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INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE

Enoemia Liquez Penteado1

Sabrina Grassiolli2

Resumo

As informações divulgadas pela mídia tem induzido de forma negativa o

desenvolvimento natural da sexualidade de crianças e adolescentes. O grande

volume de informações que chega através dos diversos meios de comunicação tais

como, rádio, internet, revistas, outdoors e em especial a televisão, apresentam

conteúdos sensuais, eróticos e fantasiosos, fortemente ligado ao consumismo, onde

as crianças e adolescentes de alguma forma acabam copiando e adotando para si

modelos, valores, padrões estéticos, físicos e sensuais. O desejo muitas vezes

involuntário de se tornar adulto, associado a essas informações recebidas e

armazenadas, atropela as etapas da infância, forçando o crescimento da criança,

formando um adolescente precoce, vulnerável as doenças sexualmente

transmissíveis e a gravidez não planejada. Com o objetivo de verificar o impacto que

a mídia exerce sobre a sexualidade do adolescente, foram realizadas atividades

teóricas-práticas, onde os adolescentes tiveram a oportunidade de avaliar o seu

conhecimento sobre sexualidade, métodos contraceptivos e doenças sexualmente

transmissíveis. Através do preenchimento de um questionário foi possível verificar o

quanto a mídia pode influenciar os adolescentes, principalmente quando o assunto é

sexo. A maioria dos entrevistados prefere obter informações sobre sexo na

televisão, internet e com amigos. Outro fato observado é que a mídia através da sua

1 Profª PDE 2010, Licenciatura em Ciências Hab. Biologia, Professora no C.E. Júlia Wanderley – Carambeí Pr.

2 Profª Dra. em Ciências Biológicas - Departamento de Biologia-Universidade Estadual de Ponta Grossa Pr.

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programação estimula crianças e adolescentes a mudar o seu jeito de ser,

modificando seus padrões de comportamento, encorajando uma iniciação sexual

precoce. Através dos dados obtidos e de relatos feito pelos alunos percebe-se a

necessidade de um trabalho contínuo da escola, não somente transmitindo

conhecimentos anatômicos e fisiológicos sobre o sistema reprodutor masculino e

feminino, mas desenvolvendo estratégias pedagógicas constituídas numa relação

dialógica, participativa, promovendo discussões, reflexões sobre a forma como a

mídia aborda a sexualidade do adolescente, como são contextualizados assuntos

como amor, sexo e relacionamento. Desta forma é possível promover uma educação

sexual, responsável, consciente, evitando uma gravidez precoce e as doenças

sexualmente transmissíveis.

Palavras-chave: mídia; sexualidade; adolescência.

Abstract

Informations broadcast by mass media have negatively impacted the natural

sexual development of children and teenagers. The great amount of information that

is distributed using all kinds of communication media, such as radio, the Internet,

newspapers, billboards and specially the television, show sensual, erotic and fantasy

content, highly bound to consumerism, where children and teenagers in some way

end up copying and adopting models, values and aesthetic, physical and sensual

standards. The desire of becoming an adult, often unintentional, associated to all

received and stored information, destroys the stages of childhood, forcing the child to

grow up, forming a precocious teenager, vulnerable to sexually transmitted infections

and unplanned pregnancy. With the goal of verifying the impact that media exerts on

the adolescent, theoretical-practical activities were performed, where the teenagers

had the opportunity of evaluating their knowledge about sexuality, contraceptive

methods and sexually transmitted infections. By filling out forms, it was possible to

verify how much the media may influence teenagers, specially when the subject is

sex. The majority of respondents prefers to obtain informations about sex on

television, the web and with friends. Another observed fact is that media stimulates in

its programming children and teenagers to change their way, modifying their behavior

and encouraging early sexual initiation. Analyzing the obtained data, the need for

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continued work of the school is perceived, not only transmitting anatomical and

physiological knowledge about the male and female reproductive system, but

developing teaching strategies incorporated in a dialogic and participatory relation,

promoting discussion and reflection on how the media deals with adolescent

sexuality, as issues such as love, sex and relationships are contextualized. This way,

it is possible to promote a sexual education that is responsible and conscious,

avoiding unplanned pregnancy and sexually transmitted infections.

Keywords: media; sexuality; adolescence.

1 Introdução

Segundo, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, mídia é qualquer

suporte de difusão de informações e de ideias (rádio, televisão, imprensa escrita,

livro, computador, videocassete, satélite de comunicações etc.) que constitua

simultaneamente um meio de expressão e um intermediário capaz de transmitir uma

mensagem a um grupo; comunicação de massa.

Um dos meios de comunicação mais populares atualmente é a televisão,

presente praticamente em todos os lares, até mesmo nos mais pobres. Diariamente

milhares de telespectadores assistem a notícias, filmes, desenhos animados,

programas de auditório e reality show, como por exemplo, Big Brother Brasil, troca

de família, a fazenda etc. Muitos desses programas estão veiculando conteúdos

apelativos, colocando na vitrine a vida privada e a intimidade sexual das pessoas,

banalizando a sexualidade entre os adolescentes. Temos a televisão que mostra

todo mundo transando o tempo todo, ninguém usa preservativo, ninguém usa

anticoncepcional, ninguém engravida, é tudo que o adolescente quer escutar para

poder fazer o que quer (SUPLICY 2000).

A televisão, através de programas infantis e das propagandas apresentadas,

tem estimulado de forma precoce, principalmente nas meninas o cultivo excessivo

em zelar por sua aparência física e a precocidade em chamar a atenção

(GIKOVATE 2002).

O erotismo tem invadido os espetáculos da cultura. A sexualidade erótica

vem sendo usada para vender todo tipo de produto. O espetáculo do sexo também é

um dos elementos principais da cultura e da mídia, atingindo todas as formas

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culturais e criando seus próprios gêneros na pornografia. O sexo divulgado através

de vídeos, DVD pornôs e sites são surpreendentemente exóticos e diversificados

(KELLNER, 2006).

A mídia, e no caso especificamente a TV, exerce uma influência no cotidiano de todos nós. Em relação às crianças e jovens, então, nem se fala, principalmente por estarem na fase de formação dos valores, conceitos, métodos de conduta e comportamento sexual, sabemos que a exposição precoce da criança a cenas de sexo e violência, de forma degradante, pornográfica e sem nenhum critério, pode interferir no seu desenvolvimento social. A criança armazena todo tipo de informação que recebe. Por isso, devemos ter qualidade nessas informações (RIBEIRO, 2005).

A mídia em geral, especialmente a televisão produz imagens, significações,

saberes que de alguma forma interferem na educação das pessoas, especialmente

nos adolescentes, ensinando-lhes modos de serem, formas de olhar, tratar o corpo,

até modos de estabelecer e de compreender diferenças de gênero, bem como atuar

em uma sociedade (FISCHER, 2003).

A adolescência é a fase das grandes mudanças. Caracterizada como uma

fase de transição entre a infância e a maturidade, ocorre num período de vida

chamado puberdade, época em que o indivíduo se torna apto à reprodução, e a

maturidade ou idade adulta. Esse período ocorre em média, entre os 11 e 21 anos

de idade. Durante a adolescência, o indivíduo atravessa profundas alterações

psicológicas e comportamentais, com processos conflituosos de adaptação aos

modelos sociais e procura muitas vezes de forma anárquica encontrar a sua

autoafirmação (SOARES, 1993). Porem não são apenas as mudanças físicas que

transformam a vida do adolescente. No lado emocional, surgem novas sensações e

emoções, aparecendo o interesse pelo sexo oposto de experimentar o prazer

sexual, e muitas vezes esses desejos vêm acompanhados de medo, angústia e

quase sempre uma cobrança em relação à iniciação sexual (SOARES, 1993).

Os desafios impostos muitas vezes pelos colegas, namorados, mídia, além

da falta de diálogo com os pais, fazem com que adolescentes tenham suas primeiras

experiências sexuais muito precocemente. Esse contato precoce com a sexualidade

produz insegurança, medo e ansiedade. A falta de preparo, maturidade e

conhecimento, normalmente leva o adolescente a uma gravidez precoce e quando

isso acontece, não é apenas o físico que se transforma, mas a forma de viver dos

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adolescentes, começando pela aflição de revelar a notícia para a família e para o

namorado (COELHO, 2006).

A incerteza da aceitação, a baixa autoestima, a pouca expectativa em

relação ao futuro, causa no adolescente sintoma depressivo como insegurança,

fragilidade, conflitos que geralmente vem acompanhado pela interrupção dos

estudos já que agora terá de assumir papel de adulto, interrompendo marcos

importante no seu desenvolvimento (SABROZA, 2004). A maternidade em idade

precoce é um problema crescente no Brasil, englobando aspectos médicos,

biológicos, sociais, econômicos e psicológicos, trazendo muitas vezes riscos para a

gestante e seu bebê (COELHO, 2006).

Apesar de muitas informações sobre sexo estarem presentes na mídia,

percebe-se que essas informações não estão preocupadas com a prevenção.

Em 2001, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

revelam que 7,3% das jovens entre 15 a 17 anos têm, pelo menos, um filho e que, a

incidência de gravidez na adolescência (dos 15 aos 19 anos) aumentou em todas as

regiões, entre 1992 e 2001. Segundo, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

da Criança e da mulher a taxa de fecundidade manteve sua tendência de queda,

atingindo, em 2006, o valor de 1.8 filhos por mulher, em contraste com os 2.5

registrados em 1996. A escolaridade das mulheres continua sendo um diferencial

importante: para aquelas sem instrução a taxa foi igual a 4, enquanto que ficou

abaixo de 1.6 para mulheres com escolaridade mínima de 9 anos. Acentua-se um

rejuvenescimento do processo reprodutivo. A fecundidade das mulheres mais jovens

(15 a 19 anos) passou a representar 23% da taxa total, em 2006, em contraste com

17% em 1996, ao passo que das acima de 35 anos que representavam 13%,

contribuem agora com 11%. Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos

Vivos do Ministério de Saúde – SINASC, em 2007 a proporção de nascimentos no

Brasil cujas mães tinham idade entre 10 e 19 anos foi de 21,1%. Além disso, a

ausência de proteção é fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis,

como a AIDS, que significa “Síndrome da imunodeficiência adquirida”.

De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de adolescentes e jovens

brasileiras grávidas é hoje 2% maior do que na última década; as meninas de 10 a

20 anos respondem por 25% dos partos feitos no país. Segundo a psicóloga da

Clínica de Endocrinologia do Hospital Beneficência, de São Paulo, Silvana Martini,

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manter-se virgem nos dias atuais não é nada fácil, devido à pressão dos namorados,

amigos e dos meios de comunicação que é muito forte.

Apesar de não existir uma idade certa para o início da vida sexual, é

necessário lembrar que os adolescentes aos 12 ou 15 anos não tem maturidade

emocional suficiente para se relacionar sexualmente. Como já sabemos, o exercício

da sexualidade é direito de todos, é evidente que, para “ter direito reprodutivo”, é

preciso “ter direito ao acesso, à informação e à escolha” (ÁVILA; GOUVEIA 1996).

O objetivo desse artigo foi identificar o impacto da mídia na sexualidade do

adolescente. Diante disso, percebe-se que a imensa quantidade de informações

transmitidas pela mídia relacionadas à sexualidade dos adolescentes e a rapidez

com que essas imagens são transmitidas, parece ser feita, com a intenção que o

jovem, não tenha tempo hábil para compreender e assimilar de forma consciente o

que está assistindo e acabe copiando, consumindo e adotando para si modelos e

padrões que não fazem parte da sua educação e cultura (FISCHER, 2003). É nesse

momento que o adolescente precisa de muita orientação, carinho, atenção e amor,

pois enfrenta um mundo complexo para o qual ainda não dispõem de um repertório

adequado, uma vez que as mudanças que o ambiente exige desta fase são em

número muito grande, sendo a adolescência um período de aprendizagem de novas

regras (FESTER, 1973).

O contato precoce com a sexualidade pode estar relacionado com a

influência da mídia, a falta de diálogo com os pais e a autoafirmação com os colegas

do grupo. Muitos adolescentes têm sua primeira relação sexual, totalmente

despreparados, imaturos, idealizando uma situação confortável, segura e mágica,

como normalmente é mostrada nas novelas, sem risco de gravidez e doenças

sexualmente transmissíveis (SUPLICY, 2000). O sexo tem sido intensamente

explorado pelos meios de comunicação, sem a preocupação de mostrar os riscos e

responsabilidades do sexo, não expondo de forma realista as relações sexuais e

nem as consequências do sexo sem proteção. A televisão veicula o sexo com

pouquíssimas referências a contracepção e doenças sexualmente transmissíveis

meramente com a finalidade de alcançar picos de audiência como fazer marketing

de produtos variados (SUPLICY, 2000).

Perante isso, percebe-se a importância de um trabalho contínuo da escola,

juntamente com a família, pois ambas desempenham um papel fundamental na vida

dos adolescentes, constituem os pilares de sua formação afetiva, psicológica,

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relacional e intelectual. Neste sentido, é importante ressaltar a educação geral bem

como a educação sexual como um dos direitos fundamentais das crianças e dos

adolescentes (Estatuto da criança e do adolescente, artigo 53).

Segundo Ramos (2001), o processo de adolescer possui componentes

genéticos e biológicos, conhecimentos e valores construídos ao longo das

experiências de vida, além de uma estrutura psicoemocional e o potencial para a

crítica e a criação. As marcas sociais desse processo fundamentam-se na história

familiar e de socialização, nas relações de igualdade/desigualdade vividas em torno

das categorias de gênero, classes sociais e etnias, compartilhamento de preceitos

de moralidade e hierarquizações, entre outros tantos elementos que dão contorno à

subjetividade humana.

2 Metodologia

Com o objetivo de verificar o impacto que a mídia exerce sobre a

sexualidade do adolescente, foram realizadas atividades teóricas-práticas, com uma

turma da 1ª série do ensino médio do Colégio Estadual Júlia Wanderley, localizado

em Carambeí, no Paraná. Através das oficinas realizadas, os alunos tiveram a

oportunidade de avaliar o seu conhecimento sobre sexualidade, métodos

contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis. Debater, discutir e refletir

sobre como a mídia aborda e interfere na sexualidade do adolescente, além de

investigar as prováveis causas da iniciação sexual precoce, levantando os motivos e

as consequências da maternidade precoce na adolescência. O desenvolvimento

desse processo ocorreu da seguinte forma:

2.1 Apresentação do projeto na escola: Durante a semana pedagógica, o projeto

foi apresentado aos professores, direção, equipe pedagógica e funcionários do

colégio. Na apresentação do projeto houve um grande interesse por parte de todos.

Além do apoio, os professores comentaram da importância do projeto para a escola.

A visão geral dos professores, é que o projeto pode ser mais um instrumento a ser

utilizado, como forma de conscientização. Sendo a escola um local social

privilegiado de construção da cidadania, é o local perfeito para promover discussões

sobre compostura do ser humano; orientar o adolescente a analisar e interpretar

conteúdos sobre sexo que são exibidos em programas de televisão, através das

novelas, filmes, propagandas, na internet, na música, em reality show, de forma

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fantasiosa, sem a preocupação de mostrar a consequência do sexo precoce e sem

proteção. Desta forma os adolescentes poderão posicionar-se de forma pessoal e

crítica sobre o que escutam e assistem sobre sexo, nos meios de comunicação,

decidindo de forma madura e consciente o momento de sua iniciação sexual,

responsabilizando-se por suas decisões, adotando práticas de sexo seguro, evitando

assim as doenças sexualmente transmissíveis, bem como uma gravidez indesejada.

2.2 Apresentação do projeto para os pais: No dia 22/08/11 no salão do Colégio

Estadual Júlia Wanderley foi apresentado para os pais dos alunos da série 1° B

matutino o Projeto Influência da Mídia na Sexualidade do Adolescente. O objetivo

dessa apresentação foi mostrar aos pais que a mídia através da sua programação

tem estimulado crianças e adolescentes a mudar o seu jeito de ser, modificando

seus padrões de comportamento, encorajando uma iniciação sexual precoce. O ficar

entre os adolescentes é muito comum nessas programações, o que pode influenciar

na precocidade do namoro entre os adolescentes, bem como em uma gravidez

precoce. Diante desses fatos faz-se necessário que a família e a escola retomem o

seu papel de verdadeiros educadores das crianças e dos adolescentes. Não há

espaço para a terceirização da educação afetivo-sexual das crianças e

adolescentes, em particular a família, que é a principal e genuína educadora

(SAÚDE DA MULHER).

2.3 Questionário: No dia 05/09/11 os alunos da série 1° B matutino do Colégio

Estadual Júlia Wanderley responderam a um questionário que teve como objetivo

verificar o impacto que a mídia exerce sobre a sexualidade do adolescente, avaliar o

seu conhecimento sobre sexualidade, métodos contraceptivos e doenças

sexualmente transmissíveis, além de investigar a precocidade da iniciação sexual,

levantando os motivos e as consequências da maternidade na adolescência.

Através dos resultados obtidos foi possível construir gráficos com auxílio do

programa Excel 2010, identificando o perfil de cada adolescente.

2.4 Atividades:

2.4.1 Modelagem com massinha (sistema reprodutor masculino e sistema

reprodutor feminino):

Com o objetivo de verificar o conhecimento sobre anatomia e fisiologia do

sistema reprodutor masculino e feminino, no dia 26/09/11 os alunos da série 1° B

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matutino realizaram com o auxílio de massinha para modelagem a representação do

sistema reprodutor masculino e feminino. No final da oficina cada grupo apresentou

o seu trabalho, abrindo-se um espaço para o diálogo oportunizando os adolescentes

de falar sobre as transformações ocasionadas pela puberdade, as emoções,

sentimentos, sensações de prazer, tornando possível investigar o modo como

experimentam e reagem as situações de problema.

2.4.2 Sexo Seguro:

No dia 17/10/11 os alunos da 1ª série B matutino realizaram a oficina sobre

as doenças sexualmente transmissíveis. Os alunos foram divididos em equipes e

após intensa discussão, cada equipe escreveu em uma folha de papel, o que

pensam a respeito de sexo seguro. Após a conclusão dessas definições, os alunos

apresentaram as suas ideias que foram colocadas na lousa e debatidas por todos os

alunos.

2.4.3 Jogo de cartas:

Através de um jogo de cartas, os alunos aprenderam, discutiram e refletiram

de uma forma descontraída os métodos contraceptivos. Inicialmente a turma foi

dividida em equipes, cada equipe recebeu um jogo de baralho contendo às

ilustrações e as características dos métodos contraceptivos. Cada equipe colocou as

cartas com as características dos métodos contraceptivos viradas para cima e as

cartas com as imagens dos métodos contraceptivos viradas para baixo. Para se

formar o par, é necessário encontrar o desenho do método contraceptivo e a sua

característica correspondente. Com essa oficina foi possível analisar os métodos

contraceptivos existentes, suas indicações, grau de eficácia e implicações para a

saúde reprodutiva e bem estar sexual, além de avaliar o impacto que a mídia tem na

sexualidade do adolescente.

2.4.4 Casos:

No dia 10/10/11 os alunos da 1ª série B matutino realizaram a dinâmica

“Casos”. Inicialmente os alunos formaram equipes. Cada equipe recebeu um caso a

ser analisado, contendo uma descrição de uma determinada situação a ser

analisada e discutida pelo grupo. Após as discussões, cada grupo apresentou a sua

decisão a respeito do “caso” e os motivos que os levaram a agir dessa forma,

argumentando sobre a situação. Através dessa dinâmica, os alunos deram suas

opiniões, apontaram soluções, debateram com os outros grupos, criticaram e

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argumentaram, pensaram e refletiram como se fossem situações da vida real,

tomando suas próprias decisões.

2.4.5 Mídia e sexualidade:

Nesta oficina, várias atividades foram realizadas. Os alunos assistiram

filmes, documentários, propagandas, cenas de novelas etc. Com a exibição do

documentário: Criança, a Alma do Negócio (Instituto Alana), foi possível observar

nos adolescentes as suas atitudes, suas opiniões e trilhar um caminho para

encontrar uma solução que equilibre essa avalanche de informações midiáticas

sobre sexualidade.

2.4.6 Maternidade precoce:

Para realizar essa oficina os alunos da 1ª série B matutino do Colégio

Estadual Julia Wanderley receberam pintinhos com cinco dias de vida, esses

pintinhos foram levados para suas casas permanecendo por quatorze dias sobre

suas responsabilidades. Na semana anterior da entrega dos pintinhos, a maior

preocupação dos alunos era com quem deixariam o pintinho enquanto estavam na

escola ou fazendo outras atividades, pois seus pais não teriam como cuidar, pois

trabalham o dia todo. Nesse momento, foi possível questionar com eles e se fosse

um bebe com quem eles deixariam?

No dia da entrega, na sala de aula, cada aluno recebeu o seu pintinho que

após o término das aulas foi transportado em uma caixinha de papelão,

providenciada pelos próprios alunos até as suas respectivas casas. Em um período

de quatorze dias os adolescentes cuidaram dos pintinhos. Diariamente os alunos

fizeram relatório sobre como é cuidar de uma vida, no caso o pintinho.

Essa oficina teve como objetivo promover uma atitude reflexiva e crítica por

parte dos adolescentes para que possam decidir como, quando e porque ter ou não

filhos, o que posteriormente leva às responsabilidades à maternidade e à

paternidade. O pintinho foi usado para fazê-los pensar na responsabilidade e nas

consequências de se ter um filho em idade precoce.

2.4.7 Montagem de um outdoor:

Após a realização de todas as atividades propostas pelo projeto, os alunos

montaram um outdoor, que ficou exposto no pátio do colégio. Como resultado, várias

imagens foram mostradas, despertando um grande interesse por todos os alunos do

colégio. Essas propagandas mostravam várias imagens, principalmente de crianças

fazendo propagandas de roupas, cabelo, calçados, brinquedos, celulares, além de

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mulheres muito bonitas. Todas as imagens expostas eram muito atrativas,

sedutoras, com meninas maquiadas, unhas pintadas, usando salto alto, bastante

sensual, com a ideia de mostrar uma mulher adulta e independente. Após essa

exposição, os grupos se reuniram e através de debate e muita discussão, revelaram

o motivo da escolha das propagandas, além de dar a sua opinião. As propagandas

são feitas com o objetivo de vender um produto, portanto quanto mais atrativa for,

mais vendável será o produto. No geral as pessoas não tem o costume de analisar

as propagandas ou o que estão assistindo, daí fica muito fácil para a mídia criar

conceitos, formar opiniões, direcionar o consumo e influenciar em seu

comportamento. Como as crianças e adolescentes são mais vulneráveis e imaturos

copiam o que é mostrado na mídia, adotando para si esse padrão de

comportamento, que associado ao desejo muitas vezes inconsciente da criança de

se tornar adulto atropela as etapas da infância, tornando um adolescente precoce e

vulnerável as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce.

O desenvolvimento natural e saudável da sexualidade é indispensável para

o bem estar da criança e do adolescente, favorecendo a compreensão de que o ato

sexual é manifestação pertinente à sexualidade de adultos, não de crianças.

O objetivo dessa oficina foi desenvolver no adolescente o senso crítico,

questionador, trazendo-o para uma leitura criteriosa, sobre o que é produzido e

veiculado pela mídia sobre sexualidade. Desta forma, serão capazes de perceber a

influência negativa exercida muitas vezes, pelos meios de comunicação, na

vulgarização do corpo, posicionando-se de forma pessoal e crítica frente a

situações, responsabilizando-se por suas decisões.

A mídia tem o seu poder de influenciar as pessoas, seja de modo positivo ou

negativo. Cabe ao professor abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças

existentes nesses conteúdos midiático, auxiliando o adolescente a construir um

ponto de auto referência por meio da reflexão, despertando no aluno uma visão

crítica, questionadora e que amplie o leque de conhecimentos e de opções para que

o próprio adolescente escolha seu caminho.

2.5 Trabalho em rede GTR:

O grupo de trabalho em rede (GTR) foi realizado com a participação de

professores da rede pública de ensino. Através desse meio de comunicação foi

apresentado aos participantes o projeto de intervenção pedagógica na escola, com o

título Influência da Mídia na Sexualidade do Adolescente, a unidade didática e os

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resultados da implementação do projeto na escola. Após a leitura e análise desse

material, os professores participantes opinaram, trocaram ideias, refletiram e

discutiram sobre o material apresentado.

As postagens no fórum e diário foram realizadas de forma reflexiva,

articulada à discussão estabelecida e, principalmente fundamentada nos conceitos

apresentados nos materiais de apoio do curso, havendo troca de ideias e

experiências, sugestões de dinâmicas e criando novas situações, na qual valores,

motivações, hábitos e práticas foram compartilhados, possibilitando discussões e

reflexão do quanto é necessário trabalhar essa temática com nossas crianças e

adolescentes.

3 Resultados:

A amostra de alunos consistiu de 17 adolescentes, com idade compreendida

entre 14 e 17 anos, sendo 7 meninas e 10 meninos. Todos os alunos responderam

um questionário, contendo 22 perguntas com questões abertas e fechadas sobre

influência da mídia no comportamento sexual dos adolescentes, conhecimento sobre

sexualidade, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis e

iniciação sexual.

A figura 1A apresenta o tempo que os adolescentes consomem diariamente

assistindo televisão. Aproximadamente metade das meninas (3) e mais da metade

dos meninos (6) assistem televisão mais de 3 horas por dia, indicando elevado

tempo desperdiçado em frente à televisão.

A figura 1B mostra a preferência da programação assistida pelos

adolescentes. Entre os meninos apenas 1 prefere assistir jornal, enquanto a maioria

prefere assistir futebol, desenhos, novelas ou seriados (2). Todavia, entre as

meninas a maioria (6) prefere assistir novelas e seriados. Este dado mostra que os

meninos assistem uma programação mais variada em relação às meninas.

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Figura 1. Horas assistindo TV (1A). Programação preferida (1B).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

A figura 2A demonstra que a maioria dos adolescentes (10) não tem internet

em casa, sendo que esse número é mais representativo entre os meninos.

Considerando este dado a figura 2B mostra que o local mais procurado pelos

adolescentes para acessar a internet são as LanHouses. Do total de 10

adolescentes que frequentam LanHouse, 7 são meninos e 3 são meninas. As

meninas acessam mais a internet em casa.

A figura 2C indica o tempo que os adolescentes ficam diariamente

conectados a internet. Entre os meninos, a maioria gasta de 1 a 3 horas por dia na

internet. A maioria das meninas gasta em média 1 hora por dia.

A figura 2D indica claramente que o maior interesse tanto dos meninos (7)

quanto das meninas (4) em acessar a internet são as redes sociais. Por outro lado,

notamos que a pesquisa escolar, principalmente pelos meninos é deixada em

segundo plano.

1A 1B

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Figura 2. Número de alunos com internet em casa (2A). Local de acesso a Internet (2B). Tempo

diário conectado a internet (2C). Interesse pela internet (2D).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

A figura 3A mostra que as programações exibidas pela mídia influenciam os

adolescentes na iniciação sexual precoce. Nota-se que os meninos (10), são mais

influenciados do que as meninas (5). Corroborando com este dado à figura 3B

evidencia que a maioria dos meninos (8) não tem o hábito de analisar a real intenção

das propagandas. Contudo a maioria das meninas (5) analisam as propagandas.

Estes gráficos evidenciam que as programações exibidas pela mídia sejam

através da televisão, internet, revistas etc. influenciam muito mais os meninos do

que as meninas a iniciar precocemente a vida sexual. Apesar das meninas

2A 2B

2C 2D

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declararem que tem o hábito de analisar a real intenção das propagandas, também

são influenciadas pela mídia em relação ao seu início precoce na iniciação sexual.

Figura 3. Influência da mídia na iniciação sexual precoce do adolescente (3A). Hábito de

analisar as propagandas (3B).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

Quando questionados sobre o tipo de relacionamento que mantém no

momento notamos pelos dados da figura 4A que a maioria dos meninos (8) e a

maioria das meninas (5) não estão namorando.

A figura 4B mostra que a maioria dos meninos beijou na boca pela primeira

vez com 11 anos de idade e que as meninas aos 12 anos de idade.

A figura 4C mostra que a maioria dos adolescentes tem o hábito de ficar, ou

seja, não há compromisso, fidelidade entre o casal. Nota-se que os meninos (5)

ficam mais que as meninas (4).

3A 3B

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Figura 4. Adolescentes namorando no momento (4A). Primeiro beijo (4B). Forma de

relacionamento (4C).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

A figura 5A mostra que dos 10 meninos entrevistados, 50% já tiveram

relação sexual com sua namorada. Todavia, entre as meninas notamos que das 7

meninas entrevistadas, (4) delas ainda não teve relação sexual com o namorado.

Como método contraceptivo usado durante a relação sexual, ambos,

meninos (5) e meninas (3) usam a camisinha (figura 5B). Os demais não tiveram

relação sexual até o momento.

A figura 5C evidencia que a maioria dos adolescentes não conversa sobre

sexo com seus pais. Entre os meninos 77,8% deles afirma não conversar sobre sexo

com os pais, enquanto entre as meninas este valor é de 50%.

4A 4B 4C

5A 5B 5C

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Figura 5. Namoro e relação sexual (5A). Métodos contraceptivos usados pelos adolescentes

(5B). Diálogo com os pais sobre sexo (5C).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

Na figura 6A perguntamos se a escola trabalha sexualidade com os alunos.

Observou-se que dos 17 alunos entrevistados, 15 alunos responderam que sim.

Destes, seis meninas e nove meninos. Contudo, houve alunos, uma menina e um

menino que acham que não é trabalhado.

Na figura 6B podemos notar que a maioria dos estudantes, meninas e

meninos afirmam obter informações sobre sexo através da televisão, internet e

amigos, estando os pais e a escola em segundo plano.

Figura 6. Escola e sexualidade (6A). Meio de comunicação para obter informações sobre sexo

(6B).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções

de resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

A figura 7A questiona se os alunos fariam sexo somente para agradar o (a)

namorado (a). Observa-se que a maioria dos meninos (7) respondeu que sim.

6A 6B

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Contudo todas as meninas entrevistadas responderam que não fariam sexo apenas

para agradar o namorado.

A figura 7B mostra que no circulo de amizade das meninas a maioria já teve

relação sexual. Entretanto no circulo de amizades dos meninos a maioria é virgem.

Figura 7. Motivo da relação sexual (7A). Influência dos amigos na iniciação sexual (7B).

As barras representam os números de indivíduos (eixo X) em relação as respectivas opções de

resposta (eixo Y). As barras azuis representam os meninos e as barras vermelhas às meninas. As

questões estão indicadas na parte superior de cada figura. Os gráficos foram elaborados com auxílio

do programa Excel versão 2010. Fonte: a autora.

Oficina Sexo Seguro: Com a oficina Sexo Seguro constatou-se que o método

contraceptivo mais usado pelos adolescentes sexualmente ativos é a camisinha,

contudo a sua utilização se deve ao medo que os adolescentes têm de engravidar,

deixando em segundo plano a contaminação através das doenças sexualmente

transmissíveis, já que segundo eles as pessoas com as quais se relacionam são

conhecidas.

Apresentação do Projeto aos Pais: Durante a apresentação do projeto para os

pais, observamos pelos relatos, que quando o assunto é sexualidade, a maioria dos

pais argumenta que tem dificuldade de conversar e orientar seus filhos, pois se

sentem inseguros e pouco a vontade para falar desse tema. Segundo os pais, eles

preferem que a escola trabalhe o tema para os filhos. A maioria dos pais também

7A 7B

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não tem costume de analisar e discutir com seus filhos o que é mostrado nas

propagandas. Todavia, em relação às novelas acham que existe muita liberdade e

que às vezes seus filhos tentam imitar, principalmente em relação à moda, a forma

de falar, de se vestir. Segundo relatos dos pais, as novelas não estão preocupadas

em mostrar a importância de uma família unida, pois mostram muita traição, falta de

compromisso com a pessoa amada.

Oficina Jogo de Cartas: Durante esta atividade, através dos comentários dos

estudantes foi possível observar, que eles têm conhecimento de alguns métodos

contraceptivos, sendo o mais conhecidos entre eles a camisinha e a pílula. A grande

preocupação das meninas é de engravidar, contudo o uso da pílula e principalmente

da camisinha é ocasional. Segundo os alunos os motivos para o eventual uso dos

métodos contraceptivos, são muitos, principalmente medo dos pais descobrirem,

pensamento mágico de que nunca vai engravidar, esquecimento ou porque já

conhecem a pessoa. Uma das maiores curiosidades das meninas é entender o seu

período de fertilidade. Este dado indica que elas não sabem reconhecer seu período

fértil e que preocupantemente, provavelmente usam erroneamente a interpretação

do ciclo para evitar gestação.

Através das discussões ocorridas nos grupos, percebe-se que a iniciação

sexual das meninas e dos meninos é meio impulsiva, ou seja, a sua amiga não é

mais virgem, o seu amigo já teve relação sexual com várias meninas, e, ela ou ele

ainda não, além de crerem que na primeira relação sexual não engravida e que,

portanto não há necessidade de usar preservativo. Esse exibicionismo do grupo de

amigos que já é ativo sexualmente determina muitas vezes a iniciação sexual

precoce e imatura do adolescente.

A falta de conhecimento dos métodos contraceptivos e a imaturidade de

ambos gera uma situação de insegurança e quando acorre atraso na menstruação

da menina, o casal de adolescentes fica apreensivo e aflito, mudando o seu

comportamento. Nessa situação normalmente o menino procura informações,

geralmente com a professora de biologia sobre a pílula do dia seguinte.

Através dos relatos feitos pelos adolescentes, conclui-se que mesmo com

toda facilidade e gratuidade na obtenção de alguns métodos contraceptivos como a

camisinha e que mesmo a maioria carregue consigo, o seu uso é casual. Quando

existe uma possibilidade de gravidez, o método da salvação para eles seria a pílula

do dia seguinte. Outro fato observado é que quando se usa a camisinha é para

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prevenir a gravidez e não as doenças sexualmente transmissíveis, já que segundo

os adolescentes, essas pessoas com as quais se relacionam são conhecidas.

Oficina Maternidade Precoce: No intuito de simular os cuidados necessários com

uma criança, bem como, as responsabilidades de uma gestação precoce, os alunos

tiveram a oportunidade de cuidar de um pintinho por um período de 14 dias. Em

seus relatos contaram que a primeira providência tomada quando o pintinho chegou

em suas casas, foi arrumar um cantinho para ele ficar. Alguns colocaram a caixinha

com o pintinho em baixo de suas camas, outros colocaram a caixinha no banheiro,

na lavanderia. No início não foi muito agradável, pois o pintinho deu muito trabalho,

piava o tempo todo, fazia muito coco, não dormia de noite e após alguns dias não

ficava na caixinha, seguia a gente por todo lugar. No período da manhã foi muito

complicado, pois antes de ir para o colégio tinham que deixar tudo limpo, dar comida

e água para o pintinho, pois não era permitido levar o pintinho ao colégio. Quando

voltavam do colégio, as meninas levavam o pintinho para passear, algumas meninas

levaram o pintinho na igreja e no treino de volibol, pois não tinham com quem deixar.

Duas adolescentes deixaram o pintinho com a avó para ir à balada. Após quatorze

dias os alunos levaram esses franguinhos para o colégio onde seriam devolvidos e

doados para uma professora. Dos dezessete alunos que participaram onze não

quiseram devolver o franguinho, pois segundo eles se apegaram muito ao pintinho e

queriam continuar cuidando. Seis alunos doaram os franguinhos a uma professora,

pois segundo eles é muito trabalhoso cuidar de um pintinho. Algumas adolescentes

contaram que essa experiência os fez ver, o quanto é difícil cuidar de um animal,

imagine só se fosse um filho.

Após a devolução de alguns franguinhos os alunos assistiram ao

documentário ‘Meninas’, de Sandra WERNECK. Esse documentário mostra as

transformações nas vidas de quatro adolescentes com idade entre 13 e 15 anos de

idade quando descobrem que estão grávidas, mostra também a perspectiva dos

parceiros e das famílias perante a essa situação. Após assistirem ao documentário,

houve um debate onde os alunos deram a sua opinião.

Ao abordar essa temática foi discutido as informações que são transmitidas

pela mídia sobre namoro, ficar, amor, sexo e relacionamentos, bem como quais são

as expectativas e os valores associados à maternidade, à paternidade, levantando

os motivos e as consequências da maternidade na adolescência. Pois segundo a

psicóloga Silvana Martini da Clínica de Endocrinologia do Hospital Beneficência

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Portuguesa de São Paulo, não existe idade certa para a prática do ato sexual, mas

se existe dúvida certamente ainda não chegou à hora. “A idade correta é aquela

quando eles puderem assumir as responsabilidades de uma vida sexual, e quando o

sexo for por uma decisão própria e não por provar nada ou agradar alguém”. Desta

forma, as informações, principalmente através do diálogo são a melhor forma para

se atingir a verdadeira conscientização, adotando práticas de sexo seguro, evitando

assim as doenças sexualmente transmissíveis, bem como uma gravidez indesejada.

Através dessas informações e reflexões o adolescente pode perceber que

em qualquer relação sexual o uso da camisinha é sempre necessário, pois a

camisinha evita uma gravidez indesejada e impede a transmissão de qualquer

doença sexualmente transmissível, inclusive a AIDS (BIZZO, 2010).

4 Discussão:

O presente estudo foi realizado com 17 adolescentes com idade

compreendida ente 14 e 17 anos, sendo 7 meninas e 10 meninos. Neste estudo

observou-se que esses jovens dedicam grande parte do seu tempo com a mídia,

principalmente assistindo televisão, ficando em frente à telinha mais de 3 horas por

dia. Como forma de preencher o tempo ocioso, movido pela ausência necessária

dos pais para prover o sustento da família, adolescentes assistem a várias

programações, principalmente novelas e seriados. Entre uma programação e outra

assistem a vários comerciais que geralmente são muito bonitos, convidativos, cheios

de informações sensuais e excitantes, mostram mulheres bonitas e sensuais. Essas

informações estimulam o desejo, principalmente das meninas de crescer

precocemente, induzindo a comportamento de adulta, como consequência, crianças

usam saltos para parecerem mais altas e mais velhas, pintam a unha, fazem o

cabelo, usam maquiagem, pensam em namorado (GIKOVATE, 2002). O desejo de

se tornar adulto pode induzir o adolescente a iniciar de forma precoce a vida sexual.

Estes dados corroboram com os trabalhos realizados por STRASBURGER

(2011), mostrando que enquanto pais ocupam a maior parte do seu tempo com o

trabalho, as crianças e adolescentes passam mais tempo sozinhos ou com amigos.

Esse período que poderia ser empregado na orientação familiar é totalmente

absorvido pela mídia e como consequência as crianças imitam o que veem na tela

ou incorporam padrões de comportamento por elas propostos.

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Segundo FISCHER, a mídia em geral, especialmente a televisão produz

imagens, significações, saberes que de alguma forma interferem na educação das

pessoas, especialmente nos adolescentes, ensinando-lhes modos de serem, formas

de olhar, tratar o corpo, até modos de estabelecer e de compreender diferenças de

gênero, bem como atuar em uma sociedade. Estes estudos também podem ser

notados em nossa pesquisa onde observamos através de relatos dos pais, em que

eles afirmam que seus filhos copiam o que advém das novelas, seja na forma de

falar e de vestir, modificando sua forma de ser. Com isso pais e educadores, não

devem se esquecer de que, apesar das transformações pelas quais passa a família,

esta continua sendo a primeira fonte de influência comportamental, emocional e

ética da criança (TIBA, 1985). A família precisa aproveitar a grande influência da

mídia, de maneira correta. As famílias e a escola devem analisar o código linguístico

das mensagens televisivas, discutir e comentar, formando sujeitos críticos e

atuantes, de forma, que aprendam a perceber a mensagem subliminar dos

conteúdos apresentados pela mídia, que muitas vezes é um conteúdo apelativo para

o consumismo e para uma iniciação sexual precoce.

De acordo com os resultados deste estudo, nota-se que a maioria dos

adolescentes, principalmente os meninos, afirma que a mídia através da sua

programação, tem uma ampla participação na tomada de suas decisões,

influenciando sua iniciação sexual precoce. Outra informação perturbadora

observada é que os adolescentes, em especial os meninos afirmam obter

informações sobre sexo através da televisão, internet e amigos, não conversando

sobre sexo com os pais. Respondendo a esses acontecimentos, pais contaram

durante a apresentação do projeto que quando o assunto é sexualidade, a maioria

tem dificuldade de conversar e orientar seus filhos, pois se sentem inseguros e

pouco a vontade para falar desse tema, preferindo que a escola trabalhe com seus

filhos.

Estes dados confirmam os estudos realizados por LOPES (2006), em que a

escola juntamente com os pais deve estar disposta para encarar e discutir, de forma

madura, as dificuldades enfrentadas por seus filhos, os pais tem um papel

fundamental na orientação sexual de seus filhos, lembrando que a escola não tem a

responsabilidade de modificar o caráter do aluno, pois este é moldado dentro da

família, que é a célula formadora de toda a sociedade. A família e a escola precisam

retomar o seu papel de verdadeiros educadores das crianças e dos adolescentes.

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Não podemos esquecer que, se a televisão e outros meios de comunicação

ocuparam esse espaço, é porque ele estava vago (STRASBURGER, 2011).

Outro dado relevante da pesquisa foi observar que apesar da maioria dos

adolescentes, principalmente os meninos declararem sofrer influência da mídia na

iniciação sexual precoce, é notar que apenas 47% dos adolescentes entrevistados

são sexualmente ativos, deste a maioria são meninos. Outro fator observado, é que

o método mais utilizado pelo adolescente sexualmente ativo é a camisinha.

Apesar de este dado estar presente nos gráficos, nas oficinas realizadas, as

opiniões foram um pouco diferentes, notando-se uma contradição em relação à

resposta do questionário e quando estavam em grupos. A opinião unanime dos

adolescentes, referente à primeira relação sexual é que não engravida e que,

portanto não é necessário utilizar nenhum método contraceptivo.

Esses subsídios coletados nas discussões geradas nas oficinas auxiliam a

refletir e discutir a forma como a sexualidade é abordada, talvez, ainda continue

encarada como algo proibido e misterioso que não pode ser verbalizado de forma

natural, sem que gere uma situação inquietante desconfortável, tanto para os pais

quanto para os filhos. Porém, segundo os trabalhos de Araújo (2008) a fase das

descobertas e da autoafirmação em que os adolescentes se encontram é

diferenciada pelo espírito de ousadia e imprudência, onde a gravidez indesejada e

as doenças sexualmente transmissíveis são encaradas como algo difícil de ocorrer.

Considerando que a iniciação sexual dos adolescentes entrevistados é

precoce e impulsiva, induz a compreender que o motivo revelado pelos adolescentes

ao uso ocasional de alguns métodos contraceptivos como a pílula e a camisinha se

deve ao fato na opinião das meninas ao medo dos pais descobrirem. Entretanto na

opinião dos meninos, no momento das carícias e excitação, mesmo estando em

posse do preservativo, o envolvimento é tamanho que não se pondera a

possibilidade de uma gravidez ou de adquirir uma doença sexualmente transmissível

Araújo (2008). No entanto essa prática adotada pela maioria dos adolescentes é

preocupante, pois expõem a uma situação de risco, ficando vulnerável a uma

gravidez não planejada e as doenças sexualmente transmissíveis.

Entretanto ao analisar o comportamento dos adolescentes percebe-se que a

própria faixa etária em que se encontram esclarece o seu comportamento, pois

ainda não alcançaram o estado de entendimento necessário para a tomada de

decisão no exercício da sua sexualidade. (ARAÚJO, 2008).

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Esses dados obtidos na pesquisa corroboram com os trabalhos de

KELLNER (2006), onde se diz que o sexo tem sido intensamente explorado pelos

meios de comunicação, sem a preocupação de mostrar os riscos e

responsabilidades do sexo, não exibindo de forma realista as relações sexuais e

nem as implicações do sexo sem proteção. A televisão veicula o sexo com

pouquíssimas alusões a contracepção e doenças sexualmente transmissíveis

puramente com a intenção de alcançar picos de audiência como fazer marketing de

produtos variados.

Tal fato também é encontrado nos trabalhos de SUPLICY (2000), onde

expõe que normalmente a mídia, especialmente programas de televisão juntamente

com as propagandas não revelam os riscos e responsabilidades do sexo, não

apresentando de forma realista as relações sexuais e nem as implicações do sexo

sem proteção.

A maternidade em idade precoce é um problema crescente no Brasil,

englobando aspectos médicos, biológicos, sociais, econômicos e psicológicos,

trazendo muitas vezes riscos para a gestante e seu bebê (COELHO, 2006). Apesar

de muitas informações sobre sexo estarem presentes na mídia, percebe-se que

essas informações não estão preocupadas com a prevenção.

Em 2001, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

revelam que 7,3% das jovens entre 15 a 17 anos têm, pelo menos, um filho e que, a

incidência de gravidez na adolescência (dos 15 aos 19 anos) aumentou em todas as

regiões, entre 1992 e 2001. Segundo, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

da Criança e da mulher a taxa de fecundidade manteve sua tendência de queda,

atingindo, em 2006, o valor de 1.8 filhos por mulher, em contraste com os 2.5

registrados em 1996. A escolaridade das mulheres continua sendo um diferencial

importante: para aquelas sem instrução a taxa foi igual a 4, enquanto que ficou

abaixo de 1.6 para mulheres com escolaridade mínima de 9 anos. Acentua-se um

rejuvenescimento do processo reprodutivo. A fecundidade das mulheres mais jovens

(15 a 19 anos) passou a representar 23% da taxa total, em 2006, em contraste com

17% em 1996, ao passo que das acima de 35 anos que representavam 13%,

contribuem agora com 11%. Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos

Vivos do Ministério de Saúde – SINASC, em 2007 a proporção de nascimentos no

Brasil cujas mães tinham idade entre 10 e 19 anos foi de 21,1%. Além disso, a

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ausência de proteção é fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis,

como a AIDS.

De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de adolescentes e jovens

brasileiras grávidas é hoje 2% maior do que na última década; as meninas de 10 a

20 anos respondem por 25% dos partos feitos no país. Fonte:

www.ecodebate.com.br (2006).

Segundo a psicóloga da Clinica de Endocrinologia do Hospital Beneficência

Portuguesa, de São Paulo, Silvana Martini, manter-se virgem nos dias atuais não é

nada fácil, devido à pressão dos namorados, amigos e dos meios de comunicação

que é muito forte. Apesar de não existir uma idade certa para o início da vida sexual,

é necessário lembrar que o adolescente aos 12 ou 15 anos não tem maturidade

emocional suficiente para se relacionar sexualmente. Quando acontece uma

gravidez nesta faixa etária, ocorre uma transformação não apenas no físico, mas no

processo de viver dos adolescentes.

Como já sabemos, o exercício da sexualidade é direito de todos, é evidente

que, para “ter direito reprodutivo”, é preciso “ter direito ao acesso, à informação e à

escolha” (ÁVILA; GOUVEIA 1996). Cabem aos pais, professores e profissionais da

saúde, orientar aos adolescentes que direitos vêm acompanhados de deveres e

obrigações. Diante desses fatos, percebe-se da necessidade de um trabalho

contínuo da escola com os adolescentes para que aprendam a refletir, adotando

práticas de sexo seguro, evitando uma gravidez indesejada ou aquisição de doenças

sexualmente transmissíveis e tomar decisões coerentes com seus valores, no que

diz respeito à sua própria sexualidade, ao outro e ao coletivo.

A iniciação sexual não deve ser uma transgressão ou ato irresponsável, mas

uma decisão amadurecida, que pressupõe aprendizado, capacidade de planejar a

vida com responsabilidade e fazer escolhas coerentes com seus próprios valores

morais, sejam eles quais forem (BIZZO, 2010).

6 Conclusão:

Ao analisarmos os resultados decorrentes do projeto, constatamos que a

maioria dos adolescentes destina uma grande parte do seu tempo a programações

exibidas pela mídia, principalmente novelas e que isso é um fator colaborativo para

sua iniciação sexual precoce. Outro fator persuasivo são os amigos. A falta de

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maturidade e diálogo com os pais agregada a fase das descobertas, conquistas e

autoafirmação, expõe o adolescente a situações de risco como uma gravidez

precoce e a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis. Com a grande

dificuldade que os pais têm em conversar e orientar seus filhos sobre sexualidade

abre-se um espaço para uma terceirização da educação que é ocupada pela mídia.

Através dos dados obtidos chegamos à conclusão que a família e a escola

devem desenvolver um trabalho contínuo com os adolescentes, de tal forma que os

conteúdos sobre sexualidade exibidos pela mídia sejam analisados e

compreendidos de uma forma verdadeira e não fantasiosa. Para que isso aconteça é

necessário articular os conteúdos encontrados nos livros didáticos onde se prioriza

anatomia e fisiologia com matérias exibidas na mídia de tal forma, que o adolescente

não seja manipulado e tenha bagagem suficiente para poder escolher de forma

segura e madura o momento da sua iniciação sexual.

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