Índice de sustentabilidade empresarial da bm&fbovespa: anÁlise comparativa da ... ·...

17
ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA PERFORMANCE SOCIOAMBIETAL Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade Anna Cleide Cardoso Alves [email protected] Ana Carolina Vasconcelos Colares [email protected] Patrícia Mattar [email protected] Resumo: Tendo em vista a sustentabilidade e sua importância na gestão empresarial, a presente pesquisa visa analisar se as empresas do setor de energia elétrica, participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), possuem melhor evidenciação e indicadores socioambientais do que as empresas não participantes. A presente pesquisa se caracteriza como descritiva, quanto aos procedimentos utiliza a pesquisa bibliográfica e em relação à abordagem classifica-se como quantitativa. Foram analisados os Passivos Ambientais e os Indicadores socioambientais de 22 empresas. Com vista a atender os objetivos, foram excluídas 7 empresas que não divulgaram o Balanço Social (modelo Ibase). Dessas empresas, 6 participam do ISE, e apenas 3 possuem Passivos Ambientais no Balanço Patrimonial. Observou-se por meio de análise horizontal, que os valores monetários dos Passivos Ambientais não sofreram alterações significativas de 2012 para 2013 e, que as Notas Explicativas, de forma geral, evidenciam apenas obrigações ambientais (licenças e recuperação de danos). As empresas participantes do ISE apresentaram maiores índices socioambientais, no entanto, ao aplicar o teste estatístico T-Student, as médias não apresentaram diferenças significativas. De maneira geral, a falta de divulgação dos Passivos Ambientais e do Balanço Social exigido pela ANEEL, reduziu a analise da pesquisa, não sendo possível generalizar as ações socioambientas da amostra estudada. Palavras-chaves: Balanço Social, Índice de Sustentabilidade Empresarial, Gestão Ambiental, Indicadores Socioambientais. . ISSN 1984-9354

Upload: hakhanh

Post on 09-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA

BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA PERFORMANCE SOCIOAMBIETAL

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Anna Cleide Cardoso Alves

[email protected]

Ana Carolina Vasconcelos Colares

[email protected]

Patrícia Mattar

[email protected]

Resumo: Tendo em vista a sustentabilidade e sua importância na gestão empresarial, a presente pesquisa visa

analisar se as empresas do setor de energia elétrica, participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),

possuem melhor evidenciação e indicadores socioambientais do que as empresas não participantes. A presente

pesquisa se caracteriza como descritiva, quanto aos procedimentos utiliza a pesquisa bibliográfica e em relação à

abordagem classifica-se como quantitativa. Foram analisados os Passivos Ambientais e os Indicadores

socioambientais de 22 empresas. Com vista a atender os objetivos, foram excluídas 7 empresas que não divulgaram o

Balanço Social (modelo Ibase). Dessas empresas, 6 participam do ISE, e apenas 3 possuem Passivos Ambientais no

Balanço Patrimonial. Observou-se por meio de análise horizontal, que os valores monetários dos Passivos Ambientais

não sofreram alterações significativas de 2012 para 2013 e, que as Notas Explicativas, de forma geral, evidenciam

apenas obrigações ambientais (licenças e recuperação de danos). As empresas participantes do ISE apresentaram

maiores índices socioambientais, no entanto, ao aplicar o teste estatístico T-Student, as médias não apresentaram

diferenças significativas. De maneira geral, a falta de divulgação dos Passivos Ambientais e do Balanço Social exigido

pela ANEEL, reduziu a analise da pesquisa, não sendo possível generalizar as ações socioambientas da amostra

estudada.

Palavras-chaves: Balanço Social, Índice de Sustentabilidade Empresarial, Gestão Ambiental,

Indicadores Socioambientais.

.

ISSN 1984-9354

Page 2: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

2

1. INTRODUÇÃO

A relação humana com o meio ambiente torna-se cada vez mais discutida nos meios sociais e

econômicos, propondo questões que venham salientar a qualidade de vida e seus impactos no

patrimônio ambiental. Diante disso, as organizações têm considerando a variável ambiental como uma

importante ferramenta na gestão de seus negócios, tornando-se um diferencial competitivo, gerando

uma relação de interdependência entre o setor econômico e ambiental.

Para Seiffert (2011) a sustentabilidade desafia e pressiona as empresas a levarem em

consideração os impactos ambientais dos processos e materiais utilizados na produção, bem como os

reflexos sociais de seus produtos. Ainda, Tinoco (2010) ressalta que uma empresa sustentável tem que

se preocupar com as esferas sociais e ambientais, por meio do comportamento ético dos seus diretores

através de propostas que foquem a sustentabilidade e sua relação entre os negócios e a natureza.

Para verificar a participação das empresas no processo de gestão com viés sustentável, o Brasil,

dentre outros países, dispõe de uma ferramenta para análise da sustentabilidade corporativa das

empresas listadas na BM&FBOVESPA, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que baseia-se

em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.

(BM&FBOVESPA, 2014).

No entanto, para a maioria das entidades brasileiras, o Balanço Social ainda é o principal meio

de divulgação das informações sócios ambientais, haja vista que as informações contidas vão além da

gestão financeira e conseguem atingir a evidenciação almejada pelos stakeholders. (COLARES et al.,

2012). Para Tinoco e Kraemer (2011, p.63), o Balanço Social é visto como um “instrumento de gestão

e de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações contábeis,

econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários”.

Neste contexto, muitas pesquisas têm sido realizadas no âmbito sustentável das organizações na

busca de identificar qual o grau de comprometimento das empresas para com a sociedade. Para isso, a

Contabilidade tem se tornado um importante instrumento na geração de informações que visa atender

“os usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, subsidiando o processo de

tomada de decisão, além das obrigações com a sociedade no que tange à responsabilidade social e à

questão ambiental”. (TINOCO e KRAEMER, 2011, p. 16).

A presente pesquisa propõe verificar se existe diferenciação na performance socioambiental das

empresas do setor de energia elétrica participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da

BM&FBovespa comparativamente com empresas não participantes desse índice, a partir das

informações contidas no Passivo Ambiental e no Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises

Sociais e Econômicas (IBASE). Para alcance desse objetivo, foram estabelecidos os seguintes

objetivos específicos: a) analisar se as empresas do setor de energia elétrica participantes do ISE têm

Passivo Ambiental inferior ao das empresas não participantes desse índice, bem como a representação

desse Passivo no Patrimônio Líquido; b) verificar qual o teor das informações qualitativas divulgadas

sobre os Passivos Ambientais das empresas do setor de energia elétrica participantes do ISE; e c)

investigar se as empresas do setor de energia elétrica participantes do ISE têm melhores resultados nos

Page 3: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

3

indicadores socioambientais do Balanço Social comparativamente com as empresas não participantes

desse índice.

Essa pesquisa torna-se relevante, pois permite verificar se as empresas do setor de energia

elétrica têm buscado pelo desenvolvimento sustentável através dos índices e demonstrativos estudados,

no que tange a eficiência ambiental, justiça social e desenvolvimento econômico. Para a área contábil

o trabalho apresentado justifica-se pelo reconhecimento da Contabilidade Ambiental, em nível de

evidenciação das informações, sendo uma contribuição positiva na área de proteção ambiental,

gerando dados econômicos e financeiros das interações das empresas com o meio ambiente, sendo

relevantes para tomada de decisões e a realização de avaliações regulares das políticas ambientais. E

por último, esse trabalho tem o intuito de incentivar pesquisas relacionados à área ambiental, que vem

sendo impulsionada pela sua importância, tanto pelos órgãos governamentais e pela economia.

2. REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo busca fundamentar por meio de uma base teórica os objetivos propostos nesta

pesquisa, abordando os seguintes pontos: Gestão ambiental, Sustentabilidade Empresarial, Balanço

Social, Passivo Ambiental e Indicadores Socioambientais.

2.1 Gestão ambiental

A Gestão ambiental surgiu com a necessidade dos seres humanos continuarem interagindo com

o meio ambiente, tentando criar formas organizadas para o uso dos recursos ambientais frente as

atividades humanas (SEIFFERT, 2011). Tinoco (2010) completa que, a Gestão ambiental é o controle

apropriado do meio ambiente a fim de propiciar o seu uso com a redução de abusos, de maneira que as

comunidades biológicas se mantenham para a continuidade do benefício humano.

Nesse sentido define-se que a “gestão ambiental consiste na administração do uso dos recursos

ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e

jurídicos com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos e desenvolvimento social”.

(CAMPOS apud Tinoco, 2010 p.127)

Notadamente, de acordo com as definições dos autores, entende-se que a Gestão ambiental é a

forma organizada e racional da interação dos seres humanos com o meio ambiente, a fim de

proporcionar um equilíbrio entre as ações humanas e o bem estar do meio ambiente. De acordo Seiffert

(2011, p.8), o significado de Gestão ambiental pode ser segregado da seguinte forma:

1.política ambiental: o conjunto consistente de princípios doutrinários que conformam as aspirações

sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle,

proteção e conservação do ambiente;

2.planejamento ambiental: o estudo prospectivo que visa a adequação do uso, controle e proteção do

ambiente às aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma

política ambiental, através da coordenação, compatibilização, articulação e implantação de projetos de

intervenções estruturais e não estruturais;

3.gerenciamento ambiental: o conjunto de ações destinado a regular o uso, controle, proteção e

conservação do meio ambiente, e a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios

doutrinários estabelecidos pela política ambiental. (SEIFFERT, 2011, p. 8).

Perfazendo o significado da gestão ambiental, a Contabilidade torna-se uma importante

ferramenta no processo de gestão ambiental, uma vez que seu objetivo é o fornecimento de

informações uteis para a tomada de decisões dos seus usuários, realizada de forma integrada com as

demais áreas de uma entidade, pode informar com eficácia sobre a contribuição das empresas ao

desenvolvimento sustentável através do registro, mensuração e evidenciação das informações de cunho

Page 4: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

4

ambiental, seja no curto ou longo prazo (VELLANI, 2011). Diante disso, a Contabilidade contribui

para a geração de diversos benefícios no processo de gestão ambiental, conforme Quadro 1.

Quadro 1 - Benefícios da gestão ambiental Benefícios Econômicos

Economia de Custos

Redução do consumo de água, energia e outros insumos.

Reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos, e diminuição de efluentes.

Redução de multas e penalidades por poluição.

Incremento de Receita

Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos.

Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência.

Linha de novos produtos para novos mercados.

Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.

Benefícios Estratégicos

Melhoria da imagem institucional.

Renovação da carteira de produtos.

Aumento da produtividade.

Alto comprometimento do pessoal.

Melhoria nas relações de trabalho.

Melhoria da criatividade para novos desafios.

Melhorias das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas.

Acesso assegurado ao mercado externo.

Melhor adequação aos padrões ambientais.

Fonte: Adaptado de Tinoco (2010, p. 131)

Portanto, para que seja possível continuar a usufruir dos recursos existentes sem comprometer

as gerações futuras, faz-se necessário, cada vez mais, o papel da gestão ambiental, não somente com

objetivo de sanar ou reduzir problemas com inadimplências legais ou riscos ambientais, mas, também,

adicionar valor às empresas através do comprometimento ético com a sociedade e o meio ambiente.

2.3 Sustentabilidade Empresarial Para Varela, Costa e Dolabela (1999), algumas importantes transformações que tiveram

influência no contexto econômico, social e político foram a expansão do comércio internacional

através do crescimento das corporações transacionais e o desenvolvimento de escala dos meios de

comunicação e do transporte, ocasionando, assim, o fenômeno da globalização. Com isso, a integração

desses fatores, levou o homem a buscar uma conscientização das diferenças econômicas e sociais entre

os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, o que desencadeou o questionamento dos valores

presentes nas organizações das diversas sociedades.

Com isso, as empresas se tornaram “sistemas abertos e estão em constante interação com o

meio que as cerca, mantendo um conjunto de relações que envolvem demandas e contribuições com

vários elementos que compõem o seu ambiente, chamados de parceiros.” (VARELA, COSTA E

DOLABELA, 1999, p.29).

Quadro 2 - Relação das empresas com os parceiros

PARCEIROS CONTRIBUIÇOES DEMANDAS BÁSICAS

Acionistas - capital - lucro e dividendos

- prevenção do Patrimônio

Empregados

- mão-de-obra

-criatividade

- ideias

- salários justos

- segurança no emprego

- realização pessoal

- condições de trabalho

Page 5: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

5

Fornecedores - mercadorias - respeito aos contratos

- negociação legal

Clientes - dinheiro

- segurança e boa qualidade dos produtos

- preço acessível

- propaganda honesta

Concorrentes - competição

- referencial de mercado - lealdade na concorrência

Governo

- suporte institucional

- suporte jurídico

- suporte político

- obediência às leis

- pagamento de tributos

Grupo e movimentos - aportes socioculturais diversos

- proteção ambiental

- respeito aos direitos de minorias

- respeito aos acordos salariais, etc.

Comunidade - infraestrutura

- respeito ao interesse comunitário

- contribuição à melhoria da qualidade de vida na comunidade

- conservação dos recursos naturais

Fonte: Adaptado de Varela, Costa E Dolabella (1999, p. 29)

Visto que as empresas representam um conjunto de elementos inter-relacionados, que pode

influenciar, tanto no seu funcionamento, como atingir a sociedade, é de grande importância o papel da

sustentabilidade que venha garantir o desenvolvimento econômico, social e a preservação ambiental

concomitantemente com o objetivo do negócio, o lucro. (VELLANI, 2011).

Nesse sentido, Barbieri (2004, p.141), cita que responsabilidade social é definida como “uma

forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torne parceira e corresponsável pelo

desenvolvimento social”. Ainda, Varela, Costa e Dolabela (1999) conceituam a responsabilidade social

como a forma de tomar decisões baseadas na justiça e no equilíbrio dos interesses dos acionistas com

os interesses dos clientes, dos fornecedores, dos trabalhadores e da sociedade de forma geral.

Em sentido mais amplo, Ruscheinsky citado por Colares et al. (2012, p. 86) define a

sustentabilidade como um conjunto de “[...] medidas que visam manter a capacidade de reposição de

uma população seja ela de espécie animal ou vegetal, ou sejam, a medida em que os recursos naturais

podem ser extraídos, a longo prazo, sem que o patrimônio natural se esgote”. Esse conjunto de

medidas pode ser abordado em cinco dimensões do desenvolvimento sustentável, segundo SACHS

citado por TINOCO (2010, p. 12 -13): A sustentabilidade social – que se entende como criação de um processo de

desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na distribuição de

renda e bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e pobres.

A sustentabilidade econômica – que se deve ser alcançada através do gerenciamento e

alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos

e privados.

A sustentabilidade ecológica – que pode ser alcançada através do aumento da

capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e

de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de

resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem.

A sustentabilidade espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração

rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos

humanos e das atividades econômicas.

A sustentabilidade cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de processos de

modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções

específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. (SACHS APUD TINOCO,

2010, p. 12 -13.)

De forma geral, pode se afirmar que a responsabilidade social pode ser obtida a partir de ações que

permeiam três grandes áreas: econômica, social e ambiental. Com isso, as empresas têm um forte papel

Page 6: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

6

na sociedade enquanto garantidoras da sustentabilidade, uma vez que suas atividades estão ligadas

diretamente com todas as áreas da sociedade.

2.3 Balanço Social Dentre outras maneiras, as empresas utilizam como forma de evidenciar seu papel sustentável o

Balanço Social que “surgiu com a crescente demanda, por parte da sociedade, de informações a

respeito dos impactos que as atividades empresariais exercem sobre os trabalhadores, a sociedade, a

comunidade e o meio ambiente” (TENÓRIO E NASCIMENTO, 2006, p. 37).

O Balanço Social pode ser definido como uma ferramenta de gestão e informação que visa

evidenciar, de forma mais transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e

sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferentes usuários (TINOCO e KRAEMER, 2011).

Para Santolin e Frey (2005), o Balanço Social pode ter diversos objetivos, levando em

consideração o envolvimento das empresas com a área social, como por exemplo: o diálogo – inteirar-

se com o ambiente interno e externo por meio da comunicação; as relações públicas das organizações -

retratar o todo e não apenas as partes, de forma que vire uma publicidade positiva na divulgação dos

resultados efetivos da empresa no âmbito social e ambiental; e, a gestão social - planejamento e o

controle da gestão social da empresa a fim de promover o bem estar e a harmonia constante no

ambiente interno.

Sendo o Balanço Social o demonstrativo financeiro capaz de fornecer informações no que tange o

compromisso sustentável das organizações para com a sociedade. As empresas concessionárias e

permissionárias do serviço público de energia elétrica, para atender as exigências da Agência Nacional

de Energia Elétrica (ANEEL), por meio Resolução ANEEL nº 444 que Institui o Manual de

Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica, que dentre outras questões, deverão utilizar o

modelo de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) para

evidenciação de informações socioambientais.

O Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase, surgiu de

uma necessidade de modelos adequados ao contexto socioeconômico do país. A partir desta

ideia, o Ibase começou, junto com outras ONGs, a disseminar a importância da transparência

nas ações das empresas, além de cobrar que as grandes corporações prestassem contas das suas

atividades, incluindo os impactos causados ao meio ambiente e na sociedade de uma forma

geral (CASTRO e FILHO, 2011, p.44)

De forma geral, mesmo com alguns pontos a melhorar, o Balanço Social proposto pelo Manual

de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica deverá ser observado no que tange as

informações socioambientais, utilizado como instrumento de avaliação da responsabilidade social das

empresas fornecedoras de energia elétrica do país.

Por fim, o Balanço Social tem como função demonstrar as informações de cunho social,

ambiental e econômico, no que tange o comprometimento da entidade com a sociedade, apresentando

uma postura responsável na avaliação correta de seus negócios perante seus usuários na tomada de

decisões.

2.4 Passivo Ambiental Além do Balanço Social, o Passivo Ambiental é uma outra forma das empresas evidenciar

envolvimentos com a área ambiental, destacado no Balanço Patrimonial. Segundo Seiffert (2011), o

Passivo Ambiental pode ser definido como o conjunto de todas as obrigações que as empresas têm

com a natureza e com a sociedade e, dentre outras informações, promover investimentos em benefícios

ao meio ambiente.

Ainda, de acordo com Vellani, o Passivo Ambiental “pode fornecer informações sobre o valor

dos esforços das empresas em direção à eco eficiência do negócio” (VELLANI, 2008, p.381). No

mesmo sentido, Hendricksen e Van Breda, definem Passivos Ambientais como “prováveis sacrifícios

Page 7: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

7

futuros de benefícios econômicos resultantes das obrigações presentes”. (HENDRICKSEN E VAN

BREDA apud BUFONI E CARVALHO, 2009, p.16-22)

Em sentido mais restrito, Vilela Júnior e Demajorovic (2006) cita que os Passivos Ambientais são: [...]o valor monetário necessário para custear a reparação do acúmulo de danos ambientais

causados por um empreendimento ao longo de sua operação. Todavia, o termo tem sido

empregado, com frequência, para conotar, de forma mais ampla, não apenas o custo monetário,

mas a totalidade dos custos decorrentes do acúmulo de danos ambientais, incluindo os custos

financeiros, econômicos e sociais. (VILELA JÚNIOR E DEMAJOROVIC, 2006, p.250).

No entanto, conforme afirma Vellani (2008), muitas empresas possuem Passivos Ambientais

que não são identificados no Balanço Patrimonial, provocando grande prejuízo aos demais envolvidos,

não sendo subsidiados para uma justa e real avaliação da situação da empresa, comprometendo seus

investimentos na realização de negócios.

De maneira geral, as informações contidas no Passivo Ambiental relatam os esforços em valores

monetários que as empresas fazem rumo à sustentabilidade empresarial. Para isso, o Conselho Federal

de Contabilidade do Brasil por meio da Resolução CFC nº 1.003/04, aprovou a NBC T 15, que

estabelece procedimentos de evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o

objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade (CFC, 2014).

Para Vellani (2008), tendo em vista que qualquer atividade econômica pode causar algum impacto nos

ecossistemas que estejam ligados ao negócio da empresa, tais regras evidenciam a variável ecológica

nos demonstrativos contábeis obrigatórios.

Bufoni e Carvalho (2009, p.16-22) apontam que para a existência de um Passivo denotam-se quatro

condições que são essenciais e fazem parte de sua natureza: “[...] (1) a entrega de ativos, (2) alguma

restrição de liberdade, (3) evento passado e (4) estimativa razoável de valor.”

Em geral, o reconhecimento do Passivo Ambiental deve ocorrer quando existe a obrigação por parte da

empresa que incorreu em um custo ambiental, mesmo que ainda não haja uma cobrança formal, e que

atenda ao critério do reconhecimento com uma obrigação, e, ainda, no caso de houver impossibilidade

de mensuração, deverá ser inserido em Notas Explicativas (TINOCO e KRAMER, 2011 e BERTOLI e

RIBEIRO, 2006).

O Passivo Ambiental, não só abrange às sanções por degradação ambiental, mas, também, diz respeito

as medidas empresariais preventivas de danos ambientais, pois têm reflexos econômico-financeiros,

comprometendo tanto o presente quanto o futuro da empresa, podendo ser exemplificado nas situações

em que a empresa tem de assumir a responsabilidade pelas consequências das atividades operacionais

(BERTOLI E RIBEIRO, 2006).

Pode-se afirmar, de maneira geral, que o Passivo Ambiental é uma obrigação que deve ser

reconhecida, mensurada e que tem relação das empresas com os danos ambientais causados pela

atividade, e também toda obrigação contraída destinada a aplicação em ações de controle, preservação

e recuperação do meio ambiente.

Complementando, Tinoco (2010) discorre que o Relatório da Administração e as Notas

Explicativas também podem ser usados para divulgação de informações ambientais, conforme Quadro

3.

Quadro 3: Relatório da Administração e Notas Explicativas RELATORIO ADMINISTRAÇÃO NOTAS EXPLICATIVAS

a) As classes de questões ambientais que se

aplicam à empresa e seu ramo de atividades;

b) As medidas e programas formalmente

estabelecidos pela empresa em relação com

as medidas de proteção ao meio ambiente;

a) Ao reflexo nas operações do montante

relacionado com as medidas ambientais;

b) À origem de financiamento e à política de

amortização;

Page 8: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

8

c) As melhorias introduzidas em grau de

importância desde que se adotaram as

medidas nos últimos anos;

d) As metas em matéria de emissão de

poluentes que a empresa tem fixado e o

resultado alcançado;

e) O resultado da empresa nas medidas de

proteção do meio ambiente por imposição

legal;

f) Os efeitos financeiros e operacionais das

medidas de proteção ao meio ambiente sobre

os gastos de capital no atual exercício e a

previsão em exercícios futuros.

c) À consignação dos passivos;

d) À criação de provisões e de reservas para

atender casos de acidentes ecológicos;

e) Á divulgação da informação sobre passivos

eventuais;

f) Ao critério aplicado às subvenções oficiais

Fonte: Adaptado de Tinoco (2010, p. 135-136)

Muitas são as formas de evidenciar a posição da entidade mediante os impactos ambientais e sociais

causados por suas atividades, e para que seja possível avaliar sua situação patrimonial e financeira, faz

se necessário o uso de indicadores capazes de auxiliar no processo de gestão.

2.5 Indicadores Socioambientais

A partir de alguns demonstrativos e relatórios financeiros, é possível determinar vários indicadores que

irão avaliar a entidade em seus aspectos econômicos, sociais e ambientais, permitindo aos investidores

avaliaram a empresa sob seu aspecto sustentável.

Tenório e Nascimento (2006) definem indicadores de responsabilidade social como sistemas de

avaliação que permitem às empresas verificar o seu nível de envolvimento com questões sociais, isto é,

além de exercer função auxiliar na gestão, os indicadores possibilitam a comunicação transparente da

empresa com os diversos agentes, fazendo com que reforcem seu compromisso com a ética nos

negócios e a melhoria na qualidade de vida de sociedade.

Nesse sentido, Tinoco e Kraemer (2010) destaca que evidenciar é divulgar informações do

desempenho econômico, financeiro, social e ambiental das entidades aos parceiros sociais, os

stakeholders, e, para isso, os demonstrativos financeiros e outras informações de evidenciação não

devem ser enganosos. Ainda, os autores, afirmam que a utilização de indicadores de desempenho e a

dispersão de indicadores de eco eficiência são medidas necessárias para conferir transparências aos

negócios da empresa, fundamentando a tomada de decisões nos diversos níveis e áreas (TINOCO e

KRAEMER, 2011).

No Brasil utiliza-se, dentre outros indicadores, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

da Bolsa de Valores (BM&FBOVESPA), que pode ser entendido como “uma ferramenta para análise

comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o aspecto da

sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e

governança corporativa.” (BM&FBOVESPA, 2014).

Para Lins e Silva (2009), O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) tem como visão

destacar as empresas, em consequência da valorização das suas ações, uma vez que o ISE, pela

avaliação da BM&FBovespa, apresenta os melhores desempenhos no que se refere nos termos de

responsabilidade social e sustentabilidade financeira e ambiental.

Também, Borges e Ensslin (2010), ressaltam que o ISE pode servir como uma referência para

indicar quais ações, dentro da BM&FBovespa, podem ser mais seguras considerando a longo prazo,

uma vez que essas empresas seguem os critérios de sustentabilidade empresarial, representando menor

risco de investimento.

As empresas, não somente contam com o ISE para avaliação de suas práticas sustentáveis, são

utilizados diversos indicadores de desempenho ambiental. No âmbito ambiental, Tinoco e Kraemer

(2011) citam que existem três combinações de possíveis pares de indicadores que podem ser usados

Page 9: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

9

para descrever o desempenho ambiental: indicador ecológico com indicador ecológico (resíduo

produzido/recurso utilizado), indicador financeiro com indicador ecológico (emissão de dióxido de

carbono –CO2/unidade de produto produzido) e indicador financeiro com indicador financeiro

(Passivo Ambiental/patrimônio líquido).

Ainda, no Balanço Social do modelo IBASE é possível obter alguns indicadores, dentre eles:

Indicadores Sociais Externos - educação, cultura, saúde e saneamento, esporte, combate à fome e

segurança alimentar e outros; Indicadores Sociais Internos - alimentação, encargos sociais

compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e medicina no trabalho, educação, cultura,

capacitação e desenvolvimento profissional, creche ou auxílio-creche, participação nos lucros ou

resultados e outros e Indicadores Ambientais - investimentos relacionados com a produção/ operação

da empresa e investimentos em programas e/ou projetos externos (CASTRO e FILHO, 2011).

Os indicadores, portanto, são importantes instrumentos que auxiliam diretamente a avaliação

patrimonial e financeira de uma entidade, perfazendo uma análise sob aspectos econômicos, sociais e

ambientais, que dentre outros objetivos, pode verificar a eficácia do negócio no que tange o uso dos

recursos naturais em suas atividades, atribuindo valor perante a sociedade.

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo aborda a classificação deste estudo no que se refere ao tipo de pesquisa, os meios

utilizados para seleção da amostra e da coleta de dados, bem como os instrumentos utilizados e a

maneira que serão abordadas as informações coletadas para esse estudo.

3.1 Tipo de pesquisa O tipo de pesquisa é definido de acordo com fins e os meios que serão utilizados na elaboração

da pesquisa. A presente pesquisa é caracterizada como descritiva, por “[...] descrever, narrar,

classificar características de uma situação e estabelece conexões entre a base teórico-conceitual

existente ou de outros trabalhos já realizados sobre o assunto” (CHAROUX, 2006, p. 39). Quantos aos

procedimentos, esse estudo utiliza a pesquisa bibliográfica “quando é feita com intuito de recolher

informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta ou acerca

de uma hipótese que se quer experimentar.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 66). E por último, a

pesquisa tem abordagem quantitativa por organizar, caracterizar e interpretar os dados numéricos

coletados, sendo tratados através de métodos e técnicas estatísticas (MARTINS e THEOPHILO,

2009).

3.2. Universo e amostra de estudo A amostra de empresas desta pesquisa se baseou no setor de energia elétrica, considerando a

Resolução ANEEL nº 444 que Institui o Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia

Elétrica que dentre outras questões, define a utilização do modelo de Balanço Social do Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) para evidenciação de informações

socioambientais. Utilizou-se critério de diferenciação que foi a participação ou não da empresa no

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), disponível no site da BM&FBovespa, chegando em 22

empresas, sendo 11 participantes do ISE e 11 não participantes. Para realizar outros objetivos o

número de empresas foi reduzido para 15, por não apresentar o Balanço Social, conforme modelo do

IBASE.

3.3 Instrumentos de coleta de dados Os dados desta pesquisa foram coletados nos relatórios das Demonstrações Financeiras Anuais

Completas de 2013, disponíveis no site da Comissão de Valores Imobiliários (CVM).

Page 10: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

10

Optou-se por buscar a evidenciação do Passivo Ambiental no Balanço Patrimonial, bem como sua

caracterização por meio das Notas Explicativas. No Balanço Social, conforme modelo do IBASE,

foram coletados os valores representativos da Receita Líquida, dos Indicadores Sociais Internos e

Externos, e Ambientais.

Os valores do Passivo Ambiental foram analisados através da análise horizontal para os anos de

2013 e 2012, a fim de verificar se houve aumento ou redução em valores absolutos e, também,

utilizou-se um indicador financeiro para verificar a representação desse Passivo no Patrimônio

Líquido. Já, as informações qualitativas foram retiradas das Notas Explicativas referentes aos

exercícios de 2013 e 2012.

Em relação a análise dos indicadores socioambientais foram utilizados procedimentos

estatísticos descritivos, comparando seus percentuais em relação a Receita Líquida e, a partir disso,

analisar se as empresas participantes do ISE têm maior ou menor representação de seus indicadores. E,

por último, utilizou-se de testes estatísticos para verificar se há diferenças significativas entre as

médias dos indicadores das empresas participantes do ISE em relação as que não são participantes.

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Nesse capítulo são apresentados os resultados obtidos a partir da amostra estudada. Para isso,

utilizou-se como ferramenta de análise estatística o software Excel 2013, tanto para análises descritivas

quanto na aplicação de testes estatísticos de diferença de média.

4.1. Caracterização da Amostra A amostra é composta por 22 empresas do Setor de Energia Elétrica que divulgaram seus

relatórios das Demonstrações Financeiras Anuais Completas de 2013 na Comissão de Valores

Imobiliários (CVM). Também, foram coletadas informações da BM&FBovespa em relação a

participação dessas empresas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

Quadro 4 – Amostra da pesquisa

EMPRESA SETOR ISE EMPRESA SETOR ISE

CESP ELÉTRICO SIM ESCELSA ELÉTRICO NÃO

CEMIG ELÉTRICO SIM NEOENERGIA ELÉTRICO NÃO

COELCE ELÉTRICO SIM CELESC ELÉTRICO NÃO

CPFL ENERGIA ELÉTRICO SIM CELPA ELÉTRICO NÃO

COPEL ELÉTRICO SIM CELPE ELÉTRICO NÃO

ELETROBRAS ELÉTRICO SIM CEMAR ELÉTRICO NÃO

ELETROPAULO ELÉTRICO SIM CEMAT ELÉTRICO NÃO

ENERGIAS BR ELÉTRICO SIM COELBA ELÉTRICO NÃO

AES TIETE ELÉTRICO SIM COSERN ELÉTRICO NÃO

LIGHT S/A ELÉTRICO SIM AMPLA ELÉTRICO NÃO

TRACTEBEL ELÉTRICO SIM ELEKTRO ELÉTRICO NÃO

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Observa-se no Quadro X que, da amostra total, 11 empresas são participantes do ISE e 11 não

são participantes.

4.2. Análise horizontal do Passivo Ambiental De acordo com os objetivos propostos, foi possível identificar se as empresas da amostra

participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa têm Passivo Ambiental

Page 11: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

11

inferior ao das empresas não participantes desse índice. Para tanto, foram analisados os seguintes

relatórios financeiros: Balanço Patrimonial, dos exercícios 2013 e 2012.

Tabela 1: Análise Horizontal – Passivo Ambiental (R$ em milhares)

EMPRESA ISE

Passivo

Ambiental

2013

Passivo

Ambiental

2012

Variação

%

Passivo

Ambiental/

Patrimônio

Líquido 2013

Passivo

Ambiental/

Patrimônio

Líquido 2012

CESP SIM 122.218 252.304 -51,6% 1,31% 2,55%

CEMIG SIM 1.179 5.442 -78,3% 0,01% 0,05%

ESCELSA NÃO 95 92 3,3% 0,01% 0,01%

Fonte: Resultados da pesquisa (2014)

Verifica-se na Tabela 1, que apenas 3 empresas (13,64%) da amostra total apresentaram em seu

Balanço Patrimonial o Passivo Ambiental e que dessas empresas 2 participam do ISE e 1 não participa.

Observou-se, ainda, que das 3 empresas, a CESP possui maior valor monetário em seu Passivo

Ambiental e, que juntamente com a CEMIG, obteve uma redução considerável no Passivo Ambiental

de 2012 para 2013, de 51,6% e 78,3%, respectivamente. Já a empresa ESCELSA apresentou um

aumento pouco significativo em seu Passivo Ambiental de 2012 para 2013. Em relação ao Patrimônio

Líquido, nota-se que o Passivo Ambiental tem pouca representatividade em ambas as empresas, sendo

maior na CESP no ano de 2012 (2,55%). De forma geral, observa-se que poucas empresas evidenciam

os seus Passivos Ambientais, isso pode representar algumas situações: i) a empresa não teve nenhum

Passivo Ambiental durante o período analisado; ii) a empresa não evidenciou separadamente as

obrigações ambientais em relação aos seus passivos, não sendo possível identificá-las; iii) por uma

questão pejorativa, conforme cita Ribeiro e Gratão (2000) apud Tinoco e Kraemer (2011), que os

Passivos Ambientais são conhecidos pela sua conotação negativa, isto é, as empresas que divulgam

essas informações são responsáveis por agredir o meio ambiente.

4.3 Informações qualitativas sobre os Passivos Ambientais

Perfazendo os objetivos específicos em verificar qual o teor das informações qualitativas

divulgadas sobre os Passivos Ambientais das empresas do setor de energia elétrica participantes do

Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa, foram analisadas as Notas Explicativas das

empresas que possuem Passivos Ambientais em seus Balanços Patrimoniais.

Quadro 5 – Detalhamento dos Passivos Ambientais

EMPRESA ISE NOTAS EXPLICATIVAS

CESP SIM

(a) Refere-se a Termo de Ajustamento de Conduta TAC, parcelado em 60

meses, com pagamento iniciado em setembro de 2009 e término para

agosto de 2014. (b) Refere-se ao compromisso de adquirir áreas e de

realizar projetos de reflorestamento no Parque Rio do Peixe, Ivinhema e

Porto Primavera.

CEMIG SIM

A Companhia e suas controladas estão envolvidas em assuntos

ambientais, os quais se referem a áreas protegidas, licenças ambientais,

recuperação de danos ambientais e outros, no montante de R$5.263

(R$12.456 em 31 de dezembro de 2012), dos quais R$1.179 foram

provisionados (R$5.442 em 31 de dezembro de 2012), sendo esta a

estimativa provável de recursos para liquidar estas discussões.

ESCELSA NÃO A empresa relatou apenas licenças ambientais.

Fonte: Resultados da pesquisa (2014)

Considerando o teor das informações descritas no Quadro 5, percebe-se que as empresas

participantes do ISE relatam de forma mais detalhada as especificações para os Passivos Ambientais.

Page 12: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

12

No entanto, em relação a amostra total, o número de empresas que apresentaram Passivo Ambiental é

muito pequeno, o que não permite maior análise das informações e muito menos generalizar tais

resultados, sabendo que são baseados em casos específicos.

Ainda, ressalta-se que o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (2010) apresenta modelos

de Notas Explicativas referentes às demonstrações contábeis e sugere uma tabela comparativa entre as

provisões para contingências entre os dois anos apresentados no relatório, indicando o valor

provisionado no exercício, o acumulado e os depósitos judiciais realizados. No caso de não ter

realizado provisões, o manual indica que a empresa faça uma justificativa da situação. Embora as

demais empresas não tenham evidenciado em números os seus Passivos Ambientais em seus Balanços

Patrimoniais, encontraram-se nos relatórios informações das empresas COPEL, Light S/A, COELCE,

Neonergia e Cemat, sobre projetos, revitalizações, criação de reservas ambientais, arborização de

cidades, recuperação florestal, criação de reservatórios.

4.4 Indicadores Socioambientais x Receita Líquida

Em relação ao objetivo de investigar se as empresas do setor de energia elétrica participantes

do Índice de Sustentabilidade Empresarial BM&FBovespa têm melhores resultados nos Indicadores

Socioambientais do Balanço Social comparativamente com as empresas não participantes desse índice,

foram coletados os dados a partir dos seguintes relatórios: Balanço Social (IBASE), dos anos de 2013

e 2012.

No entanto, para a análise foram excluídas 7 empresas da amostra total (22 empresas) que não

apresentaram o Balanço Social nas demonstrações financeiras disponíveis na CVM, mesmo

considerando a Resolução ANEEL nº 444 que Institui o Manual de Contabilidade do Serviço Público

de Energia Elétrica que dentre outras questões, define a utilização do modelo de Balanço Social do

Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) para evidenciação de informações

socioambientais. As empresas excluídas participantes do ISE foram COELCE; CPFL Energia;

Eletrobrás, Energias BR, AES Tiete; e as empresas excluídas não participantes do ISE foram a CELPA

e Ampla.

Ainda, constatou-se que das 15 empresas estudadas, que 6 (40%) são participantes do Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa e que 9 (60%) não são participantes do ISE.

Tabela 2: Indicadores x Receita Liquida (em R$ mil) – 2013

EMPRESA

I

S

E

Receita

líquida

Indicadore

s Sociais

Internos

(ISI)

ISI/RL

(%)

Indicadore

s Sociais

Externos

(ISE)

ISE/RL

(%)

Indicadores

Ambientais

(IA)

IA/RL

(%)

CESP S 3.904.102 82.208 2,11 933.719 23,92 31.933 0,82

CEMIG S 14.627.280 774.617 5,3 5.707.429 39,02 181.300 1,24

COPEL S 9.180.214 1.499.015 16,33 3.704.362 40,35 252.488 2,75

ELETROPAULO S 9.012.207 646.688 7,18 2.488.259 27,61 85.690 0,95

LIGHT S/A S 7.422.256 151.698 2,04 3.104.169 41,82 38.872 0,52

TRACTEBEL S 5.568.658 166.204 2,98 1.179.953 21,19 44.650 0,8

Page 13: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

13

MÉDIA ISE 8.285.786 553.405 5,99 2.852.982 28,68 105.822 1,18

ESCELSA N 2.027.509 73.454 3,62 830.726 40,97 2.962 0,15

NEOENERGIA N 10.614.298 294.243 2,77 4.622.804 43,55 359.594 3,39

CELESC N 4.872.377 251.556 5,16 2.090.721 42,91 218.958 4,49

CELPE N 3.283.509 96.467 2,94 1.338.441 40,76 185.247 5,64

CEMAR N 1.968.774 61.367 3,12 655.661 33,3 9.183 0,47

CEMAT N 2.312.967 67.810 2,93 984.225 42,55 39.135 1,69

COELBA N 4.894.637 137.556 2,81 2.440.924 49,87 162.066 3,31

COSERN N 1.383.176 46.503 3,36 514.379 37,19 10.928 0,79

ELEKTRO N 3.549.334 123.482 3,48 1.123.831 31,66 52.158 1,47

MÉDIA NÃO ISE 3.878.509 128.049 3,35 1.622.412 40,31 115.581 2,38

Fonte: Resultados de pesquisa (2014)

A partir dos dados apresentados na Tabela 2, foi possível verificar a partir da razão da média

aritmética dos Indicadores Sociais Internos, Externos e Ambientais em relação a Receita Líquida do

exercício 2013, que as empresas participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da

BM&FBovespa apresentam maiores percentuais em relação as empresas que não são participantes do

ISE.

Tabela 3: Indicadores x Receita Liquida (em R$ mil) – 2012

EMPRESA ISE Receita

líquida

Indicadores

Sociais

Internos ISI/R

L (%)

Indicadores

Sociais

Externos ISE/RL

(%)

Indicadores

Ambientais

(IA)

IA/RL

(%)

(ISI) (ISE)

CESP S 3.354.005 81.986 2,44 813.666 24,26 25.917 0,77

CEMIG S 14.137.358 769.134 5,44 6.784.769 47,99 163.177 1,15

COPEL S 8.493.252 1.617.300 19,04 4.559.404 53,68 275.151 3,24

ELETROPAUL S 9.959.198 581.090 5,83 2.959.448 29,72 57.080 0,57

LIGHT S/A S 7.182.360 129.677 1,81 2.984.459 41,55 41.927 0,58

TRACTEBEL S 4.912.499 155.321 3,16 1.163.472 23,68 56.312 1,15

MÉDIA - ISE 8.006.445 555.751 6,29 3.210.870 36,81 103.261 1,24

ESCELSA N 1.904.705 55.825 2,93 1.086.994 57,07 7.970 0,42

NEOENERGIA N 11.650.373 280.911 2,41 4.548.513 39,04 229.148 1,97

CELESC N 4.545.214 255.278 5,62 2.198.539 48,37 150.815 3,32

CELPE N 3.545.861 82.915 2,34 1.424.330 40,17 125.950 3,55

CEMAR N 2.348.082 52.012 2,22 825.864 35,17 31.307 1,33

CEMAT N 2.344.799 66.055 2,82 1.136.821 48,48 43.028 1,84

COELBA N 5.813.614 139.359 2,4 2.313.065 39,79 89.837 1,55

COSERN N 1.418.335 36.069 2,54 519.878 36,65 12.159 0,86

ELEKTRO N 3.569.543 145.006 4,06 1.322.296 37,04 73.835 2,07

MÉDIA - NÃO ISE 4.126.725 123.714 3,04 1.708.478 42,42 84.894 1,88

Fonte: Resultados de pesquisa (2014)

Já em 2012, as empresas não participantes do ISE obtiveram maior percentual dos Indicadores Sociais

Externos e Ambientais em relação a Receita Líquida, e as empresas participantes do índice obtiveram

maior percentual dos Indicadores Sociais Internos em relação a Receita Líquida. Também, é possível

perceber que a representação dos Indicadores Sociais das empresas selecionadas possui maior ênfase

nos Indicadores Externos, tanto as participantes ou não do ISE, em relação aos Internos. Entretanto, os

Indicadores Ambientais não apresentam valores expressivos em nenhum dos casos da amostra.

Page 14: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

14

Observa-se, ainda, através das médias descritas nas Tabelas 2 e 3, em termos absolutos, que as

empresas não participantes do ISE têm menor Receita Líquida e, que os valores correspondentes aos

investimentos sociais são menores, o que pode ser justificado pela menor geração de recursos diante de

suas operações, principalmente para os investimentos sociais internos que estão relacionados com

remuneração, benefícios e capacitação de funcionários da empresa. Com relação aos investimentos

ambientais, essas empresas apresentam maior volume monetário do que aquelas que são participantes

do ISE em 2013, resultado este que não se repetiu no ano anterior.

Tabela 4: Teste T de Student

Informação 2013 2012

ISI/RL ISE/RL IA/RL ISI/RL ISE/RL IA/RL

P-valor 0,169 0,055 0,175 0,156 0,295 0,26

Intervalo de Confiança 95% 95% 95% 95% 95% 95%

Fonte: Resultados da pesquisa (2014)

Por fim, utilizando os percentuais de investimentos a partir dos Indicadores Socioambientais em

relação à Receita Líquida como parâmetro de comparação entre as empresas, aplicou-se o Teste de

Shapiro-Wilk para verificar se as distribuições eram normais. Uma vez confirmadas as distribuições

normais, aplicou-se o Teste T de Student resultando, conforme Tabela 4, que não existem diferenças

significativas entre os percentuais da amostra em relação as empresas que são participantes do ISE e as

que não são participantes do índice, ou seja, com base no intervalo de confiança de 95% e o p-valor

encontrado em todas as médias percentuais é menor que 0,05 confirma que não diferenças

significativas entre as empresas em ambos exercícios analisados.

Ao comparar os resultados evidenciados com a teoria apresentada, verifica-se que não há como fazer

diferenciação entre empresas participantes ou não do Índice de Sustentabilidade Empresarial, pois o

Passivo Ambiental em termos de evidenciação e mensuração das informações qualitativas e

quantitativas da amostra não representam dados conclusivos para análise e, os Indicadores Ambientais

e Sociais Externos e Internos também não apresentaram premissas para determinar a seleção das

empresas participantes do ISE.

Os problemas identificados nos resultados foram a falta de informações nas demonstrações divulgadas

pelas empresas, mesmo com à exigência de informações das empresas do setor energético de acordo

com o Manual para Elaboração e Evidenciação das Concessionárias do Setor de Energia Elétrica

instituído pela ANEEL, o que ocasionou a exclusão de algumas empresas da amostra pesquisada, uma

vez que não possuíam as informações necessárias em acordo com os objetivos propostos por essa

pesquisa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa teve como objetivo verificar se existe diferenciação na performance socioambiental das

empresas do setor de energia elétrica participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da

BM&FBovespa comparativamente com empresas não participantes desse índice.

Por meio dos relatórios financeiros disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) verificou-

se que apenas 20% da amostra estudada possuem Passivos Ambientais discriminados no Balanço

Patrimonial. Das empresas que apresentaram os Passivos Ambientas, realizou-se uma análise

horizontal, identificando que a CESP e a CEMIG e obteve uma redução considerável no Passivo

Ambiental de 2012 para 2013, de 51,6% e 78,3%, respectivamente. Em relação as informações

Page 15: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

15

qualitativas sobre os Passivos Ambientais, dentre as empresas que os possuem, identificou-se que os

valores monetários referem-se, em geral, a licenças ambientais e recuperação de danos ambientais.

Através dos indicadores socioambientais disponíveis no Balanço Social, modelo IBASE, foi

analisado que, de forma geral, as empresas participantes do ISE possuem maior relevância de seus

índices em relação a Receita Líquida. No entanto, ao aplicar o teste estatístico de diferença de média,

verificou-se que não há diferença significativas entre as médias dos índices socioambientais.

Portanto, mediante os resultados obtidos, foi possível verificar que, ainda, muitas empresas do

setor de energia elétrica não apresentam seus Passivos Ambientais nos relatórios financeiros e/ou não

utilizam o modelo de Balanço Social instituído pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Isso, dentre

outros fatores, pode ocorrer pelo fato da empresa não possuir Passivos Ambientais durante o período

analisado, não evidenciou separadamente as obrigações ambientais em relação aos seus passivos e por

uma questão pejorativa, não identificam seus Passivos Ambientais por serem conhecidos pela sua

conotação negativa, isto é, as empresas que divulgam essas informações são responsáveis por agredir o

meio ambiente. O ISE não determina que as empresas participantes apresentam maior performance

socioambiental do que as demais empresas, uma vez que não apresentou percentuais relevantes e nem

diferenças significativas entre as médias. Com isso, sugere-se novas pesquisas com mais empresas que

tenham grande influência no aspecto ambiental e social, para verificar se tais pontos são confirmados

ou rechaçados nos demais setores.

REFERÊNCIAS

AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA (ANEEL). Brasil, 2001. Disponível em:

http://www.aneel.gov.br/ e , acesso em 10/10/2014.

BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São

Paulo: Saraiva, 2004, 328 p.

BERTOLI, Ana Lúcia; RIBEIRO, Maisa de Souza. Passivo Ambiental: estudo de caso da Petróleo

Brasileiro S.A – Petrobrás. A repercussão ambiental nas demonstrações contábeis, em consequência

dos acidentes ocorridos.v.10, n. 2, Revista de Adminstração Contemporânea (on line). Paraná, 2006.

Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141565552006000200007&script=sci_arttext&tlng=pt , acesso

em: 10/11/2014.

BM&BOVESPA, Bolsa de Valores de São Paulo. Disponível em:

http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br, acesso em 25/10/2014

BORGES, Ana Paula; ENSSLIN, Fabrícia Silva da Rosa. Evidenciação voluntária das práticas

ambientais: Um estudo nas grandes empresas brasileiras de papel e celulose. Universidade Federal de

Santa Catarina.Produção vol 20, nº3 . São Paulo 2010. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65132010000300009&script=sci_arttext, acesso em

10/09/2014.

BUFONI, André Luiz, CARVALHO, Márcia da Silva. Ativo Financeiro ou Passivo Ambiental? O

Caso da Companhia Mercantil e Industrial Ingá na Baía de Sepetiba. Conselho Regional de

Contabilidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:

http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/pensarcontabil/article/view/76, acesso em:

01/10/2014.

Page 16: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

16

CASTRO, Juscelino Emanoel Gomes de; SILVA José Carlos Lázaro da Silva. Análise de indicadores

sociais e ambientais de uma empresa de serviços de logística - um estudo de caso da all no período de

2003 a 2008. GEPROS. Gestão da Produção, Operações e Sistemas (Online), v. 3, p. 41-58, 2011.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice

Hall, 2002. 242p.

CHAROUX, O. M. G. Metodologia: processo de produção, registro e relato do conhecimento.3ª

Ed. São Paulo: DVS Editora, 2006

COLARES, Ana Carolina Vasconcelos; BRESSAN, Valéria Gama Fully; LAMOUNIER, Wagner

Moura; BORGES, Danilo Lacerda. O Balanço Social como indicativo socioambiental das empresas do

Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&Bovespa. Revista de Contabilidade do Mestrado em

Ciências Contábeis da UERJ (on line), v.17, Ed Especial: Rio de Janeiro, 2012, 100 p. Disponível

em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/5386, acesso em: 01/09/2014.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS (CVM). Disponível em: http://www.cvm.gov.br/, acesso

em 25/10/2014.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC) – NBCT 15 Informações de Natureza Social

e Ambiental. Disponível em: www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1003.doc, acesso em 20/11/2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAS (IBASE). Disponível em:

http://www.ibase.br/pt/2011/07/balanco-social/, acesso em 10/11/2014.

VILELA JÚNIOR, Alcir; DEMAJOROVIC, Jacques. Modelos e ferramentas de gestão ambiental:

desafios e perspectivas para as organizações. São Paulo: Editora Senac, 2006, 440 p.

LINS, Luiz dos Santos; SILVA, Raimundo Nonato Sousa.Responsabilidade Sócio-Ambiental ou

Greenwash: Uma Avaliação com Base nos Relatórios de Sustentabilidade Ambiental. V.4, n.1.

Sociedade, Contabilidade e Gestão: Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:

http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/viewFile/472/461, acesso em

11/09/2014.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Metodologia da investigação científica para ciências sociais

aplicadas. São Paulo: Atlas, 2009, p. 247.

SANTOLIN, Adriano Domingues; FREY, Márcia Rosane.O papel do balanço social na gestão

empresarial.v.12, n.2, 61-81p. Contabilidade Vista &Revista Belo Horizonte: Minas Gerais, 2005.

Disponível em:

http://web.face.ufmg.br/face/revista/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/278, acesso em:

28/09/2014.

SEIFFERT, Maria Elizabete Bernardini. ISO 4001 Sistemas de Gestão Ambiental: Implantação

objetiva e econômica. 4. Ed. São Paulo: Altas, 2011, 239 p.

Page 17: ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BM&FBOVESPA: ANÁLISE COMPARATIVA DA ... · 2016-03-09 · Observou-se por meio de análise horizontal, ... dispõe de uma ferramenta para

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

17

TENORIO, Fernando Guilherme; NASCIMENTO, Fabiano Christian Pucci do. Responsabilidade

social empresarial: teoria e prática. 2 ed. rev. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 260p.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gestão

ambiental. São Paulo: Atlas, 2011, p. 278.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social e o relatório da sustentabilidade. São Paulo:

Atlas, 2010, 261 p.

VARELA, Patrícia Siqueira; COSTA, Raquel da Ressureição; DOLABELLA, Maurício Melo.

Balanço Social: demonstrativo da função social da empresa.v.10, n.2, 28-35 p. Contabilidade Vista

&Revista Belo Horizonte: Minas Gerais, 1999. Disponível em:

comgbh.agendeumaconsulta.com.br/GUI/ResultadosPesquisa.aspx, acesso em: 25/09/2014.

VELLANI, Cassio Luiz. Contabilidade e responsabilidade social: integrando desempenho

econômico, social e ecológico. São Paulo: Atlas, 2011, 147 p.

VELLANI, Cassio Luiz. Passivo ambiental e a ecoeficiência. FACEF Pesquisa, v.11, n .3, São Paulo,

2008. Disponível em: http://legacy.unifacef.com.br/facefpesquisa/2008/nr3/vol11_nr3_art06.pdf,

acesso em 01/10/2014.