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Londrina 2013
ANDREZZA ASTAFIEFF OZELIN
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE APLICAÇÃO DE ANTIOXIDANTES NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO DO ESMALTE APÓS
CLAREAMENTO
Londrina 2013
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE APLICAÇÃO DE ANTIOXIDANTES NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO DO ESMALTE
APÓS CLAREAMENTO
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Odontologia, área de concentração Dentística Preventiva e Restauradora. Orientadora: Profa.Dra. Sandrine Bittencourt Berger
ANDREZZA ASTAFIEFF OZELIN
Londrina, 29 de janeiro de 2013.
Profa. Dra Sandrine Bittencourt Berger Universidade Norte do Paraná
Prof. Dr Edwin Fernando Ruiz Contreras Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr Rodrigo Varella de Carvalho Universidade Norte do Paraná
ANDREZZA ASTAFIEFF OZELIN
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE APLICAÇÃO DE ANTIOXIDANTES NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO DO ESMALTE
APÓS CLAREAMENTO
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, no Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde, como requisito parcial para a obtenção do
título de mestre em Odontologia, área de concentração Dentística Preventiva e
Restauradora, com nota final igual a _______, conferida pela Banca Examinadora
formada pelos professores:
Dedico este trabalho especialmente ao meu marido Eduardo, meu grande incentivador e apoiador em todos os momentos mais difíceis.
Obrigada pela paciência.
Ao meu amado filho Lucas que vai chegar junto com a conclusão desta caminhada. Amor incondicional....
Porque família é tudo.
Agradecimentos
A Deus,
Você se fez presente em todos os momentos e com seu amor Ágape
(amor incondicional, generoso e sem limites) não me deixou desistir.
A meus pais, Ronaldo e Marcia que sempre me apoiaram nos
estudos e me deram todo suporte durante a vida acadêmica para que eu pudesse
chegar até aqui.
A minha orientadora professora Dra. Sandrine Berger, por todo
treinamento, orientação, paciência e amizade...
Me proporcionou grande crescimento pessoal, profissional e
amadurecimento da vivência acadêmica.
Aos professores que gentilmente aceitaram participar da banca.
A todos os professores do curso do mestrado em odontologia que
contribuíram com seus conhecimentos para minha formação.
A minha família toda, pela paciência nos momentos de estresse.
Aos meus colegas de trabalho da Ortofamily, por todo apoio durante
minha ausência da clínica em especial Ricardo e Fabiana.
Aos meus colegas de turma, principalmente a minha parceira e
amiga Tânia Simões por toda ajuda na parte didática, transmitindo sua experiência
como professora e por seus conselhos e dicas.
Aos funcionários da Unopar especialmente aos da clínica,
laboratório (João), administrativo (Andreza) e da biblioteca (Elisabete).
Aos meus colegas de profissão que me ajudaram na coleta dos
dentes terceiros molares em seus consultórios.
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, representada pelo
Prof. Dr. Hélio Hiroshi Suguimoto.
Ao Programa de Pós-graduação em Odontologia, representado pelo
cordenador Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior.
OZELIN, Andrezza Astafieff. Influência do tempo de aplicação de antioxidantes na resistência de união do esmalte após clareamento. 50 f. Dissertação( Mestre em Odontologia ) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2013.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes tempos de aplicação de antioxidantes na resistência de união ao esmalte clareado. Foram obtidos blocos de esmalte à partir de 100 terceiros molares humanos, divididos aleatoriamente em dez grupos experimentais com n=10 para cada grupo: G1: grupo controle, apenas restaurado; G2: gel de ascorbato de sódio 10% (AS); G3: gel de chá verde 10% (CV); G4: somente clareado com peróxido de carbamida 10% (PC); G5: PC + AS por 15 min; G6: PC + CV por 15 min; G7: PC + AS por 30 min; G8: PC + CV por 30 min; G9: PC + AS por 1 hora; G10: PC + CV por 1 hora. G1, G2 e G3 não foram submetidos ao tratamento clareador. O agente clareador foi aplicado diariamente durante seis horas nos grupos: G4, G5, G6, G7, G8, G9, G10 e durante as 18 horas restantes as amostras foram armazenadas em água destilada totalizando 14 dias. O gel de ascorbato de sódio a 10% foi aplicado nos grupos: G5, G7 e G9 e o gel de chá verde a 10% nos grupos: G6, G8 e G10, em diferentes tempos 15 minutos, 30 minutos e 1 hora. Imediatamente após os tratamentos, foram realizados os procedimentos adesivos com Adper Single Bond 2 e Filtek Z350 XT. Os espécimes foram seccionados perpendicularmente à interface adesiva e a resistência de união testada através do teste de microtração em máquina de ensaios universal (EMIC). Os dados foram analisados por ANOVA e teste de Tukey (α = 5%). As médias (desvio padrão) para os grupos experimentais foram: G1 – 30,30 (5,13), G2 – 27,34 (3,89), G3 – 31,83 (2,63), G4 – 23,29 (3,20), G5 – 25,18 (3,95), G6 – 26,63 (3,43), G7 – 26,41 (5,40), G8 – 24,34 (3,01), G9 – 30,22 (5,14), G10 – 31,16 (3,80). Podemos concluir que somente o tempo de 60 minutos de aplicação dos géis de chá verde 10% e ascorbato de sódio 10% foi suficiente para reverter os valores de resistência de união após o tratamento clareador. Palavras-chave: Antioxidante. Resistência de união. Clareamento dental.
OZELIN, Andrezza Astafieff. Influence of the application time of antioxidants in the enamel bond strength after bleaching. 50 p. Dissertation (Master Dentistry) - Center for Biological and Health Sciences, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2013.
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effect of different times of application of antioxidants in bond strength to bleached enamel. One hundred human third molars were randomly divided into ten experimental treatment groups: G1, no treatment (control group); G2, 10% sodium ascorbate; G3, 10% green tea; G4, bleaching (10% carbamide peroxide); G5, bleaching + 10% sodium ascorbate for 15 minutes; G6, bleaching + 10% green tea for 15 minutes; G7, bleaching + 10% sodium ascorbate for 30 minutes; G8, bleaching + 10% green tea for 30 minutes; G9, bleaching + 10% sodium ascorbate for one hour; G10, bleaching + 10% green tea for one hour. In groups G1, G2 and G3 were not submitted to bleaching treatment. In groups G4, G5, G6, G7, G8, G9 and G10, the bleaching agent was applied to dental enamel surface 6 h daily for 14 days, and specimens were stored in distilled water solution during the remaining 18 h of each day. In groups G5, G7 and G9, 10% sodium ascorbate; in groups G6, G8 and G10, 10% green tea was applied at differents times: 15 minutes, 30 minutes and one hour. Immediately after treatment, the specimens were bonded with Adper Single Bond 2 and Filtek Z350 XT. The specimens were sectioned perpendicular to the adhesive–tooth interface and microtensile bond strengths were measured with a universal testing machine (EMIC; Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda.). Fracture mode analysis of the bonded enamel surface was performed using scanning electron microscopy. Data were analyzed by one-way analysis of variance and Tukey’s test (α = 0.05). The means (standard deviation) for experimental groups were: G1 – 30.30 (5.13), G2 – 27.34 (3.89), G3 – 31.83 (2.63), G4 – 23.29 (3.20), G5 – 25.18 (3.95), G6 – 26.63 (3.43), G7 – 26.41 (5.40), G8 – 24.34 (3.01), G9 – 30.22 (5.14), G10 – 31.16 (3.80). We can conclude that only 60 minutes of application of 10% green tea and 10% sodium ascorbate was sufficient to reverse the values of bond strength after bleaching. Key-words: Antioxidant. Bond Strength. Dental Bleaching.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação esquemática do preparo das amostras............................22
Figura 2 - Amostras fixadas em discos de acrílico e com moldeira individual.......23
Figura 3 - Gel clareador Opalescence PC 10%........................................................ 24 Figura 4 - Representação esquemática da aplicação dos antioxidantes ascorbato de sódio, chá verde nas amostras...................................................................................26
Figura 5 - Representação esquemática dos procedimentos restauradores e dos blocos de resina (6mm)..............................................................................................27 Figura 6 - Amostra posicionada em máquina de corte ISOMET e representação dos cortes do bloco de resina e esmalte...........................................................................28 Figura 7 - Obtenção da área de cada palito pelo paquímetro digital.........................28 Figura 8 - Amostras fixadas nas garras para dispositivo de microtração com cola a base de cianoacrilato...............................................................................................29 Figura 9 - Garras com as amostras levadas ao dispositivo de microtração para a realização do teste.....................................................................................................29 Figura 10 - Amostras posicionadas em stub e cobertas com ouro para visualização em microscopia eletrônica de varredura (MEV).........................................................30 Figura 11 – Percentagem do padrão de falha de acordo com os grupos experimentais.............................................................................................................32 Figura 12 – Grupo clareado + 15 minutos de gel de ascorbato de sódio. Microscopia eletrônica de varredura mostrando falha coesiva. Resina composta (RC), adesivo (A) e poros (→) podem ser observados...........................................................................32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ml Mililitros
mm2 Milímetro quadrado
MPa MegaPascal
mm
°C
µm
rpm
Milímetro
Grau Celsius
Micrometro
Rotações por minuto
AS Ascorbato
PC Peróxido de carbaminda
CV Chá verde
EGCG Epigalocatequina galato
EGC Epigalocatequina
ECG Epicatequina galato
EC
MEV
OPCs
QSP
Epicatequina
Microscopia eletrônica de varredura
Proantocianidinas
Quantidade Suficiente Para
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 13
2.1 ADESÃO DA RESINA COMPOSTA À ESTRUTURA DENTAL CLAREADA ...... 15
2.2 ASCORBATO DE SÓDIO 10% ........................................................................... 16
2.3 CHÁ VERDE ........................................................................................................ 18
3 PROPOSIÇÃO ....................................................................................................... 20
3.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 20
3.2 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA ................................................................................... 20
4 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 21
4.1 SELEÇÃO E LIMPEZA DOS DENTES ................................................................ 21
4.2 ARMAZENAMENTO DOS DENTES.................................................................... 21
4.3 PREPARO DAS AMOSTRAS .............................................................................. 21
4.3.1 Preparo das Amostras em Esmalte .................................................................. 22
4.4 GRUPOS EXPERIMENTAIS ............................................................................... 23
4.5 TRATAMENTO CLAREADOR ............................................................................. 23
4.6 APLICAÇÃO DOS AGENTES ANTIOXIDANTES................................................ 25
4.7 PROCEDIMENTOS RESTAURADORES ............................................................ 26
4.8 TESTE DE MICROTRAÇÃO ............................................................................... 27
4.9 AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE FRATURA EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
VARREDURA (MEV) ................................................................................................. 29
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 30
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 31
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 33
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
APÊNDICES ............................................................................................................. 46
APÊNDICE A – Termo de Doação de Dentes ........................................................... 47
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................. 48
ANEXOS ................................................................................................................... 50
ANEXO A – Parecer de Trabalho Inscrito ................................................................. 51
10
1 INTRODUÇÃO
O primeiro artigo descrevendo a técnica de clareamento caseiro
utilizando o peróxido de carbamida foi escrito por Haywood e Heymann (1989).
Desde então, o uso do tratamento caseiro com o peróxido de carbamida 10% tornou-
se amplamente utilizado, e esta, a técnica de escolha para alcançar uma melhor
estética em casos de dentes escurecidos e pigmentados. As pigmentações podem
ocorrer por vários fatores, desde fatores sistêmicos como ingestão de medicamentos
(tetraciclina, flúor) ou por má formações (hipoplasia de esmalte), também por fatores
extrínsecos nos casos de pigmentações por alimentação e ingestão de algumas
bebidas (vinho tinto, refrigerantes a base de cola), também por tratamentos
inadequados (restauradores ou endodônticos) (WATTS & ADDY, 2001; JOINER,
2004) e escurecimento fisiológico.
Vários procedimentos estéticos podem também ser realizados para
tratamento de dentes anteriores escurecidos, tais como facetas estéticas, troca de
restaurações antigas com aspecto insatisfatório, próteses e outros procedimentos.
Entretanto, o clareamento associado com esses procedimentos restauradores
estéticos é o procedimento mais frequentemente utilizado e necessário para
substituir restaurações antigas, com o intuito de obtenção de uma cor mais aceitável
para a conclusão do caso (SWIFT, 1997).
O mecanismo de ação dos agentes clareadores baseia-se em uma
reação de oxidação, onde ocorre liberação de radicais livres de oxigênio (MINOUX &
SERFATY, 2008), esses radicais livres que são altamente reativos e capazes de
penetrar na estrutura dental através das porosidades dos prismas de esmalte
atingem a dentina e por meio de um processo químico provocam a quebra de
moléculas orgânicas e inorgânicas de alto peso molecular em moléculas menores de
baixo peso molecular e menos pigmentadas (HAYWOOD et al, 1992; JOINER,
2004). Entretanto, numerosos estudos têm mostrado que o peróxido de carbamida e
hidrogênio podem afetar adversamente a resistência de união de compósitos à
estrutura dental quando a adesão é realizada imediatamente após o clareamento
(DISHMAN et al, 1994; CAVALLI et al, 2001; CAVALLI, et al, 2005). Este processo
pode ser atribuído à presença de oxigênio residual que interfere na adesão e inibe a
polimerização dos sistemas adesivos, sendo responsável pelo prejuízo na
resistência adesiva entre o material restaurador e os substratos dentais (VIDHYA et
11
al, 2011; MCGUCKIN et al, 1992; PERDIGÃO et al, 1998).
Com o objetivo de evitar falhas adesivas na interface material
restaurador e superfície dental, um período de espera variável de até três semanas é
recomendado (TITLEY et al, 1992; CAVALLI et al, 2001; UNLU et al, 2008), uma vez
que a redução na resistência de união da resina composta ao esmalte ou dentina
após o tratamento clareador tem sido demonstrada como temporária (MCGUCKIN et
al, 1992; UNLU et al, 2008).
Levando em consideração a exigência de tempo dos pacientes que,
hoje tem necessidades cada vez mais rápidas de tratamentos, em alguns casos fica
inviável a espera do tempo recomendado pela literatura. Por isso, é indicado o uso
de substâncias antioxidantes que reagem com os radicais livres que permanecem
após a realização do tratamento clareador, removendo-os da estrutura onde se
encontram e aumentando a resistência de união do material restaurador ao
substrato dental (DROGE, 2002).
Hoje existem trabalhos consistentes com uso destas soluções
redutoras ou antioxidantes como: ascorbato de sódio (LAi et al, 2002; TURKUN &
KAYA, 2004; TURKUN et al, 2009), extrato de uva (VIDHYA et al, 2011), ∝-tocoferol
(vitamina E) (SASAKI et al, 2009), catalase, bicarbonato de sódio (TORRES et al,
2006) e solventes orgânicos como etanol (SUNG et al, 1999) e acetona (BARGHI &
GODWIN, 1994). Apesar da existência destas alternativas para restabelecer a
capacidade adesiva do esmalte clareado, a recomendação mais comum é postergar
os procedimentos restauradores (DISHMAN et al, 1994).
Nos últimos anos o chá verde tem sido estudado em Odontologia.
Pesquisas relatam o seu uso na redução da erosão dentária (MAGALHÃES et al,
2009), como agente antimicrobiano (YOO et al, 2011) e na redução da inflamação
gengival (MARUYAMA et al, 2011). Entretanto, ainda não foi estudada a sua
aplicação como um agente antioxidante após o tratamento clareador (CARREIRA et
al, 2011).
O chá verde, originário da planta Camellia Sinensis, contém
principalmente flavonóides ou catequinas de epigalocatequina galato (EGCG),
epigalocatequina (EGC), epicatequina galato (ECG) e epicatequina (EC) (CHAN et
al, 2011; HORŽIĆ D 2009). Estudos relatam que o chá verde apresenta
propriedades antioxidantes, e estas são atribuídas às catequinas das EGCG e EGC
(KONDO et al, 1999; HORŽIĆ et al, 2009).
12
A hipótese testada neste estudo foi de que a diminuição do tempo de
aplicação dos agentes antioxidantes é efetiva na reversão dos valores de resistência
de união ao esmalte clareado com peróxido de carbamida a 10% e análise dos tipos
de fratura em MEV.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
Em busca de um sorriso mais saudável e aparência mais jovem, o
uso dos métodos clareadores vem crescendo e se popularizando. Um dos métodos
de clareamento dental mais utilizado e seguro na odontologia é através do emprego
de peróxidos (HAYWOOD & HEYMANN, 1989).
Os peróxidos, por meio de radicais livres, produzem uma reação de
oxidação sobre as cadeias moleculares que formam os pigmentos orgânicos. Estas
vão sendo fracionadas e tornando-se cada vez mais claras (GOLSTEIN & GARBER,
1995). O peróxido de carbamida 10%, um dos mais utilizados para o clareamento
caseiro, decompõe-se em peróxido de hidrogênio, e uréia (GOLSTEIN & GARBER,
1995; CAVALLI et al, 2001).
Muitos estudos demonstraram que o agente clareador peróxido de
carbamida na faixa de 10-35% afeta adversamente a resistência de união do
compósito ao esmalte, quando a adesão é realizada imediatamente após o processo
de clareamento (TITLEY et al, 1992; GARCIA-GODOY et al, 1993; MILES et al,
1994). O período de espera de até três semanas é necessário para restabelecer a
resistência de união da resina composta ao esmalte quando comparados ao esmalte
não clareado (CAVALLI et al, 2001).
Outros problemas indesejáveis decorrentes do tratamento clareador
caseiro, tais como sensibilidade (FUGARO et al, 2004) e irritação gengival
(LEONARD et al, 1997), estão fortemente relacionados à concentração dos
peróxidos, por isso costuma-se recomendar peróxidos de baixas concentrações,
especialmente o peróxido de carbamida a 10%, que possui efetividade comprovada
após pelo menos duas semanas de tratamento, no regime de seis horas diárias
(CARVALHO et al, 2003).
Alguns efeitos adversos às estruturas dentais relacionados ao uso
de agentes clareadores também são mencionados em outros estudos. Estes incluem
reabsorção radicular (ROTSTEIN, 1993), redução da resistência adesiva (GARCIA-
GODOY et al, 1993; MILES et al, 1994; DISHMAN et al, 1994; SPYRIDES et al,
2000; CAVALLI et al, 2001; BASTING et al, 2004; CAVALLI et al, 2004; MIGUEL et
al, 2004; SILVA et al, 2005).
Estes efeitos podem estar relacionados com a presença de peróxido
de hidrogênio residual ou mesmo oxigênio residual nos espaços interprismáticos,
14
bem como na matriz de dentina e nos túbulos dentinários (TITLEY et al, 1993;
NIKAIADO et al, 1999). A liberação do oxigênio é freqüentemente associada com
pequenas bolhas que podem ser vistas por microscopia eletrônica de varredura
(MEV) na interface adesiva (TURKUN & KAYA, 2004). Estas podem evitar a
infiltração adequada do agente adesivo nas estruturas dentárias (DISHMAN et al,
1994) e também inibem a sua polimerização (RUEGGBERG & MARGESON, 1990).
Além disso, a presença de radicais livres residuais na estrutura
dental podem interferir na propagação de radicais livres vinilo durante a
fotopolimerização dos adesivos, resultando em término prematuro da cadeia e
polimerização incompleta (LAI et al, 2001). Alguns autores sugeriram superfícies de
ligação enfraquecidas, devido a alterações na estrutura do esmalte, resultado de um
aumento da porosidade que se manifesta por uma aparência sobre-condicionada
com perda de forma prismática (LAI et al, 2002). Outros fatores importantes que
poderiam ter contribuído para a diminuição da resistência de união incluem perda de
cálcio, diminuição da microdureza, e alterações na substância orgânica (BULUT et
al, 2005 ).
Vários estudos demonstraram que a redução na resistência de união
do compósito ao esmalte após clareamento é devido ao oxigênio residual que é
liberado pelo agente clareador interferindo na infiltração da resina no esmalte
condicionado inibindo a polimerização desta (KALILI, 1991; DISHMAN, 1994;
TITLEY et al, 1991). Titley et al,(1991) avaliou em MEV as interfaces entre resina e
esmalte clareado e observou fragmentos de tags de resina que penetraram em
menor profundidade quando comparado com os grupos controles. Este dano à
formação no tag esta também relacionado com características superficiais do
esmalte (EFEOGLU et al, 2005), tais modificações atingem uma profundidade de
pelo menos 50 mm em esmalte, enquanto o procedimento de condicionamento com
ácido fosfórico usado em restaurações adesivas remove aproximadamente 10 µm
(TITLEY et al, 1991). Considerando esta informação, a recomendação de aguardar
24 horas a 21 dias antes da realização dos procedimentos restauradores parece ser
uma alternativa correta (MOULE et al, 2007; SUNDFELD et al, 1999).
Os antioxidantes são substâncias que reagem com radicais livres,
como por exemplo o radical oxigênio gerado pela quebra do peróxido de hidrogênio,
removendo-os da estrutura onde se encontram (DROGE, 2002). Uma substância
antioxidante pode ser definida como sendo uma substância química que inibe o
15
processo de oxidação, ou qualquer substância que, quando presente em baixa
concentração, comparada à do substrato oxidável, diminui ou inibe
significativamente a oxidação daquele substrato. Do ponto de vista biológico, pode-
se definir antioxidantes como compostos que protegem sistemas biológicos contra
os efeitos potencialmente danosos de processos ou reações que promovem a
oxidação de macromoléculas de estruturas celulares (ABDALLA, 2000).
Uma variedade de agentes antioxidantes, tais como ascorbato de
sódio a 10% (TORRES et al, 2006; KIMYAI et al, 2010; BULUT et al, 2005; TURKUN
et al, 2009; TURKUN e KAYA, 2009; FINE, 2000; TURKUN & KAYA, 2004; LAI et al,
2001), catalase, peroxidase, glutationa, bicarbonato de sódio, extrato de sementes
de uva (VIDHYA et al, 2011), extrato de chá verde (MAGALHÃES et al, 2009, YOO
et al, 2011, MARUYAMA et al, 2011,CARREIRA et al, 2011) são pesquisados para
aumentar a resistência de união de dentes clareados.
2.1 ADESÃO DA RESINA COMPOSTA À ESTRUTURA DENTAL CLAREADA
Vários pesquisadores afirmaram que o clareamento dental pode
causar alterações na microestrutura do esmalte dental, resultando em mudanças nas
suas propriedades físicas e mecânicas. Esses efeitos são atribuídos a possíveis
alterações causadas pelo gel clareador na matriz orgânica do esmalte, pela ação
inespecífica dos radicais livres gerados pela quebra dos peróxidos clareadores
(SEGHI & DENRY, 1992, BEN-AMAR et al, 1995, CAVALLI et al, 2004).
A redução na adesão pode ocorrer devido a mudanças químicas na
superfície do esmalte clareado pela permanência de peróxidos residuais nas áreas
interprismáticas do esmalte. Através de análise de MEV dos padrões de fratura, foi
verificado que a resina polimerizada sobre esmalte clareado não era
apropriadamente polimerizada, com aparência granular (TORNECK et al, 1990).
Uma relação inversamente proporcional entre tempo de exposição aos peróxidos e
os valores de resistência de união de compósitos ao esmalte clareado são propostas
nos estudos de TORNECK et al, 1991. Alguns autores discutiram o motivo pelo qual
esse efeito adverso ocorre.
Em suas pesquisas Sundfeld et al (2005) avaliaram através de
microscopia de luz polarizada, a penetração de material adesivo quando aplicado
16
sobre o esmalte clareado em função do tempo de espera para realização do
procedimento restaurador (0, 7, 14 e 21 dias). Observaram que o grupo controle,
assim como os grupos experimentais que permaneceram em saliva artificial por 7
dias a 21 dias, apresentaram numerosos, longos e bem definidos tags resinosos.
Entretanto esses dados diferiram do grupo restaurado imediatamente após o
clareamento, que apresentou uma formação de tags com menor penetração e em
menor quantidade, descritos como menores, mais finos, sem uniformidade,
pobremente definidos e estruturalmente incompletos. Portanto, um período de
espera de pelo menos 7 dias para que ocorra a liberação de peróxidos responsáveis
pelo fenômeno verificado é necessário.
Torneck et al (1991), Dishman et al (1994), Cavalli et al (2001) em
seus estudos recomendam uma espera para realização do procedimento adesivo, no
intuito de se recuperar a resistência de união após clareamento, ou segundo kalili et
al (1991), Bargui e Godwin (1994), Sung et al (1999) utilizam agentes de
molhamento ou solventes com potencial carreador de água, como álcool e acetona,
para se conseguir melhor adesividade. Quanto ao tempo de espera para que se
proceda a restauração, alguns autores baseados nos resultados de seus estudos
sugerem sete dias (TORNECK et al, 1991), outros quatorze dias (BASTING et al,
2004) e até 21 dias (CAVALLI et al, 2001).
2.2 ASCORBATO DE SÓDIO 10%
Ascorbato de sódio é um antioxidante biocompatível, neutro, não
tóxico, e que, quando usado como gel na concentração de 10% pode inverter ou
restaurar a resistência de união reduzida da resina composta à superfície clareada
(TORRES et al, 2006; KIMYAI et al, 2010; BULUT et al, 2005; TURKUN et al, 2009;
TURKUN e KAYA, 2009; FINE, 2000; TURKUN & KAYA, 2004; LAI et al, 2001).
Quando o ascorbato é utilizado na forma de gel, menos fluido e portanto mais fácil
de controlar sua aplicação, torna-se uma alternativa mais confortável para o paciente
e profissional (TURKUN et al, 2009; GARCIA et al, 2012).
Este produto químico, que é um poderoso hidro-antioxidante solúvel
encontrado em fluidos biológicos, tem uma notável capacidade de promover a
redução de reatividade das espécies derivadas do oxigênio e nitrogênio e, assim, é
17
capaz de prevenir o dano oxidativo para importantes macromoléculas biológicas, tais
como o DNA, proteínas, e lípidos (SOHEILI et al, 2003; MEISTER, 1992). Portanto, a
utilização de substâncias antioxidantes, tais como ascorbato de sódio, após o
procedimento clínico de clareamento do dente, pode ser importante, não só para
restaurar resistência de união após o tratamento, mas também para a possível
proteção de células da polpa contra a agressão imposta pelos componentes tóxicos
do clareamento realizado com materiais com capacidade de difusão transdentinária.
O ascorbato de sódio, composto de vitamina C e sódio, tem sido
considerado um produto seguro para uso oral (NAIDU, 2003). O ácido ascórbico e os
seus sais são considerados não-tóxicos e amplamente utilizados na indústria
alimentar como antioxidantes, é improvável que a sua utilização intra-oral possa
causar qualquer efeito adverso ou perigo biológico clínico (LAI et al, 2001, 2002;
KAYA & TURKUN, 2003). Em medicina cosmética é usado como indutor da
formação de colágeno e na odontologia, como agente co-preventivo de doença
periodontal.
Todavia, tem-se conhecimento de que o ascorbato de sódio é uma
substância instável, de cor amarelada e que se oxida rapidamente, podendo levar a
possíveis manchamentos nos dentes recém-clareados (DSM, 2001). No intuito de
evitar esse possível efeito adverso, se propõe a utilização de um gel antioxidante à
base de ascorbato de sódio estabilizado (PI0502546-0), de cor branco-translúcida,
quimicamente conhecido como ascorbato de trisódio monofosfatado ou ascorbil
fosfato. O ascorbil fosfato é um pó branco, facilmente solúvel em água em
concentração de até 50% em ph básico (DSM, 2002). Esse produto foi testado, por
duas horas, após realização de clareamento diário de seis horas, por 14 dias,
obtendo-se bons resultados quanto à resistência de união ao esmalte humano
(SILVA, 2005). Entretanto, o período de tempo para a utilização de antioxidantes
sobre a estrutura dental ainda é empírico. As pesquisas realizadas padronizaram o
tempo de 1/3 do período de clareamento, independente do tipo e da concentração
do peróxido utilizado, e bons resultados têm sido alcançados com essa técnica (LAI
et al, 2002; SILVA, 2005; TURKUN et al, 2004).
Entre os estudos envolvendo o emprego de ascorbato de sódio após
clareamento dental, alguns utilizaram o peróxido de carbamida 10% e o ascorbato
de sódio 10% mostrando uma efetividade da ação do antioxidante sobre o oxidante
com consequente reversão dos efeitos do peróxido sobre a resistência de união
18
adesiva (LAI et al, 2002; TURKUN & TURKUN, 2004; BULUT et al, 2005; BULUT et
al, 2006). De acordo com estudos de Lai et al (2002); Turkun e Turkun (2004);
Kimyai e Valizadeh (2006) o ascorbato de sódio deveria ser aplicado por três horas,
imediatamente após o clareamento dental. Entretanto, alguns autores como Kaya e
Turkun (2003); Turkun e Kaya (2004); Bulut et al (2005); Bulut et al (2006)
propuseram o uso do ascorbato de sódio por 10 minutos, com sucesso na reversão
do efeito do agente clareador.
2.3 CHÁ VERDE
O chá é uma rica fonte de polifenólicos (constituem
aproximadamente 30% do peso bruto total do chá fresco), particularmente
flavonóides. A maioria dos flavonóides presentes no chá verde (folhas e extratos)
são catequinas (GRATTAM, 1992). As quatro principais catequinas presentes no chá
verde são epicatequinas (EC); epicatequina-3-galato (ECG); epigalocatequina (EGC)
e epigalocatequina-3- galato (EGCG).
Embora vários estudos demonstrem a eficácia de muitos
antioxidantes na reversão da resistência de união ao esmalte clareado a utilização
do chá verde como um antioxidante no esmalte clareado não foi estudada. O chá
verde é feito a partir da planta Camellia sinensis e contém principalmente
flavanóides ou catequinas. As fortes propriedades antioxidantes do chá verde têm
sido atribuídas principalmente as catequinas EGCG e EGC (ROBERTS e WOOD,
1953).
Acredita-se que um dos modos principais de ação de polifenóis é a
capacidade para se complexar com outras moléculas (HASLAM & CAI, 1994). Nos
últimos anos, pesquisadores têm particular atenção à ingredientes biologicamente
ativos, especialmente alcalóides e polifenóis em alimentos e bebidas, devido aos
seus efeitos positivos sobre a saúde humana. O chá é uma das bebidas mais
consumidas em todo o mundo. Ao lado do aroma atraente e específico gosto, sua
popularidade é também o resultado de suas propriedades no seu potencial de
promoção da saúde. Numerosos estudos epidemiológicos relatam que o consumo
de chá tem ligação com uma redução do risco de doenças cardiovasculares
(HERTOG et al, 1993; YONG et al, 1967), níveis elevados de colesterol (MARON et
19
al, 2003;. VINSON et al, 2004), diabetes (VINSON e ZHANG, 2005), artrite (HAGGI
et al., 1999), osteoporose (HEGARTY et al, 2000) e cárie dentária (OTAKE et
al,1991). As folhas de chá fresco são ricas em monômeros flavanóide ou catequinas.
E estes efeitos benéficos do chá têm sido atribuídas à propriedades antioxidantes
dos compostos polifenólicos, especialmente dos derivados das catequinas:
epigalocatequina galato (EGCG), epigalocatequina (EGC), epicatequina galato
(ECG) e epicatequina (EC) (ROBERTS e WOOD, 1953).
De acordo com o trabalho de Saldanha (2005) que avaliou a
atividade antioxidante in vitro de extratos de erva-mate (Ilex Paraguariensis) verde e
tostada e chá verde (Camellia Sinensis) algumas informações importantes foram
coletadas para revisão bibliográfica desta pesquisa. Todo chá é proveniente dos
arbustos da Camellia Sinensis. Quando colhida e picada, as folhas podem ser
processadas para obtenção do chá verde, do chá oolong e chá preto. Para o chá
verde ser obtido, as folhas devem ser murchas, brevemente aquecidas após
picadas, para inativação enzimática do polifenol oxidase, impedindo assim que a
oxidação ocorra antes de serem secas, portanto diferente dos outros tipos de chás, o
chá verde não é oxidado. O chá verde é produzido a partir de folhas frescas,
prevenindo assim a oxidação dos flavonóides.
O interesse pelos radicais livres e por antioxidantes tem se
intensificado cada vez mais. A associação entre a presença de radicais livres e a
patogênese de certas doenças, bem como a proteção de certas substâncias
antioxidantes, tem despertado o interesse à pesquisa sendo objetivo de estudo de
diversos trabalhos (GUTLERIDGE e HALLIWELL, 1994; HALLIWELL, 1996;
DREOSTI, 2000). A presença de composto fenólicos em plantas como no caso da
Camellia Sinnensis (chá verde) tem sido estudada por sua ação antioxidante. Essa
capacidade antioxidante de compostos fenólicos é devido principalmente às suas
propriedades de óxido redução podendo assim absorver e neutralizar radicais livres,
quelando o oxigênio singlete (molécula de oxigênio em estado altamente energético,
que pode ser gerada pela transferência de energia de uma molécula excitada por luz
visível ou ultravioleta [1]) e triplete ou decompondo peróxidos aumentando assim a
resistência de união do composto ao esmalte clareado (DEGÁSPARI &
WASZCZYNSKYJ, 2004).
1 “Physical Mechanisms of generation and Deactivation of singlet oxygen” Chemical Reviews 71:1685-1757.doi10.1021/cr010371.
20
3 PROPOSIÇÃO
3.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo deste estudo in vitro foi avaliar o efeito de diferentes
tempos de aplicação do antioxidante chá verde na resistência de união ao esmalte
clareado anteriormente com peróxido de carbamida a 10% por meio de:
a) Avaliação da resistência de união por microtração e;
b) Classificação dos padrões de fratura através de microscopia
eletrônica de varredura.
3.2 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA
Avaliação dos resultados de resistência de união ao esmalte
clareado obtidos com aplicação do antioxidante em menor tempo e os benefícios
para paciente e profissional, pelo menor tempo de espera entre o tratamento
clareador e tratamento estético restaurador e/ ou reabilitador final.
21
4 MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi realizado no laboratório de pesquisa da pós-graduação
da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, em condição ideal de temperatura
(23°C). O trabalho foi aceito pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
relacionada acima, conforme (ANEXO A) na página 49.
4.1 SELEÇÃO E LIMPEZA DOS DENTES
Para este estudo foram selecionados 100 terceiros molares
humanos hígidos (n=10), recentemente extraídos por motivos terapêuticos os quais
foram doados aos pesquisadores através de assinatura de carta de doação
(APÊNDICE A) página 45 e de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE B)
página 46. Os dentes foram acondicionados por sete dias em um recipiente
contendo solução neutra de Cloramina T a 0,5 % para desinfecção, depois lavados
em água corrente e limpos com curetas periodontais e realizou-se a profilaxia com
micromotor em baixa rotação com pedra pomes, com auxilio de escova de Robson
para total remoção dos debris.
4.2 ARMAZENAMENTO DOS DENTES
Os dentes limpos foram armazenados em potes plásticos com
tampa, contendo água destilada, sob refrigeração a 4◦C com troca semanal da
solução até o início da fase experimental que ocorreu após a obtenção de todos os
elementos dentais e a realização do estudo piloto.
4.3 PREPARO DAS AMOSTRAS
As etapas do preparo das amostras foram realizadas por apenas um
operador previamente treinado e calibrado antes e durante a execução do estudo
piloto. Este operador realizou todas as etapas necessárias para a pesquisa desde o
preparo das amostras em esmalte até a finalização com os testes de microtração
22
sob supervisão de seu orientador.
4.3.1 Preparo das amostras em esmalte
A porção radicular foi removida e o dente seccionado ao seu longo
eixo com disco de corte diamantado e turbina de baixa rotação acoplada com peça
de mão sob refrigeração e utilizou-se as faces mesial e distal ou vestibular e
lingual/palatina (Figura 1). Estes espécimes foram polidos com pressão manual leve
primeiramente com lixas de Carbeto de Silício em ordem decrescente de granulação
( # 400, 600 e 1200) na máquina politriz sob refrigeração à água e posteriormente
com pastas diamantadas nas granulações (6, 3, ½ e ¼ µm) e discos de feltro para
planificação da face que foi restaurada. Após a planificação os espécimes foram
lavadas em água corrente para remoção de resíduos por 30 segundos.
As amostras foram fixadas em discos de acrílico e moldeiras
individuais usando placa de silicone com 0,5 mm de espessura da (FGM, Joinvile,
SC, Brasil) para clareamento confeccionadas na plastificadora a vácuo (Plastivac P7,
Bioart, São Carlos , SP, Brasil) para cada amostra (Figura 2).
Figura 1. Representação esquemática do preparo das amostras.
Fonte: A autora.
23
Figura 2. Amostras fixadas em discos de acrílico e com moldeira individual.
Fonte: A autora.
4.4 GRUPOS EXPERIMENTAIS
Os espécimes (coroas dentárias) foram distribuídas em dez grupos
experimentais de forma aleatória, sendo que cada grupo foi estruturado com 10
dentes conforme o tratamento explicado no quadro 1.
Quadro 1 - Descrição dos grupos experimentais do estudo (n = 10).
GRUPOS
EXPERIMENTAIS N AGENTE CLAREADOR AGENTE ANTIOXIDANTE
G1 10 Sem clareador Sem antioxidante (controle)
G2 10 Sem clareador Gel Ascorbato 10%
G3 10 Sem clareador Gel Chá verde 10%
G4 10 Clareado (PC 10%) Sem antioxidante
G5 10 Clareado (PC 10%) Gel Ascorbato 10% por 15 min
G6 10 Clareado (PC 10%) Gel Chá verde 10% por 15 min
G7 10 Clareado (PC 10%) Gel Ascorbato 10% por 30 min
G8 10 Clareado (PC 10%) Gel Chá verde 10% por 30 min
24
G9 10 Clareado (PC 10%) Gel Ascorbato 10% por 1 hora
G10 10 Clareado (PC 10%) Gel Chá verde 10% por 1 hora
Fonte: autora
4.5 TRATAMENTO CLAREADOR
Para os grupos experimentais que foram submetidos ao tratamento
clareador foi utilizado o gel clareador Opalescence 10% (peróxido de carbamida 10%
da marca Ultradent do Brasil Produtos Odontológicos LTDA seringa com 1,2 ml)
(Figura 3). Utilizamos moldeiras individuais de silicone com 0,5 mm de espessura
para cada espécime confeccionadas na plastificadora a vácuo (Plastivac P7, Bioart,
São Carlos, SP, Brasil). A quantidade de gel clareador aplicada na superfície do
esmalte foi de acordo com a área preparada (planificada), também foi aplicada uma
quantidade de saliva artificial de 0,02 ml com uma seringa de insulina e a moldeira
individual posicionada. O tratamento foi realizado durante 6 horas por dia por 14 dias
de acordo com os estudos de Haywood (1992); Haywood e Robison (1997) que
sugerem a aplicação do peróxido de carbamida a 10% em aplicações diárias de 5 a
8 horas. Após o fim do clareamento, o gel clareador foi removido das amostras em
água corrente. Durante as 18 horas remanescentes as amostras permaneceram em
água destilada a 37°C.
Figura 3- Gel clareador Opalescence PC 10%.
Fonte: A autora.
25
4.6 APLICAÇÃO DOS AGENTES ANTIOXIDANTES
Os agentes antioxidantes gel de ascorbato de sódio 10% e chá
verde 10% foram manipulados na farmácia de manipulação Botica Chateau D’or
(Maringá-PR, localizada na rua Curitiba, 226; telefone: (44)3028-7576; Fax:
(44)3028-2901, Famacêutica responsável: Dra. Manolita S. P. Martins CRF-2689-
M.S.33.433- CNPJ 81.659.096/0001-04). A procedência do chá verde (60%
polifenóis (catequinas), 5% cafeína; 35% outros consituites Fragon, São Paulo, SP,
Brasil) e do ascorbato de sódio (Fragon, São Paulo, SP, Brasil). O agente gel
ascorbato de sódio 10% tem como fórmula: ácido ascórbico 10% e gel natrosol
Q.S.P 20g e o gel chá verde 10% tem como fórmula: extrato glicólico chá verde e
gel de natrosol Q.S.P 30g. Antes da aplicação do agente antioxidante, foram
confeccionadas novas moldeiras individuais de acetato para cada espécime com 0.5
mm de espessura, utilizando plastificadora a vácuo. Não foram utilizadas as mesmas
moldeiras utilizadas durante o clareamento para evitar a contaminação com resíduos
de peróxido de carbamida que podem ficar contidos na moldeira.
Após a conclusão da fase de clareamento, as amostras dos grupos
5, 6, 7, 8, 9 e 10 receberam 0,02 ml de gel antioxidante conforme descrito no Quadro
1, utilizando uma micropipeta calibrada. As moldeiras foram posicionadas sob as
amostras e mantidas em estufa a 37°C (± 1°C) por períodos de 15 minutos, 30
minutos e de 1 hora conforme o grupo do experimento. Em seguida, as moldeiras
individuais removidas, e as amostras lavadas com água corrente abundantemente
(Figura 4).
26
Figura 4 - Representação esquemática da aplicação dos antioxidantes ascorbato de sódio, chá verde nas amostras
.Fonte: a autora.
4.7 PROCEDIMENTOS RESTAURADORES
Após os tratamentos de acordo com cada grupo conforme a
descrição do quadro 1, a realização do tratamento do esmalte para a restauração
dos espécimes com resina composta ocorreu de forma padronizada para todos os
grupos. As amostras foram condicionadas por 30 segundos com ácido fosfórico a
35% (Scotchbond ETCHANT Gel, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), lavadas com spray
de ar/água por 60 segundos e secas com filtro de papel absorvente. Foi utilizado o
sistema adesivo (Adpter Single Bond 2; 3M ESPE) de acordo com as instruções do
fabricante, aplicação de duas camadas e leve jato de ar por 5 segundos entre uma
camada e outra e posteriormente fotopolimerizado por 10 segundos (radii-cal, SDI,
Baywater, Victória, Austrália). Três camadas de resina composta em incrementos de
2 mm (Z 350, 3M ESPE) aplicadas às superfícies construindo um formato de cubo
na coroa com aproximadamente 6,0 milímetros de altura. Cada camada de resina
será polimerizada por 40 segundos. Ao término desta etapa os espécimes foram
armazenados em água destilada a 37 ºC durante 24 h (Figura 5).
27
Figura 5 - Representação esquemática dos procedimentos restauradores e dos blocos de resina (6mm).
Fonte: A autora.
4.8 TESTE DE MICROTRAÇÃO
Após este período, os espécimes foram seccionados no sentido da
resina composta-esmalte e perpendicular à interface adesiva em palitos de 1,0 x 1,0
mm usando um disco diamantado (Série 15LC; Buehler), sob refrigeração constante
acoplado a uma máquina de corte modelo ISOMET 1000 (Buhler Ltd., Lake Bluff, IL,
USA), a uma velocidade de 100 rotações por minuto (rpm) sob refrigeração
constante (Figuras 6 e 7). Para cada dente foram obtidos aproximadamente 8
palitos. Os palitos obtidos a partir de cada grupo foram individualmente fixados em
um dispositivo de microtração usando cola a base de cianoacrilato (Super Bonder
Gel, Loctite, São Paulo, SP, Brasil) e uma máquina de ensaio universal (EMIC;
Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda., São José dos Pinhais, PR, Brasil) a uma
velocidade de 0,5 mm / min com uma célula de carga 50 KGF para realização do
teste de microtração (Figuras 9 e 10). A resistência adesiva à microtração foi
determinada pelo quociente entre a força necessária para a fratura dos espécimes,
mensurada em Newtons, e a área adesiva de cada palito, previamente determinada
com um paquímetro digital. Os valores de microtração obtidos em MPa. De cada
dente, foi realizada a média dos palitos obtidos e destes realizada a média por grupo
28
experimental.
Figura 6 - Amostra posicionada em máquina de corte ISOMET e representação dos cortes do bloco de resina e esmalte.
Fonte: A autora.
Figura 7 - Obtenção da área de cada palito pelo paquímetro digital.
Fonte: A autora.
29
Figura 8 - Amostras fixadas nas garras para dispositivo de microtração com cola a base de cianoacrilato.
Fonte: A autora. Figura 9. Garras com as amostras levadas ao dispositivo de microtração para a realização do teste
Fonte: A autora.
30
4.9 AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE FRATURA EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA
DE VARREDURA (MEV)
Após a descolagem, os padrões de fratura foram examinados sob
um microscópio eletrônico de varredura (MEV; JSM-5600, JEOL Ltd., Peabody, MA,
EUA). Os espécimes descolados selecionados de cada grupo experimental foram
montados em bases metálicas sobre fita de carbono, deixando secar durante 24 h,
por pulverização catódica revestidas com ouro, e avaliadas sob a MEV (Figura 11).
As fraturas foram classificadas como adesiva, falha coesiva em resina / adesivo (de
resina compósito / adesivo), ou mistas (tanto falha adesiva e coesiva).
Figura 10 - Amostras posicionadas em stub e cobertas com ouro para visualização em microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Fonte: A autora.
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores de microtração foram analisados quanto a normalidade pelo teste
de Kolmogorov–Smirnov test e submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste
de Tukey (α = 5%).
31
5 RESULTADOS
A tabela 1 mostra as médias e o desvio padrão da resistência à
microtração de acordo com os grupos experimentais. O teste de análise de variância
ANOVA (one-way) revelou diferenças significativas entre os grupos testados (p <
0,0001). O teste de Tukey indicou que a resistência de união do grupo controle (G1)
foi estatisticamente superior ao grupo clareado (G4) (p < 0,05). Observou-se
também que, os grupos clareados e tratados com gel de ascorbato de sódio 10% e
gel de chá verde 10% quando aplicados por 60 minutos (G9 e G10 respectivamente)
foram similares estatisticamente ao grupo controle (G1), e estes foram diferentes
estatisticamente do grupo clareado (G4). O grupo sem clareamento e tratado com
chá verde (G3) diferiu estatisticamente dos grupos só clareado (G4), clareado + 15
minutos de ascorbato de sódio (G5) e foi igual estatisticamente aos grupos clareado
+ 60 minutos ascorbato de sódio (G9) e clareado + 60 minutos de chá verde (G10).
Tabela 1- Médias (desvio padrão) dos valores de resistência de união de acordo com os grupos experimentais. Grupos Média (DP)
G1 – Grupo controle 30,30 (5,13) a,b
G2 – Sem clareamento + AS 27,34 (3,89) a,b,c,d
G3 – Sem clareamento + CV 31,83 (2,63) a
G4 – Clareado 23,29 (3,20) c,d
G5 – Clareado + 15 AS 25,18 (3,95) b,c,d
G6 – Clareado + 15 CV 26,63 (3,43) a,b,c,d
G7 – Clareado + 30 AS 26,41 (5,40) a,b,c,d
G8 – Clareado + 30 CV 24,34 (3,01) b,c,d
G9 – Clareado + 60 AS 30,22 (5,14) a
G10 – Clareado + 60 CV 31,16 (3,80) a
Médias seguidas de letras distintas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p< 0,05) Fonte: autora
Na Figura 11 observou-se o padrão de fratura de acordo com os
grupos experimentais. O tipo de falha predominante foi falha adesiva para todos os
grupos experimentais. Na figura 2 observamos um exemplo do tipo de falha coesiva,
onde podemos observar a presença de poros, comum nas amostras que foram
submetidas ao tratamento clareador.
32
Figura 11 – Percentagem do padrão de falha de acordo com os grupos experimentais.
Fonte: autora
Figura 12 – Grupo clareado + 15 minutos de gel de ascorbato de sódio. Microscopia eletrônica de varredura mostrando falha coesiva. Resina composta (RC), adesivo (A) e poros (→) podem ser observados.
Fonte: A autora.
33
6 DISCUSSÃO
Buscando possíveis explicações para a diminuição dos valores de
resistência de união após o clareamento com peróxido de carbamida (TURKUN &
KAYA, 2004); vários estudos demonstram que ocorrem alterações físicas e
morfológicas superficiais no esmalte após o uso de agentes clareadores que liberam
radicais livres de oxigênio e hidroxila (OH) ou íons peri-hidroxilo quando são
aplicadas à estrutura dental. A molécula de radical livre é uma molécula com um
elétron não emparelhado com alta reatividade. Estas moléculas são capazes de
reagir com as regiões pigmentadas ricas em elétrons dentro da estrutura dental,
quebrando grandes moléculas pigmentadas em moléculas menores, menos
pigmentadas (GARCIA-GODOY et al, 1993). Sendo assim, a perda de adesividade
da resina ao esmalte está relacionada com a possível presença de peróxido residual,
que interfere com a ligação de resina e inibe a polimerização desta (LAI et al, 2002;
CAVALLI, 2001), formando bolhas geradoras de tensão (TORNECK et al, 1992;
DISHMAN et al, 1994; LAI et al, 2002) e uma menor adaptação e penetração dos
tags em esmalte (PERDIGÃO, 1998). Essas alterações que ocorrem na estrutura do
esmalte são resultado também de um aumento da porosidade que se manifesta por
uma aparência sobre-condicionada com perda da forma prismática (BEM-AMAR et
al, 1995). Além disso, outros fatores importantes que poderiam ter contribuido para a
diminuição da resistência de união que inclui perda de cálcio, diminuição da
microdureza e alterações na substância orgânica (TIMPAWAT et al, 2005).
Os agentes antioxidantes inativam os radicais livres, assim como as
espécies reativas de oxigênio resultantes da quebra dos agentes clareadores,
estabilizando estas moléculas (CHAUDIERE & FERRARI, 1999) e, neste caso,
permitindo a polimerização apropriada do sistema adesivo, restabelecendo a
resistência de união a níveis próximos do grupo de controle. Uysal et al (2009)
relataram que após a imersão dos espécimes de dentes em saliva artificial (usada
para imitar o efeito antioxidante salivar) por 30 dias após clareamento, este não foi
capaz de inverter a redução na resistência de união. Diferindo deste estudo a
presente pesquisa avaliou a capacidade de dois agentes antioxidantes (chá verde
10% e ascorbato de sódio a 10% na forma de gel) para inverter os valores da
resistência de união após clareamento com peróxido de carbamida 10%. E os
valores obtidos para os grupos clareados com aplicação dos dois antioxidantes
34
citados acima por 1 hora conseguiram aumentar esses valores de resistência de
união após o clareamento. Os resultados deste estudo demonstraram que há uma
significativa redução na resistência de união após o clareamento no grupo que não
recebeu nenhum tipo de tratamento após o tratamento clareador, e que foi somente
restaurado, assim como no estudo de Cavalli et al (2001) que constatou que os
agentes que contêm peróxido de carbamida a 10-20% afetam adversamente a
resistência de união da resina composta ao esmalte quando a adesão é realizada
imediatamente após clareamento.
Torres et al (2006) avaliaram os efeitos de seis agentes
antioxidantes sobre a resistência de união do esmalte submetido ao tratamento
clareador, e encontraram um aumento significativo da resistência de união no grupo
tratado com catalase. No entanto, nenhum dos agentes antioxidantes testados foi
capaz de neutralizar completamente os efeitos deletérios do clareamento na
resistência de união. O presente estudo avaliou que tanto o gel antioxidante chá
verde 10%, um antioxidante alternativo, e o gel de ascorbato de sódio 10%, quando
usados por 1 hora obtiveram valores de resistência de união estatisticamente
semelhantes aos do grupo controle e significativamente maiores do que os do grupo
clareado.
Vidhya et al (2011) testaram o uso de extrato de semente de uva,
um antioxidante natural, na resistência de união do esmalte após clareamento. Eles
encontraram resultados de resistência de união significativamente maiores do que
nos tratados com ascorbato de sódio a 10%. Os resultados do presente estudo
demonstraram valores estatisticamente semelhantes para o gel de chá verde 10%,
um antioxidante natural, e para o gel de ascorbato de sódio a 10%. O uso de gel de
chá verde antes de procedimentos adesivos na superfície do esmalte clareado
consegue neutralizar e reduzir os efeitos deletérios do clareamento e foi capaz de
aumentar significativamente a resistência de união. O chá é conhecido por ser uma
rica fonte de polifenóis, mas os níveis de polifenóis variam dependendo de como o
chá foi processado (ASTILL et al, 2001), as folhas de chá fresco são ricas em
monômeros flavanóides conhecidos como catequinas. As folhas do chá verde devem
estar murchas e depois sofrer a inativação da polifenol oxidase, mantendo desta
forma concentrações elevadas de catequinas (FREI & HIGDON, 2003). As
atividades antioxidantes das catequinas no chá verde são principalmente devido a
presença da epigalocatequina (EGC) e epigalocatequina-3-galato (EGCG) que
35
limpam os radicais livres de forma mais eficaz. O gel antioxidante de chá verde foi
capaz de remover peróxido residual, que interfere na adesão de resina ao esmalte
após clareamento e inibe a polimerização de resina (CAVALLI, 2005; DISHMAN et
al, 1994) permitindo que o procedimento adesivo seja executado imediatamente
após o clareamento.
Segundo Garcia et al, em 2012, os estudos sobre estes agentes
antioxidantes têm-se centralizado no ascorbato de sódio, pois é o produto que tem
demonstrado ser o mais viável e prático para uso em Odontologia. Entretanto,
concordam que não está definida sua estabilidade em diferentes situações de
armazenamento (pH e temperatura), e ainda não há produto comercialmente
disponível para uso clínico. Devido a este contexto de instabilidade e dificuldade de
uso do antioxidante gel ascorbato de sódio 10%, reforça os resultados encontrados
nesta pesquisa que comprovam que o uso de um antioxidante alternativo, gel chá
verde 10% poder ser usado como uma alternativa ao uso, pois apresentou bons
resultados e semelhantes aos do ascorbato de sódio na inversão dos valores de
resistência de união após clareamento.
Em relação ao tempo de aplicação destas substâncias antioxidantes
alguns autores (KAYA & TURKUN, 2003; TURKUN & KAYA, 2004; BULUT & KAYA,
2005; BULUT et al, 2006; GÖKÇEB et al, 2008) propõem o uso de ascorbato de
sódio durante 10 minutos e relataram que os efeitos adversos do agente clareador
foram invertidos com êxito. No estudo de Freire et al (2009) foi verificado que a
reação entre peróxido de hidrogênio e ascorbato de sódio foi rápida e que 5 minutos
foi tempo suficiente para que o antioxidante fizesse a redução dos efeitos adversos
do gel clareador. Os autores relatam que um tempo de aplicação de 5 minutos é
adequado para condições clínicas e também permite que procedimentos de adesão
sejam iniciados mais cedo, eliminando o tempo de espera de 2-3 semanas após o
clareamento sugerido por muitos autores (CAVALLI et al, 2001; BASTING et al,
2004; MIGUEL et al, 2004). Entretanto, o tempo de aplicação ainda é empírico, tem
sido relatado a partir dos dez minutos (BULUT et al, 2006; TURKUN & Kaya, 2004)
até 1/3 do tempo de aplicação do gel de clareamento, este período independente do
tipo e da concentração do peróxido utilizado apresentaram bons resultados (LAI et
al, 2002; Silva, 2005; Türkun et al, 2004). Neste estudo foram testados diferentes
tempos (15 minutos, 30 minutos e 1 hora) de aplicação dos agentes antioxidantes
gel de ascorbato de sódio 10% e gel de chá verde 10%, pensando nas situações
36
clínicas do dia-a-dia do consultório odontológico que requerem a restauração
imediata de dentes clareados, tais como quando as restaurações pré-existentes
ficaram com cor contrastante com os dentes clareados e serão substituídas, se o
paciente dispõe de poucos dias para finalizar o tratamento, ou para motivação do
paciente durante o tratamento. A hipótese deste estudo era que houvesse uma
redução no tempo de aplicação destes agentes antioxidantes, mas de acordo com
os resultados obtidos apenas o tempo de aplicação de 1 hora foi efetivo no aumento
da resistência de união de acordo com o trabalho de Carreira et al (2012). Os grupos
sem clareamento e que foram aplicados o gel de ascorbato de sódio 10% e chá
verde 10% serviram para verificar se somente a aplicação destes géis afetariam a
resistência de união. Podemos observar que não houve nenhum efeito, pois estes
grupos foram similares ao grupo controle.
O tempo de aplicação de 15 e 30 minutos do gel de ascorbato de
sódio 10% (G5 e G7) e do gel de chá verde 10% (G6 e G8) respectivamente não
diferiram estatisticamente dos valores de resistência de união ao esmalte do grupo
só clareado com PC a 10% (G4), não se obteve os resultados esperados na
reversão dos valores de resistência de união com a diminuição do tempo de
aplicação dos antioxidantes. Os resultados do presente estudo corroboram com os
achados de Kaya et al (2008) que avaliaram o efeito de diferentes tempos de
aplicação do ascorbato de sódio a 10% (10 minutos, 60 minutos, 120 minutos, 240
minutos e 480 minutos), somente a partir do tempo de 60 minutos foi efetivo para a
reversão dos valores de resistência de união ao esmalte clareado. Até o momento,
não foram encontrados estudos que avaliaram a aplicação do chá verde em
diferentes tempos.
Apesar do chá verde ser considerado um potente antioxidante, este
não apresentou resultados superiores ao ascorbato de sódio. A comparação do
potencial antioxidante dos géis de chá verde e ascorbato é uma limitação de estudo
que poderia explicar os resultados similares destes antioxidantes. O estudo de
Garcia et al (2012), relata que o método eficaz para analisarmos o potencial
antioxidante, que poderá ser usado em pesquisas futuras é o método de DPPH (2,2-
difenil-1-picrilhidrazilo-hidrato), que é um ensaio antioxidante com base em
transferência elétrons.
Usando análise dos espécimes em MEV Titley et al (1992)
verificaram que as interfaces entre resina e esmalte clareado diferem
37
substancialmente daquelas formadas entre resina e esmalte sem tratamento
clareador. Turkun e Kaya (2004) relatam que a análise em microscopia eletrônica de
varredura das interfaces entre resina e esmalte clareado exibem um aspecto
granular e poroso. Esta aparência como sendo um borbulhamento gasoso resultante
de reações oxidantes devido ao aprisionamento de peróxido na camada de esmalte
da sub-superfície. A mesma aparência porosa foi também observada no presente
estudo (exemplificada pela Figura 12). Falhas adesivas ocorreram em maior
porcentagem do que as outras no grupo restaurado imediatamente após o
clareamento (grupo 4) em comparação com outros grupos. Este achado pode indicar
que o clareamento prejudica a resistência de união do esmalte imediatamente após
o clareamento.
38
7 CONCLUSÃO
De acordo com a metodologia empregada e baseado nos resultados
obtidos no presente trabalho, é possível concluir que o tratamento com gel
antioxidante chá verde 10% por 1 hora mostrou resultados satisfatórios e
semelhantes aos do gel de ascorbato de sódio 10% na resistência de união do
esmalte e pode ser uma outra alternativa para o uso imediatamente após o
clareamento. Em todos os grupos o tipo de falha predominante foi falha adesiva.
39
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47
APÊNDICE A – Termo de Doação de Dentes
Identificação do Doador
Nome (Legível): ______________________________________________________
Data de Nascimento: _______/_______/_______
Local de Nascimento: _____________________________________ UF: _________
RG nº: ___________________________ CPF nº: ___________________________
Endereço: ___________________________________________________________
Cidade: ____________________________ CEP: _______________ UF: _________
Telefones para contato: ( ) ___________________ ( ) ____________________
E-mail: _____________________________________________________________
DECLARAÇÃO
Declaro ter sido esclarecido sobre quais os motivos que levaram a
necessidade de remoção do(s) dente(s) _________________________ (código), por
razões terapêuticas ou_______________________, e concordo em ceder os
mesmos para serem utilizados no projeto de Mestrado da aluna Andrezza Astafieff
Ozelin, sob orientação da Profa.Dra Sandrine B. Berger com título "Influência do
tempo de aplicação de antioxidantes na resistência de união do esmalte após
clareamento” - que objetiva avaliar o efeito de diferentes tempos de aplicação de
antioxidantes na resistência de união do esmalte submetido ao tratamento clareador
caseiro, a ser desenvolvido na Universidade Norte do Paraná, após aprovação do
projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Fui ainda esclarecido
de que os resultados da referida pesquisa serão divulgados em encontros
científicos, resguardando o sigilo e a confidencialidade sobre minha identidade, que
não será divulgada por qualquer meio. O material cedido será utilizado unicamente
nesta pesquisa.
Londrina, ________ de _____________________ de 2012.
____________________________________ Assinatura do doador
48
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado (a) Senhor (a): ________________________________________________.
RG: _____________________
Gostaríamos de convidá-lo (a) a participar da pesquisa intitulada
"Influência do tempo de aplicação de antioxidantes na resistência de união do
esmalte após clareamento”, que faz parte da Dissertação de Mestrado da aluna
Andrezza Astafieff Ozelin, a ser desenvolvida na Universidade Norte do Paraná
(UNOPAR), sob orientação da Profa.Dra Sandrine B. Berger. O objetivo da pesquisa
é avaliar o efeito de diferentes tempos de aplicação de antioxidantes na resistência
de união do esmalte submetido ao tratamento clareador caseiro. Para isto a sua
participação é muito importante e ela se dará pela doação de seu dente terceiro
molar, que será removido pelo seu cirurgião-dentista, desde que exista indicação
terapêutica para isso. Ele irá arquivar em seu prontuário e se responsabilizar por
toda documentação relacionada ao seu atendimento. Seu dente será utilizado para
realização de um tratamento clareador caseiro e aplicações de agentes
antioxidantes (Ascorbato 10% e Chá verde 10%), depois deste tratamento, o dente
será restaurado com resina e serão efetuados cortes de 1,0 x 1,0 mm usando um
disco diamantado, estas amostras serão testadas em uma máquina, para avaliar a
adesão da restauração de resina ao esmalte do dente. Os resultados desta pesquisa
serão divulgados em encontro científico e na defesa da Dissertação de Mestrado,
resguardando sua identidade, que será mantida em sigilo. Seu dente não será
utilizado para outra finalidade e a amostra será armazenada pela professora
responsável, até o final da pesquisa. O descarte do material será efetuado pela
professora orientadora, respeitando os critérios de biossegurança. Gostaríamos de
esclarecer que sua participação é totalmente voluntária e que você não será
prejudicado em seu atendimento pelo dentista, caso não concorde em doar e ceder
seu dente para esta pesquisa. Informamos ainda que as informações tratadas com o
mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade.
Caso você tenha mais dúvidas ou necessite de outros esclarecimentos, ou ainda,
venha a sentir desconforto relacionado a algum procedimento realizado durante sua
participação na pesquisa, poderá contatar as pesquisadoras. Este termo será
49
preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida e
assinada entregue a você. Além da assinatura nos campos específicos pelos
pesquisadores e por você, solicitamos que sejam rubricadas todas as folhas deste
documento.
Eu, ____________________________________________________
(nome por extenso do sujeito de pesquisa), RG_____________________, declaro
que fui devidamente esclarecido e concordo em participar VOLUNTARIAMENTE da
pesquisa coordenada pela Profa. Dra. Sandrine B. Berger e desenvolvida pela aluna
Andrezza Astafieff Ozelin.
Londrina, ____, de __________________ de 2012.
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Assinatura ou impressão datiloscópica
Contato:
Nome: Sandrine B Berger
Endereço: R Marselha, 183, Faculdade de Odontologia.
CEP: 86041-100
Telefone: (43) 3371-9832
Nome: Andrezza Astafieff Ozelin
Endereço: R Marselha, 183, Faculdade de Odontologia.
CEP: 86041-100
Telefone: (43) 3371-9832