indito apenas mais poesia · abra-o em qualquer posição. a seguir, leia um parágrafo ou uma...

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A A A P P P E E E N N N A A A S S S M M M A A A I I I S S S P P P O O O E E E S S S I I I A A A Jeferson J. Cardoso Franco (*) 1 (Registrado na Biblioteca Nacional do Livro – Depto. de Direitos Autorais ) Belo Horizonte-MG - 2009 1 (*) Membro da União Brasileira de Escritores (UBE), matrícula nº 2.720, desde 1985.

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AAAPPPEEENNNAAASSS

MMMAAAIIISSS

PPPOOOEEESSSIIIAAA Jeferson J. Cardoso Franco (*)1

(Registrado na Biblioteca Nacional do Livro – Depto. de Direitos Autorais)

Belo Horizonte-MG - 2009

1 (*) Membro da União Brasileira de Escritores (UBE), matrícula nº 2.720, desde 1985.

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PREFÁCIO

“Mas uma grave tristeza tinge meus lábios manchados de pecados.”

Assim Federico Garcia Lorca se confessa, irmanando-se com a natureza ao se deixar

capturar pela vária armadilha do poema PAISAGEM. Os poetas possuem esse destempero,

louco, que os move a tecer toalhas de espuma e cálices de espumante vinho. Destempero

que degela o poeta, que transforma o contemplativo estado de montanha em afluentes de

mavioso fluxo, portadores da missão de irrigar o planeta. Afirmo que o poeta é uma

montanha; aliás, uma cordilheira. Mas nem sempre. Pois as lontras e os cardumes

aguardam a bênção do degelo para que se façam em náufragos’ da essência que flui do

leito da poesia. O poema é um rio; o poeta, morador ribeirinho. O poeta: montanha!

Não me vai com pejo recontar o segredo da confissão do poeta. Não há lei que me

impeça, confraria que me iniba ou calvário que me acene com o cinismo da punição. Passo

adiante o segredo do poeta Jeferson. Se peco, não me entristeço mais que Lorca. Os meus

tantos pecados hão de se afogar nos ritmos dos versos e meus lábios estamparão a nódoa

das mais belas canções. Passo adiante o segredo de Jeferson Franco: a montanha se

liquefez!

Uma enxurrada de destempero lava os meus pecados. Ao ler os poemas deste

destempero, desfaço-me em esperança. E o meu anseio embarca, por inteiro, nesta

confissão de Jeferson. Neste fluir de canções e ritmos que arrombam a clausura dos

sussurros’ atados na camisa de força do confessionário. Salve o destempero’ da pública

confissão e que a expiação do poeta embriague cardumes e lontras; e que se junte à

necessária espuma dos oceanos. Os lábios, reviverão, quando forem ungidos por essas

canções.

Adilson Vilaça – Jornalista, escritor e professor de Filosofia - Colatina (ES), 23 de Setembro de 1991.

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APRESENTAÇÃO

A ideia de publicar este trabalho transmitindo pérolas do pensamento e

relacionamento humano – extraídos do estudo, leitura, assimilação advinda da convivência

– de várias culturas e a partir dos preceitos pontuados (entre outras pessoas). Por minha

avó materna, Josephina Caldeira Damasceno, cuja avó (antes de passar pelo portal de

transição desta para uma outra dimensão espaço-tempo) coroou-me a infância e

adolescência com suas parábolas e ações. Ricas de sabedoria e extrema bondade.

Se faz importante que eu frise não ter a pretensão de reinventar a roda, conquistar

fama e lucro ou o reconhecimento público, de qualquer forma e em qualquer hipótese.

Sugiro, inclusive, que este trabalho seja testado utilizando uma forma simples (da qual

pode me interessar ou não, óbvio, quando se trata de lazer).

É facílimo: primeiro, feche este livro! (claro, antes de ler todos os passos!); depois

abra-o em qualquer posição. A seguir, leia um parágrafo ou uma página. Caso esta página

ou parágrafo possa te dizer alguma coisa, remove a leitura do ponto onde parou para o

teste. Caso isso não ocorra, é recomendável desistir.

E por que não testar este livro?

Vá em frente! Torço para que ele possa ser útil a você!

Jeferson Franco

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ÍNDICE

HECATOMBE DE PAZ.............................................................................................................................. 5 LUAR DO PRADO...................................................................................................................................... 6 SÓ-NETO..................................................................................................................................................... 7 AO CANTADOR ANÔNIMO..................................................................................................................... 8 REFLEXOS.................................................................................................................................................. 9 AMENAS DELÍCIAS PEQUENAS............................................................................................................ 10A TODAS AS MULHERES........................................................................................................................ 11VAGA LUMES............................................................................................................................................ 13RETINAS...................................................................................................................................................... 14NÃO IREI EMBORA................................................................................................................................... 15HOMENAGEM A UMA MÃE AMIGA..................................................................................................... 16À MINHA SENHORA RAINHA................................................................................................................ 17AO MEU MESTRE AMADO NA TERRA................................................................................................. 19ELEGIA........................................................................................................................................................ 20QUARENTA PASSOS................................................................................................................................. 27SEMENTEADOR......................................................................................................................................... 28DOCE AUSÊNCIA...................................................................................................................................... 29POETAR....................................................................................................................................................... 30CONFISSÃO................................................................................................................................................ 31PEQUENA MELODIA................................................................................................................................ 32RELAÇÃO EM TEMPESTADE................................................................................................................. 33HINO DE AMOR......................................................................................................................................... 36MUNDO DA POESIA................................................................................................................................. 38SE AMO....................................................................................................................................................... 39SORRISO ABERTO..................................................................................................................................... 41ABRE-TE, PEITO!....................................................................................................................................... 43MÃOZINHAS SUAS................................................................................................................................... 45MÚTUA SOLIDÃO..................................................................................................................................... 46DÚVIDA...................................................................................................................................................... 47FLORES DE BEAGÁ.................................................................................................................................. 48VIDEOTAPEANDO NOS MEUS OLHOS................................................................................................. 50RELIGIÕES.................................................................................................................................................. 52ESPERANDO............................................................................................................................................... 53GOTAS DE REMINISCÊNCIAS................................................................................................................ 54PARA FAZER UMA CANÇÃO................................................................................................................. 55ACERCA DE OLHARES DE LÍTIO.......................................................................................................... 57DESAFIOS................................................................................................................................................... 58SÓ, NO RIO.................................................................................................................................................. 55POETA, SÓ, POETA.................................................................................................................................... 60CARRINHOS DE LATA............................................................................................................................. 61DESCOMPASSO DO VERSO.................................................................................................................... 62SENTIR E PODER...................................................................................................................................... 63DESPLUGADO............................................................................................................................................ 64CRESCER A DEUS..................................................................................................................................... 65POEMA EM GOTAS................................................................................................................................... 66BREJEIRICE................................................................................................................................................ 68POETORAÇÃO........................................................................................................................................... 69PEQUENINO GRANDE POEMAZINHO.................................................................................................. 70CALDEIRÃO DE SENSAÇÕES................................................................................................................. 71VIVER BALELAS....................................................................................................................................... 72MEU IRMÃO: EM MINHAS ORAÇÕES, TENHO PEDIDO................................................................... 73ESP(A)ELHO............................................................................................................................................... 75MARCAS..................................................................................................................................................... 76DIFERENTE CANÇÃO DE NATAL.......................................................................................................... 78SEGREDOS DO UNIVERSO...................................................................................................................... 79EVOLUÇÃO E INTEGRAÇÃO (À ETFES).............................................................................................. 80VELHO POETA MODERNO...................................................................................................................... 81CONTATOS COM O AUTOR.................................................................................................................... 82

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HECATOMBE DE PAZ

Sonhava...

(Ah, quisera fosse real...):

Comumente triangularmente em meu leito,

como me deito, de peito,

invadido vejo ser, estarrecido,

(morada de íncubos e súcubos),

pela bomba nuclear.

Ah, mas tão sensível e fina e mística a menina,

(Mulher da preferência do poeta)

Se ajeita em meu quintal em cama

E ama, ama, ama, ama, ama, ama, ama, ama, ama, ama...

Até o próprio amor exacerbar-se.

Prenhe,

Dá à luz, ali, assim,

parido de mim,

Um Don Quixote em pomba,

(matricida contumaz),

detentor então e a partir de

da hecatombe de paz !..

Sonhava...

(Ah, um dia será real?..)

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LUAR DO PRADO

Há um lugar

Há um lugar

Há um rincão...

...De tanto mar

Tanta magia

Tanto amar...

...Emoção!..

(É bom que se convenha,

A terra da poesia,

Vinícius já dizia:

É a Bahia!)

Não é terra que se possa descrever

(Que o bom do sonho não se vê)

Antes, é um cantinho

Ainda não devassado

Onde reina a energia

De saber gritar,

Bem sussurrandinho no ouvidinho apaixonado:

“Te amo”,

No Prado!

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SÓ-NETO

Abriga tanto amor que até sufoca;

Represa em peito incoerente mar

De ser sozinho (opção), jazer em toca

O medo de sofrer e apanhar...

Desvia o pensamento a um vazio

Indefinível campovoado de memórias;

Tantas musas outrora, hoje estórias;

Explode um tal calor me torna frio

Como o solitário quarto de pensão

Suburbano musical – programação cruel,

Tornando-me ao poeta: eis-me em meu papel,

Novamente caneta em riste... novos planos

Sonhos adolescer, musa hoje em não

Às vésperas do voltar a ser amado...

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AO CANTADOR ANÔNIMO

Um violeiro traz na alma

toda a energia

da poesia.

Você, cantador, traz em sua amálgama

tudo de bom,

graça e alegria

que toda a gente

sempre quis.

Grande poeta cantador:

sejas sempre feliz!..

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REFLEXOS

Companheira, que teu seio seja sempre meu delírio

Meu repouso... e seja meu também o teu seio;

Que teus lábios sejam sempre mais que mel aos meus

Meu castelo... e sejam teus meus lábios;

Que teus olhos sejam minha moradia

Meu retorno... e sejam teus também meus olhos;

Que teus braços sejam minha eterna prisão

Minha guia... e sejam teus também meus braços;

Que tua voz seja o clarim dos meus dias

Meu despertar... e sejam tua minha voz;

Que teu corpo seja abrigo ao meu amor

Meu caminho... e seja teu também meu corpo;

Que tua vida seja o jardim dos meus dias

Meu poema... e seja tua minha vida...

Que tudo sejas e sempre sejas

E que eu também tudo seja em tua glória...

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AMENAS DELÍCIAS PEQUENAS

Mito me satisfaria

que a vida se resumisse, dia após dia,

nos bons momentos apenas

na delícia das coisas pequenas,

amenas,

Suaves carinhos que realizados

quando irmanados com as criaturas

que nos

e a quem tanto amamos...

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A TODAS AS MULHERES

Nascemos, todos, participantes do destino

Trazidos à luz por tua festa e sofrimento

E nos conduzem pelos caminhos e momentos

Orientando nossos passos, com carinho...

E a convivência nos torna fortes, destemidos

Por todo o tempo, se podemos contar contigo

Vencemos juntos obstáculos e inimigos

Com tua proteção, desvelo e teu abrigo...

Em nossas estórias sempre és mil personagens

Mãe, orientadora, amiga, esposa, amante... solidária

Rica, humilde, culta, simples, senhora ou escrava:

Eterna rainha a perfumar nossas passagens...

Cordeira e santa quando a situação permite

És a própria figura da sensibilidade

Porém, te tornas em furacão - quebras limites

Guerreira em armas por nossa integridade...

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Toma este canto como humilde tentativa

De te mostrar o quanto nos és importante

Posto que a vida é tua opção decisiva

E moves o mundo com teus gestares populantes...

Que a energia que regula as dimensões

Prossiga assim por tantos outros 5.000 anos

Presenteando-nos com teu ser, em nosso plano

Tantos mais milênios enquanto houver emoções...

Que as gerações futuras mais te reconheçam

Estes valores e virtudes que te são fé

E em todo canto, em teu louvor, campos floresçam

Posto que os dias nascem para ti, ó ser mulher

Belo Horizonte (MG), 01/03/2000

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VAGA LUMES

Crianças da noite

que se vêm e se vão,

vãos açoites

que nem sabe se são!

...acontecem!

Padecem, crianças, infâncias

ternas...

como se a roda nunca se cansasse

de trazer dias e séculos

(e nos meios, noites)

assim, feito carrasca

lhes herdando a borrasca...

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RETINAS

Quanta coisa bela assisti

Na penumbra no fundo de tuas retinas

Tua força de mulher, tua graça de menina

No ninho de amor marginal em que nasci

Bela a cada segundo mais

Deusa loira do tamanho das pirâmides

Poderosa como as miríades da paz

Hipnótica; e eu de amor em transe

Sonho? não pude crer, por instantes

Pudesse haver sido em meus braços

Mulher completa e fina assim como a camurça

Mas eis que em chamando teu nome: Lúcia

Serpenteavas junto ao corpo teus abraços

Eras real, e sou feliz como nunca dantes...

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NÃO IREI EMBORA

Ainda hei de estar por aqui

muito depois de ter ido

em tudo que aprendi

com todos vocês.

E, sei

também naquilo que, por acaso,

sem querendo, ensinei...

Da morte em corpo

sobreviverei

em frases, decepções, emoções:

sentimento...

valer fazendo a vida

em degustar momentos!..

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HOMENAGEM A UMA MÃE AMIGA

À minha mãe, Avelina Santos Cardoso.

Anjos, trombetas, querubins em céu festivo:

Vibrava o universo em dia dez de fevereiro.

Eis que nascias, Avelina, em nosso convívio,

Luz do caminho, felicidade, amor verdadeiro,

Inebriado de bondade a todas as pessoas,

Nas terras em que a Providência te levou

A cultivar rico jardim de almas boas...

Seguiste então cumprindo o seu certo destino;

Angariando a amizade entre todos os seus iguais,

Nas duras horas, nas alegrias, choros ou hinos,

Trazendo a toda a gente força pra lutar sempre mais,

Olhando o mundo com poesia, sempre sorrindo

Superando sofrimentos, dores... orando pela paz...

Caminhaste eternamente, junto a nós, é o pedimos,

Amamentando-nos com seu amor – néctar de vida,

Recarregando nossos corações do amor divino,

Deus te ilumine sempre e mais, nossa mamãe querida

Orientando-te em direção à terra prometida,

Sigas por séculos e séculos realizando

O nosso sonho de ter, mais do que mãe: nossa AMIGA!

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À MINHA SENHORA RAINHA

À minha amiga, companheira, cúmplice e esposa, Ana Regina (aninha).

Ainda que eu buscasse por todo o universo

Nos versos, energias, constelações e véus

Até em céus e terras as mais diversas

Renascesse esse poeta por zil vidas

Encetando encontrar, enfim, o ser amado

Galgasse montes, estrelas... todos os mundos

Inda que vasculhasse oceanos

Navegasse éteres oclusos, irrevelados

A buscar minha outra metade dividida

Sonhar jamais poderia, em são consciência

Invadir o paraíso em perfeição casal

Lendar, enfim, desta jornada descansar

Vingar raízes, sentir-me então ser ideal

Amado-amante, acontecendo em essência...

Dentro e todo o teu amor, me prostro

E interpreto os códigos essenciais silenciares...

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Agora creio que minha busca encerrei

Garimpei você, jóia rara, jeito Naninha

Ungida menina-mulher, potência em simplicidade

Identidade que comunga com um rei:

Ana Regina, meu amor, Senhora-Rainha

Reinemos juntos por toda a eternidade!...

Floresta, Belo Horizonte (MG), 03 de Junho de 2.000

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AO MEU MESTRE AMADO NA TERRA

Ao meu eterno amigo, hoje pilotando galáxias, meu pai!

Já não te vejo com meus olhos, ao meu lado

O velho baiano, meu herói, amigo fino

Sábio companheiro, amoroso, idolatrado

Éramos sempre unidos, pai e filho: meninos...

Caminho então, só de você, criando a vida

A te lembrar, sorriso largo, coração pleno

Rememorando nossos anos de alegrias

Dizendo a este meu tão mau-criado coração

Os versos de Gibran que me ensinaste, um dia

Sorvendo a existência, em festa, meio sofrida

Onde haveria poesia, produzindo pão...

Foi uma bênção conviver contigo, velho pai

Razão mais forte pra o meu viver não há de haver!

Ainda que da vida muito ainda eu saiba

Nada trará nuvens ao que pudemos viver

Como se em meu peito todo seu ser me caiba

O filho teu, hoje em pai, em paz demais!..

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ELEGIA

I

Para crescer, nasci...

quase como nasce o mundo inteiro,

não fosse eu cesário,

dum tempestuoso dia

de janeiro

cercado de lua e nuvens,

típico da poesia...

... e fui vivendo em sensações

meio menino, meio vadio

conquistando as sensações

que me ofereciam a vida

buscando crescer por dentro,

versejando pensamentos

menos do que parece

muito mais do que eu queria...

Fui mais amando que amado sendo

nos padrões desta canalha

comendo flores e ventos

sem saber que os digeria

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sabendo que saberia,

muito além do horizonte

da mais cruel distante fome

fardando destino em nome

gestando uma romaria...

Jejuei, pensei, sofri...

... amei, gozei, aprendi.

pensei, cansei, doutrinei,

(sem consciência de ca(u)sa...

E vivo sidarteando

poetar enquanto espero

o que nem imagino

no que é se é que vai dar...

II

Deserteei-me deveras,

- defesa perante as “feras”

que transpiram conhecimento,

transformam sonho em tormento,

exaltam “poderes podres”,

endeusam meros trigos em pão,

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decepcionam-se em projeções

de seus egos malformados,

absorvem e não digerem

o sumo da emoção

travestida que se faz em compreensão...

Segui os “caminhos do vento”

ventando que me sentia,

chovi como mil lamentos

por gente que nunca vi,

inocente em seu sofrimento

karmando o que não deviam,

por opção de existir...

“Passei como passarinho”,

por campos floridos e bares,

provei o valor do verso

puro, simples e belo.

Entre meus pares plantei amigos

num povo que amo e prezo,

despertei visgos e amores

preguei quase em sempre o que vivo,

forma como encaro o mundo:

um tédio intenso e profundo.

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sendo minha verdade besta,

A troca de sangue por pão

democracia em coração

por terras, morros, cidades

sem deixar que a má da maldade

torcesse meus versos pequenos

transformasse doses em veneno

remédios que eu não dominava,

e, junto comigo, doava

a qualquer ser que trouxesse

(por menos que nem sonhasse)

amargura na alma eterna

produto da pura energia

que moldou em barros os deuses

e hiberna no último fio

sedoso de um urso neném

em cavernas que não imaginas

e eu nem...

Nessa cantada vidinha

entre o homem engravatado que sorria

e o profeta que em mim se escondia

fui levado de roldão

a nem perceber que passaram

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ao largo de meus compridos dedos

a fio, anos e segredos

compondo a imagem que levo

bailando pelos brinquedos

entre os frutos da criação,

trazendo na identidade

trinta e oito saudades

de ricos e belos

novos poemas que virão

um dia...

III

Enfim, minha amante madrugada, eis

que se faz chegada a hora

de seguir a catarata

de suposta inspiração

pra não melindrar os horários

em que se abre a cortina

e o homem-salário se perfila

humilde perante a rotina

de sofrer as limitações humanas

que aqui resumem o amor...

Não há de bisar o cantor

posto que o “pão” tem seu preço

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e finjo que não padeço

para viver em harmonia

aplaudido por minha veia

que não sangra, poesia

amado por pérolas que vervo da lavra

que me aconteceu sem querer:

hei de me morrer aos pouquinhos

em outro escritório fresquinho

com mentes que mentem em “ser”,

sonhando de novo este véu

de mar e carinho

que só encontro sozinho

perdido em meu zebedeu

pelas esquinas da vida

poemando feridas

em meu sersensibilidade,

de antemão, sonhando a saudade

do que inda hei de viver

traindo todos que te ostracismam

sem mesmo te conhecer

por mero e mesquinho egoísmo

de não tentarem transcender

versos soltos em neve

em leve fluir de êxtase...

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Encontramo-nos-emos às claras, em breve

para sorvermos em papel

este néctar, minha amante poesia,

que ordena a existência

resume a ciência,

transforma o caminho traçado

seja errado ou correto,

que deve o homem padecer...

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QUARENTA PASSOS

Quarenta luzes inundarem meu redor

Esse redor que comumente alcunho vida

Quarenta sóis invadiram-me do amor

Esse amor que meramente e flor parida...

Quarenta sonhos vi passar nesse segundo

Em que o relógio ajaneirou o nosso dia

Quarenta tempos em que giro pelo mundo

Este tão mundo que destilo poesia...

E foi como se nada houvesse acontecido

Entre o nascer, viver, crescer, correr, perigos

Ansiedando essa doce realidade

Cantando montes, vales, musas e cidades

Benzendo campos, infernando paraísos

Plantando amores, suas dores... colhendo amigos!

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SEMENTEADOR

Não sei quais caminhos

trilha minha mente

Só sei ser sementeiro

poesias plantar

em solos nos quais caminho

espalhando sementes

por esse mundo inteiro.

De fato,

estes meus atos

aprisionam corações

transformando-se em canções

que nem direito sei cantar

Planto sorrisos

colho cobranças

e minha forte esperança

é que esses meus poemas

um dia me façam descansar...

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DOCE AUSÊNCIA

Esta tua doce ausência

me faz trilhar infernos:

congela o meu canto,

quase me torna em prantos.

E, no entanto,

me faz imenso bem...

Devo estar maluco

mas faço e te futuco

pra me deixar em paz.

E, ademais,

é bom para o meu ego

e pra tristeza que carrego

(não a nego)

em peito

Viver esses desvios de personalidade

já que aqui, nesta cidade

arde a incongruência

grassa a inadimplência

reina a incompetência.

E quer saber duma coisa, (você, aí, ao lado),

vou parar de riscar posto que me sou cansado...

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POETAR

Estou fadado à vala comum dos mortais...

é demais.

E, ademais,

mais que isso, pra quê?

Porém,

me sei quem sou!

não à-toa

na boa,

tenho rumo e missão...

(aliás, como todos têm).

No entanto,

por enquanto

(breve tempo entre o chegar e o partir)

hei de parir tentar

versos-potências

que nos permitam conjugar

verbos-essência

capazes de tornar, mais que a alma,

a sensibilidade, a poesia

em armas brancas de ciência

que domem toda a possível

violência!

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CONFISSÃO

Meu dilema se traduz

Feito pérola revelada

Por caminhos caminhados

Em vida tornada estrada...

Meu sonhar tanto e bonito

Feito herói de conto antigo

Em tanto fazer amigos

Por dias de riso e ritos...

Meu sorrir em chuva e sóis

Como se palhaço fosse

Por dias em sal ou doce

Em laços, espaço... Anzóis...

Este meu jeito poeta

De cantar e prosseguir

Por um céu em chão... Luzir

E errar a forma certa

Resume todo o segredo

Que quem me conhece, busca:

É esta falta de medo do viver, que não me assusta!...

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PEQUENA MELODIA

Diante de ti me quedo.

Tento prever, mais que o meu dizer e pensar

A possibilidade duma tua reação...

Perante você, teorizo.

Busco quedar o medo que, quase em segredo,

Me associa a ter você.

E se quase não me calo

este é o meu tentar domar

O embalo da onde que se reveste

Em torno/dentro de nós quando somos um!...

Sempre te amei, realeza

E também sei que sempre te amarei!

Meio que talvez a minha forma

Cuja desconhece as normas palpáveis

De toda forma de amar...

Diante de ti, ainda

Espero elevar, lindas:

A tua princesia e esta pequenina melodia

Que é minha forma de nos cantar!...

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RELAÇÃO EM TEMPESTADE

Ei-la, que surge, pela porta adentro

E, de um assalto, se prostra à minha frente

Seus grossos lábios se abrem, num lamento

Enaltecido pela espera ardente

Me encontra tal à partida:

Sentado ímpar e alquebrado tanto

Irrefletido num ausente pranto

Sofrendo, mudo, o ardor da ferida

Traz de volta este corpo cálido

Seios arfantes, traz, no seu retorno

Na contra-luz, dispostos como adorno

Para reviver meu peito, já tão pálido

O abraço forte de seus braços trêmulos

Na sala cheia, agora, de presença

Tolhendo o antes que a cabeça pensa

Renova o ar... abala o certo em seus extremos

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Sua constância jaz por terra desabada

Pelo passado que se faz tormento

Razões se perdem por escura estrada

Desesperando seus mais fortes sentimentos

Duvida, assim, de seu querer reconhecido

Me põe à margem para se afirmar

Não pode ver o quanto sou doído

E os meus finos olhos desandando a gotejar

Até que, enfim, rompe seu lance duro

E desabafa, sem receio, no meu ombro

E chora um choro paliativo e puro

Que afoga o coro... elimina assomos

Por ser amor penei com sua ausência

Por ser criança, esperei a cada instante

E agora, me transformo em paciência

Pra tê-la inteira e novamente amante

Vivi momentos de dúvida cheios

Fui imaturo e quase sou perdido

Enquanto havia de ser o esteio

Para enfrentar tua crise em colo amigo

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O vendaval que te assomou, tão forte

Balançou a estrutura tua, com furor

Lançou ao chão sementes de morte

Do tão crescido e frágil nosso amor

Nosso barco, do naufrágio, esteve à beira

À mercê dos vagalhões, estremeceu

Na resistência a esta viagem primeira

Foi-se a escuridão e, arrojado, só cresceu

Restou do amargo nosso amadurecimento

Nos caminhos sinuosos de relação

Que haja a frente a comunhão dos pensamentos

Pra conduzir-nos em uma só direção...

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HINO DE AMOR

Cantar...

Como se fosse o mundo um fino éden

Como se a vida fosse serenata

Como se os dramas fossem só valores

Como se as feridas não florassem dores...

Erguer a voz acima dos ouvidos

Entoar a comunhão dos universos

Reger o cosmo e decifrá-lo em verso

Transcender música em tons multicoloridos...

Cantar uma canção sublime

Um repousar em cadeira de vime

Um canto breve com eco celestial

Transformação utópica em bem de todo mal...

Fazer hino certo em milhões de canais

Viver, de amor, repleto em todos os anais

Sem sombras... povoar de paz todos os ângulos

Sem medo, promulgar a liberdade, sem preâmbulos...

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Viver uma canção eterna

Morrer cantando amor e amor e amor

Invadir astrais de uma constelação sem igual

Dizendo, seio-a-seio o quanto inda se pode ser cantor...

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MUNDO DA POESIA

Uma garoa-menina esgueira o vento

Cai nos braços da relva seca

Percorre folha a folha toda a grama

Para findar as núpcias pela imensidão da terra.

A vida se faz noite novamente

E novamente vivo em comunhão com a mãe substituta

Familiarmente a dádiva de ver

Na mais normal das chuvas de verão

Um mundo inconquistável

Na qual caminham só e juntos

Duendes mágicos do mundo da poesia

Neste campo inverso

Tudo supre em existência

A falta em abundância de sentimentos

De uma população outrora humana...

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SE AMO

Se amo,

Por que haverá de me importar o mundo

Imperfeito... com defeitos... podre ou são?...

Há de ser somente sonho

Maravilha... nada estranho

Tudo lindo e multicor...

Se amo,

Não assolará o vento meus castelos

Serei sólido... imbatível

Muro alto e intransponível

Só verei belas paisagens

Sorverei em mil miragens

Minha seiva para a vida...

Se amo,

Não desencadearão as guerras

O choro será passado

O amor imperará como nunca

E todos o conhecerão

Só será tudo em jardim florido

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Nada torpe ou dolorido

O universo/ dia-a-dia...

Então, amo!

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SORRISO ABERTO

Abra um sorriso leve

Mesmo que seja breve

Frágil, neve, como tal

Mas, abra-o, fechando o mal

Sorriso-brado... coisa mais que emblema

Em espanto aos corvos-problemas...

Abra um sorriso limpo

Como se fosse só criança

Transborda a humanidade de esperança

Que a dor, nem a chegar se atreve...

Abra um sorriso moço

Sorriso eterno... por segundos, apenas

Transmita mansidão à multidão em cena

Neste chorar, sublime, de viver no fosso...

Abra um sorriso

Não se importe com sua dimensão

Vale sorrir... mesmo em plena solidão

Porque o sorriso é chama em vento brando

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E aumenta a cada nova brisa

É livre como passarinho

E traz o céu, do alto... para bem pertinho...

Abra um sorriso

E entenda, desde o rufar das tempestades

Aos insones, tantos, pelas cidades...

Porque sorrir... é viver paz de paraíso!..

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ABRE-TE, PEITO!

Ei, meu peito

Deixe de ser tão estreito

Estoure estas coisas que te são acumuladas

Faça desta tua vida um nada

Sem te importares com os tradicionais efeitos

Consome este estopim tão longo

De paciência e falsa quietude

Suba à tragédia, em gestos, amiúde

E seja um grande grito o pavor de seu estrondo

Desfaça irreverente o torpor de tuas chagas

Teus fragmentos sejam tuas lembranças apagadas

A te representarem por infindas novas plagas

Às multidões desconhecidas, multidões desatinadas

Vá, meu peito, ao extremo do esquecimento

Profunda moradia dos que como tu, partiram

Te valerá o consolo, após tanto sofrimento

De que no novo mundo tuas dores não mais firam

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Abre-te peito

Perde esta mania de ser assim tão sem jeito

E te projeta na utopia dos luares e espaços

Que já sou só depósito de prazeres mil escassos...

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MÃOZINHAS SUAS

Suas mãozinhas sorriram

De encontro às minhas

Como se abre um girassol na primavera

Um amor ao divisar um outro amor, após a espera

Uma criança ao receber presente que quisera

Se encaminharam solícitas

Na direção destas mãos que são tão tuas

Mãos que galopam tropegamente pelas ruas

Pelo momento de te serem todas nuas

Ah... suas mãos

Finas e lisas

Como um frescor de brisa

Que acariciam faces a circularem tão precisas

São mãos princesas

E são inestimável riqueza

Deste amante que só te vê beleza

Em toda parte deste teu corpo perfeito

Essas mãozinhas meigas

Qu’inda hão de se estender à minha frente

Ao receberem o elo sagrado

A nos unir então eternamente!!!

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MÚTUA SOLIDÃO

Embriagado por teus beijos

Tornei-me desejo

E fiz em uma vida

Um fim de semana

Você, quem amor pelos poros emana

Contribui para secar estas feridas

Que interpretam, em meu olhar,

Teus tristes olhos...

E fomos, então,

A expressão pura e completa

De dois desconhecidos que tornam-se afins,

Somam carências

Dividem carinho

Respiram compreensão

Por nada mais que assassinar

Nossa mútua solidão...

Num futuro talvez impossível

Tempo talvez nunca mais

Anseio novamente e forte

Viver esta tática emocional

De venerarmos os corpos e,

Transcendentais,

Tornarmos em um só nossos espíritos...

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DÚVIDA

Quem vai ao longe,

Diz-me, ó mar,

Será segredo?

Por que evita perceber sua presença?

Diz-me, ó mar, que passa ao longe,

Será o medo?

Ou será a vida que me foge e me dispensa?

Diz-me, ó céu,

Seria tudo isto um sonho?

Terei atino ou estarei ouvindo

Um pouco além da realidade?

Vai mesmo alguém ao fim de meu vale tristonho

Ou será minh’alma

Em direção à eternidade?

Diz-me, ó mar,

Diz-me, ó céu...

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FLORES DE BEAGÁ

As flores de Beagá não perfumam

Como as flores de Vitória...

(E Brasília tem flores sintéticas)

Flores-memória,

Quer pétalas-louras,

Morenas,

Amarelas,

Índias,

Negras,

Pardas,

Mulatas

(E brancas)...

Cada cidade, uma flora...

...aflora

Saudade da cidade

Por cujas flores a gente chora

Estas nossas lágrimas mentais,

Justo agora

Em que para lá a gente vai...

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É libertar a incarcerável visão

Acelerar compasso coração

Ao ver uma flor que aparece

Pelas ruas

(Que não são suas)

(As duas)

Na vã esperança de ser uma flor

Do jardim que te conhece!

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VIDEOTAPEANDO NOS MEUS OLHOS

Ei:

Olha nos meus olhos,

Assim,

Diretamente

Como quem (quer que eu sinta)

Sente

A falta das verdades que,

luzes,

eles ainda traduzem...

Olha difusa e sem-vergonhamente

Se neles germinaram flores

Que você deixou,

Sementes

Há tanto tempo que ficou lá atrás...

E aliás

Aproveita para ver se eles te encantam

Se, atrevidos,

Eles ainda te cantam

Como outrora, sem dizer palavras

Embevecidos da paixão que abundava

Te seduziam enquanto luziam

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Roubando o reflexo, na rua

Da eterna imensa e muito cheia lua...

Ei:

Olha nos olhos que hoje te olham,

Lentos

Videotapeando tantos bons momentos...

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RELIGIÕES

O sol poente do saber se põe

A cada nova geração que acorda e sente

Incoerentemente à vida posta

De qualquer jeito assim em sua frente

Nasce uma esperança em cada seita

De um tal carinho certo percorrer

Restando sempre, ao fim das desilusões

Junto ao vazio... o desejo de morrer

São tantos deuses promissores

Pra tanta gente entorpecida

Pra um vasto céu de só-fredores

São tantos sóis pra pouca vida

É tudo somente uma dor

Buracos-negros, queda eterna são

Crianças a vagar na imensidão

Pedindo urgentemente a mão de algum senhor

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ESPERANDO...

Cá estou eu

novamente esperando...

...acreditando ser verdade

o que me diz a cidade...

Aqui estou,

crendo

o que esta vida só me diz

que se aprende morrendo...

...morrendo de tanto crer,

vivendo de se fazer

amante a qualquer momento...

de se transformar romance

sensações destas nuances

que o povo, sugere, carente,

sem imaginar que assim fere

Em egoísmo os párias

da sensação, os asseclas

dum universo cheio de graça;

esta nossa pobre raça

que nos convencionam “poetas”...

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GOTAS DE REMINISCÊNCIAS

Ouço a chuva, pelo vidro

Da janela escurecida

Pelas telhas, vejo a chuva

Como há muito eu não via

Chuva fina... Chuva fria...

Chove a chuva pelo jardim

Ai de mim,

Que a chuva

Chora forte minhas dores

Lateja estas feridas

Acertos e defeitos;

Estertores

Deste homem tão menino

Deste menino embora homem

Que sei a chuva

Que se sabe

E nem sei...

Forte chuva em Amazônia

Meus problemas, minha insônia,

Pequeninas gotas

Pelas quais sucumbirei...

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PARA FAZER UMA CANÇÃO

Para fazer uma canção

Quero o andar trôpego das pessoas atropelantes à saída do trabalho,

O choro madrugal dos menores abandonados,

O grito sufocado dos torturados pela razão,

O ribombar matinal convidando à prece pelo pão,

O amor desperdiçado dos poetas solitários

O sorriso infantil dos recém-nascidos que não sabem sorrir,

A esperança das esposas dos pescadores em seu eterno retornar,

A brisa leve em sussurros dos insones às janelas,

O trilhar dos pássaros engaiolados e, ainda assim, felizes,

O batuque embriagante dos ensaios das escolas de samba,

A ânsia dos detidos em busca da liberdade...

Não precisa ser uma canção do hit-parade

Só precisa ser canção audível...

Descompromissada... desatinada...

Torta... sem rima... sem medo!

Uma canção para fazer preciso

Abrir a mente e respirar

Porque ela já está formada:

Em cada canto há um verso,

Em cada verso há um tom,

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E falta apenas para fazer assim uma canção

Que eu largue mão de mim

E possa ser, além,

Alguém onipotente e onipresente,

Sensível tanto,

Que saiba captar a um só passo

E reunir num só hino

As vidas que me rodeiam

E são canções em si

Por serem vidas...

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ACERCA DE OLHARES DE LÍTIO

Os olhos de certas pessoas são fúteis,

(todas elas os têm)

os olhares, maioria,

(eu os diria)

inúteis;

Sem nada além

de vagos torres sentimentos

pobres

sobre aparências

(a seu parco ver)

nobres!

Os olhares das pessoas,

hoje

sabem a nada

e o pouco que se fazem

e nem conta se dão

do nojo

que causam a quem entende,

de pura emoção!..

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DESAFIOS

Não há luar,

não há lugar,

não há quinhão

que um dia possa

tirar da fossa

essa minha solidão...

Quiçá vestígio

deste litígio

e desprestígio

em que me faço

em que me laço

lançado sempre

em desafios!..

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SÓ, NO RIO...

Sinto-me só

entre o silêncio

imortal

de tantos anjos mortais

aqui desta capital

do frio de mais que janeiro

acanalhado por uma rapeize

que sonha que me enxerga

através das brumas!

Estou numas da paz

(verdade!)

nest’outra,

distante,

vetusta cidade,

em plena e real

soledade!..

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POETA, SÓ, POETA

Nos penúltimos segundos

descido fui aos próprios céus

e subi aos mesmos meus

infernos.

(de quando em vezes,

hiberno,

eterno buscador de nem sei o quê).

E trouxe de volta o mel

de que me visto

e insisto em ocre doce fel!

Em momento algum instante

meus revezes de ser errante

quiseram acertar-me o amor

que me cobre feito um redentor

a protegerem um poeta só poeta!

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CARRINHOS DE LATA

Havia um tempo, na meninice

Em que sonhamos bastante unidos

Sonhos tão puros... céus coloridos

Inocentavam toda a meiguice...

Quatro irmãozinhos trilhando trilhas

Imaginando mundo pequeno

A poesia vencendo venenos

- não atingiam nossa família!

Soltando pipas entre os jardins

Banhos de rio – muito peraltas

Surras de espada-de-São-Jorge...

Saudoso tempo, que vai tão longe

Feliz estado de querubins

Arquitetos de carrinhos de lata.

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DESCOMPASSO DO VERSO

Descompassou-me o verso

em plena capital mineira

depois de então

te descobrir, te conhecer...

...novamente imaginar – dia seguinte –

te rever,

ansiar tragar em olhos esse seu

lindo sorriso

e visitar, invés,

o abismo de tua doce ausência!..

Então,

a sala, o prédio, a rua, o bairro, a cidade, o país, o planeta, quiçá a galáxia

prantearam com esse poeta a sua falta

e tudo revestiu-se em negrume

sem seu combinar (em rubro) e seu perfume

e me perturbo por não te ver de novo.

Hoje vivo o consolo

de ter/poder ligar-te ao telefone

ouvir-te a voz, talvez, soar teu nome

e imaginar, via Embratel, meiga e bela

Em doce e saudosa tela...

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SENTIR E PODER

De tanto buscar na vida

Respostas a todos os porquês

Hoje a tenho dividida

Entre o sentir e o poder...

São trinta e três anos vividos

Num ciclo senóidico e vil:

Ora rei sob este céu anil

Ora em pontes-dias mal dormidos...

Assim, sigo minha profecia

De sorver, sempre e mais

Toda essência do que sei energia

Todos os tragos desta poesia

Vestida ora em doces, outras em sais

Rainha que se faz vadia...

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DESPLUGADO

Ai, ai, minha poesia

que triste estou:

Você, que me trouxe de volta

(e nem me consultou)

a este mundo meio encardido,

perdido,

sofrido e sofrendo por nem

o que se mais possa dizer que uns

vinténs;

Será que mereço sofrer

no céu do sol e sal do sul

deste descompassado pobre coração

todo o vibrar desnorteado

calado, colado, selado de medo

(quem trago alguns dos seus segredos)

pra me redimir do que não devo

perante sua imperfeita criação?...

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CRESCER A DEUS

Quando sentires o vento

leve, breve,

assim como o momento

lembra-te da vida

que, em si,

é passageira...

... Então,

abre tuas asas, cruza o infinito.

Vê como é bonito

o amanhecer:

nascendo flores,

ensolarando amores,

incentivando o dia,

aposta eterna

por se crescer

a Deus...

E os sonhos teus serão,

a cada novo dia,

um novo tempo!

Passageiramente eterno

como o vento!..

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POEMA EM GOTAS

...E novamente a chuva

na janela do meu quarto só

gritando meu nome:

em cada gota, um nó

nessa já quase cerrada garganta muda!...

E novamente somos

eu e minha pequena poesia

elocubrando, abandonados

o que há de certo ou é errado

nesse romance que se nos acometeu...

Que fiz eu

além de nascer poeta?

que sou

além de um qualquer pobre esmoleiro

sonhador de junto, canto, amor primeiro

se o amor só me serve de carrasco

e, ao invés de mel,

me torna em asco

por padecer na solidão dias e noites...

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Sentir no céu

da boca tantos açoites

que, penso,nunca fiz por merecer?

Até quando viverei essa vertigem

de me imaginar dividindo o imaginário

com qualquer ser que habita na fuligem

se só te/me encontro enquanto eterno solitário?...

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BREJEIRICE

Oh,

quem tapeteias de praia o mar

reacendendo em dia

esta qualquer uma noite

empoetando para se doar,

empalavrando em açoites

operário da poesia...

Volve teu ínfimo olhar

em direção à minha pequenice

plantada em meus quarenta anos

de escadas, tropeços e planos

conservando (ainda bem) a brejeirice

e esta verve de teu poeta menino...

Sabes que é a ti que poetizo,

rainha-mulher,

glória dos céus, que se tornou viva

embora nesta humanidade tão perdida

e, mesmo que mais distante eu siga,

em te render poemas farei meu mister

eternamente musa, menina linda...

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POETORAÇÃO

E foi-se a noite

-é dia!

Em praça quase ao meio –

Puxo o freio

E, de mão,

Te lembro e, então, a canção

Escorreita feito néctar desses longos dedos

A te orar o que nunca há de ser segredo

E mora no que se leva duma linda flor,

Esse sem medida amor e estribeira

(que nem sei mais se, posto que muito além do amor, é só amar)

Desconexo,

Desconecto do canal da poesia

Encerrando mais esta nossa oração

Já que o tempo me grita: - é dia!

E tenho que tornar as mãos

Em fabricar o pão...

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PEQUENINO GRANDE POEMAZINHO

Como dizer-me

poeta

pra te cantar em versos

se, ao invés de

eu poeta te poetar

nada mais faço que palavrar

os diamantes desta lavra em euforia,

tu quem trazes,

és

e espalhas,

apenas

com teu respirar

a própria

poesia?..

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CALDEIRÃO DE SENSAÇÕES

Não sei se te interpreto

ou se ainda

o que faço

é que simplesmente me projeto

(eterno tentador)

a porção musa que me aperfeiçoa

- símbolo meramente à-toa –

meio tipo muito, sinto

me querendo ser,

a um só tempo,

atitude e pensamento,

dardo, intenção e alvo!..

Não descobri ainda (e vou)

se a poesia em que me sou

se torna mero instrumento

para destapar o caldeirão de sensações

que me povoam o ser

por tornar minha obra em espelho

e, novo Narciso,

simplesmente me auto-conhecer...

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VIVER BALELAS

Te saudadeio pelas ruas

assim, meio retas e paralelas,

como um teu poeta louco

nest’hora já meio rouco

cansado de viver balelas

com o verbo e o verso

em feridas nuas...

Te sonho acordado, em prantos,

ausência do teu canto

pra me trazer acalento

eu, que não consigo e tento

dessentir vontade tanta

de ser de novo em seu ninho

e nunca mais tornar a ser sozinho...

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MEU IRMÃO: EM MINHAS ORAÇÕES, TENHO PEDIDO AO DEUS DO MEU

CORAÇÃO, EM TODAS AS VEZES QUE ME LEMBRO DE VOCÊ (MANHÃ,

TARDE E NOITE):

• ABANDONO, para que possas saborear o prêmio da conquista de amizades;

• AMOR: para clarear sua compreensão e valorizar sua estada neste vale de sorrisos e

lágrimas;

• CALMA, para seres facilmente compreendido pelos seres e sofreres menos;

• CONCENTRAÇÃO, para que tenhas SACO para ler estas baboseiras.

• DESAPEGO, para que não permitas te escravizem e embotem sua visão periférica;

• DEVOÇÃO, para que não caias no abismo vazio da descrença;

• DIFICULDADES, para que te especializes nas soluções cotidianas e adquiras

conhecimento;

• DOR, para medires o valor e a sinceridade dos sorrisos;

• EQUILÍBRIO, para avaliares todas as batalhas da guerra da vida;

• ESPIRITUALIDADE, para exerceres os dons divinos que em ti habitam;

• FELICIDADE, para compreenderes a efemeridade de que se revestem os

relacionamentos humanos mal compreendidos e intencionados;

• GARRA, para combateres os bons combates;

• ILUMINAÇÃO, para tornares brilhante todos os caminhos por onde deixares sua

marca;

• PACIÊNCIA, para ouvires o que outros tem a te ensinar, ainda que já saibas de cor

a lição;

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• PAZ, para que se voltes para as coisas mais importantes do Reino oculto dentro de

nós, embaciado pelos afazeres diuturnos;

• PUREZA, para traduzires através da natureza a verdadeira riqueza do universo;

• REFLEXÃO, para apreenderes os códigos do relacionamento humano;

• RIQUEZA, para poderes realizar seus sonhos e manter aberto esse seu belo

coração, auxiliando os seres humanos que de ti se aproximarem;

• SABEDORIA, para distinguires entre os homens as forças negativas dos

movimentos dos baixos sentimentos dos gestos puros, eivados de caridade e amor

ao próximo;

• SAÚDE, para enfrentares com disposição todos os dias da vida a que fostes

chamado para aprender com os homens e a eles ensinar;

• SOLIDÃO, para pesares o valor da companhia e da atenção;

• TERNURA, para alimentares de positividade seus ambientes;

• TRISTEZA, para entenderes através da melancolia um dos verdadeiros sentidos da

vida;

ENFIM,

Desejo sincera, definitiva e abrangente,

Que consigas alcançar tudo aquilo que desejas e, principalmente, que deixes de

desejar aquilo que não possa conseguir, assim que o perceber.

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ESP(A)ELHO

São tantos os caminhos

pra tão poucos meus pés

que fico pasmo,

travado,

abestalhado mesmo

por me tornar tentar em bússolas atrizes

de variados matizes

e seguir me perdendo em rumo,

a esmo,

meio feito um porco

analisando o torresmo!

Revés,

o quanto me ofusco

ao tempo que te/me busco!...

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MARCAS...

Marcas

que o tempo fere e passa

e deixam nas paredes desbotadas da mente

como apanhar por só buscar,

latente,

o gosto do amor em perfeição...

Marcas

a ferro, inesquecíveis momentos

de tanto querer ter em consciência

lamentos

como errar por tão só tentar,

somente,

acertos dignos de se intelectualizar...

Marcas

que amores loucos extenuantes guerras

sincera entrega e, após, decepção

da gente

como se dar por mais se conhecer,

doente,

de extirpar o mal da solidão...

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Marcas

que se agrupam, tantas, pela vida

parasitando o plano emoções,

arrebentando a estrutura nossa

sendo feridas nunca esquecidas...

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DIFERENTE CANÇAO DE NATAL

Vamos todos em bandos, jovens pela vida

Vivendo, solidários em grupos em solidão,

Na esperança de sermos tanto menos solitários

Sonhando mudarmos nossa existência sofrida...

Sou só um cantador, apenas buscando a paz,

Quase um papai-noel, lapidando o amor

Tentando construir um Natal feliz demais!.

Queremos resgatar o carinho e a poesia

Sem informatizarmos nosso coração aflito,

Que acelera ao lembrarmos o nascimento do Cristo

Transformando em natais os segundos, a cada dia!..

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SEGREDOS DO UNIVERSO

Nada mais posso saber

além do que me cabe

e nada mais sei

do que me sabes.

Vivo assim:

dividido entre o pouco que sei

e o muito que anseio...

Não conheço a forma certa.

Não sei a dose correta de humildade

que se faz necessária á sabedoria.

Faria tudo que de humano

se me forjasse possível

Creria no absurdo,

Cultuaria o impossível,

Se isto me trouxesse a cósmica experiência...

Vivo, enfim,

humilde cultor da ciência de explorar,

quem sabe, em verso

o nosso humano plano,

segredos do universo!

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EVOLUÇÃO E INTERAÇÂO

À ESCOLA TËCNICA FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (Atualmente, Centro Federal de

Tecnologia do Espírito Santo – CEFETES).

Em uma das fases de sua evolução

o homem dedicou-se a ampliar

os benefícios inerentes à razão:

produzir em série, multiplicar...

Com o apoio da mulher e opiniões,

ideias úteis, legados do pensamento.

Em decorrência da ausência de padrões,

criou-se a escola para o desenvolvimento...

Então mais simples foi se tornando

e a integração eis que se fez cotidiana

unindo produção e meio educacional:

Em mesma sintonia de trabalho, mesma lida,

construindo nossa nação mais soberana

em sendo, todos nós, a Escola Técnica Federal!

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VELHO POETA MODERNO

... É como se um turbilhão de vidas

naturalmente ocorressem em nossas vidas

fazendo transfusões de vidas

em nossas vidas

tão sem sentido

sentidas feito vendavais,

tal a sua força

arrepiando sentimentos tão modestos

deste moderno poeta velho...

... É como se a própria vida

esperançasse em ideais tanto mais nobres

do que consumir-se em uma boemia pobre...

Em uma só taça

é como se o amor se erguesse...

e, assim, ensinasse a quem dele aprendesse

a remoçar a cada novo dia!..

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PARA CONTATAR O AUTOR

Elogios, críticas, conselhos, doações em muito dinheiro, previsões astrológicas, revelações

cósmicas, contatos imediatos de terceiro, quarto e quinto graus (queimaduras, não!) serão

muito bem vindos aos endereços:

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