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FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL GUSTAVO BLUMTRITT INCORPORAÇÃO DE PÓ DE MÁRMORE RECICLADO COMO CARGA EM TINTA ACRÍLICA: UMA PROPOSTA AMBIENTAL São Bernardo do Campo 2014

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FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL

GUSTAVO BLUMTRITT

INCORPORAÇÃO DE PÓ DE MÁRMORE RECICLADO

COMO CARGA EM TINTA ACRÍLICA: UMA PROPOSTA

AMBIENTAL

São Bernardo do Campo

2014

GUSTAVO BLUMTRITT

INCORPORAÇÃO DE PÓ DE MÁRMORE RECICLADO

COMO CARGA EM TINTA ACRÍLICA: UMA PROPOSTA

AMBIENTAL

Monografia apresentada à Faculdade SENAI

de Tecnologia ambiental – São :Bernardo do

Campo, dentro do Curso Superior de

Tecnologia em Processos Ambientais como

requisito da disciplina de Projetos Ambientais,

sob orientação do Prof. Dr. Fernando Codelo

Nascimento, coorientação da Profª Drª. Maria

Luiza de Moraes Leonel Padilha e coordenação

geral do Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento.

São Bernardo do Campo

2014

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Jair e Neusa, aos meus irmãos Andréa, Marcelo e Renata e a

minha namorada Clisler, dedico e agradeço pelo amor, pelo apoio e por serem

tão presentes em todos os momentos de minha vida.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador professor Dr. Fernando Codelo Nascimento, pelo apoio,

paciência, ensinamentos, persistência e orientação.

Ao professor MSc. Pedro Márcio Munhoz pela orientação e ensinamentos no

laboratório de ensaios práticos.

Aos funcionários do laboratório de tintas da Faculdade Senai de Tecnologia

Ambiental pelos ensaios, discussões e ensinamentos.

A todos meus amigos e professores que ajudaram na minha formação

acadêmica e nessa pesquisa.

Enfim, a todos os colegas da faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental pela

paciência, carinho e amizade.

“O segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar o passado,

não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas, viver

sábia e seriamente o presente.“

Buda

RESUMO

A evolução constante das indústrias químicas e petroquímicas tem resultado no

aparecimento de novas matérias primas, algumas das quais responsáveis por

verdadeiras revoluções tecnológicas na indústria de tintas. Daí, então, a

importância de que essas novas matérias primas sejam estudas

cuidadosamente, no sentido de se determinar o potencial de uso na indústria

química de forma sustentável.

O objetivo dessa pesquisa foi propor um produto inovador com a incorporação

do pó de mármore em tinta acrílica, como carga reciclada.

A metodologia adotada para o desenvolvimento dessa pesquisa foi um estudo

de caso, desenvolvido de agosto de 2013 até outubro de 2014 na Faculdade

Senai de Tecnologia Ambiental, em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Como resultado, de pesquisa laboratorial realizada, obtiveram-se dados

relevantes e um produto inovador com a incorporação do pó de mármore, como

carga reciclada, em tinta acrílica, caracterizando dessa forma uma melhoria

significante no poder de cobertura e resistência à abrasão.

Concluiu-se com essa pesquisa a importância da necessidade do estudo de

novas matérias primas como carga para uso em tintas, o surgimento de um

novo produto de alta tecnologia e qualidade no mercado, além da redução no

desperdício de pó de mármore, contribuindo assim para o aumento da vida útil

de um aterro industrial.

Palavras chaves: incorporação de pó de mármore. reciclagem. carga reciclada.

tinta acrílica

ABSTRACT

The constant development ofchemical and petrochemical industriesresults in

the appearanceof newraw materials some of which account fortruetechnological

revolutionsin the paint industry. The importance of these new materials

wascarefullystudied in order todeterminate the potential forusein the chemical

industry.

Theobjective of this researchwas to proposean innovative productwith the

additionofmarblepowderacrylic paintrecycledasload.

The development adoptedfor the methodology of this research was a case

study, from August 2013 to October 2014 in Senai School of Environmental

Technology in Sao Bernardo do Campo, São Paulo. As a resultby laboratory

research go trelevant data and an innovative product with the additionof the

marbledust, recycled to charge, for acrylic paintch a racterizing the significant

improvement in covering power and resistance to abrasion.

It was concluded from this study the importance of the necessity to study new

materials to use for charge paints, the emergence of a new technology and high

quality product on the market, and reduction in waste marble dust contributing

to increase the useful life of an industrial landfill.

Keywords: incorporation of marble dust. recycling. recycled charge. acrylic

paint.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Resíduos domiciliares..........................................................................17

Figura 2 Resíduos industriais............................................................................18

Figura 3 Resíduo de serviços de saúde............................................................18

Figura 4 Resíduos de aeroportos......................................................................19

Figura 5 Resíduo de serviços agrossilvopastoris..............................................19

Figura 6 Resíduo de construção civil.................................................................20

Figura 7 Aplicação de tintas como revestimento...............................................25

Figura 8 Pintura em cavernas............................................................................28

Figura 9 Imagem pintada em confecção de papiro............................................28

Figura 10 Pinturas de Pompéia.........................................................................29

Figura 11 Gravura de índios Maia.....................................................................30

Figura 12 Madona de Fuso................................................................................31

Figura 13 Revolução industrial..........................................................................31

Figura 14 Pintura automotiva moderna..............................................................31

Figura 15 Componentes básicos de uma tinta..................................................33

Figura 16 Resína acrílica transparente..............................................................36

Fiigura 17 Dióxido de titâneo.............................................................................38

Figura 18 Pigmentos orgânicos.........................................................................39

Figura 19 Moinho de bolas................................................................................42

Figura 20 Moinho vertical...................................................................................43

Figura 21 Moinho horizontal..............................................................................43

Figura 22 Grupo de Laocoonte no Museu do Vaticano.....................................65

Figura 23 Mármore aplicado em ambiente interno............................................65

Figura 24 Resíduo originário do corte de pedras de mármore..........................70

Figura 25 Corpo de prova em um aplicador eletro motorizado..........................72

Figura 26 Espectrofotômetro.............................................................................72

Figura 27 Corpo de prova..................................................................................73

Figura 28 Máquina de lavabilidade....................................................................74

Figura 29 Desgaste no corpo de prova..............................................................74

Figura 30 Corpo de prova..................................................................................75

Figura 31 Aplicação padronizada......................................................................76

Figura 32 Estufa para secagem.........................................................................76

Figura 33 Chapas de aço 1020..........................................................................77

Figura 34 Corte em X.........................................................................................77

Figura 35 Tinta incorporada e suas proporções................................................78

Figura 36 Temperatura e umidade do laboratório ............................................79

Figura 37 Resultado do ensaio de aderência da amostra sem incorporação ...84

Figura 38 Resultado do ensaio de aderência da amostra com 20% de

incorporação de pó de mármore........................................................................85

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Produção mineral bruta de mármore..................................................60

Gráfico 2 Exportação das rochas carbonáticas em toneladas...........................61

Gráfico 3 Ciclos de escovação X amostras incorporadas.................................83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificação de resíduos sólidos quanto a origem...........................21 Quadro 2 Classificação de resíduos sólidos quanto a periculosidade...............22

Quadro 3 Resíduos e suas classificações.........................................................22

Quadro 4 Código de identificação e características do resíduo........................23

Quadro 5 Resumo histórico do surgimento da tinta...........................................26 Quadro 6 Componentes básico de uma tinta....................................................34

Quadro 7 Relação aplicativa dos principais pigmentos.....................................50

Quadro 8 Tipos de mármores nacionais............................................................62

Quadro 9 Principais mármores importados comercializados no Brasil..............64

Quadro 10 Normas técnicas utilizadas..............................................................70

Quadro 11 Identificação das amostras conforme porcentagem do pó de

mármore.............................................................................................................71

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Massa obtida das amostras ...............................................................79

Tabela 2 Resultado do poder de coberturaumida das amostras .....................80

Tabela 3 Resultados de determinação de resistência à abrasão úmida...........82

Tabela 4 Resultados do poder de cobertura seca.............................................86

INTRODUÇÃO...................................................................................................15

CAPITULO 1 RESÍDUOS..................................................................................16

1.1 Etmologia e definição ..................................................................................16

1.2 Classificação dos resíduos..........................................................................17

CAPÍTULO 2 TINTAS........................................................................................25 2.1 História.........................................................................................................25

2.2 Definição......................................................................................................32 2.3 Composição básica......................................................................................33

2.3.1 Solvente....................................................................................................34 2.3.2 Resina.......................................................................................................35

2.3.3 Aditivo.......................................................................................................37

2.3.4 Pigmento...................................................................................................38 2,3,5 Cargas .....................................................................................................39

2.4 Processo de fabricação de tintas ................................................................41

2.4.1 Prémistura ...............................................................................................41

2.4.2 Moagem ...................................................................................................42 2.4.3 Completagem ...........................................................................................44

CAPÍTULO 3 PIGMENTOS E CARGAS...........................................................47

3.1 Pigmentos....................................................................................................47 3.1.1 Pigmentos orgânicos ...............................................................................49

3.1.1.1 Classificação química de pigmentos orgânicos.....................................49 3.1.2 Pigmentos especiais ................................................................................51

3.1.3 Pigmentos inorgânicos .............................................................................52

3.2 Cargas ..........................................................................................................5

CAPITULO 4 PÓ DE MÁRMORE.....................................................................58 4.1 Mármore.......................................................................................................58

4.2 Tipos de mámore.........................................................................................61

4.3 Aplicações do mármore...............................................................................65

4.4 Pó de mámore.............................................................................................66 CAPÍTULO 5 ESTUDO DE CASO, MATERIAIS E MÉTODOS........................67

5.1 Materiais .....................................................................................................68

5.2 Metodologia ................................................................................................69

5.2.1 Preparação das amostras ........................................................................70

5.2.2 Determinação do poder de cobertura de tinta úmida................................72

5.2.3 Determinação da resistência à abrasão úmida.........................................73

5.2.4 Determinação do poder de cobertura de tinta seca..................................75

5.2.5 Determinada da aderência da tinta...........................................................76

CAPÍTULO 6 RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO................................78

6.1 Incorporação do pó de mármore à tinta.......................................................78

6.2 Determinação do poder de cobertura úmida ..............................................80

6.3 Determinação de resistência à abrasão úmida............................................81

6.4 Determinação de aderência ........................................................................84

6.5 Determinação do poder de cobertura seca..................................................85

CONCLUSÃO......................................................................................................87

REFERÊNCIAIS..................................................................................................88

15

INTRODUÇÃO

Esse trabalho cujo tema é a incorporação de pó de mármore em tinta acrílica como

carga reciclada, teve por objeto de estudo a tinta acrílica.

O objeto em questão encontra-se delimitado no ponto de vista geográfico na Rua

José Odorizzi, 1555, no bairro Assunção, na cidade de São Bernardo do Campo.

O estudo foi desenvolvido de agosto de 2013 a outubro de 2014.

Dentre os principais motivos que justificam a realização desta pesquisa cita-se que o

resíduo de pó de mármore agride o meio ambiente, é originário de uma fonte

esgotável na natureza, existe grande quantidade desse resíduo desperdiçado e sua

incorporação pertence a um mercado inovador.

O trabalho é relevante, pois há uma grande quantidade de pó de mármore

despejado na natureza.

Objetivou-se com ele o projeto acadêmico de propor um produto inovador com a

incorporação de pó de mármore em tinta acrílica como carga reciclada.

Para que a pesquisa pudesse ser realizada problematizou-se qual a possível

destinação para o resíduo pó de mármore?

Como metodologia de pesquisa adotou-se o estudo de caso.

Artigos técnicos, teses, orientações de mestrado, monografias, livros, pesquisa de

campo, foram alguns dos instrumentos de pesquisa utilizados para a coleta de

dados e fundamentação teórica dessa monografia.

O estudo encontra-se dividido em seis capítulos. O primeiro capítulo abordou a

etimologia, definição e classificação dos resíduos. Já o segundo capítulo tratou

sobre a história, definição, composição básica e processo de fabricação de tintas.

No terceiro capítulo apresenta-se o descritivo sobre a importância e os tipos de

pigmentos e cargas utilizados na formulação de uma tinta. O quarto capítulo decorre

sobre o pó de mármore, sua origem, tipos e aplicações. No quinto capítulo encontra-

se o estudo de caso, a localização do objeto, o objetivo, justificativas,

problematização e a hipótese. O sexto, e último capítulo, exibe a análise, discussão

dos resultados e propostas para o objeto acima proposto.

16

1 RESÍDUOS SÓLIDOS

1.1 Etimologia e definição

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), conceito o qual foi utlizado

nesse trabalho define resíduo como:

Material ou substância, objeto ou vem descartado resultante de atividads humanas em sociedade, a cuja a destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem com gases contidos em recipientes líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

O texto acima foi utilizado para elucidar um dos conceitos utilizados para a definição

do que é resíduo. É um dos conceitos mais modernos para tal definição.

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas, Norma Brasileira 10004 (ABNT

NBR 10004:2004) resíduo sólido tem a seguinte definição:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados de equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Conforme citado acima, observa-se um texto técnico e ainda informa as atividades

que originam os resíduos sólidos.

Já para Pólito, (2010) resíduo tem uma definição mais específica:

Que resta; restante, remanescente. sm 1 Aquilo que resta, que subsiste de coisa desaparecida. 2 Quím Radical. 3 Parte insolúvel depois da filtração. 4 Cinzas após ignição. 5 Substância que resta depois de uma operação química ou de uma destilação; resto, sobra. 6 O que se acha no fundo. 7 Fezes, borra, lia, sedimento. 8 Sociol Elemento cultural que sobreviveu a mudanças com as quais está em contradição. R. halogênico, Quím: o que se obtém privando os ácidos oxigenados do seu hidrogênio básico.

Na definição de Pólito, (2010) é citada uma definição mais específica e com

referencias a resíduos químicos também, diferente das outras definições aqui

utilizadas.

17

1.2 Classificação dos resíduos

De acordo com PNRS, (2010) há classificação de resíduos sólidos, isso se deve a

existência de diversas fontes de origem, portanto existe a necessidade também de

diferentes formas de descarte. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, (2010)

classifica os resíduos quanto à origem e periculosidade.

Para um gerenciamento responsável e viável, é indispensável à classificação dos

resíduos. Isto é realizado com base em características e propriedades determinadas

identificáveis nos resíduos, basicamente em acordo com suas origens e grau de

periculosidade.

Quanto a origem os resíduos vêm de diversas fontes. A seguir segue alguns

exemplos desse tipo de classificação e seus resíduos.

Na Figura 1 observam-se os resíduos urbanos que são os de fonte domiciliar,

estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, da varrição, de podas e

limpeza de vias.

Figura 1 Resíduos domiciliares, comerciais e públicos.

Fonte: BLUMTRITT, 2014.

Na Figura 1 encontram-se sacos plásticos pretos contendo restos de alimentos,

embalagens de papelão e plástico e de higiene pessoal.

18

Os resíduos industriais podem ser observados na Figura 2. São caracterizados por

resíduos de fonte de atividade de pesquisa e transformação de matérias primas em

produtos ou subprodutos.

Figura 2 Resíduos industriais – trituração de metais.

Fonte: TECSSCAN, 2011

Na figura acima observam-se restos de chapas de aço que foram utilizadas em uma

indústria de automóveis.

Resíduos de atividades de natureza médico-assistencial humana ou animal são

caracterizados como resíduos de serviço de saúde (Figura 3).

Figura 3 Resíduo de serviços de saúde.

Fonte: QUALIDADE ON LINE, 2013

Na Figura 3 tem-se como exemplo de resíduos de serviço de saúde: seringas já

utilizada e gazes para limpeza de sangue humano.

19

Resíduos provenientes de portos, aeroportos, terminais rodoviários (Figura 4) são os

de qualquer natureza proveniente das embarcações, aeronaves ou meio de

transporte terrestre, incluindo até mesmo os resíduos de suas manutenções.

Figura 4 Resíduos de aeroportos – alfândega.

Fonte: INFRAERO, 2012

Na Figura 4 podem-se observar resíduos originários de manutenção de aeronaves,

caracterizando assim, como esse tipo de resíduo.

Há também a caracterização de resíduos de atividades rurais (Figura 5), que são

aqueles provenientes da atividade agropecuária, inclusive os resíduos de insumos

utilizados.

Figura 5 Resíduos de serviços agrossilvopastoris.

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS

VAZIAS, 2012.

Os restos de embalagens de fertilizantes (Figura 5) são caracterizados como esse

tipo de resíduo. E é possível observa-se ainda que tais restos de embalagens ainda

estão despejadas na natureza, sem nenhum cuidado com o armazenamento.

20

Resíduos muito comum encontrados principalmente em caçambas nos dias de hoje,

são os resíduos de construção civil (Figura 6). Tais resíduos são os de fonte de

construção, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil.

Figura 6 Resíduo de construção civil.

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Na Figura 6 está bem caracterizado esse tipo de resíduo. São tijolos, blocos

cerâmicos e concretos em geral retirados de uma demolição residencial.

No Quadro 1 tem-se uma classificação completa dos resíduos quanto à origem dos

mesmo.

21

Quadro 1 Classificação de resíduos sólidos quanto à origem

Classificação do resíduo Origem do resíduo

Resíduos

dos

serviços

públicos

de

saneam.

básico

Resíduos

sólidos

urbanos

Resíduos

domiciliares

Atividades domésticas em

Residência urbana

Resíduo

de estab.

Comerc. e

prestador

de serv.

Resíduos de

limpeza

Urbana

Varrição, limpeza de

logradouros e vias públicas e

outros serviços de limpeza

urbana

Resíduos

industriais

Gerados nos processos

produtivos e instalações

industriais

Resíduo

de estab.

Comerc. e

prestador

de serv.

Resíduos de

serviço de

saúde

Gerados nos serviços de

saúde conforme norma do

sinama e snvs

Resíduos da

construção

civil

Gerados na construção,

reformas, reparos e

demolições; resultantes da

preparação e escavação de

terrenos de para obras civis

Resíduos

agrossilvospa

storis

Gerados nas atividades

agropecuárias e silviculturais,

inclusive insumos utilizados

Resíduo

de estab.

Comerc. e

prestador

de serv.

Resíduos de

serviços de

transportes

Gerados nas atividades de de

portos, aeroportos, terminais

alfandegários, rodoviários e

ferroviários e passagem de

fronteira

Resíduos de

mineração

Gerados na atividade de

pesquisa, extração ou

beneficiamento de minérios

Fonte: Adaptado da PNRS (2010)

22

Tal quadro foi adaptado da Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010) para um

melhor entendimento e fácil visualização.

A NBR 10004:2004 classifica o resíduo quanto à sua periculosidade à saúde

humana e ao meio ambiente. Há duas formas gerais de classificação: perigosos e

não perigosos, conforme mostra o Quadro 2.

Quadro 2 classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade

Classificação Característica

Resíduos

perigosos

Inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxidade,

patogenicidade,

carcinogecidade,

teratogenicidade e

mutagenicidade

Apresentem riscos à saúde

pública ou a qualidade

ambiental, de acordo com lei e

norma técnica

Resíduos

não

perigosos

Aqueles não enquadrados em resíduos perigosos

Fonte: Adaptado da NBR 10004:2004

A ABNT NBR 10004:2004 ainda classifica os resíduos em classes. Onde os resíduos

perigosos são classificados como RESÍDUOS CLASSE I e os RESÍDUOS CLASSE

II são os não perigosos. Os resíduos não perigosos dividem-se em duas

subclassificações: os resíduos não inertes, que são aqueles que podem ter

propriedades como biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; e os

inertes, que são aqueles resíduos que quando submetidos a um contato com água

destilada ou deionizada em uma temperatura ambiente não tem nenhum de seus

constituintes solubilizados. Esses resíduos são apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 Resíduos e suas classificações

RESÍDUOS CLASSE I PERIGOSOS

RESÍDUOS CLASSE II NÃO PERIGOSOS

RESÍDUOS CLASSE II A NÃO INERTES

RESÍDUOS CLASSE II B INERTES

Fonte: Adaptado da NBR 10004:2004

23

Conforme a NBR 10004:2004 os resíduos perigosos ainda são classificados pelas

suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade

são codificados conforme a identificação a seguir:

Quadro 4 Código de identiicação e características do resíduo

CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA

D001 INFLAMÁVEL

D002 CORROSIVO

D003 REATIVO

D004 PATOGÊNICO

Fonte: Adaptado da NBR 10004, 2004

A ABNT NBR 10004:2004 caracteriza um resíduo inflamável todo aquele que

apresenta qualquer uma de algumas propriedades, dentre elas: ser líquida e com

ponto de fulgor a 60°C, não ser líquida mas com capacidade de produzir fogo por

fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas expontâneas, ser um

oxidante definido como substância que pode gerar oxigênio ou ser um gás

inflamável.

Resíduos corrosivos, conforme a NBR 10004:2004 são aqueles que apresentam

uma das seguintes propriedades: ser aquosa e com pH inferior ou igual a 2 ou

superior a 12,5 ou ser líquida ou produzir um líquido que corroe o aço.

Os resíduos reativos são os que apresentam uma ou mais das características: ser

instável e reagir de forma violenta sem detonar, reagir violentamente com água,

formar misturas potencialmente explosivas com a água, gerar gases ou vapores

tóxicos à saúde pública ou ao meio ambiente, ser capaz de produzir reação

explosiva ou detonante sob a ação de forte estimulo, ação catalítica ou temperaturas

e ambientes confinados, ser capaz de produzir reação ou decomposição detonante

ou explosiva e por fim, ser explosivo. Propriedades estas, apresentadas na NBR

10004:2004.

24

E a NBR 10004:2004 caracteriza como resíduos tóxicos aqueles que segundo a

NBR 10007:2004 apresentam contaminantes e concentrações apresentadas na NBR

10005:2004, serem constiutídos por restos de embalagens contaminadas, ser

resultado de derramamentos ou produtos fora de especificação ou prazo de validade

e ser comprovadamente letal ao homem.

Entende-se assim portanto o conceito e classificação dos resíduos confome as

normas vigêntes no país. O próximo capítulo irá abordar a história, definição e

composição das tintas.

25

2. TINTAS

2.1 História

Desde o surgimento da existência da humanidade no planeta Terra já se utilizava a

tinta. Desde a época da última Era Glacial, quando era utilizada para desenhar

gravuras do cotidiano em cavernas até os dias atuais, onde a tinta tem inúmeras

utilidades para a humanidade.

Por muito tempo, as tintas foram utilizadas apenas por suas características estéticas,

como gravuras ou desenhos coloridos por exemplo. Porém, com o avanço da

tecnologia, novas propriedades e características foram incorporadas às tintas:

revestimento, higiene, iluminação e proteção. Na Figura 7 observam-se todos esses

itens aplicados.

Figura 7 Aplicação de tinta como revestimento, higiene, iluminação e proteção.

Fonte: QUIMATECNICA, 2014

No Quadro 5, baseado em literatura de Fazenda, 1993, observa-se o histórico do

surgimento das tintas, desde o seu surgimento na Era Glacial, destacando os povos,

períodos, aplicações, importância e formas de aplicação.

26

Quadro 5 Resumo histórico do surgimento da tinta

Civilização Período Aplicação Importância Forma de

aplicação

Civilizção

pré historica

Era Glacial Desenhos

e gravuras

em

cavernas

Cores derivadas do

óxido de ferro natural

e ocre vermelho

Dedo

Egípicios 8000 a 5800

anos AC

Decoração

de paredes

e

confecção

de papiros

Cores derivadas de

solo natural

Primeiras tintas

sintéticas

Pincéis

Oriente 4000 anos AC Decoração Cores derivadas de

pigmento de caulim

Lápis

Gregos e

romanos

Período

Clássico

Decoração

de paredes

e quadros

Cores derivadas do

chumbo branco,

litargírio, zarcão,

verdete e ossos

escuros

Pincéis

Italianos Europa

Renascentista

Decoração

de paredes

e quadro

Técnica de

suspender pigmentos

em água

Pincéis

China Renascentismo Decoração

de paredes

e quadros

Cores derivadas da

azurita, carbonato

básico de cobre,

malaquita, zarcão,

negro de fumo

Trinchas e

estiletes

Fonte: Adaptado de FAZENDA, 1993

27

Quadro 5 Resumo histórico do surgimento da tinta (continuação)

Civilização Período Aplicação Importância Forma de

aplicação

Índios

America-

nos e

Canaden-

ses

Indefinido Decoração

de

paredes,

proteção

de canoas

e pintura

facial

Cores derivadas do

carvão vegetal

Pincéis e

dedo

Índios

Maias

Indefinido Decoração

de paredes

e pinturas

têxtil e

facial

Cores originárias de

fungos das pináceas e

ovos de

Faisão

Pincéis de

pena e

plumagem

Inglaterra,

França e

Alemanha

Revolução

industrial -

1790

Decoração

, pigmenta-

ção têxtil,

pintura de

paredes,

proteção à

corrosão

dentre

outras

Surgem as primeiras

industrias de tintas

Pincéis e

dispositivo

s

mecânicos

de

aplicação

Fonte: Adaptado de FAZENDA, 1993

De acordo com o Quadro 5 e Fazenda (1993), a tinta surgiu na Era Glacial onde era

utilizada pelos povos primitivos apenas para confecção de gravuras nas cavernas,

afim de contarem o cotidiano por eles vividos (Figura 8). Nessa Era, utilizava-se para

o pigmento óxidos de ferro natural e ocre vermelho.

28

Figura 8 Pintura em cavernas

Fonte: PRÉ HISTORIA – TUMBLR, 2014

Já no oriente, o homem desenvolveu lápis coloridos com o propósito decorativo por

volta de 4000 A.C., feitos pela mistura de pigmentos com caulim.

Durante o período de 8000 a 5800 a.C., devido ao clima seco da região, os egípcios

utilizavam as tintas não para revestimento protetor, mais sim nas artes decorativas,

pinturas em paredes de sarcófagos, papiros (Figura 9) e tudo o pertence à Arte

Egípcia. Foi durante esse período que surgiram os primeiros pigmentos sintéticos,

embora algumas das primeiras cores fossem derivadas de solo natural. Estes

pigmentos tornaram-se importantes itens de exportação. As cores naturais incluíam

ocres vermelho e amarelo, hematita, calcário amarelo, ouro em folha, carvão, negro

de fumo e gesso natural.

Figura 9 Imagem pintada em confecção de papiro

Fonte: DREAMSTIME, 2014

29

No período clássico, os materiais utilizados pelos gregos e romanos eram similares à

aqueles que os egípcios empregavam. Além dos pigmentos comuns, os romanos

também utilizavam chumbo branco, litargírio, zarcão, verdete e ossos escuros.

Muitas pinturas de Pompéia (Figura 10) foram preparadas com massa de óxido de

cálcio por artesãos comuns, e a maioria das paredes, pintadas em monocromia.

Nessa época surgiram duas escolas árticas: uma impressionista e outra realista.

Figura 10 Pinturas de Pompéia

Fonte: MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL DE NÁPOLES, 2009

Em antigas cavernas do Oriente prevalecia as práticas de decoração utilizando

técnicas de suspender pigmentos em água, com ou sem ligante, muito comum na

Europa Renascentista, adquirida através dos italianos. Na Índia, as titntas eram

aplicadas com estiletes e trincha, e os lápis de cor eram feitos com arroz cozido.

Chineses e japoneses utilizavam uma série de pigmentos para a preparação de suas

cores, tais com azurita, carbonato básico de cobre, malaquita, zarcão, negro de fumo

e outros.

Índios americanos e canadenses usavam como pigmento preto para suas canoas o

carvão vegetal e para pintura facial um outro tipo de carvão. O negro de fumo natural

e gráfite também eram utilizados como pigmentos negros. Para o branco, utilizavam

diatomita retirada do fundo de alguns lagos. O vermelho era obtido a partir da

calcinação do ocre amarelo e amarelo vinha de fungos das pináceas.

30

Já os Maias, tinham uma maneira própria de preparar revestimentos: seus pincéis

eram feitos de penas ou plumagens de passáros e às pinturas eram adicionados

ovos de faisão (Figura 11).

Figura 11 Gravura de ìndios Maia

Fonte: TERRA NAUAS, 2012

Com o fim da Reanscença (Figura 12), o interesse por óleos cresceu muito. E foi

nesse período que cada artista era fabricante de seu próprio pigmento. Em 1644,

Petitot de Génova foi um dos primeiros a surgerir que os secantes possuíam um

valor prático nas tintas. Naquele período, os óleos eram purificados pelo cozimento

com água e os secantes usados como agentes desidratantes.

Figura 12: Madona de Fuso, Leonado Da Vinci

Fonte: WORDPRESS, 2010

31

Com a Revolução Industrial (Figura 13) surgiu a necessidade da industrialização das

tintas e vernizes. Watin, em 1773 foi o primeiro a descrever tecnicamente esse

processo. As primeiras fábricas de vernizes surgiram na Inglaterra em 1790, na

França em 1820, na Alemanha em 1830 e na Áustria em 1843. Mas foi na Grã

Bretanha e na Holanda que surgiram as técnicas mais apeuradas para a produção

de verniz. Por muitos séculos a produção e formulação de uma tinta foi uma arte

religiosa. Só no século XIX que os revestimentos ganharam uma maior difusão

popular.

Figura 13 Revolução Industrial

Fonte: TURMA DO CAFÉ, 2014

Com o avanço da tecnologia (Figura 14) no século XX novos pigmentos, melhoria

dos óleos secativos, resinas celulósicas e sintéticas e uma grande variedade de

agentes modificantes começaram a surgir de laboratórios especializados. O advento

de emulsões aquosas e tintas com base em soluções aquosas proporcionaram uma

outra dimensão para a variedade, utilização e complexidade no campo das tintas.

Figura 14 Pintura automotiva moderna

Fonte: FIAT, 2014

Dado o histórico do surgimento da tinta, no próximo capítulo será abordado as

definições de tal composição.

32

2.2 Definição

De acordo com Quitério (2012), o conceito de tinta é: um produto que se aplica numa

determinada superfície com o objetivo de formar um revestimento ou camada, quer

seja para protegê-la de agentes exteriores ou apenas com fins decorativos.

Já para Freire (2006), tinta é um composto na forma líquida, aquosa ou em gel, que

quando aplicado sobre uma superfície, forma um filme transparente ou opaco,

aderente ao substrato e flexível, com finalidade de proteger e decorar a superfície e

proporcionar uma melhor qualidade de vida aos ambientes construídos.

No entanto Ferreira (2012) diz que a tinta é definida como uma composição

pigmentada líquida, pastosa ou sólida que, quando aplicada em camada fina sobre

uma superfície apropriada no estado em que é fornecida ou após fusão, diluição ou

dispersão em produtos voláteis, é convertível ao fim de certo tempo numa película

sólida, corada e opaca.

Porém Fazenda (1993) conceituou que tinta é uma composição líquida, geralmente

viscosa, constituída de um ou mais pigmentos dispersos em um aglomerante líquido

que, ao sofrer um processo de cura quando estendida em uma película fina, forma

um filme opaco e aderente ao substrato. Esse filme tem a finalidade de proteger e

embelezar as superfícies.

Nascimento (2013) conceitua que tinta é uma película ou um filme ou mesmo uma

camada polimérica formada, capaz de proteger, de sinalizar, de iluminar ou ainda de

embelezar o substrato onde a mesma é aplicada. Tal conceito foi utilizado para o

desenvolvimento dessa pesquisa.

Dada as definições, o próximo tópico abordará os componentes básicos constituintes

da tinta.

33

2.3 Composição básica

De acordo com Fazenda (1993) não existe um tinta perfeita. Todas elas

reperesentam o resultado de um balanço ou equilíbrio de de propriedades

desajáveis, estando aí o grande desafio do trabalho de formulação, o de atingir o

equilibrio que melhor satisfaça as adequações necessárias.

Dessa forma sabe-se que o equlibrio de seus componentes básicos são

fundamentais para a qualidade e desempenho da tinta formulada.

Os materiais utilizados em uma pintura são compostos por duas fases: a fase sólida

ou soluto, que pode ser um pigmento, uma resina, uma carga ou sua mistura; e a

fase líquida, o solvente ou aditivo. Nas tintas, as duas fases são misturadas. Após a

sua aplicação sobre as superfícies, a tinta se transforma em uma película sólida ou

levemente plástica, seja devido à evaporação do solvente, seja por fenômenos

químicos, tais como oxidação ou polimerização.

De uma maneira mais detalhada, sabe-se que as tintas são constituídas por:

resinas, solventes, aditivos, pigmentos e cargas (Figura 15).

Figura 15 Componentes básicos de uma tinta

Fonte: 4SHARED, 2014

34

No Quadro 6 é apresentado resumidamente a função de cada componente básico

de formação de uma tinta, sendo que a seguir será explicado detalhadamente cada

componente.

Quadro 6 Componentes básicos de uma tinta

COMPONENTES FUNÇÃO

Solvente São utilizados nas tintas para reduzir a viscosidade e

consistência, com o objetivo de obter-se uma maior

facilidade na aplicação. Os mais comuns são: água,

aguarrás, álcool, xilou, cetonas e outros.

Resina Conhecida também como ligante, veículo ou suporte,

sendo responsável por promover a continuidade do filme,

protegendo a superfície na qual a tinta é aplicada. Sua

composição química varia de acordo com a sua finalidade.

Aditivos Considerados como componentes secundários, apresenta

uma grande variedade, como por exemplo, catalisadores,

espessantes, etc.

Pigmentos Utilizados para obtenção de cor, opacidade, outras

propriedades ópticas ou efeitos visuais e razões estéticas.

Carga Utilizada para uma gama de propósitos, inclusive

opacidade.

Fonte: Adaptado de LAMBOURNE AND STRIVENTS, 1999

2.3.1 Solvente

São produtos que possuem a capacidade de dissolver outros matreriais sem alterar

suas propriedades químicas. O resultado dessa interação é denominada

solubilização. Geralmente são líquidos que tem afinidade química com os materiais a

serem dissolvidos (FAZENDA, 1993).

35

A solubilzação da tinta é essencial para um melhor contato da tinta com o objeto,

favorecendo a aderência. Se utilizado um solvente errado, que não consiga solver a

resina corretamente, causa problemas como coagulação, perda de brilho e

diminuição da resistência à água. Os solventes devem ser inclores, voláteis,

quimicamente estáveis, neutros, inodoros e estáveis fisicamente (FAZENDA, 1993).

Com base nesse conceito é correto afirmar que o objetivo do solvente como

componente de uma tinta é o de solubilizar a resina, material responsável pela

formação do filme, e a de conferir a viscosidade adequada para a facilitar a

adequação da tinta (NASCIMENTO, 2013).

São compostos (orgânicos ou água) responsáveis pelo aspecto líquido da tinta com

uma determinada viscosidade. Após a aplicação da tinta, o solvente evapora

deixando uma camada de filme seco sobre o substrato. Os solventes orgânicos são

geralmente divididos em dois grupos: os hidrocarbonetos e os oxigenados. Por sua

vez, os hidrocarbonetos podem ser subdivididos em dois tipos: alifáticos e

aromáticos, enquanto que os oxigenados englobam os álcoois, acetatos, cetonas,

éteres, etc. As tintas de base aquosa utilizam como fase volátil água adicionada de

uma pequena quantidade de líquidos orgânicos compatíveis. A escolha de um

solvente em uma tinta deve ser feita de acordo com a solubilidade das resinas

respectivas da tinta, viscosidade e da forma de aplicação. Uma exceção importante

são as tintas látex, onde a água é a fase dispersora e não solubilizadora do polímero

responsável pelo revestimento (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO

DE SÃO PAULO, 2006).

2.3.2 Resina

É o componente não volátil da tinta e é utilizada para aglomerar as partículas de

pigmentos. É a resina que denomina o tipo de tinta ou revestimento empregado,

como por exemplo: acrílicas, alquídicas, expoxíidcas dentre outras. É o componente

que define caracteristicas fundamentais das tintas: brilho, resistência química e

física, secagem e aderência (Figura 16) (FAZENDA, 1993).

36

Figura 16 Resina acrílica transparente apilcada em piso estampado

Fonte: QUIMATÉCNICA, 2014

A Figura 16 ilustra duas das características da resina, o brilho e proteção ao

substrato aplicado.

Utilizam-se vários tipos de resina. As resinas mais usuais são as alquídicas, epóxi,

poliuretânicas, acrílicas, poliéster, vinílicas e nitrocelulose.

Os formuladores de tintas possuem diversos ligantes à sua escolha. Estes variam

em termos de adesão, alastramento, nivelamento, dureza, conteúdo sólido, preço e

outras características. Dividem-se em duas grandes categorias:

a. Naturais;

b. Sintéticas.

Segundo Fazenda (1993), as resinas naturais são produtos naturais que contém

polímeros em sua composição. O piche, o leite, a goma arábica, o ovo, a cera de

37

abelha, são considerados alguns exemplos de resina natural, que combinados com

alguns componentes minerais eram utilizados para a fabricação de tintas.

Em relação às resinas sintéticas, também chamadas de polímeros sintéticos, são

macromoléculas obtidas por reações químicas entre certos tipos de substâncias,

através de processos industriais que geralmente utilizam calor e catalisadores. As

resinas e por consequência as tintas, se solidificam pelos seguintes mecanismos:

simples evaporação do solvente, oxidação e polimerização (CARVALHO, 2002).

Entre as resinas sintéticas que secam por evaporação do solvente, encontram-se as

resinas vinílicas, acrílicas, derivadas do estireno, nitrocelulose, borrachas cloradas e

betuminosas. Porém, em relação às resinas que secam por oxidação, as mais

importantes são as de óleos vegetais, resinas alquídicas modificadas com óleos,

resinas óleo-uretano e óleo-fenólica. Há, ainda, as que secam por polimerização à

temperatura ambiente: os silicatos, resinas alquídicas, resinas epóxi e de

poliuretano. E as resinas que secam por polimerização a quente: amínicas e silicone

(FAZENDA, 1993).

2.3.3 Aditivo

Dentre as principais característica que um aditivo confere à tinta podem ser citados a

estabilidade, a aplicabilidade, a qualidade, o aspecto do filme e outras

características (NASCIMENTO, 2013).

Há uma gama enorme de adtivos usados para tintas e vernizes, dentre eles:

secantes, anti sedimentantes, niveladores, antipele e antiespumantes. Este grupo de

produtos químicos envolve uma vasta gama de componentes que são empregados

em baixas concentrações (geralmente <5%), que têm funções específicas como

conferir importantes propriedades às tintas e aos revestimentos respectivos, tais

como: aumento da proteção anticorrosiva, bloqueadores dos raios UV, catalisadores

de reações, dispersantes e umectantes de pigmentos e cargas, melhoria de

nivelamento, preservantes e antiespumantes (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

.

38

2.3.4 Pigmento

Os pigmentos são definidos como materiais sólidos, insolúveis e resposáveis pela

cor, opacidade e proteção. Também pode ser definido como material sólido

finamente dividido, insolúvel no meio. Ele é usado para conferir características como

cor, opacidade, caracteristicas de resistência e outros efeitos. São divididos em três

classes: coloridos, que dão cor; não coloridos e anticorrosivos, que conferem

proteção aos metais (NASCIMENTO, 2013).

Fazenda (1993) cita ainda que uma outra propriendade do pigmento é o índice de

refração (I.R.) que está diretamente relacionado ao poder de cobertura, sendo que

os pigmentos coloridos devem possuir I.R superior a 1,5.

Os pigmentos que possuem cargas iguais ou ligeiramente superior a 1,5 de I.R. são

transparentes ou quase transparentes (FAZENDA, 1993).

Há duas grandes categorias de pigmentos: pigmentos inorgânicos e pigmentos

orgânicos.

a. Pigmentos inorgânicos: dióxido de titânio (Figura 17), amarelo óxido de ferro,

vermelho óxido de ferro, cromatos e molibidatos de chumbo, negro de fumo, azul da

Prússia, etc.

Figura 17 Dióxido de Titânio

Fonte: MANUTENÇÃO E SUPRIMENTOS, 2014

39

b. Pigmentos orgânicos: azul ftalocianinas azul e verde, quinacridona violeta e

vermelha, perilenos vermelhos, toluidina vermelha, aril amídicos amarelos e outros

(Figura 18).

Figura 18 Pigmentos orgânicos

Fonte: REYMEX, 2014

2.3.5 Cargas

Cargas minerais também chamadas de pigmentos adicionais, fillers ou extensores

são aplicadas em uma gama de materiais sendo incorporados junto às tintas para

uma variedade de propósitos. Tendem a ter um custo relativamente baixo, e por esta

razão costumam ser utilizadas em conjunto a outros pigmentos para, desta forma,

alcançar um tipo específico de tinta. Por exemplo, seria tecnicamente difícil e muito

caro, produzir uma emulsão para tinta utilizando somente TiO2 como pigmento.

Assim, o emprego de uma carga mineral como, por exemplo, o carbonato de cálcio

em conjunto com o TiO2, além de tornar a tinta mais econômica, ajuda a alcançar

uma maior opacidade e brancura em produtos foscos ou semibrilhosos. Cargas

minerais normalmente não contribuem para a cor, e em muitos casos é essencial

que elas não apresentem cor (LAMBOURNE, 1999).

O nome carga pode criar a ideia de que esses minerais tenham importância somente

em estudos superficiais. Na verdade, elas afetam profundamente o desempenho da

maioria dos revestimentos pigmentados. Conforme Stoffer (1997), devido ao grande

número de tipos de diferentes cargas e de suas propriedades, muitos formuladores

40

não estão informados e não estão dando a atenção necessária das vantagens que

se podem obter com seu uso.

Segundo Pauly (2000), a Norma Francesa T 30001 define extensores como:

substâncias que possuem baixo poder de tingimento e poder de cobertura em uma

suspensão média usada, e está incorporada na tinta apenas por especificações

técnicas ou razões econômicas. Extensores são elementos inorgânicos que

proporcionam volume a um custo relativamente pequeno e não conferem cor para

tinta.

Os pigmentos extensores são partículas de pó geralmente branco e, quando

misturados com uma resina orgânica, formam um filme quase transparente,

apresentando pouca ou quase nenhuma refração de luz. (LARROYD, 2004).

Como os índices de refração dessas cargas minerais estão muito próximos entre si e

o da resina, é necessário que ocorra um entrapeamento de ar na interface

resina/carga, para aumentar o espalhamento da luz e tornar a película de tinta mais

opaca. Esse entrapeamento de ar é obtido, em maior ou menor grau, pelo nível de

empacotamento das partículas que, por sua vez, depende, fundamentalmente, do

grau de anisotropia morfológica (índice de forma) e tamanho das partículas

(LARROYD, 2004).

As cargas são manufaturadas pela moagem de rochas ou por precipitação química

seguida de processos requeridos para refinamento e classificação de tamanhos.

Separados por tamanhos através de métodos de peneiramento a úmido ou a seco,

flotação e centrifugação. Operações de calcinação e branqueamento podem

também ser incluídas no processo (LARROYD, 2004).

O tamanho das cargas, de grosso modo, varia entre 0.01 e 44 microns e, em relação

à geometria, podem ser: esféricas, aciculares (forma de agulhas ou bastão),

lamelares e cúbicas. Conforme Stoffer (1997), o formato das partículas influenciam

no empacotamento das mesmas, na flexibilidade do filme, entre outras

características. Stoffer (1997) afirma ainda que, o tamanho e a distribuição

41

granulométrica das partículas, interferem na cobertura, viscosidade, porosidade do

filme, demanda de resina, no brilho, alvura,

Já conhecido os componentes básicos, o próximo item abordará o processo de

fabricação das tintas.

2.4 Processo de fabricação de tintas

A indústria de tintas é caracterizada pela produção em lotes, o que facilita o ajuste

da cor e o acerto final das propriedades da tinta. Nas etapas de fabricação

predominam as operações físicas (pré-mistura, moagem e dispersão), sendo que as

conversões químicas acontecem na produção dos componentes (matérias-primas)

da tinta e na secagem do filme após aplicação (FAZENDA, 1993).

Segundo Fazenda (1993), todos os estágios de processo são importantes e afetam

consideravelmente a produtividade, a concentração do pigmento e outras

propriedades do produto final.

2.4.1 Pré mistura

O processo de dispersão é frequentemente (e erroneamente) chamado de moagem

e se caracteriza pela aplicação de forças de cisalhamento aos agregados de

pigmento. O principal objetivo dos processos de dispersão dos pigmentos é a sua

umectação e separação das partículas primárias ou unitárias de seus aglomerados,

promovendo em seguida, a estabilização no veículo escolhido. Na etapa de pré-

mistura a ação principal é a dispersão do pigmento que tem por objetivo principal a

incorporação de partículas de pó em um veículo líquido, gerando uma mistura com

certas propriedades como homogeneidade e estabilidade (FAZENDA, 1993).

Uma boa dispersão depende fortemente de uma boa umectação dos veículos de

moagem e a técnica de formulação aplicada na indústria para a dispersão dos

pigmentos tem sido baseada em muitos experimentos, longa experiência e

demandado também muito tempo e consumo de materiais nos laboratórios. Na

etapa de pré-mistura o equipamento utilizado mais comumente na indústria de tintas

42

é o disco dispersor de alta velocidade, que é uma dos mais 59 simples sistemas

encontrados. Esse disco (também conhecido como “cowless”) consiste basicamente

de um disco serrado com as bordas alternadas montado em um eixo de alta rotação

verticalmente colocado em um tanque cilíndrico (FAZENDA, 1993).

2.4.2 Moagem

Segundo Fazenda (1993), do ponto de vista de engenharia das tintas, a moagem

não tem seu significado usual, ou seja, a pulverização ou ruptura de um material

sólido em pequenas partículas de pó. A melhor definição aqui para moagem de um

pigmento é a sua incorporação na condição finamente dividida, ao veículo para

processar uma produção de partículas primárias. Na etapa de moagem os

equipamentos mais utilizados são:

a. Moinho de bolas (Figura 19): consiste de um cilindro giratório horizontal,

carregado de bolas de cerâmica ou aço, diagonais de aço, ou ainda seixos (um tipo

de pedra mineral). Sua construção é normalmente em aço-liga, quando se operam

agentes de moagem em aço e revestida, quando se empregam agentes de moagem

em porcelana, cerâmica, etc. A moagem aqui é conseguida pela ação combinada de

cisalhamento e impacto de meio de moagem que cascateia nas partes internas do

moinho.

Figura 19 Moinho de bolas

Fonte: SCIELO, 2014

b. Moinho vertical (Figura 20): também conhecido como moinho de areia, utilizam a

“Areia de Ottawa 30 Mesh” como elemento de moagem. Bons resultados também

são obtidos com o uso de esferas de vidro e outros elementos de moagem

43

sintéticos. Este moinho pode ser divido em dois componentes: um estacionário,

composto por uma câmara cilíndrica vertical montada com um eixo perpendicular

longitudinal que conserva os elementos de moagem em seu interior e outro

rotacional, composta do eixo rotacional provida de uma série de discos anulares

montados equidistantemente.

Figura 20 Moinho vertical

Fonte: METSO, 2006

c. Moinho horizontal (Figura 21): também chamado moinho de areia (“sand Mill”),

porém opera na posição horizontal de forma contínua. Desde sua patente em 1948,

pela Dupont de Nemours, este tipo de moinho teve grande aceitação no mercado,

principalmente nas indústrias de pigmentos, vernizes lacas e tintas industriais. O

moinho horizontal apresenta uma melhor eficiência sobre os moinhos verticais, pois

a energia cinética da mesma carga de elemento é maior, podendo-se utilizar base de

moagem com viscosidades mais altas e com pigmentos de difícil dispersão.

Figura 21 Moinho horizontal

Fonte: SOLO STOCKS, 2010)

A Figura 21 ilustra como é um moinho horizontal industrial utilizado na etapa de

moagem das cargas.

44

2.4.3 Completagem

A etapa de completagem, também podendo ser chamada de diluição, implica na

redução da base com solventes, resinas ou veículo para dar à tinta as condições

satisfatórias de aplicação. Este estágio é na maioria das vezes mal compreendido e

tem seus aspectos negligenciados ao longo do tempo com aplicações de métodos

de cálculos não indicados causando implicações técnicas que prejudicam a

qualidade final do produto, tais como: floculação e sedimentação. Basicamente, as

dificuldades encontradas derivam de incompatibilidade entre a base de moagem e o

veículo da completagem. Essas dificuldades ocorrem também não pela presença de

diferentes veículos, mas também por diferenças de viscosidade, tensão superficial,

temperatura, entre outros aspectos (FAZENDA, 1993).

O objetivo na preparação de tintas é atingir a maior uniformidade possível na mistura

e é na etapa de completagem que se isso se conclui. Aqui os equipamentos mais

importantes utilizados são os chamados agitadores rotativos que podem ser de

formas e tamanhos diferentes, sendo utilizados em tanques cilíndricos,

semiesféricos e retangulares.

De acordo com Fazenda (1993) os tipos mais comumente encontrados são:

a. Hélices Marinhas ou Marinheiros: é um agitador de fluxo axial empregado para

líquidos poucos viscosos, geralmente menores que 1.500 centipoises.

b. Turboagitadores: são agitadores de múltiplas lâminas com velocidades elevadas

sobre um eixo normalmente centrado no tanque.

Seu diâmetro varia de 20 a 50% do diâmetro do tanque. Suas lâminas podem ser

retas ou curvas, inclinadas ou verticais. Este agitador é utilizado para pequenas e

médias viscosidades, até 1.500 centipoises.

c. Palhetas: estes agitadores compreendem vários subtipos que recebem diferentes

denominações dependendo de sua forma e montagem, tais como: agitadores de

âncora, palhetas simples, contracorrente, pá, grade ou combinações destes

subtipos.

45

Considerando uma visão mais focada no contexto da cadeia de fabricação em si,

Fazenda (1993) descreve que os processos se resumem na seguinte sequência:

a. Pesagem: a primeira etapa na fabricação de tinta é a pesagem dos materiais

líquidos para o veículo da tinta. Tubulações irão transportar os materiais do tanque

de estocagem.

b. Mistura: o fabricante coloca uma pequena quantidade de veículo em um grande

misturador mecânico. Depois adiciona gradualmente o pigmento pulverizado. As pás

do misturador irão girar lentamente e transformarão os dois ingredientes em pasta

de pigmento e de veículo.

c. Trituração: um operário deposita a pasta em um moinho ou triturador para

dispersar as partículas de pigmento e distribuí-las uniformemente pelo veículo.

d. Diluição e Secagem: após a trituração, um operário derrama a pasta moída em

um tanque, onde é misturada mecanicamente com mais veículos, solventes e

secantes. Solventes como naftas ou água afinam a pasta. Sais de chumbo, cobalto e

manganês levam a tinta a secar rapidamente. Nessa fase, a tinta é misturada até

que esteja quase pronta para ser usada.

e. Teste de cor e qualidade: em seguida, um operário, chamado de Tingidor envia

uma amostra da nova tinta para o laboratório de controle de qualidade da fábrica,

que irá testar a cor e qualidade. No Brasil, os padrões de cor e qualidade são

estabelecidos pelas fábricas de tintas e pelo Instituto Nacional de Pesos e Medidas.

f. Tintagem: agora, o Tingidor, adiciona uma pequena quantidade de pigmento à

tinta para conferir-lhe a cor exata e o brilho desejado.

g. Filtragem: depois de ter sido aprovada, a tinta é finalmente filtrada através de um

saco de feltro, ou de outro tipo de filtro, para remover partículas sólidas de poeira ou

sujeira.

46

h. Embalagem: esta é a última etapa do processo. A tinta é despejada em um

tanque (máquina de alimentação) que irá encher as latas com a quantidade exata.

Esteiras rolantes transportam as latas, que serão embarcadas em caminhões e trens

para o transporte final.

Os processos de fabricação das tintas são ajustados na cadeia de fabricação de

acordo com as necessidades das áreas de aplicação do produto final.

Nesse capítulo apresentou-se a história e definição do conceito de tintas, inclusive o

seu processo de fabricação. O próximo capítulo irá descrever sobre dois

componentes básicos de uma tinta: o pigmento e a carga.

47

3 PIGMENTOS E CARGAS

3.1 Pigmentos

A maioria dos autores adota o termo “colorante” para qualquer substância sólida ou

líquida, aplicada para dar cor a um material. A diferenciação está no tipo do

colorante, que pode ser do tipo “pigmento” (“pigment”) que é insolúvel no meio em

que é aplicado e o do tipo “matiz” (“dye”) que é solúvel no meio em que é aplicado.

Segundo Mano e Mendes (1999), o pigmento é um dos constituintes mais

importantes das composições de revestimentos. Pode ser definido como um sólido,

orgânico ou inorgânico, finamente dividido (0,220μm), colorido ou não, com índice de

refração geralmente na faixa de 2,0-2,7, insolúvel ao meio polímero/solvente.

Ainda segundo Mano e Mendes (1999), as principais funções dos pigmentos nas

tintas são:

a. Prover coloração e brilho;

b. Proteger o componente-base (aglutinante) da degradação por absorção ou

reflexão das radiações solares;

c. Inibir a corrosão de estruturas metálicas por ação catódica ou anódica em tintas-

de-base (“primer ́s”);

d. Aumentar a resistência mecânica superficial das películas protegendo-as contra

riscos e

e. Manter as partículas sólidas de pigmento em suspensão nas composições de

revestimento, sem decantação ou floculação durante a estocagem, é uma das

grandes dificuldades encontradas pela indústria de tintas, pois na ausência da

interação das partículas com o sistema solvente/polímero, as dispersões mostram-se

termodinamicamente instáveis, isto é, se altera com variações de temperaturas.

48

Os pigmentos são responsáveis pelo poder (ou capacidade) de cobertura das tintas,

que é definido como a propriedade que uma composição de revestimento possui de

encobrir totalmente o substrato sobre o qual foi alastrada (espalhada

uniformemente). Esse poder de cobertura é avaliado como a espessura mínima de

película necessária para encobrir o substrato, o que é conseguido no processo de

aplicação por meio de demãos sucessivas. Quanto maior for o número de demãos

necessárias, isto é, quanto maior for a espessura da camada de tinta necessária

para a cobertura do substrato, menor será o poder de cobertura que a tinta possui

(MANO E MENDES, 1999).

O poder de cobertura do pigmento encobre o substrato por diferentes efeitos físicos:

reflexão, refração; difração e absorção da luz incidente, que podem ocorrer isolada

ou simultaneamente. Isso pode ser mais bem compreendido considerando que,

quando a luz branca incide sobre uma cobertura plana e pigmentada, parte dessa

luz é refletida como em um espelho, e parte passa através da película e é

espalhada, sofrendo desvios por refração e difração, e outra parte é absorvida. Na

ausência desses efeitos, a luz atravessa a película, incide no substrato, é refletida e

volta ao olho do observador, formando então a imagem do substrato, neste caso, a

película é dita transparente, como ocorre nos vernizes (MANO E MENDES, 1999).

Ainda segundo Mano e Mendes (1999) nos pigmentos brancos, há pouca ou

nenhuma absorção de radiações da região visível do espectro eletromagnético (400-

750 nm). As composições de revestimento encobrem o substrato principalmente por

refração e reflexão da luz nesses pigmentos. Os pigmentos brancos devem

apresentar índice de refração substancialmente maior que o do componente base,

cujo índice de refração é 1,6-1,7. Dessa maneira, os raios refletidos,

correspondentes às radiações provenientes dos pigmentos coloridos, são mais

desviados e não atingem a vista humana. O pigmento branco atenua a eventual

coloração do substrato. Em contraposição, nos pigmentos negros ocorre absorção

de todas as radiações da região visível, e a superfície é vista de cor preta.

Nos pigmentos coloridos, ocorre absorção de radiações da região visível do espectro

eletromagnético. A sensação ocular resultante das radiações não absorvidas pelo

pigmento é a cor-símbolo convencional modelado pelo sentido do homem. Assim, a

49

cor visível é complementar da cor absorvida. Sabe-se que existem pigmentos

naturais, que são os orgânicos (que são os mais complexos) e inorgânicos; e os

pigmentos sintéticos (MANO E MENDES, 1999).

3.1.1 Pigmentos orgânicos

pigmentos orgânicos, como o próprio nome indica, são substâncias orgânicas

corantes, insolúveis no meio em que estão sendo utilizadas e normalmente não tem

características ou funções anticorrosivas. Apresentam-se na forma de pequenos

cristais das mais variadas formas, porém normalmente aciculares, ou seja, na forma

de pequenas agulhas (ALMEIDA apud FAZENDA, 1993).

3.1.1.1 Classificação química de pigmentos orgânicos

Devido à grande complexidade e grande quantidade de estruturas orgânicas

específicas, a classificação abaixo se baseia no agrupamento das estruturas

genéricas e algumas propriedades físicas dos pigmentos orgânicos:

a. Pigmentos monoazóicos;

b. Pigmentos monoazóicos laqueados;

c. Pigmentos diazóicos;

d. Pigmentos azóicos-benzimidazolonas;

e. Pigmentos de diazocondensação;

f. Pigmentos policíclicos;

g. Pigmentos de tetracloroisoindolinona;

h. Pigmentos de antraquinona;

i. Pigmentos de tioíndigo;

j. Pigmentos de quinacridona;

k. Pigmentos de perileno;

l. Pigmentos de ftalocianinas;

m. Pigmentos de dioxazina;

n. Pigmentos de dioxazina-benzimidazolona;

o. Pigmentos de dicetopirrolopirrol –DPP;

p. Pigmentos de azo-quinoxalinadiona.

50

O Quadro 7 apresenta uma relação aplicativa dos principais pigmentos orgânicos

utilizados na indústria e comércio no país.

Quadro 7 Relação aplicativa dos principais pigmentos orgânicos

Pigmentos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Uso mais frequente

monozóicos + + +/-

+/-

+/-

+/-

+/-

+/-

- +/-

- +/-

Tintas imobiliárias Tintas industriais em geral e de manutenção

diazóicos + + + + - +/-

+ - - - - +/-

Tintas industriais especiais

Laqueados + + + +/-

- - - +/-

- - - +/-

Tintas imobiliárias Algumas tintas industriais

Azo-benzimidazolona

+ + + + + + + +/-

+/-

+/-

+/-

+ Tintas imobiliárias especiais Tintas industriais gerais Repintura e acabamento automotivo

Diazocondensação + + + + + + + + + +/-

+/-

+ Tintas industriais com alto desempenho

Tetracloroisoindolinona + + + + + + + + + + + + Tintas industriais e automotivas

Flavontrona + + + + + + + + + +/-

+/-

+ Tintas industriais e automotivas

Quinacridonas + + + + + + + + + + + + Tintas industriais de alto desempenho e manutenção Tintas automotivas

Perilenos + + + + + + + + + + + + Tintas automotivas e industriais de alto desempenho

Pirantrona + + + + + + + + + + + + Tintas industriais de alto desempenho e automotivas

Antantrona + + + + + + + + + + + + Tintas industriais de alto desempenho e automotivas

Tioíndigo + + + + + + + + + + + + Tintas industriais de alto desempenho e automotivas

Ftalocianinas + + + + + + + + + + + + Todas as tintas

Indantrona + + + + + + + + + + + + Tintas automotivas

Dioxazina + + + + + + + + + + + + Todas as tintas

+= Indicados +/-= Adequados em alguns casos (desempenho técnico) -= Não adequados/não indicados

1 –Esmaltes: secagem ao ar 7 –Tintas catalisadas por ácido 2 –Lacas nitrocelulose 8 –Repintura automotiva lisa 3 –Esmaltes: secagem estufa 9 –Repintura automotiva metálica 4 –Poliuretanos 10 –Acabamento automotivo liso 5 –Esmaltes epóxi: estufa 11 –Acabamento automotivo metálico 6 –Tintas epóxi catalisadas 12 –Tintas em pó

Fonte: Adaptado de ALMEIDA apud FAZENDA, 1993

51

3.1.2 Pigmentos especiais

Segundo Almeida apud Fazenda (1993), o desenvolvimento tecnológico

proporcionou também o desenvolvimento de outros tipos de pigmentos especiais.

Entre eles:

a. Pigmentos Alumínio Especiais: esses pigmentos foram desenvolvidos a fim de se

contornarem os problemas de alta reatividade química do metal alumínio e/ou sua

debilidade mecânica devido a sua baixa espessura.

b. Pigmentos Alumínio para Efeitos Especiais como Cromada e Espelho:

desenvolvidos no final da década de 1970, esses pigmentos apresentam

características muito otimizadas em relação ao brilho ou reflexão da luz, permitindo,

assim, a elaboração de tintas base solventes, atualmente também aquosas, que

apresentam efeitos de espelhos ou cromadas.

c. Pigmentos de Efeito Metálico: são aqueles que fornecem características de brilho

metálico e alterações de reflexão de luz segundo o ângulo de observação da

camada de tinta aplicada.

d. Pigmentos de Efeito Perolado: esses pigmentos são, na maioria das vezes,

formados pela deposição de dióxido de titânio na forma de um delgado filme sobre

ambas as faces da mica. Também podem ser usados outros óxidos como por

exemplos os de ferro, de cromo e os óxidos de metais de transição.

e. Pigmentos Negro de Fumo: também conhecidos como “Carbon Black”, é o nome

genérico dado ao produto resultante da oxidação parcial ou decomposição térmica

de líquidos ou hidrocarbonetos gasosos.

Conforme se pode observar, existe um grande número de pigmentos classificados

como orgânicos e também em grande quantidade são os classificados como

inorgânicos.

52

3.1.3 Pigmentos inorgânicos

Conforme descreve Almeida apud Fazenda (1993), pigmentos inorgânicos são todos

os pigmentos brancos, cargas e uma grande faixa de pigmentos coloridos, sintéticos

ou naturais, de classe química de compostos orgânicos.

Entre os principais tipos, destacam-se os seguintes:

a. Dióxido de Titânio: é sólido, cristalino ,incolor, estável. Ele é antófero, apesar de

apresentar características mais ácidas do que básicas. É também polimorfo. É

comercialmente produzido por dois processos: sulfato ou cloreto.

b. Óxidos de Ferro –Naturais; Vermelhos e Amarelos Sintéticos: os óxidos de ferro,

tantos os naturais quanto os sintéticos, possuem uma grande importância no

mercado de pigmentos pela sua ampla variedade de cores, custo, estabilidade e por

serem de natureza não tóxica.

c. Óxido de Cromo Verde: este pigmento encontra aplicação específica em tintas de

camuflagem pela sua refletância na região do infravermelho. Possui boa estabilidade

química e à luz.

d. Sulfetos de Cádmio: esta classe de pigmentos é bastante específica, fornecendo

uma gama de cores que vai desde o amarelo claro até o marrom. Eles apresentam

tipos brilhantes, estabilidade às altas temperaturas, boa resistência à luz UV,

durabilidade, resistência a álcalis e a ácidos diluídos, boa dispersibilidade e bom

poder de tingimento.

e. Azul de Ultramar: estes pigmentos estão intimamente relacionados com os

zeólitos e apresentam propriedades químicas e características desses compostos. O

azul de ultramar apresenta dois tipos de tonalidade: o azul esverdeado e o azul

avermelhado. Apresentam excelente resistência à luz, excelente estabilidade térmica

(>350°C), excelente resistência à solventes e à álcalis, e baixa resistência à ácidos.

53

f. Azul de Ferro: é um dos pigmentos sintéticos mais antigos e foi descoberto

acidentalmente por Diesbach, em Berlim em 1970. Também é conhecido por outros

nomes tais como: azul da Prússia; azul chinese; azul milori; azul bronze.

g. Cromatos de Chumbo: são uma classe de pigmentos inorgânicos amarelos e

laranja. Apresentam um gradiente de tonalidade que vai desde o amarelo de cromo

primrose (amarelo esverdeado) até o laranja intenso. Suas diferentes tonalidades

são obtidas graças às suas três formas cristalinas possíveis: ortorrômbico, tetragonal

e monoclínico.

h. Verde de Cromo: esse pigmento encontra sua aplicação em tintas industriais, de

impressão, esmaltes, plásticos, etc., porém seu uso é restrito a aplicações em que o

pH do meio não seja alcalino, devido à baixa resistência do azul de ferro nesse meio.

São obtidos a partir da mistura de um amarelo de cromo esverdeado e um azul de

ferro.

i. Cromato de Zinco:a principal aplicação desse pigmento é seu uso em

“primers”(tinta de base). São produzidos em duas classes: amarelo de zinco e

cromato básico de zinco (ou tetroxicromato de zinco). Possui boas propriedades

anticorrosivas.

j. Fosfato de Zinco: este tipo de pigmento também é utilizado como “primer”(tinta de

base) anticorrosivo e apresenta desempenho superior sobre os ”primer’s”

convencionais. É um produto atóxico, de boa durabilidade e excelente propriedade

de adesão entre camadas, tais como boas propriedades de secagem.

k. Amarelos de Níquel e Cromo Titanatos: são pigmentos amarelos com alto poder

de cobertura, porém muito baixo poder de tingimento. Encontram aplicações em

todos os tipos de tintas, especialmente em tintas em pó e esmaltes para lâminas.

l. Amarelo de Bismuto Vanadato: possuem tom amarelo médio a esverdeado

bastante vivo e poder de cobertura ainda maior que os amarelos de cromo. Possui

excelente solidez às intempéries e à luz. Seu poder de tingimento também ébastante

baixo, porém maiores que os amarelos de titanato. São pigmentos bastante

54

adequados para o uso em tintas de emulsão aquosa de alto desempenho,

principalmente nas cores pastéis.

m. Azuis e Verdes de Cobalto: são pigmentos de alta resistência à intempérie e

resistência térmica muito elevada que, por isso, são recomendados para tintas que

sofrem altas cargas térmicas, como esmaltes para lâminas metálicas e como

matizadores em tintas de alto desempenho e alta solidez às intempéries.

Dados os conceitos e tios de pigmentos em tintas, o próximo tópico abordará outro

componente fundamental para a composição das tintas, as cargas.

3.2 Cargas

Atualmente, os pigmentos inertes ou cargas, são chamados de extenders. Podem

ser naturais ou sintéticos. Apesar de estarem dentro dos pigmentos inorgânicos,

podem também ser orgânicos, porém, neste trabalho, serão abordados somente os

inorgânicos. Os extenders inorgânicos são de cor branca e tem baixo índice de

refração, esse tipo de pigmento interfere em diversas características da tinta,

incluindo brilho, opacidade, resistência à abrasão e ao craqueamento, reforço do

filme, entre outras. Alguns extenders usados são:

a. Caulim ou Argila - Silicatos de alumínio (Al2[(OH)4Si2O5]) melhora a aplicabilidade

da tinta e tem boa alvura. Calcinada (aquecida para remover a água e criar ligação

entre as partículas e o ar), a argila proporciona maior poder de cobertura que a

maioria das cargas em tintas porosas; quando a argila é delaminada apresenta

maior brilho.

b. Terra Diatomácea – É uma sílica natural (SiO2), usualmente fornecida ao mercado

calcinada, para melhorar as propriedades de cobertura.

c. Calcita/ Dolomita/ Carbonato de cálcio precipitado– A calcita é o carbonato de

cálcio natural (CaCO3), enquanto a dolomita é o carbonato duplo de cálcio e

magnésio ([CaMg(CO3)2]). São os minerais mais utilizados na indústria de tintas.

55

Podem ser adicionados em grandes proporções às tintas reduzindo o seu custo. O

carbonato de cálcio precipitado tem menores partículas que a calcita, maior pureza e

brancura. Aumenta o poder de cobertura seca.

d. Talco – Silicato de magnésio hidratado (Mg3[(OH)2Si4O10]), tem caráter

hidrofóbico. Depois da calcita e da dolomita o talco é um dos minerais mais

utilizados em tintas. Por seu caráter alcalino e de barreiras físicas é indicado para

recobrimento anticorrosivo, em primers e seladores.

Desde muito tempo, o homem adiciona cargas minerais nos produtos para se obter

certas características de desempenho. O argumento mais prevalecente para o uso

de cargas minerais foi e continua sendo a redução de custo do produto final.

Conforme Ciullo (2002), as cargas minerais são utilizadas nas formulações, como

materiais de enchimento, reduzindo a quantidade de TiO2, que é considerado um

mineral relativamente caro, barateando o custo final da tinta. Entretanto além da

redução do custo por peso ou volume, as cargas minerais são incorporadas nos

materiais para modificar uma ou mais das seguintes propriedades:

a) Características físicas;

b) Propriedades óticas: brilho, cor, aparência e estética;

c) Características reológicas;

d) Resistência química e resistência ao fogo;

e) Densidade;

f) Resistência abrasão;

g) Dureza, entre outras.

As cargas minerais mais comumente utilizadas são o caulim, o carbonato de cálcio,

talco, sílica, barita e mica. A diatomita, feldspato entre outras, são as cargas menos

utilizadas. Aproximadamente, 1 milhão de toneladas destes minerais é anualmente

utilizado na indústria de tintas e revestimentos (CIULLO, 2002).

56

A adição de cargas minerais na tinta é um procedimento bastante minucioso, pois a

quantidade e a qualidade de cargas acrescidas na mistura podem interferir em suas

propriedades, inclusive modificando as características das cores do produto. A

seguir, os principais fatores que influenciam na escolha de uma carga, serão

apresentados segundo Bartholi (1998):

a) Alvura - para não comprometer a qualidade final da tinta, é necessário que o

mineral tenha uma alvura homogênea, sem variações de lote. Dentre os minerais

mais brancos, destaca-se o carbonato de cálcio. Numa segunda faixa estão o talco,

caulim, barita, agalmatolito, quartzo, mica e diatomita. Um bom mineral é aquele

que apresenta um padrão uniforme de alvura no lote, que só pode ser obtido com

um controle de qualidade rigoroso, desde a extração, passando pela moagem, até a

inspeção final;

b) Granulometria - em conjunto com a alvura, a granulometria é determinada para

a obtenção do mineral adequado, pois a mesma influencia nas seguintes

características finais de uma tinta:

b.1. Floculação - processo pelo qual as partículas de um pigmento tendem a

aglomerar-se, contribuindo para a perda de eficiência na intensidade e uniformidade

das cores.

b.2. Brilho - é alterado significativamente pelo tamanho da partícula de um mineral.

Quanto mais fina a carga maior é sua absorção de óleo e, consequente, a opacidade

da tinta;

b.3. Reologia (Viscosidade) - a redução das partículas de uma carga contribui para

uma maior estabilidade de uma dispersão e para o aumento de viscosidade. Esse

incremento tixotrópico ajuda a evitar a floculação, dificultando a mobilidade dos

pigmentos. Ainda, a redução do tamanho das partículas, auxilia no aumento da

viscosidade e, assim, contribui para a diminuição da possibilidade de migração do

pigmento;

57

b.4. Aparência e uniformidade do filme - está diretamente relacionado ao tamanho

das partículas, ou seja, quanto menor o tamanho, melhor é seu aspecto;

b.5. Tempo de dispersão – este fator está mais relacionado com o custo do que com

a parte técnica. Quanto menor o tamanho das partículas menor o tempo de

dispersão e moagem. O tempo de dispersão é também influenciado pela dureza da

carga;

b.6. Lavabilidade - quanto mais grossa as partículas melhor será a resistência à

abrasão, aumentando o número de ciclos de lavabilidade. Este fator também é

influenciado pela característica do mineral, por exemplo, cargas lamelares (caulim,

talco e mica), melhoram a lavabilidade por reduzir o coeficiente de atrito. Cargas

mais duras melhoram a resistência à abrasão;

b.7. Cobertura - este aspecto é significativamente melhorado com a quantidade de

finos de uma carga. Por esta razão, as cargas são micronizadas, flotadas ou

precipitadas, de excelente poder de cobertura em relação às moídas tão somente;

b.8. Custo - as cargas minerais são produtos de baixo valor agregado, que

contribuem para a redução do custo final da tinta.

Nesse capítulo decorreu-se sobre dois importantes e fundamentais componentes na

fabricação de tintas: os pigmentos e as cargas. Foram apresentados os tipos e

características de cada componente. Já o próximo capítulo irá descrever sobre o

estudo de uma matéria prima que será utilizada como carga: o pó de mármore.

58

4. PÓ DE MARMORE

4.1 Mármore

Rochas são genericamente definidas como corpos sólidos naturais, formados por

agregados de um ou mais minerais cristalinos. As rochas ornamentais e de

revestimento, também designadas pedras naturais, rochas lapídeas, rochas

dimensionais e materiais de cantaria, compreendem os materiais geológicos naturais

que podem ser extraídos em blocos ou placas, cortados em formas variadas e

beneficiados por meio de esquadrejamento, polimento, lustro, etc (RODRIGUES,

2009).

Ainda de acordo com Rodrigues (2009), do ponto de vista geológico, as rochas são

enquadradas em três grandes grupos genéticos: ígneas, sedimentares e

metamórficas. As rochas ígneas, ou magmáticas, resultam da solidificação de

material fundido (magma), em diferentes profundidades da crosta terrestre.

As rochas sedimentares são formadas pela deposição química ou detrítica dos

produtos da desagregação e erosão de rochas preexistentes, transportados e

acumulados em bacias deposicionais de ambientes subaquáticos (fluviais, lacustres

e marinhos) e eólicos (subaéreos). Rochas metamórficas são formadas pela

transformação (metamorfismo) de outras preexistentes, normalmente como

resultado do aumento da pressão e temperatura no ambiente geológico

(ABRIROCHAS, 2009).

Do ponto de vista comercial, as rochas ornamentais e de revestimento são

basicamente subdivididas em granitos e mármores. Como granitos, enquadram-se,

genericamente, as rochas silicáticas, enquanto os mármores englobam, sensu lato,

as rochas carbonáticas (RODRIGUES, 2009).

As principais rochas carbonáticas abrangem calcários (limestones) e dolomitos,

sendo os mármores (marbles) seus correspondentes metamórficos. Os calcários são

rochas sedimentares compostas principalmente de calcita (CaCO3), enquanto

59

dolomitos são também sedimentares formadas, sobretudo, por dolomita

(CaCO3MgCO3) (ABRIROCHAS, 2009).

Segundo a Abrirochas, (2009) alguns outros minerais carbonáticos, notadamente a

siderita (FeCO3), ankerita (CaMgFe(CO3)4) e a magnesita MgCO3, estão

freqüentemente associados com calcários edolomitos, mas em geral em pequenas

proporções. Os mármores são caracterizados pela presença de minerais

carbonáticos com graus variados de recristalização metamórfica. Argilo-minerais

(caulinita, illita, clorita, smectita, etc.) e seus produtos metamórficos (sericita,

muscovita, flogopita, biotita, tremolita, actinolita, diopsídio, etc.), constituem

impurezas comuns, tanto disseminadas quanto laminadas, nas rochas carbonáticas.

Quartzo e sulfetos são acessórios freqüentes, como cristais isolados ou em

disseminações na matriz. Matéria orgânica pode estar também finamente

disseminada, conferindo cores marrom-escura e negra às rochas portadoras.

A maior parte das rochas carbonáticas tem origem biológica ou mais propriamente

biodetrítica, formando-se em ambientes marinhos pela deposição de conchas e

esqueletos de outros organismos. Essas conchas e esqueletos são preservados

como fósseis mais e menos fragmentados, perfeitamente reconhecíveis nas rochas

pouco ou não metamorfizadas (ABRIROCHAS, 2009).

Processos deposicionais, conduzidos por precipitação química e bioquímica direta

de carbonatos em ambientes de água doce, determinam a formação de rochas não-

fossilíferas e bastante heterogêneas do tipo travertino e marga. Rochas carbonáticas

representam assim materiais sedimentares e metassedimentares, constituídos por

50% ou mais dos minerais calcita e dolomita. Calcários, epicalcários e mármores

calcíticos contêm calcita predominante, enquanto dolomitos, metadolomitos

emármores dolomíticos são rochas similares com predominância de dolomita.

Impurezas comuns incluem argilas, quartzo, micas, anfibólios, matéria

orgânica/grafitosa e sulfetos, caracterizando-se uma ampla variedade de cores,

texturas, desenhos, cristalinidade e conteúdo fóssil (ABRIROCHAS, 2009).

No setor de rochas ornamentais e de revestimento, o termo mármore é empregado

para designar todas as rochas carbonáticas, metamórficas ou não, capazes de

60

receber polimento e lustro. O crescimento recente da participação relativa dos

granitos foi pelo menos em parte, determinado por sua maior durabilidade e

resistência ante os mármores, além dos padrões estéticos não tradicionais e

possibilidades de paginação em pisos e fachadas (ABRIROCHAS, 2009).

De acordo com o Cetem, (2014), a produção bruta dos mármores teve uma queda

muito grande no início do milênio, porém em 2007 teve uma crescente em sua

produção com perspectiva de melhoras para os próximos anos.

Gráfico 1 Produção nacional mineral bruta de mármore

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

T

O

N

E

L

A

D

A

S

ANO

Fonte: CETEM, 2014

Atualmente, conforme Abrirochas, (2009) o mármore brasileiro cobre quase

inteiramente o consumo nacional, além de ser amplamente exportado (Gráfico 2).

Sendo diferente dos granitos, a exploração é totalmente de afloramento, porém, a

profundidade de escavação ainda é baixa. Os mármores de ótima qualidade que

estão em maior profundidade são importados.

61

Gráfico 2 Exportação das rochas carbonáticas nacional

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

TONELADAS

2011 2012 2013 2014

ANO

Fonte: ABIROCHAS, 2009

Observa-se no Gráfico 2 uma abrupta crescente na exportação no ano de 2014, isso

deve-se a políticas de exportação de rochas e a crescente produção no mercado

produtor interno.

4.2 Tipos de mármore

No Estado de Minas Gerais, estado onde a produção nacional de mármore teve

início, encontram-se várias cores de mármore: Mármore Chita Variado (cor de rosa,

Sete Lagoas), Mármore Aurora Vermelho (marrom avermelhado, Ouro Preto),

Mármore Verde Jaspe (listras verdes na base branca, Campos Altos), Mármore

Marfim Esverdeado (listras verdes e rosas na base branca, Sete Lagoas), Mármore

Aurora Prateado (branco, Sete Lagoas), etc.

No Estado da Bahia, são produzidos calcários com textura brechada como

mármores, sendo comercializados no Brasil inteiro: Mármore Arabescato da Bahia

(Curçá), Mármore Bege Bahia (Joaseiro), etc. O Mármore Bege Bahia é um dos

calcários não metamórficos mais utilizados no Brasil.

No Quadro 8 é possível observar os tipos de mármores e sua apresentação visual,

dessa forma, é possível compara-los quanto a sua diferença para tipos de

segmentos de mercados diferentes.

62

Quadro 8 Tipos de mármores nacionais

TIPO DE MÁRMORE APRESENTAÇÃO

Espírito Santo

Fonte: MADRI MARMORARIA, 2014

Bege Bahia

Fonte: MGR MARMORARIA, 2014

Jacarandá

Fonte: CIMAGRAN, 2014

Verde Jasper

Fonte: MARMORARIA SHOWMAR

Fonte: Adaptação de catálogos comerciais, 2014

63

Quadro 8 Tipos de mármores nacionais (continuação)

TIPO DE MÁRMORE APRESENTAÇÃO

Chocolate

Fonte: DEM MARMORARIA, 2014

Florido Amarelo

Fonte: MINAS MARMORARIA, 2014

Fonte: Adaptação de catálogos comerciais, 2014

A abundância e ampla distribuição geográfica das reservas mundiais de rochas

ornamentais concentram-se na Europa. Tendo em vista essa distribuição, o mercado

de rochas ornamentais importadas no comércio nacional é muito significativo. No

Quadro 9 apresentam-se alguns dos principais mármores importados

comercializados no Brasil.

64

Quadro 9 Principais mármores importados comercializados no Brasil

TIPOS DE MÁRMORE APRESENTAÇÃO

Mármore Rosso Verona

Fonte: MARMORARIA EVEREST, 2014

Mármore Carrara

Fonte: WISE MARMORARIA, 2014

Mármore Tassos

Fonte: MARMORARIA MG

Fonte: Adaptação de catálogos comerciais, 2014

65

4.3 Aplicações do mármore

Seus principais campos de aplicação incluem tanto peças isoladas, como esculturas,

tampos e pés de mesa, balcões, lápides e arte funerária em geral, quanto

edificações, destacando-se, nesse caso, os revestimentos internos e externos de

paredes, pisos, pilares, colunas, soleiras, etc.

O mármore sempre foi utilizado em esculturas (Figura 22) e em grandes

construções, como monumentos e colunas. Hoje em dia, ele é muito utilizado no

ambiente interno de casas: pias, pisos, paredes, mesas, halls e banheiros em sua

maioria. Também é utilizado na ornamentação de fachadas e pavimentos.

Figura 22 Grupo de Laocoonte no Museu do Vaticano

Fonte: RITAMORAS, 2014

O mármore é mais indicado para ambientes internos (Figura 23), porque a ação do

tempo (como por exemplo, da chuva ácida) e a poluição, podem modificar a

coloração da pedra. Também não é indicada a sua aplicação em lugares que exista

uma circulação intensa de pessoas, pois depois de um tempo ele pode se desgastar.

Figura 23 Mármore aplicado em ambiente interno

Fonte: DECORAÇÃO PARA IMÓVEIS

66

4.4 Pó de mármore

De acordo com Caruso (1990), os mármores são rochas de composição

carbonáticas, tanto as metamorfoseadas quanto as não metamorfoseadas. Devido à

baixa dureza dos minerais carbonáticos, não precisam de serra diamantada para o

corte. Cientificamente, estes são mármore, calcário, uma parte de gnaisse

calcissilicático, etc. Os mármores são relativamente fáceis de serem cortados e

polidos, sendo adequados para processamentos industriais. Entretanto, em

comparação com os granitos possuem vulnerabilidade para o desgaste físico e

químico diante de materiais domésticos.

O pó de mármore é resultado da secagem por completo da lama do corte de

mármore. A lama de mármore é o resíduo originário do corte de pedras de mármore

em marmorarias.

Há muito tempo este passivo vem causando grandes problemas ambientais. Só no

município de Ourolândia, um dos maiores produtores de mármore do país, por

exemplo, as 47 empresas que extraem e beneficiam o mármore depositam

diariamente no meio ambiente 110 ton. de lama do mármore, segundo dados da

Associação dos Empreendedores do Mármore Bege de Ourolândia (ASSOBEG,

2010).

A falta de destino correto para os resíduos já causou grandes problemas à economia

regional, inclusive com a interdição das operações destas empresas. Isto levou as

empresas do ramo a assinar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) como o

Ministério Público e o Governo do Estado, se comprometendo em buscar

alternativas para o passivo ambiental.

Devido à falta de destino para tal resíduo e a preocupação com o meio ambiente, no

próximo capítulo encontra-se uma proposta para o reaproveitamento desse passivo

ambiental.

67

5 ESTUDO DE CASO, MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo a ser apresentado partiu de uma proposta cujo objetivo foi utilizar o pó de

mármore como carga reciclada em tinta acrílica.

Objetivou-se com esse estudo verificar a possibilidade da incorporação do pó de

mármore como carga reciclada em uma tinta acrílica na fabricação de uma tinta com

melhor poder de cobertura.

As razões para que esse estudo fosse feito são:

a. diminuir a quantidade de lama de mármore disperso em aterro industrial;

b. diminuir a quantidade da utilização de cargas minerais substituindo essas cargas

pelo pó de mármore;

c. Produto com uma nova matéria prima e

d. Aproveitamento de um resíduo de fonte esgotável em um produto.

Utilizando essas justificativas com ponto inicial do estudo, verificou-se, portanto, a

capacidade da utilização do pó de mármore como carga reciclada em tinta acrílica

para a fabricação de uma tinta com melhor poder de cobertura.

Foi executada a coleta da lama de mármore, originária do corte de pedras em

marmoraria e feita a transformação da mesma em pó de mármore. Assim que

adquirido o pó de mármore o mesmo foi adicionado em tinta acrílica em várias

proporções e feita a verificação da qualidade através de ensaios.

Os ensaios laboratoriais foram executados em condições controladas de

temperatura e umidade.

68

5.1 Materiais

Para o desenvolvimento do estudo de caso foram utilizados para a coleta da lama de

corte de mármore, preparo do pó de mármore e para a confecção da tinta

antiderrapante os seguintes materiais:

a. becker de 1000 mL;

b. Becker de 250 mL;

c. balança analítica;

d. mini placa aquecedora;

e. capela para manuseio de produtos químicos;

f. luvas de proteção térmica;

g. luvas de borracha ntrílica;

h. cubeta de vidro;

i. peneiras de 14 e 60 Mesh;

j. potes de plástico de 200 mL, 400 mL e 750 mL.

k. baqueta e

l. espátula.

Como insumos para a fabricação da tinta utilizou-se:

a. tinta acrílica branco fosco – tipo standard e

b. lama de corte de pedra de mármore.

69

Para os testes de qualidade da tinta já incorporada foram utilizados os seguintes

equipamentos:

a. substrato de PVC preto;

b. substrato de aço 1020;

c. extensor;

d. aplicador eletro motorizado;

e. espectrofotômetro digital;

f. máquina de lavabilidade e

g. estufa.

5.2 Metodologia

Na realização do estudo de caso apresentado adotou-se a seguinte metodologia:

preparação de amostras de tinta acrílica a base de água, branco fosco com a

incorporação de pó de mármore em quantidades de 1%, 10%, 15%, 20%, 35% e

50% em relação à massa da tinta, a massa utilizada foi de 200g. Determinou-se o

poder de cobertura úmida e seca, a resistência à abrasão e aderência da tinta

incorporada, sempre com relação à tinta não incorporada.

A base da pesquisa envolve caracterização laboratorial, para tal foram utilizadas

normas regulamentadoras para a realização da metodologia e comparação dos

resultados. O Quadro 10 ilustra as normas técnicas utilizadas para cada

caracterização:

70

Quadro 10 Normas técnicas utilizadas

Norma técnica Título da norma regulamentadora

NBR 14943:2003 Tintas para construção civil - Método para avaliação de

tintas para edificações não industriais - Determinação do

poder de cobertura de tinta úmida.

NBR 14942:2003 Tintas para construção civil - Método para avaliação de

desempenho de tintas para edificações não industriais -

Determinação do poder de cobertura de tinta seca.

NBR 14940:2010 Tintas para construção civil - Método para avaliação de

desempenho de tintas para edificações não industriais -

Determinação da resistência à abrasão úmida.

NBR 11003:2009 Tintas — Determinação da aderência.

Fonte: ABNT (2014)

5.2.1 Preparação das amostras

O pó de mármore é a lama de mármore seca, sendo que essa lama é um dos

resíduos originários do corte de pedras de mármore (Figura 24).

Figura 24 Resíduo originário do corte de pedras de mármore

Fonte: BLUMTRITT, 2014

A extração dessa lama foi feita em uma marmoraria na cidade de São Bernardo do

Campo.

71

Após a extração, a lama foi levada ao laboratório químico na Faculdade Senai de

Tecnologia Ambiental e colocada em um béquer de 1000mL para a secagem e

determinação de umidade da lama.

Feita a secagem e a determinação de sua umidade passou-se o resíduo, já pó de

mármore, em duas peneiras. Essa etapa foi necessária para a separação dos

resíduos de maior diâmetro e que eventualmente poderiam impossibilitar o objetivo

dessa pesquisa. Nessa etapa, com o auxílio de uma balança analítica foi possível

determinar a porcentagem de pó de mármore utilizável com relação à lama de

mármore extraída. Após essa segregação obteve-se o pó de mármore desejado para

a incorporação na tinta acrílica.

A incorporação do pó de mármore na tinta acrílica branco fosco deu-se em 6

recipientes de 400mL. Preparou-se 200g da tinta com as proporções desejadas para

a pesquisa, conforme mostra o Quadro 11.

Quadro 11 Identificação das amostras conforme porcentagem do pó de mármore

NOME DA AMOSTRA PORCENTAGEM DE PÓ DE MÁRMORE

AM 1 1%

AM 2 10%

AM 3 15%

AM 4 20%

AM 5 35%

AM 6 50%

CONTROLE 0%

Nesse quadro pode-se observar que foi utilizada uma amostra com 0% de

incorporação de pó de mármore, isso deu para que fosse possível comparar os

resultados com a tinta não incorporada.

72

5.2.2 Determinação do poder de cobertura de tinta úmida

O ensaio para a determinação do poder de cobertura de tinta úmida foi executado

seguindo o procedimento estabelecido pela norma técnica NBR 14943:2003 - Tintas

para construção civil - Método para avaliação de tintas para edificações não

industriais - Determinação do poder de cobertura de tinta úmida que tem como

objetivo prescreve o método para determinação do poder de cobertura de uma

película úmida de tinta, visando avaliar o desempenho de tintas para construção

civil, classificadas conforme NBR 11702.

Foi preparo com identificação 3 corpos de prova (Figura 25) para cada porcentagem

de incorporação de pó de mármore na tinta.

Figura 25 Corpo de prova em um aplicador eletro motorizado

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Seguindo os procedimentos da norma, foi aplicada a tinta em corpo de prova, que já

estava fixado no aplicador eletro motorizado (Figura 25). Após essa aplicação

mecânica posicionou-se uma cartela com 3 furos sob a camada de tinta e com a

ajuda de um espectrofotômetro (Figura 26) mediu-se a refletância nesses pontos. O

espectrofotômetro com o auxilio de um softwear de computador é determinado o

poder de cobertura da tinta.

Figura 26 Espectrofotômetro

Fonte: BLUMTRITT, 2014

73

Esse ensaio foi realizado em triplicata para cada porcentagem de incorporação de

tinta, inclusive para a tinta sem incorporação.

5.2.3 Determinação da resistência à abrasão úmida

Seguindo os procedimentos determinados na NBR 14940:2012 - Tintas para

construção civil - Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações

não industriais - Determinação da resistência à abrasão úmida, determinou-se tal

característica de todas as amostras.

Foi preparado 3 corpos de prova para cada porcentagem de incorporação de pó de

mármore na tinta. Esses corpos de prova foram devidamente identificados.

O substrato do corpo de prova (Figura 27) utilizado foi uma manta de PVC preto.

Aplicou-se uma camada de tinta com um extensor de 0,175mm. Reservou-se os

corpos de prova por 7 dias, aguardando assim a sua secagem completa.

Figura 27 Corpo de prova

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Após os 7 dias, as amostras foram submetidas ao teste em uma máquina de

lavabilidade (Figura 28). Tal máquina utiliza uma escova com uma pasta abrasiva e

com tenso ativo nonil fenol etoxilado a 1%, a máquina passa a escova no sentido

horizontal no corpo de prova com o objetivo de gastar a tinta no corpo de prova e

contar os ciclos de escovação até o desgaste.

74

Figura 28 Máquina de lavabilidade

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Quando o desgaste da tinta no corpo de prova (Figura 29) foi atingido, anotou-se a

quantidade de ciclos e compararam-se todas as amostras.

Figura 29 Desgaste no corpo de prova

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Os testes foram executados em todos os corpos de prova.

Após a execução desse ensaio e análise dos resultados obtidos desse ensaio e no

de ensaio de determinação de cobertura úmida foi possível determinar a tinta com a

incorporação de pó de mármore que atingiu melhor os resultados esperados. A

incorporação ideal para a conclusão dos demais testes foi a de 20% de pó de

mármore na tinta.

75

5.2.4 Determinação do poder de cobertura de tinta seca

Para determinar o poder de cobertura de tinta seca foram utilizados os

procedimentos determinados na NBR 14942:2003 - Tintas para construção civil -

Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais -

Determinação do poder de cobertura de tinta seca, cujo objetivo é prescrever o

método para determinação do poder de cobertura de uma película seca de tinta,

visando avaliar o desempenho de tinta para construção civil, classificadas conforme

NBR 11702.

Para o ensaio de determinação do poder de cobertura seca foram utilizadas as

amostras de 20% de incorporação de pó de mármore em tinta acrílica e a amostra

de tinta acrílica sem incorporação. Determinou-se dessa forma devido a

aplicabilidade da amostra e aos resultados dos ensaios anteriores.

O substrato utilizado para o ensaio foi de PVC com demarcações em preto (Figura

30) para conclusões de demãos de cobertura das tintas.

Figura 30 Corpo de prova

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Fez-se a desengorduração do substrato com álcool comum e pesou-se o mesmo.

Após a pesagem determinou-se com fita tipo crepe o local destinado para aplicação

das amostras de tinta. Fixou-se o mesmo na parede e com um rolo aplicou-se a

amostra de tinta, obedecendo a padrões iguais de aplicação para cada corpo de

prova (Figura 31).

76

Figura 31 Aplicação padronizada

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Após a aplicação levou-se o corpo de prova para estufa (Figura 32) durante trinta

minutos a uma temperatura de 55°C.

Figura 32 Estufa para secagem

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Terminada a secagem, com um espectrofotômetro mediu-se a opacidade da tinta

aplicada, o resultado foi transferido para um computador que, através de um

softwear apresentou o poder de cobertura seca em metros por litro aplicado.

O ensaio foi executado em triplicata para cada porcentagem de amostra de tinta.

5.2.5 Determinação da aderência da tinta

Para executar esse ensaio adotaram-se os procedimentos prescritos na NBR

11003:2009 - Tintas — Determinação da aderência. Tal norma prescreve os

métodos para determinação da aderência em tintas, pelo método A (corte em X) e

pelo método B (corte em grade). O método utilizado nesse trabalho foi o método A.

77

Em uma chapa de aço 1020 com dimensões 100mm X 65mm X 1mm (Figura 33)

aplicou-se 2 demãos da tinta com 20% de incorporação de pó de mármore.

Figura 33 Chapas de aço 1020

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Após a secagem completa foram feitos 2 cortes em formato de X de 40mm cada um.

A interceptação dos cortes foi feita no centro formando um ângulo de 40°(Figura 34).

Figura 34 Corte em X

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Aplicou-se um pedaço de fita filamentosa cobrindo o X por inteiro e pressionou-se

com dedo a fita para uma melhor aderência. Após um minuto, puxou-se firme e

continuamente a fita com uma velocidade de aproximadamente 20 cm/s e um ângulo

de 180°.

A avaliação foi caracterizada utilizando-se uma tabela contida na norma técnica,

observando-se o destacamento de tinta na região de interseção.

Tendo em vista toda a metodologia descrita nesse capítulo, o próximo contém os

resultados desses testes, análises dos resultados e discussão dos mesmos.

78

6. RESULTADOS, ANÁLISES E DISCUSSÃO

Neste capítulo são abordados os resultados obtidos de todas as caracterizações

previstas no capítulo de metodologia sendo também descrito a análise e discussão

de cada processo.

Primeiramente será apresentado o aspecto das amostras junto com a massa teórica

e real da tinta e da tinta incorporada. No tópico seguinte será abordada a

determinação do poder de cobertura úmida. O terceiro consta o teste e resultados da

determinação da resistência à abrasão úmida. O quarto tópico abrange o teste de

aderência da tinta sem incorporação e a tinta incorporada com 20% de pó de

mármore. O quinto tópico mostra o poder de cobertura seca da tinta sem

incorporação e da tinta incorporada com 20% de pó de mármore.

6.1 Incorporação do pó de mármore à tinta

As incorporações com o pó de mármore se deram nas proporções de 1%, 10%,

15%, 20%, 35% e 50% (Figura 35). As incorporações se deram com o objetivo de

formar 200g de tinta incorporada.

Figura 35 Tinta incorporada e suas proporções

Fonte: BLUMTRITT, 2014

79

Na Tabela 1 são apresentados os valores de massa teórico e a os valores de massa

real obtidos.

Tabela 1 Massa obtida das amostras

Amostra Porcentagem

de pó de

mármore (%)

Massa de

tinta

acrílica

(g)

Massa de

tinta

obtida (g)

Massa de

pó de

mármore

(g)

Massa de

pó de

mármore

obtido (g)

1 1 198 198,64 2 2,04

2 10 180 180,41 20 20,62

3 15 170 170,98 30 30,34

4 20 160 160,14 40 40,17

5 35 130 130,54 70 70,28

6 50 100 100,84 100 100,97

As amostras e massas apresentadas na Tabela 1 foram utilizadas para a execução

dos ensaios posteriores.

Os ensaios de determinação de poder de resistência à abrasão, determinação de

cobertura úmida e determinação de cobertura seca foram executados em laboratório

com temperatura e umidade controlada (Figura 36). Temperatura: 26,46°C e 56,33%

de umidade.

Figura 36 Temperatura e umidade do laboratório

Fonte: BLUMTRITT, 2014

80

Devido à viscosidade muito alta da tinta incorporada com 50% de pó de mármore, a

mesma atingiu características de massa para texturização.

6.2 Determinação do poder de cobertura úmida

Os ensaios de determinação de cobertura úmida foram realizados de acordo com a

norma NBR 14943:2003. Na Tabela 2 encontram-se os resultados obtidos em tal

ensaio. Para a determinação desses resultados foi utilizado um aplicador eletro

motorizado e um espectrofotômetro digital, além de um sotwear instalado em um

computador para a leitura e processamento dos resultados.

Tabela 2 Resultado do poder de cobertura das amostras

Incorporação (%) Nível de opacidade (%) Média

Teste 1 – 0

Teste 2 – 0

Teste 3 – 0

91,39

91,49

91,19

91,36

Teste 1 – 1

Teste 2 – 1

Teste 3 – 1

92,38

91,50

91,78

91,89

Teste 1 – 10

Teste 2 – 10

Teste 3 – 10

92,05

92,67

93,09

92,60

Teste 1 – 15

Teste 2 – 15

Teste 3 – 15

93,42

94,37

3,05

93,61

81

Tabela 2 Resultado do poder de cobertura úmida das amostras (continuação)

Incorporação (%) Nível de opacidade (%) Média

Teste 1 – 20

Teste 2 – 20

Teste 3 – 20

94,60

94,86

95,01

94,82

Teste 1 – 35

Teste 2 – 35

Teste 3 – 35

97,03

9,11

99,70

98,61

Percebeu-se que, analisando a tabela de resultados, quanto maior a quantidade de

porcentagem de incorporação, maior o seu nível de opacidade, dessa forma

aumentando o seu poder de cobertura seca.

Esses resultados se devem devido a uma das características principais das cargas

em uma tinta, a alteração física da mesma e o nível de opacidade.

Compreende-se então, que o pó de mármore alterou positivamente a tinta e que

conforme aumenta a sua incorporação, maior a sua porcentagem de opacidade e

sendo assim, o aumento de seu poder de cobertura úmida.

6.3 Determinação de resistência à abrasão úmida

Os ensaios de determinação de resistência à abrasão úmida obedeceram aos

procedimentos determinados na NBR 14940:2010. Os resultados alcançados nesse

ensaio estão na Tabela 3. Para a execução dos testes foi utilizado uma máquina de

lavabilidade com contagem de ciclos de escavação. Os testes foram realizados em

triplicata para cada porcentagem de incorporação.

82

Tabela 3 Resultados de determinação de resistência à abrasão úmida

Incorporação (%) Número de ciclos de

escovação

Média (ciclos)

Teste 1 – 0

Teste 2 – 0

Teste 3 – 0

12

12

12

12

Teste 1 – 1

Teste 2 – 1

Teste 3 – 1

14

14

15

14.33

Teste 1 – 10

Teste 2 – 10

Teste 3 – 10

15

18

19

17.33

Teste 1 – 15

Teste 2 – 15

Teste 3 – 15

21

22

22

21,66

Teste 1 – 20

Teste 2 – 20

Teste 3 – 20

15 (descartado)

25

25

25

Teste 1 – 35

Teste 2 – 35

Teste 3 – 35

24

23

23

23,33

83

O teste 1 da incorporação de pó de mármore a 20% foi descartado para análises,

tendo em vista que houve alguma falha na aplicação da tinta no corpo de prova ou

na fixação do corpo de prova na máquina de lavabilidade.

O Gráfico 3 apresenta o número de ciclos pela porcentagem de incorporação de

cada amostra de tinta.

Gráfico 3 Ciclos de escovação X amostras incorporadas

0

5

10

15

20

25

30

0% 1% 15% 20% 35%

incorporações

cicl

os

de

lava

gem

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Com base na análise do Gráfico 3 e da tabela 2 do tópico anterior foi possível

afirmar que para os resultados esperados, a tinta incorporada que atinge melhor os

objetivos é a amostra com a incorporação de 20% de pó de mármore. Isso se deve

devido à maior resistência à abrasão úmida, com média de 25 ciclos e uma média de

94, 82% no grau de opacidade do teste de poder de cobertura úmida.

Os resultados de ensaios de determinação de aderência e determinação de poder

cobertura seca apresentados nos próximos tópicos foram obtidos para a amostra

sem incorporação e com 20% de incorporação de pó de mármore.

84

6.4 Determinação de aderência

Os ensaios de determinação de aderência obedeceram aos procedimentos

determinados na NBR 11003:2009. Para a execução dos testes foi utilizado chapa

de aço 1020, estilete e fita adesiva filamentosa.

Os testes foram realizados em triplicata para a tinta sem incorporação e para a tinta

incorporada com 20% de pó de mármore.

O método escolhido para a determinação foi o método A – corte em X.

Tendo em vista que os resultados são visuais e interpretativos, na Figura 37 pode-se

observar o ensaio para a tinta sem incorporação.

Figura 37 Resultado do ensaio de aderência da amostra sem incorporação

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Na Figura 37 é possível observar que na interceptação dos cortes do X houve pouca

perda da tinta, quando destancado a fita adesiva do corpo de prova.

Já a Figura 38 mostra o resultado do ensaio de aderência para a amostra com 20%

de incorporação de pó de mármore.

85

Figura 38 Resultado do ensaio de aderência da amostra com 20% de incorporação

de pó de mármore

Fonte: BLUMTRITT, 2014

Na Figura 38 é possível observar que na interceptação dos cortes do X, também

houve pouca perda da tinta, quando destancado a fita adesiva do corpo de prova.

Com base nesses resultados interpretativos e visuais a aderência das amostras, a

caracterização foi feita com base na tabela contida no anexo A da própria norma

técnica.

Portanto ambas as amostras foram caracterizadas com o código Y1, que determina

quando o destancamento de 1mm a 2mm em um ou em ambos os lados da

interseção.

Após a caracterização das amostras é possível afirmar que a incorporação do pó de

mármore não alterou a aderência da tinta a substratos.

6.5 Determinação do poder de cobertura seca

Os ensaios de determinação de cobertura seca foram realizados de acordo com a

norma NBR 14942:2003. Na Tabela 4 encontram-se os resultados obtidos em tal

ensaio. Para a determinação desses resultados foi utilizados o substrato com

amostras aplicadas, estufa e um espectrofotômetro digital, além de um softwear

instalado em um computador para a leitura e processamento dos resultados.

86

Tabela 4 Resultados do poder de cobertura seca

Incorporação (%) Poder de cobertura m2L Média m2L

0

0

0

4,24

4,12

4,13

4,16

20

20

20

8,16

8,31

8,44

8,30

Com a análise dos resultados obtidos nesse ensaio, apresentados na tabela acima,

verificou-se que a amostra de tinta acrílica incorporada com 20% de pó de mármore,

com relação à tinta sem incorporação obteve uma melhoria de 99,5% no poder de

cobertura seca, concluindo que para cobrir um metro quadrado utiliza-se menos da

tinta incorporada com 20% de pó de mármore do que a tinta sem incorporação.

87

CONCLUSÃO

As tintas são produtos que fazem parte do dia a dia de toda a população, que as

utilizam para os mais variados fins: proteção, sinalização e estética de materiais e

edificações, portanto é interessante que, economicamente, elas devem ser viáveis e

com responsabilidade ambiental.

A incorporação do pó de mármore como carga mostrou-se de grande valia para o

cumprimento desses objetivos, sabendo-se que o pó de mármore é um resíduo que

até então considerado como rejeito, isto é, sem utilidade para nenhum produto e,

com a sua incorporação houve uma melhoria em quesitos fundamentais de uma

tinta, como o poder de cobertura úmida, a resistência à abrasão úmida e ao poder

de cobertura seca, diminuindo dessa forma a utilização de uma tinta por demão de

metro quadrado.

Como resultado da pesquisa, observou-se que a porcentagem ideal para a

incorporação do pó de mármore em uma tinta acrílica é a de 20% da massa total.

Por fim, conclui-se ainda que a incorporação do pó de mármore a 20% da massa

total de tinta acrílica demonstra ser uma opção sustentável, tendo em vista que ele é

economicamente viável por tratar-se de uma nova matéria prima que, até então, era

um rejeito em aterro industrial, e ambientalmente correto.

88

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