INDISCIPLINAINDISCIPLINA

““Intervenção conseqüente quer dizer ação Intervenção conseqüente quer dizer ação responsável, consciente do que é capaz de produzir, responsável, consciente do que é capaz de produzir, e não ação cega, firmada apenas no senso comum e e não ação cega, firmada apenas no senso comum e na intuição. A intuição e o senso comum não devem na intuição. A intuição e o senso comum não devem

ser desprezados se bem entendidos e tampouco ser desprezados se bem entendidos e tampouco devem ser utilizados na ação educativa de forma devem ser utilizados na ação educativa de forma exclusiva ou em detrimento daquilo que o estudo exclusiva ou em detrimento daquilo que o estudo sistemático sobre o aquilo que o comportamento sistemático sobre o aquilo que o comportamento

infantil pode proporcionar.”infantil pode proporcionar.”Tânia Ramos FortunaTânia Ramos Fortuna

INDISCIPLINAINDISCIPLINADisciplina # obediência # submissãoDisciplina # obediência # submissão

Obediência e submissão: subordinação da vontade à uma Obediência e submissão: subordinação da vontade à uma autoridadeautoridade

Comportamentos inadequados ligados à indisciplina: “algo que não Comportamentos inadequados ligados à indisciplina: “algo que não

pode ser feito”pode ser feito”

Meio ambienteMeio ambiente

Professor – aluno Professor – aluno ALUNO ALUNO Est. EscolarEst. Escolar FamíliaFamília

Disciplina: MORAL, DESENVOLVIMENTO E REGRASDisciplina: MORAL, DESENVOLVIMENTO E REGRAS

EDUCAÇÃO MORALEDUCAÇÃO MORAL

Yves de La Taille: Três tipos : Yves de La Taille: Três tipos :

1.1. autoritária, autoritária,

2.2. por ameaça de retirada do amor e por ameaça de retirada do amor e

3.3. elucidativa (explicações)elucidativa (explicações)

MORALMORAL Moralidade diz respeito ao agir humanoMoralidade diz respeito ao agir humano ““Como devo X Como Ajo”Como devo X Como Ajo”

A ação humana é orientada por valores e A ação humana é orientada por valores e princípiosprincípios

Motivação para valorização internaMotivação para valorização interna

MORAL x VALORESMORAL x VALORESSociedade X CrençaSociedade X Crença

MORALMORAL Regras de conduta consideradas por Regras de conduta consideradas por

determinadas sociedades como determinadas sociedades como obrigatórias, deveres;obrigatórias, deveres;

Valores morais pertencem à dimensão Valores morais pertencem à dimensão afetiva e intelectualafetiva e intelectual

AFETIVA: Sentimento que motivam as AFETIVA: Sentimento que motivam as crianas a agirem de forma moralcrianas a agirem de forma moral

INTELECTUAL: - INTELECTUAL: - regras e princípiosregras e princípios;;– depende do sistema moral adotada pelo depende do sistema moral adotada pelo

meiomeio

DESENVOLVIMENTO MORALDESENVOLVIMENTO MORAL Piaget – 1896 – 1980Piaget – 1896 – 1980 Para haver o desenvolvimento moral deve Para haver o desenvolvimento moral deve

existir o desenvolvimento cognitivo (pode haver existir o desenvolvimento cognitivo (pode haver pessoas extremamente intelectualizadas, pessoas extremamente intelectualizadas, contudo com baixo nível de juízo moral. Ex. contudo com baixo nível de juízo moral. Ex. empresários que desviam dinheiro)empresários que desviam dinheiro)

A moralidade está repleta de racionalidade, A moralidade está repleta de racionalidade, pois exige reflexão contínua pois exige reflexão contínua

Mecanismos Biológicos Imperativos: S – O – RMecanismos Biológicos Imperativos: S – O – R

1.1. Assimilação – Acomodação - EquilibraçãoAssimilação – Acomodação - Equilibração2.2. Equilíbrio – Perturbações – Desequilíbrio – Equilíbrio – Perturbações – Desequilíbrio –

Regulações – Compensações – ReequilíbrioRegulações – Compensações – Reequilíbrio

DESENVOLVIMENTO MORALDESENVOLVIMENTO MORAL

Períodos de DesenvolvimentoPeríodos de Desenvolvimento1.1. Sensório – Motor (0 a 2 anos) - ANOMIASensório – Motor (0 a 2 anos) - ANOMIA

Egocentrismo total e inconsciente de Egocentrismo total e inconsciente de si mesmosi mesmo Só há o que sente (não há diferenciação Só há o que sente (não há diferenciação “eu – objeto”“eu – objeto”

É natural que briguem pois são egocêntricas É natural que briguem pois são egocêntricas e não coordenam os diferentes pontos de e não coordenam os diferentes pontos de vista. Tudo é realizado pelas ações, pois vista. Tudo é realizado pelas ações, pois

não há o desenvolvimento verbal não há o desenvolvimento verbal necessárionecessário

DESENVOLVIMENTO MORALDESENVOLVIMENTO MORAL

2 - Período Pré – Operatório: 2 a 7 anos2 - Período Pré – Operatório: 2 a 7 anos

HETERONOMIAHETERONOMIA

1º momento: Egocêntrica1º momento: Egocêntrica

2º momento: Realismo Moral – a lei 2º momento: Realismo Moral – a lei dos mais velhos são imutáveis. A dos mais velhos são imutáveis. A criança não vê causalidade nas criança não vê causalidade nas regras. Obedece e reproduz o que regras. Obedece e reproduz o que vivencia.vivencia.

Aprendizagem por imitação. Aprendizagem por imitação.

DESENVOLVIMENTO MORALDESENVOLVIMENTO MORAL

Em uma sala de pré escola as crianças e a Em uma sala de pré escola as crianças e a professora planejavam ir ao parque, as havia professora planejavam ir ao parque, as havia chovido logo cedo. A professora questionou se chovido logo cedo. A professora questionou se daria para ir pois achou que os brinquedos daria para ir pois achou que os brinquedos estariam molhados.estariam molhados.

A: Até na hora do parque o sol seca!A: Até na hora do parque o sol seca!P: Como assim o sol seca? Ele pega um pano e vai P: Como assim o sol seca? Ele pega um pano e vai

secando tudo?secando tudo?A: Uma vez eu derrubei a água de um vaso no A: Uma vez eu derrubei a água de um vaso no

quintal e minha mãe disse que não precisava quintal e minha mãe disse que não precisava secar porque o “sol seca”secar porque o “sol seca”

P: Mas como?P: Mas como?A: Não sei...mas que seca, seca. Minha mãe falou A: Não sei...mas que seca, seca. Minha mãe falou

que o sol seca e seca mesmo. Ela sabe das coisasque o sol seca e seca mesmo. Ela sabe das coisas

DESENVOLVIMENTO MORALDESENVOLVIMENTO MORAL

3- Período Operatório Concreto (7 aos 3- Período Operatório Concreto (7 aos 12 anos) – AUTONOMIA 12 anos) – AUTONOMIA

Universo Interindividual – troca entre Universo Interindividual – troca entre objetos e sujeitos, atuando ou operando objetos e sujeitos, atuando ou operando sobre os outros.sobre os outros.

DESCENTRALIZAÇÃO – olhar sobre outras DESCENTRALIZAÇÃO – olhar sobre outras perspectivasperspectivas

REGRASREGRASAUTORIDADE X AUTORITARISMOAUTORIDADE X AUTORITARISMO

Para que servem as regras?Para que servem as regras?

Medidas extremamente autoritárias: só se justificam Medidas extremamente autoritárias: só se justificam pela autoridade que a impõe.pela autoridade que a impõe.

Professores e educadores também devem seguir Professores e educadores também devem seguir regras (estrutura escolar)regras (estrutura escolar)

Autoridade: Determina regras que considera válidaAutoridade: Determina regras que considera válida

Pode favorecer a AUTONOMIA como também a Pode favorecer a AUTONOMIA como também a Heteronomia. Heteronomia.

Cumprimento de regra pela legitimação e não pelo Cumprimento de regra pela legitimação e não pelo medo!medo!

REGRASREGRAS

DevemosDevemos

1.1. Envolver as crianças em tomadas de Envolver as crianças em tomadas de decisões e estabelecimento de regrasdecisões e estabelecimento de regras

2.2. Promover sentimentos de necessidade de Promover sentimentos de necessidade de regras e equidaderegras e equidade

3.3. Promover sentimentos de propriedade e Promover sentimentos de propriedade e comprometimento com as decisõescomprometimento com as decisões

4.4. Promover sentimentos de Promover sentimentos de responsabilidade partilhada ao que responsabilidade partilhada ao que acontece no ambiente.acontece no ambiente.

REGRASREGRAS

HÁ DETERMINADAS NORMAS QUE NÃO SÃO HÁ DETERMINADAS NORMAS QUE NÃO SÃO NEGOCIÁVEIS: por exemplo:NEGOCIÁVEIS: por exemplo:

““NÃO SE DISCUTE SE PODE OU NÃO BATER NÃO SE DISCUTE SE PODE OU NÃO BATER NOS OUTROS”NOS OUTROS”

DEVEMOS TER PRINCÍPIOS GERAIS QUE DEVEMOS TER PRINCÍPIOS GERAIS QUE SERVIRÃO DE PARÂMETRO PARA A SERVIRÃO DE PARÂMETRO PARA A

FORMULAÇÃO DE REGRAS. Ex: mãe e filtro FORMULAÇÃO DE REGRAS. Ex: mãe e filtro solarsolar

CONFLITOS ENTRE CRIANÇAS E CONFLITOS ENTRE CRIANÇAS E SANÇÕESSANÇÕES

Conflito : Positivo para desequilibração e Conflito : Positivo para desequilibração e reequilibração (responsável pela reequilibração (responsável pela construção do conhecimento e que construção do conhecimento e que coordena outros fatores do coordena outros fatores do desenvolvimento, como a maturação) do desenvolvimento, como a maturação) do sujeito e adquirir novas aprendizagenssujeito e adquirir novas aprendizagens

““Quando se evita um conflito não acontece Quando se evita um conflito não acontece a troca de pontos de vista e sugerem a troca de pontos de vista e sugerem

respeito unilateral, em que apenas uma respeito unilateral, em que apenas uma das partes detém o poder”das partes detém o poder”

CONFLITOS ENTRE AS CONFLITOS ENTRE AS CRIANÇASCRIANÇAS

Quando se auxilia as crianças refletirem Quando se auxilia as crianças refletirem sobre os seus sentimentos ele proporciona sobre os seus sentimentos ele proporciona

::- o desenvolvimento do autoconhecimento, o desenvolvimento do autoconhecimento,

estimulando-as a descreverem por si estimulando-as a descreverem por si mesmas seus pontos de vistas, mesmas seus pontos de vistas,

favorecendo a coordenação dos mesmos. favorecendo a coordenação dos mesmos. - Reconhece a importância de se Reconhece a importância de se

desenvolver habilidades que as auxiliem desenvolver habilidades que as auxiliem na resolução de conflitos interpessoaisna resolução de conflitos interpessoais

RECOMPENSAS E PUNIÇÕESRECOMPENSAS E PUNIÇÕES

Quando o adulto se utiliza de recompensas e Quando o adulto se utiliza de recompensas e punições ele está se utilizando de seu punições ele está se utilizando de seu

poder para manipular para conseguir que poder para manipular para conseguir que a criança faça aquilo que ela quer, que o a criança faça aquilo que ela quer, que o

adulto julga ser certo ou errado para adulto julga ser certo ou errado para impedi-la de ter determinado impedi-la de ter determinado

comportamento.comportamento.

PUNIÇAO E RECOMPENSASPUNIÇAO E RECOMPENSAS A: Por que é importante cumprir regras?A: Por que é importante cumprir regras? T: Porque senão a gente apanha...T: Porque senão a gente apanha... A: E que iria bater em vocês? A professora?A: E que iria bater em vocês? A professora? T: Não, a professora não... Porque se a T: Não, a professora não... Porque se a

professora descobrir (professora descobrir (que as crianças não que as crianças não cumpriram a regra)cumpriram a regra) ela vai contar para ela vai contar para nossos pais e o nossos pais e o paipai vai bater na gente... Se vai bater na gente... Se falar a verdade pra professora (falar a verdade pra professora (que elas que elas não cumpriram a regra)não cumpriram a regra) a professora vai a professora vai mandar um bilhetinho falando assim: Seu mandar um bilhetinho falando assim: Seu filho se comportou muito bem!, enganando filho se comportou muito bem!, enganando nossos pais.nossos pais.

PUNIÇÃO E RECOMPENSASPUNIÇÃO E RECOMPENSAS

As recompensas também dificultam o As recompensas também dificultam o desenvolvimento da autonomia; com o desenvolvimento da autonomia; com o

tempo as recompensas têm que ser cada tempo as recompensas têm que ser cada vez maiores para eliciar o comportamento vez maiores para eliciar o comportamento

desejado pelo adultodesejado pelo adulto É mais uma forma “açucarada de É mais uma forma “açucarada de

controle” (presente)controle” (presente) As crianças que tem uma atitude visando As crianças que tem uma atitude visando

receber algo são tão governada pelos receber algo são tão governada pelos outros como aquelas que são “obedientes” outros como aquelas que são “obedientes”

por medo de uma puniçãopor medo de uma punição

RECOMPENSAS E PUNIÇÕESRECOMPENSAS E PUNIÇÕES

A: o que você pediu de Natal?A: o que você pediu de Natal? G.: Eu pedi uma boneca com vestido G.: Eu pedi uma boneca com vestido

de noiva para minha avó! Mas ela não de noiva para minha avó! Mas ela não quer dar porque custa muito dinheiro. quer dar porque custa muito dinheiro. As eu já sei o que fazer...As eu já sei o que fazer...

A: O que?A: O que? G: Eu vou ficar com uma cara bem G: Eu vou ficar com uma cara bem

triste e sem fome porque daí minha triste e sem fome porque daí minha avó fica com dó e compra a boneca avó fica com dó e compra a boneca pra mim!!!pra mim!!!

SANÇÕESSANÇÕES

Sansões expiatórias x sanções por reciprocidadeSansões expiatórias x sanções por reciprocidade Sanções Expiatórias: caracteriza-se pela coerção Sanções Expiatórias: caracteriza-se pela coerção

e arbitrariedade (vai ficar sem recreio porque e arbitrariedade (vai ficar sem recreio porque estragou o brinquedo)estragou o brinquedo)

Sanções por reciprocidade: Há um mínimo de Sanções por reciprocidade: Há um mínimo de coerção, mas havendo uma relação natural ou coerção, mas havendo uma relação natural ou lógica como ato a ser sancionado.lógica como ato a ser sancionado.

Colocar a criança a par, de maneira mais direta, Colocar a criança a par, de maneira mais direta, da natureza e das conseqüências da sua violação da natureza e das conseqüências da sua violação com as coisas ou as outras pessoas.com as coisas ou as outras pessoas.

SANÇÕESSANÇÕES

Uma mãe diz:Uma mãe diz:

“ “ - Por que quando eu mandei o meu - Por que quando eu mandei o meu filho de 3 anos dar um abraço no filho de 3 anos dar um abraço no

primo com que ele havia brigado, ele primo com que ele havia brigado, ele se recusou, e quando eu mandei ele se recusou, e quando eu mandei ele

limpar a parede que ele havia limpar a parede que ele havia rabiscado ele pegou o pano e rabiscado ele pegou o pano e

começou a limpar sem reclamar?”começou a limpar sem reclamar?”

SANÇÕESSANÇÕES

As sanções por reciprocidade não As sanções por reciprocidade não precisam ser precedidas de ameaças, precisam ser precedidas de ameaças,

explicações ou discussões, mas devem explicações ou discussões, mas devem ser tomadas sempre que preciso para ser tomadas sempre que preciso para que o adulto não caia em descrédito, que o adulto não caia em descrédito,

valendo-se da autoridade, revalidando-valendo-se da autoridade, revalidando-se as regras, e não do autoritarismo.se as regras, e não do autoritarismo.

Olha o comportamento e não a criançaOlha o comportamento e não a criança

SUGESTÕESSUGESTÕES Usar métodos não verbais para acalmar as crianças;Usar métodos não verbais para acalmar as crianças; Reconhecer e aceitar os sentimentos de TODAS as Reconhecer e aceitar os sentimentos de TODAS as

crianças e suas percepções e conflitos;crianças e suas percepções e conflitos; Ajudar as crianças a verbalizarem os seus Ajudar as crianças a verbalizarem os seus

sentimentos e desejos umas às outras e escutarem o sentimentos e desejos umas às outras e escutarem o que outras têm a dizer;que outras têm a dizer;

Dar oportunidade para que as crianças sugiram Dar oportunidade para que as crianças sugiram soluções soluções

Abandonar o problema quando perceber que as Abandonar o problema quando perceber que as crianças já o resolveram;crianças já o resolveram;

Ajudar as crianças a reconhecer a sua Ajudar as crianças a reconhecer a sua responsabilidade numa situação de conflito;responsabilidade numa situação de conflito;

Dar oportunidade para compensar ou reparar o dano;Dar oportunidade para compensar ou reparar o dano;

SUGESTÕESSUGESTÕES

Encorajar a criança a reparar o dano;Encorajar a criança a reparar o dano; Permitir vivenciar conseqüência lógica;Permitir vivenciar conseqüência lógica; Não reforçar o mau comportamento Não reforçar o mau comportamento

(conversar mais com que agrediu);(conversar mais com que agrediu); Medida mais extrema: Censurar a criança Medida mais extrema: Censurar a criança

com uma linguagem descritiva ou até com uma linguagem descritiva ou até mesmo afastá-las da atividade ou do mesmo afastá-las da atividade ou do grupo social (eles também fazem isso grupo social (eles também fazem isso entre eles)entre eles)

REFERÊNCIASREFERÊNCIAS

VINHA, T. P. VINHA, T. P. O educador e a O educador e a moralidade infantil.moralidade infantil. Editora Mercado das Letras. Campinas, 2000.

DE VRIES, R. e ZAN, B. A ética na educação infantil. Editora Artmed. Porto Alegre, 1998.

SIDMAN, M. Coerção e suas implicações. Editora Livro Pleno, Campinas, 2001.