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Nilton César Boni, CMF

Imaculado coração de Maria.indd 1 07/03/2016 13:40:43

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Prefácio

Durante vários anos, o Pe. Nilton César Boni, CMF, escreveu uma série de artigos para a Revista Ave Maria elucidando espiritualmente cada um dos títulos invocados na ladainha do Imaculado Coração de Maria.

O livro que você tem em mãos é uma compilação desse rico material. Posso dizer de suma relevância aos devotos de Nossa Senhora.

Em cada um dos títulos, Padre Nilton detalha a im-portância do Coração da Mãe no projeto salvífico de Deus.

Coração esse, que antes de sentir o Coração do Ver-bo pulsando no ventre de Maria, já havia feito a escolha de ser fiel ao Deus do impossível.

O Imaculado Coração de Maria bate no compasso do Coração de Jesus, são dois corações, que espiritual-mente se unem de modo indissolúvel.

São dois Corações que se tornam um, em um mes-mo Amor, em uma mesma missão.

Conheço o Padre Nilton desde o tempo de seminá-rio, vivemos juntos durante muitos anos de nossa formação na Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e dou testemunho de seu grande amor pela Santíssima Virgem Maria. Lembro-me


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da oração compilada por Santo Antônio Maria Claret, nos-so Pai Fundador, que rezávamos:

Ó Virgem e Mãe de Deus,bem sabeis que somos filhos e ministros vossos,

formados por Vós mesma na fráguada vossa miseridórdia e amor.

Somos como setas colocadas em vossas mãos poderosas:lançai-nos, Mãe nossa,

contra o que se opõe ao Reino de Deus.Confiantes em vossa proteção, anunciamos o Evangelho

sem outras armas que a divina Palavra,sem outros títulos que o de Filhos

do vosso Imaculado Coração.Será o vosso triunfo.

A vitória será vossa, ó Mãe! Amém.

Sinto-me lisonjeado em prefaciar este livro, pois sei que tudo que ele escreveu não foi fruto de meras especula-ções, mas resultado de sua profunda vivência cordimariana.

No Coração de Maria, o Amor pleno, o Amor que é o próprio Deus se revela.

Em um mundo tão dilacerado por discórdias e divi-sões, a devoção ao Imaculado Coração de Maria pode ser um luzeiro que indica o caminho de sermos a imagem e semelhança do que Deus é... Amor.

Boa leitura! Pe. Luís Erlin, CMF Diretor Editorial


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Ladainha ao Coração de Maria

A religiosidade popular, desde a Igreja primitiva, sempre exaltou a figura de Maria. Há uma vasta literatura que comenta os vários nomes que Maria recebeu segundo a tradição e característica dos povos. Também encontra-mos muitas fórmulas devocionais, como as ladainhas que invocam Maria segundo as necessidades de cada um e procuram com isso resgatar o amor à Mãe de Deus como fonte de inspiração para o seguimento de Cristo.

As Ladainhas de Nossa Senhora brotam do coração do povo, da fé dos crentes que a veneram e a reconhecem por mãe e modelo de amor. A sensibilidade cristã atribui a Maria inúmeros benefícios em cada época, que aproximam mais ainda o Evangelho da realidade social da humanidade. Maria sempre foi invocada como a portadora da graça por excelência, pois aquela concebida sem pecado entra na vida de seus filhos com ternura a fim de levá-los a Cristo.

A fiel intercessora e companheira do povo sofredor vem em auxílio dos que a invocam com convicção. Maria é o ícone do povo, reflete a verdadeira história de Deus e se antecipa no carinho e no cuidado para conosco.

Assim, ao meditar as diversas invocações contidas na Ladainha do Imaculado Coração de Maria, queremos


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Imaculado Coração de Maria

chegar mais perto do conhecimento de Deus e usufruir de uma inesgotável sabedoria redentora capaz de nos fazer mergulhar no mistério da Trindade e recordar os grandes feitos do Criador em favor de suas criaturas. O Coração de Maria, sem dúvida, nos aproxima de Deus e abre nos-sos olhos para contemplarmos a Ressurreição como maior expressão do mandamento novo, que é o amor. Invocá-la em cada tempo e espaço expande nossa cristandade e nos ajuda a compreender melhor o que ela, na sua pequenez, fez em favor da salvação da humanidade.

Em cada invocação está concentrado o conteúdo de nossa fé. É como se tocássemos no coração e na alma do próprio Cristo e fizéssemos com Ele o percurso de nossa existência. Maria só possibilita o encontro com Deus, pois é a via por onde o amor passa.

Aventuremo-nos nessas invocações e nos permi-tamos crescer no seguimento de Cristo, na fidelidade ao Evangelho e na edificação do Reino de Deus. Assim como Maria, também somos portadores das bênçãos divinas e guardemos tudo em nosso coração.

As invocações ao Coração de Maria são o espelho da minha relação com a Santíssima Virgem, pois é através delas que nos relacionamos mais plenamente com Deus. Vamos perceber que as invocações dão todas as característi-cas de Maria: ternura, misericórdia, arca do Espírito Santo, consoladora dos aflitos, rainha, cheia de graça etc. Que, ao rezarmos a partir do Coração da Mãe, também nos torne-mos novas criaturas com sentimentos de pertença ao Cristo.

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!


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Mãe de Deus e nossa Mãe

Ao invocar Maria como Mãe, é importante recordar o dogma da Theotokos (geradora do Verbo Encarnado) ou da maternidade divina. Esse dogma foi definido no Concí-lio de Éfeso, em 431, e é o mais antigo da Igreja. Surgiu em reação às pregações de Nestório, que afirmava que Cristo tinha duas naturezas, portanto, era duas pessoas. Com isso, o então arcebispo de Constantinopla manifestou que Maria era somente mãe do homem Jesus, e não mãe de Deus.

O dogma, no entanto, reafirmava a unidade da pes-soa de Jesus Cristo. Reconhecer Maria como mãe de Deus significa professar que Cristo, filho da Virgem Santíssima, gerado por uma pessoa humana, é também filho de Deus.

Em seu mistério mais profundo, Maria é, verda-deiramente, Mãe de Deus. Essa expressão aparece, desde então, nas diversas orações que o povo reza: Ave Maria, Salve Rainha e na Ladainha de Nossa Senhora.

Maria é identificada ao longo da Escritura e da tra-dição da Igreja como Mãe de Deus e, consequentemente, nossa mãe. Ser mãe já é um privilégio, pois traz em si toda a beleza da criação, traz a fecundidade na participação da obra divina. Ser Mãe de Deus é algo grandioso, sublime;


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é ocupar o lugar mais elevado na posição mais nobre que um humano já experimentou.

Por isso, Maria é colocada em um lugar de honra e distinção dentro da história da salvação. Não é por acaso que a invocamos como Mãe de Deus e nossa. Ela perpassa todo o nosso entendimento e desce aos abismos mais pro-fundos de nossa compreensão. A maternidade divina é um dom único e incomparável que somente Maria teve a gra-ça de receber. As demais mães deste mundo podem buscar sua inspiração e força no testemunho da bem-aventurada e deixar se orientar por ela, uma vez que a maternidade é um serviço e nem todas as mulheres têm essa vocação.

Colocamos Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, como a primeira invocação de nosso estudo, por se tratar de um resumo da nossa fé. Reconhecer o Coração de Maria como de uma mãe é inclinar-se diante da Trindade e, simples-mente, acolher a Palavra. É um título que condensa nossa fé e abre espaço para uma significativa vivência teológica do mistério da Encarnação do Verbo. Em Maria, atua o poder do Altíssimo, no qual cada coração sofrido pode encontrar aconchego.

É maravilhoso saber que temos uma mãe no céu que nos ampara e está sempre solícita em nos ajudar. Do mesmo modo que formou e educou Jesus, ela faz a diferença em nossa catequese cristã. A pedagogia materna de Maria vai além do tempo e do espaço: é uma fonte ines-gotável, valorosa para todas as gerações e, principalmente, para nossa sociedade corrompida. Vemos tantas mulheres


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Mãe de Deus e nossa Mãe

perdidas, tantas mães que não amam seus filhos e tantos filhos sem mães. Em uma realidade tão distante de Deus, podemos e devemos nos colocar diante de Maria e pedir que ela nos ensine o dom da maternidade.

Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!


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Coração de Maria, templo do Espírito Santo

Na primeira cena da Anunciação, o anjo do Senhor disse a Maria que a “sombra do Altíssimo” estaria sobre ela. De fato, as coisas que aconteceram com Maria só se expli-cam por meio da ação do Espírito Santo. Não são os olhos humanos que podem atestar o fato, mas sim o mistério de Deus revelado ao coração da pobre jovem de Nazaré.

O Espírito Santo é a força de Deus penetrando na alma das pessoas, dando vida e consolando os corações. Maria é a portadora da luz, foi invadida plenamente com a força do Espírito e dotada de todos os dons, como no dia de Pentecostes. Na Encarnação, passa a entender os desíg-nios de Deus na história da humanidade, pois ela mesma carrega no ventre a salvação. Sua história repleta de fé e bondade é o reflexo da ação de Deus por meio do Espírito.

Naquele momento, somente o anjo do Senhor tes-temunhou a fecundação, e os céus se abriram para louvar o Criador. Só o Espírito foi capaz de elevar tamanha hu-manidade de Maria ao grau de Mãe de Deus. Assim, ela se torna o templo, a morada do Espírito, aquela que é cheia de graça e suscita a santidade.


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Coração de Maria, templo do Espírito Santo

É um fato inédito o que aconteceu com Maria, e disso somos devedores. A sabedoria do Pai imprime na miséria humana a mais alta celebração do mistério divino. Aquela mulher humilde torna-se a portadora da fé que jamais encerra seu agir no mundo. Maria foi tão especial ao se deixar invadir pelo Espírito que não pensou nas consequências, simplesmente acolheu Deus com mansidão. O fiat, ou o “faça-se segundo a vontade de Deus”, é um acontecimento rico em significados e transcende nossa fé.

Maria tem consciência de sua missão de ser portadora do Espírito de Deus e, mesmo nas dificuldades, quando se vê apunhalada pelo sofrimento do Filho, abandona-se em Deus, naquele que a compreende e a restaura. O Espírito Santo faz de Maria uma nova criatura, a nova Eva que agarra a serpente e instaura um novo tempo de graça para a Igreja nascente. Só pode realizar as obras de Deus quem também deixa o Espírito habitar em seu coração.

Com esse gesto, o Coração Imaculado de Maria nos ensina que, pelo Batismo, Cristo faz sua morada em nós. Ele, o cordeiro pascal, nos unge com o Espírito Santo, para que iluminemos o mundo. É uma grande alegria poder participar desse ato de amor de Deus e se unir a Maria na grande missão redentora.

Que a Santíssima Mãe de Deus, templo do Espírito Santo, nos conduza à plena consciência da fé e que sejamos templos de Deus para os que sofrem, os que ainda não se encontraram e, principalmente, para as futuras gerações de cristãos. Como Maria, sejamos homens e mulheres


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nascidos do Pentecostes, possamos falar a língua do amor e fazer com que os dons sejam espalhados para a santificação e edificação da criação inteira.

Coração de Maria, templo do Espírito Santo, rogai por nós!


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Coração de Maria,morada da Santíssima Trindade

A Santíssima Trindade é a comunidade perfeita. Pai, Filho e Espírito Santo vivem unidos e partilham da mesma essência, deles procedem o bem e a criação, nada existe sem o consentimento deles. A Trindade nos forma e nos ensina a viver em família, ordenadamente, com equi-líbrio e maturidade, sempre nos conduzindo para águas mais profundas na fé.

Deste mistério participa Maria, com todo o seu ser e sua consciência de Mãe de Cristo. Maria, a escolhida e bem-aventurada, participa da plena unidade da Trindade. Ela foi agraciada com o dom da maternidade e desempenha no seio da família humana a missão de atrair todos para seu Filho.

Repleta do Espírito Santo, Maria torna-se o templo do divino, colaborando no mistério da salvação da humanidade por meio da Encarnação do Verbo. A Virgem eleita, segundo o desígnio da Trindade, comunica seu sim, de modo esplêndido, ao se entregar totalmente à vontade do Pai. No coração da Trindade, Maria já ocupava um lu-gar especial, fora pensada e amada como ninguém mais,


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foi escolhida na sua humildade e reconhecida por Deus como a mulher cheia de ternura, encanto e admiração.

Nela, habita a certeza de que nunca estamos sozinhos. Assim como o Bom Pastor cuida e dá a vida por suas ovelhas, Maria cuida de seus filhos adotivos com determinação e amor, inserindo-os no coração da Trindade para aprenderem a amar, consolar e edificar o Reino. Nos olhos de Maria, a Trindade é a expressão da vida perfeita em Deus, lugar do repouso e da misericórdia, onde os discípulos podem se abrigar e se instruir.

O específico da vocação de Maria é que ela acreditou, confiou, entregou-se ao plano da salvação. A Mãe do Senhor torna-se o templo do mistério cristão e faz chegar a todos o mesmo amor que ela recebeu da Trindade. O que Maria tem na sua riqueza de dons, ela, generosamente, partilha conosco. O melhor de Maria, sua sede de Deus, nos é entregue com a mesma fé que um dia ela recebeu. Nesse sentido, a Trindade consuma sua presença, abençoando a mulher e mãe de Nazaré como a “nova Eva”, disposta a abrigar em seu coração o Deus ver-dadeiro, comunicado desde sempre mediante a fé.

O Coração de Maria é o lugar onde a Trindade faz sua morada. Essa afirmação nos ensina a buscar o divi-no cotidianamente a fim de que jamais nos separemos da inesgotável força de santificação que a Trindade nos pro-porciona; faz com que sejamos cristãos comprometidos com a construção de um mundo cheio de amor. Assim, desejamos estar, permanentemente, sob a proteção do


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Coração de Maria, morada da Santíssima Trindade

sagrado, vivenciando com profunda reverência os misté-rios de nossa fé.

Que o Coração de Maria abra as portas do nosso coração para também nos convertermos na morada da Santíssima Trindade. Que não desperdicemos nosso tem-po com as futilidades da vida, mas tenhamos ardentes ex-periências de encontro com a Trindade e comunguemos com seus ideais.

Coração de Maria, morada da Santíssima Trindade, tende piedade de nós!


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Maria, fiel discípula de Cristo

O evangelista Lucas, mariano por excelência, apre-senta Maria como discípula de Jesus Cristo. Desenvolve o Evangelho do caminho, onde Cristo inicia desde a Ga-lileia uma caminhada para Jerusalém como ponto final de sua missão. Nesse itinerário, escolhe os Apóstolos e os catequiza, anuncia-lhes o Reino e os ajuda a entender sua verdadeira missão.

Em que consiste o discipulado?

A própria natureza do cristianismo consiste, portanto, em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-lo. Essa foi a maravilhosa experiência

daqueles primeiros discípulos que, encontrando Jesus, ficaram fascinados e cheios de assombro

(Documento de Aparecida, 244).

Nesse trecho do Documento de Aparecida, insere--se a pessoa inteira de Maria que, por meio de sua fé e sua obediência a Deus, não hesita em se colocar a cami-nho para atender as necessidades do próximo. Maria é a


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discípula mais perfeita do Senhor (DA, 266) e traz consigo todas as lutas e esperanças do povo sofrido.

À medida que Maria avança no seguimento do Filho, ela vai entendendo a fé, a partir do coração de Deus. Assim, sua fidelidade vai fecundando o chão por onde passa e desperta, por meio de seu nobre testemunho, a certeza de que o Messias já está entre o povo e que a salvação é uma realidade visível e palpável que nos atrai. Por intermédio de Maria, encontramos nosso lugar na história da salvação e aprendemos a ser discípulos mis-sionários, conscientes do Batismo, a cumprir a vontade de Deus. Ela nos ensina a amar o projeto do Filho e nos conduz ao centro do mistério da fé por meio de uma ora-ção centrada na Palavra.

Caminhar com Cristo junto a Maria é viver as ale-grias da vida presente sendo fiéis ao Deus que permanece junto ao seu povo com amor. Ser discípulo significa an-tes de tudo receber Jesus no coração e se deixar modelar por suas divinas palavras, cheias de coragem, que nos tornam livres.

O discipulado que Maria nos revela é o de comu-nhão com a Trindade, com o próximo e com a Igreja. Fazer parte da escola do Coração de Maria é sentir Deus mais perto e renovar com ardor missionário nosso carisma no mundo de hoje, carente de referências e de valores que nos dão pleno sentido à vida.

O coração de Maria também nos ajuda a “guardar tudo no coração” e meditar sobre as realidades que mais

Maria, fiel discípula de Cristo


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nos atraem para o encontro com Jesus. O discípulo de Cristo deve aprender com a Mãe a ser paciente, forte e co-erente no ministério, pois a fidelidade é uma resposta real aos apelos de Cristo, segui-lo com convicção é entregar a ele toda a nossa existência.

No seguimento ao Mestre, na presença de Maria, “o povo cristão aprende a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor” (DA, 271). Que Nossa Senhora renove em nossos fiéis o ardente desejo por Cristo e nos ajude a transcender nossas atitudes. Já é hora de despertar e dizer um “sim” amoroso a Jesus, que nos chama e nos envia em missão. Ser discípulo fiel como Maria é amar a vida. Cristo, seja nosso viver!

Maria, fiel discípula de Cristo, rogai por nós!


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Coração de Maria,nosso modelo no seguimento

de Jesus

Uma das atitudes fundamentais de Maria em relação a Cristo foi segui-lo em todos os acontecimentos de sua vida: desde a infância até a Ressurreição. Maria sempre esteve presente como fiel discípula do Senhor, cumprindo o mandamento de Jesus e observando as leis de seu tempo.

Ninguém segue sem conhecer. Na raiz do segui-mento está o amor por alguém, por uma pessoa, por um projeto. Seguir Jesus significa comprometer-se com Ele; o seguimento, porém, se dá por meio do encontro pessoal com Cristo. Desde a Anunciação, Maria se encantou com o projeto de Deus e se inseriu nele de corpo e alma. Ela mer-gulhou fundo no mistério da Trindade e deixou o Senhor modelar seus passos no caminho de uma nova história, de um bem maior para a humanidade. Ao seguir Cristo, Ma-ria pensou no homem como obra perfeita de Deus carente de salvação e sentido para a vida.

Toda a vocação de Maria é de seguimento, de en-volvimento com a graça e com a ternura de Deus. Seu compromisso foi tão fecundo que, até hoje, colhemos os


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frutos dessa escolha. O cristão está impregnado de Maria e de Jesus. É inconcebível seguir Cristo sem antes esbarrar na fé de Maria. Ela torna-se nosso porto seguro na fé e na esperança, nosso modelo de valentia na evangelização, pois de seu materno exemplo brota um vasto tempo de santificação.

O Coração de Maria é sinal de sabedoria e força, testemunho de nova evangelização e promoção da digni-dade humana. Maria é o modelo de crente que nos insere na Palavra de Deus e nos aponta para o essencial. Nela, temos o modelo de virtudes e alegrias que edificam nosso templo interior e nos permitem seguir Cristo com os pés no chão. O compromisso do cristão com o mundo é ser sal que dá sabor e luz que ilumina as trevas com o brilho de Cristo, conferindo aos corações sofridos a certeza de que o céu já começa aqui e agora.

Ter Maria como exemplo de vida é aspirar à santi-dade e ao amor, à coerência e à honestidade em um mundo que desvaloriza a pessoa e promove os interesses pessoais. É renunciar ao egoísmo e abrir-se ao altruísmo, partilhar a esperança e denunciar a opressão. É amar o próximo como a si mesmo.

Maria, com seu jeito simples e materno, nos ensina os melhores exemplos. Ela é a Senhora do nosso coração. Busquemos nela nossa riqueza e as virtudes necessárias para seguir Jesus Cristo com responsabilidade e matu-ridade. O cristão batizado nos ensinamentos do Mestre Jesus não pode viver alheio às necessidades do mundo,


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Coração de Maria, nosso modelo no seguimento de Jesus

tampouco aos compromissos da fé. Ser cristão é ter a ne-cessidade de transformar o mundo como Maria, com um sim generoso em favor da humanidade, contrariando os interesses que destroem a integridade dos filhos de Deus e sendo companheiro de Cristo no anúncio do Evangelho.

Que o Coração de Maria nos forme para a missão e gere em cada um os mesmos sentimentos de compaixão e amor que Cristo nutriu pela humanidade.

Maria, modelo no seguimento de Jesus, rogai por nós!


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Maria, primeira entre os pobres do Senhor

No cântico do Magnificat (Lc 1,39-56), Maria eleva a Deus um louvor pleno, reconhecendo-se pequena entre todas as mulheres. Maria faz parte dos anawin, os pobres de Javé, os deserdados que esperavam o Messias liberta-dor. Ela exultou de alegria porque experimentou o amor de Deus.

A Maria que vemos no Evangelho de Lucas é pobre, simples, humilhada, batalhadora. Uma mulher que não se entrega às dificuldades, mas que encontra uma saída no temor a Deus. Ela luta para manter íntegra sua esperança e centra sua vida na misericórdia divina.

Maria é a mulher escolhida e enviada. Escolhida para dar à luz ao mundo: Jesus Cristo. Enviada como dis-cípula para ser mãe de todos os povos fazendo refletir em cada coração os mesmos sentimentos de Cristo em favor do povo sofrido. Ela é chamada para dar suporte à fé dos pobres e infelizes, afagando seus temores e os estimulando a viver na retidão de espírito, na confiança em Deus e na busca por um mundo novo. Maria sustenta a fé dos fracos com sua fé forte, enraizada no mistério da redenção. Para


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ela, ser pobre é um dom que enriquece quem traz para junto de si a força de Deus.

O coração de Maria sempre foi despojado, nunca acumulou riquezas, justamente para se colocar a serviço do Filho em total abandono nas mãos da providência san-tíssima, a fim de que os cristãos também fizessem a mesma experiência de sair de si mesmos e abrasar o mundo com o fogo do amor. A virgem pobre, mãe amável e terna, a fiel companheira dos pobres atrai muitos discípulos para Cris-to, simplesmente, com sua presença livre e acolhedora.

Na pobreza do coração de Maria, está todo o es-plendor do Pai, que distribui as graças conforme as neces-sidades de cada um de seus filhos. Maria viveu a pobreza como sinal de vida e soube renunciar ao supérfluo em favor de um bem maior. Podemos aprender com ela a vi-ver mais voltados para Cristo. O pobre vive mais perto de Deus, está mais consciente de que precisa dele, sente-se em total dependência diante do Criador e, por isso, é mais agradecido do que os ricos que tudo possuem, mas no fun-do vivem uma distância enorme do projeto de Deus.

O coração de Maria é despojado, não acumula ri-quezas, pois se coloca a serviço do Filho e nas mãos da providência santíssima

A verdade é que Maria acolheu em seu ventre a luz que cega os corações orgulhosos e dissipa as trevas da igno-rância. Ela vive para Deus, volta-se inteiramente ao Reino, mostra a única verdade que o mundo precisa conhecer: Jesus Cristo. Faz tudo para que o Filho brilhe nas almas dos fiéis.

Maria, primeira entre os pobres do Senhor


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Maria participa, dessa forma, do caminho da felicidade que todo homem almeja. À medida que avançamos na reflexão mariana, nos sentimos mais atraídos a viver em Cristo e nos deixarmos conduzir por Ele.

Que a pobreza vivida por Maria enriqueça nossa busca pelo transcendente e nos ajude a viver com digni-dade e serviço, promovendo ações que devolvam a vida aos pobres e humildes. Ser cristão é fazer opção pelos po-bres sem excluir os demais. Todos somos pobres diante de Deus, sendo assim, deixemos que Ele nos conduza.

Maria, primeira entre os pobres do Senhor, rogai por nós!


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Maria, serva consagradaa Deus

Na segunda invocação da reza do Angelus Domi-ni, nós dizemos: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra” (Lc 1,38). Essa resposta de Maria ao anjo Gabriel nos remete ao tempo da realização das promessas de Deus em favor da humanidade. Ao se colocar diante de Deus como serva, Maria faz reverência ao Criador e se põe em atitude de obediência total. O Fiat (faça-se) é a entrega confiante de quem se abandona na vontade de Deus e só espera nele.

Não é uma resposta qualquer, heroica, externa, e sim o compromisso maduro de quem já refletiu sobre sua condição e descobriu que sua missão não pertence a si mesma, mas ao único Deus que salva e liberta o povo. É uma resposta de amor, vivida num processo de diálogo e escuta atenta da Palavra como fonte de alegria e encontro messiânico.

Maria assume a condição de serva, de escrava por amor. É um ministério que ela assume em favor de uma causa maior. Nesse momento, ela só pensa na humanida-de, que espera a vinda de um Salvador para aliviar os so-frimentos e orientar a história segundo o coração de Deus.


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Maria, ao pronunciar o “faça-se” que mudou a vida da so-ciedade, direciona o olhar para as realidades que necessi-tam de sentido e ternura. Faz de sua missão um dom total, capaz de atrair luz e paz, fé e vida, harmonia e esperança.

O Coração de Maria, na Anunciação, converte--se em certeza de redenção. Ela se consagra a Deus e Deus lhe concede a pureza, a graça de ser a Imaculada Conceição, livre do pecado original, pura e santa. Maria passa a ser para o mundo o exemplo de fidelidade e consagração. Ela gera no ventre a luz da fé, que irradia o calor da vida.

O homem religioso precisa descobrir essas duas características marcantes de Maria para encontrar seu equilíbrio: serviço e consagração. Duas palavras que se completam, pois estão unidas num mesmo tronco. Servir a Igreja consiste em se dedicar ao Evangelho e fazer com que Cristo seja amado por todos.

Em outras palavras, servir é colocar o coração à dis-posição do amor de Cristo e tudo fazer para que o Reino de Deus se torne uma realidade concreta, deixar o Espírito guiar nossos passos e alimentar em nós os mesmos desejos do Ressuscitado: “eu vim para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

Por outro lado, a vida do cristão é uma contínua consagração ao plano de Deus. Consagrar-se a alguém é dedicar toda a vida por um ideal, nada mais importa a não ser aquele que me faz feliz. É renunciar ao mundo e ofertar a vida por aquilo que, realmente, vale a pena.


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Maria, serva consagrada a Deus

No exemplo de Maria, e de muitos homens e mu-lheres na história do cristianismo, vemos a possibilidade de servir e consagrar a vida sem perdê-la. Com Deus, se-guindo Jesus, nada se perde, tudo se transforma. A vida ganha esplendor e realeza, pois está edificada no Espírito. Nós vivemos para servir com amor ao Deus do amor.

Maria, serva consagrada a Deus, rogai por nós!


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Maria, mestra e formadora de discípulos

Maria é minha mãe, mestra, madrinha, diretora e meu tudo depois de Jesus... bem sabeis que sou vosso

filho e ministro, formado por vós mesma na forja de vossa

misericórdia e amor

Com as belas palavras destacadas acima, Santo Antônio Maria Claret define amorosamente sua relação com o Coração de Maria. A Virgem o acompanha desde a infância e percorre com ele todo o caminho da vida em di-reção à santidade. Claret uniu-se a Maria de corpo e alma e deixou que ela o conduzisse e o formasse nas pegadas do Filho.

Para nós, cristãos, a presença de Maria como mestra e formadora é fundamental na pedagogia da fé. Da mesma forma que acompanhou e educou Jesus, ela faz o mesmo processo conosco, ajudando em nossa formação cristã no cotidiano. Maria assume o papel da mãe preocupada com as coisas do Pai e, no seu coração, guarda a Palavra que nos instrui e nos dá vida. Seu coração é um lugar fecundo


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de encontro com o mistério de Deus; tudo o que precisa-mos para ser felizes e autênticos seguidores do Evangelho está à nossa disposição, em Maria. Sua vida, transformada por Deus, é um dom precioso ao nosso desejo de unir nos-sa vida com a do Senhor.

Maria é mestra ao se deixar amar por Deus e gerar o Salvador. Ela conhece os desígnios do Pai, ela vive a Palavra e contempla as realidades da fé com esperança. Maria foi educada no amor e, dessa forma, só pode nos amar. Não fez mestrado em nenhuma universidade par-ticular ou pública, mas cursou, com responsabilidade, a escola da obediência a Deus, fazendo sempre o que Ele mandou. É dessa forma que Maria nos educa e realiza em nós a maravilhosa travessia do encontro com a Verdade.

Maria é também formadora de discípulos. Eviden-temente que aquela que seguiu Cristo até o fim, e foi sua primeira e fiel discípula, só poderia nos atrair a Ele e nos formar dentro da forja da misericórdia e da vida. A gran-de dica que Maria nos dá em nossa formação humana e cristã é deixar-se tocar pela vontade de Deus. O discípulo comprometido com o Evangelho é aquele que acolhe, me-dita, contempla e anuncia a Palavra. É alguém formado no amor e na humildade.

Não há nada de mais belo e terno que aprender com Maria a ser feliz. Não há contradição em sua escola, pois ela ensina com amor, segurança e equilíbrio. Jesus-homem foi privilegiado por tê-la como Mãe e nós somos agracia-dos por tê-lo como nosso Salvador. Do Coração de Maria

Maria, Mestra e formadora de discípulos


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brota a santidade do Coração de Jesus. Deixemo-nos for-mar e guiar por ela sem medo de errar. Em Maria só há verdade, a mesma que a conduziu ao céu.

Maria, mestra e formadora de discípulos, rogai por nós!


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