importância geopolítica do chile

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  • 7/24/2019 Importncia Geopoltica Do Chile

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    129Cole. Meira Mattos, Rio de Janeiro, v. 9, n. 34, p. 129-145, jan./abr. 2015

    RESUMO123

    O Chile pode ser considerado um dos Estados mais competitivose slidos da Amrica Latina na atualidade. Esse seu sucessoadvm, em muito, das polticas econmicas orientadas parao mercado e da estabilidade poltica que tem sabido manter,atraindo o investimento estrangeiro e promovendo as suasexportaes. No presente trabalho, por meio da anlise formacomo o Chile posiciona-se e relaciona-se no plano global, quercom outros Estados, quer com Organizaes Internacionais,da anlise forma como interage no plano regional e dacaracterizao da sua economia e dos seus recursos maisimportantes, aliado aos fatores internos e externos que mais o

    afetam na atualidade, possvel verificar quais so os principaisdesafios que se colocam a esse importante pas sul-americanoe perceber que dinmicas conduzem a sua poltica externa.Nesse quadro, conclui-se que as questes como as disputasterritoriais com o Peru e a Bolvia, a dependncia energtica,a forte correlao entre a economia e o cobre, a Antrtida e amilitarizao do Atlntico Sul, destacam-se como temticas deextrema importncia para o Chile agora e no futuro.

    Palavras-chave: Chile. Geopoltica. Crescimento Econmico.Livre Comrcio. Disputas Territoriais.

    1 Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) - Lisboa, Portugal.E-mail:

    Investigador associado do CISDI.

    Ps-Graduado em Cincias Militares - Segurana e Defesa, pelo IESM (Portugal).

    2 Gabinete do Comandante do Exrcito (Gab Cmt Ex) - Braslia-DF, Brasil.

    E-mail:

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    BREVE ANLISE DA GEOPOLTICA DO CHILE

    1 INTRODUO

    O Chile uma nao politicamente estvele economicamente emergente localizada no sudoesteda Amrica do Sul. Da sua histria podem identificar-sequatro perodos marcantes (LIBRARY OF CONGRESS,2010). Em 18108, o Chile afirma-se como Estado

    independente e soberano, constituindo-se esse o primeiroperodo. Em 1932, o Chile constituia-se em uma repblicademocrtica e, em 1970, com Salvador Allende9, torna-seum estado socialista, promotor de uma poltica econmicacomunista, nacionalizando empresas e realizandoreformas agrrias, materializando o segundo perodo.Essa situao conduziu polarizao da sociedade chilenae como resultado, em setembro de 1973, um golpe deestado liderado pelo General Augusto Pinochet, derrubao governo titubeante de Allende. Esse terceiro perodo marcado pelo controle da mdia e pela violao de direitoshumanos, estimando-se terem sido mortos cerca de trsmil pessoas e presas e/ou torturadas outras 38 mil. No

    entanto, foi desmantelado o estado de bem-estar social,privatizadas empresas e aberto o mercado, permitindoo investimento privado e consequente crescimentoeconmico. O quarto perodo refere-se ao regresso democracia e ao desenvolvimento econmico e social,aps derrota de Pinochet nas eleies de 198910. Desdeento, o Chile vem assumindo um papel cada vez maisrelevante no plano regional e global. Na realidade, nasltimas duas dcadas, verifica-se uma franca diminuiodos ndices de pobreza, bem como um crescimentobastante acentuado no Produto Interno Bruto (PIB) percapita, constituindo-se como o mais elevado da regio, o

    que evidentemente um sinal do poder econmico desseEstado (MEYER, 2014).O objetivo deste trabalho analisar as relaes

    de poder e de influncia do Chile no plano global e regional,identificando com mais detalhe as suas potencialidades evulnerabilidades, bem como verificar a forma como serelaciona com Estados vizinhos e Estados concorrentes,ou seja, em que medida os seus interesses divergem ouconvergem com outros atores. A fim de direcionar a pesquisa, adotou-se aseguinte questo central: que fatores caracterizam apresena do Chile no Mundo?

    Por forma a dar resposta questo centrale sintetizar os resultados do estudo, articulou-se otrabalho em quatro partes. Uma primeira dedicada aoquadro geopoltico de referncia, enquadrando o Chilenos planos global e regional. A segunda parte identificaos principais atores com que o Chile se relaciona,bem como identifica a importncia da Antrtida nessecontexto. A terceira parte procura caracterizar quais osfatores que conferem poder a esse Estado, apontando as

    8 A independncia chilena em relao Espanha foi formalmente declarada em

    12 de fevereiro de 1818.

    9 Um socialista e lder da Coligao de Unidade Popular.

    10 Na sequncia de uma grave crise bancria no perodo 1981-84.

    suas potencialidades e vulnerabilidades, fazendo depoisa ponte para a quarta parte, na qual se caracterizam asrelaes com as Organizaes Internacionais das quaiso Chile parte integrante. Por fim, conclui-se tecendoalgumas consideraes, identificando os principais fatoresque contribuem para a afirmao do Chile no Mundo e deque forma esse Estado os pretende por em prtica.

    2 QUADRO GEOPOLTICO DE REFE-RNCIA DO CHILE

    O Chile ocupa uma posio privilegiada noextremo sul da Amrica, com cerca de 4.300 km deextenso de norte a sul e de apenas 200 km de leste aoeste. A norte, o Chile faz fronteira com o Peru e a lestecom a Bolvia e a Argentina. Em direo ao sul, estende-se at o Polo Sul, atravs do territrio antrtico chileno,e em direo ao oeste, projeta-se em profundidade emdireo ao oceano Pacfico, at a ilha de Pscoa, a 3.700

    km da costa (CORPORACIN..., 2004). O Chile, em relao ao seu territrio, divide-seem trs reas geogrficas distintas: Amrica, Antrtidae Oceania, constituindo-se como um dos Estados composio privilegiada para o atual polo econmico global - aBacia do Pacfico (Figura 1).

    2.1 O Chile no Mundo

    A participao do Chile no plano internacionalremonta a 1837, ocasio em que desafiou o domniodo porto de Callao, no Peru, de forma a garantir asuperioridade das rotas comerciais no oceano Pacfico.Nesse conflito, derrotou a aliana de curta duraoformada entre o Peru e a Bolvia11 tendo permitido adistribuio do poder no Pacfico.

    11 A Confederao Peru-Boliviana (1836-1839) na chamada Guerra da Confe-

    derao.

    Figura 1. Pases de localizao privilegiada em relao Bacia do Pacfico.

    Fonte: Corporacin... (2004).

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    A Guerra do Pacfico (1879-1883), travadanovamente contra o Peru e a Bolvia, aumentou o papelregional do Chile, tendo contribudo significativamentepara o alargamento do seu territrio (LIBRARY OFCONGRESS, 2010). Ao longo do sculo XIX, os laos comerciais doChile firmaram-se principalmente com o Reino Unido,

    um pas que teve influncia decisiva sobre a organizaoda Marinha de Guerra chilena. A Frana teve um impactonos sistemas legal e educacional do Chile, assim comose registra alguma influncia arquitetnica na virada dosculo XIX para o sculo XX. A influncia alem recaiuprincipalmente sobre a organizao e a formao doExrcito (LIBRARY OF CONGRESS, 2010). Em junho de 1945, o Chile assina a Carta dasNaes Unidas, constituindo-se membro fundador dessaOrganizao (UNITED NATIONS, 2014a) e assumindouma posio de relevo no plano internacional. Todavia,com o golpe militar de 1973, o Chile isola-se politicamentecomo resultado das acusaes de violao dos direitos

    humanos que se registraram durante o governo doGeneral Pinochet (LIBRARY OF CONGRESS, 2010).

    Com a redemocratizao de 1990, parteda poltica econmica de Pinochet, em particular aabertura comercial por meio da diversificao demercados, foi conservada, o que permitiu a reduodo nvel de pobreza, mas no eliminou as profundasdesigualdades sociais (DANTAS, 2011). Nesse quadro, oChile assenta a sua estratgia geral no desenvolvimentode relaes multilaterais no mundo, estabelecendorelaes privilegiadas com os Estados Unidos da Amrica(EUA), com a Unio Europeia (UE), com a sia e com a

    Amrica do Sul (DANTAS, 2011). Ainda no mbito da suaafirmao em termos internacionais, o Chile foi anfitrioda Cooperao Econmica sia-Pacfico (APEC), em2004, da qual membro de pleno direito. Ademais, o Chile tem-se revelado umimportante ator internacional sobre questes econmicase de livre comrcio (UNITED STATES, 2013), sendo dedestacar que em 2010 o Chile foi aceito como membroda Organizao para a Cooperao e DesenvolvimentoEconmico (OCDE), constituindo-se como o primeiropas da Amrica do Sul a assumir essa condio(ORGANISATION, 2010). Desde a redemocratizao,o Chile vem tornando-se um participante cada vez maisativo na poltica internacional. O pas terminou a suamisso como membro no permanente no Conselho deSegurana da Organizao das Naes Unidas (ONU)e vem atuando de forma vigorosa em vrias atividadespromovidas pelas suas diversas agncias, incluindoOperaes de Apoio Paz.

    2.2 O Chile na Amrica do Sul

    Apesar de manter relaes comerciais comquase todos os pases da regio, com o intuito de no criar

    obstculos ao seu franco desenvolvimento, o Chile optoupor permanecer margem dos blocos regionais. Noobstante, membro de diversas organizaes de mbitoregional, nomeadamente a Associao Latino-Americanade Integrao (ALADI), o Mercado Comum do Sul(MERCOSUL), o Sistema Econmico Latino-Americano edo Caribe (SELA), a Organizao dos Estados Americanos

    (OEA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID) e a Unio de Naes Sul-Americanas (UNASUL).O Chile no participa da CAN (Comunidade Andina)e tambm decidiu no ser um membro pleno doMERCOSUL. Essas duas organizaes mantm taxasde importao mais elevadas do que as chilenas, peloque a adeso a qualquer uma delas tornaria mais difcil arealizao de tratados de comrcio j estabelecidos compases exteriores Amrica do Sul (DANTAS, 2011).

    Segundo Fernndz12(2009) , o Chile projeta-separa o mundo a partir da sua identidade latino-americana,constituindo-se esta como centro de gravidade da suapoltica externa e promotora de laos comuns em uma

    regio na qual o pas partilha histria, culturas, interessese objetivos, e de onde se releva o incentivo integraoregional.

    3 ANLISE ESTRATGICA DE BASE

    3. 1 Atores Regionais Estatais

    3.1.1 Bolvia As relaes da Bolvia com o Chile no tmsido as melhores desde a Guerra do Pacfico. Essa

    situao agudizou-se com a priso, em janeiro de 2013,de trs soldados bolivianos em territrio chileno, quealegadamente perseguiam narcotraficantes. Para ogoverno boliviano, as trs prises foram uma formade retaliao do Chile pela sua demanda martima nosdiversos fruns internacionais, que tem como objetivo arecuperao da to desejada ligao ao Pacfico (SEM...,2013).

    A atual instabilidade interna, a adeso aoMERCOSUL e o seu distanciamento do vizinho martimoa oeste, aparentam ser os fatores mais importantes parao desenvolvimento poltico e econmico da Bolvia e que

    marcam as relaes entre estes dois Estados (GOULART;BELLINCANTA; YAKABI, 2014).

    3.1.2 Equador O Equador um dos menores Estados sul-americanos, sendo que a sua economia est centrada noshidrocarbonetos, que contabilizam mais de 50% das suasexportaes (EQUADOR, 2012).

    Atualmente, o Equador um importante pontode passagem de cocana que tem como principal destinoos EUA, atravs das guas do Pacfico, constituindo um

    12 Mariano Fernndez ex-ministro das Relaes Exteriores chileno.

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    apetecvel local para lavagem de dinheiro para osnarcotraficantes (LYONS, 2012).

    Ao Equador, apontam-se os seguintes pontosde interesse para o Chile: potencial foco de instabilidaderegional, face ao trfico de drogas e disputas territoriaisantigas com o Peru, a norte, e importante fonte derecursos energticos regional.

    3.1.3 Venezuela Com o plano de nacionalizao das empresasposto em prtica pelo ex-presidente Hugo Chvez eo consequente aumento do controle estatal sobre aindstria, ocorreu um decrscimo no investimentoestrangeiro e, em funo disso, um abrandamento daeconomia venezuelana. Em 2013, o dficit oramentrioda Venezuela foi cortado para menos de 10% do PIB e advida pblica aumentou para 34,2%, apesar dos preosrecorde do petrleo (UNITED STATES, 2014a).

    Apesar das divergncias com os EUA, estescontinuam a ser os maiores parceiros da Venezuela em

    termos comerciais. Quanto ao Chile, este o 7 maiorimportador da Venezuela, que passa a assumir importnciade relevo na poltica energtica chilena (BRIDGAT, 2014).

    3.1.4 Paraguai A economia paraguaia sofreu grandes oscilaesnos ltimos anos, sustentando-se nos estmulosgovernamentais, todavia no resistindo forte criseeconmico-financeira que afeta o mundo desde 2008.Aliado a esse fato, a instabilidade poltica, com a destituiodo Presidente Fernando Lugo pelo Congresso, em 2012,consistiu em um fator de desestabilizao que afetou

    fortemente a economia do Paraguai (VASCONCELOS,2012).Apesar de no se identificar relaes significativas

    em uma vertente poltica e econmica com o Chile, asrelaes do Paraguai com a Venezuela esto fortementedegradadas (LORENATO; TRALDI, 2013), pelo que emum contexto de estabilidade regional este fator constituielemento de alguma importncia para o Chile.

    3.1.5 Peru O Peru o terceiro maior pas da Amrica doSul. Faz fronteira, entre outros, com o Chile, sendo rico

    em prata, ouro, cobre, zinco, estanho e hidrocarbonetos,que se encontram sobretudo na Cordilheira dos Andes.J teve disputas territoriais com o Equador e com aColmbia, mas a sua maior rivalidade com o Chile. tambm um grande produtor de cocana, o que temoriginado violncia interna e disputas entre grupos rivais(PERUS..., 2012). Apesar da sua rivalidade com o Chile, tmsido desenvolvidas vrias iniciativas de aproximaoe cooperao entre ambos os Estados, sobretudodesde 2010, nomeadamente a Aliana do Pacfico13,

    13 A Aliana do Pacifico composta pelo Chile, Colmbia, Mxico e Peru. Procura

    acordos de cooperao em reas de interessecomum, desenvolvimento do Comit de Integrao eDesenvolvimento Fronteirio e a luta contra o trfico dedrogas, entre outros (CHILE, 2014l). Em 2013, o Chile foi o stimo maior importadorde produtos oriundos do Peru (NOVO BANCO, 2014b).

    3.1.6 Uruguai O Uruguai o segundo menor pas da Amricado Sul, sendo, no entanto, um dos mais desenvolvidoseconomicamente (URUGUAI, 2012). Atualmente, Chile e Uruguai tm firmadoentre si um acordo de associao estratgica como objetivo de fortalecer as relaes bilaterais, combase no estabelecimento de uma associao poltica,social, econmica, comercial e de cooperao entreas partes, fundada na reciprocidade, interesse mtuo,complementaridade e aprofundamento das suas relaesem todos os campos de aplicao (URUGUAY, 2008).

    3.1.7 Colmbia A Colmbia est estrategicamente colocadaentre a Amrica do Sul e Central. rica em recursosnaturais, nomeadamente ouro e petrleo. tambm a ldermundial na produo de cocana e tem enfrentado gravesproblemas de segurana interna face aos grupos armados,designadamente as Foras Armadas Revolucionrias daColmbia (FARC), e traficantes de drogas ali existentes(COLMBIA, 2012). Em termos territoriais, disputa coma Nicargua territrio martimo no mar do Caribe, tendoem conta o gs e petrleo ali existentes (PETRLEO...,

    2013). A Colmbia um parceiro importante para oChile. Em 2011, foi estabelecida uma parceria estratgica,que permitiu o desenvolvimento de iniciativas conjuntasrelevantes para ambos os pases, sendo a mais importantea Aliana do Pacfico. J em 2012, reuniram-se quatrocomisses para discutir assuntos de interesse comum,nomeadamente assuntos polticos e sociais, a cooperao,o livre comrcio e assuntos culturais. Por outro lado, aColmbia solicitou ao Chile o acompanhamento doprocesso de negociao de paz entre o governo daquelepas e as FARC (CHILE, 2014j).

    3.2 Relaes com o Brasil

    As ambies estratgicas brasileiras defineme priorizam aes que visam ao fortalecimento dasfronteiras, preveno da criminalidade e intensificaoda cooperao com os pases vizinhos (BRASIL, 2012).

    promover um espao de livre circulao de bens, servios, capitais e pessoas. O

    seu principal objetivo tornar-se uma plataforma de projeo para o mundo, com

    nfase na sia-Pacfico, tendo em vista um maior crescimento, desenvolvimento e

    competitividade das economias dos Estados membros (ALIANZA DEL PACFICO,

    2013).

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    Nesse quadro, para o Brasil, o Chile tem influncia regionalpela sua economia, demografia e extenso territorial(LOPES, 2010). Apesar de geograficamente opostos nosubcontinente sul-americano, quer o Chile, quer oBrasil, partilham dos mesmos problemas securitrios,nomeadamente a pirataria, o roubo mo armada e aimigrao ilegal, entre outras atividades ilcitas (GUEDES,

    2015 ). A nvel econmico, a parceria entre o Brasil eo Chile materializada em acordos de investimento,iniciados em 2010, e no Acordo de Cooperao para aAntrtida. A partir de 2012, com a efetivao do CorredorRodovirio Biocenico Brasil-Bolvia-Chile, criou-secondies para a cooperao na rea de planejamentoenergtico a longo prazo (BRASIL, 2012).

    Para o Chile, o Brasil apresenta-se como ummercado de extrema importncia, pois entre ambosexiste uma das maiores correntes comerciais bilateraisda Amrica do Sul (BRASIL, 2011). Ainda nesse contexto,o Chile surge como o terceiro maior importador de

    produtos brasileiros, apenas suplantado pela China epelos EUA. A nvel de exportaes chilenas, o Brasil surgeem quarto lugar (BANCO ESPIRITO SANTO, 2014).

    3.3 Relaes com a Argentina

    Os Andes materializam a fronteira leste do Chilecom a Argentina, sendo esta rica em recursos naturais,nomeadamente petrleo e gs natural, em que baseiam-se as suas exportaes juntamente com produtos agrcolas(ARGENTINAS..., 2012). A relao entre o Chile e a Argentina nos ltimosanos tem-se desenvolvido no mbito da cooperao edo dilogo bilateral permanente, tendo, em 2012, sidoestabelecidos acordos em matria de reconhecimentode diplomas legais, cooperao policial, cooperao naAntrtida, integrao fronteiria, desenvolvimento doturismo, migrao e assistncia consular, cooperao naeducao e no setor da sade (CHILE E ARGENTINA...,2012).

    No campo da defesa, os dois pases tm dadopassos importantes salientando-se a iniciativa 2+2, dos quais resultou um Memorando de Entendimentoentre os dois pases e o Departamento de Operaes deManuteno da Paz da ONU (DPKO) sobre a Fora dePaz Combinada Cruz del Sur14(CHILE, 2014i).

    3.4 Disputas territoriais

    Aps a sua independncia e semelhanado Peru e da Bolvia, o Chile enfrentou questes deautodefinio territorial e de competitividade na regio.Nesse contexto, ocorreu no perodo de 1879-1883 a jreferida Guerra do Pacfico, ocasio em que defrontou

    14 Entrou em stand-by em janeiro de 2012

    o Peru e a Bolvia (STRATFOR, 2009). Como resultadodesse confronto, o Chile conquistou aproximadamenteum tero do seu atual territrio, adquirindo duas regiesdo sul do Peru, Tacna (posteriormente devolvida em1929) e Arica, enquanto a Bolvia perdeu a sua provnciado litoral, rica em cobre, guano e salitre, bem como oacesso ao oceano Pacfico15.

    Em relao ao Peru, este instaurou um processojunto do Tribunal Internacional de Justia (TIJ), em janeirode 2008, para que fosse arbitrada a fronteira martimacom o Chile. A deciso tornou-se pblica a 27 de janeirode 2014, sendo que dos 38.000 km em disputa, o Peruobteve aproximadamente 20.000 km e o Chile mantevesoberania sobre uma rea com recursos pesqueiros(UNITED NATIONS, 2014b) (Figura 2). Mesmo comtodas as disputas e pleitos internacionais, em 2009, oChile realizou um exerccio militar denominado Salitre2009, em Antofagasta, primeiro lugar atacado em 1879,gerando mal-estar em ambas as partes, o que, aliado aoincremento das capacidades militares do Chile, levou o

    Peru a solicitar junto ONU a mediao de um pactoregional de no agresso (STRATFOR, 2009).

    Relativamente Bolvia, a 24 de abril de 2013,esse pas instaurou um processo contra o Chile, juntodo TIJ, no sentido de o obrigar a negociar efetivamenteum acordo que garanta Bolvia um acesso totalmentesoberano ao oceano Pacfico. A deciso do TIJ obriga aspartes elaborao de um memorial, pelo que a decisodever ser conhecida a partir de 201516(INTERNATIONALCOURT OF JUSTICE, 2013).

    15 Atravs de um tratado entre as partes, em 1904, o Chile cedeu Bolvia acesso

    livre ao Pacfico por meio de uma estrada de ferro at o porto de Arica, mas recusa

    restituir qualquer territrio.

    16 No dia 15 de abril de 2014, a Bolvia entregou o seu Memorial na Corte Interna-

    cional de Justia, em Haia, e at 18 de fevereiro de 2015 o Chile elabora o Counter-

    Memorial, ficando o procedimento seguinte para deciso futura.

    Figura 2. A nova diviso entre Chile e Peru.

    Fonte: Tribunal... (2014).

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    Apesar de o Chile ter enfrentado disputasterritoriais com a Argentina, nomeadamente pelo canalde Beagle, solucionada por meio da mediao Papal em198417, outra questo se levanta em relao a Argentina eque envolve igualmente o Reino Unido: a disputa pelas ilhasFalkland. Por um lado, ao Chile interessa que o controledaquelas ilhas se mantenha britnico, da mesma forma

    que defende os territrios em disputa com a Bolvia e oPeru. Por outro lado, as boas relaes com o seu vizinhoArgentina so determinantes para a questo energticae por questes econmicas e securitrias da regio. Nomeio dessa disputa, o antigo presidente chileno, SebastinPiera, chegou a afirmar publicamente que o Chile apoiaa Argentina, mas ao mesmo tempo tem uma relaoespecial com o Reino Unido. Estima-se que, no futuro, oChile continue preso no meio dessa disputa, apoiando osbritnicos e tentando acalmar as relaes com a Argentina(STRATFOR, 2012).

    3.5 As ilhas Falkland, o acesso Antrti-da e o Atlntico Sul

    Durante a guerra fria, a manuteno da seguranada rota martima do Cabo Horn constituiu um importanteelemento estratgico. Esta situao mantm-se atual seconsiderarmos que as limitaes fsicas dos porta-aviesnorte-americanos os impedem de transitar pelo canaldo Panam. Nesse contexto, as ilhas Falkland mantm-se como um importante ponto de apoio naval anotherof Admiral Thayer Mahans choke points, estratgicopara garantir o controle efetivo da rota do Cabo. No

    obstante outras opes para o controle se apresentarempossveis Punta Arenas (Chile) ou Ushuaia (Argentina) ,o esforo associado seria incompatvel para a maioria dasforas armadas regionais (GUEDES, 2012, p. 42).

    Para a Organizao do Tratado do AtlnticoNorte (OTAN), o fato de as Falkland serem domniodo Reino Unido, constitui um elemento estratgico degrande importncia, j que garantem a ligao fsica entreo Atlntico Sul e o Pacfico Sul. Importa realar que aMarinha britnica possui capacidade para a sua defesae manuteno. No entanto, caso alguns dos pases doCone Sul18procurem os meios militares que ponham emcausa esse equilbrio, a defesa das Falkland poder serameaada (GUEDES, 2012). A crescente militarizaoda zona e a eventual especulao sobre a alterao deestatuto de regio desnuclearizada, consequncia doposicionamento de ogivas nucleares na regio por parte doReino Unido, confirmam a importncia no s estratgica,mas tambm econmica da regio. A crescente atenoque tem sido dispensada ao Atlntico Sul por parte das

    17 Na ocasio, foi estabelecida fronteira martima que deu as ilhas da metade

    norte do canal e a maior parte do territrio em disputa martima projetada para

    o Atlntico Argentina, e as ilhas na metade sul do canal e as ilhas sem nome

    espalhadas pelo sul e sudeste do Cabo Horn ao Chile.

    18 Chile e Argentina so os exemplos nesse caso.

    potncias tradicionais, e, mais recentemente, por partedas potncias emergentes, no inocente e demonstraa competio intensa travada em torno dos recursosnaturais recentemente descobertos, bem como no acesso Antrtida (NEVES, 2013, p. 71).

    O problema da insegurana do Atlntico Sulest perfeitamente identificado, sendo que j h vrias

    potncias regionais e globais que se preparam paraa combater. No caso dos EUA, a reativao da QuartaFrota para o Atlntico revela bem o interesse geopolticoda grande superpotncia na poro sul desse Oceano(GUEDES, 2015 ). Seria razovel pensar que uma soluomilitar similar OTAN pudesse resolver os problemassecuritrios do Atlntico Sul. Contudo, a forte oposiodo Brasil, da frica do Sul e da grande maioria dos pasesafricanos e sul-americanos tem impedido que este tipode soluo seja adotado. Foi seguindo esse pensamentoque em 1986 foi criada a Zona de Paz e Cooperao doAtlntico Sul (ZOPACAS) (GUEDES, 2015 ).

    At agora, e apesar de certa apreenso, oproblema da manuteno securitria do Atlntico Sulno tem passado de alguma retrica mais exacerbadapor parte dos vrios atores. Torna-se fundamental que seinicie uma abordagem holstica, restando dvida se serconsensual ou externamente imposta (DE LA GORCE;SALVY, 2012).

    4 FATOR GEOPOLTICO

    4.1 Recursos naturais - a questo ener-

    gtica

    O Chile o quinto maior consumidor de energiasul-americano, importando cerca de 70% da energiaconsumida (THE WORLD BANK, 2014a), mas um dosmenores produtores de combustveis fsseis.

    A maior parte das importaes de petrleo sooriginrias de pases da Amrica Latina, designadamentedo Equador, Brasil, Colmbia e Argentina. Contudo, noque tange aos produtos refinados, os EUA so a principalorigem, principalmente de leo diesel (UNITED STATES,2014d). No que diz respeito ao gs natural, o aumentode consumo chileno (2009/2010) dessa fonte energticafoi dos maiores do mundo (51%, que se compara coma mdia mundial de 7,3%) (GUERRERO, 2012). A maiorparte das importaes chilenas sob a forma de GsNatural Liquefeito (GNL) e provm da Guin Equatorial,de Trinidad e Tobago, do Catar e do Imen (UNITEDSTATES, 2014d). Embora com menos importncia, oChile importa tambm gs natural da Argentina, por meiode vrios gasodutos construdos no final dos anos 1990.

    A capacidade de produo eltrica instaladacarateriza-se por cerca de um tero ter origem hidreltrica,2 a 3% ter origem elica e o restante ser proveniente de

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    AMADOR; CORRA; BASTOS; GONALVES; INCIO; GOMES; FRESCATA

    centrais termeltricas a carvo e gs natural (UNITEDSTATES, 2014d). Assim, a maior parte da energia gerada proveniente de fontes no renovveis, o que justificaa dependncia de importaes acima referida. Essadependncia de recursos energticos do exterior, em umaeconomia em crescimento, pode representar um granderisco para o desenvolvimento e crescimento econmico,

    podendo fomentar a sua dependncia relativamente aosseus vizinhos. Por exemplo, a crise argentino-chilena de2004 fez sobressair o problema da segurana energticaao restringir a quantidade de gs exportado para o Chile apartir da Argentina (GUERRERO, 2012). Adicionalmente,as disputas territoriais com a Bolvia e o Peru limitamas importaes de gs desses pases produtores(GUERRERO, 2012). Essas questes obrigaram o Chilea desenvolver infraestruturas para importao de GNL,diversificando as fontes de abastecimento.

    A pertinncia dessas questes fez com que ogoverno chileno criasse uma Estratgia Nacional para aEnergia 2012-2030, que prev, alm da diversificao

    de fornecedores, a reduo do consumo por meio daeficincia energtica e a aposta nas energias renovveis,nomeadamente na elica (cuja participao no setorenergtico de apenas 3%) (CHILE, 2012b).

    4.2 Desempenho nacional - a questo

    econmica

    Com uma populao de aproximadamente 17milhes de habitantes, o Chile a sexta economia daAmrica do Sul, com um PIB de cerca de 280 bilhes de

    dlares. Esse pas, cujo crescimento econmico de 1986 a2010 foi em mdia superior a 5% ao ano, possui o maiorPIB per capita na regio (UNITED STATES, 2014b).

    O Chile uma economia de mercado caraterizadapor um elevado nvel de abertura ao exterior, comreputao de dispor de instituies financeiras robustas, oque lhe confere o mais alto rating da dvida soberana entreos pases da Amrica Latina. As exportaes cifram-se emcerca de 1/3 do PIB, com as matrias-primas somandoquase 75% do total das exportaes (INDEX MUNDI,2014b). Contudo, aps um forte crescimento nosltimos anos, a economia chilena est desacelerandoe ficou prxima aos 4% em 2013 (INTERNATIONALMONETARY FUND, 2014). Mesmo assim, demonstroupossuir bases econmicas compatveis ao conseguirsuplantar as dificuldades resultantes da grave crisefinanceira mundial de 2008, implementando medidas comoa liberao de verbas para socorrer o setor do cobre, oinvestimento em obras de infraestrutura e a proteo dapopulao de baixa renda (CHILE, 2012a). Importa realaro crescimento econmico que seguiu-se s catstrofesnaturais que assolaram o pas em fevereiro de 2010,superando as expectativas mais otimistas e revelando acapacidade de recuperao chilena (INTERNATIONAL

    CENTRE..., 2010; UM ANO..., 2011). O Chile apresenta ainda uma grandedependncia em torno das atividades de extrao,produo e sobretudo de exportao de cobre, estando aevoluo do PIB do pas fortemente correlacionada comos volumes de exportao de cobre e do seu preo nosmercados internacionais. Esse representa atualmente

    cerca de 19% dos proventos governamentais (UNITEDSTATES, 2014b). O peso das exportaes de cobre nasexportaes totais tem aumentado significativamente nosltimos anos, fazendo do Chile, simultaneamente, o maiorprodutor e exportador mundial de cobre, conformepodemos observar na Grfico 1 (BANCO ESPIRITOSANTO, 2014).

    Os principais destinos das exportaes decobre chilenas so asiticos (52%) onde se destacama China (40%), a Coreia do Sul (7%) e Taiwan (5%) e da UE (16%), com a Itlia (5%) e os Pases Baixos(5%) apresentando a maior procura. Importa sublinhar aforte influncia que a China, principal cliente mundial decobre, exerce na determinao do preo internacional e,consequentemente, nas receitas do setor mineral chileno(BANCO ESPIRITO SANTO, 2014).

    Alm de variadssimos acordos de comrcio,designadamente com a UE, EUA, MERCOSUL, China,ndia, entre outros, o Chile aderiu recentemente aoAcordo de Parceria Econmica Estratgica Trans-Pacfico,tambm conhecido como P4 (INDEX MUNDI, 2014b).Em maio de 2010, o Chile assinou a conveno daOCDE, vindo a ser o primeiro pas da Amrica Latina atornar-se membro dessa organizao, conforme referidoanteriormente. Cautelosamente, ao longo dos anos, o governochileno tem seguido polticas fiscais contracclicas,acumulando excedentes durante os perodos decrescimento e de preos elevados do cobre nos mercadosinternacionais, e adotando polticas expansivas apenas

    Grfico 1. Estimativa de produo mineral de cobreem 2013.

    Fonte: Banco Espirito Santo (2014a).

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    BREVE ANLISE DA GEOPOLTICA DO CHILE

    nos perodos de baixa de preos do cobre e baixoscrescimentos (INDEX MUNDI, 2014b).

    De acordo com o Outlook Econmico19 2013para a Amrica Latina, se no curto prazo ainda vaiocorrer um forte crescimento nessa regio, no mdioprazo a situao mais complexa, na medida em queum decrscimo na procura externa expor as limitaes

    do modelo atual de crescimento, baseado em produtosde baixo valor acrescentado e em recursos naturais. OChile, tendo tambm esse problema, tem apostado nosltimos anos em uma poltica de incentivo formao einovao20, que podero a mdio e longo prazo mitigaressa debilidade. Um indicador dessa aposta o caso dainfraestrutura de internet de banda larga chilena, que atualmente a mais avanada da Amrica Latina, frente doBrasil, Mxico e Argentina (ORGANISATION..., 2012).

    Essa estratgia de desenvolvimento, muitoassente na simplificao administrativa e na educaoe inovao, vai dando j os seus frutos: no ranking daliberdade econmica (Economic Freedom Score) promovido

    pela ONG The Heritage Foundation em parceria com oWall Street Journal, o Chile ocupa o 7 posto mundial eo 1 a nvel regional21(THE HERITAGE FOUNDATION,2014). Tambm o turismo tem sido um importantesetor da economia chilena. Em 2013, por exemplo,o setor do turismo representou 3,2% do seu PIB,perspectivando-se, para 2014, um incremento para 5,4%(BANCO ESPIRITO SANTO, 2014). Refira-se que o nmero de turistas internacionaisascendeu cerca de 3,576 milhes, o que representou umacrscimo de 0,6% face a 2012. Esse setor contribuiu

    diretamente com 3,2% do total de emprego (BANCOESPIRITO SANTO, 2014).

    4.3 Fatores internos de perturbao

    A sociedade chilena apresenta grandesdesigualdades sociais e grande concentrao da economia,que podem ser identificados como os principais fatoresinternos de perturbao. Relativamente s desigualdadessociais, destacamos dois problemas: a desigualdadenos salrios e acesso educao. A desigualdade nossalrios, uma das maiores do mundo, consubstanciada

    na avaliao do Programa das Naes Unidas para oDesenvolvimento (PNUD), em que o Chile, em 2013, foiavaliado em 52,1% no ndice de GINI22(PROGRAMA...,2013, p. 152), embora j com alguma evoluo relativa

    19 Organismo coordenado pela OCDE.

    20 Por meio do programa InnovaChile, o governo apoia fortemente o desenvolvimento

    de startups tecnolgicas.

    21 Este ranking avalia diversos fatores, tais como a eficincia da justia, os ndices

    de corrupo, a liberdade fiscal, os gastos do estado, a eficincia regulatria do

    estado, a liberdade de comrcio, de investimento e de transao financeira, entre

    outros.

    22 Indicador utilizado para calcular a desigualdade de distribuio do rendimento

    das pessoas (THE WORLD BANK, 2014c).

    avaliao de 2003, cujo coeficiente era de 57,5%(PROGRAMA..., 2003).

    Em termos educativos, o Chile um dos pasesno mbito da OCDE que menos investe em educaopblica, sendo que no ano de 2011 registraram-se cercade 100.000 crianas que no tiveram acesso escola. Parauma populao que ronda os 17,5 milhes de habitantes

    e que 21% est abaixo dos 14 anos e em idade escolar,aquele nmero bastante elevado e preocupante(ORGANISATION..., 2013).

    Essa situao traz dois problemas. Um primeiro,que se prende com a criminalidade, nomeadamente nosarredores da capital Santiago, onde existem 83 bairrosou pequenas povoaes, perfazendo um total de 700.000pessoas, controladas por gangues (pandilhas). Umsegundo, a prostituio infantil, feminina e masculina,apresentando nmeros assustadores referenciados peloServio Nacional de Menores (SENAME) do Ministrio daJustia chileno, afirmando que em 2003 havia em torno de3.700 crianas exploradas sexualmente (CHILE, 2010b).

    No obstante, a concentrao da economia omaior problema do Chile, cujas causas esto identificadase materializadas pelos seguintes aspectos: concentraoda distribuio de bens (supermercados) por apenas trsgrupos econmicos, que se consubstancia no monopliodo comrcio a retalho; 60% dos depsitos bancriosencontram-se distribudos em apenas quatro bancos, oque confere um poder muito elevado banca; e a grandedesigualdade entre a rea metropolitana de Santiagoe o resto do pas, contribuindo cada vez mais para adesertificao do interior e zonas limtrofes (ATIENZA;AROCA, 2012).

    Apesar de identificadas as causas, os sucessivosgovernos no tm conseguido impor mudanas acentuadasnesse propsito, o que revela o elevadssimo poder deinfluncia que esses grupos tm nas decises polticas e nasociedade chilena em geral.

    4.4 Capacidade Militar

    A defesa militar chilena caracterizada einfluenciada por uma realidade extremamente complexa.A sua configurao geogrfica, bem como a naturezageopoltica e geoestratgica do territrio fazem da defesa

    um quebra-cabeas. De um modo geral, o Chile no temprofundidade estratgica. Nesse sentido, o pas procura,junto com seus vizinhos, estabelecer relaes poltico-estratgicas de conciliao de interesses, nomeadamentena rea da segurana. A fragilidade estratgica do seuterritrio de natureza estrutural e, portanto, necessitade uma ateno permanente e particular por parte da suacomunidade de defesa (SALAS, 2011).

    As Foras Armadas do Chile (FAC) socompostas por trs ramos Exrcito, Marinha e ForaArea , tendo como Comandante Supremo o Presidenteda Repblica. Esse responsvel por organiz-las e

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    distribu-las de acordo com as necessidades de segurananacional (CHILE, 2010a), cabendo-lhe ainda o comandodireto das FAC em caso de guerra (CHILE, 2010a). A conduo poltica do setor de defesa doChile est a cargo do Ministrio da Defesa Nacional, quetem por misso garantir a segurana externa do Estado(CHILE, 2010a). Nesse quadro, o emprego das FAC, em

    crise internacional ou em guerra, da responsabilidade doChefe de Estado-Maior Conjunto (CHILE, 2010a).Em termos comparativos, de acordo com

    o Quadro 1, podemos verificar que o Chile, no queconcerne s suas Foras Armadas, apresenta um efetivosemelhante aos seus pases vizinhos, muito embora sepossa verificar algum desequilbrio no equipamento,estando nesse aspecto o Chile em vantagem

    4.4.1 Exrcito O Exrcito do Chile conta com aproximadamente45.000 militares e tem por misso garantir a soberania e

    manter a integridade do territrio, proteger a populao,instituies e recursos vitais do pas face a qualquerameaa externa, assim como se constituir como umaferramenta da poltica externa do Chile (CHILE, 2014d).

    Na ltima dcada, o Exrcito sofreu umareestruturao profunda que passou pela criao denovas unidades, pela fuso de outras, bem como pelo seureequipamento e formao de pessoal, tornando-o maiseficiente (CHILE, 2014e). Atualmente, a sua componenteoperacional contempla seis Divises e duas Brigadas(CHILE, 2014f).

    4.4.2 Marinha A Marinha chilena constituda por cercade 25.000 militares (CHILE, 2014b), distribudos porvrias unidades ao longo dos 6.435 km de linha costeira(UNITED STATES, 2014b), devendo-se ainda levar emconsiderao o extenso Territrio Antrtico Chileno, quese estende at o Polo Sul (CHILE, 2014a). A principal fora operacional da Marinha a suaEsquadra Nacional, que se encontra distribuda por ZonasNavais e tem por misso contribuir para a defesa doterritrio nacional e participar nos esforos internacionaisde manuteno da paz e da estabilidade nas regies de

    Pessoal Material Principal

    Pas FFAA Armada Exrcito

    Fora

    Area Paramilitares Fragatas Submarinos

    CC/

    VBTP/VCI

    Artilharia/

    Morteiros

    Aeronaves

    de Ataque Helicpteros

    Chile 59.050 16.300 35.000 7.750 44.700 7 4 870 1.005 58 93

    Argentina 73.100 20.000 38.500 14.600 31.250 6 3 1.088 1.103 38 110

    Bolvia 46.100 4.800 34.800 6.500 37.100 0 0 230 311 15 30

    Peru 115.000 24.000 74.000 17.000 77.000 8 6 655 998 68 122

    Quadro 1 Quadro comparativo de Pessoal e Material Principal.

    Fonte: Adaptado de International Institute for Strategic Studies (2013).

    interesse para o Chile. As Zonas Navais se estendem doextremo Norte do pas at a Antrtida e dependem doEstado-Maior Geral da Marinha, sendo constitudas porForas Operacionais e Logsticas, com a finalidade decontribuir para a defesa da frente martima e ao controlee proteo do trfego de navios em suas respectivasreas de jurisdio. por esse motivo que so dotadas

    com meios de combate, de patrulha e de apoio logstico(CHILE, 2014c).As outras foras operacionais que constituem

    a Marinha chilena so a Aviao Naval, a Fora deSubmarinos, o Corpo de Infantaria de Marinha, oComando Anfbio e de Transportes Navais, o Comandode Foras Especiais e o Comando de Misileras norte esul (CHILE, 2014c).

    4.4.3 Fora Area O efetivo da Fora Area do Chile estimadoem 12.000 militares. O produto operacional desta Fora

    encontra-se materializado nas cinco Brigadas Areas quea constituem. Cada uma delas est organizada, grossomodo, em dois ou trs Grupos de Aviao, um Grupo deDefesa Antiarea e um Grupo de Telecomunicaes ouDeteco Eletrnica (CHILE, 2014g).

    As Brigadas Areas so Unidades operacionais,que atuam de acordo com o planejamento superior. Asua principal misso controlar o espao areo em suasreas de jurisdio, por meio de operaes aerotticas, dedefesa antiarea, administrativas e logsticas. As Brigadastm ainda a seu cargo o Servio de Busca e Salvamento etambm apoiam locais remotos e cooperam em situaesde emergncia ou desastres naturais (CHILE, 2014g).

    4.4.4 Corrida armamentista Tendo em conta o apresentado, querinternamente, quer no mbito das relaes externas, oChile apresenta alguns focos de tenso. Nesse contexto,e considerando a emerso de outros atores no planoregional, como o Brasil, alguns autores apontam oacrscimo da despesa na defesa como sinal de corridaarmamentista (DEEN, 2011). Contudo, de acordo comas Grficos 2 e 3, podemos verificar que o aumento doinvestimento nas FAC se deve ao aumento do PIB nacional

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    e no ao aumento efetivo da percentagem atribuda Defesa, quer no Chile, quer no Peru ou Bolvia, pelo que,no se considera ser um indicador de potencial aumentode conflitualidade na regio.

    4.5 Potencialidades e Vulnerabilidades

    Dentre o conjunto de potencialidades quedestacam o Chile dos demais pases da Amrica Latina,julga-se importante referir: a sua localizao, voltada para o

    atual polo econmico global, a regio da sia-Pacfico, quelhe traz vantagens no plano comercial; a sua estabilidadepoltica, que se constitui como um convite interessanteao investimento privado e se reverte na possibilidade dedesenvolvimento; a sua poltica econmica de mercadoaberto e baixas taxas aduaneiras; e a Antrtida, cujosrecursos ainda se encontram por explorar, mas onde agua potvel se assume como vital (MOMBERG, 2008). No entanto, ao Chile apontam-se duas grandesvulnerabilidades: a economia dependente do cobree a dependncia de recursos energticos; bem comodois grandes desafios: a concentrao da economia e as

    Grfico 2 Despesa militar em funo da percentagem do PIB.

    Fonte: The World Bank (2014d).

    Grfico 3 PIB dos pases (em US$).

    Fonte: The World Bank (2014b).

    disputas territoriais. Em relao s vulnerabilidades, a economiachilena tem-se beneficiado nos ltimos anos do elevadopreo do cobre. Conforme anteriormente referido, oChile o maior produtor do mundo desse metal, como qudruplo da produo da China que ocupa o segundolugar (UNITED STATES, 2014c). No entanto, o pesoque a sua exportao tem na economia chilena muitoelevado, pelo que a oscilao do seu preo poder trazerimplicaes graves economia desse pas (CHILE, 2013). com preocupao que os responsveis

    polticos chilenos olham para a questo energtica.Conforme referido anteriormente, a aposta na diminuioda dependncia energtica ter de passar quer peladiversificao de fornecedores, de onde sobressai maisuma vez a regio da sia-Pacfico, quer pela diversificaoda natureza das fontes energticas, em uma clara apostanas energias renovveis (CHILE, 2014h). Quanto aos desafios, a concentrao da economia que se traduz no sentimento de desigualdades sociais se fez sentir com os protestos estudantis ocorridos nosltimos anos. Essas manifestaes populares provocaramum despertar de cidadania, aps uma inrcia que durou

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    mais de duas dcadas (ALVARES; MONTEBELLO, 2013,p. 14). Na verdade, essas manifestaes constituem-se como catalisadores para a contestao social que setem registrado, apesar de algumas medidas terem sidotomadas no mbito do apoio social e familiar. Essa situaoacarreta consigo fortes implicaes naquilo que osentimento internacional de estabilidade e segurana, pelo

    que se constitui como uma questo por resolver (SMINK,2011). Relativamente s disputas martimas com o Perue terrestres com a Bolvia, caber ao Chile adotar medidascontingenciais de forma a fazer face deciso de 2014 doTIJ, j concretizada, e prever outras medidas para a decisode 2015, mitigando aquilo que podero ser eventuaisconstrangimentos na economia e consequentemente nasua estabilidade.

    5 DA POLTICA EXTERNA S POLTI-CAS DE INTEGRAO

    O Chile hoje um dos pases mais estveise prsperos da Amrica do Sul, no s devido ao seuconstante crescimento econmico, como pelo fato deassumir um papel cada vez mais importante nos processosde cooperao a nvel regional e internacional. A rpidatransio das suas relaes internacionais de cunho maissecuritrio para outro focado nas economias de mercadopossibilitou que surgisse no contexto global em umaposio privilegiada (ARAVENA, 1997).

    5.1 As relaes regionais e internacionais

    como elementos integradores

    A sustentabilidade do crescimento econmicochileno, como j tivemos oportunidade de fazer notar,tem sido fundamental para a consolidao da sua polticaexterna. Contrariando alguns dos mais importantesinteresses locais, a aposta feita tem sido materializada pormltiplos acordos de livre comrcio que, de uma formageral, tm-lhe permitido obter uma relevante projeosobre o mercado regional e global (LOPES; CARVALHO,2010). Nesse importante domnio, o Chile membro

    do BID e da ONU e suas agncias especializadas. Integraa Organizao Mundial de Comrcio (OMC), desde 1 dejaneiro de 1995, e a OCDE, desde maio de 2010, ondeat ento apresentava o status de observador. A nvelregional, esse pas faz parte da ALADI, da APEC, do SELAe da OEA, tendo aderido ao MERCOSUL como membroassociado e CAN, igualmente como pas associado.Importa destacar ainda o relacionamento bilateralpreferencial com a UE (Acordo UE/Chile) (AGNCIA...,2013). A ALADI um organismo intergovernamentalque foi criado em 1980 e visa fortalecer as relaes entre

    os seus membros, por meio da celebrao de acordosbilaterais que garantam a criao, de forma gradual eprogressiva, de um mercado latino-americano, atravsda aplicao de uma Preferncia Tarifria Regional (PTR).Para alm do Chile, integram a ALADI os seguintes pases:Argentina; Bolvia; Brasil; Colmbia; Cuba; Equador;Mxico; Panam; Paraguai; Peru; Uruguai; e Venezuela

    (ASSOCIAO..., 2014). Constituda em 1989, a APEC apresenta-secomo um grupo informal, que tem dado contribuies paraa promoo do comrcio, a captao de investimento, atransferncia de tecnologia e a conservao dos recursosmartimos e da pesca, com o objetivo de constituir umazona de livre comrcio entre os seus membros at aoano de 2020. Os pases que integram a organizao so:Austrlia; Brunei; Canad; Chile; Coreia do Sul; EUA;Filipinas; Hong Kong (China); Indonsia; Japo; Malsia;Mxico; Nova Zelndia; Papua Nova-Guin; Peru;Repblica Popular da China; Rssia; Singapura; Tailndia;Taiwan; e Vietn (ASIA-PACIFIC..., 2014). O SELA, formado por 28 pases, foi criado em1975 com a finalidade de acelerar o desenvolvimentoeconmico e social dos seus membros, por meio dacooperao inter-regional e do estabelecimento de umsistema permanente de consulta e coordenao emassuntos de natureza econmica e social (LATIN..., 2014). Por sua vez, a OEA, instituda em 1948 por21 naes, alargada posteriormente a outras 14, temcomo objetivos promover prticas de boa gestogovernamental, fortalecer os direitos humanos, incentivara paz e a segurana, expandir o comrcio e encontrarsolues para os problemas provenientes da pobreza,

    das drogas e da corrupo entre os povos das Amricas(AGNCIA..., 2013, p. 18). Ademais, o Chile tem assinado importantesacordos de livre comrcio e de associao durante osltimos anos, com pases e organizaes to diversos,como por exemplo Turquia, Canad, EUA, Mxico, ElSalvador, UE, a Associao Europeia de Livre Comrcio(EFTA), restantes pases do Acordo de Parceria EconmicaEstratgica Trans-Pacfico (P4) (Singapura, Nova Zelndiae Brunei), Coreia do Sul, China, Japo e Austrlia. O Chiletambm tem acordos de complementaridade econmicaem vigor com os seus vizinhos Equador, Colmbia, Bolvia,

    Peru, Venezuela (a nvel bilateral) e MERCOSUL (no planoregional). Acresce um acordo de alcance parcial com andia (AGNCIA..., 2013). No que diz respeito ao relacionamento com aUE, o regime legal est traduzido, fundamentalmente, noacordo de associao celebrado entre ambas as partes, deamplo alcance, que abrange, para alm da liberdade decomrcio, de servios e acesso contratao pblica dospases signatrios, outras reas como o dilogo polticoe a cooperao cientfica e tecnolgica. Esse acordo foiassinado em 18 de novembro de 2002 e entrou em vigor,parcialmente, em fevereiro de 2003 e, na totalidade,

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    aps ratificao de todos os participantes, a 1 de marode 2005, contribuindo decisivamente para um aumentoem grande escala das trocas comerciais entre as partes.De relevar o plano estratgico definido pela UE para oChile, referente ao perodo 2007-2013, cujas prioridadesfinanceiras consistiam no apoio ao reforo do sistema deensino e formao profissional deste pas, na promoo

    da competitividade econmica chilena no contextomundial e no reforo das relaes entre ambas as partes(AGNCIA..., 2013).

    5.2 Processo de integrao chileno: prin-

    cipais tendncias e pontos de tenso

    A trajetria do estado chileno ps-independnciano seguiu a linearidade dos demais estados latino-americanos. A poltica externa que colocou em prtica apartir dos anos 1990 privilegia uma forte autonomia emquestes decisrias e, portanto, no considera necessrio

    nem funcional para os seus interesses acoplar-sea qualquer outro ator internacional (VALENZUELA,2011). Por um lado, visa potencializar a sua presenainternacional por meio de um fortalecimento dos vnculospolticos com vrios atores, e, por outro, reforar asua integrao econmica, adotando uma poltica deregionalismo aberto que combine estratgias unilaterais,bilaterais, regionais e multilaterais (VALENZUELA, 2011).Uma importante especificidade dessa opo chilena aforte presena de objetivos polticos, estratgicos e desegurana, nomeadamente em relao a pases vizinhos e regio como um todo (LOPES; CARVALHO, 2010).

    Por meio dos diversos acordos estabelecidos, osobjetivos acima podero ser alcanados sem que o Chileadquira o status de membro pleno de blocos regionais. Talcondio poderia reduzir tanto o alcance da estratgiade abertura comercial generalizada quanto a margemde manobra para lidar com diferentes e importantesparceiros no mbito internacional (LOPES; CARVALHO,2010, p. 645).

    essa estratgia que o Chile vem desenvolvendo,aproveitando a sua boa imagem econmica e poltica.Com ela, o Chile pretende essencialmente combinardois objetivos: no comprometer as suas relaes comoutros pases e regies, mantendo os ganhos de comrcioproporcionados pela abertura unilateral, e garantir ainsero regional sem precisar se tornar membro pleno doMERCOSUL ou do Pacto Andino (LOPES; CARVALHO,2010). Alguns dos acordos estabelecidos na regio nooferecem ganhos comerciais relevantes, mas permitemmelhorar as relaes com vizinhos que historicamente tmtido conflitos e tambm com pases de que depende paraobter a necessria e vital segurana energtica (LOPES;CARVALHO, 2010). Contudo, a opo estabelecida peloChile nesse particular contexto criou tambm nveisinternos de desigualdade social sem precedentes. Semprejuzo de algumas crticas, o pas tem construdo um

    confortvel posicionamento internacional que lhe tempermitido responder positivamente s exigncias do seudesenvolvimento, articulando, de modo exemplar, o seupapel deglobal tradercom o de regional player.

    6 CONCLUSO

    A concepo geopoltica do Chile caracteriza-se por um conjunto de fatores singulares. Por um lado,a influncia do seu legado histrico de alguma formapartilhada com outros pases da mesma regio, mastambm por outros pases do ocidente, como o ReinoUnido, Frana e Alemanha, que moldam a sua poltica epensamento estratgico. De acordo com a maioria dos analistas queforam apontados no decurso do presente trabalho, oChile desponta como um dos Estados mais competitivose slidos da Amrica Latina. O seu sucesso advm, emmuito, da estabilidade poltica que tem obtido xito emmanter e pelas polticas econmicas colocadas em prtica,que atraem o investimento estrangeiro e fomentam asexportaes. Em termos polticos, releva-se a multiplicidadede Estados com que o Chile mantm relaes,explorando interesses comuns, bem como o nmero deOrganizaes Internacionais das quais faz parte, em umaclara aposta na sua autopromoo como ator relevantena cena internacional. certo que o seu desempenhoeconmico, os territrios da Antrtida e a posiogeogrfica que detm e que lhe permite o controleda ligao Atlntico-Pacfico e vantagem face regio dasia-Pacifico , conferem-lhe alguma importncia relativa

    e so, consequentemente, fatores que influenciam ointeresse de outros atores. Concomitantemente, aocontrrio de outros pases da Amrica Latina, o Chile temdemonstrado capacidade permanente em promover assuas potencialidades.

    No quadro econmico, o Chile tem acordosde comrcio com mais de 60 pases e estabeleceurecentemente acordos recprocos de acesso ao mercadocom grandes consumidores como a China, a UE e osEUA. A sua economia tem sido beneficiada por polticasfiscais definidas, que ajudam a mitigar os efeitos dasflutuaes dos mercados externos. Como resultado, o

    Chile demonstrou, por duas vezes nos ltimos anos, quetem capacidade e argumentos para se assumir enquantoEstado emergente. A forma como contornou a gravecrise mundial financeira de 2008 e dois anos mais tarde aforma como reagiu s catstrofes naturais que assolaram opas, apresentando um crescimento econmico acima dos4,5%, evidenciam claramente o potencial desse Estado. Contudo, o Chile enfrenta vrios desafios, querno plano interno, quer no plano externo. No que polticainterna diz respeito, a diminuio das desigualdadessociais, a promoo da educao e da igualdade de acesso ela, so alguns dos problemas que o Chile se defronta.Para muitos analistas, o Chile vive hoje uma espcie de

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    despertar de cidadania, fator que se no devidamenteacompanhado, poder ter um elevado preo. Aindanesse contexto, a concentrao econmica que conferepoder de influncia a alguns conglomerados econmicosprivados, constitui-se como outro desafio que se apresentaao governo chileno, que ter de dirimir juntamente como trfico de drogas, quer no mbito do consumo, quercomo plataforma de trnsito para a Europa e para a regiosul-americana.

    Em termos militares, a pequena profundidadeestratgica uma vulnerabilidade para o Chile. Aprioridade nesse mbito passa pelo fortalecimento darelao e criao de sinergias entre pases vizinhos,contribuindo para o fortalecimento da integrao regionale para o multilateralismo na promoo da paz e seguranaregional. A dependncia energtica outro fator depreocupao. Uma soluo passa pela continuao doprojeto hidreltrico chileno, suspenso face pressode grupos ambientalistas. Por conseguinte, esse semdvida um dos maiores desafios para o desenvolvimentoeconmico do Chile, sendo determinante para o povochileno encontrar uma forma de reduzir a dependnciaenergtica, de forma sustentvel, econmica eambientalmente aceita, tendo o seu governo de mostrarcapacidade para implementar a Estratgia Nacional para aEnergia at 2030. A dependncia do cobre tambm obriga a umolhar atento. Nesse campo, o Chile tem dirigido a suaateno para a formao, inovao e tecnologia, numaperspectiva de diversificao. As disputas territoriais continuam a ser umassunto premente, sendo a questo com a Bolvia a maiscomplexa, quer pela extenso, quer pelos recursos aliexistentes. Embora pouco provvel, uma deciso contrriapor parte das instncias internacionais s inteneschilenas poder trazer alguma instabilidade regio. No plano externo, a Antrtida e a seguranado Atlntico Sul, onde as Falkland assumem um papel derelevo, materializam aquelas que so as grandes questesque o Chile enfrentar no futuro, podendo, inclusive, a suaposio indefinida em relao disputa entre britnicos eargentinos ter que vir sofrer alteraes. Podemos assim afirmar que por meio dofortalecimento da relao com os demais pases quer dembito regional, quer global, que o Chile pretende projetar

    a sua identidade e enfrentar em conjunto os temas daagenda internacional. O prprio desenvolvimento nacionalest vinculado manuteno das melhores relaespolticas, ao intercmbio comercial e cooperao com osseus vizinhos. Todavia, sem comprometer essas relaes,procura manter os ganhos de comrcio proporcionadospela abertura unilateral e garantir a insero regional semprecisar se tornar membro. Dessa forma, os esforos doChile dentro dos prximos anos estaro voltados parapotencializar um conjunto de objetivos comuns, entreos quais se destacam: o fortalecimento da integraoregional, o multilateralismo e a promoo da paz e dasegurana internacional.

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    Recebido em 15 de janeiro de 2015Aprovado em 23 de maro de 2015

    Indicao de ResponsabilidadeO conceito de autoria adotado pela CMM est baseado nacontribuio substancial de cada uma das pessoas listadascomo autores, seguindo as categorias abaixo:(1) Concepo e projeto ou anlise e interpretao dos dados;(2) Redao do manuscrito ou;(3) Reviso crtica relevante do contedo intelectual.Com base nestes critrios, a participao dos autores na ela-

    borao deste manuscrito foi:

    Pedro Alexandre Bretes Ferro Amador - 1, 2 (partes 1, 6), 3.Glauco Corbari Corra - 1, 2 (partes 2, 6), 3.Antnio Jos Macedo Estrela Bastos - 2 (partes 4.3, 4.4, 4.5).Marco Paulo Almeida de Rodrigues Gonalves - 2 (parte 5).Ricardo Jos Gomes da Silva Incio - 2 (partes 3.1, 3.2, 3.3).Gabriel de Jesus Gomes - 2 (partes 4.1, 4.2)Antnio Paulo da Costa Frescata - 2 (partes 3.3, 3.4, 3.5)