impactos Éticos da internet e das tecnologias de ... · reflete sobre os princípios da vida...

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VII Encuentro Asociación de Educadores e Investigadores de Bibliotecología, Archivología, Ciencias de la Información y Documentación de Iberoamérica y el Caribe – VII EDIBCIC Grupo Temático: Alfabetización Informacional Grupo Temático: Alfabetização Informacional IMPACTOS ÉTICOS DA INTERNET E DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA ATUALIDADE: A QUESTÃO DAS BIBLIOTECAS VIRTUAIS André Luís Onório Coneglian Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] Bruno Henrique Rodrigues Arraes Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] Fabiano Ferreira de Castro Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] José Augusto Chaves Guimarães Departamento de Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] Juan Carlos Fernández-Molina Facultad de Biblioteconomía y Documentación Universidad de Granada [email protected] Mário Furlaneto Neto Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] Rachel Cristina Vesu Alves Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] Silvia Nathaly Yassuda Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação UNESP/Marilia [email protected] 1

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC Grupo Temtico: Alfabetizacin Informacional Grupo Temtico: Alfabetizao Informacional

    IMPACTOS TICOS DA INTERNET E DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO NA ATUAO DO PROFISSIONAL DA INFORMAO NA ATUALIDADE:

    A QUESTO DAS BIBLIOTECAS VIRTUAIS

    Andr Lus Onrio Coneglian Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao

    UNESP/Marilia [email protected]

    Bruno Henrique Rodrigues Arraes

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao UNESP/Marilia

    [email protected]

    Fabiano Ferreira de Castro Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao

    UNESP/Marilia [email protected]

    Jos Augusto Chaves Guimares

    Departamento de Cincia da Informao UNESP/Marilia

    [email protected]

    Juan Carlos Fernndez-Molina Facultad de Biblioteconoma y Documentacin

    Universidad de Granada [email protected]

    Mrio Furlaneto Neto

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao UNESP/Marilia

    [email protected]

    Rachel Cristina Vesu Alves Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao

    UNESP/Marilia [email protected]

    Silvia Nathaly Yassuda

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao UNESP/Marilia

    [email protected]

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    RESUMO Observa-se que, no contexto informacional, os problemas ticos foram ampliados e adquiriram mais visibilidade em virtude dos impactos da Internet e das Tecnologias de Informao e Comunicao TICs, principalmente no mbito das bibliotecas virtuais e das preocupaes concernentes alfabetizao informacional. Desse modo, por meio de uma anlise da literatura internacional da ltima dcada, foi possvel identificar problemas ticos especficos presentes nas bibliotecas virtuais, tais como: acesso, direitos autorais, representao do virtual e representao do recurso informacional. Tais aspectos levam a concluir sobre as dimenses que assume a responsabilidade de atuao tica do profissional da informao, na atualidade, no mbito das bibliotecas virtuais, para garantir o acesso aos recursos informacionais em um espao global de atuao. Palavras-Chave: Tecnologias de Informao e Comunicao; Internet; tica; Profissional da Informao; Bibliotecas Virtuais.

    ABSTRACT The impacts of Information and Communications Technology have enlarged the ethical problems related to the information professionals activities in Virtual Libraries and, mores specifically, in information literacy questions. Considering such a landscape, it was possible to carry out a critical analysis of international literature in the last decade, in order to identify those ethical problems, in areas like: information access, copyright, virtual representation etc. Such analysis allowed to conclude that the information professional has new ethical challenges in virtual liberties in order to guarantee the access to information resources in global spaces. Key-words: Information and Communication Technologies; Internet; Ethics; Information Professional; Virtual Libraries. INTRODUO

    No contexto informacional de nossa sociedade, permeado, por um

    lado, pelos impactos advindos das inovaes tecnolgicas da agilizao dos meios

    de comunicao e, por outro, do papel cada vez mais estratgico assumido pela

    informao nas distintas reas do conhecimento, observa-se a necessidade cada

    vez mais premente de uma reflexo sobre as questes ticas a incidentes, na

    medida em que essas foram, em larga medida, ampliadas em quantidade e em

    complexidade.

    A denominada Sociedade da Informao traz, em seu bojo, a

    necessidade de uma reflexo sobre o uso de tecnologias, em especial as

    Tecnologias de Informao e Comunicao - TICs e a Internet, pois atuam

    significativamente no ambiente de trabalho do profissional da informao, exigindo

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC um repensar sobre suas atividades, notadamente nos processos de produo,

    organizao e recuperao do conhecimento em novos ambientes de trabalho, tais

    como as bibliotecas virtuais.

    Assim, os problemas ticos existentes ganham visibilidade

    justamente pelo uso crescente dessas tecnologias, principalmente quando se

    discutem as questes da alfabetizao informacional como um direito inerente ao

    cidado.

    A vista disso, este estudo teve como epicentro a reflexo dos

    impactos ticos da Internet e das TICs na atuao do profissional da informao na

    atualidade, no mbito das bibliotecas virtuais.

    Para tanto, valeu-se da anlise da literatura internacional da ltima

    dcada sobre os aspectos ticos das TICs, no mbito da Cincia da Informao,

    com especial nfase nas bibliotecas virtuais, uma vez que so espaos cujo fluxo de

    informao constante e cada vez maior.

    Desse modo, tem-se como ponto de partida a questo tica em seus

    aspectos histricos e conceituais para se chegar especificamente ao universo das

    atividades informativas. Com base em tais elementos, adentra-se especificamente

    na questo das bibliotecas virtuais como um novo universo de ao do profissional

    da informao, notadamente no que tange a suas especificidades e peculiaridades.

    Isso permite que se chegue discusso da questo tica que incide sobre esse

    universo informacional especfico, no intuito de delinear, ainda que preliminarmente,

    questes e problemas ticos que possam contribuir para uma reflexo acerca dos

    valores incidentes.

    TICA NA SOCIEDADE DA INFORMAO: A QUESTO DA ALFABETIZAO INFORMACIONAL

    No cenrio de mutaes pela qual nossa sociedade vem passando

    nos ltimos tempos, no podemos deixar de mencionar as mudanas ocorridas em

    todas as reas do conhecimento devido ao impacto das Tecnologias. Porm, se

    destacam, de modo especial, as TICs, juntamente com o surgimento da Internet,

    como tecnologias que alteraram no s a vida e o modo de comunicar das pessoas,

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC mas tambm todas as reas do conhecimento, setores profissionais e o modo de

    disponibilizar e adquirir informaes.

    Diante dessas transformaes somos levados a refletir sobre os

    aspectos ticos que permeiam essa nova realidade no contexto informacional no

    qual se insere o profissional da informao, devido ao impacto dessas tecnologias.

    Sabendo que a tica no contexto informacional se constitui como um

    fator importante a ser discutido na denominada Sociedade da Informao preciso

    antes de tudo contextualiz-la.

    De acordo com Martins (1994), [...] a tica, tambm chamada filosofia moral, a parte da filosofia que reflete sobre os princpios da vida moral, isto , dos valores em sociedade. a reflexo crtica sobre a moralidade e busca a consistncia dos valores morais.

    Dentro dos inmeros filsofos que discutiram a questo tica, podemos

    apontar Immanuel Kant, fundador da tica Moderna e da filosofia crtica, que se destaca

    como um ponto de referncia para avaliao de uma situao e destino da

    modernidade (PINHO, 2006; CANTO-SPERBER, 2003). Para o referido autor, a ao

    tica parte da noo de dever, a partir daquilo que ele denomina como imperativos

    categricos, verdadeiros princpios universais de ao tica (MARTINS, 1994).

    De acordo com Pinho (2006), a tica kantiana atribui razo a

    origem das aes ticas, sendo que a conduta do ser humano deve estar de acordo

    com princpios universais, em outras palavras o comportamento do ser humano deve

    ser guiado por imperativos categricos. Durozoi e Roussel (2002 apud PINHO, 2006,

    p. 37), explicam que o imperativo categrico, uma preposio que tem o aspecto de um mandamento verdadeiro. Ordena sem condio: nica moral propriamente dita, concerne no a matria do ato ou seu resultado, mas unicamente sua forma, ou seja, sua relao com uma exigncia de universalizao.

    Sendo assim, um imperativo pode ser considerado como uma

    representao (frmula) de um princpio. O imperativo categrico como um

    princpio necessrio com carter de lei prtica e universal (princpio universal), ou

    ainda como um valor que apresenta um fim em si mesmo. (SILVEIRA, 2004).

    A ttulo de exemplificao, a Declarao Universal dos Direitos

    Humanos est baseada na tica kantiana, expressada por meio do imperativo

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC categrico (princpio universal) que norteia a conduta dos sujeitos na sociedade de

    um modo geral.

    Outra questo que deve ser considerada so os valores inerentes a

    cada indivduo. Na realidade, definir valor algo complexo, entretanto, segundo

    Gorman (2000), podemos dizer que valor uma convico duradoura, geralmente

    sobre condutas ou modos de ser, presentes em um continuum de importncia

    relativa, que pode ser interpretado pelo interesse prprio de cada indivduo ou grupo.

    Um valor deve se caracterizar por ser duradouro e comportar

    aes de existncia por um longo perodo. Entretanto, os valores no devem ser

    imutveis e sim flexveis para se adequar s mudanas (GORMAN, 2000). Sendo

    assim, a essncia do valor deve permanecer, devendo ser repensado em um novo

    contexto proporcionado pelas mudanas.

    Em relao ao contexto informacional, Gorman (2000) aponta que

    bibliotecas, profissionais da informao e a prpria rea de Biblioteconomia e

    Cincia da Informao, passam por um processo de mudanas aparentemente

    constantes. Nesse contexto, o autor ressalta a necessidade de se terem presentes

    as questes ticas, cujos princpios conduzem para uma atuao mais acertada o

    que, por sua vez, depende da constante reafirmao de valores antigos e da

    compreenso de novos valores, surgidos devido s mudanas da nossa rea em um

    contexto maior (GORMAN, 2000).

    O impacto das tecnologias criou uma necessidade premente de se

    avaliar e rever questes ticas informacionais que envolvem a formao e

    capacitao dos profissionais envolvidos (FROHLICH, 2004). Atualmente, o

    profissional da informao se v responsvel tambm por atuar na alfabetizao

    informacional, pois no basta disponibilizar computadores e softwares sem que os

    usurios sejam educados a us-los (BUCHANAN, 1999).

    Nesse ambiente, a alfabetizao informacional ganha especial

    relevncia, mormente em face de ser um direito inerente ao cidado, uma vez que o

    acesso educao uma das formas de realizao concreta do ideal democrtico

    (MELLO FILHO, 1986 apud MORAES, 2002, p. 671). Nesse contexto, a biblioteca se

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC apresenta como um espao democrtico de acesso ao conhecimento socializado,

    sendo este um direito essencial ao cidado.

    Assim, torna-se necessrio que haja uma consolidao de: fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessrios compreenso e interao permanente com o universo informacional e sua dinmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida. (DUDZIAK, 2003, p. 28).

    Segundo a autora, a consolidao poder se firmar em trs concepes: a) a concepo da informao (com nfase na tecnologia da informao), a qual

    estaria limitada aos conhecimentos com o aprendizado de uso de mecanismos de

    busca e uso de informaes em ambiente eletrnico;

    b) a concepo cognitiva (nfase nos processos cognitivos), cujo foco est no

    indivduo, em seus processos de compreenso e uso da informao;

    c) a concepo da inteligncia (nfase no aprendizado), que pressupe a incorporao

    de um estado permanente de mudana, a prpria essncia do aprendizado como um

    fenmeno social. Assim, a concepo da inteligncia est alm da apropriao

    tecnolgica ou a mudana em processos cognitivos. Nesse sentido, o usurio aprende a

    aprender, superando as barreiras do conhecimento, de forma a passar a dominar os

    meios de acesso e busca informao, diminuindo a excluso digital.

    Neste cenrio de alfabetizao informacional, o profissional da

    informao se faz presente principalmente na concepo da informao, auxiliando

    o usurio no aprendizado sobre o uso da informao no ambiente tecnolgico.

    Desde modo, pode-se afirmar que a alfabetizao informacional um

    aspecto fundamental relacionado ao proceder tico do profissional da informao, mas,

    anteriormente a tal proceder existem princpios ticos que devem pautar as aes deste

    profissional, independente do ambiente informacional que esteja. Frohlich (2004)

    aponta os seguintes princpios que podem ser aplicados em situaes ticas:

    1) Respeito autonomia moral prpria e das demais pessoas:

    concernente liberdade e autonomia moral, proteo contra danos, igualdade de

    oportunidades, privacidade, mnimo de bem-estar e reconhecimento do trabalho,

    tanto do profissional quanto do usurio e/ou cliente que atende;

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    2) Busca por justia ou imparcialidade: um princpio geral, mas que

    deve ser considerado no contexto no qual acontece, afinal, para determinados

    problemas ticos, existiro diferentes pontos de vistas; a imparcialidade se faz

    necessria para no delegar a favor de uma pessoa (grupo e/ou situao) em

    detrimento de outra(s);

    3) Busca por harmonia social: os servios oferecidos pela biblioteca,

    por exemplo, devem proporcionar o desenvolvimento scio-cultural da comunidade

    que atende. Este princpio est em consonncia com o princpio do utilitarismo, ou

    seja, aes e/ou servios que possam atingir o maior nmero possvel de pessoas;

    4) Agir de tal maneira que a quantidade de prejuzo seja minimizada:

    devido diversidade de pessoas e interesses da comunidade na qual a biblioteca

    est inserida, o bibliotecrio procurar agir de tal maneira que haja o mnimo de

    prejuzo. Na possibilidade de tomar uma deciso drstica, ele dever considerar o

    menor impacto da sua deciso. Inversamente ao princpio do utilitarismo, mais que

    proporcionar felicidade e satisfao ao maior nmero de pessoas, necessrio no

    causar ou minimizar infelicidades.

    5) Ser fiel responsabilidade organizacional, profissional e pblica: o

    ltimo princpio assinalado a fidelidade organizacional, profissional e pblica, que

    diz respeito aos relacionamentos implicados em qualquer atividade profissional,

    principalmente quando esta atividade inclui prestao de servios, envolvimento

    direto com o pblico, bem como a fidelidade empregado-empregador-instituio. Os

    princpios ticos devem permear todos estes relacionamentos. Como se pode observar, a dimenso tecnolgica trouxe antes um

    detalhamento e uma especificao de valores ticos nas atividades informativas do

    que propriamente uma mudana. Tal aspecto, por sua vez, sinaliza para uma

    necessidade de ateno cada vez mais premente sobre as dimenses e

    conseqncias - dos problemas ticos advindos muitas vezes da inexistncia, do

    desrespeito ou das contradies dos citados valores.

    Nesse contexto, especial meno merece a realidade das bibliotecas

    virtuais, visto trazerem novas perspectivas de acesso informao pelos cidados.

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC A BIBLIOTECA VIRTUAL COMO AMBIENTE DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DA INFORMAO

    A Biblioteca, inicialmente considerada como um depsito de livros

    com o objetivo apenas de preservao dos documentos (MATOS, 2003), com o

    passar do tempo teve sua funo transformada de simples guardi do conhecimento

    para assumir um papel social e cultural mais amplo como ponto de acesso a

    socializao do conhecimento da humanidade. No entanto, ressalta Cunha (2000,

    p.75) que em todas as pocas, bibliotecas sempre foram dependentes da

    tecnologia da informao. Reforando tal idia, Matos (2003, p. 54), afirma que,

    Com o aumento da oferta e demanda de informaes e com as facilidades que as tecnologias tm proporcionado quanto ao acesso, armazenamento, recuperao e disseminao da informao, vimos a biblioteca deixando de ser um mero depsitos de livros e outros materiais, para tornar-se um ambiente integrado pelas redes de comunicaes.

    Nesse sentido, possvel verificar uma mudana de paradigma nos

    ambientes de bibliotecas, principalmente com os aportes das novas tecnologias de

    informao e comunicao e o desenvolvimento da Internet (CAPURRO, 2005). Isso

    pode ser verificado pelo surgimento das bibliotecas virtuais, definidas por Takahashi

    (2000, p. 166) como um, Servio que rene informaes antes dispersas, que so capturadas, organizadas, sistematizadas, integradas e disponibilizadas em rede. Consiste de dados e metadados relativos a documentos, pessoas, instituies, servios e objetos, existentes nas mais diversas formas. As informaes podem ser apresentadas mesclando texto e multimdia (imagem, som e vdeo).

    Esse conceito incorpora, como ressalta Rezende (2000, p. 52), a

    dimenso do acesso por meio de redes a recursos informacionais disponveis em

    sistemas de base computadorizada o que, como destaca a autora, possibilita a

    melhoria da qualidade dos servios e produtos da biblioteca, notadamente no

    paradigma atual, voltado para a eficincia e a qualidade de servios.

    Igualmente merece destaque o fato de a biblioteca virtual se diferenciar

    da biblioteca digital pela forma de disseminao da informao, pois quela se

    caracteriza por permitir o acesso a diferentes bases de dados remotas, enquanto esta

    disponibiliza contedos associados base de dados das bibliotecas convencionais

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC (MATOS, 2003). Desse modo, a biblioteca virtual inexiste fisicamente nos moldes

    tradicionais, mas pode ser consultada a distncia, por meio de redes de comunicaes.

    Sintetizando o papel desempenhado pela biblioteca virtual na

    atualidade, Marchiori (1997, p. 115) a considera como uma importante [...] alternativa para ampliar as condies de busca, disponibilidade e recuperao de informao de maneira globalizada, quantitativa, pertinente e racional, aliando o acesso local ao acesso remoto, com base nas redes de telecomunicaes disponveis.

    Indo alm, observa-se, ainda, a possibilidade do uso especfico da

    realidade virtual no mbito das citadas bibliotecas virtuais. Nesse sentido, destaca

    Brey (1999, p. 5), que a realidade virtual, enquanto uma interatividade

    tridimensional que ser gerada em um ambiente computacional que incorpora a

    perspectiva como primeira-pessoa atua como uma avanada tcnica de interface,

    permitindo ao usurio realizar, em uma biblioteca virtual, atividades de imerso,

    navegao e interao em um ambiente sinttico tridimensional gerado por

    computador, utilizando canais multi-sensoriais. Desse modo, o uso da realidade

    virtual por uma biblioteca virtual propicia ao usurio, como bem destacam Machado,

    Novaes e Santos (1999, p. 218), [...] estar caminhando pelos corredores, olhando

    as prateleiras e escolhendo os itens que deseja utilizar.

    Entretanto, as tecnologias de realidade virtual ainda esto em um

    estgio de desenvolvimento e estudos para uma efetiva aplicao, por se tratar de

    uma tecnologia dispendiosa.

    Se, por um lado, as tecnologias permitiram novos ambientes e

    servios informacionais, por outro, trouxeram uma maior complexidade dos fazeres a

    eles inerentes, levando a um repensar das dimenses e conseqncias ticas da

    decorrentes.

    Nesse contexto, Brey (1999) aponta duas ordens de preocupaes:

    as ligadas aos aspectos representacionais (do ambiente e dos recursos

    informacionais) e as relativas aos aspectos interativos e de comportamento (do

    usurio) nos ambientes de realidade virtual. Para tanto, o autor discute os aspectos

    ticos que envolvem a questo do comportamento do mundo real e sua

    representao no mundo virtual e considera essas questes mais difceis de se

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC resolver, pois necessitam de uma discusso mais acurada para os aspectos ticos

    do comportamento, necessitando de pesquisas prticas do comportamento do

    mundo real para o comportamento no mundo virtual.

    Capurro (2005) aprofunda tais reflexes, ao afirmar que a tica da

    informao no ambiente de bibliotecas virtuais deve comear com base em

    representaes bem descritas do mundo real para o mundo virtual, sendo

    considerada um dos desafios atuais mais importantes a serem analisados.

    Alm desses aspectos preciso destacar o tratamento informacional

    (catalogao, classificao e indexao) dos recursos informacionais, que so

    considerados elementos essenciais para a efetivao do ambiente virtual no que

    concerne busca e recuperao dos recursos, principalmente quando se considera

    a efetiva ampliao de acesso a dados bibliogrficos, textos completos, imagens e

    outros recursos informacionais, integrando recursos tanto internos quanto externos,

    seja por meio de provedores de informao seja por bases de dados de outras

    bibliotecas (KEENAN, 1995, p. 134).

    possvel verificar, no cenrio atual, que as aplicaes de

    Realidade Virtual, que incorporam textos, imagens tridimensionais em movimento,

    programas de reconhecimento automtico de voz, apresentam-se como a maior

    potencialidade da gerao de comunidades multimdias interativas, onde no s se

    recupera e representa conhecimento, mas tambm se atua e interage com o

    documento e outros usurios (MARZAL GARCA-QUISMONDO; MOREIRO

    GONZLEZ, 2004). Ao se pensar em formas de representao, pode-se destacar o

    papel do profissional bibliotecrio como protagonista neste cenrio. O trabalho de

    representao da informao seja em uma ambincia convencional, digital ou virtual,

    deve ser bem realizado e pautado em normas e padres pr-estabelecidos, uma vez

    que informaes bem descritas sero produtos de qualidade em um sistema de

    recuperao de informao.

    Sendo assim, e reforando a idia de Brey (1999), uma boa

    representao da informao na biblioteca convencional, deve ser preservada como um

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC valor tico intrnseco ao contexto da biblioteca virtual, a fim de evitarem desvios ou erros

    (e os eventuais danos da decorrentes) no processo de recuperao da informao.

    Nesse sentido, no que diz respeito s novas formas de organizao

    e tratamento de informaes em ambincias virtuais, requer um trabalho

    interdisciplinar, onde cada vez mais h uma parceria dos profissionais da rea de

    Cincia da Informao e dos profissionais da rea de Cincia da Computao.

    Esse componente tico, por sua vez, exige, como substrato, uma

    ao colaborativa entre profissionais de reas como a Ciencia da Informao e a

    Cincia da Computao, de modo a que se possam atingir, como destacam

    Ramalho, Vidotti e Fujita (2005, p. 18), [...] melhorias significativas nos processos de representao, organizao e recuperao de contedos informacionais, possibilitando novas perspectivas no fazer profissional da rea de Cincia da Informao, principalmente no mbito de bibliotecas digitais e [virtuais].

    Assim, evidencia-se uma repercusso efetivamente tica (no caso,

    enquanto busca de um bem fazer profissional), no contexto das bibliotecas virtuais,

    apontando para a necessidade de os profissionais da Cincia da Informao refletirem

    sobre as especificidades que se lhes apresentam, como se aborda a seguir.

    IMPACTOS TICOS DA INTERNET E DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO NA ATUAO DO PROFISSIONAL DA INFORMAO NO CONTEXTO DAS BIBLIOTECAS VIRTUAIS

    Se as bibliotecas virtuais passaram a ser consideradas um novo e

    efetivo ambiente de atuao do profissional da informao e se os novos fazeres da

    decorrentes trouxeram em seu bojo a necessidade de uma reflexo tica, resta

    analisar em que medida tais questes efetivamente se colocam.

    Por um lado, tem-se o prprio impacto causado por essas

    tecnologias, visto refletir um novo paradigma na medida em que a gerao, e a

    aplicao de conhecimentos e informaes se agiliza e se transforma em um ciclo

    de realimentao cumulativo entre inovao e seu uso e passa a exigir dispositivos

    de processamento mais geis e complexos (SILVA, 2004).

    Desse modo, distribuir e acessar o conhecimento mediante

    tecnologias de comunicao e informao e da interatividade instantnea, equivale

    indicar mudanas permanente na inter-relao dos indivduos e instituies, uma vez

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC que o verdadeiro impacto ocorre na operao e no no uso da tecnologia, ou, como

    destaca Silva (2004, p. 86), [...] na mudana de postura no pensar, na aquisio de

    novos conhecimentos, nas mudanas de atitudes e de comportamentos que

    visualizem novas alternativas.

    Entretanto, no se trata somente de uma mudana no ambiente

    tecnolgico, mas, indo alm, de uma mudana nas bases da ao profissional, visto

    que o componente tico passa a exigir uma constante reflexo em virtude da prpria

    mutabilidade do ambiente.

    Esse componente permeia, como destaca Valentim (2004, p. 55), o

    fazer intrnseco do profissional da informao, haja vista a natureza eminentemente

    mediadora do mesmo, desde a prospeco e filtragem de dados e informaes, at

    a disseminao e transferncia desses mesmos dados e informaes ao pblico

    interessado, com especial destaque para o tratamento de contedos informacionais,

    no mbito dos quais o uso das linguagens, como instrumentos de mediao, requer

    uma atitude - e reflexo - tica constante e vigilante.

    O primeiro impacto trazido pelas TICs e Internet pode ser

    visualizado no ambiente de trabalho do profissional da informao, que passa a ter

    atualmente ambientes informacionais dependentes de tecnologia, tais como as

    bibliotecas virtuais.

    Entretanto, independentemente do ambiente em que se inserem as

    atividades do profissional da informao, em sua essncia, permanecero as mesmas.

    Assim, continuaro a desempenhar as tarefas de seleo, aquisio, organizao e

    acesso, preservao e conservao (GORMAN, 2000). Contudo, as atividades de

    assistncia aos usurios, administrao e gerenciamento de biblioteca (pessoal, servios e programas) merecem novas reflexes quando se tratam de bibliotecas virtuais.

    Nesse sentido, as questes ticas no contexto das bibliotecas virtuais

    merecem ser amplamente debatidas pela comunidade cientfica, como desafio para

    proporcionar o acesso informao neste ambiente. Em decorrncia, foi possvel

    identificar problemas ticos especficos os quais assumem uma dimenso importante e

    decisiva. Dentre os problemas identificados podemos destacar:

    12

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC A. ACESSO

    Haveria controle de acesso aos recursos informacionais e como se

    daria o acesso a estes na biblioteca virtual?

    A interao com o bibliotecrio virtual (agente inteligente) atenderia a

    todas as necessidades dos usurios?

    O custo do desenvolvimento e manuteno de uma Biblioteca virtual

    viabilizaria sua implementao?

    B. DIREITOS AUTORAIS

    Os usurios teriam acesso parcial (simples visualizao) ou total (na

    ntegra) aos recursos informacionais?

    Como resolver a questo do direito autoral na hiptese de acesso total

    aos recursos informacionais?

    Como se resolve o conflito entre o respeito aos direitos de autor e os

    direitos de acesso informao?

    C. REPRESENTAO DO VIRTUAL

    Entre a proposio e a representao da biblioteca virtual existe

    violao tica, quando no houver fidedignidade? O profissional estaria

    sendo tendencioso?

    O fato de alguns servios (e no dos recursos informacionais) da

    biblioteca virtual ser disponibilizada em outras lnguas violaria a

    fidedignidade da representao em realidade virtual, em detrimento da

    garantia cultural?

    13

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC D. REPRESENTAO DO RECURSO INFORMACIONAL

    Evitar desvios

    Evitar tendenciosidade

    Evitar insuficincia

    Evitar suprimir a informao (censura)

    Evitar a ausncia de padronizao

    Evitar a m-representao

    Alm desses fatores, podemos citar ainda a questo da

    interoperabilidade de software e hardware que deve permitir o acesso biblioteca

    virtual, onde o usurio, em qualquer parte do mundo, atravs de um computador,

    possa interagir navegando dentro da biblioteca, em uma rplica fiel do mundo real.

    Para tanto, faz-se necessrio que a biblioteca virtual seja

    desenvolvida em um trabalho conjunto do Web designer responsvel por manter a

    representao da biblioteca convencional para um ambiente de realidade virtual e o

    profissional da informao, responsvel pelo gerenciamento do fluxo informacional.

    CONSIDERAES FINAIS

    Podemos concluir que a Internet e as TICs no modificaram a

    essncia das atividades do profissional da informao em bibliotecas virtuais, mas,

    em virtude das caractersticas intrnsecas a este novo ambiente, trouxeram consigo

    novos problemas de natureza e efeito tico, o que tem exigido, do profissional, uma

    profunda reflexo sobre o por que e o para que de seu fazer.

    Assim, preciso considerar que esse profissional j no atua mais

    em um espao local, mas sim global. Desta forma, tem uma responsabilidade de

    atuao tica, que vai muito alm da mera dimenso deontolgica do termo para

    atingir, isso sim, assuno, a crena mesmo, em um conjunto de valores a serem

    preservados para que se tenha garantido o acesso aos recursos informacionais a

    um nmero de usurios cada vez mais amplo, indistinto e diversificado.

    14

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    Essa responsabilidade, no contexto especfico das bibliotecas

    virtuais, assume uma dimenso significativamente mais complexa na medida em que

    os efeitos advindos das aes profissionais empreendidas nesse meio possuem

    maior mbito e alcance e, destarte, maior probabilidade de eventuais danos ao

    usurio. REFERNCIAS

    BREY, P. The ethics of representation and action in virtual reality. Netherlands: Kluwer Academic Publishers. Ethics and Information Technology, v. 1, p. 5-14, 1999. BUCHANAN, E. A. An overview of information ethics issues in a world-wide context. Netherlands: Kluwer Academic Publishers. Ethics and Information Technology, v. 1, p. 193-201, 1999. CANTO-SPERBER, M. (Org.). Dicionrio de tica e filosofia moral. So Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, [2003?]. (Coleo Idias). CAPURRO, R. tica de la informacin: un intento de ubicacin. 2005. Disponvel em: . Acesso em: 19 set. 2006. CUNHA, M. B. da. Construindo o futuro: a biblioteca universitria brasileira em 2010. Cincia da Informao, Braslia, v. 29, n. 1, p. 71-89, jan./abr. 2000. DUDZIAK, E. A. Information literacy: princpios, filosofia e prtica. Cincia da Informao, Braslia, v. 32, n. 1, p. 23-25, jan/abr. 2003. FROHLICH, T. J. Tensions among ethical principles and in their application in library and information work. Conferncia proferida na disciplina Aspectos ticos em organizao e representao do conhecimento. Programa de Ps-graduao em Cincia da Informao, UNESP, Marlia, set. 2004. MARZAL GARCA-QUISMONDO, M. A. ; MOREIRO GONZLEZ, J. A. El anlisis documental de contenido para la sociedad del conocimineto. In: CARIDAD SEBASTIN, M. C.; NOGALES FLORES, J. T. (coord.). La informacin en la posmodernidad: la sociedad del conocimiento en Espaa e Iberoamrica. Madrid: Centro de Estudios Ramn Areces, 2004. cap. 7, p. 67-79. GORMAN, M. Our enduring values: librarianship in the 21st century. Chicago/London: ALA, 2000. KEENAN, S. Concise dictionary of library and information science. East Gristesd, UK: Bowker-Saur, 1995.

    15

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC MACHADO, R. N. das ; NOVAES, M. S. F. ; SANTOS, A. H. dos. Biblioteca do futuro na percepo de profissionais da informao. Transinformao, v. 11, n. 3, p. 215-222, set./dez. 1999. MARCHIORI, P. Z. Ciberteca ou biblioteca virtual: uma perspectiva de gerenciamento de recursos de informao. Cincia da Informao, Braslia, v. 26, n. 2, p. 114-124, maio/ago. 1997. MARTINS, M. H. P. A tica em questo. Palavra-chave, So Paulo, n.8, p.8-9, 1994. Disponvel em: . Acesso em: 27 set. 2006. MATOS, A. T. A biblioteca em realidade virtual com um ambiente colaborativo. 2003. 241 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao)- Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista. Marlia, 2003. MORAES, A. de. Direito Constitucional. 11 ed. So Paulo: Atlas, 2002. 836p. PINHO, F. A. Aspectos ticos em representao do conhecimento: em busca do dilogo entre Antonio Garca Gutirrez, Michle Hudon e Clare Beghtol. 2006. 123 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao)- Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista. Marlia, 2006. RAMALHO, R. A. S.; VIDOTTI, S.A.B.G.; FUJITA, M.S.L. Bibliotecas digitais na era da Web Semntica: reflexes no mbito da gesto de contedos informacionais. So Paulo: CRUESP, 2005. Disponvel em: .Acesso em: 03 ago. 2006. REZENDE, A. P. de. Centro de informao jurdica eletrnica e virtual. Cincia da Informao, Braslia, v. 29, n. 1, p. 51-60, jan./abr. 2000. SILVA, J. F. M. da. O impacto tecnolgico no exerccio profissional em cincia da informao: o bibliotecrio. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Atuao profissional na rea de informao. So Paulo: Polis, 2004. cap. 5, p. 83-96. SILVEIRA, D. C. A fundamentao da tica em Kant. Filosofazer, Passo Fundo, v. 13, n. 24, p. 9-34, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 06 out. 2006. TAKAHASHI, T. (Org.). Sociedade da Informao no Brasil: o livro verde. Braslia: Ministrio da Cincia e Tecnologia, 2000. VALENTIM, M. L. P. tica profissional na rea de cincia da informao. In: ______. (Org.). Atuao profissional na rea de informao. So Paulo: Polis, 2004. cap. 3, p. 55-69.

    16

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC Grupo Temtico : Alfabetizacin Informacional Grupo Temtico: Alfabetizao Informacional

    A EQUAO FUNDAMENTAL DA CINCIA DA INFORMAO E A IMPORTNCIA DE BROOKES ENQUANTO REFERNCIA

    PARA O CAMPO DA CINCIA DA INFORMAO

    Frederico Csar Mafra Pereira

    Mestre em Cincia da Informao pela ECI/UFMG Docente Convidado ECI/UFMG

    Docente Titular do Centro Universitrio de Belo Horizonte (UNI-BH) [email protected] / [email protected]

    RESUMO

    Este artigo busca trazer tona aspectos que permitam re-discutir e re-pensar a relao entre informao e conhecimento, a partir da Equao Fundamental da Cincia da Informao, elaborada por Brookes, no incio dos anos 80. Apesar de passados mais de 25 anos, ainda hoje serve de referncia ou de modelo preliminar a muitos autores que estudam a chamada Sociedade da Informao e a relao entre conhecimento e informao. Palavras-Chave: Cincia da Informao; Informao; Conhecimento; Equao Fundamental da Cincia da Informao; Paradigma Cognitivo.

    ABSTRACT This article search to bring aspects that allow to re-discuss and to re-think the relation between information and knowledge, from the "Fundamental Equation of the Information Science", elaborated for Brookes, in the beginning of years 80. Although passed more 25 years, still today it serves of reference or preliminary model many authors who study the called Information Society and the relation between knowledge and information. Key-Words: Information Science; Information; Knowledge; Fundamental Equation of Information Science; Cognitive Paradigm.

    17

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 1 INTRODUO

    A informao e o conhecimento como conceitos presentes na rea

    da Cincia da Informao possuem vrias definies, de acordo com diversos

    autores e suas linhas de atuao ou formao acadmica / cientfica1. E muitos

    destes autores trabalham com conceitos que tm origem na Equao Fundamental

    da Cincia da Informao, elaborada por Bertram C. Brookes, no incio dos anos 80,

    cuja linha de estudo considera a Cincia da Informao a partir de uma viso

    cognitiva. Apesar de passados mais de 25 anos, sua contribuio para o campo

    inquestionvel, e muitas atualizaes foram e so feitas a partir desta equao, alm

    dela servir como referncia a diversos estudos, artigos, dissertaes e teses da

    rea.

    O presente artigo busca retomar a discusso sobre a Equao

    Fundamental da Cincia da Informao, fazendo uma releitura sobre o trabalho

    desenvolvido por Brookes, com foco prioritrio na srie de artigos referentes

    Cincia da Informao, publicados por ele entre 1980 e 1981, intitulados The

    Foundations of Information Science. O objetivo ser o de, num primeiro momento,

    identificar o contexto da poca em que os artigos foram escritos, passando pela

    apresentao e explicao sobre a formulao da Equao Fundamental, e

    terminando com a apresentao das razes que explicam a motivao de Brookes

    em elaborar a referida equao. Num segundo momento, o artigo demonstrar a

    relevncia do trabalho de Brookes para a rea da Cincia da Informao, atravs de

    um levantamento bibliogrfico, ou documental, sobre o nmero de referncias ao

    trabalho de Brookes, utilizado pelos autores e cientistas da rea da Cincia da

    Informao, e tendo como fontes de referncia a base de dados do Portal Capes

    ISI Web of Science e as referncias bibliogrficas utilizadas nos artigos e trabalhos

    apresentados no V e VI ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da

    Informao, realizados em Belo Horizonte (2003) e em Florianpolis (2005). Por

    ltimo, ser apresentado um estudo sobre a Equao do Impacto Informacional -

    EII, de Arajo (2003), que tem como base a Equao Fundamental da Cincia da

    Informao de Brookes.

    18

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 2 O CONTEXTO PR-EQUAO FUNDAMENTAL DE BROOKES

    Brookes (1980), quando da poca da publicao de seus artigos

    The Foundations of Information Science, comea discorrendo sobre a Cincia da

    Informao e seu estado terico, e comparando-a com o surgimento de uma cincia

    em geral. Os problemas bsicos da Cincia da Informao j eram considerados

    antigos por Brookes (1980), problemas estes epistemolgicos, desde a teoria de

    Plato e a formalizao da lgica de Aristteles, bem como relacionados teoria do

    conhecimento, tanto na filosofia clssica, quanto na psicologia ou neurobiologia,

    cincias consideradas modernas e importantes. Para reivindicar o nome de Cincia

    da Informao, o terico (e sua respectiva teoria) teria que mostrar que esta nova

    cincia ia do que tratava a filosofia, a psicologia e a neurobiologia, apresentando

    reas e problemas novos que poderiam ser legitimamente prprios da nova cincia.

    Brookes (1980) afirmou que o conceito de informao oferecia

    dificuldades peculiares ao cientista terico. Mesmo no senso comum, poder-se-ia

    pensar que a informao uma entidade que se difunde por toda a atividade humana.

    difcil observar fenmenos da informao de forma isolada, com o destacamento que

    o mtodo cientfico tradicional exige. O prprio processo de descrever a observao de

    algum fenmeno uma atividade prpria da informao. Desta forma, difcil manter

    separados os efeitos objetivos dos subjetivos, ...mas possvel uniformiz-los?,

    perguntou Brookes. Segundo o prprio, esta pergunta era crucial. Ele citou que nas

    cincias naturais supe-se que o observador no perturba os fenmenos que est

    observando, exceto no nvel da fsica quntica. Mas nas cincias sociais no se pode

    supor que o comportamento humano no afetado pela observao ou pelas respostas

    inconscientes do observador ao comportamento daquelas pessoas que observa. O

    limite entre a descrio objetiva e a subjetiva torna-se muito confuso. Para Brookes

    (1980), todas as cincias sociais enfrentam esta dificuldade, mas nenhuma delas

    encarou-a de frente. E, de todas as cincias sociais, a Cincia da Informao a mais

    preocupada com as interaes entre os processos mentais e fsicos, ou entre as

    modalidades subjetivas e objetivas do pensamento humano. Ele afirmou que uma

    responsabilidade especial descansava, conseqentemente, na Cincia da Informao,

    na busca de um esclarecimento sobre estas questes.\

    19

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 2.1 Os Paradigmas Fsico, Cognitivo e Social

    Brookes foi considerado um pioneiro na rea da Cincia da Informao,

    se destacando e influenciando vrios autores quanto ao estudo deste campo a partir de

    uma viso cognitiva. Para entendermos essa linha de estudo, abrir-se- um espao para

    discorrer sobre os paradigmas epistemolgicos do sculo XX fsico, cognitivo e social.

    Segundo Capurro (2003), a Cincia da Informao nasceu em meados do sculo XX,

    como teoria da recuperao da informao, baseada numa epistemologia fisicista. A

    esse paradigma, relacionado com a assim chamada Teoria da Informao de Shannon

    e Weaver (1949-1972), e com a ciberntica de Wiener (1961), deu-se o nome de

    paradigma fsico. Esse paradigma postula que h algo (objeto fsico) que um emissor

    transmite a um receptor, que denominado mensagem, ou mais precisamente,

    signos, e no chamado de informao. Informao seria o nmero de selees

    (choices) que implica a codificao da mensagem no momento de sua transmisso.

    Capurro (2003) comenta que este paradigma fsico exclui o papel ativo do sujeito

    cognoscente no processo de recuperao da informao, e nos processos informativo e

    comunicativo. Portanto, essa teoria refere-se a um receptor da mensagem e seus limites

    conduziram ao paradigma oposto, o cognitivo. O paradigma cognitivo trata da

    recuperao da informao, ou do contedo dos suportes fsicos do conhecimento, sendo

    influenciado diretamente pela ontologia e epistemologia de Karl Popper (1972). Brookes,

    segundo Capurro (2003), subjetiva o modelo de Popper, no qual os contedos

    intelectuais formam uma espcie de rede que existe somente em espaos cognitivos ou

    mentais, e chama tais contedos de informao objetiva. Sob a idia deste paradigma

    que Brookes desenvolve seu trabalho The foundations of Information Science e a

    Equao Fundamental da Cincia da Informao. O paradigma social aparece como

    uma crtica ao paradigma cognitivo, visto como reducionista por Frohmann (1992), por

    considerar a informao como algo separado do usurio localizado em um mundo

    numnico, e de ver o usurio, se no exclusivamente como sujeito cognoscente, em

    primeiro lugar como tal, deixando os condicionamentos sociais e materiais do existir

    humano. Considera o paradigma cognitivo idealista e associal, e critica a epistemologia

    baseada em conceitos como imagens mentais, mapas cognitivos, modelos do

    mundo, realidades internas.

    20

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 2.2 Os Trs Mundos de Popper

    Brookes (1980) via a informao como um fenmeno especfico para

    a Cincia da Informao, como um conhecimento comunicado e que opera uma

    transformao na estrutura de conceitos do indivduo. Na sua tentativa de buscar

    uma definio de informao, Brookes (1980) toma a noo de conhecimento

    objetivo e cita Popper (1972), afirmando que a Cincia da Informao necessita, em

    suas razes, de um objetivo mais do que uma teoria subjetiva do conhecimento. Para

    Brookes (1980), toda linha de pensamento que reivindicar ser cientfica deve tratar

    com objetividades mais do que com subjetividades.

    Apesar dos filsofos da poca reconhecerem o mundo fsico e o

    mundo mental como realidades independentes, Popper (1972) avanou nesta linha

    de pensamento, reconhecendo um terceiro mundo, o mundo do conhecimento

    objetivo, que a totalidade do pensamento humano personificado em artefatos

    humanos, como nos originais, e tambm na msica, nas artes, nas tecnologias.

    Assim, Popper (1972) apresenta seu esquema ontolgico dos trs mundos: Mundo

    1: mundo fsico, mundo material (dos estados materiais); Mundo 2: mundo do

    conhecimento humano subjetivo (dos "estados mentais"); Mundo 3: mundo do

    conhecimento objetivo, os produtos da mente humana gravado nas lnguas, nas

    artes, nas cincias, nas tecnologias - em todos os artefatos humanos armazenados

    ou dispersados em torno da terra. o mundo das idias no sentido objetivo, o

    mundo das teorias e das relaes lgicas, dos argumentos e das situaes

    problemticas. (MARTELETO, 1987, p.172). Para Popper (1972), estes trs mundos

    so independentes, mas tambm se interagem. Todos os seres humanos fazem

    parte do mundo 1 (mundo fsico) pois vivem na Terra e dependem do oxignio, do

    calor e da luz do sol, da gua fresca, das substncias materiais e protenas para

    existirem. Tambm fazem parte do mundo 2, (mundo dos estados mentais)

    justamente por seu conhecimento subjetivo presente nas mentes de cada indivduo.

    E tambm fazem parte do mundo 3 por ser o mundo do conhecimento objetivo, ou

    da totalidade de todo o pensamento humano implcito nos objetos elaborados pelo

    homem, como documentos, objetos artsticos ou tecnologias. Brookes (1980) cita

    que um artefato como representao do conhecimento permite que algum saiba

    21

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC (obtenha conhecimento) sobre algo, mesmo que ele no se interaja com o autor do

    artefato. Ou seja, um ser humano talentoso pode adquirir um amplo conhecimento, a

    sabedoria profunda e ter insights espirituais, mas todo este conhecimento perdido

    quando morre, exceo daquele que gravou em algum artefato. Para Brookes

    (1980), Popper (1972), no seu mundo 3, reconheceu o valor do ser humano, j que o

    mundo 3, por ser objetivo, criado pelo homem, diferentemente da idia de criao

    dos mundos 1 e 2, atribudos a um Deus ou a foras csmicas.

    Considerando essa posio, o mundo 3 de Popper (1972) oferece

    uma racionalidade para as atividades desenvolvidas pelos profissionais da rea da

    Cincia da Informao, j que podem expressar seu trabalho de forma prtica e

    objetiva atravs dos artefatos. Brookes (1980) conclui que o mundo prtico dos

    cientistas da rea da Cincia da Informao pode ser o mundo 3, utilizado para

    coletar e organizar os artefatos para o uso de outras pessoas. E o mundo terico

    deve estudar as interaes entre os mundos 2 e 3, descrever e explicar se elas

    podem ajudar na organizao do conhecimento mais do que os documentos em si.

    Ao adotar as interaes entre os mundos 2 e 3, o campo da Cincia da Informao

    estaria reivindicando um territrio que nenhuma outra disciplina j reivindicou.

    Segundo Brookes (1980), essa idia de um estudo objetivo do conhecimento que

    justificaria o estabelecimento de uma nova cincia, e afirma que esta nova cincia

    deveria ser uma mistura peculiar da lingstica, da comunicao, da informtica, da

    estatstica, dos mtodos de pesquisa, juntamente com algumas tcnicas da

    biblioteconomia, como a indexao e a classificao. Ou seja, toda a integrao

    destes elementos deveria ser conseguida por quem a estuda e se interessa por ela.

    Ao mesmo tempo, Brookes (1980) alertou para a importncia de que a Cincia da

    Informao seja uma disciplina que tenha seu prprio territrio original, seus prprios

    problemas originais e seu prprio ponto de vista original, relacionados aos casos

    humanos, e que desenvolva seus prprios princpios e tcnicas.

    22

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 3 A EQUAO FUNDAMENTAL DA CINCIA DA INFORMAO

    3.1 A Relao entre Informao e conhecimento: O Estado Anmalo do Conhecimento

    Para Brookes (1980), a informao um elemento que provoca

    transformaes nas estruturas do indivduo estruturas subjetivas ou objetivas,

    formadas por conceitos ligados pelas relaes que o indivduo possui, ou sua

    imagem do mundo, sendo a informao uma parte de tal estrutura. Esta

    informao (mensagem) enviada atravs de um cdigo conhecido, tanto pelo

    sujeito-emissor, quanto pelo sujeito-receptor, podendo ser interpretada e, a partir

    da, adquirir sentido. Ou seja, o sujeito social produz conhecimento quando recebe

    uma informao (com sentido) para resolver determinado problema ou se informar

    sobre qualquer situao, e se utiliza dela. Neste sentido que se apresenta uma

    relao entre informao e conhecimento, onde estes elementos podem provocar

    transformaes nas estruturas de conceitos que o indivduo possui.

    Segundo Belkin (1980), cada indivduo possui um estado (ou

    estados) de conhecimento sobre um determinado assunto e em um determinado

    momento, sendo este estado de conhecimento representado por uma estrutura de

    conceitos ligados por suas relaes. No momento em que o indivduo constata uma

    deficincia (ou anomalia) desse(s) estado(s) de conhecimento(s), ele se encontra

    em um estado anmalo de conhecimento. Ao tentar obter uma informao ou um

    conjunto de informaes que possam corrigir essa deficincia, o indivduo cria um

    novo estado de conhecimento, que ser aplicado na situao-problema, provocando

    uma nova situao ou uma transformao de estruturas.

    3.2 A Equao Fundamental

    Partindo do conceito de estado anmalo do conhecimento e da

    relao entre informao e conhecimento na soluo de uma situao anmala,

    Brookes (1980) expressou esse relacionamento entre a informao e o

    23

  • VII Encuentro Asociaci cologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Docume be VII EDIBCIC

    n de Educadores e Investigadores de Bibliotentacin de Iberoamrica y el Cari

    conhecimento atravs de uma frmula, denominada de "A Equao Fundamental da

    Cincia da Informao":

    K [S] + K = K [S + S]

    I

    Esta equao exprime a passagem de um estado de conhecimento

    (anmalo) K[S] para um novo estado de conhecimento K[S+S], devido

    contribuio de um novo conhecimento K, extrado de uma informao I; sendo que

    o termo S indica o efeito dessa modificao. Dessa forma, ocorre a transformao do

    estado inicial de conhecimento, sendo que, se tal transformao for aplicada ao nvel

    das relaes que ocorrem num determinado contexto social, pode-se ter a

    transformao deste contexto. Este processo tem caractersticas transformadoras, pois

    possibilita uma reviso do conhecimento estabelecido e/ou a criao de novos

    conhecimentos. A idia bsica a de que o conhecimento se d quando a informao

    percebida e aceita, sendo toda alterao provocada no estoque mental de saber do

    indivduo, oriunda da interao com estruturas de informao. A partir das consideraes feitas, compreendemos que a informao uma prtica social que envolve aes de atribuio, e comunicao de sentido que, por sua vez, podem provocar transformaes nas estruturas, pois geram novos estados de conhecimento (ARAJO, 2003, p.4).

    Brookes (1980) expressou a equao numa forma pseudo-

    matemtica, pois foi a maneira que encontrou de mostrar a relao entre a informao

    e o conhecimento da forma mais compacta possvel. Mas afirmou tambm que um

    matemtico notar que os termos e smbolos utilizados so indefinidos. Na realidade, a

    equao diz pouco a mais do que Brookes vinha discorrendo sobre o tema, e serviu

    para enfatizar como ele pouco sabia, na poca, sobre as maneiras em que o

    conhecimento das pessoas cresce e se desenvolve. H, entretanto, um ponto implcito

    na equao, destacado por Marteleto (1987, p.172): Essa equao implica que essas entidades (informao e conhecimento) so mensurveis, podendo ser medidas atravs das mesmas unidades, isto , a informao e o conhecimento so fenmenos do mesmo tipo. Assim definida, a informao um pequeno bit do conhecimento (MARTELETO, 1987, p.172).

    24

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    A equao mostra tambm que o crescimento do conhecimento no

    simplesmente incremental. A absoro da informao em uma estrutura do

    conhecimento pode causar no simplesmente uma adio, mas algum ajuste

    estrutura, uma mudana nas relaes que ligam dois ou mais conceitos j admitidos.

    Brookes (1980) afirma que, de acordo com a equao, a informao pode depender

    da observao sensorial, mas os dados recebidos teriam que ser subjetivamente

    interpretados por uma estrutura de conhecimento para se transformar em

    informao. Para ele, a equao fundamental se aplica s estruturas subjetivas e

    objetivas do conhecimento. Concorda com Popper (1972) quando este diz que os

    indivduos aprendem mais sobre a aprendizagem subjetiva estudando a Equao

    Fundamental num contexto objetivo do que nos contextos subjetivos tradicionais, e

    sugere que este tipo de estudo seja um alvo principal e importante da Cincia da

    Informao. Tomando por base a Equao Fundamental, Brookes (1980) afirma

    que se houver um conhecimento objetivo, ento deve tambm existir uma

    informao objetiva correspondente. A idia do perceptor, pronto para transmitir a

    informao ao sujeito-receptor, ajustada para a coleta de pontos que permitam que

    a informao se torne objetiva. A informao objetiva aquela que pode ser

    compartilhada por qualquer um (sujeito-emissor) que se identificou com outro

    (sujeito-receptor) de alguma forma, mas quando essa informao alcana o sujeito-

    receptor, torna-se subjetiva para ele, e a cada um dos que tambm receberem esta

    informao. Um exemplo citado por Brookes (1980) seria o caso da informao

    transmitida atravs do rdio. Ela objetiva porque compartilhada e recebida por

    todos que esto escutando o rdio, mas o que os ouvintes ouvem pode ser a opinio

    subjetiva de algum comentarista poltico que traga lembrana dos ouvintes suas

    prprias respostas subjetivas ao seu comentrio. Mas se a informao, considerada

    uma seqncia programada de sinais, no for estruturada no conhecimento do

    indivduo, permanece como informao objetiva.

    Brookes (1980) relembra que as medidas da informao objetiva

    foram propostas h 50 anos (tomando-se como base a poca em que escreveu seu

    artigo, em 1980), e so usadas na teoria de Shannon (1948) aplicada aos sistemas

    de telecomunicaes e aos computadores. E tais medidas ainda no tinham sido

    aplicadas no estudo do conhecimento objetivo, mas que, ao mesmo tempo, no via

    25

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC nenhum empecilho para que fossem. O que Brookes (1980) afirmou que o

    crescimento do conhecimento observvel publicamente como aquele gravado na

    literatura e publicado reflete os caminhos em que as mentes individuais pensam

    confidencialmente. Em todo o caso, no h nenhuma maneira de inspecionar as

    estruturas confidenciais do conhecimento de um indivduo sem eliciar sua resposta a

    perguntas, atravs de examinaes escritas. Em estudos subjetivos, os cientistas

    tm que usar "tcnicas da caixa preta" para encontrar a estrutura confidencial do

    conhecimento, dando forma ao que quer que eles tentem obter de resposta,

    comparando a sada com as suas prprias estruturas subjetivas. Esta parece ser

    uma tcnica metodologicamente precria para ser adotada, segundo Brookes

    (1980), j que o mesmo problema pode ser estudado objetivamente.

    4. A RELEVNCIA DE BROOKES PARA A CINCIA DA INFORMAO

    Como forma de demonstrar a importncia do trabalho de Brookes

    para a rea da Cincia da Informao, apresentada uma sntese do nmero de

    autores, do incio da dcada de 80 at agosto de 2006, que se utilizaram (e/ou ainda

    se utilizam) dos artigos de Brookes The foundations of Information Science part I,

    II, III and IV como referncia em diversos tipos de trabalhos na rea.

    A metodologia empregada para o levantamento destas informaes foi a

    de pesquisa bibliogrfica, ou documental. Este mtodo de pesquisa tambm chamado

    de levantamento em fontes secundrias, e de acordo com Mattar (1996, p.20), [...] uma das formas mais rpidas e econmicas de amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa atravs do conhecimento dos trabalhos j feitos por outros, via levantamentos bibliogrficos. Este levantamento dever envolver procura em livros sobre o assunto, revistas especializadas ou no, dissertaes e teses apresentadas em universidades e informaes publicadas por jornais, rgos governamentais, sindicatos, associaes de classe, concessionrias de servios pblicos, etc. (MATTAR, 1996, p.20).

    26

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    Segundo Mafra Pereira (2000, p.31), O levantamento de dados secundrios compreende levantamentos bibliogrficos, documentais, estatsticas e levantamento de pesquisas realizadas. Os dados secundrios podem advir de fontes internas e/ou externas instituio contratante da pesquisa e deve-se ater para a importncia de se coletar dados secundrios atravs de fontes primrias (MAFRA PEREIRA, 2000, p.31).

    De acordo com a base de dados do Portal Capes ISI Web of

    Science, desde 1981, um ano aps a publicao dos artigos de Brookes (1980), at

    agosto de 2006, foram identificados 108 trabalhos que apresentam, em suas

    referncias bibliogrficas, as quatro partes ou pelo menos uma das quatro partes do

    trabalho de Brookes The foundations of Information Science:

    88 trabalhos citaram a Parte I Philosophical Aspects;

    29 trabalhos citaram a Parte II Quantitative aspects: classes of

    things and the challenge of human individuality;

    30 trabalhos citaram a Parte III Quantitative aspects: objective

    maps and subjective landscapes;

    31 trabalhos citaram a Parte IV Information science: the

    changing paradigm.

    So, ao todo, 106 autores diferentes, que apresentaram trabalhos

    individuais ou em parceria com outros autores, e que citam os artigos de Brookes

    como referncia.

    Outra fonte de pesquisa utilizada foi o conjunto de referncias

    bibliogrficas dos trabalhos e artigos apresentados no V ENANCIB Encontro

    Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao, realizado entre os dias 10 e 14 de

    novembro de 2003, na ECI/UFMG, Belo Horizonte (MG), e no VI ENANCIB,

    realizado entre os dias 28 e 30 de novembro de 2005, em Florianpolis (SC). Por se

    tratar de um dos eventos mais importantes da rea da Cincia da Informao no

    Brasil, esta fonte de informao foi escolhida para mostrar, dentre os mais recentes

    trabalhos apresentados na rea da Cincia da Informao no pas, a contribuio

    dos estudos de Brookes (1980) como referncia, principal ou secundria. Do total de

    140 trabalhos apresentados no V ENANCIB, incluindo o texto da Conferncia de

    Abertura, oito deles destacaram Brookes (1980) como referncia bibliogrfica ou

    como citao, por outros autores, no corpo dos artigos. Nestes oito trabalhos,

    27

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC Brookes foi citado 27 vezes. Com relao s citaes, seis trabalhos citaram partes

    do artigo The Foundations of Information Science, e dois citaram outros artigos de

    Brookes. No VI ENANCIB o artigo de Brookes (1980) foi citado por apenas um

    trabalho, dentre os 125 apresentados.

    Observa-se que os estudos de Brookes (1980) so importantes e

    ainda so utilizados por diversos de seus pares, nas diversas linhas de pesquisa

    dentro da rea da Cincia da Informao, ou como referncia principal para o

    desenvolvimento de novas propostas, ou como base para uma contra-opinio

    (crtica) e a exposio de uma nova idia na rea. De qualquer forma, a utilizao de

    seus trabalhos como referncia presente e inquestionvel.

    5 ATUALIZAES DA EQUAO FUNDAMENTAL

    Dentre os diversos trabalhos que utilizam os estudos de Brookes

    (1980) na rea da Cincia da Informao, este artigo destaca um em especial,

    apresentado no V ENANCIB (2003), de Eliany Alvarenga de Arajo, intitulado Equao

    do Impacto Informacional: uma proposta paradigmtica. Segundo a autora, O texto analisa aspectos conceituais da informao e prope uma nova conceituao para a mesma. A partir da equao fundamental da Cincia da Informao elaborada por Brookes, analisa as possibilidades de se avaliar o impacto da informao nos contextos mental e/ou social. Apresenta uma proposta paradigmtica para a avaliao do impacto da informao atravs da EQUAO DO IMPACTO INFORMACIONAL EII (ARAJO, 2003, p.1).

    Este estudo apresenta, na sua parte inicial, a compreenso sobre o

    termo informao segundo Brookes (1980), alm do conceito de estado anmalo do

    conhecimento, e retoma a Equao Fundamental da Cincia da Informao como

    ponto de partida para sua proposta. Arajo (2003) destaca a importncia de se

    considerar o sujeito do conhecimento tanto o sujeito-usurio quanto o sujeito-

    gerador -, como forma de se compreender melhor o fenmeno informacional, e

    apresenta trs tendncias, no campo da Cincia da Informao, sobre esse tema. A

    primeira fala sobre a informao como produo de um sujeito universal,

    considerando este sujeito portador de categorias e operaes estabelecidas a

    28

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC priori, sendo que este sujeito do conhecimento (usurio ou gerador de informao)

    desenvolve prticas informacionais. Para Arajo (2003), esta interpretao do

    fenmeno informacional de difcil aceitao, j que considera o sujeito do

    conhecimento um ente abstrato, um ente a-histrico. A segunda abordagem fala

    sobre a informao como produo de um sujeito cognitivo-individual que, a partir de

    suas experincias individuais, combina percepes elementares e as generaliza,

    dando lugar a produtos mais complexos, como o conhecimento cientfico. Esta

    abordagem enfatiza a dimenso subjetiva do processo informacional, onde as

    prticas de informao (recepo, gerao e transferncia) so aes que ocorrem

    no interior de um sujeito cognitivo individual, e no so estabelecidas a priori.

    Entretanto, tambm segundo Arajo (2003), esta abordagem acaba por aprisionar o

    sujeito do conhecimento num universo de escolhas mecnicas. A autora destaca

    que as duas abordagens anteriores desconsideram um terceiro elemento importante

    no processo informacional, que a realidade social. Neste sentido, apresenta uma

    terceira abordagem que considera a informao como produo de um sujeito

    cognitivo-social, sendo as prticas informacionais mediadas por um sistema de

    conceitos, que constituem um modelo de mundo para o sujeito do conhecimento, e

    que opera como uma unidade de seleo na filtragem e estruturao, tanto da

    emisso, como na recepo da informao. O elemento diferenciador desta

    abordagem para as duas anteriores o ponto de vista que relaciona o sujeito do

    conhecimento com seu contexto social. Segundo Gonzalez de Gomez (1984, p.112),

    esse modelo conceitual depende das experincias anteriores de um indivduo ou

    grupo, sendo afetado pelos processos de socializao que recebem os indivduos e

    pela vivncia histrica dos grupos sociais. So, como preferimos dizer, modelos

    scio-cognitivos.

    Arajo (2003) conclui que o fenmeno informacional no algo

    natural, pois se d a partir de um sujeito cognitivo e tambm social, sendo a

    informao uma construo do sujeito cognitivo-social. Com isso, admite-se que o

    processo informacional constantemente reconstrudo pelo sujeito do

    conhecimento, a partir de uma determinada realidade social e de significativos

    pessoais, no sendo o ato de informar-se um processo finalizado quando o sujeito

    do conhecimento recebe e usa a informao, mas sim algo aberto e inacabado,

    29

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC sempre propcio a reestruturaes e criao de novas informaes. Neste ponto,

    Arajo (2003) aborda em seu trabalho o aspecto da funo da informao na

    sociedade atual, e ento, toma como ponto de partida a Equao Fundamental da

    Cincia da Informao de Brookes (1980) para buscar ampliar a compreenso

    sobre a relao informao e sociedade, e sobre o novo estado do conhecimento -

    K[S+S] - proveniente de uma determinada informao - I. Apresenta, enfim, sua

    Equao do Impacto Informacional EII.

    Esta equao p

    ocorrido nos sujeitos sociais e

    mesma rene, num s momento

    mudana mental e/ou social. [...] a profundsuas respectnecessidadespor tais sujeitoinformao di

    Mesmo tendo a

    informao como construo d

    Brookes (1980), que trabalhou c

    utilizou-se da referncia de Br

    propor a sua Equao do Impa

    referncia de Brookes (1980) fo

    conceitos apresentados por Ara

    desenvolvido seu estudo, sob um

    IF = Ni + Cs x Int

    ermite que se conhea o nvel de transformao

    nas formaes sociais correspondentes, pois a

    , os elementos caracterizadores da transformao /

    idade do impacto da informao sobre os sujeitos sociais e ivas prticas relaciona-se diretamente, por um lado, s informacionais (Ni) e aos contextos sociais vivenciados (Cs) s e, por outro lado, intencionalidade (Int) explcita ou no da

    sseminada e/ou utilizada (ARAJO, 2003, p.12)2.

    vanado, em seu trabalho, para o conceito de

    e um sujeito cognitivo-social, diferentemente de

    om a idia do paradigma cognitivo, Arajo (2003)

    ookes (1980) e a Equao Fundamental... para

    cto Informacional neste novo contexto. Portanto, a

    i importante para fundamentar as idias e novos

    jo (2003), mesmo que a autora tenha avanado, ou

    paradigma diferente3.

    30

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC 6 CONSIDERAES FINAIS

    Conforme exposto na parte introdutria deste trabalho, o objetivo

    maior deste foi abordar a contribuio de Brookes (1980), e de sua Equao

    Fundamental da Cincia da Informao, para o campo da Cincia da Informao, e

    rediscutir e repensar o tema deve fazer parte do trabalho de estudiosos da rea.

    Como visto durante todo o artigo, e no estudo apresentado por Arajo (2003), as

    idias de Brookes (1980) apresentadas em Foundations of Information Science

    ainda so uma forte referncia no campo da Cincia da Informao e podem servir

    de modelo preliminar para o surgimento, incrementaes ou ampliaes de

    conceitos e idias. Vrias das definies modernas sobre informao e

    conhecimento, e sobre a relao entre eles, baseiam-se, sob o ponto de vista

    epistemolgico, nos conceitos que Brookes (1980) apresentou h 26 anos.

    Nos dias atuais, sob o contexto do paradigma social, no deixamos

    de considerar importante a questo cognitiva do sujeito do conhecimento, e Brookes

    (1980) j afirmara e considerara, mesmo que conceitualmente presente em um

    paradigma cognitivo, que a transformao do estado inicial de conhecimento,

    demonstrada na Equao Fundamental, pode ocorrer no nvel das relaes que

    ocorrem num determinado contexto social, acarretando na transformao deste

    contexto. Estudos sobre este atual paradigma social e a atuao neste de um

    sujeito cognitivo social, conforme mencionado por Arajo (2003), podem utilizar as

    idias de Brookes (1980) como ponto de partida, um modelo a ser ampliado e

    incrementado.

    31

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    NOTAS 1. Segundo Gonzales de Gomez (1990) e outros autores citados em Capurro e Hjorland

    (2003, p.356) como Bodgan (BODGAN, R, J. Grounds for cognition. How goal-guided behavior shapes the mind. Hillsdale, NJ: Lawrence Earlbaum, 1994), a Cincia da Informao uma disciplina interdisciplinar e/ou transdisciplinar, e por isso, questionvel a possibilidade de se ter um significado comum para o conceito de informao.

    2. Arajo (2003) destaca que o elemento da intencionalidade, que surge como o elemento mais subjetivo da Equao do Impacto Informacional (EII), ainda no tem sido considerado, em termos terico-conceituais, na rea da Cincia da Informao. No caso da EII, a intencionalidade utilizada no sentido fenomenolgico, como direo, orientao que d sentido ao ato de entendimento. A autora destaca, portanto, que a anlise da intencionalidade pode revelar a relao que se estabelece entre a conscincia e o real e as transformaes ou impactos da informao ocorridos em tal conscincia.

    3. Como referncia complementar, ver MENOU, M. J., The Impact of information I: Toward a research agenda for its definition and measurement. Information Processing and Management, 31(4), p. 455-477, 1995, e MENOU, M. J., The Impact of information II: Concepts of information and its value. Information Processing and Management, 31(4), 479-490, 1995. Este autor atua como consultor internacional independente em Gesto do Conhecimento e da Informao, e tem estudos sobre o impacto e o valor da informao, utilizando como referncia, tambm, a Equao Fundamental de Brookes (1980).

    REFERNCIAS ARAJO, Eliany Alvarenga de. Equao do Impacto Informacional: uma proposta paradigmtica. V Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao ENANCIB. Belo Horizonte: ECI/UFMG, 2003. BELKIN, N.J. Anomalous states of knowledge as a basis for information retrieval. Canadian Journal of Information Science, 5, 1980. BROOKES, B. C. The developing cognitive view in information science. International Workshop on the Cognitive Viewpoint, CC-77, p. 195-203, 1977. BROOKES, B. C. The foundation of Information Science. Journal of Information Science, v. 2, Part I (p.125-133), Part II (p.209-221), Part III (p.269-275), and v. 3, Part IV (p.3-12), 1980/1981. CAPURRO, R. Epistemologia e Cincia da Informao. V Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao ENANCIB. Conferncia de abertura. Belo Horizonte: ECI/UFMG, 2003, 19p. CAPURRO, R., HJORLAND, B. The Concept of Information. ARIST, v.37, Chapter 8, p. 343-411, 2003. ENANCIB, V. V Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao. CD-ROM. Anais. Belo Horizonte: ECI/UFMG, nov/2003.

    32

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC FROHMANN, Bernd. The power of images: a discourse analysis of the cognitive viewpoint. Journal of Documentation, vol.48, no.4, p.365-286, 1992. GONZALEZ DE GOMEZ, Maria Nlida. Informao e Conhecimento. Cincia da Informao, Braslia, v.13, no.2, p. 107-114, jul/dez, 1984. GONZALEZ DE GOMEZ, Maria Nlida. O objeto de estudo da Cincia da Informao: paradoxos e desafios. Cincia da Informao, Braslia, vol.19, n.2, p. 117-122, jul/dez 1990. ISI WEB OF SCIENCE. Disponvel em: < http://www.periodicos.capes.gov.br >. Acesso em: 31 maio 2004. LE COADIC, Yves-Franois. A Cincia da Informao. Braslia (DF): Briquet de Lemos/Livros, 1996. MAFRA PEREIRA, Frederico C. Fundamentos Metodolgicos da Pesquisa de Marketing. 2000. 68 F. Monografia (Especializao lato sensu em Gesto Estratgica de Marketing) Centro de Ps-Graduao e Pesquisas em Administrao da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000. MARTELETO, Maria Regina. Informao: elemento regulador dos sistemas, fator de mudana social ou fenmeno ps-moderno? Cincia da Informao, Braslia, IBICT/MCT, vol.16, n.2, p. 169-181, 1987. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing. So Paulo: Atlas, 1996. SHANNON, C. A Mathematical Theory of Communication. Bell System Technical Journal, 27, 379-423, 623-656, 1948. SHANNON, Claude, WEAVER Warren. The mathematical theory of communication. Urbana, IL.: University of Illinois Press, 1949/1972. POPPER, Karl R. Objective Knowledge; An Evolutionary Approach. Clarendon Press, Oxford, 1972. WIENER, Norbert. Cybernetics or the control and communication in the animal and the machine. M.I.T. Press, 1961.

    33

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    Grupo Temtico: Alfabetizacin Informacional Grupo Temtico: Alfabetizao Informacional

    ALFABETIZACION INFORMACIONAL: EXPERIENCIAS EN BIBLIOTECAS UNIVERSITARIAS ARGENTINAS

    Jorge Hernn Pugh Lic. en Bibliotecologa y Documentacin

    Universidad Nacional de Mar del Plata Argentina

    [email protected]

    RESUMEN Se desarrolla el concepto de alfabetizacin informacional y los antecedentes sobre la temtica que se registran en algunas bibliotecas universitarias de Europa, Amrica y especficamente en bibliotecas universitarias argentinas. Por ltimo se presentan las conclusiones sobre el trabajo de investigacin realizado en las Bibliotecas Universitarias Argentinas. Palabras-Clave: Alfabetizacion Informacional; Bibliotecas Universitarias.

    ABSTRACT Developing the information literacy concept and the record of thematic in same university libraries in Europe, America and specially in Argentine. Finally presents the conclusions of the investigation in university libraries of Argentina. Key-Words: Information Literacy; University Libraries.

    INTRODUCCIN

    La expresin alfabetizacin informacional, denominada en ingls

    information literacy, se utiliza para indicar el conjunto de habiblidades, competencias,

    aptitudes, conocimientos y valores para saber localizar, acceder, usar, evaluar y

    comunicar la informacin, que realiza una persona en distintas situaciones de su

    vida.

    En nuestra sociedad, en la que la informacin y los conocimientos

    crecen en forma exponencial, actualizndose permanentemente en una variedad de

    fuentes y soportes, se hace necesario que las personas sean alfabetizadas en

    informacin. Las instituciones educativas estn dando cada vez mayor importancia

    al tema y, en particular, las de educacin superior.

    34

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    La universidad prepara profesionales, docentes e investigadores que

    necesitan continuamente actualizar sus conocimientos. La satisfaccin de esa

    constante necesidad requiere el desarrollo de aptitudes para determinar la validez,

    pertinencia y calidad de la informacin. Esta tarea se lleva a cabo en la mayora de

    las bibliotecas universitarias del mundo, e involucra la participacin de todos los

    actores de la vida acadmica: autoridades, profesores, investigadores y estudiantes.

    El presente trabajo indaga sobre las experiencias realizadas en las

    Bibliotecas Universitarias Argentinas (BUA) sobre las actividades de alfabetizacin

    informacional (AI).

    ANTECEDENTES DEL PROBLEMA

    El trmino information literacy fue utilizado por primera vez por el

    bibliotecario norteamericano Paul Zurkowski, quien lo emple para referirse a lo que

    se conoce hoy como alfabetizacin informacional, en el escrito titulado The

    information service enviroment relationships and priorities, publicado en 1974.

    Zurkowski sugera que los recursos informacionales deberan ser aplicados en

    situaciones reales de trabajo, resolucin de problemas por medio del aprendizaje de

    tcnicas y habilidades en el uso herramientas de acceso a la informacin. La

    informacin se buscaba para tomar decisiones.

    Benito Morales al referirse al tema, define en la actualidad la

    alfabetizacin informacional como: [] un proceso de aprendizaje mediante el cual

    uno identifica una necesidad o define un problema; busca recursos aplicables; rene

    y consume informacin; analiza e interpreta; sintetiza y comunica eficazmente a

    otras personas y evala el producto realizado. Una persona alfabetizada en

    informacin es aquella capaz de reconocer cundo se necesita informacin y tiene la

    capacidad para localizar, evaluar y utilizar eficientemente la informacin requerida, lo

    que le permite ser un aprendiz independiente a lo largo de la vida 1.

    1 Benito Morales, Flix (2000). Nuevas necesidades, nuevas habilidades. Fundamentos de la alfabetizacin informacional. En Gmez Hernndez, Jos Antonio (Coord.). (2000). Estrategias y modelos para ensear a usar la informacin (p 36). Murcia: KR.

    35

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    A partir de la dcada de los 80 en diferentes partes del mundo

    surgieron movimientos que desarrollaron la nocin de aptitudes o competencias en

    el manejo de la informacin.

    Estos movimientos promovan la formacin en el uso de la

    informacin a travs del desarrollo de habilidades de informacin en todos los

    niveles del sistema educativo.

    Francia puso en marcha la formacin en el uso de informacin en

    casi cien escuelas de ingeniera y de gestin entre los aos 1980 y 1990,

    posteriormente se extendi la experiencia a ochenta establecimientos de enseanza

    superior a partir de 1992. En la mayora de los establecimientos la formacin estaba

    integrada en las asignaturas de cada disciplina y en la mayora de los casos, en los

    ciclos superiores.

    En Blgica, una encuesta llevada a cabo en 1995 revel que el

    68,5% de las bibliotecas universitarias realizaban al menos una actividad de

    alfabetizacin informacional y que sta se encontraba integrada en las asignaturas

    opcionales dirigidas prioritariamente al segundo ciclo, sin descuidar al primero y al

    tercero.

    En Gran Bretaa, encontramos que en el ao 1981 se desarroll el

    Modelo Marland, de uso generalizado en el Reino Unido. Dicho modelo se basa en

    la formulacin de preguntas y su relacin con los conocimientos que debe adquirir la

    persona participante del proceso de alfabetizacin informacional. Con la introduccin

    de proyectos relacionados con las tecnologas de la informacin como Teaching

    with Idependent Learning Technologies, Information Literacy in All Departments y

    NetLinkS, cobr mayor importancia an.

    En Australia y Nueva Zelanda muchas bibliotecas universitarias han

    adoptado las normas de Alfin elaboradas por la Austalian and New Zealand

    Information Literacy Framework: principles, standars and practice, a fin de que se

    garantice a los estudiantes la gestin y recuperacin de la informacin, la dedicacin

    a la investigacin de calidad y el desarrollo eficaz de las competencias para el

    aprendizaje a lo largo de la vida.

    36

  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    En Espaa, sobre todo en la dcada de los noventa, hubo un

    crecimiento importante sobre la temtica de la AI en el nivel de la educacin

    superior. Muchas universidades ofrecen asignaturas y/o cursos, en algunos casos

    obligatorios y en otros, optativos. La Universidad Politcnica de Valencia, por

    ejemplo, ofrece un curso denominado Recuperacin de la informacin en Bases de

    Datos, Recursos de Informacin y Gestin de Recursos Bibliogrficos2; se dicta

    varias veces al ao y es impartido por personal bibliotecario. Existen tambin casos

    de asignaturas: en Extremadura, Servicios de Documentacin para la Empresa; en

    Granada, Documentacin aplicada a la Psicologa, Documentacin aplicada a las

    Ciencias Jurdicas, y Fuentes de informacin en Ciencias de la Salud); y en

    Zaragoza, Documentacin Cientfica en Agronoma. 3

    En Qubec, Canad, se cre en 1991 el Grupo de trabajo sobre

    formacin documental en el seno del subcomit de bibliotecas de la CREPUQ

    (Conferencia de rectores y presidentes de Universidades de Qubec) siendo uno de

    los objetivos principales la formacin documental en la formacin universitaria. En la

    mayora de las bibliotecas universitarias existe un cargo de coordinador de la

    formacin documental. En Montreal todas las bibliotecas universitarias cuentan con

    una sala para formacin documental y en muchas universidades de este pas existe

    una asignatura de formacin en el uso de la informacin integrada a los programas

    de estudio del primer ciclo.

    Actualmente es en los Estados Unidos donde el pas en el que ms

    desarrollado se encuentra el tema de la AI, en especial a partir de los trabajos

    realizados por la Association of College and Research Libraries, dependiente de la

    ALA. La publicacin por la ALA en 1989 del Presidential Committee on information

    literacy: final report como documento normativo ampla la aplicacin del concepto de

    AI, hasta el momento slo visto dentro de la biblioteca. El documento propone los

    requerimientos y estndares para afirmar cundo una persona cumple los objetivos

    2 Gmez Hernndez, Jos Antonio (2000). La alfabetizacin informacional y la biblioteca universitaria. Organizacin de programas para ensear el uso de la informacin. En Gmez Hernndez, Jos Antonio (Coord.). (2000). Estrategias y modelos para ensear a usar la informacin (p 204). Murcia: KR. 3 Gmez Hernndez, Jos Antonio. Op cit

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa, Ciencias de la Informacin y Documentacin de Iberoamrica y el Caribe VII EDIBCIC

    de la AI, recomendando un nuevo modelo de aprendizaje que implicaba instruir en el

    hbito de buscar y utilizar crticamente la informacin. La ACRL elabor y dio a

    conocer en el ao 2000 las Normas sobre aptitudes para el acceso y uso de la

    informacin en la educacin superior, muy difundidas en la actualidad. Tambin en

    este pas se encuentran, entre otras, significativas experiencias en las

    universidades: Florida International University; California State University y State

    University of New York. Dichas instituciones tambin han elaborado documentos

    institucionales que identifican las aptitudes para el uso de la informacin a

    desarrollar en el transcurso de los estudios superiores.

    En Cuba, el Centro de Documentacin e Informacin Cientfico-

    Tcnica de la Universidad Central, se encuentra desarrollando acciones de

    capacitacin de su personal bibliotecario para que llos puedan posteriormente

    formar a los usuarios. La capacitacin est basada en el Modelo Marland, uno de los

    ms generalizados en el Reino Unido. Tambin se trabaja en la elaboracin de

    tutoriales para el autoaprendizaje de los estudiantes.

    En los pases mencionados anteriormente, adems de cursos y

    asignaturas integradas a la formacin, se ha incrementado en forma creciente el

    nmero de cursos on line y tutoriales web.

    Es menester destacar tambin los principios bsicos sobre

    alfabetizacin informacional propuestos en Praga en el ao 2003, con motivo de la

    Information Literacy Meeting of Experts y el Encuentro realizado durante el ao 2005

    en la Biblioteca de Alejandra:

    La creacin de una sociedad de la informacin es clave para el

    desarrollo social, cultural y econmico de las naciones y de las

    comunidades, de las instituciones y de los individuos en el siglo XXI.

    La AI, que abarca el reconocimiento de la necesidad de

    informacin y la capacidad para identificar, localizar, evaluar,

    organizar y utilizar eficazmente la informacin para afrontar

    cuestiones o problemas, es un prerequisito para participar

    eficazmente en la sociedad de la informacin, y forma parte del

    derecho humano bsico al aprendizaje a lo largo de la vida.

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  • VII Encuentro Asociacin de Educadores e Investigadores de Bibliotecologa, Archivologa