incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias ... · sobre essa complementação não...

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Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO – SP URGENTE! XXX, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº XXXX, com sede na Avenida XXX nº XXX, Bairro XXX, em São Paulo-SP, vem, por suas patronas devidamente constituídas (procuração anexa), impetrar MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO INAUDITA ALTERA PARTE Com pedido de MEDIDA LIMINAR, contra atos praticados e em vias de serem praticados pelo Ilustríssimo Sr. DELEGADO DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE SÃO PAULO-SP, ou quem lhe faça as vezes nos atos impugnados,com base no artigo 1º e seguintes da Lei 12.016/09 e inciso LXIX do artigo 5º da Constituição Federal e nas razões de fato e de direito que passa a expor: DOS CONTORNOS DA IMPETRAÇÃO 1. Buscar-se-á, através deste mandamus, a determinação judicial específica, para que a autoridade administrativa (Delegado de Administração Tributária da Receita Federal do Brasil), não exija o recolhimento das contribuições sociais incidentes sobre a folha de salários (cota patronal, SAT e entidades terceiras) incidentes sobre a verba paga aos empregados referente aos “15 (quinze) dias anteriores a concessão do auxílio-doença”. 2. Essa ilegal imposição que será efetivada pela Autoridade Impetrada, é o ato coator combatido por meio da presente impetração, que busca, justamente, e pelos judiciosos argumentos a serem desenvolvidos mais adiante, o reconhecimento do direito do contribuinte, ora Impetrante, ao não recolhimento das citadas exações.

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Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA FEDERAL DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO – SP

URGENTE!

XXX, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº XXXX,

com sede na Avenida XXX nº XXX, Bairro XXX, em São Paulo-SP, vem, por

suas patronas devidamente constituídas (procuração anexa), impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO INAUDITA ALTERA PARTE

Com pedido de MEDIDA LIMINAR, contra atos praticados e em vias de

serem praticados pelo Ilustríssimo Sr. DELEGADO DE ADMINISTRAÇÃO

TRIBUTÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE SÃO PAULO-SP, ou

quem lhe faça as vezes nos atos impugnados,com base no artigo 1º e

seguintes da Lei 12.016/09 e inciso LXIX do artigo 5º da Constituição

Federal e nas razões de fato e de direito que passa a expor:

DOS CONTORNOS DA IMPETRAÇÃO

1. Buscar-se-á, através deste mandamus, a determinação judicial específica, para que a

autoridade administrativa (Delegado de Administração Tributária da Receita Federal do

Brasil), não exija o recolhimento das contribuições sociais incidentes sobre a folha de

salários (cota patronal, SAT e entidades terceiras) incidentes sobre a verba paga aos

empregados referente aos “15 (quinze) dias anteriores a concessão do auxílio-doença”.

2. Essa ilegal imposição que será efetivada pela Autoridade Impetrada, é o ato coator

combatido por meio da presente impetração, que busca, justamente, e pelos judiciosos

argumentos a serem desenvolvidos mais adiante, o reconhecimento do direito do

contribuinte, ora Impetrante, ao não recolhimento das citadas exações.

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

3. Pois bem, conforme demonstrar-se-á doravante, o atual entendimento jurisprudencial do

Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de que as verbas

discutidas possuem natureza indenizatória e, não se incorporam ao conceito de

remuneração, pois não possui retributividade. Tudo se forma a não constituir base de

cálculo para a incidência das contribuições sociais (cota patronal, SAT e entidades

terceiras).

4. Excelência, resta como imperioso que a ora Impetrante está obrigada, indevidamente, ao

pagamento de contribuições sociais sobre as respectivas rubricas.

5. Aliás, tal posicionamento é atualmente referendado pelo Superior Tribunal de Justiça e

demais Tribunais Regionais Federais, quando da análise da natureza jurídica dos primeiros

15 (quinze) dias à concessão do auxílio-doença.

6. Neste sentido, no julgamento do REsp nº 1230957, processado nos moldes do art. 543-C

do CPC (recurso repetitivo), o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, pelo

reconhecimento da ilegalidade da exigência das contribuições sociais sobre os 15 dias

anteriores a concessão do auxílio-doença pelos Ministros Mauro Campbell Marques,

Humberto Martins, Benedito Gonçalves, Arnaldo Esteves Lima e Herman Benjamin.

7. Ora, a ausência de recolhimento das contribuições sobre as verbas em apreço,

atualmente, independentemente de não constituir remuneração (nestes termos,

insuscetível de incidência) poderá legitimar a cobrança pela Autoridade Coatora, salvo, se

amparada por competente ordem judicial, tendo em vista que a atividade de arrecadação,

fiscalização e cobrança é vinculada e obrigatória.

8. Com efeito, vem a Impetrante postular perante o Judiciário, a concessão de ordem liminar

a impor o órgão administrativo responsável, na pessoa de sua autoridade funcional

superior, a obrigação de não exigir o recolhimento das contribuições sociais (cota

patronal, SAT e entidades terceiras) sobre os valores pagos a seus empregados sobre os

“15 dias anteriores a concessão do auxílio-doença.

DOS FATOS

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

9. A empresa é obrigada ao pagamento dos 15 primeiros dias de afastamento

previdenciário, conforme o artigo 60, § 3º da Lei 8.213/91:

Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar

do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais

segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele

permanecer incapaz.

§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da

atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao

segurado empregado o seu salário integral.

10. Veja-se o que dispõem os artigos 22, I e 28 da Lei 8.212/91:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade

Social, além do disposto no art. 23, é de:

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou

creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados

e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir

o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os

ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos

decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente

prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de

serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou

acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:

I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida

em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos

rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante

o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua

forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de

utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer

pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição

do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou

sentença normativa;

11. Pois bem. Entende-se pela legislação que durante este período de 15 dias, é devido o

pagamento de contribuições previdenciárias, entretanto, não é o que decidiu o Superior

Tribunal de Justiça no REsp 1230957, haja vista que tal período não se destina à

retribuição de trabalho, mas possui sim, caráter indenizatório.

12. Assim, diante da pacífica jurisprudência dos Tribunais Superiores, incluindo o STJ pelo rito

do recurso repetitivo, e o STF, em diversas oportunidades já ter se manifestado pela

impossibilidade de cobrança, nota-se que o provimento judicial pleiteado não pode ser

negado.

DO DIREITO

13. A Impetrante alicerça sua postulação em princípios legais e constitucionais, conforme

raciocínio jurídico a ser desenvolvido neste tópico.

14. Não há que se falar em incidência de contribuições previdenciárias durante os 15 (quinze)

primeiros dias de afastamento da atividade por motivo de doença e ou auxílio-acidente,

pois:

a) Os chamados auxílio-doença previdenciário e auxílio-doença acidentário

(pagos pela empresa nos primeiros 15 dias de afastamento do funcionário) ,

previstos nos artigos 60, § 3º, e 61 da Lei 8.213/91, não constituem salário ou

remuneração (são pagos, não para remunerar o trabalho, mas em virtude de

doença – art. 60, § 3º - ou acidente – art. 61 – do funcionário) e também não

apresentam habitualidade (serão pagos durante apenas 15 dias).

b) O art. 476 da CLT, reafirma a natureza não salarial/remuneratória das verbas,

ao prever que, em caso de doença ou acidente, o funcionário é considerado

em licença não remunerada, havendo interrupção do contrato de trabalho.

c) Destarte, o art. 104 do Decreto 3.048/99, estabelece que o auxílio-acidente

será concedido como indenização ao funcionário.

15. O ponto fulcral é saber se a verba paga ao empregado afastado para gozo do auxílio-

doença, tem natureza remuneratória (base de incidência ou não). O empregado afastado

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

por motivo de doença, não presta serviço e, por isso, não recebe salários, mas apenas

uma verba de caráter previdenciário de seu empregador, durante os primeiros 15 dias do

afastamento.

16. A descaracterização da natureza salarial da citada verba afasta a incidência da

contribuição previdenciária.

17. No tocante aos quinze dias de afastamento do trabalho, que antecedem o gozo do

auxílio-doença, apesar de inexistir a prestação de serviços, constitui obrigação decorrente

do contrato de trabalho.

18. Não há que se confundir esta prestação com a complementação previdenciária,

correspondente à diferença entre o que o empregado recebe da Previdência Social e o

que ganharia se estivesse trabalhando, paga por força de contrato de trabalho, convenção

ou acordo coletivo.

19. Sobre essa complementação não incide a contribuição previdenciária, em virtude da

suspensão do contrato de trabalho, bem como diante do caráter indenizatório da verba,

ou seja, não há remuneração, e sim indenização.

20. De forma paradigmática, vide a jurisprudência pátria do E. Tribunal da Cidadania:

TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO

PORHOMOLOGAÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. PRECEDENTE DO

RECURSOESPECIAL REPETITIVO N. 1002932/SP. OBEDIÊNCIA AO ART.

97 DA CR/88.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO.

AUXÍLIO-DOENÇA.PRIMEIROS 15 DIAS DE AFASTAMENTO. ADICIONAL

DE 1/3 DE FÉRIAS. NÃOINCIDÊNCIA. 1. Consolidado no âmbito desta

Corte que nos casos de tributo sujeito a lançamento por

homologação, a prescrição da pretensão relativa à sua restituição,

em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada

em vigor da Lei Complementar n. 118/05 (em 9.6.2005), somente

ocorre após expirado o prazo de cinco anos,contados do fato gerador,

acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita. 2.

Precedente da Primeira Seção no REsp n. 1.002.932/SP, julgado pelo

rito do art. 543-C do CPC, que atendeu ao disposto no art. 97da

Constituição da República, consignando expressamente a análise da

inconstitucionalidade da Lei Complementar n. 118/05 pela Corte

Especial (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori

AlbinoZavascki, julgado em 06.06.2007). 3. Os valores pagos a título

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

de auxílio-doença e de auxílio-acidente, nos primeiros quinze dias de

afastamento, não têm natureza remuneratória e sim indenizatória,

não sendo considerados contraprestação pelo serviço realizado pelo

segurado. Não se enquadram, portanto, na hipótese de incidência

prevista para a contribuição previdenciária. Precedentes. 4. Não

incide contribuição previdenciária sobre o adicional de 1/3relativo às

férias (terço constitucional). Precedentes. 5. Recurso especial não

provido.

(STJ - REsp: 1217686 PE 2010/0185317-6, Relator: Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 07/12/2010, T2 -

SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/02/2011)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AUXÍLIO-

DOENÇA. PRIMEIROS QUINZE DIAS PAGOS PELO EMPREGADOR.

NATUREZA NÃO SALARIAL. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. 1. Esta Corte não se presta à análise

de dispositivo constitucional, nem mesmo para fins de

prequestionamento, sob pena de usurpar-se da competência do

Supremo Tribunal Federal. 2. A jurisprudência desta Corte sufraga

entendimento no sentido de que os primeiros 15 (quinze) dias do

auxílio doença pagos pelo empregador não possuem natureza

salarial, não incidindo, portanto, contribuição previdenciária sobre o

referido período. 3. Não há que se falar em violação da Súmula

Vinculante n. 10 do STF, uma vez que não houve declaração de

inconstitucionalidade do art. 22 ou 28 da Lei n. 8.213/91, antes,

apenas foi reconhecida a natureza não salarial da verba em debate.

4. Agravo regimental não provido.

(STJ - AgRg no Ag: 1209421 RS 2009/0116280-4, Relator: Ministro

MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 18/03/2010, T2 -

SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/03/2010)

21. Neste sentido, recentemente o Tribunal da Cidadania firmou entendimento da

inconstitucionalidade/ilegalidade da exigência das contribuições sociais sobre os 15 dias

anteriores a concessão do auxílio-doença, no REsp 1230957, processado nos moldes do

art. 543-c do CPC (recurso repetitivo).

22. O presente recurso foi julgado pela sistemática do artigo 543-C do CPC, VINCULANDO

TODOS OS TRIBUNAIS DE 2ª INSTÂNCIA, BEM COMO OS JUÍZOS DE 1º GRAU, além de

gerar efeitos perante a SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (Parecer PGFN/CDA/

CRJ/ N 396/2013) e, PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL (Lei n. 10.522/2002), art.

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

19, inc. V; Portaria Conjunta PGFN/RFB 1, de 17/02/2014) devendo a decisão em tela ser

plenamente observada e cumprida.

23. Nada obstante, a portaria conjunta PGFN/RFB 1/2014, formaliza a troca de informações

entre a Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Receita Federal do Brasil

(RFB) na hipótese de ser proferida decisão favorável aos contribuintes, seja em controle

concentrado de constitucionalidade (STF), seja em Recursos Extraordinários com

repercussão geral reconhecida (STF); bem como, em recursos especiais repetitivos (STJ),

obedecendo à sistemática dos artigos 543-B e 543-C do CPC.

24. Recentemente, o d. juízo da 8ª Vara da Justiça Federal de São Paulo,

no processo nº 0002553-09.2015.403.6100 proferiu a seguinte

decisão:

“[...]

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de

que não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos no

período que antecede a concessão do auxílio-doença e/ou do auxílio-

acidente:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535.

INEXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DE VÍCIO NO ACÓRDÃO RECORRIDO.

MERAS CONSIDERAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284 DO STF, POR

ANALOGIA. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.

SÚMULA N. 211 DO STJ. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE

CÁLCULO. AUXÍLIO-DOENÇA. PRIMEIROS 15 DIAS DE

AFASTAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA.

1. Não merece acolhida a pretensão da recorrente, na medida em que

não indicou nas razões nas razões do apelo nobre em que consistiria

exatamente o vício existente no acórdão recorrido que ensejaria a

violação ao art. 535 do CPC. Desta forma, há óbice ao conhecimento

da irresignação por violação ao disposto na Súmula n. 284 do STF, por

analogia.

2. Não se depreende do acórdão recorrido o necessário

prequestionamento do referido dispositivo legal, tampouco da tese

jurídica aventada nas razões recursais, deixando de atender ao

comando constitucional que exige a presença de causa decidida como

requisito para a interposição do apelo nobre (art. 105, inc. III, da

CR/88). Incidência, também, da Sumula n. 211 desta Corte.

3. Está assentado na jurisprudência desta Corte que os valores pagos

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

a título de auxílio-doença e de auxílio-acidente, nos primeiros quinze

dias de afastamento, não têm natureza remuneratória e sim

indenizatória, não sendo considerados contraprestação pelo serviço

realizado pelo segurado. Não se enquadram, portanto, na hipótese de

incidência prevista para a contribuição previdenciária. Precedentes.

4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não

provido.” (REsp 1203180/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL

MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2010, DJe

28/10/2010).

Ressalvando expressamente meu entendimento neste tema, em

atenção ao princípio da segurança jurídica e da uniformidade da

aplicação do direito federal, passo a observar a orientação

jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, que em nossa ordem

jurídica é o interprete último do direito infraconstitucional.

Assim, a fundamentação exposta na petição inicial é juridicamente

relevante relativamente ao pedido de concessão de medida liminar

para suspender a exigibilidade dos valores vincendos das

contribuições previdenciárias em questão, por vigorar no Superior

Tribunal de Justiça a interpretação de que os valores pagos a título

de auxílio-doença e de auxílio-acidente, no período de afastamento

anterior à concessão de benefício pela Previdência Social, não têm

natureza remuneratória e sim indenizatória. Não sendo

considerados contraprestação pelo serviço realizado pelo segurado,

deixam de se enquadrar na hipótese de incidência prevista para a

contribuição previdenciária.

Em relação ao risco de ineficácia da segurança, se concedida apenas

na sentença também está presente. O Tribunal Regional Federal da

Terceira Região tem concedido a antecipação da tutela recursal

para suspender a exigibilidade do crédito tributário, em agravos de

instrumento interpostos pelos contribuintes em face de minhas

decisões indeferitórias da concessão de medida liminar ou tutela

antecipada relativamente a contribuições previdenciárias cuja não-

incidência já é reconhecida pela pacífica jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça e pelo próprio Tribunal Regional Federal da

Terceira Região. Ressalvando expressamente meu entendimento, no

sentido de que está ausente o registro de risco de ineficácia da

segurança, se concedida apenas na sentença, pois os valores

recolhidos no curso da demanda poderão ser compensados depois do

trânsito em julgado, se julgado procedente o pedido, passo a acatar

a orientação do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, a fim

de evitar a interposição de recursos cujo resultado do julgamento já

se sabe ante sua pacífica jurisprudência.

Dispositivo

Defiro o pedido de liminar para suspender a exigibilidade dos

valores vincendos das contribuições previdenciárias (cota patronal,

SAT/RAT e Terceiros/Sistema S)” sobre os valores pagos pela

impetrante aos seus empregados durante os primeiros trinta dias

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença

ou de acidente de trabalho ou de qualquer natureza.

25. Assim Excelência, este é o ponto fulcral da presente ação, pois, conforme plenamente

demonstrado, resta como ilegal e inconstitucional a obrigação de recolher contribuições

sociais incidentes sobre a verba paga aos empregados referente aos 15 (quinze) dias

anteriores a concessão do auxílio-doença, conforme o art. 60, § 3º da Lei nº 8.213/91.

DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

26. Conforme restará demonstrado, urge a concessão da medida liminar inaudita altera

parte, nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009, dada a manifesta relevância

da fundamentação (fumus boni iuris) do presente mandamus e a provável ineficácia da

medida (periculum in mora), caso deferida apenas na sentença.

FUMUS BONI IURIS

A Impetrante demonstrou a presença, in casu, o requisito do fumus boni

iuris, dada a relevância da argumentação jurídica arguida.

Ademais, o quanto disciplinado tanto pelos artigos 5º “caput”; 7º, XXI e XVII;

39, § 3º; 40; 150, I e IV; 195, I, “a” e § 5º; 240 todos da CF/88, quanto pelos

artigos 97 e 110 do CTN, bem como pelos artigos 22, I e II; 28, I, §9º; 94 da

Lei 8.212/91; artigo 4º, § 1º da Lei 8.621/46; artigo 15 da Lei 9.424/96; artigo

2º da Lei 2.613/55; art. 2º e 3º da Lei 11.457/07; artigo 109 da IN RFB

1071/2010, e, por fim, pelos disposto nos artigos 129, 130, 134, 137, 148,

449 e 487, § 1º da CLT, bem demonstram e fundamentam o pedido da

Impetrante.

Isto sem falar do respaldo pelo REsp 1322945/RS, julgado pela 1ª Seção do

Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgado sob o rito dos RECURSOS

REPETITIVOS, e dos demais tribunais pátrios sobre a matéria, diante da

dominante jurisprudência, que torna incontroverso o direito da Impetrante.

PERICULUM IN MORA

Como visto, os fatos e argumentos trazidos à baila pela Impetrante para

análise deste d. Magistrado, afetará de forma extremamente gravosa, o

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

pleno desenvolvimento da atividade econômica da mesma, uma vez que:

a) Na hipótese de não efetuar o recolhimento das contribuições sobre a

citada rubrica, estará a Impetrante sujeita à fiscalização da

Impetrada, com a consequente aplicação de multas e acréscimos

legais, inscrição em dívida ativa e futuras execuções fiscais;

b) Em face dessa situação surgirão óbices à emissão de CND/ CPDEN,

fato este que impossibilita a atividade empresarial da Impetrante;

c) Se efetuar o recolhimento de tais valores, que não são devidos,

causarão um inequívoco enriquecimento sem causa da Impetrada,

fato este que culminará com a necessidade de ingresso de pedidos

de restituição que, sabidamente, não são apreciados.

Assim, é latente o periculum in mora no presente caso, ressaltando a

urgência em se obter a providência jurisdicional, sob pena de não ter efeito

prático algum.

27. Desta forma, são estas as razões pelas quais a Impetrante necessita obter a providência

pleiteada, sob pena de vir a ser completamente inócua qualquer decisão posterior.

DO PEDIDO

28. Diante do exposto, de forma clara e sucinta requer a Impetrante:

I. A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR inaudita altera pars, determinando ao órgão

administrativo responsável, na pessoa de sua autoridade funcional superior (a ora

tida como coatora e componente do polo passivo desta impetração), a obrigação

de não exigir o recolhimento de contribuições previdenciárias (cota patronal,

SAT/RAT e Terceiros/Sistema S), sobre os valores pagos a seus empregados

referente aos “15 (quinze) dias anteriores a concessão do auxílio-

doença/acidente”, como já reconhecido pelo direito pátrio e majoritário e atual

posicionamento de nossos Tribunais, em especial a decisão exarada pelo STJ no

REsp nº 1230957/RS, processado nos moldes do art. 543-C do CPC.

II. A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR inaudita altera pars, determinando que a

autoridade impetrada abstenha-se de promover quaisquer medidas tendente à

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

cobrança das referidas contribuições, ou de impor sanções por conta do não

recolhimento , tais como: negar a emissão de Certidão de Regularidade (CND/

CPDEN) ou incluir o nome da Impetrante no CADIN;

III. A confirmação da liminar em final decisão de mérito, CONCEDENDO A

SEGURANÇA, julgando inteiramente procedente o pedido da Impetrante,

determinando que a autoridade impetrada abstenha-se de promover quaisquer

medidas tendentes à cobrança das referidas contribuições, ou de impor sanções

pelo não recolhimento,tais como: negar a emissão de Certidão de Regularidade

(CND/ CPDEN) ou incluir o nome da Impetrante no CADIN;

IV. A concessão da ordem, reconhecendo o direito da Impetrante à restituição e/ou

compensação (Súmula 213 do STJ), dos valores indevidamente recolhidos a tais

títulos posteriormente à propositura da ação, com a incidência de correção

monetária e taxa SELIC, com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a

quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil,

sem a restrição existente no art. 170-A do CTN;

V. A intimação da autoridade apontada como coatora, com endereço à Rua Luiz

Coelho, nº 197, 12º andar, Consolação, São Paulo-SP, para que preste as

informações, conforme a Lei 12.016/09. Outrossim, indica como endereço da

representante da Autoridade Coatora, a r. Procuradoria Geral da Fazenda

Nacional, sito à Alameda Santos, nº 647, 15º andar, Cerqueira Cezar, São Paulo-

SP.

29. Finalmente, as subscritoras atestam, para os devidos fins de direito, que as peças simples

acostadas com a presente ação correspondem fielmente as originais, sob suas

responsabilidades.

30. Dá a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

Jurisprudência condutora: REsp 1230957/RS – Não incidência das contribuições sociais sobre os 15 dias anteriores a concessão do Auxílio-Doença/Acidente.

São Paulo, 25 de Fevereiro de 2015.

_________________________

advogado

OAB/SP