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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-67 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-33, 51, 76, 79, 84 ANDRÉ DIAS IRIGON-61, 66, 80, 83, 9 BRUNO MIRANDA COSTA-30, 31, 49, 67, 78, 90, 91 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-16 DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-87, 88, 90 DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-87, 88, 90 ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-75, 84 ES003003 - NILSON FRIGINI-97 ES003773E - ROBERTA BORGES DOS SANTOS-94 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-70, 96 ES004823 - SAMUEL ANHOLETE-15 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-21 ES004944 - VINICIUS JOSE LOPES COUTINHO-48 ES005098 - SIRO DA COSTA-17 ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-62 ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI-85 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-1 ES006803 - JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA-19 ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-40, 42 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-34, 35, 4, 41, 51, 6, 68, 8, 95 ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-55 ES007087 - AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA-16 ES007552 - JORGE ANTONIO FERREIRA-73 ES007883 - LEO FELIX VIANNA-61 ES007957 - IVAN LUIZ ROVER-72 ES008163 - CARLOS MAGNO BARCELOS-43 ES008279 - JOSANIA PRETTO COUTO-61 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-11 ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-40, 42 ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-44 ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-39 ES008850 - ANA CLAUDIA KRAMER-64 ES009070 - RODOLPHO RANDOW DE FREITAS-54, 56, 94 ES009138 - HENRIQUE ROCHA FRAGA-3 ES009460 - JULIANA PAES ANDRADE-61 ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO-26 ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-29 ES010380 - ARMANDO VEIGA-32 ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-40, 42 ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA-38, 77, 79 ES010619 - GUSTAVO GIUBERTI LARANJA-48 ES010785 - PEDRO COSTA-24, 25 ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO-58 ES010892 - LUZIA ESTER DONA SFALSIN-30 ES011235 - RICARDO CALIMAN GOTARDO-45 ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-21 ES011274 - KÉZIA NICOLINI-45 ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino-47 ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-40, 42 ES011811 - KARLA RENATA BRAZ DE ASSIS-94 ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-1 ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-40, 42

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Page 1: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-62 ... INSS em face do acórdão de fls. 159/161, ... CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-67ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-33, 51, 76, 79, 84ANDRÉ DIAS IRIGON-61, 66, 80, 83, 9BRUNO MIRANDA COSTA-30, 31, 49, 67, 78, 90, 91DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-16DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-87, 88, 90DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-87, 88, 90ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-75, 84ES003003 - NILSON FRIGINI-97ES003773E - ROBERTA BORGES DOS SANTOS-94ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-70, 96ES004823 - SAMUEL ANHOLETE-15ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-21ES004944 - VINICIUS JOSE LOPES COUTINHO-48ES005098 - SIRO DA COSTA-17ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-62ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI-85ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-1ES006803 - JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA-19ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-40, 42ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-34, 35, 4, 41, 51, 6, 68, 8, 95ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-55ES007087 - AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA-16ES007552 - JORGE ANTONIO FERREIRA-73ES007883 - LEO FELIX VIANNA-61ES007957 - IVAN LUIZ ROVER-72ES008163 - CARLOS MAGNO BARCELOS-43ES008279 - JOSANIA PRETTO COUTO-61ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-11ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-40, 42ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-44ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-39ES008850 - ANA CLAUDIA KRAMER-64ES009070 - RODOLPHO RANDOW DE FREITAS-54, 56, 94ES009138 - HENRIQUE ROCHA FRAGA-3ES009460 - JULIANA PAES ANDRADE-61ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO-26ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-29ES010380 - ARMANDO VEIGA-32ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-40, 42ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA-38, 77, 79ES010619 - GUSTAVO GIUBERTI LARANJA-48ES010785 - PEDRO COSTA-24, 25ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO-58ES010892 - LUZIA ESTER DONA SFALSIN-30ES011235 - RICARDO CALIMAN GOTARDO-45ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-21ES011274 - KÉZIA NICOLINI-45ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino-47ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-40, 42ES011811 - KARLA RENATA BRAZ DE ASSIS-94ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-1ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-40, 42

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ES012179 - DANIELLE GOBBI-88, 90ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-40, 42ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO-71ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-100, 70, 96ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI-23ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO-38, 77, 79ES012743 - EDIVAN FOSSE DA SILVA-13ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-69ES012918 - SIMONE FRINHANI NUNES-1ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-63ES012942 - ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA-13ES013039 - JOÃO EUGÊNIO MODENESI FILHO-92ES013085 - LUDMILLA BRUNOW CASER-72ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-18ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR-40ES013392 - VANESSA SOARES JABUR-91ES013468 - SAMYRA CARNEIRO PERUCHI-3ES013791 - MICHEL ANGELO DE JESUS GOMES-48ES014104 - HELTON FRANCIS MARETTO-59ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO-87ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-57, 60ES014259 - JULIANE BORLINI COUTINHO-102ES014355 - JANNY NASCIMENTO MIRANDA-52ES014412 - Marcone de Rezende Vieira-47ES014479 - ELITON ROQUE FACINI-47ES014592 - WELLINGTON D'ASSUNÇÃO MARTINS-7ES014655 - EDIMAR MOLINARI-97ES014681 - JONILSON CORREA SANTOS-12ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-40, 42ES015062 - PRISCILA PIMENTEL COUTINHO-48ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-62ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-20ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-37, 46, 73ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-10, 28ES015665 - Gustavo Angeli Storch-84ES015672 - MARIA JÚLIA PIMENTEL COUTINHO-48ES016403 - Letícia Severiano Zoboli-15ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT-40, 42ES016444 - ANA VALÉRIA FERNANDES-61ES016583 - Marthony Garcia de Oliveira-16ES016674 - GRACIELLE WALKEES SIMON-84ES016751 - Valber Cruz Cereza-66, 80, 83ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-35, 4, 41, 6, 8, 95ES016938 - José Nascimento-65ES017055 - POLLYANNA DA SILVA-42ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA-76ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-10, 28ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-4, 41, 6, 8, 95ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO-40, 42ES017197 - ANDERSON MACOHIN-89ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES-87, 88, 90ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO-87, 88, 90ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO-53, 98ES017452 - FLÁVIA SPINASSÉ FRIGINI-97ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA-101ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES-87, 88

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ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES-87, 88, 90ES017592 - VANESSA DE FREITAS LOPES-19ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca-87ES017840 - JOSE FRANCISCO PIMENTEL-48ES017915 - Lauriane Real Cereza-66, 80, 83ES017940 - GILVANIA BINOW-49ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-9ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ-50ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ-50ES018302 - GABRIELA BERNARDO DEORCE-38ES018446 - GERALDO BENICIO-53, 98, 99ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES-26ES019067 - KENIA CARDOSO GOMES-65ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA-88, 90ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-60ES019221 - AMAURI BRAS CASER-27, 86ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA-79ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR-29ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO-53ES020248 - GILSON DE ALMEIDA ROCHA JUNIOR-84ES020508 - RICHARD SALLA RODRIGUES ROCHA-61ES020627 - ENZO TOZETTI HOLZMEISTER-22ES020642 - RAFAEL GOMES FERREIRA-73ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-93ES020969 - LUCIANA PEREIRA BELTRAME-61ES021486 - ROSIMARY GOMES DE ARRUDA CARRARO-5ES295880 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA-52GABRIEL BARRETO-47GISELA PAGUNG TOMAZINI-46, 88, 92, 93, 94GUSTAVO CABRAL VIEIRA-36, 64HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-10, 34, 35, 41, 6, 95Isabela Boechat B. B. de Oliveira-101, 52, 72JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-38JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-77JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-14, 37, 70JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE-69JULIANA BARBOSA ANTUNES-11, 17, 28, 4LIDIANE DA PENHA SEGAL-33, 36, 64LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-100, 48, 5, 62, 98Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-1LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES-22, 23, 24, 27, 45MARCELA BRAVIN BASSETTO-18, 19, 50, 53, 56, 58, 73, 85MARCOS JOSÉ DE JESUS-13, 20, 57, 63, 74, 82MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-3MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-15, 65, 89PEDRO INOCENCIO BINDA-21, 25, 26, 39, 68, 86PR032603 - TAÍS MARIA ZANONI-2RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA-12, 43, 44, 8RICARDO FIGUEIREDO GIORI-31, 74, 78, 81RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU-87, 88, 90RJ184452 - LUCIANA PANNAIN PAREIRA-88, 90RODRIGO COSTA BUARQUE-29, 87ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-55SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-2SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-40, 54, 59, 60, 7, 71, 75, 81, 99SP295880 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA-82

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TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-102THIAGO COSTA BOLZANI-32, 42, 96UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-97

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

06/05/2015Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000640-09.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000640-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x IRENE CANDIDA DA SILVA DIAS(ADVOGADO: ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, ES012918 - SIMONE FRINHANI NUNES, ES011926 -CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA.).PROCESSO: 0000640-09.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000640-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Luis Guilherme Nogueira Freire CarneiroRECORRIDO: IRENE CANDIDA DA SILVA DIASADVOGADO (S): ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, SIMONE FRINHANI NUNES

VOTO-EMENTA

PEDILEF. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO (ARTIGO 14, § 9º, DA LEI 10.259/01).1. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal – PEDILEF (fls. 179/197) interposto peloInstituto Nacional do Seguro Social – INSS em face do acórdão de fls. 159/161, que manteve sentença que o condenou aconceder ao autor o benefício de aposentadoria rural por idade. A decisão de fls. 203/206 determinou o encaminhamento dofeito ao relator para adequação do julgado no que diz respeito aos juros moratórios. Quanto a esse pormenor, alega orecorrente que o acórdão, ao manter os juros de mora fixados em 1% ao mês desde a data da citação (2008 – fl. 89) até oadvento da Lei nº 11.960/2009, vai de encontro à jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência –TNU e do Superior Tribunal de Justiça – STJ, firmada no sentido da incidência da Medida Provisória nº 2.180-35, de24/08/2001, nas condenações da Fazenda Pública no período anterior à alteração do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 pela lei nº11.960/2009, inclusive as que decorrem de benefícios previdenciários.

2. Toda a jurisprudência mencionada no recurso trata de regime próprio de previdência de servidor público e não doregime geral de previdência social. As condenações da fazenda pública relativas ao RGPS não se confundem com aquelasque versem sobre pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos (art. 1º-F da Lei nº9.494/97, em sua redação original, conforme MP 2.180-35/2001). A expressão incluindo-se os benefícios previdenciários,constantes de alguns acórdãos do STJ, deve ser entendido como incluindo-se aí os benefícios do regime próprio deprevidência dos servidores públicos. Não haveria como dar à norma interpretação ampliativa ao ponto de se entender porequiparados os segurados do RGPS aos servidores e empregados públicos. Note-se que os precedentes mencionados nadecisão da TNU transcrita no recurso (fls. 214/218) dizem respeito à complementação de benefício previdenciário deex-ferroviário da RFFSA, disciplinada pela Lei 8.186/91, complementação essa a cargo da União e não do INSS.

3. Veja-se a respeito o seguinte acórdão:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – RECURSO ESPECIAL – JUROS MORATÓRIOS – APLICAÇÃO DO ART.1º-F DA LEI N. 9.494/97 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 2.180-35/2001 PARA ADVOGADO DATIVO – NORMA QUE SERESTRINGE A SERVIDOR E EMPREGADO PÚBLICO – CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR –APLICAÇÃO DO ART. 406 DO CC, COMBINADO COM O ART. 161, PARÁGRAFO PRIMEIRO DO CTN – JUROSMORATÓRIOS DE 12% AO ANO.1. O advogado dativo enquadra-se como agente particular colaborador, não sendo o caso de servidor público e empregadopúblico.2. A jurisprudência do STJ aplica o art. 1º-F, com redação dada pela MP n. 2.180-35/2001, aos servidores e empregadospúblicos.3. A Lei n. 11.960/2009, não aplicada ao caso por ser posterior, alterou a redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 paraampliar as hipóteses de incidência de juros moratórios à base de 6% ao ano.4. Denota-se que o legislador estendeu a norma. Portanto, antes queria que tivesse aplicação restrita, não cabendo assim,fazer uma interpretação ampliativa que englobe o advogado dativo nos casos que devam ser aplicados a servidores eempregados públicos.5. A regra estabelecida no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 não se aplica ao caso concreto já que o referido dispositivo restringe

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a sua incidência. Deve ser aplicado o art. 406 do Código Civil, c/c o Art. 161, § 1º do CTN, com incidência de juros de 12%ao ano por melhor interpretação do dispositivo e em razão a configuração de divergência jurisprudencial.Recurso especial provido. (g.n.)(REsp 1147519/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2009, DJe 29/10/2009)

4. Ademais, o STJ e a TNU, em acórdãos proferidos na vigência da MP 2.180-35/2001, fixavam os juros de moraem 1% ao mês nas ações previdenciárias, mesmo quando não discutida a aplicabilidade da regra às ações em curso nadata de seu advento. Como exemplo, confira-se o RESP 200600381504 (DJ 26/06/2006), o PEDILEF 200438008057322(data da decisão: 23/11/2004) e o PEDILEF 200433007222114 (data da decisão: 03/08/2004).

5. Pelo exposto, não havendo confronto entre o acórdão recorrido e a jurisprudência da TNU e do STJ, JULGOPREJUDICADO o recurso. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

2 - 0010701-63.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010701-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIO ANDRADE(ADVOGADO: PR032603 - TAÍS MARIA ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.).PROCESSO: 0010701-63.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010701-6/01)RECORRENTE: MARIO ANDRADEADVOGADO (S): TAÍS MARIA ZANONIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de pedido de uniformização de interpretação de lei federal interposto pela parte autora em face doacórdão que manteve sentença que julgou improcedente o pedido de revisão da renda mensal inicial da aposentadoria porinvalidez recebida pela parte autora, precedida de auxílio-doença, mediante aplicação da variação integral do IRSMreferente ao mês de fevereiro de 1994, na composição do índice de atualização dos salários de contribuição anteriores amarço de 1994, antes da conversão dos valores em URV. A sentença considerou que o cálculo do salário de benefício nãoincluiu o salário de contribuição referente à competência fevereiro de 1994. O recorrente pretende fazer prevalecer oentendimento jurisprudencial no sentido de que sempre que o cálculo do salário de benefício tiver considerado salários decontribuição anteriores a fevereiro de 1994 e a DIB for igual ou posterior a 01/03/1994, é devida a atualização monetáriapelo IRSM de fevereiro de 1994.

2. A decisão de fls. 93/94 ressaltou que a TNU determinou o sobrestamento do feito para aguardar o julgamento doRE nº 626.489, que cuida do prazo decadencial, assunto não tratado no PEDILEF em tela. Ocorre que a TNU o fez por sera decadência matéria de ordem pública, devendo ser apreciada de ofício em qualquer grau de jurisdição,independentemente das razões recursais.

3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 626.489, em 16/10/2013 e em sede de repercussão geral,relator o Ministro Roberto Barroso, aplicou a decadência de 10 (dez) anos para a revisão de benefícios concedidos antes de1997. Decidiu a Corte que se aplica o lapso decadencial de 10 (dez) anos para o pleito revisional, a contar da vigência daMedida Provisória 1.523-9/97, aos benefícios concedidos antes dela. Afastou-se eventual inconstitucionalidade na criação,por lei, de prazo decadencial razoável para o questionamento de benefícios já reconhecidos.

4. Considerou o Supremo que o Estado, ao sopesar justiça e segurança jurídica, procurasse impedir que situaçõesgeradoras de instabilidade social e litígios pudessem se eternizar. Asseverou-se que o lapso de 10 (dez) anos seriarazoável, inclusive porque também adotado quanto a eventuais previsões revisionais por parte da Administração.

5. Analisou-se que o termo inicial da contagem do prazo decadencial em relação aos benefícios originariamenteconcedidos antes da entrada em vigor da Medida Provisória 1.523/97 seria o momento de vigência da nova lei.Evidenciou-se que, se antes da modificação normativa podia o segurado promover, a qualquer tempo, o pedido revisional, anorma superveniente não poderia incidir sobre tempo passado, de modo a impedir a revisão, mas estaria apta a incidirsobre tempo futuro, a contar de sua vigência.

6. In casu, o benefício de aposentadoria por invalidez foi iniciado em 01/09/1996 (fl. 11), anteriormente, portanto, àentrada em vigor da MP nº 1.523-9. Como a ação foi ajuizada após 27/06/2007 (em 17/12/2007), operou-se a decadênciado direito à revisão do ato de concessão do benefício previdenciário.

7. Pelo exposto, com base no art. 543-B, § 3º, do CPC, e no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, JULGOPREJUDICADO o PEDILEF e, de ofício, PRONUNCIO A DECADÊNCIA do direito postulado, julgando extinto o processo,com resolução do mérito, na forma do art. 269, IV, do CPC.

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É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

3 - 0008887-71.2004.4.02.5001/01 (2004.50.01.008887-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO PADUA CARVALHODOS SANTOS (ADVOGADO: ES013468 - SAMYRA CARNEIRO PERUCHI, ES009138 - HENRIQUE ROCHA FRAGA.) xUNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).PROCESSO: 0008887-71.2004.4.02.5001/01 (2004.50.01.008887-9/01)RECORRENTE: ANTONIO PADUA CARVALHO DOS SANTOSADVOGADO (S): HENRIQUE ROCHA FRAGA, SAMYRA CARNEIRO PERUCHIRECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA

VOTO-EMENTA

1. O acórdão da Turma Recursal (fls. 240/242) declarou a prescrição da pretensão autoral de restituição de indébitotributário relativo ao imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo emvista que o decurso do prazo de dez anos entre a data de início dos benefícios de aposentadoria complementar(23/09/1992) e o ajuizamento da ação, ocorrido em 02/09/2004 - antes da LC 118/2005, portanto.

2. O autor interpôs incidente de uniformização de jurisprudência, em razão do qual foi determinada a remessa aesta relatoria para adequação do acórdão à tese adotada pela TNU no PEDILEF 200683005146716.

3. A TNU, no julgamento do referido PEDILEF, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição deindébito – e, portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementaçãopercebida pelo autor (...)”.

4. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto doRelator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, do qual extraio o seguinte trecho:

“(...)Sendo assim, hoje tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributossujeitos a lançamento por homologação ajuizadas a partir de 09.06.2005, deve ser aplicado o prazo prescricionalquinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data dopagamento; para as ações ajuizadas antes de 09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia acumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).No caso, como a ação judicial foi proposta em 24.7.2009, deve ser mantido o reconhecimento da prescrição em relação aosvalores indevidamente pagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação.(...)”(g.n.)(STJ – 2ª Turma. RESP 1.278.598-SC. Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05-02-2013).

5. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se aessa conclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldesmencionados no voto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conformedeterminado no dispositivo a seguir.

6. Dessa forma, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdão aoprecedente da TNU, passando o dispositivo do voto que o integra a ter o seguinte teor:

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para JULGAR PROCEDENTE O PEDIDOpara declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de renda sobre asverbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parteautora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995, bem como para CONDENAR A UNIÃOFEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, observada a prescrição em relação aos valores indevidamentepagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação, de acordo com a sistemáticaestabelecida nesta ementa e as instruções que se seguem:As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 567/CJF, de 02.12.2013, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,

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Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

4 - 0000298-19.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000298-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x MARIA DE LOURDES MIZAEL (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).PROCESSO: 0000298-19.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000298-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNESRECORRIDO: MARIA DE LOURDES MIZAELADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão da aposentadoria por idade, desde a data do requerimentoadministrativo, em 01/10/2012.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Dessa forma,julgo PROCEDENTE o pedido inicial, com resolução do mérito, nos termos do art. 269, I do CPC, ao tempo em quecondeno o INSS a implantar imediatamente em favor da parte autora o benefício APOSENTADORIA POR IDADE, desde adata do requerimento administrativo, em 01.10.2012 – fl. 05), com o pagamento de parcelas atrasadas, respeitada aprescrição qüinqüenal (descontados os valores pagos a título de amparo social ao idoso), devidamente acrescidas decorreção monetária, conforme tabela do Conselho de Justiça Federal a partir da data do pagamento, ante o reconhecimentode parcial inconstitucionalidade do art. 1º F da Lei nº 9.494/97 com redação dada pela Lei nº 11.960/09 (ADI 4.357), e jurosde mora a partir da citação, no percentual de 1% ao mês até a data da entrada em vigor da Lei 11.960/2009, quando deveráser aplicado o índice da caderneta de poupança. Julgo improcedente o pedido de indenização por danos morais,extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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5 - 0000064-97.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.000064-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x IZAIAS MARTINS DE SOUZA(ADVOGADO: ES021486 - ROSIMARY GOMES DE ARRUDA CARRARO.).PROCESSO: 0000064-97.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.000064-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: IZAIAS MARTINS DE SOUZAADVOGADO (S): ROSIMARY GOMES DE ARRUDA CARRARO

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação em 06/05/2013.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Além disso,condeno o INSS a pagar os valores atrasados entre a DIB (data de início do benefício) e DIP (data de início do pagamento),observada a prescrição qüinqüenal a contar da DIB. Os valores atrasados deverão ser acrescidos de correção monetária(INPC) e juros de mora (0,5%) nos índices e percentuais do Manual de Cálculos do CJF. A correção monetária incidirádesde o momento em que cada prestação correspondente for devida. Os juros de mora incidirão a contar da citação,observada a ressalva sobre a questão.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

6 - 0000225-47.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000225-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x JAIR LOPES DOS SANTOS EOUTROS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.).PROCESSO: 0000225-47.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000225-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDARECORRIDO: JAIR LOPES DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença de fls. 40/42.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Pelo exposto,julgo procedente com resolução de mérito, o pedido de aposentadoria por invalidez, nos termos do art. 269, I do CPC,condenando o réu em conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, com DIB no dia posterior à data da cessação dobenefício de auxílio doença (10.08.2012 – fl. 07), com o pagamento de atrasados, devidamente acrescidos de correçãomonetária, de acordo com a tabela do CJF desde o momento em que foram devidos e juros de 1% ao mês, a partir dacitação, respeitada a prescrição quinquenal. Cabe destacar que o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com redação dada pela Lei nº

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11.960/09, foi considerado parcialmente inconstitucional (STF - ADI nº 4.357/DF). Julgo improcedente com resolução demérito, o pedido de indenização por danos morais, nos termos do art. 269, I do CPC.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

7 - 0001172-63.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001172-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x ADRIANA FRACALOSSICARDOSO (ADVOGADO: ES014592 - WELLINGTON D'ASSUNÇÃO MARTINS.).PROCESSO: 0001172-63.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001172-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: ADRIANA FRACALOSSI CARDOSOADVOGADO (S): WELLINGTON D'ASSUNÇÃO MARTINS

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão do auxílio-doença com a DIB em 10/05/2011.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “PAGAR, apóso trânsito em julgado, as parcelas vencidas desde a cessação, devendo os valores serem atualizados aplicando-se jurosmoratórios com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos daregra do art. 1º-F da Lei 9.494/97 com redação dada pela Lei 11.960/09, e correção monetária calculada com base nosíndices oficiais do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, editado pelo CJF, por forçada declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09, exarada na ADI 4.357/DF;”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

8 - 0101281-89.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.101281-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x DERCILIO DE JESUS (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).PROCESSO: 0101281-89.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.101281-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENARECORRIDO: DERCILIO DE JESUSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença de fls. 264/267, que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença com aDIB em 09/03/2013.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Pelo exposto,quanto às obrigações de fazer postuladas na inicial (implantação de benefício), julgo extinto o processo sem resolução demérito, na forma do art. 267, VI, do Código de Processo Civil. Quanto ao pedido de pagamento de quantia certa (valoresatrasados de auxílio doença), julgo procedente o pedido, extinguindo o processo, com resolução de mérito, na forma do art.269, I, do CPC e condeno o INSS a pagar à parte autora o benefício de auxílio doença no período de 09.03.2013 (diaposterior à cessação do benefício) até 22.12.2013 (dia anterior à concessão de benefício de aposentadoria por idade),devidamente acrescidas de correção monetária, conforme tabela do Conselho de Justiça Federal a partir da data dopagamento, ante o reconhecimento de parcial inconstitucionalidade do art. 1º F da Lei nº 9.494/97 com redação dada pelaLei nº 11.960/09 (ADI 4.357), e juros de mora a partir da citação, no percentual de 1% ao mês até a data da entrada emvigor da Lei 11.960/2009, quando deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança. Outrossim, julgo improcedentesos pedidos de aposentadoria por invalidez e de indenização por danos morais, extinguindo o processo, com resolução demérito, na forma do art. 269, I, do CPC.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

9 - 0001593-65.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001593-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ATAIDE LOURENCO (ADVOGADO: ES018035 -MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).PROCESSO: 0001593-65.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001593-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGONRECORRIDO: ATAIDE LOURENCOADVOGADO (S): MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de revisão da RMI do benefício previdenciário, mediante adequação ao novolimite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pela Emenda Constitucional nº 41/2003; e de pagamento dasdiferenças decorrentes da revisão.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Diante dasalterações feitas no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, as quais foramaprovadas pelo Conselho da Justiça Federal na sessão ordinária realizada em 25/11/2013, sobre os valores atrasadosdeverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o INPC, bemcomo, juros moratórios, à razão de 1% ao mês, desde a data da citação, até 30/06/2009 e, a partir de 1º/07/2009, no

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mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

10 - 0000825-68.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000825-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x CARLA GABRIELA DA SILVAMAIA (ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DE LOURDESCOIMBRA DE MACEDO.).PROCESSO: 0000825-68.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000825-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDARECORRIDO: CARLA GABRIELA DA SILVA MAIAADVOGADO (S): MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO, GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão da aposentadoria por invalidez com a DIB em 12/07/2013.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “... com opagamento das parcelas vencidas até a data de sua efetiva implantação, com correção monetária e juros de mora de 1% aomês.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

11 - 0000966-87.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000966-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x WANDERLEY VENTORIM (ADVOGADO:ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.).PROCESSO: 0000966-87.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000966-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNESRECORRIDO: WANDERLEY VENTORIMADVOGADO (S): EDGARD VALLE DE SOUZA

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão do auxílio-doença com a DIB em 25/01/2012 e improcedente opedido de aposentadoria por invalidez.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “... com asparcelas atrasadas devidamente acrescidas de correção monetária conforme tabela do Conselho de Justiça Federal a partirda data do pagamento, ante o reconhecimento de parcial inconstitucionalidade do art. 1º F da Lei nº 9.494/97 com redaçãodada pela Lei nº 11.960/09 (ADI 4.357), e juros de mora a partir da citação, no percentual de 1% ao mês até a data daentrada em vigor da Lei 11.960/2009, quando deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

12 - 0000021-71.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000021-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x VALDECIR VIEIRA SANTOS (ADVOGADO:ES014681 - JONILSON CORREA SANTOS.).PROCESSO: 0000021-71.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000021-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENARECORRIDO: VALDECIR VIEIRA SANTOSADVOGADO (S): JONILSON CORREA SANTOS

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão de aposentadoria por invalidez com DIB em 19/08/2010.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “... bem comoa pagar as parcelas vencidas (descontando-se os valores pagos administrativamente e/ou a título de tutela antecipada),respeitada a prescrição qüinqüenal, devidamente acrescidas de correção monetária, conforme tabela do Conselho deJustiça Federal a partir da data do pagamento, ante o reconhecimento de parcial inconstitucionalidade do art. 1º F da Lei nº9.494/97 com redação dada pela Lei nº 11.960/09 (ADI 4.357), e juros de mora a partir da citação, no percentual de 1% aomês até a data da entrada em vigor da Lei 11.960/2009, quando deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

13 - 0000469-98.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000469-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MARIA DA GLÓRIA MELO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES012942 - ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA, ES012743 - EDIVAN FOSSE DA SILVA.).PROCESSO: 0000469-98.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000469-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: MARIA DA GLÓRIA MELO DE OLIVEIRAADVOGADO (S): EDIVAN FOSSE DA SILVA, ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “CONDENO oINSS ao pagamento de atrasados, em valor apurado em planilha a ser apresentada pelo réu, no prazo máximo de 30 (trinta)dias, os quais deverão ser calculados da seguinte forma: em relação ao benefício de auxílio-doença que fora cancelado -desde a data do cancelamento administrativo do referido benefício, até a data de juntada do laudo pericial; em relação àaposentadoria por invalidez – desde a data da juntada do laudo pericial até a data da efetiva implantação do mesmo.Correção Monetária e Juros deverão ser calculados na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal/CJF. Apósapresentação dos cálculos, dê-se vista à parte para manifestação.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

14 - 0000240-75.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000240-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALCIONE DE SOUZA RODRIGUES.PROCESSO: 0000240-75.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000240-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRARECORRIDO: ALCIONE DE SOUZA RODRIGUESADVOGADO (S):

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou procedente o pedido de concessão do auxílio-doença com a DIB em 01/06/2010.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Os valores

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previstos nos itens b e c do dispositivo serão atualizados, durante todo o período até o efetivo pagamento, aplicando-sejuros moratórios com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termosda regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97 com redação dada pela Lei 11.960/09, e correção monetária calculada com base nosíndices oficiais do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, editado pelo CJF, por forçada declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09, exarada na ADI 4.357/DF.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

15 - 0004128-30.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.004128-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x JURANDI GUISSO ROSA (ADVOGADO:ES016403 - Letícia Severiano Zoboli, ES004823 - SAMUEL ANHOLETE.).PROCESSO: 0004128-30.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.004128-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITORECORRIDO: JURANDI GUISSO ROSAADVOGADO (S): SAMUEL ANHOLETE, Letícia Severiano Zoboli

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de concessão do auxílio-doença com a DIB em 26/11/2012.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Diante dasalterações feitas no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, as quais foramaprovadas pelo Conselho da Justiça Federal na sessão ordinária realizada em 25/11/2013, sobre os valores atrasadosdeverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o INPC, bemcomo, juros moratórios, no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

16 - 0001059-19.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.001059-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.) x MARLENE SEVERIANO NAZARE(ADVOGADO: ES016583 - Marthony Garcia de Oliveira, ES007087 - AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA.).PROCESSO: 0001059-19.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.001059-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDORECORRIDO: MARLENE SEVERIANO NAZAREADVOGADO (S): AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA, Marthony Garcia de Oliveira

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PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença com a DIB em30/06/2014.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Diante dasalterações feitas no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, as quais foramaprovadas pelo Conselho da Justiça Federal na sessão ordinária realizada em 25/11/2013, sobre os valores atrasadosdeverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o INPC, bemcomo, juros moratórios, no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

17 - 0106554-86.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.106554-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x MARIA SELMA SIQUEIRA DE MELO(ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.).PROCESSO: 0106554-86.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.106554-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNESRECORRIDO: MARIA SELMA SIQUEIRA DE MELOADVOGADO (S): SIRO DA COSTA

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença com a DIB em05/04/2013.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Diante dasalterações feitas no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, as quais foramaprovadas pelo Conselho da Justiça Federal na sessão ordinária realizada em 25/11/2013, sobre os valores atrasadosdeverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o INPC, bemcomo, juros moratórios, no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a ser

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adotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados noartigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

18 - 0001903-74.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001903-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JOSE ANTONIO JANUARIO (ADVOGADO:ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).PROCESSO: 0001903-74.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001903-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: JOSE ANTONIO JANUARIOADVOGADO (S): RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO EM PARTE.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença de fls. 264/267, que julgou procedente o pedido de concessão do auxílio-doença com a DIB em 10/08/2010,data do requerimento administrativo.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Condeno aparte requerida, ainda, a aplicar às parcelas vencidas a correção monetária pelo INPC, haja vista a decisão proferida na ADI4357/DF, aos 07/03/2013, em que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade, em parte, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, e juros de mora de1%, desde a citação até a data da expedição do requisitório, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e aprescrição quinquenal.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).4. Quanto ao termo final da incidência de juros de mora, deve corresponder à data de expedição do requisitório depagamento, não se aplicando ao juizado especial as disposições constitucionais acerca de precatório judicial. Ademais, oparágrafo 1º do artigo 100 da Constituição Federal, invocado no recurso, refere-se aos precatórios já expedidos e não àmera apresentação do valor devido.5. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido peloscritérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

19 - 0100127-27.2014.4.02.5055/01 (2014.50.55.100127-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSANGELA MARIACADORIM (ADVOGADO: ES017592 - VANESSA DE FREITAS LOPES, ES006803 - JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0100127-27.2014.4.02.5055/01 (2014.50.55.100127-1/01)RECORRENTE: ROSANGELA MARIA CADORIMADVOGADO (S): JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA, VANESSA DE FREITAS LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

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VOTO-EMENTA

PROCESSO CIVIL. COISA JULGADA MATERIAL FORMADA EM PROCESSO ANTERIOR. RECURSO IMPROVIDO.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou extinto oprocesso sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, V do CPC, em razão de coisa julgada. Alega a recorrente quenão atingiu seu pleito na ação anterior, que foi julgada improcedente, tendo proposto nova ação com subsídio noentendimento jurisprudencial já consolidado no Superior Tribunal de Justiça, quanto ao seu direito à desaposentação.Sustenta que não se pode ter a coisa julgada como paradigma inabalável de forma absoluta, pois nas situações que houverrazões fortes e contundentes para que se retorne ao caminho seguro do direito, da constitucionalidade, da moralidade,nessas situações a imutabilidade deve ceder lugar para a relativização da coisa julgada.

2. Não há dúvida sobre a ocorrência de coisa julgada, como se depreende do teor da petição inicial dopresente processo e da petição inicial do processo nº 005059-07.2010.4.02.5050. A autora/recorrente mesma narra, já nainicial, o ajuizamento da ação anterior cujo pedido restou julgado improcedente. Não há, pois, controvérsia sobre aconfiguração de coisa julgada, defendendo a recorrente apenas a sua relativização ante a jurisprudência do STJ firmadaapós o julgamento da ação anterior.3. Conforme art. 301, § 3º, do CPC, há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por sentença, deque não caiba recurso. A sentença de mérito não mais sujeita a recurso faz coisa julgada material, tornando-se imutável eindiscutível (art. 467 do CPC) e tendo força de lei (art. 468 do CPC). Apenas nas hipóteses de cabimento de ação rescisóriaé possível desconstituir a coisa julgada, não se admitindo a rescisão nas causas sujeitas ao procedimento dos juizadosespeciais, conforme art. 59 da Lei nº 9.099/95.4. A propósito da superveniência de decisão de tribunal superior ou mesmo do Supremo TribunalFederal, ainda que em ação direta de inconstitucionalidade, veja-se o seguinte acórdão:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COISA JULGADA EM SENTIDO MATERIAL INDISCUTIBILIDADE, IMUTABILIDADE ECOERCIBILIDADE: ATRIBUTOS ESPECIAIS QUE QUALIFICAM OS EFEITOS RESULTANTES DO COMANDO

SENTENCIAL PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL QUE AMPARA E PRESERVA A AUTORIDADE DA COISA JULGADA EXIGÊNCIA DE CERTEZA E DE SEGURANÇA JURÍDICAS VALORES FUNDAMENTAIS INERENTES AO ESTADO

DEMOCRÁTICO DE DIREITO EFICÁCIA PRECLUSIVA DA “RES JUDICATA” “TANTUM JUDICATUM QUANTUM DISPUTATUM VEL DISPUTARI DEBEBAT” CONSEQUENTE IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DE

CONTROVÉRSIA JÁ APRECIADA EM DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO, AINDA QUE PROFERIDA EM CONFRONTO COM A JURISPRUDÊNCIA PREDOMINANTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A QUESTÃO DO

ALCANCE DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 741 DO CPC MAGISTÉRIO DA DOUTRINA RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. A sentença de mérito transitada em julgado só pode ser desconstituída mediante ajuizamento de específica

ação autônoma de impugnação (ação rescisória) que haja sido proposta na fluência do prazo decadencial previsto em lei, pois, com o exaurimento de referido lapso temporal, estar-se-á diante da coisa soberanamente julgada, insuscetível de

ulterior modificação, ainda que o ato sentencial encontre fundamento em legislação que, em momento posterior, tenha sidodeclarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, quer em sede de controle abstrato, quer no âmbito de

fiscalização incidental de constitucionalidade. A superveniência de decisão do Supremo Tribunal Federal, declaratória deinconstitucionalidade de diploma normativo utilizado como fundamento do título judicial questionado, ainda que impregnada

de eficácia “ex tunc” como sucede, ordinariamente, com os julgamentos proferidos em sede de fiscalização concentrada (RTJ 87/758 RTJ 164/506509 RTJ 201/765) , não se revela apta, só por si, a desconstituir a autoridade da coisa julgada,

que traduz, em nosso sistema jurídico, limite insuperável à força retroativa resultante dos pronunciamentos que emanam, “in abstracto”, da Suprema Corte. Doutrina. Precedentes. O significado do instituto da coisa julgada material como

expressão da própria supremacia do ordenamento constitucional e como elemento inerente à existência do EstadoDemocrático de Direito. (g.n.)

(REAgR 592912; rel. Min. CELSO DE MELLO; data da decisão: 03.04.2012)

4. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita, deferido nasentença. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

20 - 0100052-91.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.100052-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAILTON BARBOSA(ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0100052-91.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.100052-2/01)RECORRENTE: ALAILTON BARBOSAADVOGADO (S): WANESSA ALDRIGUES CANDIDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS

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VOTO-EMENTA

PROCESSO CIVIL. COISA JULGADA MATERIAL FORMADA EM PROCESSO ANTERIOR. RECURSO IMPROVIDO.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, nos termos do art. 267, V do CPC, em razão de coisa julgada. A sentença considerou que no processonº 2006.50.50.002297-3 já foi analisado o período de 29/04/95 a 06/02/99, tendo sido reconhecido como especial até05/03/97. Alega o recorrente que na ação anterior foi requerido o reconhecimento de períodos especiais em razão deexposição à pressão sonora acima dos limites legais enquanto nesta ação o que se busca é o reconhecimento dos períodosespeciais em razão de exposição a agentes químicos, com base em documentos expedidos pela empresa após oajuizamento daquela primeira ação. Afirma o recorrente que se trata de causas de pedir distintas.

2. Consta da petição inicial que, no período de 29/04/1995 a 06/02/1999, o segurado laborou na AracruzCelulose S/A submetido ao agente nocivo Ruído E AGENTES QUÍMICOS, sempre de forma habitual e permanente, nãoocasional nem intermitente, conforme demonstrado no Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, em anexo. Em seguida,esclarece que o ruído sempre foi tido pela legislação previdenciária como efetivo causador de lesão à saúde e integridadefísica dos segurados, e como tal, sempre gerou o direito à aposentadoria especial, razão pela qual, não há como se afastara nocividade desse período. Transcreve as Súmulas 32 e 9 da TNU, que tratam exclusivamente do agente nocivo ruído.Não há na exposição da causa de pedir – e nem no pedido - nenhuma referência a outro agente nocivo que não o ruído.

3. A sentença proferida no processo anterior, constante às fls. 65/71, julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o réu a computar como tempo de atividade especial o período de 29/04/1995 a 05/03/1997, bem como aconvertê-lo em tempo de atividade comum. Conquanto não estejam os autos instruídos com a petição inicial daqueleprocesso, o recurso consta às fls. 56/64, estando claro em suas razões que o autor pretendia, inclusive, a conversão doperíodo de 16/02/1981 a 06/02/1999. A sentença restou integralmente mantida, como se verifica em consulta ao SIAPROdesta SJ-ES.

4. De fato, configura-se a coisa julgada, devendo ser mantida a sentença. De qualquer forma, oportunoobservar que o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP de fl. 81 (e 82), referente ao período de 29/04/1995 a 06/02/1999,menciona os agentes nocivos ácido clorídrico, cloro e ruído abaixo dos limites de tolerância, além de dicromato de sódio,para o qual não existe legislação.

5. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefícioda assistência judiciária gratuita, deferido à fl. 101. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

21 - 0109694-85.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109694-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ACILDA EMILIA GUIMARAES (ADVOGADO:ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.).PROCESSO: 0109694-85.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109694-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDARECORRIDO: ACILDA EMILIA GUIMARAESADVOGADO (S): HENRIQUE SOARES MACEDO, BRUNO SANTOS ARRIGONI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devem

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permanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento do Recurso Especial nº1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8.

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a ser

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adotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigidopelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

22 - 0113366-04.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.113366-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x JOSE LUIZ ZACHE (ADVOGADO:ES020627 - ENZO TOZETTI HOLZMEISTER.).PROCESSO: 0113366-04.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.113366-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALESRECORRIDO: JOSE LUIZ ZACHEADVOGADO (S): ENZO TOZETTI HOLZMEISTER

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR

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JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur sercorrigido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

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23 - 0113298-07.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.113298-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x GILMAR GERALDO BARBOSA CARNEIRO(ADVOGADO: ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI.).PROCESSO: 0113298-07.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.113298-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALESRECORRIDO: GILMAR GERALDO BARBOSA CARNEIROADVOGADO (S): JULIANA CARDOZO CITELLI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg no

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AREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigidopelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

24 - 0110987-90.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.110987-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x DJALMA ROBERTO VIDIGAL SPELTA(ADVOGADO: ES010785 - PEDRO COSTA.).PROCESSO: 0110987-90.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.110987-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALESRECORRIDO: DJALMA ROBERTO VIDIGAL SPELTAADVOGADO (S): PEDRO COSTA

VOTO-EMENTA

Page 24: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-62 ... INSS em face do acórdão de fls. 159/161, ... CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento do Recurso Especial nº1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na

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falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur sercorrigido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

25 - 0112685-34.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.112685-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ELIZETE MARIA ZOCCA E SILVA (ADVOGADO:ES010785 - PEDRO COSTA.).PROCESSO: 0112685-34.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.112685-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDARECORRIDO: ELIZETE MARIA ZOCCA E SILVAADVOGADO (S): PEDRO COSTA

VOTO-EMENTA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso

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(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento do Recurso Especial nº1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula ou

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jurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigidopelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

26 - 0109654-06.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109654-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x MARIA AUXILIADORA MARTINS (ADVOGADO:ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES, ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO.).PROCESSO: 0109654-06.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109654-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDARECORRIDO: MARIA AUXILIADORA MARTINSADVOGADO (S): CRISTIANO ROSSI CASSARO, GILVERTON LODI GUIMARÃES

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

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2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento do Recurso Especial nº1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma postura

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conservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur sercorrigido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

27 - 0107107-90.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107107-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x DERMIDE PEZZIN DE MORAES(ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).PROCESSO: 0107107-90.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107107-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALESRECORRIDO: DERMIDE PEZZIN DE MORAESADVOGADO (S): AMAURI BRAS CASER

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido paradeterminar a desconstituição do atual benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da parte autora e a concessãode novo benefício, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenou o recorrenteao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para oscálculos na Justiça Federal. O recorrente requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que oSupremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral na questão constitucional suscitada no recurso(RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91, pois não se trata de mera desaposentação. Alega, ainda, quanto àcorreção monetária, que devem continuar a ser utilizados os índices e a metodologia do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,considerando a decisão do ministro relator na ADI 4357, em razão de estar pendente a modulação dos efeitos temporaisdas ADIs 4425 e 4357, pelo que equivocada a aplicação do INPC. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida adesaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a desconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todosos proventos que aparte autora recebeu relativamente ao benefício anterior, devidamente corrigidos monetariamente e comincidência de juros de mora. Eventualmente, pede seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nos

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julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento do Recurso Especial nº1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvado o entendimento pessoal do relator sobre o tema, adota-se a orientação firmada noSTJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. Rosa

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Weber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

10. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigidopelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

28 - 0000954-73.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000954-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZOEL SALGADO AGUIRRE(ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRADE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).PROCESSO: 0000954-73.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000954-1/01)RECORRENTE: ZOEL SALGADO AGUIRREADVOGADO (S): MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO, GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNES

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedidode renúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. O relator, em julgamentos anteriores,registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, julgava ospedidos improcedentes.

3. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

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(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, eque o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

5. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

6. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

7. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

8. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido derenúncia à aposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parteautora, computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefícioserá a data do ajuizamento desta ação.

Os valores atrasados deverão ser corrigidos pelos critérios estipulados no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dadapela Lei 11.960/09, tendo em vista o RE 856.175-ES, julgado em 26/03/2015 pelo STF (trânsito em julgado em 26/03/15).

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

29 - 0102095-60.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.102095-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOSÉ DO CARMO SOUZA (ADVOGADO:ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0102095-60.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.102095-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUERECORRIDO: JOSÉ DO CARMO SOUZAADVOGADO (S): OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA, ALEX SANDRO SALAZAR

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido e ocondenou a acatar a renúncia à aposentadoria da parte autora e, por conseguinte, efetivar a cessação do benefício a contarda data da citação, bem como a averbar o período especial compreendido entre 18/11/2003 a 01/02/2012 e implantar novobenefício (o que for mais benéfico), independentemente de devolução dos proventos. O recorrente requer a atribuição deefeito suspensivo ao recurso, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussãogeral na questão constitucional suscitada no recurso (RE 661.256). No mérito, alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e

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imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo deaposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio do sistema , não para a obtenção de benefícios;(iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) violação ao art.18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91; não se trata de mera desaposentação. Pede a reforma da sentença para que sejaindeferida a desaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a parte autora seja condenada a proceder à devolução dosvalores recebidos a título de proventos de aposentadoria, em decorrência de sua renúncia ao referido benefício.

2. Como se depreende da literalidade do art. 543-B do CPC, e respectivos parágrafos, os recursos que devempermanecer suspensos até o pronunciamento definitivo do STF são os recursos extraordinários interpostos contraacórdãos. Não há nenhum dispositivo legal que obste o julgamento de recursos inominados em face da sistemática previstano referido dispositivo legal.

3. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre otema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciárioque se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ªRegião quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal CelsoKipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que,para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

4. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

5. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e ofato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

6. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

7. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

8. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade

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e pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

9. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

30 - 0000075-91.2012.4.02.5055/02 (2012.50.55.000075-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANTONIO JACINTO RABBI (ADVOGADO:ES010892 - LUZIA ESTER DONA SFALSIN.).PROCESSO: 0000075-91.2012.4.02.5055/02 (2012.50.55.000075-4/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTARECORRIDO: ANTONIO JACINTO RABBIADVOGADO (S): LUZIA ESTER DONA SFALSIN

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido e odecretou a desconstituição do atual benefício previdenciário da parte autora e, por conseguinte, o condenou a implantarnovo benefício mais benéfico, mediante acréscimo do período de contribuição posterior à concessão, bem como condenouo recorrente ao pagamento das parcelas vencidas, atualizadas de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentospara os cálculos na Justiça Federal. Alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal aoemprego das contribuições posteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema , não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, osegurado faz uma opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; (iv) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Leinº 8.213/91; não se trata de mera desaposentação. Pede a reforma da sentença para que seja indeferida a desaposentaçãopleiteada e, sucessivamente, que a parte autora seja condenada a proceder à devolução dos valores recebidos a título deproventos de aposentadoria, em decorrência de sua renúncia ao referido benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre otema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciárioque se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ªRegião quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal CelsoKipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que,para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR

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JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e ofato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

5. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

6. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

7. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

8. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

31 - 0100053-51.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100053-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LUIZA ANTUNES DA SILVA (DEF.PUB: RICARDOFIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0100053-51.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100053-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTARECORRIDO: LUIZA ANTUNES DA SILVAADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORI

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VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido e ocondenou a acatar a renúncia à aposentadoria da parte autora e, por conseguinte, efetivar a cessação do benefício a contarda data do requerimento administrativo, bem como conceder e implantar novo benefício (o que for mais benéfico), inclusivedevendo ser considerado a aposentadoria por idade aos 60 anos, independentemente de devolução dos proventos. Alega orecorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores àaposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio dosistema , não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção por uma renda menor, masrecebida por mais tempo; (iv) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91; não se trata de mera desaposentação.Pede a reforma da sentença para que seja indeferida a desaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a parte autoraseja condenada a proceder à devolução dos valores recebidos a título de proventos de aposentadoria, em decorrência desua renúncia ao referido benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre otema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciárioque se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ªRegião quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal CelsoKipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que,para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. Portanto, em consonância com a orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, oreconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), nafalta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e ofato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que algumavantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

5. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsávelpela uniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº10.259/01 é clara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

Page 37: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-62 ... INSS em face do acórdão de fls. 159/161, ... CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR

6. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

7. Prequestionamento da matéria constitucional. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridadee pela informalidade, inclusive para a elaboração de acórdãos (art. 46 da Lei 9.099/1995). No caso de adoção de tesesfixadas em sede de recurso repetitivo (arts. 543-C do CPC e 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001), a lei permite e deseja, emnome da celeridade dos processos, a prolação (ou a retratação) de acórdão por simples remissão à orientação firmada pelaTNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

Entretanto, diante do evidente interesse do INSS na futura interposição de Recurso Extraordinário, e diante de uma posturaconservadora das Cortes Superiores quanto ao requisito do prequestionamento (art. 102, III, da CRFB/1988), a fim de quecaracterize a decisão da causa com enfrentamento das normas constitucionais invocadas pelo INSS, bem como paraprevenir a oposição de Embargos de Declaração, a Turma Recursal torna explícita a fundamentação de que, emconsonância com a adesão à tese firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito àdesaposentação e reaposentação à parte autora não encontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988),na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade,e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um segurado obrigatório que se encontra aposentado – na mesmaalíquota incidente sobre o salário dos segurados não aposentados – impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida(arts. 195, § 5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

8. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

32 - 0001718-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001718-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIMONIA CHAVES DELACOSTA (ADVOGADO: ES010380 - ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0001718-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001718-0/01)RECORRENTE: SIMONIA CHAVES DELA COSTAADVOGADO (S): ARMANDO VEIGARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto por SIMONIA CHAVES DELA COSTA contra a sentença de fls. 94/96,que julgou improcedente o pedido de concessão do auxílio-doença, desde o requerimento administrativo em (16/05/2001), eposterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que o Juiz a quo não verificou que estava sepleiteando auxílio-doença desde 16/05/2001, e além disso, a autora, que tem mais de 33 anos de idade, vem sofrendohumilhações por não poder mais trabalhar devido aos problemas de saúde. Requer a reforma da sentença para pagamentodo auxílio-doença e as diferenças atrasadas, acrescidas de correção monetária e juros de mora.

2. A autora nasceu em 16/04/1979. Na petição inicial afirmou ser “lavradora”. Esteve em gozo de auxílio-doença noperíodo de 31/01/2012 a 30/04/2012 (fl. 65). Tivera indeferidos os requerimentos formulados em 16/05/2001 (fl. 63) e08/04/2003 (fl. 64).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Exerce, ou exercia, a parte autora a função de lavradeira, contando atualmente 34 anos de idade, referindo problemasneurológicos, principalmente quadro de epilepsia.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada, com especialista em neurologia(08-07-2013, fls. 76-78) foi constatada que a parte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de tambémconfirmar-se sua doença. O perito afirma que, no momento do exame pericial, diante da anamnese realizada, exameneurológico, laudos médicos e ressonância magnética nuclear analisados, a autora apresentou-se lúcida, orientada e semdéficit motor, estando, sob o ponto de vista neurológico, apta a exercer a função de lavradeira.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e exames

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médicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.Intimem-se.

4. O laudo pericial encontra-se às fls.76/78, foi lavrado por médico especialista em neurologia e estáadequadamente fundamentado.

5. Ante o teor da fundamentação declinada no laudo pericial, não há como excluir a sua conclusão com base ematestados lavrados por médicos particulares. Incide no caso o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, verbis:“o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. A sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei n.º 9.099/95).

7. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas e sem condenação em honorários, em face do deferimento dobenefício da assistência judiciária gratuita.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

33 - 0000371-50.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000371-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ROSA JULIANA FAVALESSA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0000371-50.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000371-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHENRECORRIDO: ROSA JULIANA FAVALESSAADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGAL

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 78/85, que julgou procedente em parte o pedido veiculado na inicial, condenando a autarquia-ré arestabelecer o benefício de auxílio-doença para, em seguida, convertê-lo em aposentadoria por invalidez com RMI acalcular pelo INSS, o qual terá como DIB a data da cessação do aludido beneficio (06/05/2011). Sustenta o recorrente que operito do juízo afirmou que a autora pode recuperar sua acuidade visual e indaga qual o sentido de desqualificar tal prova.Diz que não se pode dar a um benefício previdenciário feição nitidamente assistencial. Requer a reforma da sentença e queos pedidos sejam julgados improcedentes.

2. A autora (ROSA JULIANA FAVALESSA) nasceu em 13/09/1953. Na petição inicial informou ser costureira, masdeclarou ao perito ser auxiliar de serviços gerais, o que se confirma pela manifestação de fl. 70. Esteve em gozo debenefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, no período de 16/07/2010 a 06/05/2011.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Inicialmente, indefiro o pleito de fls. 74, visto que existem nos autos elementos suficientes para julgamento da demanda,inexistindo necessidade de maiores esclarecimentos.(...)A parte-Autora justifica seu pedido inicial com o argumento de que sofre de glaucoma, deslocamento de retina no olhodireito e catarata no olho esquerdo, estando impossibilitada de exercer suas atividades laborais desde 2010.Analisando os laudos médicos que instruíram a inicial, verifico que a requerente foi submetida cirurgia de deslocamento deretina no olho direito, porém sem êxito, ficando registrado que a acuidade visual do olho direito é de 20/800, de sorte que aautora somente é capaz de enxergar vultos, sendo este prognóstico definitivo. A acuidade visual do olho esquerdo é de20/80. Há referência de tratamento de glaucoma e de ocorrência de catarata no olho esquerdo.No exame médico-pericial, o douto perito relata que autora foi submetida à cirurgia de catarata no olho direito em 2008, eposteriormente foi operada em 2010 no mesmo olho para correção de descolamento de retina, porém sem sucesso, razãopela qual só consegue distinguir vultos no referido olho.A partir de 2010, houve “progressivo avanço da catarata no olho esquerdo”, o que, somado à perda da visão do olho direito,

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tem causado à autora limitações visuais gradativas.Posto isso, o perito faz menção de que a periciada apresentaria limitações para aquelas atividades que exigissem acuidadevisual, indicando, ainda, a necessidade de tratamento cirúrgico da catarata no olho esquerdo, para fins de restabelecimentoda aludida acuidade visual. Especialmente quanto a esta indicação, o médico perito ressalva que “somente após otratamento cirúrgico da catarata do olho esquerdo poderá ser avaliado até onde a periciada será restabelecida para oexercício de atividades laborativas”.Nesse ponto, cumpre destacar que prova pericial é o meio pelo qual se procura esclarecer certos fatos, alegados nos autos,que porventura suscitem dúvida na apreciação do direito e do aspecto fático pelo magistrado.Segundo Cândido Rangel Dinamarco: "perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador deconhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a fatos. Daíchamar-se perícia, em alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados. Tal é uma prova real,porque incide sobre fontes passivas, as quais figuram como mero objeto de exame sem participar das atividades deextração de informes.” (Instituições de Direito Processual Civil, Editora Malheiros, 2001. v. III, p. 584).Além disso, consoante inteligência do art. 436 do CPC, o juiz não é obrigado a ficar restrito ao laudo pericial, in verbis: OJuiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nosautos.É evidente que o magistrado não está adstrito a nenhuma prova que vier a ser produzida nos autos. O juiz pode valorarcada prova de acordo com o seu convencimento pessoal, podendo, inclusive, desconsiderar o laudo médico pericial.Diante das provas que foram produzidas nos autos, observo que a autora apresenta um quadro de visão subnormal,também chamada de cegueira parcial ou cegueira profissional no olho direito, visto que sua acuidade visual chega a 20/800,o que representa uma “baixa visão profunda”, de acordo com a Tabela Snellen. Indivíduos que apresentam essa reduzidaacuidade visual são capazes somente de distinguir vultos a curtas distâncias, o que, de fato, é relatado tanto nos atestadosmédicos colacionados pela autora, quanto no laudo médico pericial.O olho esquerdo, por sua vez, tem sido comprometido em razão do avanço da catarata, chegando a uma acuidade de20/80, o que representa uma perda de cerca 40% de sua visão, o que leva a crer que a autora encontra-se em avançadoestágio de comprometimento de sua visão bilateral.Compulsando os laudos médicos-periciais produzidos administrativamente, observo que quadro patológico acima apontadojá era de conhecimento do INSS quando o benefício previdenciário de auxílio-doença foi concedido em 2010 (fl. 30/31).Causa espécie, no entanto, que, quando este benefício foi cancelado, o perito examinador não relatou qualquer melhoranos problemas de saúde que outrora haviam justificado o deferimento do benefício. Muito ao contrário, o campo visual daautora permanecia deveras reduzido, sobretudo porque se tratava de prognóstico definitivo (fls. 33/34).Não sem razão, o perito judicial reitera a perda de visão do olho direito e recomenda a cirurgia para catarata no olhoesquerdo, sendo que somente após a realização desta seria possível avaliar o restabelecimento da autora para o exercíciode suas atividades laborais, o que representaria uma flagrante necessidade de restabelecimento do auxílio-doençacancelado.No entanto, outros fatores, sobretudo aqueles de cunho social, devem ser sopesados para análise do nível de incapacidadeda autora. É de se notar que a autora já conta quase 60 anos (a serem completos em 13/09/2013), com escolaridadeinconclusa do ensino médio, exercendo o labor de auxiliar de serviços gerais, como atividade habitual. Tais fatoressócio-culturais, associados ao avançado comprometimento visual, constituem óbices inegáveis à adequada inserção oureinserção no mercado de trabalho, de sorte a garantir sua digna subsistência.Neste eito, nem mesmo o argumento do INSS de que a autora encontra-se trabalhando pode ser entendido como umempecilho ao merecimento do benefício previdenciário, por meio de um processo lógico-dedutivo, segundo o qual uma vezempregada, estaria ela plenamente capaz.Ora, o segurado não pode ser prejudicado pelo fato de continuar a trabalhar, diante da negativa de concessão de benefício,já que o faz para o seu próprio sustento e de sua família, como também não poderá ser igualmente prejudicado se continuaa verter contribuições para a Previdência, sob o temor de perda da qualidade de segurado.Sobre o tema, recentemente se pronunciou a Turma Nacional de Uniformização, em julgamento assim ementado:Ementa. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHOEXERCIDO NO PERÍODO EM QUE RECONHECIDO INCAPACIDADE LABORAL PELA PERÍCIA MÉDICA. DIREITO AOBENEFÍCIO DESDE O INCORRETO CANCELAMENTO PELO INSS. 1. O trabalho exercido pelo segurado no período emque estava incapaz decorre da necessidade de sobrevivência, com inegável sacrifício da saúde do obreiro e possibilidadede agravamento do estado mórbido. 2. O benefício por incapacidade deve ser concedido desde o indevido cancelamento,sob pena de o Judiciário recompensar a falta de eficiência do INSS na hipótese dos autos, pois, inegavelmente, o benefíciofoi negado erroneamente pela perícia médica da Autarquia. 3. Incidente conhecido e improvido.(PEDIDO 200650500062090, Rel. JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA, j. em06/09/2011, DJe 25/11/2011) (grifei)

Sendo assim, considerando o deslocamento de retina que impingiu à autora a perda da visão do olho direito, considerando,ainda, o comprometimento visual do olho esquerdo em função da catarata, bem como as condições sócio-culturais daautora, entendo devida a concessão da aposentadoria por invalidez.Advirto que, muito embora não tenha havido pedido neste sentido, não vejo óbices para tanto, nem mesmo qualquer aoafronta princípio da congruência, estampado nos artigos 128 e 460 do CPC, porquanto o que aqui se avalia é aincapacidade laboral da demandante, sendo este o substrato fático que embasa tanto o pedido de auxílio-doença, quantode aposentadoria por invalidez, diferindo entre si apenas quanto à extensão da incapacidade.

Dispositivo.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, EXTINGUINDO O PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DOMÉRITO, nos termos do artigo 269, I do CPC, e condeno o Réu a RESTABELECER o auxílio-doença NB 540.295.711-4,

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para, em seguida, CONVERTÊ-LO em Aposentadoria por Invalidez em benefício da parte-Autora, Sra. ROSA JULIANAFAVALESSA, CPF 578.520.227-15, nos termos da fundamentação acima exposta, com RMI a calcular pelo INSS, o qualterá como DIB a data de cessação do aludido benefício, em 06/05/2011 (fl. 06); com base em uma cognição exauriente,tendo em conta a verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação em relação àparte-Autora, confirmo a antecipação dos efeitos da tutela para determinar o cumprimento em caráter de urgência daobrigação de fazer determinada acima, devendo o requerido implantar o benefício da parte-Autora no prazo máximo de 30(trinta) dias a contar da intimação desta decisão, bem como comprovar, nos autos, o efetivo cumprimento nos 10 (dez) diassubsequentes à implantação, sob pena de desobediência;b) PAGAR, após o trânsito em julgado, as parcelas vencidas, devendo os valores serem atualizados, durante todo o períodoaté o efetivo pagamento, pelos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, sendoque, a partir de 30/06/2009, deverá ser observada a nova redação conferida ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, alterado peloart. 5º da Lei 11.960/2009, na forma do Verbete 56 da Súmula do TRF 2ª Região; (...)”

4. A autora possui 61 anos de idade – fazendo jus a aposentadoria por idade, por já contar com mais de quinzeanos de contribuição. À época da cessação do benefício (05/2011), contava com 57 anos de idade. Possui ensino médioincompleto e laborava em atividade que exigia esforço físico (auxiliar de serviços gerais).

5. O laudo foi explícito ao afirmar que a autora perdera a visão do olho direito em 2010 “... e com o progressivoavanço da catarata do olho esquerdo, daí em diante... vem tendo limitações gradativamente. Somente após o tratamentocirúrgico da catarata do olho esquerdo poderá ser avaliado até onde a periciada será restabelecida para o exercício deatividades laborativas.” (fl.66).

6. Em vista de tal resposta, está implícito que a autora estava incapaz ao tempo do laudo e necessitava de cirurgiacorretiva da catarata no olho esquerdo.

7. Há, destarte, incapacidade total, que talvez possa ser afastada mediante cirurgia.

8. A lei desobriga o segurado a submeter-se a tratamento cirúrgico. Caso a autora espontaneamente faça a cirurgia,o INSS poderá, em avaliação periódica, detectar eventual recuperação de capacidade laboral. Não obstante, na atualconjuntura, correta a diretriz adotada na sentença em conceder a aposentadoria por invalidez.

9. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de10% sobre o valor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

34 - 0000643-53.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000643-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x EVERALDO TIAGO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).PROCESSO: 0000643-53.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000643-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDARECORRIDO: EVERALDO TIAGO DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DATURMA RECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdão quedeterminou a incidência, sobre o valor devido ao autor, de juros de mora e correção monetária nos moldes previstos noManual de Cálculos publicado pelo Conselho da Justiça Federal - CJF. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88. Requer a suspensão do julgamento dos aclaratórios até que o STF profirajulgamento final das referidas ações diretas.Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. Rosa Weber deuprovimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussão geral com baseno art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se do RE856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROVIDOS para modificar o resultado do julgamento do recurso inominado, passando odispositivo do voto-ementa do acórdão embargado a ter a seguinte redação:

“4. RECURSO INOMINADO PROVIDO para fixar que deverá o quantum debeatur ser a acrescido de juros de mora, a partir

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da citação válida, e de correção monetária, ambos pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei 11.960/09. Sem condenação em honorários advocatícios.”

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

35 - 0000921-20.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000921-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x MARIA ALMEIDA DOSSANTOS (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).PROCESSO: 0000921-20.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000921-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDARECORRIDO: MARIA ALMEIDA DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 41/43, que julgou procedente em parte o pedido veiculado na inicial, condenando a autarquia-ré a pagar àparte autora o benefício de auxílio-doença no período de 31/07/2008, dia posterior à cessação do auxílio-doença, até21/05/2011, dia anterior à concessão da aposentadoria por idade, atualizado na forma do art. 1º - F da Lei nº 9.494/97, comredação dada pela Lei 11.960/2009. Sustenta o recorrente que a perícia judicial não constatou qualquer incapacidadelaborativa, sendo incabível a concessão de qualquer benefício. Requer a reforma da sentença.2. A autora (MARIA ALMEIDA DOS SANTOS) nasceu em 18/05/1956. Na petição inicial informou ser “rural”. Esteveem gozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, no período de 20/05/2008 a 30/07/2008.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A autora recebeu benefício administrativamente no período de 20.05.2008 a 30.07.2008 (fl. 05).A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 32/33 constatou que a autora é portadora de Hipertensão Arterial Sistêmicae sofreu Acidente Vascular Cerebral. Todavia, ao exame físico informa que a autora não apresenta qualquer déficit motorem membros superiores e membros inferiores. Paciente lúcida bem orientada no tempo e espaço não apresenta qualquerlimitação física. Conclui que não há incapacidade para o trabalho.Nesse contexto, diante do laudo pericial judicial, que constata a existência das enfermidades, além da incapacidade que sepode extrair da análise dos laudos médicos apresentados nos autos e do próprio tipo das patologias que acometem aautora, aliada à sua idade avançada e ao fato de executar tarefas de demandam emprego de esforço físico acentuado,concluo que a requerente continuava incapacitada, quando foi cessado o benefício em 30.07.2008 (fl. 05).Nesse passo, importante ressaltar que o juiz não está adstrito ao que correlaciona a perícia e não há um liame obrigacionalentre laudo e decisão, ou seja, o exame realizado pelo expert é tão somente norteador para que o julgador forme seuconvencimento diante do conjunto probatório e dos fatos alegados pelas partes, mas não vincula o Magistrado.Nestes termos:CONSTITUCIONAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. PRELIMINAR. REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIAMÉDICA. DESNECESSIDADE. REQUISITOS LEGAIS. NÃO ADSTRIÇÃO AO LAUDO PERICIAL. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. I - A determinação de realização de nova perícia é faculdade domagistrado com vistas à formação do seu livre convencimento motivado, não se revestindo de caráter impositivo. II - Comoa apelada é portadora de deficiência e não tem condições de prover seu próprio sustento, ou tê-lo provido por sua família,impõe-se a concessão do benefício assistencial previsto no artigo 203, V, da Constituição da República, observado odisposto nos artigos 42, 47 e 48 do Decreto 6.214/07. III - O art. 436 do Código de Processo Civil dispõe que o juiz não estáadstrito ao disposto no laudo, podendo, segundo sua livre convicção, decidir de maneira diversa. IV - A base de cálculo doshonorários advocatícios corresponde às prestações vencidas até a data em que foi proferida a r. sentença recorrida, nostermos da Súmula 111 do E. STJ, em sua nova redação, e de acordo com o entendimento da 10ª Turma desta E. Corte,mantendo-se o percentual de 10% (dez por cento). V - O benefício deve ser implantado de imediato, tendo em vista oestabelecido no art. 461, do Código de Processo Civil. VI - Preliminar rejeitada. Apelação do réu parcialmente provida.(AC 200903990134363, JUIZ SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, DJF3 CJ1 DATA: 02/09/2009 PÁGINA:1528.)Quanto à qualidade de segurado da parte postulante, verifico que a possuía, inclusive era beneficiária de auxílio doença até30.07.2008 (fl. 05), que foi cessado indevidamente pela Autarquia, sem que a autora se encontrasse capacitada paradesenvolver sua atividade ou fosse reabilitada para o exercício de outra função que lhe assegurasse a subsistência.Dessa forma, faz jus à parte autora ao recebimento dos atrasados de auxílio doença até a data da concessão do benefíciode aposentadoria por idade (rural), a ser pago no período de 31.07.2008 (dia posterior à cessação do auxílio doença) até21.05.2011 (dia anterior à concessão da aposentadoria por idade - fl. 15).Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.Pelo exposto, julgo parcialmente procedente o pedido com resolução de mérito, na forma do art. 269, I, do Código deProcesso Civil, para condenar o INSS a pagar à parte autora o benefício de auxílio-doença, no período de 31.07.2008 (dia

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posterior à cessação do auxílio doença – fl. 05) até 21.05.2011 (dia anterior à concessão da aposentadoria por idade - fl.15), atualizados na forma do art. 1º F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960/2009, respeitada aprescrição quinquenal. Outrossim, julgo improcedente o pedido de indenização por danos morais, na forma do art. 269, I, doCódigo de Processo Civil.(...)4. A perícia foi realizada em 06/02/2013, quase cinco anos após a cessação do benefício, em 30/07/2008, e quasedois anos após a concessão da aposentadoria por idade. Ressalte-se que o ajuizamento da ação, contudo, ocorreu em10/10/2012, apenas quatro meses antes da perícia.5. O laudo médico de fl. 9, de 05/09/2008, atesta que a autora estava impossibilitada de exercer atividadesprofissionais e cotidianas, em razão de hipertensão arterial sistêmica, seqüela de AVC e depressão. A perícia judicialapenas menciona hipertensão arterial sistêmica e indica dúvida sobre seqüela de acidente vascular cerebral ao inserir pontode interrogação em seguida, não constatando nenhum sinal de incapacidade para as atividades laborativas da autora. Adespeito do disposto no Enunciado 8 desta Turma Recursal, não há como prevalecer o laudo pericial realizado cinco anosapós a cessação do benefício, havendo laudo médico contemporâneo a tal data atestando a incapacidade, mesmo porqueesta já fora reconhecida administrativamente pelo INSS.6. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencidoao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

36 - 0001504-30.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001504-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIMONI RUFINO SANTANA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0001504-30.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001504-2/01)RECORRENTE: SIMONI RUFINO SANTANAADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por SIMONI RUFINO SANTANA contra a sentença de fls. 115/118, quejulgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento do beneficio auxílio-doença. Sustenta a recorrente que a análisedo laudo pericial deveria ter sido feita conjuntamente com os demais documentos por ela anexados, que expressam deforma cristalina que ela possui limitações que a impossibilitam de exercer suas atividades laborativas, estabelecendo-seuma correlação de tais fatores com a atividade profissional de vendedora. Diz que, em razão da artrite reumatóide, nãoconsegue exercer atividades comuns do dia a dia, como utilizar transporte público, lavar roupas, limpar cômodos, cozinhar,manusear objetos em geral, além de ter dificuldades em levantar e abaixar. Argumenta que possui jornada de trabalhocansativa, que exige disposição física que a recorrente não possui, e que, como destacou o perito, não consegue fechar asmãos. Aduz que, diante da contrariedade do laudo, deveria o juiz valer-se de outros elementos, tais como a documentaçãomédica apresentada ou, ainda, interpretar teleologicamente o laudo. Alega que a TR/ES tem se posicionado no sentido denão exigir do segurado o exercício de um esforço acima da média para que possa continuar trabalhando. Sustenta que ojuiz deve vislumbrar em sua decisão as condições pessoais e a realidade social em que a parte se encontra. Ressalta quetem 44 anos e ensino fundamental incompleto. Requer a reforma da sentença.

2. A autora nasceu em 18/08/1968. Na petição inicial afirmou ser vendedora. Esteve em gozo de benefícioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos de 26/09/2009 a 31/12/2010 e 04/01/2011 a 06/04/2011.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A prova pericial (laudo às folhas 103/104) foi conclusiva acerca da ausência de incapacidade da segurada, para o exercíciode suas atividades habituais.Afirmou o ilustre médico perito que a autora apresenta quadro de artrite reumatóide, doença inflamatória, porém de graumoderado, no caso concreto. Informou, ainda, que a autora faz uso de medicamentos de alto custo fornecidos pela redepública de saúde, com aparente controle da doença.Segundo o médico especialista, no caso da pericianda, as limitações físicas causadas pela doença em questão somentenão permitem o trabalho que exige intenso esforço físico ou destreza com as mãos, o que não é o caso da autora.O fato de o segurado possuir alguma doença não redunda em sua incapacidade laboral, antes são coisas diversas. Osegurado somente terá direito ao benefício por incapacidade se a doença de que é portador lhe causar uma limitação queimpeça o exercício de sua atividade habitual ou de qualquer outra.Com relação aos argumentos lançados pela autora em sua manifestação acerca do laudo pericial, entendo que nãoprocedem.Não há nenhum elemento nos autos capaz de demonstrar que o trabalho por parte da autora exigir-lhe-á sacrifíico acima da

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média para os demais trabalhadores da mesma categoria profissional.Igualmente não lhe assiste razão quando deixa entrever que o perito judicial atuou com “achismos”. Em verdade, todo equalquer parecer técnico reflete o ponto de vista subjetivo de seu emissor, devendo ser entendido o vocábulo acho utilizadopelo i. expert apenas como palavra indicadora de sua opinião médica. Não pretendeu o douto perito utilizá-lo com indicaçãode dúvida ou incerteza de sua parte.Por derradeiro, cabe ressaltar que a divergência com atestados de médicos assistentes não invalida o laudo pericial. Oatestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve serresolvida em favor do parecer do perito do juízo, se de outra forma não se convencer o magistrado.De acordo com o Enunciado nº 08 da E. Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo:“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”É evidente que o magistrado não está adstrito a nenhuma prova que vier a ser produzida nos autos. O juiz pode valorarcada prova de acordo com seu convencimento pessoal, podendo, inclusive, desconsiderar o laudo médico pericial.Entretanto essa atitude somente terá legitimidade quando se opuser ao laudo pericial todo um arcabouço probatório capazde indicar a incapacidade laboral do paciente. Do contrário, deve prevalecer a opinião do médico da confiança do Juízo.Com efeito, o médico assistente faz o diagnóstico e trata. Não lhe cabe perquirir a veracidade dos fatos narrados pelopaciente, mas tão somente acreditar em seu relato, considerando a relação de confiança que há entre médico e paciente,fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado para o caso. Já o médico perito sepreocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante procede. Por isso, o diagnóstico emitido pelomédico assistente não pode prevalecer sobre aquele emitido pelo perito.DISPOSITIVOAnte o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da autora e extingo o processo COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nostermos do art. 269, I, do CPC.Sem custas nem verba honorária (arts. 55 da Lei 9099/95 c/c 1° da Lei 10.259/2001).P.R.I.

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

5. Destaque-se que apenas o laudo de fls. 89/90 atesta incapacidade em data (12/12/2011) posterior à cessação dobenefício (06/04/2011) e que o perito – perícia realizada em 26/07/2012 - concluiu que a autora não deve exercer “intensoesforço”, o que não ocorre em sua profissão. O quadro clássico de artrite reumatóide no momento não leva, do ponto devista reumatológico, a incapacidade laborativa. Tal divergência resolve-se na forma do Enunciado 8 desta Turma Recursal,como acertadamente asseverado na sentença.

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 67). É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

37 - 0001863-24.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001863-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELSON KUZANKE(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0001863-24.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001863-9/01)RECORRENTE: NELSON KUZANKEADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL (LAVRADOR). AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por NELSON KUZANKE contra a sentença de fls. 74/76, que julgouimprocedente o pedido inicial de restabelecimento do beneficio auxílio-doença desde a cessação administrativa(30/06/2007), ou, sucessivamente, a concessão da aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que a sentençareconheceu que existem controvérsias entre os laudos do perito judicial e do médico particular e que o trabalho que exerciaaté antes da incapacidade (lavradora) é árduo e pesado, e que está com 40 anos de idade e a cada dia perde suas forçaspara o trabalho por causa da cegueira binocular: olho direito e catarata evolutiva no olho esquerdo. Diz que a sentença foipermeada exclusivamente no laudo médico judicial, sem levar em conta a história do quadro de doença do recorrente nemsua condição socioeconômica, bem como que há provas médicas incontestes (fls. 34 e 36) de que o segurado está incapazpara as suas atividades habituais. Pede a reforma da sentença com a concessão do auxílio-doença ou da aposentadoriapor invalidez.

2. O autor nasceu em 05/08/1973 e é lavrador. Esteve em gozo de auxílio-doença no período de 16/11/2006 a30/06/2007 (fl. 39).

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3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Busca-se nesta demanda o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde a cessação administrativa (30/06/2007)ou, sucessivamente, a concessão da aposentadoria por invalidez.Inicialmente, cumpre esclarecer que sobre parte do período pleiteado pelo autor já se operaram os efeitos da prescriçãoqüinqüenal. Isso porque, como a cessação de seu benefício se deu em 30/06/2007 e o requerente somente ajuizou apresente ação em 17/05/2013, as parcelas anteriores à 17/05/2008 estão prescritas.(...)Exerce o autor a função de lavrador (fls. 1 e 52), contando atualmente 40 anos de idade, referindo possuir problemasoftalmológicos.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada em 25/06/2013 (fls. 50-56) foiconstatado que a parte autora apresentava capacidade laborativa. Ainda na ocasião, informou o perito que, apesar de oautor ser cego do olho direito, possui visão normal no olho esquerdo, o que não causa qualquer limitação ao desempenhode suas funções como lavrador.Quanto à manifestação do requerente sobre o laudo judicial, devo frisar que o argumento sobre a existência da doençareferida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que a confirma não pode prosperar a fim de invalidar aconclusão apresentada a partir da perícia judicial. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só,incapacidade, esta deve ser constatada por perícia médica, pois o atestado médico particular equipara-se a mero parecerde assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito dojuízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Assim, não se conclui, por ora, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO....P.R.Intimem-se.

4. A composição anterior desta 1ª Turma Recursal, em caso similar, fixou o entendimento de que a visão monocularnão gera incapacidade para a função de lavrador (Autos nº 0000434-56.2012.4.02.5050/01). Mais uma vez, mantenho oreferido posicionamento, adotando como razões de decidir as declinadas na sentença.

5. Quanto à existência de catarata no olho esquerdo, o perito externou entendimento claro no sentido de que amesma “... não implica queda na acuidade visual, “que no momento é 20/25...”. O laudo se encontra razoavelmentefundamentado, não sendo viável excluir a conclusão nele lançada.

6. Registro que em caso similar – agricultor portando visão monocular – o TRF da 4ª Região entendeu cabível aconcessão de auxílio-acidente, visto que se comprovou haver redução da capacidade laborativa (TRF da 4ª Região. 5ªTurma. Apelação Cível 17213 RS 2004.04.01.017213-5; Relator CELSO KIPPER. DJ 19/01/2005, p. 285). De todo o modo,parece-me não ser viável deferir tal benefício nesta sede, uma vez que não houve quesitação a respeito da redução dacapacidade laborativa. O autor deverá ingressar com requerimento administrativo e, caso seja indeferido o pedido, pleitearjudicialmente o mencionado benefício.

7. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei n. 9.099/95)

8. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 40). É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

38 - 0004930-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004930-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOÃO CARLOS DA SILVA(ADVOGADO: ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA, ES018302 - GABRIELA BERNARDO DEORCE, ES012739 - JOSEGERALDO NUNES FILHO.).PROCESSO: 0004930-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004930-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: JOÃO CARLOS DA SILVAADVOGADO (S): LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHO, GABRIELA BERNARDO DEORCE

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 117/119, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial, condenando a autarquia-ré a conceder obenefício de auxílio-doença, com DIB em 12/06/2012, devendo ser convertido em aposentadoria por invalidez a partir de04/03/2013. Sustenta o recorrente que, como se infere do laudo pericial, é possível a reabilitação do autor, uma vez que suaincapacidade é parcial, podendo desempenhar outras funções, bem como que há chance de cura com tratamentoconservador. Alega que inexiste dispositivo legal que estabeleça o tempo de auxílio-doença como requisito para concessãode aposentadoria por invalidez. Diz que manter a sentença é legislar positivamente, violando o princípio da separação dospoderes. Quanto ao fato de o segurado ser semialfabetizado, registra que, dentre os serviços oferecidos pela autarquia noprocesso de reabilitação profissional está a elevação do nível de escolaridade do segurado. Argumenta que a data de iníciodo benefício deve ser modificada para a data da perícia judicial, pois o perito afirmou não poder precisar a data do início daincapacidade. Menciona o Enunciado nº 8 desta Turma Recursal. Pede a reforma da sentença que seja julgadoimprocedente o pedido de aposentadoria por invalidez, uma vez que a incapacidade é temporária, e subsidiariamente,pugna pela fixação da data de início do benefício na data da juntada do laudo pericial.

2. O autor, JOÃO CARLOS DA SILVA, nasceu em 05/04/1970 (fl. 12) e é motorista de ônibus (fl. 16). Esteve emgozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, no período de 14/05/2004 a 12/06/2012 (fl. 86). O pedidoadministrativo de prorrogação do benefício, formulado em 25/05/2012 (fl. 17), e o pedido de novo benefício, realizado em14/06/2012 (fl. 86), foram indeferidos pela não constatação de incapacidade laborativa.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)Na inicial, o autor, motorista de ônibus, que conta atualmente com 43 anos de idade, alega ser portador de “alergia, pressãoalta, lesão no braço, reumatismo, esporão no pé, artrite e artrose”.O autor recebeu o benefício de auxílio-doença pelo período de 14/05/2004 a 12/06/2012 (NB 300.233.040-1).(...)Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial, cujo laudo encontra-se às fls.73/77.A perita constatou que o autor é portador de artrite psoriásica, doença autoimune que causa inflamação nos tendões earticulações e, em alguns casos, pode comprometer a coluna. Apresenta, também, sequela de fratura antiga no cotovelo,que impede sua extensão total, sendo apenas possível flexionar em 30 graus. Segundo a expert, embora seja doençacrônica e incurável, quando feito o tratamento corretamente, é possível, na maior parte das vezes, que o enfermo fiqueassintomático.Desse modo, o laudo pericial conclui pela incapacidade total e temporária do autor, não sendo possível prever o temponecessário à reabilitação, considerando que o tratamento depende do acesso aos medicamentos, da natureza da doença,do empenho do autor e do acompanhamento com médico competente.Verifica-se que o autor já passou por reabilitação profissional por meio da autarquia ré (fl. 18), mas não há condições deexercer a função em razão da inflamação articular de mãos, pés e do quadril que causam dor até mesmo para uma simplescaminhada.Não obstante a perícia tenha indicado possibilidade de melhora, o autor apenas apresentou agravamento de sua condiçãodesde o primeiro benefício concedido, o que aponta para a incapacidade total e definitiva do autor para o desempenho deatividades que lhe garantam o sustento. Outro ponto que merece destaque é a afirmação feita pela perita judicial queressaltou que “com o tempo a seqüela de anos de inflamação não controlada geralmente leva a irreversibilidade do quadro”(resposta ao quesito 14, fls. 76).Portanto, diante das limitações apresentadas, constato a impossibilidade de nova reabilitação, além da necessidade deconcessão de aposentadoria por invalidez, tendo em vista que o autor recebe há 08 (oito) anos o benefício deauxílio-doença, sem perspectiva de melhora, tratando-se, nesse caso, de incapacidade definitiva.Assim, o autor deverá receber o benefício de auxílio-doença com DIB em 12/06/2012, data em que o benefício foiindevidamente cessado, devendo esse ser convertido em aposentadoria por invalidez a partir de 04/03/2013, data derealização da perícia judicial, em que foi constatada a incapacidade do autor.Por fim, destaco que o INSS ofereceu proposta de acordo (fls. 84/85) que foi recusada pela parte autora (fls. 90).Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para condenar o INSS a conceder ao autor JOÃO CARLOS DA SILVAo benefício de auxílio-doença com DIB em 12/06/2012, devendo ser convertido em aposentadoria por invalidez a partir de04/03/2013. Ressalto que deverão ser deduzidas eventuais parcelas já pagas administrativamente à parte autora a título deauxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez no mesmo período....P.R.I.

4. O laudo pericial foi enfático ao asseverar que a doença autoimune que acomete o autor (artrite psoriásica) éincurável, mas tratável, sendo o tratamento eficaz na maior parte das vezes, de forma que o paciente pode ficarcompletamente assintomático. Quanto à seqüela de fratura no cotovelo, impede a extensão total do cotovelo, mas nãocausa grande interferência na função articular.

5. Não obstante, embora a perita afirme que não detectou seqüela da doença articular que justifique umaincapacidade definitiva e que todos os sintomas são potencialmente reversíveis, ressalta que, com o tempo, a seqüela de

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anos de inflamação não controlada geralmente leva à irreversibilidade do quadro. Realçou, ainda, as peculiaridades do casodo autor, que tem dificuldade de acesso ao médico e não avançou ainda para as medicações mais modernas, dificuldadede comprar os medicamentos, dificuldade de coletas exames, pouco acesso aos tratamentos complementares (fisioterapia,exercício físico supervisionado) e dificuldade pessoal de aderência ao tratamento, concluindo que, nesse cenário, é difícilcontrolar os sintomas da doença.

6. As peculiaridades referidas no laudo provavelmente explicam a persistência dos sintomas da doença no períodode oito anos em que o segurado recebeu o benefício de auxílio-doença, ao mesmo tempo em que indicam a provávelcontinuidade do quadro clínico do autor.

7. Em suma, a perspectiva de melhora dos sintomas, pelo que se depreende das considerações da perita, dependeda perspectiva de melhora do cenário por ela descrito, que considero inexistente, tal como se considerou na sentença.

8. Ressalte-se que não há que se falar em reabilitação profissional do segurado, pois a incapacidade é total e nãoparcial.

9. A data de início da aposentadoria por invalidez deve corresponder à data em que verificada a incapacidadedefinitiva, o que ocorreu no exame pericial, cujo laudo foi acatado na sentença.

10. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida. Sem condenação em custas. Condenação dorecorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelas vencidas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

39 - 0000891-82.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000891-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BEATRIZ FERREIRA PINTO(ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).PROCESSO: 0000891-82.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000891-0/01)RECORRENTE: BEATRIZ FERREIRA PINTOADVOGADO (S): MARIA REGINA COUTO ULIANARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO DA AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por BEATRIZ FERREIRA PINTO contra a sentença de fls. 62/63, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão do beneficio auxílio-doença, com posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Sustenta a recorrente que está incapacitada para o exercício da única atividade laborativa que lhe garante osustento (rural), conforme demonstram os laudos médicos juntados aos autos, e que o laudo pericial é contraditório aoreconhecer a patologia, sua gravidade e evolução, mas não reconhecer a incapacidade temporária ou parcial. Alega que,devido ao baixo nível escolar, social e econômico, além da idade avançada, não possui condições de seguir um tratamentoadequado, o qual não é oferecido pelo SUS do seu Município, não estando em condições de realizar tratamento particularem outra cidade, devido o alto custo. Diz que não tem como retornar suas atividades ou ser reabilitada para outra função,pois suas condições pessoais (idade, grau de instrução e saúde) a impedem de obter uma vaga no mercado de trabalho.Aduz que o perito não respondeu os quesitos formulados pela autora e não fez nenhuma analise da doença em relação aodesempenho de suas atividades laborais e habituais. Requer a anulação da sentença, por cerceamento de defesa, eretorno dos autos à primeira instância para reabertura processual e novo julgamento. Caso não seja esse o entendimento,requer a condenação do réu a conceder auxílio-doença e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimentoadministrativo.

2. A autora nasceu em 27/11/1961 e é trabalhadora rural. Esteve em gozo de auxílio-doença, conforme consulta aoCNIS, nos períodos de 02/01/2002 a 16/04/2003, de 07/05/2003 a 31/07/2003, de 03/09/2003 a 15/08/2004, de 17/11/2004a 15/03/2005, de 30/09/2010 a 28/10/2010 e 11/05/2011 a 31/10/2011. Em 19/07/2012 (fl. 35), formulou pedido de novobenefício, o qual foi indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A autora recebeu benefício administrativamente, por diversos períodos, sendo o último concedido no período de 11.05.2011a 31.10.2011 (fl. 34).A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 52/64, informa que a autora é portadora de artrose da coluna lombar, massem sinais de compressão nervosa, movendo-se com extrema facilidade. Apresenta quadro de epicondilite lateral noscotovelos, estando em tratamento com hidroginástica. Conclui que não há incapacidade laboral, pois a autora tem boamobilidade articular, sem compressões nervosas.

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Verifico, assim, que a demandante não comprovou a existência de incapacidade que autorize a concessão do benefício,inexistindo nos autos documentos capazes de infirmar a conclusão pericial.Nesse contexto, a incapacidade, enquanto persistiu, foi tutelada administrativamente.Desta forma, inexistindo qualquer incapacidade laboral, não faz jus a parte autora ao benefício previdenciário pleiteado nainicial.Quanto à qualidade de segurado, embora desnecessária sua análise, saliento que esta resta comprovada nos autos, eisque a autora recebeu benefício até 31.10.2011.Pelo exposto, julgo improcedentes os pedidos, com resolução do mérito, na forma do artigo 269, inciso I, do Código deProcesso Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. A respeito da alegada nulidade da sentença, registre-se que os quesitos formulados pela autora à fl. 47 em nadaalterariam a conclusão do laudo pericial, sendo os quesitos formulados pelo juízo e respondidos pelo perito suficientes aelucidar todas as questões postas pelo autor. Conquanto os quesitos não tenham sido formalmente indeferidos pelo juízo,não há que se falar em nulidade da sentença, pois, uma vez que o magistrado entende haver nos autos elementossuficientes para formar sua convicção, não está obrigado a dar continuidade à instrução.

5. O laudo de fl. 31, datado de 12/07/2012, subscrito pelo médico ortopedista cirurgião de ombro da Clínica dosAcidentados de Vitória Ltda. atesta que a autora tem limitação funcional do ombro direito por síndrome do impacto e lesãodo manguito rotador, necessitando de tratamento cirúrgico artroscópico, não oferecido pelo SUS, encontrando-se semcondições de trabalho.

6. O perito, por sua vez, em 25/01/2013, constatou, no exame físico, que a autora apresentava ombros, cotovelos epunhos com mobilidade normal, sem sinais de compressão nervosa nos punhos, mencionando, ainda, que é portadora deartrose da coluna lombar sem sinais de compressão nervosa, movendo-se com extrema facilidade. Concluiu que não háincapacidade para suas atividades laborais, pois tem boa mobilidade articular, sem compressões nervosas (quesito 5).Note-se que o perito informa que a autora operou o ombro esquerdo em novembro de 2011 e aguarda cirurgia por não tercondições financeiras, do que se conclui não ter sido desconsiderada, na perícia, a lesão referida no laudo de fl. 31.7. Uma vez que a autora apresentou mobilidade normal dos ombros no exame pericial, pode-se concluir que obteverelevante melhora da lesão do manguito rotador, que não mais a incapacita.

8. Não há, contudo, como desconsiderar o laudo de fl. 31, que atesta a lesão e a necessidade de tratamentocirúrgico, além da ausência de condições de trabalho, em 12/07/2012, ou seja, sete dias antes do requerimentoadministrativo e aproximadamente seis meses antes da perícia judicial.

9. Assim é que deve ser reconhecida a incapacidade temporária da autora para suas atividades habituais à épocado requerimento administrativo e até a data de realização da perícia judicial, quando restou demonstrada a recuperação dacapacidade laborativa.

10. Quanto à qualidade de segurada especial da autora, entendo desnecessária produção de prova testemunhal,tendo em vista que lhe foi concedido administrativamente benefício de auxílio-doença por diversos períodos entre os anosde 2002 a 2011, especificados no item 2 desta ementa, e ainda, os documentos que instruem a inicial, especialmente acertidão de fl. 23, emitida pelo Superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA,em 18/03/2011, segundo a qual a autora é assentada no Projeto de Assentamento PA Olinda II e desenvolve atividadesrurais em regime de economia familiar no Assentamento, desde 07/12/2000.

11. Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e condenar o INSS a pagar àautora as parcelas relativas ao benefício de auxílio-doença no período de 19/07/2012 (DER) a 25/01/2013 (data da períciajudicial).

12. Juros e correção monetária incidirão conforme o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dadapela Lei 11.960/09, em face do entendimento fixado pelo STF no RE nº RE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito emjulgado em 26/03/15).

13. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

40 - 0102272-08.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102272-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARCELO RAMOS BUZETTI(ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT, ES012201 - JOCIANI PEREIRANEVES, ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS,ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES, ES008598 - MAURA RUBERTH

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GOBBI.).PROCESSO: 0102272-08.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102272-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: MARCELO RAMOS BUZETTIADVOGADO (S): ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO, KARIME SILVA SIVIERO,LARA CHAGAS VAN DER PUT, MAURA RUBERTH GOBBI, RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, RONILCEALESSANDRA AGUIEIRAS, TATIANA MARQUES FRANÇA, VERA LÚCIA FÁVARES, JOCIANI PEREIRA NEVES

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. ALEGAÇÃO DE SUSPEIÇÃO DO PERITO JUDICIAL. RECURSOIMPROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 98/101, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a conceder obenefício de auxílio-doença, com DIB em 23/01/2013 (data do requerimento administrativo), a 19/08/2013 (véspera daconcessão do novo beneficio), e converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez com DIB em 20/08/2013 (datada pericia médica realizada nos autos). Alega o INSS, em seu recurso, preliminarmente, a nulidade da perícia em face dasuspeição do perito - que apresenta muitos laudos semelhantes ou idênticos, além de não ter registro no Conselho Regionalde Medicina do Espírito Santo - e do cerceamento de defesa, por não ter sido dada oportunidade para que o INSS semanifestasse sobre o primeiro laudo, antes de se designar o referido médico. No mérito, alega que o perito não fixou a datade início da incapacidade na cessação, pelo que os pedidos devem ser julgados improcedentes ou ao menos procedentedesde a perícia. Destaca que os documentos arrolados pelo autor não comprovam a existência de incapacidade de formasuficiente a ponto de invalidar as perícias administrativas.2. O autor (MARCELO RAMOS BUZETTI) nasceu em 27/12/79. Na petição inicial informou estar desempregado.Requereu benefício de auxílio-doença em 23/01/2013 (fl. 25), o qual foi indeferido por não ter sido constatada incapacidade.Estivera em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, no período de 30/11/2001 a 15/01/2002 (fl. 79).3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Primeiramente, nada a prover quando às alegações do INSS (fls. 65-83) sobre a desqualificação do médico perito Dr. DaviUrias Batista Vidigal, perito cadastrado no Conselho Regional de Santa Catarina, produzir laudos periciais neste estado,visto que não há registro no Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo.Isso porque, apesar do disposto no art. 17 e 18 da Lei nº 3.268/1957, ao se ater ao manifesto no art. 35, da Lei nº9.099/1995, assim dispomos: “Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida àspartes a apresentação de parecer técnico”. (grifei) E ainda o disposto no art. 12, da Lei nº 10.259/2001: “Para efetuar oexame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará olaudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de intimação das partes”. (grifei)Ou seja, primeiramente a lei confere ao juiz o poder discricionário de escolher técnicos de sua confiança para produzir umlaudo médico pericial, em segundo lugar, a lei determina que o juiz nomeie uma pessoa habilitada para realizar a perícia, ouseja, um médico, que neste caso é um psiquiatra, logo, não assiste razão ao INSS quanto às alegações prestadas às fls.65-83, até que prove o contrário.Em segundo lugar, nada a prover também quanto à alegação do INSS (fls. 65-83) de que em várias outras perícias médicaso perito Dr. Davi Urias Batista Vidigal apresentou laudos semelhantes, cujas conclusões são centradas basicamente emrelatos subjetivos, considerando um número relativo de processos.Ora, considerando que estamos falando de uma perícia médica, e não de uma perícia contábil, que mesmo assim seriapassível de erros humanos, e mais ainda, de uma perícia médica na área de psiquiatria, não consigo vislumbrar, nem nopresente e em um futuro próximo, como um médico psiquiatra vai analisar, com critérios essencialmente objetivos, umpaciente psiquiátrico.Analisando ainda o disposto no Código de Ética Médica (Resolução CFM Nº 1931, de 17 de setembro de 2009, comvigência a partir de 13-05-2010), no capítulo I (Dos Princípios Fundamentais), itens VIII e XIX, verifico o seguinte, in verbis,respectivamente: “O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdadeprofissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seutrabalho”. “O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantesde relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência”.Por conta disso e do disposto no art. 5º e no art. 6º, da Lei 9.099/1995, respectivamente: “O Juiz dirigirá o processo comliberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às regras deexperiência comum ou técnica”, “O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aosfins sociais da lei e às exigências do bem comum”, enquanto o INSS não provar que houve má fé, irregularidade, ouilegalidade na produção do laudo pericial, reputo legítimo e suficiente, para o convencimento deste juízo, o produzido às fls.56-58 deste processo.Exerce, ou exercia, a parte autora a função de garagista de supermercado/estoquista/auxiliar de expedição, contandoatualmente 42 anos de idade, referindo problemas psiquiátricos.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (20-08-2013, fls. 56-58),constatou-se que o autor apresentava incapacidade laborativa omniprofissional (que implica a impossibilidade dodesempenho de toda e qualquer atividade laborativa), estando total e definitivamente incapaz para exercer a sua atividadehabitual, posto que, o quadro de esquizofrenia do autor, que remonta ao ano de 1994, não apresentou melhora, mesmoapós anos de tratamento. O perito afirma que o demandante apresenta alucinação, delírios, comprometimento do juízo e

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crítica, isolamento social, pensamento negativo e ideação suicida.O perito afirma que, desde o requerimento administrativo em 23-01-2013, o autor está permanentemente incapaz,necessitando de cuidado permanente de terceiros para andar, para a sua segurança, e regularidade do seu tratamento,estando incapaz para os atos independentes da vida civil. A afirmação do perito corrobora com a descrição da históriaclínica do autor, conforme laudos e receituários médicos constantes dos autos (fls. 28-32, 33-36, 41-45).É de bom alvitre lembrar a resposta do perito ao quesito nº 14, quando foi perguntado em que dados técnicosfundamentou-se para responder aos quesitos quanto às datas pretéritas em que o autor já se encontrava, ou não, incapaz:“Exame de estado mental e laudos”. (grifei)Por conta disso, parece-me que a solução para o caso concreto demanda a concessão do benefício de Auxílio-Doença aoautor, desde o dia do requerimento administrativo do mesmo, ou seja, em 23-01-2013, e a sua conversão emAposentadoria por Invalidez.Quanto ao marco inicial do benefício de Aposentadoria por Invalidez para o caso, defino a data da perícia médica realizadanos autos (20-08-2013, fl. 50), quando o médico perito averiguou a incapacidade omniprofissional, total e definitiva do autor.Isso posto, JULGO PROCEDENTE o pedido autoral e extingo o processo com resolução de mérito (art. 269, I, CPC), para ofim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença ao autor, com DIB em 23-01-2013 (data do requerimentoadministrativo), a 19-08-2013 (véspera da concessão do novo benefício), e converter o auxílio doença em Aposentadoriapor Invalidez, com DIB em 20-08-2013 (data da perícia médica realizada nos autos, quando o médico perito averiguou aincapacidade omniprofissional, total e definitiva do autor);...P.R.I.4. A alegação de suspeição do perito consignada no recurso foi ventilada na contestação e adequadamenterefutada na sentença.5. A alegação de que o Perito somente é registrado como médico em CRM de outro Estado da federação foiadequadamente analisada no parecer lançado pelo Ministério Público Federal, do qual transcrevo o seguinte trecho:“... Assim caso atue fora da jurisdição do Conselho em que está inscrito, deverá apresentar de sua carteira profissional aoPresidente do Conselho Regional de Medicina da jurisdição onde irá atuar, provisoriamente, ou requerer uma inscriçãosecundária.Nesse contexto, a atuação do perito em região diversa daquela na qual é registrado não é proibida por lei, mas deve serprecedida pela autorização administrativa do Presidente do Conselho Regional competente naquela jurisdição.A responsabilidade do perito, então, deve ser analisada administrativamente pelo CRM do Estado onde o médico não éregistrado e prestou o serviço, também nos termos da Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 19572.Dessa forma, a eventual aplicação de sanções administrativas ao perito cabe ao Conselho Regional de Medicina do EspíritoSanto. Não obstante, a não observância desse procedimento, por si só, não é suficiente para desqualificar a períciarealizada e não deve ter implicação nos autos.Ora, uma vez que o médico em questão está regularmente inscrito junto ao CRM de outro Estado, sua capacitação técnicaestá devidamente atestada, de forma que não seria razoável promover a anulação de uma perícia judicial apenas pelaausência do CRM local, devendo ser mantida a perícia realizada....” (fl.96/97).6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).7. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencidoao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

41 - 0000079-06.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000079-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDERLEIA FERREIRASILVA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHOCIVINELLI DE ALMEIDA.).PROCESSO: 0000079-06.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000079-3/01)RECORRENTE: VANDERLEIA FERREIRA SILVAADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por VANDERLEIA FERREIRA SILVA contra a sentença de fls. 38/40,que julgou procedente o pedido de auxílio-doença até a devida reabilitação da segurada, condenando o INSS a estabelecero benefício a partir de 01.01.2013 (data inicial da incapacidade fixada pelo perito), bem como a pagar as parcelas vencidas.Sustenta a recorrente que o juiz não esta adstrito ao laudo pericial quando estiver em desacordo com as demais provasproduzidas nos autos, devendo firmar sua convicção com estas e conceder o beneficio desde a data do requerimentoadministrativo, eis que provada a incapacidade desde então, conforme fls. 08 e 09. Requer a reforma da sentença paraconcessão do auxílio-doença desde o requerimento administrativo.

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2. A autora nasceu em 28/04/1973. Na petição inicial afirmou ser cozinheira. Teve indeferido o requerimentoadministrativo de auxílio-doença, por não ter sido constatada incapacidade para o trabalho (fl. 7).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 19/22 constatou que a autora sofreu queda com fratura do corpo vertebralde L5 sem compressões graves e sem comprometimento neurológico. Tem processo degenerativo associado comressonância demonstrando não haver compressões nervosas. Clinicamente refere dor aos movimentos não tendo feitofisioterapia para melhora do quadro. Apresenta contratura muscular com dor aos movimentos necessitando melhora doquadro. Conclui o perito que a pericianda está temporariamente incapacitada para suas atividades laborativas.Nesse contexto, diante do laudo pericial judicial, que constata a existência da enfermidade e da incapacidade, bem comodos laudos médicos apresentados nos autos, concluo que a requerente se encontra incapacitada para exercer suasatividades habituais (cozinheira).Quanto à qualidade de segurado da parte postulante, verifico que a possuía, inclusive teve vínculo empregatício até01.04.2012 (fl. 28), mantendo a qualidade de segurado por pelo menos doze meses, perdendo a qualidade apenas em15.06.2013.Faz a parte autora, assim, jus ao auxílio-doença pleiteado e, por outro lado, inexistindo incapacidade definitiva, não há quese falar na concessão de aposentadoria por invalidez, conforme prevista na Lei 8213/91:(...)O INSS não impugnou o laudo pericial e às fls. 30/32 apresentou proposta de acordo, que não foi aceita pelo autor,conforme fl. 37.Por tais razões, faz jus a parte autora à concessão do auxílio doença desde a data inicial da incapacidade fixada pelo perito(01.01.2013).Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, o pedido de auxílio-doença, até a devidareabilitação do segurado, nos termos do art. 269, I do CPC, condenando o réu a estabelecer o benefício a partir de01.01.2013 (data inicial da incapacidade fixada pelo perito), bem como a pagar as parcelas vencidas, atualizadas na formado art. 1º F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960/2009, respeitada a prescrição quinquenal.Outrossim, Julgo improcedentes com resolução de mérito, os pedidos de aposentadoria por invalidez e de indenização pordanos morais.Defiro a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional ante o juízo de certeza ora formado e o perigo de dano de difícilreparação (privação de verbas de natureza alimentar) determinando a concessão do benefício a partir da competência domês de AGOSTO DE 2013, no prazo de 20 (VINTE) dias a contar da intimação da presente decisão, sob pena deresponsabilidade, restando condicionado o pagamento dos atrasados ao trânsito em julgado da presente decisão.(...)

4. Conforme se depreende do relato contido no laudo na fl.20 (item “exames complementares”), depreende-se queo perito analisou a ressonância da coluna lombar realizada em 14/06/2012 (fl. 8), referida no recurso, mas concluiu que aautora sofreu fratura do corpo vertebral de L5 sem desvios e sem compressões nervosas. Reconheceu a incapacidade emrazão de contratura muscular, afirmando não ser possível indicar a data inicial da incapacidade, mas apenas que existiaquando da propositura da ação. Em face do contexto exposto, concluo que a sentença deve ser mantida por seuspróprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 16). É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

42 - 0001795-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001795-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x MARIA LÚCIA NASCIMENTO (ADVOGADO:ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO, ES012201 - JOCIANIPEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES, ES008598 - MAURARUBERTH GOBBI, ES017055 - POLLYANNA DA SILVA, ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 -TATIANA MARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0001795-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001795-3/01)RECORRENTE: MARIA LÚCIA NASCIMENTOADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANI, ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO,JOCIANI PEREIRA NEVES, KARIME SILVA SIVIERO, LARA CHAGAS VAN DER PUT, MAURA RUBERTH GOBBI,POLLYANNA DA SILVA, RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, TATIANA MARQUES FRANÇA, VERA LÚCIA FÁVARESRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

V O T O - E M E N T A

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RECURSO DA AUTORA PARCIALMENTEPROVIDO, RETROAGINDO A DIB FIXADA NA SENTENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DAJURISPRUDÊNCIA DA TURMA RECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº856.175-ES. RECURSO DO INSS PROVIDO, NOS TERMOS DO ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NO REFERIDORECURSO EXTRAORDINÁRIO.

Trata-se de recursos inominados interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fls. 158/169) e pela parteautora (fls. 177/184) em face da sentença de fls. 138/141 e 155/156, que julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a implantar o benefício de auxílio-doença com DIB em 06/11/2012 até a conclusão do processo dereabilitação profissional da autora, aplicando às parcelas vencidas a correção monetária pela Tabela de Precatórios daJustiça federal e juros de mora de 1% desde a citação até a data de expedição do requisitório, devendo ser respeitado oteto fixado para o juizado e a prescrição quinquenal.

Insurge-se o INSS, em seu recurso, contra os critérios de correção monetária e juros de mora fixados na sentença, pedindoque seja declarada a constitucionalidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na redação dada pela Lei nº 11.960/2009, a fim deque: (i) até 29/06/2009, seja a correção monetária fixada a partir do ajuizamento da ação, nos termos do artigo 1º, § 2º, daLei nº 6.899/81 e a Súmula 148 do STJ, e os juros moratórios à taxa legal de 0,5% ao mês, a partir da citação válida(Súmula 204/STJ); (ii) a partir de 30/06/2009, a atualização monetária e os juros moratórios sejam estipulados com basenos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, conforme art. 1º-F da Lei nº9.494/97, na redação dada pela Lei nº 11.960/2009.

A parte autora sustenta, nas razões de recurso, que, conforme dito pelo perito e mencionado na sentença à fl. 139, éincapacitada definitivamente, ou seja, a doença que lhe acomete é irreversível e não permite reabilitação profissional,definição esta dada pelo próprio INSS à fl. 77, pelo que faz jus a aposentadoria por invalidez. Argumenta que não pode ficarmuito tempo sentada, nem muito tempo em pé, pelo que seria inviável a reabilitação em algum ambiente de trabalho.Quanto ao auxílio-doença, alega que o perito não foi conclusivo sobre a incapacidade existir desde 21/03/2012, pelo que oslaudos dos médicos assistenciais podem ser usados para tal apuração. Diz que deve ser reconhecida a incapacidade desde16/02/2012, data do laudo do médico assistente. Pede a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, bemcomo o pagamento das parcelas vencidas retroativamente a 16/02/2012.

A autora nasceu em 23/02/1954 (fl. 15) e exerce a profissão de merendeira. Esteve em gozo de auxílio-doença por acidentede trabalho, conforme consulta ao sistema PLENUS e ao CNIS, no período de 11/08/2010 a 12/06/2011.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)No presente processo foram realizadas duas perícias médicas judiciais nas áreas de dermatologia e ortopedia, conformedoenças indicadas na inicial. Na área dermatológica, a perita atestou a existência de nexo causal entre a doença queacomete a autora, seu local de trabalho e a atividade laboral por ela desenvolvida (fls. 64/65), corroborando com osregistros constantes dos extratos do CNIS/PLENUS de fls. 136/137. Logo, o benefício nº 542.144.544-1, cujorestabelecimento é pleiteado pela autora, possui natureza acidentária (arts. 19/20 da Lei nº 8.213/91), razão pela qualacolho a preliminar de incompetência absoluta suscitada pelo INSS às fls. 73/78 e declino da competência ao Juízo da Varade Acidente do Trabalho desta cidade, nos termos do inciso I do artigo 109 da Constituição Federal/88.Por seu turno, o perito judicial especialista em ortopedia atestou que a parte autora é portadora de “artrose e discopatia emcoluna cervical e lombar, doença de origem degenerativa sem nexo de causalidade entre o trabalho e o local onde édesenvolvido.” Atestou, ainda, que a doença induz em incapacidade parcial e definitiva para atividades com sobrecarga emcoluna lombar, a exemplo da exercida pela autora. Asseverou que, observadas essas limitações, a autora pode serreabilitada. Finalizando, esclareceu que não há como afirmar a data do início da incapacidade ou mesmo se ela já existiaem 21/03/2011.Portanto, não prospera a alegação do INSS de que o PPP acostado à fl. 122 não descreve atividade que exige esforçosobre a coluna lombar, pois é inerente ao cargo de merendeira escolar não somente o preparo alimentar, mas o controle doestoque, o manuseio de utensílios e panelas industriais (abrangendo a remoção da utilidade industrial contendo o alimentono trajeto cozinha/refeitório/cozinha onde será por este profissional servido) além da limpeza do local, produzindosobrecarga de peso na coluna lombar. Aliás, essas atividades estão dentre as descritas no PPP:

“Realizar higienização e sanitização nos alimentos, nas áreas de estoque, cozinha, bem como utensílios e equipamentosutilizados para o preparo da alimentação. Selecionar os ingredientes necessários, separando-os e medindo-os de acordocom o cardápio do dia, o per capita estabelecido e o número de alunos presentes na escola. Realizar os trabalhos depré-preparo dos alimentos para refeições, tais como selecionar, higienizar, sanitizar, descascar e cortar os gênerosalimentícios. Realizar a cocção dos alimentos conforme o cardápio do dia e fichas técnicas elaboradas pelo Setor deAlimentação Escolar, seguindo os métodos de cocção utilizados na técnica dietética. [...] Realizar a distribuição daspreparações nos horários estipulados por cada escola proporcionando adequadamente e atentando-se ao binômiotempo/temperatura. [...] Responsabilizar-se pelo controle de estoque (entrada e saída de gêneros alimentícios)mensalmente e disponibilizá-lo para utilização da escola. Armazenar os hortifrutigranjeiros dentro de geladeiras em sacolastransparentes ou organizados com tampa. Limpar os equipamentos de serviços. Desempenhar outras atribuições que porsuas características se incluam na sua tarefa de competência.”

Assim, diante da constatação da existência de incapacidade laboral parcial e definitiva da autora decorrente de doençadegenerativa e, por isso, não considerada como do trabalho (§ 1º a, do artigo 20 da Lei nº 8.213/21) deve ser aplicado o

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princípio da fungibilidade dos benefícios previdenciários, conforme precedentes do STJ, espelhado em AgRg no REsp1305049/RJ, publicado no DJe 08/05/2012, cuja Ementa transcrevo:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECUSO ESPECIAL. PEDIDO DE CONCESSÇÃO DEAUXÍLIO-DOENÇA. OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. JULGAMENTO EXTRA PETITA.NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1. O STJ tem entendimento consolidado de que, em matéria previdenciária, deve-se flexibilizar a análise do pedido contidona petição inicial, não entendendo como julgamento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do requerido nainicial, desde que o autor preencha os requisitos legais do benefício deferido.2. No caso, o Tribunal a quo, em sede de apelação, ao reconhecer a incapacidade definitiva da segurada para odesempenho de suas funções, reformou sentença concessiva do benefício auxílio-doença para conceder o benefício daaposentadoria por invalidez.3. Agravo regimental a que se nega provimento.

Nesse sentido, presentes os requisitos do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, a autora faz jus à concessão doauxílio-doença previdenciário com DIB em 06/11/2012, data da realização da perícia judicial em ortopedia (fls. 95/103),ficando ressalvada ao INSS a unificação dos benefícios, caso o pleito acidentário da autora seja julgado procedente peloJuízo estadual competente para a referida causa.

DISPOSITIVOAnte o exposto, diante da incompetência absoluta deste Juízo para julgamento do pedido de restabelecimento do benefícioacidentário nº 542.144.544-1 (art. 109, I, da CF/88), EXTINGO O PROCESSO, SEM JULGAMENTO DE MÉRITO, combase no art. 267, IV, do Código de Processo Civil, e, com base no art. 269, I, do mesmo diploma legal, JULGOPROCEDENTE o pedido de natureza previdenciária para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a implantaro benefício de auxílio-doença à autora MARIA LÚCIA NASCIMENTO, CPF nº. 818.384.847-87, filha de Joaquim Roque doNascimento e Alzira Ferreira do Nascimento, natural de Euclides da Cunha/Ba, nascida aos 23/02/1954, com DIB em06/11/2012 (data da realização da perícia judicial – fl. 103) até a conclusão do processo de reabilitação profissional.... P.R.I.

Em razão de embargos de declaração, o dispositivo da sentença foi aditado (fls. 155/156), passando a dele constar oseguinte:

“Condeno o INSS, ainda, a aplicar às parcelas vencidas a correção monetária pela Tabela de Precatórios da JustiçaFederal, haja vista a decisão proferida na ADI 4357/DF, aos 13/03/2013, em que o Supremo Tribunal Federal declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960/2009, e juros de mora de 1%, desde a citação até a data de expedição do requisitório, devendo ser respeitado o tetofixado para este Juizado e a prescrição quinquenal.”

5. Os laudos particulares de fls. 33/43 dizem respeito a doença dermatológica, que justificou o benefício deauxílio-doença por acidente de trabalho, para cujo restabelecimento a Justiça Federal é incompetente, como já asseveradona sentença. Consta, ainda, dos autos (fls. 124/130) atestados de saúde ocupacional emitidos pela empresa empregadorada autora, que a consideraram inapta para o retorno ao trabalho em 24/08/2011, 08/08/2011, 08/07/2011, 04/04/2011,30/03/2011, em razão do risco ocupacional “calor”. Apenas o laudo de fl. 44, datado de 16/02/2012, atesta incapacidadetemporária para o trabalho, em razão de doença ortopédica (espondiloartrose e degeneração discal e facetária lombar).

6. Não há divergência entre o laudo particular de fl. 44 e o laudo pericial de fl. 103 – não se aplicando, portanto, aocaso, o Enunciado 8 desta Turma Recursal - tendo constado do segundo que não é possível afirmar a data de início daincapacidade, nem se ela já existia em 21/03/2011 (resposta ao quesito 7). Não houve menção à data do laudo particularem nenhum quesito formulado.

7. Uma vez que o laudo pericial e laudo particular concluem no sentido da incapacidade da autora para atividadesque exijam esforço da coluna lombar, deve ser reconhecida tal incapacidade desde a data do laudo particular (16/02/2002).

8. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. REALINHAMENTO DA POSIÇÃO DA 1ª TR EM FACE DO JULGAMENTO,PELO STF, DO RE Nº 856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, umavez que a Min. Rosa Weber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu aconfiguração de repercussão geral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se do RE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Porconseguinte, este deverá ser o critério a ser adotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

9. Em face do exposto:

9.1. DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido peloscritérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09; e

9.2. DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, para reformar a sentença apenas quanto à data deinício do benefício (DIB), que fixo em 16/02/2012.

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9.3. No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

43 - 0000469-10.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000469-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADELSON SANTOSPARANAGUA (ADVOGADO: ES008163 - CARLOS MAGNO BARCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.).PROCESSO: 0000469-10.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000469-1/01)RECORRENTE: ADELSON SANTOS PARANAGUAADVOGADO (S): CARLOS MAGNO BARCELOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. TRÂNSITO EMJULGADO. AFIRMAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE ERRO MATERIAL. PROLAÇÃO DE NOVA SENTENÇA, EM QUE SEAFIRMOU TER HAVIDO ERRO MATERIAL NA SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA.SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DEVE SER ATACADA POR AÇÃO ANULATÓRIA (ART. 486, CPC), SENDO INVIÁVEL,NOS PRÓPRIOS AUTOS, PROFERIR SEGUNDA SENTENÇA EXPURGANDO DO MUNDO JURÍDICO A ANTERIOR(QUE HOMOLOGARA ACORDO). RECURSO PROVIDO. SEGUNDA SENTENÇA ANULADA.

1. A ação visava à concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural. Houve prolação de sentençahomogatória de acordo entre autor e INSS (fl.56), que veio a transitar em julgado (certidão de fl.57).

Após o trânsito em julgado da sentença homologatória, o INSS peticionou em mais de uma ocasião, aduzindo a ocorrênciade erro material na referida sentença. Argumentou que “o erro material da sentença homologatória está em confirmaracordo contra legem no qual incidiu o INSS em equívoco...” (fl.66). Isso porque o autor da ação não contava com 60 anosde idade (requisito etário para o segurado especial do sexo masculino).

O Juízo a quo acatou a alegação de erro material e proferiu decisão em que afirmou explicitamente estar revogando asentença homologatória; eis a parte final da referida decisão: “... Conforme documentação acostada à inicial, verifica-se,indubitavelmente, que o autor não completou a idade mínima necessária para a obtenção de tal direito, o que configura, aomeu entendimento, presença clara de erro material na sentença homologatória. Diante de tal situação, entendo plausível oalegado pela Autarquia e, por todo o exposto, REVOGO a sentença homologatória de fl. 56 e, consequentemente, tornosem efeito a decisão de fls. 60/61.” (fls.70/71).

Após a prolação da referida decisão de fls.70/71, sobreveio a segunda sentença, em que se julgou improcedente o pedido(fls. 76/79).

No presente RECURSO INOMINADO (fls.83/88) o autor se insurge contra referida sentença. Requereu a anulação dasegunda sentença (fl.87), ou a reforma da mesma, julgando-se procedente o pedido (fl.88).

2. Não houve qualquer erro material na sentença homologatória.

Erro material pode ser definido como “... aquele equívoco contido na sentença e que é incapaz de alterar seu teor.”(CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, vol. 1, 3ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999, p.375). Como exemplo pode ser mencionada a hipótese de inversão do nome das partes, nomeando-se o autor como sefosse o réu e vice-versa (op. cit., p. 375/376).

Cabe referir, ainda, a lição de Moacyr Amaral Santos a respeito do que seriam inexatidões materiais:

“A sentença poderá conter inexatidões matérias ou erros de cálculos, de evidência meridiana. Inexatidões materiais que sepercebem primo ictuoculi e que, sem maior exame, se verifica não traduzirem o pensamento ou a vontade do prolator dasentença. Engano ou lapso manifestos na expressão, na transmissão da palavra e que se evidenciam pela simples leiturada sentença: escreveu-se erradamente, ou omitiu-se, o nome de uma das partes, ou de terceiros; consideram-se trêsprestações de dez como devidas, mas ao seu produto deu-se o valor de vinte; onde deveria estar 31 de junho grafou-se 31de julho.Em tais casos, a sentença poderá ser corrigida, mediante simples despacho, de ofício ou a requerimento das partes, pelopróprio juiz que a proferiu.”(AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas de Direito Processual Civil. 3º volume. 20ª edição. São Paulo: Saraiva, 1999,p. 27).

Perceba-se que um erro material é algo corrigível mediante simples despacho; e cuja correção é incapaz de alterar oconteúdo da sentença.

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No caso concreto, foi necessário proferir uma nova decisão em que explicitamente se afirmou a revogação da referidasentença homologatória (fl.71).

Torna-se então patente que erro material não houve.

O erro que houve é alheio à órbita do direito processual. Trata-se, em verdade, de equívoco que viciou a manifestação devontade externada pelo INSS quando propôs o acordo. Há, é claro, um vício na manifestação da vontade; vício este que,quando ingressou na órbita processual, não pode ser reduzido à condição de erro material.

E uma vez transitada em julgado a sentença que homologou um acordo, estando este acordo viciado ou não, os efeitos dacoisa julgada hão de produzir-se.

Não cabe ação rescisória contra sentença que homologa acordo. Ademais, não cabe ação rescisória em JuizadosEspeciais (art. 59 da Lei 9.099/95).

O meio processual apto a atacar sentença que homologa acordo é a ação anulatória prevista no artigo 486 do CPC.

3. Conclusões: (i) a sentença que homologou acordo, uma vez transitada em julgado, configura título executivojudicial passível de execução; (ii) o eventual vício existente no acordo celebrado entre as partes não pode ser corrigido nospróprios autos do processo em que se proferiu a referida sentença homologatória; (iii) visto que a sentença homologatóriatransitou em julgado, o único meio apto a remover o expurgar os efeitos de tal sentença do mundo jurídico é a açãoanulatória (art. 486 do CPC)

4. RECURSO PROVIDO para anular a sentença de fls.76/79 e a decisão que revogou a sentença homologatória(decisão de fls.70/71).

Ficam restabelecidos os efeitos da decisão de fls.60/61, que determinou o cumprimento do julgado.

Sem honorários e sem custas. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

44 - 0000949-51.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000949-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIA MARCELINO DASILVA (ADVOGADO: ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.).PROCESSO: 0000949-51.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000949-8/01)RECORRENTE: ANTONIA MARCELINO DA SILVAADVOGADO (S): MANOEL FERNANDES ALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. A sentença tem como razão de decidir a inexistência de início de prova material a respeito da condição desegurado especial. Transcrevo abaixo parte de seu teor:“Cuida-se de pedido de concessão de APOSENTADORIA RURAL POR IDADE, cumulado com o pagamento de retroativos,contra o qual se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovou o exercício da atividade rural, emregime de economia familiar, durante o período de carência....Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2012, assim, a carência a serconsiderada é de 180 meses ou 15 anos, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.No presente caso, não há início de prova material contemporânea ao período que se pretende comprovar. A provadocumental cinge-se à certidão de casamento com profissão do marido braçal, datada de 1982, fichas escolares e fichasmédicas, documentos sem autenticidade e comumente “fabricados” apenas para instruírem pedidos de aposentadoria desupostos segurados especiais.Realizada audiência, declarou a autora que morava na terra de Renato Faria e trabalhava direto como diarista. Afirma que omarido morreu há cerca de 15 anos e que se mudou para KM 41, sendo que conta com ajuda de vizinhos para prover oseu sustento, trabalha em casa de família e que também continua sua atividade rural como diarista. As testemunhas, demodo geral, confirmaram o depoimento da autora no sentido de que trabalhava como diarista.

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Portanto, no caso em análise, não há documentos hábeis a comprovar o alegado período de trabalho. Deste modo, aindaque a prova testemunhal tenha corroborado as informações prestadas pela autora em seu depoimento pessoal, ela, por sisó, não é suficiente para comprovar o tempo de serviço rural no período em questão (Lei 8.213/91, art. 55, §3º), o qual éimprescindível para preenchimento da carência exigida, que não é suprida pelo período abarcado pela prova documentalacostada nos autos.Assim, considerando a inexistência de início de prova material, tenho que a parte autora não logrou êxito em comprovar oexercício da atividade rural individualmente ou em regime de economia familiar pelo tempo mínimo de carência exigido nocaso concreto, o que impede o deferimento do benefício pleiteado nos autos.Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, com resolução do mérito, na forma do artigo 269, inciso I, doCódigo de Processo Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Trabalhador rural analfabeto e diarista: flexibilização na análise da prova documental. A autora éanalfabeta (fl.13); além do fato de ser mulher, a condição de analfabeta geralmente dificulta a produção de prova materialda condição de rurícola. Esse é o motivo pelo qual flexibilizo o rigor quanto à análise da prova material carreada porsegurado rural analfabeto. No caso concreto, a necessidade de flexibilizar o juízo quanto a tal prova é maior, visto que aautora não possuía imóvel rural próprio, mas trabalhava como diarista. Registro que a TNU também flexibiliza a análise daprova material no que refere ao trabalhador rural “bóia-fria”. Eis o julgado: PREVIDENCIÁRIO. PROVA DO TEMPO DE SERVIÇO. BÓIA FRIA. 1. A demonstração do tempo de serviço do trabalhadorrural bóia-fria, diante da informalidade da relação que estabelece com o proprietário das terras onde labora e com ochamado ‘gato’ que o recruta, poderá ser obtida mediante substanciosa prova testemunhal, lastreada em mínima ouindiciária prova material. 2. A exigência legal de apresentação de prova material, enquanto instrumento à demonstração doimplemento das condições ao gozo do benefício, deve adequar-se ao objeto da prova. Se o tempo de serviço do diaristarural, pela natureza da atividade, não é documentado, e se o legislador constitucional não o excluiu da proteçãoprevidenciária, imperativo que se relativize a exigência, admitindo-se mínima prova documental e adotando-se a soluçãopro misero, para que a forma não se sobreponha ao direito material. 3. Documentos em nome de familiares podem servircomo início de prova material do tempo de serviço rural. 4. Pedido de uniformização conhecido e provido. (INCIDENTE DEUNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA 200370040001067/PR, DJU30/06/2004)

4. Na região norte do Estado, era comum que trabalhadores rurais fossem qualificados, em certidões decasamento, como “braçais”. Foi essa a qualificação atribuída ao marido da autora na certidão de casamento, lavrada em1982 (fl.16). Ali se indica que ambos residiam, ao tempo do casamento, em área rural de São Mateus-ES (Distrito de NestorGomes).

5. Há ficha de acompanhamento médico que indica que a autora é lavradora; o primeiro atendimento ali indicado érelativo ao ano de 1998 (fl.42).

6. Há fichas de matrícula de filhos da autora, que indicam ser a mesma lavradora (fls.47/51).

7. Registre-se que o servidor do INSS que conduziu a entrevista administrativa teve a percepção de a autora eratrabalhadora rural diarista, como se infere de fl.64. O indeferimento se deu, compreensivelmente, por ausência de provamaterial suficiente a comprovar a atividade rural (fl.66). Como é notório, o INSS encontra-se cingido por normasregulamentares que implicam grande acervo documental para comprovar atividade rural. Tal acervo, via de regra, é inviávelde ser produzido por um trabalhador diarista. Não obstante, no caso concreto, há indicativos materiais vários do exercícioda atividade rural, conforme antes apontado. Por conseguinte, deve a sentença ser reformada.

8. DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO. Por conseqüência, CONDENO oINSS a pagar à parte autora aposentadoria por idade com DIB fixada na data da entrada do requerimento, ou seja, em04/04/2013 (NB 160.121.458-5, conforme fl. 65).

ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL, para determinar ao INSS que IMPLEMENTE o benefício deaposentadoria por idade no prazo de trinta (30) dias; a contar da intimação deste acórdão.

Os valores atrasados deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correçãomonetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conformeentendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014). Sem condenaçãoem verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

45 - 0108357-95.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.108357-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LINDINALVA GRASSICODECCO (ADVOGADO: ES011274 - KÉZIA NICOLINI, ES011235 - RICARDO CALIMAN GOTARDO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.).PROCESSO: 0108357-95.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.108357-2/01)

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RECORRENTE: LINDINALVA GRASSI CODECCOADVOGADO (S): RICARDO CALIMAN GOTARDO, KÉZIA NICOLINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o autor alegou que há prova material a respeito da condição de trabalhadora rural (certidão decasamento; declarações de atividade rural; cadastro eleitoral emitido em 2009; carteira de filiação do esposo a sindicato detrabalhadores rurais de Colatina, inscrito em 1980; documentos religiosos, cartões de vacinas e documentos escolaresindicativos de que sempre residiu em zona rural). Tais documentos abarcam período bem superior a 15 anos de atividaderural. Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

LINDINALVA GRASSI CODECCO ajuíza ação previdenciária em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –INSS, objetivando a concessão de aposentadoria por idade rural....A título de início de prova material, a parte autora colacionou aos autos os seguintes documentos: Certidão de casamentorealizado em 27/10/1962 constando a profissão do marido como lavrador (fl. 05); b) Declarações de atividade rural emitidaspelos Proprietários Venâncio Magnago (fl. 22), Manoel Juvenal Bolsanello (fl. 29), Amário Jesus Cypriano (fl. 41) e EvandroFermo (50).

Tal documentação mostra-se início suficiente de prova material do exercício de atividade rural; contudo, a outorga dobenefício depende da complementação desta prova documental, a fim de atestar o efetivo desempenho dessa atividadepelo período de carência previsto legalmente.

Assim, com intuito de conferir maior robustez ao conjunto probatório dos autos, designou-se audiência, na qual a parteautora prestou seu depoimento pessoal e três testemunhas, por ela arroladas, foram inquiridas.

A autora disse que nasceu e trabalhou a vida inteira como meeira em São Pedro – Marilândia, juntamente com seu marido,tendo saído do meio rural apenas por quatro meses quando exerceu atividade de empregada doméstica. Afirmou ainda queatualmente realiza o trabalho rural colhendo café e feijão juntamente com sua filha, mas somente esta possui contrato.

A testemunha ALEXANDRO BISSA disse que conheceu a Requerente a mais ou menos 25 anos quando esta trabalhavapara o proprietário Marcelino, afirmando também que nessa época a família inteira trabalhava na roça para custear asdespesas do lar, tendo estas últimas informações sido confirmadas pelas testemunhas NATALINO PINHEIRO ROCHA EJOVINO MAGNAGO.

Cabe destacar que a autora completou 55 anos de idade em 1999, devendo, assim, cumprir uma carência legal de 108meses, ou seja, 9 anos de exercício de atividade agrícola, o que compreende os anos de 1990 a 1999.O INSS afirmou, em contestação (fls. 57-60), que os documentos apresentados pela autora não são suficientes para formarprova material no sentido de comprovar o efetivo exercício de atividade rural durante o período de carência necessário,inexistindo início de prova contemporânea aos períodos invocados.Pois bem.Assiste razão ao INSS.Como é sabido, exige-se para a obtenção do benefício rural um início de prova material, e que esse início sejacontemporâneo ao período invocado (Art. 62 do Decreto 3.048/99).Declarações apresentadas equiparam-se à prova testemunhal (a qual é vedada, quando exclusiva, segundo o entendimentojurisprudencial).Quanto a certidão de casamento realizado em 27/10/1962, constando a profissão do ex-marido como lavrador, a mesma éextemporânea.É o que se infere dos seguintes arestos, proferidos pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, in litteris:EMEN: AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR IDADE.DESNECESSIDADE DE AUTENTICAÇÃO DE DOCUMENTOS JUNTADOS. POSSIBILIDADE DE NOVO JULGAMENTONA RESCISÓRIA. CERTIDÃO DE CASAMENTO EXTEMPORÂNEA. AÇÃO RESCISÓRIA IMPROCEDENTE. 1. Nãoperdem a força probante os documentos juntados sem autenticação, uma vez que tal formalidade é desnecessária, salvoquando a parte adversa questiona a veracidade das peças juntadas, o que não ocorreu in casu. 2. É de se afastar apreliminar de que a espécie não admite o novo julgamento do feito, uma vez que, ao julgar a ação rescisória, o tribunaldeverá, caso procedente o pedido de rescisão, proferir novo julgamento em substituição ao anulado, se houver pedidonesse sentido. 3. A certidão de casamento extemporânea não serve como início de prova material, pois não vincula a

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atividade da autora à de rurícola e tampouco está amparada por testemunhos aptos a comprovar o trabalho no campo.Impossibilidade de se afirmar, com segurança, a observância da carência legal exigida pela Lei 8.213/91. 4. Pedido de

�rescisão improcedente. ..EMEN: (AR 199900671082, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA - TERCEIRA SEÇÃO, DJEDATA:13/05/2008 ..DTPB:.)- grifeiOs depoimentos testemunhais, por si só, não são suficientes para comprovar o efetivo exercício de atividade rural emregime de economia familiar pelo período de carência necessário a concessão do benefício pleiteado, conforme jáexplanado anteriormente.A conclusão que se impõe é a de que fica descaracterizada, na espécie, a condição de rurícola da demandante, por serinexistente a prova material relativa ao período de 1990 a 1999, vedado a prova exclusivamente testemunhal.Desta maneira, entendo estar descaracterizada a condição de segurada especial da demandante, sem a qual é impossívelconceder o benefício da aposentadoria por idade rural almejada na inicial.ISTO POSTO, com fulcro no art. 11, inc. VII, a, 1, c/c art. 48, § 1º, ambos da Lei nº 8.213/91, JULGO IMPROCEDENTE opedido de concessão da aposentadoria por idade. JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nostermos do art. 269, inc. I, do CPC.Sem custas nem honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei nº 9.099/95.Após o trânsito em julgado desta sentença, e observadas as cautelas legais, arquivem-se os autos.P.R.I.

4. Analisando o teor da contestação do INSS e dos documentos a ela anexados, percebe-se que a autora recebepensão por morte decorrente de acidente de trabalho desde 12/6/1997 (fl.61), sendo que o instituidor da pensão erasegurado empregado no ramo de comerciário. Percebe-se também que a autora recolheu contribuições como empregadadoméstica entre abril e agosto de 2000 (fl.65).

5. A razão de decidir encampada pela sentença é a seguinte: “A conclusão que se impõe é a de que ficadescaracterizada, na espécie, a condição de rurícola da demandante, por ser inexistente a prova material relativa aoperíodo de 1990 a 1999, vedado a prova exclusivamente testemunhal.”. Tal fundamento, isoladamente considerado, nãoteria aptidão para excluir a condição de segurada especial; não obstante, no caso concreto possui tal aptidão, uma vez quea autora passou a receber pensão por morte de natureza urbana em 1997, completou o requisito etário do benefício ruralem 1999 e, contudo, somente passou a possuir prova material da condição de rurícola após o implemento do requisitoetário.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

46 - 0111410-15.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.111410-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO GONZAGOCARLETTO (ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0111410-15.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.111410-7/01)RECORRENTE: SEBASTIAO GONZAGO CARLETTOADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o autor alegou que houve nulidade por cerceamento de defesa, uma vez que as testemunhasque arrolara não foram inquiridas. Alegou, ainda, o que segue: “... há provas nos autos que mostram a condição desegurado especial do requerente pelos seguintes motivos: O requerente não é proprietário de apartamento na cidade deVitória e nem aufere dele aluguéis. Tudo porque constam dos autos as folhas 47 e 48 que tal bem pertence aos filhos. Nãoprospera também o fato de que o requerente declarou na entrevista rural que é comerciante. Tudo porque nota-se naentrevista rural que o requerente declarou que trabalha na terra desde o ano de 1990 e na entrevista ficou confuso se eleantes disso trabalhava também na terra nos finais de semana ou e se após o ano de 1990 e que ele trabalhava na terra aosfinais de semana. Ao contrário do que se mostra na R. Sentença de piso consta do processo físico farta documentação dacomprovação da atividade rural entre elas é possível citar: escritura da terra, ITRS, ficha do SUS com a expressão lavrador,notas de compras de defensivos agrícolas, etc....”

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3. Segue abaixo o teor da sentença:

Nestes autos, a parte autora busca a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, ao argumento de quetrabalhou e ainda trabalha na roça, na condição de segurado especial, perfazendo o tempo de atividade necessário parafazer jus ao benefício.Decido como segue.Aduz a parte autora que durante os períodos de 19/05/1983 a 30/10/1989 e 01/05/1990 a 05/12/2013 exerceu atividaderural, na condição de segurado especial, como pequeno produtor – proprietário.A propriedade rural foi adquirida pelo Autor e seus irmãos, em 1983, situa-se em Rio Bonito, no município de Santa Mariade Jetibá/ES e tem área total de 45 ha.Em 05/12/2013, requereu em sede administrativa, a concessão de benefício aposentadoria por idade, porém, o seu pedidofoi indeferido em razão não comprovação de efetiva atividade rural em número de meses idênticos à carência (fl. 167).Conforme tabela do art. 143 da Lei 8.213/91, a carência mínima necessária para a o benefício é 180 meses decomprovação de efetiva atividade rural, haja vista que o Autor nasceu em 10/01/1953 – completou 60 anos de idade em2013.Pois bem.De acordo com o disposto nos artigos 25, inciso II; 142, e 48, §§ 1° e 2°, da Lei nº 8.213/1991, são os seguintes osrequisitos para a concessão de Aposentadoria por Idade aos trabalhadores rurais:- cumprimento do período de carência de 180 (cento e oitenta) meses completos de exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, independentemente de recolhimento de contribuições previdenciárias (artigos 25, inciso II c/c 142, e 48, § 2°,da Lei nº 8.213/1991);

- ter o trabalhador rural 60 (sessenta) anos completos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos completos, se mulher(artigo 48, § 1o, da Lei nº 8.213/1991).Sabe-se que comprovação da atividade rural demanda a existência de início de prova material, não podendo ser apenasrealizada por oitiva de testemunhas. Neste sentido, vejamos o art. 55, § 3º, da Lei nº. 8.213/91:§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida provaexclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto noRegulamento.A Súmula nº. 149 do STJ também é expressa sobre a questão:Súmula 149. A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtençãode benefício previdenciário.Para comprovar o trabalho rural, o Autor juntou aos autos diversos documentos referentes à propriedade rural como, porexemplo, escritura de compra e venda, CCRI, recibo de entrega de declaração do ITR, além de ficha de cadastro familiarfeito pela Prefeitura de Santa Maria de Jeribá/ES, declaração de atividade rural expedida pelo Sindicato dos TrabalhadoresRurais de Santa Maria de Jetibá/ES e notas da empresa agropecuária denominada ‘Stuhr’.Desses documentos, verifica-se que o cadastro familiar (fl. 56), constando a profissão do autor como lavrador é datado de2013;A declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria de Jetibá/ES, constando os períodos deatividade rural de 19/05/1983 a 30/10/1989 e 01/05/1990 a 05/12/2013, não foram homologados pelo INSS nenhum período(fls. 143, 144 e 161);A declaração emitida pelos Srs. Braz Fernando Carletto e Luiz Carlos Carletto informando que o Autor exerceu atividaderural, como pequeno produtor, individualmente, é extemporânea, devendo ser considerada como mera prova testemunhalreduzida à escrito (fl. 77);As notas da empresa ‘Stuhr agropecuária Ltda.’ são de 2012 e 2013.Assim, pelos documentos juntados, o que se vê dos autos é que, embora a parte autora seja proprietária rural desde 1983,não se trata de trabalhador rural, segurado especial.O fato de ele possuir uma pequena propriedade rural, não quer dizer automaticamente, que ele é segurado especial.

Ora, trabalhar na roça não significa o mesmo de ser segurado especial, pois este, além de exercer atividade rural, hátambém, que demonstrar que o trabalho dos membros da família ou individualmente é indispensável à própria subsistênciae ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que não haja outra fonte de renda a tornar o trabalho ruralprescindível financeiramente

A certidão de casamento, realizado em 1986, qualifica o Autor como comerciante.

Constam informações do CNIS (fl. 150), que o Autor verteu contribuições previdenciárias, na condição de contribuinteindividual, de novembro de 1989 a abril de 1990 e de janeiro de 1999 a abril de 2003.

Na petição de divorcio (fls. 46/47), ficou consignado que ele pagaria pensão alimentícia aos filhos, no valor de 02 (dois)salários mínimos, por mês, sem excluir os gastos com alimentação, vestuário, educação e medicamentos.

Nessa mesma petição há clausula informando que o patrimônio do casal, em 2003 era constituído por um apartamentolocalizado em Vitoria/ES, uma propriedade rural em Santa Maria de Jetibá/ES, automóvel, caminhão, loja comercial tambémlocalizada em Vitoria/ES e sociedade de quotas de empresa denominada ‘Irmãos Carletto Ltda, localizada em Vitória/ES,situação esta que é incompatível com a condição de segurado especial que se quer comprovar nessa demanda.

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Ademais, em entrevista rural o Autor declarou que trabalha na roça desde 1990 e que a propriedade foi adquirida em 1983junto com seus irmãos, no entanto, nessa época, ele possuía comércio em Vitoria/ES, vindo a morar definitivamente naroça, só depois que se divorciou, em 2003. Informou, ainda, que possuía outras fontes de renda, diversa do trabalho rural -o que descaracteriza a qualidade de segurado especial.Com efeito, as provas acostadas aos autos demonstram que o Autor não possui carência mínima como segurado especial– em regime de economia familiar ou em trabalho individual, durante todo o período de carência, requisito este necessário àconcessão do benefício postulado (180 meses – art. 25, II, c/c art. 39, I, ambos da Lei nº. 8.213/91).Nesse caso, nada resta ao Juízo senão afastar, desde logo, a pretensão autoral.Dispositivo:Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da Autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, nostermos do art. 269, I, do Código de Processo Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Há nos autos cópia da inicial da ação de divórcio consensual ajuizada pelo autor desta ação e por sua ex-esposano ano de 2003.

Na inicial, o autor é qualificado como comerciante e residente no bairro de Goiabeiras, nesta capital (sua esposa, de quemali se afirma já haver separação de fato há mais de 2 anos, residiria noutra casa, no bairro Jabour, também nesta capital). Éo que consta na fl. 44.

Na fl. 47 constam as cláusulas 8ª a 10ª do acordo apresentado ao Juízo de Família pelo autor desta ação e sua ex-esposa.Na cláusula 10ª constam os bens que integravam o patrimônio do casal, que seriam os seguintes:

direitos de posse sobre casa residencial no Bairro Jabour, Vitória-ES;direitos de posse sobre apartamento situado no Bairro Goiabeiras, Vitória-ES;um veículo Ford/Fiesta ano 1997;direitos de posse sobre imóvel onde está construída uma loja comercial no Bairro Goiabeiras, Vitória-ES;1 caminhão Agrale ano 1989;Sociedade por quotas de responsabilidade limitada denominada Irmãos Carleto Ltda-ME, situada em Goiabeiras,Vitória-ES.

5. É claro que há vários documentos indicativos de que o autor desempenhava atividade agrícola em Santa Mariade Jetibá-ES.

Contudo, a qualificação lançada como sendo a do autor (comerciante) nos autos da petição inicial da ação de divórcio,proposta no ano de 2003, é consentânea com os bens que integravam o patrimônio do casal e sua localização (dois imóveisurbanos residenciais; um imóvel urbano comercial; quotas de sociedade limitada; um caminhão e 1 veículo). Ou, dizendo deoutra forma, foram arrolados bens que guardam total referência com um segurado que sobrevive à custa de atividadesurbanas; e nenhuma relação tem com um segurado rural.

Também não vejo aqui como acolher a alegação simplista, veiculada no recurso, de que o recorrente “não é proprietário deapartamento na cidade de Vitória e nem aufere dele aluguéis...” haja vista que “....constam dos autos as folhas 47 e 48 quetal bem pertence aos filhos.”; alegação esta lançada como se o recorrente não tivesse vínculo com tais imóveis.

Ora: a petição inicial da ação de divórcio evidencia que os imóveis pertenciam ao casal, e isto se deu até o ano de 2003,quando tal ação foi proposta e sentenciada. Se é evidente que tais imóveis não mais pertencem hoje ao recorrente, étambém evidente que pertenciam no ano de 2003.

6. Em suma: há provas materiais de que o autor exercia atividade rural; e também há provas materiais de queexercia atividade urbana, com patrimônio compatível com o de segurado autônomo urbano. Como há indícios de que talatividade era ainda existente em 2003, houve atividade urbana exercida durante a carência do benefício visado(aposentadoria como segurado especial), fato que inviabiliza a concessão desse benefício

7. “... O STJ e a TNU têm posição firmada no sentido de que a descontinuidade do labor rural não descaracteriza acondição de segurado especial. Por outro lado, referidas Cortes não admitem que se some os tempos anteriores eposteriores à interrupção da atividade rural para efeito de cumprimento de carência, devendo tal requisito ser atendido noperíodo imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima (TNU, Súmula54),...” (TNU - PEDILEF 05135076320104058400. Data da Publicação: DOU 10/01/2014).

8. Visto que há prova material bastante a indicar que o autor não foi segurado especial durante todo o período deequivalente à carência do benefício (15 anos) em período imediatamente anterior ao requerimento, não vejo razão hábil aanular a sentença, tal qual pretende o autor. Ao revés, razão há para manter o entendimento nela fixado.

9. O autor nasceu em 20/01/1953 (62 anos de idade), cf. fl.22.

10. É possível que o autor faça jus à aposentadoria híbrida prevista na nova redação do § 3º do artigo 48 da Lei

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8.213/91 (Lei 11.718/08), quando completar a idade prevista no referido dispositivo (65 anos). Como o autor ainda nãoatingiu tal idade, deverá, oportunamente, formular requerimento administrativo.

11. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

47 - 0001711-12.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001711-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GABRIEL BARRETO.) x RITA SILVA (ADVOGADO: ES014479 - ELITON ROQUEFACINI, ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino, ES014412 - Marcone de Rezende Vieira.).PROCESSO: 0001711-12.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001711-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GABRIEL BARRETORECORRIDO: RITA SILVAADVOGADO (S): ELITON ROQUE FACINI, Marcone de Rezende Vieira, Ruberlan Rodrigues Sabino

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o INSS alegou que: (i) a autora se afastara do trabalho no campo há mais de 4 anos, razão pelaqual perdera a qualidade de segurada especial; (ii) a autora afirmou, no depoimento pessoal, que estava sem trabalhar hácerca de quatro anos, e somente efetivou requerimento administrativo em 29/8/12 (fl.100); (iii) “... verifica-se que ... deixoude exercer atividade rural como meio de vida há mais de 4 anos antes do requerimento administrativo, de modo que opedido se afigurava manifestamente improcedente.” (fl.100).

3. Segue abaixo o teor da sentença:

RITA SILVA ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS objetivando a concessãode aposentadoria por idade rural, além do pagamento das prestações vencidas desde a data em que completou 55(cinqüenta e cinco) anos de idade.

Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei 9.099/95.

A parte autora nasceu em 22/05/1950 (fl. 11), contando atualmente com 64 (sessenta e quatro) anos de idade, e, conformecomprova o INSS, não requereu administrativamente a aposentadoria por idade rural.

Este magistrado, em regra, adota o entendimento de que a ausência de prévio requerimento administrativo importa naausência de lide, e, consequentemente, na falta de interesse processual. Todavia, no caso concreto, considerando que oréu apresentou contestação, na qual defende que a autora não tem o direito ao benefício pretendido, tendo em vista odecurso de significativo lapso temporal desde o ajuizamento do processo, ocorrido em 25/08/2009, e com espeque nosprincípios da informalidade e da economia processual, rejeito a preliminar de ausência de interesse processual suscitadapela autarquia ré.

Entretanto, caso julgado procedente o pedido formulado na inicial, as parcelas vencidas deverão ser pagas desde a citação,e não desde a data em que a parte autora completou 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade.

Superada a preliminar suscitada, passo a examinar o mérito da demanda.

Para a comprovação da atividade rural, a parte autora juntou aos autos os seguintes documentos:

Certidão de casamento (fl. 14);Escritura pública de doação (fl. 15/16-v);Registro de Imóvel Rural (fl. 17/17-v);Certificados de Cadastro Rural (fl. 19/20);Declarações de exercício de atividade rural (fls. 23/26);Comprovantes de recolhimento de ITR (fl. 37/40);Recibos de pagamentos (fl.41).

Além disso, na tentativa de corroborar o início de prova material acima especificada, foi colhido depoimento pessoal e osdepoimentos de três testemunhas em audiência, conforme CD-R de áudio.

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Em seu depoimento pessoal, a autora afirmou, em síntese: que atualmente não trabalha; que está sem trabalhar há cercade 3 ou 4 anos, por causa de problemas de saúde; que, antes de parar de trabalhar, trabalhava na roça, plantando arroz ecana; que só trabalhou na terra de seu pai; que depois que se casou, continuou trabalhando na terra de seu pai; que édivorciada desde 1998; que ainda mora na mesma propriedade; que nesta propriedade, atualmente, só há pasto, masquando trabalhava havia milho, cana, arroz e gado; que na época trabalhava com sua mãe e irmãs; que o gado que haviaera só de leite, pois não havia gado de corte; que o leite era vendido para laticínios; que quando a colheita era boa, esobrava, vendiam milho e arroz para os armazéns; que seu ex-marido ajudou muito na “tira” do leite, pois não tinha maisseu pai para ajudá-la; que levantavam cedo, tiravam o leite e seu esposo levava o leite para o laticínio; que, para ajudar noorçamento, seu ex-marido tirava fotografias; que seu ex-marido tirava fotos para documentos ou fotos de festas; que seuex-marido trabalhava numa sala, que era onde recebia os fregueses, mas às vezes não conseguia tirar nem um salário;que, quando casou com seu ex-esposo, ele era comerciário, mas ficou nessa profissão por pouco tempo, porque elepercebeu que a autora precisava de ajuda; que tiravam 20 litros de leite por dia, com 10 cabeças de gado.

A primeira testemunha, Sr.ª Conceição Roberto dos Santos, afirmou: que conhece a Sra. Rita há mais ou menos 40 anos;que quando conheceu a autora, ela já era casada e estava no terreno em que vive até hoje; que a autora sempre trabalhouna roça, plantando milho, feijão, arroz, banana e cana; que tais cultivos eram para despesa própria; que a autora nunca teverenda; que, na época, possuía gado de leite, mas agora não tem mais; que acredita que havia 5 ou 6 vacas de leite, queeram para “o gasto”; que trabalhavam na terra a autora, sua mãe, seu pai e às vezes o marido; que o marido da autoragostava de tirar retratos; que a autora não é mais casada; que já tem alguns anos que a autora é separada; que a autora éseparada há mais de 5 anos e há menos de 30; que presenciava a autora trabalhando na roça, capinando e plantando; quea autora não vendia a cana produzida; que acredita que os produtos não eram vendidos; que agora a autora está paradapois está com problemas na mão; que não sabe dizer para onde era levado o leite que produziam na propriedade da autora;que a autora não contratava diarista para trabalhar; que a propriedade da autora tem dois alqueires.

Pelos documentos que constam nos autos, bem com pelos depoimentos tomados, é possível afirmar que a prova colhida foiconvergente no sentido de demonstrar o efetivo exercício de atividade rural por parte da demandante, comprovando assimsua condição de segurada especial.

Aponto que o fato de a autora ter contribuído como contribuinte individual por período inferior a 01 ano não é suficiente paradesnaturar a qualidade de segurada especial exercida ao longo de vários anos, desde quando era muito nova, e aindaresidia com seus pais. Inclusive, a previsão do art. 25, §1º, da Lei n.° 8.212/91 faculta ao segurado especial contribuir comocontribuinte individual. Ainda, o art. 39, I, da Lei n.° 8.213/91 admite que o exercício da atividade rural pode ocorrer de formadescontínua, desde que por tempo suficiente ao preenchimento da carência necessária para a concessão do benefício. É oque se traduz da ementa abaixo colacionada:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORRURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. RECONHECIMENTO. COMPLEMENTAÇÃO POR PROVATESTEMUNHAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. 1. Remessa Oficial conhecida de ofício: inaplicabilidade do s §§ 2º e3º do artigo 475 do CPC, eis que ilíquido o direito reconhecido e não baseando em jurisprudência ou Súmula do STF ouSTJ. 2. Requisito etário: 16.02.2007 (nascimento em 16.02.1952). Carência: 13 anos. 3. Início de prova material: certidão decasamento (fl. 14), celebrado em 1970, constando a condição de rurícola do cônjuge, condição extensível à autora.Precedentes. 4. As contribuições efetuadas pelo marido da autora (fl. 63) na filiação "contribuinte individual", não são óbicesà pretensão dela, ante a previsão do art. 25, § 1º da Lei 8.212/91: "O segurado especial de que trata este artigo, além dacontribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei". 5. O CNIS (fls.62) informando existência de trabalho urbano co cônjuge da autora, por aproximadamente 3 anos e 8 meses, não prejudicasua pretensão. Nessas circunstâncias, é cediço que o tempo urbano por curto período não descaracteriza a atividadecampesina da parte autora. O artigo 39, I, da Lei n. 8.213/91 expressamente admite que o exercício da atividade rural, peloprazo de carência, possa se dar de forma descontínua. 6. A prova oral produzida nos autos confirma a qualidade detrabalhador rural da parte autora (fls. 174/175). 7. Atrasados: correção monetária e os juros moratórios conforme Manual deOrientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal. 8. A implantação do benefício deve se dar em 30 dias(obrigação de fazer), por aplicação do art. 461 do CPC. 9. Apelação e remessa oficial parcialmente providas, nos termos doitem 7.(AC , JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:10/07/2014PAGINA:173.)(gn)

Tampouco o fato de o ex-marido da autora ter contribuído como contribuinte individual, por períodos esparsos dentro dointerregno de 03 anos, revela, no caso, empecilho ao reconhecimento da qualidade de segurada da autora, pelos mesmosmotivos.

Por fim, cumpre pontuar que, da análise dos autos, o fato de o ex-marido da autora realizar algum trabalho como fotógrafonão afastava a indispensabilidade do trabalho na lavoura dos membros da família na atividade rural para a subsistência e odesenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, nos termos do art. 11, §1°, da Lei n.° 8.213/91.

Dessa forma, conforme se verifica pelo acervo probatório, encontra-se demonstrado o fato de que a autora exerceu aatividade rural durante longos anos, de forma contínua e permanente, como produtora rural em regime de economiafamiliar.

Assim, não encontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhador

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rural ostentada pela autora.

Quanto ao pedido de antecipação de tutela, examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a provatestemunhal produzida, verifico que a parte autora reúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade(rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízo de certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias, pois, para assegurar o sustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento dasprestações vincendas. Quanto às prestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestaçõesvincendas serão suficientes para a satisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.

Por todo o exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, nostermos do art. 269, I, do CPC, condenando o INSS a:

a) Conceder à parte autora a aposentadoria por idade rural, com DIB na data da citação do réu neste processo (04/12/2009– fl. 44-v.), devendo o benefício ser implantado em 30 (trinta) dias;

b) Pagar o valor das prestações vencidas, após o trânsito em julgado, observada a prescrição quinquenal....P.R.I.

4. A ação foi proposta em 25/8/2009 (fl.1).

A autora nasceu em 1950 (fl.11) e completou 55 anos em 22/5/2005.

Não houve requerimento administrativo prévio, de modo que o INSS aduziu ausência de interesse de agir (fl.50/51).

O STF julgou recentemente recurso extraordinário com repercussão geral (RE 631240/MG, rel. Min. Roberto Barroso,Informativo Semanal 756, STF). Neste julgamento, deliberou-se que “... Quanto às ações ajuizadas até a conclusão dopresente julgamento (03.09.2014), sem que tenha havido prévio requerimento administrativo nas hipóteses em queexigível, será observado o seguinte: ... (ii) caso o INSS já tenha apresentado contestação de mérito, estácaracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; ...” (STF, RE 631.240-MG).

O INSS apresentou contestação quanto ao mérito. Há, pois, interesse de agir, visto que a ação foi proposta em 2009, bemantes do referido julgamento do RE 631.240-MG.

Pode-se considerar aperfeiçoado o interesse de agir desde a data da propositura da ação. Ou seja: à luz da diretriz fixadapelo STF, pode-se considerar existente o requerimento administrativo desde a data do ajuizamento da demanda que foraproposta antes do julgamento do referido RE e na qual houve contestação quanto ao mérito.

Dentro de tal contexto, acertadamente, o Juízo fixou a DIB da aposentadoria na data da citação.

A audiência de instrução e julgamento somente foi realizada em 18/03/2014 (fl.86), ocasião em que se colheu o depoimentopessoal da autora.

Perceba-se: se em março de 2014 a autora afirmou, em audiência, que estava há 4 anos sem trabalhar (e disse que estavaem razão de problemas de saúde), isso significa que trabalhou no campo até 2010, quando já contava com 60 anos deidade (nasceu em 1950).

A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se tratando de aposentadoria rural por idade, além dosrequisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no período imediatamente anteriorao implemento da idade ou ao requerimento administrativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modo a sepreservar a especialidade do regime não-contributivo dos rurícolas, o que se constata, por exemplo, no acórdão proferidoem julgamento ao PEDILEF 00004776020074036304 (DOU 21/06/2013).

Em face do exposto, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95).

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

48 - 0006580-45.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006580-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALGEMIRA FISCHERTSCHAEN (ADVOGADO: ES004944 - VINICIUS JOSE LOPES COUTINHO, ES010619 - GUSTAVO GIUBERTI LARANJA,ES013791 - MICHEL ANGELO DE JESUS GOMES, ES015672 - MARIA JÚLIA PIMENTEL COUTINHO, ES017840 - JOSEFRANCISCO PIMENTEL, ES015062 - PRISCILA PIMENTEL COUTINHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).

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PROCESSO: 0006580-45.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006580-4/01)RECORRENTE: ALGEMIRA FISCHER TSCHAENADVOGADO (S): VINICIUS JOSE LOPES COUTINHO, GUSTAVO GIUBERTI LARANJA, PRISCILA PIMENTELCOUTINHO, MARIA JÚLIA PIMENTEL COUTINHO, JOSE FRANCISCO PIMENTEL, MICHEL ANGELO DE JESUSGOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL. RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, a autora alegou que o requerimento administrativo fora indeferido por não cumprimento deatividade rural pelo período equivalente ao de carência; até então o INSS não havia mencionado o fato de seu marido terrenda oriunda de atividade urbana; por conseguinte, aduziu que o INSS “... inovou em sua contestação...”. Argumentou quea renda de seu marido equivalia a 1,5 salários mínimos em 2008, mas não em 2013, quando cumpriu os requisitos daaposentadoria rural; afirmou que seu marido recebe aposentadoria equivalente pouco mais de 1 salário mínimo (fl.156). Noque refere ao rendimento obtido com a atividade rural, aduziu o que segue: “... quanto a renda informada pela Recorrentede R$ 837,00, se refere a sua parte na divisão da colheita do café, que ocorre ocasionalmente 02 (duas) vezes por ano, enão uma. E mais: a renda de todo o trabalhador como o caso da Recorrente, de meeiro, é tirada das lavouras brancas,como banana, milho e feijão, que garantem uma renda mínima mensal a esses trabalhadores. Não é somente a renda docafé que lhes mantem. O meeiro mantem a lavoura de café, para ganho anual, e mantem ainda lavouras brancas, para umganho mensal. Seria sem lógica admitir que o meeiro somente tem renda anual, e não mensal.” (fl.157). Concluiuargumentando que sempre extraiu sua sobrevivência a partir da atividade no campo: “... a atividade urbana do marido daRecorrente não tira seu caráter de segurada especial, considerando ainda que no caso dos autos, a Recorrente sempresobreviveu com muitas dificuldades, em árduo trabalho no campo, com renda que complementada com a de seu maridogarantia os mais básicos direitos.” (fls.157/158). Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

ALGEMIRA FISCHER TSCHAEN pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhador rural(NB 151.834.955-0).

O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde quecomplete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

A autora completou 55 anos de idade em 10/1/2013. Requereu a aposentadoria em 14/5/2013, quando já havia completadoa idade mínima, preenchendo o primeiro requisito do benefício.

A autora já trabalhou para a Prefeitura de Domingos Martins exercendo a função de merendeira nos seguintes períodos: de14/4/1993 a 31/12/1993, de 17/2/1994 a 23/12/1994, de 13/2/1995 a 31/12/1995 e de 4/3/1996 a 20/12/1996. O últimovínculo empregatício urbano formal da autora ocorreu no período de 1º/5/2003 a 20/10/2004 (fl. 141). Esse fato não afasta odireito à aposentadoria por idade, porque o tempo de serviço exclusivamente rural pode ser descontínuo.

Para comprovar o desempenho de trabalho rural, a parte autora juntou os seguintes documentos: ficha de matrícula escolarde filho em 28/12/1999 em que consta a profissão de lavrador (fl. 24); ficha de evolução clínica e tratamento da Secretariade Saúde de Domingos Martins com primeiro atendimento em 16/12/2009 em que consta a profissão de lavradora da autora(fl. 26); contratos de parceria agrícola com firma reconhecida em 2/8/2013 (fls. 58/59, 60/61).

Para complementar o início de prova material, foi produzida prova testemunhal. Segue o teor dos depoimentos.

Depoimento PessoalÉ trabalhadora rural; sempre trabalhou na roça; começou a trabalhar na roça quando tinha 15 anos; já trabalhou naPrefeitura de Domingos Martins; trabalhou por quatro anos na Prefeitura de Domingos Martins como merendeira; trabalhoucomo faxineira para a Sra. Regina Célia, no período de 2002 a 2003; trabalha na roça até hoje; trabalha na propriedade deseu cunhado, Sr. Florêncio; não sabe o tamanho da propriedade onde trabalha; cultiva café, aipim e banana; comercializa ocafé; o aipim e a banana são para a alimentação da família; cultiva três mil pés de café; o seu marido trabalha na prefeiturade Domingos Martins; o marido recebe R$ 785,00 por mês; ele trabalha como gari; na última colheita de café, a autorarecebeu R$ 837,00; não consegue sobreviver com R$ 837,00 por ano; a depoente e o seu marido sustentam a casa; adepoente contribui com R$ 837,00 por ano e o seu marido cuida do resto; tem três filhos; nenhum filho trabalha na roça; osfilhos nunca trabalharam na roça; não tem outros meeiros na propriedade de seu cunhado; com a produção da banana e do

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aipim a família da autora se alimenta; sempre morou na área rural; os filhos da depoente nasceram na área rural; é meeira;na época em que trabalhou na Prefeitura de Domingos Martins, o seu expediente era de meio período; quando a depoentechegava em casa logo ia trabalhar na lavoura; quando trabalhou para a Sra. Regina Célia, trabalhava somente aosdomingos.

1ª Testemunha – José David de AlmeidaConhece a autora desde quando ela era criança; a autora trabalha na propriedade do Sr. Florêncio; a autora cultiva café;mora há três quilômetros da propriedade onde a autora mora; a autora já trabalhou com o Sr. Aloisio Lima; a autoratrabalhou na propriedade do Sr. Aloisio junto com os pais.

2ª testemunha – Lourival Felipe HoffmannConheceu a autora quando era criança; a autora sempre trabalhou na roça; a autora cultiva café, banana, feijão e milho; aautora já trabalhou na propriedade do Sr. Irineu e do Sr. Florêncio; a autora trabalha até hoje como meeira; a autoracomeçou a trabalhar na roça junto com os pais; mora a dois quilômetros da casa da autora; a propriedade onde a autoramora e trabalha é caminho para o depoente; vê a autora trabalhando na roça; a autora, o Sr. Florêncio e a esposatrabalham na propriedade do Sr. Florêncio; o Sr. Florêncio tem filhos, mas os filhos não trabalham naquela propriedade; nãosabe se a autora já trabalhou fora da roça.

3ª testemunha – Edimar KlippelConheceu a autora em Paraju; a autora é meeira; a autora cultiva café; antigamente as pessoas só faziam contratosverbais; a autora já trabalhou com o Sr. Irineu e o Sr. Florêncio; a autora começou a trabalhar na lavoura junto com o paiquando era novinha; soube agora que a autora trabalhou na Prefeitura de Domingos Martins durante metade do dia; aautora trabalhou na Prefeitura de Domingos Martins, mas também trabalhava na roça; a autora trabalha na roça até hoje.

O INSS alegou que o esposo da autora sempre foi servidor público estatutário, encontrando-se aposentado desde 2008. Omarido da autora desempenhou atividade urbana desde 1979 (fls. 137/139).

O fato de o marido exercer atividade urbana não necessariamente desqualifica a autora como segurada especial. Otrabalhador rural pode ser qualificado como segurado especial mesmo quando outro membro da família exerce atividadediversa da agrícola. Entretanto, o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência da família. Talentendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiarcomo sendo aquele em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido emcondições de mútua dependência e colaboração.

Assim, o fato de o cônjuge ter exercido atividade urbana não impede a qualificação da autora como segurada especial,enquanto exercia individualmente a atividade rural, desde que comprovada a indispensabilidade do labor rural para asubsistência familiar. Esse é o entendimento consolidado na Súmula nº 41 da Turma Nacional de Uniformização: “Acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

No presente caso ficou provado que a subsistência da família sempre foi garantida pela renda do marido. Em 2008, eleauferia renda mensal no valor de R$ 645,62 (fl. 139). Na época, o salário mínimo correspondia a R$ 415,00. Portanto, elerecebia remuneração equivalente e a um salário mínimo e meio. A própria autora confessou em depoimento pessoal que éo marido que sustenta a casa. Ela declarou que contribui com R$ 837,00 por ano e o marido “cuida do resto”. A rendaauferida pela autora com a atividade rural é ínfima quando comparada com a renda que o marido aufere em decorrência daatividade urbana. A renda do marido, superior ao salário mínimo, presume-se suficiente para assegurar a subsistênciafamiliar. Não ficou comprovada a indispensabilidade da atividade rural para a manutenção da família.

Ficou comprovado que a autora exerceu atividade rural, mas não ficou comprovada a qualidade de segurado especial. Porisso, o tempo de serviço rural não pode ser computado sem recolhimento de contribuições previdenciárias.

DispositivoJulgo improcedente o pedido....P.R.I.

4. A concessão de aposentadoria é ato administrativo vinculado. Se um eventual requisito impeditivo da concessãodo benefício não foi levantado na sede administrativa, pode – e deve – ser mencionado pelo INSS em sede judicial. Não háque se impedir a análise de tal tema sob a alegação de que constituiria inovação (porque o mesmo não fora levantado naesfera administrativa).

5. É muito mais provável acolher a tese de que o trabalho urbano do marido da autora tornava o labor rural destadispensável à subsistência do que crer que ocorria de fato o oposto (qual seja: o de que o labor rural era indispensável àsubsistência). Com efeito, o marido da autora manteve vínculo empregatício com o Município de Domingos Martins porquase 20 anos (entre 1/7/1989 até 12/2008), cf. fl.137.

6. Há outro dado relevante a impedir a concessão do benefício. A autora completou o requisito etário (55 anos) em10/01/2013. Ainda que eventualmente se acolhesse a tese de que o labor rural por ela desempenhado era indispensável à

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subsistência do grupo familiar, é inviável conceder a aposentadoria à luz do caso concreto. Assim ocorre porque a autora,após o advento da Lei 8.213/91, teve vínculos urbanos por cerca de 5 anos e meio (laborou entre 1993 e 1996 na Prefeiturade Domingos Martins, conforme fls.140/141, registros n. 3 a n. 6; também laborou em microempresa no período de 05/2003a 10/2004, cf. fl.141). A TNU consolidou, no Pedilef nº 0513507-63.2010.4.05.8400 (DOU 10/01/2014), oentendimento no sentido da inviabilidade de se somar períodos de atividade rurais anteriores e posteriores à interrupção daatividade rural para efeito de cumprimento de carência, devendo tal requisito ser atendido no período imediatamenteanterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.

7. É possível que a autora faça jus à aposentadoria híbrida prevista na nova redação do § 3º do artigo 48 da Lei8.213/91 (Lei 11.718/08), quando completar a idade prevista no referido dispositivo (60 anos). Como ainda não atingiu talidade, deverá, oportunamente, formular requerimento administrativo.

8. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

49 - 0103614-70.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.103614-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOANA DA VITÓRIA GOMES(ADVOGADO: ES017940 - GILVANIA BINOW.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0103614-70.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.103614-5/01)RECORRENTE: JOANA DA VITÓRIA GOMESADVOGADO (S): GILVANIA BINOWRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. A autora nasceu em 12/05/1950 (fl.11). Em seu recurso, a autora alegou em síntese o que segue: “... o douto juizafirma que pelo depoimento da parte e pela prova testemunhal produzida, que resta concluir que a produção atual darecorrente é muito pequena e que pelos subsídios trazidos aos autos, consiste em mera horta no quintal de casa, e não emuma verdadeira lavoura. Tal entendimento não deve prosperar posto que, há que se considerar que atualmente a recorrentejá se encontra com mais de 65 anos de idade, e mesmo assim ainda necessita exercer atividade rural para complementarsua renda que é apenas um salário mínimo proveniente da pensão por morte que recebe de seu esposo. Desta feita arecorrente esclareceu que até os dias atuais ainda vende sua produção de feijão guando para complementar sua rendafamiliar, claro que agora em menor quantidade, dada a idade avançada, logo resta claro que mesmo já contando com 65anos de idade, ainda hoje a recorrente ainda depende da renda proveniente da agricultura para manter sua subsistência,posto que primeiro se mantém dos próprios produtos produzidos, e ainda comercializa para complementar sua renda.Afirma ainda o douto juiz, que a recorrente teria desenvolvido atividade rural apenas até entre o ano de 1996 ao ano de2002, entretanto tal afirmativa não condiz com a realidade, posto que conforme comprovam depoimentos acostados aosautos podemos afirmar que a recorrente desenvolve atividades agrícolas desde a sua a adolescência até os dias atuais,claro que atualmente em menor proporção dada a idade avançada. Esclarecendo que quando a testemunha afirma que arecorrente parou de trabalhar há uns doze anos, deve se entender que o que ouve fora a diminuição das lavouras para acomercialização, já que o esposo da recorrente se encontrava doente e necessitava de cuidados da recorrente, masmesmo assim a mesma continuou a laborar na área rural, porém em menor proporção. (...)” (fl.141).

3. Segue abaixo o teor da sentença:

Joana da Vitória Gomes pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhador rural.

O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde quecomplete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

A autora completou 55 anos de idade em 12/5/2005. Requereu a aposentadoria em 23/11/2005, quando já haviacompletado a idade mínima, preenchendo o primeiro requisito do benefício.

De acordo com o art. 142 da Lei nº 8.213/91, a autora precisa comprovar exercício de atividade rural durante pelo menos

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144 meses. E o art. 55, § 3º, da mesma lei dispõe que a comprovação de tempo de serviço depende de início de provamaterial, sendo proibida a prova exclusivamente testemunhal.

A maioria dos documentos apresentados pela autora foi emitida às vésperas da data em que ela formulou o requerimentoadministrativo de aposentadoria e depois que ela já havia completado a idade mínima para se aposentar. A carteira dosindicato de trabalhadores rurais tem data de admissão em 12/8/2005 (fl. 10). A declaração de exercício de atividade ruralemitida pelo sindicato de trabalhadores rurais foi emitida em 22/11/2005 (fls. 12/13). O contrato de comodato ajustado como pai está datado em 11/11/2005 (fls. 18/19). Esses documentos não servem como início de prova material, porque sãoposteriores ao fato gerador do benefício. O início de prova material precisa ser contemporâneo aos fatos que se predispõea comprovar (Súmula nº 34 da Turma Nacional de Uniformização).

O único documento apto a formar início de prova material contemporâneo é o prontuário médico com data de registro em26/3/1998, no qual a autora está qualificada como trabalhadora rural (fls. 15/16). A informação é muito superficial.Entretanto, a prova documental frágil é suficiente para formar início de prova material, uma vez que o início de provamaterial não passa de prova indiciária. É a prova testemunhal que, em complementação ao início de prova material, deveaprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao efetivo trabalho do proprietário rural na lavoura ou na pecuária.Segue o teor dos depoimentos.

Depoimento PessoalA depoente mora em Piranema, Cariacica na zona rural; reside a vinte minutos de Campo Grande; próximo a suaresidência existem outras casas; a região em que mora não é asfaltada; passa ônibus apenas onde é asfaltado, isto é, acinco minutos da casa da depoente; a depoente é viúva, o marido faleceu há oito meses; a depoente e sua filha moram naresidência; a propriedade em que mora foi do pai da autora; já faz oito anos que o pai da autora faleceu; a depoente temirmãos; trabalhou por toda a vida na propriedade do pai, que fica no bairro operário Cariacica; atualmente não tem muitacoisa naquela propriedade do pai, pois todos casaram e quem mora lá já está empregado; a depoente atualmente trabalhano quintal dela plantando feijão guandu; na época em que requereu o beneficio, trabalhavam a depoente e suas duas irmãs,Maria e Marlene; elas trabalhavam com aipim, quiabo e guandu; não vendia muito da produção porque era mais paraconsumo da família; na época, quem ajudava financeiramente era o pai da depoente, que estava empregado trabalhandocomo pedreiro; o pai da autora morreu aposentado; o esposo da autora na época também trabalhava na plantação; afamília vendia para os amigos bananas e farinha.

1ª Testemunha – Inez Maria Coelho RosárioConhece a autora desde a infância; a depoente conheceu a autora trabalhando na lavoura do pai dela e quando casoucontinuou com a atividade; na propriedade do pai havia plantação de feijão, arroz, milho e mandioca; já viu a autoratrabalhando na lavoura e inclusive fazendo farinha; a depoente conhece bem a família da autora e o esposo da autoratrabalhava na lavoura, mas ele já faleceu; o marido da autora já trabalhou como pedreiro; o esposo da autora tinhaproblema de saúde, não sabe dizer qual era a doença e se o impedia de trabalhar, sabe apenas que ele era aposentado;não sabe dizer se a produção da autora era grande; atualmente ela vende feijão; não sabe o que a autora vendia há dezanos.

2ª Testemunha – Nery SilvaO depoente conhece a autora desde criança; conhece a família dela também; a autora capinava, lavava roupa e colhia café;a autora trabalhava na lavoura e horta; plantavam feijão, quiabo e milho; o depoente sempre trabalhou na zona rural; oterreno em que a autora trabalha pertence a ela; o depoente conheceu o pai da autora, que trabalhava na lavoura e tambémcomo pedreiro; sabe que o pai da autora se aposentou; o marido da autora também foi pedreiro e também se aposentou; omarido da autora tinha problema de saúde; o pai da autora morou na propriedade até falecer; há dez anos a autora plantavafeijão, aipim e milho e vendia a produção para as pessoas que a procuravam, mas também colhia para sua subsistência;quem ajudava a autora na lavoura na época eram os irmãos, o pai da autora e também o marido dela; o depoente não sabedizer ao certo quanto era a renda do pai ou do esposo da autora, confirma apenas que a renda da família no geral era muitoboa; a autora parou de trabalhar há doze anos aproximadamente.

3ª Testemunha – Candido Dias de AlmeidaO depoente conhece a autora desde 1971; quando a conheceu ela trabalhava na propriedade do pai dela; na propriedadedo pai dela plantava milho, feijão, aipim; já a viu fazendo farinha; a autora tinha ajuda da família; o depoente conheceu o paida autora, que se chamava Tércio e trabalhava na lavoura, mas também trabalhou empregado como vigilante numa escola;o depoente não sabe dizer se o pai da autora foi pedreiro; o depoente não sabe dizer se o esposo da autora eraaposentado; a produção era mais para a família da autora e, quando sobrava, a família vendia; eles viviam da propriedade.

As testemunhas confirmaram que a autora cuidava da plantação de feijão, arroz, milho e mandioca e fazia farinha demandioca no sítio do pai dela.

Por outro lado, o marido da autora trabalhou como pedreiro até novembro de 1996 (fls. 123 e 126). As duas primeirastestemunhas confirmaram que ele era pedreiro. Depois, o marido da autora obteve auxílio-doença, convertido emaposentadoria por invalidez, que foi mantida até ele morrer em 28/12/2013 (fl. 125).

O trabalhador rural pode ser qualificado como segurado especial mesmo quando outro membro da família exerce atividadediversa da agrícola. Entretanto, o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência da família. Talentendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar

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como sendo aquele em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido emcondições de mútua dependência e colaboração.

Assim, o fato de o marido ter exercido atividade urbana de pedreiro não necessariamente impediria a qualificação da autoracomo segurada especial, enquanto ela exercia individualmente a atividade rural, desde que ficasse comprovada aindispensabilidade do labor rural para a subsistência familiar. Esse é o entendimento consolidado na Súmula nº 41 daTurma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbananão implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisadano caso concreto”.

Ocorre que no presente caso não ficou provado que a renda gerada pela produção rural era expressiva para a subsistênciada família comparativamente à renda que o marido auferia como pedreiro. As testemunhas não esclareceram o volume daprodução rural. A autora admitiu no depoimento pessoal que “não vendia muito da produção, porque era mais paraconsumo da família”, ou seja, a produção era bem pequena. Não ficou comprovada a relevância da atividade rural para amanutenção da família.

Portanto, embora comprovado que a autora exerceu atividade rural no sítio do pai mesmo depois de casada, não ficoucomprovada a qualidade de segurada especial no período transcorrido até novembro de 1996. Sem recolhimento decontribuições previdenciárias, só pode ser reconhecido o tempo de serviço rural posterior a 30/11/1996, quando o maridoparou de trabalhar e passou a receber auxílio-doença.

A autora disse no depoimento pessoal que atualmente “não tem muita coisa na propriedade do pai, pois todos casaram equem mora lá já está empregado”. Disse também que ela atualmente trabalha no quintal dela plantando feijão guandu.

A produção atual da autora é muito pequena. Pelos subsídios trazidos aos autos, consiste em mera horta no quintal decasa, e não em uma verdadeira lavoura. “É de ser descaracterizado o regime de economia familiar quando o alegadotrabalho rural consiste no cultivo de uma pequena horta nos fundos da residência da família” (TRF 4ª Região, AC2009.70.99.0002207, D.E. 20/04/2009). “Ora, o plantio em pequena área, no âmbito residencial, para consumo próprio, nãotem o condão de caracterizar-se como exercício da agricultura nos termos do art. 11, VII e §1º, da Lei 8.213/91, nem dá àautora o direito à percepção dos benefícios previdenciários decorrentes da qualidade de segurado especial. Se assim fosse,qualquer pessoa, mesmo na área urbana, que tivesse uma horta de fundo de quintal, também seria segurada especial”(TRF 4ª Região, AC 97.04.29554-5, DJ 26/01/2000).

Em contrapartida, a autora exercia genuína atividade rural enquanto trabalhava na pequena lavoura no sítio do pai. Nãoficou, porém, muito bem esclarecido em que momento ela parou de trabalhar no sítio do pai e passou a cuidar apenas dapequena plantação de feijão no quintal da própria residência. A única indicação referente a essa circunstância temporalextraio do depoimento da segunda testemunha, segundo a qual “a autora parou de trabalhar há doze anosaproximadamente”. Estimo, portanto, que a autora trabalhou no sítio do pai somente até 2002. Naquela época, a autoraainda não havia completado 55 anos de idade.

Segundo o art. 143 da Lei nº 8.213/91 - que estava em vigor e ainda tinha eficácia na época do requerimento administrativoda autora -, o trabalhador rural podia requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, desde quecomprovasse o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período “imediatamente anterior ao requerimentoadministrativo do benefício”, em número de meses idêntico à respectiva carência. A idade mínima para aposentadoria poridade de trabalhador rural do sexo feminino corresponde a 55 anos. Antes disso, não cabe requerimento administrativo. Porconseguinte, a concessão do benefício pressupõe, no mínimo, que a pessoa tenha exercido efetiva atividade rural atécompletar a idade mínima para a aposentadoria. A jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização considerainadmissível a concessão do benefício previsto no art. 143 da Lei nº 8.213/91 quando o segurado deixou de exerceratividade rural antes de completar a idade mínima para a aposentadoria (PEDILEF 2007.72.95.004435-1, PEDILEF2007.70.95.004506-5, PEDILEF 2005.72.95.015386-6).

Ademais, somente ficou comprovada a qualidade de segurada especial no período de novembro de 1996 até o ano de2002, tempo insuficiente para completar o mínimo de 144 meses, equivalente ao período de carência.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

4. A sentença fixou que, à luz da prova colhida, a produção rural era muito pequena, de modo que a autora nãopoderia ser considerada segurada especial. A sentença apontou ainda, corretamente, que “a maioria dos documentosapresentados pela autora foi emitida às vésperas da data em que ela formulou o requerimento administrativo deaposentadoria e depois que ela já havia completado a idade mínima para se aposentar...”.

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5. Ressalto que a área cedida em regime de comodato para a autora tem apenas 1,5 hectares (fl.18). O módulofiscal de Cariacica-ES equivale a 12 hectares. Trata-se de área equivalente a, apenas, 0,125 módulos fiscais. Supõe-se ser,de fato, difícil auferir subsistência a partir de produção agrícola desenvolvida em área tão pequena.

6. Ressalte-se que o marido da autora trabalhou como pedreiro e obteve aposentadoria por invalidez urbana em1998.

7. Em suma: não há prova bastante no sentido de que o trabalho rural desempenhado era indispensável àsubsistência. De tal modo, é inviável qualificar a autora como segurado especial.

8. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

9. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

50 - 0000251-51.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000251-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JOSÉ RAMOS LÚCIO (ADVOGADO:ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ, ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ.).PROCESSO: 0000251-51.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000251-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: JOSÉ RAMOS LÚCIOADVOGADO (S): RAUL ANTONIO SCHMITZ, MARÍLIA SCHMITZ

V O T O / E M E N T A

RURAL. IDADE MÍNIMA ANTES DA LEI 8.213/91. SÚMULA 5 DA TNU. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. SÚMULA 14 DATNU. RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 176/179, que julgou procedenteo pedido inicial de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com averbação de períodos de trabalho ruralcompreendidos entre 02/02/1966 a 31/12/1973 e entre 01/01/1975 a 12/08/1975 com DIB em 13/09/2012. Quanto aoperíodo de 02/02/1966 a 02/02/1968, alega o recorrente que não há possibilidade de averbação de atividade rural de menorde 14 anos, por ausência de amparo legal, ao qual afirma não ser possível ser reconhecido por ser fato juridicamenteinexistente e do qual não se geravam direitos. Quanto aos períodos que compreendem de 02/02/1968 a 31/12/1973 e de01/01/1975 a 12/8/1975, aduz o recorrente que o autor não trouxe aos autos nenhum documento anterior a 11/12/1970.Argumenta que o único início de prova material restringe-se à certidão de casamento realizado em 21/09/1974, e queportanto não pode ser o documento considerado para contabilizar atividade rural em período anterior. Requer, por fim, oprovimento do recurso para reformar a sentença, julgando-se totalmente improcedente o pedido inicial com a revogação dadecisão que antecipou os efeitos da tutela.

2. Eis o teor da sentença:

Busca-se nesta demanda em face do INSS, a concessão de Aposentadoria por Tempo de Contribuição, com averbação detempo rural.

Decido.

A aposentadoria por tempo de serviço/contribuição é benefício previdenciário, substitutivo do salário-de-contribuição ou dorendimento do trabalhador, devido ao segurado que, cumprida a carência, contar com 35 ou 30 anos de contribuição, nocaso de homem e mulher, respectivamente.

Essa prestação substituiu, a partir da EC nº 20/98, a aposentadoria por tempo de serviço, tendo sido disciplinada nos art.201, § 7º, I da CRFB/88 e arts. 55 e 56, da Lei 8.213/91.

Os requisitos para sua concessão são: a) tempo de contribuição; e b) carência.

Pretende o Autor seja reconhecido o tempo laborado como trabalhador rural (02/02/1966 a 12/08/1975), em regime deeconomia familiar, assim como o tempo trabalhado na área urbana, a fim de lhe ser concedido o benefício deAposentadoria por Tempo de Contribuição.

Foi apurado administrativamente pelo INSS o seguinte tempo de serviço urbano até 13/09/2012 (fl. 162 e 166): 29 anos, 11meses e 12 dias, já considerado o tempo rural reconhecido pelo INSS entre 01/01/1974 a 31/12/1974.

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Tempo de serviço rural

O tempo de serviço rural pode servir para pleitear benefício de aposentadoria. A comprovação o efetivo exercício deatividades rurais em regime de economia familiar exige o início de prova material, conforme o disposto no art. 55, § 3°, daLei n° 8.213/91 e na Súmula 149, do Superior Tribunal de Justiça, já que não basta exclusivamente a prova testemunhal.

Ressalto que, quanto ao período em que a parte autora alega ter trabalhado em regime de economia familiar juntamentecom seus pais, o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento de que a atividade rural prestada dos 12 aos 14anos de idade pode ser considerada para a contagem de tempo de serviço (STJ - RESP 419796 - (200200295932) - RS - 5ªT. - Rel. Min. José Arnaldo Da Fonseca - DJU 07.04.2003).

A Egrégia Terceira Seção tem entendimento firmado no sentido de que a vedação ao trabalho do menor é instituída em seubenefício, e não para prejudicá-lo, razão pela qual, comprovada a atividade laborativa, ainda que em idade inferior àpermissão legal e constitucional, deve o período ser computado para fins previdenciários (STJ - RESP 415539 -(200200166414) - PR - 5ª T. - Rel. Min. Laurita Vaz - DJU 07.04.2003). A limitação etária tem caráter protecionista, visandocoibir o trabalho infantil, não podendo servir de restrição aos direitos do trabalhador no que concerne à contagem de tempode serviço para fins previdenciários (STJ - RESP 440954 - (200200744043) - PR - 5ª T. - Rel. Min. Jorge Scartezzini - DJU12.05.2003).

A proibição de trabalho em idade inferior a 14 anos pela CRFB/88, respeitada pelas leis ordinárias, foi estabelecida embenefício dos menores, sendo desarrazoada a interpretação que implique prejuízo aos mesmos (STJ - REsp 335213 - RS -6ª T. - Rel. Min. Vicente Leal - DJU 29.10.2001).

Como início de prova material, o autor juntou sua certidão de casamento ocorrido em 1974 (fl. 130), certificado de dispensade incorporação, onde consta que o autor foi dispensado do serviço militar em 31/12/1972, por residir em zona rural (fl.118), entre outros documentos.

Registro que não é necessária a comprovação, por meio de prova documental, de todo o período que pretende averbar,pois a lei estabelece apenas em início de prova material.

Em depoimento pessoal, o autor afirmou que exerceu atividades rurais com seus pais na propriedade da família Rubim efamília Scaramussa, inicialmente em Linhares e depois em São Domingos do Norte, na condição de meeiros.

Tais afirmações foram confirmadas por suas testemunhas, de que o autor de fato trabalhou na zona rural, como meeiros,inclusive citaram o nome de alguns proprietários do Município de São Domingos do Norte/ES. Também afirmaram quedesde criança o já exercia seu labor.

Destarte, reconheço que o autor trabalhou em regime de economia familiar pelo período que vai de 02/02/1966 a31/12/1973 e de 01/01/1975 a 12/08/1975:

(...)

Somando-se ao tempo de serviço urbano (29 anos, 11 meses e 12 dias), temos um total efetivo de mais de mais de 35anos de trabalho, fazendo jus, portanto, ao benefício da aposentadoria por tempo de contribuição integral desde13/09/2012.

Do exposto JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, condenando o INSS a averbar o período exercido em regime de economiafamiliar (segurado especial) pelo autor, entre 02/02/1966 a 31/12/1973 e de 01/01/1975 a 12/08/1975 e, consequentemente,conceder-lhe aposentadoria por tempo de contribuição, com DIB em 13/09/2012, assim como a pagar o valor dasprestações vencidas, não atingidas pela prescrição quinquenal....P.R.I.

3. Idade mínima para fins de averbação de tempo de trabalho rural laborado antes da Constituição de 1988.

A jurisprudência do STJ e da TNU é pacífica a respeito do tema, como se infere do precedente adiante transcrito: “Em setratando de tempo de serviço rural, prestado em regime de economia familiar a partir dos 12 anos de idade, há que serreconhecido o tempo trabalhado como rurícola. A norma constitucional insculpida no art. 7º, inciso XXXIII da ConstituiçãoFederal, tem caráter protecionista, visando coibir o trabalho infantil, não podendo servir, porém, de restrição aos direitos dotrabalhador para fins previdenciários.” (STJ, RESP nº 447.105-PR. Julgado em 28/04/2004). No mesmo sentido é oentendimento já sumulado pela TNU, verbis: “A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.” (súmula nº 5 daTNU).

Percebe-se que nada há a alterar na sentença a respeito do tema enfocado.

4. Em que pese as alegações da autarquia, não merece prosperar o entendimento exposto em suas razões

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recursais. Conforme asseverou a sentença, não é necessária a comprovação, por meio de prova documental, de todo operíodo que pretende averbar, pois a lei estabelece apenas necessidade de início de prova material. Com efeito, nos termosda súmula 14 da TNU, “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova materialcorresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.”

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, queora arbitro em 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

51 - 0000509-60.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000509-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEJOVE PRANDO(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0000509-60.2010.4.02.5052/01

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – ENQUADRAMENTO DE ATIVIDADEESPECIAL POR CATEGORIA PROFISSIONAL – COMPROVAÇÃO DE INSALUBRIDADE – TEMPO DE SERVIÇOESPECIAL INSUFICIENTE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por DEJOVE PRANDO, em face da sentença de fls. 89/90, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria especial, tendo em vista que o tempo trabalhado comoatividade especial (motorista) é insuficiente para a concessão do referido benefício. O recorrente alega, em síntese, quecom o período trabalhado como atividade especial e os demais anos de contribuição, somados juntos, fará jus àaposentadoria. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Até 28/04/1995, quando entrou em vigor a Lei nº 9.032/95, era permitido o enquadramento de atividade especial porcategoria profissional. Até tal data, o segurado não precisava comprovar exposição a agente nocivo, sendo essa exposiçãosimplesmente presumida como inerente à atividade profissional desempenhada. Basta ao segurado comprovar o exercíciode alguma das atividades profissionais descritas na lista anexa ao regulamento previdenciário. Qualquer documento podeser invocado para esse fim. Não é necessário exibir laudo pericial nem formulário padronizado pelo INSS para comprovar aprofissão. A anotação de contrato de emprego em CTPS, por exemplo, é um dos documentos idôneos para comprovar queo segurado se inseria em determinado categoria profissional.

3. Conforme os documentos juntados aos autos, o autor exerce atividade de motorista de caminhão (fls. 19/64) e se filiou aoRGPS em 01/1985, como contribuinte individual (fl. 85). Nessa linha, como já ressaltado pelo juízo a quo “a atividade demotorista de caminhão e ônibus possui enquadramento no item 2.4.4 do Anexo ao Decreto 53831/64; item 2.4.2 do QuadroII do Decreto 72771/73 e item 2.4.2 do Anexo II do Decreto 83080/79, que lhe conferiram, até 28.04.1995, presunção legalabsoluta de nocividade”.

4. Porém, a partir de 29/04/1995, quando entrou em vigor a Lei nº 9.032/95, que aboliu a possibilidade de enquadramentopor categoria profissional passou a condicionar a contagem do tempo de serviço especial à comprovação de exposição aagentes nocivos químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física, de modo habitual e permanente.

5. Diante do exposto, o recorrente faz jus ao reconhecimento do tempo especial prestado no seguinte período: 01/1985 a28/04/1995, o que totaliza 10 (dez) anos 3 (três) meses e 28 (vinte e oito) dias, tempo insuficiente para a concessão daaposentadoria especial.

6. Mesmo a parte somando o resultado da conversão (fator 1,4) do período especial (01/1985 a 28/04/1995) com o períodocomum (29/04/1995 a 10/09/2009), o somatório total não é suficiente para a concessão de aposentadoria por tempo decontribuição, conforme se depreende do quadro abaixo:

NºCOMUMESPECIAL

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDiasMultiplic.

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Dias Convert.AnosMesesDias

101/01/198528/04/19953.71810328,41.4874117

229/04/199510/09/20095.17214412 ----

Total8.89024810-1.4874117

Total Geral (Comum + Especial)10.37728927

7. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da 1º Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator

52 - 0108529-49.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.108529-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x VITALINO FERREIRA FILHO (ADVOGADO:ES014355 - JANNY NASCIMENTO MIRANDA, ES295880 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA.).PROCESSO: 0108529-49.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.108529-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de OliveiraRECORRIDO: VITALINO FERREIRA FILHOADVOGADO (S): JOSE CARLOS VIEIRA LIMA, JANNY NASCIMENTO MIRANDA

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. RUÍDO E USO EPI EFICAZ. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS.REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMA RECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSOEXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSS PROVIDO APENAS NO QUE REFERE AO TEMA DECORREÇÃO E JUROS.

1. Trata-se de recurso inominado, interpostos pelo INSS, em face da sentença de fls. 56/58, que julgou procedenteo pedido de aproveitamento de tempo de atividade especial e concessão de aposentadoria por tempo de contribuiçãointegral com efeitos retroativos à data de entrada do requerimento. Alega o recorrente que não restou comprovado atravésdos documentos exigidos pela legislação a especialidade das atividades exercidas pelo autor, reconhecidas na sentença.Aduz que restou demonstrado pelo PPP’s (fls. 17/19 e 54/55) a utilização de EPI eficaz, atestando a redução de ruído.Afirma que no presente caso restou demonstrado que a comprovação da eficácia do uso de EPI deve ensejar o nãoenquadramento como tempo especial. Quanto à correção monetária, alega que permanece incólume a aplicação do artigo1º-F da Lei n° 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lein° 11.960/2009, que determina a aplicação dos mesmos índices de juros e correção da caderneta de poupança, alegandoque as decisões das ADIs 4357 e 4425 ainda terão seus efeitos modulados. Requer o provimento do recurso para quesejam julgados totalmente improcedentes os pedidos formulados pela parte autora e que seja integralmente aplicado oartigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, no que tange à correção monetária, eis que plenamente vigente até a data atual, em razão derestar pendente a modulação dos efeitos temporais das ADIs 4425 e 4357.

2. Ruído e EPI eficaz. Fixação da jurisprudência do STF.

O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiu Recurso Extraordinário sobre o mesmo.Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgado recentemente, sendo o acórdão publicado em12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e 14 da ementa, as quais transcrevo abaixo

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especialpressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI forrealmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfilProfissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído. Logo, o recurso do INSS deve ser, nesse ponto, improvido.

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

4. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido peloscritérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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53 - 0002923-32.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002923-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x LUCILENE RIBEIRO BOMFAT (ADVOGADO:ES018446 - GERALDO BENICIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 - LARISSA CRISTIANIBENÍCIO.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0002923-32.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002923-6/01)RECORRENTE: LUCILENE RIBEIRO BOMFATADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO, GERALDO BENICIO, LARISSA CRISTIANI BENÍCIO, RAFAELLACHRISTINA BENÍCIORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

APOSENTADORIA ESPECIAL. RECURSOS DO INSS E AUTORA IMPROVIDOS. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DATUTELA CONCEDIDA.

1. Cuida-se de recursos inominados interpostos pelo INSS (fls. 132/149) e pela autora (fls. 154/160) emface de sentença de fls. 125/130, que julgou procedente o pedido e condenou o INSS a considerar como especial aatividade exercida nos períodos de 17/02/1987 a 01/03/1998, 15/08/1988 a 02/05/1990, 04/09/1990 a 05/03/1997 e18/11/2003 a 08/05/2012, bem como julgou improcedente o pedido em relação ao período entre 06/03/1997 e 17/11/2003.

Alega o INSS, em seu recurso, que os Perfis Profissiográficos Profissionais apresentados pela autora no âmbito doprocesso administrativo, referentes aos períodos de 17/02/1987 a 01/03/1988 e de 15/08/1988 a 02/05/1999 não informamo nome do profissional que realizou as medições, o que impede o reconhecimento da validade dos documentos. Sustentaque o fornecimento e uso de Equipamento de Proteção Individual – EPI eficaz descaracteriza a atividade especial aoeliminar a insalubridade, caso contrário não haveria razão para a existência do § 2º do art. 58 da Lei nº 8.213/91. Sustenta,ainda, que caso não se entenda dessa forma, eventual incidência da Súmula 9 da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência – TNU, em relação especificamente a ruído, somente terá aplicação até 18/11/2003, data da edição doDecreto nº 4.882/2003. Alega a incidência dos artigos 195, § 5º, e 201, § 1º, da Constituição Federal, tendo em vista ocômputo incrementado do tempo de serviço sem a correspondente fonte de custeio. Pede a reforma da sentença parajulgar totalmente improcedentes os pedidos.

O autor, por sua vez, em seu recurso, alega que vigora o limite de 80 decibéis para as atividade exercidas até a edição doDecreto nº 2.172/97 (05/03/97) e que, após essa data, deve-se considerar o limite de 85 decibéis, em virtude dainterpretação ampliativa e retroativa a ser dada na aplicação do Decreto nº 4.882/03. Pede a reforma da sentença para queseja reconhecida a natureza especial do trabalho prestado no período de 06/03/1997 a 17/11/2003, bem como para queseja concedido o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e quanto à antecipação da tutela.

2. A jurisprudência pacificou-se no sentido de que o tempo de trabalho laborado com exposição a ruído éconsiderado especial para fins de conversão nos termos do seguinte acórdão do STJ, que ensejou o cancelamento daSúmula 32 da TNU:PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SERCONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DOÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGITACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97.ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR.1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformizaçãodos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalholaborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superiora 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força daedição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou anocividade à saúde de tal índice de ruído.2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais àsaúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim,na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo detrabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada emvigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otáviode Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC,Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, DJe 12/03/2012.3. Incidente de uniformização provido. (g.n.)(Pet 9059/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 09/09/2013)

3. A respeito do fornecimento e uso de EPI eficaz, a TNU editou a Súmula 9 (“Ainda que o EPI elimine ainsalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.”), mantendo aaplicação do entendimento mesmo após a edição do Decreto nº 4.882, de 18/11/03.

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O Supremo Tribunal Federal, em acórdão publicado em 12/02/2015, decidiu a questão no mesmo sentido, como adiante sevê:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIAESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DESERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃOINDIVIDUAL - EPI. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO PLENÁRIO VIRTUAL. EFETIVAEXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE. NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTEINSALUBRE E O TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO PPP OUSIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL.CASO CONCRETO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVIDADE.CENÁRIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕESPREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AORECURSO EXTRAORDINÁRIO.(...)10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetivaexposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar anocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial.11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo doinafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, apremissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial.Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relaçãonociva a que o empregado se submete. 12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que emlimites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular)reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em taisambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas. Obenefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art.22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais,conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial apósquinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. O benefício previsto neste artigo será financiado comos recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujasalíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado aserviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos decontribuição, respectivamente.13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda dasfunções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminaçãodos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na suaefetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelostrabalhadores.14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhadora ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil ProfissiográficoPrevidenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo deserviço especial para aposentadoria.15. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.(ARE 664335, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-029DIVULG 11-02-2015 PUBLIC 12-02-2015)

4. Os Perfis Profissiográficos Profissionais referentes aos períodos de 17/02/1987 a 01/03/1988 e de 15/08/1988 a02/05/1990, constantes às fls. 22/23 e 24/25, de fato não identificam os profissionais responsáveis pelos registrosambientais nesses períodos. Ocorre que constam dos autos os laudos técnicos que embasaram os referidos documentos,às fls. 28 e 29, ambos subscritos por Engenheiro de Segurança do Trabalho e por Técnico de Segurança do Trabalho.

5. Conquanto não houvesse razão para se conceder a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional àépoca da sentença, o autor narra às fls. 176/178 que já preenche o tempo faltante para atingir os requisitos indispensáveisà concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, pelo que agora se configura o fundado receio de dano irreparávelou de difícil reparação, justificando-se a medida.

6. RECURSOS do INSS e da AUTORA IMPROVIDOS.

7. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.

Não obstante o improvimento do recurso da parte autora, uma vez que o pedido foi julgado parcialmente procedente e emface das razões declinadas acima, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA para determinar que o INSS proceda àaverbação do tempo de atividade especial reconhecido na sentença no prazo de 30 dias, contados da intimação doacórdão.

Custas ex lege. Sem honorários. É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

54 - 0007236-07.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007236-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x LUIZ GONZAL QUEIROZ SUTIL(ADVOGADO: ES009070 - RODOLPHO RANDOW DE FREITAS.).PROCESSO: 0007236-07.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007236-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: LUIZ GONZAL QUEIROZ SUTILADVOGADO (S): RODOLPHO RANDOW DE FREITAS

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. AUSÊNCIA DE HISTOGRAMA. RECURSO IMPROVIDO.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente opedido para reconhecer o exercício de atividade especial no período de 02/05/1984 a 31/10/2011 (agente nocivo ruído) econceder aposentadoria especial. Alega o INSS (i) ausência de histograma ou memória de cálculo de medições de ruídodurante toda a jornada de trabalho; (ii) eficácia do EPI.

Quanto ao primeiro tópico recursal, aduziu o INSS que “... a avaliação do local de trabalho é extemporâneo e não especificaos níveis de ruído durante o desempenho de todas as tarefas pelo Autor. (...) Segundo a Análise e Decisão Técnica deAtividade Especial, o Autor não apresentou histograma ou memória de cálculo de medições de ruído durante toda ajornada de trabalho, tendo apresentado um valor único de avaliação, razão pela qual não foi enquadrado o período comoespecial. (...)” (fl.109/110).

2. Eis o teor da sentença:

SENTENÇA(...)A parte autora pretende a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social a computar como especial os períodos detrabalho de 25/01/1977 a 30/08/1977, de 07/04/1978 a 31/12/1978, de 01/01/1979 a 02/01/1981, de 18/08/1981 a12/05/1992, de 07/05/1993 a 03/10/1995 e de 23/07/1999 a 02/12/1999, com sua posterior conversão em tempo comum,para por fim, conceder-lhe o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

(...)

Do caso concretoAnalisando os autos, verifico que o autor esteve sujeito ao agente nocivo RUÍDO acima dos limites de tolerância, comexposição acima de 80dB, nos períodos pleiteados, quais sejam, de 25/01/1977 a 30/08/1977, de 07/04/1978 a 31/12/1978,de 01/01/1979 a 02/01/1981, de 18/08/1981 a 12/05/1992, de 07/05/1993 a 03/10/1995 e de 23/07/1999 a 02/12/1999,conforme Perfis Profissiográficos Previdenciários juntados aos autos (fls. 11/22), fazendo jus ao enquadramento desseperíodo como atividade especial, de acordo com o código 1.1.6 do Anexo do Decreto n.º 53.831/1964.O réu argumenta, em sua contestação, que os PPPs acostados aos autos não contém elementos para a comprovação daefetiva exposição aos agentes nocivos de forma habitual e permanente, não ocasional nem intermitente. Entretanto, taisalegações não devem prosperar, pois a habitualidade não exclui a intermitência, e a permanência opõe-se ao ocasional, aoesporádico, exigindo não apenas um maior número de ocorrências, mas, sobretudo, que estas se prolonguem no tempo(que seja duradouro). Com efeito, a especialidade pressupõe a integração na lide normal inerente à atividade e apersistência da exposição prejudicial nas ocorrências. Assim, “é possível o reconhecimento da especialidade do labor,mesmo que não se saiba a quantidade exata de tempo de exposição ao agente insalutífero, bastando que a atividade sejaexercida diuturnamente” (TRF 4ª Região, AC nº 2004.70.00.034895-4/PR, 06/12/2006).Quanto à alegação do réu de que os laudos são extemporâneos, não valendo, desta forma, como prova, verifico que o temajá foi sedimentado pela TNU através da Súmula 68, in verbis:Súmula 68: O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial dosegurado.Já em relação ao pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, verifica-se que o tempo de serviço do autorcomprovado nos autos, sendo convertidos os períodos especiais para comum, totaliza 34 anos, 7 meses e 19 dias,conforme tabela abaixo:Nome:(...)Pela contagem do tempo de contribuição acima transcrita, é possível verificar que o autor não possuía na data dorequerimento administrativo (29/04/2011) tempo de contribuição suficiente para a concessão do beneficio de aposentadoriade forma integral ou até mesmo proporcional.Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termosdo art. 269, I, do CPC, para condenar o INSS a computar como especiais os períodos de 25/01/1977 a 30/08/1977, de07/04/1978 a 31/12/1978, de 01/01/1979 a 02/01/1981, de 18/08/1981 a 12/05/1992, de 07/05/1993 a 03/10/1995 e de

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23/07/1999 a 02/12/1999, trabalhados pelo autor LUIZ GONZAL QUEIROZ SUTIL, bem como convertê-los para tempo deserviço comum (coeficiente de conversão 1,40).Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.P.R.I.Transitado em julgado este decisum, intime-se o INSS para cumprimento, na forma do art. 16 da Lei n.º 10.259/01.

3. Utilização de EPI eficaz. O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído.

4. Exigibilidade de histograma. A exigibilidade de memória escrita das medições de ruído só começou em11/10/2001, por força do art. 173, III, da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001. Antes dissonenhum ato normativo previa exigência de histograma ou de gráfico de medição de ruído. Os efeitos da IN INSS/DC nº 57 eposteriores não podem retroagir no tempo.

Perceba-se que a necessidade de apresentação de histograma foi inserida na regulamentação antes do perfilprofissiográfico previdenciário; que, por sua vez, tornou tal exigência ultrapassada.

A instrução do requerimento administrativo objetivando a concessão de aposentadoria especial reclamava, para períodosde trabalho posteriores a 28/04/1995 e anteriores a 1º/01/2004, a apresentação de documentos indicados nos incisos I a IIIdo artigo 161 da Instrução Normativa nº 20/2007 do INSS. A partir da referida data (1º/01/2004), o documento exigívelpassou a ser o perfil profissiográfico previdenciário (PPP), a ser elaborado pela empresa “...de forma individualizada paraseus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física...” (caput do art.178 da IN nº 20/2007 doINSS). Nada obsta, contudo, que seja preenchido PPP relativo a períodos anteriores a 1º/01/2004. Em qualquer dos casos(ou seja: períodos anteriores ou posteriores a 1º/01/04), a apresentação do PPP dispensará a apresentação conjunta delaudo técnico ou outro documento similar, a teor do disposto no inciso IV do art. 161 e no § 1º do mesmo art. 161 da IN20/2007 do INSS, cujas redações reproduzo a seguir: “IV - para períodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, oúnico documento exigido do segurado será o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. § 1º Quando for apresentado odocumento de que trata o § 14 do art. 178 desta Instrução Normativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário), contemplandotambém os períodos laborados até 31 de dezembro de 2003, serão dispensados os demais documentos referidos nesteartigo.”

Em suma: havendo apresentação de PPP, não há – como regra geral – necessidade de apresentar laudo técnico; porconseguinte e pelas mesmas razões, não faz sentido exigir histograma em hipótese em que se apresenta PPP.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96).Honorários advocatícios devidos no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (aplicando-se o critérioda súmula 111 do STJ). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

55 - 0003637-55.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.003637-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x ANTÔNIO CARLOS PERINI (ADVOGADO:ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0003637-55.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.003637-3/01)RECORRENTE: ANTÔNIO CARLOS PERINIADVOGADO (S): ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA, WILSON EUSTAQUIO CASTRORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. RUÍDO. PPP. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE LAUDOTÉCNICO (IN Nº 20/2007 – INSS). NÍVEL DE RUÍDO ESTABELECIDO PELO DECRETO 2.172/97. RECURSOSIMPROVIDOS.

1. Cuida-se de recursos inominados interpostos pelo INSS e pelo autor da demanda em face desentença que julgou parcialmente procedente o pedido para reconhecer o exercício de atividade especial nos períodos de06/03/1997 a 05/03/1997 e de 01/08/2006 a 18/11/2013 (agente nocivo: ruído). Alega o INSS (i) indispensabilidade de laudotécnico; (ii) inexistência de intermitência de exposição a partir de 29/04/1995; (iii) eficácia do EPI atestada pelo PPP.

Por sua vez, o autor sustenta a inaplicabilidade do Decreto nº 2.171/1997, sob o argumento de que extrapolou o seu poderregulamentar; por conseguinte, argumentou que o limite máximo de ruído no período em que o referido decreto vigeu(06/03/1997 a 18/11/2003) deve ser 85 decibéis (e não 90, como prevê o referido decreto).

2. Eis o teor da sentença:

ANTONIO CARLOS PERINE almeja a concessão de aposentadoria especial, NB 145.850.608-5, requerida em 16/12/2013.O autor pediu o reconhecimento de condição especial de trabalho nos períodos de 1º/10/1983 a 31/7/1999, 1º/11/1999 a7/2/2002 e 1º/8/2006 a 18/11/2013.

Para comprovar condição especial de trabalho, o autor apresentou os seguintes documentos:

. 1º/10/1983 a 31/7/1999, 1º/11/1999 a 7/2/2002: PPP emitido pela empresa Frigorífico Paloma Ltda. atestando exposição aruído em nível médio equivalente a 85,9 dB(A) (fls. 25/26).

. 1º/8/2006 a 18/11/2013: PPP emitido pela empresa WYZ Comercial de Alimentos Ltda. atestando exposição a ruído emnível médio equivalente a 86,1 dB(A) (fls. 21/23).

O ruído só se caracteriza como agente agressivo à saúde quando ultrapassa determinado limite de tolerância. A definiçãodesse limite variou ao longo do tempo. Conforme a legislação previdenciária vigente na época da prestação do serviço,considera-se tempo de serviço especial aquele durante o qual for comprovada a exposição do segurado a ruído em nívelequivalente de pressão sonora superior a:

80 dB(A) até 5.03.1997, de acordo com o Decreto nº 53.831/6490 dB(A) entre 6.03.1997 e 18.11.2003, de acordo com os Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/9985 dB(A) a partir de 19.11.2003, de acordo com o Decreto nº 4.882/2003, que alterou o Decreto nº 3.048/99

O limite de tolerância ao ruído no período de 6/3/1997 a 18/11/2003 era de 90db(A), porque o Decreto nº 4.882/2003, quereduziu o limite para 85 db(A), não pode ser aplicado retroativamente. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, nasessão de 28/8/2013, confirmou esse entendimento ao dar provimento à PET 9.059/RS. A Turma Nacional deUniformização, na sessão de 9/10/2013, cancelou a Súmula nº 32, que admitia o limite de 85 dB(A) no período em questão.

Assim, somente nos períodos de 1º/10/1983 a 5/3/1997 e de 1º/8/2006 a 18/11/2013, o nível médio de pressão sonoraextrapolava o limite de tolerância estipulado pela legislação vigente.

O art. 161 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 20/2007 dispõe que o LTCAT (laudo técnico de condições ambientais dotrabalho) é exigível para comprovar atividade especial até 31/12/2003 e, para períodos laborados a partir de 1º/1/2004, oúnico documento exigido do segurado é o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. Não obstante, o § 1º do mesmo art.161 - com a redação atribuída pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 27/2008 – ressalva que, quando o PerfilProfissiográfico Previdenciário contemplar também os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Assim, oPPP é documento suficiente para comprovar a exposição a agente nocivo à saúde. Como não houve impugnaçãoespecífica a esse documento, seu conteúdo presume-se verdadeiro, inclusive no que se refere à indicação de nívelequivalente de ruído.

O réu, porém, defendeu que o PPP atesta o uso de EPI eficaz, o que afastaria o direito ao reconhecimento de tempoespecial. Não obstante, a Turma Nacional de Uniformização uniformizou entendimento em sentido contrário. Decidiu que oDecreto nº 4.882/2003 “em nada elide o seu entendimento consolidado na referida Súmula 09. Ou seja, ainda que o EPIneutralize por completo o agente nocivo, é de se considerar a especialidade, vez que, para o fim previdenciário, o que sereleva é a submissão do trabalhador a um risco potencial – e não efetivo – de laborar sob condições agressivas à suasaúde, independentemente do período pleiteado, seja anterior ou posterior ao Decreto 4882/03” (Processo nº2007.83.00.504986-1, Rel. Paulo Arena, DOU 29.06.2012). Também decidiu que “o fato da Súmula 09 da TNU ter sidoeditada em 10/03 e ter sido publicada em 05/11/03, antes da edição do Decreto nº 4.882, de 18/11/03, a superveniênciadeste texto não alterou o entendimento exarado” (Processo nº 2008.50.50.002583-1, Rel. Paulo Arena, DOU 20.04.2012).

Com base na orientação jurisprudencial da TNU, admito que o uso de EPI eficaz, mesmo durante a vigência da Lei nº9.732/98 ou do Decreto nº 4.882/03, não pode descaracterizar a condição especial de trabalho. Ressalto que, em relaçãoao período de 1º/10/1983 a 5/3/1997, nem ao menos consta informação de EPI eficaz no PPP (fl. 25).

Enfim, o autor tem direito ao enquadramento de atividade especial nos períodos de 1º/10/1983 a 5/3/1997 e de 1º/8/2006 a

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18/11/2013. O somatório desse tempo de serviço corresponde a 20 anos, 8 meses e 23 dias:

Período: Somatório:01/10/1983 a 05/03/1997 13 a 5 m 5 d01/08/2006 a 18/11/2013 7 a 3 m 18 d

Total 20 a 8 m 23 d

Como não completou 25 anos de tempo de serviço especial, o autor não tem direito à aposentadoria especial pleiteada.Ressalto que o autor não pediu a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial nos períodos de 1º/10/1983 a 5/3/1997 e de1º/8/2006 a 18/11/2013.

Julgo improcedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial nos períodos de 6/3/1997 a 31/7/1999 e de1º/11/1999 a 7/2/2002.

Julgo improcedente o pedido de concessão de aposentadoria especial, NB 145.850.608-5.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro à parte autora o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e desnecessidade de apresentação de laudo técnico.

A instrução do requerimento administrativo objetivando a concessão de aposentadoria especial reclamava, para períodosde trabalho posteriores a 28/04/1995 e anteriores a 1º/01/2004, a apresentação de documentos indicados nos incisos I a IIIdo artigo 161 da Instrução Normativa nº 20/2007 do INSS. A partir da referida data (1º/01/2004), o documento exigívelpassou a ser o perfil profissiográfico previdenciário (PPP), a ser elaborado pela empresa “...de forma individualizada paraseus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física...” (caput do art.178 da IN nº 20/2007 doINSS). Nada obsta, contudo, que seja preenchido PPP relativo a períodos anteriores a 1º/01/2004.

Em qualquer dos casos (ou seja: períodos anteriores ou posteriores a 1º/01/04), a apresentação do PPP dispensará aapresentação conjunta de laudo técnico ou outro documento similar, a teor do disposto no inciso IV do art. 161 e no § 1º domesmo art. 161 da IN 20/2007 do INSS, cujas redações reproduzo a seguir: “IV - para períodos laborados a partir de 1º dejaneiro de 2004, o único documento exigido do segurado será o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. § 1º Quando forapresentado o documento de que trata o § 14 do art. 178 desta Instrução Normativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário),contemplando também os períodos laborados até 31 de dezembro de 2003, serão dispensados os demais documentosreferidos neste artigo.”

Este entendimento foi explicitamente adotado na sentença.

No presente caso, os PPP’s apresentados pelo autor atestam a exposição ao agente nocivo ruído em nível médioequivalente a 85,9 dB(A) no período de 01/10/1983 a 05/03/1997 e de 86,1 dB(A) no período de 01/08/2006 a 18/11/2013.

Conclusão: está correta a diretriz encampada na sentença.

4. Utilização de EPI eficaz. O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em se

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tratando do agente agressivo ruído.

5. Exposição habitual e permanente ao agente nocivo. Referida alegação implica inovação recursal, poisse trata de matéria não suscitada no Juízo de origem, tendo sido arguida apenas nesta oportunidade.

6. Aplicabilidade do Decreto nº 2.171/1997. Por fim, não prospera a alegação do autor quanto àinaplicabilidade do Decreto nº 2.171/1997, pois a matéria resta pacificada pelo STJ, cuja ementa transcreve-se:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008.RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.TEMPO ESPECIAL. RUÍDO. LIMITE DE 90DB NO PERÍODO DE 6.3.1997 A 18.11.2003. DECRETO 4.882/2003. LIMITEDE 85 DB. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE À ÉPOCA DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.Controvérsia submetida ao rito do art. 543-C do CPC 1. Está pacificado no STJ o entendimento de que a lei que rege otempo de serviço é aquela vigente no momento da prestação do labor. Nessa mesma linha: REsp 1.151.363/MG, Rel.Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 5.4.2011; REsp 1.310.034/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,DJe 19.12.2012, ambos julgados sob o regime do art. 543-C do CPC. 2. O limite de tolerância para configuração daespecialidade do tempo de serviço para o agente ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997 a 18.11.2003, conformeAnexo IV do Decreto 2.172/1997 e Anexo IV do Decreto 3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do Decreto4.882/2003, que reduziu o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB (ex-LICC). Precedentes do STJ.Caso concreto 3. Na hipótese dos autos, a redução do tempo de serviço decorrente da supressão do acréscimo daespecialidade do período controvertido não prejudica a concessão da aposentadoria integral. 4. Recurso Especialparcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1398260/PR,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/05/2014, DJe 05/12/2014)

7. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO aos recursos do INSS e da parte autora. Sem custas e semhonorários (sucumbência recíproca). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

56 - 0001339-27.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001339-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x NELSON GONÇALVES DE SOUZA(ADVOGADO: ES009070 - RODOLPHO RANDOW DE FREITAS.).PROCESSO: 0001339-27.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001339-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: NELSON GONÇALVES DE SOUZAADVOGADO (S): RODOLPHO RANDOW DE FREITAS

VOTO-EMENTA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente opedido para reconhecer o exercício de atividade especial no período de 02/05/1984 a 31/10/2011 (agente nocivo ruído) econceder aposentadoria especial. Alega o INSS (i) indispensabilidade de laudo técnico e PPP insuficiente para comprovar aexposição ao agente nocivo; aduziu que em nenhum momento o PPP indica que as informações prestadas foram extraídasdo laudo técnico; e também que o PPP foi preenchido com fulcro em registros administrativos que, não necessariamente,correspondem a laudo técnico; (ii) eficácia do EPI atestada pelo PPP.

2. Eis o teor da sentença:

S E N T E N Ç A

Busca-se nesta ação em face do INSS, o cômputo do tempo de serviço trabalhado em condições especiais e aconsequente concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição desde a citação ocorrida no Processonº 2012.50.50.000499-5.

No entanto, diferentemente da argumentação apresentada pelo autor, o referido processo foi extinto sem resolução demérito em razão da ausência de prévio indeferimento administrativo, ou seja, com fundamento na ausência de lidecomprovada. Noutro ponto, apesar da citação do INSS, não houve apresentação de defesa de mérito justamente peloreferido vício.

Registro, por oportuno, que as reclamações expostas pelo autor, inclusive com respaldo nos princípios dos JuizadosEspeciais, teriam lugar na forma processual correta, qual seja, em sede de recurso naquele processo, opção não feita porele.

Por conta disso defino como marco inicial para eventual benefício a data do requerimento (21/09/2012), fl. 60; e apesar de oautor afirmar em sua inicial que pretende o benefício de Aposentadoria Tempo de Contribuição, requereuadministrativamente tão-somente o benefício de Aposentadoria Especial.

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Sendo assim, conhecerei de ambos, tendo a referida data como marco inicial para o pedido.

Decido.

Pretende o autor a consideração do seguinte período trabalhado em condições especiais: 02/05/1984 a 31/10/2011 (fls.12-13).

Tempo Especial

A comprovação do exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física rege-sepela lei vigente à época da prestação do serviço e não pela lei vigente à época da produção da prova, sob pena deretroatividade e violação ao direito adquirido.

Tal entendimento tem lastro em nossa jurisprudência, que vê no direito à contagem de tempo de serviço em condiçõesespeciais um direito subjetivo que se incorpora ao patrimônio do sujeito à medida que a prestação de serviço é efetivada,tornando-se impassível de ser atacado por norma superveniente que torne mais dificultosa a sua prova, sob pena deviolação do direito adquirido protegido pela carta de princípios em seu art. 5º, XXXVI. Nesse sentido, vale transcrever aementa do RESP nº 357.268/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 06/06/2002, que tem o seguinte teor:

"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. LEI 9.032/95. IRRETROATIVIDADE. ART.28 DA LEI 9711/98. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. DIVERGÊNCIA NÃOCONFIGURADA.I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, comodireito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempode serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.II - Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, alei posterior que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo seraplicada a situações pretéritas.III - O art. 28 da Lei n.º 9.711/98 não foi ventilado no acórdão recorrido, nem o recorrente cuidou de opor embargos dedeclaração tendentes ao prequestionamento dessa regra, de modo que incide o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF,aplicáveis ao recurso especial.IV- De qualquer sorte, a Lei n.º 9.711/98 resguarda o direito dos segurados à conversão do tempo de serviço especialprestado sob a vigência da legislação anterior, em comum.V - O acórdão recorrido não concluiu em sentido diverso daquele apresentado no acórdão citado como paradigma, nãorestando configurada a divergência jurisprudencial.VI - Recurso ao qual se nega provimento."(Resp 357.268/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, in DJ 01/07/2002). Grifei.

Não é demais transcrever aqui o § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/1999, que acaba por acolher o entendimentopredominante em doutrina e em jurisprudência, e cujo teor é o seguinte:

“§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto nalegislação em vigor na época da prestação do serviço.”

Antes de 05.03.1997, início da vigência do Decreto nº 2.172, que regulamentou a Medida Provisória nº 1.523, de11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº Lei 9.528, de 10.12.1997, a prova do exercício de atividade sob condiçõesespeciais, salvo para o caso de sujeição ao agente ruído, perfazia-se pela apresentação de um dos formuláriosdenominados SB-40, DSS 8030 ou DIRBEN 8030, mediante o qual fosse demonstrado pelo segurado o enquadramento emalguma das hipóteses, definidas exemplificativamente em regulamentos, de atividades prejudiciais à saúde ou à integridadefísica.

Portanto, até 05.03.97 não era necessária, salvo quando o caso fosse de sujeição ao agente físico ruído, a apresentação delaudo pericial comprobatório da efetiva sujeição ao agente nocivo à saúde ou à integridade física do trabalhador.

No caso de ruído, é assente na doutrina e na jurisprudência a necessidade de apresentação de laudo técnico comprobatórioda nocividade do ambiente de trabalho, ainda que se trate de período anterior ao advento do Decreto nº 2.172/1997. Aqui aexigência se faz em razão do agente nocivo, valendo transcrever, em respaldo ao entendimento aqui adotado, trecho doaresto que segue abaixo.

“Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período anterior à vigência da Lei nº 9.032/95, de28.04.95, que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dosDecretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto para a atividade com exposição a ruído.Tratando-se de tempo de serviço posterior à data acima citada, 28.04.95, dependerá de prova da exposição permanente,não ocasional e nem intermitente - não se exigindo integralidade da jornada de trabalho -, aos agentes nocivos, vistotratar-se de lei nova que estabeleceu restrições ao cômputo do temo de serviço, devendo ser aplicada tão-somente aotempo de serviço prestado durante sua vigência, não sendo possível sua aplicação retroativa (AC 1999.01.00.118703-9/MG,

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Relator Convocado JUIZ EDUARDO JOSÉ CORRÊA, PRIMEIRA TURMA, DJ 09/12/2002; MAS 2000.01.00.072485-0/MG,Relator DES. FEDERAL ANTONIO SAVIO DE OLIVEIRA CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 11/03/2002).”(TRF – 1ª Região - AMS 38000067351 - UF: MG - Órgão Julgador: 1ª Turma - Data da decisão: 14/04/2004 - Fonte DJDATA: 03/06/2004 PAGINA: 30 - Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO). Grifei.

A relação de agentes físicos, químicos e biológicos considerados ofensivos à saúde e à integridade física é definida pordecreto do Executivo, conforme prevê o art. 58, caput, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528, de 10de dezembro de 1997.

Conquanto a redação originária do dispositivo trouxesse exigência no sentido de que a relação dos agentes nocivos fossedefinida por lei específica, esta nunca chegou a ser editada, razão pela qual a questão sempre foi regulada em sedeinfralegal, diante da regra transitória inserta no art. 152 da Lei nº 8.213/1991, que manteve em vigor as relações veiculadaspelos decretos nº 53.831/64 e 83.080/1979 até o advento do Decreto nº 2.172/1997, que regulamentou a Medida Provisórianº 1.523, de 11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº 9.528, de 10.12.1997, diploma legal que passou a remeter otratamento da matéria novamente a decreto do Executivo, como ocorria antes da redação original da Lei de Benefícios.

A partir de 07/05/1999, a relação de agentes nocivos passou a ser aquela elencada no anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Cabe aqui acrescentar que, antes de 28 de abril de 1995, data em que entrou em vigor a Lei nº 9.032/1995, acaracterização das condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade física dava-se de duas formas, quaissejam, pelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979,ou ainda pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos.

Todavia, a partir de 28 de abril de 1995, data do início da vigência da Lei nº 9.032/1995, devido à alteração da redação docaput do art. 57 da Lei nº 8.213/1991, passou a ser necessária a presença do agente físico, químico ou biológico noambiente de trabalho, para que ficassem caracterizadas as chamadas condições especiais prejudiciais à saúde e àintegridade física, não sendo mais aproveitáveis os anexos dos decretos supramencionados, na parte em que tratavam doenquadramento por categoria profissional.

Nesse sentido é a jurisprudência, que assim tem entendido:

“O reconhecimento do tempo de serviço prestado sob condições especiais, com base na categoria profissional a quepertence o trabalhador, era admissível até a edição da Lei 9.032/95, a partir de quando se passou a exigir a apresentaçãodos formulários SB-40 e DSS 8030. Posteriormente, com o advento do Decreto 2.172/97 – que regulamentou a MedidaProvisória 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97 -, a prova passou a ser feita obrigatoriamente por meio de laudo técnico.(Cf. STJ, AGRESP 493.458/RS, Quinta Turma, Ministro Gilson Dipp, DJ 23/06/2003; TRF1, AMS 96.01.36259-2/MG, julg.cit.)” (TRF – 1ª Região - AMS 01245014 - Processo: 199601245014 - UF: MG - Órgão Julgador: Primeira TurmaSuplementar - Data da decisão: 02/03/2004 - Fonte DJ DATA: 25/03/2004 PAGINA: 86 - Relator Juiz Federal João CarlosMayer Soares (conv.). Grifei.

Diante de tais considerações, pode-se dizer que o enquadramento, bem como a comprovação do exercício de atividade sobcondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, obedecem à seguinte tabela:

PeríodoEnquadramentoProva

Até 28/04/1995.- Anexo ao Decreto nº 53.831/64; e- Anexos I e II ao Decreto nº 83.080/79.Não era necessário laudo técnico, exceto para o caso de sujeição ao agente físico RUÍDO.

De 29/04/1995 (Lei nº 9.032) até 05/03/1997.- Item 1 e subitens do Decreto nº 53.831/64; e- Anexo I do Decreto nº 83.080/79.Não era necessário laudo técnico, exceto para o caso de sujeição ao agente físico RUÍDO.

De 06/03/1997 (Decreto nº 2.172/97) a 06/05/1999.Anexo IV ao Decreto nº 2.172.Necessário Laudo Técnico

A partir de 07/05/1999 (Decreto nº 3.048/99)Anexo IV ao Decreto nº 3.048.Necessário Laudo Técnico

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O advento da Lei nº 9.528/97, que alterou a redação do art. 58, caput e parágrafos, da Lei nº 8.213/91, trouxe a exigênciade comprovação da efetiva exposição do trabalhador ao agente nocivo, por meio de formulário emitido pelo empregador(formulários SB-40, DSS-8030, DIRBEN 8030 ou PPP), com base em laudo técnico pericial, expedido por médico dotrabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (não se exigindo, contudo, a sua apresentação perante a autarquiaprevidenciária), devendo a empresa zelar pela conformidade entre a declaração prestada no formulário e a conclusão dolaudo pericial.

De igual forma, é prescindível a presença de laudo técnico nos autos quando presente algum documento que remete a ele,como PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário ou mesmo Informações sobre Atividades Especiais), eis que, presume-sesua veracidade, até porque, do contrário, para o caso de prestação de informação falsa ou mesmo falsificação dodocumento há expressa cominação ao infrator estampada no próprio documento, de sorte que caberia ao INSS ou mesmoao M.T.E eventual fiscalização de transgressões na confecção daqueles que, entendo, pelo que dito, seriam casosexcepcionais.

Sabe-se, contudo, quanto ao agente nocivo ruído, que a variação de limite dos níveis de ruído ao longo da evolução dalegislação previdenciária foi sintetizada pela Súmula nº 32 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais, alterada em 14/12/2011:

ENUNCIADO nº 32. O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversãoem comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a AdministraçãoPública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.

Para descaracterização do trabalho sob condições especiais, torna-se insuficiente o mero fornecimento, pelo empregador,de equipamento de proteção individual – o chamado EPI – ainda que haja prova cabal de que o equipamento foraefetivamente utilizado pelo segurado, bem como de que dessa utilização resultou a neutralização total dos efeitos causadospelos agentes nocivos à saúde.

Neste sentido também tem se posicionado a TNU, por meio da Súmula nº 09, cujo teor é o seguinte:

“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”

Com base nisso, analisarei cada período individualmente, desde que não averbados pelo INSS como especiais.

Há de se observar, de início, que as funções desempenhadas pelo autor, por si só, não lhe confere direito aoenquadramento como especial, por não se enquadrar em nenhuma das categorias profissionais elencadas nos decretos nº53.831/1964 e 83.080/1979, logo, é necessária a comprovação da efetiva exposição aos agentes nocivos para configurá-lacomo especial.

E o PPP de fls. 12-13, para todo o vínculo de trabalho do autor (02/05/1984 a 31/10/2011), demonstra que ele esteveexposto de forma habitual e permanente ao agente físico ruído em níveis acima do permitido para a época (80 e 85 dB),sendo cabível, portanto, a conversão em especial deste período.

Assim a parte autora atinge mais de 25 anos de tempo de contribuição integralmente exercidos em condições especiais,suficiente à concessão do benefício mais benéfico (aposentadoria especial):(...)

Do exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e condeno o INSS a considerar como especial o período de 02/05/1984 a31/10/2011, assim como conceder-lhe o benefício previdenciário de Aposentadoria Especial, com DIB em 21/09/2012, bemcomo a pagar-lhe as prestações vencidas entre a DIN e a data de implantação do benefício.(...)P.R.Intimem-se.

3. Utilização de EPI eficaz. O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

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A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído.

4. PPP e laudo técnico.

A instrução do requerimento administrativo objetivando a concessão de aposentadoria especial reclamava, para períodosde trabalho posteriores a 28/04/1995 e anteriores a 1º/01/2004, a apresentação de documentos indicados nos incisos I a IIIdo artigo 161 da Instrução Normativa nº 20/2007 do INSS. A partir da referida data (1º/01/2004), o documento exigívelpassou a ser o perfil profissiográfico previdenciário (PPP), a ser elaborado pela empresa “...de forma individualizada paraseus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física...” (caput do art.178 da IN nº 20/2007 doINSS). Nada obsta, contudo, que seja preenchido PPP relativo a períodos anteriores a 1º/01/2004. Em qualquer dos casos(ou seja: períodos anteriores ou posteriores a 1º/01/04), a apresentação do PPP dispensará a apresentação conjunta delaudo técnico ou outro documento similar, a teor do disposto no inciso IV do art. 161 e no § 1º do mesmo art. 161 da IN20/2007 do INSS, cujas redações reproduzo a seguir: “IV - para períodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, oúnico documento exigido do segurado será o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. § 1º Quando for apresentado odocumento de que trata o § 14 do art. 178 desta Instrução Normativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário), contemplandotambém os períodos laborados até 31 de dezembro de 2003, serão dispensados os demais documentos referidos nesteartigo.”

No caso concreto há períodos posteriores e anteriores a 1º/01/2004. O autor laborou , em todos os períodos referidos, naempresa Rio de Janeiro Refrescos Ltda; laborou no interior de fábrica nas funções de Técnico Mecânico e Serralheiro.Dentro desse contexto, não vejo razão de caráter objetivo para duvidar da veracidade das medições indicadas no PPP.

5. No mais a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos.

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96).Honorários advocatícios devidos no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

57 - 0006793-22.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006793-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x LINDOMAR PEREIRA BARBOSA (ADVOGADO:ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.).PROCESSO: 0006793-22.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006793-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: LINDOMAR PEREIRA BARBOSAADVOGADO (S): PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente opedido para reconhecer o exercício de atividade especial no período de 10/08/1988 a 31/08/2001 (agente nocivo ruído) econceder aposentadoria por tempo de contribuição. Alega o INSS (i) inexistência de indissociabilidade entre a atividade doautor e a exposição a agentes nocivos à saúde; (ii) inexistência de intermitência de exposição a partir de 29/04/1995; (iii)eficácia do EPI atestada pelo PPP; (iv) alternativamente, aduziu que após 18/11/2003, uma vez atestada a eficácia do EPI,o fornecimento do mesmo afastaria a caracterização da insalubridade; (v) uma vez que o segurado estava protegido (pelouso do EPI eficaz), a decisão importa em majoração de benefício sem fonte de custeio e mediante adoção de critériosdiferenciados, o que afrontaria o disposto nos artigos 195, § 5º e 201, § 1º, da CRFB.

2. Eis o teor da sentença:

Busca-se nesta ação em face do INSS, o cômputo do tempo de serviço trabalhado em condições especiais e aconsequente concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição Proporcional desde 10/08/2012.

Decido.

Prescrição

De acordo com o parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97, “prescreve em cincoanos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquerrestituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do

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Código Civil”.

Portanto encontram-se prescritas as parcelas anteriores aos cinco anos da propositura desta demanda.

Mérito

Conforme o documento para cálculo de tempo de contribuição expedido pelo INSS, o tempo de serviço trabalhado peloautor até o requerimento administrativo (10/08/2012) foi de 27 anos e 12 dias (fl. 87).

Pretende a parte autora a consideração do seguinte período trabalhado em condições especiais: 10/08/1988 a 31/08/2001.

Aposentadoria por Tempo de Contribuição

A Aposentadoria por Tempo de Contribuição é benefício previdenciário, substitutivo do salário-de-contribuição ou dorendimento do trabalhador, devido ao segurado que, cumprida a carência, contar 35 ou 30 anos de contribuição, no caso dehomem e mulher, respectivamente.

Essa prestação substituiu, a partir da Emenda Constitucional nº 20/1998, a Aposentadoria por Tempo de Serviço, tendo sidodisciplinada nos art. 201, § 7º, inciso I da Constituição da República e arts. 55 e 56, da Lei nº 8.213/1991.

Para a percepção de aposentadoria com valores proporcionais ao tempo de contribuição, é necessária a comprovação dosseguintes requisitos, (art. 9º, inciso I; § 1º, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Emenda Constitucional nº 20/1998):

a) 53 anos de idade;b) 30 anos de contribuição;c) Adicional de 40% (quarenta por cento) do tempo de contribuição que na data da publicação da Emenda Constitucional nº20/1998, faltava para atingir trinta anos de contribuição.

Tempo Especial

A comprovação do exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física rege-sepela lei vigente à época da prestação do serviço e não pela lei vigente à época da produção da prova, sob pena deretroatividade e violação ao direito adquirido.

Tal entendimento tem lastro em nossa jurisprudência, que vê no direito à contagem de tempo de serviço em condiçõesespeciais um direito subjetivo que se incorpora ao patrimônio do sujeito à medida que a prestação de serviço é efetivada,tornando-se impassível de ser atacado por norma superveniente que torne mais dificultosa a sua prova, sob pena deviolação do direito adquirido protegido pela carta de princípios em seu art. 5º, XXXVI. Nesse sentido, vale transcrever aementa do RESP nº 357.268/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 06/06/2002, que tem o seguinte teor:

"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. LEI 9.032/95. IRRETROATIVIDADE. ART.28 DA LEI 9711/98. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. DIVERGÊNCIA NÃOCONFIGURADA.I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, comodireito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempode serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.II - Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, alei posterior que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo seraplicada a situações pretéritas.III - O art. 28 da Lei n.º 9.711/98 não foi ventilado no acórdão recorrido, nem o recorrente cuidou de opor embargos dedeclaração tendentes ao prequestionamento dessa regra, de modo que incide o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF,aplicáveis ao recurso especial.IV- De qualquer sorte, a Lei n.º 9.711/98 resguarda o direito dos segurados à conversão do tempo de serviço especialprestado sob a vigência da legislação anterior, em comum.V - O acórdão recorrido não concluiu em sentido diverso daquele apresentado no acórdão citado como paradigma, nãorestando configurada a divergência jurisprudencial.VI - Recurso ao qual se nega provimento."(Resp 357.268/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, in DJ 01/07/2002). Grifei.

Não é demais transcrever aqui o § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/1999, que acaba por acolher o entendimentopredominante em doutrina e em jurisprudência, e cujo teor é o seguinte:

“§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto nalegislação em vigor na época da prestação do serviço.”

Antes de 05.03.1997, início da vigência do Decreto nº 2.172, que regulamentou a Medida Provisória nº 1.523, de11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº Lei 9.528, de 10.12.1997, a prova do exercício de atividade sob condições

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especiais, salvo para o caso de sujeição ao agente ruído, perfazia-se pela apresentação de um dos formuláriosdenominados SB-40, DSS 8030 ou DIRBEN 8030, mediante o qual fosse demonstrado pelo segurado o enquadramento emalguma das hipóteses, definidas exemplificativamente em regulamentos, de atividades prejudiciais à saúde ou à integridadefísica.

Portanto, até 05.03.97 não era necessária, salvo quando o caso fosse de sujeição ao agente físico ruído, a apresentação delaudo pericial comprobatório da efetiva sujeição ao agente nocivo à saúde ou à integridade física do trabalhador.

No caso de ruído, é assente na doutrina e na jurisprudência a necessidade de apresentação de laudo técnico comprobatórioda nocividade do ambiente de trabalho, ainda que se trate de período anterior ao advento do Decreto nº 2.172/1997. Aqui aexigência se faz em razão do agente nocivo, valendo transcrever, em respaldo ao entendimento aqui adotado, trecho doaresto que segue abaixo.

“Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período anterior à vigência da Lei nº 9.032/95, de28.04.95, que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dosDecretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto para a atividade com exposição a ruído.Tratando-se de tempo de serviço posterior à data acima citada, 28.04.95, dependerá de prova da exposição permanente,não ocasional e nem intermitente - não se exigindo integralidade da jornada de trabalho -, aos agentes nocivos, vistotratar-se de lei nova que estabeleceu restrições ao cômputo do temo de serviço, devendo ser aplicada tão-somente aotempo de serviço prestado durante sua vigência, não sendo possível sua aplicação retroativa (AC 1999.01.00.118703-9/MG,Relator Convocado JUIZ EDUARDO JOSÉ CORRÊA, PRIMEIRA TURMA, DJ 09/12/2002; MAS 2000.01.00.072485-0/MG,Relator DES. FEDERAL ANTONIO SAVIO DE OLIVEIRA CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 11/03/2002).”(TRF – 1ª Região - AMS 38000067351 - UF: MG - Órgão Julgador: 1ª Turma - Data da decisão: 14/04/2004 - Fonte DJDATA: 03/06/2004 PAGINA: 30 - Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO). Grifei.

A relação de agentes físicos, químicos e biológicos considerados ofensivos à saúde e à integridade física é definida pordecreto do Executivo, conforme prevê o art. 58, caput, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528, de 10de dezembro de 1997.

Conquanto a redação originária do dispositivo trouxesse exigência no sentido de que a relação dos agentes nocivos fossedefinida por lei específica, esta nunca chegou a ser editada, razão pela qual a questão sempre foi regulada em sedeinfralegal, diante da regra transitória inserta no art. 152 da Lei nº 8.213/1991, que manteve em vigor as relações veiculadaspelos decretos nº 53.831/64 e 83.080/1979 até o advento do Decreto nº 2.172/1997, que regulamentou a Medida Provisórianº 1.523, de 11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº 9.528, de 10.12.1997, diploma legal que passou a remeter otratamento da matéria novamente a decreto do Executivo, como ocorria antes da redação original da Lei de Benefícios.

A partir de 07/05/1999, a relação de agentes nocivos passou a ser aquela elencada no anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Cabe aqui acrescentar que, antes de 28 de abril de 1995, data em que entrou em vigor a Lei nº 9.032/1995, acaracterização das condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade física dava-se de duas formas, quaissejam, pelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979,ou ainda pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos.

Todavia, a partir de 28 de abril de 1995, data do início da vigência da Lei nº 9.032/1995, devido à alteração da redação docaput do art. 57 da Lei nº 8.213/1991, passou a ser necessária a presença do agente físico, químico ou biológico noambiente de trabalho, para que ficassem caracterizadas as chamadas condições especiais prejudiciais à saúde e àintegridade física, não sendo mais aproveitáveis os anexos dos decretos supramencionados, na parte em que tratavam doenquadramento por categoria profissional.

Nesse sentido é a jurisprudência, que assim tem entendido:

“O reconhecimento do tempo de serviço prestado sob condições especiais, com base na categoria profissional a quepertence o trabalhador, era admissível até a edição da Lei 9.032/95, a partir de quando se passou a exigir a apresentaçãodos formulários SB-40 e DSS 8030. Posteriormente, com o advento do Decreto 2.172/97 – que regulamentou a MedidaProvisória 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97 -, a prova passou a ser feita obrigatoriamente por meio de laudo técnico.(Cf. STJ, AGRESP 493.458/RS, Quinta Turma, Ministro Gilson Dipp, DJ 23/06/2003; TRF1, AMS 96.01.36259-2/MG, julg.cit.)” (TRF – 1ª Região - AMS 01245014 - Processo: 199601245014 - UF: MG - Órgão Julgador: Primeira TurmaSuplementar - Data da decisão: 02/03/2004 - Fonte DJ DATA: 25/03/2004 PAGINA: 86 - Relator Juiz Federal João CarlosMayer Soares (conv.). Grifei.

Diante de tais considerações, pode-se dizer que o enquadramento, bem como a comprovação do exercício de atividade sobcondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, obedecem à seguinte tabela:

(...)

Sabe-se, contudo, quanto ao agente nocivo ruído, que a variação de limite dos níveis de ruído ao longo da evolução dalegislação previdenciária foi sintetizada pela Súmula nº 32 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais

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Federais, alterada em 14/12/2011:

ENUNCIADO nº 32. O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversãoem comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a AdministraçãoPública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.

Para descaracterização do trabalho sob condições especiais, torna-se insuficiente o mero fornecimento, pelo empregador,de equipamento de proteção individual – o chamado EPI – ainda que haja prova cabal de que o equipamento foraefetivamente utilizado pelo segurado, bem como de que dessa utilização resultou a neutralização total dos efeitos causadospelos agentes nocivos à saúde.

Neste sentido também tem se posicionado a TNU, por meio da Súmula nº 09, cujo teor é o seguinte:

“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”

Com base nisso, analisarei cada período individualmente, desde que não averbados pelo INSS como especiais.

Para o período de 10/08/1988 a 31/08/2001, em que trabalhou na empresa Argalit Industria de Revestimento Ltda, foiapresentado PPP à fl. 72-74, em que consta a exposição ao agente físico ruído sempre em patamar superior a 90 dB(A), ouseja, acima do limite para a época (80 ou 85 dB), portanto, deve ser considerado especial.

Dessa forma, faz jus à averbação de todo este período como especial (10/08/1988 a 31/08/2001), pelo que, atinge tempo decontribuição suficiente ao benefício pretendido, Aposentadoria Proporcional:

(...)

Dessa forma, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para condenar o INSS a averbar o tempo de atividade especial referenteao período de 10/08/1988 a 31/08/2001 e, consequentemente, conceder ao autor Aposentadoria por Tempo de ContribuiçãoProporcional, bem como pagar as parcelas atrasadas desde a DIB (10/08/2012) até a implantação do benefício.

(...)

P.R.Intimem-se.

3. Utilização de EPI eficaz. O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído.

4. Necessidade de histograma e ou memória de cálculo de medições de ruído durante toda a jornada detrabalho. Referida alegação implica inovação recursal, pois se trata de matéria não suscitada no Juízo de origem, tendo sidoarguida apenas nesta oportunidade.

5. No mais a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos, pois todos os argumentos aduzidos peloINSS foram enfrentados e suficientemente fundamentados pelo juízo de origem.

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96).Honorários advocatícios devidos no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página].

58 - 0002127-75.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002127-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x SILVIO GONÇALVES DA SILVA (ADVOGADO:ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO.).PROCESSO: 0002127-75.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002127-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: SILVIO GONÇALVES DA SILVAADVOGADO (S): GOTARDO GOMES FRIÇO

VOTO-EMENTA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido para reconhecer o exercício de atividade especial e conceder aposentadoria por tempo decontribuição. Alega o INSS (i) imprescindibilidade de laudo técnico; (ii) ausência de histograma ou memória de cálculo demedições de ruído durante toda a jornada de trabalho; (iii) eficácia do EPI.

2. Eis o teor da sentença:

Busca-se nesta ação em face do INSS, o cômputo do tempo de serviço trabalhado em condições especiais para aconcessão do benefício de Aposentadoria Especial.

Registro, no entanto, que apesar de o autor afirmar em sua inicial que pretende o benefício de Aposentadoria Especial,requereu administrativamente tão-somente o benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição (20/12/2011, fl. 19),inclusive relacionando tal pedido como marco inicial das parcelas atrasadas desta demanda.

Sendo assim, conhecerei de ambos, tendo o requerimento como marco inicial para os pedidos.

Decido.PrescriçãoEm atenção ao parágrafo único do art. 103 da Lei n.º 8.213/91, restam prescritas eventuais parcelas vencidas antes doquinquênio que antecede o ajuizamento desta demanda.Mérito

Conforme comunicado da decisão administrativa de fl. 19, foram apurados 27 anos 02 meses e 11 dias de tempo decontribuição.

Porém, diz que o período compreendido entre 28/05/1973 a 31/08/1975, 01/09/1975 a 31/07/1978, 01/08/1978 a 31/01/1981e 01/02/1981 a 30/06/2000 foram exercidos em condições especiais.

Aposentadoria Especial

A Aposentadoria Especial é benefício previdenciário, substitutivo do salário-de-contribuição ou do rendimento dotrabalhador, devido ao segurado que, cumprida a carência, tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem asaúde ou a integridade física durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.

Os requisitos para sua concessão são: a) tempo de contribuição; b) carência; e c) comprovação de que o tempo de trabalhopermanente - não ocasional nem intermitente - tenha sido exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou aintegridade física.

Tempo Especial

A comprovação do exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física rege-sepela lei vigente à época da prestação do serviço e não pela lei vigente à época da produção da prova, sob pena deretroatividade e violação ao direito adquirido.

Tal entendimento tem lastro em nossa jurisprudência, que vê no direito à contagem de tempo de serviço em condiçõesespeciais um direito subjetivo que se incorpora ao patrimônio do sujeito à medida que a prestação de serviço é efetivada,tornando-se impassível de ser atacado por norma superveniente que torne mais dificultosa a sua prova, sob pena deviolação do direito adquirido protegido pela carta de princípios em seu art. 5º, XXXVI. Nesse sentido, vale transcrever aementa do RESP nº 357.268/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 06/06/2002, que tem o seguinte teor:

"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. LEI 9.032/95. IRRETROATIVIDADE. ART.28 DA LEI 9711/98. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. DIVERGÊNCIA NÃOCONFIGURADA.

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I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, comodireito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempode serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.II - Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, alei posterior que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo seraplicada a situações pretéritas.III - O art. 28 da Lei n.º 9.711/98 não foi ventilado no acórdão recorrido, nem o recorrente cuidou de opor embargos dedeclaração tendentes ao prequestionamento dessa regra, de modo que incide o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF,aplicáveis ao recurso especial.IV- De qualquer sorte, a Lei n.º 9.711/98 resguarda o direito dos segurados à conversão do tempo de serviço especialprestado sob a vigência da legislação anterior, em comum.V - O acórdão recorrido não concluiu em sentido diverso daquele apresentado no acórdão citado como paradigma, nãorestando configurada a divergência jurisprudencial.VI - Recurso ao qual se nega provimento."(Resp 357.268/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, in DJ 01/07/2002). Grifei.

Não é demais transcrever aqui o § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/1999, que acaba por acolher o entendimentopredominante em doutrina e em jurisprudência, e cujo teor é o seguinte:

“§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto nalegislação em vigor na época da prestação do serviço.”

Antes de 05.03.1997, início da vigência do Decreto nº 2.172, que regulamentou a Medida Provisória nº 1.523, de11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº Lei 9.528, de 10.12.1997, a prova do exercício de atividade sob condiçõesespeciais, salvo para o caso de sujeição ao agente ruído, perfazia-se pela apresentação de um dos formuláriosdenominados SB-40, DSS 8030 ou DIRBEN 8030, mediante o qual fosse demonstrado pelo segurado o enquadramento emalguma das hipóteses, definidas exemplificativamente em regulamentos, de atividades prejudiciais à saúde ou à integridadefísica.

Portanto, até 05.03.97 não era necessária, salvo quando o caso fosse de sujeição ao agente físico ruído, a apresentação delaudo pericial comprobatório da efetiva sujeição ao agente nocivo à saúde ou à integridade física do trabalhador.

No caso de ruído, é assente na doutrina e na jurisprudência a necessidade de apresentação de laudo técnico comprobatórioda nocividade do ambiente de trabalho, ainda que se trate de período anterior ao advento do Decreto nº 2.172/1997. Aqui aexigência se faz em razão do agente nocivo, valendo transcrever, em respaldo ao entendimento aqui adotado, trecho doaresto que segue abaixo.

“Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período anterior à vigência da Lei nº 9.032/95, de28.04.95, que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dosDecretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto para a atividade com exposição a ruído.Tratando-se de tempo de serviço posterior à data acima citada, 28.04.95, dependerá de prova da exposição permanente,não ocasional e nem intermitente - não se exigindo integralidade da jornada de trabalho -, aos agentes nocivos, vistotratar-se de lei nova que estabeleceu restrições ao cômputo do temo de serviço, devendo ser aplicada tão-somente aotempo de serviço prestado durante sua vigência, não sendo possível sua aplicação retroativa (AC 1999.01.00.118703-9/MG,Relator Convocado JUIZ EDUARDO JOSÉ CORRÊA, PRIMEIRA TURMA, DJ 09/12/2002; MAS 2000.01.00.072485-0/MG,Relator DES. FEDERAL ANTONIO SAVIO DE OLIVEIRA CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 11/03/2002).”(TRF – 1ª Região - AMS 38000067351 - UF: MG - Órgão Julgador: 1ª Turma - Data da decisão: 14/04/2004 - Fonte DJDATA: 03/06/2004 PAGINA: 30 - Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO). Grifei.

A relação de agentes físicos, químicos e biológicos considerados ofensivos à saúde e à integridade física é definida pordecreto do Executivo, conforme prevê o art. 58, caput, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528, de 10de dezembro de 1997.

Conquanto a redação originária do dispositivo trouxesse exigência no sentido de que a relação dos agentes nocivos fossedefinida por lei específica, esta nunca chegou a ser editada, razão pela qual a questão sempre foi regulada em sedeinfralegal, diante da regra transitória inserta no art. 152 da Lei nº 8.213/1991, que manteve em vigor as relações veiculadaspelos decretos nº 53.831/64 e 83.080/1979 até o advento do Decreto nº 2.172/1997, que regulamentou a Medida Provisórianº 1.523, de 11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº 9.528, de 10.12.1997, diploma legal que passou a remeter otratamento da matéria novamente a decreto do Executivo, como ocorria antes da redação original da Lei de Benefícios.

A partir de 07/05/1999, a relação de agentes nocivos passou a ser aquela elencada no anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Cabe aqui acrescentar que, antes de 28 de abril de 1995, data em que entrou em vigor a Lei nº 9.032/1995, acaracterização das condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade física dava-se de duas formas, quaissejam, pelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979,ou ainda pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos.

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Todavia, a partir de 28 de abril de 1995, data do início da vigência da Lei nº 9.032/1995, devido à alteração da redação docaput do art. 57 da Lei nº 8.213/1991, passou a ser necessária a presença do agente físico, químico ou biológico noambiente de trabalho, para que ficassem caracterizadas as chamadas condições especiais prejudiciais à saúde e àintegridade física, não sendo mais aproveitáveis os anexos dos decretos supramencionados, na parte em que tratavam doenquadramento por categoria profissional.

Nesse sentido é a jurisprudência, que assim tem entendido:

“O reconhecimento do tempo de serviço prestado sob condições especiais, com base na categoria profissional a quepertence o trabalhador, era admissível até a edição da Lei 9.032/95, a partir de quando se passou a exigir a apresentaçãodos formulários SB-40 e DSS 8030. Posteriormente, com o advento do Decreto 2.172/97 – que regulamentou a MedidaProvisória 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97 -, a prova passou a ser feita obrigatoriamente por meio de laudo técnico.(Cf. STJ, AGRESP 493.458/RS, Quinta Turma, Ministro Gilson Dipp, DJ 23/06/2003; TRF1, AMS 96.01.36259-2/MG, julg.cit.)” (TRF – 1ª Região - AMS 01245014 - Processo: 199601245014 - UF: MG - Órgão Julgador: Primeira TurmaSuplementar - Data da decisão: 02/03/2004 - Fonte DJ DATA: 25/03/2004 PAGINA: 86 - Relator Juiz Federal João CarlosMayer Soares (conv.). Grifei.

Diante de tais considerações, pode-se dizer que o enquadramento, bem como a comprovação do exercício de atividade sobcondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, obedecem à seguinte tabela:

(...)

O advento da Lei nº 9.528/97, que alterou a redação do art. 58, caput e parágrafos, da Lei nº 8.213/91, trouxe a exigênciade comprovação da efetiva exposição do trabalhador ao agente nocivo, por meio de formulário emitido pelo empregador(formulários SB-40, DSS-8030, DIRBEN 8030 ou PPP), com base em laudo técnico pericial, expedido por médico dotrabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (não se exigindo, contudo, a sua apresentação perante a autarquiaprevidenciária), devendo a empresa zelar pela conformidade entre a declaração prestada no formulário e a conclusão dolaudo pericial.

De igual forma, é prescindível a presença de laudo técnico nos autos quando presente algum documento que remete a ele,como PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário ou mesmo Informações sobre Atividades Especiais), eis que, presume-sesua veracidade, até porque, do contrário, para o caso de prestação de informação falsa ou mesmo falsificação dodocumento há expressa cominação ao infrator estampada no próprio documento, de sorte que caberia ao INSS ou mesmoao M.T.E eventual fiscalização de transgressões na confecção daqueles que, entendo, pelo que dito, seriam casosexcepcionais.

Sabe-se, contudo, quanto ao agente nocivo ruído, que a variação de limite dos níveis de ruído ao longo da evolução dalegislação previdenciária foi sintetizada pela Súmula nº 32 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais, alterada em 14/12/2011:

ENUNCIADO nº 32. O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversãoem comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a AdministraçãoPública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.

Para descaracterização do trabalho sob condições especiais, torna-se insuficiente o mero fornecimento, pelo empregador,de equipamento de proteção individual – o chamado EPI – ainda que haja prova cabal de que o equipamento foraefetivamente utilizado pelo segurado, bem como de que dessa utilização resultou a neutralização total dos efeitos causadospelos agentes nocivos à saúde.

Neste sentido também tem se posicionado a TNU, por meio da Súmula nº 09, cujo teor é o seguinte:

“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”

Com base nisso, analisarei cada período individualmente, desde que não averbados pelo INSS como especiais.

Em relação aos contratos de trabalho com vigência entre 28/05/1973 a 31/08/1975, 01/09/1975 a 31/07/1978, 01/08/1978 a31/01/1981 e 01/02/1981 a 04/03/1997, os PPPs e laudos de fls. 10/18 e 38 e 44/45, demonstram que a parte autora esteveexposta de forma habitual e permanente ao agente físico ruído em níveis acima do permitido para a época (80 dB), sendocabível, portanto, a conversão em especial destes períodos.

Já o período entre 05/03/1997 a 30/06/2000 (fl. 10/11), o autor não esteve exposto ao nível de ruído superior ao limitemáximo permitido para época (85 dB), logo, não pode ser reconhecido.

Dessa forma, faz jus à averbação do período compreendido entre 28/05/1973 a 31/08/1975, 01/09/1975 a 31/07/1978,01/08/1978 a 31/01/1981 e 01/02/1981 a 04/03/1997 como especial, pelo que, atinge tempo de contribuição suficiente aobenefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição integral desde o requerimento administrativo (20/12/2011):

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(...)

Dessa forma, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO para condenar o INSS a averbar o tempo de atividadeespecial referente ao período de 28/05/1973 a 31/08/1975, 01/09/1975 a 31/07/1978, 01/08/1978 a 31/01/1981 e 01/02/1981a 04/03/1997 e, consequentemente, conceder ao autor Aposentadoria por Tempo de Contribuição integral, com DIB em20/12/2011, bem como pagar os atrasados desde a DIB até a implantação do benefício.(...)P.R.I.

3. Utilização de EPI eficaz. O STF reconhecera que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído.

4. Necessidade de histograma e ou memória de cálculo de medições de ruído durante toda a jornada detrabalho. Referida alegação implica inovação recursal, pois se trata de matéria não suscitada no Juízo de origem, tendo sidoarguida apenas nesta oportunidade.

5. No mais a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos, pois todos os argumentosaduzidos pelo INSS foram enfrentados e suficientemente fundamentados pelo juízo de origem.

6. Por fim, registro que a matéria veiculada na petição de fls.162/163 restou ultrapassada em face do teor do ofíciode fl.160.

7. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96).Honorários advocatícios devidos no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

59 - 0105223-38.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105223-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MATILDE FERREIRA MORAES(ADVOGADO: ES014104 - HELTON FRANCIS MARETTO.).PROCESSO: 0105223-38.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105223-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: MATILDE FERREIRA MORAESADVOGADO (S): HELTON FRANCIS MARETTO

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente opedido para reconhecer o exercício de atividade especial no período de 01/02/2002 a 15/07/2013 e improcedente o pedidode reconhecimento de tempo especial no período de 06/03/1997 a 31/01/2001 e de concessão de aposentadoria especial(agente nocivo ruído). Alega o INSS (i) indispensabilidade de laudo técnico e necessidade de histograma ou memória decálculos; (ii) eficácia do EPI.

2. Eis o teor da sentença:

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Busca-se nesta ação em face do INSS, o cômputo do tempo de serviço trabalhado em condições especiais para concessãodo benefício de Aposentadoria Especial desde o requerimento administrativo.

(...)

Sustenta a parte autora possuir os seguintes períodos de contribuição até o requerimento administrativo (08/08/2013), dosquais afirma que todos foram exercidos em condições especiais e não considerados pelo INSS (fl. 10-11): 06/03/1997 a31/01/2001 e 01/02/2002 a 15/07/2013, sendo que, administrativamente foram considerados os seguintes períodos entre23/03/1987 a 01/03/1988, 15/08/1988 a 05/03/1997.

Tempo Especial

A comprovação do exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física rege-sepela lei vigente à época da prestação do serviço e não pela lei vigente à época da produção da prova, sob pena deretroatividade e violação ao direito adquirido.

Tal entendimento tem lastro em nossa jurisprudência, que vê no direito à contagem de tempo de serviço em condiçõesespeciais um direito subjetivo que se incorpora ao patrimônio do sujeito à medida que a prestação de serviço é efetivada,tornando-se impassível de ser atacado por norma superveniente que torne mais dificultosa a sua prova, sob pena deviolação do direito adquirido protegido pela carta de princípios em seu art. 5º, XXXVI. Nesse sentido, vale transcrever aementa do RESP nº 357.268/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 06/06/2002, que tem o seguinte teor:

"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. LEI 9.032/95. IRRETROATIVIDADE. ART.28 DA LEI 9711/98. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. DIVERGÊNCIA NÃOCONFIGURADA.I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, comodireito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempode serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.II - Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, alei posterior que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo seraplicada a situações pretéritas.III - O art. 28 da Lei n.º 9.711/98 não foi ventilado no acórdão recorrido, nem o recorrente cuidou de opor embargos dedeclaração tendentes ao prequestionamento dessa regra, de modo que incide o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF,aplicáveis ao recurso especial.IV- De qualquer sorte, a Lei n.º 9.711/98 resguarda o direito dos segurados à conversão do tempo de serviço especialprestado sob a vigência da legislação anterior, em comum.V - O acórdão recorrido não concluiu em sentido diverso daquele apresentado no acórdão citado como paradigma, nãorestando configurada a divergência jurisprudencial.VI - Recurso ao qual se nega provimento."(Resp 357.268/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, in DJ 01/07/2002). Grifei.

Não é demais transcrever aqui o § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/1999, que acaba por acolher o entendimentopredominante em doutrina e em jurisprudência, e cujo teor é o seguinte:

“§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto nalegislação em vigor na época da prestação do serviço.”

Antes de 05.03.1997, início da vigência do Decreto nº 2.172, que regulamentou a Medida Provisória nº 1.523, de11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº Lei 9.528, de 10.12.1997, a prova do exercício de atividade sob condiçõesespeciais, salvo para o caso de sujeição ao agente ruído, perfazia-se pela apresentação de um dos formuláriosdenominados SB-40, DSS 8030 ou DIRBEN 8030, mediante o qual fosse demonstrado pelo segurado o enquadramento emalguma das hipóteses, definidas exemplificativamente em regulamentos, de atividades prejudiciais à saúde ou à integridadefísica.

Portanto, até 05.03.97 não era necessária, salvo quando o caso fosse de sujeição ao agente físico ruído, a apresentação delaudo pericial comprobatório da efetiva sujeição ao agente nocivo à saúde ou à integridade física do trabalhador.

No caso de ruído, é assente na doutrina e na jurisprudência a necessidade de apresentação de laudo técnico comprobatórioda nocividade do ambiente de trabalho, ainda que se trate de período anterior ao advento do Decreto nº 2.172/1997. Aqui aexigência se faz em razão do agente nocivo, valendo transcrever, em respaldo ao entendimento aqui adotado, trecho doaresto que segue abaixo.

“Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período anterior à vigência da Lei nº 9.032/95, de28.04.95, que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dosDecretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto para a atividade com exposição a ruído.Tratando-se de tempo de serviço posterior à data acima citada, 28.04.95, dependerá de prova da exposição permanente,não ocasional e nem intermitente - não se exigindo integralidade da jornada de trabalho -, aos agentes nocivos, visto

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tratar-se de lei nova que estabeleceu restrições ao cômputo do temo de serviço, devendo ser aplicada tão-somente aotempo de serviço prestado durante sua vigência, não sendo possível sua aplicação retroativa (AC 1999.01.00.118703-9/MG,Relator Convocado JUIZ EDUARDO JOSÉ CORRÊA, PRIMEIRA TURMA, DJ 09/12/2002; MAS 2000.01.00.072485-0/MG,Relator DES. FEDERAL ANTONIO SAVIO DE OLIVEIRA CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 11/03/2002).”(TRF – 1ª Região - AMS 38000067351 - UF: MG - Órgão Julgador: 1ª Turma - Data da decisão: 14/04/2004 - Fonte DJDATA: 03/06/2004 PAGINA: 30 - Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO). Grifei.

A relação de agentes físicos, químicos e biológicos considerados ofensivos à saúde e à integridade física é definida pordecreto do Executivo, conforme prevê o art. 58, caput, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528, de 10de dezembro de 1997.

Conquanto a redação originária do dispositivo trouxesse exigência no sentido de que a relação dos agentes nocivos fossedefinida por lei específica, esta nunca chegou a ser editada, razão pela qual a questão sempre foi regulada em sedeinfralegal, diante da regra transitória inserta no art. 152 da Lei nº 8.213/1991, que manteve em vigor as relações veiculadaspelos decretos nº 53.831/64 e 83.080/1979 até o advento do Decreto nº 2.172/1997, que regulamentou a Medida Provisórianº 1.523, de 11.10.1996, convertida posteriormente na Lei nº 9.528, de 10.12.1997, diploma legal que passou a remeter otratamento da matéria novamente a decreto do Executivo, como ocorria antes da redação original da Lei de Benefícios.

A partir de 07/05/1999, a relação de agentes nocivos passou a ser aquela elencada no anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Cabe aqui acrescentar que, antes de 28 de abril de 1995, data em que entrou em vigor a Lei nº 9.032/1995, acaracterização das condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade física dava-se de duas formas, quaissejam, pelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979,ou ainda pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos.

Todavia, a partir de 28 de abril de 1995, data do início da vigência da Lei nº 9.032/1995, devido à alteração da redação docaput do art. 57 da Lei nº 8.213/1991, passou a ser necessária a presença do agente físico, químico ou biológico noambiente de trabalho, para que ficassem caracterizadas as chamadas condições especiais prejudiciais à saúde e àintegridade física, não sendo mais aproveitáveis os anexos dos decretos supramencionados, na parte em que tratavam doenquadramento por categoria profissional.

Nesse sentido é a jurisprudência, que assim tem entendido:

“O reconhecimento do tempo de serviço prestado sob condições especiais, com base na categoria profissional a quepertence o trabalhador, era admissível até a edição da Lei 9.032/95, a partir de quando se passou a exigir a apresentaçãodos formulários SB-40 e DSS 8030. Posteriormente, com o advento do Decreto 2.172/97 – que regulamentou a MedidaProvisória 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97 -, a prova passou a ser feita obrigatoriamente por meio de laudo técnico.(Cf. STJ, AGRESP 493.458/RS, Quinta Turma, Ministro Gilson Dipp, DJ 23/06/2003; TRF1, AMS 96.01.36259-2/MG, julg.cit.)” (TRF – 1ª Região - AMS 01245014 - Processo: 199601245014 - UF: MG - Órgão Julgador: Primeira TurmaSuplementar - Data da decisão: 02/03/2004 - Fonte DJ DATA: 25/03/2004 PAGINA: 86 - Relator Juiz Federal João CarlosMayer Soares (conv.). Grifei.

Diante de tais considerações, pode-se dizer que o enquadramento, bem como a comprovação do exercício de atividade sobcondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, obedecem à seguinte tabela:

PeríodoEnquadramentoProva

Até 28/04/1995.- Anexo ao Decreto nº 53.831/64; e- Anexos I e II ao Decreto nº 83.080/79.Não era necessário laudo técnico, exceto para o caso de sujeição ao agente físico RUÍDO.

De 29/04/1995 (Lei nº 9.032) até 05/03/1997.- Item 1 e subitens do Decreto nº 53.831/64; e- Anexo I do Decreto nº 83.080/79.Não era necessário laudo técnico, exceto para o caso de sujeição ao agente físico RUÍDO.

De 06/03/1997 (Decreto nº 2.172/97) a 06/05/1999.Anexo IV ao Decreto nº 2.172.Necessário Laudo Técnico

A partir de 07/05/1999 (Decreto nº 3.048/99)Anexo IV ao Decreto nº 3.048.Necessário Laudo Técnico

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O advento da Lei nº 9.528/97, que alterou a redação do art. 58, caput e parágrafos, da Lei nº 8.213/91, trouxe a exigênciade comprovação da efetiva exposição do trabalhador ao agente nocivo, por meio de formulário emitido pelo empregador(formulários SB-40, DSS-8030, DIRBEN 8030 ou PPP), com base em laudo técnico pericial, expedido por médico dotrabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (não se exigindo, contudo, a sua apresentação perante a autarquiaprevidenciária), devendo a empresa zelar pela conformidade entre a declaração prestada no formulário e a conclusão dolaudo pericial.

De igual forma, é prescindível a presença de laudo técnico nos autos quando presente algum documento que remete a ele,como PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário ou mesmo Informações sobre Atividades Especiais), eis que, presume-sesua veracidade, até porque, do contrário, para o caso de prestação de informação falsa ou mesmo falsificação dodocumento há expressa cominação ao infrator estampada no próprio documento, de sorte que caberia ao INSS ou mesmoao M.T.E eventual fiscalização de transgressões na confecção daqueles que, entendo, pelo que dito, seriam casosexcepcionais.

Quanto ao agente nocivo ruído, este Juízo até então vinha entendendo que deveria ser observada a variação de limitedescrita na Súmula nº 32 da TNU, que tratava como especial o tempo de serviço exposto ao ruído superior a 85 decibéis apartir de 5 de março de 1997, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.

No entanto, considerando que para os demais temas/demandas de direito previdenciário me oriento pelo Princípio tempusregit actum e, ainda, a pacífica e sedimentada jurisprudência do STJ a esse respeito, modifico tal paradigma, devendo serobservados os critérios insertos nos seguintes arestos:

..EMEN: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TEMPO DE TRABALHO ESPECIAL.RUÍDO. ALTERAÇÃO DO PARÂMETRO PELO DECRETO 4.882/03. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGITACTUM. 1. Em homenagem ao princípio do tempus regit actum, a redução do limite de ruído pelo Decreto n. 4.882/03 não

�retroage para abranger período anterior à sua vigência. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido. ..EMEN: (AGRESP201200329982, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:28/06/2013 ..DTPB:.)

..EMEN: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. RUÍDOS. DECRETO N. 4.882/2003.LIMITE MÍNIMO DE 85 DECIBÉIS. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos termos da jurisprudência do STJ, o tempo deserviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado. Assim, é considerada especial a atividadeexercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis, até a edição do Decreto n. 2.171/97, sendo consideradoprejudicial após essa data o nível de ruído superior a 90 decibéis. Somente, a partir da entrada em vigor do Decreto n.4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente físico foi reduzido a 85 decibéis. 2. Hipótese em que operíodo controvertido, qual seja, de 6.3.1997 a 18.11.2003, deve ser considerado como atividade comum, a teor do Decreton. 2.171/97, uma vez que o segurado esteve exposto a níveis de ruído inferiores a 90 decibéis. 3. Não há como atribuirretroatividade à norma regulamentadora sem expressa previsão legal, sob pena de ofensa ao disposto no art. 6ºda Lei de

�Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Agravo regimental improvido. ..EMEN: (AGRESP 201202318500, HUMBERTOMARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:08/02/2013 ..DTPB:.)

Para descaracterização do trabalho sob condições especiais, torna-se insuficiente o mero fornecimento, pelo empregador,de equipamento de proteção individual – o chamado EPI – ainda que haja prova cabal de que o equipamento foraefetivamente utilizado pelo segurado, bem como de que dessa utilização resultou a neutralização total dos efeitos causadospelos agentes nocivos à saúde.

Neste sentido também tem se posicionado a TNU, por meio da Súmula nº 09, cujo teor é o seguinte:

“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”

Com base nisso, analisarei cada período individualmente, desde que não averbados pelo INSS como especiais.

Quanto ao período entre 01/02/2002 a 15/07/2013, os laudos e PPP de fls. 20/23 e 25/28, referente às funçõesdesenvolvidas na Chocolates Garoto S.A, demonstram que a parte autora esteve exposta de forma habitual e permanente(conforme medições ao longo do dia de trabalho) ao agente físico ruído em níveis acima do permitido para a época (90 e 85dB), sendo cabível, portanto, a conversão em especial. Já o período entre 06/03/1997 a 31/01/2001 em que esteve expostoa níveis abaixo do permitido para tal período (90 dB) não podem ser considerados.

No entanto, o tempo aqui averbado e aquele já considerado pelo INSS é insuficiente à concessão da AposentadoriaEspecial, eis que NÃO atinge 25 anos de contribuição como especial (desconsiderados os períodos concomitantes),tampouco para aposentadoria por tempo de contribuição até o requerimento administrativo:(...)

Do exposto:

JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e condeno o INSS a considerar como especial e converter em tempo de serviço comumo período de 01/02/2002 a 15/07/2013.

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JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS de averbação como especial do período entre 06/03/1997 a 31/01/2001 econcessão do benefício de aposentadoria especial.(...)P.R.Intimem-se.

3. Utilização de EPI eficaz. O STF reconheceu que o tema possui repercussão geral, razão pela qual admitiuRecurso Extraordinário sobre o mesmo. Trata-se do Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335, que foi julgadorecentemente, sendo o acórdão publicado em 12/02/2015. A Suprema Corte fixou duas teses, que constam nos itens 10 e14 da ementa, as quais transcrevo abaixo:

“... 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial....14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição dotrabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. ...”(STF – Recurso Extraordinário com Agravo nº 664335. Rel. Min. Luiz Fux. Publicado no DJE de 12/02/2015).

A sentença recorrida adotou o entendimento que veio a ser encampado pelo STF a respeito do uso de EPI eficaz em setratando do agente agressivo ruído.

4. Os documentos de fls. 21/23 são os laudos técnicos relativos aos períodos que a sentença reconheceu acaracterização do tempo como especial por força do agente ruído. Logo, há laudo técnico.

5. No mais a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos, pois todos os argumentos aduzidos peloINSS foram enfrentados e suficientemente fundamentados pelo juízo de origem.

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96).Honorários advocatícios devidos no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

60 - 0003839-03.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003839-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) KAREN AMORIM CHRISTODE SOUZA E OUTRO (ADVOGADO: ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, ES014177 - PHILIPI CARLOSTESCH BUZAN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZROSSONI.).PROCESSO: 0003839-03.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003839-7/01)RECORRENTE: KAREN AMORIM CHRISTO DE SOUZAADVOGADO (S): PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, RENATO JUNQUEIRA CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. QUALIDADE DE SEGURADO. SITUAÇÃO DE DESEMPREGO VOLUNTÁRIONÃO VIABILIZA A PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA, CONFORME DECIDIU A TNU (PEDILEF nº50473536520114047000). RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelas autoras em face da sentença que julgou improcedente o pedidode concessão do benefício de auxílio-reclusão, em decorrência do recolhimento à prisão de seu genitor. A sentençaconsiderou a perda da qualidade de segurado do preso. Alegam as recorrentes que o juízo de primeiro grau não permitiu aprodução de qualquer prova acerca do estado de desemprego, dando-se por satisfeito apenas com a juntada, pela últimaempregadora do instituidor, do termo de rescisão do contrato de trabalho, sobre o qual não tiveram oportunidade de semanifestar. Dizem que o STJ entende que a ausência de anotação laboral na CTPS não é suficiente para comprovar asituação de desemprego, já que não afasta a possibilidade do exercício de atividade remunerada na informalidade. Pede aanulação da sentença, considerando que não teve oportunidade de produzir provas acerca da situação de desemprego.Sustentam, ainda, que a norma previdenciária dirige-se objetivamente ao segurado desempregado, não havendodiscriminação quanto à forma de ruptura do último vínculo de trabalho, seja voluntária ou involuntária.

2. O auxílio-reclusão está previsto no art. 201, IV, da Constituição Federal, sendo devido aos dependentes dossegurados de baixa renda. O art. 80 da Lei nº 8.213/91 dispõe que o referido benefício será devido aos dependentes dosegurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de

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aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. O art. 116 do Decreto nº 3.048/99 estabelece a condição, para aconcessão do benefício, de que o último salário de contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00, valor esse que vemsendo periodicamente atualizado pelo Ministério da Previdência Social.

3. Trata-se de benefício de natureza previdenciária e não assistencial, que reclama para sua concessão osseguintes requisitos: a qualidade de segurado do recluso no momento do encarceramento; a condição de dependente dequem requer o benefício; e a baixa renda do segurado.

4. A prisão ocorreu em 26/08/2011 (fl. 15) e o último vínculo empregatício foi encerrado em 04/05/2010 (fls. 38/40 e46). Houve perda da qualidade de segurado em 16/07/2011, a teor do § 4º do art. 15 da Lei nº 8.213/91.

5. A sentença encampou a tese de que não seria possível prorrogar o período de graça, uma vez que o seguradonão se encontrava desempregado involuntariamente, mas voluntariamente, visto que o autor pedira demissão, conforme oteor do termo de rescisão de fl. 46. A tese defensiva é a de que a norma previdenciária não distingue entre a situação dedesemprego voluntário ou involuntário para fins de prorrogação de período de graça, de modo que não seria lícito aointérprete realizar tal distinção (fl. 65).

6. A tese encampada na sentença está de acordo com a jurisprudência atual da TNU e do STJ. A hipótese deprorrogação do prazo de carência, prevista no § 2º do art. 15 da Lei nº 8.213/91 - segurado desempregado - deve serinterpretada restritivamente, considerando que a proteção constitucional prevista no art. 201, III, da CRFB diz respeitoapenas ao trabalhador em situação de desemprego involuntário.

7. Nesse sentido o entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça - STJ e na Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência – TNU, como se constata no seguinte acórdão:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. MANUTENÇÃO DAQUALIDADE DE SEGURADO. SITUAÇÃO DE DESEMPREGO VOLUNTÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE GRAÇA.IMPOSSIBILIDADE. ACÓRDÃO CONTRÁRIO À JURISPRUDENCIA TNU. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1.Cuida-se de incidente de uniformização interposto pelo INSS em face de acórdão proferido pela 1ª Turma Recursal doParaná que, confirmando a sentença de primeira instância, deferiu o restabelecimento de auxílio-doença à parte autora. 2.Argumenta o recorrente que a decisão de origem contraria o entendimento da TNU esposado no julgamento do PEDILEF200972550043947, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira Mello, DJ 27/6/2012, segundo o qual a extensão do período de graçapor 12 (doze) meses para fins de manutenção do qualidade de segurado somente seria cabível se configurada a situaçãode desemprego involuntário. (grifei) 3. O Incidente de Uniformização de Jurisprudência tem cabimento quando fundado emdivergência, a ser demonstrada e comprovada pela parte recorrente, entre o acórdão recorrido e súmula ou jurisprudênciadominante da Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 4. Analisando os autos, observa-se quea controvérsia jurídica trazida a exame diz respeito à possibilidade de extensão do período de graça pelo lapso de 12 (doze)meses quando o desemprego for voluntário, ou seja, na hipótese de o desligamento do emprego anterior ter sido levada acabo por deliberação voluntária do desempregado. 4.1. O acórdão recorrido assentou que "a legislação previdenciária nãofaz distinção entre as situações de desemprego voluntário ou involuntário para efeito de prorrogação do período de graça,sendo irrelevante o fato de o último vínculo de emprego ter sido rescindido por iniciativa própria". 4.2. O Recorrentedemonstrou a divergência jurisprudencial suscitada no recurso, uma vez que a Turma Nacional de Uniformizaçãoreconheceu que "a prorrogação do período de graça prevista no parágrafo 2º do art. 15 da Lei nº. 8.213/91 somente seaplica às hipóteses de desemprego involuntário"(PEDILEF 200972550043947, REL. JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRADE MELLO, TNU, DOU 06/07/2012). 5. No caso sub judice, conforme documentação anexada, verifica-se que o últimovínculo empregatício da autora ocorreu em 10/9/2008, vínculo esse que cindido por iniciativa da parte ora requerida. Emoutras palavras, a própria para autora deu ensejo ao rompimento do vínculo que demarcou o início da situação dedesemprego. 5.1. Ressalte-se que não paira dúvida quanto à permanência da situação de desemprego da autora uma vezque as instância ordinárias determinaram a realização de diligência específica para a comprovação dessa condição. Paratanto, foi realizada audiência de instrução na qual três testemunhas confirmaram de forma uníssona que a autora eravendedora/decoradora em uma loja e que parou de trabalhar nos últimos anos em razão de depressão. As testemunhasasseveraram ainda que a autora não "fez bicos" durante o período de desemprego, sobrevivendo à custa de sua mãe. 5.2.Portanto, a controvérsia jurídica que ora se põe diz unicamente quanto à possibilidade ou não de prorrogação do período degraça no caso desemprego voluntário. 6. Numa primeira análise, já se observa que o acórdão recorrido encontra-se em rotade colisão com a jurisprudência da TNU sobre o tema, na medida em que, nada obstante as considerações ali formuladas,o móvel central para o deferimento da extensão do período de graça decorrer da condição de desemprego involuntário.Com efeito, isso fica mais do que demonstrado a partir da conclusão final do julgado a seguir transcrito: EMENTA – VOTO -INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE RÉ – INSTITUTO PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIOMATERNIDADE. PERÍODO DE GRAÇA. DESEMPREGO VOLUNTÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. 1.Pedido de concessão de salário maternidade. 2. Sentença de procedência do pedido. Reprodução de importante trecho dasentença: “No caso dos autos, a parte-autora alega que seu último vínculo empregatício encerrou-se em 11/09/2007, tendoela mantido a qualidade de segurada por dois anos após a extinção do contrato de trabalho, nos termos do art. 15, II, da Lei8.213/91. Desta forma, tendo sua filha nascido em 24/05/2009, ela mantinha a qualidade de segurada na data do parto. (...)Da simples leitura deste artigo, verifica-se que o inciso II é expresso ao dispor que mantém a qualidade de segurado, até 12meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pelaPrevidência Social. Além disso, o § 2º prescreve que o prazo estabelecido no referido inciso será acrescido de mais 12meses (totalizando assim 24 meses) para o segurado desempregado, desde que comprovada esta condição no Ministériodo Trabalho e da Previdência Social. Desta forma, se o último vínculo empregatício da autora terminou em 11/09/2007, ela

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mantinha a qualidade de segurada quando da data de nascimento de sua filha – 24/05/2009, visto que ainda não decorridos24 meses do encerramento do vínculo laboral. Saliento que os Tribunais têm entendido (posição que também adota estemagistrado) que a necessidade de comprovação de registro no Ministério do Trabalho e da Previdência Social deve serabrandada, sendo possível, nos termos da Súmula 27 da TNU, a comprovação do desemprego por outros meios de prova,inclusive através da CTPS sem nova anotação de contrato de trabalho. (...)Note-se, ainda, que a certidão de nascimentoacostada ao evento 1 (CERTNASC3) registra a qualificação da autora, por ocasião do registro do nascimento, como “dolar”, indicando, assim, que estava desempregada. Assim sendo, entendo que a autora não havia perdido a qualidade desegurado quanto verteu uma contribuição em 04/2009, a título de contribuinte individual. Desta forma, se não houve perdada qualidade de segurado, a autora pode contar as contribuições anteriores ao rompimento do pacto laboral como carência.(...) Analisando a contagem de tempo de serviço CTEMP11, verifica-se que a autora possuía 27 meses de carência,suficiente para a concessão do benefício, nos termos do art. 25, III, da Lei 8.213/91”. 3. Manutenção da sentença pelaTurma Recursal de Santa Catarina após, baixa do feito em diligência para comprovação da situação de desemprego poroutros meios. Entendimento de que restou comprovada a qualidade de desempregada após prova testemunhal e que o fatode o desemprego não ser alheio à vontade da Autora não lhe retira o direito à manutenção da qualidade de segurada, antea inexistência de exigência legal de que a situação de desemprego seja involuntária. 4. Incidente de uniformização dejurisprudência, interposto pela parte autarquia-ré, com fundamento no art. 14, da Lei nº 10.259/2.001. 5. Alegação de que ojulgado contraria decisão do STJ (Pet. 7.115-PR) em que foi externado que a extensão do período de graça só poderiaocorrer quando comprovado o desemprego involuntário. 6. Inadmissão pela do Incidente pela Segunda Turma Recursal deSanta Catarina. Não comprovação da divergência. 7. Apresentação, pela parte recorrente, de requerimento para novo juízode admissibilidade do Presidente da TNU - Turma Nacional de Uniformização. 8. Distribuição do incidente. 9. Consta, nosautos, depoimento da parte autora nos seguintes termos: “que antes de a filha nascer, trabalhava na empresa ValdeciThomé Confecções, seu último emprego; que trabalhou nesta empresa até 2007, não lembrando o dia certo; que trabalhoulá por quase 2 anos; (...) que depois da Valdeci Thomé ficou 3 anos “fora”, e agora está trabalhando novamente; atualmentetrabalha na empresa Isabela Lingerie; que entre a Valdeci Thomé e a Isabela Lingerie não teve outro emprego; que nesteperíodo de 3 anos ficou em casa, com a mãe; que mora com a mãe; que chegou a contribuir para o INSS, mas nãocompletou o tempo e sua filha nasceu; pagou somente um mês; (...) reafirma que neste período não teve qualquer atividaderemunerada, nem por conta própria; que não chegou a procurar emprego nestes 3 anos, decidiu ficar em casa por suavontade; (...) que saiu da empresa Valdeci Thomé porque quis, ‘pediu a conta’; que nesta época já estava casada.” 10.Observa-se que a própria autora confirma que a situação de desemprego se deu de fato voluntária. 11. Decisum emdivergência com entendimento do STJ. 12. Entendo que a prorrogação do período de graça prevista no parágrafo 2º do art.15 da Lei nº. 8.213/91 somente se aplica às hipóteses de desemprego involuntário. 13. Necessidade de interpretação danorma de acordo com a Carta Maior. 14. Não se deve perder de vista que, ao dispor sobre a Previdência Social, aConstituição da República prescreve que ela atenderá, nos termos da lei, à proteção ao trabalhador em situação dedesemprego involuntário (artigo 201, inciso III). 15. Incidente provido. ACÓRDÃO - Visto, relatado e discutido este processo,em que são partes as acima indicadas, decide a TNU - Turma Nacional de Uniformização prover o incidente deuniformização de jurisprudência. Brasília, 21 de junho de 2.012.(PEDILEF 200972550043947, JUÍZA FEDERAL VANESSAVIEIRA DE MELLO, TNU, DOU 06/07/2012.) 6.1. De acordo com o art. 15, §2º, da Lei 8.213/91, mantém-se a qualidade desegurado, independente de contribuição, por até 24 (vinte e quatro) meses, prorrogáveis por mais 12 (doze), desde quecomprovada situação de desemprego. 6.2. Por outro lado, dispõe a Constituição Federal no art. 201, III, que a previdênciasocial será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, e atenderá, nos termosda lei, à proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário. (grifo) 6.3À luz do regramento constitucionalacima, a interpretação que melhor se coaduna com a finalidade da norma é aquela segundo a qual apenas o desempregoinvoluntário está apto a receber a proteção especial deferida pela legislação previdenciária. Com efeito, o fator de riscosocial eleito pelo legislador para ser objeto de atenção e proteção especial foi o desemprego involuntário. 6.4. A normaconstitucional em destaque, ao enunciar a expressão "nos termos da lei", exige naturalmente que a regra complementarsubjacente se coadune com seus preceitos valorativos. Em outras palavras, a locução "desemprego involuntário" foi alicolocada como objeto de destaque, a significar adequação da lei a seus termos. 6.5. Ademais, considerando a nítida feiçãosocial do direito previdenciário cujo escopo maior é albergar as situações de contingência que podem atingir o trabalhadordurante sua vida, não é razoável deferir proteção especial àqueles que voluntariamente se colocam em situação dedesemprego. No desemprego voluntário não há risco social. O risco é individual e deliberadamente aceito pelo sujeito. 6.6.A norma do art. 15, §2º, contém regra extraordinária, que elastece por até 36 (trinta e seis) meses o período de graça.Regra extraordinária que, por assim dizer, deve ser apropriada a situações extraordinárias, de contingência, imprevisíveis.Se a situação foi tencionada pela parte, a ela cabe o ônus de sua ação (ou inação), não ao Estado. 6.7. No julgamento doPEDILEF 00206482220084013600, Rel. Juiz Federal Alcides Saldanha Lima, DOU 27/04/2012, esta Colenda Turmadestacou: VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. QUALIDADE DE SEGURADO. PERÍODO DE GRAÇA. PRORROGAÇÃO.ART. 15, § 2º DA LEI Nº. 8.213/91. PROVA DA SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. MERA AUSÊNCIA DE ANOTAÇÃO DEVÍNCULO EMPREGATÍCIO NA CTPS. INSUFICIÊNCIA. PRECEDENTE DESTA TURMA NACIONAL EM SENTIDODIVERSO SUPERADO. ACÓRDÃO RECORRIDO ALINHADO AO ENTENDIMENTO DO STJ (PET 7.115/PR). INCIDENTEDE UNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. 1 - Pedido de Uniformização interposto em face de acórdão que confirmou asentença a qual julgara improcedente pedido de concessão de auxílio-doença, sob o fundamento de que o autor não maisdetinha a qualidade de segurado na data do surgimento da incapacidade (novembro de 2003), uma vez que seu últimovínculo empregatício cessara em 19.6.2002. Adotou o acórdão recorrido a tese de que não há como estender ao autor oprazo de 24 meses de período de graça referido no § 2º do art. 15 da LBPS, em razão da total falta de prova quanto àsituação de desemprego. 2 - O recorrente suscita divergência entre o acórdão recorrido e o entendimento adotado por estaTurma Nacional no PEDILEF nº. 2003.82.10.008118-5 (Rel. Juiz Federal Pedro Pereira dos Santos, DJ 19.3.2007) no qualse acolheu a tese de que a carteira de trabalho sem anotação de vínculo empregatício presta-se a comprovar a situação dedesemprego, para os fins previstos no art. 15, § 2º da Lei nº. 8.213/91. 3 - A prorrogação do período de graça prevista noparágrafo 2º do art. 15 da Lei nº. 8.213/91 somente aplica-se nas hipóteses de ausência de contribuições ao sistema

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previdenciário decorrente de desemprego involuntário efetivamente provado. A ausência de registro na CTPS após acessação do último vínculo empregatício não é suficiente para comprovar a situação de desemprego. Entendimento pacíficodo STJ (PET 7.115/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJE 6.4.2010). 4 - Precedente desta TNUem sentido diverso superado. Acórdão recorrido alinhado ao entendimento pacificado no STJ. 5 - Incidente deuniformização não conhecido.ACÓRDÃO Decide a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência não conhecer oincidente de uniformização nos termos do voto do relator. Rio de Janeiro, 29 de março de 2012. (PEDILEF00206482220084013600, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, TNU, DOU 27/04/2012.) (grifo) 6.7. Ressalte-se quenão se trata de criar restrição ao comando legal. Cuida-se, em verdade, de adequar a norma legal ao comandoconstitucional, interpretando-o em conformidade com os princípios informadores do Direito Previdenciário, dentre eles aproteção ao hipossuficiente e a seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços. 6.7. Com estasconsiderações, entendo que a interpretação adequada a ser conferida ao §2º do art. 15 da Lei 8.213/1, à luz do art. 201, III,da Constituição Federal, exige a condição de desemprego involuntário para o deferimento da benesse contida na legislaçãoprevidenciária. 7. Ante o exposto, voto por conhecer e dar provimento ao presente incidente de uniformização, reafirmandoo entendimento desta TNU de que a prorrogação do período de graça prevista no §2º do art. 15 da Lei 8.213/91 somente seaplica às hipóteses de desemprego involuntário (PEDILEF 200972550043947, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DEMELLO, TNU, DOU 06/07/2012). É como voto. (PEDILEF 50473536520114047000, JUIZ FEDERAL BRUNO LEONARDOCÂMARA CARRÁ, TNU, DOU 23/01/2015 PÁGINAS 68/160.) (Grifado.)

8. As autoras afirmam que não lhes foi dada oportunidade de produzir provas acerca da situação de desemprego dopreso, contudo em nenhum momento afirmam que tenha se dado involuntariamente.

Ora: à luz da jurisprudência da TNU, somente haverá prorrogação de período de graça em situação de comprovadodesemprego involuntário.

9. As autoras afirmam que o termo de rescisão de contrato de trabalho de fl.46 não possui valor probatório, porquenão está assinado e não indica a data de sua elaboração.

Nesse ponto, assiste razão às autoras. Não obstante, há elementos de prova a indicar que a rescisão de fato ocorreu nadata indicada e por iniciativa do empregado (que se colocou em situação de desemprego voluntário). Vejamos.

A correspondência enviada pelo ex-empregador indica que a rescisão ocorrera em 04/05/10 (fl.45). Se é certo que talcorrespondência, por si só, não teria força suficiente para provar a extinção do contrato de trabalho, também é certo que adata ali indicada está indicada no CNIS; o registro indica a data da rescisão em 4/5/10 pelo motivo “desligamentoempregado por inic. propria” (fl.40). A mesma data da rescisão consta no extrato de fl.38.

Em suma: embora o termo de rescisão de fl.46 não esteja assinado – e, portanto, não seja documento –, o seu teorcoincide com as informações lançadas no CNIS (fls. 38/40).

10. Registre-se que, na inicial, afirmam que o preso estaria contribuindo com a Previdência social desde a DATA DESUA ADMISSÃO na empresa 10/02/2010, nada aduzindo sobre desemprego. Assim é que não há motivos paradesconsiderar a situação de desemprego, que não foi controvertida no recurso.

11. Se o autor estava em situação de desemprego voluntário desde 4/5/10, quando foi preso, em 26/8/11, já haviaperdido a qualidade de segurado.

12. Perceba-se que a alegação de nulidade funda-se no argumento de que a autora (i) não tivera oportunidade deproduzir prova acerca do estado de desemprego (fl. 63, 1º parágrafo); (ii) o juízo a quo se deu por satisfeito com a juntadado termo de rescisão do contrato de trabalho de fl. 46, do qual a autora não teve a oportunidade de se manifestar; (iii) aautora não pode se desincumbir do ônus probatório que lhe cabia, qual seja, provar o estado de desemprego, já que a meraausência de anotação na CTPS não é bastante para tanto (fls. 60/61).

13. Ocorre que, conforme antes demonstrado, a situação de desemprego não é objeto de controvérsia. Ao revés, asituação de desemprego é explicitamente admitida na sentença, que apenas distinguiu entre os efeitos previdenciáriosdecorrentes do desemprego involuntário (que viabiliza a prorrogação do período de graça) dos efeitos previdenciáriosdecorrentes do desemprego voluntário (que não viabiliza a prorrogação do período de graça). Logo, não há razão paraproduzir prova a respeito da configuração da situação de desemprego. Por conseguinte, inexiste nulidade.

14. Em conclusão, a tese recursal está em frontal desacordo com o que decidiu a TNU no PEDILEF nº50473536520114047000 (ementa antes transcrita, DOU de 23/01/2015).

15. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária gratuita, deferido na sentença. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

61 - 0003294-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003294-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SELMA LOPES PEREIRA(ADVOGADO: ES007883 - LEO FELIX VIANNA, ES020969 - LUCIANA PEREIRA BELTRAME, ES020508 - RICHARD

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SALLA RODRIGUES ROCHA.) x THEREZINHA PEREIRA FANTINI (ADVOGADO: ES009460 - JULIANA PAES ANDRADE,ES016444 - ANA VALÉRIA FERNANDES, ES008279 - JOSANIA PRETTO COUTO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0003294-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003294-6/01)RECORRENTE: SELMA LOPES PEREIRAADVOGADO (S): LEO FELIX VIANNA, RICHARD SALLA RODRIGUES ROCHA, LUCIANA PEREIRA BELTRAMERECORRIDOS: THEREZINHA PEREIRA FANTINI E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSADVOGADO (S): JULIANA PAES ANDRADE, JOSANIA PRETTO COUTO, ANA VALÉRIA FERNANDES, ANDRÉ DIASIRIGON

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RECURSO DA CORRÉ PROVIDO. SENTENÇAANULADA.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto por SELMA LOPES PEREIRA em face da sentença de fls.153/158 e 182/183 que julgou procedente o pedido de concessão de pensão por morte em favor de THEREZINHAPEREIRA FANTINI, com DIB na data do óbito (04/06/2013). Alega a recorrente que (i) a sentença apresenta omissão econtradição não sanadas pelos embargos de declaração, tais como (i) sua ilegitimidade passiva para figurar no pólo passivoda ação, pois em se tratando de ação de alimentos os herdeiros são os legitimados passivos; (ii) os efeitos da sentençarelativos aos ganhos do benefício complementar da Valia S/A.; (iii) ausência de regular intimação para oitiva detestemunhas arroladas pela autora. Aduz ainda que a pensão alimentícia fixada na separação judicial foi em favor dos filhosdo falecido com a autora.

2. Passo a analisar o recurso interposto pela corré SELMA.

A recorrente aduziu nulidade porque não fora intimada da inquirição das testemunhas arroladas pela autora.

O Juízo a quo não designou audiência. Em decisão lavrada em 25/09/13, determinou a realização de justificaçãoadministrativa (fls.61/62). O INSS cumpriu a ordem, ouvindo as testemunhas arroladas pela autora, apresentando ao Juízoa mídia eletrônica no qual constam os depoimentos (petição de 4/12/13, fl.100).

A corré SELMA, ora recorrente, foi citada em 18/02/14 (fl.139), ou seja, após a realização da justificação administrativa.

Em 13/03/2014 apresentou contestação (fls.140/145). Ali não se questionou a legitimidade do procedimento adotado peloJuízo a quo de determinar a inquirição das testemunhas pelo próprio INSS.

Logo após a apresentação da contestação o feito foi sentenciado (fl.153/158). A sentença pautou-se, ainda queparcialmente, no conteúdo probatório coligido pela justificação administrativa, como se infere de fl.156/157.

A tese defendida na contestação é a de que (i) a autora e o de cujus estavam separados; e (ii) a autora não demonstrouque necessitava de receber o benefício previdenciário.

Considerando que as testemunhas da autora foram inquiridas em sede administrativa, sem intimação da corré (orarecorrente); e considerando, ainda, que a tese de defesa questiona a necessidade no recebimento do benefício (o queassume relevância jurídica, a teor da súmula 336 do STJ), conclui-se a configuração de prejuízo para o exercício do direitode defesa. Houve, portanto, nulidade que deve ser pronunciada, a teor do disposto no § 1º do art. 249 do CPC.

3. Não obstante, a parcela da sentença que determinou a antecipação dos efeitos da tutela há de ser mantida.

4. RECURSO PROVIDO. Sentença anulada, para determinar a reabertura da instrução. Deverá ser facultado àspartes produzir prova oral (depoimento pessoal, se requerido pela outra parte ou determinado de ofício; e provatestemunhal) sobre o ponto afirmado na inicial e controvertido na contestação.

Resta MANTIDA a antecipação de tutela, até que o Juízo a quo delibere a respeito, da forma como entender pertinente.

5. Sem condenação em custas e honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

62 - 0006000-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006000-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x FERNANDO JOSE ALMONFREY(ADVOGADO: ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN, ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA.).PROCESSO: 0006000-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006000-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: FERNANDO JOSE ALMONFREYADVOGADO (S): JOSE CARLOS BENINCA, JOANA FRANCISCO CLEN

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ÓBITO DO INSTITUIDOR OCORRIDO ANTES DALEI Nº 9.528/1997, QUE ALTEROU A REDAÇÃO DO ARTIGO 74 DA LEI 8.213/91. TEMPUS REGIT ACTUM.INCIDÊNCIA, CONTUDO, DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL SOBRE A MAIOR PARTE DAS PARCELAS. RECURSO DOINSS PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face dasentença de fls. 43/44 que julgou procedente o pedido de pagamento de valores em atraso de pensão por morte referenteao período de 01/12/2000 a 01/12/2005. Alega o recorrente que (i) no momento do requerimento administrativo estava emvigor a nova redação do art. 74 da Lei nº 8.213/91, segundo a qual a pensão por morte será devida a contar da data dorequerimento administrativo se requerida após o prazo de trinta do óbito; (ii) a parte reclama parcelas vencidas há mais decinco anos da data da propositura da ação, devendo ser aplicado o art. 103 da Lei nº 8.213/91 e o Decreto nº 20.910/32.

2. O óbito do instituidor da pensão por morte ocorreu em 21/01/1995. O autor requereu o benefício em 01/12/2005,deferido com DIB na mesma data.

3. Aplica-se ao caso, portanto, a norma vigente à época do óbito, ou seja, o art. 74 da Lei 8.213/91, em sua redaçãooriginal, com previa o seguinte: “A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida.”. Assim, a DIB dobenefício de pensão por morte deveria ter sido fixada na data do óbito e não na data do requerimento administrativo.

4. Todavia, a demanda somente foi ajuizada em 23/11/2010 (fl. 12), de forma que estão prescritas as parcelasanteriores a 23/11/2005, nos termos do art. 103, § único, da Lei nº 8.213/91. Considerando que ao autor foi deferido obenefício em 01/12/2005, NÃO foi atingido pela prescrição apenas o período de 23/11/2005 a 31/11/2005.

5. Sendo assim, conheço do recurso do INSS e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentençaimpugnada e:

Pronunciar a prescrição das prestações anteriores a 23/11/2005, com base no art. 269, I, do CPC;

Julgar procedente o pedido de pagamento de valores atrasados no período de 23/11/2005 a 31/11/2005, com base no art.269, IV, do CPC.

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correção monetária ejuros de mora nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, conforme RE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito emjulgado em 26/03/15).

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

63 - 0001033-54.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001033-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO GAVA NETO EOUTRO (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0001033-54.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001033-2/01)RECORRENTE: FRANCISCO GAVA NETO E OUTROSADVOGADO (S): JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COBRANÇA DE VALORES PAGOS POR ERRO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por FRANCISCO GAVA NETO, JOÃO NUNES GAVA e ALIZIAAPARECIDA NUNES GAVA em face da sentença de fls. 54/58 que julgou parcialmente procedente o pedido para corrigir ovalor devido a título de pensão por morte paga por erro e condenar o INSS a devolver à parte autora o total de R$ 2.219,94(dois mil duzentos e dezenove reais e noventa e quatro centavos). Alegam os recorrentes que o requerimento administrativoextemporâneo não pode prejudicá-los, sendo, portanto indevida a cobrança dos valores relativos à cota-parte da genitora

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entre a data do óbito e o requerimento administrativo.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de pedido de devolução de valores, relativos ao benefício de pensão por morte.

Dispensado o relatório.

Decido.

Fundamentação

Aduz a parte autora que o benefício de pensão por morte foi concedido em 2010, mas com fixação da DIB em 29/08/2007(data do óbito), haja vista a presença de 02 menores, com pagamento dos valores retroativos desde o óbito.

Ocorre que o INSS requereu a devolução da cota-parte referente à mãe dos menores, eis que contra ela corre a prescrição,e seu benefício deve ser concedido desde o requerimento administrativo (20/10/2010).

Em razão disso, foi devolvido ao INSS o valor de R$ 19.891,94, conforme documento de fl. 10.

(...)

No caso dos autos, tem-se por incontroverso o direito ao benefício de pensão por morte, eis que já deferido pelo INSS. Ocerne da controvérsia reside em saber se a cota parte da mãe deve ser descontada dos valores retroativos.

Tratando-se de menores, contra eles não correm os efeitos da prescrição. Nestes termos dispõe a Lei de Benefícios, emseus artigos 7º e 103:

“Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei.

Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para arevisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo.Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação parahaver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dosmenores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil”.

Nesse sentido também tem sido o entendimento de nossos tribunais:

(...)

Todavia, para a mãe dos menores, corre prescrição, de modo que o benefício deve ser concedido, em sua cota parte,apenas a partir do requerimento administrativo, em 20/10/2010.

Apenas os valores relativos aos menores são devidos desde o óbito.

Assim, desse valor retroativo, apenas 2/3 deveriam ter sido pagos, no total de R$ 26.508,00.

Desse modo, a parte autora deveria devolver ao réu o total de R$ 17672,00, referente à cota parte da mãe. Como foramdevolvidos valores a maior (R$ 19.891,94), o INSS deve devolver à parte autora a diferença de R$ 2.219,94 (dois mil,duzentos e dezenove mil e noventa e quatro centavos).

Dispositivo

Do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para corrigir o valor devido pela parte autora para o total deR$ 17.672,00 (dezessete mil, seiscentos e setenta e dois reais), condenando o INSS a devolver à autora o equivalente à R$2.219,94 (dois mil, duzentos e dezenove mil e noventa e quatro centavos).

Após o trânsito em julgado, intime-se o INSS para prover os cálculos. Após, expeça-se RPV.

Sem custas e sem verba honorária (art. 55, da Lei 9099/95 c/c artigo 1°, da Lei 10.259/2001).

P.R.I.

3. Não houve prejuízo aos menores. A cobrança de valores pagos indevidamente incidiu apenas sobre a cota-parteda mãe dos menores. Com efeito, para o dependente maior e civilmente capaz, se decorrerem mais de 30 dias entre o óbitodo segurado e a data de entrada do requerimento (DER), o benefício somente lhe será devido a partir desta data (DER); por

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outro lado, em se tratando de menores incapazes (contra os quais não corre prescrição), o benefício deverá lhes ser pagodesde a data do óbito do instituidor, não importando a data em que o requerimento administrativo foi apresentado.

4. A matéria foi adequadamente analisada no julgado abaixo, transcrito na contestação (fl.19):

...7. Versando o artigo 74 da Lei 8.213/91 sobre instituto de natureza assemelhada à prescrição, não se pode admitir que osefeitos de sua não-incidência em relação ao credor incapaz se comunique ao credor capaz (ou relativamente incapaz), atéporque na hipótese não se cogita de solidariedade ativa, a justificar a invocação do disposto nos artigos 201 e 202 doCódigo Civil.8. Por outro lado, a regra prevista no artigo 76, caput, da Lei 8.213/91 não autoriza o recebimento integral da pensão desdea data do óbito e até a DER pelo incapaz, momento a partir do qual o benefício seria partilhado com o credor capaz.9. A presença do incapaz implica a retroação da DIB à data do óbito, inclusive para o capaz, porque um benefício não podeter mais de uma data de início. Os efeitos financeiros, todavia, são diversos. O capaz somente recebe valores a partir daDER. O incapaz recebe valores a partir da data do óbito, mas não tem direito de receber até a DER os valores que ao capazem tese seriam devidos (...).(TRF 4ª Região, Turma Suplementar. AC 200771080038619. DE de 03/08/2009).

5. Não há, portanto, ilegalidade na cobrança efetuada pelo INSS.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita (fl. 16). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

64 - 0007668-31.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007668-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LENA MARA DE OLIVEIRAPINTO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x CARLOS MANOEL OLIVEIRA FIGUEIREDO (ADVOGADO: ES008850 - ANA CLAUDIAKRAMER.).PROCESSO: 0007668-31.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007668-1/01)RECORRENTE: LENA MARA DE OLIVEIRA PINTOADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA, ANA CLAUDIA KRAMER

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL NÃO COMPROVADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por LENA MARA DE OLIVEIRA PINTO em face da sentença de fls.72/74 que julgou improcedente o pedido de concessão de pensão por morte, pois não comprovada a união estável entre aautora e o instituidor da pensão. Alega em suas razões que (i) teve um filho com o falecido, sendo que a união estáveliniciou-se em 13/07/1992 e perdurou até o óbito, apesar de o casal não morar juntos à época do falecimento; (ii) “mesmonão residindo no mesmo local que a recorrente, o falecido era visto diuturnamente na casa desta, sendo que o mesmoprestava assistência material e moral à família” (fl.79), ou seja, à autora e ao filho comum do casal; (iii) diante das provasrobustas da união estável é irrelevante a ausência de coabitação dos companheiros.

2. Eis o teor da sentença:

Busca-se nesta ação provimento que assegure a concessão e implantação de benefício de pensão por morte desde a datado óbito. Como causa de pedir a autora alega ser companheira e dependente do falecido segurado, este vinculado aoRegime Geral de Previdência Social – RGPS.

Às fls. 29-32 o INSS alega, em síntese, que a autora não se desincumbiu de demonstrar a existência da relação moreuxório.

Parecer do Ministério Público Federal nas fls. 54-56, no sentido, em síntese, da improcedência do pedido, à vista de quenão restou comprovada a convivência pública, contínua e duradoura capaz de configurar a existência da união estável.

Decido.

(...)

A fim de demonstrar o ponto controvertido, a parte autora instruiu a inicial com os seguintes documentos: a) certidão de

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óbito à fl. 13, na qual se infere que a autora foi quem apresentou o atestado de óbito para registro; b) Certidão deNascimento de Carlos Manoel Oliveira Figueiredo à fl. 15, filho da autora e do ex-segurado; c) Declaração emitida pelaassistente social do Hospital Antônio Bezerra de Faria à fl. 16, declarando que a autora visitou o Sr. Manoel PauloFigueiredo enquanto esteve internado; e d) Declaração emitida pelo Sr. Carlos Henrique Machado Mesquita, atestando adependência da autora e de seu filho em relação ao falecido.

O depoimento testemunhal colhido em juízo não foi suficiente para demonstrar a existência da relação more uxória entre aautora e o ex-segurado. Veja-se, o que diz a Sr. ALTENI BARBOZA NASCIMENTO, in verbis:

“que conhece a Dona Lena há oito anos; que são vizinhos; que conheceu o Sr. Manoel Paulo de vista; que o conheceporque ele sempre estava na casa dela; que o filho dele é amigo do filho dela; que então ele ia sempre passar o fim desemana lá; que o marido da autora ia quase todo o fim de semana lá; que quando ele não ia ela ia para a casa dele; queManoel Paulo não morava próximo da autora; que só conhecia o Sr. Manoel como pai do Carlinhos amigo de seu filho; quenão trabalhou na mesma mercearia que o Sr. Manoel; que sabia que o falecido era pai do Carlinhos e que todo o final desemana estava lá; que sabia que de vez em quando ele dava dinheiro para ela para ajudar com as contas do filho deles;que sabe porque já presenciou ele dando dinheiro para ela; que dava dinheiro para comprar os remédios do filho e aajudava em algumas contas da casa, que não sabe dizer se o ex-segurado tinha outro relacionamento; que ele não moravana casa da autora, que ele ia algumas vezes lá.”

Embora diante dos elementos antes realçados, particularmente a existência de filho em comum e as afirmações da autora,corroborada, em boa parte, por 1 (uma) testemunha; o conjunto probatório não se apresenta suficiente, seja pela prova oralproduzida, seja no âmbito documental, de maneira a evidenciar substrato probatório seguro no sentido da alegadaconvivência sob o mesmo teto e affectio maritalis, configuradora de união estável entre a autora e o falecido senhor ManoelPaulo Figueiredo. Vale dizer, necessita-se em situações dessa natureza, para embasar o livre convencimento motivado dojuiz, de mais provas, que, embora oportunizo, não se produziu.

Assim sendo, repita-se, os elementos carreados não se harmonizam com a idéia de união estável precedentementedelineada e sob o mesmo teto, com os requisitos necessários à condição de companheira exigida no ordenamento e noentendimento jurisprudencial acima destacado.

Nessas condições, julgo improcedente o pedido.

...

Transitada em julgado, dê-se baixa e arquivem-se com as precauções de praxe.

3. Todas as provas foram suficientemente analisadas e, de fato, não se comprovou a união estável entre a autora eo falecido segurado. A própria autora afirma que não moravam sob o mesmo teto e a testemunha ouvida afirmou o caráteresporádico com que o falecido aparecia na casa da autora.

4. Assim, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

5. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita (fl. 25). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

65 - 0001441-80.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001441-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALTENES LUIZ DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES016938 - José Nascimento, ES019067 - KENIA CARDOSO GOMES.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0001441-80.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001441-9/01)RECORRENTE: ALTENES LUIZ DE OLIVEIRAADVOGADO (S): KENIA CARDOSO GOMES, José NascimentoRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. PEDIDOS SUCESSIVOS (CONCESSÃO DE APOSENTADORIA PORINVALIDEZ, DE AUXÍLIO-DOENÇA, OU DE AUXÍLIO-ACIDENTE). RECURSO DO AUTOR PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto por ALTENES LUIZ DE OLIVEIRA contra a sentença de fls. 64/65, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício auxílio-doença com posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Nas razões do recurso, sustenta o recorrente que tentou trabalhar, pois sem o benefício não havia condiçõesfinanceira de se alimentar e ter um teto sobre sua cabeça. Invoca a Súmula 72 da TNU.2. O autor nasceu em 13/08/1966. Na petição inicial afirmou ser lavrador. Esteve em gozo de auxílio-doença no

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período de 02/01/2009 a 20/09/2009 (fl. 7), cessado por não mais ter sido constatada incapacidade para o trabalho ou parasua atividade habitual (fl. 8).

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos: (i) laudo médico de fl. 14, em 23/01/2009, atesta pacientesubmetido à cirurgia de hematoma extra-dural traumático temporal direito em 02/01/2009, apresentando como seqüelaparalisia facial periférica direita e lesão do olho direito, em tratamento neurológico; (ii) laudo médico de fl. 10, em05/07/2011, atesta paciente vítima de acidente em 02/01/2008 (queda de telhado), com traumatismo de crânio e hematomaextra-dural à direita operado, apresentando como seqüelas pós-operatórias a paralisia neuro facial à direita, perda auditivano ouvido direito e perda da visão no olho direito; (iii) laudo cirúrgico de fl. 19 descreve o procedimento cirúrgico realizadoem 02/01/2009.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 52/54), realizada em 15/03/2013 por médico oftalmologista, o autor foiexaminado e diagnosticado com seqüelas de traumatismo craniano consistentes em surdez de ouvido direito e cegueira deolho direito, concluindo pela incapacidade parcial e definitiva, pois houve redução da capacidade laborativa (quesito nº 12 –fl. 2 e resposta à fl. 52). Afirmou que a data de início da incapacidade é 2008.

5. Entendeu o juízo sentenciante que “apesar de ter sido constatada incapacidade, tal prova restou prejudicada, vezque há nos autos um contrato de parceria agrícola firmado pelo autor em 27/01/2009 (fl. 37/38) com duração de mais de 3anos, ou seja, menos de um mês após o acidente sofrido, demonstrando, assim, sua plena capacidade para o trabalho.”

6. Todavia, verifico que o acidente que vitimou o autor ocorreu em 02/01/2008, conforme laudos acimamencionados e não no ano de 2009, como referido na sentença. O autor somente se submeteu ao procedimento cirúrgicoem 02/01/2009 (fls. 14 e 16/19), sendo este o fato gerador da incapacidade, já que o INSS, na perícia administrativa fixou aDII na data da cirurgia (fls. 44/47).

7. Assim sendo, é equivocada a conclusão da perícia do juízo que fixou o início da incapacidade no ano de 2008, ouseja, na data do acidente, já que a perícia administrativa e outros documentos médicos revelam que as seqüelas queacometem o autor são decorrentes do pós-operatório.

8. Por sua vez, não obstante a constatação de incapacidade parcial definitiva do autor, consta dos autos contrato deparceria agrícola firmado em 27/01/2009 (fls. 37/38). Segundo a sentença, esse contrato demonstra a plena capacidade doautor para o trabalho.

9. Entretanto, divirjo do entendimento lançado na sentença. O contrato de parceria agrícola realmente foi firmadodois dias antes do auxílio-doença concedido em favor do autor. Ocorre que referido contrato não foi firmado apenas peloautor, mas constam, também, como parceiros outorgados a sua esposa LUZIA DA SILVA OLIVEIRA e seu filho RODRIGODA SILVA DE OLIVEIRA, ou seja, é contrato característico de trabalho em regime de economia familiar.

10. Por outro lado, a perícia do juízo concluiu que as seqüelas do acidente ocasionaram redução da capacidade para aatividade habitual de lavrador. E, foi justamente, em razão da capacidade laborativa, ainda que reduzida, que o autor firmoucontrato de parceria agrícola juntamente com sua família.11. Nesse contexto, presente o requisito da seqüela definitiva o auxílio-acidente mostra-se como a opção maisacertada, em razão da redução da capacidade laborativa do autor, nos termos do art. 86 da Lei nº 8.213/91.12. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR para reformar a sentença e JULGARPROCEDENTE o pedido de concessão de AUXÍLIO-ACIDENTE à parte autora, com DIB em 21/09/2009 (dia posterior àcessação do auxílio-doença).ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL, para determinar ao INSS que IMPLEMENTE o benefício deAUXÍLIO-ACIDENTE no prazo de trinta (30) dias; a contar da intimação deste acórdão.Sobre os valores atrasados deverão incidir juros e correção monetária, conforme o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97,com a redação dada pela Lei 11.960/09, em face do entendimento fixado pelo STF no RE nº RE 856.175-ES, julgado em05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15).Sem condenação em verbas de sucumbência, tendo em vista o art. 55 da Lei 9.099/1995. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

66 - 0000023-44.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000023-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEANDRO DE FARIASSANTOS (ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0000023-44.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000023-4/01)RECORRENTE: LEANDRO DE FARIAS SANTOSADVOGADO (S): Valber Cruz Cereza, Lauriane Real CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto por LEANDRO DE FARIAS SANTOS contra a sentença de fls. 60/61,que julgou improcedente o pedido de concessão do auxílio-doença com posterior conversão em aposentadoria porinvalidez. Sustenta o recorrente (i) nulidade da sentença, eis que baseada em laudo lacônico; (ii) perícia realizada porapenas um médico, sendo que a especialidade envolve duas áreas, por ser portador de espondiloartrose em coluna cervicale depressão ansiosa; (iii) que foi admitido para exercer a função de vigia no ano de 2008, estando, então, apto para otrabalho; (iv) apenas ficou incapacitado no ano de 2009, quando já detinha a qualidade de segurado. Diz que aincapacidade é irreversível e total, pelo que faz jus à conversão do benefício em aposentadoria por invalidez.2. O autor nasceu em 12/06/1985. Na petição inicial afirmou ser “lavrador”. O contrato de trabalho de fl. 10 e odocumento de fl. 40 demonstram que exercia a função de vigia no período de 01/03/2008 a 03/2009. Ao perito, informou sermotorista (fl. 48), o que se confirma pelo documento de fl. 40 (CNIS) no período de 08/02/2011 a 15/06/2011. O pedidoadministrativo foi realizado em 25/08/2009 e foi comprovada a incapacidade temporária, porém não foi reconhecido o direitoao benefício, tendo em vista que o início das contribuições deu-se em data posterior ao início da incapacidade, fixada em01/12/2005 pela perícia médica (fl. 12).3. A DII fixada na perícia do juízo está equivocada, considerando que o autor trabalhou nos períodos de 01/03/2008a 03/2009 e 08/02/2011 a 15/06/2011 (fl. 40). No primeiro período, o autor informa ter trabalhado como vigia (de moto) - fl.31. Já no segundo período trabalhou como motorista em empresa de transportes.

4. Da mesma forma, a conclusão da perícia do INSS, realizada em 03/12/2009 também está equivocada, pois a DIInão pode ser 01/12/2005, já que o autor trabalhou entre 2008/2009. Concluiu a perícia administrativa, ainda, haverincapacidade temporária, diante da limitação funcional do joelho esquerdo. Ora, se em 03/12/2009 o autor estavaincapacitado temporariamente, é realmente equivocado fixar a incapacidade em 2005, já que o autor esteve apto aotrabalho e, de fato, trabalhou entre 2008/2009. O laudo médico de fl. 13, em 19/08/2009, confirma a conclusão da perícia doINSS ao atestar a incapacidade temporária para o trabalho.

5. Por sua vez, considerando que o autor voltou ao trabalho em 08/02/2011 na função de motorista, presume-seque tenha sido considerado apto no exame admissional, ou seja, já não havia mais incapacidade nesta data.

6. Assim sendo, entendo que o autor tem direito ao auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo, em25/08/2009, até 07/02/2011 (dia anterior ao início do 2º vínculo de trabalho mencionado).

7. A perícia do juízo, em 27/09/2012, concluiu haver incapacidade temporária definitiva para a função de motorista.Todavia, não há laudo médico que ateste incapacidade em data posterior ao final do 2º e último vínculo de trabalho(06/2011) e anterior à perícia judicial (27/09/12). Além disso, afere-se que o autor não tinha mais a qualidade de seguradona data em que foi realizada a perícia judicial.8. Acrescente-se apenas que, na petição inicial, o autor afirma estar acometido de artrose lombar avançada (fl. 1) eosteomielite crônica (fl. 2). A primeira doença não está referida no laudo particular de fl. 13 e a segunda, apenas referidacomo indagação no laudo radiográfico de fl. 14. Não há outros laudos nos autos. A perícia administrativa, realizada em03/12/2009 (fl. 31), constatou seqüelas de traumatismo do membro inferior (joelho esquerdo), tal qual o perito judicial. Nãoprocede, pois, o argumento de que “a especialidade envolve duas áreas”. Ademais, o perito judicial é médico comespecialidade em perícia médica, não havendo falar em anulação da sentença para realização de nova perícia por médicoespecialista.9. Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e JULGAR PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO e condenar o INSS a conceder auxílio-doença, com DIB em 25/08/2009 e DCB em 07/02/2011.Juros e correção monetária incidirão conforme o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei11.960/09, em face do entendimento fixado pelo STF no RE nº RE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgadoem 26/03/15). Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal – SJ-ES

67 - 0000393-11.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000393-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LINDAURA VIEIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO: 0000393-11.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000393-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTARECORRIDO: LINDAURA VIEIRAADVOGADO (S): MARIA DE FATIMA MONTEIRO, BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA, PAULO HENRIQUEMARÇAL MONTEIRO

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra a sentençade fls. 90/95 que julgou procedente o pedido inicial de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez com DIB em16/11/2010. O recorrente alega que: i) da análise do laudo pericial do juízo resta evidenciado que a autora não padece denenhum tipo de incapacidade; ii) o magistrado embasou sua decisão apenas no fato de a recorrida ter percebido o benefíciode auxílio-doença por dois anos; iii) tendo o laudo pericial concluído pela total ausência de incapacidade, não se pode

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presumir incapacidade total. Requer a reforma da sentença ante a inexistência dos pressupostos ensejadores daconcessão do benefício de aposentadoria por invalidez.

2. A autora, qualificada como confeiteira autônoma, nasceu em 18/01/1960. Recebeu auxílio-doença entre20/05/2008 e 16/11/2010. Requereu a prorrogação do benefício, indeferido sob a alegação de ausência de incapacidadepara a atividade habitual (fl. 6).

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos do período controverso:

radiografia da coluna cervical, em 07/02/2011 (fl. 13) revela pequeno desvio do eixo cervical para a direita, redução deespaços discais C5-C6 e C6-C7, alterações degenerativas das articulações uncovertebrais C4-C5, C5-C6 e C6-C7,esclerose interfacetária cervical difusa, sem sinais de instabilidade vertebral;laudo médico, em 03/03/2011 (fl. 11) relata quadro de cervicalgia, hérnia de disco e dor difusa sistêmica com parestesias,câimbras, cefaleia, distúrbios do sono e depressão grave, com cirurgia de coluna cervical agendada;laudo médico, em 15/04/2011 (fl. 10), relata paciente com depressão de longa data, cervicobraquialgia esquerda e direita,mais acentuada à esquerda, lombalgia com irradiação para membros inferiores, incapacitada para o trabalho.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 51/52), realizada em 27/02/2012 por médico ortopedista, a autora foi examinadae diagnosticada com discopatia degenerativa em coluna lombar e cervical, de caráter degenerativo e progressivo, porémconcluindo pela ausência de incapacidade para a atividade habitual no momento do exame pericial.

5. Seguem os principais trechos da sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Cuidam os presentes autos de Ação Previdenciária ajuizada por LINDAURA VIEIRA em face do INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL – INSS, visando ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou à concessão deaposentadoria por invalidez.Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei 9099/95 c/c artigo 1º da Lei nº 10.259/2001.(...)A parte-Autora justifica seu pedido inicial com o argumento de que padece de graves problemas ortopédicos na coluna, osquais teriam retirado a sua capacidade laboral.Informa que esteve em gozo do benefício previdenciário de auxílio-doença no período de 20/05/2008 a 16/11/2010 (NB530.457.539-0), após o que o mesmo foi cessado, tendo a demandante tentado por diversas vezes o restabelecimento navia administrativa, não logrando êxito.O INSS, por meio de contestação tempestiva (fls. 35/42), alega que foi concedido o benefício de auxílio-doença àparte-Autora durante o período acima mencionado, porém, a perícia realizada no âmbito administrativo concluiu que aenfermidade estava controlada, por ausência de “agudização do quadro” (fl. 36), motivo pelo qual houve a cessação.Em uma análise crítica aos elementos constantes nos autos, percebe-se que a parte-Autora realmente possui quadro deenfermidades degenerativas incapacitantes. Senão vejamos.Laudo pericial produzido por perito desse juízo (fls. 51/52) apontou a existência de discopatia degenerativa na colunalombar e cervical da Autora, concluindo, no entanto, pela capacidade laborativa da mesma.Nesse ponto, cumpre ressaltar que prova pericial é o meio pelo qual se procura esclarecer certos fatos, alegados nos autos,que porventura suscitem dúvida na apreciação do direito e do aspecto fático pelo magistrado.(...)Desta forma, considerando todo o conjunto probatório dos autos, discordo da conclusão do douto perito acerca dacapacidade da requerente.O próprio perito constata em seu laudo que a demandante apresenta quadro de alteração degenerativa na coluna. E mais,analisando-se os laudos elaborados pela perícia médica do INSS após a cessação do auxílio-doença da parte-Autora, épossível constatar que os próprios peritos reconheceram que a demandante é portadora de afecção na coluna cervical.O exame pericial de 22/02/2011 (fl. 32), atesta que os problemas da Autora causam limitação, não incapacitam. O examede 29/03/2011 (fl. 33), realizado por perito diverso, afirma que a Autora possui cervicalgia crônica, com indicação cirúgica,mas conclui que o quadro clínico é compatível com a atividade laborativa declarada. Já o exame datado de 17/05/2011,elaborado por terceiro especialista da Autarquia Ré (fl. 34), confirma que a requerente apresenta patologias crônicas,apesar de concluir capacidade laboral em virtude da não comprovação de “agudização” do quadro. Após tais negativas, aAutora ingressou com a presente demanda em 12/08/2011.Ora, tem-se que a parte-Autora ficou afastada de suas atividades laborativas por mais de 2 (dois) anos, em virtude dosproblemas apontados.O próprio INSS reconheceu que a requerente é portadora de problemas crônicos de coluna, mas concluiu que taismoléstias não a incapacitam para a sua profissão habitual.Os laudos particulares apresentados pela Autora (fls. 10/13) ratificam o quadro acima exposto.Assim, entendo que os problemas ortopédicos da demandante, cuja existência restou comprovada tanto pelos laudosparticulares como pelos peritos do INSS e do Juízo, incapacitam a mesma para a sua função habitual, tendo em vista quetodas as atividades informadas pela requerente (cozinheira/salgadeira/confeiteira/merendeira) demandam esforço físico ameu ver incompatível com os sintomas apontados, especialmente contando a Autora com 53 anos de idade.Nesse caso, concluo que em virtude do longo prazo de inatividade da parte-Autora, deve ser aplicado, por analogia, odisposto no artigo 188, §§ 1° e 2º da Lei 8.112/90, que dispõe no sentido de que as enfermidades não suscetíveis detratamento no prazo máximo de 24 meses ensejam a aposentadoria por invalidez.Dispositivo.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, EXTINGUINDO O PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos

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termos do artigo 269, I do CPC, e condeno o Réu a:a) CONCEDER o benefício previdenciário de Aposentadoria por Invalidez à parte-Autora, Sra. LINDAURA VIEIRA, CPF656.974.217-53, NB 530.457.539-0, nos termos da fundamentação acima exposta, com RMI a calcular pelo INSS, o qualterá como DIB a data de cassação do benefício (16/11/2010, fl. 38); com base em uma cognição exauriente, tendo emconta a verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação em relação àparte-Autora, antecipo os efeitos da tutela para determinar o imediato cumprimento da obrigação de fazer determinadaacima, devendo o requerido implantar o benefício da parte-Autora no prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da intimaçãodesta decisão, bem como comprovar, nos autos, o efetivo cumprimento nos 10 (dez) dias subseqüentes à implantação, sobpena de desobediência;(...)

6. Apesar de o magistrado a quo ter concluído sua decisão com base no longo período em que a recorrida esteveafastada por auxílio-doença, verifico que, em sua fundamentação, demonstrou que os fundamentos da procedênciatambém se embasavam nos laudos particulares (fls. 10/20) e no histórico de atendimento junto ao corpo clínico daautarquia (fls. 24/34). Foi exatamente esse conjunto de argumentos que permitiu ao Juízo sentenciante decidir pelaincapacidade total e definitiva.

7. O laudo SABI de fl. 32, elaborado pela perícia administrativa do INSS, faz as seguintes considerações: “Seguradaportadora de afecção coluna cervical que a meu ver pode até limitar, mas não a incapacita para seu labor habitual, salvomelhor juízo.”; e baseou-se no exame de fl. 13 detalhado no item “3” acima.

8. Afere-se, portanto, que a perícia administrativa havia reconhecido a limitação para a atividade habitual e mesmoassim manteve a negativa do benefício por incapacidade.

9. Entendo que a sentença deve se manter incólume, com os mesmos fundamentos já apontados, aplicando-se,aqui, o enunciado normativo do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

10. RECURSO IMPROVIDO. INSS isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96). Honorários advocatíciosdevidos pelo INSS, que ora arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

68 - 0000996-22.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000996-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDERLEIA DA CUNHAGOUVEA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).PROCESSO: 0000996-22.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000996-3/01)RECORRENTE: VANDERLEIA DA CUNHA GOUVEAADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERYRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VANDERLEIA DA CUNHA GOUVEA, em face da sentença de fl.54, emque julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxilio doença, com posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Sustenta a recorrente: 1) que o laudo pericial se mostra lacônico diante dos exames e atestadosapresentados com a inicial, sendo omisso quanto lombalgia e de consideração a profissão de lavradora; 2) que o juízo depiso cerceou o direito de defesa, não oportunizando o enfrentamento de tais quesitos pelo perito e proferiu a sentença; 3)requereu seja declarada nula a sentença, com o retorno dos autos ao juízo de piso, para que sejam respondidos osquesitos ali destacados e apresentados e proferida nova sentença.

2. A sentença julgou improcedente o pedido, com a seguinte fundamentação:

Relatório dispensado. O art. 59 da Lei 8.213/1991 prevê três requisitos para a concessão do auxílio-doença: 1) que orequerente seja segurado da previdência; 2) que tenha cumprido o período de carência exigido na lei; 3) que seja incapazpara o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Como se vê, a incapacidadetemporária para o exercício de atividade que lhe assegure a subsistência é requisito essencial para a concessão dobenefício em questão.

Indefiro o pedido de nova resposta pelo perito dos quesitos apresentados pelo autor, eis que o laudo apresentado, somadoaos laudos médicos acostados à inicial são suficientes para o convencimento desde Juízo.

Pelas conclusões apresentadas no laudo pericial (fls. 44/45), que passam a fazer parte desta sentença como causa dedecidir, estou convencido da inexistência de incapacidade (parcial ou total) para o exercício de atividades profissionais quegarantam a subsistência da autora. O laudo médico apresentado foi bastante claro ao dizer que a requerente está apto a

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exercer sua atividade laborativa. Assim, a meu ver, não foi trazido nenhum dado médico-factual que indique existirimpossibilidade involuntária do exercício da atividade habitual ou peculiaridade relevante que torne tal exercício inexigível ourazoavelmente dispensável.

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE tanto o pedido de restabelecimento do auxílio-doença, como o de conversão domesmo em aposentadoria por invalidez. Sem custas nem honorários. Defiro a gratuidade de justiça. Após o trânsito emjulgado, arquivem-se os autos. P.R.I.

3. Os elementos para aferir o direito alegado pela parte autora são os seguintes:

a) PROFISSÃO: Trabalhadora Rural (Fl.07/09)b) DATA DE NASCIMENTO / IDADE ATUAL: 28/02/1977– 38 anos (fl.05)c) GRAU DE ESCOLARIDADE: não informadod) PERÍODO (S) DE PERCEPÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA: NB: 521.041.596-8 inicio 28/06/2007, cessado em10/05/2008.e) DOCUMENTOS MÉDICOS JUNTADOS AOS AUTOS PELA PARTE AUTORA COM VISTAS A COMPROVAR AINCAPACIDADE NO PERÍODO DE AUXÍLIO-DOENÇA DEFERIDO PELO INSS: Declaração Médica fl.24, datado de29/10/2007, Declaração Médica fl.25, datada de 25/06/2007.f) DOCUMENTOS MÉDICOS JUNTADOS AOS AUTOS PELA PARTE AUTORA COM VISTAS A COMPROVAR APERSISTÊNCIA DA INCAPACIDADE APÓS O INDEFERIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA (INCLUSIVE A QUINZENAIMEDIATAMENTE ANTERIOR À CESSAÇÃO):Declaração Médica fl.22, datado de 19/11/2012.

4. A perícia médica judicial, realizada em 17/03/2014 (fls.44/45), concluiu que a autora e portadora de sinovitevilonodular pigmentada no joelho esquerdo, porem não apresenta incapacidade laboral para a atividade habitual.

5. Não há sentido em anular-se a sentença, tal qual pleiteia a autora, em razão de não ter o Perito respondido aseus quesitos, uma vez que o laudo foi percuciente na análise do caso e em sua conclusão.

6. Mérito recursal.

A qualidade de segurada especial não foi questionada pelo réu.

Conforme registros no CNIS, a autora recebeu benefício previdenciário de 6/4/01 a 3/8/01; de 13/8/03 a 15/11/03; e de28/6/07 a 10/5/08.

Pelo menos o último benefício foi concedido em razão do problema ortopédico detectado em seu joelho (sinovite vilonodularpigmentada), haja vista o teor dos dois laudos lavrados por ortopedista em 25/6/07 e 29/10/07 (fls.24/25).

A perícia judicial foi realizada em 17/03/14 (fl.42) e concluiu que a autora estava apta para o trabalho habitual (fl.44/45).Contudo, o perito judicial reconheceu que a referida doença “usualmente apresenta recidivas”, que são caracterizadas “pordor e aumento do volume articular”; razão pela qual recomendou acompanhamento de médico “a fim de tratar possíveiscomplicações” (fl.45, n. 13).

A ação foi proposta em 24/09/13, e refere a requerimento administrativo (DER) proposto em 26/11/2012 (fl.18).

A autora possui atestado médico particular lavrado em 19/11/12, o qual informa o seguinte: “... a paciente... é portadora desinovite vilonodular... dor crônica... com tratamento clínico e cirúrgico e lombalgia crônica ficando impossibilitada de fazeresforço físico.”

Perceba-se que o médico particular atestou que a doença já detectada em 2003 e cuja existência o perito judicialreconheceu estava, em 19/11/12, causando incapacidade.

Em 17/3/14 o perito judicial afirmou que a autora estava apta; não obstante, registrou que a doença de que é portadorausualmente apresenta recidivas.

Dentro do contexto apresentado, não há divergência material entre o atestado de fl.22 e o laudo pericial; ambos apenasrefletem o estado da autora em períodos distintos, sendo que o segundo reconhece que a moléstia geralmente acarretarecidivas. Por conseguinte, resta comprovado o estado de incapacidade ao tempo da DER, razão pela qual a autora deveter o benefício concedido entre a DER do benefício e a data da perícia judicial, quando se atestou sua capacidade laboral.

7. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora para JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDOe CONDENAR o INSS a conceder AUXÍLIO-DOENÇA com DIB em 26/11/12 e DCB em 17/03/14 (NB 11666002598, cf.fl.18).

O quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei11.960/09 (conforme entendimento fixado pelo STF no RE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015).

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Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

69 - 0001811-98.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.001811-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NILZAMAR NUNES(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.).PROCESSO: 0001811-98.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.001811-2/02)RECORRENTE: MARIA NILZAMAR NUNESADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 96/98, que reconheceu aprescrição do direito à pretensão de restituição de indébito tributário relativo ao imposto de renda incidente sobre acomplementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo em vista que o início do benefício de aposentadoriacomplementar se deu em 04/06/2002 (fl. 80) e o ajuizamento da ação ocorreu em 08/10/2008 - após a vacatio legis da LC118/2005, portanto -, o que atrairia a incidência do novo prazo prescricional de cinco anos à hipótese, a contar dopagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005. Alega o recorrente que somente estão prescritas as parcelasanteriores ao qüinqüênio que antecedeu a propositura da ação, por se tratar de prestação de trato sucessivo.

2. No julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatoraa Ministra Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébitotributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos.3. Posteriormente, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU,no julgamento do PEDILEF 200683005146716, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto doRelator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC (STJ – 2ª Turma; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em05-02-2013).4. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se aessa conclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldesmencionados no voto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conformedeterminado no dispositivo a seguir.

5. Quanto ao mérito propriamente dito, a matéria está pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçae da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de renda sobre osbenefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelosbeneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, RelatoraJuíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

6. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parteautora no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentoscolacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls. 48/49 e 50/51) e aposentadoria em 04/06/2002 (fls. 19 e 52).7. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença eJULGAR PROCEDENTE O PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelopagamento do imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite doque foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995,bem como para CONDENAR A UNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, observada aprescrição qüinqüenal, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e as instruções que se seguem:7.1. As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).7.2. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).7.3. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz FederalMARCOS ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame

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Necessário do processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”7.4. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente,até o esgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução dosaldo credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.7.5. Deverá ser observado o prazo prescricional de cinco anos, considerando cada exercício em que for constatadovalor a ser restituído, de forma que a prescrição alcançará todos os créditos referentes aos exercícios anteriores a cincoanos contados da propositura da ação.

8. A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

70 - 0001291-68.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001291-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LOURENÇO DELAZARINETO (ADVOGADO: ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, ES012411 - MARCELOCARVALHINHO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0001291-68.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001291-1/01)RECORRENTE: LOURENÇO DELAZARI NETOADVOGADO (S): MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUNRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

V O T O - E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por LOURENÇO DELAZARI NETO contra a sentença de fls. 122/124,que julgou improcedentes os pedidos iniciais de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde a sua cessação, ouseja, 21/11/2012, e/ou a sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que a afirmação da sentençade que as atividades do autor são administrativas contradiz as provas dos autos, pois a perícia demonstrou que ele sofre decardiopatia miocárdica, doença incurável e progressiva, e está incapacitado para suas atividades habituais desde a DER27/11/2012, e, quanto ao fato de ter sido vereador, frisa que terminou seu mandato há anos e que vereador cumpremandato, o que é diferente de profissão. Pede a reforma da sentença.

2. O autor nasceu em 01/04/1967. Ao perito informou ser pedreiro. Esteve em gozo de auxílio-doença, conformeconsulta ao CNIS, no período de 12/05/2009 a 21/11/2012.

3. Eis o teor da sentença:

No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data da cessação dobenefício para o caso de restabelecimento ou da data do requerimento administrativo para o caso de concessão, são fatosincontroversos. A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autora incapacitada para o trabalho, o quecorresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.O autor alega que exerce, ou exercia, a função de pedreiro, contando atualmente 46 anos de idade, referindo problemasneurológicos e cardiológicos, principalmente em membro inferior direito e cardiomiopatia idiopática.Em relação à existência ou não da incapacidade, realizada a primeira perícia médica judicial, com especialista emneurocirurgia (10-06-2013, fl. 59), foi constatado que o autor apresentava capacidade laborativa, visto que apresentou-se

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lúcido, orientado, sem déficit motor, sem atrofia de membros inferiores, com exame neurológico normal, encontrando-seapto pela neurologia/neurocirurgia para exercer sua atividade laborativa, sem sinais ou sintomas que comprovem que umdia houve incapacidade para exercer sua atividade habitual.Realizada a segunda perícia médica judicial, com especialista em cardiologia (05-09-2013, fls. 86-89) foi constatado que aparte autora apresentava incapacidade laborativa multiprofissional (que implica a impossibilidade do desempenho demúltiplas atividades profissionais) e definitiva para atividades que demandem esforços físicos de moderados a intensos,devendo evitar carregar peso e subir escadas íngremes. No entanto, o perito afirmou que o autor pode ser reabilitado ouexercer atividades compatíveis com suas limitações, podendo andar, ficar em pé, e trabalhar sentado, sugerindo atividadesadministrativas, ou até mesmo de balconista.O INSS, em manifestação após a segunda perícia médica realizada (fls. 97-99), insurge-se com relação à profissão doautor, já que este informa, no momento do exame pericial, que é pedreiro, mas não comprova suas atividadessatisfatoriamente, gerando dúvidas quanto ao fato.Cumpre esclarecer que o autor só possui duas contribuições, nas competências de agosto e setembro de 1996 em quecontribuiu como pedreiro (fls. 112-116).No período de 12-08-1988 a 07-02-1990, aparece como vigia. Já no período de 01-01- 1999 à competência de junho de2000 o autor possui vínculo, com a Câmara Municipal de Vila Velha, como estatutário na administração Pública. No períodode 02-01-2001 a 01-07-2004, possui vínculo com o Município de Vila Velha, ocupando um cargo em comissão no serviçopúblico. Já de 01-01-2005 à competência de dezembro de 2008 o autor foi vereador no Município de Vila Velha.Cumpre esclarecer ainda que o benefício de auxílio-doença que o autor percebeu de 12- 05-2009 a 21-11-2012 (fls.117-121), foi deferido com base na profissão de Vereador do mesmo.O autor foi intimado para prestar esclarecimentos quanto à sua real profissão exercida, mas, apesar de devidamenteintimado, não esclareceu corretamente os fatos (fls. 108-111).Logo, considerando que o autor requer o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde a sua cessação, ou seja,em 21-11-2012, e que naquela época a profissão dele era de vereador, sendo que por quase 10 (dez) anos o mesmo nãoexerce a profissão de pedreiro, como o autor não provou o contrário, e não existe óbice à continuação de trabalhosadministrativos, considero a profissão do autor como administrativa, estando ele apto, segundo atividades que nãodemandem esforços físicos de moderados a intensos, que era o seu caso, desde o ano de 1999.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.(...)

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 daLei nº 9.099/95).

5. Acrescente-se apenas que o autor está trabalhando na empresa M & R Sorvetes e Picolés Ltda. – ME desde07/08/2014, conforme informação constante do Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS (fl. 143), tendo asegunda perícia judicial, concluído que o autor poderia trabalhar em atividade administrativa, como balconista, por exemplo(fl. 88, n. 19).

6. RECURSO IMPROVIDO. Sentença mantida. Sem condenação em verbas de sucumbência, tendo emvista o benefício de assistência judiciária gratuita, deferido à fl. 50.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

71 - 0105072-09.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105072-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORDEMIRO JOSE DONASCIMENTO (ADVOGADO: ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0105072-09.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105072-5/01)RECORRENTE: JORDEMIRO JOSE DO NASCIMENTOADVOGADO (S): FREDERICO AUGUSTO MACHADORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

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V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. REQUISITOS DA APOSENTAÇÃOPREENCHIDOS APÓS A LEI Nº 9.528/1997. INVIABILIDADE DE ACUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE COMREFERIDA APOSENTADORIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JORDEMIRO JOSE DO NASCIMENTO, em face da sentença defls. 62/64, que julgou improcedente o pedido.

O autor recebia auxílio-acidente desde 1981. Aposentou-se por tempo de contribuição em 18/04/2007. Em 14/04/2009 oINSS cessou o pagamento do auxílio-acidente. O autor pleiteou a condenação do réu a pagar-lhe auxílio-acidente desde adata em que cessou o pagamento de tal prestação.

Sustenta o recorrente que tanto o acidente de trabalho quanto a própria concessão do auxílio-acidente vitalício se deramem data anterior à edição da Lei 9.528/97 e da própria lei 8.213/91. Argumenta que a concessão do benefício ocorreu em1/12/1981, sob a égide da Lei 6.367/76; que, em face do princípio tempus regit actum, deve continuar a receber talbenefício. Aduziu, ainda, o que segue: “... Auxílio-Acidente garantido pela Lei 6.367/76, é um benefício diferente dogarantido pela Lei 8.2013/91, e, consequentemente, também é um benefício completamente diferente do criado pela Lei9.528/97, que alterou dispositivos da lei 8.213/91. Assim, como o deferimento do Auxilio-acidente que era percebido peloautor se deu antes mesmo da publicação da Lei 8.213/91, enquanto ainda se encontrava em pleno vigor a Lei nº 6.367/76, écompletamente indiscutível que o Autor possui direito a perceber tal benefício em caráter vitalício e independentemente dapercepção de qualquer remuneração ou outro benefício, conforme garantido pelo Art. 6º e seu §1º da Lei nº 6.367/76....”(fl.70).

2. Segue abaixo o teor da sentença:

Trata-se de ação visando ao restabelecimento de auxílio-acidente e ao pagamento de indenização por dano moral.

Questão preliminar - incompetência para julgamento da lide – benefício decorrente de acidente de trabalho

O INSS arguiu a incompetência absoluta da Justiça Federal para o processamento e o julgamento da causa, uma vez que ademanda visa ao restabelecimento de auxílio-acidente decorrente de acidente de trabalho.

A lide não envolve discussão sobre acidente do trabalho, ou seja, sobre o fato gerador do auxílio-acidente. A discussão serestringe à possibilidade de acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria por tempo de contribuição. Como a matérianão envolve acidente do trabalho, reconheço a competência da Justiça Federal. Rejeito a arguição de incompetênciaabsoluta.

Mérito

O autor recebia auxílio-acidente com DIB em 19/11/1977 (fl. 55). Em abril/2009, esse benefício foi cessado, com efeitosretroativos a 17/4/2007 (fl. 21), porque o INSS deferiu ao autor aposentadoria por tempo de contribuição com DIB em18/4/2007 (fl. 16). O réu considera serem os benefícios inacumuláveis.

Antigamente, o auxílio-acidente era vitalício e não era cancelado quando o beneficiário se aposentava. O art. 86, § 3º, daLei nº 8.213/91 explicitava que a concessão de outro benefício não prejudicava a continuidade do recebimento doauxílio-acidente. Foi a MP 1.596-14/97, convertida na Lei nº 9.528/97, que, modificando a redação dos §§ 2º e 3º do art. 86da Lei nº 8.213/91, vedou expressamente a possibilidade de cumulação das duas espécies de benefício.

Sobre os efeitos da lei nova no tempo, prevalecia na Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça o entendimentofavorável à admissibilidade da acumulação de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, desde que a moléstiaincapacitante tivesse surgido antes da vigência da medida provisória convolada na Lei nº 9.528/97 (EREsp 351.291/SP, Rel.Min. Laurita Vaz, DJ 11/10/2004; EREsp 431.249/SP, Rel. Jane Silva, DJe 4/3/08; EREsp 467.756, Rel. Arnaldo Lima, DJ12/2/2010).

Não obstante, ao julgar o REsp 1.296.673-MG no regime dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), a Primeira Seção doSTJ passou a entender que a cumulação de auxílio-acidente com proventos de aposentadoria só é possível se tanto aeclosão da doença incapacitante quanto a concessão da aposentadoria forem anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º,da Lei nº 8.213/1991, promovida pela MP 1.596-14/97. Eis a ementa do julgado:

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DOCPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS.AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. ART. 86, §§ 2º E 3º, DA LEI 8.213/1991, COM A REDACÃO DADA PELAMEDIDA PROVISÓRIA 1.596-14/1997, POSTERIORMENTE CONVERTIDA NA LEI 9.528/1997.CRITERIO PARARECEBIMENTO CONJUNTO. LESÃO INCAPACITANTE E APOSENTADORIA ANTERIORES À PUBLICAÇÃO DACITADA MP (11.11.1997). DOENÇA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO.DEFINIÇÃO DO MOMENTO DA LESÃOINCAPACITANTE. ART. 23 DA LEI 8.213/1991. CASO CONCRETO. INCAPACIDADE POSTERIOR AO MARCO LEGAL.

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CONCESSÃO DO AUXÍLIOACIDENTE. INVIABILIDADE.1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de indeferir a concessão do benefíciode auxílio-acidente, pois a manifestação da lesão incapacitante ocorreu depois da alteração imposta pela Lei 9.528/1997 aoart. 86 da Lei de Benefícios, que vedou o recebimento conjunto do mencionado benefício com aposentadoria.2. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.3. A acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria pressupõe que a eclosão da lesão incapacitante,ensejadora do direito ao auxílio-acidente, e o início da aposentadoria sejam anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, daLei 8.213/1991 ("§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação comqualquer aposentadoria; § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria,observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente."), promovida em11.11.1997 pela Medida Provisória 1.596-14/1997, que posteriormente foi convertida na Lei 9.528/1997. No mesmo sentido:REsp 1.244.257/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19.3.2012; AgRg no AREsp 163.986/SP, Rel.Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.6.2012; AgRg no AREsp 154.978/SP, Rel. Ministro MauroCampbell Marques, Segunda Turma, DJe 4.6.2012; AgRg no REsp 1.316.746/MG, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha,Segunda Turma, DJe 28.6.2012; AgRg no AREsp 69.465/RS, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe6.6.2012; EREsp 487.925/SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJe 12.2.2010; AgRg no AgRg no Ag1375680/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, Dje 19.10.2011; AREsp 188.784/SP, Rel. Ministro HumbertoMartins (decisão monocrática), Segunda Turma, DJ 29.6.2012; AREsp 177.192/MG, Rel. Ministro Castro Meira (decisãomonocrática), Segunda Turma, DJ 20.6.2012; EDcl no Ag 1.423.953/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki (decisãomonocrática), Primeira Turma, DJ 26.6.2012; AREsp 124.087/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki (decisãomonocrática), Primeira Turma, DJ 21.6.2012; AgRg no Ag 1.326.279/MG, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe5.4.2011; AREsp 188.887/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho (decisão monocrática), Primeira Turma, DJ26.6.2012; AREsp 179.233/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão (decisão monocrática), Primeira Turma, DJ 13.8.2012 .4. Para fins de fixação do momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos de doença profissional ou do trabalho,deve ser observada a definição do art. 23 da Lei 8.213/1991, segundo a qual "considera-se como dia do acidente, no casode doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ouo dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrerprimeiro". Nesse sentido: REsp 537.105/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 17/5/2004, p. 299; AgRgno REsp 1.076.520/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 9/12/2008; AgRg no Resp 686.483/SP, Rel. MinistroHamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 6/2/2006; (AR 3.535/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Terceira Secão, DJe26/8/2008).5. No caso concreto, a lesão incapacitante eclodiu após o marco legal fixado (11.11.1997), conforme assentado no acórdãorecorrido (fl. 339/STJ), não sendo possível a concessão do auxílio-acidente por ser inacumulável com a aposentadoriaconcedida e mantida desde 1994.6. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp1.296.673-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/8/2012, DJe: 03/09/2012) Alinhada a essa nova orientação, aTurma Nacional de Uniformização recentemente uniformizou o entendimento de que só pode haver direito adquirido àcumulação de auxílio-acidente e aposentadoria quando tanto a lesão incapacitante quanto a concessão da aposentadoriaforem anteriores a 11 de novembro de 1997, data da publicação da Medida Provisória nº 1.596-14 (2009.70.51.011973-0,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 05/10/2012).

Alinhada a essa nova orientação, a Turma Nacional de Uniformização recentemente uniformizou o entendimento de que sópode haver direito adquirido à cumulação de auxílio-acidente e aposentadoria quando tanto a lesão incapacitante quanto aconcessão da aposentadoria forem anteriores a 11 de novembro de 1997, data da publicação da Medida Provisória nº1.596-14 (2009.70.51.011973-0, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 05/10/2012).

A proibição legal de acumulação de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria foi prevista pela MP nº 1.596-14/97,posteriormente convertida na Lei nº 9.528/97, que alterou a redação do artigo 86, §§ 2º e 3º, da Lei nº 8.213/91. Amodificação, em tese, não trouxe prejuízos ao segurados, pois ficou estabelecido que o auxílio-acidente passaria a sercomputado no cálculo da aposentadoria (art. 31 da Lei nº 8.213/91). Estabeleceram-se, assim, dois sistemas: até 10 denovembro de 1997, o auxílio-acidente e a aposentadoria poderiam ser recebidos cumulativamente, mas sem que o valor doauxílio acidente influísse na apuração da renda mensal da aposentadoria; após 11 de novembro de 1997, a concessão deaposentadoria acarreta a extinção do auxílio-acidente, mas o valor deste benefício passou a ser computado nossalários-de-contribuição da aposentadoria. É inadmissível a aplicação híbrida dos dois regimes jurídicos.

No presente caso, a aposentadoria por tempo de contribuição foi concedida em 18/4/2007. Logo, o autor não tem direito acontinuar recebendo o auxílio-acidente cumulativamente à aposentadoria.

Sendo lícita a suspensão do benefício, não cabe a condenação do INSS ao pagamento de indenização por danos morais.

Dispositivo

Julgo improcedentes os pedidos....P.R.I.

4. Nada há a reparar na sentença. Com efeito, uma vez que os requisitos da aposentadoria se aperfeiçoaram

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somente após o advento da Lei 9.528/1997, é inviável defender a tese da acumulação do auxílio-acidente comaposentadoria.

5. Não há como acolher a tese de que o novo regramento seria prejudicial ao segurado, uma vez que, conformebem observou a sentença, a partir da Lei 9.528/1997 o valor do auxílio-acidente, que se extingue com a concessão deaposentadoria, será computado nos salários de contribuição do novo benefício (aposentadoria). Nesse sentido, transcrevo oseguinte julgado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. APOSENTADORIA. LEI 9.528/97.IMPOSSIBILIDADE. O auxílio-acidente, previsto no art. 6º. da Lei n. 6.367, de 19 de outubro de 1976, tinha caráter vitalícioe podia ser cumulado com outro benefício previdenciário, desde que não tivesse o mesmo fato gerador. Desse modo, oauxílio-acidente não integrava os salários de contribuição para fins de apuração do salário de benefício da aposentadoria dosegurado. Diferentemente, o auxílio-suplementar, previsto no art. 9º. da mesma norma, não tinha caráter vitalício e cessavacom a outorga da aposentadoria. Com a edição da Lei n. 8.213/91, o benefício de auxílio-suplementar foi absorvido peloauxílio-acidente, passando a ter, então, caráter vitalício. O art. 86 da Lei de Benefícios da Previdência Social, em suaredação original, não proibia a acumulação de auxílio-acidente (que substituiu o auxílio-suplementar) com qualquer outrobenefício. Apenas a partir da edição da Lei n. 9.528, em vigor desde 11 de dezembro de 1997, é que a cumulação doauxílio-acidente com qualquer espécie de aposentadoria passou a ser vedada. O Superior Tribunal de Justiça tementendido ser possível a cumulação do auxílio-suplementar/acidente com a aposentadoria, desde que ambos os benefíciossejam anteriores à vigência da Lei n. 9.528/97, porquanto não pode a Lei nova ser aplicada em desfavor do segurado, faceao princípio da irretroatividade das leis. A Lei n. 9.528/97 também alterou o art. 31 da Lei n. 8.213/91, a fim de assegurarque o valor mensal do auxílio-acidente integre o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício dequalquer aposentadoria. Assim, embora tenha sido retirado o caráter de vitaliciedade do auxílio-acidente, os valorespercebidos pelo segurado a esse título passaram a ser computados para efeito de cálculo do salário de benefício de suaaposentadoria, fazendo com que, a partir de então, o deferimento de aposentadoria a um segurado que já percebeauxílio-acidente acarretasse não apenas a infringência da norma que instituiu a vedação de cumulação dos benefícios, mastambém um bis in idem. Assim, o deferimento de aposentadoria após a vigência da Lei 9.528/97 impede a cumulação como benefício de auxílio-acidente, independentemente da data do fato gerador deste, nos termos do §2º, art. 86 dessediploma. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.(TRF da 4ª Região. 6ª Turma. AG 200904000268220 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Relator JOÃO BATISTA PINTOSILVEIRA. Fonte D.E. 20/05/2010)

6. Conclusão: a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, em face dobenefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

72 - 0105605-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105605-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x CARLOS HENRIQUE KRAMER (ADVOGADO:ES013085 - LUDMILLA BRUNOW CASER, ES007957 - IVAN LUIZ ROVER.).PROCESSO: 0105605-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105605-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de OliveiraRECORRIDO: CARLOS HENRIQUE KRAMERADVOGADO (S): IVAN LUIZ ROVER, LUDMILLA BRUNOW CASER

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RECURSO DO INSS PROVIDO APENAS NO QUE REFERE AOCRITÉRIO DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face da sentençade fls.143/144, que julgou procedente o pedido de concessão do auxilio doença e posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Sustenta o INSS: 1) que o perito do juízo concluiu que o recorrido está definitivamente incapacitado para oexercício de sua atividade habitual de lavrador. Entretanto, ressalvou este especialista que o mesmo pode ser reabilitadopara atividades que não exijam esforço físico; razão pela qual deve ser reformar a sentença recorrida e julgadoimprocedente o pedido de aposentadoria por invalidez; 2) que na hipótese da manutenção da sentença recorrida àincidência da correção monetária e dos juros moratórios das dívidas da Fazenda Pública, deve-se respeitar o disposto noart. 1º- F, da Lei nº 9.494/97, com observação da redação dada pela Lei nº 11.960/09.

2. O autor nasceu em 10/05/1970. Sua última profissão foi “trabalhador rural” (CTPS – fl.15). Esteve em gozo debeneficio previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos: 29/12/2011 à 31/12/2012, 17/01/2013 à 07/2014.

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3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

CARLOS HENRIQUE KRAMER almeja a concessão do auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo, em29/12/2011, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

O autor recebeu auxílio-doença no período de 29/12/2011 a 31/12/2012.

No curso da demanda, o INSS reconheceu administrativamente a qualidade de segurado do autor com data de início daincapacidade em 29/12/2011 e implantou o auxílio-doença NB 600.334.644-6 com DIB retroativo a 17/1/2013 (fl. 110). Porisso, o INSS alegou que falta ao autor interesse de agir (fl. 135).

O primeiro perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedista, relatou que o autor exercia a atividade habitual delavrador quando entrou em gozo do auxílio-doença (quesito 1, fl. 129). Concluiu que há incapacidade definitiva para otrabalho porque a lesão é irreversível no membro inferior esquerdo, com alteração da mobilidade (quesito 2). Ressaltou queo autor pode ser reabilitado para outra função sem esforço no membro inferior esquerdo (quesito 5).

O autor, nascido em 1970, tem 44 anos de idade. Entretanto, em se tratando de pessoa radicada no meio rural, é difícilimaginar a disponibilidade de atividade compatível com as restrições físicas diagnosticadas e que possa garantir o sustentodo segurado. Na roça não há atividade que o autor possa desempenhar sem exercer esforço físico com o membro inferioresquerdo. O autor poderia ser reabilitado para atividade urbana, mas ele não pode ser obrigado a migrar da sua região parabuscar emprego, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

Considero que o autor está definitivamente incapacitado para sua atividade habitual e insuscetível de reabilitaçãoprofissional. Tem, portanto, direito à aposentadoria por invalidez. Remanesce o interesse de agir do autor.

O perito examinou o autor em 16/4/2014 (fl. 125). O INSS fixou a DII em 29/12/2011 (fl. 110). O autor está recebendoauxílio-doença. Tem direito aos proventos de auxílio-doença no período de 1º/1/2013 a 16/1/2013 e à conversão dobenefício em aposentadoria por invalidez desde o exame pericial, em 16/4/2014.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o INSS a pagar os proventos de auxílio-doença relativos ao período de 1º/1/2013a 16/1/2013 e a converter o auxílio-doença NB 600.334.644-6 em aposentadoria por invalidez com DIB em 16/4/2014.

Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficialaplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09 (atualmente,0,5% ao mês). A correção monetária deve ser calculada com base no INPC/IBGE, haja vista a declaração deinconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09 pelo STF na ADIn 4.357/DF, bem como a decisão tomada pelaPrimeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 em acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC. Não se aplica o IPCA,porque a Lei nº 11.430/2006 elege o INPC como índice de reajuste dos benefícios previdenciários....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. No que tange ao mérito da lide (concessão de aposentadoria por invalidez), a sentença deve ser mantida porseus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

5. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES.

Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. Rosa Weber deuprovimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussão geral com baseno art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se do RE856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15).

Por conseguinte, este deverá ser o critério a ser adotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

6. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO, APENAS para indicar que deverá o quantum debeatur sercorrido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença.

Sem custas e honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

73 - 0100339-63.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100339-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILZA GUMS

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(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH, ES020642 - RAFAEL GOMES FERREIRA, ES007552 - JORGEANTONIO FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVINBASSETTO.).PROCESSO: 0100339-63.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100339-9/01)RECORRENTE: MARILZA GUMSADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTH, JORGE ANTONIO FERREIRA, RAFAEL GOMES FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO DA AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARILZA GUMS, em face da sentença de fls. 50/51, que julgouimprocedente o pedido de concessão do beneficio de auxilio doença ou de aposentadoria por invalidez. Sustenta arecorrente: 1) que a conclusão médica pericial do perito judicial está em desacordo com o laudo médico fornecido pormédico particular que atesta que a segurada está totalmente incapaz para as atividades que exercia habitualmente; 2) que operito não levou em consideração a condição socioeconômica da segurada, iletrada que vive na Região Serrana do EspíritoSanto, onde trabalha com o cultivo em terras altas e íngremes, sendo um dos pontos relevantes para se emitir o laudomédico particular que aponta pela incapacidade.

2. A autora nasceu em 08/05/1979. Em sua petição inicial e recurso consta que a mesma é lavradora. No laudopericial consta que exercia a função de balconista. O ultimo registro em carteira profissional teve início em 13/07/2010. Opedido administrativo de prorrogação de auxilio doença foi apresentado em 19/11/2013 (fl.16) e indeferido por inexistênciade incapacidade laborativa. Esteve em gozo de beneficio previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre o período de09/08/2013 a 30/11/2013.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

MARILZA GUMS almeja a concessão do auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, com efeitos retroativos a19/11/2013.Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou escoliose lombar sem alterações neurológicas(quesito 1, fl. 42). Avaliou que ao exame físico a autora apresentou escoliose lombar sem perda de força ou alteraçãoneurológica (quesito 2). Afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de balconista porque tem boamobilidade e não tem compressão nervosa nem hérnia discal (quesitos 7/8). Descartou a existência de limitação funcional(quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).A autora impugnou o laudo pericial (fls. 47/48). Alegou que o perito não apontou o grau da redução da incapacidade, apesarde ter diagnosticado sua doença. Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao seguradocomprovar estar doente: é preciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações que impeçam o desempenhodas funções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatarse a doença diagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusãoexposta no laudo pericial. Uma vez que o perito descartou a existência de incapacidade para o trabalho, não há que se falarem grau de redução da capacidade.A autora alegou que o exame de ressonância da coluna lombar datado de 18/7/2013 sugeriu diagnóstico de escolioselombar para esquerda com redução assimétrica de alguns espaços discais e desidratação discal D11-D12 sem herniações.Ocorre que o diagnóstico sugerido em exame complementar não vincula a perícia judicial. O perito tem liberdade paraformular sua conclusão conjugando as impressões do exame de imagem com a avaliação no exame clínico.A autora alegou que não pode ficar na posição em pé durante o trabalho. Ocorre que o perito descartou a existência delimitação funcional. Não há motivos para supor que a autora não possa trabalhar na posição em pé.A autora requereu a designação de nova perícia com médico neurologista. Ocorre que as doenças de que a autora sequeixa se sujeitam à especialidade médica do perito ortopedista. Além disso, não há nenhum indício de que a autoranecessite se submeter a cirurgia para curar a enfermidade, fato que poderia justificar a realização de perícia com médiconeurologista. O perito examinou a autora e afirmou que o exame clínico não apresentou limitações funcionais ou alteraçãoneurológica (quesitos 2 e 11), bem como dispensou a necessidade de realização de exame complementar (quesito 5).Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.DispositivoJulgo improcedente o pedido.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O perito afirmou que a autora seria balconista. Provavelmente o é, a teor da declaração de fl.18, subscrita porproprietário de microempresa situada no Centro de Santa Maria de Jetibá-ES.

5. Como antes referi, a autora recebeu auxílio-doença entre 09/08/2013 a 30/11/2013. A perícia judicial foi

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realizada em 02/04/14 e foi conclusiva a respeito da capacidade laboral; o laudo está razoavelmente fundamentado.

6. Ocorre que há documentos médicos particulares contemporâneos à DCB do auxílio-doença e que apresentamrazoável fundamentação, todos indicativos da permanência, naquela época (novembro/dezembro de 2013) do estadoincapacitante.

Com efeito, o laudo de fl.26/27, subscrito por médico ortopedista em 10/12/13, afirma o que segue: “... dor lombarimportante com acentuada escoliose tóraco lombar... apresenta-se com limitação funcional do tronco em flexo extensão erotações. Em tratamento com fisioterapia e medicamentos. Sugiro afastamento de suas atividades.” Na fl. 29 afisioterapeuta afirmou haver quadro álgico moderado e necessidade de que a autora continuasse afastada das atividadeslaborais “a fim de dar continuidade a seu tratamento e ter um melhor avanço em seu quadro” (lavrado em 27/11/13).

Ambos os laudos particulares encontram-se suficientemente motivados e são contemporâneos à data da cessação dobenefício. São indícios fortes de que o estado de incapacidade perdurava.

A autora trabalha em zona urbana, mas reside em zona rural (cf. fl.16). O problema ortopédico com certeza dificultava seudeslocamento.

Por outro lado, o laudo pericial, elaborado cerca de 5 meses após o laudo médico particular antes referido, é indicativo deque a autora recuperou sua capacidade laboral.

Por conseguinte, o recurso deve ser parcialmente provido. O benefício anterior cessou em 30/11/2013 (DCB). A DIB deveser fixada um dia depois e a DCB na data da perícia judicial.

7. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para CONDENAR o INSS a pagar ao autor auxílio-doença com DIBem 1º/12/2013 e DCB em 02/04/2014.

Correção monetária e juros incidirão na forma prevista no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei11.960/09 (conforme decidiu o STF por ocasião do recente julgamento do RE nº 856.175-ES).

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

74 - 0004609-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004609-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SONIA MARIA AZEVEDO(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0004609-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004609-0/01)RECORRENTE: SONIA MARIA AZEVEDOADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por SONIA MARIA AZEVEDO, em face da sentença de fls. 37/38, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento do auxilio doença, com conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta a recorrente ter havido error in procedendo pela incorreta aplicação do artigo 285-A do CPC, o que teria lhecausado evidente prejuízo pelas seguintes razões: “i) Além do INSS economizar a prática de importantes atos processuais(contestação e manifestação posterior); ii) de deixar de juntar documentos importantíssimos para uma melhor análise dohistórico de incapacidade do segurado (ex: laudos, telas INFBEN, CNIS, HISMED e etc), que em inúmeros casos –incluindo o do autos – embasa a própria impugnação de um laudo judicial desfavorável; iii) caso ainda saia vencido empossível recurso interposto pela demandante, TAMBÉM economizará com o pagamento dos juros de mora. Afinal, nãohavendo a citação anterior (art.219 do CPC), a partir de quando os juros de mora serão devidos?” (fl.42). Também aduziuque o Juízo a quo utilizou o laudo pericial do juízo praticamente como único elemento de prova; argumentou que “... nãohouve uma correta análise sobre os demais elementos probatórios acostados aos autos, especialmente os laudos eexames particulares juntados pela autora. Por isso, a instrução foi encerrada prematuramente.” (fl.42/43).

2. A autora nasceu em 22/09/1974. Sua última profissão foi “acondicionadora em fábrica de chocolate”. O pedidoadministrativo de prorrogação do beneficio de auxilio doença requerido em 15/08/2013 (fl.08) , foi prorrogado e cessado em04/09/2013. Esteve em gozo de beneficio previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos: 17/04/2010 à03/11/2010, 16/06/2013 à 04/09/2013 e 17/09/2013 à 01/03/2014.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento do auxílio-doença NB 602.233.961-1 desde a cessação, em 4/9/2013,com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

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Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou processo inflamatório nos joelhos e foi tratada semalterações (quesito 1, fl. 26). Afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de acondicionadoraporque apresentou mobilidade normal nos dois joelhos sem alteração funcional (quesitos 7/8). Descartou a existência delimitação funcional (quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

A autora impugnou o laudo pericial (fl. 33). Alegou que possui laudos médicos recentes e categóricos no sentido dapersistência da incapacidade para o trabalho, com citação de edemas e dores típicos da manutenção do processoinflamatório. Ocorre que o diagnóstico constante de laudo de médico assistente não vincula a perícia judicial. O laudomédico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvidaem favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médicoassistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta éa base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere maisindicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Porisso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.

A autora requereu a designação de nova perícia com outro ortopedista ou com médico do trabalho para melhor avaliação doseu quadro clínico. Não há motivo para realizar segunda perícia, porque a matéria foi suficientemente esclarecida no laudopericial (art. 437 do CPC) e porque não foi comprovada nenhuma nulidade que contaminasse a produção da prova.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Perceba-se que a autora requereu na inicial a condenação do INSS em restabelecer o auxílio-doença que foracessado em 4/9/13. A ação foi proposta em dezembro de 2013. Ocorre que o registro nº 5 do extrato do CNIS indicarecebimento do benefício entre 17/9/13 até 1/3/14. Ou seja: houve provável provimento de recurso administrativo de recursoadministrativo enquanto a ação judicial estava em trâmite.

Dentro de tal contexto, registro que o laudo de fl.11 foi emitido em 29/11/2013, data em que a autora estava recebendobenefício por incapacidade (nº 5 do extrato do CNIS). O mesmo ocorre com relação ao laudo fisioterápico de fl.12.

Os documentos de fls.13/16 são receituários.

5. Afere-se que: (i) o laudo pericial encontra-se razoavelmente fundamentado; e (ii) os documentos médicosjuntados à inicial não se prestam para demonstrar incapacidade, visto que referem a período em que a autora estavarecebendo benefício por incapacidade.

Pode-se de fato questionar, sob o aspecto técnico, a aplicação do artigo 285-A do CPC em caso em que houve produçãode prova pericial e não se citou o réu para contestar. Não obstante, o manejo de tal dispositivo no caso concreto em nadairia alterar a conclusão a que chegou o Juízo a quo. Com efeito, os documentos que a autora pretendia ver juntados aosautos pelo INSS ou podem ser acessados pelo Juízo (como os extratos do CNIS), ou iriam fazer prova contra a autora(como os históricos médicos nas hipóteses em que houve indeferimento).

O Juiz de Juizado Especial deve valer-se dos critérios da celeridade e da simplicidade. À luz destes critérios e considerandoo que antes se expôs, acatar-se a alegação de nulidade sem uma evidência de que houve prejuízo para a autora-recorrenteequivale a punir o Juízo a quo porque julgou rapidamente a demanda, visto que decorreram menos de 5 meses entre a datado ajuizamento e a data da prolação da sentença.

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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75 - 0104884-16.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104884-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA JOSE PINTO DASILVA (ADVOGADO: ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0104884-16.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104884-6/01)RECORRENTE: MARIA JOSE PINTO DA SILVAADVOGADO (S): ROSEMARY MACHADO DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA JOSE PINTO DA SILVA, em face da sentença de fls. 64/65,que julgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença com conversão em aposentadoriapor invalidez. Sustenta a recorrente: 1) que o magistrado sentenciante equivocadamente, indeferiu o pleito autoral, visto queaproximadamente 60 (dias) antes da perícia a ser realizada pelo perito, a recorrente foi submetida a avaliação médicarealizada pelo Dr. Jarbas Lima da Silva, ortopedista, CRM/ES 0936, o qual constatou que a suplicante estava incapacitadade forma permanente; 2) que não possui capacidade física plena, tornando impossível de ter uma vida profissional comum,pois, está com a sua saúde comprometida, ou seja, tem limitada/reduzida/restringida a sua aptidão laboral dada àsenfermidades que lhe acometem, restando assim, incontroversa que não mais goza da plenitude da sua perfeição técnicaconforme prevê o art.461 CLT.

2. A autora nasceu em 27/12/1956. Sua última profissão foi costureira. O pedido administrativo foi realizado em30/10/2012 (fl.42) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de beneficioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos: 21/10/2005 à 20/11/2005.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação objetivando o restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação com sua conversão emaposentadoria por invalidez.

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou processo degenerativo do ombro direito, colunacervical e lombar (quesito 1, fl. 52). Avaliou que ao exame físico a autora não apresentou alterações clínicas e temmobilidade articular e da coluna normais, sem comprometimento neurológico (quesito 2). Afirmou que a autora possuiaptidão para exercer a atividade habitual de costureira (quesitos 7/8). Descartou a existência de limitações funcionais(quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

O perito não confirmou nenhuma alteração clínica que justificasse sintomas incapacitantes. Para ter direito aoauxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: é preciso ficarcomprovado que a doença tenha causado alterações que impeçam o desempenho das funções específicas de umaatividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a doença diagnosticadainabilita o segurado para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusão exposta no laudo pericial.

A autora impugnou o laudo pericial (fls.56/60). Alegou que desde 2012 permanece em tratamento médico sem qualquerregressão do quadro álgico. Alegou também que, com as patologias que atingem o ombro e a coluna, não pode exercer aprofissão de costureira, uma vez que essa atividade exige esforço físico, utilização intensa dos membros superiores,posturas viciosas e inadequadas, dentre outros movimentos não mencionados. Ocorre que o perito descartou a existênciade limitações funcionais e não confirmou a queixa de dor, sendo conclusivo em atestar que a autora não apresentoualterações clínicas e estava com mobilidade articular e da coluna normais. O perito confirmou que o quadro clínico daautora não a impede de exercer as tarefas inerentes à atividade habitual de costureira (quesito 7). Não há prova de que aautora esteja fisicamente inabilitada a empreender os movimentos e a manter a postura inerente à profissão de costureira.

A autora alegou que devem ser levadas em conta não só as patologias que a acometem, mas também suas característicaspessoais, pois já tem 57 anos de idade e baixo grau de instrução, sendo improvável sua reinserção no mercado de trabalho,uma vez que a aptidão física está depreciada e limitada. A idade e o grau de instrução da autora são irrelevantes paradeterminar a aptidão física para desempenhar a atividade habitual. O entendimento atual da Turma Nacional deUniformização é o de que, quando o julgador não reconhece incapacidade para o trabalho, não tem obrigação de analisaras condições pessoais e sociais do segurado. igual raciocínio há de se aplicar ao perito médico. A Turma Nacional deUniformização já decidiu que “quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinaras condições pessoais e sociais” (Processo nº 0507072-34.2009.4.05.8101, Rel. Juiz Rogério Moreira Alves, DOU1º/02/2013). A análise das condições pessoais e sociais do segurado só é indispensável para efeito de concessão deaposentadoria por invalidez e quando reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho (Processo0506386-42.2009.4.05.8101, Rel. Juíza Simone Lemos Fernandes, DJ 25/4/2012; Processo 5010366-27.2011.4.04.7001,Rel. Juiz Gláucio Maciel, julgado em 17/4/2013).

A autora alegou que sua doença tem caráter degenerativo e se agravará com o passar do tempo. A natureza degenerativa

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não garante que a enfermidade já tenha atingido grau incapacitante, mas apenas que a evolução da doença é progressiva.Se, no futuro, o quadro clínico se agravar em razão da progressão da enfermidade, a autora poderá renovar o requerimentode auxílio-doença.

A divergência com laudos de médicos assistentes não invalida o laudo pericial. A opinião constante de atestado de médicoassistente não vincula a perícia judicial. O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o parecer emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existênciada incapacidade para o trabalho.

A autora requereu nova perícia. Não há motivo para realizar segunda perícia, porque a matéria foi suficientementeesclarecida no laudo pericial (art. 437 do CPC) e porque não foi comprovada nenhuma nulidade que contaminasse aprodução da prova. Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade(seja auxílio-doença, seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se

4. Passo a analisar os documentos médicos carreados pela autora na inicial.

O de fl.26 foi lavrado em 22/10/12 e nele se solicita afastamento de 60 dias “por motivo de doença”; não há fundamentação.O de 27 é genérico: afirma haver doença denegerativa “sendo necessária avaliação para perícia...”; O de fl.28 é similar;ambos nada dizem a respeito de incapacidade laboral. O atestado de fl.29 menciona prescrição de medicamento; tambémnada diz a respeito de incapacidade laboral. O laudo de fl.30, lavrado em 26/8/13, afirma que a autora “apresenta limitaçãofuncionado em ambos os ombros causando incapacidade permanente para sua atividade laboral.”

5. Em suma, há apenas um documento médico particular afirmando haver incapacidade; nada obstante, nãoapresenta fundamentação suficiente, referindo genericamente à configuração de “limitação funcional” que causariaincapacidade permanente. Por outro lado, o laudo pericial encontra-se suficientemente motivado. De acordo com oEnunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nosautos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

76 - 0003901-09.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003901-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x CESAR DOS SANTOS SOUZA(ADVOGADO: ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA.).PROCESSO: 0003901-09.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003901-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHENRECORRIDO: CESAR DOS SANTOS SOUZAADVOGADO (S): GAUDENCIO BARBOSA

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DA TURMARECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 856.175-ES. RECURSO DO INSSPROVIDO.

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1. Trata-se de recurso interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face da sentençade fls.75/76, que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do auxilio doença cessado em 30/08/2013.Sustenta o INSS: 1) que a parte da sentença em que condenou ao pagamento de atrasados, deve ser reformada, no quetange à forma de aplicação dos juros e correição monetária; 2) que a decisão recorrida não pode prevalecer, visto que oacórdão articulado nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF ainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgado aindanão pode ser avaliado com segurança.

2. O recurso versa apenas sobre correção monetária e juros. A esse respeito, a sentença assim dispôs: “Aplicam-sejuros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficial aplicável àcaderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09 (atualmente, 0,5% ao mês).A correção monetária deve ser calculada com base no INPC/IBGE, haja vista a declaração de inconstitucionalidade parcialdo art. 5º da Lei 11.960/09 pelo STF na ADIn 4.357/DF, bem como a decisão tomada pela Primeira Seção do STJ no REsp1.270.439 em acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC. Não se aplica o IPCA, porque a Lei nº 11.430/2006 elegeo INPC como índice de reajuste dos benefícios previdenciários.”

3. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES. Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. RosaWeber deu provimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussãogeral com base no art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se doRE 856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

4. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipuladosno artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No mais, resta mantida a sentença. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

77 - 0001690-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001690-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DARCI DOS ANJOSGOMES VIEIRA (ADVOGADO: ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO, ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0001690-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001690-4/01)RECORRENTE: DARCI DOS ANJOS GOMES VIEIRAADVOGADO (S): LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por DARCI DOS ANJOS GOMES VIEIRA, em face da sentença de fls.75/76, que julgou improcedente o pedido de concessão do auxilio doença, com sua conversão em aposentadoria porinvalidez. Sustenta o recorrente que o juízo a quo não levou em consideração os laudos médicos acostados aos autos,julgando o feito exclusivamente com base nos laudos dos peritos judiciais; que se encontra totalmente incapacitadodefinitivamente para toda e qualquer atividade laborativa, dos quais os laudos médicos, juntados comprovam que sofre dediversos problemas na coluna. Afirmou que os laudos judiciais são genéricos, de modo que as provas periciais seriamnulas.

2. O autor nasceu em 02/10/1960. Sua última profissão foi “gari”. O pedido administrativo de reconsideração foirealizado em 03/04/2013 (fl.15) e indeferido por inexistência de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de beneficioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos seguintes: 25/09/2009 à 15/01/2010, 14/01/2012 à02/04/2013.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de auxílio-doença com sua conversão em aposentadoria por invalidez.Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.O autor é gari (fl. 13). Recebeu auxílio-doença até 2/4/2013 (fl. 16). O benefício foi cessado com base em parecer da períciamédica do INSS.O autor submeteu-se em juízo a duas perícias com médicos ortopedistas. O primeiro perito relatou dor na coluna (quesito 1,fl. 44). Avaliou que ao exame físico o autor apresentou teste de Lasègue negativo, sem déficits neurológicos aparentes,sem atrofias musculares, sem parestesias nos membros (quesito 2). Afirmou que o autor possui aptidão para exercer aatividade habitual de ajudante de caminhão (quesitos 8/9). Descartou a existência de limitação funcional (quesito 11).Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).O segundo perito relatou exame clínico normal, compatível com exame de ressonância, que não demonstra nenhuma

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compressão nervosa, nem hérnias discais ou alterações neurológicas (fl. 66). O perito diagnosticou artrose da colunalombar sem compressões nervosas (quesito 1, fl. 67). Afirmou que o autor possui aptidão para exercer a atividade habitualde gari porque tem mobilidade e força preservados, sem compressões ou hérnias discais na coluna (quesitos 7/8).Descartou a existência de limitações funcionais (quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito14).O autor impugnou os laudos periciais (fls. 71/73). Alegou que a perícia é contrária aos laudos médicos juntados com apetição inicial. Ocorre que a opinião constante de laudo médico assistente não vincula a perícia judicial. O laudo médicoequipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida emfavor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médicoassistente diagnostica e trata.Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relaçãomédico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médicoperito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o parecer emitidopelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.O autor alegou que sua atividade de ajudante de caminhão requer grande esforço físico durante todo o período de trabalho,e o próprio perito reconheceu que o autor sofre de problemas lombares. O autor foi examinado por dois peritos especialistasem ortopedia e ambos convergentemente negaram que o autor esteja fisicamente inabilitado a empreender o esforço físicoinerente à sua atividade habitual de gari ajudante de caminhão.Ambos também negaram que o exercício da atividade habitual possa agravar o quadro clínico (quesito 10). Nenhum dosperitos confirmou problemas na coluna lombar. O segundo perito expressamente negou existência de compressões ouhérnias na coluna lombar. Não tenho subsídios para deixar de acolher os laudos periciais.O autor alegou que sente fortes e constantes dores, ficando medicado praticamente 24 horas por dia, não consegue semovimentar sem sentir dores. As queixas do autor, porém, não foram confirmadas na perícia.O autor alegou que possui baixo grau de instrução e não tem condições de ser reabilitado para exercer outra função.Contudo, não estando comprovada incapacidade para a atividade habitual, é desnecessário analisar se o autor poderia sereabilitado para outra ocupação. As alegações pertinentes às condições pessoais ficam prejudicadas. A Turma Nacional deUniformização já decidiu que “quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinaras condições pessoais e sociais (Processo nº 0507072-34.2009.4.05.8101, Rel.Juiz Rogério Moreira Alves, DOU1º/02/2013). “Em contrapartida, quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame dascondições pessoais, já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoraçãode prova pericial” (Processo nº 0020741- 39.2009.4.03.6301, Rel. Juiz André Monteiro, julgado em 8/3/2013).O autor requereu nova prova pericial. Não há motivo para realizar uma terceira perícia, porque a matéria foi suficientementeesclarecida pelos dois peritos do juízo (art. 437 do CPC) e porque não foi comprovada nenhuma nulidade que contaminassea produção da prova.Para confirmar que os dois laudos periciais estão corretos, levo em conta o fato de o segundo perito ter relatado que o autorvoltou a trabalhar em abril de 2013, bem como atestado que o último registro de vínculo de emprego na carteira, na funçãode gari, se estendeu no período de 15/04/2003 a 07/01/14 (fl. 66). Portanto, depois da cessação do auxílio-doença, emmarço/2013, o autor voltou a exercer sua atividade habitual, fato presumivelmente incompatível com a alegação deincapacidade para o trabalho.DispositivoJulgo improcedente o pedidoSem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.4. Houve duas perícias judiciais, ambas conduzidas por médicos especialistas em ortopedia. Ambos os laudoscontém fundamentação; embora a do 1º seja sucinta, o 2º laudo encontra-se razoavelmente fundamentado. Embora hajadocumentos médicos indicativos de incapacidade, não há como afastar a incidência do entendimento consolidado noenunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.” (DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

78 - 0002327-48.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002327-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LAURA HEHR (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDOGIORI.).PROCESSO: 0002327-48.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002327-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTARECORRIDO: LAURA HEHR

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ADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORI

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. FIXAÇÃO DE DII DISTINTA DA FIXADA NA PERÍCIA. INVIABILIDADE NO CASOCONCRETO EM FACE DA AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS MÉDICOS COMPROBATÓRIOS DE ESTADOINCAPACITANTE ANTERIOR À DATA FIXADA PELO PERITO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. REALINHAMENTODA JURISPRUDÊNCIA DA TURMA RECURSAL EM FACE DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº856.175-ES. RECURSO DO INSS PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face da sentençade fls.84/85, que julgou procedente o pedido de concessão do auxilio doença desde a data do requerimento administrativo.Sustenta o INSS: 1) que a fixação do termo inicial não pode prevalecer, visto que o perito judicial foi possível afirmar aexistência de incapacidade laborativa apenas em agosto de 2012, quando a autora realizou exame de cintilo grafia domiocárdio, devendo prevalecer, antes disso, as conclusões das cinco perícias médicas administrativas às quais a autora sesubmeteu, tendo inclusive a autora recolhido contribuições regulares no período da condenação, demonstrando a ausênciade incapacidade; 2) que a decisão quanto a correção monetária também não deve prosperar, visto que o acórdão articuladonas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF ainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgado ainda não pode seravaliado com segurança, pois, é possível que o julgamento das ADIs passe por alguma modulação temporal, podendoinclusive não ser aplicado aos precatórios já inscritos, ou mesmo aos processos que já estejam em curso como in casu.

2. A autora nasceu em 09/08/1947. Sua última profissão foi “acompanhante de idosos”. O pedido administrativo foirealizado em 06/08/2008 (fl.19) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de beneficioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre o período: 28/11/1999 à 09/03/2000, 02/05/2000 à 31/10/2000,06/08/2008 à 06/2014.

Conforme relatório de contribuição do CNIS, a autora contribuiu para a previdência social nos períodos: 08/1991 à 06/1992,08/1992 à 11/1993, 01/1994 à 12/1994, 02/1995 à 09/1995, 11/1995 à 06/1996, 02/1998 à 10/1998, 09/2001 à 02/2003,02/2008 à 10/2010 e 12/2010 à 01/2011.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação objetivando a concessão do auxílio-doença NB 531.535.329-6 desde o requerimento administrativo, em6/8/2008 (fl. 2).

Antecipados os efeitos da tutela, foi implantado o auxílio-doença NB 604.127.345-0 com DIB em 6/2/2008 e DIP em30/9/2013 (fl. 75).

O perito nomeado pelo juízo, especialista em cardiologia, diagnosticou hipertensão arterial sistêmica em investigação paradoença coronariana (quesito 1, fl. 43). Afirmou que a autora não possui aptidão para exercer a atividade habitual deacompanhante de idosos porque apresente cintilografia que sugere doença coronariana (quesitos 8/9). Atestou que a autoradeve evitar esforços físicos para não elevar o risco de complicações da doença (quesito 11). Sugeriu que a autorarealizasse cateterismo cardíaco (quesito 6). Concluiu que há incapacidade temporária para o trabalho e, após o cateterismoseria avaliada a terapêutica adequada para o controle da doença (quesito 17).

O INSS requereu a intimação da autora para realizar o cateterismo cardíaco (fl.56). Ocorre que cateterismo trata-se deprocedimento invasivo de cunho não obrigatório pelo segurado. O art. 101 da Lei nº 8.213/91 dispõe que “o segurado emgozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão dobenefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por elaprescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que sãofacultativos”. Assim, o segurado não é obrigado a se submeter à intervenção cirúrgica

Ademais, o perito concluiu o laudo pela existência de incapacidade temporária da autora e se reportou à necessidade docateterismo como meio eficaz para melhor avaliação do controle da doença. Por isso, revogo o despacho à fl. 81 e indefiroo requerimento do INSS.

A autora tem direito ao auxílio-doença.

O perito examinou a autora em 16/8/2013 (fl. 39) e afirmou que o início da incapacidade ocorreu em agosto/2012 quandorealizou cintilografia do miocárdio (quesito 13). A lacuna do laudo pericial pode ser suprida pelos atestados datados de30/6/2008 (fl. 26), 6/5/2008 (fl. 27), 1º/9/2008 (fl. 29), 23/9/2009 (fl. 30) e 22/11/2010 (fl. 31). São admissíveis como fonte deprova complementar os atestados de médico assistente que sejam contemporâneos ao momento do requerimento dobenefício e que revelem dados convergentes com o laudo pericial. Presume-se, assim, que na data do requerimento dobenefício, em 6/8/2008, a autora estava incapacitada para o trabalho.

Ressalto que entre o ajuizamento da demanda, em 13/6/2013, e a data do requerimento administrativo não transcorreu o

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prazo prescricional de cinco anos para fins de recebimento das prestações vencidas (Art. 103, parágrafo único, da Lei nº8.213/91, com a redação conferida pela Lei nº 9.528/97). A autora tem direito ao benefício de auxílio-doença desde a datado requerimento administrativo, em 6/8/2008

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o auxílio doença desde 6/8/2008.

Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficialaplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09 (atualmente,0,5% ao mês). A correção monetária deve ser calculada com base no INPC/IBGE, haja vista a declaração deinconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09 pelo STF na ADIn 4.357/DF, bem como a decisão tomada pelaPrimeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 em acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC. Não se aplica o IPCA,porque a Lei nº 11.430/2006 elege o INPC como índice de reajuste dos benefícios previdenciários.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Passo a analisar os documentos médicos carreados pela autora.

O de fl.24 foi lavrado em 21/7/11 e afirma que estava submetida a tratamento de hipertensão arterial. O de fl.29 é de 1/9/08e afirma o mesmo. Nenhum dos dois afirma haver incapacidade laborativa. No mesmo sentido é o de fl.31, lavrado em22/11/10 (também não afirma haver estado de incapacidade laboral).

O de fl. 26 (replicado na fl.28) foi emitido em 30/06/08; afirma que estava submetida a tratamento de hipertensão arterialsevera de difícil controle que piora ao esforço físico e consignou ser “aconselhável afastamento do serviço para melhortratamento.”

O de fl.27 é ilegível (foi subscrito por ortopedista, não por cardiologista).

O laudo de fl.30 também é de ortopedista, lavrado em 23/01/09; afirma haver dor difusa em ombros, mãos e coluna;encaminha a autora para perícia, mas não afirma haver incapacidade.

5. Perceba-se que apenas o atestado de fl.26, lavrado em 30/06/08, é indicativo de estado incapacitante. Contudo,o médico explicitamente afirmou que seria aconselhável o afastamento, sendo inviável supor, com base nesse atestado,que a autora esteve incapaz desde então (30/6/08) até a DII fixada pelo perito (agosto de 2012, cf. fl.44, item 13).

6. Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº856.175-ES.

Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. Rosa Weber deuprovimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussão geral com baseno art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se do RE856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15).

Por conseguinte, este deverá ser o critério a ser adotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).

7. RECURSO DO INSS PROVIDO, para fixar a DIB do auxílio-doença na DII indicada na perícia judicial(01/01/2012) e para indicar que deverá o quantum debeatur ser corrido pelos critérios estipulados no artigo 1º-F da Lei9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

79 - 0006525-65.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006525-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WELLESTON DE OLIVEIRAGONÇALVES (ADVOGADO: ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA, ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA,ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANAPAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0006525-65.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006525-0/01)RECORRENTE: WELLESTON DE OLIVEIRA GONÇALVESADVOGADO (S): LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHO, EVERSON FERREIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por WELLESTON DE OLIVEIRA GONÇALVES, em face da sentençade fls. 68/69, que julgou improcedente o pedido de concessão do beneficio de auxilio doença e posterior conversão emaposentadoria por invalidez.

A ação foi proposta em novembro de 2012; contudo, o autor pleiteou fixação da DIB desde a data do 1º requerimentoadministrativo, que ocorreu em fevereiro de 2008. O Juízo a quo não designou prova pericial, sob o argumento de que aperícia se limitaria a analisar condições médicas contemporâneas.

Sustenta o recorrente ter havido cerceamento de defesa, uma vez que seria viável ao perito analisar a situação pretérita deacordo com as circunstâncias do caso do autor, que inclusive recebera benefício previdenciário em decorrência deesquizofrenia. Aduziu que a não realização da perícia importou em cerceamento de defesa e que somente o perito poderiadizer se é possível ou não analisar condições médicas pretéritas.

2. O autor nasceu em 03/03/1984. Sua última profissão foi “ajudante de obras”. Esteve em gozo de beneficioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos:: 22/11/2007 à 22/12/2007, 09/09/2009 à 15/01/2010 e10/02/2010 à 12/04/2010.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de auxílio-doença desde a data do primeiro requerimento administrativo comsua conversão em aposentadoria por invalidez. O INSS alegou que o autor perdeu a qualidade de segurado (fl. 50).

O autor recebeu auxílio-doença nos períodos de 22/11/2007 a 22/12/2007 (CID F 30 – transtornos mentais), de 9/9/2009 a15/1/2010 (CID F 208 - esquizofrenia) e de 10/2/2010 a 12/4/2010 (CID F 208 – esquizofrenia, fls. 65/67).

O autor formulou requerimentos administrativos em 12/2/2008 (CID F 68 – transtornos de personalidade), 16/4/2008 (CID F99 – transtorno mental não especificado) e 27/8/2012.

O último vínculo empregatício do autor ocorreu no período de 2/5/2007 até a competência de junho/2010 (fl. 61). A perda daqualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término do prazo fixado para recolhimento da contribuição referente aomês imediatamente posterior ao do final do prazo estipulado pelo inciso II (art. 15, § 4º, Lei nº 8.213/91), ou seja, no dia 16do segundo mês seguinte ao do término do prazo (art. 14 do Decreto nº 3.048/99).

O autor perdeu a qualidade de segurado em 16/8/2011. Por isso, quando formulou o requerimento administrativo, em27/8/2012, não era mais segurado da Previdência Social.

O autor formula pedido de concessão de benefício desde a data do primeiro requerimento administrativo e sempre formulouseus requerimentos administrativos sob alegação de doenças mentais. Por isso, passo a analisar a incapacidade do autorpara o trabalho desde a data do primeiro requerimento administrativo, em 12/2/2008.

A perícia se limita ao exame das condições clínicas contemporâneas. Por isso, o laudo pericial não é suficiente paracaracterizar a incapacidade laborativa em momento pretérito. A reconstituição dos fatos, a fim de esclarecer se o autorpermaneceu incapaz desde a data do primeiro requerimento administrativo, deve ser realizada mediante prova documental.

Ocorre que não há nos autos atestado de médico assistente afirmando que em razão de doença mental o autor estivesseincapacitado para o trabalho. O atestado datado de 27/2/2008 (fl. 31) sugere o diagnóstico de tontura/instabilidade e malária(CID R 42 e B 51). O autor não conseguiu comprovar seu estado de incapacidade desde a data do primeiro requerimentoadministrativo.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da qualidade de segurado.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

(...)Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O perito pode manifestar-se sobre uma condição clínica anterior à perícia; para tanto, poderá pautar-se emdocumentos médicos apresentados.

Contudo, como acuradamente observou o Juízo a quo, “...não há nos autos atestado de médico assistente afirmando queem razão de doença mental o autor estivesse incapacitado para o trabalho ...”.

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Perceba-se que a ação foi proposta mais de 4 anos após o requerimento administrativo que se pretende ver fixada a DIB.Ora: especialmente se tratando de moléstia de ordem psiquiátrica, somente haveria utilidade em realizar-se perícia sehouvesse substrato documental médico que afirmasse a existência de estado incapacitante naquela época. Como talsubstrato documental inexiste, foi acertada a diretriz adotada pelo Juízo a quo.

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

80 - 0000516-21.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000516-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIENE MARIA COLLEFARIAS (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0000516-21.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000516-5/01)RECORRENTE: LUCIENE MARIA COLLE FARIASADVOGADO (S): Lauriane Real Cereza, Valber Cruz CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – LAUDOS PARTICULARES QUE DEMONSTRAM ESTADO DE INCAPACIDADEAO TEMPO EM QUE A AÇÃO FOI PROPOSTA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto por LUCIENE MARIA COLLE FARIAS em face da sentença de fls. 66/67, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, bem como a conversão emaposentadoria por invalidez, pois não foi constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta nulidade da sentença,pois a realização da perícia do juízo por especialista condizente com a patologia do autor é condição de validade do ato.Alega ainda que o laudo é lacônico por responder objetivamente os quesitos, o que dificulta a análise do pleito.

A autora, qualificada como servente de escola (fl. 40), tem atualmente 47 anos de idade e estudou até a 4ª série primária.Percebeu auxílio-doença no período de 10/09/2009 a 30/11/2009 (fl. 18).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos:

Laudo de fl.22 – foi emitido enquanto a autora recebia auxílio-doença.Laudo de 14/7/2010, relata hérnia discal, afirma que deve ser encaminhada ao neurocirurgião e que não tem condições detrabalhar (fl.21).Laudo médico, em 26/08/2009, relata paciente com quadro de dorsalgia e lombalgia há 2 (dois) anos com piora progressiva;coluna lombar com discreta escoliose; coluna dorsal com discopatia D3 a D5 sem hérnias; coluna lombar com avançadadiscopatia em L4-L5 e com pequeno componente herniário obstruindo o recesso lateral direito de L4-L5 (fl. 22). Esse laudocom certeza foi considerado para fins de concessão do benefício, visto que foi emitido anteriormente à concessão doauxílio-doença.Laudo médico, em 26/08/2010, refere lombociatalgia intensa que piora aos mínimos esforços e que está incapacitada parao trabalho (fl. 19);Laudo médico, de 26/11/2010, relata paciente com discopatia degenerativa de T3-T6 e discopatia degenerativa comabaulamento discal e hérnia de disco em L4-L5 e que, em razão da dor, está sem condições para o trabalho (fl. 20);Laudo de 4/1/2011: emitido por psiquiatra; refere tratamento de distúrbio depressivo; recomenda afastamento por 90 dias(fl.23).

A patologia de ordem psiquiátrica não foi referida na inicial. Logo, não pode ser objeto de conhecimento em fase recursal.

Na análise pericial do Juízo (fls. 51/52), realizada em 13/06/2013 por médico perito, a autora foi examinada e diagnosticadacom outros transtornos dos discos intervertebrais (CID 10: M51), doença caracterizada por dores lombares, porémconcluindo, porém pela ausência de incapacidade para a atividade habitual. Ao exame físico, o perito não constatoulimitações articulares para coluna cervical, dorsal e lombar, nem atrofias em membros superiores e inferiores; força deapreensão mantida nas duas mãos; sinais de laségue e laségue cruzados normais; regiões palmares lisas.

A autora ingressou com a ação judicial em 03/2011; contudo, somente foi submetida a perícia judicial em 13/06/2013 (fl.52).Isso dificulta estabelecer, apenas com base na perícia, conhecimento a respeito do estado em que se encontrava a autoraao tempo do ajuizamento da ação.

7. Noutras palavras: a perícia evidencia que a autora estava apta para o trabalho na data em que foi realizada aprova pericial. Mas não esclarece suficientemente a situação anterior.

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8. O Laudo de 14/7/2010 afirma que a autora não tinha condições de trabalhar (fl.21). O Laudo médico de26/11/2010 também afirma que a autora estava sem sem condições para o trabalho (fl. 20). Ambos referem problemasortopédicos na coluna vertebral, que são aparentemente os mesmos que determinaram a concessão de auxílio-doença emmeados de 2009 (laudo Sabi, fl.39).

9. A autora reside na zona rural de Rio Novo do Sul. O fato de padecer de problemas ortopédicos de coluna dificultasua deambulação; o fato de residir em zona rural dificulta o tratamento e a recuperação (necessidade de se deslocar para aárea urbana para realizar fisioterapia ou tratamento similar).

10. Há, pois, evidência de que a autora estava incapaz em 14/7/10 e 26/11/10. O laudo da perícia judicial, lavradobastante tempo depois (13/6/13), evidencia situação de capacidade laboral.

11. Outro dado indicativo de que a autora recuperou a capacidade laboral é que tornou a trabalhar em empresa14/08/13 (vínculo 9 do cnis); ou seja: provavelmente foi submetida e considerada apta em exame admissional.

12. O benefício deve ser pago entre 14/7/10 (DIB, cf. fl.21) e 13/6/13 (perícia judicial).

13. DOU PROVIMENTO ao recurso da autora para JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO eCONDENAR o INSS a conceder AUXÍLIO-DOENÇA com DIB em 14/07/2010 e DCB em 13/06/2013.Os valores atrasados deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correçãomonetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conformeentendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014). Sem condenaçãoem verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

81 - 0006097-83.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006097-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x EUGENIO MARQUES DONASCIMENTO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0006097-83.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006097-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: EUGENIO MARQUES DO NASCIMENTOADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORI

VOTO - EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face dasentença de fls. 101/103, que julgou procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença com DIB em05/04/2011. Sustenta que o autor já estava incapaz quando do reingresso ao RGPS em janeiro/2003. Aduz que o erroadministrativo na concessão do benefício em março/2009 não faz nascer para o autor o direito subjetivo de continuarrecebendo indevidamente o benefício.

2. O autor nasceu em 25/05/1963 e qualificou-se como vendedor ambulante. Esteve em gozo deauxílio-doença no período de 16/03/2009 a 05/04/2011, cessado sob a alegação de erro na concessão do benefício, pois aDII foi retificada para 01/01/2008 e, portanto, o segurado não havia preenchido a carência necessária nesta data (fl. 20).Atualmente o autor encontra-se aposentado por invalidez (fl. 138).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Pretende a parte autora a condenação do INSS à concessão do benefício de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez.(...)Assim, a diferença entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez refere-se ao caráter temporário ou permanente daincapacidade. Enquanto na aposentadoria por invalidez a incapacidade é total e definitiva, ou seja, para toda e qualqueratividade remunerada, insusceptível de reabilitação, no auxílio-doença a incapacidade é parcial e temporária, suscetível derecuperação para o trabalho, bastando que se refira à sua atividade habitual.Na presente demanda, a incapacidade ficou comprovada através da prova pericial (laudo às folhas 45/49), visto que o peritofoi taxativo ao constatar que a parte autora apresenta incapacidade temporária para sua atividade habitual, em virtude deser portador de “Diabete melitus, microangiopatia e neuropatia periférica”. Em razão de tal doença, o autor apresentoucomplicações infecciosas em membros inferiores que resultaram na amputação, em momentos distintos, de 03 (três) dedosdo pé esquerdo, motivo pelo qual não apresenta condições de desempenhar a atividade de vendedor ambulante de maneirasegura e eficiente. Segundo o perito, o quadro atual do autor teve inicio em janeiro de 2011, quando foi submetido ao últimoprocedimento cirúrgico para amputação do terceiro dedo. Afirma, ainda, que com tratamento médico adequado e

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seguimento rigoroso das orientações de tratamento, em um prazo de 6 a 10 meses, a partir da data da pericia realizada em21/01/2013, deverá ocorrer cicatrização completa das lesões e recuperação da capacidade laboral.Vale ressaltar que, de acordo com o expert do juízo, trata-se de incapacidade temporária, somente enquanto se processa acicatrização das lesões tróficas de pernas. Assim, resta claro que, apesar de o autor ser portador de Diabetes há muitosanos, a incapacidade funcional sobreveio quando o autor já tinha recuperado a qualidade de segurado da PrevidênciaSocial. Desta forma, não há falar em incapacidade preexistente ao reingresso, consoante alegado pelo INSS em suacontestação de fls. 55/80.No que tange aos valores cobrados pelo INSS a título de pagamento indevido do benefício de auxílio-doença concedidoadministrativamente ao autor, no período de 16/03/2009 a 05/04/2011 (fls. 71), o entendimento pacificado na jurisprudênciade nossos Tribunais, inclusive no Colendo Superior Tribunal de Justiça, é no sentido da impossibilidade da devolução dasverbas recebidas em razão da boa-fé do favorecido e do caráter alimentar da prestação, ainda mais quando não hácomprovação de que o autor tenha contribuído para o equívoco administrativo. Não obstante, apesar da cessação dobenefício e da cobrança de tais valores pelo INSS, ficou comprovado nos autos que o auxílio-doença foi devidamenteconcedido, haja vista o preenchimento dos requisitos legais pelo autor.Assim, pelas conclusões apresentadas no laudo pericial, corroboradas pelos laudos médicos particulares juntados aosautos, nota-se a presença dos requisitos legais exigidos para o restabelecimento do auxílio-doença desde 05/04/2011 (NB534.711.962-0), data da cessação indevida do benefício, devendo permanecer ativo até a total recuperação da parte autorapara o trabalho, conforme apurado pelo perito judicial. De outro lado, não procede o pedido de aposentadoria por invalidez,visto que não constatada a existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho.DISPOSITIVODiante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido autoral, para condenar o INSS a restabelecer o beneficio deauxílio-doença em favor do autor, com DIB em 05/04/2011 (data da cessação indevida), devendo o benefício ser mantidopor 10 meses, no mínimo, a contar de 21/01/2013, para tratamento das sequelas da doença, conforme apurado pelo peritojudicial.A seguir, condeno a Autarquia Previdenciária a abster-se de cobrar os valores pagos ao autor a título de auxílio-doençadurante o período de 16/03/2009 a 05/04/2011....P.R.I.

4. O quesito nº 7 do laudo da perícia do juízo afirma que o quadro atual de incapacidade teve início em janeiro de2011, quando o autor foi submetido ao último procedimento de amputação do dedo.

5. Por outro lado, ainda que se considere a DII, retificada na perícia do INSS, em 01/01/2008, afere-se que o autorpossuía a qualidade de segurado, pois o seu reingresso ao RGPS ocorreu em 11/2007 e o benefício somente foi concedidoem 16/03/2009 (fl. 138).

6. As contribuições posteriores ao início da incapacidade podem ser computadas para fins de carência. A lei proíbea concessão de benefício se a DII for fixada antes da filiação ao RGPS. Entretanto, a lei não exige que a carência dobenefício seja completada antes da DII. Se a DII for posterior à filiação, mas o segurado não tiver recolhido contribuiçõesem número suficiente para cumprir a carência, pode complementar as contribuições faltantes, desde que não sejamantecipadas.

“Interessante observar que o art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, nada diz sobre a necessidade de completar umterço do período de carência antes da incapacidade, mas sim da necessidade da incapacidade tomar lugar após a filiação,sob pena de fraude ao sistema previdenciário (art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91 e art. 71, § 1º, RPS). Daí, estandoa data de início da incapacidade (DII) em período posterior à nova filiação do segurado, devera ser lícito a este recolher operíodo faltante, mesmo na qualidade de facultativo, e obter a prestação previdenciária devida, no caso, o auxílio-doença.Somente quando a DII é fixada em data anterior à nova filiação, é que o benefício não poderia ser concedido.”[1]

7. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

8. RECURSO IMPROVIDO. INSS isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96). Honorários advocatíciosdevidos pelo INSS, que ora arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

82 - 0000209-36.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000209-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x REINALDO RUFINO ANDRE (ADVOGADO:SP295880 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA.).PROCESSO: 0000209-36.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000209-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: REINALDO RUFINO ANDREADVOGADO (S): JOSE CARLOS VIEIRA LIMA

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V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 92/95, que julgou procedente o pedido para condenar a autarquia-ré a conceder o benefício deauxílio-acidente, com DIB em 17/12/2011 (data da cessação do auxílio-doença). Sustenta que houve interpretaçãoequivocada dos requisitos necessários ao gozo do benefício concedido, em especial a ocorrência de acidente de qualquernatureza, na forma prevista no art. 86 da Lei nº 8.213/91. Diz que a lesão do autor – AVC com seqüelas que reduziram acapacidade para a atividade laboral por ela exercida – não se enquadra no conceito legal de acidente de qualquer natureza,que abrange apenas eventos traumáticos ou abruptos, ocasionados por um agente externo ao corpo humano. Pede areforma da sentença para que seja julgado improcedente o pedido.2. O autor (REINALDO RUFINO ANDRÉ) nasceu em 14/07/1982 (fl. 7) e informou exercer atividades de eletricista.Esteve em gozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, nos períodos de 25/05/2003 a 23/12/2003 e de 26/03/2007a 16/12/2011.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Na presente demanda, a incapacidade ficou comprovada através da prova pericial (laudo às folhas 39/51, 66/67), visto queo perito foi taxativo ao constatar que a parte autora apresenta incapacidade parcial e definitiva para o seu trabalho habitualem virtude de “acidente vascular cerebral - AVC” ocorrido em 11/03/2007. Ressalta, contudo, que a parte autora pode serreabilitada para atividade compatível com a limitação sofrida.De acordo com os dados extraídos do sistema DATAPREV, o autor recebeu o auxílio-doença durante o período de26/03/2007 a 16/12/2011 (NB 519.958.685-4), sob diagnóstico de “Hemorragia Intracerebral - CID I-61”. Nesse ínterim,conforme documentos acostados às folhas 09/10 dos presentes autos, o autor participou de programa de reabilitaçãoprofissional promovido pelo INSS, tendo sido reabilitado para a função de Auxiliar Administrativo.Em relação à referida atividade, o perito judicial informou, em laudo complementar (fls. 80), que apesar de o autor tersofrido um AVC e está cego de um olho, encontra-se apto a exercê-la, porém com limitações, já que, em razão de taldoença, apresenta dificuldade de locomoção e necessita de ajuda de terceiros, tanto para atividades domésticas como parase locomover por meio de transporte público.Diante disso, em que pese não ter sido constatada incapacidade para a função para qual foi reabilitado, o perito foi taxativoao afirmar que o autor apresenta limitações funcionais que o impede de desenvolver o trabalho atingindo a média derendimento alcançada em condições normais. Sendo assim, a situação fática enquadra-se nas regras previstas no artigo 86da Lei 8.213/91, que dispõe sobre o auxílio-acidente.Neste ponto, impende ressaltar a possibilidade de concessão de benefício diverso do inicialmente postulado, tendo em vistaa fungibilidade das ações previdenciárias. Nesse sentido, a jurisprudência:PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DECONCESSÃO DEAUXÍLIO-DOENÇA. OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. JULGAMENTO EXTRA PETITA.NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1. O STJ tem entendimento consolidado de que, em matéria previdenciária, deve-se flexibilizar a análise do pedido contidona petição inicial, não entendendo como julgamento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do requerido nainicial,desde que o autor preencha os requisitos legais do benefício deferido.2. No caso, o Tribunal a quo, em sede de apelação, ao reconhecer a incapacidade definitiva da segurada para odesempenho de suas funções, reformou sentença concessiva do benefício auxílio-doença para conceder o benefício daaposentadoria por invalidez.3. Agravo regimental a que se nega provimento.(STJ - AgRg no REsp 1305049 RJ 2012/0007873-0 , SEGUNDA TURMA, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,DJe 08/05/2012)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EX-CELETISTA. CONTAGEM DOTEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE INSALUBRE. JULGAMENTO EXTRA PETITA. CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO DIVERSO DO PEDIDO. POSSIBILIDADE. 1- Esta Corte definiu que não se configura julgamento extraou ultra petita a decisão que, verificando a inobservância dos pressupostos para concessão do benefício pleiteado na inicial,concede benefício diverso se atendidos os requisitos legais. 2- Agravo regimental a que se nega provimento. (AEERSP200701916359, SEXTA TURMA, relator CELSO LIMONGI, DJE:07/06/2010)Assim, em que pese o pedido inicial de concessão de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, nada obsta a concessãode auxílio-acidente sem que se caracterize julgamento extra ou ultra petita.Com efeito, as conclusões apresentadas no laudo pericial, bem como nos laudos e exames médicos particulares,comprovam que a limitação apresentada exige do trabalhador maior dispêndio físico no desempenho das atividadescostumeiras, ainda mais por necessitar de assistência de terceiros. Realizar o trabalho com desconforto, maior demandafísica ou lentidão, também é considerado incapacidade laboral, devendo, portanto, ser deferido o benefício deauxílio-acidente ao autor.Sendo assim, a data de início do benefício (DIB) deverá ser fixada no dia seguinte à cessação do benefício auxílio-doença(NB 519.958.685-4), ocorrido em 16/12/2011, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido peloacidentado.DISPOSITIVOAnte o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido autoral, para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-acidente aparte autora, com DIB em 17/12/2011. Ressalta-se, ainda, que deverão ser deduzidas parcelas eventualmente já pagasadministrativamente à parte autora sob o mesmo título.Como a tutela antecipada, por se tratar de instrumento de cognição não exauriente, pode ser deferida a qualquer tempo,concedo o provimento de urgência em relação à obrigação de fazer, para que o INSS, no prazo de 15 (quinze) dias,proceda à implantação do benefício ao demandante, sob pena de incidência de multa de R$ 50,00 (cinqüenta reais) por dia

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de atraso.Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas pelos índices oficiais de remuneração básica ejuros aplicados à caderneta de poupança, respeitado o teto fixado para este Juizado e a prescrição qüinqüenal.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.P.R.I.4. O laudo da perícia do juízo constatou que o autor é portador de seqüela de AVC, ocorrido em 11/03/2007 e, queem conseqüência há incapacidade parcial definitiva para a atividade habitual, pois houve redução da capacidade laborativaem grau médio decorrente de cegueira em um dos olhos.5. O espectro de incidência do auxílio-acidente foi ampliado pela Lei 9.032/95: o benefício deixou de cobrir o riscoinerente à redução laborativa decorrente de acidente de trabalho e passou a abarcar o risco gerado por acidentes dequalquer natureza.Enfim: na redação original, o artigo 86 referia a auxílio-acidente tendo em vista o acidente de trabalho (em sentido estrito); apartir da Lei 9.032/95, o auxílio-acidente refere não somente ao acidente de trabalho, mas ao acidente de qualquernatureza. Obviamente, aquele conceito (acidente de trabalho) está contido neste (acidente de qualquer natureza).

Não obstante o espectro de incidência de tal benefício haja sido ampliado pela Lei 9.032/95, a Lei 8.213/91, nos seusartigos 20 e 21, continuou a tratar apenas do acidente de trabalho. De tal modo, a complementação normativa paradefinição do que venha a ser “acidente de qualquer natureza” foi feita pelo Regulamento da Previdência Social (o Decreto nº3.048/99).

O parágrafo único do artigo 30 do Decreto n.º 3048/99 restringe o conceito de tais acidentes a aqueles de “origemtraumática” e os oriundos de “exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos),...”.

A tese recursal enquadra-se nesse restrição conceptual, prevista no regulamento.

Não obstante, assim como a “doença profissional” e a “doença do trabalho” configuram acidente de trabalho para os fins doartigo 20 da Lei n.º 8213/91, parece-me que o “acidente de qualquer natureza” de que fala a atual redação do artigo 86 daLei 8.213/91 (dada pela Lei 9.032/95) abarca também quaisquer doenças de que o segurado venha a ser acometido e queprovoquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Neste sentido, registro que o TRF da 3ª Região, ao julgar a Apelação Cível nº00048088520024036102 (n.º 916071),determinou a concessão de auxílio-acidente a um segurado que, tal qual o autor-recorrente, fora acometido por um acidentevascular cerebral (Fonte: DJU de 30/03/2006; apelação cível n.º 916071, relatada pela Juíza convocada Vanessa Melo).6. A prevalecer a tese recursal, um segurado que se acidenta e sofre seqüela laborativa decorrente de exposiçãovoluntária de sua vida a riscos extremos (como ocorreria, v.g., em acidentes ocorridos na prática de esportes radicais)poderia usufruir do benefício do auxílio-acidente (e, de fato, pode). Contudo, outro segurado que sofreu seqüela decorrentede um AVC, cuja ocorrência pode atingir em tese qualquer pessoa, não estaria acobertado pelo benefício. Embora talinterpretação seja – e é – racionalmente sustentável (e está amparada em doutrina, cf. fl. 113), a noção genérica de quandodeveria incidir a proteção securitária está muito mais presente no segundo caso do que no primeiro.7. Assim sendo, presente o requisito da seqüela definitiva o auxílio-acidente mostra-se como a opção maisacertada, em razão da redução da capacidade laborativa do autor.8. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).9. RECURSO IMPROVIDO. INSS isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96). Honorários advocatíciosdevidos pelo INSS, que ora arbitro em 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

83 - 0000678-16.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000678-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR FILIPE PEREIRA(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0000678-16.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000678-9/01)RECORRENTE: VALDIR FILIPE PEREIRA e INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Lauriane Real Cereza, Valber Cruz Cereza, ANDRÉ DIAS IRIGONRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S): André Dias Irigon

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – SENTENÇA REFORMADA APENAS NO QUE REFERE AOSJUROS DE MORA.

Trata-se de recursos inominados interpostos por VALDIR FILIPE PEREIRA e pelo INSS contra a sentença de fls. 57/59, quejulgou procedente o pedido inicial, para condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoria por invalidez desde

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25/05/2012, antecipando-se os efeitos da tutela.

Recurso do autor. Sustenta que a data de início do benefício dever corresponder à data do requerimento administrativo, em22/12/2009, pois a perícia do juízo constatou que a patologia incapacitante já existia há 06 (seis) anos.

Recurso do INSS. O INSS sustenta que a parte da sentença que condenou ao pagamento de parcelas vencidas deve serreformada, no que tange à forma de aplicação dos juros e correção monetária. Requer o conhecimento e provimento dorecurso, de forma que seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97.

O autor, qualificado como lavrador, tem atualmente 62 anos de idade. Percebeu auxílio-doença no período de 20/09/2007 a24/05/2012 e aposentadoria por invalidez de 25/05/2012 a 01/2015 (fl. 76).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos:

Ressonância magnética da coluna cervical, de 20/03/2008, revela osteoartrose cervical com discopatia degenerativa ecompressão da medula cervical (fl. 13);Ressonância da coluna lombo-sacra, de 20/03/2008, revela osteoartrose lombar com discopatia degenerativa associada aacentuação da lordose lombar com alterações hipertróficas interfacetárias em L5-S1 (fl. 14);Laudo médico, em 08/04/2010, atesta paciente em acompanhamento ambulatorial para espondilodiscoartrose lombar ecervical, com mielopatia e redução da amplitude dos forames neurais; refere lombociatalgia e cervicalgia de forteintensidade; indica necessidade de afastamento de qualquer atividade laborativa que exija esforço físico definitivamente, emvirtude do quadro álgico e do caráter degenerativo de suas patologias.

Na análise pericial do Juízo (fls. 47/50), realizada em 19/10/2012 por médica perita, o autor foi examinado e diagnosticadocom doença da coluna cervical e lombar, com data provável de início há 6 (seis) anos, concluindo haver incapacidade totale permanente com início em 25/05/2012. Ao exame físico, relatou a presença de contratura da musculatura paravertebralcervical e lombo-sacra, lasegue positivo bilateral e limitação dos movimentos de flexão do tronco.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

VALDIR FILIPE PEREIRA moveu ação, com pedido de antecipação de tutela, em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do benefício de auxílio-doença e posterior conversão emaposentadoria por invalidez.

(...)A perícia médica judicial (fls. 47/50) constatou que o autor apresenta doenças da coluna cervical e lombar (resposta aoquesito nº 01 do INSS), que o incapacita de forma total e definitiva para o exercício de sua atividade laborativa habitual delavrador (quesito n° 09 e 10 do INSS), com data de início da incapacidade em 25/05/2012 (quesito n° 07 do INSS) e sempossibilidade de reabilitação para o exercício de outro trabalho (quesito n° 12 do INSS).Assim, considerando a idade (data de nascimento 04/01/1953 – fl. 15), o trabalho exercido como lavrador, a incapacidadetotal e definitiva e a impossibilidade de reabilitação profissional, acolho o pedido feito na inicial para que seja concedida aaposentadoria por invalidez à parte autora, com data de início a partir do dia 25/05/2012, data esta informada pelo peritojudicial como do início da incapacidade (quesito de n° 07 do INSS – fl. 49)(...)DispositivoDiante do exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida e JULGO PROCEDENTE o pedido,condenando o INSS a:Implantar o benefício de aposentadoria por invalidez, em nome do autor, desde a data do início da incapacidade laborativa,em 25/05/2012;(...)P.R.I.

A perícia do juízo afirmou que a data provável de início da doença é “há 6 anos”, mas que a data de início da incapacidadetotal e definitiva é 25/05/2012 – data do exame de eletromiografia.

Não há nos autos nenhum documento médico contemporâneo à data do requerimento administrativo (22/12/2009). Todosos exames e laudos são de período anterior a essa data. Portanto, não é possível afastar a conclusão da perícia do juízopara fazer retroagir a aposentadoria por invalidez concedida ao autor.

Passo à análise do recurso do INSS.

Juros e correção monetária. Realinhamento da posição da 1ª TR em face do julgamento, pelo STF, do RE nº 856.175-ES.Cumpre rever o entendimento da 1ª TR a respeito de juros e correção monetária, uma vez que a Min. Rosa Weber deuprovimento a RE interposto pelo INSS contra acórdão desta TR; reconheceu a configuração de repercussão geral com baseno art. 543-A, § 3º do CPC e determinou a incidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Trata-se do RE856.175-ES, julgado em 05/03/2015 (trânsito em julgado em 26/03/15). Por conseguinte, este deverá ser o critério a seradotado (com a redação dada pela Lei 11.960/09).10. Pelo exposto:

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(i) NEGO PROVIMENTO ao recurso do autor;

(ii) DOU PROVIMENTO ao recurso do INSS, para fixar que deverá o quantum debeatur ser corrigido pelos critériosestipulados no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita concedido à parteautora (fl. 45).INSS isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96). Sem condenação em honorários, nos termos do art. 55 da Lei9.099/95.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

84 - 0102749-31.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102749-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RAFAELA CRISTINA TONINIVERONEZ E OUTRO (ADVOGADO: ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA, ES020248 - GILSON DEALMEIDA ROCHA JUNIOR, ES015665 - Gustavo Angeli Storch, ES016674 - GRACIELLE WALKEES SIMON.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0102749-31.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102749-1/01)RECORRENTE: RAFAELA CRISTINA TONINI VERONEZ e RAQUEL CRISTINA TONINI VERONEZADVOGADO (S): ROSEMARY MACHADO DE PAULA, GRACIELLE WALKEES SIMON, Gustavo Angeli Storch, GILSONDE ALMEIDA ROCHA JUNIORRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

1. A ação foi originalmente proposta por DARCI VERONEZ contra o INSS. O autor faleceu no curso do processo,sendo sucedido no pólo ativo por suas duas filhas (fl.89).

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelas autoras em face da sentença de fls. 96/97, que julgouimprocedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Sustentam as recorrentes que aconclusão pericial enganou-se quanto ao diagnóstico do periciado, que veio a óbito (por enforcamento – suicídio). Alegamque os pareceres médicos são claros em ilustrar a incapacidade definitiva, total e multiprofissional do autor, que nãopossuía aptidão física ou mental para exercer qualquer atividade que lhe garantisse subsistência, pois era portador deepilepsia e transtorno depressivo recorrente. Dizem que, embora acompanhando o autor, no momento da perícia, tenharelatado a evolução das moléstias que o acometiam, dando ênfase ao avanço do transtorno depressivo de seu pai, queestava tomado por ideias destrutivas, o perito ignorou tais informações, atestando tão somente a epilepsia do periciado econsiderando-o apto para o exercício das atividades habituais.

3. O autor originário (DARCI VERONEZ), qualificado como eletricista, nasceu em 24.10.1967. Esteve em gozo deauxílio-doença nos seguintes períodos: 28/09/2003 a 31/03/2004 e 03/12/2004 a 01/02/2007. Requereu novo benefíciorespectivamente em 04/05/2011, 06/03/2013 e 16/05/2013, indeferidos sob a alegação de ausência de incapacidadelaborativa (fls. 47/48).

4. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos no período controverso: i) laudo médico, em05/05/2011, relata paciente portador de quadro clínico de epilepsia com várias crises convulsivas e sem condições deexercer suas funções laborativas (fl. 20); ii) atestado de saúde ocupacional para retorno ao trabalho, em 07/06/2011, concluiinaptidão (fl. 28); iii) laudo médico, em 05/05/2012, relata paciente com transtorno psíquico associado a crise de desmaio (fl.19).

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 54/56), realizada em 22/07/2013 por médico neurologista, o autor foi examinadoe diagnosticado com epilepsia (crise convulsiva), porém concluindo pela ausência de incapacidade para a atividadehabitual. Ressalvou o perito que o autor deveria evitar trabalhar em altura.

5. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.Darci Veronez ajuizou ação objetivando restabelecimento de benefício de auxílio-doença ou concessão de aposentadoriapor invalidez. Foi deferida a habilitação das filhas Rafaela Cristina Tonini Veronez e Raquel Cristina Tonini Veronez, tendoem vista o óbito de Darci, ocorrido em 17/8/2013 (fl. 89).Darci se submeteu a duas perícias no processo n. 2007.50.50.011284-0, transitado em julgado em outubro/2010 (fl. 35). Napresente demanda, somente podem ser analisados requerimentos formulados após a última perícia realizada nos autosdaquele processo, ou seja, posteriores a 1º/10/2009 (fl. 40), tendo vista a ocorrência da coisa julgada, que pode serconhecida de ofício e torna inadmissível o julgamento do mérito.O primeiro requerimento de auxílio-doença formulado após aquela data foi em 4/5/2011 (fl. 47).O perito nomeado pelo juízo, especialista em neurologia, diagnosticou epilepsia (crise convulsiva), conforme quesito 1, fl.54. Afirmou que Darci mantinha aptidão para o exercício de suas atividades habituais como eletricista (quesitos 8/9).Afirmou que ele deveria evitar trabalhar em altura (quesito 12). Concluiu que não havia incapacidade para o trabalho,

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devendo evitar trabalhar em altura (quesito 14).Somente o perito tem condições de, conforme as peculiaridades do caso concreto, avaliar a compatibilidade entre o quadroclínico do paciente e as atividades desempenhadas por ele. Especificamente no caso em exame, sob o ponto de vistaneurológico, o perito levou em consideração que a sua atividade de eletricista poderia ser realizada, sendo apenas sugeridoevitar altura (quesitos 11/12).Não obstante o laudo tenha sido pouco detalhado, isso não afeta a sua validade. Nos juizados especiais, os atosprocessuais são regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95), razão pela qual o laudo pericialnão precisa conter fundamentação detalhada. Acrescenta-se que o perito realizou anamnese, fez exame neurológico,avaliou receitas médicas, exame físico e laudos médicos (quesito 3), afastando a incapacidade pela especialidadeneurologia.Embora sucinto, o laudo pericial é conclusivo no sentido de que no momento da perícia não havia incapacidade.Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.DispositivoExtingo o processo sem resolução de mérito, com fulcro no art. 267, V, do CPC, quanto ao pedido de restabelecimento debenefício de auxílio-doença.Julgo improcedente o pedido, quanto ao pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

6. O laudo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

7. Ademais, ainda que se constate incapacidade laborativa ao tempo do requerimento administrativo em 2011 oautor não possuía a qualidade de segurado, pois após a cessação do último benefício por incapacidade em 01/02/2007 nãohouve contribuições ao RGPS (fl. 123).

8. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

9. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício daassistência judiciária gratuita (fl. 49). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

85 - 0000487-24.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.000487-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EVAIL MARIA BASTOS SILVA (ADVOGADO:ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI.).PROCESSO: 0000487-24.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.000487-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: EVAIL MARIA BASTOS SILVAADVOGADO (S): LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face dasentença de fls. 165/169, que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença e sua conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente: i) que, quando a autora reingressou no RGPS, em novembro/2004,como contribuinte individual, ela já era portadora do quadro médico alegado e, portanto não pode servir de base paraconcessão do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez; ii) que o auxílio-doença concedido no ano de 2001 foiindevido, pois não restou apurado que o acidente vascular cerebral ocorreu em 1999, não tendo condão de garantir aqualidade de segurado ao beneficiário, razão pela qual merece ser reformada a sentença, em razão da perda da qualidadede segurada da autora.

2. A autora, qualificada como do lar, nasceu em 20/10/1950. Esteve em gozo de benefício de auxílio-doença noperíodo de 12/07/2001 à 31/05/2002 (fl. 202). Requereu novo benefício de auxílio-doença em 06/03/2006, indeferido sob aalegação de que a DII é anterior ao ingresso ou reingresso ao RGPS (fl. 127).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Busca-se nesta demanda a concessão do benefício de aposentadoria desde o requerimento administrativo em 06/03/2006(fl. 52) ou, subsidiariamente, a concessão do benefício de auxílio-doença.(...)

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No caso sob exame, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data dorequerimento administrativo, são fatos incontroversos. A controvérsia cinge-se então, ao fato de estar ou não a parte autoraincapacitada para o trabalho.Exercia a autora a função de do lar (fls. 1 e 147), contando atualmente 62 anos de idade, referindo possuir seqüelas deacidente vascular cerebral.A perícia médica judicial realizada em 30/07/2012 constatou que a parte autora apresentava incapacidade parcial edefinitiva para o trabalho (fls. 146-150). Ainda na ocasião, informou o perito que a demandante apresenta déficit no dimídio(lado do corpo) esquerdo, como seqüela definitiva do acidente vascular sofrido.Ante às conclusões apresentadas pela perícia, defende o INSS que a enfermidade/incapacidade da autora é anterior ao seureingresso ao RGPS, como contribuinte individual em novembro de 2004, já que o AVC ocorreu em 1999, de modo que aela não pode ser concedido o auxílio-doença.No entanto, razão não assiste à autarquia previdenciária, já que a demandante passou a receber o auxílio-doença em 2001justamente em razão do AVC sofrido, de sorte que tal benefício não deveria ter sido cessado já que as sequelasincapacitantes são de caráter definitivo. Assim, o fato de o auxílio-doença ter sido erroneamente cancelado em 2002, bemcomo o fato de a autora ter permanecido sem poder trabalhar, voltando a verter contribuições somente em 2004, nãopodem ser usados contra ela, como argumento para novo indeferimento.Com efeito, os mandamentos da Lei nº 8.213/1991 determinam que ao segurado acometido de enfermidade que oincapacite para o trabalho por período superior a 15 (quinze) dias deve ser garantido o benefício de auxílio-doença e que,caso constatada incapacidade definitiva para sua função habitual, deve ser-lhe garantida a inserção em programa dereabilitação profissional, ou, se for o caso de incapacidade definitiva omniprofissional, deve ser concedida a aposentadoriapor invalidez.No caso específico dos autos, a hipótese de reabilitação profissional poderia ter sido viável há 10 (dez) anos. Entretanto,atualmente, considerando a idade da autora (62 anos de idade), bem como sua realidade profissional, um processo decapacitação profissional eficaz mostra-se próximo do impossívelPortanto, forçoso é reconhecer que devem ser consideradas, para uma reabilitação profissional satisfatória, as condiçõespessoais do segurado, como o grau de escolaridade, a idade e as dificuldades reais de reingresso ao mercado de trabalhopara se avaliar as possibilidades concretas de reabilitação. Em igual sentido:(...)Assim sendo, a autora faz jus à concessão do auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (06/03/2006) e arespectiva conversão desse benefício em aposentadoria por invalidez a partir da data da perícia judicial (30/07/2012).Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS, condenando o Réu a:a) conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença da parte autora, com DIB em 06/03/2006 (data do requerimentoadministrativo);b) converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez a partir da perícia judicial (30/07/2012);...P.R.Intimem-se.

4. Sem razão o recorrente quanto à alegação de pré-existência da doença/incapacidade. Com efeito, registre-seque o próprio INSS aduz na contestação ter concedido benefício de auxílio-doença no período de 12/07/2001 a 31/05/2002à autora, na qualidade de segurada especial, após ter reconhecido tempo de atividade rural (fl.112).

Em conclusão: no de 2001 o INSS concluiu que a autora apresentava incapacidade temporária para a função de rural; e noano de 2002 concluiu que a mesma readquiriu sua capacidade laborativa, visto que cessou o benefício.

5. O documento de fl. 15 atesta o período de atividade rural averbado pelo INSS – 16/12/1995 a 21/06/2001.Conclui-se, portanto, que quando sofreu o acidente vascular cerebral – AVC, em 1999, a autora era segurada especial.

6. Nesse contexto, considerando que em novembro de 2004 a autora reingressou ao RGPS na qualidade decontribuinte individual, o benefício requerido em 06/03/2006 não poderia ter sido negado sob o argumento de pré-existênciada incapacidade.

7. Assim sendo, entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95).

8. RECURSO IMPROVIDO. INSS isento de custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/96). Honorários advocatíciosdevidos pelo INSS, que ora arbitro em 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

86 - 0107504-52.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107504-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x BOLIVAR ANDRADE LAIA (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).PROCESSO: 0107504-52.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107504-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDARECORRIDO: BOLIVAR ANDRADE LAIAADVOGADO (S): AMAURI BRAS CASER

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VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

87 - 0108459-95.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108459-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x ROSANE VARGAS FORZZA MIGUEL(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUEFILHO, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, RJ138284 -ALESSANDRA NAVARRO ABREU, ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO, DF036024 - IRIS SALDANHABUENO, DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca.).PROCESSO: 0108459-95.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108459-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUERECORRIDO: ROSANE VARGAS FORZZA MIGUELADVOGADO (S): ROGÉRIO FERREIRA BORGES, MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, DANIELFERREIRA BORGES, FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, Miguel Vargas da Fonseca, CLARISSE JORGE PAESBARRETO, IRIS SALDANHA BUENO, VIVIANE MONTEIRO, ALESSANDRA NAVARRO ABREU

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

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Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

88 - 0111594-18.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.111594-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SUELI DE OLIVEIRAFIOROTTI (ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRABORGES, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO,RJ184452 - LUCIANA PANNAIN PAREIRA, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU, ES019092 - GABRIELSCHMIDT DA SILVA, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES012179 - DANIELLEGOBBI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0111594-18.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.111594-3/01)RECORRENTE: SUELI DE OLIVEIRA FIOROTTIADVOGADO (S): ROGÉRIO FERREIRA BORGES, FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, DANIEL FERREIRABORGES, MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, DANIELLE GOBBI, ALESSANDRA NAVARRO ABREU,GABRIEL SCHMIDT DA SILVA, IRIS SALDANHA BUENO, VIVIANE MONTEIRO, LUCIANA PANNAIN PAREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

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O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

89 - 0102582-11.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102582-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ TOSTA NETO(ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0102582-11.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102582-0/01)RECORRENTE: JOSÉ TOSTA NETOADVOGADO (S): ANDERSON MACOHINRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §

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5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

90 - 0106386-53.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106386-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ESTELA MARILIA VICENTINI(ADVOGADO: ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES,ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, ES012179 - DANIELLE GOBBI, RJ184452 - LUCIANAPANNAIN PAREIRA, ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, DF035417 -VIVIANE MONTEIRO, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0106386-53.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106386-4/01)RECORRENTE: ESTELA MARILIA VICENTINIADVOGADO (S): FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, DANIEL FERREIRA BORGES, MARCILIO TAVARES DEALBUQUERQUE FILHO, DANIELLE GOBBI, ALESSANDRA NAVARRO ABREU, GABRIEL SCHMIDT DA SILVA, IRISSALDANHA BUENO, VIVIANE MONTEIRO, LUCIANA PANNAIN PAREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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91 - 0003598-11.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.003598-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL SIQUEIRA DEMIRANDA NETO (ADVOGADO: ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0003598-11.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.003598-4/01)RECORRENTE: MANOEL SIQUEIRA DE MIRANDA NETOADVOGADO (S): VANESSA SOARES JABURRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

92 - 0112794-60.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.112794-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENATO BARBOSA DEMENEZES (ADVOGADO: ES013039 - JOÃO EUGÊNIO MODENESI FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0112794-60.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.112794-5/01)RECORRENTE: RENATO BARBOSA DE MENEZESADVOGADO (S): JOÃO EUGÊNIO MODENESI FILHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

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1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

93 - 0109534-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109534-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ILZA SALVADOR DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0109534-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109534-8/01)RECORRENTE: ILZA SALVADOR DE OLIVEIRAADVOGADO (S): MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

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O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário deum segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

94 - 0006394-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006394-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DICLÉA PEREIRA OLIVEIRA(ADVOGADO: ES009070 - RODOLPHO RANDOW DE FREITAS, ES003773E - ROBERTA BORGES DOS SANTOS,ES011811 - KARLA RENATA BRAZ DE ASSIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0006394-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006394-7/01)RECORRENTE: DICLÉA PEREIRA OLIVEIRAADVOGADO (S): RODOLPHO RANDOW DE FREITAS, KARLA RENATA BRAZ DE ASSIS, ROBERTA BORGES DOSSANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de RecursosExtraordinários encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causasdecididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, porexemplo, o art. 46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar asnormas que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com aorientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação nãoencontra óbice no ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e201, caput e § 11, da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de

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um segurado obrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, §5º, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

95 - 0001306-02.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001306-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x ADIVALCIO RODRIGUESMOURA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.).PROCESSO: 0001306-02.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001306-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDARECORRIDO: ADIVALCIO RODRIGUES MOURAADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

VOTO-EMENTA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que reconheceu o exercíciode atividade especial nos períodos de 01/09/1978 a 22/03/1980, de 07/10/1980 a 30/04/1981, de 01/05/1981 a 31/12/1984,de 01/01/1985 a 01/02/1991, de 01/09/1993 a 04/03/1997 (agente nocivo: ruído) e julgou procedente o pedido deaposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais. Alega o recorrente que, tendo sido disponibilizadoEquipamento de Proteção Individual – EPI com eficácia certificada no tocante à neutralização do potencial lesivo dosagentes nocivos, reputa-se inconstitucional a interpretação que despreza tal informação por entender que a utilização deEPI ou EPC não implica, por si só, na inexistência do ambiente agressivo, por atentar contra o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição Federal), bem como contra o valor social do trabalho (art. 1º, inciso IV, da Constituição Federal).

2. A respeito do fornecimento e uso de EPI eficaz, a TNU editou a Súmula 9 (“Ainda que o EPI elimine ainsalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.”), mantendo aaplicação do entendimento mesmo após a edição do Decreto nº 4.882, de 18/11/03.

O Supremo Tribunal Federal, em acórdão publicado em 12/02/2015, decidiu a questão no mesmo sentido, como adiante sevê:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIAESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DESERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃOINDIVIDUAL - EPI. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO PLENÁRIO VIRTUAL. EFETIVAEXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE. NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTEINSALUBRE E O TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO PPP OUSIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL.CASO CONCRETO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVIDADE.CENÁRIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕESPREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AORECURSO EXTRAORDINÁRIO.(...)10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetivaexposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar anocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial.11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo doinafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, apremissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial.Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relaçãonociva a que o empregado se submete. 12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que emlimites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular)reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em taisambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas. Obenefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art.22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais,conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial apósquinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. O benefício previsto neste artigo será financiado comos recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas

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alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado aserviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos decontribuição, respectivamente.13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda dasfunções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminaçãodos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na suaefetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelostrabalhadores.14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhadora ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil ProfissiográficoPrevidenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo deserviço especial para aposentadoria.15. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.(ARE 664335, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-029DIVULG 11-02-2015 PUBLIC 12-02-2015)

3. Em consonância com a orientação firmada pelo STF, não atenta contra o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição Federal) nem contra o valor social do trabalho (art. 1º, inciso IV, da Constituição Federal) oentendimento de que, em se tratando de ruído, a utilização de EPI não descaracteriza o tempo de serviço especial.

4. RECURSO DO INSS CONHECIDO E IMPROVIDO.Custas ex lege. Condenação do INSS (recorrente vencido) em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelasvencidas.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

96 - 0004512-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004512-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x ERNANDE ALMEIDA CRUZ FILHO (ADVOGADO:ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN.).PROCESSO: 0004512-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004512-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANIRECORRIDO: ERNANDE ALMEIDA CRUZ FILHOADVOGADO (S): MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, MARCELO CARVALHINHO VIEIRA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

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É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

97 - 0000267-98.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000267-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ADEVANDO GREGORIO SOEIRO(ADVOGADO: ES003003 - NILSON FRIGINI, ES017452 - FLÁVIA SPINASSÉ FRIGINI, ES014655 - EDIMAR MOLINARI.).PROCESSO: 0000267-98.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000267-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): UBIRATAN CRUZ RODRIGUESRECORRIDO: ADEVANDO GREGORIO SOEIROADVOGADO (S): NILSON FRIGINI, EDIMAR MOLINARI, FLÁVIA SPINASSÉ FRIGINI

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

98 - 0004020-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004020-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x ELIZABETH MARIA LAURETT(ADVOGADO: ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES018446 - GERALDO BENICIO.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0004020-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004020-3/01)RECORRENTE: ELIZABETH MARIA LAURETTADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO, GERALDO BENICIO, RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordinários

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encontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

99 - 0006612-21.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006612-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ AGRIPINO CARRIÇO(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0006612-21.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006612-5/01)RECORRENTE: JOSÉ AGRIPINO CARRIÇOADVOGADO (S): GERALDO BENICIO, SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientação

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firmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

100 - 0002332-70.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002332-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x ROMEU VENTUROTT FERREIRA(ADVOGADO: ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.).PROCESSO: 0002332-70.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002332-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: ROMEU VENTUROTT FERREIRAADVOGADO (S): MARCELO CARVALHINHO VIEIRA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

101 - 0006817-50.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006817-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ROSALINA DA SILVA GONÇALVES MILLEO(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA.).PROCESSO: 0006817-50.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006817-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de OliveiraRECORRIDO: ROSALINA DA SILVA GONÇALVES MILLEOADVOGADO (S): MARCELO NUNES DA SILVEIRA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.

Page 146: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-62 ... INSS em face do acórdão de fls. 159/161, ... CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR

PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

102 - 0000311-79.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.000311-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x JOSÉ MAURO MORAIS (ADVOGADO:ES014259 - JULIANE BORLINI COUTINHO.).PROCESSO: 0000311-79.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.000311-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): TELMA SUELI FEITOSA DE FREITASRECORRIDO: JOSÉ MAURO MORAISADVOGADO (S): JULIANE BORLINI COUTINHO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ.PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos deDeclaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pela TNU na Súmula 9 de sua jurisprudência.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interpor

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recurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pela TNU, o reconhecimento do tempo de serviço como especial no caso em que o PPP indica fornecimento de EPIeficaz não encontra óbice nos artigos 195, §5º e 201, § 1º, da CRFB/1988.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Acolher os embargosTotal 16 : Dar parcial provimentoTotal 17 : Dar provimentoTotal 22 : Dar provimento ao rec. do réu e negar o do autorTotal 1 : Ementa/AcórdãoTotal 2 : Negar provimentoTotal 44 :