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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADENILSON VIANA NERY-12, 13, 16, 36, 37, 38, 4, 43, 69 ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-1 ADRIANA ALVES DA COSTA-81 ALAN ROVETTA DA SILVA-1 ALCÂNTARO VICTOR LAZZARINI CAMPOS-8 Aleksandro Honrado Vieira-28 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-55 ALMIR ANTONIO JUNIOR-31 ALVIMAR CARDOSO RAMOS-62 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-40, 41 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-48, 51, 56, 58 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-12, 13, 30, 43 ANDRÉ DIAS IRIGON-15 ANDRÉ EMERICK PADILHA BUSSINGER-54 ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-44 ANILSON BOLSANELO-19 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-5 ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-61 BRUNO MIRANDA COSTA-90 BRUNO SANTOS ARRIGONI-52 CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-97 CARLOS BERKENBROCK-87, 88, 89, 90, 91, 92, 93 Carolina Augusta da Rocha Rosado-49, 50 CHARLES WAGNER GREGÓRIO-39 CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-32 CLAUDIO DOS SANTOS-59 CLEBSON DA SILVEIRA-76, 81 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-5 DAIANY BIONDO-39 DALTON SANTOS MORAIS-97 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-11 DÉBORA GOULART OURIQUE-96 DICK CASTELO LUCAS-61 EDGARD VALLE DE SOUZA-6 EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-24, 28 EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-40 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-39, 78 EMILENE ROVETTA DA SILVA-1 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17 FABIANA VIEIRA LOUREIRO-23 FABRÍCIO MARIN PEREIRA-33 FRANCISCO GUILHERME M. A. COMETTI-8 FREDERICO AUGUSTO MACHADO-72, 73, 75, 80 GABRIELA BERNARDO DEORCE-68 GERALDO BENICIO-49 GISLANE LOPES DE SOUZA-53 GUSTAVO CABRAL VIEIRA-47, 66 GUSTAVO FERREIRA DE PAULA-9 GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-96 GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-60 HAYNNER BATISTA CAPETTINI-53 HENRIQUE SOARES MACEDO-52 HUDSON DOS SANTOS NUNES-46

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADENILSON VIANA NERY-12, 13, 16, 36, 37, 38, 4, 43, 69ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-1ADRIANA ALVES DA COSTA-81ALAN ROVETTA DA SILVA-1ALCÂNTARO VICTOR LAZZARINI CAMPOS-8Aleksandro Honrado Vieira-28ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-55ALMIR ANTONIO JUNIOR-31ALVIMAR CARDOSO RAMOS-62ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-40, 41ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-48, 51, 56, 58ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-12, 13, 30, 43ANDRÉ DIAS IRIGON-15ANDRÉ EMERICK PADILHA BUSSINGER-54ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-44ANILSON BOLSANELO-19ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-5ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-61BRUNO MIRANDA COSTA-90BRUNO SANTOS ARRIGONI-52CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-97CARLOS BERKENBROCK-87, 88, 89, 90, 91, 92, 93Carolina Augusta da Rocha Rosado-49, 50CHARLES WAGNER GREGÓRIO-39CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-32CLAUDIO DOS SANTOS-59CLEBSON DA SILVEIRA-76, 81CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-5DAIANY BIONDO-39DALTON SANTOS MORAIS-97DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-11DÉBORA GOULART OURIQUE-96DICK CASTELO LUCAS-61EDGARD VALLE DE SOUZA-6EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-24, 28EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-40ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-39, 78EMILENE ROVETTA DA SILVA-1ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17FABIANA VIEIRA LOUREIRO-23FABRÍCIO MARIN PEREIRA-33FRANCISCO GUILHERME M. A. COMETTI-8FREDERICO AUGUSTO MACHADO-72, 73, 75, 80GABRIELA BERNARDO DEORCE-68GERALDO BENICIO-49GISLANE LOPES DE SOUZA-53GUSTAVO CABRAL VIEIRA-47, 66GUSTAVO FERREIRA DE PAULA-9GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-96GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-60HAYNNER BATISTA CAPETTINI-53HENRIQUE SOARES MACEDO-52HUDSON DOS SANTOS NUNES-46

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IGOR STEFANOM MELGAÇO-71ILZA RODRIGUES DE SOUZA-29INGRID SILVA DE MONTEIRO-31Isabela Boechat B. B. de Oliveira-3, 53, 67, 68, 82, 84, 9, 91JAILTON AUGUSTO FERNANDES-16, 36, 6JANAINA RODRIGUES LIMA-70JANINE SILVA BEZERRA-53JAQUES MARQUES PEREIRA-40JEANINE NUNES ROMANO-71JEFFERSON R. MOURA-70JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-44, 77, 83JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-74, 77JOAO MANOEL FERREIRA-17JOAO PEDRO DE OLIVEIRA COSTA-22JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-20JOSE EDUARDO COELHO DIAS-71JOSE GERALDO NUNES FILHO-67, 68JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-57, 59, 63JOSÉ NASCIMENTO-20JOSE PAULO ROSALEM-8JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-51JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-69JUANDERSON MORAES DE OLIVEIRA-18JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE-50JULIARDI ZIVIANI-75, 80JULIO FERNANDES SOARES-57Karina Rocha Mitleg Bayerl-58Laerte de Campos Hosken-25Lauriane Real Cereza-15, 27LIDIANE DA PENHA SEGAL-3, 45, 64, 65LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-21LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-61, 65LILIAN MAGESKI ALMEIDA-66, 67, 68LUCELIA GONCALVES DE REZENDE-56LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-1, 14, 27Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-5LUCIANO SOUZA CORTEZ-7Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-21, 25, 33LUIZ CARLOS BASTIANELLO-35MAIKE RENATE REINERT-76, 79, 94MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-31, 78MARCIA RIBEIRO PAIVA-32, 92Marcos Figueredo Marçal-55, 64MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-94MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI-31, 78MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-24, 28MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-76, 79, 94, 95, 96, 99MARIA MIRANDA DE SOUZA POCAS-50MARIANE AMANTINO CSASZAR-59MARILENA MIGNONE RIOS-11, 42MAURÍCIO LUIS PEREIRA PINTO-46MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-66, 67, 68NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-89OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-20, 23ORIAS BORGES LEAL-84PATRICIA NUNES ROMANO-71

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PAULA GHIDETTI NERY LOPES-16, 36, 4Paulo Henrique Vaz Fidalgo-18, 19PEDRO INOCENCIO BINDA-35PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-49Rafael Antônio Freitas-34RAMON CARVALHO-85, 86RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-42, 7RICARDO FIGUEIREDO GIORI-47, 63RICARDO MIGNONE RIOS-42RODRIGO BARBOSA DE BARROS-95RODRIGO COSTA BUARQUE-80RODRIGO L. PIGNATON COMETTI-8RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-26, 29, 37, 4ROGÉRIO NUNES ROMANO-71ROSEMARY MACHADO DE PAULA-48, 9ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-62, 71, 79Ruberlan Rodrigues Sabino-10SALERMO SALES DE OLIVEIRA-33SANDRA CARVALHO GONÇALVES-30SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-14SAYLES RODRIGO SCHUTZ-87, 89, 90, 91SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-72, 73, 74, 75SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-34SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-31, 38, 86, 87, 88TACIO DI PAULA ALMEIDA NEVES-30TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-45, 46, 52THALITA CHAGAS CORREA-9THIAGO AARÃO DE MORAES-83THIAGO COSTA BOLZANI-54, 85UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-60, 70, 8, 93URBANO LEAL PEREIRA-20, 25Valber Cruz Cereza-15, 2, 27VALERIA ANGELA COLOMBI COGO-39Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-10, 2, 22VINICIUS DOMINGUES FERREIRA-34VIVIAN VIEIRA TOYAMA-26WANESSA SOARES DE SOUZA-22

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2012.000165 DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL

09/10/2012Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0001163-21.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001163-4/01) TEREZINHA BARBOSA MAMEDE TOSTA (ADVOGADO:ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x OS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001163-21.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: TEREZINHA BARBOSA MAMEDE TOSTA E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

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Cuida-se de Recursos Inominados interpostos pela parte autora e pela parte ré (INSS) em face de sentença que julgouprocedente o pedido autoral para condenar o INSS à concessão de aposentadoria por invalidez a partir da data da sentença(26/04/2011), bem como ao pagamento das parcelas vencidas.

Em razões de recurso (fls. 146/151), o INSS sustenta que a incapacidade que acomete a parte autor possui naturezarelativa, na medida em que lhe é permitido o exercício de atividades que não demandem demasiado esforço físico. Assim,considerada a possibilidade de reabilitação para outras funções, somente seria devido o benefício auxílio-doença.Contrarrazões às fls. 160/169.

De sua parte, a parte autora, em sede recursal (fls. 153/159), requer a alteração da DIB do benefício para a data dorequerimento administrativo ou para a data da juntada do laudo pericial aos autos, sob o argumento de que, inobstante aausência de data do início da incapacidade no laudo pericial do Juízo, os demais laudos e exames juntados aos autosdemonstram que ela já estava incapacidade naquelas datas. Contrarrazões às fls. 172/177.

É o breve relatório. Passo a votar.

Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91 será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, conforme disposiçãoconstante do artigo 42 da Lei 8.213/91 será devida ao segurado que, após cumprido, quando for o caso, o período decarência exigido, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer esta condição.

No que tange ao segurado especial – rural –, os benefícios de incapacidade são concedidos mediante a comprovação doefetivo exercício de atividade rural, por meio de prova material indiciária devidamente referendada pela prova testemunhal,pelo prazo correspondente à carência exigida, nos termos do art. 39, inciso I, c/c art. 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91, quandofor o caso, aliada à demonstração da incapacidade para o exercício do labor campesino. É pacífico o entendimento dostribunais pátrios no sentido de que para o reconhecimento de tempo de serviço, seja na condição de trabalhador urbano ourural, é exigido o início razoável de prova material, sendo inadmissível a prova exclusivamente testemunhal, ressalvada aocorrência de força maior ou caso fortuito, previstos pelo § 3ª do art. 55 da Lei nº 8.213/91.

No caso dos autos, os recursos não impugnam a qualidade de segurado da autora, cingindo-se ao requisito daincapacidade laboral.

Pois bem.

O laudo pericial do juízo (fl. 88) atesta que a autora é portadora de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus,obesidade, e doença da coluna e joelho, doenças que a incapacitam definitivamente para o trabalho braçal pesado. O peritofoi contundente em afirmar, assim, que a autora não pode realizar atividades que demandam demasiado esforço físico,concluindo que a autora se encontra incapacitada apenas parcialmente, havendo a possibilidade de reabilitação para outrasfunções.

Nesses termos, segundo o INSS, considerando que a autora somente realizaria atividades leves, tais como cuidar degalinhas e porcos e que, para tais ações, não haveria incapacidade, sustenta ser indevida a concessão do benefício.

Pois bem. É sabido que o juiz não está, de modo algum, vinculado às conclusões do laudo pericial (art. 436 do CPC),podendo utilizar-se de outros elementos de prova produzidos nos autos para formar sua convicção. A sentença de origem,levando em consideração as condições pessoais da autora, concluiu pela sua incapacidade total e definitiva.

Em consonância com o Juízo a quo, ouso discordar da conclusão pericial.

Nos autos, há informações de que a autora exerce o labor de agricultora. A meu ver, o esforço físico, mesmo quemoderado, é inerente à atividade rural, por exigir que a autora permaneça de pé por prolongados períodos. Ademais,mesmo as citadas atividades de “menor esforço físico”, em se tratando de meio rural, se caracterizam como fator de riscopara o agravamento da doença ortopédica que acomete a autora, tendo em vista se tratarem todas de atividades braçais,com movimentos e posições repetitivas, nem sempre eretas.

Desse modo, em casos como que tais, em que a continuidade do exercício do labor habitual exigirá do segurado esforçofísico além do normal, mormente devido à exposição à dor e à possibilidade de agravamento da doença, com apossibilidade de afetação de outras atividades sociais, entendo que deve se concluir pela incapacidade ao menos parcial dorequerente. No entanto, por considerar que a idade avançada da autora (59 anos de idade - fl. 19) e o possível baixo graude instrução e qualificação não permitirão a sua recolocação no mercado de trabalho, concluo que a incapacidade laboral,neste caso, é total e definitiva, de modo que se encontram preenchidos os requisitos para a concessão da aposentadoriapor invalidez.

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Vale enfatizar que tais condições pessoais fazem com que se torne extremamente difícil (senão impossível) para asegurada obter uma vaga de emprego que não exija esforço físico, diante da conjuntura atual do mercado de trabalho, aqual, inegavelmente, privilegia os mais jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional e profissional.

Segue jurisprudência que corrobora o entendimento acima adotado:

[...] Ponderando-se, no caso, as condições pessoais da autora e constatando-se, desse modo, a sua total incapacidadepara o exercício do trabalho, é de ser concedida aposentadoria por invalidez. 4. Levando em conta que o argumentoapresentado pelo INSS, para negativa do benefício pleiteado em juízo, somente consiste na possibilidade de alteração daatividade laboral exercida pela segurada, com ausência de esforço físico e de tensão nervosa, cumpre reconhecer que coma informação trazida pelos laudos periciais do juízo de fls. 42 e 52, e pela farta documentação anexada pela parte, quecorrobora suas alegações, não há dúvida quanto ao reconhecimento da enfermidade incapacitante atestada nos autospassível de permitir o deferimento do benefício. [...] (Tribunal Regional Federal da 1ª Região – Segunda Turma – Processon. 200101000003901 – Relatora: Juíza Federal NEUZA MARIA ALVES DA SILVA – Julgado em: 07/04/2010 – Publicadoem: 13/05/2010).

Destarte, diante de tudo quanto fora exposto, entendo que está constatada a incapacidade laboral Total e Definitiva daautora, restando concluir que ela faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez, não merecendo provimento, portanto,o recurso do INSS.

Por outro lado, o recurso da parte autora merece guarida. Isso porque comungo do entendimento de que a DIB devesempre ser a data do requerimento administrativo, salvo se não houver requerimento administrativo, o laudo não especificaro termo inicial da incapacidade ou pelos demais elementos dos autos não puder verificar-se o referido termo inicial. Nessesentido:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIB (DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO) NA DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO. 1.O benefício por invalidez é devido a partir da data do laudo pericial, quando não houver requerimentoadministrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade e pelos demais elementos dos autos não puderverificar-se o referido termo inicial. 2.No caso em concreto, a parte autora juntou documentos que demonstram que suaincapacidade laboral é anterior à data do requerimento administrativo. 3.Apelação do INSS não provida. Apelação da parteautora provida.(AC 200338010033109, JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:06/07/2011, PAGINA: 290)

Pois bem. No caso em apreço, o laudo pericial de fl. 90 atestou a incapacidade parcial e definitiva da autora para oexercício de suas atividades habituais sem, contudo, precisar a data do início da incapacidade.

Tais circunstâncias, porém, a meu ver, não permitem que a DIB seja fixada na data da sentença, na medida em que osdemais elementos constantes dos autos são suficientes à conclusão de que a autora já se encontrava incapacitada quandodo requerimento administrativo de fl. 27 (03/06/2005). Nesse sentido, os laudos particulares de fls. 36 e 37,contemporâneos ao requerimento administrativo, descrevem patologias cujo quadro clínico é irreversível e definitivo, bemcomo de origem degenerativa, sendo tais fatos confirmados pelo perito do juízo. Ademais, há nos autos histórico detratamento junto ao Hospital e Maternidade São Felipe, em Atílio Vivácqua (fls. 20/40), que demonstra que o quadrodegenerativo já se encontra instalado há muito tempo.

Assim, deve ser concedido o auxílio-doença à parte autora desde a data do requerimento administrativo, com sua posteriorconversão em aposentadoria por invalidez na data da sentença.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e, no mérito, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS EDOU PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, para condenar o INSS a conceder o benefício auxílio-doença à partedemandante desde a data do requerimento administrativo (03/06/2005 – fl. 27), com sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez a partir da data da sentença (26/04/2011).

Os juros e a atualização monetária serão calculados na forma estipulada pela sentença de origem.

Condeno o INSS, recorrente vencido, ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95, estando isento das custas processuais (art. 4º, I,da Lei 9.289/96).

Sem condenação da parte autora ao pagamento das custas processuais e de honorários de advogado ante o provimento doseu recurso (art. 55 da Lei 9.099/95).

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001163-21.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: TEREZINHA BARBOSA MAMEDE TOSTA E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – E APOSENTADORIA POR INVALIDEZINCAPACIDADE DEFINITIVA CONFIGURADA – ANÁLISE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA – CONDIÇÕESPESSOAIS DA PARTE – DIB – DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE NÃO RECONHECIDA NO LAUDO PERCIAL –CONSIDERAÇÃO DOS LAUDOS PARTICULARES – RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO –RECURSO DA PARTE RÉ CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOSe, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA E NEGAR AO RECURSO DA PARTE RÉ, na formada ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

2 - 0001692-40.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001692-9/01) MARLENE MONTEIRO ARTHUR (ADVOGADO: Valber CruzCereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) xOS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA N.° 0001692-40.2008.4.02.5051/0 1RECORRENTE: MARLENE MONTEIRO ARTHUR E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA E SUACONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL TOTAL E DEFINITIVACONFIGURADA – ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA DOS AUTOS – COMPROVAÇÃO DAQUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL – DIB – DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – CONSIDERAÇÃODOS LAUDOS PARTICULARES – RECURSOS CONHECIDOS – RECURSO DA AUTORA PROVIDO – SENTENÇA

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PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de Recursos Inominados interpostos pelo INSS, ora primeiro recorrente, e pela parte autora, ora segundarecorrente, em face da sentença de fls. 108/111, que julgou parcialmente procedente o pedido autoral, condenando o INSSa implantar o benefício auxílio-doença com DIB em 15/05/2009 (data da realização do exame pericial) e sua conversão emaposentadoria por invalidez na data da sentença (02/09/2011). Em razões de recurso, a autarquia previdenciária (primeirorecorrente) sustenta que o perito do juízo constatou que a incapacidade da autora era meramente temporária, com previsãode recuperação em 12 (doze) meses, não podendo, portanto, ser concedida aposentadoria por invalidez, mas apenasauxílio-doença. Ademais, alega que não houve inicio de prova material suficiente a comprovar o exercício de atividade rural,especialmente porque o esposo da autora sempre trabalhou em empresas urbanas. Contrarrazões às fls. 122/124.

2. Por sua vez, a parte autora (segunda recorrente) requer que seja modificada a sentença monocrática no que tange à datainicial do benefício, devendo ser fixada a DIB na data do requerimento administrativo (26/12/2007), tendo em vista que adoença incapacitante apontada pela perícia médica seria a mesma encontrada na esfera administrativa. Contrarrazões àsfls.125/130.

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprido, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. Os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez no que concerne ao segurado especial - rural - éconcedido mediante a comprovação do efetivo exercício de atividade rural, por meio de prova material indiciáriadevidamente referendada pela prova testemunhal, pelo prazo correspondente à carência exigida, nos termos do art. 39,inciso I, c/c art. 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91, quando for o caso, aliada à demonstração da incapacidade para o exercíciodo labor campesino. É pacífico o entendimento dos tribunais pátrios no sentido de que para o reconhecimento de tempo deserviço, seja na condição de trabalhador urbano ou rural, é exigido o início razoável de prova material, sendo inadmissível aprova exclusivamente testemunhal, ressalvada a ocorrência de força maior ou caso fortuito, previstos pelo § 3ª do art. 55 daLei nº 8.213/91.

5. No presente caso, para a comprovação da atividade rural, a parte autora apresentou os seguintes documentos: i) carteirado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo, com data de admissão em 07/03/2007 (fl. 12); ii) certidão de casamento,datada em 13/11/1976, onde consta como profissão de seu esposo a de lavrador (fl. 16); iii) declaração de exercício deatividade rural emitido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo, em 21/12/2007 (fl. 17); iv) contrato de parceriaagrícola firmado com o Sr. Antonio Zuim, tendo como parceiros outorgados a autora e seu esposo, com vigência de trêsanos, iniciando-se em 14/02/2006 (fl. 21/22); v) anotação na CTPS onde consta que a autora é segurada especial, em16/02/2005 (fl. 24). Em complementação à prova material, a testemunha Antonio Zuim afirmou que a autora sempreexerceu labor rural, tendo, inclusive, laborado em suas terras por três anos, salientando que, quando ela saiu de suapropriedade, já estava com problemas de saúde.

6. Destaque-se que o desempenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice àdemonstração da condição de segurado especial por outro componente da família, desde que, a renda advinda daagricultura seja indispensável ao sustento do lar. O INSS, porém, não se desimcumbiu de seu ônus de demonstrar que osrendimentos do marido da autora eram suficientes para o sustento do grupo familiar, não carreando aos autos sequer odemonstrativo de salários do mesmo. Por outro lado, os indícios da indispensabilidade do labor rural são fortes, tendo emvista que a autora, mesmo portadora de enfermidades, permaneceu, ao máximo, na lida da roça.

7. Quanto à incapacidade, a perícia médica produzida nos autos (fls. 48/49) constatou que autora é portadora de obesidademórbida, hipertensão arterial e artrose de coluna dorso-lombar, doenças que a incapacitam para o exercício de suaatividade habitual como lavradora, de forma total e temporária.

8. Nesse sentido, entendo que restou incontroversa a condição de segurada especial da parte autora e sua incapacidadepara o exercício de suas atividades habituais. Assim, o MM. Juízo a quo julgou parcialmente procedente o pedido autoralcom base no seguinte entendimento, que a seguir transcrevo: “não obstante o perito judicial informar que a incapacidade daautora é temporária, diante da gravidade dos fatos trazidos a juízo pelo perito, notadamente sua dificuldade de locomoçãoem razão de sua obesidade, aliado a sua idade, mitigo a prova pericial produzida, nos termos do art.436 do CPC econsidero a autora incapacitada de forma total e definitiva para o exercício de sua atividade laborativa habitual de lavradorae para qualquer outra atividade laboral.”

9. A insurgência do INSS não merece prosperar, pois em consonância com o entendimento do Juízo de origem, entendoque as enfermidades que acometem a parte autora, aliadas à sua idade, a incapacitam total e definitivamente para oexercício de suas atividades habituais. Desta feita, havendo a comprovação do exercício de atividades rurais e daincapacidade total e definitiva, resta concluir que a autora possui direito à aposentadoria por invalidez.

10. No que tange ao recurso da autora, entendo que a sentença merece ser reformada em parte. Isso porque comungo doentendimento de que a DIB deve sempre ser a data do requerimento administrativo, salvo se não houver requerimento

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administrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade ou pelos demais elementos dos autos não puderverificar-se o referido termo inicial. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIB (DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO) NA DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO. 1.O benefício por invalidez é devido a partir da data do laudo pericial, quando não houver requerimentoadministrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade e pelos demais elementos dos autos não puderverificar-se o referido termo inicial. 2.No caso em concreto, a parte autora juntou documentos que demonstram que suaincapacidade laboral é anterior à data do requerimento administrativo. 3.Apelação do INSS não provida. Apelação da parteautora provida.(AC 200338010033109, JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:06/07/2011, PAGINA: 290)

11. No caso em apreço, o laudo pericial de fl. 48/49 atestou a incapacidade da autora para o exercício de suas atividadeshabituais sem, contudo, precisar a data do início da incapacidade. Tais circunstâncias, porém, a meu ver, não permitem quea DIB seja fixada na data do laudo pericial, na medida em que os demais elementos constantes dos autos são suficientes àconclusão de que a autora já se encontrava incapacitada quando do requerimento administrativo de fl. 43 (29/02/2008).Nesse sentido, o laudo particular de fls. 33, contemporâneo ao requerimento administrativo, descreve patologias cujoquadro clínico é irreversível e definitivo, bem como de origem degenerativa, sendo tais fatos confirmados pelo perito dojuízo.

12. Recursos conhecidos. Recurso do INSS improvido. Recurso da parte autora provido para alterar a DIB do benefícioauxílio-doença para a data do requerimento administrativo. Sentença reformada em parte.

13. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido (INSS) ao pagamento de honoráriosadvocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n.º 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS e, no mérito, NEGAR PROVIMENTOAO RECURSO DO RÉU E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, na forma da ementa constante dos autos,que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

3 - 0004425-79.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004425-4/01) LUCIA SILVA DOS SANTOS (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHASEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO N. 0004425-79.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: LUCIA SILVA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 121/122 quejulgou improcedente o pedido autoral de concessão de benefício auxílio-doença. Em suas razões de recurso (fls. 123/128),a recorrente alega, em síntese, que se encontra temporariamente incapacitada para o exercício de suas funções habituais,preenchendo, assim, os requisitos para a concessão do auxílio-doença. Assim, postula pelo conhecimento e provimento dorecurso para que seja deferido o benefício pleiteado, com o pagamento das parcelas retroativas. Contrarrazões à fl.130/133.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

4. A autora, ora recorrente, atualmente com 64 anos de idade (fl. 05), auxiliar de serviços gerais (faxineira), alega quequebrou o pé direito após queda, o que lhe causou uma deformidade aguda, sendo mais tarde constatada artrose em pédireito, o que lhe incapacita para o exercício de suas atividades habituais. Visando aferir o estado de (in)capacidade, foram

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realizadas duas perícias médicas, uma com médico do trabalho e outra com médico ortopedista, sendo que ambosatestaram a capacidade da parte recorrente.

5. O laudo pericial de fls. 25/26 atesta que a recorrente possui deformidade no pé direito (pé varo cavo), decorrente desequela de acidente (queda da escada). Contudo, o expert afastou a alegação de incapacidade, ressaltando que, ao examefísico, não se verificou edema nos membros inferiores, nem contratura muscular. Por sua vez, o exame pericial de fls.94/98, procedido por médico ortopedista, diagnosticou artrose leve de coluna lombar, sem comprometimento neurológico,descartando, da mesma forma, a existência de incapacidade laborativa. Frisou o douto perito, desta feita, que, ao examefísico, a autora não apresentou nenhuma característica da doença com boa mobilidade de coluna e membros. Em respostaaos quesitos complementares (fl. 116), o perito esclareceu, sobre a deformidade no pé, que a autora adentrou a sala deexames andando bem, sem claudicação (sem mancar), não tendo se queixado do pé, aduzindo inexistir incapacidade poresta razão. Asseverou, ainda, que, quando da queda da escada, devido à imobilização do pé houve incapacidadetemporária, mas que esta não ultrapassou o período de 15 (quinze) dias.

5. Os poucos documentos particulares juntados pela recorrente não são suficientes para afastar a conclusão das períciasoficiais. O laudo de fl. 10 refere-se a diabetes mellitus, o que refoge à causa de pedir dos autos, sendo que o laudo,inclusive, atesta que a doença se encontrava controlada. Já os laudos de fls. 08/09 são contemporâneos da época daqueda da escada. Não há dúvidas que houve incapacidade naquela época. Contudo, não há indícios de que ela tenha seestendido por mais de 15 (quinze) dias, não havendo, portanto, direito ao auxílio-doença. Além desses laudos, somenteconsta dos autos um exame radiológico, datado de 30//08/2007, o qual, isoladamente, não é suficiente para atestar oestado de incapacidade, mormente ao se considerar a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursal do Espírito Santo “Olaudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Assim,não há provas suficientes para comprovar que a recorrente se encontra incapacitada ou que esteve incapacitada porperíodo superior a 15 (quinze) dias. Ressalte-se que não se pode confundir os conceitos de enfermidade e incapacidade, jáque o indivíduo pode estar acometido por doença, sem, contudo, apresentar incapacidade laborativa.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 45, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

4 - 0000617-60.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000617-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARLENE NASCIMENTO (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERYLOPES, ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000617-60.2008.4.02.5052/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E MARLENE NASCIMENTORECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADEPARCIAL E TEMPORÁRIA PARA O DESEMPENHO DAS ATIVIDADES HABITUAIS – INAPTIDÃO LABORATIVADECORRENTE DE AGRAVAMENTO DA DOENÇA – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

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– SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recursos inominados interposto pela parte ré e pela parte autora em face da sentença de fls. 99/100, quejulgou procedente o pedido autoral de restabelecimento do benefício de auxílio-doença. Em razões de recurso, a autarquiafederal sustenta que a incapacidade da autora é preexistente ao seu reingresso no RGPS, eis que a doença incapacitanteteve início em novembro de 2005 e seu retorno ao regime de previdência se deu em 09/07/2007, razão pela qual a partenão faria jus à cobertura previdenciária. Contrarrazões às fls.114/116. Já a autora, em suas razões (fl. 116), sustentapossuir direito à aposentadoria por invalidez, tendo em vista estar acometida de incapacidade total e permanente.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. No caso sob exame, o laudo pericial de fls. 52/56 e 67 atesta que a autora é acometida de cardiopatia isquêmica,hipertensão arterial e síndrome do túnel do carpo bilateral. Já sofreu dois episódios de infarto agudo do miocárdio,apresentando também cansaço respiratório aos pequenos esforços e dispnéia intensa. O perito do juízo informa, ainda,que, como a autora é servente escolar e, como tal, desempenha atividades que demandam esforço físico intenso, há quese concluir pela incapacidade laborativa da paciente, em virtude da limitação da função cardíaca, além de restrições nasmãos decorrentes da síndrome do túnel do carpo. Ao final, o jusperito aponta a incapacidade parcial e temporária dapaciente para o exercício das atividades habituais, havendo possibilidade de reabilitação para outra função, desde querespeitadas as limitações físicas apuradas no exame médico.

4. Não havendo dúvidas sobre o estado de incapacidade laborativa da parte autora, resta perquirir sobre sua vinculação aoregime de previdência (qualidade de segurada). De acordo com as informações dos autos (fls. 78/83), a autora ficou algunsanos sem contribuir para o RGPS, somente voltando a verter contribuições em julho/2007. Ocorre que, embora o jusperitotenha indicado que a incapacidade oriunda da cardiopatia tenha surgido em novembro/2005 (fl. 54), é possível verificar que,em julho/2007, a parte voltou à atividade, em regime de designação temporária junto à Prefeitura Municipal de São Mateus.Nesse passo, não obstante o retorno ao trabalho não signifique, em todos os casos, plena aptidão laborativa, considerandoque a contratação ocorrera perante ente público, é possível inferir-se que a parte foi submetida a alguma espécie deavaliação médica e, nessa ocasião, considerada apta para o desempenho do cargo de servente. Outrossim, observa-seque, conquanto a cardiopatia tenha tido origem no final do ano de 2005, os esclarecimentos prestados à fl. 67 informamque, em 28.03.2006, a autora foi submetida a procedimento de angioplastia, com colocação de “stents”, fator que,certamente, melhorou a função cardíaca da paciente e reduziu os riscos para sua saúde nesse período. Finalmente, o laudopericial do próprio serviço médico do INSS (fls. 105) indica que a incapacidade derivada de moléstia coronariana teve inícioem 11.12.2007, embora a doença tenha tido origem em 19.12.2005. Como se sabe, os conceitos de doença e incapacidadenão se identificam, porquanto o indivíduo pode ser acometido de patologia que não implique redução ou eliminação daaptidão funcional. Por todas essas ponderações, tenho que a incapacidade para o trabalho somente se instalou, de fato,após a refiliação da autora ao regime de previdência social (julho/2007), pelo que o caso concreto amolda-se à exceçãoprevista no parágrafo único do art. 59 da Lei n.º 8.213/91.

5. Quanto à pretensão de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, entendo que nãomerece acolhida o pleito recursal, tendo em vista que a perícia produzida nos autos concluiu pela incapacidade parcial etemporária para o labor. Com efeito, o perito afirmou que há possibilidade de reabilitação para o exercício de funções queexijam esforço físico leve, pelo que não há fundamento a autorizar o benefício de aposentadoria por invalidez, devidoapenas aos segurados considerados incapazes e insusceptíveis de reabilitação para o exercício de atividade que lhesgaranta a subsistência.

6. Por todo o exposto, comprovado estado de incapacidade parcial e temporária para o labor e demonstrada a qualidade desegurada do RGPS no momento do início da inaptidão, resta concluir que a parte faz jus ao benefício de auxílio-doença atéa sua completa reabilitação profissional para o exercício de atividades compatíveis com a sua patologia.

7. Recursos conhecido e improvidos. Sentença integralmente mantida.

8. Sem condenação em honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca.

9. Custas pro rata, isenta a parte ré (art. 4ª, I, Lei nº 9.289/96). No que tange à parte autora, considerando a assistênciajudiciária gratuita deferida à fl. 41, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOSe, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

5 - 0001253-92.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001253-9/01) CELSO FLORINDO DA SILVEIRA (ADVOGADO:CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001253-92.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: CELSO FLORINDO DA SILVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADEPARCIAL E DEFINITIVA RECONHECIDA NO LAUDO PERICIAL DO JUÍZO. CONDIÇÕES PESSOAIS INSUFICIENTESPARA GARANTIR A IMPOSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença de fls. 78/80, que julgou parcialmente procedenteo pedido autoral e condenou o INSS a conceder o benefício auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo(18/05/2009). O autor, em suas razões recursais (fls. 81/87), alega possuir incapacidade definitiva para o exercício dequalquer atividade profissional que lhe garanta a subsistência, pelo que faria jus à aposentadoria por invalidez.Contrarrazões do INSS às fls. 89/92.

O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, operíodo de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida aosegurado (tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida) que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-ápaga enquanto permanecer nesta condição.

O recurso do autor não merece provimento. O laudo pericial de fls. 58/59 é salutar ao concluir que o autor encontra-seacometido por “outras mononeurapatias dos membros superiores (unilateral) (CID 10 G 56.8)”, descrevendo o perito que oautor possui hipotrofia muscular acentuada no membro superior direito, com redução acentuada da força de apreensão.Contudo, o perito afirma, categoricamente, que a incapacidade possui natureza parcial, sendo definitiva apenas para aatividade de lavrador.

Compulsando os autos, observo que o autor já exerceu outras atividades profissionais, além da de lavrador. Com efeito, aCTPS de fl. 14 indica outras profissões, tais como a de estampador e de auxiliar de obras. Desse modo, in casu, entendoque, por ora, não se pode concluir pela impossibilidade reabilitação do autor para outra função hábil a lhe garantir asubsistência. Além disso, verifico que o recorrente conta, atualmente, com apenas 37 (trinta e sete) anos de idade, não sepodendo supor, ainda, que possua baixo nível de escolaridade. Assim, as demais condições pessoais do autor também nãosão suficientes para ilidir a conclusão pericial, motivo pelo qual não há que se falar em concessão de benefício deaposentadoria por invalidez.

Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobrepor aolaudo pericial, que goza de presunção de veracidade.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 27, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

6 - 0000399-32.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000399-3/01) MARINALDO VITORIO CARLOS (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO

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FERNANDES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000399-32.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: MARINALDO VITORIO CARLOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORALCONSTATADA EM EXAME PERICIAL REGULAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 67/68, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença. Em razões de recurso, o autorpostula a nulidade da sentença, ante o indeferimento dos requerimentos de produção de prova testemunhal e de novaprova pericial com médico especialista em neurologia. No mérito principal, sustenta que se encontra inapto para o labor,tendo em vista que é portador de depressão crônica grave. Destaca, por fim, que existem, nos autos, documentos médicosparticulares que demonstram o alegado estado de incapacidade laborativa. Sem contrarrazões.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

3. De início, rejeita-se a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa. O ordenamento processual nãoexige que o perito nomeado detenha a especialidade médica compatível com as doenças que supostamente acometem opericiando, eis que o registro nos quadros no Conselho Regional de Medicina – CRM já habilita o profissional a aferir a(in)capacidade laborativa do paciente. A “especialidade” a que alude o artigo 145, §2º, do CPC deve ser vista de maneiraampla, tanto assim que o próprio dispositivo legal a relaciona à necessidade de registro no órgão profissional competente(que, no caso, é representado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM), não sendo necessário, para que a períciatenha validade, que o médico comprove especialidade dentro da medicina compatível com a enfermidade que será objetode análise. Doutra parte, o não acolhimento do pedido de produção de prova testemunhal, considerada desnecessária eirrelevante para o deslinde da controvérsia – notadamente nas hipóteses em que se exige investigação técnica, comoocorre in casu, em que se busca a apuração da possível incapacidade física decorrente de patologia –, não configuracerceamento de defesa, mormente sabendo-se que ao magistrado incumbe a direção do processo e, principalmente, dasprovas a serem produzidas pelas partes.

4. No mérito principal, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

5. Em exame clínico pericial regular (laudo de fls. 37/42), o jusperito constatou que a parteautora apresenta quadro de“transtorno depressivo leve a moderado e epilepsia de pequeno mal tipo ausência” (resposta ao quesito n.º 01 do juízo).Contudo, concluiu que o periciado encontra-se plenamente apto para o desempenho de atividades laborativas (resposta aoquesito n.º 04 do juízo), frisando que “o autor é jovem, não apresenta nenhuma situação clínica grave que impeça otrabalho, desde que faça uso correto das medicações e faça acompanhamento de rotina com médico assistente” (respostaao quesito n.º 11 do juízo).

6. Por outro lado, os documentos médicos (laudos e receituários) apresentados pelo autor não se revelam suficientes a ilidira conclusão da perícia oficial, notadamente diante da ressalva registrada pelo jusperito no sentido de que “com o tratamentomedicamentoso bem realizado e acompanhamento médico de rotina, as patologias apresentadas pelo autor podem sermuito bem controladas, e ele pode continuar tendo uma vida normal, sem maiores limitações. A epilepsia é que poderiacausar maiores restrições, mas o tipo de crise apresentada pelo autor é bem leve – crises de ausência” (resposta aoquesito n.º 07 do INSS – fl. 41).

7. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para olabor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

8. Nesse diapasão, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se deextrema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

9. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.

10. Condenação d recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 22, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

7 - 0002387-57.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002387-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x CELSO DA SILVA JESUS (ADVOGADO: LUCIANOSOUZA CORTEZ.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002387-57.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): CELSO DA SILVA JESUSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIALDO JUÍZO PELA CAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. ANÁLISE DOS DEMAIS ELEMENTOS DOS AUTOS.INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA CONFIGURADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/58, que julgouprocedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício auxílio-doença da parte autoradesde a data da cessação indevida , bem como a conceder-lhe aposentadoria por invalidez a partir de 07/12/2010. Emrazões de recurso, o ente previdenciário postula a reforma da sentença, para que seja afastada a condenação à concessãode aposentadoria por invalidez, sob o argumento de que a perícia judicial teria constatado tão somente incapacidadeparcial, havendo a possibilidade de reabilitação. Contrarrazões às fls. 73/78.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devidaao segurado (tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida) que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-ápaga enquanto permanecer nesta condição.

3. O laudo oficial do Juízo (fl. 39) afirma que o autor encontra-se acometido de incapacidade definitiva em virtude dosproblemas ortopédicos que o acometem (outros transtornos dos discos intervertebrais – CID-10:M 51). No entanto, segundoo perito trata-se de incapacidade apenas parcial, ou seja, haveria a possibilidade de reabilitação para outra função. Aperícia, ao concluir pela incapacidade laboral do autor, atestou, ainda, que ele apresenta redução moderada da audição,sinal de lasegue positivo moderada à direita, moderada limitação de movimentos para coluna cervical, membros superiores,coluna lombar e membros inferiores, assim como hipertonia muscular paravertebral lombar.

4. Assim, considerando todas as limitações verificadas pelo perito, bem como a idade avançada do autor (52 anos) e o seuprovável baixo nível de escolaridade e instrução, em consonância com o Juízo a quo, entendo que há que ser reconhecidaa sua incapacidade total e permanente, por entender ser inviável a sua recolocação no mercado de trabalho em outraatividade. Em outras palavras, os demais elementos de prova dos autos subsidiam a conclusão de que o recorrido faz jus àaposentadoria por invalidez. Nesse diapasão, quadra ressaltar que, além do laudo do perito oficial, pode o magistradovaler-se de outros elementos de prova constantes dos autos para formar sua livre convicção. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.PERÍCIA QUE ATESTA INCAPACIDADE PARCIAL DO SEGURADO. SITUAÇÃO FÁTICA QUE DEMONSTRAIMPOSSIBILIDADE DE REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DOJUIZ. INCIDÊNCIA DO BROCARDO JUDEX PERITUS PERITORUM (JUIZ É O PERITO DOS PERITOS).INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEGISLAÇÃO. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Ainterpretação sistemática da legislação permite a concessão da aposentadoria por invalidez se, diante do caso concreto, osfatores pessoais e sociais impossibilitarem a reinserção do segurado no mercado de trabalho, conforme livreconvencimento do juiz que, conforme o brocardo judex peritus peritorum, é o perito dos peritos, ainda que a incapacidadeseja parcial. 1.1. Na concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a incapacidade para o trabalho deve seravaliada do ponto de vista médico e social. Interpretação sistemática da legislação (Lei n. 7.670/88; Decreto 3.298/99;Decreto 6.214/07; Portaria Interministerial MPAS/MS Nº 2.998/01). 2. Além disso, o novel Decreto nº 6.214/07 estabelece:Art. 4º. Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: III - incapacidade: fenômeno multidimensional

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que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada dacapacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico esocial; Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau deincapacidade, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF,estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde,em 22 de maio de 2001. § 1º. A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica esocial. § 2º. A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as deficiências nas funções e nasestruturas do corpo, e a avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão alimitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades; (Art. 16, §2,Decreto n. 6.214/2007). 3. Segurado com 62 anos de idade, portador de hipertensão arterial e doença degenerativa. Baixaescolaridade. Baixíssima perspectiva de reinserção no mercado de trabalho. A aplicação do princípio da dignidade dapessoa humana e a interpretação sistemática da legislação que trata da incapacidade conduzem à aposentadoria porinvalidez, ainda que atestada a capacidade parcial do ponto de vista estritamente médico. 4. Incidente do INSS conhecido enão provido.(PEDIDO 200583005060902, JUÍZA FEDERAL MARIA DIVINA VITÓRIA - Turma Nacional de Uniformização, DJU17/03/2008.) - sem grifos no original

5. Embora não se negue a presunção de legitimidade das perícias conduzidas pelos médicos do INSS, bem como pelosperitos judiciais, o princípio do livre convencimento motivado do juiz confere ao magistrado a liberdade de conferir avaloração que entender cabível aos elementos de prova do processo e de dar ao litígio a solução que lhe pareça maisadequada, de acordo com sua própria convicção, dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição e desde quemotive sua decisão. Nesse diapasão, vislumbro que existem nos autos documentos suficientes a comprovar a incapacidadetotal e definitiva da parte a ensejar a concessão da aposentadoria por invalidez, consoante já explanado.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprio fundamentos (art. 46, Lei nº 9.099/95).

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

8 - 0000217-72.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000217-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x GERALDO DUARTE VIEIRA (ADVOGADO: FRANCISCO GUILHERMEM. A. COMETTI, ALCÂNTARO VICTOR LAZZARINI CAMPOS, RODRIGO L. PIGNATON COMETTI, JOSE PAULOROSALEM.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000217-72.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GERALDO DUARTE VIEIRARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA EM PERÍCIA REGULAR – INÍCIO DA INCAPACIDADE: DATA DA REALIZAÇÃODO EXAME PERICIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fl. 179/181, que julgouprocedente o pleito autoral de concessão de aposentadoria por invalidez, tendo em vista a apuração de incapacidade total edefinitiva pela perícia médica do juízo. Em razões de recurso, o INSS alega que a inaptidão laborativa teve origem antes doreingresso da parte no RGPS, eis que a parte autora, após 12 (doze) anos sem efetuar recolhimentos, voltou a vertercontribuições ao regime com 57 (cinquenta e sete) anos, já portador de doença incapacitante. Contrarrazões às fls.207/213.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei 9.099/95).

3. A perícia médica do juízo (laudo de fls. 148/152) apurou que o autor é acometido de esquizofrenia, diabetes mellitus,espondiloartrose lombo-sacra e região cervical, hipertensão arterial, derrame intra-articular ao nível do joelho direito eobesidade mórbida (resposta ao quesito 01 do INSS). Diante das moléstias diagnosticadas, o jusperito concluiu que o autornão está apto, de forma permanente, para o desempenho de sua atividade habitual ou de qualquer outra ocupaçãoprofissional que lhe garanta a subsistência (resposta ao quesito 04 do Juízo).

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4. Diante da inequívoca conclusão da perícia oficial, restaria averiguar se o interessado era segurado do RGPS nomomento em que ficou incapacitado. Sobre esse respeito, o perito do juízo, ao ser questionado, não pôde precisar a datade início da(s) doença(s) ou, ainda, do estado de inaptidão laborativa, consoante se infere das respostas aos quesitos 01-ce 05 do Juízo e 08 do INSS. Nessa hipótese, a jurisprudência pátria autoriza a fixação do início da incapacidade na data derealização do exame pericial (Precedente: PEDILEF 05047074620104058400, Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU11/05/2012). Logo, embora o INSS alegue, genericamente, que há “indícios” de que o segurado somente tenha retornadoao regime de previdência quando já portador de doença incapacitante, não há registro de prova desta alegação, já que osdocumentos médicos mais antigos colacionados aos autos são datados de 2008, sendo certo que o autor voltou a vertercontribuições em 09/2007. Desta feita, não há elementos de prova suficientes a sustentar a alegação de preexistência daincapacidade laborativa.

5. Por todo o exposto, restando comprovadas a qualidade de segurado do RGPS e a situação de incapacidade laborativa denatureza total e definitiva, resta concluir que o autor/recorrido faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez, com DIBna data de realização da perícia médica (24.11.2010), nos termos fixados na sentença de origem.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.º9.099/95.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por maioria, CONHECER DO RECURSO e, nomérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

9 - 0008305-79.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008305-3/01) HILDA MARIA ACOSTA (ADVOGADO: ROSEMARYMACHADO DE PAULA, THALITA CHAGAS CORREA, GUSTAVO FERREIRA DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO N. 0008305-79.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: HILDA MARIA ACOSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 106/108 quejulgou improcedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 110/120), a recorrente alega, em síntese, que se encontratotalmente incapacitada para o trabalho em decorrência do tumor cerebral do qual é portadora. Assim, postula peloconhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos os benefícios pleiteados, com o pagamento das parcelasretroativas. Contrarrazões à fl. 123/126.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, atualmente com 47 anos de idade (fl. 11), chefe de departamento pessoal, alega ser portadorade tumor cerebral / cisto, o qual lhe ocasionaria fortes dores na cabeça, tontura, desmaios e perda de memória,incapacitando-a totalmente para o exercício de qualquer labor. Visando aferir o estado de (in)capacidade, foram realizadasduas perícias médicas, com neurologistas distintos, sendo que ambos atestaram a capacidade da parte recorrente.

5. O laudo pericial de fls. 51/54 confirma a existência do cisto ventricular, diagnosticando, também, epilepsia. Contudo, o

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expert afastou a alegação de incapacidade sob o argumento de que a existência de cisto cerebral e da epilepsia requerapenas acompanhamento neurológico de 3 em 3 meses, ressaltando que, no momento do exame, não se constatouqualquer sinal físico de incapacidade. Por sua vez, o laudo de fls. 86/93 atestou a existência de crises convulsivas, masdescartou a possibilidade de incapacidade, aduzindo que “não foi evidenciado na história clínica fatores limitantes a suaatividade administrativa”.

5. Os documentos particulares não são suficientes para afastar a conclusão das perícias oficiais. A recorrente esteve emgozo de benefício auxílio-doença até setembro de 2009. Não há laudos médicos posteriores a esta data que indiquem aexistência de incapacidade, sendo certo que não se pode confundir os conceitos de enfermidade e incapacidade, já que oindivíduo pode estar acometido por doença, sem, contudo, apresentar incapacidade laborativa. Embora, de uma formageral, a existência de cisto cerebral, que não pode ser retirado por meio de cirurgia dado o risco do procedimento, seja deextrema gravidade, ela não acarreta, por si só, incapacidade laborativa. Ademais, os laudos particulares, que apenasindicam a necessidade de acompanhando médico constante e prescrevem medicamentos, não podem ser analisados deforma isolada para a concessão do benefício, mormente ao se considerar a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursaldo Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular”.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 45, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

10 - 0000090-48.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000090-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ANTONIO GOMES DO AMARAL (ADVOGADO: Ruberlan RodriguesSabino.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000090-48.2007.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ANTONIO GOMES DO AMARALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIALDO JUÍZO PELA INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL E DEFINITIVA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO.INOCORRÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES EQUIVALENTE À UM TERÇO DA CARÊNCIA DO BENEFÍCIO. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 88/91, que julgouprocedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a conceder o benefício auxílio-doença à parte autoradesde a data do requerimento administrativo (10/08/2006), convertendo-o em aposentadoria por invalidez a partir da data dasentença (13/10/2009), bem como ao pagamento das parcelas atrasadas não atingidas pela prescrição, autorizada acompensação dos valores já recebidos a título de amparo social ao idoso (fl. 117). Em razões de recurso (fls. 92/97), o ente

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previdenciário sustenta ter havido a perda da qualidade de segurado, inexistindo, portanto, direito aos benefíciosprevidenciários postulados. Contrarrazões às fls. 112/116.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devidaao segurado (tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida) que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-ápaga enquanto permanecer nesta condição

3. O recurso do INSS cinge-se a arguir a perda da qualidade de segurado do autor. De fato, o autor efetuou contribuiçõesao RGPS, com algumas interrupções, somente até a competência 12/1997. Após, voltou a contribuir para a previdência emmarço de 2005 e efetuou o requerimento administrativo do benefício em 14/08/2006.

4. Em se tratando de contribuinte individual, o período de carência somente se inicia a partir do pagamento da primeiracontribuição sem atraso (art. 27, inciso II, da Lei nº 8.213/91). A lei não diz que os recolhimentos posteriores ao primeirorecolhimento válido serão desconsiderados devido a atraso. Isto porque o que a lei veda é a intenção de buscar efeitoretrospectivo, isso sim ensejador de fraude. Assim, no caso dos autos, todos os recolhimentos posteriores a março de 2005(em que o pagamento foi realizado até a data devida) devem ser considerados válidos, mesmo que recolhidos em atraso,na medida em que as interrupções não foram suficientes para acarretarem a perda da qualidade de segurado, nos termosdo art. 15, inciso I, da Lei nº 8.213/91.

5. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DEPRESTAÇÕES EM ATRASO. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. CÔMPUTO PARA EFEITO DE CARÊNCIA. ART.27 DA LEI Nº 8.213/91. IMPOSSIBILIDADE. 1. O segurado da Previdência Social tem direito ao benefício de aposentadoriapor invalidez se comprovada por perícia médica sua incapacidade laborativa para sua atividade habitual, bem como doperíodo de carência (art. 25, I, da Lei n. 8.213/91), se for o caso, superior a 12 (doze) contribuições mensais, nos termos doart. 42 da Lei n. 8.213/91. 2. O artigo 27 e seu inciso II da Lei 8.213/91 dispõem que para cômputo do período de carênciaserão consideradas as contribuições realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso,não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, nocaso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nosincisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13. 3. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o qual é acolhidoinclusive pela autarquia previdenciária, consoante orientação contida no artigo 52 da Instrução Normativa do INSS084/2002, será computado para efeito de carência os recolhimentos de contribuinte individual, ainda que efetuados ematraso, desde que não tenha havido a perda da qualidade de segurado. (REsp 642243/PR, Rel. Ministro Nilson Naves,Sexta Turma, julgado em 21/03/2006, DJ 05/06/2006 p. 324). (...)(AC 200701990529520, JUÍZA FEDERAL CLÁUDIA OLIVEIRA DA COSTA TOURINHO SCARPA (CONV.), TRF1 -SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA: 18/05/2012, PÁGINA: 693)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALDIEZ. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO EM ATRASO. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. CARDIOPATIA GRAVE.CARÊNCIA DISPENSADA NOS TERMOS DOS ARTS 26, INCISO II, E 151 DA LEI N. 8.213/91 E DA PORTARIAINTERMINISTERIAL MPAS/MS 2.998/2001. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DACAUSA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Não servem os embargos de declaração para a rediscussão da causa. 2. Inexistência deobscuridade, contradição ou omissão do julgado (art. 535 do CPC). 3. A parte autora é portadora de cardiopatia grave,moléstia que, nos termos dos arts. 26, II, e 151 da Lei nº 8.213/91, complementados pela Portaria Interministerial MPAS/MG2.998, de 23 de agosto de 2001, independe de carência, sendo suficiente para a concessão do benefício de aposentadoriapor invalidez que o requerente demonstre a qualidade de segurado. 4. O fato de havido o recolhimento de algumascontribuições em atraso, por si só, não se mostra suficiente para afastar a primeira contribuição recolhida regularmente.(art. 24, parágrafo único, e art. 27, inciso II, da Lei 8.213/91). 5. Embargos de declaração opostos pelo INSS rejeitados.(APELREEX 00000247320104036138, DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIA URSAIA, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3Judicial 1 DATA: 07/03/2012)

6. Ainda que assim não fosse, há que se ressaltar que, nos termos do art. 24, parágrafo único, da Lei de Benefícios,“havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito decarência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) donúmero de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido”. Portanto, parafins de carência, podem ser aproveitadas, ainda, as contribuições relativas ao período de 09/1995 a 12/1997.

7. Ressalte-se que não há qualquer elemento que comprove que o segurado encontrava-se incapacitado quando doreingresso no RGPS em março de 2005. Pelo contrário, todos os laudos particulares são datados a partir do ano de 2006,não tendo o INSS produzido qualquer contraprova quanto ao ponto. Nesses termos, entendo que o autor preenche todos osrequisitos para a concessão dos benefícios requeridos, quais sejam: (a) incapacidade total e permanente para o exercíciode qualquer atividade que seja apta a garantir a sua subsistência; (b) a qualidade de segurado; e (c) o cumprimento dacarência de 12 (doze) contribuições mensais (art. 25, I, da Lei 8.213/91).

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8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprio fundamentos (art. 46, Lei nº 9.099/95).

9. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

11 - 0001528-41.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001528-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.) x RESI ROSA PEREIRA (ADVOGADO: MARILENA MIGNONERIOS.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0001528-41.2009.4.02.5051/0 1RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): RESI ROSA PEREIRARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA OUAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ - INCAPACIDADE LABORAL TEMPORÁRIA CONFIGURADA - COMPROVAÇÃO DAQUALIDADE DE SEGURADO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls.55/57, que julgouprocedente o pleito autoral de concessão de auxílio doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a parteautora perdeu a sua qualidade de segurada, pois não foi possível afirmar se a incapacidade para o trabalho, constatadapela segunda perícia realizada nos autos, já existia antes de 2011, fato este que inviabilizaria a concessão do benefício, jáque a recorrida recolheu sua última contribuição em maio de 2009. Sem contrarrazões.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. No caso sob apreço, é possível verificar que a primeira perícia produzida nos autos (fls. 27/28) constatou que a aparteautora não possuiria nenhuma doença ou lesão, concluindo pela capacidade laboral. Porém, nova perícia, realizada às fls.45/47, informou que a autora é portadora de Discopatia Cervical (resposta ao quesito nº 01), que a incapacita de formaparcial e temporária para o exercício de sua atividade habitual de costureira, concluindo, ainda, o perito que a doençaincapacitante da autora teve início há oito anos (resposta ao quesito nº 03).

4. Analisando os laudos particulares de fls. 12/15, conclui-se que a parte autora já se encontrava acometida, desde 2009,pela mesma enfermidade citada na segunda perícia judicial, não devendo prosperar, portanto, a alegação de perda daqualidade de segurada, pois, nesses termos, restou comprovada nos autos a existência de incapacidade no momento emque a autora ostentava tal qualidade.

5. Em verdade, a meu ver, com subsídio nos laudos particulares, subsidiados pela perícia oficial, seria possível até mesmoque a condenação retroagisse à data do requerimento administrativo. Tal análise, contudo, dependeria de recurso da parteautora, o que não ocorreu, estando o presente julgamento, pois, limitado pela máxima da non reformatio in pejus.

6. Vale ressaltar, que o juiz não está, de modo algum, vinculado às conclusões do laudo pericial (art. 436 do CPC), podendoutilizar-se de outros elementos de prova produzidos nos autos para formar sua convicção. Desse modo, embora o peritonão tenha registrado, em seu parecer, a data precisa de início da incapacidade, os exames particulares foram conclusivosem demonstrar que a autora já se encontrava incapacitada desde 2009 conforme atestado médico de fls.14/15. Dessaforma conclui-se que a parte autora já se encontrava incapacitada na época em que ostentava a condição de segurada.

7. Destarte, diante de tudo exposto, conclui-se pela incapacidade temporária da parte recorrida, bem como pela existênciada qualidade de segurada no momento do requerimento administrativo, circunstância que autoriza a concessão do benefíciode auxílio-doença.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

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9. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitradosem 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

12 - 0000564-79.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000564-3/01) SANDRA MARIA PAULINO BISPO (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO N. 0000564-79.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: SANDRA MARIA PAULINO BISPORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 70/71 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 83/84), a recorrente alega, em síntese, que os laudos médicosacostados aos autos demonstrariam que ela permanece incapacitada para o trabalho além da data da cessação dobenefício. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos os benefícios pleiteados,com o pagamento das parcelas retroativas. Contrarrazões às fls. 102/103.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, atualmente com 35 anos de idade (fl. 24), trabalhadora rural, alega possuir depressão crônica elabirintite, enfermidades que a incapacitariam para o exercício de suas atividades habituais. O laudo pericial de fls. 59/61diagnosticou depressão e ruptura do menisco do joelho direito, mas descartou a existência de incapacidade para o trabalho.O perito ressaltou que a autora, ao exame físico, se encontrava lúcida, bem orientada no tempo e no espaço, commovimentos de extensão e flexão da perna e do joelho direitos e marcha normais.

5. A autora esteve em gozo de benefício doença até 30/10/2007, de modo que deveria comprovar que sua capacidade nãoestava restabelecida nessa data. Contudo, os documentos particulares não são suficientes para afastar a conclusão daperícia oficial. No que tange ao problema ortopédico (trauma do joelho), observa-se que houve apenas incapacidadetemporária, decorrente de queda de bicicleta, conforme laudo de fl. 79. Não há laudos atuais apontando a existência dedoenças ortopédicas, o que corrobora o diagnóstico normal do perito do Juízo. Pelo contrário, há laudos informando estadode normalidade (fls. 80/81). Já quanto aos problemas de ordem psicológica, inobstante existirem nos autos laudos atuaisdemonstrando a existência das alegadas enfermidades, há que se ressaltar que não se pode confundir os conceitos deenfermidade e incapacidade, já que o indivíduo pode estar acometido por doença, sem, contudo, apresentar incapacidadelaborativa. O único laudo recente que aponta a necessidade de afastamento do trabalho (fl. 107) não pode ser analisado deforma isolada para a concessão do benefício, mormente ao se considerar a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursaldo Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular”.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,

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eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 28, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

13 - 0000654-87.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000654-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x DALVINA AGUIAR DO LIVRAMENTO(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000654-87.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): DALVINA AGUIAR DO LIVRAMENTORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. LAUDO PERICIAL DO JUÍZO PELA CAPACIDADELABORATIVA. AUTOR ACOMETIDO DE DOENÇA DEGENERATIVA AGRAVADA PELO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO.IDADE AVANÇADA E BAIXO NÍVEL DE ESCOLARIDADE. ENTENDIMENTO PELA INCAPACIDADE TOTAL EDEFINITIVA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 45/48, que julgouprocedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício auxílio-doença da parte autoradesde a data da cessação do pagamento. Em razões de recurso, o ente previdenciário postula a reforma da sentença, paraque sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais, sustentando a ausência de incapacidade, circunstância estareconhecida no laudo do perito oficial do Juízo. Contrarrazões às fls. 68/69.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. Em que pese o laudo oficial do Juízo (fls. 33/36) afirmar que a autora não se encontrava incapacitada para o exercício desua atividade habitual, o douto perito deixou claro que o ambiente de trabalho da autora é considerado fator de risco para oagravamento da doença, na medida em que se cuida de doença degenerativa do sistema osteoarticular com desgastearticular, diminuição da altura dos discos vertebrais, neoformações ósseas, que, às vezes, causa compressão de raízesnervosas e dor (Resposta aos quesitos nº 2 e 3 do INSS). Assim, há que se concluir que o desempenho de esforço físicodecorrente da profissão de doméstica, em que há a necessidade de se pegar peso e praticar movimentos repetitivos,agravará a enfermidade da recorrida.

4. Nesses termos, entendo que deve ser mantida a concessão do auxílio-doença à recorrida, uma vez que o exercício desuas funções habituais acarretará o agravamento de seu estado clínico.

5. Assim, considerando a natureza degenerativa da enfermidade, bem como a idade avançada da autora (57 anos – fl. 15),há que ser reconhecida a sua incapacidade para o exercício de suas atividades habituais. Em outras palavras, os demaiselementos de prova dos autos subsidiam a conclusão de que a recorrida faz jus ao auxílio-doença. Nesse diapasão, quadraressaltar que, além do laudo do perito oficial, pode o magistrado valer-se de outros elementos de prova constantes dosautos para formar sua livre convicção. Nesse sentido:

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PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.PERÍCIA QUE ATESTA INCAPACIDADE PARCIAL DO SEGURADO. SITUAÇÃO FÁTICA QUE DEMONSTRAIMPOSSIBILIDADE DE REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DOJUIZ. INCIDÊNCIA DO BROCARDO JUDEX PERITUS PERITORUM (JUIZ É O PERITO DOS PERITOS).INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEGISLAÇÃO. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Ainterpretação sistemática da legislação permite a concessão da aposentadoria por invalidez se, diante do caso concreto, osfatores pessoais e sociais impossibilitarem a reinserção do segurado no mercado de trabalho, conforme livreconvencimento do juiz que, conforme o brocardo judex peritus peritorum, é o perito dos peritos, ainda que a incapacidadeseja parcial. 1.1. Na concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a incapacidade para o trabalho deve seravaliada do ponto de vista médico e social. Interpretação sistemática da legislação (Lei n. 7.670/88; Decreto 3.298/99;Decreto 6.214/07; Portaria Interministerial MPAS/MS Nº 2.998/01). 2. Além disso, o novel Decreto nº 6.214/07 estabelece:Art. 4º. Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: III - incapacidade: fenômeno multidimensionalque abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada dacapacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico esocial; Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau deincapacidade, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF,estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde,em 22 de maio de 2001. § 1º. A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica esocial. § 2º. A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as deficiências nas funções e nasestruturas do corpo, e a avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão alimitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades; (Art. 16, §2,Decreto n. 6.214/2007). 3. Segurado com 62 anos de idade, portador de hipertensão arterial e doença degenerativa. Baixaescolaridade. Baixíssima perspectiva de reinserção no mercado de trabalho. A aplicação do princípio da dignidade dapessoa humana e a interpretação sistemática da legislação que trata da incapacidade conduzem à aposentadoria porinvalidez, ainda que atestada a capacidade parcial do ponto de vista estritamente médico. 4. Incidente do INSS conhecido enão provido.(PEDIDO 200583005060902, JUÍZA FEDERAL MARIA DIVINA VITÓRIA - Turma Nacional de Uniformização, DJU17/03/2008.) - sem grifos no original

6. Embora não se negue a presunção de legitimidade das perícias conduzidas pelos médicos do INSS, bem como pelosperitos judiciais, o princípio do livre convencimento motivado do juiz confere ao magistrado a liberdade de conferir avaloração que entender cabível aos elementos de prova do processo e de dar ao litígio a solução que lhe pareça maisadequada, de acordo com sua própria convicção, dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição e desde quemotive sua decisão. Nesse diapasão, vislumbro que existem nos autos documentos suficientes a comprovar a incapacidadetotal e definitiva da parte a ensejar a concessão da aposentadoria por invalidez, consoante já explanado.

7. Por fim, saliente-se que não se pode admitir a percepção cumulativa de benefício previdenciário e desalário/remuneração, tampouco o recebimento em duplicidade de competências já pagas sob o mesmo título (benefícioprevidenciário), sob pena de configuração de enriquecimento sem causa. Logo, não será devido o pagamento do benefícioprevidenciário nos meses em que a autora recebeu salário pelo desempenho de atividade profissional, conforme CNIS defls. 56/58.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (art. 46, Lei nº 9.099/95).

9. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

14 - 0001200-14.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001200-0/01) CECILIA ZONOLI AVANCE (ADVOGADO: SANDRAVILASTRE DE ARAUJO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOSMALAFAIA COSTA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001200-14.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: CECILIA ZONOLI AVANCERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

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RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – QUALIDADE DESEGURADO ESPECIAL NÃO COMPROVADA – AUSÊNCIA DE ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIAFAMILIAR – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, contra a sentença de fl. 114/118 que julgouimprocedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. Em suas razões (fls. 119/122), a recorrente sustenta quepossui direito ao benefício de aposentadoria por idade, pois teria comprovado o exercício de atividade rural, em regime deeconomia familiar, pelo período de carência exigido por lei. Contrarrazões às fls. 123/125.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o trabalhador rural referido naalínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, além de comprovar a idade mínima (55anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondenteà carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3ºda Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condições em que são exercidas as atividades rurícolas, não sedeve exigir rigor extremo na comprovação deste trabalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.

Nos termos da jurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, para fins de obtenção de aposentadoriarural por idade, além dos requisitos da idade e do tempo de serviço, exige a lei a comprovação do exercício do labor ruralno período imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício. A parte autora completou 55anos em 1994, devendo preencher, assim, o período de carência de 72 meses (6 anos), nos termos do art. 142 da Lei nº8.213/91.

Na hipótese dos autos, porém, entendo que a autora não logrou êxito em comprovar o exercício de atividade rural emregime de economia familiar pelo período de carência exigido por lei. Conforme restou demonstrado, a autora morou emCariacica, sem exercer atividade rural no período de 1982 a 1999. Constatou-se, ainda, que a autora percebe, atualmente,pensão por morte no valor de um salário mínimo (fl. 90), além de receber renda no valor aproximado de R$ 500,00(quinhentos reais) pelo aluguel de uma casa que possui em Cariacica, perfazendo, assim, rendimentos mensais de,aproximadamente, R$ 1.000,00 (mil reais), de modo que não restou demonstrado que a renda advinda do labor rural eraindispensável ao sustento da recorrente. Ademais, observou-se que a autora é proprietária de uma propriedade rural comuma lavoura de 15.000 covas de café, que é cultivada por meio de colonos, de modo que a autora apenas recebe os frutosda colheita. Desse modo, não ficou comprovado que a autora laborou em regime de economia familiar.

Deve-se ressaltar que os benefícios concedidos aos segurados especiais, visam resguardar uma classe específica deindivíduos, quais sejam, pequenos agricultores que por toda a vida tentaram retirar da terra o seu sustento, não obtendogrande lucro em sua atividade. O segurado especial deve ser o indivíduo que retira seu sustento, principalmente, do campo,podendo, eventualmente, a renda familiar ser complementada com pequenos vínculos urbanos. A meu ver, o que se verificados autos é exatamente o contrário. Além disso, o benefício deve ser concedido somente aos lavradores que cultivampequenas faixas de terra e que, por não terem condições financeiras de contratar mão-de-obra de terceiros, dependam daforça laboral dos próprios familiares, o que também não me parece ser o caso dos autos.

Por final, ad argumentandum, nas assiste razão à recorrente ao sustentar que, se considerado apenas o lapso temporalanterior à ida da autora para a zona urbana, já haveria direito ao benefício. Isto porque tal período não pode ser consideradopara efeito de concessão de aposentadoria por idade, visto que houve interrupção da atividade rural por período superior a3 (três) anos, o que acarretou a perda da qualidade de segurado. Nesse sentido tem se manifestado a TNU:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.INTERCALAÇÃO COM ATIVIDADE URBANA. ART. 143 DA LEI Nº 8.213/91. 1. Para fins de concessão de aposentadoriapor idade rural, a descontinuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 é aquela que não importa em perda da condiçãode segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbana de forma intercalada não supera o período de 3(três) anos. 2. Caso em que o período de atividade urbana foi exercido por mais de 8 (oito) anos (de 1989 a 1997), nãotendo sido comprovado que, no período imediatamente anterior ao requerimento (1999), a autora tenha desempenhadoatividade rurícola pelo período de carência previsto no art. 142 da Lei nº 8.213/91 para o ano em que completou a idade(1999): 108 meses ou 9 anos, ou seja, desde 1990. 3. Aposentadoria por idade rural indevida. 4. Pedido de uniformizaçãoimprovido.(PEDILEF 200783045009515, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJ 13/10/2009.)

Em suma, não comprovado o exercício de labor rural em regime de economia familiar pelo período de carência exigido,resta concluir que a recorrente não faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita

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deferida à fl. 96, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

15 - 0000691-49.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000691-8/01) MANOEL JONAS CARDOSO (ADVOGADO: Lauriane RealCereza, Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIASIRIGON.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000691-49.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: MANOEL JOANAS CARDOSORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 55/56, que julgou improcedenteo seu pedido de restabelecimento do beneficio de auxílio-doença. Alega o recorrente, MANOEL JONAS CARDOSO (59anos de idade), em suas razões recursais, que é portador de espondilodiscoartrose lombar, encontrando-se incapaz para oexercício de atividade laboral. Assim, requer a reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 07/07/2009. O INSS indeferiu o pedido, sob o argumento deque não foi constatada a incapacidade do autor para o seu trabalho ou para sua atividade habitual (fl. 18).

4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 34/39), que,apesar de ter sido constatado que o autor é portador de espondilodiscoartrose lombar, no momento da perícia, o peritoafirmou que a doença não induzia incapacidade para o trabalho, de modo que o atestou que autor encontrava-se apto parao exercício de sua atividade habitual (lavrador).

5. Vale ressaltar que os laudos particulares apresentados não são aptos a afastar a conclusão pericial. Isto porque o únicolaudo médico juntado aos autos (fl. 21 – o doc de f. 22 é cópia do de fl. 21), apesar de indicar a existência de incapacidade,foi lavrado em 16/10/2008, data muito anterior ao requerimento administrativo e ao período em que o autor já esteve emgozo de auxílio-doença (12/03/2009 a 03/06/2009). Além disso, a tomografia computadorizada de fl. 19, por si só, não ésuficiente para o deferimento do benefício, ressaltando que não se pode confundir os conceitos de doença e deincapacidade. Por fim, há que se ressaltar o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. Assim, não havendo incapacidade que impeça o exercício da atividade laborativa da parte autora, não merecem guaridaos argumentos expostos no pedido recursal.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 32, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE

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PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

16 - 0000366-71.2010.4.02.5052/02 (2010.50.52.000366-5/02) LAUDELINA MARIA DE SOUZA (ADVOGADO: PAULAGHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000366-71.2010.4.02.5052/02RECORRENTE: LAUDELINA MARIA DE SOUZARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. COISA JULGADA NÃOCONFIGURADA. PERÍODO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DA PRIMEIRAAÇÃO COMPROVADO. TRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR CARACTERIZADO. REQUISITOSLEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1.Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou extinto o processosem resolução de mérito, na forma do art. 267, inciso IV, do Código de Processo Civil. Em suas razões recursais, sustentaa recorrente que comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida.Alega que, inobstante a sentença recorrida tenha reconhecido a coisa julgada, o pedido autoral se refere a novorequerimento administrativo, tendo, inclusive, o despacho inicial reconhecido causa de pedir diversa nas duas ações. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Não foramapresentadas contrarrazões.

2.Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige, tão somente, que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

3. A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

4. De início cabe afastar a ocorrência do instituto da coisa julgada ao caso vertente, porquanto a sentença proferida na açãode n.º 2006.50.52.000363-7 analisou o pedido de concessão de aposentadoria rural por idade formulado pela parterecorrente referente ao indeferimento do requerimento administrativo deduzido em 2006, circunstância em que não seconsiderou o período de atividade rural subscrito em contrato de parceria agrícola ainda em curso ao tempo da prolação dasentença, referente ao período compreendido entre 2005 e 2009. Com efeito, tem-se, claramente, que o novo requerimentoadministrativo, perpetrado em 02/03/2010 submeteu ao crivo da Autarquia Previdenciária período de labor rural estranho aoanterior requerimento, razão pela qual não há identidade de causa de pedir entre as duas ações.

5. Ora, ainda que haja identidade de partes e de pedido (benefício de aposentadoria por idade rural), a causa de pedir édiversa, visto que se trata de requerimentos administrativos distintos, restando comprovada a modificação dascircunstâncias fáticas. A causa de pedir é elemento fundamental da identidade da demanda. Desse modo, não se verificoua coisa julgada, nos termos do art. 301, e parágrafos do CPC.

6. A recorrente nasceu em 25/12/1944 (fl. 15) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 02/03/2010(fl. 08), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário àcarência exigida.

7. Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos os seguintesdocumentos: i) Certidão de Casamento, realizado em 29/10/1965, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 14); ii)ficha de matricula escolar da filha, datada de 1985, constando a profissão dos pais como lavradores (fls. 16/17); iii) contratode parceria agrícola, com prazo de 4 anos, firmado em 06/10/2003, atestando a autora como parceira outorgada (fls. 19/21);iv) contrato de parceria agrícola, com prazo de 4 anos, firmado em 07/11/2005, atestando a autora como parceiraoutorgada(fls. 22/24); v) documentos relativos à propriedade rural (fls. 25/40), dentre outros.

8. A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do recorrente como lavrador, datada em 29/10/1965,constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material,abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

9. Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando

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se trata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial,nos termos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos finssociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.

10. É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbaisno campo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser consideradaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

11. A prova testemunhal colhida em audiência confirmou o exercício de atividade rural pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 174 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.

12. Presentes os requisitos peculiares para antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e“fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar dasprestações previdenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência dorecorrente.

13. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

14. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO E A ELE DOU PROVIMENTO, para condenar a Autarquia Previdenciária aimplantar o benefício de aposentadoria por idade rural em favor da recorrente, no prazo de 30 (trinta) dias da intimaçãodeste julgado, devendo comprovar a implantação até o decurso final do aludido prazo. São devidos atrasados a partir de02/03/2010, data do requerimento administrativo (fl. 08), até a efetiva implantação do benefício. Sobre as prestaçõesvencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação. Desta dataem diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Leinº 11.960/2009).

15. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 daLei nº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e a ele DAR PROVIMENTO, na formada ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

17 - 0000731-56.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000731-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x MARIA DELESPOSTI BOLSANELO (ADVOGADO: JOAO MANOELFERREIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000731-56.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DELESPOSTI BOLSANELORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – SEGURADO ESPECIAL –SUFICIENTE INÍCIO DE PROVA MATERIAL NOS AUTOS CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, por meio do qual a autarquia requer a reforma da sentença de fl.118/121 que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. O recorrente alega que não foicomprovado o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido em lei, conforme disposto no art. 142 daLei nº 8.213/91, aduzindo inexistir início de prova material nos autos, especialmente devido ao fato de o esposo da parteautora ser aposentado por tempo de contribuição desde 2007, tendo exercido atividade laborativa urbana desde 1985 a2006. Ademais, defende que a sentença recorrida teria descumprido o art. 143 da Lei nº 8.213/91, tendo em vista que aprópria autora teria confessado que não trabalha na roça há 22 anos. Contrarrazões às fls. 132/134.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o trabalhador rural referido naalínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, além de comprovar a idade mínima (55anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente

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à carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3ºda Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condições em que são exercidas as atividades rurícolas, não sedeve exigir rigor extremo na comprovação deste trabalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.

Na hipótese, como foi acima vislumbrado, aduz a recorrente que não há nos autos prova acerca do efetivo exercício deatividade rural pelo tempo de carência exigido. Não assiste razão à Autarquia Previdenciária. Deve-se ressaltar que oexercício de labor rural foi comprovado pela recorrida por meio de prova documental mínima, qual seja: i) certidão decasamento (fl. 13), realizado em 28/03/1954, onde consta a profissão do marido da autora como lavrador; ii) fichas dematrícula escolar dos filhos da autora (fls. 14/15 e 17/18), datadas de 1995 a 1997, nas quais consta a profissão da autoracomo lavradora; iv) fichas de atendimento médicos (fls. 19), datada do ano de 2002, onde consta a profissão da autoracomo lavradora.

Vale ressaltar que, nos termos do Enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a comprovação dacondição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. Nesse mesmo sentido:

EMENTA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.CONTEMPORANEIDADE. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA PELA PROVA TESTEMUNHAL. 1. Para fins decontemporaneidade, o início de prova material não precisa, necessariamente, abranger todo o período de tempo de serviçoque se pretende reconhecer. 2. Considera-se contemporâneo o documento que estiver datado dentro do período de tempode serviço que se pretende reconhecer, dada à possibilidade de extensão no tempo da eficácia probatória do início de provamaterial apresentado pela prova testemunhal para fins de abrangência de todo o período, desde que não haja contradição,imprecisão ou inconsistência entre as declarações prestadas pela parte autora e as testemunhas e/ou entre estas e a provamaterial apresentada. 3. Pedido de uniformização provido. (TNU - PU 2006.72.59.00.0860-0 - Relator Juiz Federal Derivaldode Figueiredo Bezerra Filho – DJ 29/09/2009).

A prova documental foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R de áudio (fl. 145). Nãohouve contradição ou imprecisão entre as testemunhas, sendo que todas confirmaram o labor rural nos período indicadosna inicial. As testemunhas indicaram, ainda, que a autora sempre trabalhou na roça, juntamente com seu marido, filhos enoras. Assim, resta comprovado que o lavor rural ocorreu em regime de economia familiar.

�Consoante jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça e na Turma Nacional de Uniformização de�Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais , o trabalho urbano desempenhado pelo cônjuge, por si só, não

descaracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo segurado especial. Compulsando osautos, concluo que o trabalho rural da autora sempre foi imprescindível para o sustento da família. O labor urbano domarido da recorrida não afasta essa conclusão, mormente porque o seu salário consistia em valor correspondente aosalário mínimo, conforme extrato do PLENUS de fl. 111 Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido aotrabalho urbano do marido da autora, a atividade rural era dispensável, de modo que não há que se falar emdescaracterização da condição de rurícola.

Por fim, ressalto que não se vislumbra qualquer violação ao art. 143 da Lei nº 8.213/91. Com efeito, nos termos dajurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, para fins de obtenção de aposentadoria rural por idade,além dos requisitos da idade e do tempo de serviço, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no períodoimediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício. Vejamos a ementa do citado precedente:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE LABOR RURAL NOPERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DA IDADE OU AO REQUERIMENTO. EXIGIBILIDADE.INCIDENTE IMPROVIDO. 1. A jurisprudência dominante desta Turma Nacional firmou-se no sentido de que, em se tratandode aposentadoria rural por idade, além dos requisitos da idade e do tempo de serviço, exige a lei a comprovação doexercício do labor rural no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício (arts.39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modo a se preservar a especialidade do regime não-contributivo dos rurícolas(PEDILEF nº 200670510009431, rel. Juiz Federal Manoel Rolim Campbell Penna, DJe de 05/05/2010, e PEDILEF nº200570950016044, rel. Juíza Federal Joana Carolina Lins Pereira, TNU, DJe de 29/05/2009).(...) (PEDIDO200671950181438, JUÍZA FEDERAL SIMONE LEMOS FERNANDES, DOU 04/10/2011.)

No caso dos autos, porém, entendo que a autora comprovou que laborou na roça no período imediatamente anterior aorequerimento administrativo. De fato, na entrevista rural concedida em 03/03/2009 perante o INSS quando do requerimentoadministrativo do benefício, a recorrida afirmou que não mais “trabalhava na roça”. Vejamos, in verbis: “Há 22 anos nãotrabalha na roça, pois tem problema de coração. Só cuida da casa, terreiro, da criação de porcos e de umas 50 galinhas”.Contudo, pelas suas próprias afirmações, observa-se que ela continuou sim exercendo atividades que, a meu ver, integramo conceito de atividade rural em regime de economia familiar, visto que ela continuou a cuidar da criação de porcos egalinhas, além de tomar conta da casa e do quintal. Assim, interpreto suas afirmações para concluir que ela deixou detrabalhar tão somente com a lida da terra e a colheita. Tal conclusão é corroborada pela autora em seu depoimentopessoal, no qual afirma que, atualmente, pela manhã, faz o almoço de todos os demais integrantes da família e leva-o paraa roça, lá permanecendo até o fim do dia. Ademais, as testemunhas afirmaram que a autora permanece trabalhando até osdias de hoje.

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A Turma Nacional de Uniformização já se manifestou no sentido da conclusão que ora se leva a efeito, senão vejamos:

EMENTA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. LABOR RURAL ANTERIOR A DER. DIMINUIÇÃODA ATIVIDADE RURAL. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - Não há como exigir deuma pessoa viúva, que conte com a idade de 62 anos e apresente problemas de saúde, a comprovação da atividade ruralna mesma intensidade do período em que era mais jovem e laborava visando o sustento de toda família. É que a autora,muito embora não tenha deixado, completamente, de laborar na agricultura, conforme narrado em Juízo, passou adedicar-se a atividades mais leves como cuidados com a horta, uma plantação de bananas e a criação de pequenosanimais, atividades estas que também podem ser tidas como típicas do regime de economia familiar. II - É descabida adiscussão sobre a possibilidade de concessão de aposentadoria sem a comprovação do labor rural no períodoimediatamente anterior ao requerimento, posto que, in casu, restou devidamente comprovado o labor rural da autora até adata do requerimento administrativo, todavia, exercido em atividades mais leves, compatíveis com a idade da autora, suascondições de saúde e necessidade de subsistência, observado que, tendo falecido seu marido, menores passaram a ser asnecessidades do grupo familiar. II - Não há que se falar em divergência entre o acórdão recorrido e as decisões ditasparadigma, porquanto, o resultado da decisão impugnada não contraria decisões de Turmas Recursais de regiões distintas,bem como, não apresenta contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do STJ. (PEDILEF 200563060124353, JUIZFEDERAL HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR, TNU - Turma Nacional de Uniformização, DJU 28/05/2007.)

Em suma, preenchido o requisito da idade (fl. 11) e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigidoem lei (art. 142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade, desde adata do requerimento administrativo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida

Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

18 - 0000467-39.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000467-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x FRANCISCA LUIZA DA CONCEIÇAO (ADVOGADO: JUANDERSONMORAES DE OLIVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000467-39.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): FRANCISCA LUIZA DA CONCEIÇÃORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 66/68, que julgouprocedente o pedido autoral de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, aduz o INSS que arecorrida não obteve êxito em comprovar o efetivo exercício de atividade rural pelo período referido na petição inicial. Alega,ainda, que as fichas de matrícula escolar de fls. 15/16 não servem como meio de prova, já que se referem a uma aluna cujamãe chama-se Francisca Luiza de Lima. Contrarrazões às fls. 83/88.

2. Nos termos do art. 39, I, da Lei 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado especialdo inciso VII do artigo 11 desta lei, além de contar com a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes doartigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve demonstrar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de formadescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses decontribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. No caso concreto, verifica-se que a recorrida logrou êxito em comprovar o exercício de labor rural pelo período decarência necessário à concessão do benefício, nos termos do art. 142 da Lei n.º 8.213/91 (60 meses – implemento do

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requisito etário em 1980). Com efeito, embora as fichas escolares colacionadas às fls. 15/16 realmente contenham oregistro de “Francisca Luiza de Lima” no campo destinado ao nome da mãe do aluno – circunstância, certamente,decorrente do sobrenome do companheiro falecido, Benedito Mateus de Lima (certidão de óbito de fl. 37) –, a partecolacionou aos autos comprovante de recebimento de pensão por morte de trabalhador rural, com DIB em 01.07.1978 (fl.28), documento que, no entender deste relator, representa início razoável de prova material do labor rural, conformeassentado na sentença recorrida.

4. Como se sabe, a jurisprudência dispensa que o início de prova material seja contemporâneo de todo o períodocontrovertido, desde que a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido,permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição,imprecisão ou inconsistência entre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos.5. No caso concreto, a prova testemunhal colhida em audiência confirmou, de forma segura, que a recorrida semprelaborou no meio rural e que, nos últimos anos, ela trabalhou em sua própria terra, local onde mora até os dias de hoje. Aúltima testemunha, Sr. Alfredo Binow, afirma que a autora laborou nas terras do pai até a morte de seu esposo e que,depois, trabalhou em sua propriedade, por um período de oito a dez anos.

6. Diante desse panorama, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à provatestemunhal, proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada especial. Desta feita, considerandoque a prova testemunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, de modo a abranger todo o período emque se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo comprovado o exercício de atividade rural por tempoequivalente ao período de carência do benefício.

7. Finalmente, insta registrar que a circunstância de ter a parte implementado o requisito etário sob a égide da LeiComplementar nº 11/71 não lhe retira o direito ao beneficio de aposentadoria por idade assegurado na Lei n.º 8.213/91. Ora,se a recorrida – que nem mesmo recebeu qualquer benefício sob o pálio da lei anterior – preencheu, igualmente, osrequisitos exigidos pela nova legislação (idade e tempo de atividade rural), tendo permanecido na lavoura também sob avigência da lei atual, inexiste óbice à obtenção do benefício de aposentadoria rural, notadamente porque a limitação a umente familiar não mais subsiste.

8. Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitradosem 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado. BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

19 - 0000568-13.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000568-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x THEREZA POM SCHAEFFER (ADVOGADO: ANILSON BOLSANELO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000568-13.2008.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: THEREZA POM SCHAEFFERRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – SEGURADO ESPECIAL –SUFICIENTE INÍCIO DE PROVA MATERIAL NOS AUTOS CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, por meio do qual a autarquia requer a reforma da sentença de fl.147/150 que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. O recorrente alega que não foicomprovado o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo de carência suficiente, conforme disposto no art. 142 da Lei nº8.213/91, aduzindo inexistir início de prova material nos autos, especialmente devido ao fato de o esposo da parte autora terexercido atividade urbana. Contrarrazões às fls. 163/167.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o trabalhador rural referido naalínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, além de comprovar a idade mínima (55

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anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondenteà carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3ºda Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condições em que são exercidas as atividades rurícolas, não sedeve exigir rigor extremo na comprovação deste trabalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.

Na hipótese, como foi acima vislumbrado, aduz a recorrente que não há nos autos prova acerca do efetivo exercício deatividade rural pelo tempo de carência exigido. Não assiste razão à Autarquia Previdenciária. Deve-se ressaltar que oexercício de labor rural foi comprovado pela recorrida por meio de prova documental mínima, qual seja: i) declaração deexercício de atividade rural (fl. 29 e 29v), expedida pelo Sindicato do Trabalhadores Rurais de Colatina; ii) certidão decasamento (fl. 30), realizado em 30/10/1976, onde consta a profissão do marido da autora como lavrador; ii) certidão denascimento do filho da autora, datada de 23/04/1978, onde consta a profissão do seu marido como lavrador; iii) fichas dematrícula escolar de filho da autora (fls. 41/45), datadas de 1987 a 1995, nas quais consta a profissão da autora comolavradore; iv) fichas de atendimento médicos (fls. 22/25), datadas dos anos de 2000 a 2007, nas quais a autora é qualificadacomo lavradora.

Vale ressaltar que, nos termos do Enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a comprovação dacondição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. Nesse mesmo sentido:

EMENTA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.CONTEMPORANEIDADE. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA PELA PROVA TESTEMUNHAL. 1. Para fins decontemporaneidade, o início de prova material não precisa, necessariamente, abranger todo o período de tempo de serviçoque se pretende reconhecer. 2. Considera-se contemporâneo o documento que estiver datado dentro do período de tempode serviço que se pretende reconhecer, dada à possibilidade de extensão no tempo da eficácia probatória do início de provamaterial apresentado pela prova testemunhal para fins de abrangência de todo o período, desde que não haja contradição,imprecisão ou inconsistência entre as declarações prestadas pela parte autora e as testemunhas e/ou entre estas e a provamaterial apresentada. 3. Pedido de uniformização provido. (TNU - PU 2006.72.59.00.0860-0 - Relator Juiz Federal Derivaldode Figueiredo Bezerra Filho – DJ 29/09/2009).

A prova documental foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R de áudio (fl. 145). Nãohouve contradição ou imprecisão entre as testemunhas, sendo que todas confirmaram o labor rural nos período indicadosna inicial. As testemunhas indicaram, ainda, que a autora sempre trabalhou sozinha, recebendo o auxílio eventual de seusfilhos e marido nos momentos de folga destes. Assim, resta comprovado que o lavor rural ocorreu em regime de economiafamiliar.

�Consoante jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça e na Turma Nacional de Uniformização de�Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais , o trabalho urbano desempenhado pelo cônjuge, por si só, não

descaracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo segurado especial. Compulsando osautos, concluo que o trabalho rural da autora sempre foi imprescindível para o sustento da família. O labor urbano domarido da recorrida como servidor público (motorista junto à Prefeitura Municipal de Marilândia) não afasta essa conclusão,mormente porque o seu salário consistia em valor pouco superior ao mínimo, conforme extrato do PLENUS de fl. 152.Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao trabalho urbano do marido da autora, a atividade rural eradispensável, de modo que não há que se falar em descaracterização da condição de rurícola.

Preenchido o requisito da idade (fl. 31) e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art.142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade, desde a data dorequerimento administrativo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida

Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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20 - 0002496-08.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002496-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x ENY VIEIRA SOARES (ADVOGADO: JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES,URBANO LEAL PEREIRA, JOSÉ NASCIMENTO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002496-08.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ENY VIEIRA SOARESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL – INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA PORPROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/60, que julgouprocedente o pedido autoral de concessão do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade. Em razões derecurso, a autarquia previdenciária sustenta que não há início de prova material nos autos hábil a comprovar o exercício deatividade rural pela recorrida pelo período equivalente à carência exigida, razão pela qual não deve ser-lhe concedido obenefício previdenciário. Contrarrazões às fls. 70/71.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).

3. Nos termos do art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o seguradoespecial previsto no inciso VII do artigo 11 desta lei, além de contar com a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem),nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, aindaque de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

4. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei n.º 8.213/91, e, para que tal atividade seenquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família seja indispensável àprópria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condições de mútuadependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme dispõe o § 1º do artigo 11 da referida legislação.Vale, ainda, mencionar que o legislador admite que a atividade rural seja exercida individualmente, nos termos do inciso VIIdo artigo 11 da Lei n.º 8.213/91.

5. No caso sob exame, o ponto controvertido envolve, tão somente, suposta ausência de prova documental do exercício deatividades rurais em regime de economia familiar por período equivalente à carência do benefício. Ocorre que, em análisedo caderno processual, entendo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficientes à demonstraçãoda condição de segurado especial da parte recorrida e do desempenho de labor rural pelo tempo exigido em lei. Com efeito,os documentos anexados aos autos compõem início razoável de prova material do trabalho no campo, dentre os quais sepodem citar: certidão de casamento realizado em 1954, com a qualificação profissional do cônjuge como lavrador (fl. 12);certidões de nascimento de filhos (1966 e 1975) com o registro da profissão do pai (seu esposo) como lavrador (fls. 14 e15); e carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna, com admissão 11.09.1995 (fl. 07). Como se sabe, éprescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período controvertido, desde que a provatestemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dos efeitosprobatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistência entre osdepoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos. Ademais, não se podem desprezar as dificuldades dotrabalhador rural em comprovar, por meio de documentos, todo o tempo de trabalho no campo, de modo que esta categoriade segurados não deve ser prejudicada por desconhecer seus direitos e, principalmente, por não saber de que modoproceder diante das exigências técnicas do regime de previdência social.

6. Em complementação, a prova oral produzida nos autos (CD-R de áudio anexado à fl. 55) – ainda que desconsiderado oteor do primeiro depoimento (depoente é procurador da parte, segundo instrumento de mandato de fl. 05) – confirmou que arecorrida sempre trabalhou no campo, mesmo após a morte de seu marido, tendo laborado nas propriedades rurais dosSrs. Urbano Leal Pereira e Mário Osório. Diante disso, e considerando que a autora implementou o requisito etário no anode 1991 (fl. 07), reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à provatestemunhal, proporcionam a satisfatória comprovação do exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período decarência do benefício (60 meses – art. 142 da Lei n.º 8.213/91).

7. Benefício devido. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Sem custas (art. 4º, I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei n.º 9.099/95.

ACÓRDÃO

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

21 - 0000839-31.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000839-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x MARIA ANGELICA CHRIST BRIOSCHI (ADVOGADO: LILIANBELISARIO DOS SANTOS.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000839-31.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARIA ANGELICA CHRIST BRIOSCHIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 77/80, que julgouprocedente o pedido autoral de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, aduz o INSS que aparte autora não obteve êxito em demonstrar o efetivo exercício de atividade rural durante o tempo suficiente paraconcessão do benefício. Alega, ainda, que não há que se falar em exercício de atividade rural em regime de economiafamiliar pelo fato de o marido da autora ter exercido labor urbano, o que descaracteriza a condição de segurado especial.Contrarrazões às fls. 90/97.

Inicialmente, recebo o recurso inominado apenas no efeito devolutivo, nos termos do art.43 da Lei n.º9.099/95, porquantoreputo presentes os requisitos legais suficientes a autorizar a manutenção da antecipação de tutela deferida na sentençarecorrida (Enunciado n.º61, FONAJEF).

Em análise do mérito recursal, deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei 8.213/91, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve demonstrar o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado. Vale,ainda, mencionar que o legislador admite que a atividade rural seja exercida individualmente, nos termos do inciso VII doartigo 11 da Lei 8.213/91.

Conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a comprovação dacondição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. É exatamente o que ocorre incasu. A recorrida apresentou, a título de início de prova material, os seguintes documentos: i) certidão de casamento,realizado em 17/03/1972, com o registro da profissão do marido como lavrador (fls. 16); ii) carteira do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Venda Nova do Imigrante, com data de admissão em 18/10/2001 (fl. 11); iii) ficha de atendimentomédico, constando a profissão da parte autora como lavradora (fls. 17/18); iv) fichas de matrícula escolar dos filhos daautora, relativas aos anos de 2005 e 2006, constando sua profissão como lavradora (fls. 19/21); v) guias de pagamento decontribuições sindicais (fls. 22/23); vi) notas fiscais de produtos agrícolas, relativos aos anos de 2004 a 2006 (fls. 24/26); vii)certidão de nascimento dos filhos da autora, constando a profissão do marido como lavrador (fls. 27/29); viii) documentosrelativos à propriedade da família da autora (fls. 30/41); e ix) extrato do INFBEN de concessão de auxílio-doença para aparte autora na condição de segurada especial (fl. 18).

A prova testemunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fls.76) confirmou que a recorrida sempre trabalhou no campo,nas terras de seu esposo, com a ajuda de seus filhos. Com relação ao fato de seu esposo ter laborado como motorista, aterceira testemunha relatou que o mesmo sempre laborou na roça, sendo motorista apenas da família, e que atualmente,tanto a autora, quanto seu esposo ainda laboram no campo com seus filhos. Diante disso, reputo que os documentoscolacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova testemunhal, proporcionam a satisfatória caracterizaçãoda recorrida como segurada especial. Aliás, é prescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo operíodo controvertido, desde que a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nessesentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso decontradição, imprecisão ou inconsistência entre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos. Desta feita,considerando que a prova testemunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, de modo a abranger todo operíodo em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo comprovado o exercício de atividade rural portempo equivalente ao período de carência do benefício.

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Finalmente, alega o INSS que o fato de o esposo da autora ter sido aposentado na condição de contribuinte individual doramo de transportes e carga descaracteriza a condição de segurado especial, tendo em vista que a renda proveniente deatividade diversa daquela praticada na lavoura faz com que o labor rural deixe de ser indispensável à subsistência dafamília. Nesse diapasão, entendo não assistir razão a Autarquia Federal, pois segundo entendimento da TNU acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial (súmula 41 da TNU). Ademais o regime de economiafamiliar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano forsuficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, o que não ocorre in casu, tendo emvista que, atualmente, a parte autora, juntamente com seu esposo e filhos ainda trabalham na roça, sendo, portanto,indispensável o labor rural para a renda familiar.

Preenchido o requisito da idade (60 anos – fl. 11) e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigidoem lei (art. 142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dezpor cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

22 - 0000299-80.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000299-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x JOSE BENTO DA SILVA E OUTROS (ADVOGADO: JOAO PEDRODE OLIVEIRA COSTA, WANESSA SOARES DE SOUZA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000299-80.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE BENTO DA SILVA E OUTROSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –COMPROVAÇÃO DO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO – PRESENÇA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIALCORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – LABOR RURAL EXERCIDO INDIVIDUALMENTE – SUBSTITUIÇÃOPROCESSUAL NOS TERMOS DO ART. 43 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/43, que julgouprocedente o pedido da exordial e concedeu à autora a aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suasrazões, que a autora não comprovou o efetivo exercício de atividade rural, não preenchendo, assim, o período de carênciaexigido por lei. Ademais, alega que o cônjuge exercia atividade urbana, descaracterizando, portanto o regime de economiafamiliar. Contrarrazões às fls. 52/55.

2. Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º do mesmo diploma normativo, deve comprovar o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado. Valemencionar que o inciso VII, do artigo 11, da supracitada lei, permite que a atividade rural seja exercida individualmente.

3. Vale ressaltar que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional deUniformização, a comprovação da condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento queevidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de provamaterial. É exatamente o que ocorre in casu. A recorrida apresentou os seguintes documentos: i) certidão de casamento,realizado em 03/09/1983, com o registro da profissão do marido como lavrador (fl. 18); ii) contrato de parceria agrícola,realizado em 11/12/2006, constando a parte como parceira outorgada (fls. 16/17); iii) carteira do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Muniz Freire, com admissão em 23/09/2003 (fl. 19); iv) recibo de pagamento de mensalidades doSindicato de Trabalhadores Rurais de Muniz Freire, datado no ano de 2004 (fl. 20); v) extrato do INFBEN de concessão deauxílio-doença à parte autora, na qualidade de segurada especial (fl. 57).

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4. Em complementação, a prova testemunhal colhida em audiência (CD-R de áudio – fls.34) confirmou que a recorridasempre trabalhou no campo. A 1ª testemunha, o Sr. Leozildo Pastore, asseverou que conhece a autora há uns 40 anos eque a mesma trabalhou em sua propriedade, cultivando café, milho e feijão. Afirma que a autora sempre laborou na roça.Declara também, que a mesma trabalhou em outras propriedades e que seu marido a ajudava, mas que depois foi trabalharcomo gari. A 2ª testemunha, Sra. Mario Paulucio, afirmou que conhece a autora há uns 15 anos, que a mesma laborou nasterras do Sr. Fernando Fileti por uns anos e que, depois, a autora foi trabalhar na propriedade da testemunha por três anos.

5. Nesse passo, torna-se necessário ressaltar que os depoimentos colhidos em audiência, mostraram-se coerentes eharmônicos entre si, no sentido de afirmar que a recorrida sempre laborou no meio rural e em regime de economia familiar.Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova testemunhal,proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada especial. Aliás, é prescindível que o início de provamaterial seja contemporâneo de todo o período controvertido, desde que a prova testemunhal estenda a sua eficáciaprobatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela provatestemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistência entre os depoimentos colhidos e os documentospresentes nos autos. Desta feita, considerando que a prova testemunhal produzida nos autos confirma o início de provamaterial, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo comprovadoo exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.

6. Nesse sentido, segue jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ):

“PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR IDADE. COMPROVAÇÃO DE SEUSREQUISITOS. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL. EXISTÊNCIA. AGRAVOREGIMENTAL IMPROVIDO.Este Superior Tribunal já consolidou sua jurisprudência no sentido de que, existindo início de prova material a corroborar osdepoimentos testemunhais, não há como deixar de reconhecer o direito da parte autora à concessão da aposentadoria poridade de trabalhador rural. Isso em razão das dificuldades encontradas pelos trabalhadores do campo para comprovar oseu efetivo exercício no meio agrícola, em especial a mulher, cujos documentos comumente se apresentam em nome docônjuge. Agravo regimental conhecido, porém improvido”.(AgRg no Ag 634134 / SP, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, pub. DJ 29/8/2005, unânime, Quinta Turma - grifos nossos).

7. Finalmente, alega o INSS que a recorrida não poderia se enquadrar no regime de economia familiar, devido à atividadeurbana de seu cônjuge. Nesse diapasão, entendo não assistir razão a Autarquia Federal, pois segundo entendimento daTNU, a circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial (súmula 41 da TNU). Nesse passo, entendo que o INSSnão se desimcumbiu de seu ônus de demonstrar que os rendimentos do marido da autora eram suficientes para o sustentodo grupo familiar, não carreando aos autos sequer o demonstrativo de salários do mesmo. Por outro lado, os indícios daindispensabilidade do labor rural são fortes, tendo em vista que autora permaneceu trabalhando na roça mesmo após seumarido ir trabalhar na cidade. Ademais, a atividade exercida individualmente também encontra guarida na Lei n. 8.213/91,no artigo 11, inciso VII, de modo a não ser necessária a análise de exercício de atividade rural em regime de economiafamiliar.

8. Assim, diante da existência de início de prova material, posteriormente corroborada pela prova testemunhal colhida emjuízo, entendo que restou caracterizado o direito da autora à aposentadoria rural por idade. Contudo, considerando o teor dapetição de fl.64, que informa o falecimento da parte autora, entendo que o benefício de aposentadoria por idade foi cessadoem 26/01/2011, dia do óbito da recorrida, devendo as parcelas atrasadas serem pagas aos seus sucessores já habilitadosnos autos.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dezpor cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

23 - 0001205-86.2009.4.02.5002/01 (2009.50.02.001205-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x ELZAILA DA SILVA SANDRINI (ADVOGADO: FABIANA VIEIRALOUREIRO.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0001205-86.2009.4.02.5002/0 1

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RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ELZAILA DA SILVA SANDRINIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –INDEFERIMENTO ADMINISTRATIVO – DECADÊNCIA AFASTADA (PRECEDENTE) – INÍCIO DE PROVA MATERIALCORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 102/107, que julgouprocedente o pedido de concessão de aposentadoria rural por idade em favor da parte autora. Em razões de recurso, o enteprevidenciário alega a decadência do direito ao benefício pretendido, tendo em vista o transcurso do prazo de 10 (dez) anosentre a negativa administrativa e o ajuizamento da presente ação judicial. No mérito principal, sustenta ausência de iníciorazoável de prova documental do trabalho na lavoura pelo período exigido em lei. Contrarrazões às fls. 131/139.

De início, rejeita-se a alegação de “decadência do direito da parte autora ao questionamento do ato que indeferiu seubenefício” (fragmento à fl. 127). Com efeito, ao contrário do que alega o INSS, não há que se falar em prazo decadencialpara postular benefício que cuja concessão foi objeto de indeferimento na seara administrativa, eis que o art. 103 da Lei n.º8.213/91 apenas impõe a incidência de tal causa extintiva sobre direito de revisão de benefício, que, por óbvio, pressupõeprévio ato de concessão.

Nesse sentido já decidiu a TNU, consoante se infere do julgado a seguir reproduzido:

EMENTA/VOTO PREVIDENCIÁRIO. INDEFERIMENTO, NA VIA ADMINISTRATIVA, DE AMPARO ASSISTENCIAL.DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DE PARCELAS. INCIDENTE PROVIDO. 1. Pretende aparte autora a modificação de acórdão que decretou a prescrição do fundo de direito da ação, por decurso de prazoquinquenal após o indeferimento de amparo assistencial na via administrativa. Argumenta que incidiria, na espécie, apenasa prescrição de parcelas vencidas antes do quinquênio que antecedeu a propositura. Aponta dissídio com jurisprudênciadominante do eg. STJ e desta TNU, que abriga seu entendimento. Presentes os pressupostos de admissibilidade doincidente, adentro-lhe o mérito. 2. Para enfrentar a existência ou não de prazo decadencial para postulação de benefícioassistencial negado na via administrativa, traço o necessário paralelo com os benefícios previdenciários. 3. Vinco que aprescrição do fundo de direito prevista no Decreto nº 30.910/32 tem aplicação somente no regime previdenciário estatutário,não alcançado o regime previdenciário geral que, dada a sua especialidade, possui regramento próprio. 4. De fato, nas lidesde natureza previdenciária, a alegada “prescrição do fundo de direito” se confunde com a decadência do direito, que estáregulada no art. 103 da Lei nº 8.213/91. Conforme redação conferida ao mencionado dispositivo legal pela Lei nº10.839/2004, que restabeleceu o prazo decenal inicialmente previsto na Lei nº 9.528/97 e posteriormente reduzido paracinco anos pela Lei nº 9.711/98, “é de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimentoda primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva noâmbito administrativo”. Antes da vigência dessa norma, o entendimento jurisprudencial era de que não haveria de se falarem decadência ou prescrição do fundo de direito para a postulação de benefícios assistenciais ou previdenciários, bemcomo de diferenças a eles relativas. 5. Mesmo após a última alteração do art. 103 da Lei n.º 8.213/91, a decadência dodireito de revisão por ela instituída refere-se, exclusivamente, ao ato de concessão de benefício, eis que a norma éexpressa nesse sentido. Esse dispositivo legal estabelece que o prazo decenal fixado é contado “do dia primeiro do mêsseguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisãoindeferitória definitiva no âmbito administrativo”. Nesse sentido, o mero indeferimento de benefício, ou de seu indeferimentoinicial na via administrativa, não está sujeito à caducidade, porquanto a expressão “decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo” constante da norma legal deve ser interpretada correlacionada com o seu antecedente frasal, que dizrespeito apenas a eventual pedido de revisão, formulado na seara administrativa. 6. Assim, nem mesmo na searaprevidenciária existe prazo decadencial a ser contado a partir do indeferimento de pedido administrativo. 7. Feitas estasconsiderações, passo ao exame da decadência do direito de postular benefício assistencial indeferido na via administrativa.Se nem para o regime previdenciário geral se aplica a norma veiculada no artigo 1º do Decreto n. 20.910, com muito maisrazão tal normas não atinge os benefícios assistenciais, que possuem maior grau de especialidade e relevância. 8. Se alegislação previdenciária somente prevê prazo decadencial para a revisão de ato de concessão de benefício, qualquerparalelo com a seara assistencial somente pode, analogicamente, permitir a consideração de prazo decadencial para o atode concessão de benefício assistencial. Mas como se trata de benefício não contributivo, necessariamente equiparado aosalário-mínimo, a revisão de sua concessão, por provocação do titular, é logicamente impossível (excetuando-se,logicamente, pedidos de cancelamento que não equivalem a uma revisão propriamente dita, salvo quando promovida pelaAdministração). 9. Registro que benefícios assistenciais não são mera liberalidade do legislador pátrio, tampouco comofavor concedido pelo Estado. O amparo assistencial foi previsto no ordenamento jurídico pátrio como instrumentonecessário a trazer efetividade às normas constitucionais previstas no capítulo reservado à assistência social, políticapública não contributiva inserida nos deveres do Estado e nos direitos dos cidadãos brasileiros, pautada na dimensão éticada garantia de efetivação da inclusão social daqueles que não conseguem ter existência digna em função de sua extremavulnerabilidade social, seja por força da idade avançada, seja por força de uma deficiência mental ou física. 10. Com essafinalidade, o benefício de prestação continuada garante a transferência mensal de um salário mínimo ao idoso, com idadede 65 anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, que por força das condições físicas inerentes a essas

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vicissitudes se encontre incapacitada para prover a própria subsistência ou de tê-la provida por sua família. É um direito decidadania que garante a proteção social não contributiva da Seguridade Social. Assim, revela-se absurdo pretender queeventuais erros da Administração no indeferimento desse tipo de benefício possa levar à caducidade de um direito cujasatisfação se revela como sendo um dever do próprio Estado. 11. Por conseguinte, o direito à obtenção de benefícioassistencial indeferido previamente na via administrativa não se sujeita à decadência, submetendo-se apenas à prescriçãoqüinqüenal de parcelas, conforme orientação fixada na Súmula nº 85 do STJ. Esta também a orientação deste ColegiadoNacional, conforme julgado assim ementado: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. AMPARO SOCIAL. PRESCRIÇÃO. SÚMULANº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRESTAÇÃO CONTINUADA. NATUREZA ALIMENTÍCIA. NÃOAPLICÁVEL A PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO. PARCELAS DEVIDAS E NÃO QUITADAS NO QÜINQÜENIOANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA DEMANDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. 1. A decisãorecorrida, ao conjurar prefacial de prescrição de fundo de direito, contraria a Súmula nº 85 do Superior Tribunal de Justiça,ensejando hipótese de conhecimento do pedido de uniformização. 2. Sendo os benefícios assistenciais de prestaçãocontinuada e de natureza alimentícia, não se aplica a prescrição de fundo de direito, em razão de haver sido ou não negadoo direito na via administrativa, de modo que ao ingressar em juízo, e, restando reconhecida a incapacidade total para oexercício de atividade laborativa desde a data em que cancelado o primeiro benefício, faz jus a perceber as parcelas nãoprescritas e não quitadas, relativas ao qüinqüênio anterior ao ajuizamento da ação. 3. Recurso conhecido e provido.(PEDILEF 200537007532330, JUIZ FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJU 06/07/2007.) 12. Por fim, superada a prejudicial de prescrição e considerando que as instânciasinferiores não completaram a instrução do feito, determino a anulação da sentença e do acórdão recorridos, com o retornodos autos ao Juizado de origem, para reabertura da instrução processual e incursão no mérito da lide. 13. Incidente provido.É como voto.(PEDIDO 05001899620084058201, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU 20/04/2012 –grifos nossos)

Em análise do mérito principal, deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91, para fins de recebimentode aposentadoria rural por idade, o segurado especial previsto no inciso VII do artigo 11 desta lei, além contar com a idademínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve comprovar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início razoávelde prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei n.º 8.213/91 e, para que tal atividade seenquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família seja indispensável àprópria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condições de mútuadependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme dispõe o § 1º do artigo 11 da referida legislação.Vale mencionar, ainda, que o legislador admite que a atividade rural seja exercida individualmente, nos termos do inciso VIIdo artigo 11 da Lei n.º 8.213/91.

Conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a comprovação dacondição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. É exatamente o que ocorre incasu. A recorrida apresentou, a título de início de prova material, certidão de casamento realizado em 28.06.1959, com oregistro da profissão do cônjuge como lavrador (fl. 51), além de comprovantes de pagamento de ITR referentes àpropriedade rural em que trabalhava (fls. 25/247), conforme contrato de parceria agrícola anexado às fls. 28/29.

Como se sabe, é prescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período controvertido, desdeque a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dosefeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistênciaentre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos.

No caso sob exame, a prova testemunhal colhida em audiência confirmou, de forma segura, que a recorrida semprelaborou no meio rural, inicialmente (desde 1959) junto a seu marido e, após a separação, junto a seus irmãos. Desta feita,reputo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficientes à demonstração de efetiva atividadecampesina pelo tempo exigido em lei, qual seja, 90 (noventa) meses, já que o implemento do requisito etário ocorreu noano de 1996, nos termos do art. 142 da Lei n.º 8.213/91.

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 daLei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

24 - 0001092-19.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001092-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x MARIA CAROLINA DUTRA RANGEL (ADVOGADO: EDSONROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001092-19.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARIA CAROLINA DUTRA RANGELRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 79/83, que julgouprocedente o pedido autoral de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, aduz o INSS que osdocumentos apresentados pela autora não são suficientes para a comprovação do efetivo labor rural em regime deeconomia familiar durante o período exigido em lei. Ademais, alega que a prova testemunhal foi frágil, não sendo meio hábila confirmar a qualidade de segurada especial da parte autora. Contrarrazões às fls. 95/99.

2. Nos termos do art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o seguradoespecial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de contar com a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nosmoldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve demonstrar o efetivo exercício de atividade rural, ainda quede forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Vale ressaltar que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional deUniformização, a comprovação da condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento queevidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de provamaterial. É exatamente o que ocorre in casu. A recorrida apresentou: certidão de casamento com o registro da profissão doseu primeiro marido como lavrador (fls. 17); declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna e Irupi, em que seatesta que a autora laborou em atividade rurícola em regime de economia familiar, de 01/09/1988 a 24/03/2008 (fl. 15);contrato de parceria agrícola, firmado em 07/07/2005, com prazo de vigência até 30/09/2009, em que constam a parteautora e seu atual esposo como parceiros outorgados (fls. 47/48); e ficha de matrícula escolar do filho da autora, com suaqualificação profissional como lavradora (fl. 56).

4. Como se sabe, é prescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período controvertido, desdeque a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dosefeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistênciaentre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos. No caso sob exame, a prova testemunhal colhidaem audiência confirmou que a recorrida sempre laborou no meio rural. Nesse ponto, entendo infundada a impugnação doINSS acerca dos dados fornecidos pelas testemunhas, porquanto a prova oral não precisa rememorar, precisamente, todosos vínculos rurais da parte demandante, tampouco os nomes de seus empregadores. São fatos que se perdem na memóriae não são exigíveis de testemunhas. O que realmente importa é se a prova testemunhal confirmou a qualidade de rurícolada autora, sem exercício de outra atividade incompatível com o regime de economia familiar no período, o que de fatoocorreu.

5. Desta feita, reputo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficientes à demonstração de efetivaatividade campesina pelo tempo exigido em lei, qual seja, 156 (cento e cinqüenta e seis) meses, já que o implemento dorequisito etário ocorreu no ano de 2007, nos termos do art. 142 da Lei n.º 8.213/91.

6. Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

7. Finalmente, deixo de condenar a autarquia previdenciária ao pagamento de multa por litigância de má-fé, eis que nãovislumbro, in casu, intenção protelatória do recorrente, que apenas suscitou matérias regularmente passíveis de debate emsede recursal.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, no montantede 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, § 3º, do CPC.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

25 - 0000346-83.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000346-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x TEREZINHA RODRIGUES DA SILVA DOS SANTOS(ADVOGADO: URBANO LEAL PEREIRA, Laerte de Campos Hosken.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000346-83.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: TEREZINHA RODRIGUES DA SILVA DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – SEGURADO ESPECIAL –SUFICIENTE INÍCIO DE PROVA MATERIAL NOS AUTOS CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, por meio do qual a autarquia requer a reforma da sentença de fl.131/134 que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. O recorrente alega que não foicomprovado o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo de carência suficiente, conforme disposto no art. 142 da Lei nº8.213/91, aduzindo inexistir início de prova material nos autos, especialmente devido ao fato de o esposo da parte autora terexercido atividade urbana. Ademais, salienta que a autora percebe atualmente pensão por morte no valor deaproximadamente R$ 800,00 (oitocentos reais) e que não houve atividade rural no período em que a autora residiu no Riode Janeiro. Contrarrazões às fls. 141/142.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o trabalhador rural referido naalínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, além de comprovar a idade mínima (55anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondenteà carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3ºda Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condições em que são exercidas as atividades rurícolas, não sedeve exigir rigor extremo na comprovação deste trabalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.

Na hipótese, como foi acima vislumbrado, aduz o recorrente que não há nos autos prova acerca do efetivo exercício deatividade rural pelo tempo de carência exigido. Não assiste razão à Autarquia Previdenciária. Deve-se ressaltar que oexercício de labor rural foi comprovado pela recorrida por meio de prova documental mínima, qual seja: i) cadastro noSindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibatiba/ES, com data de admissão em 20/06/1997, havendo recibos referentes apagamentos de mensalidades nos meses de agosto/92, junho/97, maio/99, maio/2000, setembro e novembro/2001 (fl. 13);ii) cadastro no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna, com data de admissão em 10/03/1986; e iii) documentosrelativos a sua propriedade rural (fls. 19/27).

A prova documental foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R de áudio (fl. 145). Nãohouve contradição ou imprecisão entre o depoimento da parte autora e da testemunha, sendo que esta confirmou o laborrural nos períodos indicados na inicial. A testemunha ouvida afirmou que, quando a autora retornou do Rio de Janeiro, elase mudou para a mesma propriedade que morava com o pai, sendo que, após o falecimento deste, a propriedade foidividida, ficando a autora com um pedaço (aproximadamente 25 litros, segundo a autora). O depoente aduz, ainda, que aautora nunca trabalhou na rua, tocando a propriedade atualmente, onde tem cerca de duas mil covas de café. Assim, restacomprovado a existência de labor rural em regime de economia familiar.

�Consoante jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça e na Turma Nacional de Uniformização de�Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais , o trabalho urbano desempenhado pelo cônjuge, por si só, não

descaracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo segurado especial. Compulsando osautos, concluo que o trabalho rural da autora sempre foi imprescindível para o sustento da família. O labor urbano domarido da recorrida como servidor público (agente de Polícia Judiciária), bem como a pensão por morte atualmenterecebida por ela, não afasta essa conclusão, mormente porque equivale a valor pouco superior ao mínimo. Conformedeclarado pela autora, os valores recebidos pelo marido e a pensão percebida atualmente não são suficientes para amanutenção de sua subsistência. Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao trabalho urbano do maridoda autora, a atividade rural era dispensável, de modo que não há que se falar em descaracterização da condição de

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rurícola.

Por fim, ressalto que, ainda que a autora somente tenha voltado a laborar no campo a partir de 1990, quando retornou doRio de Janeiro, remanesce o direito ao benefício. Isto porque, tendo completado o requisito etário em 1996, deveriacomprovar o exercício de atividade rural pelo período equivalente a 90 meses de carência (sete anos e meio), de modo queo período de 1990 a 16/09/2008 é mais do que suficiente.

Em suma, preenchido o requisito da idade (fl. 10) e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigidoem lei (art. 142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade, desde adata do requerimento administrativo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida

Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

26 - 0000168-34.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000168-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ALBERIO DOS SANTOS (ADVOGADO: VIVIAN VIEIRA TOYAMA.).RECURSO N. 0000168-34.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALBERIO DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – SEGURADO ESPECIAL – PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS – REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – PRESENÇA DE PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 98/103, que julgou procedente o pedidoinicial, condenando a autarquia previdenciária a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a autarquia,em suas razões recursais, que o autor não exerceu atividade rural em regime de economia familiar e que tanto o autorquanto a sua esposa, possuem vínculos regidos pela CLT. Foram apresentadas contrarrazões pela parte autora, pugnandopela manutenção da sentença.

2. A concessão da aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pela Lei nº8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado especial, atender a carência e, ainda, ter o trabalhador rural 60anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, §1º).

3. A parte autora nasceu em 03/10/1949. Atingiu o requisito “idade” em 03/10/2009, devendo preencher, portanto, 168meses de carência (14 anos). Ao se analisar o conjunto probatório, é possível verificar que o recorrido exerceu atividaderural pela carência necessária. Nesse sentido, encontram-se os seguintes documentos: i) declaração do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Pedro Canário (fl. 08); ii) certidão de casamento, datada de 03/04/1972, em que consta o autorcomo lavrador (fl. 10); iii) cópias da CTPS do autor com vários vínculos empregatícios, alguns deles na área rural (fls.14/25); iv) documento de autorização de ocupação do INCRA, em que consta a profissão do autor como agricultor (fl. 31); v)certificados de cadastro de imóvel rural (fls. 33/34); vi) recibos de entrega e declarações de ITR de várias datas (fls. 35/45);e vii) ficha de matrícula da filha do autor (fl. 46).

4. Em audiência, o autor declarou que é analfabeto, possui 61 anos de idade e que mora no Assentamento Castro Alves,em Pedro Canário, há 22 anos. Alega que sempre trabalhou na roça, plantando feijão, milho, amendoim, côco, laranja ecafé. Sua falecida esposa, apesar de ter trabalhado como merendeira, também o ajudava na roça. Atualmente, está sozinhoe continua trabalhando na roça.

5. As testemunhas, em seus depoimentos, alegaram conhecer o autor há, aproximadamente, 20 anos, confirmando odepoimento autoral.

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6. O INSS alega que o fato de o autor receber pensão por morte de sua falecida esposa, no valor de um salário mínimo (fl.54), originária de trabalho urbano, afastaria a caracterização do regime de economia familiar do recorrido. Tal alegação nãomerece prosperar.

7. O art. 11, inc. VII da Lei nº 8.213/91 diz ser segurado especial a pessoa física residente no imóvel rural ou emaglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, se encontrem naquelascondições por ele elencadas. O segurado especial pode exercer suas atividades rurais individualmente ou em regime deeconomia familiar. Se mais de um dos membros familiares exercer atividades agrícolas indispensáveis à própriasobrevivência restará configurado o regime de economia familiar e todos esses membros entrarão na qualidade desegurados especiais. Porém, se apenas um dos membros da família se dedicar à produção rural ou à pesca artesanal sema contratação de empregados, ele será considerado segurado especial que exerce suas atividades individualmente.

8. Nesse sentido:

“EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIADOMINANTE DO STJ. QUESTÃO DE ORDEM Nº 05 DA TNU. ATIVIDADE RURAL. RECEBIMENTO DE PENSÃO PORMORTE DE TRABALHADOR URBANO. CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL. DESCARACTERIZAÇÃO.INOCORRÊNCIA. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO À TURMA RECURSAL DE ORIGEM PARA READEQUAÇÃO. 1.Reconhecimento de jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça com fundamento em um precedente daquelaCorte. Incidência da Questão de Ordem nº 05 da TNU. 2. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial. Seum dos membros da família se dedicar à produção rural ou à pesca artesanal sem a contratação de empregados, ele seráconsiderado segurado especial que exerce suas atividades em regime individual. Os demais membros do grupo familiar,em exercendo atividade remunerada de outra natureza, terão sua categorização reconhecida também individualmente deacordo com os incisos I, II, V ou VI do artigo 11 da Lei Nº 8.213/91. 3. Precedentes do STJ e da TNU. 4. Pedido deUniformização conhecido e parcialmente provido para o efeito de devolver o processo à Turma Recursal de origem para

�readequação. (PEDIDO 200481100018325, JUIZ FEDERAL JOSÉ ANTONIO SAVARIS, , 01/03/2010)”

9. Os vínculos empregatícios urbanos do recorrido não prejudicam o reconhecimento da condição de segurado especial,tendo em vista que muitos deles estão vinculados à atividade rural e tiveram curta duração (5 anos, 8 meses e 5 dias).

10. Diante do exposto, verifica-se que foram preenchidos os requisitos para concessão da aposentadoria rural por idade aoautor.

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

12. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos e quepassa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

27 - 0000879-76.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000879-2/01) IRACI MARCONCINI MOZER POLONINE (ADVOGADO:Lauriane Real Cereza, Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.).RECURSO N. 0000879-76.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: IRACI MARCONCINI MOZER POLONINERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 58/60, a qualjulgou improcedente o pedido de concessão de salário-maternidade.

Aduz a recorrente, em suas razões (fls. 61/63), que restou comprovada a sua condição de segurada especial (trabalhadorarural) pela carência exigida para a concessão do benefício requerido, fazendo jus ao recebimento da verba pleiteada.

Contrarrazões às fls. 64/67.

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É o relatório. Passo a proferir voto.

O salário-maternidade é benefício previdenciário previsto no artigo 39, parágrafo único da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que“Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde quecomprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anterioresao do início do benefício.”.

Regulamentando este dispositivo, o Decreto nº 3.048/99, em seu artigo 93, § 2º, dispõe que “Será devido osalário-maternidade à segurada especial, desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos dez mesesimediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo quede forma descontínua [...].”. Trazendo a norma regulamentadora prazo menor de carência, este é o que deve ser cumpridopela segurada especial, por ser mais benéfico, sendo este também o entendimento da autarquia previdenciária, por contado disposto no artigo 25, III, da Lei nº 8.213/91.

Em se tratando de trabalhadora rural, para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3ºda Lei 8.213/91 e, para que tal atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dosmembros da família seja indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar eque seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme dispõe o§ 1º do artigo 11 da referida legislação. Vale, ainda, mencionar que o legislador admite que a atividade rural seja exercidaindividualmente, nos termos do inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91.

Na hipótese, como foi acima vislumbrado, aduz a recorrente que há nos autos prova acerca do efetivo exercício deatividade rural pelo tempo de carência exigido, argumento que, pedindo vênias à douta MM. Juíza Federal de origem, heipor bem acolher.

O exercício de labor rural foi comprovado pela recorrente por meio de prova documental mínima, qual seja: i) cadastro noSindicato dos Trabalhadores Rurais de Iconha/ES, com data de admissão em 02/04/2011 (fl. 17); ii) declaração de exercíciode atividade rural (fl. 19); iii) contrato de comodato (fl. 20); iv) certidão de nascimento da filha da autora, onde esta équalificada como lavradora (fl. 21); v) fichas de cadastro de clientes (fls. 33/34), datadas de 2001, nas quais a recorrente éconsiderada lavradora.

A prova documental foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R de áudio (fl. 51). Nãohouve contradição ou imprecisão entre o depoimento da parte autora, do informante (pai da autora) e da testemunha, sendoque esta confirmou o labor rural indicado pela autora, afirmando que ela sempre trabalhou na roça, juntamente com seumarido. Ao contrário da magistrada sentenciante, não verifiquei contradições que me levassem a desacreditar a autora.Assim, resta comprovado a existência de labor rural em regime de economia familiar.

�Consoante jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça e na Turma Nacional de Uniformização de�Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais , o trabalho urbano desempenhado pelo cônjuge, por si só, não

descaracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo segurado especial.

Nesses termos, compulsando os autos, concluo que o trabalho rural da autora sempre foi imprescindível para o sustento dafamília. O labor urbano do marido da recorrente (fls. 52/54) não afasta essa conclusão, mormente porque equivale a valorpouco superior ao mínimo legal. Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao trabalho urbano do maridoda autora, a atividade rural era dispensável, de modo que não há que se falar em descaracterização da condição derurícola.

Por fim, registro que o vínculo urbano da autora não ultrapassa o período de dois meses, conforme CTPS de fl. 16 e CNISde fl. 46, não acarretando a perda da qualidade de segurada especial da autora. Ademais, ele remonta a 1998, períodomuito anterior à carência que aqui se pretende comprovar (2005)

Por conclusão, comprovado o exercício de atividade rural pelo período equivalente à carência e demonstrado o nascimentode prole (certidão de nascimento de fl. 21), faz jus a parte ao benefício de salário-maternidade.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para determinar a concessão dobenefício previdenciário de salário-maternidade à parte recorrente, com DIB na data do requerimento administrativo(02/02/2006 - fl. 18).

As parcelas atrasadas deverão ser acrescidas de correção monetária desde a data em que deveriam ter sido pagas e dejuros de mora a contar da citação, observada a nova regra prevista no 1º-F da Lei nº. 9.494/97 (redação conferida pela Leinº. 11.960/09), ressalvado o entendimento pessoal deste magistrado.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados dotrânsito em julgado da presente decisão. Quanto à não liquidez do julgado, ressalto o fato de que o INSS detém maiorescondições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, e que tal posicionamento coaduna-se com a orientaçãoconsolidada no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em

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comento, proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É como voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO N. 0000879-76.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: IRACI MARCONCINI MOZER POLONINERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE – RURAL –COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL EXERCIDA PELA SEGURADA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO(10 MESES) – REQUISITOS PRESENTES PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO– SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

28 - 0001773-86.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001773-9/01) MARIA APARECIDA LOURDES OLIVEIRA (ADVOGADO:Aleksandro Honrado Vieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO DE SENTENÇA N°. 0001773-86.2008.4.02.5051/0 1RECORRENTE: MARIA APARECIDA LOURDES OLIVEIRARECORRIDO (A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDRAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE – RURAL – NÃOCOMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL EXERCIDA PELA SEGURADA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO(10 MESES) – AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 45/46, a qualjulgou improcedente o pedido de concessão de salário-maternidade. Aduz a recorrente, em suas razões, que restoucomprovada a sua condição de segurada especial (trabalhadora rural) pela carência exigida para a concessão do benefíciorequerido, fazendo jus ao recebimento da verba pleiteada. Contrarrazões às fls. 52/24.

O salário-maternidade é benefício previdenciário previsto no artigo 39, parágrafo único da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que“Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde quecomprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anterioresao do início do benefício.”.

Regulamentando este dispositivo, o Decreto nº 3.048/99, em seu artigo 93, § 2º, dispõe que “Será devido o

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salário-maternidade à segurada especial, desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos dez mesesimediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo quede forma descontínua [...].”. Trazendo a norma regulamentadora prazo menor de carência, este é o que deve ser cumpridopela segurada especial, por ser mais benéfico, sendo este também o entendimento da autarquia previdenciária (fl. 44), porconta do disposto no artigo 25, III, da Lei nº 8.213/91.

No caso concreto, não se vislumbra o preenchimento, por parte da recorrente, dos requisitos preconizados pelosdispositivos acima, haja vista que não restou comprovado o exercício de atividade rural nos últimos dez mesesimediatamente anteriores ao parto. Ressalte-se que, nos termos do § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91, “A comprovação dotempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto noart. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamentetestemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento”.

A parte autora, contudo, não trouxe aos autos início de prova material suficiente para caracterizar o labor rural nos últimosdez meses imediatamente anteriores ao parto. Isto porque todos os documentos colacionados ao caderno processual sãoposteriores à data do parto, que ocorreu em 20/09/2006 (fl. 20), senão vejamos: i) certidão da Justiça Eleitoral, datada de19/08/2008 (fl. 14); ii) declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iuna eIrupi em 23/01/2008 (fls. 15/16); iii) carteira do sindicato, com filiação em 10/12/2007 (fl. 19); e iv) contrato de parceriaagrícola referente ao período de 16/10/2007 a 16/10/2012 (fls. 21/23). Ressalte-se que as declarações de fls. 25/27 nãopodem ser levadas em consideração a título de início de prova material, eis que equivalem à prova testemunhal.

Sendo assim, não tendo sido comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à concessão do benefíciopor meio de prova documental, desnecessária a produção de prova testemunhal, pois, conforme já citado, o exercício delabor rural não pode ser comprovado exclusivamente por meio de prova testemunhal. Assim, deve o pedido de concessãode salário-maternidade ser denegado.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 35, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

29 - 0000650-53.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000650-0/01) ISMAEL BARBOSA (ADVOGADO: ILZA RODRIGUES DESOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0000650-53.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: ISMAEL BARBOSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 165/166 que julgouimprocedente o pedido autoral de revisão do salário de benefício do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição apartir da conversão dos períodos de atividade especial em tempo comum.

Em razões de recurso, o autor argui, preliminarmente, a nulidade da sentença, sob o argumento de que não lhe teria sidoaberto prazo para se manifestar sobre a contestação, o que feriu o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.No mérito, sustenta que restou devidamente comprovado o exercício de atividade insalubre, mediante o enquadramentofuncional da profissão de Oficial de Chapedor nos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79. Assim, postula pela nulidade dasentença e, subsidiariamente, pela sua reforma, reconhecendo-se o período de 09/03/1971 a 03/12/1973 como de trabalhoem condições especiais.

Contrarrazões às fls. 175-verso.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

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Preliminar

Postula o recorrente a nulidade da sentença, argumento que a ausência de prazo para apresentação de réplica teriaprejudicado o seu direito ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal.

Contudo, a preliminar não merece ser acolhida. Não existe previsão nas Leis nº 9.099/95 e nº 10.259/01 quanto ànecessidade de abertura de prazo para réplica e, por isso, não há qualquer nulidade. Ademais, todas as provas a seremproduzidas pelo autor devem ser apresentadas na inicial, visto orientar-se o rito sumaríssimo por outros princípios basilares,tais como a celeridade, a informalidade e a concentração dos atos processuais. Outrossim, sabe-se que não se declaranulidade se não restar comprovada a existência de prejuízo. Nesse sentido, observo que o réu, em sede de contestação,não argüiu qualquer defesa de mérito indireta ou preliminar, não havendo que se falar, pois, em réplica nem mesmo noprocedimento ordinário.

Assim, rejeito a preliminar.

Mérito

Pretende o recorrente, conforme relatado, obter a revisão da renda mensal de seu benefício de aposentadoria, passando deproporcional para integral, mediante o reconhecimento de atividade exercida em condições especiais no período de09/03/1971 a 03/12/1973.

A sentença recorrida não reconheceu como tempo de atividade especial o período acima ante a inexistência de laudoindicando a exposição a ruído acima dos limites legais.

Pois bem.

Em termos gerais, até 28/04/1995, a caracterização de tempo de serviço prestado sob condições especiais poderia dar-sepelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79 ou,ainda, pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos. Com o advento da Lei nº 9.032/95, a comprovação da atividade especial passou a ter por base os formuláriosSB-40 e DSS-8030. Finalmente, a partir da edição do Decreto n.º 2.172/97 – que regulamentou a Medida Provisória n.º1.523/96, convertida na Lei n.º 9.528/97 –, a prova passou a ser feita por meio de laudo técnico.

Frisa-se, contudo, que, embora a lei atualmente exija a demonstração da efetiva exposição do segurado ao agente nocivo,a comprovação do exercício de atividade em condições especiais rege-se pela lei vigente à época da prestação do serviço,e não pela lei vigente à época da produção da prova, em respeito ao princípio da irretroatividade das leis e ao direitoadquirido.

Assim dispõe o art. 70, §1º, do Decreto nº 3048/99:

Art. 70 (...)§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislaçãoem vigor na época da prestação do serviço.

Consoante acima mencionado, antes do advento da Lei nº 9.032/95, a comprovação do exercício de atividade especialpoderia ser feita de acordo com a categoria profissional a que pertencia o segurado, havendo a presunção legal de sujeiçãoa condições agressivas à saúde ou perigosas pelo simples exercício do cargo, conforme Anexo do Decreto nº 53.831, de 25de março de 1964 e Anexos I e II do Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979, ratificados pelo artigo 295 do Decreto nº357/91.

Nesses termos, inobstante não exista laudo pericial indicando a efetiva exposição do autor aos agentes insalubres ruído ecalor indicados na inicial, observo que a sua ocupação no período de 09/03/1971 a 03/12/1973 pode ser enquadrada emcategoria profissional elencada nos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79.

Com efeito, a CTPS de fl. 80 demonstra que, no referido período, o autor exercia a função de Oficial de Chapeador quetinha, entre suas atribuições, as funções de utilizar soldas para chapear e rebitar em carrocerias de ônibus em ferro ealumínio.

Tal atividade enquadra-se nos itens 2.5.3 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 (SOLDAGEM, GALVANIZAÇÃO,CALDERARIA) e 2.5.3 do Anexo II do Decreto nº 83.080/79 (OPERAÇÕES DIVERSAS - Soldadores - solda elétrica e aoxiacetileno), devendo ser considerada, portanto, especial.

Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES EM CONDIÇÕES DEINSALUBRIDAE/PEICULOSIDADE. PERÍODOS COMPREENDIDOS ENTRE 18.04.78 A 26.02.80, 04.05.81 A 26.10.85,17.12.90 A 06.02.92 LABORADO COMO CHAPEADOR. PRESUNÇÃO LEGAL. PERÍODOS COMPREENDIDOS ENTRE

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13.06.87 A 22.01.88 E 18.07.88 A 05.01.90 COMO VIGILANTE DE EMPRESA DE SEGURANÇA. PERÍODOSCOMPREENDIDOS ENTRE 15.06.92 A 31.03.98 E 02.09.98 A 09.05.2003 LABORADOS PELO AUTOR COMOLANTERNEIRO. CÓPIA DA CTPS (FLS. 19/28). FORMULÁRIOS PRÓPRIOS DO INSS DEVIDAMENTE PREENCHIDOSPELAS EMPREGADORAS (FLS. 29/34). PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP (FLS. 35/40).SOMATÓRIO SUPERIOR A 25 (VINTE E CINCO) ANOS. APOSENTADORIA ESPECIAL. DIREITO. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. SÚMULA Nº 111 DO STJ. - Se restou comprovado através dos formulários próprios do INSS,devidamente preenchido por empresas empregadoras, bem como de Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, que oautor laborou durante todo o período em condições especiais, faz jus ao seu reconhecimento, com a consequenteconcessão de aposentadoria especial. - A Lei nº 9.032/95, que alterou o art. 57 da Lei nº 8.213/91, e passou a exigir acomprovação da prestação do serviço em condições especiais, não pode retroagir para negar o direito do segurado, face oprincípio da irretroativade das leis. - Honorários advocatícios, arbitrados no percentual de 10% (dez por cento), excluídas asprestações vincendas, estando de conformidade com a súmula nº 111 do STJ. - Apelação e remessa oficial improvidas.(AC 200884000142774, Desembargador Federal Paulo Gadelha, TRF5 - Segunda Turma, DJE - Data: 23/10/2009 - Página:147)

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO EXTRA PETITA AFASTADA. APOSENTADORIAPROPORCIONAL. CONCESSÃO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. COMPROVAÇÃO. RUÍDO.SOLDADOR. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. EC 20/98. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O INSS se insurge contra aconcessão da aposentadoria especial, asseverando que o julgado ultrapassou os limites do pedido exordial, na medida emque o autor requereu aposentadoria por tempo de serviço. De fato, a sentença concedeu a aposentadoria especial. Isso,entretanto, não determina sua anulação, pois essa é apenas uma modalidade de aposentadoria por tempo deserviço/contribuição. Portanto, o julgamento não foi extra petita, pois cabe ao próprio INSS implantar o benefício maisvantajoso ao segurado. (Instrução Normativa INSS/PRES Nº 45, de 06 de agosto de 2010 - DOU de 11/08/2010 - Art. 621.'O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido'). 2. Ocômputo do tempo de serviço prestado em condições especiais deve observar a legislação vigente à época da prestaçãolaboral, tal como disposto no § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/99, com redação dada pelo Decreto nº 4.827/03. 3.Considera-se especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até 05/03/97 (Súmula nº 29 daAGU), e, a partir de então, acima de 85 decibéis, desde que aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de períciatécnica, trazida aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido pelo empregador. 4. A profissão desoldador possui enquadramento legal nos Decretos Previdenciários, sendo dispensável a apresentação da perícia técnica,nos termos da legislação vigente à época da prestação laboral. 5. Para configuração da especialidade da atividade, não énecessário que o trabalhador permaneça exposto ao nível máximo de ruído aludido na legislação durante toda a suajornada de trabalho. 6. Juros de mora e correção monetária deverão ser calculados em conformidade com o Manual deCálculos da Justiça Federal, observando-se os índices e normas legais indicadas no voto. 7. Preliminar rejeitada. Apelaçãoparcialmente provida. Remessa oficial parcialmente provida.(AC 200101990019762, JUIZ FEDERAL GUILHERME MENDONÇA DOEHLER, TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR,e-DJF1 DATA: 31/05/2012 PAGINA: 194)

Nesses termos, o período compreendido entre 09/03/1971 a 03/12/1973 (dois anos, oito meses e 24 dias) deve serconsiderado como de tempo de atividade sujeita a condições especiais, devendo haver a sua conversão em tempo comummediante a aplicação do fator de conversão próprio (1,4), conforme art. 70 do Decreto º 3.048/99, o que equivale a umacréscimo de um ano, um mês e dois dias ao seu tempo de serviço reconhecido pelo INSS para efeitos de concessão dobenefício de aposentadoria proporcional por tempo de contribuição (33 anos, 1 mês e 28 dias - fl. 19).

Nesse ínterim, o autor teria somado apenas 34 (trinta e quatro) anos e 3 (três) meses de tempo de contribuição, os quais,apesar de representarem um acréscimo de 6% (seis por cento) no valor de sua aposentadoria, ainda são insuficientes paragarantir-lhe o direito à aposentadoria integral.

Considerando que o autor afirmou na inicial que possuía mais de 35 (trinta e cinco) anos de tempo de contribuição ebuscando me certificar do correto cálculo a ser levado a efeito, pude observar que o autor aponta em sua tabela (fl. 11)lapso temporal não reconhecido no cálculo do INSS (fls. 150/152). Trata-se do período compreendido entre 13/04/1970 a05/03/1971, trabalhado na empresa Carbrasa Carrocerias Brasileiras S/A., o qual, apesar de constar na CTPS do autor (fl.80), não foi relacionado no cálculo de fls. 150/152.

Com tal período o autor, de fato, obteria a aposentadoria integral. Contudo, considerando que não consta da petição inicialpedido expresso de reconhecimento desse vínculo como tempo de contribuição, não tendo sido oportunizado, portanto, aoINSS contestá-lo, não pode o mesmo ser reconhecido nesta oportunidade, sob pena de julgamento ultra petita. Dessemodo, a concessão da aposentadoria integral resta impossível nesta oportunidade.

Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO do autor para reconhecer,como de atividade especial, em razão do exercício da atividade de chapeador/soldador, o período compreendido entre09/03/1971 a 03/12/1973, convertendo-o em tempo comum para fins de que o INSS recalcule a RMI do benefício deaposentadoria do autor.

Defiro, nesta oportunidade, a antecipação dos efeitos da tutela de mérito em favor do recorrente, porquanto reputopresentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentação de fato e de direito lançadaneste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráter alimentar do benefíciopleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaço ante direitos

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fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional. Logo, a benefício deveráser implantada no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado, e a comprovação do pagamento deverá serpromovida no prazo de dez dias após a revisão.

Condeno o INSS ao pagamento das diferenças devidas desde o ajuizamento da ação, as quais serão pagas acrescidas decorreção monetária e de juros de mora, estes à taxa de 1% ao mês, observada, a partir de 30.06.2009, a nova regra deatualização/juros prevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º 11.960/09), a despeito do entendimentopessoal deste magistrado.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, nem honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N. 0000650-53.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: ISMAEL BARBOSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ATIVIDADE EXERCIDA SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS –CHAPEADOR/SOLDADOR – ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA PROFISSIONAL ATÉ 28.04.1995 –COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL – CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM – RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL

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PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relato

30 - 0000823-11.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000823-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ANTONIO SOARES DA SILVA FILHO(ADVOGADO: SANDRA CARVALHO GONÇALVES, TACIO DI PAULA ALMEIDA NEVES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.52.000823-8/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO SOARES DA SILVA FILHORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONTAGEM ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO – EXPOSIÇÃO ARUÍDO – COMPROVAÇÃO – UTILIZAÇÃO DE EPI NÃO AFASTA O CÔMPUTO ESPECIAL – JUROS DE MORA – LEI N.º11.960/09 – APLICABILIDADE RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA EM MÍNIMA PARTE

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 230/235, que julgouprocedente o pleito inaugural de contagem especial de tempo de serviço exercido sob condições prejudiciais à saúde e, porvia conseqüencial, condenou a autarquia ao pagamento de aposentadoria por tempo de contribuição em favor da parteautora. Em sede de recurso, após genérica fundamentação, o INSS impugna a contagem especial dos períodos de22/11/1982 a 22/09/1983, de 24/01/1984 a 30/11/1990, de 01/06/1991 a 19/11/1993 e de 12/05/1994 a 01/11/1994, aoargumento de que a especialidade pelo ruído pode ser afastada pelo uso de Equipamento de Proteção Individual – EPI.Subsidiariamente, postula a aplicação da nova regra estabelecida no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação conferidapela Lei n.º 11.960/09, à condenação pecuniária imposta na sentença recorrida. Sem contrarrazões.

2. Após exame do caderno processual, ratifica-se o reconhecimento dos períodos de atividade exercida sob pressão sonoraimpugnados pelo INSS. Com efeito, os PPPs e demais documentos técnicos anexados aos autos (fls. 141/143 e 194)revelam que, nos intervalos questionados, o autor/recorrido esteve sujeito à pressão sonora em intensidade variável entre

�86,6 e 93,8 dB, valores superiores a todos os limites toleráveis para os períodos, nos termos da Súmula n.º 32 da TNU .Conquanto se alegue que a insalubridade é passível de eliminação pelo uso de EPI, para fins previdenciários, a utilizaçãode tais equipamentos, no caso de ruído, não se releva suficiente a afastar a contagem especial do período. Talentendimento já se encontra pacificado pela TNU dos JEFs, consoante se extrai do teor da Súmula nº. 09: “O uso deEquipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado” (grifos nossos).

3. Ademais, no caso concreto, a autarquia não logrou êxito em demonstrar a eficácia dos equipamentos de proteção,apenas invocando o registro genérico de funcionalidade do material lançado no PPP. Logo, tenho que não restouperemptoriamente comprovado, nos autos, que o uso de equipamento de proteção eliminou (ou reduziu a níveis toleráveis)a potencialidade lesiva do agente agressor.

4. Por todo o exposto, resta concluir que os períodos compreendidos entre 22/11/1982 e 22/09/1983, 24/01/1984 e30/11/1990, 01/06/1991 e 19/11/1993 e 12/05/1994 e 01/11/1994 podem ser enquadrados como tempo de atividadeespecial, tendo em vista a exposição do trabalhador, de forma habitual e permanente, a níveis de pressão sonorasuperiores aos limites toleráveis, não neutralizada pelo uso de EPI, nos termos fixados pelo juízo a quo.

5. Finalmente, no tocante aos juros de mora, a despeito do entendimento originalmente adotado por este magistrado, tenho�por bem acompanhar a orientação majoritária delineada por este colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma

Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual acolho a aplicabilidade daalteração legislativa engendrada no 1º-F da Lei nº 9.494/97 com o advento da Lei n.º 11.960/09, inclusive às causas de

�natureza previdenciária. Com efeito, na esteira na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal , a partir de 30.06.2009,impõe-se a aplicação imediata dos índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetáriae de juros de mora incidentes sobre as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbasconsideradas alimentares.

6. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte (aplicação do art. 1º-F da Lei n.º9.494/97, a partir de 30.06.2009).

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Considerando o provimento do recurso apenas em mínima parte, condeno oINSS ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) do valor da condenação, nos termos doart. 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/c art.21, parágrafo único, do CPC.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

31 - 0006806-60.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006806-4/01) HELVECIO FURIERI (ADVOGADO: MARIA DACONCEICAO SARLO BORTOLINI, ALMIR ANTONIO JUNIOR, INGRID SILVA DE MONTEIRO, MARCELOCARVALHINHO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.).RECURSO N. 2008.50.50.006806-4/01RECORRENTE: HELVECIO FURIERIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL –ELETRICISTA – NÃO COMPROVADO – FALTA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL – PROVA EXCLUSIVAMENTETESTEMUNHAL – IMPOSSIBILIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por HELVECIO FURIERI, em face de sentença de fls. 58/62, que julgouimprocedente o pedido de condenação do INSS a converter o tempo de contribuição referente ao período 01/05/1973 a26/04/1975 em tempo especial. O recorrente alega, em suas razões recursais, que exerceu atividade perigosa durante operíodo controverso, mas que a sentença a quo restringiu seu direito de ação ao não aceitar a produção de provatestemunhal. Pugna, assim, pela nulidade da mesma, a fim de que seja produzida a prova testemunhal. O INSS apresentoucontrarrazões requerendo a manutenção da sentença.

2. Com relação ao reconhecimento e ao cômputo de atividade considerada especial, é importante salientar que, na vigênciados Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79, bastava o enquadramento da atividade desenvolvida como exposta a um dosagentes nocivos (físicos, químicos ou biológicos) previstos no Anexo integrante ao Decreto ou o enquadramento pelacategoria profissional. Somente após o advento da Lei nº 9.032, em 28/04/1995, surgiu a necessidade de prova da realexposição do trabalhador/segurado aos agentes nocivos.

3. O autor afirma ter trabalhado, no período compreendido entre 01/05/1973 a 26/04/1975, como eletricista, tendo sidoexposto a atividade perigosa, qual seja, exposição a tensão elétrica superior a 250 volts. Aduz que a empresa pela qualtrabalhava não teria fornecido o formulário de tempo especial no período alegado, pedindo, portanto, a produção de provatestemunhal objetivando comprovar o trabalho perigoso que exercia.

4. O Código de Processo Civil é claro em dizer, em seu art. 400, que a prova testemunhal é sempre admissível, desde quea lei não disponha de modo diverso. Ocorre que a Lei nº 8.213/91 proíbe expressamente prova exclusivamente testemunhalpara o reconhecimento de tempo de serviço, dispondo da seguinte maneira:

“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além docorrespondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anteriorà perda da qualidade de segurado.

§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida provaexclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto noRegulamento.”

5. O autor não carreou aos autos qualquer início de prova material indicando o exercício de atividade perigosa durante otempo afirmado, estando impossibilitado de comprovar suas afirmações através de prova exclusivamente testemunhal.Sendo assim, não há em que se alterar a sentença a quo.

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário de assistênciajudiciária.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e quepassa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

32 - 0004922-64.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004922-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x MARCOS ANTONIO RIBEIRO SOARES (ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOSPINTO NETO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 2006.50.50.004922-0/1RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARCOS ANTÔNIO RIBEIRO SOARESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL – AVERBAÇÃO DO PERÍODO LABORADO EM CONDIÇÕESESPECIAIS – ATIVIDADE PREVISTA NO DECRETO 53.831/64 – EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS DE MANEIRAPERMANENTE E HABITUAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face de sentença de fls. 68/72 que julgou procedente o pedido,condenando o recorrente a converter, em atividade comum, as atividades exercidas em caráter especial no períodocompreendido entre 01/01/1977 e 31/12/1984 e a averbar tal período para fins de concessão de aposentadoria. Orecorrente alega, em suas razões recursais, que a atividade desenvolvida pelo autor (emendador/cabista) não estavaprevista nos Decretos nºs. 53.831/64 e 83.080/79. Aduz que o autor não apresentou documentos aptos a comprovar ainsalubridade em que esteve exposto durante esse período. Afirma, ainda, que os agentes informados pelo documento defl. 16 não estão previstos na legislação como nocivos à saúde, bem como alega que o autor exercia uma diversidade deatividades, sendo possível concluir que não havia uma exposição habitual e permanente a nenhum agente nocivo.

2. Cabe ressaltar que, para a configuração e demonstração do exercício de atividade sob condições especiais exigia-se,desde a instituição da aposentadoria especial pela Lei 3.807/60, apenas o enquadramento do segurado em alguma dasatividades profissionais consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física, às quais a legislação vigente conferiapresunção absoluta de nocividade. Posteriormente, com a edição da Lei 9.032/95, foi alterada a redação do § 4º do art. 57da Lei 8.213/91, passando a exigir a comprovação da exposição do trabalhador ao agente nocivo.

3. Diante disso, faz-se necessário destacar que a controvérsia se limita ao período laborado entre 01/01/1977 a 31/12/1984.Assim sendo, não há necessidade da comprovação efetiva de exposição ao agente nocivo, pois a insalubridade já sepresume somente com a indicação da atividade profissional desenvolvida.4. Nesse sentido, verifica-se que a atividade profissional desenvolvida pela parte autora, qual seja, emendador/cabista (fl.16), está prevista no Decreto nº 53.831/64, bem como classificada como atividade perigosa:

1.1.0 – FÍSICOS

1.1.8 – ELETRICIDADE

Operações em locais com eletricidade em condições de perigo de vida.

Trabalhos permanentes em instalações ou equipamentos elétricos com riscos de acidentes - Eletricistas, cabistas,montadores e outros.

5. Além disso, ao analisar o mesmo documento, constata-se que o autor esteve exposto, de maneira habitual epermanente, ao agente químico chumbo durante a soldagem e dessoldagem a quente dentro de caixas subterrâneas.Conforme estabelecido pelo Decreto 53.831/64, atividades que envolvam o agente nocivo chumbo são consideradasinsalubres, senão vejamos:

1.2.0 - QUÍMICOS

1.2.4 - CHUMBO

Operações com chumbo, seus sais e ligas:

IV - Soldagem e dessoldagem com ligas à base de chumbo, vulcanização da borracha, tinturaria, estamparia, pintura eoutros.

6. Diante do exposto, não há que prosperar as alegações recursais do INSS, uma vez que a atividade exercida pelo

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recorrido está prevista no Decreto nº 53.831/64, devendo a sentença a quo ser mantida em sua integralidade.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% dovalor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

33 - 0000591-94.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000591-4/01) GENILZA CARVALHO DAS NEVES (ADVOGADO:FABRÍCIO MARIN PEREIRA, SALERMO SALES DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0000591-94.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: GENILZA CARVALHO DAS NEVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE DE FILHO – POSSIBILIDADE DE PROVAEXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA – RENDA DOFALECIDO COMO MERA COMPLEMENTAÇÃO À RENDA FAMILIAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face de sentença de fls. 108/109, quejulgou improcedente o pleito inicial e não concedeu à autora o benefício de pensão por morte. Sustenta a recorrente, emsuas razões, que, apesar de seu esposo perceber quantia um pouco superior a um salário mínimo, este montante não ésuficiente para sustentar toda a família, razão pela qual afirma que o salário que era recebido pelo seu filho, atualmentefalecido, era essencial para a subsistência da família. Contrarrazões às fls. 115/122.

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Com efeito, a sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo decontribuições (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão esteja filiado àPrevidência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. Ressalta-se que a carência e qualidade de segurado sãoinstitutos distintos e independentes, de modo que o fato de a carência não ser necessária, não impede que se exija aqualidade de segurado como requisito para a concessão da pensão por morte.

3. O artigo 16 da Lei 8.213/91 traz o rol de pessoas que podem figurar como dependentes do segurado, e, neste rol estãoincluídos os genitores do mesmo, desde que comprovem a dependência econômica, conforme dispõe o art. 16, II e §4º dasupracitada Lei.

4. Preliminarmente, ressalte-se que o benefício de pensão por morte configura benefício de prestação continuada, denatureza substitutiva - eis que substitui os ingressos do trabalho - e de caráter alimentar, destinando-se à manutenção dosdependentes do segurado falecido. Em verdade, o benefício da pensão por morte não tem o condão de servir comocomplementação de renda daquele que o requer, e sim - tendo em vista sua natureza de caráter alimentar-, de garantir asubsistência do ente familiar, antes assistido financeiramente pelo segurado.

5. Por outro lado, inexiste conceito jurídico a respeito da “dependência econômica” para efeitos previdenciários. Para tanto,insta conceituá-la, resumidamente, como: o auxílio material prestado pelo segurado a alguém (nos moldes do art. 16 da Lei8.213/91), cuja cessação, tendo em vista o falecimento do mantenedor, acarreta considerável desequilíbrio nos meios desubsistência do assistido.

6. A jurisprudência da 3ª Seção do STJ firmou entendimento segundo o qual “não se exige início de prova material paracomprovação da dependência econômica de mãe para com o filho, para fins de obtenção do benefício de pensão pormorte” (AGRESP 200602014106). Portanto, a prova testemunhal é suficiente para comprovar a dependência econômica.

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7. Contudo, no caso concreto, ainda que as testemunhas tenham confirmado a participação do segurado falecido nopagamento de despesas básicas da família, observa-se que a “ajuda” prestada por seu filho servia como complementaçãoà renda da família e não como garantia à subsistência do grupo, já que o esposo da autora percebe rendimento mensalsuperior a um salário mínimo (fl. 61). Ademais, há que se ressaltar que o único vínculo de emprego remunerado do de cujuscomprovado nos autos refere-se, tão somente, ao último mês anterior a sua morte, fato este apto a afastar a conclusão deque sua remuneração era imprescindível para o sustento da família.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e dehonorários advocatícios, cujo valor, considerando-se a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo,ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 43, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nostermos do art. 12 da Lei 1.060/50.ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

34 - 0002259-37.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002259-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: VINICIUS DOMINGUES FERREIRA.) x JACQUELINE OLIVEIRA DA SILVA (ADVOGADO: Rafael AntônioFreitas, SIDINÉIA DE FREITAS DIAS.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002259-37.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDA: JACQUELINE OLIVEIRA DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTAINOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – COMPROVAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL –ACEITABILIDADE DE PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL – PRECEDENTES STJ E TNU - RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face de sentença de fls.52/55, que julgouprocedente o pleito inicial, de modo a condenar a autarquia previdenciária à concessão de pensão por morte em favor daautora (recorrida). Em razões de recurso, o INSS sustenta que a união estável deve ser comprovada por documentos e nãoapenas por depoimentos testemunhais. Ademais, alega o INSS que os documentos juntados aos autos em nadacontribuem para firmar a convicção de que a autora e o de cujos mantinham uma relação de união estável na data do óbito.Contrarrazões às fls. 69/72.

A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do art. 74 da Lei n.º 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

O artigo 16 da Lei 8.213/91 estabelece o rol de indivíduos que podem figurar como dependentes do segurado daprevidência social, no qual estão incluídos(as) os(as) companheiros(as), caso comprovem a existência de união estávelcom o instituidor do benefício (inciso I conjugado com os parágrafos 3º e 4º, todos do supracitado artigo).

Primeiramente, no que se refere às provas materiais, observa-se que a autora juntou aos autos os seguintes documentos: i)cópia da certidão de óbito (fl. 14), na qual foi declarante a mãe do falecido; ii) cópia do relatório de cobrança por data devencimento empresarial, onde consta como responsável o falecido e o nome da autora como integrante da família (fl.19); iii)declarações noticiando a existência de união estável entre o falecido e a autora (fl.20/22); iv) declaração assinada pela Sra.Eva Dias Cesário, afirmando ser locadora da casa onde residia o casal (fl. 23); v) ficha de cadastro e controle depagamento da “Loja Eliana Fashion”, onde consta como responsável o de cujos e o nome da autora como integrante dafamília.

Em análise do caderno processual, verifica-se que a recorrida logrou êxito em demonstrar a união afetiva mantida com oinstituidor do benefício. Com efeito, a prova testemunhal colhida em audiência foi uníssona em afirmar a existência de uniãoestável entre casal, atestando a convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição defamília. Restou comprovado, também, que tal convivência perdurou até o falecimento do ex-segurado, destacando ainformante Cleide Canholato, mãe do de cujus, e a testemunha Lourdes Luiza de Souza Rubim que a autora acompanhou oextinto para Vitória quando o mesmo foi internado antes de sua morte. Desse modo, chega-se a conclusão de que houvesim união estável entre a recorrente e o de cujus, na medida em que as testemunhas foram firmes e seguras em afirmar tal

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fato, não houve incongruências nos relatos.

Nesse ponto, quadra destacar que, ao contrário do que se alega no apelo inominado, a prova documental não é exigívelpara o reconhecimento de relação de união estável. A Lei n.º 8213/91 não exige início de prova material para acomprovação de união estável ou de dependência econômica, fazendo-o, tão somente, em relação à comprovação detempo de serviço. Na esteira da jurisprudência dominante do Colendo Superior Tribunal de Justiça, a prova exclusivamentetestemunhal, desde que robusta e harmônica, é bastante à comprovação da união estável, pressuposto à comprovação dadependência econômica ensejadora da concessão da pensão por morte. Nesse sentido, segue jurisprudência da TurmaNacional de Uniformização (TNU):

PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MORTE - UNIÃO ESTÁVEL - INÍCIO DE PROVA MATERIAL PARA COMPROVAÇÃODA CONDIÇÃO DE COMPANHEIRA DO SEGURADO - INEXIGIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL -PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL - POSSIBILIDADE - INCIDENTE PARCIALMENTE CONHECIDO. 1) A leinão impõe a realização de início de prova material para efeito de comprovação da convivência more uxoria apta ademonstrar a existência de união estável entre a autora e o segurado falecido, para efeito de concessão de benefício depensão por morte. 2) É possível a comprovação da condição de companheira mediante a apresentação de provaexclusivamente testemunhal que seja capaz de evidenciar a união estável. Precedentes do STJ e da TNU. 3) Julgadoimprocedente o pedido em razão da não realização de início de prova material e, consequentemente, ausente a análise daprova testemunhal colhida, inviável o exame da questão relativa à existência de efetivo direito ao benefício previdenciáriopleiteado, nos termos da Questão de Ordem nº 06 da TNU. 4) Pedido de Uniformização parcialmente conhecido, com aconseqüente anulação do acórdão impugnado e determinação de remessa dos autos ao Juizado de origem para análise daprova testemunhal. (PEDILEF 200772950026520, JUIZ FEDERAL RICARLOS ALMAGRO VITORIANO CUNHA, TNU -Turma Nacional de Uniformização, DJ 13/10/2009.)Em conclusão, comprovada nos autos a relação de união estável entre a autora e o segurado e considerando a presunçãoda dependência econômica em favor de companheiro(a) – art. 16, §4º, da Lei 8.213/91 –, impõe-se a concessão dobenefício de pensão por morte, pelo que deve a sentença recorrida manter-se inalterada.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei n.º 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

35 - 0000525-42.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000525-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x MARIA DE LOURDES ROQUE (ADVOGADO: LUIZ CARLOSBASTIANELLO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 2009.50.54.000525-2/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARIA DE LOURDES ROQUERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – FILHO FALECIDO – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DADEPENDÊNCIA NA DATA DO ÓBITO – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face da sentença de fls.88/94, que julgou procedente o pleito autoral para a concessão de pensão por morte, por entender que restou configurada adependência econômica entre a autora e seu filho, instituidor da pensão por morte. Aduz o recorrente, em suas razõesrecursais, que o companheiro da recorrida estaria recebendo benefício de aposentadoria por idade e que, por isso, a únicafonte de renda da família não provinha somente do de cujus. O recorrido apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.

2. A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casos

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previstos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

3. A qualidade de segurado do falecido resta comprovada nos autos. A controvérsia cinge-se quanto ao preenchimento dadependência econômica. Se, por um lado, a dependência econômica do pai ou da mãe em relação ao filho não precisa serexclusiva, por outro, deve ser mais do que um simples auxílio financeiro, ou seja, verdadeiramente essencial parasobrevivência da demandante, sendo esse o parâmetro utilizado na presente decisão.

4. In casu, alguns aspectos importantes merecem destaque. O filho da autora possuía 25 anos de idade, não tinha filhos,nem mesmo era casado ao tempo de sua morte, o que possibilita presumir que não havia outros gastos. Além disso, há nosautos elementos probatórios que demonstram a dependência entre a autora e seu filho. Como elencado pela sentença aquo, há comprovante de uma ficha aberta na Mercearia Pessin em nome do de cujus, autorizando a recorrida a efetuarcompras (fl. 30) e notas de aquisição de produtos na empresa Mundo dos Tecidos, realizadas pela autora em conta abertaem nome do de cujus (fl. 31).

5. Ademais, ao analisar a prova testemunhal, verifica-se que todas afirmaram a dependência econômica da autora com seufilho. Conforme sentença a quo, em seu depoimento pessoal, a autora afirmou que: residia com três filhos; o instituidor erao único com emprego fixo; realizava algumas faxinas, mas estava com problema em sua mão; o de cujus trabalhava eestudava em Colatina, retornando para sua casa nos finais de semana. A primeira testemunha prestou importantesesclarecimentos sobre a causa, pois, muito embora não freqüentasse a residência da demandante, afirmou ser comerciantee que a autora realizava compras de roupas a prazo em seu estabelecimento, sendo as contas pagas posteriormente pelode cujus. Ademais, afirmou que o instituidor do benefício auxiliava nas despesas do lar. A segunda testemunha, além deafirmar que o instituidor auxiliava nas despesas do lar, confirmou as informações colhidas do depoimento pessoal dademandante, de que ele trabalhava em São Gabriel da Palha e Colatina durante a semana, retornando para a residência dagenitora nos finais de semana.

6. O INSS alegou que há nos autos um Contrato de Parceria agrícola de fls. 52/56, no qual o Sr. Odílio Nunes de Souzaconsta como companheiro da recorrida. Nesses termos, a remuneração do de cujus não seria a única a compor a rendafamiliar, já que o suposto companheiro receberia aposentadoria no valor de um salário mínimo. Ocorre que tal contrato foifirmado em 01/06/1993, sendo que, em audiência, a autora afirmou que na época do óbito já estava separada de fato docompanheiro. Além disso, as testemunhas foram uníssonas em dizer que a recorrida morava somente com os filhos. Adependência econômica ensejadora de concessão do benefício pleiteado tem que ser comprovada no momento do óbito dode cujus, sendo irrelevante, portanto, qualquer relação de dependência anterior a este fato.

7. Conclui-se, por fim, que o falecido filho ajudava economicamente a autora, sendo tal auxílio substancial para asobrevivência da mesma, e não mero auxílio esporádico. Diante do que fora analisado, tomo como razão de decidir osmesmos fundamentos da sentença.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

36 - 0000787-95.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000787-5/01) OSIVALDO RODRIGUES DA PAIXÃO DE SOUZA(ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000787-95.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: OSIVALDO RODRIGUES DE PAIXÃO SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93. INCAPACIDADE NÃO RECONHECIDA. LAUDO PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOSELEMENTOS DE PROVA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 52/54, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), antea não comprovação dos requisitos legais da incapacidade e da miserabilidade. Em razões de recurso, o autor (39 anos,

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trabalhador rural, reside com os pais) reafirma que é portador de epilepsia e não tem condições de desempenhar atividadesprofissionais, razão pela qual faria jus ao benefício assistencial. Manifestação do INSS à fl. 60, em que se requer amanutenção da sentença recorrida.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei n.º9.099/95).

3. Nos termos do artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valor de umsalário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-se portadorde deficiência o indivíduo com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas. Por outro lado, tem-se por incapaz de prover a manutenção do portador de deficiênciaou do idoso a família com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 46/47) apurou que o autor é portador de epilepsia (resposta aoquesito n.º 01). Contudo, o jusperito informou que “apesar da doença paciente é lúcido, bem orientado respostas coerentesa tudo que se pergunta, sem agressividade, boa higiene” (resposta ao quesito n.º 02) e concluiu que “não há limitação parasuas atividades físicas, encontra-se normal” (resposta ao quesito n.º 05).

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os parcos documentos apresentados pela parte autora – laudos de fls. 09/12e 17, que, na maioria (à exceção do atestado de fl. 17), apenas confirmam o diagnóstico de epilepsia e noticiam a sujeiçãodo paciente a tratamento, sem, contudo, acusar redução ou eliminação de sua aptidão laborativa –, este relator entende queinexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para otrabalho, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Nesseponto, não é demais rememorar que o benefício assistencial é destinado àqueles portadores de deficiências suficientes acomprometer a possibilidade de obtenção de trabalho que assegure a subsistência do indivíduo e/ou de sua família.

6. Doutra parte, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extremaimportância para auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

7. Não comprovado estado de incapacidade para o trabalho e para a vida independente, resta concluir que a parteautora/recorrente não faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada, sendo desnecessário perquirir sobre opreenchimento dos demais requisitos legais.

8. Apenas ressalte-se que, acaso modificadas as condições que subsidiaram as conclusões da perícia médica (evolução desintomas ou seqüelas, por exemplo), poderá o interessado formular novo requerimento para obtenção do benefício, o qual,por óbvio, deverá ser analisado com base nos novos pressupostos fáticos.

9. Benefício indevido. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 14, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

37 - 0000386-33.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000386-5/01) JESSICA RODRIGUES BORGES (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000386-33.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: JESSICA RODRIGUES BORGESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RELATÓRIO SOCIAL – RENDASUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – SENTENÇA MANTIDA –

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RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, JÉSSICA RODRIGUES BORGES, em face da sentença defl. 46/48, que julgou improcedente o seu pedido de condenação do INSS à concessão do benefício de prestaçãocontinuada. Aduz a recorrente, em suas razões recursais, que se encontra incapacitada para o trabalho e que vive emestado de miserabilidade. Com isso, requer a reforma da sentença para que seja julgado procedente o pedido exposto nainicial. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A parte autora requereu o benefício de prestação continuada em 02/06/2008. O direito ao benefício não foi reconhecidopelo fato de a renda per capita ser igual ou superior a ¼ do salário mínimo.

4. De acordo com o relatório social (fls. 16/17), a autora reside com a mãe e a irmã, em um imóvel que pertence à famíliahá aproximadamente três anos. A irmã, que possui 23 anos de idade, está desempregada, enquanto a mãe, de 50 anos deidade, é pensionista, auferindo o valor de um salário mínimo a título de pensão por morte.

5. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar asmoléstias que acometem a parte autora. De acordo com o laudo médico judicial (fl. 31/34), concluiu-se que a autora éportadora de déficit visual severo. O perito afirmou que, por ser menor de idade, a autora nunca desempenhou atividadelaborativa, apresentando, porém, no momento atual, incapacidade total e definitiva para o exercício de qualquer labor.

6. O Ministério Público Federal se manifestou pela improcedência da pretensão autoral (fls. 43 e verso), pelo fato da autoranão preencher o requisito de miserabilidade, bem como por não estar incapacitada para a vida independente.

7. O perito médico afirmou que a autora está incapacitada para o exercício das atividades que lhe garantam a subsistência,porém, que não está incapacitada para a vida independente. Além disso, o perito salientou que, com treinamento adequado,a autora possa desempenhar alguma atividade laborativa no futuro, dentro de suas limitações.

8. De acordo com o relatório social, a renda mensal familiar gira em torno de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais), e ogrupo familiar é composto por três membros. Neste diapasão, a renda familiar per capita atingiria o valor de R$ 207,33(duzentos e sete reais e trinta e três centavos). Deste modo, a renda familiar per capita encontra-se acima do valor de ¼ dosalário mínimo. Assim, restou demonstrado que a autora não preenche o requisito da miserabilidade previsto em lei.

9. O limite legal de renda (¼ do salário mínimo per capita) constitui critério objetivo presumido da necessidade, ou seja,quem aufere renda inferior ao limite legal é juridicamente necessitado, mas aquele que aufere renda superior nãonecessariamente está impedido de ser beneficiado pela LOAS. Contudo, não foram juntados comprovantes de despesasque autorizam o deferimento do benefício previsto na LOAS, que se destina, exclusivamente, aos indivíduos em situação deextrema vulnerabilidade, de modo a proporcionar ao beneficiário uma vida minimamente digna.

10. Desta forma, não é devido o benefício pleiteado por não estarem preenchidos os requisitos necessários à suaconcessão.

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

12. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 12, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

38 - 0000202-77.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000202-2/01) ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZROSSONI.).

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RECURSO N. 0000202-77.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: ANTÔNIO JOSÉ DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS (61 anos de idade), em faceda sentença de fls. 73/76, que julgou improcedente o seu pedido de condenação do INSS à concessão do benefícioassistencial de prestação continuada. Aduz o recorrente, em suas razões recursais, que o requisito da renda per capitafamiliar está comprovado pelo relatório social e que consta nos autos laudo que confirma a sua incapacidade para otrabalho. Assim, requer a anulação da sentença, e que seja deferido o pedido de fl. 72. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. De acordo com o relatório social (fls. 46/47), o autor reside em casa própria com a esposa, a Sra. Maria Elzi Soares (62anos de idade), um filho, o Sr. Gilberto Soares dos Santos (36 anos de idade) e uma neta (05 anos de idade). Na parteinferior da residência, a família possui um ponto comercial onde os filhos trabalham. O autor afirmou não possuir rendamensal e que, no momento, encontrava-se desempregado, recebendo ajuda dos filhos que pagam todas as despesas.

4. Contudo, conforme documento de fl. 71, a esposa do autor contribui com a previdência social, evidenciando a existênciade renda. Assim, o requisito da miserabilidade não se encontra satisfeito, visto que a renda familiar é de um salário mínimopara um grupo familiar composto de duas pessoas (autor – 61 anos e cônjuge – 62 anos). Ressalte-se que, nos termos doart. 16 da Lei nº 8.742/93, os filhos e a neta do autor não podem ser levados em consideração, seja para a operação dedivisão do rendimento familiar total para o resultado per capita, seja para a operação de soma do que se identifica comoesse rendimento familiar total. Assim, a hipótese dos autos revela que não é devido o benefício de prestação continuada,pois a renda per capita disponível para a família é superior a ¼ do salário mínimo.

5. Ademais, verifica-se que foi realizada perícia médica judicial (fls. 65/67) a fim de diagnosticar as moléstias que acometema parte autora. De acordo com o perito médico, apesar de o autor ser portador de lombalgia, o mesmo não está incapazpara exercer atividades laborativas. O perito afirmou, ainda, que o autor possui marcha normal e flexão e extensãotoráxico-lombar normal. Desse modo, também não ficou comprovada a incapacidade da parte autora.

6. O requerimento de fl. 72 não merece amparo, tendo vista que os documentos que instruem os autos foram reputadossuficientes para a formação de convencimento por este juízo, não havendo que se falar, ainda, em cerceamento de defesa.

7. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado nº 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

8. Sendo assim, não restam preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício assistencial.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 25, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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39 - 0000778-30.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000778-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x MARIA ZULMIRA PASOLINI RODRIGUES (ADVOGADO:VALERIA ANGELA COLOMBI COGO, DAIANY BIONDO, CHARLES WAGNER GREGÓRIO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000778-30.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO (A): MARIA ZULMIRA PASOLINI RODRIGUESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS SOBRE PROVENTOS DEAPOSENTADORIA A TÍTULO DE REPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIMENTE PAGOS PELO INSS – IMPOSSIBILIDADE –CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO – AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA BENEFICIÁRIA – DESCONTOS INDEVIDOS –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 185/187, que julgouprocedente a ação e condenou a autarquia ré a se abster de efetuar descontos sobre os proventos de aposentadoria daparte autora, a título de reposição de diferenças pagas a maior pelo ente previdenciário, em função de erro de cálculo daRMI. Em razões recursais, o INSS reafirma a legalidade das medidas de cobrança do débito, em homenagem aosprincípios da vedação do enriquecimento sem causa e da supremacia do interesse público autora. Contrarrazões às fls.201/204.

2. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelo E. Superior Tribunal de Justiça e deve ser mantida por seus própriosfundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95), senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL CASSADA. RESTITUIÇÃO DEPARCELAS PREVIDENCIÁRIAS PAGAS ADMINISTRATIVAMENTE. VERBA ALIMENTAR RECEBIDA DE BOA FÉ PELASEGURADA. 1-Não há a violação ao art. 130, § único da Lei nº 8.213/91, pois esse dispositivo exonera o beneficiário daprevidência social de restituir os valores recebidos por força da liquidação condicionada, não guardando, pois, exatacongruência com a questão tratada nos autos. 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipótese de descontoadministrativo, sem necessária autorização judicial, nos casos em que a concessão a maior se deu por ato administrativodo Instituto agravante, não se aplica às situações em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme documentosacostados aos presentes autos, se amolda ao vertente caso. Precedentes. 3- Agravo regimental a que se nega provimento.(STJ -AGRESP 200200164532 – Relatora: Maria Thereza de Assis Moura – Sexta Turma – DJE 16.03.2009 – grifosnossos)

3. No entender deste relator, os alimentos servem para garantir a vida, prestando-se à aquisição de bens de consumo paraassegurar a sobrevivência, como comida, habitação, saúde, etc. Logo, é iníquo pretender que sejam repetidos. O princípioda irrepetibilidade da verba alimentar não está previsto em lei, mas é por todos aceito e abraçado amplamente pelajurisprudência, tendo em vista ser de noção intuitiva e de entendimento meridiano a justiça do seu enunciado. Dessa forma,esse princípio afasta, por constituir uma exceção a eles, a aplicação do art. 884, do Código Civil, que versa sobre a vedaçãodo enriquecimento sem causa, bem como a do art. 115, da Lei nº 8.213/91, que trata do desconto de benéficos pagos amaior, se agiu com boa-fé o credor das verbas alimentícias.

4. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte da beneficiária, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas.

5. Por todo exposto, resta concluir que os descontos sobre os proventos de aposentadoria por idade da autora/recorrida sãoindevidos.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

40 - 0006309-46.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006309-1/01) TADEU DE MOURA GOMES x WALACE TARCISIOPONTES x RODRIGO DA SILVA BITTENCOURT x EUGENIO COUTINHO RICAS x PERICLES MENDES PEREIRA(ADVOGADO: EDUARDO THIEBAUT PEREIRA, JAQUES MARQUES PEREIRA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANABEATRIZ LINS BARBOSA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 2008.50.50.006309-1/01RECORRENTE: TADEU DE MOURA GOMES E OUTROSRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – DELEGADO POLÍCIA FEDERAL – MUDANÇA DE REGIME JURÍDICOREMUNERATÓRIO – POSSIBILIDADE – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE – INDEVIDO – ADICIONAL JÁ INCLUÍDONO SUBSÍDIO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por TADEU DE MOURA GOMES, WALACE TARCISIO PONTES, RODRIGODA SILVA BITTENCOURT, EUGENIO COUTINHO RICAS e PÉRICLES MENDES PEREIRA, em face da sentença de fls.108/109, que julgou improcedente o pedido inicial de recebimento dos adicionais de periculosidade e noturno, juntamentecom as parcelas de subsídio. Alegam os recorrentes, em síntese, que, com o advento da lei nº 11.358/06, deixaram deperceber valores referentes aos adicionais de periculosidade e noturno, pois o subsídio fixado para os servidores da carreirapolicial federal não teria englobado tais adicionais a que fazem jus. A União apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.

2. Os recorrentes são delegados de polícia federal e, conforme laudos de fls. 28/39, estão expostos a agentes químicos,biológicos e explosivos. Em decorrência deste fato, estavam recebendo um adicional de periculosidade, além do adicionalpor serviços noturnos. Ocorre que, em 30/06/2006, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 305, posteriormenteconvertida na Lei nº 11.358/06, que determinou uma nova forma de remuneração da carreira de polícia federal, qual seja, osubsídio. A referida lei, em seu art. 1º, assim dispõe:

Art. 1o A partir de 1o de julho de 2006 e 1o de agosto de 2006, conforme especificado nos Anexos I, II, III e VI desta Lei,respectivamente, passam a ser remunerados exclusivamente por subsídio, fixado em parcela única, vedado o acréscimo dequalquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, os titulares doscargos das seguintes Carreiras:

(...)

VI - Carreira Policial Federal;

3. Como se depreende da análise do artigo em comento, a nova forma de remuneração dos servidores descritos seria osubsídio, que se constitui por uma única parcela, sendo vedado o acréscimo de qualquer adicional, como, por exemplo, osadicionais de periculosidade e noturno. Ainda de acordo com a Lei nº 11.358/06:

Art. 5o Além das parcelas de que tratam os arts. 2o, 3o e 4o, não são devidas aos integrantes das Carreiras a que se refereo art. 1o as seguintes espécies remuneratórias:

(...)

IX - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;X - adicional noturno;

4. A Lei nº 11.358/06 está em conformidade com o § 9º do art. 144, da Constituição Federal de 1988, que fala sobre aremuneração de órgãos da segurança pública, como a polícia federal, na forma do art. 39 da CF/88. O § 4º do art. 39estabelece a remuneração dos servidores da polícia federal como sendo o subsídio, a ser recebido em parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécieremuneratória.

5. As parcelas relativas aos adicionais já estão compreendidos no subsídio, não sendo mais devidos de modo separado aosservidores daquelas carreiras. Esta mudança de regime jurídico remuneratório não é ilegal, conforme entendimentopacificado pelos Tribunais Superiores, pois inexiste direito adquirido a regime jurídico remuneratório. Deve ser mantido,porém, o montante da remuneração global que já era percebido pelo servidor anteriormente, de acordo com o art. 11 da Leinº 11.358/06, o que foi observado neste caso. No mesmo sentido:

SERVIDORES. POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS. SUBSÍDIO. PARCELA ÚNICA. SUPRESSÃO DEREMUNERAÇÃO. ADICIONAIS NOTURNO, DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. HORAS EXTRAS. MEDIDAPROVISÓRIA Nº 305/2006. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. LEI Nº 9.494/97. Art. 39, §4º e 144, §9º da CF/88.- A interpretaçãomais lógica e razoável sobre o conceito de subsídio empregado pelo legislador constitucional no art.39, § 4º, conduz a

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conclusão de que se trata de uma importância única que não admite cumulatividade com qualquer parcela remuneratória,ou seja, é vedado qualquer acréscimo, tais como: gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outraespécie remuneratória.- Se o art. 144, § 9º da Carta Magna diz que a remuneração dos servidores policiais será fixada naforma do § 4º do art. 39, resta claro que estão abolidos da composição da remuneração destes servidores, toda e qualquerparcela que represente um acréscimo financeiro ao subsídio fixado em lei.- Ademais, é pacífico o entendimento dosTribunais superiores quanto ao fato de que os servidores públicos não possuem direito adquirido ao regime deremuneração ou de composição dos vencimento, mas somente ao quantum remuneratório, o que determina a obrigação dese resguardar a irredutibilidade de vencimentos e proventos.- Quanto à aludida ofensa ao princípio da isonomia, entendoque a tese não procede porque o serviço policial apresenta um perfil diferenciado, dada a natureza do cargo que impõe odesempenho das atividades em condições adversas. Assim sendo, tenho por correto o raciocínio do Juízo de primeiro grau,quando diz: "É que é da natureza do cargo policial a existência de tais riscos, em especial no caso de policiais rodoviáriosfederais, que podem ser designados para trabalharem em locais remotos. Nesse contexto, a escolha do legislador pelo

�subsídio e pela definição de seu valor evidentemente inclui tais fundamentos, não sendo lógico o acréscimo. (AG200604000321130, VÂNIA HACK DE ALMEIDA, TRF4 - TERCEIRA TURMA, D.E. 01/08/2007.)

AGRAVO LEGAL. ART. 557. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS FEDERAIS. REMUNERAÇÃO PORSUBSÍDIO. ADICIONAIS INDEVIDOS. Com o advento da Medida Provisória nº 305, de 29.06.2006, convertida na Lei nº11.358/06, os servidores da Carreira Policial Federal passaram a ser remunerados exclusivamente por subsídio, fixado emparcela única, sendo vedada a percepção conjunta de gratificações, abonos, prêmios, verbas de representação ou qualqueroutra espécie remuneratória. As verbas reclamadas foram extintas, mas os seus valores passaram a integrar o subsídio dosapelantes, nos termos da Lei nº 11.358 /06 e art. 144, § 9º da Constituição Federal, resguardando-se o quantum

�remuneratório. Agravo legal a que se nega provimento. (APELREEX 00050991820074036100, DESEMBARGADORFEDERAL JOSÉ LUNARDELLI, TRF3 - PRIMEIRA TURMA, TRF3 CJ1 DATA: 30/11/2011. FONTE REPUBLICACAO)

6. Resta, portanto, afastada a possibilidade de recebimento de quaisquer valores a par dos já recebidos pelos recorrentesna forma de subsídio.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação dos recorrentes vencidos ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valorarbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais), a teor do § 4º, do art. 20 do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

41 - 0002213-53.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.002213-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.) x LUCIANA DE SOUZA BAIENSE.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002213-53.2006.4.02.5051/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO(A): LUCIANA DE SOUZA BAIENSERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DEOMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela União Federal em face do acórdão proferido pela Turma Recursal àsfls. 185/188, por intermédio dos quais se postula a manifestação do órgão colegiado acerca de potencial violação aos arts.5º, caput, 196 e 198, todos da Constituição Federal, visando suprir a exigência de prequestionamento para eventual manejode recurso extraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relaçãoaos arts. 5º, caput, 196 e 198.

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IV. Nesse passo, verifica-se que o julgado embargado inclusive invocou o art. 196 da CF para fundamentar a conclusão deque a saúde é de direito de todos os cidadãos, sendo do Estado – em sentido amplo – o dever de preservá-la, mediantepolícias sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e preservem o acesso universale igualitário de todos a ações e serviços adequados à promoção, proteção e recuperação da saúde. Por outro lado, oacórdão embargado não viola o art. 198 da Carta Maior, que apenas estabelece as diretrizes genéricas de organização dosistema único de saúde. Por fim, nada a prover quanto ao art. 5º do texto constitucional, eis que sequer há indicação dasuposta violação – ainda que em tese – do referido dispositivo.

V. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta viaprocessual. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

42 - 0002417-92.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002417-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x SONIA MARIA LOBATO (ADVOGADO: RICARDOMIGNONE RIOS, MARILENA MIGNONE RIOS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002417-92.2009.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO: SONIA MARIA LOBATORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE QUALIDADE DE SEGURADONA DATA DA INCAPACIDADE. ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA.AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOSREJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 101/104, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado, no sentido de que a prorrogação do período degraça depende do registro no Ministério do Trabalho ou da comprovação do desemprego por outros meios.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, quanto à qualidade de segurado, aduziu que:

Quanto à qualidade de segurada, considerando que, após o término do prazo de 12 meses após a última contribuição àPrevidência Social, a autora encontrava-se sem vínculo empregatício, a mesma fazia jus, também, à prorrogação doperíodo de graça, por mais 12 meses. Assim, a autora manteve sua qualidade de segurada até o seu retorno ao regime em08.1995, abrangendo dessa forma o período de inicio da incapacidade verificado em 31/08/1995. Portanto, a autoraencontrava-se segurada do regime previdenciário na data do inicio da incapacidade.

Conforme relatado, pretende o INSS afastar a referida prorrogação do período de graça, matéria esta expressamenteenfrentada no acórdão embargado. Assim, não há que se falar em omissão, pretendendo o embargante apenas rediscutir omérito do recurso.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

43 - 0000024-31.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000024-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x RITA DE CÁSSIA BOTAZINI PASTORIM

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(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000024-31.2008.4.02.5052/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): RITA DE CASSIA BOTAZINI PASTORIMRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. LIMITES OBJETIVOS DA DEVOLUTIVIDADERECURSAL. RATIFICAÇÃO DA TAXA ARBITRADA PELO JUÍZO DE ORIGEM. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 112,por intermédio dos quais a autarquia embargante aponta suposta omissão no julgado, no que toca à taxa de juros aplicadaà condenação pecuniária imposta no feito.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Doutra parte, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

III. No caso sob apreço, quadra ressaltar que o acórdão embargado não se manifestou sobre a taxa de juros de mora fixadapelo juízo a quo porque esta matéria sequer foi suscitada em sede de recurso inominado. Ora, a sentença de origemregistra, expressamente, que sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento decada parcela, bem como, juros moratórios de 1%, desde a data da citação até 30/06/2009 (data da vigência da Lei nº11.960/09), a partir de quando serão calculados na forma da nova redação do art. 1º F, da Lei nº 9.494/1997, tópico que,integrante do dispositivo do provimento, deveria ter sido oportunamente impugnado pelo INSS, em caso de discordância.Destarte, observados os limites da matéria devolvida à Turma Recursal, o feito foi apreciado em toda a sua extensão, nãohavendo omissão no julgamento.

IV. De toda sorte, este colegiado ratifica a taxa de juros de mora arbitrada pelo juízo de origem, na esteira da jurisprudênciados tribunais pátrios, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. SÚMULA N.º 204/STJ.INCIDÊNCIA. 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual, em razão docaráter alimentar dos benefícios previdenciários, os juros de mora devem ser fixados no importe de 1% (um por cento) ao

�mês, nos termos da Súmula n.º 204/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRESP 200801247827, OGFERNANDES - SEXTA TURMA, DJE DATA:22/11/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. JUROS DE MORA. 1. Trata-se de agravo interno contra decisão monocrática emação ajuizada em face do INSS, que negou seguimento à remessa necessária, com base no art. 557, caput, do CPC. 2. Osjuros de mora incidem a partir da citação, conforme a Súmula nº 204 do STJ que dispõe: “Os juros de mora nas açõesrelativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”. O índice aplicável é de 1% (um por cento) ao mês,porquanto resta firmado, atualmente, no âmbito da Primeira Turma Especializada, o entendimento de que a taxa de jurosincide na ordem de 1% (um por cento) ao mês, alinhando-se à orientação jurisprudencial do eg. STJ sobre a matéria. 3.Agravo interno não provido.(REO 200851020009029, Desembargador Federal ABEL GOMES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R- Data::03/02/2011 - Página::11/12.)

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - EXCESSO DE EXECUÇÃO - JUROS DE MORA NO PERCENTUALDE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - AÇÃO DE CONHECIMENTO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/97 - JUROS DE MORA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - VÍNCULO DO EMBARGADO AO REGIME DAPREVIDÊNCIA SOCIAL - NATUREZA ALIMENTAR - POSSIBILIDADE - MP 2.180-35/2001 - ART. 1º - F DA LEI Nº9.494/97 - INAPLICABILIDADE - NORMA EM COMENTO REFERE-SE A VERBAS REMUNERATÓRIAS DEVIDAS ASERVIDORES E EMPREGADOS PÚBLICOS - PRECEDENTES. 1. No que diz respeito aos juros de mora, perfilha-se oentendimento de que em se tratando de débitos relativos a benefícios previdenciários, dado o caráter alimentar da dívida,são incidentes juros moratórios no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação válida (Súmula 204 do STJ),não se aplicando, no caso, o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, tendo em vista que não se trata de pagamento de verbasremuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, hipótese esta não verificada na espécie, porquanto o autor,ora apelado, é vinculado ao regime geral da previdência social, não sendo atingido pela norma em comento. Assim, não sepode estender o julgado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 453740/RJ) a presente demanda, pois naquele julgado foireconhecida à constitucionalidade da referida norma, aplicável, como já dito, unicamente, a servidores e empregadospúblicos.1º-F9.4942. "Deve se operar de forma restritiva o comando legal do art. 1º.- F da Lei 9.494/97, com redação dadapela MP 2.180-35-01, pois a sua dicção é clara ao direcionar-se ao pagamento das verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos." (TRF 5ª Região, AC427685/PE, Segunda Turma, Rel. Des. Federal MANOELERHARDT, Julg. 23/10/2007, decisão unânime, DJ. 19/11/2007, pág. 366/361). Votaram com o Relator os

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Desembargadores Federais LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA e JOANA CAROLINA LINS PEREIRA(CONVOCADO).1º.-9.4943. Apelação improvida. (430157 RN 2007.84.00.004956-3, Relator: Desembargador FederalFrancisco Cavalcanti, Data de Julgamento: 31/01/2008, TRF5 - Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário daJustiça - Data: 29/08/2008 - Página: 690 - Nº: 167 - Ano: 2008)

V. Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

44 - 0006380-48.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006380-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ARLEY BORDINE (ADVOGADO: ANDRÉVINICIUS MARQUES GONÇALVES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.006380-7/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): ARLEY BORDINERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. LIMITES OBJETIVOS DA DEVOLUTIVIDADERECURSAL. RATIFICAÇÃO DA TAXA ARBITRADA PELO JUÍZO DE ORIGEM. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.146/147, por intermédio dos quais a autarquia embargante aponta suposta omissão no julgado, no que toca à taxa de jurosaplicada à condenação pecuniária imposta no feito.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Doutra parte, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

III. No caso sob apreço, quadra ressaltar que o acórdão embargado não se manifestou sobre a taxa de juros de mora fixadapelo juízo a quo porque esta matéria sequer foi suscitada em sede de recurso inominado. Ora, a sentença de origemregistra, expressamente, que sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento decada parcela, bem como, juros moratórios de 1%, desde a data da citação até 30/06/2009 (data da vigência da Lei nº11.960/09), a partir de quando serão calculados na forma da nova redação do art. 1º F, da Lei nº 9.494/1997, tópico que,integrante do dispositivo do provimento, deveria ter sido oportunamente impugnado pelo INSS, em caso de discordância.Destarte, observados os limites da matéria devolvida à Turma Recursal, o feito foi apreciado em toda a sua extensão, nãohavendo omissão no julgamento.

IV. De toda sorte, este colegiado ratifica a taxa de juros de mora arbitrada pelo juízo de origem, na esteira da jurisprudênciados tribunais pátrios, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. SÚMULA N.º 204/STJ.INCIDÊNCIA. 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual, em razão docaráter alimentar dos benefícios previdenciários, os juros de mora devem ser fixados no importe de 1% (um por cento) ao

�mês, nos termos da Súmula n.º 204/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRESP 200801247827, OGFERNANDES - SEXTA TURMA, DJE DATA:22/11/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. JUROS DE MORA. 1. Trata-se de agravo interno contra decisão monocrática emação ajuizada em face do INSS, que negou seguimento à remessa necessária, com base no art. 557, caput, do CPC. 2. Osjuros de mora incidem a partir da citação, conforme a Súmula nº 204 do STJ que dispõe: “Os juros de mora nas açõesrelativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”. O índice aplicável é de 1% (um por cento) ao mês,porquanto resta firmado, atualmente, no âmbito da Primeira Turma Especializada, o entendimento de que a taxa de jurosincide na ordem de 1% (um por cento) ao mês, alinhando-se à orientação jurisprudencial do eg. STJ sobre a matéria. 3.Agravo interno não provido.

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(REO 200851020009029, Desembargador Federal ABEL GOMES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R- Data::03/02/2011 - Página::11/12.)

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - EXCESSO DE EXECUÇÃO - JUROS DE MORA NO PERCENTUALDE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - AÇÃO DE CONHECIMENTO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/97 - JUROS DE MORA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - VÍNCULO DO EMBARGADO AO REGIME DAPREVIDÊNCIA SOCIAL - NATUREZA ALIMENTAR - POSSIBILIDADE - MP 2.180-35/2001 - ART. 1º - F DA LEI Nº9.494/97 - INAPLICABILIDADE - NORMA EM COMENTO REFERE-SE A VERBAS REMUNERATÓRIAS DEVIDAS ASERVIDORES E EMPREGADOS PÚBLICOS - PRECEDENTES. 1. No que diz respeito aos juros de mora, perfilha-se oentendimento de que em se tratando de débitos relativos a benefícios previdenciários, dado o caráter alimentar da dívida,são incidentes juros moratórios no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação válida (Súmula 204 do STJ),não se aplicando, no caso, o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, tendo em vista que não se trata de pagamento de verbasremuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, hipótese esta não verificada na espécie, porquanto o autor,ora apelado, é vinculado ao regime geral da previdência social, não sendo atingido pela norma em comento. Assim, não sepode estender o julgado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 453740/RJ) a presente demanda, pois naquele julgado foireconhecida à constitucionalidade da referida norma, aplicável, como já dito, unicamente, a servidores e empregadospúblicos.1º-F9.4942. "Deve se operar de forma restritiva o comando legal do art. 1º.- F da Lei 9.494/97, com redação dadapela MP 2.180-35-01, pois a sua dicção é clara ao direcionar-se ao pagamento das verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos." (TRF 5ª Região, AC427685/PE, Segunda Turma, Rel. Des. Federal MANOELERHARDT, Julg. 23/10/2007, decisão unânime, DJ. 19/11/2007, pág. 366/361). Votaram com o Relator osDesembargadores Federais LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA e JOANA CAROLINA LINS PEREIRA(CONVOCADO).1º.-9.4943. Apelação improvida. (430157 RN 2007.84.00.004956-3, Relator: Desembargador FederalFrancisco Cavalcanti, Data de Julgamento: 31/01/2008, TRF5 - Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário daJustiça - Data: 29/08/2008 - Página: 690 - Nº: 167 - Ano: 2008)

V. Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

45 - 0002850-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002850-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZABEL CRISTINA CARERIMULLER (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO N. 0002850-65.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: IZABEL CRISTINA CARERI MULLERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 56/57 que julgouimprocedente o pedido de condenação do INSS a pagar proventos de auxílio-doença no período de 02/04/2010 a23/06/2010 e extinguiu o processo, sem resolução de mérito, em relação ao período posterior a 24/06/2010 por ausência deinteresse de agir (recebimento administrativo do benefício).

Em suas razões de recurso (fls. 60/65), sustenta a recorrente que se encontrava incapacitada também no período de02/04/2010 a 23/06/2010, pelo que requer a reforma da sentença.

Contrarrazões às fls. 77/80.

É o relatório. Passo a proferir o voto.

A controvérsia dos autos cinge-se aos valores supostamente devidos a título de auxílio-doença no período de 02/04/2010 a23/06/2010, já que a recorrente recebe auxílio-doença administrativamente desde 24/06/2010 até os dias atuais.

O perito judicial (fls. 40/41) diagnosticou síndrome do túnel do carpo bilateral, que incapacita a recorrente, total etemporariamente, para o exercício de suas funções habituais ante as limitações em suas mãos. O perito afirmou que, aomenos desde agosto de 2010, a periciada possuía a referida incapacidade.

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O juízo de origem entendeu que o atestado médico particular de 19/04/2010 (fl. 04) não poderia ser considerado porausência de identificação do subscritor e que o atestado médico de 26/03/2010 refere-se a outros problemas ortopédicos nacoluna cervical e lombar, não confirmados pelo perito. Assim, considerando que o perito confirmou a incapacidade somentea partir de agosto de 2010, conclusão esta supostamente confirmada pelos extratos do SABI, o juízo a quo julgouimprocedente o pedido por entender inexistir incapacidade no período controvertido.

A parte autora, porém, alega que a ausência de identificação do subscritor do laudo de fl. 04 decorre de erro de digitalizaçãodo documento, juntando, desta feita, o mesmo laudo (fl. 68) subscrito pela Dra. Camila Cuzzuol Pimentel – CRM 6765/ES.

O referido laudo, datado de 19/04/2010, confirma a existência dos problemas reconhecidos na perícia judicial, indicandolimitação para as atividades funcionais da autora.

Nesses termos, julgando válido o referido médico particular e analisando-o em consonância com o exame pericial deoutubro de 2010 e com os extratos SABI datados de 18/01/2010 e de 01/04/2010 (fls. 46/47), entendo que a enfermidadeque incapacita a autora nunca sofreu solução de continuidade, mostrando-se indevido o não recebimento do benefício noperíodo controvertido.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e a ele DOU PROVIMENTO para condenar o réu a pagarauxílio-doença a autora no período de 02/04/2010 a 23/06/2010.

Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora, observada –ressalvado o entendimento pessoal deste magistrado – a disciplina prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redaçãoconferida pela Lei 11.960/2009.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento,proceda-se, sendo o caso, à expedição de “Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem condenação a custas processuais e a honorários de advogado (art. 55 da Lei 9.099/95).

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO N. 0002850-65.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: IZABEL CRISTINA CARERI MULLERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA –PERCEPÇÃO DE PARCELAS ATRASADASRELATIVA AO PERÍODO DE 02/04/2010 A 23/06/2010 – LAUDO PERICIAL – CAPACIDADE TOTAL E TEMPORÁRIA –CONSIDERAÇÃO DE LAUDOS PARTICULARES – POSSIBILIDADE – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

46 - 0000175-95.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000175-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA JOSEWERNERSBACH (ADVOGADO: HUDSON DOS SANTOS NUNES, MAURÍCIO LUIS PEREIRA PINTO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000175-95.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA JOSE WERNERSBACHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

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EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. NÃO CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADELABORATIVA EM EXAME PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA. BENEFÍCIOINDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 65, que julgouimprocedente o pleito inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com base na conclusão técnica apuradapelo perito do juízo no laudo de fls. 46/47. Em razões de recurso, a autora (55 anos) reafirma que está incapacitada para odesempenho de sua atividade habitual de dona de casa, razão pela qual faz jus ao benefício postulado. Contrarrazões àsfls. 83/88.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 46/47) – conduzida por médico especialista em ortopedia etraumatologia – apurou que a autora é acometida de “artrose na coluna lombar e tendinopatia [no] ombro direito e punhos”(resposta ao quesito n.º 01). Contudo, com base no exame clínico e em exames complementares, o jusperito concluiu quea parte periciada não apresentou inaptidão para o desempenho de sua ocupação habitual de “do lar” (respostas aosquesitos n.º 08 e 09) e que não há risco de agravamento da doença na hipótese de permanecer em atividade (resposta aoquesito n.º 10). Ao final, o expert apenas ressalvou que a autora “deve evitar carga de peso principalmente em regiãolombar, e esforço físico extremo” (resposta ao quesito n.º 11).

4. De sua parte, a autora apresentou, como prova, os documentos médicos de fls. 08/37, quais sejam: atestado médicodatado de 29.12.2010, em que se declara que a paciente não está apta para o exercício de “atividades laborais excessivas”(fls. 08/09); laudos médicos sem data e/ou sem assinatura (fls. 10/11); receituários e atestados médicos datados de períodoanterior a 31.05.2010, termo final de fruição do benefício de auxílio-doença (fls. 12, 14, 16 e 18/36); exames ou solicitaçõesde exames que não apontam, propriamente, estado de inaptidão da paciente (fls. 13, 15,17 e 37).

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para olabor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

6. Nesse diapasão, importante observar que o único documento médico com data posterior à suspensão do auxílio-doençae, portanto, potencialmente hábil a demonstrar a suposta manutenção do estado de incapacidade laborativa, somenteressalva a inaptidão para “atividades laborais excessivas”, circunstância que somente corrobora a conclusão já lançada nolaudo da perícia oficial. Com efeito, a parte autora apenas deve evitar esforços físicos de grande intensidade, não havendorestrição quanto ao desempenho de tarefas que envolvam empenho físico leve ou moderado. Assim, considerando que aocupação habitual da autora é a de “dona de casa”, entendo que ela pode executar suas atividades de acordo com suaslimitações, sem prejuízo de sua saúde.

7. Finalmente, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se de extremaimportância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

8. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar o restabelecimento do benefício de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).

10. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 39, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

47 - 0003856-10.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003856-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCA CANDIDA DASILVA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:

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GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003856-10.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: FRANCISCA CANDIDA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. NÃO CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADELABORATIVA EM EXAME PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA. BENEFÍCIOINDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 45/48, que julgouimprocedente o pleito inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com base na conclusão técnica apuradapelo perito do juízo no laudo de fls. 22/23. Em razões de recurso, a autora (45 anos) reafirma que é portadora de“Transtorno Psiquiátrico Depressivo e Hipertensão Artéria Sistêmica” e que não detém capacidade para o desempenho daatividade habitual de ajudante de cozinha. Ao final, pugna pela nulidade da sentença, para realização de nova perícia, ou,ainda, por sua reforma, com o acolhimento do pleito exordial. Contrarrazões às fls. 60/65.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 22/23) - conduzida por médico “Psiquiatra Geral e Psiquiatra daInfância e da Adolescência” – apurou que a autora não é acometida de doença psiquiátrica (resposta ao quesito n.º 01),concluindo que “não há incapacidade laborativa do ponto de vista psíquico” (resposta ao quesito n.º 06 e seguintes).

4. De sua parte, a autora colacionou aos autos: atestado emitido por médico cardiologista com o registro de que a pacienteé portadora de transtorno depressivo maior, hipertensão arterial leve e transtorno de ansiedade generalizada e encontra-seincapacitada para o trabalho (fls. 10, 30 e 32); laudo médico atestando a ocorrência de anemia (fl. 11); receituário médicocom a prescrição dos medicamentos (fls. 12 e 31); formulário de atendimento médico ambulatorial/hospitalar (fl. 13); eatestado de médico clínico geral em que declara que a paciente é acometida de HAS, transtorno depressivo maior eansiedade.

5. Preliminarmente, afasta-se a alegação de nulidade da sentença para produção de nova perícia médica. Com efeito, emimpugnação ao parecer oficial (fls. 28/29), a parte autora pugnou pela realização de novo exame “com outro profissionalespecializado na área de psiquiatria, para que este sim possa fundamentar melhor o real estado clínico mental da parte”(trecho à fl. 29). Contudo, o exame pericial foi realizado, justamente, por médico especialista em psiquiatria, o que afastaqualquer alegação de prejuízo à defesa nesse tocante. Ademais, reputo que os elementos de prova produzidos nos autosrevelaram-se suficientes à conformação da convicção do juízo acerca do estado de saúde da autora, sendo certo que ospontos controvertidos relativos à (in)capacidade laborativa da parte periciada, embora de maneira direta e objetiva, forameficazmente esclarecidos no laudo técnico acostado às fls. 22/23, não subsistindo questões determinantes não enfrentadasno exame técnico. Nulidade rejeitada.

6. No mérito, tenho que, diante da conclusão da perícia oficial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pelaparte, inexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidadepara o labor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

7. Nesse diapasão, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se deextrema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

8. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar o deferimento do benefício de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

10. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 16, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

48 - 0006727-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006727-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILUCI TEIXEIRA DASILVA (ADVOGADO: ROSEMARY MACHADO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006727-47.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: MARILUCI TEIXEIRA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E/OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NÃOCONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE LABORATIVA EM EXAMES PERICIAIS ESPECIALIZADOS. PREVALÊNCIA DASPERÍCIAS OFICIAIS SOBRE OS DOCUMENTOS MÉDICOS PARTICULARES. BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 247/248, quejulgou improcedente o pleito inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoriapor invalidez, com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo nos laudos de fls. 185/189 e 238/239. Em razõesde recurso, a autora (49 anos) reafirma que é portadora de “Transtorno Depressivo Recorrente” e que faz uso diário deremédios antidepressivos e antipsicóticos que a incapacitam para o desempenho de sua atividade habitual de cobradora deônibus. Contrarrazões às fls. 266/269.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez,conforme disposição constante do artigo 42 do mesmo diploma legal, será devida ao segurado que, após cumprido, quandofor o caso, o período de carência exigido, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz einsusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer esta condição.

3. No caso sob apreço, a autora foi submetida a duas perícias médicas. No primeiro exame pericial (laudo de fls. 185/189),conduzido por médico especialista em psiquiatria, restou apurado que a parte não era acometida de qualquer doença,lesão, seqüela, deficiência física ou mental (resposta ao quesito n.º 01 do juízo). Em síntese, o jusperito afirmou que “oexaminado não possui sinais e sintomas psicopatológicos estruturais. Sua história de vida levou-a a surtos de ansiedade eincontinência de pensamento assim como alcoolismo transitório. Apresenta desorganização psicossomática leve enecessita de tratamento psicoterápico. Está apta a atividades laborais desde que durante o tratamento” (súmula do exame– fls. 186/187).

4. Buscando melhor subsidiar seu convencimento, o juízo de origem determinou a realização de nova perícia médica,conforme despacho de fls. 221/222. No segundo exame pericial (laudo de fls. 238/239), igualmente conduzido porprofissional especialista em psiquiatria, constatou-se, com base em exame clínico, anamnese psiquiátrica e análise dosdocumentos médicos apresentados, que a autora é acometida de “transtorno depressivo recorrente [CID-10 F33]” (respostaao quesito n.º 01 do juízo). Contudo, o perito concluiu que a paciente está apta para o desempenho de sua ocupaçãohabitual de cobradora de ônibus, já que “apresentou-se no exame pericial lúcida, orientada no tempo e no espaço, coerente,calma, cooperativa e sua percepção da realidade não apresentou alterações. Não apresentou no exame pericial distúrbiosdo comportamento e/ou alterações da senso-percepção que a incapacite de exercer a sua atividade habitual. Ausência desinais e/ou sintomas psicóticos no exame pericial. Ausência de sonolência. Humor estável” (resposta ao quesito n.º 09 dojuízo).

5. De sua parte, a autora colacionou aos autos extenso acervo de laudos, atestados, receituários e registros ambulatoriais,que confirmam o diagnóstico preconizado pelo perito do juízo (transtorno depressivo), mas não se revelam suficientes àcaracterização do alegado estado de inaptidão para o trabalho, sendo certo que a existência de eventual patologia nãoimplica, necessariamente, inaptidão funcional. Não se despreza toda a complexidade deste tipo de patologia, que, porvezes, é subdiagnosticada e tratada de forma equivocada; contudo, o deferimento de benefício custeado com recursosprevidenciários somente pode se consolidar sobre provas robustas de efetiva inépcia do segurado para o desenvolvimentode atividades laborativas, sob pena de comprometimento da saúde financeira do regime.

6. Nesse passo, não se pode olvidar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se deextrema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

7. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar o deferimento dos benefícios de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez em favor da parteautora/recorrente.

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8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 172, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

49 - 0000422-76.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000422-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x WELTON DOS ANJOS (ADVOGADO:PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, GERALDO BENICIO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000422-76.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): WELTON DOS ANJOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIALDO JUÍZO PELA CAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. ANÁLISE DOS DEMAIS ELEMENTOS DOS AUTOS.INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA CONFIGURADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 99/100, que julgouprocedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício auxílio-doença NIB543.285.545-0 da parte autora desde a data do requerimento administrativo, bem como a conceder-lhe aposentadoria porinvalidez a partir de 13/05/2011. Em razões de recurso, o ente previdenciário postula a reforma da sentença, para que sejaafastada a condenação à concessão de aposentadoria por invalidez, sob o argumento de que a perícia judicial teriaconstatado tão somente incapacidade parcial e ressalvado a possibilidade de reabilitação. Contrarrazões às fls. 109/113.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devidaao segurado (tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida) que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-ápaga enquanto permanecer nesta condição

3. Em que pese o laudo oficial do Juízo (fls. 71/72) afirmar que o autor pode ser reabilitado para outra função que não exijaque o autor atue nas áreas de sua limitação, em consonância com o juízo de origem, afasto essa possibilidade. A perícia,ao concluir pela incapacidade laboral do autor, atestou que ele não pode exercer funções que exijam a sua permanência depé por períodos médios a longos ou sentado pelo mesmo período, não podendo, ainda, carregar pesos ou objetos frágeis eque dependessem tanto da visão.

5. Assim, considerando todas as limitações verificadas pela perita, bem como a idade avançada do autor (49 anos) e o seuprovável baixo nível de escolaridade, há que ser reconhecida a sua incapacidade total e permanente, por entender serinviável a sua recolocação no mercado de trabalho em outra atividade. Em outras palavras, os demais elementos de provados autos subsidiam a conclusão de que o recorrido faz jus à aposentadoria por invalidez. Nesse diapasão, quadra ressaltarque, além do laudo do perito oficial, pode o magistrado valer-se de outros elementos de prova constantes dos autos paraformar sua livre convicção. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.PERÍCIA QUE ATESTA INCAPACIDADE PARCIAL DO SEGURADO. SITUAÇÃO FÁTICA QUE DEMONSTRAIMPOSSIBILIDADE DE REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DOJUIZ. INCIDÊNCIA DO BROCARDO JUDEX PERITUS PERITORUM (JUIZ É O PERITO DOS PERITOS).INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEGISLAÇÃO. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Ainterpretação sistemática da legislação permite a concessão da aposentadoria por invalidez se, diante do caso concreto, os

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fatores pessoais e sociais impossibilitarem a reinserção do segurado no mercado de trabalho, conforme livreconvencimento do juiz que, conforme o brocardo judex peritus peritorum, é o perito dos peritos, ainda que a incapacidadeseja parcial. 1.1. Na concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a incapacidade para o trabalho deve seravaliada do ponto de vista médico e social. Interpretação sistemática da legislação (Lei n. 7.670/88; Decreto 3.298/99;Decreto 6.214/07; Portaria Interministerial MPAS/MS Nº 2.998/01). 2. Além disso, o novel Decreto nº 6.214/07 estabelece:Art. 4º. Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: III - incapacidade: fenômeno multidimensionalque abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada dacapacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico esocial; Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau deincapacidade, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF,estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde,em 22 de maio de 2001. § 1º. A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica esocial. § 2º. A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as deficiências nas funções e nasestruturas do corpo, e a avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão alimitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades; (Art. 16, §2,Decreto n. 6.214/2007). 3. Segurado com 62 anos de idade, portador de hipertensão arterial e doença degenerativa. Baixaescolaridade. Baixíssima perspectiva de reinserção no mercado de trabalho. A aplicação do princípio da dignidade dapessoa humana e a interpretação sistemática da legislação que trata da incapacidade conduzem à aposentadoria porinvalidez, ainda que atestada a capacidade parcial do ponto de vista estritamente médico. 4. Incidente do INSS conhecido enão provido.(PEDIDO 200583005060902, JUÍZA FEDERAL MARIA DIVINA VITÓRIA - Turma Nacional de Uniformização, DJU17/03/2008.) - sem grifos no original

6. Embora não se negue a presunção de legitimidade das perícias conduzidas pelos médicos do INSS, bem como pelosperitos judiciais, o princípio do livre convencimento motivado do juiz confere ao magistrado a liberdade de conferir avaloração que entender cabível aos elementos de prova do processo e de dar ao litígio a solução que lhe pareça maisadequada, de acordo com sua própria convicção, dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição e desde quemotive sua decisão. Nesse diapasão, vislumbro que existem nos autos documentos suficientes a comprovar a incapacidadetotal e definitiva da parte a ensejar a concessão da aposentadoria por invalidez, consoante já explanado.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprio fundamentos (art. 46, Lei nº 9.099/95).

8. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

50 - 0002029-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002029-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NATALIA CARNEIRO DEALMEIDA (ADVOGADO: MARIA MIRANDA DE SOUZA POCAS, JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0002029-27.2011.4.02.5050/0 1RECORRENTE: NATÁLIA CARNEIRO DE ALMEIDARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE EM PERÍCIA MÉDICAREGULAR – ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 85/86, que julgouimprocedentes os pleitos de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e de sua conversão em aposentadoria porinvalidez, com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo no laudo de fl. 64/69. Insurge-se a recorrente, sob oargumento de que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com sua real condição de saúde, bem comodesconsidera os demais documentos médicos colacionados aos autos, que registram “aptidão respiratória muito fraca daparte autora, não podendo realizar nenhum tipo de esforço físico”. Contrarrazões às fls. 99/102.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao

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segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. No caso sob apreço, é possível verificar que a perícia produzida nos autos (laudo de fls. 64/69) diagnosticou que apericiada é portadora de hipertensão arterial sistêmica I/A (resposta ao quesito n.º 01). Contudo, o jusperito apurou que apaciente possui plena aptidão para o exercício da atividade habitual de faxineira, já que sua doença está clinicamentecontrolada (respostas aos quesitos n.º 08 e 09), sendo certo que, ao exame físico, apresentou bom estado geral, marchanormal, lúcida, orientada, pensamentos coerentes, ansiosa, ausculta cardíaca normal, além de eletrocardiograma comresultado normal. Ao final, concluiu que não há incapacidade para o trabalho.

4. De sua parte, a autora não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sobrepor-se ao laudopericial oficial. Com efeito, os documentos médicos apresentados pela recorrente, de maneira geral, apenas confirmam odiagnóstico de hipertensão arterial e indicam o uso de medicamentos para o seu controle, sem, contudo, revelar real estadode incapacidade laborativa.

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Nesse diapasão, valeressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância para auxiliar ojulgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente,comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

6. Não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, inexiste fundamento a autorizar o deferimento dos benefícios deauxílio-doença e de aposentadoria por invalidez em favor da parte autora/recorrente.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n°. 9.099/95).

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 59, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

51 - 0004740-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004740-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERCY JOSE DA SILVA(ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0004740-39.2010.4.02.5050/0 1RECORRENTE: ERCY JOSE DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADAPELO LAUDO PERICIAL – ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DA REQUERENTE COMO COMPLEMENTAÇÃO ÀPERÍCIA JUDICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES –RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 77/78, quejulgou improcedente o pleito de concessão do benefício de auxílio-doença e de sua conversão em aposentadoria porinvalidez, com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo no laudo de fls. 62/63. Em suas razões de recurso(fls. 81/89), sustenta o recorrente, em síntese: i) que se encontra incapacitado para o exercício de suas atividades habituais;ii) que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com sua real condição de saúde; iii) que o juiz não se

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encontra adstrito ao laudo pericial; e iv) que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vista médico,devendo ser analisado, também, os demais elementos sociais da parte. Contrarrazões às fls. 93/96.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. No caso sob apreço, o autor, porteiro, atualmente com 52 anos de idade, alega, em sua inicial, possuir hipertensãoarterial severa e poliartrose (CID 10:I10/M15), encontrando-se com dores e limitações em razão da doença. A períciaproduzida nos autos (fls. 62/63), formalizada por médico ortopedista e traumatologista, constatou artrose e discopatiadegenerativa na coluna lombar. O expert, porém, afirmou que o autor possui aptidão para exercer a atividade habitual deporteiro (resposta ao quesito 08 e 09), ressalvando, apenas, que o autor deve evitar carga de peso extremo em colunalombar. Conclui, assim, que não há incapacidade para o trabalho.

4. Os documentos particulares juntados pelo autor não são suficientes para afastar a conclusão pericial, senão vejamos: i)às fls. 12/13 constam exames médicos que indicam a existências de problemas na coluna lombar do autor; ii) à fl. 14 constalaudo médico atestando que o recorrente se encontrava, em Diante da conclusão pericial, em 2010, sob tratamento dehipertensão arterial; às fls. 15/17 consta laudo médico indicando a existência de incapacidade em razão de problemasortopédicos.

5. Analisando os referidos documentos, este relator entende que inexistem nos autos elementos capazes de balizarem acaracterização da incapacidade da parte para o labor em geral, sendo certo que a existência de eventual patologia nãoimplica, necessariamente, inaptidão funcional. O único laudo que, de fato indica incapacidade (fls. 15/17) não possui aptidãopara o meu convencimento, mormente porque incida como profissão do autor a de conferente, sendo certo que, conformeCNIS, desde 1997 sua profissão é a de porteiro. Assim, os documentos médicos juntados pela parte autora, in casu, nãosão hábeis para afastar as conclusões da perícia médica judicial, nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dosJuizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo:

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

5. Em que pese à eventual relevância das condições pessoais da parte autora, ante a sustentada alegação deincapacidade, entendo que estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modoa desconsiderá-lo. Nesses termos, mesmo que presentes os fatores da idade avançada e do suposto baixo grau deinstrução, estes não seriam o bastante para caracterizar a incapacidade do recorrente e o conseqüente direito ao benefíciode auxílio-doença, tampouco à aposentadoria por invalidez, já que a perícia judicial, realizada de maneira regular, semfalhas ou vícios capazes de torná-la nula, atestou claramente a capacidade do recorrente, motivo pelo qual entendo não serpossível que se considerem apenas as suas condições pessoais para que possibilitem a caracterização de incapacidade.

6. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferida pelo juiz aquo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n°. 9.099/95).

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 54, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

52 - 0006124-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006124-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x GENECI BATISTA DE SOUZA(ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).

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RECURSO DE SENTENÇA Nº 0006124-37.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GENECI BATISTA DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – EFEITOS FINANCEIROS – BENEFÍCIO INDEVIDONO PERÍODO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL REMUNERADA – NÃO COMPROVAÇÃO DORECEBIMENTO DE SALÁRIOS – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fl. 48, que julgouparcialmente procedente o pleito autoral e condenou a autarquia federal ao restabelecimento do benefício deauxílio-doença, com efeitos retroativos à data de cessação. Em razões de recurso, o ente previdenciário apenas postula“sejam excluídos os efeitos retroativos do auxílio doença concedido, haja vista que o autor permaneceu trabalhando everteu contribuições para a Previdência Social até a data em que houve a implantação do benefício”. Assim, o INSS alegaque o autor trabalhou até a reimplantação do benefício, ocorrida em 04/2011 por força de decisão antecipatória de tutela,razão pela qual a condenação não poderia produzir efeitos retroativos à suspensão administrativa do pagamento, efetivadaem 04/11/2010. Por fim, requer a reforma da sentença, para que sejam excluídas da condenação arbitrada as prestaçõesvencidas referentes ao período compreendido entre 11/2010 e 04/2011. Contrarrazões às fls. 65/67.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n.º 9099/9).

3. Diante da alegação de que houve efetivo labor remunerado no interregno compreendido entre 11/2010 e 04/2011, o autorargumentou que não laborou no referido período, sendo certo que o ente empregador pode ter vertido contribuiçõesprevidenciárias apenas como forma de não descumprir as obrigações trabalhistas e previdenciárias. Diante da celeumainstalada, este Juízo oficiou a empresa supostamente empregadora, para que se esclarecesse nos autos se o autorrealmente manteve vínculo de emprego no período questionado (fls. 73/74). Em resposta, a empresa ITAGUAÇUSUPERMERCADO LTDA-ME, em declaração juntada à fl. 76, informou, in verbis, “que o Sr. Geneci Batista de Souza, (...),manteve sim vínculo de emprego com a empresa em tela, no período de Novembro de 2010 a Abril de 2011, porém nãorecebera remuneração neste período por estar afastado de suas atividades laborais por problemas de saúde” (sem grifosno original).

4. Com fulcro nas informações prestadas pela empresa indicada pelo INSS como empregadora, resta concluir que oautor/recorrido faz jus ao benefício de auxílio-doença, com efeitos retroativos à cessação administrativa (04/11/2010),porquanto, a partir dessa data, ele não mais regressou ao trabalho em função do seu estado de inaptidão funcional e nemrecebeu salários no período. Deste modo, correta a condenação pecuniária arbitrada pelo juízo de origem.

5. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

6. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

53 - 0000568-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000568-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILVIO JOSE FERNANDES(ADVOGADO: HAYNNER BATISTA CAPETTINI, JANINE SILVA BEZERRA, GISLANE LOPES DE SOUZA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0000568-20.2011.4.02.5050/0 1RECORRENTE: SILVIO JOSE FERNANDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

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RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELAPERÍCIA JUDICIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 61/62, quejulgou improcedente o pedido autoral de restabelecimento do benefício auxílio-doença, bem como de posterior conversãoem aposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 65/72), sustenta o recorrente estar incapacitado para oexercício de suas atividades habituais, requerendo que o juiz não fique adstrito à conclusão do laudo pericial. Ademais,aduz que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vista médico, devendo ser analisados, também, osdemais elementos sociais da parte. Contrarrazões às fls. 76/79.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. O autor, ora recorrente, motorista socorrista, atualmente com 56 (cinqüenta e seis) anos, alega não possuir aptidão paratrabalhar em razão de lombociatalgia (CID M 54.4) e hérnia discal extrusa em dois discos (L4, L5 e S1). O laudo pericial defls. 40/41, formalizado por médico ortopedista, especialista na enfermidade apontada na inicial, indica que o autor é portadorde artrose e discopatia degenerativa na coluna lombar (resposta ao quesito 01). Contudo, segundo o perito, tais patologiasnão induzem incapacidade atual para o desempenho da atividade habitual do autor (resposta ao quesito 09).

4. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente.

5. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Há que se ressaltar que o autor esteve em gozo deauxílio-doença até 31/01/2011. Assim, deveria comprovar que a incapacidade permanecia após esta data, a despeito dacessação do benefício. Contudo, conforme se verifica pelos documentos de fls. 24/32, o autor não traz aos autos sequer umlaudo com data posterior à cessação do benefício, de modo que não há como ser afastada a conclusão do INSS,coadunada pela perícia realizada na esfera judicial.

6. Quadra salientar que, a despeito da constatação de moléstias qualificadas como degenerativas, tal diagnóstico não induzà ilação necessária de que a parte não pode ter ou recuperar a capacidade para o labor. Entendimento contrário significariaequiparar os conceitos de doença e incapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de patologia e, ainda assim, deterplena capacidade para a execução de atividades laborativas, ainda que para funções não equivalentes às suas habituais.Desta forma, resta concluir que a recorrente não faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença nem tampoucoaposentadoria por invalidez.

7. Em que pese a eventual relevância das condições pessoais da parte autora, ante a sustentada alegação deincapacidade, entendo que estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modoa desconsiderá-lo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de perícia judicial realizadade maneira regular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, impede a concessão do benefício.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n.º 9.099/95)

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 34, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

54 - 0000112-12.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.000112-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x VERA OLIVEIRA SOARES (ADVOGADO: ANDRÉEMERICK PADILHA BUSSINGER.).RECURSO N. 0000112-12.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VERA OLIVEIRA SOARESRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – DIB – AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO NO LAUDOPERICIAL OFICIAL – CONSIDERAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DOS AUTOS – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fl. 206/210, que julgouprocedente o pedido autoral de restabelecimento do benefício auxílio-doença desde a data da cessação administrativa(30/01/2006). Em seu recurso, o recorrente pretende unicamente a modificação da DIB do benefício para a data dosegundo exame pericial, sob o argumento de que a sentença teria contrariado a primeira perícia realizada no bojo dosautos, a qual teria concluído pela ausência de incapacidade. Contrarrazões às fls. 222/226.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. De fato, a perícia realizada às fls. 58/60 concluiu que a recorrida não apresentava incapacidade laborativa naquela data(09/04/2007). Diante das contradições existentes entre o laudo pericial e os demais elementos dos autos, determinou-se acomplementação da perícia (fls. 99/102), com a apresentação de novos quesitos. Contudo, o perito, em atitude negligente,limitou-se a repetir integralmente o laudo anterior, deixando de responder aos novos quesitos apresentados. Assim, carecede credibilidade o referido laudo pericial, motivo pelo qual entendo que a Juíza sentenciante agiu corretamente aodesconsiderá-lo em sua decisão. Em outras palavras, ele não deve ser considerado por este Juízo para qualquer efeito, eisque eivado de nulidade.

4. Designada nova perícia, o perito judicial especialista em ortopedia, no laudo de fls. 167/168, complementado à fl. 182,atestou que a autora, em virtude de síndrome do túnel do carpo a direita, de artrose leve da coluna cervical e de hepatite C,encontrava-se incapacitada definitivamente para o exercício de qualquer atividade profissional. Contudo, respondeu quenão era possível precisar a data do início da incapacidade por não ter avaliado a paciente em outras ocasiões.

5. Nesse caso, deve o magistrado valer-se de outros elementos dos autos para averiguar a data do início da incapacidade.Com efeito, o benefício NB 139.417.705-4, cessado em 30/01/2006, foi concedido porque a autora se encontravaincapacitada em virtude de “sinovite e tenossinovite” (CID-10 M65), doenças inflamatórias que atingem a mão do indivíduo.O perito constatou, em 01/12/2010, síndrome do túnel do carpo à direita, entre outras doenças. Já na inicial a autoraassocia a sua incapacidade à síndrome do túnel do carpo. Em laudos particulares datados de 04/10/2007 e 15/05/2008 (fls.94/97), a autora demonstra que já possuía a referida enfermidade naquelas datas, havendo indicação, inclusive deincapacidade.

5. Assim, vê-se que a síndrome do túnel do carpo, enfermidade que incapacita a autora, segundo o laudo pericial, desdemuito se encontra instalada na mão da autora. Outra conclusão não é possível ao se verificar que a própria perícia do INSSdiagnosticou enfermidades compatíveis em 2006, sendo que também há laudos particulares nesse sentido em 2007 e 2008.Desse modo, há que se concluir que o estado de incapacidade da recorrida nunca sofreu solução de continuidade. Oprimeiro laudo pericial realizado nos autos, eivado de vícios e, por isso, desconsiderado pelo Juízo a quo, não pode serlevado em consideração para afastar esta conclusão.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRA

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Juiz Federal Relator

55 - 0000123-02.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000123-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ FRANCISCO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO N. 0000123-02.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSÉ FRANCISCORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 63/64 que julgouimprocedente o pedido autoral de concessão de benefício auxílio-doença. Em suas razões de recurso (fls. 48/52), orecorrente alega, em síntese: i) que se encontra incapacitado para o exercício de suas funções habituais em razão dadependência química que o acomete; ii) que a perícia não retrata a sua realidade fática, sendo o laudo vago e omisso; iii)que transtornos psíquicos não poderiam ser analisados em uma única perícia, já que apresenta episódios e não éconstante; e, por fim, iv) que o juiz não se encontra adstrito ao laudo pericial. Assim, postula pelo conhecimento eprovimento do recurso para que seja deferido o benefício pleiteado, com o pagamento das parcelas retroativas. Semcontrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. O autor, ora recorrente, agenciador de recursos, atualmente com 53 (cinqüenta e três) anos (fl. 3), alega possuirdependência química de substâncias ilícitas, com predominância de crack, necessitando de tratamento clínico. O laudopericial de fls. 35/36 atesta que o recorrente não é portador de sinais ou sintomas que indiquem desorganização do sistemapsíquico, inexistindo alterações importantes no exame psíquico que não seja a clínica e a história de vida (resposta aosquesitos 01 e 02). Assim, afirma o expert que não existe incapacidade laborativa, ressaltando que as possibilidades doautor é idêntica à média das pessoas que não sofrem de distúrbio psíquico alienantes.

5. Os documentos particulares juntados pelo recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Oautor alegou que permaneceu internado entre outubro de 2010 e abril de 2011, juntando declaração datada de 22/12/2010(fl. 07), bem como atestados datados de 11/11/2010 e 16/12/2010, que indicam que teria havido internação na AssociaçãoBrasileira de Ex-Dependentes Químicos – ABEDEQ, iniciada em 04/10/2010 (fls. 08/09). Ademais, o laudo psicológico de21/12/2010 (fls. 10/11) atesta que o autor estava se desenvolvendo bem e sugere a continuação do tratamento. No entanto,entendo que tais elementos não são suficientes para ensejar o deferimento do benefício previdenciário pretendido. Issoporque não há qualquer documento nos autos comprovando que o autor tenha continuado com o tratamento ou estivesseem regime de internação. Pelo contrário, em 12/01/2011, o autor compareceu pessoalmente à sede da Justiça Federal paraajuizar a presente ação. Some-se a isso o fato de ter havido contribuições ao RGPS durante todo o período em que orecorrente alega ter estado internado, conforme documentos de fls. 58/61.

6. A perícia judicial afastou expressamente a necessidade de internação. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescritano art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância para auxiliar o julgador em seu convencimento, quando osdocumentos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia nalide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar os documentos apresentados pela autora emdetrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particulares se mostrem suficientes à comprovação daincapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipóteses que não ocorreram no casovertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização de nova prova técnica ou até mesmo de complementaçãodo parecer apresentado. A alegação de que transtornos psíquicos não poderiam ser analisados em uma única perícia nãoencontra fundamento, sendo expresso o perito ao afastar a necessidade de exame complementar.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

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9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 13, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

56 - 0001017-12.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001017-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO VELOSO DASILVA (ADVOGADO: LUCELIA GONCALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001017-12.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: FRANCISCO VELOSO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. ACRÉSCIMO DE 25%. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.NECESSIDADE NÃO COMPROVADA. ADICIONAL INDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 88/89, que julgouo feito extinto sem resolução do mérito quanto ao pleito de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria porinvalidez, ante a concessão administrativa da medida, e julgou improcedente o pedido de pagamento do acréscimo de 25%(vinte e cinco) por cento, eis que não comprovado alguma das hipóteses normativas que ensejam a majoração pretendida.Em razões de recurso, a parte autora reafirma, genericamente, os argumentos já apresentados na exordial e postula odeferimento dos pedidos inicialmente vindicados. Contrarrazões às fls. 101/104.

2. A sentença merece ser integralmente mantida.

3. Preliminarmente, insta anotar que o recurso manejado pela parte não veicula impugnação direta à matéria decidida nasentença recorrida, eis que somente se presta a postular a conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria porinvalidez, pretensão esta já atendida na esfera administrativa, fato que, inclusive, deu ensejo à extinção do feito semresolução de mérito no tocante. Assim, inexiste, na peça de recurso, argumento de fato ou de direito potencialmente hábil aensejar a concessão do acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), postura que desatende ao princípio da dialeticidaderecursal.

4. Mas, ainda que assim não fosse, verifica-se que a perícia judicial apurou que o autor/recorrente é acometido detendinopatia dos ombros (resposta ao quesito n.º 01), concluindo que tal moléstia o incapacita de realizar movimentos decarregamento e de levantamento de peso (resposta ao quesito n.º 09), consoante se infere do laudo técnico de fls. 77/78.De ver-se que as limitações físicas apuradas no caso concreto não se amoldam a qualquer das hipóteses previstas no rolconstante do Anexo I do Decreto n.º 3.048/99, razão pela qual não faz jus o autor à majoração pretendida. Não havendocomprovação – ou mesmo alegação – de outra contingência potencialmente hábil a fundamentar a concessão da benessepretendida, resta concluir pelo indeferimento do acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento).

5. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 62, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

57 - 0001645-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001645-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALDIR MARTINS CASTRO(ADVOGADO: JULIO FERNANDES SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO N. 0001645-64.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: WALDIR MARTINS CASTRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃODE INCAPACIDADE PERMANENTE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE OSLAUDOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 87, que julgouimprocedente o pedido autoral de conversão de benefício auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Em suas razõesde recurso (fls. 91/112), sustenta o recorrente estar total e permanentemente incapacitada para o exercício de qualqueratividade laborativa, pelo que faria jus à aposentadoria por invalidez. Requer, assim, a concessão do referido benefício,aduzindo que o Juízo não se restrinja à análise do laudo pericial oficial. Contrarrazões às fls. 116/118.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida aosegurado (tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida) que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-ápaga enquanto permanecer nesta condição.

4. O laudo pericial de fl. 68/69, produzido sem vícios ou máculas, apesar de sucinto, é conclusivo ao afirmar que aenfermidade que acomete o autor – sequela de necrose avascular de cabeça de fêmur direito – apenas gera incapacidadetemporária, havendo a possibilidade de recuperação após tratamento clínico. Não há elementos probatórios nos autos quecomprovem a impossibilidade de recuperação de saúde do autor, sendo certo que as condições pessoais alegadas – idadeavançada, baixo grau de escolaridade – assumem especial relevo quando se condiciona o retorno do trabalhador à ativapela possibilidade de reabilitação, e não em decorrência de cura da enfermidade.

5. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

6. A parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobrepor aolaudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Destaco, ainda, que, nos termos da Súmula nº 08 da TurmaRecursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelojuízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferida pelo juiz a quo, de modo a não serconcedido a aposentadoria por invalidez.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 63, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

58 - 0003651-78.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003651-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARIA LUCIA CUSINI(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0003651-78.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA LUCIA CUSINIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXILIO-DOENÇA – INCAPACIDADE DEFINITIVA CONSTATADA PORLAUDO PERICIAL – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – NÃO CONFIGURAÇÃO DA PERDA DA QUALIDADE DESEGURADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/91, que julgouprocedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a conceder o benefício de auxílio-doença à autora, comDIB em 29/01/2010 (DER), até 02/11/2010, e aposentadoria por invalidez a partir de 03/11/2010. Insurge-se o recorrentesob o argumento de que a incapacidade da autora, ora recorrida, tem origem em momento anterior ao seu reingresso noregime geral de previdência social, razão pela qual não faria jus ao benefício deferido na sentença impugnada. Assim,postula pela reforma da sentença. Contrarrazões às fls.105/111.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. No caso sob apreço, é possível verificar que a perícia produzida nos autos (fls. 66/67) comprova que a autora é portadorade sequelas graves de hanseníase wirchoviana-neurite hanseniana e mal perfurante plantar (resposta ao quesito 01).Asseverou o perito que a incapacidade provavelmente teria se iniciado no ano de 2003, informando, ainda, que aincapacidade é total para o exercício de qualquer atividade laborativa e definitiva, pois mesmo fazendo tratamento, asseqüelas vêm se agravando.

4. Em análise do feito, entendo que a sentença a quo não merece reparos, uma vez que a perda da qualidade de segurado,como se sabe, ocorre no dia dezesseis do segundo mês seguinte ao término do período de graça. A perícia judicial apenasfixou, como data provável do início da incapacidade, o ano de 2003, afirmando, ainda, que as lesões têm progredido(respostas aos quesitos 07 e 08). Deste modo, ao compulsar os autos, considerando que a própria autarquia previdenciária(fl. 83) fixou a data de início da doença em 01/01/2003 e que a autora efetuou sua última contribuição em 11/2001 (fl.85/86), não há que se falar em perda da qualidade de segurado, pois, nesses termos, a parte autora manteve sua qualidadede segurada até 16/01/2003.

5. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

6. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

59 - 0005832-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005832-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AGRECIMAR FAUSTINO DA

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SILVA (ADVOGADO: MARIANE AMANTINO CSASZAR, CLAUDIO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO N. 0005832-52.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: AGRECIMAR FAUSTINO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 71/72 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 76/81), o recorrente alega, em síntese, que se encontraincapacitado para o exercício de sua profissão habitual de trabalhador braçal agropecuário em decorrência da artrose nacoluna lombar constatada, sustentando que o desempenho normal de sua profissão exige constantes movimentos de flexãoda coluna lombar, bem como levantamento de peso. Ademais, argumenta que sua idade e seu nível de instrução nãopermitem que se qualifique para emprego que não exija esforço físico. Requer, por fim, que o juiz não fique adstrito aolaudo pericial. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos os benefíciospleiteados, com o pagamento das parcelas retroativas. Contrarrazões às fls. 92/94.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. O autor, ora recorrente, atualmente com 50 anos de idade, trabalhador rural, alega possuir diversos problema na colunalombar, as quais o incapacitariam para o exercício de suas atividades habituais. O laudo pericial de fls. 41/43 diagnosticouartrose da coluna lombar e cervical, com exame clínico dentro da normalidade, descartando, assim, a existência deincapacidade para o trabalho. O perito ressaltou que o autor não apresenta sinais de compressão nervosa de membrossuperiores ou inferiores, não havendo limitação física que o impeça de desempenhar sua atividade laboral.5. Em resposta a quesitos complementares indicados pelo Juízo, o perito foi taxativo ao afirmar que o autor pode simdesempenhar atividades que exijam esforço físico e levantamento de peso, destacando que o processo degenerativo dacoluna lombar do autor tende a evoluir independentemente de sua atividade. Assim, ressalvou a possibilidade dasuperveniência de incapacidade.

6. O autor esteve em gozo de benefício doença até 19/10/2010 (NB 542.298.284-0), de modo que deveria comprovar quesua capacidade não estava restabelecida nessa data. Contudo, os documentos particulares não são suficientes para afastara conclusão da perícia oficial pelos seguintes motivos: i) não há sequer um laudo posterior a 19/10/2010 juntado aos autos;ii) os laudos juntados aos autos indicam a existência da enfermidade constatada e o prognóstico de tratamentomedicamentoso, mas, com exceção do laudo de fl. 18, não indicam, expressamente, a existência de incapacidade para otrabalho; iii) o laudo de fl. 17 contrapõe-se às próprias alegações do autor, indicando capacidade laborativa. Ressalte-seque não se pode confundir os conceitos de enfermidade e incapacidade, já que o indivíduo pode estar acometido pordoença, sem, contudo, apresentar incapacidade laborativa. Assim, não há elementos probatórios suficientes para afastar aconclusão pericial.

7. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

8. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Isso porque os laudos particulares atestam a existência daenfermidade e o uso de medicação, mas não o estado de incapacidade. Destaco, ainda, que, nos termos da Súmula nº 08da Turma Recursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”.

9. Por fim, em que pese a eventual relevância das condições pessoais da parte autora, ante a sustentada alegação de

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incapacidade, entendo que estas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modoa desconsiderá-lo por completo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de períciajudicial realizada de maneira regular, sem falhas ou vícios capazes de torná-la nula, impede a concessão do benefício.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 36, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

60 - 0000202-69.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000202-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO SELESTRINE(ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000202-69.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: ANTONIO SELESTRINERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. NÃO CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADELABORATIVA EM EXAME PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA. BENEFÍCIOINDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 58/60, que julgouimprocedente o pleito inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com base na conclusão técnica apuradapelo perito do juízo no laudo de fls. 44/47. Em razões de recurso, o autor reafirma que está incapacitado para odesempenho de sua atividade habitual de motorista, em decorrência de problemas na coluna lombar, razão pela qual faz jusao benefício postulado. Contrarrazões às fls. 73/75.

2. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 44/47) – conduzida por médico especialista em ortopedia etraumatologia – apurou que o autor é acometido de “artrose e discopatia em coluna lombar” (resposta ao quesito n.º 01 dojuízo). Contudo, com base na história clínica e em exames radiológicos, o jusperito concluiu que a parte periciada nãoapresentou inaptidão para o desempenho de sua ocupação habitual (resposta ao quesito n.º 04 do juízo), apenasressalvando que deve evitar atividades com sobrecarga de peso e esforço intenso em região lombar (resposta ao quesiton.º 13 do INSS).

4. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para olabor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

5. Nesse diapasão, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se deextrema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

6. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar o restabelecimento do benefício de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 29, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

61 - 0002272-05.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002272-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIO JOSE FERREIRA(ADVOGADO: ANTONIO SERGIO BROSEGUINI, DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002272-05.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: CLAUDIO JOSÉ FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INAPTIDÃO LABORAL CONSTATADA EM PERÍCIAMÉDICA REGULAR – INCAPACIDADE PREEXISTENTE À FILIAÇÃO AO RGPS – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 64/65, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença. Em razões de recurso, o autorsustenta que não se encontrava incapacitado quando voltou a verter contribuições ao RGPS. Assim, diante doreconhecimento da incapacidade laborativa pelo perito do juízo, afirma fazer jus ao benefício de auxílio-doença.Contrarrazões às fls. 76/78.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, o parágrafo único do mesmodispositivo ressalva que ”não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão”.

4. Em exame clínico pericial (fls. 37/41), o jusperito constatou que o autor padece de insuficiência coronariana, diabetes dotipo II e hipertensão arterial, pelo que concluiu estar incapacitado temporariamente para o exercício de suas atividadeslaborativas, sendo certo que as lesões coronarianas devem ser corrigidas por meio de angioplastia. Informou, ainda, que adata estimada para o início da incapacidade para o trabalho é a de 04/09/2009, tendo em vista a data de realização dosexames de cineangiocoronariografia e ventriculografia apresentados pelo autor.

5. Assentadas essas premissas, verifica-se que os documentos às fls. 50/56 revelam que o autor deixou de vertercontribuições ao RGPS em junho/2002, voltando a efetuar recolhimentos apenas em outubro/2009 (competência:setembro/2009), quando recuperou a qualidade de segurado. Ocorre que, conforme conclusão do perito do juízo, aincapacidade do autor teve início em 04/09/2009, em decorrência de doença coronariana, o que demonstra que orequerente voltou a se filiar ao Regime Geral de Previdência Social quando já instalada a inaptidão laborativa.

6. Nesse passo, ainda que o autor afirme que a incapacidade sobreveio após a sua filiação ao RGPS, não existem, nosautos, provas capazes de comprovar tal alegação, razão pela qual inexiste fundamento a autorizar a concessão dobenefício de auxílio-doença.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 29, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE

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PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

62 - 0004707-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004707-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCUS VINICIUS BRUMVIEIRA (ADVOGADO: ALVIMAR CARDOSO RAMOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO N. 0004707-49.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: MARCUS VINICIUS BRUM VIEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 46, que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 50/54), o recorrente alega, em síntese: i) que se encontraincapacitado para o exercício de suas atividades laborais; ii) que é reprovado em todas as entrevistas de emprego querealiza em virtude de seus problemas de saúde; e iii) que o magistrado não está adstrito, nem vinculado a qualquerelemento de prova para desempenhar sua atividade judicante. Por fim, postula pelo conhecimento e provimento do recursopara que seja deferido o direito aos benefícios pleiteados, com o pagamento das parcelas retroativas. Contrarrazões às fls.58/61.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. O autor, ora recorrente, trabalhador autônomo, atualmente com 54 anos de idade, alega possuir diabetes, pressãoarterial refratária a medicamentos, obesidade, distúrbios psíquicos e ansiedade devido a stress. O laudo pericial de fls.35/36 registra que o requerente, de fato, possui hipertensão arterial (HAS) e diabetes. No entanto, o perito é taxativo ao nãoconsiderá-lo inapto para as suas funções habituais de vendedor autônomo, tendo em vista que as referidas doenças sãopassíveis de controle mediante tratamento adequado, conjugado à aquisição de hábitos que equilibrem o controle dadoença.

5. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

6. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Isso porque os laudos particulares atestam a existência daenfermidade e o uso de medicação, mas não o estado de incapacidade. Destaco, ainda, que, nos termos da Súmula nº 08da Turma Recursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 30, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

63 - 0006606-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006606-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x GERSON LIRA DA SILVA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0006606-19.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GERSON LIRA DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA POR LAUDO PERICIALREGULAR – IMPOSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE QUE DEMANDA ESFORÇO FÍSICO – CONCESSÃO DEAUXILIO-DOENÇA – DIB – DATA DA CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO – ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DEPROVA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 83/84, que julgouparcialmente procedente o pleito autoral e condenou a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício de auxílio-doençadesde a data da cessação (30.06.2009). Em razões de recurso, busca o INSS, tão somente, a alteração da DIB dobenefício para a data da juntada do laudo aos autos, alegando que o ato administrativo que veiculou a cessação dobenefício goza de presunção de veracidade e de legitimidade e que o perito não soube precisar a data de início daincapacidade. Contrarrazões às fls.95/97.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. No caso sob apreço, é possível verificar que a perícia produzida nos autos (laudo de fls. 62/63) diagnosticou protrusãodiscal na região lombar, sequela de ferimento por PAF no antebraço, com leve restrição da flexão do terceiro dedo e queixade dor lombar (resposta ao quesito 01). Afirmou o perito, ainda, que o autor não possui aptidão para exercer sua atividadehabitual, havendo risco de aumento de sua lesão com a atividade desempenhada, devido à quantidade de peso que carrega(resposta ao quesito 09). Concluindo, assim, que há incapacidade definitiva para o labor, mas ressalvou que o autor podeser reabilitado para outra atividade que não demanda o carregamento de peso em excesso (resposta aos quesitos 14 e 17).

6. No que se refere à fixação da DIB na data da juntada do laudo pericial, em que se pese à ausência de indicação do inícioda incapacidade no laudo oficial, o acervo de documentos médicos colacionados às fls. 25/26 revela que a parte autora jápadecia da mesma patologia incapacitante desde a cessação do benefício. Tal circunstância é suficiente a formar oconvencimento deste relator no sentido de que a incapacidade laborativa estava instalada no paciente já na ocasião dasuspensão do benefício, sem solução de continuidade, perdurando, ininterruptamente, até a realização da perícia médica,sendo reputada indevida, portanto, a sua cessação. Desta forma, rejeito o pedido da parte recorrente.

7. Nesse diapasão, quadra ressaltar que, ante a carência de apuração da data de início da incapacidade no parecer médicodo juízo, pode o magistrado valer-se de outros elementos de prova constantes dos autos para formar sua livre convicção.Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE CONTRA ACÓRDÃO DE TURMA REGIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL. AFERIÇÃO DO INÍCIO DA INCAPACIDADE.OMISSÃO DO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. PRETENSÃO DEREEXAME DE PROVA. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 6º, III, do Regimento Interno desta TurmaNacional, cabe incidente de uniformização contra julgado de Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência queesteja em confronto com a jurisprudência dominante do STJ, hipótese que este Colegiado tem estendido à divergência coma sua própria jurisprudência pacificada. 2. A inexistência de prévio requerimento administrativo e a falta de fixação da datado início da incapacidade pelo perito judicial não constituem motivo suficiente, por si só, a impor o reconhecimento do início

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da incapacidade na data do laudo pericial, se há nos autos outros elementos de prova que permitam ao julgador aferir demodo diverso o início da incapacidade. Precedentes desta TNU (Pedilef 200763060076010 e Pedilef 200533007688525). 3.O exercício da plena jurisdição exige do magistrado a análise de todo o conjunto probatório e das circunstâncias peculiaresao caso, de modo a se permitir a análise de elementos estranhos ao laudo pericial para a formação do livre convencimentodo juiz. 4. O reexame dos motivos que conduziram as instâncias inferiores a fixar a data do início da incapacidade na datada propositura da ação importa em revolvimento de matéria fática, o que é vedado nesta via, a teor do que dispõe a Súmulanº 7 do STJ, de aplicação analógica a esta Turma Nacional. 5. Pedido de Uniformização de Jurisprudência improvido.(PEDIDO 200740007028548, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, 13/05/2011) - sem grifos nooriginal.

8. Embora não se negue a presunção de legitimidade das perícias conduzidas pelos médicos do INSS, o princípio do livreconvencimento motivado do juiz confere ao magistrado a liberdade de conferir a valoração que entender cabível aoselementos de prova do processo e de dar ao litígio a solução que lhe pareça mais adequada, de acordo com sua própriaconvicção, dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição e desde que motive sua decisão. Nesse diapasão,vislumbro que existem nos autos documentos suficientes a comprovar a condição de incapacidade da parte no períodoquestionado, consoante já explanado.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

10. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

64 - 0006413-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006413-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELO LUIZ SANTOSBANDEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO N. 0006413-67.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: ANGELO LUIZ SANTOS BANDEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 44/45 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença, com posterior conversão paraaposentadoria por invalidez, bem como de condenação em danos morais. Em suas razões de recurso (fls. 48/52), orecorrente alega, em síntese: i) que se encontra incapacitado para o exercício de suas funções habituais; ii) que a perícianão retrata a sua realidade fática. Sem contrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. O autor, ora recorrente, trabalhador avulso (arrumador portuário), atualmente com 40 (quarenta) anos (fl. 3), alegapossuir transtornos psiquiátricos que o impedem de trabalhar. O laudo pericial de fls. 19/21 atesta que o recorrente possuitranstornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de múltilas drogas (CID-10 F19.20), mas que, atualmente, não

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há incapacidade laborativa, tendo em vista que ele se encontra abstinente do uso de drogas, sem sinais e/ou sintomas deabstinência, lúcido, orientado no tempo e no espaço e com percepção da realidade não prejudicada.

5. Os documentos particulares juntados pelo recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Oautor esteve em gozo de auxílio-doença até 08/11/2010. Os documentos de fls. 08/10 demonstram que houve internaçãoem clínica de reabilitação entre 14/10/2010 e 10/11/2010, período já abrangido pelo auxílio-doença. A necessidade deacompanhamento para tratamento ambulatorial, sem internação, a meu ver, não acarreta incapacidade. Nesse sentido, onovo documento de fl. 53, sequer assinado por médico, não é suficiente para gerar o direito ao benefício pleiteado, hajavista que ele somente indica que o autor está em tratamento de recuperação de dependência química, não comprovando ainternação pelo período indicado e a existência de incapacidade. Assim, não há documento válido nos autos atestando anecessidade de permanência do recorrente no regime de internação.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporaos laudos periciais, que gozam de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 13, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

65 - 0001608-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001608-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) KARINE MAGALHÃESPEREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO N. 0001608-37.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: KARINE MAGALHÃES PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 72/73 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso (fls. 77/83), o recorrente alega, em síntese: i) que a análise deincapacidade, com base no laudo médico-pericial, não deve subsistir, pois não reflete a real situação vivida pela recorrente;ii) que sente dores em decorrência de suas limitações que a incapacitam para o trabalho; iii) que o juiz não se encontraadstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com base em outros elementos. Por fim, postula peloconhecimento e provimento do recurso para que seja deferido o direito aos benefícios pleiteados, com o pagamento dasparcelas retroativas. Contrarrazões às fls. 87/89.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, por

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força do disposto no artigo 42, do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. A autora, ora recorrente, atualmente com 32 anos, auxiliar de serviços gerais, alega possuir transtornos de discoslombares e de outros discos intervertebrais (CID M51-1), reumatismo (CID M79-0a) e síndrome do túnel do carpo (CIDG56-0), enfermidades que a incapacitam para o exercício de suas atividades habituais. O laudo pericial de fls. 44/52diagnosticou doença degenerativa da coluna lombar, mas descartou a existência de incapacidade. O perito afirma que suaconclusão baseia-se no exame clínico, considerando-se a anamnese e o exame físico, bem como na análise dos examesapresentados, especialmente no resultado da ressonância magnética da coluna.

5. Quanto aos documentos particulares, o laudo de fl. 33 não pode ser considerado, pois não se encontra datado. Já osdemais laudos e exames (fls. 34/38), confirmam as patologias verificadas pelo perito oficial e indica a necessidade deacompanhamento médico (tratamento e medicação). Não apontam, no entanto, incapacidade para o trabalho, não podendo,assim, ser considerados para afastar a conclusão pericial do Juízo. Ressalte-se que não se pode confundir os conceitos deenfermidade e incapacidade, já que o indivíduo pode estar acometido por doença, sem, contudo, apresentar incapacidadelaborativa.

6. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

6. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Isso porque os laudos particulares atestam a existência daenfermidade e o uso de medicação, mas não o estado de incapacidade. Destaco, ainda, que, nos termos da Súmula nº 08da Turma Recursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 39, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

66 - 0003692-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003692-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZELI DUARTE GONÇALVES(ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES, LILIAN MAGESKI ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003692-45.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: ZELI DUARTE GONÇALVESEMBARGADO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. PRELIMINAR DE NULIDADEDA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. ALEGAÇÃO MOTIVADAMETNE REJEITADA. PRETENSÃO DEREVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. VÍCIO DE OMISSÃO NÃO RECONHECIDO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃOMANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal àsfls. 75/77, em que se alega omissão no julgado quanto à apreciação da preliminar de nulidade da sentença suscitada emrecurso inominado, ao argumento de imprecisão da prova técnica (perícia médica), objetivando efeitos prequestionatórios.

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II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado ase pronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um aum.

III. No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgadoembargado. Ora, este órgão colegiado manifestou-se, ampla e expressamente, sobre a preliminar de nulidade da sentençapor cerceamento de defesa e concluiu que a prova pericial, aliada aos demais elementos de prova dos autos, revelaram-sesuficientes para a apuração do real estado de saúde da parte autora, não havendo que se cogitar de qualquer prejuízo àdefesa no tocante. Nesse ponto, o acórdão impugnado registrou, in verbis:

“3. Preliminarmente, afasta-se a alegação de nulidade da prova técnica, ao argumento de superficialidade de seu conteúdoe de ausência de fundamentação sobre todas as indagações pertinentes à enfermidade da paciente. Ora, os elementos deprova produzidos nos autos revelaram-se suficientes à conformação da convicção do juízo acerca do estado de saúde daautora. Com efeito, os pontos controvertidos relativos à (in)capacidade laborativa da parte periciada, embora de maneiradireta e objetiva, foram eficazmente esclarecidos no laudo técnico acostado à fl. 36, não subsistindo questõesdeterminantes não enfrentadas no exame técnico. Nesse passo, não se vislumbra qualquer prejuízo à defesa, eis que aaptidão da parte para o labor habitual (telefonista) já está suficientemente demonstrada em perícia regular e sem vícios.Nulidade rejeitada..” (fragmento do acórdão embargado à fl. 75).

IV. Desta feita, não se vislumbra qualquer vício de omissão no julgado impugnado, mas, tão somente, adoção de tesejurídica – suficientemente fundamentada, nos termos do art. 93, IX, da CF – conflitante com os interesses do embargante.

�V. Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional suscitada pelas partes litigantes, cumpreregistrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar ofensadireta, nem mesmo potencialmente, a qualquer dispositivo do texto constitucional.

VI. Embargos de declaração rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta via processual.Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

67 - 0003690-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003690-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSVALDINA DA SILVABARROS (ADVOGADO: LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHO, MICHELE ITABAIANA DECARVALHO PIRES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003690-75.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: OSVALDINA DA SILVA BARROSEMBARGADO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. PRELIMINAR DE NULIDADEDA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. ALEGAÇÃO MOTIVADAMETNE REJEITADA. PRETENSÃO DEREVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. VÍCIO DE OMISSÃO NÃO RECONHECIDO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃOMANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal àsfls. 115/117, em que se alega omissão no julgado quanto à apreciação da preliminar de nulidade da sentença suscitada emrecurso inominado, ao argumento de imprecisão da prova técnica (perícia médica), objetivando efeitos prequestionatórios.

II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a

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se pronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um aum.

III. No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgadoembargado. Ora, este órgão colegiado manifestou-se, ampla e expressamente, sobre a preliminar de nulidade da sentençapor cerceamento de defesa e concluiu que a prova pericial, aliada aos demais elementos de prova dos autos, revelaram-sesuficientes para a apuração do real estado de saúde da parte autora, não havendo que se cogitar de qualquer prejuízo àdefesa no tocante. Nesse ponto, o acórdão impugnado registrou, in verbis:

“3. Não merece prosperar o requerimento de anulação da sentença para a realização de nova perícia judicial, na medida emque inexistem elementos capazes de balizarem a caracterização de qualquer vício no laudo pericial de fls. 84/85. Apesar desucinto, o laudo, subscrito por médico ortopedista devidamente inscrito no CRM, é claro ao apontar suas conclusão, nãohavendo qualquer contradição ou omissão capazes de eivado de nulidade.4. Quanto ao mérito, o laudo pericial informa que a autora é portadora de hipertensão arterial, diabetes, fibromialgia, artroseleve da coluna vertebral e leve tendinite em ombro direito. No entanto, afirma o perito que, ao exame físico, a autora nãoapresentou alteração da função da coluna vertebral, possuindo boa mobilidade da coluna vertebral, concluindo, assim, pelacapacidade laborativa da mesma.

5. Os documentos médicos juntados pela parte autora, in casu, não são suficientes para afastar as conclusões da períciamédica judicial, nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo: (...)” (fragmento do acórdão embargado às fls. 115/116)

IV. Desta feita, não se vislumbra qualquer vício de omissão no julgado impugnado, mas, tão somente, adoção de tesejurídica – suficientemente fundamentada, nos termos do art. 93, IX, da CF – conflitante com os interesses do embargante.

�V. Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional suscitada pelas partes litigantes, cumpreregistrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar ofensadireta, nem mesmo potencialmente, a qualquer dispositivo do texto constitucional.

VI. Embargos de declaração rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta via processual.Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

68 - 0004930-02.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004930-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ORLANDO SÉRGIO DEALMEIDA (ADVOGADO: JOSE GERALDO NUNES FILHO, LILIAN MAGESKI ALMEIDA, GABRIELA BERNARDODEORCE, MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004930-02.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: ORLANDO SÉRGIO DE ALMEIDAEMBARGADO(A): INSTITUNO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.ALEGAÇÃO DE NULIDADE DEVIDAMENTE APRECIADA E AFASTADA PELO ACÓRDÃO EMBARGADO.PREQUESTIONAMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 5º, INCISOS XXXV, LIV E LV, DA CF. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DEOMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo autor em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.112/114, por intermédio dos quais aponta suposta omissão no julgando no tocante à apreciação da preliminar suscitada norecurso inominado. Ademais, requer a manifestação do órgão colegiado acerca de suposta violação do art. 5º, inciso XXXV,LIV e LV, da CF/1998, visando suprir a exigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso extraordinário.

II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero

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inconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussãodo mérito já decidido em sede de julgamento do recurso, visto que, ao contrário do que afirma, este colegiado semanifestou expressamente sobre a preliminar suscitada em sede de recurso inominado, senão vejamos:

O autor alega, preliminarmente, a nulidade do laudo pericial e da sentença de origem. No entanto, os argumentos aduzidossomente revelam seu inconformismo com a conclusão pericial. O recorrente se limita a dizer que o perito teria sido omissoe contraditório e que a perícia não se compatibiliza com seu estado real de saúde. Não aponta vícios formais no exame.Contudo, não há que se falar em omissão ou contradição, na medida em que o perito analisou todas as circunstâncias desaúde do autor, respondendo devidamente os quesitos sem se contradizer em nenhum momento. Dito isto, não há que sefalar em nulidade.

III. Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�IV. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 5º, inciso XXXV, LIV e LV, da CF/1998.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

69 - 0000978-09.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000978-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERICA LIMA DOS SANTOSSILVA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000978-09.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: ERICA LIMA DOS SANTOS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93. RENDA PER CAPITA DO GRUPO FAMILIAR. SUPERAÇÃO DO LIMITE LEGAL. NÃO CONFIGURAÇÃO DEESTADO DE VULNERABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 35/37, que julgouimprocedente o pedido de concessão do Amparo Assistencial à pessoa portadora de deficiência, previsto na Lei n.º8.742/93 (LOAS). Em razões de recurso, a autora/recorrente alega que se encontra em situação de miserabilidade,notadamente porque seu esposo – único provedor da família – abandonou o lar conjugal, deixando o grupo familiar semqualquer renda. Contrarrazões às fls. 43/44.

2. De início, rejeita-se a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa em função da não intimação daassistente social para apresentar resposta aos esclarecimentos solicitados à fl. 28, haja vista que o objetivo dos quesitossuplementares é o de, justamente, complementar a avaliação sócio-econômica, quando as respostas aos quesitos originaisnão foram respondidas de forma clara e precisa pelo profissional especializado, o que enseja a necessidade de integraçãodo parecer oficial para melhor subsidiar o julgador no momento da formação de sua convicção. Tal não é o caso dos autos,eis que o laudo social de fls. 25/26 revelou-se suficiente para o julgamento seguro da causa, sendo certo que eventuaisesclarecimentos prestados pela assistente social, em resposta às indagações formuladas pela parte autora, em nadaalterariam o desfecho da causa, já que as questões relativas ao estado sócio-econômico do grupo familiar da requerenteforam eficazmente esclarecidas no parecer original.

3. No mérito, tem-se que, nos termos do artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), o benefício de prestação continuada égarantido, no valor de um salário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuirmeios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivolegal, considera-se portador de deficiência o indivíduo com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,

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intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva nasociedade em igualdade de condições com as demais pessoas e tem-se por incapaz de prover a manutenção do portadorde deficiência ou do idoso a família com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. No caso sob apreço, embora a parte recorrente invoque alterações na situação de fato apurada no momento darealização do estudo social (laudo de fls. 25/27), este relator somente pode promover o julgamento do presente recursocom base nos elementos de prova produzidos nos autos, sendo certo que, embora alegue, a autora não comprova que seuesposo não mais reside em sua casa.

5. Assentada essa premissa, verifica-se que, segundo parecer social anexado às fls. 25/27, em 27.06.2011, a renda dogrupo familiar – composto pela parte, esposo e dois filhos – advinha do salário do cônjuge, no valor mensal de R$ 1.009,00(mil e nove reais). A assistente social relatou, ainda, que a família reside em imóvel alugado, com cinco cômodos, providade energia elétrica, água tratada, rede de esgoto, coleta de lixo e banheiro localizado dentro da residência, concluindo que odomicílio está em ótimas condições de limpeza e higiene.

6. Pois bem. Embora não se entenda que o limite legal de renda (¼ do salário mínimo per capita) constitua critério objetivo,reputo que os ganhos mensais do grupo familiar, in casu, em cotejo com os demais elementos colacionados aos autos, nãocaracterizam, propriamente, estado de pobreza, mas, tão somente, situação de privação financeira, realidade de muitasfamílias brasileiras. Desta feita, embora não se desprezem os gastos com despesas ordinárias (aluguel, alimentação,medicamentos), o panorama fático apurado no caso concreto não autoriza o deferimento do benefício previsto na LOAS,que se destina, exclusivamente, aos indivíduos em situação de extrema vulnerabilidade, de modo a proporcionar aobeneficiário uma vida minimamente digna.

7. Finalmente, cumpre registrar que, acaso os pressupostos fáticos que subsidiaram as conclusões da pesquisa socialtenham se modificado, a parte poderá formular novo requerimento administrativo perante o INSS, o qual, por óbvio, deveráser apreciado com base nas novas informações apresentadas e comprovadas pelo(a) requerente(a).

8. Benefício indevido. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 11, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

70 - 0000512-12.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000512-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADELICIA PEREIRA DESOUZA NASCIMENTO (ADVOGADO: JEFFERSON R. MOURA, JANAINA RODRIGUES LIMA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000512-12.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: ADELICIA PEREIRA DE SOUZA NASCIMENTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. DIB. DATA DEREALIZAÇÃO DA PESQUISA SOCIAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS DE SITUAÇÃO DEVULNERABILIDADE NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 69/73, que julgouprocedente o pedido de concessão do amparo assistencial ao idoso previsto na Lei n.º 8.742/93 (LOAS), com DIB fixada nadata de realização da perícia social. Em razões de recurso, a parte autora apenas impugna a DIB arbitrada, ao argumentode que apresentou elementos comprobatórios do estado de vulnerabilidade social, desde a data de formalização dorequerimento administrativo (2005). Sem contrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Embora a parte alegue que sempre viveu em situação de miserabilidade, o extrato do Plenus anexado à fl. 61 revela queseu ex-marido é beneficiário de aposentadoria por idade, pelo que se pode concluir que, até separação, não era possívelfalar-se, propriamente, em estado de vulnerabilidade social. Por outro lado, verifica-se que a consulta realizada em

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16.09.2011(espelho de fl. 62) acusa que o endereço para correspondências do ex-cônjuge registrado no sistema Plenus é omesmo fornecido pela autora na petição inicial. Assim, a despeito da declaração simples anexada à fl. 30 – em que trêspessoas atestam, perante o INSS, que a autora é separada de fato há mais de dois anos –, entendo que o tempo deseparação do casal não restou peremptoriamente comprovado nos autos.

4. Ademais, o extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS anexado à fl. 56 registra dois vínculos detrabalho da autora durante o ano de 2010, circunstância que também afasta a alegação de ausência de renda nestaocasião.

5. Deste modo, entendo que a perícia social pode ser considerada marco temporal seguro para a caracterização de estadode hipossuficiência da parte requerente, razão pela qual reputo acertada a DIB fixada pelo juízo a quo.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

7. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 32, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

71 - 0005963-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005963-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x RITA DAS GRAÇAS MARQUES RAMOS(ADVOGADO: JOSE EDUARDO COELHO DIAS.) x CECÍLIA RODRIGUES DOS SANTOS (ADVOGADO: ROGÉRIONUNES ROMANO, PATRICIA NUNES ROMANO, JEANINE NUNES ROMANO, IGOR STEFANOM MELGAÇO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005963-61.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: RITA DAS GRAÇAS MARQUES RAMOSEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E CECÍLIA RODRIGUES DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPROVAÇÃODE UNIÃO ESTÁVEL. FALECIDO SEPARADO DE FATO DA SEGUNDA RECORRENTE. EXPRESSA MANIFESTAÇÃODO ACÓRDÃO EMBARGADO SOBRE A TESE. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DEREVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 501/503, porintermédio dos quais se aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de manifestação expressa sobre atese da recorrente no sentido de que a embargante ainda era legalmente casada com o de cujus, de modo que orelacionamento com a recorrida configuraria concubinato e não união estável.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

Com efeito, o acórdão embargado expressamente consignou a conclusão de que a recorrente Rita das Graças MarquesRamos encontrava-se separada de fato do de cujus na data do óbito, não havendo que se falar, pois, em concubinato. Adecisão embargada foi clara nesse sentido, senão vejamos:

De outra parte, entendo que o relacionamento entre falecido e recorrida não caracteriza concubinato. Isso porque as provasdos autos, apesar de demonstrarem que a segunda recorrida (sic) prestava cuidados ao ex-marido devido a seusproblemas de saúde, indicam que eles se encontravam separados de fato, não havendo que se falar em permanência dovínculo afetivo. Tanto é assim que muitos dos deveres conjugais, tais como o de fidelidade, não eram mais mantidos,Soma-se a isso o fato de as testemunhas da autora afirmarem que o de cujus apenas levava uma pensão esporádica paraa Sra. Rita. Friso, ainda, que as próprias testemunhas de co-ré não sabem se manifestar precisamente sobre este ponto.As duas primeiras, médicas, que possuíam apenas contato profissional com as partes, somente afirmar que a Sra. Ritaacompanhava o Sr. Carlos às consultas e internações, sendo que ambas também confirmaram que, no fim da vida, a Sra.

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Cecília também passou a acompanhar o falecido. A testemunha Danielle Boni Sessino, inclusive, manifesta-se no sentidode saber que a Sra. Rita era ex-esposa do Sr. Carlos. A terceira testemunha, por sua vez, nada sobre informar sobre amanutenção da convivência conjugal da segunda requerente com o de cujus, afirmando ter conhecimento, porém, que elesresidiam em moradias distintas.

Nesses termos, conclui-se que a embargante almeja, tão somente, a reforma do decisum, atacando meritoriamente osfundamentos do acórdão embargado.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

72 - 0001163-58.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.001163-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JOSE ANTONIO BARREIRA(ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001163-58.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE ANTONIO BARREIRARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado aviado pelo INSS em face da sentença que determinou a revisão da renda mensal inicial dobenefício da parte autora, para incluir no cálculo de fixação da aposentadoria por invalidez o período de fruição deauxílio-doença em momento imediatamente anterior à aposentação (não intercalado com períodos de atividade).

Ultimado o julgamento do recurso inominado e confirmada a sentença de piso, o INSS interpôs pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência, buscando o pronunciamento da TNU acerca da (im)possibilidade de cômputo do benefício deauxílio-doença como salário-de-contribuição para efeito de cálculo do benefício de aposentadoria por invalidez.

Em apreciação incidente, o Presidente da TNU proferiu decisão às fls. 114/115, determinando o retorno dos autos à TurmaRecursal de origem, para aplicação do entendimento pacificado no âmbito do STJ sobre a matéria no bojo do RecursoEspecial 1.114.562/MG, nos termos do art. 7º, VII, “a” e “b”, e 15, § 2º e seguintes, da Resolução n.º 22/2008 do Conselhoda Justiça Federal.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto, sob a ótica da premissa jurídica uniformizada.

Em decisão monocrática transitada em julgado em 28.06.2012, o ministro relator do precedente invocado pela TNU (REsp1.114.562/MG) negou seguimento ao recurso, diante do entendimento já consolidado na Corte no sentido de que acontagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só é admissível se entremeado com período de contribuição, ateor do art. 55, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991. Eis, a seguir, fragmentos do referido decisum:

“DECISÃO

Maria da Glória Ferreira, com fundamento no artigo 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal, interpôs recurso especialcontra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais assim ementado:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO REVISIONAL - INSS - INSTITUTO NACIONAL DA SEGURIDADE SOCIAL - RENDAINICIAL - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - PRECEDENTE - AUXÍLIO-DOENÇA. - O termo inicial da aposentadoriapor invalidez precedente de auxílio-doença em que ocorreu a conversão/transformação deve ser de 100% dosalário-de-benefício de acordo com o art. 36, § 7º, do Decreto 3048/99 (e-STJ, fl. 65).

[...]

Trata-se de ação revisional objetivando o recálculo da Renda Mensal Inicial - RMI para considerar comosalário-de-contribuição, no período básico de cálculo, o salário-de-benefício do auxílio-doença convertido em aposentadoriapor invalidez, reajustados pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.

A pretensão autoral, portanto, é a aplicação do § 5º do artigo 29 da Lei n. 8.213/1991, que possui a seguinte redação, in

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verbis:

§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo.

Todavia, vigora nesta Corte o entendimento de que a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só éadmissível se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei n. 8.213/1991. Neste caso,poder-se-ia calcular o benefício de aposentadoria com a incidência do dispositivo supra.

Tal não se deu no presente caso, uma vez que não se noticia nos autos que a parte autora tenha intercalado períodoscontributivos com o recebimento de benefício decorrente de incapacidade.

Nesse contexto, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez equivale a 100% do valor do salário-de-benefício doauxílio-doença antecedente, em conformidade com o artigo 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999.

Confira-se o seguinte julgado que revela o entendimento da Seção: [...]

Também esta é a jurisprudência de ambas as turmas que compõem este órgão colegiado: [...]

Ante o exposto, com espeque no caput do art. 557 do CPC, nega-se seguimento ao recurso especial.” (Recurso Especial1.114.562/MG, Rel.: Ministro Jorge Mussi, DJ 05.06.2012 – grifos nossos)

Tal decisão, em harmonia com a orientação igualmente adotada pelo STF (RE 583.834/SC), define que o art. 29, § 5º, daLei n.º 8.213/1991 é aplicável somente nas hipóteses em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo defuturo benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igualamparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão daaposentadoria por invalidez.

Na esteira da jurisprudência das cortes superiores, resta concluir que, no caso concreto, não se revela possível o cômputodo período de gozo de auxílio-doença para efeito de cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez da parte autora, eis quesua percepção antecedeu a concessão do benefício permanente, sem intervalos de períodos contributivos.

Ante o exposto, em juízo de adequação, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, parareformar a sentença de origem e afastar a pretensão de revisão da RMI do benefício de aposentadoria por invalidez, dianteda impossibilidade de contagem do período de fruição de auxílio-doença como tempo de contribuição, porquanto nãointercalado com intervalos contributivos.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o nos termos do art. 55 da Lein.º 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001163-58.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE ANTONIO BARREIRARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

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EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – RECURSO ESPECIAL 1.114.562/MG – ART. 29, §5º, LEI N.º 8.213/1991 – APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FORAUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO ÀJURISPRUDÊNCIA DO STJ – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURDO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

73 - 0002534-57.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002534-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x LEONARD EUSTÁCHIOIGNATOWSKI (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002534-57.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LEONARD EUSTÁCHIO IGNATOWSKIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado aviado pelo INSS em face da sentença que determinou a revisão da renda mensal inicial dobenefício da parte autora, para incluir no cálculo de fixação da aposentadoria por invalidez o período de fruição deauxílio-doença em momento imediatamente anterior à aposentação (não intercalado com períodos de atividade).

Ultimado o julgamento do recurso inominado e confirmada a sentença de piso, o INSS interpôs pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência, buscando o pronunciamento da TNU acerca da (im)possibilidade de cômputo do benefício deauxílio-doença como salário-de-contribuição para efeito de cálculo do benefício de aposentadoria por invalidez.

Em apreciação incidente, o Presidente da TNU proferiu decisão às fls. 123/124, determinando o retorno dos autos à TurmaRecursal de origem, para aplicação do entendimento pacificado no âmbito do STJ sobre a matéria no bojo do RecursoEspecial 1.114.562/MG, nos termos do art. 7º, VII, “a” e “b”, e 15, § 2º e seguintes, da Resolução n.º 22/2008 do Conselhoda Justiça Federal.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto, sob a ótica da premissa jurídica uniformizada.

Em decisão monocrática transitada em julgado em 28.06.2012, o ministro relator do precedente invocado pela TNU (REsp1.114.562/MG) negou seguimento ao recurso, diante do entendimento já consolidado na Corte no sentido de que acontagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só é admissível se entremeado com período de contribuição, ateor do art. 55, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991. Eis, a seguir, fragmentos do referido decisum:

“DECISÃO

Maria da Glória Ferreira, com fundamento no artigo 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal, interpôs recurso especialcontra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais assim ementado:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO REVISIONAL - INSS - INSTITUTO NACIONAL DA SEGURIDADE SOCIAL - RENDAINICIAL - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - PRECEDENTE - AUXÍLIO-DOENÇA. - O termo inicial da aposentadoriapor invalidez precedente de auxílio-doença em que ocorreu a conversão/transformação deve ser de 100% dosalário-de-benefício de acordo com o art. 36, § 7º, do Decreto 3048/99 (e-STJ, fl. 65).

[...]

Trata-se de ação revisional objetivando o recálculo da Renda Mensal Inicial - RMI para considerar comosalário-de-contribuição, no período básico de cálculo, o salário-de-benefício do auxílio-doença convertido em aposentadoriapor invalidez, reajustados pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.

A pretensão autoral, portanto, é a aplicação do § 5º do artigo 29 da Lei n. 8.213/1991, que possui a seguinte redação, inverbis:

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§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo.

Todavia, vigora nesta Corte o entendimento de que a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só éadmissível se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei n. 8.213/1991. Neste caso,poder-se-ia calcular o benefício de aposentadoria com a incidência do dispositivo supra.

Tal não se deu no presente caso, uma vez que não se noticia nos autos que a parte autora tenha intercalado períodoscontributivos com o recebimento de benefício decorrente de incapacidade.

Nesse contexto, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez equivale a 100% do valor do salário-de-benefício doauxílio-doença antecedente, em conformidade com o artigo 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999.

Confira-se o seguinte julgado que revela o entendimento da Seção: [...]

Também esta é a jurisprudência de ambas as turmas que compõem este órgão colegiado: [...]

Ante o exposto, com espeque no caput do art. 557 do CPC, nega-se seguimento ao recurso especial.” (Recurso Especial1.114.562/MG, Rel.: Ministro Jorge Mussi, DJ 05.06.2012 – grifos nossos)

Tal decisão, em harmonia com a orientação igualmente adotada pelo STF (RE 583.834/SC), define que o art. 29, § 5º, daLei n.º 8.213/1991 é aplicável somente nas hipóteses em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo defuturo benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igualamparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão daaposentadoria por invalidez.

Na esteira da jurisprudência das cortes superiores, resta concluir que, no caso concreto, não se revela possível o cômputodo período de gozo de auxílio-doença para efeito de cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez da parte autora, eis quesua percepção antecedeu a concessão do benefício permanente, sem intervalos de períodos contributivos.

Ante o exposto, em juízo de adequação, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, parareformar a sentença de origem e afastar a pretensão de revisão da RMI do benefício de aposentadoria por invalidez, dianteda impossibilidade de contagem do período de fruição de auxílio-doença como tempo de contribuição, porquanto nãointercalado com intervalos contributivos.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o nos termos do art. 55 da Lein.º 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002534-57.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LEONARD EUSTÁCHIO IGNATOWSKIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

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EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – RECURSO ESPECIAL 1.114.562/MG – ART. 29, §5º, LEI N.º 8.213/1991 – APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FORAUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO ÀJURISPRUDÊNCIA DO STJ – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURDO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

74 - 0001788-92.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.001788-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JOAQUIM BATISTA (ADVOGADO:JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001788-92.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOAQUIM BATISTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado aviado pelo INSS em face da sentença que determinou a revisão da renda mensal inicial dobenefício da parte autora, para incluir no cálculo de fixação da aposentadoria por invalidez o período de fruição deauxílio-doença em momento imediatamente anterior à aposentação (não intercalado com períodos de atividade).

Ultimado o julgamento do recurso inominado e confirmada a sentença de piso, o INSS interpôs pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência, buscando o pronunciamento da TNU acerca da (im)possibilidade de cômputo do benefício deauxílio-doença como salário-de-contribuição para efeito de cálculo do benefício de aposentadoria por invalidez.

Em apreciação incidente, o Presidente da TNU proferiu decisão à fl. 128, determinando o retorno dos autos à TurmaRecursal de origem, para aplicação do entendimento pacificado no âmbito do STJ sobre a matéria no bojo do RecursoEspecial 1.114.562/MG, nos termos do art. 7º, VII, “a” e “b”, e 15, § 2º e seguintes, da Resolução n.º 22/2008 do Conselhoda Justiça Federal.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto, sob a ótica da premissa jurídica uniformizada.

Em decisão monocrática transitada em julgado em 28.06.2012, o ministro relator do precedente invocado pela TNU (REsp1.114.562/MG) negou seguimento ao recurso, diante do entendimento já consolidado na Corte no sentido de que acontagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só é admissível se entremeado com período de contribuição, ateor do art. 55, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991. Eis, a seguir, fragmentos do referido decisum:

“DECISÃO

Maria da Glória Ferreira, com fundamento no artigo 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal, interpôs recurso especialcontra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais assim ementado:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO REVISIONAL - INSS - INSTITUTO NACIONAL DA SEGURIDADE SOCIAL - RENDAINICIAL - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - PRECEDENTE - AUXÍLIO-DOENÇA. - O termo inicial da aposentadoriapor invalidez precedente de auxílio-doença em que ocorreu a conversão/transformação deve ser de 100% dosalário-de-benefício de acordo com o art. 36, § 7º, do Decreto 3048/99 (e-STJ, fl. 65).

[...]

Trata-se de ação revisional objetivando o recálculo da Renda Mensal Inicial - RMI para considerar comosalário-de-contribuição, no período básico de cálculo, o salário-de-benefício do auxílio-doença convertido em aposentadoriapor invalidez, reajustados pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.

A pretensão autoral, portanto, é a aplicação do § 5º do artigo 29 da Lei n. 8.213/1991, que possui a seguinte redação, inverbis:

§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,

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considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo.

Todavia, vigora nesta Corte o entendimento de que a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só éadmissível se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei n. 8.213/1991. Neste caso,poder-se-ia calcular o benefício de aposentadoria com a incidência do dispositivo supra.

Tal não se deu no presente caso, uma vez que não se noticia nos autos que a parte autora tenha intercalado períodoscontributivos com o recebimento de benefício decorrente de incapacidade.

Nesse contexto, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez equivale a 100% do valor do salário-de-benefício doauxílio-doença antecedente, em conformidade com o artigo 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999.

Confira-se o seguinte julgado que revela o entendimento da Seção: [...]

Também esta é a jurisprudência de ambas as turmas que compõem este órgão colegiado: [...]

Ante o exposto, com espeque no caput do art. 557 do CPC, nega-se seguimento ao recurso especial.” (Recurso Especial1.114.562/MG, Rel.: Ministro Jorge Mussi, DJ 05.06.2012 – grifos nossos)

Tal decisão, em harmonia com a orientação igualmente adotada pelo STF (RE 583.834/SC), define que o art. 29, § 5º, daLei n.º 8.213/1991 é aplicável somente nas hipóteses em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo defuturo benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igualamparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão daaposentadoria por invalidez.

Na esteira da jurisprudência das cortes superiores, resta concluir que, no caso concreto, não se revela possível o cômputodo período de gozo de auxílio-doença para efeito de cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez da parte autora, eis quesua percepção antecedeu a concessão do benefício permanente, sem intervalos de períodos contributivos.

Ante o exposto, em juízo de adequação, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, parareformar a sentença de origem e afastar a pretensão de revisão da RMI do benefício de aposentadoria por invalidez, dianteda impossibilidade de contagem do período de fruição de auxílio-doença como tempo de contribuição, porquanto nãointercalado com intervalos contributivos.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o nos termos do art. 55 da Lein.º 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001788-92.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOAQUIM BATISTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

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RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – RECURSO ESPECIAL 1.114.562/MG – ART. 29, §5º, LEI N.º 8.213/1991 – APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FORAUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO ÀJURISPRUDÊNCIA DO STJ – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURDO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

75 - 0001001-63.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.001001-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x LUCIANA CHARBEL (ADVOGADO:JULIARDI ZIVIANI, FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001001-63.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LUCIANA CHARBELRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado aviado pelo INSS em face da sentença que determinou a revisão da renda mensal inicial dobenefício da parte autora, para incluir no cálculo de fixação da aposentadoria por invalidez o período de fruição deauxílio-doença em momento imediatamente anterior à aposentação (não intercalado com períodos de atividade).Ultimado o julgamento do recurso inominado e confirmada a sentença de piso, o INSS interpôs pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência, buscando o pronunciamento da TNU acerca da (im)possibilidade de cômputo do benefício deauxílio-doença como salário-de-contribuição para efeito de cálculo do benefício de aposentadoria por invalidez.

Em apreciação incidente, o Presidente da TNU proferiu decisão às fls. 107/108, determinando o retorno dos autos à TurmaRecursal de origem, para aplicação do entendimento pacificado no âmbito do STJ sobre a matéria no bojo do RecursoEspecial 1.114.562/MG, nos termos do art. 7º, VII, “a” e “b”, e 15, § 2º e seguintes, da Resolução n.º 22/2008 do Conselhoda Justiça Federal.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto, sob a ótica da premissa jurídica uniformizada.

Em decisão monocrática transitada em julgado em 28.06.2012, o ministro relator do precedente invocado pela TNU (REsp1.114.562/MG) negou seguimento ao recurso, diante do entendimento já consolidado na Corte no sentido de que acontagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só é admissível se entremeado com período de contribuição, ateor do art. 55, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991. Eis, a seguir, fragmentos do referido decisum:

“DECISÃO

Maria da Glória Ferreira, com fundamento no artigo 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal, interpôs recurso especialcontra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais assim ementado:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO REVISIONAL - INSS - INSTITUTO NACIONAL DA SEGURIDADE SOCIAL - RENDAINICIAL - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - PRECEDENTE - AUXÍLIO-DOENÇA. - O termo inicial da aposentadoriapor invalidez precedente de auxílio-doença em que ocorreu a conversão/transformação deve ser de 100% dosalário-de-benefício de acordo com o art. 36, § 7º, do Decreto 3048/99 (e-STJ, fl. 65).

[...]

Trata-se de ação revisional objetivando o recálculo da Renda Mensal Inicial - RMI para considerar comosalário-de-contribuição, no período básico de cálculo, o salário-de-benefício do auxílio-doença convertido em aposentadoriapor invalidez, reajustados pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.

A pretensão autoral, portanto, é a aplicação do § 5º do artigo 29 da Lei n. 8.213/1991, que possui a seguinte redação, inverbis:

§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da

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renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo.

Todavia, vigora nesta Corte o entendimento de que a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade só éadmissível se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei n. 8.213/1991. Neste caso,poder-se-ia calcular o benefício de aposentadoria com a incidência do dispositivo supra.

Tal não se deu no presente caso, uma vez que não se noticia nos autos que a parte autora tenha intercalado períodoscontributivos com o recebimento de benefício decorrente de incapacidade.

Nesse contexto, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez equivale a 100% do valor do salário-de-benefício doauxílio-doença antecedente, em conformidade com o artigo 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999.

Confira-se o seguinte julgado que revela o entendimento da Seção: [...]

Também esta é a jurisprudência de ambas as turmas que compõem este órgão colegiado: [...]

Ante o exposto, com espeque no caput do art. 557 do CPC, nega-se seguimento ao recurso especial.” (Recurso Especial1.114.562/MG, Rel.: Ministro Jorge Mussi, DJ 05.06.2012 – grifos nossos)

Tal decisão, em harmonia com a orientação igualmente adotada pelo STF (RE 583.834/SC), define que o art. 29, § 5º, daLei n.º 8.213/1991 é aplicável somente nas hipóteses em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo defuturo benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igualamparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão daaposentadoria por invalidez.

Na esteira da jurisprudência das cortes superiores, resta concluir que, no caso concreto, não se revela possível o cômputodo período de gozo de auxílio-doença para efeito de cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez da parte autora, eis quesua percepção antecedeu a concessão do benefício permanente, sem intervalos de períodos contributivos.

Ante o exposto, em juízo de adequação, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, parareformar a sentença de origem e afastar a pretensão de revisão da RMI do benefício de aposentadoria por invalidez, dianteda impossibilidade de contagem do período de fruição de auxílio-doença como tempo de contribuição, porquanto nãointercalado com intervalos contributivos.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o nos termos do art. 55 da Lein.º 9.099/95.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001001-63.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LUCIANA CHARBELRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

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RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – RECURSO ESPECIAL 1.114.562/MG – ART. 29, §5º, LEI N.º 8.213/1991 – APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FORAUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO ÀJURISPRUDÊNCIA DO STJ – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURDO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

76 - 0005304-52.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005304-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x HUMBERTO LUIZ CARNEIRO (ADVOGADO: MAIKERENATE REINERT, MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005304-52.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): HUMBERTO LUIZ CARNEIRORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, pela aplicação doinciso II e § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. Em sede recursal, o ente previdenciário discute a interpretação do art. 29,§5º, para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem dotempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.

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101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º8.213/1991 e ao pagamento de seus consectários, razão pela qual a sentença recorrida merece reforma nesse tocante,mantidas inalteradas as demais conclusões (aplicabilidade da regra de fixação prevista no art. 29, inciso II, da Lei n.º8.213/1991).

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada em parte.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

77 - 0002698-51.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002698-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ELIAS ALFREDOPLASTER (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002698-51.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ELIAS ALFREDO PLASTERRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nosmoldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O(a) recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito derevisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo deauxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição e impugna o cálculo homologadopelo juízo de origem. Contrarrazões às fls. 85/92.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto o

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inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus à revisão pretendida, razão pela qual a sentença recorrida merecereforma, para desconstituir a condenação do INSS ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/1991 eao pagamento de seus consectários.

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

78 - 0004960-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004960-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x ANTONIO SERGIO CRISTOVÃODE MORAES (ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004960-71.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ANTONIO SERGIO CRISTOVÃO DE MORAESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nosmoldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O(a) recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito derevisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo deauxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Contrarrazões às fls. 78/86.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenas

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explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus à revisão pretendida, razão pela qual a sentença recorrida merecereforma, para desconstituir a condenação do INSS ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/1991 eao pagamento de seus consectários.

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

79 - 0005687-30.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005687-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x DJANIR ZUCOLOTTO (ADVOGADO:MAIKE RENATE REINERT, MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005687-30.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): DJANIR ZUCOLOTTORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, pela aplicação doinciso II e § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. Em sede recursal, o ente previdenciário discute a interpretação do art. 29,§5º, para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem dotempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Contrarrazõesàs fls. 93/97.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situações

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em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º8.213/1991 e ao pagamento de seus consectários, razão pela qual a sentença recorrida merece reforma nesse tocante,mantidas inalteradas as demais conclusões (aplicabilidade da regra de fixação prevista no art. 29, inciso II, da Lei n.º8.213/1991).

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada em parte.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

80 - 0002362-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002362-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x DELCIO EVARISTO LOPES (ADVOGADO:JULIARDI ZIVIANI, FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005682-08.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): DELCIO EVARISTO LOPESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º doart. 29 da Lei nº 8.213/1991. O(a) recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensalinicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercaladocom períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Sem contrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de

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tempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus à revisão pretendida, razão pela qual a sentença recorrida merecereforma, para desconstituir a condenação do INSS ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/1991 eao pagamento de seus consectários.

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

81 - 0005624-05.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005624-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x JOSE QUIRINO SOUZA NETO (ADVOGADO:ADRIANA ALVES DA COSTA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005624-05.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE QUIRINO SOUZA NETORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RMI – ART. 29, § 5º, LEI N.º 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA FOR AUFERIDO DE FORMAINTERCALADA COM PERÍODOS CONTRIBUTIVOS – RE 583.834/SC – REVISÃO INDEVIDA – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nosmoldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O(a) recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito derevisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo deauxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Contrarrazões às fls. 201/206.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 autoriza a contagem do período de gozo deauxílio-doença como tempo de serviço apenas quando intercalado com intervalos contributivos. Por conseguinte, o períodode fruição do auxílio-doença que antecede a conversão em aposentadoria por invalidez, se não pode ser aproveitado comotempo de serviço, também não gera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo dosalário-de-benefício da aposentadoria. Eis a ementa do julgado:

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CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.

�5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento. (RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012 RT v.101, n. 919, 2012, p. 700-709)

4. Isto posto, resta concluir que a parte autora não faz jus à revisão pretendida, razão pela qual a sentença recorrida merecereforma, para desconstituir a condenação do INSS ao recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/1991 eao pagamento de seus consectários.

5. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

82 - 0004024-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004024-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x LAIR JURACY DALMASO.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004024-75.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LAIR JURACY DALMASORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. LIMITES. NOVOS TETOS INSTITUÍDOSPELAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.º 20/98 E N.º 41/03. APLICABILIDADE. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 564.354/SE). RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente o pleitode aplicação do novo critério limitador do valor dos benefícios do RGPS instituído pela Emenda Constitucional n.º 41/03 (art.5º) sobre a renda mensal do benefício previdenciário da parte. Em razões de recurso, a autarquia federal sustenta, embreve síntese, que inexiste direito subjetivo do segurado a renda mensal superior ao limite máximo dosalário-de-contribuição e que a aplicação do novo teto ensejaria ofensa a direito adquirido e a ato jurídico perfeito e violaçãoao art. 5º da EC n.º41/03, além de representar majoração de benefício sem a correspondente fonte de custeio. Semcontrarrazões.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º 9.099/95).

Insta registrar que o Supremo Tribunal Federal apreciou a matéria objeto dos autos em sessão plenária e pacificou oentendimento da Corte pela aplicabilidade dos novos limites estabelecidos pela EC’s n.º 20/98 e n.º 41/03 aos benefíciosprevidenciários concedidos anteriormente ao advento das alterações constitucionais. Reproduz-se, a seguir, o teor doreferido julgado:

DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOS

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BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DAALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICOPERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA AOPRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Hápelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição daRepública demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício do controle deconstitucionalidade das normas, pois não se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antesentendê-la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção ao ato jurídico perfeito contralei superveniente, pois a solução de controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas emconflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou ausência da retroatividade constitucionalmentevedada. 2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art.5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdênciaestabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional. 3. Negadoprovimento ao recurso extraordinário.RE 564.354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010, DJE 15/02/2011 – grifos nossos

Com o julgamento acima referenciado, a Corte Suprema afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superouqualquer questionamento acerca da constitucionalidade da aplicação imediata dos novos tetos limitadores aos benefíciosprevidenciários concedidos em momento anterior à edição das emendas constitucionais, pelo que não se reconhecequalquer violação aos dispositivos constitucionais suscitados na peça de recurso.

Recurso conhecido e improvido, mantendo-se a condenação da autarquia federal à aplicação do novo teto à renda mensaldo benefício previdenciário da parte recorrida e ao pagamento das diferenças decorrentes desta medida (não se discute,nestes autos, outras questões revisionais), observada a prescrição qüinqüenal.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei n.º 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

83 - 0006818-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006818-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x CLEVERSONWILLIAN ALVARINO (ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0006818-40.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): CLEVERSON WILLIAN ALVARINORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 242/2005.CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. NORMA AFASTADA. REVISÃO DEVIDA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido inicial de revisãoda renda mensal do benefício previdenciário de auxílio-doença e determinou sua fixação com base na média aritmética dos80% maiores salários-de-contribuição. Em sede de recurso, a autarquia previdenciária apenas defende a aplicabilidade daMedida Provisória n.º 242/2005 ao caso sob apreço, razão pela qual o cálculo de fixação deveria observar os 36 últimossalários-de-contribuição. Contrarrazões às fls. 61/67.

A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n.º 9.099/95).

O auxílio-doença que o autor percebe foi concedido no período da vigência da Medida Provisória n. 242, de 24/03/2005, quealterou dispositivos da Lei nº. 8.213/91. Publicada em 24/03/2005, prorrogada por 60 dias, permaneceu em vigência até25/07/2005. Embora rejeitada pelo Senado Federal, as relações jurídicas perpetradas na sua vigência ainda não foram

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regulamentadas na forma prevista no § 3º do art. 62 da Constituição Federal. Daí que as relações constituídas durante avigência da inquinada MP deveriam permanecer por ela regidas, consoante prevê o § 11º do mesmo dispositivo. Isso nãoimpede, evidentemente, que os jurisdicionados que considerem a Medida Provisória inconstitucional recorram ao PoderJudiciário para furtar-se aos seus efeitos.

Não deve prevalecer a regra de cálculo estabelecida na MP n.º 242/2005, porquanto referida norma foi editada paradisciplinar matéria (alteração de critério de cálculo de fixação de benefício previdenciário) que não assumia contornos derelevância e urgência típicos dessa espécie normativa, conforme apregoa o art. 62 da Constituição Federal. Logo,configurado vício formal de inconstitucionalidade e caracterizado o grave prejuízo advindo aos segurados que tiverambenefícios concedidos no breve lapso de vigência dessa norma, impõe-se reconhecer, incidentalmente, ainconstitucionalidade da medida provisória e, por conseqüência, afastar sua aplicação ao caso concreto levado àapreciação deste juízo.

Nesse sentido, há precedentes da Turma Nacional de Uniformização, senão vejamos:PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. REVISÃO DA RMI. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 242/05. REVOGAÇÃO.INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A MP 242/05, através da inclusão do §10 no artigo 29 da Lei nº 8.213, determinava que arenda mensal do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, calculada de acordo com o inciso III do mesmo artigo, nãopoderia exceder a remuneração do trabalhador, considerada em seu valor mensal, ou seu último salário de contribuição, nocaso de remuneração variável, violando, desta forma, diversos preceitos constitucionais, especialmente o §11 do artigo 201da Carta Magna 2. É devida a revisão do benefício de auxílio-doença titulado pelo requerido, pela sistemática anterior àMedida Provisória nº 242/2005, tendo em vista a inconstitucionalidade da medida. 3. Pedido de Uniformização não provido.(PEDIDO 200670590023231, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, DOU 27/04/2012.)

EMENTA PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – MP 242/05 – REJEIÇÃO PELO SENADO FEDERAL NACIONAL -NÃO APROVAÇÃO DO PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO 403/2005 – IRRELEVÂNCIA - LIMINARES DO STF NASADIs 3.467, 3.473, 3.505 – PERDA DA EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA 242/05 NO PERÍODO PORINCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL E FORMAL – MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 13 PFEINSS/DIRBEN -VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA – RECÁLCULO DA RMI DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS NO PERÍODO DE28/03/2005 a 20/07/2005 - INCIDENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO Os benefícios concedidos no período de28/03/2005 a 20/07/2005 devem ser calculados nos termos da Lei 8.213/91 em sua redação anterior a Medida Provisória242/2005.(PEDIDO 200770660005230, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVSKY, DOU 04/05/2012.)

Afastada a regra de cálculo estabelecida na MP, resta concluir pela aplicabilidade do critério fixado no art. 29, II, da Lei n.º8.213/91 e, consequentemente, pela imperiosidade da revisão do benefício concedido à parte, com o pagamento dasparcelas vencidas não atingidas pela prescrição.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) do valor da condenação, conforme prescrição do art. 55 da Lei n.º9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

84 - 0004760-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004760-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILSON CELESTINO(ADVOGADO: ORIAS BORGES LEAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004760-64.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: GILSON CELESTINORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - REVISÃO DA APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR TEMPO DESERVIÇO - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 - REGRAS DE TRANSIÇÃO - IDADE MÍNIMA NÃO IMPLEMENTADA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

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1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 78 que julgouimprocedente o pedido de revisão da renda mensal inicial de aposentadoria, mediante averbação de tempo especial. Emrazões de recurso, argumenta o recorrente que, pelo princípio da isonomia, o mesmo tratamento dado ao tempo anterior à16/12/1998, deveria ser dado ao tempo posterior (17/12/1998 a 27/04/2000), eis que não houve a interrupção da prestaçãodos serviços, sendo este contínuo. Por fim, requer que seja considerado todo o tempo trabalhado. Contrarrazões às fls.88/89.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º 9.099/95).

3. O segurado com tempo suficiente à concessão da aposentadoria proporcional (30 anos, se homem, 25 anos, se mulher)na data da Emenda nº 20/1998 tem as seguintes opções: ou continua trabalhando até atingir os 35 anos de tempo decontribuição, se homem, ou 30 anos de tempo de contribuição, se mulher, aposentando-se com proventos integrais,independente de idade mínima ou “pedágio”; ou poderá, a qualquer tempo, pleitear a aposentaria com proventosproporcionais, mas com valores calculados até a EC nº 20/98, sem computar tempo posterior; ou, ainda, desde queobedecidas às regras de transição, estabelecidas no art. 9º, § 1º, da EC nº 20/98, poderá aposentar-se com proventosproporcionais, computando-se tempo posterior.

4. No caso dos autos, a parte autora se aposentou, com proventos proporcionais, em 27/04/2000 (fl.10), com base no art. 3ºda EC 20/98. Assim, o INSS, ao conceder a aposentadoria, considerou apenas o tempo de contribuição aferido até16/12/1998, sem considerar o tempo de serviço posterior à publicação da referida Emenda Constitucional. O autor, porém,requer que seja revisada a RMI de sua aposentadoria, mediante a averbação do tempo de atividade especial referente aoperíodo de 17/12/1998 a 27/04/2000, convertendo-o em tempo comum com aplicação do coeficiente de 1,4.

5. Vale ressaltar, que após a Emenda 20/98, a aposentadoria proporcional foi extinta, não sendo razoável, portanto,computar-se tempo posterior a ela para fins de aposentadoria proporcional, já que não mais vigente a legislação que adisciplinava. Contudo, a Emenda Constitucional nº 20 previu regras de transição no §1º do seu art. 9º, que devem seraplicadas, pois destinadas a preservar a expectativa de direitos em razão das modificações por ela introduzidas. Nessesentido, segue entendimento jurisprudencial do Superior Tribuna de Federal:

INSS. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 3º DA EC 20/98. CONTAGEM DETEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 16.12.1998. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO CALCULADO EM CONFORMIDADECOM NORMAS VIGENTES ANTES DO ADVENTO DA REFERIDA EMENDA. INADMISSIBILIDADE. RE IMPROVIDO.3º20I- Embora tenha o recorrente direito adquirido à aposentadoria, nos termos do art. 3º da EC 20/98, não pode computartempo de serviço posterior a ela, valendo-se das regras vigentes antes de sua edição. II - Inexiste direito adquirido adeterminado regime jurídico, razão pela qual não é lícito ao segurado conjugar as vantagens do novo sistema com aquelasaplicáveis ao anterior. III - A superposição de vantagens caracteriza sistema híbrido, incompatível com a sistemática decálculo dos benefícios previdenciários.IV - Recurso extraordinário improvido." 2. In casu, o acórdão originariamenterecorrido assentou: "APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. EC Nº 20, DE 1998. TEMPO DE SERVIÇOPOSTERIOR A 16-12-1998. Inviável a utilização de tempo de serviço posterior a 16-12-1998 e a aplicação do regramentoanterior à EC nº 20/98, sem as alterações por ela estabelecidas." 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (671628PR , Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 24/04/2012, Primeira Turma - STF, Data de Publicação: ACÓRDÃOELETRÔNICO DJe-095 DIVULG 15-05-2012 PUBLIC 16-05-2012, grifo nosso)

6. Nesse diapasão, entendo não assistir razão a parte autora, uma vez que o tempo de serviço posterior à aposentadoria sópoderia ser averbado caso o benefício fosse concedido com base nas novas regras prescritas na EC nº 20/98. Ademais, apossibilidade de o segurado com direito adquirido computar tempo posterior à Emenda 20, só é possível se o mesmopossuir 53 anos de idade, na data do requerimento do benefício, conforme dispõe as regras de transição previstas pela EC20/98 no §1º do seu art.9º. Inviável, portanto, no presente caso, o cômputo do tempo de serviço posterior à Emenda, pois orecorrente, na data do requerimento do benefício (27/04/2000), contava com 41 anos de idade, já que nascido em01/04/1959 (fl.55), não preenchendo, assim, o requisito etário (53 anos).

7. Não obstante, ainda que a atividade referente ao período de 14/12/1988 a 27/04/2000 fosse reconhecida como especial econvertida em comum, o autor não teria completado 35 anos de contribuição para efeito de concessão de aposentadoriacom proventos integrais.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerando-se a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária oradeferida, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

85 - 0008051-04.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008051-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DIRLEI MARQUES(ADVOGADO: RAMON CARVALHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGOCOSTA BOLZANI.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0008051-04.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MARIA DIRLEI MARQUESEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO.LIMITES. NOVOS TETOS INSTITUÍDOS PELAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.º 20/98 E N.º 41/03.SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO NÃO LIMITADO AO TETO DO RGPS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 54/55, porintermédio dos quais se aponta suposta omissão no julgado. Argumenta a embargante que no acórdão não foi declinado oreal e principal motivo pelo qual não possui direito aos reflexos nos benefícios concedidos antes do advento das EC’s 20/98e 41/2003.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

Com efeito, o “real motivo” da improcedência da pretensão da autora restou devidamente consignado no acórdãoembargado. Trata-se do fato de o benefício da autora não ter sido limitado ao teto quando da sua concessão. Ora, não podepretender a aplicação dos novos tetos se, quando da concessão do benefício, não houve limitação. A decisão embargadafoi clara nesse sentido, senão vejamos:

Em análise da carta de concessão anexada às fls. 10/11, é possível verificar que, no momento da concessão, osalário-de-benefício da parte não sofreu limitação pelo teto do RGPS então vigente. Logo, a elevação desse limitadorengendrada pelas emendas constitucionais que se seguiram não gera qualquer reflexo sobre a renda mensal da parte,hipótese que somente se aperfeiçoa nos casos de benefícios previdenciários cujo salário-de-benefício tenha ficado limitadopelo teto vigente na data de concessão.

Nesses termos, conclui-se que a embargante almeja, tão somente, a reforma do decisum, atacando meritoriamente osfundamentos do acórdão embargado.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

86 - 0008052-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008052-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE GERALDO SOARES(ADVOGADO: RAMON CARVALHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0008052-86.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: JOSÉ GERALDO SOARESEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO.

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LIMITES. NOVOS TETOS INSTITUÍDOS PELAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.º 20/98 E N.º 41/03.SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO NÃO LIMITADO AO TETO DO RGPS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 83/84, porintermédio dos quais se aponta suposta omissão no julgado. Argumenta a embargante que no acórdão não foi declinado oreal e principal motivo pelo qual não possui direito aos reflexos nos benefícios concedidos antes do advento das EC’s 20/98e 41/2003.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

Com efeito, o “real motivo” da improcedência da pretensão da autora restou devidamente consignado no acórdãoembargado. Trata-se do fato de o benefício da autora não ter sido limitado ao teto quando da sua concessão. Ora, não podepretender a aplicação dos novos tetos se, quando da concessão do benefício, não houve limitação. A decisão embargadafoi clara nesse sentido, senão vejamos:

Em análise da carta de concessão anexada às fls. 10/11, é possível verificar que, no momento da concessão, osalário-de-benefício da parte não sofreu limitação pelo teto do RGPS então vigente. Logo, a elevação desse limitadorengendrada pelas emendas constitucionais que se seguiram não gera qualquer reflexo sobre a renda mensal da parte,hipótese que somente se aperfeiçoa nos casos de benefícios previdenciários cujo salário-de-benefício tenha ficado limitadopelo teto vigente na data de concessão.

Nesses termos, conclui-se que a embargante almeja, tão somente, a reforma do decisum, atacando meritoriamente osfundamentos do acórdão embargado.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

87 - 0002646-84.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002646-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA GUIMARAESFERRAZ (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002646-84.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: ANGELA MARIA GUIMARÃES FERRAZEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 82/83, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro

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(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

88 - 0004416-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004416-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HEDJAZ GIURIZATTO FILHO(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004416-15.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: HEDJAZ GIURIZATTO FILHOEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 95/96, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

89 - 0003769-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003769-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA BRIDE(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003769-20.2011.4.02.5050/01

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EMBARGANTE: ANGELA MARIA BRIDEEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 76/77, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

90 - 0002645-02.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002645-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUVERCINO PAULINO DASILVA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002645-02.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: JUVERCINO PAULINO DA SILVAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 91/92, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

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O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91 - 0002640-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002640-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GLORIA MARIA ALVESFREIRE (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002640-77.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: GLORIA MARIA ALVES FREIREEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 74/75, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

92 - 0002639-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002639-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA SIMÕESDE SOUZA (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002639-92.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MARIA DA PENHA SIMÕES DE SOUZAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 87/88, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

93 - 0000168-94.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000168-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILDA ANGÉLICA AZEREDO(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000168-94.2011.4.02.5053/01EMBARGANTE: ZILDA ANGÉLICA AZEREDOEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 86/87, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No

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caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

94 - 0004819-52.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004819-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA CELIA SANTOSJUNGER (ADVOGADO: MAIKE RENATE REINERT, MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004819-52.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: LUZIA CELIA SANTOS JUNGERRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 79/83, que julgou ofeito extinto, com resolução do mérito, ao acolher a prescrição da pretensão autoral. Em suas razões, o(a) recorrentesustenta inocorrência da prescrição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito tributário.Contrarrazões às fls.98/106.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTNArt. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.

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(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 06/05/1997 (fl. 24 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 21/07/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários de advogado, cujo valor,considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbitro em R$ 200,00 (duzentosreais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 21, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais,nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

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Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

95 - 0004817-82.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004817-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x HELMAR POTRATZ (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004817-82.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: HELMAR POTRATZRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃOFEDERAL CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 62/67, que julgou procedente opedido autoral, no que concerne à restituição dos valores cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,declarando a inexigibilidade da relação jurídico-tributária entre este e a ré no que se refere à incidência do imposto de rendasobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram tributadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a restituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto derenda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corresponder às parcelas de contribuiçõesefetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, o recorrente alega, a nulidade dasentença de origem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (art. 460 do CPC), a ausência de documentosimprescindíveis à propositura da ação, a prescrição da pretensão autoral, a inocorrência de bis in idem tributário,postulando, por fim, a reforma da r. sentença, para que os pedidos sejam julgados improcedentes. Contrarrazões às fls.84/93.

Preliminarmente, não se reconhece alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 do Código de ProcessoCivil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento. Destafeita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida tão somente, declarou ainexigibilidade do IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria na proporção correspondente àscontribuições vertidas pelo participante do plano de previdência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89,consoante pedido de restituição formalizado na peça vestibular. Nulidade que não se reconhece.

Não há que se falar em ausência de documentos, porquanto existem nos autos peças hábeis a comprovar os recolhimentosefetuados a favor de entidade de previdência privada, conforme destacou o Juízo a quo (documentos de fls. 18/19).

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 18/07/2007 (fl. 19), enquanto a presente ação foi ajuizada em julho de 2009 (fl. 20), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C. SuperiorTribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou nosentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

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Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fl. 19) e aposentadoria em18/07/2007 (fl. 19), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser restituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendoa apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora no períodocompreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índicesconstantes do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

A União Federal deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (sessenta) dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada nesta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor. Ressalte-se que as diligências indicadas apartir do tópico 12 não importam em manifestação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista setratarem de questões administrativas, as quais visam a facilitar o trâmite processual após o julgamento, o qual foi no sentidoda sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informadores dosJuizados Especiais.

Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que dizrespeito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

96 - 0007360-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007360-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ODYCEA MARGARIDAANGELI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUETEIXEIRA DE OLIVEIRA, DÉBORA GOULART OURIQUE.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007360-58.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: ODYCEA MARGARIDA ANGELIRECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 27/32, que julgou ofeito extinto, com resolução do mérito, ao acolher a prescrição da pretensão autoral. Em suas razões, o(a) recorrentesustenta inocorrência da prescrição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito tributário.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição

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ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 17/02/1998 (fl. 18 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 18/12/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários de advogado, cujo valor,considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbitro em R$ 200,00 (duzentosreais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária em sentença, suspendo a exigibilidade de tais verbassucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTROJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

97 - 0000804-28.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000804-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DALTON SANTOS MORAIS.) x JUIZ FEDERAL DE COLATINA x MARIA DOCARMO (ADVOGADO: CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA.).MANDADO DE SEGURANÇA: 0000804-28.2009.4.02.5054/01IMPETRANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

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IMPETRADO: JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE COLATINA/ESLITISCONSORTE PASSIVO: MARIA DO CARMORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSUAL CIVIL. ATO JUDICIAL. INADMISSIBILIDADE DE RECURSO INOMINADO.ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA RECORRIDA. INDEFERIMENTO DE PROPOSTA DE ACORDOFORMULADA AO FINAL DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. INOCORRÊNCIA DE PREJUÍZO ÀS PARTES LITIGANTES.PRIMAZIA DA EFETIVIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. ILEGALIDADENÃO RECONHECIDA. SEGURANÇA DENEGADA. DECISÃO MANTIDA.1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face de decisãoproferida pelo Juízo Federal do Juizado Especial Federal de Colatina/ES nos autos da Ação n.º 0000804-28.2009.4.02.5054(cópia à fl. 27), que negou seguimento ao recurso inominado manejado pela autarquia previdenciária, por falta de interesseprocessual. Em breve síntese, o ente impetrante alega que não compete ao juízo a quo o exame sobre a admissibilidade dainiciativa recursal, sendo certo que a conduta da autoridade impetrada deixou a autarquia “sem mecanismos para a subidade seu recurso inominado a este órgão colegiado”. Por fim, reitera a suposta ilegalidade da sentença desafiada pelo recursoinadmitido e postula a declaração da nulidade absoluta da decisão atacada.2. O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeasdata, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica noexercício de atribuições do Poder Público. Sua previsão encontra abrigo no art. 5º, LXIX, da Constituição de 1988,inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias individuais de índole processual (remédios heróicos) destinados ao combatede abuso de poder derivado da atuação dos representantes da administração pública em sentido amplo, entre os quais seinclui o juiz.3. No exercício da função jurisdicional, o magistrado exerce parcela do poder do Estado e, nessa função, deve respeito,sobretudo, ao princípio da legalidade. Contudo, no desempenho de sua peculiar atividade, o juiz não pode afastar-se dainterpretação da norma legal, estabelecendo as premissas para sua aplicação, extensão, alcance e efeitos, em busca dasolução justa aplicável ao caso concreto.4. No caso sob apreço, a decisão impugnada – negativa de seguimento ao recurso inominado aviado pelo INSS – nãopadece de vício de ilegalidade. Ao contrário, o ato judicial questionado, na visão deste relator, aplicou a melhor orientaçãoao caso concreto, negando seguimento à medida processual destituída de qualquer utilidade prática.5. Nesse diapasão, afasta-se, de início, a alegação de que o exame de admissibilidade recursal restringe-se ao juízo adquem no âmbito dos juizados especiais, eis que, na ausência de previsão contrária no regramento próprio deste subsistemaprocessual, aplicam-se, subsidiariamente, as prescrições da lei geral norteadora do direito processual civil brasileiro (CPC),que prevê o duplo juízo de admissibilidade dos recursos (art. 518).6. Ultrapassada esta questão, verifico que o recurso manejado pelo INSS realmente não ostenta o requisito extrínseco dointeresse processual, eis que a autarquia busca assegurar a possibilidade de formulação de proposta de acordo a qualquertempo do processo – em especial, ao final da audiência de instrução e julgamento –, quando, em verdade, tal medidapoderia renovar-se logo após a sentença que é objeto de impugnação no apelo do ente previdenciário.7. Neste ponto, quadra registrar que a disciplina processual alberga a possibilidade de transação a qualquer tempo duranteo curso da relação processual, até mesmo na fase de execução de provimento condenatório. Nesse fluxo de interpretação,a negativa em homologar proposta conciliatória formalizada quando o processo já estava em fase de prolação de sentença,se não atende ao primado da busca primeira pela transação judicial, igualmente não origina qualquer vício na estrutura darelação processual hábil a ensejar sua nulidade, já que, se insatisfeitas com a subsistência do litígio, as partes poderiam,em seguida, promover a conciliação em juízo.8. Com isto quer-se dizer que, se de um lado, a ausência de limitação temporal para a formalização de acordo judicial entreas partes é invocada como fundamento para a pretensão de nulidade do processo, este mesmo argumento é suficiente aescorar a ausência de vício do ato decisório que rechaçou a proposta da autarquia, simplesmente porque a mesmainiciativa poderia renovar-se a qualquer momento, inclusive imediatamente após a conclusão do julgamento em primeirograu de jurisdição ou, até mesmo, em grau recursal.9. Ora, promover a declaração de nulidade da sentença e determinar a baixa dos autos ao juízo de origem para novojulgamento apenas para permitir que o INSS lance proposta de acordo antes de sua prolação atenta contra os princípiosmais basilares do rito informal próprio desta jurisdição especializada e significa, no entender deste magistrado, fazer uso daletra da lei para, justamente, nulificar o seu espírito, em postura absolutamente incongruente com o escopo maior destaJustiça: a prestação efetiva e célere da tutela jurisdicional.10. Por conclusão, tem-se que a postura do magistrado, no caso concreto, não tem o condão de ocasionar, nem mesmopotencialmente, qualquer prejuízo às partes litigantes, circunstância que, aliada aos princípios da efetividade da prestaçãojurisdicional e da duração razoável do processo, conduz à convalidação do feito e ao aproveitamento dos atos processuaispraticados após a decisão questionada, notadamente da sentença ora impugnada, nos termos do art. 249, §1º, do Códigode Processo Civil.11. Por todo o exposto, reputo que a iniciativa recursal do INSS realmente carece interesse (utilidade-necessidade), já quenova proposta de acordo poderia ser formulada a qualquer tempo, inclusive logo após a prolação da sentença impugnadavia recurso inominado. Assentada essa premissa, resta concluir que o ato judicial questionado nesta ação mandamental –negativa de seguimento do recurso inominado – não padece de vício de ilegalidade, o que conduz à denegação dasegurança pleiteada neste writ.12. Segurança denegada.13. Sem condenação em custas e em honorários advocatícios.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DENEGAR A SEGURANÇA, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

98 - 0000190-55.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000190-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELO MATEDI ALVES EOUTROS x JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE LINHARES x UNIÃO FEDERAL.MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0000190-55.2011.4.02.5053/01IMPETRANTES: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA E MATEDI & VINHA ADVOGADOSASSOCIADOSIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE LINHARESLISTISCONSORTE PASSIVO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de mandado de segurança impetrado por Marcelo Matedi Alves, Leonardo Pizzol Vinha e Matedi & VinhaAdvogados Associados em face de decisão tido por coatora praticado pelo Juíz Federal da 1ª Vara Federal de Linhares, Dr.Pablo Coelho Charles Gomes, que, nos autos da ação originária (Processo n.º 0000190-55.2011.4.02.5053), indeferiu opedido de reserva de honorários contratuais da quantia a ser recebida pela autora daquela ação por meio de Requisição dePequeno Valor.

Em sua decisão, a autoridade impetrada considerou inconstitucional a reserva de honorários prevista no § 4º do art. 22 daLei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB), por entender que tal dispositivo configuraria nítida medida executiva de um contratoparticular, celebrado entre advogado e uma das partes da ação, contrato este distinto do objeto da ação, o querepresentaria expropriação sem prévio processo, em afronta ao disposto no artigo 5º, LIV da Constituição.

Em face dessa decisão, insurgem-se os impetrantes por meio do presente mandado de segurança, no qual requerem,liminarmente, o destacamento da verba honorária, na proporção de 5% (cinco por cento) do valor a ser pago à parte autoraquando da expedição do respectivo requisitório, confirmando-se em sede definitiva o provimento liminar.

Sustentam os impetrantes a possibilidade de destacamento da verba honorária com fundamento do art. 22 do Estatuto daOAB, bem como na Resolução nº 122/10 do Conselho da Justiça Federal, destacando-se tratar-se de direito subjetivo docausídico desde que haja a juntada do contrato particular em momento anterior à expedição do requisitório, o que deve serobservado pelo juiz da execução. Ademais, defendem a legalidade e a constitucionalidade dos referidos dispositivos legaise normativos, não havendo que se falar em violação ao art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Por fim, levantam a tesede que o juiz não poderia decretar de ofício a inconstitucionalidade de dispositivo legal.

À fl. 111, consta decisão que postergou a análise do pleito liminar.

Notificada, a autoridade coatora prestou informações às fls. 113/115.

À fl. 120, o Ministério Público Federal manifestou-se pela desnecessidade de sua presença no feito.

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeasdata, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica noexercício de atribuições do Poder Público.

Sua previsão se encontra no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantiasindividuais de índole processual destinados a serem manejados contra abuso de poder derivado da atuação dosrepresentantes da administração pública em sentido amplo, entre os quais se inclui o juiz.

Dito isto, passo à análise do mérito do writ.

Cinge-se o presente mandamus em discutir se é legítimo o destacamento dos honorários contratuais do valor a serrecebido pela parte autora mediante requisição de pagamento.

Conforme relatado, a autoridade tida por coatora indeferiu o pedido dos ora impetrantes sob o fundamento de o § 4º do art.22 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB) seria inconstitucional, por configurar nítida medida executiva de um contrato

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particular, celebrado entre advogado e uma das partes da ação, distinto do objeto da ação, sem a observância do devidoprocesso legal, o que afrontaria o disposto no artigo 5º, LIV da Constituição.

No entanto, pedindo vênias ao douto Juiz Federal prolator da referida decisão, Dr. Pablo Coelho Charles Gomes, ousodiscordar de seu posicionamento.

Antes de expor as premissas em que se fundam as minhas conclusões, a título de contextualização, trago à baila osdispositivos legais e normativos aplicáveis à espécie, quais sejam o art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94, ressaltando-se que aResolução nº 122/2010 do Conselho da Justiça Federal, invocada pelos impetrantes, foi substituída pela Resolução nº168/2011. Vejamos:

Lei nº 8.906/94:

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aosfixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ouprecatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida peloconstituinte, salvo se este provar que já os pagou.

Resolução nº 168/11, CJF:

Art. 22. Caso o advogado pretenda destacar do montante da condenação o que lhe couber por força de honorárioscontratuais, na forma disciplinada pelo art. 22, § 4º, da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994, deverá juntar aos autos orespectivo contrato antes da elaboração do requisitório.

No caso dos autos, os impetrantes juntaram o contrato particular de honorários à fl. 47 dos autos originários, no qual acontratante obrigou-se ao pagamento do percentual de 5% (cinco por cento) do proveito econômico haurido com oprocesso, a título de honorários advocatícios.

Preliminarmente, ressalto que reputo a referida quantia coerente e proporcional, não havendo que se falar emenriquecimento sem causa ou qualquer outro tipo de locupletamento.

Sobre a matéria, o Superior Tribunal de Justiça, desde longe, se manifesta pela possibilidade do destacamento da verbahonorária do valor a ser recebido pela parte exitosa na demanda, senão vejamos da seguinte ementa:

Processual Civil e Civil. Recurso Especial. Contrato de honorários advocatícios. Levantamento da verba. Pedido nos autos.Possibilidade.- O advogado pode requerer ao juiz, nos autos da causa em que atue, o pagamento, diretamente a ele, dos honorárioscontratados, descontados da quantia a ser recebida pelo cliente, desde que apresente o respectivo contrato.- As questões que digam respeito à validade e eficácia do contratodevem ser dirimidas nos próprios autos em que requerido o pagamento.- Recurso especial provido.(REsp nº 403.723/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrigui, j. em 03/09/2002)

Em seu voto condutor no referido aresto, a Min. Nancy Andrigui fez referencia a outros julgados da Colenda Corte,destacando-se o seguinte trecho, extraído do REsp n. 114.365/SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, in verbis:

"Infere-se facilmente de sua simples leitura que outra não foi a intenção do legislador em assegurar ao advogado apercepção imediata dos seus honorários visto que a experiência forense demonstra ser comum o causídico sofrer a falta dereconhecimento de seus constituintes que tão atenciosos são quando da contratação dos serviços e no curso da lide, masque nem sempre reconhecem o trabalho profissional desenvolvido, a confirmar a velha e triste regra da precária condiçãohumana de que o dia do benefício é a véspera da ingratidão.

(...)

No caso, há contrato nos autos levado pelo advogado recorrente e não há prova, pois disso sequer se cogita, de quequalquer pagamento lhe tenha sido efetuado.

Nem se cuida, também, daquela outra condição prevista no § 5º de referido art. 22, que também excepciona o pagamentonos próprios autos, quando estabelece:

§ 5º - O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado por advogado para defesa em processooriundo de ato ou omissão praticada no exercício da profissão.

Com efeito, a hipótese se subsume na regra contida no mencionado § 4º. Se questão houver a ser resolvida, que logo sejano curso do processo, sem necessidade do ajuizamento de nova ação.

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O comando é impositivo. Evidente que em não sendo devidos, os honorários não serão pagos. De uma forma ou de outra,o fato é que se deve decidir logo."

Assim, em que pese não merecer respaldo a tese dos impetrantes no sentido de que o juiz, exercendo o controle incidentalde constitucionalidade, não pode declarar de ofício a inconstitucionalidade de dispositivo legal, não há que se falar, in casu,em inconstitucionalidade do § 4º do art. 22 do Estatuto da OAB.

A meu ver, trata-se, em verdade, de procedimento que visa evitar que o representado, após o êxito judicial, se furte de suasobrigações, deixando o advogado à míngua de recursos de natureza alimentar, a não ser que intente nova ação objetivandoreceber o que lhe é devido. Nesse ínterim, vê-se também que se cuida de mecanismo que visa evitar o ajuizamento dedemandas desnecessárias, o que privilegia princípios constitucionais dos mais destacados, como o da celeridade e daeficiência.

Não reputo, portanto, a configuração de expropriação sem o devido processo legal, a ensejar o vício deinconstitucionalidade, mas de providência prevista em lei que visa, nada mais, nada menos, que dar efetividade ao princípiodo pacta sunt servanda.

No mesmo sentido, se manifestam diversos tribunais pátrios:

AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO PELO RITO ORDINÁRIO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS - RESERVA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS - APLICAÇÃO DALEI N. 8.906/94, ART. 22, § 4º - NATUREZA DE CRÉDITO ALIMENTAR - POSSIBILIDADE. 1. Sob a égide da Lei n.8.906/94, os honorários advocatícios têm natureza de crédito alimentar, seja quando sucumbenciais, seja quandocontratuais, de forma que são equiparados aos créditos de natureza trabalhista para fins de preferência de satisfação. 2.Consoante o disposto no art. 22, § 4º da Lei n. 8.906/94, "se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honoráriosantes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente,por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou". 3. Cabível a reserva de valorrelativo aos honorários advocatícios do montante da condenação na demanda originária. 4. Precedentes jurisprudenciais. 5.Agravo legal a que se nega provimento.(AI 00226056620104030000, DESEMBARGADORA FEDERAL CECILIA MARCONDES, TRF3 - TERCEIRA TURMA,e-DJF3 Judicial 1, DATA: 23/03/2012)

AGRAVO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA AUTÔNOMA DO ADVOGADO.RESERVA DE HONORÁRIOS CONTRATUAIS. CESSÃO DE CRÉDITOS. SOCIEDADE DE ADVOGADOS.POSSIBILIDADE. 1. Os honorários contratuais são aqueles pactuados entre a parte e seu procurador, geralmente emcontrato específico para tal fim, e se destinam a remunerar o trabalho do advogado, independentemente dos honoráriossucumbenciais que venham a ser arbitrados pelo julgador. 2. Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato dehonorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagosindependentemente de nova ação, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já ospagou. 3. No caso de sociedade de advogados, a verba honorária pode ser diretamente paga a ela, mediante reserva,quando da requisição de pagamento do crédito do mandante, nas hipóteses de referência da sociedade na procuração oude cessão de crédito em seu favor pelos causídicos mandatários.(AG 00035024620104040000, CELSO KIPPER, TRF4 - SEXTA TURMA, D.E. 06/05/2010.)

Ante o exposto, voto no sentido de CONCEDER A SEGURANÇA, para, afastando a inconstitucionalidade do § 4º do art. 22da Lei nº 8.906/94, determinar que a autoridade impetrada destaque a verba honorária estipulada contratualmente do valora ser pago à parte autora mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV) nos autos do processo originário nº0000190-55.2011.4.02.5053.

Sem condenação em custas processuais e em honorários advocatícios.

É como voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0000190-55.2011.4.02.5053/01IMPETRANTES: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA E MATEDI & VINHA ADVOGADOSASSOCIADOSIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE LINHARESLISTISCONSORTE PASSIVO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA – EXECUÇÃO DE SENTENÇA – HONORÁRIOS FIXADOS EM CONTRATO PARTICULAR

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– DESTACAMENTO DO VALOR A SER RECEBIDO MEDIANTE REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR – POSSIBILIDADE,DESDE QUE O ADVOGADO JUNTE AOS AUTOS O CONTRATO PARTICULAR ANTES DA EXPEDIÇÃO DAREQUISIÇÃO DE PAGAMENTO – ART. 22, § 4º, DA LEI 8.906/93 – RESOLUÇÃO Nº 168/2011 DO CONSELHO DAJUSTIÇA FEDERAL – INCONSTITUCIONALIDADE NÃO RECONHECIDA – SEGURANÇA CONCEDIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, quepassa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

99 - 0007595-59.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007595-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUCIR JOSE CHIABAI(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x UNIÃO FEDERAL.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0007595-59.2008.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO(A): NEUCIR JOSE CHIABAIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO JUDICIAL. TRÂNSITO EMJULGADO. CABIMENTO NO CASO CONCRETO. HIPÓTESE SUI GENERIS. MATÉRIA EXPRESSAMENTE APRECIADANO ACÓRDÃO EMBARGADO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela União Federal em face do acórdão proferido pela Turma Recursal àsfls. 50/54, em que se alega suposta omissão do julgado no tocante à temática do (não) cabimento do mandado desegurança em face de decisão judicial com trânsito em julgado e se postula o prequestionamento de matéria constitucional(art. 5º, LIV da CF) e legal (art. 5º, III da Lei n.º 12.016/2009) e de jurisprudência do STF (Súmula 343).

II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. Destarte, muito embora o ordenamento processual admita a atribuição de efeitos infringentes aos aclaratórios, talpossibilidade sobrevém como conseqüência da reparação de vícios efetivos de omissão, obscuridade ou contradição.

III. No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso inominado, ao levantar questão diretamente enfrentada no acórdão atacado.Ora, este órgão colegiado manifestou-se, expressamente, sobre o cabimento da ação mandamental na hipótese sobapreço, ainda que se pudesse cogitar do trânsito em julgado da decisão impugnada, não subsistindo qualquer omissão notocante. A esse respeito, o acórdão embargado esclareceu, in verbis:

“Conforme previsão inserta no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se tratar dedecisão judicial transitada em julgado. Ocorre que o caso concreto revela hipótese sui generis, já que a parte impetrante foiimpedida de interpor recurso inominado, conforme expressamente consignado no dispositivo da sentença prolatada pelojuízo a quo: ‘Outrossim, atente a parte autora para o fato de que sobre a presente sentença é incabível recurso, de acordocom o Enunciado 18 das Turmas Recursais’. Assim, o impetrante não interpôs recurso inominado porque foi impedido, enão porque deixou transcorrer o prazo recursal in albis. Neste caso, a única medida admissível no âmbito dos JEFs seria,justamente, o mandado de segurança, visto que não há previsão legal de recurso de agravo.” (fragmento do acórdão à fl.51)

IV. Desta feita, não se vislumbra qualquer omissão no julgado impugnado, mas, tão somente, adoção de tese jurídicaconflitante com os interesses do embargante, razão pela qual não merecem acolhida os embargos aviados.

�V. Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional ou legal suscitada pelas partes litigantes,cumpre registrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar,nem mesmo potencialmente, ofensa direta aos dispositivos invocados pela embargante.

VI. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por estavia processual. Acórdão mantido.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

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Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

Dar parcial provimentoTotal 3 : Dar provimentoTotal 14 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Negar provimentoTotal 64 : Rejeitar os embargosTotal 17 :