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Impactes Energéticos e Ambientais das Tecnologias de Informação e Comunicação como Substituto de Mobilidade Caso de estudo: Continente Online na AML Ricardo Rafael Sitú Carrolo Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura Júri Presidente: Prof. Dr. João Torres de Quinhones Levy Orientador: Prof. Dr. Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura Vogal: Dr. Vasco Domingos Moreira Lopes Miranda dos Reis Outubro 2014

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Impactes Energéticos e Ambientais das Tecnologias de Informação e Comunicação como Substituto de Mobilidade

Caso de estudo: Continente Online na AML

Ricardo Rafael Sitú Carrolo

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dr. Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura

Júri

Presidente: Prof. Dr. João Torres de Quinhones Levy Orientador: Prof. Dr. Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura Vogal: Dr. Vasco Domingos Moreira Lopes Miranda dos Reis

Outubro 2014

Agradecimentos

A realização desta Dissertação foi possível com a colaboração de várias pessoas e Instituições que, através dos seus contributos e ajudas, me apoiaram enormemente e às quais, desde já, agradeço e exprimo a minha maior consideração. Umas de forma indirecta, outras de forma directa e explícita manifestaram-me o maior apoio e expresso-lhes, por esta via, o meu enorme reconhecimento. Ao meu orientador Professor Doutor Filipe Moura, agradeço toda a compreensão, apoio, conselhos e ensinamentos, sem os quais este trabalho certamente não teria a mesma valoração e qualidade. É a ele, sem dúvida, a quem mais me encontro reconhecido e a quem ficarei eternamente grato. Ao Dr. Pedro Santos, Dr. Manuel Rocha, Eng. Tiago Garcia e também a toda a equipa de transportes do Continente Online (SONAE MC), que durante o meu estágio curricular, me dispensaram a melhor atenção e apoio, um sincero Muito Obrigado. Aos docentes/investigadores, alunos e funcionários do DECivil do IST e a muitos outros anónimos que gentilmente colaboraram no Inquérito divulgado, fica um grande Agradecimento. Aos meus vários colegas do IST, Guilhas, Koney, Babu, Bibi, Marta, Amy, Guilherme Monteiro, Nuno, João Correia, Orlando Lopes, Rui Dantas, Hugo Fernandes, Mário Dias, Pedro Martins, Tibério Yan que me acompanharam durante os momentos mais complicados do meu percurso académico, fico-vos calorosamente grato por tudo. E para vós, os mais malandros, Guilhas, Johnny, Migalhas, Alex e Pedro, Tibério, Rómulo e Teófilo, peço que continuem por perto, ainda que, por vezes, apenas estejam através do grupo Gente Gira. A toda a minha família, em especial à minha Tia São, pela prestimosa e sempre solícita ajuda que me deu, para além do carinho com que todos sempre me trataram, um grande Bem-Hajam! À Irina Figueiredo, Amiga sempre presente e cúmplice de Vida, por todos os momentos vividos, de apoio incondicional e permanente incentivo, um carinhoso Obrigado! Por fim aos meus queridos pais, por todo o apoio, compreensão, carinho e Amor com que me brindam desde sempre.

Um Muito Obrigado.

i

Resumo

Apesar dos avanços tecnológicos dos veículos e dos combustíveis, os impactes ambientais permanecem um dos principais desafios dos sistemas de transportes. Actualmente, cerca de um terço do aquecimento global da atmosfera é provocado pela acumulação de gases com efeito de estufa. Neste trabalho, que se insere no âmbito da mobilidade sustentável, em particular nos efeitos do comércio electrónico de mercearias, pretende-se caracterizar e desenvolver conhecimento associado à utilização deste tipo de serviço, através do caso de estudo do Continente Online e da divulgação de um inquérito sobre hábitos de compras. Através de cálculo e interpretação de resultados, este trabalho tem como objectivos avaliar o potencial benefício, ou custo, ambiental de um sistema de entrega ao domicílio e o potencial de substituição de viagens relativo às e-groceries. Os resultados obtidos apontam para a ideia de que o comércio electrónico possui zonas óptimas de distribuição, nas quais os valores de emissões e consumos energéticos são inferiores, relativamente aos gerados pelas deslocações em veículo privado. Todavia, este benefício, apenas pode tomar proporções significativas se a base de clientes online aumentar e, simultaneamente, verificar o efeito de substituição de viagens. Em relação à análise do inquérito, os dados revelam uma forte tendência para a complementaridade ou neutralidade deste serviço. Assim, estima-se que o impacte ambiental se apresente como negativo, visto que, estes efeitos, apenas contribuem para acréscimos de viagens por motivos de compras, comportando, necessariamente, consequências no aumento de emissões, de consumo energético, de tráfego e de quilómetros percorridos.

Palavras-chave: Comércio Electrónico, e-Groceries, Mobilidade Sustentável, Logística, Substituição de Viagens, Consumo Energético, Internet

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iii

Abstract

Despite technological advances in vehicles and fuels, environmental impacts remain a key challenge of transportation systems. Currently, about a third of atmosphere’s global warming is caused by the accumulation of greenhouse gases, and air pollution from motorized vehicles is still a major problem in many urban areas. Urban logistics related to household shopping is increasing and adds to the overall environmental burdens. In the realm of sustainable mobility, Information and Communication Technologies (ICT) emerge as a potential for trips substitution. Here, we address specifically the effects of e-commerce grocery stores, by analysing the case study of Continente Online (the main food retailer in Portugal) supplemented by a household survey to shopping habits in the Lisbon Metropolitan Area. This paper aims to assess the potential for trip substitution of e-groceries (online shopping with home delivery service) and the corresponding energetic and environmental benefits or costs. The results suggest that e-commerce logistics perform better for specific distribution distance ranges, where emissions and energy consumption are lower relative to those of private car. However, this higher efficiency can only result in overall energy and environmental benefits if the proportion of online customers increases, when compared to offline shopping, and the trip substitution effect is verified simultaneously. Accordingly, the results of the household survey strongly suggest that e-groceries are complementary or neutral to offline shopping. As such, the end environmental impact is negative, as e-groceries tend to contribute to incremental shopping-related trips. For that reason, there is an increase of traffic and private car mileage, and energy consumption and emissions.

Keywords: e-Commerce, e-Groceries, Urban Mobility and Logistics, Trip Substitution, Energy Consumption, Internet

iv

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Índice geral

RESUMO I

ABSTRACT III

ÍNDICE DE FIGURAS VII

ÍNDICE DE QUADROS IX

LISTA DE ABREVIATURAS XI

CAPÍTULO 1 1

INTRODUÇÃO 1

1.1. ÂMBITO E OBJECTIVOS 1

1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 2

1.3. MOTIVAÇÃO 2

CAPÍTULO 2 11

ESTADO DE PRÁTICA E ESTADO DE ARTE 11

2.1. ESTADO DE PRÁTICA: COMÉRCIO ELECTRÓNICO 11

2.1.1. BUSINESS-TO-CONSUMER 11

2.1.2. E-GROCERIES 14

2.1.3. LAST MILE DELIVERY PROBLEM 14 2.2. ESTADO DE ARTE: POTENCIAIS EFEITOS DO B2C E-COMMERCE 16

2.2.1. IMPACTE NAS VIAGENS 16

2.2.2. IMPACTES AMBIENTAIS E ENERGÉTICOS 18

CAPÍTULO 3 21

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DE CÁLCULOS 21

3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA METODOLOGIA DE ANÁLISE 21

3.2. IMPACTES AMBIENTAIS E ENERGÉTICOS 23 3.2.1. PROCESSO E RECOLHA DE DADOS 23 3.2.2. CÁLCULO DO CONSUMO DE ENERGIA E EMISSÕES 27

vi

3.3. DESCRIÇÃO DO INQUÉRITO 28

3.3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 28

3.3.2. TRATAMENTO DE DADOS 32

CAPÍTULO 4 35

CASO DE ESTUDO: CONTINENTE ONLINE 35

4.1. INTRODUÇÃO 35

4.2. APRESENTAÇÃO GENÉRICA DOS PROCEDIMENTOS DO E-COMMERCE 36

4.3. DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE ROUTING PARA A SEQUENCIAÇÃO DAS ENTREGAS 39

4.3.1. ROTAS 39

4.3.2. CONTROLO DE VIATURAS 42

4.3.3. CARACTERIZAÇÃO DAS VIATURAS UTILIZADAS (CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO) 43

4.4. GESTÃO DE RECURSOS E INDICADORES DE PRODUÇÃO 45

4.5. CONCLUSÕES 47

CAPÍTULO 5 51

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 51

5.1. IMPACTES ENERGÉTICOS E AMBIENTAIS 51

5.1.1. AMADORA 51

5.1.2. OEIRAS 53

5.2. ANÁLISE COMPORTAMENTAL SOBRE CONSUMIDORES DE MERCEARIAS: RESULTADOS DO INQUÉRITO 55

5.2.1. MOBILIDADE 55

5.2.2. HÁBITOS DE CONSUMO 58

5.2.3. TECNOLOGIA 59

5.2.4. ATITUDE 60

5.3. TRATAMENTO DE DADOS: MÉTODOS ANALÍTICOS 63

5.3.1. ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS 63

5.3.2. MODELO DE ESCOLHA DISCRETA 67

CAPÍTULO 6 75

CONCLUSÕES 75

REFERÊNCIAS 79

ANEXOS 83

ANEXO A 85

ANEXO B 89

ANEXO C 97

vii

Índice de figuras

Figura 1.1 – Emissões totais de GEE na UE-27 por gás, 2011 (fonte: EEA,2014) ....................... 4

Figura 1.2 – Emissões totais de GEE a nível mundial por gás, 2007 (fonte EPA, 2014) ............. 4

Figura 1.3 – Consumo energético na EU-27 por transporte (fonte: EEA,2014) ........................ 4

Figura 1.4 – Emissões de CO e NOx na UE-27 por transporte, 2009 (fonte: EEA, 2014) ........... 5

Figura 2.1 – Cronologia histórica do comércio electrónico (Sayani 2008) .............................. 12

Figura 3.1 – Mapa da AML com as zonas de estudo seleccionadas (fonte: trajectorias-residenciais.com)...................................................................................................................... 23

Figura 3.2 - Espacialização dos clientes estudados .................................................................. 24

Figura 3.3 – Metodologia de análise: tratamento de dados ................................................... 25

Figura 3.4 – Metodologia de análise: cálculo energético e ambiental .................................... 27

Figura 3.5 – Habilitações literárias do universo da amostra ................................................... 30

Figura 3.6 – Ocupação profissional do universo da amostra .................................................. 30

Figura 3.7 – Distribuição etária acumulada ............................................................................. 31

Figura 3.8 – Espacialização do inquérito .................................................................................. 31

Figura 3.9 – Distribuição da amostra por freguesia ................................................................. 32

Figura 3.10 – Dimensão de agregado familiar ......................................................................... 32

Figura 3.11 – Curvas de distribuição de riqueza ...................................................................... 32

Figura 4.1 – Zonas de distribuição da loja Continente da Amadora. ....................................... 37

Figura 4.2 – Slots disponíveis para entrega ao domicílio. ........................................................ 38

Figura 4.3 – Paragon workbench ............................................................................................. 40

Figura 4.4 – Paragon workbench, disposição geográfica das rotas para o Continente de Matosinhos .............................................................................................................................. 41

Figura 4.5 – Viatura comercial de transporte COL ................................................................... 43

Figura 4.6 – Esquema de arrumação da viatura e compartimentação ................................... 44

Figura 4.7 – Painel de isolamento multi-temperatura ............................................................ 45

Figura 4.8 – KPI do vector entregas - Loja COL da Amadora ................................................... 48

Figura 4.9 – KPI quilómetros por viatura (Abril 2013) – Loja COL Amadora ........................... 49

Figura 4.10 – KPI nº médio de quilómetros por viatura - loja COL Amadora. ......................... 49

Figura 5.1 – Distribuição radial dos clientes – Loja Amadora .................................................. 52

Figura 5.2 – Emissões de CO2 (g/€.km) – Loja Amadora .......................................................... 52

Figura 5.3 – Consumo energético (kJ/€.km) – Loja Amadora .................................................. 53

Figura 5.4 – Distribuição radial dos clientes – Loja Oeiras ...................................................... 54

Figura 5.5 - Emissões de CO2 (g/€.km) – Loja Oeiras ............................................................... 54

viii

Figura 5.6 – Consumo energético (kJ/€.km) – Loja Amadora .................................................. 54

Figura 5.7 – Propensão para compras por género .................................................................. 61

Figura 5.8 – Propensão para compras por rendimentos ......................................................... 61

Figura 5.9 – Propensão ecológica ............................................................................................ 62

Figura 5.10 – Propensão para compras Online ........................................................................ 62

Figura 5.11 – Gráfico dos valores próprios iniciais das componentes extraídas ..................... 64

Figura 5.12 – Gráfico Factor 1 vs. Factor 2 .............................................................................. 66

Figura 5.13 – Diagrama explicativo do MED ............................................................................ 70

ix

Índice de quadros

Quadro 2.1 – Classificação dos impactes ambientais do CE (Jönson 2003) ............................ 19

Quadro 3.1 - Encomendas online e quilómetros percorridos nas lojas da Amadora e de Oeiras (2013) ............................................................................................................................ 26

Quadro 3.2 - Factores de emissão por distância percorrida de transporte rodoviário em 2011 (APA 2013) ............................................................................................................................... 27

Quadro 4.1 – Slots diárias do COL ............................................................................................ 38

Quadro 4.2 – Horário de execução de rotas ............................................................................ 40

Quadro 4.3 - Classificação europeia de automóveis para efeitos de homologação (fonte: IMTT 2013) ............................................................................................................................... 45

Quadro 4.4 - Vectores de análise utilizados nos KPI................................................................ 47

Quadro 5.1 – Indicadores de mobilidade ................................................................................ 56

Quadro 5.2 – Repartição modal por tipo de estabelecimento comercial ............................... 57

Quadro 5.3 – Indicador cabaz de compras .............................................................................. 58

Quadro 5.4 – Experiência de internet vs. Compras e-groceries .............................................. 59

Quadro 5.5 – Frequência de utilização de internet ................................................................. 59

Quadro 5.6 – Quadro resumo das variáveis explicativas......................................................... 63

Quadro 5.7 – Valores próprios iniciais das componentes extraídas ....................................... 64

Quadro 5.8 – Pesos das variáveis após rotação ....................................................................... 65

Quadro 5.9 – Testes estatísticos de KMO e Bartlett ................................................................ 66

Quadro 5.10 – Classificação qualitativa do teste estatístico KMO para ACP .......................... 66

Quadro 5.11 – Resultados da estimação do MED ................................................................... 72

Quadro 5.12 – Eficácia do MED ............................................................................................... 74

x

xi

Lista de abreviaturas

ACP Análise de Componentes Principais AML Área Metropolitana de Lisboa APA Agência Portuguesa do Ambiente B2C Business-to-Consumer CC Cartão Continente CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional CML Câmara Municipal de Lisboa CNT Loja/hipermercado Continente COL Continente Online CP7 Sistema de código postal de sete dígitos utilizado em Portugal EC E-Commerce (em português: CE - comércio electrónico) EEA European Environment Agency EO Earth Observatory EPA United States Environmental Protection Agency ET Equipa de Transportes - Sonae MC FCT/UNL Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa GEE Gás com Efeito de Estufa GPS Global Positioning System IEA International Energy Agency IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change MED Modelo de Escolha Discreta NASA National Aeronautics and Space Administration KPI Key Performance Indicators PMQA-LVT Plano de Melhoria de Qualidade do Ar – Região de Lisboa e Vale do Tejo PMQ-N Plano de Melhoria de Qualidade do Ar – Região Norte PMS Projecto Mobilidade Sustentável SPSS Statistical Package for the Social Sciences TIC Tecnologias de Informação e Comunicação UE-27 União Europeia de 27 Estados Membros UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change VAO Veículo de Alta Ocupação ZER Zona de Emissões Reduzidas

xii

1

Capítulo 1

Introdução

1. Introdução

1.1. Âmbito e objectivos

Esta dissertação insere-se no âmbito dos transportes, com foco na área da mobilidade

sustentável, em particular nos efeitos do comércio electrónico de produtos domésticos.

A mobilidade surge da inevitabilidade de realizar viagens, podendo afirmar-se que, a sua

maioria, tem como origem as inúmeras rotinas diárias que constituem o nosso quotidiano

(ex.: compra de mercearias). Deste modo o recurso às TIC é proposto como método

integrante em muitas estratégias de mobilidade e acessibilidade sustentáveis (Banister

2008). É na frente das TIC, como substitutas da mobilidade, que este trabalho se insere.

Contudo, algumas destas iniciativas poderão ver sobrestimada a sua eficácia, por não

incluírem as viagens induzidas por estes sistemas resultantes da adaptação das pessoas às

novas condições que dispõem.

Pretende-se, deste modo, caracterizar e desenvolver conhecimento associado à utilização

deste tipo de serviço digital, através do caso de estudo Continente Online e da divulgação

de um inquérito, que aborda o comportamento e hábitos de compras da população. Através

de cálculo e interpretação de resultados, este trabalho tem o propósito de atingir,

essencialmente, dois objectivos:

2

Avaliar o potencial impacte ambiental (benefício ou custo) de um sistema de

entrega ao domicílio;

Avaliar o potencial de substituição de viagens relativo às e-groceries.

1.2. Estrutura da dissertação

Este trabalho está organizado em seis capítulos: 1. Introdução, 2. Estado de arte, 3. Caso de

estudo: Continente Online, 4. Procedimentos e metodologia dos cálculos, 5. Apresentação e

discussão dos resultados e 6. Conclusões.

O primeiro capítulo apresenta uma introdução ao tema da dissertação incluindo o seu

âmbito de estudo, as áreas da ciência que aborda, os seus objectivos enquanto trabalho

académico e as motivações que estão subjacentes à escolha do tema. No segundo capítulo

aborda-se o estado de arte do tema e-commerce e quais os seus efeitos previstos em teoria

e na prática, citando os autores mais influentes. No terceiro capítulo descreve-se,

detalhadamente, o caso de estudo que serve de base para o cálculo dos impactes

ambientais e energéticos, incluindo, também, uma descrição genérica dos procedimentos

logísticos associados a um sistema de comércio electrónico de produtos alimentares. O

quarto capítulo preconiza uma descrição pormenorizada dos procedimentos utilizados nos

cálculos e do tratamento de dados realizado aos resultados do inquérito divulgado. Por fim,

no quinto e no sexto capítulos encontra-se a análise e a avaliação dos resultados obtidos,

nos quais, se estima em que medida a dissertação atinge os objectivos inicialmente

delineados.

1.3. Motivação

Apesar dos avanços tecnológicos dos veículos e dos combustíveis, os impactes ambientais

permanecem um dos principais desafios dos sistemas de transportes. Entre diversos

impactes (ex.: ruído, barreiras ecológicas, fragmentação de ecossistemas, etc.), os

resultantes das emissões atmosféricas são particularmente nocivos: a poluição do ar (a nível

local) nos aglomerados urbanos continua a impor custos elevados em termos de saúde

pública e degradação patrimonial; os gases com efeito de estufa (a nível global,

nomeadamente, o dióxido de carbono – CO2; o metano – CH4 e o Dióxido de Azoto – N2O),

3

resultantes da queima dos combustíveis fósseis dos motores de combustão interna,

acumulam nas altas camadas, sendo responsáveis por cerca de 1/3 do aquecimento global

da atmosfera.

Neste caso particular, têm-se verificado alterações climáticas preocupantes, nomeadamente

o aumento da temperatura média do ar e dos oceanos, o consequente derretimento das

calotes polares e a elevação do nível médio das águas do mar, para além de inúmeras

alterações dos ecossistemas cuja potencial extensão ainda não se conhece. Sendo o

aquecimento global inequívoco para o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) e

para o UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change), as alterações

climáticas são consideradas como uma das principais ameaças a nível ambiental, social e

económico do século XX. Deste modo, as principais agências europeias e mundiais (EEA,

EPA, IEA, IPCC, UNFCCC, entre outras) convergem para a mesma conclusão, identificando as

emissões de gases de efeito de estufa (GEE) como o principal responsável pelo aquecimento

global, devido às perturbações induzidas no complexo ciclo do carbono.

O carbono é um elemento chave à vida terrestre, estando presente na nossa vida sob várias

formas: energia, alimentação, solo e ar. No entanto, constitui uma das maiores ameaças à

nossa existência, devido ao seu papel preponderante nas alterações climáticas. Tendo em

conta que o dióxido de carbono (CO₂) representa o GEE com maior percentagem de

emissões na EU – superior a 80% (Figura 1.1) – e a nível mundial – cerca de 77% (Figura 1.2)

– estamos perante uma problemática que requer uma consciencialização e uma abordagem

interventiva de carácter extremamente urgente.

O sector dos transportes é indubitavelmente um dos maiores contribuidores para o

consumo energético (Figura 1.3) como também para as emissões (Figura 1.4),

essencialmente, devido aos combustíveis fósseis utilizados no processo de funcionamento

dos motores de combustão a gasóleo e a gasolina. Daquelas, a maior percentagem está

atribuída aos transportes rodoviários, isto é, aos veículos que circulam em estrada.

Em Setembro de 2013, o IPCC publicou o seu quinto Relatório de Avaliação (Assessment

Report - AR5) intitulado “Working Group 1 (WG1): The Pysical Science Basis”, que identifica

o sector dos transportes como um dos principais quatro factores, em conjunto com o sector

4

de produção de energia, indústria e combustão de produtos derivados de biomassa,

responsável pela antecipação, a curto-prazo, do aumento da temperatura no fenómeno do

aquecimento global, nos próximos 100 anos.

Figura 1.1 – Emissões totais de GEE na UE-27 por gás, 2011 (fonte: EEA,2014)

Figura 1.2 – Emissões totais de GEE a nível mundial por gás, 2007 (fonte EPA, 2014)

É também preocupante a publicação de alguns estudos na área da saúde pública, que revela

a exposição a poluentes provenientes da combustão automóvel, aumentando os riscos da

contracção de doenças respiratórias por serem emitidos ao nível dos peões e porque a

elevada densidade de construção urbana em altura – efeito Street Canyon (Vardoulakis

Figura 1.3 – Consumo energético na EU-27 por transporte (fonte: EEA,2014)

5

2003) – não permite a devida circulação de ar nos corredores das cidades (Woodward

2009).

Devido às elevadas emissões de gases de combustão, a qualidade do ar em meios urbanos

apresenta, em Portugal, índices de poluição acima dos permitidos por lei. A cidade de Lisboa

continua a ser um exemplo negativo, tendo sido estabelecidos um “Plano para a Melhoria

de Qualidade do Ar”, para as regiões norte (PMQA-N) e Lisboa e vale do Tejo (PMQA-LVT), e

também um “Projecto de Mobilidade Sustentável” (PMS), para contrariar a tendência

actual. Estes plano e projecto visam a articulação entre vários grupos de trabalho

constituídos por instituições, universidades e órgãos representativos, tanto a nível municipal

como regional. Os principais objectivos são:

implementar medidas de redução de emissões, dando ênfase ao sector dos

transportes (PMQA);

elaboração de um “Manual de Boas Práticas” para uma mobilidade sustentável que

integre experiências nacionais e internacionais de sucesso (PMS).

Figura 1.4 – Emissões de CO e NOx na UE-27 por transporte, 2009 (fonte: EEA, 2014)

6

O PMQA-LVT constitui uma avaliação para zonas onde os níveis de poluentes são superiores

aos valores limite, através da realização de medições e do desenvolvimento de um

programa de execução, destinado a fazer cumprir esses valores. Deste modo, a Comissão de

Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) em conjunto

com a FCT/UNL, elaborou o PMQA-LVT aplicável às aglomerações da AML norte, AML sul e

Setúbal, que são áreas onde se registaram níveis de poluentes muito superiores aos

desejáveis.

No programa de execução, as políticas e medidas de intervenção visavam um período de

implementação compreendido entre 2005 e 2012. Da diversidade de políticas e medidas, a

ênfase foi dada ao sector dos transportes, em particular, a medidas destinadas à redução de

emissões provenientes do tráfego rodoviário. As políticas a desenvolver e a implementar

pelos municípios podem-se dividir em seis áreas:

gestão e acalmia de tráfego;

optimização e melhoria do desempenho ambiental de veículos e frotas;

promoção e sensibilização ambiental;

promoção da utilização dos transportes colectivos;

promoção dos modos suaves de mobilidade;

gestão da oferta e procura de estacionamento.

Destaca-se, como exemplo, a primeira “Zona 30” localizada no bairro do Charquinho da

freguesia de Benfica, como sendo uma das acções implementadas, em 2013, pela Câmara

Municipal de Lisboa (CML), no âmbito da gestão e acalmia do tráfego, marcando também o

lançamento do projecto estratégico “Zonas 30 – A rua é de Todos”. Este projecto tem como

objectivos principais a redução da velocidade de circulação, da ocorrência de acidentes

graves e de tráfego de atravessamento, com vista a reduzir a poluição sonora e ambiental, a

aumentar a segurança do peão e a aumentar o estacionamento para residentes,

melhorando a qualidade de vida dos moradores do bairro (fonte: CML, 2014).

Por fim, também foi criado o PMS, posteriormente publicado pela APA em 2010, no

contexto da mitigação dos impactes ambientais. Este projecto teve por objectivo a

7

elaboração/consolidação de Planos de Mobilidade Sustentável para 40 municípios, a nível

nacional, visando a melhoria contínua das condições de deslocação, a diminuição dos

impactes ambientais e a promoção da qualidade de vida e bem-estar dos cidadãos, indo ao

encontro das orientações estratégicas comunitárias e nacionais, numa lógica de

sustentabilidade.

Com base em protocolos celebrados entre a APA, Centros de Investigação/Universidades e

os vários Municípios de todo o País, foram desenvolvidos Planos de Mobilidade Sustentável,

elaborados em três etapas, nas quais, no final de cada uma se realizaram encontros

regionais entre todos os intervenientes no Projecto, para apresentar e discutir os

desenvolvimentos relativamente a cada caso de estudo. Estas etapas de concretização do

Projecto contemplaram:

1. análise e diagnóstico;

2. formulação do conceito de mobilidade a propor e definição das áreas prioritárias de

intervenção;

3. propostas, conceito e prioridades de actuação, depois de articuladas com a Câmara

Municipal respectiva.

Deste modo, assegurou-se que o trabalho desenvolvido pelos Centros de Investigação e

Universidades com as Equipas Técnicas locais se concentrasse sobre os problemas reais do

Município ao nível da mobilidade urbana, bem como a partilha das várias experiências locais

entre todos os participantes do Projecto.

Este trabalho, constituído por dois volumes, aborda, no primeiro, a identificação e

caracterização de tipologias de áreas urbanas, os principais constrangimentos à mobilidade

identificados no âmbito do Projecto e as metodologias de propostas inovadoras adoptadas ,

referindo as principais conclusões e recomendações. O segundo volume incide sobre o

paradigma da mobilidade sustentável, os factores que influenciam a mobilidade urbana e as

principais tendências, orientações metodológicas, intervenções e boas práticas para uma

mobilidade sustentável.

Os objectivos a atingir foram o de equacionar os principais problemas, que se colocavam

nesses Municípios, ao desenvolvimento de uma mobilidade mais sustentável, bem como a

8

formulação de acções que, no curto e médio prazos, pudessem contribuir de forma eficaz e

estratégica para uma alteração dos padrões de mobilidade das populações, abrangidas nas

áreas de estudo, no sentido de diminuir os impactes ambientais associados à mobilidade

urbana, em particular, e ao sector dos transportes, em geral (fonte: PMS).

Deste modo, o objectivo da mobilidade sustentável será atingido quando conseguirmos

construir um sistema de transportes que satisfaça as necessidades de mobilidade e

acessibilidade, necessárias ao desenvolvimento económico, sem sacrificar os recursos

naturais ou danificar os sistemas ecológicos, garantindo, deste modo, a equidade para os

vários segmentos da população, agora e no futuro. Os riscos e preocupações associados à

sustentabilidade ambiental têm conduzido especialistas e investigadores, a nível europeu e

mundial, a estudos sobre a contribuição dos transportes para as emissões de gases com

efeito de estufa e para o consumo energético. Segundo (Banister 2008), a mobilidade

sustentável pode ser alcançada agindo em quatro frentes essenciais:

redução da distância de cada viagem – reduzindo a distância de deslocações

inevitáveis requer políticas de ordenamento em conjunto com políticas de

transportes, no sentido de aproximar tanto quanto possível as origens e os destinos

dessas deslocações;

substituição de viagens – substituindo, ou no limite, anulando viagens através do

recurso às TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), por exemplo, através do

e-commerce;

transferência modal – transferindo viagens motorizadas para modos mais eficientes

na gama de distâncias de viagem a realizar, incluindo os modos suaves para as

distâncias mais curtas;

aumento da eficiência – aumentando a eficiência das tecnologias (ex.: combustíveis,

motores, etc.) para reduzir os impactes ambientais e energéticos, assim como a

melhoria na utilização destas tecnologias (nomeadamente, através de técnicas de

eco-driving).

Tais intervenções permitiriam reduzir significativamente a média de distâncias percorridas e

aumentar a utilização dos modos suaves, como a bicicleta e pedonal. Fomentariam,

9

também, a melhoria contínua através da inovação dos serviços e transportes públicos, de tal

modo, que a utilização do carro reduzir-se-ia apenas ao realmente necessário. Através do

planeamento estratégico, as cidades seriam projectadas tendo em consideração um

ambiente caracterizado pela acessibilidade e pela elevada qualidade de vida, e não tão

centradas na acomodação do veículo automóvel. Contudo, a intenção não será proibir o uso

do veículo particular, mas sim construir cidades, de tal modo bem concebidas e

estruturadas, que a utilização de meios de transporte individuais motorizados se tornaria

numa alternativa em desuso e obsoleta (Banister 2008), isto é, naturalmente percebidas

pelos utentes como menos atractivas.

10

11

Capítulo 2

Estado de prática e estado de arte

2. Estado de arte

2.1. Estado de prática: comércio electrónico

2.1.1. Business-to-consumer

O aparecimento de tecnologias inovadoras e pioneiras de carácter disruptivo a nível social,

económico e ambiental, não são muito frequentes. Mas quando assistimos ao seu

aparecimento, testemunhamos uma mudança brusca, determinada pela transformação

significativa das instituições, dos hábitos e da redistribuição geográfica das populações,

como será o caso da internet, em particular do comércio electrónico (CE). No curto período

de dez anos, entre 1995 e 2005, a internet possibilitou a difusão do CE, modificando por

completo as relações entre instituições/corporações, como também o quotidiano da nossa

vida pessoal. Expressões anteriormente desconhecidas, como B2B (business-to-business –

em Português, comércio electrónico entre empresas), B2C (business-to-consumer – em

português, comércio electrónico entre empresas e consumidores) e C2C (consumer-to-

consumer – em português, comércio electrónico entre consumidores), fazem actualmente

parte do nosso vocabulário e termos como canal ou cadeia de distribuição sofreram

alterações profundas.

Apesar do conceito de comércio electrónico aparentemente ter surgido durante os anos 90,

esta indústria é tão antiga como o computador pessoal e como as respectivas empresas de

12

software (Figura 2.1). O comércio electrónico pode-se definir, resumidamente, como a

partilha de informação na relação de negócio e/ou a realização de transacções através da

internet. Sendo o conceito comércio electrónico, na maior parte do tempo, mal

interpretado, há uma tendência para associá-lo apena a duas categorias, tais como o retalho

electrónico (e-retail) e as compras online (Sayani 2008).

O interesse, a nível académico, pelo comércio electrónico business-to-consumer e os seus

impactes nas empresas e populações, tem sido focado em diversas áreas, como é o caso do

marketing, na qual os investigadores abordam questões relativas à pré-disposição dos

consumidores em realizar compras via internet (Salomon 2007). Também, na área dos

Figura 2.1 – Cronologia histórica do comércio electrónico (Sayani 2008)

13

transportes, tem-se registado um crescimento nos estudos e publicações que abordam os

impactes nas viagens e nos padrões de compras (Visser 2003). Mais recentemente, surge

também o interesse pelos geógrafos, urbanistas e planeadores sobre o impacte do B2C nos

centros históricos das cidades como possível substituto do comércio local ou de

proximidade (Lenz 2003). É expectável que os efeitos da utilização do B2C possam ter uma

maior expressão, no desenvolvimento de actividades económicas, em locais como as

cidades. O seu crescimento, em grande parte, dependerá de como os retalhistas e

consumidores finais encaram este tipo de serviço digital.

Portugal e Europa

Segundo dados de 2012 do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, aproximadamente

2/3 das famílias portuguesas têm acesso às TIC nos seus domicílios. Estes indicadores vêm

confirmar a evolução positiva do acesso às TIC pelas famílias portuguesas, de tal modo, que

no período de 2008 a 2012 observou-se um crescimento médio anual de 12% no acesso à

internet de banda larga doméstica. O comércio electrónico, em 2012, embora apresente um

nível de utilização reduzido por parte da população (13%), revela uma taxa de crescimento

médio anual de 20%, verificando-se, entre 2008 e 2012, a duplicação na proporção de

pessoas, que utilizam o comércio electrónico. Saliente-se ainda que a região de Lisboa

representa a maior porção de utilizadores, atingindo aproximadamente 16.5% do valor

nacional.

No entanto, o B2C, a nível europeu, está a desenvolver-se de forma extremamente positiva,

ultrapassando, em 2010, os EUA, que habitualmente é o maior mercado a nível mundial.

Segundo o Eurostat, entre 2011 e 2012, o comércio electrónico europeu, que inclui o

retalho de produtos e serviços online, (viagens, livros, bilhética e downloads) cresceu cerca

de 19%, atingindo 311.6 mil M€ em vendas. Por outro lado, grupo de países EU28 atingiu

276.5 mil M€, ou seja, 88.7% de todas as e-sales a nível europeu, representado um

crescimento de 18.1%. Actualmente o comércio electrónico é dominado por três países na

Europa: Reino Unido (96 mil M€), Alemanha (50 mil M€) e França (45 mil M€), perfazendo

um total de 191 mil M€ estes três países representam 61% das vendas na Europa e 69% na

EU28 (fonte: Eurostat).

14

2.1.2. E-Groceries

O desenvolvimento tecnológico e a utilização da Internet na encomenda de produtos,

contribuiu para o aparecimento de novos modelos de negócio, servindo-se de novos

conceitos para florescer num mercado emergente. Um exemplo claro destes modelos que

assenta na comodidade do consumidor, é o comércio de mercearias via online (EG de e-

Groceries) e a entrega ao domicílio (ED). O negócio de e-grocery shopping define-se pela

encomenda de produtos, habitualmente presentes nos supermercados, através de um meio

digital (internet), no qual a entrega ao domicílio consiste num serviço adicional pago pelo

cliente ou gratuito. Consequentemente, a pré-condição principal para utilizar o EG é o fácil

acesso à internet. Contudo, verifica-se que esta é uma barreira recentemente conquistada

pela sociedade mais actual, que é mais informada, e tem maior poder de compra, em

conjunto com o baixo preço da tecnologia (CIVC Consulting 2011).

Porém, será necessária uma mudança de paradigma na adopção deste novo modelo de

negócio, por estarem envolvidos o desenvolvimento e a implementação de novos processos

operacionais, tais como os actores envolvidos nas cadeias de abastecimento: consumidores,

retalhistas, fornecedores, entre outros. Comparando com o modelo tradicional de venda de

produtos em loja, o EG tem os seus maiores custos associados ao picking, embalamento e

entrega ao domicílio, que antes não estavam contemplados. Deste modo, um “e-retalhista”

tem como objectivos principais atingir um custo-benefício mais elevado, visto que surgem

novas despesas operacionais (ex.: recursos humanos dedicados a este serviço, transporte ao

domicílio, caixas especializadas para acondicionamento de mercadorias, equipamento

frigoríficos anteriormente não necessários, entre outros) e providenciar o maior conforto e

comodidade possíveis para o cliente (Sparks 2003).

2.1.3. Last Mile Delivery Problem

O “Last Mile Delivery Problem” é o clássico problema da logística urbana da actualidade,

tornando a entrega ao cliente final uma das maiores despesas operacionais, tornando-se no

“calcanhar de Aquiles” da indústria do e-grocery. Os produtos de mercearia diários são os

mais exigentes de todos os comercializados via online, uma vez que são perecíveis, estando

sujeitos a um exigente controlo de qualidade e a uma elevada taxa de conservação e

15

preservação, sendo necessária a utilização de veículos refrigerados com arcas multi-

-temperatura. A entrega poderá ser feita com a presença do cliente ou não, e sobre ela

Punakivi (2003) enuncia os quatro modelos mais comuns:

1. o cliente está presente no momento da recepção da encomenda, numa localização

previamente combinada (domicílio, local de trabalho, etc.) e numa determinada

janela temporal;

2. o cliente não está presente e a encomenda é depositada numa arca refrigerada,

pertencente ao cliente, a qual se encontra nas imediações da sua habitação. Neste

modelo, é habitual os clientes habitarem vivendas ou edifícios similares com fácil

acesso ao logradouro;

3. o cliente não está presente e a encomenda, que se encontra em caixas pertencentes

ao retalhista, é depositada à porta do cliente. Mais tarde terão de ser devolvidas ou

o próprio retalhista, numa rota conveniente, passará à porta para as recolher no

próprio dia ou no seguinte. Neste modelo, é habitual os clientes habitarem vivendas

ou edifícios similares;

4. o cliente não está presente e a entrega é realizada em locais próprios (pickup points),

que podem ter arcas refrigeradas com sistemas automáticos de entrega ou,

simplesmente, as encomendas são entregues em lojas que têm pré-acordo com o

retalhista. De seguida, o cliente é informado (sms, email ou outro) do local de

levantamento, confirmando que a sua encomenda se encontra disponível.

Na perspectiva de melhorar a eficiência dos serviços prestados, os maiores retalhistas

mundiais (Tesco, Peapod, etc.), têm desenvolvido planos de contingência relacionados com

o cliente ausente. Em 2002, cerca de 35% dos clientes da Peapod em Washinghton D.C., e

10% em Chicago, já utilizavam serviços de pickup points, que solucionavam a questão do

cliente estar ausente. Pela mesma altura, no Reino Unido, também se verificava a existência

de sistemas de entrega semelhantes, fornecidos pelas cadeias Sainsbury e Food Ferry

(Punakivi 2003).

No âmbito do projecto CityLog (Vernet 2011) são propostos dois conceitos, que visam a

minimização do last mile delivery problem:

16

a) introdução de dois tipos de veículos e uma área de transbordo – genericamente, o

modelo consiste no transporte de mercadorias por um veículo de maiores

dimensões até a uma zona de transbordo, onde as encomendas seriam divididas por

veículos mais pequenos e mais ágeis em meio urbano. Após ter sido testado, em

comparação com os modelos convencionais, este modelo demonstrou melhorias

significativas no tempo de entrega e na redução de entregas “falhadas”, gerando

também, impactes positivos nas emissões atmosféricas e no congestionamento do

tráfego;

b) sistema modular BentoBox – este modelo consiste num sistema de caixas

modulares, onde as encomendas já vêm armazenadas e são depositadas em locais

de pickup point apropriados. Este modelo de armazenamento permite reduções

significativas no número operações realizadas, gerando ganhos expressivos de

tempo.

Da combinação destes dois modelos enunciados é esperada uma redução deveras mais

profunda dos tempos de entrega, distâncias percorridas, emissões e custos de transporte

(Hadjidimitriou 2012).

2.2. Estado de arte: potenciais efeitos do B2C e-commerce

2.2.1. Impacte nas viagens

Actualmente, as TIC têm um papel preponderante nas sociedades modernas, como agentes

transformadores, que influenciam não só as nossas actividades diárias, como também todas

as tarefas que, directa ou indirectamente, estão implicadas na execução dessas mesmas

actividades. A introdução das TIC, nomeadamente o conceito do comércio electrónico B2C,

vem acompanhada da ideia de comodidade e conforto, devido à possibilidade de realizar

compras sem a necessidade da deslocação à loja. A evidente alteração da mobilidade,

provocada pelas compras online, tem como consequência uma aparente redução na no

número de viagens realizadas por parte do consumidor, através da qual, é possível

promover a utilização do tempo para outras actividades, subjectivamente consideradas, de

maior importância.

17

Utilizando-se a internet como substituta de viagens, significa que todos os passos

relacionados com as compras têm lugar no website da loja e os produtos são entregues em

casa ou por via digital (download de software, música, livros, etc.), tornando redundantes as

lojas físicas. No entanto, se a internet evidencia um efeito complementar, significa que

apenas alguns dos passos da compra são executados no website (procura de informação

sobre produtos) (J. B. Weltevreden 2004).

Não obstante, segundo Mokhtarian (2004), Salomon (2007) e outros autores, é possível

classificar os efeitos do comércio electrónico sobre as viagens, em quatro grupos distintos:

1. Substituição – refere-se até que ponto o comércio online substitui as viagens à loja

física. Por exemplo, num estudo em 2005, à população dos EUA, concluiu que 79%

dos inquiridos, que fazem compras online, apenas se teriam deslocado à loja se não

encontrassem o produto desejado na internet (Mokhtarian 2004);

2. Complementaridade – pode ser dividida em dois grupos:

Geração – quando influencia directamente a compra online ou facilita a

compra em loja física. Por exemplo, o uso de cupões de descontos como

incentivo, pode gerar viagens complementares à loja física;

Eficiência – quando se realiza compras através da internet e a encomenda é

levantada na loja. Este modelo permite poupança de tempo, visto que o

pagamento já foi realizado previamente, no entanto não substitui viagens,

pois o consumidor desloca-se à loja da mesma forma;

3. Modificação – neste efeito a viagem física não é substituída, apenas é alterada. A

internet pode alterar a duração, o modo de transporte ou até ao destino da viagem à

loja física. Por exemplo, a realização de pesquisas sobre um produto antes de ir à loja

pode resultar numa poupança de tempo dentro do estabelecimento devido à posse

prévia da informação necessária que, eventualmente, poderá resultar na redução de

viagens intermédias. Deste modo, evitam-se viagens adicionais na procura do

mesmo produto em várias lojas.

4. Neutralidade – significa que as compras online não afectam as viagens à loja e/ou

vice-versa. Por exemplo, nem todas as compras online substituem ou geram viagens

físicas. É possível obter numa determinada amostra, o mesmo número de viagens

18

físicas para utilizadores online e para utilizadores “não-online”, significando, nestes

casos, que o comércio electrónico tem um efeito neutro, ou nulo, não impactuando

no número de viagens à loja.

Noutro estudo realizado na Holanda (Lanzendorf 2003), determinam-se quatro possíveis

cenários de impacte nas viagens, sendo que os dois últimos são específicos do contexto

holandês. O primeiro relaciona-se com agregados familiares caracterizados por rotinas

diárias muito ocupadas, em que o tempo gasto em compras tem de ser optimizado. Para

este grupo de indivíduos, o efeito de substituição e/ou complementaridade do comércio

electrónico é mais relevante. O segundo está relacionado com o fenómeno de alteração dos

locais normalmente frequentados, devido à crescente utilização do comércio electrónico.

Quando a utilização destes serviços reduz viagens à loja física, há a possibilidade de o cliente

online utilizar estes ganhos em tempo, aplicando-os noutras actividades, fazendo com que

se gerem viagens adicionais de naturezas distintas e, provavelmente, em maior número. O

terceiro factor indica que os maiores impactes das compras online verificam-se na alteração

dos padrões de mobilidade individuais, no centro de cidades de média dimensão e nos

subúrbios, visto que, é neste tipo de zona urbana que as compras online mais prosperam.

Por último, o quarto cenário indica que, se com o crescimento das compras online há a

possibilidade da redução de viagens realizadas por automóvel, também é de esperar uma

redução de viagens realizadas pelos modos suaves, tais como o pedonal e bicicleta.

Por fim, refere-se que, quando os produtos não são levantados na loja após a respectiva

compra online, eles serão sempre entregues em casa, e por isso, estas viagens são apenas

parcialmente substituídas. Isto é, para além do potencial de redução de viagens tornadas

possíveis pela poupança de tempo da ida à loja física, existem sempres as viagens

associadas à logística de entrega dos produtos ao consumidor.

2.2.2. Impactes ambientais e energéticos

Nos processos do comércio electrónico estão envolvidos vários sistemas de engenharia

industrial, tais como produção/fabrico, transporte, embalamento, armazenamento, etc.

Contudo, este tipo de comércio ainda não tomou proporções semelhantes às do retalho

tradicional, possuindo valores residuais de transacções, relativamente aos modelos

19

convencionais. Deste modo, Jönson (2003) identifica os principais impactes ambientais do

comércio electrónico (Quadro 2.1), sugerindo algumas intervenções. Estas sugestões

apresentam-se como pertinentes, uma vez que são destinadas a um negócio de carácter

emergente e que apresenta, deste modo, as condições ideais para que haja investimento

em investigação sobre os seus impactes ambientais. De facto, estas iniciativas, com muita

frequência, pecam por não serem desenvolvidas nas fases iniciais do negócio, tornando a

sua implementação à posteriori mais complexa.

Indivíduos que trabalhem na vanguarda da logística, como um ramo dos transportes,

deverão ter como um dos principais vectores de análise as questões ambientais. Na

verdade, um profissional da logística que tem como preocupações os impactes

ambientais/energéticos e procura a resposta, para estas questões, na ciência, tem maior

probabilidade de sucesso do que um investigador científico, da área dos transportes, que

tenta compreender o que apenas se pode adquirir com uma longa carreira na área da

logística. Abukhader (2008) defende que os “e-retalhistas” ao adoptarem e desenvolverem

estas ideias estão a abrir portas para soluções inovadoras e para novos paradigmas

relacionados com os problemas ambientais da logística e das cadeias de abastecimento.

Quadro 2.1 – Classificação dos impactes ambientais do CE (Jönson 2003)

Efeito Causa Exemplos Indicadores

Equipamentos (computadores,

telemóveis, etc.)

B2B

(Alterações no armazém, nos

transportes e no embalamento)

B2C

Aumento de consumo

Substituição de efeitos

Efeitos colaterais

Consumo energético,

consumo de material e

toxicidade de

equipamentos em fim de

vidaInsfrastrutura da rede

Consumo energético,

consumo de material,

tráfego e geografia

1ª Ordem

2ª Ordem

3ª Ordem

Infraestrutura

Aplicação

Alterações nos padrões de

consumo, hábitos e

repercussão de efeitos

20

21

Capítulo 3

Metodologia e procedimentos de cálculos

3. Metodologia

3.1. Descrição geral da metodologia de análise

Neste capítulo pretende-se descrever detalhadamente os passos envolvidos na metodologia

de trabalho, que englobam a abordagem metodológica seguida, assim como os métodos de

cálculo dos impactes ambientais e energéticos e a descrição genérica do inquérito realizado.

A abordagem metodológica do trabalho consiste em três etapas fundamentais, com o

objectivo de dar resposta às dúvidas colocadas na introdução desta dissertação, ou sejam,

qual o potencial impacte ambiental (benefício ou custo) de um sistema de entrega ao

domicílio resultante de compras online (e-groceries) e qual o potencial de substituição de

viagens relativo às e-groceries. As três etapas são:

1. Revisão da literatura sobre comércio electrónico, em particular sobre o e-groceries.

Nesta parte, pretendeu-se (Capítulo 2) identificar os principais conceitos e soluções

existentes na literatura.

2. Análise do caso de estudo do Continente Online (COL) para a região de Lisboa, no

sentido de se extraírem conclusões sobre as questões levantadas anteriormente (i.e.,

impactes ambientais e efeito de substituição de viagens às lojas físicas), com base

nos dados produzidos durante um estágio curricular realizado no COL (período entre

Fevereiro e Julho de 2013) e nos dados dos clientes fidelizados através do cartão

22

cliente da empresa (Cartão Continente), embora estes estejam sujeitos a

confidencialidade.

3. Análise sobre a componente comportamental dos consumidores deste tipo de

comércio e tratamento analítico dos dados do inquérito (não envolvendo o mesmo

universo de consumidores atrás referido, por questões da sua confidencialidade),

nomeadamente, os factores que se verificam mais influentes no momento de

realizar compras online e se estas conduzem a uma redução das deslocações

motorizadas para o mesmo efeito. Desta parte da investigação, esperam-se

respostas que justifiquem as opções de compra online versus compras na loja física,

assim como uma definição genérica de perfis de consumidores, para ambas opções

de compra.

Relativamente aos impactes ambientais e energéticos envolvidos no sistema e-commerce do

COL, nos quais se encontram análises efectuadas a duas lojas onde da operação COL,

definiu-se que o mais importante a avaliar, no âmbito da geração de viagens, seriam os

impactes provocados pelo cliente quando se desloca à loja e/ou quando este encomenda

produtos online. Assim, estimaram-se os respectivos valores dos parâmetros energético e

carbono, sob o mesmo indicador de produção, representado pela unidade funcional euro-

quilómetro (€.km). É importante referir que não foi possível obter registos que permitiriam

recorrer ao indicador usual neste tipo de análises de transporte de mercadorias

(toneladas.quilómetro [ton.km]), quantificando-se, deste modo, os impactes por cliente por

cada euro transportado em cada quilómetro. O impacte ambiental é representado através

das emissões directas de dióxido de carbono para atmosfera, comparando os gases emitidos

pela combustão dos veículos particulares dos clientes, com os da frota de distribuição do

COL. Neste sistema as emissões representam o output, ou seja, são o produto final da

realização de uma viagem. Por outro lado, o impacte energético, correspondente ao input,

será a energia necessária para se realizar a viagem, que está associada à movimentação dos

veículos.

Através dos quilómetros percorridos pelo cliente, durante as deslocações à loja física (km-

Offline) e através dos quilómetros que o cliente gera na frota, de cada vez que encomenda

produtos (km-Online), calculam-se, para ambas as situações, as emissões, expressas em

23

grama de dióxido de carbono (gCO₂/[€.km]), e os consumos energéticos, expressos em

quilojoule (kJ/[€.km]). Por fim, as distâncias percorridas são convertidas em emissões e

consumos energéticos, através de factores de conversão, expressos em gCO₂/km e MJ/km

respectivamente. Estas unidades de medida estimam o impacte provocado pelos clientes,

quando geram uma determinada viagem em meio urbano. Com o objectivo de avaliar o

potencial efeito de substituição de viagens, que está intuitivamente associado a um sistema

de compras online, na segunda parte da metodologia, procedeu-se à divulgação de um

inquérito de resposta online. Pretende-se, deste modo, determinar qual o impacte deste

tipo de serviços, questionando a população acerca de possíveis alterações no seu quotidiano

(nomeadamente na realização de viagens), nos modos de transporte e nas categorias de

produtos adquiridos.

3.2. Impactes ambientais e energéticos

3.2.1. Processo e recolha de dados

Neste subcapítulo apresentam-se os principais passos que estão envolvidos no cálculo dos

impactes (ver Anexo A). Esta análise abrange informação compreendida no período de Maio

de 2012 até Abril de 2013, através da qual foi seleccionada uma população de 12 496

clientes localizados nas margens norte e sul do rio Tejo da AML (Figura 3.1).

Os 3 748 clientes estudados (30%) residem essencialmente na cidade de Lisboa e em

algumas zonas suburbanas, os quais estão espacializados na Figura 3.2 através das

coordenadas GPS do seu código postal de quatro dígitos (CP4). Contudo, o CP4 não

Figura 3.1 – Mapa da AML com as zonas de estudo seleccionadas (fonte: trajectorias-residenciais.com)

24

representa um ponto mais sim uma área e, deste modo, adopta-se apenas uma coordenada

GPS para todos os códigos de sete dígitos, que possuam os mesmos quatro dígitos iniciais.

Os dados utilizados para a metodologia baseiam-se em ficheiros do COL provenientes de

duas fontes: dados da frota COL (produzidos durante o estágio curricular no COL) e do

Cartão Continente (CC). Efectuaram-se, em ambas, um extenso trabalho de manipulação

matemática e de cálculo, necessários à análise dos quilómetros percorridos, tal como se

demonstra esquematicamente no Anexo A desta dissertação.

Frota Continente Online

Os dados da frota constituem uma extensa recolha de informação efectuada aos veículos do

COL, nomeadamente os pertencentes às lojas da Amadora e de Oeiras. Através da “folha de

carga” distribuída aos motoristas, que possui as indicações necessárias para o motorista

realizar a sua rota, e através do dashboard de transportes, onde se monitoriza todo o

processo, compilou-se a informação necessária para o desenvolvimento da metodologia,

permitindo a determinação do número de quilómetros que cada cliente provoca, ao realizar

uma encomenda online ou uma compra em loja.

Figura 3.2 - Espacialização dos clientes estudados

25

Para tal escolheram-se duas lojas com comportamento e volume de compras semelhantes e

com localizações em meio urbano, Amadora e Oeiras respectivamente. Apesar de se tratar

de zonas com densidades populacionais distintas, verifica-se que, em ambas lojas, a frota

realiza aproximadamente o mesmo número mensal de quilómetros.

Deste modo, assume-se que por cada encomenda realizada a frota percorre cerca de cinco

quilómetros, isto é, cada cliente ao colocar uma encomenda é responsável por cinco

quilómetros realizados pela frota. Assumindo o valor de 5.0 [km/Enc], calculam-se o total de

quilómetros associados a cada cliente, através do número de encomendas que este realiza.

Este valor é designado por km-Online (Figura 3.3). Após a obtenção dos dados km-Online por

cliente e dos respectivos montantes despendidos em compras online (dados provenientes

de cartão continente), calcula-se o valor de €.km de cada cliente relativamente a cada

transacção online.

Figura 3.3 – Metodologia de análise: tratamento de dados

26

Quadro 3.1 - Encomendas online e quilómetros percorridos nas lojas da Amadora e de Oeiras (2013)

Loja Mês km/Enc

Março 4.9 Amadora Abril 4.9

Maio 4.8

Março 4.9 Oeiras Abril 4.5

Maio1

4.2

¹Período de 1 a 15 de Maio de 2013.

Cartão Continente

Analogamente, para obter o valor do €.km para as transacções offline de cada cliente (i.e.

quando os clientes se deslocam à loja física), recorre-se os dados do cartão continente (CC).

Na Figura 3.3 está esquematizado o processo utilizado no cálculo dos quilómetros

percorridos offline, ou seja, uma aproximação da distância real percorrida pelo cliente,

quando se desloca a loja, na sua viatura particular. Para tal, o CC possui informação sobre o

registo de cliente, e de cada vez que é utilizado, também regista a loja onde se realizaram as

compras. Para o cálculo das distâncias percorridas é necessária a definição da localização da

residência e das respectivas lojas frequentadas. Para tal foram utilizadas as coordenadas

GPS de cada código postal (obtidas através da internet, uma vez que o COL não

disponibilizou tal informação) de modo a permitir o cálculo das distâncias em linha recta.

Visto que estes valores estão longe da realidade (i.e., a distância percorrida na rede

rodoviária não corresponde à distância em linha recta entre a origem e o destino) e com o

objectivo de obter valores mais precisos, utilizam-se factores de sinuosidade, que corrigem

as distâncias, obtendo-se, assim, valores mais próximos dos reais, percorridos pelos clientes,

aquando das suas deslocações à loja. Estes factores traduzem a sinuosidade dos percursos,

entre pares O/D (Origem/Destino), determinados pelas suas coordenadas GPS, simulando

simulam as curvas e mudanças de direcção necessárias para se atingir um determinado

destino (MIT-IST 2010). Nesta fase da metodologia já é possível obter toda a informação

necessária para o cálculo do €.km offline de cada cliente, quando realiza uma compra

offline.

Será sobre estes indicadores de produção que serão analisados os quilómetros percorridos

e, por sua vez, calculados os consumos de energia e emissões para as vertentes online e

offline.

27

3.2.2. Cálculo do consumo de energia e emissões

Neste passo final da metodologia (Figura 3.4) utilizam-se factores energéticos e factores de

emissão baseados em quilómetros percorridos, como se ilustra no Quadro 3.2. Com estes

factores obtêm-se os impactes ambientais e energéticos de cada euro transportado por

quilómetro, tanto para compras online como para compras em loja (offline). A análise destes

resultados irá basear-se no estabelecimento de comparações expeditas, sobre qual dos

métodos de compras tem um maior impacte ambiental e as suas relações com densidades

populacionais nas proximidades da loja e nos volumes de transacções monetárias. Tais

informações são extraídas dos dados do CC.

Quadro 3.2 - Factores de emissão por distância percorrida de transporte rodoviário em 2011 (APA 2013)

Poluente Combustível Veículo Factor de Emissão

Consumo Energético (MJ/km)

Gasóleo Ligeiro Passageiros 2.520

LDV

3.163

Gasolina Ligeiro Passageiros 2.558

CO2 (g/km) Gasóleo

Ligeiro Passageiros 174.351

LDV 218.809

Gasolina Ligeiro Passageiros 186.729

Figura 3.4 – Metodologia de análise: cálculo energético e ambiental

28

Durante o processo de cálculo foram assumidos alguns pressupostos respeitantes aos

percursos online e offline:

a) viagens offline: no cálculo das distâncias corrigidas entre coordenadas GPS, assume-

se que o cliente faz o percurso sem paragens entre a sua residência e a loja. Apenas

se consideram as compras registadas em cartão continente, ignorando a

possibilidade do cliente se deslocar à loja sem registar a compra e também

ignorando a possibilidade de o cliente se deslocar a outras lojas fora do grupo Sonae.

Deste modo, os valores das distâncias percorridas offline estão estimados por

defeito. Por outro lado, assume-se também que as deslocações à loja física não

pertencem a um encadeamento de viagens, cuja principal motivação pudesse ser

outra que não ir às compras – por exemplo, regresso a casa.

b) viagens online: no Quadro 3.1 está indicado o valor aproximado de 5.0 km/Enc, que

foi assumido para todas a lojas em análise. Visto que cada loja apresenta valores

inferiores ao assumido, pode afirmar-se que o cálculo dos quilómetros percorridos

online apresenta valores por excesso, garantido uma abordagem conservadora.

3.3. Descrição do inquérito

3.3.1. Caracterização da amostra

Com o objectivo de caracterizar os comportamentos dos consumidores de mercearias, assim

como determinar o potencial poder de substituição de viagens do comércio electrónico de

mercearias, elaborou-se um inquérito online, que foi divulgado através de redes sociais e

por email na plataforma surveymonkey.com, durante um período aproximado de quatro

meses, de Março a Junho de 2014. Num total de 387 respostas, consideraram-se válidas 300

(78%) da amostra. O inquérito (apresentado no Anexo C) constitui um conjunto de 33

questões, com relações de lógica entre elas, estando divididas em 5 grupos:

Emissões por cliente𝑖 : gCO2 km⁄ × ∑ kmii

∑ €i. kmii=

gCO2

€. km [3.1]

Consumo Energético por cliente𝑖 ∶kJ km⁄ × ∑ kmii

∑ €i. kmii=

kJ

€. km [3.2]

29

Sociodemográficas: neste grupo pretende-se obter informações sociodemográficas

sobre o inquirido, tais como a idade, o sexo, o código postal de residência, a

dimensão do agregado, entre outras;

Geografia: grupo constituído por perguntas sobre a zona onde o inquirido vive, quais

os estabelecimentos presentes nas proximidades, que tipo de estacionamento

utiliza, que tipo de carro possui, etc.;

Hábitos de compra em loja física versus online: neste grupo podem-se encontrar

perguntas relacionadas com as preferências e hábitos de compra em loja física e loja

online, assim como quais os estabelecimentos comerciais escolhidos, a sua

frequência, quais os produtos que adquirem, etc.;

Mobilidade: grupo relacionado com as deslocações à loja física, nomeadamente que

tipo de transporte utiliza e em que tipo de viagens;

Aspectos comportamentais relativamente à compra em loja física versus online:

nestes dois grupos pretende-se determinar tendências no perfil do inquirido,

relativamente à sua pré-disposição para compras em loja física e/ou online.

A divulgação do inquérito concentrou-se na população do departamento de engenharia civil

do IST (DECivil-IST) envolvendo alunos, docentes e investigadores, apesar de ter sido

difundido também pelas redes sociais Facebook e LinkedIn. Deste modo, espera-se uma

amostra que caracteriza a população do Instituto Superior Técnico que, naturalmente, não

representa a população desejada, ou seja, o município de Lisboa. As conclusões são

retiradas tendo em consideração este aspecto. Contudo, esta amostra integra certamente a

população dos potenciais utilizadores do e-commerce.

Para a caracterização da amostra são utilizados os seguintes indicadores: habilitações

literárias, ocupação profissional, idade, dimensão e rendimento mensal do agregado. Tal

como se pode verificar nas Figura 3.5, Figura 3.6 e Figura 3.7 os resultados obtidos são os

esperados e adequam-se ao tipo de população inquirida. Observa-se que cerca de 45%

possui um grau académico superior de pós-graduação (mais de 5 anos de estudo superior),

que quanto à ocupação profissional, 37% são empregados a tempo inteiro (horário flexível e

fixo) e 44% estudantes e que 50% da população tem idades compreendidas entre 19 e 29

30

anos, correspondendo estes valores à expectativa inicial de que estamos perante uma

população muito jovem, essencialmente universitária.

Na Figura 3.8 estão identificados espacialmente os 20 códigos postais (CP4), nos quais estão

localizados todos os inquiridos da amostra. Tendo em conta que em Portugal os códigos

postais não correspondem, directamente, a áreas delimitadas por freguesias, na Figura 3.9

está representada a sua distribuição acumulada por freguesia, fornecendo uma perspectiva

mais clara sobre a distribuição espacial. Pode observar-se que aproximadamente 95% dos

inquiridos habitam o centro de Lisboa.

No entanto os agregados familiares a que pertencem não estão em sintonia com a realidade

lisboeta. Através da curva de distribuição de riqueza (Figura 3.11) pode inferir-se que a

amostra populacional do inquérito reflecte um agregado familiar com elevado poder

financeiro, possuindo uma curva de rendimentos mais igualitária, em comparação com a de

Lisboa.

(0.3%) 0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

Ensino básicoou superior

Ensino médioou profissional

Ensinosecundário

Licenciatura(BSc)

Pós-graduação(MSc, PhD)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Outros Trabalhadorestudante

Emp. tempointeiro

(horário flex.)

Emp. tempointeiro

(horário fixo)

Estudantetempo inteiro

Figura 3.5 – Habilitações literárias do universo da amostra

Figura 3.6 – Ocupação profissional do universo da amostra

31

Outro dado que reforça esta ideia, está presente na Figura 3.10, na qual se pode observar

que a população do inquérito possui agregados familiares superiores aos valores médios de

Lisboa. Descritivamente, esta amostra constitui um grupo de indivíduos (49% do sexo

masculina e 51% feminino) pertencentes a faixas etárias muito jovens, com graduações

académicas superiores e com rendimentos acima da média da cidade de Lisboa.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Distribuição etária

Lisboa (fonte:Census 2011)

Inquérito

Figura 3.7 – Distribuição etária acumulada

Figura 3.8 – Espacialização do inquérito

32

0%

20%

40%

60%

80%

100%

3.3.2. Tratamento de dados

A informação contida no inquérito está organizada, de modo a permitir a sua interpretação

no contexto da substituição de viagens por parte do comércio electrónico de mercearias.

Com este dados será possível determinar, para esta população, de que modo este tipo de

serviço digital impactua na rotina diária das pessoas e contribui para o paradigma da

mobilidade sustentável. Para tal, criou-se um conjunto de indicadores que possibilitam, de

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

% F

amíli

as

Distribuição de Riqueza

Inquérito

Linha de Igualdade

Lisboa (fonte: INE,2009)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

1 2 3 4 5 > 5

% F

amíli

as

Dimensão Agregado Familiar

InquéritoLisboa (fonte:Censos 2011)

Figura 3.11 – Curvas de distribuição de riqueza Figura 3.10 – Dimensão de agregado familiar

Figura 3.9 – Distribuição da amostra por freguesia

33

forma expedita, a sua interpretação, evidenciando os factores mais relevantes. Os

indicadores são analisados, maioritariamente, em relação aos estabelecimentos comerciais

frequentados e às diferentes formas de serviço digital/entregas que existem. Estes

indicadores estão agregados em quatro grupos: mobilidade, hábitos de consumo, tecnologia

e atitude, os quais serão discutidos e analisados no Capítulo 5, assim como, a utilização de

métodos analíticos, de estatística multivariada e de escolha discreta, nos quais se agrega a

informação em variáveis, pretendendo explicar o comportamento da população

relativamente ao e-commerce, inferindo conclusões à luz dos objectivos desta dissertação.

34

35

Capítulo 4

Caso de estudo: Continente Online1

4. Caso de estudo: Continente Online

4.1. Introdução

A Sonae é uma Sociedade Gestora de Participações Sociais (SGPS), Sociedade Holding, criada

com o objectivo de administrar um grupo de empresas. Sendo este tipo de conglomerado

muito utilizado por médias e grandes empresas, ele visa o melhoramento da estrutura

capital e a parceria com outras empresas.

Originalmente denominada Sociedade Nacional de Estratificados, a Sonae foi criada em

1959, com sede na Maia, Portugal, pelo banqueiro Afonso Pinto de Magalhães, tornando-se

um dos mais importantes grupos económicos portugueses nos anos 60. Em 1965 é

contratado Belmiro de Azevedo, que em 1974 assume o controlo até 2007, dando lugar ao

seu filho Paulo de Azevedo, como CEO.

A Sonae SGPS está, actualmente, presente em 41 países com cerca de 43 000 trabalhadores,

participando activamente em diversas áreas de negócio, tais como, mercearias,

hipermercados, livrarias, administração de imóveis, investimentos financeiros,

1 Devido ao carácter confidencial dos dados fornecidos pela Sonae, alguns valores utilizados em quadros e

figuras encontram-se normalizados ou omitidos.

36

telecomunicações, entre outros. Actualmente o Grupo Sonae está dividido em três grandes

empresas: Sonae SGPS (sociedade holding do retalho alimentar, não alimentar, entre

outros), Sonae Indústria SGPS (sociedade holding do sector industrial dos derivados de

madeira) e Sonae Capital SGPS (sociedade holding de turismo, e investimentos). Desde 2009

que a Sonae SGPS gere um portfólio de empresas, cujas actividades são geridas por seis sub-

holdings:

Sonae MC – retalho alimentar, livrarias, cafés, restaurantes e parafarmácias;

Sonae SR – retalho não alimentar, electrodomésticos, consumíveis electrónicos e

vestuário;

Sonae Sierra – propriedade, gestão e desenvolvimento de centros comerciais;

Sonaecom – telecomunicações fixas e móveis, software, sistemas de informação e

media;

Sonae RP – gestão do património imobiliário de retalho;

Gestão de Investimentos – turismo, construção, transporte e capitais de risco.

A sub-holding Sonae MC é responsável pelo retalho alimentar da Sonae, sendo líder em

Portugal em vários formatos de negócio, nomeadamente nas cadeias de hipermercados

Continente. Seguindo a tendência registada nos maiores retalhistas alimentares a nível

mundial, no ano 2000, foi lançado, pelo Modelo.com, o primeiro serviço de comércio

electrónico de produtos alimentares em Portugal, através da plataforma Continente Online

(COL). Este canal de vendas através da internet possibilita, a qualquer utilizador registado,

encomendar os produtos que, habitualmente, estão presentes nas galerias dos

hipermercados Continente e recebê-los no conforto do seu domicílio ou levantá-los na loja.

4.2. Apresentação genérica dos procedimentos do e-commerce2

O COL é gerido pela Sonae MC através de operações internas de gestão de encomendas,

picking3 e distribuição. Este serviço opera em 17 hipermercados estrategicamente

escolhidos: área metropolitana de Lisboa e Porto, Coimbra, Viseu, Leiria, Guimarães, Covilhã

e Guia. No contexto da logística, cada um destes hipermercados funciona como entreposto 2 Dados referentes ao período entre Fevereiro e Julho de 2013.

3 “picking” – também conhecido como “order picking” consiste na recolha, separação e preparação dos

produtos, em diferentes categorias e quantidades, para cada encomenda.

37

de preparação e expedição de encomendas. Cada loja tem uma determinada área

geográfica de influência, onde a frota realiza a sua distribuição, e neste sistema, o código

postal do cliente registado identifica qual a zona de influência do hipermercado em que está

inserido. Deste modo, atribui-se, a cada cliente, a loja que irá preparar e expedir a sua

encomenda. Tal como se ilustra no exemplo da Figura 4.1 o Continente da Amadora distribui

na sua zona 1 (e por vezes, com menor frequência, em zona 2), que corresponde às

freguesias que estão mais próximas do seu código postal.

Fonte: Sonae MC, 2012

O processo de compra é realizado através do login no website www.continente.pt. Após a

escolha dos produtos e da forma de pagamento, o cliente escolhe um horário de entrega

que esteja disponível e finaliza a sua encomenda. Os horários de entrega (slots) têm

maioritariamente uma duração de 2h30 e estão sobrepostos (overlap) no início e no fim por

intervalos de 30 minutos. Deste modo, o cliente poderá escolher qual o horário mais

adequado, tendo em conta que o preço varia consoante a duração da slot (Quadro 4.1 e

Figura 4.2). A este modelo de janelas temporais de entrega e de overlapping estão

Figura 4.1 – Zonas de distribuição da loja Continente da Amadora.

38

associadas determinadas vantagens para a entidade retalhista e para a entidade de gestão

de frota.

Quadro 4.1 – Slots diárias do COL

A utilização de slots extensas permite obter uma elevada densidade de entregas por hora,

acomodando um maior número de entregas por slot, que se traduz numa redução dos

custos operacionais. Por sua vez, o overlap de trinta minutos permite uma gestão mais

facilitada da sequenciação das entregas, na medida em que se reduzem significativamente

os tempos de espera dos motoristas e possibilita, eventualmente, entregas sequenciais de

slots distintas. Visto que não há uma fronteira definida entre slots, é possível realizar

entregas da slot seguinte, sem terminar as da slot anterior. Contudo, apesar das claras

Slot Duração Início Fim Turno

1 02h30 10h00 12h30 Manhã

2 02h30 12h00 14h30

3 02h30 14h00 16h30 Tarde

4 02h30 16h00 18h30

5 02h30 18h30 20h30

Noite 6 02h30 20h00 22h30

7 01h30 21h00 22h30

99 09h00 09h00 18h00 -

Figura 4.2 – Slots disponíveis para entrega ao domicílio.

Fonte: www.continente.pt, Março 2013

39

vantagens de janelas de entrega alargadas, verifica-se que o cliente tem preferência por

slots curtas, 60-90 minutos, o que faz com que os níveis de satisfação do cliente diminuam

com a extensão da janela de entrega.

O problema de gestão das slots, das viaturas da frota e dos níveis de satisfação dos clientes,

está não só relacionado com a extensão das janelas de entrega, como também com a

capacidade das slots, ou seja, ao número máximo de encomendas definido para cada slot.

Esta problemática torna-se mais relevante nas semanas em que as vendas atingem valores

baixos, nas quais não se atingem nem capacidade máxima dos carros, nem das slots. Nesta

situação, as viaturas irão circular muito abaixo da sua capacidade, não rentabilizando os

custos e, por consequência, reduzindo a eficiência do sistema, para além de aumentarem as

emissões e consumo energético por cada kg.km transportado. Sendo este fenómeno

provocado principalmente pelo carácter aleatório do comportamento dos clientes, o

controlo da colocação de encomendas torna-se praticamente impossível. A forma de

abordar esta questão, estudada pelo COL, passa pela gestão de preços das slots, se possível

de forma dinâmica e em tempo real. Este controlo consiste, por exemplo, em reduzir o

preço de determinadas slots, próximas de atingir a sua capacidade máxima, com o objectivo

de atrair o cliente e este alterar o seu horário de entrega, de modo a servir o interesse da

equipa de transportes. Esta medida contribui para o alcance de níveis de ocupação superior

nas viaturas, mitigando-se o surgimento de slots com número reduzido de encomendas.

Com a frota a circular mais perto da sua capacidade máxima, aumenta-se a eficiência do

sistema.

4.3. Descrição dos métodos de routing para a sequenciação das entregas4

4.3.1. Rotas

Para a execução de rotas é utilizado o software Paragon v5.40 na versão Single Depot. Neste

programa são geradas as rotas para todas as lojas pertencentes ao sistema de distribuição

do COL. Baseando-se num algoritmo desenvolvido especificamente para operações

logísticas de transporte rodoviário de mercadorias, o Paragon serve-se de mapas digitais

georreferenciados por coordenadas GPS, para calcular as rotas mais eficientes, tendo em

4 Dados referentes ao período entre Fevereiro e Julho de 2013.

40

conta as distâncias a percorrer, a dimensão da frota, a capacidade das viaturas, intervalos

de tempo das slots, entre outros. Esta automatização do processo garante a exequibilidade

geográfica e temporal dos horários solicitados, optimizando a utilização e produtividade

através de rotas eficientes, com o mínimo de quilómetros percorridos e com as viaturas

próximas da sua capacidade máxima.

As rotas são produzidas pela equipa de transportes em Lisboa para todas as lojas COL

espalhadas pelo país, sendo previamente elaboradas, três vezes por dia, para os respectivos

turnos da manhã, da tarde e da noite (Quadro 4.2.). O software está parametrizado com a

localização das 17 lojas da operação COL, para um máximo de 6 encomendas por slot, 8

encomendas por viatura e 110 caixas por viatura. Contudo o limite de encomendas por slot

é um parâmetro revisto mensalmente, devido ao comportamento aleatório do cliente, à

sazonalidade inerente das compras alimentares, das promoções do website COL e da

imprevisibilidade económica que recentemente Portugal atravessa.

Quadro 4.2 – Horário de execução de rotas

O processo de produção de rotas é iniciado pela introdução de dois ficheiros, que contêm a

informação necessária para a caracterização dos clientes. O ficheiro “CALL”, em formato

Rotas Início Fim Controlo de Viaturas

Manhã 22h30 23h59

11h00 (dia anterior) (dia anterior)

Tarde 11h00 12h30 15h00

Noite 15h00 16h00

19h00

20h00

21h00

22h00

Figura 4.3 – Paragon workbench

41

.CSV5, é o primeiro a ser introduzido e incorpora as moradas dos clientes registados, que

solicitaram uma encomenda. Numa segunda fase, após a referenciação estar completa,

introduz-se o segundo ficheiro .CSV, “COSTUMER”, que contempla informação descritiva

sobre a encomenda de cada cliente. Neste ficheiro pode-se encontrar informação referente

ao custo total (€), número de caixas e slot. Por fim, cruza-se a informação dos ficheiros

“COSTUMER” e “CALL” para se associar às localizações espaciais a respectiva encomenda.

No ficheiro “COSTUMER” a informação sobre as caixas é detalhada em relação à sua

temperatura de armazenamento, visto que as viaturas não possuem a mesma capacidade

para as zonas de temperatura ambiente e de congelados.

Essa informação está dividida em caixas de temperatura ambiente (todos os produtos não

sensíveis às variações de temperatura durante o transporte), caixas de temperatura

negativa (todos os produtos que necessitem de temperaturas negativas para se

conservarem, tipicamente congelados) e caixas que transportem produtos “frescos” (todos

os produtos que tanto à temperatura ambiente como a temperaturas negativas se

deterioram, isto é, os produtos designados de frescos que englobam as categorias de

legumes, carne e peixe fresco, lacticínios, entre outros).

5 .CSV –“comma-separated values” ou “character-separated values” (porque nem sempre se utilizam vírgulas) é

um formato de ficheiro tipicamente utilizado em MSExcel e por outros softwares de tratamento de dados.

Figura 4.4 – Paragon workbench, disposição geográfica das rotas para o Continente de Matosinhos

42

Após o tratamento dos dados do cliente estar finalizado procede-se à realização de rotas. É

neste momento que o programa utiliza as suas capacidades para produzir as rotas mais

eficientes, tendo em conta toda a informação introduzida e parâmetros definidos pelo

utilizador. Este processo é habitualmente rápido, com uma duração de 30 segundos. De

seguida, a equipa de transportes analisa individualmente cada rota, criando ajustes aos

percursos definidos pelo programa. Estes ajustes são provocados principalmente pela

introdução de novas encomendas, ou por problemas de disponibilidade de viaturas.

4.3.2. Controlo de Viaturas

O controlo de viaturas consiste no acompanhamento da progressão das rotas, que é

realizado através do dashboard de transportes. Através deste painel, criado pela equipa do

COL, em MSExcel, controla-se o estado das encomendas em trânsito, com informação

detalhada por viatura, nomeadamente, o nome do motorista, matrícula e contacto de

telemóvel. Este controlo é mais acentuado no turno da noite devido à inevitável

acumulação de atrasos ao longo do dia. Estes atrasos podem ter inúmeras razões

subjacentes, estando as mais comuns, no entanto, relacionadas com problemas no acto da

entrega, tais como a ausência do cliente ou problemas com o pagamento.

Este painel de controlo é alimentado com informação proveniente do call center da Sonae

MC - COL, que por sua vez, recebe informação por parte dos motoristas, sob a forma de

tickets, que indicam a sua progressão ao longo do dia. Sempre que o motorista finaliza uma

entrega, envia um ticket, através de um smartphone, a validar a situação, seguindo o seu

percurso até ao próximo cliente. Estes tickets estão igualmente destinados e codificados

para reportar problemas. Uma utilização apropriada deste dashboard e a criação de

sinergias entre o COL e o call center permitem uma gestão, em tempo real, das entregas ao

domicílio, antecipando possíveis atrasos e possibilitando a mobilização dos recursos

necessários, para que o horário de entrega seja respeitado, minimizando os níveis de

insatisfação no cliente. A gestão antecipada de problemas pode gerar ganhos de tempo que,

por sua vez, se traduzem em reduções significativas dos custos operacionais.

43

4.3.3. Caracterização das viaturas utilizadas (critérios de contratação)6

A frota opera sob um regime de subcontratação de serviços – outsourcing. A contratação de

serviços externos visa reduzir custos internos aproveitando o “know-how” e a especialização

de empresas que, em determinadas áreas específicas, revelam ser a opção mais vantajosa.

Este tipo de serviços permite atingir níveis superiores de rentabilidade, uma vez que a

empresa contratante apenas se foca no seu negócio “core”. As empresas subcontratadas

têm larga experiência no negócio de transporte e entregas ao domicílio, por pertencerem a

um grupo restrito e pioneiro na área das entregas de mercearias, em meio urbano.

A contratação das viaturas é realizada à unidade, ou seja, define-se um determinado

número fixo de veículos para cada loja da operação COL. A adopção desta modalidade de

contrato poderá ter algumas fragilidades, no que respeita à optimização de recursos7. Os

serviços “externalizados” são a Produção de Rotas e a Entrega ao Domicílio. No entanto o

COL, adicionalmente a todo o processo de e-commerce, ainda é responsável pela produção

das rotas de sete lojas. Este facto deve-se a uma estratégia adoptada pela administração do

COL, que visa promover a competitividade entre empresas transportadoras. Esta estratégia

é particularmente comum na gestão de entrepostos de grandes dimensões, onde é habitual

contratar várias empresas transportadoras de camionagem, de modo a que a

competitividade seja um elemento crucial no desempenho e melhoria contínua dos serviços

prestados.

6 Dados referentes ao período entre Fevereiro e Julho de 2013.

7 A problemática da gestão de recursos será abordada no subcapítulo 4.4.

Figura 4.5 – Viatura comercial de transporte COL

44

As frotas são constituídas por viaturas comerciais ligeiras de transporte de mercadorias da

categoria N1 (Quadro 4.3.). São veículos recentes, adquiridos no ano 2011, constituídos por

motores a gasóleo de 2.3 litros com uma carga máxima de 3.5 toneladas. O transporte das

mercadorias é realizado numa carroçaria de cabine frigorífica, que está dividida em duas

zonas de temperaturas distintas (Figura 4.6):

Temperatura Positiva – zona climatizada entre 4 a 5 graus Celsius positivos para

transporte de produtos frescos e produtos não sensíveis a variações de

temperatura. Ocupa cerca de 70% do volume total disponível.

Temperatura Negativa – zona climatizada entre 18 e 19 graus Celsius negativos para

transporte de produtos congelados. Ocupa cerca de 30% do volume total disponível.

A divisão da cabine frigorífica é realizada por meio de um painel/colchão de isolamento

térmico que é instalado na vertical (Figura 4.7). Esta tecnologia permite compartimentar a

viatura em zonas distintas, na proporção desejada e em diferentes temperaturas,

possibilitando o transporte de produtos variados, conservando a sua qualidade, durante a

viagem. Os produtos que necessitem de ser conservados a temperaturas negativas, mas que

sejam inferiores a -18°C, podem ser armazenadas na zona de temperatura negativa, em

caixas com isolamento térmico. Estas caixas possuem uma bolsa interior térmica, que deve

ser sempre utilizada para o efeito.

Figura 4.6 – Esquema de arrumação da viatura e compartimentação

45

Quadro 4.3 - Classificação europeia de automóveis para efeitos de homologação (fonte: IMTT 2013)

Categoria Definição

M1 Veículos concebidos e construídos para o transporte de passageiros com oito lugares sentados no máximo, além do lugar do condutor.

M2

Veículos concebidos e construídos para o transporte de passageiros, com mais de oito lugares sentados além do lugar do condutor e uma massa máxima não superior a 5 t.

M3

Veículos concebidos e construídos para o transporte de passageiros, com mais de oito lugares sentados além do condutor e uma massa máxima superior a 5 t.

N1 Veículos concebidos e construídos para o transporte de mercadorias com massa máxima não superior a 3.5 t.

N2 Veículos concebidos e construídos para o transporte de mercadorias com massa máxima superior a 3.5 t mas não superior a 12 t.

N3 Veículos concebidos e construídos para o transporte de mercadorias com massa máxima superior a 12 t.

4.4. Gestão de recursos e indicadores de produção8

O desempenho do sistema e-commerce do COL é estimado através indicadores de

performance de carácter diário, mensal e anual. Tal como é descrito no subcapítulo 4.3.2., o

controlo diário realiza-se através do dashboard de transportes, contabilizando viaturas e as

encomendas em trânsito. Os controlos que requerem análises de carácter mais global,

8 Dados referentes ao período entre Fevereiro e Julho de 2013.

Figura 4.7 – Painel de isolamento multi-temperatura

46

através de relatórios, são os mensais e anuais, e em ambos os casos definem-se vários

indicadores de desempenho9, designados de KPI, Key Performance Indicators. Os KPI são um

sistema de indicadores de desempenho, que operam através de um conjunto de medidas

integradas em vários níveis (organização, processos e pessoas) que, definidas a partir da

estratégia e dos objectivos da unidade de negócio, têm como propósito fornecer

informações relevantes no processo de tomada de decisão.

Os indicadores definidos pela equipa de transportes do COL têm como objectivo global a

eficiência do transporte. Esta meta é determinada por três vectores de desempenho, que

formam uma estrutura, que analisa e cria linhas de acção para optimização do sistema e-

commerce do COL. Os vectores são as vendas em euros, as entregas e os quilómetros e têm

como função principal a apresentação de resultados observados, num determinado período

de tempo, relativamente ao controlo de viaturas e das rotas.

A criação de linhas de acção possibilita o controlo organizacional e o estabelecimento de

processos de optimização, para redução de viaturas da frota. Segundo a Sonae MC, cerca de

50% da despesa actual do COL centra-se no transporte das encomendas. Sendo este custo

operacional fruto do conceito de e-commerce, as despesas de deslocação à loja e de

transporte das compras, que antes eram suportadas pelo cliente, agora fazem parte das

despesas da operação da Sonae MC, justificando-se assim o avultado custo apresentado e o

objectivo da eficiência ao nível dos transportes.

A gestão de recursos na óptica da optimização da frota é um processo que varia de loja para

loja, visto que não são compostas pelo mesmo número de viaturas. Devido à natureza do

contrato vigente, são expectáveis dificuldades acrescidas no momento da tomada de

decisão. Se da análise dos KPI resultasse a intenção de reduzir a frota num curto espaço de

tempo, a execução dessa acção de optimização estaria comprometida, visto que o contrato

exige um número fixo de viaturas por loja. Apenas no momento de renovação do contrato é

possível abordar questões desta natureza, o que não é desejável, tendo em conta que a

empresa poderia incorrer em custos desnecessários. Esta situação seria problemática na

medida em que a linha de acção traçada e todo o processo de optimização poderiam ficar

9 Indicadores de desempenho ou indicadores de performance são sinónimos e são a tradução do conceito de

gestão inglês “key performance indicators”.

47

descontextualizados temporalmente, especialmente se a renovação do contrato visar um

longo período de tempo, semestral ou anual. Este resultado tem origem na flutuação da

colocação de encomendas, sendo o dimensionamento da frota uma questão bastante

complexa.

Os problemas de gestão do recurso “frota” e o respectivo dimensionamento deveriam ser

abordados num prisma diferente. Uma possível solução contemplaria a alteração do

contrato, em que se abandonaria a hipótese da frota fixa e se adoptaria a alteração do

contrato para o pagamento ao número de entregas ou ao número de caixas transportadas.

Isto significaria externalizar o problema do dimensionamento da frota, e deste modo o COL

apenas se preocuparia com os indicadores mais relevantes, tais como, o número de

entregas por carrinha ou por rota. Esta alteração transferiria a gestão das viaturas e

responsabilizaria a entidade contratada, incutindo uma filosofia de eficiência, que se

traduziria na utilização do menor número de veículos possível.

Os principais KPI que a equipa de transportes do COL analisa, estão representados

esquematicamente no Quadro 4.4. Para ilustrar estes indicadores apresentam-se de seguida

alguns exemplos do trabalho realizado em estágio curricular no COL, referentes às

operações e-commerce localizadas na loja da Amadora, no período do mês de Abril de 2013

(Figura 4.8, Figura 4.9 e Figura 4.10).

4.5. Conclusões

A análise aos KPI é realizada em seio empresarial e com a necessária contextualização e

confidencialidade inerente à interpretação deste tipo de dados. Se no caso do conjunto dos

KPI “entregas” (Figura 4.8) não se torna óbvio o traçado de uma linha de acção, que seja

geradora de redução de custos, o mesmo não ocorre no conjunto dos KPI “quilómetros”.

Vendas [€]

Loja

Mês

Ano

Entregas

Viatura

Rota

km

Viatura

Entrega

Quadro 4.4 - Vectores de análise utilizados nos KPI

48

01

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/2…

17

/04

/2…

18

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/2…

19

/04

/2…

20

/04

/2…

21

/04

/2…

22

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/2…

23

/04

/2…

24

/04

/2…

25

/04

/2…

26

/04

/2…

27

/04

/2…

28

/04

/2…

29

/04

/2…

30

/04

/2…

dio

En

t/V

iat

01

/04

/20

02

/04

/20

03

/04

/20

04

/04

/20

05

/04

/20

06

/04

/20

07

/04

/20

08

/04

/20

09

/04

/20

10

/04

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11

/04

/20

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/20

13

/04

/20

14

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/20

15

/04

/20

16

/04

/20

17

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/20

18

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19

/04

/20

20

/04

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21

/04

/20

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24

/04

/20

25

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/20

26

/04

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27

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/20

28

/04

/20

29

/04

/20

30

/04

/20

dio

En

t/R

ota

Percepciona-se com relativa facilidade, no gráfico que ilustra o KPI “km/Viat” (Figura 4.9),

que existe uma gestão de recursos pouco adequada aos objectivos determinados pelo COL.

Deste modo, compreender-se-ia a adopção de uma linha de acção de optimização, que

exigisse a redução de um veículo na frota da Amadora, visto que a distância percorrida pelo

veículo #6 é pouco significante, em comparação com o resto dos veículos da frota. Esta

optimização passaria por uma redefinição dos parâmetros do programa de execução de

rotas. É neste tipo de análises que o COL foca as suas atenções e recursos durante o ano.

Este sistema de indicadores de performance permite a optimização e melhoria contínua do

sistema de transportes do e-commerce, através da detecção de oportunidades,

planeamento de acções e monitorização de testes-piloto.

Figura 4.8 – KPI do vector entregas - Loja COL da Amadora

49

Figura 4.10 – KPI nº médio de quilómetros por viatura - loja COL Amadora.

01

/04

/20

13

02

/04

/20

13

03

/04

/20

13

04

/04

/20

13

05

/04

/20

13

06

/04

/20

13

07

/04

/20

13

08

/04

/20

13

09

/04

/20

13

10

/04

/20

13

11

/04

/20

13

12

/04

/20

13

13

/04

/20

13

14

/04

/20

13

15

/04

/20

13

16

/04

/20

13

17

/04

/20

13

18

/04

/20

13

19

/04

/20

13

20

/04

/20

13

21

/04

/20

13

22

/04

/20

13

23

/04

/20

13

24

/04

/20

13

25

/04

/20

13

26

/04

/20

13

27

/04

/20

13

28

/04

/20

13

29

/04

/20

13

30

/04

/20

13

dio

km

/En

t

1 2 3 4 5 6 7

Tota

l km

/Via

t

Figura 4.9 – KPI quilómetros por viatura (Abril 2013) – Loja COL Amadora

50

51

Capítulo 5

Apresentação e discussão de resultados

5. Apresentação e discussão dos resultados

5.1. Impactes energéticos e ambientais1

5.1.1. Amadora

Os resultados obtidos do cálculo ambiental e energético estão preconizados para duas

lojas/entrepostos do Continente Online, Amadora e Oeiras, nas quais se analisaram cerca de

1 500 e 1 200 clientes respectivamente. A escolha destas lojas teve como base o similar

número de encomendas e as suas localizações, por se situarem em regiões distintas da área

metropolitana de Lisboa. Deste modo, pretende-se analisar os impactes energéticos e

ambientais do cliente, aquando da realização de compras online em comparação com as

suas deslocações à loja física.

A variação das emissões e consumo energético estão calculadas para cada €.km

transportado, ou seja, com o objectivo da optimização e da eficiência para cada euro

transportado pretende-se percorrer a menor distância e, analisando inversamente para

cada quilómetro percorrido, pretende-se transportar o maior valor em euros possível.

1 Devido ao carácter confidencial dos dados fornecidos pela Sonae, alguns valores utilizados em quadros e

figuras encontram-se normalizados ou omitidos.

52

Adoptou-se por uma distribuição geográfica radial dos clientes, que estão associados a cada

loja, ou seja, observando a Figura 5.1 verifica-se que a maioria dos clientes associados à loja

da Amadora está distanciada entre 4 a 6 km.

Neste grupo de clientes localizados no anel de 4 a 6 km, estão registadas cerca de 54% do

total das transacções em loja física e cerca de 59% do total das transacções online.

Relativamente aos seus impactes ambientais (ver Figura 5.2), pode verificar-se que as

emissões offline, ou seja, emissões geradas por deslocações à loja (expressas em

kgCO2/€.km – quer se utilize uma propulsão de ciclo Otto a gasolina ou Diesel a gasóleo) são

superiores para gamas de distância superiores a 2km de distância (com excepção verificada

para dos 6 aos 8km em que são semelhantes), relativamente às emissões online, geradas

por cada cliente quando encomenda produtos via internet.

Nos clientes localizados entre 2 a 4 km da loja, o acréscimo de emissões offline toma uma

maior expressão, apesar de se tratar do grupo mais reduzido de clientes, nesta análise. Este

resultado poderá dever-se ao facto das emissões reflectirem cada euro transportado por

quilómetro, reflectindo possivelmente uma menor eficiência dos clientes no anel de 2 a 4

km, aquando das suas deslocações à loja. Provavelmente, introduzir-se-iam melhorias neste

r < 2 2 < r < 4 4 < r < 6 6 < r < 8 8 < r < 10

g C

O₂/

€.k

m

km

Online - Gasóleo

Offline - Gasóleo

Offline - Gasolina

Figura 5.2 – Emissões de CO2 (g/€.km) – Loja Amadora

8% 9%

66% 87%

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

r < 2 2 < r < 4 4 < r < 6 6 < r < 8 8 < r < 10

clie

nte

s

km

Pop

% PopAcum.

Figura 5.1 – Distribuição radial dos clientes – Loja Amadora

53

campo, se fosse utilizado o serviço online, visto que possivelmente o dinheiro despendido

em compras não será suficientemente elevado, para que as emissões se mantenham a

níveis semelhantes de um serviço online.

Nos consumos energéticos o comportamento é muito semelhante ao das emissões sendo

quase imperceptível a sua diferença, que se encontra na comparação dos consumos offline

entre gasolina e gasóleo. A diferença entre consumos energéticos de um carro a gasolina e a

gasóleo é praticamente inexistente (ver gráfico da Figura 5.3). Este resultado advém,

naturalmente, da proporcionalidade linear entre o consumo de gasóleo ou gasolina com os

respectivos factores de emissão de CO2.

Por outro lado, observa-se que é no anel dos clientes mais próximos da loja que o serviço

online se torna mais ineficiente, tanto no aspecto das emissões, como também no aspecto

dos consumos energéticos. Isto é, possivelmente, explicado pelas reduzidas distâncias que a

frota terá de percorrer, relativamente aos euros transportados. Através desta informação

pode verificar-se que o serviço online, para este caso, será mais eficiente ambientalmente,

fazendo percursos de entregas ao domicílio para residências entre 4 a 8 quilómetros de

distâncias da loja/entreposto.

5.1.2. Oeiras

Esta loja/entreposto localiza-se numa zona de densidade habitacional menos densa, como é

demonstrado pela Figura 5.4, na qual se verifica que os clientes mais próximos se

encontram a pelo menos 8 quilómetros e os mais distantes até 20 quilómetros. Deste modo,

este grupo de clientes encontra-se mais disperso geograficamente, sendo obrigado a

percorrer maiores distâncias. Nas Figura 5.5 e Figura 5.6 observa-se, analogamente ao caso

r < 2 2 < r < 4 4 < r < 6 6 < r < 8 8 < r < 10

kJ/€

.km

km

Online - Gasóleo

Offline - Gasóleo

Offline - Gasolina

Figura 5.3 – Consumo energético (kJ/€.km) – Loja Amadora

54

da loja Amadora, que os valores de emissões e consumo energético possuem o mesmo

comportamento e variação para os mesmos anéis de distância à loja. Assim, é possível

verificar que os anéis de maior densidade populacional correspondem àqueles onde se

observam menores valores de emissões e consumos energéticos offline, fazendo com que

estas sejam as zonas onde o serviço online terá menor eficiência ambiental, ou seja, a

utilização destes serviços, em comparação com a deslocação à loja, não se torna relevante,

a nível ambiental. Por outro lado, nas zonas onde a densidade populacional decresce

verifica-se um aumento expressivo das emissões offline, tornando o serviço online uma

opção ambientalmente mais eficiente.

20% 25% 35%

41%

66%

88% 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0.000.020.040.060.080.100.120.140.16

r < 8 8<r<10 10<r<12 12<r<14 14<r<16 16<r<18 18<r<20

clie

nte

s

km

Pop

% Pop Acum

Figura 5.4 – Distribuição radial dos clientes – Loja Oeiras

Figura 5.5 - Emissões de CO2 (g/€.km) – Loja Oeiras

r < 8 8<r<10 10<r<12 12<r<14 14<r<16 16<r<18 18<r<20

kJ/€

.km

km

Online - Gasóleo

Offline - Gasóleo

Offline - Gasolina

Figura 5.6 – Consumo energético (kJ/€.km) – Loja Amadora

r < 8 8<r<10 10<r<12 12<r<14 14<r<16 16<r<18 18<r<20

g C

O₂/

€.k

m

km

Online - Gasóleo

Offline - Gasóleo

Offline - Gasolina

55

Numa primeira análise, estes factos podem parecer contraditórios por não serem intuitivos,

visto que as emissões estão dependentes das distâncias percorridas e que a sua análise tem

como indicador de produção €.km transportados. O que deverá ser levado em conta é o

comportamento das viaturas do serviço online, em relação ao das viaturas conduzidas por

clientes. Cada rota do online é traçada por um software que gere e optimiza estes recursos,

e deste modo, independentemente da distância a que se encontre um cliente, o serviço

online consegue sempre realizar cinco quilómetros por encomenda, ou seja, para rotas com

distâncias maiores, o programa tenta englobar mais clientes por percurso e, em rotas mais

curtas, engloba menos clientes por rota. Tal como acontece na loja Amadora, para

distâncias muito curtas o serviço online é pouco competitivo e até ineficiente, e assim o

programa evita gerar rotas muito densas perto da loja/entreposto.

5.2. Análise comportamental sobre consumidores de mercearias: resultados do

inquérito

5.2.1. Mobilidade

Os resultados do inquérito estão representados através de indicadores, que tentam explicar

os possíveis efeitos da influência do comércio electrónico de mercearias e quais as variáveis

que explicam o comportamento da população em análise.

Para o estudo da mobilidade as variáveis consideradas pertinentes são: taxa de

motorização, existência de elevador na residência, estacionamento no local de residência,

existência de superfícies comerciais nas proximidades (zona com raio de 500m ou

aproximadamente 10 minutos a pé), encadeamento de viagens (trip chaining) e repartição

modal da amostra, relativamente aos estabelecimentos comerciais. À excepção das

variáveis trip chaining e repartição modal, a análise é apenas efectuada no universo dos

utilizadores de serviços online/entregas, cujas percentagens por serviço são:

80% - Compra online + Entrega ao domicílio (ON_ENT)

10% - Compra online + Levantamento na loja (ON_LOJA)

10% - Compra na loja + Entrega ao domicílio (OFF_ENT)

56

O Quadro 5.1 apresenta uma síntese de algumas variáveis, que permitem relacionar, de

forma genérica, as características de mobilidade dos inquiridos, com os 3 tipos de serviços

de compras de mercearias considerados. Note-se que, para cada indicador (ex.: carros), é

apresentada a distribuição percentual do total de casos verificados em cada combinação –

ou seja, o total das percentagens soma 100%.

Como se verifica no quadro, apenas os clientes ON_ENT têm valores expressivos e

contributivos para uma análise concreta dos indicadores mais relevantes Observa-se que os

clientes ON_ENT são caracterizados, na sua maioria, por possuírem 2 carros no agregado

familiar, edifício com elevador, estacionamento privado com garagem, 2 a 4 grandes

superfícies comerciais e 4 a 6 estabelecimentos comerciais de pequena dimensão, na

proximidade da sua residência. Estas características não serão as mais expectáveis, se a

ON_ENT ON_LOJA OFF_ENT

0 7% 1% 3%

1 23% 0% 10%

2 34% 5% 13%

3 7% 2% 3%

ma is d e 3 7% 2% 1%

Nã o 32% 6% 17%

Sim 46% 5% 14%

Esta c io na me nto na v ia p úb lica

(d ís tico d e re s id e nte EMEL)19% 1% 6%

Esta c io na me nto na v ia p úb lica

(no rma l co m/se m p a rq uíme tro )21% 3% 11%

Esta c io na me nto p riva d o (e xte rio r) 10% 4% 5%

Esta c io na me nto p riva d o (g a ra g e m) 28% 3% 8%

Ne nhum 4% 1% 1%

1 4% 1% 3%

2 a 4 13% 2% 5%

4 a 6 4% 0% 1%

6 a 10 0% 0% 0%

Ma is d e 10 0% 0% 0%

Ne nhum 0% 0% 0%

1 6% 1% 0%

2 a 4 16% 3% 7%

4 a 6 23% 3% 8%

6 a 10 15% 1% 8%

Ma is d e 10 18% 1% 8%

Es

tac

ion

am

en

toE

lev

ad

or

Pe

qu

en

as

Su

pe

rfíc

ies

Gra

nd

es

Su

pe

rfíc

ies

Ca

rro

s

Quadro 5.1 – Indicadores de mobilidade

57

premissa inicial de análise for que o comércio electrónico pode ter o efeito de substituição

de viagens, ainda que sejam características mais comuns de efeito de complementaridade.

Outro indicador de mobilidade analisado é o trip chaining, que traduz o encadeamento de

viagens, ou seja, ao realizar compras na loja, o cliente poderá encadear a sua viagem

noutros percursos, previamente planeados. Se, por exemplo, o cliente costuma fazer

compras no caminho de regresso a casa, vindo do trabalho, pode afirmar-se que não estará

a realizar uma viagem adicional para realização de compras, visto que a está a incluir num

percurso habitual.

Este indicador é importante, na medida em que apenas se contabilizam as viagens que são

dedicadas a compras em loja e, na perspectiva da optimização e da mobilidade sustentável,

se não se está a acrescentar viagens, então não se está a contribuir para a entropia urbana,

nem para o aumento do tráfego. Só se verificaria este contributo, caso a escolha do modo

motorizado, no início do dia, fosse condicionado por esta etapa, no conjunto do plano de

mobilidade individual desse dia. Este aspecto não foi descortinado neste inquérito e

constitui em si mesmo um tema de análise complexo que extravasa o âmbito desta

dissertação. Os resultados obtidos indicam que apenas 8% dos clientes, que utilizam

serviços online, não encadeiam viagens na sua rotina de compras em loja. Este indicador

vem reforçar a ideia que a substituição de viagens pelo comércio electrónico,

provavelmente, não se verifica nesta amostra.

Contudo, o efeito de complementaridade que se faz transparecer nesta análise poderia,

possivelmente, ser atenuado, dando lugar a uma interpretação diferente, na qual o efeito

de substituição prevaleceria, se o indicador de repartição modal (Quadro 5.2) demonstrasse

valores superiores para os transportes públicos e modos suaves. Assim, exceptuando o carro

Gra nd e s

Sup e rfíc ie s

Pe q ue na s

Sup e rfíc ie s

Bic ic le ta 1% 2%

Auto ca rro 3% 1%

Co mb o io 2% 1%

Mo ta 2% 2%

Me tro p o lita no 5% 1%

Ca rro 63% 27%

Pe d o na l 24% 67%

Quadro 5.2 – Repartição modal por tipo de estabelecimento comercial

58

e a mota, os restantes modos (bicicleta, autocarro, comboio, metro e pedonal) são

considerados como opções de mobilidade, que contribuem positivamente para o desejado

efeito de substituição, ainda que a mota apenas seja considerada pelo seu impacte

ambiental e não pelo seu impacte no tráfego. No entanto, para deslocações a grandes

superfícies (hipermercados e supermercados) 63% dos inquiridos, escolhe o carro, e para

deslocações a pequenas superfícies (comércio local) 63% escolhe o modo pedonal. Estes

resultados, analisados à luz da geração de viagens, vêm confirmar a tendência da

complementaridade ser o efeito mais provável.

5.2.2. Hábitos de Consumo

Os indicadores hábitos de consumo têm por objectivo a análise do tipo de produtos que se

adquirem nas grandes superfícies comerciais “Grd_Sup”, nas pequenas superfícies

comerciais “Peq_Sup” e nos serviços online/entregas “On_Ent”. É possível assim determinar

os cabazes de compras mais comuns entre estes três meios de realizar compras, através dos

quais será possível identificar os potenciais efeitos de substituição de serviços, ou seja, se os

cabazes são constituídos por categorias de produtos semelhantes, há a possibilidade de os

clientes optarem por um serviço online.

Contudo, tal não se verifica neste inquérito (Quadro 5.3), uma vez que nas três situações de

compras mais de 50% de cada cabaz não é partilhado com nenhum dos outros dois. Existem

Grd _Sup Pe q _Sup On_Ent

Outro s la c tic ínio s (q ue ijo , io g urte s , e tc .) 1% 9% 5%

T a lho 1% 11% 1%

Ág ua 10% 4% 3%

Ovo s, Le ite 10% 10% 1%

La ze r (re v is ta s , l iv ro s , e tc .) 9% 15% 7%

Arro z, Ma ssa , Fa rinha 13% 1% 14%

Pa ste la ria 10% 4% 10%

Pa d a ria 4% 16% 10%

Enla ta d o s e Co nse rva s 6% 1% 7%

Cha rcuta ria 3% 5% 10%

Legumes e Frutas 3% 2% 5%

Produtos Limpeza 3% 3% 3%

Animal (ração, etc.) 1% 2% 6%

Produtos Casa 4% 3% 3%

Cereais 5% 2% 5%

Bebidas alcoólicas 2% 3% 4%

Bebidas não alcoólicas (sumos e refrigerantes) 8% 2% 2%

Peixaria 7% 7% 4%

Quadro 5.3 – Indicador cabaz de compras

59

diferentes preferências no que respeita à escolha das diversas categorias de produtos. Deste

modo, os clientes encomendam via online produtos diferentes daqueles que compram em

loja, tornando a hipótese da opção por serviços online e, por consequência, a substituição

de viagens, mais remota do que a hipótese da complementaridade dos serviços.

5.2.3. Tecnologia

Através dos indicadores de tecnologia pretende-se determinar se o indicador referente aos

anos de experiência de contacto com a internet e a sua frequência de utilização influenciam

o uso de serviços online. Assim, o cruzamento destas informações (Quadro 5.4) vem revelar

que uma elevada experiência de internet não contribui para uma elevada frequência de

encomendas online de mercearias. Contudo, são as pessoas com mais anos de experiência

de internet as responsáveis pela realização da maior parte das actuais encomendas. Isto

significa, que os utilizadores com mais anos de experiência de internet são mais propensos a

experimentar, ou possivelmente, a aderir a um serviço de compras online/entregas, ainda

que, a maior parte destes, cerca de 76%, apenas realize compras de mercearias pela

internet uma vez por mês ou menos (Quadro 5.5). Contudo, a compra online de outros

produtos demonstra frequências semelhantes à das mercearias, revelando que a população

da amostra, habitualmente, acede à internet para outros fins, nomeadamente para pesquisa

de informação

Frequência de compras e -g roce ries

Experiênc ia de Inte rne t Nunca< 1x

mês

1x

mês

2x a 3x

mês

1x

semana

2x a 4x

semana

4x a 6x

semanad iá rio

1 ano a 5 anos 1% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

5 anos a 10 anos 6% 2% 6% 1% 1% 0% 0% 1%

10 anos a 15 anos 6% 17% 6% 4% 2% 2% 0% 1%

15 anos a 20 anos 11% 10% 7% 5% 1% 2% 1% 0%

superio r a 20 anos 2% 1% 1% 0% 0% 0% 0% 1%

Utiliza çã o d e inte rne t

Fre q uê nc ia

Pe sq uisa so b re

p ro d uto s e /o u

lo ja s

Pe sq uisa

re la c io na d o

co m tra b a lho

Co mp ra d e

me rce a ria s

Co mp ra d e

p ro d uto s

Nunca 4% 0% 26% 1%

Me no s 1x mê s 5% 0% 30% 33%

1x mê s 13% 1% 20% 33%

2x a 3x mê s 12% 1% 10% 8%

1x se ma na 23% 8% 5% 6%

2x a 4x se ma na 21% 21% 5% 10%

4x a 6x se ma na 5% 7% 1% 1%

d iá rio 18% 61% 4% 7%

Quadro 5.4 – Experiência de internet vs. Compras e-groceries

Quadro 5.5 – Frequência de utilização de internet

60

5.2.4. Atitude

A última parte do inquérito é constituída por perguntas de preferências reveladas, as quais

foram respondidas por meio de escalas Likert de 5 opções de concordância (0=discordo

totalmente, 1=discordo parcialmente, 2=indiferente, 3=concordo parcialmente, 4=concordo

totalmente). As perguntas foram criadas de modo a não expor a sua verdadeira intenção de

análise e não influenciando o inquirido para uma resposta “socialmente correcta” (Anexo B

e Anexo C).

Cada indicador é alimentado por mais do que uma pergunta, sendo constituídos por grupos

de questões associadas ao tema do indicador. A avaliação da propensão do inquirido para

uma determinada acção é avaliada numa escala de classificação de [0;12] ou [0;32],

dependendo do indicador em causa. Deste modo, um indivíduo com uma classificação perto

do valor mínimo, 0, considera-se que é muito pouco propenso a adoptar uma atitude

positiva em relação ao indicador que está a ser avaliado. Por outro lado, uma classificação

perto do valor máximo, 12 (ou 32 no caso do indicador online), significa que um indivíduo é

extremamente propenso a revelar uma atitude positiva no indicador em estudo. Com esta

análise pretende-se inferir conclusões acerca da percepção e comportamento revelados

pelos inquiridos, nas questões de hábitos de compras e atitude perante o comércio online.

Propensão para Compras

Este indicador traduz qual o nível de propensão que um grupo de indivíduos revela em

relação a realizar compras. Observando a Figura 5.7 transparece uma percentagem superior

de indivíduos do género feminino com classificações mais elevadas, em relação ao género

masculino. Estes dados revelam que o género feminino terá na amostra aqui recolhida uma

propensão mais elevada para realização de compras, revelando uma atitude mais positiva

neste indicador. Contudo, genericamente, não existe uma propensão claramente positiva

para compras, sendo valor médio global de 6 em 12. Na Figura 5.8 está representada a

propensão para realizar compras por rendimentos dos agregados familiares. Verifica-se que

as duas categorias de agregados que auferem mais dinheiro mensalmente (>5 000 €), são os

que revelam propensão mais reduzida neste indicador. Isto significa que os agregados de

rendimentos mais baixos são aqueles que revelam uma atitude mais positiva em relação a

61

despender dinheiro para compras. Estes resultados, provavelmente, indicam que famílias

com ordenados superiores não valorizam o acto de realizar compras, cujas motivações se

devem a uma multiplicidade de factores que não se conseguem discernir com a informação

disponível.

Propensão Ecológica

Este indicador revela a atitude de um indivíduo perante a consciencialização ambiental e

ecológica, nomeadamente em relação ao nível de embalamento dos produtos que

selecciona e em relação à utilização de sacos de plástico nos estabelecimentos comerciais.

Como se pode observar no gráfico da Figura 5.9, apenas 20% da população inquirida se

encontra localizada em 50% da classificação de atitude positiva ecológica, relativamente às

compras que realiza em lojas físicas. Pode afirmar-se que apesar desta amostra ser

0%

5%

10%

15%

20%

25%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

% In

div

ídu

os

Classificação

Feminino

Masculino

Figura 5.7 – Propensão para compras por género

Figura 5.8 – Propensão para compras por rendimentos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

% A

cum

ula

da

de

fam

ílias

Classificação

Menos de 1000 €

Entre 1 000 € e 2 000 €

Entre 2 000 € e 3 500 €

Entre 3 500 € e 5 000 €

Entre 5 000 € e 10 000 €

10 000 € ou superior

62

caracterizada por uma população jovem e com estudos académicos superiores, as

consciências, provavelmente, não estão muito desenvolvidas nem despertas para as

questões mais relacionadas com o ambiente e ecologia.

Propensão Online

Neste último indicador foi analisada a propensão de um indivíduo utilizar um serviço online.

Para tal foram efectuadas dez questões que, de forma indirecta, analisaram este indicador.

Os resultados obtidos, presentes no gráfico da Figura 5.10, em semelhança com o indicador

ecológico, indicam que apenas cerca dos 20% inquiridos estão incluídos em 50% das

classificações mais elevadas deste indicador. É peremptória a atitude revelada pela amostra,

traduzindo uma atitude negativa, geral, por parte dos indivíduos, em relação ao comércio

electrónico de mercearias. Este resultado vem reforçar a hipótese previamente abordada

neste capítulo de que actualmente o comércio electrónico de mercearias não possui

capacidade para a substituição de viagens, mas provavelmente possui um potencial efeito

de complementaridade.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

% A

cum

ula

da

de

in

div

ídu

os

Classificação

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

% A

cum

ula

da

de

in

div

ídu

os

Classificação

Figura 5.9 – Propensão ecológica

Figura 5.10 – Propensão para compras Online

63

5.3. Tratamento de dados: métodos analíticos

5.3.1. Análise de Componentes Principais

Neste subcapítulo apresentam-se os métodos analíticos utilizados na análise estatística dos

resultados do inquérito. Para tal, numa primeira fase, recorrendo ao software SPSS v22,

realiza-se uma Análise de Componentes Principais (ACP) (ferramenta de estatística

multivariada de síntese de informação e de classificação) e, numa segunda fase, recorrendo

ao software Biogeme v1.8 (Bierlaire 2009), realiza-se a construção e calibração de um

Modelo de Escolha Discreta (MED), baseado na Regressão Logística.

Com o objectivo de verificar a possível substituição de viagens associada ao e-commerce, o

último grupo de perguntas do inquérito (secção 5.2.4) compreende um conjunto de

questões de preferências reveladas, onde se abordam as atitudes e comportamentos dos

inquiridos, perante diferentes aspectos das compras em loja física e compras online. Deste

modo, construíram-se 16 variáveis (Quadro 5.6) pretendendo-se, através da ACP,

determinar factores (componentes) que condensem a informação num número mais

reduzido de dimensões, mas com um mínimo de perda de informação. Este método

factorial consiste, essencialmente, numa agregação dos contributos explicativos de cada

uma das variáveis, por cada factor, através de combinações lineares das mesmas, sendo o

objectivo central captar a maior variância possível em cada factor, num número mínimo de

factores.

Quadro 5.6 – Quadro resumo das variáveis explicativas

Va riá ve is

prazer_compras_lojas Prazer de realizar compras em loja

preoc_tempo Importância do tempo despendido em loja

plan_compras Planeamento de compras em loja

packaging Importância do embalamento dos produtos

saco_plast_pago Utilização de sacos de plástico cobrados pela loja

saco_plast_ofer Utilização de sacos oferecidos pela loja

online_vs_loja Facilidade de compras online vs. loja

online_stock Percepção da dimensão do stock online

online_comod Conveniência das compras online

online_trust Confiança em transacções online de dinheiro

online_commu Percepção da dimensão da comunidade online

loja_prazer Prazer de realizar compras online

perturb_online Impacte no quotidiano da entrega ao domicílio

tocar_produtos Importância do contacto directo com os produtos

preco_online Preço online vs. preço em loja

transp_online Confiança no transporte de mercadorias

64

Componentes

Val

ore

s P

róp

rio

s In

icia

is

Para a determinação do número adequado de factores a utilizar na ACP, consideraram-se

três critérios para a selecção do número de componentes que contribuem mais

significativamente para a condensação da informação:

seleccionar as primeiras componentes que expliquem uma percentagem razoável da

variância total (>50%) (Quadro 5.7);

desprezar as componentes cujos valores próprios são menores do que 1 (Quadro

5.7);

desprezar as componentes com números de ordem superiores àquele que inicia a

estabilização dos valores próprios do gráfico dos valores próprios (Figura 5.11).

No Quadro 5.7 verifica-se que, com as primeiras 5 componentes, se obtém 50% da variância

total explicada e cujos valores próprios são superiores a 1, apesar da sua estabilização

apenas ocorrer a partir da oitava componente. Deste modo, após rotação dos 5 factores

obtidos, como se pode observar no Quadro 5.8, apenas os dois primeiros deverão ser

considerados, visto que é boa prática considerar apenas aqueles que apresentem valores de

variância explicada iguais ou superiores a pelo menos 10%.

Total % Var Expl % Var Expl Acum

1 3.077 19.229 19.229

2 1.603 10.022 29.250

3 1.494 9.335 38.585

4 1.255 7.843 46.429

5 1.070 6.686 53.115

6 .944 5.899 59.014

7 .924 5.778 64.791

8 .820 5.124 69.916

9 .787 4.917 74.833

10 .739 4.621 79.454

11 .663 4.141 83.595

12 .631 3.945 87.540

13 .580 3.625 91.166

14 .544 3.403 94.569

15 .456 2.847 97.416

16 .413 2.584 100.000

Método de Extracção: ACP

CompValores Próprios Iniciais

Quadro 5.7 – Valores próprios iniciais das componentes extraídas

Figura 5.11 – Gráfico dos valores próprios iniciais das componentes extraídas

65

Nos factores F1 e F2 (sendo mais expressivo em F1) estão agrupadas as variáveis que

caracterizam o perfil online dos inquiridos da amostra. Estas variáveis, devido ao modo

como foram construídas, indicam que quanto mais elevado for o seu valor, maior propensão

existirá, por parte da população, em aderir ao comércio electrónico. Observa-se também,

que todas as variáveis dos factores F1 e F2 possuem sinal positivo, isto é, quando o factor F1

aumentar, as variáveis, que o constituem, também aumentarão. É no factor F1 que se

encontra agregado o maior número de variáveis explicativas, possuindo três variáveis com

pesos de valor superior a +0.65 e quatro com pesos superiores a +0.50.

Em relação aos restantes factores, observa-se que em F3 as variáveis caracterizam-se por

fornecerem informação sobre o perfil de compras em lojas física e em F4 e F5 verifica-se

que as variáveis reúnem informação sobre o comportamento ambiental da população.

Contudo, estes factores, apesar de possuírem características interessantes, ficam excluídos

da análise, por possuírem variância explicada muito reduzida (<10%), e, deste modo, não se

consideram como representativos.

Quadro 5.8 – Pesos das variáveis após rotação

F1 F2 F3 F4 F5

prazer_compras_lojas -.017 -.082 .798 -.033 .018

preoc_tempo -.120 .136 .726 .216 -.028

plan_compras .005 -.061 .433 -.402 .315

packaging -.064 .025 .007 .070 .852

saco_plast_pago -.151 .031 .153 .751 -.156

saco_plast_ofer .088 -.012 -.014 .769 .302

online_vs_loja .657 .323 .083 -.038 .098

online_stock .106 .685 .150 -.026 .082

online_comod .691 .214 -.044 -.034 .035

online_trust .544 .038 .068 -.108 .332

online_commu .009 .654 -.045 .100 .076

loja_prazer .524 .178 -.118 .084 -.290

perturb_online .644 -.054 .047 .046 -.077

tocar_produtos .672 -.059 -.142 .058 -.108

preco_online .155 .651 -.105 -.054 -.251

transp_online .620 .011 -.098 -.150 .003

% Var Acum 17.59 27.22 36.41 45.36 53.11

% Var 17.59 9.63 9.19 8.95 7.76

Val Prp após Rotação 2.81 1.54 1.47 1.43 1.24

Método de Extracção: ACP

Método de Rotação: Varimax

VariáveisFactores/Componentes

66

Relativamente à validade deste modelo multivariado estatístico (Quadro 5.10), o teste de

KMO revelou um valor de 0.718, mostrando que há uma correlação média (Quadro 5.9)

entre as variáveis. Por sua vez, relativamente à significância estatística, o teste de Bartlett

indica que o p-value é de 0,00 (1,02E-66), evidenciando a existência de correlação entre

variáveis. Deste modo, a utilização da ACP é apropriada para esta situação.

Por forma a obter conclusões sobre a população inquirida, na Figura 5.12 está representado

o gráfico que relaciona o factor F1 com o factor F2 e no qual se observa uma concentração

mais densa da população na zona circunscrita pela linha amarela, localizando-se em valores

próximos de 0.0, em ambos os factores, reflectindo assim uma menor expressão nas

variáveis que compõem os factores F1 e F2. Uma vez que estes factores representam a

Figura 5.12 – Gráfico Factor 1 vs. Factor 2

.718

χ² 610.323

df 120

p-value .000

Teste de Kaiser-Meyer-Olkin

Teste de Esfericidade de Bartlett

Quadro 5.10 – Testes estatísticos de KMO e Bartlett

Fact

or

2

Factor 1

KMO ACP

1 - 0.9 Muito Boa

0.8 - 0.9 Boa

0.7 - 0.8 Média

0.6 - 0.7 Razoável

0.5 - 0.6 Má

< 0.5 Inaceitável

Quadro 5.9 – Classificação qualitativa do teste estatístico KMO para ACP (Marôco 2011)

67

propensão para compras online, pode-se afirmar que estamos perante a formação de um

cluster, no qual, a sua população assume características de fraca propensão para o comércio

electrónico, afastando, mais uma vez, a hipótese de um possível efeito de substituição de

viagens por parte deste tipo actividade.

5.3.2. Modelo de Escolha Discreta

Nesta secção pretende-se, como segmento final da análise ao inquérito divulgado,

aprimorar e aprofundar o conhecimento sobre o comportamento da população em causa,

relativo ao comércio electrónico. Para tal, recorre-se à construção e calibração de um

modelo de escolha discreta (MED) Logit Binomial, baseado em preferências reveladas.

Os MED descrevem as escolhas dos decisores em cenários em que apenas é possível a

escolha de uma alternativa, entre duas ou mais disponíveis. Baseando-se na Teoria da

Utilidade Estocástica, estes modelos ajustam as probabilidades de escolha das alternativas,

procurando reproduzir as condições em que as pessoas exercem as suas escolhas, perante

um conjunto finito de alternativas, definindo que, o que motiva um indivíduo a optar por

uma determinada escolha, resulta apenas da Utilidade que essa escolha possui. Deste

modo, dadas as alternativas 1 e 2, a probabilidade de escolha da alternativa 1 é a

probabilidade de que sua utilidade seja superior à utilidade da alternativa 2 [5.1]. Verifica-se

assim, que a probabilidade de escolha entre alternativas se traduz na diferença das suas

utilidades.

Em que:

E:

Deste modo, a utilidade da alternativa 𝑗 para o decisor, ou indivíduo 𝑛, divide-se numa

componente sistemática 𝑉𝑛𝑗 e numa componente não observável 𝜀𝑛𝑗, na qual 𝑁 é o total de

𝑃𝑛1 = 𝑃(𝑈𝑛1 ≥ 𝑈𝑛2) ∀ 𝑛 ∈ 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.1]

𝑈𝑛𝑗 = 𝑉𝑛𝑗 + 𝜀𝑛𝑗 ∀ 𝑗, 𝑛 ∈ 𝑗 = 0, … , 𝐽 − 1 ; 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.2]

𝑉𝑛𝑗 = 𝑥𝑛𝛽𝑗 + 𝜀𝑛𝑗 ∀ 𝑗, 𝑛 ∈ 𝑗 = 0, … , 𝐽 − 1 ; 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.3]

68

indivíduos da amostra nas alternativas 𝑗, e 𝐽 é o total de alternativas no conjunto das

respostas. Relativamente à componente aleatória 𝜀𝑛𝑗, considera-se que, se os factores não

observáveis nas diferentes opções forem independentes entre si, a variável aleatória segue

uma distribuição de valor extremo ou Gumbel. Neste caso, os factores não observáveis são

independentes e identicamente distribuídos, o que implica que o valor esperado de

𝜀𝑛1 − 𝜀𝑛2 seja zero (Washington 2003). Por conseguinte, a expressão [5.1] equivale a:

Para 𝜀𝑛1 − 𝜀𝑛2 = 0 :

Em consequência, 𝑉𝑛𝑗 é frequentemente referida como a “componente representativa da

utilidade”, dado que, na prática, é nesta componente que o conjunto de atributos 𝑥𝑛 pode

ser observado e medido. Esta componente pode ser definida por uma expressão linear, em

que cada atributo tem um peso associado, 𝛽𝑗, que tem em consideração a utilidade

marginal do atributo. Este peso estabelece, portanto, a contribuição relativa que cada

atributo tem para a utilidade observada. Assim, 𝑥𝑛𝛽𝑗 representa a componente

determinística do modelo.

Contudo, a expressão geral do cálculo da probabilidade no modelo Logit indica que a

probabilidade é igual ao rácio entre o exponencial da utilidade para a alternativa escolhida e

o somatório dos exponenciais da utilidade de todas as alternativas (Washington 2003):

Para 𝜀𝑛𝑗 nulo, [5.6] é equivalente a:

No âmbito da metodologia aplicada nestes modelos, o conjunto de alternativas necessita de

apresentar três características. Em primeiro lugar, as alternativas devem ser mutuamente

𝑃𝑛1 = 𝑉𝑛1 + 𝜀𝑛1 ≥ 𝑉𝑛2 + 𝜀𝑛2 ∀ 𝑛 ∈ 𝑛 = 1, … , 𝑁

[5.4]

𝑃𝑛1 = 𝑉𝑛1 ≥ 𝑉𝑛2 ∀ 𝑛 ∈ 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.5]

𝑃𝑛1 =𝑒𝑈𝑛1

∑ 𝑒𝑈𝑛𝑗𝑛∀𝑗

∀ 𝑗, 𝑛 ∈ 𝑗 = 0, … , 𝐽 − 1 ; 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.6]

𝑃𝑛1 =𝑒𝑉𝑛1

∑ 𝑒𝑉𝑛𝑗𝑛∀𝑗

∀ 𝑗, 𝑛 ∈ 𝑗 = 0, … , 𝐽 − 1 ; 𝑛 = 1, … , 𝑁 [5.7]

69

exclusivas, da perspectiva do decisor, isto é, o decisor deve escolher unicamente uma

alternativa do conjunto. Em segundo lugar, o conjunto de alternativas deve ser exaustivo,

incluindo todas as possíveis alternativas significativas. Por fim, o número de alternativas

deve ser finito.

Construção e Calibração do MED

O modelo adoptado é o Logit Binomial, em que as duas alternativas são:

Alternativa 1): “o cliente não utiliza serviços online/entregas no momento de realizar

compras” (offline);

Alternativa 2): “o cliente utiliza serviços online/entregas no momento de realizar

compras (online).

Deste modo, pretende-se construir um modelo que reproduza a escolha das alternativas

offline e online. Na alternativa 1, offline, estão compreendidos todos os indivíduos,

assumindo que estes realizam compras em loja física, e deste modo, esta será a alternativa

fixada e a partir da qual as utilidades serão medidas. Para a alternativa 2, online, estão

compreendidas as compras online com os diversos serviços de entregas possíveis:

a) Encomenda online + Entrega ao domicílio

b) Encomenda online + Levantar na loja

c) Compra na Loja + Entrega ao domicílio

Esta agregação foi considerada devido ao reduzido número de inquiridos que realizam as

modalidades b e c, não justificando, por si só, a criação de mais alternativas. Contudo, uma

vez que este modelo foi criado no âmbito do segundo objectivo da dissertação, que visa a

avaliação do potencial de substituição por parte das e-groceries, e ao assumir-se que a

escolha da alternativa 2 constitui um contributo positivo para a substituição viagens, poder-

se-ia argumentar que as modalidades b e c têm um contributo negativo para o efeito de

substituição. No entanto, acredita-se que, nesta situação, este contributo negativo não se

verifique, estando salvaguardado pela elevada percentagem (>90%) do indicador trip

chaining para indivíduos da alternativa 2. Isto é, mais de 90% dos inquiridos que escolhem a

alternativa online, encadeia as suas viagens por motivos de compras noutros percursos

70

previamente definidos, fazendo com que aquelas tenham um efeito neutro, não

introduzindo viagens adicionais à sua rotina diária. Deste modo, considerou-se aceitável a

agregação das modalidades a, b e c numa alternativa única.

Tal como indica a Figura 5.13, o objectivo deste modelo é avaliar quais são os atributos

(variáveis) que mais influenciam na escolha da alternativa 2 e que provocam o seu

crescimento, uma vez que o seu aumento será um contributo positivo para a substituição de

viagens, e deste modo para a mobilidade sustentável dos meios urbanos.

A metodologia utilizada consistiu num processo iterativo de “tentativa e erro”, na qual se

calibraram cerca de 50 modelos, até à obtenção final de um modelo adequado e válido para

a interpretação dos resultados. Para tal, algumas considerações para a sua validação foram

delineadas, de modo a que o modelo seja significativo:

entre cada modelo produzido deverá existir uma melhoria significativa do valor de

verosimilhança (LL) em relação ao anterior;

o nível de significância (p-value) dos parâmetros (𝛽𝑗) deverá ser, desejavelmente, o

mais elevado possível, de preferência acima de 95%;

o valor de ajustamento dos dados ao modelo (Pseudo-R2) deverá ser igual ou

superior a 30%.

Os atributos considerados no modelo estão expressos sob a forma de variáveis extraídas

após o tratamento dos dados do inquérito (Anexo B), e através das quais se elaborou a

Figura 5.13 – Diagrama explicativo do MED

71

matriz de correlações (Quadro B.1), por forma a obter informação que auxiliasse,

inicialmente, a identificação das variáveis com potencial para integrar o MED.

Resultados do MED Logit Binomial

Após realizadas as calibrações, as variáveis seleccionadas para o MED, através do Biogeme

v1.8, foram as seguintes:

chthw – frequência de trip chaining no percurso casa-trabalho e/ou vice-versa;

pscar – frequência de utilização de carro para deslocações a pequenas superfícies

comerciais;

F1 – factor extraído da análise ACP (ver secção 5.3.1) que agrega informação de

diferentes variáveis no âmbito das compras online;

depend - número de dependentes no agregado familiar;

rend – rendimento mensal auferido pelo agregado;

webx – número de anos de experiência de utilização de internet;

Deste modo, através do MED, definiram-se as funções de utilidade para a alternativa offline:

E para a alternativa online:

A interpretação das constantes e parâmetros 𝛽𝑗 é realizada de forma expedita.

Relativamente à constante da alternativa 1, ela é igual a zero, tendo sido fixada neste valor

para permitir estimar os parâmetros dos restantes atributos. Isto é, no caso inicial, em que

os parâmetros são todos iguais a zero, 𝑉𝑛2 será a alternativa menos provável de ser

escolhida, em relação a 𝑉𝑛1, por possuir sinal negativo na sua constante.

𝑉𝑛1 = 0.718(𝑝𝑠𝑐𝑎𝑟)𝑛 + 0.153(𝑐ℎ𝑡ℎ𝑤)𝑛

[5.8]

𝑉𝑛2 = −2.09 + 1.15(𝐹1)𝑛 + 0.407(𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑)𝑛 + 0.108(𝑟𝑒𝑛𝑑)𝑛 + 0.082(𝑤𝑒𝑏𝑥)𝑛 [5.9]

72

Por outro lado, o facto dos parâmetros ligados aos atributos (variáveis) possuírem sinais

positivos significa que contribuem, positivamente, para a escolha da alternativa em que

estão inseridos.

Observando o Quadro 5.11, verifica-se que nos atributos calibrados no modelo para a

alternativa 1, respeitante à não utilização de serviços online/entregas, as variáveis que

contribuem para o aumento da probabilidade da sua escolha são chthw (p-value=0.25) e

pscar (p-value=0.05), representando a frequência de encadeamento de viagens nos

percurso casa-trabalho (e vice-versa) e a frequência da utilização de carro aquando das

deslocações a estabelecimentos comerciais de pequena dimensão, respectivamente.

Isto significa que, com um nível de confiança de 75%, a atractividade dos serviços

online/entregas, provavelmente, diminui à medida que as famílias, nos seus percursos

diários, incluem mais visitas a estabelecimentos comerciais para compras de mercearias. De

facto, se um indivíduo incluir este tipo de viagens em percursos previamente definidos, não

deverá sentir necessidade de encomendar produtos de mercearia online, uma vez que a

deslocação ao supermercado não introduz perturbações significativas na sua rotina diária.

Por outro lado, o caso em que indivíduos registem valores elevados de frequência de

utilização de carro para deslocações de curta distância, significará, provavelmente, que no

Quadro 5.11 – Resultados da estimação do MED

Alternativa Atributo Parâmetro p-value

1. Offline (cte) 0.000 -

chthw 0.153 0.25*

pscar 0.718 0.05

2. Online (cte) -2.090 0.00

F1 1.150 0.00

depend 0.407 0.02

rend 0.108 0.37*

webx 0.082 0.04

Nº de observações 275

LL (nulo) -189.922

LL (cte) -168.049

LL (final) -126.134

R ² 0.336

Pseudo-R² 0.299

*p-value > 0.05

73

momento de realizar deslocações a grandes superfícies, habitualmente mais distantes em

comparação com o comércio de proximidade, estes indivíduos não hesitarão em utilizar o

carro, ao invés de utilizar um serviço online/entregas, favorecendo a alternativa 1. É, pois,

racional pensar que serão os indivíduos que desejam utilizar menos o carro, aqueles que

terão maior inclinação em experimentar, ou até mesmo aderir, a serviços de e-commerce

para realizar compras.

Relativamente à alternativa 2, verifica-se que, segundo este modelo, a probabilidade da sua

escolha é derivada da combinação de quatro atributos, apresentados pela sua ordem

crescente de importância, que lhes é dada pelos seus pesos: experiência de internet,

rendimento mensal, número de dependentes no agregado e a primeira componente

principal, F1, extraída através de análise factorial. De facto, este modelo indica que,

provavelmente, serão os indivíduos com maior experiência de utilização de internet,

pertencentes a famílias com elevado rendimentos mensais e com maior número de

dependentes a cargo, aqueles que recorrerão a serviços online/entregas no momento de

realizar compras de mercearias. Contudo, apesar do atributo rend apresentar um valor-p

igual a 0.37, indicando uma confiança de 63% na sua capacidade explicativa para a escolha

da alternativa 2, considerou-se importante mantê-lo no modelo, tendo em conta que

deverá ser interpretado com a devida limitação. Por outro lado, o atributo representado

pela variável F1, apresenta como resultados valores muito representativos nos campos de

parâmetro (+1.15) e de valor-p (0.00), confirmando ser o atributo mais importante na

alternativa online, uma vez que este é composto por um conjunto variáveis (Quadro 5.6 e

Quadro 5.8) que ajudam a construir o perfil online do inquirido, revelando algumas das suas

preferências (ver anexo B e/ou anexo C):

online_vs_loja – facilidade de compras online versus loja

online_comod – conveniência de compras online

online_trust – confiança em transacções online de dinheiro

loja_prazer – prazer de realizar compras online

perturb_online – impacte da entrega ao domicílio na rotina diária

tocar_produtos – importância do contacto directo com os produtos

transp_online – confiança no transporte de mercadorias

74

De facto, é muito provável que os indivíduos, que revelem uma atitude positiva perante as

compras online, ou seja, que nas variáveis anteriores apresentem níveis de concordância

elevados, sejam mais propensos a escolher a alternativa 2. Na verdade, este MED de escolha

binária revelou uma eficácia de 78%, isto é, o modelo conseguiu prever 78% das escolhas

realizadas pelos decisores, das quais 63% e 15% correspondem às escolhas para a

alternativa 1 e 2, respectivamente.

Alt1 (observado) Alt2 (observado) Total

Alt1 (estimado) 172 41 213

Alt2 (estimado) 19 43 62

Total 191 84 275

Estimado = Observado 78%

Quadro 5.12 – Eficácia do MED

75

Capítulo 6

Conclusões

As operações e-commerce da SONAE MC, geridas pelo Continente Online, apresentam

algumas oportunidades de melhoria, como está descrito no capítulo 4, onde se aborda o

caso de estudo desta dissertação. É de realçar o facto das slots de entrega não estarem

dimensionadas por forma a optimizar o sistema, ou seja, não contribuírem para a

capacidade máxima das viaturas de transportes, fazendo com que não se atinjam os valores

máximos de encomendas diárias.

Por outro lado esta ineficiência impede que a gestão da dimensão da frota se realize nos

máximos níveis de desempenho, uma vez que se torna mais complexo optimizar um

conjunto de veículos que trabalhem em janelas temporais não suficientemente adaptadas à

realidade dos problemas da logística urbana.

Contudo, neste caso de estudo, conclui-se que a equipa de transportes do Continente

Online apresenta um controlo de encomendas e de KPI relativamente rigoroso, através de

pontos de controlo previamente definidos, possibilitando assim a intervenção rápida,

sempre que se detecta alguma irregularidade.

Relativamente ao primeiro objectivo da tese, que visava a avaliação da potencial existência

de benefícios ambientais, que um serviço de entregas pode proporcionar, pode concluir-se

que foi atingido. Na verdade, é possível verificar que o serviço online possui zonas óptimas

76

de distribuição, ou seja, zonas nas quais as emissões são mais baixas, relativamente às

causadas pela realização de viagem à loja. O caso mais evidente é o da loja de Oeiras, onde

se pode observar a existência de anéis de distribuição que delimitam zonas, onde o serviço

online é mais eficiente. Pode então concluir-se, que cada caso tem características diferentes,

mas que têm como denominador comum a existência de zonas onde é mais eficiente

ambientalmente o serviço de entregas.

Deste modo, os resultados apontam para a ideia de que o comércio electrónico possui

características de redução de emissões e consumos energéticos, ainda que, no entanto, este

benefício apenas possa tomar proporções significativas, se o número de clientes aumentar e

se este tiver efeito de substituição de viagens à loja física. Observando o volume de

transacções online actual, não se verifica este efeito, apenas se podendo inferir que o

serviço de entregas ao domicílio, no caso de estudo, possa ter um efeito de

complementaridade ou até mesmo de neutralidade.

Assim, pode concluir-se, que o impacte ambiental gerado pelo comércio electrónico se

apresenta como negativo, visto que este serviço apenas introduz um acréscimo em viagens,

que, somadas àquelas que habitualmente um cliente realiza por motivos de compras,

comportam necessariamente consequências no aumento de emissões, de consumo

energético, de tráfego, de quilómetros percorridos, etc.

Outro efeito que não está quantificado neste trabalho, mas que pode ser responsável por

um agravamento do impacte ambiental, é a geração de viagens adicionais provocadas por

compras incompletas online. Mokhtarian (2004) alerta para o fenómeno de que o cabaz de

compras online raramente é suficiente para satisfazer as necessidades do cliente,

obrigando-o a deslocar-se a superfícies comerciais para o completar. Para cada um dos

casos de estudo que identifique a substituição de viagens como resultado da utilização de

serviços de comércio electrónico, deverá ficar comprovada a inexistência do fenómeno

anteriormente descrito.

Através dos dados do inquérito, pretendeu-se dar resposta ao segundo objectivo da

dissertação, que aborda o potencial de substituição de viagens de serviços de comércio

77

electrónico de mercearias. Realizou-se uma análise à luz de indicadores previamente

definidos, como os mais influentes no momento da escolha de um serviço deste tipo.

Na amostra do inquérito, os indicadores de mobilidade, hábitos de consumo e tecnologia

apresentam resultados característicos de variáveis que têm o efeito típico de

complementaridade. Os dados obtidos do indicador mobilidade revelam as motivações da

utilização deste tipo de serviço, não estando estas relacionadas com o facto de os indivíduos

não possuírem viatura, ou elevador na residência, ou estacionamento privado. Estes

factores são completamente alheios ao perfil de um cliente online. Outro exemplo está

latente nos hábitos de consumo revelados, que mostram que a utilização destes meios, para

adquirir produtos, apenas se realiza para a compra de categorias diferentes daquelas que

habitualmente são adquiridas nas viagens à loja física.

A tecnologia é um indicador que revela uma relação positiva entre o número de anos de

experiência de utilização de internet com o perfil de cliente online. De facto, são os

indivíduos com maior experiência que utilizam estes serviços, embora 76% realizem

compras uma vez por mês, ou menos, nos canais online.

Os indicadores de atitude contêm informação relativa à propensão dos indivíduos da

amostra. Os resultados mais expressivos são os de propensão online e ecológica, revelando

que cerca de 80% da população inquirida, não mostra interesse pela adopção de serviços

online, e que, destes, 60% possuem classificações correspondentes à atitude “indiferente”.

Deste modo, podemos afirmar que todos os indicadores construídos tendem a convergir

para a mesma conclusão: o comércio electrónico poderá substituir deslocações para

aquisição de algumas categorias de produtos, embora se traduza num efeito de

complementaridade ou de neutralidade, face à necessidade de deslocação para adquirir os

restantes produtos do cabaz de compras convencional.

Ainda relativamente ao segundo objectivo da dissertação, conclui-se, da análise dos

métodos analíticos utilizados, nomeadamente do modelo de escolha discreta, que,

provavelmente, existirão factores que influenciam a população no momento da escolha de

serviços online/entregas, que habitualmente não são considerados por não serem intuitivos,

como por exemplo, o número de dependentes no agregado familiar ou o rendimento

78

mensal. Através do modelo de escolha discreto calibrado, pode-se inferir, por exemplo, que

um elevado número de dependentes a cargo poderá contribuir para a escolha de serviços

online/entregas, provavelmente devido à dificuldade acrescida de trabalhos domésticos e

de rotina diária que uma família numerosa implica, sobrando, deste modo, possivelmente,

pouco tempo para deslocações a grandes superfícies comerciais. Também agregados com

elevados rendimentos mensais, segundo o modelo, aparentemente, manifestam níveis de

interesse e atractividade pelo comércio electrónico superiores àqueles agregados que

auferem rendimentos inferiores. Provavelmente fica indiciada a existência dum preconceito

em relação ao preço de produtos online, demonstrando que as famílias com rendimentos

mais reduzidos preferem realizar compras em loja física.

Será apenas através da utilização de métodos de carácter analítico, que se conseguirá

atingir um elevado nível de conhecimento, com capacidades preditivas relativamente a este

tipo de parâmetros sociais. Os métodos analíticos utilizados, Análise de Componentes

Principais e MED Logit Binomial, vieram introduzir novo conhecimento relativo ao perfil de

um cliente online, possibilitando a caracterização de qualquer população relativamente ao

potencial de substituição de viagens.

Globalmente, a hipótese de substituição é ainda incipiente. Possivelmente, a ainda fraca

adesão a estes serviços poderá ter como causas a qualidade dos serviços online prestados e

o facto de ser um serviço relativamente recente no quotidiano actual, tratando-se de um

mercado emergente em Portugal, que ainda não penetrou nos hábitos de vida da

população. A ineficácia da aplicação desta medida, como contributo para a mobilidade

sustentável, a curto ou médio prazo é revelada pela literatura académica, através da qual

muitos investigadores e instituições publicaram os seus trabalhos e projectos. Contudo,

teoricamente, e em alguns casos verificados na Europa e EUA, existem casos em que ocorre

substituição de viagens. Não obstante, atingir esse objectivo como meio de redução de

emissões e consumos energéticos, contempla uma mudança de mentalidades e de cultura

social, que apenas terá sucesso a longo prazo.

79

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82

83

ANEXOS

84

85

Anexo A

Metodologia de Cálculo de Emissões e

Consumo Energético

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Figura A.1 – Metodologia de cálculo de emissões e consumo energético

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Anexo B

Métodos analíticos

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90

.02

10

.02

10

.01

20

.04

7-0

.07

40

.09

80

.04

6-0

.14

30

.26

70

.17

20

.05

60

.33

1

web

x0

.14

50

.53

2-0

.16

70

.11

0-0

.11

20

.15

00

.16

00

.23

4-0

.19

60

.04

60

.10

0-0

.06

9-0

.09

8-0

.06

4-0

.00

10

.10

8-0

.01

70

.09

20

.07

0-0

.11

2-0

.00

8-0

.09

70

.15

30

.00

5-0

.06

60

.04

1-0

.00

8-0

.03

3-0

.06

5

F10

.46

20

.01

2-0

.05

40

.11

5-0

.00

50

.03

60

.01

5-0

.09

5-0

.01

3-0

.00

70

.01

30

.04

70

.10

70

.06

5-0

.07

80

.10

1-0

.01

10

.03

60

.05

10

.07

90

.06

0-0

.07

50

.02

10

.08

5-0

.04

6-0

.03

6-0

.05

4-0

.00

70

.04

5-0

.00

2

F2-0

.01

5-0

.06

1-0

.09

80

.06

0-0

.06

8-0

.07

3-0

.07

60

.00

0-0

.02

70

.00

6-0

.03

3-0

.01

00

.03

7-0

.07

8-0

.06

00

.05

90

.07

90

.01

70

.07

10

.15

0-0

.03

3-0

.05

40

.09

30

.01

40

.03

1-0

.01

20

.02

8-0

.01

40

.04

30

.04

10

.00

0

Lege

nd

a: C

orr

≥ |

0.5

|

|0.3

|≥ C

orr

> |

0.5

|

|0.1

|≥ C

orr

> |

0.3

|

92

93

Quadro B.2 – Variáveis VARIÁVEIS

Qual o seu ano de nascimento? (Ex.:1980) age

Qual o seu sexo? gen

Qual a sua ocupação? ocup

Quais são as suas habilitações l iterárias? hablit

Qual é o rendimento mensal bruto do seu agregado familiar? (Por favor

considere todas as fontes de rendimento antes de impostos e outras

deduções)

rend

crianca child

adolesc adolesc

adulto adult

idoso idoso

agregado agreg

dependentes depend

O seu edifício/habitação possui elevador? lift

Possui carta de condução? cc

Quantas viaturas existem no seu agregado familiar? car

estacionamento privado Est_Pri

estacionamento publico Est_Pu

número de grandes superfícies existentes no seu bairro. (Zona com raio de

500 m, aproximadamente 10 minutos a pé.)gsnum

número de pequenas superfícies existentes no seu bairro. (Zona com raio de

500 m, aproximadamente 10 minutos a pé.)psnum

Indique uma estimativa aproximada do seu gasto mensal em grandes

superfíciesgseur

Indique uma estimativa aproximada do seu gasto mensal em pequenas

superfíciespseur

Indique aproximadamente com que frequência se desloca gsfr

Indique aproximadamente com que frequência se desloca psfr

Qual(ais) o(s) modo(s) de transporte escolhido(s) nas suas

deslocações? (Escolha no máximo duas opções por tipo de

estabelecimento) Hipermercados e supermercados - Bicicleta gsbic

Hipermercados e supermercados - Comboio gstrn

Hipermercados e supermercados - Metropolitano gsmtr

Hipermercados e supermercados - Autocarro gsbus

Hipermercados e supermercados - Carro gscar

Hipermercados e supermercados - Mota gsmota

Hipermercados e supermercados - A pé gswalk

Comércio local - Bicicleta psbic

Comércio local - Comboio pstrn

Comércio local - Metropolitano psmtr

Comércio local - Autocarro psbus

Comércio local - Carro pscar

Comércio local - Mota psmota

Comércio local - A pé pswalk

Excluindo o percurso de ida/volta, quanto tempo demora a fazer as

suas compras? Hipermercados e supermercados gstemp

Comércio local pstemp

Costuma encadear as suas viagens por motivos de compras noutros

percursos regulares/habituais? SIM/NÃO chtrip

Costuma encadear as suas viagens por motivos de compras noutros

percursos regulares/habituais? (Ex.: "Ocasionalmente no percurso

até ao ginásio costumo passar pelo supermercado para adquirir

produtos..") Escolha em qual(ais) do(s) percurso(s) tem por hábito

encadear as suas viagens. Casa-trabalho chthw

Casa-escola(fi lhos)-trabalho chths

Visita a casa de amigos ou familiares chthf

Actividades desportivas (ginásio, ténis, etc.) chtsp

Indique aproximadamente o número de anos de experiência que

possui de internet.webx

Responda de acordo com a sua frequência de util ização da internet. Pesquisa de informação sobre produtos e/ou lojas frwebr

Pesquisa de informação relacionado com trabalho e/ou lazer frwebw

Compra de mercearias (perecíveis e não perecíveis) frbuyeg

Compra de produtos não essenciais (l ivros, equipamentos electrónicos, etc) frbuyo

Qual(ais) o(s) tipo(s) de serviço(s) que já util izou? Continente - Compra online e entrega ao domicíl io oecol

Jumbo - Compra online e entrega ao domicíl io oeju

El Corte Inglés - Compra online e entrega ao domicíl io oecort

Pão de Açúcar - Compra online e entrega ao domicíl io oepac

Pingo Doce - Compra online e entrega ao domicíl io oepd

Continente - Compra online e levantamento na loja olcol

Pingo Doce - Compra online e levantamento na loja olpd

Jumbo - Compra online e levantamento na loja olju

Pão de Açúcar - Compra online e levantamento na loja olpac

El Corte Inglés - Compra online e levantamento na loja olcort

El Corte Inglés - Compra na loja e entrega ao domicíl io lecort

Pão de Açúcar - Compra na loja e entrega ao domicíl io lepac

Continente - Compra na loja e entrega ao domicíl io lecol

Jumbo - Compra na loja e entrega ao domicíl io leju

Pingo Doce - Compra na loja e entrega ao domicíl io lepd

Responda de acordo com a sua frequência de compras online e/ou

entregas ao domicíl io Continente frcol

Jumbo frju

El Corte Inglés frcort

Pão de Açúcar frpac

Pingo Doce frpd

Indique uma estimativa aproximada do seu gasto mensal online e/ou

entregas ao domicíl io. Continente eurcol

Jumbo eurju

El Corte Inglés eurcort

Pão de Açúcar eurpac

Pingo Dce eurpd

factor 1 F1

factor 2 F2

factor 3 F3

94

95

Quadro B.3 – Variáveis utilizadas na ACP

F1 F2 F3 F4 F5

Classifique as seguintes afirmações, acerca

de compras em loja, de acordo com os seus

hábitos "Eu gosto de fazer compras" prazer_compras_lojas -0.017 -0.082 0.798 -0.033 0.018

"Quando realizo compras não estou

preocupado com o tempo" preoc_tempo -0.120 0.136 0.726 0.216 -0.028

"Habitualmente realizo compras não

planeadas" plan_compras 0.005 -0.061 0.433 -0.402 0.315

Classifique as seguintes afirmações, acerca

de compras em loja, de acordo com os seus

hábitos

"Habitualmente adquiro produtos com

empacotamentos ligeiros e/ou com

embalagens simples" packaging -0.064 0.025 0.007 0.070 0.852

"Nunca util izo sacos de plástico quando são

cobrados pelas lojas" saco_plast_pago -0.151 0.031 0.153 0.751 -0.156

"Nunca util izo sacos de plástico quando são

oferecidos pelas lojas" saco_plast_ofer 0.088 -0.012 -0.014 0.769 0.302

Classifique as seguintes afirmações, acerca

de compras online, de acordo com a sua

opinião

"Comprar online é mais simples do que

numa loja convencional" online_vs_loja 0.657 0.323 0.083 -0.038 0.098

"O stock de produtos online é habitualmente

superior" online_stock 0.106 0.685 0.150 -0.026 0.082

"É mais conveniente comprar online por não

ter de sair de casa" online_comod 0.691 0.214 -0.044 -0.034 0.035

"Pagamentos online de cartao de crédito é

fiável" online_trust 0.544 0.038 0.068 -0.108 0.332

"A maior parte dos meus conhecidos

compram online" online_commu 0.009 0.654 -0.045 0.100 0.076

Classifique as seguintes afirmações, acerca

de compras online, de acordo com a sua

opinião

"Comprar online dá mais prazer do que

numa loja convencional" loja_prazer 0.524 0.178 -0.118 0.084 -0.290

"A entrega online não perturba

significativamente o meu quotidiano" perturb_online 0.644 -0.054 0.047 0.046 -0.077

"Não considero importante observar de

perto e/ou tocar os produtos que compro" tocar_produtos 0.672 -0.059 -0.142 0.058 -0.108

"Comprar online é mais barato do que numa

loja convencional" preco_online 0.155 0.651 -0.105 -0.054 -0.251

"Não receio que os produtos fiquem

danificados no transporte" transp_online 0.620 0.011 -0.098 -0.150 0.003

Factores extraídos

VARIÁVEIS

96

97

Anexo C

Inquérito

98