbito de iniciação científica, mestrado ou PRODOC/CAPES). À medida que perfilamos a produção local alusiva aos quatro anos de existência do OBIJUV, também evidenciamos o esforço de um pensar coletivo e de um fazer solidário nessas produções.

No primeiro texto, “O pacto pela infância e a política de atenção à violação de direitos de crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte”, Blenda Carine D. de Medeiros, Bruna Larissa N. Barbosa, Hellen Kadja M. Oliveira, Thamara Pinto Soares, Vânia Aparecida Calado e Herculano R. Campos apresen-tam dados de uma pesquisa desenvolvida junto ao SOS Criança, que visa caracterizar o quadro da violação de direitos de crianças e adolescentes no município de Natal, no período entre 1992 e 2010, pela análise das fichas de atendimento. Para o capítulo, os autores se detêm nos dois primeiros anos do programa e trazem um importante mapeamento das principais viola-ções de direito no período de início de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente e da implantação do Programa SOS Criança.

No capítulo “Juventudes, inventividades e intersetorialidade: uma análise so-bre os jovens dos Guarapes, a intersetorialidade das políticas públicas e a produção de saúde”, Anna Luiza Lopes Liberato A. Freire, Fernanda Cavalcanti de Medeiros e Marlos Alves Bezerra apresentam o trabalho de pesquisa-ação desenvolvido pelos pesquisadores no projeto PRODOC/CAPES “Periferias urbanas, inventividades juvenis e produção de saúde”. O estudo aponta re-flexões sobre a experiência desenvolvida com um coletivo de adolescentes e jovens no bairro dos Guarapes, periferia de Natal, e analisa as situações referentes ao processo de violência e produção de saúde vivenciado por esse público.

Luciana Rodrigues Bezerra e Herculano Ricardo Campos empreen-dem uma jornada pelo universo da cultura juvenil em “Música e mídia para a juventude: o consumismo na formação da identidade Emocore”. Os autores po-sicionam sua lente de análise diante de um fenômeno social contemporâ-neo, desafio próprio dos investigadores preocupados e inquietos com as questões do nosso tempo. As transformações pela qual o Emocore passa até a configuração atual, que é alvo de bullying em muitas escolas de Ensino Médio hoje, exemplificam o modo como as forças do mercado e do mass media atuam sobre esse grupo. Torna-se patente durante a leitura o deslo-camento do contexto de crítica social no qual o movimento Emocore emerge nos anos 1980, para a estética irreverente e esvaziada de um sentido con-testador, tal como se apresenta nos anos 2000. Portanto, uma contribuição valiosa em um espaço lacunar deixado pelos estudos locais sobre juventude e violência.

No antepenúltimo capítulo empreende-se uma correlação entre a dro-gadição e a violência na cotidianidade da juventude. Novamente a zona oeste da cidade passa a ter “voz” no texto de Fernanda Cavalcanti de Me-deiros; Ilana Lemos de Paiva e Marlos Alves Bezerra. Trata-se de uma pes-quisa acerca da relação drogadição-violência, sob o a perspectiva de jovens residentes na periferia de Natal, conhecido localmente pela força do tráfico de drogas e a estigmatização de sua população pela relação com tal fenô-meno. Mais especificamente, objetivou-se analisar o papel das drogas na comunidade de Guarapes, bem como investigar se existem ações efetivas de enfrentamento dessas problemáticas na comunidade, detectando possíveis estratégias que os jovens apontam para discutir e/ou solucionar tais dificul-dades. Após um ano de pesquisa realizada por meio de entrevistas, a equi-pe aponta reflexões sobre as vivências e significações dos jovens sobre os contextos de drogadição/violência, discutindo sobre a necessidade de um trabalho psicológico que privilegie a escuta e potencialização das estraté-gias de resiliência e empoderamento da comunidade, mais especificamente dos jovens, para o enfrentamento do cotidiano de violência, configurado a

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partir de uma teia complexa de déficits nas políticas públicas e infraestru-tura social.

O mundo do trabalho em sua inter-relação com a juventude é temati-zado por Luana Isabelle Cabral dos Santos, Caroline Cristina de Arruda Campos, Arthemis Nuamma Nunes de Almeida e Ilana Lemos de Paiva. Ao abordarem a principal política governamental para a juventude, as au-toras discutem as contradições do trabalho na sociedade contemporânea e os impasses lançados sobre programas dessa natureza. Denunciam a ausên-cia de segmentos juvenis na formulação da política, corroborando a ideia de juventude enquanto tutelados das instituições sociais. Um argumento fortemente defendido é da inclusão precarizada dos jovens que acaba sendo reforçada por programas nessa linha. A fragilidade da operacionalização dos programas é evidenciada sobretudo na descontinuidade administrativa e desconexão entre secretarias e ministérios refletindo tanto o desmantela-mento de políticas macrossociais quanto o pífio investimento nas políticas focalizadas. Os termos dessa discussão estão em “Juventude e trabalho: algu-mas reflexões sobre o Projovem Integrado em Natal/RN”.

O último capítulo “O psicólogo e os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes na região metropolitana de Natal/RN”, das autoras Tabita Aija Sil-va Moreira e Ilana Lemos de Paiva nasce como resultado de uma pesquisa de mapeamento das atividades do psicólogo nas instituições de acolhimento a crianças e adolescentes na região metropolitana de Natal. Inicialmente são tecidas considerações, numa perspectiva sócio-histórica, sobre as possibili-dades de atuação psicológica no contexto das politicas sociais de atenção, de maneira a refletir sobre o comprometimento profissional com os direitos humanos e atendimento qualificado às demandas específicas de comunida-des e instituições que lidam com um sofrimento indissociado do contexto de desigualdade socioeconômica de nosso país. A coleta de dados com as instituições aponta que as novas diretrizes para o acolhimento de crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte ainda se encontram em processo de apropriação e implementação, bem como as muitas dificuldades são apon-tadas pelas autoras. No entanto, as mesmas afirmam de forma contundente que esse contexto não pode impedir que as instituições cumpram o objeti-vo de serem lugares de acolhimento da dor, de forma a tornar-se um lar, mesmo que temporário, mas essencial para o bom desenvolvimento do ser humano. O papel do psicólogo, assim, visa a zelar que os direitos das crian-ças e adolescentes acolhidos sejam respeitados, dentro de um ambiente que promova o empoderamento, de modo a contribuir com a ruptura do ciclo de violação de direitos e ruptura de vínculos ao qual estão sujeitos às crian-ças, adolescentes, suas famílias e comunidade de origem.

Finalmente, a sensação para nós ao percorrer o conjunto dos textos aqui apresentados é gratificante. Elencamos para isso algumas razões: Dada a

diversidade das abordagens, o traço unitário, sem sombra de dúvida, é o caráter propositivo das investigações e intervenções produzidas, o que ser-ve de estímulo e balizamento para os próximos anos. Também é possível visualizar o OBIJUV enquanto núcleo agregador de estudos que permite debater a realidade local para além dos muros universitários. Finalmente, o compromisso político de tematizar em âmbito acadêmico o vivido de crian-ças e jovens, cujas vozes dificilmente são ouvidas nas instituições públicas que lhes deveriam representar ou no espaço midiático que lhes distorce a imagem. Esperamos que o leitor possa se beneficiar destes trabalhos, seja para suas investigações acadêmicas seja para sua prática profissional.

Natal, março de 2013

Os organizadores

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Sobre os autores

Ilana Lemos de PaivaPsicóloga, doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com período de estágio na Universidad Autónoma de Madrid. Docente pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Psicolo-gia da UFRN. Coordenadora do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e do Grupo de Pesquisa Mar-xismo e Educação (GPM&E/UFRN). Membro do GT/ANPEPP Juventude, Resiliência e Vulnerabilidade.E-mail: [email protected]

Marlos Alves BezerraGraduado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências So-ciais da UFRN. Professor Adjunto no Departamento de Psicologia da UFRN e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da mesma instituição. É vice-coordenador do Observatório da População Infantojuvenil em Contex-tos de Violência. Possui experiência em Psicologia Clínica na abordagem transpessoal, desenvolvimento comunitário e em pesquisa-intervenção psi-cossocial.E-mail: [email protected]

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Geórgia Sibele Nogueira da SilvaPsicóloga, Doutora em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP- USP). Professora do departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família (Mestrado Profissional em Saúde da Família no Nordeste – MPSF/RENASF – NESC/UFRN). Coordenadora do Laboratório de Estudos em Tanatologia e Humanização das Práticas de Saúde (LETHS-UFRN). Membro do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC- UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).Email: [email protected]

Périsson Dantas do NascimentoPsicólogo clínico. Doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor Adjunto da Universidade Esta-dual do Piauí (UESPI). Local trainer do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo, filiado ao Instituto Internacional de Análise Bioenergética. Pro-fessor do corpo docente do Instituto de Psicologia Somática (Natal/RN).E-mail: [email protected]

Anna Luiza Lopes Liberato A. FreireAssistente social graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN). Pesquisadora nas áreas da infân-cia, adolescência e juventude.E-mail: [email protected]

Arthemis Nuamma Nunes de AlmeidaGraduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e bolsista de iniciação científica do Grupo de Pesquisa Marxismo e Educação (GPM&E-UFRN), pesquisando na área de juventude, violência e políticas públicas.E-mail: [email protected]

Blenda Carine Dantas de MedeirosMestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade

S o b r e o s a u t o r e s

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro do Observatório da Po-pulação Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

Bruna Larissa do Nascimento BarbosaGraduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Bolsista do Observatório da População InfantoJuvenil em Contextos de Violência.E-mail: [email protected]

Candida de SouzaDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvi-mento Humano e Saúde da Universidade de Brasília (UnB). Coordenadora Adjunta do Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CRDH-UFRN) e Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

Caroline Cristina de Arruda CamposMestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro do Observatório da Po-pulação Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

Cinthia Maia PederneirasGraduada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Nor-te (UFRN). Psicóloga clínica. Experiência no atendimento de crianças em acolhimento institucional.E-mail: [email protected]

Clara Maria Melo dos SantosGraduada em Psicologia e mestre em Psicologia Cognitiva pela Universida-de Federal de Pernambuco (UFPE) e doutora em Psicologia pela University of Sussex. Atualmente é Professora Adjunta IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Desenvolve projetos de pesquisa e extensão sobre o atendimento de crianças em acolhimento institucional.E-mail: [email protected]

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Fernanda Cavalcanti de MedeirosMestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da Po-pulação Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

Hellen Kadja Mendes de OliveiraGraduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Nor-te (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Con-textos de Violência (OBIJUV-UFRN) e bolsista de iniciação científica na área de infância e adolescência em contexto de violação e garantia de direitos.E-mail: [email protected]

Herculano Ricardo CamposPsicólogo, Doutor em Educação, Professor e Pesquisador do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Núcleo de Estudos Sociocul-turais da Infância e da Adolescência, e do Observatório da População In-fantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e do GT/ANPEPP Psicologia Escolar e Educacional.E-mail: [email protected]

Isabel Fernandes de OliveiraGraduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre e doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Professora adjunta IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psi-cologia. Diretora da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP (2010-2012). Editora da revista Estudos de Psicologia (2007-2012). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psico-logia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas sociais, políticas da saúde e assistência social, formação e atuação de psicólogos.E-mail: [email protected]

Laura Cristina Santos Damásio de OliveiraGraduada em Psicologia pela UFRN. Psicóloga clínica. Experiência em aten-dimento de crianças e jovens em contexto de violação de direitos.E-mail: [email protected]

Luana Isabelle Cabral dos SantosMestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universida-de Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e do Grupo de Pesquisa Marxismo e Educação (GPM&E/UFRN).E-mail: [email protected]

Luciana Dutra-ThoméGraduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Gran-de do Sul (PUC-RS). Mestre e doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutorado sanduíche pela Clark University (Massachusetts, EUA). Pesquisadora do Centro de Estudos Psi-cológicos sobre Meninos e Meninas de Rua (CEP-RUA/UFRGS). Temas de pesquisa: adultez emergente, juventude e trabalho e abordagem bioecológi-ca do desenvolvimento humano.E-mail: [email protected]

Luciana Rodrigues BezerraMestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da Po-pulação Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

Marisa FeffermannMestre e doutora pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Pesquisadora do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo e do Núcleo da Juventude da FLACSO-Brasil. Autora do livro “Vidas arriscadas: o cotidiano de jovens trabalhadores do tráfico de drogas”.E-mail: [email protected]

Norma Missae Takeuti Docente-pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pós-doutora em Sociologia Clínica – Universidade Paris 7 (Denis-Diderot, França). Doutora em Estruturas e Mudanças Humanas nas Organizações – Universidade de Paris 9 (Dauphine, França). Coordenadora do grupo de Estudos Cultura e Subjetividades–Poiesis/UFRN.E-mail: [email protected]

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I n f â n c i a e j u ve n t u d e e m c o n t e x t o s d e v u l n e r a b i l i d a d e s e r e s i s t ê n c i a s22 23S o b r e o s a u t o r e s

Sayonara Oliveira FreitasGraduada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pós-Graduada em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização (UFRN) e foi residente em Psicologia pelo Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde da Criança da UFRN no Hospital Universitário de Pediatria Heriberto Ferreira Bezerra (HOSPED). Mestranda do Programa de Pós-Graduação de Psicologia da UFRN.E-mail: [email protected]

Silvia Helena KollerPsicóloga. Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Pesquisadora do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Professora do curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordenadora do Centro de Estudos Psicológicos sobre Me-ninos e Meninas de Rua (CEP-RUA/UFRGS).E-mail: [email protected]

Symone Fernandes de MeloMestre em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Dou-tora em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Univer-sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro da Base de Pes-quisa Subjetividade e Desenvolvimento Humano.E-mail: [email protected]

Tabita Aija Silva MoreiraMestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universida-de Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e do Grupo de Pesquisa Marxismo e Educação (GPM&E/UFRN).E-mail: [email protected]

Thamara Pinto SoaresGraduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN) e bolsista de iniciação científica do Projeto de Caracterização das Violações de Direitos de Crianças e Adoles-

centes Atendidas pelo Programa SOS Criança no Período de 1998 a 2010.E-mail: [email protected]

Vânia Aparecida CaladoPsicóloga. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Professora do Curso de Psicologia da Universidade Potiguar (UnP). Membro do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV-UFRN).E-mail: [email protected]

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Sumário

Parte IJuventudes, contextos de vulnerabilização e

políticas sociais: múltiplos olhares

1 Marionetes, mamulengos, fantoches, papangus – compreendendo a constituição do lugar social de “tumulto” para as juventudes......... 31Périsson Dantas do Nascimento

2 Criminalizar a juventude: uma resposta ao medo social ..................... 57Marisa Feffermann

3 Que política é essa? Um olhar sobre as políticas de juventude no Brasil ....................................................................................................... 77Candida de Souza, Ilana Lemos de Paiva, Isabel Fernandes de Oliveira

4 Atenção psicológica à criança em acolhimento institucional: o cuidado ao ser ........................................................................................ 101Symone Fernandes de Melo, Clara Maria Melo dos Santos, Laura Cristina Santos Damásio de Oliveira, Sayonara Oliveira Freitas

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I n f â n c i a e j u ve n t u d e e m c o n t e x t o s d e v u l n e r a b i l i d a d e s e r e s i s t ê n c i a s26 27S u m á r i o

5 Desenvolvimento comunitário e juventude: discutindo um programa de extensão na zona oeste de Natal .................................... 123Blenda Carine Dantas de Medeiros, Cinthia Maia Pederneiras,Marlos Alves Bezerra, Norma Missae Takeuti

6 Jovens brasileiros expostos à violência doméstica e na comunidade: fatores de risco e contextos de vulnerabilidade ................................... 141 Luciana Dutra-Thomé, Silvia Helena Koller

7 A construção das vulnera(ha)bilidades masculinas: uma questão de saúde e violência ................................................................................. 153Geórgia Sibele Nogueira da Silva

Parte IIPesquisa e extensão desenvolvidas pelo OBIJUV:

percursos com o público infantojuvenil no RN

8 O pacto pela infância e a política de atenção à violação de direitos de crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte ............. 177Blenda Carine Dantas de Medeiros, Bruna Larissa N. Barbosa, Hellen Kadja M. Oliveira, Thamara Pinto Soares, Vânia Aparecida Calado, Herculano R. Campos

9 Juventudes, inventividades e intersetorialidade: uma análise sobre os jovens do Guarapes, a intersetorialidade das políticas públicas e a produção de saúde ................................................................................ 197Anna Luiza Lopes Liberato A. Freire, Fernanda Cavalcanti de Medeiros, Marlos Alves Bezerra

10 Música e mídia para a juventude: o consumismo na formação da identidade Emocore ................................................................................ 221Luciana Rodrigues Bezerra, Herculano Ricardo Campos

11 A relação drogadição-violência sob a perspectiva dos jovens da periferia de Natal/RN ............................................................................. 239Fernanda Cavalcanti de Medeiros, Ilana Lemos de Paiva, Marlos Alves Bezerra

12 Juventude e trabalho: algumas reflexões sobre o Projovem Integrado em Natal/RN ......................................................................... 253Luana Isabelle Cabral dos Santos, Caroline Cristina de Arruda Campos, Arthemis Nuamma Nunes de Almeida, Ilana Lemos de Paiva

13 O psicólogo e os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes na região metropolitana de Natal/RN ......................... 271Tabita Aija Silva Moreira, Ilana Lemos de Paiva

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Parte IJuventudes, Contextos de

vulnerabIlIzação e PolítICas soCIaIs: MúltIPlos olhares

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1Marionetes, mamulengos,

fantoches, papangus – Compreendendo a constituição do

lugar social de “tumulto” para as juventudes1

Périsson Dantas do Nascimento

Em um livro sobre a infância e adolescência em situações de vulnera-bilidade social e violência, cabe compreendermos um contexto mais amplo sobre como essas populações foram submetidas socialmente a

esse lugar de exclusão. Neste capítulo temos a intenção de realizar uma re-visão de literatura, de maneira a observar mais especificamente como os jo-vens situavam-se nas diferentes épocas na história da sociedade ocidental, no tocante ao lugar que eles ocupavam nas relações e representações que as diferentes culturas atribuíam a esse grupo. Quando nos referimos a jovens enquanto categoria, queremos dizer que, no decorrer da história, percebe-se uma contínua preocupação social com aqueles que deixam a condição de dependência infantil para ingressarem no mundo das responsabilida-des adultas, sejam elas de ordem política, sexual, intelectual e de cidadania (LEVI e SCHIMITT, 1996).

Assim, podemos afirmar que existiram diversas formas de conceber a juventude, ou seja, diferentes organizações e sistemas sociais construíram e determinaram lugares simbólicos diferenciados para os jovens. Para além das transformações biológicas típicas da puberdade, as quais possuem um caráter próximo da universalidade nos seres humanos (PALÁCIOS, 1996), temos aqui o propósito de investigar que juventudes foram configuradas no decorrer da história ocidental. Como as sociedades criaram e lidaram com

1 Capítulo reformulado a partir da dissertação de mestrado “Desvelando as Teias de Pinóquio: Concepções de família em jovens moradores de bairros periféricos”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN, sob orientação da Profa. Dra. Rosângela Francischini.