impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC CENTRO SÓCIO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS FABRICIO VALDIR DA SILVEIRA IMPACTO DOS IMPOSTOS NO PREÇO FINAL DE ENERGIA ELÉTRICA EM SANTA CATARINA Florianópolis 2013

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Page 1: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

CENTRO SÓCIO ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

FABRICIO VALDIR DA SILVEIRA

IMPACTO DOS IMPOSTOS NO PREÇO FINAL DE ENERGIA

ELÉTRICA EM SANTA CATARINA

Florianópolis

2013

Page 2: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

FABRICIO VALDIR DA SILVEIRA

IMPACTO DOS IMPOSTOS NO PREÇO FINAL DE ENERGIA

ELÉTRICA EM SANTA CATARINA

Monografia submetida ao Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal de

Santa Catarina, como requisito obrigatório

para obtenção do grau de Bacharelado.

Orientador: Professor João Randolfo

Pontes

FLORIANÓPOLIS

2013

Page 3: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

IMPACTO DOS IMPOSTOS NO PREÇO FINAL DE ENERGIA

ELÉTRICA EM SANTA CATARINA

Monografia submetida ao departamento

de Ciências Econômicas para obtenção

de carga horária na disciplina

CNM9125 - Monografia.

Por: Fabricio Valdir da Silveira

Orientador: Prof. João Randolfo Pontes

Área de Pesquisa: Economia de Empresas

Palavras-chave: 1. Carga tributária

2. Energia elétrica

3. Preço final da energia

Florianópolis

2013

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Page 5: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

"A mente que se abre para uma nova idéia

jamais volta ao seu tamanho natural.”

Albert Einstein

Page 6: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela saúde e por encaminhar tantas pessoas queridas em minha

vida.

A minha esposa Carla pelo apoio e carinho, minha filha Ana Beatriz, que

acordou um dia e ficou ao meu lado me vendo escrever este trabalho.

A minha mãe por toda criação e ajuda que ela me concedeu e também seu

companheiro Gilmar.

Ao meu irmão Ricardo, sua esposa Simone e minha afilhada Eduarda.

As minhas irmãs, Sabrina e Susana juntamente com sua filha Isadora e marido

Ivan.

Aos meus inseparáveis amigos que sempre me apoiaram, especialmente, ao

Grupo Clas.

Aos meus familiares, tios, avós e primos, por estarem sempre presentes em toda

minha vida.

A toda família da minha esposa, pois faz parte da minha vida.

Ao Prof. Dr. João Randolfo Pontes não apenas pela orientação, mas também pela

amizade.

Ao Prof. Hazim A. Al_Qureshi da Engenharia Mecânica da UFSC.

De forma especial agradeço a Maria Amazile Ferreira Toscano, Angela

Cordeiro, Ecilda Gomes Haensel e José Roberto da Silva, pelos vários momentos de

paciência durante a execução deste trabalho.

A todos aqueles que participaram de alguma forma da minha vida acadêmica ou

contribuíram para a consecução desta monografia.

Page 7: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

RESUMO

O presente trabalho demonstra a incidência da carga tributária no preço final da energia

elétrica em Santa Catarina. A política de preço da energia a ser ofertada no mercado

futuro está inserida no contexto da matriz energética e constitui elemento relevante para

subsidiar as decisões visando a estruturação do planejamento econômico do País no

longo prazo. A energia constitui, portanto, um bem essencial para a população

impactando diretamente a renda obtida pelos consumidores. Sob a ótica empresarial, a

energia impacta o processo industrial e representa um dos fatores que eleva o preço dos

produtos levados ao mercado. Uma carga tributária elevada cria cenários negativos no

processo de análise da viabilidade econômica dos mais diversos projetos. Nesse sentido,

a base desta pesquisa levou em consideração os princípios inseridos no corpo da

fundamentação econômica e da eletricidade, oportunidade em que foram utilizados

conceitos relevantes como o de eficiência econômica, alocação de recursos, tributos,

custo, energia e tarifas. A metodologia utilizada centrou na busca dos dados

selecionados previamente com a finalidade de demonstrar a composição da carga

tributária no preço final de energia. Como principal resultado deste estudo se chegou a

conclusão que em média, 42,20% da conta final de energia elétrica são incidências de

tributos e os impostos PIS, COFINS e ICMS, utilizam como base de cálculo o valor da

tarifa de energia elétrica, já inclusos outros encargos, ou seja, tributos incidem sobre

outros tributos.

Palavras chave: Carga Tributos, Energia Elétrica, Preço Final da Energia.

SILVEIRA, Fabricio Valdir da, IMPACTO DOS IMPOSTOS NO PREÇO FINAL

DE ENERGIA ELÉTRICA EM SANTA CATARINA. Florianópolis: Monografia

(Bacharelado em Ciências Econômicas) - Universidade Federal de Santa Catarina –

UFSC, 2013.

Page 8: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Relacionamentos entre Agentes Envolvidos..................................................34

Figura 2 - Modelo de contratos ACL e ACR..................................................................35

Figura 3 - Explicação Gráfica sobre duas subcomponentes tarifárias (TUSD e TUST) 38

Figura 4 – Componentes distintos da Tarifa de Energia.................................................42

Figura 5 - Parcelas da TUSD..........................................................................................44

Figura 6 - Quadro resumo de incidência na saída de energia elétrica.............................49

Page 9: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Espécies tributárias por categoria econômica que incidente no sistema

elétrico ............................................................................................................................20

Tabela 2 - Tarifa Social de Baixa Renda.........................................................................37

Tabela 3 – Classe de consumo em Kwh e taxa de ICMS em %......................................49

Tabela 4 - Carga consolidade de tributo federal e estadual ...........................................53

Tabela 5 - Carga consolidada de tributo setorial, sobre a receita bruta, ano 2011 e

2012.................................................................................................................................54

Tabela 6 - Carga Tributária no Setor elétrico, 2011 e 2012 ...........................................54

Tabela 7 - Tarifa média de energia elétrica com e sem encargos setoriais para

consumidores residenciais 2012......................................................................................55

Tabela 8 – Preço da tarifa de energia elétrica com e sem encargos setoriais..................56

Tabela 9 – Preço final de energia elétrica em Santa Catarina com e sem tributos para

consumidores residenciais em 2012...............................................................................56

Page 10: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Regulação do preço do monopólio natural..................................................26

Gráfico 2 - Equilíbrio da firma em concorrência perfeita no curto prazo ......................28

Gráfico 3 - Ajuste da firma em concorrência perfeita no longo prazo ...........................29

Gráfico 4 - Carga Tributária no Setor Elétrico, em 2011 e 2012....................................55

Gráfico 5 - Tarifa industriais de consumo de energia elétrica 2013 (R$/MWH)............57

3

Page 11: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

ACL – Ambiente de Contratação Livre

ACR – Ambiente de Contratação Regulada

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

CCC – Conta de Consumo de Combustíveis

CDE – Conta de Desenvolvimento Energético

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina

CNI – Confederação Nacional da Indústria

COFINS –Contribuição social para o Financiamento da Seguridade social

CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

ESS – Encargos de Serviços do Sistema

FIRJAN– Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

GWh –Gigawatt-hora

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços

IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

kV – Kilovolt

kWh – Kilowatt-hora

MAE – Mercado Atacadista de Energia Elétrica

MME – Ministério de Minas e Energia

MW – Megawatt

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PASEP – Patrimônio do Servidor Público

PIB – Produto Interno Bruto

PIE – Produtor Independente de Energia

PIS – Programa de Integração Social

PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas

RGR – Reserva Global de Reversão

SIN –Sistema Interligado Nacional

Page 12: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

TE – Tarifa de Energia

TFSEE –Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica

TUSD – Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição

TUST –Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão

TUSTFR – Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão de Fronteira

TUSTRB –Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão da Rede Básica

Wh – Watt-hora

Page 13: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 14

1.1 Problemática .............................................................................................................. 14

1.2 Objetivos .................................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 16

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 16

1.3 Metodologia ............................................................................................................... 16

1.4 Estrutura do trabalho .................................................................................................. 17

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18

2.1 Eficiência econômica ................................................................................................. 18

2.2 Fundamentos dos impostos ........................................................................................ 19

2.3 Custos ......................................................................................................................... 21

2.3.1 Conceito ..................................................................................................................... 21

2.3.2 Classificação dos custos ............................................................................................. 23

2.4 Energia elétrica .......................................................................................................... 24

2.4.1 Conceito básico de energia elétrica............................................................................ 24

2.5 Tarifa .......................................................................................................................... 26

2.5.1 Conceito de tarifa de energia elétrica ........................................................................ 26

2.5.2 Modalidades tarifárias e tarifação .............................................................................. 29

2.5.2.1 Modalidade de tarifação convencional ...................................................................... 30

2.5.2.2 Modalidade de tarifação horo-sazional verde ............................................................ 30

2.5.2.3 Modalidade de tarifação horo-sazional azul .............................................................. 31

CAPÍTULO 3 – ESTRUTURA TARIFÁRIA E TRIBUTAÇÃO DA ENERGIA

ELÉTRICA NO BRASIL 33

3.1 Breve histórico da energia elétrica no Brasil ............................................................. 33

3.2 Fundamentos da comercialização de energia elétrica no Brasil ................................ 34

Page 14: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

3.3 Estrutura tarifária ....................................................................................................... 36

3.3.1 Tarifa de Energia (TE) ............................................................................................... 38

3.3.2 Composição da Tarifa de Energia ............................................................................. 40

3.3.3 Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD) ................................................ 42

3.3.3.1 Parcelas da Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD) ............................. 43

3.3.4 Composição dos custos da rede elétrica .................................................................... 44

3.4 Carga tributária que impacta a rede elétrica .............................................................. 47

3.5 Análise resultados ....................................................................................................... 52

CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

ANEXO 1: Tarifa de energia convencional ............................................................................. 66

Page 15: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

14

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 Problemática

A energia elétrica é um insumo essencial para o desenvolvimento econômico dos

países, das indústrias, empresas e da população de forma geral. Por isso, toda às vezes

que se planeja o desenvolvimento de um país se deve pensar na estruturação e

montagem da capacidade de produção da rede elétrica.

Os reflexos dessa decisão podem ser vistos nos investimentos realizados na

construção de novas obras (usinas, subestações e linhas de transmissão), na produção de

máquinas e equipamentos, no desenvolvimento de softwares, na prestação de serviços e

nas pesquisas, que são os responsáveis diretamente pelo aumento da produção, da

criação de emprego se da geração de rendas.

Dados apresentados no Fórum Econômico Mundial de 2010 e 2012 (Apud

ABRADEE, 2012), mostram que entre 142 países estudados, o Brasil ocupa a 69º

posição no tocante a qualidade do suprimento de energia. Este indicador revela a

importância de concentrar um maior volume de investimentos no planejamento da

expansão da oferta de eletricidade em projetos que considerem os fundamentos da

qualidade, de modo a se ter um maior grau de eficiência econômica e aumentar o poder

da competição das empresas brasileiras no cenário mundial.

No tocante ao efeito-estufa, uma avaliação feita entre os 10 maiores países do

mundo, o Brasil aparece como o primeiro do ranking na qualidade da matriz de geração

de energia elétrica, isto é, para cada GWh de energia gerado no país, são emitidas 61

toneladas de Co2 equivalente, quase 10 vezes menos do que a média de 585 toneladas

de Co2 equivalente por GWh (FIRJAN, 2012).

Outro fator importante na indústria da energia se refere a incidência dos tributos

em toda a cadeia produtiva, que afeta diretamente o custo, desde a compra de máquinas

e equipamentos e outros insumos utilizados na construção, montagem e fabricação da

energia, até a comercialização e a distribuição ao consumidor final. Uma excessiva

carga tributária encarece a tarifa de energia e prejudica diretamente aos consumidores e

empresas.

Segundo o Instituto Acende Brasil 2011(Apud ABRADEE, 2012), os encargos e

tributos no Brasil representam 45% do preço final da tarifa de energia elétrica. Nesse

Page 16: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

15

quadro é possível citar o PIS, COFINS, ICMS, IRPJ e CSLL. De certa forma este

quadro tem como referência o pensamento dos dirigentes públicos de que a economia

brasileira deve crescer sustentada pelo crescimento da arrecadação através dos tributos.

Contudo, a posição que hoje se encontra o País revela que os consumidores pagam

tributos que oscilam de 15% a 48% sobre os produtos ofertados. Em 2012, por exemplo,

a carga tributária paga pelos brasileiros somou recordes 36,27% do Produto Interno

Bruto chegando ao patamar de R$ 1,6 trilhão. Este número é maior que o registrado em

2011, quando ficou em 36,02%. Nos últimos dez anos, a carga tributária registrou um

acréscimo de 3,63 pontos percentuais (IBPT1, 2013).

Fazendo parte do custo que baliza a montagem do preço final de energia, as

empresas buscam introduzir estratégias e ações diferenciadas com vistas à obtenção de

maior poder de competitividade. A lógica empresarial neste caso é conseguir maiores

vantagens competitivas tendo como fundamento básico a redução dos custos e da

tributação, elementos estes que fazem parte da agenda e das decisões diárias dos

dirigentes. No caso brasileiro os empresários buscam colocar suas posições e de forma a

exercer pressão para conseguirem mudar este quadro e consequentemente obter uma

maior taxa de vantagem competitiva, através das federações industriais estaduais e junto

a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para Gonçalves e Stelzer (2007), a lógica que sustenta a obtenção das vantagens

competitivas por parte das empresas não está apenas na prática da redução dos custos,

mas na ampliação dos mercados, no processo de integração, na obtenção de economias

de escala e no aumento da produção, possibilitando, desse modo, participar da

concorrência internacional com base nas medidas que elevam a eficiência econômica da

produção.

Neste sentido Schumann e Kroetz (2008) afirmam que as operações de geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica são executadas com alto grau de

complexidade, envolvendo investimentos e gastos adicionais que afetam diretamente as

tarifas de energia elétrica afetando, por outro lado, a concorrência que ocorre entre as

empresas que atuam no cenário mundial.

1 Cf. em Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Brasileiro vai trabalhar 150 dias em 2013 só para

pagar imposto, diz IBPT. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/seu-

dinheiro/noticia/2013/05/brasileiro-vai-trabalhar-150-dias-em-2013-so-para-pagar-imposto-diz-

ibpt.html>. Acesso em: 3 maio 2013.

Page 17: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

16

Diante do contexto da problematização apresentado, este trabalho busca

responder a seguinte pergunta de pesquisa: como a carga tributária impacta o preço final

da energia elétrica em Santa Catarina?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Examinar a incidência e o impacto da carga tributária no preço final de energia

elétrica em Santa Catarina.

1.2.2 Objetivos Específicos

Investigar o levantamento bibliográfico no âmbito da literatura

econômica dos temas relevantes que estarão apoiando o desenvolvimento deste

trabalho;

Identificar os principais tipos de impostos que fazem parte da cadeia

produtiva do setor elétrico brasileiro;

Definir a relevância dos tributos na composição da tarifa e os reflexos

para o preço final da energia elétrica.

1.3 Metodologia

A presente pesquisa decorreu do levantamento sistemático do conjunto de

variáveis que são utilizadas com o objetivo de calcular as tarifas de energia elétrica no

Brasil, buscando detalhar o montante da carga tributária incidente na fatura de energia

elétrica em Santa Catarina. Sendo o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e

Serviços) um tributo de responsabilidade de cada Estado, neste caso, a empresa

CELESC (Centrais Elétricas de Santa Catarina) serviu de referência por ser a única a

distribuir a energia elétrica em Santa Catarina.

Para este estudo foram desenvolvidas três análises: a primeira sobre como os

tributos setoriais afetam a tarifa de energia elétrica, a segunda no que tange a incidência

dos tributos federal e estadual do setor elétrico e a terceira a respeito de como os

tributos afetam o preço final da eletricidade.

Page 18: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

17

Corroborando dessa maneira para a concretização do objetivo deste estudo, que

é examinar a incidência e o impacto da carga tributária no preço final de energia elétrica

em Santa Catarina, cuja demonstração dos valores é apresentada por meio de tabelas.

Para tanto, os principais materiais utilizados foram às leis e decretos que regulamentam

o setor elétrico brasileiro e consultas aos sites de publicações dos principais órgãos

relacionados a este setor, como ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Quanto à parte técnica, o método utilizado focou na pesquisa bibliográfica, com

ênfase nos livros de autores reconhecidos no tocante do tema e consultas nas

concessionárias de energia como a CELESC, Eletrosul e Tractebel Energia. Desta

forma, os dados apresentados neste trabalho são fundamentalmente do tipo secundários,

ou seja, as fontes para coleta destes compreendem revistas especializadas, livros, sites

na internet, trabalhos acadêmicos, periódicos entre outros. Tendo em vista que a

obtenção dos dados através destas fontes representa um papel fundamental para

realização deste trabalho.

1.4 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está dividido em quatro capítulos. O primeiro apresenta a

problemática do tema, os objetivos e a metodologia utilizada. O segundo capítulo

destaca os elementos mais relevantes da fundamentação teórica e contemplará os

conceitos de custos, eficiência, tarifa e energia. O terceiro capítulo se refere ao caso

estudado e que se subdivide em quatro partes: fundamentos da energia elétrica no

Brasil, estrutura tarifária, carga tributário no setor elétrico e análise dos resultados.

Tendo por fim o quarto capítulo que proporciona a obtenção das conclusões a cerca do

tema de estudo.

Page 19: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

18

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Eficiência econômica

Em economia, o termo eficiência significa que os recursos estão a ser usados da

melhor forma possível para satisfazer as necessidades e desejos das pessoas, ou seja,

não existe eficiência com desperdício de recursos.

Além disso, dentro da área econômica o estudo de alocação de recursos é

extremamente importante, tendo em vista que os recursos são limitados. O que faz

surgir a necessidade de um sistema de produção eficiente, capaz de possibilitar que as

empresas consigam produzir o máximo de bens com o mínimo de fatores produtivos.

Para Vasconcellos e Oliveira (1996), a produção é o processo pelo qual a firma

transforma alguns bens e serviços denominados fatores de produção, ou insumos, em

produtos ou serviços para a venda no mercado.

Autores como Pindyck e Rubinfeld (2002), analisam a eficiência pelo viés da

produção de uma empresa, na dimensão dos recursos, e como pode ser medida a partir

dos níveis de produção com uma determinada combinação de insumo. Uma vez que os

recursos são finitos, independente da organização econômica ou regime político que

rege qualquer sociedade, as mesmas são obrigadas a fazer escolhas e avaliações.

Os governantes quando fazem e planejam políticas econômicas têm que ter em

conta os impactos sociais que ocorrem. Desta forma tomam por vezes medidas que são

negativas em termos de eficiência econômica, mas positivas em termos de

redistribuição. Ao longo desta pesquisa será possível reconhecer essas medidas quando

nos depararmos com um modelo desta situação, como por exemplo, os impostos.

Para Gonçalves e Stelzer (2007),

É nesta perspectiva de reflexão que se discute o papel do Estado, do

Direito e do mercado. Os indivíduos buscam, nas instituições

econômicas políticas de maximização de suas expectativas de forma a

ser obtida a maior diferença custo-benefício; o que não quer dizer que

a forma de obtenção desta maximização de resultados ocorra, sempre,

de forma indolor e equilibrada, ainda mais, se consideradas todas as

contingências negativas para negociação. Tem-se, então, tal como

ensina Adam Przeworsky, papel preponderante para o Estado

moderno, na medida em que se distribui renda e aloca recursos que o

mercado não é capaz, seja em função de falhas próprias de sua

incapacidade de auto-reprodução ad infinitun, seja em função da

Page 20: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

19

monopolização e da não mercantilização ou, simplesmente, pela

ineficiência de seus agentes. (GONÇALVES; STELZER, 2007, p.4).

A importância do estado é inegável, sua função de regulação em busca da

eliminação do desequilíbrio social, os agentes econômicos devem buscar sua eficiência,

eliminando externalidades, para visar um maior desenvolvimento social e econômico.

Conforme explanam Gonçalves e Stelzer (2007), com o princípio da eficiência

econômica social, é possível a acomodação, entre os fins racionais economicistas do

Direito e a necessidade elementar de equidade - oportunidades: em recursos, emprego,

educação, bem-estar social mínimo.

2.2 Fundamentos dos impostos

A tributação pode ser entendida como a principal fonte de recursos do setor

público. Mas só em última análise o gasto público termina prioritariamente financiado

pelos tributos arrecadados, apesar do ingresso do dinheiro aos cofres públicos ocorrer

também de outras maneiras, como através das receitas patrimoniais ou creditícias. A

tributação também pode ser considerada um custo a ser verificado na utilização nos

mecanismos de mercado (CALIENDO, 2009).

Pelo fato da tributação representar um custo, o sistema tributário ideal deve ser o

mais neutro possível, de forma a minimizar a interferência no mercado, a ponto de não

prejudicar a eficiência econômica. Um imposto neutro não distorce os preços dos bens e

serviços, ou seja, não afeta a eficiência nas decisões de alocação dos recursos para a

produção e consumo. Adam Smith (1996), na sua obra de maior evidência, “A Riqueza

das Nações”, estabelece quatro princípios para alcançar um sistema tributário ótimo, são

eles, I) equidade: a tributação deve estar relacionada a capacidade contributiva; II)

Clareza: os tributos devem ser claros e não arbitrários; III) razoabilidade: os tributos

dever ser arrecadados de modo menos oneroso possível; IV) devem produzir o menor

custo possível: tanto em termos arrecadatórios quanto nas ineficiências que promovam

no ambiente econômico.

A partir produção de Smith (1996), encontra-se na teoria econômica atual um

refinamento para os princípios de uma tributação ideal. Estes são apresentados por

Giambiagi (2008), e sua teoria dos tributos é regida por quatro princípios fundamentais:

Page 21: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

20

• Igualdade - (ou Capacidade Contributiva): significa dizer que a cobrança de

tributos deverá respeitar a igualdade entre os cidadãos, analisando-se suas diferenças

sociais e econômicas;

• Legalidade - (ou o Respeito ao Estado de Direito): significa dizer que não é

permitido cobrar tributos (sua hipótese de incidência, fato gerador e alíquota) bem como

se estabelecer benefícios (imunidades e isenções) e punições (pela falta de pagamento

e/ou sonegação), sem que haja previsão legal (Constituição, Leis, Decretos, etc);

• Liberdade - (Proibição de Confisco): é vedado ao Estado cercear à liberdade

e as garantias fundamentais (livre iniciativa, propriedade, direito de ir e vir, entre

outros) pela cobrança desarrazoada e desproporcional (ou seja, exagerada) de tributos;

• Anterioridade – (Atrelada ao princípio da Legalidade): impede que o Estado

institua a cobrança de tributos sem respeitar um prazo para o início de sua vigência, de

forma a surpreender os cidadãos.

Os tributos são subdivididos em espécies e sua arrecadação é vinculada a uma

destinação específica, ou seja, a uma atividade administrativa vinculada, conforme as

seguintes especificações:

• Impostos - Financiamento geral das atividades do Estado;

• Taxas - Contraprestação por serviços público específico e divisível para

cada contribuinte (efetivo ou potencial) e/ou decorrentes do poder de polícia;

• Contribuições - Financiamento específico para financiar política pública

específica e determinada (Melhoria; Sociais, Previdenciários, Intervenção, Domínio

Econômico).

Além disso, para melhor compreender os objetivos desta análise, é necessário

conhecer a divisão dos tributos quanto à categoria econômica sobre o qual estes recaem.

Sendo elas:

• Renda - ou seja, tudo aquilo que se aufere pela realização do trabalho;

• Patrimônio - propriedade de bens (móveis e imóveis);

• Atividade Econômica - circulação de riquezas.

Nesse contexto, o Brasil é mundialmente conhecido como país de grande

desigualdade social e um dos principais motivos se dá pelo fato de termos um

ineficiente e injusto Sistema Tributário. A Tabela 1 abaixo facilita a compreensão da

atual divisão das competências tributárias e as categorias econômicas sobre os quais

recaem os tributos previstos em nossa legislação:

Page 22: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

21

Tabela 1 - Espécies Tributárias por categoria econômica que incidente no sistema elétrico

Tributos Natureza Jurídica Competência Regime Base de Cálculo

Alíquota (%)

IRPJ Imposto Federal Cumulativo Lucro 15 CSLL Contribuição Federal Cumulativo Lucro 9 PIS/PASEP Contribuição Federal Misto Faturamento 0,65 ou 1,65 COFINS Contribuição Federal Misto Faturamento 3 ou 7,6 ICMS Imposto Estadual Não-Cumulativo Vendas Variável ISS Imposto Municipal Cumulativo Serviços Variável Fonte: RCO – Revista de Contabilidade e Organizações – FEA-RP/USP

2.3 Custo

2.3.1 Conceitos

Segundo Pontes (2010),custo é todo gasto relativo à bem ou serviço utilizado na

produção de outros bens ou serviços. O custo é também um gasto, só que reconhecido

como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e

serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Os custos devem

ser registrados segundo os termos da legislação. Assim, todos os custos incorridos na

produção são fatos econômicos e, portanto, devem ser contabilizados sempre que eles

ocorrerem, devendo ser incorporados na Demonstração do Resultado Econômico

(DRE). As demonstrações financeiras, compostas pelo Balanço Patrimonial (Ativos e

Passivos), Demonstração de Resultado Econômico, Demonstrativo de Origem e

Aplicação dos Recursos, Variação do Patrimônio, demonstram o desempenho das

empresas em cada período.

Exemplos de custo

A matéria-prima compõe um gasto na sua aquisição que imediatamente se

tornou investimento, e assim ficou durante o tempo de sua estocagem. No momento da

sua utilização na fabricação de um bem, surge o custo da matéria-prima como parte

integrante do bem fabricado. Este, por sua vez, torna-se novamente um investimento, já

que fica ativado até sua venda.

No entanto, a energia elétrica utilizada na fabricação de um item qualquer é

gasto (na hora do seu consumo) que passa imediatamente para custo, sem transitar pela

fase de investimento.

Page 23: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

22

Em contrapartida, a máquina provocou um gasto na sua entrada, tornado

investimento e parceladamente transformado em custo à medida que é reconhecido seu

desgaste pela utilização no processo de produção (depreciação).

Despesas

São bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de

receitas. As despesas são itens que reduzem o Patrimônio Líquido e que têm essa

característica de representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas.

Exemplos de despesa: a) comissão do vendedor; b) o computador da secretária

do diretor financeiro, que fora transformado em investimento, tem uma parcela

reconhecida com despesa (depreciação) sem transitar por custo.

Desembolso e perda

Desembolso é o pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Enquanto

perda se refere ao bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária.

Exemplo: a) perdas por incêndios, enchentes, perecimento etc; b) o gasto com

mão-de-obra durante um período de greve é uma perda, não um custo de produção.

Encargos financeiros

Pelo fato de não se contabilizar os “juros do capital próprio” ou outro conceito

de custo de oportunidade, o registro dos encargos financeiros é tratado na contabilidade

sempre como despesa e não como custo. Isso se deve ao fato de que: a) também teria de

considerar os encargos do capital próprio; b) por acompanhar a contabilidade comercial;

c) por não serem itens operacionais.

Gastos na produção que não são custos

Inúmeras vezes ocorrem o uso de instalações, equipamentos e mão-de-obra da

produção para elaboração de bens ou execução de serviços não destinados à venda. Por

exemplo: os serviços de manutenção do prédio, reforma e pintura de equipamentos não

fabris etc. Deve ser feito um apontamento da mão-de-obra e dos materiais utilizados, e

Page 24: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

23

esse montante será tratado como despesa ou imobilização, dependendo do que tiver sido

realizado.

Dentro deste mesmo esquema estariam as fabricações de máquinas para uso

próprio ou ainda elaboração de dispositivos, ferramentas e outros itens de uso fabril,

mas não de consumo imediato.

Onde terminam os custos de fabricação ou de produção?

A regra é simples, basta definir o momento em que o produto está pronto para a

venda, até então, todos os gastos são contabilizados como custos. A partir desse

momento, todos serão despesas. Por exemplo: gastos com embalagem:

Custos: se os produtos já são colocados à venda embalados.

Despesas: quando a embalagem é aplicada após a venda.

Desta forma, os custos contemplam a remuneração econômica dos fatores de

produção utilizados em qualquer tipo de negócio. Afinal, o objetivo básico de qualquer

firma é a maximização dos seus resultados, sendo assim as empresas procuraram

sempre obter a máxima produção possível com o menor nível de custos.

2.3.2 Classificação dos custos

Os custos podem ser considerados de diversas maneiras de acordo com sua

finalidade. Segundo Oliveira (2011), eles podem ser classificados a partir do:

Custo de investimento e dos recursos: criação, preparação, organização e

construção.

a) Fixos: são os custos que em certo período e em certa capacidade instalada não

variam qualquer que seja o volume de atividade da empresa.

b) Variáveis: são os que variam conforme a quantidade produzida.

c) Semifixos: são os custos que podem variar de tempo em tempo, como aluguel

reajustado, depreciação pela soma dos dígitos etc.

Page 25: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

24

d) Semivariáveis: são os custos variáveis que não acompanham linearmente a

variação da produção, mas variam aos saltos, mantendo-se fixos dentro de estreitos

limites.

Custo na produção: incidem na operação, comercialização, logística e pós venda.

a) Diretos: o custo direto é aquele que pode ser identificado e diretamente

apropriado a cada tipo de obra, ou seja, ele está diretamente ligado a cada tipo de bem

ou função de custo. São os materiais diretos utilizados na fabricação do produto e da

mão de obra direta.

b) Indiretos: os custos indiretos são aqueles custos que não podem ser

apropriados diretamente ao produto ou bem, estes são apropriados aos produtos finais

mediante critérios predeterminados. São aqueles que apenas mediante aproximação

podem ser atribuídos aos produtos por algum critério de rateio (exemplos: supervisão,

seguros de fábrica, aluguel). Incluem-se nos custos indiretos os diretos por natureza,

mas que por serem irrelevantes ou de difícil mensuração são tratados como indiretos.

2.4 Energia Elétrica

2.4.1 Conceito Básico de Energia Elétrica

O conceito de energia está relacionado com a capacidade de por em movimento

ou transformar algo. No âmbito econômico e tecnológico, a energia refere-se a um

recurso natural e aos elementos associados que permitem fazer um uso industrial do

mesmo.

A exploração econômica ou industrial da energia compreende diversos

processos, que variam de acordo com a fonte usada. Pode-se mencionar, por exemplo, a

extração da matéria-prima (como o petróleo obtido dos poços), o seu processamento (no

caso do petróleo, o seu refinamento) e a sua transformação em energia através de

turbinas, em energia elétrica.

Segundo a Eletropaulo (2013),

A energia elétrica pode ser gerada por meio de fontes renováveis de

energia (a força das águas e dos ventos, o sol e a biomassa), ou não-

Page 26: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

25

renováveis (combustíveis fósseis e nucleares). No Brasil, onde é

grande o número de rios, a opção hidráulica é mais utilizada e apenas

uma pequena parte é gerada a partir de combustíveis fósseis, em

usinas termelétricas.

Após ser gerada, a energia elétrica é conduzida por cabos até a

subestação elevadora, onde transformadores elevam o valor da tensão

elétrica (tensão). Assim, nesse nível de tensão, a eletricidade pode

percorrer longas distâncias pelas linhas de transmissão, sustentadas

por torres, até chegar nas proximidades de onde será consumida.

Antes disso, porém, a energia elétrica precisa ser reduzida na

subestação abaixadora por meio de transformadores. Em seguida, ela

percorre as linhas de distribuição, que podem ser subterrâneas ou,

como é mais corriqueiro, por redes aéreas. Finalmente, a energia

elétrica é transformada novamente para os padrões de consumo local e

chega às residências e outros estabelecimentos.

O consumo de energia elétrica depende da potência do aparelho

utilizado e do tempo de utilização. Os aparelhos elétricos possuem

diferentes potências, consumindo mais ou menos energia. Essa

potência é expressa em watts (W) e deverá estar mencionada na placa

de identificação afixada no próprio aparelho. É o medidor de energia

elétrica (relógio de luz) que registra o consumo de eletricidade.

(ELETROPAULO, 2013).

a) Consumo por tempo

O consumo de energia elétrica é igual à potência multiplicada pelo seu tempo de

funcionamento do equipamento, conforme a fórmula: Consumo = Potência x Tempo.

Por exemplo, uma lâmpada de 100 Watts de potência acesa por um período de 4 horas,

aplicando a fórmula mencionada, será consumido 400 Wh. Entretanto, trocando a

lâmpada incandescente por uma fluorescente compacta de 15 Watts, o consumo será

reduzido à 60 Wh, afinal 15 watts x 4 horas = 60 Wh. Desta forma é possível provar que

o consumo de energia de um aparelho elétrico está diretamente relacionado à sua

potência e ao seu tempo de funcionamento.

Neste sentido, também é possível calcular o consumo mensal de energia dos

aparelhos elétricos, basta multiplicar o seu consumo diário pelo número de dias em que

ele ficará ligado em um mês. Assim, se uma lâmpada incandescente de 100 Watts fica

ligada 4 horas todo dia, com um consumo diário de 400 Wh, ao final do mês ela terá

consumido 12.000 Wh (400 Wh x 30 dias).

Page 27: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

26

b) A medida do relógio de luz

O medidor de energia acompanha o tempo todo o consumo local em

quilowatts/hora (kWh) e não em watts/hora (Wh). Essa medição é feita em quilowatts-

hora (kWh), que vale por 1000 Watts, para que não haja números muito grandes nas

contas de energia. Atendendo dessa forma a representação das normas da ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Para medir o consumo de energia, basta executar o cálculo descrito no item

anterior, contemplando todos os aparelhos elétricos. Após calcular o consumo do dia, e

multiplicar para obter o valor do mês será necessário dividir o valor encontrado por

1.000 para obter a unidade de medida em kWh.

Desta forma, uma lâmpada que consome 4.000 Wh por mês tem, em outras

palavras, tem um gasto mensal de 4 kWh. Lembrando que a partir do cálculo proposto

será obtido o valor de cada aparelho elétrico e ao somar todos os gastos será possível

chegar ao consumo final de uma residência, por exemplo.

2.5 Tarifa

2.5.1 Conceito de tarifa de energia elétrica

No caso da indústria de energia elétrica, o setor de transmissão e distribuição,

possuem características de monopólio natural. Por isso a necessidade da atuação da

agência reguladora do setor elétrico (ANEEL) que tem o papel de definir a tarifa de

energia elétrica para maximizar o bem-estar social ao mesmo tempo em que procura

garantir o equilíbrio econômico da concessão do serviço público.

De acordo com Pires e Piccinini (1998), a regulação tarifária é um dos aspectos

mais importantes da regulamentação dos serviços públicos, tendo em vista a

necessidade, em um regime de monopólio natural, de se garantir tanto a rentabilidade do

investidor quanto a preservação dos interesses dos consumidores. Pindyck e Rubinfeld

(2002) afirmam ainda que a regulação de um monopólio natural se baseia na taxa de

retorno sobre o capital investido. E desta forma, cabe ao órgão regulador definir um

preço para o qual a taxa de retorno é de certa forma competitiva e razoável. Para ilustrar

essa tarifa, apresentamos ográfico1 com o intuito de esclarecer o preço do monopólio

natural e sua regulamentação.

Page 28: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

27

Gráfico 1: Regulamentação do preço do monopólio natural

Fonte: Do autor

Onde:

Qm- quantidade no ponto em que o custo marginal é igual à receita marginal;

Pm– preço no ponto em que o custo marginal é igual à receita marginal;

Q* - quantidade no ponto em que a curva de custo marginal corta a curva de

demanda;

P* – preço no ponto em que a curva de custo marginal corta a curva de

demanda;

Qa– quantidade no ponto em que a curva de custo médio corta a curva de

demanda;

Pa- preço no ponto em que a curva de custo médio corta a curva de demanda.

Observando o gráfico1, devido ao custo médio estar sempre declinando, o custo

marginal se encontra sempre abaixo do custo médio. Se não estivesse regulamentada, a

empresa produziria Qm e venderia a Pm. Em termos gerais o órgão regulador estaria

disposto a pressionar para baixo o preço da empresa até atingir o preço P*. O retângulo

A, representam as perdas de receita para a distribuidora de energia elétrica, quando

preço for igual ao custo marginal. Sendo assim, para Fugimoto (2010), uma solução

para se obter a alocação ótima e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio econômico da

concessionária, seria cobrar um preço igual ao custo marginal e cobrir as perdas de

Page 29: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

28

receita da distribuidora por meio de um subsídio ou de outra tarifa que independa da

quantidade vendida.

No Brasil, segundo a ANEEL, as regras de mercado do MAE (Mercado

Atacadista de Energia Elétrica), estabelecem que o preço é o maior valor entre o Custo

Marginal de Operação e o Custo Variável da Usina para Trocas de Energia.

Segundo resolução da ANEEL 446/2002, a partir de janeiro de 2004:

IV – os preços e as quantidades deverão ser calculados “ex-ante” e

“ex-post” em períodos de apuração de no máximo uma hora, por

submercado e considerar:

a) para a contabilização “ex-ante”, as declarações de carga,

disponibilidade de geração e os contratos bilaterais; e

b) para contabilização “ex-post”, as redeclarações de disponibilidade,

a disponibilidade verificada das usinas, ambas informadas pelo ONS,

os montantes verificados de energia requerida do sistema e os

compromissos resultantes da contabilização “ex-ante”.

V – as indisponibilidades das usinas, acima dos valores da taxa de

saída forçada (TEIF) e manutenção programada (IP), consideradas

para cálculo de energias asseguradas, não serão cobertas pelo

Mecanismo de Realocação de Energia - MRE, devendo o MAE

submeter à aprovação da ANEEL, para implantação até 1º de julho de

2003, um procedimento de verificação mensal baseado no

desempenho de cada usina nos últimos doze meses de operação.

(ANEEL, 446/2002).

Para a geração da energia elétrica ficou estabelecido no decreto nº 2003/1996,

que o produtor independente de energia é pessoa jurídica ou empresas reunidas em

consórcios, que recebem concessão ou autorização do poder concedente para produzir

energia elétrica destinada a comercialização. Partindo deste decreto, a geração terá o

livre acesso a qualquer empresa perante a legislação para gerar energia elétrica.

De acordo com a legislação os objetos da autorização são:

a) a implementação de usinas termelétricas (exceto nuclear) de potência superior

a 5000kW, destinada a uso exclusivo do auto produtor.

b) aproveitar de potenciais hidráulicos de potência superior a 1000kW e igual ou

inferior a 30000kW destinado a produção independente.

c) a compra e venda de energia elétrica por agente comercializador.

d) a importação e exportação de energia elétrica, bem como a implantação dos

respectivos sistemas de transmissão associados.

Page 30: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

29

O produtor independente poderá negociar livremente a energia elétrica

produzida com a própria indústria participante do projeto. O comportamento da geração

se dá através da concorrência, como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2 - Equilíbrio da firma em concorrência perfeita no curto prazo

Fonte: Do autor

Em concorrência perfeita em curto prazo, a demanda é igual a receita marginal e

o preço é determinado, pelo custo marginal igual a receita marginal. No gráfico 2 a

curva do custo marginal está representada por CMg, e o preço igual a receita marginal

por D1=RMg.

No longo prazo, o preço será maior que custo médio de longo prazo, para que a

empresa tenha retorno, conforme gráfico 3. Neste caso a soma de todos os custo no

curto prazo vão definir a curva de custo de longo prazo, que está representada em

negrito e nomeada como CMeLp. O preço é igual a receita marginal.

Page 31: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

30

Gráfico 3 - Ajuste da firma em concorrência perfeita no longo prazo

Fonte: Do autor

2.5.2 Modalidades tarifárias e tarifação

Segundo Ministério de Minas e Energia (2012), a tarifa de energia elétrica é a

composição de valores calculados que representam cada parcela dos investimentos e

operações técnicas realizadas pelos agentes da cadeia de produção e da estrutura

necessária para que a energia possa ser utilizada pelo consumidor. Portanto, a tarifa

representa a soma de todos os componentes do processo industrial de geração,

transmissão e comercialização de energia elétrica.

Ao contrario que se pensa, tarifa de energia não é conta de luz, a conta de luz de

cada consumidor contém o preço final, que é a tarifa definida pela ANEEL, mais os

impostos não incluídos nos custos da energia elétrica, como ICMS, PIS e COFINS.

Segundo a ANEEL (2007),

A tarifa regulada de energia elétrica aplicada aos consumidores finais

corresponde a um valor unitário, expresso em reais por quilowatt-hora

(R$/kWh). Esse valor, ao ser multiplicado pela quantidade de energia

consumida num determinado período, em quilowatt (kW), representa a

receita da concessionária de energia elétrica. A receita da distribuidora

é destinada a cobrir seus custos de operação e manutenção, bem como

remunerar de forma justa o capital investido de modo a manter a

continuidade do serviço prestado com a qualidade desejada. (ANEEL,

2007).

Page 32: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

31

Seguindo os conceitos da ANEEL, são duas as modalidades tarifárias: os

consumidores do Grupo B (baixa tensão) têm tarifa monômia, isto é, são cobrados

apenas pela energia que consomem e os consumidores do Grupo A têm tarifa binômios,

isto é, são cobrados tanto pela demanda quanto pela energia que consomem. Estes

consumidores podem se enquadrar em uma de três alternativas tarifárias:

a)Tarifação Convencional;

b)Tarifação horo-sazonal Verde;

c)Tarifação horo-sazonal Azul (compulsória para aqueles atendidos em tensão

igual ou superior a 69 kV).

2.5.2.1 Modalidade de tarifação convencional

O enquadramento na tarifa convencional exige um contrato específico com a

concessionária no qual se pactua um único valor da demanda pretendida pelo

consumidor, (Demanda Contratada), independentemente da hora do dia (ponta ou fora

de ponta) ou período do ano (seco ou úmido).Os consumidores do Grupo A, sub-grupos

A3a, A4 ou AS, podem ser enquadrados nos Subgrupos de Tensão de Fornecimento:

A1 ≥ 230 kV

A2 88 kV a 138 kV

A3 69 kV

A3a 30 kV a 44 kV

A4 2,3 kV a 25 kV

AS Subterrâneo

A conta de energia elétrica desses consumidores é composta da soma de parcelas

referentes ao consumo, demanda e ultrapassagem. A parcela de consumo é calculada a

partir da multiplicação do consumo medido pela Tarifa de Consumo:

P consumo = Tarifa de Consumo x Consumo Medido

2.5.2.2 Modalidade de tarifação horo-sazonal verde

O enquadramento na Tarifa Verde dos consumidores do Grupo A, subgrupos

A3a, A4e AS, é opcional. Essa modalidade tarifária exige um contrato específico com a

concessionária no qual se pactua a demanda pretendida pelo consumidor (Demanda

Page 33: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

32

Contratada), independentemente da hora do dia (ponta ou fora de ponta). Embora não

seja explícita, a Resolução 456 da ANEEL permite que sejam contratados dois valores

diferentes de demanda, um para o período seco e outro para o período úmido.

A conta de energia elétrica desses consumidores é composta da soma de parcelas

referentes ao consumo (na ponta e fora dela), demanda e ultrapassagem. A parcela de

consumo é calculada através da expressão abaixo, observando-se nas tarifas, o período

do ano:

P consumo= Tarifa de Consumo na ponta x Consumo Medido na Ponta +

Tarifa de Consumo fora de Ponta x Consumo Medido fora de Ponta

Cabe destacar que no período seco (maio a novembro) as tarifas de consumo na

ponta e fora de ponta são mais caras que no período úmido. A parcela de demanda é

calculada a partir da multiplicação da Tarifa de Demanda pela Demanda Contratada ou

pela demanda medida (a maior delas), caso esta não ultrapasse em mais de 10% a

Demanda Contratada:

P demanda = Tarifa de Demanda x Demanda Contratada

A tarifa de demanda é única, independente da hora do dia ou período do ano. A

parcela de ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida ultrapassa em

mais de 10% a Demanda Contratada. É calculada a partir da multiplicação da Tarifa de

Ultrapassagem pelo valor da demanda medida que supera a Demanda

Contratada: P ultrapassagem = Tarifa de Ultrapassagem x (Demanda Medida –

Demanda Contratada)

2.5.2.3 Modalidade de tarifação horo-sazonal azul

O enquadramento dos consumidores do Grupo A na tarifação horo-sazonal azul

é obrigatório para os consumidores dos sub-grupos A1, A2 ou A3.Essa modalidade

tarifária exige um contrato específico com a concessionária no qual se pactua tanto o

valor da demanda pretendida pelo consumidor no horário de ponta (Demanda

Contratada na Ponta) quanto o valor pretendido nas horas fora de ponta (Demanda

Page 34: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

33

Contratada fora de Ponta). Embora não seja explícita, a Resolução permite que sejam

contratados valores diferentes para o período seco e para o período úmido.

A conta de energia elétrica desses consumidores é composta da soma de parcelas

referentes ao consumo, demanda e ultrapassagem. Em todas as parcelas é possível

observar a diferenciação entre horas de ponta e horas fora de ponta. A parcela de

consumo é calculada através da expressão abaixo, observando-se, nas tarifas, o período

do ano:

P consumo= Tarifa de Consumo na ponta x Consumo Medido na Ponta +Tarifa de

Consumo fora de Ponta x Consumo Medido fora de Ponta

As tarifas de consumo na ponta e fora de ponta são diferenciadas por período do

ano, sendo mais caras no período seco (maio a novembro).A parcela de demanda é

calculada com a somado produto da Tarifa de Demanda na Ponta pela Demanda

Contratada na Ponta (ou pela demanda medida na ponta, de acordo com as tolerâncias

de ultrapassagem) ao produto da Tarifa de Demanda fora da ponta pela Demanda

Contratada fora de ponta (ou pela demanda medida fora de ponta, de acordo com as

tolerâncias de ultrapassagem):

P demanda= Tarifa de Demanda na Ponta x Demanda Contratada na Ponta + Tarifa

de Demanda fora de Ponta x Demanda Contratada fora de Ponta

As tarifas de demanda não são diferenciadas por período do ano. Já a parcela de

ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida ultrapassa a Demanda

Contratada acima dos limites de tolerância. Esses limites são de 5% para os sub-grupos

A1, A2 e A3 e de 10% para os demais sub-grupos. Seu calculo é feito através da

multiplicação da Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da demanda medida que supera a

Demanda Contratada:

P ultrapassagem = Tarifa de Ultrapassagem na Ponta x (Demanda Medida na

Ponta – Demanda Contratada na Ponta) + Tarifa de Ultrapassagem fora de Ponta x

(Demanda Medida fora de Ponta – Demanda Contratada fora de Ponta)

Page 35: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

34

CAPÍTULO 3 – ESTRUTURA TARIFÁRIA E TRIBUTAÇÃO DA

ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

3.1 Breve histórico da energia elétrica no Brasil

Em 1995o governo brasileiro aprovou duas leis importantes para o setor elétrico.

A primeira delas foi a Lei 8.987/95 que trata das concessões de obras públicas, entrada

de capital privado e a nova sistemática de licitações competitivas para a obtenção das

concessões. A segunda delas foi a Lei 9.074 de 7de julho de 1995, que criou as figuras

do consumidor livre e do produtor independente de energia e institucionalizou o livre

acesso as redes de transporte de energia. Esses elementos foram considerados

indispensáveis para a instalação de um ambiente competitivo entre as empresas.

Diante da pressão dos grandes consumidores de energia (indústrias) o Ministério

de Minas e Energia propôs em 1996 o Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico

Brasileiro (Projeto RE-SEB), que apresentou em seu relatório final a necessidade de

proceder a implementação da desverticalização das empresas de energia elétrica, ou

seja, dividi-las nos segmentos de geração, transmissão e distribuição; incentivar a

competição nos segmentos de geração e comercialização, e manter sobre regulação os

setores de distribuição e transmissão de energia elétrica, segmentos estes considerados

como monopólios naturais.

Na oportunidade foi identificada também a necessidade de criação de um órgão

regulador que passou a se chamar Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), de

um operador para administrador a operação da rede elétrica do sistema elétrico nacional,

o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e de um ambiente para a realização das

transações de compra e venda de energia elétrica através do Mercado Atacadista de

Energia Elétrica (MAE).

A figura 1contempla a relação entre os agentes envolvidos, órgão regulador,

operador nacional do sistema elétrico, mercado atacadista, consumidores cativos,

consumidores livres e distribuidoras.

Page 36: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

35

Figura 1– Relacionamentos entre Agentes Envolvidos

Fonte: Energia Elétrica Visão Futura

Segundo Ganim (2003),

O Operador Nacional do Sistema Elétrico, criado pela Lei nº9.648, de

27 de maio de 1998, como objeto de executar as atividades de

coordenação e controle da operação da geração e da transmissão de

energia elétrica do Sistema Interligado Nacional –SIN, sob a

fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica –

ANEEL. Tem como missão institucional assegurar aos usuários do

Sistema Interligado Nacional a continuidade, a qualidade e a

economicidade do suprimento de energia elétrica. (GANIM, 2003,

p.123).

A responsabilidade do ONS é coordenar e controlar a operação de geração e

distribuição da energia elétrica, de forma a não sobrecarregar e viabilizar quando

preciso o fluxo de energia contratado pela distribuição ou consumidores livres.

3.2 Fundamentos da comercialização de energia elétrica no Brasil

O Decreto nº 5.163/2004 define a base da comercialização de energia elétrica e

propõe diversas medidas que contribuem para a montagem da estrutura tarifária. A

Page 37: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

36

comercialização é dividida em dois ambientes, ou seja, ambiente de contratação

regulada (ACR) e ambiente de contratação livre (ACL).

No ambiente de contratação regulada estão os distribuidores ou consumidores

cativos, onde a tarifa é vinculada ao contrato em leilão, como por exemplo,

consumidores que dependem da rede de distribuição para a utilização da energia. No

ambiente de contratação livre a energia elétrica é negociada livremente entre os

comercializadores e os consumidores, tendo como base a assinatura formal de contratos

de compra e venda que estabelecem as condições de sua realização, onde é possível

constatar as principais vantagens: negociar o preço da energia, adequação do montante

de energia ao perfil de consumo, contratos de curto, médio e longo prazo e

gerenciamento da energia como matéria prima. A figura 2 permite visualizar este

mecanismo, mostrando que a energia que chega ao consumidor residencial depende da

distribuidora para poder ser revendida para o consumidor.

Figura 2 – Modelo de contratos ACL e ACR

Fonte: ABRADEE (2011)

O ambiente de contratação regulada (ACR) e ambiente de contratação livre

(ACL) são intermediados pelo Mercado Atacadista de Energia (MAE), a compra e a

venda de energia elétrica entre os agentes envolvidos.

Segundo Ganim (2003),

A comercialização da energia, dentro do conceito do novo modelo em

implantação, passou a ser realizada no MAE, criado em 1998 e

Page 38: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

37

reestruturado em 2002, que tem como função intermediar todas as

transações de compra e venda de energia elétrica de cada um dos

sistemas elétricos interligados. Desta forma, o MAE não compra nem

vende energia, apenas viabiliza estas transações entre os agentes do

mercado. Participam do MAE todos os geradores com capacidade

superior a 50MW, todos os varejistas - distribuidores ou

comercializadores de energia - com carga superior a 100GW/h/ano e

todos os grandes consumidores com demanda acima de 10 MW.

(GANIM, 2003, p.129).

Desse modo, as operações são feitas com os agentes compradores de energia,

que podem ser os consumidores livres, produtores de energia elétrica e outros agentes

comercializadores. Essa mudança provocou a realização de grandes contratos entre

empresas e consumidores de grande potência e mudou consideravelmente a relação

entre os agentes econômicos.

3.3 Estrutura tarifária

Define-se estrutura tarifária como sendo o conjunto de tarifas aplicáveis aos

componentes de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência, de acordo com

a modalidade de fornecimento. No Brasil, as tarifas de energia elétrica estão

estruturadas em dois grandes grupos de consumidores: grupo A e grupo B.

a) Tarifas do grupo A

As tarifas do grupo A são para consumidores atendidos pela rede de alta tensão

de 2,3 a 230 quilovolts (kV), e recebem denominações com letras e algarismos

indicativos da tensão de fornecimento como seguem:

A1 para o nível de tensão de 230 kV ou mais;

A2 para o nível de tensão de 88 a 138 kV;

A3 para o nível de tensão de 69 kV;

A3 para o nível de tensão de 30 a 44 kV;

A4 para o nível de tensão de 2,3 a 25 kV;

AS para sistema subterrâneo.

b) Tarifas do grupo B

Page 39: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

38

As tarifas do grupo B se destinam as unidades consumidoras atendidas com

tensão inferior a 2,3 kV e são estabelecidas para as seguintes classes (e subclasses) de

consumo:

B1 Classe residencial e subclasse residencial baixa renda;

B2 Classe rural, abrangendo diversas subclasses, como agropecuária,

cooperativa de eletrificação rural, indústria rural, serviço público de irrigação rural;

B3 Outras classes: industrial, comercial, serviços e outras atividades, poder

público, serviço público e consumo próprio;

B4Classe iluminação pública.

As tarifas do grupo B são estabelecidas somente para o componente de consumo

de energia em reais por megawatt-hora, considerando que o custo da demanda de

potência está incorporado ao custo do fornecimento de energia em megawatt-hora.

c) Tarifa social de baixa renda

Com base na legislação em vigor todos os consumidores residenciais com

consumo mensal inferior a 80 kWh, ou aqueles cujo consumo esteja situado entre 80 e

220 kWh/mês e que comprovem inscrição no Cadastro Único de Programas Sociais do

Governo Federal, fazem jus ao benefício da subvenção econômica da Subclasse

Residencial Baixa Renda.

A tarifa social de baixa renda sofre descontos escalonados do acordo com o

consumo em relação à tarifa da classe residencial (B1), conforme ilustra a tabela 2:

Tabela 2 - Tarifa Social de Baixa Renda

Tarifa Social de Baixa Renda

Faixa de Consumo Desconto Tarifário (%)

0 - 30 kWh 65%

31 - 100 kWh 40%

101 - Limite Regional 10% Fonte:ANEEL (2012)

Sobre os primeiros 30 kWh é aplicada tarifa com 65% de desconto em relação à

tarifa aplicada a uma unidade consumidora residencial. Dos 31 kWh consumidos, até o

Page 40: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

39

limite de 100 kWh, é aplicada tarifa com 40% de desconto. De 101 kWh até o Limite

Regional é aplicado desconto de 10%.Define-se Limite Regional como sendo o

consumo máximo para o qual poderá ser aplicado o desconto na tarifa, sendo que tal

limite é estabelecido por concessionária, e os valores que excederem serão faturados

pela tarifa plena (B1) aplicada às unidades residenciais.

Atualmente, conforme a Resolução Normativa nº 166/2005, é de

responsabilidade da ANEEL regular a tarifa e estabelecer as condições gerais de

contratação do acesso e uso dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia

elétrica. Na definição do valor das tarifas, para os contratos de conexão e de uso dos

sistemas de transmissão e distribuição, serão consideradas as parcelas apropriadas do

custo de transporte e das perdas de energia elétrica, bem como os encargos de conexão e

os encargos setoriais de responsabilidade do segmento de consumo, conforme dispõe o

§ 1º, art. 1º, do Decreto nº 4.562, de 31 de dezembro de 2002.

De acordo com o Art. 1º da Resolução Normativa 166/2005, a tarifa de uso do

sistema de distribuição para consumidor final é composta pelas seguintes componentes:

o custo de energia elétrica para revenda (TE) e do uso da rede de distribuição (TUSD).A

figura 3permite constatar como ocorre a estruturação da tarifa que vai ser colocada na

fatura de energia para o consumidor. Para o caso específico dos consumidores livres que

são representados em sua maioria pelas indústrias de grande porte a tarifa a ser

negociada incorpora o custo operacional da geração de energia (usina e seu barramento)

mais a tarifa de uso do sistema de transmissão de grande potência (TUST). Para o

consumidor residencial e iluminação pública é preciso considerar o custo operacional de

geração adicionado das tarifas TUST e TUSD, ou seja, a tarifa considera toda a geração

percorrida na cadeia produtiva.

Page 41: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

40

Figura 3- Explicação Gráfica sobre duas subcomponentes tarifárias (TUSD e TUST)

Fonte:ANEEL

Desse modo, quando o consumidor final recebe sua conta de energia está

embutida todo custo do sistema, deste a geração, passando pela transmissão e

distribuição, representado na forma de tarifa.

3.3.1 Tarifa de Energia (TE)

A tarifa de energia elétrica é composta de duas parcelas distintas denominadas

de Parcela A e Parcela B. A Parcela A engloba os custos não gerenciáveis (compra

de energia das geradoras, encargos etc.) e, em razão disto, é reajustada pelo custo

efetivamente verificado. Neste caso as empresas concessionárias não são livres para

negociar o preço da energia que vão adquirir, uma vez que são obrigadas a comprá-la

nos leilões de energia que são realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),

pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico e pela ANEEL.

Por sua vez, a Parcela B se refere aos custos gerenciáveis da concessionária

(mão-de-obra, equipamentos, custos administrativos, etc). Assim, quanto menor for o

custo da Parcela B, maior será a eficiência da empresa e maior será o lucro da empresa

distribuidora. A cada ano a ANEEL fixa uma meta de eficiência para cada

concessionária e na hipótese da distribuidora superar a meta, ela pode se apropriar dos

ganhos.

Page 42: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

41

A tarifa de energia elétrica tem como objetivo cobrir os custos com a energia

elétrica comprada para revenda e encargos destinados aos consumidores do grupo A.

Para esse fim a concessionária deve celebrar um contrato de compra de energia visando

garantir o fornecimento para o consumidor. A responsabilidade de cálculo desta tarifa é

da ANEEL e este deve ser aplicado sobre o faturamento mensal decorrente.

Com esse fim a ANEEL estabeleceu a Resolução 166/2005que oferece as

condições, os conceitos e os procedimentos, sendo possível observar as seguintes

questões relacionadas com a própria tarifa de energia elétrica: a) aplicada às unidades

geradoras que conectadas aos sistemas de distribuição; b) de uso dos sistemas de

transmissão de energia elétrica (relativa ao uso de instalações da rede básica; c)

referente ao uso de instalações de fronteira com a rede básica; d)de uso dos sistemas de

distribuição de energia elétrica.

Nesse contexto também é possível identificar os componentes relativos ao

serviço de transmissão de energia elétrica na forma Fio A, Fio B, encargos do serviço de

distribuição e as perdas elétricas técnicas e não técnica. Os demais itens que integram o

custo estão por conta dos encargos relativos a Conta de Consumo de Combustíveis

(CCC), conta de desenvolvimento energético e o programa de incentivo às fontes

alternativas de energia elétrica (PROINFA).

Importante ressaltar a identificação dos elementos que devem fazer parte da

Parcela A da TUSD (Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição) que correspondente

ao custo não gerenciável: quota da Reserva Global de Reversão (RGR), Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) e Eficiência Energética, taxa de fiscalização de serviços de

energia elétrica, contribuição para o Operador Nacional do Sistema Elétrico, quota da

Conta de Consumo de Combustíveis, quota de recolhimento à Conta de

Desenvolvimento Energético (CDE), Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de

energia elétrica (PROINFA), perdas elétricas do sistema de distribuição, Tarifas de Uso

do Sistema de Transmissão da Rede Básica (TUSTRB),Tarifas de Uso do Sistema de

Transmissão de Fronteira(TUSTFR), uso da rede de distribuição de outras

concessionárias e o custo de conexão aos sistemas de transmissão (ANEEL, 2005).No

tocante a Parcela B da TUSD os valores estão relacionados com a remuneração dos

ativos, quota de reintegração decorrente da depreciação e do custo de operação e

manutenção.

Page 43: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

42

3.3.2 Composição da Tarifa de Energia

a) Parcelas que integram a Tarifa de Energia elétrica (TE)

Para efeito de montagem da tarifa de energia elétrica que será cobrada do

consumidor nas faturas que serão emitidas, as concessionárias de energia elétrica

deverão considerar no valor os seguintes itens: custo de aquisição de energia elétrica

para revenda, custo da geração própria da concessionária de distribuição, repasse da

potência proveniente da Itaipu Binacional, transporte da energia proveniente da Itaipu

Binacional, uso dos sistemas de transmissão da Itaipu Binacional, uso da rede básica

vinculada aos contratos iniciais, Encargos de Serviços do Sistema (ESS), perdas na rede

básica, pesquisa e desenvolvimento e eficiência energética e a Taxa de Fiscalização de

Serviços de Energia Elétrica (TFSEE).

O artigo 3º da Portaria Interministerial MF/MME nº 509 estabeleceu que o valor

na tarifa de repasse da potência contratada de Itaipu a ser praticada pela Eletrobrás em

2012 deveria ser de US$ 2,173/kW. Este valor corresponde a quantidade de energia na

forma de potência referente ao valor da parcela do diferencial da dívida entre Itaipu e

Eletrobrás que foi apurado de acordo com o art. 2º da Portaria Interministerial

MF/MME nº 313, de 2007 no montante de US$ 296,1 milhões. Este valor corresponde a

US$ 296,1 milhões/US$ 2,173 = 136.258.977 KW.

Ainda de acordo com esta resolução a ANEEL definiu o valor de R$

1.491,09/MW o valor da tarifa mensal de transporte de energia elétrica proveniente de

Itaipu Binacional, com vigência de 1º de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2013, a ser

aplicada aos seus cotistas. Este valor traduzido em dólares correspondente a preços de

hoje cerca de US$ 710/MW.

b) Encargos de Serviços do Sistema (ESS)

Os encargos de serviços do sistema, por sua vez, são expressos em R$/MWh são

pagos apenas aos agentes geradores térmicos que atendem a solicitação de despacho do

ONS para realizar geração fora da ordem de mérito de custo. Previsto no Decreto nº

5.163, de 30 de julho de 2004, representa um encargo destinado à cobertura dos custos

Page 44: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

43

dos serviços do sistema, inclusive os serviços auxiliares, prestados aos usuários do

Sistema Interligado Nacional (SIN), que compreenderão, dentre outros:

I - custos decorrentes da geração despachada independentemente da

ordem de mérito, por restrições de transmissão dentro de cada

submercado;

II - a reserva de potência operativa, em MW, disponibilizada pelos

geradores para a regulação da frequência do sistema e sua capacidade

de partida autônoma;

III - a reserva de capacidade, em MVAr, disponibilizada pelos

geradores, superior aos valores de referência estabelecidos para cada

gerador em Procedimentos de Rede do ONS, necessária para a

operação do sistema de transmissão;

IV - a operação dos geradores como compensadores síncronos, a

regulação da tensão e os esquemas de corte de geração e alívio de

cargas. (BRASIL, 2004).

c) Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Eficiência Energética

O encargo referente à Pesquisa e Desenvolvimento Energético foi criado pela

Lei n.º 9.991, de 24 de julho de 2000, e estabelece que as concessionárias e

permissionárias de serviços públicos de distribuição, transmissão e geração de energia

elétrica ficam obrigadas a aplicar anualmente o montante 1% de sua receita operacional

líquida no Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia Elétrica. Os

autos produtores de energia elétrica são isentos da aplicação desses encargos sobre a

parcela efetivamente auto produzida, sendo que os montantes de energia que excederem

seu consumo estão sujeitos à cobrança de P&D.

A aplicação desse encargo, no caso de um agente de geração, é dividida em três

setores, conforme definido na Lei nº 11.465/2007, que alterou incisos I e III do art. 1º da

9.991/2000, sendo estes: 0,4% em Pesquisa e Desenvolvimento; 0,4% ao Fundo

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC); e 0,2% para o

Ministério de Minas e Energia (MME).

d) Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE)

A taxa de fiscalização de serviços de energia elétrica foi instituída por meio dos

dispostos nos artigos 11 a 13 da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e tem como

objetivo remunerar a ANEEL para cobrir suas despesas administrativas e operacionais.

Ela é fixada anualmente pela ANEEL e paga em duodécimos por todos os agentes do

Page 45: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

44

setor elétrico, tais como, concessionárias de geração e de transmissão de serviço

público, autoprodutores, produtores independentes de energia elétrica e consórcios de

geração. Instituída pela lei citada, equivale a 0,5% do benefício econômico anual

auferido pela concessionária, permissionária ou autorizado do Serviço Público de

Energia Elétrica. Seu valor anual é estabelecido pela ANEEL com a finalidade de

constituir sua receita, para a cobertura do custeio de suas atividades. A composição da

receita requerida de distribuição que é utilizada na formação da TE se dá através de oito

componentes distintos, conforme é demonstrado a seguir:

Figura 4 –Componentes distintos da Tarifa de Energia

Receita bruta

Custo de aquisição de energia elétrica para revenda

Custo da geração própria da concessionária de distribuição

Repasse da potência proveniente da Itaipu Binacional

Transporte da energia proveniente da Itaipu Binacional

Encargos de Serviços do Sistema – ESS

Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica – TFSEE

Fonte: ANEEL, 2005.

No tocante a energia gerada pelas centrais geradoras de Angra I e II existe uma

metodologia específica que foi definida também pela ANEEL e cuja receita prevista

para 2013 deve atingir o valor de R$ 1,8 bilhão. Nesta oportunidade ficou estabelecido

o valor das tarifas definitivas e praticadas entre Furnas e Eletronuclear para os anos de

2010 a 2012 em R$131,41/MWh, R$136,91/MWh e R$144,57/MWh, respectivamente.

O diferencial entre esses valores e os aplicados provisoriamente serão repassados à

Furnas entre os anos de 2013 e 2015.

As usinas nucleares Angra I e II têm capacidade instalada de 657 megawatts

(MW) e 1.350 MW, respectivamente. As duas centrais controladas pela Eletronuclear

estão localizadas no município de Angra dos Reis no Rio de Janeiro.

Page 46: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

45

3.3.3 Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD)

As tarifas de fornecimento são divididas em duas grandes componentes: a

primeira delas corresponde aos custos da energia em si (TE) e a segunda correspondente

aos custos do transporte, denominada tarifa de uso do sistema de distribuição ou TUSD.

A tarifa de uso do sistema de distribuição possui a função de recuperar a receita definida

pelo órgão regulador e também de fornecer o sinal econômico adequado para utilização

racional do sistema de distribuição. Atualmente, a TUSD é utilizada para os seguintes

fins:

a) faturamento de encargos de uso dos sistemas de distribuição de consumidores

livres;

b) faturamento de encargos de uso dos sistemas de distribuição de unidades

geradoras conectadas aos sistemas de distribuição;

c) abertura das tarifas de fornecimento dos consumidores cativos para fins de

realinhamento tarifário, conforme o disposto no Decreto 4.667 de 4 de abril de

2003.

d) faturamento de encargos de uso dos sistemas de distribuição de distribuidoras

que acessam os sistemas de distribuição de outra distribuidora.

A composição da receita requerida de distribuição que é utilizada na formação

da TUSD se dá através de nove componentes distintos que são: FIO‐A, FIO‐B,

encargos, perdas técnicas, perdas não técnicas, CCC, CDE, e PROINFA.

3.3.3.1 Parcelas da Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD)

Pela definição da Resolução 166/05 ficou estabelecido que a TUSD seria

dividida em duas partes diferentes (Parcela A e Parcela B), que englobam todas as oito

parcelas mencionadas anteriormente. A figura 5 apresenta as duas parcelas da TUSD

com todas as suas componentes. A soma dos dados da parcela A e da parcela B definirá

a nova receita de equilíbrio econômico e financeiro da distribuidora.

Page 47: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

46

Figura 5– Parcelas da TUSD

Fonte: ANEEL

3.3.4 Composição dos custos da rede elétrica

Segundo a ANEEL (2005), os custos no setor elétrico, estão divididos em dois

grupos: gerenciáveis e não gerenciáveis.

Parcela B - Custos gerenciáveis

A Parcela B da receita da empresa é composta dos seguintes itens:

Despesas de Operação e Manutenção – Refere-se à parcela da receita

destinada à cobertura dos custos vinculados diretamente à prestação

do serviço de distribuição de energia elétrica, como pessoal, material,

serviços de terceiros e outras despesas. Não são reconhecidos pela

ANEEL, nas tarifas da empresa, aqueles custos que não estejam

Page 48: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

47

relacionados à prestação do serviço ou que não sejam pertinentes à sua

área geográfica de concessão.

Cota de Depreciação – Refere-se à parcela da receita necessária à

formação dos recursos financeiros destinados à recomposição dos

investimentos realizados com prudência para a prestação do serviço de

energia elétrica ao final da sua vida útil.

Remuneração do Capital – Refere-se à parcela da receita necessária

para promover um adequado rendimento do capital investido na

prestação do serviço de energia elétrica.

Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência

Energética– Refere-se à aplicação, anual, de no mínimo 0,75%

(setenta e cinco centésimos por cento) da receita operacional líquida

da empresa em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico e, no

mínimo, 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) em programas de

eficiência energética, voltados para o uso final da energia – Lei nº

9.991 de julho de 2000. (ANEEL, 2004).

Parcela A- Custos não gerenciáveis

Os custos não gerenciáveis estão divididos em:

Cota da Reserva Global de Reversão (RGR) - Trata-se de um encargo

pago mensalmente pelas empresas de energia elétrica, com a

finalidade de prover recursos para reversão e/ou encampação, dos

serviços públicos de energia elétrica. Tem, também, destinação legal

para financiar a expansão e melhoria desses serviços, bem como

financiar fontes alternativas de energia elétrica para estudos de

inventário e viabilidade de aproveitamentos de novos potenciais

hidráulicos, e para desenvolver e implantar programas e projetos

destinados ao combate ao desperdício e uso eficiente da energia

elétrica. Seu valor anual equivale a 2,5% dos investimentos efetuados

pela concessionária em ativos vinculados à prestação do serviço de

eletricidade, é limitado a 3,0% de sua receita anual;

Cotas da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) - Refere-se ao

encargo que é pago por todas as empresas de distribuição de energia

elétrica para cobrir os custos anuais da geração termelétrica

eventualmente produzida no país, cujo montante anual é fixado para

cada empresa em função do seu mercado e da maior ou menor

necessidade do uso das usinas termelétricas;

Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE) - foi

criada, por lei, com a finalidade de constituir a receita da ANEEL para

cobertura das suas despesas administrativas e operacionais[...].

Rateio de Custos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de

Energia Elétrica (PROINFA). Refere-se ao encargo pago por todos os

agentes do Sistema Interligado Nacional (SIN) que comercializam

energia com o consumidor final ou que recolhem tarifa de uso das

redes elétricas relativa a consumidores livres, para cobertura dos

custos da energia elétrica produzida por empreendimentos de

produtores independentes autônomos, concebidos com base em fontes

eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa participante do

ROINFA [...].

Page 49: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

48

Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - Refere-se a um

encargo setorial, estabelecido em lei, e pago pelas empresas de

distribuição, cujo valor anual é fixado pela ANEEL com a finalidade

de prover recursos para o desenvolvimento energético dos estados,

para viabilizar a competitividade da energia produzida a partir de

fontes eólicas (vento), pequenas usinas hidrelétricas, biomassa, gás

natural e carvão mineral nas áreas atendidas pelos sistemas elétricos

interligados, e levar o serviço de energia elétrica a todos os

consumidores do território nacional (universalização);

Uso das Instalações da Rede Básica de Transmissão - Refere-se à

receita devida a todas as empresas de transmissão de energia elétrica

que compõem a Rede Básica (sistema interligado nacional composto

pelas linhas de transmissão que transportam energia elétrica em tensão

igual ou superior a 230 kW) e que é paga por todas as empresas de

geração e de distribuição, bem como pelos grandes consumidores

(consumidores livres) que se utilizam diretamente da Rede Básica;

Uso das Instalações de Conexão - Refere-se ao encargo devido pelas

empresas de distribuição que se utiliza de linhas de transmissão que

têm conexão com a Rede Básica;

Uso das Instalações de Distribuição - Refere-se ao encargo devido às

empresas de geração, de distribuição e consumidores livres que se

utilizam da rede de energia elétrica de uma empresa de distribuição;

Transporte de Energia Elétrica de Itaipu - Refere-se ao encargo devido

pelas empresas de distribuição que adquirem cotas de energia elétrica

produzida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Operador Nacional do Sistema (ONS) - Refere-se ao ressarcimento de

parte dos custos de administração e operação do ONS (entidade

responsável pela operação e coordenação da Rede Básica) por todas as

empresas de geração, transmissão e de distribuição bem como os

grandes consumidores (consumidores livres) conectados à Rede

Básica. (ANEEL, 2004).

Para atender os consumidores localizados na sua área de concessão, a

distribuidora efetua compras de energia de empresas geradoras distintas, e sob

diferentes condições, em função do crescimento do mercado e dependendo da região em

que está localizada. Os dispêndios com compra de energia para revenda constituem o

item de custo não gerenciável de significativo peso relativo para as concessionárias

distribuidoras.

Os Contratos Iniciais - Parte da energia elétrica comprada para

atendimento aos consumidores da empresa de distribuição é adquirida

das empresas de geração de energia elétrica por meio dos contratos

denominados “contratos iniciais” – com vigência definida até o final

do ano de 2005, cujas quantidades e valores da energia comprada são

homologados pela ANEEL.

Energia de Itaipu - Além da energia adquirida mediante “contratos

iniciais” para fornecimento em sua área de concessão, empresas

distribuidoras localizadas nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do

Brasil, por imposição legal, pagam uma cota-parte dos custos

referentes à energia elétrica produzida por Itaipu e destinada ao País.

Page 50: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

49

Contratos Bilaterais de Longo ou Curto Prazo - Refere-se às despesas

com compra de energia realizadas pelas empresas de distribuição, para

eventualmente complementar a energia necessária para o total

atendimento do seu mercado consumidor, efetivada por meio de

contratos bilaterais de longo ou curto prazo, com base nos

mecanismos legais de comercialização vigentes (ANEEL, 2004).

3.4 Carga tributária que impacta a rede elétrica

A energia elétrica no Brasil tem um custo alto e tem provocado o afastamento de

investimento que poderia seria feito pelas empresas multinacionais. Entretanto, com os

incentivos fiscais em outros países, as empresas deixam o nosso País como uma

segunda opção. Um estudo revelado pelo jornal “Estado de São Paulo” (2012)

demonstra que as empresas de eletrointensivos são as que mais utilizam a energia

elétrica e muitas delas estão fechando suas unidades no Brasil e migrando para outros

países. Neste rol de empresas estão aquelas que trabalham com alumínio, siderurgia,

petroquímica, papel e celulose. Este estudo mostra que existe uma movimentação no

Brasil por parte de algumas empresas, dentre elas a Rio Tinto Alcan que deve implantar

a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai com um investimento que deve

alcançar US$ 4 bilhões para uma produção de 674 mil toneladas de alumínio por ano.

Por sua vez a Braskem vai inaugurar uma fábrica de soda cáustica no México e

faz estudos para implantar outras unidades no Peru e nos Estados Unidos. A Stora Enso

que comprou milhares de hectares de terra no Rio Grande do Sul e mostrou interesse em

implantar uma fábrica de celulose no estado, vai começar a operar uma fábrica no

vizinho Uruguai. Com uma fábrica no Estado do Paraná esta empresa considera que

“apesar da produtividade brasileira ser o dobro” esta vantagem é desperdiçada com os

custos de energia elétrica e também com a carga tributária (Estado de SP, 2012).

Segundo o Conselho de Consumidores da CEB (2011),

A tarifa de energia elétrica tem sido alvo de críticas de diversos

segmentos da sociedade. O que se desconhece é a grande carga

tributária atrelada a essa tarifa. A política tributária brasileira vem

onerando os consumidores por meio do aumento das tarifas. Hoje

temos tarifas mais caras e menos investimentos para melhoria do setor

elétrico. Cerca de metade da tarifa média do consumidor final é

composta por tributos e encargos setoriais. (CEB, 2011)

Page 51: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

50

Para Adolfo (2012) o aumento de 1% nos impostos provoca uma redução de

3,8% no PIB (Produto Interno Bruto), a longo prazo. No curto prazo, o aumento de 1%

nos impostos implica em uma redução de 0,42% no PIB anual. Assim, mais importante

que a magnitude da redução do PIB é o indício de que a carga tributária está se

colocando como um obstáculo ao crescimento de longo prazo da economia brasileira.

A quarta edição de um estudo feito em parceria entre o Instituto Acende Brasil e

a empresa de consultoria internacional PricewaterhouseCoopers mostra que a carga

tributária embutida na conta de energia elétrica alcançou 45,08% em 2008. Esse número

se mantém acima de 40% desde 1999, excetuando o ano de 2002.

Os principais tributos que incidem sobre a atividade de comercialização de

energia elétrica são o ICMS, PIS/PASEP, COFINS, CSLL e o IRPJ. Esses tributos

apresentam as seguintes características básicas:

a) Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS)

A Constituição Federal, em seu artigo 155, §2°, inciso X, estabeleceu que o

ICMS não incidirá sobre as operações que destinem a outros estados, petróleo,

inclusive, lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados e energia

elétrica. Estabeleceu ainda em seu §3° que, à exceção do ICMS, impostos de exportação

e importação, nenhum outro tributo incidirá sobre operações relativas à energia elétrica.

A Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996, com alterações introduzidas

pela Lei Complementar n° 102, de 11 de julho de 2000, definiu que a não incidência de

ICMS está restrita à industrialização e comercialização.

Portanto, nas operações interestaduais com energia elétrica destinada aos

concessionários, permissionários e agentes comercializadores, para fins de

comercialização ou aos consumidores industriais, para fins de industrialização, não

ocorrerá incidência do ICMS, em virtude da imunidade constitucional. Portanto, exceto

aquelas operações amparadas por deferimento, as demais operações internas com

energia elétrica estão sujeitas à incidência do ICMS, cuja alíquota será estabelecida de

acordo com o regulamento do ICMS de cada Estado variando 12% a 25%.

O ICMS foi instituído com objetivo de ser um imposto não cumulativo,

permitindo o aproveitamento de créditos relativo a operações anteriores. Na prática,

como nem sempre os créditos podem ser aproveitados, torna sendo um imposto

cumulativo. O cálculo do imposto sobre o próprio imposto, também denominado de

Page 52: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

51

cobrança do imposto "por dentro", que na prática faz com que o valor final do ICMS

destacado na fatura de energia elétrica seja superior à alíquota fixada pela lei para o

próprio imposto, fato que tem causado indignação dos consumidores e muitos

questionamentos judiciais envolvendo as empresas concessionárias. A figura 6 mostrada

a seguir permite uma visão geral da incidência do ICMS no suprimento de energia

elétrica;

Figura 6 - Quadro resumo de incidência na saída de energia elétrica

Fonte: Ganim (2003).

Em Santa Catarina, como previsto no Decreto nº 2.870/2001 (RICMS/SC), a

alíquota do ICMS, é um dos impostos incidentes sobre as contas de energia elétrica, que

varia de 12% a 25%, de acordo com a classe de consumidor. Conforme a resolução

normativa da ANEEL, nº 166, de 10 de outubro de 2005, o ICMS incidirá somente no

consumidor final nas operações interna interestaduais, e não incidirá na

comercialização, portanto quando o consumidor recebe sua fatura de energia, a tarifa TE

e TUSD não terá incidência de ICMS, e o consumidor somente vai pagar este imposto

com a base de cálculo na soma das duas tarifas.

Page 53: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

52

Tabela 3 - Classe de consumo em Kwh e taxa do ICMS em %

Classe ICMS

Classe residencial: primeiros 150 kwh 12%

Classe residencial: acima de 150 kwh 25%

Classe rural: primeiros 500 kwh 12%

Classe rural: acima de 500 kwh 25%

Demais Classes 25%

ICMS - Munícipio de Rio de Negro - PR - Todas as classes 29%

Classe de consumo em Kwh e taxa do ICMS em %

Fonte: ANEEL

b) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)das empresas

A CSLL está prevista no art. 195, inciso I, da Constituição Federal e tem como

finalidade financiar de forma direta a seguridade social.

Segundo Ganim (2003),

As contribuições sociais para financiamento da seguridade social,

previstas no art. 195, não se submetem ao princípio da anterioridade

(art. 150, III, b da Constituição Federal), onde é vedada a cobrança de

tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a

lei que os instituiu ou aumentou. Essas contribuições só poderão ser

exigidas após decorridos noventa dias da data de publicação da lei que

as houver instituído ou modificado. (GANIM, 2003, p.177).

De acordo com a medida provisória nº 2158/2001, no seu artigo 6º, a

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de

dezembro de 1988, será cobrada com o adicional:

I - de quatro pontos percentuais, relativamente aos fatos geradores

ocorridos de 1º de maio de 1999 a 31 de janeiro de 2000.

II - de um ponto percentual, relativamente aos fatos geradores

ocorridos de 1º de fevereiro de 2000 a 31 de dezembro de 2002.

(BRASIL, 1988)

Page 54: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

53

Assim a alíquota de1º de maio de 1999 a 31 de janeiro de 2000 passaria para

12% e para os fatos geradores ocorridos de 1º de fevereiro de 2000 a 31 de dezembro de

2002 passaria para 9%.

c) Plano de Integração Social e programa de formação do Patrimônio do

Servidor Público – PIS/PASEP

Conforme estabelecido no art. 1º da Lei nº 10.637 de 30 de dezembro de 2002, a

contribuição para o PIS/PASEP possui como fato gerador o faturamento mensal, com

isso, considera-se o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente

de sua denominação ou classificação contábil.

A alíquota vigente para cálculo da contribuição era de 0,65%, incidente sobre a

renda bruta, conforme estabelecia a Lei 9.715, de 25 de novembro de 1998. A partir da

Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (alterada pela Lei nº 10.684 de 30 de maio de

2003), o PIS/PASEP se tornou não cumulativo e teve sua alíquota elevada para 1,65%,

para compensar a redução na arrecadação decorrente dos créditos permitidos.

Atualmente, o PIS/PASEP, apresenta uma alíquota de 0,65% para empresas com

opção no lucro presumido e 1,65% para empresa optante no lucro real.

A Lei nº 10.637/2002, também estabelece as situações em que o PIS/PASEP não

incide nas receitas:

Nas receitas provenientes da exportação de mercadorias (energia

elétrica) para o exterior;

Nas receitas da prestação de serviços à pessoa física ou jurídica

domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível.

(BRASIL, 2002).

d) Contribuição social para o Financiamento da Seguridade social (COFINS)

O COFINS foi instituído pela Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de

1991, destinada exclusivamente às despesas com atividades-fim das áreas de saúde,

previdência e assistência social, conforme seu art. 1º.A Lei de nº 9.718 de 27 de

novembro de 1998, nos seus artigos 2º e 3º, praticamente unificou a base de cálculo da

COFINS, tendo como alíquota, até janeiro/2004, 3% incidente sobre as receitas

auferidas.

Page 55: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

54

Sua alíquota original era de 2%, tendo sido majorada pela Lei nº

9.718/1998 para 3% para optante no lucro presumido e passou para

7,6% com a Lei federal nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003

(convertida da MP 135, de 30 de outubro de 2003), para lucro real.

Essa mesma lei dispôs que a COFINS teria incidência não cumulativa,

sobre o faturamento das empresas. O crédito será determinado

mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor dos itens e

bens que derem direito ao mesmo.

Para os contratos submetidos às novas alíquotas, as empresas têm o

direito de se creditar de valores incorridos nas operações, a exemplo

de:

a) Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos adquiridos

para utilização na produção de energia e de outros bens incorporados

ao ativo imobilizado, a partir de 05/2004, na proporção de 1/48 ao

mês, durante quatro anos (48 meses);

b) Valor da energia comprada para revenda;

c) Valor de bens e serviços utilizados como insumos na produção de

energia, inclusive combustíveis e lubrificantes;

d) Valor de energia elétrica consumida;

e) Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoas

jurídicas, utilizados nas atividades da empresa. (GANIM, 2003).

Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS incidentes sobre as receitas

relativas a contratos firmados antes de 31 de outubro de 2003, dispôs que todo contrato

tributado originalmente sobre o regime de cumulatividade, passasse a se sujeitar à

incidência não cumulativa das contribuições, a partir da primeira alteração de preço ou

de prorrogação do prazo contratual.

e) Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ)

A base de cálculo do IRPJ será o Lucro Real, Lucro Presumido ou Lucro

Arbitrado. A maioria das empresas do Setor Elétrico se utiliza do regime do Lucro Real,

que é o resultado (lucro ou prejuízo) do período base, antes de computada a provisão

para o imposto de renda, apurado com base na escrituração do contribuinte.

As pessoas jurídicas e a elas equiparadas pagarão o imposto de renda à alíquota

de 15% sobre o lucro real, presumido ou apurado. O contribuinte também pagará um

adicional de imposto à alíquota de 10%, calculado sobre a parcela do lucro real,

presumido ou arbitrado que exceder R$ 240.000,00, equivalente a R$ 20.000,00 para

cada mês do ano.

Page 56: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

55

3.5 Análise dos resultados

Como apresentado nos itens anteriores o preço da energia elétrica ao consumidor

final no Brasil apresenta elementos de grande complexidade que vem onerando as

empresas e os consumidores. Dentre o conjunto de impostos demonstrados, o Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é identificado como o principal

fator e representa em média cerca de 20% do valor da conta paga pelo consumidor. Para

alguns analistas a redução gradual da alíquota do ICMS em 1% ao ano seria suficiente

para diminuir o peso desse imposto em até 12% no ano de 2020 (INSTITUTO

ACENDE BRASIL, 2010).

Este valor elevado torna o Brasil um dos países com mais tributos e encargos

cobrados na conta de eletricidade. Na opinião de Sales2 (2010) “Em lugar nenhum do

mundo ela carrega tamanho peso morto de impostos, porque isso se propaga ao longo de

toda a cadeia de produção”.

O impacto causado nas indústrias deve ser motivo de preocupação, pois o Brasil

aparece em 14º lugar em termos de carga tributária de energia elétrica que é cobrada dos

consumidores industriais (OCDE3,2004). Para se ter uma idéia da disparidade dos

encargos embutidos no Brasil, a Áustria, que ocupa a 13ª posição no ranking industrial,

tem carga total de impostos menor do que 30%. Já na Eslováquia e a Espanha, que são

os países com menor carga tributária embutida na conta de energia, esses valores não

ultrapassam 5%.

Como os custos de geração, transmissão e distribuição da rede elétrica, são

adicionados os encargos institucionais e os tributos PIS, CONFINS e o ICMS, o

consumidor brasileiro acaba pagando mais que os consumidores de outros países. A

tabela 4 permite acompanhar o comportamento anual dos tributos federal e estadual

sobre a tarifa de energia elétrica, comparativamente com a receita bruta, tendo como

base a empresa CELESC que atende o estado de Santa Catarina.

2Cf. SALES, Cláudio. Carga tributária embutida na conta de luz é de 45%. Disponível em: <

http://www.dgabc.com.br/Noticia/418223/carga-tributaria-embutida-na-conta-de-luz-alcanca-45-

?referencia=buscas-lista>. 3 Cf. OCDE. Carga tributária embutida na conta de luz é de 45%. Disponível em:

<http://www.osetoreletrico.com.br/web/a-revista/edicoes/403-carga-tributaria-embutida-na-conta-de-luz-

e-de-45.html>.

Page 57: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

56

Tabela 4 - Carga consolidada de tributo federal e estadual

Carga consolidada de tributo federal e estadual

Descrição 2012 2011

Receita Bruta R$ 6.943.316,00 6.458.236,00

ICMS 19,56% 19,85%

PIS 1,64% 1,57%

COFINS 7,35% 7,22%

Total 28,55% 28,64% Fonte: CELESC, relatório da administração e demonstração financeira, exercício 2011 e 2012.

Conforme pode ser visto nesta tabela o ICMS apresenta valores próximos a 20%,

tendo o PIS com uma média em torno de 1,7% e o CONFINS com um valor

aproximado de 7,22%, revelando algo em torno de 28,5% no conjunto dos impostos. Se

fosse incluído o IRPJ e a CSLL, o resultado seria ainda maior, porque juntos

representam 1,61% sobre a receita bruta no ano de 2012 e 1,96% sobre a receita bruta

no ano de 2011 (CELESC, 2012).

Já a tabela 5 traz a análise que considera somente o efeito dos encargos setoriais

que se destinam ao custeio do serviço da administração relacionado com um complexo

sistema de regulação e fiscalização, de forma a contemplar o impacto dos encargos

setoriais para a tarifa de energia.

Tabela 5 - Carga consolidada de tributo setorial, sobre a receita bruta, ano 2011 e 2012

Carga consolidada de tributo setorial, sobre a receita bruta, ano 2011 e 2012 Descrição 2012 2011

Receita Operacional Bruta R$ 6.943.316,00 R$ 6.458.236,00

Reserva Global de Reversão - RGR 0,63% 0,45%

Conta de Desenvolvimento Energético 2,99% 2,87%

Conta Consumo Combustíveis - CCC 3,44% 4,05%

Pesquisa e Desenvolvimento - P & D 0,29% 0,28%

Programa Eficiência Energética - PEE 0,29% 0,28%

Proinfra 1,68% -

Outros Encargos 0,18% 0,17%

Total 9,50% 8,10%

Fonte: CELESC, relatório da administração e demonstração financeira, exercício 2011 e 2012.

Page 58: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

57

Conforme ressaltado, a soma de todos os encargos setoriais que estão embutidos

dentro da tarifa representam 8,10% e 9,50%do preço na tarifa de energia elétrica nos

anos de 2011 e 2012,respectivamente. Nesse sentido, a tabela 6 demonstra todos os

tributos e encargos que incidem na energia no ano de 2012, já embutidos a CSLL e

IRPJ.

Tabela 6 - Carga tributária no setor elétrico 2012 e 2011

Carga tributária no setor elétrico 2012 e 2011

Descrição 2012 2011

Tributos Federais 10,60% 10,75%

Tributos Estaduais 19,56% 19,85%

Encargos Setoriais 9,50% 8,10%

Total 39,66% 38,70

Fonte: CELESC, relatório da administração e demonstração financeira, exercício 2011 e 2012.

Conforme os dados da tabela 6, no ano de 2012, o reflexo da carga tributária

sobre o setor de energia representou 39,66%, do faturamento bruto da empresa

analisada, contra 38,7% no ano de 2011, e repassada para o consumidor final.

O gráfico 4 mostra como ficaram os tributos e os encargos que incidem no setor

elétrico, no ano de 2011 e 2012.

Gráfico 4 - Carga Tributária no Setor Elétrico, em 2011 e 2012

Fonte: CELESC, relatório da administração e demonstração financeira, exercício 2011 e 2012.

2012 2011

Tributos Federais 10,60% 10,75%

Tributos Estaduais 19,56% 19,85%

Encargos Setoriais 9,50% 8,10%

Total 39,66% 38,70%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%

Val

or

Pe

rce

ntu

al

Tributos no Setor Elétrico

Page 59: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

58

O ICMS, dentre os demais tributos aplicados nos diversos segmentos

econômicos, constitui a maior arrecadação do Estado de Santa Catarina, sendo maior

que os tributos federais e encargos setoriais. A partir do exame do Gráfico 4 é possível

notar que houve uma mudança na incidência dos tributos de 2011 para 2012, pois em

2012 foi acrescentado o PROINFA, com isso, a média dos tributos em 2012 ficou

próxima a 40% do faturamento bruto da CELESC em 2012 e 39% em 2011.

Outro fator importante a ser considerado é quando o consumidor recebe a conta

de energia elétrica mensal, onde os encargos setoriais já estão incluídos no preço da

tarifa cobrada. A incidência nesta fatura mensal inclui os tributos federais PIS, COFINS

e o ICMS. A tabela 7mostra o preço da energia elétrica em 2012, excluindo os encargos

setoriais. O preço da tarifa de energia foi retirado de uma fatura mensal da CELESC

(Anexo 1), já somando a TE mais a TUSD. O valor da tarifa sem encargos é uma

redução percentual da soma dos tributos dos encargos setoriais que estão mostrados na

tabela 7.

Tabela 7 - Tarifa média de energia elétrica com e sem encargos setoriais para consumidores residenciais

em 2012

Tarifa média de energia elétrica com e sem encargos para consumidores residenciais em 2012

Descrição 2012 Fonte

Preço da Energia Elétrica ( R$/kWh) 0,36882 Anexo

Encargos Setoriais (%) 9,5 Tabela 5

Tarifa sem encargos setoriais 0,333782 Fonte: Tarifa de energia elétrica convencional (ANEXO 1).

Nos dados apresentados na tabela acima a tarifa de energia elétrica residencial

normal aplicada é de R$ 0,36882/kwh com encargos e de R$0,333782/kWh sem

encargos. O que se observa é que os encargos sociais representam um acréscimo de

9,5%. Quando se analisa a conta mensal de energia elétrica, conforme a Resolução

166/2005, a tarifa de energia elétrica é subdividida em TE e TUSD.

O valor da tarifa calculado na tabela 8 obedece à mesma linha de raciocínio da

tabela 7, onde a TE e a TUSD estão representadas dentro de uma só tarifa. Para

determinar o preço da tarifa de energia é preciso determinar a carga consumida no mês

pelo consumidor. Para este fim, foi considerado que um consumidor tivesse uma leitura

mensal de 100kWh.

Tabela 8 - Preço da tarifa energia elétrica com e sem encargos setoriais

Page 60: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

59

Preço da tarifa energia elétrica com e sem encargos setoriais

Descrição

Unidade

Quantidade Consumida 100 kWh

Tarifa com encargos 0,36882 R$/kWh

Tarifa sem encargos setoriais 0,333782 R$/kWh

Valor com encargos setoriais 36,88 Reais

Valor sem encargos setoriais 33,37 Reais Fonte: O autor

Para uma leitura medida na residência de um consumidor de 100kWh/mês e

considerando que tarifa é de R$ 0,3337/kwh sem encargo setorial a fatura atingiria o

valor mensal de R$ 33,37/mês contra R$ 36,88/mês quando se considera os respectivos

encargos setoriais. Adotando-se o procedimento considerado na Resolução 166/2005 e

nas demais legislações, isto é, adicionando os tributos do ICMS, COFINS e PIS, o valor

da fatura mensal do consumidor atingiria valores superiores conforme pode ser visto na

tabela 9:

Tabela 9 – Preço final da energia elétrica em Santa Cataria para consumidores residenciais em 2012

Preço final da energia elétrica em Santa Cataria para consumidores residenciais em 2012

Alíquota Média % Valor R$

Base de Cálculo

36,88

ICMS 19,56% 7,21

COFINS 7,35% 2,71

PIS 1,64% 0,60

Valor Total R$

47,40 Fonte: O autor

O resultado deste cálculo mostra que a fatura mensal de energia elétrica atingiria

o valor de R$ 47,40, correspondendo a uma diferença de R$ 14,03, em relação ao valor

da fatura mensal de R$ 33,37. Assim, inserindo todos os impostos e os encargos

setoriais, a fatura mensal teria um valor mais elevado, representando um aumento de

42,20% do valor básico com todos os tributos. Este quadro demonstra o quanto o

consumidor brasileiro é onerado e perde motivação quando a mídia compara com a

posição dos consumidores internacionais. Quando se compara a tarifa de energia

industrial do Brasil com os países em desenvolvimento como a Índia, China, Rússia e os

Estados Unidos, a situação fica dramática. Segundo estudo da FIRJAN (2013), a tarifa

de energia elétrica brasileira é a mais cara entre os países estudados. O

gráfico5representaesta diferença.

Page 61: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

60

Gráfico 5 - Tarifas industriais de consumo de energia elétrica 2013 (R$/MWH)

Fonte: FIRJAN apud BBC Brasil (2012).

Em 2012 a tarifa média de energia elétrica para a indústria do Brasil foi de R$

329 por megawatt-hora (MWh), quase 50% a mais que a média de R$ 215,50 em um

conjunto de 27 países do mundo que possuem dados disponíveis na Agência

Internacional de Energia. A diferença chega a 134% quando se compara o Brasil com os

demais países dos Brics (Rússia, Índia e China).Na análise das causas da baixa

competitividade a FIRJAN reconhece que a primeira delas está no custo da primeira

parte da tarifa, que compreende a geração, transmissão e distribuição, superando os

preços finais da energia nos três principais parceiros comerciais brasileiros: China,

Estados Unidos e Argentina.

A nova Lei 12.783/2013 que objetiva promover a redução da tarifa de energia

elétrica cobrada dos consumidores em todo o País, enfatiza o custo da geração,

transmissão e distribuição de energia que vencem a partir de 2015, reduzindo ou

eliminando encargos cobrados na conta de energia elétrica. A concessão anterior a lei

passará a ser comercializada no ambiente regulado com tarifa definida pela ANEEL, de

forma similar ao que ocorre hoje com os custos dos serviços de distribuição de energia

elétrica. Esta iniciativa visa promover a redução da tarifa com a eliminação ou a

redução de encargos embutidos na fatura de energia elétrica. De acordo com esta Lei

ficam definidas as seguintes determinações:

Art. 21. - Ficam desobrigadas, a partir de 1

o de janeiro de 2013, do

recolhimento da quota anual da RGR:

I - as concessionárias e permissionárias de serviço público de

distribuição de energia elétrica;

265,2

188,1

142,4

124,7

91,5

0 50 100 150 200 250 300

Brasil

Índia

China

Estados Unidos

Rússia

Preço da energia elétrica R$

Pai

ses

BR

ICS

e E

UA

Tarifas industriais de consumo de energia elétrica (R$/MWH)

Page 62: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

61

II - as concessionárias de serviço público de transmissão de energia

elétrica licitada a partir de 12 de setembro de 2012;

III - as concessionárias de serviço público de transmissão e geração de

energias elétricas prorrogadas ou licitadas nos termos desta Lei;

Art. 22- Os recursos da RGR poderão ser transferidos à CDE;

Art. 23 III - prover recursos para os dispêndios da Conta de Consumo

de Combustíveis – CCC;

§ 3o As quotas anuais da CDE deverão ser proporcionais às

estipuladas em 2012 aos agentes que comercializem energia elétrica

com o consumidor final. (BRASIL, 2013)

A lei prevê a extinção da RGR (Reserva Global de Reversão), cessando a

cobrança para as distribuidoras de energia, transmissoras e geradoras. Não será mais

realizada também a cobrança do encargo da conta de consumo de combustíveis, cujos

custos para o sistema isolado será suportado pelo tesouro nacional. A cobrança da conta

de desenvolvimento energético será reduzida para 25% do valor atual.Os recursos da

CDE continuarão sendo destinados para a tarifa social, programa Luz para Todos se

para as fontes alternativas energéticas.

Page 63: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

62

CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES

O presente trabalho de pesquisa procurou analisar os fundamentos dos tributos

que incidem nas faturas de energia dos consumidores no Brasil, onde se observa a

necessidade de promover inúmeras mudanças para que a indústria possa alcançar maior

grau de competitividade e os consumidores possam ter melhorias na renda real.

Conforme demonstrado, a energia elétrica tem um papel relevante no cenário

econômico do País, tanto pela geração de empregos ao criar uma demanda de

encomendas de máquinas, equipamentos e serviços especializados visando a construção

de usinas, sistemas de transmissão e distribuição, bem como pela arrecadação dos

tributos, quanto pela sua importância como insumo para a indústria e também como um

bem essencial para população.

Do lado da indústria, a energia elétrica e as modificações que devem ser feitas

no campo da carga tributária se revelam como uma necessidade ímpar para que as

empresas possam competir no mercado internacional, uma vez que os custos

operacionais devem ser reduzidos e gerar maior eficiência nos processos produtivos.

Nesse sentido também foi possível observar a complexidade da estrutura da rede elétrica

e de seus encargos setoriais que comprometem grandiosamente os custos e afetam o

desempenho das empresas e dos consumidores pela incidência elevada dos tributos. Em

média uma fatura mensal de energia elétrica apresenta 42,20%acima quando comparado

com preço da energia sem os encargos setoriais.

A cadeia dos tributos vai deste os encargos apresentados na própria cadeia de

geração, transmissão e distribuição (denominados de encargos setoriais), até os tributos

incidentes na comercialização e no faturamento das empresas. A soma dos principais

encargos e tributos no sistema elétrico é muito alta, onde se ressalta os principais

tributos como o PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, ICMS, RGR, CDE, CCC, PEE, P&D,

PROINFRA, dentre outros. Deste modo, foi possível mostrar também que no Brasil os

consumidores pagam uma tarifa mais elevada quando comparada com os demais países

em desenvolvimento. E que o preço da energia no Brasil é praticamente o dobro do

valor na China e o triplo da Rússia.

Ficou constatado também que os empresários brasileiros fazem estudos e

reclamam junto ao governo brasileiro a cerca desse quadro que colabora para o mau

desempenho da indústria. A estrutura da cadeia produtiva de energia elétrica está em

constante mudança e as publicações legais recentes mostram algumas mudanças na

Page 64: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

63

política energética brasileira com o intuito de promover a redução dos encargos

setoriais. Assim, como conclusão final deste estudo, pode-se afirmar que o maior

problema a ser enfrentado no processo de tributação no Brasil está em fazer uma

reforma tributária com maior profundidade, de modo a reduzir o custo dos produtos

brasileiros de modo que o consumidor possa melhorar sua vida real pagando menos pelo

preço dos produtos.

Page 65: impacto dos impostos no preço final de energia elétrica em santa

64

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ANEXO 1: Tarifa de energia convencional