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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica Abel Tito Braga de Oliveira Implantação de Cortadores de Dentes de Engrenagens Tipo Caracol com Pastilhas Intercambiáveis de Metal Duro em Indústria de Redutores Agrícolas CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

Abel Tito Braga de Oliveira

Implantação de Cortadores de Dentes de

Engrenagens Tipo Caracol com Pastilhas

Intercambiáveis de Metal Duro em

Indústria de Redutores Agrícolas

CAMPINAS

2017

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Abel Tito Braga de Oliveira

Implantação de Cortadores de Dentes de

Engrenagens Tipo Caracol com Pastilhas

Intercambiáveis de Metal Duro em

Indústria de Redutores Agrícolas

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Eduardo Diniz

CAMPINAS

2017

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade

de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual

de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestre em Engenharia

Mecânica, na Área de MATERIAIS E

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE

À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO ABEL TITO BRAGA DE

OLIVEIRA, E ORIENTADA PELO

PROF. DR. ANSELMO EDUARDO

DINIZ.

------------------------------------------

ASSINATURA DO ORIENTADOR

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CAMPINAS

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA DE

MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADEMICO

Implantação de Cortadores de Dentes de

Engrenagens Tipo Caracol com Pastilhas

Intercambiáveis de Metal Duro em

Indústria de Redutores Agrícolas

Autor: Abel Tito Braga de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Eduardo Diniz

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

______________________________________

Prof. Dr. Anselmo Eduardo Diniz, Presidente.

Instituição: UNICAMP

______________________________________

Prof. Dr. Olívio Novaski

Instituição: UNICAMP

______________________________________

Prof. Dr. João Roberto Ferreira

Instituição: UNIFEI - Itajubá

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo

de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 11 de dezembro de 2017.

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Dedicatória

Ao Senhor Deus, pois Dele vem tudo que tenho.

A Ele toda honra e toda glória para todo sempre.

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Anselmo Eduardo Diniz pela amizade, pelo incentivo apoio

durante a realização dos trabalhos.

Ao Eng. Hiram Andreazza de Freitas (Diretor Industrial da Empresa SEW-

EURODRIVE BRASIL) pelo apoio incentivo e liberação para assistir as aulas e

realização da parte prática.

A minha esposa Flávia e aos meus filhos Isabelle e Pedro pelo incentivo e

paciência nos momentos em que precisei me dedicar aos estudos.

Ao meu pai, Pedro Antonio, e minha mãe Maria Braga que me educaram para que

eu valorizasse a educação e o ensino.

Aos meus colegas de trabalho, pelo apoio durante a execução dos ensaios

práticos: Oziris Barboza, Édson Figueiredo, Sandro Oliveira, Alberto Lemes, Sérgio

Melquiades, Claudemir Menezes, Rafael Carneiro, Luiz Roda, Luiz Calado, Alex Daré,

Marcelo Moller, Otávio Martins, Paulo Lopes e Willian Mariano.

Aos parceiros comerciais que de forma direta ou indiretamente me ajudaram:

Klaus Tavares da empresa Lear Corporation, que estudamos as matérias juntos e

compartilhou momentos de estudos; Julio Araujo da empresa Arbus pelo envio de

material técnico da empresa Gleason; Marco Pereira, Francisco Cavichiolli e Cláudio

Camacho da empresa Sandvik Coromant pelo apoio na obtenção da ferramenta e na

realização dos testes; Jeferson e Felipe Abud da Liebherr Brasil, pela colaboração e

disponibilização de materiais técnicos.

Aos colegas da FEM da Unicamp: Daniel e Ari que me ajudaram nas pesquisas

bibliográficas e na medição do desgaste das pastilhas.

Aos Professores doutores Amauri Hassui, Olívio Novaski e João Roberto

Ferreira que participaram da minha qualificação e da minha defesa e contribuíram para

o aprimoramento deste trabalho.

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Resumo

O tempo em uma indústria manufatureira é uma grandeza muito importante, pois

quanto menor o tempo de usinagem de uma peça, maior será a oportunidade de se obter

uma quantidade maior de peças e por consequência reduzir o custo unitário de

fabricação. Dentro desta perspectiva, o objetivo deste trabalho é estudar a utilização de

ferramenta do tipo caracol com inserto intercambiável de metal duro na usinagem de

engrenagens, que significa uma inovação tecnológica para este processo, a fim de que se

viabilize a utilização de maiores velocidades de cortes e com isso, se possa obter

menores tempos de ciclo na operação de fresamento de dentes de engrenagens.

Este trabalho procura estudar:

- A Variação dos desvios Fα, Fβ e ffβ de engrenamento para os caracóis com

insertos de metal duro como também para os caracóis de aço rápido para engrenagens

de módulos 3 e 6;

- O Estudo de vida do caracol módulo 3 de aço rápido e com insertos de metal

duro com as coberturas TiAlN PVD e TiAlCrN PVD;

- A Viabilidade econômica da utilização do caracol de metal duro em

substituição ao caracol de aço rápido.

Foi possível concluir ao final do trabalho que é viável a utilização de caracol

com insertos intercambiáveis de metal duro, tanto tecnicamente quanto economicamente

e que é possível utilizar velocidades de cortes maiores com este caracol quando

comparado ao caracol inteiriço de aço rápido, conseguindo-se assim significativa

redução do tempo de usinagem.

Palavras chave:

Caracol com insertos intercambiáveis; Usinagem de engrenagens; Fresa Caracol; Aço

Rápido; Metal Duro.

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Abstract

The time in a manufacturing industry is a very important parameter, because the

shorter cycle time, the greater the opportunity to obtain a higher quantity of parts and

consequently to reduce the unit manufacturing cost. In this perspective, the objective of

this work is to study the technological innovation of gear milling using interchangeable

carbide inserts hob and, consequently, to make the use of higher cutting speeds feasible

in order to reach shorter cycle times in the gear hob operation.

This work aims to study:

- Fα, Fβ and ffβ deviations of the gear: obtained when using interchangeable

carbide inserts hob and high-speed steel hob as gear milling tools for modules 3 and 6.

- Hob tool life for the milling of module 3 gears using both, high-speed steel hob

and interchangeable carbide inserts hob with TiAlN PVD and TiAlCrN PVD coating.

- Economic viability of the use of interchangeable carbide inserts hob to replace

high-speed steel hob.

It was possible to conclude at the end of the work that it is technically and

economically feasible to use interchangeable carbide inserts hob and, with this tool, it

was possible to higher cutting speeds when compared to the use of high-speed steel hob,

which led to the reduction of machining time.

Key words:

Hob; Gear Manufacturing; Interchangeable Carbide Inserts Hob; Carbide; High-Speed

Steel.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Engrenagem Cilíndrica de Dentes Retos (SANTOS JUNIOR, 2003) ......... 19

Figura 2.2: Construção da Evolvente (LIEBHERR, 2008) ............................................ 20

Figura 2.3: Ilustração de alguns termos de engrenagens (LIEBHERR, 2008) ............... 21

Figura 2.4: Ponta e raiz do dente (LIEBHERR, 2008) ................................................... 21

Figura 2.5: Protuberância (LIEBHERR, 2008) .............................................................. 22

Figura 2.6: Ilustração do passo em uma engrenagem ..................................................... 23

Figura 2.7: Módulo e número de dentes. (FLORES e GOMES, 2014) .......................... 24

Figura 3.1: Processos para a Fabricação de engrenagens (LIEBHERR, 2008) com

adaptações de (STADTFELD,2014) e (SANDVIK,2017) ..................................... 25

Figura 3.2: Movimento dos eixos da máquina (LIEBHERR, 2008) .............................. 27

Figura 3.3: Exemplo de corte de engrenagem com caracol HOB (LIEBHERR, 2008) . 27

Figura 3.4: Esquema de ferramenta para corte tipo HOB (LANGE, 2003) ................... 28

Figura 3.5: Famílias de Tangentes (QUIRINO, 2000) ................................................... 29

Figura 3.6: Etapas da formação de um dente de engrenagem. (PHILLIPS, 1998) ........ 30

Figura 3.7: A formação do cavaco no fresamento de dentes. (SANDVIK, 2015) ......... 31

Figura 3.8: Formação do cavaco no caracol. (LIEBHERR, 2008) ................................. 31

Figura 3.9: Fresamento de dentes axial (LIEBHERR, 2008) ......................................... 32

Figura 3.10: Fresamento de dentes tangencial (LIEBHERR, 2008) .............................. 35

Figura 3.11: Fresamento de dentes Diagonal (LIEBHERR, 2008) ................................ 36

Figura 3.12: Fresa singela ou disco de corte. (LMT FETTE, 2017) .............................. 37

Figura 3.13: Disco de Corte com pastilhas intercambiáveis. (SANDVIK, 2017) .......... 37

Figura 3.14: Disco duplo de corte (SANDVIK, 2017) ................................................... 38

Figura 3.15: Fresa Caracol com furo central (LMT FETTE, 2010) ............................... 39

Figura 3.16: Gráfico de Torque x rotação (WINKEL,2009) .......................................... 41

Figura 3.17: Caracol com pastilhas intercambiáveis módulo 3-10 mm ......................... 43

Figura 3.18: Caracol com pastilhas intercambiáveis módulo 8-24 mm. ........................ 43

Figura 3.19: Cinemática do processo tipo shaper - Dentes retos (LIEBHERR, 2008) .. 44

Figura 3.20: Cinemática do processo de corte tipo shaper - Dentes helicoidais

(LIEBHERR, 2008) ................................................................................................ 45

Figura 3.21: Engrenagem com pouca saída de ferramenta (LIEBHERR, 2008) ........... 45

Figura 3.22: Engrenagem internas. (LIEBHERR, 2008)................................................ 46

Figura 3.23: Engrenagem de dupla hélice (LIEBHERR, 2008) ..................................... 46

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Figura 3.24: Geometria e Cinemática Básica para o processo de Power Skiving,

STADTFELD (2014). ............................................................................................. 47

Figura 3.25: Ferramentas para processo Power Skiving com pastilhas intercambiáveis

de metal duro, INGERSOLL (2017). ..................................................................... 48

Figura 3. 26: Retificação de dentes de Engrenagens por geração (LIEBHERR, 2008) . 49

Figura 3.27: Retificação de dentes de Engrenagens por formação (LIEBHERR, 2008) 50

Figura 4.1: Ilustração dos desvios de perfil evolvente (KLINGELNBERG, 2000) ....... 54

Figura 4.2: Projeção da Evolvente (LANGE, 2003) ...................................................... 54

Figura 4.3: Ilustração dos desvios da linha de flanco (KLINGELNBERG, 2000) ........ 55

Figura 5.1: Peça utilizada nos testes ............................................................................... 57

Figura 5.2: Eixos da Máquina Fresadora de Dentes Gleason Pfauter P90 utilizada nos

testes (GLEASON, 2017) ....................................................................................... 58

Figura 5.3: Fresa Caracol com insertos intercambiáveis módulo 3 ................................ 59

Figura 5.4: Inserto para Fresa Caracol............................................................................ 59

Figura 5.5: Ilustração da cobertura TiAlCrN (SANDVIK 2017) ................................... 60

Figura 5.6: Foto e composição química em % do substrato S-390 do Caracol inteiriço de

Aço Rápido - Balzers (2017) .................................................................................. 61

Figura 5.7: Máquina Liebherr LC700 ............................................................................ 62

Figura 5.8: Peças módulo 6 utilizadas nos testes............................................................ 63

Figura 5.9: Ilustração da cobertura GC1030 - TiAlN PVD, (Sandvik 2017) ................. 64

Figura 5.10: Fresa caracol com insertos intercambiáveis módulo 6............................... 64

Figura 5.11: Foto do Caracol inteiriço de Aço rápido módulo 6 .................................... 65

Figura 6.1: Erro de Perfil Fα em função do avanço com caracóis de módulo 3 ............ 68

Figura 6.2: Sistema de fixação da pastilha no caracol .................................................... 69

Figura 6.3: Erro ffβ em função do avanço com caracóis de módulo 3 ........................... 70

Figura 6.4: Erro Fβ em função do avanço com caracóis de módulo 3 ........................... 71

Figura 6.5: Erro Fα em função do avanço com caracóis de módulo 6 ........................... 72

Figura 6.6: Erro ffβ em função do avanço com caracóis de módulo 6 ........................... 73

Figura 6.7: Erro Fβ em função do avanço com caracóis de módulo 6 ........................... 74

Figura 6.8: Vida das ferramentas em função do tempo de corte (minutos).................... 77

Figura 6.9: Vida das ferramentas em função do comprimento de avanço (metros) ....... 77

Figura 6.10: Crescimento da vida útil do caracol com insertos de metal duro em relação

ao Aço Rápido ........................................................................................................ 78

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Figura 6.11: A formação do cavaco no fresamento de dentes. (LIEBHERR, 2008)...... 80

Figura 6.12: Sistemática de remanejamento de pastilhas. .............................................. 81

Figura 6.13: Foto de uma pastilha da região "D" após a utilização ................................ 81

Figura 6.14: Foto de uma pastilha da região "C" após a utilização ................................ 82

Figura 6.15: Foto de uma pastilha da região "B" após a utilização ................................ 82

Figura 6.16: Foto de uma pastilha da região "A" após a utilização ................................ 83

Figura 6.17: Custo total da operação em função do custo da máquina por hora ............ 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3. 1: Recomendação para espessura máxima do cavaco WINKEL (2009) ........ 41

Tabela 4.1: Intervalo de Aplicação das engrenagens (LANGE, 2003) .......................... 52

Tabela 4.2: Qualidade Atingida em diversos métodos de fabricação (LANGE, 2003) . 53

Tabela 5.1: Composição química do aço 16MnCrS5 (STEEL NUMBERS, 2017) ....... 57

Tabela 5.2: Características Técnicas-máquina Gleason Pfauter P90 (Gleason, 2017) ... 58

Tabela 5.3: Características Técnicas da máquina Liebherr LC 700 (Liebherr, 2017) .... 62

Tabela 5.4: Composição Química do aço 18CrNiMo6-7 (Steel numbers, 2017)........... 63

Tabela 6.1: Erros em função do avanço para módulo 3 ................................................. 68

Tabela 6.2: Erros em função do avanço para módulo 6 ................................................. 72

Tabela 6.3: Tabela de vida das ferramentas ................................................................... 76

Tabela 6.4: Tabela de vida média das ferramentas ......................................................... 76

Tabela 6.5: Dados Técnicos da Ferramenta.................................................................... 85

Tabela 6.6: Comparativo de Custos da Ferramenta ........................................................ 86

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 2.1- Módulo da engrenagem............................................................................22

Equação 2.2- Passo primitivo da engrenagem................................................................23

Equação 2.3- Módulo da engrenagem em função do diâmetro primitivo.......................23

Equação 2.4- Diâmetro primitivo....................................................................................23

Equação 3.1- Relação de Rotação entre a ferramenta e a peça no processo Hob...........29

Equação 3.2- Espessura máxima do cavaco....................................................................41

Equação 5.1- Comprimento de avanço............................................................................66

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Lista de Abreviaturas e Siglas

AGMA: Associação dos Fabricantes Americanos de Engrenagens (American Gear

Manufacturers Association).

Blank: Matéria prima semi pronta utilizada para peças dentadas.

CNC: Controle Numérico Computadorizado.

Cβ: Largura da convexidade da linha de flanco (ângulo de hélice).

DIN: Instituto Alemão de Normalização (Deutsches Institut für Normung).

ffα: Variável que mensura o desvio de forma do perfil evolvente.

ffβ: Variável que mensura o desvio de forma da linha de flanco (ângulo de hélice).

Fp: Desvio de Passo ou divisão.

fp max: Maior desvio de divisão ou de passo de um dente em relação a uma linha zero

teórica.

Fpz/8: Variação do passo ou divisão no intervalo de 8 dentes.

fu max: Desvio da descontinuidade do passo.

Fr: Desvio de Concentricidade da engrenagem.

FHα: Desvio angular do perfil evolvente do dente.

FHαm: Desvio angular médio do perfil evolvente do dente.

FHβ: Desvio angular da linha de flanco (ângulo de hélice).

FHβm: Desvio médio da linha de flanco (ângulo de hélice).

Fα: Desvio total do perfil evolvente da engrenagem

Fβ: Desvio da Linha de Flanco (Ângulo de Hélice).

K- Dia: Diagrama K, utilizado para inspecionar engrenagens que possuem alívio na

ponta do dente e na raiz do dente.

Rp: Variável que mensura a oscilação o desvio de divisão ou passo individual do

dente.

Rs: Desvio de oscilação da espessura do dente.

Shifting: Descolamento tangencial da ferramenta caracol para a redução do desgaste.

Sub-shifting: Fração do deslocamento "shifting" para uniformizar o desgaste.

Usinagem em verde: Usinagem realizada antes do tratamento térmico, quando a peça

ainda possui uma baixa dureza.

Wk: variação da espessura, medida sob esfera, de um determinado número

específico de dentes.

Hobbing: termo em inglês para o Processo de fabricação de engrenagens com caracol

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 16

2 ANÁLISE DO PRODUTO CHAMADO ENGRENAGEM .......................................... 19

2.1 Introdução Teórica ........................................................................................................... 19

2.2 Termos utilizados em dentes de engrenagens .................................................................. 20

2.3 Módulo para engrenagens ................................................................................................ 22

3 USINAGEM DE DENTES DE ENGRENAGENS ........................................................ 25

3.1 Introdução Teórica ........................................................................................................... 25

3.2 Funcionamento da Máquina de corte de engrenagem tipo HOB ..................................... 26

3.3 Ferramenta para corte de engrenagem tipo HOB ............................................................. 28

3.4 Princípios da geração de dentes de engrenagens .............................................................. 29

3.5 Tipos de fresamento de dentes de engrenagem tipo "Hobbing" ....................................... 32

3.6 A evolução das fresas para corte de engrenagem ............................................................. 36

3.7 Outros processos de corte de engrenagem........................................................................ 44

3.8 Processos de acabamento de engrenagens ........................................................................ 48

4 QUALIDADE DA PEÇA ................................................................................................. 51

4.1 Introdução Teórica ........................................................................................................... 51

4.2 Desvios típicos para perfil evolvente e linha de flanco de engrenamentos ...................... 53

5 MÉTODOS EXPERIMENTAIS ..................................................................................... 56

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 68

6.1 Fase 1 - Variação dos erros de forma em função do avanço. ........................................... 68

6.2 Fase 2 - Vida das ferramentas para caracol módulo 3 ...................................................... 75

6.3 Fase 3 - Análise de Custo das ferramentas ....................................................................... 84

7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................... 89

7.1 Conclusões ........................................................................................................................ 89

7.2 Sugestões de trabalhos futuros ......................................................................................... 90

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 91

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1 INTRODUÇÃO

Durante a vida, o homem constantemente busca o aperfeiçoamento, de modo

que o que é feito hoje é melhor que foi realizado ontem, e o que será realizado amanhã

seja melhor do que é realizado atualmente. Essa busca por aprimoramento tem

conseguido disponibilizar produtos e serviços para a população a um custo acessível.

A cada dia as indústrias buscam atualização e modernização dos meios e

métodos de produção para que seus produtos continuem competitivos em termos de

qualidade e custo, sejam em seus mercados regionais, ou em mercados internacionais.

Para que seja possível ter e manter produtos competitivos é necessário a

constante busca e investimentos em novos conhecimentos, novas tecnologias, novas

visões e novos sistemas produtivos, para que se possa apresentar um diferencial

competitivo em relação à concorrência no quesito custo, qualidade e tecnologia.

A busca do estado da arte dos processos de fabricação dos produtos é o desafio

de engenheiros e pesquisadores para se encontrar maneiras de aperfeiçoar os processos,

reduzindo com isso os custos agregados, e mantendo a qualidade e desempenho do

produto final. Conforme BOUQUET (2014) há uma pressão na indústria por melhores

resultados e isso estimula o estudo de ferramentas que possibilitem a diminuição do

tempo de fabricação em máquinas gargalo, que se torna muito importante, pois o tempo

de usinagem tem uma grande participação na formação do custo final da peça.

Outro ponto importante da diminuição do tempo das máquinas gargalos é

apresentado por GOLDRATT (1995), que afirma que o tempo da máquina gargalo é

determinante para a obtenção do ritmo de produção e que a sua variação vai afetar na

quantidade de peças produzidas. Em outras palavras, pode-se dizer que quanto menor o

tempo da máquina gargalo maior será a quantidade de peças produzidas.

Normalmente as máquinas que usinam engrenamentos são máquinas gargalos,

pois detêm tecnologia específica e avançada e, por isso, têm um valor de aquisição

elevado, que faz com que empresas que fazem esse tipo de operação adquiram o

mínimo possível de máquinas. Assim se faz necessário o estudo desta operação para que

o tempo de ciclo das peças seja o menor possível.

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QUIRINO (2000) afirma que “Ferramentas com alta tecnologia, novos

recobrimentos e o desenvolvimento de novas máquinas de Controle Numérico por

Computador, tendem a minimizar a participação do homem no processo e demandam

métodos eficientes com a finalidade de se obter mínimos custos e tempos de

fabricação”. Isto é mais crítico quando a ferramenta em questão tem um alto custo e tem

uma afiação cara, como é o caso da ferramenta de corte de dentes de engrenagens,

chamada de “caracol”. Z.STACHURSKI (1997) escreve que este processo denominado

em inglês “Hobbing” é o mais utilizado pelas empresas fabricantes de engrenagens.

Os caracóis mais utilizados atualmente são inteiriços de aço rápido revestidos

com carbonitreto de titânio e nitreto de titânio. Como as ferramentas são inteiriças, ao

final da vida as mesmas necessitam de uma nova afiação externa. Para que a vida

aproximada da ferramenta afiada seja próxima daquela obtida pela ferramenta nova, as

ferramentas devem receber um novo revestimento após a afiação. Para que esse

procedimento possa ser realizado sem causar distúrbios aos processos produtivos, é

necessário se tenha ferramentas reservas para se trabalhar enquanto a ferramenta

original esteja sendo afiada e revestida novamente. Quando se utiliza um caracol feito

de pastilhas de metal duro, pode-se eliminar a reafiação dos caracóis, o que é

interessante, pois com isso não serão mais necessários controles logísticos das

ferramentas em serviços em terceiros.

Os objetivos desse trabalho são:

- Verificar a viabilidade de se utilizar uma ferramenta tipo caracol com pastilhas

intercambiáveis de metal duro, em condições de fabricação de grandes volumes de

produção de corte de engrenagens cilíndricas de dentes retos e helicoidais a fim de

reduzir os tempos de usinagem das peças, já que esta operação é uma operação gargalo.

- Averiguar e estudar a variação dos desvios Fα, Fβ e ffβ de engrenamento

módulo 3 e módulo 6 para os caracóis com insertos de metal duro e para caracóis de aço

rápido.

- Apurar e analisar a vida e os custos dos caracóis com insertos de metal duro e

dos caracóis de aço rápido.

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Este trabalho está dividido em 8 capítulos, quais sejam:

Capítulo 1 – Introdução

Capítulo 2 – Análise do Produto

Capítulo 3 – Usinagem dos dentes de engrenagens

Capítulo 4 – Qualidade da peça

Capítulo 5 – Métodos Experimentais.

Capítulo 6 – Resultados e Discussões.

Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

Capítulo 8 - Referências bibliográficas.

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2 ANÁLISE DO PRODUTO CHAMADO ENGRENAGEM

2.1 Introdução Teórica

A primeira etapa dos trabalhos realizados na área da engenharia de fabricação é

a análise do produto a ser fabricado. Essa análise leva em contas várias características

que irão determinar, por exemplo: os meios de fixação, tamanho da máquina necessária,

ferramentas necessárias, roteiro de fabricação e material do produto. Dentre essas

variáveis, o material do produto é um item muito importante, pois o mesmo pode alterar

consideravelmente outras variáveis envolvidas na manufatura do produto.

A aplicação das engrenagens é ampla, ou seja, podem ser utilizadas em relógios

de pulso (pequenas dimensões), como também na área de mineração, em acionamento

de moendas de cana de açúcar ou em navios (grandes dimensões). Nestes casos atingem

diâmetros que podem variar de 2,0 a 2,5 m.

CROCKET (1971) diz que a engrenagem é uma das peças mecânicas mais

importantes na área de transmissão de movimentos, pois é um elemento de máquinas

que transmite o movimento através dos seus dentes ao longo da sua periferia. A figura

2.1 apresenta o tipo mais comum de engrenagem, a engrenagem cilíndrica de dentes

retos (em Inglês “spur gear”).

Figura 2.1: Engrenagem Cilíndrica de Dentes Retos (SANTOS JUNIOR,

2003)

SANTOS JUNIOR (2003) afirma que o termo engrenagem, embora possa ser

empregado para designar apenas um dos elementos, normalmente é empregado para

designar a transmissão de movimento. Uma transmissão por engrenagens é composta de

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dois ou mais elementos. Quando duas engrenagens estão em contato, a menor delas é

chamada de pinhão e a maior de coroa.

Atualmente as engrenagens apresentam em seus dentes uma curvatura que torna

mais eficiente a transmissão do movimento enquanto rolam entre si, chamado de perfil

evolvente, que facilita a reprodução de movimento.

Para uma melhor exemplificação da curva evolvente, a figura 2.2 apresenta sua

construção geométrica.

Figura 2.2: Construção da Evolvente (LIEBHERR, 2008)

2.2 Termos utilizados em dentes de engrenagens

LIEBHERR (2008) ilustra alguns termos que são comuns na elaboração e

fabricação de engrenagens:

Linha do diâmetro primitivo (Basic Lead no inglês) é a linha mais

importante de uma engrenagem, pois será a base para o engrenamento. É

nesta linha que se dá o contato com a engrenagem par para possibilitar a

transmissão de movimento. Também é utilizada a grandeza raio primitivo que

é obtido pela divisão do diâmetro primitivo por dois.

Aresta da ponta (Tip edge no inglês) é a linha que faz a intersecção entre o

diâmetro externo da engrenagem e o perfil do dente.

Flanco esquerdo (Left flank no inglês) é o lado esquerdo do dente, em uma

vista frontal da engrenagem.

Flanco direito (Right flank no inglês) é o lado direito do dente, em uma vista

frontal da engrenagem.

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A figura 2.3 ilustra melhor a localização dos termos diâmetro primitivo, arestas

de ponta, flanco esquerdo e flanco direito.

Figura 2.3: Ilustração de alguns termos de engrenagens (LIEBHERR, 2008)

Ponta superior do flanco (Tip flank ou addendum no inglês) é a parte

superior do dente a partir do diâmetro primitivo até o diâmetro externo da

engrenagem.

Raiz do Flanco (Root flank ou dedendum no inglês) é a parte inferior do

dente a partir do diâmetro primitivo até o diâmetro inferior que termina o

dente.

A figura 2.4 ilustra a localização dos termos Ponta superior do flanco e raiz do

dente.

Figura 2.4: Ponta e raiz do dente (LIEBHERR, 2008)

Protuberância (Protuberance ou undercut no inglês) é um alívio ou canal

realizado na parte inferior do dente nas proximidades do fundo ou raiz do

dente, visando principalmente facilitar a retificação dos dentes (facilitar a

saída do rebolo). No momento da retificação, se a engrenagem não tiver

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protuberância, qualquer diferença de material que houver na peça, o rebolo

pode ser danificado ao colidir com o fundo dos dentes ou pode sobrar

material no fundo dos dentes, o que é prejudicial para o funcionamento da

engrenagem. A protuberância soluciona esse problema, pois com o canal na

raiz do dente o rebolo não precisa ir até o fundo do dente. (Figura 2.5)

Figura 2.5: Protuberância (LIEBHERR, 2008)

2.3 Módulo para engrenagens

HENRIOT (1979) explica que uma das grandezas mais importantes nos

engrenamentos é o módulo, pois para que possa haver o engrenamento de duas rodas

dentadas é necessário que as duas tenham o mesmo módulo, a fim de que os espaços

entre os dentes sejam compatíveis. O módulo é expresso em milímetros e pode ser

obtido pela equação 2.1:

𝑚 =𝑝

𝜋 Equação (2.1)

Onde p é o passo primitivo, que é distância entre um dente e outro, incluindo

também o vão entre dentes (figura 2.6):

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Figura 2.6: Ilustração do passo em uma engrenagem

HENRIOT (1979) também define que o passo primitivo é obtido pela equação

2.2:

𝑝 =2𝜋𝑟

𝑍 Equação (2.2)

Onde r é o raio primitivo e z o número de dentes da engrenagem.

Substituindo a equação 2.2 em 2.1 temos a equação 2.3:

𝑚 =2𝜋𝑟

𝑍𝜋=

𝑑

𝑍 Equação (2.3)

Onde d é o diâmetro primitivo.

Alternativamente, a equação (2.3) também pode ser escrita pela equação 2.4:

𝑑 = 𝑚𝑧 Equação (2.4)

FLORES e GOMES (2014) explicam que o módulo em conjunto com o número

de dentes define as dimensões e a resistência mecânica de qualquer engrenagem. A

figura 2.7 ilustra a variação do tamanho e do número de dentes de uma engrenagem,

para um mesmo diâmetro primitivo, em função do módulo e concluem que o aumento

do módulo também aumenta o tamanho do dente e por consequência a resistência da

engrenagem. Por outro lado, com o aumento do módulo, diminui a quantidades de

dentes.

Raio Primitivo

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Figura 2.7: Módulo e número de dentes. (FLORES e GOMES, 2014)

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3 USINAGEM DE DENTES DE ENGRENAGENS

3.1 Introdução Teórica

A busca por aperfeiçoamento na fabricação de engrenagens tem levado os

fabricantes de máquinas e de ferramentas para fabricação de engrenagens a investirem

em pesquisas tecnológicas para que sejam alcançadas máquinas e ferramentas que

possam fazer os dentes necessários em um tempo cada vez menor, buscando a

manutenção da competitividade, fazendo melhor no menor tempo possível.

A figura 3.1 ilustra alguns tipos de processos de “usinagem em verde” (antes do

tratamento térmico) utilizados atualmente para dentes de engrenagens:

Figura 3.1: Processos para a Fabricação de engrenagens (LIEBHERR, 2008) com

adaptações de (STADTFELD,2014) e (SANDVIK,2017)

Os processos de fabricação de corte por formação com disco de corte

normalmente são utilizados em máquinas convencionais tipo fresadora universais com

disco divisor para produção de pequenos lotes de produção. Também são utilizados para

pequenos ou grandes lotes de peças que possuem poucos dentes.

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Já os processos por geração são mais flexíveis e, por isso, podem ser utilizados

em peças de mesmo módulo com número de dentes diferente e também, por terem o

tempo de fabricação menor, são utilizados em fabricação em lotes de produção seriada.

Os processos de Fundição e modelação normalmente são utilizados em produtos

que não tenham exigência de esforços mecânicos e também não seja requerida uma boa

qualidade final dos produtos. Pode se citar como exemplo de utilização, as engrenagens

utilizadas em brinquedos.

3.2 Funcionamento da Máquina de corte de engrenagem tipo HOB

Nos primórdios da utilização de engrenagens, seus dentes eram fabricados em

fresas módulos ou plainas que possuem um tipo de processo em que a ferramenta de

corte utilizada era um disco de corte que girava para usinar o corte de material, e a

divisão dentes era realizada através de um cabeçote divisor, que determinava o ângulo

de divisão dos dentes. Com o passar do tempo, foi-se agregando tecnologia a esse

processo e atualmente os fabricantes de engrenagens já possuem máquinas de corte de

engrenagens CNC com 6 eixos ou mais para realizar todos os movimentos necessários.

As máquinas modernas possuem transmissão direta no fuso superior da máquina

(no qual está presa a ferramenta) e no movimento da mesa (na qual está presa a peça) o

que reduz as perdas de potência. Além disso, estas máquinas possuem potência e torque

elevados nos fusos que, combinados com a capacidade para altas rotações, propiciam a

utilização de altos parâmetros de cortes (avanços, velocidades de corte e profundidade

de corte). Observando que para que seja possível o incremento dos parâmetros de corte

tem se estudado e melhorado também o sistema de fixação das engrenagens na máquina.

O sistema mais eficaz utilizado atualmente é a fixação pelo furo central da engrenagem

através de um mandril expansivo e de um copo com dentes rígidos que se movimenta no

sentido axial e fixa a face da engrenagem e ajuda o arraste da mesma.

Os movimentos dos 6 eixos da máquina com a peça fixada na máquina podem

ser melhor observados na figura 3.2.

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Figura 3.2: Movimento dos eixos da máquina (LIEBHERR, 2008)

A figura 3.3 mostra um esquema do corte de dentes de uma engrenagem com

cortador caracol (HOB).

Figura 3.3: Exemplo de corte de engrenagem com caracol HOB (LIEBHERR, 2008)

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3.3 Ferramenta para corte de engrenagem tipo HOB

Para a fabricação de engrenagem usando o método de geração frequentemente é

utilizada uma ferramenta chamada de Caracol (HOB). A ferramenta é assim chamada

pois possui um formato cilíndrico com dentes de corte no diâmetro externo em forma de

caracol. (Figura 3.4). O formato de caracol permite o corte simultâneo de mais de um

dente da engrenagem, assim como permite a divisão da área de corte entre os dentes

ativos do caracol. O caracol é responsável por executar e deixar adequado o perfil ou o

ângulo de pressão da engrenagem, como por exemplo, addendum, dedendum e

protuberância.

A maioria dos caracóis possui um furo no seu centro, onde é montado um

mandril para que seja realizada a fixação na fresadora de dentes de engrenagens (figura

3.4). Quando é necessária uma melhor precisão de montagem do caracol, o mandril já é

usinado de forma inteiriça no caracol, eliminando-se com isso as folgas oriundas da

montagem do caracol no mandril.

Figura 3.4: Esquema de ferramenta para corte tipo HOB (LANGE, 2003)

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3.4 Princípios da geração de dentes de engrenagens

QUIRINO (2000) afirma que o processo de geração da engrenagem tem como

princípio fundamental o fato de que a ferramenta de corte e a peça representam um par

engrenado “coroa/parafuso sem fim” associado a um movimento de corte.

Naturalmente, o caracol é um “parafuso sem fim”, não de contato contínuo, mas sim de

arestas cortantes sucessivas, não se tendo a curva evolvente teórica, mas sim uma

família de tangentes. Assim, o princípio de trabalho de um cortador caracol é a geração

de um perfil por rotação de um cilindro (diâmetro primitivo da peça) sobre um plano

(reta primitiva da cremalheira do cortador), conforme mostra a figura 3.5.

Figura 3.5: Famílias de Tangentes (QUIRINO, 2000)

QUIRINO (2000) também demonstra que durante a usinagem a ferramenta gira

rapidamente, enquanto a peça gira lentamente, satisfazendo a relação de rotação do

engrenamento (i), conforme equação 3.1.

𝑖 =𝑍𝑐

𝑍𝑝=

𝑅𝑝

𝑅𝑐 Equação (3.1)

Onde:

Zp = Número de dentes da peça.

Zc = Número de entradas do caracol

Rp = Rotação da peça por minuto (rpm)

Rc = Rotação do caracol por minuto (rpm)

PHILLIPS (1998) ilustra os movimentos de corte que o caracol executa na

engrenagem em sete etapas distintas (figura 3.6). Cada linha adicional desenhada nesta

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ilustração sobre o dente da engrenagem representa a trajetória e a ação de corte de um

dente do caracol.

Figura 3.6: Etapas da formação de um dente de engrenagem. (PHILLIPS, 1998)

SANDVIK (2015) demonstra a formação do vão do dente da engrenagem em 10

etapas diferentes do caracol (figura 3.7). O cavaco vai se modificando ao longo das

etapas, ou seja, no início do corte o cavaco possui uma espessura maior, que aumenta

um pouco à medida que os primeiros dentes realizam suas tarefas, porém com o passar

dos dentes a largura de corte tende a aumentar e a espessura diminuir. Já do meio para o

final do corte os dentes do caracol realizam o acabamento dos dentes da peça que

também é denominado perfilamento. (Figura 3.8)

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Figura 3.7: A formação do cavaco no fresamento de dentes. (SANDVIK,

2015)

Figura 3.8: Formação do cavaco no caracol. (LIEBHERR, 2008)

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3.5 Tipos de fresamento de dentes de engrenagem tipo "Hobbing"

Segundo a posição da ferramenta em relação à peça o fresamento de dentes de

engrenagens tipo “Hobbing” é classificado em:

Fresamento de dentes axial. É a operação mais utilizada na abertura de dente

de engrenagem na qual o caracol de corte é posicionado na tangente do diâmetro

externo da peça e o avanço de corte da ferramenta acontece de modo paralelo ao centro

imaginário da peça. (Figura 3.9). Como no fresamento tangencial convencional, o

fresamento de dentes axial também pode ser concordante ou discordante.

No fresamento axial para se obter um desgaste uniforme de todos os dentes de

cortes dispostos no comprimento da ferramenta caracol, após a usinagem de uma peça é

realizado um deslocamento no axial da ferramenta denominado “shifting”, que faz com

que sejam utilizados dentes diferentes daqueles utilizados na peça anterior. LIEBHERR

(2008) destaca que para facilitar a utilização desse recurso, as máquinas modernas

realizam esse procedimento de forma automática e parametrizada, o que aumenta a vida

útil da ferramenta.

Figura 3.9: Fresamento de dentes axial (LIEBHERR, 2008)

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DINIZ (2013) define que o fresamento discordante é aquele em que o ângulo de

contato do dente da fresa com a peça φ cresce de zero até um valor máximo (o sentido

do movimento de avanço é contrário ao sentido do movimento rotatório da fresa) e o

fresamento concordante é aquele em que o ângulo φ começa em um valor máximo e

decresce até zero (o sentido do movimento de avanço é o mesmo do movimento

rotatório da fresa). O ângulo de contato do dente φ é o ângulo entre uma linha radial

que passa pelo ponto de contato aresta da peça e outra linha radial que passa pelo ponto

em que a espessura do cavaco formado é zero.

O fresamento de dentes discordante apresenta como desvantagem um maior

desgaste da ferramenta devido ao fato de que, no início do corte a espessura do cavaco é

zero, o que gera um grande atrito, deformação plástica na região da peça de entrada da

ferramenta e altas temperaturas que deixam a região encruada para o corte do próximo

dente. Já como vantagem, o fresamento de dente discordante, diferentemente do

fresamento convencional, segundo LIEBHERR (2008) apresenta um melhor

acabamento superficial em relação ao fresamento de dentes concordante.

O fresamento de dentes concordante apresenta como vantagem um menor

desgaste de ferramenta, porém é necessária uma maior estabilidade do conjunto

máquina e fixação da peça e que a máquina possua fusos de esferas recirculantes, isto é,

que não possuam folga entre o fuso e a esfera do sistema de avanço da máquina. Como

as máquinas e dispositivos modernos são mais estáveis e, em geral, possuem fusos de

esferas recirculantes, o fresamento de dentes concordante é o mais utilizado nas fábricas

que fabricam engrenagens.

Com esse tipo de fresamento, para a usinagem de engrenagens cilíndricas com

dentes retos, é preciso inclinar o cabeçote da fresa caracol no mesmo valor e sentido do

ângulo de hélice do caracol. Já para a usinagem de engrenagens cilíndricas de dentes

helicoidais, a inclinação do eixo porta-ferramenta deve ser acrescida ou diminuída do

ângulo de inclinação da hélice da engrenagem. Para tanto basta saber se a hélice do

caracol e a hélice da peça tem sentido à direita ou à esquerda, ou seja, se as duas hélices

tiverem o mesmo sentido deverá ser realizado a somatória dos dois valores. Caso os

sentidos dos ângulos de hélices sejam opostos deve-se realizar a subtração do maior

valor pelo menor e o sentido de inclinação será o sentido do ângulo de maior valor.

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Shifting e Sub-shifting. Segundo Quirino (2000) são estratégias

utilizadas no fresamento axial para que haja uma distribuição do desgaste

igualmente por toda a ferramenta é utilizado uma estratégia denominada

"shifting", que é o deslocamento tangencial do cortador enquanto o corte

não está ocorrendo. Para a utilização de caracol de aço rápido uma das

estratégias utilizadas é um grande deslocamento tangencial para que se

tenha uma ótima distribuição de temperatura no cortador caracol. Para

uniformizar ainda mais o desgaste, depois de completado o "Shifting"

total, a ferramenta não retorna ao ponto inicial, desloca-se uma fração do

tamanho do "shifting", que é chamado "sub-shifting"

Fresamento de dentes tangencial para coroas sem fim. Processo

utilizado apenas na fabricação de coroas sem fim, em que a usinagem dos

dentes é realizada com o avanço axial da ferramenta chamado “shifting”

ao longo da peça de trabalho (Figura 3.10). LIEBHERR (2008) observou

que no caso de se utilizar esse processo é aconselhável a utilização de

caracol cônico para reduzir o número de passes, pois com a superfície

cônica é possível fazer escalonamentos dos dentes de corte e, portanto, é

possível trabalhar com uma profundidade de corte maior, diminuindo por

consequência a distância de deslocamento tangencial da ferramenta e o

tempo de usinagem. Além disto, o desgaste da ferramenta se dá de forma

igual ao longo dos dentes do caracol.

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Figura 3.10: Fresamento de dentes tangencial (LIEBHERR, 2008)

Fresamento de dentes em diagonal. Esse tipo de fresamento de dentes

consiste em uma combinação do fresamento de dentes axial e do

fresamento de dentes tangencial, ou seja, a usinagem dos dentes é

realizada através da combinação do deslocamento na direção axial do

cortador caracol com o deslocamento paralelo a direção axial da peça de

trabalho. (Figura 3.11). Segundo LIEBHERR (2008) esse tipo de

fresamento apresenta como principal vantagem o desgaste homogêneo de

todas as arestas de corte da ferramenta, pois todas as arestas de corte

participam da usinagem da peça, não sendo necessário executar o

deslocamento axial “shifting” para equilibrar o desgaste das arestas de

corte da ferramenta. Contudo esse tipo de processo não é muito utilizado

porque a qualidade da peça é afetada pela qualidade do caracol. Isso

acontece porque a ferramenta é deslocada na direção axial durante a

usinagem da peça. E normalmente a ferramenta apresenta desvios,

principalmente no ângulo de hélice e, devido à forma dos movimentos,

esses desvios são transferidos para a peça de trabalho.

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Figura 3.11: Fresamento de dentes Diagonal (LIEBHERR, 2008)

3.6 A evolução das fresas para corte de engrenagem

O disco de corte ou fresa singela foi uma das primeiras ferramentas utilizadas

para a usinagem de dentes de engrenagens, (Figura 3.12) utilizando o método de corte

dos dentes por formação. Neste tipo de processo a ferramenta possui o formato inverso

do perfil dos dentes e os mesmos são formados um a um. A ferramenta entra e sai da

peça na usinagem de todos os dentes. Esta é uma ferramenta normalmente inteiriça de

Aço rápido mais simples de fazer quando comparado com as outras ferramentas que

podem ser utilizadas para abrir engrenagens. Por isso, possui um baixo custo de

aquisição inicial, porém por ter um perfil único e por usinar um dente por vez, torna o

tempo de usinagem mais elevado. É bastante utilizado em fresadoras convencionais para

fazer dentes de engrenagens em empresas que possuem um volume muito baixo de

produção ou para usinar rosca sem fim em grande ou pequena escala. Para a produção

seriada de roscas sem fim, também é possível encontrar fresas singelas com coberturas

modernas ou com substrato de metal duro.

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Figura 3.12: Fresa singela ou disco de corte. (LMT FETTE, 2017)

Com o passar do tempo houve a evolução desta ferramenta que é a Fresa singela

ou disco de corte com pastilhas intercambiáveis. Ferramenta criada com um corpo de

aço e com pastilhas de metal duro intercambiáveis, para se ter uma fresa ou disco mais

barato e com mais tenacidade e, por outro lado, podendo obter a aresta de corte da

ferramenta em metal duro, conseguindo com isso, uma melhor resistência ao desgaste

em altas temperaturas. Segundo DEBONE (2011) com pastilhas intercambiáveis,

quando as mesmas estão desgastadas, é necessária somente a troca por outras em bom

estado, sem ser necessária a reafiação dos dentes. A principal vantagem do disco de

corte com pastilhas é a utilização de altas velocidades de corte que implica na redução

do tempo de fabricação das peças. (Figura 3.13)

Figura 3.13: Disco de Corte com pastilhas intercambiáveis. (SANDVIK, 2017)

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WINKEL (2010) afirma que os discos de corte são adequados para usinar

engrenagens em que não é possível a utilização de fresa caracol com pastilhas

intercambiáveis, como por exemplo, a usinagem de dentes internos, ou usinagem de

engrenagens com módulos grandes, que possuem pequeno volume de produção.

Segundo os fabricantes SANDVIK (2017), INGERSOLL (2017) e LMT FETTE

(2017) estão disponíveis os discos de corte para engrenagens com módulos entre 3 e 36

mm. SANDVIK (2017) informa que para se obter uma maior produtividade para os

módulos grandes, é possível se trabalhar também com discos duplos que usinam dois

dentes ao mesmo tempo, conforme a figura 3.14.

Figura 3.14: Disco duplo de corte (SANDVIK, 2017)

Paralelamente à evolução dos discos de corte, houve a evolução no processo de

fabricação da ferramenta de corte, e criou-se o processo de usinagem de dentes por

geração e a fresa caracol denominada HOB (Figura 3.15). Sua principal vantagem é a

possibilidade de se usinar os dentes de uma engrenagem em um tempo menor. Isso é

possível pela usinagem simultânea de vários dentes.

Inicialmente a ferramenta deste tipo era feita de aço rápido sem cobertura.

Posteriormente começou-se a recobrir a ferramenta de aço rápido para se conseguir

maior vida da ferramenta. Outras evoluções foram o metal duro e o aço rápido

sinterizado (HSS-PM) como substratos das ferramentas recobertas. Segundo LMT

FETTE (2011), a evolução do material do substrato do caracol permitiu uma maior

resistência ao desgaste, maior dureza, maior robustez e por consequência permitiu uma

economia para os fabricantes de engrenagens. LIEBHERR (2004) afirma que para a

escolha do melhor substrato a ser utilizado é necessário se fazer um estudo de custo

contra benefício, pois o aço rápido sinterizado (HSS-PM) apresenta vantagens: menor

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custo de aquisição da ferramenta, menor custo de afiação e maior tenacidade. Já o metal

duro apresenta como vantagem: maior resistência ao desgaste e por consequência a

possibilidade de se trabalhar com maiores velocidades de corte.

Figura 3.15: Fresa Caracol com furo central (LMT FETTE, 2010)

Além da evolução no substrato da ferramenta, também houve uma evolução na

área do revestimento dos caracóis, que passaram de nitreto de titânio (TiN) para

Carbonitreto de titânio (TiCN) e depois para nitreto de Titânio-alumínio (TiAlN) ou

Nitreto de Alumínio-cromo (CrAlN). Segundo LMT FETTE (2010), a evolução dos

revestimentos teve como ganhos aumento da dureza superficial da ferramenta, aumento

da temperatura suportada em trabalho e possibilidade de redução da espessura de

camada necessária.

Na parte geométrica do cortador também tem havido importantes evoluções. A

principal delas é o aumento do número de canais (vão entre os dentes de corte).

PHILLIPS (1998) afirma que quanto maior o número de canais, maior também será o

número de arestas de corte. Com maior quantidade de dentes, a carga individual de

cavaco por dente será menor e resultará no aumento da vida útil da ferramenta e na

redução dos erros de forma e posição da engrenagem. Como desvantagem essa evolução

gerou a diminuição do número possível de afiações do caracol, já que a espessura do

dente ficou menor, deixando com isso o custo da ferramenta maior. Contudo PHILLIPS

(2008) defende a aplicação desta estratégia, pois com ela é possível trabalhar com

avanços maiores e com isso obter uma redução no tempo de ciclo da peça e, por

consequência, no custo da máquina agregado à operação. PHILLIPS (1998) também

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afirma que, em muitos casos, o custo com a máquina é 20 vezes maior que o custo com

a ferramenta, o que viabiliza a utilização deste conceito.

Segundo STOTT (2011) e KLOCKE (2014) a evolução continuou devido ao

aumento da produção de engrenamentos para utilização em equipamentos de energias

renováveis, como por exemplo, a energia eólica, que possuem peças dentadas com

módulos grandes. Para acelerar este tipo de produção desenvolveu-se uma fresa caracol

com corpo de aço e com pastilhas de metal duro intercambiáveis, visando uma melhor

resistência ao desgaste em altas temperaturas. Como o disco de corte, a fresa caracol

com pastilhas intercambiáveis possui a vantagem da troca das pastilhas quando as

mesmas estão desgastadas. Com isso não é necessário a reafiação dos dentes, que gera

tarefas logísticas e custos do trabalho de reafiação. A principal vantagem desta

ferramenta é a possibilidade de se utilizar velocidades de cortes compatíveis com o

metal duro que são bem maiores do que as velocidades das ferramentas de Aço Rápido

com coberturas. Com o aumento da velocidade de corte, o tempo de usinagem das peças

diminui e por consequência diminui também o custo de fabricação, pois o mesmo

depende do tempo de usinagem.

LMT FETTE (2017) afirma que o caracol com pastilhas intercambiáveis é o que

se tem de mais novo em termos de ferramentas para corte de dentes de engrenagens e

que essa tecnologia já está madura para ser amplamente utilizada no meio industrial.

WINKEL (2009) construiu um gráfico que mostra as faixas de rotação e torque

para cada uma das ferramentas (figura 3.16) como também faz recomendações para

espessura máxima de cavaco para o caracol com pastilhas intercambiáveis e para o

disco de corte com pastilhas de metal duro, para que seja mantida a integridade da

ferramenta (Tabela 3.1).

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Figura 3.16: Gráfico de Torque x rotação (WINKEL,2009)

Tabela 3. 1: Recomendação para espessura máxima do cavaco WINKEL (2009)

Recomendação para espessura máxima de cavaco (mm)

σt do material

(N/mm²)

Disco com insertos

intercambiáveis

Caracol com insertos

intercambiáveis

500 – 750 0,1 0,2

750 – 1000 0,08 0,17

1000 0,06 0,15

Em seus estudos KARPUSCHEWSKI (2014) utilizou uma espessura máxima de

cavaco de até 0,28 mm para materiais de até 750 N/mm² com a recomendação da

verificação se haverá sobremetal suficiente para a posterior retificação de dentes.

SANDVIK (2015) define a equação da espessura máxima do cavaco (hex) para

processos de fresamento de dentes tipo Hobbing como sendo:

ℎ𝑒𝑥 = 𝑓𝑧 × 𝑠𝑒𝑛(𝐶𝑂𝑆−1 (1 −2×𝑎𝑒

𝐷𝑐)), Equação (3.2)

Onde:

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hex é a espessura máxima dos cavacos por dente de corte.

fz= avanço por dente.

ae= profundidade de corte.

Dc= Diâmetro de corte.

SANDVIK (2017), LMT FETTE (2017) e INGERSOLL (2017) informam que

estão disponíveis no mercado fresas caracol com pastilhas intercambiáveis para usinar

engrenagens na faixa de módulo 3 mm até módulo 10 mm. Estas fresas produzem

engrenagens com classe B de tolerância, de acordo com a DIN3968.

Segundo a norma DIN3968 as fresas caracóis são classificadas da maior para a

menor precisão em termos de tolerâncias de forma e posição em: AA, A, B, C e D.

Segundo SAMPUTENSILI S.P.A (2017) as classes C e D não estão tendo mais

utilização atualmente e as outras classes são utilizadas para obter:

Caracol classe AA produz peça com qualidade DIN 8(AGMA 8)

Caracol classe A produz peça com qualidade DIN 9(AGMA 7)

Caracol classe B produz peças com qualidade DIN 10 (AGMA 6)

No capítulo 4 é explicada a classificação de qualidade das peças segundo as

normas DIN e AGMA.

Esta fresa possui interface de alta precisão entre a pastilha e o cassete, que

protege o corpo em caso de colisão ou quebra do inserto (Figura 3.17). Para se obter

uma melhor rigidez, ela pode ser construída com um corpo inteiriço, o que é uma

excelente alternativa para substituir os caracóis de aço rápido, podendo diminuir o

tempo de usinagem em até oito vezes.

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Figura 3.17: Caracol com pastilhas intercambiáveis módulo 3-10 mm

(SANDVIK, 2017)

Para módulos entre 10 e 24 mm a SANDVIK (2017), LMT FETTE (2017) e

INGERSOLL (2011) produzem a fresa caracol com segmentos externos removíveis,

que envolvem o diâmetro do cubo da fresa. Esses segmentos formam o caracol

propriamente dito e recebem pastilhas de fixação tangenciais com quatro arestas de

corte. A qualidade atingida neste caso também é o grau B e em casos especiais pode ser

produzido até para engrenagens com módulo 40 mm (figura 3.18).

Figura 3.18: Caracol com pastilhas intercambiáveis módulo 8-24 mm.

(SANDVIK, 2017)

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3.7 Outros processos de corte de engrenagem

Um processo de abertura de dentes de engrenagem que merece destaque é o

cortador tipo “Shaper” que é utilizado em um processo denominado “Fellows”.

LIEBHERR (2008) explica que para se usinar as engrenagens de dentes retos

neste processo, a peça de trabalho e a ferramenta realizam uma “transmissão” com os

eixos paralelos, em um contínuo avanço rotativo proporcional de acordo com o número

de dentes dos mesmos. Ao mesmo tempo a ferramenta se move para baixo para a

realização do corte de material. Durante o retorno de curso da ferramenta é realizado um

recuo radial da ferramenta em relação à peça para se evitar atritos e colisões. (Figura

3.19)

Figura 3.19: Cinemática do processo tipo shaper - Dentes retos (LIEBHERR, 2008)

A usinagem de dentes helicoidais utiliza os mesmos princípios da usinagem de

dentes retos, com o acréscimo que, nesta operação, a ferramenta realiza movimento

helicoidal alternativo juntamente com o movimento rotativo de rolamento na peça.

(Figura 3.20)

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Figura 3.20: Cinemática do processo de corte tipo shaper - Dentes helicoidais

(LIEBHERR, 2008)

Segundo LIEBHERR (2008), o processo de corte tipo “shaper” ou “fellows” é

utilizado principalmente quando não há possibilidade ou é complicada a utilização do

processo tipo “HOB”, como é o caso de:

Engrenagens externas com pequena saída de ferramenta (figura 3.21).

Para esse caso não é possível a utilização de uma ferramenta tipo

“HOB”, pois durante o avanço a mesma pode colidir com a peça.

Figura 3.21: Engrenagem com pouca saída de ferramenta (LIEBHERR, 2008)

Engrenagens internas. (Figura 3.22). Embora existam máquinas que

possuem um suporte para ferramenta “tipo L” o que faz com que seja

possível a utilização de ferramenta tipo “HOB” para usinar dentes

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internos, existe limitações de diâmetro interno mínimo em que é

possível a entrada do suporte. Outro ponto a ser considerado é a rigidez

do sistema, que com o suporte nem sempre é adequada para se obter a

qualidade requerida na peça.

Figura 3.22: Engrenagem internas. (LIEBHERR, 2008)

Engrenagem com dupla hélice (Figura 3.23). A utilização de cortador

shaper para esse tipo de peça é ideal, pois se consegue parar a

usinagem exatamente na linha de divisão das hélices. Para se obter a

peça com a ferramenta tipo “HOB” seria necessário que a peça tivesse

um alívio entre as duas hélices do tamanho ou maior que o raio da

ferramenta, o que nem sempre é possível.

Figura 3.23: Engrenagem de dupla hélice (LIEBHERR, 2008)

E por último também merece destaque o processo denominado “Power skiving”

que segundo SANDVIK (2017) e STADTFELD (2014) é um processo que combina a

dinâmica e a cinemática dos processos de “Hobbing” e “Shapping”, com uma

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ferramenta parecida com as ferramentas tipo "Fellows", mostrada na figura 3.24. Este

processo foi concebido em 1910, porém só recentemente começou a ser mais utilizado

devido à necessidade de ser ter um sincronismo preciso dos eixos das máquinas

ferramentas que só foi conseguido pelos fabricantes de máquinas recentemente.

HYATT (2014) e SANDVIK (2017) explica que tipicamente o processo de “Power

skiving” é de quatro a cinco vezes mais rápido quando comparado ao processo de

“Shapping”. Isso é possível porque neste processo a geração dos dentes é realizada de

uma só vez e não são necessários os movimentos não produtivos da ferramenta de

entrada e saída da peça, realizado dente a dente no processo de shaper.

Figura 3.24: Geometria e Cinemática Básica para o processo de Power Skiving,

STADTFELD (2014).

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Figura 3.25: Ferramentas para processo Power Skiving com pastilhas

intercambiáveis de metal duro, INGERSOLL (2017).

3.8 Processos de acabamento de engrenagens

LANGE (2003) descreve os típicos processos de acabamento de engrenagem e

suas utilizações. São eles:

Fresamento de dentes de engrenagem em duro (após o tratamento

térmico) com fresa tipo caracol (Hard Hobbing ou Skiving hob no

inglês). É utilizado por algumas empresas que fazem engrenagens de

sincronismo de motores de veículos. YONEKURA (1998) e YONG

(2013) comentam que esse processo pode ser utilizado para engrenagens

de módulos médios e grandes de qualidade não tão alta visando obter um

custo de fabricação baixo e uma alta produtividade.

Shaving ou raspagem no português (nas indústrias o mais utilizado é o

termo em inglês). Realizado na peça em verde (antes do tratamento

térmico). É utilizado em empresas que fazem engrenagens para

transmissões e redutores de velocidade para engrenagens de dentes retos

e dentes helicoidais.

Retificação de dentes. Realizado após o tratamento térmico por

empresas que fazem transmissões com engrenagens de dentes retos e

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helicoidais. Também é utilizado em transmissões axiais, também

chamada de engrenagens cônicas hipoidais.

Brunimento (honing no inglês). Também utilizado em engrenagem de

transmissões.

Lapidação. Utilizado em engrenagens cônicas e engrenagens axiais

(engrenagens cônicas hipoidais).

Um processo de acabamento que merece destaque é a retificação que é utilizada

para se obter engrenagens com melhor qualidade, em que e é possível atingir qualidade,

classificação DIN 3 ou 4.

As engrenagens grandes normalmente necessitam ser retificadas, pois durante o

processo de tratamento térmico ocorrem distorções dimensionais consideráveis no perfil

dos dentes e a retificação corrige essas distorções.

LIEBHERR (2008) afirma que há dois tipos de processos retificação de dentes

de engrenagens:

Retificação de Dentes por geração. Neste caso o rebolo se parece com

caracol utilizado no processo “HOB”, que consiste no movimento de

“engrenamento” da ferramenta com a peça, como se fosse uma coroa e

um parafuso sem-fim, o que faz com que todos os dentes sejam

retificados simultaneamente (figura 3.26).

Figura 3. 26: Retificação de dentes de Engrenagens por geração (LIEBHERR,

2008)

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Como vantagem, esse processo apresenta tempos pequenos de usinagem,

pequeno tempo de contato entre a peça e ferramenta, que diminui a tendência do

fenômeno denominado queima de retificação. Os rebolos podem ser construídos de

óxido de alumínio ou CBN.

Retificação de dentes por perfil. Nesse processo o rebolo se parece com

o disco de corte, utilizado para o desbaste. O rebolo recebe a forma

através da dressagem do perfil de um dente e executa a usinagem da peça

dente por dente. É possível retificar a raiz do dente, assim como fazer

geometrias complexas facilmente com a “dressagem” do rebolo. Os

rebolos podem ser construídos de óxido de alumínio ou CBN. Como

vantagem, o rebolo para retificação por perfil apresenta um custo inferior

de aquisição quando comparado ao rebolo utilizado na retificação por

geração. Por outro lado, os tempos de usinagem são mais elevados

(Figura 3.27).

Figura 3.27: Retificação de dentes de Engrenagens por formação (LIEBHERR,

2008)

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4 QUALIDADE DA PEÇA

4.1 Introdução Teórica

Em um mundo globalizado em que a competitividade se torna cada vez maior,

seja devido à facilidade de importar produtos de outros países ou aos próprios

competidores nacionais, é de suma importância que uma empresa produtora de

engrenagem, seja em larga ou baixa escala, produza produtos com qualidade dentro do

especificado já na primeira oportunidade, para que as falhas nos equipamentos finais em

funcionamento sejam muito próximas de zero e, com isso, sejam mínimos os custos

com retrabalhos, refugos e consertos em garantia.

Visando uma padronização na qualidade obtida nas engrenagens para serem

utilizadas em equipamentos de aplicação similar ou equivalente, a AGMA (Associação

Americana de Fabricantes de Engrenagens) nos Estados Unidos e o DIN (Instituto

Alemão de normalização) na Alemanha estabeleceram alguns padrões a serem

observados por seus membros. Como os grandes fabricantes de máquinas equipadas

com engrenagens possuem sede em um destes dois países, os mesmos seguem estas

duas normas e os demais países, como o Brasil, também utilizam e aceitam estes

padrões.

Se por um lado na norma DIN, o Grau de qualidade começa com 1 e termina

com 11, sendo que quanto menor o grau, melhor será a qualidade atingida na fabricação,

na norma AGMA, a qualidade começa com 7 e termina com 15 e, neste caso, quanto

maior o grau de qualidade melhor será a qualidade da engrenagem.

LANGE (2003) criou uma comparação entre as classes de qualidade AGMA e

DIN, bem como relacionou a essas classes de qualidade as respectivas aplicações destas

engrenagens. Esta comparação está detalhada na tabela 4.1.

Com base na tabela 4.1 é possível observar que as engrenagens que possuem

uma especificação de qualidade DIN inferior ao grau 7 (número menor que 7) devem

necessariamente ter o dentado acabado com o processo de Retificação de dentes. Já as

que possuem uma qualidade inferior (número maior que 7), podem ter o dentado

acabado em processos alternativos e que apresentam custos inferiores de fabricação,

como o de shaving ou hobbing.

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Tabela 4.1: Intervalo de Aplicação das engrenagens (LANGE, 2003)

LANGE (2003) também faz uma correlação entre a qualidade alcançada e os

métodos de usinagem de fabricação das engrenagens. Na tabela 4.2 pode-se observar e

com isso escolher qual o melhor processo ou ferramenta a ser utilizada para atingir a

qualidade requerida em projeto ou desenho.

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Tabela 4.2: Qualidade Atingida em diversos métodos de fabricação (LANGE, 2003)

4.2 Desvios típicos para perfil evolvente e linha de flanco de

engrenamentos

1) Perfil evolvente (Figura 4.1), medidos na linha média da largura do

engrenamento, conforme KLINGELNBERG (2000):

-FHαm: Variável que mensura a variação média do desvio angular do perfil

evolvente do dente.

-FHα: Variável que mensura a variação individual do desvio angular do perfil

evolvente do dente.

-Fα: Variável que mensura o desvio total do perfil evolvente do dente.

-ffα: Variável que mensura o desvio de forma do perfil evolvente.

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KLINGELNBERG (2000) informa que essas variáveis são válidas para

medições conforme a norma DIN. Já para uma medição segundo a norma AGMA, o

único desvio médio é o desvio total denominado Fα.

Figura 4.1: Ilustração dos desvios de perfil evolvente (KLINGELNBERG, 2000)

LANGE (2003) explica que o gráfico da medição do perfil evolvente desenhado

pelo centro de medição de peças dentadas não representa o desenho do dente e sim uma

projeção da geometria do dente, conforme ilustra a figura 4.2. Com isso, com exceção

das regiões de alívio de ponta e alívio de raiz do dente, a representação gráfica se torna

uma linha reta.

Figura 4.2: Projeção da Evolvente (LANGE, 2003)

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2) Linha de flanco (ângulo de hélice), observado na figura 4.3, aparecem os

seguintes termos:

-FHβm: Variável que mensura a variação média do desvio da linha de flanco

(ângulo de hélice).

-FHβ: Variável que mensura a variação individual do desvio angular da linha de

flanco (ângulo de hélice).

-Fβ: Variável que mensura o desvio total da linha de flanco (ângulo de hélice).

-ffβ: Variável que mensura o desvio de forma da linha de flanco (ângulo de

hélice), em outras palavras, pode-se dizer que essa variável mensura a ondulação da

linha de flanco.

Para que haja uma padronização nas medições, os desvios da linha de flanco são

medidos no diâmetro primitivo do engrenamento

KLINGELNBERG (2000) explica que essas variáveis são válidas para medições

conforme a norma DIN. Já para uma medição segundo a norma AGMA, o único desvio

médio é o desvio total denominado Fβ. Klingelnberg (2000) também ilustra com a figura

4.3 como é medida cada uma destas variáveis dos desvios do perfil evolvente de

engrenagens.

Figura 4.3: Ilustração dos desvios da linha de flanco (KLINGELNBERG, 2000)

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5 MÉTODOS EXPERIMENTAIS

Os métodos experimentais foram divididos em três fases:

Fase 1 – variação dos erros de forma em função do avanço

Para essa fase foram realizados experimentos tendo como variável de entrada o

avanço por volta da ferramenta. Para cada avanço, uma peça era usinada. Após a

usinagem, medições dos erros de Fα, Fβ e ffβ (descritos no capítulo 4) eram realizadas

nesta peça e verificadas as variações dos erros de forma e posição do dentado. Como há

sempre um interesse da indústria na redução do tempo de ciclo das peças e um dos

parâmetros para se obter a redução do tempo de ciclo é o aumento do avanço por volta

da ferramenta, o objetivo desta fase foi conhecer a influência do avanço nos erros de

forma e posição e qual seria o limite de aumento do avanço.

Foram utilizados 11 avanços em mm/volta: 1,4; 1,6; 1,8; 2,0; 2,2; 2,4; 2,6; 2,8;

3,0; 3,2 e 3,4 para os caracóis de módulo 3 e módulo 6 com ferramentas caracóis de aço

rápido e também com ferramentas com insertos intercambiáveis de metal duro.

Para o ensaio realizado com tamanho de dente módulo 3 com ferramenta tipo

caracol convencional de aço rápido a velocidade de corte utilizada foi de 140 m/min. e,

posteriormente, com os mesmos avanços e também em 11 peças com ferramenta caracol

com insertos intercambiáveis de Metal Duro, a velocidade utilizada foi 200 m/min.

Conforme Sandvik (2015), o valor do avanço máximo é limitado à máxima espessura

máxima do cavaco recomendada pelo fabricante da ferramenta, que para esse caso é de

0,25 mm. Assim, depois de calculado para o módulo 3, conforme é mostrado no

capitulo 3, o avanço máximo utilizado foi de 3,4 mm/volta.

As peças utilizadas para o módulo 3 utilizadas nos ensaios desta fase são

chamadas de eixos pinhões, possuem diâmetro externo de 52mm e comprimento de

167mm e dentes helicoidais conforme é mostrado na figura 5.1.

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Figura 5.1: Peça utilizada nos testes

O material destas peças foi o aço para a cementação DIN ISO 16MnCrS5, cuja

composição química é conforme tabela 5.1:

Tabela 5.1: Composição química do aço 16MnCrS5 (STEEL NUMBERS, 2017)

Carbono %

Silício %

Manganês %

Fósforo %

Enxofre %

Cromo %

0.14 - 0.19 Máximo

0.4 1 - 1.3

Máximo 0.025

0.02 - 0.04 0.8 - 1.1

Para as peças de módulo 3 são previstas as seguintes tolerâncias para os erros de

engrenamentos: Fα= 71µm, Fβ = 40µm e ffβ = 28µm.

Foi utilizada uma máquina CNC cortadora de engrenagens suíça Gleason P90

com 8 eixos de programação produzida pela empresa Gleason-Pfauter Modelo P90

(Figura 5.2.).

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Figura 5.2: Eixos da Máquina Fresadora de Dentes Gleason Pfauter P90 utilizada

nos testes (GLEASON, 2017)

Esta máquina possui as características técnicas conforme a tabela 5.2:

Tabela 5.2: Características Técnicas-máquina Gleason Pfauter P90 (Gleason, 2017)

Característica Unidade Valor

Diâmetro máximo da peça mm 120

Comprimento máximo da peça mm 550

Módulo nominal máximo mm 4

Rotação máximo no fuso de trabalho RPM 3.000

Máximo diâmetro do Caracol mm 90

Curso do carro Lateral mm 220

Comprimento máximo do caracol mm 180

Diâmetro máximo do disco de corte de sem fim mm 118

Máximo comprimento possível de shift mm 180

Ângulo Máximo de movimentação do cabeçote fresador ° 118/-45

Potência do Fuso Fresador kW 28

Peso da máquina kg 5.500

Gleason Pfalter P90

Dados Técnicos

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As ferramentas utilizadas foram as seguintes:

Caracol com insertos intercambiáveis módulo 3 conforme Figura 5.3 e

qualidade B (DIN3968). Os insertos utilizados foram de metal duro ISO

P35 (Figura 5.4).

Figura 5.3: Fresa Caracol com insertos intercambiáveis módulo 3

Figura 5.4: Inserto para Fresa Caracol

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1. Foi utilizada a pastilha com substrato P35 e com a cobertura de TiAlCrN,

denominada A4T5 ou GC1130 (Figura 5.5). Segundo Sandvik (2017) a

cobertura GC 1130 é otimizada para fresamento de aços e é produzida

com a tecnologia denominada pela companhia Sandvik de Zertivo, que

resulta em uma melhor integridade da aresta de corte, reduzindo o

lascamento e a escamação. Sandvik (2017) também afirma que essa

inserto possui um substrato com alto teor de grãos finos de carbono que

aumenta a resistência ao desgaste e ameniza o aparecimento de trintas

provenientes de diferentes condições de usinagem, tal como a variação

de temperatura.

Figura 5.5: Ilustração da cobertura TiAlCrN (SANDVIK 2017)

Caracol inteiriço de aço rápido sinterizado módulo 3 de material S-390

(Material T15 – modificado) da empresa BÖHLER com cobertura de

AlCrN (Figura 5.6) e qualidade de fabricação AA, conforme DIN3968.

Segundo Balzers (2017) a cobertura AlCrN, também é chamada de

Alcrona e é um revestimento PVD extremamente resistente ao desgaste

com dureza à quente e com estabilidade em trabalhos com choques

térmicos.

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Figura 5.6: Foto e composição química em % do substrato S-390 do Caracol

inteiriço de Aço Rápido - Balzers (2017)

Além dos experimentos com as peças de módulo 3, foi realizado estudo do

comportamento dos erros de forma e posição dos engrenamentos em função da variação

do avanço com peças de tamanho de dente módulo 6 com a mesma quantidade de peças

e com cortadores de aço rápido e com insertos intercambiáveis de metal duro. Como as

peças módulo 6 são maiores, os experimentos foram realizados na máquina Liebherr

LC700 com seis eixos (Figura 5.7). As características técnicas desta máquina estão

mostradas na tabela 5.3.

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Figura 5.7: Máquina Liebherr LC700

Tabela 5.3: Características Técnicas da máquina Liebherr LC 700 (Liebherr, 2017)

As peças utilizadas para esse ensaio foram engrenagens com diâmetro externo de

492 mm e largura de 112 mm. (Figura 5.8.)

Característica Unidade Valor

Módulo mm 18

Máximo Diâmetro de Trabalho mm 700

Máximo Curso Axial mm 1.000

Máximo Shift possível mm 300

Máximo Diâmetro do Caracol mm 300

Comprimento do dispositivo de fixação mm 430

Rotação máxima da ferramenta rpm 375

Dados Técnicos

Liebherr LC 700

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Figura 5.8: Peças módulo 6 utilizadas nos testes

O material utilizado nestes ensaios com engrenagens de módulo 6 foi o aço para

a cementação DIN ISO 18CrNiMo6-7 cuja composição química é conforme tabela 5.4:

Tabela 5.4: Composição Química do aço 18CrNiMo6-7 (Steel numbers, 2017)

Carbono %

Silício %

Manganês %

Fósforo %

Enxofre %

Cromo %

Molibdênio %

Níquel %

0.15 - 0.21 Máximo

0.4 0.5 – 0.9

Máximo 0.035

Máximo 0.035

1.5 - 1.8 0.25 - 0,35 1.4 – 1,7

Para o ensaio realizado com tamanho de dente módulo 6 com ferramenta tipo

caracol convencional de Aço rápido a velocidade de corte foi de 64 m/min e,

posteriormente, com os mesmos avanços e também em 11 peças com ferramenta caracol

com insertos intercambiáveis de Metal Duro a velocidade de corte foi 140 m/min.

Para as peças de módulo 6 são previstas as seguintes tolerâncias para os erros de

engrenamentos: Fα= 90µm, Fβ = 50µm e ffβ = 40µm.

Para os testes com as peças de dentes tamanho módulo 6 foram utilizadas as

seguintes ferramentas:

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64

Caracol com insertos intercambiáveis módulo 6 conforme Figura 5.10,

com qualidade de fabricação B (DIN 3968). Os insertos utilizados foram

de metal duro ISO P35 com a cobertura de TiAlN PVD (GC 1030), que

possui a cor bronze. (Figura 5.9). SANDVIK (2017) afirma que essa

cobertura combina excelente elasticidade com a resistência ao desgaste.

Figura 5.9: Ilustração da cobertura GC1030 - TiAlN PVD, (Sandvik 2017)

Figura 5.10: Fresa caracol com insertos intercambiáveis módulo 6

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Caracol inteiriço de aço rápido módulo 6 de material S-390 (T15),

conforme a figura 5.10 e com cobertura de Nitreto de Titânio TiN e

qualidade de fabricação AA (DIN3968).

Figura 5.11: Foto do Caracol inteiriço de Aço rápido módulo 6

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Fase 2 – Ensaios de Vida das ferramentas

O objetivo desta fase foi a verificação das vidas das ferramentas na máquina

Gleason P90 (figura 5.2) em peças denominadas eixos pinhões (figura 5.1) de tamanho

de dente módulo 3. As medições de vida foram feitas em comprimento e tempo de

corte, desde o momento que as ferramentas eram novas até o ponto em que o erro de

engrenamentos Fα ultrapassava o limite tolerado de 71 µm.

O comprimento de avanço (Cavanço) foi calculado pela seguinte equação,

conforme procedimento interno da empresa SEW-EURODRIVE:

𝐶𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 =𝐿

𝑐𝑜𝑠 𝛽 × 𝑧 , Equação (5.1)

Onde:

L = largura do dente.

β = ângulo de hélice do engrenamento.

z = número de dentes.

Foram realizados três experimentos diferentes com as ferramentas:

- Caracol de aço rápido convencional com três réplicas, idêntico ao usado na

fase 1 com a velocidade de corte de 140 m/min. e avanço de 1,8 mm/volta. A

velocidade e o avanço de corte foram utilizados com os mesmos valores que eram

utilizados na produção usual da empresa em que foram realizados os testes.

Para a ferramenta caracol de aço rápido foram realizadas três medições de vida.

Ao final de todas as vidas foram usinadas um total de 1.981 peças com este cortador.

- Caracol com pastilhas intercambiáveis de metal duro com substrato P35 e

cobertura TiAlN (GC1030). A cobertura TiAlN é a mesma cobertura utilizada nos

insertos de módulo 6 utilizado na fase 1. Os parâmetros de corte utilizados nestes

ensaios foram velocidade de corte de 200 m/min. e avanço de 2,7 mm/volta.

- Caracol com pastilhas intercambiáveis de metal duro com substrato P35 e

cobertura TiAlCrN (GC1130), idêntica da fase 1. Os parâmetros de corte utilizados

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nestes ensaios foram os mesmos utilizados no ensaio com a ferramenta que tinha

cobertura GC 1030.

As duas pastilhas diferentes utilizadas nos ensaios desta fase possuem o mesmo

substrato e coberturas diferentes.

Para o caracol com insertos de metal duro com substrato P35 foram realizados

cinco ensaios de vida em 5.964 peças. Dentre estas cinco medições, três foram

realizadas com a cobertura 1130 e dois com a cobertura 1030.

Fase 3 – Análise de Custo

Como foram realizados experimentos com caracóis diferentes, também foi

realizado, para melhor clareza de qual tipo de cortador é mais vantajoso

financeiramente, uma análise crítica do custo da ferramenta e da máquina por peça,

levando em consideração os valores obtidos nos testes práticos deste trabalho e os

custos típicos de uma indústria especializada em corte de engrenagens.

Nesta fase foi utilizado um modelo adaptado de análise de custos da empresa em

que foram realizados os testes, ou seja, a SEW-EURODRIVE.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Fase 1 - Variação dos erros de forma em função do avanço.

Como o tempo de corte é inversamente proporcional à velocidade de corte e ao

avanço por volta, quanto maior forem estes parâmetros, menor será o tempo obtido.

Assim, o objetivo é descobrir qual o maior avanço que poderia ser utilizado sem

comprometer a qualidade da peça, e para tanto foi mensurado a variação dos erros Fα,

Fβ e ffβ em peças de módulo 3 que podem ser observados na tabela 6.1:

Tabela 6.1: Erros em função do avanço para módulo 3

Para facilitar a compreensão, foi elaborado o gráfico da Figura 6.1 que mostra o

gráfico da variação dos erros de perfil (Fα) em função do avanço.

Figura 6.1: Erro de Perfil Fα em função do avanço com caracóis de módulo 3

Peça 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

f(mm/rot) 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4

erro de perfil Fα - Tolerância 71 71 71 71 71 71 71 71 71 71 71

erro de perfil Fα - Metal Duro 29 29 32 31 36 35 36 40 44 44 57

erro de perfil Fα - Aço Rápido 28 32 29 30 30 37 41 37 37 37 35

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - Tolerância 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - Metal Duro 18 15 20 20 17 12 17 16 18 17 22

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - Aço Rápido 16 20 20 19 22 18 22 26 25 20 25

Erro de Linha de Flanco ffβ - Tolerância 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28

Erro de Linha de Flanco ffβ - Metal Duro 3 3 3 4 5 6 8 11 12 14 15

Erro de Linha de Flanco ffβ - Aço Rápido 2 2 2 2 2 3 3 4 4 5 6

Dados Coletados no processo

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Observa-se na figura 6.1 que os erros Fα obtidos para ambos os cortadores foram

similares e aumentava levemente com o aumento do avanço, até o avanço de 2,8

mm/rotação. A partir deste ponto, o erro obtido no fresamento com ferramenta de aço

rápido ficou praticamente constante com o avanço e o erro obtido com ferramenta de

metal duro passou a crescer mais rapidamente. Os valores obtidos estão conforme os

estudos de SVAHN et al., (2014) e (2015), que explicam que os caracóis com insertos

intercambiáveis apresentam erros maiores quando comparado com os caracóis inteiriços

de aço rápido, devido ao fato de ter erros de posicionamento de montagem dos insertos.

Quando os testes foram efetuados com o caracol de aço rápido no módulo 3,

observa-se também que o aumento do avanço faz com que haja também um aumento do

erro Fα, porém numa taxa menor que aquele ocorrido com a ferramenta de metal duro.

O que causou a diferença foi o sistema de fixação da aresta de corte, pois no caracol de

aço rápido a fixação da aresta de corte é rígida, já que a ferramenta é inteiriça. Já no

caso do caracol com insertos de metal duro intercambiáveis, os insertos são montados

no caracol em guias retificadas para aumentar a rigidez no momento de fixação da

pastilha (figura 6.2) e os insertos são presos por um sistema de parafuso e cunha. O

aperto do parafuso é controlado por uma chave com torquímetro. Mesmo com bom

sistema de fixação, o cortador com pastilhas não é tão rígido e a pastilha pode sofrer

pequenas movimentações, principalmente quando maiores avanços são utilizados com

consequente maiores forças de corte e, com isso, incentivando as movimentações que

influenciam os erros.

Figura 6.2: Sistema de fixação da pastilha no caracol

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Há que se apontar porém que, mesmo com a utilização do máximo avanço

permitido pelo fornecedor da ferramenta (3,4 mm/volta), o erro obtido ainda é bem

menor que o tolerado no projeto do produto, que é de 71 m.

A Figura 6.3 mostra o erro de Linha de Flanco ffβ em função do avanço por

rotação para os dois cortadores utilizados.

Figura 6.3: Erro ffβ em função do avanço com caracóis de módulo 3

Pode-se ver nesta figura que o avanço novamente influenciou o erro. Isso se dá,

pois, o valor ffβ é similar a uma medição da ondulação da superfície usinada e que

aumenta com o aumento do avanço da ferramenta, devido à sua contribuição geométrica

para a ondulação.

Quando se compara os valores dos erros de ffβ obtidos com caracol com

pastilhas de metal duro e com caracol inteiriço de aço rápido, vê-se que a influência do

avanço no erro é maior na ferramenta de metal duro, principalmente a partir do avanço

de 1,8 mm/volta, valor a partir do qual o erro obtido com a ferramenta de metal duro

passa a crescer mais rapidamente. Isso se deve, como no erro Fα, ao metal duro ter o

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corte realizado com pastilhas intercambiáveis que, mesmo que a montagem da pastilha

no caracol seja bastante precisa, gerará uma pequena diferença de altura entre duas ou

mais pastilhas, com consequente variação do erro de circularidade e de excentricidade

(batimento radial) do cortador, que refletirá em um aumento do erro da engrenagem

cortada. Esta diferença se deve ao fato das pastilhas terem tolerâncias dimensionais na

casa dos centésimos de milímetro, portanto bem maiores que a rugosidade obtida. Já o

cortador de aço rápido é retificado, tendo variação de circularidade bem menor.

Verifica-se que, mesmo com a utilização do máximo avanço permitido pelo

fornecedor da ferramenta, o erro obtido ainda é bem menor que o tolerado no projeto do

produto, que é de 28 m.

A figura 6.4 mostra a influência do avanço da ferramenta no erro de linha de

flanco F.

Figura 6.4: Erro Fβ em função do avanço com caracóis de módulo 3

É possível visualizar na figura 6.4 que com a utilização de caracol com insertos

intercambiáveis os erros de linha de flanco ficam praticamente estáveis com o avanço.

Já com a utilização de caracol inteiriço de Aço Rápido, o erro Fβ apresenta uma leve

tendência de alta com o avanço. Interessante notar que a falta de rigidez na fixação das

pastilhas e o maior batimento radial do cortador com pastilhas não ocasionou maiores

erros da linha de flanco. O caracol de metal duro possui uma rigidez maior, pois possui

a metade do comprimento (180 mm contra 90 mm) e 10 mm a mais no diâmetro (90

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mm contra 80 mm do caracol de aço rápido). Esta maior rigidez compensou os erros

causados pela fixação das pastilhas e pelo maior batimento radial e fez com que o

cortador de metal duro gerasse erro F similar ou até mesmo menor que o cortador de

aço rápido.

Foi verificado que, mesmo com a utilização do máximo avanço permitido pelo

fornecedor da ferramenta, o erro obtido ainda é bem menor que o tolerado no projeto do

produto, que é de 40 m.

Para confirmar os dados obtidos nos ensaios com caracol de módulo 3, também

foram realizados testes com caracol módulo 6 com pastilhas intercambiáveis de metal

duro e de Aço rápido que apresentaram resultados conforme a tabela 6.2.

Tabela 6.2: Erros em função do avanço para módulo 6

Para que ficasse mais claro, os resultados, foi elaborado o gráfico da figura 6.5 mostra a

influência do avanço no erro de perfil F

Figura 6.5: Erro Fα em função do avanço com caracóis de módulo 6

Peça 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

f(mm/rot) - Aço Rápido 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4

erro de perfil Fα - Tolerância 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90

erro de perfil Fα - Aço Rápido 11 11 12 14 13 14 19 19 20 22 21

erro de perfil Fα - Metal Duro 20 28 29 31 32 35 35 36 37 37 39

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - Tolerância 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - aço Rápido 17 21 25 26 27 26 30 31 32 35 31

Erro Linha de Flanco ( ângulo de hélice) Fβ - Metal Duro 38 32 39 35 35 37 35 39 33 36 38

Erro de Linha de Flanco ffβ - tolerância 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40

Erro de Linha de Flanco ffβ - Aço Rápido 5 6 6 7 8 8 8 10 10 10 12

Erro de Linha de Flanco ffβ - Metal Duro 7 8 8 9 10 11 11 13 12 13 15

Dados Coletados no processo

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As tendências dos valores obtidos nos ensaios com o caracol módulo 6 são

similares às apresentadas pelo caracol de módulo 3, isto é, o caracol de aço rápido gerou

peças com qualidade superior ao metal duro pelos mesmos motivos explicados

anteriormente. Além disso, com o aumento do avanço o erro também aumenta, para os

dois tipos de cortadores.

Notou-se que a pastilha utilizada no cortador de módulo 6 possui um tamanho

maior que a pastilha para módulo 3. Por isso as forças de fixação da pastilha no corpo

do cortador são maiores, fazendo com que esta ferramenta suporte maiores avanços sem

aumentar os erros causados na peça. Essa característica geométrica, fez com que o erro

Fα não crescesse rapidamente para o módulo 6 a partir do avanço de 2,8mm/rotação,

como verificou-se no módulo 3.

Há que se apontar porém que, mesmo com a utilização do máximo avanço

permitido pelo fornecedor da ferramenta, o erro obtido ainda é bem menor que o

tolerado no projeto do produto, que é de 90 m.

A Figura 6.6 mostra a influência do avanço nos erros de linha de flanco ff

Figura 6.6: Erro ffβ em função do avanço com caracóis de módulo 6

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74

Assim como no resultado dos caracóis de módulo 3, os resultados dos ensaios

apresentados para o caracol de módulo 6, mostrados no gráfico da figura 6.6, mostram

que os erros ffβ crescem com o aumento do avanço. Porém, quando se compara os

valores mostrados nesta figura com aqueles mostrados na figura 6.3 (erros ffβ obtidos

nas engrenagens com módulo 3), vê-se que, para o módulo 6, as duas curvas têm a

mesma tendência de crescimento com avanço ao longo de toda a gama de avanço

testada, diferentemente do que ocorreu no corte das engrenagens com módulo 3, em

que, a partir de um certo avanço, o erro obtido com o cortador de metal duro cresceu

mais rapidamente com o avanço que o erro obtido com o cortador de aço rápido. Este

resultado conduz à conclusão que o maior batimento radial da ferramenta de metal duro

não é tão influente na rugosidade da peça quando se corta uma peça maior, como a

engrenagem com módulo 6.

Nota-se que, mesmo com a utilização do máximo avanço permitido pelo

fornecedor da ferramenta, o erro obtido ainda é bem menor que o tolerado no projeto do

produto, que é de 40 m.

A figura 6.7 mostra a influência do avanço nos erro de Linha de Flanco F.

Figura 6.7: Erro Fβ em função do avanço com caracóis de módulo 6

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Os dados de Fβ coletados nos ensaios do caracol módulo 6 com insertos

intercambiáveis apresentaram uma trajetória de estabilidade, não indicando uma

tendência de alta com o avanço. Já o erro obtido com o cortador de aço rápido cresceu

com o avanço, apesar de sempre ter sido menor que o erro obtido com o cortador de

metal duro. Para o metal duro, o resultado teve tendência similar ao cortador de módulo

3 (figura 6.4), o que indica que a alteração deste erro está mais ligada à rigidez da

ferramenta e do sistema de fixação da máquina. Também para o aço rápido o resultado

também foi similar, ou seja, tendo uma leve tendência de alta. O caracol de aço rápido

(já utilizado na empresa em que foram realizados os testes) foi produzido com o grau de

qualidade AA, segundo a norma DIN3968 que, conforme explicado no capítulo 3, é o

melhor grau de qualidade possível para uma fresa caracol. Já o caracol de Metal Duro

foi construído com o grau de qualidade intermediária B (Melhor grau de qualidade

possível em termos de forma e posição para um caracol com insertos de metal duro). A

diferença do grau de qualidade explica o melhor resultado da ferramenta de aço rápido.

É importante salientar que, mesmo com a utilização do máximo avanço recomendado

pelo fornecedor da ferramenta, o erro obtido ainda é bem menor que o tolerado no

projeto do produto, que é de 50 m.

Assim, baseado nas tolerâncias de desenho e nos erros encontrados de perfil F

e de Linha de Flanco Fβ e ffβ é possível utilizar-se o máximo avanço a fim de que se

consiga um corte mais rápido da engrenagem.

6.2 Fase 2 - Vida das ferramentas para caracol módulo 3

Baseado nos resultados obtidos na fase 1 dos experimentos, decidiu-se realizar

os ensaios de vida da ferramenta com insertos de metal duro com velocidade de corte de

200 m/min e avanço de 2,7 mm/rotação, pois o erro Fα aumentava bastante utilizando

avanços maiores ou iguais a 2,8 mm/rotação. Para a ferramenta de Aço Rápido, como já

era utilizada na empresa que foram realizados os testes, optou-se pela manutenção dos

dados de corte, ou seja, com a velocidade de corte de 140 m/min e 1,8 mm/rotação, o

que fez com que o tempo de ciclo das peças cortadas com o cortador de Aço Rápido

fosse maior.

Os valores de vida das ferramentas em tempo e comprimento de corte foram

mensurados por aresta de corte, ou seja, foi verificado o valor atingido e dividido pelo

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número de arestas existentes no respectivo caracol (caracol de aço rápido com 274

arestas de corte e o caracol com insertos de metal duro com 84 arestas de corte).

A tabela 6.3 mostra os valores obtidos no ensaio de vida:

Tabela 6.3: Tabela de vida das ferramentas

Após a execução dos testes também foi consolidado na tabela 6.4 o valor médio

do resultado de vida das três ferramentas, considerando como fim de vida o momento

em que o erro Fα ultrapassasse o limite tolerado em desenho.

Tabela 6.4: Tabela de vida média das ferramentas

As Figuras 6.8 e 6.9 mostram respectivamente as vidas obtidas para cada

ferramenta, tanto em termos de tempo de corte, quanto em termos de comprimento de

avanço cortado.

Tempo por aresta Comprimento de avanço Tempo por aresta Comprimento de avanço Tempo por aresta Comprimento de avanço

(Minutos) por aresta (Metros) (Minutos) por aresta (Metros) (Minutos) por aresta (Metros)

P35 (Cobertura TiAlN) 25 36 26 31 - -

P35(Cobertura TiAlCrN) 29 37 32 41 32 43

Aço Rápido 6 4 10 7 10 9

Material

1ª Vida 2ª Vida 3ª Vida

Tempo de corte útil por aresta Comprimento de avanço

(Minutos) por aresta (Metros)

P35 (Cobertura TiAlN) 26 34

P35(Cobertura TiAlCrN) 31 40

Aço Rápido 9 6

Material

Média

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77

Figura 6.8: Vida das ferramentas em função do tempo de corte (minutos)

Figura 6.9: Vida das ferramentas em função do comprimento de avanço (metros)

A Figura 6.10 mostra o ganho percentual de vida em relação à vida obtida com a

ferramenta de aço rápido (que era a ferramenta originalmente utilizada na indústria)

para as duas ferramentas de metal duro testadas.

26

31

9

0

10

20

30

40

Tempo por aresta ( min.)

Min

uto

sTempo de corte por aresta

P35 (Cobertura TiAlN) P35 (Cobertura TiAlCrN) Aço Rápido

34

40

6

0

10

20

30

40

50

Met

ros

Comprimento de avanço por aresta

P35 (Cobertura TiAlN) P35 (Cobertura TiAlCrN) Aço Rápido

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Figura 6.10: Crescimento da vida útil do caracol com insertos de metal duro em

relação ao Aço Rápido

A vida das ferramentas de metal duro foi bem superior à vida com a ferramenta

de aço rápido como mostra a Figura 6.10. Em termos de tempo de corte, a vida da

ferramenta aumentou 192% quando utilizado a cobertura TiAlN (GC1030) e 255% com

a cobertura TiAlCrN (GC 1130).

Levando em consideração a vida das ferramentas em relação ao comprimento de

avanço os ganhos são ainda maiores, ou seja, com a cobertura TiAlN (GC1030) o ganho

é mais de 418% e com a cobertura TiAlCrN (GC1130) o ganho é de 524%. Esse ganho

maior no comprimento de corte é explicado pelo motivo que o cortador com insertos,

obteve um tempo de ciclo menor (devido à maior velocidade de corte e ao maior avanço

utilizados) e, por consequência, cortou um comprimento maior no mesmo espaço de

tempo.

Baseado nestes resultados, conclui-se que o uso de cortador de metal duro

propicia um corte mais rápido e mesmo assim com maior vida da ferramenta (maior

número de peças cortadas por vida). Isto é de grande valia para a empresa em especial

quando a demanda de produção é alta, gerando economia em termos de número de

máquinas necessárias para certa demanda.

192%

255%

418%

524%

P35 (Cobertura TiAlN)

P35 (Cobertura TiAlCrN)

Crescimento da vida em em relação ao Aço Rápido

Comprimento de avanço cortado por aresta (m.) Tempo por aresta ( min.)

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79

Porém, estes resultados já eram esperados, já que as características de uma

ferramenta de metal duro (dureza a quente, resistência ao desgaste abrasivo, etc.) são

bem superiores que as do aço rápido. O aço rápido é mais tenaz que o metal duro, o que,

supostamente poderia gerar ganhos se o fim da vida da ferramenta fosse causado por

avarias do tipo trincas, lascamentos ou quebras. Os resultados dos ensaios demonstram

que, apesar da usinagem de dentes de engrenagem ser um corte interrompido que

implica em choques da aresta de corte contra a peça em cada revolução da ferramenta,

as ferramentas de metal duro aqui utilizadas têm tenacidade suficiente para suportarem

estes choques e, assim, propiciarem que o fim de suas vidas se desse pelo desgaste e não

por avarias. Assim, como elas são bastante resistentes ao desgaste, elas propiciaram que

suas vidas fossem longas, mesmo utilizando um volume de material removido por

unidade de tempo bem maior que aquele utilizado com a ferramenta de aço rápido.

Pode-se dizer que houve um ganho de 20% em vida da ferramenta com a

cobertura TiAlCrN (GC 1130) em relação à cobertura TiAlN (GC1030), tanto em

termos de comprimento cortado quanto em termos de tempo de corte. Isso se deve a

dois motivos: a) o substrato da Cobertura TiAlCrN (GC1130) possui alto teor de finos

grãos de carbono (conforme descrito no capítulo 5) que ajuda na resistência ao

lascamento e trincas da aresta; b) o maior controle do processo PVD utilizado para a

cobertura da pastilha TiAlCrN (GC1130) e descrito no capítulo 5 – fase 1. Esse maior

controle que faz com que cada etapa do processo seja produzida nas condições corretas

que resulta na melhor adesão do revestimento no substrato e uma maior integridade da

aresta de corte. (Sandvik, 2017).

Nos fresamentos convencionais, com exceção de quando é utilizado pastilhas

alisadoras, o desgaste das pastilhas é uniforme, ou seja, há um mesmo desgaste para

todas as pastilhas. Já no fresamento de dentes de engrenagens com caracol, devido a

cinemática do corte, o desgaste dos insertos não é uniforme, pois cada inserto corta uma

parte específica do dente como mostra Liebherr (2008). (Figura 6.11).

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Figura 6.11: A formação do cavaco no fresamento de dentes. (LIEBHERR,

2008)

Do ponto de vista financeiro essa característica é uma vantagem para a utilização

de caracol com insertos, pois os insertos com menos desgastes podem ser

reaproveitados posteriormente, conforme será explicado a seguir. Quando se utiliza

caracol inteiriço, independentemente do material de fabricação, havendo alguns dentes

com desgaste é necessário fazer a afiação de todos os dentes.

Também foi observado que além da característica de corte, parte das espiras de

entrada e saída do caracol, onde são fixados os insertos, também não aproveitadas, pois

são utilizadas como uma área de segurança para que possa ser garantida a formação do

dente. Então é possível, com um conjunto de pastilhas, fazer até três remanejamentos

das pastilhas e obter qualidade de vida útil em todas as oportunidades. Essa ação é

muito importante, pois como são pastilhas de fabricação especial, o custo de fabricação

é elevado. Na Figura 6.12 o comprimento do cortador foi dividido em quatro partes

denominadas de A, B, C e D, para uma melhor compreensão.

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Figura 6.12: Sistemática de remanejamento de pastilhas.

(Adaptado, Sandvik, 2016)

A parte D compreende a região de entrada do caracol que por segurança de

processo não é usada, ou então é pouco utilizada. Então esses insertos podem ser

remanejados para fazer um trabalho em outra região para desbaste ou acabamento.

(Figura 6.13)

Figura 6.13: Foto de uma pastilha da região "D" após a utilização

A parte C é a região que faz o desbaste dos dentes e por isso é nela em que as

pastilhas apresentam o maior desgaste. (Figura 6.14).

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Figura 6.14: Foto de uma pastilha da região "C" após a utilização

A parte B é a que faz o acabamento dos dentes, as pastilhas se desgastam

moderadamente. (Figura 6.15)

Figura 6.15: Foto de uma pastilha da região "B" após a utilização

A região A é a saída da ferramenta e que por segurança de processo (igual a

região A) não é, ou é pouca utilizada. (Figura 6.16)

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Figura 6.16: Foto de uma pastilha da região "A" após a utilização

Então a estratégia utilizada foi a usinagem da primeira vida da ferramenta com

todas as pastilhas novas e realizar o primeiro remanejamento da seguinte maneira para

obter a segunda vida: as pastilhas da região B vão para a região C, já as pastilhas da

região A vão para a região B e por último as pastilhas da região C vão para a região A.

No segundo remanejamento para obter a terceira vida útil as pastilhas da região B vão

para a região C, já as pastilhas da região C vão para a região D e as pastilhas da região

D vão para a região B.

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6.3 Fase 3 - Análise de Custo das ferramentas

Para a análise do custo é importante de salientar que os comprimentos dos

caracóis são diferentes, pois para cada caracol é utilizada uma estratégia diferente. Para

o caracol de aço rápido utiliza-se seu maior comprimento possível, 180mm, para

aumentar a vida do caracol. Para isto, utiliza-se os recursos denominados shifting e sub-

shifting (ver definição de shifting e sub-shifting no item 3.5) para com isso reduzir o

número e custo de reafiações e recobrimentos. Já para o caracol com pastilhas

intercambiáveis utiliza-se a estratégia do menor comprimento possível, 90 mm (em

função do diâmetro da peça a ser usinada), para reduzir o investimento inicial da

ferramenta e custo de troca das pastilhas. Então não se faz shifting com esse tipo de

caracol, mas apenas sub-shifting.

No estudo de custo foi levado em consideração o custo hora máquina baseado

em pesquisa de valor médio de mercado realizada com os fabricantes de ferramentas e

não custo real da empresa que os testes foram realizados.

O estudo de custo é apresentado a seguir, a Tabela 6.5 que apresentará os dados

técnicos da ferramenta e a Tabela 6.6 que apresenta os dados financeiros, que conforme

o capítulo 5 foi uma adaptação do modelo de testes da SEW-EURODRIVE (empresa

onde foram realizados os testes).

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Tabela 6.5: Dados Técnicos da Ferramenta

Para que o entendimento dos números fosse facilitado, foi atribuído letras a cada

uma das variáveis da tabela 6.6 e ao lado foi acrescentada a equação a cada variável.

Para a depreciação do corpo da ferramenta com a utilização de pastilhas de metal

duro foi utilizado a legislação vigente que atualmente é 40 meses.

Tipo de Caracol

Velocidade de Corte (Vc - m/min)

Avanço Axial (fa - mm/rotação)

Profundidade de Corte (ap)

Número de Insertos Efetivos

Número de Arestas por Inserto

Número de Arestas por Conjunto

Líquido Refrigerante sim/não

Rugosidade

Quebra

Processo Estável

Peças Produzidas no Período (A) Peças/ano

Tempo de Usinagem da Operação min

Tempo de Ciclo da Peça (T0) min 3,241,46

Informações Técnicas da Ferramenta

16MnCrS1

3

14

Ângulo de Hélice [º]

Comprimento do Dentado [mm]

Profundide do Dente [mm]

11

173

4,71

84

Número de Dentes [z]

Módulo

Material

INFORMAÇÕES DA FERRAMENTA

Caracol com Inserto

IntercambiávelAço Rápido

200 140

Sim

2,7 1,8

4,71 4,71

274

3,241,46

12.52012.520

1 Não aplicado

RESULTADOS OBTIDOS

SimSim

84 Não aplicado

Não

Sim

Ok Ok

Não

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Tabela 6.6: Comparativo de Custos da Ferramenta

No comparativo de Custo para o Caracol com insertos intercambiáveis foi

utilizado apenas o inserto com cobertura TiAlCrN (GC1130) que apresentou maior vida

e que tem o preço de aquisição igual ao do inserto com cobertura TiAlN (GC1030),

segundo Sandvik (2017).

Conforme a tabela 6.6, se considerar-se somente os custos com os ferramentais,

o custo do caracol de aço rápido por peça produzida é R$1,09 e menor quando

comparado com o caracol com insertos intercambiáveis de metal duro que é de R$3,27.

Quando é levado em consideração o custo da máquina, como há um ganho

significativo do tempo de ciclo da peça de 3,24 minutos para 1,46 minutos, ocorre uma

inversão e a utilização do caracol com insertos intercambiáveis passa a ser mais

vantajoso com o valor de R$ 6,92 contra R$ 9,19 do caracol de aço rápido.

C usto da máquina po r ho ra (B ) R$/hora

C usto de aquisição do Inserto (C )

Qde de P eças a pro duzir po r M ês (D = A / 12)

N úmero de A restas po r C o njunto (E)

P eças pro duzidas po r A f iação o u po r co njnto de A restas (F )pçs

Quantidade N ecessária de F erramentas po r A no (G=A / F )

P reço de A quisição da F erramenta (H ) R$

P reço do C o rpo da F erramenta ( ( I= H -( E x C )) R$

N úmero de af iaçõ es (J)

C usto da A f iação (K) R$

C usto T o tal co m A fiaçõ es ( L = K x J)

M áxima D epreciação de aco rdo co m a Lei (W) meses

D epreciação anual do C o rpo da ferramenta (M = ( I/ W) x 12)R$

C usto anual co m aquisição de inserto s (N ) R$

C UST O A N UA L C OM F ER R A M EN T A (O = N + M + L) R$

C usto da F erramenta po r peça pro duzida (P = O/ A )R$/peça

T empo de Usinagem da Operação (Q) min

T empo A nual de Usinagem da Operação (R = Q x A ) min

C usto da máquina po r P eça (S = Q x (B / 60)) R$/pç

C UST O A N UA L D A M Á QUIN A (T = S x A ) R$

C usto T o tal po r peça pro duzida ( U = S + P ) R$/pç

C UST O T OT A L A N UA L (V= U x A ) R$

6,92 9,19

INFORMAÇÕES GERAIS

86.673,15 115.052,00

18.279 40.565

12.828,00

8,10

42.760,00 3.200,00

3,65

45.698,00 101.412,00

3.200,00

18

R $ 150,00

R $ 110,00 N ão aplicado

3 18

1.043 1.043

Custo da Ferramenta

Custo Total

Caracol com Inserto

IntercambiávelAço Rápido

13.640,0040.975,15

84 274

3,27 1,09

4.110 720

10.440,00

R $ 150,00

N ão aplicado

580,00

Custo da Máquina

40 N ão aplicado

1,46 3,24

N ão aplicado

52.000,00 3.200,00

28.147,15 N ão aplicado

N ão aplicado

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Além do custo com máquinas e ferramentas, existem outros pontos positivos a

serem considerados quando se utiliza o caracol com insertos intercambiáveis que são:

Eliminação da necessidade de ter controle e estoque de caracóis reserva

para que seja possível realizar a logística de reafiação. Normalmente as

empresas possuem de 2 a 3 caracóis nesta condição quando utilizam

caracóis inteiriços.

Em caso de colisões ou acidentes que danifiquem os dentes, dependendo

do dano aos dentes, com o caracol com insertos é possível trocar somente

as pastilhas. Já no caso do caracol inteiriço de aço rápido é necessária,

dependendo do caso, a aquisição de um caracol novo.

Outro comparativo que merece destaque é o da vida das ferramentas em número

de peças usinadas, entre duas substituições, seja para troca de pastilha no caso do metal

duro ou para afiação no caso de aço rápido. Para o cortador de metal duro a média foi de

1.138 peças, número 72% maior que a média da ferramenta de aço rápido, que foi de

660 peças. Com isso pode se concluir que utilizando a ferramenta de metal duro será

necessário um número menor de paradas para trocas de ferramentas.

Para facilitar a escolha de qual tipo de ferramenta utilizar, visto que cada

empresa possui um custo da máquina por hora diferente foi elaborado o gráfico da

figura 6.17 que mostra a variação do custo da operação da peça em função do custo da

máquina por hora. É importante notar também que o valor de custo da máquina por hora

de R$73,50 é o ponto de equilíbrio e este valor apresenta um custo total de operação

igual para as duas ferramentas de R$5,06. Em outras palavras pode-se dizer que para

máquinas que possuem o custo por hora maior do que R$73,50 é vantajosa a utilização

do cortador com insertos de metal duro.

Como o custo de fabricação é dependente do tempo, para que a ferramenta de

aço rápido possa ser vantajosa, teria que se ter condições de cortes de usinagem para

que se possa atingir um tempo de fabricação menor ou inferior à 2,33 minutos.

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Figura 6.17: Custo total da operação em função do custo da máquina por

hora

R$-

R$2,00

R$4,00

R$6,00

R$8,00

R$10,00

R$12,00

R$14,00

R$16,00

Cu

sto

To

tal d

a O

pe

raçã

o

Custo da máquina por hora

Variação do Custo total em função da Operação em função do Custo da Máquina

por hora

Custo total do Caracol com Insertos de Metal Duro

Custo total da Caracol de Aço Rápido

Ponto de equilíbrio:Custo Hora máquina= R$73,50

Custo total da operação= R$ 5,06

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7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS

FUTUROS

7.1 Conclusões

Com base nos ensaios realizados e mostrados no capítulo 6, pode se concluir que

tecnicamente é possível a utilização de caracol com insertos intercambiáveis de metal

duro no fresamento de dentes de engrenagens.

Os principais ganhos na utilização do caracol com insertos intercambiáveis de

metal duro estão:

Utilização de velocidades de corte mais altas que resulta em tempos de

ciclo das peças menores.

Vidas de ferramenta maiores que implica em menor tempo de parada de

máquina para troca de ferramentas.

Estes ganhos foram obtidos sem abrir mão da qualidade da peça exigida pelo

projeto do produto.

Economicamente, se for levado em consideração apenas os custos com

ferramentas, a opção mais vantajosa é a utilização do caracol com aço rápido. Porém, se

for verificado o custo total, ou seja, contabilizado também o custo por hora da máquina,

haverá uma inversão e a opção mais vantajosa passa a ser o caracol com insertos

intercambiáveis.

A opção de se utilizar o custo total é aceitável pelas empresas, desde que haja

demanda de peças para se produzir e, assim, preencha-se o tempo disponível da

máquina, de maneira a trazer mais receitas para a companhia. Pode ainda acontecer que

a redução de tempo propicie a redução de turnos de trabalhos e, assim, gerar economia

para a empresa.

No caso da aplicação de caracol com insertos intercambiáveis também é

importante o controle rígido do momento da troca das pastilhas, pois as mesmas

possuem um valor elevado e a troca tem que ser realizada criteriosamente. Sugere-se

que as trocas sejam realizadas em função da qualidade da peça, ou seja, trabalhar com

os insertos até não se atingir mais a qualidade requerida.

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7.2 Sugestões de trabalhos futuros

Como estudo e trabalho futuros sugere-se:

Devido ao alto custo dos insertos, no futuro é interessante seja realizado

um trabalho de investigação da viabilidade técnica e econômica da

reafiação e cobertura dos insertos para posterior reutilização.

Estudo com os fornecedores de ferramentas para tentar a fabricação de

insertos com duas ou mais arestas de corte para que se reduza o custo por

aresta da ferramenta.

Usinagem das peças com o caracol de insertos de metal duro sem

refrigeração.

Tentar melhorar as propriedades do aço rápido com a adição de alguns

elementos de liga para que seja possível atingir velocidades de corte

equivalentes às utilizadas com metal duro.

Utilização de outros substratos na fabricação das pastilhas de metal para

melhorar a vida das pastilhas.

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