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CARLA RUMI HANADA UONO
INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS RESTAURADORES PROTÉTICOS NA
TRANSMISSÃO DA CARGA OCLUSAL. MÉTODO DA INTERFEROMETRIA HOLOGRÁFICA
São Paulo
2005
Carla Rumi Hanada Uono
Influência dos materiais restauradores protéticos na transmissão
da carga oclusal. Método da interferometria holográfica
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, para obter o título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Área de Concentração: Prótese Dentária Orientadora: Profa. Dra. Tomie Nakakuki de Campos
São Paulo
2005
FOLHA DE APROVAÇÃO Uono CRH. Influência dos materiais restauradores protéticos na transmissão da carga oclusal. Método da interferometria holográfica [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2005.
São Paulo,
Banca Examinadora 1) Prof(a). Dr(a). ___________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:___________________________
2) Prof(a). Dr(a). ___________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:___________________________
3) Prof(a). Dr(a). ___________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:___________________________
DEDICATÓRIA Dedico este trabalho Aos meus pais, TAKANOBU e ONDINA, exemplos de vida e superação, obrigada pelo incentivo, apoio, e amor incondicional.
Ao meu marido AMAURI,
meu amor, meu amigo, minha gratidão por sua compreensão,
carinho e incansável apoio em todos os momentos. Obrigada por.seu amor.
À ANA CAROLINA, a primeira e a melhor parte de mim,
obrigada por iluminar minha vida.
Aos meus irmãos ANDRÉA e FÁBIO, obrigada pelo amor e amizade que nos une.
À minha avó, KINUE, todo meu carinho e admiração.
Ao Prof. Dr. MATSUYOSHI MORI (meu pai adotivo),
pelo incentivo, amizade, apoio e generosidade,
um exemplo de sabedoria, grandeza e humildade,
meus agradecimentos eternos.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. TOMIE NAKAKUKI DE CAMPOS, minha orientadora, por ter me
acolhido como orientada, pelo apoio e confiança em mim depositada, pelo exemplo
de sabedoria, justiça e determinação, muito obrigada.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. NEY SOARES DE ARAÚJO, diretor da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo, pela atual administração.
Ao Prof. Dr. CARLOS GIL, chefe do departamento de Prótese Dentária.
À Profa Dra MARIA CECÍLIA MILLUZI YAMADA, responsável pela Comissão de Pós-
graduação do Departamento de Prótese, pela oportunidade.
Ao meu amigo JOSÉ EDUARDO CHORRES RODRÍGUEZ, pela generosidade, pela
paciência e dedicação em me orientar, pela eterna amizade e por ter tornado esta
jornada extremamente gratificante.
Ao meu amigo LUIS ROBERTO BATISTA pelo auxílio nas medições e
interpretações holográficas, pela amizade, e pela paciência em me orientar pelo
mundo da Física.
Ao Prof Dr MIKIYA MURAMATSU, Chefe do Laboratório de Óptica do Instituto de
Física, pela amizade e incentivo constantes.
Ao Prf. Dr MARCOS ANTONIO GIOSO, responsável pelo Laboratório de
Odontologia Comparada (LOC) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, pelo apoio e total confiança em mim
depositada para a realização desta pesquisa.
Aos meus amigos CARLOS HIROSHI YOKOYAMA e EDSON EIJI TOGUEDANI,
pelo auxílio em toda a parte laboratorial e escrita, pelo constante incentivo em minha
carreira profissional e pela eterna amizade.
Ao meu cunhado, RICARDO RYOITI UCHIDA, pelo carinho e preciosas orientações.
Ao amigo ROGÉRIO ISSAO SONOKI, que sempre teve disposição em me ajudar,
obrigada pela amizade.
À CÁSSIA UTIYAMA TAKAHASHI, uma amiga querida, pelo auxílio estatístico.
Ao pós graduando LEON e ao estagiário JONATHAN pela ajuda incondicional
sempre oferecida no LOC.
Ao Prof. Dr. IVO CONTIN, pela amizade, apoio e ensinamentos, muito obrigada.
Aos Profs. do Departamento de Prótese Fixa, Prof. Dr. TETSUO SAITO, Prof. Dr.
FERNANDO DA CUNHA RIBEIRO, Prof. Dr.JOSÉ ANTONIO LUPI DA VEIGA, Prof.
Dr. CLÁUDIO SENDYK, Prof. Dr. PEDRO TORTAMANO NETTO e Prof. Dr. HIDEKI
YOSHIDA, pelo apoio e estímulo sempre presentes.
À minha família, TÂNIA, VINÍCIUS, MARINA, PEDRO, YOSHIYUKI, TOYOMI,
MIRIAM, RUI, ADRIANA, ALINE e GABRIELA, pelo amor, apoio e incentivo
constantes, pela felicidade de poder fazer parte de sua família.
Ao meu grande amigo SILNEY, pelo apoio e por cuidar de minha família como se
fosse sua.
Aos meus amigos SILVANA, ADOLFO, AIKO, CLARISSA, CHIBA, LILIAN, PITT,
KAYOKO, OKUMURA, HÉLIO e TIBA pelo incentivo, amizade e apoio que sempre
recebi.
Aos funcionários do Departamento de Prótese, pela colaboração e amizade, em
especial às secretárias SANDRA, CORA, VALDINÉIA e REGINA e às técnicas LENA
e ANA.
À bibliotecária VÂNIA M. B. O. FUNARO, pelo auxílio na revisão deste trabalho.
A todos os estagiários e colegas de mestrado e doutorado do Departamento de
Prótese Dentária, que fazem da Fixa um ambiente extremamente agradável, muito
obrigada.
A todos os funcionários e colegas de trabalho dos consultórios.
À equipe do CIPIA, pelo carinho e apoio.
A todos aqueles que carinhosamente cuidaram da Carol em minha ausência, muito
obrigada.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram neste trabalho, minha eterna
gratidão.
Uono CRH. Influência dos materiais restauradores protéticos na transmissão da carga oclusal. Método da interferometria holográfica [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2005.
RESUMO
Apesar dos pesquisadores afirmarem que os materiais odontológicos restauradores,
devido às suas diferentes propriedades mecânicas, influenciam na transmissão da
carga para os tecidos de suporte, não foi encontrada comprovação científica
concludente. Os trabalhos de análise da distribuição da carga oclusal com diferentes
materiais de reconstrução protética não são concordantes em seus resultados.
Assim, diante da importância da seleção de materiais restauradores protéticos no
prognóstico da reabilitação oral, este trabalho se propôs a estudar a influência de
coroas protéticas metalo-cerâmica e de resina, cimentadas no canino, na
transmissão de tensões para o tecido ósseo em mandíbulas frescas de cães,
utilizando o método de interferometria holográfica de dupla exposição. Seis hemi-
mandíbulas frescas de cães da espécie Canis familiares foram fixadas em um
dispositivo para garantir a invariabilidade da força aplicada durante o experimento.
Uma carga de 0,98 N foi aplicada sobre as coroas, seguindo o longo eixo do dente.
Pelo método de interferometria holográfica, foram obtidos 12 hologramas, 6 para
cada grupo de amostras. As coroas metalo-cerâmicas apresentaram maior
deslocamento, com movimento de intrusão no alvéolo, em relação às de resina. Os
microdeslocamentos resultantes nas hemimandíbulas demonstraram
comportamentos semelhantes de deflexão, porém, não foram encontradas
diferenças estatisticamente significantes na distribuição das tensões ao osso, com
relação aos dois tipos de coroas consideradas, demonstrando a influência da
presença do ligamento periodontal.
Palavras-Chave: dissipação de tensões – osso – interferometria holográfica; Prótese dentária
Uono CRH. Influence of prosthetic restorative materials at occlusal load transmission. Holographic Interferometry Method [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2005.
ABSTRACT Although researches assert that restoring dental material, due to their different
mechanical properties, influences at load transmission to support tissues, it was not
find any conclusive scientific evidence. Researches with finite element, implants and
different prosthetic reconstruction material do not have an agreement in terms of
results. So, considering the importance of prosthetic restoring material selection on
oral rehabilitate prognosis, this assignment studied the influence of metaloceramic
and resin prosthetics crowns, cemented on canine, during stress transmission to
bony tissue of post-mortem dog mandibles, using double exposure holographic
interferometry method. Three fresh mandibles were split into 6 hemi-mandibles,
which were fixed in a proper device in order to assure the same applied force during
the whole experiment. A 0,98 N load was applied to the crowns, following the long
axis of the tooth. It was collect 12 holograms, 6 for each sample group.
Metaloceramic crowns presented larger intrusion micromovement in the alveolus,
comparing that of resin ones. The resulting micromovings in the hemimandibles
presented similar deflecting behaviour. However, significant statistical differences on
bone tension distribution have not been found, concerning the two types of previously
referred crowns, demonstrating the influence of periodontal ligament.
Key-words: stress distribution – bone – holographic interferometry; Prosthetic Dentistry
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1 - Delimitação da linha de terminação ..............................................45 Figura 4.2 - Padronização da espessura do padrão de cera...............................46 Figura 4.3 - Lupa estereoscópica...................................................................48 Figura 4.4 - Padronização da espessura .........................................................49 Figura 4.5 - Confecção da área de aplicação de carga......................................50 Figura 4.6 - Padronização da altura das coroas metalo-cerâmicas ......................51 Figura 4.7 - Esquema do dispositivo de fixação da hemi-mandíbula (CAMPOS, 2001)..........................................................................................55 Figura 4.8 - Hemi-mandíbula fixada no dispositivo com coroa metalocerâmica .....57 Figura 4.9 - Esquema do arranjo holográfico (CCD = charge couple device; FO =
feixe objeto e FR= feixe Referência)..............................................58 Figura 4.10 - Esquema do deslocamento d, dos ângulos θi, θo e γ, do vetor
deslocamento e do vetor sensibilidade...........................................64 Figura 5.1 - Imagem holográfica da amostra C1DMC........................................69 Figura 5.2 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1DMC
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................69 Figura 5.3 - Imagem holográfica da amostra C1DR ..........................................70 Figura 5.4 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1DR
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................70
Figura 5.5 - Imagem holográfica da amostra C1EMC ........................................71 Figura 5.6 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1EMC
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................71 Figura 5.7 - Imagem holográfica da amostra C1ER...........................................72 Figura 5.8 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1ER
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................72 Figura 5.9 - Imagem holográfica da amostra C2DMC........................................73 Figura 5.10 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2DMC
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................73 Figura 5.11 - Imagem holográfica da amostra C2DR ..........................................74 Figura 5.12 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2DR
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................74 Figura 5.13 - Imagem holográfica da amostra C2EMC............................................. 75 Figura 5.14 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2EMC
(nm = nanômetro; mm = milímetro) ...............................................75 Figura 5.15 - Imagem holográfica da amostra C2ER...........................................76 Figura 5.16 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2ER
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ..................................................76 Figura 5.17 - Imagem holográfica da amostra C3DMC........................................77 Figura 5.18 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3DMC
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ..................................................77
Figura 5.19 - Imagem holográfica da amostra C3DR ..........................................78 Figura 5.20 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3DR
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................78 Figura 5.21 - Imagem holográfica da amostra C3EMC ........................................79 Figura 5.22 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3EMC
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................79 Figura 5.23 - Imagem holográfica da amostra C3ER...........................................80 Figura 5.24 - Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3ER
(nm=nanômetro; mm=milímetro) ...................................................80 Figura 5.25 - Box-Plot para o número de franjas na hemi-mandíbula de acordo com o
tipo de coroa utilizada (n = número de franjas)................................82 Apêndice A.- Representação de uma onda velocidade, amplitude e comprimento (λ)98 Apêndice B - Interferências destrutiva e construtiva .........................................100 Apêndice C - Holografia ...............................................................................101 Apêndice D - Formação de franjas claras e escuras .........................................102 Apêndice E - Formação de franjas pela interferometria holográfica de dupla
exposição................................................................................103
LISTA DE QUADROS
Quadro 4.1 - Identificação das coroas protéticas (C = cão; D/E = direito/esquerdo; MC = metalocerâmica; R = resina) ................................................53
Quadro 4.2 - Identificação dos hologramas (C = cão; D/E = direito/esquerdo; MC =
metalocerâmica; R = resina) ........................................................61 Quadro 5.1 - Valores do número de franjas e deslocamento nas coroas (D=direita;
E=esquerda; MC=metalo-cerâmica; R=resina)................................67 Quadro 5.2 - Teste realizado: teste t pareado, sendo o fator de dependência o dente
(H0= as amostras são iguais; H1= existe alguma diferença entre as amostras)..................................................................................84
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 - Medidas descritivas do número de franjas na hemi-mandíbula para aos dois tipos de coroas....................................................................81
Tabela 5.2 - Medidas descritivas do número de franjas na hemi-mandíbula com
relação aos tipos de coroas nos três cães ......................................83
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
Au-Pd ouro-paládio Ni-Cr níquel-cromo Ti titânio cm/min centímetro por minuto Au ouro Ag-Pd prata-paládio Gpa gigapascal kg quilograma g grama N Newton nº número d deslocamento n número da franja escura. Cr-Co cromo-cobalto FO feixe objeto FR feixe de referência μm micrometro FOUSP Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal mm milímetro FMVZ-USP Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP Prof. Dr. Professor doutor nm nanômetro
lbs/ pol² libras por polegadas ao quadrado ICR instrumento cortante rotatório C1 cão 1 C2 cão 2 C3 cão 3 D direito E esquerdo MC metalocerâmica R resina ton tonelada min minuto LASER Amplificação da luz por emissão estimulada de radiação He-Ne hélio-neon kW quilowatt mW miliwatt linhas/mm linhas por milímetro ms milisegundo CCD charge couple device MLGM modelos lineares generalizados mistos
LISTA DE SÍMBOLOS
˚ grau % porcento oC graus Celsius λ comprimento de onda θ ângulo bissetor γ ângulo entre o vetor sensibilidade e o vetor deslocamento
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 23
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................... 26 2.1 Distribuição da Carga Oclusal......................................................................... 26
2.2 Holografia .......................................................................................................... 35
3 PROPOSIÇÃO ..................................................................................... 42
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 43 4.1 Comissão de Ética em Pesquisa ..................................................................... 43 4.2 Obtenção dos animais...................................................................................... 43 4.3 Moldagens e obtenção dos modelos de trabalho.......................................... 44 4.4 Obtenção dos corpos de prova ....................................................................... 45 4.5 Confecção das coroas de resina acrílica........................................................ 51
4.6 Prova das coroas.............................................................................................. 63 4.7 Obtenção das mandíbulas frescas.................................................................. 54 4.8 Dispositivos de fixação da mandíbula............................................................ 54 4.9 Obtenção dos hologramas............................................................................... 55
4.10 Identificação dos hologramas ....................................................................... 61 4.11 Análise dos hologramas ................................................................................ 61 4.12 Análise qualitativa................................................................................62 4.13 Análise quantitativa..............................................................................63 4.14 Análise estatística ................................................................................65 5 RESULTADOS ..................................................................................... 67
5.1 Análise qualitativa ............................................................................................ 67 5.2 Análise quantitativa.......................................................................................... 81
5.2.1 Análise descritiva............................................................................................. 81
5.2.2Análise inferencial............................................................................................. 83
6 DISCUSSÃO ........................................................................................ 85
7 CONCLUSÃO....................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 90
APÊNDICES ............................................................................................ 98
ANEXO .................................................................................................. 105
23
1 INTRODUÇÃO
O estudo da distribuição de tensões é importante em várias áreas da
Odontologia, como prótese, ortodontia, ortopedia, dentística, periodontia e
implantodontia, entre outras.
Durante a mordida, deglutição e mastigação, a mandíbula é submetida a um
sistema complexo de forças geradas principalmente pelos músculos mastigatórios.
As tensões produzidas se distribuem pelos dentes e ligamento periodontal, que
funcionam como meio de transmissão destas cargas oclusais para o osso alveolar.
Quando a magnitude da força transmitida é superior à capacidade do
periodonto de suportar e distribuir adequadamente as forças resultantes,
dependendo da intensidade e da freqüência, podem ocorrer reabsorção do osso
alveolar, aumento de mobilidade dentária, remodelação óssea e até mesmo
processos traumáticos e fraturas.
Para o estudo da biomecânica do sistema mastigatório, ou da dissipação das
cargas mastigatórias para os tecidos de suporte, é necessário criar uma
representação do sistema ou modelo. Modelos matemáticos, mecânicos e estudos
em mandíbulas de animais e humanos foram desenvolvidos para determinar a
natureza das forças e deformações a que são submetidas as estruturas bucais.
A análise fotoelástica de tensões está baseada na propriedade fotoelástica
de alguns materiais transparentes de exibir padrões coloridos quando visualizados
com luz polarizada. A grande desvantagem deste método é a diferença considerável
das propriedades mecânicas do plástico, um material homogêneo, e das estruturas
biológicas complexas e heterogêneas, como dentes e osso. Além disso, não
24
permitem a pesquisa sistemática de vários parâmetros, os quais podem ser
avaliados com as técnicas numéricas do método de elemento finito.
Os modelos matemáticos, particularmente o modelo de elemento finito,
levam em consideração elementos biológicos de propriedades elásticas diferentes.
Têm como vantagem a possibilidade de isolamento completo de uma só variável de
interesse e de inserir as propriedades geométricas e mecânicas dos materiais (MC
NEILL, 2000). Entretanto, são de grande complexidade e apesar da aproximação
que se pode obter em modelo matemático complexo, estas aproximações são
teóricas e existe a impossibilidade de reprodução das propriedades biomecânicas,
como a interação do sistema neuromuscular (VAN EIJDEN, 2000). Este fato levou
muitos autores a trabalhar com materiais biológicos.
O método da interferometria holográfica é utilizado sobre a superfície do
objeto em estudo e permite a visualização direta da dissipação das tensões. A
interferometria holográfica é uma técnica de análise qualitativa e quantitativa do
deslocamento ocorrido na superfície de um objeto. Um holograma é produzido pelo
uso de feixes de luz laser e a interferometria de dupla exposição é obtida através da
sobreposição de dois hologramas do objeto em uma mesma placa, com e sem a
carga mecânica. Pode-se determinar também a distribuição da tensão, pois esta se
localiza perpendicularmente às franjas produzidas.
Lindhe (1997) menciona que a presença do ligamento periodontal torna
possível a distribuição e a absorção de forças produzidas durante a função
mastigatória, através do osso alveolar. A vantagem do método holográfico é poder
usar peças anatômicas frescas, sem a necessidade de simulações do ligamento
periodontal.
25
Apesar dos pesquisadores (GOLDMAN; COHEN, 1983; WASSELL; WALLS;
STEELE, 2002) afirmarem que os materiais odontológicos restauradores,
notadamente os utilizados na reconstrução protética oclusal, devido às suas
diferentes propriedades mecânicas, influenciam na transmissão da carga para os
tecidos de suporte, não foi encontrada comprovação científica categórica e
consensual. Os trabalhos de análise da distribuição da carga oclusal com diferentes
materiais de reconstrução protética não são concordantes em seus resultados.
Assim, diante da importância da transmissão da carga oclusal ao tecido
ósseo de suporte, este trabalho se propôs a estudar a possível influência de coroas
protéticas metalo-cerâmica e de resina, na distribuição das tensões em mandíbulas
frescas (pós-morte) de cães, utilizando o método holográfico.
26
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Distribuição da Carga Oclusal
A primeira consideração sobre o potencial dos materiais restauradores
odontológicos em influenciar na dissipação de tensões ao tecido ósseo surgiu com o
uso de dentes de estoque de porcelana. Por ter resistência ao desgaste
relativamente alta, logo ficou óbvio que, a menos que a oclusão estivesse
apropriadamente equilibrada, a prótese total apresentaria assentamento instável
(LEINFELDER; YARNELL, 1995).
Segundo revisão de literatura sobre o relacionamento entre a oclusão e os
materiais restauradores realizada por Leinfelder e Yarnell (1995), alguns clínicos
registraram taxa maior de reabsorção óssea ao longo do rebordo alveolar quando
dentes de cerâmica foram usados em comparação ao uso de dentes de resina.
Segundo os autores, os dentes de cerâmica apresentariam menor capacidade de
absorção das forças mastigatórias, transmitindo-as em maior intensidade ao rebordo
alveolar. Por outro lado, os polímeros absorveriam mais tensão por possuir módulo
de elasticidade menor.
Em estudos in vitro, Kawano et al. (2002) e Shimoyama et al. (1993)
demonstraram que os dentes de resina acrílica possuem capacidade maior de
absorver o impacto que os dentes de porcelana.
Entretanto, Mercier e Bellavance (2002), em estudo longitudinal de 10 anos,
em dois grupos de pacientes com próteses totais, sendo um grupo com dentes de
27
estoque de porcelana (69 pacientes) e outro de resina (40 pacientes), não
encontraram diferença significante na quantidade de perda óssea com o uso de
dentes de resina e de porcelana. Os autores acreditam que o meio intermediário
pelo qual as forças são transmitidas para a base da prótese, os dentes de estoque,
não possui um papel importante na reabsorção do rebordo.
A confecção de uma prótese exige a integração da peça protética ao
dinamismo biológico do sistema mastigatório. A avaliação consciente, o
planejamento correto e a indicação dos dentes suportes dentro da tolerância das
novas cargas oriundas das próteses fixas devem ser analisados para que não haja
excesso de carga ou incidência de forças anormais que coloquem em risco a
longevidade das reabilitações (LASCALA; MOUSSALLI, 1989). Contudo, as cargas
mastigatórias também dependem da presença de próteses, isto é, a força máxima
de mordida em pacientes dentados é superior aos pacientes reabilitados com com
qualquer tipo de prótese (PAULA, 1998).
Segundo Goldman e Cohen (1983), a utilização de restaurações provisórias de
resina acrílica para manter as forças oclusais e condicionar o ligamento periodontal
às cargas aumentadas é importante, permitindo a reparação de um ligamento
periodontal atrófico. Pesquisadores como Anusavice (1998) e Wassell, Walls e
Steele (2002) afirmam que na atualidade, as ligas básicas comumente usadas
possuem um módulo de elasticidade alto, sendo mais rígidas e transmitindo mais a
carga oclusal aos tecidos de suporte .
Uma carga excessiva pode levar a alterações teciduais. No lado de pressão
ocorre compressão de fibras, vasos e nervos do ligamento periodontal com
reabsorção do osso alveolar e até necrose. No lado de tensão, o espaço do
ligamento periodontal aumenta, as fibras colágenas se estendem e pode ocorrer
28
ruptura, hemorragia e aposição óssea (LASCALA; MOUSSALI, 1989; LINDHE, 1997;
LINDHE; NYMAN, 1977). Por sua propriedade única, uma carga contínua de até 2 g
pode deslocar a raiz dentro do ligamento periodontal, promovendo reação de
remodelação específica, que resultará no movimento do dente (MCNEILL, 2000).
A forma como os materiais restauradores usados em próteses fixas
influenciam na dissipação de tensões para as estruturas de suporte foi estudada por
alguns métodos e modelos. Modelos matemáticos, físicos e estudos em mandíbulas
de animais e humanos foram desenvolvidos para determinar a natureza das forças e
deformações a que são submetidas estruturas bucais.
Modelos matemáticos de elemento finito são usados para determinar as
respostas de uma estrutura a um dado conjunto de condições limites.
Primeiramente, a forma da estrutura é dividida em elementos finitos menores que
são conectados em pontos limítrofes específicos (nós) com graus de liberdade
definidos. A deformação e a tensão que ocorrem nestes nodos são calculadas
através de uma série de equações de equilíbrio. A variação e a distribuição das
tensões, assim como as deformações, podem ser determinadas em modelos com
estruturas biológicas, pois este método leva em consideração elementos de
propriedades elásticas diferentes (MCNEILL, 2000).
Aykul, Toparli e Dalkiz (2002) utilizaram modelo tridimensional de elemento
finito de um dente pré-molar superior com coroa metalocerâmica com coping de Au-
Pd e Ni-Cr para cálculo da distribuição de tensão sob carga de 450 N e um ângulo
de 45˚. O modelo com o dente pré-molar hígido foi utilizado como grupo controle. Os
valores de tensão de compressão, tensão e de cisalhamento no ápice radicular
foram semelhantes para todos os modelos. Os maiores valores de tensão foram
observados quando a liga de Ni-Cr foi usada. As ligas básicas e com paládio são
29
muito rígidas (WASSELL; WALLS; STEELE, 2002), contudo estes resultados podem
ser explicados pelo módulo de elasticidade maior apresentado pelas ligas básicas
(185 – 225 Gpa), em relação às ligas de paládio (115 – 125 Gpa) (WATAHA, 2002).
Os mesmos resultados tiveram Toparli, Aykul e Aksoy (2002), que utilizaram o
mesmo modelo para analisar a distribuição de tensão resultante de uma força
mastigatória de 200 N a 45˚. Foram estudadas as ligas de Au-Pd, Ni-Cr e Ti em
coroas metaloplásticas, e a liga de Ni-Cr apresentou os maiores valores de tensão
no ápice da raiz.
Atualmente, devido ao sucesso alcançado pelas reabilitações com prótese
sobre implante, a maioria dos estudos sobre dissipação de tensões em função dos
materiais restauradores tem sido focada nesta área. Embora a conexão entre os
implantes osseointegrados e o osso circundante seja direta, ao contrário da
viscoelasticidade do ligamento periodontal (BRUNSKI; SKALAK, 1992), as cargas
excessivas também podem resultar em respostas de modelação e remodelação
óssea (HOSHAW; BRUNSKI; COCHRAN, 1994), microfraturas ósseas (SKALAK,
1985) e perda óssea marginal (JEMT; LEKHOLM; ADELL, 1989).
Em uma revisão sobre várias investigações que levaram à aplicação clínica
da osseointegração, Brånemark (1983) recomendou a resina acrílica para a
confecção da superfície oclusal de próteses em pacientes tratados com implantes. O
autor acredita que este material poderia compensar a resiliência normalmente
fornecida pelo periodonto. Skalak (1983) acreditava que o uso da resina acrílica
permitia o desenvolvimento de uma estrutura rija e forte o suficiente para proteger
adequadamente ao choque em sua superfície externa. Por outro lado, Langer e
Sullivan (1989), em revisão sobre a osseointegração, acreditavam que a natureza
viscoelástica do osso poderia anular qualquer diferença na dureza entre resina,
30
metal ou porcelana. Os resultados das pesquisas científicas quanto ao uso de
material resiliente para absorver parte da carga gerada pelas forças mastigatórias
são controversos.
O efeito do uso da resina acrílica ou porcelana na superfície oclusal de
prótese fixa implanto-suportada foi investigado por Davis, Rimrott e Zarb (1988) em
modelo tridimensional de estrutura conectada a cinco abutments. Foram aplicados
impactos à velocidade de 800 cm/min e carga estática de 20 kg. Os resultados
mostraram que a resina acrílica foi capaz de reduzir mais as tensões sob condições
de impacto que a porcelana, e esta, sob carga estática, foi superior em reduzir as
tensões transmitidas à estrutura e aos parafusos dos copings.
Próteses metalocerâmicas e metaloplásticas de ouro foram usadas por
Papavasiliou et al. (1996) em modelos tridimensionais de elemento finito de implante
IMZ fixado em uma mandíbula para investigar as simulações clínicas capazes de
criar estresse excessivo na interface osso/implante. Foram criados modelos com
variáveis como magnitude (20 e 200 N) e direção da carga (axial e inclinada em 12˚),
tipo de material restaurador (cerâmica e resina), condições variadas de qualidade
óssea, além da presença de um elemento intromóvel Delrin entre implante e a
prótese. Os resultados encontrados indicaram que o tipo de material não teve efeito
significante na distribuição de tensão na interface osso/implante, porém, os outros
fatores influenciaram bastante a quantidade e a localização das tensões resultantes.
Ismail et al. (1989) compararam próteses implanto-suportadas confeccionadas
por resina composta, porcelana, ligas de ouro e de metal não precioso por análise
tridimensional por elemento finito. Os resultados indicaram que o uso de resina para
absorver impacto pode não ser válido, em concordância com Sertgöz (1997), que
comparou infraestruturas de ligas de Au, Ag-Pd, Cr-Co e Ti, revestidas por resina
31
acrílica, resina composta e porcelana em modelos tri-dimensionais de próteses
implanto-suportadas de arco completo. As tensões máximas de tensão e
compressão no osso cortical e esponjoso ao redor dos implantes se mostraram
quase independentes da rigidez do material da supraestrutura.
Stegaroiu et al. (1998) compararam a distribuição de tensão no osso quando
superfícies oclusais de liga de ouro, porcelana, resina acrílica e resina composta
foram usadas em uma prótese fixa implanto-suportada sobre um modelo
tridimensional de uma secção de mandíbula. Tensões semelhantes foram
encontradas para porcelana e liga de ouro, e o efeito protetor da superfície oclusal
de resina não pôde ser demonstrado.
Sendyk (1998) também não encontrou diferença na distribuição de tensões
geradas por coroas unitárias implanto-suportadas com superfície oclusal de
porcelana e de compômero, em modelo bidimensional de elemento finito, sob carga
axial de 100 N.
Por outro lado, Çiftçi e Canay (2000, 2001) acreditam que os materiais
resinosos são bons redutores de tensão. Os autores analisaram a capacidade de
absorção de força de cinco materiais restauradores (liga de ouro Tipo III, porcelana
feldspática, resina acrílica, resina composta e resina composta modificada por vidro),
utilizando modelos tridimensionais de elemento finito de próteses implanto-
suportadas que incluíam infraestrutura, abutments, implantes e uma secção de
mandíbula, sob cargas estáticas vertical de 500 N, horizontal de 142 N e oblíqua de
1000 N. A distribuição de tensão foi avaliada nos tecidos ao redor dos implantes e
na supraestrutura metálica. A resina acrílica e a resina composta modificada por
vidro reduziram a tensão no osso, comparadas à porcelana ou ao metal, e
resultaram em valores maiores de tensão na supraestrutura metálica.
32
Para verificar a influência do material protético em uma condição de qualidade
de osso inadequada à indicação de implantes, sem osso cortical nos pescoços dos
implantes, Wang et al. (2002) desenvolveram um modelo tridimensional de um
segmento mandibular com duas coroas adjacentes de pré-molares implanto-
suportadas. Foram comparadas coroas de resina, liga de ouro e porcelana sob
cargas de 1 N. Não foram encontradas diferenças nas tensões no osso adjacente
quando as coroas estavam separadas, mas quando as coroas foram unidas, as
tensões aumentaram levemente com as coroas de resina acrílica, sob carga
horizontal.
Apesar da possibilidade de isolamento completo de uma só variável, o
método de elemento finito apresenta grande complexidade, e as propriedades
mecânicas, como o módulo de Young, dos modelos biológicos são de difícil
determinação e variam de indivíduo para indivíduo.
Um outro método, que substitui o modelo virtual (matemático), avaliando
diretamente o objeto em estudo, é o que utiliza modelos fotoelásticos. Esta técnica
qualitativa tem sido utilizada há mais de meio século para análise de modelos
ósseos para estudo dos padrões internos de tensão. Pela emissão de luz branca
polarizada através da resina fotoelástica, as tensões internas são transformadas em
padrões concêntricos visíveis, semelhantes a um arco-íris (MCNEILL, 2000).
Inan e Kesim (1999) desenvolveram um modelo de material fotoelástico para
determinar qual material (porcelana, resina acrílica, dois tipos de resina composta e
liga de Ni-Cr ) resultaria na menor transmissão de força. O modelo era composto por
uma secção de mandíbula com dois implantes ITI e supraestruturas que receberam
cargas oclusais. As maiores tensões nos ápices dos implantes foram encontradas
33
para as restaurações de porcelana, seguidas da resina acrílica. As menores tensões
foram encontradas para as restaurações de Ni-Cr.
Os resultados deste método são de natureza qualitativa, de diversidade e
flexibilidade limitadas. A principal desvantagem é que as propriedades mecânicas da
resina fotoelástica diferem consideravelmente das diferentes estruturas biológicas
que compõem o sistema estomatognático (MCNEILL, 2000).
Uma alternativa para este método pode ser o uso in vitro e in vivo de um
aparelho de medição, como transdutor de força, fixado diretamente sobre a
superfície do modelo para registrar a direção e magnitude das tensões principais.
Gracis et al. (1991), em estudo in vitro, compararam a capacidade absorção
de tensões de amostras de ligas para metalocerâmica e de ouro, porcelana, resina
composta e resina acrílica, utilizando transdutores de força conectados a abutments
Brånemark. Foi aplicada uma força de impacto através da queda de uma esfera de
aço. As resinas composta e acrílica reduziram a carga em aproximadamente 50%,
comparadas com a porcelana, liga de ouro e liga metalocerâmica.
Contudo, não foram encontradas diferenças nas cargas associadas com o
uso de dentes de porcelana ou resina acrílica em próteses totais implanto-
suportadas na investigação in vivo de Hobkirk e Psarros (1992). Transdutores de
força foram colocados nos implantes sob próteses totais de pacientes, com
superfícies oclusais semelhantes de resina acrílica e porcelana, e as taxas de carga
resultantes foram iguais.
Resultados semelhantes ao trabalho anterior tiveram Cibirka et al. (1992), que
compararam próteses unitárias de ouro, porcelana e resina composta sobre implante
Brånemark, colocado em uma secção de mandíbula fresca humana unida a um
indicador de tensão. O modelo experimental não estava osseointegrado, e não se
34
pode assumir que tinha o contato íntimo com o osso definido pelo termo. Este
conjunto foi fixado em uma máquina de teste universal Instron, usado para aplicar e
medir a força vertical necessária para fraturar cubos de amendoim. Os resultados
não mostraram diferença significante no amortecimento das tensões entre os
materiais testados.
Soumeire e Dejou (1999) também não encontraram diferença na capacidade
de absorção de tensão de próteses unitárias implanto-suportadas de resina
composta e cerâmica de baixa fusão, comparadas com a liga de ouro e a cerâmica
convencional. Cargas de impacto de 100 N foram aplicadas em coroas cilíndricas,
confeccionadas e montadas sobre um conjunto de abutment em um bloco de resina
acrílica unido a transdutores de força. A resina composta e a porcelana de baixa
fusão não foram capazes de reduzir a força de impacto aplicada.
Em um estudo in vivo, Duyck et al. (2000) investigaram a influência de
próteses fixas implanto-suportadas de metal e de resina acrílica através de
indicadores de tensão conectados aos abutments, sob cargas de 50 N. Não foi
encontrada diferença entre os materiais testados na prótese fixa, mas quando foi
testada uma prótese fixa com cantilever, a prótese metálica resultou em melhor
distribuição das tensões que a de resina acrílica.
As análises feitas por este método são limitadas pelo número de indicadores
de tensão que se pode colocar e fornecem informação somente sobre as tensões na
área onde o indicador de tensão é fixado. Para uma análise global sobre o modelo
em estudo, pode-se utilizar o método holográfico.
35
2.2 Holografia
A técnica de interferometria holográfica é um método para o estudo da
transmissão de tensões que possibilita o registro e a reconstrução das imagens de
modo que a imagem tridimensional do objeto pode ser registrada em um holograma.
O termo holo significa completo e o termo grafos significa registro, dando origem à
palavra holograma ou registro completo. O princípio da holografia foi desenvolvido
por Dennis Gabor, em 1948. E, em 1962, com a aplicação de uma fonte de luz laser
à holografia, Leith e Upatnieks apresentaram a primeira aplicação prática da
holografia, possibilitando o registro tridimensional de objetos (BATISTA, 2003; JEFF,
1992; OVRYN, 1989; SCHWANINGER; SCHMIDT; HURST, 1977; YOUNG;
ALTSCHULER,1977).
Diferente da fotografia, que só registra a intensidade, a holografia registra a
amplitude e a fase da luz refletida de um objeto. É necessário um laser que produza
um feixe de luz coerente (todas as ondas de luz em fase) e monocromática (um
único comprimento de onda). Para a produção de um holograma, um feixe de luz
laser é incidido sobre o objeto e um espelho, produzindo dois feixes: feixe objeto
(FO) e feixe de referência (FR). A diferença de fase entre o feixe de referência e o
feixe objeto resulta em um padrão de interferência que é registrado numa película
fotográfica de alta resolução (holograma). Quando revelado e exposto pelo laser,
este holograma mostra a imagem tridimensional do objeto. A resolução da imagem é
da ordem do comprimento de onda óptico ou da resolução de um filme holográfico
(DIRTOFT, 1987; SCHWANINGER; SCHMIDT; HURST, 1977).
36
A principal diferença entre a holografia e a fotografia está no modo como a
imagem é produzida. Enquanto a imagem óptica pode ser descrita usando-se
geometria simples ou modelo de raios para o comportamento da luz, a imagem
holográfica depende de difração e interferência, que são fenômenos ondulatórios
(Apêndice).
Pelo método de interferometria holográfica de dupla exposição, são realizadas
duas tomadas holográficas. O holograma contém a informação a respeito de todos
os deslocamentos superficiais que ocorreram durante a aplicação de uma carga,
formando um padrão de franjas visível sob a luz laser.
Pelo padrão de franjas observado sobre a superfície do objeto é possível
avaliar a distribuição das tensões sobre o corpo da mandíbula e a prótese
quantitativa e qualitativamente (OVRYN, 1989; ZENTNER; SERGL; FILIPPIDIS,
1996). A análise qualitativa é realizada pela contagem do número, distribuição e
densidade de cada franja dentro do padrão de interferometria. O número de franjas é
proporcional à magnitude do deslocamento, portanto, quando o número de franjas é
grande, o espaçamento entre as franjas diminui e o deslocamento e as tensões
aumentam. Quando ocorrem grandes deslocamentos, o número de franjas é muito
alto e estas ficam tão próximas que não podem ser observadas (HEWITT; ORTH,
1977; HEWITT; ORTH, 1981; PEZZOLI et al., 1993). Além disso, padrões de
deflexão (compressão ou tensão) são exemplos de deformações em um mesmo
plano (franjas paralelas entre si) e padrões curvos ou inclinados são exemplos de
movimento fora do plano (franjas oblíquas) (HEWITT; ORTH, 1981).
Aa densidade das franjas também varia em função da magnitude da força
aplicada (SILVENNOINEN et al., 1992) e da estrutura do objeto estudado, pois uma
37
franja larga, quando comparada com outra fina, provoca deslocamento maior de
pontos dentro da área da franja.
A análise quantitativa é realizada pela determinação do deslocamento
superficial do objeto estudado. Para isto, são necessários dados como número de
franjas e configuração geométrica da direção dos diferentes feixes (DERMAUT;
BEERDEN, 1981; MANLEY; OVRYN; STERN, 1987).
De modo geral, a análise do padrão de franjas fornece informações sobre o
tipo de movimento e deslocamento ocorridos no objeto em estudo (MANLEY;
OVRYN; STERN, 1987). E a avaliação visual pela contagem e observação do
padrão de interferência de franjas é um método eficiente e de grande valia na
maioria dos casos (OVRYN, 1989). Este método tem sido adotado em todas as
pesquisas envolvendo análise do padrão de interferência de franjas no campo da
holografia interferométrica (KRAGT; DUTERLOO; BOSCH, 1982; OVRYN, 1989;
PAVLIN; VUKICEVIK, 1984; PEZZOLI et al., 1983; ZENTNER; SERGL; FILIPPIDIS,
1996).
Um holograma revelado contém todas as informações alvo. Se um holograma
for cortado ao meio, cada metade conterá uma imagem completa, mas haverá certa
perda de resolução e qualidade de imagem. Isto ocorre porque cada porção do
holograma registra o objeto de uma perspectiva ligeiramente diferente. Além disso,
há uma correspondência total de 1:1 entre a imagem e o objeto, e existe o paralaxe
essencialmente em todas as direções, em contraste à fotografia tridimensional, que
não contém paralaxe (SCHWANINGER; SCHMIDT; HURST, 1977).
Por ser uma metodologia de pesquisa pouco utilizada e conhecida em nosso
meio, citamos a seguir a aplicação da holografia para análise da dissipação de
tensões nas diversas áreas da Odontologia.
38
O método de interferometria holográfica foi primeiramente usado na área de
Prótese.
Wictorin, Bjelkhagen e Abramson, (1972), desenvolveram um método
holográfico para análise da deformação elástica de reconstruções soldadas e
avaliaram quantitativamente esta deformação em estruturas de liga de ouro com
diferentes situações de soldagem. A deformação elástica de estruturas de prótese
com e sem solda também foi investigada in vitro e in vivo por Azizov; Bakhitin e
Polukhina (1985), Goldstein et al. (1992), Wedendal e Bjelkhagem (1974a,b), e
Wesson; Goldstein e Schulman (1988). Com a técnica holográfica foi possível
determinar que a presença de soldas defeituosas, a técnica de fundição e o tipo de
união entre as peças resultaram em diferenças nas características de deflexão.
Dirtoft e Jansson (1986) investigaram através de interferometria holográfica
de dupla exposição a deformação in vitro de uma prótese parcial fixa implanto-
suportada de ouro sob diferentes cargas e mostraram que a deformação de uma
prótese implanto-suportada é muito complexa.
Para comparar a deformação em próteses parciais removíveis, Pezzoli et al.
(1993) utilizaram uma mandíbula seca que recebeu próteses parciais removíveis de
extensão distal bilateral com alguns tipos de grampos diferentes. A técnica
holográfica demonstrou padrões de franjas em toda prótese, além da superfície da
mandíbula.
Chen, Chang e Wu (1995) avaliaram a adaptação de coroas totais de ligas de
ouro, de Ni-Cr e metalocerâmica que receberam carga na fossa central. A técnica de
interferometria holográfica permitiu medições da ordem de micrometros dos
deslocamentos (6 a 10 μm) e desadaptações marginais (2 μm).
39
Wahl e Lang (2004) realizaram estudo in vitro, aplicando a técnica holográfica
de dupla exposição em implantes para comparar as deformações ocorridas em
coroas metalocerâmicas e de metal, por uma carga aplicada a um ângulo de 45o, e
as fendas produzidas em decorrência destas deformações. Os implantes
apresentaram franjas homogêneas e as coroas, padrões variados de franjas. Foram
encontradas alterações dimensionais na interface em todos os tipos de
supraestrutura, demonstrando que as cargas funcionais podem afetar a alta precisão
dos componentes de implante.
A holografia apresenta como principal vantagem a visualização direta da
dissipação de tensões sobre o próprio objeto de estudo. Por isso, é especialmente
indicada para o estudo em ossos e outras estruturas duras, e a maior parte dos
trabalhos encontrados focou a área de Ortodontia
Os efeitos de vários tipos de força e aparelhos ortodônticos sobre os incisivos
superiores foram investigados por interferometria holográfica de dupla exposição.
Em estudo in vitro, Burstone e Pryputniewicz (1980), e in vivo, Burstone, Every e
Pryputniewicz (1982), Burston,; Pryputniewicz e Bowley (1978) e Pryputniewicz e
Burstone (1979) demonstraram a validade e a precisão da técnica para medir
tridimensionalmente os deslocamentos sob diferentes cargas, em pontos de
aplicação variados.
Dermaut e Van Den Bulcke (1986), Vanden Bulcke et al. (1986) e Van den
Bulcke e Dermaut (1990) investigaram, através da técnica holográfica em um crânio
seco humano, a localização do centro de resistência dos dentes anteriores
superiores. Padrões de franjas foram observados em toda a superfície do crânio,
demonstrando os efeitos de forças e ancoragens diferentes.
40
O uso da técnica holográfica para investigar os efeitos de forças ortodônticas
sobre todo o complexo crânio-facial também foi interesse de várias investigações
(BATISTA et al., 2001; CANUT et al., 1990; DERMAUT; BEERDEN, 1981; HEWITT,
ORTH, 1977; HEWITT; ORTH, 1981; KRAGT; DUTERLOO, 1982; KRAGT;
BORSBOOM, 1980; KRAGT; DUTERLOO; TEM BOSCH, 1982; LEE et al., 1997;
MARUYAMA et al., 2000; PAVLIN; VUKICEVIC, 1984; ZENTNER; SERGL;
FILIPPIDIS, 1996).
Batista et al. (1999) estudaram a distribuição de tensões em um dente
humano submetido a cargas variadas utilizando o método interferométrico.
Rajić et al. (2000) avaliaram as características biomecânicas do sistema
mastigatório em crânio humano seco, produzindo dados precisos sobre as
deformações, deslocamentos e distribuição de força.
Sendo o método holográfico altamente sensível a qualquer movimentação do
objeto em estudo, a maioria dos trabalhos utilizou crânio humano ou animal seco,
que permite uma imobilização adequada. Porém, uma das desvantagens do uso de
estruturas maceradas é a alteração das propriedades físico-mecânicas, como a
viscoelasticidade material dos tecidos in vivo.
A elasticidade óssea foi estudada através de interferometria holográfica de
dupla exposição por Silvennoinen et al. (1992) em crânios de alce, que encontraram
uma compressibilidade no osso fresco duas vezes maior que no osso macerados.
De Clerck, Dermaut e Timmerman (1990) e Govaert e Dermaut (1997)
avaliaram o efeito da umidade em crânios de cães in vivo, post-mortem e in vitro,
comparando diferentes efeitos de aparelhos ortopédicos. Os resultados do método
holográfico indicaram que o crânio seco não pode ser usado com segurança como
modelo para simular os deslocamentos ósseos iniciais in vivo.
41
Campos (2001), questionando a utilização de crânio seco em holografia,
avaliou a transmissão da carga oclusal em hemi-mandíbulas de cães, comparando
as condições fresca, fixada em formol e macerada, através de interferometria
holográfica de dupla exposição. As peças frescas se comportaram de maneira
diferente das peças secas. A análise dos hologramas revelou que as hemi-
mandíbulas fixadas e maceradas transmitiram praticamente o dobro das tensões em
relação às frescas. Houve diferença na direção da transmissão das tensões,
sugerindo que a presença do ligamento periodontal das peças anatômicas alterou
qualitativa e quantitativamente a distribuição das tensões. Concluiu-se que o uso de
peças anatômicas secas em holografia e a influência de seus resultados para uma
situação in vivo devem ser criteriosos.
42
3 PROPOSIÇÃO
Este estudo se propõe a comparar a transmissão da carga oclusal em hemi-
mandíbulas frescas (pós-morte) de cães, usando coroas protéticas metalocerâmica e
de resina acrílica, pelo método da interferometria holográfica de dupla exposição,
avalindo:
1. a distribuição das tensões ao longo da hemi-mandíbula;
2. a distribuição das tensões nas coroas protéticas.
43
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Comissão de Ética em Pesquisa
A realização dessa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa – Subcomissão de Bioética de Animais da FOUSP (Protocolo para uso
de animais em experimentação n.º 06/04), estando de acordo com os Princípios
Éticos na Experimentação Animal adotados pelo Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA)(Anexo A).
4.2 Obtenção dos animais
Foram utilizadas mandíbulas de cães da espécie Canis familiares, com
aproximadamente 4 anos de idade e 12 kg de peso, provenientes do Centro de
Bioterismo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os animais
foram alojados no canil do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ-USP), recebendo alimentação e água "ad
libitun".
44
Os procedimentos no Laboratório de Odontologia Comparada do
Departamento de Cirurgia da FMVZ-USP foram realizados sob supervisão do Prof.
Dr. Marco Antonio Gioso.
Realizaram-se exames laboratoriais complementares (hemograma
completo, função renal, função hepática e proteína total), para averiguar o estado
de saúde dos animais. Os animais foram evermifugados e vacinados.
4.3 Moldagens e obtenção dos modelos de trabalho
Os animais foram anestesiados e mantidos sob anestesia geral inalatória,
seguindo as técnicas padronizadas.
Os dentes caninos inferiores de cada cão foram moldados com material de
moldagem à base de silicona de condensação (silicona pesada, Optosil Confort
Putty – Heraeus Kulzer GmbH & Co. KG – Germany, silicona leve, Cutter Cuttersil
Light - Heraeus Kulzer GmbH & Co. KG – Germany; com catalisador, Activator
universal Optosil-Xantopren - Heraeus Kulzer GmbH & Co. KG – Germany) em
moldeiras parciais perfuradas (Farbe 80 e 81 – Ind. Brasileira – Brasil). Devido à
grande divergência entre os caninos inferiores, cada hemi-arcada foi moldada
separadamente. A partir destes moldes, os troquéis foram obtidos em gesso pedra
especial Fuji Rock (GC Fuji Rock EP, – GC América Inc. – USA), sobre um
vibrador mecânico (Super – Brasil).
45
4.4 Obtenção dos corpos de prova
Sobre cada modelo de gesso foi delimitada manualmente uma linha
equatorial no canino (figura 4.1), para determinação da linha de terminação do
corpo de prova.
Figura 4.1 – Delimitação da linha de terminação
Em seguida, foi realizado o enceramento do coping com uma lâmina de
cera (S-U - Milling Wax / S – U – Fravachs – Schuler – Dental – ULM - Alemanha),
com espessura média de 0,5 mm.
A espessura do padrão de cera foi conferida com um espessímetro (Renfert
1124 - Alemanha) em quatro pontos pré-determinados a aproximadamente 2 mm
da borda cervical: vestibular, lingual, mesial, distal e na região incisal (figura 4.2).
46
Figura 4.2– Padronização da espessura do padrão de cera
Uma trave de fundição (Trave de cera para fundição – CNG Soluções
Protéticas - São Paulo - Brasil) foi utilizada como conduto direto de alimentação. O
padrão de cera foi ligado à barra maior da trave de fundição por meio de um
conduto de cera regular (CERAFIX Indústria e Com. de Art. Odont. Ltda. – Brasil)
de 2,5 mm de diâmetro.
Com o padrão posicionado e fixado sobre a base, foi aplicado um agente
quebrador de tensão superficial Debubbling (CNG Soluções Protéticas - São Paulo
- Brasil), que é um composto à base de acetato de etila. Este produto tem a
propriedade de evitar a retenção de bolhas de ar durante a aplicação do
revestimento.
A inclusão foi executada pela técnica de expansão sem anel, utilizando um
conjunto de base e anel fabricados em silicone maleável (Anel e base de Silicone
– CNG Soluções Protéticas - São Paulo – Brasil).
O revestimento fosfatado FLASH (CNG Soluções Protéticas - São Paulo -
Brasil) foi manipulado em espatulador a vácuo (Polidental Ind. Com. Ltda. – Brasil)
47
por 45 segundos, empregando líquido específico e recomendações de proporção
segundo técnica fornecida pelo fabricante.
A inclusão do padrão de cera no revestimento foi feita com auxílio de um
vibrador mecânico (Super – Brasil).
O bloco de revestimento foi removido do anel logo após a presa final
Aguardou-se duas horas, a contar da mistura do revestimento, para introduzir os
blocos de revestimento no forno (EDG 3000 - EDG Ind. Com. Ltda. - Brasil) à
temperatura ambiente. Em seguida, procedeu-se o seguinte esquema de
aquecimento, na seqüência:
Temperatura ambiente até 300°C – 5°C / minuto - por 30 minutos
De 300°C a 550°C – 10°C / minuto - por 10 minutos
De 550°C a 840°C – 30°C / minuto - por 30 minutos
A liga de Ni-Cr (Balken ST – Brasil – Lote: TAB - 000245) foi fundida com
maçarico a gás (GLP) / Oxigênio RECORD (Record Ind. Metalúrgica Ltda. -
Brasil). Este maçarico foi utilizado com bico único, necessário e suficiente para
liqüefazer a liga escolhida, sem risco de queima de qualquer de seus
componentes.
O centrifugador (OGA - Metalúrgica OGA - Brasil) empregado foi carregado
com 4 voltas no braço de potência. Neste centrifugador adaptou-se o cadinho de
fusão fabricado em quartzo (Sellect Dental Manufacturing - USA), devidamente
pré-aquecido.
Após a fundição e injeção da liga, o bloco de revestimento permaneceu por
15 minutos sobre uma base refratária, para então ser resfriado em água corrente.
48
A limpeza superficial foi efetuada com estilete, tomando o cuidado de não
atingir o padrão fundido.
Seguiu-se a lavagem em água corrente e secagem com jato de ar.
A limpeza posterior foi feita com jato de esfera de vidro extra-fina (GLASS -
CNG Soluções Protéticas - São Paulo - Brasil) a uma pressão máxima de 40 lbs/
pol² por um período de 20 a 30 segundos.
Os procedimentos finais de análise visual dos copings fundidos foram feitos
utilizando uma lupa estereoscópica (figura 4.3) com objetiva de 10 X Mantis FX
(VISION Engineering - Inglaterra). Os possíveis nódulos encontrados foram
removidos com um ICR esférico de carbide n° 1 (JET Carbide Burs – Canadá),
montado em caneta de alta-rotação (Super-torque 625 autofix - Kavo - Brasil).
Figura 4.3 – Lupa estereoscópica
A estrutura metálica já limpa com jato de vapor Vaporjet (EDG ind. Com. -
Brasil) foi colocada no forno para porcelana EDG FV4 (EDG Ind. Com. - Brasil)
49
para aquecimento de 600°C até 980°C, permanecendo a esta temperatura por 5
minutos em atmosfera, ou seja, sem vácuo.
Para a aplicação do opaco e do revestimento estético foi utilizada a
porcelana Noritake Super Porcelain EX-3 (Noritake Co. Limited - Nagoya - Japan),
seguindo as especificações do fabricante. O opaco foi aplicado em duas camadas
com pincel, sempre compactando e evitando o excesso de líquido na mistura. A
massa cerâmica foi aplicada por compactação com espessura aproximada de 1
mm, em seu contorno completo, possibilitando a aplicação com o mesmo nível de
condensação, evitando assim contrações irregulares.
Com a finalidade de padronização, a espessura foi conferida com um
espessímetro (Renfert 1124 – Alemanha) nos mesmos cinco pontos determinados
no enceramento (figura 4.4).
Figura 4.4 –Padronização da espessura
As adaptações das coroas metalocerâmicas sobre os modelos de trabalhos
foram verificadas com auxílio de silicona leve de adição e os ajustes internos
necessários foram realizados
50
Foi confeccionada uma área para a aplicação da carga com inclinação e
altura específicas sobre a cerâmica (figura 4.5).
Após a obtenção da coroa metalocerâmica, foi realizado um desgaste na
superfície da coroa metalocerâmica, criando uma área de superfície plana,
perpendicular ao longo eixo do elemento, com auxílio de um paralelômetro (DCL –
Dental Campineira Ltda – Brasil).
Figura 4.5 – Confecção da área de aplicação de carga
O modelo de trabalho foi fixado à platina do paralelômetro de forma que o
eixo principal do elemento ficasse paralelo à haste do aparelho.
Utilizando-se de um micromotor acoplado ao paralelômetro, foi realizado
um corte transversal na incisal da coroa metalocerâmica com disco de óxido de
alumínio ultrafino (Dura Thin – Keystone – U.S.A.), gerando uma área para a
realização da aplicação da carga. Foi fixada a altura na haste, para que esse
desgaste fosse realizado para as outras coroas metalocerâmicas e houvesse
padronização desta área (figura 4.6).
51
Figura 4.6 – Padronização da altura das coroas metalocerâmicas
As coroas metalocerâmicas em relação aos cães foram identificadas da
seguinte forma:
Cão 1 - Direito - metalocerâmica C1DMC
Cão 1 - Esquerdo - metalocerâmica C1EMC
Cão 2 - Direito - metalocerâmica C2DMC
e assim por diante.
4.5 Confecção das coroas de resina acrílica
Para a padronização das dimensões das coroas (metalocerâmica e de
resina), moldou-se a coroa metalocerâmica posicionada sobre o modelo de
trabalho, com silicona de condensação em uma moldeira perfurada individualizada
com um stop de resina acrílica auto-polimerizável (Acrílico auto polimerizante JET
- Artigos Odontológicos Clássico Ltda - Brasil).
52
Nesse molde foi vertida cera liquefeita e, em seguida, o conjunto
molde/cera foi reposicionado sobre o modelo de trabalho, isolado com vaselina
sólida (Sidepal Ind. e com – Brasil), para a confecção do padrão de cera.
Após a remoção dos excessos e acabamento, foram checadas as
espessuras nos pontos já descritos para a coroa metalocerâmica.
Para a obtenção das coroas de resina acrílica, os padrões de cera foram
incluídos em uma mufla nº 06 (DCL Dental Campineira Ltda – Brasil). Foi utilizada
resina acrílica ativada termicamente Biotone cor 67 (Dentsplay Ind, e com. Ltda –
Brasil; lote: 84776). A mufla e a contra-mufla foram isoladas com Cel-Lac
(S.S.White Artigos Dentários - Brasil), isolante para resina acrílica.
As muflas foram colocadas em uma prensa hidráulica (Prensa Getom, Ind.
Brasileira) e submetidas a uma pressão inicial de 0,6x104 N/m2 e elevando-se
gradualmente até a pressão final fosse estabilizada em 16x104 N/m2,
permanecendo por 15 minutos.
O processo de polimerização da resina acrílica ativado termicamente foi
concluído na polimerizadora EDG M 1000 (Equipamentos e controles Ltda. –
Brasil) à temperatura de 120° C, sob uma pressão de 90 libs/pol2, durante 25 min.
O acabamento das coroas de resina acrílica foi realizado com brocas de
carbide (JET Carbide Burs – Canadá) e escova de pelo para polimento (Clemara
Ind. e com. – Brasil) montada no torno de polimento com pedra pomes (Asfer Ind.
Química Ltda – Brasil) e branco de espanha (Pasam Ind. e Com. de Materiais
Odontológicos Ltda – Brasil).
53
As coroas de resina acrílica foram identificadas seguindo as normas das
metalocerâmicas, como pode ser observado no Quadro 4.1.
Hemi-mandíbula direita (D) Hemi-mandíbula esquerda (E) Animais de
experimentação Metalo-cerâmico Resina Metalo-cerâmico Resina
Cão 1 (C1) C1DMC C1DR C1EMC C1ER
Cão 2 (C2) C2DMC C2DR C2EMC C2ER
Cão 3 (C3) C3DMC C3DR C3EMC C3ER
Quadro 4.1- Identificação das coroas protéticas (C = cão; D/E = direito/esquerdo; MC =
metalocerâmica; R = resina)
4.6 Prova das coroas
Os cães foram sedados novamente e mantidos sob anestesia geral
inalatória para a prova das coroas protéticas.
Primeiramente, verificou-se a presença de báscula das coroas em relação
ao dente por teste digital. Nenhuma das coroas apresentou báscula. A seguir, foi
realizada a verificação do assentamento e adaptação utilizando silicona leve tipo
Xantopren (Heraeus Kulzer GmbH & Co. KG – Germany).
Os ajustes internos necessários foram realizados com ICR esférico carbide
n° 1, montado em caneta de alta rotação nas coroas metalocerâmica e pedra
montada esférica em baixa-rotação nas coroas de resina.
54
4.7 Obtenção das mandíbulas frescas
Os animais foram sedados e com injeção intravenosa de Ketamina e
Midazolan e sacrificados com Thiopental (10 ml) e cloreto de potássio (10 ml)
seguindo o protocolo estabelecido pela equipe do Laboratório de Odontologia
Comparada do Departamento de Cirurgia da FMVZ-USP.
Procedeu-se a remoção cirúrgica da mandíbula e a retirada de todas as
estruturas moles circundantes: pele, mucosa, ligamentos, músculos e tecido
gengival. Após a limpeza da peça anatômica, a mandíbula foi seccionada na
região mentoniana, com uma lâmina de bisturi nº 15. As hemi-mandíbulas foram
mantidas em recipiente com soro fisiológico, à temperatura ambiente.
4.8 Dispositivos de fixação da mandíbula
Foram utilizados dois dispositivos especiais de fixação das hemi-
mandíbulas (figura 4.7) (CAMPOS, 2001), a fim de assegurar a invariabilidade da
força aplicada durante o experimento, com relação às características
fundamentais, como: intensidade, ponto de aplicação, direção e sentido.
55
Figura 4.7 – Esquema do dispositivo de fixação da hemi-mandíbula (CAMPOS, 2001)
4.9 Obtenção dos hologramas
Os hologramas foram obtidos no Laboratório de Óptica do Instituto de
Física da USP, sob supervisão do Prof. Dr. Mikiya Muramatsu.
Para cada hemi-mandíbula escolheu-se aleatoriamente a seqüência das
coroas a serem testadas. Cada coroa foi cimentada sobre o canino
correspondente com cimento temporário à base de hidróxido de cálcio Life (Kerr
56
Corporation – Califórnia - USA). A hemi-mandíbula foi então imobilizada na caixa
do dispositivo de fixação. Primeiramente, a hemi-mandíbula foi posicionada, de
modo que o pino incidisse no sentido do longo eixo do dente, simulando a direção
da força oclusal em cães, na borda incisal da coroa protética. Em seguida, a hemi-
mandíbula foi fixada na caixa de fixação com 4 parafusos transpassados nas
paredes da caixa.
Depois, removeu-se o conjunto (caixa + hemi-mandíbula) do dispositivo e
verteu-se resina acrílica de rápida polimerização (Acrílico auto polimerizante JET -
Artigos Odontológicos Clássico Ltda - Brasil), no interior da caixa para a
imobilização completa da hemi-mandíbula. Após a polimerização, o conjunto
retornou ao dispositivo de fixação, que dispõe de encaixes, possibilitando a
retomada da posição inicial.
Em seguida, o conjunto foi parafusado para evitar qualquer deslocamento.
Este dispositivo permitiu também que a carga fosse aplicada no mesmo ponto de
aplicação, com a mesma intensidade, direção e sentido iniciais, sempre que cada
corpo de prova era posicionado. Esse dispositivo foi fixado sobre uma mesa
óptica, suspensa por ar comprimido (Newport - USA), a fim de evitar vibrações
externas. O experimento foi realizado em ambiente totalmente escuro, livre de
correntes de ar e mantida à temperatura constante de aproximadamente 20ÛC
Foi aplicada uma carga constante de 0,98 N (correspondente a uma massa
de 100g) sobre o pino, responsável pelo deslocamento. A disposição espacial do
filme holográfico permitiu o uso de uma carga de 0,98 N, que foi suficiente para
gerar deslocamentos produzindo assim um padrão de franjas, pela interferometria
holográfica. Os testes pilotos também asseguraram a ausência de tensões no
57
conjunto, sem a aplicação do peso, ou de qualquer movimentação do dispositivo
sob a ação da força.
Pode ser observado na figura 4.8, uma hemi-mandíbula com coroa
metalocerâmica, fixada no dispositivo.
Figura 4.8 – Hemi- mandíbula fixada no dispositivo com coroa metalocerâmica
O experimento foi realizado em ambiente totalmente escuro, livre de
correntes de ar e à temperatura constante de 20ÛC
Para a tomada holográfica, foram utilizados um laser He-Ne (Newport
Research - Model 845), um Shutter controler e uma unidade de estabilização de
tensão 0,8 kW (MK 7000 GR Savage). O laser foi continuamente alimentado com
uma fonte de corrente contínua. O feixe característico desse laser emite uma
potência nominal de 30 mW. O comprimento de onda de saída foi de 632,8 nm
(JEFF, 1992). Na mesa holográfica foram dispostos: um filtro espacial (Newport -
USA); dois espelhos; suportes magnéticos (Newport - USA); filme de alta
resolução (AGFA - Holotest 8E75 - 5000 linhas/mm) e os dispositivos com as
58
hemi-mandíbulas. O arranjo holográfico é mostrado esquematicamente na figura
4.9.
Figura 4.9 – Esquema do arranjo holográfico (CCD = charge couple device; FO = feixe objeto e FR= feixe Referência)
A imagem tridimensional da hemi-mandíbula foi obtida pelo método da
interferometria holográfica com dupla exposição.
A seqüência de procedimentos para montagem do arranjo holográfico foi
realizada como descrito a seguir:
a) Alinhamento do feixe de laser sobre a mesa, usando cartão com furo, e um
conjunto íris/suporte.
b) Montagem da primeira etapa do filtro espacial (objetiva de microscópio) e
centralizando-a com a marca do feixe e observando o alinhamento
interferométrico.
59
c) Montagem do "pinhole", fazendo a centralização e ajustando o ponto de
atuação da lente para efetivar a filtragem espacial.
d) Montagem da lente colimadora e o suporte de placa paralela para ajuste de
posição da lente.
e) Montagem do beam splitter para dividir o feixe
f) Montagem do suporte do objeto a ser holografado, suporte do filme ou placa,
e o espelho do feixe objeto.
g) Inserção do filtro espacial do raio de referência no caminho deste, antes da
placa holográfica, para que a frente de onda de referência não seja perturbada.
h) Manter a intensidade do feixe objeto de 4 a 8 vezes mais intenso que o feixe
referência. Usar um fotômetro para medir as intensidades de luz sobre a placa
holográfica provenientes dos dois feixes.
i) Montagem do sistema para obturar o feixe do laser e do sistema de controle
de tempo de exposição.
j) Observação das franjas interferométricas para verificação da estabilidade
mecânica do sistema.
Para a primeira tomada holográfica, acrescentou-se uma carga de 0,98 N,
provocando deslocamento sobre a hemi-mandíbula, e incidindo-se o laser, com
tempo de exposição de 1500 ms, a imagem da superfície deformada foi registrada
no filme holográfico. A carga foi então removida para que a hemi-mandíbula
60
voltasse à condição original e nessa condição foi realizada a segunda tomada,
formando-se na mesma placa um segundo holograma.
A placa foi então revelada e fixada em solução fixadora (Kodak F-7), por 6
minutos. A placa foi lavada em água corrente por 10 minutos e a secagem foi
vagarosa, à temperatura ambiente.
A interferência dos feixes FR e FO registrou um padrão microscópico na
placa holográfica, dando origem a um padrão de franjas, que traduz os vários
pontos da hemi-mandíbula, isto é, as variações do percurso óptico (caminho
percorrido pela luz, do objeto até a placa holográfica).
Iluminando a placa holográfica revelada pelo FR, o padrão microscópico de
pontos claros e escuros difrata a luz, distribuindo-a no espaço, reconstruindo a
imagem original. Assim, um observador colocado em frente ao holograma tem a
plena sensação visual, tanto em intensidade quanto em profundidade, de estar
diante do próprio objeto.
A imagem obtida no holograma foi adquirida por uma câmera CCD (charge
couple device) e registrada digitalmente para subseqüente avaliação.
A coroa foi removida, e o dente canino foi limpo cuidadosamente com
instrumentos manuais e gaze (Compressas de gaze Íris - Cremer S. A. – Brasil)
embebida em monômero para que a outra coroa pudesse ser cimentada. Essa
seqüência de procedimentos para obtenção dos hologramas foi realizada para
todos os corpos de prova, sendo que de cada cão obteve-se duas hemi-
mandíbulas frescas, para cada hemi-mandíbula, as duas coroas foram
posicionadas e foi obtido um holograma para cada amostra. Para todas as
61
amostras mantiveram-se os mesmos parâmetros de aplicação de força e de
registro.
4.10 Identificação dos hologramas
Os hologramas foram identificados de acordo com cada amostra
correspondente (Quadro 4.2).
Hemi-mandíbula direita (D) Hemi-mandíbula esquerda (E) Animais de
experimentação Metalocerâmic
a Resina
Metalocerâmic
a Resina
Cão 1 (C1) C1DMC C1DR C1EMC C1ER
Cão 2 (C2) C2DMC C2DR C2EMC C2ER
Cão 3 (C3) C3DMC C3DR C3EMC C3ER
Quadro 4.2. Identificação dos hologramas (C = cão; D/E = direito/esquerdo; MC = metalocerâmica;
R = resina)
4.11 Análise dos hologramas
62
Cada filme holográfico revelado foi novamente posicionado na mesa
holográfica e iluminado pelo feixe referencia do laser usado inicialmente. Assim foi
gerada a imagem holográfica de cada condição do estudo.
A imagem holográfica do corpo estudado foi capturada pela câmera CCD
(charge couple device) e armazenada no computador. Assim, foi possível observar
um padrão de franjas, macroscopicamente visível, criado na placa holográfica,
resultante da interferência dos feixes refletidos das superfícies deformada e não
deformada. O programa usado para a visualização da imagem holográfica no
computador foi Global Lab 6.0.
Podemos avaliar a distribuição das tensões sobre o corpo da mandíbula
quantitativamente, através do deslocamento de cada ponto dentro da franja, e
qualitativamente, observando o número e a direção das franjas (PEZZOLI et al.,
1993).
Na realidade, o deslocamento ocorre nos três eixos espaciais (X, Y e Z),
porém, neste experimento utilizamos apenas um filme holográfico, o que permitiu
a visualização do padrão de franjas no plano XY, e o cálculo de deslocamento dos
pontos contidos nas franjas escuras observadas no eixo Z.
4.12 Análise Qualitativa
Além da visualização das franjas no holograma, onde podemos analisar a
quantidade de franjas e a sua disposição, confeccionamos gráficos, utilizando o
63
programa "ORIGIN 5.0" (Data Analysis and Technical Graphics), para facilitar a
compreensão do deslocamento e permitir uma interpretação adequada do seu
comportamento no eixo Z.
Para a confecção dos gráficos, foi realizado o mapeamento de cada franja
escura, dispondo de 14 pontos ao longo de cada franja, que foram localizados no
plano XY (mensurados em pixels). Esse mapeamento foi feito em todas as franjas
escuras, iniciando-se na base de fixação da mandíbula no dispositivo, até mesial
do canino. Medindo as hemi-mandíbulas com paquímetro eletrônico (Mitutoyo,
Mogi das Cruzes, Brasil) e pelo uso de uma regra de três simples, transformamos
os valores das medidas de pixels para milímetros. Os valores no eixo Z,
correspondentes ao deslocamento de cada ponto dentro da franja escura (em
nanômetro), foram calculados a partir das equações mencionadas adiante.
Foram realizadas interpretação e comparação dos padrões de franjas na
hemi-mandíbula em ambas condições: com coroa metalocerâmica e de resina
acrílica.
4.13 Análise Quantitativa
Para a mensuração quantitativa do deslocamento utilizamos a seguinte
equação:
d = (2n+1) �BB����������������FRV���FRV��
64
Onde:
d...........deslocamento
n...........número da franja escura.
λ...........comprimento de onda
θ...........ângulo bissetor entre a direção de iluminação e a direção de
observação, sendo θ = (θi + θo) / 2
γ...........ângulo entre o vetor sensibilidade e o vetor deslocamento (JEFF,
1992).
A figura 4.10 mostra esquematicamente os dados utilizados na equação.
Figura 4.10 – Esquema do deslocamento d, dos ângulos θi, θo e γ, do vetor deslocamento e do vetor sensibilidade
65
O cálculo do número da franja, é possível partir de um referencial. Nesse
experimento, o referencial foi a região imóvel da hemi-mandíbula (área de fixação
na caixa). Um parâmetro denominado de "ordem de franja" é determinado
mediante a numeração sucessiva de franjas, a partir do referencial fixo. A primeira
franja clara denominada franja de ordem zero. A próxima franja escura será
denominada franja de ordem 1 (n) , e assim sucessivamente. O comprimento de
onda do laser de Hélio-Neon, usado neste estudo, é de 632,8 nm. Os valores dos
ângulos θ e γ são de 50° e 0°, respectivamente.
Para a análise quantitativa foram calculados os deslocamentos ocorridos na
região do osso, desde a base de fixação até o dente canino (local de aplicação da
carga). Esses dados foram submetidos à análise estatística.
4.14 Análise Estatística
Apesar da análise do padrão de franjas ser um método eficiente e ter sido
adotada em todas as pesquisas realizadas pelo método interferométrico, também
foi realizada, no estudo presente, análise estatística dos deslocamentos máximos
ocorridos nas hemi-mandíbulas.
Neste trabalho compararam-se duas condições experimentais: a
distribuição das tensões nas hemi-mandíbulas com coroas metalocerâmica e de
resina acrílica. Primeiro, foi feita uma análise descritiva dos dados, com os
66
cálculos das médias, das medianas e dos desvios padrões. Posteriormente, foi
realizada uma análise inferencial para verificar a significância das diferenças,
através do teste t pareado, tendo como fator de dependência o dente utilizado
para a instalação de cada coroa (BRESLOW; CLAYTON, 1993; PINHEIRO;
BATES, 2000).
67
5 RESULTADOS
5.1. Análise Qualitativa
No geral, as coroas apresentaram franjas de deslocamento e deflexão.
O número de franjas e o deslocamento nas coroas são apresentados no
Quadro 5.1.
No do cão Material No de franjas Deslocamento**
1D MC 14 72,18 R 9 47,29 1E MC 12 62,23 R * *
2D MC 15 77,16 R 9 47,29 2E MC 10 52,27 R 8 42,31 3D MC 7 37,34 R * *
3E MC * * R 8 42,31
* Não é possível visualizar as franjas ** Deslocamento em nanômetros (nm)
Quadro 5.1- Valores do número de franjas e deslocamento nas coroas (D=direita;
E=esquerda; MC=metalocerâmica; R=resina)
A análise das imagens holográficas mostra que as mandíbulas se
deslocaram bastante, com padrão semelhante em todas elas. As franjas
apresentaram espaçamento maior entre elas próximo à base de fixação, onde
68
houve menor deslocamento. O espaçamento foi diminuindo em direção ao
ponto de aplicação da carga, onde o deslocamento foi maior.
A direção das franjas nas hemi-mandídulas mudou de cão para cão,
mas foi muito semelhante no mesmo cão. Nas amostras C1EMC, C1ER
C3EMC e C3ER observamos uma leve torção no terço anterior da mandíbula.
Em geral, o padrão de franjas nas hemi-mandíbulas não acompanhou
o padrão de deslocamento das coroas, isto é, houve uma alteração na
direção das franjas localizadas nas coroas e no osso.
Nas imagens holográficas das amostras C1ER, C3DR e C3EMC não
foi possível visualizar as franjas nas coroas protéticas. De maneira geral, foi
observado que as coroas metalocerâmicas apresentaram número maior de
franjas em relação às coroas de resina, quase o dobro.
A carga aplicada se dissipou de forma diferente nas coroas dentro do
mesmo grupo de hemi-mandíbula, comparando as amostras C2EMC e C2ER,
C3EMC e C3ER, isto é, apesar de todas apresentarem microdeslocamento no
eixo Z, a direção das franjas foi diferente entre estas amostras.
As imagens holográficas são apresentadas nas figuras 5.1, (amostra
C1DMC), 5.3 (amostra C1DR), 5.5 (amostra C1EMC), 5.7 (amostra C1ER),
5.9 (amostra C2DMC), 5.11 (amostra C2DR), 5.13 (amostra C2EMC), 5.15
(amostra C2ER), 5.17 (amostra C3DMC), 5.19 (amostra C3DR), 5.21
(amostra C3EMC), 5.23 (amostra C3ER) e os respectivos gráficos dos
microdeslocamentos (figuras 5.2, 5.4, 5.6, 5.8, 5.10, 5.12, 5.14, 5.16, 5.18,
5.20, 5.22 e 5.24).
69
Figura 5.1- Imagem holográfica da amostra C1DMC
020
40
60
80
100 20
25
30
35
400
5000
10000
15000
20000
25000
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
Figura 5.2- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1DMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
70
Figura 5.3- Imagem holográfica da amostra C1DR
020
40
60
80
100 20
25
30
35
4045
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.4- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1DR (nm=nanômetro; mm=milímetro)
71
Figura 5.5- Imagem holográfica da amostra C1EMC
2040
60
80
100
12040
45
50
55
600
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.6- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1EMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
72
Figura 5.7- Imagem holográfica da amostra C1ER
020
40
60
80
100 2830
3234
3638
4042
44460
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.8- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C1ER (nm=nanômetro; mm=milímetro)
73
Figura 5.9- Imagem holográfica da amostra C2DMC
020
4060
80
10020
25
30
3540
45500
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Eixo X (mm)
Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.10- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2DMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
74
Figura 5.11- Imagem holográfica da amostra C2DR
020
4060
80
100
12020
25
30
3540
4550
0
5000
10000
15000
20000
Eixo X (mm)Eixo Y
(mm)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.12- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2DR (nm=nanômetro; mm=milímetro)
75
Figura 5.13- Imagem holográfica da amostra C2EMC
020
40
60
80
100 30
35
40
45
500
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.14- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2EMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
76
Figura 5.15- Imagem holográfica da amostra C2ER
020
40
60
80
10025
30
35
40
45
500
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Eixo X (mm)Eixo Y
(mm)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.16- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C2ER (nm=nanômetro; mm=milímetro)
77
Figura 5.17- Imagem holográfica da amostra C3DMC
020
40
60
80
100 20
25
30
3540
4550
0
2000
4000
6000
8000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.18- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3DMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
78
Figura 5.19- Imagem holográfica da amostra C3DR
020
4060
80
100
120 25
30
35
40
45
500
2000
4000
6000
8000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.20- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3DR (nm=nanômetro; mm=milímetro)
79
Figura 5.21- Imagem holográfica da amostra C3EMC
020
4060
80
100
120 25
30
35
40
4550
550
5000
10000
15000
20000
Eixo X (mm)Eixo Y
(mm)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.22- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3EMC (nm=nanômetro; mm=milímetro)
80
Figura 5.23- Imagem holográfica da amostra C3ER
2040
6080
100
120 35
40
45
50
5560
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Eixo X (mm) Eixo Y (m
m)
De
slo
ca
me
nto
(n
m)
Figura 5.24- Representação gráfica do deslocamento da hemi-mandíbula C3ER (nm=nanômetro; mm=milímetro)
81
5.2 Análise Quantitativa
5.2.1 Análise descritiva
Primeiramente, foi feita uma análise descritiva dos dados em questão, com o
objetivo de um melhor entendimento do comportamento das variáveis consideradas
e definidas abaixo.
A Tabela 5.1 mostra a análise descritiva do número de franjas na hemi-
mandíbula, com relação ao tipo de material testado.
Metalocerâmica Resina
Mínimo 16,00 16,00
Q1 25,25 28,00
Mediana 36,50 32,00
Média 39,00 35,17
Q3 51,50 41,25
Máximo 67,00 60,00
Desvio-padrão 19,38 15,17
CV (%) 49,69 43,14
Tabela 5.1- Medidas descritivas do número de franjas na hemi-mandíbula para aos dois tipos de coroas
82
A variabilidade e assimetria já constatadas na Tabela 5.1 podem ser
observadas na Figura 5.25.
Figura 5.25- Box-Plot para o número de franjas na hemi-mandíbula de acordo com o tipo de coroa utilizada (n = número de franjas)
A Tabela 5.2 informa as medidas descritivas dos números de franjas nas
hemi-mandíbulas, de acordo com o tipo de coroa utilizada, fixando-se os cães.
83
Tabela 5.2- Medidas descritivas do número de franjas na hemi-mandíbula com relação aos tipos de coroas nos três cães
C1 C2 C3
MC Resina MC Resina MC Resina
Mínimo 23,00 33,00 32,00 27,00 16,00 16,00
Q1 31,00 39,75 40,75 31,25 22,25 19,75
Mediana 39,00 46,50 49,50 35,50 28,50 23,50
Média 39,00 46,50 49,50 35,50 28,50 23,50
Q3 47,00 53,25 58,25 39,75 34,75 27,25
Máximo 55,00 60,00 67,00 44,00 41,00 31,00
Desvio-padrão 22,63 19,09 24,75 12,02 17,68 10,61
CV (%) 58,02 41,06 50,00 33,86 62,03 45,13
5.2.2 Análise inferencial
O quadro abaixo mostra os dados da análise estatística realizada para
verificação da presença de diferenças no número de franjas nas hemi-mandíbulas
em função do material protético (metalocerâmica e resina).
84
Teste t pareado e IC: metalocerâmica; resina
T pareado para metalocerâmica – resina
N média Desvio Padrão
metalocerâmica 6 39,00 19,38
resina 6 35,17 15,17
Diferença 6 3,83 11,75
95% IC para diferença média: (-8,50; 16,17)
Teste t da diferença média = 0 (vs não = 0): Valor-T = 0,80 Valor-P = 0,461
Quadro 5.2- Teste realizado: teste t pareado, sendo o fator de dependência o dente (H0= as amostras são iguais; H1= existe alguma diferença entre as amostras)
Como pode ser visto no quadro acima, através do teste t pareado, não foi
possível observar diferença estatisticamente significante entre as médias do número
de franjas nas hemi-mandíbulas do grupo das coroas MC e do grupo das coroas R
com nível descritivo P= 0,461 e com nível de confiança de 95% (BRESLOW;
CLAYTON, 1993; PINHEIRO; BATES, 2000).
85
6 DISCUSSÃO
Atualmente, devido ao sucesso alcançado pelas reabilitações com prótese
sobre implante, a maioria dos estudos sobre a dissipação das tensões para os
tecidos de suporte tem sido feita nesta área. Pela ausência de uma estrutura que
amorteça e distribua a carga mastigatória, alguns autores acreditam que o tipo de
material restaurador protético usado seria importante para absorver parte da carga
transmitida para o osso (BRÅNEMARK, 1983; DAVIS; RIMROTT; ZARB, 1988;
SKALAK, 1983).
Com relação às próteses dento-suportadas, acredita-se que o periodonto
remanescente possua capacidade de suportar as cargas mastigatórias, desde que a
prótese tenha rigidez e estabilidade e que a oclusão esteja bem equilibrada
(GOLDMAN; COHEN, 1983; LASCALA; MOUSSALLI, 1989; LINDHE, 1997).
Goldman e Cohen (1983) salientam a importância da utilização de restaurações
provisórias de resina acrílica para manter as forças oclusais e condicionar o
ligamento periodontal às cargas aumentadas.
Assim, torna-se importante a compreensão do comportamento dos tecidos
de suporte frente a utilização de coroas de resina e metalocerâmicas.
A influência do uso de coroas de resina acrílica e metálica foi investigada
por Duyck et al. (2000), em estudo in vivo, utilizando transdutores de força para
avaliar as tensões transmitidas aos implantes. Porém o efeito da viscoelasticidade
do osso não permitiu a análise do comportamento do material protético. Por outro
lado, a utilização do método holográfico na presente pesquisa possibilitou analisar,
86
independentemente, os efeitos decorrentes da aplicação da carga oclusal tanto nas
coroas quanto na mandíbula.
Paula (1998) quantificou a força máxima de mordida em dentes anteriores,
com gnatodinamômetro, encontrando valores de 218,54 N nos incisivos centrais. O
método holográfico é extremamente sensível, capaz de detectar deslocamentos
ínfimos, da ordem de nanômetros. Neste experimento foi utilizada uma carga de 0,98
N, intensidade aquém da mordida máxima de mordida. Dessa forma, foi possível
avaliar o comportamento dos materiais restauradores em si.
As coroas metalocerâmicas apresentaram maior quantidade de franjas,
provavelmente devido ao alto módulo de elasticidade, que dificulta sua deformação.
Dessa forma, a carga aplicada causou um deslocamento maior, representado pelo
movimento de intrusão no alvéolo. Já a coroa de resina acrílica, sendo menos rígida,
provavelmente absorveu parte das tensões, resultando em menor movimento de
intrusão no alvéolo, conseqüentemente, gerou menor solicitação do ligamento
periodontal.
Apesar da diferença no comportamento dos materiais na transmissão de
tensões, essa diferença desapareceu ao nível ósseo. Observando os resultados nas
mandíbulas, verificou-se que, de maneira geral, as mandíbulas comportaram-se de
maneira semelhante, em função dos diferentes materiais protéticos, em concorde
com pesquisas anteriores (PAPAVASILIOU et al., 1996; SENDYK, 1998; WANG et
al., 2002). Isto sugere que, apesar da diferença nas propriedades mecânicas dos
materiais utilizados neste estudo, houve influência do ligamento periodontal na
absorção de parte das tensões transmitidas ao osso, corroborando com os
resultados de Campos (2001). Este efeito foi evidenciado pela mudança na direção
das franjas da coroa e do corpo da mandíbula.
87
A presença do ligamento periodontal não foi considerada por Aykul, Toparli
e Dalkiz (2002) e Toparli, Aykul e Aksoy (2002), em estudos com próteses dento-
suportadas pelo método de elementos finitos, que encontraram diferença nas
tensões no osso em função do tipo de material testado. Porém, estes achados
podem ser resultado da magnitude (450 e 200 N, respectivamente) e da inclinação
(45˚) das cargas utilizadas. De fato, Papavasiliou et al. (1996), através de análise por
elementos finitos, encontraram tensões muito maiores na interface osso-implante em
função da mudança da direção da carga aplicada, de axial para oblíqua (12˚).
Pode-se observar, comparando nossos resultados com os de Wang et al.
(2002), que usaram cargas em torno de 1 N, que o material restaurador não influiu
nas tensões transmitidas ao osso. No nosso caso, de prótese dento-suportada, ficou
evidente a ação do ligamento periodontal no amortecimento da carga oclusal. No
caso dos implantes, Wang et al. (2002) supõem que a tensão transferida da interface
abutment-implante para a interface implante-osso seja semelhante, embora as
coroas de materiais diferentes tenham apresentado deslocamentos diferentes sob a
carga aplicada.
Pelo método da holografia não é possível avaliar cargas de grande
intensidade, pois haveria grandes deslocamentos, representados por franjas muito
próximas umas das outras, que não seriam visualizadas pelo holograma. Além disso,
supomos que se a carga utilizada ultrapassar a capacidade de amortecimento do
ligamento periodontal, as tensões sobre os tecidos ósseos serão semelhantes e a
natureza dos materiais restauradores exercerá pouca ou nenhuma influência. Nestas
condições, as cargas excedentes seriam transmitidas para o tecido ósseo,
mascarando o efeito da natureza do material restaurador. Isto foi observado nos
trabalhos de Sendyk (1998) e de Papavasiliou et al. (1996), onde foram utilizadas
88
cargas axiais no valor de 100 e 200 N, respectivamente, em próteses implanto-
suportadas, portanto na ausência do ligamento periodontal, e as tensões
transmitidas ao tecido ósseo adjacente aos implantes não apresentaram diferença
significante. Nestes trabalhos, pelo método de elementos finitos, foi verificado que os
componentes internos da prótese e dos sistemas de implante absorveram as
diferenças das tensões transmitidas ao osso.
Para a avaliação da transmissão da carga oclusal ao tecido ósseo, fatores
interferentes, tais como: intensidade da carga, presença do ligamento periodontal,
resiliência dos tecidos dentais e ósseos e componentes de implantes, devem ser
levados em consideração, principalmente quando cargas com componentes
horizontais estiverem envolvidas.
Clinicamente, cargas excessivas podem ser representadas por contatos
prematuros e interferências, daí a importância do ajuste oclusal periódico das
próteses, independentemente do material protético utilizado, quer seja em próteses
implanto-suportadas ou dento-suportadas.
89
7 CONCLUSÃO
Pela metodologia utilizada neste estudo, pode-se concluir que :
1. Não foram encontradas diferenças na distribuição das tensões no osso
em relação aos diferentes materiais usados nas coroas protéticas, sob carga oclusal
axial.
2. As coroas metalocerâmicas sofreram maior transmissão de tensões
que as de resina acrílica, demonstrando que a presença do ligamento periodontal
teve influência na distribuição das tensões ao osso.
90
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98
APÊNDICE – FENÔMENOS ONDULATÓRIOS
Quando falamos em ondas, estamos imaginando uma perturbação que se
propaga em um meio. Podemos ter uma única perturbação, à qual damos o nome de
pulso, ou uma sucessão de pulsos periódicos, formando uma onda periódica, ou
simplesmente onda. As ondas transportam energia entre pontos diferentes do meio
sem transportar matéria entre esses pontos.
No Apêndice A observa-se um tipo particular de onda (unidimensional) com
algumas de suas características, como comprimento de onda e amplitude. Deve-se
ter em mente que as ondas na natureza ocorrem no espaço e, em geral, não estão
limitadas apenas a uma dimensão, podendo ter as formas mais variadas possíveis.
Apêndice A – Representação de uma onda velocidade, amplitude e comprimento (λ)
A luz é uma forma de radiação eletromagnética e é caracterizada por
amplitude, comprimento de onda, velocidade de propagação, direção de
propagação, fase e polarização. Quando a luz é refletida ou espalhada por um
objeto, todas ou algumas dessas características podem ser alteradas . A avaliação
99
dessas mudanças pode fornecer informações sobre o objeto, tais como,
temperatura, tamanho, entre outras. Na holografia e na interferometria holográfica,
as manifestações de natureza quântica da luz são desprezíveis, podendo-se fazer
uso da teoria eletromagnética clássica da luz (TIPLER, 1985).
Duas ondas de luz, que são capazes de interferir uma com a outra são
chamadas de coerentes. As ondas coerentes caminham em sincronia, com as
mesmas características (amplitude, fase, freqüência, entre outras). Devido à
necessidade de coerência, a maioria dos arranjos para interferência é utilizada com
duas imagens da mesma fonte.
Difração e Interferência
Difração é a propriedade que a luz possui de contornar arestas e pequenos
obstáculos ou barreiras, encurvando-se em suas proximidades. É um fenômeno que
não pode ser explicado com base no modelo corpuscular da luz.
Interferência é a combinação de duas ou mais ondas, por sobreposição, num
mesmo ponto do espaço. A interferência depende da diferença de fase entre as
ondas. Assim, se duas ondas se sobrepuserem numa mesma região do espaço, isto
é, se as cristas e os vales forem coincidentes, haverá uma diferença de fase nula
entre ambas (0º). Nesse caso a interferência será construtiva (cristas se somam com
cristas e vales com vales) e a intensidade total é máxima. Por outro lado, se as
ondas forem defasadas de 180º (cristas de uma coincidem com vales da outra), a
interferência será destrutiva e a intensidade total é mínima (Apêndice B)
100
Apêndice B – Interferências destrutiva e construtiva
Formação das franjas de interferência
A holografia é uma técnica para gravar e reconstruir frentes de ondas. As
ondas que devem ser gravadas são chamadas de Feixe Objeto. Esse provém da
fonte laser, cuja luz incide sobre o objeto e difunde-se como feixe objeto. Para que
ocorra a formação do holograma, é necessária a interação de dois feixes de luz
coerente. Portanto, o outro feixe de luz, proveniente da mesma fonte laser, é
direcionado (através de um espelho plano) diretamente para a placa holográfica.
Esse é chamado Feixe Referência (Apêndice C).
101
Apêndice C - Holografia
A holografia é, portanto, a formação de um padrão de interferência pela
adição de um feixe de referência coerente ao feixe objeto. A imagem registrada
consiste num conjunto de áreas claras e escuras, contendo as informações das
características do objeto (Apêndice D).
102
Apêndice D – Formação de franjas claras e escuras
Após a revelação do filme holográfico, o holograma pode ser visualizado pela
iluminação com uma fonte de luz laser, na mesma direção do feixe referência. O
observador verá a imagem do objeto em três dimensões.
O registro do holograma deve ser feito sem nenhuma alteração de posição no
objeto ou no feixe de referência, durante o momento da exposição. Qualquer
movimento relativo do objeto, dos componentes ópticos, ou dos raios laser impedirá
o registro do holograma. Na pesquisa de Young e Altschuler (1977), para se obter a
rigidez necessária de todos os aparelhos, uma plataforma óptica imóvel, livre de
vibração foi conseguida, por meio de uma mesa rígida, auto-refrigerada, isolada do
assoalho através de um sistema de suspensão a ar.
O deslocamento do objeto é definido como a diferença da posição
tridimensional de um ponto particular da superfície do objeto. Durante o registro do
holograma, as posições no primeiro e no segundo pulso são registradas. O
103
holograma contém a informação a respeito de todos os deslocamentos superficiais
que ocorreram durante a aplicação de uma carga. Esta informação torna possível a
avaliação do padrão de mobilidade de diferentes partes do objeto, como por
exemplo, um dente, um grupo de dentes ou uma peça protética (WEDENDAL;
BJELKHAGEM, 1974a).
O holograma registra movimentos mínimos, que ocorrem em frações de
comprimento de onda da luz. As franjas indicam um deslocamento do objeto entre as
exposições e demonstram a direção e o grau de alteração que ocorrem (Apêndice
E). As franjas interferométricas podem ser usadas para mensurar alterações
dimensionais durante variações de temperatura, deformações causadas por tensões
e variações relativas de posição (YOUNG; ALTSCHULER, 1977).
Apêndice E – Formação de franjas pela interferometria holográfica de dupla
exposição
Outra forma de holografia, chamada interferometria em tempo real, permite a
observação e o registro de alterações dimensionais quando elas ocorrem.
Schwaninger et al (1977) relatam a obtenção de hologramas in vitro, com aplicação
de força dinâmica sobre o objeto, resultando em formação imediata de imagens.
Uma câmera CCD (charge couple device) capta a imagem do objeto. Quando o
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objeto é submetido à carga, a diferença, mesmo mínima, entre o objeto antes e após
a aplicação da carga, cria um padrão de franjas. Variando-se a tensão produz-se
uma imagem dinâmica de desenvolvimento de franjas, que pode ser monitorada
numa tela de vídeo e registrada de forma digital, para que possa ser armazenada no
computador, e através de interpretação matemática dos padrões das franjas, pode-
se determinar quantitativamente a deformação sofrida pelo objeto. O objetivo do
sistema é conseguir mensurações precisas da localização, direção e magnitude das
forças transmitidas por toda arcada dentária.