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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-182 ADEIR RODRIGUES VIANA-65, 66 ADENILSON VIANA NERY-181, 50, 53 ADRIANA ALVES DA COSTA-69 ADRIANA ZANDONADE-136, 138 ADRIENE VALLANDRO TARDIN RODRIGUES-151 ALAN SAMPAIO CAMPOS-59 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-10, 101, 102, 105, 106, 17, 18, 19, 21, 4 AMANTINO PEREIRA PAIVA-176 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-108, 109, 110, 113, 115, 116, 150, 153 ANA CRISTINA DELACIO ABREU-58 ANDERSON MACOHIN SIEGEL-80, 97 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-53, 8 ANDRÉ DIAS IRIGON-77 ANESIO OTTO FIEDLER-158 ANTONIO TEMPONI LEITE-57 AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA-2 BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS-61 Bernard Pereira Almeida-77 BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-44 BRUNO MIRANDA COSTA-177, 28, 39, 59, 63, 68, 81, 91 BRUNO PERSICI-65, 66 BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA-61 CARLA SIMONE VALVASSORI-3 CARLOS BERKENBROCK-35, 41, 76, 84 Carolina Augusta da Rocha Rosado-10, 6, 78, 79, 87, 90 CATARINE MULINARI NICO-177, 48 CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-11, 15 CLEBSON DA SILVEIRA-162, 163, 72, 82 CLECIANE DA COSTA FREITAS SOUZA-5 Dalton Santos Morais-44 DANIEL BORGES MONTEIRO-9 DARIO PEREIRA DE CARVALHO-146 DASIO IZAIAS PANSINI-52 DIOGO MORAES DE MELLO-65, 66 EDGARD VALLE DE SOUZA-180 EDILAMARA RANGEL GOMES-68 EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-143 ELINARA FERNANDES SOARES-55 ELISANGELA BELOTE MARETO-145 ELISANGELA KUMM-143 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-179, 58, 67, 69 EMANOEL PEREIRA SOUZA-69 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-181, 47 FABRICIO FERNANDES DA SILVA-8 FERNANDA BORGO DE ALMEIDA-56 FLAVIO TELES FILOGONIO-165, 173 FREDERICO AUGUSTO MACHADO-74 FREDERICO D. A. IABLONOWSKY-43 FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-176 GERALDO MAGELA CURTINHAS VIEIRA JUNIOR-112, 114 GERONIMO THEML DE MACEDO-111, 114 GILVANIA BINOW-13

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-182ADEIR RODRIGUES VIANA-65, 66ADENILSON VIANA NERY-181, 50, 53ADRIANA ALVES DA COSTA-69ADRIANA ZANDONADE-136, 138ADRIENE VALLANDRO TARDIN RODRIGUES-151ALAN SAMPAIO CAMPOS-59ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-10, 101, 102, 105, 106, 17, 18, 19, 21, 4AMANTINO PEREIRA PAIVA-176ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-108, 109, 110, 113, 115, 116, 150, 153ANA CRISTINA DELACIO ABREU-58ANDERSON MACOHIN SIEGEL-80, 97ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-53, 8ANDRÉ DIAS IRIGON-77ANESIO OTTO FIEDLER-158ANTONIO TEMPONI LEITE-57AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA-2BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS-61Bernard Pereira Almeida-77BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-44BRUNO MIRANDA COSTA-177, 28, 39, 59, 63, 68, 81, 91BRUNO PERSICI-65, 66BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA-61CARLA SIMONE VALVASSORI-3CARLOS BERKENBROCK-35, 41, 76, 84Carolina Augusta da Rocha Rosado-10, 6, 78, 79, 87, 90CATARINE MULINARI NICO-177, 48CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-11, 15CLEBSON DA SILVEIRA-162, 163, 72, 82CLECIANE DA COSTA FREITAS SOUZA-5Dalton Santos Morais-44DANIEL BORGES MONTEIRO-9DARIO PEREIRA DE CARVALHO-146DASIO IZAIAS PANSINI-52DIOGO MORAES DE MELLO-65, 66EDGARD VALLE DE SOUZA-180EDILAMARA RANGEL GOMES-68EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-143ELINARA FERNANDES SOARES-55ELISANGELA BELOTE MARETO-145ELISANGELA KUMM-143ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-179, 58, 67, 69EMANOEL PEREIRA SOUZA-69ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-181, 47FABRICIO FERNANDES DA SILVA-8FERNANDA BORGO DE ALMEIDA-56FLAVIO TELES FILOGONIO-165, 173FREDERICO AUGUSTO MACHADO-74FREDERICO D. A. IABLONOWSKY-43FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-176GERALDO MAGELA CURTINHAS VIEIRA JUNIOR-112, 114GERONIMO THEML DE MACEDO-111, 114GILVANIA BINOW-13

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GIORDANO MORATTI CASTIGLIONI-70Gleison Faria de Castro Filho-60GUSTAVO CABRAL VIEIRA-16, 22, 23, 27, 4, 43, 7, 74GUSTAVO CAMPOS SCHWARTZ-62GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-126, 128GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-119, 120, 125, 130, 133, 134HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA-176HELTON TEIXEIRA RAMOS-58HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-31INGRID SILVA DE MONTEIRO-61Isabela Boechat B. B. de Oliveira-18, 21, 32, 35, 49, 92, 96JALINE IGLEZIAS VIANA-57JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-67JOSÉ EUGÊNIO VALLANDRO-151JOSE GERALDO NUNES FILHO-179JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-94, 98JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-2JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-47JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-17, 57, 70JULIANA ALMENARA ANDAKU-129, 131, 139LARISSA FURTADO BAPTISTA-58LEONARDO PIZZOL VINHA-108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 157, 158, 160, 161, 162, 163, 164, 166,LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-157LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA-154, 155, 156LIDIANE DA PENHA SEGAL-12, 183, 20, 7LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-100LILIAN MAGESKI ALMEIDA-179LUCAS SANTOS AZEREDO-54LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-49LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-175LUCIANO ANTONIO FIOROT-22LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA-112, 117, 118LUIZ ANTONIO TARDIN RODRIGUES-147, 151MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO-61MARCELA BRAVIN BASSETTO-183, 61, 73MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-61MARCELO MATEDI ALVES-108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164,MARCIA RIBEIRO PAIVA-103, 164, 170, 65MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-100, 26, 27, 28, 29, 30, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 78, 81, 85, 86, 87, 88, 89, 90,MARCOS DUPIN COUTINHO-151Marcos Figueredo Marçal-105, 106, 13, 15, 45, 46, 5, 64, 75, 95MARCOS JOSÉ DE JESUS-76, 80, 83, 85, 88MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO-24, 25, 40, 42, 93MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-124, 127, 132, 135, 137MARCUS VINÍCIUS SARAQUINO VINHOSA-142MARGARETH ALVES DE OLIVEIRA-123MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-16, 61MARIA DA GUIA ARAUJO GONCALVES-57MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 72, 75MARIA DE FATIMA MONTEIRO-23MARILUSA CARIAS DE PAULA-77MARINA RIBEIRO FLEURY-140MARINÉIA SAMPAIO SOUTO-178MARIZA GIACOMIN LOZER-24, 93MICHELLE SANTOS DE HOLANDA-184

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NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-24, 9NEIDE DEZANE MARIANI-166, 167, 168PAULA GHIDETTI NERY LOPES-181Paulo Henrique Vaz Fidalgo-3PAULO ROBERTO ALVES DAMACENO-31PAULO ROBERTO BUSSULAR-61PAULO ROBERTO RODRIGUES AMORIM-46PEDRO GALLO VIEIRA-143, 144, 148, 149PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA-141, 147POLNEI DIAS RIBEIRO-45RAQUEL MAMEDE DE LIMA-161RAUL DIAS BORTOLINI-73, 80, 94, 97RENATA BUFFA SOUZA PINTO-145, 152RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-55RICARDO FIGUEIREDO GIORI-104, 107, 6RODOLPHO RANDOW DE FREITAS-14RODRIGO BARBOSA DE BARROS-122RODRIGO COELHO SANTANA-143RODRIGO FIGUEIREDO-41, 76RODRIGO LOPES BRANDÃO-63, 79RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-180, 50ROGERIO SIMOES ALVES-58ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-102, 104, 20, 60SANDRO AMERICANO CÂMARA-64SAYLES RODRIGO SCHUTZ-35, 41, 76SIDNEY FERREIRA SCHREIBER-61SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-107, 159, 171, 30, 62, 86SUELLEM RIBEIRO BOTON-178TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-11, 12, 19, 26, 41, 56, 89, 97THIAGO AARÃO DE MORAES-82, 83UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-1, 182, 25, 40, 42, 51, 52, 54, 71, 93UDNO ZANDONADE-178VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-1VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-160, 169, 172, 174VILMAR LOBO ABDALAH JR.-29VINICIUS DINIZ SANTANA-73, 80, 91, 94, 96, 97, 99Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-184, 2WAGGNER ALBERTO WESTPHALL STABENOW-151WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-71WELLINGTON RIBEIRO VIEIRA-54WESLEY CORREA CARVALHO-51YARA CRISTINA CUSTÓDIO COURA-56

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Nro. Boletim 2013.000099 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO

06/06/2013Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000878-85.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000878-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA APARECIDA ESTEVES DE JESUS (ADVOGADO: VANESSAMARIA BARROS GURGEL ZANONI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000878-85.2009.4.02.5053/01

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RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA APARECIDA ESTEVES DE JESUSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE PARCIAL TEMPORÁRIAATESTADA EM LAUDO MÉDICO PERICIAL – RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA – ANÁLISE DOS DEMAISELEMENTOS DE PROVA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 93/95, que julgouprocedente o pleito autoral para condenar a autarquia previdenciária a restabelecer o beneficio previdenciário deauxílio-doença desde a sua cessação, em 29/06/2008, até o dia 01/08/2010. Em razões de recurso, o INSS alega que arecorrente, após a cessação do referido benefício, voltou a laborar por cinco meses, demonstrando, assim, que não estavaincapacitada para o trabalho. Nesses termos, requer a improcedência do pedido inicial. Destarte, em caso de manutençãoda sentença, requer o desconto dos meses trabalhados até o efetivo implemento do benefício, postulando que seja fixada aDIB na data posterior à cessação do labor da recorrida. Contrarrazões às fls. 107/110.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, x da Lei nº 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. O perito do juízo, em laudo de fls. 65/69, constatou que a autora, cozinheira, atualmente com 41 (quarenta e um) anos deidade, apresenta-se com cisto sinoval em punho direito (resposta ao quesito 01), enfermidade que a incapacitavatemporariamente, havendo a indicação de cirurgia para a exerese do referido cisto. Com base nessa conclusão, omagistrado de piso determinou o restabelecimento do benefício auxílio-doença, fixando, contudo, a data de cessação dobenefício em 01/08/2010, data imediatamente anterior ao início do contrato de trabalho indicado na fl. 92.

4. O INSS, em seu recurso, limita-se a defender que a autora não se encontrava incapaz porque retornou às suasatividades laborativas, o que não procede. Embora o Juízo a quo tenha fixado termo final para o benefício em razão de aautora ter firmado contrato de trabalho, entendo que o exercício de labor não é suficiente para impedir a concessão doauxílio-doença, tendo em vista que, muitas vezes, os segurados continuam trabalhando, ainda que se encontrem emcondições precárias de saúde, por motivo único de subsistência, razão pela qual, não se pode classificar tais indivíduoscomo capazes para o labor utilizando este único argumento.

5. Quanto ao recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa nos períodos em que o segurado,embora incapaz, tenha exercido atividade laborativa (29/06/2008 a 07/11/2008, no caso dos autos), a jurisprudência maisrecente da Turma Nacional de Uniformização manifesta-se no sentido da possibilidade da referida cumulação, senãovejamos:

EMENTA – VOTO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA AUTARQUIA-RÉ. PEDIDO DE CONCESSÃODE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TEMA REFERENTE À IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DEAUXÍLIO-DOENÇA EM PERÍODO EM QUE O AUTOR MANTEVE VÍNCULO LABORAL. CONHECIMENTO EDESPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Pedido de concessão de benefício por incapacidade. 2. Sentença de parcialprocedência do pedido (fls. 61/63). Hipótese de restabelecimento do auxílio-doença indevidamente cessado, a contar de28-07-2009. 3. Manutenção da sentença pela Turma Recursal de Santa Catarina, com espeque no art. 46 da Lei nº9.099/95 (fls. 85/86). 4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela autarquia-ré, com fundamento no art.14, da Lei nº 10.259/2.001 (fls. 111/128). 5. Defesa de serem os benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria porinvalidez substitutivos da renda e, assim, inacumuláveis com a percepção de salário decorrente de exercício de atividadelaborativa. 6. Indicação, pela recorrente, dos seguintes precedentes: processo nº 2006.81.00.502226-3, da lavra da TurmaRecursal do Ceará; e processo nº 2008.51.67.001892-0, emanado da Turma Recursal do Rio de Janeiro. Cópia dosjulgados às fls. 123/128. 7. Admissibilidade do presente incidente pela Presidência da Turma Recursal de Santa Catarina(fls. 87/89). 8. Existência de similitude fático-jurídica entre os precedentes invocados e o caso dos autos. 9. Anotação devínculo empregatício em nome da parte autora durante o curso da ação: por si só, não tem o condão de afastar a conclusãoda perícia médica, já que o segurado precisa se manter durante o longo período em que é obrigado a aguardar aimplantação do benefício, situação em que se vê compelido a retornar ao trabalho, mesmo sem ter a sua saúderestabelecida, em verdadeiro estado de necessidade. 10. Documentação constante dos autos - informa afastamento dafunção laborativa desempenhada pela parte autora junto à “Cidade Viagens e Turismo Ltda. – EPP” em 31-08-2009,consoante Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho à fl. 55 verso. 11. Manutenção do termo inicial do benefícioconcedido à parte na data fixada no “decisium”, motivada pela firmeza do laudo pericial elaborado, não devendo serdescontado o pagamento no período em que a autora exerceu atividade remunerada. Inteligência do art. 124, da Lei nº8.213/91. 12. No processo de nº 2009.72.54.006451-6, julgado representativo, ficou decidido em sessão anterior que "épossível o recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa, num mesmo período, quando osegurado encontrava-se comprovadamente incapaz para o trabalho, posto que, em tal hipótese, o segurado trabalhou por

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necessidade de manter sua subsistência". 13. Desprovimento do incidente apresentado pela autarquia-ré.(PEDILEF 00019946520094047254, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DOU 03/08/2012.)

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos.

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n.º 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

2 - 0001039-04.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001039-7/01) SEBASTIAO DOS SANTOS (ADVOGADO: AUGUSTOCESAR DA FONSECA ALMEIDA, JOSE IRINEU DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x OS MESMOS.PROCESSO Nº 0001039-04.2009.4.02.5051/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E SEBASTIÃO DOS SANTOSRECORRIDO(S): OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela parte ré (INSS) e pela parte autora em face da sentença de fls. 62/64,que julgou parcialmente procedente o pedido autoral e condenou a autarquia previdenciária ao restabelecimento dobeneficio previdenciário de auxílio-doença a partir da juntada do laudo pericial (23/02/2010), bem como à sua conversão emaposentadoria por invalidez, com DIB na data da sentença.

O INSS (primeiro recorrente), em razões de recurso de fls. 70/74, argui, preliminarmente, a incompetência absoluta daJustiça Federal tendo em vista se tratar de auxílio-doença por acidente de trabalho. No mérito, sustenta a ausência deincapacidade, defendendo que o ato administrativo que veiculou a cessação do benefício goza de presunção de veracidadee de legitimidade. Por fim, caso não sejam acolhidos os argumentos anteriores, requer, ao menos, o afastamento dacondenação em conceder a aposentadoria por invalidez. Contrarrazões às fls.84/86.

Por sua vez, o autor (segundo recorrente), em recurso inominado adesivo, alega que o juiz a quo equivocou-se ao deferir obenefício de auxílio-doença somente a partir de 23/02/2010 (data da juntada do exame pericial aos autos), requerendo quea DIB seja fixada em 30/10/2008 (data do requerimento administrativo).

É o relatório. Passo ao voto.

Assiste razão ao recorrente ao suscitar a preliminar de incompetência absoluta da Justiça Federal para processar e julgar opresente feito.

Compulsando os autos, observo que o último benefício concedido pelo INSS foi o auxílio-doença por acidente do trabalho(espécie 91), e não o auxílio-doença previdenciário (espécie 31) (fl. 53). Embora o autor não tenha alegado acidente detrabalho, pediu o restabelecimento do mesmo auxílio-doença concedido pelo INSS, ou seja, o benefício da espécie 91.

Ressalte-se que o auxílio-doença acidentário é mais vantajoso para o autor por dispensar a carência, garantir estabilidadeprovisória de 12 meses (art. 118 da Lei nº 8.213/91) e ensejar isenção de Imposto de Renda (art. 6º, XIV, Lei nº 7.713/88).

Pois bem.

É certo que a classificação adotada pelo INSS em sede administrativa (91 – auxílio-doença previdenciário) não vincula aanálise dos fatos por este Juízo, devendo prevalecer a realidade fática (acidente de trabalho) sobre a classificação dadapelo INSS. Contudo, analisando os autos, me convenço de que o benefício requerido pelo autor possui, de fato, origemacidentária.

O autor exercia a função de ajudante de pátio na empresa Cajugran Granitos e Mármores do Brasil Ltda. (fl. 11) e osrelatórios do SABI (fls. 21/37), juntados pelo INSS, dão conta de que a enfermidade que o acometeu – ferimentos notornozelo e pé esquerdos, que evoluíram para ulceração – foi ocasionada por um casqueiro de granito que caiu em seumembro inferior em 18/06/2003.

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A resposta do perito de que não haveria nexo de causalidade entre a doença/lesão apresentada e o local de trabalho daparte autora não deve ser considerada, pois se encontra em total contradição com as demais informações do laudo pericial(fls. 42/43). O expert afirmou expressamente que o periciado se queixava de dores no pé esquerdo “desde que sofreuacidente no local de trabalho”, diagnosticando sequela decorrente de acidente, com dermatite na face anterior do péesquerdo.

Assim, a meu ver, mostra-se indene de dúvidas que a causa de pedir e o pedido deduzidos na petição inicial possuemcorrelação lógica com acidente de trabalho.

Nos termos do artigo 109, inciso I, da Constituição, compete aos juízes federais o processo e julgamento das causas emque União, entidades autárquicas ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentesou oponentes, ressalvada a competência das Varas de Acidentes de Trabalho.

Por seu turno, o art. 129, II, da Lei nº 8.213/91 estabelece que as ações referentes a acidente de trabalho serão apreciadaspela Justiça Comum Estadual.

De acordo com as Súmulas 501 do STF e 15 do STJ compete à Justiça Estadual (Vara de Acidentes de Trabalho) oprocesso e julgamento de causas decorrentes de acidentes de trabalho, ainda que em face de autarquia federal.

Neste sentido:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. ART. 109, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA 501 DO STF e 15 doSTJ. INCOMPETÊNCIA RECURSAL DA JUSTIÇA FEDERAL RECONHECIDA DE OFÍCIO.1. Trata-se de apelação contra sentença que condenou o ora apelante a restabelecer o benefício de auxílio-doençadecorrente de acidente de trabalho (fl. 27).2. "Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente de trabalho" (Súmula nº. 15 do STJ)."Compete à Justiça ordinária Estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente detrabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista"(Súmula nº. 501 do STF).3. Incompetência recursal do TRF da 1ª Região reconhecida, de ofício. Remessa dos autos ao Tribunal de Justiça doEstado de Minas Gerais (TRF 1ª Região - AC 200801990324157 - DJF1 DATA:03/10/2008 p.167).

Friese-se, por oportuno, que não vislumbro, ressalvado o juízo posterior que venha a ser feito pelo magistrado a quemcouber a distribuição deste processo, competência da Justiça do Trabalho.

O deslinde da questão ora controvertida não exige apreciação nem tem como causa de pedir o vínculo laboral (suaconstituição ou forma de extinção). A pretensão indenizatória fundada em acidente de trabalho não tem como causa ovínculo laboral, sua constituição ou forma de extinção, mas sim, o acidente do trabalho, o que, à luz da Súmula 15 STJ e dainterpretação do artigo 109, inciso I, da CF, é da competência da Justiça Estadual.

Pelo exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte ré (INSS) para declarar aincompetência da Justiça Federal e anular a sentença recorrida, mantendo, entretanto, os efeitos da tutela concedida atéque a questão venha a ser analisada pelo juízo da Justiça Estadual da Comarca de Vitória (Vara de Acidentes do Trabalho).

Reconhecida a incompetência material da Justiça Federal, cabe declinar de competência em favor da Justiça Estadual. Aextinção do processo contraria a economia processual, pois impede o aproveitamento dos atos processuais sem conteúdodecisório.

Com o provimento do recurso do INSS e a conseqüente declaração de incompetência deste Juízo e anulação da sentençarecorrida, perde o objeto o recurso interposto pela parte autora, de modo que deve o mesmo ser julgado prejudicado.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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PROCESSO Nº 0001039-04.2009.4.02.5051/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E SEBASTIÃO DOS SANTOSRECORRIDO(S): OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE. NEXO DE CAUSALIDADE COM A ATIVIDADE LABORAL.INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL RECONHECIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. VARADE ACIDENTE DO TRABALHO. SENTENÇA ANULADA. RECURSO INTERPOSTO PELO INSS PROVIDO. RECURSO DAPARTE AUTORA PREJUDICADO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao recurso do INSS para DECLARAR AINCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL, ENCAMINHANDO OS AUTOS PARA A VARA ESPECIALIZADAEM ACIDENTES DO TRABALHO DA COMARCA DA CAPITAL. Acordam, ainda, os Srs. Juízes da Turma Recursal dosJuizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo JULGAR PREJUDICADO o recurso da parte autora, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

3 - 0000003-78.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000003-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x ADILSON ALVES DOS SANTOS (ADVOGADO: CARLA SIMONEVALVASSORI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000003-78.2010.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADILSON ALVES DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA – CONFIGURAÇÃO DAINCAPACIDADE POR PERÍCIA JUDICIAL REGULAR – EXERCÍCIO DE TRABALHO NÃO OBSTA A CONCESSÃO DOAUXÍLIO-DOENÇA E CONCLUSÃO DE INCAPACIDADE – POSSIBILIDADE DE PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIOCONCOMITANTEMENTE COM RECEBIMENTO DE SALÁRIO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 85/88, que julgouprocedente o pedido da exordial e concedeu à parte autora o benefício de auxílio-doença. Sustenta o INSS, em suas razõesrecursais, que o autor está trabalhando na empresa A.R.L. DE SOUZA – ME, o que demonstra que ele se encontra capazpara o exercício de suas atividades laborativas. Ademais, alega que não é possível cumular o benefício de auxílio-doençacom salário, sob pena de se estar cometendo enriquecimento ilícito. Sem contrarrazões.

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2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, conforme se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. O autor, atualmente com 50 (cinqüenta) anos, alega se encontrar incapacitado para suas atividades laborativas. Ficou emgozo de auxílio-doença em diversos períodos entre os anos de 2004 e 2008 (fls 93/94), os quais, somados, correspondem amais de três anos e meio. Em exame pericial (fls. 72/74), foi constatado que o periciado é portador de transtornopsiquiátrico (doença mental), encontrando-se em tratamento psiquiátrico agressivo. Assim, em razão de exercer a funçãode guarda municipal, o jusperito concluiu que o autor apresentava risco para a sociedade. O perito informou, ainda, que,pela característica de sua enfermidade, o requerente não pode lidar com o público, razão pela qual existe incapacidade paraseu trabalho habitual, concluindo, por fim, que é indicado ao paciente internação psiquiátrica.

4. Logo, tomando-se como base a pericia judicial e os documentos médicos juntados à inicial (fls. 17/23), entendo querestou categoricamente comprovada a inaptidão do autor para o exercício de sua atividade habitual de guarda municipal.

5. No que se refere ao fato de o segurado se encontrar trabalhando quando do recebimento do auxílio-doença, ressalto queisto não é fator suficiente para obstar a concessão do benefício, tendo em vista que, muitas vezes, os segurados continuamtrabalhando, ainda que se encontrem em condições precárias de saúde, por motivo único de subsistência, razão pela qual,não se pode classificar tais indivíduos como capazes para o labor utilizando este único argumento.

6. Quanto ao recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa nos períodos em que o segurado,embora incapaz, tenha exercido atividade laborativa a jurisprudência mais recente da Turma Nacional de Uniformizaçãomanifesta-se no sentido da possibilidade da referida cumulação, senão vejamos:

EMENTA – VOTO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA AUTARQUIA-RÉ. PEDIDO DE CONCESSÃODE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TEMA REFERENTE À IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DEAUXÍLIO-DOENÇA EM PERÍODO EM QUE O AUTOR MANTEVE VÍNCULO LABORAL. CONHECIMENTO EDESPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Pedido de concessão de benefício por incapacidade. 2. Sentença de parcialprocedência do pedido (fls. 61/63). Hipótese de restabelecimento do auxílio-doença indevidamente cessado, a contar de28-07-2009. 3. Manutenção da sentença pela Turma Recursal de Santa Catarina, com espeque no art. 46 da Lei nº9.099/95 (fls. 85/86). 4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela autarquia-ré, com fundamento no art.14, da Lei nº 10.259/2.001 (fls. 111/128). 5. Defesa de serem os benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria porinvalidez substitutivos da renda e, assim, inacumuláveis com a percepção de salário decorrente de exercício de atividadelaborativa. 6. Indicação, pela recorrente, dos seguintes precedentes: processo nº 2006.81.00.502226-3, da lavra da TurmaRecursal do Ceará; e processo nº 2008.51.67.001892-0, emanado da Turma Recursal do Rio de Janeiro. Cópia dosjulgados às fls. 123/128. 7. Admissibilidade do presente incidente pela Presidência da Turma Recursal de Santa Catarina(fls. 87/89). 8. Existência de similitude fático-jurídica entre os precedentes invocados e o caso dos autos. 9. Anotação devínculo empregatício em nome da parte autora durante o curso da ação: por si só, não tem o condão de afastar a conclusãoda perícia médica, já que o segurado precisa se manter durante o longo período em que é obrigado a aguardar aimplantação do benefício, situação em que se vê compelido a retornar ao trabalho, mesmo sem ter a sua saúderestabelecida, em verdadeiro estado de necessidade. 10. Documentação constante dos autos - informa afastamento dafunção laborativa desempenhada pela parte autora junto à “Cidade Viagens e Turismo Ltda. – EPP” em 31-08-2009,consoante Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho à fl. 55 verso. 11. Manutenção do termo inicial do benefícioconcedido à parte na data fixada no “decisium”, motivada pela firmeza do laudo pericial elaborado, não devendo serdescontado o pagamento no período em que a autora exerceu atividade remunerada. Inteligência do art. 124, da Lei nº8.213/91. 12. No processo de nº 2009.72.54.006451-6, julgado representativo, ficou decidido em sessão anterior que "épossível o recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa, num mesmo período, quando osegurado encontrava-se comprovadamente incapaz para o trabalho, posto que, em tal hipótese, o segurado trabalhou pornecessidade de manter sua subsistência". 13. Desprovimento do incidente apresentado pela autarquia-ré.(PEDILEF 00019946520094047254, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DOU 03/08/2012.)

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

8. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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4 - 0000792-55.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000792-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ADAIR SILVA DE ALMEIDA (DEF.PUB: ALINEFELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).RECURSODE SENTENÇA N.º 0000792-55.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADAIR SILVA DE ALMEIDARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – EXCLUSÃO DA RENDADOS PAIS IDOSOS - CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 107/110, que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor do requerentedeficiente físico. Alega o INSS, em razões recursais, que não foram preenchidos os requisitos para a concessão dobenefício, uma vez que a renda familiar ultrapassa ¼ do salário mínimo. Ademais, sustenta a Autarquia Previdenciáriarecorrente que não é possível aplicar mais de uma vez a regra do art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/03, de sorte quenão há que se falar em exclusão da aposentadoria de ambos os pais para que a família se enquadre no requisitomiserabilidade, o que exclui o direito do autor de receber o benefício pleiteado. Contrarrazões às fls. 129/136.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, que comprove nãopossuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapazde prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ dosalário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).

3. No caso em tela, a controvérsia reside na aferição do requisito “miserabilidade”, haja vista a deficiência ter sidodevidamente comprovada, na medida em que o recorrido recebeu, por mais de 10 (dez) anos, benefício de amparo social àpessoa portadora de deficiência concedido administrativamente. Alega o recorrente que o Estatuto do Idoso, ao possibilitara exclusão dos valores provenientes de outro benefício de prestação continuada concedido ao idoso do cálculo da rendafamiliar per capita, não contemplou uma segunda aplicação da benesse para a mesma família.

4. Contudo, tal entendimento não é recepcionado pelos tribunais pátrios. Nos termos da jurisprudência consolidada naTurma Nacional de Uniformização, para fins de concessão de benefício assistencial a deficiente, a regra do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/03, se aplica por analogia. Vejamos a ementa do citado precedente:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIOASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DEDEFICIENTE. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL RECEBIDO POR OUTRO MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR IDOSO.EXCLUSÃO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR. 1. Para fins de concessão de benefício assistencial a deficiente, odisposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplica por analogia para a exclusão deum benefício assistencial recebido por outro membro do grupo familiar idoso, o qual também fica excluído do grupo parafins de cálculo da renda familiar per capita. 2. Pedido de uniformização do INSS improvido. (PEDIDO 200870950024923,JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, 11/06/2010)

5. Nesta senda, entendo que devem ser excluídos do cômputo da renda familiar per capita os benefícios assistenciaispercebidos por ambos os pais do autor. Isso porque o benefício previsto na LOAS e no Estatuto do Idoso configurabenefício de caráter personalíssimo, destinado ao sustento e à manutenção exclusiva do agraciado. Assim, não é plausívelque um benefício de caráter alimentar, concedido a uma pessoa considerada hipossuficiente pelo ordenamento jurídico,deva ser dividido para a subsistência de outros, muito menos de alguém que se encontra no mesmo estado devulnerabilidade. Logo, não se deve imputar ao idoso a manutenção de alguém que está no mesmo patamar de fragilidade.Ademais, a Lei nº 10.741/03, em nenhum momento, exclui a possibilidade de dupla aplicação da benesse, sendo certo queas cláusulas que prevêem direitos não devem ser interpretadas restritivamente. Nesse sentido já se manifestou o SuperiorTribunal de Justiça, em incidente de uniformização de jurisprudência, senão vejamos:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITAFAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefícioassistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, destinando essa verba exclusivamente à sua subsistência.2. Nessa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a concessão de benefício deprestação continuada.3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,

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na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar.4. Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capitaqualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, j. em 10/08/2011).

6. Pelo exposto, faz jus o autor, ora recorrido, ao recebimento do benefício pretendido, com o pagamento das parcelasvencidas a título de benefício assistencial desde a data da cessação indevida do benefício assistencial anteriormenteconcedido (31/03/2009).

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Ausência de condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatíciosao recorrido, nos termos da Súmula nº 421 do Superior Tribunal de Justiça (Os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

5 - 0002963-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002963-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x BRYAN CRUZ FERNANDES (ADVOGADO:CLECIANE DA COSTA FREITAS SOUZA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002963-82.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: BRYAN CRUZ FERNANDESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI Nº 8.742/93 – AFERIÇÃO DAS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS POR MEIO DE DOCUMENTOSJUNTADOS AOS AUTOS E PELO RELATÓRIO SOCIAL – POSSIBILIDADE – CONSTATAÇÃO DE RENDA PER CAPITADO GRUPO FAMILIAR SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença de fls. 66/67, que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício assistencial de prestação continuada à pessoa portadora de deficiência,previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS). Em razões recursais, o réu alega que a sentença não merece prosperar, pois a rendaper capita do grupo familiar supera substancialmente o valor previsto na legislação correspondente ao critério objetivoestipulado no § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93, defendendo que a análise da situação de miserabilidade deve ser feitaexclusivamente com base no critério objetivo da renda per capita da família. Não houve contrarrazões.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família.

3. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, segundo dispõe o art. 20, §2º e §3º, considera-se pessoa portadora dedeficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, eminteração com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõescom as demais pessoas. Por outro lado, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso,a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

4. Inicialmente, cabe esclarecer ser irrelevante o fato de o pedido da inicial se referir à aposentadoria por invalidez. Porcerto, se torna desprezível a distinção entre as ações previdenciárias quando as mesmas tratam sobre matéria deincapacidade, por se tratar de um mesmo suporte fático, devendo, pois, incidir o princípio da fungibilidade nestes casos.Assim, uma vez implementados os requisitos necessários, em razão da relevância social que envolve o assunto, deve serconcedido o benefício adequado, em atenção aos princípios da economia processual, celeridade e fungibilidade. Ademais,

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no caso concreto, observa-se que o requerimento indeferido administrativamente que gerou o interesse de agir destademanda refere-se ao benefício de amparo social ao deficiente, pelo que se revela acertada a decisão do Juízo de primeirograu de analisar a causa de pedir como sendo de benefício assistencial.

5. No que se refere ao critério objetivo definido em lei, único requisito impugnado no recurso do INSS, há que se ressaltarque o STJ, no julgamento do REsp 1.112.557/MG, proferido pelo sistemática dos recursos repetitivos, pacificou oentendimento de que o critério objetivo deve ser considerado apenas como um limite mínimo de renda, sem descartar,porém, a possibilidade de levar em consideração outros fatores referentes á situação econômico-financeira do beneficiário eque tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade da parte e de sua família. Nesse diapasão, além daanálise do laudo social (fl. 51/57), o magistrado pode averiguar a presença dos requisitos necessários ao deferimento dobenefício de prestação continuada por meio dos demais documentos juntados ao processo (fl. 17/47).

6. Conforme parecer social, o autor do processo tem muitas necessidades por ter ficado paraplégico. Além dasnecessidades básicas, são diversos gastos com medicamentos, transporte, exames e acompanhamento da enfermidade. Abaixa renda da sua mãe, que percebe apenas R$ 672,91, apesar de ser superior ao mínimo legal previsto na legislação,não vem conseguindo garantir a subsistência da família, composta, nos termos da lei, pelo autor, sua genitora e suas duasfilhas. Comprovadamente, a renda da família é insuficiente para prover todas as despesas, prejudicando a garantia dasubsistência do autor em condições dignas, na medida em que a maior parte dos proventos da matriarca da família édirecionada para o pagamento do aluguel do imóvel no qual mora o grupo familiar (R$ 400,00).

7. Quanto ao prequestionamento sobre a aplicação do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93, manifesto-me no sentido de que atormenta hermenêutica que ainda existe em torno da interpretação de tal dispositivo não pode restringir ou colocar em riscoo mínimo social constitucional. Ademais, a dignidade humana, erigida a fundamento da Constituição da República com oobjetivo de construir uma sociedade justa e solidaria, impede a interpretação literal do artigo citado.

8. Desse modo, conclui-se que o autor faz jus ao benefício de prestação continuada.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

10. Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento dehonorários advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, daLei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado. BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

6 - 0000403-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000403-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL BARBOSA DUARTE(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000403-70.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: MIGUEL BARBOSA DUARTERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE INCAPACIDADE, CONFORME ATESTADO PELAPERÍCIA REGULAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 52/53, que julgouimprocedente o pedido de concessão do amparo assistencial à pessoa portadora de deficiência, previsto na Lei nº 8.742/93(LOAS). Em razões recursais, alega a autora que o laudo pericial é superficial, que os documentos particulares atestamcategoricamente que possui artrose na coluna cervical e que, em decorrência disso, sente fortes dores que o incapacitampara atividades laborativas que está habilitado, visto que elas lhe requerem esforço físico.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família.

3. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se pessoa portadora de deficiência aquela que tem

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impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversasbarreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demaispessoas. Por outro lado, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

4. Em exame médico pericial (fls. 27/28), o perito do juízo concluiu que o requerente possui artrose na coluna cervical,entretanto, não há que se falar em incapacidade. Por outro lado, o recorrente juntou apenas documentos médicos (fls.10/18 e 78/81) que se limitam a informar que ele possui a referida doença, sem mais detalhes médicos, razão pela qual,não se perfazem suficiente para atestar eventual incapacidade e rechaçar a conclusão prescrita na perícia judicial.

5. Cabe ressaltar que a perícia judicial é de extrema importância para auxiliar o julgador em seu convencimento quando oslaudos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que está sendo motivo de controvérsiapelas partes, o que se verifica no presente caso, razão pela qual, havendo laudos divergentes, não há como considerar osdocumentos médicos particulares do autor em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particularesse mostrem suficientes à comprovação da doença mencionada, ou quando comprovada falha grave no laudo oficial,hipóteses que não ocorreram no caso vertente.

6. Por fim, relato que, nessas condições, se torna irrelevante analisar o requisito da renda per capita familiar, já que orequisito de incapacidade não foi preenchido.

7. Recurso conhecido e improviso. Sentença integralmente mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 13, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

7 - 0000443-52.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000443-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JACIARA MENEZESGUIMARAES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000443-52.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: JACIARA MENEZES GUMARÃESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE INCAPACIDADE, CONFORME ATESTADO PELAPERÍCIA REGULAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 48/49, que julgouimprocedente o pedido de concessão do amparo assistencial à pessoa portadora de deficiência, previsto na Lei nº 8.742/93(LOAS). Em razões recursais, alega o autor que o laudo pericial é superficial e que os documentos particulares atestamcategoricamente que possui severo transtorno psíquico, apresentando Esquizofrenia Paranóide e Transtorno AfetivoBipolar, episódio atual maníaco com sintomas psicóticos. Em decorrência, apresenta síndrome do pânico, variação decomportamento, com crises de nervosismo, agressividade, agitação, esquecimento, choro, episódios de ausência,dificuldade de concentração, amnésia, tonturas, fobia com aglomeração de pessoas, barulho e lugares fechados, fortesdores de cabeça e confusão mental, fatos esses que a tornam incapaz de exercer qualquer tipo de atividade laborativa.Contrarrazões às fls 64/69.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família.

3. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se pessoa portadora de deficiência aquela que temimpedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas

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barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demaispessoas. Por outro lado, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

4. Em exame médico pericial (fls. 23/24), o perito do juízo concluiu que a requerente possui transtorno afetivo bipolar, masque, ainda assim, possui aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual. Por outro lado, a recorrente juntouapenas documentos médicos (fls. 12/16 e 32/34) que se limitam a informar que possui as referidas doenças, sem maisdetalhes médicos, razão pela qual, não se perfazem suficientes para atestar eventual incapacidade e rechaçar a conclusãoprescrita na perícia judicial.

5. Cabe ressaltar que a perícia judicial é de extrema importância para auxiliar o julgador em seu convencimento quando oslaudos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que está sendo motivo de controvérsiapelas partes, o que se verifica no presente caso, razão pela qual, havendo laudos divergentes, não há como considerar osdocumentos médicos particulares do autor em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particularesse mostrem suficientes à comprovação da incapacidade para o trabalho ou quando comprovada falha grave no laudo oficial,hipóteses que não ocorreram no caso vertente.

6. Por fim, relato que, nessas condições, se torna irrelevante analisar o requisito da renda per capita familiar, já que orequisito de incapacidade não foi preenchido.

7. Recurso conhecido e improviso. Sentença integralmente mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 18, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

8 - 0000444-02.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000444-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIS CARLOS DOS SANTOS(ADVOGADO: FABRICIO FERNANDES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000444-02.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: LUIZ CARLOS DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls.70/72, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do beneficio assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.

Irresignada, insurge-se a parte autora por meio de apelo inominado, sob alegação de que a renda familiar não é suficientepara suprir as necessidades básicas da família, que possui muitos gastos com os filhos deficientes mentais, fazendo jus,portanto, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.

Em contrarrazões de fls. 88/93, o INSS assevera que a renda per capita da família do autor é superior ao limite legal de ¼do salário mínimo. Alega, também, que não deve ser considerado, para fins de composição do núcleo familiar do autor, seuirmão maior de 21 anos.

É o relatório. Passo a proferir voto.

A Constituição Federal, em seu art. 203, regulada pela Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, exige, como requisitopara a obtenção do benefício assistencial, tão somente a comprovação da condição de deficiente ou idoso, bem como asituação de desamparo do beneficiário.

Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprove nãopossuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do citadodispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da

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mesma forma, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja rendamensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

Primeiramente, cabe destacar que, no presente caso, a controvérsia se pauta exclusivamente naquilo que se refere ao fatode a renda per capita familiar do autor ser superior a ¼ do salário mínimo vigente e à possibilidade de se flexibilizar esserequisito objetivo diante da comprovação do estado de miserabilidade, eis que sua deficiência incapacitante não é motivo decontestação.

Quanto ao requisito da renda per capita, vê-se que, de fato, a renda familiar do autor é superior a de ¼ do salário mínimovigente, o que não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742 de 1993, desdeque comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante.

De acordo com o relatório social acostado às fls. 25/29, o recorrente possui 40 anos e vive com sua mãe (que contava com63 anos, desempregada), com seu pai (que contava com 68 anos, aposentado) e seu irmão (com 38 anos, desempregado).Na visita, observou-se que a casa da família localiza-se nos fundos de outra, sendo bem simples, de alvenaria e telhas deamianto. Constatou-se, ainda, que possui 4 cômodos pequenos e que a família é de classe social pobre. A renda da famíliaé composta pela aposentadoria do pai do autor no valor de R$ 745 (fls. 105), mas a família gasta, em media, R$ 50,00 pormês com remédios. No parecer social (fl.29), a assistente social relata que, aparentemente, o outro irmão também possuidistúrbios psíquicos, pois o comportamento é estranho e, segundo relato da genitora, ambos os filhos tem epilepsia,fazendo uso de medicamento em decorrência disso.

O STF, no julgamento de ação direta de inconstitucionalidade n° 1232, decidiu que deve ser aplicado o critério objetivofixado pela norma (art. 20, § 3º da Lei 8.742/93) não cabendo interpretação do citado dispositivo legal de forma diversa. Nopresente caso, não há que se falar em inconstitucionalidade da regra, mas de lhe conferir interpretação em consonânciacom o princípio da dignidade da pessoa, no sentido de se reconhecer a possibilidade de que esse parâmetro objetivo sejaconjugado, no caso concreto, com outros fatores indicativos do estado de penúria do cidadão.

“O exame dos votos proferidos no julgamento revela que o Supremo Tribunal apenas declarou que a norma do art. 20 e seu§ 3º da Lei n. 8.742/93 não apresentava inconstitucionalidade ao definir limites gerais para o pagamento do benefício a serassumido pelo INSS, ora Reclamante. Mas não afirmou que, no exame do caso concreto, o juiz não poderia fixar o que sefizesse mister para que a norma constitucional do art. 203, inc. V, e demais direitos fundamentais e princípiosconstitucionais se cumprissem rigorosa, prioritária e inescusavelmente. (...) De se concluir, portanto, que o SupremoTribunal teve por constitucional, em tese (cuidava-se de controle abstrato), a norma do art. 20 da Lei n. 8.742/93, mas nãoafirmou inexistirem outras situações concretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquelanorma” (STF, Rcl 3805/SP, Min. Carmen Lúcia, DJ 18/10/2006, p.00041).

A jurisprudência é predominante no sentido de que o limite de ¼ do salário mínimo não é absoluto, podendo ser constatadaa miserabilidade a partir de outros elementos. Ademais, cumpre mencionar que a recorrente mora em uma casa simples,com telhado de amianto, que seus pais são idosos e que o irmão também sofre distúrbios psíquicos.

Nesses termos, a meu ver, a renda per capita familiar não é suficiente para suprir as necessidades básicas de alimentação,vestuário, despesas residenciais, entre outras, de uma família de 4 pessoas, sendo que uma delas possui necessidadesque não são comuns à todos. Por tais razões, verifico comprovada a miserabilidade que autoriza a concessão do benefício.A Súmula nº 11 da TNU dispõe que: “A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo nãoimpede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº. 8.742 de 1993, desde que comprovada, poroutros meios, a miserabilidade do postulante.”

No concernente à composição do grupo familiar, a alegação de que o irmão maior de 21 anos deve ser desconsiderado,não é válida. A atual redação da Lei nº 8.742/93, em seu artigo 20, §1º, prescreve:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e aoidoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem detê-la provida por sua família.

§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, naausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,desde que vivam sob o mesmo teto.

Como se observa, a exigência de que o irmão do autor possuísse 21 anos foi alterada em 2011, passando a serconsiderado não mais o requisito etário, mas a sua relação de dependência com relação aos pais.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para determinar a concessão dobenefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, desde a DER, é dizer, 12/06/2008 (fl. 07).

Defiro, nesta oportunidade, a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO em favor do recorrente, porquantoreputo presentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentação de fato e de direitolançada neste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráter alimentar dobenefício pleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaço ante direitos

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fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional. Logo, a benefício deveráser implantada no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado, e a comprovação do pagamento deverá serpromovida no prazo de dez dias após a revisão.

Condeno o INSS ao pagamento das diferenças devidas desde o ajuizamento da ação, as quais serão pagas acrescidas decorreção monetária e de juros de mora, estes à taxa de 1% ao mês, observada, a partir de 30/06/2009, a nova regra deatualização/juros prevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º 11.960/09), a despeito do entendimentopessoal deste magistrado.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, nem honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000444-02.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: LUIZ CARLOS DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – ASSISTÊNCIA SOCIAL - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93 - RENDA MENSAL SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO - MISERABILIDADE DEMONSTRADA POR MEIO DEOUTROS ELEMENTOS DE PROVA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

9 - 0004419-33.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004419-1/01) ALEXANDRE CABRAL DE VASCONCELOS NETO(ADVOGADO: DANIEL BORGES MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0004419-33.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: ALEXANDRE CABRAL DE VASCONCELOS NETORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso contra decisão liminar que, nos autos do processo originário, indeferiu o pedido de tutela antecipadarequerido, por reputar que o direito alegado ainda não se encontrava firmemente comprovado, sendo necessária a instruçãoprocessual, com a produção da prova pericial.

Sustenta o recorrente que o magistrado a quo não teria observado de modo pormenorizado os laudos médicosapresentados e, sobretudo, a gravidade da moléstia que o acomete, destacando ser imprescindível a concessão da tutelaantecipada pretendida.

É o relatório. Passo ao voto.

Compulsando os autos do processo originário, observo que foi proferida sentença de mérito em 25/03/2013 (fl. 104/106), aqual julgou improcedente o pedido inicial de concessão do benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez,ante a conclusão da perícia médica oficial no sentido de inexistir incapacidade laborativa.

Nesses, termos, há que se concluir pela prejudicialidade recursal.

O juízo de cognição das tutelas de urgência não é exauriente, mas sim sumário, em razão do evidente perigo de dano e daverossimilhança das alegações da parte autora, nos exatos termos do artigo 273 do Código de Processo Civil. As tutelas deurgência são concedidas de forma precária, estando sua eficácia subordinada à prolação da sentença, concedida apóscognição exauriente.

Após o julgamento final da lide no primeiro grau de jurisdição, esgota-se a finalidade da medida antecipatória, prevalecendocomando normativo da sentença que confirma o deferimento ou o indeferimento da antecipação da tutela, ou ainda,extingue o processo sem julgamento de mérito.

Assim, a partir da prolação da sentença, as tutelas de urgência deverão ser apreciadas pelo relator do Recurso deSentença, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.259/2001.

Conclui-se, portanto, que houve a perda de objeto do recurso de medida cautelar, haja vista que a decisão recorrida nãomais subsiste, ante a prolação da sentença. Nesse sentido já se posicionou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça. (REsp818169/CE; MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI - PRIMEIRA TURMA - DJ 15/05/2006 ).

Ante o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0004419-33.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: ALEXANDRE CABRAL DE VASCONCELOS NETORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA PROFERIDA.PREJUDICIALIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa que passa aintegrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

10 - 0003297-53.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003297-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOANA D'ARC DE SOUSADALBEM (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO N. 0003297-53.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOANA D’ARC DE SOUSA DALBEMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 59/61 que julgouextinto o processo, sem resolução do mérito, em relação à pretensão de manutenção de auxílio-doença no períodoposterior a 21/06/2010 e julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença no períodoretroativo a 18/07/2009 a 20/06/2010. Em suas razões de recurso (fls. 64/71), a recorrente alega, em síntese: i) que aanálise de ausência de incapacidade com base no laudo médico-pericial está equivocada, pois não reflete a real situaçãovivida pela recorrente; ii) que a decisão cerceou a defesa da parte e não permitiu a produção de prova imprescindível, qualseja, a designação de perícia com médico especialista em pneumologia a fim de esclarecer a controvérsia. Contrarrazõesàs fls. 75/80.

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2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, técnica em enfermagem, atualmente com 52 anos de idade, alega que é portadora de lúpuseritematoso, fibrose pulmonar e problemas psiquiátricos, estando afastada das atividades funcionais desde 2004 por nãopossuir capacidade laborativa. Foi deferido o benefício auxílio-doença no âmbito administrativo nos períodos de 25/10/2005a 17/07/2009 e de 21/06/2010 a 31/07/2011.5. Visando aferir o estado de incapacidade, foram designadas duas perícias médicas. O primeiro laudo pericial (fls. 24/26),lavrado por médico clínico geral em 21/09/2010, atesta, por meio dos laudos apresentados pela autora e do exame clínicopericial, que a requerente possui lúpus eritematoso, esquizofrenia e fibrose pulmonar por colagenose. O perito aindacomenta que o lúpus é uma doença capaz de produzir combinações variáveis com outras enfermidades e que sua evoluçãoclínica caracteriza-se por períodos de remissões e recidivas agudas (fl. 24). Com base nos elementos e fatos expostos eanalisados, o expert, contudo, afastou a existência de incapacidade para a sua atividade laboral, pois não foi constatadaatividade do lúpus em relação às articulações, nem processo inflamatório dos órgãos ou alterações neurológicas devido àdoença. Por sua vez, o segundo laudo pericial (fls. 33/34), elaborado por médico especialista em psiquiatria em 21/12/2010,identificou a existência de transtorno depressivo recorrente, o que, segundo o expert também não foi o suficiente paracaracterizar incapacidade para o trabalho, pois, quando do exame, a periciada se encontrava “lúcida, orientada, coerente,cooperativa e calma”, não tendo sido detectados distúrbios do comportamento e/ou alterações sensoperceptivas dignas denota.

6. Os documentos particulares juntados pela recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Oslaudos juntados a inicial referem-se ao período em que autora estava recebendo o beneficio. Não há laudo que ateste aincapacidade no trabalho no período de 18/07/2009 a 20/06/2010, conforme a sentença expôs claramente (fl. 60). Valeressaltar, ainda, que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Nessa senda, cumpre registrar que o ordenamento processual não prevê a exigência de nomeação de médicoespecialista na enfermidade indicada pelo requerente, já que o registro nos quadros no Conselho Regional de Medicina –CRM habilita o profissional a aferir a (in)capacidade laborativa do paciente. A “especialidade” a que alude o artigo 145, §2º,do CPC deve ser vista de maneira ampla, tanto assim que o próprio dispositivo legal a relaciona à necessidade de registrono órgão profissional competente (que, no caso, é representado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM), não sendonecessário, para que a perícia tenha validade, que o médico comprove especialidade dentro da medicina supostamentecompatível com a enfermidade de que padece o paciente.

8. Por fim, quanto à cessação, em 31/07/2011, do segundo benefício concedido administrativamente, a recorrente nãotrouxe aos autos sequer um laudo ou exame particular que indicasse a potencial ilicitude do exame pericial levado a efeitopelo INSS, de modo que deve prevalecer a presunção de veracidade e legalidade do mesmo. Assim, não há documentoválido nos autos atestando a necessidade de permanência da concessão do benefício auxílio-doença. Ressalte-se,ademais, que a sentença, quanto ao período posterior a 21/06/2010, extinguiu o feito, sem resolução do mérito, porausência de interesse de agir, não tendo o recorrente se insurgido expressamente quanto a este ponto, de modo que, ameu ver, a suposta cessação indevida deve ser discutida em novos autos, devidamente instruídos com a provaimprescindível.

9. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 19, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

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Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

11 - 0004211-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004211-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DOS SANTOS(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO N. 0004211-20.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSÉ DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ – INCAPACIDADE PERMANENTE NÃO COMPROVADA PELA PERÍCIA JUDICIAL – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, contra a sentença de fls. 108/109, que julgouimprocedente a pretensão autoral de conversão do benefício auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Em suasrazões, aduz o recorrente que se encontra incapacitado para o trabalho de forma permanente, por estar acometido daDoença de Legg-Calvé-Perthes, com abaulamento discal da coluna lombar, bursite e tendinite no ombro esquerdo. Alémdisso, afirma que há mais de um ano é beneficiário de auxílio-doença, sem que tenha havido qualquer melhora em seuestado de saúde. Alega, ainda, que o perito do Juízo não atuou com a diligência necessária na realização do exame pericial.O INSS, em suas contrarrazões, sustenta que o recorrente não preenche os requisitos que autorizam a concessão daaposentadoria por invalidez e afirma que é possível a reabilitação do recorrente para a realização de outra atividade laboralcompatível com as limitações impostas pelo seu estado de saúde.

2. A aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42, caput, da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, tendocumprido o período de carência, quando exigida, e, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz einsusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.

3. No caso dos autos, verifica-se que o recorrente não faz jus à concessão do benefício de aposentadoria por invalidez,uma vez que, embora tenha sido constatada, no âmbito da Previdência Social, incapacidade para o exercício de seutrabalho, motivo, inclusive, que levou o recorrido a conceder-lhe o benefício de auxílio-doença, não restou evidenciada, aolongo da instrução probatória, sua incapacidade permanente nem sua inadaptabilidade para o desempenho de outraatividade laboral.

4. Assinale-se que o laudo pericial de fls. 89/90, emitido por médico especialista na área de ortopedia, é categórico aoatestar que o recorrido encontra-se apto para desenvolver sua atividade habitual, sem necessidade de adaptações e semque isso implique risco à sua saúde.

5. Apesar da irresignação do recorrente, não há nos autos elementos probatórios suficientes para afastar a conclusão doperito oficial. E isso porque, apesar de constarem dos laudos médicos particulares colacionados pelo autor às fls. 38/50afirmações dando conta de sua “incapacidade definitiva” para o exercício das atividades profissionais, o Enunciado nº 08 daTurma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo fixou o entendimento de que, em sendo conclusivo o laudo da períciajudicial acerca da plena capacidade laborativa da parte, este deve prevalecer sobre o laudo particular.

6. Ademais, conforme registrado na sentença impugnada, o recorrente nasceu em 1966 e, atualmente, tem 46 anos. Diantedesse fato e considerando que a enfermidade de que padece não o impede de realizar atividades leves, não seria prudentedesconsiderar o seu potencial de reabilitação para o exercício de outra atividade que lhe garanta a subsistência, haja vistaque participou de programa de reabilitação profissional objetivando elevar a sua escolaridade (fl. 107), e não consta dosautos que tal experiência tenha sido infrutífera.

7. Também importa dizer que, ao contrário do que sustenta o recorrente, o exame pericial realizou-se em observância àsnormas processuais, assegurando-lhe a possibilidade de participar na produção da prova, sem que haja qualquer indício deque o perito do juízo tenha exercido seu mister com incúria.

8. A parte autora, ora recorrente, portanto, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferidapelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

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9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o benefício da assistênciajudiciária deferido à fl. 80, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na formada ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

12 - 0000150-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000150-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSENIR PEREIRA LIPAUS(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMASUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0000150-82.2011.4.02.5050/0 1RECORRENTE: JOSENIR PEREIRA LIPAUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORALCONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – DESNECESSIDADE DE NOVA PERICIA JUDICIAL – PREVALÊNCIA DAPERÍCIA MÉDICA JUDICIAL SOBRE OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO– SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 46/47, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo(17/11/2009). A recorrente sustenta, em suas razões, que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com suareal condição de saúde. Afirma, ainda, que, além dos problemas de cunho psiquiátrico, possui grande dificuldade paradeambular, devido a problemas de cunho ortopédico, sendo que tais enfermidades são determinantes para suaincapacidade laborativa. Por fim, postula pela reforma da sentença. Contrarrazões às fls. 77/80.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. A autora, empregada doméstica, atualmente com 45 (quarenta e cinco) anos de idade, alega, em sua inicial, estarincapacitada para o trabalho por estar acometida de transtorno psiquiátrico com quadro depressivo. O laudo médicoexarado pelo perito nomeado pelo Juízo, especialista na patologia indicada na inicial, diagnosticou transtorno depressivo(resposta ao quesito 01). Concluiu o perito, porém, que a parte autora não se encontra incapacitada para o labor, pois, aoexame físico, a paciente apresentava-se lúcida, orientada no tempo e espaço, coerente, calma, cooperativa e compercepção normal da realidade (fls. 23/24).

4. Em sede recursal, a recorrente inova ao dizer que, além dos problemas de cunho psiquiátrico, apresenta problemasortopédicos que contribuem para sua incapacidade, pois, em razão destes problemas, necessita andar de muletas.Contudo, além de se tratar de questão estranha à causa de pedir do presente feito, observo que o perito, emboraespecialista em psiquiatria, avaliou que a autora podia andar normalmente, subir escadas, carregar peso e ficar em pé outrabalhar sentada (resposta ao quesito 11). Some-se a isto o fato de que os laudos juntados ao recurso não se mostraramcontundentes quanto ao estado de incapacidade e de que o exame de fls. 64/65 (tomografia computadorizada da colunalombar) não demonstrar anomalias dignas de nota, mas apenas desgastes habituais ocasionados pelo decurso da idade.

5. Nesses termos, diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, esterelator entende que inexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para olabor em geral, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.Entendimento contrário significaria equiparar os conceitos de doença e incapacidade, uma vez que o indivíduo podepadecer de patologia e, ainda assim, deter plena capacidade para a execução de atividades laborativas, ainda que parafunções não equivalentes às suas habituais. Apesar de a recorrente colacionar atestados médicos particulares em que seregistra sua inaptidão para o trabalho, não vislumbro aparato suficiente a ilidir as provas técnicas produzidas nos autos,ressaltando-se, ainda, o entendimento explicitado no Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados EspeciaisFederais da Seção Judiciária do Espírito Santo:

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O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

6. Com efeito, não me parece plausível deferir o benefício previdenciário pretendido se constatada a capacidade para otrabalho habitual da autora/recorrente a menos que os laudos particulares se mostrem suficientes à comprovação daincapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipóteses que não ocorreram no casovertente.

7. Por fim, destaco que, de fato, o julgador não se encontra adstrito à conclusão do laudo médico pericial. Contudo, aperícia médica realizada em juízo ainda é a forma mais eficaz e eficiente de se comprovar a incapacidade laboral dorequerente, pois a produção de prova pericial, por médico indicado pelo Juízo, é prova hábil e legítima à constatação daveracidade do alegado.

8. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferidapelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação da recorrente ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada a situaçãofinanceira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl.18,suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

13 - 0001105-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001105-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO JOÃO LORENZON(ADVOGADO: GILVANIA BINOW.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MarcosFigueredo Marçal.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0001105-50.2010.4.02.5050/0 1RECORRENTE: ROMILDO JOÃO LORENZONRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORALCONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL SOBRE OS LAUDOSMÉDICOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 43, que julgouimprocedente o pleito autoral de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde a data da cessação administrativa(31/08/2009). O recorrente sustenta, em suas razões, que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com suareal condição de saúde, requerendo que o juiz não fique adstrito ao mesmo e aduzindo que a incapacidade não pode serfixada apenas sob o ponto de vista médico, devendo ser analisados, também, os demais elementos sociais da parterequerente. Por fim, postula pela reforma da sentença. Contrarrazões às fls.57/58.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. O autor, ajudante de caminhão, atualmente com 59 (cinqüenta e nove) anos de idade, alega possuir diversos problemasde coluna (lombalgia e tendinopatia de manguito de ombro) que o incapacitam para o trabalho, do qual se encontraafastado desde fevereiro de 2007. Esteve em gozo do benefício auxílio-doença NB 520.315.002-4 de 25/04/2007 a31/08/2009, cessado por limite médico. O laudo médico exarado pelo perito nomeado pelo Juízo (fls. 23/25), especialistaem ortopedia, diagnosticou espondilodiscopatia (resposta ao quesito 01). Contudo, após exame clínico e análise deressonância magnética da lombar, concluiu o perito que a parte autora não se encontra incapacitada para o labor, se

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encontrando assintomático no momento da perícia.

4. Quanto aos laudos particulares, observo que o autor juntou aos autos apenas três laudos médicos, datados de 10/2009 a02/2010 (fls. 10/12), sendo que apenas um indica incapacidade, sem maiores esclarecimentos (fl. 11), e um laudo deressonância magnética da coluna lombar (fl. 13), que foi levado em consideração pelo perito do Juízo.

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Os documentosmédicos juntados pela parte autora¸ in casu, não são suficientes para afastar as conclusões da perícia médica judicial,observando-se, ainda, a orientação do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo:

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

6. Com efeito, não me parece plausível deferir o benefício previdenciário pretendido, se constatada a capacidade para otrabalho habitual da autora/recorrente a menos que os laudos particulares se mostrem suficientes à comprovação daincapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipóteses que não ocorreram no casovertente.

7. Apesar de a recorrente colacionar atestados médicos particulares em que se registra sua inaptidão para o trabalho, nãovislumbro aparato suficiente a ilidir as provas técnicas produzidas nos autos. Outrossim, quadra salientar que, a despeito daconstatação de moléstias qualificadas como degenerativas, tal diagnóstico não induz à ilação necessária de que a parte nãopode ter ou recuperar a capacidade para o labor. Entendimento contrário significaria equiparar os conceitos de doença eincapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de patologia e, ainda assim, deter plena capacidade para a execuçãode atividades laborativas, ainda que para funções não equivalentes às suas habituais. Desta forma, resta concluir que arecorrente não faz jus ao benefício de auxílio-doença.

8. Por fim, ressalto que, embora, de fato, o julgador não esteja adstrito à conclusão do laudo médico pericial, a períciamédica realizada em juízo é forma eficaz e eficiente de se comprovar a incapacidade laboral do requerente, pois a produçãode prova pericial, por médico indicado pelo Juízo, é prova hábil e legítima à constatação da veracidade do alegado.

9. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferidapelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação da recorrente ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada a situaçãofinanceira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl.15,suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

14 - 0002098-93.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002098-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DORIVAL JOSE DA SILVA(ADVOGADO: RODOLPHO RANDOW DE FREITAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0002098-93.2010.4.02.5050/0 1RECORRENTE: DORIVAL JOSE DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – PERCEPÇÃO DE PARCELAS ATRASADAS

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RELATIVA AO PERÍODO DE 19/12/2009 A 30/06/2010 – IMPOSSIBILIDADE – EXISTÊNCIA DE LAUDOSPARTICULARES COMPROVANDO O ESTADO DE INCAPACIDADE NESTE PERÍODO – RECURSO CONHECIDO EPROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 54/55, quejulgou improcedente o pedido de condenação do réu a pagar os proventos de auxílio-doença retroativos ao período de19.12.2009 a 30.06.2010. Em suas razões de recurso (fls. 66/70), alega o recorrente que não laborou no períodosupracitado e que as informações prestadas ao INSS foram um equívoco do empregador. Salienta, ainda, que sua condiçãode saúde não se alterou no período entre a cessação do primeiro benefício e o início do segundo. Por fim, postula pelareforma da sentença. Contrarrazões às fls. 74/77.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. A controvérsia dos autos cinge-se aos valores supostamente devidos a título de auxílio-doença no período de 19/12/2009a 30/06/2010. A sentença os denegou em virtude de o recorrente supostamente ter voltado a receber remuneração doempregador em dez/2009.

4. Cabe destacar que, no sentir deste relator, o fato de o recorrente ter ou não recebido remuneração de seu empregadorno período acima não influencia de maneira determinante a conclusão acerca do seu estado de (in)capacidade, visto queele poderia ter trabalhado mesmo incapacitado, tendo em vista a necessidade de subsistência. O ponto determinante emquestão, assim, é se o recorrente estava ou não incapacitado para suas atividades habituais no período questionado.

5. Em uma análise de todo arcabouço processual, vejo que o autor juntou aos autos documentos que demonstram que eleestaria incapacitado no período pleiteado. Isso porque todos os atestados médicos acostados, que são datados demarço/2010 – período compreendido entre a cessação de um benefício e a concessão do outro –, indicam que o autorencontrava-se acometido de hérnia de disco, doença reconhecida como incapacitante pela perícia médica oficial eensejadora da concessão dos dois benefícios de auxílio-doença em favor do autor. Assim, há que se concluir que aincapacidade do autor não sofreu solução de continuidade, perdurando nesses 6 (seis) meses nos quais o benefício foinegado administrativamente.

5. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e a ele DOU PROVIMENTO para determinar o restabelecimento do benefícioauxílio-doença NB 533.468.729-3 desde sua a cessação (19/12/2009) até a implantação do benefício auxílio-doença NB541.626.656-9 (30/06/2010).

6. As parcelas vencidas serão pagas acrescidas de correção monetária e de juros de mora, estes à taxa de 1% ao mês,observada, a partir de 30/06/2009, a nova regra de atualização/juros prevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferidapela Lei n.º 11.960/09.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

15 - 0003424-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003424-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ANTONIO MACHADODOS PASSOS (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO N. 0003424-88.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSÉ ANTONIO MACHADO DOS PASSOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

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1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 35/36 que julgouimprocedente o pedido de concessão do auxílio-doença, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Em suasrazões de recurso (fls. 39/45), o recorrente alega, em síntese, que o perito nomeado pelo Juízo não cumpriu todas asdiligências necessárias à aferição do estado de incapacidade, declarando o periciado apto para o seu trabalho mesmo apósele ter apresentado laudos e exames que comprovariam sua difícil situação. Contrarrazões às fls. 51/53.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. O autor, ora recorrente, pintor, atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade, alega que está afastado do trabalhodesde 29/11/2009, quando quebrou a perna direita e sofreu fratura no calcâneo direito. Defende não possuir firmeza e nãoconseguir pisar direito. Recebeu beneficio de auxílio-doença de 29/11/2009 a 31/03/2010 (fl. 12). Contudo, a partir dessadata, o recorrente não foi mais considerado inapto para o trabalho, sendo negados todos os pedidos de beneficio.

5. O laudo pericial de fls. 18/19 atesta que o paciente queixou-se de dor no tornozelo direito decorrente de fratura docalcâneo direito. No entanto, de acordo com o perito, ao exame físico, o periciado apresentou “marcha normal semlimitação funcional com um leve aumento do reto PE direito” (quesito 02), limitação que não incapacitaria o autor. Por outrolado, os documentos particulares juntados pela recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Olaudo de fl. 10 afirma que, realizada a radiografia, não se constatou nenhuma alteração. Desse modo, reputo não haverdocumento válido nos autos demonstrando a necessidade de permanência da concessão do benefício auxílio-doença.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 13, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

16 - 0004702-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004702-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LACI GOMES DA SILVA(ADVOGADO: MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO N. 0004702-27.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: LACI GOMES DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

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1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 54/55, quejulgou improcedente o pedido veiculado na inicial. Em suas razões de recurso (fls. 57/59), a recorrente alega, em síntese,que o conjunto probatório dos autos acerca da sua incapacidade é suficiente para que sejam deferidos os pedidos feitos.Sem contrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, industriária, atualmente com 46 (quarenta e seis) anos de idade (fl. 27), percebeu benefícioauxílio-doença de 17/06/2009 a 12/05/2010 (fls. 44), por ser portadora de artrose, fibromialgia, osteoartrite e depressão. Noentanto, teve indeferidos, por parecer contrário da perícia médica, os requerimentos formulados em 14/05/2010 (NB540.900.586-0) e em 02/09/2010 (NB 542.578.366-6. O laudo pericial (fl. 37) atestou a presença de artrite reumatóide,porém, após análise de exames e do estado da paciente, o douto perito concluiu que não havia incapacidade para otrabalho. Os documentos anexados à inicial (fls. 9/10, 12/14, 16/18 e 22) são da época em que foi concedido auxílio-doençaà autora, sendo que dois dentre eles não estão datados. Restou analisar somente uma receita de medicamentos (fl. 11) euma declaração médica (fl. 15). Esta informou que a paciente se encontra em acompanhamento, mas não atestou suaincapacidade e aquela, a meu ver, consigna um tratamento por medicamentos que, por si só, não comprova incapacidadepara o labor. Portanto, posso afirmar que o ato administrativo que indeferiu a prorrogação do beneficio pleiteado foi legal elegítimo, sendo corroborado pela perícia do juízo. Assim, não há substrato técnico hábil a retirar a credibilidade do laudopericial e a atestar a necessidade de permanência da concessão do benefício auxílio-doença.

5. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

6. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 24, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

17 - 0003683-20.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003683-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GRACINA VIEIRA RIGO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0003683-20.2009.4.02.5050/0 1RECORRENTE: GRACINA VIEIRA RIGORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADAPELO LAUDO PERICIAL – ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DA REQUERENTE COMO COMPLEMENTAÇÃO DA

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PERÍCIA JUDICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES –RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/90, que julgouimprocedente o pleito autoral de restabelecimento do benefício auxílio-doença NB 128.485.479-2 desde a sua cessação,em 21/11/2007, e de sua conversão em aposentadoria por invalidez. A recorrente sustenta, em suas razões, que seencontra incapacitada para o exercício de suas atividades habituais e que o laudo emitido pelo perito do juízo teve excessode objetividade, requerendo que o juiz não fique adstrito ao mesmo e aduzindo que a incapacidade não pode ser fixadaapenas sob o ponto de vista médico, devendo ser analisados, também, os seus demais elementos sociais. Por fim, postulapela reforma da sentença. Contrarrazões às fls. 103/105.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no art. 42 da Lei nº 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A autora, auxiliar de serviços gerais, atualmente com 57 (cinqüenta e sete) anos de idade, aduz que foi atropelada saindodo trabalho e que, por tal motivo, ficou com vários problemas de saúde, chegando a receber benefício auxílio-doença até21/11/2007. Contudo, apesar da cessação administrativa do benefício, defende que ainda precisa dele, alegando possuirtranstorno depressivo recorrente (CID 10 F33), transtorno de personalidade e do comportamento devidos à doença, à lesãoe a disfunção cerebral (CID 10 F07), além de stress pós traumático (CID 10 F43.1, transtorno depressivo recorrente comsintomas psicóticos (CID 10 F33.1 e transtorno misto ansioso e depressivo (CID 10 F41.2), os quais seriam decorrentes doacidente automobilístico que sofreu. Segundo extratos do PLENUS (fl. 87/88), a autora gozou auxílio-doença nos períodosde 14/04/2000 a 03/07/2000 e de 26/03/2003 a 21/11/2007, tendo todos os requerimentos administrativos posterioresindeferidos por parecer contrário da perícia médica (02/01/2008, 18/08/2008, 11/11/2008, 22/12/2008, 30/04/2009,22/07/2010 e 01/12/2010).

4. O exame da incapacidade ficou a cargo da perícia médica designada com perito especialista em psiquiatria. O laudomédico exarado pela perita nomeado pelo Juízo (fls. 56/57) diagnosticou transtorno misto de ansiedade e depressão (CID10 F41.2). Contudo, a expert , após exame clínico e anamnese psiquiátrica, afirmou que não foram identificadascaracterísticas anátomofuncionais ou fisiopatológicas da doença na pericianda, concluindo que a autora possui aptidão paraexercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais (resposta aos quesitos 08 e 09), pois não havia limitaçõesfuncionais para o desempenho da mesma.

5. A autora alega que os documentos particulares juntados aos autos demonstrariam o estado de incapacidade (fls. 30/41).Compulsando-os, observo que eles demonstram que, de fato, a autora encontra-se em acompanhamento psicológico, poisteria apresentado quadro depressivo após o acidente automobilístico. Contudo, os laudos que indicam incapacidade sãodemasiadamente superficiais ao indicar a causa de tal incapacidade, apenas se referindo a “graves seqüelas”. Ademais,registre-se inexistir referência a qualquer sequela motora decorrente do acidente.

6. Nesses termos, diante da conclusão pericial, analisada em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte,este relator entende que inexistem nos autos elementos capazes de caracterizar a incapacidade da parte para o labor emgeral, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Entendimentocontrário significaria equiparar os conceitos de doença e incapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de patologiae, ainda assim, deter plena capacidade para a execução de atividades laborativas, ainda que para funções não equivalentesàs suas habituais

7. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar os documentos apresentados pela recorrente emdetrimento da conclusão do perito oficial. Com efeito, não me parece plausível deferir o benefício previdenciário pretendido,se constatada a capacidade para o trabalho habitual da autora/recorrente a menos que os laudos particulares se mostremsuficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipótesesque não ocorreram no caso vertente.

8. Por fim, ressalto que não se nega a relevância da análise das condições pessoais da parte autora, ante a sustentadaalegação de incapacidade. Contudo, tal análise deve ser feita de modo complementar ao diagnóstico do perito, não servindopara desconsiderá-lo por completo. Nesses termos, mesmo que presentes os fatores da idade avançada e do supostobaixo grau de instrução, estes não seriam bastante para caracterizar a incapacidade da recorrente e o conseqüente direitoao benefício de auxílio doença, tampouco à aposentadoria por invalidez, já que a perícia judicial, realizada de maneiraregular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, atestou claramente a capacidade da recorrente, motivo pelo qualentendo não ser possível que se considerem apenas as suas condições pessoais para a caracterização da incapacidade.

9. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferidapelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

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10. Condenação da recorrente ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada a situaçãofinanceira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl.50,suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

18 - 0002890-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002890-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DAS GRAÇASMARTINS DAVEL (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO N. 0002890-47.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS MARTINS DAVELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 76/78, que julgouimprocedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, extinguindo o feito com julgamento de mérito. Emsuas razões de recurso (fls. 83/90), a recorrente alega, em síntese, que os laudos médicos anexados aos autos comprovamque as moléstias apresentadas são incapacitantes para o trabalho, mas foram desconsiderados na prolação da sentença,pois o magistrado sentenciante teria se baseado apenas no laudo pericial para formar seu convencimento, o qual, segundoa autora, é totalmente vago e omisso quanto à análise do seu quadro clínico. Ademais, defende que sejam levadas emconsideração as suas condições pessoais. Sem contrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, costureira e vendedora ambulante, atualmente com 63 (sessenta e três) anos de idade, foidiagnostica pela perícia do juízo como possuidora de artrose na coluna cervical e lombar, sem sinais clínicos decompressão nervosa. Após análise dos exames clínicos e dos exames complementares realizados, o perito concluiu,porém, que a pericianda não apresentava alteração geradora de incapacidade, ou seja, que não havia limitaçõesprofissionais ou pessoais.

5. Os laudos e exames particulares juntados pela recorrente (fls. 10/13) não são capazes de demonstrar um quadro desaúde incapacitante. Diante disso, conclui-se que os laudos particulares, in casu, não possuem força suficiente para afastara conclusão do laudo pericial deste Juízo. Vale considerar, ainda, a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursal doEspírito Santo, in verbis: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízoé, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecersobre o particular”. Pondera-se, ademais, que algumas declarações juntadas (fls. 14/16) referem-se a acompanhamentopsiquiátrico que vem sendo feito em um programa de saúde mental, desde maio/2007, mas que não foi alegado comocausa para o benefício, não podendo ser objeto de análise por este Juízo. Outrossim, ainda que pudesse, talacompanhamento demonstraria a existência de incapacidade anterior ao ingresso no RGPS, uma vez que, segundo o CNISanexado (fl. 18), a data da inscrição da autora como contribuinte individual e início dos recolhimentos ocorreram emsetembro/2008, sendo o pedido administrativo de auxílio-doença negado um ano após, em setembro/2009.

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6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Por fim, destaco que, em que pese a eventual relevância das condições pessoais da parte autora ante a sustentadaalegação de incapacidade, estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modoa desconsiderá-lo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de perícia judicial realizadade maneira regular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, impede a concessão do benefício.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 20, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

19 - 0004399-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004399-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSWALDO MOREIRA DESOUZA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO N. 0004399-47.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: OSWALDO MOREIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 97/98, que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento do benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 102/110), o recorrente alega que o magistrado sentenciante,em sua conclusão, ficou adstrito ao laudo pericial, não analisando os laudos particulares apresentados. Declara, ainda, que,considerando a gravidade da doença, a sua idade e as suas condições sócio-culturais, tais como a baixa escolaridade e opouco nível de instrução, não possui qualquer chance de reabilitação profissional ou de ser reinserido de alguma forma nomercado de trabalho. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos os benefíciospleiteados. As contrarrazões estão expostas às fls. 119/122.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

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4. O autor, ora recorrente, auxiliar de serviços gerais, atualmente com 48 (quarenta e oito) anos de idade, alega possuirdiversas complicação em sua coluna lombar, tornozelos e joelhos, enfermidades que o incapacitam para o exercício de seutrabalho. Pelo laudo pericial produzido em juízo (fls. 66/68), o perito diagnosticou a presença de discreta artrose de colunalombar, com exame físico normal, não acarretando incapacidade para sua função de auxiliar de serviços gerais.

5. Foram diversos os laudos particulares juntados pelo recorrente, datados desde o ano de 2008 até o mais recente, de16/06/2011 (fls. 124/126). Na interposição do recurso foi anexado laudo médico particular (fls. 111/113), com indicação deque o paciente se encontraria inapto para o trabalho definitivamente. Porém, tais laudos não demonstram a incapacidadelaboral do autor, não afastando a pericia realizada pelo juízo. Não há evidências, portanto, capazes de superar o que foidecidido. Vale considerar, ainda, a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursal do Espírito Santo, in verbis: “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Com efeito,apesar de o autor já ter gozado benefício auxílio-doença, ela não trouxe aos autos documentos capazes de demonstrar queo seu quadro de saúde permaneceu inalterado, de modo que deve ser considerada a possibilidade de ter havido a suarecuperação.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Por fim, destaco que, em que pese a eventual relevância das condições pessoais da parte autora, ante a sustentadaalegação de incapacidade, entendo que estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, enão de modo a desconsiderá-lo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de períciajudicial realizada de maneira regular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, impede a concessão do benefício.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl.58, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

20 - 0000437-45.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000437-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANESSA FLAVIABELLUMAT (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000437-45.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: VANESSA FLAVIA BELLUMATRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXILIO DOENÇA. INÍCIO DA INCAPACIDADE ANTERIOR AO INGRESSONO RGPS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 33, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício de auxilio doença por entender que a autora não detinha aqualidade de segurada na data do início da incapacidade. Em razões de recurso, a recorrente sustenta que o início da suaincapacidade se deu em época que era segurada da Previdência Social e que, em decorrência da divergência entre seuentendimento e o defendido pela Autarquia Previdenciária, a perícia deveria ter sido determinada para que ela pudesseproduzir outras provas no sentido de comprovar suas afirmações. Contrarrazões às fls. 62/65.

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A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Conforme constatação da perícia médica do INSS, a qual goza da presunção de veracidade e legitimidade, o início daincapacidade (DII) ocorreu em 27/01/2009, ocasião em que a autora não detinha a qualidade de segurada do RGPS. Aautora, por discordar da data fixada pelo INSS, alega que sua incapacidade iniciou-se em 2005, ou seja, em período queainda havia vínculo com a Previdência Social. Desta forma, apela para que, por meio de laudos acostados ao recurso, sejareconhecido o direito à percepção do benefício.

Cabe esclarecer que a data de início da incapacidade corresponde ao momento em que as manifestações da doençaprovocaram um volume de alterações morfopsicofisiológicas que impediram o desempenho das funções específicas deuma profissão, obrigando ao afastamento do trabalho. Assim sendo, a qualidade de segurado, para fins de concessão deauxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, deve estar presente quando do início da incapacidade. É vedada aconcessão de benefício se, na data do início da incapacidade, o postulante não possuir a qualidade de segurado especialdo regime geral de previdência social, sob pena se frustrar o caráter securitário da Previdência Social.

No caso em concreto, se a data do início da incapacidade fosse entre os anos de 2005 a 2007, a recorrente deveria, pornecessidade, ter recorrido neste período à concessão do benefício. Ademais, verificando os laudos médicos particularesjuntados pela recorrente (fls. 15/21 e 42/57), observa-se que nenhum se mostrou suficiente a gerar dúvida no que concerneao início da incapacidade apresentada pela perícia do INSS. Pelo contrário, como bem lançado pelo MM. Juiz Federal aquo, o atestado médico datado de 08/12/2010 (fl. 17) certifica que a autora já padecia da patologia incapacitante ao menosdesde 23/06/2008.

Diante dessas informações, tenho que a parte não faz jus a qualquer benefício previdenciário, restando caracterizado que aparte autora só contribuiu para o RGPS após a instalação da incapacidade para o trabalho, circunstância que inviabiliza aconcessão dos benefícios pretendidos, nos termos do art. 59, parágrafo único, da Lei 8.213/91:

Art. 59. (...)Parágrafo único – Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando da incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Ressalta-se que o termo “se filiar” alcança tanto o ingresso quanto o reingresso do segurado no regime de previdênciasocial. A lei se refere ao gênero (filiação), que, por certo, engloba as duas espécies (ingresso e reingresso). Assim sendo,em razão de a incapacidade da autora ter se consolidado quando esta não mais detinha a qualidade de segurado, bemcomo considerando que a autora reingressou no sistema já portadora de incapacidade, não faz jus a qualquer dosbenefícios requeridos.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 33, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

21 - 0002893-02.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002893-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA DE BRITORANGEL (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002893-02.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: MARIA DA PENHA DE BRITO RANGELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. INÍCIO DA ALEGADA INCAPACIDADE ANTERIOR AOINGRESSO NO RGPS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

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1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 59/60, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez, ante aconstatação da capacidade para o trabalho. Em razões de recurso (fls. 64/69), a recorrente sustenta: i) que se encontraincapacitada para o exercício de suas atividades laborativas habituais em razão do seu quadro clínico adverso, agravadopor sua situação sócio-econômica (idade avançada, baixa instrução e baixa renda); ii) que o único elemento de provaacolhido pelo Juízo a quo foi o laudo emitido por perito da confiança do juízo, apesar de ser o mesmo totalmente inócuo einfundado nas respostas aos quesitos. Contrarrazões às fls. 74/78.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. A autora, atualmente com 58 (cinqüenta e oito) anos de idade, faxineira, alega se encontrar impossibilitada para oexercício de suas atividade habituais. Conforme constatação do douto perito judicial, a autora possui poliartralgia com maiorintensidade em coluna cervical, lombar e membros superiores (fl. 47), sendo que essa enfermidade, segundo o expert, nãoa incapacita para o trabalho. As considerações feitas pelo perito, quanto à necessidade de a autora evitar carregar peso emexcesso ou acima da cabeça, são recomendações gerais, aplicáveis até mesmo aos sadios. Ademais, o laudo pericialdeixou claro que não há risco de agravamento da patologia pelo exercício da atividade habitual da autora (quesito 10). Valelembrar que os laudos anexados pela autora na inicial são analisados tanto pelo perito quanto por este juízo em caso deeventuais divergências. Neste caso, porém, verificou-se que a autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autosprovas robustas que pudessem se sobrepor ao laudo pericial, que gozam de presunção de veracidade.

4. Além do mais, pode-se concluir que a recorrente também não faria jus ao benefício por não possuir qualidade desegurada. Na tomografia computadorizada da coluna cervical (fl. 08), realizada em 25/08/2009, a autora já apresentava ossintomas narrados na inicial, porém, naquela data, não ostentava a qualidade de segurado da Previdência Social, visto quesua última contribuição foi realizada em 01/2006 e que somente após a realização desse exame a autora voltou a recolheras contribuições previdenciárias (fls. 20 e 27). Portanto, conclui-se que o reingresso no sistema em 10/2009 ocorreu quandoa autora já se encontrava acometida pela enfermidade pela qual pretendia viabilizar a concessão de benefício porincapacidade.

5. Diante dessas informações, tenho que a parte não faz jus a qualquer benefício previdenciário, restando caracterizado quea parte autora só contribuiu para o RGPS após a instalação da suposta incapacidade para o trabalho, circunstância queinviabiliza a concessão dos benefícios pretendidos, nos termos do art. 59, parágrafo único, da Lei 8.213/91:

Art. 59. (...)Parágrafo único – Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando da incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

6. Ressalta-se que o termo “se filiar” alcança tanto o ingresso quanto o reingresso do segurado no regime de previdênciasocial. A lei se refere ao gênero (filiação), que, por certo, engloba as duas espécies (ingresso e reingresso). Assim sendo,em razão de a incapacidade da autora ter se consolidado quando esta não mais detinha a qualidade de segurado, bemcomo considerando que a autora reingressou no sistema já portadora de incapacidade, não faz jus a qualquer dosbenefícios requeridos.

7. Em que pese a eventual relevância das condições pessoais da parte autora, ante a sustentada alegação deincapacidade, entendo que estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modoa desconsiderá-lo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de perícia judicial realizadade maneira regular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, impede a concessão do benefício. Além disso, conformejá esclarecido, está ausente um dos requisitos para a concessão do beneficio, qual seja, a qualidade de segurado.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 39, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

22 - 0003468-10.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003468-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCIONE ESTEVO DEOLIVEIRA (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0003468-10.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: ALCIONE ESTEVO DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 102/103, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. Reputou o magistradosentenciante não haver prova de incapacidade para o trabalho no período compreendido entre 31/08/2009 e 03/05/2010 eapós 24/02/2011. No período de 04/05/2010 a 24/02/2011 a autora gozou benefício auxílio-doença concedidoadministrativamente.

Em suas razões recursais, a parte recorrente sustenta que o juízo de piso julgou improcedente o pedido com base apenasno laudo pericial, que teria caráter superficial e objetivo, pois teria considerado-a apta para o trabalho sem analisar a realsituação que a acomete.

Contrarrazões às fls. 116/119.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

O auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos.

A aposentadoria por invalidez, por sua vez, por força do disposto no artigo 42, da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe pagaenquanto permanecer nesta condição.

A autora, cuja profissão é de massoterapeuta, conta atualmente com 52 (cinqüenta e dois) anos. Alega, em sua inicial,possuir diversos problemas de ordem ortopédica/traumatológica, entre os quais artrose da coluna cervical, comabaulamento discal, síndrome do túnel do carpo bilateral e artrose da coluna lombar.A controvérsia dos autos cinge-se ao estado de (in)capacidade da parte autora, tendo sido designadas duas perícias paraaferir tal condição.

A primeira perícia, realizada em 06/12/2010, esclareceu que a parte autora realizara cirurgia para tratamento de síndromedo túnel do carpo em punhos direito e esquerdo, apresentando, ao exame físico, dor e incapacidade de apreensão emmãos direita e esquerda, com sinais de processo inflamatório crônico em nervo mediano, bilateralmente. Constatou, assim,incapacidade temporária total ortopédica para o trabalho (fls. 57/58). Ocorre que, entre 04/05/2010 e 24/02/2011, o INSSconcedeu novo auxílio-doença em sede administrativa (fl. 60), não havendo necessidade de tutela judicial nesse período.

Tendo em vista a cessação administrativa em 24/02/2011, devido ao parecer contrário da perícia médica do INSS, foidesignada nova perícia médica.

No novo exame clínico pericial (fls. 84/85), realizado em 26/08/2011, o perito do juízo constatou que a autora é portadora desíndrome compressiva do punho direito e esquerdo, já submetida a tratamento cirúrgico com neurólise dos punhos em2005, 2006 e 2010. Confirmou, também, que a atividade profissional habitual da paciente é a de massoterapeuta. Apesar dediagnosticar tal patologia e confirmar sua atividade laboral, concluiu o expert que a pericianda não estava incapacitada paraexercer suas atividades habituais.

Em contraponto à pericia, os documentos médicos juntados à petição inicial (fls. 21/37) e na época da interposição dorecurso (fls. 110/111 e 126) atestam que a recorrente está acometida de síndrome do túnel do carpo bilateral, além deartrose na coluna lombar e artrose na coluna cervical, com abaulamento discal, em tratamento desde 2005. O laudo deexame eletroneuromiográfico (MMSS) (fl. 126), realizado em 06/12/2011, após, portanto, a segunda perícia, atesta,peremptoriamente, que a autora encontrava-se acometida de “síndrome do túnel do carpo (STC = lesão do nervo medianono segmento do punho) bilateral, com componente mielínico de gravíssima intensidade (pior à esquerda) e acentuadaperda axonal secundária crônica, sem sinais de atividade”.

Embora o magistrado prolator da sentença tenha julgado improcedente o pedido inicial por considerar que a perícia médicanão constatou incapacidade para o trabalho, com a devida vênia, analisando as condições pessoais da autora, bem comoos demais elementos dos autos, ouso discordar de tal entendimento.

Destaque-se que a principal doença que acomete a autora, a síndrome do túnel do carpo, ataca seus membros superiores,sendo que estes são os responsáveis pelo resultado da sua atividade laboral, que é a de massoterapeuta. Vale ressaltar

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que, como demonstra o último exame anexado aos autos (fls. 126), a doença ainda é intensa, o que comprova que, mesmotendo a autora se submetido ao tratamento cirúrgico por três vezes (2005, 2006 e 2010), não houve a obtenção deresultados significativamente positivos. Portanto, a análise somente da prova pericial, feita em determinado dia, a meu ver,não se mostra suficiente, neste caso, para comprovar o estado em que se encontra a autora, sendo, por isso, de granderelevância a consideração dos documentos juntados a inicial.

Com efeito, da análise detida do caderno processual é possível constatar que a parte recorrente vem fazendo jus abenefícios de auxílio-doença desde o ano de 2005 (fl. 65), quando se afastou de suas atividades e deu início ao tratamento.

Considerando que o magistrado não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementosou fatos provados nos autos (CPC, arts. 131 e 436), a percepção quase que ininterrupta do benefício de auxílio-doença porlapso temporal considerável forneceria a este magistrado razões suficientes para o amparo da pretensão autoral. Cuida ahipótese, em verdade, de incapacidade definitiva consolidada pelo tempo.

Pelo exposto, CONHEÇO do recurso inominado e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para determinar:

o restabelecimento do benefício de auxílio-doença NB 516.013.300-0 desde o momento de sua cessação (31/08/2009) até03/05/2010;

o restabelecimento do benefício de auxílio-doença NB 541.010.909-7 desde o momento de sua cessação (24/02/2011) atéa presente data, a partir de quando deve o mesmo ser convertido em aposentadoria por invalidez. Fixo a DIP na presentedata.

Defiro, nesta oportunidade, a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO em favor da recorrente, porquantoreputo presentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentação de fato e de direitolançada neste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráter alimentar dobenefício pleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaço ante direitosfundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional.

Logo, a benefício deverá ser implantada no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado e a comprovação dopagamento deverá ser promovida no prazo de dez dias após a revisão.

Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora, observada adisciplina prevista no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação conferida pela Lei 11.960/2009.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, nem honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0003468-10.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: ALCIONE ESTEVO DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDOSPARTICULARES E CONDIÇÕES PESSOAIS DO RECORRENTE QUE CORROBORAM A CONCLUSÃO JURISDICIONALADOTADA – CONFIGURAÇÃO DE INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA – CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇARETROATIVO À DATA DE SUA CESSAÇÃO, E, POSTERIOR CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR –LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

23 - 0002643-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002643-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NILSON RIBEIRO DE SOUZA(ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002643-66.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: NILSON RIBEIRO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 93, que julgouimprocedente o pedido veiculado na inicial de conversão do auxílio-doença percebido pelo autor em aposentadoria porinvalidez por entender que não houve o preenchimento dos requisitos necessários para tanto.

Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que a sentença não apurou com sensatez as provas contidas nos autos,deixando de levar em consideração as particularidades do caso. Ademais, defende que os laudos médicos comprovam quea existência de incapacidade definitiva para a realização de qualquer atividade laborativa.

Contrarrazões às fls. 107/111.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

O auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos.

A aposentadoria por invalidez, por sua vez, por força do disposto no artigo 42, da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.

O autor é portador de seqüela de fratura do calcâneo direito e lesão do ombro esquerdo, ambos de origem traumática,identificados no exame clínico pericial (fls. 62/66). Atestou o expert que, no momento da realização da perícia, o autorencontrava-se incapacitado totalmente para qualquer atividade laborativa (quesito 9), precisando permanecer afastado dotrabalho por, no mínimo, 90 (noventa) dias após a realização de cirurgia do ombro esquerdo, necessitando de fisioterapiapara recuperação da lesão no calcâneo também por, no mínimo, 90 (noventa) dias. O perito ainda afirmou que, casohouvesse alguma intercorrência em seu tratamento, o autor poderia ser reabilitado para outra função.

Na época do recurso, o recorrente informou que já havia se submetido à cirurgia do ombro esquerdo e que estaria em gozodo beneficio até 23/11/2011. Posto isto, verifica-se que, desde janeiro de 2008, o recorrente faz jus do beneficio de

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auxílio-doença sendo que, conforme consta em extrato do INFBEN, o auxilio está ativo, sem data para cessação dobeneficio (DCB).

Os documentos médicos juntados à petição inicial (fl. 20/34) intensificam o que foi constatado pela perícia do juízo, ou seja,que o autor está em tratamento médico desde janeiro de 2008, quando lhe foi concedido o primeiro auxílio-doença, aespera de uma recuperação que até hoje não aconteceu, já que o próprio INSS através de atos administrativos, portadoresda presunção de legalidade e legitimidade, mantém ativo o benefício. Com isso, após 05 anos de tratamento, comprorrogações ininterruptas do auxílio, a meu ver, trata-se de caso em que deve ser aplicado por analogia o disposto no art.188, §2º da Lei 8.112/90, com a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

Ainda que se entendesse pela não-aplicabilidade do preceptivo da Lei nº 8.112/90, considerando que o magistrado não estáadstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos (CPC, arts.131 e 436), a percepção contínua do benefício de auxílio-doença por lapso temporal considerável (cinco anos) forneceria aeste magistrado razões suficientes para o amparo da pretensão autoral. Cuida a hipótese, em verdade, de incapacidadedefinitiva consolidada pelo tempo.

Desse modo, embora o perito registre, em seu parecer, que a incapacidade do autor é temporária e que havendo algumaintercorrência em seu tratamento, poderia haver reabilitação para outra função, ouso discordar dessa conclusão, haja vistaque, com base no laudo pericial, a patologia que acomete o autor o impossibilita definitivamente para o seu cargo demotorista e como o próprio laudo relatou, trata-se de pessoa com nível de escolaridade baixa e sem nenhuma outraexperiência profissional, com limitações traumatológicas que o restringem a diversas áreas. No meu sentir, entendimentoem sentido contrário implica desrespeito ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (art.1º, inciso III daConstituição Federal).

Pelo exposto, CONHEÇO do recurso inominado e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para determinar que o benefícioauxílio-doença ativo em favor do autor seja convertido em aposentadoria por invalidez, no prazo de 30 (trinta) dias, a contarda intimação deste julgado, devendo o INSS comprovar nos autos a implantação do mesmo até o decurso final do aludidoprazo.

Nesta oportunidade, esclareço que a antecipação dos efeitos da tutela de mérito em favor do recorrente, pleiteados nainicial, fica prejudicada pelo fato de o recorrente encontrar-se em gozo do beneficio auxílio-doença.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei9.099/95.

É o voto.BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002643-66.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: NILSON RIBEIRO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – APLICAÇÃOANALÓGICA DO ART. 188, §2º DA LEI 8.112/90 – LAUDOS PARTICULARES E CONDIÇÕES PESSOAIS DORECORRENTE QUE CORROBORAM A CONCLUSÃO JURISDICIONAL ADOTADA – CONFIGURAÇÃO DEINCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR –LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

24 - 0000659-67.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000659-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLETE CAO LUIZ(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO, MARIZA GIACOMIN LOZER.) x INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).RECURSO Nº 0000659-67.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000659-3/01)RECORRENTE: ARLETE CAO LUIZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

25 - 0000869-21.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000869-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLIVEIRA AZEREDO(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000869-21.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000869-3/01)RECORRENTE: OLIVEIRA AZEREDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

26 - 0005499-66.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005499-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERALDO DE ALMEIDA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0005499-66.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005499-4/01)RECORRENTE: ERALDO DE ALMEIDARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

27 - 0005504-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005504-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EVANGELISTA DOSSANTOS (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0005504-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005504-4/01)RECORRENTE: EVANGELISTA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

28 - 0005518-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005518-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELO XAVIER LETHIERI(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Page 40: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0005518-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005518-4/01)RECORRENTE: MARCELO XAVIER LETHIERIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

29 - 0005521-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005521-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE GERALDO DOSSANTOS (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS (PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..).RECURSO Nº 0005521-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005521-4/01)RECORRENTE: JORGE GERALDO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

30 - 0003696-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003696-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DERLY MARIA DACONCEIÇÃO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

Page 42: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0003696-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003696-7/01)RECORRENTE: DERLY MARIA DA CONCEIÇÃORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

31 - 0001029-49.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001029-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LINDAURA SALVADORDELEVEDOVE (ADVOGADO: PAULO ROBERTO ALVES DAMACENO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

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- INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0001029-49.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001029-0/01)RECORRENTE: LINDAURA SALVADOR DELEVEDOVERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

32 - 0007931-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007931-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VILSON DOS SANTOS(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0007931-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007931-0/01)RECORRENTE: VILSON DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

33 - 0000967-43.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000967-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RUTH DA SILVA ROCHA EOUTRO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS.RECURSO Nº 0000967-43.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000967-2/01)RECORRENTE: RUTH DA SILVA ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

34 - 0000968-28.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000968-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INALDA MARIA DE SOUZA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.

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RECURSO Nº 0000968-28.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000968-4/01)RECORRENTE: INALDA MARIA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

35 - 0006718-17.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006718-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JARI CESAR DE SOUZA(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).

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RECURSO Nº 0006718-17.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006718-6/01)RECORRENTE: JARI CESAR DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

36 - 0000962-21.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000962-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA HELENA PEREIRATONON (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS.

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RECURSO Nº 0000962-21.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000962-3/01)RECORRENTE: MARIA HELENA PEREIRA TONONRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

37 - 0000958-81.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000958-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ANDRELINOSOBRINHO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS.

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RECURSO Nº 0000958-81.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000958-1/01)RECORRENTE: JOSE ANDRELINO SOBRINHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

38 - 0007953-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007953-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANAIR FAMBRE SILVA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0007953-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007953-0/01)

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RECORRENTE: ANAIR FAMBRE SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

39 - 0007902-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007902-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANELITA MARIA CELESTINODA ROCHA (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0007902-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007902-4/01)

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RECORRENTE: ANELITA MARIA CELESTINO DA ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

40 - 0001250-29.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.001250-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIVALDO PIRES DE JESUS(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001250-29.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.001250-7/01)

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RECORRENTE: EDIVALDO PIRES DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

41 - 0100249-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100249-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEBORA GUSMAO SANTOSFONSECA (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, RODRIGO FIGUEIREDO, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0100249-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100249-0/01)

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RECORRENTE: DEBORA GUSMAO SANTOS FONSECARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

42 - 0000875-28.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000875-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CHARLES RAMOS(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000875-28.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000875-9/01)

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RECORRENTE: CHARLES RAMOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

43 - 0002704-53.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002704-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEDA MARIA SOUZA DOSSANTOS BRASILEIRA (ADVOGADO: FREDERICO D. A. IABLONOWSKY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0002704-53.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002704-1/01)

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RECORRENTE: LEDA MARIA SOUZA DOS SANTOS BRASILEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA – PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSEDE AGIR EM RAZÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS – SUPERVENIÊNCIA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183 – MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE COLEGIADO RECURSAL –REVISÃO DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que indeferiu a inicial e julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesseprocessual, tendo em vista a possibilidade de a parte autora ter seu direito satisfeito pela via administrativa, em face doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 e do Memorando-Circular nº 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010. O(a) recorrente requer a anulação da sentença de primeiro grau, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da ação. Aduz que a sentença afronta oprincípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º do Código deProcesso Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi de improcedência, masde extinção sem julgamento do mérito, sem que tenha havido citação da autarquia previdenciária.

5. Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida após o regularprocessamento do feito.

6. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.

7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55, da Lei nº9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

44 - 0001410-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001410-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FABIANO NASCIMENTOBARCELOS (ADVOGADO: BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Dalton Santos Morais.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001410-34.2010.4.02.5050/01

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RECORRENTE: FABIANO NASCIMENTO BARCELOSRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 242/2005.CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. NORMA AFASTADA. REVISÃO DEVIDA. RECURSOCONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido inicialde revisão da renda mensal do benefício previdenciário de auxílio-doença NB 514.352.294-0 e extinguiu o feito, comresolução do mérito, com relação ao benefício previdenciário de auxílio-doença NB 506.420.600-0, ante a ocorrência doinstituto da prescrição. Em sede de recurso, o requerente defende que faz jus ao recálculo do salário de benefício tomandocomo base a média aritmética dos maiores salários-de-contribuição correpondentes a 80% de todo o período contributivo,nos termos do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Contrarrazões às fls. 50/53, nas quais o INSS levanta a aplicabilidade daMedida Provisória n.º 242/2005 ao caso sob apreço, razão pela qual o cálculo de fixação deveria observar os 36 últimossalários-de-contribuição.

O auxílio-doença que a autora percebeu foi concedido no período da vigência da Medida Provisória n. 242, de 24/03/2005,que alterou dispositivos da Lei nº. 8.213/91. Publicada em 24/03/2005, prorrogada por 60 dias, permaneceu em vigência até25/07/2005. Embora rejeitada pelo Senado Federal, as relações jurídicas perpetradas na sua vigência ainda não foramregulamentadas na forma prevista no § 3º do art. 62 da Constituição Federal. Daí que as relações constituídas durante avigência da inquinada MP deveriam permanecer por ela regidas, consoante prevê o § 11º do mesmo dispositivo. Isso nãoimpede, evidentemente, que os jurisdicionados que considerem a Medida Provisória inconstitucional recorram ao PoderJudiciário para furtar-se aos seus efeitos.

Não deve prevalecer a regra de cálculo estabelecida na MP n.º 242/2005, porquanto referida norma foi editada paradisciplinar matéria (alteração de critério de cálculo de fixação de benefício previdenciário) que não assumia contornos derelevância e urgência típicos dessa espécie normativa, conforme apregoa o art. 62 da Constituição Federal. Logo,configurado vício formal de inconstitucionalidade e caracterizado o grave prejuízo advindo aos segurados que tiverambenefícios concedidos no breve lapso de vigência dessa norma, impõe-se reconhecer, incidentalmente, ainconstitucionalidade da medida provisória e, por conseqüência, afastar sua aplicação ao caso concreto levado àapreciação deste juízo.

Nesse sentido, há precedentes da Turma Nacional de Uniformização, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. REVISÃO DA RMI. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 242/05. REVOGAÇÃO.INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A MP 242/05, através da inclusão do §10 no artigo 29 da Lei nº 8.213, determinava que arenda mensal do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, calculada de acordo com o inciso III do mesmo artigo, nãopoderia exceder a remuneração do trabalhador, considerada em seu valor mensal, ou seu último salário de contribuição, nocaso de remuneração variável, violando, desta forma, diversos preceitos constitucionais, especialmente o §11 do artigo 201da Carta Magna 2. É devida a revisão do benefício de auxílio-doença titulado pelo requerido, pela sistemática anterior àMedida Provisória nº 242/2005, tendo em vista a inconstitucionalidade da medida. 3. Pedido de Uniformização não provido.(PEDIDO 200670590023231, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, DOU 27/04/2012.)

EMENTA PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – MP 242/05 – REJEIÇÃO PELO SENADO FEDERAL NACIONAL -NÃO APROVAÇÃO DO PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO 403/2005 – IRRELEVÂNCIA - LIMINARES DO STF NASADIs 3.467, 3.473, 3.505 – PERDA DA EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA 242/05 NO PERÍODO PORINCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL E FORMAL – MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 13 PFEINSS/DIRBEN -VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECÁLCULO DA RMI DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS NO PERÍODO DE28/03/2005 a 20/07/2005 - INCIDENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO Os benefícios concedidos no período de28/03/2005 a 20/07/2005 devem ser calculados nos termos da Lei 8.213/91 em sua redação anterior a Medida Provisória242/2005.(PEDIDO 200770660005230, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVSKY, DOU 04/05/2012.)

Afastada a regra de cálculo estabelecida na MP, resta concluir pela aplicabilidade do critério fixado no art. 29, II, da Lei n.º8.213/91 e, consequentemente, pela imperiosidade da revisão do benefício concedido à parte, com o pagamento dasparcelas vencidas não atingidas pela prescrição.

Recurso conhecido e provido. Sentença parcialmente alterada para julgar procedente o pedido de revisão da renda mensalinicial do benefício previdenciário de auxílio-doença nº 514.352.294-0, determinando a sua fixação com base na médiaaritmética dos 80% maiores salários-de-contribuição, nos termos do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Mantém-se a extinção dofeito, com resolução do mérito, com relação à revisão do benefício NB nº 506.420.600-0, em virtude da prescrição.

As parcelas atrasadas deverão ser acrescidas de correção monetária desde a data em que deveriam ter sido pagas e dejuros de mora, a contar da citação, estes à taxa de 1% ao mês, observada, a partir de 30/06/2009, a nova regra de

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atualização/juros prevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º 11.960/09).

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios ante o provimento do recurso, naforma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

45 - 0002263-43.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002263-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x CACILDA FRINHANI (ADVOGADO: POLNEI DIASRIBEIRO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002263-43.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CACILDA FRINHANIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO –DECADÊNCIA AFASTADA – PERIODOS CONTRIBUTIVOS IMPUGNADOS COM BASE EM PESQUISAS FRÁGEIS –SUSPENSÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR NOVOSFUNDAMENTOS

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 163, que julgouprocedente o pedido autoral sob o fundamento de que o INSS já havia perdido o direito de revisar a aposentadoria darecorrida em razão de ter se consumado o prazo decadencial previsto em lei. Em suas razões recursais, sustenta o enteprevidenciário que o prazo decadencial para a Previdência Social revisar seus atos é de dez anos, contados a partir de01/02/1999, data da edição da Lei nº 9.784/99, não havendo que se falar em decadência, já que a mesma se consumariasomente em 01/02/2009 e o processo de revisão foi iniciado em 11/11/2008. Alega, ainda, quanto ao mérito de revisão, queé desarrazoada a afirmação da autora acerca da dificuldade de se obter documentos referentes a vínculos que aludem àdécada de 1970, sendo indispensável que a segurada apresente documentos hábeis para complementar os dados daCTPS que se encontram insubsistentes, segundo o ato de revisão. Contrarrazões às fls. 178/185.

A autora teve seu beneficio de aposentadoria por tempo de serviço suspenso em razão de revisão que apurou supostainsubsistência de vínculos que lastrearam sua concessão (Aki – Artefatos de Madeira Ltda., no período de 02/01/1970 a30/03/1971, e Imobiliária Anchieta Ltda., de 02/03/1971 a 05/04/1971). Segundo ofício da Previdência Social (fl. 134), asanotações se encontravam rasuradas, além de terem sido constatadas divergências nas informações constantes na basede dados do CNIS (fl. 133), pois, de acordo com o registro da CTPS, o vínculo de emprego da autora com a empresaImobiliária Anchieta teria se iniciado em 1971, enquanto que, de acordo com o CNIS, isso teria ocorrido em 1977. Diante detal situação, o tempo de contribuição apurado foi reduzido para 24 anos e 22 dias, de modo que a autora/recorrida não fariajus ao beneficio requerido, que exige requisito mínimo de 25 anos (art. 52 da Lei 8.213/91) de contribuição.

O magistrado sentenciante reconheceu a decadência do direito de revisão, julgando procedente o pedido autoral derestabelecimento da aposentadoria por tempo de contribuição NB 107.804.826-3. Contudo, ouso discordar do seuentendimento. Ao contrário do que afirma o Juízo a quo, não foi a Medida Provisória nº 1.523-9/97, posteriormenteconvertida na Lei nº 9.528/97, que introduziu o art. 103-A na Lei nº 8.213/91. Tais diplomas normativos, por meio dealteração ao art. 103 da Lei de Seguridade Social, criaram apenas o prazo decadencial para o direito dos segurados derevisarem seus benefícios. Até o advento da Lei nº 9.784/99 não havia prazo para administração revisar seus atos, sendo apartir dela criado o prazo de cinco anos (art. 54). Antes de transcorrido tal prazo, foi editado Medida Provisória nº 138/2003,convertida na Lei nº 10.839/2004 que acrescentou o art. 103-A à Lei nº 8.213/91, fixando o prazo de 10 anos para o INSSrever seus atos que produzem efeitos favoráveis aos segurados. Assim, a decadência para os casos anteriores a edição daLei nº 9.784/99 se consumou em 01/02/2009. Na presente situação, a recorrida teve seu beneficio concedido com DIB em15/12/1997 e o processo de revisão se iniciou em 11/11/2008 (fl. 90). Portanto, não houve decadência, podendo sim o INSSrevisar o benefício em questão.

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Superada a questão da decadência, passo a analisar o mérito da questão. Inicialmente, frise-se que o processo revisionaldeve ser amparado por provas que demonstrem a ilegalidade do ato administrativo que concedeu o benefício ao segurado,devendo a Administração Pública carrear aos autos do processo administrativo/judicial as provas que comprovem aconstatação da irregularidade, não devendo transferir ao beneficiário o ônus de tal comprovação negativa.

Com isso, a meu ver, não merecem ser acatadas as alegações no sentido de que há rasuras na CTPS quanto aoscontratos de trabalho firmados com as empresas Aki – Artefatos de Madeira e Imobiliária Anchieta. Isso porque, da análiseda cópia juntada aos autos (fl. 138), observa-se que não há qualquer rasura que comprometa a correta compreensão dosdados ali anotados, sendo que a mera incompatibilidade com os dados do CNIS não é indício suficiente da existência defraude no ato administrativo. Neste sentindo, temos as seguintes decisões:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. SUSPENSÃO DE BENEFÍCIO. SUSPEITA DE FRAUDE. VÍNCULOEMPREGATÍCIO NÃO CONFIRMADO PELO CNIS. FATO INSUFICIENTE PARA COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. 1. A faltade confirmação de vínculo empregatício junto ao CNIS não tem o condão de caracterizar a fraude ou negar a prestação doserviço, ante a insuficiência de dados disponíveis naquele Cadastro. Precedentes. 2. Agravo improvido. (AC200451015061210, Desembargador Federal MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO, TRF2 - PRIMEIRA TURMAESPECIALIZADA, 23/09/2010)

PREVIDENCIÁRIO. SUSPENSÃO DE BENEFÍCIO. AGRAVO INTERNO. APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA EX-OFFICIO.IRREGULARIDADE DO ATO CONCESSÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVA. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE ELEGITIMIDADE. JUÍZO DE RAZOABILIDADE. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. GARANTIAS DOCONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE PROVIDO. I – A suspensão ou ocancelamento de um benefício previdenciário, com base apenas nos dados e nas informações existentes no CNIS, não seafigura legítima, por atentatório ao princípio da dignidade da pessoa humana, fazendo-se necessária a realização de outrasverificações e diligências, por parte do INSS, antes de concluir pela ilegalidade do ato de concessão do benefícioprevidenciário, assegurados o princípio do contraditório e da ampla defesa. (...) IV- Agravo Interno parcialmente provido.(AMS 200451015000099, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA JUNIOR, TRF2 - SEGUNDA TURMAESPECIALIZADA, 28/01/2009)

Fixadas essas premissas, verifica-se que, no caso sob apreço, os períodos questionados foram regularmente anotados naCTPS da autora, que goza de presunção relativa de veracidade, não sendo produzida pelo INSS qualquer contraprova arespeito da ausência de prestação de serviços.

Na realidade, o INSS se limitou a realizar meras consultas carentes de confiabilidade para concluir pela inexistência dosvínculos trabalhistas, transferindo à autora/recorrida o ônus de comprovar o fato extintivo de seu direito, ao solicitar que elalevasse aos autos do processo administrativo, além da CTPS que, a meu sentir, está legível, documentos comprobatóriosque remontam à década de 70.

Por todo o exposto, mantém-se a condenação da autarquia previdenciária a restabelecer o beneficio da autora (NB107.804.826-3), com efeitos retroativos a data do cancelamento administrativo, embora por motivos diversos.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por fundamentos diversos.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação ao pagamento de honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

46 - 0003633-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003633-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE EDSON ALEXANDREFARIAS (ADVOGADO: PAULO ROBERTO RODRIGUES AMORIM.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0003633-57.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSE EDSON ALEXANDRE FARIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

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VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 269/271, quejulgou parcialmente procedente o pedido autoral para condenar o réu a conceder ao autor a aposentadoria por tempo decontribuição de nº NB 100.340.820-3, com proventos proporcionais e efeitos financeiros retroativos à data do requerimentoadministrativo.

Em razões de recurso, o autor sustenta que exerceu suas atividades laborais sob condições insalubres, pois esteve expostoaos agentes nocivos ruído e calor, de forma contínua e habitual, conforme laudo técnico elaborado por engenheiro desegurança do trabalho. Assim, postula a reforma da sentença para que lhe seja concedida a aposentadoria especial ou aaposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, requerendo que seja considerado também o períodoposterior ao requerimento administrativo, que foi protocolado em 18/11/2009.

Contrarrazões às fls.296/298.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

A sentença recorrida reconheceu como tempo de atividade especial vários períodos compreendidos entre 13/06/1976 e28/04/1995, além dos períodos de 04/04/1997 a 01/04/1998 e de 07/01/2001 a 31/12/2003, concedendo ao autor aaposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais. Não houve recurso do INSS quanto ao ponto.

O Juízo a quo não reconheceu como tempo de atividade especial os períodos de 29/04/1995 a 31/08/1995, de 02/04/1998 a30/04/1998, de 01/07/1998 a 31/07/1998, de 01/03/199 a 31/03/1999, de 01/07/1999 a 31/08/1999 e de 02/01/2004 a18/11/2009. Neste último período, o autor exerceu as funções de estivador, contramestre geral e sinaleiro. Entendeu omagistrado sentenciante que, quanto ao último período, não restou configurado o exercício de atividade sob condiçõesespeciais de maneira permanente, mas sim intermitente, haja vista não ser a função de estivador a única exercida pelorequerente.

Em termos gerais, até 28/04/1995, a caracterização de tempo de serviço prestado sob condições especiais poderia dar-sepelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79 ou,ainda, pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos. Com o advento da Lei nº 9.032/95, a comprovação da atividade especial passou a ter por base os formuláriosSB-40 e DSS-8030. Finalmente, a partir da edição do Decreto n.º 2.172/97 – que regulamentou a Medida Provisória n.º1.523/96, convertida na Lei n.º 9.528/97 –, a prova passou a ser feita por meio de laudo técnico.

Ao contrário de outros agentes nocivos, a exposição a ruídos sempre exigiu comprovação por meio de laudo técnico. Nostermos do art. 38, §2º do Decreto nº 3.048/99, com redação conferida pelo Decreto nº 4.032/01, a comprovação da efetivaexposição do segurado aos agentes nocivos é feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário,na forma estabelecida pelo INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condiçõesambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (não se exigindo, contudo,a sua apresentação perante a autarquia previdenciária), devendo a empresa zelar pela conformidade entre a declaraçãoprestada no formulário e a conclusão do laudo pericial.

Frise-se, contudo, que embora a lei atualmente exija a demonstração da efetiva exposição do segurado ao agente nocivo, acomprovação do exercício de atividade em condições especiais rege-se pela lei vigente à época da prestação do serviço, enão pela lei vigente à época da produção da prova, em respeito ao princípio da irretroatividade das leis e ao direitoadquirido.

Assim dispõe o art. 70, §1º, do Decreto nº 3048/99:

§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislaçãoem vigor na época da prestação do serviço.

No caso sob apreço, os PPP’s (Perfil Profissiográfico Previdenciário) anexados às fls. 95/107, devidamente subscritos pelorepresentante legal do empregador, atestam que, nos períodos compreendidos entre 29/04/1995 a 01/09/1996 e 01/09/1996a 06/01/2001, o autor esteve sujeito ao agente nocivo ruído, onde a intensidade sonora chegou a alcançar 126 dB, sempossuir o segurado EPI/EPC eficaz.

Com relação ao período de 02/01/2004 a 18/11/2009, o autor esteve sujeito à exposição sonora em intensidade superior 85dB e ao agente nocivo calor em temperatura de 30,1ºC. Assim, considerando que, com o advento do Decreto n.º 4.882/03,reduziu-se o limite tolerável de exposição sonora para 85 dB (Súmula 32 TNU), conclui-se pelo enquadramento da atividadedesenvolvida nos períodos acima indicados como especial.

Vale ressaltar que, embora o autor, no período compreendido entre 02/01/2004 a 18/11/2009, exercesseconcomitantemente as funções de estivador, contra-meste geral e sinaleiro, o mesmo se encontrava exposto a agentesnocivos de modo habitual e permanente, haja vista que quando não estava exercendo a função de estivador, exposto aosagentes ruído (91,1 dB), calor (30,1 ºC), sílica livre cristalizada (0,98 mg/m³) e carvão mineral (0,52 mg/m³), encontrava-se

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exercendo a função de sinaleiro, exposto ao agente nocivo ruído (89,5 dB). Desta feita, entendo que faz jus a parte autoraao enquadramento da atividade desenvolvida no período supracitado como especial.

Assim, com a devida vênia, divirjo do entendimento do juiz de primeiro grau, no sentido de reconhecer como especial operíodo de 02/01/2004 a 18/11/2009, tendo em vista que, além de a parte autora ter ficado exposta aos agentes nocivos:ruído (91,1 dB), calor (30,1 ºC), sílica livre cristalizada (0,98 mg/m³) e carvão mineral (0,52 mg/m³), com base na nos PPP’sem anexo (fl.46/60), há que se entender que houve a exposição aos agentes insalubres de forma habitual e permanente,caracterizando-se, portanto, o exercício de atividade sob condições especiais.

Finalmente, com relação à averbação do período posterior a data do requerimento administrativo, entendo não ser possívelo seu enquadramento como especial, tendo em vista que não há nos autos documento hábil a comprovar o exercício deatividade sob condições especiais.

Nesse sentido, tomando-se como base a tabela de cálculo abaixo, que inclui apenas os períodos trabalhados sob condiçõesespeciais, chega-se ao seguinte resultado:

Data EntradaData Saídaamd

13/06/197731/08/19761218

01/10/197631/10/1976010

01/12/197631/01/1977020

01/03/197730/04/1977020

01/06/197731/08/1977030

01/10/197731/10/1977010

01/12/197731/12/1977010

01/02/197830/04/197803

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0

01/06/197831/03/19790100

14/05/197904/03/19800921

01/05/198031/05/1980010

01/07/198031/01/1981070

01/03/198131/03/1981010

01/06/198131/08/1981030

01/10/198131/10/1981010

01/12/198131/01/1982020

01/06/198231/05/1983100

01/07/198331/03/1988490

01/05/198831/01/1992390

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01/06/199228/04/199521028

29/04/199501/09/1996142

01/9/199606/01/2001445

07/01/200131/12/200321124

02/01/200418/11/200951017

TOTAL311025

Vê-se, portanto, que o autor possui tempo suficiente para o deferimento de aposentadoria especial (25 anos), mediante oreconhecimento do exercício de atividade especial nos períodos acima listados.

Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso do autor para reconhecer, comoatividade especial, em razão da exposição de forma habitual e permanente a agentes nocivos, os períodos citados noquadro acima, os quais, somados, computam mais de 25 (vinte e cinco) anos, o que autoriza o deferimento do benefícioprevidenciário de aposentadoria especial, desde a data do requerimento administrativo em 18/11/2009 (fl. 09).

Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora desde acitação, estes à taxa de 1% ao mês, observada, a partir de 30/06/2009, a nova regra de atualização/juros prevista no 1º-Fda Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º 11.960/09), a despeito do entendimento pessoal deste magistrado.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados dotrânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez deste provimento, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com a orientaçãofirmada no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0003633-57.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSE EDSON ALEXANDRE FARIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL - ATIVIDADE EXERCIDA SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS – EXPOSIÇÃO A RUÍDO E CALOR – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO CONHECIDO EPROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

47 - 0000285-85.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000285-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) QUITÉRIA MARIA DEALMEIDA SILVA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000285-85.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: QUITÉRIA MARIA DE ALMEIDA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – ATIVIDADE URBANA EXERCIDA PELO CÔNJUGEDA AUTORA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença fls. 65/66, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, alega a autora que ofato de seu marido laborar no meio urbano não descaracteriza a sua condição de segurada especial, visto que semprelaborou em meio rural desde sua infância, o que perfaz o tempo de 40 anos, aproximadamente. Ademais, sustenta a autoraque existe nos autos prova robusta no sentido de comprovar o efetivo exercício do trabalho rural pelo tempo exigido em lei.Contrarrazões às fls. 76/77.

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2. É importante ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria ruralpor idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º do mesmo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividaderural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual aonúmero de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91 e, para que tal atividade seenquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família seja indispensável àprópria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condições de mútuadependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 do mesmo diploma legal.

4. No caso em tela, há que se aferir se o labor urbano do cônjuge da demandante retira-lhe a condição de seguradaespecial, considerando haver nos autos suficiente início de prova material do direito alegado.

5. Como é sabido, o desempenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice àdemonstração da condição de segurado especial por outro componente da família, desde que a renda advinda daagricultura seja indispensável ao sustento do lar. Diante disso, após análise do caderno processual, verificou-se que, nãoobstante os indícios de efetivo labor rural por parte da recorrente, o seu desenvolvimento em regime de economia familiarrestou claramente afastado, tendo em vista que a renda auferida pelo seu esposo contribuía significativamente para amanutenção da família, o que desautoriza o deferimento do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade. Comefeito, os elementos de prova produzidos nos autos revelaram que o esposo da autora encontra-se aposentado por tempode contribuição desde 1998, com proventos acima do salário mínimo. Dessa forma, observa-se, claramente, que o laborrural não era indispensável à manutenção da família, já que a renda auferida pelo cônjuge da autora também mantinha ogrupo familiar.

6. Nesse diapasão, a prova testemunhal colhida em audiência (CD-R de áudio – fl.107) em cotejo com os documentoscolacionados aos autos, não se revelaram suficientes a atestar, de maneira peremptória, a indispensabilidade do labor ruralexercido pela autora. Assim, considerando que o grupo familiar da parte recorrente é composto apenas por ela e seumarido, entende-se que o trabalho no campo perdeu seu caráter de essencialidade na renda da família. Logo, a percepçãodo benefício de aposentadoria rural por idade perderia seu caráter de natureza alimentar e passaria a ser utilizado comocomplemento à renda da família, se desvirtuando da função para a qual foi instituído.

7. Ademais, em depoimento pessoal a requerente afirmou que se afastou do trabalho rural em 2002, razão pela qual seobserva que restou afastado também o requisito trazido pelo artigo 48, § 2°, da Lei nº 8.213/91, qual seja, o efetivo exercíciode atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício. Destarte, entendo que a requerente,perdeu a qualidade de segurada especial no momento em que se afastou do campo e propôs-se a executar atividadesurbanas por tempo superior a 3 (três) anos, sem o eventual retorno.

8. Por todo o exposto, restou comprovado que a recorrente não faz jus ao recebimento de aposentadoria rural por idade, naqualidade de segurada especial.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerando-se a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 84, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

48 - 0004358-80.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004358-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x LUIZ HENRIQUEGALLI (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x OS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004358-80.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E LUIZ HENRIQUE GALLI

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RECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO –ALUNO-APRENDIZ - TEMPO DE SERVIÇO RECONHECIDO EM SENTENÇA – AVERBAÇÃO – TEMPO DE LABORRURAL NÃO RECONHECIDO – PROVAS INSUFICIENTES - RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS – SENTENÇAINTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSS, bem como pela parte autora, em face da sentença de fls. 87/91,que julgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a averbar o tempo de serviço do autor comoaluno-aprendiz, no período de 06/01/1976 a 30/111978. A sentença deixou de reconhecer, porém, o suposto período detrabalho no campo na condição de segurado especial, o que ocasionou a não concessão do benefício de aposentadoria portempo de contribuição, por não possuir o autor tempo de contribuição suficiente. Em razões de recurso, a autarquiaprevidenciária (primeiro recorrente) sustenta ser indevido o cômputo do tempo de aluno-aprendiz como tempo de serviçopara fins previdenciários, alegando que, após 16 de fevereiro de 1959, deve-se comprovar o desvirtuamento dascaracterísticas da relação jurídica entre aluno-aprendiz e empresa, com a consequente caracterização da relação deemprego. Sem contrarrazões.

2. Por sua vez, a parte autora (segundo recorrente) defende que restou devidamente comprovado nos autos o exercício delabor rural no período de 1969 a 1976, devendo, portanto, ser reformada a sentença para que seja reconhecido o referidoperíodo como tempo de contribuição, o qual somado ao tempo de contribuição reconhecido pelo INSS administrativamentee ao tempo de aluno-aprendiz reconhecido pelo juiz a quo lhe garantiria o direito ao benefício da aposentadoria por tempode contribuição. Contrarrazões às fls. 111/114.

3. Primeiramente, insta ressaltar que, em consulta ao sistema PLENUS, foi verificado que a parte autora já se encontraaposentada por tempo de contribuição, com DIB em 23/04/2012, mediante decisão administrativa. Desta feita, apesar de aparte autora já se encontrar percebendo o benefício de aposentadoria, com proventos integrais, entendo remanescente ointeresse recursal de ambas as partes quanto à averbação do tempo de serviço laborado como aluno-aprendiz e comotrabalhador rural, tendo em vista a possibilidade de modificação da DIB do benefício.

4. Nos termos do art. 58, inciso XXI, do Decreto n.º 611/92, é assegurada a contagem como tempo de serviço, dentreoutros, do período de aprendizado profissional prestado nas escolas técnicas com base no Decreto-Lei nº 4.073/42. Por suavez, o Decreto nº 2.172/97, que revogou o citado diploma legal e aprovou o novo regulamento da Previdência Social,também previu a possibilidade de reconhecimento do tempo de aprendizado profissional como tempo de serviço para finsprevidenciários.

5. O STJ, bem como a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, jápacificaram entendimento no sentido de que há direito à contagem para fins de tempo de serviço do período laborado peloaluno aprendiz em escola técnica federal, desde que reste comprovado que o autor recebia remuneração, mesmo queindireta, às expensas do orçamento da União Federal, admitindo-se para tanto, inclusive, o recebimento de alimentação,fardamento, entre outros.

6. Nesse mesmo sentido se encontram os termos do enunciado da Súmula n. 96 do Tribunal de Contas da União:

Conta-se para todos os efeitos. Como tempo de serviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade dealuno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento,admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com aexecução de encomendas para terceiros.

7. Ademais, corrobora este mesmo entendimento o enunciado da Súmula nº 18 da Turma Nacional de Uniformização, cujoconteúdo estabelece que:

Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamentoda União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária.

8. No caso sob exame, o autor juntou aos autos Certidão de Tempo Escolar (fl. 15), expedida pela própria instituição(Escola Agrotécnica Federal de Santa Maria), demonstrando que realizou curso técnico em agropecuária pelo período de06/01/1976 a 30/11/1978. Consta na certidão que o autor “foi remunerado à conta da dotação Global da União, de formaindireta, vez que, alimentação, calçados, vestuário, atendimento médico/odontológico e pousada, foram adquiridos comverbas provenientes do Orçamento da União, como compensação das atividades extracurriculares exercidas pelo mesmonos campos de cultura e criação desta Escola, mediante Consignação 1.1.4 – sob Consignação 11”. Diante disso, entendoque restou comprovado o tempo de serviço como aluno aprendiz pelo período 06/01/1976 a 30/11/1978, não devendo,portanto ser reforma a sentença nesse aspecto.

9. Quanto ao período laborado no campo, insta ressaltar que, nos termos do art. 55, § 3°, da Lei 8.213 /91, a comprovaçãodo exercício de qualquer atividade abrangida pelo RGPS, inclusive a atividade rural, depende de prova material, cabendo à

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prova testemunhal apenas a complementação daquela prova. No presente caso, a prova material cinge-se apenas àescritura de imóvel rural em nome do pai do autor, datada de 28/03/1959, visto que as declarações de particularesequivalem à prova testemunhal. Diante disso, entendo que não há nos autos prova material suficiente a comprovar oexercício de labor rural, visto que, o único documento que relaciona o autor ao campo faz referência há uma época muitoremota. Assim, ante a insuficiência de provas, fica evidente que o recorrente/autor não logrou êxito em comprovar a suaqualidade de segurado especial rural no período de 06/1971 a 02/1980, tendo em vista que, a prova testemunhal, por si só,não tem o condão de configurar a qualidade de rurícola do autor (Súmula 149 do STJ).

10. Por todo o exposto, tenho como correta a condenação da autarquia previdenciária à averbação do tempo de serviço doautor como aluno aprendiz, no período de 06/01/1976 a 30/11/1978. Quanto ao tempo de labor rural, entendo pela nãoaverbação de tal período, ante a insuficiência de provas, consoante bem lançado na sentença ora impugnada.

11. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença mantida.

12. Ante a sucumbência recíproca, os honorários sucumbenciais se compensam. Custas pro rata, isenta a parte ré (art. 4º,I, da Lei 9.289/96). No que tange à parte autora, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 29, suspendo aexigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS e, no mérito, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

49 - 0002534-86.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002534-3/01) MARIA LUZIA TEIXEIRA BARRETO (ADVOGADO:LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002534-86.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA LUZIA TEIXEIRA BARRETORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – QUALIDADE DE SEGURADO DOINSTITUIDOR DO BENEFÍCIO AFASTADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face de sentença de fls. 135/136, que julgouimprocedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que,no momento do óbito, o instituidor não era mais segurado do RGPS. Em razões de recuso, a autora alega que o de cujusera segurado da Previdência Social, já que contribuiu a vida toda para o INSS. Além disso, afirma que o de cujus recebeubenefício previdenciário “do período de 2006 até o seu falecimento’. Contrarrazões às fls. 57/59.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

A disciplina legal do RGPS estabelece, no art. 15 da Lei nº 8.213/91, o denominado “período de graça”, durante o qual osegurado mantém esta qualidade e, por conseguinte, a proteção previdenciária, independentemente do recolhimento decontribuições ao regime. A regra geral (art. 15, caput e incisos) fixa em 12 (doze) meses o período de graça para ossegurados que deixarem de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social (inciso II). Em seguida, olegislador cria duas ampliações, acrescendo 12 (doze) meses para os casos em que o segurado tiver acumulado mais de120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção (art. 15, §1º) e mais 12 (doze) meses para as hipóteses decomprovada situação de desemprego (art. 15, §2º).

Segundo extrato anexado às fls. 142/143, o último vínculo empregatício do marido da autora findou-se em 15/12/1987. Apósessa data, não há registro de recolhimento de contribuições previdenciárias. Logo, está evidente que houve a perda daqualidade de segurado em data anterior ao óbito (02/10/2006), ocorrido quase 20 (vinte) anos após o último vínculoempregatício. A autora foi intimada para apresentar início de prova material que indicasse a existência de vínculo laborativoapós 1987. Contudo, ela quedou-se inerte (fl. 133), inclusive quando instada a juntar documentos hábeis a comprovar averacidade das anotações constantes das CTPS colacionadas como sendo do falecido (fls. 46 e 79/80).

Finalmente, insta registrar que, após a perda da qualidade de segurado, o óbito não mais gera benefício de pensão por

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morte aos dependentes, exceto na hipótese em que o falecido tenha preenchido requisitos para obtenção de aposentadoria(art. 102, §2º, da Lei n.º8.213/91). No caso sob apreço, a exceção não se aplica, pois o de cujus não completara todos osrequisitos necessários (idade e tempo de contribuição) para se aposentar antes do óbito. Logo, não há que se falar emconcessão de pensão por morte aos seus dependentes.

Em sede de última consideração, a autora alega que o de cujus percebia benefício previdenciário “desde o ano de 2006 atéa data de seu óbito”. Entretanto, em consulta aos autos e ao sistema PLENUS, não verifiquei nenhuma prova de que tenhaexistido algum benefício em favor do falecido. Além do mais, ainda que o finado esposo da autora recebesse uma pensãopor morte, como afirma a autora, tal benefício não poderia lhe ser repassado, já que se trata de benefício personalíssimo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada asituação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciáriagratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

50 - 0000407-72.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000407-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCILENE ABRAO(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO N. 0000407-72.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: LUCILENE ABRÃORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – FILHA MAIOR INVÁLIDA – CARÁTERRELATIVO DA PRESUNÇÃO DE DEPENDÊNCIA ––COMPROVAÇÃO DA NÃO DEPENDÊNCIA COM RELAÇÃO À MÃEPARA RECEBIMENTO DE LOAS – BENEFÍCIO INDEVIDO DE PENSÃO POR MORTE INDEVIDO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 65/66, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de pensão por morte. Sustenta a recorrente, em suas razões, que estáenquadrada nos requisitos legais, sendo filha inválida, e que, nestas condições, qualifica-se como dependente da seguradacom presunção de dependência econômica. Contrarazões na fl. 72.

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do art. 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. O artigo 16 da Lei nº 8.213/91 estabelece o rol de indivíduosque podem figurar como dependentes do segurado da previdência social, no qual está incluído o filho não emancipado, dequalquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, sendo a dependência considerada presumida para estesdependentes.

3. A recorrente é beneficiária do Amparo Social para Pessoa Portadora Deficiência (LOAS) desde 06/1996 (fl. 54). Paraconseguir tal benefício ingressou na seara judicial, sendo que teve seu pedido acolhido, após comprovar que viviaexclusivamente de sua renda de vendedora ambulante e demonstrar que se encontrava incapacitada para esta atividadeem virtude de “sequela de poliomielite, acometendo a perna esquerda, e, como conseqüência do encurtamento, sobrecargacom lesão de coluna e membro inferior direito” (fls. 60/63). Assim, como se pode ver, a autora, quando demandou orecebimento do benefício assistencial, comprovou que não era dependente de sua mãe, pois vivia apenas da sua renda.

4. A Lei nº 8.213/91 diz que pode figurar como dependente do segurado o filho inválido, sendo que a sua dependênciaeconômica é presumida, nos termos do art. 16, inciso I c/c §4º da referida legislação. Porém, é cediço nos Tribunais pátriosque tal presunção é relativa, podendo ser elidida por provas em sentido contrário, senão vejamos:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO. FILHO MAIOR INVÁLIDO. ART. 16, I, § 4º DA LEI N. 8.213/91. PRESUNÇÃO DE

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DEPENDÊNCIA ECONÔMICA RELATIVA. ELIDÍVEL POR PROVA EM SENTIDO CONTRÁRIO. REVISÃO DE FATOS.SÚMULA 7/STJ. 1. O § 4º do art. 16 da Lei n. 8.213/91 estabelece uma presunção relativa de dependência econômica daspessoas indicadas no inciso I do mesmo dispositivo, e, como tal, pode ser elidida por provas em sentido contrário.Precedente: (AgRg no REsp 1241558/PR, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado DO TJ/CE), SextaTurma, julgado em 1/04/2011, DJe 6/6/2011). 2. O Tribunal de origem negou provimento à pretensão, por entender que (I) orecorrente não possuía relação de dependência com a mãe, pois já recebia a pensão pela morte do pai, o que lhe garantiao sustento e, (II) que o montante recebido foi aplicado pela representante legal também em favor do demandante, que comela convivia. Assim, a despeito da fixação da DIB na data do óbito, o demandante somente pode receber os valoresreferentes à pensão decorrente do óbito do pai, a contar da data do óbito da mãe. 3. Não há como infirmar os fundamentosdo Tribunal de origem, pois tal medida demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, esbarrando na Súmula

�7/STJ. Agravo regimental improvido. (ADRESP 201100936335, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJEDATA:17/12/2012. DTPB)

5. Com isso, diante dos fatos já narrados, conclui-se que a recorrente não possuía dependência econômica com relação asua genitora, pois esta foi afastada para o recebimento do beneficio de amparo social percebido pela autora desde 1996.Portanto, falta um dos requisitos para deferimento da pensão por morte, razão pela qual não merece prosperar o pedidoautoral.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor arbitro em R$100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 39, suspendo a exigibilidade de taisverbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

51 - 0000753-20.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000753-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x APARECIDA ROSA SCOASSANTE EOUTROS (ADVOGADO: WESLEY CORREA CARVALHO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000753-20.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: APARECIDA ROSA SCOASSANTE E OUTROSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUISITOS PREENCHIDOS. QUALIDADE DESEGURADO ESPECIAL DO DE CUJUS COMPROVADA. CARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR.INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA EXTRA PETITA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença fls. 97/100, com parte da redaçãomodificada pelo acolhimento de embargos declaratórios às fls. 120/121, que julgou procedente o pleito inaugural deconcessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que, no momento do óbito, o instituidorera segurado do RGPS, na qualidade de segurado especial rural. Em suas razões recursais, o recorrente alega, em síntese:i) que os documentos juntados aos autos não constituem início de prova material suficiente para comprovar o efetivoexercício de atividade rural do de cujus antes do seu falecimento; ii) que o exercício de atividade urbana por parte daesposa descaracteriza a atividade rural em regime de economia familiar; e iii) que a decisão é extra petita, padecendo devício que acarreta sua nulidade, pois decidiu questão diversa daquela posta nos autos. Contrarrazões as fls. 140/142.

2. Para a concessão de pensão por morte de trabalhador rural em regime de economia familiar basta a comprovação dessaqualidade no momento do óbito. Não há carência. A Lei nº 8.213/91 (art. 55, §3º) exige pelo menos início de prova material,sendo que a jurisprudência considera adequado para tanto todo e qualquer documento, e não apenas os exemplificados nareferida lei.

3. A fim de se comprovar a qualidade de segurado especial do falecido, foram anexados os seguintes documentos: i)certidão de óbito (fl. 12) e certidão de casamento (fl. 13), com registro da profissão de lavrador; ii) certidão de nascimento(fls. 21, 24, 27) dos três filhos deixados pelo de cujus e suas respectivas fichas de matrícula escolar rural (fls. 22, 25, 28); iii)notas de armazenagem de café (fl. 30/31); iv) ficha da associação de moradores atestando sua atividade de lavrador (fl.32); v) declaração do sindicato dos trabalhadores rurais de Linhares alegando que, por meio de pesquisa in loco, foi

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constatado que o extinto sempre exerceu atividade rural na condição de diarista (fl. 60). Por fim, os depoimentostestemunhais – sendo 02 (duas) testemunhas do juízo e 02 (duas) testemunhas indicadas pela parte autora – corroboraramo início de prova material, na medida em que todos os ouvidos afirmaram que o falecido era lavrador no momento do óbito.

4. Portanto, todas as provas documentais anexadas ao processo, complementadas pelas provas testemunhais,comprovam, de fato, a condição de segurado especial do de cujus. A alegação do recorrente de que a autora mantevevínculo urbano por determinado tempo não afasta o direito ao benefício. Isto porque seu labor não descaracteriza o regimede economia familiar, visto que a Lei nº 8.312/91 não impõe a exclusividade do trabalho dos membros da família naatividade rurícola para que possa restar caracterizado o regime de economia familiar, exigindo apenas suaindispensabilidade, conforme jurisprudência abaixo transcrita:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. EXERCÍCIO DEATIVIDADE URBANA PELA AUTORA. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. DESCARACTERIZAÇÃO NÃOCONFIGURADA. COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Segundo a jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça, somente estaria descaracterizado o regime de economia familiar, se a renda obtida com oexercício de atividade urbana fosse superior àquela decorrente da atividade rural ou mesmo dispensasse o exercício dessapelos demais membros integrantes do grupo familiar, prova essa que não veio aos autos. 2. A irresignação que buscadesconstituir os pressupostos fáticos adotados pelo acórdão recorrido para decidir a controvérsia encontra óbice no

�enunciado nº 7 da Súmula desta Corte. 3. Agravo regimental improvido. (AGA 201101904660, MARCO AURÉLIOBELLIZZE - QUINTA TURMA, DJE DATA:17/02/2012. DTPB)

5. Finalmente, passo a analisar a alegação de prolatação de sentença extra petita. Com efeito, o pedido inicial requer odeferimento da pensão desde a data do requerimento administrativo, mas a sentença, após o acolhimento dos embargos dedeclaração aviados pelos autores (fls. 120/121), concedeu o benefício, em favor dos filhos menores do de cujus, comefeitos retroativos à data do óbito, tendo em vista que contra menores não corre prescrição. A rigor, o INSS está com razãoem levantar a ausência de congruência entre o pedido e a sentença. Não podemos olvidar, porém, que, em sede deJuizados Especiais, há uma gama de princípios norteadores próprios, tais como o da oralidade, simplicidade, informalidade,economia processual e celeridade, todos visando relativizar o formalismo e a burocracia do processo civil ordinário. Nessestermos, calcado em tais princípios e tendo em vista a imprescritibilidade das verbas de pensão devidas em favor dos filhosmenores, não vislumbro motivo para a alteração da sentença de origem, tendo em vista que tais valores poderiam serpleiteados até mesmo por meio de ação própria. Assim, a meu ver, esta é a solução que melhor se coaduna com o espíritodos Juizados Especiais, pois ao mesmo tempo em que se garante a percepção de verbas alimentares devidas enegligenciadas a menores, se evita o ajuizamento de uma nova ação.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

52 - 0000669-48.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000669-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x LEONARDO MARTINS (ADVOGADO: DASIOIZAIAS PANSINI.).RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0000669-48.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LEONARDO MARTINSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso contra decisão liminar que, nos autos do processo originário, deferiu o pedido de tutela antecipadarequerido, determinando a implementação imediata do benefício de pensão por morte em favor da ora recorrida.

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Sustenta o recorrente que o de cujus não era segurado da Previdência Social quando da sua morte, motivo pelo qual semostraria indevida a concessão do benefício.

É o relatório. Passo ao voto.

Compulsando os autos do processo originário, observo que foi proferida sentença de mérito em 24/04/2013 (fl. 96/99),confirmando a liminar anteriormente deferida.

Nesses, termos, há que se concluir pela prejudicialidade recursal.

O juízo de cognição das tutelas de urgência não é exauriente, mas sim sumário, em razão do evidente perigo de dano e daverossimilhança das alegações da parte autora, nos exatos termos do artigo 273 do Código de Processo Civil. As tutelas deurgência são concedidas de forma precária, estando sua eficácia subordinada à prolação da sentença, concedida apóscognição exauriente.

Após o julgamento final da lide no primeiro grau de jurisdição, esgota-se a finalidade da medida antecipatória, prevalecendocomando normativo da sentença que confirma o deferimento ou o indeferimento da antecipação da tutela, ou ainda,extingue o processo sem julgamento de mérito.

Assim, a partir da prolação da sentença, as tutelas de urgência deverão ser apreciadas pelo relator do Recurso deSentença, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.259/2001.

Conclui-se, portanto, que houve a perda de objeto do recurso de medida cautelar, haja vista que a decisão recorrida nãomais subsiste, ante a prolação da sentença. Nesse sentido já se posicionou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça. (REsp818169/CE; MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI - PRIMEIRA TURMA - DJ 15/05/2006 ).

Ante o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0000669-48.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LEONARDO MARTINSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

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EMENTA

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SENTENÇA PROFERIDA.PREJUDICIALIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa que passa aintegrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

53 - 0000295-69.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000295-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO ZANELA(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRECOUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000295-69.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: MARIA DO CARMO ZANELARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – QUALIDADE DE SEGURADO DOINSTITUIDOR DO BENEFÍCIO NÃO COMPROVADA – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO DEMONSTRADA - RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face de sentença de fls. 53/55, que julgouimprocedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que,no momento do óbito, o instituidor não era segurado do RGPS, além de não ter sido comprovada a dependência econômicada autora com relação ao filho. Em razões do recurso, alega a recorrente, em síntese, que existe nos autos provasdocumentais e testemunhais comprovando a sua dependência econômica e a qualidade de segurado de cujus.Contrarrazões a fl. 60/64.

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

3. A disciplina legal do RGPS estabelece, no art. 15 da Lei nº 8.213/91, o denominado “período de graça”, durante o qual osegurado mantém esta qualidade e, por conseguinte, a proteção previdenciária, independentemente do recolhimento decontribuições ao regime. A regra geral (art. 15, caput e incisos) fixa em 12 (doze) meses o período de graça para ossegurados que deixarem de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social (inciso II). Em seguida, olegislador cria duas ampliações, acrescendo 12 (doze) meses para os casos em que o segurado tiver acumulado mais de120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção (art. 15, §1º) e mais 12 (doze) meses para as hipóteses decomprovada situação de desemprego (art. 15, §2º).

4. No caso em questão, a pretensão ao beneficio de pensão por morte foi indeferida administrativamente pela autarquia résob o fundamento de que o óbito ocorreu após a perda da qualidade de segurado do falecido. O ultimo vínculo do de cujusfoi em 11/11/2008 (fl. 14), de modo que sua qualidade de segurado se manteve por 12 (doze) meses, com término,portanto, em 11/11/2009. Não foi comprovada a situação de desempregado, pois além de não haver nenhum registro oudeclaração do Ministério do Trabalho, as testemunhas afirmaram que o falecido fazia trabalhos informais, sendo, portanto,trabalhador autônomo, o qual necessita de recolher contribuições na qualidade de contribuinte individual para serconsiderado segurado do RGPS. Dessa forma, conclui-se pela perda da qualidade de segurado em momento anterior aoóbito.

5. Ademais, cabe ainda esclarecer que não há nos autos documentos capazes de comprovar a dependência econômica daautora com relação ao de cujus. Com a falta de tais requisitos não existe possibilidade de concessão do beneficio.

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6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor arbitro em R$100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 55, suspendo a exigibilidade de taisverbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

54 - 0000521-37.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000521-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x LUCIANA MAGDA EUZEBIO DA COSTA(ADVOGADO: LUCAS SANTOS AZEREDO, WELLINGTON RIBEIRO VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000521-37.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO(A): LUCIANA MAGDA EUZEBIO DA COSTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 68/70, que julgouprocedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, em razão do reconhecimentoda relação de dependência econômica entre a parte autora e seu falecido filho.

Em razões de recurso, a Autarquia Previdenciária sustenta que a parte autora não era dependente de seu filho e sim de seumarido, que recebia cerca de R$ 1.289,97 mensais até o ano de 2007. Além disso, atenta para o fato de que o de cujuspercebia renda correspondente a menos de 10% do salário de seu pai, não havendo lógica em se admitir que a famíliapassasse a se sustentar com valor tão inferior, o que conduz à conclusão de que o arrimo de família era o esposo da autorae não o seu filho. Ademais, defende que ela é plenamente capaz, possuindo, à data do óbito, apenas 51 (cinqüenta e um)anos de idade.

Contrarrazões às fls. 87/91.

É o relatório. Passo a proferir voto.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

Nos termos do §4º do art. 16 do Plano de Benefícios da Previdência Social, a dependência econômica é presumida emrelação ao cônjuge, ao companheiro e ao filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ouinválido, devendo ser comprovada em relação aos demais dependentes (pais e irmãos menores ou inválidos).

Na hipótese dos autos, portanto, a concessão do benefício depende do preenchimento de dois requisitos, a saber,qualidade de segurado do falecido e dependência econômica da requerente, posto tratar-se de genitora. A controvérsia,contudo, somente se erige ao redor da relação de dependência econômica, já que a vinculação do instituidor ao RGPS nomomento do óbito não é objeto de impugnação por parte da autarquia previdenciária no âmbito deste recurso.

Fixadas essas premissas, passemos ao exame do ponto controvertido dos autos.

Em análise do caderno processual, é possível verificar que, para a demonstração da dependência econômica, a parteautora juntou aos autos os seguintes documentos: i) certidão de nascimento do de cujus (fls. 23); ii) registro de vínculoempregatício na modalidade de “menor aprendiz” (fls. 22); iii) certidão de óbito, com data de 04/12/2008 (fl.18); iv) carteirade trabalho com vínculo empregatício no período de 15/09/2008 a 03/12/2008. A prova testemunhal afirmou que o falecidofilho da autora contribuía para a manutenção das despesas da casa.

Vale ressaltar, conforme consta no CNIS de fls. 51/52, que o marido da autora exerceu atividade laborativa até o mês de

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novembro de 2007, recebendo cerca de R$ 1.200,00 mensais. Após o óbito do filho, o genitor voltou a ter atividaderemunerada regular. Tal fato demonstra que, mesmo antes do de cujus laborar, era o esposo da autora o responsável pelosustento familiar e que ele manteve-se como provedor mesmo após o falecimento do filho. De outra sorte, não me pareceplausível que um adolescente de apenas 17 anos, que possuía renda de R$ 190,00 mensais, o que correspondia a menosde 10% do salário do pai, fosse o provedor de seu sustento e de outras duas pessoas. Ademais, não há nos autos provadocumental contundente de que era o de cujus quem sustentava a sua família.

Por mais que as testemunhas atestem que o filho contribuía para o sustento da família, entendo que isso não ajuda nãopassava de mera complementação de renda familiar, tendo em vista que a principal renda advinha do labor exercido porseu pai. Diante dessa conjuntura, estou convencido de que o arrimo de família era o marido da autora e de que o seu filho,que sequer possuía renda para viver sozinho, contribuía para o sustento apenas secundariamente.

Cumpre rememorar que a dependência econômica não se confunde com a simples colaboração financeira, de maneira que,se o fim da assistência reduz o padrão de vida do assistido, sem, no entanto, prejudicar a sua própria subsistência, emtermos de necessidades básicas, não há que se falar em dependência econômica.

Em suma, consoante se extrai das provas produzidas nos autos, o filho colaborava financeiramente com os pais. Noentanto, o marido da requerente, que é plenamente capaz, sempre laborou, percebendo valores muito superiores aomínimo legal. Isto significa dizer que, com a morte do filho e o fim da assistência por ele prestada, o padrão de vida dos paispossivelmente decaiu, o que não implicou no comprometimento de suas necessidades básicas, já que eles possuemrecursos para prover a sua própria subsistência.

Nesse diapasão, não se pode olvidar que a pensão por morte constitui benefício de prestação continuada, de naturezasubstitutiva (substitui os ingressos do trabalho) e de caráter alimentar, destinando-se à manutenção dos dependentes dosegurado falecido. Noutros termos, o benefício de pensão por morte não tem o condão de servir como complementação derenda daquele que o requer, mas sim garantir a subsistência do ente familiar, antes assistido financeiramente pelosegurado.

Diante dessas ponderações, reputo descaracterizada a relação de dependência econômica supostamente mantida entre arequerente e seu filho, razão pela qual não restam preenchidos os requisitos legais exigidos para o deferimento do benefícioprevidenciário de pensão por morte.

Pelo exposto, CONHEÇO do recurso inominado do INSS e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para afastar o direito aobenefício previdenciário de pensão por morte, ante a não comprovação de relação de dependência econômica entre a parterequerente e o instituidor do benefício.

Revogo a antecipação de tutela deferida em sentença, com a ressalva de que os valores recebidos por força da medidaantecipatória não devem ser objeto de restituição, diante de seu caráter alimentar.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000521-37.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO(A): LUCIANA MAGDA EUZEBIO DA COSTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – GENITORA – NÃO COMPROVAÇÃO DEDEPENDÊNCIA ECONÔMICA – MERO AUXÍLIO FINANCEIRO – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E

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PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

55 - 0001247-22.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001247-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x ADONIAS MARIANO DIAS EOUTRO (ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001247-22.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: ADONIAS MARIANO DIAS E MIRIÃ DIASRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUISITOS PREENCHIDOS. QUALIDADE DESEGURADO ESPECIAL DO DE CUJUS COMPROVADA. DIB. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

1. Recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença fls. 167/169, que julgou procedente opleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que, no momento doóbito, a instituidora era segurada do RGPS na qualidade de segurada especial rural. O recorrente alega que os documentosjuntados aos autos não constituem início de prova material suficiente para comprovar o efetivo exercício de atividade ruralda de cujus antes do seu falecimento. Ademais, defende que o autor possui diversos vínculos urbanos registrados no CNIS,o que afastaria o trabalho rural em regime de economia familiar. Por fim, alega que a data de fixação do início do beneficiodeve ser a data do requerimento administrativo e não a data do óbito, conforme prevê o art. 74 da Lei nº 8.213/91.Contrarrazões as fls. 194/196.

2. Para a concessão de pensão por morte de trabalhador rural em regime de economia familiar basta a comprovação dessaqualidade no momento do óbito. Não há carência. A Lei nº 8.213/91 (art. 55, §3º) exige pelo menos início de prova material,sendo que a jurisprudência considera adequado, para tanto, todo e qualquer documento e não apenas os exemplificados nareferida lei.

3. A fim de se comprovar a qualidade de segurada especial da falecida foram anexados os seguintes documentos aosautos: i) declaração do sindicato dos trabalhadores rurais da parceria agrícola com o Sr. Natalino de Jesus Betine noperíodo de 10/09/2005 a 19/10/2007 (fl. 14); ii) prontuários de atendimento médico e ambulatorial do município deConceição do Castelo, datados desde 2000, confirmando a ocupação de lavradora e endereço (fls. 22/29); iii) ficha dematrícula escolar de Miriã Dias do ano de 2000, com sua renovação até 2007, constando profissão e endereço dos pais (fls.75/76); iv) declaração de cadastro de cliente em agropecuária desde 2001 (fl. 79); v) contrato de parceria agrícolaoutorgados ao viúvo Adonias Mariano Dias, com início em 27/11/2007 e término previsto para 27/11/2010, com observaçãode que, desde 10/09/2005, a falecida e seu esposo trabalhavam em regime de economia familiar na propriedade por meiode contrato verbal (fl. 82); vi) ficha cadastral em farmácia, desde 25/09/2005, com endereço da propriedade do contrato deparceria (fl. 136) e vii) certidão da justiça eleitoral com data início do domicílio na localidade de Indaiá em 1992 e ocupaçãodeclarada como trabalhadora rural (fl. 137).

4. Complementando a prova documental, a prova testemunhal foi composta por 03 (três) termos de declarações (fls. 100,105 e 108) e declaração de confrontantes (fls. 118, 123, 128), além da oitiva de 02 (duas) testemunhas em audiência.Todos foram unânimes em afirmar que a instituidora da pensão exerceu labor rural em regime de economia familiar, tendoparado de trabalhar somente pouco antes de seu falecimento, devido à doença que a levou ao óbito, restando comprovada,assim, a qualidade de segurada especial rural.

5. As alegações do recorrente no sentido de que os vínculos urbanos do autor excluiriam a caracterização do trabalho ruralcomo sendo em regime de economia familiar não merecem prosperar, na medida em que o último vínculo urbanoregistrado data do ano de 1995. Conforme já explicitado, o deferimento do benefício de pensão por morte não exigecarência, bastando a comprovação da qualidade de segurado no momento do óbito, o que ocorreu em 19/10/2007.

6. Finalmente, vale ressaltar que assiste razão ao INSS ao defender que, neste caso, a data do início do beneficio deve sera data do requerimento administrativo. Não procede a informação constante da sentença de que a fixação da DIB na datado óbito se imporia por haver, entre os autores, menor de idade, pois o decurso do prazo prescricional somente é obstadoquando o menor é absolutamente incapaz. No caso em pauta, a menor possuía 17 (dezessete) anos de idade no dia do

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óbito de sua genitora, sendo, assim, relativamente incapaz. Desse modo, a DIB do benefício deve ser a estabelecida no art.74, inciso II, da Lei nº 8.213/91. Assim esclarece a jurisprudência abaixo:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MENOR RELATIVAMENTE INCAPAZ NA DATA DO ÓBITO. DIFERENÇASENTRE O ÓBITO E A CONCESSÃO ADMINISTRATIVA INDEVIDAS. ART. 74 DA LEI 8.213/91, COM A REDAÇÃO DADAPELA LEI 9.528/97. Não tem direito ao pagamento de diferenças a título de pensão por morte entre a data do óbito(03-07-99) e a da concessão administrativa (28-03-03), aquele que ao tempo do óbito era menor relativamente incapaz enão requereu o benefício no prazo do art. 74, I, da Lei 8.213/91, que é de natureza prescricional, pois somente contra omenor absolutamente incapaz é que não corre a prescrição. Inteligência dos artigos 3º, I e 198 do CC e 74 da Lei 8.213/91,

�com a redação dada pela Lei 9.528/97. (AC 200372080074190, JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, TRF4 - SEXTA TURMA,D.E. 10/01/2007.)

7. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.

8. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96) e em honorários advocatícios, tendo em vista o parcialprovimento do recurso, nos termos do Enunciado nº 97 do FONAJEF.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

56 - 0003263-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003263-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANADIR ROSA JULIO(ADVOGADO: YARA CRISTINA CUSTÓDIO COURA, FERNANDA BORGO DE ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0003263-44.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: ANADIR ROSA JULIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o feito com resoluçãodo mérito, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso, sustenta-se a inocorrência doinstituto da decadência do direito à revisão. Contrarrazões às fls. 27/34.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. A Medida Provisória nº 1.523-9/97 – reeditada e posteriormente convertida na Lei nº 9.528/97 – inseriu, no bojo da Lei nº8.213/91, prazo decadencial de 10(dez) anos para todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para arevisão do ato de concessão de benefício. Posteriormente, sobreveio a Lei nº 9.711/98, que reduziu o prazo decadencialpara 05(cinco) anos, situação que perdurou até o restabelecimento do prazo original de dez anos pela MP nº 138, de19.11.2003, convertida na Lei nº 10.839, de 05.02.2004, é dizer, o prazo decadencial ainda em curso foi aumentado pelanova lei, de cinco para dez anos. Nessa hipótese, a doutrina mais autorizada posiciona-se, maciçamente, no sentido de queo novo lapso se aplica imediatamente, computando-se, todavia, o período já transcorrido sob o manto da legislação anterior.

4. No caso sob apreço, o benefício cuja revisão se pretende foi implantado em fevereiro de 1998 (fls. 17) e, portanto,sujeita-se, inequivocamente, à nova disciplina da decadência. Considerando que a presente ação foi ajuizada em25/04/2011, resta concluir pela decadência do direito à revisão, ante o transcurso do prazo decenal fixado em lei entre aimplantação do benefício e a propositura da demanda judicial, considerado o lapso já transcorrido sob a égide das Leis nº9.528/97 e nº 9.711/98.

5. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 18, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

57 - 0002820-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002820-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRITZ OTTO WALTERAURICH E OUTROS (ADVOGADO: JALINE IGLEZIAS VIANA, MARIA DA GUIA ARAUJO GONCALVES, ANTONIOTEMPONI LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGOJUNQUEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002820-93.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: FRITZ OTTO WALTER AURICH E OUTROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido inicialde revisão do benefício previdenciário de aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sedede recurso, sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97(reeditada e posteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por elainstituído. Sem contrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que os benefícios de aposentadoria foram implantados em 04/06/1988, 30/03/1984 e30/03/1983, o que atrai a incidência da decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição damedida provisória. Nesse passo, considerando que a presente ação somente foi ajuizada em 15/12/2011, resta concluirpela decadência do direito à revisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 20, suspendo aexigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

58 - 0007309-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007309-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IEDA BRANDÃO VEIGA(ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS, ROGERIO SIMOES ALVES, LARISSA FURTADO BAPTISTA, ANA CRISTINADELACIO ABREU.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOESALEGRO OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0007309-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007309-0/01)RECORRENTE: IEDA BRANDÃO VEIGA

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

59 - 0007275-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007275-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANILZA ANA BERGEMIROCHA (ADVOGADO: ALAN SAMPAIO CAMPOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0007275-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007275-8/01)RECORRENTE: ANILZA ANA BERGEMI ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matéria

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em exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

60 - 0006971-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006971-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HILO GOMES PORTUGAL(ADVOGADO: Gleison Faria de Castro Filho.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0006971-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006971-1/01)RECORRENTE: HILO GOMES PORTUGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

61 - 0006273-33.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006273-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEDIL CATARINO MARTINS(ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, SIDNEY FERREIRA SCHREIBER, MARIA DA CONCEICAO SARLOBORTOLINI CHAMOUN, PAULO ROBERTO BUSSULAR, BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA, MÁIRA DANCOSBARBOSA RIBEIRO, BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS, INGRID SILVA DE MONTEIRO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0006273-33.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006273-1/01)RECORRENTE: ALEDIL CATARINO MARTINSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

62 - 0001996-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001996-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MURILO DEOMEDESGALERANI (ADVOGADO: GUSTAVO CAMPOS SCHWARTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0001996-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001996-5/01)RECORRENTE: MURILO DEOMEDES GALERANIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

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EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

63 - 0001835-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001835-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSVALDO AUGUSTOFERNANDES DE JESUS (ADVOGADO: RODRIGO LOPES BRANDÃO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0001835-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001835-3/01)RECORRENTE: OSVALDO AUGUSTO FERNANDES DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição da

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MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

64 - 0013203-20.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.013203-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ CARLOS RODRIGUESBIDART (ADVOGADO: SANDRO AMERICANO CÂMARA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO Nº 0013203-20.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.013203-0/01)RECORRENTE: LUIZ CARLOS RODRIGUES BIDARTRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursal

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dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

65 - 0002229-68.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002229-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO GAIGER(ADVOGADO: DIOGO MORAES DE MELLO, BRUNO PERSICI, ADEIR RODRIGUES VIANA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0002229-68.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002229-0/01)RECORRENTE: ANTONIO GAIGERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

66 - 0003488-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003488-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL CLEM DE SOUZA(ADVOGADO: DIOGO MORAES DE MELLO, BRUNO PERSICI, ADEIR RODRIGUES VIANA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0003488-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003488-7/01)RECORRENTE: MANOEL CLEM DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

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RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

67 - 0007181-61.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007181-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IDALINA PINTO FERREIRA(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0007181-61.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007181-6/01)RECORRENTE: IDALINA PINTO FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito à

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revisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

68 - 0000350-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000350-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIONOR MENDES(ADVOGADO: EDILAMARA RANGEL GOMES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0000350-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000350-5/01)RECORRENTE: CLAUDIONOR MENDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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69 - 0001290-25.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001290-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOLINO SOARESPRIMO (ADVOGADO: EMANOEL PEREIRA SOUZA, ADRIANA ALVES DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001290-25.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: MARCOLINO SOARES PRIMORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

70 - 0001154-48.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001154-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEBER CANIÇALI(ADVOGADO: GIORDANO MORATTI CASTIGLIONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001154-48.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: CLEBER CANIÇALIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido inicialde revisão do benefício previdenciário de aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sedede recurso, sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97

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(reeditada e posteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por elainstituído. Sem contrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado em 12/01/1991, o que atrai a incidência dadecadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada em 15/12/2011, resta concluir pela decadência do direito à revisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 20, suspendo aexigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

71 - 0000748-27.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000748-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO ESMERALDINODA ROS (ADVOGADO: WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000748-27.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000748-9/01)RECORRENTE: ANTONIO ESMERALDINO DA ROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo comresolução de mérito aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sede de recurso,sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97 (reeditada eposteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por ela instituído. Semcontrarrazões.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29/06/2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01/08/2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28/06/1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado antes de 28/06/1997, o que atrai a incidênciada decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nesse passo,considerando que a presente ação somente foi ajuizada após 01/08/2007, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita, suspendo a exigibilidade detais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

72 - 0005854-81.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005854-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x ODILIO RIBEIRO DOS SANTOS (ADVOGADO:MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0005854-81.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: ODILIO RIBEIRO DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido inicial de revisãodo benefício previdenciário de aposentadoria na forma da Lei nº 6.950/81.

Em sede de recurso, a autarquia sustenta a decadência do direito revisional – aplicável também aos benefícios concedidosantes de 1997.

Contrarrazões às fls. 77/84.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29.06.2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de aposentadoria foi implantado no ano de 1991 (fl. 12), o que atrai aincidência da decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nessepasso, considerando que a presente ação somente foi ajuizada em 25/09/2008, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso do INSS, para reconhecer a decadência do direito à revisão de benefício, peloque julgo extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC.

Sem custas e honorários advocatícios (art.55, caput, da n.º Lei 9.099/95).

É como voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal RelatorRECURSO DE SENTENÇA Nº 0005854-81.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: ODILIO RIBEIRO DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursal

Page 88: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

73 - 0006109-68.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006109-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SONIA MARIA SANTANA(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA, RAUL DIAS BORTOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006109-68.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: SONIA MARIA SANTANARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, contra a sentença que julgou improcedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º doart. 29 da Lei nº 8.213/1991, e sucessiva aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competênciade março de 1994. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial dobenefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado comperíodos de atividade) como salário-de-contribuição. As contrarrazões encontram-se nas fls. 116-136.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 40, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

74 - 0004256-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004256-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x RUBENS RODRIGUES DA SILVA (ADVOGADO:FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004256-24.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): RUBENS RODRIGUES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciária

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no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

75 - 0005683-90.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005683-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x NILDO DOS SANTOS LOUREIRO (ADVOGADO:MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005683-90.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): RUBENS RODRIGUES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAPARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, bem como julgou procedente o pedido dosalário-de-benefício com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o períodocontribuitivo, desprezando-se os 20% menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91.

2. Em sede de recurso, a autarquia previdenciária impugna apenas a condenação a recalcular a RMI do benefício na formado §5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91, discutindo a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicialdo benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado comperíodos de atividade) como salário-de-contribuição. A condenação à revisão nos moldes do art. 29, inciso II, da Lei nº8.213/91 não foi impugnada, pelo que encontra-se preclusa a discussão. Sem contrarrazões.

3. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

4. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento

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intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários, mantendo-a, contudo, em seusdemais pontos.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

76 - 0005769-56.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005769-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x PAULO BRAGA ALVES (ADVOGADO: CARLOSBERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ, RODRIGO FIGUEIREDO.).RECURSO Nº 0005769-56.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005769-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PAULO BRAGA ALVESRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,

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na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

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E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

77 - 0000988-22.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000988-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x LAURENIDIO DE SOUZA (ADVOGADO: MARILUSACARIAS DE PAULA, Bernard Pereira Almeida.).RECURSO Nº 0000988-22.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000988-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LAURENIDIO DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

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Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Page 95: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

78 - 0003629-83.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003629-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x NIVALDO DE PAULO PEREIRA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0003629-83.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003629-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NIVALDO DE PAULO PEREIRARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, o

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Secretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

79 - 0003029-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003029-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x FABIANA FERNANDES CORDEIRO

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(ADVOGADO: RODRIGO LOPES BRANDÃO.).RECURSO Nº 0003029-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003029-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FABIANA FERNANDES CORDEIRORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou em

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julgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

80 - 0004097-47.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004097-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x LUIZ CLAUDIO NUNES VIEIRA (ADVOGADO:VINICIUS DINIZ SANTANA, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, RAUL DIAS BORTOLINI.).RECURSO Nº 0004097-47.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004097-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZ CLAUDIO NUNES VIEIRARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado na

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inicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

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Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

81 - 0003715-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003715-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANA LUCIA PEREIRA LACERDA EMILIANO(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0003715-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003715-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANA LUCIA PEREIRA LACERDA EMILIANORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido de

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confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;

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ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

82 - 0005099-86.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005099-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x CESAR RODRIGUES DE SOUZA (ADVOGADO:THIAGO AARÃO DE MORAES.).RECURSO Nº 0005099-86.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005099-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CESAR RODRIGUES DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

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(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que seformalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

Page 104: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

83 - 0000094-83.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000094-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MANOEL RODRIGUES SANTOS (ADVOGADO:THIAGO AARÃO DE MORAES.).RECURSO Nº 0000094-83.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000094-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MANOEL RODRIGUES SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado nainicial e o condenou na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário do autor, apurandonovo salário-de-benefício calculado com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar à parte autora asdiferenças incidentes sobre as prestações não atingidas pela prescrição qüinqüenal, respeitado o limite equivalente a 60salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a ausência do interesse de agir em face da inexistênciade requerimento administrativo de revisão do benefício, tendo em vista o Memorando Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, que determina a recepção dos pedidos e a revisão, na via administrativa, dos benefícios que tenhamdireito à revisão do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

(i) existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo,na qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam consideradosapenas os 80% maiores salários-de-contribuição;(ii) os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;(iii) a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;(iv) esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idadedo segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se

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formalizou o acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183, decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para NEGAR PROVIMENTO ao recurso doINSS, mantendo integralmente a sentença de origem.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10%(dez por cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº 8.213/91 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIRPOR FALTA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADOEM AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Page 106: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto eementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

84 - 0004417-97.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004417-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ROBERTO LOPES(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0004417-97.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004417-4/01)RECORRENTE: CARLOS ROBERTO LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento da

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decisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para a

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aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

85 - 0003593-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003593-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENEIDE FEITOZA SAMPAIOSOUZA x ILTON BRUNO SAMPAIO SOUZA (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0003593-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003593-8/01)RECORRENTE: ZENEIDE FEITOZA SAMPAIO SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

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V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

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Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média

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aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

86 - 0003691-26.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003691-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO FERNANDESMARTINS (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0003691-26.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003691-8/01)RECORRENTE: PAULO FERNANDES MARTINSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendo

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revisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

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Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

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E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

87 - 0007929-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007929-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EVA TEIXEIRA (ADVOGADO:MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0007929-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007929-2/01)RECORRENTE: EVA TEIXEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no Ofício

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Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para o

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segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementa

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constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

88 - 0007943-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007943-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA RODRIGUESTENREIRO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0007943-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007943-7/01)RECORRENTE: REGINA RODRIGUES TENREIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na Ação

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Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

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Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

89 - 0004241-21.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004241-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELFRIDA GRONER DOSSANTOS (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0004241-21.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004241-4/01)RECORRENTE: ELFRIDA GRONER DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamente

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referido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da

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Lei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

90 - 0003767-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003767-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SYLVIO NIELSEN(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0003767-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003767-4/01)RECORRENTE: SYLVIO NIELSENRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

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Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

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Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

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PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91 - 0005115-40.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005115-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALANIR ALVES VIEIRASUELLA (ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0005115-40.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005115-0/01)RECORRENTE: ALANIR ALVES VIEIRA SUELLARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentença

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proferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II

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do § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

92 - 0000643-50.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000643-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE EUSTAQUIOMOREIRA (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0000643-50.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000643-6/01)RECORRENTE: JORGE EUSTAQUIO MOREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);

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(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão na

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lei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

93 - 0000455-23.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000455-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENATA CAO LUIZ(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO, MARIZA GIACOMIN LOZER.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000455-23.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000455-9/01)RECORRENTE: RENATA CAO LUIZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

Page 131: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

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Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, e

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que tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

94 - 0004706-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004706-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FATIMA DE CACIA DOSSANTOS OLIVEIRA (ADVOGADO: RAUL DIAS BORTOLINI, VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0004706-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004706-0/01)RECORRENTE: FATIMA DE CACIA DOS SANTOS OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, na

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qual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Page 135: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –

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ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

95 - 0003736-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003736-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOENES DE OLIVEIRA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO Nº 0003736-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003736-4/01)RECORRENTE: JOENES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação Civil

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Pública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considere

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a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

96 - 0005768-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005768-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NUBIA DOS REIS FONTES(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela

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Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0005768-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005768-1/01)RECORRENTE: NUBIA DOS REIS FONTESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 do

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CDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

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Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

97 - 0003871-42.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003871-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANIA REGINA ANALIAMASCARENHAS (ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, RAUL DIAS BORTOLINI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0003871-42.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003871-0/01)RECORRENTE: VANIA REGINA ANALIA MASCARENHASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

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A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal

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revisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

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Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

98 - 0005506-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005506-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ONOFRE DOS SANTOS(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0005506-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005506-8/01)RECORRENTE: ONOFRE DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara Federal

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Previdenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

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O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

99 - 0006518-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006518-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIENE PEREIRAGIMENEZ RABELO (ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0006518-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006518-5/01)RECORRENTE: CLAUDIENE PEREIRA GIMENEZ RABELORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronograma

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de pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

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O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

100 - 0005503-06.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005503-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE DE OLIVEIRA SILVA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0005503-06.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005503-2/01)RECORRENTE: JORGE DE OLIVEIRA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

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V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora ver o objeto dacausa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios da

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celeridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, tendo apresentadocontestação ao presente feito.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, julgando procedente o pedido inicial para CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas Mensais

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Iniciais dos benefícios previdenciários do autor, apurando novos salários-de-benefício calculados com base na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,e considerando no cálculo da aposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelasatrasadas, que deverão ser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos daLei nº 11.960/2009 que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

101 - 0006798-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006798-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x GETULIO AUGUSTOFERREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0006798-49.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOEMBARGADO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. AUSÊNCIA DEINTIMAÇÃO DA PARTE EMBARGADA. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. CONDENAÇÃO DOINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DADPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO.PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela Defensoria Pública da União em face do acórdão proferido pela TurmaRecursal às fls. 142/143, que, acolhendo embargos aviados pelo INSS, desconstituiu a condenação da autarquiaprevidenciária ao pagamento de honorários advocatícios em favor da DPU, por reputar aplicável a Súmula 421 do STJ aocaso concreto. A DPU argui, preliminarmente, a nulidade do acórdão por violação ao contraditório, defendendo no méritoque o Enunciado nº 421/STJ, ao mencionar a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a Defensoria Pública, serefere à Administração Direta.

Inicialmente, destaco que, nos casos em que os embargos declaratórios encerram pedido de infringência do julgado, a

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jurisprudência majoritária orienta ser obrigatório oportunizar à parte embargada ocasião para manifestar-se, sob pena deofensa aos cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Foi o que se verificou no caso em exame, visto queforam emprestados efeitos infringentes aos aclaratórios sem a oitiva da parte embargada. Conseqüentemente, hão de seracolhidos os embargos nesse particular.

Não obstante, consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussãodo mérito já decidido em sede de julgamento dos embargos de declaração aviados pelo INSS, na medida em que sequeraponta matéria que pode ser considerada omissão ou contradição. Ressalte-se que a contradição que autoriza aapresentação dos aclaratórios é a contradição interna, ou seja, a contradição existente entre conclusões contidas na própriadecisão.

O acórdão embargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela ausência decondenação da Autarquia Previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação do embargante com osargumentos acolhidos deve ser aviada pelos meios recursais cabíveis.

Com efeito, nos termos da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. A jurisprudência dosJuizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ inclusive aos casos em que a DefensoriaPública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Logo, conquanto seja o caso de conhecer dos embargos declaratórios, apenas em virtude da preliminar de nulidade, não éo caso de conceder-lhes provimento, visto que, à mingua dos pressupostos de cabimento dos embargos, a decisãoimpugnada merece ser mantida incólume por seus próprios fundamentos.

Omissão ou contradição não reconhecidas. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

102 - 0001767-14.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001767-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARIA LUCIA DANTAS DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, por

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intermédio dos quais postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos autos, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicação analógica do parágrafoúnico do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimoconcedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar percapita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal. Não se declaroua inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenas concluindo este órgãocolegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados em consideração para efeito docálculo da renda familiar per capita.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

103 - 0000291-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000291-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x AGENOR AGUIAR DOS SANTOS.EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos autos, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicação analógica do parágrafoúnico do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimoconcedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar percapita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal. Não se declaroua inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenas concluindo este órgãocolegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados em consideração para efeito docálculo da renda familiar per capita.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

104 - 0002967-22.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002967-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARIA FRANCISCA DE SOUZA RIBEIRO(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos autos, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicação analógica do parágrafoúnico do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimoconcedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar percapita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal. Não se declaroua inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenas concluindo este órgãocolegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados em consideração para efeito docálculo da renda familiar per capita.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

105 - 0001563-04.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001563-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x ENY DORICO DA SILVA (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).RECURSO Nº 0001563-04.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001563-5/01)

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS bem como pela Defensoria Pública da União, em face doacórdão proferido por esta Turma Recursal, no qual se sedimentou a possibilidade de aplicação analógica do art. 34 da Leinº 10.741/03. O INSS postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,

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da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário. Já a DPU insurge-se contra a ausência decondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos embargos aviados pelo INSS, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicaçãoanalógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a umsalário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração darenda familiar per capita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal.Não se declarou a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenasconcluindo este órgão colegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados emconsideração para efeito do cálculo da renda familiar per capita.

V. Com relação aos embargos opostos pela DPU também não há que se falar em omissão ou obscuridade, pois o acórdãoembargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela ausência de condenação daAutarquia Previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação do embargante com os argumentosacolhidos deve ser aviada pelos meios recursais cabíveis.

VI. Com efeito, nos termos da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. A jurisprudência dosJuizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que a Defensoria Pública daUnião atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

VII. Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo,preferido no Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

VIII. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

106 - 0004033-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004033-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x MARIA DO SOCORRO GUIMARÃES CORTES(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).RECURSO Nº 0004033-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004033-4/01)

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EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS bem como pela Defensoria Pública da União, em face doacórdão proferido por esta Turma Recursal, no qual se sedimentou a possibilidade de aplicação analógica do art. 34 da Leinº 10.741/03. O INSS postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário. Já a DPU insurge-se contra a ausência decondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos embargos aviados pelo INSS, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicaçãoanalógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a umsalário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração darenda familiar per capita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal.Não se declarou a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenasconcluindo este órgão colegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados emconsideração para efeito do cálculo da renda familiar per capita.

V. Com relação aos embargos opostos pela DPU também não há que se falar em omissão ou obscuridade, pois o acórdãoembargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela ausência de condenação daAutarquia Previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação do embargante com os argumentosacolhidos deve ser aviada pelos meios recursais cabíveis.

VI. Com efeito, nos termos da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. A jurisprudência dosJuizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que a Defensoria Pública daUnião atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

VII. Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo,preferido no Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

VIII. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

107 - 0000439-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000439-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARIA DA SILVA BUTTER(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).RECURSO Nº 0000439-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000439-5/01)

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 195, § 5º E ART. 203, INCISOS V, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 20, § 3º DA LEI Nº8.742/93. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS bem como pela Defensoria Pública da União, em face doacórdão proferido por esta Turma Recursal, no qual se sedimentou a possibilidade de aplicação analógica do art. 34 da Leinº 10.741/03. O INSS postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 195, § 5º e art. 203, inciso V,da CF/1998 à hipótese dos autos, bem quanto à constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93, visando suprir aexigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário. Já a DPU insurge-se contra a ausência decondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 195, § 5º e art. 203, inciso V, da CF/1998.

IV. No caso dos embargos aviados pelo INSS, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, por aplicaçãoanalógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, a renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a umsalário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração darenda familiar per capita a que se refere ao art. 20, § 3º da LOAS. É o que dispõe o Enunciado nº 46 desta Turma Recursal.Não se declarou a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da referida lei, nem se negou vigência ao dispositivo, apenasconcluindo este órgão colegiado que, por questão de similitude, os referidos proventos não devem ser levados emconsideração para efeito do cálculo da renda familiar per capita.

V. Com relação aos embargos opostos pela DPU também não há que se falar em omissão ou obscuridade, pois o acórdãoembargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela ausência de condenação daAutarquia Previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação do embargante com os argumentosacolhidos deve ser aviada pelos meios recursais cabíveis.

VI. Com efeito, nos termos da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. A jurisprudência dosJuizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que a Defensoria Pública daUnião atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

VII. Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo,preferido no Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pela

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qual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

VIII. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

108 - 0006978-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006978-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x NANCY FERNANDES ROCHA (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006978-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006978-0/01)EMBARGANTE: NANCY FERNANDES ROCHAEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

109 - 0006766-73.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006766-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JOSE MONTEIRO DE SOUZA NETTO (ADVOGADO: LEONARDOPIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006766-73.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006766-6/01)EMBARGANTE: JOSE MONTEIRO DE SOUZA NETTOEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTE

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APRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

110 - 0001360-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001360-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JANDYRA MIRANDA DOS SANTOS (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0001360-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001360-4/01)EMBARGANTE: JANDYRA MIRANDA DOS SANTOSEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

111 - 0007064-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007064-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL

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(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x NORMINDA SILVA DE SOUZA (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0007064-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007064-6/01)EMBARGANTE: NORMINDA SILVA DE SOUZAEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

112 - 0006535-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006535-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x SONIA THORE ROSALEM (ADVOGADO: GERALDO MAGELACURTINHAS VIEIRA JUNIOR, MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006535-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006535-3/01)EMBARGANTE: SONIA THORE ROSALEMEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$

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500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

113 - 0007099-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007099-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARLUCIA BASTOS PESSANHA CRESPO (ADVOGADO: LEONARDOPIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0007099-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007099-9/01)EMBARGANTE: MARLUCIA BASTOS PESSANHA CRESPOEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

114 - 0006302-20.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006302-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x NERY ANTONIA TEIXEIRA ROCHA (ADVOGADO: GERALDOMAGELA CURTINHAS VIEIRA JUNIOR, MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006302-20.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006302-2/01)EMBARGANTE: NERY ANTONIA TEIXEIRA ROCHAEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União ao

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pagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

115 - 0006094-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006094-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ELIETE VITORIA AULAS (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006094-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006094-0/01)EMBARGANTE: ELIETE VITORIA AULASEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

116 - 0006530-92.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006530-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x EDMAURA SIMOES (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006530-92.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006530-4/01)EMBARGANTE: EDMAURA SIMOES

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EMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

117 - 0006534-32.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006534-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x DARIA GAMA GOMES (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0006534-32.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006534-1/01)EMBARGANTE: DARIA GAMA GOMESEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

118 - 0005974-90.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005974-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x VALDETE DE JESUS ARAUJO (ADVOGADO: LEONARDOPIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0005974-90.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005974-2/01)EMBARGANTE: VALDETE DE JESUS ARAUJOEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º, DO CPC. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS PELO JUÍZO MEDIANTEAPRECIAÇÃO EQUITATIVA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais o ente embargante aponta contradição no julgado, consistente na condenação da União aopagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da condenação a despeito de havercondenação líquida nos autos.

Assiste razão ao embargante. Nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil “nas causas de pequeno valor, nasde valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneasa, b e c do parágrafo anterior’. In caso, a condenação em honorários advocatícios em percentual do valor da condenaçãomostra-se inócua ante a ausência de estipulação de valor líquido de condenação.

Reconhecida a contradição, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela parte autora para, considerando o graude zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado peloadvogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 20, § 3º, CPC), fixar a condenação em honorários advocatícios em R$500,00 (quinhentos reais). Contradição sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

119 - 0002699-02.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002699-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x ARMANDO MARSON FILHO (ADVOGADO: MARIA DEFÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002699-02.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: ARMANDO MARSON FILHORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 59/65, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, anulidade da sentença de origem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC). Comoprejudicial de mérito, defende a prescrição da pretensão autoral. No mérito, sustenta a inocorrência de bis in idem tributário.

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Contrarrazões às fls. 95/104.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 06/11/2007 (fl. 107), enquanto a presente ação foi ajuizada em 02/06/2010 (fl. 01), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 105/106) e aposentadoria em06/11/2007 (fl. 107), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

120 - 0006262-04.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006262-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x AUREA LUCIA FAGUNDES DIAS (ADVOGADO: MARIADE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006262-04.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: AUREA LUCIA FAGUNDES DIASRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES

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OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEMTRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 33/40, que julgou procedente opedido autoral, no que concerne à restituição dos valores cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,declarando a inexigibilidade da relação jurídico-tributária entre este e a ré no que se refere à incidência do imposto de rendasobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram tributadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a restituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto derenda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corresponder às parcelas de contribuiçõesefetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, aincompetência dos Juizados Especiais Federais para o julgamento do feito, a nulidade da sentença de origem por violaçãoaos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), prescrição da pretensão autoral, inocorrência de bis inidem tributário e, por fim, postula a alteração dos critérios de cálculo fixados. Contrarrazões às fls. 118/128.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento ejulgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de períciacontábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto desessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários àconfecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Preliminar rejeitada.

Igualmente afastada a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código de Processo Civil, jáque o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento. Desta feita, aocontrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isenção genérica de tributoa ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício de complementação deaposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano de previdência privada noperíodo de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” da peça vestibular.Nulidade que não se reconhece.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 01/11/2007 (fl. 15), enquanto a presente ação foi ajuizada em 03/12/2010 (fl. 01), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 16/17) e aposentadoria em01/11/2007 (fl. 15), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser restituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendoa apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora no períodocompreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índicesconstantes do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de

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complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

A União Federal deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada nesta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor. Ressalte-se que as diligências indicadas apartir do tópico 12 não importam em manifestação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista setratarem de questões administrativas, as quais visam a facilitar o trâmite processual após o julgamento, o qual foi no sentidoda sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informadores dosJuizados Especiais.

Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que dizrespeito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

121 - 0000822-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000822-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ORLANDO DOMINGOS DASILVA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000822-61.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL E ORLANDO DOMINGOS DA SILVA

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RECORRIDO(A): OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado aviado pela União Federal em face da sentença de fls. 210/218, que julgou procedente opleito autoral de restituição dos valores indevidamente recolhidos a título de imposto de renda sobre os proventos deaposentadoria complementar.

Em razões de recurso (fls. 228/243), a União Federal postula a declaração da prescrição da pretensão de restituição, eisque aplicável à hipótese o prazo prescricional de 05 (cinco) anos.

Contrarrazões às fls. 249/259.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTNArt. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que

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tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 22/09/1998 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 287) e a presenteação foi ajuizada somente em 21/01/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO ao recurso da União, para,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Ante o reconhecimento da prescrição da pretensão autoral, JULGO PREJUDICADO o recurso interposto pelo autor às fls.265/269.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, conforme prescrição do art. 55 daLei n.º 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000822-61.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL E ORLANDO DOMINGOS DA SILVA

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RECORRIDO(A): OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DOJULGADO À NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO DA UNIÃOCONHECIDO E PROVIDO – RECURSO DO AUTOR PREJUDICADO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA UNIÃO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, julgando PREJUDICADO O RECURSO DO AUTOR, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

122 - 0007586-97.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007586-0/01) MARIA DAS GRAÇAS SILVA (ADVOGADO: MARIA DEFÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007586-97.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS SILVARECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Cuida-se de recurso inominado (fls. 38/44) interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 32/36, que julgouimprocedente o pedido de restituição de imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria paga por entidade deprevidência fechada baseado na alegação de bis in idem em razão da incidência do mesmo imposto sobre as contribuiçõesvertidas no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995.

Contrarrazões às fls. 55/67, nas quais a Fazenda Nacional argúi a prescrição da pretensão autoral, além de postular amanutenção da sentença de origem.

Às fls. 70/71, acórdão desta Turma Recursal que ressalta o entendimento diverso do Colegiado em relação aoconvencimento do magistrado sentenciante, determinando a conversão do julgamento em diligência para que a recorrentejuntasse aos autos comprovante de recolhimento de contribuições para o fundo de previdência privada no período de01/01/1989 a 31/12/1995.

Documentos às fls. 83/88.

É o relatório. Passo ao voto.

No que se refere à prescrição alegada pela Fazenda Nacional, segundo recente orientação firmada no Supremo TribunalFederal (RE 566.621/RS), vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazoprescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às açõesajuizadas a partir de então, restando inconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data(09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, no caso dos autos, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiárioefetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel.Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, observa-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nosautos é a de 17/11/2004 (fl. 76), enquanto a presente ação foi ajuizada em 10/12/2008 (fl. 01), informações suficientes aafastar a prescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

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Em análise do mérito, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C. SuperiorTribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou nosentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (documentos de fls. 83/88) e aposentadoriaem 17/11/2004 (fl. 76), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Nesses termos, sem maiores delongas, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para,reformando a sentença de origem, julgar procedente o pedido inicial para:

I – declarar a inexistência de relação jurídico-tributária apta a permitir a incidência do imposto de renda sobre a parcelapercebida a título de complementação de aposentadoria pela parte autora derivada das contribuições vertidas em favor dorespectivo fundo previdenciário quando da vigência do art. 6º, inciso VII, alínea “b”, da Lei nº 7.713/1988, i. e., até o início davigência da Lei nº 9.250/1995, em 1º de janeiro de 1996;

II – condenar a União a repetir os valores indevidamente retidos a título de imposto de renda quando de sua incidência naforma descrita no item I.

Quanto à forma de apuração, ela se dará conforme os precedentes do TRF da 2ª Região (AC 390677/RJ, Relator Des.Federal José Antônio Lisboa Neiva, Terceira Turma Especializada, DJU de 30/05/2007, pag. 330) e do Superior Tribunal deJustiça (AgREsp 998.809, Relator Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJE de 07/05/2010), observando-se o seguinte:

i) As contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

ii) O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

iii) Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”

iv) Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

v) A União Federal deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada nesta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

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vi) Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

vii) Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso deainda haver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo doimposto devido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor. Ressalte-se que as diligênciasindicadas a partir do tópico 12 não importam em manifestação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo emvista se tratarem de questões administrativas, as quais visam a facilitar o trâmite processual após o julgamento, o qual foino sentido da sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípiosinformadores dos Juizados Especiais.

Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios ante o provimento do recurso, nos termos do artigo55, caput, da Lei n. 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007586-97.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS SILVARECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

123 - 0000202-15.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.000202-3/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILSON BICALHO ALONSO(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARGARETH ALVES DEOLIVEIRA.).

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RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000202-15.2010.4.02.5050/02RECORRENTE: GILSON BICALHO ALONSORECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 33/35, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Em suas razões, a recorrente sustenta que a demanda não veicula complexidadede ordem contábil, razão pela qual a sentença de origem merece reforma, de modo que se reconheça a procedência dospleitos autorais. Contrarrazões às fls. 87/101.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 29/12/2006 (fl. 17) e a presenteação foi ajuizada em 15/01/2010 (fl. 01), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito principal, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunalde Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em maio/2007, pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios

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imediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e269, I, ambos do CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento ejulgamento do feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até olimite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de1996, e (3) condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemáticaestabelecida neste voto e instruções que se seguem.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000202-15.2010.4.02.5050/02RECORRENTE: GILSON BICALHO ALONSORECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – INÉPCIADA PETIÇÃO INICIAL AFASTADA – INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃODEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

124 - 0001138-74.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001138-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CELIA LAIOLAGUIMARAES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUSCHAGAS SARAIVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001138-74.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARIA CELIA LAIOLA GUIMARÃESRECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 73/75, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Em suas razões, a recorrente sustenta que a demanda não veicula complexidadede ordem contábil, razão pela qual a sentença de origem merece reforma, de modo que se reconheça a procedência dospleitos autorais. Contrarrazões às fls. 129/145.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 01/11/2008 (fl. 17) e a presenteação foi ajuizada em 02/02/2009 (fl. 20), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito principal, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunalde Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido

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exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em maio/2007, pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e269, I, ambos do CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento ejulgamento do feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até olimite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de1996, e (3) condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemáticaestabelecida neste voto e instruções que se seguem.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001138-74.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARIA CELIA LAIOLA GUIMARÃESRECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – INÉPCIADA PETIÇÃO INICIAL AFASTADA – INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃODEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

125 - 0004179-49.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004179-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBSON GERALDO DOSSANTOS CHIESA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVOHENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004179-49.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROBSON GERALDO DOS SANTOS CHIESARECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/43, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Em suas razões, a recorrente sustenta que a demanda não veicula complexidadede ordem contábil, razão pela qual a sentença de origem merece reforma, de modo que se reconheça a procedência dospleitos autorais. Contrarrazões às fls. 73/89.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a

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repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 16/07/2007 (fl. 98) e a presenteação foi ajuizada em 01/06/2009 (fl. 01), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito principal, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunalde Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em maio/2007, pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e269, I, ambos do CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento ejulgamento do feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até olimite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de1996, e (3) condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemáticaestabelecida neste voto e instruções que se seguem.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60

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(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004179-49.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROBSON GERALDO DOS SANTOS CHIESARECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – INÉPCIADA PETIÇÃO INICIAL AFASTADA – INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃODEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

126 - 0000230-03.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000230-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x LIDIANY ROCHA BRITO LOUBACK.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000230-03.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): LIDIANY ROCHA BRITO LOUBACKRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – TAXA SELIC –APLICABILIDADE – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMAPARTE.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual de

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ajuste. Por fim, defende que a correção do indébito tributário deve ser feita pela Taxa SELIC.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para fins

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de recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.

9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de janeiro de 2008 a fevereiro de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 16). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, outrossim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações deajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a TurmaNacional de Uniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido,confira-se o julgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Por fim, assiste razão à União ao defender que a correção do indébito tributário deve ser feita pela Taxa SELIC. Em setratando de matéria tributária, a correção monetária e os juros de mora aplicáveis aos valores da condenação devemcorresponder à taxa SELIC, na forma prevista no § 4º do art. 29 da Lei nº 9.250/95, segundo o qual a partir de 1º de janeirode 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial deLiquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamentoindevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiversendo efetuada. Veja-se o seguinte acórdão da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos JuizadosEspeciais Federais:

EMENTA: UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LICENÇA-PRÊMIO NÃOGOZADA. RESTITUIÇÃO. INCIDÊNCIA DA SELIC. PROVIMENTO.I - É majoritário, no Superior Tribunal de Justiça, o ponto de vista de que, com fundamento no art. 39, §4º, da Lei 9.250/95, aSELIC incide sobre o montante objeto de repetição de indébito, ressalvado o mês da correspondente restituição, no qualincide o percentual de 1%.II - Pedido de uniformização de jurisprudência conhecido e provido.(PEDILEF 200351510416079, JUIZ FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJU 18/12/2006)

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12. Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para determinar que a SELIC incide sobre o montante objeto derepetição de indébito.

13. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o parcial provimento do recurso, nos termos do art.55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

127 - 0000811-27.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000811-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x VINICIUS RANGEL GOMES.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000811-27.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): VINICIUS RANGEL GOMESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ –INEXISTÊNCIA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste. Por fim, requer o recorrente seja afastada a condenação por litigância de má-fé.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à Administração

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Pública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de julho de 2011 a janeiro de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 19). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,

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acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Quanto à condenação por litigância de má-fé em razão de embargos protelatórios (fls. 80/81) reputo-a indevida. Istoporque a própria Constituição Federal reconheceu a fundamental importância de se permitir nova aferição a respeito dequalquer tutela pleiteada perante o Poder Judiciário, quando enfatiza a ampla defesa e o contraditório, em seu artigo 5º,inciso LV, amparando a possibilidade e a necessidade dos recursos, como garantia de cumprimento do devido processolegal, nos artigos 102, incisos II e III; 105, incisos II e III e 108. Diante disto, a meu ver, a simples interposição de recurso éum direito da parte, não configura litigância de má-fé a menos que reste manifeste o caráter protelatórios dos mesmos, oque não ocorreu no presente caso, visto que nos Embargos de Declaração de fls. 72/74 a União, então embargante, apontasuposta omissão.

12. Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para desconstituir a condenação em multa e indenização porlitigância de má-fé.

13. Custas ex lege. Tendo em vista a mínima sucumbência da parte autora, condeno a recorrente vencida ao pagamento dehonorários advocatícios, ora fixados em 10 % sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

128 - 0003324-65.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003324-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x JORGE LUIZ DE SOUZA.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003324-65.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): JORGE LUIZ DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente que a sentença não levou em conta que as despesasefetuadas com instrução já foram deduzidas pela parte autora, ao menos no exercício de 2012. Sustenta a ausência da

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necessária comprovação da realização de despesas com creche ou pré-escola. Aduz que o limite etário estipulado no artigo208, V, da Constituição Federal, a partir da Emenda Constitucional nº 53/2006, é de cinco anos de idade. Sustenta que osvalores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebido pelo contribuinte até esse limite nãoconstitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valor a ser restituído à parte autora, omesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual de ajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo com

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instituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de outubro de 2007 a junho de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 20). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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129 - 0004678-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004678-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x ADRIANA MENDONCA CONY DANTAS MORAAL.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004678-28.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): ADRIANA MENDONÇA CONY DANTAS MORAALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever do

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empregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de ficha financeira fornecida pela Secretaria de Recursos Humanos do TribunalRegional Eleitoral, os valores percebidos a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto deRenda Retido na Fonte (fl. 21/27). Tal documento possui fé pública, com presunção de veracidade e deve ser o documentoutilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e o imposto de renda retido, dadosnecessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declarações

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de ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

130 - 0004504-19.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004504-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x FLÁVIA PÁDUA FERREIRA DIAZ.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004504-19.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): FLÁVIA PÁDUA FERREIRA DIAZRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimos

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patrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de março de 2007 a julho de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 15). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO E

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PROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

131 - 0004338-84.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004338-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x ADRIANO MOREIRA DE SOUZA.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004338-84.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): ADRIANO MOREIRA DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,

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quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

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8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pela Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal RegionalEleitoral, os valores percebidos no período de julho de 2007 a junho de 2010 a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assimcomo o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 19). Tal documento possui fé pública, com presunção deveracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e oimposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

132 - 0005709-83.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005709-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x MARCUS ANTONIO DA SILVA CALDAS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005709-83.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): MARCUS ANTONIO DA SILVA CALDASRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

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TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigir

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que o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pela Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal RegionalEleitoral, os valores percebidos no período de abril de 2008 a setembro de 2012 a título de “Reembolso Auxílio-Creche”,assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 03). Tal documento possui fé pública, com presunção deveracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e oimposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogado

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constituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

133 - 0003988-96.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003988-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x BENTO ASTORI.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003988-96.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): BENTO ASTORIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valores

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percebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pela Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal RegionalEleitoral, os valores percebidos no período de 2007 a março de 2009 a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assim como orespectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 18). Tal documento possui fé pública, com presunção de veracidade edeve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e o imposto derenda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentação

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no exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

134 - 0006671-43.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006671-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x FERNANDA NASCIMENTO RIBEIRO.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006671-43.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): FERNANDA NASCIMENTO RIBEIRORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, ao

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passo que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pela Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal Regional

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Eleitoral, os valores percebidos no período de 2006 a abril de 2011 a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assim como orespectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 6). Tal documento possui fé pública, com presunção de veracidade e deveser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e o imposto de rendaretido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

135 - 0001229-62.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001229-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x LAUDICEIA LIPPAUS MANGA.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001229-62.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): LAUDICEIA LIPPAUS MANGARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre

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“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setores

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responsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de abril de 2010 a março de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 03). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

136 - 0000652-09.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000652-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x MARINALDO BARBOSA.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000652-09.2011.4.02.5054/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): MARINALDO BARBOSARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches e

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estabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de outubro de 2009 a março de 2011 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 16). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF

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200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

137 - 0004190-73.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004190-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x ALESSANDRA MARQUES DA SILVA THOMPSON.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004190-73.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): ALESSANDRA MARQUES DA SILVA THOMPSONRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

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PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pela Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal RegionalEleitoral, os valores percebidos no período de julho de 2007 a junho de 2012 a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assimcomo o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 20). Tal documento possui fé pública, com presunção deveracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e oimposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se o

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julgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

138 - 0001622-84.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001622-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x LUCIANA CARVALHO BERNARDO.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001622-84.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): LUCIANA CARVALHO BERNARDORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual de

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ajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para fins

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de recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 16). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

139 - 0007097-55.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007097-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x VINICIUS OLIVEIRA DE ANDRADE.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007097-55.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL

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RECORRIDO(A): VINICIUS OLIVEIRA DE ANDRADERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valora ser restituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual deajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direito

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subjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de certidão fornecida pelo Núcleo de Recursos Humanos da Seção Judiciária deMinas Gerais, que houve o pagamento de valores a título de “Reembolso Auxílio-Creche”, assim como a respectivoretenção de Imposto de Renda na Fonte (fl. 20). Tal documento possui fé pública, com presunção de veracidade e deve sero documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina o montante recebido e o imposto de rendaretido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à formade restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

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11. Recurso conhecido e improvido.

12. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

140 - 0003323-80.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003323-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x LIGIA NUNES DE MATOS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003323-80.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): LIGIA NUNES DE MATOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO – AUXÍLIO-CRECHE – IMPOSTO DE RENDA – NÃO-INCIDÊNCIA – VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA – DESNECESSIDADE DE O AUTOR JUNTAR DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZARRETIFICAÇÕES – FACULDADE DE OPÇÃO PELA REPETIÇÃO OU PELA COMPENSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença que declarou a existência de relaçãojurídica tributária entre a parte autora e a União, mas que tal relação é de não incidência de Imposto de Renda sobre“auxílio pré-escolar” e “auxílio-creche”, bem como condenou a União a restituir à parte autora o imposto de renda que tenhaincidido sobre tais verbas desde cinco anos antes do ajuizamento da ação, fixando, ainda, que tal devolução deveráobservar o regime de competência dentro do exercício fiscal correspondente, a ser apurado como a diferença entre oresultado da declaração original e a retificada. Alega a recorrente a ausência da necessária comprovação da realização dedespesas com creche ou pré-escola, sob pena de não se identificar a natureza indenizatória dos valores recebidos a títulode auxílio-creche. Sustenta que os valores gastos com educação são isentos até o limite legal, pelo que o valor recebidopelo contribuinte até esse limite não constitui indenização. Afirma que no exercício de 2011 já foram deduzidos dosrendimentos tributáveis despesas com educação. Argumenta, ainda, que, caos se reconheça a existência de valor a serrestituído à parte autora, o mesmo corresponderá àquele que remanescer após a retificação da declaração anual de ajuste.

2. A possibilidade de o auxílio-creche e o auxílio pré-escolar, pagos sob a forma de reembolso, serem incluídos naincidência do imposto de renda incidente sobre folha de salários, deve ser estudada a partir de dois pontos fundamentais,quais sejam: a identificação da hipótese de incidência do tributo e a verificação da natureza remuneratória ou indenizatóriadas mencionadas verbas. Verifica-se que tal verba recebida pelos empregados e servidores públicos guarda nítida naturezaindenizatória – razão pela qual não pode sobre ela incidir o tributo ora questionado.

3. Decorre a remuneração da quantia habitual que integra o patrimônio do servidor e é paga em razão do seu trabalho, emdinheiro ou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. O breve conceitoacima já permite excluir da remuneração as verbas de caráter indenizatório e ressarcitório. A indenização possui naturezareparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente do contrato de trabalho, aopasso que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesas diretamente relacionadas com aexecução dos serviços prestados.

4. O auxílio ora questionado constitui restituição de despesa feita com creche e pré-escola pelo servidor em benefício doórgão em que exerce suas atividades que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar osfilhos daquele durante a amamentação e a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seusserviços. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICOA TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimospatrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos atítulo de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituemsimples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à AdministraçãoPública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.

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(RESP 200703083258, TEORI ALBINO ZAVASCKI, - PRIMEIRA TURMA, 29/04/2009).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA.AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valorespercebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram osalário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição"(Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl noREsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, PrimeiraSeção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido. (AGA 200900546219,LUIZ FUX, - PRIMEIRA TURMA, 20/04/2010).

5. De fato, o reembolso (assistência indireta) restitui o empregado dos gastos despendidos com creches eestabelecimentos análogos, despesas estas que deveriam, em princípio, pertencer à esfera do empregador, através dadisponibilização do serviço em espécie - o que não se confunde com remuneração. Depreende-se, desta feita, que o valorreembolsado não possui cunho remuneratório, mas indenizatório, na medida em que não traz qualquer acréscimo aopatrimônio do servidor; ao contrário, permite a restituição das despesas que em verdade constituem um dever doempregador.

6. A educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos de idade) é dever do Estado, sendogarantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, representando direitosubjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicos oferecem (com suas limitações e deforma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, e apenas a título de argumentação, seriapossível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que não utiliza creche ou pré-escola mantidaspelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamente beneficiada. Ultrapassada essa condição, exigirque o servidor ou magistrado demonstre que o filho está regularmente matriculado em creche ou pré-escola particular éirrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência em estabelecimentos particulares ou manter acriança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares, etc.). Essa escolha pertence ao servidor ou magistrado e nãocabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

7. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor ou magistrado faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimentode formulários próprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolarserá único e deverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

8. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor ou magistrado teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor,amparado por norma federal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.9. In casu, o servidor comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de agosto de 2008 a junho de 2012 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 20). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela União para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

10. Ressalte-se, por fim, que para fins de liquidação da sentença não há necessidade da juntada das declarações de ajustee de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, como bem entendeu a Turma Nacional deUniformização, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pela compensação. Nesse sentido, confira-se ojulgamento da TNU no processo n.º 2008.71.50.012427-1, publicado no DOU, SEÇÃO 1, em 08/06/2012.

TRIBUTÁRIO – DIREITO DO CONTRIBUINTE EM OPTAR PELA REPETIÇÃO MEDIANTE RESTITUIÇÃOADMINISTRATIVA PELO AJUSTE ANUAL OU POR RPV/PRECATÓRIO JUDICIAL – INCIDENTE CONHECIDO EPROVIDO 1. Através da presente ação a autora buscou a Declaração de Inexigibilidade de Imposto de Renda sobre aparcela Indenizatória, denominada “Auxílio Creche-Babá” e a Repetição do Indébito dos valores que lhe foram, ilegalmente,tributados. O pedido foi julgado procedente condenando a União a restituir o indébito referente aos últimos dez anos,acrescido de correção monetária e juros pela Taxa SELIC. A União recorreu quanto à prescrição, o mérito e quanto à forma

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de restituição do indébito. Em apertada síntese defende que a devolução dos valores retidos indevidamente a título deImposto de Renda sobre as férias, deve ocorrer mediante a retificação das declarações de Imposto de Renda da autora. ATurma Recursal deu parcial provimento ao recurso da União para determinar que “o valor do imposto de renda retido noano-base 2008 deverá ser incluído pela parte autora em sua declaração de rendimento desse ano, quando da apresentaçãono exercício 2009. Com isso, é de ser excluído do cálculo dos presentes autos”. A parte autora interpõe o presenteincidente requerendo que a repetição seja feita por RPV ou por Precatório judicial. Colaciona como paradigma julgados doSTJ, mormente o AgRgREsp 928.169, no qual o Superior firmou o entendimento de que tratando-se de acão de repetiçãode indébito, a restituição deve ser feita pela regra geral, observado o art. 100 da CR 88, descabendo ao Tribunal modificar opedido, determinando a retificação da declaração anual de ajuste (REsp 801218, REl. Min. Eliana Calmon).2. De fato, a jurisprudência desta TNU entende que no tocante à forma de devolução não se trata de questão processual,mas sim de direito material, razão pela qual inaplicável a Súmula 43. Outrossim, a jurisprudência colacionada é a dominanteno STJ, bem como a desta TNU (PEDILEF 200670500072582, Rel. Juíza Federal Jacqueline Bilhalva; PEDILEF200672950036052; Rel. Juiz Federal Élio Wanderley; PEDILEF 200485005010224, Rel. Juiz Federal Valter Maccarone).3. Ante o exposto, CONHEÇO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA E DOU-LHE PROVIMENTOPARA deferir a restituição da retenção indevida do Imposto de Renda sobre a rubrica “Auxílio Creche-Babá, do modoautorizado pela sentença, isto é, através de Requisição de Pequeno Valor, sem a necessidade da juntada das declaraçõesde ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda, FIRMANDO A TESE de que noressarcimento de indébito tributário, tem o contribuinte a faculdade de optar pela repetição ou pela compensação, e,optando pela primeira, não pode sua escolha ser alterada, judicialmente, em sentido contrário à sua vontade. Brasília, maiode 2012. (g.n.)

Recurso conhecido e improvido.

13. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios ante a inexistência de advogadoconstituído.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

141 - 0006621-80.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006621-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA.) x CLEITON FABIANO BELICCHI.RECURSO Nº 0006621-80.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006621-6/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: CLEITON FABIANO BELICCHIRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência desses

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Juizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidente

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da República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

142 - 0000591-92.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000591-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS SARAQUINO VINHOSA.) x DANIELLE SUAVE DO CARMO.RECURSO Nº 0000591-92.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000591-8/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: DANIELLE SUAVE DO CARMORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência desses

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Juizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidente

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da República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

143 - 0000431-89.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000431-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x ANA SILVEIRA DE RESENDE DE CAMPOS (ADVOGADO: RODRIGO COELHOSANTANA, ELISANGELA KUMM, EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000431-89.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000431-3/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: ANA SILVEIRA DE RESENDE DE CAMPOSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretada

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restritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

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6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

144 - 0006142-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006142-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x LIVIA PERES RANGEL.RECURSO Nº 0006142-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006142-5/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: LIVIA PERES RANGELRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretada

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restritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

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6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

145 - 0005586-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005586-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x RUBIA CARLA MARQUES (ADVOGADO: ELISANGELA BELOTEMARETO.).RECURSO Nº 0005586-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005586-3/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: RUBIA CARLA MARQUESRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situação

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geral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

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6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

146 - 0000761-83.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000761-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: DARIO PEREIRA DE CARVALHO.) x FLÁVIA LEÃO BORGES VAIRO.RECURSO Nº 0000761-83.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000761-0/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: FLÁVIA LEÃO BORGES VAIRORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situação

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geral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

Page 227: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

147 - 0000520-21.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000520-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA.) x LINDAURA OHNESORGE MARRE (ADVOGADO: LUIZ ANTONIOTARDIN RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000520-21.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000520-8/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: LINDAURA OHNESORGE MARRERELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo o

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seu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestes

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autos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

148 - 0001272-62.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001272-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x FERNANDA WOELFFEL LIMA FERREIRA x MARA DENISE NUNESNASCIMENTO.RECURSO Nº 0001272-62.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001272-8/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: FERNANDA WOELFFEL LIMA FERREIRA E OUTRARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº

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10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.

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Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

149 - 0001211-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001211-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x CARLOS ALEXANDER LEITÃO LINS.RECURSO Nº 0001211-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001211-0/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: CARLOS ALEXANDER LEITÃO LINSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº

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10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.

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Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

150 - 0000910-60.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000910-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x FABÍOLA BORTOLOZO DO CARMO ROCHA.RECURSO Nº 0000910-60.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000910-9/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: FABÍOLA BORTOLOZO DO CARMO ROCHARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº

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10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.

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Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

151 - 0000525-43.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000525-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCOS DUPIN COUTINHO.) x GIVALDO MATOS DE OLIVEIRA (ADVOGADO: LUIZ ANTONIO TARDINRODRIGUES, WAGGNER ALBERTO WESTPHALL STABENOW, JOSÉ EUGÊNIO VALLANDRO, ADRIENE VALLANDROTARDIN RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000525-43.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000525-7/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: GIVALDO MATOS DE OLIVEIRARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

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2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

Page 237: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

152 - 0000535-87.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000535-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x CLAUS RODRIGUES ZIMERER.RECURSO Nº 0000535-87.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000535-0/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: CLAUS RODRIGUES ZIMERERRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

Page 238: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · JALINE IGLEZIAS VIANA-57 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-101, 14, 48, 66 ... MARILUSA CARIAS DE PAULA-77 MARINA

2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

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Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

153 - 0000816-15.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000816-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x RONNIE FRANCIS RANGEL MARIANO.RECURSO Nº 0000816-15.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000816-6/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: RONNIE FRANCIS RANGEL MARIANORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

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2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

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Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

154 - 0000937-71.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000937-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x RENATA DAMIANI MENDES.RECURSO Nº 0000937-71.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000937-8/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: RENATA DAMIANI MENDESRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

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2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

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Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

155 - 0004023-56.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004023-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x CYNTHIA MARTINS ANTUNES.RECURSO Nº 0004023-56.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004023-9/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: CYNTHIA MARTINS ANTUNESRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

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2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

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Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

156 - 0000538-42.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000538-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x TCHERLYS BRUMATTI.RECURSO Nº 0000538-42.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000538-5/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: TCHERLYS BRUMATTIRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO INTEGRANTE DE ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO DA UNIÃO –AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO – FIXAÇÃO EM MONTANTE DISTINTO PARA CARGO IDÊNTICO VINCULADO AOSTRIBUNAIS SUPERIORES – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO contra a sentença que julgou procedente o pedido, condenando aré-recorrente a pagar a diferença entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidoreslotados nos Tribunais superiores a título de auxílio-alimentação, no período indicado na inicial, até dezembro de 2011,quando a Portaria Conjunta n.º 5, de 05/12/2011 do CNJ corrigiu a referida disparidade. Alega a ré-recorrente: aincompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar o feito, em vista do disposto no artigo 3º, § 1º, III, daLei 10.259/01; que teria havido violação aos princípios da legalidade e autonomia financeira do Poder Judiciário, afronta aoprincípio da separação de poderes, bem como à súmula 339 do STF; também afirma que teria havido violação aospreceitos constitucionais que estipulam a iniciativa exclusiva do Presidente da República para leis que disponham sobreaumento remuneratório (artigo 61, § 1, II, ‘a’ e artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República); também afirma não haverdireito à isonomia pleiteada, requerendo seja o pedido julgado improcedente.

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2. A Lei nº 10.259/01 exclui da competência dos Juizados Especiais Federais as causas “para a anulação ou cancelamentode ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal” (artigo 3º, § 1º, III, da Lei nº10.259/01). O ato administrativo, em sentido estrito, refere-se, tal qual o ato judicial, a uma situação concreta, restringindo oseu alcance a um número restrito e determinado de pessoas. O ato legislativo, em sentido estrito, refere-se a uma situaçãogeral, impessoal e abstrata. A norma que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais deve ser interpretadarestritivamente, no sentido de que a pretensão de anulação de ato administrativo que se exclui da competência dessesJuizados é tão-somente aquela pretensão que ataca um ato administrativo em sentido estrito. No caso, houve a prolação deato de caráter normativo (Resolução do CJF no caso dos servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus; Atosdo Presidente de Tribunal Regional do Trabalho em se tratando de servidores da Justiça do Trabalho de primeiro e segundograus). Evidentemente, o dispositivo que restringe a competência dos Juizados Especiais Federais quis referir-se a um atoadministrativo em sentido estrito, ou seja, que delibera sobre uma situação concreta. Por tais razões, rejeito a preliminarlançada.

3. O art. 22 da Lei nº 8460/1992 dispôs sobre a concessão de auxílio alimentação aos servidores públicos federais civisativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. No que refere aos servidores do Judiciário daUnião, por força da autonomia administrativa e financeira de que dispõe esse Poder (artigo 99 da Constituição daRepública), cabe ao mesmo fixar o valor do auxílio-alimentação de seus respectivos servidores. Ocorre que a fixação dovalor do auxílio-alimentação não estava sendo feita uniformemente: o Conselho da Justiça Federal e Tribunais Regionais doTrabalho vinham fixando, por atos normativos, valores distintos de auxílio-alimentação dos servidores que lhes eramvinculados (servidores do Judiciário da União de primeiro e segundo graus) daqueles valores que estavam sendo fixadospelos Tribunais Superiores. Com efeito, os servidores da Justiça Federal e de primeiro e segundo graus receberam oauxílio-alimentação nos seguintes valores: de 14/12/2005 a 29/11/2009, valor mensal de R$ 590,00 (Resolução 490, de14/12/2005) e de 30/11/2009 a 20/12/2011, no valor mensal de R$ 630,00 (Portaria 88, de 30/11/2009). Esses valores,recebidos a título de auxílio-alimentação pelos servidores de primeiro e segundo grau da Justiça Federal, são inferiores aosvalores recebidos pelos servidores pertencentes à mesma carreira jurídica lotados nos Tribunais Superiores (STF, STJ,TST, TSE, STM e TJDF). Essa disparidade somente foi corrigida pela Portaria Conjunta 5, de 05/12/2011, do ConselhoNacional de Justiça – assinada pelo Presidente do STF, STJ, TSE, TST, STM e TJDF – que unificou o valor do benefício deauxílio-alimentação para todos o Poder Judiciário da União.

4. Não faz sentido que um analista judiciário lotado no STF, no STJ, ou no TST receba, a título de auxílio-alimentação, valorsuperior ao recebido por outro analista judiciário lotado na Seção Judiciária do Distrito Federal ou no TRF da 1ª Região.Com efeito, os cargos em questão foram todos criados pelo mesmo ente federativo, integram o mesmo Poder e, por lei, têmidênticas atribuições. Destarte, depreende-se que o critério (ou a falta de critério) na fixação do valor do auxílio-alimentaçãoacabou por levar em consideração, tão-somente, o órgão no qual o servidor do Judiciário da União estava lotado. Concluoque tal disparidade na fixação do montante a ser pago a título de auxílio-alimentação afrontou o princípio da isonomia.

5. Alegou-se que a procedência do pedido importaria violação ao teor da súmula 339 do STF, cujo enunciado é o seguinte:“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Inexiste a alegada violação.

A referida súmula foi aprovada em 1963, e se refere a vencimento, enquanto a parcela discutida integra a remuneração docargo. Já naquela época a legislação distinguia vencimento de remuneração, como se depreende, v.g., do disposto nosartigos 119 e 120 da Lei n.º 1.711/1952 (Estatuto dos funcionários públicos da União), verbis:

Art. 119. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão fixado em lei.

Art. 120 Remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a dois terços dopadrão do vencimento e mais as cotas ou percentagens atribuídas em lei.

Além dessa distinção, há de se realçar que os recursos que levaram o STF a aprovar a súmula 339 continham matériasubstancialmente diversa daquela com a qual me defronto.

Vejamos.

No Recurso Extraordinário n.º 42.186-MA, professores efetivos com exercício em colégios de 1º e 2º graus do Maranhãoqueriam ter seus vencimentos equiparados aos professores catedráticos do mesmo estabelecimento. Da leitura do voto doRelator, Min. Nelson Hungria, afere-se que se cuidavam de cargos distintos. O eventual provimento da pretensão importarianuma espécie de reclassificação funcional (RE julgado em 01/08/1960). No Recurso Extraordinário n.º 40.914-DF,funcionários autárquicos do IAPI pretendiam ver seus vencimentos equiparados a funcionários que exerciam funçõessimilares, mas vinculados à União. O Relator, Min. Candido Mota Filho, registrou que “... não está na órbita do Judiciáriofazer equiparações dessa natureza ...” (RE julgado em 17/12/1959). Por fim, no Recurso Ordinário em Mandado deSegurança n.º 9.122-PR, um servidor civil do Paraná, Diretor de Departamento padrão Y, queria seus vencimentosequiparados ao de Promotor de Justiça de 4ª entrância, sob o argumento de que a lei concedera tal equiparação aosocupantes de cargo de “... Diretor efetivo, padrão U, ..., que tenham exercido ou exerçam o cargo de Diretor deDepartamento ....”. O relator, Min. Victor Nunes, registrou que “... não compete, porém, ao Judiciário fazer reclassificação decargos, por conta própria, para corrigir eventual injustiça do legislador...” (RMS julgado em 27/09/1961).

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Em conclusão: o teor da súmula 339 do STF refere-se a situações totalmente distintas daquela com a qual me deparo.Logo, o entendimento jurisprudencial ali consolidado não é óbice a que se julgue procedente a pretensão formulada nestesautos.

6. O artigo 61, § 1º, II, ‘a’ da Constituição da República dispõe o que segue: “§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidenteda República as leis que:... II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração;”.

A parcela da remuneração de que ora se trata é fixada não por lei, mas por ato regulamentar expedido pelo PoderExecutivo no que refere aos servidores a ele vinculados; pelo Poder Judiciário no que refere aos servidores a elevinculados; e, identicamente, pelo Poder Legislativo, também no que refere aos servidores a ele vinculados.

É evidente que a fixação do montante de tal verba há de ser feita, no âmbito de cada um dos três Poderes, dentro do limiteda respectiva dotação orçamentária. Não obstante, por se tratar de parcela remuneratória fixada por atoadministrativo-normativo, depreende-se que o mencionado dispositivo não inviabiliza a pretensão ora formulada.

7. A norma contida no artigo 169, § 1º, I, da Constituição da República configura diretiva que limita a atividade do legisladorno que refere à majoração de despesas com o funcionalismo público (seja por meio de aumento de remuneração, seja pormeio de criação de cargos). Depreende-se que tal norma não se refere à hipótese dos autos.

8. Por fim, ressalte-se o entendimento pessoal deste relator no sentido de que a isonomia entre as vantagens concedidasaos servidores do Poder Judiciário se consolidou com a decisão do Conselho da Justiça Federal de que todos os servidoresdo Poder Judiciário integram uma carreira única, de âmbito nacional, havendo, inclusive, a possibilidade de remoçãonacional, o que ocorre, pelo menos, desde 10 de março de 2008, data da edição da Resolução/CJF nº 3

9. Recurso CONHECIDO E IMPROVIDO.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e da ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

157 - 0004424-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004424-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ROSSETO ROQUE(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.).RECURSO Nº 0004424-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004424-8/01)RECORRENTE: MARIA ROSSETO ROQUERECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,

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julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

158 - 0004412-12.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004412-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMARILDO CORREA(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: ANESIO OTTO FIEDLER.).RECURSO Nº 0004412-12.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004412-1/01)RECORRENTE: AMARILDO CORREARECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, na

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forma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

159 - 0004400-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004400-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO EVANGELISTA DESOUZA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0004400-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004400-5/01)RECORRENTE: JOAO EVANGELISTA DE SOUZARECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos os

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efeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

160 - 0004398-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004398-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DANIEL SCHREIBER(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.).RECURSO Nº 0004398-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004398-0/01)RECORRENTE: DANIEL SCHREIBERRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio da

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legalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

161 - 0004426-93.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004426-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO DERVI GERLIN(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: RAQUEL MAMEDE DE LIMA.).RECURSO Nº 0004426-93.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004426-1/01)RECORRENTE: JOAO DERVI GERLINRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

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6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

162 - 0004372-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004372-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO BERGAMINI(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0004372-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004372-4/01)RECORRENTE: GERALDO BERGAMINIRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

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8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

163 - 0004370-60.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004370-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE OLIMPIORODRIGUES SARMENTO (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃONACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0004370-60.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004370-0/01)RECORRENTE: JOSE OLIMPIO RODRIGUES SARMENTORECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,

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considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

164 - 0005859-35.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005859-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS LUIZ FRANÇA(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0005859-35.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005859-4/01)RECORRENTE: CARLOS LUIZ FRANÇARECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

165 - 0000643-81.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000643-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIZAEL STIEG(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: FLAVIOTELES FILOGONIO.).RECURSO Nº 0000643-81.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000643-0/01)RECORRENTE: MIZAEL STIEGRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,

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no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

166 - 0000559-80.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000559-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO ROGERIO MANZINIDE SOUZA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).RECURSO Nº 0000559-80.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000559-0/01)RECORRENTE: PAULO ROGERIO MANZINI DE SOUZARECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

167 - 0000545-96.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000545-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDERLY GIUBERTI(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).RECURSO Nº 0000545-96.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000545-0/01)RECORRENTE: VALDERLY GIUBERTIRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

168 - 0000552-88.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000552-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSMAR QUEMELLI(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -

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FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).RECURSO Nº 0000552-88.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000552-7/01)RECORRENTE: OSMAR QUEMELLIRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

169 - 0004380-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004380-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO DE TARSOZANETTE (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.).RECURSO Nº 0004380-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004380-3/01)RECORRENTE: PAULO DE TARSO ZANETTERECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA

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RELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

170 - 0004109-61.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004109-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILAS DA SILVEIRAROMUALDO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0004109-61.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004109-4/01)RECORRENTE: SILAS DA SILVEIRA ROMUALDORECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

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RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

171 - 0004440-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004440-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANDERSON MARTINSSCALON (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE- FUNASA (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0004440-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004440-6/01)RECORRENTE: ANDERSON MARTINS SCALONRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

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RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

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1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

172 - 0006678-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006678-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS CANDEIAS(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.).RECURSO Nº 0006678-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006678-5/01)RECORRENTE: JOSE CARLOS CANDEIASRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da

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instituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

173 - 0000543-29.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000543-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO TOSE(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: FLAVIOTELES FILOGONIO.).RECURSO Nº 0000543-29.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000543-6/01)RECORRENTE: GERALDO TOSERECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

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RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foi

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creditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

174 - 0005858-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005858-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CELIO SACRAMENTOFREITAS (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE- FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.).RECURSO Nº 0005858-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005858-2/01)RECORRENTE: CELIO SACRAMENTO FREITASRECORRIDO: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como arestituição dos valores recebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude dainstituição da Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008. No entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, sustenta que nenhuma compensação é devida, eis que recebeu as referidas verbas de boa-fé e, notadamente,ante a ausência de previsão legal para a referida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,

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julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 200,00 (duezentos reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

175 - 0000878-62.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000878-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ALEX MEIRELES RIBEIRO.RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000878-62.2007.4.02.5051/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE - FUNASARECORRIDO: ALEX MEIRELES RIBEIROJUIZ FEDERAL RELATOR: DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando arecorrente a reajustar o valor pago a título de indenização de campo ao recorrido, no percentual de 50%, conforme descritono Anexo I do Decreto nº 5.554/2005, a contar de sua entrada em vigor (05/10/2005). Sem contrarrazões.

O Recurso da FUNASA é tempestivo e adequado. Ausente o preparo, tendo em vista a isenção conferida às fundações peloinciso I do artigo 4º da Lei nº 9.289/96. Voto pelo seu conhecimento.

No mérito, a matéria ora analisada tem por objeto o pagamento do percentual de 50% sobre a indenização de campo apartir de 05/10/2005, data do Decreto nº 5.554/2005, tendo em vista ter sido este o percentual aplicado às diárias pagaspara servidores para deslocamentos feitos para regiões outras que não capitais de Estados.

Com razão a FUNASA.

A matéria discutida nestes autos não merece maiores digressões, tendo em vista que esta Turma Recursal, em razão deinúmeros precedentes acerca desta matéria, editou, em 14/12/2007, o Enunciado nº 40, cuja redação é a seguinte: “Não édevido o reajuste na indenização de campo por força da alteração trazida pelo Decreto 5.554/2005.”

A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, da mesma forma, apreciando a questão posta em discussão nosautos, já ressaltou que não se vislumbra, nas modificações implementadas pelos Decretos nº 5.554/2005 e 5.992/2006 e6.258/2007, o reajustamento da diária, que deveria ensejar, nos termos da legislação, o reajustamento, no mesmo índice,

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da indenização de campo.

Nesse sentido, segue trecho do voto do E. Relator, prolatado no julgamento do pedido de uniformização nº200735007140489:

(...) tais Decretos efetuaram alterações, tão-somente, quanto ao elenco de municípios integrantes de faixa percentual deadicional, considerando que a vantagem teve a sua representação econômica definida como variável de acordo com ascaracterísticas da localidade a que se dirige o servidor. Como já assinalei, em diversos precedentes, o Decreto nº5.554/2005, que alterou o Decreto nº 3.364/2000, não introduziu reajuste ou aumento no valor das diárias. Apenaspromoveu, repita-se, alteração específica quanto a um dos itens do Decreto anterior. É que a sistemática do pagamento dasdiárias estabeleceu um valor básico uniforme e adicionais diferenciados, que incidem a depender do destino do servidor. ODecreto nº 5.554/2005 limitou-se a modificar o adicional específico relativo ao deslocamento para certas cidades,aumentando o rol de destinos ao qual se aplica essa determinada alíquota do adicional, ficando evidente a inocorrência dereajuste do valor das diárias, sendo, por conseqüente, improcedente a pretensão de sua extensão às indenizações decampo. Com o advento do Decreto nº 5.554/2005, o adicional de 50% (cinqüenta por cento), previsto somente para odeslocamento para cidades que tivessem mais de 200.000 (duzentos mil) habitantes, passou a contemplar, também,cidades de população inferior a esta” (PEDILEF 200735007140489, JUIZ FEDERAL ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRAFILHO, TNU - Turma Nacional de Uniformização, 16/01/2008)

Ante o exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO ao presente Recurso para, reformando a sentença de piso, JULGARIMPROCEDENTE A PRETENSÃO AUTORAL.

Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000878-62.2007.4.02.5051/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE - FUNASARECORRIDO: ALEX MEIRELES RIBEIROJUIZ FEDERAL RELATOR: DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO DA FUNASA – INDENIZAÇÃO DE CAMPO – DECRETO 5.554/2005 –ENUNCIADO N.º 40 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA INTEGRALMENTE REFORMADA.

A matéria discutida nestes autos não merece maiores digressões, tendo em vista que esta Turma Recursal, em razão deinúmeros precedentes acerca desta matéria, editou em 14/12/2007 o Enunciado nº 40 cuja redação é a seguinte: “Não édevido o reajuste na indenização de campo por força da alteração trazida pelo Decreto 5.554/2005.”

A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, da mesma forma, apreciando a questão posta em discussão nosautos, já ressaltou que não se vislumbra, nas modificações implementadas pelos Decretos nº 5.554/2005 e 5.992/2006 e6.258/2007, o reajustamento da diária, que deveria ensejar, nos termos da legislação, o reajustamento, no mesmo índice,da indenização de campo.

O entendimento manifestado pela r. sentença recorrida é manifestamente contrário à jurisprudência desta Turma Recursal,bem assim à jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, motivo pelo qual há que ser reformado o decisumimpugnado.

Recurso conhecido e provido para reformar a sentença recorrida e julgar improcedente o pleito autoral. Sem condenaçãoem honorários advocatícios nos termos do art. 55 da Lei n.º 9099/95 c/c art. 1º da Lei n.º 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,

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na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

176 - 0001179-61.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001179-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VIVIANE LAURETT DOSSANTOS (ADVOGADO: HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO:FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA, AMANTINO PEREIRA PAIVA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001179-61.2011.4.02.5053/01EMBARGANTE: VIVIANE LAURETT DOS SANTOSEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS INDEVIDOS. ESPERA EM FILA DEBANCO. MERO ABORRECIMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITORECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 86/87, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de análise da legislaçãomunicipal sobre o tema. Aduz que o Município de Linhares possui legislação que estipula o tempo máximo de espera em filade banco em 30 (trinta) minutos, sustentando, assim, que o caso dos autos ultrapassa a questão do mero aborrecimento.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso, na medida em que sequer aponta matéria que pode ser considerada omissãoou contradição.

O acórdão embargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir que o caso dos autos –espera em fila de banco por um período de tempo superior ao estimado em legislação municipal – representou um meroaborrecimento à autora, afastando a ocorrência de efetivo dano a um bem jurídico, senão vejamos:

Nesse contexto, a demora em fila de banco, por si só, apesar de incômoda, não é capaz de atingir a dignidade da pessoahumana numa perspectiva de dano moral, tendo em vista que, em meu sentir, não há uma dor íntima capaz de justificaruma condenação dessa natureza. Assim, a espera em fila de estabelecimento bancário não pode ser considerada comolesão aos direitos personalíssimos do ser humano, tratando-se, em verdade, de mero contratempo, de mero dissabor.

Em nenhum momento esta Turma Recursal negou a proteção constitucional conferida à moral e a possibilidade de violaçãoa tal bem jurídico, com a conseqüente necessidade de indenização. Apenas se concluiu, a partir da valoração dos fatosnarrados, que o caso dos autos não revelava violação à intimidade da ora embargante. Assim, não se negou vigência aqualquer dispositivo constitucional. A insatisfação da recorrente com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meiosrecursais cabíveis.

�Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional ou legal suscitada pelas partes litigantes,cumpre registrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar,nem mesmo potencialmente, ofensa direta aos dispositivos invocados pelo embargante.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

177 - 0004825-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004825-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INDIA NARA DE ANCHIETAJUGNET (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004825-25.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: INDIA NARA DE ANCHIETA JUGNETEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AUSÊNCIA DA QUALIDADE DESEGURADO QUANDO DA DATA DO ÓBITO. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃODO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 83/84, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta contradição no julgado. Sustenta a embargante que “é exatamente porser extemporânea a contribuição (GFIP) é que se faz necessário (sic) a realização da Pesquisa Externa (PE)”.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso, na medida em que sequer aponta matéria que pode ser considerada omissãoou contradição.

O acórdão embargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela desnecessidade darealização da requerida pesquisa externa, ante a total ausência de início de prova material apto a comprovar a efetivaprestação de serviços na competência cuja contribuição foi recolhida intempestivamente. Vejamos o seguinte excerto:

4. Compulsando os autos, verifica-se que, conforme extrato do CNIS anexado à fl.20, o de cujus efetuou a sua últimacontribuição ao RGPS, na qualidade de segurado empregado, em 31/03/1999. Contudo, uma empresa de consultoriarecolheu uma contribuição em seu nome, na condição de segurado individual, referente à competência de novembro/2008,mês anterior ao óbito do extinto. Entretanto, o documento de fl. 20 demonstra que a GFIP foi exportada somente em16/03/2009, ou seja, após o óbito do segurado (29/12/2008). Insta ressaltar, que inexiste nos autos prova material de que ode cujus efetivamente prestava serviços à empresa de consultoria em novembro/2008. Por outro lado, consta à fl. 32 dosautos que o falecido “recebia por palestras proferidas”.

5. Desta feita, diante da contribuição previdenciária intempestiva (fl. 20), entendo ser desnecessária a realização e pesquisaexterna por parte do INSS para fins de comprovação das informações prestadas pela GFIP (fl. 23), haja vista inexistir nosautos prova material contemporânea ao período em que se precisa provar o exercício de atividade remunerada.

Ressalte-se que a exigência de início de prova material justifica-se para afastar eventuais fraudes geradas pelorecolhimento de contribuições em data posterior ao óbito visando apenas preencher o requisito de filiação ao RGPS. Ainsatisfação da recorrente com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meios recursais cabíveis.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

178 - 0001067-67.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001067-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: SUELLEM RIBEIRO BOTON, UDNO ZANDONADE.) x JULIANA SERRANO ROCHA(ADVOGADO: MARINÉIA SAMPAIO SOUTO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001067-67.2012.4.02.5050/01EMBARGANTE: JULIANA SERRANO ROCHAEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS INDEVIDOS. ESPERA EM FILA DEBANCO. MERO ABORRECIMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITORECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 97/99, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de análise da questãosobre o prisma constitucional. Aduz também que o dano moral restou demasiadamente demonstrado e que o desgastefísico e emocional da embargante teria extrapolado o mero aborrecimento. Por fim, requer o prequestionamento da matéria

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constitucional discutida.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso, na medida em que sequer aponta matéria que pode ser considerada omissãoou contradição.

O acórdão embargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir que o caso dos autos –espera em fila de banco – representou um mero aborrecimento à autora, afastando a ocorrência de efetivo dano a um bemjurídico, senão vejamos:

Nesse contexto, a demora em fila de banco, por si só, apesar de incômoda, não é capaz de atingir a dignidade da pessoahumana numa perspectiva de dano moral, tendo em vista que, em meu sentir, não há uma dor íntima capaz de justificaruma condenação dessa natureza. Assim, a espera em fila de estabelecimento bancário não pode ser considerada comolesão aos direitos personalíssimos do ser humano, tratando-se, em verdade, de mero contratempo, de mero dissabor.

Em nenhum momento esta Turma Recursal negou a proteção constitucional conferida à moral e a possibilidade de violaçãoa tal bem jurídico, com a conseqüente necessidade de indenização. Apenas se concluiu, a partir da valoração dos fatosnarrados, que o caso dos autos não revelava violação à intimidade da ora embargante. Assim, não se negou vigência aqualquer dispositivo constitucional. A insatisfação da recorrente com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meiosrecursais cabíveis.

�Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional ou legal suscitada pelas partes litigantes,cumpre registrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar,nem mesmo potencialmente, ofensa direta aos dispositivos invocados pelo embargante.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

179 - 0005812-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005812-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CELIA DAS NEVESSAMUEL (ADVOGADO: LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005812-61.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: CELIA DAS NEVES SAMUELEMBARGADO(A): INSTITUNO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.ALEGAÇÃO DE NULIDADE DEVIDAMENTE APRECIADA E AFASTADA PELO ACÓRDÃO EMBARGADO.PREQUESTIONAMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 5º, INCISOS XXXV, LIV E LV, DA CF. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DEOMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo autor em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.101/102, por intermédio dos quais aponta suposta omissão no julgando no tocante à apreciação da preliminar suscitada norecurso inominado. Ademais, requer a manifestação do órgão colegiado acerca de suposta violação do art. 5º, inciso XXXV,LIV e LV, da CF/1998, visando suprir a exigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário.

II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussãodo mérito já decidido em sede de julgamento do recurso, visto que, ao contrário do que afirma, este colegiado semanifestou expressamente sobre a preliminar suscitada em sede de recurso inominado, senão vejamos:

Argui a recorrente a nulidade da sentença tendo em vista ser baseada em laudo pericial omisso. O laudo pericial, embora

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lacônico, não é nulo, porque esclareceu satisfatoriamente a matéria fática. Nos juizados especiais, os atos processuais sãoregidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisaconter fundamentação detalhada.

III. Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�IV. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 5º, inciso XXXV, LIV e LV, da CF/1998.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

180 - 0000267-38.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000267-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARCOS CARVALHO NASCIMENTO(ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000267-38.2009.4.02.5052/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALEMBARGADO: MARCOS CARVALHO NASCIMENTORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE EXERCIDA SOBRE CONDIÇÕES ESPECIAIS. RUÍDO.COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DEREVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 152/153, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado consistente na ausência de análise do argumentode que o autor não teria comprovado exposição permanente a ruído nocivo.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso, na medida em que sequer aponta matéria que pode ser considerada omissãoou contradição. Ressalte-se que a contradição que autoriza a apresentação dos aclaratórios é a contradição interna, ouseja, a contradição existente entre conclusões contidas na própria decisão.

III. O acórdão embargado deixou expressos os motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pela comprovação doexercício de atividades sobre condições especiais devido à exposição ao agente nocivo ruído, tendo sido enfrentadas todasas questões colocadas no recurso inominado. A insatisfação do embargante com os argumentos acolhidos deve ser aviadapelos meios recursais cabíveis.

IV. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

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181 - 0000976-10.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000976-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SELMA BATISTAMEIRELLES (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x JUIZ FEDERAL DA VARAFEDERAL DE SÃO MATEUS x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.).MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0000976-10.2008.4.02.5052/01IMPETRANTE: SELMA BATISTA MEIRELLESIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS / ESLISTISCONSORTE PASSIVO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de mandado de segurança impetrado por SELMA BATISTA MEIRELLES em face de decisão tida por coatorapraticada pelo Juízo Federal da Vara Federal de São Mateus/ES, que, nos autos da ação originária (Processo n.º0000976-10.2008.4.02.5052), rejeitou o pedido de habilitação em virtude do caráter personalíssimo da prestação (benefíciode prestação continuada).

Sustenta a Impetrante, em breve síntese, que os sucessores têm o direito de receber as parcelas compreendidas entre orequerimento administrativo e o óbito da autora e que o indeferimento do pedido a impede de manejar recurso inominadoobjetivando a reforma da sentença. Requer, liminarmente, seja deferido o pedido de habilitação com fins de interposição derecurso perante a Turma Recursal, confirmando-se a medida ao final.

À fl. 65/66, consta decisão que deferiu a liminar pleiteada, determinando ao Juízo Impetrado que analisasse o pedido dehabilitação apresentado nos autos do processo de nº 0000976-10.2008.4.02.5052.

Notificada, a autoridade coatora prestou informações à fl. 71.

Às fl. 79/83, o Ministério Público Federal manifestou-se pela concessão da ordem.

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeasdata, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica noexercício de atribuições do Poder Público.

Sua previsão se encontra no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantiasindividuais de índole processual destinados a serem manejados contra abuso de poder derivado da atuação dosrepresentantes da administração pública em sentido amplo, entre os quais se inclui o juiz.

Dito isto, passo à análise do mérito do writ.

A questão posta no presente mandumus encontra-se consolidada no âmbito na Turma Nacional de Uniformização.

Com efeito, é cediço que o caráter personalíssimo do benefício assistencial de prestação continuada não impede orecebimento, pelos sucessores, das parcelas devidas pelo INSS até a data do óbito do autor, senão vejamos:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO E CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEPRESTAÇÃO CONTINUADA. DIREITO DOS SUCESSORES DO BENEFICIÁRIO QUE FALECE NO CURSO DOPROCESSO DE RECEBEREM AS PARCELAS QUE LHE ERAM DEVIDAS.1. A Turma Nacional de Uniformização já assentou que “a despeito do caráter personalíssimo do benefício assistencial, háque se reconhecer a possibilidade de pagamento dos atrasados aos sucessores do demandante falecido no curso doprocesso” porquanto “não se poderia premiar o Estado por uma conduta duplamente censurável: I) por não haver concedidoo benefício a quem dele necessitava; e II) por não haver julgado o processo a tempo de propiciar o pagamento dosatrasados ao cidadão inválido” (PEDILEF n° 2006.38. 00.748812-7 – rel. Juíza Federal JOANA CAROLINA LINS PEREIRA -DJU de 30/01/2009).2. Pedido de Uniformização conhecido e parcialmente provido, restituindo-se o processo à Turma de origem paraadequação do julgado, prosseguindo no julgamento do feito adstrita a tal premissa.(PEDIDO 200738007142934, JUIZ FEDERAL MANOEL ROLIM CAMPBELL PENNA, DOU 20/01/2011 SEÇÃO 1.)

Ante o exposto, sem me alongar demasiadamente, voto no sentido de CONCEDER A SEGURANÇA, para, confirmando aliminar deferida às fls. 65/66, determinar que o Juízo Impetrado analise o pedido de habilitação apresentado nos autos doprocesso nº 000976-10.2008.4.02.5052.

Sem condenação em custas processuais e em honorários advocatícios.

É como voto.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0000976-10.2008.4.02.5052/01IMPETRANTE: SELMA BATISTA MEIRELLESIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS / ESLISTISCONSORTE PASSIVO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO E CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA.DIREITO DOS SUCESSORES DO BENEFICIÁRIO QUE FALECE NO CURSO DO PROCESSO DE RECEBEREM ASPARCELAS QUE LHE ERAM DEVIDAS. HABILITAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, quepassa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

182 - 0000926-44.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000926-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ZELINA MARTELI RAUTA (ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTOTIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0000926-44.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ZELINA MARTELI RAUTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – COISAJULGADA AFASTADA- DIB NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia-ré, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão do benefício de auxílio-doença, com DIB em 28/03/2008, data do requerimento administrativo,convertendo-o em aposentadoria por invalidez a partir do laudo pericial, que atestou sua incapacidade permanente.Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que se operou a coisa julgada pela propositura de ação anterior ecoincidente, fato que não poderia ser desconsiderado, uma vez que o novo documento trazido ao processo já estava emposse da autora quando do ajuizamento da primeira ação, podendo ser juntado, assim, a todo o momento. Impugna, ainda,a prova pericial, pois emprestada do processo anterior e realizada por perito sem confiabilidade para emitir laudos – que,por esse motivo, foi, inclusive, substituído. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso,reconhecendo-se a coisa julgada ou julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, em caso demanutenção da condenação, requer seja fixada a DIB após a cessação do labor da parte autora ou, caso não se entendaassim, que seja permitido o desconto dos meses em que haveria percepção concomitante do auxílio-doença e do salário.Ainda, caso haja entendimento diverso, pugna pela fixação da DIB após o trânsito em julgado da sentença do processoanterior.

2. A controvérsia nos autos versa sobre a existência de coisa julgada em processo anterior, sobre a validade da perícia

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judicial que atestou a incapacidade e sobre a data de fixação da DIB.

3. Inicialmente, não há que se falar em coisa julgada. Embora esta demanda tenha as mesmas partes e o mesmo objeto dademanda anteriormente ajuizada, apresenta distinta causa de pedir. Na presente demanda, a petição inicial indicou trêsvínculos empregatícios que não estavam contidos na anterior. Como bem asseverou o magistrado sentenciante, Dr. PabloCoelho Charles Gomes, embora não se trate de “fato novo”, essa causa de pedir é distinta, de modo a não se configurar aidentidade de ações. Assim, o trânsito em julgado da primeira ação não impede o processamento e julgamento do pedidofeito na segunda ação.

4. Quanto à incapacidade e sua data inicial, na análise pericial do Juízo (fls. 127/132), a recorrida (69 anos) foi examinada ediagnosticada com artrose nas mãos, pés e joelhos e alterações degenerativas ao nível da coluna cervical lombar (quesiton° 1 do INSS), que a incapacitam permanentemente (q uesito n° 4 do INSS) para o trabalho. O perito não consignou a datade início da incapacidade, mas afirmou que, com certeza, a incapacidade já existia quando da propositura da ação. Alémdisso, disse ser provável que a autora tenha permanecido incapaz por todo o período compreendido entre seu início e apropositura da ação.

5. Quanto à fixação da DIB, Tribunais não têm apresentado grande uniformidade quanto ao termo inicial dos benefíciosdecorrentes de incapacidade. O STJ firmou o entendimento no sentido de que o termo inicial, quando não há requerimentona via administrativa, é o da apresentação do laudo pericial em juízo (STJ, AgRg no REsp 1023312/SP, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, Sexta Turma, DJE 01.09.2008).

6. Nesta mesma linha, a jurisprudência dominante entende que o benefício é devido a partir da data da juntada do laudomédico pericial, se apenas nesse momento for constatada a incapacidade laborativa do autor ou se não houver ademonstração técnica de que existia incapacidade na data do requerimento administrativo.

7. Em que pese a abstenção do perito do juízo quanto à data de início da incapacidade, no caso em tela, há exames (fls.25/ 27 e 42/44) e laudos de médicos assistentes (fl. 24, 25 e 45), datados de período anterior, atestando a condição físicaincapacitante da recorrida. Isso permite inferir que já havia incapacidade laborativa à época do requerimento administrativo.

8. O recebimento concomitante do salário e do benefício deferido, como também já esclarecido pelo juiz de primeiro grau,não significa que a autora teria efetivamente trabalhado na condição de costureira. E, ainda que assim o fosse, nãoimplicaria no demérito quanto ao benefício – somente demonstra que, ante o indeferimento do auxílio-doença, a autora tevede buscar meios alternativos de sobrevivência, ainda que a custo do sacrifício de sua condição física.

9. Assim, a autora, ora recorrida, faz jus à percepção do benefício desde a data de do requerimento administrativo, em28.03.2008.

10. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo a quo.

11. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

12. Sem custas, na forma da Lei. Honorários advocatícios devidos pelo INSS fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, § 3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

183 - 0000251-27.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.000251-0/02) UILSON MEES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO INOMINADO Nº 0000251-27.2008.4.02.5050/02RECORRENTE: UILSON MEESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS - RENDA MENSAL PER CAPITAINFERIOR AO LIMITE LEGAL – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou

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improcedente o pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS). Sustenta o recorrente,em suas razões recursais, que reside sozinho e que não tem capacidade de prover seu próprio sustento, vivendomiseravelmente. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso, julgando-se procedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se às fls. 157-162.

2. Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A condição de incapacidade da parte autora é fato incontroverso nos autos. Quanto ao requisito atinente àmiserabilidade, o relatório social (fls. 101-117) atesta que o grupo familiar é composto apenas pelo recorrente. A casa ondereside é de alvenaria, constituída por seis cômodos (sala, 2 quartos, cozinha, área de serviço e banheiro), em estadoinsalubre de moradia, com rachaduras, infiltrações, portas e madeiras do telhado apodrecidas. Não possui renda, já queestá incapacitado de prover o próprio sustento. Apesar de a genitora do recorrente residir em imóvel anexo, não hácomprovação de que a renda dela seja revertida em seu favor.

4. Assim, constatada a falta de renda auferida pelo recorrente e sua incapacidade para o labor e a vida independente,verifica-se que foram preenchidos todos os requisitos para o recebimento do benefício assistencial pleiteado.

5. Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

6. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e a ele DOU PROVIMENTO para condenar o INSS a conceder à autora obenefício assistencial de prestação continuada com DIB em na data do requerimento administrativo e DIP na presente data.Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora a partir dacitação, observada a disciplina prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida pela Lei 11.960/2009.

7. Igualmente, DEFIRO, nesta oportunidade, a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA de mérito em favor darecorrente, porquanto reputo presentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentaçãode fato e de direito lançada neste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráteralimentar do benefício pleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaçoante direitos fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional. Logo, obenefício deverá ser implantado no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado, e a comprovação dopagamento deverá ser promovida no prazo de dez dias após a implantação.

8. Sem condenação da parte autora ao pagamento das custas processuais e de honorários de advogado ante o provimentodo seu recurso (art. 55 da Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

184 - 0000049-76.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000049-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARTA FERREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: MICHELLESANTOS DE HOLANDA.).RECURSO DE SENTENÇA N°. 0000049-76.2010.4.02.5051/0 1RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARTA FERREIRA DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –PRESENÇA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 114/117, que julgou

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procedente o pedido autoral, condenando a Autarquia Previdenciária a conceder a autora o benefício de aposentadoria poridade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo, bem como a pagar o valor das prestações vencidas aidêntico título. Aduz o recorrente, em suas razões, que as provas produzidas nos autos não são suficientes para acomprovação do exercício de atividade rural, conforme a lei previdenciária aplicada ao caso. Ademais, alega que os fatosesclarecidos pela prova testemunhal são frágeis, não sendo hábeis a certificar o labor rural supostamente exercido pelaautora. Contrarrazões (fls.127/130)

2. Inicialmente deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve comprovar o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei8.213/91. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada lei permite que a atividade rural seja exercidaindividualmente.

4. No caso sob exame, o ponto controvertido envolve a suposta ausência de comprovação de exercício de atividades rurais,em regime de economia familiar, por período equivalente ou superior à carência do benefício. Contudo, em análise docaderno processual, entendo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficientes à demonstração dacondição de segurado especial da parte recorrida e do labor rural pelo tempo exigido em lei.

5. A autora juntou aos autos do processo, a título de início de prova material, os seguintes documentos: i) contrato deparceria agrícola, referente ao período de 05/06/1993 a 05/06/2009, constando a parte como parceira outorgada (fls. 15/16);ii) certidão emitida pela Justiça Eleitoral, na qual consta como profissão da autora a de trabalhadora rural (fl. 26); iii) certidãode casamento realizado em 1978, com a informação que o marido da autora detinha a profissão de agrícola (fl. 64); iv)recibo de ITR (fls. 19/21); e v) recibos de supermercado, datados entre 2001 e 2002, qualificando a autora como lavradora(fl. 29).

6. O início de prova material foi corroborado pela prova testemunhal colhida em juízo. Os depoimentos das testemunhasnão foram contraditórios, tampouco frágeis, mas resguardados de segurança e firmeza, confirmando, assim, o exercício deatividade rural por parte da autora. Desse modo, resta caracterizado o direito da mesma à aposentadoria rural por idade.

7. A jurisprudência no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema pode ser inferida a partir da seguinte ementa:

PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR IDADE. COMPROVAÇÃO DE SEUS REQUISITOS.INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL. EXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTALIMPROVIDO.Este Superior Tribunal já consolidou sua jurisprudência no sentido de que, existindo início de prova material a corroborar osdepoimentos testemunhais, não há como deixar de reconhecer o direito da parte autora à concessão da aposentadoria poridade de trabalhador rural. Isso em razão das dificuldades encontradas pelos trabalhadores do campo para comprovar oseu efetivo exercício no meio agrícola, em especial a mulher, cujos documentos comumente se apresentam em nome docônjuge. Agravo regimental conhecido, porém improvido.(AgRg no Ag 634134 / SP, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, pub. DJ 29/8/2005, unânime, Quinta Turma - grifos nossos).

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios no montante de 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, com fundamento no artigo 20, § 3º doCPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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Acolher os embargosTotal 11 : Conceder o mandado de segurançaTotal 1 : Dar parcial provimentoTotal 4 : Dar provimentoTotal 55 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Negar provimentoTotal 99 : Rejeitar os embargosTotal 12 :