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Imagens com movimento: uma análise das fotografias do movimento estudantil mexicano e da noite de Tlatelolco de 1968 através do livro de Elena Poniatowska. LARISSA JACHETA RIBERTI 1 Introdução Há mais de quarenta anos do movimento estudantil mexicano e do Massacre de Tlatelolco de 1968, inúmeras são as fontes que podem ser consultadas por historiadores e demais pesquisadores. Dentre elas, as fotografias constituem um importante acervo que auxilia na compreensão daquele ano. O objetivo dessa análise é compreender algumas das imagens presentes no foto-ensaio da obra La noche de Tlatelolco: testimonios de historia oral, de Elena Poniatowska. A discussão torna-se necessária uma vez que as imagens fornecem importantes dados para compreendermos a construção da memória daquele momento. Juntamente com os testemunhos, que também estão presentes na obra, as fotografias vão além da função de ilustração, por sua vez, participam de uma disputa pela memória de 1968. As fotografias e também os trechos escritos que as seguem são instrumentos através dos quais podemos identificar a posição da autora em relação àquele momento. O objetivo de Elena Poniatowska é, evidentemente, denunciar a violência e a repressão do governo do presidente Gustavo Díaz Ordáz. Além disso, as imagens contribuem para o engrandecimento das iniciativas estudantis da época, já que mostram um movimento de contestação no qual as palavras, cartazes e faixas eram as principais armas. As fotografias presentes nessa obra contribuem, sobretudo, para a construção da memória de 1968. Juntamente com os testemunhos que terminarão de compor o livro, as fotografias narram o cotidiano, as influências, a subjetividade dos momentos e a mudança no comportamento, tanto das forças policiais, quanto dos próprios estudantes. Elas também são instrumentos fundamentais para que possamos entender as complexas relações sociais que se desenvolveram. Através delas, é possível valorizar a prática dos sujeitos que atuaram naquele momento. Utilizaremos as fotografias, portanto, para mostrar que existe uma clara contraposição entre as primeiras publicações dessas fotografias em jornais de 1968 e a republicação em La noche de Tlatelolco. O sentido dado por vários meios de comunicação a algumas dessas imagens em 1968 procurava afirmar a versão oficial de uma conspiração comunista 1 Mestranda em História no Programa de Pós Graduação em História Social da UFRJ. Bolsista CNPq.

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Imagens com movimento: uma análise das fotografias do movimento estudantil

mexicano e da noite de Tlatelolco de 1968 através do livro de Elena Poniatowska.

LARISSA JACHETA RIBERTI1

Introdução

Há mais de quarenta anos do movimento estudantil mexicano e do Massacre de

Tlatelolco de 1968, inúmeras são as fontes que podem ser consultadas por historiadores e

demais pesquisadores. Dentre elas, as fotografias constituem um importante acervo que

auxilia na compreensão daquele ano. O objetivo dessa análise é compreender algumas das

imagens presentes no foto-ensaio da obra La noche de Tlatelolco: testimonios de historia

oral, de Elena Poniatowska. A discussão torna-se necessária uma vez que as imagens

fornecem importantes dados para compreendermos a construção da memória daquele

momento. Juntamente com os testemunhos, que também estão presentes na obra, as

fotografias vão além da função de ilustração, por sua vez, participam de uma disputa pela

memória de 1968.

As fotografias e também os trechos escritos que as seguem são instrumentos através

dos quais podemos identificar a posição da autora em relação àquele momento. O objetivo de

Elena Poniatowska é, evidentemente, denunciar a violência e a repressão do governo do

presidente Gustavo Díaz Ordáz. Além disso, as imagens contribuem para o engrandecimento

das iniciativas estudantis da época, já que mostram um movimento de contestação no qual as

palavras, cartazes e faixas eram as principais armas. As fotografias presentes nessa obra

contribuem, sobretudo, para a construção da memória de 1968. Juntamente com os

testemunhos que terminarão de compor o livro, as fotografias narram o cotidiano, as

influências, a subjetividade dos momentos e a mudança no comportamento, tanto das forças

policiais, quanto dos próprios estudantes. Elas também são instrumentos fundamentais para

que possamos entender as complexas relações sociais que se desenvolveram. Através delas, é

possível valorizar a prática dos sujeitos que atuaram naquele momento.

Utilizaremos as fotografias, portanto, para mostrar que existe uma clara contraposição

entre as primeiras publicações dessas fotografias em jornais de 1968 e a republicação em La

noche de Tlatelolco. O sentido dado por vários meios de comunicação a algumas dessas

imagens em 1968 procurava afirmar a versão oficial de uma conspiração comunista 1 Mestranda em História no Programa de Pós Graduação em História Social da UFRJ. Bolsista CNPq.

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internacional e deslegitimar a luta pela democracia, acusando os estudantes de subversivos –

a questão será explicada adiante. Ao contrário, Elena Poniatowska procurou dar uma nova

visão sobre os acontecimentos e fez uso de uma estratégia visual para compor sua narrativa.

Através das imagens, ela construiu a história do movimento estudantil de 1968 a partir de uma

visão que o favoreceu enquanto luta democrática. Além disso, com as imagens a autora

documentou a violência e a repressão estatais e denunciou os abusos cometidos contra os

estudantes.

México em 1968

O movimento estudantil que se desenrolou no México de 1968 foi caracterizado pela

tentativa de rompimento com as antigas bases políticas autoritárias e antidemocráticas

seguintes à Revolução Mexicana. As reivindicações daquele momento eram em prol de um

México moderno que pudesse assentar suas bases políticas em medidas democratizantes e

desprendidas das antigas formas governamentais dos governos do Partido Revolucionário

Mexicano2. A petição3 elaborada pelos participantes era o produto de uma insatisfação que já

se notava desde o início daquela década: o monólogo institucional e o sistema sucessório

estabelecidos pelo Partido Revolucionário Institucional. (CAMÍN & MEYER, 2000)

No início de 1968, a capital mexicana se preparava para receber os XIX Jogos

Olímpicos que aconteceriam entre os dias 12 e 27 de outubro. O país se transformava

estruturalmente e o presidente Gustavo Díaz Ordáz convocou seus batalhões policiais para

garantir a segurança e impedir que qualquer ato civil pudesse pôr em risco a imagem

mexicana perante a imprensa internacional. Inaugurações e celebrações faziam parte da rotina

2 Criado em 1928 com o nome de Partido Nacional Revolucionário (PNR), o partido “herdeiro da revolução”

dominou o cenário político durante várias décadas do século XX. A consolidação do PRI enquanto órgão de maior expressão da política mexicana foi o resultado do autoritarismo praticado pelos seus membros. (HERNÁNDEZ, 1971) 3 Os pontos de reivindicação dos participantes do movimento foram discutidos e formalizados num pliego

petitorio, que continha seis pontos: 1. Destituição do corpo de granaderos e da polícia metropolitana. 2. Destituição de chefes de polícia, militares e demais responsáveis pelo comando de repressões e violência contra os estudantes e demais manifestantes. 3. Indenizações pelos mortos e feridos. 4. Revogação dos artigos 145 e 145 bis, que regulamentavam e propunham penas aos delitos de dissolução social. 5. Responsabilização dos culpados pelas prisões e mortes. 6. Liberdade aos presos políticos, encarcerados a partir de 26 de Julho de 1968. (RAMÍREZ, 1969)

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dos cidadãos naquele ano e os discursos passavam a ideia de um México desenvolvido,

igualitário e próspero4.

O movimento estudantil teve seu ápice a partir do mês de Julho, quando grupos

adolescentes – Los Arañas e Los Ciudadelos mais os alunos da preparatória Isaac

Ochoterena– se enfrentaram com os estudantes das Vocacionais 2 e 5 do Instituto Politécnico

Nacional. O conflito entre os adolescentes aconteceu no dia 22 daquele mês e foi reprimido

com a intervenção do corpo de granadeiros que os perseguiu até suas escolas. No final

daquela tarde, professores e estudantes foram agredidos e presos. Após a denúncia da

repressão e da presença dos policiais nas escolas preparatórias, as reclamações contra a

violência e a violação da autonomia das instituições tomaram proporções maiores e ganharam

os recintos do maior centro de educação superior do país, a Universidade Nacional Autônoma

do México. Durante os meses de julho e agosto de 1968, as manifestações foram intensas e as

reivindicações ganharam caráter democrático e antiautoritário. Os membros do movimento

rebatiam as versões governamentais de que não havia presos políticos. A resistência que se

seguiu depois da repressão policial aos primeiros conflitos do mês de julho, colocou em

evidência a insatisfação dos estudantes em relação à política autoritária de Gustavo Díaz

Ordáz e do PRI. O presidente e o seu secretário de governo, Luis Echeverría, acreditavam que

os eventos daqueles dias tinham sido causados por agitadores externos. A ideia fazia parte de

uma crença oficial em uma conspiração comunista internacional. Veremos adiante que tal

crença influenciou fortemente na tomada de decisões repressivas por parte do Estado.

O contexto dos primeiros meses de atuação do movimento era de euforia e de festa

(TRONCOSO, 2012). Com a participação de representantes das instituições de ensino

superior que atuavam no movimento, foi criado em 7 de agosto daquele ano o Conselho

Nacional de Greve, órgão máximo de representação. Havia manifestações grandiosas e a

tomada de pontos simbólicos da Cidade do México como as principais avenidas, Insurgentes

e Paseo de la Reforma e o Zócalo Capitalino, símbolo do poder presidencial e onde ficava o

Palácio Nacional. A partir de setembro a repressão e a violência aumentaram e, em pouco

tempo, o movimento foi reprimido pelas ações do exército e dos corpos policias que atuavam

para o Estado. A greve das universidades acabou oficialmente em dezembro. Em linhas gerais

4 Segundo Raúl Álvarez Garín, a festa pré-olímpica colocava em choque a realidade política e social mexicana

com os discursos oficiais sobre o progresso. Las obras olímpicas eran una buena muestra del avance del país

entero y en todos sus órdenes, pero eran apenas una introducción al mundo asombroso de los mexicanos, a la

Revolución y sus frutos, a su pasado prehispánico y colonial. (GARÍN, 2002: 29)

4

o movimento não pretendia questionar o capitalismo, a dominação exercida pelos Estados

Unidos, depôr Gustavo Diaz Ordáz – o então presidente – ou boicotar as Olimpíadas que

aconteceriam no país naquele ano, como acreditavam os membros do governo aliados ao PRI.

Os estudantes pretendiam que fossem considerados os seis pontos de seu pliego petitório e

que, ao final, a política funcionasse no sentido de atender as necessidades sociais. Queriam

estabelecer um diálogo público através do qual fossem debatidas as suas reivindicações.

O Massacre de Tlatelolco foi a resposta de um governo autoritário e repressivo que

não pretendia alterar suas bases políticas. No dia 2 de outubro, pela manhã, membros do

Conselho Nacional de Greve e uma comissão governamental, composta por Andrés Caso e

Jorge de la Veja Domínguez, se reuniram na casa do Reitor Javier Barros Sierra, para uma

conversa sobre os pontos de vista de cada lado. Segundo Eugenia Allier Montaño nada ficou

decidido naquele momento, entretanto, optou-se por continuar a reunião no dia seguinte

(HUFFSCHMID & DURÁN, 2012). Com a expectativa de uma possível negociação e com

otimismo, os estudantes organizaram um encontro na Praça das Três Culturas, na região

habitacional do bairro Tlatelolco. Por volta das cinco e meia da tarde enquanto ouviam os

discursos de representantes do Conselho Nacional de Greve, os presentes foram

surpreendidos com luzes verdes vindas de um helicóptero que sobrevoava a área; era a ordem

para os policiais, membros do exército e do corpo de granadeiros – alguns vestidos a paisana

e que se identificavam apenas com uma luva branca na mão direita – abrirem fogo contra os

presentes. Até hoje não se sabe ao certo o número exato de mortos, presos e feridos, pois os

veículos de comunicação não descreveram com precisão o que ocorrera naquele dia5. Na

Estela de Tlatelolco, monumento inaugurado em 1993 por iniciativa do Comité Preparatorio

del Homenaje a los 20 años del Movimiento Estudiantil Popular de 1968, constam 20 nomes

de pessoas que, confirmadamente, morreram no dia 2 de outubro (GARÍN, 2002). O baixo

número de vítimas, expressa a incerteza e a falta de precisão que, em 1993, ainda fazia parte

do cotidiano dos ex-líderes do movimento estudantil. Octávio Paz informou que o jornal

norte-americano The Guardian relatou 325 mortes e centenas de feridos (PAZ, Octavio,

1984). Na obra publicada em 2008, Carlos Monsiváis levanta um número que vai de 250 a

350 mortos. O autor confirma que os números carecem de sentido, entretanto afirma que as

5 Segundo Alberto del Castillo Troncoso, a partir de 02 de outubro, houve por parte do governo uma repressão intensa aos veículos de comunicação para que estes não publicassem com exatidão o que havia ocorrido naquele dia. Deu-se início inclusive uma disputa pela memória fotográfica daquele momento, já que, segundo o autor, a polícia confiscou grande parte das imagens que foram tiradas naquela tarde. TRONCOSO, 2008)

5

fotos de cadáveres acumulados nas delegacias servem para corroborar a hipótese acerca do

tema. (MONSIVÁIS, 2008).

A cifra oficial é muito diferente. Em pronunciamento público, Luíz Echeverría,

presidente da República a partir de 1970, reconheceu a existência de um número de mortos

que vai de 30 a 40 pessoas. De acordo com os autores Patrícia Fournier e Jorge Martinez

Herrera, os números oficiais evidenciam a indiferença de Echeverría ao insinuar que a

diferença entre um número e outro não era importante na perda de vidas humanas. Seguem as

palavras do Presidente:

Mencionam-se centenas de mortos... Desgraçadamente houve alguns, mas não

centenas. Tenho entendido que passaram de 30 e não chegaram a 40, entre

soldados, amotinadores e curiosos. Dir-se-á que é muito fácil ocultar e diminuir,

mas eu intimo quem a tenha valor de suas próprias opiniões e sustenta que foram

centenas, que apresente alguma prova, ainda que não seja direta e concludente.

Seria suficiente que se fizesse uma lista com os nomes. Poderão dizer, como já se

disse em outras ocasiões, que se desa...que se fizeram desaparecer os cadáveres, se

ocultaram clan...se sepultaram clandestinamente, se incineraram, isso é fácil; não é

fácil fazê-lo impunemente, porém é fácil fazê-lo. (FUNARI, ZARANKIN, REIS, 2008:102-103)

Mais de quarenta anos depois ainda não se tem a certeza de quantos morreram durante

o ano de 1968. Além disso, há que considerar os anos em muitos ex-participantes e ex-líderes

ficaram presos. Levando em conta que estes só receberam a anistia em 1971, também se

desconhece o número de pessoas que morreram dentro das prisões nesse período. Os

obstáculos de se estabelecer uma cifra definitiva impedem que organizações populares peçam

pelo aparecimento dos corpos dos cadáveres e saibam como eles morreram de fato. Esse

desconhecimento, também dificulta a punição e a responsabilização dos culpados. Entretanto,

veremos que o livro de Elena Poniatowska nos revela importantes aspectos daquele momento.

Os testemunhos denunciam a repressão, a tortura e a violência política. São as vozes e as

imagens sobre essa violência que autora recolhe e compila na obra. Seu livro nos dá a

possibilidade de uma nova interpretação do ano de 1968 e abre caminho para a ressignificação

dos acontecimentos, a partir dos testemunhos e também das fotografias.

As fotografias de La noche de Tlatelolco

As lideranças do Conselho Nacional de Greve foram acusadas de promover a matança

de Tlatelolco em 2 de outubro de 1968. Logo após o Massacre, os meios de comunicação

reafirmaram a versão oficial de que os primeiros disparos na Praça das Três Culturas partiram

6

de franco-atiradores que trabalhavam a serviço do Conselho Nacional de Greve. Até 1971,

ano em que os presos políticos receberam a anistia, tal ideia foi fortemente divulgada. Com os

arquivos ainda fechados6, o governo se limitava a dizer que o ocorrido no dia 2 de outubro

tinha sido um “incidente lamentável”. No período desses três anos se deu o linchamento moral

das vítimas: dispararam-se acusações contra os líderes e participantes do movimento, o

governo fabricou conspirações, a prisão de jovens que se manifestavam passou a ser prática

corriqueira do Estado, se ocultou o número de mortos e se legitimou ilegalidade dos processos

imputados através do poder judicial. É preciso considerar também que, diante desse contexto,

a sociedade não questionava a versão oficial, sobretudo, pela falta da difusão de posições

contrárias pelos meios de comunicação.

Alguns pronunciamentos de grupos de esquerda tentavam rebater as acusações contra

os estudantes. Em 3 de outubro de 1968, os professores e alunos da Escola de Arquitetura

publicaram no jornal Excélsior uma declaração na qual afirmavam que os acontecimentos do

dia anterior não foram de responsabilidade dos estudantes. Na carta se afirmou que

estudantes, camponeses, operários, famílias e o povo mexicano, em geral, estavam reunidos

na Praça das Três Culturas em perfeita ordem, sem que nenhuma provocação ao Estado

acontecesse. No dia 6 de outubro, o Partido Comunista Mexicano (PCM) divulgou uma carta

ao povo em La Voz de México. Nela, o Comitê Central do Partido alegou que a

responsabilidade pelos trágicos acontecimentos de Tlatelolco deveria recair única e

exclusivamente sobre o governo do Presidente Díaz Ordaz. Além disso, dois dias antes foi

publicada no jornal Excélsior, uma declaração assinada por membros de nove hospitais da

Cidade do México que se declaravam em paralização devido às agressões do dia 2.

(RAMÍREZ, 1969, II)

Apesar das declarações que questionavam a versão oficial, a representação política

mexicana divulgava massivamente a ideia de que os estudantes tinham orquestrado a matança

de Tlatelolco. Publicado em 5 de outubro no jornal El Día, o acordo assinado pelos deputados

do Partido Revolucionário Institucional e do Partido Autêntico da Revolução Mexicana,

expressava a ideia oficial de que todos os pontos do pliego petitorio tinham sido respondidos

pelo presidente Gustavo Díaz Ordáz. Para os deputados, o diálogo público exigido pelos

estudantes tinha sido estabelecido gradativamente ao longo de 1968. Além disso, o acordo

6 Os arquivos só foram abertos em 1998.

7

expressa a convicção de que os acontecimentos daquele ano eram fruto de uma manobra

contra o governo mexicano e suas instituições legítimas. (RAMÍREZ, 1969, II: 406-407).

A obra de Elena Poniatowska, publicada em 1971, foi uma das primeiras a questionar

essas visões divulgadas. Ela contém 50 fotografias que, juntamente com os testemunhos,

compõem uma estratégia narrativa que pode ser contraposta com as publicações de 1968. A

respeito das imagens é conhecida a declaração de Julio Scherer, diretor do jornal Excélsior.

Segundo ele, a autora esteve na redação do jornal e lhe pediu algumas imagens que pudesse

publicar juntamente com os testemunhos de seu livro. Scherer não negou a solicitação da

amiga, mas pediu que não publicasse os nomes dos autores das imagens, pedido do qual se

arrependeu posteriormente. Em sua obra Los presidentes, publicada em 1986 e na qual narra

suas relações com alguns dos presidentes mexicanos da época, como Gustavo Díaz Ordaz e

Luis Echeverría, Scherer retrata o governo de 1968 e a versão oficial de que o único objetivo

do movimento estudantil da época era boicotar as Olímpiadas e desprestigiar a imagem do

país perante a imprensa internacional. Sobre o pedido de Elena Poniatowska, o diretor revela:

Cerca del fin del sexenio de Díaz Ordaz, Elena Poniatowska me pidió unas

fotografias de nuestro archivo para ilustrar la obra que terminaba: La noche de

Tlatelolco. Eligió sin cortapisa. Al despedirnos le pedí que no revelara la

procedência de los documentos que llevaba consigo. Aún pensaba que el periodismo

es um problema de equilíbrio y contrapesos, arte acrobático com redes de

protección. En el libro de Elena no aparecen los créditos de las fotografias, muchas

espeluznantes, bellas todas. Inútilmente me arrependí de uma decición tan

arbitraria. Cada foto tiene su propia historia y su autor: Jaíme Gonzalez, Rafael

Escoto, Miguel Castillo y Carlos Gonzalez. Ellos alumbraron las sombras de la

noche terrible. Nadie tenia derecho a desconocer su esfuerzo. Como ninguna otra

muerte, mata el trabajo anónimo. (SCHERER,1986:38)

Além das 50 fotografias que inauguram o livro, a maior parte da obra está baseada nos

testemunhos de ex-participantes do movimento, cidadãos que deram seus depoimentos a favor

ou contra as reivindicações dos envolvidos; discursos oficiais, testemunhos de pessoas que

estavam na prisão e trechos de poemas, notícias, livros e canções, além da cronologia do ano

de 1968, que encerra o livro. Entrevistada pela equipe organizadora do Memorial del 68, a

autora conta que começou a obra recolhendo depoimentos de pessoas que haviam presenciado

o Massacre de Tlatelolco e participado do movimento estudantil. Relata também sua

estratégia para entrar em Lecumberri – cárcere onde estavam os presos levados pela polícia e

pelo corpo de granadeiros na noite de 2 de outubro. Segundo ela, as entrevistas foram

possíveis por que ela mudava seu nome a cada visita que fazia à prisão. Também com a ajuda

de um advogado, Elena Poniatowska conseguia trocar correspondências com alguns presos. A

8

autora ressalta ainda que na ocasião da publicação da obra houve a ameaça de uma possível

repressão por parte do Estado. “No se podia hablar de eso. No se podia decir nada. Ya nadie

hablaba de Tlatelolco. En los periódicos, a mí me devolvieron todos mis artículos.”

(MONTECÓN, 2007: 158). Sobre a escolha e compilação das imagens é importante ressaltar

o depoimento da autora em entrevista ao pesquisador Nathanial Gardner:

Las fotos son de diversos fotógrafos y de distintos archivos en los periódicos. Como

yo era amiga de periodistas, en 1969 fui a la redacción de Excélsior, El Universal y

Novedades, donde yo misma trabajaba, y me prestaron las fotos con la condición de

que no dijera que me las habían dado porque era un tema prohibido

(GARDNER, 2010:2).

A maioria das fotografias presentes em La noche de Tlatelolco é seguida de legendas

que são trechos dos testemunhos presentes na obra. Elas falam sobre o contexto no qual as

imagens foram produzidas e sobre o seu conteúdo. Alguns dos temas são: o início do

movimento estudantil, o dia a dia das brigadas de luta, a participação das mulheres, a

repressão policial, a tomada de lugares símbolos da Cidade do México, o Massacre de

Tlatelolco, a morte e a vida nas prisões. Tentaremos compreender essas imagens dentro do

conjunto do livro de Elena Poniatowska, não somente como ilustrações dos depoimentos, mas

como símbolos e representações do ano de 1968 e do movimento estudantil daquela época.

Farei, portanto, a seleção de algumas imagens. Essa escolha está baseada na existência de uma

disputa pela memória daquele momento.

Duas das fotografias aqui escolhidas retratam a ocupação da Cidade Universitária e a

relação que os alunos possuíam com esse ambiente. A primeira delas mostra a reunião de

centenas de estudantes na Cidade Universitária e foi publicada em 8 de agosto de 1968 no

Magazine de Policía – jornal que possuía uma linha editorial que favorecia a versão oficial

dos acontecimentos – juntamente com uma reportagem intitulada "NOCHE SIN FIN”. A

reportagem tratava da reunião dos manifestantes em 31 de julho para a grande marcha do

Reitor da UNAM, Javier Barros Sierra7. De grande importância simbólica, a marcha do Reitor

contou com a participação massiva dos estudantes e atribuiu ao movimento uma característica

legal, já que o representante máximo da principal universidade do país declarou publicamente

7 Na publicação da imagem, o autor não é especificado, mas na página da reportagem são destacados alguns nomes: Julio León, Miguel E. Ignacio Castillo, Aarón Sánchez, Luis Rodríguez, José Carmona, Jesús de la Torre y Gustavo Vargas.

9

seu repúdio à intervenção violenta

dos corpos policiais contra os

estudantes secundários e condenou a

violação das instituições

educacionais.

A fotografia que segue

representa a ocupação da Cidade

Universitária pelo exército em 18 de

setembro de 1968. Publicada no

jornal El Heraldo de México em uma

reportagem intitulada "El Ejército

Ocupó Ciudad Universitaria" e com

os créditos para Andrés Manzanares

y Enrique Flores, a fotografia retrata

a porta de uma das salas de aula que

indicavam a realização de uma aula

especial chamada “Camilo Torres”.

A legenda que acompanha a

fotografia em sua primeira publicação no jornal mostra uma leitura negativa da ocupação dos

recintos escolares e a presença de influencias ideológicas que, para o governo, confirmavam a

existência de uma conspiração comunista: "Aspecto parcial de cómo quedaron facultades e

instalaciones administrativas de la CU, durante la ocupación de los estudiantes. Las aulas

fueron bautizadas con nombres de guerrilleros y los muros pintarrajeados con leyendas contra

las fuerzas policiales."8

É importante notar que, ao contrário do que foi publicado pelo jornal El Heraldo de

Mexico, em 1968, o texto escolhido por Elena Poniatowska e que acompanha a mesma

fotografia em seu livro nos passa a ideia de que a Cidade Universitária era, até então, um

refúgio seguro e onde os estudantes podiam expressar suas ideias livremente. A fotografia

passa a significar a relação dos alunos com o espaço físico e político da Universidade que,

8 Arquivo do jornal “El Heraldo de México” digitalizado pelo projeto Projeto Memoria y representaciones. La

fotografía y el movimiento estudiantil de 1968. Disponível em: http://www.iisue.unam.mx/hemero_68/

10

naquele momento, tornara-se o local de realização e organização de todo o movimento.

Durante os dias de greve os alunos não deixaram de comparecer à Universidade, pois essa era

a casa de toda a mobilização da época. O ensaio fotográfico do jornal El Heraldo de México,

no entanto, exibia figuras e símbolos estrangeiros, típica estratégia de meios de comunicações

contrários ao movimento e que buscavam corroborar o perigo de tais influencias ideológicas

entre o meio acadêmico mexicano.

As manifestações organizadas

pelos estudantes tinham características

específicas e muito importantes para

entendermos a lógica do movimento de

1968. Uma delas era a tomada de

lugares simbolicamente

institucionalizados pelo poder na

Cidade do México. Monumentos,

praças e avenidas foram ocupados pelos

manifestantes durante os protestos. Essa

atitude demonstrava a dessacralização

dos lugares que sempre foram utilizados

para comícios presidenciais, discursos e

passeatas oficiais. Muitas fotografias de

La noche de Tlatelolco revelam

exatamente esse aspecto.

A segunda fotografia escolhida

ocupa uma folha toda e mostra a

satisfação de dois estudantes de Medicina tocando os sinos da Catedral do Zócalo9. Publicada

originalmente pelo diário Novedades sob o título "Paso de los Maestros en Busca de Solución

al Paro Estudiantil", a imagem se refere à manifestação do dia 27 de agosto, na qual os

estudantes marcharam desde o Museu Nacional de Antropologia e chegaram ao Zócalo,

substituindo a bandeira nacional por uma rubro-negra, em forma de luta. É importante

9 A Catedral é o símbolo da presença da religião católica no México e se situa no coração da cidade, o Zócalo,

também conhecido como Praça da Constituição, parte central na qual ficam o Palácio do Governo e o Templo Mayor das ruínas do período azteca. A região remete à vários períodos da história mexicana.

11

sublinhar a discrepância de sentido atribuída pelas diferentes legendas que compõem cada

uma das publicações. Enquanto que na obra de Elena Poniatowska, o texto que acompanha

essa imagem evidencia a atitude de vanguarda e o êxito dos estudantes de Medicina que, com

a ajuda do Padre Jesús Pérez, tomam espaços antes intocáveis; a legenda de Novedades revela

o caráter oficial do discurso. O texto afirma que "Dos jóvenes estudiantes de Medicina,

internos de algún hospital, abandonan como otros muchos a sus enfermos para secundar el

mitote. Desde las torres de la Catedral tocaron las campanas con los cinco clásicos y muy

mexicanos toques de ofensiva significación."10

Algumas considerações podem ser feitas a respeito dessa comparação. A legenda que

acompanha a imagem na obra La noche de Tlatelolco procura corroborar a energia e a

determinação típicas das gerações jovens que tomavam lugares símbolos da cidade sem medo

de serem repreendidos. Por sua vez, a descrição feita pelo editorial Novedades procura

desprestigiar tal intento de várias formas. Em primeiro lugar aponta para a ideia de que os

estudantes de Medicina abandonaram os internos de um Hospital para participar de uma

pequena manifestação em benefício próprio. Sem considerar a necessidade dos enfermos,

estudantes negligentes preferiram a festa a sua responsabilidade enquanto profissionais da

saúde. Além disso, a legenda considera ofensivos os toques que os estudantes realizaram

através dos sinos fazendo com que a fotografia confira outro sentido àquela atitude.

Publicada em 8 de agosto de 1968 pelo diário Magazine de policía, a próxima

fotografia é um bom exemplo da disputa pela memória de 1968. Ela integra o ensaio

produzido por Julio León, Miguel E. Ignacio Castillo, Aarón Sánchez, Luis Rodríguez, José

Carmona, Jesús de la Torre e Gustavo Vargas e intitulado “Martes violento”11. Nela

encontram-se membros do exército com suas baionetas, armas, roupas e capacetes, diante das

“armas” dos estudantes: coquetéis Molotov, pedras e pedaços de panos que eram queimados.

A fotografia revela a discrepância entre os armamentos dos dois grupos. O intuito da

publicação dessa imagem no jornal Magazine de Policía era justamente legitimar e tornar

necessária a violência utilizada pelo Estado para controlar a “rebeldia” dos estudantes. De

forma irônica, Elena Poniatowska rebate tal leitura com a legenda: “Recibíamos a los

10

Arquivo do diário “Novedades” digitalizado pelo Projeto Memoria y Representaciones. La fotografía y el

movimiento estudiantil de 1968, disponível no site: http://www.iisue.unam.mx/hemero_68/. 11

Arquivo do jornal “Magazine de Policía” digitalizado pelo Projeto Memoria y Representaciones. La fotografía

y el movimiento estudiantil de 1968, disponível no site: http://www.iisue.unam.mx/hemero_68/.

12

granaderos con cohetones y bombas molotov. Ese era nuestro poderoso arsenal.” Esse

conjunto formado entre imagem e legenda nos revela a capacidade de repressão que possuíam

os granadeiros e outros membros de forças policiais.

A fotografia também faz parte de

uma estratégia narrativa na qual a autora

busca denunciar a violência e devolver o

papel de vítima aos estudantes – visto

que, em 1968 eles haviam sido acusados

de orquestrarem a Matança de Tlatelolco.

A diferença entre os dois tipos de

armamento e a ironia do depoimento que

segue a imagem, colaboram para a ideia

de que os estudantes não possuíam meios

de combater as forças repressivas do Estado. Através da imagem fica evidente que, para a

autora, as vítimas de 1968 são os estudantes que sofreram duras repressões por parte dos

policias e do exército sem que pudessem resistir com as mesmas condições.

As fotografias que seguem são sobre o Massacre do dia 2 de Outubro na Praça das

Três Culturas. O local possuía um significado simbólico muito forte para o movimento, pois

representava o encontro entre as três culturas que formam o povo mexicano. Nele estão as

ruínas Tlatelolcas, referentes ao passado pré-hispânico, a Igreja de Santiago de Tlatelolco,

construída no período da colonização espanhola e o edifício que abrigava o Ministério das

Relações Exteriores, representando o México moderno. Elas também revelam a disposição

dos presentes que se acomodaram no gramado da praça, junto às ruinas para escutar os

discursos dos líderes. O conteúdo da fotografia questiona a versão oficial sobre os

acontecimentos daquele dia. Em 3 de outubro, os principais meios de comunicação

publicaram em suas capas e páginas, imagens e reportagens que transmitiam a ideia de que os

primeiros tiros disparados na Praça vieram de grupos estudantis estrategicamente

posicionados nos andares do Edifício Chihuahua. Há quarenta anos do ocorrido, pesquisas

com a documentação produzida pela Diretoria de Governação da época, revelam que Gustavo

Díaz Ordáz posicionou estrategicamente membros do seu Batalhão Olímpia – vestidos à

paisana e identificados por uma luva branca na mão esquerda – e do exército.

13

Dessa forma, os tiros disparados pelos membros policiais disfarçados e posicionados

em um dos andares do Edifício Chihuahua, foram interpretados pelo Exército como disparos

efetuados pelos estudantes, causando o tiroteio. É importante sublinhar que o Exército não

sabia do posicionamento estratégico do Batalhão Olímpia, tampouco este sabia da presença do

exército quando recebeu a ordem para os primeiros disparos. Tal plano de ação não deixaria

dúvidas entre os corpos policiais de que os disparos vinham de grupos estudantis armados. A

estratégia também facilitaria a prisão dos líderes e a divulgação da versão oficial dos fatos de

que havia franco-atiradores atuando ao lado do movimento estudantil12.

A morte, apesar de pouco retratada pelas imagens, não deixou de aparecer. Das duas

fotografias sobre o tema, a que segue é a mais chocante. Publicada no número extraordinário

da Revista Por qué? em novembro de 1968, a foto compõe a capa da edição intitulada “La

matanza”. A imagem mostra um garoto atirado ao chão com a marca de uma bala no lado

esquerdo do peito. A acusação “Asesinos!” acompanha a imagem. Na publicação de Elena

12

MONSIVÁIS, Carlos. El 68: la tradición de la resistencia. México: ERA, 2008.

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Ponitowska, a incerteza se faz presente:

“Quién ordenó esto? Quién pudo

ordenar esto? Esto es un crímen.”

Através das fotografias que

representam a morte, podemos

compreender a construção da figura da

vítima. A fotografia do menino que

recebeu um tiro no peito representa o

assassinato cometido pelo Estado. Se

lidas em conjunto com os testemunhos,

essas imagens que retratam a morte – mesmo que sejam somente duas – representam o

momento simbólico no qual, para a autora, os manifestantes se tornaram vítimas de uma

estratégia governamental para sufocar o movimento. Essa reconstrução atribui aos estudantes

a característica de vítimas inocentes.

Conclusão

Há quarenta anos de distancia, sabemos que as jornadas estudantis de 1968 foram

fundamentais para as transformações políticas iniciadas na década de 1970. Depois da

repressão, novas demandas surgiram com o passar dos meses: a soltura dos presos políticos,

os pedidos dos familiares, a denúncia da violência e a luta contra as acusações do Estado. A

obra de Elena Poniatowska, publicada em um momento tão particular, contribui para a

construção de uma memória que disputa com a versão oficial do passado. Se a maioria dos

meios de comunicação da época se esforçava para divulgar a ideia de que os participantes do

movimento eram os culpados pelo Massacre de Tlatelolco, a obra de Poniatowska reproduziu

fotografias e testemunhos que buscaram contrariar essa versão, denunciar a verdade e

devolver aos estudantes o papel de vítimas.

As fotografias foram, portanto, instrumentos fundamentais para a constituição de La

noche de Tlatelolco. Através delas, a autora constrói sua interpretação a respeito da

experiência histórica de 1968. Além disso, é necessário considerarmos a estreita relação entre

a presença das imagens com o teor político de tal obra. A temporalidade das imagens resgata

o passado, representa o vivido e é instrumento de disputa entre as diferentes experiências. Por

isso, é necessário toma-las como objetos da história, como “documento/monumento”, através

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do qual a memória já construída sobre os eventos deverá ser questionada (MAUAD, 2008).

As fotografias em sua relação com a história servem como instrumentos de interpretação do

passado e construção de novas narrativas históricas. Com elas, Elena Poniatowska questiona a

visão oficial acerca do movimento estudantil e inaugura uma nova memória, na qual a

denúncia é o eixo de ligação com o passado e a base sob a qual se constrói a defesa das

vítimas.

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