Índice -...

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407 Índice BMJ 499 (2000) ÍNDICE JURISPRUDÊNCIA DIREITO CONSTITUCIONAL Fiscalização concreta da constitucionalidade — Efeito do julgamento de inconstitucionali- dade — Caso julgado — Competência do Tribunal Constitucional para sindicar da alegada violação do caso julgado, formado nos termos do n.º 1 do artigo 80.º da Lei n.º 28/82 — Meio impugnatório adequado para a parte interessada suscitar tal ques- tão perante o Tribunal Constitucional — Ac. do Tribunal Constitucional n.º 340/2000, de 4-7-2000 ................................................................................................................ Processo constitucional — Suscitação de questão de constitucionalidade em alegação oral — Ónus de alegação do recorrente — Impugnação efectiva da decisão recor- rida — Recurso facultativo do Ministério Público — Ac. do Tribunal Constitucional n.º 349/2000, de 4-7-2000 .......................................................................................... Fiscalização concreta da constitucionalidade — Referenda — Garantias reais — Créditos por contribuições devidas à Segurança Social — Privilégio imobiliário geral — Oponibilidade aos adquirentes de direitos reais de gozo sobre o prédio onerado — Princípios da confiança e do Estado de direito democrático — Ac. do Tribunal Cons- titucional n.º 354/2000, de 5-7-2000 .......................................................................... Fiscalização concreta da constitucionalidade — Processo penal — Pressupostos da acusa- ção — Narração discriminada dos factos imputados ao arguido — Não especificação expressa na acusação da idade da vítima — Remissão para documento autêntico junto aos autos — Alteração dos factos descritos na acusação ou na pronúncia — Nulidade da sentença — Princípio constitucional das garantias de defesa do arguido — Ac. do Tribunal Constitucional n.º 355/2000, de 5-7-2000 ................................................... Fiscalização concreta da constitucionalidade — Processo penal — Falta do arguido à audiência de julgamento — Detenção antes de decorrido o prazo para justificação da falta — Interposição e motivação do recurso da decisão condenatória — Acesso à acta da audiência que integra documentação da prova produzida — Justo impedimento — Direito à liberdade e segurança — Direito ao recurso — Garantias de defesa Ac. do Tribunal Constitucional n.º 363/2000, de 5-7-2000 ........................................ Fiscalização concreta da constitucionalidade — Apoio judiciário — Concessão a cidadãos estrangeiros não residentes em Portugal — Funcionários e agentes da antiga adminis- tração ultramarina — Princípios da igualdade e do acesso ao direito e aos tribunais — Garantia do recurso contencioso — Ac. do Tribunal Constitucional n.º 365/2000, de 5-7-2000 .................................................................................................................... Fiscalização abstracta sucessiva da constitucionalidade — Taxatividade das formas de constituição da relação jurídica de emprego na Administração Pública — Celebração 5 15 21 26 31 40

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407 ndiceBMJ 499 (2000)

NDICE

JURISPRUDNCIA

DIREITO CONSTITUCIONAL

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Efeito do julgamento de inconstitucionali-dade Caso julgado Competncia do Tribunal Constitucional para sindicar daalegada violao do caso julgado, formado nos termos do n. 1 do artigo 80. da Lein. 28/82 Meio impugnatrio adequado para a parte interessada suscitar tal ques-to perante o Tribunal Constitucional Ac. do Tribunal Constitucional n. 340/2000,de 4-7-2000 ................................................................................................................

Processo constitucional Suscitao de questo de constitucionalidade em alegaooral nus de alegao do recorrente Impugnao efectiva da deciso recor-rida Recurso facultativo do Ministrio Pblico Ac. do Tribunal Constitucionaln. 349/2000, de 4-7-2000 ..........................................................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Referenda Garantias reais Crditospor contribuies devidas Segurana Social Privilgio imobilirio geral Oponibilidade aos adquirentes de direitos reais de gozo sobre o prdio onerado Princpios da confiana e do Estado de direito democrtico Ac. do Tribunal Cons-titucional n. 354/2000, de 5-7-2000 ..........................................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Pressupostos da acusa-o Narrao discriminada dos factos imputados ao arguido No especificaoexpressa na acusao da idade da vtima Remisso para documento autntico juntoaos autos Alterao dos factos descritos na acusao ou na pronncia Nulidadeda sentena Princpio constitucional das garantias de defesa do arguido Ac. doTribunal Constitucional n. 355/2000, de 5-7-2000 ...................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Falta do arguido audincia de julgamento Deteno antes de decorrido o prazo para justificao dafalta Interposio e motivao do recurso da deciso condenatria Acesso actada audincia que integra documentao da prova produzida Justo impedimento Direito liberdade e segurana Direito ao recurso Garantias de defesa Ac. do Tribunal Constitucional n. 363/2000, de 5-7-2000 ........................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Apoio judicirio Concesso a cidadosestrangeiros no residentes em Portugal Funcionrios e agentes da antiga adminis-trao ultramarina Princpios da igualdade e do acesso ao direito e aos tribunais Garantia do recurso contencioso Ac. do Tribunal Constitucional n. 365/2000, de5-7-2000 ....................................................................................................................

Fiscalizao abstracta sucessiva da constitucionalidade Taxatividade das formas deconstituio da relao jurdica de emprego na Administrao Pblica Celebrao

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408ndice BMJ 499 (2000)

pelo Estado de contratos de trabalho a termo Converso destes em contratos detrabalho sem termo, aps ultrapassagem do limite mximo de durao total fixado nalei geral Princpios constitucionais do acesso funo pblica mediante concurso,da igualdade e da proibio dos despedimentos sem justa causa Ac. do TribunalConstitucional n. 368/2000, de 11-7-2000 ...............................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Habeas corpus Manuteno da priso para alm dos prazos fixados na lei Condicionamento dohabeas corpus prvia e oportuna impugnao da deciso proferida pelo juiz deexecuo das penas sobre a questo que fundamenta tal providncia Ac. do Tribu-nal Constitucional n. 370/2000, de 12-7-2000 ..........................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Fase de instruo Irrecorribilidade dos despachos que indeferem diligncias probatrias requeridaspelo arguido Direito ao recurso Princpio das garantias de defesa Ac. doTribunal Constitucional n. 371/2000, de 12-7-2000 .................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Pressupostos do recurso fundado na al-nea b) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82 Processo penal Direitos e deveresprocessuais do arguido Fase de instruo Presena e interveno em actos deinquirio de testemunhas delegados pelo juiz nos rgos de polcia criminal Prin-cpio do contraditrio Ac. do Tribunal Constitucional n. 372/2000, de 12-7-2000

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Pressupostos do recurso de constituciona-lidade previsto na alnea b) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82 Processo civil Convite ao aperfeioamento de deficincias da alegao do recorrente Direito deacesso justia Ac. do Tribunal Constitucional n. 374/2000, de 13-7-2000 .......

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Pressupostos do recurso fundado na al-nea b) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82 Processo penal Recurso de revi-so Apresentao de novos factos e meios de prova Obrigatria impugnao dadeciso que julgou a matria de facto Notificao ao arguido do parecer emitidopelo Ministrio Pblico junto do Supremo Tribunal de Justia Direito reviso dassentenas condenatrias Acesso ao direito Garantias de defesa Ac. do Tribu-nal Constitucional n. 376/2000, de 13-7-2000 ..........................................................

DIREITO PENAL

Crime de furto qualificado Chave falsa em penetrao de veculo automvel Benstransportados em veculo automvel Bens fechados em veculo automvel Suspenso da execuo da pena de priso Ac. do S. T. J., de 5-7-2000, proc.n. 765/99 ...................................................................................................................

Aco do contrato de trabalho Despedimento Trabalho suplementar Requisitospara o seu pagamento Poderes de cognio do Supremo Tribunal de Justia emmatria de facto Artigo 85., n. 1, do Cdigo de Processo do Trabalho Ac. doS. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 106/2000 ....................................................................

Jovens delinquentes Suspenso de execuo da pena Regime de prova Ac. doS. T. J., de 6-7-2000, rec. n. 179/2000 ......................................................................

Trfico de menor gravidade Ac. do S. T. J., de 12-7-2000, proc. n. 266/2000 ...........Homicdio qualificado Arma no registada nem manifestada Arma transformada

Meio particularmente perigoso Especial censurabilidade Ac. do S. T. J., de27-9-2000, proc. n. 280/2000 ...................................................................................

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409 ndiceBMJ 499 (2000)

Crime de furto qualificado Acusao Legitimidade do Ministrio Pblico Valordiminuto Agravao da pena Reincidncia Pressupostos Verificao noautomtica Escolha da pena Pena de priso ou pena de multa Suspenso deexecuo da pena Ac. do S. T. J., de 27-9-2000, proc. n. 1902/2000 ..................

DIREITO ADMINISTRATIVO

Suspenso de eficcia Acto nulo Prazo Ac. do S. T. A., de 6-7-2000, rec. n. 46 156Falta de constituio de mandatrio Aco para definio de limites de freguesias

Direitos indisponveis Ac. do S. T. A., de 12-7-2000, rec. n. 44 333 ...................Professor Contrato de prestao de servio docente Alterao de clusula remu-

neratria Acto de processamento de vencimentos Acto tcito Declaraonegocial Ac. do S. T. A., de 21-9-2000, rec. n. 41 121 ........................................

Artigo 7. do Decreto-Lei n. 48 051, de 21 de Novembro Aco de indemnizao contrao Instituto do Emprego e Formao Profissional Ilicitude da aco e do recursocontencioso de anulao Ac. do S. T. A., de 26-9-2000, rec. n. 46 975 ...............

DIREITO FISCAL

Recurso jurisdicional Conhecimento do mrito em substituio do tribunal de 1. instn-cia Deciso da 1. instncia que no conheceu do mrito da causa Falta denotificao das partes para produo de alegaes Nulidade insanvel Ac. doS. T. A., de 5-7-2000, rec. n. 24 803 .........................................................................

Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas Determinao do lucro tributvel Despesas confidenciais Aquisio de bens para ofertas Ac. do S. T. A., de5-7-2000, rec. n. 24 632 ............................................................................................

Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas Correces de natureza quantita-tiva Discricionariedade tcnica Recurso hierrquico Crditos incobrveis Reclamao graciosa Impugnao judicial Ac. do S. T. A., de 20-9-2000,rec. n. 20 128 ............................................................................................................

DIREITO DO TRABALHO

Categoria profissional Categoria-funo Categoria-estatuto Reclassificao pro-fissional Ac. do S. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 100/99 .........................................

Acidente de trabalho Prova Responsabilidade por despesas mdicas Ac. doS. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 118/2000 ....................................................................

Acidente de trabalho Competncia territorial dos tribunais do trabalho Conflitonegativo de competncia Competncia fixada mediante pedido do sinistrado Ac. do S. T. J., de 27-9-2000, proc. n. 61/2000 ........................................................

Aco de contrato de trabalho Poderes de cognio do Supremo Tribunal de Justiarelativamente matria de facto fixada pelo Tribunal da Relao Artigo 712. doCdigo de Processo Civil Justa causa da resciso de contrato de trabalho Factosinstrumentais Ac. do S. T. J., de 27-9-2000, proc. n. 323/99 ...............................

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410ndice BMJ 499 (2000)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Jovem delinquente Pena Atenuao especial Ac. do S. T. J., de 12-7-2000, proc.n. 1773/2000 .............................................................................................................

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Providncias cautelares Audio prvia do requerido Oposio Recurso Cumulabilidade de meios de defesa Caso julgado Arresto Prova testemu-nhal Gravao Nulidade processual Arguio Sanao Ac. do S. T. J.,de 6-7-2000, revista n. 63/2000 ................................................................................

Arresto Penhora Embargos de terceiro Bens comuns do casal Ac. do S. T. J.,de 6-7-2000, proc. n. 1706/2000 ...............................................................................

Aco popular Domnio pblico Ac. do S. T. J., de 11-7-2000, proc. n. 387/2000Aco de reivindicao Aco de despejo Direito a novo arrendamento Morte de

senhorio usufruturio Comunicao Conhecimento Caducidade Ac. doS. T. J., de 11-7-2000, proc. n. 426/2000 ..................................................................

Conveno de Bruxelas Processo de execuo Suspenso Deciso no transitadaem julgado Ac. do S. T. J., de 11-7-2000, agravo n. 1636/2000 ...........................

Aco de honorrios Competncia material Tribunal do trabalho Ac. do S. T. J.,de 12-7-2000, proc. n. 85/2000 .................................................................................

Poderes de cognio do Supremo Tribunal de Justia Ampliao da matria de facto Estatuto do Trabalhador Cooperante na Repblica Popular de Angola IndstriaPetrolfera Angolana Cooperante Caducidade do contrato de trabalho Retri-buio Descontos M f Ac. do S. T. J., de 12-7-2000, proc. n. 231/99 .....

Conflito negativo de competncia Execuo Injuno Ac. do S. T. J., de 13-7-2000,proc. n. 1643/2000 ....................................................................................................

Justo impedimento Renncia ao mandato Substituio de advogado Prazo paraalegar em recurso Ac. do S. T. J., de 13-7-2000, proc. n. 1885/2000 .................

Aco de anulao de registo de marca Legitimidade activa Ac. do S. T. J., de21-9-2000, proc. n. 1856/2000 .................................................................................

Falncia Sentena de graduao de crditos Recurso Alada Extenso dorecurso aos no recorrentes Ac. do S. T. J., de 21-9-2000, proc. n. 2153/2000 .....

Parecer do Ministrio Pblico Transmisso de estabelecimento Baixa do processo aotribunal recorrido Ac. do S. T. J., de 27-9-2000, proc. n. 89/2000 .....................

Justo impedimento Ac. do S. T. J., de 28-9-2000, agravo n. 2080/2000 ......................

DIREITO CIVIL

Parte geral

Prescrio Interrupo da prescrio Citao prvia Lacunas da lei Ac. doS. T. J., de 11-7-2000, proc. n. 1714/2000 ................................................................

Direito das coisas

Aco de demarcao Objecto Causa de pedir Ac. do S. T. J., de 26-9-2000, proc.n. 1847/2000 .............................................................................................................

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411 ndiceBMJ 499 (2000)

Direito das obrigaes

Arrendamento urbano: direito de denncia do contrato relativo a garagem Aplicaoda lei no tempo: natureza inovadora do artigo 5. do Regime do Arrendamento Ur-bano Ac. do S. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 12/2000 ............................................

Acidente de viao Responsabilidade Indemnizao Fundo de Garantia Auto-mvel Prescrio Gabinete Portugus da Carta Verde Ac. do S. T. J., de6-7-2000, proc. n. 1623/2000 ...................................................................................

Acidente de viao Obrigao de indemnizao Juros de mora Correco mone-tria Ac. do S. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 1861/2000 ........................................

Contrato de arrendamento Caducidade Fraco hipotecada Venda judicial Ac. do S. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 1881/2000 ......................................................

Responsabilidade civil Seguro de responsabilidade civil obrigatria Juros Ac. doS. T. J., de 6-7-2000, proc. n. 2067/2000 ..................................................................

Responsabilidade civil extracontratual do Estado por actos legislativos: pressupostos Extino de contrato de trabalho, despedimento sem justa causa e inconstitucionalidadede norma legal Ac. do S. T. J., de 26-9-2000, proc. n. 1739/2000 ......................

Compra e venda de navio Incumprimento do contrato Atraso na entrega Falta depagamento do preo Indemnizao Compensao Garantia bancria on firstdemand Autonomia Fiana Acessoriedade Objecto Extino Interpre-tao do negcio jurdico Nulidade da sentena Falta de fundamentao Fundamentao contraditria Ac. do S. T. J., de 26-9-2000, proc. n. 2037/2000

Direito da famlia

Direito a alimentos Penso de sobrevivncia Unio de facto Carncia Prova Ac. do S. T. J., de 6-7-2000, revista n. 456/2000 ......................................................

DIREITO COMERCIAL

Sociedades comerciais Capacidade de gozo Princpio da especialidade Esta-tutos Assuno de obrigao Constituio de hipoteca Falta de interesse nus de prova Relaes de domnio Ac. do S. T. J., de 21-9-2000, revistan. 2147/2000 .............................................................................................................

Sumrios dos acrdos

Supremo Tribunal Administrativo

I Tribunal pleno (2. Seco):

Emolumentos notariais Liquidao Acto ministerial que indefere recurso hierr-quico do despacho do director-geral dos Registos e do Notariado Irrecor-ribilidade Artigos 92., n. 2, e 100., n. 2, do Cdigo de Processo Tribut-rio Ac. de 20-9-2000 .....................................................................................

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Imposto sucessrio Artigo 30. do Cdigo da Sisa Ac. de 20-9-2000 ..............Imposto sobre o valor acrescentado Poderes de autoridade Qualidade de auto-

ridade pblica Participao dos particulares Ac. de 20-9-2000 ...............Oposio Dedutibilidade em sede de imposto sobre o rendimento das pessoas

singulares dos montantes aplicados em contas poupana-habitao Decreto--Lei n. 382/89 Ac. de 20-9-2000 ..................................................................

Recurso por oposio de julgados Tramitao aplicvel Aplicao dos arti-gos 765. a 767. do Cdigo de Processo Civil Alegao demonstrativa daoposio Ac. de 20-9-2000 ...........................................................................

II 1. Seco:

Aco Provimento nulo de trabalhador municipal Regularizao em execuodo Decreto-Lei n. 413/91 Pressupostos da responsabilidade civil Ac. de5-7-2000 ..............................................................................................................

Acidente de viao Competncia Ac. de 28-9-2000 ..........................................Competncia dos tribunais administrativos Trabalhadores dos CTT Ac. de

28-9-2000 ............................................................................................................Concurso para prestao de servios Excluso de proposta Legitimidade

activa Recurso Ac. de 26-7-2000 ..............................................................Concurso pblico Ac. de 28-9-2000 .....................................................................Concurso pblico Decreto-Lei n. 134/98, de 15 de Maio mbito de aplicao

Prazo Constitucionalidade material Tutela jurisdicional efectiva Ac. de12-7-2000 ............................................................................................................

Intimao para emisso de alvar Estabelecimento de restaurao e bebidas Deferimento tcito Revogao Ac. de 6-7-2000 ........................................

Loteamento Alvar Intimao para um comportamento Caducidade Ac. de 26-7-2000 .................................................................................................

Medidas provisrias Sustao do procedimento de formao do contrato De-creto-Lei n. 134/98, de 15 de Maio Ac. de 6-9-2000 ....................................

Suspenso de eficcia Acto nulo Prazo Ac. de 6-7-2000 .............................

III 2. Seco:

Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas Subsdio de frias Regimetransitrio do artigo 12. do Decreto-Lei n. 442-B/88 Tributao pelo lucroconsolidado Aquisio de nova empresa pela sociedade dominante Ac. de5-7-2000 ..............................................................................................................

Impugnao judicial Legitimidade dos gerentes da sociedade a quem so liquida-das contribuies para a Segurana Social Ac. de 5-7-2000 .........................

Nulidades de sentena Falta de fundamentao de direito Contradio entrefundamentos e deciso Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares Fixao de rendimentos pela administrao fiscal Alterao de declaraes Reclamao para a comisso distrital de reviso Interpretao extensiva doartigo 32., n. 4, do Cdigo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singu-lares Ac. de 12-7-2000 ..................................................................................

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413 ndiceBMJ 499 (2000)

Tribunais de Segunda Instncia

I Relao de Lisboa:

Aco de reivindicao Contrato de arrendamento Excepo peremptria Ac. de 5-7-2000 ..................................................................................................

Acordo de regularizao de dvidas fiscais Inadmissibilidade de aco executivapor crditos derivados de impostos abrangidos pelo acordo Ac. de 5-7-2000

Arguido detido Interrogatrio judicial Prazo para a realizao Ac. de27-9-2000 ............................................................................................................

Arrendamento urbano Denncia para habitao prpria futura Imigrante Conceito de necessidade Ac. de 5-7-2000 ......................................................

Atestado mdico Regime de livre apreciao da prova Ac. de 5-7-2000 ...........Cauo econmica Pedido Fundamentos Pressupostos Ac. de 6-7-2000Citao Cnjuges Ac. de 10-7-2000 .................................................................Contrato de arrendamento Fim diverso Facto duradouro ou continuado

Caducidade Ac. de 5-7-2000 ..........................................................................Contumcia Prescrio Ac. de 6-7-2000 ..........................................................Crime de evaso Tentativa de consumao Ac. de 27-9-2000 ..........................Custas Honorrios de defensor oficioso Ac. de 13-7-2000 ...............................Embargos de executado Articulados Juno de documentos Resposta con-

testao Ac. de 5-7-2000 ................................................................................Exame crtico da prova Ac. de 6-7-2000 ...............................................................Furto de uso de veculo Autoria e cumplicidade Pena de multa Medida

Ac. de 6-7-2000 ..................................................................................................Gravao das declaraes efectuadas em julgamento Renovao da prova

Ac. de 28-9-2000 ................................................................................................Inqurito Instruo Nulidade Irregularidade Falta do relatrio de au-

tpsia Ac. de 6-7-2000 ...................................................................................Juiz do julgamento Fundamentao Exame crtico das provas Ac. de

6-7-2000 ..............................................................................................................Ministrio Pblico Investigao de paternidade Representao de menor

Ac. de 5-7-2000 ..................................................................................................Penhora Depsitos bancrios Ac. de 5-7-2000 ................................................Portugal Telecom Contrato de prestao de acesso telefnico nus da prova

Ac. de 5-7-2000 ..................................................................................................Priso preventiva Indcios Ac. de 6-7-2000 ......................................................Processo abreviado Nulidade Ac. de 6-7-2000 .................................................Procurao Mandatrio no judicial Ac. de 28-9-2000 ....................................Pronncia Indcios Erro Ac. de 6-7-2000 ....................................................Reviso de sentena estrangeira Princpio do pedido Ac. de 5-7-2000 .............Sentena condenatria No transcrio no registo criminal Pedido feito aps

proferida deciso Ac. de 6-7-2000 .................................................................Trfico Estabelecimento prisional Ac. de 6-7-2000 ...........................................

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414ndice BMJ 499 (2000)

II Relao do Porto:

Abuso de liberdade de imprensa Artigo de opinio Responsabilidade do di-rector Ac. de 12-7-2000 ...............................................................................

Aco de demarcao Registo Ac. de 6-7-2000 .............................................Acidente de trabalho Dvida hospitalar Ttulo executivo Ac. de 6-7-2000Acidente de viao Culpa Ac. de 25-9-2000 ....................................................Acidente de viao Incapacidade permanente parcial Indemnizao por danos

futuros Ac. de 20-9-2000 ..............................................................................Acidente de viao Indemnizao civil Danos futuros Ac. de 25-9-2000 ....Arrendamento Lar feminino Uso do locado para fim diverso Ac. de 10-7-2000Contrafaco de marca Fraude sobre mercadoria Concurso de infraces

Consumpo Ac. de 12-7-2000 .....................................................................Contrato de trabalho Motorista Trabalho prestado no estrangeiro Trabalho

suplementar Ac. de 10-7-2000 ......................................................................Contrato de trabalho Retribuio Senhas de gasolina Carto de crdito

Ac. de 10-7-2000 ...............................................................................................Crime de dano Coisa alheia Ac. de 27-9-2000 ................................................Crime de desobedincia Fiel depositrio Ac. de 12-7-2000 .............................Crime de falsificao Crime de burla Concurso real de infraces Ac. de

29-9-2000 ...........................................................................................................Despejo Falta de residncia permanente Excepo do caso julgado Ac. de

3-7-2000 .............................................................................................................Direito de preferncia Arrendamento Identidade do comprador Ac. de 6-7-2000Direito de remio Habilitao de herdeiros Ac. de 6-7-2000 .........................Dvida da herana Legitimidade dos herdeiros Ac. de 28-9-2000 ...................Execuo Separao de meaes Ac. de 6-7-2000 ...........................................Extradio Princpio da especialidade Pedido adicional Ac. de 27-9-2000Herana Inventrio Descrio dos bens Ac. de 3-7-2000 ...........................Identificao do arguido Residncia Resciso da acusao Ac. de 20-9-2000Inventrio Cabea-de-casal Poderes de administrao Ac. de 10-7-2000 .....Liquidatrio judicial Substituio Meio prprio Ac. de 6-7-2000 ...............Maus tratos a menores Elementos da infraco Ac. de 20-9-2000 ..................Patrocnio oficioso Nomeao de advogado suspenso Nulidade Ac. de

18-9-2000 ...........................................................................................................Petio inicial Documentos apresentados Desnecessidade de transcrio

Ac. de 13-7-2000 ................................................................................................Prescrio do procedimento criminal Interrupo da prescrio Ac. de 20-9-2000Priso preventiva Juiz de instruo criminal Inquirio de testemunha em in-

qurito Ac. de 12-7-2000 ...............................................................................Processo penal Notificao postal Presuno Ac. de 12-9-2000 .................Recurso penal Motivao Matria de facto Rejeio do recurso Ac. de

12-7-2000 ...........................................................................................................Responsabilidade civil Prescrio Prazo Ac. de 3-7-2000 ...........................Suspenso de deliberao social Fundaes de solidariedade social Ac. de

28-9-2000 ...........................................................................................................Toxicodependncia Circunstncia atenuativa Ac. de 27-9-2000 ........................Toxicodependente Segredo profissional Legitimidade da escusa da identidade

do arguido Ac. de 20-9-2000 ........................................................................

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415 ndiceBMJ 499 (2000)

III Relao de Coimbra:

Aco de prestao de contas Sentena condenatria nus de apresentao dascontas Ac. de 5-7-2000 ..................................................................................

Acidente com animais Responsabilidade do proprietrio e do comodatrio Culpain vigilando Ac. de 5-7-2000 ..........................................................................

Acidente de trabalho Aco contra terceiro responsvel Competncia Ac. de28-9-2000 ............................................................................................................

Acidente de viao Culpa por atropelamento de peo na berma Indemnizaopela perda do direito vida Ac. de 5-7-2000 .................................................

Acidente de viao Presuno de culpa do comissrio Concorrncia de culpas nus de prova Ac. de 5-7-2000 .....................................................................

Acidente in itinere Clusula mais favorvel Ac. de 21-9-2000 ..........................Alterao da qualificao jurdica Alterao no substancial Ac. de 20-9-2000Alterao do pacto social Providncia cautelar Indeferimento liminar Ac. de

11-7-2000 ............................................................................................................Arguio de nulidades da sentena M f Negligncia grave Ac. de 5-7-2000Cheque Documento particular Ttulo executivo Ac. de 26-9-2000 ...............Contrato de depsito bancrio Impugnao da veracidade da assinatura de do-

cumento nus da prova Ac. de 11-7-2000 ................................................Crime de falsificao de documento Interesse protegido In/admissibilidade de

constituio de assistente Ac. de 12-7-2000 ...................................................Crime de ofensa integridade fsica simples Modo de actuao Alterao subs-

tancial ou no substancial Ac. de 20-9-2000 .................................................Deciso que negue o apoio judicirio Recurso do Ministrio Pblico Interesse em

agir Ac. de 5-7-2000 ......................................................................................Descarga de resduos ou efluentes sem tratamento prvio e sem licena [contra-orde-

nao prevista no artigo 86., n. 1, alnea v), do Decreto-Lei n. 46/94, de 22 deFevereiro] Elemento tpico Ac. de 27-9-2000 ............................................

Despacho a convidar a parte a corrigir articulado Irrecorribilidade Ac. de28-9-2000 ............................................................................................................

Despedimento promovido pela entidade empregadora Justa causa Ac. de 5-7-2000Erro material Nulidade da sentena Direitos de personalidade Conflito de

direitos Ac. de 5-7-2000 .................................................................................Escutas telefnicas Transcrio Ac. de 12-7-2000 ............................................Falta de fundamentao da deciso sobre medidas de coaco Ac. de 12-7-2000Hipoteca Prdio rstico posteriormente transformado em urbano Ac. de

11-7-2000 ............................................................................................................Indemnizao por danos patrimoniais e no patrimoniais Honorrios ao manda-

trio judicial Tutela do direito Ac. de 26-9-2000 .......................................Processo de falncia Desistncia do pedido ou da instncia Termo do prazo para

a desistncia Ac. de 26-9-2000 .......................................................................Quebra do segredo profissional Ac. de 5-7-2000 ..................................................Registo predial Pedido reconvencional Desnecessidade do registo Ac. de

5-7-2000 ..............................................................................................................Salrios em atraso Resciso do contrato de trabalho Prolongamento do tra-

balho Ac. de 5-7-2000 ....................................................................................Servido predial Destinao de pai de famlia Sinais visveis e permanentes

Ac. de 5-7-2000...................................................................................................

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416ndice BMJ 499 (2000)

Sociedades por quotas Assinatura dos gerentes Vinculao da sociedade Ac. de 26-9-2000 .................................................................................................

Suspenso da prescrio na vigncia do Cdigo Penal de 1982 (redaco origin-ria) Declarao de contumcia Ac. de 20-9-2000 .....................................

IV Relao de vora:

Aco executiva com incidente de liquidao e embargos de executado Intervenoacessria provocada Ac. de 13-7-2000 .........................................................

Acidente de trabalho Contrato de seguro: sua validade e eficcia Ac. de 26-9-2000Acidente de trabalho Remio de penses Regime transitrio Ac. de 26-9-2000Acidente de trabalho Remio de penses Regime transitrio Ac. de 26-9-2000Acidente de viao Relao de comisso Scio de sociedade comercial Ac. de

13-7-2000 ............................................................................................................Aval Simulao nus da prova Ac. de 13-7-2000 .......................................Crime de fraude fiscal Crime de burla Concurso aparente Ac. de 11-7-2000Despedimento ilcito e condenao na reintegrao Execuo para prestao de

facto Deduo de outros rendimentos do trabalho nas retribuies devidasaps decretada a reintegrao Ac. de 19-9-2000 ...........................................

Erro sobre a identidade do arguido Rectificao da sentena Ac. de 4-7-2000Execuo especial por alimentos Legitimidade da me para prosseguir a execuo

relativamente aos filhos que atingiram a maioridade Ac. de 4-7-2000 ..........Percia mdico-legal Depoimento de perito mdico Prova documental Ac. de

19-9-2000 ............................................................................................................Reconveno Requisitos de admissibilidade Ineptido da petio reconvencio-

nal Ac. de 4-7-2000 ........................................................................................Recurso de demandante civil em processo penal Legitimidade Manifesta impro-

cedncia Ac. de 4-7-2000 ...............................................................................Recurso penal Inadmissibilidade Reclamao de indeferimento de actos de

instruo Ac. de 19-9-2000 ............................................................................Regulao do exerccio do poder paternal Incumprimento do regime de visitas

Indemnizao Ac. de 4-7-2000 .......................................................................

V Tribunal Central Administrativo:

I Seco do Contencioso Administrativo:

Aco para reconhecimento de direito Legitimidade passiva Aposentado daPolcia de Segurana Pblica Ac. de 12-7-2000 .............................................

Incompetncia material Tribunal Central Administrativo Ac. de 12-7-2000 .....Processo disciplinar Aplicao do artigo 100. do Cdigo do Procedimento Admi-

nistrativo Princpio in dubio pro reo Ac. de 6-7-2000 ...............................Recurso contencioso Tcnicos tributrios do quadro de pessoal da Direco-Geral

das Contribuies e Impostos Princpio da igualdade Vcio de violao doartigo 128., n. 1, alnea b), do Cdigo do Procedimento Administrativo Vciode forma, por falta de fundamentao Ac. de 6-7-2000 .................................

Recurso hierrquico Prazo de formao do indeferimento tcito Guardasprisionais Carreiras horizontais, verticais e mistas Ac. de 6-7-2000 .......

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417 ndiceBMJ 499 (2000)

Suspenso de eficcia Competncia do Tribunal Central Administrativo Ac. de28-9-2000 ............................................................................................................

Suspenso de eficcia (recurso jurisdicional) Suspenso provisria (artigo 80. daLei de Processo nos Tribunais Administrativos) Das consequncias da nonotificao ao requerente por parte da autoridade requerida da resoluo a quese reporta o n. 1 do artigo 80. da Lei de Processo nos Tribunais Adminis-trativos Ac. de 28-9-2000 ..............................................................................

Suspenso de eficcia Correco da petio Legitimidade passiva Poderjurisdicional na apreciao do recurso Ac. de 15-9-2000 .............................

Suspenso de eficcia Denncia de contrato de trabalho a termo certo Contra-tos de avena celebrados ao abrigo do Decreto-Lei n. 41/84, de 3 de Fevereiro,com alteraes do Decreto-Lei n. 330/85, de 12 de Agosto, pela Direco-Geralde Viao para admisso de juristas Ac. de 24-7-2000 .................................

Suspenso de eficcia Manifesta irrecorribilidade (actos de execuo) Ac. de6-7-2000 ..............................................................................................................

II Seco do Contencioso Tributrio:

Custos Prova Documentao comprovativa dos custos Artigo 23. do Cdigodo Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas Ac. de 26-9-2000

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N. 499 OUTUBRO 2000

JURISPRUDNCIA

5 Direito ConstitucionalBMJ 499 (2000)

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Efeito do julga-mento de inconstitucionalidade Caso julgado Competnciado Tribunal Constitucional para sindicar da alegada violao docaso julgado, formado nos termos do n. 1 do artigo 80. da Lein. 28/82 Meio impugnatrio adequado para a parte interes-sada suscitar tal questo perante o Tribunal Constitucional

I Por fora do preceituado no n. 1 do artigo 80. da Lei n. 28/82, a deciso dorecurso de fiscalizao concreta faz caso julgado no processo quanto questo deinconstitucionalidade suscitada e definitivamente dirimida pelo Tribunal Constitu-cional.

II Sendo o Tribunal Constitucional o rgo ao qual compete especificamenteadministrar a justia em matrias de natureza jurdico-constitucional e sendo as suasdecises obrigatrias para todas as entidades pblicas e privadas, prevalecendo sobreas dos restantes tribunais s ele pode definir, nos termos da Constituio e da lei, ombito da sua prpria competncia, no sendo admissvel que qualquer outro tribunalcensure ou ponha em causa, na ulterior tramitao do processo, os julgamentos feitospelo Tribunal Constitucional sobre questes de inconstitucionalidade normativa.

III Sendo a ofensa de caso julgado de conhecimento oficioso, nos termos da lei deprocesso civil, cabe ao Tribunal Constitucional conhecer se, em determinado processoconcreto, tal ofensa alegada pelo recorrente em novo recurso de constitucionalidade,interposto da deciso proferida no tribunal a quo na sequncia da dirimio pelo Tribu-nal Constitucional de certa questo de constitucionalidade ocorreu efectivamente,independentemente de apurar se se verificam ou no os especficos pressupostos dosrecursos tipificados nas vrias alneas do n. 1 do artigo 70. e invocados pelo recorrenteno seu requerimento de interposio de recurso.

TRIBUNAL CONSTITUCIONALAcrdo n. 340/2000, de 4 de Julho de 2000Processo n. 287/2000 Plenrio

ACORDAM no plenrio do Tribunal Cons-titucional:1. Ldio Jos Neves Simes, com os sinais

identificadores dos autos, veio interpor recursopara este Tribunal Constitucional do acrdo doSupremo Tribunal de Justia (Seco Criminal),de 9 de Maro de 2000, que entendeu julgarintil a reformulao do acrdo recorrido (oacrdo anterior, de Novembro de 1998, querejeitara o recurso penal por ele interposto, emaplicao do disposto nos artigos 412., n. 1, e420., n. 1, do Cdigo de Processo Penal), indi-

cando no respectivo requerimento os seguintesfundamentos:

1 Aplicao de normas cuja inconstitucio-nalidade foi suscitada durante o processo, emconformidade com o disposto na alnea b) don. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82, de 15 deNovembro, com as alteraes que lhe foram intro-duzidas pela Lei n. 143/85, de 26 de Novembro,pela Lei n. 85/89, de 7 de Setembro, pela Lein. 88/95, de 1 de Setembro, e pela Lei n. 13-A/98, de 26 de Fevereiro.

2 Aplicao de norma em desconformidadecom o anteriormente decidido sobre essa ques-to pelo Tribunal Constitucional, por fora do

6 BMJ 499 (2000)Direito Constitucional

disposto na parte final da alnea i) do n. 1 domesmo artigo 70.

E depois explicita esses fundamentos do modoseguinte:

A No que ao 1. fundamento diz respeito

Ver aplicada a inconstitucionalidade da inter-pretao efectuada pelo tribunal a quo do artigo137. do Cdigo de Processo Civil, segundo aqual recusa proceder reformulao do acrdorecorrido por entender ser um tal acto, nos casosdos autos, absolutamente intil.

Uma vez que no mbito da fiscalizao con-creta o recurso de constitucionalidade assumesempre um carcter instrumental relativamente causa que lhe subjaz.

Pelo que a questo da utilidade ou no dorecurso constitucional funciona como um pres-suposto processual admisso do mesmo. Sen-do isso matria cujo conhecimento se encontrareservado ao Tribunal Constitucional.

Assim a interpretao do tribunal a quo des-respeita regras relativas competncia quanto matria, padecendo do vcio de incompetnciaabsoluta. Pois violou o disposto nos artigos 25.,n. 1, da Lei n. 3/99, de 13 de Janeiro, 210., n. 1,e 221., ambos da Constituio da Repblica Por-tuguesa.

Acresce que com a sua interpretao o tri-bunal a quo contrariou o acrdo do TribunalConstitucional n. 43/2000, proferido em 26 deJaneiro de 2000, que, pronunciando-se detalha-damente sobre a questo em causa, entendeu sertil a reformulao do acrdo inicialmente re-corrido.

Tendo dessa forma sido violado o dispostonos n.os 1, 2 e 3 do artigo 80. da j anteriormentereferida Lei n. 28/82, bem como o princpio dalegalidade constante dos artigos 2. e 203. daConstituio da Repblica Portuguesa.

Pretende ainda ver aplicada a inconstitucio-nalidade da interpretao efectuada pelo tribunala quo dos artigos 677. e 684., n. 4, segundo aqual tero transitado em julgado todas as quatroquestes que haviam formado o objecto do re-curso inicialmente interposto para o SupremoTribunal de Justia.

J que, pelo menos a uma delas, a questo dosvcios do artigo 410., n. 2, do Cdigo de Pro-

cesso Penal foi abrangida no plano geral do re-curso interposto para o Tribunal Constitucionalda interpretao efectuada pelo tribunal a quodos artigos 412., n. 1, e 420., da que com apresente deciso mantm-se o ora recorrente im-possibilitado de aceder a uma instncia de re-curso que lhe facultada expressamente pelosartigos 399. e 432. do Cdigo de Processo Pe-nal e n. 1 do artigo 32. da Constituio da Re-pblica Portuguesa, limitando-se deste modo oacesso justia, s garantias de defesa do arguidoe o princpio da igualdade com violao dos arti-gos 20., n. 1, 32., n. 1, e 13., n. 1, todos daConstituio da Repblica Portuguesa.

As referidas inconstitucionalidades s agoraso suscitadas uma vez que, sendo a posioassumida pelo tribunal a quo de tal forma insli-ta e inesperada, era impossvel ao recorrente, atra-vs de um prvio juzo de prognose, t-las sus-citado anteriormente por forma a acautelar-se.

B No que ao fundamento 2 diz respeito

Ver desaplicadas as normas constantes dosartigos 137., 677. e 684., n. 4, todos do Cdi-go de Processo Civil, uma vez que uma tal apli-cao contraria claramente aquilo que sobre essamesma questo foi decidido pelo acrdo consti-tucional n. 43/2000, proferido em 26 de Janeirode 2000.

De tal forma que, a assim no se entender, areferida deciso no produzir qualquer efeitoprtico.

Pelo que esto a ser violados os artigos 20.,n. 1, 32., n. 1, 12., n. 1, e 13., n. 1, todos daConstituio da Repblica Portuguesa.

2. Determinada a interveno deste plenrio,ao abrigo do disposto no artigo 79.-A da Lein. 28/82, de 15 de Novembro, aditado pelo ar-tigo 2., da Lei n. 85/89, de 7 de Setembro, e naredaco do artigo 1. da Lei n. 13-A/98, de 26de Fevereiro, apresentou alegaes o recorrente,adiantando as seguintes concluses:

1 ao Tribunal Constitucional que com-pete proceder apreciao, necessariamentecasustica, para averiguar acerca da utilidade ouinutilidade processual do recurso.

2 Assim, como pressuposto que , a ques-to da utilidade matria cujo conhecimento

7 Direito ConstitucionalBMJ 499 (2000)

se encontra reservado ao Tribunal Constitu-cional.

3 Da que a posio do tribunal a quo noacrdo recorrido, entendendo que no h queproceder a qualquer reformulao, uma vez quese trataria de um acto intil,

4 Quando anteriormente havia sido orde-nada essa reformulao pelo Tribunal Constitu-cional que entendia ter toda a utilidade para adeciso acerca do mrito da causa,

5 Padece de incompetncia absoluta.6 Violando regras relativas competncia

material constitucionalmente consagrados nosartigos 210. e 221. e ainda 25., n. 1, da Lein. 3/99, de 13 de Janeiro.

7 Violando ainda o efeito do caso julgadoque relativamente a essa matria havia sido fi-xado pelo Tribunal Constitucional ao considerara referida reformulao como til,

8 Pelo que desrespeitou as coordenadas daigualdade, certeza ou segurana jurdica e do es-tado de direito constantes dos artigos 13., 18.,20., 26., 27. e 2., todos da Constituio daRepblica Portuguesa.

Acresce que9 O Supremo Tribunal de Justia encon-

tra-se, luz do disposto no artigo 80., n. 3, doLei Orgnica do Tribunal Constitucional, vin-culado pelo acrdo do Tribunal Constitucionala no aplicar a norma constante do artigo 137.do Cdigo de Processo Civil.

10 Dado que o Tribunal Constitucional jse havia pronunciado, no mbito das suas com-petncias, pela utilidade do recurso.

11 No obstante o Supremo Tribunal deJustia aplicou efectivamente a referida normado artigo 137.,

12 Pelo que no deu cumprimento ao dis-posto do artigo 80., n. 3, da Lei Orgnica doTribunal Constitucional,

13 Pelo que deve agora, em defesa da suaprpria autoridade, impor o Tribunal Constitu-cional que seja dado esse cumprimento.

14 Por no ter cumprido o disposto noartigo 80., n. 3, da Lei Orgnica do TribunalConstitucional, violou o Supremo Tribunal deJustia os princpios da igualdade, certeza ousegurana jurdica e do Estado de direito cons-tantes dos artigos 13., 18., 20., 26., 27. e 2.,todos da Constituio da Repblica Portuguesa.

Por outro lado,15 Uma vez que o nico argumento utili-

zado para concluir pela rejeio do recurso erasempre relativo no plano geral apreciao dassuas concluses,

16 Referindo-se ora sua falta de conci-so, ora sua prolixidade e ora sua inteligibili-dade.

17 O recorrente ao pr em causa a inter-pretao efectuada dos artigos 412., n. 1, e 420.do Cdigo de Processo Penal

18 Impediu o trnsito em julgado da ques-to relativa aos vcios do artigo 410., n. 2, doCdigo de Processo Penal,

19 Pelo que, por via do seu entendimentodiverso, violou a deciso recorrida os princpiosda igualdade, das garantias de defesa do arguido edo prprio acesso justia, constantes dos arti-gos 13., n. 1, 32., n. 1, e 20., todos da Consti-tuio da Repblica Portuguesa.

20 Todas as referidas inconstitucionalidadess agora foram suscitadas, uma vez que a posi-o assumida pelo tribunal a quo foi de tal formainslita e inesperada, que era impossvel ao re-corrente, atravs de um prvio juzo de prognose,t-las suscitado anteriormente por forma a acau-telar-se.

Finalmente,21 No admissvel que o juzo qualifi-

cado do Tribunal Constitucional e a presunode justeza que o envolve sejam infirmados poruma deciso de um outro tribunal.

22 A mxima constitucional de que a lei igual para todos ficaria reduzida a uma fr-mula v.

23 Se em consequncia da liberdade de in-terpretao jurisdicional num mesmo caso con-creto em que se verificassem posies jurdicasantagnicas prevalecesse a proveniente do de-grau hierrquico inferior.

24 Ao Tribunal Constitucional pede-se quecontrole no s a lei em si mesma mas tambm osresultados da sua interpretao.

25 Ora, uma vez que a faculdade de inter-pretao implica necessariamente o poder deimpor ao tribunal a quo essa mesma interpre-tao.

26 Foi por isso ordenada pelo TribunalConstitucional a reformulao do acrdo recor-rido, por a mesma ser til e visto ter a deciso

8 BMJ 499 (2000)Direito Constitucional

recorrida procedido a uma interpretao incons-titucional das normas constantes dos artigos 412.,n. 1, e 420. do Cdigo de Processo Penal.

27 Pelo que ao vir em seguida o tribunala quo indicar que no via qualquer utilidade norecurso interposto, pelo que no havia que pro-ceder a qualquer reformulao,

28 Violou os princpios da igualdade, dasgarantias de defesa do arguido, do acesso justi-a, da certeza ou segurana jurdica e do prprioEstado de direito,

29 Constantes dos artigos 13., n. 1, 18.,26., 27., 32., todos da Constituio da Rep-blica Portuguesa.

30 Face ao exposto, dever ser concedidoprovimento ao presente recurso, ordenando-seconsequentemente ao tribunal a quo que proce-da efectivamente reformulao da deciso re-corrida de acordo com o julgamento de incons-titucionalidade efectuado, como de justia.

3. Contra-alegou o Ministrio Pblico, susci-tando unicamente a questo prvia da mani-festa falta dos pressupostos do recurso inter-posto a fls. 830-834 dos autos (o presenterecurso), e concluindo assim:

1 No estando em causa, nos presentesautos, qualquer questo jurdico-internacional,decorrente de alegada coliso entre acto legislativoe conveno internacional, obviamente inad-missvel a interposio de recurso fundado naalnea i) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82.

2 Os poderes cognitivos do Tribunal Cons-titucional esto circunscritos apreciao daquesto de inconstitucionalidade normativa sus-citada, no lhe cabendo ordenar ao tribunal aquo qual a forma, processualmente adequada, dedar cumprimento ao juzo de inconstituciona-lidade normativa definitivamente emitido.

3 Do decidido no acrdo n. 43/2000 ape-nas decorre, de forma imperativa, certo juzo deinconstitucionalidade da norma extrada dos arti-gos 412., n. 1, e 420., n. 1, do Cdigo de Pro-cesso Penal, quando interpretada em termos deresultar irremediavelmente precludida a aprecia-o do recurso em funo de uma prolixidade dasconcluses da motivao do recorrente no sepodendo inferir, porm, de tal acrdo que oTribunal Constitucional ordenou ao Supremo

Tribunal de Justia que reformulasse o acrdoproferido, atravs da formulao de um conviteao aperfeioamento das concluses deficientes.

4 E cumprindo ao recorrente se enten-dia que, com a sua nova deciso, o Supremo noestava a acatar o juzo de inconstitucionalidadenormativa formulado pelo Tribunal Constitu-cional interpor novo recurso de constituciona-lidade, reportado implcita aplicao da normaj precedentemente julgada inconstitucional.

5 No ofendem manifestamente qualquernorma ou princpio constitucional os preceitosconstantes dos artigos 137. do Cdigo de Pro-cesso Civil enquanto probe a prtica de actosprocessuais inteis e dos artigos 677. e 684.,n. 4, do Cdigo de Processo Civil enquantoestabelecem a noo de trnsito em julgado e aautonomia do caso julgado, na hiptese depluralidade de objectos cindveis, parte dos quaisno foram impugnados no sendo obviamentea circunstncia de o acrdo recorrido que, naptica do arguido/recorrente, ter contrariadoprecedente acrdo do Tribunal Constitucio-nal lhes fazer pontual referncia que sus-ceptvel de converter tais preceitos em normasinconstitucionais.

6 Acresce que o Supremo Tribunal de Jus-tia no aplicou tais preceitos com o sentido quelhe atribui o recorrente de neles se fundar paradecidir da utilidade ou no do recurso constitu-cional matria que est reservada compe-tncia do Tribunal Constitucional.

7 Limitando-se a extrair da invocao detais preceitos certa consequncia processual dojuzo de inconstitucionalidade normativa emi-tido pelo Tribunal Constitucional, designada-mente a utilidade ou funcionalidade da formula-o de um convite ao aperfeioamento das con-cluses tidas por prolixas matria situada jno plano das estritas consequncias processuaisdo juzo de constitucionalidade formulado peloTribunal Constitucional.

8 Termos em que no dever conhecer-sedo recurso interposto, por falta dos respectivospressupostos de admissibilidade.

4. Ouvido o recorrente sobre tal questo pr-via, veio opor-se-lhe, sustentando, em sntese,que nem na Constituio nem na respectiva LeiOrgnica se encontra previsto um meio espec-

9 Direito ConstitucionalBMJ 499 (2000)

fico de controlo por parte do Tribunal Constitu-cional para que este supervisione a execuo dassuas sentenas e, assim, o nico meio ao al-cance do recorrente para suscitar a necessriainterveno subsequente do Tribunal Constitu-cional o da interposio de recurso, fazendouso de algum dos fundamentos referidos nos ar-tigos 280. da Constituio da Repblica Portu-guesa e 70. da Lei n. 28/82.

E acrescentando ainda:

No entanto, se nos limitarmos a uma anlisemeramente literal daqueles dois dispositivoslegais, a concluso que se retira a de que o casodos autos no se subsume em nenhuma das al-neas.

S que uma tal concluso no se apresentacomo aceitvel dado que desrespeita a garantiado controlo da constitucionalidade, bem como aprpria autoridade do Tribunal Constitucional.

Assim, dada a ratio subjacente ao sistema, osreferidos normativos legais devero ser objectode uma interpretao mais cuidada por forma aincluir um caso como o dos autos.

Quer o mecanismo utilizado seja o da inter-pretao extensiva quer seja o da prpria analo-gia [segue-se a demonstrao do enquadramentoefectuado na alnea i) do n. 1 do artigo 70. da Lein. 28/82 e do enquadramento efectuado al-nea b) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 28/82].

5. Tudo visto, cumpre decidir.A histria do caso e o ritualismo processual

podem assim resumir-se:

5.1. No processo comum n. 7089/97, da1. Vara Criminal da Comarca de Lisboa, respon-deu, sob acusao do Ministrio Pblico, o ar-guido Ldio Jos Neves Simes, que foi con-denado, como autor material de um crime de ho-micdio qualificado na forma tentada, previstoe punido pelos artigos 131. e 132., n. 1, al-neas f) e g), do Cdigo Penal, na pena de oitoanos de priso, de um crime de ofensas corporaissimples, previsto e punido pelo artigo 143.,n. 1, do Cdigo Penal, na pena de um ano depriso e de um crime de violao de domiclio,previsto e punido pelo artigo 190., n.os 1 e 3, doCdigo Penal, na pena de um ano de priso.

Operado o cmulo jurdico, o arguido foi con-denado na pena nica de oito anos e dez mesesde priso. Mais foi o arguido condenado a pagars assistentes Maria Albertina Ribeiro e Ana InsPatrcio uma indemnizao nos montantes de1 586 733$40 e 501 350$00, respectivamente,pelos prejuzos materiais e danos morais sofri-dos.

5.2. Inconformado com essa deciso interpsrecurso para o Supremo Tribunal de Justia, que,por acrdo de 19 de Novembro de 1998, atrscitado, o rejeitou.

Para assim concluir foram alinhadas as seguin-tes razes:

Partindo da norma que exige que o requeri-mento de interposio do recurso seja sempremotivado (artigo 411., n. 1), analisa a exignciade sntese das concluses, que se coloca em pro-cesso penal em termos similares aos fixados noprocesso civil (artigos 412., n. 1, do Cdigo deProcesso Penal e 690. do Cdigo de ProcessoCivil);

Entende-se, por isso, que as concluses deum recurso so um resumo dos fundamentos porque se pede o seu provimento, visando torn-losfcil e rapidamente apreensveis pelo tribunal adquem, sendo a razo de ser da lei, por um lado,apelar para o dever de colaborao das partes edos seus representantes a fim de tornar maisfcil, mais pronta e mais segura a tarefa de admi-nistrar a justia, e, por outro lado, fixar a delimi-tao objectiva do recurso, indicando correcta eprecisamente as questes a decidir;

No caso, o recorrente no foi capaz deresumir as razes do seu pedido, pois apresen-tou um longo texto com 50 nmeros, pelo queno se pode considerar que o recorrente tenhaapresentado concluses, por ter violado o n. 1do artigo 412. do Cdigo de Processo Penal,tendo o recurso de ser rejeitado uma vez que afalta de concluses equivale falta de motivao.

O acrdo refere ainda que, mesmo a enten-der-se que foram formuladas alegaes, existiamoutros motivos que levavam rejeio do recurso.

Assim, depois de se enunciarem as questesque so objecto do recurso [violao do duplograu de jurisdio, enquadramento jurdico--penal da conduta do recorrente, vcios do artigo410., n. 2, alneas a), b) e c), do Cdigo de

10 BMJ 499 (2000)Direito Constitucional

Processo Penal, e a medida concreta da pena] oacrdo procurou dar resposta a cada uma delas.

Mas na parte final, quanto questo dosvcios da deciso sobre a matria de facto ar-tigo 410., n. 2, alneas a), b) e c), do Cdigo deProcesso Penal , volta a insistir-se que nose sabe o que que o recorrente pretende, peloque tudo se passa, face ininteligibilidade das suasconcluses respeitantes aos indicados vcios,como se estas no tivessem sido formuladas.

5.3. Indeferido um pedido de aclarao desseacrdo, uma vez que o recorrente no visavaqualquer aclarao da deciso, mas apenas mani-festar a sua discordncia pela rejeio do recursosem prvio convite para apresentar, completar,esclarecer ou sintetizar as concluses, o recor-rente veio ento interpor recurso para este Tri-bunal Constitucional, e, estando aqui os autos,baixaram, a ttulo devolutivo, atento o que sedispe no n. 3 do artigo 2. da Lei n. 29/99, de12 de Maio (perdo genrico e amnistia de pe-quenas infraces), por despacho do relator, pas-sando pelo Supremo Tribunal de Justia e pela1. Vara Criminal de Lisboa (onde, por acrdode 14 de Junho de 1999, foi refeito o cmulo jur-dico das penas aplicadas ao recorrente, tendosido por ele interposto recurso para o SupremoTribunal de Justia, ainda por decidir) entre Maioe Novembro de 1999, e recebidos de novo noTribunal Constitucional no dia 3 daquele ms deNovembro.

5.4. Foi ditada de imediato nos autos umadeciso sumria pelo relator, nos termos da qualse decidiu o seguinte:

A) No julgar inconstitucional a norma doartigo 433. do Cdigo de Processo Penal,enquanto determina que o recurso para oSupremo Tribunal de Justia visa exclusi-vamente o reexame da matria de direito;

B) Julgar inconstitucional a norma constan-te dos artigos 412., n. 1, e 420., n. 1, doCdigo de Processo Penal, quando inter-pretada no sentido de a falta de concisodas concluses da motivao levar rejei-o imediata do recurso sem que previa-mente seja feito o convite ao recorrentepara aperfeioar a deficincia, por viola-o do artigo 32., n. 1, da Constituio;

C) Em consequncia, concede-se, em parte,provimento ao recurso, devendo proce-der-se reformulao da deciso recor-rida de acordo com o presente julgamentode inconstitucionalidade.

5.5. Por acrdo n. 43/2000, a fls. 804 eseguintes, de 26 de Janeiro, e sob reclamao doMinistrio Pblico, foi decidido indeferir a re-clamao apresentada, mantendo-se a decisosumria proferida.

Naquela reclamao sustentou o MinistrioPblico que se configurava como mero obterdictum a citada interpretao normativa dos arti-gos 410., n. 1, e 412., n. 1, do Cdigo de Pro-cesso Penal e sendo, a nosso ver, evidenteque, no caso, careceria de qualquer utilidade aformulao de um convite para sintetizaode concluses, quando o Tribunal, apesar de pro-clamar o referido vcio formal, acabou por apre-ciar, em diferente ptica, as questes colocadas sua apreciao, rejeitando o recurso por funda-mentos estranhos invocada prolixidade das con-cluses do recorrente.

Ao que se respondeu naquele acrdo n. 43/2000 deste modo resumido:

Interessam ao presente recurso apenas a pri-meira daquelas questes e a terceira (o duplograu de jurisdio e o artigo 410., n. 2, e respec-tivas alneas).

Relativamente primeira, o Ministrio P-blico aceita a deciso sumria tal como foi for-mulada, pelo que no est directamente abrangidano objecto da reclamao.

Quanto outra questo, a o nico argumentoutilizado para concluir pela rejeio do recursofoi o da ininteligibilidade das suas conclusesrespeitantes aos vcios do artigo 410., n. 2 esuas alneas, o que levaria a consider-las comose elas no tivessem sido formuladas.

Significa isto que relativamente a esta matria relevante para efeitos do recurso de constitu-cionalidade a rejeio do recurso com funda-mento na falta de conciso ou prolixidade ouininteligibilidade coincide inteiramente com omesmo fundamento invocado quando a decisorecorrida rejeitou o recurso no plano geral deapreciao das concluses.

Poder dizer-se assim, como o faz o Minis-trio Pblico, no caso careceria de qualquer uti-

11 Direito ConstitucionalBMJ 499 (2000)

lidade a formulao de um convite para sinte-tizao de concluses, quando o Tribunal, ape-sar de proclamar o referido vcio formal, acaboupor apreciar, em diferente ptica, as questescolocadas sua apreciao, rejeitando o recursopor fundamentos estranhos invocada prolixi-dade das concluses?

A resposta no pode deixar de ser negativa.Com efeito, no caso, esto em causa as ga-

rantias de defesa de um arguido: o no conheci-mento do recurso apenas seria admissvel se formanifesto que a questo de constitucionalidadesuscitada, a ser decidida positivamente, nenhumainfluncia poderia vir a ter na deciso recorrida,pois este o sentido da natureza instrumental dorecurso de constitucionalidade.

Ora, no este o caso dos autos.De facto, no caso em apreo, o recurso de

constitucionalidade, a ser provido, realiza a ple-nitude da respectiva finalidade, ao menos quantoa esta questo (nica relevante) do artigo 410.,n. 2, alneas a), b) e c), do Cdigo de ProcessoPenal de 1987, uma vez que o fundamento darejeio foi tambm o da ininteligibilidade dasalegaes.

5.6. Baixando os autos ao Supremo Tribunalde Justia, foi proferido o acrdo recorrido, de9 de Maro de 2000, no qual, para alm de setecerem consideraes sobre a posio do Tri-bunal Constitucional atravs da discor-dncia pelo excesso de garantismo que ela revelae da referncia a uma evidente contradio coma sua fundamentao , se passou a ver como impraticvel a pretendida reformulao.

E o discurso do acrdo este:

Assim, o acrdo recorrido, esclarecido ereforado pelo acrdo aclaratrio, encerra cincodecises distintas, tendo todas determinado arejeio do recurso; a primeira por falta deresumo das razes do pedido genericamente,quanto a cada uma das quatro questes que cons-tituem o objecto do recurso. E todas estas deci-ses a primeira s por si e as restantes con-sideradas em conjunto tm o mesmo pesodecisrio, dirigido rejeio do recurso.

Sendo assim, se o recurso e o pedido de acla-rao se dirigirem apenas a uma ou a algumasdaquelas decises, bvio que ficam restritosquela ou a estas. o que se extrai dos artigos

669., n. 1, alnea a), e 684., n. 2, do Cdigo deProcesso Civil ver, quanto aclarao da de-ciso, Prof. Jos Alberto dos Reis, Cdigo deProcesso Civil Anotado, V, pg. 323, e ainda oartigo 403. do Cdigo de Processo Penal.

Logo, quanto s decises distintas que noforem objecto do pedido de aclarao ou de re-curso, quando no ocorra aquele pedido, verifi-ca-se o respectivo trnsito em julgado, nos termosdefinidos no artigo 677. do Cdigo de ProcessoCivil ver Prof. Jos Alberto dos Reis, ob. evol. cits., pg. 308.

Mais concretamente, para o caso de haverpedido de aclarao, h que ter presente o queaquele mestre diz a respeito da norma semelhan-te do actual artigo 686. do Cdigo de ProcessoCivil (interposio do recurso, quando haja rec-tificao, aclarao ou reforma de sentena):Compreende-se que o prazo para o recurso scomece a correr desde a rectificao do acrdoaclaratrio quando a aclarao versa sobre a deci-so de que se quer recorrer; no faz sentido que oprazo fique suspenso em consequncia de pe-dido de esclarecimento que no respeita ao julga-do contra o qual o recurso dirigido ver obrae volumes citados, pg. 323. Ora, in casu, comose v de fls. 702 a 705, o recorrente limitou-se apedir o esclarecimento do acrdo recorrido ape-nas no que concerne deciso de rejeio do re-curso que se fundou no facto de aquele no terapresentado concluses; tudo nos termos dosartigos 412., n. 1, e 420., n. 1, do Cdigo deProcesso Penal.

Assim, transitaram em julgado todas as res-tantes decises a respeito de cada uma das qua-tro questes que formam o objecto do recursopara este Supremo Tribunal. E aqui inclui-se aquesto da violao do duplo grau de jurisdio--inconstitucionalidade dos artigos 433. e 410.,n.os 2 e 3, do Cdigo de Processo Penal, noobstante o recorrente a ter includo no reque-rimento de interposio do recurso para o Tri-bunal Constitucional e de este recurso ter sidoadmitido por despacho do relator. Com o trn-sito em julgado de tal deciso, a mesma inatacvel artigo 677. do Cdigo de Processo Civil ,sendo totalmente irrelevante o que acerca deladecidiu o Tribunal Constitucional, se bem que,de qualquer modo, a este respeito, aquele Tribu-nal no deu provimento ao recurso.

12 BMJ 499 (2000)Direito Constitucional

De qualquer forma, o recorrente, para alm dareferida questo do duplo grau de jurisdio, ape-nas incluiu no requerimento de interposio dorecurso para o Tribunal Constitucional a ques-to da rejeio do recurso por falta de resumodas razes do pedido, o que teria determinado afalta de apresentao das concluses. Isto porinconstitucionalidade da interpretao feita poreste Supremo Tribunal do artigo 412., n. 1, doCdigo de Processo Penal ver fls. 712 a 714.Logo, assim se confirmaria a inimpugnabilidadedas duas restantes decises, se tal fosse necess-rio, que no , pois os efeitos do julgado, naparte no recorrida, no podem ser prejudicadospela deciso do recurso, conforme dispe o ar-tigo 684. do Cdigo de Processo Civil.

Em suma, por terem transitado em julgado asdecises insertas no acrdo recorrido que se pro-nunciaram sobre as quatro questes que consti-tuam o objecto do recurso para este SupremoTribunal, as mesmas no podem ser alteradas,nomeadamente pelo Tribunal Constitucional,pois isso s possvel nos recursos extraordin-rios de fixao de jurisprudncia e de reviso re-gulados nos artigos 437. a 466. do Cdigo deProcesso Penal (note-se que o recurso s normasdo Cdigo de Processo Civil resulta do artigo 4.do Cdigo de Processo Penal).

Por conseguinte, estando o recurso rejeitadoquanto a todas as referidas questes por moti-vos diferentes do da falta de resumo das razesdo pedido, absolutamente intil a reformulaodo acrdo recorrido de acordo com o juzo deinconstitucionalidade formulado pelo TribunalConstitucional que se prende com aquele ltimomotivo. Logo no se deve praticar tal reformula-o artigo 137. do Cdigo de Processo Civil.

6. verdade que o Ministrio Pblico suscitanas contra-alegaes a questo prvia da mani-festa falta dos pressupostos do recurso inter-posto a fls. 830-834 dos autos, mas tambm facto que tece consideraes sobre o modo decumprimento do juzo de inconstitucionalidadenormativa formulada por este Tribunal, avan-ando at para duas formas desse cumpri-mento.

Cabe comear, pois, por definir o objecto dopresente recurso. E a verdade que, quer quandoinvoca como seu fundamento a alnea b) do n. 1

do artigo 70. da Lei n. 28/82, quer quando fazapelo alnea i) do mesmo n. 1 (que, alis, notem aqui manifesta aplicao, por no estar emcausa nenhuma contrariedade com qualquer con-veno internacional), quer quando sustenta aadmissibilidade de um recurso atpico por in-fraco de caso julgado, o que o recorrente pre-tende, sempre, reagir contra o alegado incum-primento do acrdo n. 43/2000 deste Tribunal.

a essa alegao que se reconduz a invocaode inconstitucionalidade da norma contida noartigo 137. do Cdigo de Processo Civil (cujaaplicao pelo acrdo recorrido no integra, cla-ramente, a sua ratio decidendi, o que sempreobstaria ao julgamento pelo Tribunal Constitu-cional), pois que o recorrente considera que, aoafirmar ser intil a reformulao do acrdo re-corrido, para alm de exceder a sua competnciaao apreciar um pressuposto de recorribilidadepara o Tribunal Constitucional, a utilidade dorecurso de constitucionalidade, o Supremo Tri-bunal de Justia contrariou o julgamento relativoa essa utilidade efectuado no referido acrdon. 43/2000.

E o mesmo se diga da questo que, alis,no foi verdadeiramente colocada no plano daconstitucionalidade, ao menos, nas conclusesdas alegaes aqui apresentadas, o que impediriaem qualquer caso o seu julgamento neste re-curso relativa forma como o Supremo Tri-bunal de Justia aplicou o conjunto normativoformado pelos artigos 677. e 684., n. 4, doCdigo de Processo Civil, igualmente recon-duzida ao desrespeito do acrdo n. 43/2000.

Tudo isto se colhe do eixo da argumentaodo recorrente, ao afirmar, no requerimento deinterposio do recurso de constitucionalidade,que o tribunal a quo contrariou o acrdo doTribunal Constitucional n. 43/2000, proferidoem 26 de Janeiro de 2000, que, pronunciando-sedetalhadamente sobre a questo em causa, en-tendeu ser til a reformulao do acrdo inicial-mente recorrido, tendo dessa forma sido vio-lado o disposto nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 80. daj anteriormente referida Lei n. 28/82, bem comoo princpio da legalidade constante dos artigos2. e 203. da Constituio da Repblica Portu-guesa (A interpretao do tribunal a quo des-respeita regras relativas competncia quanto matria, padecendo do vcio de incompetncia

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absoluta, pois violou o disposto nos artigos25., n. 1, da Lei n. 3/99, de 13 de Janeiro, e210., n. 1, e 221., ambos da Constituio daRepblica Portuguesa outra afirmao con-tida no requerimento).

Tais afirmaes so retomadas pelo recor-rente nas suas alegaes, quando diz (cfr. conclu-ses 1 a 14):

ao Tribunal Constitucional que com-pete proceder apreciao, necessariamentecasustica para averiguar acerca da utilidade ouinutilidade processual do recurso.

Da que a posio do tribunal a quo noacrdo recorrido, entendendo que no h queproceder a qualquer reformulao, uma vez quese trataria de um acto intil, quando anterior-mente havia sido ordenada essa reformulao peloTribunal Constitucional que entendia ter toda autilidade para a deciso acerca do mrito dacausa, envolva a violao do efeito do caso jul-gado que relativamente a essa matria havia sidofixado pelo Tribunal Constitucional ao conside-rar a referida reformulao como til.

Pelo que se no deu cumprimento ao dis-posto do artigo 80., n. 3, do Lei Orgnica doTribunal Constitucional, devendo agora, emdefesa da sua prpria autoridade, impor o Tribu-nal Constitucional que seja dado esse cumpri-mento.

Por outro lado, na resposta questo postapelo Ministrio Pblico, o recorrente sustentaque ter necessariamente de se buscar uma fi-gura atpica, para verificar se foi ou no respei-tada a deciso do Tribunal Constitucional.

Por consequncia, o sentido ltimo e essen-cial da posio do recorrente expressa no reque-rimento de interposio do recurso de constitucio-nalidade e nas alegaes prende-se com a viola-o do caso julgado.

, pois, o eventual incumprimento desteacrdo n. 43/2000 ou seja, a alegada viola-o de caso julgado pelo acrdo recorrido que o Tribunal Constitucional vai conhecer.

7. Ora, o Tribunal Constitucional, no acr-do n. 532/99, em sesso plenria, publicado noDirio da Repblica, II Srie, n. 73, de 27 deMaro de 2000, aceitou que um determinado jul-gamento de no inconstitucionalidade adquiriu

fora de caso julgado dentro do processo, comoexpressamente se afirma no n. 1 do artigo 80. dacitada Lei n. 28/82 e, assim sendo, verifica-seque o acrdo do Supremo Tribunal de Justia,na medida em que volta a recusar a aplicao don. 3 do artigo 90. da Lei Orgnica dos TribunaisJudiciais por inconstitucionalidade, contraria ocaso julgado formado no processo, o que deconhecimento oficioso por este Tribunal (arti-gos 69. da Lei n. 28/82 e 495. do Cdigo deProcesso Civil) (e, em consequncia, depois derecordar que, como se determina expressa-mente no artigo 2. da Lei n. 28/82, as decisesdo Tribunal Constitucional prevalecem sobre asdos outros tribunais, para os quais, alis, soobrigatrias , decidiu-se a revogar o acrdorecorrido e determinar o cumprimento do julga-mento de no inconstitucionalidade).

Por seu turno, acresce que como se deci-diu no acrdo n. 316/85 e se repetiu no acrdon. 269/98 (publicados no Dirio da Repblica,II Srie, de 14 de Abril de 1986 e de 31 de Marode 1998, respectivamente) o Tribunal Cons-titucional o competente para decidir definitiva-mente sobre a sua prpria competncia: desdelogo observou-se no primeiro dos arestos aca-bados de referir ele quem diz (e di-lo defini-tivamente) se as questes que sobem at elepara serem julgadas so ou no questes deconstitucionalidade ou de ilegalidade que se ins-crevam no seu poder jurisdicional (transcriodo acrdo n. 518/98, publicado no Dirio daRepblica, II Srie, n. 261, de 11 de Novembrode 1998).

No poderia, de resto, ser de outro modo,pois sendo o Tribunal Constitucional o rgo outribunal ao qual compete especificamente ad-ministrar a justia em matrias de natureza jur-dico-constitucional (artigo 221. da Constitui-o) competncia que exerce definitivamente,como decorre dos artigos 210., n. 1, e 212, n. 1,da Constituio , s ele pode definir, nos ter-mos da Constituio e da lei, o mbito da suaprpria competncia. E, por isso, no admissvelque qualquer outro tribunal censure ou ponhaem causa os julgamentos feitos por este Tribu-nal, no mbito da sua prpria e especfica com-petncia.

Portanto, na linha do citado acrdo n. 532/99 e da jurisprudncia acabada de referir, e sem

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esquecer que a ofensa de caso julgado de conhe-cimento oficioso [n. 1, alnea i), do artigo 494. eartigo 495. do Cdigo de Processo Civil], pas-sa-se a conhecer se in casu tal ofensa ocorre,independentemente de apurar se se verificam ouno os pressupostos especficos das invocadasalneas b) e i) do n. 1 do artigo 70.

8. E o que h que reconhecer desde j queocorre a ofensa ou violao de caso julgado, nocontexto do presente caso, pois o decidido poreste Tribunal necessariamente teria que cumprir--se com o convite ao recorrente para aperfei-oar a deficincia.

Com efeito, e como ficou transcrito do acrdon. 43/2000 (cfr. ponto 5.5), a utilidade da for-mulao dum convite para sintetizao de con-cluses, para usar a linguagem do MinistrioPblico, um dado adquirido no julgamento con-tido nesse aresto, realando-se que o recurso deconstitucionalidade, a ser provido, realiza a ple-nitude da respectiva finalidade, ao menos quantoa esta questo (nica relevante) do artigo 410.,n. 2, alneas a), b) e c), do Cdigo de ProcessoPenal de 1987, uma vez que o fundamento darejeio foi tambm o da ininteligibilidade dasalegaes.

H, assim, caso julgado no processo quanto questo de constitucionalidade, designadamentequando se ordena a formulao do convite aorecorrente para aperfeioar a deficincia (artigo80., n.os 1 e 2, da Lei n. 28/82).

E o certo que o Supremo Tribunal no orespeitou, pois no convidou o recorrente a apre-sentar novas concluses, a fim de, querendo, cor-rigir o vcio da falta de conciso. Ou seja: adeterminao de, em resultado do parcial provi-mento desse recurso proceder-se reformulao

da deciso recorrida de acordo com tal julga-mento, s desse modo podia ser respeitada, nocaso sub judicio, pelo Supremo Tribunal de Jus-tia. Mas no o foi, pois se concluiu expressa-mente no acrdo de 9 de Maro de 2000 que absolutamente intil a reformulao do acrdorecorrido de acordo com o juzo de inconstitucio-nalidade formulado pelo Tribunal Constitucio-nal que se prende com aquele ltimo motivo (eno aresto acrescentou-se ainda: Logo no se devepraticar tal reformulao artigo 137. do C-digo de Processo Civil).

Consequentemente, a recusa em reformular oacrdo de Novembro de 1998, tal como se haviadeterminado na deciso sumria e mantido noacrdo n. 43/2000, representa, pois, violaoou ofensa de caso julgado.

Com o que tem de proceder o presente re-curso, ficando prejudicado o conhecimento daquesto prvia suscitada pelo Ministrio Pbliconas contra-alegaes.

9. Termos em que, decidindo, concede-se pro-vimento ao recurso e revoga-se o acrdo recor-rido, determinando-se o cumprimento integral dojulgamento constante do acrdo n. 43/2000.

Lisboa, 4 de Julho de 2000.

Guilherme da Fonseca (Relator) AlbertoTavares da Costa Lus Nunes de Almeida Maria Fernanda Palma Maria dos PrazeresPizarro Beleza Jos de Sousa e Brito Ma-ria Helena Brito Vtor Nunes de Almeida Artur Maurcio Paulo Mota Pinto BravoSerra Messias Bento Jos Manuel Car-doso da Costa.

I Foi publicado no Dirio da Repblica, II Srie, n. 259, de 9 de Novembro de 2000,pg. 18 221.

II Na esteira do decidido no acrdo n. 532/99, entende o Tribunal Constitucional emtermos claramente inovatrios que lhe compete apreciar de uma eventual violao do caso julgado,formado na sequncia de um precedente julgamento de inconstitucionalidade, decorrente de no ter otribunal a quo acatado tal julgamento, ao no reformular a deciso recorrida nos termos que deledecorriam. E resulta claramente deste acrdo tal verificao da possvel violao de caso julgadodeve realizar-se independentemente de, face ao meio impugnatrio utilizado pelo reclamante, se

15 Direito ConstitucionalBMJ 499 (2000)

verificarem ou no os pressupostos especficos do (ou dos) recursos de fiscalizao concreta inter-postos pela parte interessada.

III Os acrdos n. 316/85 e n. 518/98, citados no texto, esto publicados neste Boletim,respectivamente, n. 360(S), pg. 863, e n. 479, pg. 190.

(L. R.)

Processo constitucional Suscitao de questo de cons-titucionalidade em alegao oral nus de alegao dorecorrente Impugnao efectiva da deciso recorrida Recurso facultativo do Ministrio Pblico

I Tem de considerar-se suscitada adequadamente uma questo de constitu-cionalidade, em alegao oral, quando nada constando embora da acta sobre talmatria a parte contrria reconhece expressamente a respectiva suscitao.

II O nus de alegar e formular concluses em processo constitucional, bem comoas consequncias do incumprimento ou deficiente cumprimento desse nus, so os pre-vistos na lei de processo civil (artigo 690. do Cdigo de Processo Civil), cabendonecessariamente ao recorrente, na alegao que apresente, impugnar efectivamente adeciso recorrida, expondo as razes por que dela discorda, para serem apreciadas pelotribunal ad quem.

III O Ministrio Pblico apenas est dispensado do nus de alegar nos recursosobrigatrios por fora da lei, pelo que se, em recurso fundado na alnea b) do n. 1 doartigo 70. da Lei n. 28/82, manifestar concordncia com a deciso proferida no tribu-nal a quo, o recurso deve considerar-se deserto por falta de alegaes.

TRIBUNAL CONSTITUCIONALAcrdo n. 349/2000, de 4 de Julho de 2000Processo n. 415/99 1. Seco

ACORDAM na 1. Seco do Tribunal Cons-titucional:1. No Tribunal de Crculo da Covilh, Joo

Bento Raimundo e Lus Manuel Brgida Rogado,devidamente identificados nos autos, foram jul-gados e condenados pela prtica de vrios crimesde ofensas corporais na pena nica de trs anosde priso, o primeiro, e de dois anos de priso, osegundo.

Da deciso interpuseram recurso no s osarguidos mas tambm o Ministrio Pblico, ten-do o Supremo Tribunal de Justia, por acrdode 14 de Janeiro de 1999 decidido: a) declarar a

nulidade das gravaes, por constiturem meiosde prova ilegais e declarar inadmissveis osmeios de prova pessoal que nelas directamentese baseiam e, consequentemente, ordenar que se-jam retiradas do processo as respectivas trans-cries; b) anular todo o processado a partir daacusao, inclusive; c) julgar prejudicado o co-nhecimento das demais questes suscitadas nosrecursos. Tendo sido indeferida a arguio dasnulidades do acrdo final suscitadas pelo Mi-nistrio Pblico, veio este recorrer para o Tribu-nal Constitucional.

O presente recurso de constitucionalidade interposto pelo Ministrio Pblico ao abrigo dodisposto nas alneas b) e i) do n. 1 do artigo 70.

16 BMJ 499 (2000)Direito Constitucional

da Lei do Tribunal Constitucional com funda-mento em que, ao considerar nulas as provasconstitudas pelas gravaes, o tribunal recor-rido interpretou/aplicou as normas dos artigos126., n. 3, e 167. do Cdigo de Processo Penal,179. do Cdigo Penal de 1982 e 199. do CdigoPenal de 1995, em violao do disposto nos arti-gos 32., n. 8, 24., n. 1, 25. e 27., n. 1, daConstituio, mais relevando a entidade recor-rente que essa interpretao e aplicao esttambm em desconformidade com o anterior-mente decidido pelo Tribunal Constitucional noacrdo n. 263/97, de 19 de Maro de 1993,Dirio da Repblica, II Srie, de 1 de Julho de1997 e que a questo foi suscitada em alegaesorais em audincia de julgamento no SupremoTribunal de Justia.

2. Em alegaes no Tribunal Constitucionalsustentou o Ministrio Pblico, em concluso,que:

1 A Constituio da Repblica Portu-guesa, no seu artigo 32., n. 8, bem como o C-digo de Processo Penal, no artigo 126., n. 3,cominam a sano da nulidade para as provasque hajam sido obtidas mediante abusiva intro-misso na vida privada.

2 Devendo ter-se por abusiva tal intromis-so quando efectuada fora dos casos previstosna lei, como foi o caso, e sem interveno judi-cial, que de facto no se verificou, a deciso re-corrida, ao cominar a sano da nulidade, nomerece censura constitucional.

O arguido Brgida Rogado, concordando coma posio assumida pelo Ministrio Pblico nesteTribunal, veio dizer que o acrdo recorrido de-ver ser confirmado.

O arguido Bento Raimundo, em extensas ale-gaes, que termina defendendo que o presenterecurso deve ser rejeitado, no sendo, sequer,admitido apresentou as concluses que se trans-crevem:

I Ao longo de todo o processo, sempre oMinistrio Pblico, nas vrias instncias, defen-deu a constitucionalidade de todas as normas.Mesmo no recurso para o Supremo Tribunal deJustia, o Ministrio Pblico defendeu a consti-tucionalidade das normas que o agora recorrido

atacava de inconstitucionais, se as mesmas fos-sem aplicadas com determinada interpretao.

II O Procurador-Geral da Repblica juntodo Supremo Tribunal de Justia, no seu parecer,no recurso, no alegou a inconstitucionalidade denorma alguma, jamais tendo suscitado qualquerquesto de constitucionalidade.

III O recorrente alegou que o Supremo ti-nha feito uma interpretao e uma aplicao dedeterminadas normas de direito que violava cer-tos artigos da Constituio, mas no escreveuque essas normas, com essa interpretao, com ainterpretao constante no acrdo, eram incons-titucionais.

IV O recorrente identifica como incons-titucional a interpretao dada pelo Supremo,mas no alegou que as normas em causa, comessa interpretao, passavam a ser inconstitu-cionais, sendo, por isso, inconstitucionais, porpermitirem essa interpretao. O recorrente ques-tionou a interpretao do direito feita pelo Su-premo, mas no questionou a constitucionalidadede norma alguma.

V O recorrente, no seu requerimento deinterposio de recurso, no cumpriu o nus deindicar a norma inconstitucional que pretendeque o tribunal aprecie, no cumprindo o previstono artigo 75.-A, n. 1, da Lei n. 28/82, de 15 deNovembro, pelo que deve ser rejeitada a admis-so do recurso, nos termos do artigo 76. da ci-tada lei.

VI O artigo 69. da Lei n. 28/82, de 15 deNovembro, determina que aos recursos para oTribunal Constitucional se aplicam as regrasdo recurso de apelao. Segundo o artigo 690.,n. 1, do Cdigo de Processo Civil, o recorrentedeve apresentar a sua alegao, na qual concluir,de forma sinttica, pela indicao dos fundamen-tos por que pede a alterao ou anulao da deci-so. O recorrente veio concluir que a sano denulidade para as provas obtidas, mediante abu-siva intromisso na vida privada, correcta erespeita o artigo 32., n. 8, da Constituio, peloque conclui que o artigo 126., n. 3, do Cdigo deProcesso Penal constitucional. Mas conclui quedevendo ter-se por abusiva tal intromisso quan-do efectuada fora dos casos previstos na lei, comofoi o caso, e sem interveno judicial, que defacto no se verificou, a deciso recorrida, aocominar a sano da nulidade, no merece cen-

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sura constitucional. Logo o presente recurso estdeserto. No acrdo sujeito a recurso no foiabordada qualquer questo de constitucio-nalidade ou de inconstitucionalidade, que tivessesido suscitada pelas partes. O Tribunal, noacrdo recorrido, limitou-se a aplicar o artigo660. do Cdigo de Processo Civil e, por isso,antes de entrar nas questes de constituciona-lidade, decidiu que no existe uma causa de ex-cluso da ilicitude especfica; decidiu que foi odesejo de obter prova que motivou a realizaodas gravaes e na impossibilidade de serem usa-dos meios de prova ilcitos, pelo que, em cum-primento do previsto no artigo 126., n. 3, doCdigo de Processo Penal, declarou as gravaesnulas.

VIII Nada obrigava o Supremo Tribunal deJustia, neste acrdo, a pronunciar-se sobre aquesto da inconstitucionalidade, dado que, an-tes de entrar nessa matria, este venerando e altoTribunal considerou que a conduta de ngelo deTrancoso era tpica, no havendo qualquer causade excluso da ilicitude, pelo que as provas re-sultantes das gravaes eram nulas, nos termosdo n. 3 do artigo 126. do Cdigo de ProcessoPenal.

IX Logo, de acordo com o artigo 660. doCdigo de Processo Civil, nada obrigava o Su-premo Tribunal de Justia a entrar na abordagemduma matria totalmente desnecessria decisodo recurso que estava em causa, uma vez queexistem razes legais para fundamentar a deci-so, sem necessidade de ponderar o tema dainconstitucionalidade.

X Sendo assim, o presente recurso nuncapode ser nem admitido, nem decidido, por-quanto, no acrdo recorrido, no foi apreciadaqualquer questo de constitucionalidade ou deinconstitucionalidade da qual o Tribunal Consti-tucional possa ou deva conhecer.

XI O nosso sistema de recurso constitu-cional um recurso de inconstitucionalidade denorma e no de deciso. Uma eventual decisodum tribunal materialmente inconstitucional no recorrvel para o Tribunal Constitucional. S recorrvel a aplicao duma norma que sejainconstitucional ou a recusa de aplicar a mesma,por inconstitucionalidade.

XII O recorrente rebelou-se contra a deci-so concreta do Supremo e contra o modo como

as normas foram aplicadas, mas isso uma reali-dade completamente diferente, que no pass-vel de censura por parte deste venerando Tribunal.

XIII Caso o Tribunal Constitucional entrena apreciao da matria de fundo do recurso, oque no ser legal, ento d-se aqui por reprodu-zido todo o contedo dos pareceres j juntos aosautos e das anteriores alegaes do agora recor-rido, os quais considera por transcritos para to-dos os efeitos legais, no seu contedo integral,incluindo as concluses.

Tendo sido suscitado por este recorrido o noconhecimento do recurso, foi notificado o Mi-nistrio Pblico para responder, o que fez, con-cluindo no sentido da improcedncia da alegadafalta de pressupostos de admissibilidade do re-curso; nada disse, porm, quanto invocada de-sero do recurso.

Corridos que foram os vistos legais, cumpreapreciar e decidir.

3. O presente recurso de constitucionalidade interposto pelo Ministrio Pblico que, no seurequerimento de interposio, refere o seguinte:

[v]em interpor recurso para o Tribunal Cons-titucional do acrdo de fls. 7099 e seguintes(complementado pelo acrdo de fls. 7193 e se-guintes) ao abrigo do disposto nas alneas b) e i)do artigo 70. da Lei do Tribunal Constitucional,uma vez que o mesmo, ao considerar nulas asprovas constitudas pelas gravaes, interpre-tou/aplicou as normas dos artigos 126., n. 3, e167. do Cdigo de Processo Penal, 179. doCdigo Penal de 1982 e 199. do Cdigo Penal de1995, em violao do disposto nos artigos 32.,n. 8, 24., n. 1, 25. e 27., n. 1, da Constitui-o.

No mesmo requerimento se refere que a ques-to de constitucionalidade foi levantada nas ale-gaes orais na audincia de julgamento doSupremo Tribunal de Justia.

Porm, analisadas as actas da audincia de jul-gamento nada consta das mesmas relativamentea tal arguio de inconstitucionalidade.

4. O recorrido Joo Bento Raimundo susci-tou nas suas alegaes, como se disse, a questoprvia da falta de pressupostos de admis-

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sibilidade do recurso e, bem assim, a da deserodo recurso interposto, em termos que importa,antes de mais, considerar.

Vejamos.De acordo com a deciso recorrida, esta resol-

veu declarar a nulidade das gravaes, por cons-titurem meios de prova ilegais e declarar inad-missveis os meios de prova pessoal que nelas sebaseiam e, em consequncia, ordenar que sejamretiradas do processo as respectivas transcri-es, anulando todo o processado a pa