indicadores de comorbidade em pacientes com transtorno de...

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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia 2012, Vol. 20, no 2, 537 554 DOI: 10.9788/TP2012.2-19 _____________________________________ Endereço para correspondência: Paulo Francisco de Castro. Universidade de Taubaté, Departamento de Psicologia. Avenida Tiradentes, 500, Bom Conselho. Taubaté/SP, Brasil. CEP: 12030-180. Telefone: +55 12 3625 4283. E-mail: [email protected]. Nota: Artigo trata de parte ligeiramente modificada da Tese de Doutorado “Caracterização da personalidade de pacientes com Transtorno de Pânico por meio do Método de Rorschach: contribuições do sistema compreensivo”, desenvolvida pelo autor junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, sob orientação da Professora Doutora Eda Marconi Custódio. Trabalho apresentado na 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, na Sessão Coordenada: Avaliação psicológica em processos psicopatológicos. Belém PA, Outubro de 2011. Indicadores de comorbidade em pacientes com Transtorno de Pânico avaliados pelo Método de Rorschach Paulo Francisco de Castro Universidade de Taubaté Taubaté, SP, Brasil Universidade Guarulhos Guarulhos, SP, Brasil Resumo O presente artigo objetiva a exposição de indicadores de psicopatologia observados em uma amostra de pacientes com Transtorno de Pânico, a partir dos dados do Método de Rorschach. Em síntese, o Transtorno de Pânico pode ser caracterizado como um quadro de vivências extremas de ansiedade, sem aparente motivo, que ocorrem de forma repetida e levam a uma situação paralisadora e à sensação de morte; não raro, observa-se comorbidade do pânico com outros quadros de sofrimento psíquico. O material interpretativo do Método de Rorschach, segundo a proposta do sistema compreensivo, apresenta seis constelações que indicam elementos de cunho psicopatológico ou de sofrimento psíquico. Participaram da investigação 60 sujeitos de ambos os sexos, divididos igualmente em um grupo de pacientes e um grupo de não pacientes. Os resultados indicaram diferenças estatisticamente significativas em duas constelações: maior incidência de PTI (p=0,002) nos pacientes do sexo masculino, revelando que os homens com Transtorno de Pânico tendem a apresentar graves transtornos de percepção e de pensamento; presença de DEPI (p=0,009) onde pacientes com pânico revelam sinais de depressão, sintomas depressivos ou algum tipo de transtorno relacionado à alteração de humor. As demais constelações não diferenciaram os grupos de pacientes e de não pacientes, seus resultados foram CDI (p=0.891), S-Con (p=1,0), HVI (p=1,0) e OBS (p=1,0). Assim, na amostra que participou da presente pesquisa, observou-se comorbidade de sintomas depressivos ou de humor na maior parte de todos os pacientes e perturbações severas de pensamento nos pacientes do sexo masculino. Palavras-chave: Avaliação psicológica, Teste de Rorschach, Transtorno de Pânico, Psicopatologia. Comorbidity indicators in patients with Panic Disorder assessed by the Rorschach Method Abstract This article aims to show psychopathology indicators obtained in a sample of patients with Panic Disorder from the Rorschach Method. In short, Panic Disorder can be characterized as a condition of extreme anxiety, without an apparent reason, experienced repeatedly and that can lead to a physical or mental paralysis and the sense of impending doom or death; it is not unusual the occurrence of panic comorbidity along with other conditions of psychic suffering. The Comprehensive System for the Rorschach presents six constellations that show elements of psychopathological nature or psychic suffering. Sixty subjects of both sexes participated in the investigation, equally divided into a group of patients and a group of non-patients. Results showed statistically significant differences in two constellations: higher incidence of PTI (p=0.002) in male patients, showing that men with Panic

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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia – 2012, Vol. 20, no 2, 537 – 554 DOI: 10.9788/TP2012.2-19

_____________________________________

Endereço para correspondência: Paulo Francisco de Castro. Universidade de Taubaté, Departamento de

Psicologia. Avenida Tiradentes, 500, Bom Conselho. Taubaté/SP, Brasil. CEP: 12030-180. Telefone: +55 12

3625 4283. E-mail: [email protected].

Nota: Artigo trata de parte ligeiramente modificada da Tese de Doutorado “Caracterização da personalidade de

pacientes com Transtorno de Pânico por meio do Método de Rorschach: contribuições do sistema

compreensivo”, desenvolvida pelo autor junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia Escolar e do

Desenvolvimento Humano, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, sob orientação da

Professora Doutora Eda Marconi Custódio.

Trabalho apresentado na 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, na Sessão Coordenada:

Avaliação psicológica em processos psicopatológicos. Belém – PA, Outubro de 2011.

Indicadores de comorbidade em pacientes com Transtorno de Pânico avaliados pelo Método de Rorschach

Paulo Francisco de Castro

Universidade de Taubaté – Taubaté, SP, Brasil

Universidade Guarulhos – Guarulhos, SP, Brasil

Resumo

O presente artigo objetiva a exposição de indicadores de psicopatologia observados em uma amostra

de pacientes com Transtorno de Pânico, a partir dos dados do Método de Rorschach. Em síntese, o

Transtorno de Pânico pode ser caracterizado como um quadro de vivências extremas de ansiedade,

sem aparente motivo, que ocorrem de forma repetida e levam a uma situação paralisadora e à

sensação de morte; não raro, observa-se comorbidade do pânico com outros quadros de sofrimento

psíquico. O material interpretativo do Método de Rorschach, segundo a proposta do sistema

compreensivo, apresenta seis constelações que indicam elementos de cunho psicopatológico ou de

sofrimento psíquico. Participaram da investigação 60 sujeitos de ambos os sexos, divididos

igualmente em um grupo de pacientes e um grupo de não pacientes. Os resultados indicaram

diferenças estatisticamente significativas em duas constelações: maior incidência de PTI (p=0,002)

nos pacientes do sexo masculino, revelando que os homens com Transtorno de Pânico tendem a

apresentar graves transtornos de percepção e de pensamento; presença de DEPI (p=0,009) onde

pacientes com pânico revelam sinais de depressão, sintomas depressivos ou algum tipo de transtorno

relacionado à alteração de humor. As demais constelações não diferenciaram os grupos de pacientes e

de não pacientes, seus resultados foram CDI (p=0.891), S-Con (p=1,0), HVI (p=1,0) e OBS (p=1,0).

Assim, na amostra que participou da presente pesquisa, observou-se comorbidade de sintomas

depressivos ou de humor na maior parte de todos os pacientes e perturbações severas de pensamento

nos pacientes do sexo masculino.

Palavras-chave: Avaliação psicológica, Teste de Rorschach, Transtorno de Pânico,

Psicopatologia.

Comorbidity indicators in patients with Panic Disorder assessed by the Rorschach Method

Abstract

This article aims to show psychopathology indicators obtained in a sample of patients with Panic

Disorder from the Rorschach Method. In short, Panic Disorder can be characterized as a condition of

extreme anxiety, without an apparent reason, experienced repeatedly and that can lead to a physical or

mental paralysis and the sense of impending doom or death; it is not unusual the occurrence of panic

comorbidity along with other conditions of psychic suffering. The Comprehensive System for the

Rorschach presents six constellations that show elements of psychopathological nature or psychic

suffering. Sixty subjects of both sexes participated in the investigation, equally divided into a group of

patients and a group of non-patients. Results showed statistically significant differences in two

constellations: higher incidence of PTI (p=0.002) in male patients, showing that men with Panic

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Disorder tend to present serious perception and thought disorders; occurrence of DEPI (p=0.009)

where patients with panic show signs of depression or some kind of depressive symptoms and

disorder related to change in humor. The other constellations did not differ between groups of patients

and non-patients; their results were CDI (p=0.891), S-Con (p=1.0), HVI (p=1.0) and OBS (p=1.0).

Therefore, in the sample that participated in this research, comorbidity of depressive symptoms or

humor was observed in most male patients with severe disturbances of thought.

Keywords: Psychological assessment, Rorschach Test, Panic Disorder, Psychopathology.

Indicadores de comorbilidad en pacientes con Trastorno de Pánico evaluados por el Método de Rorschach

Resumen

Este artículo tiene el objetivo de exponer indicadores de psicopatología observados en una muestra de

pacientes con Trastorno de Pánico a partir de los datos del Método de Rorschach. En síntesis, el

Trastorno de Pánico se puede caracterizar como un cuadro de vivencias extremas de ansiedad, sin

motivo aparente, que ocurren repetidamente y llevan a una situación paralizadora y a la sensación de

muerte; no es raro observarse co-morbilidad entre el pánico y otros cuadros de sufrimiento psíquico.

El material interpretativo del Rorschach, según la propuesta del sistema comprehensivo, presenta seis

constelaciones que indican elementos de tipo psicopatológico o de sufrimiento psíquico. Participaron

de la investigación 60 sujetos de ambos sexos, divididos igualmente en un grupo de pacientes y un

grupo de no pacientes. Los resultados indicaron diferencias estadísticamente significativas en dos

constelaciones: mayor incidencia de PTI (p=0,002) en los pacientes del sexo masculino, revelando

que los hombres con Trastorno de Pánico tienden a presentar graves trastornos de percepción y de

pensamiento; presencia de DEPI (p=0,009) donde pacientes con pánico muestran señales de

depresión, síntomas depresivos o algún tipo de trastorno relacionado a alteraciones del humor. Las

demás constelaciones no mostraron diferencias entre los grupos de pacientes y de no pacientes, sus

resultados fueron CDI (p=0.891), S-Con (p=1,0), HVI (p=1,0) y OBS (p=1,0). Así, en la muestra que

participó de esta investigación se observó co-morbilidad entre síntomas depresivos o del humor en la

mayor parte de los pacientes con perturbaciones severas del pensamiento en los pacientes del sexo

masculino.

Palabras-clave: Evaluación psicológica, Test de Rorschach, Trastorno de Pánico, Psicopatología.

Introdução

Breve introdução sobre o Transtorno de Pânico

Muito se discute a respeito dos transtornos

de pânico, seus sintomas e diagnóstico, mas,

em certos casos, é de opinião comum que existe

dificuldade para se chegar a uma conclusão

precisa, em razão da grande variedade dos

sintomas e de sua intensidade. O Método de

Rorschach pode ser importante estratégia para

investigação psicodiagnóstica nesses casos.

Quando se trata de transtorno de pânico,

não se pode deixar de citar certa dificuldade

diagnóstica e, nos relatos de casos (Gentil,

1997a), pode-se verificar que se trata de um

quadro em que profissionais tendem a cometer

enganos diagnósticos, quer por

desconhecimento do conjunto de sintomas, uma

vez que o desencadeamento de ataques de

pânico envolve mecanismos patológicos

complexos, integrando diferentes estruturas

biológicas e funcionamentos cognitivos

(Ramos, 1995), quer por desconsiderar a

gravidade do quadro.

A angústia e o estresse desencadeados pela

dificuldade em se estabelecer rapidamente um

diagnóstico agravam o quadro de pânico,

fazendo com que este se intensifique e,

consequentemente, dificulte seu tratamento

(Troiano, 2001).

Em termos genéricos, o transtorno de

pânico pode ser caracterizado pela incidência

recorrente de ataques de pânico, em razão de

uma crise aguda de ansiedade, cujo indivíduo

vive um mal-estar e sensação iminente de

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Comorbidade e pânico 539

perigo e/ou morte (Gentil, 1997b; Vieira,

1997). Embora possa ser classificada como um

afeto positivo, quando a ansiedade torna-se

excessiva ou geradora de sofrimento

psicológico esta passa a ser considerada

patológica (Cheniaux, 2011; Dalgalarrondo,

2008).

Os manuais descritivos apresentam a

definição de Transtorno de Pânico com sendo a

presença de ataques de ansiedade grave e pânico

que ocorrem inesperadamente e sem qualquer

situação desencadeante, que se configuram

recorrentes, acompanhados de, pelo menos um

período de um mês, pela preocupação constante

de que ocorra outra crise e suas implicações,

associado a mudanças comportamentais

decorrentes da vivência da crise de pânico.

Embora os sintomas variem para cada

indivíduo, observa-se palpitações, dor no peito,

sensações de choque, tontura, e sentimentos de

irrealidade (despersonalização ou

desrealização), observa-se ainda grande temor

por morrer, perder o controle ou ficar louco.

Importante ressaltar que as crises de pânico não

são decorrentes de efeitos fisiopatológicos ou de

condições médicas (American Psychiatric

Association [APA], 1995; Organização Mundial

da Saúde [OMS], 1992/1993).

Para Arbona e Arnal (1995), o transtorno

de pânico constitui-se, a partir da década de

1980, como uma importante patologia para

investigações por se tratar de um grande

problema de saúde pública nas sociedades

industrializadas. Os autores esclarecem que, em

razão de sua incidência, várias pesquisas

preocuparam-se em refletir sobre a etiologia e o

tratamento mais adequado nestes quadros,

questionando modelos teóricos provenientes

tanto da Psiquiatria como da Psicologia, assim

como dos estudos sobre ansiedade e seus

distúrbios.

Segundo Del-Ben (2004), as primeiras

descrições nosológicas do que é denominado

atualmente de Transtorno de Pânico datam do

século XIX, onde soldados que atuaram na

guerra civil americana apresentaram

sintomatologia física (palpitações, dores

torácicas e outros sintomas cardíacos) sem a

presença de lesões orgânicas. Em outro

momento histórico, muitos autores associam o

conceito freudiano de neurose de angústia com

a compreensão que se tem sobre Transtorno de

Pânico (Arbona & Arnal, 1995; Del-Ben,

2004). Depois disso, observou-se que o termo

“pânico” foi introduzido, pela primeira vez, em

1962 por Klein e Fink1, quando os autores

substituíram a terminologia ataques de

ansiedade por ataques de pânico, reforçando as

diferenças entre as crises de ansiedade e a

vivência de ansiedade do tipo antecipatória no

que se refere à sua etiopatogenia (Arbona &

Arnal, 1995).

Para Gentil (1996), um ataque de pânico

que, geralmente, é inesperado e intenso, pode

ser uma experiência avassaladora. Os sintomas

vivenciados pelo paciente e as sensações de

fadiga e desconforto sentidas após a crise são

extremamente desagradáveis e levam a uma

inquietação e temor de outra ocorrência.

Na descrição bibliográfica pesquisada, há

uma grande convergência na caracterização da

crise de pânico pelos diferentes autores, cujo

termo é entendido como um período de intenso

medo, apreensão e perigo, gerado de forma

espontânea, frequentemente, acompanhado de

sensação iminente de enlouquecimento, perigo

ou morte. Após a crise, o paciente experimenta

um grande desejo de sair do ambiente onde a

mesma ocorreu (Arbona & Arnal, 1995; Del-

Ben, 2004; Gentil, 1996; Gentil, 1997b; Kaplan

& Sadock, 1991/1993; López, 1995).

De qualquer forma, apesar disso, “os

ataques de pânico são experiências ambíguas,

abertas a interpretações múltiplas e mutáveis”

(López, 1995, p. 30), em cuja periodicidade

pode demonstrar tanto a gravidade do caso

como a intensidade do distúrbio (López, 2000).

O Método de Rorschach na Investigação de Aspectos Psicopatológicos

O Método de Rorschach organizou-se e

configurou-se como uma das mais importantes

técnicas de investigação psicológica, pautando-

se em sua base fundamentalmente clínica.

Oriundo do desenvolvimento da psiquiatria e da

psicanálise na época de sua criação, despertou

grande interesse científico na área,

conquistando ampla confiabilidade entre os

profissionais de saúde mental no período (Vaz,

1997; Yazigi, 2010).

Assim, o Rorschach é, tradicionalmente,

classificado como um instrumento para

avaliação de condições normais ou patológicas

dos indivíduos (Weiner, 1986). É constituído

1 Referência original: Klein, D. F.; Flink, M. (1962).

Psychiatric reaction patterns to imipramine.

American Journal of Psychiatry, 2, 14-17.

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540 Castro, P. F.

com base nas comparações entre pacientes que

apresentavam um sofrimento mental e pessoas

da população comum; pode-se dizer que o

método proposto por Rorschach nasceu

fundamentado em informações obtidas em

funcionamentos psicopatológicos, por isso,

talvez, nenhuma outra técnica de avaliação

psicológica possa, com tanta precisão, avaliar a

psicopatologia de pacientes (Yazigi, 2010).

É importante ressaltar o grande número de

pesquisas que foram ˗ e ainda são ˗

desenvolvidas na área de psicopatologia com o

método. Desde sua publicação, um grande

número de clínicos e pesquisadores

desenvolveu trabalhos com o Rorschach e as

mais diferentes formas de psicopatologias.

O conhecimento acumulado sobre a

aplicação do Rorschach nas mais variadas

psicopatologias permite uma constante revisão

dos conceitos de seus diagnósticos diferenciais,

acompanhando a evolução dos quadros e as

descobertas científicas da área. Todo clínico ou

pesquisador que utiliza o Rorschach para

investigar a psicopatologia espera que seus

estudos auxiliem nas próximas investigações e

esperam incentivar os jovens clínicos e

pesquisadores a usar também o Método de

Rorschach, mantendo aceso o interesse e o

desenvolvimento do instrumento (Campo,

1995; Chabert, 1987/1993; Cunha, 1996;

Nascimento, 2010; Santos, 1996; Vaz, 1997).

Com este instrumento, é possível tipificar e

diferenciar quadros diagnósticos, levando o

psicólogo a uma conclusão mais fiel e a um

planejamento terapêutico mais direcionado ou o

pesquisador a delineamentos mais precisos e a

considerações mais claras de seu trabalho.

Segundo Frank (1997), a possibilidade do

uso clínico do Rorschach como instrumento no

psicodiagnóstico diferencial transcende seus

dados psicométricos. Os aspectos quantitativos

constituem um importante referencial quando

se precisa realizar um diagnóstico que tem

como objetivo avaliar as diferenças

significativas entre um funcionamento típico e

um patológico. Além disso, a possibilidade de

uma leitura simbólica das verbalizações

possibilita uma compreensão psicodinâmica

bastante específica, necessária para a

contextualização individual do paciente que

está sendo avaliado.

Para que os dados quantitativos do

Rorschach em um contexto clínico sejam

usados na realização do psicodiagnóstico

diferencial, são necessárias investigações

anteriores que fundamentem os dados para uma

comparação precisa, sobretudo, no que se refere

à avaliação de manifestações psicopatológicas.

Necessita-se de pesquisas específicas, cujo

objeto de estudo seja as mais diferentes

patologias e, com base em investigações

empíricas, levantar os dados e os índices

específicos, para que as futuras avaliações

apoiem-se em proposições testadas e

comprovadas e não em especulações sem sua

devida constatação (Weiner, 1986).

Em específico no que tange ao transtorno

de pânico, pelos trabalhos realizados por

Andersen e Rosenberg (1990) e Adrados e

Figueiredo (1995), percebe-se que o Rorschach

é um instrumento capaz de caracterizar com

precisão a síndrome e suas motivações

psíquicas, tanto estruturais como inconscientes.

Estudo do pânico por meio do Método de Rorschach

Baseado no Sistema Compreensivo, o

Rorschach foi objeto de pesquisa de Andersen e

Rosenberg (1990) no estudo comparativo entre

41 pacientes com transtorno de pânico, 14 com

depressão maior e 18 com desordens de

ansiedade generalizada, cujos dados foram

comparados com 18 sujeitos normais.

Após a comparação dos dados, nos

protocolos dos pacientes com Transtorno de

Pânico foram observadas diferenças

significativas nos seguintes itens: diminuição

do número de respostas dos testes - R (p <

0,01), revelando rebaixamento da

produtividade; diminuição das respostas com

determinante de movimento humano - M (p <

0,05) que indica dificuldade de elaboração

interna mais consistente; diminuição das

respostas de cor - WsumC (p < 0,05) que expõe

a dificuldade dos pacientes em lidar com afetos

e sentimentos; diminuição da porcentagem de

respostas com localização de detalhe comum -

D (p < 0,05) que trata da dificuldade de

solucionar problemas de forma mais prática,

considerando as condições da realidade;

rebaixamento da porcentagem das respostas de

forma bem organizadas e integradas – FQ+ e

FQo (p < 0,05), indicando um afastamento do

pensamento mais convencional, que considera a

realidade objetiva; aumento da porcentagem de

respostas de conteúdo humano - H (p < 0,01)

que é interpretado como uma maior

preocupação na percepção de si e dos demais

seres humanos; diminuição da atividade

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Comorbidade e pânico 541

organizativa das respostas - Zf (p < 0,01) que

revela pouca capacidade criativa e diminuição

do esforço em criar.

Por fim, os autores observaram uma

diminuição das respostas com determinantes

mistos - Blends (p < 0,001), indicando pobreza

associativa (Andersen & Rosenberg,1990). Os

autores concluíram o trabalho, expondo que os

pacientes com transtorno de pânico indicaram

um comprometimento na estrutura da

personalidade e implicações na habilidade dos

processos cognitivos. Como os resultados

mostraram-se muito relevantes no estudo do

pânico, salientaram que o emprego do

Rorschach é de extrema valia no diagnóstico

diferencial das diferentes psicopatologias,

inclusive do Transtorno de Pânico (Andersen &

Rosenberg, 1990).

Cohen e Ruiter (1992) testaram 22

pacientes, com idade entre 24 e 50 anos, com

transtorno de pânico associado à agorafobia,

empregando o Rorschach segundo o sistema

compreensivo. Compararam seus resultados

com os dados de outros quadros clínicos

publicados (esquizofrenia, distúrbios de sono e

depressão), além de dados publicados de não

pacientes. Os dados da pesquisa revelaram um

rebaixamento do índice de reação afetiva (Afr)

e um rebaixamento do valor ponderado das

respostas de cor cromática (WsumC) dos

pacientes de uma forma geral, quando

comparados aos indivíduos não pacientes. Tal

aspecto revelou características de fuga diante

do contato afetivo, gerando certa restrição na

vida afetiva dos pacientes, fazendo com que

estes usassem um mecanismo de formação

reativa para se defender da necessidade de afeto

que sentiam.

No ano seguinte, os mesmos autores

desenvolveram uma investigação com 18

pacientes holandeses com pânico associado à

agorafobia e quatro pacientes holandeses com

pânico sem agorafobia. Usaram também o

Rorschach baseado no sistema compreensivo,

identificando uma dificuldade na habilidade

dos pacientes em lidar com emoções negativas

e ansiogênicas, associadas a uma falha dos

processos defensivos (Cohen & Ruiter, 1993).

MacFadden (1994) estudou nove pacientes

do sexo feminino com diagnóstico de pânico,

por meio do Método de Rorschach, segundo o

sistema de classificação de Silveira. Após a

análise das médias obtidas nos protocolos das

pacientes, comparou os resultados aos valores

normativos propostos pelo sistema, obtendo-se

as seguintes diferenças: aumento da

porcentagem do número de respostas (%R ˗

média 69,82), revelando uma adequação do

rendimento do trabalho mental desses sujeitos;

diminuição da porcentagem de respostas

determinadas pela forma de boa qualidade

(%F+ ˗ média 63,50) que significa uma baixa

susceptibilidade aos diferentes estímulos do

ambiente; aumento da porcentagem de

respostas com conteúdo animal (%A ˗ média

45,82) que demonstra dificuldade em

estabelecer relacionamentos interpessoais de

forma adulta; diminuição do coeficiente de

elaboração intelectual das respostas (elab/R ˗

média 0,89), indicando que a produção mental

das pacientes foi pobre, restrita e pouco

criativa; aumento do índice afetivo (Af ˗ média

1,49), apresentando grande sensibilidade às

estimulações afetivas advindas do meio,

sobretudo as mais básicas e primárias; aumento

do índice de impulsividade (Imp ˗ média 0,71)

que significa falta de controle de sentimentos

mais primitivos; diminuição do índice de

Conação (Con ˗ média 33,3) que mostra uma

dificuldade subjetiva para agir no mundo

exterior; diminuição do índice Lambda (L ˗

média 0,43) oferece dados que permitem dizer

que há restrição dos recursos íntimos da

personalidade para a elaboração de seus

conteúdos (MacFadden, 1994).

Outro estudo empregando o Método de

Rorschach usou o sistema de classificação de

Klopfer, trata-se do estudo desenvolvido por

Adrados e Figueiredo (1995) a partir de um

levantamento de 85 protocolos de pacientes

diagnosticados clinicamente como portadores

de Síndrome do Pânico, de ambos os sexos.

Para as autoras, a maioria dos pacientes que

participou do estudo percebeu os estímulos do

meio externo de forma equilibrada e satisfatória

(porcentagem de respostas de forma ˗ F% ˗

adequada); houve um predomínio de uma

posição vivencial extratensiva (predomínio das

respostas de cor sobre as de movimento);

manutenção da capacidade de crítica diante dos

acontecimentos rotineiros (F+ extenso dentro

dos padrões para a população).

As autoras justificam esse dado,

entendendo que, após as crises, os pacientes

conseguem reorganizar sua estrutura egoica.

Elas indicaram certa imaturidade no grupo do

sexo feminino (respostas de movimento animal

˗ FM ˗ maior do que as respostas de movimento

humano ˗ M); excessiva emotividade e

labilidade afetiva, levando-os a reações

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542 Castro, P. F.

emocionais intensas e impulsivas (respostas de

cor com características formais secundárias ˗ C

+ CF ˗ maior do que a incidência de respostas

de forma com cor ˗ FC). Por fim, revelaram que

o volume de ansiedade estava aumentado em

relação a grupos com as mesmas características

culturais, este aspecto foi mais intenso nas

mulheres que participaram do estudo (respostas

com determinantes de sombreado aumentada,

quando comparados aos dados normativos ˗

textura ˗ Fc, cF e c, profundidade ˗ FK, difusão

˗ KF e K) (Adrados & Figueiredo, 1995).

Em estudo desenvolvido por Sarvasi

(1999), foram investigadas as características

das relações objetais estabelecidas por cinco

pacientes com pânico; para tanto, foi usado o

Método de Rorschach sob dois enfoques: a

aplicação segundo o modelo proposto por

Klopfer e a atualização dos procedimentos

baseados no Rorschach Temático. A autora

notou que quatro entre os cinco pacientes

apresentaram menor incidência de respostas de

movimento humano quando comparadas à

incidência de respostas dos movimentos animal

e inanimado (M < FM + m), revelando maior

uso de fantasias em suas elaborações internas,

este aspecto também está associado a pouca

capacidade de sublimação nesses pacientes.

No estudo dos fenômenos especiais, a

autora observou a incidência em quatro sujeitos

dos seguintes aspectos: giro instantâneo do

cartão, que revela desconfiança e conflito entre

autonomia e dependência, mobilizando de

forma prematura condutas de oposicionismo e

atuação; respostas de par, indicando certo

narcisismo e, por fim, choque ao vazio,

traduzindo fantasias de abandono da mãe e uma

percepção negativa da imagem materna

(Sarvasi, 1999).

Pautada em uma leitura das relações

objetais, percebeu, a partir da articulação das

histórias narradas, que os pacientes

apresentaram um funcionamento específico das

configurações das relações objetais, como

necessidade de apoio da figura materna,

gerando uma percepção negativa dessa figura,

com base nas vivências de abandono; uso de

identificação projetiva como mecanismo de

defesa principal; conflito entre autonomia e

dependência (Sarvasi, 1999).

Farah e Villemor-Amaral (2008), em

pesquisa com pacientes com pânico, utilizando

o Rorschach no sistema compreensivo,

concluem que esses indivíduos indicam

expressões emocionais muito intensas,

sugerindo certa impulsividade, além de revelar

certa labilidade na interação emocional.

Levantaram também sentimentos intensos de

vazio emocional associado às vivências

destrutivas.

Assim, observa-se relevante utilização do

Método de Rorschach no estudo do Transtorno

de Pânico. Apesar de vastamente empregado,

justifica-se o presente estudo pela possibilidade

de discutir elementos relacionados aos

indicadores de comorbidade do quadro com

outras psicopatologias.

Objetivo

O objetivo do presente artigo é discutir os

indicadores psicopatológicos observados em

pacientes com Transtorno de Pânico, avaliados

pelo Método de Rorschach.

Método

A importância de um estudo empírico está

em proporcionar a análise de um fenômeno a

ser pesquisado de forma coerente e real,

considerando-se todos os aspectos apresentados

pelos sujeitos sob influência de variáveis

ambientais, fundamentadas na intercorrelação

que estes fenômenos podem apresentar

(Hernández, 1993).

A interpretação dos dados empíricos,

baseada no estudo das variáveis que serão

indicadas, possibilita uma intensa articulação

entre o lógico e o real, ou seja, entre o

conhecimento acumulado e descrito nos

pressupostos teóricos e a apresentação viva do

fenômeno a ser estudado nos resultados

apresentados pelos sujeitos, proporcionando

uma efetivação e um crescimento do

conhecimento científico (Hübner-D’Oliveira,

1984; Severino, 2001).

Participantes

Participaram da pesquisa um total de 60

pessoas, divididas em dois grupos homogêneos

e equivalentes para o estudo da personalidade

dos pacientes com pânico: o Grupo I,

denominado Grupo de Pacientes e o Grupo II,

para efeitos de controle, que foi chamado

Grupo de não pacientes.

Para compor o Grupo de Pacientes (Grupo

I), fizeram parte da amostra 30 sujeitos, sendo

15 do sexo feminino e 15 do sexo masculino,

todos com diagnóstico de transtorno de pânico

sem comorbidade, inscritos em programas

existentes em um Ambulatório de Saúde

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Comorbidade e pânico 543

Mental de uma cidade da Grande São Paulo,

para o atendimento dessa patologia.

Para compor o Grupo de Não pacientes

(Grupo II) 30 sujeitos foram analisados, sem

qualquer tipo de queixa, com idade, nível de

escolaridade e nível socioeconômico

equivalentes aos obtidos no Grupo I, divididos

em 15 do sexo feminino e 15 do sexo

masculino. Alguns participantes do Grupo II

faziam parte da comunidade acadêmica da

Universidade (funcionários e estudantes de

outros cursos) que indicaram outros

colaboradores para participarem da pesquisa.

Houve um pareamento direto quanto à

escolaridade. No que se refere à idade dos

sujeitos, a média geral das idades dos pacientes

foi de 42,2 anos e dos não pacientes 42,5.

Quando o sexo dos colaboradores é

considerado, para o sexo feminino tem-se

média em 45,2 às pacientes e 45,3 às não

pacientes; para o sexo masculino, as médias de

idade foram 39,2 aos pacientes e 39,7 aos não

pacientes. As médias obtidas a partir da idade

dos colaboradores evidenciam semelhança

entre os dois grupos.

Instrumentos para a Coleta de Dados

Foram realizadas entrevistas dirigidas com

os participantes. Os roteiros das entrevistas

foram desenvolvidos com a finalidade de

levantar dados de caracterização da amostra,

tanto de pacientes, como de não pacientes.

Nesse sentido, foram levantadas informações

gerais de cada sujeito como: idade, sexo,

escolaridade, profissão, ocupação e estado civil.

As questões que compuseram os questionários

foram desenvolvidas baseadas no quadro dos

sintomas de pânico apresentados pelo DSM-IV

(APA, 1995), explicitado e detalhado pelo

material bibliográfico estudado, sobretudo de

Barlow e Cerny (1988/1999) e López (2000).

Estes autores foram escolhidos por tratarem

especificadamente de procedimentos

psicológicos no diagnóstico do pânico.

Em razão de sua grande eficácia e

utilidade para a análise do pânico, optou-se pela

estrutura aplicada em alguns inventários que

objetivam uma caracterização clara deste

quadro (Gentil, Ito, & Roso 1987; Ito &

Ramos, 1998; López, 2000), pois a proposta foi

de que cada um dos sintomas investigados siga

um modelo de graduação o que possibilita a

investigação não só dos sintomas específicos,

mas também de suas intensidades. O roteiro

para os sujeitos não pacientes foi desenvolvido,

pautando-se no original para os pacientes,

adaptando-se a investigação para indivíduos

que não sofreram crises de pânico.

No roteiro do questionário, empregou-se

uma estrutura similar a de uma escala, com

base em itens distribuídos no tipo Likert pela

sua objetividade, o que permite uma

padronização a respeito das informações a

serem coletadas, facilitando a análise

quantitativa dos elementos investigados. Assim,

os questionamentos distribuídos em uma escala

de investigação diagnóstica podem apresentar

um padrão sintomatológico do quadro,

possibilitando comparar os resultados ao grupo

controle (Ito & Ramos, 1998).

Para verificação do estado de saúde geral

dos participantes do grupo de não pacientes, foi

utilizado o Questionário de Saúde Geral de

Goldberg (QSG), que é um instrumento de

avaliação psicológica, com estrutura de

autorrelato, composto por 60 questões

fechadas. A tarefa do indivíduo avaliado é

responder cada um dos itens em uma folha de

respostas, comparando seu estado psicológico

usual com uma das alternativas propostas em

uma escala do tipo Likert de quatro pontos.

Segundo Cunha (2000), o QSG foi delineado

para avaliar a gravidade do estado

psicopatológico sem características psicóticas

em indivíduos para efeito de triagem.

O referido instrumento avalia cinco

aspectos específicos de saúde geral, sendo

estresse psíquico, desejo de morte,

desconfiança no desempenho, distúrbios do

sono e distúrbios psicossomáticos. Quando os

escores desses cinco fatores são somados,

compõe-se o escore de saúde geral (Goldberg,

1972/1996). Para efeito deste estudo, foi

utilizado o escore geral do QSG de cada um

dos participantes.

Além dos roteiros de entrevista e QSG,

todos os participantes foram submetidos ao

Método de Rorschach, de acordo com as

especificações técnicas do sistema

compreensivo (Exner, 1993/1994, 1995,

1995/1999). No presente trabalho, apenas serão

mencionados os resultados do Rorschach.

Procedimento para a Coleta de Dados

Conseguiu-se a autorização para a coleta

de dados em um Ambulatório de Saúde Mental

situado na Grande São Paulo, onde foi possível

utilizar a estrutura da instituição para o contato

com os pacientes, bem como para aplicação do

questionário e do Método de Rorschach.

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544 Castro, P. F.

O prontuário dos pacientes do

Ambulatório foi consultado no sentido de

separar os que sofriam de Transtorno de

Pânico, sem comorbidades, que foram

convidados, por telefone ou por

correspondência, a participar da pesquisa.

Para os que aceitaram, foi agendado um

dia para as atividades. Em um primeiro

momento, a Carta de Informação sobre a

Pesquisa e o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido foi entregue, conforme normas

estabelecidas para pesquisas envolvendo seres

humanos dispostas pelo Ministério da Saúde

(Brasil, 1996).

Após as explicações necessárias e diante

do aceite dos colaboradores, foi realizada a

entrevista sobre os dados gerais e o

levantamento de sintomas, bem como a

aplicação do Método de Rorschach, de acordo

com a disponibilidade de cada um dos

colaboradores. A maior parte dos pacientes

agendou as atividades para um dia em que tinha

alguma atividade no Ambulatório.

A aplicação do Método de Rorschach

seguiu, rigorosamente, todas as especificações

técnicas propostas pelo sistema compreensivo

(Exner, 1993/1994, 1995, 1995/1999).

A coleta de dados dos colaboradores do

Grupo I (pacientes) ocorreu nas dependências

do Ambulatório de Saúde Mental, em ambiente

adequado às aplicações, segundo as

especificações técnicas. A instituição cedeu

uma sala para que ocorressem as aplicações. A

coleta de dados do sexo feminino terminou

antes que todos os dados fossem levantados.

Dessa forma, durante um período final de

levantamento esperou-se a colaboração apenas

de pacientes do sexo masculino.

Após o término da coleta de dados dos

pacientes, procedeu-se ao levantamento da

idade e escolaridade para o convite aos

colaboradores do Grupo II (não pacientes). Os

indivíduos que preenchiam os requisitos de

idade e escolaridade eram submetidos ao QSG

para verificação do estado psicológico geral.

Foi divulgado um convite à comunidade

acadêmica (funcionários e alunos de graduação

– exceto do Curso de Psicologia), sobre a

participação da pesquisa, estes poderiam

indicar outros indivíduos para a aplicação dos

testes.

Para fazer parte da pesquisa, os

participantes do Grupo II foram submetidos

individualmente ao Questionário de Saúde

Geral ˗ QSG (Goldberg, 1972/1996) para

verificação das características psicológicas

gerais, garantindo-se que estes não possuíam

nenhum quadro de sofrimento psicológico, quer

leve ou severo. O QSG mostrou-se como uma

estratégia eficaz para a seleção dos indivíduos.

Após a seleção da amostra, os

participantes eram submetidos ao Método de

Rorschach. A aplicação para os colaboradores

não pacientes ocorreu na Clínica Psicológica de

uma Universidade situada na Grande São

Paulo, em ambiente adequado para as

atividades.

Todos os participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, de

acordo com as normas de pesquisa com seres

humanos. Cabe ressaltar que todos os

procedimentos da pesquisa foram avaliados e

aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa

com Seres Humanos do Instituto de Psicologia

da Universidade de São Paulo, conforme Ofício

Of. 1206/CEPH.

Procedimento de Análise dos Dados

As respostas obtidas nas aplicações do

Método de Rorschach foram codificadas,

considerando-se todos os aspectos propostos

pelo sistema compreensivo (Exner, 1993/1994,

1995/1999).

Toda a codificação das respostas foi

realizada por dois juízes, sendo um deles o

autor da pesquisa e o outro, professor do

Método de Rorschach, membro da Associação

Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos e

com formação no sistema compreensivo.

Ambos codificaram, independentemente, cada

protocolo. A análise da incidência dos itens de

codificação realizada pelos juízes seguiu à

seguinte estratégia:

Concordância entre os dois juízes ˗ item de

codificação foi aceito diretamente para

análise;

Discordância entre os dois juízes ˗ o item

foi analisado por um terceiro juiz,

igualmente especializado no sistema

compreensivo que decidiu entre as duas

posições diferentes.

Foram obtidos 60 protocolos, perfazendo

um total de 1.133 respostas que foram

analisadas pelos dois juízes. Após a

comparação da codificação realizada,

observou-se que, em 29 protocolos (48,3%),

houve concordância total entre os dois

avaliadores e, em 1.072 respostas (94,6%),

também ocorreu uma concordância total nas

codificações. Dessa maneira, quando as

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Comorbidade e pânico 545

respostas foram consideradas separadamente,

observou-se que a discrepância das

codificações entre os avaliadores foi mínima.

Dos protocolos analisados, 31 (51,7%)

apresentaram algum tipo de discordância,

perfazendo um total geral de 61 respostas

(5,4%) com algum tipo de diferença entre os

dois avaliadores.

No que se refere ao tipo de discordância

observada, tem-se que os itens de maior

diferença foram relacionados às determinantes

e aos códigos especiais (21 diferenças cada

um), seguidos da divergência de conteúdos (12

diferenças) e qualidade evolutiva (11

diferenças). Os itens com menor quantidade de

divergências foram: a localização (duas

diferenças) e respostas em par (uma diferença).

Os itens de codificação relacionados à

qualidade formal, respostas populares e valor

de elaboração não indicaram diferença na

codificação entre os dois avaliadores.

As diferenças foram analisadas por um

terceiro juiz que optou entre as duas

codificações apontadas. Dessa forma, foi

possível diminuir a interferência pessoal na

codificação das respostas. Após a decisão do

terceiro juiz, as respostas foram cotadas para a

organização do Sumário Estrutural de cada um

dos protocolos.

Os dados foram avaliados de acordo com

os itens que compõem as constelações

propostas pelo sistema compreensivo, divididos

em quatro grupos definidos como: PF, PM, CF

e CM para o tratamento estatístico.

Para descrever o perfil da amostra segundo

as variáveis em estudo, foram feitas tabelas de

frequência das variáveis categóricas

(classificação dos parâmetros de personalidade

identificados pelo Rorschach), com valores de

frequência absoluta (N) e porcentual (%), e

estatísticas descritivas das variáveis contínuas

(escores obtidos no Método de Rorschach),

com valores de média, desvio-padrão, valores

mínimo, máximo e mediana (Levin, 1987;

Pereira, 1999; Siegel, 1975).

Para comparação das variáveis categóricas

entre os quatro grupos, foi utilizado o teste Qui-

Quadrado ou, quando necessário, o teste exato

de Fisher (presença de valores esperados

menores que 5). Para comparar as variáveis

numéricas ou contínuas entre os quatro grupos,

foi empregado o teste de Kruskal-Wallis

(Levin, 1987; Pereira, 1999; Siegel, 1975), em

razão do tamanho dos grupos e da ausência de

distribuição Normal das variáveis. As

comparações múltiplas entre os quatro grupos

foram feitas por meio do teste post-hoc de

Dunn (Levin, 1987; Pereira, 1999; Siegel,

1975). O nível de significância adotado para os

testes estatísticos foi de 5%, ou seja, p<0.05.

Os aspectos mais significativos que

caracterizaram o grupo de pacientes foram

identificados. A seguir, foram feitos os

agrupamentos dos itens que compõem as

constelações para a interpretação proposta pelo

sistema compreensivo (Acklin, 1995; Exner,

1993/1994; Exner & Sendín, 1998/1999;

Weiner, 1998/2000).

Resultados e discussão

Após a codificação das respostas, os dados

foram analisados de acordo com sua incidência

e tratamento estatístico. A seguir, há a

exposição das seis constelações propostas pelo

sistema compreensivo, com vistas à verificação

de comorbidades presentes nos pacientes com

pânico.

São demonimadas de constelações por se

tratar de um agrupamento de sinais específicos

para cada quadro, que formam um índice de

verificação de comprometimento psicológico

em aspectos específicos da personalidade.

Nesta discussão, as descrições das

constelações e seus respectivos significados

interpretativos apresentados foram baseados

nos manuais técnicos sobre o Método de

Rorschach, segundo o sistema compreensivo

(Exner, 1993/1994; Exner, 1995/1999; Exner &

Sendín, 1998/1999; Nascimento, 2010).

Índice de Depressão

O Índice de Depressão – DEPI é obtido

pela observação de 15 variáveis que se

articularam em sete elementos de análise. O

índice seria considerado positivo, se houvesse a

presença de, pelo menos, cinco desses

elementos. Quando positivo, o DEPI indica a

possibilidade de uma vivência depressiva ou

algum tipo de transtorno afetivo, indicando

ainda que a organização psicológica do

indivíduo é bastante vulnerável à depressão ou

alterações de humor.

No que se refere à comparação dos valores

obtidos em DEPI, expostos nos dados das

Tabelas 1 e 2, foram verificadas diferenças

significativas entre os grupos pesquisados.

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546 Castro, P. F.

Tabela 1 – Presença de DEPI nos quatro grupos pelo Teste Exato de Fisher

DEPI Sim Não Sig

N % N %

p = 0,009

PF 7 46,67 8 53,33

PM 8 53,33 7 46.67

CF 2 13,33 13 86,67

CM 1 6,67 14 93,33

Tabela 2 – Incidência de indicadores de DEPI nos quatro grupos pelo teste de Kruskal-Wallis

Indic. Média D.P. Min Máx Mediana Sig

PF 4,40 0,63 3,00 5,00 4,00

p < 0,001 PM 4,40 0,99 2,00 6,00 5,00

CF 3,47 0,83 2,00 5,00 3,00

CM 3,33 0,72 2,00 5,00 3,00

Como é possível verificar nos dados da

Tabela 1, os grupos de pacientes apresentaram

maior incidência de DEPI positivo, 46,67%

(N=7) nos pacientes do sexo feminino e 53,33

(N=8) nos pacientes do sexo masculino. Na

observação dos dados do grupo-controle, esta

incidência caiu para 13,33% (N=2) no controle

feminino, e 6,67% (N=1) no masculino.

Após comparação das variáveis

categóricas do Índice de Depressão pelo teste

Exato de Fischer, obteve-se a diferença p =

0,009, indicando que houve uma diferença

estatisticamente significativa entre os dois

grupos, sendo maior a incidência do Índice de

Depressão no grupo de pacientes.

Os dados da Tabela 2 mostram a

incidência das variáveis que compõem o DEPI

nos quatro grupos. Observou-se que a média

dos indicadores de DEPI no grupo de pacientes

tanto masculinos, quanto femininos foi 4,40 e

no grupo controle de 3,47 às mulheres e 3,33

aos homens. Comparando-se os resultados das

variáveis contínuas pelos testes de Kruskal-

Wallis e post-hoc de Dunn para a comparação

dos escores entre os quatro grupos, obteve-se p

< 0,001, o que revelou uma diferença

estatisticamente significativa entre eles, pois o

grupo de pacientes possui um maior número de

indicadores de DEPI quando comparado ao

grupo-controle.

Desta maneira, é possível afirmar que os

pacientes com Transtorno de Pânico que

compuseram a amostra possuíam maior

vivência depressiva do que os colaboradores do

grupo de não pacientes. Verificou-se também

que pacientes com pânico tendem a apresentar

DEPI positivo quando avaliados pelo

Rorschach, em virtude de uma possível

vivência depressiva ou de uma propensão à

alteração de humor com tendência à depressão.

Del Porto (2002) assinala que entre 40% e

80% dos casos de pânico estão associados a

transtornos depressivos. O índice de DEPI

positivo foi observado também por Exner e

Erdberg (2005) em um estudo de um caso de

pânico de um homem de 23 anos de idade,

revelando que este sujeito encontrava-se

vulnerável a situações de depressão e

sofrimento afetivo.

A relação entre pânico e depressão

também foi notada no estudo de Montiel, A. G.

S. Capovilla, Berberian e F. C. Capovilla

(2005), que observaram, baseados no

Inventário de Beck, grande incidência de

sintomas depressivos em pacientes com pânico.

Os autores concluíram que existe uma forte

relação entre os transtornos de ansiedade,

sobretudo o pânico, com o desenvolvimento de

sintomas depressivos. Explicaram que, quanto

maior a vivência de ansiedade, maior seria a

possibilidade do desenvolvimento de sintomas

depressivos.

Em trabalho anterior, Caetano (1985)

descreveu a grande ocorrência de sintomas

depressivos em pacientes com transtornos

fóbico-ansiosos, em especial, o transtorno de

pânico. Entretanto, relatou que a depressão

desenvolvida por pacientes com pânico é

produzida quando o quadro é crônico e

limitante. Resultados semelhantes foram

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Comorbidade e pânico 547

observados por Andersen e Rosenberg (1990)

que perceberam grande presença de sintomas

depressivos em pacientes com pânico.

Diferentes estudos clínicos, desenvolvidos

com diversos tipos de delineamento e

levantamento de dados, também revelaram

forte associação entre o pânico e quadros ou

vivências depressivas (Blaya et al., 2006;

Castro et al., 2009; Freire et al., 2007; Mathias,

Mezzasalma, & Nardi, 2011).

Pelo fato dos dados terem identificado

forte incidência de quadros depressivos em

comorbidade com Transtorno de Pânico, optou-

se por apresentar os indicadores do Índice de

Depressão para que fosse possível a

identificação das variáveis que compõem o

referido índice. O detalhamento proporcionado

pela análise dos diferentes itens oferece maior

visão dos fatores que os pacientes apresentaram

para caracterizar o quadro depressivo.

Tabela 3 – Comparação dos indicadores de DEPI de pacientes e não pacientes pelo Teste Exato

de Fisher e post-doc de Dunn

Indicador Pacientes Não Pacientes Estatística p

% F % F

FV + VF + V > 0 6,67 2 6,67 2 Fisher 1,000 FD > 2 - - 3,33 1 Fisher 1,000 Col-Shad Blends > 0 70,00 21 33,33 10 X2 = 8,08 0,005 S > 2 6,67 2 - - Fisher 0,492 3r+(2)/R > 0.44 e Fr + rF = 0

23,33 7 20,00 6 X2 = 0,10 0,754

3r+(2)/R < 0.33 63,33 19 43,33 13 X2 = 2,41 0,121 Afr < 0.46 73,33 22 60,00 18 X2 = 1,20 0,273 Blends < 4 43,33 13 66,67 20 X2 = 3,30 0,069 SumShading > FM + m 86,67 26 50,00 15 X2 = 9,32 0,002 SumC’ > 2 40,00 12 10,00 3 X2 = 7,20 0,007 MOR > 2 3,33 1 3,33 1 Fisher 1,000 2AB + Art + Ay > 3 6,67 2 - - Fisher 0,492 COP < 2 96,67 29 93,33 28 Fisher 1,000 Isolate/R > 0.24 46,67 14 33,33 10 X2 = 1,11 0,292

Na Tabela 3, estão expostas as

comparações da incidência dos indicadores de

DEPI nos grupos de pacientes e não pacientes,

onde é possível observar diferença

estatisticamente significativa em três dados:

Incidência de determinantes mistos de cor e

sombreado (Col-Shad Blends > 0) que compõe

um indicador; somatória de sombreado maior

que movimentos animais e inanimados

(SumShading > FM + m) e somatória de

determinantes de cor acromática maior que dois

(SumC’ > 2), esses últimos, juntos, compõem

outro indicador.

Conforme assinala Castro (2008), os

indicadores de depressão observados nos

pacientes com pânico que participaram da

presente pesquisa foram identificados por três

condições em especial:

1 – Incidência de determinantes mistos de cor e

sombreado

Este dado revela que os pacientes com

pânico demonstram vivências afetivas confusas

e dolorosas, equivale a dizer que ao

experimentar qualquer tipo de afeto, este vem

carregado de ambivalência e sofrimento.

Em um caso avaliado por Exner e Erdberg

(2005), houve a incidência de um Col-Shad

Blend, que já é considerado como um sinal de

perturbação afetiva. As demais pesquisas

envolvendo a avaliação de pacientes com

pânico também indicaram, de alguma forma,

que os sujeitos passam por vivências de

sofrimento emocional que acarretam sensação

de ambivalência e pouca organização de

componentes afetivos, podendo levá-los a uma

desorganização interna (Andersen &

Rosenberg, 1990; Caetano, 1985; Cohen &

Ruiter, 1992; MacFadden, 1994; Montiel et al.,

2005; Morais & Souza, 1996; Villemor-

Amaral, Farah, & Primi, 2004).

2 – Predomínio de respostas de sombreado

sobre movimentos

Esse aspecto pode ser observado, de forma

empírica, nas pesquisas com pacientes com

pânico, em que são sempre frequentes as

indicações de sofrimento e dor psicológica

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548 Castro, P. F.

vividas pelos sujeitos. Independentemente da

estratégia metodológica que tenha sido adotada,

os componentes de sofrimento psicológico são

sempre presentes e representam um indicador

característico dos quadros de pacientes com

transtorno de pânico (Andersen & Rosenberg,

1990; Caetano, 1985; Cohen & Ruiter, 1992;

MacFadden, 1994; Montiel et al., 2005; Morais

& Souza, 1996; Villemor-Amaral et al., 2004).

3 – Incidência de respostas de cor acromática

O dado indica que os pacientes não

conseguem expressar seus conteúdos afetivos

de forma clara e coerente, levando-os a certa

constrição afetiva, reforçando as indicações de

pesquisas feitas anteriormente.

Índice de Transtornos de Percepção e Pensamento

O Índice de Transtornos de Percepção e

Pensamento ˗ PTI é composto de seis

elementos que se integram na avaliação de

comprometimento na percepção ou no

pensamento e mostra-se imperativo para a

análise da ideação. Segundo normas brasileiras,

quando há incidência de três ou mais

indicadores, pode revelar a presença acentuada

de algum tipo de patologia relacionada à

ideação ou à mediação.

Tabela 4 – Incidência de indicadores de PTI nos quatro grupos pelo teste de Kruskal-Wallis

Indic. Média D.P. Min Máx Mediana Sig

PF 0,80 1,26 0,00 3,00 0,00

p = 0,002 PM 1,47 1,13 0,00 3,00 2.00

CF 0,53 1,06 0,00 3,00 0,00

CM 0,07 0,26 0,00 1,00 0,00

Os dados da Tabela 4 mostram a

incidência das variáveis que compõem o PTI

nos quatro grupos. Tem-se que a média dos

indicadores de PTI no grupo de pacientes foi

0,80 para as mulheres e 1,47 para os homens

com pânico, no grupo de não pacientes

observa-se média de 0,53 às mulheres e 0,07

aos homens. Comparando-se os resultados das

variáveis contínuas pelos testes de Kruskal-

Wallis e post-hoc de Dunn para a comparação

dos escores entre os quatro grupos, obteve-se p

= 0,002, o que revelou uma diferença

estatisticamente significativa entre eles, pois os

pacientes do sexo masculino com pânico

possuem maior número de indicadores de PTI

quando comparado ao grupo controle.

Desta maneira, é possível afirmar que os

homens com Transtorno de Pânico que

compuseram a amostra, por meio da avaliação

do Rorschach, possuíam graves problemas na

articulação perceptiva e de pensamento,

podendo ser um sinal de vivência

psicopatológicas na esfera da ideação e/ou da

percepção.

Pesquisas normativas brasileiras apontam

média para o PTI em 0,69 com desvio padrão

em 1,12 (Nascimento, 2010). Dessa maneira,

detecta-se que os valores para os pacientes do

sexo masculino encontram-se acima do que foi

apresentado pela população do país.

Villemor-Amaral, Franco e Farah (2008)

observaram diminuição da qualidade e

comprometimento do pensamento em pacientes

com pânico, por meio da análise fenômeno-

estrutural das respostas do Método de

Rorschach. Além delas, pesquisas anteriores

também assinalaram algum tipo de prejuízo de

pensamento nos quadros de pânico que levam

os pacientes a algum tipo de comprometimento

da ideação, com prejuízo às funções cognitivas

e de contato com a realidade nesses indivíduos

(Figueira et al., 1992; Mello, 1988).

Apesar do exposto, dados do estudo de

Exner e Erdberg (2005) não indicaram de PTI

no estudo de caso de paciente com pânico, cujo

valor do índice foi zero.

Índice de Déficit Relacional

O Índice de Déficit Relacional – CDI é um

escore obtido com base na observação de 11

variáveis que se agrupam em cinco elementos

de análise com presença de, pelo menos, quatro

desses elementos. Avalia a existência de

dificuldades para enfrentar eficientemente as

demandas comuns do meio social onde o

indivíduo insere-se, revelando certa falta de

aptidão ou dificuldade para os elementos

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Comorbidade e pânico 549

relacionais, levando-os a problemas na

interação com os demais sujeitos que o

rodeiam. Apresentam características de

distância dos demais, pouca sensibilidade às

necessidades dos outros, levando-os a fracassos

nos contatos interpessoais.

Quando os resultados do CDI dos quatro

grupos foram comparados, nos dados das

Tabelas 5 e 6, não houve diferenças

estatisticamente significativas entre os dados de

pacientes e não pacientes.

Tabela 5 – Presença de CDI nos quatro grupos pelo Teste Exato de Fisher

CDI

Sim Não Sig

N % N %

p = 0,891 PF 11 73,33 4 26,67

PM 11 73,33 4 26,67

CF 11 73,33 4 26,67

CM 9 60,00 6 40,00

Tabela 6 – Incidência de indicadores de CDI nos quatro grupos pelo teste de Kruskal-Wallis

Indic. Média D.P. Min Máx Mediana Sig

PF 3,73 1,10 1,00 5,00 4,00

p = 0,979 PM 3,73 0,88 2,00 5,00 4,00

CF 3,73 0,88 2,00 5,00 4,00

CM 3,67 0,98 2,00 5,00 4,00

Os dados expostos na Tabela 5

demonstram que 73,33% (N=11) dos pacientes

com pânico, bem como os não pacientes do

sexo feminino indicaram CDI positivo, 60%

(N=9) do grupo controle masculino também

apresentaram a mesma indicação. Quando os

dados das variáveis categóricas do CDI foram

comparados pelo teste Exato de Fischer,

obteve-se a diferença p = 0,891, revelando que

não houve diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos.

As médias de variáveis positivas para CDI

nos quatro grupos foram muito semelhantes. De

acordo com a Tabela 6, encontraram-se 3,73

para os pacientes e controle feminino e 3,67

para controle masculino. Depois dos testes

Kruskal-Wallis e post-hoc de Dunn para a

análise das variáveis contínuas do CDI, obteve-

se um escore p = 0,979, que indica a ausência

de diferenças significativas.

Nesses dados, a maioria dos indivíduos

que compôs a amostra, indicou algum tipo de

dificuldade de interação com outras pessoas.

Como diferenças não foram observadas, esse

aspecto não foi considerado como característica

dos pacientes com pânico. Embora não tenha

sido alvo da presente investigação, conjecturou-

se que outros fatores desenvolvimentais ou

sociais podem ter interferido na dificuldade de

interação presente nos componentes da

amostra. Na avaliação de Exner e Erdberg

(2005), embora o paciente com pânico não

tenha indicado CDI positivo, apresentou três

elementos que caracterizam tal índice.

Constelação de Suicídio

A constelação de suicídio ˗ S-CON

constitui-se em um índice composto a partir da

verificação de 12 variáveis que se relacionam

para sua avaliação, é considerado positivo

quando o protocolo indicar oito ou mais

condições assinaladas. Nesse caso, revela

potencial autodestrutivo, podendo estar

associado a risco de conduta ou ideação

suicida.

Os dados da Tabela 7 apresentam os dados

de S-CON demonstrados pelos sujeitos desta

pesquisa. Observa-se que não existem

diferenças entre os quatro grupos, pacientes

com pânico feminino e masculino e controle

feminino e masculino.

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550 Castro, P. F.

Tabela 7 – Presença de S-Con nos quatro grupos pelo Teste Exato de Fisher

S-Con

Sim Não Sig

N % N %

p = 1,000 PF 0 0,00 15 100,00

PM 1 6,67 14 93,33

CF 0 0,00 15 100,00

CM 1 6,67 14 93,33

Tabela 8 – Incidência de indicadores de S-Con nos quatro grupos pelo teste de Kruskal-Wallis

Indic. Média D.P. Min Máx Mediana Sig

PF 5,00 1,07 3,00 7,00 5,00

p = 0,093 PM 5,20 1,47 3,00 8,00 5,00

CF 4,00 1,41 1,00 7,00 4,00

CM 4,47 1,68 2,00 8,00 4,00

O teste Exato de Fisher teve significância

de p = 1,000. Houve um predomínio quase

absoluto da pontuação negativa de S-CON, ou

seja, quase a totalidade dos participantes do

estudo não indicou a Constelação de Suicídio

em seus protocolos do Rorschach. Apenas dois

homens, um do grupo de pacientes e outro do

grupo de não pacientes que pontuaram

positivamente na referida constelação. No

estudo de Exner e Erdberg (2005), o pacienta

com pânico avaliado também não apresentou S-

CON positivo.

A comparação dos dados dos quatro

grupos para os indicadores de S-CON, Tabela

9, indicou p = 0,093. Após a aplicação dos

testes de Kruskal-Wallis e post-hoc de Dunn,

foi revelado que não existem diferenças

estatisticamente significativas entre eles. As

médias foram: para o grupo de pacientes

femininos 5,00 e aos pacientes masculinos de

5,20. Os dados do grupo de não pacientes

demonstraram médias de 4,00 às mulheres e

4,47 aos homens.

Índice de Hipervigilância

O Índice de Hipervigilância – HVI é

indicado pela presença de respostas de

sombreado textura, associada a pelo menos

quatro outras variáveis, identificadas em um

conjunto de sete sinais. Quando presente, revela

um estado de alerta contínuo e em alguns casos

está associado a uma tendência paranoica, ou

seja, sensação constante de ser observado e

demasiadamente notado pelo ambiente e, em

decorrência disso, uma atitude negativista

diante das relações sociais.

Os dados expostos na Tabela 9, referentes

à incidência de HVI nos quatro grupos, revela,

após aplicação do teste Exato de Fisher, um

valor de significância p=1,000, revelando que

não há diferença estatisticamente significativa

entre os grupos. Apenas um paciente do sexo

masculino apresentou o Índice de

Hipervigilância. Exner e Erdberg (2005)

levantaram HVI negativo em sua avaliação com

paciente com pânico.

Tabela 9 – Presença de HVI nos quatro grupos pelo Teste Exato de Fisher

HVI Sim Não Sig

N % N %

p = 1,000

PF 0 0,00 15 100,00

PM 1 6,67 14 93,33

CF 0 0,00 15 100,00

CM 0 0,00 15 100,00

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551 Castro, P. F.

Índice de Estilo Obsessivo

O Índice de Estilo Obsessivo – OBS é

identificado a partir da combinação entre cinco

variáveis associadas à referida questão. Quando

positivo, significa que o indivíduo avaliado

mostra tendência forte ao perfeccionismo e à

meticulosidade, levando-o a ações mais

minuciosas do que as demais pessoas.

Por fim, conforme é possível observar na

Tabela 10, os dados dos pacientes e não

pacientes foram absolutamente iguais, nenhum

participante indicou presença positiva do Estilo

Obsessivo. Em avaliação realizada em jovem

com pânico o OBS também foi negativo (Exner

& Erdberg, 2005).

Tabela 10 – Presença OBS de nos quatro grupos pelo Teste Exato de Fisher

OBS Sim Não Sig

N % N %

p = 1,000

PF 0 0,00 15 100,00

PM 0 0,00 15 100,00

CF 0 0,00 15 100,00

CM 0 0,00 15 100,00

Considerações finais

A vivência de um quadro psicopatológico

gera profundas consequências nas vidas dos

pacientes e seus familiares. Tal situação se

intensifica quando o sofrimento mental é

acompanhado de outros quadros associados,

configurando-se circunstâncias de

comorbidade.

O presente estudo buscou avaliar a

incidência de comorbidades em uma amostra de

pacientes com Transtorno de Pânico,

observando-se que a maior ocorrência de

quadros psicopatológicos associados ao pânico

foi o de depressão.

Na mostra investigada, a maior parte dos

pacientes com pânico indicou depressão ou

sinais de depressão como quadro associado.

Importante salientar que, na constituição da

amostra, foram selecionados pacientes sem

comorbidades diagnosticadas pela entrevista ou

pelo tratamento psiquiátrico. Os indicadores

depressivos surgiram apenas nos dados do

Método de Rorschach e foram levantados por

meio do material de interpretação do

instrumento.

Observa-se alta incidência de comorbidade

entre pânico e depressão na amostra

investigada, corroborado pelos estudos teóricos

e empíricos sobre o assunto. Esses dados

revelam a necessidade de se atentar para sinais

depressivos em pacientes com pânico, mesmo

que esses não sejam identificados em

entrevistas iniciais.

Outro fator de comorbidade foi o de

alteração ou perturbação do pensamento, nesse

caso apenas em homens com pânico, revelando

certo comprometimento da articulação da

ideação e/ou percepção desses pacientes.

Outros fatores identificados pelo

Rorschach não mostraram incidência

significativa e permitem afirmar que não

existiram outros quadros em comorbidade com

pânico.

Necessário salientar que os dados aqui

expostos referem-se à amostra investigada e

para generalizações mais amplas será

necessária a ampliação do estudo. Além disso,

necessário investigar outros possíveis quadros

associados ao pânico que não foram

investigados por não fazerem parte do grupo de

sinais psicopatológicos avaliados pelo

Rorschach.

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Recebido em 21 de Março de 2012

Texto reformulado em 24 de Outubro de 2012

Aceite em 25 de Outubro de 2012

Publicado em 31 de Dezembro de 2012