influÊncia dos nÍveis sÉricos de bilirrubinas nas

33
TAYNARA GONÇALVES PEREIRA INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE PACIENTES SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017 Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis - SC Universidade Federal de Santa Catarina 2019

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Page 1: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

TAYNARA GONÇALVES PEREIRA

INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS

NAS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE PACIENTES

SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO

THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina, como requisito

para a conclusão do Curso de Graduação

em Medicina.

Florianópolis - SC

Universidade Federal de Santa Catarina

2019

Page 2: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

TAYNARA GONÇALVES PEREIRA

INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS

NAS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE PACIENTES

SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO

THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina, como requisito

para a conclusão do Curso de Graduação

em Medicina.

Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Aroldo Prohmann de Carvalho

Orientadora: Prof. Dr. Danton Spohr Corrêa

Florianópolis - SC

Universidade Federal de Santa Catarina

2019

Page 3: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

FICHA CATALOGRÁFICA

Pereira, Taynara Gonçalves

Influência dos níveis séricos de bilirrubinas nas complicações pós -operatórias de

pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no Hospital Universitário Polydoro

Ernani De São Thiago (HU - UFSC) entre os anos de 2007 e 2017 / Taynara

Gonçalves Pereira . - Florianópolis, 2019.

24 p.

Orientador, Danton Spohr Corrêa.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Graduação em Medicina.

Inclui referências.

1. Medicina. 2. Duodenopancreatectomia. 3. Neoplasias Pancreáticas . 4. Oncologia

Cirúrg ica. I. Corrêa, Danton Spohr. II. Universidade Federal de Santa Catarina.

Graduação em Medicina. III. Influência dos níveis séricos de bilirrubinas nas

complicações pós-operatórias de pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no

Hospital Universitário Polydoro Ernani De São Thiago (HU - UFSC) entre os anos de

2007 e 2017.

Page 4: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

iii

AGRADECIMENTOS

A finalização do Trabalho de Conclusão de Curso é, certamente, um marco simbólico

na vida do estudante de graduação. Neste momento, às vésperas da formatura, recordando os

tantos momentos vividos durante esses seis anos de graduação, só me resta, realmente, um

sentimento de gratidão a tudo que me passou e a todos que estiveram comigo.

Agradeço primeiramente aos meus pais, Zorene e Altair, por todo o esforço

empenhado na realização deste sonho. Esta conquista também é de vocês.

À minha irmã, Thalia, e à minha família extensa, pelo grande apoio recebido e pelos

tantos exemplos de força e superação. Que sorte e privilégio ter crescido rodeada por gente

como vocês.

Ao meu amor, Lucas, que é um verdadeiro parceiro para todas as horas. Obrigada pelo

apoio de sempre e por ser meu reduto de paz. Sou grata por poder compartilhar a vida contigo.

Aos colegas de turma, em especial ao meu grupo de internato, pelas relações

cultivadas, que vão para muito além da vida acadêmica, e pelo crescimento juntos nestes seis

longos anos. Agradeço por ter trilhado este caminho ao lado de tantas pessoas incríveis.

Agradecimento especial aos colegas de turma e amigos Caroline, Sabrina e Thiago.

Vocês fizeram enorme diferença nessa jornada. Obrigada por tudo.

Aos amigos, estas pessoas que tenho ao lado não por mera casualidade da vida, mas

por escolha. Obrigada pela companhia de tantas horas. Lembrança especial dos amigos Ana

Luísa, Bianca, João Pedro e Sulivan, que acompanharam muito de perto minha trajetória

enquanto estudante e que foram meu suporte em inúmeros momentos.

Ao Professor Danton, pela orientação neste trabalho, pela competência e pela

confiança em mim. Meu sincero agradecimento.

À colega Mackerley Brito, hoje médica, que foi minha parceira nesta pesquisa e que,

sempre muito solícita, me prestou grande ajuda no início deste trabalho.

Por fim, à Universidade Federal de Santa Catarina, na figura de todos os docentes,

discentes e servidores. A todos que constroem este espaço de transformação social que é a

Universidade Pública. Que, enquanto aluna egressa, eu possa honrar o nome dessa grande

instituição em minha prática como médica e como cidadã.

Page 5: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

iv

RESUMO

Introdução: A duodenopancreatectomia é uma cirurgia de grande complexidade e elevadas

taxas de morbimortalidade, sendo empregada principalmente no tratamento de tumores da

região periampular. Questiona-se uma possível influência de níveis pré-operatórios de

bilirrubinas nas complicações e mortalidade da cirurgia.

Objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a

duodenopancreatectomia no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC, bem

como avaliar a influência de níveis séricos pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos pós-

operatórios.

Método: Estudo retrospectivo, baseado em dados contidos em prontuários de pacientes que

passaram por duodenopancreatectomia no HU-UFSC entre 2007 e 2017. Foram coletadas

informações sobre os períodos pré, intra e pós-operatório. As análises estatísticas foram

realizadas no software IBM SPSS Statistics v25 e o nível de significância adotado foi de p<

0,05.

Resultados: Foram incluídos 51 pacientes, predominantemente do sexo masculino, com

média de idade de 60,1 anos, sendo tumor em cabeça do pâncreas a principal indicação

cirúrgica. Dezesseis (31,4%) pacientes apresentaram bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL. A

complicação pós-operatória mais frequente foi a fístula pancreática (35,3%), seguida por

coleção intraabdominal (25,5%) e hemorragia (17,6%). Sete pacientes (13,7%) evoluíram

para óbito. As associações entre níveis de bilirrubinas e desfechos cirúrgicos não

apresentaram significância estatística.

Conclusão: O estudo não encontrou diferenças estatisticamente significativas nas

complicações pós-operatórias de pacientes com bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL. Sugere-se

novos estudos explorando o tema.

Palavras-chave: Duodenopancreatectomia; Bilirrubina; Oncologia cirúrgica; Câncer de

pâncreas.

Page 6: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

v

ABSTRACT

Background: Pancreaticoduodenectomy is a surgery of great complexity and high morbidity

and mortality rates. It’s mainly used in the surgical treatment of periampullary tumors. The

influence of preoperative bilirubin levels on the surgery complications and mortality is

questioned.

Objective: This study aimed to evaluate the epidemiological features of patients who have

undergone pancreaticoduodenectomy at the University Hospital of UFSC, as well as to

evaluate the influence of preoperative serum bilirubin levels on postoperative outcomes.

Method: A retrospective study was performed based on data from medical records of patients

who underwent duodenopancreatectomy between 2007 and 2017. Information on the pre,

intra and postoperative periods was collected. Statistical analysis were performed using the

IBM SPSS Statistics v25 software and the significance level adopted was p < 0.05.

Results: Fifty-one patients, predominantly male, with a mean age of 60.1 years, were

included. Pancreatic head tumor was the main surgical indication. Sixteen (31.4%) patients

had total bilirubins ≥ 15 mg/dL. The most frequent postoperative complication was pancreatic

fistula (35.3%), followed by abdominal collection (25.5%) and hemorrhage (17.6%). Seven

patients (13.7%) died. Association between bilirubin levels and surgical outcomes were not

significant.

Conclusion: The study found no statistically significant differences in postoperative

complications in patients with total bilirubins ≥ 15 mg/dL. The author suggests further studies

exploring the theme.

Keywords: Pancreaticoduodenectomy; Bilirubin; Surgical Oncology; Pancreatic Neoplasms.

Page 7: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASA American Society of Anesthesiologists

BT Bilirrubinas totais

DP Desvio padrão

IC 95% Intervalo de confiança de 95%

HU Hospital Universitário

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

Page 8: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

vii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................iii

RESUMO ..................................................................................................................................iii

ABSTRACT ................................................................................................................................ v

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................ vi

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 3

2.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 3

2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 3

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 4

4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 6

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 11

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 16

NORMAS ADOTADAS ......................................................................................................... 19

APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados ........................................................... 20

ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa ............................. 22

Page 9: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

1

1 INTRODUÇÃO

O adenocarcinoma de pâncreas é conhecido por sua agressividade e letalidade.

Atualmente é a quarta causa de morte por câncer nos Estados Unidos, e há previsão de que em

2030 seja a segunda causa, sendo superado apenas pelo câncer de pulmão.1,2 Apesar dos

importantes avanços da medicina nas últimas décadas, o prognóstico do câncer de pâncreas

não tem demonstrado melhora significativa, apresentando uma taxa de sobrevida em cinco

anos de aproximadamente 5%.3

Os sintomas do câncer de pâncreas ao diagnóstico dependem da localização do tumor

e do estágio evolutivo da doença. A maior parte tumores de pâncreas se desenvolvem na

topografia da cabeça, levando a um quadro de colestase obstrutiva. Sintomas comuns à

apresentação são icterícia, dor abdominal, perda de peso, esteatorreia e diabetes mellitus de

aparecimento súbito. A maioria dos pacientes, porém, evolui para estágio metastático ou

localmente avançado ainda em fase assintomática.3,4

Quando a doença é descoberta em estágio ressecável, a cirurgia é o tratamento de

escolha e a única alternativa terapêutica com potencial curativo. Para tumores de cabeça de

pâncreas, bem como outros tumores de região periampular, o procedimento indicado é a

duodenopancreatectomia.4

A duodenopancreatectomia é uma cirurgia de grande complexidade que consiste em

uma ressecção que abrange a cabeça do pâncreas e o duodeno, além de estruturas adjacentes

como jejuno proximal, parte do colédoco, vesícula biliar e antro gástrico – este último

podendo ser preservado, a depender da técnica cirúrgica empregada.

A primeira ressecção da cabeça do pâncreas e de parte do duodeno realizada com

sucesso se deu em 1909, na retirada de um tumor de papila duodenal pelo médico alemão

Walter Kausch.5 No entanto, a cirurgia ganhou popularidade somente quando, no ano de

1935, o americano Allen O. Whipple e seus colaboradores relataram três casos de sucesso da

cirurgia na remoção de tumores periampulares.6 O procedimento acabou recebendo seu nome:

cirurgia de Whipple.

Nas décadas subsequentes a duodenopancreatectomia passou por múltiplas

modificações e aperfeiçoamentos, recebendo contribuição de profissionais de diferentes

instituições. Inicialmente, sua morbidade e mortalidade eram significativamente altas. Estudos

mostravam taxas de mortalidade perioperatória de até 23%, além de índices de complicações

pós-operatórias chegando a 65%.7,8 Nas décadas de 1960 e 1970 chegou-se a questionar a

Page 10: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

2

validade do procedimento, tendo em vista seus altos índices de morbimortalidade e baixa

sobrevida a longo prazo.9

Com avanços técnicos em diversos campos da medicina nos anos 1980 e 90,

permitindo maior acurácia no diagnóstico e melhores cuidados intensivos perioperatórios, e

ainda a concentração da realização do procedimento em grandes centros com alto volume de

casos, os resultados cirúrgicos obtiveram significativa melhora. Os índices de mortalidade

perioperatória da duodenopancreatectomia diminuíram drasticamente, com estudos

internacionais mostrando valores entre 1,3 e 3,7% na atualidade.10,11

A morbidade, porém, segue elevada: as complicações pós-operatórias ocorrem em até

38% dos pacientes submetidos a duodenopancreatectomia. As complicações mais comuns são

gastroparesia, fístula pancreática, infecções de ferida operatória, sangramento e fístula biliar.13

Diversos estudos buscam esclarecer quais fatores estariam relacionados à morbidade pós-

operatória da DPT, de modo que possam surgir alternativas para melhoria dos resultados

cirúrgicos.

Questiona-se o papel das bilirrubinas nesse contexto. A icterícia – coloração

amarelada da pele e escleras devido a um aumento dos níveis séricos de bilirrubinas – é um

sinal muito frequente ao diagnóstico de tumores periampulares. Níveis elevados de

bilirrubinas têm sido associados a disfunção renal, alterações cardiovasculares,

comprometimento imunológico e distúrbios de coagulação.14,15 No entanto, há controvérsias

sobre a possível influência dos níveis pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos da

duodenopancreatectomia. Estudos abordando o tema apresentam resultados conflitantes, de

modo que o emprego da drenagem biliar pré-operatória, que supostamente poderia melhorar

os resultados cirúrgicos, não possui indicação claramente definida.16-19

Assim, o presente estudo buscou avaliar a influência dos níveis séricos pré-operatórios

de bilirrubinas nos desfechos pós-operatórios de pacientes submetidos a cirurgia de

duodenopancreatectomia. Além disso, buscou avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes e

os resultados cirúrgicos da duodenopancreatectomia no Hospital Universitário Polydoro

Ernani de São Thiago, ligado à Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), visto a

importância do hospital como referência em Cirurgia do Aparelho Digestivo em Santa

Catarina e a relevância de informações precisas acerca dos resultados obtidos na instituição

para seu aprimoramento e, por consequência, melhor atendimento à população assistida.

Page 11: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

3

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Identificar as principais complicações pós-operatórias ocorridas nos pacientes

submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e 2017 no Serviço de

Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC e sua associação com níveis séricos de

bilirrubinas.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes, estimar a incidência das principais

patologias que necessitam de duodenopancreatectomia como escolha terapêutica e determinar

a frequência das principais complicações pós-operatórias da duodenopancreatectomia no HU-

UFSC.

Page 12: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

4

3 METODOLOGIA

Foi realizada análise retrospectiva de dados contidos em prontuários médicos

armazenados no Serviço de Prontuário do Paciente do HU-UFSC. Os critérios de inclusão

foram: pacientes submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e

2017, de ambos os sexos, com idade a partir de 18 anos, independentemente do diagnóstico

que indicou a cirurgia. Foram excluídos os pacientes com dados de prontuário incompletos

e/ou sem registro de níveis séricos de bilirrubinas de data anterior à realização da cirurgia.

Foram coletados dados referentes a características clínicas e epidemiológicas dos

pacientes, em formulário elaborado pela pesquisadora (APÊNDICE A – Formulário de coleta

de dados). Estudou-se as variáveis sexo, idade ao diagnóstico, localização de tumor,

alcoolismo, tabagismo, localização do tumor, classificação de estado físico de acordo com

escore da American Society of Anesthesiologists (ASA) e última dosagem de valores séricos

de bilirrubinas totais (BT) antes da cirurgia. O valor de bilirrubinemia de 15 mg/dL foi

definido como ponto de corte a partir da revisão bibliográfica de estudos que abordaram tema

semelhante ao do presente trabalho16,20. Assim, foi feita divisão dos pacientes em grupos de

BT < 15 mg/dL e BT ≥ 15 mg/dL.

Em relação à cirurgia, avaliou-se as variáveis data do procedimento, tempo de cirurgia

(expresso em horas) e necessidade de transfusão sanguínea. No pós-operatório, analisou-se o

tempo de permanência em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), expresso em dias;

necessidade de reabordagem cirúrgica; sangramento s-o erat rio desen ol imento de

stula an re ti a determinada ela drenagem ersistente de se re o abdominal ri a em

amilase atra s do dreno t bulo-laminar olo ado unto anastomose , com amilase em

líquido drenado acima de três vezes o limite superior do valor sérico normal (125 U/L)21 ,

conforme método laboratorial habitual e referências adotadas pelo Laboratório de Análises

Clínicas do HU-UFSC ou após demonstração radiológica de deiscência de anastomose

pancreática; óbito e tempo total de internação hospitalar (expresso em dias).

Em análise utilizando a bilirrubinemia como variável categórica, a variável idade foi

representada por média e desvio padrão (DP) e as demais variáveis quantitativas foram

representadas pela mediana e intervalo interquartílico (mediana [p25; p75]) de acordo com a

distribuição verificada pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk. As variáveis categóricas

foram representadas pela frequência absoluta e relativa. Para comparar a média da idade entre

as categorias de bilirrubinemia foi realizado o teste t para amostras independentes. Para as

Page 13: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

5

variáveis assimétricas, as distribuições dos tempos de cirurgia, de UTI e de internação foi

realizado o teste de Mann-Whitney. As proporções das variáveis categóricas foram

comparadas com as categorias de bilirrubinemia pelo teste de qui-quadrado.

Quando da análise dos dados considerando a bilirrubinemia como variável contínua,

foi verificado pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk que a variável bilirrubina é

assimétrica. Assim, foi representada pela mediana e intervalo interquartílico (mediana [p25;

p75]). A comparação das distribuições das bilirrubinas entre as variáveis categóricas com

duas categorias foi realizada pelo teste de Mann-Whitney, e o teste de Kruskal-Wallis foi

realizada entre as variáveis com mais de duas categorias. As análises estatísticas foram

realizadas no software IBM SPSS Statistics v25 e o nível de significância adotado foi de 0,05.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da

Universidade Federal de Santa Catarina e aprovado, conforme parecer número 3.198.416

(ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa).

Page 14: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

6

4 RESULTADOS

Foram encontrados 55 pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no HU-UFSC

entre 2007 e 2017, sendo que, dentre esses, 4 apresentavam prontuários médicos com dados

incompletos e foram, portanto, excluídos do estudo. Assim, o trabalho avaliou 51 pacientes.

Na Tabela 1 são mostradas características clínicas e epidemiológicas da população

estudada. A maioria (58,8%) dos pacientes era do sexo masculino, com idade igual ou

superior a 60 anos (60,8%). A média de idade foi 60,1 anos, sendo que o paciente mais jovem

tinha 35 anos e o mais idoso 78 anos. Todas as duodenopancreatectomias foram realizadas por

indicação de tumor, a maioria deles em cabeça do pâncreas. O valor médio de bilirrubinas

totais foi de 11,06 mg/dL, sendo que quatorze pacientes (27,5%) apresentavam níveis normais

(até 1,0 mg/dL). Dezesseis pacientes (31,4%) apresentavam níveis séricos de bilirrubinas

iguais ou superiores a 15 mg/dL. Dentre os pacientes, 41,2% eram tabagistas e 19,6% eram

etilistas.

Tabela 1 – Características clínicas e epidemiológicas dos pacientes estudados.

Variável n %

Sexo Feminino 21 41,2

Masculino 30 58,8

Idade < 60 anos 20 39,2

60 anos ou mais 31 60,8

Localização Cabeça do pâncreas 35 68,6

Papila duodenal 9 17,6

Colédoco 5 9,8

Duodeno 2 3,9

Níveis de bilirrubinas < 15 mg/dL 35 68,6

≥ 15 mg/dL 16 31,4

Tabagismo Sim 21 41,2

Não 30 58,8

Etilismo Sim 10 19,6

Não 41 80,4

Na Tabela 2 estão listadas as complicações encontradas e sua frequência entre os

pacientes. A principal complicação foi a fístula pancreática (35,3%), seguida por coleção

intraabdominal (25,5%) e hemorragia (17,6%).

Page 15: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

7

Tabela 2 – Incidência de complicações pós-operatórias.

Complicação n %

Fístula pancreática 18 35,3

Coleção abdominal 13 25,5

Hemorragia 9 17,6

Óbito 7 13,7

Fístula biliar 6 11,8

Pneumonia 5 10

Sepse 3 5,9

Gastroparesia 2 3,9

Derrame pleural 1 1,9

Para avaliação da influência das bilirrubinas nos desfechos cirúrgicos, inicialmente foi

realizada análise da presença de fatores de risco nos dois grupos do estudo, buscando

identificar eventuais fatores de confusão. A Tabela 3 mostra associação entre variáveis

epidemiológicas e os níveis de bilirrubinas.

Tabela 3 – Associação entre variáveis epidemiológicas e níveis de bilirrubinas.

Bilirrubinemia

p < 15 mg/dL

(n=35)

≥ 15 mg/dL

(n=16)

média (DP) média (DP)

teste t independente

Idade 59,8 (10,7) 60,8 (9,6) 0,756

n (%) n (%) teste q²

Sexo Feminino 13 (61,9) 8 (38,1) 0,576

Masculino 22 (73,3) 8 (26,7)

Tabagismo Sim 15 (71,4) 6 (28,6) 0,957

Não 20 (66,7) 10 (33,3)

Etilismo Sim 6 (60) 4 (40) 0,705

Não 29 (70,7) 12 (29,3)

ASA Grau 1 1 (100) 0 (0) 0,839

Grau 2 17 (70,8) 7 (29,2)

Grau 3 17 (65,4) 9 (34,6)

Page 16: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

8

Encontrou-se médias de idade semelhantes entre os grupos de pacientes divididos de

acordo com valores de bilirrubinas. Nos fatores tabagismo, alcoolismo e Escore de ASA foi

verificado que a distribuição dos pacientes seguiu o mesmo padrão da população total, de

aproximadamente 70% dos pacientes com BT < 15 mg/dL e 30% com BT ≥ 15 mg/dL. No

fator sexo, houve discreta diferença, que não apresentou significância estatística (p = 0,576):

no sexo feminino 38 1% a resenta am BT ≥ 15 mg/dL, ao passo que esse número era de

26,7% dentre os pacientes de sexo masculino.

Na Tabela 4 são apresentados dados sobre as taxas de complicações cirúrgicas

encontradas e sua associação com níveis de bilirrubinas. A necessidade de tranfusão

sanguínea intraoperatória foi maior nos pacientes com BT ≥ 15 mg/dL om 37 5% deles

necessitando de transfusão, sendo que entre os pacientes com BT < 15 mg/dL, 20% necessitou

de transfusão (p = 0,298).

Do total de pacientes, 35,3% evoluiu com fístula pancreática no pós-operatório, sendo

que no grupo de menor bilirrubinemia, 31,4% dos pacientes apresentou a complicação,

enquanto que no grupo de maior bilirrubinemia, 43,8% dos pacientes apresentou fístula

pancreática (p = 0,590). Sangramento no período pós-operatório foi uma complicação

presente em 17,6% dos pacientes: 20% dos pacientes do grupo BT < 15 mg/dL apresentou

sangramento, contra 12,5% no grupo de BT ≥ 15 mg/dL, com p=0,701.

A necessidade de reabordagem cirúrgica foi semelhante entre os grupos, tendo uma

incidência de 22,9% entre os pacientes BT <15 mg/dL e 25% nos pacientes com BT ≥ 15

mg/dL (p ≥ 0,999). Já a evolução para óbito apresentou maior diferença entre os grupos: 8,6%

dos pacientes de bilirrubinemia < 15 mg/dL foram a óbito, enquanto 25% dos pacientes com

maior bilirrubinemia tiveram o mesmo desfecho (p = 0,186).

Considerando as complicações pós-operatórias fístula, sangramento, reabordagem

cirúrgica e óbito, 68,8% dos pacientes com BT ≥ 15 mg/dL apresentaram complicação,

enquanto dentre os pacientes com BT < 15 mg/dL esse número foi de 48,6% (p = 0,863).

O tempo de cirurgia apresentou mediana de 6 horas em ambos os grupos (p = 0,196).

O tempo de internação em UTI também foi semelhante entre os grupos, com mediana de 3

dias em ambos (p = 0,119). O tempo total de internação hospitalar apresentou mediana

discretamente maior, de 35 dias, entre o grupo de menor bilirrubinemia, em relação ao grupo

com maior bilirrubinemia, que apresentou mediana de 32 dias de internação, com p valor de

0,633.

Page 17: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

9

Tabela 4 - Associação entre complicações e níveis de bilirrubinas.

TOTAL

Bilirrubinemia RR (IC 95%)

p <15 (n=35) ≥ 15 (n=16)

n (%) n (%) n (%) teste q²

Transfusão

sanguínea intraoperatória

Sim 13 (25,5) 7 (20) 6 (37,5) 1,87 (0,75-

4,69)

0,298

Não 38 (74,5) 28 (80) 10 (62,5)

Fístula Pancreática

Sim 18 (35,3) 11 (31,4) 7 (43,8) 1,39 (0,6-2,92)

0,590

Não 33 (64,7) 24 (68,6) 9 (56,3)

Sangramento

pós-operatório

Sim 9 (17,6) 7 (20) 2 (12,5) 0,63 (0,15-

2,68)

0,701

Não 42 (82,4) 28 (80) 14 (87,5)

Reabordagem cirúrgica

Sim 12 (23,5) 8 (22,9) 4 (25) 1,09 (0,38-3,11)

>0,999

Não 39 (76,5) 27 (77,1) 12 (75)

Óbito Sim 7 (13,7) 3 (8,6) 4 (25) 2,92 (0,74-11,54)

0,186

Não 44 (86,3) 32 (91,4) 12 (75)

Complicações

pós-operatórias

Sim 28 (54,9) 17 (48,6) 11 (68,8) 1,42 (0,88-

2,28)

0,863

Não 23 (45,1) 18 (51,4) 5 (31,3)

mediana [P25; P75]

mediana [P25; P75]

mediana [P25; P75]

teste de Mann-Whitney

Tempo Cirurgia (horas)

6,0 [6,0; 7,0] 6,0 [6,0; 7,0] 6,0 [5,3; 6,8]

0,196

Tempo UTI (dias) 3,0 [2,0; 6,0] 3,0 [2,0; 9,0] 3,0 [1,5; 4,0]

0,119

Tempo Internação

(dias)

33,0 [26,0;

45,0]

35,0 [23,0;

45,0]

32,0 [28,0;

41,5]

0,633

Foi realizada ainda uma análise considerando os níveis de bilirrubinas como variável

contínua, verificando as médias e distribuições da bilirrubinemia dentro dos desfechos

estudados, conforme demonstrado na Tabela 5. Dentre os resultados, os que obtiveram maior

diferença entre níveis de bilirrubinas foram (1) alcoolismo, onde pacientes com história de

alcoolismo tinham um nível médio de bilirrubinas de 14,5 mg/dL, versus 10,2 mg/dL dos não-

alcoolistas, e (2) óbito, sendo que pacientes que vieram a óbito apresentavam nível médio de

bilirrubinas de 15,1 mg/dL, enquanto pacientes que não tiveram esse desfecho possuíam, em

Page 18: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

10

média, 10,4 mg/dL de BT. Entretanto, nenhuma das análises obteve significância estatística (p

< 0,05).

Tabela 5 – Bilirrubinemia como variável contínua e sua distribuição entre as variáveis.

Bilirrubinemia

média (DP)

mediana [p25; p75]

min - máx n p

Sexo*

Feminino 12,3 (7,7) 13,9 [5,2; 17,1] 0,4 - 24,7 21 0,297

Masculino 10,2 (9,2) 9,7 [0,8; 16,0] 0,3 - 33,2 30

Idade*

<60 anos 9,3 (7,7) 9,7 [0,9; 15,0] 0,3 - 23,8 20 0,344

≥ 60 anos 12,2 (9,1) 13,2 [3,4; 18,4] 0,4 - 33,2 31

Tabagismo*

Sim 10,7 (8,8) 10,0 [1,0; 15,1] 0,4 - 27,5 21 0,826

Não 11,4 (8,6) 12,6 [1,8; 17,5] 0,3 - 33,2 30

Etilismo*

Sim 14,5 (9,3) 14,8 [8,1; 23,8] 0,4 - 27,5 10 0,158

Não 10,2 (8,3) 10,1 [1,3; 16,0] 0,3 - 33,2 41

ASA†

1 4,9 (0,0) 4,9 [4,9; 4,9] 4,9 - 4,9 1 0,785

2 11,0 (7,9) 13,3 [2,6; 15,4] 0,3 - 27,5 24

3 11,4 (9,5) 11,9 [1,0; 17,5] 0,4 - 33,2 26

Transfusão*

Sim 12,8 (8,6) 14,9 [4,9; 17,5] 0,4 - 27,5 13 0,275

Não 10,5 (8,6) 10,6 [1,0; 15,1] 0,3 - 33,2 38

Tempo de

Cirurgia*

>=6 horas 10,9 (9,4) 10,1 [1,8; 14,9] 0,4 - 33,2 21 0,752

< 6 horas 11,2 (8,2) 12,9 [1,3; 17,5] 0,3 - 24,7 30

Tempo de UTI*

≥ 3 dias 10,3 (8,2) 11,2 [1,0; 15,7] 0,4 - 27,5 35 0,417

< 3 dias 12,7 (9,5) 13,7 [3,5; 18,0] 0,3 - 33,2 16

Reabordagem

cirúrgica*

Sim 10,9 (7,5) 14,2 [2,4; 16,6] 0,4 - 20,8 12 0,894

Não 11,1 (9,0) 10,1 [1,0; 17,8] 0,3 - 33,2 39

Fístula

Pancreática*

Sim 10,2 (8,5) 10,6 [1,0; 16,0] 0,4 - 23,8 18 0,730

Não 11,5 (8,8) 12,6 [4,9; 17,1] 0,3 - 33,2 33

Sngramento*

Sim 10,4 (6,6) 13,9 [4,9; 14,9] 0,5 - 17,5 9 0,990

Não 11,2 (9,0) 11,9 [1,3; 17,8] 0,3 - 33,2 42

Óbito*

Sim 15,1 (6,6) 16,0 [11,2; 20,8] 3,4 - 23,4 7 0,138

Não 10,4 (8,8) 10,1 [1,0; 15,4] 0,3 - 33,2 44

Complicação pós-operatória*‡

Sim 11,6 (8,1) 13,9 [2,4; 17,3] 0,4 - 23,8 28 0,472

Nenhuma 10,4 (9,4) 9,3 [1,0; 14,7] 0,3 - 33,2 23

* Teste de Mann-Whitney. † Teste de Kruskal-Wallis. ‡

Complicação pós-operatória: pelo menos uma entre as

variáveis fístula pancreática, sangramento, reabordagem cirúrg ica e óbito.

Page 19: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

11

5 DISCUSSÃO

A literatura nacional a respeito dos resultados das duodenopancreatectomias é escassa,

havendo poucos trabalhos recentes. Em 2014, Fontes e colaboradores22 realizaram análise

retrospectiva de 97 duodenopancreatectomias realizadas na Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre. O trabalho relatou mortalidade em 30 dias de 2,1%. As complicações mais

frequentemente encontradas foram fístula pancreática (10,3%), pneumonia (10,3%) e

gastroparesia (6%). Rezende et al23, em trabalho publicado no ano de 2019, observaram

mortalidade em 30 dias de 10,3%.

Um outro estudo, datado de 2006 e realizado no Hospital Governador Israel Pinheiro,

em Belo Horizonte, avaliou os resultados de 41 duodenopancreatectomias24. A mortalidade

relatada foi de 22%, com complicações pós-operatórias ocorrendo em 58% dos casos, sendo

as principais pneumonia (12,2%) e infecção de ferida operatória (12,2%). Fístula pancreática,

fístula biliar, fístula gastrojejunal, choque e sepse, tiveram 9,7% de incidência cada. Síndrome

da angústia respiratória aguda e derrame pleural incidiram sobre 4,9% dos pacientes.

Fica claro que, apesar de tantos avanços nas diversas áreas da medicina, e mesmo

depois de um século de existência, a duodenopancreatectomia segue com elevadas taxas de

morbimortalidade. Analisando os trabalhos brasileiros, notam-se incidências diversas de

mortalidade e complicações, com predomínio de fístula pancreática, pneumonia e

gastroparesia.

A fístula pancreática é uma das complicações mais importantes da

duodenopancreatectomia. No presente trabalho, a mesma ocorreu em 35,3% dos pacientes.

Quando comparadas as incidências entre os grupos de maior e menor bilirrubinemia, há pouca

diferença: 43,8% versus 31,4% (p = 0,59), respectivamente. Hu et al25, em estudo

pesquisando fatores de risco para fístula pancreática, descartou bilirrubinemia, usando ponto

de corte de 171µmolL (equivalente a 10 mg/dL). Outros estudos também não encontraram

relação entre bilirrubinas e desenvolvimento de fístula pancreática, porém usando ponto de

corte de 3 mg/dL.26,27

Uma variável que apresentou diferença considerável entre os grupos foi a necessidade

de transfusão sanguínea intraoperatória, com incidência de 37,5% no grupo com bilirrubinas

totais ≥ 15 mg/dL e 20% no grupo de BT < 15mg/dL (p = 0,298). Dolejs et al16, em seu estudo

com mais de 2500 pacientes submetidos a duodenopancreatectomia, observaram maior

necessidade (34% versus 23,1%, com p valor < 0,01) de transfusão sanguínea em pacientes

Page 20: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

12

com BT ≥ 10 mg/dL em relação a pacientes com níveis normais de bilirrubinas. Sauvanet e

colaboradores20, em análise multivariada com mais de 2500 pacientes, identificaram

bilirrubinemia >14,6 mg/dL como fator de risco para recebimento de transfusão de sangue.

Uma explicação para tal resultado seria um distúrbio na atividade dos fatores de

coagulação vitamina K-dependentes provocado pela colestase, predispondo a sangramentos e

necessidade de hemotransfusão. Estudos apontam que fibrinogênio, protrombina e fatores de

coagulação V, VII, IX e X podem estar afetados na icterícia obstrutiva, devido à má absorção

de vitamina lipossolúveis decorrente da ausência de sais biliares no intestino.28,29

É interessante destacar também que Rocha et al24, em estudo com pacientes submetidos

a duodenopancreatectomia, observaram menor sobrevida no primeiro ano nos pacientes que

passaram por transfusão de hemoderivados no período perioperatório. Uma metanálise

recente, envolvendo transfusão perioperatória em pacientes com câncer de pâncreas encontrou

uma sobrevida em cinco anos 2,5 vezes menor em pacientes submetidos a hemotransfusão.30

Há resultados semelhantes com tumores de outras localizações, tais como pulmão, intestino

grosso, fígado, estômago e esôfago.31 Interroga-se que haja mecanismos imunológicos

associados à transfusão levando a esses piores resultados oncológicos.

É preciso, portanto, chamar a atenção para a necessidade de se pesar, além dos riscos

inerentes à transfusão sanguínea, como reações hemolíticas e alérgicas, a sua provável

influência negativa na evolução de pacientes oncológicos. Nesse contexto, é importante estar

ciente de um maior risco de pacientes com hiperbilirrubinemia de serem submetidos a

hemotransfusão.

Paradoxalmente, a incidência de sangramento pós-operatório no presente estudo obteve

discreta diferença entre os grupos de maior e menor bilirrubinemia: 12,5% versus 20%,

respectivamente, com p valor de 0,701. De Pastena et al18, em estudo com 1500 pacientes,

encontraram níveis ≥ 7,5 mg/dL de BT como fator de risco para desenvolvimento de

hemorragia pós-duodenopancreatectomia. Outro estudo, com 218 pacientes na Índia,

identificou bilirrubinas ≥ 10 mg/dL e fístula pancreática como fatores de risco para

sangramento pós-duodenopancreatectomia.32 A necessidade de reabordagem cirúrgica foi

semelhante entre os grupos, o que corrobora com dados da literatura.18

O desfecho que apresentou maior diferença entre os grupos no presente trabalho foi o

óbito, com incidência de 25% entre os pacientes BT ≥ 15 mg/dL e 8,6% no grupo de BT < 15

mg/dL, configurando RR de 2,92 (IC 95% 0,74-11,54, p=0,186). Na análise utilizando níveis

de bilirrubinas como variável contínua, os pacientes que foram a óbito apresentaram média de

BT de 15,1 mg/dL, enquanto os pacientes que não obtiveram o mesmo desfecho tinham, em

Page 21: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

13

média, 10,4 mg/dL de BT. Estudo conduzido por Böttger e Junginger33 também encontrou

nível pré-operatório de bilirrubinas como fator de influência sobre a mortalidade pós-

operatória. Os estudos de Dolejs et al e Sauvanet et al, previamente citados, encontraram

maior mortalidade em pacientes com hiperbilirrubinemia ≥ 10 e ≥ 14,6 mg/dL,

respectivamente, porém sem significância estatística16,20.

Sauvanet et al20 observaram que bilirrubinemia ≥ 17,5 mg/dL mostrou ter impacto

negativo em sobrevida no período de um ano ou mais (p < 0,05). Similarmente, estudo com

400 pacientes identificou que em pacientes sem acometimento linfonodal, a presença de

icterícia era fator de pior prognóstico no tempo de sobrevida em até 6 anos34.

É preciso, no entanto, atentar-se para a possibilidade de que a maior mortalidade de

pacientes com níveis altos de bilirrubinas deva-se aos mesmos apresentarem-se já em estado

mais avançado de doença e com maior debilidade física, sem necessariamente haver relação

causal direta entre óbito e níveis de bilirrubinas.

Para além da discussão sobre o impacto dos níveis de bilirrubinas nos desfechos pós-

operatórios da duodenopancreatectomia, há ainda o debate acerca do benefício da drenagem

biliar pré-operatória. Estudo recente com 1500 pacientes comparou a evolução pós-operatória

de pacientes submetidos a colocação de stent biliar pré-operatório e de pacientes com BT ≥

7,5 mg/dL. O grupo com stent apresentou maior incidência de infecção do sítio cirúrgico,

porém o grupo com bilirrubinas ≥ 7,5 mg/dL obteve maiores taxas de hemorragia pós-

operatória e necessidade de reoperação, consideradas complicações mais importantes18.

Estudo conduzido por Gaag e colaboradores19 encontrou complicações em 74% dos

pacientes submetidos a drenagem biliar pré-operatória, enquanto os pacientes submetidos a

duodenopancreatectomia primariamente apresentaram 39% de complicações. Nesse estudo,

porém, não houve distinção quanto a bilirrubinemia, tendo os pacientes com níveis entre 2,3 e

14,6 md/dL sido aleatoriamente distribuídos entre os grupos. Outro estudo associou drenagem

biliar pré-operatória com bactobilia e infecção de ferida operatória, porém sem afetar

morbimortalidade em geral35. Nesse estudo, entretanto, 93% dos pacientes do grupo não

submetido a stent pré-operatório possuía bilirrubinas < 3 mg/dL.

A literatura com relação a influência de níveis de bilirrubinas e drenagem biliar pré-

operatória nos desfechos da duodenopancreatectomias persiste conflitante, a despeito de tais

temas serem objetos de estudos há décadas. Contudo, deve-se observar atentamente o

delineamento de cada pesquisa e o nível de corte de bilirrubinemia aplicados nos estudos

existentes, de modo que haja maior rigor e legitimidade na avaliação dos resultados e que os

mesmos possam ser transpostos à prática médica.

Page 22: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

14

No presente trabalho, os resultados obtidos foram comparados com literatura que

utilizasse corte de níveis de bilirrubinas próximos aos estudados. Apesar de não apresentarem

significância estatística, os números encontrados sugerem tendência dos pacientes com

bilirrubinemia ≥ 15 mg/dL a maior necessidade de transfusão sanguínea intraoperatória e

maior chance de óbito. A falta de significância estatistica deve-se, possivelmente, ao tamanho

da amostra atual, que é uma das limitações encontradas no estudo.

Além disso, o delineamento retrospectivo e com pesquisa em dados registrados em

prontuário se apresenta como limitação devido à impossibilidade de analisar todas as

variáveis que seriam de interesse dos pesquisadores e que talvez pudessem impactar no

estudo. Sugere-se a realização de novos estudos a fim de esclarecer e, eventualmente, formar

consenso acerca de tema tamanha importância e presença na prática médica.

Page 23: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

15

6 CONCLUSÃO

O estudo mostrou maior tendência dos pacientes com bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL a

necessitarem de transfusão de sangue intraoperatória e de evoluírem para óbito. O resultados,

porém, não apresentaram significância estatística, apesar de serem concordantes com a

literatura existente.

Além disso, o estudou traçou o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a

cirurgia de duodenopancreactomia no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-

UFSC, havendo predomínio de homens, com média de idade de 60,1 anos e maioria com

tumor localizado em cabeça do pâncreas. A complicação pós-operatória mais frequente foi a

fístula pancreática (35,3%) e a evolução para óbito ocorreu em 13,7% dos pacientes.

Page 24: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

16

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Page 27: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

19

NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão do

Curso de Graduação em Medicina, aprovada em reunião do Colegiado do Curso de

Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, em 16 de junho de

2011.

Page 28: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

20

APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados

1. Identificação:

Nome:_____________________________________________ Prontuário:____________

Data de nascimento:__/__/____ Idade ao diagnóstico:_______ Sexo:________________

2. Comorbidades

Diabetes Mellitus: ( )Sim ( ) Não

Hipertensão: ( )Sim ( ) Não

Dislipidemia: ( )Sim ( ) Não

Hepatite B: ( )Sim ( ) Não

Hepatite C: ( )Sim ( ) Não

Esteatose hepática: ( )Sim ( ) Não

Alcoolismo: ( )Sim ( ) Não

Tabagismo: ( )Sim ( ) Não

Outro: __________________

3. Apresentação clínica

Dor abdominal: ( )Sim ( ) Não

Perda ponderal: ( )Sim ( ) Não

Icterícia: ( )Sim ( ) Não

Esteatorreia: ( )Sim ( ) Não

Dislipidemia: ( )Sim ( ) Não

Síndrome dispéptica: ( )Sim ( ) Não

Colangite: ( )Sim ( ) Não

Manifestações paraneoplásicas: ( )Sim ( )

Não

Descompensação de DM prévia: ( )Sim ( )

Não

Quadro recente de DM: ( )Sim ( ) Não

Níveis de bilirrubinas: ____mg/dL

4. Dados da cirurgia

Data da cirurgia:__/__/____

Via de acesso: ( ) Laparotomia ( ) Laparoscopia

Incisão: ( ) Chevron ( ) Subcostal bilateral ( ) Mediana ( ) Outra: _________

Esplenectomia: ( )Sim ( ) Não

Ressecção Multivisceral: ( )Sim. Local:________________________________ ( ) Não

Ressecção Vascular: ( )Sim. Local:____________________________________ ( ) Não

Tempo Cirúrgico: ____ horas

Perda sanguínea estimada: _____ litros

Necessidade de transfusão: ( )Sim. Quantidade:_________ ( ) Não

Page 29: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS

21

5. Complicações pós-operatórias

Internação hospitalar: _____ dias Permanência em UTI: _____ dias

Sonda digestiva: ( )Sim ( ) Não

SIRS: ( )Sim ( ) Não

Uso de drogas vasoativas: ( )Sim ( )

Não

Drenagem de cavidade:

( )Sim,__ dias ( ) Não

Fístula biliar: ( )Sim ( ) Não

Coleção abdominal: ( )Sim ( ) Não

Gastroparesia: ( )Sim ( ) Não

Fístula pancreática: ( )Sim ( ) Não

Amilase no dreno: _______________

Complicação de ferida operatória:

( )Sim ( ) Não

Qual:__________________________

Necessidade de reoperação: ( )Sim ( ) Não

Motivo: _______________________

Complicações clínicas: ( )Sim ( ) Não

- Qual/quais:_____________________

Óbito pós-operatório: ( ) Não ( ) Sim,

motivo: _______________________

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ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS COMPLICAÇÕES PÓS -OPERATÓRIAS DE PACIENTES SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017

Pesquisador: Danton Spohr Correa

Área Temática:

Versão: 1

CAAE: 07601819.3.0000.0121

Instituição Proponente:UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 3.198.416

Apresentação do Projeto:

Trata o presente parecer de um estudo vinculado ao Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina

orientado pelo prof. Dr. Danton Spohr Correa e que pretende desenvolver um estudo observacional, não

intervencionista, longitudinal, retrospectivo e unicêntrico, tendo como participantes pacientes submetidos a

duodenopancreatectomia no Hospital Universitário/UFSC no período de 2007 a 2017 a fim de investigar

explorar a correlação entre níveis pré-operatórios de bilirrubinas e complicações pós-operatórias de

duodenopancreatectomia a partir dos prontuários médicos de pacientes submetidos à cirurgia no Serviço de

Cirurgia do Aparelho Digestivo HU-UFSC.

Objetivo da Pesquisa:

Objetivo Primário:

- Avaliar a influência dos níveis séricos pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos pós-operatórios de

pacientes submetidos a duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e 2017 no HU-UFSC;

- Avaliar os fatores de risco para um desfecho desfavorável, e comparar com os dados apresentados na

literatura;

- Estimar os principais desfechos inerentes à duodenopancreatectomia no Serviço de Cirurgia do

Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:

UF: SC Trindade

Município: FLORIANOPOLIS

CEP: 88.040-400

Telefone: (48)3721-6094 E-mail: [email protected]

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SANTA CATARINA - UFSC

Continuação do Parecer: 3.198.416

Aparelho Digestivo do HU-UFSC.

Objetivo Secundário:

- Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os

anos de 2007 e 2017 no Serviço de

Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC;

- Estimar a incidência das principais patologias que necessitam de duodenopancreatectomia como escolha

terapêutica;

- Avaliar comorbidades associadas e a apresentação clínica no momento do diagnóstico.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Riscos:

O risco inerente ao presente estudo é de causar constrangimento ao participante ou familiares ao solicitar o

consentimento para o uso dos dados registrados em portuários. Há ainda o risco da quebra de

confidencialidade dos dados coletados no prontuário médico.

Benefícios:

Os benefícios serão principalmente indiretos, visto que os resultados deste estudo podem auxiliar na

implementação de medidas para prevenir e, quando não for possível, tratar precocemente complicações

decorrentes da duodenopancreatectomia em pacientes com níveis elevados de bilirrubinas. Além disso, com

base nos dados coletados na pesquisa, objetiva-se conhecer melhor o perfil epidemiológico desses

pacientes e formar um banco de dados para pesquisas futuras na área.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

A pesquisa encontra-se adequadamente instrumentalizada com a documentação necessária à tramitação,

apresenta relevância teórica e justificativa para a realização da mesma. Traz a descrição metodológica e a

forma de obtenção do TCLE.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Apresenta um TCLE para o paciente de acordo com a Resolução 466/2012.

Recomendações:

Recomenda-se que as páginas do TCLE sejam numeradas e que as informações relativos ao endereço do

CEP fiquem na mesma página dos contatos com os pesquisadores.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Conclusão: aprovado.

Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:

UF: SC Trindade

Município: FLORIANOPOLIS

CEP: 88.040-400

Telefone: (48)3721-6094 E-mail: [email protected]

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

Continuação do Parecer: 3.198.416

Considerações Finais a critério do CEP:

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação

Informações Básicas do Projeto

PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P ROJETO_1258453.pdf

11/02/2019 18:26:47

Aceito

Projeto Detalhado / Brochura Investigador TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de

Ausência Declaração de Pesquisadores

Declaração de Instituição e

Infraestrutura Declaração de Instituição e

Infraestrutura

Projeto_de_pesquisa_versaofinal.pdf 11/02/2019 18:26:18

TCLE2.pdf 11/02/2019

18:25:01 Termo_uso_de_dados.pdf 09/01/2019

18:47:58 Declaracao_HU2.pdf 09/01/2019

18:47:10 Declaracao_HU.pdf 09/01/2019

18:47:02

TAYNARA GONCALVES

PEREIRA TAYNARA

GONCALVES PEREIRA TAYNARA

GONCALVES PEREIRA TAYNARA

GONCALVES PEREIRA TAYNARA

GONCALVES PEREIRA

Aceito Aceito Aceito

Aceito

Aceito

Folha de Rosto folha_de_rosto.pdf 09/01/2019 18:46:45

TAYNARA GONCALVES PEREIRA

Aceito

Situação do Parecer: Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

FLORIANOPOLIS, 14 de Março de 2019

Assinado por:

Maria Luiza Bazzo (Coordenador(a))

Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:

UF: SC Trindade

Município: FLORIANOPOLIS

CEP: 88.040-400

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