impactos causados pelas polÍticas pÚblicas - … · marcelo eduardo braz loureiro mariana paes...
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UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Engenharia Agrônomica
Caroline Cristine Rodrigues do Nascimento
Eduardo Rodrigues dos Santos
Marcelo Eduardo Braz Loureiro
Mariana Paes Martelo
IMPACTOS CAUSADOS PELAS POLÍTICAS
PÚBLICAS - PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE
ALIMENTOS E PROGRAMA NACIONAL DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NA AGRICULTURA
FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE LINS - SP
LINS – SP
2017
2
CAROLINE CRISTINE RODRIGUES DO NASCIMENTO
EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS
MARCELO EDUARDO BRAZ LOUREIRO
MARIANA PAES MARTELO
IMPACTOS CAUSADOS PELAS POLÍTICAS PÚBLICAS - PROGRAMA DE
AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR NA AGRICULTURA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE LINS - SP
Trabalho de Conclusão de Curso de
apresentado à Banca Examinadora do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium, sob
a orientação do Eng. Agr. Harumi Hamamura
e sob a orientação técnica da Profa. Dra.
Clélia Mardegan.
LINS – SP
2017
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CAROLINE RODRIGUES DO NASCIMENTO
EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS
MARCELO BRÁS LOUREIRO
MARIANA PAES MARTELO
IMPACTOS CAUSADOS PELAS POLÍTICAS PÚBLICAS - PROGRAMA DE
AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR NA AGRICULTURA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE LINS - SP
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Auxilium, para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Agronômica
Aprovado em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Harumi Hamamura
Titulação: Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Paraná – UFPR e
Especialista em Metodologia de Ensino para o Ensino Superior – UNINTER - PR
Assinatura: _______________________________________
1º. Prof.: Carlos Suguitani
Titulação: Doutor em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP)
Assinatura: ________________________________________
2º. Prof.: Jovira Maria Sarraceni
Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba -
UNIMEP
Assinatura: ________________________________________
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Nascimento, Caroline Cristine Rodrigues; Santos, Eduardo Rodrigues;
Loureiro, Marcelo Eduardo Braz; Martelo, Mariana Paes
Impactos causados pelas Políticas Públicas: Programa de Aquisição de
Alimentos e Programa Nacional de Alimentação Escolar na Agricultura
Familiar do Município de Lins – SP. / Caroline Cristine Rodrigues do
Nascimento; Eduardo Rodrigues dos Santos; Marcelo Eduardo Braz
Loureiro; Mariana Paes Martelo - - Lins, 2017.
55p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium - UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Engenharia
Agronômica, 2017.
Orientadores: Harumi Hamamura; Clélia Maria Mardegan.
1. Políticas Públicas. 2. Agricultura Familiar. 3. Associação de Produtores e
Olericultores de Lins. I Título.
CDU 631
N194i
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AGRADECIMENTOS
Dedico o presente trabalho primeiramente а Deus por ser essencial em
minha vida e ter me dado forças para ter chego até aqui. Aos meus pais Marco e
Rosa; aos meus irmãos Gabriel e Monique, que sempre torceram e acreditaram em
mim. Agradeço também aos meus amigos de TCC (Eduardo; Mariana e Marcelo),
que mesmo com as dificuldades me deram total apoio e me fizeram não perder a
cabeça e ao Juvanildo por todo apoio dado a nós. Ao meu querido vô “Rubão”, que
mesmo com a distância torceu, acreditou e se orgulhou por eu ter concluído essa
etapa.
Dedico há um grande amigo que pude fazer durante o curso, que mesmo não
estando mais entre a gente, me faz sorrir ao lembrar daquele sorriso grandioso que
tinha, esse aqui vai pra você Rodrigo ( in memoriam).
E principalmente a Professora Jovira que com toda a sua paciência e sua
boa vontade nos ajudou com a finalização do nosso trabalho.
Caroline Rodrigues
6
Agradeço as pessoas que considero mais importantes em minha vida, minha
mãe, meu pai, meu irmão e minha namorada. Pessoas estas que me auxiliaram e
guiaram durante minha jornada acadêmica, sempre me animando quando algo ruim
acontecia e dando forças positivas em todos os momentos.
Também agradeço aos colegas de grupo, Caroline, Marcelo e Mariana que
mesmo com os intemperes que passamos nos mantivemos firmes e fortes durante
todo o período acadêmico.
Agradeço o auxílio do Juvanildo da Associação dos Produtores e
Oleiricultores de Lins pela prestatividade e auxilio em todos aspectos que fora
preciso e também a todos agricultores que cederam um tempo de suas vidas para
auxiliar no presente trabalho e principalmente o auxílio da professora Jovira, que
guiou e ajudou no momento mais crucial de nossa jornada.
“In carnage, I bloom, like a flower in the dawn.” – Deadeye, Jhin.
Eduardo Rodrigues
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Venho agradecer primeiramente a Deus por permitir que este sonho se
realizasse em minha vida, pois sem ele nada seria possível.
A minha família que esteve do meu lado em todos os momentos. Em especial
a minha esposa Tânia e minha mãe Angela que me deram todo apoio e sempre
estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis.
A gradeço também ao Engenheiro Agrônomo Salvador Rossatto por ter dado
a oportunidade de estagiar e fazer parte da família Agrotécnica, onde pude adquirir
conhecimento na área que pretendo atuar.
Agradeço ao grupo de TCC ao qual fiz parte Caroline Rodrigues, Eduardo
Rodrigues e Mariana Martelo pelo companheirismo, comprometimento, dedicação
e amizade em todos os momentos da graduação, onde ajudamos uns aos outros a
vencer mais uma etapa em nossas vidas. Muito obrigado a todos.
Marcelo Loureiro
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Nenhuma batalha é vencida sozinha. No decorrer dessa luta algumas
pessoas estiveram ao meu lado e percorreram este caminho como verdadeiros
soldados. Estimulando que eu buscasse a minha vitória e buscasse o meu sonho.
Agradeço em primeiro lugar a Deus que me ouviu nos momentos difíceis me
confortou e me deu força quando mais precisei, Que me guiou e iluminou o meu
caminho durante a caminhada, e por ter me dado saúde e para superar as
dificuldades.
Agradeço os meus pais Adilson Donizete Martelo e Regina Paes Martelo que
não só neste momento, mas em toda a minha vida estiveram comigo, ao meu lado,
fornecendo apoio, compreensão e estimulo em todos os momentos.
Mae, pai que me ensinou os maiores valores, que me incentivou a estudar,
buscar meus objetivos, mesmo tendo algumas dificuldades. Obrigada pelos
ensinamentos por me ensinar ser uma mulher forte, um ser humano integro, de
caráter, e dignidade para enfrentar a vida. Se eu pudesse voltar à vida em outro
momento e tivesse a oportunidade de escolher meus pais, seriam vocês os
escolhidos, pois tenho a certeza de que são os melhores pais do mundo. Tenho
muito orgulho em ter vocês como meus pais.
As minhas irmãs Aline e Natalia, as melhores irmãs do mundo, melhores
companheiras que a vida poderia ter me dado.
Em especial a Aline e o Vanderlei meu engenheiro preferido que eu tanto
admiro por sua força, garra, inteligência, honestidade. Vocês são pessoas que eu
tenho o maior orgulho em tê-las do meu lado, que me acolheu por tanto tempo com
muito amor e carinho em seu lar, me dando força e apoio todos os dias. E que não
poderia ter me dado presente melhor na vida, o meu grande amor Manuela.
Aos meus avós que me deram todos os mimos e amor que puderam. A minha
estrelinha “vó Inês” que está lá no céu ao lado de Deus me protegendo aqui na terra.
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Agradeço ao meu namorado Diego, que esteve presente nesse momento,
aguentando as minhas crises de estresse e por sempre me apoiar nas horas difíceis.
Aos melhores companheiros de sala e do TCC, Caroline Rodrigues, Eduardo
Rodrigues e Marcelo Loureiro, que estiveram juntos de mim em todos os momentos
difíceis dessa etapa.
A todos os professores que ajudaram direta e indiretamente a minha
formação, me dando a oportunidade de fazer com que meu sonho seja realizado.
Em especial ao professor Harumi Hamamura nosso orientador e a professora Clélia
Mardegan que foram incansáveis na arte de ensinar, muito obrigada.
Mariana Paes Martelo
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RESUMO O presente estudo tem como objetivo levantar os principais impactos que o
Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa Nacional de Aquisição de alimentos que influenciaram os produtores associados à APOL. A metodologia utilizada no presente estudo foi uma pesquisa de campo utilizando uma abordagem quantitativa e qualitativa com intuito de obter informações sobre os impactos que os programas tiveram nas vidas dos produtores rurais associados. Os questionários semiestruturados foram aplicados à 30 dos produtores rurais associados. Eles relataram suas experiências, opiniões e melhorias que ocorreram após a implantação dos programas. Os resultados deste estudo revelam uma satisfação pela parte dos associados e um aumento considerável em quesitos de melhoria ambiental, financeiro e na qualidade de vida dos produtores.
Palavras-chave: Agricultura familiar. Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Programa de Aquisição de Alimentos – PAA. Associação de Produtores e Olericultores de Lins – APOL
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ABSTRACT
The present study aims to raise the main impacts of the National School Feeding Program by distributing quality products to schools and day care centers and the National Food Acquisition Program that influenced the Association of Producers of Vegetables from Lins. A methodology used in the present study was a field research, a quantitative and qualitative approach with the purpose of information about the impacts that the programs have on the lives of the associated farmers. The semi-structured questionnaires with suppliers to 30 of the associated rural producers. They reported their experiences, opinions, and improvements that occur after a program deployment. The results of this study reveal a satisfaction on the part of the associates and a considerable increase in environmental, financial improvement and quality of life of the producers. Keywords: Family agriculture. National School Feeding Program - PNAE. Food Acquisition Program – PAA. Association of Producers of Vegetables from Lins – APOL
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Classificação dos Estabelecimentos ....................................................... 18
Figura 2: Classificação da Área Ocupada por Agricultores. ..................................... 5
Figura 3: Destino da verba do PNAE. .................................................................... 24
Figura 4: Evolução da Execução Financeira do Programa .................................... 27
Figura 5: Nível de satisfação dos produtores em relação à educação. .................. 39
Figura 6: Nível de satisfação dos produtores em relação à moradia. .................... 40
Figura 7: Nível de satisfação dos produtores em relação ao tempo de lazer. ....... 40
Figura 8: Quantidade de produtores com acesso à internet. ................................. 41
Figura 9: Produtores que adquiriram bens com as políticas públicas. ................... 42
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores arrecadados pela APOL – LINS via PNAE desde sua
Fundação.............................................................................................23
Tabela 2 – Valores arrecadados via PAA – APOL.................................................24
LISTA DE ABREVIATURAS
APOL Associação de Produtores e Olericultores de Lins
CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CME Campanha de Merenda Escolar
DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
GPAA Grupo Gestor do PAA
MAPA Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
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MDS Ministério do Desenvolvimento Social
OCS Cadastramento de Organizações de Controle Social
PAA Programa de Aquisição De Alimentos
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PPAIS Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social
PRONAF Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15
CAPÍTULO I AGRICULTURA FAMILIAR......................................................................... 17
1.1 Agricultura Familiar no Brasil .................................................................................................. 17
1.2 A Importância da agricultura familiar ..................................................................................... 17
1.3 Agricultura Familiar no Estado de São Paulo ....................................................................... 19
1.4 Agricultura familiar em Lins ..................................................................................................... 20
CAPÍTULO II PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ........................ 22
2.1 Introdução .................................................................................................................................. 22
2.2 Contexto Histórico .................................................................................................................... 22
2.3 O Agricultor Familiar e o PNAE .............................................................................................. 24
CAPÍTLO III PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS ......................................... 26
3.1 Introdução e Contexto Histórico ............................................................................................. 26
3.2 Agricultor Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos ............................................ 27
3.2.1 Introdução ............................................................................................................................... 27
3.2.2 Modalidades do PAA ............................................................................................................ 28
CAPÍTLO IV PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E PROGRAMA
NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - ESTUDO DE CASO – LINS/SP ............... 32
4.1 Introdução .................................................................................................................................. 32
4.2 Relato Histórico da APOL e de seus Associados. .............................................................. 32
4.3 APOL e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. .................................................... 35
4.4 APOL e o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos. ............................................... 37
4.5 Aplicação dos questionários e discussão ............................................................................. 38
4.6 Discussão e Resultados .......................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 47
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INTRODUÇÃO
A agricultura familiar é considerada de fundamental importância para o
processo de desenvolvimento econômico e social, pois, desempenha o papel de
alavancar vários outros segmentos de produção de alimento e qualidade de vida.
(ESTADO DE SÃO PAULO, 2004)
Foram criadas as políticas públicas, que são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado assegurando direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS DO PARANA, 2016).
Dentre as políticas públicas se encontra o Programa Nacional de
Alimentação Escolar – PNAE que tem como objetivo garantir a segurança alimentar
e nutricional de alunos e ao mesmo tempo contribui para fomentar a agricultura
familiar. E também o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA que é um
programa do Governo Federal que colabora com a questão da fome e da pobreza
no Brasil ao mesmo tempo fortalecendo a Agricultura Familiar.
Tendo tais informações como premissa é perceptível a importância das
políticas públicas na sociedade. O presente trabalho tem como objetivo analisar os
impactos que os programas supracitados tiveram nas vidas de agricultores
familiares associados à Associação de Produtores e Olericultores de Lins afim de
determinar se houveram impactos positivos, negativos ou se não houveram
impactos. Tais impactos foram levantados por uma série de entrevistas realizadas
com os agricultores familiares associados à APOL.
Diante do exposto, levantou a seguinte pergunta problema que norteou este
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trabalho: O Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição
de Alimentos tem realmente impactado positivamente os agricultores familiares?
A priori surgiu a hipótese de que sim, os programas têm impactado na vida
dos produtores de maneira positiva, melhorando a qualidade de vida e auxiliando
no dia-a-dia dos produtores.
O trabalho foi dividido em quatro capítulo.
O primeiro capítulo, aborda a evolução histórica da agricultura familiar em
cada esfera: Nacional, estadual e municipal.
O segundo capítulo, discorre sobre o Programa Nacional de Alimentação
Escolar, seu contexto histórico e sua ligação com agricultor familiar.
O terceiro capítulo apresenta o Programa de Aquisição de Alimentos, seu
contexto histórico, suas propriedades e a interação com o agricultor familiar.
O quarto capítulo apresenta a pesquisa realizada, seus resultados e
conclusão.
Por fim, vem a Proposta de Intervenção e a Conclusão.
17
CAPÍTULO I
AGRICULTURA FAMILIAR
1.1 Agricultura Familiar no Brasil
A agricultura familiar está materializada na Constituição Brasileira na Lei nº
11.326 de julho de 2006, e define como agricultor familiar todo aquele que
desenvolve atividades econômicas no meio rural e que atende alguns requisitos
básicos, tais como:
a) não possuir propriedade rural maior que 4 módulos fiscais (sendo
equivalente à 55.703,9 ha no município de Lins);
b) utilizar predominantemente mão de obra da própria família nas atividades
econômicas da propriedade;
c) possuir a maior parte da renda familiar proveniente das atividades
agropecuárias desenvolvidas no estabelecimento rural.
Aproximadamente 84,4% dos estabelecimentos agropecuários do país são
de agricultura familiar, em termos absolutos, são 4,36 milhões de estabelecimentos
agropecuários. Porém ao analisar a área ocupada pela agricultura familiar, temos
uma incoerência visto que apenas 80,25 milhões de hectares, o que corresponde a
24,3% da área total ocupada por estabelecimentos rurais são utilizados na
agricultura familiar. (IBGE, 2006)
1.2 A Importância da agricultura familiar
A agricultura familiar tem papel fundamental no abastecimento alimentar
brasileiro gerando emprego e melhorando as atividades do pequeno agricultor.
São pequenas propriedades beneficiadas com ótimos resultados financeiros
e independente da proximidade à grandes centros industrializados continua se
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mantendo firme no mercado, evitando assim o êxodo rural.
A agricultura familiar é baseada na produção de produtos variados, sendo
assim, os produtores estão menos susceptíveis a influências externas como inflação
e formação dos preços.
Um grande destaque que se amplia cada vez mais na agricultura familiar é a
questão ambiental, pois os produtores familiares estão cada vez mais adotando
práticas ambientalmente sustentáveis e também estão produzindo alimentos
orgânicos ou agroecológicos, mantendo assim um diferencial competitivo na busca
de qualidade e responsabilidade socioambiental.
A agricultura familiar tem participação de grande importância nas produções
Brasileiras sendo essencial nas produções de mandioca, feijão, carne suína, carne
de aves e milho superando 50% de sua produção total. (IBGE 2006)
Os dados da Figura 1 apontam a quantidade de estabelecimentos rurais
divididos em agricultores familiares e não familiares, onde 16% do total dos
estabelecimentos não familiares ocupam e 84% são ocupados por agricultores
familiares do total das terras, porém em questões de distribuição de terra o contrário
ocorre, sendo que os grandes produtores tem posse de 76% das terras e os
agricultores familiares apenas 24% conforme a Figura 2. (IBGE 2006)
Figura 1: Classificação dos Estabelecimentos
Fonte: IBGE, 2006
Figura 2: Distribuição de terras no Brasil
84%
16%
Agricultores Familiares Outros Produtores
19
Fonte: IBGE, 2006
Assim, destaca-se ainda mais a posição de relevância que possui a
Agricultura Familiar, mesmo não tendo a visibilidade que a produção baseada em
modelos de grande escala tem, principalmente aquelas direcionadas à exportação.
O trabalho exercido dentro dos empreendimentos familiares é a garantia de um
abastecimento interno alinhado às demandas alimentares da população, criando um
ambiente propício para a redução da fome e do desenvolvimento e bem-estar no
campo.
1.3 Agricultura Familiar no Estado de São Paulo
A agricultura familiar é um termo relativamente novo no estado de São Paulo, de uma agricultura familiar como um novo personagem, diferente do agricultor tradicional, que teria assumido sua condição de produtor moderno; propõem-se políticas para estimula-los, fundadas em modelos que se baseiam em sua viabilidade econômica e social diferenciada. (WANDERLEY, 1996, p. 1).
Durante muito tempo a agricultura familiar foi pouco visada pelo Governo do
Estado de São Paulo, porém com o tempo os produtores familiares conseguiram
diversos programas de auxílio. O principal programa de auxílio ao produtor familiar,
o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) teve início no ano
76%
24%
Agricultores Familiares Outros Produtores
20
de 2012 e neste trabalho será abordado o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA).
1.4 Agricultura familiar em Lins
A agricultura familiar vem crescendo em Lins e região, por esse motivo os
produtores que haviam deixado o campo para tentar a vida na cidade, hoje com os
programas e iniciativas que auxiliam o pequeno produtor. Muitos produtores estão
bem otimistas e muitos estão regressando à suas origens, deixando a cidade e
voltando ao campo. Muitos desses produtores acabam gerando empregos diretos e
indiretos.
A Prefeitura Municipal criou e adaptou várias políticas públicas para o
município, afim de auxiliar o pequeno produtor e melhorar a qualidade de vida dos
mesmos, como: Secretaria de Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade -
SAMAS; Projeto Patrulha Agrícola; Programa de Melhoramento Genético do Gado
Leiteiro e Feira Semanal da Agricultura Familiar.
1.4.1 SAMAS
A Secretaria de Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade - SAMAS,
foi criada a partir da Lei Complementar n° 1.324 de 28 de dezembro de 2012. Tem
órgãos competentes por agendar e executar projetos diretos ao setor agrícola e
ambiental, com a ideia de prestar alguns serviços de motomecanização e com
custos mais acessíveis ao produtor rural, promover e preservação de matas ciliares
e mananciais por intermédio de reflorestamento e projetos que complementam a
reciclagem e educação ambiental. (SAMAS 2012)
1.4.2 Projeto Patrulha Agrícola
Auxilia os pequenos agricultores como forma de ampliar e fortalecer a
21
capacidade produtiva dos mesmos, de suas atividades agropecuárias por
intermédio de serviços mecanizados quanto ao preparo do solo.
1.4.3 Programa de melhoramento genético do gado leiteiro
De modo a impulsionar a qualidade do rebanho leiteiro da região e
empenhado em resgatar a vocação de Lins e região como grande produtora de leite,
oferece aos pequenos e médios produtores da região, um protocolo completo de
Inseminação Artificial (IA). A técnica tem assistência de Médicos Veterinários e
Engenheiros Agrônomos da Secretaria de Agropecuária, Meio Ambiente e
Sustentabilidade de Lins (SAMAS), além de vários benefícios como melhoramento
genético do rebanho, elimina despesas de manutenção de touros, o material
genético pode ser conservado por anos, e o mais significativo, aumento da
produtividade leiteira.
1.4.4 Feira Semanal da Agricultura Familiar
Mais um espaço de negócio ao pequeno agricultor, aproximando-o do
comprador final, afim de proporcionar aos munícipes opções diversas de produtos
e uma praça de alimentação variada e saborosa. Parte dos agricultores da feira
estão certificados como Produtores Orgânicos pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – MAPA.
22
CAPÍTULO II
PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
2.1 Introdução
Muito se tem dito e escrito, neste país, sobre a desnutrição em crianças e
seus efeitos sobre a aprendizagem, imputando-lhe, de forma subliminar, ou mesmo
direta, a responsabilidade pelos altos índices de fracasso escolar em nossas
escolas. (ESTADO DE SÃO PAULO, 2015)
Segundo Collares (1982 apud ESTADO DE SÃO PAULO, 2015, p. 4) “...a
fome, e não a desnutrição, tenha tido influência sobre o aproveitamento escolar.
Resolvida a sensação de fome, cessam seus efeitos de interferência na
disponibilidade neuropsicológica para a aprendizagem. ”
Visto isso, o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE passou a
desenvolver participação importante perante à temática visando entregar uma
alimentação saudável e que supre as condições nutricionais das crianças.
2.2 Contexto Histórico
Por volta de 1930 e 1940 foram criadas as caixas escolares, que as escolas
organizavam afim de arrecadar dinheiro para fornecer alimento para os estudantes
durante o período das aulas, o governo não tinha participação nessas ações. Foi na
posse de Juscelino Kubitcheck de Oliveira que foi assinado o decreto nº 37.106, que
definia a Campanha da Merenda Escolar (CME) em 31 de março de 1955.
Desde a década de 1950, as crianças começaram a receber alimentação no
período em que estavam estudando, claro que nem todas as crianças, pois o
governo não estava organizado para alimentar todos os estudantes do Brasil devido
ao fato de que, no início do programa, os alimentos eram oferecidos por
23
organizações internacionais, sendo assim, o Governo Federal não comprava
alimentos e, sim, recebia doações. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO, 2006).
Uma das doações ocorreu devido à uma grande produção de alimentos nos
Estados Unidos, que então decidiu doar esses alimentos para alguns países, entre
eles o Brasil. Essa doação foi destinada para ações do Governo Federal, como a
alimentação escolar. Mas os alimentos não eram suficientes para todos, então o
Governo optou em começar pelo Nordeste, onde grande parte dos estudantes eram
desnutridos.
Esta grande produção norte americana foi uma consequência da Segunda
Guerra Mundial e parte do Plano Marshall, afim de reestruturar os países aliados na
grande guerra. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 2006).
As doações em gêneros alimentícios eram basicamente compostas de
alimentos industrializados como: leite em pó desnatado, farinha de trigo e soja.
Porém ao longo dos anos as doações diminuíram e o governo Brasileiro percebeu
a necessidade de ampliar a Campanha de Merenda Escolar.
E em 1979 no governo de João Batista Figueiredo, foi alterado o nome da
campanha para Programa Nacional de Alimentação Escolar. E em 1988 a
Constituição Federal consolidou de forma legal a responsabilidade pela alimentação
escolar no Artigo 208, inciso VII.
“VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. ” (BRASIL, Constituição, 1988)
Em 2001 foi criada a medida provisória 2.178-36 que garantia o repasse de
parcelas aos municípios para a aquisição de alimentos para merenda escolar de
agricultores familiares. Em 2006 com a Resolução FNDE/CD n. 32/2006 e 33/2006
firmou-se em definitivo o Programa Nacional de Alimentação Escolar como se
conhece hoje. O órgão responsável pela transferência dos recursos do Governo
Federal é o Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação (FNDE). A verba
passa do Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação para o Governo
24
Estadual, que repassa para as Prefeituras, elas repassam a verba para os
agricultores que participam do PNAE e eles repassam alimentos de qualidade para
as escolas para assim ser elaborada a merenda escolar.
Figura 3: Destino da verba do PNAE
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
2.3 O Agricultor Familiar e o PNAE
Em 2009 foi instituída uma lei que determinou que no mínimo 30% do valor
repassado aos estados e municípios pelo FNDE para o PNAE devem ser utilizados
na compra de alimentos provenientes da agricultura familiar.
Lei 11.947, de 16 de junho de 2009: Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas. § 1º A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizada dispensando-se o procedimento licitatório, desde que os preços sejam compatíveis com os vigentes no mercado local, observando-se os princípios inscritos no art. 37 da Constituição Federal, e os alimentos atendam às exigências do controle de qualidade estabelecidas pelas normas que regulamentam a matéria. ” (BRASIL. Lei 11.947 de 20 de dezembro de 2009)
Sendo assim os produtores rurais que são reconhecidos como agricultores
familiares via Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP) estão aptos a vender a sua
produção para o Governo.
FNDE Prefeituras Escolas
25
Todos produtos adquiridos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar
são de um cardápio realizado por um nutricionista que determina os produtos e a
quantia a ser adquirida.
Os valores monetários dos produtores necessários são definidos e
instaurados na Chamada Pública pela entidade Executora. Lembrando que na
composição dos preços é considerado todos insumos necessários, como despesa
com frete, embalagens, encargos e outros necessários para o fornecimento do
produto.
26
CAPÍTLO III
PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS
3.1 Introdução e Contexto Histórico
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foi instituído pelo Art. 19 da
Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003 e houve uma mudança da desta Lei pela Lei
nº 12.512, de 14 de outubro de 2011.
O PAA foi ainda regulamentado por diversos decretos, o que está em
vigência é o Decreto nº 7.775, de 4 de julho de 2012.
O PAA tem como objetivos primários:
a) promover acesso a alimentação, e.
b) incentivar a agricultura familiar.
Para alcançar tais objetivos o programa adquire alimentos produzidos pelo
produtor familiar, dispensando licitação e os destina para pessoas carentes, que
necessitam de alimentos de qualidade.
O PAA também auxilia na formação de estoques públicos de alimentos
produzidos pelos agricultores familiares.
Sendo assim ocorre uma valorização da agricultura familiar e produção
orgânica e fortalece os agricultores e os incentiva a continuar a produção. Também
influencia em hábitos alimentares saudáveis e estimula o associativismo.
Todo orçamento do PAA é composto por recursos do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA).
Desde sua instauração tem sido investido um montante cada vez maior
tornando possível o programa alcançar um número maior de famílias e evoluir cada
vez mais, conforme a Figura 4 demonstra.
27
Figura 4: Evolução da Execução Financeira do Programa, no período 2003 -2012
Fonte: Conab, 2016.
3.2 Agricultor Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos
3.2.1 Introdução
O Programa de Aquisição de Alimentos foi instituído para auxiliar os
pequenos produtores e promover o acesso à alimentação saudável aos carentes.
Para se tornar um beneficiário fornecedor é necessário ser agricultor familiar,
assentado da reforma agrária, silvicultor, aquicultor, extrativista, pescador artesanal,
indígena, integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais
povos e comunidades tradicionais, que atendam aos requisitos previstos no art. 3º
da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006.
Para participar do Programa individualmente, os beneficiários fornecedores
devem possuir a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), instrumento que
145.014,75181.074,21
295.582,05
497.833,62465.105,40
512.036,87
591.244,76
675.133,14
778.863,88
970.814,08
0.00
200,000.00
400,000.00
600,000.00
800,000.00
1,000,000.00
1,200,000.00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
EM M
ILH
ÕES
DE
REA
IS
28
qualifica a família como da agricultura familiar. Já as organizações de agricultores,
para participarem do PAA, devem deter a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP)
Especial Pessoa Jurídica ou outros documentos definidos pelo Grupo Gestor do
PAA (GPAA). (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
O PAA é operacionalizado por estados, Distrito Federal e municípios e, ainda,
pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) , responsável por
gerir as políticas agrícolas e de abastecimento. Para execução do Programa, a
Conab firma Termo de Cooperação com o MDS e com o MDA. (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,
2012)
3.2.2 Modalidades do PAA
3.2.2.1 Compra com doação simultânea
Modalidade executada apenas com recursos do Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) que utiliza de dois tipos de instrumentos para
implantação:
a) Parcerias estabelecidas por meio do Termo de Adesão, com estados,
Distrito Federal, municípios ou consórcios públicos de municípios, e
b) Formalização de Termo de Cooperação com a Conab
Quando a modalidade é executada por estados, e consórcios os agricultores
podem vender, individualmente, até R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) por
unidade familiar/ano. Se fornecerem por meio de organizações, o limite passa a ser
de até R$4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais) por unidade familiar/ano. Os
agricultores entregam os alimentos em uma Central de Distribuição, onde são
pesados e separados para serem doados. (SECRETARIA ESPECIAL DE
AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
29
3.2.2.2 Compra direta
A Compra Direta tem como finalidade a sustentação de preços de uma pauta
específica de produtos definida pelo Grupo Gestor do PAA, a constituição de
estoques públicos desses produtos e o atendimento de demandas de programas de
acesso à alimentação. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E
DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
Para execução dessa modalidade, os Ministérios do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO)
repassam, por meio de Termos de Cooperação, recursos financeiros para a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pela
operacionalização. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
A Compra Direta permite a aquisição de produtos até o limite anual de R$
8.000,00 (oito mil reais) por unidade familiar, e é acessada individualmente.
Quando o preço de mercado de algum dos produtos amparados pela
modalidade está abaixo do seu preço de referência, a Conab divulga amplamente
na região afetada que instalará um Polo de Compra (Unidade Armazenadora própria
ou credenciada, depósito ou outro local indicado pela Conab), para onde os
agricultores familiares interessados se deslocam de posse de seus produtos bem
como da documentação exigida. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA
FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
3.2.2.3 Apoio à formação de estoques
Para execução dessa modalidade, os Ministérios do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO)
30
repassam, por meio de Termos de Cooperação, recursos financeiros para a
Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, responsável pela
operacionalização. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
Ao identificar a possibilidade de formação de estoque de determinado
produto, a organização de agricultores envia uma Proposta de Participação à
Conab. A Proposta deve conter a especificação do produto, sua quantidade, o preço
proposto, o prazo necessário para a formação do estoque e os agricultores a serem
beneficiados. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
Com a aprovação da Proposta, a organização emite a Cédula de Produto
Rural (CPR-Estoque) e a Conab disponibiliza o recurso para que a organização
compre a produção dos seus agricultores familiares, beneficie os alimentos e os
mantenha em estoque próprio. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA
FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
A CPR-Estoque tem prazo de vencimento de 12 meses, devendo ser quitada
pela organização ao final desse prazo. Quando a operação é feita com recursos do
MDS, o pagamento deve ser feito em produtos, ou seja, a organização deve
entregar para os estoques púbicos parte dos alimentos beneficiados. Quando a
operação é feita com recursos do MDA, o pagamento da CPR é feito
financeiramente, ou seja, a organização deve vender o alimento beneficiado no
mercado convencional e devolver à União o recurso que lhe foi repassado pela
Conab, acrescido de encargos de 3% (três por cento) ao ano. (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,
2012)
O limite financeiro de participação é de R$ 8.000,00 (oito mil reais) por
unidade familiar/ano. O valor total não pode ultrapassar R$ 1,5 milhão por cada
organização/ano. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
31
3.2.2.4 Compra institucional
Após a definição da demanda, o órgão comprador elabora Edital de
Chamada Pública, que deve ser divulgado em locais de fácil acesso a organizações
da agricultura familiar. As organizações da agricultura familiar elaboram suas
propostas de venda de acordo com os critérios da Chamada Pública.
(SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
O órgão comprador habilita as propostas que contenham todos os
documentos exigidos no edital e preços de venda dos produtos compatíveis com o
mercado. (SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
O órgão responsável pela compra realiza, no mínimo, três pesquisas no
mercado local ou regional. Para produtos orgânicos ou agroecológicos, caso não
tenha como fazer pesquisa de preço, é possível o acréscimo em até 30% do valor
do produto em relação ao preço dos produtos convencionais. (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,
2012)
O comprador e o fornecedor assinam o contrato que estabelece o
cronograma de entrega dos produtos, a data de pagamento aos agricultores
familiares e todas as demais cláusulas de compra e venda. (SECRETARIA
ESPECIAL DE AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,
2012)
O início da entrega dos produtos deve atender ao cronograma previsto e os
pagamentos são realizados diretamente aos agricultores ou suas organizações.
Seu limite financeiro por unidade familiar/ano é R$ 8.000,00 (oito mil reais),
independente dos fornecedores participarem de outras modalidades do PAA e do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). (SECRETARIA ESPECIAL DE
AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012)
32
CAPÍTLO IV
PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E PROGRAMA NACIONAL DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - ESTUDO DE CASO – LINS/SP
4.1 Introdução
Visto a importância dos programas e políticas públicas que auxiliam os
produtores familiares, visou-se neste trabalho demonstrar o impacto do Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) aos agricultores familiares do município de Lins associados à APOL.
Foi realizado uma pesquisa de campo descritiva com abordagem qualitativa
e quantitativa período de abril à maio de 2017.
Para a realização da pesquisa utilizou-se dos seguintes métodos e técnicas:
a) Pesquisa de campo: foi realizada uma pesquisa com 30 agricultores
familiares associados à APOL analisando os impactos que os programas
causaram na economia, qualidade de vida e no meio ambiente.
b) Método Histórico: foi observada a evolução histórica das Políticas
Públicas abordadas em relação ao período que as mesmas não existiam
com dados fornecidos pela APOL.
Para o levantamento dos dados foi aplicado um Questionário (APÊNDICE A)
para os agricultores de Lins, disponibilizados pela Prefeitura Municipal e escolhidos
de forma aleatória, além de dados disponibilizados pelo Governo Federal e APOL.
4.2 Relato Histórico da APOL e de seus Associados
Em 6 de março de 2008, com a participação de oito produtores de oleícolas
e frutas, surgiu em Lins, a Associação dos Produtores e Olericultores da Marechal
Rondon de Lins. Sediados, inicialmente, em espaços cedidos pela Prefeitura
33
Municipal de Lins e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, os objetivos sempre
foram definidos: vender a produção, resgatar a dignidade do homem do campo e
melhorar sua qualidade de vida.
Com a dedicação de cada associado e o apoio do governo do estado de São
Paulo, por meio da CATI e do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável –
Microbacias II – Acesso ao Mercado, a APOL foi além: transformou produtores em
empresários rurais. Hoje, com novo nome - Associação de Produtores e
Olericultores de Lins e Região - a APOL funciona em sede própria, conta com 156
associados, dois funcionários registrado, sete diaristas, além de uma assessoria
contábil, administrativa e técnica permanente.
Para que esses resultados positivos fossem possíveis, a APOL participou
de três Chamadas Públicas do Projeto. Na primeira Chamada, em 2011, a Proposta
no valor total de R$ 42.808,50 contemplou a contratação de um consultor e a
aquisição de um veículo utilitário. Com o grande empenho e força de vontade cada
vez mais presentes nas ações dos associados, a APOL conseguiu adquirir um
veículo por um valor R$ 7 mil menores do que o orçado na Proposta de Negócio e
utilizou este saldo em uma Proposta Complementar para aquisição de
equipamentos para a câmara refrigerada contemplada no projeto apresentado na
terceira Chamada, realizada em 2013. Com valor total de R$ 137.100,00, além de
pagar o consultor, foi possível adquirir câmaras refrigeradas (tipo container), outro
veículo utilitário (furgão) e 200 caixas plásticas.
Com todas essas conquistas, o acesso ao mercado foi ampliado: antes, com
entrega garantida apenas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
hoje os produtores se organizam diariamente para comercializar também suas
frutas, legumes e verduras junto ao Programa de Aquisição de Alimento (PAA), ao
Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) e também em lojas
e mercados de seis municípios da região (Lins, Sabino, Cafelândia, Álvaro de
Carvalho, Guaiçara e Júlio Mesquita). Os associados possuem, também, o selo da
Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e parte desses
produtores participaram de um processo de certificação orgânica pelo Ministério da
34
Agricultura para formação de uma Organização de Controle Social em parceria uma
(OCS), que, entre outras vantagens, permite a comercialização dos produtos
diretamente ao consumidor.
Solange Nobre Pinheiro, presidente da APOL avalia que:
“A vida dos associados da APOL mudou radicalmente. Antes,
não tínhamos nada. Muitos faziam suas entregas a cavalo e
hoje transportam sua produção em seus veículos, possuem
convênio médico, uma boa casa para morar e muito mais
qualidade de vida. Antigamente, o produtor rural era
considerado um boia fria, ‘um pé rachado’, como é conhecido
popularmente e hoje temos orgulho de dizer que somos
empresários rurais.”
A presidente da APOL, informa ainda que se não fosse com o apoio do
Microbacias II – Acesso ao Mercado, os associados não teriam condições de
adquirir tantos equipamentos.
De acordo com Emília Nakashima, produtora associada, o Projeto
Microbacias, que foi instaurado pelo governo afim de ampliar o acesso do pequeno
produtor ao mercado fortalecendo as organizações de produtores rurais, as políticas
públicas e investindo nas iniciativas do pequeno produtor, foi fundamental para,
além de promover o aumento da renda, fixar as famílias dos agricultores no campo.
“Percebemos que muitos estão saindo das cidades e retornando à área rural.
Há tempos não tínhamos perspectivas e o governo nos incentivou para
continuarmos plantando com dignidade”, orgulha-se Emília, e seu marido Pedro
Tsunoda, também produtor, complementa; “Trabalhamos com carinho pelo melhor
produto para o comércio e para o consumidor. Sozinhos não fazemos nada e por
isso essa é uma parceria que gera resultados: o governo ajuda os produtores e os
produtores ajudam o governo”, avalia Edson Nakasima. E a qualidade dos produtos
35
entregues é atestada por Greice Keli Bastista, nutricionista da merenda escolar de
Lins.
No entanto, a aquisição da câmara fria pela APOL junto ao Microbacias II
proporcionou a manutenção de qualidade dos produtos. Além disso, o novo veículo
comprado com apoio do Projeto possibilitou maior agilidade para a entrega dos
alimentos da merenda”, avalia Edson Nakashima.
Edson Pavanelli, outro associado da APOL, também se sente estimulado
com a organização e segurança possibilitadas pelo Microbacias. “Estar associado
e trabalhar em grupo me permite a garantia da comercialização. Sei que vou vender
e receber pela minha produção”. É consenso entre os integrantes do grupo, que a
participação em associações e cooperativas é mais eficaz na geração de renda e
na colocação do produto no mercado.
4.3 APOL e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
A APOL celebrou em 2011 seu primeiro convênio para distribuição de
alimentos para merenda escolar (PNAE) no município de Lins sendo que o
município de Lins possui alunato de 4277 com base no Censo Escolar de 2013
distribuídos em 26 instituições de ensino (incluindo creches, pré-escola, ensino
fundamental e médio e ensino para jovens e adultos). As instituições beneficiadas
pelo programa são:
Lins (Creches e Escolas Municipais – Merenda Escolar):
a) Creche Menino Jesus
b) Creche Perazza
c) Creche Maria Ap. Elias
d) Creche Nossa Senhora de Fátima
e) Creche Maria Aparecida Zani Bertin (antiga creche “caçulinha”)
f) EMEI – Creche Prof. Kitisi Iamauti
g) Creche Maria de Lourdes Alencar Silva (Profª Lurdinha)
h) EMEI Gilga Junqueira Vilela
36
Lins (Entidades Filantrópicas – Merenda Escolar): a distância média entre
os pontos de entrega é de 1,2 km
a) São Francisco. Av. Tiradentes, 2100 – Centro
b) Aparecida. R. Alípio Carlos de Carvalho, 65 – Pazetto
c) Isabel. R. Kioshi Tokumoto, 620, Bairo Cinquentenário
d) São Benedito. R. São Benedito, 435 – Bairro São Benedito
e) Crebim. Av. Nilo Noronha, 656 – Bairro Ribeiro
f) Casa da Criança. R. General Tibúrcio, 51 – Bairro Ribeiro
g) CEMIC. R. Major Matos Guedes, 145 – Bairro Ribeiro
h) São José. R. Gonçalves Dias, 275 – Bairro Popular
i) Dom Bosco. R. Diabase, 630 – Bairro Rebouças
j) Projeto Vida. Av. Washington Luis, 357 – Bairro do Labate
k) Izaurinha. R. Benedito Ferraz de Arruda, 510 – Jd. Bandeirantes
l) APAE. R. João Moreira da Silva, 845 – Bairro Rebouças
m) Comunidade do Trabalho. R. Voluntário João Batista de Arruda s/n –
Bairro Junqueira
n) Postinho. R. Maria Bueno Brandão, 443 – Bairro São João
o) Lar Gil Pimentel. R. Gil Pimentel Moura, 208 – Jd. Americano
p) Guapiranga – Distrito de Lins. Entrega na Cozinha Piloto
4.3.1 Valores comercializados via PNAE (2016)
Em seu primeiro ano (2011) o convênio da associação com o PNAE gerou
um valor de R$ 257.598,65 sendo que a associação possuía 18 membros e uma
gama de produtos menores. E em 2012 o número de associados aumentou para 86
juntamente com o montante, que foi de R$684.890,00 (APOL-LINS)
Segundo Edital publicado pela Prefeitura Municipal de Lins o valor adquirido
via PNAE no ano de 2016 é de R$ 1.467.119 (Tabela 1), sendo um aumento
considerável da data de implantação. O Tabela 1 apresenta todos valores
arrecadados via PNAE desde o ano de 2011 e seus respectivos detalhes.
37
Sendo assim é possível verificar um crescente na produção familiar que tem
sido adquirida pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar na região conforme
a Tabela 1 demonstra.
Tabela 1: Valores adquiridos pela associação em 2011,2012 e 2013.
ANO VALORES NÚMERO DE ASSOCIADOS
2011 257.598,65 18 2012 684.890,00 86 2013 1.467.119,00 156
Fonte: APOL, 2017
A APOL disponibilizou um relato histórico condizente ao seu faturamento
anual desde o ano de 2011 até o primeiro semestre de 2016, a Tabela 2 nos traz
estes dados mostrando um faturamento crescente no município de Lins, o que
significa o aumento no número de associados e consequentemente de agricultores
familiares inclusos nesta modalidade de política pública.
Tabela 2: Histórico de Faturamento da APOL (LINS) via PNAE.
PNAE 2011 2012 2013 2014 2015
2016 -
1°
Sem TOTAL
Lins
21.455,5
0
350.09
4,25
671.99
2,08
932.61
1,74
1.535.
687,30
1.466.
996,58
4.978.8
37,45
Fonte: APOL- LINS, 2017
4.4 APOL e o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos
38
No início de 2010 a APOL iniciou sua participação no Programa Nacional de
Aquisição de Alimentos, com poucos participantes, que com o passar do tempo foi
se ampliando alcançando atualmente mais de 100 produtores associados. A Tabela
3 demonstra os valores arrecadados via PAA (em reais) nos respectivos anos.
Atualmente a renda obtida pela comercialização dos produtos pelo PAA tornou-se
renda complementar aos produtores.
Tabela 3 – Valores arrecadados via PAA - APOL
PAA 2012 2013 2014 2015 2016
R$ 169.200,00
527.000,00
864.000,00
928.000,00
800.000,00
Fonte: APOL – LINS
4.5 Aplicação dos questionários e discussão
Afim de adquirir informações dos agricultores associados residentes no
município de Lins da Associação sobre os programas e políticas de auxílio ao
pequeno produtor rural, aplicou-se um Questionário para os produtores de Lins
associados à APOL, visando entender suas dificuldades e sugestões de melhoria e
também como os programas influenciaram a vida de tais.
E baseado nesta relação, foram entrevistados todos produtores que
concordaram com as entrevistas e que foram encontrados pessoalmente, via
telefone e e-mail conforme o modelo localizado no “Apêndice A”. Dos cinquenta e
cinco associados da APOL- LINS, foi realizada a pesquisa de campo e trinta
associados foram entrevistados aleatoriamente e os dados obtidos permitiram as
conclusões propostas nesta pesquisa. As questões foram focadas em entender os
impactos que os programas causaram na vida de cada uma das famílias
entrevistadas.
39
4.6 Discussão e Resultados
Os dados obtidos nos questionários foram organizados e separados por cada
aspecto avaliado.
A maioria dos produtores (80%) entrevistados tem uma média de 25%
produção destinada ao PNAE e o PAA, sendo uma renda complementar ao
produtor.
Segundo Batista (2014, p.1) "...para se ter uma educação de qualidade,
devemos ter políticas intersetoriais: de saúde, saneamento, habitação etc., já que as
políticas educacionais não são eficazes sozinhas. São necessárias políticas de diferentes
áreas sociais.”. E conforme a Figura 5 (Tabela 1- APÊNDICE “B”) os 77% dos
entrevistados alegaram que após sua inclusão com as políticas públicas eles
puderam melhorar o nível de educação ou seja, os familiares estudam atualmente
em boas instituições, utilizando de transporte adequado e de qualidade e 13%
classificam que o nível de educação se tornou ótima. 10% classificam o nível de
educação como regular.
Figura 5: Nível de satisfação dos produtores em relação à educação.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017
Já na questão de melhorias nas residências dos entrevistados, 60% dos
entrevistados possuem residências boas e obtiveram melhorias após a entrada nas
10%
77%
13%Regular
Bom
Ótimo
40
políticas públicas e que atendem a necessidade dos mesmos, 27% qualificaram
como ótima a questão da moradia e 13% classificaram como regular, conforme
consta no Figura 6(Tabela 2- APÊNDICE “B”).
Figura 6: Nível de satisfação dos produtores em relação à moradia.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017
“O lazer é muito importante e está diretamente ligado à saúde, a educação e
a qualidade de vida. ” (MELO, 2003, p. 17). Em questão de tempo de lazer, 52%
classificou o período de lazer como regular, sendo que os mesmos declaram não
ter muito tempo para lazer, 45% classificou como um período de lazer bom e 3%
como ótimo, conforme a Figura 7(Tabela 3- APÊNDICE “B”).
Figura 7: Nível de satisfação dos produtores em relação ao tempo de lazer.
13%
60%
27% Regular
Bom
Ótimo
41
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017
A Internet é uma ferramenta indispensável na busca da informação destinada
à pesquisa seja está para fins acadêmicos, científicos, práticos, individuais,
comerciais, políticos ou outros, sendo de grande importância para o melhor
conhecimento do usuário (BAPTISTA, 2007). De todos entrevistados 53% possuem
acesso à internet e 47% não possuem acesso à internet. (Figura 8 - Tabela 4-
APÊNDICE “B”)
Figura 8: Quantidade de produtores com acesso à internet.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017
52%45%
3%
Regular
Bom
Ótimo
47%53%
Sim
Não
42
Quanto a aquisição de bens duráveis que auxiliam a melhorar a produção é
visível que houve uma melhoria da maioria dos entrevistados, eles implantaram
sistemas de irrigação e também adquiriram novas maquinas/implementos agrícolas,
porém uma pequena quantia de produtores não conseguiu aquisição de tais bens
após a inserção dos projetos. E a aquisição de veículos ficou dividida praticamente
ao meio, visto que aproximadamente 55% adquiriram novos automóveis e 45% não.
E a questão de novos eletrodomésticos também foi bem similar, sendo uma maioria
que conseguiu melhorar os equipamentos de casa após os programas. Conforme o
Figura 9 (Tabela 5- APÊNDICE “B”) demonstra.
Figura 9: Produtores que adquiriram bens com as políticas públicas.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017
Já os fatores Ambientais e Agronômicos (Tabela 6- APÊNDICE “B”) foram
analisados 6 aspectos de relevância, sendo eles:
a) Adubação Orgânica
0
5
10
15
20
25
Eletrodomesticos Veículo para a distribuiçãodos produtos
Sistema de irrigação Maquinas ou implementosagrícolas
SIM NÃO
43
A adubação orgânica tem diversas vantagens e benefícios como; redução
do processo erosivo, maior disponibilidade de nutriente para as plantas,
menor retenção de água, estimulação da atividade biológica, aumento na
taxa de infiltração e maior agregação de partículas do solo (SANTIAGO;
ROSSETO, 2015). Dos 30 agricultores entrevistados, foi notado um
aumento de 30% na utilização de adubação orgânica após a inserção do
agricultor nas políticas públicas estudadas
b) Adubação Química & Uso de Agrotóxicos
A utilização de insumos químicos e agrotóxicos não só é responsável pela
contaminação ambiental, mas também é a causa de muitos problemas de
saúde pública, pois quando aplicados inadequadamente prejudicam o
meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e dos consumidores
(BOHNER; ARAÚJO, NISHIJIMA, 2013). Dos 30 agricultores
entrevistados, foi notado uma queda de 53% na utilização de adubação
química após a inserção do agricultor nas políticas públicas estudadas.
Já a utilização de agrotóxicos houve uma queda de 17%.
c) Manejo do Solo
No manejo de solo, não houve alterações nos resultados.
d) Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP)
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) constitui um plano de medidas
voltadas para diminuir o uso de agrotóxicos na produção convencional,
buscando promover o equilíbrio nas plantas e monitorar as pragas
evitando, ao máximo, o uso desses produtos no sistema. (EMBRAPA,
2014). Dos 30 agricultores entrevistados, foi notado um aumento de 23 %
no Manejo Integrado de Pragas e Doenças após a inserção do agricultor
nas políticas públicas estudadas.
e) Reutilização de Água
A reutilização de água tem grande vantagem na preservação da
água potável, sendo esta utilizada apenas para atender as
necessidades de consumo que exigem potabilidade, como para
44
consumo humano (WERNECK FILHO, 2014). Dos 30 agricultores
entrevistados, foi notado um aumento de 40% na reutilização de água
após a inserção do agricultor nas políticas públicas estudadas.
Nas entrevistas é possível analisar que a maioria dos produtores não tem
como fonte primária de renda os programas citados, os programas são uma fonte
de renda extra que auxilia os produtores a escoarem o produtor e obterem uma
renda melhor. E também 63% dos agricultores entrevistados alegam não participar
das reuniões nas reuniões semanais da associação. Os produtores também citaram
algumas reclamações, sendo as principais:
a) aumento de cotas dos programas.
b) dificuldade com a logística dos produtos.
c) inconstância dos pedidos do PNAE.
45
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Conforme relatado na pesquisa de campo realizada, diversos produtores não
participam das reuniões semanais que a associação realiza e as reuniões tem uma
grande importância para evitar dúvidas e poder realizar o completo aproveitamento
das políticas públicas, para Hardingham (2000, p. 10) "os requisitos, benefícios e
riscos especiais de equipes são acionados assim que, pelo menos, um objetivo
comum exija a reunião de esforços. Isso porque o objetivo ou objetivos precisam
ser, igualmente, compreendidos por todos os membros da equipe e os esforços, em
conjunto, precisam ser coordenados". Sendo assim propõe-se uma maior
frequência dos agricultores participantes nas reuniões semanais.
Também foi relatado problemas quanto a logística da entrega dos produtos
à associação, para tal problema poderia ser efetuado a compra de um veículo
próprio da associação para realizar a coleta nas propriedades dos agricultores
familiares com uma logística que garanta a viabilidade de tal operação.
Em relação ao aumento de cotas e inconstância dos pedidos, que foram
reclamações que os agricultores citaram, não é possível ter uma ação sobre isso,
pois são normas das políticas públicas citadas.
46
CONCLUSÃO
Este trabalho buscou levantar os principais impactos que o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Aquisição de
Alimentos (PAA) influenciou na vida dos produtores associados à APOL e foi
possível concluir a hipótese levantada. Foi possível perceber através das
entrevistas uma grande satisfação dos produtores com as políticas públicas que
eles participam e que as mesmas auxiliam os produtores com uma renda
complementar, renda esta que é revertida em equipamentos para melhor produção,
bens para a família do produtor, educação e moradia. Os produtores têm ampliado
a utilização de adubação orgânica e reduzido o uso de agrotóxicos o que é de
extrema importância ambiental e também melhora a qualidade dos alimentos.
Para futuros trabalhos, seria de grande interesse um estudo de outras
políticas públicas que os agricultores familiares podem estar ingressando, podendo
assim auxiliar os produtores rurais com este conhecimento.
47
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, R. Agricultura familiar e uso do solo. São Paulo em Perspectiva. Abr/Jun, vol.l 11 ed. São Paulo: Fundação Seade, 1997. 73-78 p.
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48
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50
APENDICES
51
APÊNDICE A – Questionário aplicado ao produtor
Questionário Aplicado ao Produtor:
Participa de um dos
programas?
SIM NÃO
PAA
PNAE
OUTROS(Qual?)
Qual a % da sua produção é
destinada ao PAA/PNAE ?.
Você participa das reuniões
dos programas? SEMPRE
AS VEZES
NUNCA
O que você acha destes
programas: Bom
Regular
Ruim
Quais as dificuldades e benefícios dos programas?
O que você acha que poderia melhorar.
A questão econômica da família melhorou
SIM
NÃO
Relacione aqui algumas aquisições feitas por conta dessa melhoria.
SIM NÃO
52
Maquinas ou implementos
agrícolas
Veículo para a distribuição dos
produtos
Eletrodomésticos
Sistema de irrigação
A questão econômica da família melhorou:
SIM NÃO
Aponte aqui algumas delas:
SIM NÃO
Acesso a internet
Convênio médico
RUIM REGULAR BOM ÓTIMO
Tempo de Lazer
Educação
Moradia
Na questão ambiental houve mudanças?
Antes Depois
Uso de Agrotoxico
Reutilização de Água
Adubação Organica
Adubação Quimica
Manejo do Solo
Manejo Integrado de Pragas e
Doenças
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
53
APENDICE “B” – TABELAS REFERENTES ÀS FIGURAS
Tabela 1- Nível de satisfação dos produtores em relação à educação.
Regular 3
Bom 23
Ótimo 4
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
Tabela 2 - Nível de satisfação dos produtores em relação à moradia.
Regular 4
Bom 18
Ótimo 8
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
Tabela 3 -Nível de satisfação dos produtores em relação ao tempo de lazer.
Regular 15
Bom 13
Ótimo 1
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
Tabela 4 -Quantidade de produtores com acesso à internet.
Sim 14
Não 16
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
54
Tabela 5 -Produtores que adquiriram bens com as políticas públicas.
SIM NÃO
Eletrodomesticos 14 16
Veículo para a distribuição dos produtos
14 16
Sistema de irrigação 21 9
Maquinas ou implementos agrícolas 22 8
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
Tabela 6- Resultado do Questionário Agronômico e Ambiental
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Utiliza Pouco (Antes)
Utiliza Muito (Antes)
Utiliza Pouco (Depois)
Utiliza Muito (Depois)
Adubação Organica 17 13 8 22
Adubação Quimica 22 8 24 6
Manejo do Solo 23 7 7 23
Manejo Integrado de Pragas e Doenças 25 5 18 12
Reutilização de Água 24 6 18 12
Uso de Agrotóxic
o 23 7 28 2
Fonte: elaborado pelos autores, 2017