importância dos polimorfismos do metabolismo da serotonina...

56
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina e da Catecol o-metiltransferase na suscetibilidade para a Diabetes Mellitus tipo 2 Sandra Marisa da Silva de Sá Mestrado em Biologia Humana e Ambiente 2011

Upload: truongkhanh

Post on 08-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Importância dos polimorfismos do metabolismo da

Serotonina e da Catecol o-metiltransferase na

suscetibilidade para a Diabetes Mellitus tipo 2

Sandra Marisa da Silva de Sá

Mestrado em Biologia Humana e Ambiente

2011

Page 2: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Importância dos polimorfismos do metabolismo da

Serotonina e da Catecol o-metiltransferase na

suscetibilidade para a Diabetes Mellitus tipo 2

Dissertação orientada pela Professora Doutora Cláudia Marinho

e pela Professora Doutora Dedodália Dias

Sandra Marisa da Silva de Sá

Mestrado em Biologia Humana e Ambiente

2011

Page 3: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Este trabalho foi escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Page 4: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

“A falsa ciência gera ateus; a verdadeira ciência leva os homens a se curvar

diante de Deus."

Voltaire

Page 5: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Agradecimentos

Ao Professor Doutor Manuel Bicho, por ter proporcionado a realização deste

trabalho. Pela forma apaixonada de falar sobre o seu trabalho.

À Professora Doutora Cláudia Marinho, pelo exemplo de dedicação, competência e

paixão pelo trabalho. Foi um privilégio, uma honra, ter tido a oportunidade de

trabalhar sob a sua orientação. A sua dedicação e amor pela ciência são admiráveis.

À Professora Doutora Deodália Dias, que me conseguiu acalmar nos momentos

mais difíceis, sempre com um sorriso.

À Dra. Joana Ferreira, pela sua disponibilidade constante. Pela simplicidade com

que transmite os ensinamentos.

Às minhas colegas Joana e Tânia, juntas pelo mesmo objetivo.

A todas as pessoas envolvidas no Laboratório de Genética, Andreia, Marcos, Irina,

Fernanda, que estiveram sempre disponíveis.

À D. Manuela e D. Conceição por serem pessoas sempre prestáveis, com quem

pude contar sempre que necessário.

À Dra. Madalena Ramos e à Técnica Manuela Bordalo, por terem permitido que

este trabalho se desenvolvesse.

À minha família, pelo incentivo dado quando mais precisei.

Ao Gabriel, por ser a minha fonte de energia nestes últimos quatro anos. Por me

inspirar e ajudar a estar onde estou.

Ao João, por estar sempre presente. Pelo amor. Pela dedicação.

Page 6: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Índice

Índice i

Índice de figuras iii

Índice de tabelas iv

Lista de abreviaturas v

Resumo vi

Abstract viii

1. Fundamentos teóricos 1

1.1 Fisiologia do pâncreas 2

1.2 Diabetes mellitus

Fisiopatologia 4

Epidemiologia 5

Manifestações clínicas e laboratoriais 6

Tratamento 7

1.3 Metabolismo da Serotonina 8

1.3.1 Polimorfismo do Transportador da Serotonina 8

1.3.2 Polimorfismo do Recetor 2C da Serotonina 11

1.4 Metabolismo da COMT 13

1.5 Suscetibilidade genética 14

1.6 Single nucleotide polymorphisms 15

2. Objetivos 17

3. Métodos 19

3.1 Caracterização da população 20

3.2 Extração de DNA 20

3.3 PCR 21

3.4 Eletroforese de DNA em gel de agarose 24

3.5 PCR-RFLP 26

3.6 Métodos estatísticos 26

i

Page 7: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

4. Resultados 27

4.1 Serotonina 28

4.2 COMT 31

5. Discussão 33

5.1 Serotonina 34

5.2 COMT 36

6. Conclusão 37

7. Bibliografia 39

ii

Page 8: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Índice de figuras

Página

Figura 1 – Esquema representativo da anatomia do pâncreas 2

Figura 2 – Esquema representativo dos ilhéus de Langerhans 3

Figura 3 – Prevalência da Diabetes no Mundo em 2000 e estimativa para 2030 6

Figura 4 – Representação esquemática da estimulação neuronal da serotonina 9

Figura 5 – Localização do gene que codifica o transportador da serotonina 10

Figura 6 – Localização do gene que codifica o recetor 2C da serotonina 12

Figura 7 – Localização do gene que codifica a COMT 13

Figura 8 – Esquema representativo de um SNP 15

Figura 9 – Esquema representativo da técnica de PCR 22

Figura 10 – Esquema representativo da técnica de eletroforese 25

Figura 11 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao 28

polimorfismo 5-HTVNTR

Figura 12 – Representação gráfica da frequência dos genótipos do polimorfismo

5-HTVNTR 28

Figura 13 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao

polimorfismo 5-HT2C 29

Figura 14 – Representação gráfica da frequência dos genótipos do polimorfismo

5-HT2C 30

Figura 15 – Representação gráfica da frequência dos genótipos da COMT 32

Figura 16 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao

polimorfismo da COMT 32

iii

Page 9: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Índice de tabelas

Página

Tabela 1 – DM tipo 1 Vs DM tipo 2 4

Tabela 2 – Volumes e reagentes utilizados na técnica de PCR 21

Tabela 3 – Polimorfismo da COMT 23

Tabela 4 – Polimorfismo do 5-HTTVNTR 23

Tabela 5 – Polimorfismo do 5-HT2C 24

Tabela 6 – Volumes utilizados na técnica de PCR-RFLP 26

Tabela 7 – Frequência do genótipo do polimorfismo do 5-HTTVNTR, em

doentes diabéticos e população controlo 28

Tabela 8 – Frequência dos alelos 10 e 12 do polimorfismo do 5-HTTVNTR,

em doentes diabéticos e população controlo 29

Tabela 9 – Frequência do genótipo do polimorfismo do 5-HT2C, em doentes

diabéticos e população controlo 30

Tabela 10 – Frequência do genótipo do polimorfismo 5-HT2C, em doentes

diabéticos e população controlo nos homens 30

Tabela 11 – Frequência do genótipo do polimorfismo 5-HT2C, em doentes

diabéticos e população controlo nas mulheres 30

Tabela 12 – Frequência dos alelos do polimorfismo 5-HT2C, em doentes

diabéticos e população controlo 31

Tabela 13 – Frequência dos alelos do polimorfismo 5-HT2C, em doentes

diabéticos e população controlo nas mulheres 31

Tabela 14 – Frequência do genótipo do polimorfismo da COMT, em doentes

diabéticos e população controlo 31

Tabela 15 – Frequência dos alelos do polimorfismo da COMT 32

iv

Page 10: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Lista de Abreviaturas

5HT2C – Recetor 2C da Serotonina

5HTT – Transportador da Serotonina

5HTTVNTR – Polimorfismo do transportador da Serotonina variable number

tandem repeat

APDP – Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal

COMT – Catecol o-metiltransferase

DM – Diabetes mellitus

DMT1 – Diabetes mellitus tipo 1

DMT2 – Diabetes mellitus tipo 2

DNA – Ácido desoxirribonucleico

H2O – Água

Min – minutos

OMS – Organização Mundial de Saúde

PCR – Polymerase Chain Reaction

PCR-RFLP – Polymerase Chain Reaction-Restriction Fragment Length Polymorphism

Seg – segundos

TAE – Tampão Tris-Acetato-EDTA

UV – ultravioleta

v

Page 11: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Resumo

Introdução: A diabetes mellitus tipo 2 é uma doença metabólica comum caracterizada

pela resistência à insulina e pela segregação deficiente de insulina, o que resulta num

aumento excessivo de glucose no sangue. A sua fisiopatologia parece envolver

interações complexas entre fatores genéticos e ambientais. Por outro lado, a

obesidade parece ser o principal fator de risco que associa a diabetes tipo 2 à

resistência à insulina. Graças à evolução na compreensão da componente genética da

diabetes, a prevenção e as novas terapias podem ter em conta os fatores de risco, ou

seja, os genes de suscetibilidade, na história natural da doença (etiologia e

progressão), que podem contribuir para o desenvolvimento e gravidade da doença.

Vários estudos indicam que o neurotransmissor serotonina, ou 5HT, está envolvido na

regulação do apetite e na homeostase energética e que os polimorfismos do seu

recetor 5TH2C e do seu transportador 5HTT parecem estar relacionados com aumento

de peso. A catecol-O-metiltransferase (COMT) é a enzima responsável pela degradação

das catecolaminas (dopamina, epinefrina e norepinefrina). Existem evidências que

alterações na atividade da COMT afetam a regulação da quantidade de dopamina e

norepinefrina em várias regiões do córtex cerebral, o que parece estar envolvido com

uma variedade de alterações de comportamentos que podem levar à obesidade.

Objetivo: Com este estudo pretende-se verificar se os polimorfismos genéticos na

sequência codificante destas proteínas têm alguma implicação na suscetibilidade e

gravidade da diabetes tipo 2, através da comparação da sua frequência num grupo de

indivíduos diabéticos e não diabéticos.

Métodos: Foi extraído DNA a partir de sangue periférico e amplificado através das

técnicas de PCR e PCR-RFLP, num grupo de indivíduos diabéticos e num grupo

controlo. A visualização das sequências amplificadas foi feita por eletroforese em gel

de agarose. Os dados obtidos foram tratados com o programa informático Primer of

Biostatistics.

Resultados: Não foi possível estabelecer nenhuma associação entre os polimorfismos

estudados e o desenvolvimento da diabetes tipo 2, através da equação de x2. Nenhum

dos alelos demostrou ser um fator de susceptibilidade.

vi

Page 12: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Conclusão: A Diabetes Mellitus tipo 2 é uma doença multifatorial complexa e por este

motivo torna-se muito difícil estabelecer causas para o seu aparecimento. Por ter uma

elevada componente genética tentam encontrar-se genes de suscetibilidade que

tornem um indivíduo mais vulnerável. É necessário realizar estudos mais abrangentes

e que relacionem os genótipos com fatores intermédios para se tentar perceber

melhor a sua origem e desenvolver estratégias de prevenção e terapêuticas

adequadas.

Palavras-chave: Diabetes tipo 2, Catecol-O-metiltransferase, Serotonina, Genes de

suscetibilidade, Neurotransmissores.

vii

Page 13: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Abstract

Introduction: Type II diabetes mellitus is a common metabolic disease characterized by

deficient insulin segregation and resistance to the same substance, resulting in an

excessive increase of blood glucose. Its pathophysiology seems to involve complex

interactions between environmental and genetic factors. On the other hand, obesity

seems to be the main risk fator associating type II diabetes to insulin resistance.

Actually, Diabetes International Federation predicts that only in Europe, around 52

million people live with diabetes and that every year more than half million deaths

occur in individuals between 20 and 79 years of age. Due to developments in

understanding the genetic component of diabetes, prevention and new therapies can

take into account risk factors, namely the susceptibility genes in the natural history of

disease (etiology and progression), which may contribute to the development and

disease severity. Several studies report that serotonin or 5HT is involved in the

appetite regulation and in the energetic homeostasis and both the polymorphisms

from its recetor (5TH2C) and from its transporter (5HTT) seem to be related to weight

gain. Catechol-O-methyltransferase (COMT) is the enzyme responsible for

catecholamines (dopamine, epinephrine and norepinephrine) degradation. There are

evidences that alterations in the COMT activity affect the regulation of dopamine and

norepinephrine levels in several regions of the cerebral cortex, which might be

involved with several behaviour alterations that can lead to obesity.

Objetive: This study aims to investigate whether genetic polymorphisms in the coding

sequence of these proteins are implicated in susceptibility and severity of type 2

diabetes, by comparing their frequency in diabetic subjects with and without

angiopathy, and a control group, consisting mainly of voluntary blood donors.

Methods: DNA was extracted from peripheral blood and amplified through the

techniques of PCR and PCR-RFLP. The visualization of the sequences amplified was

done by agarose gel electrophoresis. The data obtained were treated with the

computer program Primer of Biostatistics.

viii

Page 14: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Results: We were unable to establish any association between the polymorphisms

studied and the development of type 2 diabetes, using equation of x2. None of the

alleles showed be a susceptibility factor.

Conclusion: Diabetes Mellitus type 2 is a complex multifactorial disease and for this

reason it becomes very difficult to establish the causes of its appearance. By having a

high genetic component try to find susceptibility genes that make an individual more

vulnerable. It is necessary to conduct more comprehensive studies witch related

genotypes with intermediate factors to try to better understand its origin and develop

strategies for prevention and therapeutic appropriate measures.

Key words: Type 2 diabetes, Catechol-O-methyltransferase, Serotonin, Susceptibility genes,

Neurotransmitters.

ix

Page 15: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1. Fundamentos teóricos

1

Page 16: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.1 Fisiologia do pâncreas

O pâncreas é uma glândula anexa ao sistema digestivo, que pode ser dividida em

duas partes. Aproximadamente 85 a 90% do pâncreas é uma glândula exócrina,

responsável pela segregação de enzimas necessárias à digestão. Os restantes 10 a 15%,

compostos pelos ilhéus de Langerhans, constituem a parte endócrina do pâncreas, que

segrega várias hormonas, entre elas a insulina (Kumar et al. 1997).

Figura 1 – Esquema representativo da anatomia do pâncreas (adaptado de

http://equipedigestorio.blogspot.com)

Os ilhéus de Langerhans são pequenos aglomerados de vários tipos de células que

se distinguem quer pela sua estrutura morfológica, quer pela hormona que contêm. Os

quatro principais tipos destas células são as alfa (), as beta (), as delta () e as PP

(polipéptido pancreático) (Figura 2).

São as células que sintetizam a insulina e que representam cerca de 70% da

população celular dos ilhéus. As células produzem a glucagina e as contêm

2

Page 17: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

somatostatina, que suprime a produção quer de insulina quer de glucagina. Por fim, as

células PP sintetizam um polipéptido que exerce efeitos a nível gastrointestinal, tais

como a estimulação da segregação de enzimas gástricas e intestinais, e a inibição da

mobilidade intestinal (Kumar et al. 1997).

Figura 2 – Esquema representativo dos ilhéus de Langerhans (adaptado de www.betacell.org)

A insulina produzida pelas células , é armazenada e a sua libertação ocorre

quando há uma aumento de glicose no sangue. Se este estímulo persistir, segue-se

uma resposta prolongada, que envolve a síntese de mais insulina.

As funções da insulina vão além do transporte transmembranar da glicose.

Também é responsável pela formação de glicogénio no fígado e músculo esquelético;

conversão de glicose em triglicéridos; síntese de ácidos nucleicos e síntese proteica

(Kumar et al. 1997).

3

Page 18: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.2 Diabetes mellitus

Fisiopatologia

A Diabetes Mellitus é uma doença crónica que envolve o metabolismo dos glícidos.

Engloba um grupo heterogéneo de distúrbios que têm a hiperglicémia como

característica comum. A hiperglicémia ocorre quando não há absorção suficiente da

glicose circulante pelas células alvo, devido à insuficiente ou ineficaz segregação de

insulina (Kumar et al. 1997; Luna 2005).

Esta doença pode ser classificada em dois grandes grupos: a Diabetes Mellitus tipo

1 (DMT1) e tipo 2 (DMT2) (Tabela 1).

Tabela 1 – DM tipo 1 Vs DM tipo 2 (adaptada de Basic Pathology, Kumar et al. 1997)

DM tipo 1 DM tipo 2

Clínica

Início <20anos Peso normal [ ]Insulina no sangue diminuída Anticorpos anticélulas pancreáticas

Cetoacidose comum

Início> 30 anos Obesidade [ ]Insulina no sangue normal ou aumentada Ausência de anticorpos

Cetoacidose rara

Genética

50% concordância em gémeos Associação HLA

60 a 80% concordância em gémeos Sem associação com HLA

Fisiopatologia

Autoimunidade Deficiência grave em insulina

Resistência à insulina Deficiência relativa de insulina

Células dos

ilhéus

Marcada atrofia e fibrose

Esgotamento grave das células

Atrofia local e depósitos de amiloide

Esgotamento ligeiro das células

4

Page 19: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

A DM tipo 1, antigamente designada de diabetes juvenil, também pode ser

chamada de insulino-dependente e representa cerca de 10 a 20% dos casos de

diabetes. É uma doença de aparecimento idiossincrático, no entanto, há indícios de

existir uma componente autoimune, pela presença de anticorpos anticélulas

pancreáticas (Stansbury et al. 1983).

Os restantes 80 a 90% dos pacientes são diabéticos tipo 2, não-insulino-

dependentes, característico de pessoas acima dos 30 anos. No entanto, devido aos

maus hábitos alimentares, dietas hipercalóricas e falta de exercício físico, cada vez

mais jovens são diagnosticados com DMT2 (Organização Mundial de Saúde, artigo

nº312, agosto 2011). Esta é caracterizada quer pela resistência à insulina, quer pela

deficiente secreção de insulina pelas células do pâncreas. O seu desenvolvimento

parece ser uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e escolhas de

estilos de vida (Petrie et al. 2011; Luna 2005; McCarthy 2002).

Apesar de os dois grandes grupos da diabetes terem uma fisiopatologia distinta, a

longo prazo as consequências são idênticas. Uma diabetes não controlada pode levar a

lesão renal grave (nefropatias), cegueira, amputação de membros, acidentes

cardiovasculares e até à morte.

Epidemiologia

Segundo a OMS, cerca de 346 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes,

e estima que em 2004 3,4 milhões tenham morrido de consequências derivadas do

aumento de glicose no sangue. Prevê-se que entre 2005 e 2030 este número duplique

(Organização Mundial de Saúde, artigo nº312, agosto 2011) (Figura 3).

A prevalência da Diabetes em 2009 é de 12,3 % da população portuguesa com

idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos, o que corresponde a um total de cerca

de 983 mil indivíduos (Sociedade Portuguesa de Diabetologia, Relatório Anual do

Observatório da Diabetes, 2011).

5

Page 20: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

É uma doença que atinge ambos os sexos, sendo que a DMT1 atinge

principalmente pessoas jovens, enquanto a DMT2 tem um aparecimento mais tardio.

No entanto é muito variável entre raças e grupos étnicos, provavelmente como reflexo

da interação entre fatores genéticos e ambientais, ainda por esclarecer (Kumar et al.

1997).

Figura 3 – Prevalência da Diabetes no Mundo em 2000 e estimativa para 2030.

(retirado de www.bostonscientific-international.com)

Manifestações clínicas e laboratoriais

Os principais sintomas da DMT1 incluem excreção excessiva de urina (poliúria),

sede (polidipsia), aumento de apetite, perda de peso, alterações na visão e fadiga. No

caso da DMT2, os sintomas são idênticos, mas menos marcados, o que pode levar a

um diagnóstico tardio, quando as consequências já são visíveis.

6

Page 21: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Para que uma pessoa seja considerada diabética tem que ser submetida a uma

análise de sangue de forma a dosear a concentração de glicose em circulação

(glicémia). Desta forma, a OMS determinou que é diabético quem:

Tiver uma glicemia ocasional de 200 mg/dl ou superior duas horas após

ingestão de 75g glicose;

Tiver uma glicemia em jejum (8 horas) de 126 mg/dl ou superior em duas

ocasiões separadas de curto espaço de tempo.

Tratamento

Desde que diagnosticada numa fase inicial a DMT2 é reversível alterando apenas o

estilo de vida. Uma vez que cerca de 80% dos diabéticos tipo 2 são obesos, a perda de

peso, acompanhada de exercício físico e de uma dieta equilibrada, pode reverter a

resistência à insulina.

7

Page 22: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.3 Metabolismo da Serotonina

1.3.1. Polimorfismo do transportador da Serotonina

Uma das primeiras referências científicas à serotonina remonta aos anos 30,

quando um cientista italiano, Dr. Erspamer, desenvolveu um estudo sobre uma

substância existente no estômago dos mamíferos e nas glândulas salivares do polvo.

Anos mais tarde veio a ser denominada de serotonina, tendo sido isolada e

identificada no final dos anos 40. Desde então tem sido um dos neurotransmissores

mais estudados (Drago et al. 2009).

A serotonina ou 5-Hidroxitriptamina (5-HT) é um neurotransmissor derivado do

aminoácido triptofano e encontra-se principalmente no trato gastrointestinal, nas

plaquetas e no sistema nervoso central. As suas funções fisiológicas são tão diversas

como a regulação da temperatura corporal, o sono, o humor, o apetite, a dor, as

atividades cardiovascular e gastrointestinal, entre outras. Não é por isso de estranhar

que qualquer alteração na regulação desta hormona se traduza em efeitos como a

ansiedade, estados depressivos, comportamentos agressivos ou alterações de apetite

(Drago et al. 2009).

Cerca de 95% da serotonina total do nosso organismo encontra-se nos

intestinos, onde regula os movimentos intestinais (Berger et al. 2009). A restante é

sintetizada nos neurónios no sistema nervoso central onde desempenha várias funções

incluindo a regulação do humor, do sono e do apetite. A serotonina pode permanecer

em circulação ou ser metabolizada pela monoamina oxidase A nas células endoteliais.

Parte da serotonina circulante é captada pelas plaquetas através de um transportador

específico (5HTT) e novamente liberada após ativação plaquetária. Deste modo, as

plaquetas funcionam como vesículas de armazenamento deste neurotransmissor

(Watts, 2005).

A serotonina tem o papel de facilitar a saciedade porque no período pós

pandrial a insulina atua no sistema nervoso central (SNC) suprimindo a ingestão

8

Page 23: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

alimentar por intermédio de neurónios produtores de serotonina do centro de

saciedade.

Na obesidade, as células adiposas libertam quantidades elevadas de leptina que

poderão interferir no metabolismo da serotonina, diminuindo a sua concentração ao

nível do SNC o que faz com que a sensação de saciedade diminua. Este mecanismo é

particularmente importante pois a utilização de terapêuticas com inibidores da

recaptação da serotonina (sibutramina) tornou esta via um alvo importante para o

controlo e terapêutica adjuvante da obesidade. Verificou-se que a resposta a fármacos

deste tipo era dotada de variabilidade individual, havendo “respondedores” e “não

respondedores”, o que poderá estar associado a diferenças nos genes ligados à

serotonina.

O transporte da serotonina através dos neurónios serotonérgicos é feito por

um transportador específico (5-HTT) (Figura 4) e o gene que o codifica está localizado

na região q11.1-12 do cromossoma 17 (Figura 5).

Figura 4 – Representação esquemática da estimulação neuronal da serotonina

(adaptado de www.ispub.com)

9

Page 24: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Chromosome 17 - NC_000017.10

Figura 5 – Localização do gene que codifica do transportador da serotonina

(retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gene/6532)

É um gene polimórfico sendo conhecidas duas regiões com variantes genéticas.

Uma localiza-se no promotor (5-HTTLPR) e consiste numa inserção/deleção de 44bp na

região 5’ do gene. A variante longa (L) possui 528pb e a curta (s) 484pb, sendo a

variante L cerca de duas vezes mais ativa, afetando a síntese e a expressão do 5-HTT

(Yu et al. 2002). Os indivíduos que possuem a variante s, ou seja, cerca de 42% da

população caucasiana, apresentam uma redução na transcrição do promotor do gene

5-HTT, resultando numa diminuição da sua expressão em cerca de 50% e

consequentemente, da recaptação da serotonina da fenda sináptica (Pollock et al.

2000; Iordanidou et al. 2010).

A outra variante genética é um polimorfismo do tipo VNTR (variable number

tandem repeat) e localiza-se no intrão 2 (5-HTTVNTR). Caracteriza-se pela repetição de

uma sequência de 16 a 17pb (Lesch et al. 1994). Foram identificados três alelos, um

com nove repetições, um com dez e outro com doze. Todos afetam a expressão do

gene 5-HTT, podendo modificar a transmissão neuronal devido à alteração na

expressão da proteína (Ueno, 2003), no entanto, são os alelos L e 12 que estão

associados a uma maior taxa de transcrição. Isto pode constituir um fator de proteção

contra o desenvolvimento da DMT2 uma vez que associado a uma maior taxa de

transcrição está uma maior taxa de recaptação da serotonina circulante (Iordanidou et

al. 2010; Baca-Garcia et al. 2007).

10

Page 25: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.3.2. Polimorfismo do recetor 2C da Serotonina

No metabolismo da serotonina, para além do seu transportador específico,

também os seus recetores apresentam um papel de extrema relevância. Estudos

anteriores mostram evidências de que o recetor 5-HTT2C tem um papel importante na

regulação do apetite (Berger et al. 2009). Em estudos com ratinhos aos quais foi

suprimido o gene 5-HT2C, notou-se que estes apresentavam sinais claros de obesidade

quando comparados com ratinhos wild-type (Miller et al. 2005). Uma mutação no gene

5-HTT2C foi responsável por hiperfagia que por sua vez resultou em obesidade e

hiperinsulinémia (Yuan et al. 2000).

Um dos maiores problemas dos doentes psiquiátricos, nomeadamente com

esquizofrenia, medicados com antipsicóticos, é o aumento de peso (Buckland et al.

2005). Apesar deste mecanismo ainda não ser bem conhecido, alguns estudos afirmam

que este recetor poderá estar envolvido, sugerindo que os doentes psiquiátricos

ganham peso por terem os seus recetores bloqueados, visto os antipsicóticos serem

antagonistas do 5-HT2C. As diferenças significativas encontradas entre raças e entre

indivíduos da mesma raça, no que diz respeito à tendência para ganharem peso ao

tomarem este tipo de medicamentos, sugere que os fatores genéticos poderão ter

uma forte influência (Reynolds et al. 2003; Reynolds et al. 2002).

Na sua região 5’ encontram-se regiões reguladoras e uma aparente região de

ligação do fator de transcrição. A transcrição do gene 5-HTT2C pode ter início em

vários locais, mas a maioria localiza-se a -703, logo, qualquer polimorfismo nesta

região do promotor pode também modificar a expressão do recetor (Yuan et al. 2000).

O gene que codifica os recetores 5HT2C está localizado na região Xq24 do

cromossoma X (Figura 6) (Reynolds et al. 2005).

Um dos polimorfismos genéticos identificados nesta região é a substituição de

uma timina por uma citosina na posição 759 (-759C/T). Desta forma, as mulheres

podem apresentar os genótipos CC, CT e TT, enquanto os homens são C ou T.

11

Page 26: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Chromosome X - NC_000023.10

Figura 6 – Localização do gene que codifica o recetor 2C da serotonina

(retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gene/3358)

O alelo C está relacionado com uma menor taxa de transcrição, logo poderá

tornar os indivíduos mais suscetíveis ao aumento de peso e consequentemente ao

desenvolvimento da DMT2.

Os indivíduos que possuem o alelo C parecem ser mais suscetíveis ao aumento

de peso, uma vez que a resposta do hipotálamo à leptina se encontra dimunuida, logo

a sensação de saciedade também.

12

Page 27: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.4 Metabolismo da COMT

A catecol-O-metiltransferase (COMT) é um enzima responsável por catalisar a

transferência do grupo metilo da S-adenosilmetionina (SAM) para as catecolaminas,

incluindo os neurotransmissores dopamina, epinefrina e norepinefrina (Grossman et

al. 1992). Esta O-metilação descrita pelo Dr. Julix Axerlrod e seus colegas há cerca de

50 anos resulta numa das maiores cascatas de degradação das catecolaminas. Em

adição a este papel no metabolismo de substâncias endógenas, a COMT é importante

no metabolismo dos fármacos usados, por exemplo, no tratamento da hipertensão,

asma e doença de Parkinson. Nos tecidos, a COMT pode ser encontrada sob duas

formas, uma solúvel (S-COMT) e outra ligada às membranas (MB-COMT), ambas

codificadas pelo mesmo gene mas com promotores diferentes. Nos humanos a grande

maioria da COMT encontra-se sob a forma solúvel e apenas uma pequena parte

aparece ligada às membranas. No entanto, no cérebro cerca de 70% das proteínas da

COMT estão sob a forma MB-COMT e apenas 30% sob a forma S-COMT. (Zhu, 2002).

Através de testes bioquímicos, a COMT revelou estar presente em praticamente

todos os tecidos animais, sendo os níveis mais elevados encontrados no fígado rins e

sistema gastrointestinal. Também se observou no baço, pâncreas, pulmão, coração,

entre outros (Zhu, 2002).

O gene que codifica esta proteína encontra-se na região q11.21 do cromossoma 22

(Figura 7) e de entre os vários polimorfismos conhecidos, o mais estudado é o

Val158Met (-24938A/G), que resulta na substituição de uma valina por uma metionina.

Chromosome 22 - NC_000022.10

Figura 7 – Localização do gene que codifica a COMT

(retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gene/1312)

13

Page 28: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Este SNP (single nucleotid polymorphism) torna a enzima termolábil, resultando

numa diminuição da sua atividade (Lotta et al. 1995). A variante alélica que possui o

aminoácido valina (H) cataliza a degradação da dopamina cerca de quatro vezes mais

rapidamente do que a variante com metionina (L), diminuindo desta forma os níveis de

dopamina libertada no espaço pós-sináptico, o que resulta numa diminuição da

estimulação dos neurónios. A dopamina é um dos neurotransmissores que, estando

presente em baixas concentrações, parece levar a alterações comportamentais e

cognitivas, como a perda de motivação e de sensações de prazer, assim como a

alterações de ritmos de sono, humor e apetite (Lambert et al. 2003; Liu et al. 2010).

1.5 Suscetibilidade genética

A DMT2 é uma doença multifatorial em que a carga genética tem uma

importância extrema, uma vez que os gémeos apresentam níveis de concordância

entre os 60 e os 80%. Por este motivo tem-se vindo a tentar encontrar algumas das

mutações que poderão estar na origem da doença. No entanto, o estudo genético de

patologias complexas, em oposição ao estudo de patologias associadas a um único

gene, torna-se muito complicado por não existir a correspondência perfeita entre os

alelos de risco e o fenótipo apresentado.

Por este motivo procuram-se genes de suscetibilidade, que tornem os

indivíduos mais vulneráveis ao desenvolvimento da doença, em conjunto com outros

fatores, e não fatores determinantes.

Os genes de suscetibilidade são genes funcionais que sofrem pequenas

mutações (inserções, deleções, SNPs, etc) que não afetam o indivíduo no seu todo mas

que combinadas com outras mutações ou com fatores ambientais poderão tornar o

indivíduo mais suscetível a desenvolver a doença.

14

Page 29: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1.6 Single nucleotide polymorphisms (SNPs)

O Projeto do Genoma Humano trouxe à comunidade científica a possibilidade

de conhecer toda a sequência do DNA genómico da espécie humana. Com este

conhecimento surgiu a necessidade de estudar as variações que naturalmente

ocorrem no genoma, ou seja, entender os polimorfismos do DNA humano, 90% dos

quais são do tipo SNP (Brookes, 1999).

Os SNPs são pares de bases únicos do DNA genómico que apresentam formas

alternativas (alelos) e que existem em indivíduos normais de uma população, com uma

frequência igual ou superior a 1% (Brookes, 1999). Na sequência de DNA um

nucleótido é substituido por outro (Figura 8).

Figura 8 – Esquema representativo de um SNP

(retirado de http://en.wikipedia.org/wiki/Single-nucleotide_polymorphism)

São polimorfismos extremamente abundantes (no genoma humano ocorrem a

cada 100-300 pares de bases) e por este motivo, tornaram-se alvo de muitos estudos

nos últimos anos. Uma vez que apenas entre 3 a 5% do DNA de um individuo codifica a

produção de proteínas, a maioria dos SNPs ocorre fora destas zonas e apenas os que

ocorrem em zonas de codificação suscitam interesse por parte dos investigadores,

visto ser mais provável que estes alterem a função biológica de uma proteína

(www.ncbi.nlm.nih.gov/About/primer/Snps.html).

15

Page 30: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

A grande maioria das doenças não é causada por uma variação num único

gene, mas sim por interações complexas entre vários genes e fatores ambientais.

Embora estes fatores ambientais aumentem a incerteza de possível desenvolvimento

de uma doença, torna-se difícil determinar o seu efeito global num processo de

doença. Assim é mais frequente referir a “predisposição genética” de um indivíduo, ou

seja, o seu potencial de desenvolver uma doença baseado nos seus genes e em fatores

hereditários.

Os fatores genéticos também podem conferir suscetibilidade ou resistência a

uma doença e determinar o grau de gravidade ou progressão da doença. Uma vez que

ainda não são conhecidos todos os fatores que intervêm nestas vias tão complexas, os

investigadores têm dificuldade em desenvolver testes para diagnosticar a maioria

destas alterações. Assim, estudando pequenas sequências de DNA, tem-se conseguido

associar SNPs a determinadas características da doença, assim como genes associados

a determinada doença. Definir e entender o papel dos fatores genéticos numa doença

permite igualmente estudar melhor os fatores não-genéticos como a dieta, o estilo de

vida, a atividade física e a sua importância na doença.

Além disto, são estes mesmos fatores genéticos que influenciam a resposta de

um individuo a uma terapia e os polimorfismos do DNA, como os SNPs, podem ser

úteis para perceber que indivíduos vão responder melhor à terapêutica, assim como os

efeitos adversos que podem sofrer. Assim, a descoberta dos SNPs promete

revolucionar não apenas o processo de diagnóstico, mas também ajudar a medicina

preventiva e curativa.

A “medicina personalizada” pode ganhar nova importância, na medida em que

as empresas farmacêuticas poderão criar fármacos mais específicos, de acordo com as

necessidades do paciente (www.ncbi.nlm.nih.gov/About/primer/Snps.html).

16

Page 31: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

2. Objetivos

17

Page 32: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Considerando que os polimorfismos genéticos na sequência codificante de

proteínas como o transportador e o recetor da serotonina e a catecol-O-

metiltransferase podem ter alguma associação com a suscetibilidade para o

desenvolvimento da diabetes mellitus tipo 2, foram definidos os seguintes objetivos:

Comparação da frequência dos polimorfismos estudados em

diabéticos e não diabéticos (controlos);

Verificar se existe alguma associação entre os polimorfismos do

transportador e do recetor da Serotonina;

Verificar se existe alguma associação entre o polimorfismo do

recetor da Serotonina e o género.

18

Page 33: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

3. Métodos

19

Page 34: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

3.1. Caracterização da população

A população de doentes diabéticos é composta por 139 indivíduos diabéticos,

66 homens e 73 mulheres, com idades entre os 54 e os 70 anos (63,3±5,7). O sangue

foi obtido com consentimento prévio Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal

(APDP).

A população controlo utilizada é constituída por 133 dadores voluntários, 43

homens e 90 mulheres com idade entre os 41 e os 73 anos (59.7±8,5).

3.2. Extração de DNA

O DNA foi obtido a partir de sangue periférico, colocados em tubos com EDTA e

congelado. Foi utilizado o kit de extração de DNA da Genomed™, com as adaptações

que se descrevem em seguida.

A 200l de sangue descongelado adicionou-se 20l de protease e 10l de

RNAse e misturou-se no vortex. Juntou-se 200l de tampão (Buffer K1) e misturou-se

no vortex durante 15 a 20 seg. Incubou-se no banho-maria a 58ºC durante 15min.

Adicionou-se 200l de etanol absoluto e misturou-se imediatamente no vortex para

evitar a precipitação. Colocou-se a coluna no tubo recetor. Aplicou-se a amostra no

centro da coluna e centrifugou-se 2min a 10000G, verificando se a membrana estava

limpa. Descartou-se o líquido, colocou-se novamente a coluna no tubo recetor e

adicionou-se 500l de tampão (Buffer Kx). Centrifugou-se 1min a 10000G. Descartou-

se o líquido e colocou-se novamente a coluna no tubo recetor, adicionando-se 500l

de tampão (Buffer K2). Centrifugou-se 1min a 10000G. Descartou-se o líquido,

colocou-se a coluna no centro do tubo recetor e centrifugou-se 2min a 13000G.

Colocou-se a coluna num tubo eppendorf e adicionou-se 200ml de tampão Tris-HCl,

pré-aquecido a 70ºC, no centro da coluna. Incubou-se à temperatura ambiente

durante 4min. Centrifugou-se 3min a 10000G. Descartou-se a coluna e o tubo

eppendorf contendo o DNA suspenso foi guardado a 4ºC.

20

Page 35: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Todas as amostras foram submetidas a uma avaliação do seu grau de pureza,

através de um espectrofotómetro, que calcula a concentração de DNA em ng/l a

260nm de comprimento de onda ().

3.3. PCR

A técnica de PCR tem como objetivo a obtenção de múltiplas cópias de uma

sequência específica de DNA. Para efetuar a técnica de PCR são necessários: amostra

de DNA que se pretende amplificar; enzima polimerase termoestável (habitualmente

Taq polimerase); pequenas sequências de DNA que identifiquem o local onde se inicia

a amplificação (primer); nucleótidos (dNTP); solução tampão que proporcione um

ambiente quimicamente estável à polimerase e iões de magnésio. No mercado existem

reagentes que já englobam os dNTPs, a Taq polimerase, o tampão e os iões de

magnésio, como a Master Mix (Fermentas™). As quantidades utilizadas estão

representadas na tabela 2.

Tabela 2 – Volumes e reagentes utilizados na técnica de PCR

COMT 5-HTTVNTR 5-HT2C

Hotstart

Primer Forward (1:10)

Primer Reverse (1:10)

Master Mix

Água destilada

10l DNA

1l

1l

25l

13l

10l DNA

1l

1l

25l

13l

2lDNA+8l H2O

1l

1l

25l

13l

É um processo simples que ocorre repetidas vezes (ciclos) e que pode ser

dividido em três fases: desnaturação, emparelhamento e extensão.

A desnaturação dá-se a cerca de 94ºC e provoca a separação da cadeia dupla

que constitui a molécula de DNA, por quebra das pontes de hidrogénio que ligam as

bases complementares. Em seguida, a temperatura baixa para os 60-65ºC o que

21

Page 36: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

proporciona o emparelhamento dos primers. Voltam a formar-se pontes de

hidrogénio entre a cadeia simples de DNA e o primer complementar. A Taq polimerase

liga-se ao primer para começar a síntese de DNA. A temperatura aumenta para os 75-

80ºC, ótima para a enzima, que ao utilizar os dNTP’s livres, dá inicio à extensão da

cadeia complementar do DNA que se pretende amplificar, obtendo-se uma nova

cadeia dupla (Figura 9).

Figura 9 – Esquema representativo da técnica de PCR (retirado de http://dna-rna.net)

Repete-se o ciclo 20 a 40 vezes e no fim faz-se uma extensão mais demorada

para garantir que todos os fragmentos de DNA passam a cadeia dupla. Por fim, as

amostras são mantidas a uma temperatura de 4ºC para serem armazenadas.

A visualização dos fragmentos de DNA obtidos é feita através de eletroforese

em gel de agarose.

As tabelas 3, 4 e 5 representam os reagentes e as técnicas utilizadas em cada

um dos polimorfismos estudados.

22

Page 37: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Tabela 3 – Polimorfismo da COMT

COMT

Primers Forward: 5’-GGTCATCACCATCGAGATCAA3’

Reverse: 5’-CCAGGTCTTGACAACGGGTCA3’

Ciclo PCR 35 ciclos: 45seg a 94ºC (desnaturação), 45seg a 60ºC(emparelhamento),

1min a 72ºC (extensão), último ciclo: 7min a 72ºC

Gel amplificação 50ml de agarose a 3%, 80V 30min, 5l de Brometo de etídio

Enzima de restrição Hin III (Fermentas™)

Ciclo de PCR-RFLP 16h a 37ºC e 20min a 65ºC

Gel após digestão 50ml de agarose a 4%, 85V 90min, 10l de brometo de etídio

Genótipos

GG – 89pb e 22pb

GA – 89pb, 71pb, 22pb e 18pb

AA – 71pb, 22pb e 18pb

Tabela 4 – Polimorfismo do 5-HTTVNTR

5-HTTVNTR

Primers Forward: 5’- GTCAGTATCACAGGCTGCGAG -3’

Reverse: 5’- TGTTCCTAGTCTTACGCCAG -3’

Ciclo PCR 35 ciclos: 45seg a 94ºC (desnaturação), 45seg a 60ºC(emparelhamento),

1min a 72ºC (extensão), último ciclo: 7min a 72ºC

Gel amplificação 50ml de agarose a 4%, 90V 120min, 10l de brometo de etídio

Genótipos

12/12

12/10

12/9

10/10

10/9

9/9

23

Page 38: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Tabela 5 – Polimorfismo do 5-HT2C

5-HT2C

Primers Forward: 5’-ATCTCCACCATGGGTCTCGC -3’

Reverse: 5’-CAATCTAGCCGCTCCAAAGG3’

Ciclo PCR 35 ciclos: 45seg a 94ºC (desnaturação), 45seg a 61ºC(emparelhamento),

1min a 72ºC (extensão), último ciclo: 7min a 72ºC

Gel amplificação 50ml de agarose a 3%, 80V 30min, 5l de Brometo de etídio

Enzima de restrição Sscil I (Fermentas™)

Ciclo de PCR-RFLP 16h a 37ºC e 20min a 65ºC

Gel após digestão 50ml de agarose a 3%, 85V 60min, 10l de brometo de etídio

Genótipos

CC – 125pb, 92pb e 34pb

CT – 160pb, 125pb, 92pb e 34pb

TT – 160pb e 92pb

C – 125pb,92pb e 34pb

T – 160pb e 92pb

3.4. Eletroforese de DNA em gel de agarose

A eletroforese em gel de agarose é um método utilizado para separar

moléculas pelo seu tamanho. As moléculas de DNA, de carga negativa, são separadas

pela ação de um campo elétrico que as força a migrar numa matriz de agarose. Quanto

menor o tamanho das moléculas mais rapidamente e mais longe migram, uma vez que

passam melhor nos poros da agarose.

A agarose é comercializada sob a forma de um pó, que se mistura com tampão

TAE e se aquece no micro-ondas até derreter. Consoante o tamanho das moléculas de

DNA que se pretende separar varia a concentração de agarose, uma vez que agarose

mais concentrada retarda a migração das moléculas. As concentrações mais utilizadas

são de 2 e 3%. Adiciona-se Brometo de Etídeo que é um corante sensível à luz

24

Page 39: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

ultravioleta, tornando o DNA visível quando iluminado com este comprimento de

onda.

Com cuidado para evitar a formação de bolhas de ar, deita-se a mistura ainda

sob estado líquido na tina de eletroforese e deixa-se arrefecer para que a agarose

polimerize. Quando solidificado, retiram-se os pentes com cuidado para não danificar

o gel, obtendo-se os poços onde se vai depositar o DNA resultante do PCR e cobre-se

com tampão TAE.

Aplicam-se 10 l de DNA misturados com 2l de gel loading em cada poço,

fecha-se bem a tampa e liga-se à corrente elétrica. Quando termina, retira-se o gel

com cuidado para dentro do transiluminador e visualizam-se as bandas fluorescentes

de DNA com luz UV (Figura 10).

Uma vez que o Brometo de Etídeo é mutagénico deve ser manipulado com

medidas de segurança individual e coletivas adequadas e o gel depois de visualizado

deve ser descartado para um contentor próprio para este tipo de material.

Figura 10 – Esquema representativo da técnica de eletroforese

(retirado de www.sobiologia.com)

25

Page 40: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

3.5. PCR-RFLP

Esta técnica combina a técnica de PCR com uma digestão das amostras de DNA

com uma enzima de restrição. São marcadores moleculares específicos para uma

combinação clone/enzima de restrição únicos. No final da técnica obtêm-se

fragmentos de DNA de diferentes tamanhos, consoante existência ou não da

sequência predefinida. Após a digestão, a visualização dos fragmentos de DNA obtidos

é feita através de eletroforese em gel de agarose.

Os volumes utilizados na técnica de PCR-RFLP nos polimorfismos da COMT e do

5-HT2C estão representados na tabela.

Tabela 6 – Volumes utilizados na técnica de PCR-RFLP

Volumes utilizados COMT 5-HT2C

DNA amplificado 20l 20l

Enzima de restrição 0.6l 0.5l

Tampão R + BSA 5l 2l

H2O 24.4l 0

3.6. Métodos estatísticos

O tratamento estatístico dos resultados foi efetuado a partir do programa

informático Primer of Biostatistics 5th ed.. Foram calculadas as percentagens para cada

genótipo, assim como o nível de concordância entre as variáveis, através do teste de

qui-quadrado. O limite de significância aceite foi p <0,05.

26

Page 41: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

4. Resultados

27

Page 42: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

4.1. Serotonina

O polimorfismo do 5-HTTVNTR caracteriza-se pela presença de uma repetição de

16 a 17 pares de bases nove, dez ou doze vezes. Não foi obtido qualquer genótipo com

nove repetições. Na figura 11 está representado um exemplo das bandas de DNA

obtidas. A distribuição da frequência dos genótipos encontra-se resumida na tabela 7 e

na figura 12. Não se verificaram diferenças significativas na distribuição dos genótipos

entre a população de diabéticos e a população controlo (p> 0,05).

Figura 11 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao polimorfismo 5-HTVNTR: 1-

12/10, 3-12/12, 6-10/10.

Tabela 7 – Frequência do genótipo do polimorfismo do 5-HTTVNTR, em doentes diabéticos e população

controlo

n 12/12(%) 12/10(%) 10/10(%)

Diabéticos 120 48(40%) 56(46,7%) 16(13,3%) Controlos 110 48(43,6%) 40(36,4%) 22(20%)

p =0,203

Figura 12 – Representação gráfica da frequência dos genótipos do polimorfismo 5-HTVNTR.

0

10

20

30

40

50

60

12/12 12/10 10/10

Diabéticos

Controlos

28

Page 43: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

A distribuição dos alelos 12 e 10 mostrou ser praticamente idêntica entre a

população de diabéticos e a população controlo dado que o valor de p está muito

próximo de 1 (tabela 8).

Tabela 8 – Frequência dos alelos 10 e 12 do polimorfismo do 5-HTTVNTR, em doentes diabéticos e

população controlo

n 10(%) 12(%)

Diabéticos 240 88(36,7%) 152(63,3%) Controlos 220 84(38,2%) 136(61,8%)

p =0,811

No caso do polimorfismo do 5-HT2C poderíamos ter cinco genótipos diferentes:

CC, CT ou TT no caso das mulheres; C ou T no caso dos homens. Isto deve-se ao facto

do gene que codifica esta proteína se encontrar no cromossoma X, tornando os

homens hemizigóticos. Na figura 13 está representado um exemplo das bandas de

DNA obtidas após a visualização no transiluminador.

1 3 4 9

Figura 13 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao polimorfismo 5-HT2C: 1-

marcador de peso molecular, 3-CT, 3-CC/C, 9-TT/T.

Não foram observadas diferenças significativas na distribuição da frequência

dos genótipos entre a população de diabéticos e a população controlo (p >0,05) (tabela

9 e figura 14).

29

Page 44: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Tabela 9 – Frequência do genótipo do polimorfismo do 5-HT2C, em doentes diabéticos e população

controlo

Total n CC, C(%) CT(%) TT, T(%)

Diabéticos 120 85(70,8%) 13(10,8%) 22(18,4%) Controlos 110 82(74,5%) 9(8,2%) 19(17,3%)

p= 0,753

Figura 14 – Representação gráfica da frequência dos genótipos do polimorfismo 5-HT2C.

Dado o facto acima mencionado, foi analisada também a distribuição dos

genótipos entre homens e mulheres em ambas as populações (tabela 10 e 11). No

entanto em nenhum dos casos se observaram diferenças significativas (p >0,05).

Tabela 10 – Frequência do genótipo do polimorfismo 5-HT2C, em doentes diabéticos e população

controlo nos homens

Homens n C(%) T(%)

Diabéticos 54 41(75,9%) 13(24,1%) Controlos 35 30(85,7%) 5(14,3%)

p =0,394

Tabela 11 – Frequência do genótipo do polimorfismo 5-HT2C, em doentes diabéticos e população

controlo nas mulheres

Mulheres n CC(%) CT(%) TT(%)

Diabéticos 66 44(66,7%) 13(19,7%) 9(13,6%) Controlos 75 52(69,3%) 9(12,0%) 14(18,7%)

p =0,384

0

20

40

60

80

100

CC, C CT TT, T

Diabéticos

Controlos

30

Page 45: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Segundo estudos anteriores, o alelo T poderia ter um efeito protetor

relativamente à DMT2, e aparecer com maior frequência na população controlo

(Iordarnidou et al. 2008). Tal facto não se confirmou neste estudo como se pode ver

nas tabelas 12 e 13 (p >0,05).

Tabela 12 – Frequência dos alelos do polimorfismo 5-HT2C, em doentes diabéticos e população controlo

Total n C(%) T(%)

Diabéticos 186 142(76,3%) 44(23,7%) Controlos 185 143(77,3%) 42(22,7%)

p =0,925

Tabela 13 – Frequência dos alelos do polimorfismo 5-HT2C, em doentes diabéticos e população controlo

nas mulheres

Mulheres n C(%) T(%)

Diabéticos 132 101(76,5%) 31(23,5%) Controlos 150 113(75,3%) 37(24,7%)

p =0,927

4.2. COMT

No polimorfismo da COMT não foi possível estabelecer qualquer relação

positiva entre a população de diabéticos e a população controlo (tabela 14 e figura 15).

Tabela 14 – Frequência do genótipo do polimorfismo da COMT, em doentes diabéticos e população

controlo

n GG(%) GA(%) AA(%)

Diabéticos 139 53(38,1%) 59(42,4%) 27(19,4%) Controlos 130 39(30%) 71(54,6%) 20(15,4%)

p =0,136

31

Page 46: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Figura 15 – Representação gráfica da frequência dos genótipos da COMT

Na figura 16 está representado um exemplo das bandas obtidas após a técnica

de PCR-RFLP no polimorfismo da COMT.

1 2 6

Figura 16 – Exemplo de gel de agarose visualizado com luz UV referente ao polimorfismo da COMT: 1-

GA, 2-AA, 6-GG.

Foi ainda estudado se algum dos alelos (G ou A) estaria associado à DMT2 mas

esse facto não se veio a confirmar pois estatisticamente não há diferenças

significativas entre o grupo de diabéticos e o grupo controlo (tabela 15).

Tabela 15 – Frequência dos alelos do polimorfismo da COMT

n G(%) A(%)

Diabéticos 278 165(59,4%) 113(40,6%) Controlos 260 149(57,3%) 111(42,7%)

p =0,694

0

10

20

30

40

50

60

70

80

GG GA AA

Diabéticos

Controlos

32

Page 47: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

5. Discussão

33

Page 48: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

5.1. Serotonina

A Serotonina é um neurotransmissor envolvido em vários aspetos fisiológicos

como o humor, o sono, o apetite, a homeostase de glucose, a temperatura corporal,

entre outras (Iordanidou et al. 2008; Feijó et al. 2011). Alterações nos níveis de

serotonina têm sido relacionadas com o aumento do consumo de doces e hidratos de

carbono. Um indivíduo com níveis normais de serotonina alcança a sensação de

saciedade mais facilmente, controlando melhor a ingestão de açucares. Para que os

níveis de serotonina se mantenham normalizados no cérebro é necessária a ingestão

do aminoácido triptofano, percursor da serotonina (Feijó et al. 2011).

Os estudos que sugerem que a serotonina tem um papel importante na

sensação de saciedade apontam o sistema serotonergético como sendo o principal

alvo de investigação para o controlo de peso. Os fármacos inibidores da recaptação da

serotonina têm sido usados para tratar a obesidade, facilitando a perda de peso, uma

vez que induzem a sensação de saciedade. Isto deve-se ao facto de a serotonina

permanecer em maiores concentrações e por mais tempo no espaço pós-sináptico,

promovendo uma maior sensação de saciedade. Um desses fármacos, a sibutramina,

está a ser cada vez mais utilizado em programas de perda de peso. Outros fármacos

inibidores da recaptação da serotonina como a sertralina não são indicados para esta

finalidade uma vez que não têm efeitos específicos na perda de peso e o aumento de

peso é observado em estudos a longo prazo (Feijó et al. 2011).

Sendo um neurotransmissor, a função da serotonina consiste em passar

informação de uma célula (neurónio) para outra. É secretada por neurónios

serotonergéticos e age nos recetores dos neurónios pós-sinápticos. O transportador da

serotonina (5-HTT) é responsável pela recaptação da serotonina nas terminações

nervosas. Estudos mostram que a inibição do 5-HTT, através do aumento da

estimulação pós-sináptica por parte da serotonina, reduz a ingestão alimentar e o

aumento de peso (Feijó et al. 2011). Sendo a obesidade um dos principais fatores de

risco para o aparecimento da DMT2, alterações nos níveis de serotonina circulante

poderão influenciar a probabilidade de um individuo desenvolver a doença.

34

Page 49: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

O polimorfismo do 5-HTVNTR é caracterizado pela repetição de uma sequência

de 16 a 17 pares de bases, nove, dez ou doze vezes. Ao alelo 12 está associada uma

maior taxa de transcrição (Baca-Garcia et al. 2007) e isso sugere que pode ter um

efeito protetor relativamente à DMT2, tal como acontece no alelo L do polimorfismo

do promotor da serotonina (5-HTLPR), demostrado por Iordanidou et al. (2010) e

Yamakawa et al. (20

Neste estudo não se verificou esta associação, uma vez que não se obteve

nenhum valor significativo de p, ou seja, não há diferenças na frequência dos alelos 12

e 10 na população de diabéticos em comparação com a população controlo.

Além da baixa ingestão de aminoácidos, a baixa concentração de serotonina

pode-se dever a uma diminuição da sensibilidade dos seus recetores nomeadamente

do recetor 5-HT2C. Estes recetores parecem ser os principais responsáveis pelo

equilíbrio entre a ingestão de alimentos e a homeostase energética. A interação entre

a serotonina e a leptina na homeostase da glicose torna o sistema serotonérgico um

possível alvo no tratamento da obesidade e da DMT2 (Feijó et al. 2011).

O polimorfismo do recetor 5-HT2C estudado neste trabalho é do tipo SNP e

caracteriza-se pela substituição de uma citosina por uma timina na posição -759 (-

759C/T). Reynolds et al. (2002, 2003, 2005) e Farwell et al. (2004) estabelecem

associações entre este polimorfismo e o ganho de peso em indivíduos que tomam

antipsicóticos, uma vez que estes possuem uma grande afinidade para os recetores da

serotonina. E Yuan et al. (2000)

Após a realização deste estudo não se verificou nenhuma associação entre o

genótipo e o fenótipo, ou seja, a população controlo apresenta frequências do alelo T

muito idênticas à população de diabéticos. Sendo uma mutação associada ao

cromossoma X, ainda se tentou estabelecer uma associação com o género dos

indivíduos, mas tal também não se veio a verificar.

35

Page 50: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

5.2. COMT

A catecol-o-metiltransferase, ou COMT, é um enzima responsável pela

degradação das catecolaminas, nomeadamente a dopamina. Uma vez que no córtex

pré-frontal quase não existem outros reguladores da dopamina, como os seus

transportadores, a COMT tem um papel essencial na regulação dos níveis de dopamina

ao nível das sinapses. Estudos em ratinhos mostram que a COMT é responsável por

mais de 60% da degradação de dopamina no córtex pré-frontal (Dickinson et al. 2009).

No Homem, a COMT apresenta uma variação funcional muito comum no exão 4

da sua sequência codificante, resultante da substituição de uma guanina por uma

adenina na posição -24938 (-24938G/A). Este SNP provoca a substituição de um

aminoácido valina por uma metionina no codão 158 (Val158Met). Esta mutação torna

o enzima termolábil, diminuindo a sua atividade (Lotta et al. 1995; Dickinson et al.

2009). Ao alelo que possui a valina (H) está associado um aumento da degradação da

dopamina, logo permanece menos dopamina no espaço sináptico, em comparação

com o alelo que possui a metionina (L). Esta diferença vai ter impacto na regulação da

dopamina e, consequentemente na estimulação dos neurónios (Dickinson et al. 2009;

Kring et al. 2009).

A dopamina é considerada o neurotransmissor chave no que diz respeito a

comportamentos de adição, e todas as drogas que levam a este tipo de

comportamentos afetam direta ou indiretamente as vias estimuladas pela dopamina

(Tammimäki et al. 2010).

Neste estudo não se estabeleceu nenhuma relação associativa entre o

polimorfismo Val158Met e a DMT2, uma vez que a frequência dos genótipos entre as

populações estudadas não foi significativa.

36

Page 51: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

6. Conclusão

37

Page 52: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

Qualquer trabalho de investigação contribui, ainda que de forma singela, para a

evolução do nosso conhecimento. Os resultados obtidos neste trabalho não nos

permitem fazer nenhuma associação significativa dos polimorfismos estudados com a

diabetes mellitus tipo 2. Apesar disso, não se pode considerar que o esforço foi em

vão. A diabetes é uma doença multifatorial complexa, com vários fatores de risco

associados que não foram incluídos neste estudo. A associação genótipo-fenótipo não

pode ser linear uma vez que muitos destes fatores intermédios não foram avaliados.

Podemos sugerir que em estudos futuros se tenham em conta parâmetros como o

Índice de Massa Corporal ou a resistência à insulina.

38

Page 53: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

7. Bibliografia

39

Page 54: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

1. Baca-Garcia, E., et al., Association between obsessive-compulsive disorder and a

variable number of tandem repeats polymorphism in intron 2 of the serotonin

transporter gene. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry,

2007. 31: p. 416-420.

2. Berger M., Gray J. A., Roth B. L., The expanded biology of serotonin, 2009, Annu.

Rev. Med. 60: 355–66.

3. Brookes A, The essence of SNPs. Gene. 1999. 234: 177-186.

4. Buckland, P.R., et al., Low gene expression conferred by association of an alele of the

5-HT2C recetor gene with antipsychotic-induced weight gain. Am J Psychiatry, 2005.

162: p. 613-615.

5. Dickinson D, Elevag B, Genes, cognition and brain through a COMT lens.

Neuroscience, 2009. 164(1): 72-87.

6. Drago A, Serretti A. Focus on HTR2C: A Possible Suggestion for Genetic Studies of

Complex Disorders. Am J Med Genet Part B, 2009. 150B: 601–637.

7. Farwell, W.R., et al., Weight gain and new onset diabetes associated with

olanzapine and risperidone. J Gen Intern Med, 2004. 19: p. 1200-1205.

8. Feijó F. et al., Serotonin and Hypothalamic control of hunger: a review. Rev. Assoc

Med. Bras. 2011.57(1) 74-77.

9. Grossman M, Emanuel B, Budarf M, Chromosomal mapping of the human catechol-

O-methyltransferase gene to 22q11.1-q11.2, 1992, Genomics 12 (4): 822–5

10. Iordanidou M, et al., The serotonin transporter promoter polymorphism (5-

HTTLPR) is associated with type 2 diabetes, Clinica Chimica Ata, 2010; 411:167-171

11. Iordanidou M, et al., The -759C/T polymorphism of the 5-HT2C recetor is

associated with type 2 diabetes in male and female Caucasians, Phamacogenetics

and Genomics, 2008, 18:153-159.

12. Kring S, Werge T, Holst C, Toubro S, Astrup A, Hansen T, Pedersen O, Serensen

T, Polymorphisms of serotonin recetor 2A and 2C genes and COMT in relation to

obesity and type 2 diabetes, 2009

13. Kumar, V., Cotran R. S., Robbins S.L., Basic pathology. 6 ed. 1997: Saunders.

14. Lambert M, Schimmelmann B, Karow A, Naber D, Subjetive well-being and

initial dysphoric reaction under antipsychotic drugs - concepts, measurement and

clinical relevance, 2003; Pharmacopsychiatry 36 (Suppl 3): S181–90

40

Page 55: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

15. Lesch KP, Balling U, Gross J, Strauss K, Wolozin BL, Murphy DL, Organization of

the human serotonin transporter gene. J Neural Transm, 1994; 95:157–62.

16. Liu, B., et al., Prefrontal-related functional connectivities within the default

network are modulated by COMT val158met in healthy young adults. The Journal of

Neuroscience, 2010. 30: p. 64-69.

17. Lotta T, Vidgren J, Tilgmann C, Ulmanen I, Melén K, Julkunen I, Taskinen J,

Kinetics of human soluble and membrane-bound catechol O-methyltransferase: a

revised mechanism and description of the thermolabile variant of the enzyme,

Biochemistry, 1995 Apr 4;34(13):4202-10

18. Luna M., Genes and Type 2 Diabetes Mellitus. Archives of Medical Research,

2005. 36: 210-222.

19. McCarthy M, Susceptibility gene discovery for common metabolic and endocrine

traits, 2002, J. Mol. Endocrinol. 28; 1–17.

20. Miller, D.D., et al., Clozapine-induced weight gain associated with the 5HT2C

recetor -759C/T polymorphism. American Journal of Medical Genetics, 2005. 133B:

p. 97-100

21. Organização Mundial de Saúde, artigo nº312, agosto 2011.

22. Petrie J, Pearson E, Sutherland C, Implications of genome wide association

studies for the understanding of type 2 diabetes pathophysiology, 2011, Biochemical

Pharmacology 81; 471–477

23. Pollock B, Ferrel R, Mulsant B, Mazumdar S, Miller M, Sweet R, Davis S, Kirshner

M, Houck P, Stack J, Reynolds III C, Kupfer D, Allelic Variation in the Serotonin

Transporter Promoter Affects Onset of Paroxetine Treatment Response in Late-Life

Depression, 2000, Neuropsychopharmacology, 23:587–590

24. Reynolds G, Templeman L, Zhang Z, The role of 5-HT2C recetor polymorphism in

the pharmacogenetics of antipsychotic drug treatment, 2005; 29:1021-1028

25. Reynolds, G.P., Z. Zhang, and X. Zhang, Association of antipsychotic drug-

induced weight gain with a 5-HT2C recetor gene polymorphism. The Lancet, 2002.

359: p. 2086-2087.

26. Reynolds, G.P., Z. Zhang, and X. Zhang, Polymorphism of the promoter region of

the serotonin 5-HT2C recetor gene and clozapine-induced weight gain. Am J

Psychiatry, 2003. 160: p. 677-679.

41

Page 56: Importância dos polimorfismos do metabolismo da Serotonina ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5776/1/ulfc092739_tm_sandra_sa.pdf · 1.1 Fisiologia do pâncreas 2 1.2 Diabetes mellitus

27. Relatório Anual do Observatório da Diabetes, Sociedade Portuguesa de

Diabetologia, 2011.

28. Stansbury JB, Wyngaarden JB, Fredrickson DS et al. The Metabolic Basis of

Inherited Disease, 5th ed. New York, 1983, McGraw-Hill.

29. Tammimäki A, Männistö P, Effects of genetic modifications in the synaptic

dopamine clearance systems on addiction-like behavior in mice. Basic & Clinical

Pharmacology & Toxicology, 2010. 108, 2–8.

30. Ueno S, Genetic polymorphisms of serotonin and dopamine transporters in

mental disorders, J Med Invest., 2003 Feb; 50(1-2):25-31

31. Watts S., 5-HT in systemic hypertension: foe, friend or fantasy?. Clinical Science.

2005. 108: 399-412.

32. www.ncbi.nlm.nih.gov/About/primer/Snps.html

33. Yamakawa M et al. Serotonin transporter polymorphisms affect human blood

glucose control. Biochemical and Biophysical Research Communications. 2005. 334,

1165-1171

34. Yu Y, Tsai S, Chen T, Lin C, Hong C, Association study of the serotonin

transporter promoter polymorphism and symptomatology and antidepressant

response in major depressive disorders, Molecular Psychiatry; 2002, 7:1115-1119

35. Yuan X, Yamada K, Ishiyama-Shigemoto S, Koyama W, Nonaka K, Identification

of polymorphic loci in the promoter region of the serotonin 5-HT2C recetor gene and

their association with obesity and Type II diabetes, 2000; Diabetologia, 43: 373-376

36. Zhu, B.T., Catechol-O-Methyltransferase (COMT)-mediated methylation

metabolism of endogenous bioactive catechols and modulation by endobiotics and

xenobiotics: importance in pathophysiology and pathogenesis. Current Drug

Metabolism, 2002. 3: 321-349.

42