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1 http://ecoguia.cm-mirandela.pt/index.php?oid=85 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA A gestão da água esteve sempre muito associada à preocupação da utilização da água pelo Homem, sobretudo desde o início da industrialização das economias e da expansão dos regadios, que determinaram um crescimento muito significativo, sem precedentes, das necessidades e consumo de água. Este crescimento das necessidades de água, conduziu a situações de escassez e insuficiência de água disponível para todas as utilizações. Passou-se a gerir a água, de forma a assegurar a distribuição razoável e equitativa das suas disponibilidades entre as várias utilizações e aumentar as suas reservas, sobretudo nos países mais secos ou de maior irregularidade climática, através da construção de barragens e albufeiras. A água é o elemento mais abundante na Terra e também aquele de que o nosso organismo mais necessita, sendo um elemento fundamental para todo o planeta. Nela, surgiram as primeiras formas de vida, e a partir dessas, originaram-se as formas terrestres, as quais somente conseguiram sobreviver na medida em que puderam desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram retirar água do meio e retê-la nos seus próprios organismos. A evolução dos seres vivos foi sempre dependente da água. A água é o principal componente do corpo humano: Cerca de 60% do corpo humano é constituído por água, sendo esta indispensável ao seu normal funcionamento, dado que todo o metabolismo assenta em reacções desenvolvidas em meio aquoso. A água regula a temperatura do corpo humano, elimina as toxinas através da urina e da transpiração e, regula a distribuição dos nutrientes pelos diversos órgãos. A sua escassez no organismo, conduz a deficiências no processo de limpeza e desintoxicação do organismo, contribuindo para o aparecimento de várias doenças.

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http://ecoguia.cm-mirandela.pt/index.php?oid=85 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

A gestão da água esteve sempre muito associada à preocupação da utilização da água

pelo Homem, sobretudo desde o início da industrialização das economias e da expansão

dos regadios, que determinaram um crescimento muito significativo, sem precedentes,

das necessidades e consumo de água. Este crescimento das necessidades de água,

conduziu a situações de escassez e insuficiência de água disponível para todas as

utilizações. Passou-se a gerir a água, de forma a assegurar a distribuição razoável e

equitativa das suas disponibilidades entre as várias utilizações e aumentar as suas

reservas, sobretudo nos países mais secos ou de maior irregularidade climática, através

da construção de barragens e albufeiras.

A água é o elemento mais abundante na Terra e também aquele de que o nosso

organismo mais necessita, sendo um elemento fundamental para todo o planeta. Nela,

surgiram as primeiras formas de vida, e a partir dessas, originaram-se as formas

terrestres, as quais somente conseguiram sobreviver na medida em que puderam

desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram retirar água do meio e retê-la

nos seus próprios organismos. A evolução dos seres vivos foi sempre dependente da

água.

A água é o principal componente do corpo humano:

Cerca de 60% do corpo humano é constituído por água, sendo esta indispensável ao seu

normal funcionamento, dado que todo o metabolismo assenta em reacções

desenvolvidas em meio aquoso. A água regula a temperatura do corpo humano, elimina

as toxinas através da urina e da transpiração e, regula a distribuição dos nutrientes pelos

diversos órgãos. A sua escassez no organismo, conduz a deficiências no processo de

limpeza e desintoxicação do organismo, contribuindo para o aparecimento de várias

doenças.

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A água é a chave para todas as funções orgânicas:

• Sistema circulatório;

• Sistema de absorção;

• Sistema digestivo;

• Sistema de evacuação;

• Temperatura do corpo

Quantidade de água que deve ser ingerida

A quantidade de água que deve ser ingerida, depende da constituição física, do nível de

actividade e da temperatura do ar. O corpo humano perde uma quantidade significativa

de água através da respiração, transpiração e urina (na respiração perde cerca de 1/2

litros de água por dia). Por tudo isto, os especialistas recomendam que se bebam pelo

menos 2 litros de água por dia.

A ingestão de uma quantidade significativa de água faz com que todo o organismo fique

mais equilibrado e resistente, devendo ter-se especial atenção em situações de doença,

esforço físico prolongado e outras situações que possam requerer uma maior ingestão de

água.

Dicas para evitar o desperdício de água…

Existem várias medidas de poupança de água que todos nós devíamos adquirir:

•Tomar banhos rápidos (duches) em vez de demorados ou de banhos de imersão.

•Manter a torneira fechada enquanto se lavam os dentes, o corpo, o cabelo, ou a louça.

•Colocar uma garrafa com areia no autoclismo ou adquirir um autoclismo com duas

hipóteses de descarga.

•Um autoclismo que esteja a perder água pode desperdiçar em seis meses mais de

170.000 litros de água.

•Gota a gota, uma torneira mal fechada pode chegar a desperdiçar 50 litros por dia, o

que corresponde a mais de um metro cúbico por mês;

•Não poluir os rios, protegendo assim este recurso essencial á vida.

•Poupará muita água se usar a máquina de lavar só quando estiver completamente cheia.

•Pode poupar quase 10 000 litros de água por ano, se não a deixar a correr.

•Quanto mais água deixar ir pelo cano abaixo, maiores serão as dificuldades nas

estações de tratamento de águas residuais (ETAR’s).

Fonte: Dossier de Apoio à Educação Ambiental - Água Florestas - Porto Editora

Sabia que…

• A água é a única substância natural capaz de ser encontrada nos três estados físicos

(líquido, sólido e gasoso).

• A utilização média diária de água em Portugal é de cerca de 100 litros por habitante.

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• Todos os anos 1,5 milhões de pessoas morrem por falta de água, 90% das quais

crianças com menos de 5 anos de idade.

• Prevê-se que muito em breve, a falta de água seja motivo de inúmeros conflitos e

guerras entre nações.

• Mais de 1,2 mil milhões de pessoas não têm acesso a água potável segura.

• Da água que gastamos em nossas casas, cerca de 75% é usada na casa-de-banho.

• Se cada membro de uma família de 4 pessoas tomar diariamente um duche de 5

minutos, a família consumirá mais de 2600 litros de água por pessoa, ao que equivale à

água que uma pessoa bebe ao longo de 3 anos.

• Em média, a terça parte da água consumida nas habitações é utilizada nas lavagens

pessoais.

• As águas subterrâneas fornecem cerca de 65% da água destinada ao consumo humano

na Europa.

• 50% das zonas húmidas estão “em perigo de extinção” devido à exploração excessiva

das águas subterrâneas.

• 5678 Litros de água são usados para produzir um barril de cerveja.

• 3 Milhões de litros são o que leva uma piscina olímpica, com 50 m de comprimento

por 22 m de largura e com 2,7 m de profundidade.

• Mais de 97,5% da água do nosso planeta constitui os oceanos. Não pode ser usada na

indústria, na agricultura ou para beber.

• Cada gota de água desperdiçada é uma gota a menos num rio, ou seja, uma gota a

menos no percurso de um salmão, uma gota a menos numa barragem.

• Uma fuga de água que encha uma chávena de café em 120 minutos causará um

desperdício de quase 14 000 litros de água por ano.

• Três litros de um produto solvente (para tintas por exemplo) podem contaminar 60

milhões de litros de água subterrânea.

• Duche de 5 minutos: 60 litros

• Banho de imersão: 180 litros

• Lavar os dentes com água a correr: 10 a 30 litros

• Descarga de autoclismo: 6 a 10 litros

• Máquina de lavar louça: 25 a 60 litros

• Máquina de lavar roupa: 60 a 90 litros

Ciclo hidrológico da água

Pode admitir-se que a quantidade total de água existente na Terra, nas suas três fases

(sólida, líquida e gasosa), se tem mantido constante, desde o aparecimento do Homem.

A água da Terra (que constitui a hidrosfera), distribui-se por três reservatórios

principais, os oceanos, os continentes e a atmosfera, entre os quais existe uma

circulação perpétua, designado por ciclo da água ou ciclo hidrológico.

Pode definir-se o ciclo hidrológico da água, como a sequência fechada de fenómenos

pelos quais a água passa da superfície terrestre para a atmosfera, na fase de vapor, e

regressa à mesma, nas fases líquida e sólida.

O movimento da água no ciclo hidrológico é mantido pela energia radiante de origem

solar e pela atracção gravítica.

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A transferência de água da superfície da Terra para a atmosfera, sob a forma de vapor,

dá-se por evaporação directa, por transpiração / respiração das plantas e dos animais e

por sublimação (passagem directa da água da fase sólida para a fase gasosa).

A quantidade da água mobilizada pela sublimação no ciclo hidrológico é insignificante

perante a que é envolvida na evaporação e na transpiração, cujo processo conjunto se

designa por evapotranspiração.

O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e condensa-se após

percursos muito variáveis, que podem ultrapassar 1000 km. A água condensada dá lugar

à formação de nevoeiros e nuvens e a precipitação a partir de ambos.

A precipitação pode ocorrer na fase líquida (chuva ou chuvisco) ou na fase sólida (neve

ou granizo). A água precipitada na fase sólida apresenta-se com estrutura cristalina no

caso da neve e com estrutura granular, regular em camadas, no caso do granizo.

A precipitação inclui também a água que passa da atmosfera para a superfície terrestre

por condensação do vapor de água (orvalho) ou por congelação daquele vapor (geada) e

por intercepção das gotas de água dos nevoeiros (nuvens que tocam no solo ou no mar).

A água que precipita nos continentes pode tomar vários destinos. Uma parte é devolvida

directamente à atmosfera por evaporação; a outra origina escoamento à superfície do

terreno, escoamento superficial, que se concentra em sulcos, cuja reunião dá lugar aos

cursos de água.

A parte restante infiltra-se, isto é, penetra no interior do solo, subdividindo-se numa

parcela que se acumula na sua parte superior e pode voltar à atmosfera por

evapotranspiração e noutra que caminha em profundidade até atingir os lençóis

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aquíferos (ou simplesmente aquíferos) e vai constituir o escoamento subterrâneo.

Tanto o escoamento superficial como o escoamento subterrâneo vão alimentar os cursos

de água que desaguam nos lagos e nos oceanos, ou vão alimentar directamente estes

últimos.

O escoamento superficial constitui uma resposta rápida à precipitação e cessa pouco

tempo depois dela. Por seu turno, o escoamento subterrâneo, em especial quando se dá

através de meios porosos, ocorre com grande lentidão e continua a alimentar os cursos

de água longo tempo após ter terminado a precipitação que o originou.

Assim, os cursos de água alimentados por aquíferos apresentam regimes de caudal mais

regulares.

A água que precipita nos continentes vai, assim, repartir-se em três parcelas: uma que é

reenviada para a atmosfera por evapotranspiração e duas que produzem escoamento

superficial e subterrâneo.

Assim, a precipitação, ao incidir numa zona impermeável, origina escoamento

superficial e evaporação directa da água que se acumula e fica disponível à superfície.

Incidindo num solo permeável, pouco espesso, assente numa formação geológica

impermeável, produz escoamento superficial e evaporação da água disponível à

superfície e ainda evapotranspiração da água que foi retida pela camada do solo de onde

pode passar à atmosfera. Em ambos os casos não há escoamento subterrâneo; este

ocorre no caso de a formação geológica subjacente ao solo ser permeável e espessa.

A energia solar é a fonte da energia térmica necessária para a passagem da água das

fases líquida e sólida para a fase do vapor, é também a origem das circulações

atmosféricas que transportam vapor de água e deslocam as nuvens.

A atracção gravítica dá lugar à precipitação e ao escoamento. O ciclo hidrológico é uma

realidade essencial do ambiente. É também um agente modelador da crosta terrestre

devido à erosão e ao transporte e deposição de sedimentos por via hidráulica.

Condiciona a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, a vida na Terra.

A água renova-se num ciclo permanente e inalterável.

Ciclo Urbano da Água

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Captação – A água pode ser captada em rios/barragens ou ter origens subterrâneas

(nascentes, poços e furos).

Distribuição – A água captada é submetida a processos de tratamento em Estações de

Tratamento de Água (ETA), que lhe conferem qualidade para consumo humano.

Rede/Distribuição – Depois de tratada, a água é distribuída aos consumidores

domésticos e industriais através da rede pública de abastecimento.

Consumo Doméstico/Industrial – A alimentação, a higiene pessoal e actividades de

lazer são as principais utilizações domésticas da água. A água é utilizada como matéria

prima em diversos processos de fabrico e para a limpeza dos equipamentos.

ETAR/Tratamento – As águas residuais, também denominadas esgotos ou efluentes

líquidos, necessitam de um tratamento adequado para que possam ser descarregados

com o mínimo impacte ambiental. Este processo é efectuado em Estações de tratamento

de Águas Residuais (ETAR).

Devolução – Os efluentes líquidos, depois de submetidos aos processos de tratamento

nas ETAR’s, são devolvidos ao meio receptor em condições ambientalmente seguras.

(Fonte: Adaptado de Águas de Portugal)

Fontes e Fontanários

As fontes e fontanários foram muitas vezes, e desde os tempos antigos, um dos

principais motivos que levaram à fixação de populações humanas em determinados

locais, uma vez que a água é um dos elementos naturais que se revela mais

indispensável ao ser humano. Assim se compreende o facto de ser notória a existência

de nascentes de água nas proximidades de povoações de maior ou menor dimensão, que

actualmente procuram preservar no seu património como bens inestimáveis, as suas

fontes de água originais, mesmo que se encontrem no presente inoperacionais,

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relativamente às funções para as quais foram utilizadas no passado.

A propagação de algumas doenças epidémicas, derivadas do consumo de água menos

salubre, conduziu ao encerramento da maioria das fontes e fontanários, tendo-se optado

por outras formas de abastecimento de água, a fim de garantir a sua salubridade,

nomeadamente, tratamento adequado, actualmente efectuado em ETA’s.

Contudo, verifica-se que longos anos após o encerramento de muitas fontes e

fontanários, ainda há gente que continua a suspirar pelas suas benditas fontes. Gente que

ainda não dispensa na sua criteriosa ementa de bebidas, o garrafãozinho da “melhor

água do mundo”, continuando a ser recolhida, sempre que possível, naqueles

fontanários, também designados por “bicas”.

Fontes e Fontanários do Concelho de Mirandela

Foi realizado entre Junho e Agosto de 2005, em todo o concelho de Mirandela, um

levantamento do número de fontanários, assim como análise da respectiva água, tendo-

se constatado que existem no concelho 280 do género, distribuídos por fontanários da

responsabilidade do Serviço Municipalizado de Água (SMA) e, fontanários

de nascente.

Da análise dos resultados apresentados, verifica-se que dos 113 fontanários em

actividade, provenientes de nascentes e/ou furos de água, aquando da realização do

estudo, apenas 4 possuem água própria para consumo humano, de acordo com o

Decreto-Lei nº 243/2001 de 5 de Setembro, estando os restantes 109 com água

imprópria para consumo, isto é, que ultrapassa os limites exigidos no referido Decreto-

Lei.

Neste âmbito, a autarquia de Mirandela, através da Divisão de Serviços Urbanos,

providenciou a colocação de placas avisadoras da qualidade da água em cada um das

Fontes/Fontanários estudados.

De acordo com o que acontece um pouco por todo o país, verificou-se de imediato a

vandalização pelas populações locais, das referidas placas avisadoras sobre a qualidade

da água.

No seguimento de todo o levantamento efectuado, procedeu-se à georeferenciação por

GPS de todos os fontanários, tendo sido os dados tratados em conjunto com os serviços

de SIG da Câmara Municipal e, encontrando-se referenciados no mapa a seguir

apresentado. A cada ponto encontram-se associados os dados referentes ao grau de

salubridade (própria / imprópria), nome, freguesia / localidade, localização exacta,

funcionalidade (activo/inactivo) e entidade responsável.

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POLUIÇÃO DA ÁGUA

As principais fontes de poluição da água são a indústria, o comércio, os serviços, a

agricultura e as actividades domésticas.

Os poluentes responsáveis pela degradação do meio hídrico natural são diversos,

designadamente, a matéria orgânica, os nutrientes inorgânicos (azoto e fósforo), os sais

dissolvidos, os sólidos suspensos/sedimentáveis, os hidrocarbonetos e as substâncias

tóxicas (metais pesados, ácidos e bases inorgânicos, detergentes, compostos organo-

halogenados, compostos fenólicos, amónia, cianetos, …), entre outros.

De acordo com a sua natureza e concentração, os poluentes apresentam diferentes

efeitos sobre o meio ambiente e saúde pública.

EFEITOS DA POLUIÇÃO AQUÁTICA SOBRE O MEIO AMBIENTE:

- Desoxigenação da água;

- Variações de salinidade e de temperatura;

- Turvação;

- Alteração/destruição da fauna e da flora;

- Eutrofização (fenómeno associado ao desenvolvimento desequilibrado de

microorganismos e plantas aquáticas).

DOENÇAS PROVOCADAS PELA INGESTÃO DE ÁGUA CONTAMINADA

O controle da qualidade é uma medida que visa principalmente garantir a saúde da

população e deve ser exercida nos meios urbanos e rurais.

Anualmente, cerca de 3 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em consequência

da ingestão directa de água potável. Este número gigantesco é particularmente

inquietante quando comparado com o de 120 milhões de pessoas que, actualmente, na

Região Europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS), não dispõem em

permanência de água potável. Segundo a OMS, cerca de 80% de todas as doenças que

se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade.

A qualidade da água, por si só (em particular a qualidade microbiológica da água), tem

uma grande influência sobre a saúde. Se não for adequada, pode ocasionar surtos de

doenças e causar sérias epidemias. Os riscos de saúde, associados à água, podem ser de

curto prazo (quando resultam da poluição de água causada por elementos

microbiológicos ou químicos) ou de médio e longo prazos (quando resultam do

consumo regular e contínuo, durante meses ou anos, de água contaminada com produtos

químicos, como certos metais ou pesticidas).

A água contaminada pode de várias maneiras prejudicar a saúde das pessoas:

• Através da ingestão directa,

• Na ingestão de alimentos,

• Pelo seu uso na higiene pessoal e no lazer,

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• Na agricultura,

• Na indústria.

Outras doenças provocadas por ingestão de água contaminada:

• Poliomelite; • Saturnismo;

• Ascaridíase; • Dengue;

• Febre paratifóide; • Malária;

• Febre tifóide • Leptospirose;

• Doenças respiratórias; • Febre Amarela;

• Esquitossomose; • Bócio.

• Perturbações gastrointestinais;

• Infecções dos olhos, ouvidos, garganta, nariz;

• Fluorose;

Regras de Higiene Individual e Colectiva para Prevenção de doenças Transmitidas

pela Água:

• Utilizar somente água de rede geral de abastecimento público (que, por razões

especiais de segurança, pode ser fervida - ebulição durante, pelo menos, 5 minutos).

Nunca usar água de outras origens (poços ou minas).

• Consumir somente gelo preparado com água da rede de abastecimento público

(que, por razões especiais de segurança, pode ser fervida ou desinfectada).

Sabia que…

• A cada oito segundos, uma criança morre devido a uma doença relacionada com a

água.

• A cada ano, mais de cinco milhões de seres humanos morrem de alguma doença

associada à água não potável, ambiente doméstico sem higiene e falta de sistemas para

eliminação de esgoto.

• Estima-se que, a qualquer momento do dia, metade de toda a população nos países em

desenvolvimento esteja a sofrer de, uma ou mais, entre as seis principais doenças

associadas ao abastecimento de água e saneamento Nos países da América Latina,

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existem 168 milhões de pessoas sem abastecimento de água e as enfermidades de

origem hídrica aparecem entre as três principais causas de morte na região. A epidemia

mais significativa dos últimos anos, nesta área, foi a da cólera, originada em 1991, no

Peru e que se estendeu por 21 países da região, com mais de 1.200.000 de casos

registrados até 1997.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA

A Estação de Tratamento de Água (ETA), é a etapa do sistema de abastecimento de

água onde ocorre o tratamento da água captada na natureza, visando a potabilização

para posterior distribuição à população.

As principais finalidades de uma ETA ao nível higiénico são: remoção de bactérias,

elementos venenosos ou nocivos, minerais e compostos orgânicos em excesso,

protozoários e outros microorganismos. No que respeita ao nível estético, analisam-se

parâmetros como:

correcção da cor, turbidez, odor, sabor. Ao nível económico: redução da corrosividade,

dureza, cor, turbidez, ferro, manganês, odor, sabor, etc. Uma água diz-se adequada para

consumo humano, se for:

• De paladar agradável,

• Segura (não deve conter qualquer organismo patogénico ou substância química

prejudicial ao consumidor),

• Límpida,

• Incolor e inodora,

• Não corrosiva,

• Baixo teor de matéria orgânica (evitando assim o crescimento biológico na rede de

distribuição e nos reservatórios),

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• Razoavelmente macia (permitindo a lavagem sem consumo excessivo de detergentes).

ETAPAS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NUMA ETA

Gradagem

A água bruta, antes do início da sua trajectória para a ETA, passa por uma série de

grelhas para se proceder à remoção de sólidos grosseiros evitando a obstrução das

condutas que conduzem a água às restantes etapas do tratamento.

Oxidação

Tem como objectivo aumentar o teor de oxigénio da água contribuindo para a sua

purificação e melhorando a sua qualidade através da remoção do sabor e cheiro

desagradáveis.

Coagulação

As partículas existentes na água são já de reduzida dimensão, estas nunca sedimentam

naturalmente. Nesta fase, é adicionado um coagulante, que irá agregar pequenas

partículas de impurezas presentes na água, formando coágulos que a seguir sedimentam.

Floculação

Nesta fase é adicionado um floculante, que por intermédio de agitação forçada,

permitirá aos coágulos formados durante a coagulação, que se agrupem novamente

formando “flocos” maiores e mais densos, sendo estes facilmente removidos por

decantação da água.

Decantação

Os flocos formados no processo de Coagulação/Floculação são removidos por

sedimentação, depositando-se no fundo do tanque, a qual se denomina por lama. Esta

lama é posteriormente removida do tanque, seguindo a água clarificada para a próxima

etapa do tratamento.

Remoção de Lamas

Os tratamentos de água, quer seja água para consumo, quer seja água residual,

produzem quantidades consideráveis de lamas residuais, devendo ser tomadas as

precauções adequadas na sua deposição final, para evitar a potencial transferência de

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agentes patogénicos.

Filtração

Nesta etapa, apesar de quase limpa, a água ainda contém matéria orgânica dissolvida e,

sólidos muito finos. Cabe à filtração a remoção destas pequenas partículas.

Desinfecção

Estando livre de impurezas e quase pronta para beber, a água sofre um processo

dedesinfecção, que consiste na remoção de microorganismos invisíveis a olho nu, como

vírus e agentes patogénicos. Para tal, são utilizados métodos como a cloração,

ozonização ou radiação ultravioleta, que asseguram a eliminação destes

microorganismos. A adição de cloro, designada por cloração, é o método mais utilizado.

Deve ainda proceder-se ao ajuste do pH, de modo a que a água não seja, nem muito

ácida, nem muito alcalina.

Armazenamento / Distribuição

Após todos estes processos de tratamento, a água é encaminhada para grandes

reservatórios, para ser distribuída ao consumidor através de uma rede de distribuição

que integra reservatórios e estações elevatórias.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS - ETAR

Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), é certamente o destino mais

adequado à promoção da saúde pública e à preservação dos recursos hídricos, de modo

a evitar a sua contaminação. Assim, as ETAR's têm como objectivo o tratamento final

das águas residuais produzidas pelas populações, permitindo uma possível reutilização

destas, através de um processo longo e faseado.

Em função da sua origem há dois grandes tipos de águas residuais: as domésticas e as

industriais. As águas residuais domésticas são geralmente resultantes da actividade

habitacional podendo ser águas fecais ou negras e saponáceas. Dentro deste tipo de

classe podem ainda considerarse:

• águas residuais turísticas, com características sazonais, podem apresentar menor ou

maior carga poluente conforme provêm de estabelecimentos hoteleiros isolados ou de

complexos turísticos importantes;

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• águas residuais pluviais provenientes da

precipitação atmosférica. A sua carga

poluente em termos de sólidos suspensos

pode chegar a ser muito superior à das águas

residuais domésticas.

As águas residuais industriais são

provenientes das descargas de diversos

estabelecimentos. As suas características são

função do tipo e processo de produção.

Finalmente, deve ainda considerar-se as

resultantes da mistura de águas residuais

domésticas com industriais e/ou pluviais - as

águas residuais urbanas.

A maioria das águas residuais tem como

destino final os meios hídricos, sendo, por

isso, necessário efectuar o seu tratamento de

modo a garantir que a descarga feita não

provoque desequilíbrios ao nível do

ecossistema em questão. É por esta razão

que se torna necessário proceder ao

tratamento de águas residuais, estando a

exigência da qualidade final destas águas

especificada na legislação em vigor

(Decreto-Lei nº 236/98 e 1 de Agosto).

A descarga de um efluente não tratado ou

inadequadamente tratado, pode:

• Aumentar a probabilidade da disseminação

de microorganismos patogénicos,

• Aumentar o perigo da utilização de águas

doces superficiais e subterrâneas para

consumo humano,

• Originar a contaminação de bivalves,

• Aumentar o perigo de utilização das águas

para recreio,

• Provocar a diminuição da concentração do

O2 dissolvido, pela matéria orgânica,

destruindo a vida aquática,

• Criar condições desagradáveis (odores e

detritos) na massa de água.

MÉTODOS DE TRATAMENTO DE UM

EFLUENTE

O tratamento a efectuar a uma dada água residual, tem como objectivo remover as

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substâncias que essa água residual contém, para que o seu lançamento no meio receptor,

quer seja o solo, quer seja uma massa de água, não altere significativamente as

qualidades desse meio.

De um modo geral os tipos de tratamentos de um efluente são quatro. Porém a

necessidade de os utilizar é dependente do tipo e processo de produção das águas a

tratar. Estando envolvidos diferentes tipos de processos, desde os físicos, passando

pelos químicos, físico-químicos, até aos biológicos.

TRATAMENTO PRELIMINAR (Pré-Tratamento)

Neste tratamento pretende-se retirar os constituintes que causam problemas de

manutenção e mesmo operacionais nos equipamentos principais e auxiliares do

processo (por exemplo, as areias e os sólidos grosseiros podem danificar as bombas).

Algumas operações usadas no tratamento preliminar, são a gradagem para remoção de

sólidos grosseiros, a desarenação para remoção de areias, a flutuação para remoção de

grandes quantidades de óleos e gorduras e a homogeneização de caudais.

TRATAMENTO PRIMÁRIO (Fisico-Químico)

Este tratamento permite remover uma fracção de material em suspensão e matéria

orgânica. Esta remoção é conseguida por intermédio de operações físicas e químicas

como a gradagem, a sedimentação, a coagulação/floculação e a flutuação. Após ser

submetido a um tratamento primário, o efluente ainda contém uma quantidade

apreciável de matéria orgânica, daí que este tratamento seja o percursor do tratamento

secundário. As lamas resultantes do tratamento primário são resultantes de lamas

primárias.

TRATAMENTO SECUNDÁRIO (Biológico)

Este tratamento tem como objectivo a remoção da matéria orgânica biodegradável e dos

Sólidos Suspensos Totais (SST), por meio de processos biológicos. Neste tipo de

tratamento, podem ser utilizados dois tipos diferentes de tratamento:

• aeróbicos, onde se pode utilizar, dependendo das características do efluente, tanque de

lamas activadas (o ar é insuflado com arejador de superfície), lagoas arejadas com

macrófitas, leitos percoladores, biodiscos, lamas activadas ou leito móvel;

• anaeróbico, podem ser utilizadas as lagoas ou digestores anaeróbicos.

Os processos biológicos podem ser divididos em processos de biomassa fixa e

processos de biomassa suspensa. Os processos de biomassa fixa, mantêm os

microorganismos ligados (fixos) a um material inerte de enchimento, formando o

chamado biofilme.

Enquanto que os processos de biomassa suspensa mantêm os microorganismos em

suspensão no efluente, por processos de agitação.

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Os métodos mais usados no tratamento biológico de águas residuais são as lamas

activadas, os filtros biológicos (Leitos de Percolação) e os Leitos de Macrófitas

(ETAR de Plantas ou Fito-ETAR). Nesta fase o processo físico-químico é constituído

por um ou mais sedimentadores secundários.

É feita a sedimentação dos flocos biológicos, saindo o líquido, depois deste tratamento,

isento de sólidos ou flocos biológicos.

As lamas resultantes deste tratamento (lamas secundárias) são secas em leitos de

secagem, sacos filtrantes ou filtros de prensa.

Tratamento por Lamas Activadas

No tratamento por lamas activadas a cultura de microorganismos e, em particular das

bactérias aeróbias, é mantida em suspensão no reactor biológico.

A água residual, depois do tratamento primário, permanece no reactor o tempo

necessário para que ocorra a oxidação da matéria orgânica.

De seguida, a mistura é conduzida para um tanque de degradação onde se dá a

separação da fase sólida (lamas biológicas), da fase líquida. Parte das lamas é então

recirculada para o reactor com o objectivo de manter a concentração óptima de

biomassa e as lamas em excesso são retiradas do decantador com recurso a meios mais

ou menos autónomos e conduzidas ao destino final.

O oxigénio indispensável à oxidação da matéria orgânica, é fornecido por recurso a

difusores instalados no fundo do reactor ou por agitadores mecânicos. Também é

fundamental provocar a agitação mecânica da água, para que os microorganismos

permaneçam em suspensão na água residual.

Tratamento por Leitos de Percolação

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No sistema de leitos percoladores, após o tratamento preliminar, o efluente passa pelo

decantador primário até chegar ao leito percolador de enchimento variável. Aqui o

efluente entra num distribuidor rotativo e vai criar no leito de percolação um filme

biológico constituído por um aglomerado de bactérias que fazem a decomposição da

matéria orgânica. Quando o efluente é escoado pode ser feita a recirculação em torno do

leito percolador ou a descarga no meio receptor. No entanto, a recirculação deve ser

feita de preferência a partir do efluente tratado do decantador secundário, pois neste

caso a matéria orgânica encontra-se diluída e, por conseguinte, não ocorre o risco de o

leito percolador sofrer colmatação dos espaços vazios de enchimento (In Naturlink).

Tratamento por Leitos de Macrófitas

Os leitos de Macrófitas, são sistemas biológicos de tratamento de efluentes, em que são

usadas culturas de plantas que ou interactuam directamente com os efluentes ou servem

de suporte a microorganismos que os degradam. Durante a passagem da água residual

através do meio poroso (leito artificial) e pelo meio das raízes e rizomas das macrófitas,

ocorrem fenómenos de filtração, de oxidação-redução, de absorção e de precipitação, de

que resultam uma remoção de nutrientes, azoto e fósforo, conjuntamente com uma

redução dos microorganismos patogénicos.

A utilização de leitos de macrófitas como órgãos de tratamento biológico de efluentes, é

hoje um procedimento regular em efluentes domésticos de pequenas povoações rurais,

condomínios privados, unidades hoteleiras isoladas e similares.

Estas pequenas lagoas artificiais, estanques e de fundo plano, delimitada por taludes, é

impermeabilizada por uma tela de polietileno de alta densidade (PEAD) a aplicar sobre

uma camada de geotêxtil de filamento contínuo e de alta porosidade. A tela encontra-se

protegida ao nível do fundo, com uma camada de areia, sobre a qual é aplicada uma

camada de brita, a que se sobrepõe uma camada de areia e, por fim, uma camada de

terra vegetal, na qual se plantam espécies vegetais arbustivas ou herbáceas.

Do leque de espécies vegetais mais adequadas a um sistema deste tipo, as macrófitas,

dotadas de uma elevada capacidade de evapotranspiração, de boa tolerância a águas de

média salinidade e elevado teor em azoto e capacidade de adaptação a solos de pequena

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espessura, são talvez as que mais vão ao encontro do objectivo do método.

Cabe a estas plantas transportar descendentemente oxigénio para o substrato, que

suportará a actividade metabólica dos organismos aeróbios na depuração. Às raízes e

rizomas cumpre sulcar em constância o substrato, rasgando-o e estabelecendo micro

canais e passagens para impedir a colmatação.Finalmente as plantas participam também

directamente na remoção de alguns nutrientes do efluente (nitratos, fosfatos, sulfatos e

carbonatos), e indirectamente em diversos processos de simbiose e outras interacções

ecológicas, biofísicas e bioquímicas do solo.

TRATAMENTO TERCIÁRIO

Quando se pretende uma água com elevada qualidade (por exemplo, água para

arrefecimento industrial ou para entrada num processo fabril), recorre-se a um

tratamento mais completo - o tratamento terciário. Este consiste no uso de processos de

desinfecção e pode também combinar, além dos tratamentos primário e secundário, os

seguintes processos de depuração: permuta iónica e osmose inversa (para diminuir os

sólidos dissolvidos totais, SDT). Este tipo de tratamento tem por objectivos principais,

para além da remoção da matéria orgânica e SST, a remoção de nutrientes (de forma a

evitar a eutrofização dos meios hídricos), de compostos tóxicos (metais pesados,

detergentes, pesticidas) e de microorganismos patogénicos.

TRATAMENTO DE LAMAS

Todos os processos descritos dão origem a uma mistura de substâncias que são

responsáveis pelo carácter ofensivo das águas residuais, as lamas.

O tratamento de lamas tem como objectivo a redução do seu volume e a sua

estabilização, não sendo este um tratamento habitualmente feito em contínuo, as lamas

necessitam ser armazenadas durante algumas horas ou até mesmo alguns dias, sendo

necessário garantir a sua homogeneização e arejamento de forma a evitar uma

decomposição descontrolada.

Antes de qualquer tratamento, a lama deve sofrer um espessamento para que a sua

consistência aumente. Os processos de espessamento de lamas incluem a sedimentação

por gravidade, a flutuação, a centrifugação e a filtração, sendo os mais usados a

sedimentação e a flutuação.

Após redução do teor em água, a lama deve sofrer uma estabilização. Este processo

pode ser efectuado química ou biologicamente. A cal (Ca(OH)2), é o produto químico

mais utilizado, pois faz com que o pH da lama atinja valores superiores a 12, criando,

deste modo, um ambiente que impossibilita a sobrevivência dos microorganismos e

consequentemente a putrefacção da lama, sem produção de odores (desde que o pH seja

mantido a este nível).

Os processos biológicos usados na estabilização de lamas são a digestão aeróbia, a

digestão anaeróbia e a compostagem. A lama compostada (obtida por tratamento em

condições aeróbias) é um material higiénico, não causa incómodos e é semelhante ao

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húmus, podendo ser usada como um bom condicionador de solos na agricultura.

O destino final das lamas estabilizadas poderá ser a agricultura, se tiver as

características adequadas. No caso de conter produtos químicos resultantes do seu

tratamento, deverão ser depositadas num aterro controlado específico para resíduos

deste tipo.

Os gases deverão ser devidamente controlados e tratados, antes de serem libertados para

a atmosfera pois são poluentes e prejudiciais para a saúde. Utilizações menos comuns

consistem na recuperação de taludes, encerramento de pedreiras e reparação de fendas

no solo.

ETAPAS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NUMA ETAR