incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias ... · sobre essa complementação não...
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Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA FEDERAL DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO – SP
URGENTE!
XXX, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº XXXX,
com sede na Avenida XXX nº XXX, Bairro XXX, em São Paulo-SP, vem, por
suas patronas devidamente constituídas (procuração anexa), impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO INAUDITA ALTERA PARTE
Com pedido de MEDIDA LIMINAR, contra atos praticados e em vias de
serem praticados pelo Ilustríssimo Sr. DELEGADO DE ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE SÃO PAULO-SP, ou
quem lhe faça as vezes nos atos impugnados,com base no artigo 1º e
seguintes da Lei 12.016/09 e inciso LXIX do artigo 5º da Constituição
Federal e nas razões de fato e de direito que passa a expor:
DOS CONTORNOS DA IMPETRAÇÃO
1. Buscar-se-á, através deste mandamus, a determinação judicial específica, para que a
autoridade administrativa (Delegado de Administração Tributária da Receita Federal do
Brasil), não exija o recolhimento das contribuições sociais incidentes sobre a folha de
salários (cota patronal, SAT e entidades terceiras) incidentes sobre a verba paga aos
empregados referente aos “15 (quinze) dias anteriores a concessão do auxílio-doença”.
2. Essa ilegal imposição que será efetivada pela Autoridade Impetrada, é o ato coator
combatido por meio da presente impetração, que busca, justamente, e pelos judiciosos
argumentos a serem desenvolvidos mais adiante, o reconhecimento do direito do
contribuinte, ora Impetrante, ao não recolhimento das citadas exações.
Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.
3. Pois bem, conforme demonstrar-se-á doravante, o atual entendimento jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de que as verbas
discutidas possuem natureza indenizatória e, não se incorporam ao conceito de
remuneração, pois não possui retributividade. Tudo se forma a não constituir base de
cálculo para a incidência das contribuições sociais (cota patronal, SAT e entidades
terceiras).
4. Excelência, resta como imperioso que a ora Impetrante está obrigada, indevidamente, ao
pagamento de contribuições sociais sobre as respectivas rubricas.
5. Aliás, tal posicionamento é atualmente referendado pelo Superior Tribunal de Justiça e
demais Tribunais Regionais Federais, quando da análise da natureza jurídica dos primeiros
15 (quinze) dias à concessão do auxílio-doença.
6. Neste sentido, no julgamento do REsp nº 1230957, processado nos moldes do art. 543-C
do CPC (recurso repetitivo), o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, pelo
reconhecimento da ilegalidade da exigência das contribuições sociais sobre os 15 dias
anteriores a concessão do auxílio-doença pelos Ministros Mauro Campbell Marques,
Humberto Martins, Benedito Gonçalves, Arnaldo Esteves Lima e Herman Benjamin.
7. Ora, a ausência de recolhimento das contribuições sobre as verbas em apreço,
atualmente, independentemente de não constituir remuneração (nestes termos,
insuscetível de incidência) poderá legitimar a cobrança pela Autoridade Coatora, salvo, se
amparada por competente ordem judicial, tendo em vista que a atividade de arrecadação,
fiscalização e cobrança é vinculada e obrigatória.
8. Com efeito, vem a Impetrante postular perante o Judiciário, a concessão de ordem liminar
a impor o órgão administrativo responsável, na pessoa de sua autoridade funcional
superior, a obrigação de não exigir o recolhimento das contribuições sociais (cota
patronal, SAT e entidades terceiras) sobre os valores pagos a seus empregados sobre os
“15 dias anteriores a concessão do auxílio-doença.
DOS FATOS
Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.
9. A empresa é obrigada ao pagamento dos 15 primeiros dias de afastamento
previdenciário, conforme o artigo 60, § 3º da Lei 8.213/91:
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar
do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais
segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele
permanecer incapaz.
§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da
atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral.
10. Veja-se o que dispõem os artigos 22, I e 28 da Lei 8.212/91:
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade
Social, além do disposto no art. 23, é de:
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados
e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir
o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os
ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos
decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de
serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou
acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida
em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos
rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante
o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua
forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer
pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição
do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do
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contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa;
11. Pois bem. Entende-se pela legislação que durante este período de 15 dias, é devido o
pagamento de contribuições previdenciárias, entretanto, não é o que decidiu o Superior
Tribunal de Justiça no REsp 1230957, haja vista que tal período não se destina à
retribuição de trabalho, mas possui sim, caráter indenizatório.
12. Assim, diante da pacífica jurisprudência dos Tribunais Superiores, incluindo o STJ pelo rito
do recurso repetitivo, e o STF, em diversas oportunidades já ter se manifestado pela
impossibilidade de cobrança, nota-se que o provimento judicial pleiteado não pode ser
negado.
DO DIREITO
13. A Impetrante alicerça sua postulação em princípios legais e constitucionais, conforme
raciocínio jurídico a ser desenvolvido neste tópico.
14. Não há que se falar em incidência de contribuições previdenciárias durante os 15 (quinze)
primeiros dias de afastamento da atividade por motivo de doença e ou auxílio-acidente,
pois:
a) Os chamados auxílio-doença previdenciário e auxílio-doença acidentário
(pagos pela empresa nos primeiros 15 dias de afastamento do funcionário) ,
previstos nos artigos 60, § 3º, e 61 da Lei 8.213/91, não constituem salário ou
remuneração (são pagos, não para remunerar o trabalho, mas em virtude de
doença – art. 60, § 3º - ou acidente – art. 61 – do funcionário) e também não
apresentam habitualidade (serão pagos durante apenas 15 dias).
b) O art. 476 da CLT, reafirma a natureza não salarial/remuneratória das verbas,
ao prever que, em caso de doença ou acidente, o funcionário é considerado
em licença não remunerada, havendo interrupção do contrato de trabalho.
c) Destarte, o art. 104 do Decreto 3.048/99, estabelece que o auxílio-acidente
será concedido como indenização ao funcionário.
15. O ponto fulcral é saber se a verba paga ao empregado afastado para gozo do auxílio-
doença, tem natureza remuneratória (base de incidência ou não). O empregado afastado
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por motivo de doença, não presta serviço e, por isso, não recebe salários, mas apenas
uma verba de caráter previdenciário de seu empregador, durante os primeiros 15 dias do
afastamento.
16. A descaracterização da natureza salarial da citada verba afasta a incidência da
contribuição previdenciária.
17. No tocante aos quinze dias de afastamento do trabalho, que antecedem o gozo do
auxílio-doença, apesar de inexistir a prestação de serviços, constitui obrigação decorrente
do contrato de trabalho.
18. Não há que se confundir esta prestação com a complementação previdenciária,
correspondente à diferença entre o que o empregado recebe da Previdência Social e o
que ganharia se estivesse trabalhando, paga por força de contrato de trabalho, convenção
ou acordo coletivo.
19. Sobre essa complementação não incide a contribuição previdenciária, em virtude da
suspensão do contrato de trabalho, bem como diante do caráter indenizatório da verba,
ou seja, não há remuneração, e sim indenização.
20. De forma paradigmática, vide a jurisprudência pátria do E. Tribunal da Cidadania:
TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO
PORHOMOLOGAÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. PRECEDENTE DO
RECURSOESPECIAL REPETITIVO N. 1002932/SP. OBEDIÊNCIA AO ART.
97 DA CR/88.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO.
AUXÍLIO-DOENÇA.PRIMEIROS 15 DIAS DE AFASTAMENTO. ADICIONAL
DE 1/3 DE FÉRIAS. NÃOINCIDÊNCIA. 1. Consolidado no âmbito desta
Corte que nos casos de tributo sujeito a lançamento por
homologação, a prescrição da pretensão relativa à sua restituição,
em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada
em vigor da Lei Complementar n. 118/05 (em 9.6.2005), somente
ocorre após expirado o prazo de cinco anos,contados do fato gerador,
acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita. 2.
Precedente da Primeira Seção no REsp n. 1.002.932/SP, julgado pelo
rito do art. 543-C do CPC, que atendeu ao disposto no art. 97da
Constituição da República, consignando expressamente a análise da
inconstitucionalidade da Lei Complementar n. 118/05 pela Corte
Especial (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori
AlbinoZavascki, julgado em 06.06.2007). 3. Os valores pagos a título
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de auxílio-doença e de auxílio-acidente, nos primeiros quinze dias de
afastamento, não têm natureza remuneratória e sim indenizatória,
não sendo considerados contraprestação pelo serviço realizado pelo
segurado. Não se enquadram, portanto, na hipótese de incidência
prevista para a contribuição previdenciária. Precedentes. 4. Não
incide contribuição previdenciária sobre o adicional de 1/3relativo às
férias (terço constitucional). Precedentes. 5. Recurso especial não
provido.
(STJ - REsp: 1217686 PE 2010/0185317-6, Relator: Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 07/12/2010, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/02/2011)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AUXÍLIO-
DOENÇA. PRIMEIROS QUINZE DIAS PAGOS PELO EMPREGADOR.
NATUREZA NÃO SALARIAL. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. 1. Esta Corte não se presta à análise
de dispositivo constitucional, nem mesmo para fins de
prequestionamento, sob pena de usurpar-se da competência do
Supremo Tribunal Federal. 2. A jurisprudência desta Corte sufraga
entendimento no sentido de que os primeiros 15 (quinze) dias do
auxílio doença pagos pelo empregador não possuem natureza
salarial, não incidindo, portanto, contribuição previdenciária sobre o
referido período. 3. Não há que se falar em violação da Súmula
Vinculante n. 10 do STF, uma vez que não houve declaração de
inconstitucionalidade do art. 22 ou 28 da Lei n. 8.213/91, antes,
apenas foi reconhecida a natureza não salarial da verba em debate.
4. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no Ag: 1209421 RS 2009/0116280-4, Relator: Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 18/03/2010, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/03/2010)
21. Neste sentido, recentemente o Tribunal da Cidadania firmou entendimento da
inconstitucionalidade/ilegalidade da exigência das contribuições sociais sobre os 15 dias
anteriores a concessão do auxílio-doença, no REsp 1230957, processado nos moldes do
art. 543-c do CPC (recurso repetitivo).
22. O presente recurso foi julgado pela sistemática do artigo 543-C do CPC, VINCULANDO
TODOS OS TRIBUNAIS DE 2ª INSTÂNCIA, BEM COMO OS JUÍZOS DE 1º GRAU, além de
gerar efeitos perante a SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (Parecer PGFN/CDA/
CRJ/ N 396/2013) e, PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL (Lei n. 10.522/2002), art.
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19, inc. V; Portaria Conjunta PGFN/RFB 1, de 17/02/2014) devendo a decisão em tela ser
plenamente observada e cumprida.
23. Nada obstante, a portaria conjunta PGFN/RFB 1/2014, formaliza a troca de informações
entre a Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Receita Federal do Brasil
(RFB) na hipótese de ser proferida decisão favorável aos contribuintes, seja em controle
concentrado de constitucionalidade (STF), seja em Recursos Extraordinários com
repercussão geral reconhecida (STF); bem como, em recursos especiais repetitivos (STJ),
obedecendo à sistemática dos artigos 543-B e 543-C do CPC.
24. Recentemente, o d. juízo da 8ª Vara da Justiça Federal de São Paulo,
no processo nº 0002553-09.2015.403.6100 proferiu a seguinte
decisão:
“[...]
Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de
que não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos no
período que antecede a concessão do auxílio-doença e/ou do auxílio-
acidente:
“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535.
INEXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DE VÍCIO NO ACÓRDÃO RECORRIDO.
MERAS CONSIDERAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284 DO STF, POR
ANALOGIA. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA N. 211 DO STJ. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE
CÁLCULO. AUXÍLIO-DOENÇA. PRIMEIROS 15 DIAS DE
AFASTAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA.
1. Não merece acolhida a pretensão da recorrente, na medida em que
não indicou nas razões nas razões do apelo nobre em que consistiria
exatamente o vício existente no acórdão recorrido que ensejaria a
violação ao art. 535 do CPC. Desta forma, há óbice ao conhecimento
da irresignação por violação ao disposto na Súmula n. 284 do STF, por
analogia.
2. Não se depreende do acórdão recorrido o necessário
prequestionamento do referido dispositivo legal, tampouco da tese
jurídica aventada nas razões recursais, deixando de atender ao
comando constitucional que exige a presença de causa decidida como
requisito para a interposição do apelo nobre (art. 105, inc. III, da
CR/88). Incidência, também, da Sumula n. 211 desta Corte.
3. Está assentado na jurisprudência desta Corte que os valores pagos
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a título de auxílio-doença e de auxílio-acidente, nos primeiros quinze
dias de afastamento, não têm natureza remuneratória e sim
indenizatória, não sendo considerados contraprestação pelo serviço
realizado pelo segurado. Não se enquadram, portanto, na hipótese de
incidência prevista para a contribuição previdenciária. Precedentes.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não
provido.” (REsp 1203180/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2010, DJe
28/10/2010).
Ressalvando expressamente meu entendimento neste tema, em
atenção ao princípio da segurança jurídica e da uniformidade da
aplicação do direito federal, passo a observar a orientação
jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, que em nossa ordem
jurídica é o interprete último do direito infraconstitucional.
Assim, a fundamentação exposta na petição inicial é juridicamente
relevante relativamente ao pedido de concessão de medida liminar
para suspender a exigibilidade dos valores vincendos das
contribuições previdenciárias em questão, por vigorar no Superior
Tribunal de Justiça a interpretação de que os valores pagos a título
de auxílio-doença e de auxílio-acidente, no período de afastamento
anterior à concessão de benefício pela Previdência Social, não têm
natureza remuneratória e sim indenizatória. Não sendo
considerados contraprestação pelo serviço realizado pelo segurado,
deixam de se enquadrar na hipótese de incidência prevista para a
contribuição previdenciária.
Em relação ao risco de ineficácia da segurança, se concedida apenas
na sentença também está presente. O Tribunal Regional Federal da
Terceira Região tem concedido a antecipação da tutela recursal
para suspender a exigibilidade do crédito tributário, em agravos de
instrumento interpostos pelos contribuintes em face de minhas
decisões indeferitórias da concessão de medida liminar ou tutela
antecipada relativamente a contribuições previdenciárias cuja não-
incidência já é reconhecida pela pacífica jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça e pelo próprio Tribunal Regional Federal da
Terceira Região. Ressalvando expressamente meu entendimento, no
sentido de que está ausente o registro de risco de ineficácia da
segurança, se concedida apenas na sentença, pois os valores
recolhidos no curso da demanda poderão ser compensados depois do
trânsito em julgado, se julgado procedente o pedido, passo a acatar
a orientação do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, a fim
de evitar a interposição de recursos cujo resultado do julgamento já
se sabe ante sua pacífica jurisprudência.
Dispositivo
Defiro o pedido de liminar para suspender a exigibilidade dos
valores vincendos das contribuições previdenciárias (cota patronal,
SAT/RAT e Terceiros/Sistema S)” sobre os valores pagos pela
impetrante aos seus empregados durante os primeiros trinta dias
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consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença
ou de acidente de trabalho ou de qualquer natureza.
25. Assim Excelência, este é o ponto fulcral da presente ação, pois, conforme plenamente
demonstrado, resta como ilegal e inconstitucional a obrigação de recolher contribuições
sociais incidentes sobre a verba paga aos empregados referente aos 15 (quinze) dias
anteriores a concessão do auxílio-doença, conforme o art. 60, § 3º da Lei nº 8.213/91.
DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
26. Conforme restará demonstrado, urge a concessão da medida liminar inaudita altera
parte, nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009, dada a manifesta relevância
da fundamentação (fumus boni iuris) do presente mandamus e a provável ineficácia da
medida (periculum in mora), caso deferida apenas na sentença.
FUMUS BONI IURIS
A Impetrante demonstrou a presença, in casu, o requisito do fumus boni
iuris, dada a relevância da argumentação jurídica arguida.
Ademais, o quanto disciplinado tanto pelos artigos 5º “caput”; 7º, XXI e XVII;
39, § 3º; 40; 150, I e IV; 195, I, “a” e § 5º; 240 todos da CF/88, quanto pelos
artigos 97 e 110 do CTN, bem como pelos artigos 22, I e II; 28, I, §9º; 94 da
Lei 8.212/91; artigo 4º, § 1º da Lei 8.621/46; artigo 15 da Lei 9.424/96; artigo
2º da Lei 2.613/55; art. 2º e 3º da Lei 11.457/07; artigo 109 da IN RFB
1071/2010, e, por fim, pelos disposto nos artigos 129, 130, 134, 137, 148,
449 e 487, § 1º da CLT, bem demonstram e fundamentam o pedido da
Impetrante.
Isto sem falar do respaldo pelo REsp 1322945/RS, julgado pela 1ª Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgado sob o rito dos RECURSOS
REPETITIVOS, e dos demais tribunais pátrios sobre a matéria, diante da
dominante jurisprudência, que torna incontroverso o direito da Impetrante.
PERICULUM IN MORA
Como visto, os fatos e argumentos trazidos à baila pela Impetrante para
análise deste d. Magistrado, afetará de forma extremamente gravosa, o
Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.
pleno desenvolvimento da atividade econômica da mesma, uma vez que:
a) Na hipótese de não efetuar o recolhimento das contribuições sobre a
citada rubrica, estará a Impetrante sujeita à fiscalização da
Impetrada, com a consequente aplicação de multas e acréscimos
legais, inscrição em dívida ativa e futuras execuções fiscais;
b) Em face dessa situação surgirão óbices à emissão de CND/ CPDEN,
fato este que impossibilita a atividade empresarial da Impetrante;
c) Se efetuar o recolhimento de tais valores, que não são devidos,
causarão um inequívoco enriquecimento sem causa da Impetrada,
fato este que culminará com a necessidade de ingresso de pedidos
de restituição que, sabidamente, não são apreciados.
Assim, é latente o periculum in mora no presente caso, ressaltando a
urgência em se obter a providência jurisdicional, sob pena de não ter efeito
prático algum.
27. Desta forma, são estas as razões pelas quais a Impetrante necessita obter a providência
pleiteada, sob pena de vir a ser completamente inócua qualquer decisão posterior.
DO PEDIDO
28. Diante do exposto, de forma clara e sucinta requer a Impetrante:
I. A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR inaudita altera pars, determinando ao órgão
administrativo responsável, na pessoa de sua autoridade funcional superior (a ora
tida como coatora e componente do polo passivo desta impetração), a obrigação
de não exigir o recolhimento de contribuições previdenciárias (cota patronal,
SAT/RAT e Terceiros/Sistema S), sobre os valores pagos a seus empregados
referente aos “15 (quinze) dias anteriores a concessão do auxílio-
doença/acidente”, como já reconhecido pelo direito pátrio e majoritário e atual
posicionamento de nossos Tribunais, em especial a decisão exarada pelo STJ no
REsp nº 1230957/RS, processado nos moldes do art. 543-C do CPC.
II. A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR inaudita altera pars, determinando que a
autoridade impetrada abstenha-se de promover quaisquer medidas tendente à
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cobrança das referidas contribuições, ou de impor sanções por conta do não
recolhimento , tais como: negar a emissão de Certidão de Regularidade (CND/
CPDEN) ou incluir o nome da Impetrante no CADIN;
III. A confirmação da liminar em final decisão de mérito, CONCEDENDO A
SEGURANÇA, julgando inteiramente procedente o pedido da Impetrante,
determinando que a autoridade impetrada abstenha-se de promover quaisquer
medidas tendentes à cobrança das referidas contribuições, ou de impor sanções
pelo não recolhimento,tais como: negar a emissão de Certidão de Regularidade
(CND/ CPDEN) ou incluir o nome da Impetrante no CADIN;
IV. A concessão da ordem, reconhecendo o direito da Impetrante à restituição e/ou
compensação (Súmula 213 do STJ), dos valores indevidamente recolhidos a tais
títulos posteriormente à propositura da ação, com a incidência de correção
monetária e taxa SELIC, com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a
quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil,
sem a restrição existente no art. 170-A do CTN;
V. A intimação da autoridade apontada como coatora, com endereço à Rua Luiz
Coelho, nº 197, 12º andar, Consolação, São Paulo-SP, para que preste as
informações, conforme a Lei 12.016/09. Outrossim, indica como endereço da
representante da Autoridade Coatora, a r. Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional, sito à Alameda Santos, nº 647, 15º andar, Cerqueira Cezar, São Paulo-
SP.
29. Finalmente, as subscritoras atestam, para os devidos fins de direito, que as peças simples
acostadas com a presente ação correspondem fielmente as originais, sob suas
responsabilidades.
30. Dá a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.