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Impactos econômicos e ambientais do Plano ABC Observatório ABC RELATÓRIO COMPLETO Setembro de 2017

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Impactos econômicos e ambientais do Plano ABC

Observatório ABC

RELATÓRIO COMPLETOSetembro de 2017

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Impactos econômicos e ambientais do Plano ABC

PROJETOObservatório ABC

APOIOAliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA)

ORGANIZAÇÃO RESPONSÁVEL PELO PROJETOFundação Getulio Vargas (FGV)Centro de Agronegócio (GV Agro), Escola de Economia de São Paulo (EESP)

COORDENAÇÃO DO GV AGRORoberto Rodrigues

COORDENAÇÃO DO PROJETOAngelo Costa GurgelCecília Fagan Costa

COORDENAÇÃO DO ESTUDOAngelo Costa Gurgel

EQUIPE TÉCNICA DO ESTUDOCícero Zanetti de LimaSusian MartinsEduardo AssadEduardo Pavão

CONSULTORES TÉCNICOS EXTERNOSLeila HarfuchMarcelo Moreira

EDIÇÃO DO SUMÁRIO: Maura Campanili

REVISÃO DE TEXTO: Alexandre Sobreiro

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alexandre Monteiro

Setembro de 2017

GV AGROCENTRO DE ESTUDOSDO AGRONEGÓCIO

EESP

VEJA O ESTUDO EM: http://observatorioabc.com.br/publicacoes

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Sumário

Introdução................................................................................................................4

1. AEvoluçãodoPlanoABC....................................................................................5

2. Método..............................................................................................................82.1Dimensõesdomodelo....................................................................................................82.2Dados............................................................................................................................102.3Funcionamentodomodelo..........................................................................................132.4ImplementaçãodoModelo..........................................................................................16

3. Resultados........................................................................................................203.1ImpactosEconômicosdoPlanoABCanívelnacional...................................................213.2ImpactosEconômicosRegionaisdoPlanoABC............................................................243.3ResultadosAmbientais.................................................................................................28

4. ConsideraçõesFinais........................................................................................36

Bibliografia..............................................................................................................38

AnexoI....................................................................................................................41

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Introdução

Este relatório tem como objetivo apresentar uma avaliação quantitativa dos impactoseconômicoseambientaisdoPlanoSetorialdeMitigaçãoedeAdaptaçãoàsMudançasClimáticasparaaConsolidaçãodeumaEconomiadeBaixaEmissãodeCarbononaAgricultura(PlanoABC)paraoBrasil.Essaavaliaçãobuscaquantificarosefeitosdaimplementaçãodarecuperaçãodepastagens(RP)em15milhõesdehectares(ha)edaintegraçãolavoura-pecuária-floresta(iLPF)em4milhõesdehaatéoanode2020,quesãoduasdasmetasdoPlanoABC,queépartedaPolíticaNacionaldeMudançadoClima(PNMC).

Para atingir tal objetivo, foi desenvolvido um modelo econômico-ambiental capaz derepresentar a economia e a agropecuária brasileiras, considerando as relações econômicasentre diferentes regiões do país, divididas de acordo com critérios político-geográficos eambientais de delimitação de biomas. O modelo é capaz de simular as diversas atividadeseconômicas existentes (agropecuária, indústria e serviços) e destas com os consumidores eentidadesdogoverno,bemcomoocomérciodebense serviçosentreas regiõesbrasileirasrepresentadas,edestascomorestodomundo.Dessaforma,permiteprojetarcenáriosdecomopolíticaseaçõespúblicas,comooPlanoeoProgramaABC,provocammudançasemvariáveiseconômicas, como preços, quantidades e consumo agregado das famílias. Ainda, possibilitaprojetarvariaçõesnasáreasutilizadaspelaagropecuáriaenasáreasflorestaisecobertascomvegetaçãonatural.

ParaavaliarosimpactosdoPlanoABCedoprogramadefinanciamentoàstecnologiasdebaixaemissão de carbono da agricultura, o Programa ABC, foi simulado no modelo econômico-ambientalaadoçãodasmetasderecuperaçãodepastagens(15milhõesdeha)edeexpansãodossistemasdeiLPF(4milhõesdeha)esperadaspara2020,atravésdeincentivosfinanceirosaosagropecuaristas,aoestilodosprevistospeloProgramaABC.Omodelogeracomoresultadoamudançanadistribuiçãogeográficaregionaldeadoçãodessaspráticas,bemcomoosefeitosdasmesmasnaproduçãoagropecuáriaregionalenacional,nadinâmicadeusodaterra,nospreços dos produtos agropecuários e de alimentos, e na renda regional dos consumidores.Posteriormente,atravésdaespacializaçãodosdadospormunicípioeutilizandoaferramentaGHG Protocol Agrícola, os resultados de mudanças no uso da terra permitemmensurar osimpactossobreasemissõesdegasesdeefeitoestufa(GEE)diretamenteassociadasàadoçãodaspráticasdoPlanoABC,bemcomoasemissõesindiretasprovenientesdemudançasnousoda terra. Tal procedimento segue as diretrizes do Terceiro Inventário Brasileiro de EmissõesAntrópicasdeGasesdeEfeitoEstufa.

OmodelopermitesimularaadoçãodoPlanoedoProgramaABCdeformaindependentedequalqueroutraalteraçãonaeconomia,isolandoporcompletooefeitodestapolíticadadinâmicadecrescimentooudeoutrospossíveischoquesnossistemasagropecuárioseeconômicosdoBrasiledomundo.Dessaforma,osresultadosaquiencontradospodemserinterpretadoscomoosefeitosdiretoseindiretosqueseriamesperadosapartirdaimplementaçãodoPlanoedoProgramaABC, tomados isoladamente, sem interferências ou sinergias comoutras políticas,programasoualteraçõesconjunturaisnaeconomia.

Este trabalho faz parte das atividades do Observatório da Agricultura de Baixa Emissão deCarbono (Observatório ABC). Trata-se da primeira avaliação quantitativa dos impactos

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econômicosdaamplaadoçãodasmetasderecuperaçãodepastagensedeintegraçãolavoura-pecuáriaprevistasnoPlanoABCnopaís.

O Observatório do Plano ABC visa engajar os diferentes setores da sociedade brasileira natransiçãoparaumaagriculturadebaixaemissãodecarbono,monitorandoasaçõesdoPlanoedo Programa ABC, desenvolvendo estudos técnicos e conhecimento sobre o tema, epromovendoaçõesparasubsidiarefacilitarodiálogocomstakeholders.Porsuavez,oPlanoABCprevêodesenvolvimentodosetoragropecuáriobaseadonabaixaemissãodecarbonoparaaatmosfera,apontandoumasériedealternativasprodutivase tecnológicasparaoprodutorruralbrasileiro.Eleconfigura-secomoumdosnoveplanossetoriaiscomdiretrizesparaqueoBrasilatendaocompromissodemitigaçãodesuasemissõesdegasesdoefeitoestufa(GEE).OProgramaABCéalinhadecréditoassociadaaoPlanoABCoferecidaaoprodutorquedesejarincorporaremsuapropriedadeastecnologiasdeproduçãomenosemissorasdeGEE,atravésdosistemadecréditoruralbrasileiro.

O primeiro capítulo desse relatório apresenta uma breve apresentação sobre o Plano e oProgramaABCquemotivamapresentepesquisa.OsegundocapítuloapresentaasprincipaiscaracterísticasdomodeloconstruídoparamensurarosimpactosdoPlanoedoProgramaABCedetalha os cenários simulados, enquanto o quarto capítulo apresenta os resultadosencontrados.Oúltimocapítuloapresentaasconclusõeseconsideraçõesfinaisdoestudo.

1. AEvoluçãodoPlanoABC

OBrasilestáentreosmaioresprodutoreseexportadoresmundiaisdeprodutosagropecuários.O agronegócio brasileiro respondepor 23,5%do PIB do país, 25%dos empregos e 46%dasexportações. Essa relevância na economia é consequência de um crescimento constante aolongodasúltimasdécadas,de2,1%aoanoentre1994e2016.

Ageraçãoeadoçãodetecnologias,alémdadisponibilidadedecondiçõesclimáticaseterras,permitiu ao país alcançar posições de destaque na produção e no comércio mundial dealimentos.Mas concomitante a tal crescimento, aumentaramas pressões sobre os recursosnaturaiseaspreocupaçõescomasustentabilidadedaatividadeagropecuáriaedasociedadecomo um todo, exigindo assim a busca contínua por métodos e formas de produção maiseficientesepoupadorasderecursos.

Dentre os muitos desafios ambientais provenientes do desenvolvimento das economiasmodernas,orelacionadoàsmudançasclimáticasdoplanetamostra-seomaispreocupanteecomplicadodeserentendidoecombatido.Enocontextodestedesafio,aagropecuáriaassumetanto o papel de causador, por conta das emissões de gases de efeito estufa provenientesdiretamentedaprodução,quantodevítima,jáquemudançasnatemperaturaenosregimesdechuvapodemcausarprejuízosàproduçãoedesestabilizaraofertadealimentos.

Nessecontexto,oBrasilassumiuum importantepapelao lançarumapolíticadereduçãodeemissõesdeGEEnaagropecuáriabrasileira,oPlanoSetorialdeMitigaçãoedeAdaptaçãoàsMudanças Climáticas para Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono naAgricultura, chamado comumente de Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono ouPlanoABC.Omesmofoiconcebidoem2009comopartedaPolíticaNacionaldeMudançado

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Climaedos compromissos voluntáriosdemitigaçãoassumidospelopaísnaConferênciadasPartes(COP)deCopenhague.

OPlanoABCobjetivareduzirasemissõesdeGEEnaagropecuáriaemcercade134a163milhõesde toneladas de CO2 equivalente (tCO2 eq.) através de práticas e tecnologias capazes deaumentartantoaeficiênciadaproduçãoquantoousodosrecursosnaturais.Essareduçãoseriaalcançadavia:a)recuperaçãode15milhõesdehectaresdepastagensdegradadas;b)ampliaçãoem4milhõesdehectaresdaadoçãodesistemasdeIntegraçãoLavoura-Pecuária-Floresta(iLPF);c)expansãodaadoçãodoSistemaPlantioDireto(SPD)em8milhõesdehectares;d)expansãodaadoçãodaFixaçãoBiológicadeNitrogênio(FBN)em5,5milhõesdehectaresemsubstituiçãoaousode fertilizantes nitrogenados; e) expansãodoplantio de florestas em3,0milhõesdehectares,e;f)ampliaçãodousodetecnologiasparatratamentode4,4milhõesdem3dedejetosanimais(MinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento–MAPA,2012).

Comoformadeincentivaraadoçãodessaspráticaseacelerarodesenvolvimentodaagriculturade baixa emissão de carbono no país via Plano ABC, foi lançado no ano-safra 2010/2011 oProgramaABC,linhadecréditointegrantedoPlanoAgrícolaPecuário,quedisponibilizarecursosfinanceirosdeinvestimentoaoprodutorruralcomtaxasdejurosmaisatrativas.OsrecursosdoProgramaABCdevemserempregadosemtecnologiasepráticaspreconizadaspeloPlanoABC.

OtextodoPlanoABCoriginal,quandodoseulançamento,previaadisponibilizaçãodeR$152,33bilhõesparao financiamentodoProgramaABC via créditodoPlanoAgrícola Pecuário, paraatingir asmetas do Plano até 2020. Deste recurso, cerca de R$ 27,15 bilhões deveriam serincluídos nos Planos Pluri-Anuais (PPA), enquanto o restante viria de outras fontes nãoidentificadasnodocumentodoPlanoABC.Ainda,oPlanopreviaaaplicaçãodeR$30,6bilhõesde recursos na adoção de práticas de baixa emissão de carbono via Programa Nacional deFortalecimentodaAgriculturaFamiliar,oPRONAF.ATabela1apresentaessesnúmeros.

Tabela1:RecursosprevistosparafinanciamentoviacréditoagrícoladaadoçãodaspráticasdoPlanoABC(R$milhões)

TecnologiasePráticas

FinanciamentoLinhaABC(R$milhões)

PRONAF

(R$milhões)

PPA OutrasFontes PPA Outras

FonteRecuperaçãodepastagens 8.043 29.010 2.837 4.088iLPFesistemasagro-florestais 13.621 37.570 - 23.666Sistemadeplantiodireto - 49.580 - -Fixaçãobiológicadenitrogênio - - - -Florestasplantadas 5.481 9.024 - -Tratamentodedejetosanimais - - - -Total 27.146 125.185 2.837 27.754Fonte:MAPA(2012).

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DesdeolançamentodoProgramaABCatéoano-safra2015/2016,foramdisponibilizadoscercadeR$20,5bilhõesdecréditoaosagropecuaristas.Noanosafra2016/2017,maisR$2,9bilhõesforamofertados.Contudo,menosdeR$13,8bilhõesderecursosforamcontratadosatéofinaldoano-safra2015/2016(ObservatórioABC,2016).

Passadosquase7anosdoiníciodoPlanoedoProgramaABC,inexisteatéomomentoalgumaavaliaçãoarespeitodosimpactoseconômicosdessaspolíticas,capazesdeconsiderartantoosbenefíciospotenciaisemaumentodeprodução,deprodutividadeede reduçãodepressõessobreaberturadenovasáreas,quantooscustosdaadoçãodessastecnologias,viacréditodoProgramaABC.

Considerandoessalacuna,opresenteestudobuscaavaliartaisimpactosatravésdousodeummodeloeconômicoquerepresentaaproduçãoagropecuárianacional.Omodelolevaemcontaasespecificidadesregionaisdessaprodução,bemcomoarelaçãodosetoragropecuáriocomosdemais setoresda economia. Foca-seneste estudoapenasna implementaçãodasmetasdoPlano ABC previstas para recuperação de pastagens degradadas, de 15milhões de há, e deexpansãodaáreadeintegraçãolavoura-pecuária-floresta,de4milhõesdeha,comoduasdasprincipaispráticasprevistasdoPlanoABC.

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2. Método

ParaavaliarosimpactosdoPlanoedoProgramaABCfoidesenvolvidoummodeloeconômico-ambientalquesimulaocomportamentodaagropecuáriaedaeconomiadasregiõesbrasileiras.São então implementados no modelo cenários de adoção das metas do Plano ABC, viarecuperaçãodepastagenseintegraçãolavoura-pecuária-floresta,apartirdeestímulosnaformadecrédito,aoestilodoProgramaABC.

Omodeloeconômicoconstruídoparaessaanáliseconsideraasrelaçõesdecomprasevendasde bens e serviços entre agricultores, empresas e consumidores de diferentes regiõesbrasileiras.Essetipodemodelagemexpressaemequaçõesmatemáticasaspossíveisescolhasdos agentes econômicos (trabalhadores, empresários e consumidores) diante de diferentesopções,considerandoqueoobjetivodessesagenteséalcançaromáximobenefíciopossível,sejaatravésdoconsumooudaproduçãodebenseserviços,considerandoaslimitaçõesaqueestãosujeitos,comoarendadisponívelparagastar,ospreçosdosbenseserviços,astecnologiasexistentes,entreoutras.Omodeloconstruídopertenceàclassedos“modelosdeequilíbriogeralcomputável”, que visam entender o funcionamento da economia de forma completa,considerandotodososfluxosderendaentreempresaseconsumidores.Essetipodemodelotambémconsideraqueasomadosfluxosmonetáriosdecomprasevendasdeveserconsistentecomoníveldeatividadegeraldaeconomia,mensuradopeloProdutoInternoBruto(PIB).

Aconstruçãodessesmodelossegueaseguintelógica:a)definiçãodasdimensõesdomodelo,ouseja,dossetores,produtos,regiõeserecursosqueserãorepresentadosnomodelo;b)coletaeconstruçãodabasededadosdefluxosdecomprasevendasnaeconomiaedeinformaçõesfísicas,comoáreasdecultivo,depastagensedevegetaçãonatural;c)definiçãodasequaçõesquerepresentamcomoosagenteseconômicossecomportamnassuasescolhas,considerandoospreceitoserecomendaçõesdateoriaeconômicaehipótesessobreaconsistênciaagregadade variáveis como PIB, emprego, investimento e consumo; d) teste domodelo, desenho decenárioseimplementaçãodechoquescaracterizandooscenáriosdesenhados.Cadaumadessasetapas será descrita adiante, considerando seus principais elementos e importância para aanálisecomoumtodo.

2.1Dimensõesdomodelo

As dimensões do modelo de simulação econômica devem ser escolhidas de acordo com oobjetivo do estudo que se quer realizar e da disponibilidade de dados. Independente dasdimensões escolhidas, omodelo de equilíbrio geral computável deve ser capaz de abrangertodosossetoresprodutivoseconsumidoresquecompõemaeconomiadaregiãoquesequerrepresentar. Contudo, agrega-se esses agentes e seus fluxos de compras e vendas em umnúmerotangível,considerandocaracterísticassemelhanteseaquelesquesãomaisrelevantesdeacordocomofocodapesquisa,oqueéchamadodeagregação.Dessaforma,optou-seporrepresentarossetores,regiõeserecursosdeproduçãoenaturaisdescritosnaTabela2aseguir.

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Tabela2:Setores,regiõeserecursosnaturaisrepresentadosnomodelo

Regiões Setores Recursos Nome Sigla Nome Sigla Nome Sigla

Sul SUL Minério de ferro MIN Capital CAP Sudeste SDE Carvão COAL Trabalho LAB Centro-Oeste CEO Extração mineral NMM Terra LND Norte NOR Carnes MEAT Terra de Culturas CROP Nordeste NDE Óleo de soja OSD Pastagem PAST Nordeste Cerrado NDEC Ind. Alimentos FOOD Pastagem degradada DPAS

Ind. Têxteis e madeira TEX Floresta natural NFOR Setores Refino do petróleo ROIL Floresta plantada PFOR

Nome Sigla Etanol ETH Floresta manejada MFOR Arroz RICE Ind. Químicos CHM Áreas de proteção PA Milho CORN Ind. Fertilizantes FERT Sem uso UNU Cana-de-açúcar CANE Ind. Defensivos DFN Soja SOY Ind. siderurgia e metal MMI Fruticultura FRIT Ind. Máquinas MAC Outras culturas OCUL Outras indústrias OIND Silvicultura FRST Eletricidade ETRY Bovinos CTTL Gás encanada PGAS Outros animais vivos OLA Água WTR Suínos SWIN Serviços Públicos PSRV Aves PTRY Construção CONS Leite MILK Serviços SERV Petróleo OIL Transportes TRNS Gás Natural GAS

Fonte:dadosdapesquisa.

AFigura1ilustraaagregaçãodasregiõesbrasileiras.Arepresentaçãoregionalconsideraumacombinaçãodeaspectosgeográficosdaproduçãoagrícolaedaeconomiadopaís,seguindoaagregaçãoutilizadanomodeloBrazilianLandUseModel–BLUM(Harfuchetal.,2017).Dessaforma,buscou-seconsideraraseparaçãoentreosbiomasAmazôniaeCerradonoEstadodoMatoGrosso,adotando-seafronteiradessesbiomascomoseparadordasregiãoNorteeCentro-Oeste.Ainda,retirou-seoestadodoTocantinsdarepresentaçãodaRegiãoNorte,pelamaiorpredominânciadeáreasdecerradonesseestado.Nessesentido,osestadosdoCerradocomexpansãomaisrecentedafronteiraagrícolanaRegiãoNordeste,queabarcamBahia,MaranhãoePiauí,foramconsideradoscomoumaregiãodiferenciadadorestantedoNordeste.Juntocomo Tocantins, formam a região denominada de “Nordeste Cerrado”, e tem sido comumentechamadadeMATOPIBA. JáasregiõesSudesteeSul foramconsideradasdeacordocomsuasfronteiraspolíticas,umavezqueasáreasdevegetaçãonaturalremanescentesnessasregiõespossuempoucadinâmicadealteração.

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Figura1.Biomasbrasileiros(a)eregiõesrepresentadasnomodelo(b)Fonte:modeloBLUM(Harfuchetal.,2017).

Tantoarepresentaçãosetorialescolhidaquantoarepresentaçãoregionalpermitemconsiderarespecificidadesrelevantesdaagropecuáriabrasileira.Dessaforma,diferenciamotipoeolocaldaproduçãodas atividadesagrícolasepecuáriasnoespaçonacional, quepor sua vezestãorelacionadoscomcondiçõesclimáticas,tecnológicas,demercados,culturaisenaturais.Assim,pode-serepresentardeformamaisfidedignaascaracterísticasdaagropecuáriabrasileiraesuaspossíveisalteraçõesdiantedepolíticasechoqueseconômicos.

2.2Dados

Aconstruçãodomodeloenvolveuousoeacombinaçãodediferentesbasesdedados.Osfluxoseconômicosdecomprasevendasentresetores,consumidoreseregiõestevecomofonteinicialaMatrizdeInsumo-Produtodoanode2009construídapeloInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística (IBGE). A desagregação e organização dessa base de dados nas regiões e setoresrepresentadosnaTabela2enaFigura1,porsuavez,foiconstruídaefornecidapelaequipedoNEREUS-USP1.

Osdadosdosdiferentesrecursosnaturaiseáreasdeproduçãoagropecuáriaforammontadosapartir da combinaçãoe ajustedediversasbasesdedadosdiferentes, incluindoosdadosdoCensoAgropecuáriode2006(IBGE,2006),daPesquisaAgrícolaMunicipal–PAM(IBGE,2016a)e da Pesquisa Pecuária Municipal - PPM (IBGE, 2016b). Informações sobre área dosestabelecimentos,áreaarrendadaepagamentosporaluguelda terra foramaproveitadasdoCenso Agropecuário. Já a PAM e a PPM forneceram dados de área plantada e colhida paradiferentes culturas, valor e volume de produção de culturas, rebanhos animais, valor daproduçãoevolumeproduzidodapecuária.Aáreadepastagens,porsuavez,foicoletadajuntoao Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG, 2016) da

1http://www.usp.br/nereus/.

(a) (b)

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UniversidadeFederaldeGoiás2.Fez-seumesforçodeconciliarosdadosdepastagensdoLAPIGcomosdadosderebanhodoIBGE.3

A definição das áreas de pastagens degradadas considerou como critério o nível de 0,75unidadesanimalcomolimite,deformaque,áreascomtaxadeocupaçãomédiaigualoumenordoqueestevalorforamclassificadascomoáreasdepastodegradado4.Essecritériopermitiuidentificar48Milhõesdeha(Mha)depastagenscomodegradadas,distribuídasnasregiõesdomodeloconformemostraaTabela3.

Tabela3:Áreasdepastagens(milha)etaxadeocupação(UA/ha)

RegiõesÁreadepastagem(1.000ha) Níveisdedegradação

Total Degradada Taxadeocupação

Muitoalta Alta0<=to<=0,4 0,4<to<=0,75

Sul 17.740 5.663 0,59 403 5.260Sudeste 28.480 8.398 0,56 1.231 7.168Centro-Oeste 37.743 1.232 0,65 10 1.222Norte 34.325 1.834 0,54 461 1.373Nordeste 14.259 11.317 0,38 6.586 4.731NordesteCerrado 36.248 19.775 0,32 13.627 6.148Total 168.794 48.220 0,51* 22.317 25.903*MédiadasregiõesFonte:Dadosdapesquisa,IBGE,LAPIG.

As áreas de vegetação natural não florestal e as áreas de florestas foram desagregadas emdiversas categorias, de forma a diferenciar áreas naturais dentro e fora das propriedadesagrícolas,áreasprotegidas,áreasmanejadaseflorestasplantadas.Asáreasprotegidaspodemseráreaspúblicasmanejadas,ouáreas totalmenteprotegidas.Para taldesagregação, foramcombinadoseconciliadosdadosdoLAPIG(LAPIG,2016),doTerraClassCerrado(INPE,2016a),doTerraClassAmazônia(INPE,2016b;Almeidaetal.,2016),doSOSMataAtlântica(SOSMataAtlântica,2016),doRegistroNacionaldeFlorestasPúblicasdoServiçoFlorestalBrasileiro–SFB(SFB,2016)edaAssociaçãoBrasileiradeÁrvores–IBÁ(IBA,2016).

Asáreasdeflorestasrepresentadasnomodeloforamassimclassificadasedefinidas:

2http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartogra_a/default_territ_area.shtm3 O esforço de combinação e compatibilização de diferentes bases de dados é necessário diante dainexistênciadeumabasededadosoficialconsolidadaeamplamenteaceitaarespeitodousodaterranopaís.Por vezesencontram-se inconsistênciasentrebasesdiferentesanívelmunicipal,oqueexigedopesquisadoraescolhaporalgumcritériodeconciliaçãooumesmoapreferênciaporumadasfontes,oque,porsuavez,podegerarerrosdeestimativas,principalmenteemrelaçãoàáreadepastagens,aoníveldosmunicípios.Ousodosdadosmunicipaisagregadosemgrandesregiõesnomodelo,poroutrolado,permitereduzirpossíveiserros,umavezqueasinformaçõesregionalizadasdomodelosãobalizadaspelostotaisencontradosnasbasesdedadosescolhidas.4Ocritériodedefiniçãodepastagensdegradadasaquiutilizadoéumaformadeinferirtaisáreasusandocomoinformaçãoobaixoníveldeprodutividadedasmesmas.Umalimitaçãoassociadaaessecritérioéaprópriamedidadeprodutividade,queépoucoprecisa.Critériosmaisprecisosconsideramaproduçãoanimalmedidaemarrobasporha,comoadotadoemHarfuchetal.(2016).Pretende-setestarcritériosalternativosdedefiniçãodepastagensdegradadasemfuturosdesenvolvimentosdomodelo.

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- Florestasmanejadas: florestasutilizadasde forma sustentável. Sãodivididas empúblicas eprivadas.Asáreaspúblicasforamconsideradascomonãopassíveisdeconversãonomodelo,esomam164Mhanopaís5.Jáasflorestasmanejadasprivadas,quecobrem8Mha,podemserconvertidasparaoutrosusos.

-Florestasplantadas:áreasdeflorestasplantadas,nasuagrandemaioria,comespéciesexóticascomoEucaliptoePinus,emrotaçãocurtaealtadensidade,para fornecimentodemadeiraematériaprimaindustrial.

-Pastagensnaturaismanejadas:concentram-seemregiõesdobiomacerrado,deacordocomoRegistroNacionaldeFlorestasPúblicas,somandoumaáreade9Mha.Nãosãoconsideradaspassíveisdeconversãoemoutracategorianomodelo,peladificuldadedecaracterizaçãodoseutipodevegetaçãoepotencialdeconversão6.

-Áreasprotegidas:subdivididasemáreaspúblicaseprivadas,sendoasáreaspúblicasaquelasqueocorremforadasáreasdosestabelecimentos rurais.Asáreaspúblicas representam135Mha,easprivadas51Mha.Asáreaspúblicasprotegidaslocalizam-senasuamaiorianaregiãodobiomaAmazônia (73%), sendo tambémumaparcela importante (15%)está localizadanobiomaCerrado.AsáreasprotegidasprivadasconsideramaquelasprevistaspeloCódigoFlorestalcomoÁreasdePreservaçãoPermamenteeReservaLegal.Asáreasprotegidassãoconsideradasindisponíveispara conversãonomodelo, enquantoas áreasnãoprotegidas sãopassíveisdeconversão.

- Áreas naturais: demais áreas cobertas com vegetação natural, não categorizadas comonenhumadasanterioresededifícildeterminaçãodasuavegetaçãopredominante.NaregiãoSul,porexemplo,predominamoscamposnaturaisdobiomaPampa,enquantonoCentro-OesteeSudestemesclam-seregiõesdecerradocomformaçõesflorestaisdegradadas,bemcomoobioma Pantanal em parte do Centro-Oeste. No Nordeste essas áreas naturais abarcam aCaatinga, entre outras formações. O total dessas áreas nomodelo soma 111Mha, que sãoconsideradosdisponíveisparaconversãoemoutrosusos.

- Outras áreas: áreas não disponíveis para uso agropecuário ou crescimento de vegetaçãonatural secundária, como cursos d´água, áreas inundadas, áreas urbanas, com formaçõesrochosaspredominantes,costeiras,comelevadoníveldeerosãoedegradação,desertificadasousalinizadas.

5Apressuposiçãodequealgumasáreasnãosãopassíveisdeconversãoimplicaemmenordisponibilidadedeáreasa seremconvertidasparaagropecuárianomodeloe,portanto,podem limitaradinâmicademudançadeusoda terraprojetadapelomesmo.Nopresenteestudo, emque sepretende simular aimplementação das metas do Plano ABC, a pressão para conversão de áreas naturais em áreasagropecuárias tende a reduzir por conta do aumento da produtividade de pastagens e de áreas deculturas, portanto, a hipótese de não conversão de áreas públicas não deve afetar os resultadosassociados a possível desmatamento ou remoção de áreas de vegetação natural. Futurosdesenvolvimentoseaplicaçõesdomodelodevemconsiderarhipótesesalternativasquantoàlimitaçãodeconversãodeáreasdeflorestaspúblicasmanejadas.6Comodestacadonanotaderodapéanterior,apressuposiçãodequealgumasáreasnãosãopassíveisdeconversãoimplicaemmenordisponibilidadedeáreasaseremconvertidasnomodelo.Espera-sequeaatualizaçãoconstantedabasededadospermitadirimirasincertezassobreacaracterizaçãodessasáreaseassim,aprimoraracapacidadedomodelode representarascategoriasdeusoda terrapassíveisdeconversão.

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ATabela4sintetizaadistribuiçãodasáreasdeusoeocupaçãodosolonomodelo7.

Tabela4:Distribuiçãodasáreasnomodelo(emmilha)

Regiões Culturas PastagemPastagem Áreas Floresta Floresta Floresta Outras

Totaldegradada naturais natural manejada Plantada categorias

Sul 19.146 12.077 5.663 7.566 2.624 512 2.153 7.936 57.677Sudeste 13.778 20.082 8.398 23.676 6.762 1.164 3.463 15.138 92.462Centro-oeste 14.988 36.510 1.232 21.143 11.371 675 675 26.436 113.031Norte 5.168 32.491 1.834 2.522 50.275 1.039 413 311.465 405.206Nordeste 3.519 2.942 11.317 14.070 4.567 1.605 8 2.574 40.601Nord.Cerr. 8.568 16.472 19.775 42.059 28.504 3.479 906 22.837 142.600

Total 65.166 120.575 48.220 111.035 104.103 8.472 7.619 386.387 851.577

Fonte:IBGE,LAPIG,INPE,SOSMataAtlântica,SFB,IBÁ.Adaptadospeloautor.

2.3Funcionamentodomodelo

Modeloseconômicosdeequilíbriogeralcomputávelrepresentamastrocasdebenseserviçosentre agentes econômicos, de acordo com hipóteses e parâmetros comumente testados eaceitospelateoriaeconômica.Paratal,representamosdiversosmercadosemfuncionamentona economia, pela caracterizaçãomatemática do comportamento de escolhas de compra evendaapartirdediferentesopçõesdisponíveisedeacordocomospreçosvigentes.

Deformasimples,issosignificaque,paracadasetorrepresentadonomodelo,assume-sequeoconjunto de empresas daquele setor busca escolher seus insumos de produção, incluindo acontrataçãodemãodeobraeousodemáquinaseequipamentos,deformaaproduzirumacertaquantidadedeprodutoaomenorcustopossível,oqueequivaleadizerquea indústriabuscamaximizarseulucro.Nessaescolha,aindústrialevaemcontaospreçosdosdiferentesinsumoseatecnologiadeproduçãodisponível,quedefinese,eemquegrau,asempresassãocapazesdesubstituirinsumos,dosmaiscarosparaosmaisbaratos.Essetipodecomportamento(maximização de lucros), assegura a competição constante e a busca de eficiência entreempresas de ummesmo setor (na venda do bem produzido) e entre empresas de setoresdiferentes(nadisputapelousodosinsumosdeprodução).

Jánocasodosconsumidores,representa-sequeestesbuscamatingiromaiorníveldesatisfaçãopossívelpelaaquisiçãodebenseserviçosdiversos(alimentos,vestuário,energia,transporte,moradia),dadaarendadisponívelparasergastaeospreçosdosdiversosbens.Jáarendadosconsumidoresécompostados retornosobtidospelavendadasua forçade trabalhoparaasempresasedarendadoalugueloudolucrodocapitalquepossuem(máquinas,equipamentos,terrasagropecuárias).A representaçãodocomportamentodosconsumidorescombasesnaspremissasacimadescritasasseguraquehajaumaconstantebuscapelamelhorianascondiçõesdevidaporpartedosconsumidores,equeosmesmospercebememudamseucomportamentoapartirdemudançasnospreçosdosprodutoseserviçosquedesejamadquirir.

7Considerandoqueaolongodotempoépossívelesperaralteraçõestantonasáreasdeusoagropecuáriocomo nas áreas de vegetação natural, sejam protegidas, preservadas ou não, pretende-se revisar eatualizarperiodicamenteosdadosdeusodaterranomodelo.

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Ofuncionamentodosdiferentesmercadosdebenseserviçosrepresentadosnomodelosedápelas relações de oferta de bens e serviços, por parte das empresas, e de demanda pelosconsumidores.Ainda, as famíliasofertam trabalhoe capital, demandadospelasempresas.Ainteração entre estes agentes leva a um equilíbrio de preços e quantidades sendotransacionados em cada mercado representativo do modelo. Um algoritmo matemático seencarregadeencontrartalequilíbrio, levandoemcontapressupostoseregrasdeotimizaçãoprescritaspelasteoriaseconômicaematemática.

AFigura2ilustraofuncionamentodasrelaçõeseconômicasdentrodeumaregiãoqualquerdomodelo(Região“A”nafigura),indicandoosentidodosfluxosdebenseserviçosedosfluxosmonetáriosenvolvidos.Essesfluxosindicamaformaçãodarendadosconsumidores(famílias)pelavendadosseusserviçosdetrabalhoecapital,bemcomoousodessarendanaformadedespesascombenseserviços.Afiguraaindailustraasrelaçõesdecomprasdeinsumosentreasdiferentesindústrias,comumentechamadadeconsumointermediário,bemcomoasrelaçõeseconômicascomogoverno,querecebeimpostosefornecebenspúblicosesubsídios.Porfim,a figuraaindarepresentaapossibilidadedetrocasdebenseserviçoscomoutrasregiõesdomodelo,chamadanafiguradecomérciointer-regional.

Figura2Esquemarepresentativodofluxoderendadomodelo

Abasededadoseconômicautilizadanamodelagem,advindadasmatrizesdeinsumo-produto,representaoequilíbrio inicialdaseconomiasdasdiferentesregiõesdomodelo,umavezqueessasmatrizes,porconstrução,consideramqueosfluxosmonetáriosestãotodosequilibradosno que diz respeito à oferta e demanda de bens e serviços. Essa base de dados alimenta oconjuntodeequaçõesdomodelo.Parâmetrosqueespecificamocomportamentodeescolhadosagentes,ouseja,acapacidadequeosmesmospossuemdemudarsuaescolhadebensouinsumosdiferentesdiantedemudançasempreços,sãoimportadosdaliteraturacientíficaouassumidos de acordo com recomendações de outros estudos. Maiores detalhes sobre asequaçõeseosdadosquealimentamomodelopodemserencontradosemLima(2017).

Umúltimoaspectoimportantesobreofuncionamentodomodelodizrespeitoàrepresentaçãodosdiferentesusosdaterraeaspossíveistransiçõesemudançasdeumusoparaoutro.Essa

Famílias e Consumidores

Setores Produtivos

Fatores Primários

Renda

Bens e ServiçosDespesa

Governo

Comércio

Inter-regional Bens PúblicosTributos

ConsumoIntermediário

Região “A”

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representaçãoécaracterizadaparacadaregiãodomodelo,considerandoousoedistribuiçãoinicialdaterraentreasdiferentescategorias,mostradaanteriormentenaTabela4.Considera-se que um determinado uso da terra pode ser convertido em outro, de acordo com umaestruturadedecisãohierárquicalógica,quelevaemcontaograudedificuldadenaconversãodeumusoparaoutro.AFigura3representaumesquemasimplificadodessaestrutura.Nessafigura,apartemaisinferiorrepresentaoestoquedeterrasdisponíveisinicialmenteparaalgumtipodeusoeconômicoouambiental.Cadaramoda figuraprocuracaracterizarasdiferentespossibilidadesdealocaçãodaterraporumagricultor“médio”,ourepresentativo,dasociedade.Essacaracterizaçãoconsideraas substituiçõesdiretaspossíveisentregruposdeusoda terracommaioressimilaridades.Dessaforma,oramomaisàdireitaeabaixodafiguracaracterizaqueáreasdevegetaçãonaturaledeflorestasnaturaissãoáreasprontamentedisponíveisparaconversãoemoutrosusos,desdequenãoestejamnacategoriadeáreasnaturaisprotegidas.Oramo logo acima deste agrupa florestas manejadas e florestas naturais em áreas privadas,indicandoqueestaspossuemumgraudeconversãodiferentedoramoanterior.Apósasáreasdeflorestas,apróximadecisãodealocaçãodosagricultoresconsideraaspastagens,elogoemseguida,asflorestasplantadasparafinscomerciais.Acimadesseramo,encontra-seadecisãode alocação entre as diferentes culturas agrícolas. Essa estrutura indica que é mais fácil oagropecuaristatrocarousodaterraentreculturasvegetais,doquedeculturasparaflorestasplantadas,evice-versa.Porsuavez,aconversãodeáreasnaturaisouflorestaisentrepastagense outros usos agrícolas (culturas e florestas plantadas), envolve um grau diferente deflexibilidadeemrelaçãoaoanterior.Poroutrolado,quandoadecisãoédeconverteráreasdeflorestasemáreascomalgumtipodeproduçãoagropecuáriaoudebaseflorestal,aprimeiradecisãoasertomadaéentreocuparaáreacompastagensoucomproduçãovegetal/florestal.Essa hierarquia de decisão procura refletir o grau de dificuldade e uma sequência lógicahipotéticadedecisãodeumagricultorrepresentativoemcadaregião8.

Figura3.Esquemarepresentativodaestruturadealocaçãodaterranomodelo

8Aestruturademudançanousodaterraentrediferentescategoriasaquiutilizadaéapenasumaentreoutras possíveis de serem adotadas e disponíveis na literatura científica sobre o tema, e exige acalibragemdeparâmetrosapartirdedadosobservados. Futuramente,pretende-se testarnomodeloabordagensalternativas,comoadeFerreiraFilhoeHorridge(2015)porexemplo.

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Outrodetalheimportantesobreaestruturademodelagemdeusodaterraéque,apósadecisãodealocaçãoentreosdiferentesusostersidorealizada,osdiferentestiposdeusodaterraserãousadoscomoinsumoprodutivonaagropecuária,nocasodasterrasdepastagens,deculturasou de florestas plantadas e manegadas, seguindo a lógica descrita anteriormente sobre ocomportamentodossetoresprodutivos,deminimizaçãodoscustosdeprodução.Seasáreasforemmantidascomvegetaçãonatural,terãoumvalordereservaoudeconservaçãoparaasociedade.

Porfim,considera-sequeaspastagensdegradadaspodemsertransformadasempastagensdeboa qualidade, a partir de investimentos em melhorias, que envolvem a compra e uso deinsumos,comofertilizantes,mãodeobraehorasdetrabalhodemáquinaseequipamentos.Aspastagensdeboaqualidade,porsuavez,podemserutilizadasparaproduçãopecuáriaouparaossistemasdeintegraçãolavoura-pecuáriaelavoura-pecuária-floresta,considerandooscustosdeproduçãoeaprodutividadedessasatividades.Paradeterminaroscustosdeproduçãodessessistemas e da recuperação de pastagens, utilizou-se os dados do Sistema de Operações doCréditoRuraledoProagro(SICOR)doBancoCentral(BACEN,2017)arespeitodosdesembolsoscomrecuperaçãodepastagensesistemasintegradosobservadosem2015/2016naslinhasdoProgramaABC,bemcomoasrespectivasáreasdosprojetoscontempladoscomessecrédito.IssopermiteauferirumvalormédiodeR$/hasendogastoemcadaregiãodomodelocomessastecnologias.

2.4ImplementaçãodoModelo

Omodelorepresentaoequilíbriodaeconomiabrasileiraparaasregiõesdescritasanteriormenteno ano base de 2009, imediatamente antes do início da implementação do Programa ABC.Alteraçõesnoequilíbriodomodelopodemacontecerapartirdechoquesimpostosnoexercíciodesimulaçãodecenários.Porexemplo,pode-sesimularumamudançanoníveldeumimposto,ouaintroduçãodeumnovoimpostosobredeterminadaatividade.Onovoimpostoiráalteraro preço final pago pelos consumidores e o valor recebido pelo produtor, o que provocamudanças nas escolhas dos consumidores e produtores, desencadeando alterações emdemandaeofertanosmercadosdobememquestão.Mudançasnaquantidadetransacionadadestebem,porsuavez,devemalteraroequilíbrioemtodososdemaismercadosdebenseserviços,jáqueosbenssãoutilizadosnoconsumodasfamíliasecomoinsumosnaproduçãodeoutrossetoreseconômicos.Ainda,mudançasnaquantidadeofertadadobemsujeitoaonovoimpostoalteramasnecessidadesdetrabalhoecapitalparasuaprodução,impactandoporsuavezaofertaeademandadessesfatoreseseuspreços,afetandoindiretamente,portanto,todosos demaismercados. O algoritmomatemático de solução domodelo busca então um novoconjunto de preços e de quantidades de equilíbrio que consiga conciliar novamente asdemandaseofertasemtodososmercadosdebenseserviçosaomesmotempo,determinandoassim um novo equilíbrio. Nesse novo equilíbrio, as quantidades de alimentos e produtosagropecuários,bemcomodosdemaisbenseserviços,devemserdiferentesdoequilíbrioinicial,oque,porsuavez,implicaemumanovadistribuiçãodousodaterranaeconomia.

Nopresenteestudo,objetiva-semensuraros impactoseconômicosdaadoçãode15Mhaderecuperaçãodepastagenseexpansãoem4Mhadeintegraçãolavoura-pecuária-floresta,quesãoalgumasdasmetasdoPlanoABCaserematingidasaté2020.Paraimplementaressesníveisdeadoçãonomodelo,simula-seofornecimentodesubsídiosàadoçãodessastecnologias,que

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funcionamcomoimpostosnegativos,deformaaincentivarosagropecuaristasarealizaremosinvestimentosnecessáriosàadoçãodessaspráticas.EssaformaderepresentaçãodoPlanoABCnomodeloécoerentecomalógicadeaplicaçãodoProgramaABC,quefornececréditoagrícolaataxadejurosinferioresàspraticadaspelomercado,paraquehajaatransformaçãotecnológicadomodeloprodutivoagropecuárionadireçãodetécnicasdemenoresemissõesdecarbono.

Os subsídios são fornecidosnos cenáriosde implementaçãodoPlanoABCatéqueasmetassejamatingidas,consideradasemtermosdeáreasdepastagensrecuperadaseáreasdeiLPF.Aadoção dessas práticas leva a mudanças na produtividade e na quantidade produzida deprodutosdapecuária,deculturaseflorestais,alterandoaofertadessesprodutoseousodaterra.Porsuavez,essasmudançaslevamanovosequilíbriosdeofertaedemandanomodelo,queseirradiamparatodosossetoresdaeconomia.Quandoumnovoequilíbrioéencontrado,mensuram-se as mudanças em quantidades, uso da terra e de variáveis macroeconômicas,comooconsumoagregadodasfamíliaseoPIB.

O próximo capítulo apresenta os resultados da implementação da adoção das metas derecuperaçãodepastagenseiLPFdoPlanoABC.SãoconsideradosdoiscenáriosalternativosparaoatingimentodasmetasdoPlanoABCaté2020:

o Cenário “Áreas Prioritárias”: Recuperação de 15 Mha de pastagens degradadas emáreas prioritárias, ou seja, nas áreas commaior nível de degradação das pastagensobservadasnabasededados;

o Cenário “Livre Alocação”: Recuperação de 15 Mha de pastagens a nível nacional,independentedasáreasrecuperadasseremprioritáriasounão.

Emambososcenários,aplica-seaindaaexpansãodossistemasdeintegraçãolavoura-pecuária-floresta em 4 Mha. As áreas de expansão desses sistemas são determinadas com base nadistribuiçãodos recursosdoProgramaABCparaadoçãode sistemasde iLPFobservadosem2015/2016dabasededadosdoSICOR(SICOR,2017).

Adiferenciaçãoentreosdoiscenáriosescolhidorefleteduasestratégiaspossíveisdeadoçãodapolítica. No Cenário “Áreas Prioritárias” assume-se que seriam despendidos esforços dedivulgação, treinamento e priorização da recuperação de pastagens naquelas regiões commaioresníveisdedegradação,oquepermitiria,aprincípio,umamaioradoçãodarecuperaçãode pastagens nessas regiões e maior efetividade da política em termos do seu objetivo dereduçãodeemissões.JánoCenárioBosrecursosdoProgramaABCsãodisponibilizadosparaqueosagropecuaristasadotemarecuperaçãodepastagensdeacordocomasoportunidadeseconômicasevantagensrelativasdeproduçãoeconhecimentodecadaregião.Nessecenário,o próprio modelo econômico se encarrega de distribuir os recursos para recuperação depastagensnaquelasregiõesemquearentabilidadedessapráticatendeasermaisatrativa.

2.5Avaliaçãoambiental–Balançodeemissõesdegasesdeefeitoestufa

Alémdaavaliaçãoeconômica,realizadapelomodelodeequilíbriogeralcomputávelconformedescritoanteriormente,foifeitaumaestimativadosimpactosambientaisdeseatingirasmetasderecuperaçãodepastagenseiLPFdoPlanoABC,atravésdocálculodobalançodeemissõesdegasesdeefeitoestufa(GEE)paraoCenáriode“LivreAlocação”.

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OimpactoambientalemtermosdeemissõesdeGEEéumimportanteresultadoassociadoaocumprimentodasmetasestabelecidasnoPlanoABC,emrelaçãoàrecuperaçãodepastagemeadoçãodesistemasintegrados,conformejárelatadosemdiversaspublicações9.Portanto,estecapítulo visa apresentar o potencial de emissões de GEE evitadas com a adoção dasmetasestabelecidas no Plano ABC relacionadas à recuperação de pastos degradados e adoção desistemasintegrados,levandoemconsideraçãooescopogeraldoestudoedocenárioeconômico“livre alocação”. Dessa forma, o balanço anual de emissões de GEE foi calculado em doismomentos,antesedepoisdaadoçãodasmetasABC:

• “Pré-ABC”:antesdaimplementaçãodasmetasderecuperaçãodepastagensem15Mhae expansão dos sistemas integrados em4Mha, de acordo coma base de dados domodeloeconômico,querefleteoanode2009;

• “Pós-ABC”:apósaimplementaçãodasmetasderecuperaçãodepastagensem15Mhae expansão dos sistemas integrados em 4 Mha, que foram definidas para serematingidasnoanode2020.

Comoomodeloéestático,obalançoanualdeemissõesnomomento“Pós-ABC”devemserentendidos como um “retrato” das emissões anuais da agropecuária caso as metas derecuperaçãodepastagensedesistemasintegradosfossemalcançadasemumdeterminadoano,ouseja,nãosedeveconsideraroresultadocomooqueseriaobservadoexatamentenoanode2020,umavezqueomodelonãoestáprojetandotodasasmudançaspossíveisnaeconomiabrasileira que poderiam ocorrer entre os anos de 2009 e 2020. Ainda, o balanço anual deemissõesnomomento“Pós-ABC”contabilizaapenasasemissõesnoanodeatingimentodasmetas,semcontabilizarasreduçõesousequestrosememissõesqueocorreriamnosanosantesdeseatingirameta.

AsmetodologiasutilizadasparacontabilizarasemissõesforambaseadasnasmesmasdiretrizesutilizadaspeloTerceiroInventárioBrasileirodeEmissõesAntrópicasdeGasesdeEfeitoEstufadoMinistériodaCiênciaeTecnologia(Brasil,2016),norelatóriodoIPCCGuidelines2006(IPCC,2006),nosrelatóriosdereferênciadaTerceiraComunicaçãoNacional(Brasil,2016)etambémna ferramenta de cálculo GHG Protocolo da Agricultura (WRI, 2014). Também foi dadaprioridade para a utilização de fatores de emissão adequados para a realidade brasileira,portantofatoresdeemissãoTier2e,noscasosemqueasmétricasTier2nãoestãodisponíveis,foramutilizadosfatoresdeemissãoTier1,baseadasprincipalmentenoIPCCGuidelines2006.

Asestimativasforamrealizadasvalendo-sedeumabasemunicipal,diferentementedasanáliseseconômicas,queutilizaraminformaçõesagregadasparaasregiõescontempladasnomodelo.AanáliseambientalpormunicípiopermiteumaavaliaçãomaisprecisaeespacializadadobalançodeemissõesdeGEE.Paratanto,foramconsideradososmunicípiosquecaptaramrecursosdoProgramaABCnasafra2015/2016conformedadosdoSICOR.Osresultadosdemudançasemárea e produtividade gerados pelo modelo econômico por região foram desagregados pormunicípioproporcionalmenteàquantidadede recursosdoProgramaABCcaptadosemcadamunicípio.

9AssadeMartins(2015);ObservatórioABC(2013,2015).

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Aseguirsãoapresentadasaspremissasadotadasparaestimativadobalançodeemissões.

• Emissõesdapecuáriabovina:Para o cálculo das emissões do rebanho bovino foram consideras as fontes de emissõesprovenientesdomanejodedejetosedafermentaçãoentérica,sendoseusrespectivosfatoresde emissão relativos ao TIER 2 (dados estaduais), ou seja, osmesmos fatores utilizados nasEstimativasanuaisdeemissõesdegasesdeefeitoestufanoBrasil(Brasil,2016).

• Emissõesdomanejo: Esses cálculos referem-se às atividades de aplicação de adubo nitrogenado e calagem, nasseguintesdoses10,respectivamente:45kg/ha/anoe200kg/ha/ano(ObservatórioABC,2015)11.

• Mudançasnorebanhoenaprodutividade:Aumentodonºdeanimaiseprodutividadedapecuáriaem2020comadoçãodaintegraçãoerecuperaçãodepastagem.Quantoaonúmerodecabeças,omodelonãorastreiaessenúmeropropriamente dito, portanto, foi estimada a produtividade da pecuária em 2020, com arecuperação de pastos e adoção de sistemas integrados, baseada emumnúmero índice dequantidademédiadecarneporhectarenaregiãocomoproxyparaoganhodeprodutividade.Deacordocomomodelo,talíndice,consideradocomo1,0nomomento“Pré-ABC”,atingiuosseguintesvalores regionaisnomomento“Pós-ABC”: i)Sul:1,12; ii)Sudeste:1,05; iii)Centro-Oeste:1,00;iv)Norte:1,02;v)NordesteLitorâneo:1,10evi)NordesteCerrado:1,14.Assim, por exemplo, nosmunicípios da região Sul amédia de produtividade das pastagensaumentaem12%comoumtodo.

ApósaestimativadoaumentodeprodutividadepormunicípioosanimaisforamclassificadosemcadasistemaprodutivoconformeclassificaçãodaTabela5.

Tabela5.Produtividadeem2020comadoçãodaintegraçãoerecuperaçãodepastos

SistemaProdutivo TaxaDeLotação(Cabeças/Ha)PastagemDegradada Até0,75PastagemBemManejada De0,76Até1,5iLPMilho-Pecuária De1,6Até2,0iLPSoja-Pecuária De1,6Até2,0iLPFSoja-Pecuária-Floresta De2,1Até2,5

• Fluxosdecarbono(C)nosolodossistemasagropecuários:

As seguintes premissas a respeito dos fluxos de carbono no solo foram consideradas paraprojeção das emissões a partir dos resultados domodelo econômico de variação de área eproduçãoagropecuária:

10Asdosesutilizadasparaoscálculosdeemissãodomanejoforamconsideradascomovaloresmédios,quecapturamocomumenteaplicadonosolonoPaís.Reconhece-sequeessasdosesvariamemcadapropriedaderuraldependendodoseuresultadodaanálisedesolo.11Aadubaçãonitrogenadanãofoiconsideradanasáreasdesoja,vistoque,asojanoBrasilfazusodaFixaçãoBiológicadeNitrogênio.Tambémnãofoiconsideradaaadubaçãoecalagememáreasdepastosdegradados.

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ü Pastagembemmanejada12:-1,0tCha-1ano-1;ü Sistemasintegrados13:-1,7tCha-1ano-1;ü Pastodegradado14:0,5tCha-1ano-1;ü Culturasagrícolasemsistemasdeplantiodireto(SPD)15:-0,5tCha-1ano-1.

• Estoquedecarbono(C)nabiomassaflorestalevegetaçãonatural:

Dois procedimentos alternativos são utilizados para calcular o potencial de mudanças noestoque de carbono da biomassa florestal (tando de florestas plantadas,manejadas quantonativas)edavegetaçãonaturalporcontadasmudançasesperadasnousodaterraquandodoatingimentodasmetasdoPlanoABC.Noprimeirocálculoconsidera-sequeasáreasdeflorestasedevegetaçãonaturalpossuem,emmédia,cercadede85,06tCha-1estoquedecarbono16,independentedaregiãooubiomaemqueseencontram.Reconhecendoqueháumadiversidadegrandedefisionomiasvegetaisdistribuídasnosbiomaseregiõesbrasileiras,econsiderandoalimitaçãodeseutilizarumúnicovalormédioparaopaís,buscou-seemumasegundaabordagemdecálculorefinaressainformaçãoporregiãobrasileira,utilizandovaloresmédiosdecarbonona vegetação regionalizados sugeridos no trabalho de Plevin et al. (2015), adaptandocoeficientesdasZonasAgroecológicasdotrabalhocitadoparaasregiõesdomodeloeconômicoaquiutilizado17.ComooobjetivomaiordoestudoémensurarosimpactosambientaisdiretosdoPlanoABC,enquantoamudançaemestoquedebiomassaflorestalenavegetaçãonaturaléumefeitoindiretoesperadoapartirdeumpossívelefeitopoupa-terraadvindodoaumentodeprodutividade, acredita-se que o uso dessas duas formas alternativas de mensuração davariação do estoque de carbono acumulado na vegetação florestal e nativa fornecem umaprimeiraaproximaçãodasdireçõesemagnitudesrelativaspotenciaisdealteraçãonosestoquesdecarbonoporcontadaimplementaçãodasmetasdoPlanoABC.

3. Resultados

Os resultados econômicos dos dois cenários simulados de adoção do Plano ABC sãoapresentados neste capítulo em duas seções. Primeiramente apresentam-se os resultadosagregados para o país. Logo após, são apresentados e discutidos os resultados regionais.Apresentam-setambémosresultadosambientaisparaocenário“LivreAlocação”,comparandoobalançodeemissõesdegasesdeefeitoestufaassociadoàagropecuáriaantesedepoisdaimplementaçãodoPlanoABC,naterceiraseçãodestecapítulo.

12Fonte:ObservatórioABC(2015),combasenostrabalhosdeMoraesetal.(1996),Neilletal.(1997),Bernouxetal.(1998),Cerrietal.(1999,2003),Melloetal.(2006),Bustamanteetal.(2006),Carvalhoetal.(2010).13Fonte:ObservatórioABC(2015),combasenostrabalhosdeMoraesetal.(1996),Neilletal.(1997),Bernouxetal.(1998),Cerrietal.(1999,2003),Melloetal.(2006),Bustamanteetal.(2006),Carvalhoetal.(2010).14Fonte:IPCC(2006).15OSPDaumentaoteordematériaorgânicadosolo,principalcompartimentodecarbono,alémdecontribuircomoutrosco-benefícios(como:conservaçãodosoloedaágua,aumentodaeficiênciadaadubação,reduçãodousodeagrotóxicosedoconsumodeenergiafóssildevidoàmenorexigênciademáquinasagrícolas).OSPDécapazdegerarumacúmulomédiodecarbononosolode0,5tha-1ano-1amaisemcomparaçãoaosistemadeplantioconvencional(Lovatoetal.,2004).OmodeloeconômiconãosimulaexplicitamenteaexpansãodasáreasdeSPD,entãoconsidera-seoplantiodiretoapenasem25%daáreadeculturassolteiras,tantonotiquantonotf.Pretende-seemestudosfuturosrepresentaraexpansãodoSPDnomodeloeconômicodeacordocomasmetasdoPlanoABC.16Fonte:SNIF (2017);Brasil (2016);ABRAF (2016).AmédiadeCdabiomassa foi calculadaapartirdo totaldeCestocadonabiomassavegetalnoBrasildivididopelaáreacobertaporvegetaçãonaturaltotal.17Oscoeficientesutilizadoscombasenessemodeloencontram-selistadosnoAnexo1.

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3.1ImpactosEconômicosdoPlanoABCanívelnacional

A Tabela 6 apresenta os impactos econômicos da recuperação de 15 Mha de pastagens eexpansãode4MhadesistemasiLPF,sobosdoiscenáriosalternativosdealocaçãodosrecursosdoProgramaABC.EssesresultadosindicamqueseriamnecessáriosinvestimentosentreR$26,7e R$ 31,3 bilhões para a recuperação de pastagens e entre R$ 7,7 e R$ 7,8 bilhões para aintegraçãolavoura-pecuária-floresta.Osmaioresgastosocorreriamnocenárioderecuperaçãode áreas prioritárias, uma vez que nesse cenário as áreas a serem recuperadas nãonecessariamente são as áreas com maior potencial de retorno econômico. Esse resultadoconfirmaestudorecentedoObservatórioABC(ObservatórioABC,2017),quediscutesobreosmaioresriscosedificuldadesderetornoeconômicodeaplicaçãodastécnicasdoPlanoABCnasáreas consideradas prioritárias, quando essas áreas são determinadas apenas combase noscritériosdeprodutividadedaspastagens.

Tabela6:ImpactoseconômicosdarecuperaçãodepastagensedaadoçãodeiLPF

Impactos CenárioÁreasPrioritárias LivreAlocação

Gastocomrecuperaçãodepastagens(R$milhões) 31.288 26.685Gastocomsistemasintegrados(R$milhões) 7.789 7.732Totaldosgastos(R$milhões) 39.077 34.417Variaçãonobem-estar(R$milhões) -724 8.027Custodarecuperação(R$/ha) 2.086 1.779Fonte:Resultadosdapesquisa.

OsgastoscominvestimentosparaatingirasmetasdoPlanoABCprojetadosnopresenteestudosão inferioresaosprevistosnoPlanoABCoriginal, apresentadosanteriormentenaTabela1.ComooscustosderecuperaçãodepastagensedesistemasintegradosutilizadosparabalizaromodeloforambaseadosnosdesembolsosobservadosdoProgramaABCenasáreasdeclaradascomorecebedorasdosprojetosfinanciados,omodeloindicaqueépossívelatingirasmetasdoPlanoABCcommenoresdesembolsosqueoprevistoincialmentenotextodoPlanoABC.Essaéumaboanotíciadiantedasrestriçõesorçamentáriasdosetorpúbliconaconjunturaatual.

Contudo,oatualníveldeadoçãoderecursosdoProgramaABCébeminferioraomontantequeopresenteestudoindicacomonecessário,casoasmetasdoPlanoABCfossematingidasapenasapartirdosrecursospúblicosfinanciadospeloPrograma.Atéofinaldoanosafra2015/2016osdesembolsos haviam alcançado quase R$ 13,8 bilhões, incluindo os gastos não apenas comrecuperação de pastagens e iLPF,mas também comas demais linhas do programa, comooplantiodiretoeotratamentodedejetos.Essesgastosrepresentamapenas16%domontanteprevistonotextodoPlanoABCaserempregadonarecuperaçãodepastagenseiLPF.Emrelaçãoaosresultadosdopresenteestudo,osgastostotaisdoProgramaABCobservadosatéofinaldasafra2015/2016representamentre35%e40%doprojetadopelomodelo,quesimulaapenasastecnologiasderecuperaçãodepastosesistemasintegrados.Essaconstataçãosugereque,acontinuaroritmoatualobservadodeadoçãodocréditodoProgramaABC,asmetasdoPlanoABCnoâmbitodaPolíticaNacionaldeMudançadoClimanãoserãoatingidassedependeremapenasdosrecursospúblicosdoProgramaABC.

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ATabela6aindaapresentaocustoporhadarecuperaçãodepastagens.Nota-sequeocustonasáreasprioritáriaséligeiramentemaior,sendodeR$2.086/haemmédia,enquantoque,nocenário de livre alocação dos recursos do ProgramaABC, esse valor é de R$ 1.779/ha. Essadiferençaédecorrentedeumamaioralocaçãodedesembolsoscomrecuperaçãodepastagensnasregiõesemqueocustoderecuperaçãoémenornocenáriodelivrealocação,oquecontribuiparaexplicaroresultadodegastosmaioresnocenáriodepriorizaçãodasáreasderecuperaçãodepastagens.

UmúltimoresultadoagregadorelevantedaTabela4éoresultadodenominadode“Bem-estar”.Oimpactoembem-estaréumaimportanteformadesemensurarosresultadosagregadosdeumapolíticaeconômicasobreasociedade,eindicaoquantoosconsumidoressebeneficiariam,deformaagregada,daspolíticassimuladas,apóstodososefeitospossíveisdochoque,tantoporcontadasmudançasempreçosdosbensedosvolumescomercializados,quantonarendadasfamíliasapartirdasmudançasemsalárioseretornosdocapitaledaterra.Amedidadebem-estartraduztodasessasmudançasnaformadeumaindicaçãodavariaçãononíveldeconsumodas famílias brasileiras como consequência do choque simulado. Dessa forma, o cenário deimplementaçãodoPlanoABCnasáreasprioritárias levariaaumaperdaagregadadeR$724milhõesnototaldoconsumodosbrasileiros.JánocasodoPlanoABCimplementadodeacordocomasmelhoresoportunidadesdisponíveisnaeconomia(CenárioB),estegerariaumaumentode R$ 8 bilhões no consumo. Apesar dessas cifras soarem bastante volumosas, uma formasimplesdetraduçãodessasmagnitudesparaumindicadormaiscompreensívelédividi-laspelotamanhoda população brasileira, para se ter uma ideia,mesmoque simplista, do quanto apolíticaafetaria,emmédia,cadaindivíduodasociedade.Considerandoapopulaçãodoanobasedo modelo (2009), o impacto do Cenário A indica uma perda de R$ 3,71 de consumo porhabitante,enquantooCenárioBlevariaaganhosdeR$41,19porhabitante.

OsresultadosdoscenáriosdeimplementaçãodoPlanoABCsobreasmudançasnousodaterrasãoapresentadosnaFigura4.Aimplementaçãodarecuperaçãodepastagensedaintegraçãolavoura-pecuária-florestapermitemumaumentonaeficiêncianousodorecursonaturalterra,umavezquegerammaiorquantidadedeprodutoporárea.Isolando-seesseefeitodeoutraspossíveismudanças econômicas, como crescimento da população,mudanças em padrões ehábitosdeconsumo,mudançastecnológicas,entreoutras,umaumentonaprodutividadedaterradevepermitirumamenornecessidadedeáreaagrícolaparasegeraramesmaquantidadede produção. Essa intuição é refletida nos resultados encontrados pelo modelo. Em nívelnacional,arecuperaçãode15milhõesdeha(Mha)depastagenscombinadacomaintegraçãode4MhanosistemaiLPFpermitiriamumareduçãode2.000haa1,4milhõesdehadeáreasdeculturasvegetais.Aáreadepastagensdeboaqualidadeaumentariaentre9,6Mhae10,9Mha,oquenapráticasignificadizerquecercade4Mhaa5Mhadepastagenspoderiamserretiradosdaproduçãopecuária,umavezqueforamrecuperados15Mhanochoqueimplementado.Esse“efeitopoupa-terra”permitiriaumaumentodenomínimo4,8Mhanasáreasde florestasevegetaçãosecundárianãoflorestal,sejaemáreapúblicaouprivada.Ainda,aáreadeflorestasplantadas emanejadas poderia crescer entre 410 e 550mil ha. Esses resultados indicamosbenefíciosdoPlanoABCemtermosdeusoeficientedaterraereduçãodapressãosobreosrecursosnaturaisquandodaadoçãodastecnologiasdaagriculturadebaixaemissãodecarbono.

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Figura4.Mudançasnousodaterra(milhõesdeha).

Fonte:Resultadosdapesquisa.

Deve-seatentarparaofatodequeessesresultadoscapturamoqueaconteceriacomaalocaçãodaterracasoapenasoPlanoABCfosseimplementadoviacréditopúblico,semnenhumaoutrainterferência econômica concomitante, como crescimento populacional, por exemplo.ConsiderandoqueametadoPlanoABCfoi traçadaparaseratingidaemum intervalode10anos, e que apopulaçãobrasileira emundial crescerádurante esseperíodo, o resultadodoestudo indicaqueaagriculturadebaixaemissãode carbonoé capazde reduzir aspressõesesperadas sobre a demanda e o preço de alimentos, sendo, portanto, uma transformaçãoimportanteedesejávelparaasegurançaalimentarfuturadopaísedomundo.

AFigura5mostraosefeitosdoscenáriosnaexpansãodossistemasiLPF.Ossistemasintegradosexpandiriam predominantemente na forma de sistema lavoura-pecuária, sendo que aintegraçãocomproduçãodesojaocupariacercade3,2Mhaa3,4Mha,enquantoaintegraçãodapecuáriacommilhoocupariaentre269milhae461milha.Ossistemaslavoura-pecuária-floresta ocupariam cerca de 360mil ha. Esses resultados refletem a simulação da expansãodessesistemadeacordocomopadrãoobservadodosmesmosatualmente,conformeoestudodaRededeFomentoiLPF(2016).

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Figura5Áreascomsistemasintegradosnoscenáriossimulados(milha).

Fonte:Resultadosdapesquisa.

3.2ImpactosEconômicosRegionaisdoPlanoABC

Osresultadosda implementaçãodasmetasderecuperaçãodepastagensedeexpansãodossistemasintegradossobreousodaterranasdiferentesregiõesdomodelosãoapresentadosnaFigura6.

Váriasliçõespodemserextraídasdessafigura.AprimeiradelasdizrespeitoàdistribuiçãodaspráticasdoABCnoterritórionacionaldeacordocomotipodecenáriosimulado.Nocenáriodeáreas prioritárias, amaior parte da recuperação das pastagens concentra-se nas regiões decerradodoNordeste(queincluioEstadodoTocantins),umavezquetalregiãodomodelopossuimaior percentual das pastagens com maior nível de degradação (ver Tabela 3). As áreasrecuperadaschegama6,1Mhanessaregião.ONordeste litorâneo,porsuavez,concentraosegundomaiornívelderecuperaçãodepastagensnestecenário,decercade3,5Mha.Assim,oNordestecomoumtodo,somadodoestadodoTocantins,concentrariamaisdametadedametaderecuperaçãodepastagens,casoaimplementaçãodoPlanoABCpriorizasseasregiõescommaior concentração de pastagens degradadas. A Região Norte, onde se concentra o biomaAmazônico,teriacercade570milhadepastagensrecuperadasnessecenário,reflexodasuaparticipaçãorelativamentepequenanototaldepastagensdegradadas.

Jánocenáriode livredistribuiçãodos recursosdoProgramaABC,percebe-sequeas regiõesSudesteeSulteriamosmaioresníveisdeadoçãodosrecursosdestinadospararecuperaçãodepastagens,sendoresponsáveis,agorapelocumprimentodemaisdametadedametaemárea,sendo5,2MharecuperadosnoSudestee3,9MhanoSul.AregiãodoCerradoNordestino+Tocantins recuperaria cerca de 2,7 Mha, enquanto a região Norte viria em quarto lugar,recuperando1,2Mha.EssesresultadosindicamqueadistribuiçãodasmetasedosrecursosdoProgramaABCdependembastantedaestratégiadeimplementaçãodapolítica.Sempriorizaçãoalguma,osrecursosseriammaisabsorvidospelasregiõescommaioresaptidãoetradiçãonaoperacionalizaçãodocréditoenaadoçãodetecnologias.Comoconsequência,comodiscutidona primeira seção de resultados, os impactos econômicos do Plano ABC seriam maiores.

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Contudo, as áreasprioritáriasdopontode vistadaprodutividadedaspastagens receberiammenorvolumederecursose,consequentemente,sofreriammenorníveldemelhorianousodorecursonatural

Figura6Mudançasnousodaterranasregiõesdomodelo(milha).

Fonte:resultadosdapesquisa.

-1.755

-263

1.477

-2

542

-3.951

1.374 1.128151

1.298

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

SUL

-2.610

2411.232

205932

-5.188

1.047 1.083 567

2.491

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

SUDESTE

-390 -965

1.445

-61 -30-830

-1.372

2.550

-99 -249

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

CENTRO-OESTE

-570 -660

1.193

-52

89

-1.242 -740

1.818

-80

244

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

NORTE

-6.150

-54

3.628

234

2.342

-2.722

-364

2.338

25723

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

NORDESTECERRADO

-3.525

318

1.905

841.217

-1.066

52679

-9

344

Pastagensdegradadas

Culturas Pastagens Florestasplantadasemanejadas

Florestaseáreas

naturais

NORDESTE

-1755-263

1477

-2

542

-3951

1374 1128151

1298

-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

PastagensDegradadas

Culturas Pastagens FlorestasPlantadaseManejadas

FlorestaseÁreas

Naturais

1000

ha

SUL

ÁreasPrioritárias LivreAlocação

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UmasegundaliçãoquepodeserapreendidaapartirdosresultadosdaFigura6dizrespeitoaosefeitos regionaisdiferenciadosem termosdemudançasnousoda terra. Estandoas regiõesconectadas entre si pelo comércio inter-regional, os diferentes níveis de recuperação depastagensnoscenáriossimuladosimplicamempadrõesdistintosemrelaçãoàredistribuiçãodaárea“poupada”viaganhosdeprodutividadenaspastagensenossistemasintegrados.Noquedizrespeitoásáreasdecultivoagrícola,essasaumentamnaregiãoSudesteindependentedocenário simulado,enquantona regiãoSul essasáreasaumentamapenasno cenáriode livrealocaçãodosrecursosdoProgramaABC.NasregiõesCentro-Oeste,NorteeCerradoNordestinoa recuperação de pastagens provoca redução da área de culturas. Esse resultado estáintimamenterelacionadocomamudançanaáreadepastagensdeboaqualidade.NasregiõesSudesteeSulessaspastagensaumentammenosdoqueaáreadepastagensrecuperadas,oquesignificaquepartedaspastagensboassãoconvertidasemáreasdeculturasouemflorestaseáreasdevegetaçãosecundária.JánasregiõesNorteeCentro-Oeste,asáreasdepastagensdeboaqualidadecrescemmaisqueasáreasdepastagensrecuperadas,sendoquepartedasáreasde culturas são convertidasparapastodeboaqualidade.As áreas comvegetaçãonatural eflorestas,porsuavez,aumentamemtermoslíquidosemquasetodasasregiões,comdestaquepara as regiões Sudeste e Sul, enquanto reduzem na região Centro-Oeste. Esses resultadossugerem que o aumento de produtividade das pastagens diminui a necessidade de áreasagrícolas na maior parte do território brasileiro, mas leva a uma maior especialização emproduçãodeculturasvegetaisnoSudesteenoSuledeproduçãopecuárianoCentro-OesteenoNorte.

Adistribuiçãodasáreasocupadascomsistemas integradospodeservisualizadanaFigura7.Predomina o sistema de integração soja-pecuária, que se distribui emmaior proporção nasregiõesSul,entre1,3e1,5Mha,eCentro-Oeste,emcercade977milhaa994milha.AregiãoNorteocupaoterceirolugarnadistribuiçãodossistemasintegrados,comáreasentre776milhae792milha.OsistemaintegradoàbasedeproduçãodemilhoepecuáriasedistribuimaisnoSul(231milha),nocerradonordestino+Tocantins(143milha)enaregiãoNorte(124milha)nocenáriodepriorizaçãodeaplicaçãodosrecursosdoABCemáreasmaisdegradadas.Jáossistemasde integração soja-pecuária-floresta se distribuimais na região Sul, Centro-Oeste eNorte.AregiãoSudesteéaquemenosapresentadesenvolvimentodossistemasintegrados.

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Figura7ÁreascomsistemasintegradosiLPeiLPFnoscenáriossimulados(milha)nasregiõesdomodelo.

Fonte:Resultadosdapesquisa.

OsgastosnecessáriosparaatingirasmetasderecuperaçãodepastagensesistemasintegradosdoPlanoABCnasdiferentesregiõesdomodelosãoapresentadosnaTabela7.Osgastosemcadaregiãosãobastantedependentesdocenárioconsiderado.Nocenárioemquesepriorizaarecuperação das pastagens mais degradadas, a região Nordeste (litorânea) recebe o maiorvolume de recursos para recuperação de pastagens (R$ 11,7 bilhões), seguida da região deCerradoNordestino+Tocantins(R$10,8bilhões).EsseresultadoreforçaadiscussãoanteriorsobreosimpactosagregadosdoABC,quesãomenosfavoráveisdopontodevistaeconômicoquandosecolocammaioresesforçospararecuperaçãodepastagensemáreasdemenoraptidãoou com maiores desafios ambientais e mercadológicos. As regiões Sudeste e Sul tambémdespendem volumes consideráveis de recursos para recuperação de pastagens, de R$ 4,5bilhõeseR$2,8bilhões,respectivamente.JáasregiõesCentro-OesteeNortesedestacampordespenderem maiores volumes para implantação de sistemas integrados do que para arecuperaçãodepastagens,oquerefleteaimplementaçãodocenáriodeacordocomopadrãodegastosobservadosdoProgramaABCcomessastecnologiasatéomomento.

Nocenárioemquearecuperaçãodepastagensérealizadadeacordocomavontadedosagenteseconômicos,asregiõesSudeste,SuleNortepassamadespendermaioresvolumesderecursosdoquenocenárioanterior.Esse resultadosugerequeasoportunidadesde rentabilidadedarecuperaçãodepastagenssãomais favoráveisnessas regiões,enãoexatamentenasregiõescommaioresníveisdedegradação.

Tabela7.GastoscomrecuperaçãodepastagenseadoçãodeiLPFnasregiões(R$milhões)

231

1284

150 879 17

977

98 124

776

892

14314

1514

150

79 8 9

994

98 107

792

8983 63 14

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Milho-pe

cuária

Soja-pecuária

Soja-pecuária

-floresta

Sul Sudeste Centro-Oeste Norte Nordeste NordesteCerrado

1000ha

ÁreasPrioritárias LivreAlocação

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Regiões Sul SudesteCentroOeste Norte Nordeste

NordesteCerrado

CenárioÁreasPrioritárias(R$milhões)Rec.Pastagens 2.837 4.526 454 987 11.656 10.828Milho-pecuária 616 201 117 331 - 2Soja-pecuária 2.363 - 1.755 1.100 - 243Soja-pecuária-floresta 523 26 232 247 - 32CenárioLivreAlocação(R$milhões)Rec.Pastagens 6.374 8.972 964 2.146 3.479 4.751Milho-pecuária 3.032 190 - 289 - 80Soja-pecuária - 19 1.800 1.134 - 105Soja-pecuária-floresta 544 27 233 247 - 31

Fonte:Resultadosdapesquisa.

3.3ResultadosAmbientais

Os efeitos ambientais do cenário de “Livre Alocação” do Plano ABC forammensurados emrelaçãoàsemissõesdegasesdeefeitoestufa.Apartirdasestimativasdeáreaedemudançadeusodosoloemcadaregião,oriundasdosresultadosdomodeloeconômico,foramdeterminadososbalançosanuaisdeemissõesprovenientesdossistemasprodutivos,seusrespectivosmanejoseosfluxosdearmazenamentodecarbononosoloporcontadaspráticasderecuperaçãodepastagensesistemasintegrados.Ainda,foramcalculadasasmudançasesperadasnoestoquedecarbononasformaçõesflorestaisenasáreasdevegetaçãonatural.Adiferençanobalançodeemissõesdossistemasprodutivosentreosmomentosantesedepoisdaimplementaçãodasmetas do PlanoABC pode ser considerada comoum impacto direto do PlanoABC sobre asemissões de GHGs, enquanto a mudança esperada no estoque de carbono florestal e navegetaçãonaturalseráconsideradaaquicomoumimpactoindiretodoPlanoABC.18

As Tabelas 8 e 9 apresentam a distribuição do uso do solo entre as grandes categorias domodelo,noperíodo“Pré-ABC”,deacordocomabasededadosdomodeloenoperíodo“Pós-ABC”,queforamprojetadaspelomodeloeconômico,utilizadascomobaseparasecalcularobalançodeemissõeseoestoquedecarbononabiomassaflorestaleáreasnaturais.Pode-seobservarqueasáreasdestinadasàsculturasagrícolasnaTabela9semantiverampraticamenteestáveisemtodasasregiões,quandocomparadascomasdaTabela8.Emcontrapartida,15milhões de ha de pastagens degradadas foram alocadas em pastagens bemmanejadas (5,6Mha),sistemasintegrados(4,0Mha),comdestaqueparaosistemaiLPcomsoja,eformaçõesflorestaisevegetaçãonatural (5,4Mha).Essareestruturaçãodaproduçãoagropecuáriaedo

18Ressalva-seueoscálculosdasemissõesdecarbonoaquiapresentadossãoumaprimeiratentativadese dimensionar os efeitos ambientais diretos e indiretos de se cumprir as metas do Plano ABC,reconhecendo-se as diversas fontes de incertezas e oportunidades de refinamento da metodologiautilizada,comoporexemplo,arespeitodoscoeficientesdeemissõesdecadasistemaedecarbononabiomassavegetalemdiferentesregiõesebiomasbrasileiros,aespacializaçãodosresultadosdomodeloeconômicoparaonívelmunicipal,adinâmicadeacúmuloouemissãodecarbononossolosdepastagens,entreoutros.Reconhecendoessaslimitaçõeseincertezas,acredita-sequeosresultadosdeemissõesdopresenteestudosãoumaprimeiraimportantecontribuiçãosobreospotenciaisefeitosambientaisdeseatingirasmetasderecuperaçãodepastagemeexpansãodesistemasintegradosdoPlanoABC.

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usodosolocomaadoçãodepráticasdebaixaemissãodecarbono,possibilitouoaumentode5%dorebanhobovinosemanecessidadedeaberturadenovasáreas,passandode,cercade196milhões de cabeças em 2009 para 206milhões de cabeças em 2020. Esse aumento dorebanhocomreduçãodaáreatotaldepastagensécomumentedenominadodeefeitopoupaterra.Alémdomais,aadoçãodasmetasdoPlanoABCproporcionaoaumentodaofertadegrãos(sojaemilho)comaadoçãodesistemasintegradosemáreasdegradadaseexpansãodaáreaflorestaledevegetaçãonaturalnasregiõesSuleSudeste.

Tabela8.Alocaçãodeáreanosdiferentessistemasprodutivoserebanhobovinonomomento“Pré-ABC”emcadaregião

Regiões Culturas Pastagemboa Pastagemdegradada Florestas1eáreasnaturais

Rebanho

(ha) (nºdecabeças)

Centro-Oeste 14.988 36.510 1.232 33.864 55,500,578NordesteCerrado 8.568 16.472 19.775 74.948 26,403,094Sudeste 13.778 20.082 8.398 35.065 38,016,674Sul 19.146 12.077 5.663 12.855 27,904,576Norte 5.168 32.491 1.834 54.248 47,991,027Nordestelitorâneo 3.519 2.942 11.317 20.249 9,492,005Total 65.166 120.575 48.220 231.229 205,307,954

1Incluiflorestasnaturaiseplantadas.Fonte:ResultadosdapesquisaTabela9.Alocaçãodeáreanosdiferentessistemasprodutivoserebanhobovinonomomento“Pós-ABC”emcadaregião considerada no presente trabalho, segundo as premissas do modelo econômico no cenário de “livrealocação”.

Regiões Culturas Pastagemboa

Pastagemdegradada

ILP-milho

ILP-soja

ILPF-soja

Florestas1eáreasnaturais

Rebanho

(ha) (nºdecabeças)

Centro-Oeste 13.616 37.968 402 0 994 98 33.516 55,500,578NordesteCerrado 8.204 18.651 17.053 83 63 14 75.695 30,099,527Sudeste 14.825 21.069 3.210 79 8 9 38.123 39,917,508Sul 20.520 11.541 1.712 0 1.514 150 14.304 31,253,125Norte 4.428 33.321 592 107 792 89 54.412 48,950,848Nordestelitor. 3.570 3.621 10.251 0 0 0 20.584 10,441,206Total 65.164 126.171 33.220 269 3.371 360 236.634 216,162,791

1Incluiflorestasnaturaiseplantadas.Fonte:Resultadosdapesquisa

Diante disso, considerando os diferentes sistemas produtivos com suas respectivas fontes(fermentação entérica, excretas bovinas, adubação e aplicação de calcário) e sumidouro deCO2eq. (armazenamentodecarbononosolo)emtodososmunicípiosanalisados, tem-seumsaldolíquidodecercade30milhõesdetCO2eq.sendoemitidosparaaatmosferanocenárioagropecuário de 2009 (“Pré-ABC”) (Tabela 10). Importante destacar que o fluxo dearmazenamento de carbono no solo das pastagens boas existentes nomomento “Pré-ABC”praticamenteneutralizaasemissõesdeGEEprovenientesdaspastagensdegradadas,restandoasemissõeslíquidasdasáreasagrícolaspelousodefertilizantesnitrogenadosecalcário.Esse

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resultadoconsideranãoapenasasemissõesanuaisdoprocessodeprodução,mastambémasemissõeseremoçõesanuais,respectivamenteprovenientesdossolosemáreasdepastagensdegradadasesobpastagensdeboaqualidade.Esseresultadoevidenciaelevadopotencialdemitigaçãoedeatingimentodasmetasde reduçãodoPlanoABC apartir da recuperaçãodepastagensnoBrasil,umavezqueaconversãodepastagensdegradadasparapastagensdeboaqualidadeécapazdereverterasemissõesdosistemadeproduçãodebovinosdepositivasparanegativas. Essa possibilidade de mitigação é potencializada por conta das dimensõescontinentaisdeáreasaseremexploradascomtecnologiasABC,estimadasem48milhõesdehectaresdepastagenscombaixaeficiênciatecnológica(taxadelotaçãomenorque0,75cabeçasporhectare).

Tabela 10. Balanço de emissões de GEE da agropecuária nomomento “Pré-ABC” por região no cenário “livrealocação”

RegiãoEmissãoanual(TCO2eq.)1

Culturas Pastagemboa Pastagemdegradada

Centro-Oeste 1.607.359 -35.299.085 3.349.220

NordesteCerrado 2.519.865 -20.605.259 45.412.378

Sudeste 4.032.650 -14.242.212 21.807.301

Sul 4.014.915 -334.216 15.277.944

Norte 1.090.097 -31.908.970 4.733.588

NordesteLitorâneo 2.310.001 -1.210.059 27.014.178

Total 15.574.888 -103.599.800 117.594.610

Fonte:resultadosdapesquisa.1obs.:sinaisnegativossignificamsequestrodeemissões.

Em relação ao momento “Pós-ABC”, ou seja, após a adoção das tecnologias do Plano ABCdesignadasàrecuperaçãodepastagensesistemasintegrados,obalançodeemissõesdeGEEdosetoragropecuáriodeixadeserpositivoparatorna-senegativo,revelando-seumsumidourodecarbono,capazde remover20,5milhõesde tCO2eqnoano (Tabela1111).Essas tecnologiasacarretam um aumento significativo do carbono armazenado no solo, possibilitando umaproduçãodealimentosneutrosemcarbonoecomadicionalfluxodecarbonoestocadonosolo.Dessebalançototalderemoçõesdosetor,ofluxoderemoçãodecarbononosolodossistemasintegrados responde por 10,7 milhões de tCO2eq. e dos pastos bem manejados por 123,0milhõesdetCO2eq.(Tabela1111),enquantoasáreasdeculturasemitemcercade16,4milhõesdetCO2eq.eapecuáriasobrepastagensdegradadasremanescentesemitem96,8milhõesdetCO2eq.

Tabela 11. Balanço de emissões de GEE da agropecuária nomomento “Pós-ABC” por região no cenário “livrealocação”

Região Emissãoanual1

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Culturas Pastagemboa

Pastagemdegradada

ILPmilho-pecuária

ILPsoja-pecuária

ILPFsoja-pecuária-floresta

TCO2eq

Centro-Oeste 1.538.647 -42.029.470 1.145.122 0 -2.828.566 -212.922

NordesteCerrado 2.457.615 -31.516.265 49.659.936 -221.971 -168.212 -28.189

Sudeste 4.395.592 -11.739.817 9.199.952 -221.555 -23.216 -18.205

Sul 4.603.948 4.232.781 5.011.631 0 -3.993.469 -285.309

Norte 1.066.915 -35.127.650 1.703.242 -295.460 -2.195.936 -184.272

NordesteLitorâneo 2.344.034 -6.835.978 30.042.137 0 0 0

Total 16.406.751 -123.016.399 96.762.020 -738.987 -9.209.400 -728.897

Fonte:resultadosdapesquisa.1obs.:sinaisnegativossignificamsequestrodeemissões.

ATabela122apresentaadiferençaememissõesdaagropecuáriaentreosmomentos“Pós-ABC”e“Pré-ABC”nocenário“LivreAlocação”dosrecursosdoProgramaABC,evidenciandoqualseriaamudançanobalançoanualememissõesapartirdaimplementaçãodasmetasdoPlanoABCde recuperação de pastagens e expansão de sistemas integrados. As emissões de culturassolteirasaumentamem0,8milhõesde tCO2eq.,umavezqueaárea totaldeculturascresceligeiramenteapósaimplementaçãodasmetasdoPlanoABCemregiõesintensivasememissõesnaagricultura,comooSudesteeoSul,eassumiu-sequenãoháexpansãodaáreadeplantiodireto.Poroutro lado, a recuperaçãodepastagensgerauma reduçãonasemissõesde40,2milhõesdetCO2eq.,sendo19,4,milhõesdetCO2eq.provenientesdaexpansãodaspastagensde boa qualidade e 20,8 milhões de tCO2eq. advindos da redução da área de pastagensdegradadas.Considerandoqueametade reduçãodeemissõesdoPlanoABCéde83a104milhõesdetCO2eq.nointervalode2010a2020,quandoatingidaarecuperaçãode15milhõesdehaasemissõesanuaisseriamreduzidasemcercade39%a48%dametatotalprevistaparatodooperíododeimplementaçãodoPlano.

Tabela 12. Variação no balanço de emissões de GEE com a adoção da recuperação de pastagens e sistemasintegrados(emissõesemTfmenosemissõesemTi)porregiãoeporsistemaprodutivo

Região

VariaçãonoBalançodeEmissõesdeGEE1

Culturas Pastagemboa

Pastagemdegradada

ILPmilho-pecuária

ILPsoja-pecuária

ILPFsoja-pecuária-floresta

TCO2eq

Centro-Oeste -68.712 -6.730.385 -2.204.098 0 -2.828.566 -212.922

NordesteCerrado -62.250 -10.911.007 4.247.558 -221.971 -168.212 -28.189

Sudeste 362.942 2.502.395 -12.607.349 -221.555 -23.216 -18.205

Sul 589.033 4.566.997 -10.266.313 0 -3.993.469 -285.309

Norte -23.182 -3.218.680 -3.030.346 -29.546 -2.195.936 -184.272

NordesteLitorâneo 34.033 -5.625.919 3.027.959 0 0 0

Total 831.863 -19.416.599 -20.832.590 -738.987 -9.209.400 -728.897

Fonte:resultadosdapesquisa.

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1obs.:sinaisnegativossignificamreduçãonobalançodeemissões.

Ainda,ossistemasintegrados,emconjunto,seriamresponsáveisporumareduçãonasemissõesanuaisdaordemde10,7milhõesdetCO2eq.Issorepresenta48%a59%dametadereduçãonasemissões prevista no Plano ABC por conta da expansão dos 4 milhões de ha de sistemasintegrados,metaprevistanoPlanoABCparaseremalcançadasaté2020.

Considerandoodiferencialdobalançodeemissõesentreosmomentos“Pós-ABC”e“Pré-ABC”,ototaldereduçãodeemissõesseriade50,1milhõesdetCO2eq.Essevalorrepresentaentre31%e37%dametatotaldereduçãodeemissõesdoPlanoABCcomoumtodo,previstapara133,9milhõesdetCO2eq.a162,9milhõesdetCO2eq.

AFigura8 ilustraosresultadosdaTabela12,evidenciandoqueasmaiorescontribuiçõesemtermosdemelhoriasnobalançoanualdeemissõessãooriundasdasreduçõesdeemissõesdepastagensdegradadasnasregiõesSudesteeSuledemelhoriadaspastagensnaregiãoNordesteCerrado.É interessantenotarqueapenasnaregiãoCentro-Oesteaconversãodaspastagensdegradadasécapazde reduzirobalançodeemissõesdapecuárianosistemasobpastagensdegradadasquantosobpastagensdeboaqualidade.

Figura8.VariaçãonobalançodeemissõesdeGEEcomaadoçãodarecuperaçãodepastagensesistemasintegrados(emissõesnomomento“Pós-ABC”menosemissõesnomomento“Pré-ABC”)porregiãoeporsistemaprodutivo.Fonte:Resultadosdapesquisa.

NoquedizrespeitoàcontribuiçãoindiretadoPlanoABCparaareduçãodasemissõesdeGEEporcontadamenorpressãosobreaconversãodeáreasdeflorestasedevegetaçãonatural,calculou-seapotencialvariaçãonoestoquedecarbonoquepodeserperdidoouacumuladoapartir das mudanças nas áreas florestais e de vegetação natural projetadas pelo modelo

-20 -15 -10 -5 0 5 10

Centro-Oeste

NordesteCerrado

Sudeste

Sul

Norte

NordesteLitorâneo

MilhõestCO2eq.Culturas Pastagemboa Pastagemdegradada

ILP-milho ILP-soja ILPF-soja

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econômico,seguindodoismétodosalternativos,comodescritonametodologia.Noprimeiro,assume-seumvalormédiodeestoquedecarbononavegetaçãoflorestalenativade85,06tCha-1.Nosegundo,utilizam-secoeficientesdeestoquedecarbonoregionalizados,combaseemPlevinetal.(2015),disponíveisnoAnexoI.ATabela13apresentaosresultadosdevariaçãonosestoquesdecarbono.

Opotencialdeacúmulodecarbonoporcontadaexpansãodasáreasdeflorestasplantadaseliberaçãodeáreaspararecomposiçãoflorestaledevegetaçãonaturalatingeentre1,7bilhãoe1,9bilhãodetCO2eq.Esseestoquepodepassardecercade72,0bilhõesdetCO2eqpara73,7bilhõesdetCO2eq.quandoseutilizaumcoeficienteúnicodecarbonoemtodasasregiões.AsregiõesSudesteeSulseriamasquemaiscontribuiriamparaesseacúmulodecarbonousandoessemétodo,por contadomaior crescimentodeáreas florestaisedevegetaçãonaturalnocenário “Livre Alocação” aqui considerado, enquanto a região Centro-Oeste traria umacontribuição negativa. Utilizando coeficientes regionalizados, a perda de carbono da regiãoCentro-Oestetorna-sebemmaispronunciada,contudo,asregiõesSudeste,NordesteeNortepassamacontribuirdeformamaisbemexpressivanoacúmulodecarbononabiomassavegetal.

Tabela13.Estoquesdecarbononabiomassaflorestalenavegetaçãonaturalnosmomentos“Pré-ABC”e“Pós-ABC”evariaçãodosestoquesentreessesdoismomentosnocenário“LivreAlocação”calculadospordoismétodosalternativosevariaçãonoestoquedecarbononocenário“ÁreasPrioritárias”calculadoporumdosmétodos,emmiltCO2eq.

Região

MétododecoeficienteúnicodecarbonoCálculocomCoeficientesdePlevinetal.(2015)

EstoquedeCarbonoInicial

EstoquedeCarbonoFinal

VariaçãonoEstoquedeCarbono

VariaçãonoEstoquedeCarbono

Cenário"LivreAlocação"Cenário"Áreas

Prioritárias"1000tCO2eq.

Centro-Oeste 10.542.553 10.434.326 -108.227 -592.315 -154.453

NordesteCerrado 23.332.641 23.565.382 232.741 86.199 335.028

Sudeste 10.916.410 11.868.357 951.947 1.420.890 528.435

Sul 4.001.916 4.453.139 451.223 256.988 124.150

Norte 16.888.467 16.939.432 50.966 336.767 76.558

Nordeste 6.304.014 6.408.243 104.229 410.519 1.414.351

Total 71.986.001 73.668.880 1.682.879 1.919.048 2.324.069

Fonte:Resultadosdapesquisa.

A Tabela 13 também apresenta os resultados de potencial acúmulo de carbono nas áreasflorestais e de vegetação natural calculados para o cenário “Áreas Prioritárias” a partir dométododecoeficientesdecarbonoregionalizados.Essesnúmerospodemsercomparadoscomos do cenário “Livre Alocação” de forma a identificar se há potencial de ganhos ambientaisdiferenciadosentreessescenários.Osresultadosindicamquenocenáriode“ÁreasPrioritárias”haveriaumpotencialbemmaisexpressivodeacúmulonocarbonodabiomassaflorestaledas

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áreasdevegetaçãonaturalnasregiõescommaiorníveldedegradaçãodepastagensantesdaimplementação do ABC, quais sejam as regiões Nordeste (litorâneo) e Nordeste Cerrado(MATOPIBA).Asdemaisregiõesteriampotencialdeacúmulodeemissõesbemmenorquenocenáriode“LivreAlocação”,contudo,aperdadeestoquedecarbononaregiãoCentro-Oesteébemmenornocenáriode“ÁreasPrioritárias”.Nototal,avariaçãonoestoquepotencialnasáreasdevegetaçãonaturaleflorestaisnopaíssemostramaisexpressivaquandoarecuperaçãodepastagensépriorizadanasregiõescommaiorincidênciadepastosdegradadosdoquesobalivrealocaçãodosrecursosdoProgramaABC.

Ressalva-sequeessacontribuiçãonaformadeacúmulodecarbonosóseriaobservadaaolongodeumintervalodetemposuficienteparaqueessasclassesdevegetaçãoalcancemumestágiode maturação, bem como a sua perenidade depende de outros aspectos e tendências daeconomia, não consideradas aqui. De qualquer forma, esses resultados indicam como oaumento de produtividade proporcionado pela adoção das tecnologias de recuperação depastagens e de sistemas integrados podem contribuir para reduzir a pressão pelodesmatamento e pela conversão de áreas naturais, o chamado “efeito poupa-terra”, eindiretamente contribuirparaatenuaroproblemademudançado climaporproporcionarosequestrodecarbonoemáreasdevegetaçãosecundáriaserecuperadas.

Éimportantedestacarqueamanutençãodocomponenteflorestaledevegetaçãonatural,emconjunto com tecnologias de baixo carbono, proporcionam co-benefícios ambientais,econômicosesociaisrelevantesparaasociedadeemgeral.Ainda,areduçãonapressãoparaaaberturadenovasáreasésinérgicacomopapelestratégicodarecomposiçãoemanutençãodasáreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL) nas propriedades rurais,preconizadas pelo Código Florestal. Por fim, esses benefícios podem se tornar um ativointeressante para entrada emnovosmercados consumidores preocupados comas questõesclimática e ambiental, comoosmercados europeue norte americano, agregando serviços evaloresambientaisaoprodutoagropecuáriobrasileiro.

Ainda se tratando de emissões evitadas do setor agropecuário no cenário “livre alocação”,considerandoos1.035municípiosquecaptaramrecursosdoProgramaABCnasafra2015/2016,aFigura9apresentacomoseriaadistribuiçãogeográficadadiferençaentreobalançodeCO2eq.nos sistemas produtivos entre os momentos “Pós-ABC” e “Pré-ABC”, assumindo que osresultados regionais do modelo econômico se distribuíssem nesses municípios. As áreasagropecuárias tornam-se, em grande parte, sumidouros importantes de carbono, sobretudoarmazenadonosolo,comdestaqueparaooestebaianoemineiro,regiãoCentro-Oeste,sudesteparaense, estados do AC e RO e de formamais pulverizada nos estados da região Sudeste,chegandoauma reduçãoememissãodequase1,5milhãode tCO2eq.emalgunsmunicípiosdessasáreas.

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Figura 9. Distribuição espacial das emissões evitadas de GEE entre os momentos “Pós-ABC” e “Pré-ABC” nosmunicípiosquecaptaramrecursosdoProgramaABCnasafra2015/2016.

Fonte:Resultadosdapesquisa.

Considerando a distribuição espacial dasmudanças no estoque de carbono do componenteflorestaledasáreasnaturais,utilizando-seoprimeirométododeúnicocoeficientedecarbono,nota-sequenamaiorpartedopaís,devidoaoaumentodessasáreasestimadaspelomodeloeconômico,aquantidadedeCO2eq.armazenadanabiomassateriaopotencialdeaumentaremcercade55milhõesdetCO2eq.emalgumasregiõesdoBrasil(Figura10.DistribuiçãoespacialdasemissõesevitadasdeGEEporcontadasmudançasnasáreasflorestasedevegetaçãonaturalentreosmomentos“Pós-ABC”e“Pré-ABC”nosmunicípiosquecaptaramrecursosdoProgramaABCnasafra2015/2016.

10).ApenasosestadosdeGOeMSapresentaramperdadecarbonoarmazenadonabiomassa,umavezque,houveumareduçãode1,03%daáreaflorestale/oudevegetaçãonaturalnaregiãoCentro-Oeste(348hectares)pelosresultadosdomodeloapresentadosnaFigura6eTabela9,eo procedimento utilizado aqui para especializar esse resultado distribui a perda de carbonosobre todos os municípios que captaram recursos do ABC. Possivelmente essa perda de

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biomassatenderiaaseconcentrarapenasempoucosmunicípios,enãonosestadoscomoumtodo.

Figura10.DistribuiçãoespacialdasemissõesevitadasdeGEEporcontadasmudançasnasáreas florestasedevegetaçãonaturalentreosmomentos“Pós-ABC”e“Pré-ABC”nosmunicípiosquecaptaramrecursosdoProgramaABCnasafra2015/2016.

4. ConsideraçõesFinais

OpresenteestudobuscoucontribuircomumaanálisequantitativadosimpactoseconômicoseambientaisdeseatingirasmetasdoPlanoABCprevistaspara2020derecuperaçãodepastagenseexpansãode sistemas integrados. Para tal, desenvolveu-seummodelo computacional querepresentaaeconomiaeaagropecuáriabrasileira,considerandosuasdiferençasregionais,eum método de cálculo de emissões de gases de efeito estufa para projetar os impactosambientais. Os resultados indicam que os custos econômicos de se recuperar 15 Mha de

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pastagenseexpandirsistemasintegradosem4MhasãoinferioresaoprevistonotextooriginaldoPlanoABC.Contudo,oritmodeadoçãoatualdoProgramaABCestáaquémdonecessárioparaqueasmetasdoPlanosejamatingidasaté2020,seestasdependeremapenasdosrecursosdoProgramaABC,ouseja,não forem implementadaspor iniciativadosagropecuaristassemrecursospúblicos.

Se a recuperação de pastagens fosse priorizada nas áreas de maior nível de degradação,consideradascomoasdemenorcapacidadedesuportedeanimaisporha,ocustoeconômicopara a sociedade seria equivalente a retirar cerca de R$ 3,70 de consumo anual de cadahabitantedopaís.Contudo,seoPlanoABCfosseimplementadoconsiderandoalivreescolhadosagropecuaristasobreondeaplicararecuperaçãodepastagens,ouseja,deacordocomopotencialderetornodecadaregião,oplanotrariaumganhodeR$41,18deconsumoadicionalporhabitante.Esseresultadoindicaque,apesardocustoparaasociedadeserbaixodesefocarnas áreas prioritárias, essas possuem desafios econômicos consideráveis, comomaior riscoclimático,menorproximidadeamercadosemenorganhopotencialdeprodutividade.Alivreescolhadealocaçãopelosagropecuaristasdasáreasaseremrecuperadaslevariaaumimpactoeconômicopositivosobreoconsumocoletivonaeconomia,umavezqueastecnologiasdoPlanoABCpermitemaumentaraproduçãodealimentos,considerandoqueosetorpúblicoéquemarcacomossubsídiosassociadosàequalizaçãodejurosdoProgramaABC.

Emcontrapartida,obenefícioambientalindireto,emtermosdeefeito“poupa-terra”eacúmulopotencialnoestoquedecarbonodasformaçõesflorestaisevegetaçãonatural,seriamaiorsearecuperaçãodepastagensocorressenasáreasprioritárias.

Em relação ao benefício ambiental de redução de emissões na agropecuária diretamenteproporcionadospeloPlanoABC,ocenáriodelivrealocaçãopermitealcançarumareduçãoememissões anuais de 51,8 milhões de tCO2eq. quando se alcançar os 15 Mha de pastagensrecuperadaseos4MhadeiLPFexpandidos,oquerepresentaentre32%e39%dametatotaldereduçãodeemissõesprevistasparaoPlanoABCcomoumtodo.

Em termos regionais, a distribuição dos efeitos do Plano ABC pode ser bem diferente,dependendo da estratégia de implementação do Plano. Se o foco for na recuperação depastagensnasáreasprioritárias,a regiãoNordeste receberiamaioresvolumesde recursosereduziriamaisapressãosobreosrecursosnaturais.Casoarecuperaçãodepastagenssejafeitapela livrevontadedosmercadosagropecuários,asregiõesSuleSudestereceberiammaioresvolumesderecursoseliberariammaisáreasparaconservação.

Finalmente, independente da alocação dos recursos para recuperação de pastagens seremdirecionados ou não para as áreas prioritárias, o Plano ABC tende a proporcionar maiorespecializaçãodasregiõesSudesteeSulnaproduçãodeculturas,enquantooCentro-OesteeoNortetendemaseespecializarnaproduçãopecuária.

Os resultados aqui encontrados contribuem com uma primeira projeção dos impactoseconômicos e ambientais do Plano e do Programa ABC. Como tal, revelam os potenciaisbenefíciosda agriculturadebaixaemissãode carbonoparaopaís, sejana intensificaçãodaprodução com redução da pressão sobre os recursos naturais, seja nos desdobramentoseconômicospositivosparaasociedade,oudebaixocustoagregadodessaspolíticas.Comotal,

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permitemconcluirqueas tecnologiasdoPlanoABCdevemser fomentadaseexpandidasnaagropecuáriabrasileira,comvistasacontribuirparaasustentabilidadedoagronegóciobrasileiroparaasegurançaalimentarfuturadasociedade.

Finalmente,éimportanteressaltarqueomodeloaquiutilizadoéumaferramentadeprojeçãodecenários,construídacombasenateoriaeconômicaenadisponibilidadededados.Comotal,muitosdosparâmetrosutilizados,querepresentamcomoconsumidoreseprodutoresreagemdiantedemudançasnoambienteeconômico,precisamserestimadosoudeduzidoscombasenasobservaçõesdarealidade.Ainda,modelossãosimplificaçõesdarealidade,queassumemcomportamentosracionaiseacertados.Poressasrazões,osresultadosaquiencontradosdevemser sempre considerados como bons indicativos de direção e magnitudes relativas (oucomparativas)doqueseesperaobservarnomundoreal,semcontudo,seremtomadoscomoverdades absolutas ou previsões perfeitas. Portanto, recomenda-se em futuros estudos oaprimoramento de aspectos como: definição e representação das áreas de pastagensdegradadas e de vegetação natural passíveis de conversão, revisão e teste de valoresalternativos dos parâmetros e da formulação que determina a conversão entre diferentescategoriasdeusodaterra,testedecenáriosobservadosnosúltimosanosecomparaçãodosresultadosdomodelocomdadosrecentesdadinâmicadeusodosolonoBrasil,entreoutros.

Bibliografia

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AnexoI

Coeficientesdecarbononabiomassavegetal florestalenaturalnas regiõesdomodelo,combasenotrabalhodePlevinetal.(2015).

RegiãoCarbononabiomassa

abaixodosoloCarbononabiomassa

acimadosolo(MgC/ha)

Sul 48,3567 14,329Sudeste 99,4919 27,2391Centro-Oeste 99,4919 27,2391Norte 120,7074 32,3013Nordeste 31,1383 9,7053NordesteCerrado 54,3033 15,9149Fonte:Plevinetal.(2015)

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