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1 Informe Técnico Competitividade do Gás Natural: Estudo de Caso na Indústria de Metanol

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Informe Técnico

Competitividade do Gás Natural:

Estudo de Caso na

Indústria de Metanol

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Informe Técnico

Competitividade do

Gás Natural:

Estudo de Caso na

Indústria de Metanol

Coordenação Geral Giovani Vitoria Machado

Coordenação Executiva Carla da Costa Lopes Achão

Coordenação Técnica

Glaucio Vinicius Ramalho Faria Gustavo Naciff de Andrade

Equipe Técnica

Aline Moreira Gomes Arnaldo dos Santos Junior

Daniel Silva Moro Fernanda Marques Pereira Andreza

Lidiane de Almeida Modesto Marcelo Henrique Cayres Loureiro

Patrícia Messer Rosenblum Rafael Pinto de Freitas (estagiário)

No EPE-DEA-IT-005/2019

14 de outubro de 2019

GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA MME Ministério de Minas e Energia Ministro Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior Secretária Executiva Marisete Fátima Dadald Pereira Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético Reive Barros dos Santos Secretário de Energia Elétrica Ricardo de Abreu Sampaio Cyrino Secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis Renata Beckert Isfer Secretária de Geologia, Mineração e Transformação Mineral Maria José Gazzi Salum

Empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, instituída nos termos da Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, a EPE tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.

Presidente Thiago Vasconcellos Barral Ferreira Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais Giovani Vitoria Machado Diretor de Estudos de Energia Elétrica Erik Eduardo Rego Diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustível José Mauro Ferreira Coelho Diretor de Gestão Corporativa Álvaro Henrique Matias Pereira

URL: http://www.epe.gov.br

Sede Esplanada dos Ministérios Bloco "U" - Ministério de Minas e Energia - Sala 744 - 7º andar – 70065-900 - Brasília – DF Escritório Central Av. Rio Branco, 01 – 11º Andar 20090-003 - Rio de Janeiro – RJ

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1. Introdução

Apesar da perda de posições no ranking mundial de faturamento líquido da indústria

química, o Brasil se destaca como o maior produtor mundial de biodiesel via rota metílica

e, portanto, como um importante ator no mercado consumidor de metanol. O metanol

é uma molécula simples da função álcool sintetizada a partir de diferentes fontes

carbonáceas (fósseis ou renováveis) que podem ser convertidas em gás de síntese1,

dentre elas o gás natural. A implantação de novos projetos de produção de metanol

possibilitaria novos encadeamentos de agregação de valor às frações do gás natural e o

desenvolvimento da indústria, em especial do setor químico.

O programa “Novo Mercado de Gás” objetiva a formação de um mercado de gás natural

aberto, dinâmico e competitivo. A expectativa é de que haja um aumento da

competitividade do insumo abrindo novas possibilidades de investimentos em projetos

intensivos em gás natural.

Portanto, este estudo tem por objetivo analisar os potenciais impactos do aumento da

competitividade do gás natural na cadeia do metanol. Entre os diversos produtos

químicos obtidos a partir do gás natural, o metanol destaca-se por ser usado como

matéria-prima e intermediário químico para síntese de diversos compostos. Além disso,

empreendimentos de metanol têm flexibilidade de aplicação e de escalas, mantendo a

mesma estrutura produtiva.

A partir de uma planta de metanol típica são analisadas faixas de preços de gás natural

que poderiam viabilizar novos empreendimentos no Brasil, tendo como principal

premissa a redução da dependência externa de metanol através da substituição de

importações.

2. A Cadeia do Metanol e o Panorama Mundial

A produção mundial de metanol é de aproximadamente 80 milhões de toneladas por ano,

tendo uma capacidade instalada total de 128 milhões de toneladas, em 2018. Os recentes

investimentos têm se concentrado no nordeste asiático, sendo a China responsável por

76% das novas adições de capacidade no horizonte entre 2010 e 2018 (REFINITIV, 2019).

A Figura 1 apresenta a evolução da capacidade instalada no mundo para a produção de

metanol.

1 O gás de síntese ou syngas se apresenta como uma mistura gasosa cujos principais componentes são o

hidrogênio (H2) e monóxido de carbono (CO) (ABCM, 2019).

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Figura 1 – Evolução da capacidade instalada.

Fonte: Elaboração própria a partir de Refinitiv (2019).

O crescimento da demanda por metanol nos últimos anos apresenta taxas elevadas, em

torno de 4% ao ano, o que equivale à produção de até 4 milhões de toneladas de metanol

por ano. Os fluxos comerciais no mundo se modificaram à medida que a demanda chinesa

expandiu. As importações partiram de 1,5 milhão de toneladas em 2005 para 7,5 milhões

de toneladas em 2018 e continuam a crescer à medida que o resto do mundo expande

capacidade e produção (ARGUS, 2019). Importa notar que a China é responsável por

quase a totalidade da capacidade instalada do Norte Asiático (REFINITIV, 2019) e do

crescimento da demanda mundial por metanol2 conforme Figura 2.

2 Inclui as aplicações de metanol em transporte e demais aplicações como combustível (por exemplo,

MTG – metanol para gasolina, combustível para boilers e fogões) (ARGUS, 2019).

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Figura 2 – Participação no consumo de metanol no mundo em 2018 (por regiões).

Fonte: Adaptado de Argus (2019).

Cerca de 60% da demanda global por metanol deriva dos produtos químicos industriais

e são utilizados na fabricação de bens de consumo (METHANOL INSTITUTE, 2018). O

produto pode ser usado, por exemplo, em diversas sínteses químicas, em misturas

combustíveis e como solvente. O uso do metanol tem significativa amplitude de mercado

considerando uma série de aplicações dos seus derivados, conforme ilustrado na Figura

3.

Figura 3 – Cadeia do metanol como produto químico industrial.

Fonte: Adaptado de Eichler (2015)

Enquanto apresenta competitividade no atendimento a nichos específicos (por exemplo,

produção de especialidades químicas como o salicilato de metila para a indústria

farmacêutica), igualmente se potencializa no aproveitamento de consumos potenciais

em desenvolvimento. O Brasil se destaca neste caso, com o crescente consumo de

metanol para o incremento projetado da produção de biodiesel no país.

Demais regiões1%

América do Sul3%

Rússia e Países Bálticos3%

Oriente Médio4%

América do Norte10%

Europa Ocidental12%

Ásia (ex. China)14%

China53%

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A conversão de metanol em olefinas via processo MTO (methanol to olefins) também

desponta como uma alternativa na fabricação de petroquímicos básicos, já que eteno e

propeno são matérias-primas petroquímicas de alto valor agregado quando comparadas

ao gás natural. As rotas de produção de químicos básicos têm sido impulsionadas nos

últimos dez anos, basicamente pelos investimentos chineses.

Tradicionalmente, os processos industriais mais relevantes para síntese do metanol têm

na base combustíveis fósseis, gás natural ou carvão. Embora o processo de metanol seja

considerado uma tecnologia bem estabelecida, há pesquisas intensivas no

desenvolvimento do metanol baseado em fontes renováveis (por exemplo, biomassa).

Cerca de 50% do metanol produzido mundialmente é obtido a partir do gás natural via

gás de síntese. Quando se exclui a China da análise, esta participação sobe para 97%, pois

o país utiliza carvão como principal fonte carbonácea (METHANOL INSTITUTE, 2019). Já a

reforma a vapor e a reforma auto térmica de gás natural representam as principais

tecnologias usadas na produção de metanol na capacidade instalada mundialmente.

3. O Metanol no Brasil

Décadas atrás, o mercado de metanol brasileiro apresentava pequena capacidade de

produção com as instalações das empresas Copenor (BA), Prosint (RJ) e Petrobras (PR)

que eram responsáveis pelo abastecimento de menos de 1/3 do consumo interno de

metanol.

Desde 2016 não há produção nacional de metanol e o produto é integralmente

importado de países como Trinidad e Tobago, Chile e Venezuela. Não há previsão de

novos empreendimentos neste segmento devido a dificuldades associadas à

disponibilidade e ao preço do gás natural, à competição internacional, assim como ao

volume de investimentos requeridos. A mudança desse panorama, no entanto, pode

fazer com que a instalação de novos empreendimentos de metanol no Brasil seja viável,

uma vez que a demanda por esse produto cresceu nos últimos anos e há perspectivas de

manutenção desta tendência para o futuro.

A Figura 4 ilustra a relação entre demanda, produção e importação nos últimos 10 anos.

Atualmente, o volume de produção necessário para substituir as importações é

compatível com a instalação de até duas plantas de metanol de 2500 toneladas por dia.

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Figura 4 – Histórico do mercado nacional de metanol.

Fonte: EPE (2019) elaborado a partir de ABIQUIM (2015) e ME (2019).

O metanol é comercializado na forma de produto básico, tendo como alvo os mercados

consumidores da indústria, em especial do setor químico e as usinas produtoras de

biodiesel via metanol.

Enquanto, mundialmente, o mercado de metanol apresenta maturidade, no Brasil ainda

se apresenta como um mercado em desenvolvimento. A Figura 5 apresenta a evolução

do consumo de metanol total e desagregado entre consumo para produção de biodiesel

e para demais usos, no qual se aloca o consumo no setor químico. É possível observar

que o consumo para biodiesel expandiu consideravelmente acima dos demais usos entre

2008 e 2018, tanto pela expansão da demanda por óleo diesel no país, quanto pelo

percentual obrigatório da mistura do biodiesel ao diesel, que foi evoluindo até atingir o

patamar atual de 11% em volume3.

3 Conforme a Resolução CNPE nº 16 de 2018 e Resolução ANP nº 798 de 2019.

577 567

769

884805

862931 914

1.0981.158

1.206

-

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

[mil

t]

Produção interna Importação Demanda

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Figura 5 – Crescimento do consumo de metanol entre 2008 e 2018

Fonte: EPE (2019) elaborado a partir de ANP (2019a) e ME (2019).

Esse comportamento se deve, por um lado, pela própria expansão da produção de

biodiesel no período e, por outro, pelo ritmo mais modesto de crescimento da produção

da indústria química nos últimos anos. Tais fatores contribuíram para um aumento

expressivo da participação do biodiesel no total da demanda de metanol, que passou de

19% em 2008 para 35% em 2018 (ANP, 2019a e ME, 2019).

No Brasil, existem 51 plantas produtoras de biodiesel autorizadas, correspondente a uma

capacidade total de produção de 23 mil m³ por dia. Dentre essas plantas, somente dez

usinas apresentam flexibilidade no processo produtivo, pois podem operar por rota

metílica ou etílica. Dados obtidos pela ANP (2019a) demonstram que, atualmente no

Brasil, todas as usinas têm empregado somente a rota metílica4 no processo de

transesterificação.

O mercado de metanol para produção de biodiesel está concentrado nas regiões Sul e

Centro-Oeste, que juntas respondem por mais de 80% do consumo, conforme detalhado

na Figura 6. Destacam-se neste mercado os estados Rio Grande do Sul, Mato Grosso e

Goiás, respectivamente, em ordem de maior consumo. A importação via porto de

Paranaguá supre mais de 70% (em volume de metanol) da demanda destes estados (ANP,

2019b).

4 Segundo os autores Uribe, Alberconi e Tavares (2014), o metanol apresenta maior reatividade (cadeia

curta e polaridade), sua rota se torna menos custosa, requer 45% a menos de volume de reagente

comparado ao etanol anidro, o consumo de eletricidade é menos da metade e 20% menos vapor do que

a rota etílica e possui menor teor de água absorvida quando comparado ao etanol hidratado, por exemplo,

o que minimiza interferências no processo para obtenção do biodiesel.

728

136

592

1.523

533

990

7,7%

14,6%

5,3%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

Total Para biodiesel Para demais usos

Var

iaçã

o m

édia

an

ual

Co

nsu

mo

de

met

ano

l [m

il m

³]

2008 2018 % a.a.

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Figura 6 – Consumo regional de metanol para biodiesel em 2018 (m³).

Fonte: ANP (2019a).

Dessa forma, embora no cenário atual a produção doméstica seja nula, a demanda por

metanol vem crescendo a um ritmo considerável durante a última década, em parte

puxada pelo crescimento da produção de biodiesel no país. Este cenário resultou em

grande aumento do volume de importação, que hoje atinge a marca de 1,5 milhões de

m³ por ano ou 479 milhões USD (ME, 2019).

Estima-se que cada metro cúbico de biodiesel produzido exige cerca de 115 litros de

metanol5. Dessa forma, considerando apenas a demanda para a produção de biodiesel,

se disponível no mercado brasileiro a preço compatível com o mercado internacional, o

metanol poderia ter um mercado de cerca de 500 mil m³ por ano. Em um cenário que

considere retomada de crescimento do setor de transportes (consumo de diesel e

ampliação do percentual de biodiesel para o limite de 15% até 2034) e industrial, sendo

alavancado pela expansão da indústria química, esse mercado tem potencial para ser

ainda maior.

4. Fatores de Competitividade na Indústria do Metanol

No mundo, as indústrias químicas passam por um período de significativas mudanças em

decorrência de um conjunto de fatores, como as instabilidades geopolíticas,

desenvolvimento tecnológico e os preços das matérias-primas. Não é diferente no

contexto nacional, onde a indústria química vem apresentando dificuldades em diversos

aspectos relacionados a competitividade. No caso do metanol, essas dificuldades

culminaram no encerramento das operações produtivas no país em 2016. Dessa forma,

a atração de novas unidades produtivas para o país só será possível em um contexto de

oferta de gás natural a preços competitivos, justamente um dos objetivos do programa

do governo federal “Novo Mercado de Gás”.

5 Com base nos dados da ANP (2019a).

Norte2%Nordeste

7%Sudeste

9%

Sul41%

Centro Oeste41%

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O metanol é uma commodity e, portanto, tem seu preço de venda determinado pela

interação entre oferta e demanda no mercado mundial. No entanto, os custos de

produção são determinados pelas características nacionais, os quais podem representar

importante fonte de diferença entre graus de competitividade dessa indústria nos países

produtores. No caso do Brasil, a recente redução ocorrida no custo de importação do

produto configura um fator adicional de pressão competitiva sobre a produção nacional.

Nesse sentido, o custo do gás natural se torna um importante fator de competitividade

para a viabilização dessa indústria. A seção seguinte analisará com mais detalhe esse

fator.

A questão de infraestrutura e da logística de distribuição também configura um

importante fator de competitividade. Por se tratar de químico inflamável (com chama

invisível) e cujos efeitos da elevada toxicidade em quaisquer ambientes podem ser

extremamente graves, o transporte do metanol pelo modal rodoviário, como se emprega

no país, apresenta riscos, sendo necessário uma complexa logística, que seja capaz de

garantir o atendimento dos critérios técnicos de segurança exigidos, desde a origem do

produto até o destino nas indústrias consumidoras, independentemente de o produto

ser importado ou nacional. Atualmente, já se faz um mapeamento e gerenciamento das

rotas de transporte do metanol importado pelo Brasil e pelos demais países da América

Latina para mitigar vulnerabilidades encontradas e atuar com ações preventivas de

possíveis crises (METHANEX, 2019a).

A análise de sensibilidade realizada indicou que o preço do metanol, escala de produção

e preço do gás natural são as variáveis críticas para a viabilidade. Os resultados mostrados

a seguir estão de acordo com a lógica competitiva da indústria de metanol.

5. Preço do Gás Natural

A metodologia utilizada para estimar o impacto do insumo gás natural na indústria de

metanol consiste em construir um fluxo de caixa simplificado a partir de uma planta

típica. Considerou-se um projeto de referência com base nos dados disponíveis da

empresa Methanex, líder mundial no segmento, com capacidade instalada de 913 mil

t/ano (2500 t/d) de metanol. Assume-se como premissa que cerca de 40 MMBTU de gás

rico em metano (matéria-prima) produz uma tonelada de metanol com base em projetos

anteriores anunciados. Portanto, neste caso, o consumo de gás natural de uma planta

gira em torno de 2,7 milhões de m³/dia.

Estas características técnicas são distintas do único projeto anunciado no Brasil, o

Complexo Gás-químico da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados IV (UFN-IV). A UFN-IV

seria um complexo de fertilizantes e demais produtos químicos, localizado no município

de Linhares – ES. O projeto original de propriedade da Petrobras, que foi retirado do

portfólio de investimentos em 2013, considerava ganhos com sinergias entre a produção

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de ureia, de metanol e de outros produtos6, alcançando um consumo específico de gás

natural de 0,7 mil m³/t de produtos.

Considera-se, portanto, uma planta de referência a ser analisada com base no modelo de

uma das empresas líderes mundiais em investimentos em metanol, a Methanex. A

disponibilidade de informações como a capacidade instalada, consumo de gás e valor do

projeto disponíveis publicamente foram fatores que influenciaram na definição por este

tipo de empreendimento. Desta forma, é possível avaliar a relevância do custo do insumo

gás natural para a viabilidade dos empreendimentos desta natureza com base na

realização deste exercício.

Além disso, importa notar que o fluxo de caixa foi construído levando em consideração

que todo o metanol consumido no país é atualmente importado. Assim, a receita que o

empreendimento irá obter é equivalente ao preço do metanol no mercado internacional

acrescido de 90% do custo de transporte desses mercados para o Brasil, no intuito de

sinalizar vantagem competitiva em relação à importação.

O custo total de gás natural da planta é obtido através da multiplicação do volume de gás

consumido (definido como 2,7 milhões de m³/dia) pelo custo do gás natural, que é

justamente a variável de decisão do fluxo de caixa simplificado. Isto significa que dados

todos os parâmetros adotados, o modelo em questão estima o custo do gás natural ao

longo da vida útil do empreendimento que o torna viável.

São estabelecidas premissas para compor o fluxo de caixa e estimar o custo do gás natural

que possa viabilizar o projeto em avaliação. A taxa de desconto utilizada no caso base é

de 10%. O custo total de investimento considerado é de 862 milhões de dólares e foi

estimado a partir de custo unitário típico de 945 USD por tonelada de capacidade

instalada. Este valor foi obtido a partir de projetos publicamente anunciados, conforme

Tabela 1.

Tabela 1 – Custos de investimento metanol

Fonte Capacidade planta (milhões de t)

Investimento (milhões de USD)

Custo unitário (USD2018/milhões de t)*

Celanese Corporation - Clear Lake 1,3 910 742

Methanex - Geismar 3 1,8 1.350 750

Caribbean Gas Chemical Limited (CGCL) 1,0 1.000 1.000

Estudo ICF 0,9 1.040 1.290

Média 945

Fonte: Elaboração EPE a partir de Business Wire (2015), Methanex (2019b), ICIS (2018) e ICF (2012). Nota: *O CPI foi utilizado para atualizar as referências a valores de 2018.

6 No esquema projetado para esse empreendimento, o gás natural obtido a partir de gás natural liquefeito

(GNL), passaria por transformações químicas para produzir o gás de síntese e sintetizaria o metanol e os

seus derivados (ácido acético e ácido fórmico), adicionalmente a produção de amônia, ureia e a melamina

derivada desta última (BOURSCHEID, 2012). Tais produtos químicos têm elevados níveis de importação

ou seus consumos integralmente atendidos por importação.

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Os custos de operação e manutenção anuais foram estimados em 4,0% do custo de

investimento total, que representa o valor médio obtido a partir de ICF (2012), Mian

(2011) e Kema (2013).

Por fim, uma variável de grande relevância é o preço de longo prazo do metanol. Por se

tratar de uma commodity, os preços estão sujeitos a volatilidade do mercado

internacional. Em 2018, a média de preço FOB do metanol importado no Brasil foi de 397

USD/t. Já no primeiro semestre de 2019 este valor médio do preço FOB das importações

de metanol no Brasil reduziu para 351 USD/t, refletindo aspectos conjunturais do

mercado internacional, conforme pode ser observado na Figura 7.

Figura 7 – Série histórica do preço FOB importações do Brasil de metanol

Fonte: Ministério da Economia (2019)

Portanto, a decisão sobre o valor a ser adotado no estudo é bastante sensível e deve levar

em consideração não apenas aspectos conjunturais, mas também uma perspectiva de

mais longo prazo. Neste sentido optou-se por utilizar o valor de 400 USD/t com base no

valor divulgado em Methanex (2019a) como preço de longo prazo exigido para projetos

greenfield. Além disso, de acordo com Argus (2019), a expectativa é de uma trajetória de

preços ascendentes no longo prazo. Posteriormente, será apresentado uma análise de

sensibilidade para este parâmetro.

A Tabela 2 apresenta, de maneira sintética, as principais premissas adotadas.

-

100

200

300

400

500

600

700

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022

Val

or

FOB

(U

SD2

01

8 /

ton

)

Anos

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Tabela 2 – Premissas adotadas no caso de referência Parâmetros Unidade Valor Referências

Características técnicas

Metanol (Capacidade instalada) toneladas/dia 2.500 Methanex (2019)

Consumo de gás da planta milhões de m3/dia 2,68 EPE (2019)

Fator de capacidade % 95%

Preços para internalização da mercadoria

Preço do metanol (longo prazo) U$$/tonelada 400 Methanex(2019a)/Argus (2019)

Frete por tonelada importada U$$/tonelada 507 Argus (2019)

Custos de investimento e operação

Investimento total milhões de U$$ 862

Business Wire (2015),

Methanex (2019b) e ICIS

(2018).

Custo de Operação % CAPEX ao ano 4,0% ICF (2012), Mian (2011), Kema

(2013).

Outros parâmetros do fluxo de caixa

Taxa de desconto % a.a., real 10

Períodos do fluxo de caixa anos 20

Depreciação média anos 16

Prazo de construção anos 3 Methanex (2019b)

Cronograma de desembolso por ano % 25/40/35 Mian (2011)

Imposto de renda % 34

CSLL % 9

Fonte: Elaboração EPE

Considerando as premissas adotadas o fluxo de caixa simplificado indica a viabilidade do

empreendimento para um custo de gás natural de até 5,6 USD/MMBTU.

Dadas as incertezas, cabe proceder com análises de sensibilidade para a definição dos

parâmetros chave da composição do fluxo de caixa simplificado com o intuito de avaliar

como informações diferentes sobre estes parâmetros podem impactar no preço de gás

necessário para garantir a viabilidade do empreendimento.

A adoção de premissas diferentes do caso de referência altera o preço máximo do gás

necessário para viabilizar este empreendimento. Por exemplo, caso a premissa seja de

um investimento 5% menor do que o do caso de referência, e mantendo uma taxa de

desconto de 10%, este empreendimento admitiria um custo de gás de até 5,8

USD/MMBTU. A Tabela 3 apresenta o preço do gás que viabiliza o empreendimento para

diferentes combinações de investimento total e taxa de desconto.

7 De acordo com Argus (2019), as cotações de frete marítimo para os navios tanque de metanol giram em

torno de US$ 20/t e US$ 60/t dependendo da origem e do destino. Assim, adotou-se que o custo do frete

é a média dos valores informados (US$40 por tonelada), dada a indisponibilidade de dados específicos

para o Brasil. Além disso, aplicou-se 25% no valor do frete relativo ao Adicional de Frete para a Renovação

da Marinha Mercante, totalizando custo de transporte de US$ 50/t.

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Tabela 3 – Preço do gás para diferentes combinações de investimento e taxa de desconto (USD/MMbtu)

Taxa de desconto

Variação no investimento total -10% -5% 0% 5% 10%

8% 6,8 6,6 6,3 6,1 5,8 9% 6,5 6,2 6,0 5,7 5,4

10% 6,1 5,8 5,6 5,3 5,0 11% 5,8 5,4 5,1 4,8 4,5 12% 5,4 5,0 4,7 4,4 4,1

Fonte: Elaboração EPE

Outra análise de sensibilidade importante é com relação a premissa sobre o preço de

venda dos produtos fabricados pelo empreendimento em questão. O caso de referência

assume preços de referência compatíveis com a média de 2018 dos preços FOB das

importações brasileiras desta mercadoria (397 USD/t no caso do metanol), que também

é compátivel com as referências Methanex (2019a) e Argus (2019). Não obstante, esta

variável é sensível a volatilidades do mercado internacional, apenas como métrica de

comparação os valores médios entre 2008 e 2018 o preço FOB das importações de

metanol no Brasil foi de 358 USD/t. Assim, entende-se como relevante realizar um

exercício de sensibilidade sobre esse preço de longo prazo a ser considerado (Tabela 4).

Tabela 4 – Preço do gás para diferentes combinações de preço metanol e taxa de desconto (USD/MMbtu)

Taxa de desconto

Patamares de preço do metanol (USD/t) 360 380 400 420 440

8% 5,3 5,8 6,3 6,8 7,3 9% 4,9 5,5 6,0 6,5 7,0

10% 4,5 5,1 5,6 6,1 6,6 11% 4,1 4,6 5,1 5,6 6,2 12% 3,7 4,2 4,7 5,2 5,7

Fonte: Elaboração EPE.

Caso sejam considerados os 50 valores simulados nas Tabela 3 e Tabela 4 é possível

observar que uma parcela significativa (72% dos casos simulados) requer preço de gás

entre 5 e 7 USD/MMBTU para viabilizar o empreendimento. Neste sentido, a partir da

modelagem apresentada, entende-se que esta seria uma faixa de preços que justificaria

a atração de novos investimentos no setor de metanol.

6. Demanda de Gás Natural

As perspectivas de expansão da demanda de gás natural utilizadas nesse estudo levaram

em consideração o cenário de evolução da produção do biodiesel e as premissas de

crescimento econômico do setor químico consistentes com os cenários econômicos de

longo prazo da EPE. Dessa forma, espera-se que a demanda por metanol alcance 2,3

milhões de tonelada em 2034, sendo 50% desse montante, aproximadamente 1,2

milhões de tonelada demandadas, para a produção de biodiesel.

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Após cerca de 10 anos do encerramento das atividades produtivas da única planta de

metanol existente, em 2016, considera-se a entrada em operação de uma primeira

unidade de produção em escala global. Com a partida de uma unidade adicional, em 2029

a capacidade instalada alcança o patamar de 1,8 milhões de toneladas e se mantém até

2034, enquanto o nível de importações se amplia até o final do horizonte para suprir a o

crescimento projetado da demanda interna (Figura 8).

Figura 8 – Projeção da demanda de metanol e potencial de expansão da capacidade.

Fonte: Elaboração EPE.

Comparativamente, o consumo específico de gás natural por tonelada de metanol pode

variar em função do projeto, configuração da planta, mix de produtos fabricados e

condições de operação e de manutenção. A planta fechada em 2016, por exemplo, uma

unidade da COPENOR, incluía, além da produção do metanol, a fabricação de outros

produtos químicos, como hexamina, pentaeritritol, formiato de sódio e formaldeído

(formol). Tal indústria, apresentava um consumo médio de 1,4 milhões m³ de gás natural

por dia, enquanto a UFN IV (ES), um projeto de maior porte que foi retirado do portfólio

da Petrobras em 2013, considerava economia de escopo para produção de ureia,

metanol e outros produtos, alcançando um consumo específico de 0,7 mil m³/tonelada

de produtos, equivalente a 3,5 milhões de m³/dia de gás natural. A Tabela 5 apresenta

uma síntese comparativa dos projetos de unidades produtoras de metanol citados

anteriormente.

1,3

2,3

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034

[milh

ões

de

t d

e m

etan

ol]

Potencial de expansão da capacidade

Demanda interna total

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Tabela 5 – Projetos de unidades produtoras de metanol

Projeto Planta extinta

COPENOR Projeto extinto UFN

IV Planta típica*

Localização Polo Camaçari, BA Linhares, ES EUA Capacidade instalada (mil t) 82 1.808 912,5

Produto metanol e outros Ureia, metanol e

outros metanol

Consumo de GN (milhão m³/dia) 0,24 3,5 2,68 Consumo específico (mil m³/ t) 1,06 0,71 1,07 Investimento (bi USD[2019]) n.d. 4,6 1,0 Investimento específico (USD[2019]/t)

n.d. 2.564 945

Nota:*Methanex Corporation, Business Wire (2015), Methanex (2019b) e ICIS (2018). Fonte: Elaborado a partir de Petrobras (2011), Prominp (2019), Bourscheid (2012), COPENOR (2018) e

Methanex (2019a).

Como resultado, considerando a adição de duas novas plantas compatíveis com a planta

típica determinada, com capacidade instalada de cerca de 900 mil toneladas/ano de

metanol, fator de utilização de 95% e consumo de 1,1 mil m³ de gás natural por tonelada

produzida (aproximadamente 2,7 milhões de m³/dia), a demanda por gás natural em

2034 alcançaria 5,4 milhões de m³/dia, o que reduziria a dependência externa de metanol

para 20%, em 2034, conforme ilustrado na Figura 9.

Figura 9 – Consumo de gás natural versus importação de metanol

Fonte: Elaboração EPE.

7. Possíveis Impactos Econômicos da Expansão do Metanol

A expansão do setor de metanol possibilitada pela redução do preço do gás natural pode

gerar impactos importantes sobre a economia brasileira, visto a variedade de usos para

esse produto.

Mesmo com o movimento de expansão da demanda doméstica por metanol nos últimos

anos, não há no país nenhuma planta de metanol operando atualmente e toda demanda

5,4

100%

9%

20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

[MM

m³/

dia

]Consumo adicional de GN

Importação líquida [%]

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interna é atendida por importações. Dessa forma, a instalação de novas plantas de

metanol no país reduziria a dependência externa, impactando positivamente os setores

demandantes, sobretudo os setores da indústria química que consome este produto. É

importante ressaltar que a química é um setor muito dinâmico e com alto potencial de

agregação de valor. Nesse sentido, o desenvolvimento dessa cadeia poderia gerar

impactos significativos para o crescimento da indústria brasileira e, consequentemente,

do PIB.

Há grande interdependência na indústria química e o metanol, como um produto químico

bastante versátil, tem impactos relevantes na fabricação de tantos outros produtos

químicos. Em contraponto, o mesmo metanol pode atuar como estruturante da indústria

de químicos brasileiros, agindo de forma multiplicadora para as cadeias de derivados a

partir do metanol, bem como agregando valor aos produtos nacionais.

8. Considerações Finais

Este estudo buscou demonstrar a viabilidade de empreendimentos de metanol em um

cenário de maior competitividade no preço do gás natural, correlacionado com as

iniciativas do programa “Novo Mercado de Gás” e com as perspectivas de oferta adicional

do pré-sal e da Bacia de Sergipe-Alagoas. O volume a ser produzido através da instalação

de novas plantas produtoras deste insumo no país se baseia na substituição de

importações.

Elaborou-se um fluxo de caixa simplificado para estimar o preço do gás natural que

viabilizaria este tipo de empreendimento a partir da definição de um projeto típico em

escala mundial, com informações públicas disponíveis. Foram realizadas análises de

sensibilidade nos parâmetros mais relevantes para a composição do fluxo de caixa, dadas

as incertezas envolvidas nas definições destes parâmetros. O resultado observado em

uma parcela significativa das simulações (72% dos casos simulados) revela que o preço

do gás natural entre 5 e 7 USD/MMBTU viabilizaria investimentos em plantas de metanol.

Há dois fatores determinantes para a estimativa da demanda interna por metanol no

horizonte de 15 anos: a evolução da produção nacional de biodiesel e o crescimento do

setor químico industrial demandante. Assim, foi observado o correspondente potencial

de expansão de novas plantas para suprir essa demanda neste mesmo horizonte. Tal

potencial indica a entrada de 2 novas plantas, que consumiriam cerca de 2,7 MMm³/dia

de gás natural cada uma, totalizando aproximadamente 5,5 MMm³/dia. A concretização

deste potencial reduziria a dependência externa de metanol, dos atuais 100%, para 20%

em 2034.

Os resultados indicados no estudo reafirmam a importância do gás natural para o

segmento de metanol nacional, onde o custo relativo da matéria prima e a garantia de

suprimento são fatores relevantes na decisão de investimento em uma nova planta.

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