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IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL

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IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM

AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

JANAINA FREITAS CALADO

IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM

AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL

NATAL/RN

Fevereiro, 2018

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JANAINA FREITAS CALADO

IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM

AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Doutora em Ecologia.

Orientadora:

Drª. Liana de Figueiredo Mendes

NATAL/RN

Fevereiro, 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial

Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Calado, Janaina Freitas.

Impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais

tropicais do Brasil / Janaina Freitas Calado. - Natal, 2018.

162 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia.

Orientadora: Profa. Dra. Liana de Figueiredo Mendes.

1. Impactos do turismo em recifes - Tese. 2. Turismo de

mergulho sustentável - Tese. 3. Comportamento de mergulhadores -

Tese. 4. Educação ambiental - Tese. I. Mendes, Liana de Figueiredo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 338.484:502.131.1

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

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FOLHA DE APROVAÇÃO

CALADO, Janaina Freitas

Título: IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES

RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Doutora em Ecologia.

Data da aprovação: 26/02/2018

Banca examinadora:

Profª Drª Liana de Figueiredo Mendes

(Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Depto. de Ecologia __________________________________________

Profª Drª Priscila Fabiana Macedo Lopes Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Depto. de Ecologia __________________________________________

Profº Drº Guilherme Ortigara Longo Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Depto. de Oceanografia e Limnologia __________________________________________

Profº Drº José Garcia Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Norte

Depto. de Recursos Pesqueiros __________________________________________

Profº Drº Alexandre Gusmão Pedrini Universidade do Estado do Rio de Janeiro

IB / Depto. de Biologia Vegetal __________________________________________

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Repleto de todo amor que possa ter no mundo...

Esse trabalho é inteiro de duas Marias e dois Césares.

Para vocês...

Maria Lúcia, minha Luz,

Maria Lua, minha Vida,

Théo César, minha Alma,

Bruno César, meu Amor.

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Cansada de não ter tempo, ela viajou no tempo,

criou o tele transporte e parou os relógios...

Aí, ela pegou sua família, amigos, bichos e plantas

e se mudou para uma vila na beira da praia

e de costas para uma cachoeira enorme...

Lá tinha água e comida boa sem fim.

Aí, ela vivia da Terra e para Terra...

Aí o tempo parou...

E nesse segundo de devaneio...

Ela entendeu o motivo de estar aqui.

Janaina Freitas C.

(A escritora de histórias fantásticas, quando tem tempo)

“Prefiro faláas coisa certa com as palavra errada

a faláas coisa errada com as palavra certa.”

Patativa do Assaré

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AGRADECIMENTOS

Essa tese foi construída por mais de mil mãos...

Como vou agradecer esse povo todo?

Como agradecer um copo de água quando você tá com muita sede? Um ajuda

sincera que veio na hora certa e de todo coração? Como agradecer um ombro amigo?

Uma noite em claro de ouvidos atentos? Ou um email respondido com amor e cheio de

nomes de peixinhos novos? Como agradecer horas de trabalho de campo dentro

d’água? Ou uma mão que te ajuda a subir no barco? Ou a ajuda para que crianças

tenham uma experiência única de visitar o fundo do mar? Como agradecer um almoço

feito com tanto amor? Um café? Uma tapioca? (A melhor tapioca do mundo!) Como

agradecer um sorriso? Um abraço? Um beijo? Um colo? Como agradecer os milhões de

incentivos? As preces? As intenções? As boas ações, bons pensamentos e boas

energias? Como é que eu vou agradecer por uma cama tão gostosa, com lençóis limpos

e uma toalha cheirando a sol? Sei não!

Muito obrigada!!! Muito mesmo! Que toda a luz e amor do mundo chegue a

cada um de vocês. Que toda a gratidão que me habita chegue em você, e que você possa

senti-la, e que isso se transforme em amor! Que você brilhe e irradie o amor... que o

amor se propague!

Peço desculpas com quem faltei... principalmente ao Théo, a Lua e aos meus

mestres/alunos.

Peço desculpas pela minha presença que por vezes se fez ausente, vagando pelo

mundo de resultados e discussões e introduções... principalmente ao Bruno.

Peço desculpas a mim mesma... por ultrapassar meus limites físicos e mentais

tantas vezes... por me perder tantas e tantas vezes!

Eu me perdoo e espero que vocês também possam me perdoar!

Minha família, obrigada!

Maria Lúcia, minha mãe mais linda que a Xuxa (um milhão de vezes).

Bruno César, meu companheiro de jornada materna.

Théo e Lua, meus filhos... que lindo encontro o nosso.

Helena, Juliana e Bartira, minhas irmãs inspiradoras. Juliana, obrigada por

milhares de correções que permitiram uma incrível melhora nesse trabalho.

Lilith Bia, Francisco, Moises, Ester e Raul, meus sobrinhos e afilhado que tanto

amo.

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Filipe, meu cunhado, amigo e compadre.

Nazaré, Samara e Orlando, minha tia/mãe, minha prima e meu tio... que bom tê-

los por perto!

Mucio, Andréia e Juninho, meu sogro, sua esposa e cunhado, pelo apoio

incondicional.

Akito, Dico, Aida, D. Vera, Alan e Haroldo. Akito, meu padrinho e incentivador,

você e sua família me ajudaram muito a concluir essa etapa. Serei para sempre

grata!

Lucas, Neto, Telma e Paru, meus primos e tios, pela estadia entre os traslados

Macapá – Natal.

Meus amigos, obrigada!

Fábia, Beatriz, Luisa, Patrícia, Glorinha, Bernardo, Débora, Edmar, Lorena,

Guedes, Marina, Flora, Raquel, Ana Claúdia, Cíntia, Sofia, Gustavo, Walério, Jésssica,

Maurício, Hafael, Haniel, Laura, Andreé, Guido, Juliano, Nat, Mauro, Marina, Garla,

Garcia, Tiego, Fran, Cadu, Stella, July, Geomar, Mariquinha, Damiana, Lourdes,

Francisca, Pedro, Vinicio Coeli, Raoni, Marcela, Virginia, Jonathas, Sarah, Tia Jane,

Reja, D. Auri, Laissa, Vanessa, Bia, ahhhh tem tanta gente.... Amo todos vocês e muito

mais... Desejo o melhor para cada um de vocês!

Em especial a Luli, pelo amor incondicional e pela ajuda na reta final que foi

fantástica!!!

Cadu e Academic consultoria estatística por toda a colaboração e cuidado com

meu trabalho. Sem vocês essa pesquisa não teria ficado tão legal!!! Muito obrigada!

Vinicius Peruzzi, por ser uma das pessoas mais gente boa que eu conheço!!!

Ahhh Vini, obrigada demais pela impressão e entrega da versão final no Rio!

Meus estagiários mais legais do mundo, obrigada!

Isabela, Louize e Daniel, vocês são parte de cada página dessa história. Valeu a

confiança e carinho. Amo vocês! Lou e Dan, muito obrigada pelo gás final com o

abstratct!

Minhas amigas cirandeiras, obrigada!

Camila, Dani, Pryscila, Karen, Rayane, Nat, Adriana, Drica, Kelen, Cassi,

Moara, Ronaldo, Cris, Lilian... Mulheres (menos o Ronaldo...) fortes e lindas que

iluminam meu caminho.

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De todo meu coração agradeço especialmente a Karen, por com suas lindas

ilustrações, ter captado a essência do meu trabalho, enchendo tudo de beleza e

singularidade. Minha mana, tu tens um dom incrível!

Meus companheiros do PPGEco, obrigada!

Natália, Leonardo, Thaisa, Marina, Patrícia, Ana Helena, Letícia, Carol, Brunno,

Monalisa, Bruno, Felipe, Alan, Paulo, Cintia, Marina, Isabela, Tales, Giesta, João,

Marilia, Bernardo, Gui, Adriana, Maria Clara, Ewaldo, Rosemberg, Mariana, Ludmila,

Kionara. Obrigada pela partilha!

Meus professores, obrigada!

Liana, Priscila, Coca, Luciana, Toti, Gislene, Carlos, Dadão, Adriana Carvalho,

Adriana Monteiro, Márcio, Rosângela, Fúlvio, Ricardo Rosa, Ricardo Amaral, Jorge

Lins, Tatiana, Ierecê, Elinei, Alexandre Pedrini. Muito obrigada pela minha formação.

Cada um de vocês contribuiu de alguma forma para minha qualificação profissional e

sou imensamente grata!

Obrigada aos membros da banca pelas considerações, carinho e cuidado! Priscila

Lopes, Guilherme Longo, José Garcia e Alexandre Pedrini, Muito obrigada!

Especialmente, obrigada Lili. Pela confiança, carinho e uma orientação que já

dura 12 anos cheia de amor. Desculpa por todos meus prazos perdidos e toda a minha

pressa. Obrigada demais. Grande parte de mim, é você, e fico muito feliz pela amizade.

😊

Meus amigos da UEAP, obrigada!

Débora, Luciano, Gerlany, Marcelo, Luana, Rosivaldo, Darlan, Ivan, Sérgio,

Marcela, Dani, Kelly, Led, Gabriel, Luisa, Ângela, Ana Paula. Queridos amigos de

trabalho... tenho aprendido muito com todos você nesses últimos 3 anos, muito

obrigada!

Meus alunos da UEAP, obrigada!

Todos meus alunos (não tenho como escrever o nome de todos), mas sintam-se

abraçados por mim. Vocês me inspiram demais!

Em especial meus orientandos e aos alunos do LABOECO: D. Raimunda,

Tassia, Sâmella, Jaynara, Jeannie, Antônio, Fabrício, Suzy, Thaís, Plúcia, Adriano,

Alessandra e Francisco.

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Parceiros do IDEMA, obrigada!

Luisa, Maria José, Tiego, Rafael, muito obrigada por todo o auxílio no trabalho

na APARC, pelas inúmeras solicitações atendidas para uso do Ecoposto e demais

pedidos.

Parceiros do Parrachos Turismo e Maracajaú Divers, obrigada!

Rafael Exel e sua equipe, por toda a logística gratuita dos campos. Pelo carinho

e atenção de sempre. Pela responsabilidade e compreensão. A todos os marinheiros,

staffs e mergulhadores muito obrigada por tudo!!! Obrigada: Branquinho, Francisco,

Neto, Chico, Sandro, André, Emanuel, Dêde, Bruce, Carlinhos, Elder, Beto, Maria,

Zominho, Bidinho,

Zig e sua equipe, Sandra e Estevão, pela atenção, ajuda e prestatividade de

sempre.

Amigos de Caraúbas, obrigada!

Max, Ana Paula, Gato, Assis, Karine, Adelson, Maria Jósé, Zé, Lourdes,

Zominho, Mohamed.

Amigos esquecidos, obrigada!

Se você está lendo esses agradecimentos e não viu seu nome, me perdoe. Eu

agradeço muito a você. Você certamente lembra do quanto bem me fez ou me faz e esse

negócio de nomes é só formalidade. O amor tá aí... Te amo e te agradeço

profundamente!

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SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................................01

ABSTRACT....................................................................................................................02

APRESENTAÇÃO GERAL...........................................................................................03

CAPÍTULO 1 –Impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do

Brasil: uma análise cienciométrica

Introdução............................................................................................................11

Materiais e Métodos.............................................................................................13

Resultados............................................................................................................14

Discussão.............................................................................................................20

Considerações finais............................................................................................28

Referências...........................................................................................................28

Anexo I ...............................................................................................................38

CAPÍTULO 2 - Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma

Área de Proteção Ambiental Marinha do Brasil

Introdução............................................................................................................60

Métodos...............................................................................................................62

Resultados............................................................................................................66

Discussão.............................................................................................................73

Considerações finais............................................................................................77

Referências..........................................................................................................79

Apêndice 1...........................................................................................................81

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xiii

CAPÍTULO 3 – Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma Área

Protegida Marinha do Brasil

Introdução............................................................................................................87

Métodos...............................................................................................................89

Resultados............................................................................................................98

Discussão...........................................................................................................107

Sugestões para o manejo do mergulho recreativo.............................................113

Referências.........................................................................................................114

Apêndice I..........................................................................................................123

Apêndice II........................................................................................................124

Apêndice III.......................................................................................................126

Apêndice IV.......................................................................................................129

CAPÍTULO 4 –Os impactos do mergulho recreativo como tema de um projeto de

Educação Ambiental

Introdução..........................................................................................................131

Materiais e Métodos...........................................................................................132

Resultados..........................................................................................................135

Discussão...........................................................................................................138

Considerações finais..........................................................................................140

Referências.........................................................................................................140

Apêndice A........................................................................................................144

Apêndice B........................................................................................................145

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................146

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RESUMO

O mergulho recreativo (MR) é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo, gerando emprego

e renda, além de poder contribuir com a conservação dos ambientes recifais, impulsionando a criação de

unidades de conservação (UC) e auxiliando com insumos financeiros a manutenção de UCs já existentes.

Apesar das vantagens socioeconômicas, quando realizado sem controle, o MR pode provocar impactos

negativos ao ecossistema recifal, como alterações na estrutura das comunidades, danos físicos aos recifes

e redução na resisliência do recife. Diversos estudos em recifes de corais no mundo têm caracterizado tais

impactos propondo estratégias de manejo e indicadores biológicos para monitoramento. As

peculiaridades dos recifes brasileiros, com baixa cobertura coralínea e elevada cobertura de algas e

esponjas, torna necessário identificar e definir estratégias de manejo próprias para esse tipo de uso. O

presente estudo avaliou o impacto que o mergulho recreativo provoca em ambientes recifais tropicais do

Brasil. O primeiro capítulo é uma análise cienciométrica que indica as tendências dos estudos sobre os

impactos do MR nos ambientes recifais brasileiros. Os resultados mostram o crescimento do número de

publicações com esse tema ao longo do tempo e aponta a carência de uma análise integrada dos impactos

que o MR causa na biota recifal. Além disso, observou-se a necessidade de delineamento do perfil,

preferências e do comportamento dos mergulhadores. Nosso trabalho indica ainda que os recifes do Ceará

e recifes urbanos da Paraíba e Alagoas são áreascom maior carência de estudos no tema. No segundo

capítulo foi caracterizado o comportamento de mergulhadores recreativos em uma Área de Proteção

Ambiental Marinha (AMP) no nordeste brasileiro, quantificando-se a frequência de toques no substrato

recifal relacionado ao perfil do mergulhador e características do tipo de mergulho realizado. A frequência

média de toques (FT) observada foi notadamente inferior no recife estudado, quando comparado a outros

estudos em recifes de corais do mundo. As variáveis que influenciaram na FT foram: tipo de mergulho

(scuba > snorkel), sexo (homens > mulheres) e na faixa etária (acima de 50 anos, maior que nas demais

faixas etárias). A discussão deste capítulo aborda como as características físicas do local de estudo pode

ter influenciado na redução da FT, e também a postura dos profissionais do turismo. O terceiro capítulo

trata dos impactos do MR na ictiofauna e na comunidade bentônica em um ambiente recifal tropical do

Brasil. Nesse capítulo a realização de uma análise integrada de múltiplas variáveis da biota marinha

identificou importantes alterações na estrutura da comunidade recifal em função do MR. Essa abordagem

permitiu a observação de possíveis relações de causa e efeito que a avaliação de apenas um grupo

biológico poderia não detectar. As principais alterações documentadas foram: maior frequência relativa

de areia e cascalho na cobertura do substrato e menores valores das categorias coral duro, coral mole e

algas filamentosas nas áreas de Alto uso. A densidade média de corais não variou entre as áreas, contudo,

a espécie de coral Favia gravida apresentou menor densidade nas áreas turísticas. As áreas de Alto uso

exibiram ainda maior abundância relativa de ouriços pretos e invertebrados sésseis. As áreas de Baixo uso

apresentaram maior cobertura de algas folhosas. Com relação a ictiofauna observou-se maior abundância,

menor diversidade e dominância da espécie Haemulon aurolineatum nas áreas de alto uso. Nessas áreas

destacaram-se as maiores abundâncias dos grupos tróficos invertívoros móveis, onívoros e carnívoros,

com predominância de peixes da categoria de tamanho entre 11 – 20 cm. As áreas Controle apresentaram

um padrão diferente com menor abundância total de peixes, maior diversidade e homogeneidade, com

maior abundância de herbívoros, especialmente os territoriais, e destaque para as categorias de tamanho

de 6 – 10 cm e de 21 – 30 cm. Nas áreas de Baixo uso observou-se valores intermediários e de maior

semelhança com as áreas Controle. Essas alterações podem ser causadas diretamente pelo MR ou por

efeitos indiretos, que é resultado da complexa forma como os diferentes táxons respondem aos danos

oriundos da atividade turística. Apesar disso, essas modificações são espacialmente pontuais e com mais

estudos, monitoramento, fiscalização e manejo adequado, acredita-se que os impactos possam ser

reduzidos nas áreas turísticas. Neste trabalho ainda são sugeridas medidas de manejo para redução do

impacto do MR e indicadores biológicos que podem otimizar o monitoramento de áreas recifais

submetidas a atividade turística O quarto e último capítulo relata como o uso de uma abordagem

metodológica diversificada em um projeto de Educação Ambiental (EA), cujo tema foi “os impactos do

mergulho recreativo”, foi eficaz em uma escola pública do entorno de AMP alvo da especulação turística.

Os resultados indicam que a combinação do conhecimento científico, conhecimento local, uso de mídias e

visitas à ambientes não-formais são fundamentais para a eficácia de um projeto de EA. Esta tese apresenta

dados pioneiros sobre os impactos que o mergulho recreativo gera em ambientes recifais brasileiros,

contribuindo efetivamente para o manejo e desenvolvimento de um turismo sustentável em áreas

protegidas marinhas.

PALAVRAS-CHAVE: Impactos do turismo em recifes; turismo de mergulho sustentável;

comportamento de mergulhadores; educação ambiental.

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2

ABSTRACT

Recreational diving (RD) is one of the fastest growing tourist activities in the world, generating

employment, income and contributing with the conservation of reef environments. This boosts the

creation of protected areas (PA) and helps with financial inputs to the maintenance of existing PAs.

Despite the socioeconomic advantages, when carried out uncontrolled RD can cause negative impacts to

reef ecosystems, such as changes in community structure, physical damage and reduction of reef’s

resilience. Several studies on coral reefs worldwide have proposed management strategies and biological

indicators for monitoring RD impacts. The peculiarities of Brazilian reefs, with low coral and high

seaweed and sponge cover, make it necessary to identify and define management strategies appropriate to

this type of use. The present study evaluated the impact of recreational diving on tropical reefs of Brazil.

The first chapter is a scientometric analysis that indicates trends in the impact of RD on Brazilian reefs.

Results show growth of publications over time but a lack of an integrated analysis of the impacts that RD

causes on the reef biota. In addition, it was observed the necessity of delineation of the profile,

preferences and the behavior of the divers. Our work also indicates that Ceará’s reefs and urban reefs of

Paraíba and Alagoas are areas with greater lack of studies. In the second chapter, the behavior of

recreational divers in a Marine Environmental Protection Area (MPA) in the Brazilian northeast was

characterized, quantifying the frequency of touches on the reef substrate related to the profile of the diver

and characteristics of the type of diving performed. The average frequency of touches (FT) observed was

markedly lower in the studied reef when compared to other studies on coral reefs in the world. The

variables that influenced FT were: type of diving (scuba> snorkel), sex (men> women) and in the age

group (above 50 years, higher than in the other age groups). The discussion in this chapter discusses how

the physical characteristics of the place of study may have influenced the reduction of FT, as well as the

posture of tourism professionals. The third chapter deals with the RD impacts on the ichthyofauna and the

benthic community in a Brazilian reef environment. In this chapter, an integrated analysis of multiple

variables of the marine biota revealed important changes in the structure of the reef community as a

function of RD. This approach allowed the observation of possible cause and effect relationships, that the

assessment of only one biological group could not detect. The main changes documented were: higher

relative frequency of sand and gravel in the substrate cover and lower values of hard coral, soft coral and

filamentous algae in High Use areas. The average density of corals did not vary among the areas,

however, the species of coral Favia gravida showed lower density in the tourist areas. Areas of high use

exhibited even greater relative abundance of black urchin and sessile invertebrates. The Low Use areas

presented greater coverage of foliose algae. In relation to ichthyofauna, in High Use areas the species

Haemulon aurolineatum showed greater abundance but lower diversity. In these areas, the highest

abundance of the mobile, omnivorous and carnivorous invertivorous trophic groups was observed,

predominantly fish of the size category between 11 - 20 cm. The Control areas presented a different

pattern with lower total fish abundance, greater diversity and homogeneity, and greater abundance of

herbivores, especially the territorial ones, within the categories of size of 6 - 10 cm and of 21 - 30 cm. In

the Low Use areas, we observed intermediate values and of greater similarity with the Control areas.

These changes can be caused directly by RD or by indirect effects, which is a result of the complex way

in which the different taxa respond to damages from the tourist activity. Despite this, these modifications

are spatially punctual and with more studies, monitoring, supervision and proper management, the

impacts could be reduced in the tourist areas. In this work, we suggest management measures to reduce

the impact of RD and biological indicators that can optimize the monitoring of reef areas under tourism

activity. The fourth and final chapter reports how uses of multiple methodologies in an Environmental

Education (EE) project, whose main theme was "Impacts of recreational diving", was effective on a

public school in the surroundings of MPA, which is a target area for tourism speculation. Results indicate

that combinations of scientific and local knowledge, the use of media and visits to non-formal

environments are fundamental to the effectiveness of an EE project. This thesis presents pioneering data

about impacts that the recreational diving causes to Brazilian’s reefs, effectively contributing to

management actions and development of sustainable tourism in marine protected areas.

KEY WORDS: Impacts of tourism on reefs; Sustainable dive tourism; Behavior of divers;

Environmental Education.

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APRESENTAÇÃO GERAL

Vivemos em um mundo em crise. A crise emerge da forma como o ser humano

vem se relacionando com a Terra, em uma sociedade baseada no consumo, no lucro e na

exploração, que está exaurindo os recursos naturais existentes. O modo de vida da

sociedade atual é destrutivo, degradante e gera desigualdade. Esse sistema globaliza e

torna uniforme povos e culturas, dizimando tudo o que diz respeito à diversidade, e

sendo regido pela competição, exige pessoas rápidas, produtivas e competitivas.

Vivemos em um mundo em crise. Falta água, falta energia, falta moradia, falta

terra, falta comida, falta saúde, falta educação e sobretudo, falta cuidar do bem-estar

comum. O último ano (2017) se destacou por ter “produzido” o maior número de

bilionários da história (Rossi, 2018), e me pergunto quantos seres vivos e recursos

naturais foram explorados em prol de tão poucos? Não existe riqueza sem pobreza. Não

existem bilionários sem uma massa de explorados (Dierckxsens, 2011).

Vivemos em um mundo triste e quente (NOAA, 2016). Será que ainda podemos

fazer alguma coisa, frente as mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, aumento

do nível do mar e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes? Ainda temos

chance de mudar? Como este trabalho poderia contribuir com essa mudança? Como a

ciência pode melhorar o mundo?

A educação ambiental enxerga nas pessoas as soluções para um mundo melhor.

Para esse campo de pesquisa, apenas o causador do problema pode resolver essa crise,

sendo a formação de sujeitos ecológicos um caminho para transformar a forma como

lidamos com a Terra (Carvalho, 2012). A Permacultura traz técnicas e vivências práticas

que permitem uma existência realmente sustentável considerando aspectos éticos na

relação com a Terra, com as pessoas e com todos os seres vivos (Holmgren, 2013).

A solução para um mundo melhor está nas pessoas. Então como podemos mudá-

las? Como mudar seus comportamentos tornando-as mais colaborativas e cuidadosas

com meio que as cerca? É essa afirmação e indagações que movem esse trabalho!

Com a minha pouca experiência (e decepções) lidando com pessoas, enxerguei

na figura do turista características que poderiam ser potencialmente importantes na

sensibilização para questões socioambientais. Lembrei da curiosidade nata desses

indivíduos sobre os projetos de pesquisa e lembrei do meu próprio comportamento

como turista.

“Turista é bicho leso...

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Se a gente colocar areia num pote e disser que é dum canto, ele vai e compra...

Turista é bicho aberto...

Cabeça aberta, mente aberta, corpo aberto...

Turista é bicho esperto... doido... livre...

Um bom momento para gente mudar, é quando a gente é turista, né não?”

Os versos que seguiram foram escritos por mim, após uma longa discussão com

meu marido, que trabalhou muitos anos com turistas. Esses versos resumem minhas

impressões e indicam os motivos de ter escolhido trabalhar com esse grupo de pessoas.

Ardoin et al. (2015) revisaram estudos que observaram mudanças de

conhecimento, atitudes e comportamentos pró-ambientais em turistas que tiveram

experiências com turismo de natureza. Os autores notaram as dificuldades de se medir e

identificar se a experiência turística foi realmente o principal promotor dessas

mudanças, mas de modo geral ressaltaram o potencial que o turismo de natureza tem na

sensibilização das pessoas.

Mesmo com os possíveis impactos que o turismo de natureza pode causar ao

ambiente (Bessa et al., 2017), concordo com Heyman et al. (2010) que afirmam no

título do seu artigo que “It is better to be disturbed than to be dead”. E mais ainda,

acredito nos benefícios econômicos, sociais e ambientais que o turismo de natureza,

quando realizado de forma planejada e organizada, pode trazer aos ambientes onde ele

ocorre (Hammerton et al., 2012).

Focada na possibilidade de desenvolver uma nova forma de pensar o turismo, foi

que o objetivo desse trabalho foi desenhado. Busquei compreender os impactos do

mergulho recreativo em ambientes recifais, a fim de contribuir com medidas de

mitigação desse impacto. A ideia inicial da tese era ir mais além. Queria realmente

desenvolver um modelo de turismo de mergulho com baixo impacto e transformador.

Queria testar a eficácia de trilhas subaquáticas. Queria propor um projeto piloto de uma

cooperativa de mergulho, onde os profissionais fossem apaixonados pelo recife, e

mostrassem para os mergulhadores o quão especial era aquele momento de lazer. Queria

compreender o custo de reposição do recife degradado. Queria ter começado a pensar

em estratégias para mudar comportamentos e atitudes.... Queria...

Infelizmente (ou felizmente) a vida não é como a gente quer. Ela simplesmente

é, e cabe a cada um, ser resiliente o bastante para ser feliz. Não pude fazer tudo que

queria nesse trabalho, mas penso que os resultados aqui apresentados e discutidos

podem contribuir de forma prática para o desenvolvimento de um turismo de mergulho

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que cause menos impactos ambientais negativos e promova mais impactos sociais

positivos.

Os ambientes recifais foram escolhidos por sua importância econômica,

ecológica e social (Morberg & Folke, 1999) e pelo crescimento do turismo de mergulho

em todo mundo (Spalding et al., 2017). Além disso, me apaixonei pelos seres recifais

desde nosso primeiro encontro em meados de 2005.... Me apaixonei tanto, que em 2009

fui morar em Maracajaú, um distrito do município de Maxaranguape, localizado no

litoral norte do estado do Rio Grande do Norte. O recife ou parracho de Maracajaú faz

parte da Área de Proteção Estadual dos Recifes de Corais e é um dos principais destinos

de turismo de mergulho do nordeste do Brasil (IDEMA, 2012; Brasil, 2015). Foi então,

nesse recife, que ao longo de 4 anos empreendi esforços para desenvolver essa tese.

O objetivo do primeiro capítulo foi compreender o que já se sabia sobre os

impactos do mergulho recreativo (MR) em ambientes recifais no Brasil. Através de uma

análise cienciométrica, buscou-se avaliar as tendências dos estudos já realizados e

identificar as variáveis biológicas já analisadas, além de apontar lacunas no

conhecimento desse tema por estado brasileiro. O texto está estruturado para que se

desdobre em duas publicações, uma com enfoque regional, no intuito de contribuir na

gestão da atividade de MR no Brasil; e outra com uma abordagem mais global. As

referências estão padronizadas segundo o Pan-American Journal of Aquatic Sciences.

Os resultados do primeiro capítulo apontam duas lacunas importantes na

pesquisa sobre os impactos do MR no Brasil: a primeira é que apenas um trabalho

analisou as variáveis que podem influenciar no comportamento de mergulhadores no

Brasil (Giglio et al, 2016); e a segunda, é que poucos trabalhos no Brasil incorporaram a

resposta de mais de um grupo biológico em suas análises para compreensão do impacto

do MR. O segundo e terceiro capítulo, buscaram contribuir com o nosso conhecimento

sobre essas lacunas.

No segundo capítulo da tese buscou-se compreender quais variáveis podem

influenciar na frequência de contato do mergulhador com o recife. Nosso trabalho

apresenta a relação de frequência de contato não só para mergulhadores autônomos,

como também para o mergulho livre, além de apontar caraterísticas peculiares da

operação turística na área de estudo, que podem ser benéficas para o desenvolvimento

do MR com menor impacto. As referências estão padronizadas segundo ICES Journal

of Marine Science.

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O objetivo do terceiro capítulo foi analisar uma série de variáveis biológicas

submetidas a diferentes níveis de uso turístico. Foi observada a assembleia de peixes

recifais, cobertura do substrato, megafauna de invertebrados e saúde da comunidade

coralínea em áreas turísticas muito visitadas (> de 6000 turistas/ano), áreas turísticas de

baixo uso (< 6000 turistas/ano) e áreas sem visitação. Nossos resultados indicam que o

mergulho recreativo causa alterações diretas em todos os grupos biológicos analisados e

discute modificações que podem ocorrer em interações ecológicas em função de

mudanças comportamentais de algumas espécies. Essas alterações são espacialmente

pontuais e com mais estudos, monitoramento, fiscalização e manejo adequado, acredita-

se que os impactos podem ser reduzidos nas áreas turísticas.

O último capítulo se propôs a testar como uma abordagem metodológica

diversificada pode ser eficaz em um projeto de educação ambiental (EA) cujo tema foi

os impactos do mergulho recreativo. Esse trabalho foi realizado no distrito de Caraúbas,

que fica ao lado de Maracajaú, também sob influência da APARC. Os resultados desse

artigo mostram que o projeto foi eficaz e reflete sobre como questões socioeconômicas

podem influenciar no sucesso de um projeto de EA. O artigo está no formato da revista

Investigações em Ensino de Ciências.

Seguindo orientações da minha excelente banca examinadora, gostaria de deixar

claro alguns conceitos que serão utilizados ao longo da tese:

1) Ambientes recifais tropicais do Brasil: São ambientes marinhos de fundo

consolidado que se estendem pela costa do Brasil do Amapá ao Sul da Bahia

(Leão et al., 2003).

2) Mergulho Recreativo (MR): Aqui consideramos o conceito amplo de mergulho

recreativo, compreendendo-o como qualquer atividade de mergulho realizada

com fins recreativos. Alguns autores dividem essa atividade em mergulho

autônomo, mergulho livre, flutuação e apneia (Garrod & Gössling, 2008; Neto,

2012), neste estudo todas essas subdivisões foram consideradas dentro do

escopo de MR.

3) Turismo de mergulho: Alguns autores consideram turismo de mergulho apenas

viagens que tem finalidade clara e própria para realização de mergulho (OMT,

2001; Dimmock, 2007). Em virtude do crescente grupo de turistas de massa que

estão realizando uma viagem de férias e realizam mergulhos estimulados por

pacotes turísticos promocionais (Araújo & Carvalho, 2013), consideramos

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turismo de mergulho, qualquer atividade turística que tenha, por qualquer razão,

incluído em seu percurso uma operação de mergulho.

4) Turismo de massa: É considerado como o turismo de sol e praia, onde um

grande número de pessoas visita ao mesmo tempo, uma área relativamente

pequena (Butler, 2006). Normalmente, este tipo de turismo gera uma série de

modificações, com consequências negativas muitas vezes irreversíveis, como

desgastes econômico, social, cultural e ambiental nas comunidades onde ocorre

(Zaoual, 2008). Não existe um número especifico de turistas na definição de

turismo de massa, segundo Barretto (1998), o turismo de massa se estabelece em

locais onde existe uma alta demanda.

5) Impactos dos mergulhadores: São impactos causados diretamente pela ação do

mergulhador, seja através de toques com partes do seu corpo ou com partes de

equipamentos de mergulho. Esse tipo de impacto pode ser intencional ou não,

podendo ocasionar danos graves, como quebra e morte e organismos recifais.

Com o esclarecimento desses conceitos e com a tese devidamente apresentada,

convido-@ a enveredar na leitura de cada capítulo. Peço perdão pela forma pouco

formal como essa apresentação foi escrita, mas me foi permitido esse tipo de redação, e

assim a fiz. As ilustrações no início de cada capítulo e na capa da tese foram

encomendadas a uma artista amiga minha. A Karen Pimenta mora aqui em Macapá e

captou a essência do meu pedido. Ela transformou ciência em arte e encheu de beleza e

cores minha tese.

Agradeço imensamente a oportunidade de concluir essa tese. Para construir cada

etapa desse trabalho precisei abrir mão de alguma coisa. Abri mão de brincar com meus

filhos ou de fazer sua comida. Abri mão de fazer aulas melhores ou de participar de

alguma importante comissão que poderia melhorar meu espaço de trabalho. Abri mão

de ficar nas férias com minha mãe e aproveitar meu tempo com minha família. Abri

mão de não fazer nada e ter tempo ocioso.... Por isso, por todo esse esforço e dedicação,

sinto um enorme amor nesse trabalho. Aqui estão minhas esperanças de tempos

melhores. Esperança que eu possa sempre ver o mundo com o olhar de um turista

curioso... e que eu esteja sempre aberta e pronta para promover mudanças na minha

própria vida!

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REFERÊNCIAS

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Impactos ambientais do mergulho recreativo em

ambientes recifais tropicais do brasil: uma análise

cienciométrica

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Impactos ambientais do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do

Brasil: uma análise cienciométrica

Environmental impacts of recreational dive in tropical reefs of Brazil: a scientometric

analysis

Introdução

Ambientes recifais concentram a maior biodiversidade dos oceanos (Adey 2000)

e também se destacam entre os ecossistemas marinhos que fornecem uma variedade de

bens e serviços à humanidade como: a proteção do litoral contra à ação de ondas,

potencialidade para a descoberta de compostos medicinais, berçário para espécies

marinhas e diversos benefícios econômicos através do uso recreativo, turístico e

pesqueiro (Moberg & Folke 1999). Mesmo com sua importância econômica e

ecológica, áreas recifais em todo o mundo estão sujeitas a uma série de impactos globais

e locais (Hughes et al. 2017) e existe urgência em políticas que promovam a

conservação destes hotspots de vida marinha.

No Brasil os ambientes recifais tropicais se estendem por mais de 3.000 km

entre a costa do Amapá e o Sul da Bahia (Ferreira & Maida 2006; Moura et al. 2016),

com características únicas, como o tipo de crescimento, aspectos morfológicos, fauna

construtora do recife e ambiente deposicional (Leão et al. 2003). Os recifes brasileiros

caracterizam -se pela baixa cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de

corais em zonas com alto aporte de sedimentos, resultantes da desembocadura de

grandes rios e erosão costeira (Castro & Pires 2001). Apesar dessas peculiaridades, os

bens e serviços fornecidos por esses ecossistemas e, consequentemente, sua importância

ecológica e econômica, equivalem aos dos recifes de corais de outras regiões do mundo

(Leão et al. 2016).

Em recente revisão, Tedesco et al. (2017) elencaram as principais ameaças para

a conservação dos recifes brasileiros, sendo elas: o crescimento populacional, a

atividade pesqueira, a poluição da costa, a introdução de espécies exóticas, as mudanças

climáticas e o turismo irregular voltado para prática do mergulho recreativo.

Apesar de já ter sido considerado uma prática de baixo impacto ambiental

(Tilmant 1987, Talge 1991), atualmente diversos estudos apontam que o mergulho

recreativo pode causar danos significativos ao ambiente marinho. Os impactos podem

ser resultantes do contato direto de mergulhadores com o recife (Rouphael & Inglis

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2001, Zakai & Chadwick-Furman 2002, Luna et al. 2009, Camp & Fraser 2012, Giglio

et al.2016), da sedimentação oriunda da ressuspensão de sedimentos bentônicos (Hasler

& Ott 2008), das injúrias causadas pela ancoragem de embarcações (Creed & Amado-

Filho 1999, Giglio et al. 2017a) e da poluição (Lamb et al. 2014, Downs et al. 2015).

Esses impactos podem resultar em alterações na estrutura da comunidade recifal

(Hawkins & Roberts 1992, Hawkins et al. 1999), modificações comportamentais de

algumas espécies (Di Franco et al. 2013; Titus et al. 2015), diminuição da capacidade

de reprodução dos corais (Kragt et al. 2009), aumento da suscetibilidade a doenças em

corais (Lamb et al. 2014), redução da biodiversidade e resiliência do ecossistema como

um todo (Gladstone et al. 2013).

Estudos com enfoque nos impactos do mergulho recreativo no Brasil foram

iniciados em meados da década de 1990 (Leão et al. 1996, Creed & Amado-Filho 1999,

Augustowski & Francine 2002), mas ainda não há um consenso sobre quais variáveis

biológicas respondem a esse tipo de dano em recifes com as características encontradas

no Brasil (Wedekin 2003, Luiz Júnior 2009).

Em recifes de corais de outras partes do mundo é comum a utilização de

variáveis relacionadas à comunidade coralínea, como riqueza de espécies, porcentagem

de cobertura de corais e de corais quebrados (Hawkins & Roberts 1992, Tratalos &

Austin 2001, Rouphael & Inglis 2002, Polak & Shashar 2012). Estes são considerados

bons indicadores, pois os recifes em questão possuem elevada cobertura de corais

(espécies e abundância), que é susceptível aos impactos causados pela ação da logística

da operação de mergulho e por possíveis danos empregados diretamente por

mergulhadores (Hawkins et al. 1999). No entanto, recifes com baixa cobertura coralínea

e que são submetidos a pressão turística, como é o caso do Brasil, os indicadores

mencionados não se mostram adequados para o diagnóstico de modificações na

comunidade recifal em função da atividade turística (Lima 2016).

Desta forma, o presente estudo buscou mapear as pesquisas já realizadas que

focaram nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil.

Foram identificados os grupos biológicos, as variáveis ecológicas utilizadas nos

trabalhos e a abrangência geográfica dos estudos através de uma análise cienciométrica

da literatura científica. Utilizou-se desta análise por ela utilizar de técnicas quantitativas

e/ou qualitativas que permitem avaliar a produção científica sobre determinado tema,

buscando identificar padrões e tendências que podem existir nas publicações e

possibilitando a observação da importância dada a determinado assunto ou autor e

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identificando regiões geográficas onde há carência de determinadas pesquisas (Macias-

Chapula 1998; Barbosa et al. 2012).

O presente estudo evidenciou a amplitude geográfica em que estão concentrados

os esforços de pesquisa sobre o tema no país, assim como a existência de conhecimento

científico em áreas críticas para conservação. Analisou-se ainda os estudos

desenvolvidos em áreas onde a atividade de mergulho é fortemente presente e

consolidada, incentivando a realização de pesquisas em locais com carência de

informações sobre o tema.

O ponto de partida para a gestão do turismo de mergulho em um país com uma

costa tão extensa como a do Brasil é a identificação das áreas onde a atividade ocorre e

os impactos que estão sendo gerados. Este é o mapeamento inicial para o

desenvolvimento posterior de estratégias de manejo que permitam reduzir ou mitigar os

danos e criar propostas de gestão inovadoras com uma abordagem que integre soluções

para sistemas sociais, econômicos e ambientais.

Materiais e Métodos

Análise da literatura

Para o levantamento de estudos realizados nas áreas de mergulho recreativo em

ambientes recifais do Brasil foram examinados textos, documentos e publicações

disponibilizados pelos Ministério do Turismo e Ministério do Meio Ambiente, além de

pesquisa em sites das principais operadoras de mergulho do Brasil, nos estados que

possuem áreas recifais e artigos científicos.

Para a análise cienciométrica, foi conduzido um levantamento sistemático dos

estudos a fim de identificar a literatura relevante sobre os impactos da atividade de

mergulho em ambientes recifais brasileiros. Dois bancos de dados foram acessados:

Web of Science na ISI Web of knowledge e o Google Acadêmico, através de três

momentos de busca, nos quais foram utilizados os seguintes termos: busca 1: ‘Brazil’ e

‘impact’ e ‘dive’; busca 2: ‘nome do estado’ (ex: Ceará) e ‘impact’ e ‘dive’; busca 3:

‘Brazil’ e ‘palavras-chaves identificadas nas buscas 1 e 2’ (coral, pollution, diver, reef,

anchor damage). Não foi definido período de pesquisa específico, sendo contabilizados

todos os artigos encontrados sobre o tema, independente do ano de publicação. Todas

as buscas foram refeitas utilizando os mesmos termos em português, através das

mesmas fontes de dados.

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Os resultados foram limitados a textos em inglês e português, utilizando-se

periódicos indexados e literatura cinza. As pesquisas foram cruzadas para produzir uma

lista única para cada estado brasileiro. Os resumos de todos os artigos e trabalhos

encontrados na busca foram analisados e incluídos na revisão sempre que se referissem

a impactos ligados à atividade de mergulho recreativo em ambientes recifais do Brasil.

Cada publicação foi analisada de acordo com: (i) ano da publicação, (ii)

periódico da publicação ou universidade, no caso de trabalhos de literatura cinza, (iii)

qualis do periódico, (iv) fator de impacto; (v) número de citações, (vi) área geográfica

de enfoque do estudo (estado brasileiro e, quando foi o caso, a unidade de conservação),

(vii) grupos biológicos estudados (algas, peixes, invertebrados bentônicos, coral duro,

coral mole e outros), (viii) variáveis biológicas estudadas (ex. riqueza, biomassa,

diversidade, dominância, abundância, densidade, classes de tamanho, categorias

tróficas, entre outras), (ix) avaliação do impacto do mergulhador.

O conceito qualis foi obtido através de consulta na plataforma sucupira (CAPES

2017), na avaliação de 2017 para área de avaliação “Biodiversidade”. O fator de

impacto utilizado foi o indicador SJR, na avaliação de 2016 (SCImago 2007). O número

de citações utilizado foi o valor disponibilizado pelo banco de dados do Google

Acadêmico, pois o mesmo inclui o número de citações de publicações da literatura

cinza, o que permite uma comparação deste fator com periódicos indexados. Este

levantamento foi realizado entre abril e junho de 2017.

Resultados

Áreas de Mergulho

Foram identificadas 237 áreas de mergulho recreativo em ambientes recifais, em

sete estados do nordeste brasileiro (Maranhão/MA, Ceará/CE, Rio Grande do Norte/RN,

Paraíba/PB, Pernambuco/PE, Alagoas/AL e Bahia/BA) (ANEXO I).

A maioria das áreas identificadas localiza-se em recifes profundos direcionados

para o scuba dive (70%). As áreas rasas, exclusivas para prática de snorkel, são piscinas

naturais com profundidade entre 0 e 1,5 metros (21%), já as áreas onde ocorrem as duas

modalidades de mergulho concomitantemente, apesar de serem a minoria (9%), são

aquelas que recebem turismo em massa (ANEXO I).

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Aproximadamente 50% das áreas de mergulho identificadas estão inseridas em

Unidades de Conservação (UC) e possuem algum tipo de regra de uso, como limitação

no número de visitantes ou restrição ao uso de algum artefato (Ferreira & Maida 2006).

No Maranhão, a única área de mergulho encontrada foi o Parque Estadual Marinho

Parcel de Manoel Luís. Esta foi citada em sites especializados de mergulho e por grupos

de mergulhadores, porém algumas peculiaridades do recife, como distância da costa e

forte correnteza, tornam a operação turística regular inviável no local, sendo a visitação

realizada apenas por mergulhadores experientes e com recursos para financiar o

embarque até o local.

No levantamento realizado não foram encontrados pontos de mergulho nos

estados do Amapá, Pará, Piauí e Sergipe.

Análise Cienciométrica

Foram registradas apenas 36 publicações que abordaram algum aspecto do

impacto que o mergulho recreativo causa no ambiente recifal, entre os anos 1999 e

2016, com um crescimento do número de publicações nos últimos cinco anos. Esses

trabalhos estão concentrados em 41 áreas de mergulho, o que representa 17% do total de

áreas de mergulho registradas no presente levantamento. Os estudos foram oriundos da

literatura cinza (44,4%), publicações internacionais (30,6%) e publicações nacionais

(25%) (Figura 1).

Figura 1 - Porcentagem acumulada de estudos enfocando o impacto do mergulho recreativo em

ambientes recifais tropicais do Brasil. N = 36 publicações. O primeiro registro em 1996 e o último em

2016.

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As pesquisas analisadas, excetuando-se a literatura cinza, foram publicadas em

17 periódicos, e apenas dois desses tiveram mais de uma publicação com o tema:

Brazilian Journal of Pharmacognosy (2) e Environmental Management (2). O fator de

impacto e categoria de qualis variou entre os periódicos, com destaque para três artigos

de maior impacto: Coral Reefs (1,343), Marine Pollution Bulletin (1,302) e Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology (0,937) (Tabela 1).

Tabela 1 –Lista de publicações com enfoque nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais

tropicais no Brasil. Em cada uma delas é destacada a relação entre o número de citação e a idade do artigo

(número de anos desde que a publicação foi lançada (Nº CIT/IDADE)), o número de citações segundo

Google Acadêmico (Nº CIT), a área de estudo, o periódico em que foi publicado, o conceito qualis e o

fator de impacto (FI), segundo o indicador SJR. NA – Não se aplica.

ESTUDO Nº CIT/

IDADE

CIT. ÁREA DE ESTUDO PERÍODICO QUALIS F.I. (SJR)

Leão &

Kikuchi 2005 7,4 89

Recifes do Norte da

BA e Abrolhos - BA

MARINE POLLUTION

BULLETIN A1 1,302

Creed &

Amado-Filho

1999

7,1 127 Abrolhos - BA

JOURNAL OF

EXPERIMENTAL MARINE

BIOLOGY AND ECOLOGY

A1 0,937

Giglio et al.

2016 5 10 Abrolhos - BA

ENVIRONMENTAL

MANAGEMENT B1 0,794

Albuquerque

et al. 2014 4 12 Moreré - BA

MARINE AND

FRESHWATER RESEARCH B1 0,711

Santos et al.

2015 4 8

Porto de Galinhas -

PE

ENVIRONMENTAL

MANAGEMENT B1 0,794

Sarmento &

Santos 2012 3,8 19

Porto de Galinhas –

PE CORAL REEFS A1 1,343

Ilarri et al.

2008 3,6 32 Picãozinho - PB

NEOTROPICAL

ICHTHYOLOGY B2 0,657

Pérez et al.

2005 3,1 37

Porto de Galinhas -

PE HYDROBIOLOGIA A1 0,895

Feitosa et al.

2012 2,8 14

Maracajaú - RN;

Maragogi - AL

JOURNAL OF THE

MARINE BIOLOGICAL

ASSOCIATION OF THE

UNITED KINGDOM

B2 0,382

Silva et al.

2012 2,8 14 Maracajaú - RN

BRAZILIAN JOURNAL OF

PHARMACOGNOSY B3 0,418

Medeiros et

al. 2007 2,6 26 Picãozinho - PB

PAN-AMERICAN

JOURNAL OF AQUATIC

SCIENCES

B3 0,207

Azevedo et al.

2011 2,6 13 Pirangi - RN

BRAZILIAN JOURNAL OF

PHARMACOGNOSY B3 0,418

Feitosa et al.

2002 2,3 34 Maracajaú - RN

ARQUIVOS DE CIÊNCIAS

DO MAR C 0

Sarmento et

al. 2011 1,8 11

Porto de Galinhas -

PE SCIENTIA MARINA B1 0,537

Correia &

Sovierzoski

2008

1,2 11 Recifes urbanos de

Maceió - AL

PROCEEDINGS OF THE

11TH INTERNATIONAL

CORAL REEF SYMPOSIUM

NA NA

Spanó et al.

2008 1,2 11 Abrolhos - BA

OLAM - CIÊNCIA E

TECNOLOGIA C 0

Leão et al.

1996 1,1 23 Abrolhos - BA

LIVRO - Global Aspects of

Coral Reefs: health, hazard

and history

NA 0

Batista et al.

2007 1,1 11 Maracajaú - RN

ANUÁRIO DO INSTITUTO

DE GEOCIÊNCIAS - UFRJ B5 0,16

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17

Cont. Tabela 1:

ESTUDO Nº CIT/

ANOS Nº CIT.

ÁREA DE

ESTUDO PERÍODICO QUALIS F.I. (SJR)

Melo et al. 2014 0,7 2 Seixas - PB

REDE - REVISTA

ELETRÕNICA DO

PRODEMA

C 0

Silva 2006 0,2 2 Maracajaú -

RN UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA

Garcia 2006 0,1 1 Maracajaú -

RN UFC - DISSERTAÇÃO NA NA

Costa & Miranda

2016 0 0

Areia

Vermelha - PB

REVISTA DE ESTUDOS

AMBIENTAIS B4 0

Cavalcante et al.

2014 0 0 Maragogi - AL

TROPICAL

OCEANOGRAPHY C 0

Feitosa 2005 0 0

Maracajaú -

RN

Maragogi - AL

UFC - DISSERTAÇÃO NA NA

Azevedo 2011 0 0 Pirangi - RN UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA

Barboza 2014 0 0 Pirangi - RN UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA

Maximo 2015 0 0 Picãozinho -

PB UFPB - DISSERTAÇÃO NA NA

Lima 2016 0 0 Porto de

Galinhas - PE

UFRPE -

DISSERTAÇÃO NA NA

Santos 2013 0 0 Porto de

Galinhas - PE UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA

Macedo 2014 0 0 Porto de

Galinhas - PE UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA

Elliff 2014 0 0 Ilha de Tinharé

e Boipeba - BA UFBA - DISSERTAÇÃO NA NA

Padilha 2015 0 0 Porto de

Galinhas - PE UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA

Silva 2015 0 0 Maracajaú -

RN UFRN - TCC NA NA

Torres 2016 0 0 Maracajaú -

RN UFRN - TCC NA NA

Torres et al. 2016 0 0 Seixas - PB

ANAIS DO FÓRUM

INTERNACIONAL DE

TURISMO DE IGUASSU

NA NA

Amaral et al. 2005 0 0 Maracajaú -

RN

RN - RELATÓRIO

TÉCNICO IDEMA NA NA

O artigo mais citado foi o experimento de Creed & Amado-Filho (1999), com

127 citações, que avaliou o impacto da ancoragem de barcos de mergulho recreativo

sobre a comunidade fital de Abrolhos. A relação entre o número de citações e a “idade”

do artigo destacou a relevância de artigos com um número menor de citações, entre eles:

Albuquerque et al. (2014), Santos et al. (2015) e Giglio et al. (2016) (Tabela 1).

O estado brasileiro com maior número de estudos no tema em questão foi o Rio

Grande do Norte, com registro de 13 publicações. As áreas de estudo concentraram-se

nos recifes de Maracajaú e de Pirangi. Apesar da Bahia concentrar o maior número de

áreas de mergulho, foram registradas apenas sete publicações em recifes baianos. No

Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Sergipe não foram encontrados trabalhos que

analisassem os impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais (Figura 2).

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18

Figura 2 - Número de publicações com enfoque nos impactos do mergulho recreativo em ambientes

recifais desenvolvidos nos Estados do Brasil. AM –Número de áreas de mergulho por estado; UC -

Número de áreas de mergulho inseridas em Unidades de Conservação; Nº DE PUB - Número de

publicações.

A maioria dos estudos ocorreram em recifes que estão inseridos em Unidades de

Conservação (UC) (61,1%). Em Alagoas e na Bahia todos as pesquisas ocorreram

dentro de UC, enquanto que no RN, 77% e na PB, 16% foram realizados em áreas

protegidas.

Nas publicações analisadas, identificou-se seis grupos biológicos avaliados em

áreas recifais com uso turístico, nos diferentes estados do Brasil, considerando variáveis

como riqueza, abundância, densidade, dentre outras. São eles: algas (27,8% das

publicações), peixes (25%), invertebrados bentônicos (22,2%), coral duro (16,7%),

coral mole (11,1%) e outros (16,7%). O grupo “outros” inclui estudos que analisaram

impactos ambientais gerais, como alterações em serviços ecossistêmicos, aspectos

qualitativos da cobertura de corais e foraminíferos (Quadro 1).

Com relação aos grupos biológicos avaliados nas publicações, é importante

ressaltar que apenas os trabalhos de Garcia (2006); Sarmento et al. (2011), Sarmento &

Santos (2012), Santos (2013), Santos et al. (2015) e Lima (2016) analisaram mais de um

grupo biológico concomitantemente (algas e invertebrados bentônico). Os demais

focaram em apenas um grupo e não houve registro de trabalhos que realizassem uma

análise integrada dos impactos do MR na biota recifal como um todo.

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19

Em geral, todas as variáveis analisadas para os diferentes grupos biológicos

tiveram algum tipo de alteração devido ao impacto do mergulho recreativo, com

exceção da riqueza de peixes e aspectos ecológicos de corais.

Quadro 1–Grupos biológicos avaliados nos estudos com foco nos impactos do mergulho recreativo em

ambientes recifais, por Estado, no Brasil. Quadrados brancos indicam que determinada variável não foi

avaliada; quadrados pretos discriminam que a variável analisada sofreu alteração em função da atividade

de mergulho recreativo; quadrados cinza indicam que a variável foi analisada, mas não sofreu alteração

em função do uso turístico.

Grupo Variável RN PB PE AL BA Referência

Algas

N = 10

Riqueza Creed & Amado-Filho 1999,

Silva 2006, Azevedo 2011,

Sarmento et al. 2011,

Azevedo et al. 2011,

Sarmento & Santos 2012,

Silva et al. 2012, Santos

2013, Maximo 2015; Santos

et al. 2015.

Biomassa

Diversidade

Dominância

Peixes

N = 9

Riqueza

Feitosa et al. 2002, Amaral et

al. 2005, Feitosa 2005,

Medeiros et al. 2007, Ilarri et

al. 2008, Feitosa et al. 2012,

Albuquerque et al. 2014,

Macedo 2014, Silva 2015.

Abundância

Densidade

Diversidade

Equitabilidade

Classes de tamanho

Categorias tróficas

Comportamento

Invert.

bentônicos

N = 8

Riqueza Pérez et al. 2005, Garcia

2006, Correia & Sovierzoski

2008, Sarmento et al. 2011,

Sarmento & Santos 2012,

Santos 2013, Barboza 2014,

Santos et al. 2015.

Abundância

Densidade

Composição

Coral Duro

N = 5

Riqueza

Garcia 2006, Spanó et al.

2008, Cavalcante et al. 2014,

Lima 2016, Torres 2016.

Abundância

Classes de tamanho

Categorias de saúde

Quebra

Mortalidade

Recrutamento

Coral Mole

N = 4

Cobertura Santos 2013, Padilha 2015

, Santos et al. 2015, Lima

2016,

Classes de tamanho

Morfologia

Outros

N = 7

Impactos ambientais Leão et al. 1996, Leão &

Kikuchi 2005, Batista et al.

2007, Elliff 2014, Melo et al.

2014, Costa & Miranda 2016,

Torres et al. 2016.

Serviços Ecossistêmicos

Foraminíferos

Aspectos qualitativos da

cobertura de corais

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20

Apenas um trabalho identificou características de mergulhadores associadas ao

impacto nos recifes (Giglio et al. 2016). Este foi realizado nos recifes de Abrolhos e os

resultados apontaram as maiores taxas de contato foram exibidas por fotógrafos

especialistas, por mergulhadores em recifes artificiais e por mergulhadores que

utilizavam sidemount.

É importante ressaltar que o presente trabalho centrou seus esforços em analisar

as pesquisas em ambientes recifais, contudo outros estudos em costões rochosos do

litoral Sul e Sudeste vêm sendo desenvolvidos com abordagens semelhantes (Pedrini

2006, Pedrini et al. 2007, Pedrini et al. 2008, Pedrini et al. 2015, Giglio et al. 2017a, b).

Para gestão integrada do mergulho recreativo no Brasil é importante considerar seus

resultados, ponderando as peculiaridades do tipo de recife e possíveis indicadores que

podem responder de forma diferenciada.

Discussão

Levantamento das áreas de mergulho

O foco principal deste estudo não foi realizar o levantamento das áreas de

mergulho em ambientes recifais tropicais do Brasil, mas esse esforço foi necessário para

compreender a dimensão geográfica das pesquisas realizadas com enfoque no impacto

do mergulho recreativo (MR).

Gerar uma lista completa dessas áreas de mergulho é um objetivo ambicioso e de

difícil alcance, devido às limitações do método empregado e à falta de informações

disponíveis. Assim, é de se esperar que a lista de áreas de mergulho apresentada esteja

subestimada. Contudo, este é o primeiro estudo que revela um panorama geral dos

recifes com identificação de impactos gerados pela atividade de mergulho e onde existe

a demanda deste tipo de estudo no Brasil.

Estudos adicionais devem ser realizados afim de refinar e complementar o

presente estudo, através de uma ampla consulta com pesquisadores e profissionais de

mergulho que frequentem áreas recifais ao longo da costa brasileira. Esse aditivo deve

conter informações relevantes, como as coordenadas geográficas, profundidade, tipos de

atividades desenvolvidas (ex. trilhas subaquáticas e fotografias) e número médio de

visitantes por ano por ponto de mergulho.

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21

Análise Cienciométrica

Apesar dos resultados desse estudo indicarem um crescimento no interesse

científico sobre os impactos que o MR pode provocar nos ambientes recifais brasileiros,

o baixo número de publicações encontradas confirma as afirmações de Giglio et al.

(2016) e Tedesco et al. (2017), que evidenciam a escassez de estudos sobre o tema no

Brasil. É provável que o baixo número de estudos nesta área reflita a dificuldade de

estabelecimento de indicadores ambientais consistentes, os quais respondam claramente

à atividade de mergulho recreativo. Além disso, a atividade de pesquisa em ambientes

recifais no Brasil é recente, iniciada por volta da década de 1970, com a descrição dos

recifes brasileiros realizada por Jacques Laborel (Laborel, 1970), e tornando-se mais

forte a partir da década de 1980 e início de 1990. Em recifes coralíneos de outras

regiões do mundo, os impactos do MR são mais evidentes (ex. quebra de corais,

branqueamento frente à ressuspensão) (Roche et al. 2016, Abidin & Mohamed, 2014,

Worachananant et al. 2008), e a atividade de visitação é mais antiga, assim como o

tempo de pesquisas desenvolvidas. Outro fator que pode contribuir com esse cenário é a

dificuldade de coleta de dados em ambientes subaquáticos, que exige uma logística

complexa e a formação de profissionais experientes e capacitados em mergulho

científico.

O atual crescimento do número de publicações no Brasil provavelmente está

relacionado ao aumento do uso turístico desordenado em áreas recifais da costa

brasileira (Rowe & Santos 2016). Esse tipo de turismo pode tornar evidente alterações

na estrutura da comunidade recifal, despertando o interesse da compreensão desses

impactos pelo meio científico (Giglio et al. 2017b). O aumento do uso e a pressão social

advinda da necessidade de ordenação da atividade de MR nos recifes onde ele ocorre,

pode ser outro fator que impulsiona pesquisas com o tema. Empresas, profissionais de

mergulho, pescadores e comunidades que estão intimamente relacionadas com os

recifes, interagindo nesse espaço e exigindo respostas sobre a capacidade de suporte das

áreas de mergulho, possíveis alterações e prejuízos que o MR pode causar (Silva et al

2009, IDEMA 2012). Por fim, o crescimento do número de publicações no Brasil

acompanha o crescente interesse por esse tema no resto do mundo, especialmente em

recifes do Caribe, Mar Vermelho e Grande Barreira de Corais, na Austrália (Lamb et al.

2014).

Quase a metade das publicações encontradas são oriundas da literatura cinza e

poucos estudos estão publicados em revistas de maior impacto. Isso reflete, na maioria

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22

das vezes, uma abordagem microregional das pesquisas e possíveis problemas

metodológicos que podem impedir a publicação das dissertações e teses em periódicos

mais acessados. Além disso, a falta de incentivo em pesquisas científicas no Brasil tem

se agravado nos últimos anos, influenciando de forma negativa o desenvolvimento de

projetos e a ampla divulgação de seus resultados. Em 2017, um corte de verbas de mais

de 40% do governo federal neste setor, refletiu o descaso e ganhou notoriedade

mundialmente, exibindo as dificuldades em se realizar pesquisas de qualidade sem

incentivos no Brasil (Angelo 2017).

Os recentes artigos de Sarmento& Santos (2012), Albuquerque et al. (2014),

Santos et al. (2015) e Giglio et al. (2016), publicados em revistas internacionais e

destacados no número relativo de citações, indicam a repercussão positiva dos estudos

realizados no Brasil sobre os impactos do mergulho recreativo (Williamson et al. 2017,

Hammerton 2017, Spalding et al. 2017) e a necessidade urgente da ampliação de

informações sobre o tema.

Outra informação registrada na análise cienciométrica foi a concentração dos

estudos em poucos recifes, com 64% das publicações desenvolvidas nos recifes de

Maracajaú – RN, Porto de Galinhas – PE e Abrolhos – BA. Em Maracajaú, o incentivo

à realização das primeiras pesquisas científicas na área se deu por pressão de

empresários do mergulho, afim de transformar o local em Unidade de Conservação

(UC). Com isso, os empresários puderam regulamentar suas atividades e reduzir

conflitos existentes com pescadores artesanais locais (Silva et al. 2009). Em Porto de

Galinhas, a intensa atividade turística que envolve a prática de pisoteio de áreas recifais

e alimentação de peixes, promoveu nítida alteração na estrutura da comunidade recifal,

o que despertou a necessidade e interesse de pesquisas na área (Barradas et al. 2012).

Além disso, a facilidade do acesso ao recife se torna um atrativo a mais para a

realização de pesquisas neste local. Em Abrolhos, foram desenvolvidos os trabalhos

pioneiros com ambientes recifais no Brasil (Leão 1983) e também com tema do impacto

turismo (Leão et al. 1996, Creed & Amado-Filho 1999) e a maioria das pesquisas estão

associadas a questões do manejo e gestão da UC.

Com relação aos grupos biológicos avaliados, Refron & Chadwick (2017)

ressaltam a necessidade de estudos que incorporem múltiplos níveis de interações

ecológicas nas análises dos impactos do Mergulho Recreativo, destacando em seus

resultados como as espécies podem responder de forma complexa e diferente a danos

em recifes submetidos à intensa visitação. Considerando a composição e construção não

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coralínea dos recifes brasileiros, a avaliação de multi-indicadores se torna fundamental

para o entendimento dos impactos da atividade de MR, uma vez que as respostas nem

sempre são tão claras para uma única variável ambiental.

Estudos sistemáticos e a longo prazo, que busquem compreender padrões e

processos ecológicos são necessários nos ecossistemas recifais brasileiros como um

todo (Ferreira & Maida 2006). Para avaliação dos efeitos da atividade turística nos

recifes não é diferente. É preciso definir indicadores e monitorá-los a fim de identificar

alterações provocadas pela atividade o mais cedo possível, assim como tomar medidas

para mitigação dos impactos antes que os danos sejam irreversíveis.

Ainda sobre a análise dos grupos biológicos, apesar da comunidade fital ter sido

avaliada em dez das 36 publicações registradas, aspectos de como o MR influencia na

relação de dominância, efeitos da herbívora e competição interespecífica, que são temas

estudados em recifes de corais no resto do mundo, ainda são incipientes para os recifes

do Brasil. Os trabalhos com esse grupo biológico costumam adotar em suas discussões

padrões ecológicos de recifes de corais do Caribe ou Pacífico, desconsiderando

características próprias dos recifes brasileiros que possuem naturalmente uma cobertura

elevada de algas e esponjas, no caso de recifes mais profundos (Grimaldi 2014, Souza

2015).

A ictiofauna foi o único grupo biológico estudado em todos os estados, com

conflitos de resultados especialmente para a variável riqueza de espécies, o que sugere

que tal indicador não seja tão claro e consistente como resposta da atividade de MR. No

Caribe, Hawkins et al. (1999) não observaram mudanças na comunidade de peixes em

recifes com uso turístico. Já outros estudos realizados em Honduras (Titus et al. 2015) e

no Mediterrâneo, descreveram uma série de alterações ecológicas e comportamentais na

ictiofauna, causadas principalmente pela alimentação de peixes (Milazzo et al. 2006; Di

Franco et al, 2013). No Brasil, os esforços de pesquisas avaliando os impactos do MR

para esse grupo também estão focados na relação de alimentação dos peixes. Assim,

considera-se importante analisar os efeitos do MR na ictiofauna de áreas onde a prática

de alimentação não ocorre. Estudos em ambientes ripários alvos do turismo de

mergulho, no Brasil, onde não há alimentação dos peixes, identificaram uma série de

alterações comportamentais na ictiofauna e seus autores questionaram os benefícios

conservacionistas do ecoturismo realizado sem monitoramento e manejo adequado

(Bessa & Gonçalves-de-Freitas 2014, Balduíno et al. 2017).

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Os invertebrados bentônicos foram estudados com maior detalhe no recife de

Porto de Galinhas (PE), provavelmente pela baixa profundidade em que se encontra o

seu recife, tornando o mesmo ainda mais susceptível à danos em sua fauna bentônica.

Nas demais áreas poucas pesquisas foram empregadas, e quando ocorreram, focaram

essencialmente nos impactos gerados pelo pisoteio de áreas recifais.

Alguns grupos de invertebrados podem desempenhar funções tão importantes no

recife, que sua modificação pode dirigir alterações no ecossistema todo, como é o caso

de ouriços. No Caribe, foi documentado mudanças de fase de recifes com dominância

de corais, para recifes com dominância de macroalgas, em virtude da mortalidade em

massa de ouriços (Miller et al. 2003), e o estudo de Renfro & Chadwick (2017)

relacionou alterações na abundância de ouriços em áreas com diferentes níveis de uso

turístico. Portanto, o MR tem o potencial de modificar o padrão desse grupo e é

importante a compreensão do papel desse táxon na estrutura da comunidade também em

recifes brasileiros e sua sensibilidade aos impactos do MR. O grupo dos Moluscos é

outro que pode sofrer com a presença de mergulhadores e essa relação é pouco

estudada. Esses organismos despertam a atenção dos visitantes e são facilmente

capturados para o registro fotográfico ou usados como souvenir (Dias et al. 2011).

Observou-se um baixo número de publicações que enfocou no grupo dos corais

e as que foram analisadas apresentaram padrões divergentes entre si sobre os impactos

que o MR pode causar nessas espécies. Isso pode ser atribuído a baixa cobertura

coralínea dos recifes brasileiros, com predominância da espécie Siderastrea stellata

(Leão et al. 2003). Essa espécie que por ser resistente a estresses ambientais (Poggio et

al 2009), pode não apresentar variações em sua abundância ou estado de saúde, quando

expostas ao estresse provocado pelo MR (Torres 2016). Os corais moles (zoantídeos)

também foram pouco estudados e, apesar de Lima (2016) ter observado alterações na

abundância desses organismos em função do uso turístico, outros estudos não apontam

consistentemente relações de distúrbios provocados pelo MR nesse táxon (Yang et al.

2013, Santos et al. 2015).

Foi registrado apenas um trabalho que investigou o comportamento dos

mergulhadores e seus impactos diretos no recife, o que revela a deficiência de um

campo de pesquisa fundamental para o desenvolvimento de turismo de mergulho

ordenado e planejado no Brasil. Compreender aspectos comportamentais, preferências e

percepções dos mergulhadores pode orientar a gestão de áreas recifais e colaborar com

o crescimento do mercado de mergulho com foco na sustentabilidade do ecossistema e

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da atividade (Giglio et al. 2015). Ressalta-se aqui a urgência em estudos dessa natureza

a fim de se estabelecer um perfil de mergulhadores e a relação de suas características

com possíveis danos em ambiente recifais do Brasil.

Lacunas nos estudos sobre os impactos do MR em ambientes recifais no Brasil

Além do pequeno número de publicações sobre o tema, outras lacunas foram

observadas através da análise cienciométrica, no que diz respeito à distribuição dos

estudos na costa recifal brasileira.

O estado do Ceará não apresentou estudos que avaliassem o impacto do MR em

seus recifes, apesar de apresentar importantes áreas de mergulho. Esse estado possui 21

áreas de mergulho, incluindo uma série de naufrágios e um Parque Marinho com

operação turística regular, onde foram realizados estudos que abordaram aspectos da sua

gestão, como a efetividade da UC (Lima-Filho 2006), diagnóstico socioambiental

(Andrade 2015) e valoração ecológica (Carneiro et al. 2017), porém sem abordar sobre

os possíveis impactos da atividade de mergulho recreativo.

Devido a difícil logística de operação de mergulho no Parque Estadual Marinho

Parcel de Manoel Luís, no Maranhão, o turismo é bastante incipiente na área, o que

possivelmente não torna esse recife prioritário para estudos com o tema. É de suma

importância que nos recifes que são utilizados pela atividade turística e que apresentam

carência de informações científicas, sejam feitos levantamentos iniciais e registros do

perfil e preferências dos mergulhadores que utilizam a área, principalmente no caso de

unidades de conservação, que são espaços críticos a serem protegidos, a fim de traçar

estratégias de manejo da atividade.

Um maior número de estudos sobre os impactos do MR foi encontrado para os

recifes de Pernambuco e Rio Grande do Norte, entretanto, os esforços de pesquisa são

pouco empregados nos recifes costeiros profundos e naufrágios, onde há saídas

regulares de operadoras de mergulho. Isso pode se dar pela maior dificuldade logística e

elevados custos para realização de pesquisas em ambientes mais profundos.

É importante destacar que o recife de Maracajaú, localizado no litoral norte do

Rio Grande do Norte, foi a área de mergulho com maior número de publicações

registradas, e tem um baseline de informações que permite a realização de pesquisas

mais complexas no tema, como a compreensão da influência do MR na estrutura da

comunidade recifal incorporando diferentes grupos biológicos e suas relações

ecológicas na análise. Destaca-se ainda que estes recifes estão inseridos em uma Área

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de Proteção Ambiental Estadual (APA dos Recifes de Corais), e que os estudos

desenvolvidos na área são utilizados como referência para o ordenamento da atividade

de mergulho na área, pelo órgão gestor (por ex. proibição de uso de nadadeiras,

alimentação artificial de organismos, etc).

Estudos em novas áreas de mergulhos que vêm sendo exploradas com maior

intensidade recentemente, como é o caso dos recifes de Seixas, na Paraíba, também são

urgentes, a fim de subsidiar ações de ordenamento da atividade o mais cedo possível, a

fim de minimizar os impactos a serem gerados futuramente. Além disso, são necessários

esforços de pesquisa nos recifes urbanos, como no caso de Maceió e da Baía de Todos

os Santos em Salvador, uma vez que estes possuem um maior potencial de degradação

por estarem localizados muito próximos à praia, sujeitos de forma mais intensiva aos

impactos da poluição e urbanização. Esses fatores podem atuar de forma sinergética

com os danos advindos da atividade turística e devastar essas áreas costeiras (Renfro &

Chadwick 2017).

De maneira geral, há carência de uma análise integrada de como o MR causa

impacto aos ambientes recifais brasileiros, além de aspectos do perfil e comportamento

dos mergulhadores.

As ameaças do turismo em massa

O turismo em massa é uma atividade intensiva e com elevado potencial de

promover impactos socioambientais degradantes nas comunidades onde ocorre (Araújo

& Carvalho 2013). Este tipo de turismo vem acontecendo em ambientes recifais

brasileiros, promovidos por pacotes turísticos, que viabilizam a visita de um grande

número de pessoas em um curto período de tempo.

É de suma importância atenção especial ao grupo de recifes que recebe esse tipo

de visitação no Brasil (ex. Maracajaú/RN, Pirangi/RN, Picãozinho/PB, Areia

Vermelha/PB, Porto de Galinhas/PB, Maragogi/AL, Recife urbanos de Maceió, Recifes

de Fora/BA, Taipu de Fora/BA), sendo estes mais susceptíveis aos impactos pela

própria natureza da atividade. Butler (2006) descreve algumas fases características,

peculiares e previsíveis a que tais destinos turísticos são submetidos, culminando no

domínio de empresas sobre a comunidade local, baixa de preços e atração de turistas

com menor poder aquisitivo, gerando, por fim, um desgaste econômico, social e

ambiental da comunidade alvo.

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27

Em situações de turismo de mergulho em massa, o perfil do mergulhador é de

pessoas sem experiência com mergulho, movidas por pacotes promocionais, sem

conhecimento do dano que podem causar e sem noção da qualidade das áreas que estão

visitando (Araújo & Carvalho 2013). Para esse público é necessário buscar alternativas

que protejam áreas recifais com soluções a curto prazo. Treeck & Schuhmacher (1998)

sugerem a construção de recifes artificiais que aliviariam a pressão sobre os recifes

naturais. Estas construções poderiam servir para o treinamento de mergulhadores

inexperientes, educação ambiental e uso recreativo (Polak & Shashar 2012).

Definir a capacidade de suporte (CS) de cada ponto de mergulho também deve

ser uma prioridade. Apesar desse tipo de estudo não indicar necessariamente os danos

causados pelo número de mergulhadores, uma vez que isto dependerá diretamente do

comportamento dos turistas (por exemplo: um grande número de visitantes conscientes

podem causar menos impacto que poucos visitantes desordeiros), a definição da CS de

um ponto de mergulho traz um controle necessário inicial, o qual pode ser adequada ao

longo do tempo com caracterização do perfil do visitante e monitoramento sistemático

da área (Rouphael & Hanafy 2007).

A importância das áreas marinhas protegidas (AMPs) no desenvolvimento de

pesquisas com o impacto do MR

O interesse conservacionista de uma determinada área normalmente é dirigido a

locais com alta biodiversidade e elevada beleza cênica, e/ou habitats de espécies

ameaçadas. Dessa forma, áreas marinhas protegidas (AMPs) costumam possuir

características físicas e biológicas que coincidem com as atrações dos destinos do

turismo de mergulho (Williams & Polunin 2000).

O fato da maioria dos estudos (61%) terem sido desenvolvidos em AMPs é um

padrão esperado, pois a criação e implementação dessas áreas requer a elaboração de

um plano de manejo que, por sua vez, necessita de estudos para definição de programas

e projetos para manejo da área, alguns dos quais são específicos para o uso turístico da

área. Os outros 39% dos estudos ocorreram em áreas não protegidas, onde a atividade

turística é intensa (ex. Porto de Galinhas/PE e Picãozinho/PB).

Em áreas não protegidas, as pesquisas em sua maioria refletiram uma

preocupação quando já havia ocorrido uma alteração notável na estrutura da

comunidade. Nos pontos de mergulho inseridos em AMPs, as pesquisas científicas

nortearam medidas de manejo visando a prevenção ou minimização dos impactos

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causados pelo MR, como a limitação do número de mergulhadores, proibição do uso de

facas, de luvas e de nadadeiras para snorkelers sem curso de mergulho, incentivo de uso

de boias e proibição da pesca e da alimentação de peixes, como é o caso do Recife de

Maracajaú/RN (inserida na Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais)

e do Parque Nacional Marinho de Abrolhos/BA.

Dessa forma, incentiva-se a criação de AMPs em áreas recifais com uso

turístico, mesmo que este seja em pequena escala ou limitado a determinados períodos

do ano, para que ocorra a ordenação precoce da atividade de MR, e esta possa se

desenvolver de forma sustentável.

Considerações finais

O mergulho recreativo (MR) é uma atividade que tem um grande potencial em

conciliar o desenvolvimento econômico, social e ambiental de uma comunidade

(Tapsuwan & Asafu-Adjaye 2008). Ao caracterizar sua dimensão e seus impactos, se

torna possível compreender a melhor maneira de promovê-lo usufruindo ao máximo de

seus benefícios com mínimo impacto socioambiental (Giglio et al. 2015).

Espera-se que a reunião das informações presentes neste trabalho auxilie na

gestão integrada da atividade de MR em ambientes recifais da costa brasileira e salienta-

se que são necessárias medidas de manejo, ordenamento e normas gerais para atividade

em todo território nacional.

Para a compreensão integrada dos impactos do mergulho recreativo em

ambientes recifais do Brasil é necessário utilizar uma abordagem ampla, na qual a

atividade está dentro de um sistema que tem padrões e se modifica ao longo do tempo

(Hillmer-Pegram 2013). Uma vez que se conheça os atores envolvidos, as formas de

atuação destes atores e os impactos positivos e negativos que eles podem produzir, é

possível estabelecer maneiras de gerenciar esta atividade com diretrizes eficazes para as

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38

ANEXO I:

Tabela I – Pontos de mergulho em áreas recifais do Brasil. MA – Maranhão, CE – Ceará, RN – Rio Grande do Norte, PB – Paraíba, PE – Pernambuco, AL – Alagoas, BA

Bahia. UC - Unidade de Conservação. OP – Operadora de Mergulho (refere-se à áreas de mergulho citados nos sites das empresas que realizam atividade de mergulho

recreativo). ? = Informação não encontrada. * = Áreas de mergulho onde ocorre turismo em massa

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

MA Alto Mar Parcel de Manoel Luiz SCUBA 10 – 30 86,3

Parque Estadual

Marinho Parcel de

Manuel Luiz

Rocha& Rosa 2001

CE Fortaleza

Cabeço do Arrastado SCUBA 23 18,5

Parque Estadual

Marinho da Pedra

da Risca do Meio

(PEMPRM)

Freitas 2009

Cabeço do Balanço SCUBA 18 18,5 PEMPRM Freitas 2009

Cajueiro SCUBA 34 ? - Ferreira 2010

Canal das Arabainas SCUBA 33 – 36 ? - Ferreira 2010

Naufrágio do Avião SCUBA 28 18,8 PEMPRM Freitas 2009

Naufrágio do Aterrinho SCUBA E

SNORKEL 2 – 7 0 - OP - Mar do Ceará

Naufrágio Ipesca (Sal) SCUBA 26 28 - OP - Mar do Ceará

Naufrágio Titanzinho SCUBA 18 – 20 6 - OP - Mar do Ceará

Praia do Aterrinho SCUBA E

SNORKEL 8 0 - OP - Mar do Ceará

Pedra da Botija SCUBA 26 16,5 PEMPRM Ferreira 2010

Pedra da Risca do Meio SCUBA 26 17 PEMPRM Freitas 2009

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39

Continuação Tabela I:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

CE

Fortaleza

Pedra do Mar SCUBA 22 18,5 PEMPRM Freitas 2009

Pedra Paraíso SCUBA 21 – 23 18,5 PEMPRM OP - Mar do Ceará

Pedra Nova SCUBA 18 16,5 PEMPRM Freitas 2009

Pedrinha SCUBA 15 18,5 PEMPRM Freitas 2009

Serra Pelada SCUBA 33 9 - OP - Mar do Ceará

Fortim Naufrágio Macau SCUBA 20 150 - Freitas 2009

Itarema Naufrágio Petroleiro do

Acaraú SCUBA 21 40 - OP - Mar do Ceará

Praia do Pécem Naufrágio Navio do

Pécem SCUBA 32 65 - Freitas 2009

Uruaú

Canal do Uruaú SCUBA 32 – 35 20 - OP - Mar do Ceará

Naufrágio dos Remédios SCUBA 16 ? - OP - Mar do Ceará

RN APARC Maracajaú*

SCUBA E

SNORKEL 2 7

Área de Proteção

Ambiental dos

Recifes de Corais

(APARC)

IDEMA 2013

Naufrágio São Luiz SCUBA 20 60 APARC IDEMA 2013

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40

Continuação Tabela I:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

RN

APARC Rio do Fogo* SCUBA E

SNORKEL 1,5 5 APARC IDEMA 2013

Ceará Mirim Recifes de Muriú SNORKEL 1 – 4 1 - Campos& Sá-

Oliveira 2011

Natal

Arabaianhinha SCUBA 12 14 - OP - Natal Divers

Batente das Agulhas SCUBA 24 25 - OP - Natal Divers

Cabeço do Marinha SCUBA 25 20 - OP - Natal Divers

Cabeço dos Meros SCUBA 19 ? - OP - Caju Divers

Canal do Cisco SCUBA 40 20 - OP - Natal Divers

Fragoso SCUBA 50 22 - OP - Natal Divers

Guarajuba SCUBA 12 12 - OP - Natal Divers

Laje da Criminosa SCUBA 22 20 - OP - Natal Divers

Laje da Serra SCUBA 27 20 - OP - Natal Divers

Leme e Visgueiro SCUBA 14 16 - OP - Natal Divers

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41

Continuação Tabela I:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

RN

Natal

Naufrágio Unidos SCUBA 28 20 - OP - Natal Divers

NaufrágioPanam SCUBA 14 20 - OP - Natal Divers

Paredão da Plataforma SCUBA 55 25 - OP - Natal Divers

Pedra do Chico SCUBA 15 14 - OP - Caju Divers

Serigado SCUBA 25 18 - OP - Natal Divers

Serigado de Fora SCUBA 25 20 - OP - Natal Divers

Tartaruguinha SCUBA 14 14 - OP - Natal Divers

Terra Grossa SCUBA 14 15 - OP - Natal Divers

Nísia Floresta

Pirambúzios SNORKEL 1 200 m - Souza 2015

Ponta de Ilha Verde SNORKEL 1 0 - Souza 2015

Tabatinga SNORKEL 1 0 - Souza et al. 2013

Pirangi

Barrerinha SCUBA 15,6 9 - Grimaldi 2014

Cabeço do Leandro SCUBA 16,8 8,3 - Grimaldi 2014

Mestre Vicente SCUBA 20 9,9 - Grimaldi 2014

Pedra do Lima SCUBA 20 - 32 14 - OP - Caju Divers

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42

Continuação Tabela I:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

RN Pirangi

Pedra do Velho SCUBA 28 14,8 - Grimaldi 2014

Pirangi* SCUBA E

SNORKEL 1 1 - Azevedo et al. 2011

PB

Cabedelo

Areia Vermelha* SNORKEL 1 - 4 1

Parque Estadual

Marinho de Areia

Vermelha

(PEMAV)

Lourenço et al.

2015

Pedra de Baixo SCUBA 30 15 - Rocha et al. 1998

Ponta de Mato SNORKEL

400 m - Máximo 2015

Conde

Buraco SCUBA 54 31 - Rocha et al, 1998

Jacumã

SCUBA E

SNORKEL 3 - 6 ? - Brasil Mergulho

João Pessoa

Gramame

SCUBA E

SNORKEL 6 - 12 ? - Brasil Mergulho

Jardim das Esponjas SCUBA 50

- OP - Mar Aberto

Naufrágio Alice SCUBA 12 6 - Rocha et al. 1998

Naufrágio Alvarenga SCUBA

20

- Honório et al. 2010

Naufrágio do Queimado SCUBA

17 8 - Honório et al. 2010

Penha SNORKEL 0,5 - 6 3 - Rocha et al.1998

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43

Continuação Tabela I:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

PB João Pessoa

Picão das Agulhas SCUBA 0,5 - 8 3 - Rocha et al. 1998

Picãozinho*

SCUBA E

SNORKEL 6 1,5 -

Debeus & Crispim

2008

Seixas SNORKEL 0,5 - 6 700 m - Melo et al. 2014

PE

Cabo de Santo

Agostinho Enseada dos Corais SNORKEL

0,5 200 m - Lima 2016

Noronha

Atalaia SNORKEL 0,5 0

Parque Nacional

de Fernando de

Noronha

(PARNA/FN)

Luiz Jr 2009

Baia dos Porcos SNORKEL ? 0 PARNA/FN Luiz Jr 2009

Buraco das Cabras SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Buraco do Inferno SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cabeço da Sapata SCUBA 42 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cabeço das Cordas SCUBA 43 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cabeço Submarino SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cagarras Funda SCUBA 33 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cagarras Rasa SCUBA 22 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Caieiras SCUBA 17 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Canal da Rata

? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Caverna da Sapata SCUBA 29 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Cordilheira SCUBA 33 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Corveta Ipiranga SCUBA 53 ? PARNA/FN OP – Atlantis

Corveta V17 SCUBA 62 ? PARNA/FN OP –Atlantis

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44

Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

PE

Noronha

Ilha do Frade SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Ilha do Meio SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Iuias SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Laje Dois Irmãos SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Macaxeira SCUBA 40 ? PARNA/FN Luiz Jr 2010

Morro de Fora SCUBA E

SNORKEL 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Pedras Secas SCUBA 17 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Pontal do Norte SCUBA 42 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Praia do Leão SNORKEL ? ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Praia do Porto SCUBA E

SNORKEL 5 100 m APA/FN Ilarri 2008

Praia do Sancho SNORKEL 5 0 PARNA/FN Ilarri 2008

Praia do Sueste SNORKEL 2 0 PARNA/FN Ilarri 2008

Ressurreta SCUBA 7 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Sela Ginete SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Trinta Réis SCUBA 22 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009

Bolo SCUBA

25 ? -

OP - Mergulho

Certo

Pontal de

Maracaípe Boca da Barra SCUBA

12 0,2 -

OP - Mergulho

Certo

Porto de

Galinhas Poço da Paixão SCUBA

12 0,2 - Brasil Mergulho

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45

Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

PE

Porto de

Galinhas

Porto de Galinhas*

SCUBA E

SNORKEL 0 - 1,5 0,2 - Padilha 2015

Tacaíba SCUBA

18 3 - Brasil Mergulho

Ietas SCUBA 12 ? - Brasil Mergulho

Recife

Naufrágio Alvarenga SCUBA 25 14 - Santos et al. 2010

Naufrágio Chata

Noronha SCUBA

31 22 - Santos et al. 2010

Naufrágio Corveta

Camaquã SCUBA

58 54 - Santos et al. 2010

Naufrágio Florida SCUBA

33 22 - Santos et al. 2010

Naufrágio Galeão

Serrambi SCUBA

33 9 - Santos et al. 2010

Naufrágio Gonçalo

Coelho SCUBA

34 14 - Marins et al. 2015

Naufrágio Lupus SCUBA

36 ? - Santos et al. 2010

Naufrágio Marte SCUBA

33 13 - Ribas 2013

Naufrágio Mercurius SCUBA

29 13 - Coxey 2008

Naufrágio Minuano SCUBA 34 ? - Santos et al. 2010

Naufrágio Pirapama SCUBA 23 11 - Lira et al. 2010

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46

Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

PE

Recife

Naufrágio Saveiros SCUBA 29 13 - Coxey 2008

Naufrágio Servemar SCUBA

24 14 - Santos et al. 2010

Naufrágio Trinta Metros SCUBA 30

9 -

OP - Aquáticos

Dive Center

Naufrágio Vapor 48 SCUBA

48 33 - Santos et al. 2010

Naufrágio Vapor Bahia SCUBA

25 14 - Santos et al. 2010

NaufrágioVapor de

Baixo SCUBA

21 15 - Santos et al. 2010

Tamandaré

A Ver o Mar SNORKEL

4

Área de Proteção

Ambiental Costa

dos Corais

(APACC)

Pereira et al. 2014

Caieiras* SNORKEL 4 200 m APACC Pereira et al. 2014

Camurupim SNORKEL

? ? APACC

Carvalho &Maida

2016

Mamucabas SNORKEL

? ? APACC

Carvalho &Maida

2016

Pirambú SNORKEL

3 - 6 0,2 APACC

Carvalho &Maida

2016

Praia dos Carneiros SNORKEL

0 - 1,5 0 APACC

Coelho& Araújo

2011

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Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

AL

Cururipe Pontal de Coruripe SNORKEL 1 - 1,5 0 - BRASIL 2012

Maceió

Ariocó SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive

Cabeço da Cioba SCUBA 20 - 26 9 - OP - Ecoscuba

Eufrásio SCUBA 18 - 23 12 - Brasil Mergulho

Evilázio SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive

Jatiuca

SNORKEL

0 - 2 0

- Correia&Sovierzoski

2008

Morrinho SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive

Pajuçara* SNORKEL 0 - 1,5 2 - BRASIL 2012

Piscina dos Amores

SNORKEL

0 - 1,5 0

- Correia

&Sovierzoski 2008

Piscinas Naturais*

SNORKEL

0 - 1,5 0

- Correia &

Sovierzoski 2008

Ponta Verde*

SNORKEL

0 - 1,5 0

- Correia &

Sovierzoski 2008

Poseidon SCUBA 15 ? - OP - Let´s dive

Sonda SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive

Tira de Pedra SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive

Maragogi

Barra Grande SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO 2013

Galés de Maragogi*

SCUBA E

SNORKEL 0 - 4 3,5 APACC ICMBIO 2013

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Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

AL

Maragogi Taocas SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO2009

Marechal

Deodoro

Naufrágio Dragão SCUBA 25 - 32 16 - OP – Ecoscuba

Naufrágio Draguinha SCUBA 15 - 30 14 - OP – Ecoscuba

Naufrágio Itapajé SCUBA 27 24 - OP – Ecoscuba

Naufrágio Sequipe II SCUBA 30 17 - OP – Ecoscuba

Praia do Frânces* SCUBA 12 300 m - BRASIL 2012

Cabeço da Pequena SCUBA 18 8 - OP – Ecoscuba

Cabeço do Arpão SCUBA 20 8 - OP – Ecoscuba

Canal da Praia do

Frânces SCUBA

8 2 - OP – Ecoscuba

Chico Maneco SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive

Paripueira Recifes de Paripueira SNORKEL 4 3 APACC ICMBIO 2009

São Miguel dos

Milagres

Porto de Pedras SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC BRASIL 2012

Praia do Toque SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC BRASIL 2012

Recanto SCUBA 25 ? APACC Brasil Mergulho

São Miguel dos Milagres SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO 2013

BA Abrolhos Caverna da Siriba

SCUBA

14 66

Parque Nacional

Marinho de

Abrolhos

(PARNA/AB)

OP - Abrolhos.net

Chapeirão Jean Pierre SCUBA 3 - 19 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net

Chapeirão Mau Mau SCUBA 10 - 17 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net

Chapeirões de Sueste SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

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Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

BA

Abrolhos

Costão do Farol SCUBA 14 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net

Faca Cega SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

Ilha de Santa Bárbara SCUBA E

SNORKEL 4 - 10 66 PARNA/AB Kikuchi et al. 2009

Laje do Aquário SCUBA 6 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net

Lingua da Siriba SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

Mato Verde SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

Naufrágio Guadiara SCUBA 14 - 27 66 PARNA/AB Abrolhos.net

Naufrágio Rosalinda SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

Naufrágio Santa Catarina SCUBA 26 66 PARNA/AB Abrolhos.net

Portinho do Norte SNORKEL 5 66 PARNA/AB Spanó et al. 2008

Portinho Sul SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016

Recifes da Redonda SNORKEL 5 66 PARNA/AB Spanó et al. 2008

Baía de Todos

os Santos

Naufrágio Âncoras

SCUBA

12 450 m

APA da Baía de

todos os Santos

(APA BTS)

OP - Dive Bahia

Banco da Panela SCUBA 18 1,5 APA BTS OP - Bahia Scuba

Beirada do Badejo SCUBA 10 - 15 ? APA BTS Brasil Mergulho

Naufrágio Blackdder SCUBA

8 - 12 100 m APA BTS OP - Bahia Scuba

Boião do Farol SCUBA 12 - 18 400 m APA BTS OP - Dive Bahia

Naufrágio Cap Frio SCUBA

8 - 25 450 m APA BTS OP - Bahia Scuba

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50

Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

BA

Salvador

Naufrágio Cavo

Artemidi SCUBA

9 - 30 7,5 APA BTS OP - Bahia Scuba

Chinês SCUBA 39 200 m APA BTS OP - Bahia Scuba

Ferro Velho SCUBA 36 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Naufrágio Maraldi SCUBA 4 - 12 200 m APA BTS OP - Bahia Scuba

Naufrágio Galeão

Sacramento SCUBA

32 7,5 APA BTS OP - Bahia Scuba

Naufrágio Germânia SCUBA 32 500 m APA BTS OP - Bahia Scuba

Naufrágio Queen SCUBA 13 500 m APA BTS OP - Dive Bahia

Naufrágio Reliance SCUBA 5 0 APA BTS OP - Bahia Scuba

Naufrágio Vapor da

Jequitaia SCUBA

6 100 m APA BTS OP - Bahia Scuba

Parede das Caranhas SCUBA 28 - 78 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Pedra da Caverna SCUBA 18 - 24 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Pedra da Enchente SCUBA 27 - 52 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Quebra Mar SCUBA E

SNORKEL 2 - 12 0 APA BTS OP - Bahia Scuba

Remanso SCUBA 12 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Sala de Aula SCUBA 16 0 APA BTS OP - Bahia Scuba

Ilha de

Boipeba

Bainema SNORKEL 2,46 0

APA de Tinharé e

Boibepa Elliff 2014

Moreré SNORKEL 1 - 5 800 m APA de Tinharé e

Boibepa

Albuquerque et al.

2014

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51

Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

BA

Ilha de

Boipeba

Ponta dos Castelhanos SNORKEL 0 - 1,5 0 APA de Tinharé e

Boibepa Elliff 2014

Recifes de Itatiba SCUBA 16 ? - OP - Cia do

Mergulho

Tassimirim SNORKEL 0 - 2 0 APA de Tinharé e

Boibepa Elliff 2014

Ilha de Tinharé

Garapuá SNORKEL 0 - 2 0 APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Ilha de Caitá / Terceira

Praia SNORKEL 0 - 1,5 0

APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Paredão Real SCUBA

12 - 45 ? -

OP - Cia do

Mergulho

Paredões da Gamboa SCUBA

12 ? -

OP - Cia do

Mergulho

Ponta Ponã SNORKEL 0 - 1,5 0 APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Primeira Praia SNORKEL 0 - 1,5 0

APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Quarta Praia SNORKEL 0 - 1,5 0

APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Segunda Praia SNORKEL 0 - 1,5 0 APA de Tinharé e

Boibepa Correa 2006

Itacaré

Âncora SCUBA 20 ? - OP – Prodive

Caximbinho SCUBA 20 ? - OP – Prodive

Caximbo SCUBA 20 ? - OP – Prodive

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Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

BA

Itacaré Piracanga SCUBA 4 - 10 ? - OP – Prodive

Itaparica

Caramuanas SCUBA E

SNORKEL 2 - 4 1

APA Municipal

Recifes das

Pinaúnas

Cruz et al. 2009

Casco SCUBA 9 - 24 21 - OP - Dive Bahia

Ilha do Frade SNORKEL 5 - 15 0 APA BTS Brasil Mergulho

Naufrágio Utrech SCUBA 22 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Naufrágio Piaçava SCUBA 15 ? APA BTS OP - Dive Bahia

Recifes das Pinaúnas SCUBA E

SNORKEL 2 - 8 1

APA Municipal

Recifes das

Pinaúnas

Cruz et al. 2009

Itapuã Cordilheiras SCUBA

8 - 16 ? - OP - Bahia Scuba

Naufrágio Paraná SCUBA 12 ? - Brasil Mergulho

Litoral Norte Praia de Guarajuba

SNORKEL 0 - 1,5 0

APA Litoral Norte Poggio et al. 2009

Praia do Forte SNORKEL 0 - 1,5 0 APA Litoral Norte Silva et al. 2012

Recifes de Itacimirim SCUBA 8 - 23 0 APA Litoral Norte Silva et al. 2012

Maraú Taipu de Fora*

SCUBA E

SNORKEL 0 - 6 0 -

Souza & Santana

2015

Barra Grande SCUBA 8 - 15 ? - Brasil Mergulho

Porto Seguro Caraíva SNORKEL ? ? RESEX de

Corumbau Stori 2005

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Continuação Tabela 1:

ESTADO LOCAL /

MUNÍCIPIO

ÁREAS DE

MERGULHO

TIPO DE

MERG. PROF. (m)

DIST. DA

COSTA

(Km)

UC REFERÊNCIA

SOBRE O PONTO

BA

Porto Seguro Recifes de Fora* SCUBA E

SNORKEL 6 7,2

Parque Natural

Municipal do

Recife de Fora

Bruno et al. 2009

Prado

Camuruxatiba SNORKEL ? 0 RESEX de

Corumbau Stori 2005

Corumbau SNORKEL ? 0 RESEX de

Corumbau Stori 2005

Santa Cruz de

Cabrália

Alagados SCUBA 10 6 - Brasil Mergulho

Araripe SCUBA 22 8 - OP - Nemo Dive

Coroa Alta SCUBA 18 5

Brasil Mergulho

Recife de Itacepanema SNORKEL 18 5

Brasil Mergulho

Recifes de Coroa

Vermelha SNORKEL 0 - 1,5 0

APA de Coroa

Vermelha Santana 2006

Naufrágio Castor SCUBA 16 ? - OP - Nemo Dive

Motanhinhas SCUBA 16 ? - OP - Nemo Dive

Recife Moréria Verde SCUBA 12 ? - OP - Nemo Dive

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59

hjdggjghj

Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma Área de Proteção Ambiental Marinha

do Brasil

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Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma Área de

Proteção Ambiental Marinha do Brasil

Recreational diver behavior and their impacts in a Brazilian Marine Protect Area

INTRODUÇÃO

O mergulho recreativo é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo

(OMT, 2001), destacando-se economicamente na geração de empregos, renda e como

promotor de desenvolvimento nas comunidades onde ele ocorre (Brander et al., 2007;

Musa; Dimmock et al., 2013). Acompanhando o crescimento dessa atividade, em todo o

mundo crescem também as investigações acerca do fenômeno turismo de mergulho

(diving tourism).

Estudos no setor do turismo identificam, categorizam e conceituam as

atividades, atores e ambientes envolvidos (Garrod and Gossling, 2008, Neto, 2012;

Ardoin et al., 2015; Giglio et al., 2015; Rowe and Santos, 2016). Os estudos sociais

buscam compreender os benefícios econômicos (Cesar and Beukering, 2004; Tapsuwan

and Asafu-Adjaye, 2008; Spalding et al., 2017) e como o mergulho recreativo pode

modificar-se frente às mudanças complexas (i.e., que envolvem múltiplas escalas e

setores, como o aquecimento global ou mudança de fase em ecossistemas recifais)

(Hillmer-Pegram, 2013). No setor ambiental, cresce o interesse em entender os impactos

positivos e negativos que o mergulho pode causar ao meio ambiente e seus reflexos no

manejo em busca de um turismo de mergulho sustentável (Hawkins and Roberts, 1992;

Hawkins et al., 1999; Rouphael and Inglis, 2002; Barker and Roberts, 2004; Camp and

Fraser, 2012; Giglio et al., 2016; Giglio et al., 2017a).

Comparado com ameaças globais, como a poluição dos oceanos, sobrepesca,

aquecimento global e, consequentemente, acidificação dos oceanos e branqueamento

dos corais, o mergulho recreativo é espacialmente pontual e, aparentemente, de baixo

impacto (Harriott, 2004). Contudo, o crescimento exponencial desta atividade, traz

consigo um aumento de visitantes aos pontos de mergulho existentes e pressiona a

abertura de novos destinos de mergulho (Garrod and Gossling, 2008), ampliando a

abrangência dos danos que podem ocorrer. Por outro lado, áreas onde ocorre o

mergulho recreativo, normalmente possuem alta biodiversidade e beleza cênica,

coincidindo com áreas de interesse para conservação (Williams and Polunin, 2000;

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61

Melo and Crispim, 2005), o que por vezes tem contribuído com recursos para

manutenção das unidades de conservação já existentes, bem como, favorecido a criação

de novas áreas de proteção (Hawkins et al., 2005; Ardoin et al., 2015).

Os impactos gerados pelo mergulho recreativo em ambientes recifais incluem os

danos causados pela a logística da atividade, como tráfico e ancoragem de embarcações

(Creed and Amado-Filho, 1999; Giglio et al., 2017a), instalação de estruturas marinhas,

construções costeiras para hospedagem e lazer dos visitantes, como resorts, hotéis,

pousadas, restaurantes e parques aquáticos (Gladstone et al., 2012). Outro grupo de

danos diz respeito a ação direta dos mergulhadores, como: coleta, toque e quebra de

organismos recifais, ressuspensão de sedimentos, alimentação e perturbação da fauna,

poluição da água com lixo e resíduos de protetor solar (Augustowski and Francine Jr,

2002; Pedrini et al., 2007; Lamb et al., 2014; Downs et al., 2015).

Estudos em diversos recifes do mundo têm buscado compreender as causas dos

danos provocados pela ação dos mergulhadores, afim de desenvolver estratégias

específicas em prol da redução destes (Hammerton, 2017). É documentado que

mergulhadores homens, sem experiência com mergulho, fotógrafos, mergulhadores que

utilizam equipamentos adicionais e mergulhadores com luvas são os maiores causadores

de danos ao recife. Grande parte deste tipo de impacto é causado por um pequeno

número de pessoas, na maioria das vezes acidentalmente e no início do mergulho

(Talge, 1990; Medio et al., 1997; Rouphael and Inglis, 2001; Zakai and Chadwick-

Furman, 2002; Luna et al., 2009; Camp and Fraser, 2012; Giglio et al., 2016).

As principais estratégias de manejo para redução de tais impactos indicam o uso

adequado de briefings educacionais (Medio et al., 1997, Rouphael and Hanafy, 2007;

Luna et al., 2009; Giglio et al., 2017b), acompanhamento e intervenção por

mergulhadores líderes antes da ocorrência do dano (Barker and Roberts, 2004),

estabelecimento de um número limitado de mergulhadores por ponto de mergulho

(Dixon et al., 1993; Hawking and Roberts, 1997), criação de trilhas subaquáticas com

preleções adequadas (Plathong et al., 2000; Berchez et al., 2007; Rhormens et al.2017)

e construção e uso de recifes artificiais (Polak and Shashar, 2012).

Os recifes brasileiros são alvo de especulação do turismo de mergulho uma vez

que exibem a mais extensa e rica área recifal do Atlântico Sul, entretanto, estudos que

busquem entender os efeitos do impacto desta atividade são escassos (Giglio et al.,

2016; Rowe and Santos, 2016; Tedesco et al., 2017). Além disso, considera-se

inadequada a utilização de indicadores ambientais e padrões de comportamentos de

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mergulhadores de outros recifes do mundo, devido as peculiaridades dos recifes em

questão, como baixa cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de corais e

alto aporte de sedimentos (Castro and Pires, 2001). Desta maneira, torna-se necessário

identificar e redefinir estratégias de manejo próprias para o mergulho recreativo nos

ambientes recifais brasileiros (Tedesco et al., 2017). Analisar e entender o

comportamento dos mergulhadores que impactam os recifes é a chave para uma

discussão focada sobre o tema e elaboração de diretrizes eficazes na prevenção dos

danos (Pedrini et al., 2007; Giglio et al., 2016).

Este estudo adiciona informações acerca das características dos mergulhadores

que podem influenciar na frequência de toque dos mesmos no recife. A análise da

relação entre o comportamento de mergulhadores livres (snorkelers) e o impacto no

recife são resultados pioneiros para ambientes recifais do Brasil.

MÉTODO

Área de estudo

O estudo foi conduzido no recife de Maracajaú que está inserido na Área de

Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais (APARC). Esta unidade de

conservação localiza-se no nordeste do Brasil, no Estado do Rio Grande do Norte (05°

38’S 35° 25’W). O complexo recifal de Maracajaú é citado pelo Ministério do Turismo

(Brasil, 2005) como um dos principais destinos de turismo de mergulho do Brasil, e é

explorado por essa atividade desde do início da década de 1990 (Figura 1).

Suas características físico-biológicas são de um ambiente recifal típico da porção

norte da costa brasileira (Tedesco et al., 2017), com dimensões de 9 Km de

comprimento por 2 Km de largura, e crescimento coralíneo-algal sobre uma base

arenítica, cuja principal espécie de coral construtora é Siderastrea stellata (Ferreira and

Maida, 2006).

O turismo ao recife ocorre no período da maré baixa, quando as condições de

visibilidade e profundidade são melhores. Seguindo as diretrizes do plano de manejo da

APARC, a atividade turística é interrompida por 20 dias do mês de junho, para

"descanso" da área. Além desses dias, quinzenalmente as operações turísticas são

suspensas por dois dias, em função das condições da maré. O turismo é intensivo e

ocorre em uma área de apenas 1,11 Km2, distribuído em cinco pontos de mergulho, cuja

soma de visitantes anuais ultrapassa 130.000 pessoas (IDEMA, 2012).

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Figura 1 –Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), com destaque para o recife de

Maracajaú (Fonte: Amaral et al. 2005).

Em relação a operação turística, o recife de Maracajaú está localizado à

aproximadamente 7 Km da costa e os turistas são levados até ele por traslado em

catamarãs pequenos, catamarãs grande, lanchas e, na época da coleta dos dados, por

jangadas de pescadores adaptadas para o transporte de turistas. Atualmente existem seis

empresas e 28 ex-pescadores autorizados a explorar o turismo no local.

Ao chegar ao recife os visitantes podem realizar mergulho livre (snorkel) ou de

cilindro (scuba), sendo o mergulho livre a prática mais comum. A maioria dos turistas

permanece próximo aos flutuantes ou às embarcações que os conduziram durante todo o

passeio. A profundidade da área turística varia de 1 a 3,5 metros, com influência da

variação das marés, e em determinados períodos do mês, é possível ficar de pé sobre o

substrato. Na área é oferecido alimentos aos peixes para que os turistas possam ter uma

maior interação com a vida marinha e para um melhor resultado das fotografias

subaquáticas. Os alimentos são iscas de pequenos peixes de diversas espécies. Apesar

do plano de manejo da APA proibir esta atividade, nenhuma medida educativa, punitiva

ou fiscalizadora foi tomada até o momento e a alimentação dos peixes continua a

ocorrer diariamente nos recifes.

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu em três pontos de mergulho do recife, os quais

apresentam características físicas e biológicas semelhantes. O Quadro 1 caracteriza cada

NATAL

MAXARANGUAPE

RIO DO FOGO

TOUROS

CEARÁ-MIRIM

EXTREMOZ

Municípios costeiros

Municípios que limitam a APARC

Rio Grande do Norte

Oc. A

tlântico

Limites da APARC

Maracajaú

Parracho deMaracajaú

Parracho deRio do Fogo

Parracho deCioba

Sede dos Municípios

Vilas importantes

Parrachos (AES)

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um dos pontos de mergulho amostrados quanto as principais características da operação,

tipo e número de embarcações, número média de mergulhadores que visitaram o ponto

em um ano e ano de início de uso do ponto de mergulho.

Quadro 1 – Características dos pontos de mergulho amostrados. NMM/Ano – Número Médio de

Mergulhadores /Ano (IDEMA, 2015). ANO – Ano de início de uso do ponto de mergulho. CE –

Capacidade da Embarcação.

PONTO DE

MERGULHO

CARACTERÍSTICAS DA

OPERAÇÃO EMBARCAÇÃO

NMM/

ANO ANO

Ex-Pescadores

CE: 10 turistas.

Briefing: conversa informal durante o

traslado.

Mergulho: guias costumam levar os

mergulhadores em boias e segurar em

suas mãos mostrando o recife.

23 jangadas ou

botes a motor

adaptados.

Atualmente,

foram substituídos

por 23 pequenos

catamarãs.

35.334 2010

Maracajaú Diver

CE: 15 turistas.

Briefing: pequena explicação técnica

padronizada. Ela ocorre na plataforma,

a cada chegada de lancha.

Mergulho: a rotatividade de lanchas

faz com que o ponto de mergulho

nunca fique completamente lotado.

5 Lanchas

+ 1 Plataforma

flutuante fixa

25.112 1994

ParrachosTurismo

CE: Catamarã – 80 turistas, Lancha –

15 turistas.

Briefing: pequena explicação técnica

padronizada. Ela ocorre na plataforma,

a cada chegada de embarcação.

Mergulho: a rotatividade de lanchas

faz com que o ponto de mergulho

nunca fique completamente lotado.

Embarcações: mesmo na baixa

estação se forem apenas 60 pessoas no

dia, estas chegam juntas ao ponto de

mergulho e recebem o briefing de

apenas um funcionário.

2 Catamarãs + 1

lancha + 1

Plataforma

flutuante fixa

30.653 2000

Ao longo de um ano foram observados pelo menos 13 mergulhadores por mês

por ponto de mergulho. O mergulhador, aleatoriamente, foi observado através do

método animal focal (Altmann, 1974), em sessões de amostragens de duração de 10

minutos. Em cada sessão foi registrado o número de vezes que o mergulhador exibiu

contato com o ambiente recifal. Os contatos foram categorizados nos seguintes grupos:

ressuspensão do sedimento marinho, toque em organismos, alimentação de peixes e

danos em organismos (ex. quebra de corais, manipulação e morte de algum ser vivo).

Adicionalmente às sessões de registro de comportamento foram coletados os seguintes

dados: tipo de mergulho (snorkel ou scuba dive), sexo do mergulhador, profundidade do

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mergulho e informações adicionais relevantes, como uso de câmeras fotográficas. A

profundidade foi medida com uso de uma trena ao término de cada sessão de

observação.

Os mergulhadores submetidos às sessões de observação não foram informados

que estavam fazendo parte do estudo, evitando assim possíveis desvios de conduta em

virtude da presença de um observador. Após a sessão, o turista foi consultado quanto à

sua permissão para fazer parte do estudo e, em seguida, conduzida uma entrevista onde

se registrou a idade do mergulhador, experiência com mergulho, conhecimento

ecológico dos ambientes recifais e postura em relação à conservação ambiental

(Apêndice 1).

As questões sobre conhecimentos e atitudes ambientais foram pontuadas, e para

cada resposta positiva foi atribuído um ponto. Cada mergulhador recebeu uma

pontuação que variou entre 0 e 12. Os mergulhadores que pontuaram entre 0 e 4, foram

considerados com baixo conhecimento e atitude pró-ambiental, mergulhadores com

conhecimento médio, obtiveram pontuação entre 5 e 8; e mergulhadores com alto

conhecimento pontuaram entre 8 - 12 (Apêndice 1).

Relacionou-se a frequência média de toque (FT) com cada um dos seguintes

fatores: (1) tipo de mergulho, (2) sexo, (3) idade, (4) escolaridade, (5) local de

residência, (6) experiência com mergulho, (7) uso ou não de câmera, (8) profundidade

no momento da observação e (9) conhecimentos e atitudes pró-ambientais (Tabela 1).

Tabela 1 - Fatores que podem influenciar o comportamento dos mergulhadores e variáveis avaliadas.

Fator Variável

Tipo de mergulho Mergulho livre / Mergulho de cilindro

Sexo Masculino / Feminino

Idade <18 anos / 19 – 30 anos / 31 - 50 anos / >51 anos

Escolaridade Ensino fundamental ou médio / Superior incompleto ou

completo / Pós-graduação

Local de residência Norte / Nordeste / Centro-Oeste / Sudeste / Sul /Internacional

Experiência com mergulho Nenhuma / 1 - 2 anos / >2 anos

Uso de Câmera Sim ou Não

Profundidade no

momento da observação

<1,70m / 1,71m - 1,99m / >2,00m

Conhecimento e atitude pró-ambiental Baixo / Médio / Alto

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Análises dos dados

Os fatores que poderiam influenciar o comportamento dos turistas foram

analisados separadamente, através de estatística não-paramétrica. Para comparações

entre dois fatores, usou-se o teste de Mann-Whitney e para comparações entre três ou

mais fatores, o teste de Kruskal-Wallis, e o teste a posteriori de Dunn para identificar as

relações de diferenças entre fatores (Zar, 2010). Estes testes foram realizados no

programa Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001).

Para relação entre a frequência média de toques (FT) e o perfil dos

mergulhadores, utilizou-se a análise classification tree. Foi utilizado o pacote Rpart no

programa R para construir um modelo de classificação (R Development Core Team,

2012). Classifications tree representam graficamente as relações entre os fatores

analisados e as variáveis preditoras (De`ath and Fabricius, 2000). Elas exigem menos

pressupostos do que métodos correlacionais, não assumindo uma distribuição específica

dos dados, nem a independência dos dados (Davidson et al., 2009). Neste caso, foi

relacionado a frequência média de toque com fatores relativos ao perfil do mergulho e

do mergulhador, afim de identificar quais destes fatores influenciam na frequência

média de toques no recife.

O gráfico da análise explica a variação de uma única variável resposta dividindo

os dados em grupos mais homogêneos, usando combinações de variáveis explicativas

que podem ser categóricas e/ou numéricas. Cada grupo é caracterizado por um valor

típico da variável de resposta, e é o número de observações no grupo e os valores das

variáveis explicativas que o definem. A árvore é representada graficamente e isso ajuda

a exploração e compreensão (Feldesman, 2002).

RESULTADOS

Perfil dos mergulhadores:

Foram observados e entrevistados 477 mergulhadores entre junho de 2014 e

maio de 2015. Destes, 430 estavam realizando mergulho livre e 47 turistas realizavam

mergulhos de cilindro. O perfil detalhado dos mergulhadores é descrito na tabela 2.

A proporção entre homens e mulheres na amostra foi semelhante (52%

mulheres, 48% homens) e a idade média dos mergulhadores foi de 31 anos. Na época do

estudo, o mergulhador mais novo tinha 11 anos e o mais velho 72 anos. A escolaridade

consultada da maioria dos mergulhadores foi nível superior (66,5%).

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Quanto ao local de residência, mais de 90% dos entrevistados são brasileiros,

oriundos de todas as regiões do Brasil, mas principalmente dos estados de São Paulo e

Rio de Janeiro (62%). Apenas 4,4% dos mergulhadores são estrangeiros, havendo

representantes da Argentina (9), Chile (4), Finlândia (4), Holanda (2), Croácia (1) e

Noruega (1).

A maioria dos mergulhadores estava tendo sua primeira experiência com

mergulho (85,5%) e 4% exerciam mergulho recreativo há mais de 2 anos. Apenas

15,3% do total de mergulhadores usavam câmera subaquática, não havendo nenhum

fotógrafo profissional entre eles. O conhecimento e atitude pró-ambiental dos

mergulhadores foi considerado baixo, com média de 3,28 pontos obtidos no

questionário aplicado. Nenhum mergulhador obteve pontuação alta (entre 9 -12 pontos).

Tabela 2 - Perfil dos mergulhadores visitantes ao recife de Maracajaú. Porcentagem por variável. FT –

Frequência média de toques por mergulhador /10 minutos.

INFORMAÇÃO VARIÁVEL

TOTAL N = 477

%

Snorkelers Scuba divers

N = 430 N = 47

% FT % FT

SEXO MASCULINO 48,2 46,5 0,720 63,8 2,167

FEMININO 51,8 53,5 0,452 36,1 1,294

IDADE <18 ANOS 5,0 5,1 0,182 4,2 1,000

Mínima - 11 anos 19 - 30 ANOS 49,5 49,1 0,559 53,1 1,840

Máxima - 72 anos 31 - 50 ANOS 38,4 38,1 0,628 40,4 1,947

Média - 31,27 anos >50 ANOS 3,8 4,0 0,824 2,1 2,000

Mediana - 29 anos NÃO RESPONDEU 3,4 3,7 0,563 0,0 0,000

ESCOLARIDADE FUNDAMENTAL E

MÉDIO 23,9 22,1 0,547 40,4 2,263

SUPERIOR INC. E

COMP. 66,5 67,9 0,616 53,1 1,600

PÓS GRADUAÇÃO 6,5 6,5 0,250 6,3 1,333

NÃO RESPONDEU 3,1 3,5 0,600 0,0 0,000

LOCAL DE

RESIDÊNCIA

NORTE 3,1 3,5 0,133 0,0 0,000

NORDESTE 4,2 11,6 0,480 6,3 1,333

CENTRO-OESTE 62,9 4,0 0,882 6,3 3,000

SUDESTE 11,1 62,1 0,603 70,2 1,848

SUL 11,5 11,4 0,510 12,7 1,500

INTERNACIONAL 4,4 4,4 0,684 4,2 2,000

NÃO RESPONDEU 2,7 3,0 0,615 0,0 0,000

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Cont. Tabela 2:

INFORMAÇÃO VARIÁVEL

TOTAL N = 477

%

Snorkelers Scuba divers

N = 430 N = 47

% FT % FT

Frequência de toque dos mergulhadores no recife:

Scuba divers exibiram uma FT de 1,851±0,30 (média ± erro padrão) em 10

minutos, que foi significativamente maior que a média de toques dos snorkelers, de

0,576 ± 0,07 (p<0,001) (Figura 2). Devido as características peculiares das atividades e

ao número de mergulhadores observados (N snorkel – 430; N scuba – 47), cada fator foi

examinado separadamente para snorkel e scuba dive.

Figura 2 –Frequência média de toques em 10 minutos para snorkelers (0,576 ± 0,07, N = 430) e para

scuba divers (1,851 ±0,30, N = 47) (p<0,001).

TEMPO DE

EXPERIÊNCIA

DE MERGULHO

NENHUMA 85,5 84,7 0,538 93,6 1,864

1 - 2 ANOS 7,5 7,7 0,727 4,2 1,500

> 2 ANOS 4,0 4,4 1,053 2,1 2,000

NÃO RESPONDEU 2,9 3,3 0,571 0,0 0,000

USO DE CÂMERA SIM 15,3 14,9 0,578 19,1 1,778

NÃO 84,7 85,1 0,577 80,8 1,868

PROFUNDIDADE < 1,70m 21,6 22,3 0,781 14,8 2,714

Média - 1,82 1,71 - 1,99m 59,7 58,1 0,532 74,4 1,657

Mín. - 1,40m; Máx. -

2,30m

> 2,00m 18,7 19,5 0,476 10,6 2,000

CONHEC. E

ATITUDE PRÓ-

AMBIENTAL

BAIXA (0 - 4 pontos) 83,6 84,2 0,528 78,7 1,486

MÉDIA (5 - 8 pontos) 16,4 15,8 0,838 21,2 3,200

Média - 3,27 pontos ALTA (9 - 12 pontos) 0,0 0,0 0,000 0,0 0,000

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Snorkel

Foram registrados 248 toques realizados por snorkelers, sendo a maioria

exercida involuntariamente (p<0,001), com frequência média de toques involuntários de

0,33 ± 0,03, comparada à média de toques voluntários de 0,24 ± 0,05. O maior número

de toques foi realizado com os pés (76%), seguido das mãos (23%) e joelhos (1%). A

maior parte dos toques ocorreu quando o mergulhador se encontrava com problemas na

máscara ou com o uso do snorkel, se posicionando verticalmente sobre o recife ou sobre

a matriz de areia.

As consequências dos toques foram: ressuspensão de sedimento do fundo

marinho (35,8%), toque em algas (20,1%), toque na espécie de zoantídeo Palythoa

caribaeorum (16,1%) e no coral esclarectíneo Siderastrea stelatta (13,7%). Outros seres

que sofreram algum tipo de intervenção de mergulhadores foram os peixes das espécies

Haemulon aurolineatum e Abudefduf saxatilis, tocados ao serem alimentados e o

hidrocoral ramificado Millepora alcicornis (Figura 3).

Figura 3 –Porcentagem de toques e intervenções de mergulhadores recreativos.

Do total de snorkelers observados, 67,2% não tocaram no substrato ou em

qualquer ser marinho, 26,2% dos mergulhadores realizaram apenas um toque e 6,6%

realizaram entre 2 e 14 toques.

Os homens exibiram maior FT que as mulheres (p<0,001). Turistas mais jovens

realizaram menos contatos com o recife que turistas mais velhos (p=0,02) (Figura 4b).

Não houve diferença significativa entre FT associada aos fatores: escolaridade, local de

residência, anos de experiência com mergulho uso de câmera e conhecimento e atitude

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Snorkel Scuba

% o

f co

nta

ct

Contact with M.alcicornis

Fish feed

Contact withSiderastrea spp.

Contact with P.caribaeorum

Contact with algae

Resuspension ofsediment

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pró-ambiental (Figuras 4c, d, e, f, h). Houve uma tendência da FT diminuir com o

aumento da profundidade (p=0,07) (Figura 4g). Os mergulhadores exibiram um baixo

nível de conhecimento e atitude pró-ambiental, a pontuação média foi de apenas 3,87 e

não houve nenhum mergulhador incluído no grupo de alto conhecimento e atitude pró-

ambiental.

Figura 4 –Frequência média de toque (FT) de acordo com o perfil dos mergulhadores e características do

mergulho livre. As barras indicam o erro padrão da média. a)Sexo/Gender; b) Idade/Age;

c)Escolaridade/Education (E/H – Elementary and High School/Ensino fundamental e médio, GRA –

Graduated/Ensino superior incompleto ou completo, PÓS-G – Pos graduated/Pós-graduação, DA – Didn’t

Answer/Não respondeu); d) Local de residência/Place of residence (N – North/Norte, NE –

Northeast/Nordeste, ME – Midwest/Centro-Oeste, SE – Southeast/Sudeste, S – South/Sul, I –

International/Internacional, DA – Didn’t Answer/Não respondeu); e) Anos de experiência com

mergulho/Diving years; f) Uso de Câmera/Camera; g) Profundidade/Depth (m); h) Nível de

conhecimento e atitudes pró-ambientais/ Environmental knowledge and atitude (Low/Baixo, Medium/Médio).

Female Male

Gender

<18 19 – 30 31 – 50 >51 DA E/H GRA PÓS-G DA

Age Education

N NE ME SE S I DA No 1-2 >2 DA Yes No

Place of residence Diving years Camera

<1,70m 1,71-1,99m >2,00m Low Medium

Depth Environmental knowledge and attitude

a b c

g

d e f

h

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Scuba

Scuba divers tocaram 87 vezes no substrato, e assim como no mergulho livre, a

maioria dos contatos foi realizado de forma involuntária (1,319 ± 0,22, p<0,001), sendo

registrados toques com as nadadeiras (61%), mãos (37%) e pernas (2%). Dez scuba

divers (21,2%) não realizaram contatos com organismos ou com o fundo oceânico.

As principais consequências dos contatos foram: ressuspensão de sedimento

(36,7%), toque em algas (33,3%), toque no coral mole P. caribaeorum (14,9%) e no

coral duro S. stelatta (12,6%). Também foi registrada a alimentação a peixes da espécie

H. aurolineatum (Figura 3).

Nas comparações par a par nenhum dos fatores analisados foi relacionado à

frequência média de toques dos scuba divers com o ambiente recifal (Figura 5 a-h).

a b c

d e f

g h

Female Male

Gender

<18 19 – 30 31 – 50>51 E/H GRA PÓS-G

Age Education

NE ME SE S I No 1-2 >2 Yes No

Place of residence Diving years Camera

<1,70m 1,71-1,99m >2,00m Low Medium

Depth Environmental knowledge and attitude

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Figura 5 – Frequência média de toque de acordo com o perfil dos mergulhadores e características scuba

dive. As barras indicam o erro padrão da média. a) Sexo/Gender; b) Idade/Age; c)

Escolaridade/Education (E/H – Elementary and High School/Ensino fundamental e médio, GRA –

Graduated/Ensino superior incompleto ou completo, PÓS-G – Pos graduated/Pós-graduação; d) Local de

residência/Place of residence (N – North/Norte, NE – Northeast/Nordeste, ME – Midwest/Centro-Oeste,

SE – Southeast/Sudeste, S – South/Sul, I – International/Internacional, DA – Didn’t Answer/Não

respondeu); e) Anos de experiência com mergulho/Diving years; f) Uso de Câmera/Camera; g)

Profundidade/Depth (m); h) Nível de conhecimento e atitudes pró-ambientais/ Environmental knowledge

and atitude (Low/Baixo, Medium/Médio).

Classification tree:

Nesta análise houve separação entre os scuba divers e snorkelers, indicando uma

maior frequência de toques pelo primeiro grupo de mergulhadores, como observado na

comparação anterior. Dentre os fatores analisados para cada grupo, houve separação dos

ramos apenas para os fatores sexo no grupo de snorkelers e para o fator conhecimentos

e atitudes pró-ambientais para o grupo de scuba divers (Figura 4).

Figura 4 – Classification tree diferenciando grupos que podem influenciar na frequência média de toques

nos recifes. SCU-Scuba divers, SNO-Snorkelers. KnoAtt-Nível de conhecimentos e atitutes pró-

ambientais, seguindo neste ramo, M-Médio, L-Baixo (referindo-se à categoria de conhecimento e atitutes

pró-ambientais). No ramo da direita: Gen-Sexo, seguindo seu ramo, suas categorias são: M- Masculino e

F- Feminino.

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DISCUSSÃO

De modo geral, a frequência média de toques (FT) de mergulhadores observada

neste estudo é mais baixa comparada a outros recifes do mundo (Tabela 3). Giglio et al.

(2016) também constataram reduzidas taxas de contato de scuba divers em Abrolhos,

indicando como possível causa a baixa abundância relativa de organismos bentônicos na

cobertura do substrato, característica dos recifes brasileiros (Castro and Pires, 2001). Na

área amostral do presente estudo a profundidade e características do recife parecem

exercer importante papel na frequência média de toques. Nestas áreas, a profundidade

varia entre 1,5 e 3 metros, o recife não é contínuo, e sim, em manchas espaçadas entre

uma matriz de areia, isso permite uma boa visibilidade ao recife, sem necessariamente o

mergulhador ficar sobre o mesmo.

Tabela 3 – Frequência média de toques (FT) em 10 minutos observada em estudos ao redor do mundo.

Nos estudos com valores apresentados em outras escalas (ex. média por 7 minutos ou média por minuto

ou média por 60 minutos), obteve-se o valor médio de toque por minuto e multiplicou-se por 10.

LOCAL FT/10min REFERÊNCIA

Maracajaú (Snorkel) 0.5 Presente estudo

Maracajaú (Scuba) 1.8 Presente estudo

Ras Mohammed (Mar Vermelho) 2.1 Medio et al., 1997

Santa Lucia (Caribe) 2.5 Barker and Roberts, 2004

Abrolhos (Brasil) 2.6 Giglio et al., 2016

German Channel (Palau) 2.9 Poonian et al., 2010

Florida Keys (Caribe) 2.9 Talge, 1991

Florida Keys (Caribe) 3.0 Krieger and Chadwick, 2013

Florida Keys (Caribe) 3.3 Camp and Fraser, 2012

Capo Gallo-Isola delle Femmine (Mediterraneo) 3.6 Di Franco et al., 2009

Agincourt (Grande Barreira, Austrália) 5.4 Rouphael and Inglis, 2001

Surim (Tailândia) 5.5 Worachananant et al., 2008

Eilat (Israel) – Para patch reefs 5.5 Zakai and Chardwick-Furman,

2002

Hong Kong 8.7 Chung et al., 2013

Heron Island (Grande Barreira, Austrália) 10.4 Harriot et al., 1997

Solitary Island (Austrália) 40.4 Harriot et al., 1997

Sierra Helada (Mediterrâneo) 41.2 Luna et al., 2009

Para snorkelers uma profundidade superior a um metro e meio permite a

observação da vida marinha mantendo uma distância adequada do substrato (Talge,

1991), o que evita a maioria dos toques e danos que poderiam ser provocados pelo

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pisoteio como em áreas rasas (Kay and Liddle, 1989; Allison, 1996; Tratalos and

Austin, 2001). Outro fator positivo é a proibição do uso de nadadeiras para mergulho

livre na APARC desde 2005, medida essa que reduziu drasticamente a ressuspensão de

sedimento e toques nos recifes na área turística (IDEMA, 2012). O incentivo ao uso de

boias de cintura também é uma atitude que vem sendo tomada pelos empresários do

turismo na região, e mesmo não sendo utilizada por todos mergulhadores, auxilia que

visitantes sem experiência se sintam mais seguros e evita sua proximidade com o recife.

Com relação aos scuba divers, era esperado uma elevada frequência de toques

em função da aproximação do fundo mais raso e da maior probabilidade de toques de

equipamentos. Contudo, os valores permaneceram baixos, possivelmente, por dois

fatores: o primeiro, é que em virtude da baixa profundidade, o mergulho é realizado

contornando as manchas recifais pela matriz de areia, o que reduz a probabilidade de

toque ao recife, mas aumenta a possibilidade de ressuspensão de sedimento. O segundo

fator, é a grande quantidade de mergulhadores realizando mergulhos guiados de batismo

(93,6%), os quais ficam sob a assistência de profissionais de mergulho durante toda

experiência subaquática, evitando a maior parte dos contatos com o substrato. Estudos

destacam a importância da intervenção de mergulhadores líderes para redução

significativa de danos causados por scuba diver no Caribe e na Austrália (Barker and

Robert, 2004; Hammerton and Bucher, 2015). Em virtude disso, Camp and Fraser

(2012) ressaltam a necessidade constante de capacitação e conscientização com estes

atores locais.

O toque em organismos vivos foi o principal comportamento registrado, tanto

em snorkelers (53%), quanto em scuba divers (60%), seguido da ressuspensão de

sedimento (36%). Apesar desses comportamentos não serem responsáveis por danos

imediatos ao ambiente recifal, estudos apontam que colônias de corais expostas a toques

frequentes, perdem sua camada protetora de muco e se tornam mais susceptíveis a

doenças (Lamb and Wilis, 2011; Lamb et al., 2014).

A influência do mergulho recreativo na taxa de sedimentação foi observada por

Hasler and Ott (2008) em recifes de Dahab no Egito. No local do presente estudo,

Attayde (2005) observou que a variação nas concentrações de sólidos totais em

suspensão na área turística esteve mais relacionada com a variação temporal, causada

pela amplitude das marés, do que com a ação dos turistas ou das embarcações.

Consideram-se necessários estudos mais aprofundados, contrastando os efeitos da

suspensão natural causada pela dinâmica dos ambientes recifais brasileiros com a

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suspensão de sedimentos causada pelo comportamento dos mergulhadores. Ressalta se

que Tedesco et al. (2017) observaram que a comunidade coralínea da costa brasileira

possui espécies com pólipos grandes e mecanismos de remoção de sedimento mais

eficazes, o que pode refletir sua habilidade em se adaptar as altas taxas de turbidez que

os recifes do Brasil estão submetidos.

A alimentação de peixes foi responsável por 11% dos toques realizados por

snorkelers e 2% pelos scuba divers. As modificações e desdobramentos negativos na

estrutura da ictiofauna recifal causada pela alimentação suplementar de peixes é bem

documentada no Brasil e no mundo (Medeiros et al., 2007; Illari et al., 2008; Feitosa et

al., 2012). Alguns dos efeitos negativos descritos são: alterações nas densidades de

algumas espécies (Hawkins et al., 1999), aumento da abundância de espécies

dominantes (Milazzo et al., 2005) e alterações comportamentais de outras (Milazzo et

al., 2006). A alimentação de peixes já foi uma prática mais frequente no local de estudo,

porém, desde 2012, com a publicação do plano de manejo da APARC, ela vem sendo

reduzida (IDEMA, 2012), e apesar já ser proibida na área, deveria ser definitivamente

suspensa.

Efeitos do perfil do mergulhador e do mergulho na frequência média de toques no

recife:

Para o mergulho livre, tanto na análise de diferença entre as medianas quanto na

classification tree, o sexo foi um fator que apresentou diferenças. Outros estudos

também demonstraram que homens provocam maiores danos aos recifes que mulheres

(Talge, 1991; Rouphael and Inglis, 2001; Luna et al., 2009), atribuindo tal tendência a

mulheres serem mais cuidadosas, menos aventureiras e seguirem as regras com maior

empenho que homens. Além disso, uma parte das mulheres também tende a permanecer

com boias mais próximas da superfície auxiliando seus familiares e filhos, o que reduz

sua probabilidade de dano.

A idade foi um fator que apresentou diferença significativa na estatística não-

paramétrica. A relação da faixa etária com a FT pode estar relacionada a baixa estatura

de mergulhadores mais jovens (com idades inferiores a 18 anos), que pode reduzir sua

probabilidade de toque ao substrato; e ao menor controle da flutuabilidade de

mergulhadores mais velhos (>50 anos) (Chung et al., 2013).

Dentro da análise de escolaridade, mergulhadores com nível superior exibiram

maiores médias de FT, enquanto pós-graduados apresentaram as menores médias.

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Chung e colaboradores (2013) observaram uma relação entre dano e escolaridade, mas

não apresentam argumentos conclusivos de que este fator possa realmente influenciar

no comportamento dos mergulhadores. Era esperado que mergulhadores com maior

escolaridade e compreensão da fragilidade dos ambientes recifais, exibissem menores

valores de FT, mas esse padrão não foi observado neste estudo.

Os mergulhadores que visitam os recifes estudados são inexperientes em sua

maioria. O grupo restrito de turistas com mais de dois anos de experiência em mergulho

exibiu uma tendência maior em tocar o recife comparado aos demais grupos. Este

padrão comportamental foi observado por outros pesquisadores, que atribuíram isto ao

fato dos mergulhadores mais experientes terem maior confiança em se aproximar do

substrato e ousar tocar no recife um número maior de vezes (Rouphael and Inglis, 2001;

Giglio et al., 2016). Além disso, mergulhadores que nunca mergulharam antes tendem a

ser mais cautelosos em tocar algo desconhecido e possivelmente nocivo. Já Musa et al.

(2011) e Salim et al. (2013), concluem que mergulhadores qualificados tocam menos

nos recifes e exibem um comportamento mais responsável que mergulhadores

iniciantes.

O uso de câmeras não foi relacionado à frequência média de toques ao recife, em

contraste com muitos estudos que consideraram tal variável (Rouphael and Inglis, 2001;

Barker and Roberts, 2004; Worachananant et al., 2008; Luna et al., 2009). A

popularização de mini câmeras resistentes a água e de fácil manuseio tem permitido a

sua utilização por um maior número de turistas sem necessariamente elevar o dano

causado a vida marinha (Giglio et al., 2016). Muitos mergulhadores portadores de

câmeras as utilizam principalmente para tirar selfs subaquáticas, e nem sempre se

aproximam do substrato para fazer tais registros.

De maneira geral, os mergulhadores entrevistados possuem baixo conhecimento

e atitude pró-ambiental. Isso pode ser causado por briefings pouco explicativos,

ministrados de forma rápida e, simultaneamente, para muitas pessoas. Estudos

demonstram a redução de danos promovidos por mergulhadores submetidos a briefings

eficientes, que detalham a importância dos recifes, o problema dos impactos que os

mergulhadores podem provocar e os esclarecem a respeito das regras de comportamento

durante o mergulho (Medio et al., 1997; Luna et al., 2009, Camp and Fraser, 2012).

Espera-se que mergulhadores com maior conhecimento sobre a ecologia e importância

do recife e engajados em causas socioambientais, exibam comportamento menos

impactante durante os mergulhos (Ong and Musa, 2011).

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Apenas o fator conhecimento e atitude pró-ambiental foi associada à FT dentre

as variáveis analisadas para scuba divers. Na análise de classification tree, observou se

uma separação nos grupos de mergulhadores das categorias baixo e médio

conhecimento e atitude pró-ambiental. Todos os estudos consultados indicam a

influência de algum fator na taxa de contato dos mergulhadores no recife, seja uma

característica do mergulhador (sexo, experiência com mergulho, uso de equipamentos),

da operação de mergulho (qualidade dos briefings, intervenção do mergulhador líder,

momento do mergulho, turno do mergulho) ou do ponto de mergulho (tipo do recife,

uso de trilha subaquática) (para consultar referências, ver tabela 3). Isso confirma a

necessidade de uma maior atenção em se identificar características próprias dos

mergulhadores visitantes aos recifes brasileiros, em especial os recifes rasos que estão

submetidos à um turismo em massa e são alvos de especulação do turismo de mergulho.

A partir dos resultados deste estudo que indicam as baixas médias de FT e o

baixo conhecimento dos mergulhadores sobre os ambientes recifais, conclui-se que a

operação de mergulho recreativo que ocorre na área de estudo, tem potencial para se

tornar um modelo de turismo de mergulho sustentável no Brasil. Para isso, são

necessários briefings adequados que considerem a logística da operação de mergulho e

investimento em educação ambiental eficaz tanto para o turista, quanto para os

profissionais de mergulho (Pedrini, 2010; Pedrini et al. 2015), com uso de mídias,

metodologias diversas e criativas, que consigam despertar no mergulhador a

importância dos ambientes recifais em suas vidas e seu poder efetivo para manutenção

desses ecossistemas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados apresentados são pioneiros na descrição das características que podem

influenciar no comportamento de snorkelers no Brasil. Estes dados contribuem para

traçar medidas próprias de manejo para o mergulho recreativo nos recifes brasileiros,

pois identificam um perfil de mergulhadores com maior probabilidade de causar danos

aos ambientes recifais.

Uma vez registrado que os mergulhadores exibem pouco conhecimento sobre o

ambiente recifal e baixa atitude pró-ambiental, sugere-se, um esforço em medidas

educativas para divulgação de informações sobre aspectos gerais da ecologia e a

importância dos ambientes recifais para o bem-estar humano. Tais medidas estariam

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também associadas à capacitação dos profissionais de mergulho aptos a ministrar

briefings mais eficazes e também a intervir de maneira adequada quando deparados à

uma atitude de dano realizada por um mergulhador.

Para promover a sustentabilidade do mergulho recreativo no Brasil, além das

medidas de manejo sugeridas por Giglio et al. (2016) como: o estabelecimento da

capacidade de suporte para o mergulho, considerando as particularidades biofísicas do

recife e o perfil do visitante; aumento do número de intervenções por profissionais do

mergulho; início do mergulho em áreas de areia ou áreas com baixa abundância de

corais. Incluímos ainda (1) a necessidade de estudos que definam indicadores do

impacto do mergulho recreativo próprios as peculiaridades dos recifes brasileiros e (2) a

utilização do manejo baseado em ecossistemas, relacionando os diversos usos, bens e

serviços oferecidos pelos recifes.

Este conjunto de ações promovidas de forma integrada e sob a ótica do manejo

de ecossistemas, permite a gestão de áreas recifais com atividades múltiplas que podem

produzir benefícios econômicos e sociais associados à conservação desse pólo de vida

marinha. Ardoin et al. (2015) revisaram estudos que observaram como uma gama de

atitudes e comportamentos pró-ambientais podem ser modificados pela experiência com

turismo de natureza. O turismo de mergulho pode, portanto, ser uma atividade que

promove ganhos econômicos, com foco conjunto em educação ambiental e

transformação social. Assim, talvez mais importante que a definição do impacto que o

mergulhador causa no ambiente recifal, deve-se estar atento à compreensão da relação

entre ser humano e ambiente com o foco na oportunidade que o ecoturismo tem em

promover mudanças nessa relação.

Compreender a relação de dano dos mergulhadores no ambiente recifal, implica

em compreender formas de mudar um relacionamento negativo em uma ação educativa

transformadora. Implica na busca pelo singular de cada local e em como essa busca

pode resultar em mudanças profundas na forma de gestão das áreas. Implica ainda na

mudança de um paradigma, em mudar a maneira de ver o lugar. Implica em ver o recife

como um lugar que nos pertence e em querer cuidá-lo. A educação ambiental brota da

oportunidade e uma viagem pode mudar uma vida... ou muitas!

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Apêndice 1 - Pontuação para indicar conhecimentos e atitudes pró-ambientais dos

mergulhadores.

Os questionamentos realizados estão descritos no quadro abaixo e cada resposta

que indicasse conhecimento sobre a conservação dos ambientes recifais ou uma atitude

pró-ambiental foi pontuada.

Nº Questão Resposta Pontuação

1 Sabe que o recife faz parte de

uma APA?

SIM 1 ponto

2 Qual a importância do recife? Ecológica,

Econômica/turística,

Cênica,

Cultural

1 ponto para cada

item respondido (até

4 pontos)

3 Se o recife acabasse (fosse

completamente degradado), o

que você acha que ocorreria?

Problemas ambientais,

Problemas econômicos,

Problemas sociais,

Problemas cênicos

1 ponto para cada

item respondido (até

4 pontos)

4 Você acha que o turismo causa

impactos negativos ao recife?

SIM 1 ponto

5 Você acha que causou algum

impacto?

SIM 1 ponto

6 Você apoia financeiramente

algum movimento social e/ou

ambiental?

SIM 1 ponto

TOTAL 12 PONTOS

Os mergulhadores foram agrupados em categorias de acordo com a pontuação

obtida da seguinte maneira:

0 - 4 pontos - BAIXO conhecimento e atitude pró-ambiental

5 - 8 pontos - MÉDIOconhecimento e atitude pró-ambiental

9 - 12 pontos - ALTO conhecimento e atitude pró-ambiental

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Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma

Área Protegida Marinha do Brasil

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Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma Área Marinha Protegida

do Brasil

Impacts of recreational divers in reef’s biota in a Brazilian Marine Protected Area

INTRODUÇÃO

O principal objetivo de Unidades de Conservação (UC) de uso sustentável, como

é o caso da categoria Área de Proteção Ambiental (APA), é “compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais”

(MMA, 2000).Geralmente áreas marinhas protegidas (AMP) abrangem ecossistemas

recifais, os quais se destacam pela abundância de seres vivos, diversidade biológica,

beleza cênica e presença de atividades de importância socioeconômica como pesca e

turismo, especialmente o turismo de mergulho (Green & Donnelly, 2003).

O turismo de mergulho é um dos seguimentos do setor socioeconômico que mais

cresce, gerando uma indústria multimilionária e uma cadeia de serviços que emprega

milhares de pessoas ao redor do mundo (Spalding et al., 2017). Esse desenvolvimento

adveio das facilidades promovidas pelos avanços tecnológicos, que baratearam os

custos dos equipamentos de mergulho autônomo e pelo interesse de descoberta do

mundo subaquático, que impulsionou pessoas comuns a desbravarem esse ambiente por

lazer (Garrod & Gössling, 2008). Além disso, o turismo de mergulho recreativo é

incentivado em uma AMP pelo seu potencial de gerar recursos para manutenção das

áreas protegidas (Hammerton et al., 2012) e também pela oportunidade de promover

educação ambiental (Pedrini et al., 2015).

A expansão acelerada do mergulho recreativo (MR) no mundo inteiro,

principalmente a partir da década de 1990, alterou o seu status de uma atividade de

baixo impacto ambiental (Talge, 1991), para uma atividade com potencial destrutivo,

que pode alterar a estrutura da comunidade recifal e causar a perda da resiliência do

recife como um todo (Gladstone et al., 2012). Os danos podem ser oriundos de um

conjunto de ações que incluem: impactos por ancoragem e barulho das embarcações

(Creed & Amado-Filho, 1999; Simpson et al., 2016; Giglio et al., 2017); a ação de

mergulhadores com toques, pisoteio, ressuspensão de sedimento e alimentação de

peixes (Barker; Roberts, 2004; Camp & Fraser, 2012; Giglio et al., 2016); e poluição da

água com lixo, resíduos químicos das embarcações e uso de protetor solar (Downs et al.,

2015). Esses impactos geralmente são associados à falta de ordenamento da atividade

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(Bessa & Gonçalvez-de-Freitas, 2014) e às situações onde a capacidade de suporte do

ponto de mergulho é ultrapassada (Dixon et al, 1993).

Análises comparativas vêm testando como a biota recifal responde aos diferentes

níveis de uso turístico. Com a evolução das investigações, a abordagem foi se

ampliando de estudos focados em modificações populacionais de espécies-chave, como

corais e algas (Hawkins & Roberts, 1992; Rouphael & Inglis, 1997; Azevedo et al,

2011; Lamb et al., 2014), para pesquisas que consideram a complexa rede de efeitos

secundários provocados pelos impactos do MR. Esses efeitos incluem: alterações

fisiológicas (Geffroy et al., 2018), mudanças comportamentais (Geffroy et al., 2015),

modificações na força de interações ecológicas (Gil et al., 2015; Renfro & Chadwick,

2017) e, consequentemente, favorecimento ou prejuízos de populações ou grupos

tróficos específicos (Medeiros et al., 2007;Ilarri et al., 2008).

Atualmente, pouco se sabe sobre como o MR afeta a comunidade recifal de

forma integrada, incluindo seres que compõem a cobertura do substrato, invertebrados

móveis e a ictiofauna (Hawkins et al., 1999; Gil et al., 2015). E essa compreensão é

extremamente necessária para se definir estratégias eficientes de monitoramento e

manejo, principalmente quando consideradas as tendências atuais que abordam o

manejo de ecossistemas como uma possível solução para o uso sustentável de recursos

naturais em ambientes recifais (Tedesco et al., 2017).

A premissa deste trabalho considera que a amplitude e intensidade do impacto

do mergulho recreativo pode ser identificada através da análise integrada de como a

biota recifal responde a tais impactos. Dessa maneira, o presente estudo teve como

objetivo analisar a variação da composição do substrato, da composição e saúde da

comunidade coralínea, da megafauna de invertebrados e da assembleia de peixes em

áreas turísticas muito visitadas, áreas turísticas de baixo uso e áreas sem visitação. O

estudo foi conduzido no litoral nordeste do Brasil em um recife inserido em uma AMP

alvo da especulação do turismo de mergulho desde a década de 1990.

Espera-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para o manejo de

áreas marinhas alvos do mergulho recreativo, e auxiliem em políticas de gestão que

foquem na redução ou mitigação de impactos que esta atividade possa causar.

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MÉTODO

Área de Estudo

Os ambientes recifais da costa brasileira se estendem por mais de 3.000 km,

possuindo características únicas, como o tipo de crescimento, fauna construtora do

recife e ambiente deposicional (Leão et al., 2003). Essas áreas apresentam baixa

cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de corais e alto aporte de

sedimentos (Castro & Pires, 2001).

Em virtude dessas peculiaridades e de sua extensão, os recifes brasileiros são

bastante heterogêneos e podem ser agrupados em três regiões que apresentam

características peculiares: Norte, Nordeste e Leste (Leão et al., 2003). O presente estudo

ocorreu no limite da região Norte com a Nordeste, no recife de Maracajaú. Esse local

está inserido na Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais (APARC),

no estado do Rio Grande do Norte (05° 38’S 35° 25’W) (Figura 1).

Figura 1 –Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), com destaque para o recife

de Maracajaú e a área de uso turístico (Fonte: Amaral et al, 2005).

Este recife apresenta crescimento coralíneo-algal sobre uma base arenítica, cujo

tamanho é de cerca 9 Km de comprimento por 2 Km de largura (Ferreira & Maida,

2006). A atividade turística ocorre desde o início da década de 1990, em uma pequena

porção de 1,11 Km2, onde cinco pontos de mergulho são explorados por seis empresas e

por 28 empreendedores individuais locais (ex-pescadores). A visitação na área é

intensiva (cerca de 130.000 visitantes anuais) (IDEMA, 2012) e promovida por pacotes

promocionais de operadoras de turismo, e por essa razão o recife de Maracajaú é citado

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pelo Ministério do Turismo (Brasil, 2005) como um dos principais destinos de turismo

de mergulho do Brasil.

Como o recife de Maracajaú está localizado à aproximadamente 7 Km da costa,

os turistas são transportados em catamarãs pequenos, catamarãs grandes e lanchas.

Todas as embarcações possuem poitas para ancoragem das embarcações, não havendo

utilização de âncoras. Os mergulhos são realizados apenas na maré baixa, quando as

condições de visibilidade e profundidade são melhores (entre 1–3 metros de

profundidade). Esta atividade ocorre incessantemente enquanto as condições clima e

maré permitem, com uma interrupção da atividade por 20 dias no mês de junho para

"descanso" da área (IDEMA, 2012).

São oferecidas as opções de mergulho livre (snorkel), de cilindro (scuba),

flutuação, além de serviços de vídeo e fotográficos. A prática de alimentação aos peixes

ocorre para que os turistas possam ter uma maior interação com a vida marinha e para

um melhor resultado das fotografias subaquáticas. Os alimentos são iscas de pequenos

peixes de diversas espécies. Apesar do plano de manejo da APA proibir esta atividade,

nenhuma medida educativa ou punitiva foi tomada até o momento e a alimentação dos

peixes continua a ocorrer nos recifes.

Área amostral

Foram definidas nove áreas retangulares (40 x 50 metros) para realização do

estudo, sendo: três áreas de Alto uso turístico (> de 6000 mergulhadores/ano), três áreas

de Baixo uso turístico (< de 6000 mergulhadores/ano) e três áreas onde não há visitação

(Controle). O valor limite de 6000 mergulhadores/ano por ponto de mergulho foi

estabelecido seguindo a literatura científica que indica esse valor como a capacidade de

suporte de mergulhadores que um ponto de mergulho pode receber. O modelo de

capacidade de suporte é uma função exponencial, no qual o impacto cresce muito pouco

até um número limite de mergulhadores, que quando alcançado provoca um aumento

drástico no impacto causado pela atividade de mergulho (Dixon et al., 1993; Hawkins &

Roberts, 1997).

A coleta de dados ocorreu ao longo de dois anos, em quatro eventos amostrais

nos meses de alta temporada: janeiro/2014, julho/2014, janeiro/2015 e julho/2015. Em

cada evento amostral realizaram-se censos visuais subaquáticos em três transectos em

faixa de 30 x 2 metros por área, totalizando 27 transectos por evento amostral e 108

transectos ao longo de toda a amostragem (Figura 2). Todos os censos foram efetuados

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com equipamentos básicos de mergulho livre por uma equipe de até cinco

mergulhadores.

Nas áreas de Alto Uso os censos iniciavam sempre na borda mais utilizada das

plataformas flutuantes que servem de apoio na operação turística, estendendo-se 40

metros na direção oposta. As áreas de Baixo Uso se localizavam adjacentes às áreas de

Alto Uso, sendo uma continuidade das mesmas. As áreas Controles (C) estavam

dispostas cerca de 100 metros das áreas turísticas, em uma região sem tráfego de

embarcações e com complexidade estrutural e visibilidade da água semelhantes às

demais áreas. Os transectos foram estendidos paralelos às bordas das plataformas e

disposição sorteada em cada evento amostral.

Figura 2 -Áreas amostrais. C1, C2 e C3 são áreas controle, T1, T2 e T3 áreas turísticas. As áreas de Alto

uso estão em destaque vermelho. a) Localização do flutuante da empresa Maracajaú Divers, b)

Localização do flutuante da empresa Parrachos Turismo, c) Localização do flutuante de apoio de alguns

empreendedores individuais (ex-pescadores). Á esquerda abaixo, esquema da disposição dos transectos

de 30 metros aleatoriamente dispostos. Fonte: Adaptado de Amaral et al, 2005.

Coleta de Dados

Parâmetros Físico-químicos:

Os parâmetros físico-químicos foram aferidos uma vez ao final de cada

transecto. Obteve-se dados de: profundidade (metros), temperatura (ºC), salinidade

(partes por trilhão - ppt), e transparência horizontal da água (metros), medida pela

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distância máxima que um pesquisador enxerga uma prancheta branca em direção oposta

a ele (Ferreira, 2009).

Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB):

Para caracterização da cobertura do substrato foi utilizado o método Point

Intercept Transect (PIT) que consiste em identificar e registrar a categoria do substrato

encontrado no ponto logo abaixo do transecto em intervalos de 25 cm (Reef Check

Brasil, 2008). As categorias registradas foram: areia, cascalho, rocha, alga folhosa, alga

filamentosa Turf, alga calcária, coral mole (Palythoa caribaeorum, Protopalythoa

variabilis, espécies do gênero Zoanthus), coral duro (Siderastrea stellata, Favia

gravida, Porites asteroidea, Agaricia humilis e Millepora alcicornis) e esponja.

Seguindo o trabalho de Lloret e colaboradores (2006), foi calculado o índice de

vulnerabilidade biológica (IVB) que utiliza os dados da cobertura do substrato e a

suscetibilidade que cada grupo analisado exibe, ao ser submetido a algum dano advindo

da atividade turística. A vulnerabilidade de cada zona recifal de recreação é calculada

pela seguinte fórmula:

V = [(∑ xi fi)/100]+ k1 + k2

Onde: xi = frequência relativa do grupo funcional i

fi = fragilidade do grupo funcional

k1= coeficiente de correção para o efeito da profundidade do ponto de mergulho

k2= coeficiente de correção para o efeito da inclinação do fundo

Cada grupo funcional é definido baseado em semelhanças de forma e função

ecológicas dos organismos que o compõe. Os grupos funcionais considerados foram:

esponjas, algas folhosas, algas filamentosas, algas calcárias, zoantídeos, corais

ramificados, corais massivos.

A fragilidade do grupo funcional é um peso atribuído a cada grupo em função da

facilidade em sofrer danos e da velocidade de crescimento. É atribuído peso 1 para

organismos difíceis de sofrerem dano e com crescimento rápido (ex. algas); peso 2 para

organismos que podem ser facilmente danificados, mas com crescimento rápido (ex.

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esponjas e zoantídeos); peso 3 para organismos que podem ser facilmente quebrados e

com crescimento lento (ex. corais ramificados e corais massivos).

O coeficiente de correção k1 é determinado por: + 0,33 em profundidades

inferiores a 10 metros, 0 em profundidades entre 10 e 24 metros e -0,33 em

profundidades superiores a 24 metros. Este coeficiente é proposto com base na

diminuição da probabilidade de dano causado por mergulhadores considerando o

aumento da profundidade.

O coeficiente de correção k2 é determinado em função da inclinação (em graus)

exibida pelo fundo da zona turística de recreação. O valor de k2 é: 0,0 em ângulos de

inclinação do substrato entre 0° e 70° (perfil horizontal); -0,33 em ângulos de inclinação

do substrato entre 70° e 110° (perfil vertical - paredes); +0,33 em ângulos de inclinação

do substrato entre 110° e 180° (inclinação negativa – cavernas e naufrágios) (Lloret et

al., 2006).

Avaliação da Saúde dos Corais:

Em cada transecto foram amostrados 4 quadrantes de 1 x 1 metro, intercalados e

equidistantes entre si. Em cada quadrado as espécies de corais foram identificadas e

contabilizadas por classe de tamanho (<5 cm, 6 – 10 cm, 11 – 20 cm e >21 cm) e por

categoria de saúde (saudáveis, doentes, branqueadas ou mortas) (Ferreira & Maida,

2006).

Foram consideradas colônias saudáveis aquelas que estavam com coloração viva

ou que possuíam mais de 90% da colônia sem manchas. As colônias branqueadas foram

aquelas que possuíam branqueamento em grande parte da colônia ou com avançado

grau de desbotamento. As colônias doentes apresentavam pigmentação alterada, de cor

verde, roxa, marrom ou preta e/ou partes danificadas com crescimento de alga.

Finalmente, as colônias mortas foram aquelas que apresentavam o esqueleto

completamente branco e já coberto por algas (Adaptado de Coralwacth, 2014).

Megafauna de Invertebrados:

Em cada transecto de 30 x 2 metros, os indivíduos da megafauna de

invertebrados foram registrados, contabilizados e agrupados em grupos funcionais.

Foram definidos os grupos: invertebrados sésseis (esponjas, corais, ascídias e poliquetas

tubícolas), invertebrados errantes (poliqueta de fogo, lagostas, tamarutacas, caranguejos,

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polvos, lebres do mar, ermitões e lulas), ouriços (Echinometra lucunter) e gastrópodes

(incluindo espécies do gênero Cassis, Cypraea, Cerithium, Columbella, Leucozonia,

Thais) (Ferreira & Maida, 2006). Foi registrada a presença ou ausência de organismos

coloniais no transecto, com sua frequência relativa estimada através dos dados de

cobertura de substrato.

Ictiofauna:

Os peixes foram identificados e contabilizados em cada transecto. Nos casos em

que não pôde ser feita a identificação subaquática, os espécimes foram fotografados e

um especialista foi consultado para identificação. Todos os censos foram conduzidos

pelo mesmo mergulhador, que registrou o número de indivíduos de cada espécie da

ictiofauna por classe de tamanho (<5cm; 6 – 10cm; 11 – 20cm; 21 – 30cm; 31 – 40cm;

e >40cm). Posteriormente, as espécies de peixes foram agrupadas em categorias tróficas

segundo Randall (1967) e Ferreira et al. (2004).

O número de pools de recrutamento também foi registrado por transecto. Foram

considerados pools de recrutamento as concentrações de peixes jovens, geralmente

protegidos em buracos no recife.

Análise dos dados

Análise geral para os dados multivariados:

Foram elaboradas seis matrizes de dados: (1) valores dos parâmetros físico-

químicos, (2) frequência relativa das categorias da cobertura do substrato, (3)

abundância média de corais por espécie, (4) abundância total dos grupos funcionais da

megafauna de invertebrados, (5) abundância total das espécies de peixes e (6)

abundância total das categorias tróficas da ictiofauna. Em cada matriz, foram avaliados

a presença de outliers através da inspeção de gráfico de Cleveland (Cleveland, 1993).

Os dados das matrizes dos parâmetros físicos-químicos e da cobertura do

substrato foram testados quanto à multicolinearidade seguindo os procedimentos e

tomadas de decisão descritos em Zuur et al. (2010). Em seguida, esses dados foram

transformados pelo método da padronização (z-score), conservando os dados com o

valor de tendência central e desvio, média 0 (zero) e variância 1 (um).

Para as demais matrizes, os dados foram testados quanto à colinearidade no

conjunto multivariado através do cálculo do fator de variação da inflação (vif –

variation inflation factor). A correlação de Spearman foi preferida pelo fato de

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desconsiderar as relações lineares entre as variáveis (Zar, 2010). Considerou-se alta

colinearidade para valores de correlação em valor modular maior que 0.7 e com o vif

acima do valor 3 (Zuur, et al. 2010). Em seguida, a variável com o maior valor de vif

(em escala acima de 3) foi retirada do conjunto de variáveis ambientais e o

procedimento de verificação de presença de colinearidade foi repetido, manualmente,

até obtenção de um conjunto multivariado com vif abaixo de 3. As variáveis colineares

(vif> 3) foram retiradas das análises seguintes.

Parâmetros Físico-químicos:

Para investigar a variação dos parâmetros físico-químicos entre as áreas (alto

uso, baixo uso e controle) foi realizada uma análise de componentes principais (PCA)

(Rencher, 2002), considerando as componentes principais que assinalaram uma

variância cumulativa a partir de 70%. Em seguida, foi feita uma análise de variância

multivariada permutacional (PERMANOVA, McArdle & Anderson, 2001), com 999

permutações utilizando o índice de distância euclidiana, realizado como teste de

hipótese de dissimilaridade entre os tratamentos de uso turístico.

Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB):

A variação da cobertura do substrato entre as áreas também foi obtida através de

uma PCA, seguida de uma PERMANOVA, com os mesmos parâmetros utilizados para

dos dados físico-químicos. Além disso, uma função discriminante linear (LDA,

Rencher, 2002) foi realizada para determinar qual variável de substrato era

discriminatória entre os níveis de uso turístico.

Foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) para avaliar diferenças no índice

de vulnerabilidade biológica entre as áreas. O teste de normalidade de Shapiro-Wilk

(Shapiro & Wilk, 1965) e o teste de homogeneidade de variância de Levene (Sokal &

Rohlf, 1985) foram realizados para observar se o conjunto de dados atendiam às

premissas da ANOVA. Diante da ocorrência de não normalidade e heterocedasticidade,

os dados foram transformados em log e reexaminados quanto à sua normalidade e

homogeneidade. Os dados de IVB foram não-normais e homocedásticos, e de acordo

com Zar (2010), o algoritmo da ANOVA é robusto o suficiente para aceitar a violação

da normalidade se os dados forem homogêneos quanto a sua variância. O teste de

Tukey-Kramer foi utilizado como post-hoc.

Avaliação da Saúde dos Corais:

Os dados de abundância total de corais, densidade por classe de tamanho e

densidade por categorias de saúde entre as áreas de uso turístico, também foram

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avaliados através de uma ANOVA, seguindo os mesmos procedimentos metodológicos

descritos para o IVB.

Megafauna de invertebrados:

Para observar a similaridade das áreas em função da abundância dos grupos

funcionais da megafauna de invertebrados foi realizada a análise de similaridade e a

escalonamento multidimensional não-métrico (nMDS). Nesse último, utilizou-se o

índice de Bray-Curtis para representar as semelhanças de uso turístico (áreas de alto

uso, baixo uso e controle). Para indicar se o escalonamento foi satisfatório, os valores

do coeficiente de estresse foram inspecionados, e considerou-se satisfatório o

coeficiente de estresse < 0,1, (Warwick & Clarke, 1991). Em seguida, a análise de

similaridade (ANOSIM, Anderson, 2001) unifatorial, com base na distância Bray-

Curtis, foi realizada como teste de hipótese de dissimilaridade nos tratamentos de uso

turístico.

Ictiofauna:

A variação da riqueza de espécies de peixes, abundância total de peixes,

abundância por classe trófica, diversidade, equitabilidade e número de pools de

recrutamento de peixes foram comparados entre as áreas através de análise de variância.

Assim como para o IVB, os dados foram testados, separadamente, quanto a sua

normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk (Shapiro & Wilk, 1965) e pelo teste de

homogeneidade de variância de Levene (Sokal & Rohlf, 1985). Diante da ocorrência de

não normalidade e heterocedasticidade os dados foram transformados em log e

reexaminados quanto a sua normalidade e homogeneidade. Em todas as variáveis

mencionadas anteriormente, os dados foram não-normais e homocedásticos exceto para

a variável abundância total de peixes e abundância por categoria trófica (não-normal e

heterocedástico) onde foi aplicado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (Zar,

2010). O teste de Tukey-Kramer foi utilizado como post-hoc para as ANOVAs (Zar,

2010), enquanto o teste de Dunn modificado foi utilizado como post-hoc para Krukall-

Wallis (Glantz, 2012).

A riqueza de espécies foi expressa como o número de espécies (S), enquanto a

diversidade e equitabilidade foram estimadas utilizando os índices de Shannon (H’) e

Pielou (J’), usando o software Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). A comparação da

composição da ictiofauna entre as áreas de alto uso, baixo uso e controle foi realizada

também através de uma análise de similaridade e um NMDS, para a matriz de

abundância total por espécie. Os procedimentos da NMDS seguiram o mesmo

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procedimento metodológico que o descrito para os dados de megafauna de

invertebrados.

Para as análises de similaridade, os dados foram inspecionados quanto a

presença de espécies de ocorrência raras, excluindo-se da matriz de abundância total,

àquelas que apresentaram somente uma ocorrência ao longo do estudo. Após esta etapa,

as matrizes foram inspecionadas através do cálculo do Coeficiente de Aglomeração

(CA) e do Coeficiente de Correlação Cofenético (CPCC) para determinar a mais

eficiente medida de dissimilaridade e função de ligação a serem utilizadas nas análises

multivariadas seguintes. Ambos os coeficientes citados anteriormente variam entre 0 e 1

e, avaliam respectivamente, a qualidade e eficácia dos agrupamentos (Paiva et al.,

2015). Um alto valor do Coeficiente de Correlação Cofenético significa menores

distorções na matriz original de dissimilaridade e, um maior Coeficiente de

Aglomeração além de maior qualidade, representa melhor ajuste dos agrupamentos

(Singh et al., 2011).

A variação da proporção de peixes entre as classes de tamanho em relação aos

tratamentos de uso turístico foi analisada por uma análise de correspondência (AC). A

AC é um método estatístico que demonstra visualmente as associações entre os níveis

da tabela de contingência. As associações observadas das duas variáveis (classes de

tamanho e tratamentos de uso turístico) são sumarizadas pela frequência de cada célula

da tabela (Nenadic & Greenacre, 2007). Foram considerados os eixos significativos da

AC, os que correspondiam a uma variação cumulativa maior do que 80%. Além disso,

permutações (n= 999) foram realizadas para gerar um valor probabilístico de

significância das associações observadas. Em adição, os pontos gráficos relacionados a

classificação de tamanho dos peixes foram dispostos proporcionalmente a sua

abundância da tabela de contingência.

Para todas as variáveis, os grupos de tratamento (Alto Uso, Baixo Uso e

Controle) as médias das réplicas foram comparadas. Como não houve diferenças

significativas entre as mesmas, os dados foram agrupados e analisados como uma área

única. As análises foram desenvolvidas no programa R (R Development Core Team

2012) e Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). No caso do R, utilizou-se os pacotes

estatísticos 'stats' (Teste de Shapiro-Wilk, ANOVA, Kruskal-Wallis, PCA) (R

Development Core Team, 2012), 'car' (Teste de Levene) (Fox & Weisberg, 2011),

‘PMCRM’ (teste post hoc de Dunn) (Pohlert 2014) 'vegan' (ANOSIM, NMDS)

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98

(Oksanen et al., 2015), 'cluster' (CA, Agrupamento hierárquico) (Maechler et al., 2017).

O nível de significância adotado foi de 5% (Zar 2010).

RESULTADOS

Parâmetros Físico-químicos:

Não houve diferença significativa nos parâmetros físico-químicos analisados

entre as áreas de Alto uso, Baixo uso e Controle (PERMANOVA, df = 2, F = 1,90, p =

0,10). Na PCA, os três primeiros componentes principais totalizaram 83,81%, sendo o

primeiro componente 37,7%, o segundo 23,1% e o terceiro 22,9%. O biplot do

componente 1 vs. 2 não apresentou uma tendência de agrupamento, de acordo com a

informação classificatória de uso turístico, indicando que não houve variação ambiental

dos parâmetros mensurados em função das zonas turísticas analisadas (Figura 3).

Figura 3 –Diagramadas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control em

relação aos parâmetros físico-químicos mensurados no recife de Maracajaú. ‘Depth’ –

Profundidade, ‘Vis’ – Visibilidade, ‘Sal’ – Salinidade e ‘Temp’ – Temperatura.

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99

Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB):

As áreas turísticas de Alto Uso (H) exibiram maiores porcentagens de areia e

cascalho que as demais. Observou-se maior quantidade de algas folhosas nas áreas de

Baixo Uso (L) e as demais categorias obtiveram maiores valores nas áreas Controle

(Figura 4).

Figura 4 - Frequência relativa das categorias de substrato registradas nas áreas estudadas, no recife de

Maracajaú. SAND – Areia, SHE. ALG – Alga folhosa, SOFT COR – Coral mole, FIL. ALG – Alga

filamentosa, HARD COR – Coral duro, CAL. ALG – Alga calcária, GRA – Cascalho, SPON – Esponja,

ROC – Rocha.

Observou-se diferença entre as áreas de uso turístico de acordo com a cobertura

de substrato (PERMANOVA, df = 2, F = 2,94, p < 0,01). Algas filamentosas (Wilk’s

lambda = 0,89, F difference = 6,28) e corais moles (Wilk’s lambda = 0,79, F difference

= 6,12) foram significativamente discriminatórios (p < 0,01) entre as áreas. A área

Controle apresentou os maiores valores de cobertura de algas filamentosas (14,1%) e

coral mole (18,7%) enquanto a área de Baixo uso turístico exibiu 8,1% e 11,6%,

respectivamente, e por fim, área de Alto uso turístico (7,9% e 8,4%) (Figura 5).

A categoria areia possui correlação moderada com a variável coral mole (-0,62,

correlação de Spearman), no entanto considera-se areia uma variável de tendência na

discriminação das áreas (Controle – 50,3%, Baixo – 60%, Alto – 67,4%, valores

médios).

67,42

59,96

50,34

9,62

12,83

8,36

8,49

11,64

18,76

7,90

8,15

14,12

4,22

5,10

6,29

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Alto uso

Baixo uso

Controle

SAND SHE. ALG SOFT COR FIL. ALG HARD COR CAL. ALG GRA SPON ROC

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100

Figura 5 - Diagrama da cobertura de substrato em relação às áreas de uso turístico

(Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control) no recife de Maracajaú.

Símbolos maiores representam o centróide da distribuição respectiva de cada grupo.

*Variáveis em negrito de maior poder discriminatório de acordo com o

procedimento stepwise da função discriminante. ‘SheAlg’ – Alga folhosa, ‘FilAlg’ –

Alga Filamentosa, ‘HardCor’ – Coral duro, ‘SoftCor’ – Coral mole.

Os valores de IVB registrados foram: 1,64 (0,164 ± s.d.) na área controle, 1,54

(0,153 ± s.d.) na área de baixo uso e 1,50 (0,128 ± s.d.) na área de alto uso. Houve

diferença significativa das médias de IVB entre as áreas (df = 2, F=8,92, p<0,01). O

teste a posteriori apontou que existe diferença entre as áreas controle e as demais,

indicando que as áreas controle são mais vulneráveis aos impactos do MR. Não existe

diferença entre as áreas de baixo uso e alto uso (Tabela 1).

Tabela 1 - Teste de post-hoc de Tukey-Kramer para o índice de Vulnerabilidade Biológica de acordo

com os níveis de tratamento, p-valor – valor de probabilidade de significância, diferença – diferença de

média, I.C. – Intervalor de confiança. High – Alto uso, Low – Baixo uso, Control – Controle.

Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado

High-Control -0.14325 -0.2254 -0.0611 0.000216

Low-Control -0.09435 -0.1765 -0.0122 0.020224

Low-High 0.048898 -0.03325 0.131046 0.335722

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Avaliação da Saúde dos Corais:

Foram registradas cinco espécies de corais nas áreas estudadas: Siderastrea

stellata, Favia gravida, Porites astreiodes, Millepora alcicornis e Agaricia humilis,

com um total de 5345 colônias contabilizadas. Houve predominância de S. stellata e

baixa representatividade de M. alcicornis e A. humilis para todas as áreas (Figura 6).

A única espécie que apresentou diferença significativa em sua densidade

comparando as áreas estudadas foi F. gravida (df = 3, F = 3,63, p< 0,05), mais

abundante na área Controle.

Figura 6– Variação da densidade média do número de colônias de corais por espécie

entre as áreas de Alto uso turístico, Baixo uso e Controle no recife de Maracajaú.

Destaque para a variação da densidade de F. gravida.

Não houve diferença significativa para a abundância total de corais, nem para a

densidade de corais por classe de tamanho das colônias e por categorias de saúde entre

as áreas (p > 0,05). Em todas as áreas observou-se uma relação entre a abundância de

corais por classe de tamanho, com maior número de colônias pertencentes a classe de

tamanho < 5cm (df = 3, F = 78,84, p < 0,01) e a categoria saudável foi a mais

representativa (df = 3, F = 106,96, p < 0,01) (detalhes no apêndice I, tabelas A, B e C).

Megafauna de Invertebrados:

O Ouriço preto (Echinometra lucunter) foi o mais abundante invertebrado da

megafauna nas áreas de Alto e Baixo uso turístico.

Na área Controle registrou-se a maior ocorrência de gastrópodes (detalhes

Apêndice II, tabela D). A abundância relativa de cada grupo funcional analisado por

área é apresentada na tabela 2.

9,35

1,55

0,13 0,01 0,01

10,02

2,410,21 0,00 0,00

9,81

3,47

0,08 0,02 0,070,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

Siderastrea spp. Favia gravida Poritesastreoides

Milleporaalcicornis

Agaricia humilis

Den

sid

ade

méd

ia d

e co

lôn

ias/

m2

Alto uso Baixo uso Controle

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Tabela 2 – Variação da abundância relativa da megafauna, por grupo funcional de

invertebrados, entre as áreas de uso turístico e controle, no recife de Maracajaú.

Grupo

funcional N

Abundância rel. %

ALTO USO BAIXO USO CONTROLE

Ouriço 360 53,1 55,7 31,9

Gastrópodes 195 20,8 20,8 40,1

Invertebrados

errantes 132 13,3 14,5 27,5

Invertebrados

sésseis 59 12,8 9 0,5

Houve uma forte sobreposição entre as áreas de Baixo e Alto uso enquanto a

área Controle mostrou uma tendência de estruturação própria quando se observa a

Figura 7 (NMDS utilizando o índice de Bray-Curtis - Stress ≤ 0,1, R2 = 0,99), no

entanto, a tendência visual não é confirmada pela tendência estatística a qual indicou

falta de estruturação entre as áreas (ANOSIM, p > 0,05).

Figura 7 -Megafauna de invertebrados (Escalonamento não-métrico multidimensional)

nas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control no recife de

Maracajaú.

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Em resumo, para comunidade bentônica observou-se áreas de Alto uso (H) com

maior frequência relativa de areia e cascalho na cobertura do substrato e menores

valores das categorias coral duro, coral mole e algas filamentosas. A densidade média

de corais não variou entre as áreas, contudo, a espécie de coral Favia gravida

apresentou menor densidade nas áreas turísticas. As áreas de Alto uso exibiram ainda

maior abundância relativa de ouriços pretos e invertebrados sésseis. As áreas de Baixo

uso apresentaram maior cobertura de algas folhosas. As áreas Controle se destacaram

pela maior frequência relativa de cobertura de coral mole, algas filamentosas e coral

duro, com maior abundância do coral F. gravida e de moluscos gastrópodes.

Ictiofauna:

Ao longo do estudo foram contabilizados 10.459 registros de peixes,

classificados em 61 espécies, distribuídas em 30 famílias (detalhes no Apêndice III,

Tabela E). Não houve diferença significativa para a riqueza de espécies e para o número

de pools de recrutamento entre as áreas de Alto uso, Baixo e Controle. A abundância

média de peixes, foi significativamente maior nas áreas de Alto uso, já a diversidade e

equitabilidade foram superiores nas áreas controle (Tabela 3).

Tabela 3 –Valores das variáveis ecológicas analisadas para ictiofauna nas áreas turísticas de Alto uso,

Baixo uso e Controle (Média ± desvio padrão) no recife de Maracajaú. Em negrito as variáveis com

diferenças significativas de medianas/média entre as áreas (Kruskal-Wallis e ANOVA).

Alto uso Baixo uso Controle

Qui2 ou F -

valor P

Riqueza (S) 48 46 44 - -

Riqueza média 14,02 ± 3,37 13,94 ± 3,89 13,16 ± 3,19 F = 0,7684 0,46

Nº de spp. exclusivas

da área 7 5 5 - -

Abundância média 129,75 ± 81,96 89,25 ± 48,75 71,52 ± 22,26 Qui2 = 10,03 <0,01

Diversidade (H’) 1,68 ± 0,46 1,90 ± 0,37 1,93 ± 0,25 F = 5,103 < 0,01

Equitabilidade (J’) 0,647 ± 0,183 0,735 ±0,13 0,76 ± 0,06 F = 6,975 < 0,01

Nº pools de

recrutamento médio

por censo 1,33 ± 1,97 1,44 ± 2,03 2,02 ± 1,31 F = 19.175 0.15

As 10 espécies mais abundantes foram: Haemulon aurolineatum, Stegastes

fuscus, Acanthurus chirurgus, Abudefduf saxatilis, Sparisoma frondosum, Sparisoma

axillare, Sparisoma radians, Haemulon plumieri, Scarus trispinosus e Anisotremus

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virginicus. Além dessas espécies, destacam-se os grupos Sparisoma jovens e

hemulídeos jovens. Juntos esses espécimes representaram 91,5% de todos os registros

de peixes (Apêndice III, tabela E).

Ao comparar as abundâncias médias das espécies supracitadas entre as áreas

Turísticas e Controle, observou-se modificações na estrutura da ictiocenose em função

do uso turístico. As áreas de Alto uso e Baixo uso apresentaram dominância da espécie

H. aurolineatum, contudo, na área de alto uso esse padrão foi ainda mais evidente. Na

área controle, a espécie mais abundante foi S. fuscus, seguida de H. aurolineatum, e a

distribuição da abundância das demais espécies foi mais homogênea do que nas demais

áreas (Figura 8).

Figura 8 – Abundância relativa (%) dos 10 táxons de peixes mais representativos nas áreas de Alto e

Baixo uso turísticos e Controle, no recife de Maracajaú. As espécies em negrito, iniciadas com *,

apresentaram diferença significativa quanto à abundância média por área (ANOVA, p<0,05).

Na matriz da ictiofauna avaliada houve tendência de estruturação em relação às

áreas estudadas, com regiões bem delimitadas, mas com zonas de sobreposição

(gráficos de NMDS e índice de Bray-Curtis - Stress ≤ 0,1, R2 = 0,99) (Figura 9). Assim

como para megafauna de invertebrados, a tendência visual não foi confirmada pela

tendência estatística, a qual indicou ausência de estruturação entre as áreas (ANOSIM, p

> 0,05).

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Figura 9 –Ictiofauna nas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control,

no recife de Maracajaú (Escalonamento não-métrico multidimensional - índice de Bray-

Curtis).

A média do número de indivíduos por categoria trófica diferiu entre as áreas. A

área de Alto uso exibiu maiores abundâncias de invertívoros móveis (MIF), onívoros

(OMN) e carnívoros (CAR). Já a área Controle apresentou maiores abundâncias de

herbívoros pastadores (ROVH) e herbívoros territoriais (TERH), apesar de apenas a

última categoria ter apresentado diferença estatística (Tabela 4).

Tabela 4 – Variação da abundância média de peixes por categoria trófica entre as

áreas de Alto e Baixo usos e Controle (Média ± desvio padrão), no recife de

Maracajaú. Em negrito as categorias que apresentaram diferenças significativas de

mediana entre as áreas (Kruskal-Wallis). MIF – Invertívoros móveis, ROVH –

Herbívoros pastadores, TERH – Herbívoros territoriais, OMN – Onívoros, CAR –

Carnívoros, PLA – Planctívoros, PIS – Piscívoros e SIF – Invertívoros Sésseis.

Abundância

média Alto uso Baixo uso Controle

Qui-

quadrado P

MIF 77 ± 72,84 39,92 ± 48,44 19,11 ± 10,56 14,85 < 0,01

ROVH 22,3 ± 10,48 23,44 ± 10,02 25,77 ± 15,33 0,76 0,681

TERH 13,80 ± 9,25 16,80 ± 7,54 20,75 ± 8,55 10,77 < 0,01

OMN 9,33 ± 10,91 4,92 ± 5,6 1,86 ± 2,3 16,46 < 0,01

CAR 4,03 ± 5,30 1,30 ± 1,8 1,36 ± 1,31 13,39 < 0,01

PLA 2,5 ± 7,19 2,64 ± 9,04 2,61 ± 8,01 0,941 0,537

PIS 0,72 ± 3,33 0,08 ± 0,28 0,02 ± 0,16 1,089 0,115

SIF 0,06 ± 0,23 0,14 ± 0,42 0,02 ± 0,17 0,396 0,336

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Quanto às abundâncias de peixes por classes de tamanho, em relação às áreas

estudadas, foi observado um padrão de correspondência (qui-quadrado = 327,28, p <

0,01, permutações Monte Carlo = 999). Foram obtidas três associações: (1) área de Alto

uso com Classe de tamanho 3 (11-20cm), (2) área Controle com as Classes de tamanho

2 (6-10cm), Classe 4 (21-30cm) e Classe 5 (31-40cm) e, (3) área de Baixo Uso com as

Classes 1 (<5cm). A Classe 6 (>40cm) apresentou baixa associação com as três áreas,

embora o maior registro de abundância tenha ocorrido na área de Baixo uso e este efeito

pode ser observado no gráfico (Figura 10 e Apêndice IV, tabela F).

Figura 10 –Análise de correspondência da relação entre as classes de tamanho

de peixes e as áreas de Alto uso (High), Baixo uso (Low) e Controle (Control),

no recife de Maracajaú. O tamanho dos pontos é proporcional às abundâncias

registradas por área. As classes de tamanho estão representadas pelas siglas: C1 -

<5cm, C2 – 6 – 10cm, C3 – 11 – 20cm, C4 – 21 – 30cm, C5 – 31 – 40cm e C6 -

>40cm.

De maneira geral a estrutura da ictiofauna variou entre as áreas de estudo. As

áreas de Alto uso exibiram maior abundância, menor diversidade e dominância da

espécie H.aurolineatum. Nessa área destacaram-se as maiores abundâncias dos grupos

tróficos invertívoros móveis, onívoros e carnívoros, com predominância de peixes da

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categoria de tamanho entre 11 – 20 cm. As áreas Controle apresentaram um padrão

diferente com menor abundância total de peixes, maior diversidade e homogeneidade,

com maior abundância de herbívoros, especialmente os territoriais, e destaque para as

categorias de tamanho de 6 – 10 cm e de 21 – 30 cm. Nas áreas de Baixo uso observou-

se valores intermediários e de maior semelhança com as áreas Controle.

DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo apontam que a análise integrada de múltiplas

variáveis da biota recifal identificou importantes alterações na estrutura da comunidade

recifal em função do mergulho recreativo. Essa abordagem permitiu a observação de

possíveis relações de causa e efeito que a avaliação de apenas um grupo biológico

poderia não detectar (Gil et al., 2015; Refron & Chadwick, 2017; Bessa et al, 2017).

A semelhança dos parâmetros físico-químicos mensurados comparando as áreas

estudadas indica que tais variáveis não são responsáveis pelas diferenças dos parâmetros

biológicos encontrados nas áreas. Estudos semelhantes conduzidos em outros recifes do

mundo geralmente não avaliam se modificações da fauna podem estar associadas a

outras causas que não o turismo (Hawkins et al., 1999; Tratalos & Austin, 2001;

Rouphael & Inglis, 2002; Gil et al., 2015; Refron & Chadwick, 2017). Essa análise

preliminar é importante, uma vez que padrões espaciais de distribuição das espécies

podem variar em função do nível de exposição a ondas, fatores físico-químicos e

complexidade estrutural do recife (Gratwicke & Speight, 2005). Silva (2015) realizou

um estudo, o qual foi desdobramento do presente projeto, constatando a semelhança na

complexidade da estrutura recifal, para as mesmas áreas estudadas. Quanto à ação das

ondas, as áreas de estudo distribuem-se em zonas recifais abrigadas do recife, mais

distantes das bordas recifais à barlavento, ou seja, não são submetidas diretamente à

ação das ondas (Amaral et al., 2005). Tais investigações tem o papel fundamental de

descartar possíveis variáveis influentes.

As alterações observadas na composição de cobertura do substrato das áreas de

Alto uso, como maior porcentagem de areia e cascalho, e menor cobertura de corais

duro, corais mole e algas filamentosas, são associadas à ação do MR. As principais

causas são o tráfego e ancoragem de embarcações (Creed & Amado-Filho, 1999; Giglio

et al., 2017), o comportamento de mergulhadores que podem arrancar algas, quebrar

corais e ressuspender sedimentos (Luna et al., 2009; Camp & Fraser, 2012; Giglio et al.,

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108

2016) e a exposição da comunidade bentônica a produtos químicos, como excesso de

protetor solar utilizado pelos turistas (Downs et al., 2015).

Além das causas relatadas acima, os resultados desta pesquisa apontam ainda

efeitos indiretos pouco documentados. A abundância de ouriço nas áreas turísticas pode

estar colaborando com a redução da cobertura de corais. A presença de ouriços é por

vezes considerada benéfica para a saúde dos recifes, pois tais invertebrados podem atuar

no controle de macroalgas as quais competem com os corais e, indiretamente,

favorecem as populações de corais (Hughes, 1994). Contudo, altas abundâncias de

ouriço podem ser prejudiciais aos recifes (Bak, 1994; Cabanillas-Terán et al., 2016), o

poder bioerosivo desses animais pode contribuir com a redução da cobertura coralínea

(Tavares, 2004). Dessa forma, o crescimento da população de ouriços deve ser

examinado com cautela.

Associação das áreas de baixo uso com maior porcentagem de cobertura de algas

folhosas pode ser explicada de duas formas. A primeira considera um efeito bottom-up,

em que o MR esteja promovendo o crescimento de algas folhosas devido à maior

quantidade de nutrientes nas áreas turísticas (Smith et al., 2010), oriundos da

alimentação suplementar ofertada aos peixes. Esta ação contribui com maior input de

compostos orgânicos na água, as quais atraem e concentram muitos peixes, aumentando

o volume fecal nas áreas das agregações (Mazzola et al, 1999; Bessa et al, 2017).

Contudo, são necessários estudos mais detalhados a fim de comprovar se os nutrientes

estão concentrados nas áreas turísticas ou se esses compostos são diluídos na massa

d’água. Essa confirmação explicaria a baixa cobertura de algas folhosas nas áreas

Controle.

Adicionalmente, a segunda vertente explicativa considera que o MR

possivelmente atue na redução das populações de algas folhosas, devido ao pisoteio

intensivo, presença de estruturas de apoio e tráfego constante de embarcações,

diminuindo a quantidade de algas do substrato (Giglio et al., 2016; Giglio et al, 2017).

A maior porcentagem de algas folhosas nas áreas de Baixo uso em comparação às de

Alto uso, pode ser explicada pela menor intensidade do MR nestas áreas somado à

atividade de alimentação artificial.

Nas áreas Controle, a abundância de algas filamentosas pode ser associada a

características de um recife saudável. Essas algas, altamente produtivas, são um

importante substrato de forrageio para herbívoros, onívoros e invertívoros (Longo et al.,

2014), e dão suporte à uma grande parte da produção secundária nos recifes (Hatcher et

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109

al, 1983; Carpenter, 1986; Moreira, 2012; Kramer et al., 2013). Giglio et al (2017)

observaram que a matriz de algas epífitas, que é composta principalmente por algas

filamentosas, foi um dos grupos biológicos mais afetado pelos danos de ancoragens.

Apesar do presente estudo ter sido conduzido em uma área onde não ocorre ancoragem,

pois há poitas instaladas, outros danos abrasivos (ex. como cordas e correntes que

seguram os flutuantes e toques e pisoteio por mergulhadores) podem estar causando a

redução desse tipo de algas nas áreas turísticas.

Esperava-se encontrar maior cobertura de corais moles nas áreas impactadas,

contudo, os presentes resultados exibiram um padrão contrário, com mais coral mole

nas áreas Controle. Recifes submetidos a estresses antrópicos intensos podem exibir

mudança de fase para um recife dominado por corais moles (zoantídeos) (Cruz et al.,

2015; Cruz et al., 2016; Lima, 2016). No entanto, as áreas Controle estudadas, apesar de

próximas às áreas turísticas (cerca de 100 metros de distância), não estão submetidas a

nenhum impacto direto. Consideram-se duas hipóteses, que a maior cobertura de corais

moles represente um efeito secundário e indireto dos impactos do MR nas áreas de

entorno, ou este cenário represente um padrão normal de distribuição destes

invertebrados para o recife em questão. Tais considerações necessitam de confirmação

por meio de pesquisas específicas.

O índice de vulnerabilidade biológica (IVB) é geralmente utilizado para

caracterizar áreas recifais e indicar as menos vulneráveis para o uso turístico (Lloret et

al., 2006). Nesse estudo observou-se que ele pode ser usado ainda como um indicador

do impacto da atividade de mergulho recreativo. A redução do IVB é associada a menor

representatividade de grupos funcionais que conferem mais peso ao índice, que no caso

foram “coral duro” e “coral mole”, grupos com menor representatividade nas áreas de

visitação, em virtude do impacto do MR.

Sobre a comunidade coralínea, sabe-se que os corais exercem papel chave em

ecossistemas recifais ao promover o aumento da complexidade estrutural e de refúgios

para seres marinhos (Paulay, 1997). A redução na diversidade, abundância e saúde dos

corais é um dos principais indicadores de impacto do MR em todo mundo (Hawkins et

al 1992; Dixon et al., 1993; Hawkins et al., 1999; Tratalos & Austin, 2001; Rouphael &

Inglis, 2002; Haster & Ott, 2008), entretanto, nossos resultados apontam que a riqueza e

saúde dos corais não são afetados pelos impactos do MR no recife estudado.

Essa questão pode ser explicada pelas características naturais dos recifes

brasileiros, que possuem baixa cobertura coralínea, com predominância da espécie

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Siderastrea stellata (Leão et al, 2003), que por ser resistente a estresses ambientais

(Poggio, 2007), pode não apresentar variações em sua abundância ou estado de saúde

quando expostas ao estresse provocado pelo MR (Torres, 2016).

No entanto, discute-se a maior densidade de colônias de Favia gravida nas áreas

Controle, em uma relação clara de redução com o aumento do nível de uso turístico do

recife. Apesar dessa espécie também apresentar uma certa resistência ao estresse

ambiental (Segal & Castro, 2000; Leão et al., 2003), no presente trabalho F. gravida

aparece como um importante indicador do impacto do MR.

Com relação a megafauna de invertebrados, apesar da análise estatística não ter

detectado diferenças entre as áreas de alto uso, baixo uso e controle, nota-se que os

ouriços são mais abundantes nas áreas turísticas e os gastrópodes nas áreas controle.

Densidades elevadas de ouriços são relatadas em locais onde a pesca é intensa (Hay &

Taylor, 1985; McClanahan et al, 1994; McClanahan et al., 1996; Costa, 2013). No

presente estudo, a redução de peixes herbívoros nas áreas de Alto uso, provavelmente

relacionada a sensibilização aos mergulhadores (Di Franco et al., 2013; Geffroy et al.,

2015; Titus et al., 2015), pode ter influenciado o aumento da abundância de ouriços, a

partir dos mesmos mecanismos de situações onde a ictiofauna é sobre-explorada. Além

disso, a disponibilidade de alimento nas áreas turísticas, oriunda da alimentação

suplementar, talvez alivie a pressão de predação dos peixes sobre os ouriços. Em ambos

os casos, há o favorecimento da população deste equinodermo.

Um estudo realizado em outro recife da costa do Brasil (Tamandaré), indica que

a distribuição de ouriços da espécie E. lucunter é influenciada pelas interações

ecológicas de predação e competição (Kilpp, 1997). Ouriços são predados

principalmente por peixes da família Lutjanidae, Balistidae, Labridae e Diodontidae,

além de lagostas (McClanahan & Muthiga, 2007) e um dos competidores potenciais

deste equinodermo é Scarus trispinosus (Costa, 2013), o que reforça o argumento

exposto. Nossos resultados indicam que o MR pode causar impactos na abundância e

distribuição de E. lucunter semelhantes aos impactos causados pela pesca.

A distribuição de gastrópodes, e de moluscos em geral, apresenta relação com

variações ambientais e tipo de fundo (Augustin et al., 1999) e a abundância da

malacofauna do recife de Maracajaú foi relacionada à presença de corais duros, algas

folhosas e zoantídeos (Martinez et al, 2012). Assim, a maior ocorrência de gastrópodes

nas áreas sem visitação podem refletir as diferenças encontradas na cobertura do

substrato. Além disso, o pisoteio pode influenciar na distribuição dos invertebrados

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bentônicos (Correia; Sovierzoski, 2008; Barboza, 2014), sendo um fator adicional à

menor ocorrência de gastrópodes nas áreas turísticas.

As diferenças observadas na ictiofauna, especialmente nas áreas de alto uso

foram relacionadas, principalmente à alimentação suplementar ofertada aos peixes. Esta

atividade humana, no recife estudado, consta basicamente de iscas de peixes pequenos,

favorecendo a dominância da espécie Haemulon aurolineatum. A elevada abundância

dessa espécie influenciou os resultados, isolando as áreas de alto uso na avaliação da

abundância total, tamanho dos indivíduos por área e no exame das categorias tróficas.

H. aurolineatum naturalmente forma cardumes que podem ser encontrados

especialmente em recifes mais profundos (Pereira et al, 2011). No entanto, na área de

estudo, o padrão de agregação, além da alimentação artificial, pode ter sido também

influenciado pela presença das plataformas flutuantes, as quais servem de abrigo para os

cardumes (Feitosa et al, 2002). Assim, a alimentação atuaria na atração dos peixes e a

“proteção” dos flutuantes na manutenção dos cardumes mesmo na ausência de turistas.

Outras duas espécies favorecidas pelo turismo no recife foram Abudefduf

saxatilis e Ocyurus chrysurus, com ocorrência relacionada à alimentação suplementar.

Outros recifes do nordeste do Brasil, onde os turistas ofertam pão e ração para peixes, a

espécie dominante é A. saxatilis (Medeiros et al, 2007; Feitosa et al, 2012) e assim,

destaca-se que o tipo de alimento ofertado aos peixes pode moldar um padrão de

dominância (Ilarri et al, 2008). Uma série de problemas que a alimentação suplementar

de peixes pode promover são: habituação e sensibilização das espécies, aumento do

risco de predação, problemas de saúde nos peixes (úlceras, lesões), aumento da

agressividade inter e intraespecífica, propagação de doenças e aumento da abundância

de peixes (Bessa et al 2017).

Dois destaques de espécies que possivelmente tiveram suas populações

reduzidas nas áreas turísticas em virtude do MR foram Stegastes fuscus e o grupo de

Sparisoma jovens. A seguir apresentam-se algumas possibilidades para o entendimento

deste cenário: (1) Esses peixes podem estar perdendo a competição, por espaço, com

peixes atraídos e favorecidos pela alimentação suplementar; (2) as agregações de peixes

podem promover um aumento da pressão predação de recrutas desses peixes (como

descrito para outras espécies, Millazo et al, 2006); e (3) as modificações na composição

do substrato encontradas podem estar influenciando na distribuição destes pequenos

peixes herbívoros (ex. maior ocorrência de algas filamentosas na área controle). Tais

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fatores podem estar influenciando na menor ocorrência geral de herbívoros observada

nas áreas turísticas, provocando efeitos secundários já descritos.

Um outro aspecto importante foi o maior número de carnívoros nas áreas de alto

uso. Vários estudos documentaram que a agregação de peixes causada pela alimentação

suplementar atrai também peixes carnívoros (Perrine, 1989; Hawkins et al., 1999;

Milazzo et al., 2005). No local de estudos os principais carnívoros observados foram

Ocyurus chrysurus, Carangoides bartholomaei, Lutjanus synagris e Strongylura

timucu, espécies que também possuem importância pesqueira (Carvalho-Filho, 1999).

Embora a pesca seja proibida nas áreas turísticas, sabe-se que a captura de peixes e

polvos é realizada no local, o que desdobra este resultado em uma outra discussão: a

atração e habituação dessas espécies poderia facilitar sua captura por pescadores ilegais

nessa área (Geffroy et al., 2015).

De modo geral, nota-se que o MR associado à atividade de alimentação de

peixes, ocasiona a dominância de uma espécie e, consequentemente, reduz a diversidade

e equitabilidade. Apesar de todas as diferenças encontradas, as análises multivariadas,

não identificaram tendências estatísticas significativas. Este resultado pode ter sido

influenciado pela semelhança da riqueza de espécies das áreas estudadas, com espécies

raras tanto nas áreas turísticas de alto e baixo uso, quanto nas áreas controle (Medeiros

et al, 2007; Ilarri et al, 2008).

Avaliando a série de impactos relatados no presente estudo, pode-se afirmar que

as alterações provocadas pelo mergulho recreativo no recife são complexas e podem

desencadear efeitos em cascata que se desdobram na modificação da estrutura da

comunidade como um todo. No entanto, é importante mencionar que as modificações

mais profundas se restringem a alguns metros no entorno do ponto de mergulho, uma

vez que as áreas Controle utilizadas distam pouco mais de 100 metros das áreas

turísticas e exibiram padrões diferentes das áreas impactadas, de acordo com as

variáveis mensuradas.

Indica-se a necessidade de direcionar maiores esforços em pesquisas para

compreensão de como o impacto do MR se propaga espacialmente, assim como seus

possíveis efeitos secundários que podem atingir todo corpo recifal. Além disso, é

importante compreender um limite aceitável do valor do índice de vulnerabilidade

biológica em áreas de uso turístico e entender quais ações específicas do MR estão

influenciando na redução do coral F. gravida, para utilização das duas variáveis como

indicadoras de impacto.

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Considerando-se o crescimento do mergulho recreativo (Spalding et al., 2017), a

crise ambiental que afeta os ambientes recifais de todo o planeta e a possibilidade de

alterações drásticas nesses ecossistemas nas próximas décadas (Hughes, 2017), a análise

integrada de variáveis biológicas para os impactos do MR é fundamental para observar

tendências que possam ser refletidas em ações de manejo preventivo à um dano

irreversível.

Sugestões para o manejo do Mergulho Recreativo:

O mergulho recreativo desordenado, intensivo e expansivo tem potencial de

causar uma nítida modificação na estrutura da comunidade recifal que pode desencadear

degradações irreversíveis ao ecossistema. Entretanto, quando realizado de forma

planejada e com manejo adequado, seu impacto pode ser espacialmente limitado e

reduzido, mantendo os benefícios socioeconômicos. Para que isso seja possível é

essencial que algumas práticas sejam banidas e outras incentivadas.

Deve-se desenvolver um projeto de educação ambiental (EA) eficaz e

transformador (Pedrini, 2010; Pedrini et al., 2015), a fim de envolver turistas e,

principalmente, os profissionais de mergulho, utilizando metodologias diversificadas

que valorizem o conhecimento ecológico local das pessoas. Profissionais conscientes,

na área profissional de mergulho, tem o poder de minimizar drasticamente todas as

ações danosas oriundas da atividade turística. Podem intervir junto ao mergulhador e

evitar que este cause danos por meio do pisoteio e toque no substrato (Camp & Fraser,

2012); podem ser cuidadosos no tráfego das embarcações; não jogar produtos químicos

na água e ainda elaborar soluções para redução dos impactos (ex: definição de trilhas

subaquáticas educativas), uma vez que estão diariamente acompanhando as operações

de mergulho e a observando natureza. Para isso, são necessárias campanhas massivas de

EA que gerem o sentimento de dependência e pertencimento ao recife.

A alimentação de peixes recifais deve ser banida. Os benefícios

socioeconômicos continuarão existindo provenientes da própria experiência de

mergulho, que leva o visitante a interagir com o ambiente marinho como espectador. As

alterações na estrutura da comunidade causadas pela prática de alimentação suplementar

são notáveis e ainda não sabemos seus efeitos a longo prazo.

Sugere-se que a atividade de MR seja espacialmente restrita e que o número de

mergulhadores não ultrapasse a capacidade de suporte do ponto de mergulho, que deve

ser calculada e respeitada. A abertura e ampliação de pontos de mergulho deve ser

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avaliada com cautela, analisando a vulnerabilidade biológica de cada área e a

possibilidade de instalação de trilhas subaquáticas. Além de ser um elemento diferencial

para o turismo local, as trilhas são uma eficiente ferramenta em Educação Ambiental

(Plathong et al., 2000; Berchez et al, 2005), podendo inclusive ser um eixo

transformador que atue propagando informações cientificas relevantes da área,

divulgando a conduta mais adequada que o turista deve ter no ambiente recifal e,

consequentemente, modificando o comportamento impactante que este poderia

apresentar (Pedrini et al, 2007).

O monitoramento sistemático e periódico é essencial para análise espacial e

temporal dos impactos do MR, e a definição de indicadores pode auxiliar gestores a

otimizar esse trabalho. Os resultados do presente estudo sugerem as seguintes variáveis

como indicadores do impacto do MR:

1) variação na cobertura de substrato,

2) índice de vulnerabilidade biológica,

3) densidade média do coral Favia gravida,

4) abundância de ouriços,

5) abundância de gastrópodes e

6) abundância das espécies de peixes invertívoros, herbívoros e carnívoros, que

no caso do presente estudo foram: Haemulon aurolineatum, Abudefduf saxatilis,

Stegastes fuscus, Sparisoma jovem e Ocyurus chrysurus.

Um dos desafios na pesquisa sobre o impacto do MR é, portanto, compreender o

nível de impacto turístico que uma área recifal pode sofrer sem perder sua

funcionalidade. Estudos com multi-indicadores em ambientes recifais devem ser

conduzidos de forma mais detalhada a fim de montar um conjunto de base de

indicadores e se definir limites de uso para o MR.

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APÊNDICE I – Resultados da Análise de Variância (ANOVA) para Corais

Tabela A – Análise de variância de dois fatores e teste de post-hoc de Tukey-Kramer para a abundância

de corais de acordo com os níveis de tratamento e Site. G. L – graus de liberdade, SQ – Soma dos

quadrados, MQ – Média dos quadrados, F-valor – Valor da estatística F, p-valor – valor de probabilidade

de significância.

G.L SQ MQ F-valor p-valor

Tratamento 2 1695 847.62 0.6153 0.5428

Site 6 8824 1470.69 1.0675 0.388

Resíduos 90 123991 1377.68

Tabela B - Análise de variância de dois fatores e teste de post-hoc de Tukey-Kramer para classes de

tamanho de colônias de acordo com os níveis de tratamento e Site. G. L – graus de liberdade, SQ – Soma

dos quadrados, MQ – Média dos quadrados, F-valor – Valor da estatística F, p-valor – valor de

probabilidade de significância, diferença – diferença de média, I.C. – Intervalor de confiança. C1 - < 5cm,

C2 – 6-10cm, C3 – 11-20cm, C4 - > 21cm.

G.L SQ MQ F-valor

p-

valor

Tratamento 2 26.5 13.24 1.2536

0.286

5

Classe colônia 3 2499 832.99 78.8455 <0.01

Tratamento vs. Colônia 6 33.4 5.57 0.5268 0.788

Resíduos 420 4437.2 10.56

Testes post-hoc (Classes de colônia)

Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado

C2-C1 -2.77083 -3.91172 -1.62994 < 0.01

C3-C1 -5.31944 -6.46033 -4.17856 < 0.01

C4-C1 -6.15741 -7.2983 -5.01652 < 0.01

C3-C2 -2.54861 -3.6895 -1.40772 < 0.01

C4-C2 -3.38657 -4.52746 -2.24569 < 0.01

C4-C3 -0.83796 -1.97885 0.302926 0.23194

Tabela C - Análise de variância de dois fatores e teste de post-hoc de Tukey-Kramer para categorias de

saúde dos corais de acordo com os níveis de tratamento e Site. G. L – graus de liberdade, SQ – Soma dos

quadrados, MQ – Média dos quadrados, F-valor – Valor da estatística F, p-valor – valor de probabilidade

de significância, diferença – diferença de média, I.C. – Intervalor de confiança. DEAD – Morto,

BLEACH – Branqueada, HEAL – Saudável, SICK – Doente.

G.L SQ MQ F-valor p-valor

Tratamento 2 26.5 13.24 0.8462 0.42978

Classe colônia 3 4881.8 1627.26 103.9678 < 0.01

Tratamento vs. Classe de colônia 6 171.6 28.61 1.8278 0.09224

Resíduos 420 6573.7 15.65

Testes post-hoc (Categorias de saúde)

Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado

DEAD-BLEAC -2.41435 -3.803 -1.02571 < 0.01

HEAL-BLEAC 6.275463 4.886817 7.664109 < 0.05

SICK-BLEAC -1.28472 -2.67337 0.103924 0.081266

HEAL-DEAD 8.689815 7.301169 10.07846 < 0.05

SICK-DEAD 1.12963 -0.25902 2.518275 0.155334

SICK-HEAL -7.56019 -8.94883 -6.17154 < 0.05

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APÊNDICE II – Abundância relativa das espécies da megafauna de invertebrados.

Tabela D – Relação de táxons da megafauna de invertebrados e sua respectiva abundância relativa (%) entre as áreas de alto uso turístico, baixo uso e controle. Destaca-se o

filo animal do táxon, o nome comum e o grupo funcional que o táxon foi enquadrado (NA – não se aplica, IS – Invertebrado Séssil, IE – Invertebrado Errante, GAS –

Gastrópodes e OUR – Ouriços). Não foi quantificada a abundância de seres coloniais, apenas sua presença (P – Presente, A – Ausente).

Filo Táxon / Espécie Nome comum Grupo funcional PRESENÇA / AUSÊNCIA

Abundância RELATIVA (%)

Alto uso Baixo uso Controle

Porifera Ircinia sp.

Cliona varians Esponja IS 12,81 6,85 0,41

Amphimedon sp.

Cnidaria

Agaricia humilis Coral cérebro NA P P P

Favia gravida Coral cérebro NA P P P

Millepora alcicornis Coral de fogo NA P P P

Palythoa caribaeorum Coral baba de boi NA P P P

Porites astreiodes Coral cérebro NA P P P

Protopalythoa variabilis Coral mole NA P P P

Siderastrea stellata Coral cérebro NA P P P

Zoanthus spp. Coral mole NA A P A

Ordem Actiniaria Anêmona IS 0,00 0,34 0,00

Ctenophora Bolinopsis vitrea Água viva IE 1,65 1,71 19,67

Annelida Hermodice sp Poliqueta de fogo IE 7,44 3,42 4,92

Ordem Canalipalpata Poliqueta tubícola IS 1,70 4,10 1,20

Mollusca - Cephalopoda Octopus insularis Polvo IE 0,41 0,34 1,23

Ordem Teuthida Lula IE 0,00 2,05 0,41

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Cont. Tabela 1:

Filo Táxon / Espécie Nome comum Grupo funcional

PRESENÇA / AUSÊNCIA

Abundância RELATIVA (%)

Alto uso Baixo uso Controle

Mollusca – Gastropoda Aplysia dactilomela Lesma do mar IE 4,55 1,37 3,28

Mollusca – Gastropoda

Cassis tuberosa Caracol GAS

16,50 18,00 30,80

Macrocypraea zebra Caracol GAS

Cerithium sp. Caracol GAS

Columbella sp. Caracol GAS

Leucozonia sp. Caracol GAS

Thais sp. Caracol GAS

Arthropoda - Crustacea

Panulirus argus Lagosta vermelha IE 0,00 0,68 0,00

Panulirus laevicauda Lagosta verde IE 0,00 1,03 0,82

Stomatopoda Tamarutaca IE 0,41 0,34 0,41

Paguroidea Paguro IE 0,00 0,68 0,82

Calappa ocellata

Caranguejo IE 1,65 0,34 2,05 Platypodiella spectabilis

Mithraculus sp.

Echinodermata Echinometra lucunter Ouriço-preto OUR 52,9 56,85 34,02

Urochordata Ascidacea Ascídias IS 0,00 2,00 0,00

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APÊNDICE III – Lista de espécies de peixes com suas respectivas abundâncias nas áreas com diferentes níveis de uso turístico.

Tabela E – Relação de espécies de peixes e sua respectiva abundância relativa (%) entre as áreas de alto uso turístico, baixo uso e controle.

Espécie Grupo trófico Alto uso Baixo uso Controle

N Abun. Rel (%) N Abun. Rel (%) N Abun. Rel (%)

Haemulon aurolineatum Cuvier, 1830 MIF 2568 54,98 1175 36,57 518 20,12

Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) TERH 485 10,38 592 18,43 738 28,66

Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) OMN 287 6,14 162 5,04 66 2,56

Sparisoma jovem ROVH 197 4,22 295 9,18 311 12,08

Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787) ROVH 180 3,85 137 4,26 211 8,19

Sparisoma axillare (Steindachner, 1878) ROVH 140 3,00 116 3,61 121 4,70

Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) ROVH 130 2,78 139 4,33 162 6,29

Ocyurus chrysurus (Bloch, 1791) CAR 92 1,97 11 0,34 7 0,27

Haemulidae jovem PLA 90 1,93 95 2,96 93 3,61

Sparisoma radians (Valenciennes, 1840) ROVH 87 1,86 69 2,15 26 1,01

Haemulon plumieri (Lacepède, 1801) MIF 70 1,50 49 1,53 24 0,93

Hemiramphus spp. OMN 48 1,03 14 0,44 0 0,00

Anisotremus virginicus (Linnaeus, 1758) MIF 28 0,60 49 1,53 43 1,67

Acanthurus coeruleus Bloch & Schneider, 1801 ROVH 26 0,56 28 0,87 13 0,50

Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818) PIS 20 0,43 0 0,00 0 0,00

Scarus trispinosus Valenciennes, 1840 ROVH 19 0,41 41 1,28 63 2,45

Pseudupeneus maculatus (Bloch, 1793) MIF 18 0,39 7 0,22 4 0,16

Cephalopholis fulva (Linnaeus, 1758) CAR 18 0,39 10 0,31 12 0,47

Haemulon parra (Desmarest, 1823) MIF 17 0,36 30 0,93 25 0,97

Myripristis jacobus Cuvier, 1829 MIF 14 0,30 6 0,19 12 0,47

Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765) MIF 12 0,26 14 0,44 15 0,58

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Continuação tabela E:

Espécie Grupo trófico Alto uso Baixo uso Controle

Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 ROVH 11 0,24 10 0,31 7 0,27

Eucinostomus lefroyi (Goode, 1874) MIF 11 0,24 4 0,12 7 0,27

Carangoides bartholomaei (Cuvier, 1833) CAR 9 0,19 11 0,34 4 0,16

Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) CAR 8 0,17 7 0,22 16 0,62

Anisotremus surinamensis (Bloch, 1791) MIF 8 0,17 9 0,28 10 0,39

Scarus zelindae Moura, Figueiredo & Sazima, 2001 ROVH 7 0,15 3 0,09 6 0,23

Ophioblennius trinitatis Miranda Ribeiro, 1919 TERH 7 0,15 13 0,40 5 0,19

Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) MIF 7 0,15 8 0,25 3 0,12

Chaetodon striatus Linnaeus, 1758 CAR 7 0,15 3 0,09 5 0,19

Sparisoma amplum (Ranzani, 1842) ROVH 6 0,13 6 0,19 8 0,31

Pareques acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) MIF 6 0,13 5 0,16 0 0,00

Bothus ocellatus (Agassiz, 1831) PIS 5 0,11 0 0,00 0 0,00

Serranus flaviventris (Cuvier, 1829) MIF 5 0,11 2 0,06 5 0,19

Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758) CAR 4 0,09 1 0,03 1 0,04

Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) TERH 3 0,06 0 0,00 4 0,16

Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863 MIF 3 0,06 6 0,19 11 0,43

Alphestes afer (Bloch, 1793) MIF 3 0,06 2 0,06 1 0,04

Gymnothorax vicinus (Castelnau, 1855) CAR 2 0,04 2 0,06 0 0,00

Archosargus rhomboidalis (Linnaeus, 1758) SIF 2 0,04 4 0,12 1 0,04

Microspathodon chrysurus (Cuvier, 1830) TERH 2 0,04 0 0,00 0 0,00

Paralichthys sp. CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00

Muraena pavonina Richardson, 1845 MIF 1 0,02 2 0,06 0 0,00

Sphyraena picudilla Poey, 1860 PIS 1 0,02 2 0,06 0 0,00

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Continuação tabela E:

Espécie Grupo trófico Alto uso Baixo uso Controle

Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) OMN 1 0,02 0 0,00 0 0,00

Scorpaena plumieri Bloch, 1789 CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00

Odontoscion dentex (Cuvier, 1830) MIF 1 0,02 64 1,99 1 0,04

Strongylura timucu (Walbaum, 1792) CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00

Ctenogobius saepepallens (Gilbert & Randall, 1968) MIF 1 0,02 0 0,00 1 0,04

Gymnothorax miliaris (Kaup, 1859) CAR 1 0,02 0 0,00 2 0,08

Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824) MIF 0 0,00 1 0,03 0 0,00

Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1791) MIF 0 0,00 1 0,03 3 0,12

Chaetodon ocellatus Bloch, 1787 SIF 0 0,00 1 0,03 0 0,00

Diodon holocanthus Linnaeus, 1758 MIF 0 0,00 2 0,06 0 0,00

Mulloidichthys martinicus (Cuvier, 1829) MIF 0 0,00 0 0,00 2 0,08

Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825) MIF 0 0,00 1 0,03 3 0,12

Pomacanthus paru (Bloch, 1787) OMN 0 0,00 1 0,03 1 0,04

Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) MIF 0 0,00 2 0,06 0 0,00

Mycteroperca bonaci (Poey, 1860) PIS 0 0,00 1 0,03 0 0,00

Sinodus spp. PIS 0 0,00 0 0,00 1 0,04

Gymnothorax moringa (Curvier, 1829) CAR 0 0,00 0 0,00 1 0,04

Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007 CAR 0 0,00 0 0,00 1 0,04

Gramma brasiliensis Sazima, Gasparini & Moura, 1998 PLA 0 0,00 0 0,00 1 0,04

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APÊNDICE IV – Abundância relativa por classe de tamanho da ictiofauna

Tabela F – Variação da abundância média por classe de tamanho dos peixes entre as áreas turísticas de

Alto uso, Baixo uso e Controle.

Abundância média Alto uso Baixo uso Controle

< 5cm 29,16 ± 31,53 26,97 ± 24,58 18,41 ± 13,02

6 - 10 cm 44,38 ± 31,73 30,28 ± 8,89 31,16 ± 7,9

11 - 20 cm 50,19 ± 42 26,61 ± 31,62 16,55 ± 9,43

21 - 30 cm 4,44 ± 3,81 3,44 ± 3,22 3,41 ± 3,79

31 - 40 cm 1,08 ± 1,76 1,11 ± 2,3 1,5 ± 3,81

> 40 cm 0,47 ± 1,12 0,83 ± 2,02 0,47 ± 0,88

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Os impactos do mergulho recreativo como tema de um

projeto de Educação Ambiental

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OS IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS COMO TEMA

DE UM PROJETO DE EDUCAÇÂO AMBIENTAL

The impacts of recreational divers in reefs as a theme in an environmental education project

1 INTRODUÇÃO

Na tentativa de auxiliar a resolução das problemáticas socioambientais que o planeta enfrenta, a Educação Ambiental (EA) se mostra uma ferramenta eficaz (Dias, 2010). A EA almeja despertar sujeitos ecológicos críticos e ativos, que compreendam a dimensão global da crise ambiental e que busquem soluções simples e criativas para problemas locais. A base metodológica da EA é a interdisciplinaridade, buscando retirar o véu que separa seres humanos do meio ambiente e indicar que o caminho para solução da crise está centrado na relação humano-cultura-ambiente (Pedrini, 2007; Carvalho, 2012).

Dentre as diferentes formas de se trabalhar a EA, as diretrizes curriculares nacionais afirmam que ela deve ser tratada em todas as modalidades de ensino formal, de maneira interdisciplinar e transversal (Brasil, 2002). Uma das alternativas para o desenvolvimento de metodologias que atendam a essas diretrizes no contexto escolar é a aprendizagem através de projetos (Brasil, 1998). Esta é uma proposta alinhada com o atual processo de ensino-aprendizagem, que sugere novas estratégias adequadas a um currículo integrado, e que busca valorizar o contexto de várias disciplinas (Capra, 2003; Narcizo, 2009).

Apesar de serem considerados como potenciais solucionadores dos problemas socioambientais, na prática, diversos projetos de EA parecem “reinventar a roda”, em que os mesmos são elaborados, executados e finalizados, sem necessariamente passarem por uma avaliação de seus resultados. Podem-se destacar como principais dificuldades dos projetos de EA: (1) descontinuidade dos projetos; (2) desqualificação e desmotivação dos educadores (Dias, 2010); (3) frequente confusão do ensino de biologia/ecologia com EA e (4) limitação dos conteúdos nos recorrentes conceitos de poluição, desmatamento, camada de ozônio e reciclagem (Tanner, 1978; Pedrini, 2010; Pedrini et al., 2011). Os últimos problemas apontados foram amplamente difundidos no início do movimento de EA institucional no Brasil, reforçando a visão naturalista do meio ambiente e deixando de lado as relações existentes entre humanos/natureza e a possibilidade de resolução da crise socioambiental (Carvalho, 2012; Dias, 2010; Reigota, 1994).

A eficácia dos projetos de EA pode ser analisada de acordo com as mudanças comportamentais que provoca nas pessoas. Indica-se, portanto, afastar-se da “ingenuidade ambiental” e partir para uma educação questionadora, que estimule o aluno a pensar, refletir e ousar (Demo, 2003; Gadotti, 2005; Pedrini, 2006; Padua, 2001). Abordagens que tratam de medir a eficácia de projetos em EA vêm sendo testadas no Brasil desde o início da década de 1990 (Padua, 1991), e os resultados destes estudos mostram que a presença de áreas naturais dos ambientes informais é uma grande oportunidade de aprendizado. Além disso, a forma de trabalhar a EA não deve ser unicamente de um ambiente, sendo a combinação correta de EA formal e informal o segredo para se alcançar os resultados (Padua, 1997).

Considerando as dificuldades e os problemas supracitados na elaboração e execução de projetos de Educação Ambiental, o presente estudo utilizou uma temática socioambiental regional para trabalhar em uma pequena comunidade litorânea do nordeste brasileiro. Os impactos que o mergulho recreativo gera nas zonas recifais foi o tema explorado, questionando o uso de recursos naturais e sua relação com a comunidade como principal fonte de renda.

Partindo desse contexto, o projeto de EA teve uma abordagem metodológica diversificada, utilizando saberes locais dos participantes e seus familiares, vídeos, aulas expositivas, mapa conceitual, pesquisa como instrumento de ensino e vivência em ambientes recifais. Por fim, foi averiguada a eficácia do projeto com o uso de pré-testes e pós-testes.Este estudo de caso teve como meta gerar conhecimento científico sistematizado sobre metodologias eficazes em EA, contribuindo para que as transformações socioambientais

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ocorram efetivamente no nosso meio, formando sujeitos ecológicos capazes de operar tais transformações (Carvalho, 2012).

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Área de Estudo

O desenvolvimento deste projeto de EA ocorreu na Escola Municipal Professor Esmerino Gomes localizada no distrito de Caraúbas, município de Maxaranguape – Rio Grande do Norte (RN), Brasil. O município de Maxaranguape está localizado no litoral oriental do Rio Grande do Norte a 54 quilômetros de distância da capital Natal (Figura 1). Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada município foi de 10.441 habitantes, sendo 3.889 habitantes da zona urbana e 6.552 habitantes na zona rural, com uma área territorial de 131,7 km2 (Silva, 2009).

Figura 1 - Localização do município de Maxaranguape e faixada da

escola alvo do estudo (Fonte: Jodson Almeida/UEAP)

A escola foi selecionada por se localizar nos limites de influência da Área de Proteção

Ambiental Estadual Marinha dos Recifes de Corais (APARC) e por grande parte dos familiares dos alunos atuarem direta ou indiretamente com atividades econômicas nos recifes da APARC, seja como pescadores ou como profissionais do turismo (IDEMA, 2012). Além disso, esta é a única escola da comunidade de Caraúbas e atende aproximadamente 240 alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental (Figura 2). No turno matutino ocorrem as aulas do 1º ao 5º ano e no turno vespertino do 6º ao 9º ano. A infraestrutura da escola é precária, possuindo cinco salas de aula, uma cozinha e dois banheiros. Existe ainda uma única sala que é utilizada como sala dos professores, diretoria, secretaria e depósito de materiais.

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Figura 2 - Turma-alvo das ações do projeto (Foto: Tássia Almeida).

Figura 3 - Escola Municipal Prof. Esmerino Gomes

(Foto: Tássia Almeida)

2.2 Coleta de dados

A pesquisa realizada foi quali-quantitativa a fim de obter uma compreensão e explicação mais ampla do tema estudado (Minayo, 1993). Optou-se por utilizar o estudo de caso em virtude da possibilidade de compreensão de um fenômeno que pode ser amplo, em um contexto específico (Yin, 2010).

Esse estudo de caso foi realizado no período de junho de 2014 a abril de 2016, através da realização e avaliação de um projeto de Educação Ambiental. O tema do projeto foi “os impactos do mergulho recreativo”. Esse tema permitiu a discussão de como os alunos e seus familiares se relacionam com o recife, bem como exigiu o exercício do pensamento crítico sobre o custo-benefício da atividade turística na área.

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Os objetivos do projeto foram: 1) problematizar as formas de uso atuais do ambiente recifal, 2) promover um aumento do conhecimento dos alunos sobre esse ecossistema e 3) modificar a visão de como se relacionar com o mesmo, seguindo as diretrizes da campanha de "Conduta consciente em ambientes recifais" lançada pelo do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2011).

A expectativa ao final do projeto era de despertar o interesse dos alunos para áreas de ciências do mar, através da valorização da região onde eles vivem, valorização do conhecimento dos próprios alunos e familiares e apresentar profissões ligadas com a formação acadêmica em ciências do mar.

A logística do projeto permitiu sua execução envolvendo no máximo 40 alunos, com 8 encontros. No primeiro encontro foi realizada a apresentação do projeto para a equipe pedagógica da escola e decidido foco de trabalho com o 7º ano, considerando o currículo dessa série como o mais adequado às questões que foram tratadas no projeto (seres vivos, pesquisa científica, história regional). Também se optou por esta turma por ser a maior da escola, com 35 alunos. Os encontros e metodologia executada são descritos a seguir:

Encontro 1: apresentação do projeto à equipe pedagógica da escola. Foram apresentados os motivos pelos quais a escola foi escolhida e a necessidade de discutir com os alunos as formas de uso do recife e sua importância ecológica, econômica e cultural.

Encontro 2: apresentação do projeto aos alunos e familiarização com o ambiente recifal. Antes do início do projeto foram realizadas entrevistas (pré-teste) com o intuito de avaliar previamente os conhecimentos e atitude dos alunos sobre os recifes. Após esse momento, ocorreu a apresentação da equipe do projeto e aula expositiva, com uso de Datashow, sobre os ambientes recifais, a importância dos recifes da APARC e seus diversos usos.

Encontro 3: foi realizada uma conversa informal entre os alunos-alvo do projeto e seus familiares, a fim de adquirir mais conhecimento sobre os recifes da APARC. Essa conversa foi sistematizada e as informações obtidas inseridas no encontro seguinte.

Encontro 4: foi construído um mapa conceitual reunindo as informações adquiridas com os familiares e adicionando o conhecimento científico, para compreender a história e a biodiversidade do recife.

Encontro 5: abordou-se o papel do biólogo marinho e a função de uma pesquisa científica. Foi apresentado um curta metragem sobre a vida de um cientista e discutiu-se como essa profissão pode se enquadrar com os interesses profissionais dos alunos.

Encontro 6: neste encontro ocorreu a vivência ao recife de Maracajaú, a principal área de visitação turística da APARC. Os alunos realizaram práticas científicas, aplicaram questionários com turistas e contabilizaram colônias de corais, a fim de compreender como se estima os impactos causados pela atividade turística.

Encontro 7: construção de um painel fotográfico e fechamento do projeto, após esse momento aplicou-se o segundo teste (pós-teste1), consistindo das mesmas questões abordadas no pré-teste.

Encontro 8: em 2016 houve o reencontro com os alunos, depois de 18 meses aplicou-se o segundo pós-teste (pós-teste2) com as mesmas questões anteriores e realizada uma entrevista sobre a percepção do projeto.

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2.3 Testando a eficácia do projeto

Para se testar a eficácia do projeto foi utilizada a metodologia de planejamento/processo/produto, adaptado de Jacobson (1991). Foram utilizados recursos audiovisuais simples (data show, computador, mapas conceituais, fotografias) e a vivência na APA dos Recifes de Corais. Como produto de avaliação foi realizada uma entrevista sobre o tema desenvolvido. Esta entrevista foi aplicada três vezes: antes da execução do projeto de EA (pré-teste), outra logo após a realização do projeto (pós-teste 1) e, novamente, um ano e meio após a sua conclusão (pós-teste 2). Apesar de não ser um teste absoluto do grau de modificação que os alunos sofreram, a comparação entre médias das notas das entrevistas pré/pós-projeto permitiu obter uma percepção fiel do quanto os alunos assimilaram os temas que foram trabalhados.

A avaliação prévia dos conhecimentos e atitudes dos alunos sobre o tema ambientes recifais e impacto do mergulho recifal (pré-teste) foi realizada no segundo encontro na escola, com perguntas realizadas individualmente para os alunos da turma selecionada. A entrevista foi interativa, com uso de recursos digital, realizado em computadores levados pela equipe do projeto. As questões aplicadas eram abertas e fechadas, com 10 questões que envolviam conhecimentos prévios sobre o recife e 10 questões sobre postura e comportamento no ambiente marinho. Para cada questão respondida corretamente, o aluno recebeu um ponto, com a nota final podendo chegar a 20 pontos (Apêndice A).

As questões sobre a postura no ambiente marinho foram extraídas da campanha do MMA "Conduta consciente em ambientes recifais", que indica dez maneiras de nos comportarmos no ambiente recifal. As ilustrações da cartilha da campanha (MMA, 2011) foram utilizadas na entrevista, onde as mesmas eram exibidas e se questionava se aquele comportamento da imagem era correto ou errado.

No pós-teste 1 foi realizada a mesma entrevista do pré-teste. O pós-teste 2 foi realizado em abril de 2016 e também consistiu na aplicação da mesma entrevista. Além disso, no encontro de 2016 foi realizado um pequeno levantamento da percepção do projeto, para se compreender aspectos qualitativos da importância que o projeto exerceu nas vidas dos alunos.

Visando diminuir a possibilidade de não encontrar os alunos que foram entrevistados em 2014, foi criada uma lista com informações sobre suas famílias e outros contatos, como redes sociais, telefones e endereços de familiares. Esta lista foi utilizada para localizar alunos entrevistados em 2014 e que não estivessem mais na escola e realizar a entrevista.

Os dados das entrevistas foram tabulados e resumidos em tabelas e gráficos utilizando o programa Excel 2007 (Software, Inc. 2007), os valores apresentados consistem na pontuação média da turma por questão.

As médias da pontuação da turma nos momentos: pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2 foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Uma vez constatada a normalidade dos dados foi realizada uma comparação das médias através de uma análise de variância (ANOVA). Todos os testes estatísticos foram realizados no programa Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001).

3 RESULTADOS

3.1 Perfil dos participantes:

Dos 35 alunos participantes da pesquisa, a proporção de gênero foi semelhante, com idade média dos participantes de 13 anos (em 2014), a maioria nasceu em Natal (80%) e aproximadamente 77% dos alunos residem de 9 a 15 anos na localidade (Tabela 1).

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Tabela 1- Perfil dos participantes do projeto de Educação Ambiental

N TOTAL =35 CATEGORIAS N %

SEXO MASCULINO 17 49

FEMININO 18 51

IDADE

12 ANOS 11 31,4

13 ANOS 16 45,7

14 ANOS 3 8,6

15 ANOS 5 14,3

NATURALIDADE

NATAL 28 80

MAXARANGUAPE 3 8,6

OUTROS MUNÍCIPIOS 3 8,6

OUTRO ESTADO 1 2,9

TEMPO DE RESIDÊNCIA EM

CARAÚBAS

10 - 15 ANOS 27 77,1

5 - 9 ANOS 1 2,8

1 - 4 ANOS 7 20

3.2 A eficácia do projeto de EA:

O conhecimento dos alunos sobre o tema discutido aumentou após a realização do projeto. As questões mais acertadas foram referentes à visita ao recife, o conceito de APA, o entendimento de que o recife de Maracajaú faz parte de uma APA e a função de um biólogo. Não houve redução na pontuação média entre as questões após a execução do projeto (Tabela 2).

Tabela 2-Variação da pontuação média por questão de conhecimento sobre ambientes recifais

entre o pré-teste, pós-teste 1 (2014) e pós-teste 2 (2016) e desvio padrão.

QUESTÃO Média pré-teste

± DP

Média pós-teste 2014

± DP

Média pós-teste 2016

± DP

1. O que é isso? (Foto do recife de Maracajaú) 0,8 ± 0,38 1 ± 0,00 1 ± 0,00

2. Você já visitou esse lugar? 0,3 ± 0,48 0,7 ± 0,46 0,71 ± 0,45

3. Escolha cinco animais que moram nos recifes (Fotos de vários animais, que pertenciam ou não ao ambiente marinho)

0,8 ± 0,16 0,98 ± 0,05 0,95 ± 0,09

4. Você acha que o recife é importante? Por quê?

0,8 ± 0,20 0,91 ± 0,18 0,92 ± 0,18

5. O que é uma Área de Proteção Ambiental? 0,4 ± 0,50 0,7 ± 0,46 0,75 ± 0,43

6. O recife de Maracajaú faz parte de uma APA?

0,3 ± 0,49 1 ± 0,00 1 ± 0,00

7. O que um biólogo faz? 0,4 ± 0,50 0,79 ± 0,46 0,81 ± 0,39

8. O que é uma pesquisa? 0,9 ± 0,28 0,7 ± 0,46 0,9 ± 0,29

9. Para que serve uma pesquisa? 0,8 ± 0,36 0,8 ± 0,4 0,9 ± 0,29

10. Diga o nome desses animais? (Fotos dos animais marinhos) 0,7 ± 0,19 0,81 ± 0,14 0,77 ± 0,17

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A segunda etapa da entrevista, que se baseou na campanha de conduta consciente nos ambientes recifais, versou sobre o entendimento de atitudes certas ou erradas que poderiam ocorrer em ambientes recifais, utilizando como exemplo os recifes de Maracajaú.

Aqui, o principal aumento se deu na visão benefício/malefício que a atitude de alimentar os animais poderia causar. Essa questão apresentou o maior aumento de médias (Tabela 3).

Tabela 3-Variação da pontuação média por questão de postura e comportamento em ambientes recifais entre o pré-teste, pós-teste 1 (2014) e pós-teste 2 (2016) e desvio padrão. Os alunos deveriam responder se a atitude da ilustração era correta ou errada. Questões baseadas na campanha “Conduta consciente nos ambientes recifais”.

QUESTÃO (Ilustrações com exemplos da ação)

Média pré-teste ± DP

Média pós-teste 2014

± DP

Média pós-teste 2016

± DP

11. Tocar nos animais? 0,8 ± 0,32 0,93 ± 0,25 0,96 ±0,17

12. Juntar o lixo? 1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00

13. Alimentar os animais? 0,3 ± 0,49 0,86 ± 0,34 0,84 ± 0,36

14. Pisar no recife? 0,8 ± 0,38 1 ± 0,00 0,96 ± 0,17

15. Levar conchas e animais para casa?

0,9 ± 0,24 1 ± 0,00 0,9 ± 0,29

16. Nadar muito rápido? 0,9 ± 0,28 0,96 ± 0,18 1 ± 0,00

17. Prestar atenção nas palavras dos profissionais?

1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00

18. Levantar areia ao nadar? 0,9 ± 0,17 1 ± 0,00 0,96 ± 0,17

19. Levar do recife apenas fotos 1 ± 0,00 1 ± 0,00 0,93 ±0,24

20. Procurar saber as regras da área que você está visitando?

1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00

Uma vez somados os valores, a pontuação média total da turma cresceu significativamente entre os eventos analisados (ANOVA p<0,01; F=20,8), com a média se elevando de 15,53 pontos no pré-teste, para 18,17 no pós-teste1 (logo após o projeto) e 18,34 no pós-teste 2, um ano e meio após a conclusão do projeto de EA. Não houve diferença significativa entre os pós-testes de 2014 e 2016 (Figura 4).

Figura 4 - Pontuação média total da turma antes da realização do projeto,

logo após a execução do projeto de EA e um ano e meio depois.

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A percepção dos alunos sobre a eficácia do projeto foi positiva. Em 2016, durante a aplicação do segundo pós-teste, 93% dos alunos recordaram imediatamente do projeto de EA que foi desenvolvido na escola. Para a maioria deles, a etapa mais importante do projeto foi a visita ao recife (50%). Quase 80% deles mencionaram que o projeto foi importante para sua vida, citando aquisição de conhecimento (53%) e a modificação de suas atitudes (34%) como os principais aspectos de sua vida que foram alterados devido o contato com o projeto. Para 84% dos alunos o objetivo do projeto foi alcançado, e 60% considerou que projetos de EA desenvolvidos na escola, incluindo o presente, foram os que mais marcaram suas vidas até o momento.

4 DISCUSSÃO

Utilizar “os impactos do mergulho recreativo” como tema de projeto de educação ambiental (EA) despertou o interesse dos alunos em conhecer e vivenciar na prática as ciências do mar. O tema permitiu a discussão de como uma questão socioeconômica positiva, que gera emprego e renda com a atividade turística, pode ser também negativa e comprometer o futuro dos próprios alunos.

Para a comunidade em questão, o turismo ao recife é uma atividade tão cotidiana que a reflexão sobre seus impactos ambientais e consequências na vida dos alunos é, muitas vezes negligenciada. Desenvolver a habilidade da observação, identificação de um problema e como resolver o mesmo é um desafio na formação de cidadãos críticos, ativos e com capacidade transformadora (Demo, 2003; Pedrini et al., 2015), e este início de processo foi observado com o projeto.

O perfil dos participantes do projeto de EA foi de adolescentes de baixa renda, em sua maioria não repetentes do 7º ano e residentes por toda sua vida na localidade de Caraúbas. Apesar de na entrevista não se tratado a renda mensal familiar sabe-se que todos os alunos em questão são de famílias com baixa renda pois os poucos moradores com renda mais elevada levam seus filhos para estudarem na capital em escolas particulares. Os estudantes que participaram do projeto de EA pertenciam, na sua maioria, a classe média baixa e alguns no grupo de extrema pobreza (Kamakura e Mazzon, 2013), como o caso de quatro alunos residentes em um assentamento rural próximo ao distrito (observação pessoal).

De maneira geral, os alunos possuíam conhecimento inicial considerável sobre os assuntos abordados, conseguindo explicar os conceitos abordados no projeto. O fato de serem empregadas entrevistas com uso de ferramentas digitais e com imagens locais, pode ter colaborado para as médias obtidas no pré-teste. Vasconcellos-Guedes e Guedes (2007) apontam as vantagens do uso de entrevistas no controle da amostra, na quantidade de dados possíveis de serem coletados, no índice de respostas e na confiabilidade dos dados. Além disso, o elevado conhecimento empírico dos alunos sobre os temas analisados era esperado, uma vez que os mesmos têm contato direto com animais marinhos advindos da pesca e turismo, além do recife de Maracajaú ser alvo constante de discussões na comunidade (Tribuna do Norte, 2007; 2012).

O aumento das pontuações médias nas questões sobre visita ao recife, conceito de APA, entendimento que o recife de Maracajaú faz parte de uma APA e função de um biólogo, foi associado diretamente à realização do projeto de EA por serem questões muito específicas. Apesar de nem todos os alunos terem participado da atividade de vivência ao recife, os encontros em sala discutiram de forma lúdica conceitos de APA, biodiversidade e importância ecológica de ambientes recifais e o papel da pesquisa científica neste ecossistema. O desconhecimento de que sua localidade faz parte de uma Unidade de Conservação (UC) é algo comum no Brasil, principalmente onde a implementação dessas UCs ocorre de forma impositiva e sem discussão social abrangente (Gerhardinger et al., 2007; Lima e Cascon, 2008; Torres et al., 2009; Pedrini et al., 2013), como foi o caso da APARC.

O principal aumento da pontuação média nas questões de atitudes foi a inversão da percepção equivocada de que alimentar os animais era uma ação correta. O contato com a

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campanha do MMA de "Conduta consciente dos ambientes recifais" foi esclarecedor para associar o bem-estar recifal à menor interferência possível de visitantes aos recifes. Os principais efeitos da ação da alimentação de animais silvestres por turistas incluem alterações dos padrões ecológicos e comportamentais das populações, dependência e habituação, aumento da agressividade e aumento na taxa de doenças e injúrias nos animais (Orams, 2002).

A manutenção das respostas corretas após 18 meses da finalização do projeto indica a eficácia do mesmo segundo os parâmetros analisados nas entrevistas. Parte da eficácia de projetos de EA deve-se à associação de ações em ambientes formais e informais (Padua ,1997), como foi o caso do presente trabalho que realizou vivência com mergulho livre e aplicação de técnicas de coleta de dados científicos. Além disso, as visitas às residências de alunos e valorização do conhecimento local na construção dos temas trabalhados auxiliou na sua eficácia, uma vez que esta ferramenta é mencionada como sendo importante em abordagens de trabalhos etnocientíficos (Costa-Neto e Marques, 2001; Diegues, 2001; Begossi, 2008). Deve-se considerar também que o tema abordado no projeto trata de uma problemática presente no cotidiano destes alunos, o que influenciou nos resultados, pois trabalhar com assuntos longe da realidade do aluno pode não causar tanto impacto na vida dele quanto um tema próximo de sua vivência (Freire, 1996).

Durante a execução do projeto e nas entrevistas de percepção foi constatada a existência de outros projetos que ocorreram na escola, dentre eles: uma visita ao Rio Potengi, um projeto sobre dengue executado pelos próprios alunos e projetos esportivos e culturais. Todos esses foram citados como importantes na vida dos alunos, o que indica a relevância dos mesmos na vida dos participantes. Aqui levanta-se a questão se a eficácia do projeto de EA pode estar relacionada a fatores socioeconômicos como renda e a estrutura da escola-alvo do projeto. Será que se o mesmo projeto tivesse sido aplicado em uma escola em que uma gama de ações ocorre frequentemente, para alunos com melhores condições financeiras, a experiência teria sido tão intensa de forma que transformações efetivas pudessem ser mantidas ao longo do tempo?

Outro fator decisivo na compreensão dos resultados apresentados é com relação à forma de medir a eficácia do projeto de EA. Apesar de compreender as limitações do método e que uma entrevista sobre conhecimentos e atitudes pontuais não seja um fator definitivo na transformação social dos participantes, foram registradas mudanças na concepção dos alunos sobre conceitos trabalhados no projeto, atingindo um dos objetivos esperados que foi despertar o interesse dos alunos em ciências do mar, evidenciando questões sobre a conservação recifal. As possíveis transformações sociais poderão ocorrer a longo prazo, com alunos que possam enveredar nos caminhos científicos e atuar na sua própria localidade. Dois alunos descreveram vontade em cursar ciências biológicas e que, após a realização do projeto, iniciaram um trabalho voluntário com um recém-fundado grupo de proteção às tartarugas marinhas na comunidade.

A deficiência na presente pesquisa realizada foi a falta de um grupo controle para elucidar se apenas o projeto de EA contribuiu para a manutenção dos resultados do pós-teste 2 ou houve outro fator influente. A inclusão de um grupo controle permite inferir de maneira mais precisa e acurada as questões relativas à eficácia de um projeto (Padua, 1997). No entanto, em 2016 foi questionado aos alunos participantes do projeto de EA, se outras ações ou campanhas sobre a APA ocorreram durante o período intervalar à pesquisa e a resposta foi negativa. A partir dessas informações e de observações diretas ao longo do tempo na escola, credita-se ao projeto de EA o principal responsável pelas mudanças nas médias de acertos das respostas dos alunos.

A principal contribuição do presente artigo é elucidar que para a eficácia de projetos de EA deve-se considerar fatores como a realidade social em que as pessoas estão inseridas, condição socioeconômica de um determinado grupo, metodologias utilizadas e continuidade do projeto. A abordagem trabalhada neste projeto pode ser ampliada, por meio de projetos comparativos, e avaliações de resultados buscando estabelecer um modelo de projeto em EA eficaz, com baixo custo e que possa ser replicado de forma sistemática na educação formal e não-formal.

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Considerando a realidade social e econômica brasileira, com falta de investimentos em políticas voltadas à EA, encontra-se um cenário onde a teoria é muito discutida (Kawasaki e Carvalho, 2009) e a prática é realizada, ou por grupos sociais em ambientes não-formais de maneira pontual, ou em ambientes formais por professores pouco capacitados a desenvolverem projetos (Marsulo e Silva, 2005). A capacitação docente em EA é necessária e isto implica em dar-lhes os instrumentos mínimos para que sejam agentes de sua própria formação (Medina, 2001). Ainda sobre pontos essenciais no processo de capacitação do educador ambiental, destaca-se a estimulação do educador a acreditar na sua capacidade de atuação, contato com métodos e técnicas de EA que possam ser interpretados e apropriados para as práticas cotidianas, e fomentar a compreensão de que o educador ambiental atua como pesquisador visando a solução de problemas e incorporação de valores voltados à sustentabilidade (Sorrentino, 2001).

O Estado deve ter papel central na fomentação de melhoria de programas de EA, no qual a responsabilidade do processo recairia sobre os diversos setores sociais, atuando em conjunto pela implementação de uma EA real e transformadora, até que pequenas iniciativas pontuais que necessitem de poucos recursos, se tornem contínuas e amplas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de caso apresentado indica que o projeto de Educação Ambiental com a

abordagem metodológica utilizada foi eficaz na promoção de transformações focadas no tema trabalhado. Esta eficácia pode estar relacionada com o contexto socioeconômico e cultural que os alunos estão inseridos, visto que o tema abordado no projeto foi uma problemática local e de extrema importância econômica para a comunidade. Outro fator que pode ter se relacionado a essa eficácia, foi a baixa frequência de outros projetos na escola, que pode ter sido um fator decisivo na intensidade com que as questões trabalhadas no projeto marcassem a vida dos participantes.

Este estudo levanta a problemática da falta de investimentos em políticas que promovam projetos em EA e as implicações que este déficit causa na elevada frequência de projetos com limitações de recursos, muitas vezes associados a profissionais sem capacitação. Indica-se ainda o papel do Estado e dos setores sociais pela implementação de metodologias eficazes em EA.

Sugere-se o uso de metodologias que incluam os saberes locais dos sujeitos-alvo dos projetos de EA, bem como vivências em ambientes informais que possibilitem o estreitamento da relação de pertencimento à sua localidade. A partir deste trabalho espera-se que seja gerado conhecimento metodológico e sistemático na prática da EA, e que maiores números de projetos sejam observados e avaliados a fim de que se desenvolva um modelo eficiente e prático que opere efetivamente pelas transformações socioambientais que o planeta necessita.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista do pré/pós-teste projeto de educação ambiental

ENTREVISTA - PRÉ/PÓS-TESTE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Dados gerais:

ID: Nome: Idade:

Sexo: Local de nascimento:

Tempo de residência em Caraúbas:

1. O que é isso? (FOTOS DO RECIFE DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

MARINHA, CONHECIDO LOCALMENTE COMO PARRACHO* DE

MARACAJAÚ)

2. Você já visitou esse lugar?

3. Escolha 5 animais que moram no Parracho. (FOTO DE 10 ANIMAIS, 5

MARINHOS)

4. a) Você acha que o Parracho é importante?

b) Por quê?

5. O que uma Área de Proteção Ambiental?

6. O Parracho de Maracajaú faz parte de uma APA?

7. O que um biólogo faz?

8. O que é uma pesquisa?

9. Para que serve uma pesquisa?

10. Diga os nomes desses animais. (FOTOS DE DEZ ANIMAIS HABITANTES

DOS PARRACHOS)

*VEJA AS FIGURAS E DIGA SE A ATITUDE É CERTA OU ERRADA DE

SE FAZER QUANDO SE ESTIVER VISITANDO O PARRACHO:

11. Tocar nos animais

12. Juntar o lixo

13. Alimentar os animais

14. Pisar no recife

15. Levar conchas e animais pra casa

16. Nadar muito rápido

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17. Prestar atenção nas palavras dos profissionais

18. Levantar areia ao nadar

19. Levar apenas fotos de recordação do recife

20. Procurar saber as regras da área que você está visitando

APÊNDICE B – Entrevista de percepção dos alunos

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DOS ALUNOS

1- Você lembra do projeto Biomar?

2- Qual a etapa do projeto você acha que foi mais importante?

3- Você acha que o projeto foi importante para a sua vida?

4- Se sim, cite um aspecto da sua vida que foi modificada pelo projeto?

5- O projeto Biomar teve como objetivo despertar em vocês o interesse por

ciências do mar, você acha que ele cumpriu com seu objetivo?

6- Qual atividade que ocorreu na sua vida que mais marcou você? Algum

projeto cultural, de educação ambiental, de dança...Qualquer um!

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho reúne informações e acrescenta dados que auxiliam na

compreensão de como o mergulho recreativo pode causar impactos nos ambientes

recifais tropicais do Brasil. As considerações apresentadas poderão auxiliar na gestão

integrada da atividade no Brasil e contribuem no entendimento de como estes impactos

agem em ambientes recifais com baixa cobertura coralínea.

Observou-se o crescimento ao longo do tempo de trabalhos científicos com o

tema, contudo ainda é necessário um maior número de estudos que identifiquem o perfil

dos mergulhadores e relacionem seu comportamento com possíveis danos gerados aos

ambientes recifais. Além disso, a análise da literatura indicou a carência de indicadores

próprios para os recifes do Brasil, que possuem carcateristicas peculiares. No

levantamento realizado notou-se o uso e a resposta de variáveis e grupos biológicos

diversos (em estudos diferentes), mas não se observou uma abordagem que analisasse

no mesmo estudo vários grupos biológicos de forma integrada.

O segundo e terceiro capítulo desta tese buscaram auxiliar a responder demandas

observadas no levantamento realizado no primeiro capítulo. As conclusões do segundo

capítulo são que, de maneira geral, os mergulhadores causam poucos impactos físicos

diretos aos recifes e isso pode estar associado a carcaterísticas do local de estudo e a

forma como a operação de mergulho é realizada na área. A avaliação da frequência de

toque com o perfil do mergulho e do mergulhador, identificou que scuba divers

provocam mais danos que snorkelers e que dentro do grupo de snorkelers homens

tocam mais o substrato recifal que mulheres. Destacou-se ainda a importância de

melhores preleções e da capacitação de profissionais de mergulho que podem atuar na

redução dos danos causados pelos mergulhadores.

Na terceira parte de trabalho é realizada uma análise integrada com diferentes

grupos biológicos e variáveis que podem responder aos impactos do mergulho

recreativo. A interpretação dos resultados obtidos foi que a atividade de mergulho

reacreativo pode provocar modificações profundas na comunidade recifal, contudo essas

alterações são espacialmente pontuais e com possibilidades de se estabelecer medidas

de manejo para redução desses danos.

A logística da operação de mergulho em áreas intensamente visitadas, causa:

danos causados pela alimentação de peixes, danos causados pelo tráfego de

embarcações, danos causados por estruturas fixas de apoio (ex. flutuantes e cordas de

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apoio para o mergulho de cilindro), danos causados por mergulhadores (em menor

escala, ver capítulo 2) e danos causados por produtos químicos usados na limpeza e

manutenção das embarcações. Tais aspectos parecem atuar sobre a estrutura da

comunidade recifal como apresentado na Figura A. Essas alterações possivelmente

refletem o impacto direto do mergulho recreativo ou são causadas por desdobramentos

secundários, como por exemplo: a redução da cobertura de corais relacionada a maior

abundância de ouriços, que pode estar relacionada também à menor abundância de

peixes herbívoros.

Figura A- Esquema ilustrativo indicando os principais efeitos observados nas áreas submetidas ao

mergulho recreativo.

A finalização deste trabalho inclui o planejamento, execução e avaliação de um

projeto de educação ambiental cujo tema central foi os impactos do mergulho

recreativo. Concluiu-se que o uso de uma abordagem metodológica diversificada e

valorização do conhecimento ecológico local dos atores envolvidos no projeto foram

fundamentais para o sucesso do mesmo.

Assim, esta tese inicia sua construção com o levantamento de lacunas (capítulo

1), busca preencher parte dessas lacunas (capítulos 2 e 3) e procura soluções para

resolver um problema socioambiental utilizando princípios da educação ambiental como

norteadores (capítulo 4).

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MINHAS ÚLTIMAS PALAVRAS

Finalizo minha tese com minhas primeiras palavras da defesa... e que assim seja, pois,

esse trabalho é inteiro o mais puro amor!!!!

“Antes de começar minha apresentação, queria me apresentar com um pequeno

protesto...

Eu protesto pelo direito de ter tempo!

Sou mulher, filha de uma mulher branca de família que veio de Vera Cruz (interior

daqui). Meu pai é filho de português com uma filha de índios. Sou cabocla. Parda. Sou

mãe de dois filhos que na pele são brancos, mas no sangue corre sangue de todas as

raças possíveis... (como bem disse Pedro Cardoso, outro dia).

Meu nome é Janaina. Tenho 33 anos e desde que entrei no jardim de infância aos 4

anos, só parei de estudar por 1 ano no nascimento de Théo e por 4 meses no nascimento

da Lua.

Hoje tenho 4 trabalhos, em cada um deles me esforço profundamente, mas parece que

nunca consigo atuar no nível ótimo em nenhum deles.... mas faço o que posso! Minha

família precisa da minha dedicação... Eu preciso!

No meu primeiro trabalho, que desprendo mais energia amorosa e pouco tempo (cerca

de 2 horas diárias), sou mãe. Não sou excelente como meus filhos mereciam. Na

verdade, às vezes, sou péssima! Théo insiste em dizer que sou a melhor mamãe do

mundo... Eu sei das minhas limitações!!! O que me falta na maternidade? Tempo!

No meu segundo trabalho sou doméstica/do lar. Trabalho em casa junto com meu

companheiro. Nós limpamos, lavamos, arrumamos, cozinhamos, varremos e tudo mais

que é necessário para uma casa se manter com o mínimo de higiene e energia...

Moramos longe da cidade e ter uma diarista implica em ter que levar e trazer a pessoa,

implica em gastar tempo... Não tenho muito tempo, sabe?

No meu terceiro trabalho sou professora. Trabalho em uma universidade estadual

classificada como uma das piores instituições públicas de ensino superior do Brasil. Lá

só não falta boa vontade e empenho... Falta muito... E sinto que não sou digna do posto

que ocupo... Sinto-me muito pouco capacitada para falar sobre ecologia geral... ou

educação ambiental... ou zoologia... ou mesmo paleontologia (que preciso ministrar...).

Ainda assim, me esforço para, pelo menos, atender dignamente as necessidades dos

alunos!!! O perfil dos meus alunos é de pessoas de classe baixa, que estudaram em

escolas públicas a vida inteira... Muitos são pais e mães. A maioria das mães....

solteiras...sem tempo... e buscado uma vida um pouco melhor! Queria poder ministrar

aulas super mega.... queria ter tempo de preparar as melhores aulas do mundo! Queria

poder transformar a realidade dos meus alunos! Sabe o que me falta? Tempo!

Meu quarto e último trabalho, na verdade não é trabalho.... veja que doidice... sou aluna

de pós-graduação. Estou trabalhando em uma pesquisa inédita no Brasil e contribuindo

para responder questões relevantes para o turismo de mergulho do Brasil... e veja... Não

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é um trabalho oficial! Nesse trabalho depositei sonhos, esperanças e amor... Queria

tanto ter feito um trabalho melhor! Queria tanto ter estudado mais! Queria tanto poder

escrever de forma mais clara o que acredito! Me faltou.... Me desculpem! Mas me faltou

tempo!

Por isso, eu protesto!

Protesto pelo direito de ter menos obrigações. Pelo direito de ter mais tempo para mim.

Pelo direito do meu crescer individual.

Protesto por poder ter esse tempo e não prejudicar ninguém... nem meus filhos, nem

meus alunos, nem meu companheiro, nem o programa de ecologia (que pode perder

pontos, por defesas tardias....).

Protesto por relações mais gentis, mais acolhedoras, mais amorosas. Por relações reais e

que precisam de tempo!

Por isso, aqui, perante todos vocês, eu me comprometo!

Eu me comprometo a não me comprometer!

Prometo que ao terminar completamente este trabalho acadêmico, e submeter todos os

artigos possíveis, irei usar todo esse tempo economizado em mim mesma.

Prometo me organizar melhor e poder empregar uma pessoa, com condições justas e

dignas de trabalho para cuidar da minha casa, e usar todo esse tempo economizado em

mim mesma!

Prometo exercitar meu corpo, meu espírito e minha maternidade. Prometo melhorar

todas as minhas aulas. Prometo ter pelo menos 6 horas do meu dia só para ficar com

minha família... para fazer dever de casa juntos, andar de bicicleta no jardim, tomar

banho de chuva, pintar, cantar, desenhar, ler, assistir tv e me atualizar sobre o mundo do

jiu-jitsu, minecraft e da peppa...

Eu reforço uma promessa que fiz há quase um ano para minha linda mãe: Eu prometo,

de todo meu coração, Ser feliz todos os dias da minha vida!”