impacto da mídia 24.09
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Impacto da MídiaTRANSCRIPT
Impacto das Mídias 2014
04 UM FAROL PARA O FUTURO DA MÍDIA Maristela Mafei Sócia-fundadora do Grupo Máquina PR
14 Ainda o ‘papel’, mas em outro formato
21 Redes Sociais entre executivos: uso intenso, mas cauteloso
23 Em ano de Copa, insatisfação com política e economia explicam pessimismo
05 Highlights
07 A pesquisa Impacto das Mídias
08 Redes sociais crescem entre executivos, mas sem tradução em credibilidade
09 Público consultado e metodologia
11 Sites, rádios e redes sociais lideram no consumo diário de informação
13 Em tempos digitais, credibilidade é o diferencial da imprensa
15 Folha de S.Paulo é o veículo favorito
17 Jornais têm credibilidade em alta
18 Economia é tema de maior interesse
19 Jornal nacional e Veja são os que mais influenciam a opinião pública
20 Facebook e LinkedIn são as redes mais utilizadas
22 Executivos acreditam que situação econômica do país vai piorar
Impacto das Mídias 2014
Muito se discutiu sobre o posicionamento da chamada Grande Imprensa por ocasião das
manifestações que tomaram conta do país recentemente. Houve quem apontasse que os
grandes grupos de mídia foram soterrados pela avalanche de mensagens das redes sociais,
em um debate um tanto anárquico que foi encontrar ressonância nas ruas de todo o país.
Para outros analistas, no entanto, a “onda” nas redes sociais foi criada a partir de discussões
e compartilhamentos de reportagens publicadas pelos meios tradicionais.
Trata-se de um embate inconcluso, e, por isso mesmo, de essencial importância para
todos os que lidamos com comunicação. Afinal, a velocidade com que circulam as
informações de domínio público colocou as empresas em posição vulnerável ao mesmo
tempo em que ampliou as oportunidades de atuação e relacionamento com o consumidor.
Um estudo como este que o Instituto Máquina de Pesquisa apresenta agora ao mercado
tem o mérito de colocar em relevo a opinião de parte expressiva do PIB brasileiro e, ao
provocar a reflexão de formadores de opinião e outros profissionais da área, sugere
caminhos para entender o futuro da comunicação corporativa.
Este levantamento dos hábitos de consumo de informação dos executivos traz indícios
bastante úteis para referendar certas teses ou desmistificar conclusões precipitadas. Entre
os dados oferecidos, há que se considerar, por exemplo, que os meios de comunicação
tradicionais (jornais, revistas e emissoras de TV e rádio) seguem influentes junto aos
tomadores de decisão – ao mesmo tempo em que a credibilidade das redes sociais entrou
em declínio. São informações que, como outras tantas, devem ser encaradas menos com
um tom alarmista e mais como elementos de ponderação.
Levando em conta ainda a qualificação do público consultado, é de se esperar que as
respostas sirvam não apenas como parâmetro do comportamento dos executivos
brasileiros, mas também como um farol para identificar tendências válidas para toda a
sociedade. Afinal, trata-se de um universo repleto de early adopters (aqueles que primeiro
desbravam os novos recursos disponíveis), com as tecnologias da informação se
disseminando mais rapidamente e com maior intensidade. Toda e qualquer mudança nos
hábitos deste estrato específico pode ter efeito na sociedade em curto espaço de tempo.
Em tempos assim tão digitais e acelerados, são muitos os desafios para todos que
trabalhamos com comunicação. Com esta nova edição de sua pesquisa sobre o impacto das
mídias, o Grupo Máquina PR espera contribuir para a superação deles.
Maristela Mafei Sócia-fundadora do Grupo Máquina PR
04
GRUPO MÁQUINA PR
Sócia-Fundadora Maristela Mafei
VP de Operações Rosa Vanzella
VP de Operações Cleber Martins
VP de Conteúdo Marcelo Diego
Coordenação da Pesquisa Renata Marins ([email protected]) Rodrigo Barneschi ([email protected]) Pesquisadores Cintia Taketomi Daniel Cassiano Gabriela Queiroz Guilherme Torrezani Miriam Sodré Supervisão estatística Luis Contreras Redação Renata Marins Gabriela Queiroz Edição e revisão Marcelo Diego Rodrigo Barneschi Tecnologia da Informação Reinaldo Kelciauskas
Diretor Executivo Marcelo Diego Diretor de Pesquisa Rodrigo Barneschi Supervisão estatística Luis Contreras Coordenadoras de Pesquisa Cintia Taketomi Renata Marins
Analistas Daniel Cassiano Gabriela Queiroz Guilherme Torrezani Miriam Sodré Tecnologia da Informação Reinaldo Kelciauskas
IMPACTO DAS MÍDIAS 2014
VP da Máquina Brasília
Vivaldo Souza
VP de Contas Corporativa
Daniella Camargos
Diretora da Máquina Rio Fabricia Rosa
ÁREAS ESPECIALIZADAS
São Paulo: Av. Paulista, 2.006, cjs. 807/809, Cerqueira César. Tel. (11) 3147-7900 ● Brasília: SHS AS
Lote 1 - Quadra 6 / Conjunto A - Sala 311, Edifício Centro Empresarial Brasil XXI. Tel. (61) 3323 2884 ●
Rio de Janeiro: Av. Rio Branco, 1 - 8º andar, sala 803, Centro. Tel. (21) 3478 3100 ● www.grupomaquina.com
ESCRITÓRIOS E CONTATOS
05 06
226 EXECUTIVOS ENTREVISTADOS
137 EMPRESAS CONSULTADAS 23
SETORES DE ATUAÇÃO
10% DAS RIQUEZAS GERADAS PELO PAÍS EM 2012 VIERAM DAS EMPRESAS PARTICIPANTES
R$ 433 bi É O FATURAMENTO DO CONJUNTO DE COMPANHIAS REPRESENTADAS (R$ 433.583.570.000,00)
96% ACESSAM REDES SOCIAIS
49% ACOMPANHAM NOTÍCIAS NA INTERNET, MAS NÃO ABRE MÃO DE LER JORNAIS E REVISTAS NO FORMATO TRADICIONAL
51% VEEM A NOTÍCIA COMO O GÊNERO INFORMATIVO MAIS CONFIÁVEL
87% UTILIZAM O FACEBOOK
70% ACREDITAM QUE A CORRUPÇÃO É UM DOS PRINCIPAIS ENTRAVES PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO
Folha de S.Paulo FOI CONSIDERADA O VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO PREFERIDO E O JORNAL QUE MAIS INFLUENCIA A OPINIÃO DO EMPRESARIADO BRASILEIRO
Jornal Nacional É O QUE MAIS INFLUENCIA A OPINIÃO PÚBLICA
57% ACREDITAM NA PIORA DA ECONOMIA EM UM CENÁRIO PÓS-COPA E ELEIÇÕES
Impacto das Mídias 2014
61% ENTENDEM QUE O NÍVEL DE IMPRENSA MELHOROU OU SEGUIU INALTERADO DESDE 2011
Impacto das Mídias 2014 07 08
A conclusão da quarta edição da pesquisa Impacto das Mídias revalida o
compromisso do Grupo Máquina PR de manter um olhar sempre atento às
transformações do mercado. É mais uma entre as iniciativas recentes para
manter a vigilância sobre as evoluções da mídia e os impactos para o setor.
Foi assim com os investimentos que deram origem ao mapa de
influenciadores digitais, ao mapa das manifestações, à plataforma digital do
IDM (sua metodologia de mensuração de resultados em comunicação que é
referência entre grandes empresas) e a outros produtos e recursos tecnológicos
disponibilizados para seus clientes apenas no último ano.
Por meio do Instituto Máquina de Pesquisa, seu departamento especializado
em levantamentos e sondagens, o Grupo Máquina PR atualiza levantamento
semelhante, de 2011, para traçar o panorama atual de como as informações
chegam até os tomadores de decisão do meio empresarial brasileiro e apontar
como este estrato da população avalia os meios de comunicação.
A pesquisa foi conduzida de 7 de abril de 2014 a 16 de maio de 2014, com
abordagem quantitativa via questionário online, e contou com a participação de
uma equipe multidisciplinar, mobilizando dez profissionais da agência. Foram
consultados 226 executivos, representantes de 137 empresas que atuam em 23
setores da economia. Juntas, as companhias apresentam faturamento superior
a R$ 400 bilhões e empregam mais de 300 mil pessoas. Todas as regiões do país
foram contempladas. Para garantir a qualificação dos resultados, a amostragem
incluiu pessoas em cargos equivalentes a gerência, direção e presidência.
O questionário foi elaborado com base em levantamentos anteriores (para
viabilizar comparações), mas houve ajustes para abarcar novas temáticas do
mercado da comunicação e para tornar o processo de participação mais eficaz.
Além de informações sobre mídia, o levantamento comporta percepções dos
executivos sobre cenário econômico e perspectivas para o país.
Devidamente apresentados ao mercado, os dados obtidos por este
levantamento cumprem ainda o papel de atualizar a matriz de pesos dos
principais instrumentos de análise conjuntural e desempenho na mídia
oferecidos pelo Grupo Máquina PR a seus clientes, o IDM (Índice de
Desempenho na Mídia) e o IDI (Índice de Desempenho de Imagem), bem como
um produto em gestação para a análise de reputação nos meios digitais.
Em uma era em que as informações trafegam tão rapidamente e em que os
meios tradicionais deixaram de ter a primazia da produção de conteúdo, o
uso das plataformas colaborativas cresceu também entre os executivos (96%
fazem uso de alguma rede social), mas isso não se traduz em credibilidade
para os novos meios - apenas 7% manifestam confiança elevada nas
informações produzidas em mídias sociais. Esse número contrasta com os
81% que veem credibilidade nos jornais impressos, os 71% das rádios e os
68% das revistas, por exemplo.
Os executivos consultados mostram ainda uma tendência a formar opinião
sobre os fatos não a partir dos espaços destinado a esse fim (artigos, colunas
e editoriais), mas sim a partir das reportagens – citadas como fonte primária
de influência por 51% dos entrevistados. As redes sociais têm relevância
quase nula (2%) para a formação de opinião dos executivos.
A mídia com mais credibilidade perante o público analisado é o jornal
impresso. A Folha de S. Paulo, inclusive, foi eleita a preferida dentre todos os
títulos de jornais, revistas, sites/agências, blogs, rádios e telejornais. Na
votação segmentada por tipo de mídia, a Folha também lidera o ranking de
influência dentre os jornais. Nos demais meios, os primeiros colocados foram:
Veja (revista), Agência Estado (site/agência de notícia), Jornal Nacional – TV
Globo (telejornal) e CBN (rádio). O rádio, aliás, está mais presente no dia a dia
dos executivos do que a TV. Em 2011, 38% consumia informação por esse tipo
de mídia diariamente. Em 2014, a parcela cresceu para 60%.
E MAIS:
›› Miriam Leitão é a colunista mais lida
›› Lauro Jardim tem o blog mais visto
›› Economia é o principal assunto de interesse dos entrevistados
Impacto das Mídias 2014 09 10
Para chegar aos resultados da pesquisa Impacto das Mídias 2014, foram
ouvidos 226 representantes (em cargos de gerência, direção e presidência) de
137 empresas. A amostra contempla 23 setores de atuação e inclui todas as
regiões brasileiras. O critério de seleção das companhias participantes foi o
faturamento (acima de R$ 55 milhões/ano). Juntas, as organizações presentes
faturam montante superior a 400 bilhões de reais*.
Os levantamentos do Instituto Máquina de Pesquisa são feitos com rigor
técnico baseados nas normas previstas pela Associação Brasileira das
Empresas de Pesquisa e com total independência. Nos casos possíveis, os
números foram arredondados para facilitar a visualização dos dados.
Os gráficos abaixo e ao lado detalham a qualificação do público,
apresentando os setores de atuação das empresas e a divisão geográfica, bem
como dados relativos a nível hierárquico, faixa etária e sexo dos participantes.
AM 1 resposta 0,44% da amostra 1 empresa Faturamento R$ 11.065.400.000,00
BA 3 respostas 1,33% da amostra 3 empresas Faturamento R$ 6.563.900.000,00
CE 1 resposta 0,44% da amostra 1 empresa Faturamento R$ 849.900.000,00
DF 6 respostas 2,65% da amostra 4 empresas Faturamento R$ 1.788.800.000,00
MG 6 respostas 2,65% da amostra 5 empresas Faturamento R$ 9.983.500.000,00
MT 1 resposta 0,44% da amostra 1 empresa Faturamento R$ 28.533.000.000,00
PR 6 respostas 2,65% da amostra 5 empresas Faturamento R$ 19.281.769.000,00
RJ 20 respostas 8,85% da amostra 18 empresas Faturamento R$ 151.899.400.000,00
RS 5 respostas 2,21% da amostra 5 empresas Faturamento R$ 3.526.000.000,00
SC 7 respostas 3,10% da amostra 2 empresas Faturamento R$ 16.620.700.000,00
SP 170 respostas 75,22% da amostra 92 empresas Faturamento R$ 183.471.201.000,00
Sede das empresas participantes
*Faturamento base de 2012, segundo dados da edição de julho de 2013 da revista “Maiores e Melhores – Exame” e levantamento próprio. Nem todas as empresas disponibilizaram seus dados financeiros.
Impacto das Mídias 2014
Apesar de a mídia online ter forte presença no cotidiano dos executivos, eles não
deixam de acompanhar as notícias pelos meios tradicionais. Confrontados com as
mudanças nos hábitos de consumo de informação nos últimos anos, 49%
declararam não abrir mão de ler as versões impressas de jornais e revistas. Em
contrapartida, 14% só se informam pela internet e outros 9% têm o consumo de
informação vinculado às redes sociais.
Os sites de notícia repetem o resultado da edição anterior, sendo o único meio
de comunicação presente na rotina de todos os entrevistados – para 75%, a
frequência de uso é diária; outros 22% declaram que as visitas são frequentes. Já
os blogs são os menos consumidos, dentre todas as possibilidades apresentadas.
Os jornais diários são fonte de consulta diária ou frequente para 70% dos
respondentes; quando se considera a versão digital, o índice sobe para 80%. A
situação se inverte com as revistas: elas são lidas por 81% nas versões impressas e
por 52% na interface digital (via tablet ou site, por exemplo).
Os canais de TV por assinatura superam a frequência diária de telespectadores
da TV aberta: 89% fazem uso da mídia paga de forma constante, contra 76% dos
que assistem à programação das emissoras que têm concessão pública. O rádio,
por sua vez, atinge diariamente 60% dos “tomadores de decisão”.
Por fim, as redes sociais têm elevado nível de utilização neste estrato; apenas
4% dos executivos abrem mão deste meio para se informar.
Abaixo, é possível acompanhar a postura dos entrevistados quanto aos hábitos
de consumo; ao lado, os índices de frequência de uso de cada meio.
A partir do avanço da mídia online e das redes sociais, qual das sentenças abaixo melhor representa a sua interação atual com os meios de comunicação tradicionais?
49% Acompanho o noticiário online, mas não abro mão de ler jornais e revistas no formato tradicional
21% Continuo me informando pelos mesmos veículos, mas agora prefiro a versão online pela comodidade
14% Parei de ler jornal impresso e revistas; vejo tudo pela internet
9% Fico o dia todo conectado, e as redes sociais direcionam o meu consumo de notícias
6% Não confio nas redes sociais; prefiro a credibilidade das mídias já consolidadas
11 12
FREQUÊNCIA DE USO DAS MÍDIAS
Impacto das Mídias 2014
Apesar de as redes sociais estarem presentes na rotina de 96% dos executivos,
é na imprensa tradicional que eles buscam informações com segurança. Não à
toa, os veículos apontados como os mais influentes, tanto em relação à
capacidade de impactar a opinião pública quanto na apreciação particular dos
entrevistados, são de TV e jornal imprenso: Jornal Nacional (TV Globo), no caso
da opinião pública, e Folha de S.Paulo para os participantes.
O meio online está presente no radar do público consultado todos os dias,
mas 49% das pessoas afirmam acompanhar o noticiário digital sem abrir mão
de ler jornais e revistas no formato tradicional – informação que contrasta com
a queda na tiragem dos grandes jornais. Em geral, os executivos dizem utilizar a
internet como plataforma, mas acessam por meio dela as notícias publicadas
pelos veículos tradicionais. O gênero notícia/reportagem foi apontado como o mais confiável pelos
entrevistados (51% da amostra), frente a artigos (24%), colunas (14%), editoriais
(8%) e redes sociais (2%).
13 14
CREDIBILIDADE DAS REDES SOCIAIS EM XEQUE No levantamento de 2011, 18,6% dos executivos viam as redes sociais com credibilidade; esse número caiu para 7% na pesquisa de 2014, em um intervalo que coincide com o período de ascensão do Facebook no Brasil.
O QUE MUDOU?
Lá se vão duas décadas desde o domingo em que a Folha de S.Paulo atingiu a
maior tiragem de sua história, 1.117.802 exemplares. Os domingos de 2014
reservam números bem mais modestos, na casa dos 370 mil exemplares.
Em 1994, sequer havia internet comercial no Brasil. Muita coisa mudou de lá
para cá, e poucos segmentos foram tão impactados pela revolução tecnológica
quanto a comunicação de massa. Marcas centenárias se dissiparam em meio a
novos hábitos, líderes globais surgiram de maneira inesperada, o broadcast deu
lugar ao socialcast.
Tamanha ruptura, no entanto, foi insuficiente para abalar o prestígio dos
meios de comunicação que souberam se reinventar. É o caso desta mesma
Folha de S.Paulo, que compensa hoje a tiragem mais tímida com uma
avassaladora audiência digital (4,6 milhões de leitores diários) e com uma série
de interfaces para seu público.
Tal audiência não teria efeito se não fosse a credibilidade por trás da marca
do jornal impresso, que ainda prende a atenção dos “tomadores de decisão”.
Quase metade (49%) dos entrevistados diz não abrir mão de ler jornais e
revistas no formato tradicional, ante 14% que abandonaram o papel. Não à toa,
a Folha adota, desde março de 2012, uma nova metodologia para apresentar
sua tiragem, informação disponibilizada diariamente em sua capa:
Pode-se presumir aí uma artimanha para disfarçar a queda na circulação em
bancas. Mas é possível considerar também que, por comodidade, muitos dos
leitores diários migraram para o tablet sem abandonar o hábito de leitura,
virando página por página e conferindo caderno por caderno. Não é tanto uma
nova linguagem, pois não se alterou a dinâmica de consumo de informação,
mas sim uma plataforma diferente para visualizar o mesmo conteúdo.
É ainda o bom e velho jornal impresso, mas em um novo formato. O que se
perde em circulação nas bancas se recupera com a reverberação do conteúdo
por meio das plataformas de interação social. É a única forma, por sinal, de
preservar o valor da marca para as novas gerações.
Rodrigo Barneschi Diretor da Máquina Metric e do Instituto Máquina de Pesquisa
JORNAIS AUMENTAM INFLUÊNCIA JUNTO AO EMPRESARIADO Mesmo com tiragens em queda e com o fim de títulos importantes, a mídia jornal mantém a dianteira quando se pensa em credibilidade junto aos executivos: se 75,9% deles apontavam os diários impressos como veículos confiáveis em 2011, este número subiu para 81% em 2014.
O QUE MUDOU?
Impacto das Mídias 2014 05
Em pergunta aberta (e não estimulada) sobre o veículo de comunicação
favorito, ente todos os títulos existentes, os três mais destacados foram Folha
de S. Paulo (17%), O Estado de S. Paulo (13%) e Valor Econômico (11%).
Dentre os que elegeram a Folha, 48% o fizeram por considerar que o jornal
é que o “causa maior repercussão”. Na sequência do escrutínio sobre os
motivos para a preferência (cada votante poderia escolher até três fatores
que justificassem a escolha), vieram o “pluralismo da cobertura”, com 48%; e
o “foco nos assuntos de interesse particular”, 44%.
No caso do Estadão, 78% dos que o têm como seu preferido apontam que o
jornal “trata dos assuntos com mais profundidade”. Na sequência, o periódico
é elogiado por ter “foco nos assuntos que afetam meu negócio” e “nos
assuntos de interesse particular”, ambos com 43%,
Sobre o Valor Econômico, o motivo que mais justificou a escolha foi: “tem
foco nos assuntos que afetam meu negócio”.
Entre os meios online, o primeiro da lista é o UOL (com 7%), que ganha a
predileção do público por “tratar de assuntos diversos”. Motivo é idêntico é
apontado pelos que elegem a Rádio CBN (4%) como meio favorito.
Na sequência da relação de meios apontados como favoritos pelos
executivos, aparecem O Globo (4%), rádio BandNews (3%), Exame (3%), TV
Globo (3%), Veja (3%) e G1 (2%). Foram citados outros 32 veículos (incluindo
revistas e jornais do exterior), todos com menos de 2% de preferência do
público consultado.
15 16
1º
2º
3º
COLUNISTAS E BLOGS MAIS LIDOS
Também de forma espontânea, os participantes foram questionados quanto
ao colunistas e blogs que mais costumam ler – em perguntas separadas.
Os colunistas mais mencionados foram:
›› Miriam Leitão (O Globo): 8%
›› Elio Gaspari (Folha de S.Paulo e O Globo): 5%
›› Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo): 4%
›› Ricardo Boechat (IstoÉ): 4%
›› Eliane Catanhêde (Folha de S.Paulo): 3%
›› Ancelmo Gois (O Globo): 3%
Na pesquisa anterior, os três mais lembrados foram Mônica Bergamo,
Miriam Leitão e Sonia Racy. Em 2014, grande parte da amostra (39%) declarou
não ter o hábito de acompanhar nenhum colunista em particular. Prevalece,
entre um levantamento e outro, a hegemonia dos articulistas de jornais,
sendo poucos lembrados os de revistas semanais.
Entre os blogueiros, Lauro Jardim e Ricardo Noblat foram mencionados de
forma mais recorrente, por 4% e 3% da amostra, respectivamente - em 2011
os principais foram Ricardo Noblat e Lauro Jardim. Aqui, foi ainda maior o
volume de pessoas que não acompanham com frequência nenhum blog
(66%). Em contrapartida, foram mencionados outros 52 blogs de abordagens
muito distintas, evidenciando a dispersão desse tipo de espaço.
Miriam Leitão Colunista mais lida
Lauro Jardim Blog mais acessado
Impacto das Mídias 2014 05 17 18
Cidades/Cotidiano Cultura Economia Empresas e negócios
Meio ambiente Olimpíada/Copa Política
Publicidade Tecnologia Turismo/Viagem
Esporte
Agências de notícias Blogs Canais de TV aberta
Canais de TV por assinatura Jornais Redes Sociais
Revistas Rádio Sites
Mais do que a investigação sobre os hábitos de consumo de informação dos
executivos brasileiros, a pesquisa Impacto das Mídias procurou avaliar qual é
o nível de credibilidade conferido às diferentes interfaces midiáticas. Para
isso, cada respondente deveria apontar (em uma escala crescente, de 1 a 5)
qual é o nível de confiança atribuído a cada um dos meios de comunicação.
Equiparadas aos tipos de mídia mais consolidados, as redes sociais tiveram
o pior desempenho: apenas 7% de alta credibilidade (níveis 4 e 5) e 64% nos
níveis mais baixos (1 e 2). Isso contrasta com o bom desempenho dos jornais
(81% nos patamares mais elevados), que mantêm a dianteira verificada desde
o levantamento feito em 2008 pelo Instituto Máquina de Pesquisa. Outros
tipos de mídia tradicionais também foram bem avaliados pelo empresariado.
Foram os casos de agências de notícia (81% com alto índice de credibilidade),
rádios (71%) e revistas (68%). Merece destaque ainda o fato de os canais de
TV por assinatura alcançarem um desempenho superior aos canais abertos
(72% de credibilidade elevada contra 54%).
AVALIAÇÃO DE CREDIBILIDADE DAS MÍDIAS
A partir de uma lista pré-determinada, os participantes assinalaram os
assuntos de maior interesse no noticiário (por ordem, do primeiro ao
terceiro). O cruzamento desta informação com outros dados permite
estabelecer conclusões acerca do comportamento dos executivos brasileiros
em função do consumo de mídia.
Observa-se, por exemplo, que Economia é, de longe, o tema de maior
apelo, situação já identificada nos levantamentos anteriores, mas desta vez
com mais ênfase. Para os executivos brasileiros, o segundo tema que desperta
mais atenção é Empresas e negócios, evidenciando que o consumo de mídia é
ditado pelo que tem impacto direto sobre a atividade profissional.
Temáticas políticas e esportivas tiveram desempenho contrastante na
comparação entre 2011 e 2014. Política teve alta expressiva, sendo lembrada
por 49,1% dos votantes – ante 28,6% do escrutínio anterior. Em contrapartida,
quando se considera a somatória das categorias Esporte e Olimpíada/Copa, o
interesse até caiu de 2011 para 2014 (de 23,6% para 21,6%).
VOTOS POR ASSUNTO, EM ORDEM DE IMPORTÂNCIA
Impacto das Mídias 2014 05
O Jornal Nacional, da TV Globo, é o programa que mais influencia a opinião do
brasileiro, na visão dos executivos. Este resultado se repete em quaisquer
recortes que se faça do público. A revista Veja foi apontada como o segundo
meio de comunicação mais influente. Em terceiro lugar, vem a Folha de
S.Paulo, com O Estado de S. Paulo e Valor Econômico vindo logo depois. Esta é
a mesma ordem verificada no levantamento anterior, em 2011.
VEÍCULOS QUE MAIS INFLUENCIAM A OPINIÃO DOS EXECUTIVOS
Jornal Nacional, Veja e Folha de S.Paulo também lideram o ranking dos que
mais moldam a opinião dos próprios executivos, cada qual em seu grupo
segmentado por tipo de mídia, como mostram as tabelas ao lado.
Entre as rádios, a CBN é a mais influente para a maioria dos entrevistados
(54,4%), ampliando a liderança registrada já na pesquisa anterior. É o maior
índice alcançado por um veículo de comunicação dentro de seu segmento. A
rádio BandNews tem uma fatia considerável (22,6%), ficando todas as demais
(Jovem Pan, Bandeirantes, Globo e Estadão) com índices inferiores a 10%.
No caso dos telejornais, a liderança do Jornal Nacional (35%) não é
ameaçada, mas vale registrar a evolução do Jornal das Dez (21,2%), da Globo
News, em linha com a predileção do empresariado pela TV paga. Jornal da
Globo, Bom Dia Brasil, Jornal da Cultura e Jornal da Band foram bem votados.
Os demais tipos de mídia registram alterações importantes. No caso das
revistas, por exemplo, a Veja ultrapassou a Exame para assumir a liderança do
ranking. Vale ressaltar o bom desempenho da Piauí, que superou Época,
Época Negócios e IstoÉ, entre outras publicações.
Considerando os meios digitais, a Agência Estado deixou a quarta
colocação para liderar o ranking, junto com o UOL. Pouco depois, G1 e
Folha.com.
Entre os jornais, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Valor Econômico
são os veículos citados por mais de 90% dos respondentes.
19 20
VEÍCULOS QUE MAIS INFLUENCIAM A OPINIÃO DOS EXECUTIVOS, POR TIPO DE MÍDIA
Impacto das Mídias 2014 05
Dentre os entrevistados, 96% utilizam redes sociais. Dentro deste grupo, há
um pequeno universo (2%) que diz fazer parte de alguma rede, mas sem
poder participar efetivamente dela por falta de tempo. Os gráficos abaixo
mostram o percentual do público consultado que usa as redes listadas.
REDES SOCIAIS UTILIZADAS (EM %) A pesquisa Impacto das Mídias procurou avaliar também qual é o comportamento dos executivos nas redes sociais:
21 22
Como você caracteriza o seu padrão de utilização de redes sociais?
31% Sou usuário frequente, mas apenas consumo e compartilho informação
24% Faço uso moderado, basicamente para acompanhar as notícias
22% Sou usuário frequente e produtor de conteúdo
16% Utilizo as mídias sociais basicamente para interagir com amigos
6% Não participo de nenhuma rede social por falta de tempo
Mariana Ditolvo Diretora da MDigital
“Com as redes sociais, qualquer internauta pode ganhar status de veículo de
comunicação”. A frase, muito utilizada para ilustrar o poder transformador
das plataformas colaborativas, não se aplica tanto aos executivos brasileiros,
que, em sua maioria, mantêm com as novas mídias um relacionamento
intenso (94% administram ao menos um perfil), mas contido (somente 22% se
assumem como produtores de conteúdo).
Em boa medida, a explicação está no fato de este ser um público avesso a
exposições e que, devido às obrigações profissionais, sequer encontra tempo
para uma atuação digital mais engajada. Desta forma, o padrão de uso é mais
cauteloso (com perfis restritos no Facebook e em outras mídias) e destinado
ou ao diálogo com amigos e familiares ou a leitura e eventual
compartilhamento de conteúdos produzidos por terceiros.
O Facebook, utilizado por 87% dos executivos, é hegemônico. Mas vale
destacar ainda a aderência do LinkedIn (76%), bem superior à do Twitter
(55%), seguindo a tendência que acaba se concretizar junto à população em
geral - segundo recente relatório da comScore, a rede de relacionamentos
profissionais é apontada como a segunda mais utilizada no Brasil (com 11,8
milhões de usuários, contra 11,3 milhões do Twitter).
Impacto das Mídias 2014 05
Não se identificou qualquer traço distintivo no comportamento dos
entrevistados em função de faixa etária, nível hierárquico ou região do país,
evidenciando o mal-estar generalizado. Há que se considerar, no entanto, que
os profissionais que demonstram menos interesse em temas econômicos são
também os mais reticentes em relação ao futuro do país.
A pesquisa procurou entender também o que provocaria essa expectativa
pouco favorável, abrindo para os profissionais a possibilidade de elencar três
fatores que representariam os mais sérios entraves ao crescimento da
economia brasileira:
22 23
Em sua opinião, quais são os principais entraves para o crescimento econômico hoje? De todos os itens abaixo, selecione três que entender mais representativos. Confira a seguir a porcentagem de votos em cada item.
70,35% Corrupção 13,72% Crises políticas
57,08% Estrutura tributária 8,41% Falta de mão de obra qualificada
44,25% Infraestrutura precária 8,41% Regulamentação excessiva
35,96% Burocracia 6,64% Taxa de juros
33,63% Política econômica do governo
1,77% Taxa de câmbio
19,47% Sistema político atual 1,33% Instabilidade social
Em um ano atípico para o Brasil,
movimentado por Copa do Mundo e por
eleições presidenciais, procurou-se
entender, na visão dos executivos do país,
como ficará a situação da economia
nacional com esses eventos de grande
porte. Com base nos números apurados, é
possível concluir um pessimismo diante do
tópico abordado.
Marcelo Diego VP de Conteúdo do Grupo Máquina PR e Diretor Executivo do Instituto Máquina de Pesquisa
O pessimismo dos “tomadores de decisão” sobre o futuro da economia brasileira é
muito mais acentuado do que a média da população, aponta o levantamento do
Instituto Máquina de Pesquisa, junto a executivos de 113 das maiores companhias
do País. Já a avaliação sobre a imprensa tem contornos muito mais positivos.
Para 57% dos respondentes, a expectativa é de piora nos indicadores
econômicos no futuro próximo. Para apenas 7%, a situação tende a melhorar.
Outros 35% acham que as coisas vão permanecer iguais (sem juízo de valor se isso
seria bom ou ruim). Levantamento do instituto Datafolha em junho/2014 indica
que, entre os brasileiros em geral, 36% acham que a situação vai piorar - ou seja, o
PIB industrial está 21 pontos acima na escala do pessimismo.
É enganoso enxergar influência das manifestações que vêm moldando o humor
nacional: apenas 1,3% dos executivos apontam a instabilidade social como entrave
para o crescimento econômico. Velhas conhecidas, corrupção (lembrada por
70,3%), estrutura tributária (57,0%), infraestrutura (44,2%) e burocracia (34,9%) são
fatores apontados como os mais críticos.
Nesse cenário, mesmo tendo sido realizada às vésperas da Copa do Mundo, a
pesquisa indica que, para este grupo, interessa muito mais a eleição de 2014 que o
Mundial. Política foi apontada como o assunto mais importante por 49,1% das
respostas (que permitiam mais de uma escolha). Três anos atrás, quando
levantamento semelhante foi feito, o tema atraiu 28,6% das respostas computadas.
Já os temas Esporte e Copa/Olimpíada receberam, juntos, 21,6% das
manifestações de interesse em 2014 – menor do que os 23,6% de 2011.
Em ambos os levantamentos, há oscilações naturais quando se observam os
demais aspectos (Cidades, Cultura, Tecnologia etc.), e o assunto prioritário segue
sendo Economia: 63,3% há três anos e 69,9% agora.
Entre os “tomadores de decisão”, 61% acham que a qualidade da imprensa
seguiu inalterada ou até melhorou, contra 39% que avaliam que houve piora.
Impacto das Mídias 2014