influÊncia do tempo de condicionamento do trigo na...

49
0 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DAIANA DE FÁTIMA MILITÃO DE SOUZA INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA QUALIDADE TECNOLÓGICA DA FARINHA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO LONDRINA 2019

Upload: others

Post on 16-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

0

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

DAIANA DE FÁTIMA MILITÃO DE SOUZA

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA

QUALIDADE TECNOLÓGICA DA FARINHA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

LONDRINA 2019

Page 2: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

1

DAIANA DE FÁTIMA MILITÃO DE SOUZA

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA

QUALIDADE TECNOLÓGICA DA FARINHA

Dissertação de mestrado, apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Câmpus Londrina, como requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre em Tecnologia de Alimentos. Orientador: Prof.ª Dr.ª Margarida Masami Yamaguchi Coorientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Carvalho

LONDRINA

2019

Page 3: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

2

Page 4: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

3

Page 5: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

4

Page 6: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

5

Dedico este trabalho aos meus pais, ao meu marido e aos meus filhos Davi e

Clara por todo amor, carinho, incentivo e compreensão nesta etapa tão importante

da minha vida.

Page 7: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todas as bênçãos a mim concedidas, por me sustentar

e me guiar em todos os meus dias. Por colocar em meu caminho pessoas tão

especiais que me apoiaram para finalizar mais esta etapa de conhecimento.

Neste momento sou extremamente grata a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para a concretização deste sonho, não nomearei aqui, haja vista a

possibilidade de não conseguir mencionar todos os nomes, mas minha gratidão

eterna a todos que fizeram e fazem parte da minha história.

Sou muito grata a minha família que muito contribuiu para o meu

crescimento. Em especial, aos meus pais que sempre me incentivaram, ao meu

irmão pela pessoa que se tornou, ao meu marido Flávio, o grande amor da minha

vida, por toda compreensão, companheirismo, incentivo e por ser sempre o meu

porto seguro. Não posso deixar de registrar meus agradecimentos aos meus filhos

Davi e Clara, por serem a razão da minha vida, por serem os responsáveis por me

tornarem uma pessoa melhor a cada dia.

Minha gratidão a todos os professores, que comigo compartilharam seus

conhecimentos, possibilitando-me alcançar, com êxito, esta etapa; aos professores e

servidores da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus

Londrina,

Agradeço imensamente à professora Margarida Masami Yamaguchi pela

acolhida e confiança a mim depositada desde que ingressei nesta instituição de

ensino. Pela compreensão em todos os momentos, pela forma carinhosa em todas

as tratativas e orientação, sempre atenta e primorosa, meu muito obrigada por tudo.

Por fim, agradeço a todos que acreditaram e contribuíram para a realização

deste sonho, sintam se todos abraçados e saibam que estarão sempre em meus

pensamentos e em minhas orações. Gratidão eterna.

Page 8: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

7

O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Salmo 23.

Page 9: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

8

RESUMO

SOUZA, Daiana de Fátima Militão de. Influência do tempo de condicionamento do trigo na qualidade tecnológica da farinha. 2019. 45 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2019.

O trigo está entre os cereais mais consumidos do mundo, sendo o gênero Triticum aestivum mais produzido devido as suas características reológicas. A maior parte deste cereal é consumida em forma de farinhas refinadas, que é o resultado da moagem e peneiramento dos grãos de trigo. Para se obter farinhas mais claras e com menos fragmentos de casca é preciso adicionar água na massa de trigo após a limpeza e antes do processo de moagem. O trigo deve ser condicionado por um período, para ajustar a umidade e tornar o endosperma mais friável e a casca mais maleável, possibilitando assim a separação do endosperma da casca e do gérmen. O objetivo do trabalho foi analisar a influência do tempo de condicionamento de amostras de trigo paranaense nas características tecnológicas da farinha, a cinco tempos diferentes de condicionamento, sendo eles 13, 15, 17, 19 e 21 horas. Foi analisada a taxa de extração de farinha, a cor da farinha, o teor de cinzas, a umidade, o percentual de glúten úmido, o falling number e a alveografia de cada amostra de farinha. Os resultados obtidos mostram que não houve diferença significativa (p≤0,05) nas farinhas com diferentes tempos de condicionamento para glúten, falling number, cor (L*), cinzas e umidade, mas houve diferença significativa (p≤0,05) para os parâmetros de taxa de extração, força do glúten (W) e relação tenacidade e Extensibilidade (P/L). Desta forma, o melhor tempo de condicionamento foi o de 17 horas, mas tempos como 13 horas podem ser utilizados pela indústria, se a mesma entender que o custo benefício é positivo, uma vez que a farinha atende as características tecnológicas necessárias, apenas com perda de percentual de extração. Palavras chave: Moagem. Número de queda. Reologia. Triticum aestivum.

Page 10: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

9

ABSTRACT

SOUZA, Daiana de Fátima Militão de. Influence of the conditioning time of the wheat on the technological quality of the flour. 2019. 45 p. Dissertation (Professional Master in Food Technology) - Federal Technological University of Paraná. Londrina, 2019. Wheat is the most consumed grain in the world, being the genus Triticum aestivum more produced by the rheological features. Most of this cereal is consumed in the form of refined flours, which is the result of grinding and sifting wheat grains. To obtain the lighter flours with fewer peel fragments, add water to the wheat dough after cleaning and before the grinding process. The wheat must be conditioned for a period, to adjust the humidity and make the endosperm more friable and the bark more malleable, thus enabling the separation of the endosperm from the bark and the germ. The objective of this work was to analyze the influence of conditioning time of wheat samples on the technological characteristics of the flour, at five different conditioning times, being 13, 15, 17, 19 and 21 hours. The flour extraction rate, the flour color, the ash content, the moisture content, the percentage of wet gluten, the falling number and the alveography of each flour sample were analyzed The results showed that there was no significant difference (p≤0.05) in the flours with different conditioning times for gluten, falling number, color (L *), ash and moisture, but there was a significant difference (p≤0.05) for the extraction rate, gluten strength (W) and tenacity and extensibility (P / L) parameters. In this way, the best conditioning time was 17 hours, but times as 13 hours can be used by the industry, if it understands that the cost benefit is positive, since the flour meets the necessary technological characteristics, with only loss percentage of extraction. Key words: Grinding. Drop number. Rheology. Triticum aestivum

Page 11: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estrutura e composição do Grão de Trigo ...................................................... 17

Figura 2 - Fluxograma de produção de farinha................................................................. 21

Figura 3 - Desenvolvimento dos Métodos de Estudo. ..................................................... 28

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição centesimal e físico-química do trigo ......................................... 34

Tabela 2 - Padrão de identidade e qualidade do trigo. .................................................... 35

Tabela 3 - Características físico-químicas e reológicas das farinhas obtidas de amostras de trigo submetida a diferentes tempos de condicionamento a 15% de umidade. .................................................................................................................................. 37

Page 12: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 OBJETIVO .............................................................................................................. 14 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15 3.1 O TRIGO ............................................................................................................. 15 3.2 QUALIDADE TECNOLÓGICA DO TRIGO .......................................................... 18 3.3 PROCESSAMENTO E MOAGEM DO TRIGO .................................................... 20 3.3.1 Recepção e armazenamento do trigo .............................................................. 21 3.3.2 Limpeza ............................................................................................................ 22 3.3.3 Condicionamento do trigo ................................................................................. 22 3.3.4 Moagem do trigo .............................................................................................. 24 3.3.5. Estocagem e embalagem da farinha ............................................................... 25 3.4 QUALIDADE TECNOLÓGICA DA FARINHA DE TRIGO .................................... 26 4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 28 4.1 MATERIAL DE ESTUDO ..................................................................................... 28 4.2 MÉTODO DE ESTUDO ....................................................................................... 28 4.3 CARACTERIZAÇÃO E MOAGEM DO TRIGO .................................................... 29 4.3.1 Umidade ........................................................................................................... 29 4.3.2 Cinzas .............................................................................................................. 29 4.3.3 Peso Hectolítrico (PH) ...................................................................................... 29 4.3.4 Dureza do grão de trigo .................................................................................... 29 4.3.5 Tamanho dos grãos de trigo ............................................................................. 30 4.3.6 Peso de 1000 grãos (PMG) .............................................................................. 30 4.3.7 Falling number (FN) ......................................................................................... 30 4.4 UMIDIFICAÇÃO E TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO .................... 31 4.5 MOAGEM EXPERIMENTAL ............................................................................... 32 4.6 GLÚTEN ÚMIDO ................................................................................................. 32 4.7 COR .................................................................................................................... 32 4.8 ALVEOGRAFIA ................................................................................................... 33 4.9 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................................ 34 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 34 6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 42 REFERENCIAS ......................................................................................................... 43

Page 13: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

12

1 INTRODUÇÃO

A origem do trigo (Triticum aestivum) é algo que não se consegue afirmar com

precisão, mas sabe-se que há relatos de seu cultivo há mais de 10 mil anos a. C.

(BELDEROK et al., 2000).

No Brasil há indícios que o trigo chegou em 1534, trazido por Martim Afonso

de Souza, que desembarcou na capitania de São Vicente. O clima quente dificultou

a expansão da cultura. Cartas dos colonizadores registram a falta do trigo e

reclamam dos pães preparados com farinha de mandioca (RIBEIRO, 2009).

Na segunda metade do Século XVIII, a cultura do trigo começou a se

desenvolver no Rio Grande do Sul, mas, no começo do Século XIX, a ferrugem

dizimou os trigais. O plantio só foi retomado nos anos 20 do século passado. A partir

da década de 40, as plantações de trigo começaram a expandir no Rio Grande do

Sul e no Paraná, que se transformaram nos principais estados produtores no Brasil

(ABITRIGO, 2018).

Considerado a segunda cultura de grãos a nível mundial em produção, sendo

sua importância advinda de sua utilização como principal fonte energética na

alimentação da população de muitos países (ABITRIGO, 2018). O trigo é um grão

alimentício dominante no comércio mundial com 685 milhões de toneladas

produzidas, 660 milhões de toneladas consumidas, e 190 milhões de toneladas de

estoque anual.

A União Europeia é o maior produtor mundial de trigo com aproximadamente

153 milhões de toneladas, seguido pela China (130 milhões de toneladas), Índia (98

milhões de toneladas) e Rússia (83 milhões de toneladas). A importação de trigo no

Brasil em 2018 foi estimada em 6,7 milhões de toneladas, enquanto a safra brasileira

foi de 5,6 milhões de toneladas, segundo dados do Ministério da Agricultura

(ABITRIGO, 2018).

De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura), a produtividade mundial de trigo varia grandemente de continente para

continente. O clima temperado da Europa Central e do Norte é ideal para obtenção

de altíssimas produtividades, ao passo que continentes com condições climáticas

extremas, como secas e temperaturas muito frias são menos favoráveis para

produção de trigo.

Page 14: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

13

O principal produto resultante do beneficiamento do trigo é a farinha, produto

obtido pela moagem do grão Triticum aestivum e oriundo do endosperma do trigo

limpo e sadio (COSTA et al., 2008). A farinha de trigo apresenta diversas aplicações

na indústria de alimentos e muita importância no aspecto nutricional da alimentação

humana (ZARDO, 2010). As características nutricionais e tecnológicas da farinha de

trigo são influenciadas pelas condições de cultivo, colheita, secagem e

armazenamento dos grãos de trigo, processo de obtenção da farinha, transporte e

armazenamento do produto (ZARDO, 2010).

O processo de moagem para obtenção da farinha de trigo branca é definido

como a redução do endosperma à farinha, precedido da separação do farelo e do

gérmen (SCHEUER et al., 2011). Os grãos de trigo que contém impurezas devem

passar por uma limpeza prévia antes de serem moídos, pois essas impurezas

causam manchas, descoloração e diminuição na qualidade da farinha, já grãos de

outras espécies reduzem o valor nutricional da farinha de trigo (AMORIM, 2007).

Observa-se que mesmo com o grande volume de farinha de trigo produzido

no Brasil, há poucos estudos que forneçam dados quantitativos que mostrem o

efeito do tempo de condicionamento do trigo sobre as características tecnológicas da

farinha. Esta etapa que ocorre no início do processo de moagem é de extrema

importância, visto que, a penetração de água na semente é baixa, desta forma o

tempo deve ser suficiente para permitir que a semente alcance a umidade de

equilíbrio (RIBEIRO, 2009).

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar as condições da preparação

do trigo antes da moagem, no que âmbito do tempo de condicionamento do trigo e

sua influência na qualidade tecnológica da farinha, analisando os parâmetros físico-

químicos e reológicos, utilizando as farinhas obtidas da extração de trigos

submetidos aos tempos de condicionamento de 13, 15,17, 19 e 21 horas.

Page 15: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

14

2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a ação da variação do tempo de condicionamento de amostras de

trigo nas características tecnológicas da farinha.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar os efeitos dos tempos de condicionamento nas características físico-

químicas e reológicas das amostras de farinha de trigo;

• Avaliar o desempenho das amostras de trigo submetidas a diferentes tempos

de condicionamento na moagem experimental;

• Avaliar as propriedades alveográficas das farinhas de trigo oriundas das

amostras de trigo submetidas a diferentes tempos de condicionamento;

• Avaliar e correlacionar as características físico-químicas das farinhas de trigo

oriundas das amostras de trigo com os variados tempos de condicionamento;

• Atribuir, com base nos resultados observados, qual o melhor tempo de

condicionamento dentre aqueles estudados.

Page 16: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O TRIGO

Os cereais são considerados importantes culturas para a alimentação

humana, destacando-se dentre eles o trigo, o arroz, o milho, o centeio, a cevada, a

aveia e o triticale (MANDARINO 1994). O trigo é uma gramínea do gênero Triticum e

está entre as plantas mais cultivadas no mundo. Existem cerca de 30 tipos de trigo,

geneticamente diferenciados, dos quais metade é cultivada; o restante cresce de

forma silvestre (ABITRIGO 2018).

Uma das primeiras formas de consumo de trigo foi, provavelmente, através da

mastigação de grãos após a retirada das glumas. Em escavações de cidades

arqueológicas frequentemente aparecem grãos de trigo carbonizados, indicando que

a remoção das glumas era feita pelo uso do calor (GUARIENTINI et al, 2003).

O trigo é cultivado em todos os climas, desde o inverno glacial (Canadá) até

regiões de clima seco e árido (Índia), necessita de chuvas moderadas no decorrer de

seu crescimento, seguidas de calor com chuvas ligeiras e intermitentes na época do

amadurecimento. As terras argilosas e barrosas são as mais apropriadas para o

cultivo, sendo a temperatura média adequada inferior a 20°C, suportando bem

temperaturas baixas e geadas (POSNER; HIBBS,1999).

O Brasil ocupa a 19º colocação na produção mundial de trigo e, em

contrapartida, é o 11º maior consumidor do grão, com processamento médio de 10,6

milhões de toneladas por ano (USDA, 2018; CONAB, 2018).

O cultivo do trigo brasileiro está situado majoritariamente na região Sul,

responsável por pouco mais de 87% da produção nacional, onde destacam-se os

estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Nesses estados, a safra de trigo 2017/18

sofreu diversas intempéries climáticas que culminaram na redução da produção e na

perda da qualidade do grão. Foram colhidas apenas 4,26 milhões de toneladas,

representando uma redução de 37% em relação ao recorde da safra anterior,

quando o Brasil colheu 6,73 milhões de toneladas. Essa quebra se deu em função

do elevado volume de chuvas no plantio, seca ao longo do período de

Page 17: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

16

desenvolvimento vegetativo, geadas durante floração e enchimento de grãos e altas

umidades na colheita. No ano seguinte, ainda que tenha crescido 28,4% na

comparação com a temporada anterior, a safra 2018/19 passou por diversos

problemas climáticos, que resultaram em perdas quanti-qualitativas em sua

produção, estimada em 5,47 milhões de toneladas (CONAB, 2018).

No ano de 2018, o Brasil importou 6,8 milhões de toneladas de trigo

produzidos em outros países. Desse volume, 87% vieram da Argentina, mas houve

compras também de Paraguai, Estados Unidos e da Rússia. Para 2019 há uma

previsão do aumento de aproximadamente 10% deste total (ABITRIGO, 2018).

A indústria brasileira de trigo processou 12,2 milhões de toneladas do cereal

em 2018, cerca de 3,4% a mais que em 2017 (11,8 milhões). O maior volume foi

processado na região Norte e Nordeste: 3,7 milhões de toneladas, praticamente

estável em relação a 2017. Em seguida, aparecem os moinhos do Paraná, com 3,6

milhões de toneladas, um aumento de 13,2% na comparação dos dois últimos anos.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul moeram 2,177 milhões de toneladas (+1,4%).

Os moinhos de São Paulo, 1,653 milhão (+1,9%). As indústrias da região Centro-

Oeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, juntas, processaram 1,160

milhão de toneladas (-6,1%) (CONAB, 2018)

O trigo deve ser colhido com um teor de umidade entre 11 e 14%, valores

inferiores são indesejáveis, por tornarem os grãos quebradiços durante o transporte,

armazenamento e operação de moagem. Outra desvantagem do trigo muito seco é a

maior dificuldade em acondicioná-lo ao nível de umidade adequado à moagem.

Teores de umidades superiores a 14% podem propiciar o brotamento dos grãos e o

desenvolvimento de microrganismos, principalmente fungos, com consequente

produção de toxina durante o período de armazenamento. O trigo seco e sadio

pode ser estocado adequadamente por anos, mas o trigo úmido deteriora-se,

completamente, dentro de poucos dias (POSNER; HIBBS,1999).

O teor de umidade recomendável para o trigo é de 14%, podendo os grãos

com umidade superior a esta, serem comercializados desde que não esteja

ocasionando fatores de risco à saúde humana (BRASIL, 1996).

A composição química do trigo (Figura 1) é o que leva este cereal a ser tudo o

que representa, sendo fundamental para este fato as proteínas que integram sua

composição. Dentre as proteínas constituintes do trigo devemos levar em

consideração especial as formadoras de glúten, um complexo proteico fundamental

Page 18: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

17

a obtenção dos produtos panificáveis, massas alimentícias, biscoitos e bolos

(ZARDO, 2010).

Figura 1 – Estrutura e composição do Grão de Trigo

FONTE: Zardo, 2010.

A composição química dos grãos de cereais varia amplamente, dependendo

das condições ambientais e do genótipo. Para compreender o comportamento do

trigo e suas propriedades tecnológicas, faz-se necessário o conhecimento básico

dos principais constituintes do grão: água, proteínas, lipídios e carboidratos

(açúcares, amido, fibras). O teor de umidade dos grãos e a composição em

aminoácidos das proteínas são fatores importantes para a industrialização do trigo

(COSTA et al., 2008).

O trigo é denominado o “cereal nobre”, pois a farinha obtida a partir da

moagem de seus grãos, é a única capaz de formar uma massa viscoelástica,

quando submetida à mistura com água. Esta característica deve-se à estrutura

formada por suas proteínas (glúten). Sua massa é capaz de reter os gases

produzidos durante o processo de fermentação, para a produção de pães,

conferindo ao produto final textura e estrutura únicas (GUTKOSKI, 2011). O glúten

no trigo é uma rede tridimensional insolúvel em água, que possui propriedades visco

� 2 - 3% Gérmen (Embrião): Açúcares e Gorduras.

� 14 - 18% Pericarpo (Casca):Fibras e Minerais.

� 80 - 83% Semente (Cobertura e Endosperma):

� Aleurona: lipídeos, minerais, açúcares e aminoácidos redutores.

� Endosperma Amiláceo: pentosanas (parede), amido e proteínas.

Farelo (Casca)

Endosperma

Gérmen

Page 19: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

18

elásticas. Estas propriedades são decorrentes da oxidação de grupos de sulfetos

presentes nas proteínas. Na panificação, ele retém o gás carbônico proveniente da

fermentação e faz com que o pão aumente de volume (MANDARINO,1994).

As propriedades físicas do endosperma, como a dureza, estão diretamente

relacionadas com o processo de moagem, pois definem a intensidade de amido

danificado, tamanho de partícula e o rendimento do processo (IDUGEL, 2012).

Os trigos podem ser classificados como: trigos extra duros, trigos duros, trigos

semi duros e trigos brandos. Os trigos extra duros são usados principalmente para a

fabricação de sêmolas (grandes grãos de farinha), empregadas na fabricação de

massas. Estes trigos apresentam elevado teor de maltose e podem ser misturados

em pequenas proporções com outros, para aumentar a fermentação na panificação.

Os trigos do tipo duro e semi duro em geral, possuem elevada percentagem e

qualidade de glúten, sendo melhor empregados na panificação. (ROMANO, 2011)

Em contrapartida os trigos brandos também conhecido como de grãos

farináceos, geralmente são de pouca força de panificação, por apresentarem

insuficiência de glúten em qualidade. Normalmente são mesclados com trigos duros

para reduzir a força destes, auxiliando ainda no sabor e na cor. Os trigos moles são

adequados na fabricação de biscoitos. (ROMANO, 2011)

3.2 QUALIDADE TECNOLÓGICA DO TRIGO

A qualidade do grão de trigo pode ser definida como o resultado da interação

que a cultura sofre no campo e está relacionado com as condições de solo, do clima,

da incidência de pragas e moléstias, do manejo da cultura e tipo de cultivar semeado

(ZARDO, 2010).

O destino industrial da farinha produzida determina os parâmetros para

avaliação da qualidade tecnológica do trigo, sendo assim, os parâmetros mudam

conforme o destino industrial que se dará à farinha originada dos diversos tipos de

trigo. A identificação das propriedades de farinhas através de testes específicos para

cada tipo de produto possibilita a seleção de genótipos com características

adequadas a cada uso industrial (COSTA, 2013)

Page 20: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

19

Nos grãos, a qualidade é identificada por parâmetros físicos, como peso

hectolitro, peso de mil sementes, dureza e cor dos grãos, e físico-químicos, como

umidade, cinzas, teor de proteína e falling number. Na farinha de trigo, a qualidade é

identificada por parâmetros físico-químicos e reológicos, sendo comumente

verificados umidade, cinzas, proteínas, falling number, teor e força de glúten,

absorção de água, propriedade de mistura, capacidade elástica e extensível da

massa, capacidade de retenção de gás, e volume do pão (POMERANZ, 1988,

GUTKOSKI, et al, 2008).

O peso hectolitro (PH), medida que indica o peso especifico do grão,

expressos em quilogramas por 100 litros, é utilizado como medida tradicional de

comercialização em vários países. O PH é amplamente utilizado para análise da

qualidade do grão, pois é um método rápido de ser realizado, influenciado por

fatores como grão mal formado e impurezas, que reduzem a qualidade (COSTA,

2008).

No PH, estão associadas várias características do grão, como a forma, a

textura do tegumento, o tamanho, o peso e as características extrínsecas ao

material, como a presença de palha, de terra e outras matérias estranhas. Quanto

maior o valor do PH, maior a aceitação e valorização de mercado do produto, mas o

fato de um genótipo de trigo ter PH alto não assegura que o mesmo seja de melhor

qualidade (CAUVAIN YOUNG, 2009).

O peso de mil grãos (PMG) é expresso em gramas após a pesagem de 1.000

sementes, avaliadas em função do tamanho e densidade do grão e também indica a

qualidade do grão pelo fato de expressar o enchimento (tamanho dos grãos).

Geralmente, este parâmetro indica a sanidade do grão (GUTKOSKI, et al, 2008).

O Falling Number (FN) ou Número de Queda tem por finalidade verificar a

atividade da α-amilase, do grão e da farinha de trigo, a fim de detectar danos

causados na germinação da espiga. O teste se baseia na viscosidade do amido

gelatinizado, de forma a demonstrar a atividade da α -amilase na amostra. Quanto

mais viscosa a pasta, maior é o FN e menor e a atividade da α-amilase. O primeiro

efeito causado pela hidrolise da enzima α-amilase é a diminuição da viscosidade

devido a hidrólise no interior da molécula de amido (FANORI et al., 2002).

A elevada ação da enzima α-amilase com baixos FN, na farinha de trigo têm

sido relacionada a três fatores principais, germinação antecipada do grão de trigo

imaturo, síntese de α-amilase durante a maturação retardada do grão, e germinação

Page 21: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

20

do grão após superação da dormência devido à colheita atrasada, o que resulta em

perda da massa do grão e consequentemente o rendimento de moagem (INDRANI;

RAO, 2007).

3.3 PROCESSAMENTO E MOAGEM DO TRIGO

O objetivo principal da moagem é separar ao máximo possível o endosperma

(farinha) da casca (farelo) e do germe. A moagem de trigo se resume em um

processo contínuo de moagem e peneiração do grão de trigo e dos produtos

intermediários (POSNER;HIBBS,1999).

O trigo, ao passar pelo processo de moagem, é transformado nos produtos:

farinha, farelo e gérmen. Esses, por sua vez, são considerados matérias-primas das

indústrias de panificação, massas alimentícias, biscoitos e outros. A farinha é

utilizada na fabricação de pães, de massas e de biscoitos, participa de formulações

industriais de outros tipos de alimentos, possuindo inúmeros usos domésticos e

também é empregada na fabricação de cola. O farelo é empregado como

ingrediente nas fábricas de rações para animais, é utilizado como complemento

vitamínico e fornecedor de fibras em alimentos dietéticos e em cereais matinais. O

gérmen de trigo é consumido em grande parte pela indústria farmacêutica, onde são

extraídos o óleo e um rico complexo vitamínico; também é utilizado em fábricas de

rações para animais e como complemento dietético (IDUGEL, 2012)

O processo de obtenção da farinha de trigo está apresentado na Figura 2:

Page 22: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

21

Figura 2 - Fluxograma de produção de farinha

FONTE: Ribeiro, 2009.

O processo do grão de trigo para obtenção de farinha é realizado através da

moagem dos grãos, a qual é composta por cinco estágios, conforme segue:

• Recepção e armazenamento do trigo;

• Limpeza;

• Condicionamento;

• Moagem;

• Estocagem e embalagem da farinha.

3.3.1 Recepção e armazenamento do trigo

A recepção e o armazenamento de grãos são compostos pelas operações de

recebimento, pesagem, pré-limpeza, analises de controle de qualidade e mistura de

vários tipos de trigo.

Page 23: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

22

3.3.2 Limpeza

O objetivo da limpeza é retirar da massa do trigo todas as matérias estranhas,

sendo utilizados diversos tipos de equipamentos que operam por meio de sucção de

ar e peneiramento. Nesta etapa é necessário eliminar todas as impurezas como

sementes estranhas, terra, areia, pedras e outros. A presença de impurezas causa

danos aos equipamentos e também desqualifica o produto final (VIALÁNES, 2005).

3.3.3 Condicionamento do trigo

O condicionamento consiste no ajuste do conteúdo de umidade para tornar o

farelo mais maleável durante a moagem e o endosperma friável e assim melhorar a

eficiência de extração da farinha (HOSENEY, 1998; POSNER; HIBBS, 1999).

Segundo Dendy e Dobraszczyk (2001), o condicionamento tem cinco

finalidades: (1) flexibilizar o farelo, reduzindo a formação de pó do farelo; (2) amaciar

o endosperma, realçando sua maquinabilidade, reduzindo o consumo de energia

dos rolos de redução; (3) facilitar a separação de farelo do endosperma, reduzindo o

consumo de potência dos rolos da ruptura e reduzindo consequentemente perdas de

água por evaporação; (4) assegurar a fácil peneiração e; (5) assegurar o índice de

umidade suficiente para o endosperma, de forma a se obter um teor de umidade final

da farinha em torno 14 -15%.

A maioria dos estudos enfoca o mecanismo de condicionamento com o

rendimento de extração da farinha, mas não com a qualidade da farinha. Poucos

estudos mencionam os efeitos do condicionamento do trigo com o teor de cinzas,

farinografia e qualidade extensográfica (IBANOGLU, 2001).

De acordo com Posner e Hibbs (1999) e Restivo (2001), a taxa de absorção

de água do trigo é afetada pela temperatura, umidade e tempo de condicionamento,

como também pelo tipo de cultivar, tamanho do grão, temperatura e umidade inicial

do trigo. A estrutura do endosperma, a distribuição e o conteúdo de proteína

influenciam a taxa de penetração de água no grão de trigo durante o

condicionamento (STENVERT; KINGSWOOD, 1977).

Page 24: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

23

Segundo El-Dash, Camargo e Diaz, (1982) a dureza do grão também afeta o

tempo de condicionamento e influencia no padrão de quebra do endosperma, na

facilidade de separação entre endosperma e farelo, no tamanho das partículas de

farinha, na liberação da farinha de quebra e no consumo de energia durante a

moagem. Dependendo do índice de dureza do grão esta característica poderá afetar

o nível de amido danificado e consequentemente, a qualidade dos produtos finais

(POMERANZ; WILLIANS, 1990).

O condicionamento é realizado em duas fases: a primeira consiste na adição

de água ao trigo e a mistura é continuamente agitada até que o trigo alcance teor de

umidade de 15% a 17%. Posteriormente, deve haver um condicionamento de 6 a 36

horas em silos, promovendo a penetração da água no interior do grão. O tempo de

condicionamento dependerá da avaliação do tipo de trigo. O grão mais duro deverá

ser mantido por mais tempo no silo para melhor absorver a água adicionada (EL-

DASH, 1978).

A literatura cita diversas faixas de tempo de condicionamento do trigo à

temperatura ambiente. Hoseney (1998) recomenda para trigo brando (soft), com

umidificação de 15% a 15,5%, tempo de condicionamento de 6 horas e para trigo

duro (hard) com 16,5% de umidificação, 24 horas de condicionamento. Posner e

Hibbs (1999) citam para a faixa de 14% a 17% de umidificação, 12 a 18 horas de

condicionamento, dependendo do trigo. Para El-Dash (1978) o tempo de

condicionamento estaria entre 6 a 36 horas para que ocorra a migração da umidade

no interior do grão, considerando a umidificação de 14% a 17%, dependendo do tipo

de trigo, e para Pomeranz (1988b) estaria entre 24 a 72 horas.

Conforme Vialánes (2005), no Brasil utiliza-se teor de umidade para o

condicionamento do trigo de 15 a 15,8%. A absorção de água é função de vários

fatores sendo que a água é absorvida em toda a superfície do grão, penetrando no

endosperma amiláceo e se distribuindo em todo o grão. A principal camada de

resistência à penetração é a cutícula, as camadas internas são mais susceptíveis. O

ponto de penetração mais rápido é o gérmen, devido à ausência de cutícula. No

Brasil, para a utilização de trigo brando (soft), o tempo de condicionamento é de 8

horas, já para o trigo duro (hard) o condicionamento é de 24 horas, no mínimo. Para

Restivo (2001), o tempo mínimo para o condicionamento de trigo mole é de 3 horas

e para o trigo duro é de 6 horas. Tempos inferiores a esses, não permitem a

Page 25: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

24

migração suficiente da água para que atinja todas as camadas do grão ricas em

cinza (material mineral).

No período em que o grão umidificado repousa nos silos, há uma lenta

migração de água do pericarpo, que irá avançar para o endosperma. Este processo

é considerado concluído quando o pericarpo e o endosperma tiverem

aproximadamente o mesmo teor de umidade. Prolongando o tempo de

condicionamento, o endosperma torna-se mais úmido em decorrência da migração

da água do pericarpo. A umidade do pericarpo diminui devido à vaporização e

migração da água dentro do endosperma, perdendo flexibilidade do farelo. Isto

produzirá uma casca rígida e quebradiça que mistura facilmente durante o processo

de moagem, comprometendo a pureza da farinha (RESTIVO, 2001).

3.3.4 Moagem do trigo

Nos primórdios, a moagem do trigo se dava com golpes manuais de pedra e

em seguida, evoluiu para o de pedra movida por animais, depois para os moinhos

movidos pela água e para os moinhos de vento. Apenas em 1784, apareceram os

moinhos movidos a vapor. Em 1881, ocorreu a invenção dos cilindros, os quais são

utilizados atualmente. Sendo assim, este processo vem se aprimorando desde a

Idade da Pedra, com o objetivo de desenvolver as melhores técnicas para a

separação do endosperma amiláceo dos demais constituintes do grão (CARVALHO

JÚNIOR, 1999; CAFÉ et al., 2003).

Segundo Posner e Hibbs (1999), a moagem de trigo pode ser classificada em

quatro sistemas: (1) sistema de quebra com a separação do endosperma, casca e

gérmen; (2) sistema de classificação com separação de pequenas partículas de

casca agregado às partículas maiores de endosperma (sêmola vestida); (3) sistema

de redução das partículas de endosperma da farinha e; (4) sistema de compressão

das partículas vestidas para separação da casca do endosperma, o qual retorna ao

terceiro sistema. Estas operações são realizadas sucessivamente, de acordo com o

diagrama de moagem em número suficiente de canais de separação de passagens

ou farinhas, objetivando extrair a quase totalidade do endosperma amiláceo,

preservando o valor qualitativo e quantitativo da farinha (WILLM, 1995).

Page 26: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

25

Teoricamente todo o endosperma pode ser extraído produzindo farinha.

Entretanto, este teor de extração é possível apenas quando o farelo e o gérmen são

facilmente removidos. Na prática, o limite de teor de extração é de 72 a 78%. À

medida que a quantidade de farinha extraída do grão do trigo aumenta, as

características químicas e tecnológicas da farinha se alteram. A qualidade de

panificação para a maioria dos tipos de pães tende a cair quando o grau de extração

excede 78% (EL-DASH, 1978).

Durante a moagem do grão de trigo, à medida que o endosperma é reduzido

em partículas menores, alguns grânulos de amido são danificados mecanicamente,

devido à ação dos rolos de quebra e, principalmente, dos de redução, sendo que

parte dos grânulos de amido são fisicamente danificados e isto tem efeito

pronunciado nas características de absorção de água na farinha (MORRISON et al.,

1994). De acordo com Gutkoski et al. (2007a) o teor de amido danificado produzido

durante a moagem de trigo influencia as propriedades funcionais da farinha de trigo.

Normalmente um diagrama de moagem de trigo é composto de:

1. Passagens de Trituração - T: Tritura o grão e produtos intermediários com objetivo de separar a casca do endosperma. Moagem com rolos raiados.

2. Passagens de Redução - R: Reduz as sêmolas grossas e médias à

farinha. Moagem com rolos lisos.

3. Passagens de Compressão - C: Reduz sêmolas finas e semolinas à farinha. Moagem com rolos lisos.

3.3.5. Estocagem e embalagem da farinha

As farinhas de trigo em geral são estocadas pelos moinhos em silos e

posteriormente embaladas em sacos de 1 até 50 kg e em alguns moinhos, a granel

(EL- DASH, 1978).

Page 27: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

26

3.4 QUALIDADE TECNOLÓGICA DA FARINHA DE TRIGO

A farinha de trigo é o produto elaborado com grãos de trigo (Triticum aestivum

L) ou outras espécies de trigo do gênero Triticum, ou combinações por meio de

trituração ou moagem e outras tecnologias ou processos.

A qualidade da farinha de trigo está relacionada, principalmente com a

qualidade do grão que a originou e com as condições de moagem utilizadas

(PRABHASANKAR; SUDHA; RAO, 2000). Conforme Montenegro e Ormenese

(2006) os elementos da qualidade da farinha de trigo estão relacionados a dois

grupos:

- Fatores inerentes ao trigo, que resultam da combinação de variedades

(genótipo) e das condições de cultivo, como umidade, fertilidade do solo, clima

(temperatura, queda de chuvas, geadas etc.), incidências de doenças. Estes incluem

a quantidade e a qualidade da proteína, conteúdo de cinza e cor, que podem ser

controlados num mesmo grau de extração da farinha;

- Fatores induzidos pelo processamento, resultantes primariamente do

manuseio, estocagem e processamento do grão, como a conversão de trigo em

farinha, sendo que alguns deles podem ser controlados dentro de limites razoáveis,

pela escolha da mescla de farinha (frações de trigo que comporão a farinha final),

maturação, aditivação e as condições de processamento: condicionamento e ajuste

de rolos de moagem. Estes incluem granulometria da farinha, amido danificado e

atividade de α-amilase.

A farinha de trigo deve ser suave ao tato, de cor natural, sem sabores

estranhos de ranço, mofo, acidez, amargura ou doçura. Deve apresentar aparência

uniforme, sem pontos negros, livre de qualquer defeito, de insetos vivos ou mortos,

corpos estranhos e cheiros anormais (BRASIL, 2005). Sua composição consiste

principalmente de amido (70-75%), proteína (10-12%), lipídeo (2%) e sais minerais

(1,5% a 2%) (GOESAERT et al., 2005).

O conteúdo mineral (cinzas) é considerado um importante critério de

qualidade de farinha de trigo. A análise de cinzas pode ser utilizada como um

indicador de qualidade por determinar a eficiência do processo de moagem, pois a

aleurona e o farelo contêm teores mais elevados de cinzas do que o endosperma.

Industrialmente, o conteúdo de cinzas é utilizado para o cálculo da curva de cinzas,

Page 28: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

27

a qual mede a eficiência do processo de moagem (GUARIENTI, 1996; POSNER,

2000).

As características reológicas da farinha dependem da quantidade e da

qualidade das proteínas presentes no grão de trigo. Conforme Bushuk (1985), o teor

de proteínas do grão de trigo varia em função de fatores agronômicos e ambientais

enquanto que a qualidade das proteínas é característica primariamente genotípica.

O autor obteve correlação positiva entre o teor de proteínas do grão de trigo e o

volume do pão produzido. Branlard et al. (1991) avaliaram os parâmetros de

qualidade do trigo e encontraram fraca correlação entre o falling number e a força de

glúten. Por outro lado, Orth e Mander (1975) verificaram um aumento no teor de

proteínas, na taxa de extração e na absorção de água em farinhas, e uma

diminuição na força de glúten.

Os demais elementos da qualidade, como lipídeos, acidez e outros, podem

ser afetados tanto pela hereditariedade, como pelo processamento, porém em graus

diferentes. Mesmo que cada elemento possa ser avaliado separadamente, a

qualidade total da farinha é determinada pelo teste de panificação, que expressa à

ação combinada de todos os elementos.

Dada a grande diversidade de farinhas de trigo, é necessária a utilização de

vários métodos para determinar as características de umidade, acidez, cinzas,

proteína, falling number, teor e força de glúten, absorção de água, propriedades de

mistura, capacidade elástica e extensível da massa e volume do pão (PYLER, 1988).

Os métodos mais utilizados são os relacionados com as características reológicas

da massa, a partir de sistemas simples de mistura de água e farinha. Existe uma

série de equipamentos para medir estas propriedades, tais como farinógrafo,

extensógrafo e alveógrafo (DOBRASZCZYK; MORGENSTERN, 2003).

Esses testes da massa são utilizados para avaliar o potencial de panificação,

ou seja, a força e o desempenho da farinha sob condições mecanizadas. Os

objetivos principais nestes tipos de testes de farinha são acompanhar e controlar os

parâmetros específicos da farinha e predizer o comportamento da massa em uma

padaria convencional (OLIVER; ALLEN, 1992). A definição de uso final de uma

farinha deve ser feita após a avaliação conjunta destes resultados (CALDEIRA et al.,

2003).

Page 29: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

28

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAL DE ESTUDO

O material de estudo foi composto por uma amostra de trigo (Triticum

Aestivum) provenientes das regiões de Arapoti e São Sebastião da Amoreira,

Paraná, e fornecido por uma indústria moageira da cidade de Londrina - PR.

Foi adquirido uma amostra de 20 Kg de trigo que se encontrava beneficiada,

homogeneizada e livre de impurezas e sujidades. Esta foi acondicionada em saco de

rafia e armazenada em local seco e arejado até o momento das análises. Os

experimentos foram realizados no laboratório de controle de qualidade de uma

indústria moageira da região norte do Paraná.

4.2 MÉTODO DE ESTUDO

Abaixo segue Figura 3 ilustra o processo para desenvolvimento dos métodos

de estudo:

Figura 3 - Desenvolvimento dos Métodos de Estudo.

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DE

TRIGO

→ CONDICIONAMENTO E MOAGEM DO TRIGO →

CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE FARINHA DE TRIGO

LOTE 1 13 HORAS

LOTE 2 15 HORAS

LOTE 3 17 HORAS

LOTE 4 19 HORAS

LOTE 5 21 HORAS

Umidade Umidificação Umidade

Cinzas Moagem Experimental Cinzas

Peso Hectolítrico (PH) Falling number (FN)

Dureza Glúten úmido

Tamanho de grão Cor

Peso de 1000 grãos Alveografia

Falling number (FN) FONTE: Autoria própria.

Page 30: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

29

4.3 CARACTERIZAÇÃO E MOAGEM DO TRIGO

4.3.1 Umidade

O teor de umidade do trigo e das farinhas foi determinado em triplicata

através do aquecimento em estufa a 130 °C, por 90 minutos, segundo método

padrão n°. 110/1.ICC (ICC, 2003).

4.3.2 Cinzas

O teor de cinzas ou resíduo mineral fixo (base seca) da amostra de trigo e das

farinhas foi determinado em triplicata submetendo as amostras a incineração a

600°C, até peso constante, conforme método n°. 08-12 (AACC, 2000).

4.3.3 Peso Hectolítrico (PH)

Para determinação do peso hectolítrico do trigo utilizou-se o método 55-10

(AACC, 2000) em triplicata e os resultados expressos em Kg/hl.

4.3.4 Dureza do grão de trigo

A Dureza dos grãos de trigo foi determinada em triplicata adaptando-se o

método 55-30, da AACC (2000). Pesou-se uma amostra de 100 g de grãos de trigo e

triturou-se em moinho experimental e peneirou-se o triturado em peneira de 425

mesh em agitador automático por 1 minuto e 30 segundos. Pesou-se o trigo

peneirado, que passou pela peneira, obtendo-se o resultado em gramas.

Page 31: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

30

4.3.5 Tamanho dos grãos de trigo

O tamanho dos grãos de trigo foi determinado em triplicata pesando 100 g de

trigo e peneirando a amostra em peneiras de 2.800, 2.000 e 1.700 mesh, em

agitador automático por 1 minuto. Ao final, pesa-se os retidos e o fundo, obtendo o

resultado em gramas da análise (BRASIL, 2009).

4.3.6 Peso de 1000 grãos (PMG)

O peso de mil grãos (BRASIL, 2009) realizou-se em triplicata contando

manualmente e pesando uma amostra de grãos de trigo e efetuando o cálculo a

seguir:

PMG = (Peso da amostra x 1.000) / n° total de grãos da amostra

4.3.7 Falling number (FN)

O falling number (FN) mede a atividade da enzima α-amilase no grão e da

farinha, sendo o resultado expresso em segundos. A análise foi realizada em

equipamento da Perten modelo 1700, em triplicata, que se baseia no método 56-81B

da AACC (2000).

O método baseia-se na capacidade das enzimas amilolíticas presentes no

trigo em liquefazer uma suspensão de amido gelatinizado. Quanto maior a

concentração de enzimas, maior é o efeito desta sobre o amido e, portanto, menor

será sua viscosidade. Esta viscosidade é medida pelo tempo que uma haste

consegue passar através desta suspensão, medida em segundos, a leitura do

resultado, em segundos, é realizada diretamente no aparelho.

Page 32: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

31

4.4 UMIDIFICAÇÃO E TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO

A amostra de trigo foi homogeneizada e separada em 5 lotes para produção

de farinha de trigo. Os experimentos foram realizados entre setembro e novembro de

2018, no laboratório de controle de qualidade de uma indústria moageira da região

norte do Paraná.

Com base no método 26-10.02 da AACC (2000), determinou-se a umidade da

amostra de trigo para definir a quantidade de água destilada a ser adicionada para

que a umidade final seja de 15%, conforme a equação a seguir:

AA = ((100-Ui/100-Uf)-1)*PA

Onde: AA = água adicionada (mL)

Ui = umidade inicial (%)

Uf = umidade final (%)

PA = peso da amostra (g)

Calculado o volume de água, as amostras foram umidificadas em tambores

plásticos de 10 L e imediatamente levados a homogeneizador da marca Chopin

MR10 por 30 minutos.

Para este estudo foram determinados 5 tempos de condicionamento do trigo

(13, 15, 17, 19 e 21 horas), com umidificação de 15% para todos os tempos de

condicionamento. A escolha dos tempos de condicionamento teve como base a

literatura (SANTOS, 2008; RIBEIRO, 2009; BOYCIOGLU, SUNTER, BOYCIOGLU,

2004; KWEON, MARTIN, SOUZA, 2009; HOSENEY, 1998; POSNER , HIBBS, 1999;

EL-DASH, 1978; POMERANZ, 1988) e um levantamento feito com moinhos da

região de Londrina - PR, que trabalham com tempos de condicionamento do trigo

paranaense de 17 a 20 horas.

Page 33: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

32

4.5 MOAGEM EXPERIMENTAL

A moagem experimental simula o processo realizado na indústria para

extração da farinha, servindo de referência do rendimento de extração ou taxa de

extração. A moagem foi realizada em moinho piloto modelo CD1, da marca Chopin,

conforme manual técnico do equipamento, sendo realizado uma passagem pelo

sistema de quebra e três passagens pelo sistema de redução, com base no método

26-70.01 da AACC (2000).

Foi determinado o percentual de extração de cada farinha, em triplicata de

cada tempo de condicionamento, através da relação entre o produto final da

moagem após as reduções e a quantidade inicial de trigo moído.

Determinou-se também a umidade, cinzas, falling number e glúten para

caracterizar a farinha obtida. Ainda foram determinadas as características físicas e

reológicas.

4.6 GLÚTEN ÚMIDO

O percentual de glúten úmido presente na farinha de trigo foi determinado

através de equipamento Glutomatic Perten modelo 2200, baseado no método 38-12

da AACC (2000), que realiza a umidificação, homogeneização, trabalho mecânico

para formação da rede de glúten e lavagem do amido presente na amostra. A

porcentagem de glúten úmido foi obtida na base de 14% de umidade, calculando-se

a relação entre o peso total do glúten úmido/g e 100% de umidade da amostra. A

análise foi realizada em triplicata para cada tempo de condicionamento.

4.7 COR

A cor de cada amostra de farinha de trigo foi determinada, em triplicata,

através de colorímetro Minolta CHROMA METER CR 400, conforme metodologia 14-

30 da AACC (2000), padronizado com fonte de luz D65 (luz do dia incluindo a

radiação UV). A área de mensuração do aparelho foi de 50 mm de diâmetro e o

Page 34: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

33

ângulo de medição foi de 0°C. Foi utilizado o sistema de cor CIELab onde L*

(luminosidade – preto/branco), cromaticidade a* (eixo verde/vermelho) e

cromaticidade b* (eixo azul/amarelo).

Uma porção de farinha foi colocada em placa de Petri e o canhão de medição

do equipamento posicionado no centro da amostra.

4.8 ALVEOGRAFIA

A alveografia é um teste reológico usado em vários países para a

determinação de características qualitativas da farinha através dos parâmetros força

de glúten (W x 10-4J), relação entre elasticidade e extensibilidade ou tenacidade

(P/L) e Índice de Elasticidade (IE) (GUTKOSKI et al., 2008). A expressão força de

glúten normalmente é utilizada para designar a maior ou menor capacidade de uma

farinha sofrer tratamento mecânico ao ser misturada com água. Também é

associada à maior ou menor capacidade de absorção de água pelas proteínas

formadoras de glúten, que combinadas à capacidade de retenção do gás carbônico

resultam em pão de volume aceitável, textura interna sedosa e de granulometria

aberta (DOBRASZCZYK; MORGENSTERN, 2003; MITTELMANN et al., 2000).

Este teste é realizado no alveógrafo de Chopin, em triplicata, que simula,

graficamente, o comportamento da massa durante a etapa de fermentação no

processo de panificação. A partir desse gráfico, obtêm-se índices como: W, que é

representado pela superfície da curva e indica a força de panificação da farinha; P,

que é o valor máximo obtido no eixo das ordenadas e representa a tenacidade da

massa; L, que é o valor máximo do eixo das abscissas e representa a

extensibilidade da massa; P/L – relação tenacidade/extensibilidade, expressa o

equilíbrio da massa.

Page 35: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

34

4.9 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para avaliar a significância dos modelos foi utilizado ANOVA, ao nível de 5%

de probabilidade (p ≤ 0,05). As analises foram executadas no software STATISTICA

versão 10, segundo delineamento experimental a seguir:

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da composição e características físico-químicas da

amostra de trigo são apresentados na Tabela 2:

Tabela 1 - Composição centesimal e físico-química do trigo

Análise Valores

Umidade (%) 12,7±0,07 Cinzas (%) 1,53±0,01 Peso Hectolítrico - PH (kg/hl) 81,25±0,36 Peso de 1000 grãos (g) 32,42±0,18

Dureza (g) 88,55±0,15 Falling Number - FN (s) 351±11,4 Grãos Avariados (%) 0,81±0,02 Impurezas e Matérias Estranhas (%) 0,18±0,01

Tamanho do Grão (%) 2.800 mesh 81,39±0,12

2.000 mesh 18,57±0,17

1.700 mesh 0,04±0,01

Fundo 0±0,00 FONTE: Autoria própria.

O teor médio de umidade de 12,70% (Tabela 1) está de acordo com o padrão

especificado pela legislação brasileira, a Instrução Normativa (IN) nº 07 do Ministério

da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que estabelece o teor máximo de

13% de umidade para o trigo, para assegurar a conservação do grão (BRASIL,

2001).

O valor de cinzas obtido foi de 1,53% (Tabela 1), valor considerado

interessante para produção de farinha, uma vez que quanto maior o teor de cinzas

Page 36: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

35

do grão de trigo (>1,80%), menor será o rendimento no processo de moagem (taxa

de extração). O alto teor de cinzas irá indicar uma alta extração da farinha com o

farelo, sendo este fato indesejável, causando alterações na cor (propício ao

escurecimento da farinha), uma cocção inferior e interferência na continuidade da

rede do glúten (BALHMANN; LANZARINI, 2013).

Os resultados de peso hectolítrico (PH), umidade, matérias estranhas e

impurezas e grãos avariados, situaram-se dentro do padrão de identidade e

qualidade estabelecido pela Instrução Normativa nº 07, enquadrando o trigo no tipo

1, conforme classificação descrita na Tabela 2 (BRASIL, 2001). O PH é considerado

um importante fator de qualidade na indústria moageira, e seu valor pode ser

influenciado pela uniformidade, forma, densidade e tamanho do grão, além do

conteúdo de matérias estranhas e grãos quebrados da amostra (TRIGO, 2018).

Tabela 2 - Padrão de identidade e qualidade do trigo.

Tipos Peso do Hectolitro

(kg/hl) mínimo Umidade

(% máximo)

Matérias estranhas e impurezas

(% máximo)

Grãos avariados (% máximo)

1 78,00 13,00 1,00 2,00

2 75,00 13,00 1,50 4,50

3 70,00 13,00 2,00 8,50

FONTE: Brasil, 2001.

O peso de mil grãos (PMG) e o diâmetro do grão são parâmetros importantes

para predizer o processo de moagem. Os grãos de trigo podem ser classificados de

acordo com o tamanho em muito pequeno (15 a 25g), pequeno (26 a 35g), médio

(36 a 45g), grande (46 a 54g) e muito grande (≥ 45g) (KULP; PONTE JÚNIOR,

2000). O trigo neste estudo apresentou PMG de 32,42 g, podendo ser classificado

como pequeno. Os grãos de tamanho excessivo não são desejados pela indústria,

pois podem provocar perdas devido às dificuldades de regulagem dos equipamentos

de limpeza e moagem, enquanto grãos pequenos podem passar pelas peneiras de

limpeza e causar perdas na produção de farinha pela diminuição da quantidade de

trigo moído (GUARIENTI, 1996; ZARDO, 2010).

Quanto à dureza, o trigo apresentou índice de 88,55 (g) sendo classificado em

muito duro, de acordo com a faixa estabelecida pela AACC que é de 81-90 (g).

Page 37: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

36

Stenvert e Kingswood (1977); Pomeraz e Williams (1990) e Morris, Demacon e

Giroux (1999), estabelecem que a textura do trigo é afetada, principalmente, pelo

teor de amido e proteína do endosperma e sua ordenação.

O resultado da análise de Falling Number (FN) de 351 segundos representa

baixo índice de atividade enzimática. Conforme Miranda, De Mori e Lorini (2005), a

atividade enzimática pode ser classificada em baixa (≥351s), ideal (201 – 350s) e

alta (≤ 200s). A baixa ou alta atividade enzimática não constitui um problema de

difícil solução, pois pode-se estabelecer as proporções em que se deve misturar

duas farinhas para a obtenção de uma mescla de um determinado FN, assim como

estabelecer as doses de enzimas a serem adicionadas à farinha, caso necessário.

O valor ótimo de FN depende das diferentes modalidades de produtos,

receitas e processos. Segundo Gutkoski et al. (2007), o ideal para a fabricação de

massas seria um FN superior a 350 segundos, para a fabricação de pães e biscoitos

fermentados, entre 225 a 275 segundos, e para a fabricação de bolos e biscoitos

doces, entre 200 e 250 segundos.

Na Tabela 3 são apresentadas as características físico-químicas e reológicas

das farinhas obtidas dos trigos submetidos aos cinco tempos de condicionamento:

Page 38: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

37

Tabela 3 - Características físico-químicas e reológicas das farinhas obtidas de amostras de trigo submetida a diferentes tempos de condicionamento a 15% de umidade.

Análise* 13 Horas 15 Horas 17 Horas 19 Horas 21 Horas Extração (%) 71,15±0,82 bc 69,32±1,68 bcd 73,11±0,18 a 71,53±0,62 b 68,81±1,01 cd

Umidade (%) 15,1±0,23

15,27±0,15

15,13±0,21

15,13±0,06

15,28±0,06 Cinzas (%) 0,43±0,03 d 0,55±0,02 a 0,54±0,01 ab 0,53±0,01 ac 0,51±0,01 ad

Glúten (%) 24,36±0,30

24,27±1,06

23,17±0,56

24,00±0,73

23,35±0,73 Cor

L* 93,27±0,20

93,33±0,04

93,00±0,34

93,27±0,13

93,30±0,02 a* -0,24±0,01 abc -0,27±0,03 abcd -0,23±0,00 a -0,24±0,01 ab -0,30±0,02 bd

b* 8,14±0,13 bcd 8,18±0,24 ab 8,09±0,01 bcd 8,16±0,32 abc 8,36±0,11 a

Falling Number - FN (s) 319±10,50

315±4,73

325±17,9

310±4,73

312±2,56 Alveografia

Tenacidade - P (mm) 101±5,00 abcd 112,3±7,51 ab 106±3,61 bcd 114,67±1,53 a 111,67±2,52 bc

Extensibilidade - L (mm) 64,67±2,52 a 47,33±2,52 cd 56,67±0,58 b 53±1,73 bc 46±1,00 d

Relação P/L 1,35±0,20 d 2,28±0,12 b 1,84±0,05 d 2,20±0,03 bc 2,40±0,03 a

Força do glúten - W (10-4J) 213±1,00 d 217±1,00 d 255,67±8,51 a 249,67±4,51 ab 229±4,00 c

*Valores médios de 3 repetições seguidos pelo desvio-padrão. Letras iguais na mesma linha não se diferem significativamente (p ≤ 0,05). FONTE: Autoria própria.

Page 39: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

38

A taxa de extração neste estudo variou de 68,81% a 73,11% (Tabela 3) e

representa o percentual de farinha obtida em relação à quantidade de trigo moído.

Esses valores foram superiores aos obtidos por Ribeiro (2009), que encontrou taxas

de extração entre 61,28% e 62,49% estudando a influência do tempo de

condicionamento em amostras de trigo argentino, trigo este considerado de melhor

qualidade pela indústria moageira.

Estudos realizados por Kweon, Martin e Souza, (2009) sobre o efeito do

condicionamento na performance e funcionalidade da farinha, obtiveram extrações

de 69,47 e 70,47% para 3 e 24 horas de condicionamento do trigo, respectivamente,

com diferença significativa (p≤0,05). Neste estudo, a melhor taxa de extração foi

observada com 17 horas de condicionamento, sendo que tempos de

condicionamento menores e maiores apresentaram uma perda de extração

significativo (p≤0,05). As variações na taxa de extração, por menor que sejam,

podem ser significativos para a indústria, devido principalmente ao volume de

moagem que opera o diagrama de moagem.

Quando comparados com outros estudos, frente a taxa de extração, o tipo de

moinho experimental, a umidade inicial, a dureza do grão e o percentual de

umidificação são provavelmente os fatores responsáveis por diferenças de

resultados. Os genótipos de maior dureza mostram maior índice de extração de

farinha comparado aos de menor dureza. Na prática observa-se que grãos de trigo

mole geralmente provocam embuchamento nos rolos de moagem, diminuindo o

rendimento (GUARIENTI, 1996), e o tempo de condicionamento maior neste estudo,

que teve as menores taxas de extração podem ser resultantes deste fenômeno.

Os valores obtidos de umidade das farinhas extraídas sob diferentes tempos

de condicionamento não apresentam diferença significativa entre os tempos de

condicionamento. Ribeiro (2009), estudando a influência do tempo no

condicionamento do trigo, utilizando tempos de 18, 24 e 36 horas, também não

encontrou diferença para os teores de umidade, que se mantiveram entre 14,4 e

14,8%

Os resultados encontrados para os teores de cinza foram entre 0,43% e

0,55% e houve diferença significativa (p≤0,05) entre as médias de 13 horas e dos

demais tempos de condicionamento. Para Posner e Hibbs (1999), menores tempos

de condicionamento podem acarretar no aumento do teor de cinzas das farinhas

Page 40: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

39

devido à baixa absorção de umidade através da casca do trigo, acarretando maior

fragmentação da mesma durante a moagem, fenômeno este não observado neste

estudo. O teor de cinzas é um dos parâmetros de identidade dos tipos de farinha

produzida comercialmente no Brasil (BRASIL, 2005) e de acordo com a IN nº 08 do

MAPA, as farinhas obtidas neste estudo enquadraram-se no tipo 1.

Segundo Fanan (2006); Kulp e Ponte Junior (2000) o teor de cinzas é um

importante parâmetro de qualidade e de eficiência do processo de moagem, sendo

considerado um indicativo do grau de extração de farinha de trigo. Elevados teores

de cinzas em farinhas indicam alta extração com inclusão de farelo, o que é

indesejável devido ao fato de propiciar uma cor mais escura, cocção inferior e

interferir na continuidade da rede do glúten. Farinhas com baixos teores de cinza

apresentam melhor cor e absorção de água, bem como qualidade geral de

panificação (FANAN et al., 2006).

Neste estudo, não houve relação entre as cinzas e o grau de extração de

cada tratamento, mesma observação feita por Kaushik et al. (2017) em seu estudo

com diferentes linhagens de trigo e condições de umidificação e condicionamento

também diferentes. Neste estudo não foi determinada a umidade em separado do

farelo e da farinha e nem de camadas do endosperma. A distribuição da umidade no

grão durante o condicionamento avança pelo endosperma gradualmente, enquanto

que as camadas de farelo (pericarpo) têm contato direto com a água. Variações no

tempo de condicionamento podem interferir nesta distribuição da água no interior do

grão e interferir na eficiência do processo de separação do endosperma e do farelo.

Os resultados obtidos de glúten úmido entre 23,17% e 24, 27% para os

tempos de condicionamento deste estudo não apresentaram diferença significativa e

indicaram desempenhos similares para os tratamentos em cada uma destas

variáveis, sendo semelhante ao comportamento observado por Ribeiro (2009) que

encontrou valores de glúten úmido igual a 24,93%, 25,11% e 25,08 respectivamente,

sem diferença significativa (p≤0,05), para os tempos de condicionamento de 18, 24 e

36 h.

De acordo com Pizzinatto (1997), recomenda-se valor de Falling number (FN)

entre 200 e 300 segundos para a farinha de trigo, o qual enfatiza que este método é

o mais rápido e adequado para determinar a atividade da alfa amilase.

Page 41: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

40

Os resultados médios obtidos neste estudo para o FN resultantes dos tempos

de condicionamento está entre 310 s e 325 s (Tabela 3) indicaram atividade

enzimática considerada baixa para a farinha. E o aumento do tempo de

condicionamento não provocou o aumento das atividades enzimáticas a ponde de se

observar alterações na análise de FN. Segundo Gutkoski e Jacobsen Neto (2002) e

Faroni et al. (2002) o teor de umidade constitui-se como um dos principais fatores de

aceleração de reações químicas, provocando alterações nas suas características

nutricionais, sensoriais e tecnológicas da farinha, sendo importante também na

conservação da farinha e nas questões econômica e de processamento.

A cor da farinha está diretamente relacionada com o seu grau de qualidade.

Quanto mais branca for à farinha de trigo (L* ≥ 93,00) , maior será sua qualidade

(SILVA, 2003). Os resultados da análise de cor não foram estatisticamente

significativos (p≤0,05) para os parâmetros luminosidade L*, porem apresentaram

diferenças significativas (p≤0,05) para as coordenadas de cromaticidade b* (eixo

azul/amarelo) e a* (eixo verde/vermelho) para as farinhas de trigo correspondentes

aos tempos de condicionamento 13, 17 e 21 horas (Tabela 3).

Segundo Gutkoski et al. (2007b) a cor da farinha é avaliada pelas medidas de

luminosidade e intensidade de amarelo. A luminosidade da farinha é afetada pelo

conteúdo de farelo ou material estranho, enquanto a intensidade de amarelo

coordenada de cromaticidade b* está relacionada com a quantidade de pigmentos

carotenóides desta cor, presentes no trigo.

A farinha de trigo pode apresentar diferentes colorações, dependendo do

conteúdo de pigmentos carotenóides e da atividade da enzima lipoxigenase. Os

pigmentos carotenóides são responsáveis pela coloração amarelada da farinha. Já a

enzima lipoxigenase oxida os pigmentos da farinha (CIACCO; CHANG, 1982),

provocando o seu branqueamento. A diferença para o parâmetro a com 21 horas de

condicionamento pode estar relacionado com a oxidação de pigmentos por ação

enzimática que é estimulada pelo maior tempo umedecido.

A análise das médias da alveografia para os parâmetros tenacidade (P),

extensibilidade (L), relação tenacidade e extensibilidade (P/L) e força do glúten (W)

diferiram significativamente, ao nível de significância de 95% em relação aos tempos

de condicionamento do trigo. Branlard et al. (1991) verificaram que o conteúdo de

proteínas correlaciona-se fortemente com a força de glúten. Os resultados de força

Page 42: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

41

de glúten observados neste estudo tiveram um pico no condicionamento de 17 horas

e todos estão de acordo com a faixa recomendada por Guarienti (1996) para

produção de pão.

A farinha de trigo segundo Williams et al. (1988), pode ser classificada com

força média, quando apresenta valores de W menor que 200 x 10-4J; em média forte,

quando os valores de W variarem entre 201 a 300 x10-4J e de fortes com W de 301-

400 x 10-4J. Ainda segundo os autores, deve-se utilizar para a produção de pães

farinhas que apresentem glúten médio forte e forte e já para produtos de confeitaria

e biscoitos deve-se optar por uma farinha de glúten de força média.

A farinha com valores de P/L menores do que 0,60 pode ser considerada

como possuindo glúten extensível; de 0,61 a 1,20 de glúten balanceado, e maior do

que 1,21 de glúten tenaz (GUARIENTI, 1996). Para Costa (2003), valores de P/L

maiores que 1,0 predomina a propriedade elástica (massa tenaz) e da mesma forma,

valores menores (de 0 a 0,9) indicarão a formação de uma massa extensível.

Neste estudo as farinhas estão dentro da classificação de glúten tenaz de

acordo com Guarienti (1996), pois apresentaram os seguintes valores de P/L entre

1,35 a 2,40, para os tempos de condicionamento propostos.

Page 43: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

42

6 CONCLUSÃO

Desta forma, podemos concluir que para a amostra de trigo obtida para este

estudo, o tempo de condicionamento de 17 horas resultou em maior taxa de

extração e reologia da farinha de trigo para panificação. O tempo de

condicionamento não exerceu efeito discriminatório para os parâmetros cor (L*),

umidade, FN e glúten.

Entretanto, tempos menores como 13 horas podem atender especificações

semelhantes as farinhas com condicionamento de 17 horas, se houver o

entendimento de que a taxa de extração, maior indicador de custo benefício das

indústrias moageiras, pode ser relativamente menor, visando, por exemplo, o

atendimento mais rápido de um determinado cliente.

Acredita-se que este estudo possa ajudar a reforçar o entendimento das

indústrias moageiras com relação aos tempos de condicionamento em prol de

melhores resultados de produção. Entende-se que, em uma indústria de produção

saturada, menores tempos de condicionamento são interessante, desde que não

prejudique os principais fatores de qualidade e produção das industrias de farinha de

trigo, como citado acima.

Page 44: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

43

REFERENCIAS ABITRIGO. História do trigo – Trigo no Brasil. Disponível em: http://www.abitrigo. com.br/conhecimento-trigo.php. Acesso em janeiro de 2018.

AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Approved methods. 10 ed. Saint Paul: AACC International, Inc, 2000.

AMORIM, Mariza Vieira da Fonseca Saboia. Desenvolvimento de um novo processo de limpeza e condicionamento de grãos de trigo. 70 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.

BALHMANN, Cedeni Lavarda; LANZARINI, Daiane Precila. Estudo reológico e físico-químico das farinhas de trigo destinadas à panificação produzidasem moinhos da região de Fransisco Beltrão. 2013. 32f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Alimentos) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Francisco Beltrão, 2013.

BELDEROK, Bob; DONNER, Dingena A.; MESDAG, Han. Bread-making quality of wheat: a century of breeding in Europe. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 428 p. 2000.

BOYACIOGLU, M. H.; SUNTER, M. K.; BOYACIOGLU, D. Effect of tempering temperature and time on wheat flour quality. 2004. Disponível em: http://ift.confex.com/ift/2004/techprogram/paper_24068.htm. Acesso em: 04 mar. 2018

BRANLARD, G.; ROUSSET, M.; LOISEL, W.; AUSTRAN J.C. Comparison of 46 technological parameters used in breeding for bread wheat quality evaluation. Journal Genetic & Breeding, v.45, n 4, p.263-280, 1991.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 08, de 02 de junho de 2005. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para a Classificação da Farinha de Trigo. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 105- E, P. 91, 03 jun. Seção 1. 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 7, de 15 de agosto de 2001. Norma de identidade e qualidade do trigo. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 160-E, p. 33-35, 21 ago. Seção 1, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para Análise de Sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 395p. 2009.

BUSHUK, Walter. Flour proteins: structure and functionality in dough and bread. Cereal Foods World, v.30, n.7, p.447-451, 1985.

Page 45: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

44

BUTCHER, Johan; STENVERT, Natasha. Conditioning studies on Australian wheat : The effect of conditioning on milling behaviour. Journal Science Food Agric, 24,1055-1066, 1973.

CAFÉ, Sônia Lebre, et al. Cadeia produtiva do trigo. BNDES Setorial. n. 18, p.193-220, 2003.

CALDEIRA, Maria Teresa Maya, et al. Diversidade de trigos, tipificação de farinhas e genotipagem. Biotecnologia e Desenvolvimento, São Paulo, p. 44-48, 2003

CARVALHO JÚNIOR, Divanildo. Controle de qualidade de trigo e derivados e tratamento e tipificação de farinhas. Curitiba: Núcleo de Desenvolvimento e Tecnologia - GRANOTEC DO BRASIL, 97 p. 1999.

CASTELLO, Philippe, et al. La maturation dês farines: aspectos biochimiques et technlogiques. Industries dês Céreáles, Paris: Association pour lê progrès dês industries dês céreáles, n. 108, p 5-13, juin/juil. 1998.

CAUVAIN EYOUNG, Stanley P. e Linda S. Tecnologia da Panificação. Segunda ed. Editora Manole, 2009.

CHOPIN. Instruction manual laboratory mill CD1. Villeneuve-la-Garenne: Chopin, 16 p 1998.

CIACCO, Cesar Francisco; CHANG, Yoon Kil. Tecnologia de massas alimentícias. São Paulo: Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia, 187p. 1982.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, Brasília, v. 6, safra 2018/19, n. 2, segundo levantamento, nov. 2018.

COSTA, Maria das Graças. Qualidade funcional da farinha obtida do grão de trigo nacional e importado. 2003. 59 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) – Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.

COSTA, Maria das Graças, et al. Qualidade tecnológica de grãos e farinha de trigo nacionais e importados. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v.28 p.220-225, jan-mar, 2008.

COSTA, Mariana Souza. Avaliação da qualidade industrial de linhagens de trigo por meio de métodos físico-químicos, reológicos e de panificação. 2013. 150 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos) Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. São José do Rio Preto,2013.

DELWICHE, Sthefen R. Wheat endosperm compressive strength properties as affected by moisture. Am. Soc. Agric. Eng. V.43, p.365-373, 2000.

Page 46: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

45

DENDY, David A. V.; DOBRASZCZYK, Bogdan J. Cereals and Cereal Products: chemistry and technology. Maryland, USA: Aspen Publishers Inc., p 140-172. 2001.

DOBRASZCZYK, Bogdan J.; MORGENSTERN, Marco P. Rheology and the breadmaking process. Journal of Cereal Science, v. 38, n. 2, p. 229-245, 2003.

EDWARDS, Mark A.; OSBORNE, Brian G.; HENRY, Robert. Investigation of the effect of conditioning on the fracture of hard and soft wheat grain by the single-kernel characterization system: a comparison with roller milling. Journal of Cereal Science, v. 46, n. 1, p. 64-74, jul. 2007.

EL-DASH, Ahmed A. Standardized mixing and fermentation procedure for experimental baking test. Cereal Chemistry, Saint Paul, v. 55, n. 4, p. 436-446, 1978.

EL-DASH, Ahmed A.; CAMARGO, Celina de Oliveira.; DIAZ, Norma Mancilla. Fundamentos da tecnologia de panificação. São Paulo: Secretaria da Indústria, Comércio Ciência e Tecnologia, 349 p. (Série Tecnologia Agroindustrial, 6). 1982.

FANAN, Sheila, et al. Avaliação do vigor de sementes de trigo pelos testes de envelhecimento acelerados e de frio. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 28, n. 2, p.152-158, 2006.

FANORI, Lêda R. D., et al. Qualidade da farinha obtida de grãos de trigo fumigados com dióxido de carbono e fosfina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 6, n. 2, p. 354-357, 2002.

GAINES, Charles S. Association among soft wheat flour particle size, protein content, chlorine response, kernel hardness, milling quality, white lover cake volume and sugar - snap cookie spread. Cereal Chemistry, v. 62, n.4 p.290 - 292, 1985.

GOESAERT, Hans, et al. Wheat flour constituents: how they impact bread quality, and how to impact their functionality. Trends in food science & technology, vol. 16, n.1-3, p.12-30, 2005.

GUARIENTI, Eliana Maria. Qualidade industrial de trigo. 2. ed. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 36p. 1996.

GUARIENTI, Eliana Maria, et al. Avaliação do efeito de variáveis meteorológicas na qualidade industrial e no rendimento de grãos de trigo pelo emprego de análise decomponentes principais. Ciência Tecnologia de Alimentos, v. 23, n. 3, p. 500-510, 2003.

GUTKOSKI, Luiz Carlos, et al. Efeito do período de maturação de grãos nas propriedades físicas e reológicas de trigo. Ciência e Tecnologia em Alimentos, Campinas, v. 28, n. 4, out./dez. 2008 .

GUTKOSKI, Luiz Carlos, et al. Efeito do teor de amido danificado na produção de biscoitos tipo semi-duros. Ciência e Tecnologia em Alimentos, Campinas, v. 27, n. 1, jan./mar. 2007.

Page 47: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

46

GUTKOSKI, Luiz Carlos; FILHO, Otoni Rosa.; TROMBETA, Cassiana. Correlação entre o teor de proteínas em grãos de trigo e a qualidade industrial das farinhas. B.CEPPA, Curitiba, v.20, n.1, p.29-40, 2002.

GUTKOSKI, Luiz Carlos. Trigo, Segregação, Tipificação e Controle de Qualidade. Editora Passografic. 2011.

HOSENEY, Carl R. Principles of cereal: science and technology. 2 ed. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, 378 p. 1998.

IBANOGLU, Senol. Influence of tempering with ozonated water on the selected properties of wheat flour. Journal of Food Engineering, v. 48 p. 345-350, 2001

ICC. Standard methods of the International Association for Cereal Science and Technology. Vienna, Austria, 2003.

IDUGEL, Curso Básico de Moagem. Apostila utilizada no curso de formação profissional em Moagem de Trigo, FAG-Cascavel, 2012.

INDRANI, Dasappa; RAO, Vekateswara G. Rheological characteristics of wheat flour dough as influenced by ingredients of Parotta. Journal of Food Engineering, v. 17, n. 1, p. 110-105, 2007.

KANG, Sukwon; DELWICHE, Stephen R. Moisture diffusion modeling of wheat kernels during soaking. Am. Soc. Agric. Eng. v. 42, p.1359-1365, 1999.

KAUSHIK, Ravinder, et al. Effect of pre-milling treatments on wheat flour quality. Food Technology. n. 41(2) p. 141-152, 2017.

KULP, Karel; PONTE JUNIOR, Joseph G. Handbook of cereal ccience and technology. 2 ed. New York: Marcel Dekker, 790p. 2000.

KWEON, Meera; MARTIN, Ron; SOUZA, Edward. Effect of tempering conditions on milling performance and flour functionality. Cereal Chemistry, St. Paul, v. 86, n. 1, jan./feb. 2009.

MANDARINO, José Marcos Gontijo. Componentes do trigo: características físico-químicas, funcionais e tecnológicas. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 36p. 1994.

MIRANDA, Martha Z de; DEMORI, Claúdia; LORINI, Irineu. Qualidade do trigo brasileiro – safra 2004. Passo Fundo Embrapa Trigo, 92p 2005.

MITTELMANN, Andréa, et al. Herança de caracteres do trigo relacionados à qualidade de panificação. Brasília. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.35, n.5, p. 975-983, 2000.

MONTENEGRO, Flávio M.; ORMENESE, Rita de Cássia S. C. Avaliação da qualidade tecnológica da farinha de trigo: conceito. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos, 2006.

Page 48: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

47

MORRIS, Craig. F.; DEMACON, Victor L.; GIROUX, Michael J. Wheat Grain Hardness Among Chromosome 5D Homozygous Recombinant Substitution Lines Using Different Methods of Measurement, Cereal Chemisty, v. 76, n.2, p. 249-254, 1999.

MUNDSTOCK, Claudio Mario. Planejamento e manejo integrado da lavoura de trigo. Porto Alegre: ed. Autor, 228p. 1998.

OLIVER, Jhon R.; ALLEN, Hellen M. The prediction of bread banking performance using the farinograph and extensograph. Journal of Cereal Science, v.15, n.1, p. 79-89, 1992.

ORTH, Rebecca A.; MANDER, K.C. Effect of milling yield on flour composition and breadmaking quality. Cereal Chemistry, v.52, n.3, p.305-314, 1975.

PIZZINATO, Antenor. Qualidade da farinha de trigo: conceitos, fatores determinações, parâmetros de avaliação e controle. Campinas: ITAL, 62p. 1997.

POMERANZ, Yeshajahu. Modern cereal science and technology. New York: VHC Publishers, 486 p. 1987

POMERANZ, Yeshajahu. Wheat chemistry and technology. 3 ed St. Paul: American Association of Cereal Chemists, 2v. 562p. 1988

POMERANZ, Yeshajahu.; WILLIAMS, Paul C. Wheat hardness: its genetic, structural, and biochemical background, measurement, and significance. In: Advances in cereal science and technology, v. 10 p. 471-544, Chapter 8. 1990.

POSNER, Elieser S. La influencia del tamano del grano de trigo sobre la aptitude molineria. In: SEMINARIO TECNICO-ECONOMICO DE MOLINERIA, 1990, Fortaleza. Anais...Fortaleza: U.S. Wheat Associates, p. 20-31 1990.

POSNER, Elieser S.; HIBBS, Arthur N. Wheat flour milling. 2 ed. St. Paul AACC, 341 p. 1999.

PRABHASANKAR, Pichan; SUDHA, Lakshminarayan M.; RAO, Haridas Punaroor. Quality characteristics of wheat flour milled streams. Food Research International, v.33, n. 5, p. 381-386, 2000

PYLER, Ernie J. Baking: Science & Tecnology. 3.ed.. Kansas: Sosland Publishing Company, v.2. 1988.

RESTIVO, G. Note pratiche sul condizionamento del grano: Generic notes on wheat conditioning. Tecnica Molitoria, v. 52, n 9, p 889-901, settembre. 2001.

RIBEIRO, Marinês Nunes. Influência do tempo de condicionamento do trigo na qualidade tecnológica da farinha. 2009. 79 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Aliments) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE. 2009.

ROMANO, André Luiz. Tecnologia de Biscoitos e Massas. Apostila utilizada no curso de formação profissional em Moagem de Trigo, FAG-Cascavel, 2011.

Page 49: INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO DO TRIGO NA ...riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4480/1/LD_PPGTAL_M_Souza, Daia… · glúten, falling number , cor (L*), cinzas e umidade,

48

ROSSI, Ricardo Messias; NEVES, Marcos Fava. Estratégia para o trigo no Brasil. São Paulo: Atlas, 224p. 2004.

SANTOS, Leandro Soares. Perfil protéico e qualidade de panificação em linhagens de trigo desenvolvidas para a região do cerrado brasileiro. 2008. 65 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2008.

SCHEUER, Patricia Matos, et al. Review trigo: características e utilização na panificação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v. 13, n. 2, p. 213-224, 2011.

SILVA, Roberta Claro da. Qualidade tecnológica e estabilidade oxidativa de farinha de trigo e fubá irradiados. 2003. 89 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, Piracicaba, SP 2003.

SONG, Huaipu; DELWICHE, Stephen; LINE, Michael J. Moisture distribution in a mature soft wheat grain by three-dimensional magnetic resonance imaging. Journal Cereal Science, v.27, p.191-197, 1998

STENVERT, N. L.; KINGSWOOD, K. Factors influencing the rate of moisture penetration into wheat during tempering. Cereal Chemistry., v. 54, p. 627-637, 1977

TRIGO argentino. Relatório institucional sobre sua qualidade safra 2017/2018. p. 22- 27 2018.

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Production, Supply and Distribuition. Washington, DC: USDA, 2018. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/ app/about. Acesso em: 20 nov. 2018.

VIALÁNES, Jean Pierre. Manual de Tecnologia de Moagem. 2 reimp. Fortaleza: SENAI- CE/CERTREM, 2005. v. 1, v. 2 (parte) v. 5 il. (Manual de Tecnologia de Moagem 5). 604 p. 2005.

WILLEM, C. Comportment em mouture de 9 varié de blé tendre. Influence de la dureté et de lápport azote (1ªparti). Industries dês Céréales, Paris: Association pour lê progrès dês industries dês céréales, n. 92, p. 18, oct. 1995.

WILLIANS, Philip C., et al. Crop quality evaluation methods and guidelines. 2. ed. Aleppo, Syria: ICARDA, 145p. 1988.

ZARDO, Fernanda Paula. Análises Laboratoriais para o Controle de Qualidade da Farinha de Trigo. 2010. 46f.Trabalho de Conclusão de Curso-Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves, 2010.