independente cidades 11 conseg diz que não havia arma...

1
MACEIÓ - QUINTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2018 CIDADES 11 TRIBUNAINDEPENDENTE Folião ortodoxo O carnaval já se foi há meses, o próximo já está chegando, mas um fato protagonizado pelo popularíssimo Filadelfo Policarpo (Dedéo Boca de Grude), ainda é lembrado e recontado nos papos de esquina do bairro Vergel do Lago. O cara só quer ser o que a folhinha não marca. Para o leitor ter uma ideia da boçalidade do sujeito, basta dizer que ele aprecia bastante comparecer à praia do Sobral vestido de terno e gravata, calçando sapatos sociais bem lustrosos. Negócio dele é ser diferente de todo mundo, apesar de só possuir um cantinho para cair morto, justo um casebre que fica na Rua do Cisco, onde existe um lixão filho da égua patrocinado pela edilidade. Naquele sábado de Zé Pereira passado, aí pela “boquinha da noite”, o babalorixá Dedé Calunga, abriu as portas do seu terreiro para o baile carnavalesco que costuma promover todos os anos para os seus “filhos de santo”, mormente os da Brejal. Inserido nesse contexto encontrava- se o proverbial Boca de Grude, que não parava de se exibir para as cabrochas presentes. A turma foi chegando e nada de aparecer o Zé Biláu, a figura mais importante da festa. - Mas cadê o nosso disque-joquei? Pô, o cara tá demorando demais! A preocupação era do Boca de Grude. Mal acabou de falar, eis que pintou o recinto o “dijei” reclamado, carregando na cabeça um monte de discos carnavalescos. Na sua retarguarda, o auxiliar Tonho Bilunga, com o serviço de som. Num abrir e fechar de olhos eles instalaram o material dançante e os alto falantes começaram a expelir para os ares um vasto repertório de marchas, frevos e sambas. Para completar a zuada, dois negões se apossaram de igual número de atabaques e completaram a zuada. Em dado momento, o frevo “Vassourinhas” comeu no centro e a poeira cobriu o salão. Nesse meio tempo, Boca de Grude já manifestava o seu desagrado com a folia. Aí, puxou um amigo pelo braço e disse: - Justino, essas músicas de carnaval são muito antigas e ultrapassa- das. Já estou de saco cheio desse carnaval. Acho melhor a gente trocar essas porcarias por um bolerozinho. O que é que você acha? - Ah, colega, bolero é uma boa. Principalmente se for do Bienvenido Granda ou do Valdick Soriano. Mas como só temos músicas de carna- val, o jeito é a gente ir quebrando o galho com essas mesmo... E o Boca: - Não tem agora. Mas vai ter! Espere só pra ver! Dito isto, Boca de Grude fez meia volta e saiu do salão. Dez minutos depois, retornou abraçando um monte de discos de vinil. Chegou junto da vitrola, tirou o braço da mesma e o disco parou de tocar. Em seguida, substituiu o disco que estava tocando por outro, abriu o volume do som até o último ponto e aí ouviu-se o grito do finado Soriano: - Eu não sou cachorro nããããaooo/ Pra viver tão humilhaaado/ Eu não sou cachorro nããããooo... A estas alturas Boca de Grude já estava abufelado com uma morena, rodopiando pelo salão, fato que não agradou o namorado da referida, um negrão de dois metros de altura por 120 quilos de peso. Boca de Grude só levou um tabefe no pé do ouvido e caiu estatelado no chão. Quando acordou no domingo de carnaval, num leito hospitalar, só fazia repetir: - Qual foi o trem que me atropelou? Por favor, me digam qual foi o trem que me atropelou? Honra garantida Zequinha de Astolfo era um baixinho de fé e muito querido na Zona da Mata, mais precisamente em Viçosa, onde pontuava um sargento de polícia chamado Firmino, gente muito boa. Certa noite, o militar e três soldados do destacamento policial saíram apressados da delegacia para acabar com um quebra-quebra na zona do meretrício, onde as brigas eram comuns. Mas desta vez os arruaceiros estavam quebrando o bar todo. Sargento Firmino e sua turma prenderam todos os brigões levaram para passarem a noite no xilindró e pagarem os estragos que promo- veram. Aliás, todos não. O Zequinha de Astolfo não foi preso porque o sargento-delegado sabia que ele era trabalhador e que não tinha o hábito de beber e brigar. Em assim sendo, não devia ter culpa nos acontecimentos. Mas Zequinha de Astolfo ficou descontente: - Seu sargento, o que a turma vai pensar de mim? Todo mundo foi preso, menos eu! Vão achar que eu estou “encoloiado” com a polícia. Quero ir preso também! - Não! Você, não! – rebateu o sargento. Zequinha era insistente. Foi à delegacia, bateu na porta e foi atendi- do pelo cabo Virgulino, segunda pessoa do sargento: - Quê que você quer, rapaz? - Eu quero que você vá dentro e diga ao delegado Firmino que eu também estava na briga! Eu acho que devo ser preso junto com os outros. Diga pra ele que venha até aqui e me prenda, se for macho! - Êpa, rapaz! Aí você já está apelando. Quem vai terminar lhe pren- dendo sou eu! - Então tá certo, me prenda! Mas me prenda até as três da manhã, que é hora que eu vou pro trabalho na padaria do seu Osório. - Se você está fazendo tanta questão de ir preso, tá certo. Mas só lhe solto junto com os outros, de manhã. - Mas eu tenho que fazer pão para a freguesia. Me solte às três... - Não! Eu lhe solto às oito da manhã. Vai entrar ou não vai? - As oito é muito tarde, cabo. Vá chamar o sargento que ele me solta as três. - O sargento foi dormir e eu não vou acordá-lo. Vamos fazer o seguinte... eu lhe solto às sete. Tá bom assim? - É tarde. Discutiram, discutiram e, finalmente, entraram num acordo: Zequi- nha de Astolfo foi preso, saiu às cinco horas da manhã. O pão saiu um pouco atrasado naquele dia, mas ele estava com a honra garantida. Jair e a donzela Ditinha Garoto treloso, Jair Narciso pintou as canecas no bairro do Farol. Um dia, caiu de olhares numa morena curvilínea chamada Ditinha, que tinha a cara mais inocente do mundo. Gamado na criatura, ele não acre- ditou quando lhe disseram (terá sido o Válter Guimarães, ou terá sido o Cáu Oiticica?) que Ditinha era uma moça completamente ingênua, que jamais fez safadeza com homem nenhum: - Que nada! Boi sonso é que pula a cerca. Para tirar a prova, convidou-a para um baile no Iate Clube Pajuçara e ficou dançando com ela até alta madrugada, fazendo propostas de amor eterno. Lá pelas tantas, foi leva-la em casa. E ela jurando que nunca tinha ficado com um rapaz, fora de casa, até às três da manhã. Chegaram ao portão, começaram os beijos de despedida. Muito do safado, Jair puxou o “instrumental” para fora e sussurrou no ouvido da Ditinha: - Segura aqui um pouquinho, meu amor... E ela: - Por que? Pra onde você vai, neguinho? AÍLTON VILLANOVA [email protected] Conseg diz que não havia arma com funcionário da OAB Conselho diz que militares teriam histórico truculento e pede que eles sejam afastados Delegado do caso, Robervaldo Davino descarta tentativa de homicídio O Conselho de Se- gurança Pública (Conseg) pediu o afastamento dos policiais militares do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) envolvidos em uma confusão que termi- nou com um funcionário da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL), José Geovânio, baleado na perna na última segunda-feira (4). Em entrevista à TV, na manhã de ontem (6), o vi- ce-presidente do conselho, Antônio Carlos Gouveia, disse que houve despropor- cionalidade na conduta dos agentes da segurança públi- ca, tendo em vista que, no episódio haviam dois poli- ciais que poderiam ter imo- bilizado o flanelinha. Gou- veia também colocou que não havia arma nenhuma com José Geovânio como foi alegado pelos PMs. “Os militares envolvidos nessa confusão estão sendo investigados pelo desapare- cimento de um menino há quatro meses”, revelou o re- presentante do Conseg. “Como já tem outro his- tórico de truculência, o Con- seg solicitou o afastamento dos militares até que tudo seja apurado. Eles serão suspensos para que seja analisado o psicológico des- ses policiais”, anunciou. De acordo com Gouveia, um calendário de monito- ramento mais preciso será montado para que os milita- res com alguma particulari- dade possa ser submetido a tratamento específico. MPE O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/ AL), por meio da 62ª Promo- toria de Justiça da Capital, instaurou um procedimento preparatório de inquérito para apurar a atitude de policiais militares durante abordagem ao funcionário da Ordem dos Advogados do Brasil, na segunda-feira (4), na frente do Fórum De- sembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro. O promotor de Justiça Mag- no Alexandre Moura, autor da peça de investigação, apurará se os procedimen- tos adotados pela Polícia Militar de Alagoas foram desobedecidos. SANDRO LIMA Gouveia: “PMs são investigados por desaparecimento de um menino há 4 meses” INQUÉRITO Cinco testemunhas são ouvidas Ontem (6), cinco pessoas foram ouvidas no inquéri- to policial que investiga a agressão ao funcionário da OAB/AL, José Geovânio da Graça, que envolveu guarni- ção do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), na últi- ma segunda-feira (4). De acordo com o delegado do caso, Robervaldo Davino, não dá para passar detalhes da investigação, mas ele adiantou que já é possível descartar indiciamento por tentativa de homicídio. “Por enquanto, a gente pode descartar a tentativa de homicídio. Isso porque o tiro na perna dificilmente levaria a vítima a morte. Ficou claro que não houve a intenção de matar. Os policiais estavam a dois metros de distância do rapaz. No máximo. Já ouvi pessoas que estavam no mo- mento do fato, inclusive a ad- vogada proprietária do veí- culo, mais dois advogados, a esposa da vítima e a própria vítima. O ferimento foi trans- fixante, e não atingiu nada que leve a um problema mais grave”, explica o delegado. Já em relação a guarnição envolvida na confusão, Da- vino disse que vai solicitar os nomes de todos os PMs ao Comando Geral para que possa também ouvi-los. “Estou aguardando os nomes dos policiais. Assim que tiver eles em mãos, vou pedir a apresentação deles para que possam ser ouvidos. Além deles, terei que ouvir outras testemunhas também. Por isso, só irei me posicionar sobre o caso no final”, disse o delegado. Além disso, o delegado Robervaldo Davino informou que está aguardando os exa- mes e o laudo médico – que vai dizer sobre o ferimento provocado na vítima, e qual o tipo de lesão. Sobre a faca, sobre a qual um dos PMs informou em de- poimento na Central de Fla- grantes que o funcionário da OAB portava, o delgado disse que a vítima nega. “Geovâ- nio nega que portava a faca. Agora, vamos aguardar as investigações para sabermos o resultado. Saber porque o fato ocorreu e qual a intenção de ambas as partes. Por isso, todos os envolvidos terão que ser ouvidos”, ressalta o Ro- bervaldo. O Conseg e a Corregedo- ria da Polícia Militar estão investigando o caso. O CASO José Geovânio da Graça foi baleado após uma dis- cussão na tarde da última segunda-feira com policiais militares do Batalhão de Po- liciamento de Trânsito (BP- Tran) em frente ao Fórum de Maceió. Segundo informa- ções, o soldado Cyro da Vera Cruz Neto teria atirado em Geovânio após ser agredido pela vítima com um soco no rosto. Segundo versão dos po- liciais, o guardador de carros também teria uma faca na cintura. Com Diego Villanova

Upload: dothu

Post on 12-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MACEIÓ - QUINTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2018 CIDADES 11 TRIBUNAINDEPENDENTE

Folião ortodoxo O carnaval já se foi há meses, o próximo já está chegando, mas um fato protagonizado pelo popularíssimo Filadelfo Policarpo (Dedéo Boca de Grude), ainda é lembrado e recontado nos papos de esquina do bairro Vergel do Lago. O cara só quer ser o que a folhinha não marca. Para o leitor ter uma ideia da boçalidade do sujeito, basta dizer que ele aprecia bastante comparecer à praia do Sobral vestido de terno e gravata, calçando sapatos sociais bem lustrosos. Negócio dele é ser diferente de todo mundo, apesar de só possuir um cantinho para cair morto, justo um casebre que fica na Rua do Cisco, onde existe um lixão filho da égua patrocinado pela edilidade. Naquele sábado de Zé Pereira passado, aí pela “boquinha da noite”, o babalorixá Dedé Calunga, abriu as portas do seu terreiro para o baile carnavalesco que costuma promover todos os anos para os seus “filhos de santo”, mormente os da Brejal. Inserido nesse contexto encontrava-se o proverbial Boca de Grude, que não parava de se exibir para as cabrochas presentes. A turma foi chegando e nada de aparecer o Zé Biláu, a figura mais importante da festa. - Mas cadê o nosso disque-joquei? Pô, o cara tá demorando demais! A preocupação era do Boca de Grude. Mal acabou de falar, eis que pintou o recinto o “dijei” reclamado, carregando na cabeça um monte de discos carnavalescos. Na sua retarguarda, o auxiliar Tonho Bilunga, com o serviço de som. Num abrir e fechar de olhos eles instalaram o material dançante e os alto falantes começaram a expelir para os ares um vasto repertório de marchas, frevos e sambas. Para completar a zuada, dois negões se apossaram de igual número de atabaques e completaram a zuada. Em dado momento, o frevo “Vassourinhas” comeu no centro e a poeira cobriu o salão. Nesse meio tempo, Boca de Grude já manifestava o seu desagrado com a folia. Aí, puxou um amigo pelo braço e disse: - Justino, essas músicas de carnaval são muito antigas e ultrapassa-das. Já estou de saco cheio desse carnaval. Acho melhor a gente trocar essas porcarias por um bolerozinho. O que é que você acha? - Ah, colega, bolero é uma boa. Principalmente se for do Bienvenido Granda ou do Valdick Soriano. Mas como só temos músicas de carna-val, o jeito é a gente ir quebrando o galho com essas mesmo... E o Boca: - Não tem agora. Mas vai ter! Espere só pra ver! Dito isto, Boca de Grude fez meia volta e saiu do salão. Dez minutos depois, retornou abraçando um monte de discos de vinil. Chegou junto da vitrola, tirou o braço da mesma e o disco parou de tocar. Em seguida, substituiu o disco que estava tocando por outro, abriu o volume do som até o último ponto e aí ouviu-se o grito do finado Soriano: - Eu não sou cachorro nããããaooo/ Pra viver tão humilhaaado/ Eu não sou cachorro nããããooo... A estas alturas Boca de Grude já estava abufelado com uma morena, rodopiando pelo salão, fato que não agradou o namorado da referida, um negrão de dois metros de altura por 120 quilos de peso. Boca de Grude só levou um tabefe no pé do ouvido e caiu estatelado no chão. Quando acordou no domingo de carnaval, num leito hospitalar, só fazia repetir: - Qual foi o trem que me atropelou? Por favor, me digam qual foi o trem que me atropelou?

Honra garantida Zequinha de Astolfo era um baixinho de fé e muito querido na Zona da Mata, mais precisamente em Viçosa, onde pontuava um sargento de polícia chamado Firmino, gente muito boa. Certa noite, o militar e três soldados do destacamento policial saíram apressados da delegacia para acabar com um quebra-quebra na zona do meretrício, onde as brigas eram comuns. Mas desta vez os arruaceiros estavam quebrando o bar todo. Sargento Firmino e sua turma prenderam todos os brigões levaram para passarem a noite no xilindró e pagarem os estragos que promo-veram. Aliás, todos não. O Zequinha de Astolfo não foi preso porque o sargento-delegado sabia que ele era trabalhador e que não tinha o hábito de beber e brigar. Em assim sendo, não devia ter culpa nos acontecimentos. Mas Zequinha de Astolfo ficou descontente: - Seu sargento, o que a turma vai pensar de mim? Todo mundo foi preso, menos eu! Vão achar que eu estou “encoloiado” com a polícia. Quero ir preso também! - Não! Você, não! – rebateu o sargento. Zequinha era insistente. Foi à delegacia, bateu na porta e foi atendi-do pelo cabo Virgulino, segunda pessoa do sargento: - Quê que você quer, rapaz? - Eu quero que você vá dentro e diga ao delegado Firmino que eu também estava na briga! Eu acho que devo ser preso junto com os outros. Diga pra ele que venha até aqui e me prenda, se for macho! - Êpa, rapaz! Aí você já está apelando. Quem vai terminar lhe pren-dendo sou eu! - Então tá certo, me prenda! Mas me prenda até as três da manhã, que é hora que eu vou pro trabalho na padaria do seu Osório. - Se você está fazendo tanta questão de ir preso, tá certo. Mas só lhe solto junto com os outros, de manhã. - Mas eu tenho que fazer pão para a freguesia. Me solte às três... - Não! Eu lhe solto às oito da manhã. Vai entrar ou não vai? - As oito é muito tarde, cabo. Vá chamar o sargento que ele me solta as três. - O sargento foi dormir e eu não vou acordá-lo. Vamos fazer o seguinte... eu lhe solto às sete. Tá bom assim? - É tarde. Discutiram, discutiram e, finalmente, entraram num acordo: Zequi-nha de Astolfo foi preso, saiu às cinco horas da manhã. O pão saiu um pouco atrasado naquele dia, mas ele estava com a honra garantida.

Jair e a donzela Ditinha Garoto treloso, Jair Narciso pintou as canecas no bairro do Farol. Um dia, caiu de olhares numa morena curvilínea chamada Ditinha, que tinha a cara mais inocente do mundo. Gamado na criatura, ele não acre-ditou quando lhe disseram (terá sido o Válter Guimarães, ou terá sido o Cáu Oiticica?) que Ditinha era uma moça completamente ingênua, que jamais fez safadeza com homem nenhum: - Que nada! Boi sonso é que pula a cerca. Para tirar a prova, convidou-a para um baile no Iate Clube Pajuçara e ficou dançando com ela até alta madrugada, fazendo propostas de amor eterno. Lá pelas tantas, foi leva-la em casa. E ela jurando que nunca tinha ficado com um rapaz, fora de casa, até às três da manhã. Chegaram ao portão, começaram os beijos de despedida. Muito do safado, Jair puxou o “instrumental” para fora e sussurrou no ouvido da Ditinha: - Segura aqui um pouquinho, meu amor... E ela: - Por que? Pra onde você vai, neguinho?

AÍLTON VILLANOVA [email protected]

Conseg diz que não havia arma com funcionário da OABConselho diz que militares teriam histórico truculento e pede que eles sejam afastados

Delegado do caso, Robervaldo Davino descarta tentativa de homicídio

O Conselho de Se-gurança Pública (Conseg) pediu o

afastamento dos policiais militares do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) envolvidos em uma confusão que termi-nou com um funcionário da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL), José Geovânio, baleado na perna na última segunda-feira (4).

Em entrevista à TV, na manhã de ontem (6), o vi-ce-presidente do conselho, Antônio Carlos Gouveia, disse que houve despropor-cionalidade na conduta dos agentes da segurança públi-ca, tendo em vista que, no episódio haviam dois poli-ciais que poderiam ter imo-bilizado o flanelinha. Gou-veia também colocou que não havia arma nenhuma com José Geovânio como foi alegado pelos PMs.

“Os militares envolvidos nessa confusão estão sendo investigados pelo desapare-cimento de um menino há quatro meses”, revelou o re-presentante do Conseg.

“Como já tem outro his-

tórico de truculência, o Con-seg solicitou o afastamento dos militares até que tudo seja apurado. Eles serão suspensos para que seja analisado o psicológico des-ses policiais”, anunciou.

De acordo com Gouveia, um calendário de monito-ramento mais preciso será montado para que os milita-res com alguma particulari-dade possa ser submetido a tratamento específico.

MPEO Ministério Público do

Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio da 62ª Promo-toria de Justiça da Capital, instaurou um procedimento preparatório de inquérito para apurar a atitude de policiais militares durante abordagem ao funcionário da Ordem dos Advogados do Brasil, na segunda-feira (4), na frente do Fórum De-sembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro. O promotor de Justiça Mag-no Alexandre Moura, autor da peça de investigação, apurará se os procedimen-tos adotados pela Polícia Militar de Alagoas foram desobedecidos.

SANDRO LIMA

Gouveia: “PMs são investigados por desaparecimento de um menino há 4 meses”

INQUÉRITO

Cinco testemunhas são ouvidasOntem (6), cinco pessoas

foram ouvidas no inquéri-to policial que investiga a agressão ao funcionário da OAB/AL, José Geovânio da Graça, que envolveu guarni-ção do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), na últi-ma segunda-feira (4).

De acordo com o delegado do caso, Robervaldo Davino, não dá para passar detalhes da investigação, mas ele adiantou que já é possível descartar indiciamento por tentativa de homicídio.

“Por enquanto, a gente pode descartar a tentativa de homicídio. Isso porque o tiro na perna dificilmente levaria a vítima a morte. Ficou claro que não houve a intenção de matar. Os policiais estavam

a dois metros de distância do rapaz. No máximo. Já ouvi pessoas que estavam no mo-mento do fato, inclusive a ad-vogada proprietária do veí-culo, mais dois advogados, a esposa da vítima e a própria vítima. O ferimento foi trans-fixante, e não atingiu nada que leve a um problema mais grave”, explica o delegado.

Já em relação a guarnição envolvida na confusão, Da-vino disse que vai solicitar os nomes de todos os PMs ao Comando Geral para que possa também ouvi-los.

“Estou aguardando os nomes dos policiais. Assim que tiver eles em mãos, vou pedir a apresentação deles para que possam ser ouvidos. Além deles, terei que ouvir

outras testemunhas também. Por isso, só irei me posicionar sobre o caso no final”, disse o delegado.

Além disso, o delegado Robervaldo Davino informou que está aguardando os exa-mes e o laudo médico – que vai dizer sobre o ferimento provocado na vítima, e qual o tipo de lesão.

Sobre a faca, sobre a qual um dos PMs informou em de-poimento na Central de Fla-grantes que o funcionário da OAB portava, o delgado disse que a vítima nega. “Geovâ-nio nega que portava a faca. Agora, vamos aguardar as investigações para sabermos o resultado. Saber porque o fato ocorreu e qual a intenção de ambas as partes. Por isso,

todos os envolvidos terão que ser ouvidos”, ressalta o Ro-bervaldo.

O Conseg e a Corregedo-ria da Polícia Militar estão investigando o caso.

O CASOJosé Geovânio da Graça

foi baleado após uma dis-cussão na tarde da última segunda-feira com policiais militares do Batalhão de Po-liciamento de Trânsito (BP-Tran) em frente ao Fórum de Maceió. Segundo informa-ções, o soldado Cyro da Vera Cruz Neto teria atirado em Geovânio após ser agredido pela vítima com um soco no rosto. Segundo versão dos po-liciais, o guardador de carros também teria uma faca na cintura.

Com Diego Villanova