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INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO EM PEDIATRIA V Encontro de Anestesia Pediátrica 16 de Junho de 2012 Celina Oliveira 2 , Artur Vieira 2 , Luísa Guedes 1 , Susana Vargas 1 , Fernanda Barros 1 Serviço de Anestesiologia - Centro Hospitalar de São João Porto, Portugal 1 Serviço de Anestesiologia Hospital de Braga, Portugal 2

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INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E

VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO

EM PEDIATRIA

V Encontro de Anestesia Pediátrica

16 de Junho de 2012

Celina Oliveira2, Artur Vieira2, Luísa Guedes1 , Susana Vargas1, Fernanda Barros1

Serviço de Anestesiologia - Centro Hospitalar de São João – Porto, Portugal1

Serviço de Anestesiologia – Hospital de Braga, Portugal2

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Introdução

As Náuseas e os Vómitos no Pós-operatório (NVPO) são uma

causa frequente e importante de morbilidade nas crianças -

quando severos podem causar desidratação, deiscência da ferida,

hemorragia, desequilíbrios eletrolíticos e aspiração pulmonar.

Aumentam os custos hospitalares.

São uma das principais causas de insatisfação dos pais.

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Introdução

• São a principal causa de readmissão hospitalar não programada em

contexto de cirurgia do ambulatório.

• São 2 vezes mais frequentes comparativamente aos adultos,

aumenta a partir dos 3 anos até à puberdade e tem uma incidência

de 13-42% em todas as idades pediátricas.

• A diferença entre sexos não é significativa até a puberdade, sendo

a partir desta altura mais frequente no sexo feminino.

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Objetivo

Determinar a incidência de Náuseas e Vómitos nas primeiras 24h do

pós-operatório nas crianças submetidas a cirurgia no Centro

Hospitalar de São João no período compreendido de 1 de Maio a 30

de Junho de 2011.

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• Estudo prospetivo e observacional

• Dados recolhidos:

– Um formulário (aprovado pela comissão de ética e com consentimento

informado obtido do representante legal), preenchido pré-

operatoriamente e completado telefonicamente após 24h da alta do

recobro.

– Registos clínicos da folha de anestesia

Metodologia

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• Obtenção dos seguintes dados:

– idade, sexo, tipo de cirurgia, técnica anestésica, uso de N20,

– uso de anti-eméticos no intra e/ou no pós-operatório,

– uso de opioídes no intra e/ou no pós-operatório,

– Presença de NV à entrada do recobro, durante a estadia no recobro e

24h após a alta do recobro.

• Os dados estatísticos foram tratados em Excel e SPSS.

• O significado estatístico foi avaliado pelo teste exato de Fisher.

Metodologia

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Metodologia

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Resultados De 63 formulários, 8 foram excluídos. A idade média foi de 6,9 anos (+/-5,1).

Percentagem (frequência)

Idade <3 anos ≥3anos

30,9% (17) 69,1% (38)

Sexo Masculino Feminino

61,8% (34) 38,2% (21)

ASA I II III

83,6% (46) 10,9% (6) 5,5% (3)

Tipo de Cirurgia Programada Ambulatório

12,7% (7)

87,3% (48) Tipo de Anestesia Geral Inalatória Geral Balanceada Combinada

25,5% (14) 10,9% (6)

63,6% (35)

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Resultados

Tipo ALR Nenhum Bloqueio Caudal Bloqueio Epidural Infiltração Local Bloqueio de Nervos Perif.

36,4% (20) 51,0% (28)

3,6% (2) 5,5% (3) 3,6% (2)

Uso de N2O Não Sim

78,2% (43) 21,8% (12)

Antiemético intraoperatório Não Sim

85,5% (47) 14,5% (8)

Opióide intraoperatório Não Sim

67,3% (37) 32,7% (18)

Duração da Cirurgia <30min ≥30 min

41,8% (23) 58,2% (32)

Percentagem (frequência)

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Resultados – Tipo de Cirurgia

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Resultados – Tipo de Anestesia Locoregional

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Resultados – Incidência de NVPO

Percentagem (frequência)

Náuseas entrada recobro Não Sim

96,4% (53)

3,6% (2) Vómitos entrada recobro Não Sim

98,2 % (54)

1,8% (1) Náuseas estadia recobro Não Sim

87,3% (48) 12,7% (7)

Vómitos estadia recobro Não Sim

87,3% (48) 12,7% (7)

Náuseas às 24h Não Sim

96,4% (53)

3,6% (2) Vómitos às 24h Não Sim

85,5% (47) 14,5% (8)

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Resultados – Sexo

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Resultados – Idade

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Resultados – Duração da Cirurgia

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Resultados – Uso de N2O

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Resultados – Opióide no intraoperatório

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Resultados – Antiemético no intraoperatório

Antiemético intraoperatório

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Resultados

Náuseas/Vómitos

Sim Não p

Idade <3 anos ≥3anos

1 (5,9%)

16 (42,1%)

16 (94,1%) 22 (57,6%)

0,010

Duração da cirurgia <30 min ≥30 min

6 (26,1%)

11 (34,4%)

17 (73,9%) 21 (65,4%)

0,567

Opióide intraoperatório Não Sim

7 (18,9%)

10 (55,6%)

30 (81,1%) 8 (44,4%)

0,011

Antiemético intraoperatório Não Sim

11 (23,4%) 6 (75,0%)

36 (76,6%) 2 (25,0%)

0,008

Uso de N2O Não Sim

16 (37,2%) 11 (91,7%)

27 (62,8%) 1 (8,3%)

0,080

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Verificou-se um aumento significativo de NVPO:

Crianças com ≥ 3 anos (42,1% vs 5,9%, p=0,010**)

O que está de acordo com o estudo de Eberhart - “The development and validation of a risk score to predict the probability os

postoperative vomiting in

pediatric patients.”, Anesth Analg 2004

Discussão e Conclusão

ESCALA DE EBERHART MODIFICADA

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Discussão e Conclusão

Verificou-se um aumento significativo de NVPO com:

Opióides no intraoperatório (55,6 vs 18,9%,p=0,011**).

O que está de acordo com as “Guidelines on the Prevention of Post-operative Vomiting in Children”. The Associaton of Paediatric

Anaesthetists of Great Britain & Ireland. 2009

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Discussão e Conclusão

• Este facto não foi anulado pela administração de um antiemético no

intraoperatório (75% vs 23,4%, p=0,008**).

• Estes resultados apontam para a necessidade de realizar profilaxia

de NVPO em crianças nas quais são administrados opióides

intraoperatórios, podendo recorrer a mais do que um antiemético.

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Discussão e Conclusão

Não se verificou um aumento significativo de NVPO com:

Uso de N20

O que está de acordo com as “Guidelines on the Prevention of Post-operative Vomiting in Children”. The Associaton of Paediatric

Anaesthetists of Great Britain & Ireland. 2009

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Discussão e Conclusão

Não se verificou um aumento significativo de NVPO com:

Sexo feminino na pós-puberdade

Não se verificou um aumento significativo de NVPO com:

Duração da cirurgia ≥ 30 min

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• “Management of postoperative nausea and vomiting in children.” Paediatr Drugs

2007;9(1):47-69

• “Guidelines on the Prevention of Post-operative Vomiting in Children”. The

Associaton of Paediatric Anaesthetists of Great Britain & Ireland. 2009

• “The development and validation of a risk score to predict the probability os

postoperative vomiting in pediatric patients.” Eberhart, LH, Geldner, G, Kranke,

P, et al. Anesth Analg 2004; 99(6):1630-7

• “Recomendações Portuguesas para profilaxia e tratamento das náuseas e

vómitos em cirurgia ambulatória”; APCA-Associação Portuguesa de Cirurgia

Ambulatória, Janeiro 2012.

Referências Bibliográficas

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INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E

VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO

EM PEDIATRIA

V Encontro de Anestesia Pediátrica

16 de Junho de 2012

Celina Oliveira2, Artur Vieira2, Luísa Guedes1 , Susana Vargas1, Fernanda Barros1

Serviço de Anestesiologia - Centro Hospitalar de São João – Porto, Portugal1

Serviço de Anestesiologia – Hospital de Braga, Portugal2