influência do 1 mcp na acidez do óleo de mesocarpo dos frutos de macaúba armazenados em...

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INFLUÊNCIA DO 1-MCP NA ACIDEZ DO ÓLEO DE MESOCARPO DOS FRUTOS DE 1 MACAÚBA ARMAZENADOS EM TEMPERATURA AMBIENTE 2 3 OSDNÉIA PEREIRA LOPES 1 ; JOSÉ ANTONIO SARAIVA GROSSI 1 ; LEONARDO DUARTE 4 PIMENTEL 1 ; DIONDEVON ROCHA DE OLIVEIRA 1 ; SAMUEL DE MELO GOULART 1 5 6 INTRODUÇÃO 7 A macaúba é uma palmeira tropical com grande potencial de produção de óleo vegetal para 8 sustentar os programas de produção de biodiesel. Entretanto, a cadeia produtiva da macaúba 9 apresenta alguns gargalos a serem superados, como a conservação dos frutos em pós-colheita para 10 ampliar o período de processamento nas usinas. Durante o armazenamento, são observadas 11 consideráveis perdas, tanto de natureza quantitativa como qualitativas, que culminam com a 12 acidificação do óleo do mesocarpo da macaúba. Tais perdas são ocasionadas por vários fatores, 13 como temperatura, teor de água, atividade de microrganismos e pela própria senescência do fruto, 14 que pode ser desencadeada pela ação do etileno (hormônio do amadurecimento). Em decorrência 15 destes problemas, torna-se evidente a necessidade de tratamentos dos frutos visando manter a 16 qualidade do óleo. Neste sentido, a utilização de inibidores de etileno pode prevenir o processo de 17 acidificação do óleo, uma vez que estes compostos retardam o a maturação natural dos frutos. O 1- 18 meticiclopropeno (1-MCP) é um inibidor da ação do etileno que compete por seus sítios de ligação 19 nos receptores das membranas (SISLER; SEREK, 1997) que tem sido utilizado com sucesso na 20 preservação da qualidade de alguns frutos em pós-colheita (BOMFIM et al, 2011; VIEIRA et al, 21 2012; CAMPOS et al, 2011; HERSHKOVITZ et al., 2005). 22 Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes concentrações do 1-MCP e tempos de aplicação 23 na acidez dos frutos da Macaúba. 24 MATERIAL E MÉTODOS 25 Os frutos foram colhidos em estágio de maturação plena, sendo posteriormente levados ao 26 Laboratório de Pós-colheita de Macaúba da Universidade Federal de Viçosa, onde foram 27 selecionados e acondicionados em sacos tipo rede. Utilizou-se o delineamento inteiramente 28 casualizado conduzido no esquema fatorial 4 x 2 x 5 sendo 4 concentrações de 1MCP (0 nL.L־¹ , 29 1000 nL.L־¹ , 2000 nL.L־¹, 3000 nL.L־¹), 2 períodos de aplicação (12 horas e 24 horas) e 5 períodos 30 de armazenamento (10, 20, 30, 40, 50 dias), utilizando-se 15 frutos por unidade experimental. 31 Os frutos foram colocados em câmaras herméticas para cada tratamento. Para a aplicação do 32 1-MCP, utilizou-se o produto comercial SMART FRESH ® , pesado conforme as concentrações 33 1 Universidade Federal de Viçosa, neialopesp@hotmail,com; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 1

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Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.

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Page 1: Influência do 1 mcp na acidez do óleo de mesocarpo dos frutos de macaúba armazenados em temperatura ambiente osdneia lopes final

INFLUÊNCIA DO 1-MCP NA ACIDEZ DO ÓLEO DE MESOCARPO DOS FRUTOS DE 1

MACAÚBA ARMAZENADOS EM TEMPERATURA AMBIENTE 2

3

OSDNÉIA PEREIRA LOPES1; JOSÉ ANTONIO SARAIVA GROSSI1; LEONARDO DUARTE 4

PIMENTEL1; DIONDEVON ROCHA DE OLIVEIRA1; SAMUEL DE MELO GOULART1 5

6

INTRODUÇÃO 7

A macaúba é uma palmeira tropical com grande potencial de produção de óleo vegetal para 8

sustentar os programas de produção de biodiesel. Entretanto, a cadeia produtiva da macaúba 9

apresenta alguns gargalos a serem superados, como a conservação dos frutos em pós-colheita para 10

ampliar o período de processamento nas usinas. Durante o armazenamento, são observadas 11

consideráveis perdas, tanto de natureza quantitativa como qualitativas, que culminam com a 12

acidificação do óleo do mesocarpo da macaúba. Tais perdas são ocasionadas por vários fatores, 13

como temperatura, teor de água, atividade de microrganismos e pela própria senescência do fruto, 14

que pode ser desencadeada pela ação do etileno (hormônio do amadurecimento). Em decorrência 15

destes problemas, torna-se evidente a necessidade de tratamentos dos frutos visando manter a 16

qualidade do óleo. Neste sentido, a utilização de inibidores de etileno pode prevenir o processo de 17

acidificação do óleo, uma vez que estes compostos retardam o a maturação natural dos frutos. O 1-18

meticiclopropeno (1-MCP) é um inibidor da ação do etileno que compete por seus sítios de ligação 19

nos receptores das membranas (SISLER; SEREK, 1997) que tem sido utilizado com sucesso na 20

preservação da qualidade de alguns frutos em pós-colheita (BOMFIM et al, 2011; VIEIRA et al, 21

2012; CAMPOS et al, 2011; HERSHKOVITZ et al., 2005). 22

Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes concentrações do 1-MCP e tempos de aplicação 23

na acidez dos frutos da Macaúba. 24

MATERIAL E MÉTODOS 25

Os frutos foram colhidos em estágio de maturação plena, sendo posteriormente levados ao 26

Laboratório de Pós-colheita de Macaúba da Universidade Federal de Viçosa, onde foram 27

selecionados e acondicionados em sacos tipo rede. Utilizou-se o delineamento inteiramente 28

casualizado conduzido no esquema fatorial 4 x 2 x 5 sendo 4 concentrações de 1MCP (0 nL.L29 , ¹־

1000 nL.L2000 , ¹־ nL.L3000 ,¹־ nL.L2 ,(¹־ períodos de aplicação (12 horas e 24 horas) e 5 períodos 30

de armazenamento (10, 20, 30, 40, 50 dias), utilizando-se 15 frutos por unidade experimental. 31

Os frutos foram colocados em câmaras herméticas para cada tratamento. Para a aplicação do 32

1-MCP, utilizou-se o produto comercial SMART FRESH®, pesado conforme as concentrações 33

1 Universidade Federal de Viçosa, neialopesp@hotmail,com; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

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Page 2: Influência do 1 mcp na acidez do óleo de mesocarpo dos frutos de macaúba armazenados em temperatura ambiente osdneia lopes final

referentes aos respectivos tratamentos pré-estabelecidos. Posteriormente diluiu-se o 1-MCP em 34

água a 50 ºC, para induzir a volatilização do produto. 35

Após cada tratamento, os frutos foram acondicionados em caixas plásticas, à temperatura 36

ambiente e avaliados ao longo do armazenamento. Para avaliação da qualidade dos frutos ao longo 37

do armazenamento foi avaliada a acidez do óleo do mesocarpo. Para isso, utilizou-se a metodologia 38

da AOCS (1998), e os resultados obtidos foram expressos em percentual de ácido oleico. Os dados 39

foram submetidos a análise estatística com auxilio do Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas 40

da Universidade Federal de Viçosa, SAEG. Mesmo a interação sendo não significativa houve 41

interesse de se estudar as concentrações e os períodos de armazenamentos, por ambas serem fatores 42

quantitativos. 43

44

RESULTADOS E DISCUSSÃO 45

Não houve diferença significativa para o tempo de aplicação do 1MCP (12h e 24h). Porém, 46

observou-se que houve acréscimo na acidez do óleo ao longo do período de armazenamento e 47

redução da acidez com o aumento da concentração do 1-MCP (Figura 1). 48

No tratamento 0 nL.L¹־ (testemunha) os frutos apresentaram acidez superior à dos demais 49

tratamentos, com valor de 54% , indicando maior grau de maturação e degradação dos frutos não 50

tratados, que culminou com alto índice de acidez do óleo aos 50 dias de armazenamento. Por outro 51

lado, os frutos tratados com as concentrações de 1000 nL.L2000 ,¹־ nL.L¹־ e 3000 nL.L¹־ mostraram 52

menores índices de acidez, com valores de 39%, 27% e 14%, respectivamente. Estes resultados 53

evidenciam que a maturação dos frutos foi inibida pela ação do 1-MCP e a acidificação do óleo foi 54

inversamente proporcional à dose do produto aplicado, indicando que o 1-MCP tem potencial de 55

uso na conservação pós-colheita de frutos de macaúba. 56

57

CONCLUSÃO 58

O 1-MCP influenciou o processo de amadurecimento dos frutos da Macaúba. A 59

concentração de 3000 nL.L¹־, proporcionou uma menor acidez do óleo do mesocarpo. 60

61

AGRADECIMENTOS 62

63

Ao CNPq, FAPEMIG, FINEP, CAPES e PETROBRAS pelo financiamento dos trabalhos de 64

pesquisa com Macaúba na Universidade Federal de Viçosa (REMAPE), e à AGROFRESH 65

doadora do produto comercial SMART FRESH®. 66

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69

AOCS. Official Methods and Recommended Practices of the American Oil Chemists 70

Society. 5. ed. Champaign, v. 1-2, 1998. 71

72

BOMFIM, M. P; , LIMA, G. P. P.; SÃO JOSÉ, A. R.; VIANELLO, F.; OLIVEIRA, L. M. 73

Conservação pós-colheita de manga ‘tommy atkins’ com 1-metilciclopropeno. Revista Brasileira 74

de Fruticultura, Jaboticabal - SP, Volume Especial, E. 290-297, Outubro 2011. 75

76

CAMPOS, R. P.; KNOCH, B. ; HIANE, P. A. ; RAMOS, M. I. L.; FILHO,M. M. R. 1-mcp em 77

mangabas armazenadas em temperatura ambiente e a 11ºC. Revista Brasileira de Fruticultura, 78

Jaboticabal - SP, Volume Especial, E. 206-212, Outubro 2011. 79

80

HERSHKOVITZ, V.; SAGUY, S. I.; PESIS, E. Postharvest application of 1- MCP to improve the 81

quality of various avocado cultivars. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam, v. 37, n. 82

3, p. 252-264, 2005. 83

84

SISLER, E. C.; SEREK, M. Inhibitors of ethylene responses in plants at the receptor level: recent 85

developments. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 100, n. 3, p. 577-582, 1997. 86 87

VIEIRA, M. J.; ARGENTA, L. C.; AMARANTE, C. V. T.; VIEIRA, A. M. F.D.; STEFFENS, C. 88

A. Qualidade pós-colheita de quivi ‘hayward’ tratado com 1-mcp e armazenado sob diferentes 89

atmosferas. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 34, n. 2, p. 400-408, Junho 90

2012. 91

92

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3

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97

98

99

FIGURA 1 - a) Acidez do óleo do mesocarpo da macaúba em função das concentrações de 1-MCP 100

e do período de armazenamento. Concentrações de 0 nL.L1000 , ¹־ nL.L2000 , ¹־ nL.L101 3000 ,¹־

nL.L¹ e períodos de armazenamento de 10, 20, 30, 40, 50 dias. b) e c) Cortes da superfície de 102

resposta. 103

104

Ŷ =4,0085+0,0027*X+0,9652*Y - 0,0003*X*Y R2=85,18%

(b) (c)

(a)

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